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  • 8/12/2019 Dissertao.Avaliao.Imveis

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    Universidade Federal de Santa Catarina

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

    CONSTRUO DE UM MODELO DE REGRESSO

    PARA AVALIAO DE IMVEIS

    Dissertao de Mestrado

    Sebastio Gazola

    Florianpolis

    2002

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    CONSTRUO DE UM MODELO DE REGRESSO

    PARA AVALIAO DE IMVEIS

    Dissertao apresentada no

    Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia de Produo a

    Universidade Federal de Santa Catarina

    como requisito parcial para obteno

    do grau de Mestre em

    Engenharia de Produo.

    Orientador: Pedro Alberto Barbetta, Dr.

    Florianpolis

    2002

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    Sebastio Gazola

    Construo de um Modelo de Regresso

    para Avaliao de Imveis

    Esta dissertao foi julgada adequada e aprovada para a

    obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Produo no

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

    da Universidade Federal de Santa Catarina

    Florianpolis, 08 de outubro de 2002.

    Edson Pacheco Paladini, Dr.

    Coordenador do Programa

    BANCA EXAMINADORA

    ________________________________

    Prof. Pedro Alberto Barbetta, Dr.

    Orientador

    ________________________________

    Prof. Norberto Hochheim, Dr.

    ________________________________

    Prof. Paulo Jos Ogliari, Dr.

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    A minha esposa, Vilma

    pelo apoio constante.

    A meus fi lhos Vicente e Marina.

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    AGRADECIMENTOS

    minha faml ia, pelo apoio e compreenso, em especial

    minha esposa Vilma;

    Ao Departamento de Estatstica da UEM;

    Prof. Terezinha Aparecida Guedes, pelo apoio;

    Prof. Isolde Previdell i , pela viabilizao do curso;

    todos os alunos do curso pelo apoio e amizade e em

    especial s colegas Angela, Clara, Cldina e Zeza;

    Ao Programa de Ps-graduao em Engenharia de Produo

    da UFSC pelo empenho;

    Prof. Eunice Passaglia e toda equipe do LED,

    responsveis pelo funcionamento do curso;

    Ao meu orientador, Prof. Pedro Alberto Barbetta, que apoiou

    o desenvolvimento do trabalho e ofereceu todas as

    contribuies necessrias para sua realizao;

    a todos que direta ou indiretamente

    contriburam para a realizao

    desta pesquisa.

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    Resumo

    GAZOLA, Sebastio. Construo de um modelo de regresso para

    avaliao de imveis. 2002. 110f. Dissertao (Mestrado em

    Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia de Produo, UFSC, Florianpolis.

    Este trabalho apresenta uma estratgia de construo de um

    modelo de regresso para determinar o preo de um imvel em funo

    de suas caractersticas. O modelo foi determinado uti l izando-se a

    Regresso Linear Mltipla com a tcnica de Ridge Regression , paracontornar o problema de multicolinearidade. A estratgia de construo

    foi aplicada a um conjunto de dados referentes a apartamentos da

    cidade de Cricima, SC. O modelo determinado apresentou-se de fcil

    interpretao e util izao, util izando 11 variveis independentes e

    proporcionando um bom ajuste aos dados e uma boa capacidade

    preditiva. Ele atendeu todas as suposies tericas para sua

    existncia e util izao.

    Palavras-chave: Regresso Linear Mltipla, Avaliao de Imveis,

    Multicolinearidade.

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    Abstract

    GAZOLA, Sebastio. Construo de um modelo de regresso para

    avaliao de imveis. 2002. 110f. Dissertao (Mestrado em

    Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia de Produo, UFSC, Florianpolis.

    This work presents a strategy for the building of a regression

    model to determine the price of a property as a function of i ts

    characteristics. The model was determined using the Multiple Linear

    Regression with the Ridge Regression technique, to outline themulticoll inearity problem. The construction strategy was applied to a

    data set from flats of the Cricima city, SC. The model was shown to be

    of easy interpretation and use, applying 11 independent variables and

    providing a good adjustment to the data and a good predictive capacity.

    The theoretical suppositions for its existence and usage were met.

    Key-Words: Multiple Linear Regression, Evaluation of flats,

    Multicolinearity.

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    SUMRIO

    1 - INTRODUO

    1.1 - CONTEXTUALIZAO

    1.2 - PROBLEMA

    1.3 - OBJETIVOS

    1.3.1 Objetivo Geral

    1.3.2 Objetivos Especficos

    1.4 - MTODOS DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

    1.5 DELIMITAES DA PESQUISA

    1.5 ESTRUTURA

    2 - AVALIAO DE IMVEIS

    2.1 INTRODUO

    2.2 MERCADO IMOBILIRIO

    2.3 VALOR

    2.4 MTODOS DE AVALIAO

    2.5 AMOSTRAGEM EM MERCADO IMOBILIRIO

    2.6 NVEIS DE RIGOR

    3 MTODOS REGRESSO LINEAR MLTIPLA

    3.1 INTRODUO

    3.2 O MODELO

    3.3 INFERNCIA ESTATSTICA

    3.3.1 Intervalos de Confiana

    3.3.2 Testes de Hipteses

    3.4 PODER DE EXPLICAO DO MODELO

    3.5 RELACIONAMENTO ENTRE VARIVEIS

    3.5.1 Correlao

    3.5.2 Anlise Fatorial de Correspondncias

    3.6 TRANSFORMAES DE VARIVEIS

    3.6.1 Linearidade

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    3.6.2 Varincia no-constante e no-normalidade dos

    Erros

    3.6.3 Variveis Dummy

    3.7 MULTICOLINEARIDADE

    3.7.1 Efeitos da Multicolinearidade

    3.7.2 Detectando a Multicolinearidade

    3.7.3 Solues para o Problema da Multicolinearidade

    3.8 SELEO DE VARIVEIS REGRESSORAS

    3.8.1 Cuidados no Uso do Modelo

    3.9 RESDUOS

    3.9.1 Anlise de Resduos3.10 DIAGNSTICO DO MODELO

    4 ESTRATGIA PARA A CONSTRUO DO MODELO

    E APLICAO EM UM ESTUDO DE CASO

    4.1 ROTEIRO PARA CONSTRUO DO MODELO

    4.1.1 Identificao das Variveis Independentes

    4.1.2 Levantamento de dados

    4.1.3 Transformaes de Variveis

    4.1.4 Anlise Exploratria

    4.1.5 Construo do Modelo

    4.1.6 Anlise Crtica das Variveis

    4.1.7 Anlise dos Resduos

    4.1.8 Verificao da Aplicabilidade do Modelo

    4.2 CASO EM ESTUDO4.3 IDENTIFICAO E APRESENTAO DAS VARIVEIS

    4.4 LEVANTAMENTO DE DADOS

    4.5 TRANSFORMAO DE VARIVEIS

    4.6 ANLISE EXPLORATRIA DAS VARIVEIS

    4.6.1 Relao da varivel dependente com as

    variveis independentes

    4.6.2 Multicolinearidade

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    4.7 CONSTRUO DO MODELO

    4.8 ANLISE DE RESDUOS

    4.9 AVALIAO PRTICA DO MODELO CONSTRUDO

    4.10 CONSIDERAES

    5 CONSIDERAES FINAIS

    5.1 Concluses

    5.2 Sugestes para novas pesquisas

    REFERNCIAS

    APNDICE

    Apndice A: Plotagem das variveis uti l izando anlise

    fatorial de correspondncias

    Apndice B: Correlao entre as variveis independentes

    Apndice C: Grficos de cada varivel independente do

    modelo versus resduos padronizados

    Apndice D: Omisso de variveis valores observados das

    variveis independentes versus resduos

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    LISTA DE FIGURAS

    Fig. 3.1 - Exemplo de relao linear pela plotagem da variveldependente versus varivel independente 43

    Fig. 3.2 - Exemplo de relao linear pela plotagem dos resduos

    versus varivel independente 43

    Fig. 3.3 - Exemplo de mdia zero 58

    Fig. 3.4 - Exemplo de independncia dos erros pela plotagem de

    resduos 59

    Fig. 3.5 - Exemplo de varincia no-constante pela plotagem dos

    resduos versus varivel independente 60

    Fig. 3.6 - Exemplo de distribuio normal dos erros pela

    plotagem dos resduos 61

    Fig. 3.7 - Exemplo de no adequao do modelo pela plotagem

    dos resduos versus varivel independente 62

    Fig. 3.8 - Exemplo de valores discrepantes pela plotagem dos

    resduos versus valores ajustados 63

    Fig. 3.9 - Exemplo da omisso de variveis independentes pela

    plotagem da varivel dependente versus varivel

    independente63

    Fig. 4.1 Diagrama de caixa das variveis quantitati vas 78

    Fig. 4.2 Diagrama de caixa das variveis quantitati vas 79

    Fig. 4.3 Grfico de disperso da varivel dependente versus

    variveis quantitativas independentes 81

    Fig. 4.4 Varincia constante - plotagem de resduos versus

    valores preditos 90

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    Fig. 4.5 Normalidade - plotagem de resduos versus valores

    esperados esperados pela distribuio normal

    91

    Fig. 4.6 Valores discrepantes - plotagem dos valores preditosversus resduos padronizados 92

    Fig. 4.7 Omisso de variveis - valores observados da varivel

    sute versus resduos padronizados 92

    Fig. 4.8 Omisso de variveis - valores observados da varivel

    garagem versus resduos padronizados 93

    Fig. 4.9 Omisso de variveis - valores observados da varivel

    idade versus resduos padronizados 93

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 4.1 Descrio das variveis independente quantitati vas 73

    Quadro 4.2 Descrio das variveis independentes qualitativas 74

    Quadro 4.3 Nova categorizao das variveis RH e ZF 75

    Quadro 4.4 Transformao das variveis qualitativas em

    dummy76

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 Anlise de Varincia para testar a significncia domodelo 36

    Tabela 4.1 - Correlao linear (Pearson) entre a varivel

    dependente ln(preo) e as variveis independentes

    quantitativas 80

    Tabela 4.2 Teste F da ANOVA para varivel dependente

    ln(preo) versus variveis independentesqualitativas 82

    Tabela 4.3 Razes caractersticas da matriz das correlaes 85

    Tabela 4.4 Ridge Regressionpara determinao da equao 87

    Tabela 4.5 Medidas referentes ao ajuste da equao 87

    Tabela 4.6 Anlise de varincia para a significncia da

    equao 89

    Tabela 4.7 Comparao da distribuio dos resduos

    padronizados com a distribuio normal padro 90

    Tabela 4.8 Percentual de valores preditos nas faixas de 5% a

    40% 94

    Tabela 4.9 Exemplo da variao do preo predito de um imvelde valor R$ 30.000,00 95

    Tabela 4.10 Percentual de valores preditos nas faixas de 5% a

    40%, pelo modelo construdo por Zancan, 1995 96

    Tabela 4.11 Predies de novas observaes pela equao

    ajustada 97

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    __________________________________________ Captulo 1

    INTRODUO

    1.1 - CONTEXTUALIZAO

    Os primeiros estudos sobre avaliao de imveis no Brasil datam de1918, e em 1923 foram introduzidos novos mtodos de avaliao de

    terrenos, que a partir de 1929 comearam a ser sistematicamente

    aplicados. A partir da a engenharia de avaliao no Brasil vem

    crescendo e evoluindo nas tcnicas de avaliao. Atualmente um

    grande nmero de profissionais vem desenvolvendo estudos nesse

    campo, visando dar matria o suporte cientifico necessrio como

    apoio aos mtodos tcnicos at ento util izados (Fiker, 1997, p.17).

    O desenvolvimento da engenharia de avaliao, o crescimento do

    nmero de profissionais atuando nesse campo e as necessidade do uso

    das tcnicas de avaliao pelo mercado privado e tambm pelos rgos

    pblicos, levaram a Associao Brasileira de Normas Tcnicas a

    elaborar a Norma para Avaliao de Imveis Urbanos n. 5676/89

    (Antiga NB 502).

    A Caixa Econmica Federal responsvel por aproximadamente200.000 laudos de avaliao por ano, envolvendo em torno de 3.500

    engenheiros, sendo a maior entidade contratante ou executora de

    servios de avaliao de imveis no pas (Dantas, 1998).

    A possibi lidade de contribuir, atravs de uma simples, clara e

    acessvel metodologia cientifica de Regresso Linear Mltipla e

    Inferncia Estatstica, para essa gama de profissionais avaliadores e

    empresas, no que se refere a dar subsdios para a melhoria da

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    qualidade das avaliaes, a principal justificativa para a realizao

    deste trabalho.

    Uma justificativa do porqu realizar a avaliao em massa de

    imveis , principalmente, para a elaborao ou atualizao do

    cadastro fiscal dos municpios, pois a base para cobrana dos

    tributos. Os mtodos usados para manter estes cadastros atualizados

    so, na maioria das vezes, no satisfatrios do ponto de vista da

    realidade do mercado imobilirio, e tambm muito onerosos aos

    municpios. Por isto, a grande maioria dos municpios tem seu cadastro

    desatualizado, levando a injustias na tributao e grande perda na

    arrecadao dos tributos, os quais so fundamentais para a

    administrao pblica (Zancan, 1995, p.12-17). Assim, uma

    metodologia adequada, ou seja, que tenha bom poder de predio e

    no seja onerosa, de fundamental importncia aos municpios.

    Outra importncia para a avaliao de imveis a realizao de

    laudos de avaliao, relativos a programas habitacionais, a patrimnios

    da Unio, seguros, entre outros (Dantas, 1998).

    A regresso l inear mltipla foi escolhida como mtodo para ser

    aplicado avaliao de imveis por fornecer um modelo de fcil

    interpretao e, principalmente, de simples aplicabil idade .

    Assim, o presente trabalho procura oferecer uma contribuio na

    rea da Engenharia de Avaliao, mais especificamente, nos problemas

    de avaliao em massa de imveis urbanos. Os dois pontos principais

    dessa contribuio so: primeiro, a metodologia para construo de ummodelo de regresso linear mltipla para estimar o preo do imvel,

    com um bom ajuste aos dados observados e que fornea uma

    estimativa calibrada, no distante da realidade; e o segundo ponto

    consiste na metodologia de anlise e diagnstico do modelo construdo.

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    1.2 - PROBLEMA

    possvel construir um modelo de regresso linear mltipla queatenda todas as suposies tericas e que seja adequado para predizer

    o valor de um imvel em funo de suas caractersticas?

    1.3 OBJETIVOS

    1.3.1 Objetivo Geral

    O objetivo geral descrever como se pode construir um modelo de

    regresso linear mltipla, que possa predizer o valor de um imvel emfuno de suas caractersticas.

    1.3.2 Objetivos Especficos

    1 - Identificar um conjunto de variveis independentes significativas

    para comporem o modelo de regresso;

    2 - Verificar se o modelo proposto atende todas as suposies tericas

    consideradas inicialmente para sua existncia;

    3 - Realizar o diagnstico do modelo para tomada de deciso quanto a

    sua aceitao;

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    1.5 DELIMITAES DA PESQUISA

    Dentre as vrias tcnicas que podem ser util izadas para a avaliaode imveis, restringiu-se nesta pesquisa, ao uso das tcnicas clssicas

    de regresso l inear mltipla.

    A aplicao da estratgia de construo de um modelo de

    regresso, proposto nesta dissertao, restringe-se aos imveis

    descritos por Zancan (1995). Observa-se que os dados foram obtidos

    pela prpria pesquisadora, usando o banco de dados imobilirio de

    Cricima, SC, em confronto com o cadastro urbano do municpio. Aamostragem util izada no est claramente especificada.

    1.6 ESTRUTURA

    A dissertao est estruturada em cinco captulos, construdos de

    forma facilitar o entendimento e compreenso do leitor desde os

    objetivos at a concluso.

    O primeiro captulo, denominado introduo, faz uma

    contextualizao do assunto, cita o problema de pesquisa, os objetivos,

    os mtodos para desenvolvimento do trabalho e sua estrutura.

    O segundo captulo trata da reviso de literatura sobre a avaliao

    de imveis. Apresenta os principais conceitos e definies relacionadas

    a definio de imveis urbanos.

    O captulo trs apresenta toda metodologia estatstica necessria,

    de forma detalhada, da construo at o diagnstico do modelo, para

    realizao da anlise de dados com a finalidade de atingir os objetivos

    do trabalho.

    O captulo quatro descreve um roteiro estratgico para a construodo modelo e faz a anlise dos dados, do caso dos apartamentos da

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    cidade de Cricima (Zancan, 1995), descrevendo detalhadamente os

    resultados e realizando a anlise para cada um deles.

    O captulo cinco faz uma concluso com base nos estudos

    realizados nos captulos anteriores e apresenta sugestes para outras

    possveis anlises que podem ser realizadas.

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    _______________________________________________ Captulo 2

    AVALIAO DE IMVEIS

    2.1 - INTRODUO

    A necessidade de uma avaliao adequada de imveis cresceu e

    evoluiu junto com o prprio crescimento e evoluo do mercado

    imobilirio, j que ambos so complementares e interdependentes.

    A tentativa de contextualizar o cone avaliao cria uma l ista

    interminvel de conceitos, onde cada autor contextualiza de acordo

    com as suas prioridades pessoais. Na verdade, isto possvel se

    considerarmos a multidisciplinidade da avaliao, ou seja, sua

    dependncia tanto de tcnicas racionais (nas reas de cincias exatas,

    naturais e sociais) como de percepo no-racional (bom-senso e bom-

    julgamento). A introduo do feeling que torna possvel a

    variabil idade contextual (IBAPE, 1974, p.64; Ayres, 1996, p.11), e a

    multidiscipl inidade que torna a avaliao flexvel (Dantas, 1998, p.3).

    Existem vrias formas diferentes de se desenvolver as avaliaes

    de imveis, dependendo dos dados disponveis ou da preferncia do

    avaliador. Outras vezes, o imvel pode ser avaliado percorrendo-se

    caminhos diferentes para a confirmao do valor de avaliao (Moreira

    Filho, et al. 1993, p.4).De forma geral e resumida, pode-se definir avaliao como uma

    operao tcnica realizada na estimativa do valor de um bem; ou como

    uma determinao tcnica do valor de um imvel e/ou de um direito

    sobre ele (NBR 5676/90); ou ainda como uma arte, dependente de

    conhecimento tcnico e de bom-senso, de estimar valores

    propriedades especficas (Moreira, 1990).

    Sem dvida, esta lt ima definio genericamente mais apropriada,pois considera o conhecimento tcnico e a capacidade de percepo

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    no-tcnica de um bem. Agora, independentemente do conceito de

    avaliao que tomemos como adequada, necessrio definir o valor do

    bem considerado e o prprio mercado imobilirio.

    2.2 - MERCADO IMOBILIRIO

    O mercado imobilirio a instncia de determinao dos preos de

    imveis urbanos que, como quaisquer outras mercadorias, passa pelo

    crivo da oferta e da demanda (Moscovitch, 1997).

    A existncia do mercado imobil irio depende da presena de trscomponentes: os bens imveis disponveis, os vendedores e os

    compradores. Assim sendo, o fator determinante na formao dos

    preos ser a relao quantitativa dentre os trs, onde a situao ideal

    ser aquela onde haja uma abundncia equilibrada dentre os mesmos.

    Isto determinar, num dado momento, um preo de equilbrio de

    mercado que podemos considerar como sendo um preo justo. Este

    mercado, considerado como sendo de concorrncia perfeita, inatingvel. O extremo esta situao, ou seja, um mercado de

    concorrncia imperfeita, cria um desbalano que faz os preos se

    afastarem do ideal ou justo. o caso do monoplio (raro) e oligoplio

    (mais comum) que viesam os preos para cima; ou do monopsnio

    (raro) e ol igopsnio (mais comum) que viesam os preos para baixo.

    Obviamente, somente no mercado de concorrncia perfeita, a

    construo do valor de um bem pode seguir a lei da oferta e procura(Dantas, 1998, p.9).

    Os imveis so bens economicamente nicos, pois so

    heterogneos, fixos e durveis. A durabilidade permite a formao de

    estoque que domina o mercado, a heterogeneidade o torna

    insubstituvel, e a imobilidade o relaciona com a acessibilidade e com a

    estrutura vicinal (Smith et al., 1988). Se associarmos isto ao fato do

    mercado ser particulado e, portanto, contar com a ao simultnea de

    vrios agentes no coordenados, poderemos explicar, pelo menos

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    parcialmente, a enorme variabilidade de preos (Gonzlez e Formoso,

    2000).

    A indeslocabil idade torna o imvel um bem imperfeito por natureza,

    ou seja, com diferenas inter e intra grupos de bens. Por este motivo, o

    mercado imobilirio ser sempre de concorrncia imperfeita podendo

    apresentar todas as gradaes de imperfeio. Dessa forma, cada bem

    imobil irio acabar por gerar em torno de s um micro-mercado que

    guardar caracteres to intimamente relacionados que dificultar a

    relao deste com o macro-mercado que o circunda. Isto dificulta a

    avaliao do bem porque condiciona a avaliao coleta de dados do

    micro-mercado considerado. Se os elementos amostrais foreminsuficientes dentro do micro-mercado, a coleta de elementos do

    macro-mercado circundante gerar tendncias de mercado que

    invalidariam a avaliao (Auricchio apudTrivelloni, 1998, p.12).

    2.3 - VALOR

    Atribui-se valor a tudo que ti l ou escasso. Cabe avaliao

    traduzir essa util idade ou escassez numa quantia monetria e associar

    uma necessidade e/ou desejo de possuir um bem (Ayres, 1996, p.21).

    Assim, pode-se definir valor como a relao entre a intensidade das

    necessidades econmicas humanas, objetivas ou subjetivas, e a

    quantidade de bens disponveis para atend-las (Fiker, 1997, p.21).

    Vrios tipos de valores podem ser atribudos a um bem (Venal,Comercial, de Mercado, etc). No entanto, numa avaliao, o valor a ser

    determinado o valor de mercado (Dantas, 1998, p.7). Estas

    atribuies so impostas pelo mercado que determina o valor pela lei

    da oferta e da procura. Assim, o valor de mercado o preo consciente

    determinado por um vendedor e pago por um comprador a um bem, sem

    coao de ambos os lados (Ayres, 1996, p.21).

    O valor de um bem pode ser subjetivado dependendo das

    circunstncias que envolvem a avaliao e do modo como examinado,

    mas sempre depender de sua util idade. A localizao do imvel um

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    componente essencial de seu valor. Este valor estaria correlacionado a

    aspectos que compem a qualidade de vida da rea urbana onde o

    imvel est situado, por exemplo, as reas urbanas mais bem providas

    de equipamentos pblicos so as que possuem imveis com maiores

    valores venais. Por outro lado, independente da sua util izao, o valor

    de um imvel a soma de dois sub-valores aditivos, o valor da

    edificao que dada pelo seu custo (includa a remunerao do

    construtor) e o valor do terreno que est intimamente relacionado s

    condies urbanas de sua localizao (incorpora as vantagens e

    desvantagens espaciais) (Moscovitch, 1997).

    No entanto, o valor do bem difere e no deve ser confundido com opreo do bem, que representa a quantidade de dinheiro paga pelo

    mesmo. Assim, a necessidade de venda ou compra imediata e/ou a no

    existncia de um livre comrcio podem alterar o preo de um bem,

    tornando-o superior ou inferior ao valor avaliado (Moreira Filho, 1993).

    Dessa forma, defini-se o preo hednico como o preo implcito de

    atributos e so revelados agentes econmicos a partir da observao

    de preos de produtos diferenciados e a quantidade especfica decaractersticas a eles associados (Rosen, 1974).

    O valor de mercado normatizado pela NBR 5676/90, como um

    valor nico num dado instante, independente da finalidade da avaliao

    e subjugada a um mercado de concorrncia perfeita. Obviamente, o

    mercado imobilirio no , pela sua prpria natureza, de concorrncia

    perfeita (Dantas, 1998, p.8). Na verdade, o mercado imobil irio um

    dos segmentos de mercado que mais se ajusta ao mercado terico daconcorrncia imperfeita. Isto faz com que o preo de um bem seja

    desviado daquele determinado teoricamente pelo mercado de

    concorrncia perfeita (Barbosa Filho, 1988). Portanto, o que realmente

    se paga numa negociao imobiliria o preo e no o valor (Dantas,

    1998, p.8).

    Existe, portanto, a necessidade da busca por tcnicas que tornem

    mais precisas as formas de se estimar o valor de um bem aproximando-

    o ao mximo do seu valor de mercado.

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    2.4 - MTODOS DE AVALIAO

    Pode-se definir as metodologias avaliatrias como sendo as vrias

    e diferentes vias percorridas com o objetivo de atribuir valor a um

    imvel. Cada via util izada caracterizada como um mtodo de

    avaliao diferente. No entanto, independentemente da metodologia

    aplicada, esta dever apoiar-se em pesquisa de mercado e considerar

    os preos comercializados e/ou ofertados, bem como outros elementos

    e atributos que influenciam o valor (NBR-5676/90). A escolha da

    metodologia mais apropriada para uma dada avaliao depende das

    condies atuais do mercado, do tipo de servio a que se presta e dapreciso que se deseja.

    Os mtodos avaliatrios pertencem a dois grupos, por vezes

    conjugados, os mtodos diretos e os mtodos indiretos. Considera-se

    um mtodo como sendo direto quando o valor resultado da avaliao

    independe de outros. Por outro lado, o mtodo considerado indireto

    sempre necessita de resultados de algum mtodo direto (Dantas, 1998,

    p.15).Os mtodos diretos subdividem-se em mtodo comparativo de

    dados de mercado e mtodo comparativo de custo de reproduo de

    benfeitorias. J os mtodos indiretos organizam-se em trs grupos, o

    mtodo de renda, o mtodo involutivo e o mtodo residual (NBR-

    5676/90).

    No mtodo comparativo de dados de mercado, o valor do bem

    avaliado por comparao com dados do mercado similares quanto ascaractersticas intrnsecas e extrnsecas; para isto exige a presena de

    um conjunto atual de dados que represente estatisticamente o

    mercado. Portanto, qualquer bem pode ser avaliado por este mtodo,

    desde que existam dados suficientes e atuais no mercado imobilirio

    que possam ser util izados para represent-los estatisticamente

    (Trivelloni, 1998, p.20; NBR 5676/90).

    Pelo mtodo comparativo de custo de reproduo de benfeitorias, o

    valor das benfeitorias avaliado pela reproduo dos custos

    componentes, via composio dos custos baseada em oramento

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    simples ou detalhado, podendo incluir o valor do terreno e o custo da

    comercializao e considerando o grau de desgaste fsico e/ou o

    arcaicasmo funcional (Zancan, 1995; NBR 5676/90).

    O mtodo da Renda avalia o valor do imvel ou de suas partes

    componentes em funo de um rendimento j existente ou previsto pelo

    bem no mercado, ou seja, o valor econmico do bem (Ayres, 1996,

    p.23; NBR 5676/90).

    No mtodo involutivo, o valor do terreno estimado por estudos da

    viabilidade tcnica-econmica do seu aproveitamento, considerando

    como aproveitamento eficiente a realizao de um empreendimento

    imobil irio hipottico compatvel com as caractersticas do imvel ecom as condies do mercado (Moreira Filho, 1993, p.5; NBR 5676/90).

    J pelo mtodo residual, obtm-se o valor do terreno a partir da

    diferena entre o valor total do imvel e o valor das benfeitorias,

    levando-se em conta o fator de comercializao (Fiker, 1997, p.27;

    NBR 5676/90).

    A uti l izao dos mtodos diretos tm preferncia e sempre que

    existirem dados de mercado suficientes para util izao do mtodocomparativo ele deve ser escolhido (Dantas, 1998, p.15)

    Quando analisa-se os vrios mtodos citados anteriormente, pode-

    se observar que de uma forma, ou de outra, todos so comparativos.

    No mtodo comparativo comparam-se bens semelhantes; no mtodo de

    custo, comparam-se os prprios custos no mercado; nos mtodos da

    renda e involutivo compara-se a possibilidade de renda do bem; e no

    mtodo residual, compara-se o grau de comercializao do mercado(Dantas, 1998, p.44).

    No entanto, quando a questo avaliao de imveis, o mtodo

    mais util izado e recomendado o mtodo comparativo de dados de

    mercado, j que este mtodo permite que a estimativa considere as

    diferentes tendncias do mercado imobil irio que, por sua vez,

    diferenciam-se das tendncias de outros ramos da economia. Este

    mtodo estima valores baseado na comparao com outros

    semelhantes, partindo-se de um grupo de dados somado s

    informaes sobre transaes e ofertas do mercado, e originando com

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    isto uma amostragem estatstica de dados do mercado imobilirio. Na

    prtica, de modo geral, a semelhana entre o imvel avaliado e os

    componentes da amostra imperfeita e incompleta, por faltar algum

    atributo que tenha influenciado no valor ou por apresent-lo de forma

    parcial. Portanto, os atributos dos dados pesquisados que influenciam

    o valor devem ser ponderados por homogeneizao ou inferncia

    estatstica, respeitando os nveis de rigor definidos na NBR-5676/89. A

    util izao da inferncia estatstica permite uma avaliao isenta de

    subjetividade e repleta de confiabil idade (Moreira Filho, 1993, p.7;

    Gonzlez, 2000).

    Dentro deste contexto, podemos verificar que, tradicionalmente,usavam-se as tabelas na comparao de vendas para justificar o

    estado real e/ou estimar valores aproximados. Mais recentemente, os

    modelos de preos hednicos (regresso mltipla) tem sido util izados

    para completar o mtodo de comparao de vendas. Contudo, os dois

    mtodos tem experimentado crticas das comunidades acadmica e

    profissional. O primeiro mtodo , freqntemente, crit icado por uti l izar

    julgamentos subjetivos para determinar os ajustes necessrios etambm, por ser impreciso, tornando difci l para o avaliador obter

    dados seguros e comprovados. A regresso mltipla tem produzido,

    freqntemente, srios problemas para a avaliao do estado real que

    resulta, primariamente, de estudos de multicolinearidade nas variveis

    independentes e a partir de incluses de propriedades outlier na

    amostra. Alm disso, a colinearidade dentro dos dados pode tornar a

    regresso mltipla um modelo inadequado para um mercado que requerrespostas rpidas e precisas. No entanto, a regresso um mtodo

    padro aceitvel para a avaliao de imveis. (Worzala et al. 1995).

    2.5 AMOSTRAGEM EM MERCADO IMOBILIRIO

    Quando se trabalha com o mercado imobilirio, qualquer que seja o

    segmento, terrenos urbanos, imveis t ipo apartamentos, imveis t ipo

    residncias, etc., geralmente impraticvel a obteno dos dados de

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    toda a populao. Isto ocorre devido ao grande nmero de elementos

    na populao, custos elevados para obteno dos dados ou o grande

    perodo de tempo que se faz necessrio. Assim, conveniente

    trabalhar com uma amostra (Dantas, 1998, p.69).

    A situao ideal para uma amostra aquela onde cada elemento da

    populao tem a mesma probabilidade de ser selecionado, ou seja,

    uma amostra do t ipo probabilst ica aleatria. Em muitos casos, ainda,

    se faz necessrio uma amostra do t ipo probabilst ica aleatria

    estratificada. Esta ltima deve ser usada quando se tem, por exemplo,

    regies e a populao de indivduos difere consideravelmente de uma

    para a outra.Quando se trabalha com dados de mercado muito difcil de se ter

    uma amostra estatisticamente ideal. Para no inviabilizar as

    inferncias, deve-se evitar usar um banco de dados, sem a

    investigao do mercado no momento de realizar uma nova avaliao.

    Podem ter ocorrido mudanas no mercado e estas no poderiam deixar

    de serem captadas pela amostra, caso contrrio a amostra seria

    tendenciosa. Ainda, a amostra deve ser equilibrada, por exemplo,quando uma categoria for exageradamente maior que as outras, acima

    de 70%, deve-se ajustar um modelo especfico para tal categoria. A

    amostra deve ser formada por imveis cujos preos, ou valores, so os

    praticados no mercado e com todas suas caractersticas fsicas,

    locacionais e econmicas (Dantas, 1998, p.49).

    O preo praticado aquele que resulta de uma livre negociao

    entre o vendedor e o comprador. Este preo representativo domercado ou da populao em estudo. J os preos de oferta podem

    elevar o valor da mdia dos preos praticados no mercado, podendo

    servir como um indicador do l imite superior dos preos de mercado.

    Contudo, podem fazer parte da amostra, desde que, atualizados e

    identificados. Por outro lado, no devem compor a amostra, os preos

    provenientes de desapropriaes, transmisso causa mortis,

    transaes entre parentes e outro (Dantas, 1998, p49-51).

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    2.6 - NVEIS DE RIGOR

    Os nveis de rigor que caracterizam uma determinada avaliao de

    acordo com a preciso obtida no trabalho, so normatizados pela NBR

    5676/90. O nvel de rigor almejado numa dada avaliao relaciona-se

    diretamente com as informaes extradas do mercado, ou seja, a

    preciso do mercado ser determinada por este nvel que ser, por sua

    vez, tanto maior quanto menor for a subjetividade presente na

    avaliao. O rigor de uma avaliao est condicionado abrangncia

    da pesquisa, confiabilidade e adequao dos dados coletados,

    qualidade do processo avaliatrio e ao menor grau de subjetividadeempregado pelo avaliador. Assim, os trabalhos avaliatrios podem, de

    acordo com a norma, ser classificados como de nvel de rigor expedito,

    normal, r igoroso e rigoroso especial.

    Na avaliao expedita o valor obtido sem a util izao de qualquer

    instrumento matemtico. Dessa forma, a ausncia de rigor matemtico

    determina que o valor seja atribudo atravs de escolha arbitrria, no

    caracterizando o aspecto tcnico da avaliao, e bastando somenteque o avaliador tenha bom nvel de conhecimento de mercado.

    A avaliao normal uti l iza mtodos estatsticos e requer exigncias

    com relao coleta e tratamento dos dados. Permite a

    homogeneizao dos elementos e a eliminao estatstica de dados

    discrepantes sempre que o nmero destes for maior ou igual a cinco.

    Nas avaliaes rigorosas, o trabalho dever apresentar, atravs de

    metodologia adequada, iseno de subjetividade. O tratamento dosdados devem se basear em processos de inferncia estatstica que

    permitam calcular estimativas no tendenciosas do valor. O valor f inal

    da avaliao, resultado do tratamento estatstico adotado, deve estar

    contido em um intervalo de confiana fechado e mximo de 80%, desde

    que as hipteses nulas sejam testadas ao nvel de significncia mximo

    de 5%.

    A avaliao rigorosa especial caracteriza-se pelo encontro de um

    modelo estatstico o mais abrangente possvel, ou seja, que incorpore o

    maior nmero de caracteres que contribuem para a formao do valor.

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    A funo estimada da formao de valor deve ser eficiente e no

    tendenciosa, portanto, as hipteses nulas da equao de regresso

    devem ser rejeitadas ao nvel de significncia mximo de 1%, e dos

    respectivos coeficientes ao nvel de significncia mximo de 10%

    unicaudal ou 5% em cada ramo do teste bicaudal. Devem ser

    analisadas as seguintes condies bsicas referentes aos resduos no

    explicados: normalidade, homocedasticidade, no auto-regresso e

    independncia entre variveis independentes.

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    _______________________________________________ Captulo 3

    MTODOS - REGRESSO LINEAR MLTIPLA

    3.1 - INTRODUO

    A origem do termo Regresso deu-se por Francis Galton, quando

    em um ensaio com pais e fi lhos ele estudou o relacionamento das

    alturas dos mesmos. A lei de regresso universal de Galton foi

    confirmada mais tarde por Karl Pearson, que atravs de um grande

    ensaio constatou que a altura mdia dos filhos de pais altos era inferior

    a altura de seus pais e que a altura mdia de filhos de pais baixos era

    superior a altura de seus pais, ou seja, ele concluiu que a altura tanto

    dos filhos altos como baixos tendem para a mdia de todos os homens

    (Gujarati, 2000, p.3).

    Na atualidade, a interpretao da regresso bem diferente. De

    modo geral pode-se dizer que a anlise de regresso o estudo de

    uma varivel (a varivel dependente) em funo de uma ou mais

    variveis (as variveis independentes), com o objetivo de estimar e/ou

    prever a mdia populacional ou valor mdio da varivel dependente,

    util izando valores observados por amostragem das variveis

    independentes (Gujarati, 2000, p.9).

    Atualmente a anlise de regresso mltipla uma das ferramentasou mtodos estatsticos uti l izados com maior freqncia. uma

    metodologia estatstica para predizer valores de uma varivel resposta

    (dependente) para uma coleo de valores de variveis preditoras

    (independentes).

    Em engenharia de avaliaes, considera-se geralmente como

    varivel dependente os preos vista de mercado em oferta e

    efetivamente transacionados, e como variveis independentes ascaractersticas do imvel decorrentes dos aspectos fsicos e de

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    localizao, bem como de aspectos econmicos. Observa-se que as

    variveis independentes podem ser tanto de natureza quantitativa como

    qualitativa (Dantas, 1998, p.51,52).

    A teoria econmica especif ica t ipicamente relaes funcionais

    exatas entre variveis. Porm, na realidade, no se verif ica tal relao

    funcional exata. Isto diz que a teoria econmica deve ser ampliada com

    a introduo de elementos probabilsticos. Assim, a tarefa principal

    administrar um ponto entre as relaes exatas e as relaes instveis

    da realidade econmica (Goldberger, 1970, p.11-16).

    3.2 - O MODELO

    O modelo de regresso linear mltipla descreve uma varivel

    dependente Y como funo de vrias variveis regressoras ou

    independentes. Um modelo geral, com p variveis regressoras, dado

    por:

    Y i= 0 + 1X i 1 + 2X i 2+ ... + pX i p+ i ( i=1,...,n).

    onde:

    Y i representa as observaes da chamada varivel dependente,

    varivel explicada ou varivel resposta;

    X i k so chamadas de variveis independentes, variveis explicativas,variveis regressoras ou covariveis (k = 1, 2, ..., p);

    i so os parmetros da populao;

    i so os erros aleatrios

    Os erros aleatrios representam os inmeros fatores que,

    conjuntamente, podem interferir nas observaes da varivel

    dependente Y (Charnet et al. , 1999, p.170).

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    A representao do modelo na forma matricial Y = X + , onde:

    Y=

    n

    1

    Y

    Y

    M X =

    npn1

    1p11

    XX1

    XX1

    L

    MOMM

    L

    =

    p

    0

    M =

    n

    1

    M

    A funo de regresso do modelo, descrita em termos de valor

    esperado, dada por:

    E(Y) = 0+ 1X1 + 2X2+ ... + pXp

    Nesse modelo, xj o valor f ixo da varivel regressora Xj,

    j=1,2,.. .,p. Os parmetros j so denominados coeficientes de

    regresso. Podemos interpretar j como a mudana esperada em Y

    devido ao aumento de uma unidade em Xj , estando as outras variveis

    Xk , k j , f ixas.

    O coeficiente 0 o intercepto da superfcie de resposta

    (regresso). Se a abrangncia do modelo inclui (0, 0, ..., 0) ento 0 representa a resposta mdia E(Y) neste ponto. Em outras situaes, 0

    no tem qualquer outro significado como um termo separado no modelo

    de regresso.

    Um dos objetivos da anlise de regresso desenvolver uma

    equao que permita ao investigador estimar respostas para valores

    dados de variveis preditoras. Para descrever a equao necessrio

    estimar os valores para os coeficientes de regresso e a varincia 2

    do erro com os dados observados.

    Os coeficientes de regresso podem ser estimados por vrios

    mtodos, um dos mais usados o mtodo de mnimos quadrados. Este

    mtodo consiste em encontrar uma estimativa para os parmetros de

    forma que a soma do quadrado dos erros seja mnima. Os estimadores

    gerados por este mtodo so no viesados e consistentes (Neter e

    Wasserman, 1974, p.37,226).

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    O estimadores para o vetor de parmetros e para a varincia 2

    so dados, respectivamente, por:

    b=(XX) -1XY e S2=(Y-Xb) (Y-Xb)/(n-p-1).

    As suposies exigidas para o modelo de regresso l inear mltipla,

    alm das estimativas dos parmetros, so as seguintes:

    1) as variveis independentes so nmeros reais sem perturbaes

    aleatrias.

    2) o nmero de observaes, n, deve ser superior ao nmero de

    parmetros, p, estimados.

    3) os erros so variveis aleatrias com as seguintes suposies:

    - valor esperado zero - E( i) = 0;

    - varincia constante - Var( i) = 2;

    - no correlaciona dos - Cov( i, j) = 0, ij .

    4) a distribuio dos erros normal, i N(0, 2). Como os erros so

    no correlacionados, pode-se afirmar, sob a hiptese de

    normalidade, que estes so independentes.

    5) no deve existir nenhuma relao exata entre as variveis

    independentes.

    3.3 - INFERNCIA ESTATSTICA

    Os parmetros populacionais so estimados pontualmente a partir

    de uma amostra, porm necessrio obter informaes sobre seu

    comportamento probabilstico. Este estudo realizado atravs dosintervalos de confiana e testes de hipteses.

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    3.3.1 - Intervalos de Confiana

    O intervalo de confiana fornece informao sobre a preciso das

    estimativas. o intervalo do qual pode-se afirmar, com certa confiana,

    que o verdadeiro valor de um parmetro populacional est contido nele,

    ou seja, o intervalo de confiana estabelece limites para o valor objeto

    de estudo. Os intervalos de confiana mais usuais em uma anlise de

    regresso so descritos a seguir.

    Intervalo de confiana para o parmetro k: para o modelo onde os

    erros tm distribuio normal, o intervalo de confiana para k , dadopor

    (bk t (1 - / 2 ; n -p -1 ) . S(bk) ; bk + t (1 - / 2 ; n -p -1 ) . S(bk))

    onde bk o estimador de k , t (1 - / 2 ; n -p -1 ) o valor da estatstica t com

    significncia e (n-p-1) graus de l iberdade e S(b k) o desvio-padro

    estimado de bk . S2(bk) o k-simo elemento da diagonal principal da

    matriz:S2(b)=QME(XX) -1

    Intervalo de confiana para valores mdios preditos: o valor mdio

    estimado para um caso (imvel) i dado por bX'iiY = , ( [ ]iX1X ='

    i ). O

    intervalo de confiana para o valor mdio estimado calculado por:

    ( iY t (1 - / 2 ; n -p -1 ) . S( iY ) ; iY + t (1 - / 2 ; n -p -1 ) . S( iY ))

    onde kY o valor mdio estimado para o caso i, t (1 - / 2 ; n -p -1 ) o valor

    da estatstica t com signif icncia e (n-p-1) graus de l iberdade e S( iY )

    o desvio-padro de iY . S2( iY ) dada por

    S2( iY )=(QME)'

    iX (XX)-1X i=

    '

    iX S2(b)X i

    Desta forma, possvel comparar o valor observado com o valorestimado e a preciso do ajuste.

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    Intervalo de confiana para valores preditos: o valor predito para um

    novo caso observado h dado por bX'h

    =hY . E o intervalo de confiana

    para este novo caso observado dado por

    ( hY t (1 - /2 ; n -p -1 ) . S(pred) ; hY + t (1 - /2 ; n -p -1 ) . S(pred)).

    Onde hY o valor predito para o novo caso h, t (1 - / 2 ; n -p -1 ) o valor

    da estatstica t com signif icncia e (n-p) graus de l iberdade e S(pred)

    o desvio-padro do valor predito. S 2(predito) dado por

    S2

    (predito)=QME(1+'

    hX (XX)-1

    Xh)

    3.3.2 - Testes de Hipteses

    O teste de hiptese uma regra usada para decidir se uma hiptese

    estatstica deve ser rejeitada ou no. O objetivo do teste de hiptese

    decidir se uma hiptese sobre determinada caracterstica da populao ou no apoiada pela evidncia obtida de dados amostrais. Os testes

    de hipteses so os primeiros estudos realizados para a verificao da

    validade do modelo. Os testes de hipteses necessrios em uma

    anlise de regresso so descritos abaixo.

    Teste de hiptese para a significncia do modelo: este teste usado

    para estabelecer se existe ou no alguma relao entre a varivel

    dependente e o conjunto de variveis independentes. Consiste em

    testar as seguintes hipteses (Neter e Wasserman, 1974, p.228):

    H0 : 1= 2 = ... = p = 0

    H1 : k 0 para algum k

    A estatstica do teste tem, sob H0 , a distribuio F com p e (n-p-1)

    graus de liberdade. A rejeio da hiptese H 0 indica a existncia de

    regresso.

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    As quantidades necessrias para calcular o valor observado dessa

    estatstica esto dispostas na tabela 3.1, denominada de tabela de

    anlise de varincia - ANOVA.

    Tabela 3.1:Anlise de Varincia para testar a significncia do modelo

    Fontes de

    Variao

    Soma de

    Quadrados

    Graus de

    Liberdade

    Quadrado

    MdioF0

    Regresso SQR p QMR=P

    SQR

    QME

    QMR

    Resduo SQE n-p-1 QME=1PN

    SQE

    Total SQT n-1 QMT=1N

    SQT

    onde:

    SQR = bXY- n y 2 , SQE = YY bXY e SQT = SQE + SQR

    A existncia de uma relao de regresso, por si s, no garanteque predies teis podem ser feitas usando este modelo (Neter et al.,

    1996, p.230). Este teste apenas a primeira etapa na verificao de

    aceitao do modelo.

    Teste de hiptese para o parmetro k: Aps a verificao de que

    pelo menos um dos parmetros k signif icativo, deve-se testar a

    significncia de cada um deles, isto , para cada parmetro k (k=1,...,p), testam-se as hipteses:

    H0 : k = 0

    H1 : k 0

    O teste para cada parmetro feito uti l izando a estatstica t de

    Student com (n-p-1) graus de liberdade, o desvio padro amostral S(bk)

    e o estimador b k . A estatstica do teste dada por

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    t* =)S(b

    b

    K

    K

    Se t* t (1 - / 2 ;n -p -1 ), o teste no rejeita H0 ; caso contrrio o teste

    rejeita H0 em favor de H1 . A rejeio de H 0 indica uma contribuio

    significativa da varivel independente Xk no modelo.

    Teste de hiptese para um subconjunto de parmetros:Aps o teste

    t sugerir as variveis independentes a serem usadas na equao,

    importante examinar se a varivel dependente pode ser explicada pelas

    variveis sugeridas to adequadamente quanto por todas as variveis.

    Para isto, testam-se as hipteses:

    H0 : q+ 1= q+2= ... = p-1= 0, q

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    [ ]1/22i2iii

    XY

    )Y(Y)X(X

    )Y)(YX(Xr

    =

    Este valor sempre est entre 1 e 1. Quanto mais prximo de 1 e 1

    maior a tendncia de relao linear positiva e negativa

    respectivamente; e quando estiver prximo de zero indica ausncia de

    correlao l inear entre as variveis (Dantas, 1998, p.114).

    A matriz das correlaes entre as variveis independentes pode ser

    util izada para orientar os primeiros passos para a construo da

    equao de regresso. Um valor do determinante da matriz das

    correlaes das variveis independentes prximo de zero indicao

    de multicolinearidade (Dantas, 1998, p.132,133).

    A regresso e a correlao esto intimamente relacionadas, porm

    so muito diferentes conceitualmente. O coeficiente de correlao

    mede a intensidade da associao linear entre duas variveis

    aleatrias, enquanto a regresso tenta estimar ou prever o valor mdio

    de uma varivel aleatria com base nos valores fixados de outras

    variveis fixadas. A anlise de correlao trata duas variveis

    simetricamente, no distingue a varivel dependente e independente e

    supe as duas aleatrias. Na regresso h uma assimetria em como as

    variveis dependente e independente so tratadas. A varivel

    dependente suposta ser estatstica, aleatria ou estocstica, isto ,

    ter uma distribuio de probabil idade (Gujarati, 2000, p.9).

    A regresso mostra como as variveis esto relacionadas e a

    correlao mostra o grau de relacionamento entre elas. O nmero

    fornecido pela correlao um retrato instantneo de quo prximo

    esto duas variveis que variam juntas. Alguns economistas

    consideram a correlao uma tcnica pouco poderosa, porm como a

    correlao e a regresso esto intimamente ligadas matematicamente,

    muitas vezes a correlao um auxlio til na regresso (Wonnacott e

    Wonnacott, 1978, p.98-102).

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    3.5.2 - Anlise Fatorial de Correspondncias

    A Anlise Fatorial de Correspondncias uma das tcnicas

    multivariadas que permite examinar relaes geomtricas do

    cruzamento ou contingenciamento de variveis categricas, analisando

    a distribuio de massa de um conjunto de observaes, tendo como

    princpios bsicos, a proximidade geomtrica e a reduo de

    dimensionalidade. No um mtodo para prova de hipteses, mas sim

    uma tcnica descritiva e explanatria, ou seja, nenhum teste de

    significado estatstico costumeiramente aplicado aos resultados de

    uma anlise fatorial de correspondncia, que tem como princpioreproduzir, de forma simplif icada, as informaes de uma grande tabela

    de freqncia. Esta tcnica permite estudar uma populao de

    indivduos descrita por variveis que podem ser do t ipo qualitativo,

    quantitativo ou uma mescla de ambos, desde que os dados contnuos

    sejam discretizados e restri tos a valores posit ivos (Pereira, 2001,

    p.133).

    A transformao de variveis contnuas em qualitativas tem afinalidade de tornar homogneo os conjuntos de dados que so

    compostos de variveis numricas e de variveis qualitativas. Ainda se

    pode ter interesse em realizar uma codificao qualitativa at quando

    se dispe de um conjunto de variveis numricas, sobre o qual se pode

    aplicar adequadamente a chamada anlise de componentes principais.

    Uma anlise fatorial de correspondncia mltipla sobre as mesmas

    variveis codificadas em classes, d outra aproximao para os dados,pois permite exibir, possveis relaes no lineares entre as variveis.

    Tais fenmenos so invisveis nos resultados de uma anlise de

    componentes principais, que no leva em conta, mais que relaes

    lineares (Escofier e Pags, 1992, p.7-25).

    Para codif icar uma varivel contnua em classes, ou seja, recortar o

    seu intervalo de variao em subintervalos que definem outras

    modalidades, necessrio determinar o nmero de intervalos e seus

    limites. Diminuindo o excesso do nmero de classes, se agrupam

    indivduos cada vez mais distintos e, por isto, perde-se muita

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    informao. Por outro lado, aumentando o nmero de casos correse o

    risco de se obter classes com pouca informao. A experincia mostra

    que no til superar o nmero de oito modalidades na codificao de

    variveis quantitativas e que quatro ou cinco so suficientes (Escofier e

    Pags, 1992, p.66-69).

    3.6 - TRANSFORMAES DE VARIVEIS

    As variveis so um conjunto de medidas repetidas de um

    determinado objeto de estudo sendo que estas medidas podem serrealizadas em diferentes unidades, que levam a classific-las como

    quantitativas ou qualitativas (Pereira, 2001, p.43,44).

    O primeiro aspecto a ser analisado com relao aos dados,

    estudando o tipo, comparando as grandezas e o comportamento entre

    as variveis. Ento deve-se preparar estes dados para a anlise de

    regresso.

    Algumas vezes se faz necessrio algum tipo de transformao nasvariveis e tambm o uso de variveis dummy. As transformaes so

    necessrias quando ocorre a falta de linearidade, varincia no-

    constante dos erros e no-normalidade dos erros; possibilitando a

    construo de modelos mais simples. Por razes prticas, modelos

    mais simples so mais fceis de se estudar a validade e tambm de

    serem testados.

    Geralmente transformaes simples da varivel dependente, dasvariveis independentes ou de ambas possibilitam a construo de um

    modelo de regresso linear apropriado ao conjunto de dados

    transformados.

    Quando se procura ajustar modelos a dados imobilirios, a

    transformao logartmica a preferida, pois as variveis pertinentes a

    imveis pertencem ao campo dos nmeros reais positivos e os valores

    transformados tambm sero, assim a especificao logartmica se

    adequa melhor na descrio dos preos das unidades em relao a

    seus respectivos atributos (Macedo, 1998; Dantas, 1998, p.143).

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    Outro aspecto que a prpria ABNT sugere a transformao

    logartmica na varivel resposta porque torna o modelo aditivo.

    No entanto existem muitas possibilidades de transformaes, e

    muitos modelos podem ser descritos. A escolha de qual a melhor

    transformao a se fazer exige um conhecimento do comportamento

    das variveis em estudo. A razo principal para a realizao das

    transformaes poder fazer uso de um modelo de regresso na forma

    mais simples em vez de uma forma mais complicada obtido com as

    variveis originais (Draper e Smith, 1981, p.221).

    3.6.1 - Linearidade

    A linearidade ocorre quando os pontos permitem um ajuste atravs

    de um hiperplano. Isto pode ser investigado atravs do coeficiente de

    correlao calculado entre a varivel dependente e cada varivel

    independente, e ainda analisando os seguintes grficos:

    varivel dependente versus varivel independente: havendo vrias

    variveis regressoras, recomendado o grfico com cada uma delas,

    devendo-se observar se os pontos esto alinhados, conforme mostra a

    Figura 3.1.

    resduos versus varivel independente: devendo observar se os

    pontos esto dispostos aleatoriamente, sem quaisquer tipos detendncia, conforme Figura 3.2, devendo tambm ser construdo para

    cada varivel independente.

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    varivel idependente

    vari

    ve

    ldependen

    te

    Figura 3.1: exemplo de relao linear pela plotagem

    da varivel dependente versus varivel independente.

    Dados fictcios.

    varivel independente

    resduos

    Figura 3.2: exemplo de relao linear pela plotagem

    dos resduos versus varivel independente.

    Dados fictcios.

    Quando ocorre a falta de linearidade, sendo a distribuio dos erros

    aproximadamente normal e com varincia razoavelmente constante,

    transformaes na varivel independente devem ser testadas. Isto

    porque transformaes na varivel dependente, tal como atransformao por raiz quadrada, pode mudar o tipo de distribuio e

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    provocar uma diferena nas varincias dos erros (Neter et al, 1996,

    p.126-128).

    As transformaes para uma varivel independente X para a no-

    l inearidade do modelo, dentre outras transformaes, podem ser:

    Logartmica , X = logX (na base 10 ou e)

    Raiz quadrada, X = X

    Quadrtica, X = X2

    Exponencial, X = exp(X)

    Recproca, X = 1/X

    Exponencial negativa, X = Exp(X)

    3.6.2 - Varincia no-constante e no-normalidade dos erros

    Quando se comprova a heterogeneidade da varincia, as

    estimativas das varincias dos estimadores dos parmetros so

    tendenciosos, levando valores incorretos das inferncias. Neste caso

    h necessidade de estabilizar a varincia, que pode ser feito atravs de

    transformaes na varivel resposta.

    A suposio de normalidade dos erros deve ser satisfeita para que

    se possa calcular os intervalos de confiana e fazer inferncias.

    Uma varincia no-constante e a no-normalidade dos erros

    aparecem freqentemente ao mesmo tempo, e alguma transformao

    na varivel resposta deve ser feita. claro que uma transformao navarivel resposta tambm pode resolver o problema de falta de

    linearidade de uma relao de regresso. Outras vezes, uma

    transformao simultnea da varivel resposta e da varivel preditora

    ser necessria para obter uma relao de regresso linear (Neter et

    al. , 1996, p.129-132).

    Exemplos de transformaes da varivel resposta Y para a varincia

    no-constante e a no-normalidade dos erros so:

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    Logartmica, Y = logY (na base 10 ou e)

    Raiz quadrada, Y = Y

    Quadrtica, Y = Y2

    Recproca, Y = 1/Y

    Arco seno, Y = arcsen Y

    Box-Cox, Y=Y.

    O procedimento de Box-Cox identifica automaticamente uma

    transformao da faml ia de transformaes de potncia sobre Y. O

    parmetro determinado dos dados. Para =0 define-se a

    transformao logartmica (Neter et al, 1996, p.129-132).

    3.6.3 - Variveis Dummy

    As variveis usadas nas equaes de regresso podem no serem

    quantitativas. Isto geralmente ocorre quando se estuda o

    comportamento do mercado imobilirio, que alm de ser caracterizado

    por variveis quantitativas como valores de venda ou locao e idade

    tambm caracterizado por variveis qualitativas como presena

    de elevador (sim ou no), situado na regio A ou B ou C e padro de

    acabamento (timo, bom, regular ou ruim) dentre outras. Estas

    variveis so comumente chamadas de variveis dummy (Dantas,

    1998, p.157,158).

    Para as variveis que apresentam um aspecto dicotmico, como por

    exemplo a presena de elevador (sim ou no), relaciona-se

    determinado nmero as caractersticas. Geralmente usa-se o nmero

    um quando determinada caracterstica est presente e o nmero zero

    em caso contrrio (Moreira Filho, 1993, p.85-87).

    As variveis com mais de dois nveis, como por exemplo as regies

    A, B ou C, podem ser trabalhadas como duas variveis dicotmicas,

    sendo regio A (sim ou no) e regio B (sim ou no), estando a regio

    C contemplada na anlise quando se tem no para a regio A e no

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    para a regio B. Generalizando, tem-se que uma varivel com p nveis

    pode ser reescrita como (p-1) variveis dicotmicas.

    Quando se faz uma regresso da varivel dependente sobre as

    variveis independentes dummy, os coeficientes de mnimos

    quadrados das variveis dummy so as mdias das celas em que

    esto tabulados (Johnston, 1974, p.239-241).

    3.7 - MULTICOLINEARIDADE

    Em anlise de regresso l inear mltipla, existe um freqenteinteresse com relao a natureza e significncia das relaes entre as

    variveis independentes e a varivel dependente. Em muitas aplicaes

    de administrao e economia, freqntemente encontram-se variveis

    independentes que esto correlacionadas entre elas mesmas e,

    tambm, com outras variveis que no esto includas no modelo, mas

    esto relacionadas varivel dependente (Neter e Wasserman, 1974,

    p.339).Define-se como multicolinearidade a existncia de relaes lineares

    entre as variveis independentes. Quando a relao exata tem-se o

    caso da multicolinearidade perfeita.

    Na prtica atual, raramente, encontramos variveis independentes

    que so perfeitamente relacionadas. Este caso no traz problemas,

    pois facilmente detectado e pode ser resolvido simplesmente

    eliminando uma ou mais variveis independentes do modelo.O interesse no que se refere a multicolinearide est nos casos em

    que ela ocorre com alto grau, isto , quando duas variveis

    independentes esto altamente correlacionadas ou quando h uma

    combinao quase linear entre um conjunto de variveis

    independentes. Assim, a multicolinearidade mais uma questo de

    grau do que de natureza (Kmenta, 1978, p.411-423).

    O fato de muitas funes de regresso diferentes proporcionarem

    bons ajustes para um mesmo conjunto de dados porque os

    coeficientes de regresso atendem vrias amostras onde as variveis

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    independentes so altamente correlacionadas. Assim, os coeficientes

    de regresso estimados variam de uma amostra para outra quando as

    variveis independentes esto altamente correlacionadas. Isto leva a

    informaes imprecisas a respeito dos coeficientes verdadeiros (Neter

    e Wasserman, 1974, p.344).

    A multicolinearidade geralmente causada pela prpria natureza

    dos dados, principalmente nas reas de economia com variveis que

    representam valores de mercado. Algumas vezes a multicolinearidade

    pode tambm ocorrer devido a amostragem inadequada (Elian, 1998).

    3.7.1 - Efeitos da Multicolinearidade

    Efeito da Multicolinearidade nos Coeficientes de Regresso: quando as

    variveis independentes so correlacionadas, o coeficiente de

    regresso de alguma varivel independente depende de qual outra

    varivel independente includa no modelo, pois adicionando ou

    deletando uma das variveis independentes mudam-se os coeficientesde regresso. Assim, um coeficiente de regresso deixa de refletir os

    efeitos inerentes de uma particular varivel independente sobre a

    varivel dependente, mas reflete apenas um efeito parcial.

    Note que o coeficiente de regresso de uma varivel independente

    X1 inalterado quando uma varivel independente X 2, no

    correlacionada com X1 , adicionada no modelo de regresso, pois,

    212r1

    12.r

    y2.r

    2

    1

    2)1xi1(x

    2)yi

    (y

    2)1xi1(x

    )yi

    )(y1xi1(x

    1b

    =

    onde ry2 o coeficiente de correlao entre as variveis Y e X2 e r12

    o coeficiente de correlao entre as variveis X 1e X2 .

    Se X1 e X2 forem no correlacionadas, tem-se r12 =0, e, portanto,

    =

    2)1xi1(x

    )yi

    )(y1xi1(x

    1b , que o coeficiente de X1 na regresso simples de Y

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    sobre X1 . Logo, se X1 e X2 no so correlacionados, a adio de X 2 no

    modelo de regresso no muda o coeficiente de X1.

    Efeito da Multicolinearidade na Soma de Quadrados de Regresso :

    quando variveis independentes so correlacionadas, no existe uma

    soma de quadrados nica que pode ser atribuda a uma varivel

    independente refletindo o efeito na reduo da variao total em Y, ou

    seja, a soma de quadrado associada a uma varivel independente

    varia, dependendo sobre que varivel independente esteja includa no

    modelo.

    Efeito da Multicolinearidade nos Testes para os Coeficientes de

    Regresso : um abuso freqnte nos modelos de regresso

    observado ao se examinar a estatstica t* para cada coeficiente de

    regresso. possvel que quando um conjunto de variveis

    independentes esteja relacionado varivel dependente, obtendo todos

    os testes individuais sob os coeficientes de regresso, eles levaro

    concluso que os coeficientes so iguais a zero devido amulticolinearidade entre as variveis independentes. Os coeficientes de

    regresso estimados individualmente podem no ser estatisticamente

    significativos, ainda que possa existir uma relao estatstica entre a

    varivel dependente e o conjunto de variveis independentes (Matos,

    2000, p.124-129).

    Apesar das conseqncias dos efeitos da multicolinearidade,

    citados anteriormente, a alta Multicolinearidade no , geralmente, umproblema quando o propsito da anlise de regresso fazer

    inferncias sobre a funo resposta ou predies de novas

    observaes, contanto que estas inferncias sejam feitas dentro do

    mbito das observaes (Neter e Wasserman, 1974, p.345; Neter et al.,

    1996, p.285,295).

    Para fazer boas previses o pesquisador deve ter confiana de que

    o carter e o tamanho do relacionamento global se manter de perodo

    para perodo. Note que, a questo de confiana um problema

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    existente em todos os modelos de previses, com ou sem a presena

    de multicolinearide (Chatterjee e Price, 1977, p.151-153).

    Quando o relacionamento entre as variveis independentes se

    mantm, no perodo previsto e no perodo da amostra, as previses so

    corretas at mesmo fora da amostra (Judge et al. , 1988, p.859-861).

    Nota-se, ento, que quando os valores das variveis independentes,

    para as quais se desejam as previses, obedecem as mesmas

    dependncias da matriz original, a multicolinearidade no um

    problema. Como nas aplicaes econmicas a multicolinearidade,

    quando existe, uma caracterstica da populao, a estrutura

    permanece de amostra para amostra, no sendo um caso de umaamostra simplesmente infectada pela Multicolinearidade. Portanto,

    pode-se usar a equao de regresso estimada para fazer inferncias

    sobre a funo resposta ou predies de novas observaes (Neter et

    al. , 1996, p.285-295).

    3.7.2 - Detectando a Multicolinearidade

    Existem muitas sugestes, ou mtodos propostos, para detectar a

    multicolinearidade. Os mais comumente usados so:

    coeficiente de correlao simples: uma medida comumente usada

    no caso de duas variveis independentes, sendo suficiente para

    detectar a colinearidade. Considera-se que um coeficiente decorrelao maior que 0,80 ou 0,90 indicativo de um problema srio de

    colinearidade. Porm, para mais de duas variveis independentes,

    mesmo os coeficientes de correlao sendo baixos ainda pode existir a

    multicolinearidade, pois pares de correlaes podem no dar viso de

    intercorrelacionamentos mais complexos entre trs ou mais variveis

    (Judge et al. , 1980, p.458,459).

    determinante de (XX): Se as variveis independentes esto

    padronizadas, tal que (XX) contm elementos que so os coeficientes

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    de correlao linear entre as variveis independentes, ento o

    determinante de (XX) um valor no intervalo [0;1]. Caso as variveis

    independentes no estejam padronizadas, melhor analisar o

    determinante da matriz de correlaes entre as variveis

    independentes, Rx , que sempre assume valores no intervalo [0,1]. Um

    valor deste determinante prximo de zero indicativo de

    multicolinearidade (Elian, 1998, p.125; Neter e Wasserman, 1974,

    p.347).

    coeficiente de explicao do modelo, R2: o R2 tendo um valor alto,

    mas os coeficientes de correlao parcial tendo valores baixos, tem-sea indicao de multicolinearidade.

    regresses auxiliares: se o valor de R2, calculado da regresso de

    cada varivel independente sobre as outras (k-1) variveis

    independentes alto, ento h indicativo de multicolinearidade.

    razes caractersticas: Sejam i, i=1,...,p, as razes caractersticas deRx, tem-se que det(Rx)= i. Baixos valores de uma ou mais razes

    caractersticas, comparado com o maior valor, so indicativos de

    multicolinearidade. Um critrio, bem eficiente, na quantif icao da

    multicolinearidade, a anlise do valor de L, dado por

    L=mx /mn,

    onde mx o maior valor das razes caractersticas e mn o menorvalor das razes caractersticas. Se L < 100, considera-se no existir

    multicolinearidade, se 100 < L < 1000 existe multicolinearidade

    moderada e se L > 1000 h indicativo de multicolinearidade sria

    (Elian, 1998, p.131).

    O grfico dos resduos: o grfico dos resduos versus cada varivel

    independente, inclusive as variveis que no fazem parte da equaode regresso, indicam a inexistncia de correlacionamento quando os

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    pontos estiverem dispostos aleatoriamente, sem qualquer padro. Caso

    contrrio, se apresentarem algum tipo de tendncia, h indicativo de

    correlacionamento.

    3.7.3 - Solues para o Problema de Multicolinearidade

    A existncia de multicolinearidade tendo sido detectada e

    considerada prejudicial, indica que o pesquisador deve procurar

    solues para suavizar seus efeitos ruins. Vrias medidas corretivas

    tm sido propostas, desde simples s mais complexas, para suavizaros efeitos provocados pela multicolinearidade (Elian,1988, p.131-134;

    Judge et al. , 1980, p.464-468).

    Remoo de variveis - uma medida simples remover uma ou vrias

    variveis independentes, pouco importantes no contexto geral, que

    venham a diminuir a multicolinearidade. Porm, esta ao no ajuda a

    avaliar os efeitos da varivel independente, pois nenhuma informao obtida cerca da varivel removida, e tambm porque o valor do

    coeficiente de regresso para a varivel independente remanescente

    no modelo afetada pelas variveis independentes correlacionadas

    no includas no modelo.

    Ampliao do tamanho da amostra - algumas vezes possvel

    adicionar algumas observaes na amostra que elimina o padro demulticolinearidade. Esta medida usada quando o problema causado

    por informao amostral inadequada. Porm, em administrao e

    economia muitas variveis independentes no podem ser controladas

    de forma que novas observaes tendero a mostrar o mesmo padro

    de intercorrelao.

    Ridge Regression -outro critrio, para o qual tem-se dado ateno,

    Ridge Regression (Regresso em Cumeeira) que consiste no uso de

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    estimadores tendenciosos para os coeficientes. O estimador em crista

    na verdade uma famlia de estimadores dados por:

    b(k)=(XX+kI) -1XY ,

    onde k um valor pequeno que deve ser escolhido a critrio do

    pesquisador. Em geral, aumenta-se gradativamente o valor de k at

    que os estimadores dos coeficientes tornam-se estveis, no variam.

    Se a escolha for k=0, tem-se o estimador de mnimos quadrados (Neter

    et al., 1996, p.411-416; Elian, 1998, p.133; Draper e Smith, 1981,

    p.313-349).

    Na presena de multicolinearidade sempre existe um valor de k parao qual os estimadores de Ridge Regression produzem um QME

    (quadrado mdio do erro) menor do que o QME produzido pelos

    estimadores de mnimos quadrados ordinrios. A dificuldade desta

    questo que o valor de k varia de uma aplicao para outra e

    desconhecido. Assim, embora exista este valor de k, no existe um

    caminho conhecido para obt-lo, mesmo quando obtm-se um k que

    produza um MSE menor do que o MSE de mnimos quadradosordinrios para um problema prtico especfico (Draper e Smith, 1981,

    p.315,316).

    A funo de regresso estimada pela Ridge Regression produz

    predies de novas observaes que tendem a serem mais precisas do

    que as predies feitas pela funo de regresso estimada pelo mtodo

    de mnimos quadrados, quando as variveis independentes so

    correlacionadas e a nova observao segue o mesmo padro demulticolinearidade. Esta preciso na predio de novas observaes

    favorecida pela Ridge Regression , especialmente quando a

    multicolinearidade forte (Neter et al., 1996, p.411-416).

    Componentes principais uma outra forma que pode ser util izada

    para tratar o problema causado pela multicolinearidade a tcnica de

    componentes principais.

    Esta tcnica permite que todas as variveis independentes

    participam de certa forma do modelo. Atravs desta tcnica, possvel

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    reduzir um grande nmero de variveis independentes em um nmero

    razoavelmente pequeno de novas variveis independentes, que so

    chamadas de componentes e so determinadas pela combinao linear

    das variveis originais. Estas novas variveis (ou componentes

    principais) so no correlacionadas e so usadas para determinar o

    modelo de regresso.

    O objetivo da anlise de componentes principais representar ou

    descrever um conjunto de variveis por um outro conjunto menor de

    novas variveis, sem perda significativa da informao original (Reis,

    1997, p.255). A reduo da dimensionalidade das variveis consiste no

    fato de que as primeiras componentes principais possam explicar amaior parte da variabil idade total dos dados originais.

    A anlise de componentes principais permite um estudo detalhado

    da importncia de cada varivel, fornecendo a quantidade de

    explicao na componente principal e seu relacionamento com as

    demais variveis. Sobre a anlise de componentes principais pode ser

    visto em Escofier e Pags (1990) e Bouroche e Saporta (1982).

    3.8 - SELEO DE VARIVEIS REGRESSORAS

    Um dos problemas mais difceis e freqntes em anlise de

    regresso a seleo do conjunto de variveis independentes para

    serem includas no modelo (Neter e Wasserman, 1974, p.371).

    O investigador deve especificar o conjunto de variveisindependentes a ser empregado para descrever, controlar ou predizer a

    varivel dependente.

    Um problema muito difcil de relacionamento que aparece na

    seleo de variveis quando uma equao de regresso construda

    com o objetivo de predio e envolve muitas variveis. Talvez, muitas

    delas, contribuam pouco ou nada para preciso da predio. A escolha

    apropriada de algumas delas fornece a melhor predio, porm o

    problema quantas e quais variveis selecionar (Snedecor e Cochram,

    1972, p.412,413).

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    Em alguns campos, a teoria pode ajudar na seleo das variveis

    independentes a serem empregadas e na especificao da forma

    funcional da relao de regresso. Em tais campos, os experimentos

    podem ser controlados para fornecer dados sobre a base de que os

    parmetros de regresso podem ser estimados e a forma terica da

    regresso testada. Em muitos outros campos, entretanto, modelos

    tericos so raros. Assim, os investigadores so freqntemente

    forados a explorar as variveis independentes para que possam

    realizar estudos sobre a varivel dependente. Obviamente, tais

    conjuntos de variveis independentes so grandes. Algumas das

    variveis independentes podem ser removidas seletivamente. Umavarivel independente pode no ser fundamental ao problema; pode

    estar sujeita a grandes erros de medidas; e pode efetivamente duplicar

    outra varivel independente da l ista. Outras variveis independentes,

    que no podem ser medidas, podem ser deletadas ou substitudas por

    variveis que esto altamente correlacionadas com estas.

    Tipicamente, o nmero de variveis independentes que permanece,

    aps esta seleo inicial, ainda grande. Posteriormente, muitasdestas variveis estaro altamente intercorrelacionadas. Portanto, o

    investigador geralmente desejar reduzir o nmero de variveis

    independentes a serem usadas no modelo final. Existem vrias razes

    para isto. Um modelo de regresso com um nmero grande de variveis

    independentes caro para se util izar. Dessa forma, modelos de

    regresso com um nmero limitado de variveis independentes so

    fceis para se avaliar e estudar. Finalmente, a presena de muitasvariveis independentes altamente intercorrelacionadas, podem

    adicionar pouco ao poder de predio do modelo, enquanto retira suas

    habilidades descritivas e aumenta os erros de predio.

    O problema ento como reduzir a lista de variveis independentes

    de forma a obter a melhor seleo de variveis independentes. Este

    conjunto precisa ser suficientemente pequeno para que a manuteno

    dos custos de atualizao do modelo sejam manuseveis e a anlise

    facilitada, e ainda, deve ser grande o suficiente de forma que seja

    possvel uma descrio, um controle e uma predio adequados.

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    Os procedimentos de procura para se encontrar o melhor conjunto

    de variveis independentes devem ser empregados aps o investigador

    ter estabelecido a forma funcional da relao de regresso, ou seja, se

    as variveis dadas esto na forma l inear, quadrtica, etc; se as

    variveis independentes so primeiramente transformadas, como por

    exemplo por transformao logartmica; e se algum termo de interao

    foi includo. Neste ponto, os procedimentos de procura so empregados

    para reduzir o nmero de variveis independentes.

    Existem muitos procedimentos de seleo, mas nenhum deles pode,

    comprovadamente, produzir o melhor conjunto de variveis

    independentes. No existe um conjunto timo de variveisindependentes, pois o processo de seleo das variveis possui

    julgamentos subjetivos. Dentre os procedimentos, pode-se citar como

    os mais comumente usados: todas as regresses possveis, backward,

    forward e stepwise.

    Todas as regresses possveis : este procedimento consiste em

    ajustar todas as possveis equaes de regresso. Aps a obteno detodas as regresses, deve-se util izar os critrios para comparao dos

    modelos ajustados. Alguns critrios que podem ser usados so o R 2

    (coeficiente de explicao), MSE (quadrado mdio dos resduos) e C p

    (estatstica de Mallows).

    Para alguns conjuntos de variveis, os trs critrios podem levar

    para o mesmo melhor conjunto de variveis independentes. Este no

    o caso geral, pois diferentes critrios podem sugerir diferentesconjuntos de variveis independentes. Daniel e Wood (1971, p.86)

    recomendam, no caso de um grande nmero de equaes alternativas,

    o critrio do erro quadrado total para caracterizar a equao. A

    principal desvantagem do procedimento de procura de todas as

    regresses possveis a quantidade de esforo computacional

    necessria. J que cada varivel independente potencial pode ser

    includa ou excluda, gerando (2P - 1) regresses possveis quando

    existem p variveis independentes potenciais (Elian, 1998, p.139;

    Draper e Smith, 1981, p.296).

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    stepwise (passo a passo): , provavelmente, o mais amplamente

    usado dos mtodos de pesquisa que no requerem a computao de

    todas as regresses possveis. Ele foi desenvolvido para economizar

    esforos computacionais, quando comparado com a abordagem de

    todas as regresses possveis, enquanto atinge um conjunto de

    variveis independentes razoavelmente bom. Essencialmente, este

    mtodo de pesquisa computa uma seqncia de equaes de

    regresso, adicionando ou deletando uma varivel independente em

    cada passo. A rotina de regresso stepwise permite que uma varivel

    independente, trazida para dentro do modelo em um estgio anterior,

    seja removida subseqentemente se ela no ajudar na conjuno comvariveis adicionadas nos ltimos estgios. Esta rotina empregada,

    conduz a um teste para rastrear alguma varivel independente que seja

    altamente correlacionada com variveis independentes j includas no

    modelo. A l imitao da procura da regresso stepwise que ela

    presume a existncia de um nico conjunto timo de variveis

    independentes e busca identific-lo. Como notado anteriormente, no

    existe freqntemente um nico conjunto timo. Outra l imitao darotina de regresso stepwise , que ela algumas vezes surge com um

    conjunto de variveis independentes razoavelmente fraco para

    predies, quando as variveis independentes esto altamente

    correlacionadas (Draper e Smith, 1981, p.307-312).

    Seleo forward: este procedimento de procura uma verso

    simplificada da regresso stepwise , omitindo o teste, se uma variveluma vez que tenha entrado no modelo deva ser retirada. Este

    procedimento considera, inicialmente, um modelo simples usando a

    varivel de maior coeficiente de correlao com a varivel dependente.

    Uma varivel por vez incorporada at que no haja mais incluso, e

    as variveis selecionadas definem o modelo.

    Eliminao backward: este procedimento de procura oposto

    seleo forward. Ele comea com o modelo contendo todas as variveis

    independentes potenciais. O procedimento de eliminao backward

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    requer mais computaes que o mtodo de seleo forward, j que ela

    comea com o maior modelo possvel. Entretanto, ela tem uma

    vantagem de mostrar ao analista as implicaes do modelo com muitas

    variveis.

    3.9 CUIDADOS NO USO DO MODELO

    claro que o rastreamento de variveis por um processo de seleo

    computadorizado somente um passo na construo de um modelo de

    regresso. Uma vez que o conjunto de variveis independentes temsido identificado o modelo resultante necessita ser estudado.

    Um teste formal para a falta de ajuste pode ser feito e a plotagem

    dos resduos deve ser empregada para identificar a natureza da falta

    de ajuste, pontos discrepantes, e outras deficincias.

    O processo de construo de um modelo de regresso requer

    repetidas anlises sobre o conjunto de dados para checar se o modelo

    ajusta-se bem os dados. Um modelo ruim pode levar a predieserrneas. Este fato pode ocorrer devido a m escolha das variveis

    independentes. Uma forma de medir as predies tendenciosas

    deixar alguns dos dados originais fora dos clculos para determinao

    do modelo e us-los para realizar o ajustamento do poder predit ivo do

    modelo (Neter e Wasserman, 1974, p.388).

    3.10 - RESDUOS

    Os resduos so definidos como as n diferenas ei = Yi - iY , i=1,...,n

    onde Yi uma observao e iY o valor ajustado. Observe que os

    resduos ei so as diferenas entre o que observado e o que

    predito pela equao de regresso, isto , a quantidade que a equao

    de regresso no tem capacidade para explicar. Assim pode-se pensar

    ei como os erros observados se o modelo est correto, lembrando que

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    as suposies impostas para erros, citadas na seo 3.1.1 deste

    captulo, so: a independncia, a mdia zero, a varincia constante e

    que seguem a distribuio normal. Se o modelo ajustado est correto,

    os resduos exibiro tendncias que tendem a confirmar as suposies

    feitas, ou por fim, exibiro uma recusa das suposies (Elian, 1998,

    p.41,91).

    Para examinar os resduos e checar o modelo so util izadas as

    ferramentas grficas que so fceis de construir e revelam claramente

    a validao das suposies. Neste sentido, apresenta-se aqui a

    metodologia de interpretao dos grficos dos resduos.

    3.10.1 - Anlise de Resduos

    Com a definio do modelo, deve-se realizar a anlise dos resduos,

    a fim de procurar evidncias sobre eventuais violaes das suposies

    de mdia zero, independncia, homocedasticidade e normalidade.

    mdia zero: a verificao de que os erros tm valor esperado zero

    pode ser investigado pelo grfico da plotagem dos resduos versus

    valores preditos, como mostra a figura 3.3, devendo os pontos estarem

    distribudos em torno do zero.

    valores preditos

    resduos

    Figura 3.3:Exemplo de mdia zero.Dados fictcios.

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    independncia: a inexistncia de autocorrelao dos erros pode ser

    investigada atravs do grfico dos resduos versus sequncia no tempo

    (ou sequncia de coleta de dados), pode-se verificar a independncia

    dos resduos quando eles se distribuem aleatoriamente, em torno de

    zero, conforme figura 3.4.

    sequncia de coleta

    re

    sduos

    -

    -

    Figura 3.4:Exemplo de independncia dos erros pela

    plotagem dos resduos.

    Dados fictcios.

    Uma outra forma de verificao da existncia de autocorrelao dos

    erros pode ser feita pela estatstica de Durbin-Watson.

    Util izando-se da razo,

    =

    =

    =n

    1i

    2

    i

    n

    2i

    1ii

    e

    )e(e

    d

    e fazendo-se uso da distribuio (dos valores) tabelada por Durbin-

    Watson, testa-se a hiptese nula de que os erros so no

    correlacionados contra a hiptese alternativa de que os erros so

    correlacionados. O valor de d est estreitamente relacionado com o

    valor da correlao dos resduos r. Tem-se que:

    d 2(1-r).

    Se o valor de r prximo de zero, ento a estatstica de Durbin-

    Watson d 2, que indica que os erros do modelo so no

    correlacionados (Hil l et al., 1999).

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    Quando detectada a autocorrelao dos erros, deve-se considerar

    a possibilidade que variveis independentes importantes foram

    excludas do modelo de regresso ou, ainda, h indicao de que o

    modelo ruim. Isto leva estimativas no confiveis ou tendenciosas.

    A validade do teste de Durbin-Watson depende dos erros terem

    mdia zero e varincia constante e ainda as variveis independentes

    no serem aleatrias. Isto ocorre quando valores da varivel

    dependente defasadas aparecem como variveis independentes

    (Hoffmann e Vieira, 1983, p.251,252).

    O problema de autocorrelao entre os resduos costuma acontecer

    quando as observaes so realizadas ao longo do tempo, que no ocaso usual na amostragem de avaliao de imveis.

    varincia constante: a suposio de varincia constante ou

    homogeneidade de varincia verificada facilmente atravs dos

    grficos dos resduos versus variveis independentes ou resduos

    versus valores preditos. Quando o grfico produz forma de megafone,

    implica que a varincia no constante, conforme mostra a figura 3.5,por outro lado, quando esto distribudos aleatoriamente em torno de

    uma reta horizontal que passa pela origem, sem qualquer padro, h

    indicao de varincia constante.

    varivel independente

    res

    duos

    Figura 3.5: Exemplo de varincia no-constante pela

    plotagem dos resduos versus varivel independente.

    Dados fictcios.

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    distribuio normal: o grfico construdo pelos resduos ordenados

    versus os respectivos valores tericos da distribuio normal, mostra a

    normalidade dos erros quando os pontos se distribuem em torno de

    uma l inha, conforme mostra a f igura 3.6.

    valor esperado sob normalidade

    re

    sduos

    Figura 3.6:Exemplo de distribuio normal dos erros

    pela plotage