dissertacao rafael sachetto

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  • Universidade Federal de Juiz de Fora

    Programa de Mestrado em Modelagem Computacional

    Ajuste automtico de modelos celulares apoiado por

    Algoritmos Genticos

    Por

    Rafael Sachetto Oliveira

    JUIZ DE FORA, MG - BRASIL

    AGOSTO DE 2008

  • AJUSTE AUTOMTICO DE MODELOS CELULARES APOIADO POR

    ALGORITMOS GENTICOS

    Rafael Sachetto Oliveira

    DISSERTAO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PS GRADUAO EM

    MODELAGEM COMPUTACIONAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ

    DE FORA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A

    OBTENODOGRAUDEMESTRE EMCINCIAS (M.SC.) EMMODELAGEM

    COMPUTACIONAL.

    Aprovada por:

    Prof. Rodrigo Weber Dos Santos, D.Sc.

    (Orientador)

    Profa. Gizelle Kupac Vianna, D.Sc.

    Prof. Renan Moritz Varnier R. de Almeida, Ph.D.

    Prof. Jos Paulo Rodrigues F. de Mendona, D.Sc.

    Prof. Helio Jos Correa Barbosa, D.Sc.

    JUIZ DE FORA, MG - BRASIL

    AGOSTO DE 2008

  • Oliveira, Rafael Sachetto

    Ajuste automtico de modelos celulares apoiado por Algoritmos Genti-

    cos/ Rafael Sachetto Oliveira; Orientador: Prof. Rodrigo Weber Dos Santos. --

    2008.

    82 f.

    Dissertao (Mestrado em Modelagem Computacional) Faculdade de

    Engenharia Civil, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2008.

    1. Engenharia biomdica. 2. Sistemas biolgicos. 3. Algoritmos Genti-

    cos. 4. Corao-Fisiologia. 5. Problemas inversos I. Santos, Rodrigo Weber

    dos. II. Ajuste automtico de modelos celulares apoiado por Algoritmos Genti-

    cos

  • AGRADECIMENTOS

    Meus sinceros agradecimentos a minha namorada Glenda pelo carinho, pacincia,

    compreenso e ajuda. Sempre ao meu lados nos momentos difceis.

    A minha famlia por ter apoiado toda a minha caminhada at este momento.

    Agradeo tambm a meu orientador Rodrigo, por ter tido pacincia innita com a

    minha falta de pacincia. Posso dizer que encontrei um amigo e um exemplo a ser

    seguido, tanto pessoalmente quando prossionalmente.

    Aos amigos do Fisiocomp: Fernando, Carolina, Vincius, Daves, Ricardo, Caroline,

    entre outros, com quem dividi excelentes momentos da minha vida universitria e

    pessoal.

    Aos amigos do dia-a-dia pela conana e cumplicidade.

    Meus agradecimentos a todos os professores e alunos, que comigo, formaram a

    primeira turma do Mestrado em Modelagem Computacional da Universidade

    Federal de Juiz de Fora.

    Tambm agradeo ao professor Edward Vigmond pelo apoio durante a minha

    estadia no Canad, bem como pelo conhecimento que adquiri com essa

    oportunidade.

    Por m, meus agradecimentos a todos aqueles que, direta ou indiretamente,

    contriburam para o desenvolvimento desse trabalho.

    iii

  • Resumo da Dissertao apresentada UFJF como parte dos requisitos necessrios

    para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)

    AJUSTE AUTOMTICO DE MODELOS CELULARES APOIADO POR

    ALGORITMOS GENTICOS

    Rafael Sachetto Oliveira

    Agosto/2008

    Orientador : Rodrigo Weber Dos Santos

    A modelagem da atividade eltrica do corao de grande interesse mdico cien-

    tco, pois possibilita uma melhor compreenso dos fenmenos biofsicos envolvidos

    na atividade cardaca, permite o desenvolvimento de novas tcnicas de diagnstico

    e de novas drogas. Os modelos matemticos atuais so normalmente baseados em

    dados experimentais obtidos de um pequeno conjunto de clulas. Contudo, a car-

    actersticas eltricas das clulas variam ao longo do corao. Essa heterogeneidade

    desempenha um papel essencial, porm gera diculdades modelagem computa-

    cional. Atualmente no existem modelos globais capazes de reproduzir a atividade

    eltrica de diferentes clulas, mesmo que vizinhas.

    Este trabalho tem como objetivo avaliar uma metodologia baseada em algoritmos

    genticos que visa ajustar automaticamente modelos existentes da eletrosiologia

    celular a dados experimentais obtidos de uma clula ou de um conjunto de clulas

    do corao. A metodologia proposta implementada e avaliada por de diferentes

    experimentos numricos. Os modelos ajustados pelos Algoritmos Genticos foram

    capazes de reproduzir a atividade eltrica medida por diferentes experimentos in-

    vitro. Alm disso, os modelos gerados pelos Algoritmos Genticos foram validados

    por de novos experimentos in-vitro que utilizam drogas de efeitos conhecidos, que

    bloqueiam canais inicos especcos. Os resultados preliminares sugerem que a

    metodologia proposta uma ferramenta promissora para apoiar o desenvolvimento

    e o uso de modelos celulares.

    iv

  • Abstract of Dissertation presented to UFJF as a partial fulllment of the

    requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

    AJUSTE AUTOMTICO DE MODELOS CELULARES APOIADO POR

    ALGORITMOS GENTICOS

    Rafael Sachetto Oliveira

    Agosto/2008

    Supervisor: Rodrigo Weber Dos Santos

    The modeling of the electrical activity of the heart is of great medical and sci-

    entic interest, because it provides a way for a better understanding of the related

    biophysical phenomena and it allows the development of new techniques for diag-

    noses, as well as new drugs. The current mathematical models are usually based on

    experimental data obtained from a small collection of cells. However, the electrical

    characteristics of cells vary along the heart. This heterogeneity plays a key role, but

    creates computational modeling diculties. Currently, there are no global models

    capable of reproducing the electrical activity of dierent cells, even if neighbours.

    This work has as objective to evaluate a methodology based on Genetic Algo-

    rithms that aims to automatically adjust existing models of cellular electrophysiol-

    ogy to experimental data obtained from a cell or a collection of cardiac cells. The

    proposed methodology is implemented and evaluated through dierent numerical

    experiments. The models, adjusted by Genetic Algorithms, were able to reproduce

    the electrical activity measured by various in vitro experiments. Furthermore, the

    models generated by Genetic Algorithms were validated through new in vitro exper-

    iments using known eects of drugs which block specic ion channels. Preliminary

    results suggest that the proposed methodology is a promising tool to support the

    development and use of cellular models.

    v

  • Sumrio

    1 Introduo 1

    2 Modelagem da Eletrosiologia Cardaca 5

    2.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    2.2 Fisiologia da Membrana Celular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

    2.3 Potencial de Ao e Excitabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular . . . . . . . . . . . . . 9

    2.4.1 Potenciais de Equilbrio da Membrana Celular . . . . . . . . . 10

    O Potencial de Nernst . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

    Equao de Goldman-Hodgkin-Katz . . . . . . . . . . . . . . . 12

    2.4.2 Modelos para a Corrente Inica . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

    2.4.3 Canais Inicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    O Modelo de Dois Estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    O Modelo de Subunidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    2.5 O Modelo de HODGKIN e HUXLEY (1952) . . . . . . . . . . . . . . 17

    2.6 O Modelo de COURTEMANCHE et al. (1998) . . . . . . . . . . . . . 20

    2.7 O Modelo de NYGREN et al. (1998) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    2.8 O Modelo de RAMIREZ et al. (2000) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    vi

  • 3 O Problema de Ajuste Automtico 29

    4 Algoritmos Genticos 32

    4.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    4.2 Representao dos Indivduos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    4.2.1 Codicao Binria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    4.2.2 Codicao Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

    4.3 Populao Inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    4.4 Funo de Aptido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    4.5 Seleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

    4.6 Elitismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    4.7 Esquemas de Reproduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    4.7.1 Esquema de Reproduo Geracional . . . . . . . . . . . . . . . 41

    4.7.2 Esquema de Reproduo Steady-state . . . . . . . . . . . . . . 42

    4.8 Operadores Genticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

    4.8.1 Operadores para Codicao Binria . . . . . . . . . . . . . . 42

    Crossover de Um Ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Crossover de Dois Pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Crossover Uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    Mutao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

    4.8.2 Operadores para Codicao Real . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    Crossover Uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    Crossover Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

    Crossover Aritmtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    BLX- crossover (Blended Crossover) . . . . . . . . . . . . . 46

    vii

  • Crossover Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    Crossover Discreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    Crossover de Linha Estendida . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

    Crossover Intermedirio Estendido . . . . . . . . . . . . . . . 47

    Crossover Heurstico de Wright . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    Crossover Linear BGA(Breeder Genetic Algorithm) . . . . . . 47

    Mutao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    Mutao Aleatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    Mutao No-uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    Mutao de Mhlenbein . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

    5 Algoritmos Genticos Paralelos 49

    5.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

    5.2 Modelos de Algoritmos Genticos Paralelos . . . . . . . . . . . . . . . 50

    5.2.1 Algoritmos Genticos Paralelos Globais (mestre-escravo) . . . 50

    5.2.2 Algoritmos Genticos de Ilhas Distribudas . . . . . . . . . . . 51

    5.2.3 Algoritmos Genticos Celulares . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    6 Metodologia 57

    6.1 Implementao dos Modelos Computacionais . . . . . . . . . . . . . . 57

    6.2 Implementao do Algoritmo Gentico . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    6.2.1 Funes de Aptido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

    6.3 Dados Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

    6.3.1 Extrao de Caractersticas dos Dados Experimentais . . . . . 61

    6.4 Parmetros Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    viii

  • 6.5 Experimentos Realizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    6.5.1 Mtricas Adotadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

    7 Resultados 65

    7.1 Ajuste a um nico Potencial de Ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    7.1.1 Ajustes Courtemanche x Courtemanche . . . . . . . . . . . . . 65

    7.1.2 Ajustes Nygren x Courtemanche . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    7.2 Ajuste a Mltiplos Potenciais de Ao . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    7.3 Ajuste a Dados Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    7.3.1 Resultados com os Dados de Controle . . . . . . . . . . . . . . 73

    7.3.2 Validao dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

    8 Discusso 76

    8.1 Ajustes Courtemanche x Courtemanche . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

    8.2 Ajustes Nygren x Courtemanche . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

    8.3 Ajuste a Dados Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

    8.3.1 Resultados com os Dados de Controle . . . . . . . . . . . . . . 78

    8.3.2 Validao dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

    9 Problemas Inversos Relacionados Eletrosiologia Cardaca 81

    9.1 Trabalhos Relacionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

    9.2 Contribuies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

    9.3 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

    10 Concluses 88

    ix

  • Lista de Figuras

    2.1 Viso da membrana celular (bi-camada fosfolipdica e protenas que

    a permeiam). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    2.2 Ilustrao esquemtica de um potencial de ao medido na membrana

    de um micito cardaco (adaptado de (SACHSE, 2004)). . . . . . . . 8

    2.3 A Membrana celular e sua aproximao por um circuito resistor ca-

    pacitor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

    2.4 Fluxo, potenciais e concentraes inicas da equao de Nernst (adap-

    tada de (SACHSE, 2004)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    2.5 Fluxo, potenciais e concentraes inicas da equao de Goldman-

    Hodgkin-Katz (adaptada de (SACHSE, 2004)). . . . . . . . . . . . . . 13

    2.6 Variao da condutividade de sdio (GNa) em funo do tempo aps

    uma mudana no potencial transmembrnico (Adaptado de (KEENER

    e SNEYD, 1998)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    2.7 Potencial de ao do modelo de HODGKIN e HUXLEY (1952) (adap-

    tado de KEENER e SNEYD (1998)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    2.8 Variao das condutividades gna e gk do modelo Hodgkin-Huxley du-

    rante um potencial de ao (adaptado de KEENER e SNEYD (1998)). 19

    2.9 Representao esquemtica das correntes e bombas includas no mod-

    elo Courtemanche et al. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.10 Potencial de ao gerado pelo modelo Courtemanche . . . . . . . . . 22

    x

  • 2.11 Representao esquemtica dos compartimentos no modelo Nygren

    et al. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    2.12 Potencial de ao gerado pelo modelo Nygren . . . . . . . . . . . . . 26

    2.13 Representao esquemtica do micito do trio canino no modelo RNC. 26

    2.14 Potencial de ao gerado pelo modelo RNC . . . . . . . . . . . . . . . 28

    3.1 PA gerado pelo modelo de Courtemanche e suas caractersticas . . . . 30

    4.1 Ciclo de um algoritmo gentico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    4.2 Seleo proporcional aptido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    4.3 Algoritmo gentico geracional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

    4.4 Algoritmo gentico steady-state . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

    4.5 Crossover de um ponto de 2 gentipos com 5 bits . . . . . . . . . . . 43

    4.6 Crossover de dois pontos de 2 gentipos com 5 bits . . . . . . . . . . 44

    4.7 Crossover uniforme de 2 gentipos com 5 bits . . . . . . . . . . . . . 44

    4.8 Mutao de 1 bit em um gentipo com 5 bits . . . . . . . . . . . . . . 45

    5.1 Viso esquemtica do modelo mestre-escravo . . . . . . . . . . . . . . 51

    5.2 Algoritmo executado no mestre no modelo mestre-escravo . . . . . . . 52

    5.3 Algoritmo executado no escravo no modelo mestre-escravo . . . . . . 53

    5.4 O modelo de ilhas com subpopulaes semi-isoladas . . . . . . . . . . 53

    5.5 Algoritmo para o modelo de ilhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    5.6 Populao representada como uma grade 2-D. Uma possvel vizin-

    hana de um indivduo (preto) est marcada de cinza. . . . . . . . . . 55

    5.7 Algoritmo para o modelo celular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

    6.1 PAs de controle, aps aplicao de Nimodipine e aps aplicao de

    dofetilide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

    xi

  • 7.1 Aptido e erro do melhor indivduo x nmero de geraes utilizando

    a funo F1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

    7.2 Aptido de todos os indivduos x nmero de geraes utilizando a

    funo F1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    7.3 Aptido e erro do melhor indivduo x nmero de geraes utilizando

    a funo F2 e ajustando o modelo Courtemanche ao modelo Courte-

    manche. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

    7.4 Aptido de todos os indivduos x nmero de geraes utilizando a

    funo F2 e ajustando o modelo Courtemanche ao modelo Courte-

    manche. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

    7.5 Aptido de todos os indivduos x nmero de geraes utilizando a

    funo F1 e ajustando o modelo Nygren ao modelo Courtemanche. . . 69

    7.6 Aptido de todos os indivduos x nmero de geraes utilizando a

    funo F2 e ajustando o modelo Nygren ao modelo Courtemanche. . . 70

    7.7 Ajuste Nygren x Courtemanche 1Hz utilizando a Equao 6.4 como

    funo de avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    7.8 Ajuste Nygren x Courtemanche 1Hz utilizando a Equao 6.5 como

    funo de avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    7.9 Aptido do melhor indivduo x nmero de geraes utilizando a funo

    F2 e ajustando o modelo Courtemanche a mltiplos potenciais de ao 72

    7.10 PA simulado usando os parmetros encontrados na melhor execuo,

    juntamente com PA's gerados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    7.11 Aptido do melhor indivduo x nmero de geraes utilizando a funo

    F2 e ajustando o modelo RNC aos dados experimentais . . . . . . . . 74

    7.12 PA simulado usando os parmetros encontrados na melhor execuo,

    juntamente com 3 PA's de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

    7.13 Erro entre os PA's gerados variando GCaL e os dados da droga Ni-

    modipine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

    7.14 Erro entre os PA's gerados variando GKr e os dados da droga Dofetilide 75

    xii

  • 8.1 Simulao do efeito da droga dofetilide . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

    8.2 Simulao do efeito da droga nimodipine . . . . . . . . . . . . . . . . 79

    8.3 PA's de controle e drogas simulados com o modelo gerado. . . . . . . 79

    8.4 PA's de controle e drogas simulados com o modelo RNC sem ajustes. 80

    9.1 Potenciais de ao simulados com o modelo para o NSA de camundon-

    gos gerado com o auxlio do AG (retirada de CAMPOS (2008)). . . . 85

    9.2 PA simulado e PAs experimentais de clulas de controle (no infectado). 86

    9.3 PA simulado e PAs experimentais de clulas chagsicas. . . . . . . . . 87

    xiii

  • Lista de Tabelas

    6.1 Mdias e desvios-padro dos dados experimentais 1Hz . . . . . . . . . 62

    6.2 Mdias e desvios-padro nos experimentos articiais 1Hz . . . . . . . 64

    7.1 Resultados Courtemanche x Courtemanche 1Hz utilizando a Equao

    6.4 como funo de avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

    7.2 Resultados Courtemanche x Courtemanche 1Hz utilizando a Equao

    6.5 como funo de avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

    7.3 Resultados Nygren x Courtemanche 1Hz utilizando a Equao 6.4

    como funo de avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

    7.4 Resultados Nygren x Courtemanche 1Hz utilizando a Equao 6.5

    como funo de avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

    7.5 Resultados utilizando os experimentos articiais . . . . . . . . . . . . 72

    7.6 Resultados do ajuste RNC x Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    xiv

  • Lista de Redues

    AG Algoritmo Gentico

    DPA Durao do Potencial de Ao

    DPA30 Durao do Potencial de Ao a 30% da Fase de Repolarizao

    DPA50 Durao do Potencial de Ao a 50% da Fase de Repolarizao

    DPA90 Durao do Potencial de Ao a 90% da Fase de Repolarizao

    EDOs Equaes Diferenciais Ordinrias

    PA Potencial de Ao

    ECG Eletrocardiograma

    OMS Organizao Mundial de Sade

    NSA Nodo Sinoatrial

    GHK Goldman-Hodgkin-Katz

    RS Retculo sarcoplasmtico

    RNC Ramirez-Nattel-Courtemanche

    CARP Cardiac Arrhythmias Research Package

    MPI Message Passing Interface

    xv

  • Captulo 1

    Introduo

    As doenas cardacas so responsveis por um tero do total de mortes no mundo

    (OMS, 2008). Acredita-se que mais de 300 mil pessoas morrem no Brasil vtimas de

    anomalias relacionadas principalmente atividade eltrica do corao. O conheci-

    mento sobre a eletrosiologia cardaca fundamental para a compreenso de muitos

    aspectos do comportamento siolgico e patosiolgico do corao (SACHSE, 2004).

    A eletrosiologia est fortemente acoplada deformao mecnica que faz com que

    o corao exera a funo de bomba de sangue.

    A contrao do corao precedida por uma descarga eltrica, denominada po-

    tencial de ao (PA), no interior de cada clula do msculo cardaco (micitos).

    Para que o corao funcione como uma bomba, todos os micitos devem se con-

    trair simultaneamente. Este sincronismo obtido pela da propagao dos PAs, que

    funcionam como mensagens entre as clulas cardacas. A propagao dessa onda

    eltrica iniciada e controlada por um grupo especco de micitos que possui a

    habilidade de gerar PAs peridicos. A regio responsvel por essa atividade de

    marca-passo cardaco denominada Nodo Sinoatrial (NSA) e est localizada no

    trio direito. O PA gerado no NSA transmitido para dentro dos trios direito

    e esquerdo, e, em seguida, para os ventrculos atravs do septo interventricular e

    de clulas especializadas para a conduo rpida do PA (Fibras de Purkinje). Sob

    condies normais, esse processo se repete vrias vezes, causando batidas ritmadas

    de, aproximadamente, setenta e duas vezes por minuto em seres humanos. Esse

    sistema suscetvel a danos causados por doenas cardacas que podem resultar em

  • 2

    arritmias e contraes anormais que podem levar a morte.

    Os processos biofsicos envolvidos na gerao e propagao do PA celular so

    extremamente complexos, de natureza altamente no-linear, e envolvem mltiplas

    escalas. A modelagem matemtica est entre as ferramentas que oferecem uma

    maneira atrativa de estudar o comportamento eltrico das clulas. Os modelos

    podem nos dar informaes sobre uma variedade de alteraes patolgicas ou rela-

    cionadas a drogas nas clulas cardacas. Uma descrio apurada de um PA , por-

    tanto, essencial para os estudos de modelagem da eletrosiologia que visam elucidar

    a funo cardaca sob condies normais ou patolgicas.

    Os modelos matemticos atuais so normalmente baseados em ajustes de curvas

    extradas de experimentos. Devido variedade inerente aos processos biolgicos,

    a proposta dos modelos , portanto, reproduzir a mdia das caractersticas obser-

    vadas experimentalmente. Porm, a morfologia dos PAs varia ao longo do corao

    (ANTZELEVITCH et al., 1991; LIU et al., 1993; LITOVSKY e ANTZELEVITCH,

    1988). Essa heterogeneidade desempenha um papel muito importante (GINTANT,

    1995; FENG et al., 1998; RAMIREZ et al., 2000) mas gera diculdades modelagem.

    Atualmente no existem modelos globais que reproduzem a variao das formas de

    onda dos PA observada ao longo de uma determinada regio (SYED et al., 2005b).

    Existem na membrana celular protenas com arranjos especiais que formam

    canais que a permeiam, permitindo a passagem de molculas polares e ons: os

    canais inicos. Esses canais so os componentes chaves da gerao do potencial de

    ao. Em regies vizinhas, postula-se que os canais inicos esto presentes nas mem-

    branas celulares e que as diferenas nos PAs so resultantes da regulao para mais

    ou menos das protenas que expressam os canais. A quantidade de canais inicos

    em uma clula comumente caracterizada por uma condutividade eltrica mxima.

    Sendo assim, um PA em particular poderia ser reproduzido pelo ajuste das condu-

    tividades de um modelo desenvolvido para a regio do corao em questo. Usando

    esta hiptese, NYGREN et al. (2001) reproduziram PAs com morfologias diferentes

    das do modelo original, ajustando os valores das condutividades. Determinar esses

    ajustes, no entanto, um processo tedioso e demorado, devido interdependncia

    no-linear entre os parmetros do modelo.

    Baseado nessa hiptese, um algoritmo de otimizao deveria ser capaz de gerar

  • 3

    automaticamente PAs com formas de onda arbitrrias somente pelo ajuste das con-

    dutividades dos canais inicos mais importantes. Segundo SYED et al. (2005b),

    mtodos tradicionais de otimizao baseados em gradientes tendem a falhar nesse

    tipo de problema, porque a dinmica dos canais so funes no-lineares do po-

    tencial e do tempo. Alm disso, os modelos atuais possuem mais de 30 equaes

    diferenciais altamente no-lineares e acopladas (NYGREN et al., 1998). Os algo-

    ritmos genticos (AGs) so uma alternativa atraente para este tipo de otimizao,

    visto que estes no dependem de derivadas.

    AGs so sistemas que resolvem problemas de otimizao e de estimativa de

    parmetros combinando tcnicas de busca diretas e estocsticas. Eles fazem uma

    busca multidirecional mantendo uma populao de possveis solues e encorajando

    a troca de informao (MICHALEWICZ, 1996).

    Neste trabalho, um AG foi implementado com o objetivo de ajustar as condu-

    tividades inicas de modelos a m de reproduzir caractersticas observadas exper-

    imentalmente. Devido ao longo tempo de execuo dos modelos celulares, o AG

    foi implementado para ser executado em paralelo, podendo utilizar um cluster de

    computadores. Em um primeiro momento, esta metodologia foi avaliada por ajustes

    usando dados articiais, ou seja, obtidos por simulaes numricas. Por ltimo, o AG

    foi utilizado para ajustar o modelo de Ramirez-Nattel-Courtemanche (RAMIREZ

    et al., 2000), que modela o trio canino, a dados experimentais obtidos de clulas

    de trio canino.

    Portanto, este trabalho tem como objetivo avaliar uma metodologia baseada

    em um AG para ajustar automaticamente modelos celulares dados experimentais

    disponveis.

    O restante do trabalho est organizado da seguinte forma: uma apresentao

    dos aspectos gerais sobre a modelagem de clulas excitveis apresentada no Cap-

    tulo 2; o problema inverso associado ao ajuste automtico de modelos celulares

    apresentado no Captulo 3; o Captulo 4 apresenta uma introduo sobre algoritmos

    genticos; no Captulo 5 so mostradas e explicadas implementaes clssicas de

    AGs paralelos; j no Captulo 6 apresentamos a metodologia utilizada para realiza-

    o dos testes. Os resultados e a anlise dos experimentos realizados so mostrados

    no Captulo 7; no Captulo 8 discutimos os resultados encontrados;o Captulo 9

  • 4

    mostra alguns trabalhos relacionados ao uso da modelagem cardaca para a res-

    oluo de problemas inversos, contribuies geradas por este trabalho e idias de

    trabalhos futuros. Finalmente no Captulo 10 so feitas as concluses.

  • Captulo 2

    Modelagem da Eletrosiologia

    Cardaca

    2.1 Introduo

    O conhecimento sobre a eletrosiologia cardaca fundamental para a compreen-

    so de muitos aspectos do comportamento siolgico e patosiolgico do corao

    (SACHSE, 2004). A eletrosiologia est fortemente acoplada deformao mecnica

    que faz com que o corao exera a funo de bomba de sangue.

    Para que o corao exera corretamente sua funo, os micitos precisam es-

    tar sincronizados. Essa sincronizao feita pela propagao rpida de uma onda

    eltrica por todo o orgo, o que leva contrao. A propagao desta onda mod-

    ulada por potenciais extracelulares resultantes de atividades eltricas nas clulas ou

    de uxos externos de corrente.

    Vrios experimentos vm sendo realizados com o objetivo de se obter um maior

    conhecimento relativo a eletrosiologia cardaca (SACHSE, 2004). Nesses experi-

    mentos so coletados dados eletrosiolgicos dos domnios intra-, extra- e intercelu-

    lar de regies funcionais especcas e do corao como um todo. Os dados so, por

    exemplo, voltagens entre membranas em diferentes domnios espaciais, uxos e con-

    centraes de ons. Os experimentos vo de medidas de abertura de um nico canal

    inico at registros de eletrocardiogramas. Os fenmenos descobertos por esses ex-

  • 2.2 Fisiologia da Membrana Celular 6

    perimentos so atribudos, por exemplo, a mudanas do estado eletrosiolgico de

    componentes celulares (membrana celular, canais inicos, bombas e estruturas in-

    tracelulares como o retculo sarcoplasmtico).

    Parte dos dados obtidos por esses experimentos usada para o desenvolvimento

    de modelos matemticos com diferentes nveis de abstrao. Esses modelos per-

    mitem a simulao computacional do comportamento eletrosiolgico pelo uso de

    mtodos numricos. A reproduo de dados previamente medidos e a descoberta e

    compreenso de novos fenmenos so alguns dos objetivos da modelagem computa-

    cional.

    Neste captulo iremos abordar a modelagem dos diferentes componentes celu-

    lares. Neste contexto, o trabalho clssico de Hodgkin e Huxley (HODGKIN e HUX-

    LEY, 1952) tambm ser apresentado. Nele foram usados dados eletrosiolgicos do

    axnio gigante da lula para o desenvolvimento de um modelo matemtico. A maio-

    ria dos modelos matemticos modernos para clulas nervosas e musculares ainda

    baseada na metodologia desenvolvida por Hodgkin e Huxley (SACHSE, 2004). Pelo

    desenvolvimento desta metodologia Sir John Carew Eccles, Alan Lloyd Hodgkin e

    Andrew Fielding Huxley receberam o prmio Nobel de Medicina ou Fisiologia em

    1963.

    Os modelos de COURTEMANCHE et al. (1998), NYGREN et al. (1998) e

    RAMIREZ et al. (2000) tambm sero apresentados neste captulo. Esses mode-

    los foram utilizados nos experimentos numricos deste trabalho.

    2.2 Fisiologia da Membrana Celular

    A membrana celular (ou plasmtica) engloba a clula, denindo seus limites e

    separando o meio intracelular do extracelular. A membrana celular a principal

    responsvel pelo controle de sada e entrada de substncias da clula assim, como

    pela manuteno da concentrao inica intracelular distinta da do meio extracelu-

    lar. Ela constituda por duas camadas fosfolipdicas uidas e contnuas, como

    mostrado na Figura 2.1.

    Existem na membrana protenas com arranjos especiais que formam canais que

    a permeiam permitindo a passagem de molculas polares e ons, os canais inicos. A

  • 2.3 Potencial de Ao e Excitabilidade 7

    Figura 2.1: Viso da membrana celular (bi-camada fosfolipdica e protenas que a

    permeiam).

    Figura 2.1 mostra uma viso esquemtica de como as protenas formam canais pelos

    quais ons podem passar. Os canais so especializados e somente uma substncia ou

    um pequeno grupo de ons pode passar atravs de um canal em particular.

    A diferena da composio qumica e eltrica nos udos intra e extracelular gera

    uma diferena de potencial na membrana, o potencial transmembrnico. Esta difer-

    ena de potencial tem papel fundamental na comunicao intercelular, os impulsos

    eltricos, como veremos a seguir.

    2.3 Potencial de Ao e Excitabilidade

    Vimos na sesso anterior que existe na membrana celular uma diferena de po-

    tencial que gera uxos inicos atravs da membrana. A regulao do potencial

    transmembrnico pelos canais inicos uma das funes mais importantes da clula

    (KEENER e SNEYD, 1998). Vrios tipos de clulas, como neurnios e clulas mus-

    culares, usam este potencial como um sinal. Assim o funcionamento do sistema

    nervoso e da contrao muscular, por exemplo, dependem da gerao e propagao

    de sinais eltricos, isto , do potencial de ao.

    Para entendermos os sinais eltricos nas clulas podemos dividir todos os tipos

    de clula em dois grupos: clulas excitveis e clulas no-excitveis. Muitas clulas

    mantm um potencial de equilbrio estvel. Para algumas delas, se correntes eltricas

  • 2.3 Potencial de Ao e Excitabilidade 8

    so aplicadas em um perodo curto de tempo, o potencial retorna diretamente para

    o equilbrio depois que a corrente removida. Tais clulas so chamadas de no-

    excitveis.

    Entretanto, existem clulas para nas a injeo de uma corrente sucientemente

    forte faz com que o potencial transmembrnico percorra um longo caminho, denom-

    inado potencial de ao, antes de retornar ao repouso. Tais clulas so denominadas

    excitveis. Podemos citar como clulas excitveis: clulas cardacas, musculares, se-

    cretoras e a maioria dos neurnios. A vantagem mais bvia da excitabilidade que

    uma clula excitvel ou responde completamente a um estmulo ou no responde.

    Assim, um estmulo com amplitude suciente pode ser distinguido de um simples

    rudo. Desta maneira, o rudo ltrado e o sinal transmitido conavelmente.

    Figura 2.2: Ilustrao esquemtica de um potencial de ao medido na membrana

    de um micito cardaco (adaptado de (SACHSE, 2004)).

    A Figura 2.2 mostra uma ilustrao esquemtica de um potencial de ao medido

    na membrana de um micito cardaco. Uma corrente de estmulo aplicada em um

    micito cujo potencial transmembrnico est em repouso. Aps uma rpida despo-

    larizao o potencial transmembrnico atinge valores positivos. Aps uma rpida

    queda a fase de plateau relativamente longa iniciada. No nal a repolarizao leva

    a clula novamente ao potencial de repouso.

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 9

    2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular

    Se desconsiderarmos a existncia de canais inicos, a principal caracterstica da

    membrana a separao de cargas entre o meio extracelular e o meio intracelular.

    Por esse motivo, a membrana pode ser vista como um capacitor (HILLE, 2001).

    Sendo assim, o potencial na membrana Vm proporcional carga Q:

    Vm =Q

    Cm, (2.1)

    onde Cm a capacitncia da membrana.

    No entanto, existncia de canais inicos que permitem a passagem de ons pela

    membrana faz com que a ela no possa ser vista como um simples capacitor.

    mais correto acrescentar ao modelo um resistor ou elemento no linear acoplado

    em paralelo ao capacitor, o qual modela a passagem da corrente Iion pelos canais

    inicos. A Figura 2.3 mostra a membrana celular e sua aproximao por um circuito

    resistor-capacitor. O circuito consiste de um resistor no linear Rm e um capacitor

    Cm. O potencial sobre a membrana Vm denido pela diferena entre o potencial

    extracelular e e o potencial intracelular i.

    Figura 2.3: A Membrana celular e sua aproximao por um circuito resistor

    capacitor.

    O uxo inico mudar a quantidade de carga separada pela membrana, e tambm

    o potencial transmembrnico. Podemos calcular a corrente capacitiva IC da seguinte

    maneira:dVmdt

    =d

    dt

    Q

    Cm=

    ICCm

    (2.2)

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 10

    assumindo que a capacitncia Cm constante ao longo do tempo. Essa equao

    a base da maioria dos modelos eletrosiolgicos de membranas e clulas (SACHSE,

    2004).

    A corrente transmembrnica total a soma das correntes capacitiva e inica,

    Im = Iion + IC (2.3)

    Combinando 2.2 com 2.3 temos:

    Im = Iion + CmdVmdt

    (2.4)

    Se o circuito na Figura 2.3 for fechado, no haver transporte de ons na malha,

    ento pela conservao da corrente:

    Iion + CmdVmdt

    = 0 (2.5)

    2.4.1 Potenciais de Equilbrio da Membrana Celular

    A descrio da membrana celular como um circuito resistor-capacitor no consid-

    era a existncia de uma diferena de potencial eltrico atravs da membrana celular

    (SACHSE, 2004). Essa diferena encontrada devido diferena de concentrao de

    ons atravs da membrana e a diferena de permeabilidade da membrana aos diver-

    sos ons. As equaes de Nernst e Goldman-Hodgin-Katz so usadas na modelagem

    da eletrosiologia e descrevem esta diferena de potencial.

    O Potencial de Nernst

    Nesta seo iremos mostrar a equao de Nernst, a qual descreve o potencial de

    equilbrio i e atravs da membrana celular resultante das concentraes inicas[k]i e [k]e. No equilbrio o uxo do on k devido a foras eltricas jE,k e a difuso

    jD,k igual a zero (veja Figura 2.4).

    O uxo de ons atravs dos canais existentes na membrana ir depender do

    potencial transmembrnico. Para uma corrente puramente resistiva um bom modelo

    seria:~J = ~E (2.6)

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 11

    Figura 2.4: Fluxo, potenciais e concentraes inicas da equao de Nernst

    (adaptada de (SACHSE, 2004)).

    Aqui temos a lei de Ohm, na qual ~J a corrente, ~E o campo eltrico e

    uma condutividade constante. Porm, os canais inicos so mais complicados do

    que simples resistncias (SUNDNES et al., 2002). O uxo depende da concentrao

    inica e do potencial eltrico. Sabemos que o campo eltrico pode ser escrito como

    o gradiente de um potencial escalar, ~E = . Se assumirmos que no existemgradientes de concentrao, o uxo de ons jE,k gerado por um campo eltrico dado

    pela equao de Planck (SACHSE, 2004):

    ~jE,k = ukzk|zk|

    [k], (2.7)

    em que uk a mobilidade do on k, zk a valncia do on, [k] a concentrao e

    o potencial eltrico.

    Alm do uxo devido ao campo eltrico, existe tambm um uxo gerado pelo

    gradiente de concentrao. Em um campo eltrico neutro esse uxo no ser zero

    pois os ons se movero para regies de menor concentrao. Isto pode ser modelado

    pela lei de Fick (SACHSE, 2004):

    ~jD,k = Dk[k], (2.8)

    onde Dk o coeciente de difuso do on k. No caso geral temos tanto campos

    eltricos no-nulos quanto gradientes de concentrao. Por esse motivo, a corrente

    total a soma da corrente difusiva com a corrente gerada pelo campo eltrico,

    ~jk = ~jD,k + ~jE,k (2.9)

    Existe uma relao, determinada por Einstein (KEENER e SNEYD, 1998), entre

    a mobilidade uk e a difuso de Fick D:

    uk = D|zk|RT

    , (2.10)

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 12

    em que F a constante de Faraday, R a constante universal dos gases perfeitos e

    T a temperatura absoluta. Assim a corrente total pode ser escrita como:

    ~jk = D([k] + zkF

    RT[k]

    )(2.11)

    Nesse sistema o equilbrio alcanado quando o uxo total jk do on k atravs

    da membrana zero. Assim o equilbrio alcanado se

    ~jk = ~jD,k + ~jE,k = 0 (2.12)

    Para o uxo atravs dos canais na membrana razovel considerar somente vari-

    aes ao longo do comprimento do canal (KEENER e SNEYD, 1998). Podemos

    tambm ajustar o sistema de coordenadas tal que o eixo x esteja ao longo do com-

    primento do canal, com x = 0 sendo a fronteira interior do canal e x = L a fronteira

    exterior. Em 1D, com ~jk = 0, a equao 2.11 caria:

    d[k]

    dx+zkF

    RT[k]d

    dx= 0. (2.13)

    Dividindo por [k] e integrando de 0 at L temos L0

    1

    [k]

    d[k]

    dxdx+

    L0

    zkF

    RT

    d

    dxdx = 0 (2.14)

    e nalmente

    ln([k])|[k](L)[k](0) = zkF

    RT((L) (0)) = zkF

    RTEk, (2.15)

    sendo que Ek = i e. O valor do potencial transmembrnico com uxo zero

    Ek =RT

    zkFln

    ([k]e[k]i

    ), (2.16)

    em que [k]e e [k]i so as concentraes de k fora e dentro da clula, respectivamente.

    O potencial Ek, para qual o uxo zero, denominado potencial de equilbrio de

    Nernst. Podemos notar que a equao de Nernst s vlida quando consideramos

    a existncia de um nico tipo de on.

    Equao de Goldman-Hodgkin-Katz

    A equao de Goldman-Hodgkin-Katz (GHK) foi desenvolvida para descrever o

    potencial de equilbrio i e atravs da membrana celular resultante de diferentes

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 13

    concentraes inicas de ons distintos, como potssio, sdio e cloro. Essa equao

    estende a equao de Nernst permitindo a ocorrncia de mais de um tipo de on. A

    concentrao de cada tipo de on determinada para os espaos intra- e extracelular.

    Alm disso, existem os uxos de cada on causados tanto pela difuso quanto pelas

    foras eltricas. A Figura 2.5 ilustra a situao quando temos potssio, sdio e cloro.

    Figura 2.5: Fluxo, potenciais e concentraes inicas da equao de

    Goldman-Hodgkin-Katz (adaptada de (SACHSE, 2004)).

    Para esta situao, a equao de Goldman-Hodgkin-Katz determina o potencial

    de equilbrio ou de repouso Er da forma (KEENER e SNEYD, 1998):

    Er = RT

    FlnPK [K

    +]i + PNa[Na+]i + PCl[Cl

    ]ePK [K+]e + PNa[Na+]e + PCl[Cl]i

    (2.17)

    a partir das concentraes inicas, das permeabilidades da membrana a determi-

    nados ons e da temperatura absoluta T . A permeabilidade da membrana para o

    potssio, sdio e cloro representada por Pk, PNa e PCl respectivamente. A perme-

    abilidade de um on k expressa por (SACHSE, 2004):

    Pk =Dkkh

    (2.18)

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 14

    sendo k a espessura da membrana, Dk o coeciente de difuso e k o coeciente de

    partio gua-membrana. Os coecientes de difuso e de partio gua membrana

    so dependentes do tipo de membrana e do on k.

    Para deduzirmos a equao GHK precisamos fazer algumas hipteses simpli-

    cadoras. Considera-se que a membrana homognea, plana e innita. Presume-se

    tambm que as concentraes intra e extracelulares so homogneas, que o campo

    eltrico na membrana constante e que as correntes inicas so independentes entre

    si (HILLE, 2001).

    2.4.2 Modelos para a Corrente Inica

    Quando o potencial transmembrnico diferente do potencial de equilbrio de

    Nernst, uma corrente de ons passa atravs do canal. A forma mais simples de

    expressar a corrente inica e satisfazer o princpio de Nernst por meio de uma

    formulao linear (SUNDNES et al., 2002):

    Ik = gk(Vm Ek), (2.19)

    com gk a condutividade do on e Ek o potencial de equilbrio de Nernst do on k.

    Podemos derivar outro modelo para a corrente inica se assumirmos que o campo

    eltrico constante. Seguindo a notao introduzida em 2.13, podemos escrever

    que = v/L, em que v o potencial constante e L o comprimento do canal.Considerando novamente o caso em 1 dimenso obtemos:

    d[k]

    dx zkFVm

    RTL[k] +

    jkD

    = 0 (2.20)

    Essa uma equao diferencial ordinria em [k] com os valores nos pontos ex-

    tremos conhecidos, e jk uma incgnita a ser determinada. Resolvendo a equao

    obtemos a seguinte expresso para o uxo,

    jk =D

    L

    zkFVmRT

    [k]i [k]e exp(zkFEkRT

    )1 exp

    (zkFVmRT

    ) (2.21)Apesar dessa expresso ser bem mais complicada que a expresso linear, fcil

    vericar que o uxo zero quando Vm = Ek.

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 15

    2.4.3 Canais Inicos

    At agora descrevemos o comportamento de canais inicos com condutividades

    constantes. Porm, a condutividade dos canais inicos pode mudar ao longo do

    tempo em resposta a mudanas no potencial transmembrnico. Isso ocorre porque

    as utuaes do potencial transmembrnico inuenciam as partes carregadas das

    protenas que compem os canais inicos. Por sua vez, estas podem se mover e

    alterar a estrutura do canal.

    O Modelo de Dois Estados

    O comportamento de um canal inico isolado pode ser modelado por estados

    e funes que descrevem a transio entre esses estados. No caso mais simples

    somente dois estados so levados em considerao: aberto e fechado. A transio

    entre os estados estocstica sendo Oi a probabilidade do canal estar aberto e Ci

    a probabilidade dele estar fechado. Temos tambm que Oi +Ci = 1. Alm disso Oi

    e Ci [0, 1].

    Fazendo Oi = n, a variao da probabilidade do canal estar aberto O determi-

    nada por:dn

    dt= (Vm)(1 n) (Vm)n (2.22)

    sendo (Vm) uma taxa responsvel pela transio do estado fechado para o estado

    aberto: Ci Oi; e (Vm) a taxa responsvel pela transio do estado aberto parao estado fechado: Oi Ci. As taxas (Vm) e (Vm) dependem do tipo de canalinico, potencial transmembrnico, concentrao inica, entre outros fatores. No

    equilbrio a variao zero:dn

    dt= 0 (2.23)

    A Equao 2.22 pode ser convenientemente reescrita na forma:

    dn

    dt=n(Vm) nn(Vm)

    (2.24)

    onde

    n(Vm) =(Vm)

    (Vm) + (Vm)(2.25)

  • 2.4 Modelo Matemtico para a Membrana Celular 16

    o valor de equilbrio assinttico de n, e

    n(Vm) =1

    (Vm) + (Vm)(2.26)

    a constante de tempo de n.

    Expresses para n(Vm) e n(Vm) podem ser obtidas diretamente de dados ex-

    perimentais (KEENER e SNEYD, 1998).

    A condutividade macroscpica de uma populao de canais similares dada por:

    gi = Ni n gi,max (2.27)

    com Ni representando o nmero de canais e gi,max a condutividade mxima do canal.

    O Modelo de Subunidades

    No modelo de dois estados, o canal possua somente uma unidade que poderia

    estar aberta ou fechada. Porm para modelarmos canais inicos mais complexos

    temos que considerar que o canal pode ser formado por diferentes subunidades.

    Essas subunidades so independentes e podem estar abertas ou fechadas. Para

    ilustrar iremos mostrar a modelagem de um canal de sdio hipottico.

    Os canais de sdio exibem um rpido aumento da condutividade em resposta s

    variaes no potencial transmembrnico (Figura 2.6). Esse processo, denominado de

    ativao, imediatamente seguido por um segundo processo que lentamente dirige a

    condutividade para zero (inativao). Para descrever o comportamento desses canais

    so necessrios modelos que considerem ambas ativao e inativao do canal.

    Assumimos que o canal formado por 3 subunidades, uma h e duas m. A

    Eq. 2.28 pode ser estendida para o caso particular de canais inicos com duas

    subunidades idnticas m relacionadas a ativao e uma subunidade h associada

    inativao:

    INa = m2hgmax (Vm ENa) (2.28)

    dm

    dt=

    m(Vm)mm(Vm)

    (2.29)

    dh

    dt=

    h(Vm) hh(Vm)

    (2.30)

  • 2.5 O Modelo de HODGKIN e HUXLEY (1952) 17

    Figura 2.6: Variao da condutividade de sdio (GNa) em funo do tempo aps

    uma mudana no potencial transmembrnico (Adaptado de (KEENER e SNEYD,

    1998)).

    em que as subunidades m e h so independentes e podem estar cada uma no estado

    aberto ou fechado e ENa o potencial de Nernst do on sdio.

    As condies iniciais da varivel de ativao m e da varivel de inativao h so 0

    e 1, respectivamente. Sendo assim, inicialmente INa = 0. Depois que Vm se afasta do

    potencial de Nernst (ENa) m tende a m(Vm), como pode ser visto pela Equao

    2.29, onde m(Vm) > 0 e tende a 1 medida que v aumenta. Como m(Vm)

    uma constante de tempo muito rpida INa tende a gmax (Vm ENa) rapidamente.Em paralelo com este processo de ativao est ocorrendo o processo de inativao,

    ou seja, h est passando de 1 para 0, porm, com uma velocidade bem mais lenta

    pois h(Vm) > m(Vm). Como concluso deste comportamento temos a variao da

    condutividade do canal de sdio, que pode ser vista na Figura 2.6. Modelos mais

    complexos de canais inicos podem ser encontrados em KEENER e SNEYD (1998)

    e HILLE (2001).

    2.5 O Modelo de HODGKIN e HUXLEY (1952)

    Omodelo de Hodgkin e Huxley descreve a eletrosiologia da membrana do axnio

    gigante de lula e foi desenvolvido a partir de medidas do comportamento eltrico

    passivo e ativo da clula (HODGKIN e HUXLEY, 1952). A base da descrio do

    potencial de ao proposto por Hodgkin e Huxley o comportamento dos canais de

    sdio e de potssio.

    O PA pode ser dividido em trs fases sucessivas. A fase de repouso, na qual

  • 2.5 O Modelo de HODGKIN e HUXLEY (1952) 18

    diz-se que a membrana est polarizada, o potencial transmembrnico igual ao po-

    tencial de equilbrio. Na fase de despolarizao, a membrana subitamente se torna

    muito permevel ao sdio, permitindo assim que um grande nmero de ons Na+

    disponveis no meio extracelular se difunda no sentido do gradiente de concentrao.

    Em grandes bras nervosas, esse largo uxo de ons Na+ para o interior da clula

    faz com que o potencial na membrana se torne positivo. Finalmente, os canais de

    sdio comeam a se inativar, ao passo que os canais de potssio comeam a se abrir

    mais que o normal. A rpida difuso de potssio em direo ao meio extracelular

    restabelece o potencial de equilbrio da membrana. Essa fase denominada repo-

    larizao. O uxo de K+ atravs dos canais inicos pode diminuir o potencial para

    valores menores que o de repouso. Nesse caso, a membrana dita hiperpolarizada.

    Esta relao entre potencial de ao e as variaes das condutividades de sdio e

    potssio pode ser observada nas Figuras 2.7 e 2.8.

    Figura 2.7: Potencial de ao do modelo de HODGKIN e HUXLEY (1952)

    (adaptado de KEENER e SNEYD (1998)).

    Usando a formulao matemtica podemos calcular correntes de diferentes ons

    que passam atravs da membrana do axnio e o potencial transmembrnico. Este

    potencial, denominado Vm denido como sendo o potencial intracelular menos o

    potencial extracelular e a derivada no tempo de Vm expressa por:

    dVmdt

    = 1Cm

    (Im + Istim) (2.31)

  • 2.5 O Modelo de HODGKIN e HUXLEY (1952) 19

    Figura 2.8: Variao das condutividades gna e gk do modelo Hodgkin-Huxley

    durante um potencial de ao (adaptado de KEENER e SNEYD (1998)).

    onde Cm a capacitncia da membrana, Im a corrente transmembrnica e Istim

    uma corrente de estmulo. A corrente transmembrnica do modelo Hodgkin-Huxley

    dada por

    Im = INa + IK + Il (2.32)

    sendo INa a corrente de sdio, IK a corrente de potssio e Il uma corrente de fuga. A

    corrente de fuga Il uma soma de diferentes correntes inicas, principalmente cloro.

    As correntes so determinadas pelas condutividades gNa, gK e gl, respectivamente,

    e tambm pela diferenas entre o potencial transmembrnico e os potenciais de

    equilbrio ENa, EK e El:

    INa = gNa(Vm ENa) (2.33)

    IK = gK(Vm EK) (2.34)

    Il = gl(Vm El) (2.35)

    Assume-se que a condutividade gl constante e as outras condutividades variam com

    tempo e so dependentes do potencial. As concentraes inicas so consideradas

    constantes, o que leva a potenciais de equilbrio tambm constantes.

    A condutividade de sdio gNa dependente do tempo e do potencial:

    gNa = m3hgNa (2.36)

    onde gNa a condutividade mxima de sdio, m uma varivel adimensional de

    ativao e h uma varivel adimensional de inativao. As taxas dependentes do

  • 2.6 O Modelo de COURTEMANCHE et al. (1998) 20

    potencial m, m, h e h controlam as variveis de ativao e inativao:

    dm

    dt= m(1m) mm (2.37)

    dh

    dt= h(1 h) hh (2.38)

    A condutividade de potssio gk tambm dependente do potencial e do tempo:

    gk = gKn4 (2.39)

    onde gK representa a condutividade mxima de potssio e n uma varivel de estado

    adimensional controlada pelas taxas dependentes de potencial n e n:

    dn

    dt= n(1 n) nn (2.40)

    As funes especcas e propostas pro Hodgkin e Huxley so, em (ms)1:

    m = 0.125 Vm

    exp

    (25 Vm

    10

    ) 1

    , (2.41)

    m = 4 exp

    (Vm18

    ), (2.42)

    h = 0.07 exp

    (Vm20

    ), (2.43)

    h =1

    exp

    (30 Vm

    10

    )+ 1

    , (2.44)

    n = 0.0110 Vm

    exp

    (10 Vm

    10

    ) 1

    , (2.45)

    h = 0.125 exp

    (Vm80

    ). (2.46)

    2.6 O Modelo de COURTEMANCHE et al. (1998)

    O modelo para clulas do trio humano de COURTEMANCHE et al. (1998)

    inclui 15 correntes inicas e bombas, incluindo o mecanismo de manipulao do

    clcio intracelular pelo retculo sarcoplasmtico (RS). As concentraes de clcio,

    sdio e potssio tambm esto includas no modelo. O potencial transmembrnico,

    Vm, satisfaz:dVmdt

    = 1Cm

    (Iion + Istim), (2.47)

  • 2.6 O Modelo de COURTEMANCHE et al. (1998) 21

    onde Cm a capacitncia da membrana, Iion denida como

    Iion = INa+IK1 +Ito+IKur+IKr+ICa,L+Ip,Ca+INaK+INaCa+Ib,Na+Ib,Ca (2.48)

    sendo INa e Ib,Na correntes de sdio, IK1, Ito, IKur, IKr correntes de potssio, ICa,L e

    Ib,Ca correntes de clcio, Ip,Ca corrente da bomba de clcio presente no sarcoplasma,

    INaK corrente da bomba de sdio-potssio, INaCa corrente proveniente do trocador

    Na+/Ca2+ e Istim uma corrente de estmulo. Doze das 15 correntes includas no

    modelo so correntes inicas, dais quais 7 so controladas por variveis de ativao

    e inativao descritas por equaes diferenciais ordinrias (EDOs) da forma

    dy

    dt=y yy

    (2.49)

    onde y a varivel de ativao/inativao em questo e os termos y e y so

    denidos como

    y =y

    y + y, y =

    1

    y + y, (2.50)

    sendo y e y funes de Vm. Expresses completas para y e y podem ser en-

    contradas em COURTEMANCHE et al. (1998). Existem no total 15 variveis de

    ativao/inativao no modelo. As outras correntes so modeladas por equaes

    algbricas ou utilizando cadeias de Markov (MARKOV, 1971).

    Alm das EDOs para os parmetros de ativao/inativao, o modelo de COURTE-

    MANCHE et al. (1998) inclui EDOs para as concentraes de sdio intracelular,

    potssio e clcio ([Na+]i, [K+]i, [Ca2+]i), incluindo a retomada e liberao de clcio

    pelo RS ([Ca2+]up, [Ca2+]rel)

    d[Na+]idt

    =3INa,K 3INaCa Ib,Na INa

    FV oli, (2.51)

    d[K+]idt

    =2INa,K IK1 Ito IKur IKr IKs Ib,K

    FV oli, (2.52)

    d[Ca2+]idt

    =B1

    B2, (2.53)

    B1 =2INaCa Ip,Ca ICa,L Ib,Ca

    2FV oli+V olup(Iup,leak) + IrelV olrel

    V oli, (2.54)

    B2 = 1 +[Trpn]maxKm,Trpn

    ([Ca2+i ] +Km,Trpn)2

    +[Cmdn]maxKm,Cmdn

    ([Ca2+i ] +Km,Cmdn)2, (2.55)

    [Ca2+]updt

    = Iup Iup,leak ItrV olrelV olup

    , (2.56)

    [Ca2+]reldt

    = (Itr Irel){1 + [Csqn]maxKm,Csqn

    ([Ca2+]rel +Km,Csqn)2

    }1, (2.57)

  • 2.6 O Modelo de COURTEMANCHE et al. (1998) 22

    em que F a constante de Faraday, T a temperatura absoluta, V olup o volume

    do compartimento de retomada do RS, V olrel o volume do compartimento de

    liberao do RS e V oli o volume intracelular.

    A Figura 2.9 uma representao esquemtica das correntes e bombas includas

    no modelo. Nele existem 2 compartimentos intracelulares: o citoplasma e o retculo

    sarcoplasmtico.

    Figura 2.9: Representao esquemtica das correntes e bombas includas no

    modelo Courtemanche et al.

    No total, existem 21 EDOs neste modelo. Uma descrio completa pode ser

    encontrada em COURTEMANCHE et al. (1998). A Figura 2.10 mostra o potencial

    de ao gerado pelo modelo Courtemanche.

    Figura 2.10: Potencial de ao gerado pelo modelo Courtemanche

  • 2.7 O Modelo de NYGREN et al. (1998) 23

    2.7 O Modelo de NYGREN et al. (1998)

    O modelo para clulas do trio humano de NYGREN et al. (1998) inclui 12

    correntes inicas e bombas, incluindo o mecanismo de manipulao do clcio in-

    tracelular pelo retculo sarcoplasmtico (RS). As concentraes de clcio, sdio e

    potssio tambm esto includas no modelo. O potencial transmembrnico, Vm,

    satisfaz:dVmdt

    = 1Cm

    (Iion + Istim), (2.58)

    onde Cm a capacitncia da membrana, Iion denida como

    Iion = INa + ICa,L + It + Isus + IK,r + IK,s + IK1 + Ib,Na + Ib,Ca + INaK + ICaP + INaCa

    (2.59)

    sendo INa e Ib,Na correntes de sdio, IK1, It, Isus, IK,r e IK,s correntes de potssio,

    ICa,L e Ib,Ca correntes de clcio, ICaP corrente da bomba de clcio presente no sar-

    coplasma, INaK corrente da bomba de sdio-potssio, INaCa corrente proveniente do

    trocador Na+/Ca2+ e Istim uma corrente de estmulo.

    Nove das 12 correntes includas no modelo so correntes inicas, dais quais 6 so

    controladas por variveis de ativao e inativao descritas por EDOs da forma

    dy

    dt=y yy

    (2.60)

    onde y a varivel de ativao/inativao em questo. Expresses completas para

    y e y podem ser encontradas em NYGREN et al. (1998).

    O modelo NYGREN et al. (1998) descreve o comportamento eltrico da clula

    levando em considerao as concentraes de ons em trs compartimentos: o es-

    pao intracelular, o espao extracelular e um espao intermedirio entre o intra e

    extracelular denominado espao ssural (veja Figura 2.11). Esse espao denido

    em NYGREN et al. (1998) como sendo um espao restrito ao redor da clula onde

    o acmulo ou a diminuio de ons pode ocorrer.

    As concentraes intracelulares de sdio, potssio e clcio ([Na+]i, [K+]i, [Ca2+]i)

  • 2.7 O Modelo de NYGREN et al. (1998) 24

    Figura 2.11: Representao esquemtica dos compartimentos no modelo Nygren et

    al.

    so calculadas usando as seguintes EDOs:

    d[Na+]idt

    =INa + IB,Na + 3INaK + 3INaCa + Na,en

    FV oli, (2.61)

    d[K+]idt

    =It + Isus + IK1 + IK,s + IK,r 2INaK

    FV oli, (2.62)

    d[Ca2+]idt

    =Idi + IB,Ca + ICaP 2INaCa + Iup Irel

    2.0FV oli dO

    dt, (2.63)

    dO

    dt= 0.08

    dOTCdt

    + 0.16dOTMgC

    dt+ 0.045

    dOCdt

    , (2.64)

    d[Ca2+]idt

    = ICa,L Idi2.0FV old

    , (2.65)

    em que F a constante de Faraday e V oli o volume intracelular.

    Existem tambm EDOs para o clculo das concentraes de ons no espao s-

    sural:

    d[Na+]cdt

    =[Na+]b [Na+]c

    Na+INa + IB,Na + 3INaK + 3INaCa + Na,en

    FV olc, (2.66)

    d[K+]cdt

    =[K+]b [K+]c

    K+It + Isus + IK1 + IK,s + IK,r 2INaK

    FV olc, (2.67)

    d[Ca2+]cdt

    =[Ca2+]b [Ca2+]c

    Ca+ICa,L + IB,Ca + ICaP 2INaCa

    2.0FV oli. (2.68)

    As seguintes equaes descrevem a liberao e retomada do clcio pelo retculo

  • 2.8 O Modelo de RAMIREZ et al. (2000) 25

    sarcoplasmtico no modelo Nygren et al :

    Iup = Iup[Ca2+]i/kcyca k2xcs[Ca2+]up/ksrca

    ([Ca2+]i + kcyca)/kcyca + kxcs([Ca2+]up + ksrca)/ksrca,(2.69)

    Itr = ([Ca2+]up [Ca2+]rel)

    2F V olreltr

    , (2.70)

    Irel = rel

    (F2

    F2 + 0.25

    )2([Ca2+]rel [Ca2+]i), (2.71)

    dOCalsedt

    = 480.0[Ca2+]rel(1.0OCalse) 400OCalse, (2.72)

    d[Ca2+]reldt

    =Itr Irel2V olrelF

    31.0dOCalsedt

    , (2.73)

    d[Ca2+]updt

    =Iup Itr2V olupF

    , (2.74)

    dF1dt

    = rrecov(1.0 F1 F2) ractF1, (2.75)

    dF2dt

    = ractF1 rinactF2, (2.76)

    ract = 203.8

    {([Ca2+]i

    [Ca2+]i + krel,i

    )4+

    ([Ca2+]d

    [Ca2+]d + krel,d

    )4}, (2.77)

    rinact = 33.96 + 339.6

    ([Ca2+]i

    [Ca2+]i + krel,i

    )4, (2.78)

    em que F a constante de Faraday, V olup o volume do compartimento de retomada

    do RS, V olrel o volume do compartimento de liberao do RS F1 a quantidade

    relativa do precursor de inativao na formulao de Irel e F2 a quantidade

    relativa do ativador na formulao de Irel.

    No total, exitem 30 EDOs neste modelo. Uma descrio completa pode ser

    encontrada em NYGREN et al. (1998). A Figura 2.12 mostra o potencial de ao

    gerado pelo modelo Nygren.

    2.8 O Modelo de RAMIREZ et al. (2000)

    O modelo do trio canino de Ramirez-Nattel-Courtemanche (RNC) composto

    de 23 EDOs de primeira ordem e leva em considerao as concentraes intracelulares

    de potssio ([K+]i), sdio ([Na+]i), clcio ([Ca2+]i) e cloro ([Cl]i).

    A taxa de variao do potencial transmembrnico (Vm) dada por:

    dVmdt

    = 1Cm

    (Iion + Istim), (2.79)

  • 2.8 O Modelo de RAMIREZ et al. (2000) 26

    Figura 2.12: Potencial de ao gerado pelo modelo Nygren

    onde Cm a capacitncia da membrana, Iion denida como

    Iion = INa + IK1 + Ito + IKur,d + IKr + IKs + ICa + ICl,Ca

    +Ip,Ca + INaCa + INaK + Ib,Na + Ib,Ca (2.80)

    sendo INa e Ib,Na correntes de sdio, IK1, Ito, Ikur,d , Ikr, Iks correntes de potssio,

    ICa e Ib,Ca correntes de clcio, Ip,Ca corrente da bomba de clcio presente no sar-

    coplasma, INaK corrente da bomba de sdio-potssio, INaCa corrente proveniente do

    trocador Na+/Ca2+ e Istim uma corrente de estmulo. A Figura 2.13 mostra uma

    representao esquemtica do micito do trio canino no modelo RNC.

    Figura 2.13: Representao esquemtica do micito do trio canino no modelo

    RNC.

    As variveis de ativao e inativao usados neste modelo so descritas por EDOs

  • 2.8 O Modelo de RAMIREZ et al. (2000) 27

    da formady

    dt=y yy

    (2.81)

    onde y a varivel de ativao/inativao em questo. Expresses completas para

    y e y podem ser encontradas em RAMIREZ et al. (2000).

    As concentraes intracelulares de sdio, potssio, clcio e cloro ([Na+]i, [K+]i,

    [Ca2+]i, [Cl]i) so calculadas usando as seguintes EDOs:

    d[Na+]idt

    =3INaK 3INaCa Ib,Na INa

    FV oli, (2.82)

    d[K+]idt

    =2INaK IK1 Ito IKur,d IKr IKs Ib,K

    FV oli, (2.83)

    d[Ca2+]idt

    = B1 +B2, (2.84)

    B1 =2INaCa Ip,Ca ICa Ib,Ca

    2FV oli+V olup(Iup,leak) + IrelV olrel

    V oli, (2.85)

    B2 = [Trpn]maxd[Ca2+]Trpn

    dt [Cmdn]max

    d[Ca2+]Cmdndt

    (2.86)

    d[Cl]idt

    =ICl,CaFV oli

    (2.87)

    A liberao e retomada do clcio pelo retculo sarcoplasmtico descrita no

    modelo RNC atravs das seguintes equaes:

    Irel = krelu2vw([Ca2+]rel [Ca2+]i), (2.88)

    [Ca2+]reldt

    = Itr Irel 31[Ca2+]Csqn

    dt(2.89)

    Itr =[Ca2+]up [Ca2+]rel

    tr(2.90)

    Iup =Iup(max)

    1 + (Kup/[Ca2+]i)(2.91)

    Iup,leak = Iup(max)[Ca2+]up

    [Ca2+]up(max)(2.92)

    (2.93)

    Uma descrio completa do modelo RNC contendo todas equaes pode ser

    encontrada em RAMIREZ et al. (2000). A Figura 2.14 mostra o potencial de ao

    gerado pelo modelo RNC.

    Note que os autores dos diferentes modelos utilizam nomenclaturas distintas para

    as mesmas correntes inicas. Neste trabalho decidimos manter os nomes da variveis

    como publicadas.

  • 2.8 O Modelo de RAMIREZ et al. (2000) 28

    Figura 2.14: Potencial de ao gerado pelo modelo RNC

  • Captulo 3

    O Problema de Ajuste Automtico

    Neste captulo iremos formular o problema inverso associado ao ajuste automtico

    de modelos celulares.

    Como apresentado no Captulo 1, os modelos celulares existentes reproduzem

    mdias de caractersticas relevantes atividade eltrica observada em determinados

    experimentos. Portanto, se possurmos um conjunto restrito de dados experimentais

    obtidos a partir de experimentos com clulas cardacas e um modelo matemtico

    que simula o comportamento eletrosiolgico deste tipo de clula, precisamos de

    ferramentas apropriadas para ajustar o modelo, de modo que este modelo consiga

    reproduzir os dados experimentais disponveis.

    Estudos mostram que muito das diferenas observadas na forma de onda do PA

    pode ser explicado em termos das diferenas das magnitudes das correntes inicas

    (NYGREN et al., 1998). Essas diferenas esto relacionadas densidade das cor-

    rentes inicas na gerao do PA. Por esse motivo o ajuste automtico dos modelos

    ser realizado utilizando somente as condutividades mximas dos canais inicos.

    A metodologia apresentada neste trabalho baseada na resoluo do seguinte

    problema inverso: seja um potencial de ao ou um conjunto de potenciais de ao

    conhecidos: PAc. Queremos ajustar as condutividades mximas v de um dado mod-

    elo celular, para que este seja capaz de reproduzir caractersticas de PAc. Ou seja,

    nosso problema consiste em encontrar um vetor de condutividades v que satisfaz:

    minvF (v, PAc) (3.1)

  • 30

    Neste trabalho iremos propor duas funes F (v, PAc) distintas. A primeira foi

    formulada inicialmente em SYED et al. (2005b) com objetivo de ajustar o modelo

    para um nico PAc disponvel, como apresentada pela Equao 3.2.

    F1(v, PAc) =ni=1

    |PAc(i) PAs(v, i)| (3.2)

    onde v um vetor de condutividades, n o nmero de discretizaes do PA, PAc(i)

    e PAs(v, i) so os valores no instante i dt do PA conhecido e do PA simuladopelo vetor de condutividades v, respectivamente; dt a taxa de amostragem dos

    potenciais de ao.

    Figura 3.1: PA gerado pelo modelo de Courtemanche e suas caractersticas

    Em experimentos reais, diversas medidas so normalmente obtidas, e a morfolo-

    gia dos PAs pode variar signicativamente. Dessa forma, a Equao 3.2 pode ser

    invivel como funo-objetivo, pois assume a existncia de um nico PA represen-

    tativo. Assim, para o caso de mltiplos PAs conhecidos percebemos a necessidade

    de um funo F (v, PAc) que leve em considerao todas as medidas.

    Isso levou formulao de uma segunda funo F (v, PAc), descrita pela Equao

    3.3, que utiliza caractersticas importantes extradas de todos os PAs conhecidos.

    So elas: o potencial de repouso observado quando a clula eletricamente excitada;

    o pico do potencial transmembrnico, ou seja, a maior diferena de potencial na

    membrana celular durante um PA; derivada mxima, obtida plelo do calculo da

    derivada mxima do PA em funo do tempo; amplitude, denida como a diferena

    entre o pico e o potencial de repouso; a durao do potencial de ao (DPA) dada

    como a diferena entre o tempo de ativao (instante da derivada mxima) e o

  • 31

    tempo do valor mais negativo do potencial aps a fase de repolarizao que a sucede

    e DPA30, 50 e 90, ou seja, durao do potencial de ao a 30%, 50% e 90% da

    fase de repolarizao, calculado usando a diferena entre o tempo de ativao e o de

    repolarizao. A Figura 3.1 ilustra as caractersticas mencionadas anteriormente.

    F2(v, PAc) =1

    DPA30x(PAc)|DPA30m(PAc)DPA30(v)|+ (3.3)

    1

    DPA50x(PAc)|DPA50m(PAc)DPA50(v)|+

    1

    DPA90x(PAc)|DPA90m(PAc)DPA90(v)|+

    1

    Amplitudex(PAc)|Amplitudem(PAc) Amplitude(v)|+

    1

    dmaxx(PAc)|dmaxm(PAc) dmax(v)|+

    1

    repousox(PAc)|repousom(PAc) repouso(v)|

    em que v um vetor de condutividades, m a mdia da caracterstica em questoextradas de PAc, (v) o valor da caracterstica do PA simulado usando o vetorde condutividades v e x descrita pela Equao 3.4; pode ser DPA30, DPA50,DPA90, Amplitude, dmax ou repouso. Para o caso de mltiplos PAc, x o desviopadro das medidas da caracterstica . Para caso de uma nica medida PAc, x prprio valor da medida da caracterstica . Ou seja,

    x =

    dp(), se dp() > 0, se dp() = 0 (3.4)em que dp() o desvio padro das medidas da caracterstica de PAc.

    Para a resoluo do problema inverso descrito pela Equao 3.1 utilizaremos um

    meta-heurstica baseada em evoluo, conhecida como algoritmo gentico.

  • Captulo 4

    Algoritmos Genticos

    Neste captulo sero descritos o conceito e a origem dos algoritmos genticos,

    assim como suas tcnicas, operaes e utilidades no contexto deste trabalho.

    4.1 Introduo

    Durante os ltimos 30 anos o interesse em sistemas de resoluo de problemas

    baseados em princpios da evoluo vem crescendo. Tais sistemas possuem uma

    populao de potenciais solues, utilizam esquemas de seleo baseados na aptido

    de indivduos e alguns operadores genticos (MICHALEWICZ, 1996). Os algoritmos

    genticos (AGs) so sistemas como os citados acima.

    AGs so sistemas que resolvem problemas de otimizao e de estimativa de

    parmetros combinando tcnicas de busca diretas e estocsticas. Eles fazem uma

    busca multidirecional mantendo uma populao de possveis solues e encorajando

    a troca de informao (MICHALEWICZ, 1996).

    Os algoritmos genticos foram inventados por John Holland nos anos 60 e foram

    desenvolvidos por Holland e seus estudantes e colegas na Universidade de Michigan

    nos anos 60 e 70. Ao contrrio de outros algoritmos baseados em evoluo, o ob-

    jetivo original de Holland no era desenvolver algoritmos para resolver problemas

    especcos, mas sim estudar formalmente os fenmenos de adaptao que ocorrem

    na natureza e desenvolver maneiras para que os mecanismos de adaptao natural

  • 4.1 Introduo 33

    fossem importados para os sistemas de computao (EIBEN e SMITH, 2003). Se-

    gundo Holland, os algoritmos genticos so programas de computador que evoluem

    de uma forma similar seleo natural e que podem resolver problemas complexos

    que at mesmo seus criadores no entendem completamente (HOLLAND, 1992b).

    O AG de Holland um mtodo para evoluir uma populao de indivduos para

    uma nova populao usando um tipo de seleo natural, juntamente com oper-

    adores inspirados na gentica, como cruzamento (crossover) e mutao. Cada indi-

    vduo representado por um cromossomo que consiste de genes (ex. bits) e cada

    gene uma instncia de um alelo particular (ex. 1 ou 0). O operador de se-

    leo escolhe aqueles cromossomos na populao que iro se reproduzir. Em mdia,

    os cromossomos mais aptos produzem mais descendentes que os menos aptos. O

    cruzamento promove a troca de sub-partes de dois cromossomos, tentado imitar a

    recombinao biolgica entre dois organismos. A mutao modica aleatoriamente

    valores de alelos em uma ou mais posies em um cromossomo. Todos os conceitos

    citados anteriormente, como cromossomo, seleo, aptido, cruzamento e mutao

    sero explicados com mais detalhes a seguir.

    Basicamente, um algoritmo gentico apresenta cinco aspectos fundamentais quando

    usado para resolver um problema (LEMONGE, 1999):

    1. uma codicao gentica de solues para o problema;

    2. um procedimento para criar uma populao inicial de solues;

    3. uma funo de avaliao que retorna a aptido de cada indivduo;

    4. operadores genticos que manipulam a codicao dos indivduos durante o

    processo de reproduo dando origem a novos indivduos;

    5. parmetros a serem utilizados no algoritmo durante os processos de reproduo

    e mutao.

    Alm disso, diferem-se dos mtodos tradicionais de busca e otimizao principal-

    mente em quatro aspectos:

    Podem trabalhar com a codicao do conjunto de parmetros e no com os

    prprios parmetros;

  • 4.2 Representao dos Indivduos 34

    Utilizam o conceito de populao e no uma nica soluo candidata;

    No necessitam de derivadas;

    Utilizam regras de transio probabilsticas e no determinsticas.

    Os AGs so iniciados pela gerao de uma populao inicial de indivduos (pos-

    sveis solues). Esta populao inicial pode ou no ser aleatria. Durante a

    evoluo do algoritmo, a populao avaliada e cada indivduo recebe uma nota,

    denominada aptido. Essa aptido reete a qualidade que o indivduo representa

    como soluo do problema. Em geral, os indivduos com maior aptido so se-

    lecionados e os menos aptos so descartados. Os indivduos selecionados podem

    sofrer modicaes em suas caractersticas fundamentais por meio dos operadores

    de cruzamento e mutao, gerando descendentes para a prxima gerao. Este pro-

    cesso repetido at que uma soluo satisfatria seja encontrada. A Figura 4.1

    apresenta um ciclo de um Algoritmo Gentico:

    1: procedimento Algoritmo gentico genrico

    2: Inicialize a populao

    3: Avalie os indivduos da populao

    4: enquanto Critrio de parada no satisfeito faa

    5: Selecione indivduos para reproduo

    6: Aplique os operadores de recombinao e mutao

    7: Avalie os indivduos da populao

    8: Selecione os indivduos para sobreviver

    9: m enquanto

    10: m procedimento

    Figura 4.1: Ciclo de um algoritmo gentico

    4.2 Representao dos Indivduos

    Nos algoritmos genticos precisamos denir uma maneira de estabelecer uma

    ponte entre o mundo real e o espao de soluo dos AGs, onde ocorrer o processo

  • 4.2 Representao dos Indivduos 35

    de evoluo.

    A codicao a maneira de se representar as possveis solues de um prob-

    lema e est fortemente relacionada ao mesmo. Denominamos fentipo uma soluo

    particular de um problema e gentipo a sua representao no espao de busca do

    AG. Existem vrias formas de representao de indivduos, as mais usadas so as

    codicaes binria e real.

    Em um AG as solues candidatas existem no espao do fentipo e so codicadas

    em cromossomos que existem no espao do gentipo:

    Codicao: fentipo gentipo

    Decodicao: gentipo fentipo

    4.2.1 Codicao Binria

    A codicao binria a mais usada devido a sua simplicidade, tanto na imple-

    mentao quanto na aplicao dos operadores genticos. Esse tipo de codicao

    muito usada em problemas com variveis discretas e nela cada cromossomo uma

    cadeia de bits 0 ou 1. Para ilustrar, em um problema com quatro variveis, estas

    poderiam ser codicadas, usando-se por exemplo cinco bits para cada uma delas.

    x1 = 10100

    x2 = 01001

    x3 = 11010

    x4 = 10001

    Uma possvel soluo para o problema seria a associao destas codicaes

    representada pelo seguinte cromossomo:

    10100 01001 11010 10001 10100010011101010001

    Uma questo muito importante relativa representao binria a do nmero

    de bits para cada varivel. Essa escolha pode ser feita da seguinte maneira (GOLD-

    BERG, 1989; MICHALEWICZ, 1996):

  • 4.2 Representao dos Indivduos 36

    1. Para a resoluo de problemas com variveis discretas:

    2nb = nv

    em que nb o nmero de bits e nv o nmero de valores possveis no espao

    de busca.

    2. Para problemas com variveis contnuas os nb bits possibilitam a representao

    de 2nb valores discretos distribudos uniformemente no intervalo [LIx, LSx]

    gerando uma representao com preciso de:

    =LIx LSx

    2nb 1

    da:

    nb >= log2LSx LIx

    ,

    em que a preciso desejada para a codicao.

    4.2.2 Codicao Real

    O uso da codicao real mais comum em problemas com variveis contnuas.

    Nela, cada cromossomo um conjunto de nmeros reais que representa a soluo do

    problema. Uma vantagem desse tipo de representao que no necessria uma

    funo de decodicao, pois o cromossomo j representa uma soluo candidata.

    Como exemplo poderamos ter, em um problema com 4 variveis:

    x1 = 10.0, 0 < x1 < 11

    x2 = 9.5, 3 < x2 < 10

    x3 = 2.0, 1 < x3 < 5

    x4 = 3.75, 2 < x4 < 4

    Vale lembrar que a escolha dos limites de cada varivel est fortemente rela-

    cionada ao problema a ser resolvido.

    Neste trabalho optamos pela codicao real, por se tratar de um problema com

    variveis contnuas. Alm disso, em testes comparativos entre as duas represen-

    taes, a codicao real se mostrou superior binria.

  • 4.3 Populao Inicial 37

    4.3 Populao Inicial

    Na maioria dos casos a populao inicial uma populao de n indivduos gerada

    aleatoriamente por funes pseudo-aleatrias. Cada um dos indivduos da populao

    representa uma possvel soluo para o problema, ou seja, um ponto no espao de

    solues. O nmero de indivduos tem que ser escolhido apropriadamente depen-

    dendo do problema a ser resolvido.

    4.4 Funo de Aptido

    Geralmente a aptido do indivduo determinada pelo clculo da funo objetivo,

    que depende das especicaes de projeto. Essa aptido representa a sua capacidade

    de sobrevivncia durante o processo de evoluo. Para calcularmos a aptido de um

    indivduo, primeiramente fazemos a sua decodicao. Essa decodicao fornecer

    parmetros para a computao da aptido.

    Como exemplo, vamos considerar o seguinte problema:

    min f(x) = (x 9)2, com x N

    Considerando uma codicao binria, calcularamos a aptido do indivduo x

    = 101010001 da seguinte maneira:

    decod(x) = 128+027+126+025+124+023+022+021+120 = 337

    da:

    aptidao x = (337 9)2 = 107584

    Podemos ver claramente que a soluo para esse problema de otimizao (aptidao =

    0) x = 9 ou, utilizando a representao binria x = 000001001.

    4.5 Seleo

    Nos algoritmos genticos a seleo usada para escolher os indivduos mais aptos

    a sobreviver durante o processo evolutivo. Existem vrias formas de seleo, entre

  • 4.5 Seleo 38

    elas podemos citar a seleo proporcional aptido ou roleta, seleo por posio

    (rank ou seleo por torneio. A seguir apresentaremos algumas dessas tcnicas mais

    detalhadamente:

    Seleo proporcional aptido ou seleo por roleta: Neste tipo de

    seleo a probabilidade de um indivduo i ser escolhido como pai proporcional

    aptido do mesmo e pode ser obtida pela expresso pi =aiSa

    , em que ai a

    aptido do indivduo i e Sa a soma das aptides de todos os indivduos da

    populao. Em DAVIS (1996) pode ser encontrado um algoritmo que ilustra

    esse processo de seleo:

    1. Ordenar todos os indivduos em ordem decrescente, tal que, aptidaoi >=

    aptidaoj para todo i < j.

    2. Obtenha a soma Sa das aptides de toda populao:

    Sa =nIndi=1

    ai

    em que nInd o total de indivduos da populao e ai a aptido de um

    indivduo da populao. Neste tipo de seleo ai 0.

    3. Escolha um nmero aleatrio n entre 0 e Sa.

    4. Retorne o primeiro elemento da populao, cuja soma das aptides dos

    elementos at ele, inclusive, maior ou igual a n.

    Esse processo foi introduzido por HOLLAND (1992a) e foi muito estudado

    depois disso. Porm so encontrados alguns problemas nesse tipo de seleo

    (EIBEN e SMITH, 2003):

    Indivduos que so muito melhores que os demais dominam a populao

    rapidamente. Isso conhecido como convergncia prematura.

    Quando os valores da aptido so muito parecidos, quase no existe

    presso de seleo, pois as partes da roleta referentes a cada indivduo

    possuem praticamente o mesmo tamanho. Assim a seleo praticamente

    uniformemente aleatria.

    A Figura 4.2 mostra uma analogia da seleo proporcional aptido como

    sendo um sorteio realizado com o uso de uma roleta, em que a rea de cada

    indivduo est associada a sua aptido.

  • 4.5 Seleo 39

    Figura 4.2: Seleo proporcional aptido

    Seleo por posio: Neste tipo de seleo somente a posio do elemento

    dentro de uma lista ordenada (rank) utilizada. O primeiro colocado do rank

    tem maior chance de reproduo. Este tipo de seleo no tem analogia na

    biologia. Abaixo descrevemos o algoritmo para esta seleo:

    1. Ordenar todos os indivduos em ordem decrescente, tal que, aptidaoi >=

    aptidaoj para todo i < j.

    2. Atribuir a cada indivduo, a partir de uma distribuio de probabilidade

    previamente denida, uma probabilidade pi de ser escolhido.

    Podemos citar como exemplo de distribuies de probabilidade as distribuies

    linear e exponencial. Segundo LINDEN (2006), a probabilidade linear de um indi-

    vduo ser selecionado de acordo com sua posio pode ser dada por:

    pi = pmin +

    [(pmax pmin)

    i 1N 1

    ]; i {1, ..., N}

    em que, pmax a probabilidade do melhor indivduo ser selecionado e pmin a

    probabilidade do pior deles ser selecionado. Podemos observar que a probabilidade

    de um indivduo i da populao de tamanho N ser selecionado varia linearmente de

    acordo com sua posio na populao ordenada. importante observar que pmin e

  • 4.6 Elitismo 40

    pmax no podem ser escolhidos livremente poisNi=1

    pi = 1, ento:

    Ni=1

    (pmin +

    [(pmax pmin)

    i 1N 1

    ])= 1

    Npmin +pmax pminN 1

    Ni=1

    (i 1) = 1

    Npmin +pmax pminN 1

    N(N 1)2

    = 1

    Npmin + (pmax pmin)N

    2= 1

    N

    (pmin +

    1

    2(pmax pmin)

    )= 1

    N

    (pmin + pmax

    2

    )= 1

    pmin + pmax =2

    N

    Como dito, podemos utilizar tambm a distribuio de probabilidade exponen-

    cial. De acordo com BLICKE e THIELE (1995) podemos denir a probabilidade de

    um indivduo i ser selecionado usando a seguinte equao:

    pi =cNi

    N1j=0

    cj

    ; i {1, . . . , N}

    em que c um parmetro denido pelo usurio tal que 0 < c < 1.

    Podemos fazer uma analogia deste tipo de seleo com a seleo proporcional

    aptido: nesta seleo, a rea da roleta relativa a cada indivduo dada de acordo

    com a distribuio de probabilidade escolhida. Neste trabalho optamos por utilizar

    a seleo baseada em posio com distribuio linear.

    4.6 Elitismo

    Aps uma gerao de indivduos ser totalmente substituda por outra, corre-se o

    risco de se perder os melhores indivduos. Para que isso no acontea, uma porcent-

    agem dos melhores indivduos da populao anterior pode ser mantida. Esta tcnica

    conhecida como elitismo (DAVIS, 1996). Neste trabalho utilizamos elitismo man-

    tendo apenas o melhor indivduo da populao.

  • 4.7 Esquemas de Reproduo 41

    4.7 Esquemas de Reproduo

    Existem na literatura vrios esquemas de reproduo usados em AG, os dois mais

    comuns, descritos a seguir, so conhecidos como geracional e Steady-state.

    4.7.1 Esquema de Reproduo Geracional

    Neste esquema de reproduo a populao substituda completamente ao nal

    de cada gerao. A desvantagem desse mtodo a possibilidade de perda de bons

    indivduos. Para evitar que isso acontea o elitismo pode ser utilizado. O esquema

    geracional pode ser melhor entendido com o pseudocdigo ilustrado na Figura 4.3.

    1: procedimento Algoritmo gentico geracional

    2: Inicialize a populao P aleatoriamente

    3: Avalie os indivduos de P

    4: enquanto Critrio de parada no satisfeito faa

    5: enquanto Pestiver incompleta faa

    6: Selecione 2 pais em P

    7: Aplique recombinao com probabilidade pc

    8: Aplique mutao com probabilidade pm

    9: Insira os novos indivduos em P

    10: m enquanto

    11: Avalie os indivduos de P

    12: Aplique elitismo (opcional)

    13: P P

    14: m enquanto

    15: m procedimento

    Figura 4.3: Algoritmo gentico geracional

  • 4.8 Operadores Genticos 42

    4.7.2 Esquema de Reproduo Steady-state

    Nesse esquema somente um indivduo gerado a cada vez. Cada novo indivduo

    criado avaliado e inserido na populao de acordo com uma poltica de insero,

    que pode ser por exemplo: inserir o novo indivduo no lugar do pior indivduo

    da populao; ou inserir o indivduo na populao se sua aptido for maior que a

    mdia das aptides de toda a populao. O pseudo-cdigo referente pode ser visto

    na Figura 4.4. Neste trabalho foi utilizado o esquema de reproduo geracional.

    1: procedimento Algoritmo gentico steady-state

    2: Inicialize a populao P aleatoriamente

    3: Avalie os indivduos de P

    4: enquanto Critrio de parada no satisfeito faa

    5: Selecione 2 pais em P

    6: Aplique recombinao com probabilidade pc

    7: Aplique mutao com probabilidade pm

    8: Avalie o(s) novo(s) indivduo(s)

    9: Insira o(s) novo(s) indivduo(s) em P segundo a poltica de insero

    10: m enquanto

    11: m procedimento

    Figura 4.4: Algoritmo gentico steady-state

    4.8 Operadores Genticos

    Nesta seo sero apresentados os operadores genticos de mutao e cruzamento

    para as codicaes reais e binrias. Como cruzamento conhecido na lngua inglesa

    como crossover, esse termo ser usado a partir de agora.

    4.8.1 Operadores para Codicao Binria

    Para a codicao binria existem trs variaes clssicas de crossover (DRO

    et al., 2006): crossover de um ponto, crossover de dois pontos e crossover uniforme.

  • 4.8 Operadores Genticos 43

    Crossover de Um Ponto

    o tipo de crossover mais clssico encontrado na literatura. O crossover de

    um ponto pode ser aplicado em duas fases e utiliza dois indivduos selecionados na

    populao:

    1. Escolha de um ponto de corte aleatrio entre os limites 1 e L 1, onde Lrepresenta o tamanho do cromossomo, para os dois indivduos (Veja Figura

    4.5 a);

    2. Corte os indivduos (Figura 4.5 b) e troque os dois fragmentos localizados

    na direita (Figura 4.5 c);

    Figura 4.5: Crossover de um ponto de 2 gentipos com 5 bits

    Este processo produz dois lhos e o mais simples e mais tradicional mtodo de

    crossover para alfabetos de baixa cardinalidade, tal como a representao binria.

    Crossover de Dois Pontos

    Este processo uma generalizao do mtodo descrito acima. Nele so escolhidos

    2 pontos de corte entre 1 e L 1 e ento o material gentico trocado entre os pais,como pode ser visto na Figura 4.6.

    Crossover Uniforme

    Este operador utiliza uma mscara (palavra binria com o mesmo nmero de bits

    dos indivduos) escolhida aleatoriamente para designar os bits que sero trocados

    pelos pais. Um 0 na posio n da mscara signica que os bits na posio n dos pais

  • 4.8 Operadores Genticos 44

    Figura 4.6: Crossover de dois pontos de 2 gentipos com 5 bits

    no sero trocados e um valor 1 ativa a troca entre smbolos correspondentes (Figura

    4.7). Os 0's e 1's da mscara so geralmente gerados com uma probabilidade de 0,5

    (LEMONGE, 1999).

    Figura 4.7: Crossover uniforme de 2 gentipos com 5 bits

    Mutao

    A mutao utilizada aps a aplicao dos operadores de crossover. Ela

    realizada principalmente para introduzir diversidade gentica na populao. Na

    representao binria a mutao usualmente implementada pela troca de um bit

    em um indivduo. Se o bit for 1 ele passa a ser 0 e vice-versa. Cada bit modicado

    com uma probabilidade pm sendo geralmente da um valor ordem1

    Lem que L o

    tamanho do cromossomo (LEMONGE, 1999).

    No exemplo da Figura 4.8 houve a troca de um bit 0 para 1, na posio 3.

  • 4.8 Operadores Genticos 45

    Figura 4.8: Mutao de 1 bit em um gentipo com 5 bits

    4.8.2 Operadores para Codicao Real

    Como dito anteriormente, a codicao real indicada para problemas cujas

    variveis esto associadas ao domnio contnuo. Nesse tipo de representao o cro-

    mossomo um vetor em Rn onde n o nmero de variveis do problema. Diferente-

    mente da codicao binria, a preciso das variveis na codicao real no est

    associada ao nmero de bits, mais sim preciso da mquina em que o algoritmo

    est sendo executado. Alm disso, no existe a necessidade de codicao e decod-

    icao, pois o indivduo j representa uma possvel soluo do problema e cada

    gene representa uma varivel do problema. Os operadores que sero mostrados e a

    notao que ser utilizada podem ser encontrados com mais detalhes em HERRERA

    et al. (1998). Para os operadores a seguir vamos assumir que C1 = (c11, . . . , c1i , . . . , c

    1n)

    e C2 = (c21, . . . , c2i , . . . , c

    2n) so dois cromossomos que foram escolhidos para serem

    submetidos ao crossover.

    Crossover Uniforme

    Um lho, F1 = (f1, . . . , fi, . . . , fn) , gerado, onde fi um valor escolhido

    aleatoriamente (uniformemente) dentro do intervalo [c1i , c2i ].

    Crossover Simples

    Anlogo ao crossover de um ponto para a codicao binria. Um ponto i {1, 2, . . . , n 1} escolhido aleatoriamente e dois novos cromossomos so criados:

    F1 = (c11, c

    12, . . . , c

    1i , c

    2i+1, . . . , c

    2n)

    F2 = (c21, c

    22, . . . , c

    2i , c

    1i+1, . . . , c

    1n)

  • 4.8 Operadores Genticos 46

    Crossover Aritmtico

    Dois lhos, Fk = (fk1 , . . . , fki , . . . , f

    kn) k = 1, 2, so gerados, onde f

    1i = c

    1i + (1

    )c2i e f2i = c

    2i + (1 )c1i , com entre 0 e 1. constante (crossover aritmtico

    uniforme) ou varia de acordo com o nmero de geraes j realizadas (crossover

    aritmtico no-uniforme).

    BLX- crossover (Blended Crossover)

    Um lho gerado F = (f1, . . . , fi, . . . , fn), onde fi um nmero escolhido aleato-

    riamente (uniformemente) no intervalo [cmin I , cmax + I ], cmax = max