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MARCELO LUIZ DA SILVA BANDEIRA ANÁLISE DO PERFIL ETIOLÓGICO , DADOS CLÍNICOS E ECOCARDIOGRÁFICOS EM PACIENTES COM HIPERTENSÃO PULMONAR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pósgraduação em Medicina (Cardiologia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de Mestre em Cardiologia Orientadores: Dr. Marcelo Iorio Garcia Dr. Sérgio Salles Xavier Rio de Janeiro 2013

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MARCELO  LUIZ  DA  SILVA  BANDEIRA  

 

 

ANÁLISE DO PERFIL ETIOLÓGICO , DADOS CLÍNICOS E

ECOCARDIOGRÁFICOS EM PACIENTES COM HIPERTENSÃO

PULMONAR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO

FRAGA FILHO  

 

 Dissertação  de  Mestrado  apresentada  ao    

Programa   de   Pós-­‐graduação   em        

Medicina    (Cardiologia)  da  Universidade  

Federal   do   Rio   de   Janeiro,   como   parte  

dos  requisitos      necessários    à  obtenção  

de  título  de  Mestre  em  Cardiologia  

   

                                                                                                     Orientadores:        Dr.  Marcelo  Iorio  Garcia  

                                                                                                                                                                 Dr.  Sérgio  Salles  Xavier  

 

Rio  de  Janeiro  

2013  

 

 

 

II    

“ANÁLISE DO PERFIL ETIOLÓGICO , DADOS CLÍNICOS E

ECOCARDIOGRÁFICOS EM PACIENTES COM HIPERTENSÃO

PULMONAR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO

FRAGA FILHO ”    

 

Marcelo  Luiz  da  Silva  Bandeira  

 

Orientadores:  Dr.  Marcelo  Iorio  Garcia  

                                                   Dr.  Sergio  Salles  Xavier  

 

 

Dissertação  de  Mestrado  submetida  ao  programa  de  Pós-­‐graduação  em  Medicina  

(Cardiologia)   da   Universidade   Federal   do   Rio   de   Janeiro,   como   parte   dos  

requisitos  necessários  à  obtenção  do  título  de  Mestre  em  Cardiologia.  

 

 

Aprovada  por:  

 

____________________________________________________________________________  

Prof.  Dr.  Luiz  Lazzarini  

 

____________________________________________________________________________  

Dr  Edison  Ramos  Migowski  de  Carvalho  

 

____________________________________________________________________________  

Prof.  Dr.  Ronaldo  de  Souza  Leão  Lima  

 

 

Rio  de  Janeiro  

2013  

 

 

III    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esse  trabalho  é  dedicado    ao  meu  irmão  Luiz  Sérgio  da  

Silva  Bandeira,  que  agora  me  ilumina  de  uma  fonte  

inesgotável  de  energia,  a  maior  de  todas  elas  ...    E  dedico  

também  aos  profissionais,  famílias  e  portadores  de  

Hipertensão  Pulmonar,  em  especial  a  família  Tayt-­‐Sohn,  

que  transformaram  um  tema  de  Mestrado  numa  meta  a  ser  

cumprida  ...  

 

 

IV    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“O  esforço  só  é  expresso  em  recompensa,  quando  uma  pessoa  se  recusa  a  

desistir”.  

Napoleon  Hill,  autor  norte-­‐americano  

 

 

V    

AGRADECIMENTOS  

 

                                   Inicialmente  ,  agradeço  aos  meus  pais  Luiz  Odilon  Gomes  Bandeira  e  

Maria  Raimunda  da  Silva  Bandeira  (“Dica”)  responsáveis  por  criar  a  base  que  me  

tornou  sólido  e  por  me  dar  o  amor  da  forma  mais  genuína.  À  minha  irmã  Ana  

Cristina  da  Silva  Bandeira,  a  comprovação  de  que  anjos  existem  e  eles  não  se  

restringem  aos  céus  ...  

 

Agradeço  à  mulher  da  minha  vida,  Erica  Lima  Ramos  Bandeira,  seu  surgimento  e  

permanência  na  minha  vida  me  tornaram  um  homem  completo  e  seu  amor  me  

mantém  seguindo  em  frente  ...    

 

Às  minhas  filhas  Marina  e  Natália,  o  surgimento  de  vocês  na  minha  vida  como  

dois  divisores  de  águas  distintos  fizeram  com  que  a  frase  de  Napoleon  Hill  se  

tornasse  a  definição  das  minhas  ações  em  uma  frase...  Por  causa  de  vocês  

desenvolvi  a  Síndrome  de  Super-­‐Homem,  onde  todos  os  obstáculos  são  vistos  

como  potencialmente  transponíveis  ...  

 

Aos  meus  colegas  das  equipes  de  Enfermagem  e  Médica  da  Unidade  Coronariana  

do  Hospital  Pró-­‐Cardíaco,  incentivadores  incondicionais  desta  “saga”  que  é  a  

formação  acadêmica  e  facilitadores  do  meu  desenvolvimento  profissional,  

fazendo  questão  de  destacar  os  representantes  desta  extensa  lista:  Roberta  

Schneider  (minha  segunda  irmã  adotada  há  20  anos),  Roberto  Esporcatte,  

Ricardo  Mourilhe,  Fernando  Rangel,  Marcelo  Imbroinise  Bitencourt,  Daniel  Setta,  

Pedro  Paulo  Sampaio,  Fernanda  d'Araujo  Costa  Ferreira  (meu  outro  anjo  da  

guarda),  Gustavo  Duque,  Ana  Lúcia  Cascardo,  Viviany  Goldberg,  Claudia  Weksler,  

Andréia  Martins  e  Roberta  Pimentel  .  

 

 

 

 

 

VI    

Ao  responsável  por  instalar  o  sentimento  de  dever  a  ser  cumprido  dentro  deste  

universo  chamado  de  Hipertensão  Pulmonar,  professor  Daniel  Waetge,  cujo  

primeiro  contato  foi  no  meu  R1  de  Clínica  Médica,  este  trabalho  e  os  resultados  

aqui  apresentados  representam  também  a  sua  saga,  sem  a  qual  muitos  não  

teriam  nem  mesmo  a  dignidade  de  lutarem  por  suas  vidas…  

 

Ao  Dr  Sérgio  Salles,  represento  apenas  mais  um  da  lista  interminável  de  

admiradores  e  defensores  formados  por  suas  orientações  e  espero  que  um  dia  

possa  seguir  sua  trilha  …  

 

Ao  Dr  Marcelo  Iorio  Garcia,  aquele  que  foi  o  grande  responsável  imediato  pelo  

início  desta  jornada  ,  mais  do  que  um  orientador,  tornou-­‐se  meu  mentor,  espero  

um  dia  desenvolver  suas  inúmeras  virtudes  profissionais,  seja  na  assistência,  

docência,  pesquisa,  gestão  de  pessoas  …  E  acima  de  tudo,  meu  exemplo  a  ser  

seguido  !  

 

À  enfermeira  Josiane  Deodato,  que  surgiu  como  uma  aliada  na  aquisição  de  

informações  durante  a  seleção  dos  pacientes,  se  tornou  uma  pessoa  muito  

querida  e  mais  uma  incentivadora  incondicional,  meu  muito  obrigado…  

 

E  por  fim  ,  agradeço  a  um  “recém-­‐adotado”  irmão  ,  Luiz  Gustavo  Pignataro  Bessa,  

aquele  que  realmente  sabe  o  que  vivenciei  para  chegar  até  aqui,  e  chegaremos  

ainda  mais  longe,  podem  ter  certeza  …  

   

 

 

 

 

 

 

 

VII    

RESUMO

BANDEIRA, Marcelo Luiz da Silva. Análise do perfil etiológico , dados clínicos e ecocardiográficos em pacientes com Hipertensão Pulmonar do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Rio de Janeiro, 2013. Dissertação de Mestrado em Cardiologia, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro Fundamento. A Hipertensão Pulmonar (HP) é uma síndrome caracterizada por uma

insuficiência ventricular direita progressiva cujo difícil manuseio exige que estes pacientes

sejam encaminhados para centros de referência. Pouco se conhece acerca das etiologias

encontradas nos centros brasileiros de diferentes regiões do país

Objetivos. Caracterizar o perfil etiológico de pacientes admitidos em um centro universitário

de referência; descrever características clínicas e ecocardiográficas da amostra como um

todo; descrever e comparar características conforme cor da pele e nível de escolaridade

Métodos. Estudo observacional seccional de pacientes admitidos para avaliação em um

centro de referência

Resultados. 72,8% do gênero feminino, 63% da raça branca , média de idade de 47,4 anos,

mediana de tempo de sintomas de 16 meses, com metade dos pacientes tendo até 1o grau

completo. 57,3% dos pacientes já vinham em uso de algum diurético. As etiologias mais

freqüentes foram idiopática (33%), tromboembólica (22,3%) e associadas a cardiopatias

congênitas (18,4%) . As classes funcionais mais prevalentes à admissão são CF II e III

(45,6% cada). 38,9% dos pacientes apresentam-se com disfunção de VD moderada ou grave

e 65,3% com insuficiência tricuspídea moderada ou grave. Não houve diferença na

apresentação clínica conforme cor de pele ou nível de escolaridade, salvo a idade de

apresentação mais avançada em pacientes de menor escolaridade.

Conclusões. : Há um predomínio da forma idiopática na nossa casuística de forma

semelhante ao que é reportado na literatura. Não houve diferença estatisticamente

significativa na apresentação da HP conforme cor da pele e nível de escolaridade. A

discrepância entre a menor prevalência de classe funcional III e IV e maior presença de

disfunção de VD moderada a grave em comparação a outros centros pode ser explicada pelo

fato de mais da metade da amostra já ser admitida em uso de qualquer diurético associado a

um possível efeito protetor decorrente da maior prevalência de regurgitação tricuspídea

moderada a grave como resposta adaptativa do VD.

Identificadores: Hipertensão pulmonar, etiologia, classe funcional, centro de referência,

disfunção ventricular direita, cor da pele, nível da escolaridade

VIII    

ABSTRACT

Bandeira M.L.S. Evaluation of aetiological, clinical and echocardiographic features of pulmonary hypertension patients at the Clementino Fraga Filho University Hospital . Rio de Janeiro, 2013. Dissertação de Mestrado em Cardiologia, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Background. Pulmonary hypertension (PH) is a syndrome characterized by a progressive

right-sided heart failure, whose management requires referral to specialized PH centres.

There is little published evidence regarding not only the main aetiologies related to PH at

brazilian centres from different parts of the country

Objectives. To describe the aetiological profile of patients admitted at a university based

referral centre; to describe clinical and echocardiographic features of those patients; to

describe and compare features according to colour of skin and education level

Methods. Cross-sectional study of PH patients admitted to be evaluated at the PH centre

Results. This series had 63% white patients, 72% were women, mean age of 47,4, time from

onset of symptoms to diagnosis of 16 months and half of them have informed until 8 school

years. 57,3% were on diuretic therapy. The most frequent aetiologies were idiopathic (33%),

chronic thromboembolic pulmonary hypertension (22.3%), congenital heart disease (CHD -

18.4%). Most prevalent functional classes were II and III(45,6% each). 39,8% of them had

moderate or severe right ventricle dysfunction and 65,3% had moderate or severe tricuspid

regurgitation. There were no statistically signicant differences in the clinical presentation of

the disease according to colour of skin ou education level.

Conclusions. The main aetiology was idiopathic, in a similar way as it’s reported in other

studies. There were no statistically significant differences in clinical presentation of PH

according to colour of skin or education level. Discrepancies observed between a lower

prevalence of functional class III and IV , and a higher prevalence of moderate or severe right

ventricle dysfunction in comparison to other centres might be explained by the fact that more

than a half of the patients were already in use of diuretics. Besides that, a higher prevalence

of moderate or severe tricuspid regurgitation might be protective to the right ventricle as it

represents an adaptative response.

Key words: pulmonary hypertension , aetiology, functional class, referral centre, right ventricle

dysfunction, colour of skin, education level

IX    

LISTA  DE  FIGURAS  

 

 

Figura 1 - Número de artigos sobre HP na base de dados MEDLINE em

cada ano citado

Figura 2 - Veia cava inferior vista no seu eixo longitudinal pela janela

subcostal em paciente com HP idiopática

Figura 3 - Cálculo da PSAP

Figura 4 – Medida da excursão sistólica do plano anelar tricuspídeo em mm

em paciente portadora de Hipertensão Porto-Pulmonar

Figura 5 – Fluxograma de seleção dos pacientes do estudo

Figura 6 – Distribuição em números absolutos e percentual de naturalidade

na amostra

Figura 7 – Distribuição em números absolutos e percentual do nível de

escolaridade auto-referida da amostra estudada

Figura 8 - Distribuição em números absolutos e percentual da classe

funcional da amostra estudada na admissão ao HUCFF

Figura 9 – Distribuição em valores absolutos e percentais dos graus de

insuficiência tricúspide (IT) e disfunção do VD em 95 pacientes submetidos a

avaliação ecocardiográfica

Figura 10 – Distribuição percentual da amostra de 95 pacientes conforme

número de critérios de risco na admissão

 

X    

LISTA  DE  TABELAS  

 

Tabela 1 – Freqüência absoluta e relativa das diferentes etiologias e

subgrupos de HP na amostra estudada

Tabela 2 – Dados clínicos e laboratoriais na admissão

Tabela 3 – Distribuição percentual de medicações em uso pelos pacientes no

momento da admissão ao centro de referência do HUCFF

Tabela 4 : Variáveis ecocardiográficas contínuas avaliadas na admissão ao

centro de referência

Tabela 5 – Dados hemodinâmicos de 47 pacientes submetidos a CD

Tabela 6 – Freqüência absoluta e relativa de critérios de risco na amostra

estudada no momento de admissão ao centro de referência

Tabela 7 – Comparação de tempo dos sintomas, idade e PSAP conforme

nível de escolaridade

Tabela 8 - Comparação de tempo dos sintomas, idade e PSAP conforme cor

de pele

Tabela 9 – Comparação de freqüência de critérios de risco por nível de

escolaridade

Tabela 10 – Comparação de freqüência de critérios de risco conforme cor de

pele

Tabela 11 – Análise comparativa da distribuição percentual de classe

funcional na admissão ao HUCFF e outros centros

XI    

                                                                               LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ALK-1 Activin receptor-like kinase 1

BMPR-2 Bone morphogenetic protein receptor type II

BNP Brain natriuretic peptide

CD Cateterismo cardíaco direito

CF Classe funcional

CIA Comunicação interatrial

CIV Comunicação interventricular

DC Débito cardíaco

ECG Eletrocardiograma

FC Freqüência Cardíaca

HBV Hepatitis B Virus

HCV Hepatitis C Vírus

HP Hipertensão Pulmonar

HPTEC Hipertensão pulmonar tromboembólica crônica

HUCFF Hospital Universitário Clementino Fraga Filho

IC Índice cardíaco

IRVP Índice de resistência vascular pulmonar

IT Insuficiência Tricúspide

IVD Insuficiência ventricular direita

MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MMII Membros inferiores

NO Óxido nítrico

NT-proBNP N-terminal prohormone of brain natriuretic peptide

NYHA New York Heart Association

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão Arterial

PAD Pressão do átrio direito

PAH Pulmonary Arterial Hypertension

PAPm Pressão média da artéria pulmonar

PDAP Pressão diastólica da artéria pulmonar

PHC Pulmonary Hypertension Connection

POAP Pressão de oclusão da artéria pulmonar

PSAP Pressão sistólica da artéria pulmonar

REVEAL Registry to Evaluate Early And Long-term PAH disease management

RVP Resistência vascular pulmonar

RVS Resistência vascular sistêmica

TAPSE Tricuspid Annular Plane Systolic Excursion

TC6M Teste de caminhada de 6 minutos

XII    

US Ultrassonografia

VD Ventrículo direito

XIII    

LISTA DE SÍMBOLOS

% Por cento

mmHg Milímetros de mercúrio

ml/m2 Mililitros por metro quadrado

mm Milímetros

cm Centímetros

m/s Metros por segundo

L/min/m2 Litros por minuto por metro quadrado

ml/kg/min Mililitros por quilo por minuto

g /dl Gramas por decilitro

UW/m2 Unidades Woods por metro quadrado

bpm Batimentos por minuto

mil/mm3 Mil por milímetro cúbico

ml/min/1,73 m2 Mililitros por minuto por cada 1,73 metros quadrados

V/Q Razão ventilação - perfusão pulmonar

VO2 Captação de oxigênio

SVO2 Saturação venosa mista de oxigênio    

IC95% Intervalo de confiança de 95%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

XIV    

ÍNDICE  

 

1. INTRODUÇÃO                                                                                                                                                                                                                      1  

 

2. REVISÃO  DA  LITERATURA                                                                              2

   

2.1  –  Definições                                                                           2  

2.2  –  Evolução  do  conhecimento               4  

2.3  –  Classificações                                                                                                                                             5  

2.4  –  Abordagem  diagnóstica                                                                                          8  

2.4.1  –  Anamnese  e  exame  físico                                      8  

2.4.2  -­‐    Exames  laboratoriais                  10  

2.4.3  -­‐    Ecocardiograma  transtorácico                11  

2.4.4  -­‐    Outros  métodos  não-­‐invasivos                      16  

2.4.5  –  Cateterismo  cardíaco  direito                18  

2.5    -­  Prática  clínica  em  centros  brasileiros  e  internacionais  de  

referência  em  HP                  19  

 

3. OBJETIVOS                      21  

3.1  –  Primário                      21  

3.2  -­    Secundários                  21  

 

4. METODOLOGIA                      21  

4.1  -­  Delineamento  do  estudo                  21  

4.2  –  Local                        21  

4.3  -­  Critérios  para  definição  de  Hipertensão  Pulmonar          22  

4.4  –  Critérios  de  inclusão                  23  

4.5  –  Critérios  de  exclusão                  23  

4.6  -­  Casuística                      23  

4.7  –  Instrumentos  de  coleta  de  dados                24  

4.8  -­    Plano  de  análise  dos  dados                24  

4.9  -­    Definição  de  variáveis  utilizadas  na  análise              25  

4.9.1  –  Variáveis  epidemiológicas  e  clínicas              25  

XV    

4.9.2  -­‐    Variáveis  laboratoriais                  26  

4.9.3  -­‐    Variáveis  ecocardiográficas                27  

4.9.4  -­‐    Variáveis  hemodinâmicas  invasivas  (obtidas  pelo  CD)        27  

4.9.5  -­‐    Critérios  clínicos  e  ecocardiográficos  de  risco  da  doença                          28  

4.10  –  Análise  estatística                                          29  

4.11    -­  Aspectos  éticos                                        29  

 

5. RESULTADOS                                          30  

                           5.1  –  ANÁLISE  DESCRITIVA  GERAL                                  30  

                           5.2  –  ANÁLISE  DOS  CRITÉRIOS  DE  RISCO  NA                                                                                        

APRESENTAÇÃO  CLÍNICA                                                                                                                                                                            35  

                         5.3  –  ANÁLISE  DE  CRITÉRIOS  GERAIS  E  DE  RISCO    

                                           CONFORME  NÍVEL  DE  ESCOLARIDADE  E  COR  DE  PELE     37    

 

6. DISCUSSÃO  DOS  RESULTADOS                   39  

 6.1  –  Perfil  geral                     39  

 6.2  -­  Perfil  etiológico                   40  

 6.3  -­  Perfil  baseado  em  critérios  de  risco         41  

 6.4  –  Perfil  de  gravidade  por  grupos  raciais  e  diferentes            43  

                       níveis  de  escolaridade  

7. LIMITAÇÕES  DO  ESTUDO                    44  

8. CONCLUSÕES                                                  45  

9. REFERÊNCIAS                                            46  

 ANEXO  I                                                    57  

ANEXO  II                     59  

1    

 

1-­  INTRODUÇÃO    

 

                             A Hipertensão Pulmonar (HP) é uma síndrome caracterizada por um

aumento na resistência ao fluxo sanguíneo por toda a árvore arterial

pulmonar, o que gera repercussões tanto congestivas quanto de baixo débito

multiorgânico. O grande desafio do manuseio desta condição clínica consiste

em caracterizar adequada e precocemente o portador de HP em um modelo

clínico-hemodinâmico, permitindo a instituição do tratamento adequado para

cada caso 1.

Todo processo de tomada de decisão para traçar o melhor tratamento

é baseado no binômio médico-paciente, exigindo que se leve em

consideração aspectos culturais e sócio-econômicos do paciente, o qual se

encontra fragilizado sob o ponto de vista tanto orgânico quanto psicológico2.

A escolaridade é um destes aspectos e o seu conhecimento é de suma

importância para que o profissional de saúde facilite o entendimento do

paciente quanto ao seu estado mórbido, favorecendo uma melhor adesão às

terapêuticas propostas3. O nível de escolaridade também apresenta papel

prognóstico em determinadas doenças como câncer de mama e insuficiência

renal crônica4-6. A cor da pele também é um elemento de suma importância e

de reconhecida relevância na determinação de prognóstico de diversos

distúrbios metabólicos, cardiovasculares, pulmonares e neoplásicos, de modo

que sua identificação durante a avaliação clínica não deva ser colocada em

um segundo plano7-11.

Após a identificação do indivíduo, a anamnese, o exame físico e

alguns exames mais simples como ECG e radiografia de tórax permitem o

início da suspeição clínica de Hipertensão Pulmonar, levando a

complementação com exames laboratoriais e de imagem que permitam uma

melhor elucidação diagnóstica12.

A complexidade do manuseio de um portador de HP, descrita

inicialmente por meio de relatos de caso e posteriormente em séries de

casos, levou a criação de centros de referência em diversos países como a

França.13 Estes motivaram, por sua vez, a formação de registros que

2    

funcionam como coortes multicêntricas com o intuito de determinar como

estes pacientes evoluem fora de um ensaio clínico randomizado, aliado ao

fato deles permitirem a geração de hipóteses, além da criação e validação de

instrumentos de predição clínica14.

Os dados referentes a prática clínica de centros brasileiros ainda são

escassos e restritos, predominantemente, a relatos de caso15-27, enquanto

que uma parcela menor refere-se a algumas séries de casos. Atualmente não

há registro brasileiro ativo que documente a prática clínica dos diferentes

centros de HP no Brasil, tornando fundamental a publicação de novos

estudos que demonstrem a prática clínica de diferentes centros. A

heterogeneidade dos diversos centros quanto a sua composição de etiologias

relacionadas a HP, aliada a recorrente escassez de recursos diagnósticos

disponíveis e profissionais capacitados na assistência a este tipo de paciente

exige a adaptação das diretrizes internacionais a prática clínica de cada

serviço.

 

2  –  REVISÃO  DA  LITERATURA    

 

2.1 - Definições

                 Hipertensão pulmonar pode ser definida como sendo um estado

hemodinâmico anormal caracterizado por um aumento na pressão da artéria

pulmonar em função da associação de diversos mecanismos fisiopatológicos

como vasoconstricção, proliferação celular e um estado pró-trombótico ao

longo da sua progressão28. Este estado de disfunção do endotélio pulmonar

leva a instalação de uma disfunção ventricular direita progressiva, a qual será

determinante na progressão da doença e dependerá da capacidade

adaptativa do VD frente a uma pós-carga elevada29.

A definição mais precisa de hipertensão pulmonar é dada pelo

cateterismo cardíaco direito. Este exame permitirá a mensuração de valores

de fluxo e pressão, os quais permitirão um entendimento do estado

hemodinâmico pulmonar do paciente. Um dos parâmetros avaliados é a

pressão arterial pulmonar média (PAPm), cuja faixa de normalidade varia

3    

entre 8 e 20 mmHg , enquanto que valores entre 21 e 24 mmHg permanecem

como uma faixa de valores de significado indeterminado30. Por conseguinte,

valores de PAPm ≥ 25 mmHg firmam o diagnóstico hemodinâmico de

hipertensão pulmonar, o qual pode ser do tipo pré- ou pós-capilar conforme

valores da pressão de cunha ou pressão de oclusão da artéria pulmonar

(POAP) ; valores ≤ 15 mmHg definem uma HP pré-capilar e POAP > 15

mmHg definem a HP como sendo pós-capilar31. Há ainda uma

subclassificação hemodinâmica conforme valores do gradiente

transpulmonar, que é calculado pela diferença entre a PAPm e POAP;

valores ≤ 12 mmHg determinam a forma passiva, resultante da transmissão

retrógrada de elevações da pressão de átrio esquerdo, enquanto que valores

acima de 12 mmHg definem a forma reativa e representam um estado de

remodelamento vascular pulmonar já instalado e decorrente de uma elevação

crônica da pressão venosa pulmonar31.

A presença de Hipertensão Pulmonar pode também ser

investigada pelo ecocardiograma transtorácico, o qual realizará uma

estimativa da pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) a partir de

medidas da velocidade do jato de regurgitação tricuspídeo associada a

pressão de átrio direito estimada32. A Diretriz Européia de Diagnóstico e

Tratamento de Hipertensão Pulmonar publicada em 2009 propõe como um

dos critérios ecocardiográficos para definição de uma Hipertensão Pulmonar

possível um valor de PSAP maior ou igual a 37 mmHg, independente da

presença de outros achados ecocardiográficos sugestivos de HP ou PSAP

menor que 37 mmHg associada a outros achados ecocardiográficos

sugestivos como: uma medida da velocidade de regurgitação pulmonar

aumentada, um tempo de aceleração da ejeção do VD reduzido, dilatação do

VD > 35 mm na base ou maior que 42 mm na sua porção média,

anormalidades morfofuncionais do septo interventricular, espessura da

parede do VD > 5 mm e dilatação do tronco da artéria pulmonar31,32.

4    

2.2- Evolução do conhecimento

 

O primeiro relato de caso publicado data de 1865 pelo médico

austríaco Dr. Julius Klob que descreveu achados de autópsia em um paciente

de 59 anos que manifestava antes do óbito edema progressivo de membros

inferiores, dispnéia e cianose. Foi destacado neste relato o achado de

estreitamento dos vasos pulmonares de pequeno calibre e que configuravam

um aspecto de aterosclerose generalizada, motivo pelo qual recebeu como

primeira denominação o termo “endarterite pulmonar deformante”33.

Entretanto, transcorreram-se aproximadamente 100 anos para que a

comunidade científica internacional tivesse um maior entendimento da

relevância do tema, quando o professor Hans Gurtner descreveu um surto

epidêmico de casos na cidade de Berna na Suíça34 em paralelo a descrição

de surtos semelhantes na Alemanha e Áustria, todos eles associados a um

maior uso de supressores do apetite como o aminorex e a fenfluramina 35.

Face a todos estes relatos, a Organização Mundial de Saúde organizou

entre 15 a 17 de outubro de 1973 o I Simpósio Internacional de Hipertensão

Pulmonar na cidade de Genebra, culminando na elaboração da primeira

classificação de Hipertensão Pulmonar36. Desde então, a produção científica

nesta área vem aumentando a cada ano conforme pode ser visto na figura 1,

que é baseada em informações retiradas da base de dados Medline quando

utilizamos os termos de busca em inglês “pulmonary hypertension”. Se

considerarmos apenas publicações brasileiras indexadas nesta base de

dados neste mesmo período que avaliaram séries de casos de pacientes

adultos acompanhados em centros de referência , restam apenas 9 artigos

oriundos de 5 centros brasileiros de HP.

5    

Figura 1: Número de artigos sobre HP na base de dados MEDLINE (eixo vertical) em cada ano citado (eixo horizontal)

O interesse crescente da comunidade científica internacional

motivou também a criação de diferentes registros nacionais que expressam a

realidade da prática clínica dos diferentes centros de referência em HP. O

primeiro registro a ser publicado foi oriundo de centros norte-americanos

descrevendo a evolução clínica ao longo de 5 anos de 187 casos de HP

idiopática37,38. Após esta publicação surgiram diversos outros registros em

diferentes países e voltados para diferentes subtipos de HP. Dentre esses

pode-se citar o registro norte-americano REVEAL que foi criado para

seguimento por pelo menos 5 anos de pacientes portadores de HP do grupo

1 acompanhados em 54 centros desde março de 200639. Um total de 3089

pacientes com critérios hemodinâmicos de HAP foram incluídos até outubro

de 2011, configurando no maior registro de pacientes com HAP que se tem

conhecimento39.

2.3 – Classificações:

A caracterização hemodinâmica da circulação pulmonar destes

pacientes por métodos invasivos e/ou não-invasivos associada a

caracterização clínica constitui num dos elementos fundamentais para

discriminar diferentes grupos associados a essa condição. A classificação

clínica mais recente é a de Dana Point de 200840 e que consiste nos

seguintes grupos :

6    

1.  Hipertensão  arterial  pulmonar    1.1   Idiopática  1.2   Herdada                        1.2.1   BMPR2                      1.2.2   ALK1,  endoglina  (com  ou  sem  telangiectasia  hemorrágica    

hereditária)                      1.2.3   Desconhecido    1.3   Associada  a  drogas  e  toxinas  1.4   Associada  a  :                  1.4.1   Distúrbios  do  tecido  conjuntivo              1.4.2   Cardiopatias  Congênitas              1.4.3   Hipertensão  portal              1.4.4   Infecção  por  HIV              1.4.5   Esquistossomose              1.4.6   Anemia  hemolítica  crônica    1.5   Hipertensão  Pulmonar  persistente  do  neonato      1’.  Doença  pulmonar  venooclusiva  e/ou  hemangiomatose  capilar  pulmonar      2.  Hipertensão  pulmonar  associada  a  cardiopatia  esquerda       2.1  Cardiopatia  relacionada  a  disfunção  sistólica  do  ventrículo  esquerdo     2.2  Cardiopatia  relacionada  a  disfunção  diastólica  do  ventrículo  esquerdo     2.3  Cardiopatia  valvular  esquerda    3.  Hipertensão  pulmonar  associada  a  doenças  pulmonares  e/ou  hipoxemia       3.1  Doença  pulmonar  obstrutiva  crônica     3.2  Doença  pulmonar  intersticial     3.3  Outras  doenças  pulmonares  com  padrão  restritivo  ou  obstrutivo     3.4  Distúrbios  respiratórios  durante  o  sono     3.5  Distúrbios  da  hipoventilação  alveolar     3.6  Exposição  crônica  à  alta  altitude     3.7  Anormalidades  do  desenvolvimento    4.  Hipertensão  pulmonar  causada  por  doença  trombótica  e/ou  embólica  crônica            

7    

5.  Hipertensão  pulmonar  por  mecanismos  multifatoriais  e/ou  indefinidos       5.1  Desordens  hematológicas:  doenças  mieloproliferativas,  esplenectomia     5.2  Desordens  sistêmicas:  sarcoidose,  histiocitose  pulmonar  de  células  de  Langerhans,  linfangioleiomiomatose,  neurofibromatose,  vasculites     5.3  Desordens  metabólica:  glicogenoses,  doença  de  Gaucher,  desordens  tireoidianas     5.4  Outros:  obstrução  tumoral,  mediastinite  fibrosante,  insuficiência  renal  crônica  em  hemodiálise                              Há ainda uma subclassificação clínica para os casos associados a

cardiopatias congênitas em que o paciente pode ser enquadrado em um de

quatro fenótipos clínicos diferentes41, conforme o relato de correção cirúrgica

prévia, descrição do tamanho e direção da comunicação intracardíaca,

quando presente:

a) Síndrome de Eisenmenger: incluem as cardiopatias congênitas com

comunicações pelo menos bidirecionais a até aqueles com instalação

de inversão do fluxo pela comunicação intracardíaca no sentido

pulmonar-sistêmico. Esse fluxo determina cianose e eritrocitose

crônicas associadas a um comprometimento multiorgânico insidioso;

b) Associado a comunicações sistêmico-pulmonares: aqui não há

cianose em repouso e o fluxo ainda é sistêmico-pulmonar; associa-se

com diâmetro de CIV > 1,0 cm ou de CIA > 2,0 cm e exige o uso de

critérios hemodinâmicos específicos para serem considerados

operáveis;

c) Associado a comunicações intracardíacas menores: com evolução

clínica semelhante a forma idiopática, eles geralmente cursam com

diâmetros de CIV ≤ 1,0 cm ou de CIA ≤ 2,0 cm. Neste subgrupo a

comunicação não é considerada o responsável pela geração da HP;

d) HP pós-correção de comunicações intracardíacas: caracterizada pela

persistência de HP no pós-operatório imediato ou recorrência da HP

vários meses ou anos após a cirurgia, tendo-se descartado quaisquer

lesões residuais. Apresentam perfil hemodinâmico e prognóstico

semelhante aos da forma idiopática, com taxa de mortalidade de até

25% em 5 anos em populações pediátricas42.

8    

 

2.4-­  Abordagem  diagnóstica  

 

                 2.4.1 – Anamnese e exame físico:

A apresentação clínica baseia-se em sintomas desencadeados por

esforços progressivamente menores decorrentes de uma inadequação no

transporte de oxigênio tissular secundária a um estado de baixo débito

cardíaco43. Os sintomas mais relatados são dispnéia e/ou cansaço, dor

torácica e síncope, os quais são sempre desencadeados por esforços. A

dispneia é o sintoma mais comum e foi relatado em 60% dos pacientes

descritos na primeira coorte prospectiva norte-americana de portadores de

HP idiopática37. Angina aos esforços pode indicar isquemia subendocárdica

de VD por desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio de ordem

multifatorial: estresse parietal do VD, compressão extrínseca do tronco da

coronária esquerda e redução do gradiente de perfusão coronariana28.

Síncope é relatada em 12 a 26% dos casos quando a HP é diagnosticada e

pode ser decorrente de comprometimento progressivo do débito sistólico

efetivo do VD e/ou da associação com arritmias supraventriculares

(principalmente fibrilação e flutter atrial)28,37,46,47. Arritmias ventriculares são

mais raras na geração da síncope mas são descritas como mecanismo de

morte súbita em 8 a 26% dos casos43. Diversos centros de referência em HP

consideram a ocorrência de síncope como equivalente a uma classe

funcional avançada. Palpitações também são comumente descritas

associadas a ocorrência de arritmias44. Hemoptise e hemoptoicos podem

estar presente em qualquer forma de HP, sendo particularmente prevalente

na forma tromboembólica44. Hemoptise é um evento raro mas sua ocorrência

é mais vista em portadores da Síndrome de Eisenmenger e sua recorrência

pode representar uma indicação potencial para transplante pulmonar

bilateral45.

Um dado que merece particular atenção durante a anamnese é a

caracterização da intensidade dos esforços desencadeadores de sintomas

9    

por meio da classificação da OMS – e adaptada a partir da graduação

proposta pela NYHA- em 4 níveis, a saber: 46

-­‐ Classe I: Pacientes com HP porém sem limitação a atividades físicas.

Atividades físicas comuns não causam dispnéia, fadiga, dor torácica ou

pré-síncope;

-­‐ Classe II: Pacientes com HP determinando limitação leve a atividades

físicas. Ficam confortáveis em repouso. Atividades físicas comuns

causam dispnéia, fadiga, dor torácica ou pré-síncope;

-­‐ Classe III: Pacientes com HP determinando limitação importante a

atividades físicas. Ficam confortáveis em repouso. Atividades físicas

menos intensas do que as convencionais causam dispnéia, fadiga, dor

torácica ou pré-síncope;

-­‐ Classe IV: Pacientes com HP incapazes de executar qualquer atividade

física sem sintomas. Há presença de sinais e sintomas de insuficiência

ventricular direita. Dispnéia e/ou fadiga podem estar presentes mesmo

em repouso.

Classes funcionais mais avançadas (III/IV) foram consideradas como

marcadoras de pior evolução tanto em estudos de seguimento clínico após

terapias específicas como também em registros internacionais e as diretrizes

propõe o seu uso na estratificação de risco e definição da terapia específica

para HP a ser iniciada47-53.

O exame físico cursa com sinais que expressam a repercussão da HP

sobre a função ventricular direita, o seu grau de remodelamento e a

intensidade de comprometimento multiorgânico congestivo e/ou secundário

ao baixo débito característico desta condição. Dados do primeiro registro

norte-americano publicados em 1987 descreveram como achado mais

comum no exame físico a hiperfonese da 2a bulha (90% dos casos).37Outros

achados descritos em pacientes com manifestações menos avançadas foram

levantamento paraesternal esquerdo (representando a impulsão do VD

hipertrofiado), uma onda A ao pulso venoso proeminente (expressando

aumento das pressões de enchimento do VD), uma ausculta cardiovascular

evidenciando a presença de uma 4a bulha (38% dos casos) e um sopro

10    

mesossistólico ejetivo em foco pulmonar.37 Aqueles pacientes com formas

mais avançadas já apresentavam tanto sinais de remodelamento ventricular

direito como também de insuficiência ventricular direita já instalada: sopro

diastólico de regurgitação pulmonar, sopro holossistólico de regurgitação

tricúspide, presença de onda V acentuada ao pulso venoso.37 Presença de 3a

bulha de VD (23% dos casos), turgência jugular importante, pulso hepático e

edema de membros inferiores (32% dos casos) e ascite.37 A cianose é um

achado comumente associado a Síndrome de Eisemenger, entretanto, na

ausência de um fluxo intracardíaco pulmonar-sistêmico, ele indica um débito

cardíaco severamente prejudicado e/ou um comprometimento significativo da

troca gasosa.37

Alguns dados simples do exame físico podem trazer informações

prognósticas importantes. O registro norte-americano REVEAL identificou

diversos fatores prognósticos a partir da análise multivariada de 2716

pacientes portadores de HP do grupo 1: PA < 110 mmHg associou-se a um

risco de óbito de 1,39 vezes maior (IC 95%: 1,34- 2,08; p <0,001), enquanto

que uma FC maior que 92 bpm determinou um risco 1,67 vezes maior (IC

95%:1,10-1,76, p=0,005).47 Pelo menos 40% dos pacientes incluídos neste

estudo já se encontravam em uso de terapia combinada e 47% eram

portadores da forma idiopática.47 Outro estudo avaliou retrospectivamente

dados de 140 pacientes com a forma idiopática e consecutivamente

admitidos para início de acompanhamento, sendo identificada uma FC acima

de 81 bpm como determinante de um risco 4,2 vezes maior de óbito e/ou

transplante pulmonar (IC 95%: 2,3-7,6; p< 0,001)54.

2.4.2 - Exames laboratoriais:

A avaliação inicial inclui hemograma, bioquímica com análise da

função renal e hepática, e coagulograma completo em todos os pacientes,

com acréscimo de exames adicionais conforme dados da anamnese e exame

físico que sugiram alguma condição clínica associada a HP.31 Exames

adicionais úteis incluem hormônos tireoidianos, sorologias para hepatites

virais e HIV, caracterização do FAN (fator anti-nuclear; presente em até 40%

dos casos com títulos de até 1/80) associado ou não a marcadores de auto-

11    

imunidade para doenças específicas e rastreamento de trombofilias naqueles

com HP tromboembólica.31

A avaliação laboratorial pode ser complementada com exames que

apresentam valor prognóstico e auxiliam na estratificação de risco dos

pacientes mas que não são mandatórios para a investigação diagnóstica

como o BNP / NT-proBNP, troponinas e dosagem de ácido úrico.55-63 Alguns

poucos estudos associam a contagem plaquetária com parâmetros

hemodinâmicos de pior prognóstico e mesmo com mortalidade, independente

do uso de fármacos que causem plaquetopenia, como o epoprostenol.64,65 A

própria função renal definida por nível sérico de creatinina ou por estimativa

da taxa de filtração glomerular está associada a variáveis hemodinâmicas de

pior desfecho como índice cardíaco, pressão atrial direita média, saturação

venosa mista de oxigênio e resistência vascular pulmonar.66 A disfunção

renal também está associada a uma maior mortalidade conforme diferentes

níveis de creatinina sérica.66,67

2.4.3 - Ecocardiograma transtorácico :

O ecocardiograma segue sendo um elemento importante em todos os

momentos da evolução do paciente com HP e pode ser o primeiro exame

complementar a levantar esta suspeição. Ele descarta doenças das

cavidades esquerdas e traz importantes dados prognósticos, com particular

importância para a presença de derrame pericárdico, o grau de disfunção do

VD de forma subjetiva e objetiva e permite quantificar as medidas de pressão

da artéria pulmonar.68

O primeiro dado que sugere a presença de HP é a estimativa da

pressão sistólica arterial pulmonar (PSAP). Essa estimativa só é possível

quando se conhece outras 2 variáveis: pressão de átrio direito estimada e a

velocidade do jato de regurgitação tricuspídeo. 31,32 A estimativa da pressão

de átrio direito (PAD) é dada pela mensuração do diâmetro da veia cava

inferior (VCI) ao final da expiração e a avaliação da sua colapsabilidade com

a inspiração.32 Conforme visto na figura 2, essa medida é feita perpendicular

ao eixo longo da VCI ao final da expiração, o que é feito preferencialmente

12    

por meio da janela subcostal.32 A estimativa da PAD é feita como os

seguintes critérios:

-­‐ VCI ≤ 21 mm com colapso > 50% sugere PAD em torno de 3 mmHg

-­‐ VCI > 21 mm com colapso < 50% sugere PAD em torno de 15 mmHg

Casos que não sejam contemplados pelas regras previamente

citadas exigem a avaliação de índices secundários de aumento da PAD

como padrão de enchimento diastólico ventricular direito do tipo restritivo;

relação E/E’ tricuspídea > 6 e predominância de fluxo diastólico das veias

hepáticas.32 Pacientes com colapso da VCI menor que 35% e com algum

destes índices secundários presentes podem ser caracterizados com uma

PAD estimada de 15 mmHg32, como foi o caso descrito abaixo.

Figura 2: Veia cava inferior vista no seu eixo longitudinal pela janela subcostal em

paciente com HP idiopática. VCI = veia cava inferior; AD: átrio direito. Imagem

gentilmente cedida pelo Dr Marcelo Iorio Garcia, Setor de Ecocardiografia , HUCFF.

13    

Após estimativa da PAD, pode-se calcular a PSAP obtendo-se a medida da

velocidade de pico da regurgitação tricuspídea em metros por segundo (m/s) .

Essa medida exige a obtenção de sinais de fluxo da regurgitação tricuspídea

com bordos bem-delimitados e com uso preferencial do sinal com a

velocidade mais alta documentada durante o exame.32 Estas medidas

compõe uma equação utilizada para estimar o valor da pressão sistólica da

artéria pulmonar, chamada de equação de Bernoulli simplificada :

PSAP  estimada  =  4v2  +  PAD  estimada    

 

                       A variável v representa a medida da velocidade de pico do jato de

regurgitação tricuspídeo em metros por segundo (m/s), o que permite calcular

o gradiente pressórico de pico VD-AD em mmHg (representado na fórmula

pelo componente 4v2). Partindo-se do pressuposto que não haja gradiente

pressórico pela valva pulmonar ou trato de saída do VD, considera-se o valor

do gradiente VD-AD numericamente igual ao valor estimado da PSAP. Um

exemplo deste cálculo final pode ser observado na figura 3, obtido no mesmo

exame da paciente referida na figura 2.

Apesar de algumas publicações sugerirem uma PSAP acima de 40

mmHg como sugestiva de HP69, diretrizes mais recentes estabeleceram um

valor de PSAP maior ou igual a 37 mmHg como definidor de um possível

diagnóstico ecocardiográfico da doença, independente da presença de outras

variáveis ecocardiográficas que a sugiram31, o que parece ser adequado sob

a perspectiva da prática clínica quando se considera o diagnóstico precoce

como um elemento impactante no prognóstico destes pacientes.

O grau de regurgitação tricuspídea foi avaliado em alguns estudos

como preditor de mortalidade e/ou necessidade de transplante de pulmão

conferindo um risco 2,52 vezes maior em uma série de 22 pacientes (IC 95%:

1,01– 6,3; P < 0,047)70 e em outra série de 59 casos com a forma idiopática o

risco de óbito ao final de 52 meses foi 3,1 vezes maior (IC 95%: 1,2 – 9,48;

p < 0,03)71, ambos os estudos considerando como ponto de corte uma IT

moderada a grave.

O derrame pericárdico tem seu papel como marcador de gravidade bem

caracterizado. Os primeiros trabalhos já evidenciavam uma relação entre

14    

grau de derrame e variáveis hemodinâmicas como maiores níveis de PAD e

RVP e menores valores de IC e teste de caminhada de 6 minutos72,73.

Estudo mais recente com 154 pacientes consecutivamente admitidos

evidenciou uma prevalência de 28,6% e, dentre os que não apresentavam

este achado no ecocardiograma inicial, 44,1% desenvolveram algum grau de

derrame pericárdico durante seu seguimento. E ainda, um derrame

pericárdico pelo menos moderado (10-20 mm) a volumoso (≥ 20 mm) na

admissão conferiu risco 3,95 vezes maior de óbito por todas as causas (IC

95%, 1,26-12,40), com uma sobrevida ao final de 3 anos de 20%74.

Figura 3: Cálculo da PSAP. Melhor onda de fluxo de regurgitação tricuspídea aparece

sendo calculado pela linha tracejada em pontilhado amarelo. RAP = pressão estimada

de átrio direito; TRVmax = velocidade velocidade de pico do jato de regurgitação

tricuspídeo; TRPGmax = gradiente pressórico VD-AD. RVSP= pressão sistólica do VD.

Imagem gentilmente cedida pelo Dr Marcelo Iorio Garcia, Setor de Ecocardiografia ,

HUCFF.

15    

A função ventricular direita pode ser avaliada inicialmente pelo

modo subjetivo e apenas a documentação de uma disfunção grave do VD já

determina um risco 1,29 vezes maior de óbito (IC 95%: 1,01-1,67; p< 0,05)

quando ajustado para idade, gênero, etiologia e classe funcional67.

Entretanto, alguns índices objetivos da função do VD foram validados como

determinantes de desfecho clínico adverso na HP como é o caso do TAPSE,

termo em inglês que representa a medida da excursão sistólica do plano

anelar tricuspídeo no sentido longitudinal e visualizado pela janela apical de 4

câmaras.32 Apesar de ser simples de ser medido, ele é ângulo-dependente, o

que o torna relativamente limitado considerando-se que o objeto de análise –

o VD – é uma estrutura tridimensional.32 Ele foi validado como um marcador

prognóstico em diversos trabalhos 71,75–77 e é o índice objetivo da função

sistólica do VD recomendado pela Diretriz Européia de Hipertensão Arterial

Pulmonar (2009) para ser utilizado no processo de tomada de decisão quanto

a associação de terapias específicas para HP31.

Figura 4: Medida da excursão sistólica do plano anelar tricuspídeo (D1) em mm em

paciente portadora de Hipertensão Porto-Pulmonar. AD= átrio direito; AE= átrio

esquerdo; VE= ventrículo esquerdo; V ventrículo direito. Imagem gentilmente cedida pelo Dr Marcelo Iorio Garcia, Setor de Ecocardiografia , HUCFF

16    

2.4.4 – Outros métodos não-invasivos

A avaliação funcional apenas pela classificação da OMS em classes

funcionais é sujeita a subjetividade do examinador e exige recursos que a

tornem mais fidedigna. Uma das possibilidades é o teste de caminhada de 6

minutos, método extensamente utilizado como desfecho primário ou

secundário em diferentes ensaios clínicos randomizados que validaram

diversas terapias para HP e também em publicações avaliando o prognóstico

destes pacientes. O fato de diversos pontos de corte terem sido propostos

para predição de mortalidade – abaixo de 35851, 33278 e até 165 metros47 –

passou a exigir o uso de alguns refinamentos desta avaliação como a análise

da variação da distância entre dois testes de caminhada, porém, os ensaios

que utilizaram-na como desfecho clínico também levaram a resultados

conflitantes sob o aspecto de capacidade de predizer evolução clínica79-81.

A avaliação funcional pelo teste cardiopulmonar vem se tornando uma

ferramenta cada vez mais utilizada pela possibilidade dela permitir uma

avaliação metabólica do paciente.82 Estudo com 86 pacientes com HP

idiopática evidenciou como preditores de pior prognóstico a partir de uma

análise multivariada uma PA sistólica maior que 120 mmHg no pico do

esforço e V   ̇   O2 pico ≤ 10,4 ml/kg/min83. O mesmo estudo também mostrou

que pacientes com até 1 destes 2 fatores de risco tinham uma sobrevida em

12 meses de 79%, enquanto que se apresentassem os 2 parâmetros a

sobrevida cai para 23% em 1 ano83.

A prova de função pulmonar é um exame utilizado na investigação

diagnóstica de pacientes sob suspeita de HP, com o objetivo de se

diagnosticar e quantificar distúrbios funcionais associados a doenças

respiratórias diversas como asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva

crônica e pneumopatias intersticiais diversas.84 Dentre as variáveis obtidas

durante uma avaliação espirométrica destaca-se a capacidade de difusão de

monóxido de carbono (DLCO), o qual visa não só avaliar a integridade da

membrana alvéolo-capilar como também quantificar a magnitude e

distribuição do volume do sangue capilar pulmonar.85 O valor normal

esperado ou predito da DLCO leva em consideração altura, sexo e idade mas

a ampla variabilidade de equações de referência exige que cada laboratório

17    

de função pulmonar utilize uma mesma equação de referência.85 Idealmente,

os laboratórios deveriam escolher equações de referência que mais

apropriadamente representam sua metodologia técnica e as características

biológicas da população atendida.85 O registro norte-americano REVEAL

identificou a DLCO como um marcador tanto de pior evolução (≤ 32% do

valor predito) como também de melhor evolução (≥ 80% do valor predito). 47

Pacientes suspeitos de hipertensão porto-pulmonar devem ser

submetidos a uma ultrassonografia abdominal com Doppler do sistema porta,

onde são encontradas alterações nos padrões de fluxo, especialmente na

veia porta e veias hepaticas, e o achado de veias paraumbilicais é altamente

específico para o diagnóstico de hipertensão portal, que é o principal fator de

risco para HP porto-pulmonar.86

Outro exame que faz parte da investigação de todos os pacientes é a

cintilografia ventilação – perfusão pulmonar . 87 Um padrão perfusional normal

descarta HPTEC; se apresentar múltiplos deficits perfusionais ou padrão

indeterminado, deve se complementar com um estudo anatômico vascular

pulmonar, o qual pode ser feito com a angiotomografia de tórax

preferencialmente de 64 canais.88 Caso o paciente seja candidato a

tromboendarterectomia pulmonar, o exame de escolha passa a ser a

arteriografia pulmonar.88

A tomografia de tórax de alta resolução é capaz de demonstrar alguns

achados indiretos de HP.89 O diâmetro de ramos arteriais pulmonares distais

maior ou igual a 29 mm associado a razão entre os diâmetros de segmentos

arteriais e brônquicos pulmonares maior que 1 em 3 de 4 lobos pulmonares

apresenta uma especificidade de 100%.89 Outros achados seriam um padrão

de atenuação em mosaico do parenquima pulmonar de distribuição periférica

ou peri-hilar e uma razão artéria pulmonar-aorta maior que 1, principalmente

em pacientes com menos de 50 anos.89

A ressonância magnética cardíaca não faz parte da investigação

diagnóstica em todos os casos mas é capaz de fornecer elementos

importantes correlacionados a sobrevida ao final de 1 ano quando são

indexados pela superfície corporal como um volume sistólico indexado ≤ 25

ml/m2, volume diastólico final do VD ≥ 84 ml/m2 e um volume diastólico final

do VE ≤ 40 ml/m2 90. E ainda, a análise morfológica da artéria pulmonar por

18    

meio da variação da sua área seccional também tem papel prognóstico;

valores menores que 16% determinam maior mortalidade ao final de 4

anos.91

2.4.5 - Cateterismo cardíaco direito (CD)

Além de representar o método padrão-ouro para o diagnóstico, o CD

também permite identificar aqueles pacientes que apresentam alterações

hemodinâmicas pulmonares significativas ao uso de substâncias

vasodilatadoras pulmonares, o que é chamado de teste de vasorreatividade

pulmonar.92 Este teste pode ser realizado com óxido nítrico ou adenosina

para pacientes portadores de HP do grupo 1 em geral que estejam sendo

avaliados quanto a indicação de se iniciar bloqueadores de canais de cálcio

ou apenas oxigênio a 100% em portadores de cardiopatias congênitas com

comunicação intracardíaca que estejam sendo avaliados quanto a

elegibilidade para tratamento cirúrgico.92 Considera-se vasorresponsividade

pulmonar a responsividade  uma queda da PAPm a níveis menores que 40

mmHg, com queda de pelo menos 10 mmHg, sem redução do DC.31 Quanto

a pacientes em avaliação para correção de cardiopatia congênita com

comunicação intracardíaca, a vasorreatividade só estará indicada naqueles

com uma RVPi entre 6 e 9 UW/m2 e com uma razão RVP/RVS entre 0,3 e

0,5.41 Neste caso, considera-se vasorreativo o paciente que preencha 4

critérios: queda da RVPi de pelo menos 20%, com queda da razão RVP/RVS

de 20%, com uma RVPi final menor que 6 UW/m2 e uma RVP/RVS final

menor que 0,3.41

Ele também fornece como principais dados prognósticos o IC e a

PAD, elementos estes preconizados pelas diversas diretrizes como os mais

importantes na tomada de decisão. O registro norte-americano REVEAL

também documentou como elemento importante uma RVP acima de 32

unidades Wood, a qual determinaria um risco 4 vezes maior de óbito. Uma

SVO2 ≤ 55% correlaciona-se com óbito na avaliação inicial , sendo que

alguns centros propõe seu uso como alvo terapêutico para valores ≥ 65% 79,93.

19    

2.5  –  Prática  clínica  em  centros  brasileiros  e  internacionais  

de  referência  em  HP  

                     

                     O primeiro relato descrevendo uma série de pacientes com HP data de

1991 onde foram descritas as características de 187 pacientes portadores da

forma idiopática, dados estes obtidos a partir de um registro que abrangeu 32

centros norte-americanos.38 Desde então, surgiram outros registros com o

intuito de descrever as características e o seguimento de outras condições do

grupo 1 que não apenas a forma idiopática. Foi criada em 2000 a Rede

Francesa de Hipertensão Arterial Pulmonar composta por 17 centros

universitários franceses e que documentou as características e o seguimento

clínico de 674 pacientes portadores de HP do grupo 1.94 Essa casuística era

composta por pacientes com média de idade de 50 anos, 65% do total sendo

do sexo feminino e 75% apresentavam-se em classes funcionais mais

avançadas (III e IV), apresentando como etiologias mais prevalentes em

ordem decrescente: forma idiopática, associada a doenças do colágeno,

associada a cardiopatias congênitas e hipertensão porto-pulmonar.94 96%

dos pacientes foram submetidos a cateterismo cardíaco direito para

confirmação diagnóstica e apenas 5.8% foram vasorreativos ao estudo

hemodinâmico invasivo.94

O registro norte-americano PHC (sigla em inglês para Pulmonary

Hypertension Connection) compreendeu dados de 3 centros universitários da

cidade de Chicago - Universidade de Chicago, Universidade de Illinois e

Escola Médica Rush – referentes ao período entre 1982 e 2006, com um total

de 1360 pacientes inseridos, dos quais 578 foram classificados como sendo

HP do grupo 1.95 Semelhante ao que foi observado no registro francês, o

predomínio era do sexo feminino em 77% dos casos, sendo 80% em CF III e

IV e as etiologias mais prevalentes também foram idiopática, doenças do

colágeno, cardiopatias congênitas e porto-pulmonar.95

O registro REVEAL (sigla em inglês para Registro para Avaliação

Precoce e a Longo Prazo do Manuseio da Hipertensão Pulmonar) foi

publicado inicialmente em 2010 com dados de 2525 pacientes.96 A idade

média no momento do diagnóstico era de 50 anos, sendo 80% do sexo

20    

feminino, com 55.6% em CF III e IV; 46,2% tinham a forma idiopática, 25%

tinham HP associada a doenças do colágeno, 9,9% tinham HP associada a

cardiopatia congênita e 5,4 % tinham HP porto-pulmonar.96

Os dados brasileiros são restritos a alguns poucos centros. Publicação

recente do centro de referência em HP da Universidade Federal da Bahia

incluiu pacientes com PSAP maior que 40 mmHg e mostrou que 42% eram

portadores da forma idiopática, seguido da etiologia esquistossomótica em

25% dos casos, 19% dos casos associados a cardiopatias congênitas e 10%

de origem tromboembólica.97 A prevalência de classe funcional na amostra

como um todo não foi analisada mas comparada por subgrupos etiológicos,

com predomínio das CF III e IV em pacientes com a forma tromboembólica

(80%), enquanto que em pacientes com a forma congênita foi observado em

apenas 56% dos pacientes.97 Não houve predomínio do sexo feminino

apenas na etiologia esquistossomótica. A média de idade foi de 46 anos e a

média do tempo de início dos sintomas foi de 69 meses.97 Publicação recente

do centro filiado a Universidade Federal de Pernambuco avaliou

exclusivamente portadores de HP associada a esquistossomose.98 A média

de idade foi de 46,9 anos, 70,6% do sexo feminino, sendo que 47,7% dos

pacientes que tiveram registro de classe funcional encontravam-se em CF III

e IV, e 3,5% foram vasorreativos com óxido nítrico.98 Estudo em conjunto de

2 centros brasileiros de HP incluiu 123 pacientes dos quais 62%

encontravam-se em CF III e IV, 69,9% do sexo feminino e um perfil etiológico

composto , em ordem decrescente, pela forma idiopática (50,4%),

esquistossomose (30,1%), doenças do colágeno (10,6%) e porto-pulmonar

(4,9%).99 A idade média foi de 42 anos e o tempo médio de sintomas foi de

20 meses. 99

           

 

 

 

 

21    

3.  OBJETIVOS  

 

3.1  –  PRIMÁRIO  

 

Caracterizar o perfil etiológico de pacientes portadores de Hipertensão

Pulmonar avaliados para acompanhamento num centro de referência para a

doença

   

3.2  –  SECUNDÁRIOS  

 

1- Descrever características clínicas, epidemiológicas, laboratoriais e

ecocardiográficas gerais da amostra estudada

2- Descrever a frequência de critérios de risco clínicos e ecocardiográficos

no momento de admissão ao centro de referência na amostra total

3- Descrever e comparar características clínicas gerais e a frequência de

critérios de risco clínicos e ecocardiográficos conforme cor de pele e

nível de escolaridade auto-referidos

4. METODOLOGIA 4.1 – Delineamento do estudo

Estudo observacional seccional de uma série de casos avaliados

para início de acompanhamento em um centro de referência em HP.

4.2 – Local

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) localiza-

se na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro, fazendo parte do complexo

hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro e abrangendo

atividades de ensino e pesquisa aliadas à assistência de pacientes

encaminhados de outras unidades do Sistema Único de Saúde localizadas

predominantemente no Estado do Rio de Janeiro.

22    

O Ambulatório de HP acompanha pacientes portadores de HP dos

grupos 1, 4 e 5 segundo a Classificação de Dana Point, de modo que pacientes

portadores de HP do grupo 2 ou 3 sejam encaminhados para o Ambulatório de

Cardiologia ou outros Ambulatórios de Pneumologia, conforme cada caso.

Todos os pacientes que são admitidos submetem-se inicialmente a uma

avaliação clínica; caso haja uma identificação imediata do caso como sendo do

grupo 2 ou 3 o paciente é redirecionado para o serviço cuja especialidade

possa responder melhor ao contexto clínico apresentado. Caso contrário, o

paciente será submetido a um protocolo específico que implica na realização de

exames laboratoriais gerais e específicos para autoimunidade, função hepática,

sorologias para HIV, HBV e HCV, hormônios tireoidianos, dosagem de ácido

úrico e coagulograma completo. Solicita-se parasitológico de fezes pelo método

de Kato-Katz em paciente com epidemiologia sugestiva de esquistossomose.

São também realizados como exames de imagem US abdominal total – quando

indicado, é complementado por Doppler do sistema porta - , cintilografia

pulmonar V/Q – com ou sem angiotomografia de tórax, conforme probabilidade

de TEP -, tomografia de tórax sem contraste, prova de função respiratória com

medida da capacidade de difusão de monóxido de carbono (esta último,

quando disponível), ecocardiograma transtorácico com ou sem ecocardiograma

transesofágico – caso se suspeite de cardiopatia congênita com comunicação

intracardíaca- e por fim, o cateterismo direito (CD) para confirmação

hemodinâmica da HP. Aqueles sob suspeita de doença tromboembólica são

submetidos a um rastreamento para trombofilias. O teste de caminhada de 6

minutos também é solicitado para avaliação funcional mais acurada. Não

dispomos de ressonância magnética cardíaca, ergoespirometria, BNP / NT-

proBNP e troponina na nossa prática assistencial até o momento de realização

do estudo.

4.3 – Critérios para definição de Hipertensão Pulmonar

A presença de HP foi definida tendo como critério ecocardiográfico

uma medida de PSAP ≥ 37 mmHg e/ou como critério hemodinâmico invasivo

uma PAPm ≥ 25 mmHg em repouso.

23    

4.4 – Critérios de inclusão

Pacientes submetidos a avaliação ecocardiográfica transtorácica no

HUCFF com critério ecocardiográfico de HP e/ou pacientes com critério

hemodinâmico invasivo de HP

4.5 - Critérios de exclusão

Pacientes que tenham sido caracterizados clinicamente ou por métodos

não-invasivos como sendo portadores de HP do grupo 2 ou do grupo 3 da

Classificação de Dana Point.

4.6 – Casuística

Conforme descrito na figura 5, foram encaminhados para avaliação no

Ambulatório de Hipertensão Pulmonar entre janeiro de 2006 e agosto de

2012 um total de 299 pacientes com o objetivo de elucidação diagnóstica

visando planejamento da conduta terapêutica mais adequada e definição

quanto ao seguimento clínico no referido ambulatório.

Figura 5 - Fluxograma de seleção dos pacientes do estudo

24    

Foram incluídos na análise final 103 pacientes encaminhados para

avaliação no Ambulatório de Hipertensão Pulmonar no período de janeiro de

2006 a agosto de 2012 submetidos a avaliação ecocardiográfica com

documentação de PSAP maior ou igual a 37 mmHg ou CD com documentação

de PAPm maior ou igual a 25 mmHg.

 

4.7 – Instrumentos de coleta de dados

A coleta de dados foi realizada mediante preenchimento de uma

ficha própria (Anexo I) onde consta informações referentes a aspectos

epidemiológicos obtidos no momento em que o paciente realiza a abertura de

prontuário, bem como dados clínicos e laboratoriais referentes a avaliação

inicial no Ambulatório de HP. A coleta de dados ecocardiográficos foi obtida

diretamente dos laudos do método em questão registrados em prontuário

impresso ou eletrônico e inseridos diretamente em um banco de dados

próprio. O acesso aos dados sobre o total de pacientes encaminhados no

período em questão foi feito por busca de relatórios referentes a atividade do

Ambulatório de Hipertensão Pulmonar a partir do sistema interno de dados do

HUCFF. Dados referentes a identificação dos pacientes que não tenham sido

obtidos pelos instrumentos acima referidos foram complementados por meio

de contato telefônico com o sujeito da pesquisa ou familiares. Todos os

dados previamente descritos foram inseridos em um único banco de dados

para posterior análise estatística pelo programa SPSS 15.0.

4.8 - Plano de análise dos dados :

Foi feito inicialmente uma caracterização do perfil etiológico da amostra total,

seguida da identificação de características epidemiológicas, clínicas e

ecocardiográficas.

Posteriormente, foi descrita a freqüência na amostra total de cada um dos

critérios de risco apresentados na seção 4.9.5

25    

Foram feitas também comparações de frequência de características gerais e

de critérios de risco entre subgrupos divididos por cor-de-pele e nível de

escolaridade.

4.9 - Definição de variáveis utilizadas na análise

4.9.1 – Variáveis epidemiológicas e clínicas registradas em prontuário

impresso:

-­‐ Gênero : categorizados em masculino e feminino

-­‐ Naturalidade: estado onde o paciente nasceu confome relatado pelo

próprio

-­‐ Idade na 1a avaliação : idade relatada pelo paciente em anos

-­‐ Escolaridade: conforme relatado pelo paciente na 1a avaliação e

classificada como : analfabeto, 1o grau incompleto, 1o grau completo, 2o

grau incompleto, 2o grau completo, superior incompleto e superior

completo. Esta variável será também dicotomizada em escolaridade A

(de analfabeto até 1o grau completo) e escolaridade B (de 2o grau

incompleto a até superior completo)

-­‐ Raça: conforme relatado pelo paciente na 1a avaliação e categorizado

em branco, negro ou pardo. Esta variável será dicotomizada em raça

branca e não-branca (esta abrangendo pardos e negros).

-­‐ Tempo de início dos sintomas relatados: definido pelo tempo em meses

transcorrido entre o início dos sintomas referidos e o mês da 1a

avaliação no centro de referência (exemplo: início dos sintomas em

março de 2008 com 1a avaliação em janeiro de 2010 = tempo dos

sintomas estimado em 22 meses)

-­‐ Relato de sincope: definido por episódio de perda da consciência

associado ou não a esforços relatados pelo paciente e registrado em

prontuário

-­‐ Sinais de IVD: conforme registrado em prontuário e definido pela

presença ao exame físico de sinais sugestivos de insuficiência

ventricular direita descompensada como edema de MMII, ascite,

26    

turgência jugular patológica a 90o ou sinais de baixo débito sistêmico

e/ou cerebral mantidos

-­‐ Classe funcional pela classificação da OMS: conforme registradas em

prontuário e descritas como classes funcionais I, II, III ou IV

-­‐ Pressão arterial sistólica: valor registrado em mmHg e medido por

esfigmomanômetro em um dos membros superiores

-­‐ Freqüência cardíaca: valor registrado em batimentos por minuto (bpm) e

aferido por palpação de pulso radial ou ausculta cardiovascular

-­‐ Condição clínica associada a HP: definida pelo diagnóstico prévio ou

obtida durante a investigação diagnóstica de doença associada ao

desenvolvimento de HP, conforme descrito em cada um dos subgrupos

da Classificação de Dana Point.

-­‐ Uso de terapias à época da 1a avaliação : documentação em prontuário

do uso ou não das seguintes medicações : varfarina, estatina, digital,

beta-bloqueador, O2 domiciliar, furosemida, hidroclorotiazida, AAS,

espironolactona, sildenafila, bosentana

4.9.2 – Variáveis laboratoriais:

-­‐ Creatinina sérica: obtida durante a avaliação laboratorial inicial e medida

em mg /dl

-­‐ Clearence de creatinina: estimada em ml/min/1,73 m2 derivada do valor

da creatinina sérica conforme Fórmula de Cockroft – Gault :

CL Cr = (140 – idade) X peso em kg X 0,85 (se for do gênero feminino)

72 X Cr sérica em mg/dl

-­‐ Plaquetometria : obtida durante a avaliação laboratorial inicial e medida

em cada mil / mm3

-­‐ Hemoglobina: obtida durante a avaliação laboratorial inicial e medida

em g/dl

-­‐ Hematócrito: obtido durante a avaliação laboratorial inicial e medido em

%

27    

4.9.3 - Variáveis ecocardiográficas:

As variáveis descritas a seguir foram obtidas a partir de laudos em prontuário

impresso ou eletrônico, os quais foram realizados por diferentes

ecocardiografistas. São elas:

-­‐ Função sistólica do VE : caracterizada de modo subjetivo como sendo

normal, disfunção leve, disfunção moderada ou disfunção grave

-­‐ Função diastólica do VE : caracterizada como sendo normal, déficit de

relaxamento, pseudonormal, restritivo ou com análise prejudicada

-­‐ Derrame pericárdico : caracterizado como ausente ou presente

-­‐ Grau de derrame pericárdico: caracterizado pela avaliação do

examinador como ausente, leve, moderado ou grave.

-­‐ Insuficiência tricúspide: categorizada pela avaliação do examinador

como ausente, leve, moderada ou grave

-­‐ Disfunção do VD: categorizada pela avaliação subjetiva do examinador

como ausente, leve, moderada ou grave

-­‐ Fração de ejeção do VE (FEVE): medida em percentual pelo método de

Teicholz

-­‐ Diâmetros sistólico e diastólico do VE: medidos em mm

-­‐ Diâmetro do AE : medidos em mm

-­‐ Pressão atrial direita estimada (PAD) : em mmHg

-­‐ Pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) : em mmHg

-­‐ Excursão sistólica do anel lateral tricuspídeo (TAPSE): em cm

4.9.4 – Variáveis hemodinâmicas invasivas (obtidas pelo CD) :

-­‐ PSAP : medida em mmHg

-­‐ PDAP: medida em mmHg

-­‐ PAPm: medida em mmHg

-­‐ POAP : medida em mmHg

-­‐ PAD : medida em mmHg

-­‐ Índice Cardíaco (IC): medida em L/min/m2

28    

4.9.5 – Critérios clínicos e ecocardiográficos de risco da doença :

Os critérios descritos a seguir foram definidos baseando-se na

Diretriz Européia de Hipertensão Pulmonar de 2009 e nos resultados do

registro prospectivo REVEAL publicados em 2010.31,47 Entretanto, não houve

disponibilidade regular no HUCFF de métodos como ergoespirometria,

medida da capacidade de difusão de monóxido de carbono, BNP ou NT-

proBNP, teste de caminhada de 6 minutos e mesmo o cateterismo cardíaco

direito para mensuração da PAD, IC e RVP. A medida da excursão sistólica

do anel lateral tricuspídeo (TAPSE) é um dado objetivo da função ventricular

direita obtido pelo ecocardiograma transtorácico que se encontra registrado

em uma minoria dos exames realizados na admissão dos pacientes, o que

também impossibilita seu uso. E ainda, os dados referentes a avaliação do

clearence de creatinina não se encontram disponíveis em mais de 30% dos

pacientes. Tendo em vista todas as limitações acima expostas, optou-se pelo

uso de critérios clínicos e ecocardiográficos simples que foram analisados

sob a forma de freqüência absoluta e relativa na população como um todo e

conforme subgrupos classificados por cor de pele e nível de escolaridade.

Foram escolhidos os seguintes:

-­‐ Relato de síncope

-­‐ Sinais de Insuficiência Ventricular Direita (IVD) ao exame físico

-­‐ Freqüência cardíaca maior ou igual a 92 bpm

-­‐ Pressão arterial sistólica em repouso menor ou igual a 109 mmHg

-­‐ Classe funcional avançada (III ou IV) da OMS

-­‐ Presença de derrame pericárdico de qualquer monta

-­‐ Insuficiência tricúspide moderada ou grave

-­‐ Disfunção moderada ou grave do VD

-­‐ Idade maior que 60 anos se for do gênero masculino

-­‐ Etiologia de risco: em pacientes que tenham como etiologia associada a

HP na forma herdada, porto-pulmonar ou associada a doenças do

colágeno

29    

4.10 – Análise estatística

As variáveis serão testadas para normalidade pelo teste de

Kolmogorov-Smirnof. Variáveis contínuas de distribuição normal serão

apresentadas como média ± desvio-padrão enquanto que as de distribuição

não-normal serão apresentadas como mediana e quartis 25 e 75. As

variáveis categóricas serão apresentadas como frequência relativa em

percentual.

Será feita a análise comparativa das diversas variáveis coletadas

entre diferentes subgrupos conforme cor de pele e nível de escolaridade. As

variáveis nominais serão comparadas pelo teste χ2; variáveis ordinais e

numéricas de distribuição não-normal serão comparadas pelo teste U de

Mann-Whitney; variáveis numéricas de distribuição normal serão comparadas

pelo teste t de Student.

Será assumido um p < 0,05 para diferenças estatisticamente

significativas.

4.11 – Aspectos éticos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do

Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), conforme parecer

número 124.922 datado de 18/10/2012, registrado na Plataforma Brasil. O

presente estudo não interferiu no acesso dos sujeitos da pesquisa aos

recursos diagnósticos e terapêuticos do hospital.

30    

5. RESULTADOS 5.1 – ANÁLISE DESCRITIVA GERAL

A amostra de pacientes analisada era do gênero feminino em 72,8%

do total, oriunda predominantemente do estado do Rio de Janeiro, conforme

visto na figura 6. Quanto a cor de pele, houve predomínio da cor branca em

63% dos casos, seguido da parda em 27,2% e negra em 9,7%. A avaliação

da escolaridade evidenciou 3,9% de analfabetismo e 50,5% tiinham até o 1o

grau completo, conforme visto na figura 7.

Figura 6 - Distribuição em números absolutos e percentual de naturalidade na amostra

Figura 7 – Distribuição em números absolutos e percentual do nível de

escolaridade auto-referida da amostra estudada

31    

Figura 8 – Distribuição em números absolutos e percentual da classe funcional da amostra estudada na admissão ao HUCFF

As classes funcionais II e III foram documentadas em 45,6% dos

casos cada. Os portadores de HP do grupo 1 representaram 75,7% da nossa

população. As formas de HP mais encontradas foram a idiopática,

tromboembólica, associada a cardiopatia congênita e associada a doença

mista do tecido conjuntivo.

Tabela 1 – Freqüência absoluta e relativa das diferentes etiologias e

subgrupos de HP na amostra estudada

L.E.S. = lupus eritematoso sistêmico; HIV = sigla em inglês para vírus da

imunodeficiência humana; HP = hipertensão pulmonar ; FA= freqüência absoluta; FR=

freqüência relativa em porcentagem

32    

A mediana do tempo de doença manifestada foi de 16 meses, com

uma média de idade na apresentação inicial de 47,4 anos. Durante a

avaliação clínica inicial, a mediana da PA sistólica foi de 120 mmHg e a

média de FC foi de aproximadamente 81,4 bpm. Os dados laboratoriais foram

identificados na admissão em 68 a 80% dos pacientes da amostra e são

expressos na tabela 2 com o número de pacientes avaliados entre

parênteses. Apenas 8,7% relataram a ocorrência prévia de síncope e 31%

apresentavam sinais de insuficiência ventricular direita ao exame físico inicial.

Quanto ao uso de terapias farmacológicas não-específicas, as mais

frequentemente relatadas à admissão foram a furosemida (43,7% dos casos)

e varfarina (31,1% dos casos). Quando analisado o uso de qualquer dos

diuréticos disponíveis para o tratamento – furosemida e/ou hidroclorotiazida

e/ou espironolactona - observa-se sua ocorrência em 57,3% dos casos (59

dos 103 casos). Quanto ao uso prévio de terapias específicas para HP

iniciada antes do encaminhamento ao nosso centro, o uso de sildenafila foi

visto em 8,7% da amostra analisada e o uso de bosentana em apenas 1,0%

(representa um único caso e iniciado para tratamento de úlceras digitais em

paciente portadora de esclerodermia). Nao houve nenhum paciente que já se

encontrasse em uso de terapia combinada para HP ou oxigenioterapia

domiciliar.

Tabela 2 – Dados clínicos e laboratoriais na admissão

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão ou mediana com quartis 25-

75%. PAS= pressão arterial sistólica; FC= frequência cardíaca; Hb: hemoglobina

sérica; Ht = hematócrito; Cr = creatinina; ClCr = clearence de creatinina;

33    

Tabela 3 – Distribuição percentual de medicações em uso pelos pacientes no momento da admissão ao centro de referência do HUCFF

FA = freqüência absoluta;

FR = freqüência relativa em porcentagem

Sob o ponto de vista ecocardiográfico, observou-se função de VE

levemente deprimida em 2 casos (um caso em paciente portador de

Tetralogia de Fallot em avaliação pré-operatória e outro em paciente com

lúpus eritematoso sistêmico e atividade de doença). A função diastólica do

VE foi caracterizada em 91 pacientes, dos quais 42,9% tinham função

normal, 44% tinham déficit de relaxamento, 5,5% com função pseudonormal

e 7,7% não conseguiram ter sua função diastólica avaliada. Dados

ecocardiográficos obtidos de 95 pacientes evidenciaram derrame pericárdico

em 9 deles (9,5%), dos quais 6 foram quantificados como leve, 3 como

moderado e nenhum como volumoso. A distribuição na amostra do grau de

insuficiência tricúspide e de disfunção ventricular direita podem ser

observadas na figura 9. Outros dados ecocardiográficos representados como

variáveis contínuas são descritos na tabela 4. Um subgrupo de 43 pacientes

foi submetido também a avaliação do TAPSE e apresentaram uma média de

1,6 cm .

34    

Tabela 4 : Variáveis ecocardiográficas contínuas avaliadas na admissão ao centro de referência

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão ou mediana com quartis 25 e

75%; FEVE = fração de ejeção do ventrículo esquerdo; VED = diâmetro diastólico do

ventrículo esquerdo; VES = diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo; AE = diâmetro

de átrio esquerdo; PAD = pressão de átrio direito estimada; PSAP = pressão sistólica

da artéria pulmonar; TAPSE = excursão sistólica longitudinal do anel lateral tricuspídeo

Figura 9 – Distribuição em valores absolutos e percentais dos graus de insuficiência tricúspide (IT) e disfunção do VD em 95 pacientes submetidos a avaliação ecocardiográfica

35    

Um total de 47 pacientes chegaram a ser submetidos a um

cateterismo direito (CD) para confirmação diagnóstica, conforme visualizado

na Tabela 5 .

Tabela 5 – Dados hemodinâmicos de 47 pacientes submetidos a CD

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão. PSAP= pressão sistólica da

artéria pulmonar; PDAP = pressão diastólica da artéria pulmonar; PAPm= pressão

arterial pulmonar média; POAP = pressão de oclusão de artéria pulmonar; PAD = pressão atrial direita; IC = índice cardíaco

5.2 – ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE RISCO NA APRESENTAÇÃO

CLÍNICA

A tabela 6 descreve as frequências percentuais, na amostra estudada,

de cada um dos critérios de risco descritos na seção 4.9.5. Os critérios

ecocardiográficos foram obtidos em 95 pacientes.

Um total de 95 pacientes apresentavam informações referentes a todos

os critérios de risco previamente citados. Apenas 6,3% não apresentaram

quaisquer critérios de risco na apresentação clínica inicial. Nenhum paciente

apresentou mais de 7 critérios de risco. A mediana obtida na distribuição dos

critérios de risco na amostra avaliada foi de 3 critérios e fica mais evidente na

figura 10.

36    

Tabela 6 – Freqüência absoluta e relativa de critérios de risco na amostra estudada no momento de admissão ao centro de referência

MMII = membros inferiores; PA = pressão arterial; FC= frequência cardíaca; CF =

classe funcional; OMS = Organização Mundial de Saúde; IT = insuficiênca tricúspide;

VD = ventrículo direito; IVD= insuficiência ventricular direita; FA= freqüência absoluta;

FR= freqüência relativa em porcentagem

Figura 10 – Distribuição percentual da amostra de 95 pacientes conforme número de

critérios de risco na admissão

37    

5.3 – ANÁLISE DE CRITÉRIOS GERAIS E DE RISCO CONFORME

NÍVEL DE ESCOLARIDADE E COR DE PELE

O sexo feminino predominou em ambos os níveis de escolaridade: 39

de 51 casos na escolaridade A e 36 de 52 casos na escolaridade B. A

comparação de idade, tempo de doença e PSAP entre diferentes níveis de

escolaridade mostrou apenas idade ao diagnóstico como sendo maior com

significância estatística (p: 0.026) nos pacientes com escolaridade A. Não

houve diferença estatística quanto ao tempo de doença e valor de PSAP.

Tabela 7 – Comparação de tempo dos sintomas, idade e PSAP conforme nível de escolaridade

PSAP = pressão sistólica da artéria pulmonar; NS = sem diferença estatisticamente

signficativa; * variável expressa em mediana ; PSAP e idade expressas em média ±

desvio-padrão

A comparação de idade, tempo de doença e PSAP entre diferentes

cores de pele também não mostrou diferenças estatisticamente significativas.

A comparação entre grupos por cor de pele e níveis de escolaridade não

mostrou diferenças estatisticamente significativas para nenhum dos critérios

de risco avaliados.

38    

Tabela 8 – Comparação de tempo dos sintomas, idade e PSAP conforme cor de pele

PSAP = pressão sistólica da artéria pulmonar; NS = sem diferença estatisticamente

signficativa ; * variável expressa em mediana ; PSAP e idade expressas em média ±

desvio-padrão

Tabela 9 – Comparação de freqüência de critérios de risco por nível de escolaridade

FA= freqüência absoluta; FR= freqüência relativa em porcentagem; IVD= insuficiência ventricular direita;

FC= frequência cardíaca; PA = pressão arterial; CF= classe funcional; OMS= Organização Mundial de Saúde; IT= insuficiênca tricúspide; VD= ventrículo direito; NS = sem diferença estatisticamente signficativa

39    

Tabela 10 – Comparação de freqüência de critérios de risco conforme

cor de pele

FA= freqüência absoluta; FR= freqüência relativa em porcentagem; IVD= insuficiência ventricular direita;

FC= frequência cardíaca; PA = pressão arterial; CF= classe funcional; OMS= Organização Mundial de Saúde; IT= insuficiênca tricúspide; VD= ventrículo direito; NS = sem diferença estatisticamente signficativa

6  -­    DISCUSSÃO  DOS  RESULTADOS      

 

6.1  –  Perfil  etiológico  

 

As etiologias mais freqüentes foram idiopática, tromboembólica e

associada a cardiopatia congênita com comunicação intracardíaca.

Observou-se predomínio da forma idiopática semelhante a observada na

casuística de outros centros nacionais e internacionais93,96,97,99.

Observou-se uma menor prevalência de esquistossomose se

comparada com dados de outros centros como na Bahia, Pernambuco ou

mesmo São Paulo97-99. Dados do Ministério da Saúde mostram que Bahia e

Pernambuco figuram dentre os estados de maior prevalência para essa

parasitose, entretanto a prevalência em outros estados como São Paulo e

40    

Rio de Janeiro pode ser determinada pelo maior ou menor fluxo migratório de

pessoas oriundas de áreas endêmicas, o que pode explicar as diferenças

entre as casuísticas paulista e fluminense.100

A forma tromboembólica foi a 2a mais prevalente no nosso estudo.

Pouco se conhece acerca da sua prevalência em outros centros brasileiros,

havendo apenas dados do centro de referência da Universidade Federal da

Bahia que mostraram uma prevalência de 10% na sua casuística publicada.97

Dados de um registro europeu recentemente publicado mostram uma

mediana de idade de 63 anos, grande predomínio em pacientes com cor de

pele branca e metade deles sendo do gênero masculino, o que reforça o fato

desta condição ser considerada em pacientes com estas características.101

A forma associada a cardiopatia congênita foi a 3a etiologia mais

prevalente com 18,4% dos casos, de forma semelhante a casuística do

centro da Bahia com uma prevalência de 19%.97 O pouco que se conhece

acerca da HP associada a cardiopatias congênitas em outros centros

brasileiros deve-se a trabalhos desenvolvidos em serviços de Cardiopediatria

e/ou voltados para atender adultos com cardiopatia congênita.102,103 Seu

melhor prognóstico tende a torná-la uma etiologia cada vez mais prevalente

em centros de referência para HP e pode parcialmente explicar sua

relevância no nosso centro, apesar de não haver nenhum serviço voltado

para cardiopatia congênita do adulto. 104

6.2  -­    Perfil  geral  

A mediana do tempo de início dos sintomas na nossa casuística – 16

meses- é próxima ao do registro REVEAL (13,6 meses) porém difere da

maioria das outras publicações nacionais e internacionais, a maioria delas

variando entre 20 e 27 meses.37,52,94,96,99 Essa diferença pode ser explicada

pela atenção cada vez maior da comunidade científica a necessidade de

conhecer melhor essa condição, o que pôde ser observado num estudo

chinês publicado em 2007 com pacientes com a forma idiopática e herdada,

que mostrou uma redução progressiva no tempo de início de sintomas entre

1999 e 2004, de 32 para 18,8 meses.52

41    

A média de idade – 47 anos - é compatível com outros registros

que mostram uma maior prevalência deste diagnóstico entre a 3a e a 5a

década de vida31,93.

Apesar de serem preditores prognósticos, os dados hemodinâmicos

invasivos IC e PAD não foram utilizados como critérios de risco neste estudo

visto que apenas 42 pacientes obtiveram estas medidas. A média de índice

cardíaco foi de 2.2 L/min/m2, dado este de difícil comparação pela

heterogeneidade dos diversos centros de referência cujos valores variam de

2.2 a 2.8 L/min/m2.47,59,93 Quanto aos valores de PAD, a média da nossa

casuística tende a ser discretamente maior quando comparada a de outros

centros cujo valor varia de 8 a 11.5 mmHg.47,93  

O valor médio de PSAP ao ecocardiograma – 77.6 mmHg – foi menor

em comparação a outros centros brasileiros que registram valores de 83 a 86

mmHg97,99.

6.3  –  Perfil  baseado  em  critérios  de  risco  

 

                     Independente do caráter subjetivo da sua avaliação, a classe funcional

ainda representa um dos principais elementos para estratificação de risco na

HP. Quando comparado a dados de outros registros, observa-se um

predomínio de classes funcionais avançadas nesses registros quando

comparados aos nossos dados, conforme pode ser visto na tabela 11.

Tabela 11: Análise comparativa da distribuição percentual de classe funcional na admissão ao HUCFF e outros centros

 UFRJ = Universidade Federal do Rio de Janeiro; REVEAL = sigla em inglês para

Registro para Avaliação Precoce e a Longo Prazo do Manuseio da Hipertensão

Pulmonar; PHC = sigla em inglês para Conexão para Hipertensão Pulmona

42    

Apesar da nossa casuística evidenciar menor proporção de classes

funcionais mais avançadas, observa-se uma discordância com o fato da

freqüência de critérios ecocardiográficos de risco da nossa amostra ser maior

que a de muitos centros. A própria evolução do nosso conhecimento acerca

dessa condição pode explicar em parte o fato dos nossos pacientes

encontrarem-se numa proporção menor de classes funcionais mais

avançadas, assemelhando-se ao que foi publicado no registro REVEAL,

enquanto que em registros mais antigos como do PHC e o da França

publicado em 2006 pode-se encontrar com maior freqüência as classes

funcionais III e IV.94-96 Outro aspecto que poderia explicar essa discrepância

entre classe funcional e parâmetros ecocardiográficos é o fato da nossa

amostra estar em uso de qualquer diurético em 57,3% dos casos no

momento em que eles são admitidos no nosso centro, contrastando com os

47% observados no registro PHC95. Outros registros documentaram a

prevalência do uso de diuréticos em 69 a 80% dos casos, mas não

especificam se ele ocorreu ao longo do seguimento e se eram de uso prévio

a inclusão do estudo.52,96

A acurácia limitada da classe funcional na estratificação de risco

reforça a necessidade de outros parâmetros associados que permitam uma

melhor avaliação dos pacientes. Um estudo publicado em 2011 avaliando 484

portadores de HP do grupo 1 mostrou que um modelo de predição de

mortalidade baseado apenas na CF apresentava uma acurácia de 60%.67

Entretanto, quando associada a outros critérios clínicos (idade, gênero,

etiologia e distância no teste de caminhada de 6 minutos), laboratoriais

(hemoglobina e creatinina séricas), medida da capacidade de difusão de

monóxido de carbono (DLCO em % do predito) e ecocardiográficos, a

acurácia aumenta para 82%, sendo que o CD só aumenta esta acurácia para

84%, reforçando a importância do seguimento destes pacientes por métodos

predominantemente não-invasivos e de baixo custo.67

Os dados ecocardiográficos mostraram prevalência de derrame

pericárdico de 9,5%, comparável apenas com dados de um estudo romeno

que documentou uma prevalência de 7%53. Ambos contrastam com dados

norte-americanos que apresentam prevalência de 28,6 a 54%73,74. Não há

publicações de centros de referência brasileiros que caracterizem esta

43    

prevalência. O grau de regurgitação tricuspídea é um conhecido marcador de

remodelamento ventricular direito por espelhar a repercussão funcional da

dilatação do anel tricuspídeo. Nossa casuística apresenta uma das maiores

taxas de regurgitação tricuspídea moderada ou grave (65,3% dos casos)

quando comparada a grupos onde a prevalência varia de 44 a 56%.105-107

Visto que o remodelamento ventricular representa uma resposta adaptativa,

possivelmente essa maior prevalência de insuficiência tricúspide na nossa

casuística representa um fator protetor em vigência de um grau de disfunção

ventricular direita mais acentuado, justificando assim a aparente discrepância

entre classe funcional e grau de disfunção ventricular direita. Poucos

trabalhos caracterizam a prevalência da disfunção do VD pela avaliação

subjetiva. Dados norte-americanos documentam uma prevalência de

disfunção moderada a grave do VD que varia de 11,1 a 21,8% dos pacientes,

contrastando com 38,9% do nosso estudo47,67. Quanto a avaliação objetiva

do VD, obtivemos a avaliação do TAPSE em apenas 45 pacientes cujo valor

médio foi de 1,6 cm. A comparação com outros centros é difícil tendo-se em

vista a ampla variabilidade de médias publicadas , de 1,2 a 2,1 cm, o que

talvez expresse algumas das limitações do método como o fato dele ser uma

medida unidimensional avaliando uma estrutura tridimensional e

potencialmente superestimado pelo grau de regurgitação

tricuspídea53,71,75,107.

6.4   –   Perfil   geral   e   de   risco   conforme   cor   de   pele   e   nível   de  

escolaridade  

 

                       Não há até o momento nenhum trabalho brasileiro que caracterize o

perfil epidemiológico de portadores de HP baseado na cor da pele e nível de

escolaridade. Estudos voltados para outras doenças como câncer de mama e

de próstata demonstram o papel da raça como elemento preditor de pior

prognóstico7,8. A comparação de critérios de risco não mostrou significância

estatística entre os grupos conforme cor da pele. Estes achados são

compatíveis com publicação prévia que não mostrou associação entre raça e

gravidade de apresentação clínica numa análise de 218 pacientes portadores

44    

de HP do grupo 1 de outro centro de referência com distribuição racial

semelhante66.

Houve apenas associação estatisticamente significativa entre menor

escolaridade e idade mais avançada no momento da admissão. Não há

trabalhos na literatura que avaliem o impacto da escolaridade na gravidade

de apresentação clínica da doença ou uma pior evolução.

   

7.0  –  LIMITAÇÕES  DO  ESTUDO    

 

                           O presente estudo foi baseado em um único centro e por meio de

coleta retrospectiva dos dados, não permitindo uma generalização dos

achados em âmbito nacional. Conforme detalhado previamente na seção

4.9.5, a indisponibilidade de diversos métodos complementares

recomendados pela literatura para avaliação inicial destes pacientes

prejudicou a tentativa de uma caracterização mais completa da nossa

casuística. Essa indisponibilidade é particularmente relevante quanto ao fato

de uma minoria ter sido submetida ao CD para confirmação do diagnóstico de

HP, dado este de suma importância até mesmo para viabilização e

disponibilização de terapias especificas aos portadores de HP atendidos no

HUCFF.

                                         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

45    

8.0  –  CONCLUSÕES    

1- Foi observada na nossa casuística um predomínio, em ordem

decrescente, da forma idiopática, tromboembólica e associada a cardiopatia

congênita. A prevalência de esquistossomose foi mais baixa do que aquela

publicada por outros centros.

2- Os pacientes atendidos foram predominantemente oriundos do Rio

de Janeiro, gênero feminino, raça branca, com idade média de 47,4 anos,

mediana de tempo de doença de 16 meses, sendo que metade referiu ter

cursado até o 1o grau completo;

3- Foi observada na nossa casuística uma desproporção entre a

distribuição das diferentes classes funcionais e a prevalência de disfunção

ventricular direita moderada ou grave. Ela pode ser parcialmente explicada

pelo fato de mais da metade dos pacientes serem admitidos no nosso centro

já em uso de pelo menos um tipo de diurético e pela alta prevalência de

insuficiência tricúspide como elemento de adaptação a severidade da

disfunção do VD.

4- Não houve diferença estatisticamente significativa na freqüência de

critérios de risco conforme cor de pele ou nível de escolaridade. A única

diferença observada foi uma faixa etária mais avançada de apresentação da

doença em pacientes de menor escolaridade

 

46    

           9.0  –  REFERÊNCIAS      

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57    

ANEXO  I:  Instrumento  de  coleta  de  dados  

 

58    

 

59    

ANEXO  II:  Dados  dos  103  pacientes  avaliados  

   

 

60    

 

 

61    

 

 

62    

 

 

63    

 

 

64    

 

 

65    

 

 

66    

 

 

67    

 

 

68    

 

 

69    

 

 

70    

 

 

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73