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AVALIAÇÃO DE RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE MAMOEIRO A Asperisporium caricae VÂNIA JESUS DOS SANTOS CRUZ DAS ALMAS-BAHIA MARÇO-2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE MESTRADO

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AVALIAÇÃO DE RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE MAMOEIRO

A Asperisporium caricae

VÂNIA JESUS DOS SANTOS

CRUZ DAS ALMAS-BAHIA MARÇO-2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CURSO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DE RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE MAMOEIRO

A Asperisporium caricae

VÂNIA JESUS DOS SANTOS

Engenheira Agrônoma

Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, 2006

Dissertação submetida ao Colegiado do Centro de

Ciências Agrárias Pós-Graduação e Pesquisa da

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

como requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre em Ciências Agrárias, Área de

Concentração: Fitotecnia.

Orientadora: Profª. Drª. Ana Cristina Vello Loyola Dantas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

MESTRADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CRUZ DAS ALMAS - BAHIA - 2009

FICHA CATALOGRÁFICA

S237 Santos, Vânia Jesus dos.

Avaliação de resistência de genótipos de mamoeiro Asperisporium caricae/ Vânia Jesus dos Santos. - Cruz das Almas, BA, 2009.

57f. : il. Orientador: Ana Cristina Vello Loyola Dantas. Dissertação (Mestrado) –. Centro de Ciências Agrárias,

Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

1. Mamão – Pinta preta – resistência. 2. Mamão -

fungo. 3. Carica papaya - fungo. I. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. II. Título.

CDD 634.651

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________

Profª Drª. Ana Cristina Vello Loyola Dantas

Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas - UFRB

(Orientadora)

_______________________________________

Drº Alberto Duarte Vilarinhos

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

_______________________________________

Drº Zilton José Maciel Cordeiro

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

Dissertação homologada pelo Colegiado de Curso de Mestrado em Ciências

Agrárias em ..............................................................................................

Conferindo o Grau de Mestre em Ciências Agrárias em

...............................................

Primeiramente a Deus, o grande pai responsável por todas as vitórias alcançadas em minha vida, além de me propiciar saúde, perseverança e, sobretudo a fé. A minha família: Aos meus pais Antonio e Doralice, aos

meus irmãos Anna Verena e Welington. Ao meu estimado esposo Everaldo pela compreensão, tolerância e companheirismo.

DEDICO

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que com seu imenso amor e infinita

misericórdia me privilegiou com mais essa graça.

Aos meus pais Antonio Carlos e Doralice, por concederem a minha vida e lutarem

para que eu chegasse onde eles nunca tiveram oportunidade de estar.

Aos meus irmãos Anna Verena e Welington, pela amizade, incentivo e amor.

Ao meu amado Everaldo, pelo cuidado, amor, compreensão e é claro pelos

toques de falar devagar.

Às minhas avós e aos meus tios, pelo afeto e carinho a mim oferecidos e por mim

cultivados.

À Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, pela oportunidade de um

crescimento intelectual.

À Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, pela infra-estrutura cedida para

execução desse trabalho.

À minha orientadora Profª. Drª. Ana Cristina V.Loyola Dantas, pela simples lição

de vida que ela é. Muito obrigada por marcar para sempre e de forma positiva

essa etapa da minha carreira.

Ao co-orientador, Dr. Antonio Alberto Rocha de Oliveira, pela disponibilidade,

profissionalismo, ética e contribuição neste trabalho.

Ao Dr. Alberto Duarte Vilarinhos por ter me adotado, pela amizade, pelos

ensinamentos e pelo apoio na condução do trabalho.

Ao Dr. Hermes Peixoto Santos Filho, por ter gentilmente disponibilizado o seu

tempo para me proporcionar o seu relevante apoio e orientação. Serei grata

eternamente!

Ao Dr. Jailson Lopes Cruz, pela amizade e conhecimentos transmitidos.

Ao Prof.º Carlos Alberto da Silva Ledo, pela amizade e realização das análises

estatísticas.

Aos pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Dr. Davi

Theodoro Junghans, Drª. Claudia Fortes, Dr. Luis Francisco, Dr. Eder Jorge, Dr.

Paulo Meisser, Dr. Edson Perito e Drª. Vanusia, Dr. Eduardo Chumbinho, pela

amizade e apoio.

Á todos os professores, os meus sinceros agradecimentos, com elevada estima e

consideração.

Ao laboratorista Francisco Paulo e o técnico Agrícola Décio do laboratório de

Fitopatologia da Embrapa Mandioca e Fruticultura, pelo apoio, pela amizade e

prestatividade no desenvolvimento do trabalho.

Aos laboratoristas do laboratório de Biologia Molecular Epaminondas do

Patrocínio e Raimundão, pelo apoio, pela amizade e pelas sugestões para a

condução desse trabalho.

Á minha família do laboratório de Biologia Molecular: Kátia, Paulo Henrique, Lívia

Vieira, Adriane, Valter, Aglair, Juliana, Keila, Welder, Lourenço, Pámela, pela

amizade e apoio na condução do trabalho, raspando fungo.

Aos funcionários da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, pelo carinho e

atenção nos atendimentos.

Ao Grupo de Fruticultura Tropical, Claudia, Laurenice, Fabiana, Joilton, Valdir,

Adelmo, Vânia, principalmente Vanessa Oliveira, pela amizade, apoio e

prestatividade.

Ao Grupo Flores, pelas orações, apoio, e compreensão pela minha ausência.

Á minha amiga Cássia Sousa, pela amizade, risos, distrações, conselhos,

incentivo e principalmente, pela colaboração na execução deste trabalho.

Á minha amiga Dr.ª Daniela Silveira que disponibilizou o seu tempo para me

proporcionar seu apoio e orientação nas finalizações desse trabalho. MEU

MUITISSIMO OBRIGADO.

Às amigas Valda, Meire, Marise, Maria, Kátia Leão e todos os outros amigos, que

de maneira incondicional estiveram ao meu lado com palavras de incentivo,

sobretudo pela grande amizade que sempre norteou nossas vidas.

Aos inesquecíveis colegas de curso, pela troca de idéias, pelo incentivo e pelo

espírito de solidariedade durante o tempo de convívio, principalmente Fabíola,

Dreid, Ádila, Jéferson, Juliana, Humberto, Dario, Denis, Cícera, Ubiratan,

Leandro, Darcilucia, Nailson.

Neste momento tão especial, gostaria de externar a minha gratidão a todos que

ajudaram direta ou indiretamente na concretização deste sonho. A todos vocês, o

meu MUITO OBRIGADA.

SUMÁRIO RESUMO Página ABSTRACT INTRODUÇÃO ......................................................................................................01 Capítulo 1

AVALIAÇÃO GENÓTIPOS DE MAMOEIRO EM RELAÇÂO À PINTA PRETA..................................................................................................................10 Capítulo 2 VARIABILIDADE PATOGÊNICA A DOIS ISOLADOS DE ASPERISPORIUM

CARICAE SPEG E A REAÇÃO DESTES ISOLADOS EM PLANTAS JOVENS DE

MAMOEIRO CARICA PAPAYA. SOB CONDIÇÕES DE CASA DE VEGETAÇÃO

..............................................................................................................................25

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................45

AVALIAÇÃO DE RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE MAMOEIRO

A Asperisporium caricae

Autor: Vânia Jesus dos Santos

Orientadora: Profª. Drª. Ana Cristina Vello Loyola Dantas

RESUMO: Os objetivos do trabalho foram avaliar a área lesionada de folhas com

A. caricae, visando selecionar variedades com resistência/tolerância á pinta preta

do mamoeiro elaborando uma escala diagramática para a avaliação da

severidade da doença e estudar a variabilidade de dois isolados de A. caricae

com base na severidade da doença em plantas jovens de genótipos de mamoeiro.

O tamanho das lesões foi determinado em três cultivares comerciais e em 19

acessos do BAG-Mamão. Nas avaliações de severidade das lesões, a partir de

imagens obtidas com uma câmara fotográfica digital (KODAK C813) com 8,2

milhões de pixels por imagem, à distância de 30 cm, as mensurações foram

realizadas com o uso do programa computacional Assess®. Houve diferenças

significativas entre os acessos do BAG-Mamão e as cultivares comerciais, a

avaliação da área lesionada em folhas de mamoeiro é uma ferramenta útil no

processo de identificação de indivíduos resistentes á pinta preta do mamoeiro,

mostrando-se potencial para o manejo da resistência do mamoeiro a este

patógeno. O segundo estudo foi conduzido em casa de vegetação utilizando

plantas dos genótipos ’Sunrise Solo’, CMF 003, CMF 78, CMF 231, CMF 232,

CMF 234, CMF 95 e Tainung nº1 que foram inoculados com o A. caricae

provenientes de folhas retiradas de plantas do BAG-Mamão (Isolado Embrapa) e

da Fazenda Palmares (Isolado Palmares). Após as avaliações verificou-se que

existe variabilidade entre os isolados e que todos os genótipos estudados foram

suscetíveis ao A. caricae, sendo que o genótipo CMF 095 foi o que apresentou

maiores valores médios das lesões durante as avaliações entre os avaliados.

Palavras-chave: Carica papaya, pinta preta, tolerância.

EVALUATION OF THE RESISTANCE OF PAPAYA GENOTYPES

Asperisporium caricae

Author: Vânia Jesus dos Santos

Adviser: Profª. Drª. Ana Cristina Vello Loyola Dantas

ABSTRACT: The objectives of the study objectives were to evaluate the injured

area of leaves with A. caricae, to select genotypes with resistance / tolerance to

black speck of papaya producing a diagrammatic scale for assessing the severity

of the disease and to study the variability of two strains of A. caricae based on

severity of disease in young plants of genotypes of papaya. The size of the lesions

was determined in three commercial cultivars and 19 accessions of BAG-Papaya.

In assessments of severity of injuries, from images taken with a digital camera

(Kodak C813) with 8.2 million pixels per image, at a distance of 30 cm,

measurements were performed using the computer program Assess ®. There

were significant differences between the accessions from the Papaya Germplasm

Bank and the commercial cultivars, the assessment of the injured area in leaves of

papaya is a useful tool in the identification of individuals resistant black spot to the

papaya and is potential for the management the resistance of papaya to this

pathogen. The second study was carried out in the greenhouse using plants of

genotypes‘Sunrise Solo’ genotypes: CMF 003, CMF 78, CMF 231, CMF 232, CMF

234, CMF 95 and Tainung nº1 which were inoculated with A. caricae from leaves

from plants in the Papaya Germplasm Bank (Embrapa isolate) and from the

Palmares Farm (Palmares isolate). After the evaluations found that there is

variability among isolates and that all genotypes were susceptible to A. caricae,

and the CMF 095 genotype was the higher average values during the evaluation

of injuries among evaluated.

Key words: Carica papaya, black spot, tolerance.

2

INTRODUÇÃO

A fruticultura é um dos segmentos que mais tem se destacado na

agricultura baiana. O valor bruto da produção das frutas na Bahia foi de R$

2,1bilhões e as receitas com exportação evoluíram de US$ 24,4 milhões em 2000

para US$ 92,3 milhões em 2005 (SANTOS & FERRAZ, 2006).

O mamão é uma das fruteiras de destaque nessa nova realidade da

agricultura no Estado. Um marco desse avanço foi à abertura do mercado norte-

americano para o mamão produzido na Bahia, ocorrida no final de 2005. O plantio

de mamão no extremo-sul da Bahia corresponde a 75% do total produzido em

todo o Estado. Por dia são colhidas em torno de 1.500 toneladas (UPB, 2007).

Vale ressaltar que a cultura do mamão é uma das principais atividades da

fruticultura baiana, gerando em torno de 30 mil empregos (FAO, 2006).

Apesar de ser o maior produtor nacional de mamão, a participação

brasileira na exportação de mamão ainda está muito aquém do desejado, pois a

quantidade que é colocada no mercado internacional corresponde a menos de

2,5% da produção nacional. No entanto, o potencial brasileiro de exportação do

mamão é muito grande, visto que as variedades produzidas no país são

compatíveis com a demanda do mercado externo (CRUZ, 2008). Em toda Bahia

são mais de 12,5 mil hectares cultivados, produzindo 600 mil toneladas da fruta

por ano em 16 municípios. A expectativa é que haja um incremento no mamão

produzido no Estado com a abertura dos novos mercados, e com isso venha

quadruplicar suas vendas para o exterior, o que demonstra o potencial dessa

fruteira no crescimento do agronegócio baiano (SANTOS & FERRAZ, 2006).

Mesmo reconhecendo os consideráveis avanços observados no segmento

de produção de matéria-prima da cadeia do mamão no Estado da Bahia, que já

dispõe de um conjunto de tecnologias capazes de contribuir para melhorar a

3

produção do mamão no Estado (CRUZ, 2003), há necessidade de gerar

conhecimentos para resolver alguns dos problemas fitossanitários da cultura.

Recentes pesquisas relataram cerca de aproximadamente 171 diferentes

fungos que atacam o mamoeiro no mundo (NISHIJIMA & ZHU, 2004), sendo 12

considerados de importância econômica para a cultura. Dentre esses, o agente

causal da doença varíola ou pinta preta o fungo anamórfico Asperisporium

caricae, cuja fase perfeita é Asperisporium caricae, que ataca especificamente

espécies do gênero Carica é um dos mais severos causadores de doenças

foliares e ataca somente o mamoeiro em áreas cultivadas nos Brasil, EUA, Norte

da África. (SANTOS FILHO et al., 2007; NISHIJIMA, 1994). A pinta preta do

mamoeiro, apesar de ocorrer com grande freqüência é uma doença pouco

estudada (UENO et al., 2001).

O fungo é da ordem Moniliales, família Dematiaceae é um hifomiceto

cercosporóide com conidióforos de cor olivácea, sem ramificações formando em

esporodóquio compacto. Os conídios são formados no topo dos conidióforos e,

quando maduros,destacam-se deixando cicatrizes escuras. Os conídios são

marrom-escuro, com ou sem septos, de forma variada, e apresentam cicatrizes na

base (MENEZES e OLIVEIRA, 1993).

Existem poucos estudos sobre a relação patógeno/hospedeiro/ambiente na

pinta preta do mamoeiro. As manchas responsáveis pela maior liberação de

esporos situam-se na face inferior da folha mais velhas, têm coloração cinza-clara

no centro, cercada por linhas concêntricas, de margens marrom-escuras ou

pretas. Um estroma subepidérmico projeta-se através da sua epiderme liberando

para o exterior conidióforos em cujos ápices se formam conídios escuros, rugosos

com duas células que vão contaminar as folhas superiores e os frutos, mais

próximos dela. Trata-se de um fungo que não possui problema de sobrevivência,

pois o mamoeiro apresenta folhas suscetíveis durante todo o ano (SANTOS

FILHO et al., 2007; VENTURA (et al., 2003).

Nas folhas, os sintomas se apresentam como manchas necróticas

arredondadas, pardo-claras, circundadas por um halo amarelo, com 3-4 mm de

diâmetro. Na face inferior das mesmas, nas áreas correspondentes às manchas,

encontra-se uma massa escura e pulverulenta formada pelos esporos do fungo,

dando um aspecto cinza-preto. O desenvolvimento da planta é bastante

4

prejudicado quando ocorre elevada severidade da doença nas folhas novas

(REZENDE & FANCELLI, 1997; VENTURA et al., 2003).

Nos frutos aparecem áreas circulares encharcadas, que evoluem para

pústulas marrons a negras e salientes, podendo atingir 5 mm de diâmetro. Não

ocorrem danos internos nos frutos, porém essas lesões podem permitir a entrada

de outros patógenos, a exemplo do Phomopsis sp. e Rhizotonia sp. (Oliveira,

2005). O fungo é cultivado com dificuldade em meio de cultura artificial no

laboratório e, nesta condição, possui crescimento muito lento com o diâmetro das

colônias, em dois meses, atingindo apenas 2 mm (OLIVEIRA, 2005).

Em plantios comerciais é substancial para o controle desta doença, diversas

medidas são recomendadas, sendo que a mais utilizada pelos produtores tem

sido o tratamento com fungicidas. No entanto, em longo prazo, além do

surgimento de isolados dos patógenos resistentes às substâncias químicas

utilizadas, os resultados para a sociedade como um todo e para o ambiente

podem se tornar negativos, devido à poluição causada pelos resíduos (VENTURA

et al., 2003).

Objetivando alternativas ao controle químico, o emprego da resistência

genética tem sido uma das práticas mais eficientes dentro do manejo integrado

(TORRES & GARCIA, 1996).

Nesse sentido, estratégias e regras de produção que visam à obtenção de

alimentos de alta qualidade como aqueles obtidos de acordo com as normas do

protocolo de Produção Integrada de Frutas (TITI et al., 1995) e o Globalgap são

objetivados por todos aqueles envolvidos no agronegócio do mamoeiro. A

alternativa mais correta, do ponto de vista ambiental, para o controle de doenças

em plantas é a utilização de cultivares resistentes, desenvolvidas por programas

de melhoramento genético, e ou selecionadas a partir de germoplasma existente.

Só recentemente iniciaram-se estudos epidemiológicos mais específicos sobre

estratégias de controle utilizando fungicidas e a reação de diferentes genótipos à

infecção por este patógeno (SANTOS & BARRETO, 2003).

No entanto, embora o Brasil seja o maior produtor mundial, toda a área de

produção comercial é implantada quase que exclusivamente com três cultivares

integrantes de dois grupos: Solo representado pelo 'Sunrise Solo' e 'Improved

Sunrise Solo cv 72/12' e ‘Formosa’ representado pelo 'Tainung nº 1, o que implica

5

em uma base genética estreita, com conseqüente aumento da vulnerabilidade da

cultura.

A caracterização do nível de resistência das cultivares de mamoeiro é muito

importante, na medida em que é possível, com o plantio de genótipos mais

resistentes, evitarem a doença ou reduzir sua incidência em áreas onde o

patógeno está presente ou em época em que as condições climáticas são

favoráveis à sua ocorrência e ao desenvolvimento da doença.

É evidente que uma das possibilidades para aumentar a produtividade

baseia-se na melhoria das práticas agrícolas e na implantação de novos métodos

de cultivo, de maneira tal que possam ser obtidos incrementos na qualidade e

produção total de diversas espécies frutíferas. Por outro lado, deve ser

considerado que o melhoramento genético do mamoeiro pode contribuir

substancialmente para uma maior produtividade. Este objetivo pode ser

alcançado mediante aplicação de métodos de melhoramento e seleção de

variedades com rendimentos superiores, bem como através da obtenção de

linhagens ou híbridos com resistência a doenças e pragas, o que certamente

contribuirá de maneira decisiva no melhoramento da cultura, limitada em grande

escala pela ampla incidência e distribuição de doenças viróticas (DANTAS et al.

2001; HARKNESS, 1967; ISHII & HOLTZMANN, 1963; GABROVSKA et al.,

1967).

A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical é a instituição de pesquisa da

Bahia que desenvolve um programa de melhoramento genético para esta cultura.

Os trabalhos têm por objetivo explorar a máxima variabilidade genética da

espécie Carica papaya e de outros gêneros e espécies visando obter e/ou

recomendar linhagens ou híbridos de boa qualidade agronômica, resistentes às

principais pragas e doenças (CRUZ, 2006; OLIVEIRA et al., 1996).

Este trabalho teve como objetivos avaliar a área lesionada de folhas com A.

caricae, visando selecionar genótipos com resistência/tolerância à pinta preta do

mamoeiro e elaborar uma escala diagramática para a avaliação da severidade da

doença, e estudar a variabilidade de dois isolados de A. caricae com base na

severidade da doença em plantas jovens de genótipos de mamoeiro.

6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DANTAS, J. L. L. FIRMINO, J. L. Seleção e Recomendação de variedades de

mamoeiro avaliação de linhagens e híbridos. Revista Brasileira de Fruticultura

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2008. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/

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CRUZ, J. L. Projeto de produção integrada de mamão para o Estado da Bahia. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical/MAPA/CNPq.

2003. 29p. (Projeto de Pesquisa/CNPq). 2003.

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FAO. FaoStat: agriculture date. Avaibable at. Disponível em: <http://apps.fao.org/

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NISHIJIMA, W.T., DICKMAN, M.B., KO, W.H.; OOKA, J.J. Papaya diseases

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& Ohr, H.D. (Eds.) Compendium of tropical fruit diseases. St. Paul. APS Press.

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NISHIJIMA, W.; ZHU, I. J. Developing a broad disease resistence in carica papaya

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OLIVEIRA, A. A. R. Developing disease resistence in carica papaya L. against fungal diseases. EMBRAPA/CNPMF.Postdoctoral Report. 2005. 47p.

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REZENDE, J. A. M.; FANCELLI, M. I. 1997. Doenças do mamoeiro (Carica

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TITI, A.; BOLLER E.F.; GENDRIER J.P. Producción integrada: principio y

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TORRES, E.; GARCIA, C. Realidades y perspectivas del fenómeno de la

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mamoeiro. In: MARTINS, D. S.; COSTA, A. F. S. Cultura do mamoeiro: tecnologias de produção. Vitória: Incaper, 2003. p. 229-308.

CAPÍTULO 1

AVALIAÇÃO GENÓTIPOS DE MAMOEIRO EM RELAÇÂO À PINTA PRETA1

1 Manuscrito a ser ajustado e submetido ao Comitê editorial do periódico.

10

AVALIAÇÃO GENÓTIPOS DE MAMOEIRO EM RELAÇÂO À PINTA PRETA

RESUMO: A pinta preta do mamoeiro é uma doença muito comum tanto em

pomares comerciais como em pomares domésticos. Constitui-se, hoje, na doença

fúngica mais importante da cultura, pela depreciação do aspecto comercial da

fruta e pela exigência de muitas aplicações de fungicidas para o seu controle. O

estudo foi realizado no Banco Ativo de Germoplasma na Embrapa Mandioca e

Fruticultura Tropical, na Bahia com o objetivo de avaliar a área lesionada de

folhas com A. caricae, visando selecionar genótipos com resistência/tolerância à

pinta preta do mamoeiro e elaborar uma escala diagramática para a avaliação da

severidade da doença. O tamanho das lesões foi determinado em três cultivares

comerciais e em 19 acessos do BAG-Mamão da Embrapa Mandioca e Fruticultura

Tropicall. Nas avaliações de severidade das lesões, as mensurações foram

realizadas com o uso do programa computacional. Assess®. A partir de imagens

obtidas com uma câmara fotográfica digital (KODAK C813) com 8,2 milhões de

pixels por imagem, à distância de 30 cm. O delineamento utilizado foi inteiramente

ao acaso, com parcela de três folhas com lesões e oito repetições. Houve

diferenças significativas entre os acessos do BAG-Mamão e as cultivares

comerciais, a avaliação da área lesionada em folhas de mamoeiro é uma

ferramenta útil no processo de identificação de indivíduos resistentes á pinta preta

do mamoeiro, mostrando-se potencial para o manejo da resistência do mamoeiro

a este patógeno.

PALAVRAS-CHAVE: Asperisporium caricae, mamão, germoplasma.

11

EVALUATION OF GENOTYPE MAMOEIRO ON BLACK SPOT ABSTRACT: Papaya black spot is a very common disease in commercial as well

as domestic orchards. Nowadays it is the most important fungal disease due to

depreciation of commercial aspects of the fruit and due to fungicide applications

during control. The study was carried out in the Papaya Germplasm Bank at

Embrapa Cassava and Tropical Fruits in Bahia aiming to evaluate the injured area

of leaves with A. caricae, to select genotypes with resistance of papaya black spot

and draw up a diagrammatic scale for assessing the severity of the disease.The

size of the lesions was determined in three commercial cultivars and in 19

accessions of the Papaya Germplasm Bank at Embrapa Cassava and Tropical

Fruits. In assessments of severity of injuries, the measurements were performed

using the computer program. Assess ®. From images obtained with a digital

camera (Kodak C813) with 8.2 million pixels per image, at a distance of 30 cm.

The experimental design was in complete blocks with plots formed by three

lesioned leaves and eight replicates. There were significant differences between

the accessions in the Papaya Germplasm Bank at Embrapa Cassava and Tropical

Fruits and the commercial cultivars regarding papaya variole, the assessment of

the injured area in leaves of papaya is a useful tool in the identification of

individuals resistant black spot to the papaya and is potential for the management

the resistance of papaya to this pathogen.

Key words: Asperisporium caricae, Carica papaya, Asperisporium caricae

germplasm

12

INTRODUÇÃO

No Brasil, as principais regiões produtoras de mamão são encontradas nos

Estados da Bahia e Espírito Santo (11). Dentre os problemas fitossanitários que

afetam a produção e a qualidade dos frutos destaca-se a pinta preta, também

conhecida em algumas regiões como varíola do mamoeiro, doença muito comum

tanto em pomares comerciais como em pomares domésticos. Constitui-se, hoje,

na doença fúngica mais importante da cultura, pela depreciação do aspecto

comercial da fruta e pela exigência de muitas aplicações de fungicidas para o seu

controle. Santos & Barreto (13) relataram perdas causadas pela varíola na

comercialização do mamão no Estado de São Paulo de até 30%. Segundo um

levantamento feito por Ueno et al. (16), a varíola vem se tornando uma das

principais doenças da cultura do mamoeiro em Barreiras, BA, apesar do intenso

controle químico feito pelos produtores.

Os primeiros sintomas são observados na parte inferior das folhas mais

velhas, onde desenvolve frutificações pulverulentas que formam manchas

pequenas, escuras, geralmente menores do que 4 mm de diâmetro, circulares,

ligeiramente angulosas, de coloração escura. Na parte superior, correspondendo

a esta lesão, formam-se lesões semelhantes de coloração pardo-clara envolvidas

por uma pequena depressão e halo amarelo. Com o progresso da doença várias

lesões se juntam, amarelecendo a folha e formando, em seguida, extensas áreas

necrosadas. As folhas são afetadas de maneira ascendente sendo que, sob

condições climáticas propícias, o desenvolvimento da doença é acelerado e até

as folhas mais superiores são afetadas. Os primeiros sintomas nos frutos são

verificados quando estes ainda estão verdes, na forma de manchas circulares,

circundadas por um encharcamento e pequenas pontuações ainda marron, o

tamanho das manchas acompanha o desenvolvimento dos frutos, tornam-se

então pretas, salientes, ásperas ao tato, limitando-se à camada superficial do fruto

[SANTOS FILHO et al. (12)].

O tamanho da lesão na folha, desde seu aparecimento e subseqüente

ampliação, tem sido usado para quantificar a resistência genética existente em

plantas a vários patógenos [BERGER et al. (3)]. Johnson & Taylor (7)

consideraram o tamanho da lesão como um dos componentes mais importantes

de resistência. O caráter expansão de lesão também pode ser usado para avaliar

13

a agressividade de estirpes ou raças de bactérias e fungos patogênicos [LUO &

ZENG (9)].

Uma das limitações para a quantificação da velocidade de expansão de

lesão é a dificuldade em determinar, de forma precisa, o tamanho de uma lesão.

Por outro lado, a popularização da fotografia digital permite a aquisição de

imagens de alta resolução a um custo extremamente baixo. A combinação de

imagens digitais e a existência de software capaz de instruir o computador a

reconhecer certas áreas na imagem fazem da análise de imagens uma

metodologia viável para explorar, no tempo e no espaço, as lesões em tecido

foliares causadas por fitopatógenos. A análise de imagens apresenta grande

potencial para quantificar a área foliar afetada por doenças de plantas [THOMÉ et

al. (15)]. Essa técnica pode ser usada para avaliar componentes de resistência

parcial e também a freqüência de infecção e o tamanho de lesão segundo

[KAMPMANN & HANSEN (8)]. Apenas quando uma doença é mensurada

corretamente é que se pode demonstrar o quanto de dano ela ocasiona.

No caso de sintomas como manchas, a percentagem de área de tecido

afetado (severidade) geralmente retrata melhor a quantidade de doença que a

incidência. Entre as estratégias para quantificação da severidade, destacam-se as

escalas diagramáticas, que são representações de plantas ou suas partes com

sintomas em diferentes níveis de severidade [AMORIM, (1)]. Na sua elaboração

devem ser considerados os limites inferiores e superiores que devem

corresponder, respectivamente, à mínima e à máxima quantidade de doença

encontrada no campo.

Este trabalho teve como objetivo avaliar a área lesionada de folhas com A.

caricae, visando selecionar genótipos com resistência/tolerância à pinta preta do

mamoeiro e elaborar uma escala diagramática para a avaliação da severidade da

doença.

14

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado na área experimental da Embrapa

Mandioca e Fruticultura Tropical. A Unidade está localizada no município de Cruz

das Almas-Bahia, sob as coordenadas 12°40’39” S e 39°06’23” O, com altitude de

220 m. O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é caracterizado por

uma zona de transição entre as zonas Am (clima quente e úmido com pequena

estação seca) e Aw ( clima quente e úmido com chuvas de verão). A precipitação

pluviométrica média anual é de 1.224 mm, temperatura média anual de 24°C e

umidade relativa do ar de 80%.

Foram avaliados três cultivares comerciais e 19 acessos do BAG-Mamão

da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Tabela 1), sob infecção natural pela

pinta-preta.

Tabela 1. Códigos dos acessos de mamoeiros avaliados e seus respectivos

grupos genômicos.

Genótipos Grupo Genômico CMF 008 ‘Formosa’ CMF12 ‘Formosa’ CMF14 ‘Formosa’ CMF18 ‘Formosa’ CMF20 ‘Formosa’ CMF21 Solo CMF34 Solo CMF37 Solo CMF40 ‘Formosa’ CMF41 ‘Formosa’ CMF54 ‘Formosa’ CMF56 Solo CMF65 Solo CMF68 ‘Formosa’ CMF74 ‘Formosa’ CMF230 Solo CMF232 Solo CMF234 Solo Calimosa F1 Solo Golden Solo Sunrise Solo Solo Tainung nº 1 F2 ‘Formosa’

15

A coleta das folhas foi realizada em todas as plantas, a partir da terceira

inserção, contando-se do ápice. A severidade da doença em cada folha foi

quantificada a partir da nervura principal, visando uniformização, pois as plantas

de mamão encontravam-se com diferentes tamanhos. As folhas amostradas

foram fixadas sobre um emborrachado com o auxílio de fita adesiva, gerando-se

imagens com uma câmara fotográfica digital (KODAK C813) com 8,2 milhões de

pixels, à distância de 30 cm. A imagens foram submetidas ao programa Assess®

(Image analysis software for plant disease quantification), que determina a área

lesionada de cada folha, a partir dos contornos das lesões, em mm2.

O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com parcela de três

folhas com lesões e oito repetições (plantas diferentes do mesmo genótipo). Os dados foram submentidos à análise de variância e médias comparadas

pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

16

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As folhas de mamoeiro apresentaram sintomas de ataque de pinta preta

idênticos aos descritos por [SANTOS FILHO et al. (12)]. A quantificação das áreas

lesionadas com o uso do programa computacional Assess® permitiu a elaboração

de uma escala diagramática com quatro níveis de severidade da doença: 1 - baixa

suscetibilidade (área lesionada < 1000 mm2), 2 - suscetibilidade moderada baixa

(área entre 1000-2000 mm2), 3 - suscetibilidade moderada alta (área entre 2000-

3000 mm2) e 4 - alta suscetibilidade (área lesionada >3000 mm2) (Figura 1).

No caso de sintomas como manchas, a mensuração da área de tecido

afetado (severidade) geralmente retrata melhor a quantidade de doença que a

incidência [AMORIM (1)]. Diversos autores consideram esse parâmetro como o

mais apropriado para medir doenças foliares e, a obtenção de escalas

diagramáticas tem se mostrado eficiente na avaliação de lesões em doenças do

algodoeiro [ARAÚJO et al. (2)], batata [ZACHMANN (17)] e café [COSTA et al.

(4)].

A média das áreas lesionadas por folha variou de 220,01 a 3432,45 mm2.

O grupo representado pelo acesso 40 (grupo ‘Formosa’), foi o que apresentou o

maior valor médio da área de lesão nas folhas, 3432,54 mm2, sugerindo alta

suscetibilidade desse genótipo à pinta preta (Tabela 2). Um segundo grupo,

indicando suscetibilidade moderada alta foi formado pelos genótipos CMF 34,

CMF 65 e ‘Sunrise Solo’ pertencente ao grupo ‘Solo’ e CMF18, CMF 68 e CMF 74

do grupo ‘Formosa’, que apresentaram valores médios das áreas das lesões

elevados, variando de 1835,78 a 2561,48 mm2.

Os genótipos que apresentaram os valores médios de áreas lesionadas

variando de 1034,39 a 1490,34 mm2 podem ser classificados como sendo de

suscetibilidade moderada baixa, identificando-se os acessos do grupo ‘Solo’ (CMF

37, CMF 232, CMF 234) e do grupo ‘Formosa’ (CMF 12, CMF 14, CMF 20). O

grupo com baixa suscetibilidade, representado pelos genótipos CMF 21, CMF 56,

CMF 230, Golden (‘Solo’) e CMF 08, CMF 54 e Calimosa F1, Tainung nº 1 F2

(‘Formosa), apresentaram os menores valores médios da área de lesão nas

folhas (220,01 a 941,29 mm2).

17

Figura 1. Imagens de folhas de mamoeiro retiradas de plantas do BAG-Mamão.

Grupo com suscetibilidade alta (A); Grupo suscetibilidade moderada

alta (B); suscetibilidade moderadamente baixa (C) e Grupo com baixa

suscetibilidade (D) à pinta preta do mamoeiro.

Pode-se observar que o grupo ‘Formosa’ foi o que apresentou um maior

número de genótipos com menores valores médios de área foliar comparada com

o ‘Solo’, sendo isso preocupante já que a maioria dos plantios comerciais no

Brasil, principalmente na Bahia, utiliza cultivares do grupo ‘Solo’ por apresentarem

as características dos frutos exigidas pelo mercado externo. Segundo Dianese et

al. (6), existe uma necessidade de trabalhos de melhoramento genético que visem

a obtenção de genótipos resistentes a essa doença do mamoeiro.

Nas avaliações realizadas houve diferenças entre as médias da área foliar

para os genótipos comerciais ‘Sunrise Solo’ (2124,15 mm2) e ‘Golden’ (767,83

mm2), ambos do grupo ‘Solo’. Situação similar foi encontrada por Dianese (6)

onde os genótipos ‘Golden’ e ‘Sunrise Solo’ avaliados sob condições de campo,

mostraram diferentes níveis de resistência, sendo o ‘Golden’ com valores

elevados de severidade nas folhagens e o ‘Sunrise Solo’ valores intermediários. A

avaliação da severidade da doença nos frutos revelou maiores valores médios

para o ‘Sunrise Solo’.

A B

C D

18

Tabela 2. Comparação da área de lesão, em folhas de mamoeiro, causada pelo

isolado Asperisporium caricae, no Banco Ativo de Germoplasma da

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas, BA.

Acessos do BAG-Mamão da Embrapa

Mandioca e Fruticultura Tropical Médias da área de lesão foliar

(mm2) CMF 21 220,01 d* CMF 54 289,59 d CMF 230 675,96 d Calimosa F1 735,24 d CMF 008 747,98 d Golden 767,83 d CMF 41 796,00 d Tainung nº1 F2 819,77 d CMF 56 941,29 d CMF 37 1034,39 c CMF 234 1253,66 c CMF 12 1342,60 c CMF 232 1469,26 c CMF 14 1490,34 c CMF 20 1490,34 c CMF 68 1835,78 c CMF 74 2097,20 b Sunrise Solo 2124,15 b CMF 18 2190,54 b CMF 34 2453,68 b CMF 65 2561,48 b CMF 40 3432,45 a

*Médias seguidas de letras distintas em cada coluna são estatisticamente diferentes (P < 0,05)

entre si pelo teste de Scott-Knott (14).

A resistência foliar não garante necessariamente resistência aos frutos, no

entanto, características morfológicas como estômatos pequenos e poucos

numerosos, um parênquima paliçádico compacto, epiderme e cutícula espessas e

a presença de tricomas na superfície abaxial foram correlacionadas positivamente

com a resistência à pinta preta do mamoeiro [MAYEE & SURYAWANSHI (10)].

Outro fator que pode contribuir é a capacidade dos cultivares de responder à

infecção através do reconhecimento da presença do patógeno e assim induzir,

por exemplo, a produção de enzimas de defesa como a β-1-3 glucanase, a

peroxidase e a quitinase [DANGL &JONES (5); ZHU et al. (18)]. Aspectos, como

19

reprodução do patógeno e período latente devem ser avaliados para classificação

da suscetibilidade do genótipo.

A escala apresentada é o resultado de um trabalho pioneiro com pinta

preta do mamoeiro e deve ser considerada preliminar, havendo necessidade de

maiores estudos para elevar o grau de confiabilidade e de repetibilidade dos

resultados, visando melhor avaliação da reação dos genótipos à doença. Os

resultados obtidos referem-se a aspectos básicos, que servirão como fundamento

para estudos mais específicos, a exemplo dos mecanismos envolvidos na

tolerância/resistência à pinta preta do mamoeiro.

20

CONCLUSÃO

1. Os genótipos do Banco Ativo de Germoplasma de Mamão da Embrapa

Mandioca e Fruticultura Tropical apresentam comportamento diferenciado

em relação à pinta preta, com base na avaliação da área foliar lesionada;

2. A escala diagramática é uma ferramenta útil no processo de identificação de

indivíduos tolerante-resistentes á pinta preta do mamoeiro.

21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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11. SBRT. Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas. Informações sobre

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Acesso em 14 jun. 2006.

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Tamanho de pústula: um componente importante da resistência parcial à

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Fitopatologia Brasileira, v. 26, p. 386, 2001. (Resumo).

23

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18. ZHU, Y. J.; QIU, X.; MOORE, P. H.; BORTH, W.; HU, J.; FERREIRA, S.;

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Physiological and Molecular Plant Pathology, v. 63, p. 237-248, 2003.

CAPÍTULO II

VARIABILIDADE PATOGÊNICA A DOIS ISOLADOS DE PINTA PRETA E A

REAÇÃO DESTES ISOLADOS EM PLANTAS JOVENS DE MAMOEIRO SOB CONDIÇÕES DE CASA DE VEGETAÇÃO1

1 Manuscrito a ser ajustado e submetido ao Comitê editorial do periódico.

25

VARIABILIDADE PATOGÊNICA A DOIS ISOLADOS DE PINTA PRETA E A REAÇÃO DESTES ISOLADOS EM PLANTAS JOVENS DE MAMOEIRO SOB

CONDIÇÕES DE CASA DE VEGETAÇÃO

RESUMO: O Brasil é o maior produtor de mamão do mundo. Para aumentar a

produção e incrementar as exportações, mantendo essa posição de destaque no

cenário internacional, a cultura necessita superar uma série de problemas,

especialmente os de natureza fitossanitária. Dentre as doenças foliares que

afetam o mamoeiro, destaca-se a Pinta-Preta ou Varíola, causada pelo fungo A.

caricae (Speg.) Maubl, que pode ocasionar severas perdas na produção. O

objetivo do trabalho foi estudar a variabilidade de dois isolados de A. caricae com

base na severidade da doença em plantas jovens de genótipos de mamoeiro em

casa de vegetação. Para esse estudo, sementes foram utilizadas de Sunrise

Solo’, CMF 003, CMF 78, CMF 231, CMF 232, CMF 234, CMF 95 e Tainung nº1.

As plantas foram inoculadas com o Asperisporium caricae provenientes de folhas

retiradas de plantas do BAG-Mamão da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

em Cruz das Almas (Isolado Embrapa) e da Fazenda Palmares no Extremo Sul

da Bahia (Isolado Palmares). A avaliação do número de lesões foliares indicou

variabilidade entre os isolados, com superioridade do isolado Palmares que

provocou maior número de lesões foliares que o isolado Embrapa. Todos os

genótipos estudados foram suscetíveis ao A. caricae, sendo que o genótipo CMF

095 foi o que apresentou maiores valores médios das lesões durante as

avaliações.

Palavras-chave: Carica papaya, genótipos, suscetibilidade, Asperisporium carica.

26

VARIABILITY PATHOGENIC THE TWO ISOLATES BLACK SPOT AND THE REACTION OF THESE ISOLATES IN YOUNG PLANTS OF PAPAYA CARICA

PAPAYA. UNDER CONDITIONS OF A GREENHOUSE

ABSTRACT: Brazil is the major papaya producer worldwide. In order to increase

production and export and maintain this highlighted position in the international

scenery, the crop needs to overcome a series of problems, specially those of

phytosanitary nature. Among leaf diseases that affect papayas, black leaf spot, or

variole, caused by A. caricae (Speg.) Maubl, is the main one leading to severe

production losses. The objective was to study the variability of two strains of A.

caricae based on severity of disease in young plants of genotypes of papaya in a

greenhouse. For this study, seeds were used ‘Sunrise Solo’ group: CMF 003, CMF

78, CMF 231, CMF 232, CMF 234, CMF 95 and Tainung nº1, were used. Plants

were inoculated with Asperisporium caricae from leaves taken from plants from the

Papaya Germplasm Bank at Embrapa Cassava and Tropical Fruits in Cruz das

Almas (Embrapa isolate) and from the Palmares Farm in the extreme south region

of Bahia (Palmares isolate). After the evaluations found that there is variability

among the isolated Palmares with higher number of lesions on the leaf Embrapa

isolated and that all genotypes were susceptible to A. caricae and the CMF 095

genotype was the higher average values during the evaluation of injuries among

evaluated.

Key words: Carica papaya, genotypes, susceptibility, Asperisporium carica.

27

INTRODUÇÃO

O mamoeiro (Carica papaya) é considerado uma das melhores frutas para

a dieta alimentar, tanto pelo seu valor nutritivo, como pelas suas qualidades

sensoriais. Essa fruteira é cultivada praticamente em todo o território nacional,

com destaque para as regiões sudeste e nordeste, somando 97,3% da produção

nacional (IBGE, 2007). A produção de mamão concentra-se nos Estados da Bahia

e do Espírito Santo perfazendo 87% da produção brasileira. A Bahia detém 58,3%

deste total e a Paraíba ocupa a terceira posição com 4,1%, seguida do Ceará com

3,5% (AGRIANUAL, 2005).

As doenças constituem o principal fator limitante ao aumento da produção

desta fruteira, dentre as doenças foliares que afetam o mamoeiro, destaca-se a

pinta-preta ou varíola, causada pelo fungo anamórfico Asperisporium caricae

Maubl, cuja fase perfeita é Mycosphaerella caricae, que ataca especificamente

espécies do gênero Carica. A.caricae ocasiona severas perdas na produção, por

reduzir a área fotossintética das folhas e, principalmente, por depreciar

comercialmente os frutos (LIBERATO & ZAMBOLIM, 2002).

A. caricae é um patógeno muito freqüente no mamoeiro ocorrendo onde

quer que esta hospedeira seja normalmente plantada. Apesar disso, a literatura é

muito limitada, concentrando-se apenas em relatos sobre ocorrência,

sintomatologia e descrição do patógeno. Recentemente foram iniciados estudos

sobre a epidemiologia desta doença com o desenvolvimento de estratégias de

controle testando diferentes fungicidas (SANTOS & BARRETO, 2003).

O fungo é um hifomiceto cercosporóide com conidióforos de cor olivácea,

sem ramificações, formando um esporodóquio compacto. Os conídios são

formados no topo dos conidióforos e, quando maduros, destacam-se deixando

cicatrizes escuras. Os conídios são marrom-escuro, com ou sem septo, de forma

variada, e apresentam cicatriz na base (MENEZES & OLIVEIRA, 1993).

Os primeiros sintomas são observados na parte inferior das folhas mais

velhas, onde desenvolve frutificações pulverulentas que formam manchas

pequenas, escuras, geralmente menores do que 4 mm de diâmetro, circulares,

ligeiramente angulosas, de coloração escura. Na parte superior, correspondendo

a esta lesão, formam-se lesões semelhantes de coloração pardo-clara envolvidas

28

por uma pequena depressão e halo amarelo. Com o progresso da doença várias

lesões se juntam, amarelecendo a folha e formando, em seguida, extensas áreas

necrosadas (SANTOS FILHO et al., 2007).

A severidade da pinta-preta do mamoeiro está diretamente relacionada

com o período de chuvas, época em que se deve iniciar o controle da doença

(ZAMBOLIM et al., 2006).

O controle da varíola em mamoeiro é baseado, principalmente, na

aplicação de fungicidas (REZENDE et al., 2005). Contudo, o uso intensivo destes

fungicidas pode provocar resistência do patógeno aos mesmos, bem como afetar

a saúde humana, tanto do consumidor, como a dos profissionais envolvidos nos

processos de produção e provocar efeitos negativos sobre o meio ambiente

(TUZUN & KUC, 1991).

Objetivando alternativas ao controle químico, o emprego da resistência

genética tem sido uma das práticas mais eficientes dentro do manejo integrado

(TORRES & GARCIA, 1996). A alternativa mais correta, do ponto de vista

ambiental, para o controle de doenças em plantas é a utilização de cultivares

resistentes, desenvolvidas ou recomendadas por programas de Melhoramento

Genético. O sucesso de programas de melhoramento visando à resistência depende

do conhecimento sobre a variabilidade do patógeno, motivo pelo qual esse

aspecto deve ser investigado antes da seleção de fontes de resistência no

hospedeiro (BRUTON, 1998). Do ponto de vista evolutivo, a variabilidade genética

das populações é importante por determinar o potencial de adaptação do

organismo às diferentes condições sob as quais se encontram. Do ponto de vista

epidemiológico, a variabilidade patogênica tem implicações diretas no manejo da

doença (MCDONALD & LINDE, 2002). Estudos sobre variabilidade patogênica

vêm sendo realizados em diversas culturas para proporcionar eficiência no uso e

na recomendação de variedades resistentes pelos programas de melhoramento

genético.

Segundo Camargo (1995), os fungos que se reproduzem sexuadamente

estão entre os que apresentam maior variabilidade fitopatogênica. Vários

trabalhos foram realizados comprovando uma alta variabilidade genética e

patogênica na população do fungo Mycosphaerella musicola (CORDEIRO, 1997;

ABREU, 2000; CORDEIRO et al. 2001; MOREIRA et al., 2003).

29

Oliveira & Dantas (2002) avaliaram o comportamento de diferentes

genótipos de mamoeiro em relação à incidência de pinta preta em condições de

campo e constataram que todos os genótipos avaliados apresentaram

suscetibilidade variável à infecção natural do A. caricae. Dianese et al. (2007)

estudaram alguns desses mesmos genótipos de mamoeiro quanto à pinta preta

em condição de campo e observaram que os genótipos ‘Sunrise Solo’, ’Baixinho

de Santa Amália’, ‘Tailândia Verde’ e ‘Tailândia Roxo’ formaram um grupo

intermediário de reação à doença, coincidindo com que os autores acima

encontraram.

Trabalhos que permitam a conservação, caracterização e avaliação da

variabilidade genética do mamoeiro e do patógeno, bem como sua

disponibilização à comunidade científica, propiciarão ganhos genéticos

expressivos, além de garantir a sustentabilidade do agronegócio brasileiro,

tornando-o mais produtivo e competitivo (OLIVEIRA, 2007). Com o intuito de

incrementar as informações sobre a pinta preta na cultura do mamoeiro, foi

avaliada a variabilidade de dois isolados de A. caricae com base na severidade da

doença em plantas jovens de genótipos de mamoeiro.

.

30

MATERIAL E MÉTODOS

O ensaio foi composto por dois experimentos conduzidos em casas de

vegetação distintas da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical localizada em

Cruz das Almas, Bahia. Esse município está situado na região do Recôncavo

Baiano a 12o40’39"S e 39o06’23"W com altitude de 220 m. Durante o período

experimental a casa de vegetação apresentava uma temperatura média de 29 oC.

Experimento I: Avaliação da variabilidade do fungo Asperisporium caricae com base na severidade da doença

Esse estudo foi realizado com o genótipo ‘Sunrise Solo’, pertencente ao

grupo Solo, semeando-se cinco sementes em copo descartável contendo

substrato Plantmax® e irrigadas com água natural duas vezes ao dia. Após 60 dias

de semeadura, as plantas que apresentaram uniformidade em tamanho foram

transplantadas em vasos com capacidade de 2,2 dm3 contendo somente as

partículas maiores da mistura de vermiculita expandida e turfa processada,

visando facilitar a drenagem da água (Figura 1A). Essas plantas foram adubadas

com 400 mL de solução nutritiva de crescimento, cuja composição de macro e

micronutrientes foi semelhante à usada por Cruz et al. (2004), sendo o pH inicial

ajustado para um valor entre 6,0 e 6,2. O excedente da solução, coletado em

recipiente plástico, foi diariamente complementado com água até 400 mL e

recolocado nas plantas (Figura 1B a 1D), sendo substituída a cada quinze dias

pela solução com a composição original. Esse procedimento foi realizado durante

todo o período do experimento (Figura 1).

31

Figura 1. Procedimento da adubação e irrigação em plantas de mamoeiro em

casa de vegetação: aplicação da solução nutritiva (A), retirada do

excedente da solução nutritiva (B), complemento da solução nutritiva

com água para o volume de 400 mL (C) e irrigação dessa mistura na

planta (D). Cruz das Almas, BA.

Aos 30 dias após o transplante, as plantas foram inoculadas com isolados de

A. caricae provenientes de folhas retiradas de forma aleatória em diversos

acessos do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Mamão da Embrapa

Mandioca e Fruticultura Tropical localizado em Cruz das Almas (BA) (Isolado

Embrapa) e de um pomar de mamoeiro Solo do Extremo Sul da Bahia, da

fazenda Palmares, localizada no município de Porto Seguro (BA) na quadra 17B,

PIF-Mamão, georeferenciada na Latitude SI16º38’49, 87745’’ e Longitude

WO39º18’25,89149” (Isolado Palmares).

As estruturas dos isolados foram retiradas com auxílio de um bisturi e

mantidas por 48 horas em geladeira (temperatura em torno de 6 ºC) até a

inoculação nas plantas. Porém, devido à distância do local de coleta do isolado

Palmares, o isolamento desse fungo só foi realizado após 72 horas da colheita

das folhas, as quais permaneceram armazenadas em sacos plásticos. Já o

isolado Embrapa, coletado no BAG de Mamão da Embrapa, realizou-se o

isolamento no mesmo dia da colheita das folhas.

No dia da inoculação realizou-se uma filtragem da solução dos esporos em

camada dupla de gaze para retenção de restos vegetais (Figura 2A) e adicionou-

se 80 µl de Tween 20 para dispersão dos esporos com agitação durante cinco

minutos. A concentração dos esporos foi ajustada para 106 esporos/mL, depois da

A B C

B C D A

32

contagem em Câmara de Neubauer (Figura 2B). Após esse procedimento, a

inoculação foi realizada através do método de aspersão da suspensão na face

inferior das folhas, pulverizando-se com atomizador manual (Figura 2C). As

plantas inoculadas foram protegidas com sacos plásticos previamente atomizados

com água, amarrados na base do vaso com fita adesiva, visando simular uma

câmara úmida e assim favorecer o desenvolvimento do fungo (Figura 2D),

permanecendo nessas condições por 24 horas. Após a remoção dos sacos

plásticos, as plantas foram atomizadas com água de torneira, todos os dias, com

um pulverizador PCP-1P marca Guarany (Figura 2E).

Figura 2. Processo de inoculação dos isolados de Asperisporium caricae

(Embrapa e Palmares) em plantas de mamoeiro cultivadas em casa

de vegetação: suspensão com os esporos (A), inoculação com

atomizador manual (B); plantas com câmara úmida (C) e atomização

das plantas com água de torneira (D). Cruz das Almas, BA.

A avaliação da severidade por folha foi realizada a cada sete dias a partir

do aparecimento dos sintomas que ocorreu 15 dias após a inoculação dos

B C

E D

B

A

D C

B

33

isolados, por dois observadores independentes seguindo a escala apresentada

por Oliveira & Dantas (2002) modificada por Santos filho et al. (2007): (0) folha

sem lesão, (1) folha com até 5 lesões, (2) folha com mais de 5 lesões, limitadas a

20 e (3) folhas com mais de 20 lesões ou áreas coalescidas (Figura 3). As plantas

também foram avaliadas quanto à altura.

Figura 3. Escala de notas para avaliação da incidência da pinta preta em folhas

de mamoeiro. Fonte: Oliveira & Dantas (2002), modificada por Santos

Filho et al. (2007).

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado no esquema de

parcelas subdivididas no tempo, com 10 repetições, sendo quatro plantas por

Nível (3): acima de 20 lesões com áreas coalescidas em mais de um lóbulo da folha (erradicar a folha)

Nível (0): ausência de lesões ou manchas Nível (1): presença de 1 a 5

lesões ou manchas

Nível (2): presença de mais de 5 lesões ou manchas, limitadas a 20

34

parcela. As parcelas foram constituídas pelos isolados (Isolado Embrapa e

Isolado Palmares) e as subparcelas foram formadas por cinco períodos de

avaliação: período 1 (15 dias após inoculação dos isolados), período 2 (22 dias

após a inoculação dos isolados), período 3 (29 dias após inoculação), período 4

(36 dias após inoculação) e período 5 (43 dias após inoculação).

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias dos

parâmetros foram analisadas por regressão utilizando o programa estatístico

SISVAR 4.3 (FERREIRA, 1999).

Experimento II: Avaliação de genótipos de mamoeiros aos isolados de A.

caricae.

Foram utilizadas sementes de cinco genótipos do grupo Solo (CMF 003,

CMF 078, CMF 231, CMF 232 e CMF 234) e dois do grupo Formosa (Tainung nº1

e CMF 095) seguindo a mesma metodologia descrita sobre a semeadura,

adubação e transplantio das plantas do experimento I.

A inoculação foi realizada após 40 dias das plantas transplantadas com os

isolados de A. caricae Embrapa e Palmares, sendo que a avaliação da severidade

dos isolados por folha também seguiu a mesma descrição da metodologia citada

no experimento anterior.

O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado, em

esquema fatorial 7 x 2 x 4 (genótipos x isolados x períodos de avaliação), com

quatro repetições e uma planta por parcela. Foram analisadas todas as

combinações entre os fatores, sendo que os períodos de avaliação foram: período

1 (15 dias após inoculação dos isolados), período 2 (22 dias após a inoculação

dos isolados), período 3 (29 dias após inoculação) e período 4 (36 dias após

inoculação).

As diferenças de médias do parâmetro foram analisadas pelo teste de

Tukey, em nível de 5% de significância e/ou regressão utilizando o programa

estatístico SISVAR 4.3 (FERREIRA, 1999).

35

RESULTADOS E DISCUSSÃO Experimento I: Avaliação da variabilidade do fungo M.caricae baseada na severidade da doença

A Figura 4 mostra o progresso da pinta preta em mamoeiro “Sunrise solo”

inoculado com dois isolados de A. caricae, observando-se um crescimento do

número médio de lesões para ambos os isolados. Contudo, as maiores médias

foram obtidas no isolado Palmares, sugerindo maior agressividade desse isolado

em comparação com o “Embrapa”.

As plantas inoculadas com o isolado Palmares apresentaram altura inferior

até os 29 dias após inoculação (Figura 5), provavelmente devido ao maior número

médio de lesões, levando à queda prematura das folhas e diminuindo a vitalidade

das plantas. Esses sintomas têm sido observados em plantas infectadas por pinta

preta sob condições de campo (OLIVEIRA, et al. 2000). Com a emissão de novas

folhas, houve uma recuperação das plantas, mesmo com a reinfecção das folhas

jovens. Para o isolado Embrapa, o menor número de lesões não determinou

perda acentuada das folhas e as plantas apresentaram desenvolvimento linear

até o final das avaliações, aos 43 dias após a inoculação (Figura 5).

Os fungos que se reproduzem sexuadamente estão entre os que

apresentam maior variabilidade fitopatogênica, conforme comprovado em

trabalhos realizados com o fungo M. musicola (Cordeiro, 1997; Abreu, 2000;

Cordeiro et al. 2001; Moreira et al., 2003), mesmo gênero da forma sexuada do

Asperisporium caricae (Mycosphaerella. caricae). No entanto, os resultados

observados no presente trabalho pode ser consequência do armazenamento das

folhas em sacos plásticos por 72 horas, possibilitando a formação de uma câmara

úmida durante o transporte, induzindo o aumento da produção dos esporos e

consequentemente, possibilitando o maior número de lesões.

Estudos sobre a variabilidade patogênica em A. caricae não têm sido

relatados na literatura, e os resultados aqui obtidos podem ser considerados

preliminares, servindo de base para estudos mais específicos.

36

Figura 4. Progresso da pinta preta no mamoeiro Sunrise Solo inoculado com dois

isolados de Asperisporium caricae sob condição de casa de

vegetação. Cruz das Almas, BA, 2008.

Figura 5. Altura do genótipo ‘Sunrise Solo’ inoculado com dois isolados de

Asperisporium caricae em função dos períodos de avaliação em casa

de vegetação. Cruz das Almas, BA.

15 22 29 36 43 Avaliação (dias após a semeadura)

15 22 29 36 43

Avaliação (dias após a semeadura)

Seve

ridad

e (n

otas

)

Palmares Embrapa

Palmares Embrapa

37

Experimento II: Avaliação de genótipos de mamoeiros aos isolados de A.

caricae

Os resultados das avaliações após 36 dias do aparecimento dos sintomas

da pinta preta do mamoeiro mostraram que houve diferença estatística entre a

severidade dos isolados, independentes dos genótipos utilizados (Tabela 1),

sendo que o isolado Palmares apresentou um maior número médio de lesões

foliares do que o isolado Embrapa.

Tabela 1. Severidade (notas) causada por dois isolados de Asperisporium caricae

em genótipos de mamoeiro sob condição de casa de vegetação.

Isolados Severidade

Palmares 1,66 a Embrapa 0,91 b

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5

% de probabilidade.

Na Figura 6 observa-se que houve também diferenças entre os isolados

Embrapa e Palmares à medida que as avaliações foram realizadas. No período 1

(15 dias após inoculação) verificou-se que o isolado Palmares apresentou menor

número médio de lesões foliares (0,48) ao comparar com o isolado Embrapa

(0,95), independentemente dos genótipos avaliados. Já para os outros períodos de avaliação, o isolado Palmares apresentou o

maior número de lesões diferindo estatisticamente do isolado Embrapa,

apresentando uma curva quadrática ascendente decrescendo entre as avaliações

nos períodos 3 e 4 (Figura 6B). O isolado Embrapa também apresentou uma

curva quadrática ascendente, porém com decréscimo do número médio de lesões

a partir da segunda avaliação (Figura 6A). Contudo, isso pode ter ocorrido devido

à ocorrência de variabilidade entre os isolados, comportando-se com uma

agressividade inicial elevada levando assim a perda das folhas velhas, fonte de

inoculo, mesmo antes de ocorrer à dispersão do patógeno para as folhas novas,

estando de acordo com as observações de Oliveira et al., (2000).

O comportamento do isolado Palmares observado no primeiro período de

avaliação desse experimento (Figura 6 B) foi diferente do resultado obtido no

38

experimento anterior. Esse resultado pode ter ocorrido devido às diferentes

épocas de colheita das folhas, e a suposta câmara úmida não ter favorecido a

uma maior esporulação durante o período de72 horas.

A Figura 7 mostra que houve interação significativa entre os genótipos e os

períodos de avaliação em relação ao número médio de lesões, não diferindo

significativamente entre os isolados utilizados. Todos os genótipos apresentaram

as maiores médias dessa variável até a segunda avaliação decrescendo nos

períodos seguintes da avaliação, independente dos isolados (7A, 7B, 7D, 7E, 7F,

e 7G), com exceção do genótipo 095 que apresentou um crescimento linear do

número médio de lesões foliares, sendo que a maior média foi obtida na quarta

avaliação (Figura 7C).

Figura 6. Curva representando a severidade dos isolados Embrapa e Palmares

observados nas folhas de genótipos de mamoeiro em função dos

períodos de avaliação em casa de vegetação. Cruz das Almas, BA.

Dianese et al. (2007) relataram que os genótipos do grupo ‘Solo’ cultivados

no Brasil são suscetíveis à pinta preta do mamoeiro e à podridão-do-pé,

necessitando de trabalhos de melhoramento genético que visem genótipos

resistentes a essas doenças do mamoeiro. Oliveira & Dantas (2002) também

observaram que sob condição de campo os genótipos Sunrise Solo, Kapoho Solo,

Improved Sunrise Solo Line 72/12, Baixinho de Santa Amália, Waimanalo,

Tainung n°1 e Tailândia revelaram suscetibilidade variável à pinta preta do

mamoeiro.

Em relação ao comportamento do genótipo 095 demonstrando altos

valores médios da severidade até o fim do experimento, não sofreu inicialmente

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias após a inoculação)

Isolado Embrapa

y = -0,0043x2 + 0,1226x + 0,3348R2 = 0,9305

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Seve

rida

de (n

otas

)

A Isolado Palmares

y = -0,0087x2 + 0,3619x - 1,4955R2 = 0,8201

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Sev

erid

ade

(not

as)

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias após a inoculação)

B

39

com ataque dos isolados, mantendo-se as folhas durante todo o período avaliado,

proporcionando a dispersão do inóculo e o progresso da doença ao longo das

avaliações.

Um conjunto de isolados do patógeno, provenientes de regiões e

hospedeiras mais diversificadas, deveria ser testado em experimento com mudas

e frutos de mamoeiro, além de verificar o nível de variabilidade genética dentro da

espécie. Contudo, os dados preliminares aqui descritos sugeriram que A.caricae

não é uma espécie homogênea.

Genótipo 232

y = -0,0083x2 + 0,2777x - 0,4375R2 = 0,7774

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Sev

erid

ade(

nota

s)

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias)

Genótipo 003

A

y = -0,0054x2 + 0,196x - 0,0156R2 = 0,6398

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Seve

ridad

e(no

tas)

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias)

Genótipo 078

B

y = 0,0705x + 0,1563R2 = 0,9378

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Sev

erid

ade(

nota

s)

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias)

Genótipo 095

C y = -0,0064x2 + 0,2339x - 0,5937R2 = 0,6497

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Seve

rida

de(n

otas

)

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias)

Genótipo 230

D

y = -0,0051x2 + 0,1804x - 0,0312R2 = 0,5262

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 7 14 21 28

Sev

erid

ade

(not

as)

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias)

E

15 22 29 36

Período de Avaliação (dias)

y = -0,0096x2 + 0,358x - 1,5625R2 = 0,8348

0

0,5

1

1,5

2

2,5

seve

ridad

e(no

tas)

Genótipo 234 F

40

Figura 7. Curva representando o progresso da doença observados nas folhas de

genótipos de mamoeiro em função dos períodos de avaliação em casa

de vegetação. Cruz das Almas, BA.

CONCLUSÕES

1. O isolado Palmares produziu maior número médio de lesões foliares em

relação ao isolado Embrapa, demonstrando que existe a variabilidade natural

entre os dois.

2. Todos os genótipos estudados foram suscetíveis ao A. caricae, sendo que o

genótipo CMF 095 foi o que apresentou maior severidade final que os demais.

y = -0,0083x2 + 0,3009x - 1,0312R2 = 0,9473

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Sev

erid

ade(

nota

s)

15 22 29 36 Período de Avaliação (dias)

Genótipo Tainung nº1 G

41

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45

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mamão é uma das fruteiras de grande importância no estado da Bahia,

principalmente após a abertura do mercado norte-americano no final de 2005.

Entretanto, problemas fitossanitários constituem um fator limitante para o aumento

da produção. Dentre as doenças de principal ocorrência em pomares comerciais e

domésticos destaca-se a pinta preta do mamoeiro, causada pelo fungo

Asperisporium caricae causando perdas de até 10 a 30% na produção.

Com o objetivo de minimizar as perdas no mamoeiro a Embrapa Mandioca

e Fruticultura Tropical mantém um programa de melhoramento genético desde

1995, visando explorar a máxima variabilidade genética da espécie Carica papaya

e de outros gêneros e espécies afins, mediante caracterização e avaliação de

germoplasma, recomendando linhagens ou híbridos adaptados às condições

edafoclimáticas das principais regiões produtoras, tolerantes e/ou resistentes a

viroses, fungos, pragas e que apresentem características agronômicas

desejáveis.

Diante dos resultados obtidos na execução deste trabalho foi possível

detectar um grupo de genótipos do BAG-Mamão da Embrapa Mandioca e

Fruticultura Tropical parcialmente tolerante ao Mycosphaerella caricae através da

avaliação da área foliar realizada por meio de imagens mensuradas pelo

programa computacional Assess®. Constituindo-se em uma ferramenta útil no

processo de identificação de indivíduos tolerantes.

Além disso, este trabalho permitiu detectar que existem variabilidade entre

os isolados de A. caricae coletados em Cruz das Almas e Porto seguro quanto à

manifestação da patogenicidade em diferentes genótipos de mamoeiro e que

todos os genótipos avaliados foram suscetíveis à pinta preta do mamoeiro, sendo

que o genótipo CMF 095 foi o mais suscetível por apresentar um maior número

médio de lesões durante as avaliações realizadas.

46

Para obtenção desses resultados inúmeras limitações ocorreram, em

virtude do pouco estudo sobre essa enfermidade. Testes pilotos foram realizados

onde se percebeu a necessidade de aplicação de soluções nutritivas para que as

plantas se mantivessem vigorosa até o final do experimento, por que quando as

plantas não eram adubadas provocava o estiolamento das mesmas e a queda

das folhas antes mesmo de haver a dispersão dos esporos, além de ocorrer o

enovelamento das raízes prejudicando a permanência dessas plantas por um

período superior a 60 dias.

A grande dificuldade do patógeno em se desenvolver em meio de cultura

artificial, houve um trabalho muito grande para proceder ao isolamento do mesmo,

em virtude que só poderia ser realizado através da raspagem de pinta á pinta das

folhas com o auxílio de um bisturi. Estudos para verificar a variabilidade genética

dos isolados foram iniciados, porém não se teve um resultado conciso para ser

exposto devido haver a necessidade de ajustes de metodologias.

Vale ressaltar que ainda existe pouco estudo com relação a essa doença e

que os resultados obtidos nesse trabalho servem para dar subsídio ao Programa

de Melhoramento Genético do Mamoeiro.