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  • 7/26/2019 Dissertacao FURLAN Patricia Unprotected

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    PATRICIA KUZMENKO FURLAN

    ANLISE DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E BUROCRTICOS

    DOS PORTOS BRASILEIROS: ESTUDO DE CASO DO PORTO DE

    SANTOS

    So Paulo2013

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    PATRICIA KUZMENKO FURLAN

    ANLISE DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E BUROCRTICOS

    DOS PORTOS BRASILEIROS: ESTUDO DE CASO DO PORTO DE

    SANTOS

    Dissertao apresentada EscolaPolitcnica da Universidade de SoPaulo para obteno do ttulo deMestre em Cincias.

    So Paulo2013

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    PATRICIA KUZMENKO FURLAN

    ANLISE DOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E BUROCRTICOS

    DOS PORTOS BRASILEIROS: ESTUDO DE CASO DO PORTO DE

    SANTOS

    Dissertao apresentada EscolaPolitcnica da Universidade de SoPaulo para obteno do ttulo deMestre em Cincias.

    rea de concentrao:

    Engenharia Naval e Ocenica

    Orientador: Professor DoutorMarcos Mendes de Oliveira Pinto

    So Paulo2013

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    Este exemplar foi revisado e corrigido em relao verso original, sobresponsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador.

    So Paulo, 8 de maio de 2013.

    Assinatura do autor ____________________________

    Assinatura do orientador _______________________

    FICHA CATALOGRFICA

    Furlan, PatrIcia KuzmenkoAnlise dos procedimentos operacionais e burocrticos dos

    portos brasileiros: estudo de caso do Porto de Santos / P.K.Furlan.verso corr. -- So Paulo, 2013.

    168 p.

    Dissertao (Mestrado) Escola Politcnica da Universidadede So Paulo. Departamento de Engenharia Naval e Ocenica.

    1. Portos martimos (Gerenciamento) Santos (SP) I. Univer-sidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Enge-nharia Naval e Ocenica II. t.

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    DEDICATRIA

    Para minha me.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Marcos Mendes de Oliveira Pinto, por ter me estendido a mo e

    me ajudado a ser o meu melhor. Agradeo o apoio, a confiana, a

    pacincia.

    Aos pesquisadores do CEGN, em especial a David Goldberg, pela dedicao

    e pacincia em contribuir para o meu aprendizado e desenvolvimento.

    Aos professores que muito colaboraram para minha formao durante o

    mestrado: Prof. Dr. Eduardo Mario Dias, Prof. Dr. Alusio de Souza Moreira,

    Prof. Dr. Mario Sergio Salerno, Prof. Dr. Afonso Fleury, Profa. Dra. Marly

    Monteiro de Carvalho e Profa. Dra. Maria Tereza Fleury.

    A todas as pessoas que estiveram comigo durante o mestrado e as que muito

    se dedicaram a esta pequisa. Agradeo, especialmente, ao Sr. Joel Martins

    da Silva e Sra. Stela Battaglia.

    minha famlia, em especial, minha me e ao meu irmo que sempre me

    incentivaram a estudar e a ser o meu melhor: sem eles, eu no teria foras

    para realizar uma dissertao de mestrado; e ao Eurpedes Gomes, por

    sempre ter me incentivado a assumir, como projeto, uma pesquisa

    acadmica.

    Fernanda Zanata e ao Lus Harriss por estarem comigo h quase umadcada. No me imagino sem vocs.

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    It is only when the mind is still [...] that it is capable of receiving what is true,

    that which is eternal, timeless, immeasurable.

    You cannot go to it, it comes to you.

    Ramesh Balsekar

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    ABSTRACT

    The inefficient management and application of border procedures in

    containerized cargo culminate with longer times to import or export by portsand, consequently, higher costs. Besides undermining the global supplychains from industries installed in Brazil that serve the local population, causedelays in port operations, preventing the establishment or promotion ofgreater international trade. As a result, invalidates the competitiveness ofBrazilian foreign trade and interferes in the country's economic performance.Within this context, this research was conducted to identify key critical pointsin the managament model of border procedures applicable to containerizedcargo in international transit through maritime ports, focusing on theoperations of the Port of Santos. The description of the procedures wereconducted in a systemic and structured way, addressing the operational and

    bureaucratic procedures applicable to containerized cargo at the Port ofSantos or in a customs terminal external to it, including CLIAs or EADIs. Wereidentified key stakeholders, documents, fees and information systems used inoperations. Were identified six critical points in the processes described: (1)Bureaucratic flow highly dependent on the physical flow of cargo and vice-versa; (2) Lack of operational coordination between stakeholders; (3)Occurrence of physical inspections in multiplicity, in excess and with extendedperiods; (4) Incompatibility between number of inspection agents with theinspection demand in Port of Santos; (5) Existence of multiple informationsystems partially integrated; (6) Difficulty to update or modificate recordedinformation in information systems. It was concluded that the critical pointshave complex inter-relationship, in which the first one is the key and reflects inthe others, so its resolution would bring significant advances in the bordermanagement of the Port of Santos, as would also reduce the impact of theother critical points in the processes; critical points 2, 3 and 5 have presentedcomplex correlation and critical points 4 and 6 have shown punctual influencein the cargo retention problem.

    Keywords: Border procedures, management of containerized cargo, portlogistic.

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1ESTRUTURA PARA DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA. ......................... 24

    FIGURA 2 EVOLUO DO COMRCIO EXTERIOR BRASILEIRO. FONTE: UNCTAD

    (2011). .................................................................................................... 39

    FIGURA 3PARTICIPAO DAS IMPORTAES E EXPORTAES NO PIBDO BRASIL.

    ................................................................................................................ 40

    FIGURA 4PARTICIPAO DOS PASES NO TOTAL IMPORTADO E EXPORTADO PELO

    MUNDO. .................................................................................................... 40

    FIGURA 5 MOVIMENTAO DE CONTINERES NA NAVEGAO DE LONG CURSO.

    FONTE:ANTAQ,2010. ............................................................................. 43

    FIGURA 6 HISTRICO EVOLUTIVO DA MOVIMENTAO DE TEUS PELO PORTO DE

    SANTOS.FONTE:ANTAQ,2010E CODESP,2012. ................................... 43

    FIGURA 7 PARTICIPAO DA CARGA CONTEINERIZADA (EM MASSA) NO TOTAL

    ESCOADO PELO PORTO DE SANTOS.FONTE:CODESP,2010;ANTAQ,2010.

    ................................................................................................................ 44

    FIGURA 8 POSSVEIS ROTAS ALFANDEGADAS PARA IMPORTAO DE CARGAS

    CONTEINERIZADAS PELO PORTO DE SANTOS. .............................................. 45

    FIGURA 9 POSSVEIS ROTAS ALFANDEGADAS PARA EXPORTAO DE CARGAS

    CONTEINERIZADAS PELO PORTO DE SANTOS. .............................................. 45

    FIGURA 10 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL SIMPLIFICADA DO SETOR PORTURIO

    MARTIMO. ................................................................................................ 49

    FIGURA 11 ORGANOGRAMA INSTITUCIONAL DOS AGENTES GERENCIAIS,

    REGULADORES E OPERACIONAIS DO COMRCIO EXTERIOR BRASILEIRO. .......... 57

    FIGURA 12ORGANOGRAMA DA GGPAFDAANVISA. ...................................... 61

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    FIGURA 13ORGANOGRAMA INSTITUCIONAL SIMPLIFICADO DO MAPA/VIGIAGRO.

    ................................................................................................................ 63

    FIGURA 14 FLUXOGRAMA DE IMPORTAO DAS CARGAS CONTEINERIZADAS

    MARTIMAS. ............................................................................................... 71

    FIGURA 15-ETAPA 2DO FLUXOGRAMA DE IMPORTAO. .................................... 72

    FIGURA 16-ETAPA 3DO FLUXOGRAMA DE IMPORTAO. .................................... 73

    FIGURA 17ETAPA 4DO FLUXOGRAMA DE IMPORTAO. .................................... 74

    FIGURA 18OCONCENTRADOR DE DADOS DO PROJETO PORTO SEM PAPEL. ..... 88

    FIGURA 19 POSSVEIS ROTAS LOGSTICAS DE CARGAS CONTEINERIZADAS NA

    IMPORTAO PELO PORTO DE SANTOS. ...................................................... 95

    FIGURA 20OBESOURO-CHINS. ................................................................... 104

    FIGURA 21FRAMEWORKDA EXIGIBILIDADE DAS VISTORIAS VIGIAGROE QUANDO

    ACONTECEM............................................................................................ 106

    FIGURA 22CANAIS DE PARAMETRIZAO DA DECLARAO DE IMPORTAO. .. 109

    FIGURA 23FLUXOGRAMA DE EXPORTAO DE CARGAS CONTEINERIZADAS POR VIA

    MARTIMA. ............................................................................................... 116

    FIGURA 24 CORRELAO E INTERDEPENDNCIA DO FLUXO FSICO DA CARGA

    CONTEINERIZADA COM O FLUXO BUROCRTICO DURANTE APLICAO DOS

    PROCEDIMENTOS DE FRONTEIRA. .............................................................. 125

    FIGURA 25MAPEAMENTO DA INTER-RELAO DOS PONTOS CRTICOS. ............. 153

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    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1CLASSIFICAO DOS AGENTES DO SETOR PORTURIO MARTIMO. ........ 48

    TABELA 2AGENTES GERENCIAIS,REGULADORES E OPERACIONAIS DO COMRCIO

    EXTERIOR BRASILEIRO. .............................................................................. 56

    TABELA 3UNIDADES DAANVISADISTRIBUDAS PELO TERRITRIO NACIONAL. .... 61

    TABELA 4UNIDADES DO VIGIAGROE NMERO DE SERVIDORES. ..................... 65

    TABELA 5AGENTES ANUENTES DE CARGAS NA IMPORTAO E NA EXPORTAO. 66

    TABELA 6FASES RELATIVAS AO LICENCIAMENTO DE IMPORTAO. ..................... 77

    TABELA 7 PRINCIPAIS DOCUMENTOS E TAXAS REQUERIDOS PELOS AGENTES

    GOVERNAMENTAIS. .................................................................................... 83

    TABELA 8FASES PARA A OBTENO DA DTAE TRNSITO ADUANEIRO. ............... 92

    TABELA 9 COMPARATIVO DO TEMPO PARA INCIO DO TRNSITO ADUANEIRO NAS

    ROTAS 3E 4. ............................................................................................. 97

    TABELA 10ARMAZENAGEM DA CARGA CONTEINERIZADA NAS ZONAS PRIMRIA E

    SECUNDRIA. ............................................................................................ 99

    TABELA 11 ESTIMATIVA DO TEMPO USUAL PARA IMPORTAO SEGUNDO AS

    QUATRO ROTAS DO PORTO DE SANTOS. .................................................... 114

    TABELA 12PROCEDIMENTOS ADUANEIROS PARA EXPORTAO MARTIMA. ........ 118

    TABELA 13 POSSVEIS FISCALIZAES FSICAS NA IMPORTAO DE CARGAS

    CONTEINERIZADAS. .................................................................................. 137

    TABELA 14CLASSIFICAO DAS FISCALIZAES EM GRUPOS. ......................... 139

    TABELA 15DEMANDA FISCALIZATRIA DOS FISCAIS DA RFB,DO VIGIAGROE DA

    ANVISANO PORTO DE SANTOS............................................................... 144

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    LISTADEABREVIATURASESIGLAS

    ABEPRA Associao Brasileira dos Portos Secos

    ABTRA Associao Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados

    ABTP Associao Brasileira dos Terminais Porturios

    AFRMM Adicional de Frete para a Renovao da Marinha Mercante

    ANCINE Agncia Nacional do Cinema

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    ANP Agncia Nacional de Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis

    AP Autoridade Porturia

    ANTAQ Agncia Nacional de Transportes Aquavirios

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    APEX Agncia de Promoo de Exportaes

    BACEN Banco Central do Brasil

    BB Banco do Brasil

    BID Banco Interamericano do Desenvolvimento

    B/L Bill of Lading

    BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento Econmico e Social

    CAMEX Cmara do Comrcio Exterior

    CAP Conselho de Autoridade Porturia

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CEGN Centro de Estudos em Gesto Naval

    CDC Companhia Docas do Cear

    CDP Companhia Docas do Par

    CDRJ Companhia Docas do Rio de Janeiro

    CIPV Conveno Internacional de Proteo dos Vegetais

    CLIA Centro Logstico e Industrial Aduaneiro

    CMN Conselho Monetrio Nacional

    CODERN Companhia Docas do Rio Grande do Norte

    CODEBA Companhia Docas do Estado da Bahia

    CODESA Companhia Docas do Esprito Santo

    CODESP Companhia Docas do Estado de So Paulo

    COFINS Contribuio para Financiamento da Seguridade Social

    CODOMAR Companhia de Docas do Maranho

    CONAPORTOS Comisso Nacional das Autoridades nos Portos

    CNEN Comisso Nacional de Energia Nuclear

    CONIT Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transporte

    COTAC Comisso de Coordenao do Transporte Areo Civil

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    CVPAF Coordenao de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos

    Alfandegados

    DDA Diviso da Defesa da Agropecuria

    DDE Declarao de Despacho de Exportao

    DECEX Departamento de Operaes do Comrcio ExteriorDECOM Departamento de Defesa Comercial

    DEFIG Departamento de Fiscalizao de Insumos Agrcolas

    DEINT Departamento de Negociaes Internacionais

    DENOC Departamento de Normas e Competitividade no Comrcio Exterior

    DEPLA Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comrcio

    Exterior

    DEPOM Delegacia Especial de Polcia Martima

    DF Distrito Federal

    DFPC Exrcito Brasileiro da Diretoria de Fiscalizao de Produtos Controlados

    DI Declarao de Importao

    DIPOA Departamento de Inspeo de Produtos de Origem Animal

    DIPOV Departamento de Inspeo de Produtos de Origem Vegetal

    DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

    DNPM Departamento Nacional de Produo Mineral

    DPC Diretoria de Portos e Costas

    DPDAG Diviso de Polticas, Produo e Desenvolvimento Agropecurio

    DPF Departamento da Polcia Federal

    DSA Departamento de Sade Animal

    DSV Departamento de Sanidade Vegatal

    DT Declarao de Transferncia

    DTA Declarao de Trnsito Aduaneiro

    DT-E Declarao de Transferncia Eletrnica

    DUV Documento nico Virtual

    EADI Estao Aduaneira do Interior

    ECT Empresa Brasileira de Correiros e Telgrafos

    FAO Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a AgriculturaFFA Fiscal Federal Agropecurio

    FMI Fundo Monetrio Internacional

    FUNAPOL Fundo para Aparelhamento e Operacionalizao das Atividades-Fim da

    Polcia Federal

    GATT General Agreement on Tariff and Trade

    GEMPO Grupo Executivo para Modernizao dos Portos

    GEPES Gerncia de Projetos Especiais em Portos, Aeroportos, Fronteiras e

    Recintos Alfandegados

    GGCOVI Gerncia de Orientao e Controle Sanitrio, Avaliao e Controle de

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    Pessoas em Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados

    GGPAF Gerncia-Geral de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos

    Alfandegados

    GIPAF Gerncia de Inspeo de Produtos e Autorizao de Empresas em

    Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos AlfandegadosGMDSS Sistema Global de Socorro e Segurana Martima

    GPAAC Gerncia de Planejamento, Avaliao e Acompanhamento em Portos,

    Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados

    IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Ambientais

    ICEX Instituto de Estudos das Operaes de Comrcio Exterior

    ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios

    II Imposto de Importao

    INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

    IPA Instalao Porturia Alfandegada

    IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

    LESTA Lei de Segurana do Trfego Aquavirio

    LI Licenciamento de Importao

    LMP Lista de Materias Perigosos

    LPI Logistics Performance Index

    MAPA Ministrio da Agricultura, Abastecimento e Pecuria

    MC Ministrio da Comunicao

    MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia

    MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior

    MF Ministrio da Fazenda

    MinC Ministrio da Cultura

    MME Ministrio de Minas e Energia

    MP Medida Provisria

    MRE Ministrio das Relaes Exteriores

    MS Ministrio da Sade

    MT Ministrio dos Transportes

    NIMF Norma Internacional de Medidas FitossanitriasNVOCC Non Vessel Common Carrier

    OGMO rgo Gestor da Mo-de-Obra do Trabalho Porturio Avulso

    OIC Organizao Internacional do Comrio

    OMA Organizao Mundial das Aduanas

    OMC Organizao Mundial do Comrcio

    ONU Organizao das Naes Unidadas

    PC Ponto Crtico

    PIS Programa de Integrao Social

    PLI Procedimentos para o Licenciamento de Importaes

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    PND Plano Nacional de Dragagem

    PNLP Plano Nacional de Logstica Porturia

    PROCOMEX Instituto Aliana Pr Modernizao Logstica do Comrcio Exterior

    PROHAGE Programa de Harmonizao dos Agentes de Autoridades Federais nos

    PortosPSP Projeto Porto Sem Papel

    RAP Requisio para Atracao e Prioridade

    RFB Secretaria da Receita Federal do Brasil

    RE Registro de Exportao

    SAIN Secretaria de Assuntos Internacionais

    SAD Servio de Apoio Administrativo

    SDA Secretaria de Defesa Agropecuria

    SECEX Secretaria do Comrcio Exterior

    SED Supervia Eletrnica de Dados

    SEP Secretaria Especial dos Portos

    SFA Superintendncia Federal da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    SIGVIG Sistema de Informaes Gerenciais do Trnsito Internacional de

    Produtos e Insumos Agropecurios

    SISCARGA Sistema Integrado do Comrcio Exterior modalidade Carga

    SISCOMEX Sistema Integrado do Comrcio Exterior

    SRRF Superintendncia Regional da Receita Federal do Brasil

    SUFRAMA Superintendncia da Zona Franca de ManausSVA Servio de Vigilncia Agropecurio

    TEU Twenty-foot Equivalent Unit

    TFVS Taxa de Vistoria

    T.U.F Taxa de Utilizao de Farol

    TVA Termo de Visita Aduaneira

    UNCTAD Conferncia das Naes Unidas sobre o Comrcio e Desenvolvimento

    UVAGRO Unidade de Vigilncia Agropecuria

    UTRA Unidade Tcnica Regional Agropecuria

    VIGIAGRO Sistema de Vigilncia Agropecuria Internacional

    VTMS Vessel Traffic Management Information System

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    SUMRIO

    1. CONSIDERAES INICIAIS DO TRABALHO ......................................... 21

    1.1PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS...................................................... 21

    1.2METODOLOGIA DE PESQUISA E PESQUISA BIBLIOGRFICA........................... 23

    1.3ESTRUTURA DO TRABALHO....................................................................... 34

    2. INTRODUO AO TEMA ......................................................................... 35

    2.1AS PRINCIPAIS INSTALAES ALFANDEGADAS QUE SUPORTAM O COMRCIO

    CONTEINERIZADO.......................................................................................... 39

    2.2APRESENTAO DOS AGENTES INTERVENIENTES NO FLUXO DAS CARGAS

    IMPORTADAS E EXPORTADAS POR VIA MARTIMA............................................... 47

    2.2.1 Agentes da estrutura organizacional do setor porturio martimo:

    Enfoque ao nivel operacional.................................................................. 47

    2.2.1.1 Grupo A - Agentes de formulao de polticas, planejamento e

    regulao do setor porturio martimo ................................................ 49

    2.2.1.2 Grupo B - Agentes da administrao porturia ....................... 52

    2.2.1.3 Grupo CAgentes da autoridade martima ............................ 54

    2.2.2 Demais agentes intervenientes no fluxo das cargas: Apresentao

    dos agentes gerenciais, reguladores e operacionais do comrcio exteriorbrasileiro ................................................................................................. 55

    2.2.2.1 Agentes anuentes de cargas ................................................... 65

    3. GESTO E APLICAO DOS PROCEDIMENTOS DE FRONTEIRA S

    CARGAS CONTEINERIZADAS NO PORTO DE SANTOS .......................... 69

    3.1IMPORTAO.......................................................................................... 70

    3.1.1 ETAPA 1 - Licenciamento de importao ...................................... 75

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    3.1.2 ETAPA 2Procedimentos com o navio ........................................ 79

    3.1.2.1 Descrio dos procedimentos com o navio ............................ 80

    3.1.2.2 Projeto Porto Sem Papel ......................................................... 87

    3.1.3 ETAPA 3 Trnsito aduaneiro, transferncia e armazenagem de

    contineres ............................................................................................. 89

    3.1.3.1 Trnsito aduaneiro e transferncia das cargas conteinerizadas

    ............................................................................................................ 90

    3.1.3.2 Armazenagem de contineres ................................................ 98

    3.1.4 ETAPA 4 Nacionalizao e suas tratativas preliminares e

    complementares ................................................................................... 101

    3.1.4.1 Tratativas preliminares e complementares nacionalizao 102

    3.1.4.1.1 Tratativa preliminar: o licenciamento de importao ps-

    embarque ...................................................................................... 102

    3.1.4.1.2 Tratativa complementar: a atuao do VIGIAGRO no

    controle de pragas ......................................................................... 103

    3.1.4.2 Nacionalizao da carga estrangeira .................................... 107

    3.1.4.2.1 Despacho aduaneiro de importao ............................... 108

    3.1.4.2.2 Desembarao aduaneiro de importao ......................... 111

    3.1.4.3 Sada da mercadoria do recinto alfandegado ........................ 111

    3.2EXPORTAO....................................................................................... 115

    3.2.1 ETAPA 1Procedimentos logsticos da carga ........................... 117

    3.2.2 ETAPA 2Procedimentos aduaneiros........................................ 117

    3.2.3 ETAPA 3Procedimentos com o navio ...................................... 121

    4. ANLISE CRTICA DA GESTO DAS CARGAS CONTEINERIZADAS

    NO PORTO DE SANTOS ............................................................................ 122

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    4.1.IDENTIFICAO DOS PONTOS CRTICOS.................................................. 122

    4.2DISCUSSO DA INTER-RELAO DOS PONTOS CRTICOS............................ 153

    5 CONCLUSO ........................................................................................... 158

    6 CONSIDERAES FINAIS ..................................................................... 161

    6.1LIMITAES.......................................................................................... 161

    6.2SUGESTES ......................................................................................... 161

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................... 162

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    1. CONSIDERAES INICIAIS DO TRABALHO

    1.1 Problema de pesquisa e objetivos

    Os fluxos internacionais de bens foram, e ainda so, fortemente

    induzidos pela globalizao, que tem contribudo para escalas cada vez

    maiores desde os anos 1980. Passou-se a estabelecer a interconectividade

    das operaes em escala global, onde as barreiras geogrficas no

    consistem mais em um empecilho para o comrcio entre as naes. As

    operaes industriais, e suas cadeias de suprimentos, encontram-se

    globalmente conectadas, muito embora seus plos produtores e

    consumidores estejam localizados em mltiplos pases. Neste quadro, os

    portos martimos desempenham papel fundamental para a viabilizao das

    trocas comerciais internacionais, sendo que a demanda por seus servios

    acompanha o ritmo de crescimento do comrcio exterior do pas.

    Efetivar o comrcio exterior por via martima requer, contudo, a

    aplicao de procedimentos especficos de fronteira s cargas em trnstio

    internacional, de modo a assegurar o atendimento das questes bsicas de

    proteo do pas, das pessoas e do meio ambiente. A diversidade dos temas

    explorados no controle das fronteiras impe alta complexidade aos processos

    de importao e exportao, sustentados por uma srie de procedimentos

    burocrticos e fiscalizatrios desempenhados por diversos agentes pblicos.

    A ineficincia com que tais procedimentos de fronteira so aplicados

    s cargas em trnsito internacional acarreta em operaes demoradas, cujonus reflete em diversos setores da economia do pas. Como posto por

    IWANOW e KIRKPATRICK (2009), a internacionalizao da produo e o

    aumento do comrcio internacional contribuiu para o aumento da

    preocupao dos custos on-the-bordere inside-the-borderpara o comrcio.

    A excessiva burocracia nos portos martimos brasileiros est dentre as

    causas que contribuem para congestionamentos das cargas importadas /

    exportadas por via martima (NG; PADILHA; PALLIS, 2013).

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    Como forma de se verificar a discrepncia dos valores praticados no

    Brasil com outros pases, segundo o Banco Mundial, estima-se que a

    importao por via martima brasileira demanda, em mdia, 15 dias, e a

    exportao, 12 dias. Em Cingapura, demora-se 3 dias para importar ou

    exportar e, em Hong Kong, 4 dias, representando uma diferena de 3 a 5

    vezes maior no caso brasileiro. (WORLD BANK; IFC, 2012).

    Como posto por IWANOW e KIRKPATRICK (2009), a habilidade dos

    pases em desenvolvimento de se conectarem com mercados globais est

    sendo cada vez mais afetada pelos custos que as empresas privadas

    possuem para o comrcio internacional. Caractersticas como,

    procedimentos aduaneiros complicados e deficincias na infraestrutura,

    aumentam custos das operaes, prejudicando o comrcio com outros

    pases e prejudicando a organizao industrial local.

    Focalizando a situao brasileira, constatamos que o comrcio exterior

    tem assumido posio cada vez mais significativa em sua economia. Em

    2011, registrou a corrente de comrcio recorde de US$ 482,3 bilhes, com

    ampliao de 25,7% sobre 2010, quando atingiu US$ 383,7 bilhes 1 .

    Avaliado o desempenho logstico-porturio do pas pelo Banco Mundial, este

    foi listado na 45a posio entre os 155 pases considerados. Apenas no

    quesito procedimentos aduaneiros, o pas foi classificado na 78a posio,

    retratando prticas anti-competitivas na gesto e aplicao dos

    procedimentos de fronteira s cargas. (ARVIS et al., 2012).

    Neste sentido, esta pesquisa investigou os procedimentos de fronteira2

    aplicados s cargas conteinerizadas no Porto de Santos3, o mais importante

    porto martimo da Amrica Latina, de modo a identificar os principais pontos

    crticos nos processos de importao e de exportao que possam ser

    1 MDIC. Balana Comercial Brasileira Dados Consolidados. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 11 dejaneiro de 2013.

    2 Sempre nessa dissertao, exceto dito o contrrio, por procedimentos de fronteiraentende-se os procedimentos de fronteira aplicados s cargas conteinerizadas naimportao e exportao por via martima.

    3

    Sero tambm considerados os recintos alfandegados externos a ele, que incluem: osCentros Logsticos Industriais Aduaneiros (CLIAs) e as Estaes Alfandegadas do Interior(EADIs).

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    revistos e alterados a fim de que o setor ganhe mais competitividade. Foi,

    tambm, objeto de averiguao, uma possvel inter-relao dos pontos

    crticos para identificao de suas influncias.

    1.2 Metodologia de pesquisa e pesquisa bibliogrfica

    A pesquisa baseou-se numa abordagem qualitativa dos procedimentos

    de fronteira aplicados s cargas conteinerizadas importadas e exportadas

    pelo Porto de Santos. Foram investigados os procedimentos e as normas em

    vigor no Brasil (mais especificamente aquelas aplicveis Santos), estando

    os descritivos e as anlises fundamentados nas leis e nas polticas brasileiras

    no que tanguem ao comrcio e logstica internacional.

    Foram constitudas estruturas de trabalho4na forma de fluxograma de

    processos e de tabelas, que permitiram a anlise crtica das informaes

    coletadas. Deste modo, foram identificados pontos crticos no modelo de

    gesto e de aplicao dos procedimentos de fronteira que culminam com

    atrasos e lentido para a liberao das cargas conteinerizadas.

    A pesquisa foi realizada sob a forma de estudo de caso, pois a

    operao de Santos possui particularidades dos demais portos martimos,

    que incluem os seguintes aspectos:

    Existncia de sistemas de informao locais para a gesto dos

    procedimentos e emisso de documentos utilizados na

    operao dos contineres;

    Existncia de documentos locais utilizados para a atracao

    dos navios e para a movimentao das cargas conteinerizadas;

    Localizao prxima ao Porto de Santos de recintos

    alfandegados externos;

    Maior movimentao de TEUs no Brasil.

    4Este termo frequentemente utilizado em sua verso inglesa: frameworks.

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    Devido natureza do estudo, a pesquisa em campo correspondeu ao

    principal meio de aquisio de informaes, onde foram realizadas

    entrevistas com profissionais do setor (principalmente despachantes

    aduaneiros), executivos de associaes e instituies engajadas no setor

    porturio e gerentes operacionais. Deste modo, muitas das informaes

    exploradas por este estudo provm de de materiais no publicados.

    Como pode ser visto pela Figura 1, a metodologia da pesquisa

    contemplou quatro etapas:

    1. Formao de massa crtica terica para orientar o esboo de

    estruturas de trabalho iniciais;

    2. Constituio de estruturas de trabalho melhor elaboradas por

    meio de buscas mais apuradas de informao; identificao de

    lacunas de conhecimento para prospeco e averiguao em

    campo;

    3. Conduo da pesquisa em campo para coleta de informaes

    remanescentes; concluso da elaborao das estruturas de

    trabalho;

    4. Anlise crtica das estruturas de trabalho para identificao de

    pontos crticos.

    Figura 1Estrutura para desenvolvimento da pesquisa.

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    ETAPA 1FORMAO DE MASSA CRTICA:

    A primeira etapa contemplou a pesquisa bibliogrfica para formao

    de massa crtica torica. Esta por sua vez, levou ao acmulo de

    conhecimentos fundamentais que permitiram, ento, o esboo das estruturas

    de trabalho iniciais que auxiliaram no delineamento de novas buscas e de

    eventuais aprofundamentos. Foram traados fluxogramas de processos e

    elaboradas tabelas, onde, posteriormente, foram aperfeioados.

    A pesquisa bibliogrfica foi conduzida no ISI Web of Knowledge,

    disponibilizado no site da CAPES, onde foram prospectados artigos e

    dissertaes ou teses acerca do tema. As buscas foram conduzidas por meio

    das seguintes palavras-chaves: border procedures; port logistics; trade

    facilitation; critical points; management of containerized cargoes. Foi

    identificada escassez de publicaes no tema principalmente quando

    utilizado border procedures como palavra-chave , embora seja mais

    recorrente o encontro de publicaes acerca da facilitao do comrcio

    internacional (quando utilizado trade facilitation como palavre-chave).

    SOUZA e BURNQUIST (2011) expem que a literatura emprica sobre a

    facilitao de comrcio ainda relativamente limitada.

    Por meio das buscas, foram coletados os seguintes artigos:

    NG, Adolf K. Y; PADILHA, Flavio; PALLIS, Athanasios A.

    Institutions, bureaucratic and logistical roles of dry ports: the

    brazilian experiences. Journal of Transport Geography: p. 46

    55, 2013: este artigo explorou aspectos institucionais dos

    portos secos e a falta de medidas integratrias entre eles e os

    portos martimos brasileiros. Foram, tambm, abordados

    aspectos logsticos e burocrticos para a movimentao de

    cargas conteinerizadas entre portos martimos e portos secos.

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    PORTUGAL-PEREZ, Alberto; WILSON, John S. Export

    Performance and Trade Facilitation Reform: hard and soft

    infrastructure. World Development: v. 40, n. 7, p. 12951307,

    2012: o artigo estimou o impacto de indicadores de

    infraestrutura softe hardno desempenho das exportaes de

    pases em desenvolvimento, onde foi verificado que reformas de

    facilitao de comrcio alavancam o desempenho das

    exportaes. Os autores classificaram como soft o ambiente

    de negcios e a eficincia da fronteira e dos transportes; como

    hard, os sistemas de informao e tecnologias e a

    infraestrutura fsica.

    SOUZA, Maurcio Jorge P. D.; BURNQUIST, Helosa Lee.

    Facilitao de Comrcio e Impactos sobre o Comrcio Bilateral.

    Est. Econ.: So Paulo, v.41 n. 1, p. 91118, jan.mar., 2011:

    este artigo visou a avaliao dos efeitos da facilitao de

    comrcio para um conjunto de 43 pases, incluindo-se o Brasil.

    Utilizou-se, como base para a avaliao, estudos do Banco

    Mundial e a aplicao de um modelo gravitacional para a

    avaliao de ndices de simplificao. Foi constatado que o

    tempo de desembarao aduaneiro brasileiro maior que a

    mdia dos demais pases e que, portanto, sua diminuio traria

    efeitos para o pas.

    IWANOW, TOMASZ; KIRKPATRICK, Colin. Trade Facilitation

    and Manufactured Exports: is Africa Different?. World

    Development: v. 37, n. 6, p. 1039-1050, 2009: avaliou o

    impacto das medidas de facilitao do comrcio no continente

    africano com uso do modelo gravitacional. Este artigo retratou

    questes relativas aos pases em desenvolvimento, o que se

    aplica ao Brasil.

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    HORKMAN, Bernard; NICITA, Alessandro. Trade Policy, Trade

    Costs, and Developing Country Trade. World Development: v.

    39, n. 12, p. 2069 2079, 2011: estudou ndices de facilitao

    de comrcio por regresso gravitacional; nele foram avaliados

    ncides que restringem ou que facilitam o comrcio.

    ELIK, Gkhan; IHSAN, Sabuncuoglu. Simulation modelling

    and analysis of a border security system. European Journal of

    Operational Research: 2006: analisou um modelo de proteo

    das fronteiras na Turquia, adicionando pesquisa a

    necessidade de aplicao de procedimentos de fronteira

    seguros.

    No que tange s dissertaes e teses, foram identificados os seguintes

    trabalhos:

    GOLDBERG, David J. K. Regulao do Setor Porturio no

    Brasil: anlise do novo modelo de concesso de portos

    organizados. Dissertao (Mestrado em Engenharia) - Escola

    Politcnica, Universidade de So Paulo, 2009: analisou a Lei de

    Modernizao dos Portos e o novo modelo porturio brasileiro,

    contribuindo, para a atual pesquisa, com a identificao dos

    agentes do setor porturio.

    VIANNA Jr, Edison D. O. Modelo de Gesto e Automao dos

    Portos Brasileiros. Tese (Doutorado em Engenharia) Escola

    Politcnica, Universidade de So Paulo, 2009: contribuiu para a

    compreenso dos processos porturios por ter, como base da

    discusso realizada com cunho de automao, o estudo

    SISPORTOS, realizado pelo SERPRO em conjunto ao

    Ministrio dos Transportes.

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    TORRES, Luis F. R. Estudo Analtico e Operacional da

    Supervia Eletrnica de Dados: um modelo de gesto

    eletrnica para os portos brasileiros. Dissertao (Mestrado em

    Engenharia) Escola Politcnica, Universidade de So Paulo,

    2008: trouxe luz o modus operandida integrao entre dois

    sistema de informao (SED/DT-E) do Porto de Santos.

    ZANCUL, Paulo J. Integrao de Sistemas de Controle de

    Carga em Ambiente Porturio. Dissertao (Mestrado em

    Engenharia) - Escola Politcnica, Universidade de So Paulo,

    2006: trouxe luz o modus operandido sistema de informao

    SED utilizado pelo Porto de Santos.

    RUSSO FILHO, Antnio. Comrcio Internacional:um modelo

    para segurana porturia e modernizao da aduana brasileira.

    Dissertao (Mestrado em Engenharia) - Escola Politcnica,

    Universidade de So Paulo, 2006: dissertou sobre a questo da

    modernizao dos procedimentos aduaneiros.

    PENHA, Lucas F. R. Os Centros Logsticos e Industriais

    Aduaneiros e a atual indstria paulista. Dissertao

    (Mestrado em Geografia Humana) Departamento de

    Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias

    Humanas, Universidade de So Paulo, 2010: dissertou sobre o

    papel dos Centros Logsticos e Industrias Aduaneiros (CLIAs)

    nos trmites de importao e exportao por via martima.

    Como pde ser visto acima, a maior parte dos trabalhos centraram-se

    nos sistemas de informao e de automao das operaes porturias. Estes

    trabalhos foram relevantes para a atual pesquisa devido estreita relao

    que possuem com os processos de importao e de exportao analisados.

    As discusses serviram como referncia para pontos crticos explorados na

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    anlise crtica, particularmente queles referentes aos sistemas de

    informao em uso para a gesto e aplicao dos procedimentos de fronteira.

    Por fim, foram prospectadas literaturas disponibilizadas pelos

    organismos internacionais engajados na facilitao do comrcio internacional

    (principalmente o Banco Mundial; o Fundo Monetrio Internacional, o FMI; a

    Organizao Mundial das Aduanas, a OMA; a Organizao das Naes

    Unidas, a ONU; e a UNCTAD, Conferncia das Naes Unidas sobre

    Comrcio e Desenvolvimento). O Banco Mundial foi visto como a instituio

    mais atuante no desenvolvimento de estudos e publicaes para a facilitao

    e a promoo do comrcio internacional e do desenvolvimento econmico

    dos pases.

    As publicaes encontradas no tema, e que foram consultadas nesta

    pesquisa, incluem:

    MCLINDEN, G; FANTA, E; WIDDOWSON, D; DOYLE, R.

    Bord er Management Modernizat ion. Washington, DC: The

    World Bank, 2011: explorou aes para a modernizao da

    gesto e da aplicao dos procedimentos de fronteira, onde foi

    proposto um novo modelo de gesto, denominado por gesto

    de fronteira colaborativa, que ser explorado ao longo da

    anlise crtica.

    ARVIS, J.-F et al. Connect ing to Compete 2012: Trade

    Logistics in the Global Economy the Logistics Performance

    Index and its Indicators. Washington, DC: The World Bank,

    20125: corresponde a um comparativo do desempenho logstico

    de mais de 150 pases pelo indicador LPI (Logistic Performance

    Index). Esta publicao trouxe luz rankingsde competitividade

    dos servios logsticos e aduaneiros de diversos pases.

    WORLD BANK; IFC (International Finance Corporation). Doing

    Business 2012: Making a Difference for Entrepreneurs.

    5Foram utilizadas as verses de 2012 e de 2010 do estudo Connecting to Compete.

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    Washington, DC: The World Bank, 2012: esta publicao

    mensurou parmetros relativos facilidade para se fazer

    negcios nos pases, que, dentro eles, incluem-se uma

    pesquisa aos trmites do comrcio exterior dos pases,

    incluindo-se do Brasil.

    UNCTAD (United Nations Conference on Trade and

    Development). UNCTAD Handb oo k of Statist ics 2011. New

    York: United Nations Publication, 2011: disponibilizou dados

    estatsticos do comrcio internacional de diversos pases.

    Complementarmente, foi identificada uma publicao do BNDES para

    a avaliao do setor porturio:

    BOOZ & COMPANY et all.. Anlise e Avaliao da

    Organizao Institucional e da Eficincia de Gesto do

    Setor Porturio Brasileiro. So Paulo: 2012: este estudo

    contemplou a anlise e a avaliao do marco regulatrio, da

    organizao institucional, da eficincia de gesto porturia e do

    desenvolvimento da oferta e demanda dos servios porturios

    brasileiros. A parte referente ao estudo da eficincia de gesto

    da operao foi relevante para a presente pesquisa.

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    ETAPA 2 CONSTITUIO DE FRAMEWORKS / IDENTIFICAO DE

    LACUNAS:

    Com base no delineamento de frameworksiniciais, implementou-se a

    busca mais apurada por informaes ento inexploradas pelas pesquisas

    acadmicas ou parcialmente discutidas. Esta etapa contemplou o uso de

    diversos canais de informao, incluindo-se legislaes, publicaes

    governamentais, notcias e pginas na internet das principais instituies

    envolvidas com o setor porturio, que sero mencionadas ao longo do

    trabalho. Deste modo, considerando-se as estruturas de trabalho inicialmente

    traadas (considerando-se as etapas 1 e 2 da metodologia de pesquisa), foi

    possvel identificar as lacunas de conhecimento e de informaes que

    guiaram a pesquisa em campo.

    ETAPA 3PESQUISA EM CAMPO / FINALIZAO DOS FRAMEWORKS:

    A pesquisa em campo foi conduzida com profissionais e instituies

    envolvidos com o Porto de Santos. Ela foi orientada com base nas pesquisas

    iniciais que contemplaram o desenvolvimento de fluxogramas e esquemas de

    processos, transcritos sob a forma de estruturas de trabalho, cujas lacunas

    de conhecimento e de informao foram exploradas ao longo das entrevistas.

    As entrevistas foram conduzidas com agentes pblicos e privados, incluindo-

    se profissionais das reas de planejamento e operao porturia, fiscalizaoe despacho aduaneiro.

    Este estudo utilizou-se da experincia e da viso dos despachantes

    aduaneiros (customs brokers), pois, conforme NG, PADILHA e PALLIS

    (2013), estes profissionaispodem ser considerados os tomadores de deciso

    quanto a movimentao das cargas conteinerizadas entre os portos

    martimos e portos secos e quanto a requisio de servios logsticos e ao

    preparo dos documentos para os procedimentos aduaneiros (NG; PADILHA;PALLIS, 2013).

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    As principais instituies que contriburam para esta pesquisa foram:

    ABEPRA (Associao Brasileira dos Portos Secos);

    ABTP (Associao Brasileira dos Terminais Porturios); ABTRA (Associao Brasileira de Terminais e Recintos

    Alfandegados);

    ANVISA (Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria);

    CEGN (Centro de Estudos em Gesto Naval);

    CODESP (Companhia Docas de So Paulo);

    Dry PortLtda;

    ICEX (Instituto de Estudos das Operaes de ComrcioExterior);

    PROCOMEX (Instituto Aliana Pr Modernizao Logstica do

    Comrcio Exterior);

    VIGIAGRO (Sistema de Vigilncia Agropecurio Internacional).

    As entrevistas em campo possibilitaram o alcance de informaesindisponveis em outros canais, permitindo-se o aprofundamento do

    conhecimento nas reas especficas. Foram tambm coletados dados

    estatsticos e discutidas as dificuldades operacionais enfrentadas pelos

    agentes, servindo como meio reflexivo da pesquisadora junto a profissionais

    ativos no setor porturio.

    Esta etapa permitiu a finalizao dos frameworks constitudos nas

    etapas posteriores, possibilitando-se a anlise crtica das informaes

    coletadas e das estruturas de trabalho traadas.

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    ETAPA 4ANLISE CRTICA:

    Por fim, esta parte contemplou discusses prtica e terica do modo

    como os procedimentos so geridos e como esto organizados. A anlise

    crtica contou com informaes de mltiplos canais, que foram identificadas

    conforme expostas, sendo embasada na discusso proposta pelos autores

    MCLINDEN, WIDDONSON e DOYLE (2011) do Banco Mundial. O uso desta

    literatura embasou a discusso da melhoria dos pontos crticos identificados,

    pois consiste num handbook para orientar a modernizao da gesto dos

    procedimentos de fronteira.

    Complementarmente, foram estudadas as inter-relaes dos pontos

    crticos para evidenciar o modo com que influenciam uns aos outros e, assim,

    identificar os mais influentes no problema de reteno das cargas

    conteinerizadas.

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    1.3 Estrutura do trabalho

    O presente trabalho foi estruturado nas seguintes partes:

    CAPTULO 2: Discorre sobre o dilema entre controle e facilitao na gesto

    das cargas conteinerizadas estrangeiras e sobre as operaes logsticas que

    as envolvem, apresentando as principais instalaes que suportam este fluxo

    de cargas e os agentes intervenientes nestas operaes logsticas.

    CAPTULO 3: Descreve a gesto dos procedimentos de fronteira com

    destaque das especificidades operacionais do Porto de Santos, campo de

    pesquisa escolhido, com evidncia da questo do tempo dispendido. Na

    importao foram pontuados: (1) Licenciamento de importao; (2)

    Procedimentos com o navio; (3) Trnsito aduaneiro, transferncia e

    armazenagem de contineres; (4) Nacionalizao e suas tratativas

    preliminares / complementares. Quanto aos procedimentos para exportao

    foram descritos: (1) Procedimentos logsticos das cargas conteinerizadas; (2)

    Procedimentos aduaneiros; (3) Procedimentos com o navio.

    CAPTULO 4: Analisa, criticamente, a gesto dos procedimentos de fronteira

    no Porto de Santos dentro do cenrio construdo. O processo de anlise

    contemplou: (1) Identificao dos principais pontos crticos que impactam no

    tempo dispendido das operaes; (2) Discusso da inter-relao dos pontos

    crticos.

    CAPTULO 5: Apresenta concluses do trabalho realizado.

    CAPTULO 6: Explora os limites da pesquisa e apresenta sugestes para

    novos estudos cientficos.

    Ser, por fim, apresentadas as referncias bibliogrficas da pesquisa e

    exposto o apndice do trabalho.

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    2. INTRODUO AO TEMA

    Por meio da aplicao dos procedimentos de fronteira visam os pases

    a regular a entrada e a sada de pessoas e de mercadorias de seus

    territrios. A eles somam-se os trmites operacionais e burocrticos exigveis

    para a liberao das cargas ou das pessoas a transitar por pontos no

    territrio nacional com contato internacional, isto , portos martimos,

    aeroportos internacionais e pontos de fronteira. O controle das fronteiras

    vital para a segurana da nao e de seus cidados (ELIK; IHSAN, 2006).

    Por gesto das cargas do comrcio exterior compreende-se o modo

    com que so aplicados e geridos os procedimentos de fronteira, que incluem

    a atuao de diferentes agentes, incluindo-se a aduana, com seus

    procedimentos aduaneiros. Mediante tais procedimentos, permite-se que

    mercadorias nacionais, na exportao, possam receber os procedimentos de

    fronteira, de modo a torn-las estrangeiras. Na importao, por outro lado,

    permite-se o recebimento de mercadorias estrangeiras do exterior,

    viabilizando sua entrada no pas, tanto de maneira fsica quanto burocrtica.

    Devido especificidade das operaes, a gesto das cargas estrangeiras

    pode somente ocorrer em instalaes alfandegadas, que, no caso porturio,

    incluem a parcela alfandegada do porto organizado martimo e os recintos

    alfandegados externos a ele, como o Centro Logstico Industrial e Aduaneiro

    (CLIA) e as Estaes Aduaneiras do Interior (EADIs).

    A gesto dos procedimentos de fronteira realizada por diversos

    rgos pblicos, tambm denominados agentes intervenientes, j que

    intervm nas operaes logsticas. Cabe a eles interferir nas mais diversasordens, como sanitria, fitossanitria, dentre outras, como ser visto mais

    frente, de modo a assegurar o atendimento das questes bsicas de

    proteo do pas, das pessoas, do meio ambiente. Deste modo, tais agentes

    impem o controle das fronteira, intervindo no fluxo logstico, no caso, das

    cargas conteinerizadas e das embarcaes.

    Como exposto por MCLINDEN; WIDDOWSON; DOYLE (2011),

    procedimentos de fronteira desatualizados e excessivamente burocrticosimpostos pela aduana e outros intervenientes so vistos, na atualidade, como

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    barreiras maiores que as tarifrias para o comrcio internacional. HORKMAN

    e NICITA (2011) colocam que as tarifas ainda so instrumentos utilizados

    para restringir o comrcio internacional, mas cuja importncia tem diminudo.

    Assim, PORTUGAL-PEREZ e WILSON (2012) expem que reformas para

    facilitao do comrcio passaram a ser o foco dos governos dos pases em

    desenvolvimento.

    A literatura tambm expe que a gesto dos procedimentos de

    fronteira est entre os elos mais problemticos da cadeia global de

    suprimentos, visto o tempo e o custo envolvidos em seus trmites e,

    principalmente, na imprevisiblidade das operaes.

    Even more than time and cost, logistic performance depends onthe reliability and predictability of the supply chain. [...] A high degree ofuncertainty means that operators have to adopt costly hedging strategies[...] that can be larger than the direct costs. (ARVIS et al., 2010).

    A facilitao das operaes, por outro lado, inclui prticas de gesto

    com menor impacto na logstica das cargas; ou seja, ela prega o

    estabelecimento do fluxo contnuo das cargas pelas instalaes

    alfandegadas, ou, pelo menos, a interrupo no fluxo quando notada

    necessidade para tal. Assim, possibilita-se o maior dinamismo comercial e

    operaes logsticas mais rpidas e menos custosas, o que muito agrega

    para os importadores e exportadores. PORTUGAL-PEREZ e WILSON (2012)

    simplifica a questo da facilitao de comrcio para medidas que reduzem o

    custo das operaes de importao e de exportao quando as mercadorias

    esto nos recintos alfandegados (on-the-border), que basicamente envolvem

    a simplificao e a padronizao das formalidades aduaneiras e dos

    procedimentos administrativos relativos importao ou exportao. SOUZA

    e BURNQUIST (2011) sugerem que a simplificao dos procedimentos de

    fronteira pode ser entendida como a reduo do nmero de etapas que os

    exportadores e importadores defrontam.

    O estudo Border Management Modernization define a facilitao do

    comrcio internacional da seguinte forma:

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    Trade facilitation is the simplification, standardization, andharmonization of procedures and associated information flows to movegoods from seller to buyer and to make payment. (MCLINDEN;WIDDOWSON; DOYLE, 2011)

    A literatura sugere uma definio mais ampla:

    Trade facilitation is identifying and addressing bottlenecks that areimposed by weakness in trade related logistics and regulatory regimesand that prevent the timely, cost effective movement of goods. (MCLINDEN; WIDDOWSON; DOYLE, 2011).

    A facilitao da gesto dos procedimentos de fronteira, contudo,

    consiste em esforos liderados por organismos internacionais de renome no

    comrcio internacional. Instituies como OMA, OMC e Banco Mundial

    lideram as publicaes e o interesse em disseminar boas prticas de

    modernizao da gesto das cargas. Por outro lado, tais aes

    modernizantes entram em conflito com os modelos aduaneiros existentes nos

    pases, visto que so complexos por envolverem diversos intervenientes,

    cada qual com responsabilidades distintas6.

    PORTUGAL-PEREZ e WILSON (2012) complementa que, alm dos

    aspectos on-the-border, a facilitao de comrcio tambm inclui aspectos

    beyond-the-border, como o ambiente de negcios (business environment), a

    qualidade da infraestrutura, transparncia e regulao. Assim, os autores

    classificam como fatores hard a infraestrutura fsica e tecnologia de

    informao e, como soft, a gesto aduaneira e eficincia de transporte

    6Os organismos internacionais que regulam e atuam no comrcio internacional foram, emsua maioria, idealizados e criados ao trmino da Segunda Guerra Mundial, quando aspotncias da poca realizaram inmeras conferncias para tratar da ordem e da economiados Estados. Durante as conferncias de Bretton Woods, criaram-se a Organizao dasNaes Unidas (ONU), o Fundo Monetrio Internacional (FMI), ambas em 1945, e o BancoMundial, em 1946. (MENEZES et al., 2010). Ademais, criaram a OIC (OrganizaoInternacional do Comrio), que nunca entrou em vigor, mas que propiciou, em 1948, o

    Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (GATT), que foi institudo para promover a liberalizaodo comrcio mundial e disciplinar o intercmbio comercial entre as naes.

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    (border and transport efficiency 7) ambiente de negcios e marcos

    regulatrios.

    justamente neste dilema entre controle e facilitao que este

    trabalho se insere. O crescente comrcio exterior brasileiro exige o

    incremento dos fluxos pelos portos martimos, o que, implica, ento, em

    procedimentos geis e, da mesma forma, seguros. No caso brasileiro,

    entretanto, h muito para ser revisto e modernizado, visto que as

    mercadorias permanecem demasiadamente nas instalaes porturias

    espera da aplicao dos procedimentos de fronteira. SOUZA e BURNQUIST

    (2011) concluiram que avanos na facilitao de comrcio so

    particularmente importantes para o Brasil devido ao tempo de desembarao

    alfandegrio (foi avaliado como um dos mais demorados no estudo que

    envolveu 43 pases).

    Estudar o modo atual de gesto das cargas nos portos brasileiros

    consiste na oportunidade de identificao dos principais pontos crticos do

    modelo, o que, por consequncia, viabiliza a modernizao do sistema para

    diminuir a reteno desnecessria das cargas. A seguir, nos items 2.2 e 2.3,

    sero vistos, respectivamente, as principais instalaes porturias que

    atendem o comrcio exterior, o que a elas incluem os portos martimos e os

    recintos alfandegados externos a eles; e os principais agentes intervenientes

    das operaes logstico-porturia.

    7Por border and transport efficiencycompreende-se: nmero de documento para exportar;

    nmero de dias para exportar; nmero de documentos para importar; nmero de dias paraimportar.

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    2.1 As principais instalaes alfandegadas que suportam o comrcio

    conteinerizado

    O comrcio conteinerizado martimo estabelecido em meio a

    instalaes alfandegadas que compem rotas logsticas de importao ou

    exportao, j que nelas so exercidos maiores controles dos fluxos para

    garantir a aplicao e o cumprimento das exigncias de fronteira. Este

    comrcio representa cerca de 90% do comrcio exterior brasileiro, cuja

    evoluo foi ilustrada pela Figura 2.

    Figura 2Evoluo do comrcio exterior brasileiro8. Fonte: UNCTAD (2011).

    Entretanto, como mostrado pela Figura 3, a participao da corrente

    do comrcio exterior no PIB brasileiro fica em torno dos 20%, com algumasoscilaes ano a ano. Pela Figura 4, pode-se verificar que a participao das

    importaes e exportaes brasileiras no total global correspondem,

    respectivamente, a 1,3% e a 1,4%. Assim, comparando-se com outros

    pases, como Estados Unidos e China, que respondem, cada um, por 20% do

    8O ano de 1808 foi considerado o Ano Zero do Comrcio Exterior do Brasil devido assinatura de D. Joo, Prncipe Regente de Portugal, da Carta de Abertura dos Portos s

    Naes Amigas, que rompeu com o pacto colonial entre Brasil e Portugal, quebrou com omonoplio comercial que Portugal detinha sobre o Brasil e inaugurou uma nova fase deautonomia econmica e comercial brasileira. (MENEZES et al., 2010).

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010FluxocomercialdoBrasilem

    b

    llhesdedlares

    Evoluo do comrcio exterior brasileiro

    Exportao f.o.b Importao c.i.f Total

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    comrcio internacional, pode-se verificar a oportunidade de incremento da

    atuao brasileira no cenrio internacional. Para tanto, uma srie de fatores

    econmicos e de infraestrutura devem ser desenvolvidos no pas de modo a

    possibilitar a maior insero da produo brasileira no cenrio global

    (incluindo-se aes de desburocratizao dos servios aduaneiros, foco

    desta pesquisa).

    Figura 3Participao das importaes e exportaes no PIB do Brasil.9

    Figura 4Participao dos pases no total importado e exportado pelo mundo.10

    9

    MDIC. Balana Comercial Brasileira dados consolidados. 2012. Disponvel em:. Acessoem: 18 de abril de 2013.

    12,39,5

    6,8 4,6

    1,3

    8,1

    10,4

    8,1

    4,5

    1,4

    0

    4

    8

    12

    16

    20

    EstadosUnidos

    China Alemanha Japo Brasil

    Participao % no total importado e exportado do mundo

    Importao Exportao

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    41

    O fluxo das cargas importadas ou exportadas estabelecido em meio

    a recintos alfandegados, que so instalaes especiais no territrio aduaneiro

    alfandegados pela Receita Federal. Estes recintos localizam-se em portos

    martimos, aeroportos internacionais, pontos de fronteira ou em outras

    localidades dispersas pelo pas. No mbito do porto martimo, incluem-se as

    Instalaes Porturias Alfandegadas, as IPAs, e o terminais porturios, que

    costumam ser alfandegados. Externamente ao porto organizado, as Estaes

    Aduaneiras do Interior (EADIs), tambm conhecidas como Portos Secos, e os

    Centros Logsticos e Industriais Aduaneiros (CLIAs).

    A primeira distino entre os recintos alfandegados corresponde

    zona do territrio aduaneiro primria ou secundria a que pertencem.

    Segundo o Regulamento Aduaneiro (Decreto n6.759/2009), caracterizam-se

    da seguinte forma:

    Zona Primria:abrange a rea terrestre ou aqutica, contnua

    ou descontnua, nos portos alfandegados, e a rea terrestre

    dos aeroportos alfandegados e dos pontos de fronteira

    alfandegados. Deste modo, incluem-se nesta zona as IPAs e

    os terminais porturios alfandegados dos portos

    organizados martimos;

    Zona Secundria: compreende a parte restante do territrio

    aduaneiro, e nela esto includas as guas territoriais e o

    espao areo. A encontram-se os CLIAs e as EADIs.

    Enquanto as zonas primrias esto voltadas para o atendimento dos

    fluxos de entrada ou sada das cargas conteinerizadas do pas, as zonas

    secundrias esto voltadas ao suporte do fluxo logstico e ao armazenamento

    prolongado delas no territrio nacional. Como coloca PENHA (2010), os

    CLIAs e as EADIs podem ser vistos como poros territoriais dispersos no

    pas, que esto incumbidos de auxiliar nos fluxos de mercadorias pelas zonas

    primrias.

    10 MDIC. Balana Comercial Brasileira dados consolidados. 2012. Disponvel em:

    . Acessoem: 18 de abril de 2013.

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    Apesar dos portos secos existirem no pas desde os anos de 1970,

    eles ganharam maior importncia a partir de 1993, devido s mudanas

    polticas e econmicas no pas e a ento promulgao da Lei de

    Modernizao dos Portos (NG; PADILHA; PALLIS, 2013; e PENHA, 2010).

    Foi quando o comrcio exterior brasileiro passou a ter um novo dinamismo.

    Em 2012, encontravam-se em operao no pas 65 portos secos (dos

    quais cinco so CLIAs) operados por diferentes operadores privados (NG;

    PADILHA; PALLIS, 2013). Os portos secos (ou EADIs) encontram-se

    majoritariamente distribudas pelas regies sul e sudeste, ao passo que os

    CLIAs existente localizam-se no Estado de So Paulo (sendo quatro

    existentes na baixada santista e um em Suzano). Diferentemente das EADIs,

    os CLIAs puderam ser instalados somente no ano de 2006, por meio da MP

    n 320 da Receita Federal, que logo foi extinta.

    As instalaes dos portos secos localizam-se em regies industriais,

    atendendo, principalmente, s importaes de eletrnicos, farmacuticos,

    automveis e mquinas (NG; PADILHA; PALLIS, 2013). A importao

    representa cerca de 70% das cargas manipuladas pelos portos secos no

    Brasil (NG; PADILHA; PALLIS, 2013).

    Como ilustrado pela Figura 5, os 10 principais portos de contineres

    do pas movimentam 85% do total de TEUs 11 do Brasil, onde somente o

    Porto de Santos foi responsvel por 43% das movimentaes. Dada a sua

    relevncia, a Figura 6 retrata sua movimentao de TEUs entre os anos de

    2006 a 2011, embora sua capacidade esttica esteja prxima do limite

    aferido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de 3,1 milhes

    de TEUs12. Ademais, em 2010, o pas movimentou 5,6 milhes de TEUs na

    navegao de longo curso, no mesmo ano em que o movimento global foi de

    11Os contineres esto relacionados com a unidade de medida TEU (twenty-foot equivalentunit), sendo que 1 TEU corresponde a um continer de 20 de comprimento e 2 TEUs a umcontiner de 40. O continer de 20 recomendado para carga geral de alta relaomassa/volume; a massa de sua estrutura metlica varia em torno de 1,8 2,4t e suportacarga mxima de cerca de 22t. O continer de 40 indicado para carga geral de mdiarelao massa/volume, sendo constitudo por 2,8 4t de estrutura metlica e suportandocarga mxima de, aproximadamente, 27t. (COIMBRA, 2011, p. 55).

    12Movimento de contineres em alta. A Tribuna, Santos: 10 de maio de 2011. Disponvel

    em: < http://www.portodesantos.com.br/clipping.php?idClipping=17518>. Acesso em: 14 demaio de 2012.

    http://www.portodesantos.com.br/clipping.php?idClipping=17518http://www.portodesantos.com.br/clipping.php?idClipping=17518
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    560 milhes de TEUs, representando 1% da movimentao global (ANTAQ,

    2010; Shipping Statistics and Market Review, 2011).

    Figura 5Movimentao de contineres na navegao de long curso. Fonte: ANTAQ, 2010.

    Figura 6 Histrico evolutivo da movimentao de TEUs pelo Porto de Santos. Fonte:

    ANTAQ, 2010 e CODESP, 201213.

    132011 foi ano de tonelagem recorde para operaes do Porto de Santos. CODESP, Santos,17 de fevereiro de 2012. Disponvel em: . Acesso em: 14 demaio de 2012.

    0,00

    0,50

    1,00

    1,50

    2,00

    2,50

    MilhesdeTEUs

    Movimentao de contineres em 2010

    0,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    2006 2007 2008 2009 2010 2011

    MilhesdeTEU

    s

    Movimentao de TEUs pelo Porto de Santos

    http://www.portodesantos.com.br/pressRelease.php?idRelease=557http://www.portodesantos.com.br/pressRelease.php?idRelease=557
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    Complementarmente, a Figura 7 retrata a participao da carga

    conteinerizada no total escoado pelo Porto de Santos. Aproximadamente

    30%, em termos mssicos, corresponde ao comrcio conteinerizado

    estabelecido pelo Porto de Santos. O restante, cerca de 70%, corresponde s

    mercadorias em granel lquido ou slido e s cargas gerais.

    Figura 7 Participao da carga conteinerizada (em massa) no total escoado pelo Porto de

    Santos. Fonte: CODESP, 201014; ANTAQ, 2010.

    Quanto ao fluxo logstico das cargas conteinerizadas, as Figuras 8 e 9

    retratam as possveies rotas logsticas para import-las ou export-las. Tais

    opes incluem o porto organizado e os recintos alfandegados externos a

    ele, que correspondem aos CLIAs e s EADIs.

    14

    Companhia Docas do Estado de So Paulo (CODESP). Relatrio Anual 2010. Disponvelem: . Acesso em: 11 de janeiro de 2012.

    34% 36% 30% 31%

    66% 64% 70% 69%

    0%10%20%30%40%50%

    60%70%80%90%

    100%

    2007 2008 2009 2010

    Participao da carga conteinerizada no Porto de Santos

    Carga conteinerizada Carga no conteinerizada

    http://www.portodesantos.com.br/relatorio.phphttp://www.portodesantos.com.br/relatorio.php
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    45

    Figura 8Possveis rotas alfandegadas para importao de cargas conteinerizadas pelo

    Porto de Santos.

    Figura 9Possveis rotas alfandegadas para exportao de cargas conteinerizadas pelo

    Porto de Santos.

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    Com base na Figura 8, pode-se listar as seguintes opes logsticas:

    1. Armazenagem e nacionalizao da carga conteinerizada no

    porto organizado (podendo ser no terminal ou em algum IPA);

    2. Remoo do continer para algum CLIA da baixada santista

    diretamente do terminal porturio ou proveniente de alguma

    IPA;

    3. Remoo da carga conteinerizada para alguma EADI

    diretamente do terminal porturio, proveniente de alguma IPA

    ou de algum CLIA da baixada santista.

    Quanto Figura 9, as cargas conteinerizadas para exportao podem

    ser transferidas dos CLIAs, das EADIs ou das IPAs para o terminal porturio.

    Entretanto, podem-se, tambm, ser diretamente enviada ao porto, para que l

    sejam submetidas aos procedimentos aduaneiros.

    A deciso da escolha da rota logstica do importador, exportador ou

    do despachante aduaneiro que os representa legalmente. Segundo NG,

    PADILHA, PALLIS (2013), a excessiva burocracia e a alta complexidade dos

    procedimentos aduaneiros aumentou a demanda pelo contato pessoal dos

    despachantes aduaneiros (customs brokers) com os fiscais da aduana.

    Assim, aumenta-se a importncia destes profissionais nos trmites de

    importao e de exportao, que atuam com o intuito de agilizar os

    processos, resolver problemas e minimizar multas.

    Na sequncia, sero abordados os diferentes intervenientes das

    operaes.

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    2.2 Apresentao dos agentes intervenientes no fluxo das cargas

    importadas e exportadas por via martima

    Diversos so os agentes intervenientes no fluxo logstico das cargas

    conteinerizadas e das embarcaes, sendo eles pertencentes estrutura

    formal do setor porturio ou no. Sero aqui particularmente abordados os

    agentes pblicos que, direta ou indiretamente, interferem na logstica das

    cargas importadas ou exportadas pelos portos martimos.

    Neste Captulo, sero explorados mais de 40 instituies provenientes

    de mais de 10 ministrios, visto a alta desconcetrao de poder no que tange

    gesto dos procedimentos de fronteira. O alto nmero de agentes

    envolvidos nos procedimentos de fronteira ocorre pela tendncia da

    administrao pblica de desconcentrar suas atividades em busca de maior

    especializao tcnica (MEDAUAR, 2011). Entretanto, tal estratgia culmina

    com uma gesto mais complexa e burocrtica devido existncia de

    diferentes agentes e responsabilidades, que muito susceptvel falta de

    sinergia operacional entre os envolvidos.

    Sero identificados, no item 2.2.1, os agentes que compem a

    estrutura do setor porturio martimo, onde, por consequente, sero

    ressaltados aqueles envolvidos nas operaes porturias.

    Complementarmente, no item 2.2.2, sero apresentados os demais agentes

    intervenientes no fluxo das cargas, que, por ventura, incluir apresentao de

    relevantes agentes, como a Receita Federal, a autoridade aduaneira do pas.

    2.2.1 Agentes da estrutura organizacional do setor porturio martimo:

    Enfoque ao nivel operacional

    As instituies que compem a estrutura formal do setor porturio

    brasileiro formulam, regulam, fiscalizam e operam os portos brasileiros. Sero

    particulamente explorados os agentes que atuam junto aos portos martimos,

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    que foram estabelecidos aps a Lei de Modernizao dos Portos (Lei

    8.630/1993)15.

    O setor possui uma estrutura organizacional definida, podendo ser

    classificado segundo os nveis de governo e local, como sugere GOLDBERG

    (2009). No nivel de governo, cabem os agentes que respondem por polticas

    do setor e pela legislao na esfera federal, apresentando-se listados como o

    grupo A da Tabela 1. No nivel local, cabem aqueles que operam, gerenciam e

    administram o porto organizado, estando retratados como os grupos B e C

    Tabela 1.

    O organograma institucional simplificado destes agentes aparece na

    Figura 10, cujas linhas tracejadas implicam em vnculo ou subordinao

    indireta.

    Tabela 1Classificao dos agentes do setor porturio martimo.

    Grupo rgos / Instituies

    A.Agentes de formulao de polticas,

    planejamento e regulao do setor

    porturio martimo

    Conselho Nacional de Integrao de Polticas

    de Transporte (CONIT)

    Agncia Nacional de Transportes

    Aquavirios (ANTAQ)

    Secretaria Especial dos Portos (SEP)

    B.Agentes da administrao porturia

    martima

    Conselho de Autoridade Porturia (CAP)

    Autoridade Porturia (AP)

    rgo Gestor da Mo-de-Obra do Trabalho

    Porturio Avulso (OGMO)

    C.Agentes da autoridade martima Diretoria de Portos e Costas (DPC)

    Capitania dos Portos

    15

    A Lei de Modernizao dos Portos, tambm conhecida como Lei dos Portos, implicou emforte reestruturao do setor porturio, especialmente no que tange maior insero dosetor privado na operao porturia, para desenvolvimento setorial.

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    49

    Figura 10Estrutura organizacional simplificada do setor porturio martimo16.

    Sero apresentados, na sequncia, os agentes mencionadas na

    Tabela 1 segundo o grupo a que pertencem.

    2.2.1.1 Grupo A - Agentes de formulao de polticas, planejamento e

    regulao do setor porturio martimo

    Os agentes deste grupo (CONIT, ANTAQ e SEP) respondem porquestes do nvel de governo, no sendo, portanto, interferentes diretos no

    fluxo logstico das cargas. Embora a SEP seja tambm do alto nivel, ela a

    responsvel direta pelos portos martimos, cabendo tambm a ela

    implementar projetos de melhoria operacional do setor porturio.

    16 Foram excludos do fluxograma os agentes do Ministrio dos Transportes atuantes nos

    portos fluviais e nos sitema hidrovirio (DNIT e CODOMAR), alm dos agentes dosMinistrios: da Fazenda, da Justia, do Meio Ambiente, onde os ltimos sero tratados noitem 2.2.2.

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    50

    Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transporte CONIT:

    O CONIT um rgo de assessoramento diretamente vinculado

    Presidncia da Repblica, institudo pela Lei 10.233/2001 para promover a

    integrao multimodal dos transportes. um rgo multiministerial composto

    pelos seguintes 10 ministros: dos Transportes (presidente), da Casa Civil, da

    Defesa, da Justia, da Fazenda, do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio

    Exterior, do Planejamento, Oramento e Gesto, das Cidades, do Meio

    Ambiente e dos Portos.

    Devido ao envolvimento de diferentes ministros no Conselho,

    principalmente aqueles do setor de transportes, sua principal

    responsabilidade propor medidas para a maior integrao multimodal do

    pas.

    Agncia Nacional de Transportes Aquavirios ANTAQ:

    A ANTAQ foi criada em 2001 pela Lei 10.233 como uma agncia

    reguladora17 vinculada, administrativamente, ao Ministrio dos Transportes.

    Ela foi instituda para implementar as polticas formuladas pelo MT, pela SEP

    e pelo CONIT, e para regular e fiscalizar os setores porturio e aquavirio. A

    ANTAQ particularmente atuante na regulao das concesses de

    instalaes porturias e elaborao de planos de outorgas dos portos

    martimos.

    17As agncias reguladoras so autarquias especiais criadas para exercerem funes deregulao e fiscalizao; foram criadas, em sua maioria, na dcada de 90, por conta dosprocessos de privatizao ocorridos naquela poca, como foi exposto por PALUDO (2010). Aliteratura tambm expe que h dois tipos de agncias reguladoras: aquelas que exercempoder de polcia, como a ANVISA do Ministrio da Sade, e as que controlam as atividades

    que constituem objeto de concesso, permisso, ou autorizao de servio pblico como aANTAQ. (PALUDO, 2010, p. 33).

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    A agncia composta por uma Diretoria Colegiada, que possui

    diversos rgos ligados a ela, e pelas Superintendncias 18 , que so

    responsveis pelas atribuies tcnicas.

    Secretaria Especial de Portos da Presidncia da Repblica SEP/PR:

    A SEP foi instituda em 2007 pela Medida Provisria no 369, ento

    convertida na Lei 11.518/2007, para desenvolver o setor porturio martimo

    que estava a cargo do Ministrio dos Transportes. A ela cabe formular,

    coordenar e supervisionar as polticas nacionais dos 33 portos organizados

    martimos, alm de coordenar e controlar as Companhias Docas, as

    autoridades porturias (APs), que esto a ela vinculadas.

    Ela foi criada com status de ministrio para dar foco s questes do

    setor porturio e moderniz-lo, visto as vrias dcadas que permaneceu

    negligenciado. Foram mantidas as responsabilidades dos transportes

    rodovirio, ferrovirio e aquavirio a cargo do Ministrio dos Transportes.

    Ela composta por duas secretarias especficas:

    Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Porturio, que

    possui trs Departamentos: de Planejamento Porturio, de

    Revitalizao e Modernizao Porturia e de Sistemas de

    Informaes Porturias;

    Secretaria de Gesto e Infraestrutura de Portos, que possui os

    Departamentos de Gesto Porturia, de Desempenho

    Operacional e de Infraestrutura Porturia.

    Alguns dos principais projetos realizados pela SEP so:

    O Plano Nacional de Logstica Porturia (PNLP) para estudo

    desenvolvimentista do setor para os prximos 20 anos;

    18As Superintendncias so: de Portos, de Navegao Martima e de Apoio, de NavegaoInterior e de Administrao e Finanas.

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    O Programa Nacional de Dragagem (PND) para promover maior

    investimento nas operaes de dragagem dos portos e reduzir

    os problemas nos canais de acesso a eles;

    O Projeto Porto Sem Papel (PSP) para estabelecer a melhorgesto das informaes por meio de uma plataforma integrada

    e com acesso permitido a diferentes agentes.

    2.2.1.2 Grupo B - Agentes da administrao porturia

    Este grupo retrata agentes que atuam no nivel local das operaes

    porturias, incluindo a eles as autoridades e os conselhos de autoridade

    porturia e os rgos Gestores de Mo de Obra (OGMOs).

    Autoridade Porturia AP:

    As Autoridades Porturias foram institudas em 1993 (pela Lei

    8.630/1993) para serem as responsveis pela administrao do porto

    organizado, sendo suas atribuies regidas por essa Lei e pelo Decreto

    6.620/2008.

    A elas cabem, principalmente, administrar e fiscalizar as operaes do

    porto organizado; planejar o seu desenvolvimento, fiscalizar projetos de

    investimento, arrendar reas, autorizar atracao e desatracao das

    embarcaes.

    Dentre as APs existentes, destacam-se as Companhias Docas

    Federais 19 , responsveis pela administrao de 18 portos martimos de

    19Companhia Docas do Cear (CDC), Companhia Docas do Esprito Santo (CODESA),

    Companhia Docas do Estado da Bahia (CODEBA), Companhia Docas do Par (CDP),Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), Companhia Docas do Rio Grande do Norte(CODERN) e Companhia Docas do Estado de So Paulo (CODESP).

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    responsabilidade da SEP, podendo elas atuar em mais de um porto

    organizado.

    A AP do Porto de Santos a CODESP, Companhia Docas do Estado

    de So Paulo.

    Conselho de Autoridade Porturia CAP:

    O CAP foi criado pela Lei dos Portos (Lei 8.630/1993) para atuar no

    mbito do porto organizado, servindo como um agente conciliador dos vrios

    stakeholders que nele atuam. O Conselho atua nas questes relativas

    explorao e ao funcionamento do porto organizado, que inclui, por exemplo,

    a definio de horrios de funcionamento e a cobrana de tarifas.

    composto pelos seguintes quatro blocos:

    Representantes do poder pblico (das esferas federal, estadual

    e municipal);

    Operadores porturios, incluindo-se autoridade porturia,

    armadores, arrendatrios das reas no porto; Trabalhadores porturios; e

    Usurios dos portos (importadores, exportadores, por exemplo).

    O CAP possui poder deliberativo sobre a autoridade porturia, embora

    suas atribuies e estrutura de governana no sejam muito bem definidas.

    rgo Gestor de Mo de Obra OGMO:

    O OGMO corresponde a uma entidade civil de utilidade pblica, sem

    fins lucrativos, criada em 1993 pela Lei dos Portos (Lei 8.630) e constituda

    pelos operadores do porto em que atua. O OGMO responsvel pela mo de

    obra nos portos pblicos, no tocante aos seguintes aspectos: movimentao,transporte, acondicionamento das cargas; carregamento e descarregamento

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    das embarcaes; recebimento e conferncia das cargas; abertura,

    contagem e anotao dos volumes das cargas; adequadao das

    embalagens, reparo das instalaes porturias, fiscalizao do trnsito na

    rea do porto organizado, dentre outros.

    2.2.1.3 Grupo C Agentes da autoridade martima

    Os agentes desse grupo (Diretoria de Portos e Costas e a Capitania

    dos Portos) tambm atuam no nivel local das operaes porturias e fazem

    parte da Marinha do Brasil, a autoridade martima do pas. A ela cabe

    normatizar o trfego aquavirio e fazer cumprir as normas estabelecidas.

    Diretoria de Portos e Costas DPC:

    A DPC um rgo integrante da Diretoria Geral de Navegao da

    Marinha do Brasil, que, de maneira geral, normatiza o trfego aquavirio. Ela

    responsvel pelo trfego do espao aquavirio, pelas obras de dragagem,

    pelos servios de praticagem, pelas fiscalizaes s embarcaes visando a

    segurana.

    As principais atribuies da DPC esto definidas na Lei 9.537/1997,

    tambm conhecida como Lei de Segurana do Trfego Aquavirio (LESTA).

    Capitania dos Portos:

    Capitania dos Portos compete a segurana da navegao e o

    trfego martimo. subordinada ao Comando de Operaes Navais do

    Comando da Marinha do Ministrio da Defesa, cabendo a ela fazer cumprir

    as normas estabelecidas pela DPC.

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    atuante no Porto de Santos a Capitania dos Portos do Estado de

    So Paulo.

    2.2.2 Demais agentes intervenientes no fluxo das cargas: Apresentao

    dos agentes gerenciais, reguladores e operacionais do comrcio

    exterior brasileiro

    Diferentemente dos agentes que compem o setor porturio martimo,

    os agentes que atuam junto ao comrcio exterior brasileiro encontram-se

    espalhados em diversos rgos pblicos. Segundo classificao proposta

    pela SECEX (Secretaria do Comrcio Exterior) do Ministrio do

    Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) 20 , possvel

    design-los nos seguintes quatro grupos:

    1. Formuladores de polticas e diretrizes do comrcio exterior

    brasileiro21;

    2. Defensores dos interesses brasileiros no exterior22;

    3. Gerenciais, reguladores e operacionais;

    4. Apoiadores do comrcio exterior brasileiro23.

    20Esta classificao foi sugerida pela SECEX do MDIC por meio de uma apostila sobre aestrutura do comrcio exterior e adaptada pela autora. SECRETARIA DO COMRCIOEXTERIOR (SECEX). Estrutura do Comrcio Exterior. Disponvel em:http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1251143349.pdf.Acesso em: 22 de janeiro de 2012.

    21 A eles incluem agentes formuladores de polticas e diretrizes do comrcio exterior

    brasileiro encopassam a Cmara do Comrcio Exterior (CAMEX), o Conselho MonetrioNacional (CMN) e a Cmara de Poltica Econmica, que realizam polticas e estabelecemdiretrizes do comrcio exterior brasileiro na escala federal.

    22A eles incluem agentes defensores dos interesses brasileiros no exterior que servemprincipalmente para promover os produtos brasileiros no exterior, firmar acordos bilaterais,agregar benefcios aos importadores ou exportadores brasileiros, destacam-se o Ministriodas Relaes Exteriores (MRE), o Departamento de Defesa Comercial (DECOM) do MDIC, oDepartamento de Negociaes Internacionais (DEINT) do MDIC, a Secretaria de AssuntosInternacionais (SAIN) do Ministrio da Fazenda (MF).

    23Constitudos pelo Banco do Brasil (BB), o Banco Nacional do Desenvolvimento Econmico

    e Social (BNDES), a Agncia de Promoo de Exportaes (APEX Brasil), a EmpresaBrasileira de Correiros e Telgrafos (ECT), dentre outros.

    http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1251143349.pdfhttp://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1251143349.pdf
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    Devido estreita relao que possuem com o fluxo logstico das

    cargas, sero aqui particularmente explorados os agentes gerenciais,

    reguladores e operacionais do comrcio exterior brasileiro, classificados no

    terceiro grupo, que rene mais de 30 agentes institucionais. Eles atuam,

    principalmente, na aplicao dos procedimentos de fronteira, o que inclui o

    controle e a fiscalizao de mercadorias, de suas embalagens e dos meios

    de transporte.

    Tais agentes aparecem na Tabela 2, e sua estrutura hierrquica est

    representada na Figura 11.

    Tabela 2Agentes gerenciais, reguladores e operacionais do comrcio exterior brasileiro.

    Ministrios Agentes

    Ministrio do Desenvolvimento,

    Indstria e Comrcio Exterior

    Secretaria do Comrcio Exterior (SECEX)

    Departamento de Operaes do Comrcio

    Exterior (DECEX)

    Ministrio da Fazenda Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB)

    Banco Central do Brasil (BACEN)24

    Ministrio da Justia Departamento de Polcia Federal (DPF)

    Ministrio da Sade Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    (ANVISA)

    Ministrio da Agricultura,

    Pecuria e Abastecimento

    Sistema de Vigilncia Agropecuria Internacional

    (VIGIAGRO)

    Vrios Anuentes de cargas: 16 rgos / instituies de

    10 distintos Ministrios (foram listados na Tabela

    5).

    24O BACEN foi criado pela Lei 4.595/1964 como parte do Ministrio da Fazenda (MF),sendo o centro do sistema econmico brasileiro. Suas funes no mbito do comrcioexterior do pas ligam-se aos aspectos cambiais e financeiros das transaes comerciais que

    envolvem os outros pases. Esta instituio, embora muito atuante nas questes gerenciais,operacionais e reguladoras do comrcio exterior do pas, no ser alvo de anlise nestetrabalho pois no interfere no fluxo logstico das cargas pelos portos.

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    Figura 11Organograma institucional dos agentes gerenciais, reguladores e operacionais

    do comrcio exterior brasileiro.

    Com exceo do BACEN, sero tratados, na sequncia, os agentes

    mencionados na Tabela 2. Os agentes anuentes das cargas, que possuem a

    funo de autorizar a importao ou a exportao, sero apresentados mais

    especificamente no item 2.2.2.1.

    Secretaria do Comrcio Exterior SECEX / Departamento de Operaes

    do Comrcio Exterior DECEX:

    A SECEX corresponde a uma das secretarias do Ministrio do

    Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC)25

    , incubida dasoperaes do comrcio exterior brasileiro. A ela encontra-se vinculado o

    DECEX, dentre outros departamentos26.

    25O MDIC o principal ponto de contato do setor produtivo com o setor pblico, sendo olocal onde se formulam as polticas voltadas ao incremento da atividade empresarial comvistas ao desenvolvimento do pas (LUZ, 2009).

    26Os cinco Departamentos que compem a SECEX so:

    Departamento de Operaes de Comrcio Exterior (DECEX) Departamento de Negociaes Internacionais (DEINT) Departamento de Defesa Comercial (DECOM)

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    A SECEX um rgo gestor responsvel pelo controle administrativo

    das importaes e exportaes do pas, cabendo-lhe acompanhar o

    desenvolvimento do comrcio exterior brasileiro, gerenciar a poltica de

    informaes e difundir a cultura exportadora. (LUZ, 2009).

    O DECEX tambm um rgo anuente das importaes e das

    exportaes brasileiras vide item 2.2.2.1 mas, pelo fato de exercer

    controle administrativo, no provoca efeito na logstica porturia das cargas

    conteinerizadas.

    Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB:

    A Secretaria da Receita Federal do Brasil27, chamada simplesmente

    por Receita Federal, um rgo especfico, singular, subordinado ao

    Ministrio da Fazenda. responsvel pelo desenvolvimento de polticas

    tributrias no pas e por sua administrao, pelo combate sonegao fiscal,

    ao contrabando, ao descaminho, pirataria, fraude comercial, ao trfico de

    drogas e a outras prticas ilcitas.

    a autoridade aduaneira do pas, sendo responsvel pelos controles

    aduaneiro e fiscal. Segundo LUZ (2009), o controle aduaneiro tem carter

    econmico (ou extrafiscal), que visa proteger a indstria local contra a

    entrada de mercadorias danosas ao pas, que aplicam prticas ilegais do

    comrcio internacional, que so falsificadas ou que apresentam outras

    caractersticas irregulares. Complementarmente, o controle tributrio baseia-

    se na arrecadao de tributos sobre o comrcio exterior para financiar ofuncionamento do Estado. A Aduana aplica, portanto, os procedimentos

    Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comrcio Exterior(DEPLA)

    Departamento de Normas e Competitividade no Comrcio Exterior (DENOC)

    27

    A denominao Secretaria da Receita Federal do Brasil surgiu com a Lei n 11.45, de 16de maro de 2007.