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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DESCARGA EM BARREIRA DIELÉTRICA: CONSTRUÇÃO DE UM REATOR
DBD E CARACTERIZAÇÃO MEDIANTE ANÁLISES ÓPTICAS E ELÉTRICAS
DO PLASMA PRODUZIDO.
IVAN ALVES DE SOUZA
Junho de 2013
Natal-RN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DESCARGA EM BARREIRA DIELÉTRICA: CONSTRUÇÃO DE UM REATOR
DBD E CARACTERIZAÇÃO MEDIANTE ANÁLISES ÓPTICAS E ELÉTRICAS DO
PLASMA PRODUZIDO.
IVAN ALVES DE SOUZA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Mecânica,
do Centro de Tecnologia, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
parte dos requisitos para obtenção do título
de mestre em Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior
Junho de 2013
FICHA CATALOGRÁFICA
Seção de Informação e Referência
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Souza, Ivan Alves de
Descarga em barreira dielétrica: construção de um reator DBD e caracterização
mediante análises ópticas e elétricas do plasma produzido / Ivan Alves de Souza. – Natal,
RN, 2013.
207 f.; il.
Orientador: Clodomiro Alves Júnior.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia
Industrial. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.
1. Plasma – Dissertação. 2. Descarga em Barreira Dielétrica – Dissertação. 3. Espectroscopia de
Emissão Óptica – Dissertação. 4. Figuras de Lissajous – Dissertação. I. Alves Júnior, Clodomiro. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 533.9
Dedicatória
A minha filha, meu falecido pai e todos que direta ou indiretamente me incentivaram a
sempre continuar e independente das dificuldades encontradas durante o caminho.
Agradecimentos
Deus
Ao meu orientador Prof. Dr. Clodomiro Alves Junior que me deu a
oportunidade de desenvolver essa pesquisa.
A minha família que sempre me apoiou esposa, irmãos, filha e etc.
A toda equipe do Laboratório de Processamento de materiais por Plasma
(LABPLASMA).
A CAPES e CNPQ pelo apoio financeiro.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Epígrafe
"The possession of anything begins in the mind"
("A posse de qualquer coisa começa na mente")
Bruce Lee.
Resumo
O plasma produzido por Descarga em Barreira Dielétrica (DBD) é uma
promissora técnica de produção de plasma em pressão atmosférica e vem se destacando
em diversas áreas, principalmente na biomédica e indústria têxtil, isso se deve ao fato de
que o plasma gerado por DBD não atinge grandes temperaturas, possibilitando utilizá-lo
em materiais termicamente sensíveis. Porém, ainda faz-se necessário o desenvolvimento
de pesquisas relacionadas ao domínio e compreensão dos mecanismos químicos, físicos
e biológicos da interação entre o plasma não térmico à pressão atmosférica com células,
tecidos, órgãos e microrganismos.
O presente trabalho se propôs a desenvolver um equipamento DBD e
caracterizá-lo para assim obter um maior conhecimento dos parâmetros do processo de
produção de plasma e de como este se comporta mediante os parâmetros adotados no
processo, tais como distância, frequência e voltagem aplicada entre eletrodos. Para este
fim foram utilizadas duas técnicas de caracterização bem distintas entre si. A primeira
foi o método das figuras de Lissajous, essa técnica é bastante eficaz e precisa para uma
completa caracterização elétrica de equipamentos DBD. A segunda técnica usada foi
Espectroscopia de Emissão Óptica (EEO) uma ferramenta bastante eficaz para o
diagnóstico de plasma sendo possível com ela identificar as espécies excitadas presentes
no plasma produzido.
Por fim confrontando os dados obtidos mediante as duas técnicas foi possível
identificar um conjunto de parâmetros que quando associados aperfeiçoam a produção
do plasma DBD atmosférico no equipamento construído isso ocorreu mais precisamente
na condição 0,5mm-600Hz-15kV, dando rumo para trabalhos futuros.
Palavras chave: Plasma, Descarga em Barreira Dielétrica, Espectroscopia de
Emissão Óptica, figuras de Lissajous.
Abstract
The plasma produced by Dielectric Barrier Discharge (DBD) is a promising
technique for producing plasma in atmospheric pressure and has been highlighted in
several areas, especially in biomedical and textile industry, this is due to the fact that the
plasma generated by DBD not reaches high temperatures, enabling use it for thermally
sensitive materials. But still it is necessary the development of research related to
understanding of the chemical, physical and biological interaction between the non-
thermal plasma at atmospheric pressure with cells, tissues, organs and organisms.
This work proposes to develop equipment DBD and characterize it in order to
obtain a better understanding of the process parameters of plasma production and how it
behaves under the parameters adopted in the process, such as distance, frequency and
voltage applied between electrodes. For this purpose two techniques were used to
characterize distinct from each other. The first was the method of Lissajous figures, this
technique is quite effective and accurately for complete electrical characterization
equipment DBD. The second technique used was Optical Emission Spectroscopy (EEO)
very effective tool for the diagnosis of plasma with it being possible to identify the
excited species present in the plasma produced.
Finally comparing the data obtained by the two techniques was possible to
identify a set of parameters that optimize the production when combined DBD plasma
atmosphere in the equipment was built precisely in this condition 0.5mm-15kV 600Hz,
giving way for further work.
Keywords: Plasma, Dielectric Barrier Discharge, Lissajous figures, Optical Emission
Spectroscopy
Lista de figuras
Figura 1: Formação de micro descargas em uma área de 60 x 60 mm e diatância entre eletrodos
de 1mm (Kogelschatz, 2003). .................................................................................................. 25
Figura 2: Regimes de operação do plasma DBD: (a) o regime difuso, e (b) o regime filamentar
(Shao et al., 2010). .................................................................................................................. 27
Figura 3- Frequência natural de ressonância em função da tensão aplicada .............................. 29
Figura 4: Linhas de emissão características do DBD atmosférico (Qiu et al., 2007). ................ 35
Figura 5: Desenho esquemático do arranjo experimental para análises elétricas de reatores DBD
(Kostov, Dos Santos, et al., 2010). .......................................................................................... 38
Figura 6- Figura de Lissajous Q-V de uma DBD (Santos, A. L. R., 2010). ............................... 40
Figura 7- (a) Configuração de um único dielétrico, e (b) circuito elétrico equivalente (Wagner et
al., 2003). ............................................................................................................................... 41
Figura 8- valores da Energia (área da figura), capacitância total C (segmentos AB ou DC) e
capacitância do dielétrico Cd (segmentos BC ou AD), obtidos a partir da figura de Lissajous
(Marcel e Et Al., 2009). .......................................................................................................... 43
Figura 9-Desenho mostrando os detalhes construtivos do reator DBD utilizado neste trabalho. 45
Figura 10-Flange superior ....................................................................................................... 46
Figura 11-Flange inferior ........................................................................................................ 46
Figura 12-Esquema do arranjo experimental para medidas elétricas e ópticas da descarga DBD
utilizada nesse trabalho. .......................................................................................................... 49
Figura 13-Esquema do funcionamento do espectrômetro USB4000 UV-VIS Ocean Optics...... 51
Figura 14- Espectro óptico típico obtido por OES da descarga DBD aplicada em ar atmosférico.
............................................................................................................................................... 52
Figura 15-Figura de Lissajous gerada a partir das condições utilizadas na variação da tensão
aplicada nos eletrodos na frequência fixa em 300Hz e distância entre eletrodos 0,5mm. .......... 53
Figura 16- Espectros obtidos na analise da variação de tensão, com distância fixa em 0,5mm e
frequência de 300 Hz. ............................................................................................................. 55
Figura 17- Reator DBD (a), eletrodo fixado na distância de 0,5mm(b) e (c), (d) e (e), três
condições de tensão aplicada 15,12 e 9 KV respectivamente todas na frequência de 300 Hz. ... 56
Figura 18- Medidas espectrais e elétricas da descarga entre dois eletrodos, aplicando uma tensão
de 15 kV e frequência de 500 Hz. (a) espectro obtido por EEO e (b) figura de Lissajous,
destacando a energia por ciclo para cada distância. .................................................................. 60
Figura 19-Curva de carregamento do dispositivo DBD pela aplicação de um pulso de voltagem
de 15 kV com frequência de 500Hz. ........................................................................................ 64
Figura 20- Regimes de operação do DBD atmosférico para as frequências 600 Hz e 500 Hz. ... 64
Figura 21- Curva de carregamento para variação da frequência com distância e tensão fixas em
0,5mm 15 kV respectivamente. ............................................................................................... 66
Figura 22-Comportamento do reator em função da potência dissipada. .................................... 69
Figura 23-Comparativo entra as curvas de carregamento no regime difuso. ............................. 70
Lista de tabelas
Tabela 1: Valores típicos de uma Descarga em Barreira Dielétrica (Eliasson e Kogelschatz,
1991b; Wagner et al., 2003). ................................................................................................... 24
Tabela 2: Picos mais recorrentes em descargas DBD (Mahoney et al., 2010; Wang et al., 2010).
............................................................................................................................................... 35
Tabela 3: Parâmetros utilizados no estudo. .............................................................................. 48
Tabela 4- Valores Ct e Cd, Capacitâncias Total e do dielétrico respectivamente, calculadas para
as medidas de variação de tensão............................................................................................. 58
Tabela 5-Valores da energia elétrica consumida por ciclo intensidade espectral integrada
e eficiência do reator DBD ................................................................................ 62
Tabela 6-Capacitância total do reator DBD para a variação da diatância nas frequências de
400,500 e 600 Hz. ................................................................................................................... 66
Tabela 7-Comportamento do reator DBD mediante o regime do plasma. ................................. 67
Tabela 8 - valores da capacitância obtida na primeira e segunda parte do ciclo de produção de
plasma nas condições, 0,5mm, 15 kV nas frequências de 500e 600Hz ..................................... 69
Lista de abreviaturas e siglas
MHCD/DMCO Micro Hollow cathode discharge / descarga por micro-cátodo
oco
DBD/DBD Dielectric Barrier Discharge / Descarga em Barreira Dielétrica
VD/DV Volum discharge / Descarga em volume
SD/DS Surface Discharge/Descarga em superfície
OES/EEO Optical Emission Spectroscopy / Espectroscopia de Emissão
Óptica
PLA O Poli Ácido Láctico
PTFE Politetrafluoretileno
Lista de símbolos
Variação de Energia
λ Comprimento de onda
Constante de Planck
Velocidade da luz
J Densidade de corrente
N2 Nitrogênio molecular
υ’, υ
” Estados vibracionais de uma molécula
Elétron
I Intensidade de emissão óptica
Constante de proporcionalidade da emissão óptica
Espécie neutra
Espécie excitada
Eficiência de excitação
Função distribuição de energia dos elétrons no plasma
Energia cinética
Seção de choque
Carga em função do tempo
Capacitância
Tensão em função do tempo
Tensão aplicada nos eletrodos
Energia elétrica consumida
Energia elétrica total
Potência consumida
Frequência do pulso
Tempo total de tratamento
Distância entre eletrodos
Distância efetiva entre eletrodos
Espessura do dielétrico
Capacitância total
Capacitância do gás
Capacitância efetiva
Capacitância do dielétrico
Capacitância fria
Permissividade do gás
Permissividade do dielétrico
Intensidade espectral integrada
Eficiência do equipamento DBD
Área dos eletrodos
eV Elétron volt
SD Superfície de descarga
VD Volume de descarga
ηE Eficiência elétrica
Frequência de ressonância
( Segundo sistema positivo do N2
Ti Temperatura dos íons
Te Temperatura eletrônica
T Temperatura do gás
Sumário
1. INTRODUCÃO .............................................................................................................. 17
2. REVISÃO BIBLOGRÁFICA .......................................................................................... 20
2.1. Plasma......................................................................................................................... 20
2.2. História ....................................................................................................................... 20
2.3. Descarga em Barreira Dielétrica (DBD) ....................................................................... 21
2.3.1. Regime filamentar ................................................................................................... 25
2.3.2. Regime difuso ......................................................................................................... 26
2.4. Frequência de ressonância ........................................................................................... 28
2.5. Aplicações................................................................................................................... 30
2.5.1. Lâmpadas fluorescentes ........................................................................................... 30
2.5.2. Esterilização ............................................................................................................ 30
2.5.3. Controle de poluição ................................................................................................ 31
2.5.4. Tratamento superficial de polímeros ........................................................................ 32
2.5.5. Tratamento de tecidos vivos ..................................................................................... 32
2.6. Diagnóstico de plasma ................................................................................................. 33
2.6.1. Espectroscopia de Emissão Óptica (EEO) ................................................................ 33
2.7. Método das figuras de Lissajous .................................................................................. 37
3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 45
3.1. Reator DBD ................................................................................................................ 45
3.2. Caracterização do reator DBD ..................................................................................... 48
3.2.1. Figuras de Lissajous ................................................................................................ 49
3.2.2. Análise de EEO ....................................................................................................... 50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 53
4.1. Análise da variação da tensão aplicada entre eletrodos ................................................. 53
4.2. Estudo da influência da distância entre eletrodos e frequência da tensão aplicada. ........ 59
4.3. Transição do regime filamentar para o regime difuso ................................................... 67
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 71
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................. 73
17
1. INTRODUCÃO
As pesquisas na área de plasma a baixa pressão vem se destacando pela sua
versatilidade, obtendo-se diversos resultados na modificação das propriedades físico-
químicas de materiais (Alves Jr et al., 2005). Entretanto, seu uso em grande escala é
limitante devido, principalmente, ao alto custo das instalações em vácuo. Além disso,
restringe seu uso em materiais com alta pressão de vapor, como por exemplo, os tecidos
vivos (Kanazawa et al., 1989; Okazaki, 1990). Diante disso, foram desenvolvidas
várias técnicas alternativas de plasma em pressão atmosférica ou subatmosférica, tais
como plasma corona, micro-ondas, micro cátodo oco (MHCD), tocha de plasma e
descarga por barreira dielétrica (DBD) (Napartovich, 2001).
A técnica de Descarga em Barreira Dielétrica (DBD) despontou nos últimos
15 anos, após o grande investimento realizado, principalmente no Japão e Coréia do Sul,
para pesquisas na fabricação de monitores de TV (Kogelschatz, 2003). Devido à baixa
temperatura do gás no processo, houve um crescente uso em aplicações desse plasma na
biomédica e em materiais termicamente sensíveis, como polímeros, líquidos, tecidos,
esterilização de dispositivos médicos, entre outros (Fridman et al., 2008).
Isso se deve ao fato de que o plasma formado não está em equilíbrio
termodinâmico, ou seja, a energia total não é igualmente distribuída para as espécies do
plasma. Embora a temperatura eletrônica seja alta, em torno de 3000 K, a temperatura
média do gás é pouco superior à temperatura ambiente, cerca de 300 K (Burm, 2005).
Dessa forma, maior parte da energia fornecida ao plasma é usada para processos
químicos como dissociação e recombinação de moléculas, formando íons, radicais
livres, etc. (Eliasson e Kogelschatz, 1991c). Um plasma com esse caráter tipicamente
18
químico torna-se relevante na modificação de materiais poliméricos e materiais
termicamente sensíveis por não causar danos a superfície do material tratado (Burm,
2005; Kostov, Dos Santos, et al., 2010).
Além disso, outra vantagem desse processo é a pequena distância necessária
entre a fonte do plasma e o material a ser tratado, o que facilita e viabiliza seu uso em
grandes dimensões em setores industriais mantendo a eficiência e o baixo custo de
energia (Xu, 2001; Kogelschatz, 2003). Atualmente, os equipamentos que utilizam esta
técnica englobam desde canetas para cicatrização, (Lu e Laroussi, 2005; Stoffels, 2007)
até equipamentos industriais de grande porte, que chegam a produzir 100 kg de ozônio
por hora (Kogelschatz, Eliasson e Egli; Kogelschatz, 2003).
A técnica DBD consiste na aplicação de pulsos de voltagem na faixa de 5 a 40
kV e frequências entre 0,05 a 80 kHz, (Eliasson e Kogelschatz, 1991c; Napartovich,
2001), aplicada entre dois eletrodos onde pelo menos um é revestido com material
dielétrico. No momento em que a tensão de ruptura é alcançada, várias microdescargas
se distribuem na superfície do dielétrico dando origem ao plasma DBD em regime
filamentar. Quando essas microdescargas são mais numerosas, homogêneas e
distribuídas dão origem ao plasma DBD em regime difuso (Pietsch, 2001).
É neste último regime que a técnica DBD está sendo apontada como a técnica
de plasma mais promissora na área médica (Cheruthazhekatt et al., 2010). Porém, ainda
faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao domínio e
compreensão dos mecanismos químicos, físicos e biológicos da interação entre o plasma
não térmico à pressão atmosférica com células, tecidos, órgãos e microrganismos. Ou
seja, como os micro-organismos interagem com as várias espécies ativas, campos
elétricos, radiação UV, radicais livres, átomos e moléculas eletronicamente excitados
existentes no plasma DBD (Fridman et al., 2008).
19
Este trabalho teve como objetivo identificar os parâmetros adequados a serem
utilizados no DBD, bem como as espécies que resultam no plasma e como elas se
comportam mediante as condições de trabalho adotadas, sendo estas determinantes, pois
influenciam os resultados no tratamento de materiais, como por exemplo, a deposição
de filmes (Haiyan et al.; Da Ponte et al., 2011), esterilização de superfícies (Kostov,
Rocha, et al., 2010), tratamento superficial de polímeros (Kostov, Rocha, et al., 2010),
tratamentos dentários e dermatológicos (Daeschlein et al., 2012), este conhecimento é
de extrema importância tanto para obter os melhores resultados nos respectivos
tratamentos bem como oferecer o mínimo de risco ao operador e usuário, quando
utilizado em aplicações biomédicas.
20
2. REVISÃO BIBLOGRÁFICA
2.1. Plasma
O termo plasma se aplica a um gás contendo espécies neutras e eletricamente
carregadas como elétrons, íons positivos, íons negativos, átomos e moléculas, mas
macroscopicamente o plasma é eletricamente neutro. A temperatura média de elétrons,
íons e partículas neutras pode variar significativamente dependendo das condições do
plasma. Num gás fracamente ionizado, os elétrons são preferencialmente aquecidos e
não trocam energia com o resto do gás. Neste caso, a temperatura média de elétrons, Te,
é muito maior que a temperatura média de íons Ti e a temperatura do gás, T. A ionização
ocorre quando a tensão de ruptura é obtida. Esse mecanismo segue a lei de Paschen que
diz: Quando se quer produzir plasma em preções mais elevadas, a distância entre
eletrodos tem que ser reduzida, devido ao fato de que em pressões próxima a
atmosférica o campo elétrico necessário para gera-lo ser bastante elevado, sendo esta a
única diferença nos mecanismos de produção de plasma em preções mais elevadas, em
comparação com o plasma de baixa pressão (Sismanoglu, 2005). E é nesse cenário que
se encontra a técnica que é o objeto de estudo do presente trabalho.
2.2. História
Os primeiros relatos de investigações experimentais sobre Descarga em
Barreira Dielétrica (DBD) foram observados em 1857 por Siemens (Siemens, 1857).
Ele submeteu um fluxo de gás a uma diferença de potencial entre um anel estreito e ao
tubo coaxial por onde passava o oxigênio ou ar, gerando assim uma descarga
luminescente. A característica marcante do aparato de Werner Von Siemens foi que os
21
eletrodos que não entravam em contato com os gases na câmara de descarga. Esta
configuração foi utilizada para a geração de ozônio e foi considerado por ele uma de
suas invenções mais importantes.
No inicio do século XX, Emil Warburg (Warburg, 1904; 1925), realizou
inúmeras investigações em laboratório sobre a natureza da descarga com barreira
dielétrica. Posteriormente o engenheiro elétrico K. Buss (Buss, 1932), deu um
importante passo na caracterização da descarga, ao verificar que a ruptura no ar a
pressão atmosférica em eletrodos planares paralelos cobertos por dielétrico, ocorre com
um grande número de filamentos minúsculos de curta duração. Em 1943, T.C. Manley
(Manley, 1943), propôs um método para determinar a potência dissipada nos DBD’s
utilizando as figuras de Lissajous carga/voltagem. Por volta de 1970, várias técnicas de
diagnóstico e modelagem possibilitaram uma melhor compreensão física e química do
plasma (Kogelschatz, 2003). Atualmente estes estudos estão se desenvolvendo para
obter uma melhor compreensão dos mecanismos que regem a descarga DBD, de forma
a aperfeiçoar os processos de modificação superficial ou a qualquer outra finalidade na
qual se destine esta técnica de produção de plasma por Descarga em Barreira Dielétrica
(Abdul-Majeed, Parada e Zimmerman, 2011; Park e Hwang, 2013).
2.3. Descarga em Barreira Dielétrica (DBD)
Descarga em barreira dielétrica é um tipo de descarga que ocorre no espaço
entre dois eletrodos metálicos quando pelo menos um dielétrico é inserido entre os
eletrodos. Quando a diferença de potencial é aplicada entre os eletrodos, cargas elétricas
se acumulam na superfície do dielétrico. Quando em um determinado ponto desta
superfície acumulam-se cargas suficientes para romper a rigidez dielétrica do gás,
22
ocorre naquele ponto uma microdescarga, que é espécie de canal de plasma. Quando
isso ocorre o campo elétrico pontual que originou a descarga diminui e o
microfilamento se extingue. Como os valores de voltagem são bastante elevados, estes,
microfilamentos de plasma surgem em diversos pontos aleatórios da superfície do
dielétrico. Todo esse processo irá se repetir a cada meio ciclo do pulso de tensão
aplicada entre os eletrodos, gerando de forma macroscópica na superfície do dielétrico o
plasma DBD. (Kogelschatz, Eliasson e Egli; 1997; Bogaerts et al., 2002).
Essa descarga constitui um método seguro e econômico de gerar plasma não
térmico a pressão atmosférica (Eliasson e Kogelschatz, 1991b). Recentemente dois tipos
de arranjos para plasma DBD são desenvolvidos: descarga em volume (VD) e descarga
em superfície (SD). As propriedades da descarga de volume e da descarga de superfície
no DBD são diferentes. A descarga de volume é caracterizada por iniciar em um campo
uniforme com uma lacuna de gás fixa, enquanto a descarga de superfície propaga-se em
um campo não uniforme, da superfície do eletrodo ao longo da superfície do dielétrico,
com uma lacuna não fixa que geralmente é produzido em equipamentos que são
montados com eletrodos assimétricos. Os padrões de intensidade luminosa, espécies
ativas, radicais e íons do plasma são dependentes da composição dos gases, pressão,
configuração da descarga, frequência, tensão aplicada e da polaridade do campo elétrico
(Xu, 2001).
Existem basicamente dois regimes diferentes de operação neste tipo de
descarga: O regime filamentar e regime difuso. Na maior parte das aplicações
industriais, as descargas produzidas pela técnica DBD são geradas no modo filamentar
(Santos, 2010). No regime difuso conhecido como “descarga luminescente”, a descarga
é mais homogênea, sem a formação de filamentos, e exige condições especiais de
operação que são principalmente determinadas pelo gás de operação, tensão aplicada e
23
frequência do pulso de tensão. Estas descargas são obtidas mais facilmente em gases
como hélio, neônio e nitrogênio (Sira et al., 2008).
Portanto, o uso destes gases é muito mais vantajoso para tratamento e
esterilização de materiais, pois o plasma gerado por excitação e/ou ionização desses
gases garante a uniformidade do tratamento por ter uma maior facilidade de gerar o
plasma em regime difuso (Rocha, 2009).
Entretanto, mesmo utilizando estes gases, se houver a concentração de
impurezas no ambiente da descarga ou instabilidade dos parâmetros de operação pode
levar a descarga ao regime filamentar que em determinadas aplicações não é
interessante (Wagner et al., 2003; Borcia, Anderson e Brown, 2004).
As propriedades químicas das descargas de plasma não térmico são
determinadas através de colisões entre elétrons e outros componentes do gás de
trabalho. No ar e em pressão atmosférica como também em baixa pressão, as reações
químicas são principalmente iniciadas pelo impacto de elétrons com oxigênio e
nitrogênio. Os produtos básicos destas colisões são o oxigênio atômico, oxigênio
metastável e o nitrogênio, com colisões reativas subsequentes que produzem uma
mistura de espécies neutras, iônicas e ou excitadas. Em descarga DBD que contenha
oxigênio, ozônio é o produto principal da reação, enquanto em outras fontes de plasma,
átomos de oxigênio representam uma proporção maior das espécies reativas (Gaunt,
Beggs e Georghiou, 2006).
Todos esses fatores conferem ao plasma produzido por DBD um grande
número de aplicações, incluindo a produção de ozônio, tratamento de gases poluentes e
resíduos tóxicos, excitação de lasers de CO2, esterilização de materiais, deposição de
filmes finos, entre outros (Eliasson e Kogelschatz, 1991b; Wagner et al., 2003; Borcia,
Anderson e Brown, 2004); (Kogelschatz e U, 2004; Wang e He, 2006). O dielétrico é
24
imprescindível para o funcionamento de um reator DBD, pois limita a corrente na
descarga e a distribui sobre toda a área dos eletrodos, evitando a formação de arcos
(Park et al., 2007; Rocha, 2009).
A ruptura elétrica do gás que preenche o espaço entre os eletrodos leva a
formação de um grande número de microdescargasrgas que têm diâmetro da ordem de
10-4
m. Elas duram alguns nano segundos e se distribuem uniformemente sobre a
superfície do dielétrico (Kogelschatz, 2002). Uma microdescarga é governada por
processo de ionização e excitação atômica e molecular que se desenvolve do anodo para
o cátodo (Wagner et al., 2003). Os parâmetros típicos de uma DBD estão presentes na
Tabela 1.
Tabela 1: Valores típicos de uma Descarga em Barreira Dielétrica (Eliasson e Kogelschatz,
1991b; Wagner et al., 2003).
Tensão aplicada 5 - 40 kV
Frequência 50 Hz – 80 kHz
Densidade de elétrons 10
14 cm
-3
Temperatura eletrônica 1 – 10 eV
Grau de ionização 10
-1
Pressão 1 bar
Campo elétrico reduzido 1-500 Td
25
2.3.1. Regime filamentar
O plasma DBD em regime filamentar surge no momento em que a tensão de
ruptura é alcançada. Neste momento, várias microdescargas se distribuem na superfície
do dielétrico (Fridman et al., 2008), como demonstrado na Figura 1.
Figura 1: Formação de micro descargas em uma área de 60 x 60 mm e diatância entre
eletrodos de 1mm (Kogelschatz, 2003).
Nestas micro descargas a densidade de elétrons é cerca de 1014
cm-3
e a
densidade de corrente j 1000 Acm-2
(Kogelschatz, 1987; Eliasson e Kogelschatz,
1991a). A presença de um alto campo elétrico na região do cátodo, os valores da
densidade de correntes característicos que ocorrem nos canais de microdescarga e a
condição de não equilíbrio do plasma gerado, permite caracterizá-lo como uma descarga
luminescente de alta pressão (Shao et al., 2010).
26
Este regime de operação do DBD produz uma grande variedade de radicais
livres, moléculas, átomos, elétrons com grande energia e radiação ultravioleta, que
quando interagem com a superfície dos materiais podem causar a mudança na
topografia de superfície (rugosidade), o aumento da molhabilidade devido a formação
de grupos funcionais compostos de oxigênio e nitrogênio na superfície tratada e também
pode agir na esterilização do material. Porém tudo isso ocorre de forma não uniforme
na superfície do material devido falta de uniformidade energética no plasma produzido
(Shao et al., 2010).
2.3.2. Regime difuso
Após a ruptura elétrica ocorrida no regime filamentar, se o potencial aplicado
for aumentado ainda mais, o número de micro descarga aumenta e se distribui em toda
superfície do dielétrico, dando origem ao plasma DBD no regime difuso.
A figura 2 exemplifica, de forma clara, a diferença entre os dois regimes de
operação do plasma DBD. Na figura 2a o regime difuso bem distribuído no espaço entre
eletrodos. Já no caso da figura 2b nota-se a presença de filamentos com alta densidade
de corrente em locais mal distribuídos, fazendo com que a distribuição de energia se
torne menos uniforme, tornando o regime difuso mais indicado devido a uma melhor
distribuição energética no interior do reator. Isso para a as aplicações industriais é
bastante importante quando se deseja uma perfeita uniformidade no tratamento
superficial. Porém, para que esse regime ocorra se fazem necessárias condições
especiais de gás de trabalho, tensão, frequência e distância entre eletrodos (Kogelschatz,
2002; De Geyter et al., 2010).
.
27
Figura 2: Regimes de operação do plasma DBD: (a) o regime difuso, e (b) o regime filamentar
(Shao et al., 2010).
28
2.4. Frequência de ressonância
Todos os equipamentos que produzem plasma por Descarga em Barreira
Dielétrica embora que sejam construídos com as mais diferentes geometrias e operem
em uma vasta faixa de tensões, todos eles estão sujeitos as leis físicas mais
especificamente as que regem retirada e a inserção de energia deste sistema. Para que o
máximo de eficiência seja obtido a fonte de energia e o equipamento tem que trabalhar
em perfeita harmonia, isso só ocorre quando a energia é fornecida numa frequência
específica que é intrínseca do sistema, chamada de frequência de ressonância
(Kriegseis et al., 2011).
A figura (3) mostra o comportamento de um reator DBD que produz plasma em
Superfície de Descarga (SD). Na figura 3a é mostra o comportamento da frequência de
ressonância para diferentes tensões, o interessante deste gráfico é que mantendo os
parâmetros geométricos e utilizando a mesma fonte de tensão, a tem uma queda no
seu valor quando se aplica tensões mais elevadas. A figura 3b contem dados referentes a
eficiência elétrica ηE que aumenta quando a frequência de trabalho ou do pulso ƒp tem
valores próximos a direita ou a esquerda do gráfico, e tendo um valor maximo de
eficiência quando estes tem o mesmo valor ou seja, . Outra análise que pode
ser feita a partir da figura 3b, é que se inicialmente a estiver alinhada com dois
fatos podem causar a queda de eficiência elétrica. O primeiro seria o aumento da tensão
aplicada, isso faria com que a frequência ressonância se deslocasse para a esquerda,
diminuindo o seu valor inicial. O outro fator que também pode causar a diminuição da
eficiência na situação anteriormente descrita seria o aumento de frequência do pulso de
tensão, pois isso faria com que a fonte de tensão e reator não opere mais em harmonia
devido a diferença no valor das duas frequências (Kriegseis et al., 2011).
29
8 9 10 11 12 13 14
9
10
11
12
13
14
15
Freq
uên
cia
de r
ess
on
ân
cia
fres (
kH
z)
Tensão V (kV)
1ICb
a
Figura 3- Frequência natural de ressonância em função da tensão aplicada
(a), Eficiência elétrica do reator; a linha pontilhada indica a frequência de
ressonância para a configuração utilizada (b) Kriegseis et al., 2011.
1 2 3 4 5 6 7
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
2IICa
Efi
ciê
ncia
elé
tric
a
E
Frequência (kHz)
fres
b
30
2.5. Aplicações
2.5.1. Lâmpadas fluorescentes
Quando uma descarga DBD opera em atmosfera de gases nobres ou mistura de
gases nobres com halogênios, é gerada intensa radiação ultravioleta, UV. Então essa
descarga é uma fonte eficiente e barata de luz UV que tem importantes aplicações
tecnológicas(Rocha, 2009). Se, um material fluorescente, como o fósforo é usado, a luz
UV proveniente da descarga DBD poderá ser transformada em luz visível. Neste
princípio operam as novas lâmpadas para iluminação baseadas na descarga DBD, que
são mais eficientes e econômicas do que as lâmpadas incandescentes (Rocha, 2009).
2.5.2. Esterilização
Os processos de esterilização têm como objetivo em condições ideais,
promover a completa eliminação dos diferentes grupos de microrganismos presentes em
um determinado material, sendo estes vírus, bactérias, fungos, os dois últimos em suas
formas vegetativas e esporuladas, sendo que em condições reais compatibilizar com
nível de segurança aceitável, tanto para o paciente quanto para o operador estão sendo
obtidos, (Penna, 2003). Os processos que operam sob temperaturas compatíveis com
materiais termossensíveis, as técnicas que usam gases tóxicos como, por exemplo:
Óxido de Etileno, Formaldeído, ácido peracético, porém agregam desvantagens
importantes envolvendo, respectivamente, aspectos de toxicidade ocupacional,
ambiental ao paciente (Oliveira e D.C, 2000), e as que usam radiação por meio de Raios
Gama/Cobalto além de ser extremamente caro e perigoso, requer equipe altamente
31
especializada, em como pode causar alterações intrínsecas aos mesmos (Shintani e H,
1995).
O uso de técnicas de esterilização por plasma produzido por DBD como único
agente esterilizante oferece grandes vantagens em relação a outras já utilizadas, pois
podem se mostrar efetivas quanto à redução da carga microbiana, além de se
desenvolverem em temperaturas próximas à temperatura ambiente e não utilizarem
gases tóxicos, a esterilização a plasma consiste em expor os materiais contendo
microrganismos ao gás ionizado e/ou excitado, onde nele contem espécies reativas
geradas por campos eletromagnéticos e geralmente antes da excitação/ionização estes
gases são desprovidos de efeitos biocida, (Ohshima et al., 1997; Hermelin et al., 1998;
Rutala, Gergen e Weber, 1999; Moisan et al., 2001).
O plasma empregado para esterilização geralmente não atingem temperaturas
muito elevadas e constituem-se de gases ionizados, partículas livres, tais como átomos,
moléculas, radicais e radiação UV (Anderson e Mh., 1989).
2.5.3. Controle de poluição
Outra aplicação para o DBD consiste em utilizá-lo em mecanismos de controle
da poluição. Como por exemplo, o mesmo pode ser utilizado para a geração de ozônio,
um forte oxidante, que pode ser usado para decompor materiais tóxicos em subprodutos
não tóxicos, podendo ser aplicado em processos de tratamento da água e em
mecanismos que possibilitem a redução da emissão de CO em veículos automotivos
(Xu, 2001). Como também pode ser usado para a degradação de vários poluentes
comuns na água ar etc. (Eliasson e Kogelschatz, 1991b).
32
2.5.4. Tratamento superficial de polímeros
Estudos mostram que o tratamento de polímeros com descarga DBD pode
alterar significativamente as propriedades superficiais dos mesmos. A Descarga em
Barreira Dielétrica pode ser usada para a deposição de filmes poliméricos, para a
alteração da rugosidade da superfície de diferentes materiais poliméricos e também para
limpeza e ativação da superfície de diversos polímeros tais como polipropileno,
poliamida, polietileno, PLA e outros. O tratamento por alguns minutos pode aumentar
significativamente a energia superficial devido a modificação química da superfície dos
materiais tratados, o que resulta no aumento da molhabilidade devida à inserção de
átomos de oxigênio e/ou nitrogênio ocasionando a formação de grupos funcionais na
superfície das amostras (Kostov, Dos Santos, et al., 2010).
2.5.5. Tratamento de tecidos vivos
O uso de DBD em tecidos vivos como, por exemplo: A pele humana, também e
possível pelos mesmos fatores citados anteriormente. O uso de plasma atmosférico
produzido por DBD pode ser usado para tratamento de varias doenças da pele. Infecção
de córnea é uma delas podendo tratar a doença aplicando diretamente do plasma na
região que contém o tecido lesionado, o resultado é a morte das bactérias responsáveis
pela infamação, isso devido principalmente ao contato destas com radiação UV e /ou
moléculas de OH. Ulcera tropica, doença de pele típica de pacientes com diabetes é
tratado por plasma de Óxido Nítrico (NO) dados experimentais mostraram que o
contato da pele com o plasma tanto promove o processo de cicatrização destas feridas,
isso se da pelo fato de que o plasma age tanto na limpeza, removendo o tecido
33
necrosado como também matando os organismos responsáveis pelos processos
inflamatórios (Fridman et al., 2008).
2.6. Diagnóstico de plasma
2.6.1. Espectroscopia de Emissão Óptica (EEO)
A Espectroscopia de Emissão Óptica (EEO), reconhecida mundialmente pela
sigla OES (Optical Emission Spectroscoy), é bastante utilizada para se identificar as
espécies atômicas, moleculares e íons formadas no plasma atribuindo a cada uma delas
uma quantidade relativa representada pela intensidade luminescente associada às
mesmas. A principal vantagem da Espectroscopia de Emissão Óptica é a característica
não intrusiva, evitando interferência nas condições reais do processo. Dessa forma, a
radiação eletromagnética emitida pela descarga pode ser analisada fora do ambiente
onde o material está sendo tratado. Mas, para o estudo de EEO, é importante saber como
a radiação é gerada e emitida pelo plasma. Devido às frequentes colisões entre
partículas presentes naquele ambiente, principalmente colisões de elétrons livres que
adquirem um valor muito alto de energia cinética (alguns eV) com partículas mais
pesadas, existe um agitado processo de excitação e/ou desexcitação atômico, molecular
e iônico, que caracteriza absorção e/ou liberação de energia das mesmas (Barbosa,
2011).
O processo de desexcitação ocorre entre dois níveis quânticos e dependem da
probabilidade de transição e das regras de seleção deduzidas pela equação de
Schrödinger. Assim, o elétron excitado em uma fração de segundos (~ 10-8
s) volta para
o estado de mais baixa energia liberando esta diferença em forma de fótons. A diferença
34
de energia no processo de relaxação é proporcional ao inverso do comprimento de onda
do fóton liberado . Esta grandeza física identifica cada espécie já que as
mesmas dependem dos seus níveis de energia. Nos átomos, estes níveis são
determinados pela distribuição dos elétrons ao redor do núcleo. Nas moléculas os níveis
de energia dependem também da separação entre os núcleos. Isto faz com que a luz
emitida por moléculas seja influenciada por rotações e vibrações moleculares. Então,
em moléculas complexas, o grande número de átomos presentes origina uma
multiplicidade de estados vibracionais, com energias próximas. Assim, ocorre uma
sobreposição de linhas de emissão dando origem às bandas de energia das espécies
ativas do plasma (Barbosa, 2007).
O plasma de ar atmosférico tem um espectro óptico bem característico, já
observado por vários autores (Burm, 2005; Staack , Farouk e Fridman, 2006; Sato et al.,
2008; Mahoney et al., 2010). Esse espectro é composto de alguns picos correspondentes
ao N2 do segundo sistema positivo ( (Sato et al., 2008), como também
alguns picos do primeiro sistema negativo do N2+
(
, (Burm, 2005;
Mahoney et al., 2010).
Estas linhas estão presentes na figura 4que mostra um espectro obtido em
plasma DBD. Porém, algumas dessas linhas podem não aparecer dependendo dos
parâmetros utilizados na produção do plasma adotados, as 5 linhas mais recorrentes que
surgem tanto no DBD de ar atmosférico como também em atmosfera controlada de
nitrogênio estão presentes na tabela 2. Estes picos têm suas emissões regidas por
transições vibracionais (Staack , Farouk e Fridman, 2006; Qiu et al., 2007).
35
Figura 4: Linhas de emissão características do DBD atmosférico (Qiu et al., 2007).
Tabela 2: Picos mais recorrentes em descargas DBD (Mahoney et al., 2010; Wang et al., 2010).
Espécie
Sistema Comprimento de
onda (nm)
(υ’, υ”)
N2 ( 315 (1,0)
N2 ( 337 (0,0)
N2 ( 357 (0,1)
N2 ( 380 (0,2)
N2 ( 406 (0,3)
As espécies presentes na tabela 2 são o resultado da excitação da molécula de
nitrogênio (N2), todas do segundo sistema positivo ( , e os valores dos
coeficientes (υ’, υ
”) representam números quânticos vibracionais dos níveis superiores e
inferiores respectivamente, que indica os níveis de energia envolvidos no processo de
excitação molecular. O resultado dessa excitação sempre é emissão de um fóton com
36
energia ou que é característico de cada molécula (Qiu et al., 2007), e pode ser
explicado pelos dois processos abaixo:
Processo (a)
Processo (b)
A intensidade “I” de emissão óptica de uma determinada espécie é
proporcional à densidade dessa espécie excitada presente no plasma, assim:
(1)
Onde “ ” é uma constante.
A quantidade da espécie “ ” no estado excitado depende da densidade desta
espécie no estado fundamental e da eficiência “ ” do plasma em promover a excitação
responsável pela emissão observada, de modo que:
(2)
37
Assumindo que o impacto de elétrons com as moléculas do gás é o principal
agente produtor de espécies em estados excitados e a eficiência de excitação depende da
função distribuição de energia dos elétrons do plasma, . Eentão:
(3)
“ ” é a seção de choque de excitação da espécie “ ” para o estado na qual a
relaxação resulta na emissão de fótons com comprimento de onda “ ”.
A substituição da equação (3) em (2), torna possível escrever a intensidade de
emissão óptica como:
(4)
Como mencionado anteriormente, o espectro da radiação emitida pelo plasma é
específico para cada espécie presente. Portanto, para identificar as espécies é necessária
a montagem de um sistema capaz de separar os diferentes fótons provenientes das mais
diversas transições quânticas.
2.7. Método das figuras de Lissajous
Esse método é a base para toda a caracterização elétrica de uma descarga em
barreira dielétrica, pois, fornece dados precisos, como energia elétrica consumida no
38
processo, potência e capacitância tanto do reator como do material dielétrico que integra
o sistema DBD utilizado no estudo (Rosenthal e Davis, 1975). As figuras de Lissajous
que são geradas plotando a carga transportada para um capacitor ligado em série com a
saída do reator em função da tensão aplicada, a figura 5 mostra de forma esquemática
como se podem obter as figuras de Lissajous. O valor da carga em função do tempo ,
è obtido medindo a diferença de potencial também em função do tempo no capacitor
, e é calculado usando a equação 5.
(5)
Figura 5: Desenho esquemático do arranjo experimental para análises elétricas de reatores
DBD (Kostov, Dos Santos, et al., 2010).
Onde é a tensão medida no capacitor, é a capacitância do capacitor
utilizado no circuito e a carga calculada em função do tempo. A figura 6 é uma
ilustração de um paralelogramo, figura típica formada neste tipo de descarga, e que
39
pode ser subdividida em quatro regiões bem definidas, são elas: a região AB, BC, CD e
DA.
A primeira informação importante que podemos obter dessa figura é a energia
elétrica , consumida no processo de produção de plasma, que é dada pelo calculo da
área interna no paralelogramo (Rosenthal e Davis, 1975) obtida pela integral abaixo,
equação 6.
(6)
Onde é a voltagem aplicada nos eletrodos e é um elemento infinitesimal
de carga acumulada no capacitor C.
Segundo Changquan Wang, a potência consumida é outro parâmetro
conseguido através das figuras de Lissajous, este valor e obtido multiplicando a energia
elétrica pela frequência do pulso de tensão aplicada (Wang et al., 2010), como
demonstrado pela equação 7 .
(7)
40
,
Figura 6- Figura de Lissajous Q-V de uma DBD (Santos, A. L. R., 2010).
Para aplicações industriais, outro dado importante a ser mencionado é a energia
total , consumida num determinado tratamento, pois esse dado permite avaliar se é
viável ou não a modificação superficial com a técnica utilizada. Para tratamentos com
DBD, o método da figura de Lissajous também permite obter este dado, multiplicando
diretamente o valor da potência pelo tempo do tratamento , equação 8.
(8)
A figura 7 exemplifica os últimos, mas não menos importante dados que
podem ser obtidos através do método das figuras de Lissajous, a capacitância total do
reator e capacitância do material dielétrico, utilizado como barreira dielétrica no reator
DBD.
41
É bastante comum interpretar um reator DBD como um circuito de dois
capacitores ligados em série (figura 7), o espaço ocupado pelo gás de trabalho onde
geralmente o ar e outros gases nobres têm a sua capacitância representada por que é
ligado a outro capacitor referente ao dielétrico colocado entre os eletrodos. Neste
caso a capacitância total do reator de plasma na parte do ciclo onde não ocorrem micro
descargas seguimentos DC ou AB figura 6, e é obtida a partir da equação (9) (Francke,
Rudolph e Miessner, 2003).
Figura 7- (a) Configuração de um único dielétrico, e (b) circuito elétrico equivalente
(Wagner et al., 2003).
(9)
Sendo a capacitância do gás dado por:
(10)
E a capacitância do dielétrico dada por:
42
(11)
Substituindo 10 e 11 em 9 obtém-se:
(12)
Dividindo 12 por 10 chaga-se a expressão 13.
(13)
Onde é a permissividade do dielétrico, a permissividade do gás, a
largura do dielétrico, a distância efetiva entre eletrodos e a área dos eletrodos. Desta
forma no momento em que o gás é totalmente ionizado → ∞, de modo que na região
da figura de Lissajous onde ocorrem as microdescargas, segmento de reta BC ou AD
figura 6, a capacitância efetiva será (Santos, 2010).
No entanto há uma maneira mais simples de obter a capacitância total, isso é
feito calculando-se a inclinação do segmento de reta AB ou CD que como já
mencionado anteriormente correspondem as duas partes do ciclo onde não há descarga
figura 8. Para a capacitância do dielétrico , é feito o cálculo da inclinação do
segmento de reta BC ou AD figura 8, onde nestas duas partes do ciclo ao contrário dos
dois segmentos anteriores, ocorrem às descargas elétricas que produzem o plasma DBD.
Este método para calcular a capacitância é bem mais preciso, pois devido às
altas tensões envolvidas no processo de produção de plasma, antes mesmo da ruptura
elétrica, o ar nas proximidades dos eletrodos é fracamente ionizado tornando o
condutor. Isso faz com que distância efetiva entre eletrodos seja menor que a distância
real (Santos et al., 2007), tornando o uso da equação (14), mais confiável e precisa em
43
se tratando de obter a capacitância total e do dielétrico em reatores que produzem
plasma por Descarga em Barreira Dielétrica (DBD).
Outra vantagem do uso desta técnica se trata do cálculo da capacitância para
reatores de geometria complexa, onde de acordo com Mahoney cálculo da capacitância
torna-se consideravelmente complicada utilizando a equação (9) e suas derivações para
equipamentos que não possuem simetria como, por exemplo, equipamentos DBD que
produzem plasma em superfície de descarga (SD) (Mahoney et al., 2010).
(14)
Figura 8- Valores da Energia (área da figura), capacitância total C (segmentos AB ou
DC) e capacitância do dielétrico Cd (segmentos BC ou AD), obtidos a partir da figura
de Lissajous (Marcel e Et Al., 2009).
O estudo da capacitância na descarga é de extrema importância devido ao fato
que a sua análise em conjunto com outros parâmetros como, por exemplo, Potência e
44
energia consumida e até mesmo intensidade luminosa do plasma, pode dizer muito
sobre do casamento de impedância e este associado com a frequência também leva a
uma melhor eficiência, alem fornecer um meio universal e robusto para caracterizar,
quantificar e prever a produção de plasma baseado em DBD (Kriegseis, Grundmann e
Tropea, 2011).
45
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Reator DBD
Para o presente estudo foi projetado e construído um equipamento com
flexibilidade suficiente para atender as várias demandas de pesquisa do laboratório de
processamento de materiais por plasma (Labplasma) utilizando Descarga em Barreira
Dielétrica. O reator DBD presente na figura 9, consiste num tubo de sílica fundida
(quartzo) fechado por dois flanges de PTFE, nos quais estão alojados um eletrodo
anodicamente polarizado (eletrodo superior) e outro catodicamente polarizado (eletrodo
inferior). O ânodo possui 40 mm de diâmetro e o cátodo possui 30 mm de diâmetro.
Sobre o cátodo foi montado um disco de alumina de 56 mm de diâmetro e 2 mm de
espessura, que atua como dielétrico. Detalhes do alojamento dos eletrodos nas peças de
teflon são apresentados nas figuras 10 e 11.
Figura 9-Desenho mostrando os detalhes construtivos do reator DBD utilizado neste
trabalho.
46
Figura 11- Detalhes do flange superior
Figura 10- DetalhesFlange inferior
47
O tubo de quartzo possui um comprimento de 110 mm de comprimento,
diâmetro interno de 75 mm e parede com 2,5 mm de espessura. Ele é encaixado nas
peças de teflon, penetrando 5 mm em cada peça. Para o movimento do ânodo foi
construída uma cremalheira com precisão de passos 0,1 mm que permite variar a
distância entre eletrodos até um valor de 100 mm, mesmo em operação, sem oferecer
riscos de acidentes elétricos ao operador. Nesta configuração, o campo elétrico gerado
pela diferença de potencial aplicada entre eletrodos é uniforme, o que garante que o
plasma gerado ocupe todo volume delimitado pela área imediatamente abaixo do anodo
até a superfície do dielétrico que recobre o eletrodo inferior (cátodo). Ou seja, os
elétrons que são acelerados por esse campo uniforme, adquirem grande energia e
colidem com as moléculas do gás que ocupa esta região, promovendo colisões que
causam os processos de excitação e/ou ionização, caracterizando um volume de
descarga (VD).
Com o objetivo de variar os parâmetros de voltagem e de frequência, foi
utilizada uma fonte de alta voltagem DC pulsada, com largura de pulso da ordem de 200
μs obtendo-se uma melhor eficiência na produção do plasma em comparação com as
fontes de corrente alternada (AC) (Shuhai Liu and Manfred, 2001). A fonte utilizada
permite variar a voltagem aplicada de 0 a 20 KV e frequência de 200 Hz a 1,0 kHz.
Dependendo da distância e voltagem entre os eletrodos, bem como da
frequência utilizada, é possível gerar o plasma no interior do reator. Os valores dos
parâmetros utilizados neste trabalho estão mostrados na tabela 3. Em cada etapa fixava-
se dois parâmetros e variava-se o terceiro. Desse modo foram analisadas as respostas
elétricas, configuração da descarga e espécies do plasma gerado. A energia total
consumida e potência do sistema foram determinadas a partir de figuras de Lissajous
construídas com auxílio de um osciloscópio. A configuração do plasma foi registrada
48
por fotos obtidas durante cada descarga aplicada. As espécies do plasma foram
identificadas com o auxílio de um Espectrômetro de Emissão Óptica.
Tabela 3: Parâmetros utilizados no estudo.
Condições Distância (mm) Frequência (Hz) Voltagem (KV)
D5F6V15 0,5 600 15
D10F6V15 1,0 600 15
D15F6V15 1,5 600 15
D5F5V15 0,5 500 15
D10F5V15 1,0 500 15
D15F5V15 1,5 500 15
D5F4V15 0,5 400 15
D10F4V15 1,0 400 15
D15F4V15 1,5 400 15
D5F3V9 0,5 300 9
D5F3V12 0,5 300 12
D5F3V15 0,5 300 15
D5F2V15 0,5 200 15
3.2. Caracterização do reator DBD
A caracterização do reator DBD foi realizada com o objetivo de entender o
comportamento do plasma de ar atmosférico produzido no reator projetado e construído
especialmente para este trabalho. Para esta caracterização foram utilizadas duas técnicas
bem distintas entre si, a primeira técnica é o método das figuras de Lissajous que consta
em detalhes no capítulo 2.3. Esta técnica foi usada para obter com bastante precisão os
parâmetros elétricos envolvidos na descarga, tais como energia elétrica consumida,
potência e capacitância. A outra técnica utilizada foi o diagnóstico de plasma feito por
49
Espectroscopia de Emissão Óptica (EEO). Todas os experimentos tiveram duração de
1minuto.
3.2.1. Figuras de Lissajous
As medidas elétricas foram realizadas utilizando-se um osciloscópio modelo
MSO-X 2002, 2 canais Agilent que permite obter até 1 giga amostras/s e resolução de
banda de 0.014 μs, juntamente com uma sonda de alta tensão 1000:1 30 KV 50 MHz
modelo Agilent N2771B. Para calcular a carga transportada em cada ciclo de produção
de plasma foi colocado um capacitor de 2,47 nF em série com a saída do reator. Todas
as medidas elétricas foram realizadas simultaneamente com as medidas ópticas como
ilustrado esquematicamente na figura 12.
Figura 12-Esquema do arranjo experimental para medidas elétricas e ópticas da descarga DBD
utilizada nesse trabalho.
50
Para gerar a Figura de Lissajous na tela do osciloscópio, os sinais de voltagem
medidos com o auxílio da sonda de alta tensão 1000: 1 e do capacitor ligado em série
com a saída do reator, estes dois dados foram colocados em dois canais diferentes do
osciloscópio. No eixo “x” foram inseridos os valores da voltagem aplicada nos eletrodos
do reator DBD e no eixo “y” os valores da tensão medida no capacitor, o valor da carga
foi obtido indiretamente pela equação (5). Estes procedimentos fornecem o gráfico
conhecido como figura de Lissajous coforme foi discutido no capitulo 2.3.
3.2.2. Análise de EEO
Os dados EEO foram obtidos a partir de um espectrômetro modelo USB4000
UV-VIS que tem a resolução máxima de 1,5 nm. A aquisição do espectro foi obtida por
uma fibra ótica posicionada entre os dois eletrodos a uma distância de 1,0 mm da borda
do ânodo figura 12, para garantir maior eficiência dos resultados. As respostas
espectrais das etapas de variação dos parâmetros envolvidos nesta pesquisa foram
verificadas em tempo real durante o processo de geração do plasma e sempre foram
adquirido três espetros em cada parâmetro estudado, onde todos os espectros presentes
neste trabalho são na verdade uma média ponderada destas três medidas, o que garante
ainda mais a cofiabilidade dos resultados, pois essa conduta minimiza possíveis erros
proveniente da oscilação na intensidade das espécies do plasma DBD, principalmente
quando este surge no regime filamentar.
O caminho óptico que a luz proveniente do plasma percorre até ser convertidos
em dados computacionais consta na figura 13. A luz captada do plasma entra no
espectrômetro pela entrada do conector de fibra ótica. O espelho 1 envia esta luz para o
colimador que é responsável por separar os diversos comprimentos de onda presentes na
51
luz emitida pelo plasma, em seguida o espectro formado pela separação das linhas é
refletida para o espelho 2, que reflete o espectro em direção ao detector. O detector
converte os dados óticos em dados computacionais que são lidos pelo software do
equipamento perviamente instalado no computador. O resultado é um gráfico
semelhante ao da figura 14, que é o espectro característico de um plasma gerado por
DBD onde o gás de trabalho é o próprio ar atmosférico.
Figura 13-Esquema do funcionamento do espectrômetro USB4000 UV-VIS Ocean Optics.
52
As imagens do plasma nos seus diferentes regimes foram registradas por uma
câmera CCD - Sony Cyber – Shot – DSC - W120 - 7.2 Mega Pixeis com distância focal
máxima de 21,4mm. Para que isso fosse possível todos os ensaios no reator DBD foram
realizados com o mínimo de luz ambiente, visto que as emissões eletromagnéticas desse
tipo de plasma na faixa do visível são muito baixas dificultando a captura de imagens
com luz ambiente. Por isso todas as luzes da sala onde os processos foram realizados
eram sempre apagadas durante as aquisições de dados, para não causar erros, tanto na
aquisição de EEO como também facilitar a captura das imagens do plasma durante sua
produção.
260 280 300 320 340 360 380 400 420 440 460 480 500
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Inte
nsi
da
de (
ua
)
Comprimento de onda(nm)
N2(337)
N2(357)
N2(380)
N2(406)
N2(315)
Figura 14- Espectro óptico típico obtido por OES da descarga DBD aplicada em ar atmosférico.
53
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Análise da variação da tensão aplicada entre eletrodos
Para se produzir o plasma DBD em ar à pressão atmosférica são necessárias
condições especiais de trabalho e parâmetros específicos para que ele seja formado. O
primeiro parâmetro estudado foi o da tensão aplicada entre eletrodos, pois este deu rumo
para as próximas análises. A figura 15 mostra a figura de Lissajous, ilustrando as
energias consumidas por ciclo de produção de plasma, para três valores de tensão
aplicada. Foi mantida fixa a distância entre eletrodos em 0,5mm e a frequência de 300
Hz.
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
Ca
rg
a (
nC
)
Tensão(V)
9 kV
12 kV
15 kV2,35mJ
0,8mJ
0,2mJ
Figura 15- Figura de Lissajous gerada a partir das condições utilizadas na variação da
tensão aplicada nos eletrodos na frequência fixa em 300Hz e distância entre eletrodos
0,5mm.
54
Foi observado neste gráfico que a energia consumida em um ciclo de produção
de plasma aumenta consideravelmente com o aumento da tensão aplicada entre
eletrodos. Na figura 16 é mostrado um espectro típico obtido por EEO no presente
trabalho, onde são ilustrados os picos mais intensos. Nota-se que o espectro
correspondente àquela condição que teve maior energia consumida foi também o mais
intenso, o que é um indício de que a energia foi utilizada principalmente para ionização
e excitação do gás. Esta ideia é reforçada quando se observa que a energia consumida
esta diretamente relacionada com o surgimento das espécies ativas do plasma para todos
os picos mais intensos, que neste caso são os cinco picos do segundo sistema positivo
da molécula de Nitrogênio (N2), que constam na tabela 2. Existem relatos que a
utilização dessas espécies ativas no plasma, especialmente o N2 pode melhorar as
propriedades superficiais e o comportamento tribológico dos metais, (Luo e Ge, 2007)
além de agir como agente esterilizador eliminando microrganismos (Kang et al., 2010).
Assim os controles desses parâmetros podem estar diretamente relacionados com o
controle do desempenho do processo.
Outra informação importante que pode ser obtida deste gráfico, é que para
0,5 mm e 300 Hz, a estabilidade na medição das intensidades das espécies é obtida
para tensões acima de 12 kV, fato que tem como consequência o surgimento de um
maior brilho da descarga em 15 kV, conforme pode ser observado na figura 17c. Onde
as microdescarga já são bastante intensas e bem distribuídas. Nessa figura são
apresentados fotos dos brilhos observados nas diferentes descargas 16 (c-e), bem como
a região de observação 17(a-b).
55
300 320 340 360 380 400 420
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
650
Inte
nsid
ad
e (
ua
)
Comprimento de onda (nm)
9 kV
12 kV
15 kV
Figura 16- Espectros obtidos na analise da variação de tensão, com distância fixa em
0,5mm e frequência de 300 Hz.
A figura 17d mostra que para a tensão de 12 KV já ocorrem algumas micro
descargas no volume delimitado pelo eletrodo superior e o dielétrico. Fato que não
ocorre quando a tensão é de 9 KV (figura 17e), este fato evidencia que para as
condições utilizadas nesta análise a voltagem mínima para gerar as microdescargas no
reator é um pouco abaixo de 12 KV, (sendo que a tensão foi fixa neste valor para
garantir a estabilidade das micro descargas, figura17d ) , embora a figura 17e, mostre
que mesmo sem a presença de microdescargas há atividade espectral na região do UV
como também no visível visto na figura15, embora que em pouca quantidade. Isso pode
ser atribuído ao fato de que mesmo antes da ruptura elétrica (ocorrência de micro
56
descargas), o ar nas proximidades dos eletrodos é fracamente ionizado devido às altas
tensões elétricas envolvidas, como discutidas no capitulo 2.3.
Figura 17- Reator DBD (a), eletrodo fixado na distância de 0,5mm(b) e (c), (d) e (e), três
condições de tensão aplicada 15,12 ou 9 KV respectivamente todas na frequência de 300
Hz.
O maior brilho e atividade espectral do plasma em 15 kV ocorrem
provavelmente devido ao valor da sobretensão aplicada ou seja, do valor acima da
voltagem de ruptura elétrica para os parâmetros D e ƒp adotados, conforme já
observado na literatura. Segundo os autores Ndong, Liu, Neiger, a primeira descarga
ocorre durante o tempo de subida do pulso e a segunda descarga ocorre durante o tempo
57
de descida do pulso aplicado. A quantidade de micro descargas está diretamente
relacionada ao valor de sobretensão aplicada (Ndong et al.; Liu e Neiger, 2001).
Continuando a análise, foi calculada a capacitância total do reator e a
capacitância do dielétrico utilizado no reator para as três condições estudadas. Os
valores de e são apresentados na tabela 4. Estes resultados deixam evidente que o
aumento da tensão influencia bem mais a capacitância do dielétrico que a capacitância
total. O que está de acordo com Jochen Kriegseis. Segundo (Kriegseis et al., 2011),
onde no estudo das capacitâncias da descarga de superfície (SD) e que são os
equivalentes e respectivamente nas descargas de volume (VD). Esse estudo
mostrou que a capacitância cresce com o aumento da tensão aplicada e a
capacitância e permanece constante.
Os resultados obtidos aqui comparados com os obtidos por Jochen Kriegseis
mostram que os reatores de descarga (SD) têm comportamento similar ao de descarga
(VD). Logo, a maior intensidade das espécies ativas do plasma, na tensão de 15 kV,
pode ser atribuído à melhor eficiência elétrica que ocorre devido ao aumento da
voltagem aplicada entre eletrodos. Pois com o aumento da tensão aplicada, a frequência
de ressonância do circuito elétrico formado pela fonte de alta tensão e o reator DBD
diminui, aproximando-a da frequência de trabalho utilizada no sistema (300 Hz). Isso
faz com que a maior parte da energia elétrica fornecida pela fonte de tensão seja
efetivamente utilizada pelo reator para gerar as microdescargas (Kriegseis et al., 2011).
Sabe-se que o aumento do pulso de tensão aumenta tanto a intensidade como a largura
do pulso de corrente na micro descarga (Huang et al., 2011).
Todos estes fatores contribuem para maior intensidade luminescente do plasma
no interior do reator DBD, tanto na região do UV (figura16), como na região do visível
58
que surgem principalmente por picos de emissões acima de 400nm, coloração violeta
para o azul (fig17 c d)(Huang et al., 2011). Porém, mesmo aplicando a tensão de 15 kV,
não há quantidade de filamentos suficientemente numerosos para que o plasma
produzido se apresente no regime difuso com a frequência do pulso utilizado.
Estes resultados mostram que a tensão aplicada entre eletrodos é um dos
fatores que influenciam fortemente a impedância de um sistema de descarga em barreira
dielétrica e, consequentemente, a eficiência do mesmo. Do presente capítulo pode-se
concluir que a tensão aplicada tem forte influência sobre a intensidade espectral e
luminecente bem como na quantidade de mcrofilamentos presentes na descarga quando
ela surge no modo filamentar.
Porém, existem outros parâmetros que associado a este podem aumentar ou diminuir
esta eficiência como será visto no próximo capítulo.
Tabela 4- Valores Ct e Cd, Capacitâncias total e do dielétrico respectivamente, calculadas para
as medidas de variação de tensão.
Condição Capacitância
15kV 10,95 53,36
12kV 11,76 37,55
9kV 11,29 30,33
59
4.2. Estudo da influência da distância entre os eletrodos e da frequência da
tensão aplicada.
Das linhas obtidas por OES, as mais intensas nesta análise foram a do N2
(357nm) e N2 (337 nm), seguido de três outros picos, todos na região do UV. Estes
resultados estão coerentes com aqueles obtidos na literatura (Qiu et al., 2007).
Aplicando uma diferença de potencial de 15 kV entre eletrodos, durante 200 µs (largura
do pulso), numa frequência de 500 Hz, obtém-se os espectros mostrados nas figuras
18(a) e 18(b) para as medidas ópticas e elétricas, respectivamente.
60
Figura 18- Medidas espectrais e elétricas da descarga entre dois eletrodos, aplicando
uma tensão de 15 kV e frequência de 500 Hz. (a) Espectro obtido por EEO e (b)
figura de Lissajous, destacando a energia por ciclo para cada distância.
300 310 320 330 340 350 360 370 380 390 400 410 420
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
N24
05
Inte
nsi
dad
e (
ua)
Comprimento de onda (nm)
0,5 mm
1,0 mm
1,5 mm
N23
37
N23
15
N23
57
N23
80
a
-3000 0 3000 6000 9000 12000 15000
0
100
200
300
400
500
600
Carg
a (
nC
)
0,5 mm
1,0 mm
1,5 mm
2,65mJ
1,86mJ
1,58mJ
Tensão (V)
b
61
É constatado pelas análises que para a menor distância entre eletrodos ocorreu
a maior intensidade espectral. Entretanto, verifica-se que também a energia por ciclo
nessa condição é maior, ou seja, obteve-se uma maior densidade de espécies ativas a
devido a um consumo maior de energia. Se por um lado o consumo energético é um
fator negativo para as aplicações industriais, a intensidade espectral reflete a densidade
de espécies ativas. Assim um parâmetro que forneça uma indicação da densidade de
espécies ativas por energia consumida, pode ser de grande importância para avaliação
da eficiência de desempenho de um dispositivo DBD. Uma vez que as principais
espécies para a descarga em ar atmosférico estão na faixa de 300 nm a 420 nm,
correspondentes às linhas espectrais do N2 (C3 u-B
3 g)
(Staack et al., 2008), a
intensidade espectral integrada pode ser fornecido pelo valor da integral abaixo
(Kuchenbecker et al., 2009; Rajasekaran et al., 2010).
420
300)( dIIS
(15)
Obtido a partir da área sob a curva da figura 18a. Assim a razão fornece
e “eficiência do reator DBD” em produzir as espécies ativas do plasma. Na tabela 5 são
mostrados os valores de , e , para todas as três distâncias e frequências
estudadas. Observa-se que para a menor distância entre eletrodos houve maior eficiência
do dispositivo ( ) com exceção apenas para a frequência de 500 Hz, onde a maior
eficiência aconteceu para a distância de 1,0 mm.
62
Tabela 5-Valores da energia elétrica consumida por ciclo intensidade espectral integrada
e eficiência do reator DBD
Condição Distância (mm) Frequência (Hz) (mJ)
D5F2V15 0,5 200 2,20 28630 13013
D10F2V15 1,0 200 2,80 21890 7818
D15F2V15 1,5 200 2,86 17625 6162
D5F4V15 0,5 400 2,30 40351 17544
D10F4V15 1,0 400 2,76 36300 13152
D15F4V15 1,5 400 2,70 20364 7542
D5F5V15 0,5 500 2,65 522389 19713
D10F5V15 1,0 500 1,86 37378 20096
D15F5V15 1,5 500 1,58 25329 16031
D5F6V15 0,5 600 2,00 59918 29959
D5F36V15 1,0 600 2,40 43913 18297
D15F6V15 1,5 600 2,78 27992 10069
A diminuição da eficiência com o aumento da distância entre eletrodos é
esperado devido ao aumento no volume de gás para ionização, o que causa uma maior
dissipação da energia por pulso ( ) . Entretanto, para a frequência de 500 Hz essa
correlação não aconteceu. Verifica-se que para essa frequência os valores da energia
dissipada possuem um comportamento inverso aos demais, ou seja, foram inversamente
proporcionais às distâncias entre eletrodos. No entanto, a intensidade integrada possui o
mesmo comportamento das demais condições estudadas, ou seja, decai com o aumento
da distância entre eletrodos.
63
Observando a figura de Lissajous para essa frequência particular figura19,
pode-se constatar a diferença existente entre a curva obtida quando a distância entre
eletrodos era de 0,5 mm e as duas outras distâncias. Verifica-se que para essas últimas,
a inclinação é menor, significando uma menor impedância do sistema. Isto
significa que essa é a melhor condição de trabalho para a configuração estudada, no que
se refere ao casamento de impedância do sistema. Porém, ao analisar o plasma gerado
entre os dois eletrodos, figura 20, essa frequência de 500 Hz, verifica-se que para essa
condição o regime do plasma é filamentar, tornando-o pouco interessante para
aplicações industriais. Apenas quando os eletrodos estavam a uma distância de 0,5 mm
é que o regime do plasma tornou-se difuso, que é a condição de interesse. Apesar de que
a energia dissipada ter sido máxima, este fator (tipo de descarga) justifica a sua escolha
como condição otimizada neste estudo.
Segundo Kuchenbecker, o plasma químico produzido com distância entre
próxima a 0,25 mm potencializa o tratamento de matérias biológico devido a essa
melhor distribuição energética. Isso ocorre porque a cinética química do plasma é
alterada devido ao aumento nas probabilidades de processos de dissociação de
nitrogênio e oxigênio. A produção de partículas quimicamente ativas também aumenta.
Isso ocorre por causa do aumento do campo elétrico gerado entre os eletrodos
(Kuchenbecker et al., 2009).
64
-4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
0,5 mm
1,0 mm
1,5 mmC
arg
a (
nC
)
Tensão (V)
Figura 19-Curva de carregamento do dispositivo DBD pela aplicação de um pulso de
voltagem de 15 kV com frequência de 500Hz.
Figura 20- Regimes de operação do DBD atmosférico para as frequências 600 Hz e 500 Hz.
65
No que diz respeito à capacitância do reator com relação a distância e
frequência é possível notar na figura 21, com a distância constante variando somente a
freqência, tanto a capacitância total quanto a do dielétrico não sofre influência do
aumento da frequência do pulso aplicado, exceto quando os parâmetros elétricos e
geométricos do equipamento utilizado chagam a um bom casamento de impedância,
como no caso da análise feita na frequência fixa em 500 Hz, onde esse fato ocorreu,
evidenciando que na diatância de 1,0 mm e com tensão de 15kV a frequência de
ressonância do sistema está num valor bem próximo de dessa utilizada. Já no caso da
variação da distância, frequência fixa nos valores de 200, 400, e 600 Hz é de se esperar
que a capacitância do reator sofra variações conforme se mude a distância entre
eletrodos. O que de fato ocorre, ao verificar inclinação para a capacitância total.
Estes cálculos foram feitos para as três distâncias estudadas nas frequências de 400, 500
e 600 Hz. Os valores estão presentes na tabela 6.
Estes valores estão em total acordo com a equação 13, sendo que a espessura
do dielétrico usado é constante, o aumento da diatância entre eletrodos causaria
a diminuição da capacitância total do reator.
66
Tabela 6-Capacitância total do reator DBD para a variação da distância nas frequências de
400,500 e 600 Hz.
Condição
0,5 mm-15 kV-400 Hz 11,70
1,0 mm-15 kV-400 Hz 11,45
1,5 mm-15 kV-400 Hz 9,49
0,5 mm-15 kV-500 Hz 11,04
1,0 mm-15 kV-500 Hz 8,40
1,5 mm-15 kV-500 Hz 7,58
0,5 mm-15 kV-600 Hz 11,54
1,0 mm-15 kV-600 Hz 11,15
1,5 mm-15 kV-600 Hz 9,61
-2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Carg
a (
nC
)
Tensão (V)
200 Hz
400 Hz
600 Hz
Figura 21- Curva de carregamento para variação da frequência com distância e tensão fixas em
0,5mm 15 kV respectivamente.
67
4.3. Transição do regime filamentar para o regime difuso
O regime difuso é o mais indicado para a maioria das aplicações indústrias
devido a seu tratamento superficial mais uniforme em comparação com o regime
filamentar (Fang et al., 2009). Como já mencionado anteriormente, no presente estudo
foi encontrado uma distância mínima para obter esse regime mediante as características
elétricas da fonte utilizada. Para um maior aprofundamento dos parâmetros elétricos é
necessário gerar plasma em regime difuso com maiores distâncias entre eletrodos, isso
requer uma faixa maior de tensão e de frequência, o que não foi possível devido as
limitações da fonte usada. Mesmo assim os dados que foram obtidos dados importantes
que forneceram boas informações sobre o reator no que diz respeito ao surgimento do
plasma em regime difuso, tabela7.
Tabela 7-Comportamento do reator DBD mediante o regime do plasma.
Potência (mW) Regime DBD Condição
440 Filamentar D5F2V15 28630 13013
705 Filamentar D5F3V15 28728 12225
920 Filamentar D5F4V15 40351 17544
1200 Difuso D5F6V15 59918 29959
1325 Difuso D5F5V15 52239 19713
Dentre os parâmetros usados na pesquisa foi encontrado um valor mínimo de
potência dissipada necessária ao surgimento do plasma DBD em regime difuso esse
valor é 1,2 W de potência, obtido na frequência de 600 Hz e com 0,5 mm de distância
entre elétrodos. Porém esse regime já é obtido numa frequência menor 500 Hz, como
68
pode ser observado na tabela 7. No entanto nesta frequência a potência dissipada é
maior o que não se reflete na eficiência de excitação do reator. Esse fato pode ser
explicado conforme a discussão do capítulo 2.3. Segundo o raciocínio exposto, pode-se
concluir que com a distância fixa em 0,5mm e tensão de 15 kV, a frequência de
ressonância está situada em um valor próximo a 600 Hz. Verificando o comportamento
da figura 22, nota-se o crescimento da intensidade espectral integrada e da eficiência do
equipamento quando se aumenta a frequência de 400 para 500 Hz, porém o máximo de
ambos, e , ocorreu justamente em 600 Hz com uma potência dissipada menor,
deixando evidente que para a distância entre eletrodos de 0,5 mm, única distância onde
foi possível combinar os parâmetros elétricos para obter o regime difuso, garantindo a
maior intensidade espectral integrada , melhor eficiência do equipamento DBD
e também obter o plasma no regime desejado figura 22, contudo dissipando a menor
potência, foi conseguido apenas em 15 kV- 600 Hz. A explicação pode ser obtida
analisando a figura 23.
Conforme discutido no capítulo 2.5. A figura de Lissajous pode ser dividida em
quatro segmentos. Neste caso os segmentos AB e BC formam a primeira parte do ciclo
de produção de plasma. A principal diferença entre os dois gráficos, nas frequências de
500 e 600 Hz, e a inclinação na primeira parte do ciclo, (segmento AB figura
23), representa a capacitância total do reator de plasma DBD na primeira parte do ciclo.
Os valores da capacitância total das duas partes do ciclo para as respectivas frequências
estão presentes na tabela 8. Este é o primeiro fator responsável pelo aumento da energia
e consequentemente da potência consumida mesmo com uma frequência menor.
69
300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400
25000
30000
35000
40000
45000
50000
55000
60000
65000
Comportamento da intensidade espectral integrada.
Comportamento da eficiência do equpamento DBD.
15
kv
-30
0H
z
15
kv
-20
0H
z
15
kv
-50
0H
z
15
kv
-60
0H
z
15
kv
-40
0H
z
Potência (mW)
In
ten
sid
ad
e e
spectr
al
inte
gra
da I
s (n
m)
10000
12000
14000
16000
18000
20000
22000
24000
26000
28000
30000
32000
34000 Efic
iên
cia
do
eq
up
am
en
to D
BD
Is/E
el(n
m.J
-1)
Figura 22-Comportamento da descarga em função da potência dissipada.
Tabela 8 - valores da capacitância obtida na primeira e segunda parte do ciclo de produção de
plasma nas condições, 0,5mm, 15 kV nas frequências de 500e 600Hz
Capacitância total 500 Hz Capacitância total 600 Hz
Ct 1º ciclo (pF) Ct 2º ciclo (pF) Ct 1º ciclo (pF) Ct 2º ciclo (pF)
13,73 11,04 11,57 11,54
A inclinação do segmento AB em 500 Hz indica que a capacitância total nesta
parte do ciclo foi maior (confirmado pelo calculo ), ou seja, o gasto
energético foi superior devido a uma maior impedância do sistema nesta parte do ciclo,
explicando a maior área interna na figura de Lissajous para esta frequência, que é o
segundo fator que corrobora para a maior potência dissipada em 500 Hz. Em oposição
ao gráfico obtido na frequência de 600 Hz onde a inclinação nas duas partes do ciclo de
70
produção de plasma é praticamente igual, onde a razão
, este fato é um
indicio que para esta condição de distância e tensão, a frequência de 600 Hz é um valor
próximo da frequência de ressonância do sistema (capitulo 2.3), garantindo a melhor
eficiência elétrica e espectral do reator DBD, devido a redução da energia elétrica gasta
por ciclo, mas permitindo que o plasma gerado no reator ocorra no modo difuso.
Figura 23-Comparativo entra as curvas de carregamento no regime difuso.
-4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
-100
0
100
200
300
400
2º parte do ciclo
Car
ga(
nC
)
Tensão (V)
0,5mm-15kV-500Hz
0,5mm-15kV-600Hz
1º parte do cicloA
B
C
D
71
5. CONCLUSÃO
O equipamento desenvolvido no Labplasma para produção de plasma por
Descarga em Barreira Dielétrica embora tenha sido construído de forma compacta com
a finalidade de pesquisa nada impede que este seja reproduzido com dimensões
industriais. Com as análises chegam-se as seguintes conclusões.
Para se obter o plasma em pressão atmosférica em baixas
frequências, torna-se necessário aplicar uma maior diferença de potencial entre
eletrodos.
As principais linhas espectrais observadas na descarga por
barreira dielétrica em ar a pressão atmosférica estudada foi referente ao N2 do
segundo sistema positivo do N2 (C3 u-B
3 g). As maiores intensidades
espectrais aconteceram para menores distâncias entre eletrodos.
De um modo geral a energia por pulso é menor para menores
distâncias entre eletrodos. A exceção à regra aconteceu para a frequência de 500
Hz, onde houve uma inversão no comportamento. Esta inversão é justificada
pelo surgimento do regime de plasma difuso, que aumenta a densidade espectral
entre eletrodos.
A eficiência do reator DBD (Is/Ee) em 500 Hz foi maior para a
distância de 1 mm. Nessa condição se observou pela figura de Lissajous uma
baixa impedância do sistema com ralação as outras distâncias.
Plasma em regime difuso ocorreu apenas para distância entre
eletrodos de 0,5 mm e frequências de 500 Hz e 600 Hz.
A melhor condição encontrada no presente estudo foi na distância
de 0,5mm frequência de 600 e tensão entre eletrodos de 15 kV, devido ao fato
72
que nessa condição foi obtido o maior valor de intensidade espectral integrada e
a melhor eficiência do equipamento DBD. Além de produz plasma em regime
difuso.
73
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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