dissertação de mestrado - cássia

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - SP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA CÁSSIA MARIA HESS IMPACTOS DA MUNICIPALIZAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL SÃO PAULO SP 2012

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Page 1: dissertação de mestrado - Cássia

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU - SP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CÁSSIA MARIA HESS

IMPACTOS DA MUNICIPALIZAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DA

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

SÃO PAULO – SP

2012

Page 2: dissertação de mestrado - Cássia

CÁSSIA MARIA HESS

IMPACTOS DA MUNICIPALIZAÇÃO NA LEGITIMAÇÃO DA

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação: Mestrado em Educação Física, da

Universidade São Judas Tadeu São Paulo, sob a

orientação da Profª. Drª. Eliana de Toledo

Ishibashi, para a obtenção de título de mestre em

Educação Física.

Área de Concentração: Educação Física, Escola e Sociedade.

Data da Defesa: _____/____________/________________

Resultado: _______________________________________

Banca Examinadora

_________________________________________________

Profª. Drª. Vilma Lení Nista-Piccolo

_________________________________________________

Profº. Dr. Evando Carlos Moreira

______________________________________________

Profª. Drª. Eliana de Toledo Ishibashi

SÃO PAULO – SP

2012

Page 3: dissertação de mestrado - Cássia

Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878

Hess, Cássia Maria

Impactos da municipalização na legitimação da Educação Física nas séries

iniciais do Ensino Fundamental / Cássia Maria Hess. - São Paulo, 2012. 191 f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Eliana de Toledo Ishibashi

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2012.

1. Educação Física – Ensino fundamental 2. Municipalização -

legitimidade I. Ishibashi, Eliana de Toledo II. Universidade São Judas

Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III.

Título

CDD – 796

Page 4: dissertação de mestrado - Cássia

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha querida filha Ana Júlia Hess Artioli, a quem muitas

vezes não consegui conceder atenção e carinho suficiente, por estar realizando esta pesquisa.

Deixamos de brincar, passear, conversar, rir e até chorar, mas já estou quase finalizando e

poderei tão logo, não voltar atrás do tempo que não vivenciamos juntas, mas sim trilhar

novos caminhos para continuar experimentando um dos momentos mais importantes da vida,

que em minha opinião é a infância.

Acredito que ainda seja muito pequena para entender as vezes que tive que me

ausentar, durante estes dois anos que estive mergulhada nesta pesquisa, mas no futuro quero

que compreenda sem mágoas que sempre esteve no meu coração em todos os momentos que

escrevia mais uma das linhas desta dissertação.

Page 5: dissertação de mestrado - Cássia

AGRADECIMENTOS

Venho por meio dessa, primeiramente agradecer à Deus que me forneceu “forças”

surpreendentes num dos momentos mais difíceis da minha vida pessoal, para que eu

conseguisse iniciar o mestrado e concluí-lo.

À Profº Drª Vilma Lení Nista-Piccolo, que antes mesmo de ingressar no mestrado

acreditou no meu trabalho, mostrando-me um novo sentido para trilhar na minha vida

pessoal e profissional.

À Profª. Drª. Eliana de Toledo Ishibashi, não só pela mulher de garra que é, mas pela

brilhante orientadora e até mesmo amiga que se tornou durante esta trajetória do mestrado.

Ao Profº. Drº Evando Carlos Moreira, que dispôs parte do seu tempo para corrigir o

trabalho, e fazer contribuições excelentes para o melhor desenvolvimento do mesmo.

A todos os professores do Programa de Mestrado da Universidade São Judas Tadeu,

que fizeram das minhas quintas-feiras do ano de 2010 umas das mais agradáveis, pelas

ótimas aulas e deliciosos debates, a favor da construção de novos conhecimentos.

Ao grupo de estudos GEPEFE, que me proporcionou muitos conhecimentos

relacionados à pesquisa.

Aos professores da USP, Drº Walter Correia e Dr° Osvaldo Luiz Ferraz, que

permitiram a minha participação como aluna especial em suas disciplinas.

Aos meus pais Carlos A. Hess e Maria Auxiliadora S. Hess por prestarem os cuidados

a minha filha enquanto estudava.

À minha cunhada Tatiana Hess e meu primo Fernando Hess que estiveram presentes e

deram o maior apoio no dia da minha qualificação.

A todos familiares e amigos que enquanto eu arduamente estudava, e precisava de

incentivo para continuar, eles me convidavam para passeios e viagens. Foi difícil resistir às

tentações, e não acompanhá-los, pois todos estes fazem parte de alguma forma da minha

vida.

Às minhas amigas que conheci no mestrado Fabiana da Silva Ramiro e Elaine Xavier,

que sempre estiveram presentes em todos os momentos, nos fáceis, alegres, e nos difíceis.

A todos os professores, diretores, supervisores, coordenadores e secretários das

escolas municipalizadas da Região da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, que participaram

diretamente desta pesquisa, respondendo aos questionários ou indiretamente atendendo aos

Page 6: dissertação de mestrado - Cássia

telefonemas, respondendo os e-mails, permitindo a minha entrada na escola, entre outras

colaborações.

Aos meus queridos amigos Walter e Dulcinéia que estiveram comigo em quase todas

as viagens feitas na Região da Diretoria de Ensino Mogi Mirim para a entrega dos

questionários nas escolas. Além da Eliete, que é líder do Movimento dos Sem Terras da

cidade de Amparo, e a conheci andando pela estrada numa dessas viagens, assim com muita

simplicidade e paciência me ensinou a chegar a muitas das escolas da região.

E para finalizar, agradeço à Secretaria Estadual de Educação de São Paulo que

confiou no meu projeto de pesquisa e me forneceu a Bolsa de Estudos.

Page 7: dissertação de mestrado - Cássia

EPÍGRAFE

“O ofício de ensinar não é para aventureiros, é para profissionais,

homens e mulheres que, além dos conhecimentos na área dos conteúdos

específicos e da educação, assumem a construção da liberdade e da

cidadania do outro como condição mesma de realização de sua própria

liberdade e cidadania”.

Ildeu Moreira Coelho

Page 8: dissertação de mestrado - Cássia

RESUMO

O processo de legitimação da Educação Física no contexto escolar ocorre desde 1851, e desde

então é possível encontrarmos rupturas e permanências no mesmo, especialmente em relação

às leis, resoluções, diretrizes e decretos, que foram sendo constituídos por militares e políticos

ao longo da história. Assim como estas leis, as políticas públicas no campo educacional (a

elas atreladas) vêm se desenvolvendo e sendo aplicadas, estabelecendo diferentes ecos na

realidade escolar, e, portanto, também na Educação Física. Neste contexto, o presente estudo

tem como objetivo investigar os impactos da política de municipalização das escolas na

legitimação da Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental (E.F). Os

referencias teóricos além da legislação utilizados foram da educação e da educação física

dentre eles Saviani, D. (1996, 1999, 2008), Ávila, V. F (1999), Libâneo, J. C.; Oliveira, J. F;

Toschi, M. S. (2009), Freire, J.B. (1992, 2009), Rezer, R.; Fensterseifer, P. E. (2008), Toledo,

E (1999), Nista- Piccolo, V. L. (2010), Neira, M.G. (2009). A metodologia empregada foi do

tipo descritiva se caracterizando por de campo e documental (pois pauta-se em documentos

como leis, decretos, pareceres e resoluções). Como instrumento de pesquisa foi utilizado o

questionário, com perguntas abertas e fechadas, direcionadas aos diretores e professores que

compõem a amostra deste estudo (na Diretoria de Ensino de Mogi Mirim), formada por 32

professores e 15 diretores. Para análise das respostas utilizamos a técnica de análise de

conteúdo proposta por Bardin (2011). Constatamos que grande parte dos professores tiveram

seu ingresso recente na escola, e não perceberam ou pouco perceberam ou até mesmo ainda

não identificaram os impactos da política de municipalização para a Educação Física escolar

(nas séries iniciais do Ensino Fundamental), quanto aos diretores 80% acreditam que os

impactos foram positivos. Outros dados também foram relevantes para nos fornecer indícios

destes impactos, melhor compreensão e situação do contexto, especialmente aos que se

referem à atuação (facilidades, dificuldades, objetivos) do especialista nestas aulas. Foi

possível concluir que os impactos de modo geral do processo de municipalização para a área

foram positivos em algumas das cidades mais do que em outras, porém ressaltamos que

encontramos certa dificuldade para tais evidencias devido à falta de percepção de alguns

docentes. Todavia é primoroso que os professores, como os demais profissionais da área,

apropriem-se não somente dos aspectos didático-pedagógicos, mas também, aos aspectos

legais e políticos que permeiam o sistema de ensino e o contexto escolar, para a legitimação

do espaço do professor especialista nestas séries e da área.

Palavras- Chave: Educação Física escolar; municipalização; legitimação.

Page 9: dissertação de mestrado - Cássia

ABSTRACT

The Physical Education legitimation process in the school context has ocurred since 1851, and

since then it has been possible to find breakouts and permanences in the latter, specially as to

laws, resolutions and enactments, which had been constituted by a military body and

politicians along history. Similarly to these laws, the public policies in the educational field

(attached to these) have been developed and been applied, stablishing different echoes in the

school reality, and, thus, in Physical Education as well. In this environment, the present essay

aims to the impacts of the schools municipalization policy in the legitimation of Physical

Education in the inicial grades of Elementary School. The theoretical referentials beyond

legislation used have the ones of Education and Physical Education among them Saviani, D.

(1996, 1999, 2008), Avila, V.F. (1999), Libaneo, J.C.; Oliveira, J.F.; Toschi, M.S. (2009),

Freire, J.B. (1992, 2009), Rezer, R.; Fensterseifer, P.E. (2008), Toledo, E. (1999), Nista-

Piccolo, V.L. (2010), Neira, M.G. (2009). The metodhology which has been applied is the

descriptive one being carachterized as of field and documentary (since it has been based on

documents such as laws, enactments, opinions and resolutions). As a search instrument a poll

has been used, with open and non open questions, directed to teachers and principals who

compose the sample of this study (in Mogi Mirim Teaching Direction), composed of 32

teachers and 15 principals. In order to analyze answers we have used the content analysis

technique proposed by Bardin (2011). We have noticed that most teachers have recently been

admitted to school, and thus have not realized or have hardly realized or have not even

identified the impacts of the municipalization policy in school Physical Education (in the

initial grades of Elementary School). As to principals eighty percent believe the impacts have

been positive. Other data have also been relevant to provide us evidence of the mentioned

impacts, better comprehension and context situation, specially to the ones related to these

classes expert's performance (facilities, difficulties, aims). It has been possible to conclude

that the general impacts of the municipalization process to the field have been positive in

some cities more than in others; however, we highlight that we have found some difficulty in

such evidence due to lack of perception of some teachers. Nevertheless it is advisable that

teachers, as well as other Education professionals, appropriate not only of pedagogical-

didatics aspects, but also of political and legal aspects that permeate the Teaching system and

the school context, for space legitimation of the expert teacher in these grades and from this

field.

Key words: school Physical Education; municipalization; legitimation.

Page 10: dissertação de mestrado - Cássia

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Esquema dos que outorgam as leis (Estaduais/Municipais) definindo como a

Educação Física deve ser integrada na escola e quem deve lecioná-la ...................... 23

Figura 2- Sistema de ensino ........................................................................................ 26

Figura 3 - Educação Física como um sistema hierárquico e aberto com base na

abordagem sistêmica de Betti (1991) ........................................................................ 27

Figura4 - Conceitos: Descentralização e Municipalização ........................................ 34

Figura 5- Fornecimento de recursos fundamentais para uma política ideal de

municipalização ........................................................................................................... 38

Page 11: dissertação de mestrado - Cássia

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Diferenças entre as Teorias Dialética e Funcionalista ........................ 28

QUADRO 2 - Escolas Municipalizadas da Diretoria de Mogi Mirim ..................... 48

QUADRO 3- Unidades de Registro relacionadas às contribuições ou não da formação

para o professor especialista ministrar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais

do Ensino Fundamental ............................................................................................ 64

QUADRO 4- Unidades de Contexto relacionadas às contribuições ou não da formação

para o professor especialista ministrar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais

do E.F ....................................................................................................................... 66

QUADRO 5 - Categoria relacionada à contribuição ou não da formação para os

docentes ..................................................................................................................... 69

QUADRO 6 – Unidades de Registro relacionadas às facilidades e dificuldades

apresentadas pelos professores .................................................................................. 80

QUADRO 7- Unidades de Contexto relacionadas às facilidades dos profs. da amostra

........................................................................................................................................ 83

QUADRO 8- Categorias relacionadas às facilidades dos professores da amostra ..... 85

QUADRO 9- Unidades de Contexto relacionada às dificuldades dos professores .. 86

QUADRO 10- Categorias relacionada às dificuldades dos professores .................... 88

QUADRO 11 – Unidades de Contexto relacionadas aos objetivos a serem

desenvolvidos na Educação Física escolar das séries inicias do Ensino Fundamental

........................................................................................................................................ 92

QUADRO 12- Unidades de Contexto relacionadas aos objetivos a serem desenvolvidos

nas aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental .................... 95

QUADRO 13- Categorias relacionadas aos objetivos a serem desenvolvidos nas aulas

de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental .................................. 98

QUADRO 14 - Unidades de Registro relacionadas aos impactos da municipalização para

a Educação Física escolar de acordo com a opinião dos professores das escolas da

amostra ..................................................................................................................... 100

QUADRO 15- Unidades de Contexto relacionadas aos impactos da municipalização

para Educação Física escolar (nas séries iniciais do E.F.) de acordo com a opinião dos

professores das escolas da amostra ........................................................................... 103

Page 12: dissertação de mestrado - Cássia

QUADRO 16 – Categorias relacionadas aos Impactos da municipalização para a

Educação Física nas séries iniciais do E.F de acordo com os docentes da amostra

..................................................................................................................................... 107

QUADRO 17- Unidades de Registro relacionadas aos Impactos da municipalização para

Educação Física escolar (nas séries iniciais do E.F.) conforme a opinião dos diretores

das escolas da amostra ............................................................................................... 108

QUADRO 18- Unidades de Contexto relacionadas aos Impactos da municipalização

para a Educação Física nas séries iniciais do E.F conforme as opiniões dos diretores das

escolas da amostra ..................................................................................................... 110

QUADRO 19- Categorias relacionadas aos Impactos da municipalização para a

Educação Física, conforme as opiniões dos diretores das escolas da amostra .......... 112

QUADRO 20 – Unidades de Registro relacionadas às justificativas do por que o

professor de Ed. Física que deve lecionar ou não as aulas de Educação Física nas séries

iniciais do E.F ............................................................................................................ 121

QUADRO 21- Unidades de Contexto relacionadas à opinião dos docentes do por que o

professor graduado em Educação Física que deve lecionar esta disciplina nas séries

iniciais do E.F.............................................................................................................. 123

QUADRO 22 – Categorias relacionadas às justificativas dos docentes do por que o

professor graduado em Educação Física que deve lecionar ou não esta disciplina nas

séries iniciais do E.F.................................................................................................... 125

QUADRO 23 - Unidades de Registro relacionadas às justificativas dos diretores do por

que o professor especialista que deve lecionar a disciplina de Educação Física nas

séries iniciais do E.F ............................................................................................... 126

QUADRO 24- Unidades de Contexto relacionadas às justificativas dos diretores do

por que o professor especialista que deve lecionar a disciplina de Educação Física nas

séries iniciais do E.F ................................................................................................. 127

QUADRO 25- Unidades de Contexto relacionadas às justificativas dos diretores do

por que o professor especialista que deve lecionar a disciplina de Educação Física nas

séries iniciais do E.F ............................................................................................... 129

Page 13: dissertação de mestrado - Cássia

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Nível de Formação dos professores .................................................... 59

TABELA 2- Ano de formação dos professores ........................................................... 61

TABELA 3 – A contribuição do nível superior para lecionar as aulas de Educação

Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental ...................................................... 62

TABELA 4 - Escolha do professor para lecionar nas séries iniciais do Ensino

Fundamental nas escolas municipalizadas da Diretora de Mogi Mirim ....................... 72

TABELA 5 - Séries/anos da atuação dos professores nas escolas municipalizadas da

Diretoria de Ensino de Mogi Mirim com a disciplina de Educação Física escola ..... 73

TABELA 6 – Período da atuação do professor relacionado à municipalização ........ 74

TABELA 7- Professores responsáveis pelas aulas de Educação Física nas séries iniciais

(do 1º ao 5º ano ou 1ª série até 5ª séries) antes da municipalização da escola (respostas

concedidas pelos diretores) ......................................................................................... 76

TABELA 8 – Desenvolvimento das aulas de Educação Física pelos professores da

amostra ....................................................................................................................... 77

TABELA 9– Facilidades e Dificuldades .................................................................... 79

Page 14: dissertação de mestrado - Cássia

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 AS INTERVENÇÕES DA LEGISLAÇÃO NA EDUCAÇÃO E NA

EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................................ 4

2.1 Rupturas e permanências da legislação no que tange à Educação Física no currículo

e na inserção do professor de Educação Física na escola .......................................... 4

2.2 As implicações da LDBEN 9394/96 na legitimação da Ed. Física na escola ........ 15

3 SISTEMA BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

EDUCACIONAIS: AVANÇOS E RETROCESSOS PARA A EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR ................................................................................................... 21

3.1 O Sistema Nacional de Ensino do Brasil e a Educação Física escolar ................. 24

3.1.1 Descentralização e Municipalização: concepções e processos ........................... 33

3.1.2 O Percurso da Política de Descentralização e Municipalização na Educação

Brasileira .................................................................................................................. ... 35

3.1.3 A Política de Municipalização do Ensino no Estado de São

Paulo............................................................................................................................ 38

3.1.3.1 Objetivos da Política de Municipalização no Estado de São Paulo ............. 39

3.1.3.2 Os Recursos Financeiros – FUNDEF E FUNDEB e Recursos Humanos ...... 41

3.1.4 Implicações da Descentralização para uma sociedade democrática .................. 43

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICO ........................................................ 45

4.1 Tipo de pesquisa .................................................................................................. 45

4.2 Instrumento de pesquisa .................................................................................... 45

4.3População e amostra ............................................................................................. 46

4.3.1 População ......................................................................................................... 46

4.3.1.1 Amostra da População ................................................................................... 46

4.3.2 Escolas .............................................................................................................. 47

4.3.2.1 Amostra das escolas ........................................................................................ 50

4.4 Critérios de inclusão e exclusão ......................................................................... 51

4.5 Procedimentos da coleta de dados ..................................................................... 52

Page 15: dissertação de mestrado - Cássia

4.6 Riscos envolvidos .............................................................................................. 53

4.7 Análise dos dados ........................................................................................... 53

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................. 55

5.1PRIMEIRO MOMENTO: PERFIL DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES que

atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas municipalizadas da

Diretoria de Ensino de Mogi Mirim............................................................................ 58

5.2 SEGUNDO MOMENTO: PERFIL DE ATUAÇÃO (Escolha, série e período (antes,

durante e/ ou depois da municipalização))dos professores que lecionam nas séries

iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas municipalizadas da Diretoria de Ensino de

Mogi Mirim ............................................................................................................ 72

5.3 TERCEIRO MOMENTO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS abordados pelos

professores que lecionam nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas

municipalizadas da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim .......................................... 77

5.4 QUARTO MOMENTO: IMPACTOS DA POLÍTICA DE MUNICIPALIZAÇÃO

PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA, nas escolas municipalizadas da Diretoria de Ensino de

Mogi Mirim .............................................................................................................. 100

5.4.1 CRUZAMENTO DOS DADOS E DAS DISCUSSÕES ENTRE PROFESSORES

E DIRETORES SOBRE OS IMPACTOS DA MUNICIPALIZAÇÃO PARA A

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO

E.F............................................................................................................................... 113

5.5 QUINTO MOMENTO: QUEM DEVE LECIONAR AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL....................................................................................................117

5.5.1 CRUZAMENTO DOS DADOS E DAS DISCUSSÕES ENTRE PROFESSORES

E DIRETORES SOBRE AS JUSTIFICATIVAS DO POR QUE O PROFESSOR

ESPECIALISTA QUE DEVE LECIONAR A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F................................................................................129

5.5.2 Algumas considerações sobre a formação e atuação do pedagogo e do professor de

Educação Física com esta disciplina nas séries iniciais do E.F.....................................132

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 137

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 140

APÊNDICE A – Carta de apresentação e informações ao diretor .......................... 147

APÊNDICE B – Carta de apresentação e informações ao professor ....................... 148

APÊNDICE C– Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o professor .... 150

APÊNDICE D - Questionário para o professor ...................................................... 152

Page 16: dissertação de mestrado - Cássia

APÊNDICE E – Carta de apresentação e informação ao diretor ........................ 154

APÊNDICE F – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para professor....... 156

APÊNDICE G – Questionário do diretor ................................................................. 158

ANEXOS ................................................................................................................. 161

Page 17: dissertação de mestrado - Cássia

1

1 INTRODUÇÃO

No ano de 2005, quando estava cursando o último semestre da graduação em

Educação Física, prestei o concurso para professor de Educação Física do Estado de São

Paulo, obtendo a aprovação. Nesta época, residia na cidade de Águas de Lindóia, onde

existiam três escolas estaduais com Ensino Fundamental e, dentre elas, apenas duas tinham

vagas livres para efetivação do professor em Educação Física.

Contudo, devido à época, tive que ficar atenta a um item imprescindível, que era

concernente a um processo denominado de municipalização, uma política educacional que

transfere as responsabilidades das escolas estaduais para as escolas municipais. Porém, eu

ainda não tinha conhecimento aprofundado sobre o assunto e as escolas estaduais de Águas

de Lindóia vinham passando pelo mesmo processo desde 1999. Tal fato impactava

diretamente na atribuição das aulas para o professor de Educação Física.

Somente em 2004 me deparei com a situação, quando estava no penúltimo ano da

faculdade e pretendia estagiar de 1ª a 4ª séries na E.E. Dr. Francisco Tozzi. Entretanto, não

foi possível porque estas séries iniciais estavam ano a ano sendo fechadas. Isso aconteceu

por vários fatores: a abertura da 1ª série em 2003 na E.M.E.I. Mirella de Godói e, no final do

ano de 2004, a inauguração da Escola Municipal Geraldo Mantovani.

Alguns educadores da Rede Municipal e Estadual atribuíram a este fato um tipo de

municipalização denominada de Rede Paralela1. Por ter acontecido ano a ano, há ainda

outros educadores que não classificaram o ocorrido como Rede Paralela, explicando que não

foi esta a intenção, a priori.

Assim, em 2005, diversos rumores surgiam a respeito de uma das escolas de Águas

de Lindóia que ocupava o primeiro lugar na minha preferência na lista das escolas em que

pretendia me efetivar: a escola seria municipalizada.

Diante disso, por meio de conversas informais com alguns professores e diretores da

rede estadual e municipal, fui tentando adquirir maiores conhecimentos a propósito do

assunto para que eu não fosse prejudicada logo no meu primeiro cargo. Os professores me

orientaram no sentido de que, se a municipalização ocorresse na escola em que optasse para

o cargo de professor, eu poderia ficar adida pelo fato de a Diretoria Municipal de Educação

1 A Rede Paralela é considerada pelos gestores e professores, de forma geral, pior do que quando o processo de

municipalização ocorre em todas as séries e no mesmo ano, pois a primeira acaba prejudicando mais as escolas

estaduais que vão perdendo seus alunos; consequentemente, as classes vão sendo diminuídas e os professores

podem ficar adidos.

Page 18: dissertação de mestrado - Cássia

2

poder substituir o professor de Educação Física pelo professor polivalente para lecionar, nas

séries iniciais este componente curricular. Assim, se eu não fosse “aproveitada” pelo

município, ficaria sem trabalho, ganhando um salário menor pelo Estado.

Este processo vivido em Águas de Lindóia é um exemplo de como a municipalização

veio acontecendo e interferindo na legitimação da presença do professor de Educação Física

e na área da Educação Física escolar numa das cidades que fazem parte da Diretoria de

Ensino de Mogi Mirim, que é composta por 13 cidades (que servirão de base para este

estudo e que também passaram por este processo).

Apesar deste primeiro contato que vivenciei entre política pública e educação ter me

causado uma impressão negativa acerca do processo de mucipalização e sua relação com a

atuação profissional do educador físico, esta problemática me motivou para esta pesquisa,

justamente para investigar quais foram os reais impactos deste processo.

Dessa forma, este estudo tem como objetivo geral investigar os impactos da política

de municipalização das escolas na legitimação da Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental (E.F). E, como objetivos específicos identificar em quais aspectos estes

impactos geraram mudanças para a Educação Física; constatar qual é o professor que vem

lecionando as aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental frente ao

processo de municipalização; constatar o perfil de formação e atuação (especialista ou

polivalente) e analisar e discutir como as leis (estaduais, LDB, orgânica etc.) colaboram ou

não para a legitimação da Educação Física nestas séries.

Esta pesquisa justifica-se pela ainda incipiente e não profícua desenvoltura deste

tema na área da Educação Física, especificamente no que concerne à política de

municipalização. Visamos, a partir da exposição e análise dos dados da amostra estudada,

apontar alguns aspectos relacionados às aulas de Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental, destacando-se o aspecto que trata do profissional que está (e estava)

lecionando estas aulas. Estes apontamentos colaboram sobremaneira para a os debates na

área da Educação Física escolar.

Para apresentar a problemática e elucidar o referencial teórico, esta pesquisa constará

de quatro capítulos. No primeiro capítulo serão discutidas as rupturas e permanências da

legislação no que tange à Educação Física no currículo da Escola Brasileira e à inserção do

professor de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Para isso, serão

apresentados alguns decretos, pareceres, resoluções, diretrizes e leis que tiveram como meta

regulamentar e legitimar a Educação Física e a presença do professor de Educação Física na

escola. Enfatizaremos a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 desde como foi construída até

Page 19: dissertação de mestrado - Cássia

3

quando se incluiu nesta a Educação Física escolar como componente curricular obrigatório –

no artigo 26º – e suas devidas falhas ou brechas que prejudicam a legitimação da Educação

Física no espaço escolar até hoje, mesmo com as duas leis que surgiram depois (a Lei

10.328/2001 e a presente Lei nº 10.793/2003), que proporcionam diversas facultatividades

deste componente curricular para os alunos na escola.

O segundo capítulo tratará do Sistema Brasileiro de Educação, já que as leis

discutidas no capítulo 1 e o processo político educacional de municipalização estão nele

inseridos. Serão apontadas algumas divergências e convergências em relação à definição do

que consiste um sistema e de como este sistema educacional vem se organizando no Brasil.

Haverá uma breve retrospectiva histórica da política da descentralização e da

municipalização que se instauraram no Brasil desde a década de 50 em diversos Estados e,

em especial, em São Paulo, além das implicações desta política para uma sociedade

democrática. Serão apresentadas também as definições dessas análises e o que elas

representam ou deveriam representar para melhorar a qualidade do ensino.

No terceiro capítulo serão expostos e detalhados os Procedimentos Metodológicos

que foram utilizados neste estudo, como o tipo de pesquisa, o instrumento de pesquisa, a

população, a amostra, os critérios de inclusão e exclusão, os procedimentos da coleta de

dados, os riscos envolvidos e análise dos dados.

No quarto capítulo serão apresentados e analisados os dados que foram coletados,

por meio dos questionários aplicados aos professores e diretores pertencentes à amostra

desta pesquisa. Estes dados serão apresentados em gráficos e tabelas, e em seguida

discutidos Para melhor compreensão dividimos em cinco momentos esta análise.

Portanto, o trabalho percorrerá questões educacionais relacionadas à política e a

gestão educacional e suas possíveis relações com o campo da Educação Física,

estabelecendo muitas vezes um discurso do macrossistema para o microssistema, levando

em consideração a legitimação do espaço do professor de Educação Física nas séries iniciais

do Ensino Fundamental (E.F) e no processo de municipalização.

Page 20: dissertação de mestrado - Cássia

4

2 AS INTERVENÇÕES DA LEGISLAÇÃO NA EDUCAÇÃO E NA EDUCAÇÃO

FÍSICA

Este capítulo objetiva delinear a trajetória da legislação da Educação Física escolar,

de maneira sucinta, uma vez que esta relaciona-se com o processo de municipalização

estudado. Para isso, serão apresentados e discutidos alguns decretos, pareceres, resoluções,

diretrizes e leis, bem como as suas rupturas, permanências e tensões. O que,

consequentemente, como será visto adiante, vem provocando conflitos e entraves para a área

e para os professores de Educação Física, principalmente na Educação Infantil e nas séries

iniciais do Ensino Fundamental.

Também será elaborado um paralelo entre alguns fatos marcantes que se sucederam

na história, abrangendo fatores políticos, econômicos e sociais que influenciaram e

influenciam até hoje a Educação e a Educação Física escolar, sobretudo quanto à sua

legitimidade nas instituições de ensino como um componente curricular obrigatório.

2.1 Rupturas e permanências da legislação no que tange à Educação Física no

currículo e na inserção do professor de Educação Física na escola

Como será evidenciado a seguir, a Educação Física conseguiu sua sustentação no

currículo escolar desde o Império até os dias atuais devido às diversas justificativas que

foram vinculadas a ela, cujos responsáveis foram os militares e o Poder Público (por meio

dos pareceres, resoluções, decretos e leis).

Conforme Góis Jr. e Simões (2011, p.118) explanam:

Tentamos compactuar vários pensamentos que valorizam a Educação Física, não

interessava a posição política ou teórica. Portanto, não tínhamos uma posição teórica

definida. O que importava era provar que a Educação Física tinha grande utilidade

para a sociedade, construindo um discurso legitimador a favor dessa prática.

No ano de 1851, pela Reforma Couto Ferraz, a Educação Física adentrou

oficialmente nas escolas, tornando-se obrigatória nas instituições de ensino do município da

Corte (BRASIL,2000). Segundo Marinho (1952), a Lei n° 630 de 17/09/1851 foi a

responsável por inserir a ginástica nas escolas primárias.

Betti (1991) esclarece que, no ano de 1854, foi emitido o “Regulamento da Instrução

primária e secundária do Município da Corte” por Luiz Pedreira do Couto Ferraz que já

Page 21: dissertação de mestrado - Cássia

5

atuava como ministro do Império na época. Esse regulamento obrigava a disciplina de

ginástica no primário e a dança no secundário, sendo que em 1855 foi promulgado este

regulamento pelo mesmo autor (MARINHO, 1952).

Alguns legisladores, receosos diante do estranhamento gerado pela questão de gênero

por parte dos pais e devido à obrigatoriedade da ginástica na escola, enviaram para a

instrução pública primária um regulamento determinando que as meninas não precisariam

realizar os exercícios ginásticos ainda que a Educação Física e Moral permanecessem

presentes nos currículos escolares como matérias de ensino (SOARES, 2007).

Vale ressaltar que, até pouco tempo atrás, tanto no ensino universitário como em

algumas escolas se fazia algo parecido, separando-se as meninas dos meninos nas aulas de

Educação Física ou ensinava-se esportes para os meninos e ginástica para as meninas.

Curiosamente, como será debatido no decorrer desse trabalho, esta época do Império,

conforme expôs Soares (2007), foi generosa em decretar leis para a Educação Física nas

escolas. Mesmo com vários problemas no ensino público, ela profere que estes não foram

motivos para deixarem a Educação Física num segundo plano2.

Como exemplo, Soares (1994), citada por Góis Jr e Simões (2011), foi no ano de

1879 que o ensino da ginástica, por meio do decreto n° 7247, se torna obrigatório na capital

do Brasil. Para que isso acontecesse, em 1882, Rui Barbosa deu seu parecer sobre o Projeto

n. 224 – “Reforma do Ensino Primário e várias Instituições Complementares da Instrução

Pública”, pronunciando-o na Câmara dos Deputados em 12 de setembro de 1882. Seguem as

medidas para a instalação de uma escola normal de ginástica, como foi aconselhado por Rui

Barbosa (1883, p.98):

1° Instituição de uma secção especial de ginástica em cada escola normal.

2º Extensão obrigatória da ginástica a ambos os sexos, na formação do professorado

e nas escolas primárias de todos os graus, tendo em vista, em relação à mulher a

harmonia das formas feminís e as exigências da maternidade futura.

3º Inserção da ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, em horas

distintas das do recreio, e depois das aulas. 4º Equiparação, em categoria e autoridade, dos professores de ginástica aos de todas

as outras disciplinas.

Para Marinho (1952) este foi o principal episódio de todo o período do Brasil-

Império, de acordo com o projeto apresentado anteriormente. E, segundo Darido (2003), foi

no ano de 1882 que Rui Barbosa colocou a ginástica como obrigatória aos dois sexos nas

Escolas Normais. Afinal, seriam estes professores, formados nas escolas normais, que

2 Nota-se que estes problemas não são muito diferentes dos atuais.

Page 22: dissertação de mestrado - Cássia

6

atuariam nas escolas primárias e secundárias. Tais instituições de ensino deveriam ter a

ginástica como uma matéria de estudo inserida nos programas escolares, num horário

posterior às aulas e que não comprometessem o horário do recreio. Enfatizo ainda o último

ponto, recomendado por Barbosa, que foi igualar os professores de ginástica aos professores

de outras disciplinas e igualar a ginástica às outras disciplinas escolares.

Mesmo com todos estes instrumentos legais do período, que obrigavam a presença da

Educação Física ou da ginástica no currículo, na prática, pautando-se em Brasil (2000), a

disciplina não era garantida, especialmente nas escolas primárias, pela carência dos recursos

humanos para o trabalho com a Educação Física escolar. Betti (1991) indica que até a

década de 30 a Educação Física ficou restrita às escolas do Rio de Janeiro3 e às Escolas

Militares.

No ano de 1927 surgiu a edição francesa definitiva do “Regulamento Geral de

Educação Física” (também chamado de Regulamento da Educação Física n. 7 ou Método

Francês), que enfatizou uma Educação Física que visasse o desenvolvimento harmônico do

corpo, a conservação e a melhoria do funcionamento dos órgãos, devendo ser orientada pelo

viés da anatomia e fisiologia. Foram recomendadas para esta metodologia seis maneiras de

trabalhar o físico: por meio de jogos, flexionamentos, exercícios educativos, aplicações,

esportes individuais e coletivos. Uma pesquisa realizada no ensino secundário em 1940

encontrou a adoção deste método em 89% das instituições investigadas (BETTI, 1991).

De acordo com Betti (1991), no ano de 1937, o governo autoritário de Getúlio

Vargas – político que se interessava pela inserção da Educação Física na escola – introduziu

a Educação Física na Constituição de 10 de novembro de 1937, nos artigos 127, 131, 132 no

currículo escolar:

Art 127 - A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias

especiais por parte do Estado, que tomará todas as medidas destinadas a assegurar-

lhes condições físicas e morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das

suas faculdades.

Art 131 - A educação física, o ensino cívico e o de trabalhos manuais serão

obrigatórios em todas as escolas primárias, normais e secundárias, não podendo

nenhuma escola de qualquer desses graus ser autorizada ou reconhecida sem que

satisfaça aquela exigência.

Art 132 - O Estado fundará instituições ou dará o seu auxílio e proteção às fundadas por associações civis, tendo umas; e outras por fim organizar para a juventude

períodos de trabalho anual nos campos e oficinas, assim como promover-lhe a

disciplina moral e o adestramento físico, de maneira a prepará-la ao cumprimento,

dos seus deveres para com a economia e a defesa da Nação.

3 O Rio de Janeiro era município da corte imperial e capital da República neste período.

Page 23: dissertação de mestrado - Cássia

7

Assim, como pode ser observado no artigo 127 desta Constituição, o Estado (de

forma ideológica) garante às crianças e aos jovens o desenvolvimento do corpo são, mente

sã.

No artigo 131, a Educação Física foi incluída no currículo escolar de maneira

obrigatória, em todas as escolas e graus, porém, não há uma especificação se era tratada

como um componente curricular ou uma prática educativa.

No artigo 132 pode-se notar o caráter militar e nacionalista da constituição, que faz

menção ao adestramento físico dos jovens para a defesa da nação e para o cumprimento dos

deveres com a economia. E algo semelhante vem permeando as legislações na atualidade, no

que se refere às questões da saúde.

Outra ruptura na legislação para a regulamentação e legitimação da Educação Física

ocorreu no Período da República Populista (1945 a 1964). De acordo com Aranha (2006),

havia nesta época um debate nunca visto na Educação, tendo-se como pano de fundo o

anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que levou treze anos para entrar em

exercício. Segundo Castellani Filho (1998, p.5) “a Educação Física esteve contemplada na

primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.º 4024 de 20 de dezembro

de 1961 – em seu artigo 22”.

Apesar das boas intenções deste anteprojeto, quando a Lei n° 4.024 de 20 de

Dezembro de 1961 foi publicada, esta se encontrava ultrapassada pelas demandas da

industrialização (ARANHA, 2006). Nela se fixavam as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, cujo primeiro artigo relatava que a educação nacional era inspirada nos princípios

da liberdade e da solidariedade humana, tendo-se como objetivos fundamentais o preparo do

indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos, na tentativa

de diminuir as dificuldades do meio. De acordo com esta mesma lei, no segundo artigo, a

educação já era direito de todos e também seria oferecida no lar e na escola (BRASIL,

1961).

À luz desta lei, promulgada em dezembro de 1961, Darido e Rangel (2005)

esclarecem que a Educação Física também já era obrigatória para os cursos do ensino

primário e médio até os 18 anos de idade, de acordo com o artigo 22 desta mesma lei.

Castellani Fillho (1998) afirma que se instituía primordialmente para a Educação

Física a função de preparar os jovens para o ingresso no mercado de trabalho de forma

produtiva, ou seja, houve uma transição dos objetivos militares para os do mercado, ainda

com vistas a uma colaboração com o desenvolvimento da nação. E acrescenta que as razões

justificadoras do tratamento por esta lei já estavam presentes há trinta anos, situando-se no

Page 24: dissertação de mestrado - Cássia

8

processo da industrialização e no modelo econômico brasileiro, que substituiu o modelo

agrário-exportador, implementado nos anos 30, necessitando aprimorar-se a capacitação

física juntamente com a técnica do trabalhador, havendo a necessidade do adestramento

físico4.

Nesse contexto, podemos identificar, segundo Castellani Filho (1988, p. 104), que

“A inspiração liberalista que caracterizava a Lei n° 4.024/61, cede seu lugar a uma tendência

tecnicista nas Leis números 5.540/68 e 5.692/71 [...]”. Shiroma, Moraes e Evangelista

(2007), afirmam que estas duas últimas leis serviram basicamente de apoio para a reforma

do ensino superior e para a reforma do ensino de 1º e 2º graus.

Em 1971, com a reforma educacional do primeiro e do segundo graus de ensino,

durante a época mais grave da ditadura no governo Médici, a Lei nº 5.672/71 se

reestruturava e ampliava o ensino e a obrigatoriedade escolar de quatro para oito anos.

Criou-se a escola única profissionalizante com a tentativa de eliminar a divisão entre a

escola secundária e técnica, para que o aluno, ao concluir o ensino médio, estivesse

capacitado para ingressar no mercado de trabalho. Além disso, diversas modificações foram

feitas na regulamentação do currículo escolar, por meio de pareceres, inserindo-se matérias

obrigatórias como Educação Física, Educação Moral e Cívica, Educação Artística, Religião

e Programa de Saúde (ARANHA, 2006).

Essas mudanças apontadas influenciaram também a “função” da Educação Física

para a sociedade e para o sistema educacional. Havendo mais uma ruptura da legislação, que

se manifestou na Lei nº 5.692 de 11 de setembro de 1971, conforme Castellani Filho (1988),

esta ampliou a obrigatoriedade da Educação Física para todos os níveis e ramos de

escolarização, mas era considerada facultativa aos alunos que estudassem à noite,

trabalhassem mais de 6 horas diárias, tivessem mais de 30 anos de idade, estivessem

prestando o serviço militar ou fossem fisicamente incapacitados.

Seis anos depois, por meio da Lei nº 6.503 de 13 de dezembro de 1977, se

instauravam mais dois itens que facultavam as aulas de Educação Física para os alunos de

pós-graduação e às mulheres com prole (CASTELLANI FILHO, 1988).

É evidente que “essas opções de facultatividade reforçavam as intenções do governo

da época, de que a Educação Física fosse apenas um instrumento de preparação do

trabalhador” (DARIDO; RANGEL, 2005, p. 55), justificando-se exclusivamente para

4 Adestramento Físico: termo utilizado pela Carta Magna do Estado Novo, que estava associado à formação de

um corpo produtivo, forte e saudável, que se submetesse a alienação do trabalho fabril sem questionamentos;

consequentemente, obediente e disciplinado.

Page 25: dissertação de mestrado - Cássia

9

cumprir a ação pedagógica na atividade física, sem a obrigação de ser teorizada ou refletida.

Portanto, a Educação Física era considerada uma mera atividade extracurricular,

principalmente após a década de 1980, sem nenhum comprometimento educacional para

além do patriótico e cívico.

Nesta perspectiva é possível apontarmos, como também mencionado por Freire

(2009, p.187), que a Educação Física esteve mais legalmente amparada no Brasil durante o

período de autoritarismo do que nos períodos democráticos; e que, apesar disso, ainda na

atualidade, ela não conseguiu se consolidar na Educação como “[...] uma atividade

imprescindível à formação dos cidadãos. Talvez porque se esse amparo por um lado garantiu

sua existência legal, por outro não garantiu seu papel educacional”.

Em 1988, com a Constituinte, foram estabelecidos alguns pontos a favor, sobretudo

da escola pública, que organizaram as linhas mestras da Carta Magna. A partir destes, foi

elaborada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (ARANHA,

2006).

Na IV CBE5, em 1986, Shiroma, Moraes e Evangelista (2007), recordam que

Demerval Saviani6 garantiu que as sugestões indicadas pelos educadores foram agrupadas na

Carta de Goiânia e quase na íntegra na Carta Magna no capítulo da Educação, sendo

promulgada em 1988, fornecendo a estrutura imprescindível às mudanças na educação

brasileira. No entanto, como será explicitado adiante, o projeto da LDB aprovado em 1996

não correspondeu às vontades nutridas em quase vinte anos pelos mesmos educadores.

Seguem alguns pontos fundamentais da nova Constituição de 1988 para a Educação,

balizados por Aranha (2006):

Ensino público gratuito em estabelecimentos oficiais;

Ensino fundamental obrigatório e gratuito;

Extensão do ensino obrigatório e gratuito de maneira progressiva ao ensino

médio;

Atendimento em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos;

Valorização dos profissionais que atuam no ensino, com planos de carreira;

Investimento anual pela União de nunca menos de 18% e pelos Estados,

Distrito Federal e municípios de 25%, no mínimo, da receita resultante de

impostos, na manutenção do desenvolvimento do ensino;

5 CBE – Conferência Brasileira de Educação.

6Doutor em Filosofia da Educação e Pedagogo.

Page 26: dissertação de mestrado - Cássia

10

Autonomia universitária;

Assegurar a distribuição dos recursos públicos concedendo como prioridade

as necessidades do ensino obrigatório pautando-se no plano nacional de

educação;

Plano nacional de educação visando a articulação e ao desenvolvimento do

ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que

conduzissem ao fim do analfabetismo, universalização do atendimento

escolar, melhoria da qualidade do ensino, promoção científica, humanística e

tecnológica do país, formação para o trabalho;

A oferta irregular ou a não oferta do ensino público implica a

responsabilidade da autoridade competente (podendo gerar processo);

Os recursos públicos para as escolas públicas poderiam ser encaminhados a

escolas comunitárias confessionais ou filantrópicas, desde que comprovada a

finalidade não lucrativa.

Quanto à legitimação da Educação Física no currículo escolar, Castellani Filho

(1998, p.9, grifos do autor) encontrou na primeira versão da Carta Magna, de 5 de outubro

de 1988, apresentada à Câmara dos Deputados, em 1988, pelo Deputado Octávio Elísio,

que:

Não havia menção à obrigatoriedade da Educação Física, trazendo seus artigos 33,

37 e 46 (pertinentes, respectivamente, à educação escolar de 1º, 2º e 3º Graus), a

explicitação de que os currículos das escolas de 1º grau abrangeriam

“obrigatoriamente, o estudo da língua nacional, matemática, ciências naturais e

ciências sociais”; os de 2º grau abrangeriam “obrigatoriamente, além da língua

nacional o estudo teórico- prático das ciências e da matemática, em íntima vinculação com o trabalho produtivo [...]

É plausível dizer que o Poder Público pouco conhecia dos avanços da Educação

Física escolar e que, portanto, por mais que muitos dos docentes se esforçassem para se

desvencilhar do viés biologista ou mecanicista da área para a escola, aqueles que

“escolhiam” os rumos para educação no poder público permaneciam arraigados numa

Educação Física escolar de cunho militar.

Em 1987, de acordo com Shiroma, Moraes e Evangelista (2007), começaram as

discussões em torno de um projeto para a elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDBEN ou LDB). Este projeto foi preparado por Demerval Saviani – e

Page 27: dissertação de mestrado - Cássia

11

apresentado pelo deputado Octávio Elísio, em 1988, à Câmara Federal. Assim surgiram as

reivindicações que foram incorporadas ao texto constitucional, recebendo, após debates, as

emendas, o que foi relatado pelo deputado Jorge Hage.

É importante enfatizar que a comunidade educacional ficou organizada por meio do

Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública7, pois se sabia da importância deste

documento e do que estaria por vir (SHIROMA; MORAES; EVANGELISTA, 2007). Estas

tramitações serão apresentadas a seguir.

Conforme relata Brzezinski (2005), decorreram-se oito anos de transações

legislativas e intervenções do Executivo que descaracterizaram este primeiro anteprojeto da

LDB defendido pelos educadores – ele abrangia, como ponto inicial, subsidiar a Constituinte

Nacional em relação às políticas educacionais.

Dois anos depois, na V CBE, com a Declaração de Brasília, foram indicadas, como

eixo para a LDB:

A Universalização do Ensino Fundamental;

Organização de um Sistema Nacional, garantindo a articulação dos

vários níveis e modalidades de ensino em todas as esferas (federal,

estadual e municipal).

A finalidade deste eixo era assegurar de forma democrática a melhora contínua da

qualidade, seja na inclusão social ou na gestão, que também norteou outro anteprojeto, o de

n° 1.258-C/88, defendido pelo Fórum em Defesa da Escola Pública. No ano de 1993, na

Câmara dos Deputados, por meio de difíceis negociações, tais ideias transformaram-se num

texto possível (BRZEZINSKI, 2005).

Segundo este mesmo autor, concluiu-se que este não foi

o projeto desejado pelos educadores, pois lamentavelmente esse não vingou, mas

de um outro que teve como ponto de partida o anteprojeto do senador Darcy

Ribeiro8, elaborado de forma pouco democrática, mediante uma conciliação

oculta9 com o Executivo e apresentado em 1992. (BRZEZINSKI, 2005, p.14)

O mesmo ponto de vista assume Pino (2005) quando relata que a LDB, construída

pelo senador Darcy Ribeiro, por meio de medidas provisórias ou projetos de leis, portarias,

7 Ao qual estavam coligadas mais de 30 entidades nacionais de esferas sindical, acadêmica, profissional e

religiosa.

8 Além de político, foi escritor, antropólogo, educador e membro da Academia de Letras.

9 É uma prática do dia a dia dos bastidores do Congresso Nacional que ocultam as concessões feitas aos

privilegiados e excluem os oprimidos, a favor de uma hegemonia ideológica.

Page 28: dissertação de mestrado - Cássia

12

resoluções e decretos presidenciais, cumpriu o papel de atar as políticas proporcionadas pelo

Executivo.

Diante de tantos empecilhos, é importante refletir por quais razões tudo isso se

sucedeu e é fundamental abordar o momento histórico e político pelo qual o Brasil passava

para compreender como a LDB foi influenciada e serviu a determinadas forças. “Nos

descaminhos da tramitação do projeto, sobressai a carta posta na mesa, em maio de 1992,

pelo governo Collor. O senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ) apresentou um texto próprio no

Senado, atropelando as negociações inconclusas na Câmara dos Deputados” (SHIROMA;

MORAES; EVANGELISTA, 2007, p. 43).

Em 1993, o projeto da Câmara sob a relatoria do deputado Cid Sabóia foi enviado ao

Senado. Porém, com a entrada de Fernando Henrique Cardoso no poder como presidente em

1994, formaram-se duas forças e, consequentemente, duas alianças no Congresso Nacional

(PSDB X PFL).

Em 1995, Darcy Ribeiro apresentou o novo substitutivo, que já procedia de acordos

entre o ministro da Educação, Paulo Renato, e o governo FHC, conforme Saviani (1996) nos

conta, este projeto foi aprovado pelo presidente sem oposição, evento semelhante só ocorreu

com a LEI 5.692/71, durante o governo Médici, de forma antidemocrática, pregada pelo

autoritarismo, e a oposição nada pôde fazer, ficando silenciada (SHIROMA; MORAES;

EVANGELISTA, 2007).

Apesar do amplo debate gerado pelos jogos de forças partidárias e um grande

descontentamento por parte dos educadores, a Lei de Diretrizes e Bases foi promulgada em

20 de dezembro de 1996, tendo como função, segundo Silva (1998, p.13), “se limitar à

regulamentação dos princípios educacionais estabelecidos na Constituição Federal e a ditar,

de forma geral, como esses princípios podem ser aplicados pelos sistemas de ensino nas

respectivas redes escolares”.

Os termos “diretrizes” e “bases” podem ser compreendidos, segundo Silva (1998,

p.13), por meio do que argumentou o professor Celso Kelly (ex- Secretário de Educação do

Rio de Janeiro):

As Diretrizes indicam as finalidades e objetivos da educação, desde os políticos e

cívicos até os pedagógicos e didáticos: são as diretrizes da política educacional, seja

exercida por quem quer que o faça, em iniciativa pública ou privada.

As Bases correspondem aos meios ou recursos, quer de ordem institucional, e, como

a ação se desenvolve em diferentes domínios oficiais- da União aos Municípios – e a

área privada, impõe-se a discriminação das competências, ou seja, a determinação

dos poderes, ponto de partida das fases na consecução da ação educativa.

Page 29: dissertação de mestrado - Cássia

13

Para Frauches e Fagundes (2003), a LDB teve como norte os princípios da cidadania,

pluralismo político, sociedade livre, justa, solitária e a redução das desigualdades sociais,

que foram algumas das linhas mestras da Lei Magna. Trata-se de uma lei de instância

federal, composta por 92 artigos e está sintonizada com a década de 90 – período marcado

por profundas mudanças, como a globalização e a modernidade – e baseada nos princípios

de flexibilidade, autonomia, inclusão e democracia.

Na ótica de Silva (2001, p.2):

A atual LDB foi um marco para a educação brasileira, visto que após anos e anos de debates entre a sociedade civil e seus representantes no Congresso

Nacional e Câmara dos deputados foi promulgada a Lei que buscava dar um

direcionamento a educação brasileira, mesmo que esse direcionamento fosse

mascaradamente legitimado pelo Neoliberalismo.

Neste período de redemocratização, em 1998, foi publicado um documento oficial

pelo Ministério da Educação considerado importante para todas as áreas da Educação,

inclusive da Educação Física escolar: os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação

(PCNs).

Os PCNs não devem ser confundidos com uma lei, mas quando foram

confeccionados, estavam pautados, segundo Darido e Rangel (2005), na lei nº 9394/96

(BRASIL, 1996). Britto (1999) esclarece que o PCN é uma proposta significativa, porém,

não obrigatória para ser utilizada nas escolas.

A função deste documento é indicar algumas diretrizes para a Educação Física

Escolar, servindo de orientação e apoio para os professores quanto à escolha dos conteúdos

que serão trabalhados durante as aulas. Os conteúdos podem ser ajustados conforme cada

série, auxiliando também na elaboração do planejamento, dos projetos, do currículo, dentre

outros (BRASIL, 2000).

Em relação à Introdução dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª série) de

Educação Física, Paulo Renato de Souza10

(2000) declara que o objetivo do documento é

auxiliar o docente na execução de seu trabalho, “[...] compartilhando seu esforço diário de

fazer com que as crianças dominem os conhecimentos de que necessitam para crescerem

como cidadãos plenamente reconhecidos e conscientes de seu papel em nossa sociedade”.

Isto será obtido, segundo o Ministro da Educação, por meio do oferecimento de pleno acesso

à cultura, característica fundamental para a aquisição da cidadania.

10 Foi um dos fundadores do PSDB em 1988, e foi o ministro da Educação durante o governo Fernando

Henrique Cardoso de 1 de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2002.

Page 30: dissertação de mestrado - Cássia

14

Podemos inferir que os PCNs são documentos oficiais pautados na LDB, inclusive

com alguns avanços em relação a ela, e, por isso, as suas propostas refletem o que a Lei

Federal estabelece. Podemos tomar como exemplo disso o que se refere ao TÍTULO II –

DOS PRÍNCIPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL, ART. 3º, Inc. II – “liberdade de

aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber”.

Coerentemente, os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física vão ao encontro

deste inciso, principalmente no que tange à cultura, ao explicitar que a Educação Física

escolar deve garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, ajudando-os na

formação de um estilo próprio ou também chamado de estilo pessoal, além de proporcionar

instrumentos para apreciação e críticas dos esportes, jogos, ginásticas, lutas, atividades

rítmicas e expressivas que compõem os blocos de conteúdos da disciplina.

Outro exemplo pode ser dado a respeito dos PCNs, que estão pautados na lei,

retomando-se à LDB- 9394/96 no TÍTULO II – DOS PRINCÍPIOS E FINS DA

EDUCAÇÃO NACIONAL – no Artigo 3º, Inc. III – “pluralismo de ideias e concepções

pedagógicas”. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física – terceiro e quarto

ciclo do Ensino Fundamental (BRASIL, 1998, p. 38) – propõem, com a denominação de

Pluralidade Cultural, que “A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas

corporais advindas das mais diversas manifestações culturais.” Baseando-se nestas

proposições, é fundamental que o professor de Educação Física na escola propicie aos

alunos a experiência de diversificadas práticas corporais e não exclusivamente o seu esporte

predileto ou o do aluno; ao contrário, devem ser possibilitadas as práticas originárias das

várias regiões do Brasil, como também de outros países, além das múltiplas ascendências

étnicas e sociais que constituem o patrimônio cultural, necessitando ser conhecidos e

apreciados, contra o preconceito e discriminação diante dos diferentes grupos e pessoas que

o formam (BRASIL, 1998). Ideias semelhantes estão relacionadas também ao Inciso IV

deste mesmo artigo que, condiz ao “respeito à liberdade e apreço à tolerância”.

Como considerações desde tópico, é primordial enfatizar que a Educação Física

necessita ir além dos aspectos legais que muitas vezes a restringe e a limita e ir em busca de

sua legitimação para a sociedade, diferenciando-a das demais disciplinas. (SOARES;

TAFFAREL; ESCOBAR, 1992).

Page 31: dissertação de mestrado - Cássia

15

2.2 As implicações da LDBEN 9394/96 na legitimação da Educação Física na escola

Após esta breve retrospectiva acerca das permanências e rupturas da legislação frente

à legitimação da Educação Física na escola, focaremos a LDB 9394/96 e o que ela

estabelece legalmente para a Educação Física e a auxilia, ou não, para a legitimação da

Educação Física escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

A Lei n.º 9.394/96 (LDBEN), no artigo 26, Parágrafo 3°, garante que “A educação

física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação

Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa

nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996).

Apesar da intencionalidade desta lei, com o objetivo de modificar positivamente o

status da Educação Física para ser considerada um componente curricular como outras

disciplinas ou matérias escolares, ela não garantiu a especificação da presença das aulas de

Educação Física em todas as etapas da Educação Básica, nem que os professores que

ministrassem estas aulas tivessem uma formação específica (DARIDO; RANGEL, 2005).

Devide (2002) expõe que ainda é percebido, por acadêmicos e professores da área, a

falta de professores especialistas de Educação Física no Ensino Infantil, enquanto no Ensino

Fundamental e Médio se denota que a presença do mesmo tende acontecer com maior êxito

a partir da 5ª série ou 6º ano.

Cabe destacar que em nosso estudo, que contempla uma amostra de doze cidades da

Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, todas já haviam se efetivado, por meio de concurso

público, o professor de Educação Física do 1º ao 5º ano até o ano de 2011 – embora 75%

destes professores tivessem começado a lecionar a disciplina de Educação Física depois de

ter ocorrido o processo de municipalização do local onde atuam; e três cidades, segundo

identificamos a partir das respostas dos professores e diretores, demoraram excessivamente

para implantar o docente especialista depois que ocorreu o processo de municipalização.

Isso provavelmente se deve pela tensão entre as leis, que não obrigam a atuação dos

Educadores Físicos nestas séries, e também depende do bom senso da Diretoria de Educação

de cada cidade, já que estas disponibilizam de autonomia, fato que será discutido com mais

rigor posteriormente.

Page 32: dissertação de mestrado - Cássia

16

Deste modo, devido à lacuna existente na LDB e pelo principio da autonomia11

,

dentre outros motivos, muitos Estados e Municípios permitem que o próprio professor da

sala de aula, ou seja, o polivalente atue no início do Ensino Fundamental e na Educação

Infantil lecionando as aulas de Educação Física.

Darido e Rangel (2005, p.56) afirmam que esses professores “muitas vezes não se

sentem preparados e motivados para trabalhar com o componente curricular de Educação

Física”, o que deve se dar por inúmeros motivos, como falta de subsídios teórico-práticos

(nem sempre bem orientados nos cursos de formação), receio de lidar com os conteúdos da

área (devido a experiências pessoais), temor a acidentes, entre outros.

Possivelmente, como uma tentativa de modificar a situação, a partir da Lei 10.328,

de 12 de dezembro de 2001, a palavra “obrigatório” foi citada após a expressão curricular,

assim artigo ficou com a seguinte redação: “a Educação Física, integrada à proposta da

escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas

etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”

(BRASIL, 2001). O que foi uma conquista para a Educação Física, no entanto, isso não foi

o suficiente para garantir sua legitimação na escola em todas as séries sendo ministrada pelo

professor graduado na área.

Essa facultatividade da lei não corrigiu as brechas já comentadas. Muito pelo

contrário, permitiu que muitos alunos do Ensino Médio e da EJA não participassem das

aulas de Educação Física na escola, portanto ressaltamos que também cabe ao professor de

Educação Física permanecer numa luta constante para mantê-la no currículo escolar.

Podemos proferir que esta lei ainda esteja calcada no viés biologista, mecanicista, ou no

paradigma dominante, que separa o corpo da mente. O mesmo discutiu Bracht e

colaboradores (2007, p.60):

Cristalizou-se um imaginário social sobre a Educação Física que a entende,

basicamente, como um espaço e tempo escolar vinculados ao fenômeno esportivo: o

esporte é o conteúdo central tratado nas aulas pelos professores, é a prática corporal

citada e valorizada pelos alunos, é a referência para as atividades extracurriculares

da Educação Física e também para as manifestações dos diretores de escola quando

se reportam ao seu papel. Nesta distribuição, é principalmente a partir da quinta série

do Ensino fundamental que se fortalece o seu ensino.

11

Título IV: Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as

normas gerais de direito financeiro público.

Page 33: dissertação de mestrado - Cássia

17

Em 1º de dezembro de 2003 a Educação Física no contexto escolar teve mais uma

vez a sua legitimidade questionada, por meio da Lei nº 10.793, que determinou que as aulas

de Educação Física passassem a ser facultativas, não mais aos alunos do período noturno,

mas, independentemente do período de estudos, àqueles que se enquadrassem nos seguintes

quesitos:

- Alunos com prole;

- Alunos que trabalhem com jornada igual ou superior a seis horas;

- Alunos que estiverem prestando o serviço militar inicial ou similar, obrigados à

prática da Educação Física;

- Alunos com mais de 30 anos;

- Alunos amparados pelo Decreto-Lei no 1.044

12, de 21 de outubro de 1969

(BRASIL,2003).

Esta Lei prevalece na atualidade, o que configura um retrocesso para a legitimação

da Educação Física na escola para todas as pessoas, conforme argumentam Darido e Rangel

(2005, p.56): “Essa alteração, de certa forma, retomou o que era preconizado há mais de 30

anos, dando a possibilidade de exclusão das aulas desse conteúdo a um grande número de

pessoas que se beneficiariam muito se as frequentassem”. Parece que a Educação Física está

anos-luz à frente da LDB, que entrava tais conhecimentos para a população e o crescimento

da própria área, além de se contradizer ao próprio documento oficial produzido pelo

Ministério da Educação.

Mesmo assim, ressalvo que os municípios e os Estados que ainda não

disponibilizaram para a Educação Infantil e para as séries iniciais do Ensino Fundamental o

trabalho do professor especialista, para o componente curricular de Educação Física, não

estão infringindo a lei, já que estão se pautando nela e em suas lacunas.

No caso do Estado de São Paulo, há uma regulamentação mais específica, que

determina qual professor lecionará a disciplina de Educação Física e em quais séries deverá

ser aplicado este componente curricular.

A partir da Resolução 184, de 27 de dezembro de 2002, garantiu-se o direito ao

professor especialista de ministrar as aulas de Educação Física em todas as séries, inclusive

12 Refere-se aos alunos de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas,

infecções, traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando distúrbios agudos ou agudizados.

Page 34: dissertação de mestrado - Cássia

18

nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o que pode ser considerado um grande salto para a

legitimação do espaço do professor de Educação Física nas escolas.

É possível que o responsável pela elaboração desta resolução tenha observado as

brechas existentes na LDB 9394/96, no art. 26, 3ª parágrafo, e na Lei 10.328/2001,

conseguindo modificá-las para melhor. Mas o exemplo não pode ser generalizado às demais

unidades da federação. Segue a Resolução 184:

Artigo 1º - As aulas de Educação Artística e de Educação Física previstas na matriz

curricular do ciclo I das escolas estaduais com carga horária semanal de 25 horas

serão desenvolvidas, em todas as séries, por professor portador de licenciatura plena

específica na respectiva disciplina e na conformidade do contido na presente

resolução (SÃO PAULO, 2002).

Em 2002, pautando-se na lei mencionada, a Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo apontou, entre algumas das justificativas, que a exploração e a vivência de atividades

lúdicas, esportivas e de socialização são importantes para o processo de desenvolvimento da

criança como estudante e cidadã. Por isso, a importância do trabalho com o docente

especialista de Educação Física.

Houve necessidade de se intensificar estes tipos de vivências para esta faixa etária –

entre 6 e 12 anos – e garantir a implementação de um trabalho conjunto entre os docentes de

Educação Física, Educação Artística e o professor polivalente. Ainda que estas disciplinas

tenham ter um plano específico a ser elaborado com a proposta pedagógica da escola.

No artigo 3º (SÃO PAULO, 2002) foi proposto que as duas aulas semanais de

Educação Física, ministradas pelo professor especialista, sejam acompanhadas pelo docente

polivalente da classe.

Quanto à ausência do professor especialista, a orientação dada é que o próprio

professor regente (polivalente) seja o responsável pelas aulas de Educação Física (SÃO

PAULO, 2002). Desta forma, ao mesmo tempo em que a lei traz uma obrigatoriedade do

especialista (parágrafo único), na ausência dos mesmos, a disciplina passa a ser

desenvolvida pelo professor polivalente, ou seja, há uma certa permissividade, que acomoda

as instituições de ensino a manter tudo a cargo do professor polivalente.

Em 2004, a Resolução 184, de 27 de dezembro de 2002, foi reformulada pela

Resolução SE 1, de 6 de janeiro de 2004. As alterações foram: duas aulas semanais para a

disciplina de Educação Física nas classes com carga horária de 25 horas semanais, e nas

classes com 20 horas semanais, uma aula apenas por semana. Outro ponto acrescido foi em

Page 35: dissertação de mestrado - Cássia

19

relação à ausência do professor devidamente habilitado em Educação Artística13

. No

entanto, neste parágrafo único, não se sugeriu nada em relação à Educação Física.

De acordo com Darido e Rangel (2005), outras redes públicas de ensino também

seguiram o exemplo do Estado de São Paulo e possuem professor especialista lecionando as

aulas de Educação Física no início do ensino fundamental, o que já é um ponto muito

positivo. É o caso da Secretaria de Educação do Município de São Paulo, que organizou o

currículo em dois eixos denominados Base Nacional Comum e Parte diversificada. Como

bem destacado e esclarecido na resolução CNE/CEB nº 07/2010, estes eixos devem ser

trabalhados de maneira articulada em cada sistema de ensino e escola (RESOLUÇÃO, nº

07/2010).

A Resolução nº 07, de 14 de dezembro de 2010, fixa as diretrizes curriculares

nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos, integrando a Educação Física escolar na

Base Nacional Comum do currículo. Segue o artigo:

Art. 14 - O currículo da base nacional comum ensino fundamental deve abranger obrigatoriamente, conforme o artigo 26 da Lei nº 9.394/96, o estudo da Língua

Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da

realidade social e política, especialmente a do Brasil, bem como o ensino da Arte, a

Educação Física e o Ensino Religioso.

O artigo 15, parágrafo 5º, da Resolução nº 7/2010, institui a Educação Física como

um componente obrigatório no currículo do ensino fundamental – pautando-se

adequadamente na lei maior, LDB 9394/96 –, devendo estar integrada à proposta político-

pedagógica da escola. Mas a facultatividade é prevista no Parágrafo 3º do art. 26 da LDB nº

9.394/96.

Na base diversificada do currículo das escolas municipais de São Paulo, de acordo

com a mesma Resolução, no artigo 17, será incluída de forma obrigatória, a partir do sexto

ano do Ensino Fundamental, pelo menos uma língua estrangeira moderna sobre a

responsabilidade de escolha da comunidade escolar.

Percebe-se que, nesse município, a disciplina de Educação Física vem sendo tratada

como um componente curricular não diferente dos outros. E ainda deve ser trabalhada de

forma interdisciplinar e contextualizada, pelo que é estabelecido no art. 16:

13

Parágrafo único: Na ausência de docentes devidamente habilitados, nos termos do caput deste artigo, as aulas

de Educação Artística poderão ser atribuídas obedecidas as disposições da resolução que disciplina o processo

regular de atribuição de classes e de aulas."

Page 36: dissertação de mestrado - Cássia

20

Art. 16 - Os componentes curriculares e as áreas de conhecimento devem articular

em seus conteúdos, a partir das possibilidades abertas pelos seus referenciais, a abordagem de temas abrangentes e contemporâneos que afetam a vida humana em

escala global, regional e local, bem como na esfera individual. Temas como saúde,

sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim como os direitos das crianças e

adolescentes, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº

8.069/90), preservação do meio ambiente, nos termos da política nacional de

educação ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o consumo, educação fiscal,

trabalho, ciência e tecnologia, e diversidade cultural devem permear o

desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do

currículo.

A partir das Leis e Resoluções supracitadas é possível identificarmos as tensões

existentes na legislação vigente. Assim, em nível macro ou nacional, a LDB insere a

Educação Física no currículo escolar de maneira ampla, o que gera impasses, já que esta

deveria ser a lei de base, comum para todos os Estados e municípios do Brasil.

Contrariamente, o que vem acontecendo – talvez como uma tentativa de legitimar e

garantir as aulas de Educação Física para todas as séries e com o professor especialista – é a

elaboração das Resoluções por parte das Secretarias Estaduais e Municipais, como a de São

Paulo. Estas estão calcadas na LDB, mas assumem um discurso mais específico, suprindo de

fato as diferenças suplantadas pela Lei maior.

Page 37: dissertação de mestrado - Cássia

21

3. SISTEMA BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS

EDUCACIONAIS: AVANÇOS E RETROCESSOS PARA EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

O assunto que será discutido neste capítulo tem a intenção de sinalizar de que modo

a legislação da educação (tema abordado no capítulo anterior) se insere ou até mesmo se

debruça no sentido de colaborar para a organização e o bom funcionamento desse amplo

conjunto de escolas, designado de sistema escolar brasileiro.

Assim, a LDBEN permeia o sistema escolar e, para melhor compreendê-lo, é preciso

inicialmente que entendamos o que é educação.

De acordo com a LDB 9394/96, em seu art. 1º, “a educação abrange os processos

formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas

instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil

e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996). Dito de outro modo, a educação está imersa

na sociedade, fazendo parte dela, recebendo e transferindo dinamicamente diversas

influências. Conforme expõe Horta (1991), assim como outras políticas sociais, a educação é

influenciada pela ação política de um governo. Do mesmo modo afirmou Freire (2005), ao

dizer que quando o assunto é educação, não existe neutralidade, pois a educação é sempre

um ato político.

Neste contexto, política e educação se constituem na sociedade de maneira

verticalizada, ou seja, hierarquicamente, fazendo uma analogia deste sistema com uma

pirâmide: os sujeitos que ocupam o topo possuem maiores poderes, ganham melhores

salários e governam, por meio das leis, as pessoas que estão nos níveis inferiores. Estas leis

são instauradas pelos próprios governantes que almejam, em muitas ocasiões, interesses de

ordens próprias como político, econômico, partidário, entre outros, esquecendo até mesmo

os direitos básicos dos cidadãos.

Portanto, é evidente que os interesses de classe não são iguais. Segundo Soares e

colaboradores (1992, p.24), “não se pode entender que a sociedade capitalista seja aquela

onde os indivíduos buscam objetivos comuns, nem tampouco que a conquista desses

objetivos depende do esforço e do mérito de cada indivíduo isolado”.

Contudo, os opressores dominam os oprimidos, cometendo injustiças e exploração,

lutando contra os oprimidos. Seguindo ainda o raciocínio de Freire (2005, p.47), “Como

poderiam os oprimidos dar início à violência, se eles são o resultado de uma violência?”.

Page 38: dissertação de mestrado - Cássia

22

Muitas vezes, os oprimidos se conformam e aceitam tal situação, sem perspectivas de

mudanças para a garantia de um presente e futuro melhor. Porém, quando se conscientizam

de tais dominações e conseguem se libertar, se transformam, muitas vezes, após algum

tempo, também em opressores ou legítimos interlocutores de sua classe. Assim sendo, que a

superação seja o ato de nascer de um novo homem em constante libertação, nem de opressor

nem de oprimido.

Neste sentido, a Educação poderia possibilitar tais transformações. De acordo com

Cortella (2009, p.114), “para um otimismo crítico, o educador é alguém que tem um papel

político/pedagógico, ou seja, nossa atividade não é neutra e nem absolutamente

circunscrita”. Portanto, cabe também aos professores de Educação Física, reconstruírem e

resignificarem seu merecido espaço nas séries iniciais da Educação Fundamental.

Devido às particularidades das leis educacionais, como já mencionadas no capítulo

anterior, não há uma garantia congruente em relação componente curricular de Educação

Física em todas as séries ou anos para todos os alunos, assim como, não há o

estabelecimento da atuação do especialista. Soma-se a isso, a organização do sistema de

ensino no Brasil que, como será apresentado a seguir, vem se organizando de forma

autônoma e flexível (o que é positivo), possibilitando ações diversas diante das lacunas que

a LDB impôs para a Educação Física.

Merida (2004) afirma que a LDB, bem como os PCNs, outorgam liberdade para uma

proposta pedagógica agregada à Educação, na qual a Educação Física deve ser inserida e a

ação educativa fica ao encargo da escola e de seus professores, respeitando-se a realidade

social da comunidade escolar.

Segue, para melhor compreensão das tensões entre LDB, organização dos sistemas

de ensino e ensino da Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental, um

esquema:

Page 39: dissertação de mestrado - Cássia

23

Figura 1- Esquema dos que outorgam as leis (Estaduais/Municipais) definindo como a Educação Física deve

ser integrada na escola e quem deve lecioná-la.

Estado de São

Paulo Ed.

Física

escolar

Garante, a partir da

Resolução 184, de 27 de

dezembro de 2002, o

direito de o professor

especialista ministrar as

aulas de Educação Física

em todas as séries.

Não define com

clareza quem deve

lecionar as aulas de

Ed. Física na escola

nas séries iniciais,

se é o polivalente ou especialista.

Ed.

Física

escolar LDB 9394/96

A favor da descentralização e

autonomia aos municípios.

artigo 8º: Determinou que os municípios se

responsabilizassem pela educação

infantil e prioritariamente pelo ensino fundamental. Quem

lecionar?

polivalente

ou

especialista

?

Ed.

Física

escolar

Municípios

TENSÕES

Page 40: dissertação de mestrado - Cássia

24

3.1 O Sistema Nacional de Ensino do Brasil e a Educação Física Escolar

Esta temática é de substancial importância para o trabalho, pois aponta para um

entendimento acerca do significado da palavra “sistema” e a função que este exerce (ou pelo

menos deveria exercer) na sociedade de maneira mais ampla, e no ensino (lócus da

Educação Física neste trabalho). É inevitável, para tal compreensão, a adoção de uma visão

micro e ao mesmo tempo macro dos elementos que o constituem para formar o todo, como

uma grande rede articulada.

O significado da palavra “sistema”, segundo o Dicionário Básico de Filosofia de

Japiassú e Marcondes (2008, p.205), se originou do latim tardio e do grego systema, de

synistanai, que significa juntar, “Em um sentido geral, é o conjunto de elementos

relacionados entre si, ordenados de acordo com determinados princípios, formando um todo

ou uma unidade”.

Dessa forma, para que o Sistema Nacional de Ensino adquira seu o significado

concreto, será fundamental a elucidação da teoria do sistema. Segundo Morin (2009, p. 21-

22), é necessário um pensamento que estabeleça relações entre os sistemas e subsistemas, as

mútuas implicações – que sagre a diversidade – e, ao mesmo tempo, a unidade. Ainda de

acordo com este autor, é preciso “um pensamento organizador que conceba a relação

recíproca entre todas as partes”.

Esta maneira de se compreender o que é um sistema será vital para o juízo desta

discussão, ou seja, um pensamento contextual, buscando sempre a relação de

inseparabilidade e as inter-retroações entre qualquer fenômeno e seu contexto e deste com o

contexto planetário, sem fragmentações.

Logo, dentro de um sistema, todos os aspectos nele envolvidos estão – ou pelo

menos deveriam estar – relacionados, mesmo sendo interdependentes. Como foi formulado

por Pascal e citado na obra de Morin (2009, p.22), “Se todas as coisas são causadas e

causantes, ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas e mantidas por uma ligação material e

insensível que as sujeitam, torna-se impossível conceber as partes sem conceber o todo e

tampouco o todo sem conceber as partes”. Assim, conhecer as partes de um sistema e

relacioná-las com o todo será essencial para o seu funcionamento de forma harmônica e

contextualizada.

Page 41: dissertação de mestrado - Cássia

25

Dias (2004), de acordo com a teoria dos sistemas, explica que um sistema pode ser

classificado como aberto ou fechado e define que não é possível ignorar as trocas que

ocorrem entre e dentro dos sistemas e do ambiente.

Segundo o autor, o Sistema de Ensino e as escolas são um sistema aberto. O Sistema

de Ensino tem como meta cuidar e proporcionar a escolarização, enquanto as escolas, de

maneira sistematizada, devem proporcionar às pessoas que entram neste sistema o

desenvolvimento intelectual, físico, moral, social e emocional.

Há que se destacar que existe um movimento de entrada e saída por meio das

fronteiras, que são consideradas um subsistema com a função de selecionar o que/quem deve

entrar (inputs) ou sair (outputs). Exemplo disso – pelo menos deveria – são os vestibulares,

que estabelecem quais pessoas entram nas universidades, e os exames finais, que

determinam quem tem o direito de receber o diploma. Ainda há outros tipos de subsistemas,

como a sala de aula, por exemplo.

Além disso, o sistema está comprimido em um sistema mais extenso, que é seu

supersistema, ou seja, a sociedade. Vejamos relações que podem ser mais bem apreciadas na

figura a seguir com o modelo de Sistema de Ensino, baseado em Dias (2004):

Page 42: dissertação de mestrado - Cássia

26

Da sociedade para o

Sistema de ensino

(INPUT):

1-Objetivos

2- Conteúdo cultural

3- Professores

e outros recursos

humanos, financeiros,

materiais

4- Alunos SISTEMA DE ENSINO

1-Elementos não-materiais

(objetivos, normas e conteúdos)

2-Entidades mantenedoras

3-Administração do sistema

Do sistema de ensino para a

Sociedade (OUTPUT ):

1- Melhoria do nível cultural da

população

2- Aperfeiçoamento dos indivíduos

3- Formação de recursos humano

4- Resultado de Pesquisas

Figura 2- Sistema de Ensino (adaptado de Dias, 2004).

ESCOLAS

Graus de ensino e

modalidades de

ensino

Page 43: dissertação de mestrado - Cássia

27

Betti (1991), à luz da abordagem sistêmica, faz uma relação entre o sistema e a

Educação Física escolar, conforme o esquema adaptado:

MACRO - SOCIAL

EDUCAÇÃO

FÍSICA

Figura 3- Educação Física como um sistema hierárquico e aberto, com base na abordagem

sistêmica de Betti (1991).

O autor caracteriza este sistema como hierárquico pelo fato de os níveis que estão

acima do sistema desempenhar certo controle sobre os que estão abaixo. É caracterizado

também como aberto, pois recebe influências do meio social e ao mesmo tempo o influencia

com seus produtos. Pode-se perceber que existem quatro níveis e três subsistemas. O

primeiro nível é chamado de Macro-Social, que tem como subsistema o Sistema

Educacional, o Sistema Escolar é um subsistema do Sistema Educacional e a Educação

Física é um subsistema do Sistema Escolar.

Segundo Koestler (1981) apud Betti (1991, p.20):

Uma hierarquia é um modelo de organização estratificado e de muitos níveis, um sistema que se expando em subsistemas que também se desdobram em novos

subsistemas, e assim por diante, sendo ao mesmo tempo um instrumento conceitual

e um modo de pensar.

SISTEMA EDUCACIONAL

SISTEMA ESCOLAR

Page 44: dissertação de mestrado - Cássia

28

Comparando-se um sistema a um mosaico, as pequenas peças devem ser encaixadas

perfeitamente, formando outras figuras, até se consolidarem no desenho desejado. Mas como

toda arte, isso não é tão simples e exige um trabalho técnico e estético. Já que cada peça

dispõe de um contorno, uma cor, uma textura diferente das outras, dificilmente poderão ser

alteradas. Se houver a modificação de apenas uma, as outras passarão por mudanças e,

consequentemente, o todo se transformará.

Do mesmo modo, Libâneo, Oliveira e Toschi (2009) argumentam que, num sistema,

os elementos que dele fazem parte foram reunidos de forma intencional. No entanto, não

perdem a sua especificidade e a individualidade, por mais que se integrem e formem um

todo, sendo natural a existência de conflitos, tensões, crises, resistências, entre e dentro

deles.

Segundo Gadotti (1994), a Teoria do Conflito – também nomeada de Teoria

Dialética – é um modelo de construção, organização e desenvolvimento dos sistemas, que

aceita e não nega as contradições entre e dentro dos mesmos. O autor salienta ainda o caráter

dinâmico e a participação coletiva dos indivíduos a fim de obterem as mudanças desejadas.

Em oposição a esse modelo existe a denominada Teoria Funcionalista, que tem como

princípio a ausência de conflitos. Nela, as mudanças e ajustes devem ser feitos de forma

harmoniosa, com ordem, equilíbrio; é estática e controladora.

Para melhor entendimento destes dois modelos segue abaixo um quadro explicativo

das diferenças entre as teorias abordadas:

QUADRO 1 – Diferenças entre as Teorias Dialética e Funcionalista.

TEORIA DA DIALÉTICA TEORIA FUNCIONALISTA

Dinâmico/ativo Passivo/estático

Aceitam as tensões, os conflitos Harmônico

Acreditam na ordem e desordem para a

organização do sistema.

Acreditam somente na ordem para a

organização do sistema.

Nas escolas e nos sistemas, independentemente das teorias que adotam, mesmo

trabalhando coletivamente e em comum acordo com a comunidade local, é natural o

Page 45: dissertação de mestrado - Cássia

29

surgimento dos conflitos entre as escolas, alunos, pais, equipe gestora, professores,

funcionários e a comunidade.

Portanto, se a escola ou o sistema de ensino forem mais adeptos à teoria do Conflito/

Dialética, resolverão os problemas em conjunto e em prol da comunidade para o alcance das

mudanças. Enquanto forem favoráveis à teoria Funcionalista resolverão os problemas da

maneira mais indireta possível, sem a participação dos alunos e da comunidade, acreditando

ser esta opção a mais harmoniosa para a resolução dos problemas.

Libâneo, Oliveira e Toschi (2009) estabelecem que, quando se tem uma organização

do conjunto das instituições de ensino (denominado “elementos materiais”) e da legislação

(denominado “ideais”) que regem as escolas, passam a formar uma unidade, denominada

Sistema de Ensino. Os autores também afirmam que o Sistema de Ensino não é o único

existente; há outros, como: político, econômico, religioso, cultural, etc. Estes devem

trabalhar de forma articulada, como já esclarecido, para se beneficiarem e também

ocasionarem benefícios à sociedade.

Dias (2004, p.92) expõe que a legislação que rege o ensino no país adota o termo

Sistema de Ensino com o seguinte significado: “compreende uma rede de escolas e sua

estrutura de sustentação”. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2009), o sistema

econômico é o que mais interfere nos múltiplos sistemas e em seus respectivos elementos,

gerando ações e reações provocadas pelas diferenças, frutos das condições históricas, das

questões ideológicas, políticas, econômicas, etc.

Faustini (1973), semelhantemente aos autores mencionados anteriormente, defende

que o Sistema de Ensino é uma instituição social que tem como meta cumprir os objetivos

propostos para e pela a sociedade, enquanto a estrutura administrativa deste sistema consiste

em agir formalmente de convenção à legislação vigente.

Nesse sentido, os sistemas são vias de muitas mãos: as instituições escolares, por

exemplo, auferem recursos do Estado para serem gastos nas escolas e ocorrem ações e

reações, tanto positivas quanto negativas, que afetam ou contribuem com os sistemas e a

sociedade de modo geral.

Para uma melhor compreensão de como os Sistemas de Ensino se organizam no

Brasil, seguem, na íntegra, os artigos que se referem à LDB:

TÍTULO I V- DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Art. 8º:

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão,

em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. (Procedência: Art. 211

da CF).

Page 46: dissertação de mestrado - Cássia

30

§1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os

diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva

em relação às demais instâncias educacionais. (Procedência: Art. 211,§ 1º da CF).

§ 2 º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei.

(Procedência: Art. 11 da Lei Nº 4024/61).

Art. 9º, a União incumbir-se-á de:

I- elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Procedência: Art. 7º,§ 1º da Lei Nº 9131/96);

II- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema

federal de ensino e o dos Territórios;

III- prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento

prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e

supletiva; (Procedência: Art. 211,§ 1º da CF);

IV- estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,

competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino

médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar

formação básica comum; (Procedência: Parcialmente novo. Art. 211 da CF); V- coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; (Procedência: Art.

8º, i, j, k, l, m, n, o, p da Lei Nº 4.024/61);

VI- assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino

fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino,

objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;

(Procedência: Art. 9º, b da Lei Nº 4.024, com a redação dada pela Lei Nº 9131/95);

VII- baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; (Procedência:

Art. 14 do Decreto lei Nº 464/69);

VIII- assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior,

com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de

ensino;

IX- autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de

ensino.

§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com

funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei.

(Procedência: Art. 9º da Lei Nº 4.024/61);

§ 2 º Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a todos

os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e órgãos

educacionais. (Procedência: NOVO);

§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos Estados e

Distrito Federal, desde que mantenham instituições de educação superior.

(Procedência: Art.15 da Lei Nº 4.024/61). (BRASIL, 1996).

Fica evidente neste artigo que a LDBEN 9.394/96 propõe uma hierarquia entre os

órgãos de ensino que compõem o sistema, mas estes devem trabalhar de forma flexível e

cooperativa. Apesar de a teoria assumir pretensões positivas, na prática é notável que haja a

necessidade de maiores avanços entre os sistemas e os recursos humanos.

Sobre este tipo de organização do sistema, que ocorre em regime de colaboração,

Demo (1997, p.16) argumenta que a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios

recebem uma liberdade de organização, o que pode provocar certa irresponsabilidade no

sentido de se empurrar as obrigações de um sistema para o outro. Desta forma, conforme

Page 47: dissertação de mestrado - Cássia

31

explana o autor, é “preferível a um sistema rígido com base hierárquica determinante; a

possibilidade de má interpretação é o preço da liberdade”.

Libâneo, Oliveira e Toschi (2009) argumentam que a política do Brasil é marcada no

decorrer da história pela competição e não colaboração e pela falta de articulação entre os

diversos sistemas de ensino nas esferas administrativas, o que infelizmente não agrega

benefícios à sociedade.

No entanto, Saviani (2008) não nega que há, entre alguns educadores e legisladores,

uma atitude de evitar o esclarecimento preciso do conceito de Sistema Ensino, e por

enquanto, o termo continua sendo mencionado com o seu sentido oculto, de forma implícita

e não de maneira clara e rigorosa, presumindo-se que já é compreendido.

Diante de tantas controvérsias e dúvidas em relação à real existência e

funcionabilidade de um Sistema de Ensino no Brasil, Saviani (2010, p.04) descreve que:

Um verdadeiro sistema é um conjunto unificado que articula todos os aspectos da educação no país inteiro, com normas comuns válidas para todo o território nacional

e com procedimentos também comuns, visando a assegurar educação com mesmo

padrão de qualidade a toda a população do país.

Desta maneira, Saviani (2008) afirma que o Brasil ainda não dispõe de um Sistema

Nacional de Educação; e Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p. 241) ressalvam que esta

organização atual do Sistema de Ensino Nacional foi consequência “de um jogo polít ico

entre forças desiguais no Congresso Nacional, após a promulgação da LDB, de organizar os

diferentes sistemas, especialmente os municipais, devem-se também ao caráter impositivo de

muitos sistemas estaduais sobre os municípios”.

Saviani (2008), então, apresenta quatro hipóteses que tentam explicar as dificuldades

de se efetivar um Sistema de ensino no Brasil:

É difícil organizar uma práxis intencional coletiva, pelas diferentes

classes sociais existentes em um país subdesenvolvido, já que não existe

um meio termo e os extremos acabam prevalecendo; consequentemente,

existem pessoas muito ricas, mas também outras muito pobres.

Existem diferentes grupos em conflito, como os adeptos à escola pública e

à escola privada, o que dificulta a definição dos objetivos.

Page 48: dissertação de mestrado - Cássia

32

A importação da cultura de outros países, sem levar em conta a realidade

brasileira.

Até o início da década de 80 houve uma insuficiência teórica dos

educadores, mas hoje já existe uma grande produção intelectual, com os

cursos de mestrado, doutorado, revistas científicas e participações no

próprio âmbito político.

Em contrapartida, Dias (2004) demonstra que existem alguns fatores que colaboram

para a existência de um sistema nacional de ensino:

Todas as escolas seguem (ou pelo menos deveriam seguir) uma

legislação comum.

O ensino é dado na língua nacional.

Pelo fato óbvio de as escolas estarem localizadas dentro dos limites do

território nacional.

O sistema de ensino deve estar a serviço da cultura brasileira, assim

como a escola e a cultura devam se influenciar reciprocamente.

A lei determina, ao menos formalmente, a articulação que deve existir

entre os graus e as modalidades de ensino.

Apesar de Dias (2004) apontar as facilidades de se ter um Sistema Nacional de

Ensino, a realidade brasileira – o contexto social e econômico, a remuneração dos

professores, as condições estruturais das escolas, entre outros fatores – não potencializa tais

facilidades, ou seja, as hipóteses socioeconômicas de Saviani (2008) se sobrepõem às

hipóteses de cunho cultural e nacional de Dias (2004).

Há ainda outras formas de organização do Sistema de Ensino sob distintos aspectos.

Do ponto de vista administrativo: federal, estadual, municipal ou particular (LIBÂNEO;

OLIVEIRA; TOSCHI, 2009); do ponto de vista do padrão: oficial, oficializado ou livre; em

Page 49: dissertação de mestrado - Cássia

33

relação ao grau de ensino: primário, médio e superior. Derivam destes, as expressões:

“sistema de ensino superior”, “sistema oficial”, “sistema público”, “sistema geral de

educação”. Estas, entre outras nomenclaturas, se resumem a um único termo denominado

Sistema Educacional (SAVIANI, 1999).

Mesmo com as discussões do Conselho Nacional de Educação em firmar posições

referentes ao sistema de ensino, da sua organização, competências e responsabilidades ante

as mudanças decorrentes da globalização e da situação emergente no Brasil na esfera

internacional, com as crescentes demandas educacionais, este assunto não pode ser dado

como finalizado, como garante Sarmento (2005). Fica evidente, no artigo 8º, que a LDB

9.394/96 propõe uma hierarquia entre os órgãos de ensino que compõe o sistema, mas estes

devem trabalhar de forma flexível e cooperativa. Apesar de a teoria assumir pretensões

positivas, na prática é notável que haja necessidade de maiores avanços entre os sistemas e

os recursos humanos.

3.1.1 Descentralização e Municipalização: concepções e processos

Segundo Oliveira (1999), os procedimentos mais comuns de descentralização são

realizados por intermédio de três modalidades:

Regionalização;

Municipalização;

Nuclearização.

Como este trabalho se respalda apenas na política de descentralização via

municipalização, as seguintes definições e reflexões serão baseadas nela e não nas demais.

Como poderá ser observado na figura 4, a política educacional de municipalização é um

meio possível para que se chegue à descentralização dos poderes.

No Brasil, segundo Oliveira (1999), o processo da municipalização pode acontecer

das seguintes formas:

O Município se responsabilizando por todo o ensino, em todos os níveis ou

parte deles.

O Município se encarrega por determinados programas, como a merenda,

transporte, funcionários, os quais são feitos junto à Rede Estadual.

Page 50: dissertação de mestrado - Cássia

34

O Município se incumbe por parte das matrículas e usufrui do mesmo terreno

ou espaço do Estado.

Destaco que os professores participantes desta pesquisa estão inseridos no primeiro

contexto.

Antes de continuar com as definições e de percorrer a história da política da

descentralização e da municipalização da educação no Brasil, será apresentada brevemente

uma ilustração com a definição destes dois termos.

Seguem os significados baseados em Oliveira (2009) e Oliveira (1999):

Municipalização

Transferência de encargos de uma esfera

para outra, mas não significa

necessariamente democracia.

(MEIO)

Figura 4 – Conceitos: Descentralização e Municipalização

Outra definição que segue os mesmos princípios do quadro é a de Viriato (2004), que

esclarece que descentralizar, baseando-se em Casassus (1995), é extrair o poder do centro,

passando-o para o poder da localidade, garantido, igualmente a eficácia do poder local.

Penso no seguinte exemplo, para melhor esclarecer esta definição: a criação das

Associações de Pais e Mestres nas escolas diminui algumas das responsabilidades da

direção, que acabam sendo compartilhadas com a comunidade.

Outro conceito fundamentado em Viriato (2004, p.47), a respeito da

Descentralização: “significa redistribuir o poder central, envolvendo necessariamente

alterações nos núcleos de poder, que levam a uma maior distribuição do poder decisório até

Descentralização Transferência de encargos

ou poder; as decisões para

obter os recursos seriam

restritas às Instâncias não

centrais.

Page 51: dissertação de mestrado - Cássia

35

então centralizado em poucas mãos”. Segundo o autor, novamente referendando Casassus

(1995), isso exigiria da sociedade e do Estado responsabilidade política e técnica com os

princípios que englobam o processo de transformação da sociedade, demandando que a

descentralização acontecesse nas esferas política, econômica e administrativa e na qualidade

do ensino.

Mas, na realidade, como será explicitado no próximo tópico e ainda de acordo com

este autor, o que veio se constituindo não foram as políticas de descentralização, mas as de

desconcentração, que significa “delegar determinadas funções à comunidade local,

mantendo centralizadas as decisões sobre os aspectos financeiros, administrativos e

pedagógicos” (VIRIATO, 2004, p.47).

3.1.2 O Percurso da Política de Descentralização e Municipalização na Educação

Brasileira

Em conformidade com Ávila (1999), tais políticas no cenário da educação brasileira

se iniciaram em abril de 1957, quando aconteceu formalmente a primeira proposta de

municipalização do ensino no Brasil, e quem a apresentou foi Anísio Teixeira14

, no

Congresso Nacional de Municipalidades, por meio de uma tese intitulada “Municipalização

da Escola Primária”.

A tese sugeria que os municípios deveriam compartilhar na execução administrativa

do que fosse definido pela União e organizado pelos Estados. Ou seja, se extinguiria a

participação efetiva e as responsabilidades em conjunto do município com os outros órgãos

do sistema, que apenas se responsabilizariam pelo ensino, assumindo, na realidade, uma

posição passível (ÁVILA, 1999).

Libâneo, Oliveira e Toschi (2009) relatam que, como era de se esperar, a

municipalização proposta por Anísio Teixeira na década de 30 para o estabelecimento do

ensino primário não teve a intenção de uma reforma administrativa, mas de uma reforma

política para o prestígio da maioria dos municípios e para colocar em pauta o exercício da

democracia e a descentralização dos poderes políticos no Brasil.

Apenas no ano de 1971, com a Lei Nº 5692/71, a municipalização passou a ser

intensamente debatida, principalmente pelos que se interessavam pelo ensino de 1° grau no

país, sendo eleito pela Região Sul como tema prioritário nos encontros, além dos ciclos de

14 Foi jurista, educador, escritor brasileiro, intelectual e difundiu os pressupostos do movimento da Escola

Nova.

Page 52: dissertação de mestrado - Cássia

36

estudos, seminários e eventos importantes em nível municipal, estadual e federal, como nos

Planos de Educação, Cultura em Desporto da esfera federal e planos Estaduais de Educação

(ÁVILA, 1999). Porém, segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2009, p. 141), a

municipalização:

Foi editada durante a ditadura militar, repassou arbitrariamente a tarefa de ministrar

o ensino fundamental aos governos municipais, sem oferecer ao menos condições

financeiras e técnicas para tal e em uma situação constitucional que nem sequer

reconheceria a existência administrativa dos municípios.

Além da parte financeira, Mello (2005) enfatiza que a descentralização durante os

anos 70, decidida do “centro” (nível federal), gerou um paradoxo entre as redes (estadual e

municipal) sem prever a integração regional, que poderia ser solucionada por meio dos

recursos e planejamentos, estabelecendo metas procedidas do nível Federal, para

contrabalançar as diferenças entre o governo Federal, os Estados e municípios.

Pode-se perceber uma forte influência do clientelismo político: os municípios e os

Estados ficaram extremamente dependentes das decisões da União, não só pelas medidas

administrativas como também pela concentração de recursos no âmbito federal.

Segundo Rosar (1995), a partir de 1974 aconteceu o maior projeto de

municipalização, desenvolvido pelo Ministério da Educação e Cultura denominado de

Promunicípio15

, com o objetivo de melhorar o Ensino de 1° grau mediante ações articuladas

entre as administrações estadual e municipal. Enquanto o MEC instituía convênios com os

Estados, deliberando diretrizes gerais, assistência técnica e cooperação financeira, o mesmo

caberia ao Estado com os municípios, além da reestruturação e/ou aceleração nos serviços

da educação. O intuito do projeto era de resolver os seguintes problemas do ensino em nível

municipal:

Grande número de escolas multisseriadas e unidocentes.

Falta de Recursos Humanos.

Currículos e Programas inadequados.

Carência de rede física.

Acentuada distorção de professores não titulados.

Altas taxas de repetência escolar e evasão.

Predominância de professores não titulados.

15 Projeto de Coordenação e Assistência Técnica ao Ensino Municipal.

Page 53: dissertação de mestrado - Cássia

37

Segundo Rosar (1995), durante a década de 70, esta política a favor do

desenvolvimento do Ensino Básico foi elaborada na esfera federal e incidiu especialmente

nos estados do nordeste.

A meta era transferir as responsabilidades aos municípios, mas a União não fez um

investimento financeiro suficiente; pelo contrário, a União realizou uma política

centralizadora de recursos em nível federal enquanto adotava a descentralização em nível do

sistema educacional (ROSAR, 1995).

Outros projetos se destacaram na mesma época, como o Edurural, Polonordeste,

Pronasec e o Projeto Nordeste, financiados pelo Banco Mundial e que trouxeram concepções

e diretrizes educacionais determinadas anteriormente por esta instituição.

Explicita Arretche (1996) que o rumo da história pende para a descentralização,

como aconteceu na década de 80 em muitos países. Entretanto, um exemplo citado pela

autora – com estratégias diversificadas – é a privatização16

que, segundo Rosar (1995), está

relacionado à globalização.

Nesse período, as políticas de descentralização e o processo de municipalização

persistiram sem a devida distribuição justa e planejada dos recursos. Como aponta Mello

(2005), foi então que se estabeleceram alguns meios diretos de financiamento do governo

federal às prefeituras, que por vezes era passado por fora das secretarias estaduais da

educação, esquecendo-se a função dos governos estaduais de formuladores e coordenadores

de políticas. O que, consequentemente, prejudicou as Secretarias Estaduais e criou barreiras

contra um processo de municipalização organizado.

A falta de continuidade e atualização financeira dos convênios provocou uma ampla

desigualdade que, infelizmente, até hoje afeta os alunos das redes municipais de ensino.

Segundo Mello (2005, p.55), o custo chega a ser um quarto do custo do aluno estadual e,

desta forma, há tendência dos municípios mais pobres de arcarem sozinhos com o ônus da

municipalização, conforme justifica o autor:

Por outro lado, a resistência dos Prefeitos em assumir suas responsabilidades para

com o ensino dos cidadãos que os elegeram, aliada ao interesse dos governos

estaduais de manter centralizado o sistema de ensino e ao corporativismo dos

professores que sempre resistiu a qualquer proposta de descentralização dos

encargos educacionais para os Municípios, resultou na atual situação de injustiça: a municipalização ocorreu exatamente onde mais se necessitava de recursos

financeiros e assistência técnica, sem garantir a presença destes últimos.

16

Por privatização entende-se a transferência da prestação de serviços sociais para organizações privadas.

Page 54: dissertação de mestrado - Cássia

38

Também sem estabelecer as diretrizes e a fiscalização para que as prefeituras

reservassem os 25% da receita dos impostos para a conservação e melhoria do ensino como

determinado pela Constituição de 1988, as despesas que eram marcadas para o

desenvolvimento do ensino não eram relacionadas com custos e investimentos das escolas

estaduais e municipais (MELLO, 2005).

Pranstretter (1989), em comum acordo com a Comissão de Estudos Educacionais que

elaborou a Proposta Montoro17

, expõe que a descentralização teria como função servir de

ferramenta conjunta à população para diminuir os problemas locais e garantir uma melhoria

na escolarização. Desta forma, descentralizar não significaria nem significa omitir a

administração como aconteceu e acontece no percorrer histórico das políticas públicas

adotadas no Brasil, muito menos delegar deveres e responsabilidades sem prover os devidos

meios – que estão representados abaixo – para uma política de municipalização de sucesso.

Figura 5 – Fornecimento de recursos fundamentais para uma política ideal de

municipalização.

3.1.3 A Política da Municipalização do Ensino no Estado de São Paulo

Até este momento a discussão sobre a descentralização e municipalização da

Educação no Brasil se discorreu até a década de 80, com apontamentos de uma política de

insucesso. Esta política teve início no ano de 1995, especificamente em São Paulo, e

continua sendo uma meta do Estado de São Paulo, tanto que, em 20 de agosto de 200718

, a

Secretaria da Educação divulgou no seu site as 10 metas do Novo Plano Estadual de

Educação. Dentre elas estava a “Implantação do Ensino Fundamental de nove anos, em

17 Proposta baseada na democracia participativa, valorizando a participação da sociedade juntamente com a

descentralização dos poderes. Foram as metas e realizações mais importantes durante os quatro anos do

governo de Montoro.

18 www.educacao.sp.gov.br/(consultado em 4/1/2012)

materiais

financeiros humanos

Page 55: dissertação de mestrado - Cássia

39

colaboração com os municípios, com prioridade à municipalização das séries iniciais (1ª a 4ª

séries)”.

A Secretaria da Educação de São Paulo explanou que, devido à solicitação dos

educadores e prefeitos, na época, foram realizadas várias palestras em diferentes regiões do

Estado, com objetivo de obter melhores esclarecimentos sobre a proposta de

municipalização. Pois, como já discutido, muitos projetos vinculados a esta política foram

marcados pelo insucesso, consequente de falhas e falta de recursos. Além disso, os próprios

docentes tinham receio da municipalização, apesar de reclamarem das escolas do Estado.

Na mesma época foi realizado pela Secretaria um estudo do perfil socioeconômico e

educacional para o reconhecimento das características dos municípios.

Portanto, percebe-se que houve certo cuidado por parte do Estado de São Paulo para

a implantação da municipalização da Educação, mas sem nenhuma participação dos pais que

fazem parte da comunidade escolar, o que é fundamental para descentralizar o poder e

possibilitar que a população tenha maiores participações nas escolhas, a favor da democracia

no setor educacional e na sociedade, como preconiza a LDB. Ou ainda que o próprio

município se encarregasse por um debate com a comunidade sobre a política educacional

que seria implantada.

3.1.3.1 Objetivos da Política de Municipalização no Estado de São Paulo

Um dos objetivos desta política de parceria educacional Estado-Município para o

Ensino Fundamental, como descrito no site da Secretaria é atribuir parte das

responsabilidades vinculadas à educação do Estado de São Paulo aos municípios. Outro

objetivo é fazer vigorar o que já estava informado na LDB 9394/96, Título IV, nos artigos

10º e 11º, parágrafos VI e V, respectivamente.

Estes artigos caracterizam a Organização da Educação Nacional, estabelecendo como

responsabilidade primária a oferta do Ensino Médio e, como secundária, a oferta do Ensino

Fundamental para o Estado, ao passo que os municípios têm como responsabilidade primária

o Ensino Fundamental.

Cumpre observar, em conformidade com Saviani (1999), que a LDB 9394/96, no

artigo 11, sofreu uma alteração, por meio da inserção de um parágrafo único, ao

proporcionar a opção aos municípios de fornecerem seus próprios sistemas de ensino e por

estes apresentarem dificuldades técnicas e financeiras.

Page 56: dissertação de mestrado - Cássia

40

O parágrafo único, determinou que cada município poderá se unificar ao sistema

estadual de ensino ou compor com o Estado um sistema único de educação básica. Ou ainda,

conforme estabeleceu o artigo 11º, parágrafo V, o município poderá se responsabilizar aos

outros graus de ensino como o Ensino Médio se tiver atendido inteiramente as necessidades

de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela

Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.

Seguem, na íntegra, os artigos:

TÍTULO-IV

Da Organização da Educação Nacional

O artigo 10º estabelece que os Estados incumbir-se-ão de:

I- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas

de ensino. (Procedência: Art. 11 da Lei Nº4.024/61);

II- definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino

fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das

responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público. (Procedência:

Art.58 da lei Nº 5.692/71);

III- elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as

diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e

as dos seus Municípios. (Procedência: Art. 54,§ 2º e 3º da Lei Nº 5.692/71);

IV- autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os

cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de

ensino. (Procedência: Art. 17 do Decreto-Lei nº 464/69);

V- baixar normas complementares para o seu sistema de ensino. (Procedência: Art.

24 da CF);

VI- assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio;

VII-Assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. (Inciso acrescido pela Lei 10.709/03);

Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos

Estados e Municípios.

(BRASIL, 1996)

Os Municípios incumbir-se-ão, conforme o art. 11, de:

I- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas

de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;

II- exercer ação redistributiva em relação às suas escolas. (Procedência: NOVO);

III- baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

IV- autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de

ensino. (Procedência: NOVO);

V- oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino

fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando

estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com

recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à

manutenção e desenvolvimento do ensino. (Procedência: Art. 211,§ 2º da CF com INOVAÇÕES);

VI- Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Inciso acrescido

pela Lei 10.709/03);

Page 57: dissertação de mestrado - Cássia

41

Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema

estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica.

(Procedência: NOVO).

(BRASIL, 1996).

Outros objetivos desta política, conforme especificado pelo site da Secretaria da

Educação, são, além do fortalecimento da autonomia do Poder Municipal, o controle das

atividades escolares pelas comunidades locais, a descentralização da gestão educacional com

base no princípio da responsabilização e dar cumprimento às disposições da Lei Federal nº

9424/96, que regulamenta o Fundo de Manutenção de Desenvolvimento do Ensino e de

Valorização do Magistério – FUNDEF.

O TERMO DE CONVÊNIO DECRETO N° 43.078 de 1998 19

dispõe, na

CLÁUSULA SEGUNDA, outros objetivos convenientes a serem apresentados, como segue:

Inciso IV. garantir assistência técnica, pedagógica, administrativa e gerencial aos

Municípios, para que estes desenvolvam o Ensino Fundamental em conformidade

com as diretrizes constitucionais.

Inciso VI. criar mecanismos de compensação que superem as desigualdades

financeiras, administrativas e técnicas dos Municípios na implementação dos

programas educacionais.

Assim por meio da legislação foi sendo elaborado certo arranjo para que os

municípios atendessem a população quanto aos aspectos educacionais, alguns resultados

desta política relacionados ao nosso objeto de estudo – Educação Física serão apresentados a

seguir.

3.1.3.2 Recursos Financeiros –(FUNDEF e FUNDEB) e Recursos Humanos

Um projeto de qualidade para a educação não se elabora sem a definição dos

recursos suficientes para garantir as condições adequadas de material, a infraestrutura e a

parte pedagógica para dar conta do processo educativo.

Nesse sentido, a descentralização que propõe o compartilhamento das

responsabilidades com a sociedade para o financiamento da educação como as parcerias,

terceirização, entre outros, deve ser contrariada, pois o financiamento é um dever do Estado,

do qual não se pode abrir mão (CABRAL NETO, 2011).

Segundo o site da SEE/SP20

, foi aprovada no Congresso Federal a Emenda 14, que

criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização

19 TERMO DE CONVÊNIO DECRETO Nº 43.078 de 1998 - objetiva assegurar a continuidade da implantação

do Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-Município para o atendimento do ensino fundamental.

Page 58: dissertação de mestrado - Cássia

42

do Magistério, Lei 9424/96 (FUNDEF), com a função de garantir os recursos necessários

para cumprir as metas do Ensino Fundamental – assim como a LDB, que recomenda a

descentralização, em 1996. Este Fundo é constituído pelos recursos dos 645 municípios e do

Estado de São Paulo e serviu para atender toda a Educação Básica, da creche ao Ensino

Médio.

A Constituição Federal de 1988, no caput do artigo 212, já vinculava 25% das

receitas dos Estados e Municípios à Educação.

No ano de 1998, quando o FUNDEF entrou em vigor, definiu-se, com a Emenda

Constitucional nº 14/96, que 60% desses recursos (ou seja, 15% da arrecadação dos

impostos21

total de Estados e Municípios) ficariam privados ao Ensino Fundamental. Além

disso, introduziram-se novos critérios para a distribuição e utilização destes 15%,

promovendo a divisão de recursos entre o Governo Estadual e seus municípios, em

conformidade com o número de alunos matriculados em cada rede de ensino cadastrados no

Censo Escolar.

De acordo com as informações do Portal MEC, o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

(FUNDEB) veio substituir, no ano de 2006, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF). Esse está em vigor desde

janeiro de 2007 e se estenderá até 2020, tendo como estratégia:

Distribuir os recursos pelo país, levando em consideração o desenvolvimento social

e econômico das regiões — a complementação do dinheiro aplicado pela União é

direcionada às regiões nas quais o investimento por aluno seja inferior ao valor

mínimo fixado para cada ano. Ou seja, o Fundeb tem como principal objetivo

promover a redistribuição dos recursos vinculados à educação.

Contudo, esta sistemática de convênios que está sobre o poder do governo federal ou

estadual para o repasse dos recursos pode ser considerada uma prática autoritária, contrária a

constituição.

Conforme o site da SEE/SP22

, quanto aos Recursos Humanos (docentes, técnico e

administrativo), estes podem ser afastados junto ao município por cinco anos, com opção

anual do interessado, sem prejuízo de vencimentos ou salários e das demais vantagens, de

20 Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. 21 Estes impostos são: ICMS, Fundo de Participação do Estado-FPE, Fundo de Participação dos Municípios-

PREFEITURA MUNICIPAL e do IPI- Exportação.

22 SEE/SP – Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, consultado em 4/1/2012.

Page 59: dissertação de mestrado - Cássia

43

acordo com a legislação vigente e mediante a expressão do Chefe do Poder Executivo do

Município.

3.1.4 Implicações da Descentralização para uma sociedade democrática

Primeiramente, cabe uma breve reflexão do sentido e significado de democracia, esta

que os cidadãos vão se identificar como possibilidade de participação, por meio do voto,

pertinente às sociedades capitalistas modernas. Ainda que seja fundamental a democracia

representativa, esta necessita ser articulada com a democracia participativa (RIOS, 2001). A

autora esclarece que, de acordo com Santos (2000) e Coutinho (2000), para tal articulação é

necessário que os campos político, social e econômico sejam radicalmente redefinidos e

expandidos.

De maneira otimista, Vieira (1971) aponta que, por meio da descentralização dos

poderes, existe a possibilidade do incremento necessário para o “alívio” na administração

central, criando o fortalecimento das comunidades locais. De fato, como expôs Carneiro

(1998), isso favoreceria o fortalecimento do poder local, reduzindo a separação entre o

Estado e a sociedade e criando maiores probabilidades de igualdade entre os cidadãos. De

acordo com Cabral Neto (2011), essa seria uma maneira eficiente e eficaz de controle dos

gastos públicos. Do mesmo modo, Carneiro (1998, p.71) defende que “o poder local surge

como uma maneira de transformar as aspirações da comunidade em direitos dos cidadãos”.

Para Arretche (1996), este mecanismo seria uma forma democrática que fortaleceria

e consolidaria a democracia, supondo a melhoria na prestação de serviços públicos e

elevando o bem-estar da população. Como também afirma Cabral Neto (2011), segundo este

mecanismo é possível que a comunidade vá em busca das suas próprias metas de melhoria.

Contudo, o rumo da descentralização, como vem se consubstanciando no sistema

escolar, tem pouco colaborado para a gestão democrática, no sentido de que não tem

propiciado espaços para a construção de participação política nas escolas para a tomada de

decisão (CABRAL NETO, 2011). Há, ainda, na política de municipalização, uma prática

denominada de clientelismo, que favorece algumas pessoas – em detrimento de outras – que

passam a assumir o poder, estabelecendo a distância do poder local nas decisões, o que não

favorece a democracia (ANDRADE, 1988 apud JARRY; VIEIRA, 1993).

É importante destacar, como um passo essencial para se adotar políticas

democratizantes, a formação intelectual para a superação das relações sociais do capitalismo

Page 60: dissertação de mestrado - Cássia

44

(BOTLER, 2011). Em vez de fornecer uma palestra somente para os Educadores – como foi

feito pelo Estado – o ideal é oportunizá-la para toda a comunidade escolar, com o intuito de

informar a todos igualmente sobre o que se consistiria a municipalização das escolas.

De acordo com Oliveira (2009), também é possível afirmar que a municipalização

não significaria obrigatoriamente um processo de democratização; contraditoriamente ao

que veio acontecendo, como já discutido em relação ao percurso desta política. A

municipalização é mais uma política de modismo do que uma oportunidade de libertação e

independência dos sistemas educacionais de cada cidade, o que compromete ainda mais a

qualidade da educação para a população, pois muitos municípios arcam com as

consequências deixadas, distantes das teorias que as embasaram.

E o impacto desta política de municipalização na área da Educação Física escolar

será melhor abordada nos capítulos a seguir.

Page 61: dissertação de mestrado - Cássia

45

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Tipo de pesquisa

O presente trabalho caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, caracterizando-se

por de campo e do tipo documental (pois pauta-se em documentos como leis, decretos,

pareceres e resoluções).

Descritiva, uma vez que “[...] tem como objetivo primordial a descrição das

características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre

as variáveis” (GIL, 2009, p.28). Este tipo de pesquisa foi escolhido, pois permitirá explicar

os impactos da municipalização na legitimação da Educação Física escolar nas séries iniciais

do ensino fundamental. E documental, porque foram utilizados os documentos oficiais como

os decretos, os pareceres, as resoluções e as leis para melhor respondermos ao problema da

pesquisa.

Adotou-se a abordagem qualitativa, cuja característica é envolver a observação

intensiva e prolongada de um ambiente natural; o registro preciso e detalhado do que

acontece nesse ambiente, a interpretação e análise dos dados, utilizando-se descrições,

narrações, citações, gráficos e tabelas (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).

4.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA

Como instrumento de pesquisa foi utilizado o questionário, este pode ser definido

segundo Gil (2009) como uma técnica de investigação formada por várias questões que são

submetidas a pessoas com a finalidade de conseguir informações sobre seus conhecimentos,

interesses, aspirações, entre outros. Para a aplicação do mesmo tivemos a aprovação do

COEP (Comitê de Ética em Pesquisa) com o Parecer Consubstanciado número 086/2010,

podendo ser apreciado nos anexos.

Para esta pesquisa, este questionário foi composto por questões abertas e fechadas. A

primeira parte é geral e foi respondida tanto pelo professor polivalente como pelo professor

especialista, já a segunda parte foi direcionada para cada professor, a partir de sua formação.

Há também um segundo questionário, que foi elaborado após o exame de qualificação,

mediante a sugestão da banca. Estes foram enviados por e-mail aos diretores das escolas da

amostra.

Page 62: dissertação de mestrado - Cássia

46

As vantagens deste instrumento para esta pesquisa são: garantia do anonimato nas

respostas; os professores têm mais flexibilidade de tempo para respondê-lo não atrapalhando

o horário de trabalho e as aulas; e não expõe os docentes à influência de opiniões. Quanto às

suas limitações, este não proporciona a garantia de que os professores o devolvam

preenchido por completo todas as questões, impede a ajuda do pesquisador para o

pesquisado e impede o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido.

4.3 População e amostra

Esta pesquisa é constituída por duas populações e suas respectivas amostras.

4.3.1 População

A população caracteriza-se pelo “conjunto de elementos com determinadas

características em comum ou que partilham de uma característica” (MATTOS; ROSSETTO

JR; BLECHER, 2008, p.60).

Para esta pesquisa a população selecionada constitui-se em professores (especialistas

em Educação Física e/ou professores polivalentes) responsáveis pela disciplina de Educação

Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental, das escolas da Diretoria de Ensino de

Mogi Mirim. E a outra população contempla os diretores das referidas escolas.

4.3.1.1 Amostra da população

Representa a amostra da população deste estudo um percentual dos professores e

diretores acima mencionados, ambos escolhidos por uma amostra aleatória (sorteio). Assim,

primeiramente foi realizada a amostragem das escolas, para depois ser realizada a

amostragem dos professores, e por último dos diretores (todos por sorteio).

Quando houve na mesma escola mais de um professor responsável pelas aulas de

Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental, foi realizado outro sorteio para

escolher quem participaria da pesquisa respondendo ao questionário. Além disso, utilizamos

os critérios de inclusão e exclusão especificados adiante para a definição desta amostra.

Após o sorteio, a amostra da população foi composta por 32 professores e 15

diretores. Destacamos que dois professores da cidade de Mogi Guaçu não desejaram

Page 63: dissertação de mestrado - Cássia

47

participar da pesquisa. E dos 22 diretores solicitados a responderem ao questionário, 7 não o

retornaram.

4.3.2 Escolas

A Diretoria de Ensino de ensino de Mogi Mirim, situada no interior do Estado de São

Paulo, é formada por 13 cidades, a saber: Águas de Lindóia, Lindóia, Serra Negra, Amparo,

Monte Alegre do Sul, Pedreira, Holambra, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Conchal, Estiva

Gerbi, Itapira e Santo Antonio de Posse.

Como observado na Tabela 1, esta região vem passando desde o fim da década de

90 e início do ano de 2000 por uma intensa municipalização das escolas estaduais, sendo que

a única cidade que não passou ainda por este processo foi Serra Negra.

Justifica-se a escolha desta Diretoria de Ensino, como também de suas escolas para

esta pesquisa, pela a inserção da pesquisadora na mesma.

Segue abaixo um quadro com as respectivas escolas municipalizadas:

Page 64: dissertação de mestrado - Cássia

48

QUADRO 2 - Escolas Municipalizadas da Diretoria de Mogi Mirim.

Municípios e escolas da Diretoria Mogi Mirim

Ano da

municipalização

AGUAS DE LINDOIA LUIZ BARBOSA 1999

PEDRO FACCHINI COMENDADOR 2006

PORF.IVAN G.DE FRANÇA 1999

AMPARO FLORIPES BUENO DA SILVA PROFA 1998

JACYRA RIBEIRO GUILARDI PROFA 1998

RAUL DE OLIVEIRA FAGUNDES 1998

CONCHAL

ALONSO FERREIRA DE CAMARGO 2004

BAIRRO CONCHAL VELHO 2002

GIACOMO CORTE EMEF 2003

MARIA BENEDITA FERNANDES PROFA 2005

MARIA CECILIA LISSERRE ALMADA GOMES PROFA 2002

ESTIVA GERBI ADELIA CALEFFI GERBI 1998

AGENOR DE CARVALHO CAPITAO 2002

HOLAMBRA BAIRRO DO FUNDAO 1997

BAIRRO FAZENDA PALMEIRAS 1997

BAIRRO HOLAMBRA 1997

IBRANTINA CARDONA 1997

ITAPIRA

BAIRRO DA PONTE NOVA 1998

CAETANO MUNHOZ PREFEITO 2003

GILMERY VASCONCELLOS PEREIRA ULBRICHT PROFA 1998

HEITOR SOARES 1998

IZAURA DA SILVA VIEIRA DONA 1998

JOAO SIMOES PROF 1998

Page 65: dissertação de mestrado - Cássia

49

JOAQUIM VIEIRA 1998

VIRGOLINO DE OLIVEIRA COMENDADOR 1998

WILMA DE TOLEDO BARROS MUNHOZ PROFA 1998

LINDOIA PEDRO DE TOLEDO 2002

MOGI-GUACU

ALICE DE CAMPOS SILVA PROFA 2000

ANTONIO GIOVANI LANZI 2000

CLEIDE DA FONSECA FERREIRA PROFA 1999

CLEONICE APARECIDA CRUZ KILBURN THIELE PROFA 1997

EMILIA VEDOVELLO PEDROSO PROFA 1997

FAZENDA GRAMINHA 1999

FERNANDO RICARDO GOUVEA PAOLINI PROF 1999

GUILHERMINA LOPES RODRIGUES PROFA 1999

JOAO BUENO JUNIOR 2000

NELSON GIRARDI PROFESSOR 1997

SONIA APARECIDA MAXIMIANO BUENO PROFA 2005

THEREZINHA APPARECIDA VILLANI DE CAMARGO PROFA 2000

WALDOMIRO CALMAZINI PREFEITO 2000

MOGI-MIRIM ADIB CHAIB PREFEITO 2003

ANTONIO JOSE PERES MARQUES PROF 2000

ARISTIDES GURJAO PROF 2002

DONA SINHAZINHA 2004

HELENA DOS SANTOS ALVES PROFA 2002

HUMBERTO BRASI PROF 2004

JORGE BERTOLASO STELLA PROF 2002

ORLANDO BONI PROF 2002

SAO JUDAS TADEU 2000

SITIO DOS CAMPOS 2002

VILA DIAS II 2002

MONTE ALEGRE DO SUL

ANTONIO BRUNO DAOLIO 1997

CLODOVEU BARBOSA PROF 1997

RAUL DE PAIVA CASTRO 1997

PEDREIRA

ARNALDO ROSSI PROF 1999

BAIRRO DA AREIA BRANCA 1999

Page 66: dissertação de mestrado - Cássia

50

BAIRRO ENTRE MONTES 1999

HORTENCIA FORNARI NOVO PROFA 1997

HUMBERTO PIVA 2002

JARDIM ANDRADE 1997

JOSE JURANDYR PIVA PROF 1999

SANTO ANTONIO DE POSSE

ISAURA DE CARVALHO COELHO PROFA

2005

LETICIA PAGANOTTE TOREZAN 2005

MARIO BIANCHI

2005

SERRA NEGRA

NENHUMA ESCOLA FOI MUNICIPALIZADA

As informações deste quadro foram obtidas no site da Secretaria de Educação do

Estado de SP, porém obtivemos de alguns coordenadores da área de Educação Física destas

escolas algumas informações divergentes acerca destas serem já mucipalizadas.

4.3.2.1 Amostra das escolas

Como já explicado, a amostra das escolas foi definida por sorteio, utilizando-se os

critérios da amostragem estratificada proporcional, das escolas municipalizadas de Ensino

Fundamental que tenham as séries inicias, e que façam parte da Diretoria de Ensino de

Mogi Mirim.

Segundo Gil (2009, p. 92), a amostra estratificada “caracteriza-se pela seleção de

uma amostra de cada subgrupo da população considerada”. Neste estudo a amostra

estratificada utilizada foi a proporcional, que “seleciona-se de cada grupo uma amostra

aleatória, ou seja, proporcional à extensão de cada subgrupo determinado por alguma

propriedade tida como relevante”.

Assim, a partir desta lista de cidades com as suas respectivas escolas municipalizadas

da Diretoria de Mogi Mirim, foi realizado um sorteio atingindo (50%) das escolas

municipalizadas de cada cidade.

Page 67: dissertação de mestrado - Cássia

51

Destaco que Mogi Guaçu foi a única cidade por não ter as escolas que foram ou não

municipalizadas atualizadas no quadro do site da Secretaria de Educação de SP, que não

atingiram a amostra pré-definida, ou seja, que não atendeu aos (50%) das escolas

municipalizadas como determinamos, sendo entregue o questionário para os professores de

apenas três escolas.

4.4 Critérios de inclusão e exclusão

Estes critérios serão aludidos tanto para as escolas, como para os responsáveis que

atuam com a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental e para

os diretores.

Das escolas:

Os critérios de inclusão foram os seguintes:

Escolas que foram municipalizadas até o ano de 2010.

Escolas que fazem parte da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, e que contemple as séries

iniciais do Ensino Fundamental.

Os critérios de exclusão foram os seguintes:

Escolas municipais ou estaduais. Para melhor entendimento, foram excluídas as escolas que

são Estaduais, ou que sempre foram Municipais.

Escolas não autorizadas para a pesquisa pela Diretoria de Ensino da cidade ou pela diretora.

Dos professores que lecionam a Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental:

Os critérios de inclusão foram os seguintes:

Ser professor polivalente ou professor de Educação Física.

Ser o responsável pelas aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Os critérios de exclusão foram os seguintes:

Page 68: dissertação de mestrado - Cássia

52

A não autorização da diretora ou da Diretoria de Ensino para a entrega dos questionários aos

responsáveis pelas aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Caso o professor responsável pela aula de Educação Física nas séries iniciais do Ensino

Fundamental não aceitasse participar.

Atuar como estagiário na disciplina de Educação Física nas séries iniciais do Ensino

Fundamental.

Dos diretores:

O critério de inclusão foi:

Atuar como diretor do 1º ao 5ª ano na escola.

O critério de exclusão foi:

Caso o diretor não quisesse responder ao questionário.

4.5 Procedimentos da coleta de dados

Para efetuar a coleta dos dados, foi primeiramente realizada pela internet uma busca

dos telefones de cada Diretoria de Educação das cidades da Região de Mogi Mirim. E, logo

em seguida, foram realizados os contatos para falar preferencialmente com a Diretora de

Educação de cada cidade, com a finalidade, de fazer primeiramente uma breve apresentação

da pesquisa, solicitar a permissão para a realização da mesma, assim como o telefone destas

escolas para poder entrar em contato com os diretores23

.

Para o segundo contato, foi feito uma ligação telefônica aos diretores, tendo como

objetivo agendar a data para a entrega dos questionários aos professores responsáveis pelas

aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental ou aos diretores que o

repassaram.

23

Destaco que em algumas Diretorias de Ensino houve a solicitação de um documento oficial da instituição do

curso de Pós-Graduação de mestrado das pesquisadoras, assim estes foram devidamente entregues e somente

depois de autorizado foi efetivado o segundo contato, explicitado em seguir.

Page 69: dissertação de mestrado - Cássia

53

Com a data agendada, uma carta ao diretor, mais um envelope (contendo três

documentos - 1º Informativo e instruções de preenchimento sobre o questionário, 2º Termo

do consentimento livre e esclarecido, 3º Questionário) - foram levados pela pesquisadora nas

escolas, e os mesmos foram entregues ao diretor (a) da escola, ao professor especialista ou

polivalente responsáveis por essas aulas. Estes documentos foram respondidos no mesmo

instante juntamente com a presença da pesquisadora, ou em alguns casos a pesquisadora teve

que retornar na escola para recolhê-los ou, em último caso, foi enviado pelo correio para

casa da mesma.

Depois desta etapa, foram feitas novamente as ligações para duas escolas de cada

cidade que foram selecionadas por sorteio, solicitando a participação dos diretores para que

respondessem ao outro questionário. Dessa forma, os mesmos informaram o endereço

eletrônico próprio ou da escola, e a pesquisadora enviou-lhes o questionário, estabelecendo

uma data para reenvio dos mesmos respondidos. Juntamente com este, foi emitido uma

Carta de Apresentação, Instruções de preenchimento, Termo de consentimento livre e

esclarecido.

4.6 Riscos envolvidos

Como risco mínimo houve a possibilidade do participante não se desempenhar para

responder o questionário. Caso isso ocorresse, a pesquisadora entraria em contato com

mesmo, mas se este estivesse constrangido em responder às questões, haveria a compreensão

para não participação da pesquisa.

4.7 Análise dos dados

Para interpretação das respostas dos questionários respondidos pelos professores e

diretores que compõe a amostra desta pesquisa, utilizamos a técnica de análise de conteúdo

estudada por Bardin (2011), assim como disponibilizamos alguns dados de forma gráfica

para a desenvoltura de alguns debates (complementares às análises já realizadas).

Segundo esta autora nos indica a análise de conteúdos (BARDIN, 2011, p.37) “é um

conjunto de técnicas de análise das comunicações”, assim esta técnica procura se debruçar e

conhecer o que está por trás das palavras, tendo a finalidade de investigar a influência dos

conhecimentos num determinado contexto, podendo assinalar referências quantitativas e

qualitativas.

Page 70: dissertação de mestrado - Cássia

54

Conforme Bardin (2011, p.134-137) sugere, para realizarmos a análise de conteúdo

das respostas dos professores e diretores utilizando a seguinte codificação:

1º A unidade de registro – É a unidade de significação codificada e corresponde ao

segmento de conteúdo considerado unidade de base, visando categorizar e a

contagem frequencial.

2º A unidade de contexto – A unidade de contexto serve de unidade de

compreensão para codificar a unidade de registro e corresponde ao segmento da

mensagem, cujas dimensões (superiores às da unidade de registro) são ótimas para

que se possa compreender a significação exata da unidade de registro. Esta pode, por exemplo, ser a frase para a palavra e o parágrafo para o tema.

Posteriormente, realizamos a classificação dos elementos em categorias, que segundo

Bardin (1977, p.105), "consiste em descobrir núcleos de sentido que compõem a

comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição podem significar alguma coisa para

o objetivo analítico escolhido".

Sintetizando, seguiremos os seguintes passos:

1°) LEVANTAMENTO DAS UNIDADES DE REGISTRO24

2º) LEVANTAMENTO DAS UNIDADES DE CONTEXTO25

3°) ELABORAÇÃO DAS CATEGORIAS

4º) DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS (PROFESSORES,

DIRETORES E CRUZAMENTO DAS DISCUSSÃO ENTRE OS DOIS -

PROFESSORES E DIRETORES).

24

Saliento que as respostas dos professores e diretores que não estavam de acordo com a questão levantada não

foram inseridas nas Unidades de Registro.

As Unidades de Registro foram organizadas e separadas por números de acordo com a mudança de cada

assunto. 25 Alguns autores indicam a origem das Unidades de Contexto indicando as Unidades de Registro,

evidenciando assim as frequências de respostas dos professores, porém neste trabalho optamos por evidenciar

quais os professores.

Page 71: dissertação de mestrado - Cássia

55

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, serão apontados os dados que foram coletados, por meio dos

questionários aplicados aos professores pertencentes à amostra desta pesquisa. Estes dados

serão apresentados nos quadros e tabelas, e em seguida discutidos. Para as questões abertas

ou discursivas utilizamos como exposto anteriormente a análise de conteúdos de Bardin,

diferentemente das questões fechadas, ou objetivas.

Para melhor compreensão dividimos em cinco momentos este capítulo:

- PRIMEIRO MOMENTO: PERFIL DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

que atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas municipalizadas da

Diretoria de Mogi Mirim

Contemplou as questões 1 e 2 do questionário entregue aos docentes, sendo as

seguintes: 1-) Qual a sua formação em nível superior e/ou magistério, caso tenha mais de

uma especifique e o ano de conclusão? 2-) Considera que sua formação contribuiu para

ministrar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental? Por

quê? Neste primeiro momento serão apresentados o perfil de formação dos 32 professores

participantes desta pesquisa e como a formação contribuiu ou não para os mesmos

lecionarem nas séries iniciais do Ensino Fundamental;

- SEGUNDO MOMENTO: PERFIL DE ATUAÇÃO DOS PROFESSORES

(Escolha, série e período - antes, durante e/ ou depois da municipalização - dos

professores que lecionam nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas

municipalizadas da Diretoria de Mogi Mirim).

Contemplou as questões 3, 4 e 5 do questionário, sendo as seguintes 3-) Como foi

escolhido (a) para lecionar a disciplina de Educação Física na escola ou série em que atua?

4-) Quais séries que atua com a disciplina de Educação Física? 5-) Você atua nesta

disciplina antes e/ou depois da escola ter sido municipalizada? Portanto neste momento

serão apresentadas as informações quanto o perfil de atuação dos mesmos, ou seja, como

foram escolhidos para lecionarem nestas escolas e séries, em que séries atuam e o período

de atuação relacionado ao período da municipalização (se iniciaram no período em que a

escola foi municipalizada, antes ou depois);

Page 72: dissertação de mestrado - Cássia

56

- TERCEIRO MOMENTO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS ABORDADOS

PELOS PROFESSORES que lecionam nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas

escolas municipalizadas da Diretoria de Mogi Mirim.

Foram consideradas as questões 6 e 10 do questionário, sendo: 6-) Quais devem ser

no sue entender, os objetivos a serem contemplados na Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental? 10-) Você desenvolve regularmente as aulas de Educação Física?

Porquê? Exponha suas facilidades e dificuldades. Serão discutidos os Aspectos Pedagógicos,

como as facilidades e dificuldades que estes professores têm no seu cotidiano escolar e os

objetivos trabalhados por eles nas séries iniciais do Ensino Fundamental para a Educação

Física. Ressalta-se que as questões abordadas até o terceiro momento têm o papel de

contribuir com o entendimento do sujeito estudado, ou seja, o perfil do professor da amostra,

suas dificuldades e facilidades, entre os outros pontos expostos que permitirão contextualizar

o indivíduo que está imerso numa determinada realidade, permitindo também verificarmos

a legitimação do espaço do professor de Educação Física nas séries iniciais do Ensino

Fundamental;

- QUARTO MOMENTO: IMPACTOS DA POLÍTICA DE

MUNICIPALIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA (nas escolas municipalizadas

da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim).

Neste momento foram contempladas a quinta questão do questionário do professor

5) Você atua nesta disciplina antes e/ou depois da escola ter sido municipalizada? E quais

permanências e continuidades foram percebidas por você neste processo de municipalização

em relação à disciplina de Educação Física (atuação profissional, conteúdos, carga horária,

etc); assim como a quinta questão do questionário do diretor que refere-se ao mesmo

assunto: 5-) Como o processo de municipalização impactou na área da Educação Física nas

séries iniciais do E.F?. Assim, neste momento será tratado com especificidade o objeto de

estudo desta pesquisa, acerca dos Impactos da política de municipalização para a Educação

Física escolar, nas escolas municipalizadas da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim (de

acordo com a opinião dos professores e diretores);

- QUINTO MOMENTO: QUEM DEVE LECIONAR AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL?

Neste quinto e último momento, será tratada a questão 7 do questionário do

professor: Na sua opinião quem deve lecionar as aula de Educação Física do 1º ao 5º

Page 73: dissertação de mestrado - Cássia

57

ano? Por quê?; assim como a questão que aborda o mesmo assunto no questionário do

diretor - 7-) Na sua opinião quem deve lecionar as aulas de Educação Física do 1ª ao 5º

ano? Por quê?. Esta análise revelará a preferências de professores e diretores por

polivalentes os professores de Educação Física, ou até mesmo um trabalho em conjunto

dos mesmos para o desenvolvimento das aulas de Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental.

A seguir apresentaremos cada um destes momentos, com suas respectivas análises.

Page 74: dissertação de mestrado - Cássia

58

5.1 PRIMEIRO MOMENTO: PERFIL DE FORMAÇÃO PROFESSORES que atuam

nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas municipalizadas da Diretoria de

Mogi Mirim.

O primeiro momento contemplou as questões 1 e 2 do questionário entregue aos

docentes, sendo as seguintes:

1-) Qual a sua formação em nível superior e/ou magistério, caso tenha mais de uma

especifique e o ano de conclusão?

2-) Considera que sua formação contribuiu para ministrar a disciplina de Educação

Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental? Por quê?

Para melhor compreensão dos dados seguem as tabelas, os quadros, a porcentagem

dos mesmos e posteriormente as discussões.

Page 75: dissertação de mestrado - Cássia

59

TABELA 1 – Nível de Formação dos professores.

NÍVEL CURSO PROFESSORES %

GRADUAÇÃO

EDUCAÇÃO FÍSICA

P1, P2, P3, P4, P5, P6,

P7, P8, P9, P10, P11,

P12, P13, P14, P15, P16,

P17, P18, P19, P20, P21,

P22, P23, P24, P25, P26,

P27, P28, P29,P30,

P31,P32

100%

PEDAGOGIA

P6, P31, P19, P20, P26.

16%

PÓS- GRADUAÇÃO

(ESPECIALIZAÇÃO)

EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR

P9, P12, P14, P19, P21,

P32

19%

OUTRAS ÁREAS DA

EDUCAÇÃO FÍSICA

P5, P13, P28, P22, P20.

16%

NA ÁREA DA

EDUCAÇÃO

(PSICOPEDAGOGIA)

P20, P31.

6%

NÃO ESPECIFICARAM

P3, P4, P25.

9%

CURSOS DE

EXTENSÃO

NÃO ESPECIFICARAM

P13.

3%

De acordo com a tabela exposta, relacionada à formação dos professores que fazem

parte da amostra, 100% são graduados em Educação Física e 16% além desta formação

também concluíram o curso de Nível Superior em Pedagogia.

Page 76: dissertação de mestrado - Cássia

60

Em relação à pós-graduação em Nível Superior Lato Sensu, 50% dos professores

desta amostra já concluíram algum tipo de formação neste nível, sendo que 19% dos

professores são especialistas na área da Educação Física Escolar, 16% fizeram

especialização em outras áreas da Educação Física não relacionadas à Educação Física

escolar, como: Exercício resistido na doença na saúde e no envelhecimento,

Aperfeiçoamento em Atividade Física para pessoas com deficiência, Especialização em

Técnico Desportivo de Handebol, Atividade Motora Adaptada, Administração e Marketing

Esportivo, Treinamento de força e Treinamento desportivo. Somente 6% dos professores se

especializaram na área da Educação no curso de Psicopedagogia. Há ainda 9% dos

professores que não especificaram o nome da especialização que concluíram.

De acordo com estes dados é possível inferir a necessidade de disponibilizar a estes

docentes novas possibilidades de formação em Nível de especialização Lato Sensu e também

Stricto Sensu, para uma formação continuada na área escolar, por mais que todos já tenham

a graduação em Educação Física. Como também, que os mesmos procurem novas

possibilidades de realizar esta formação contínua.

Cabe ressaltar que, ao contrário do que imaginávamos quando iniciamos este estudo,

não foi encontrado na amostra das escolas nenhum professor polivalente ministrando as

aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Assim, consideramos

um ponto positivo esta conquista do professor de Educação Física nestas séries, colaborando

para a legitimação e especificidade da área.

Em seguida representamos por uma tabela o ano de formação destes docentes.

Page 77: dissertação de mestrado - Cássia

61

TABELA 2- Ano de formação dos professores

DÉCADAS

PROFESSORES

%

70

P7

3%

80 P5, P11

6%

90

P4, P13, P18, P20, P23, P24, P31

22%

2000

P1, P2, P3, P8, P9, P10, P12, P14,

P15, P16, P19, P21, P22, P25, P28,

P26, P30, P32

56%

NÃO ESPECIFICARAM

P6, P27, P17, P29

12%

Sobre o ano de formação dos professores desta amostra, 56% concluíram a formação

na década de 2000, 22% na década de 90, 6% na década de 80 e 3% na década de 70, 12%

dos professores não especificaram o ano que concluíram a formação.

A próxima questão discutida é se a formação contribuiu ou não para o professor

lecionar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do E.F, segue a tabela:

Page 78: dissertação de mestrado - Cássia

62

TABELA 3 – A contribuição do nível superior para lecionar as aulas de Educação Física nas

séries iniciais do Ensino Fundamental.

CONSIDERA QUE SUA FORMAÇÃO CONTRIBUIU PARA MINISTRAR A

DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL?

SIM

P1, P2, P3, P4, P5, P7, P9, P10,

P11, P12, P13, P14, P15, P16,

P17, P18, P19, P20, P21, P22,

P23, P24, P25, P26, P27, P28,

P29, P30, P31, P32.

%

94%

NÃO

P6, P8.

%

6 %

Quanto à contribuição da formação para ministrar a disciplina de Educação Física nas

séries inicias do Ensino Fundamental, 94% dos professores consideraram que SIM, e

somente 6% responderam que a formação NÃO contribuiu para lecionar nestas séries.

Na pesquisa de Dudeck e Moreira (2010, p. 60) relacionada à formação dos

professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, o resultado obtido

foi proporcionalmente semelhante ao nosso, pois “84% dos professores participantes da

pesquisa consideram importante o processo de formação em sua atuação profissional e 14%

consideraram que a formação acadêmica não contribuiu para o desenvolvimento do seu

trabalho”.

Em relação a esta questão, alguns educadores compreenderam a formação como algo

mais amplo que a graduação, remetendo-se também às especializações feitas, como nos

seguintes exemplos:

(P4) Tanto na graduação como na especialização a grade curricular foi de grande

aproveito.

(P3) Quando procurei uma especialização em minha área pesquisei a pós-graduação

em que melhor atendia minhas necessidades.

(P7) Através dos anos vamos adquirindo conhecimentos através de cursos, livros,

que nos trazem mais conhecimento.

(P12) Pois através dela me especializei em atividade física e suas ramificações

como: jogos, lutas, ginástica, atividades rítmicas, exercícios físicos, lazer recreação

dentre outra práticas corporais, favorecendo o desenvolvimento da educação e

saúde.

Page 79: dissertação de mestrado - Cássia

63

(P13) Tive uma boa formação acadêmica e em nossa cidade temos curso de

formação continuada, além disso todos os professores da rede Municipal de 1º a 5 º

ano são especialistas o que facilita o Planejamento e a execução desse planejamento

de forma organizada.

(P 24) Pois a faculdade deu uma base geral, nos conteúdos e o resto fica por sua

conta para capacitação cursos e outros para buscar várias maneiras de inovar.

(P32) A pós graduação me deu mais embasamento que a graduação normal pois nela

tudo é mais amplo, mesmo assim os conhecimentos da graduação foram importantes pois nos ajuda a conhecer melhor o aluno em outros aspectos.

A partir das respostas objetivas que foram dadas pelos professores se a formação

contribuiu ou não, para ministrarem as aulas de Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental, considerando-se que o objeto deste estudo envolve uma faixa etária

específica, obteve-se a necessidade de melhor compreender o porquê a formação contribuiu

ou não para a atuação nestas séries, já que a formação está vinculada à atuação docente.

Para isso, foi seguido os passos propostos pela análise de conteúdo de Bardin. A

partir da leitura das respostas a respeito da formação dos professores, que participaram desta

pesquisa, denominadas de acordo com Bardin (2011) de Unidades de Registro, foram

identificadas as Unidades de Contexto e em seguida as Categorias. Neste primeiro momento,

apresentaremos às que estão vinculadas as Contribuições ou não da Formação para o

professor especialista ministrar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do Ensino

Fundamental, quais serão apresentadas e discutidas a seguir:

Page 80: dissertação de mestrado - Cássia

64

QUADRO 3- Unidades de Registro relacionadas às contribuições ou não da formação para o

professor especialista ministrar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do Ensino

Fundamental.

PROF.

U.R.

UNIDADES DE REGISTRO

1

1. Meus professores sempre foram muito bons.

2. Sempre nos colocavam para dar aulas na faculdade.

2 3.

Porque tive uma boa base na faculdade sobre como ministrar as aulas.

4 4.

Tanto na graduação como na especialização a grade curricular foi de grande aproveito.

5 5.

Algumas disciplinas eram específicas para Educação Física Escolar.

6 6. Porque nenhuma faculdade você tem a prática em sala de aula.

8 7.

Foram aulas teóricas com embasamento em autores que não são mais solicitados em

concursos.

9 8.

Proposta para educar sobre habilidades motoras, éticas e criar pessoas e não atletas.

10 9. O conteúdo abordado no curso de licenciatura na faculdade contempla a pedagogia

necessária para ministrar as aulas, porém, somente nos estágios obrigatórios é que podemos

colocar em prática a teoria abordada.

11 10. Pois dentro das disciplinas que fiz no meu curso considero que abrangeram bem esta faixa

etária.

12 11. Através dela me especializei em atividade física e suas ramificações como: jogos, lutas,

ginástica, atividades rítmicas, exercícios físicos, lazer, recreação dentre outra práticas

corporais, favorecendo o desenvolvimento da educação e saúde.

13 12. Tive uma boa formação acadêmica.

14 13. É um curso amplo, conseguimos abranger diferentes áreas, e na educação física escolar

como disciplina dada, ainda que bem básica trouxe noções de compreender os temas

desenvolvidos e orientar à um caminho de percurso de aprendizagem; porém precisa-se de

muitos estudos para aprimorar.

15 14. Deu todos os parâmetros necessários para trabalhar com as séries iniciais.

16 15. Porque me forneceu os "pré-requisitos" necessários para atuar nesta área.

17 16. Possibilitou adquirir conhecimentos que são pertinentes à minha atuação profissional

enquanto educador. 18 17. As disciplinas foram específicas para essa área de atuação.

19 18. Consigo aplicar com mais êxito as atividades desenvolvidas.

20 19. Nos dá base para atuarmos com a disciplina e coerência ensinado atividades físicas e educacionais para os nossos discentes.

21 20. Aprendi bastante atividades práticas e isso me ajudou muito.

23 21. Minha formação é específica para a disciplina.

24 22. Deu uma base geral nos conteúdos.

25 23. Acredito que a faculdade ajuda a organizar alguns conceitos que temos previamente obtidos

na própria vivência escolar, e acrescentar na maneira de colocá-los em prática otimizando-os

e adequando ao ambiente escolar atual.

26 24. Porque durante o período de faculdade tive instruções suficientes para trabalhar com

qualquer faixa etária.

27 25.

Por ser um curso específico para a disciplina.

Page 81: dissertação de mestrado - Cássia

65

28 26. Pois pelo embasamento das aulas, montar planos de aulas, montar aulas em estágios feitos

na própria faculdade, auxiliou pois os alunos tinham a mesma idade.

29 27. Com certeza a formação acadêmica foi muito importante.

28. As disciplinas didática, metodologia, estudo do corpo humano e entre outras que completam

a formação do profissional. 30 29. Foi durante a formação que aprendi melhores formas de se trabalhar com crianças.

31 30. Porque ajudou a desenvolver melhor meu trabalho com as crianças, ajudou também no

desenvolvimento do conteúdo.

32 31. Os conhecimentos da graduação foram importantes, pois nos ajuda a conhecer melhor o aluno em outros aspectos.

Page 82: dissertação de mestrado - Cássia

66

QUADRO 4- Unidades de Contexto relacionadas às contribuições ou não da formação para

o professor especialista ministrar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do E.F.

UNIDADES DE CONTEXTO

PROFESSORES

1- A FORMAÇÃO DISPONIBILIZOU PRÁTICA

PARA O ENSINO

P1, P19, P20, P21, P25,

P28

2- A FORMAÇÃO CONTEMPLOU A

ESPECIFICIDADE DA DISCIPLINA

P5, P12, P14, P18, P23,

P27

3- A FORMAÇÃO ABRANGEU A FAIXA ETÁRIA

DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

P11, P15, P26, P28, P30,

P31, P32

4- A FORMAÇÃO ABRANGEU OS CONTEÚDOS E

O DESENVOLVIMENTO DOS MESMOS

P10, P24, P31

5- A FORMAÇÃO OFERECEU UMA PROPOSTA

PARA O DESENVOLVIMENTO DAS

HABILIDADES MOTORAS E DA FORMAÇÃO

HUMANA

P9

6- A FORMAÇÃO OFERECEU UMA GRADE

CURRICULAR A CONTENTO

P4, P29

7- A FORMAÇÃO CONTRIBUIU PARA

ORGANIZAR CONCEITOS

P25

8- A FORMAÇÃO OFERECEU BONS

PROFESSORES

P1

9- A FORMAÇÃO ATINGIU OS PRÉ REQUESITOS P16

10- A FORMAÇÃO COLABOROU PARA ADQUIRIR

CONHECIMENTOS

P 17, P32

11- A FORMAÇÃO ACADÊMICA FOI BOA /

IMPORTANTE PARA LECIONAR NAS SÉRIES

INICIAIS DO E.F.

P13, P29, P32

12- A FORMAÇÃO PROPORCIONOU A DIDÁTICA

PARA O PROFESSOR LECIONAR

P2, P28

13- A FORMAÇÃO PROPORCIONOU UMA BASE

PARA O PROFESSOR LECIONAR

P2, P20, P24

14- NA FORMAÇÂO FALTOU A PRÁTICA EM SALA

DE AULA

P6

15- AS AULAS ERAM TEÓRICAS COM

EMBASAMENTO EM AUTORES QUE NÃO SÃO

MAIS SOLICITADOS EM CONCURSOS

P8

Com o levantamento das Unidades de Registro identificamos 13 Unidades de

Contexto condizentes ao dueto formação e atuação, como sendo algo positivo, ou seja, a

formação em Educação Física contribuindo para a atuação docente nas séries iniciais do

Page 83: dissertação de mestrado - Cássia

67

Ensino Fundamental, conforme a amostra deste estudo. E somente duas categorias indicando

que a formação em Educação Física não contribuiu para a prática docente.

Dentre os resultados obtidos nas 13 Unidades de Contexto levantadas, percebe-se

com maior frequência de professores a Unidade de Contexto número 3, para 7 dos

professores participantes (P11, P15, P26, P28, P30, P31, P32), a graduação em Educação

Física ABRANGEU A FAIXA ETÁRIA das séries iniciais do Ensino Fundamental, ponto

importante, já que cada faixa etária exige um tratamento e conhecimentos específicos do

educador para lecionar e lidar com tais conhecimentos, além de ter que lidar com as

dificuldades individuais e coletivas. Porém, esta resposta não atingiu nem um quarto da

amostra

Porém como identificado nos estudos de Tani (1991), Caparroz e Bracht (2007),

Kawashima, Souza e Ferreira (2009) entre outros, a Educação Física escolar tem muito

ainda que avançar para delimitar as suas especificidades nestas séries.

Podendo-se concluir, segundo as Unidades de Contexto expressas que a formação

no curso de Educação Física em Nível Superior atendeu, em 22% das demandas desta

amostra, para que o professor lecione do 1º ao 5º ano com as crianças de seis a doze anos

de idade.

Os dados também expressam a especificidade que o curso de Educação Física ocupa

nos currículos, mas foram apenas 19% da amostra docente que fizeram referencia a esta

questão.

Com isso, podemos inferir que, primeiramente, é muito importante que a própria

graduação em Educação Física se respalde quanto à legitimação do espaço da Educação

Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental para que depois os futuros professores a

legitimem, em cada aula, para a sociedade.

Seis docentes (P1, P19, P20, P21, P25, P28) na Unidade de Contexto 1, apontaram A

PRÁTICA QUE A FORMAÇÃO DISPONIBILIZOU, sendo que aplicar atividades

práticas e ministrar aulas foram fundamentais para atuarem nas séries iniciais. Conforme a

resposta de (P1 e P28), podemos observar o quanto a disciplina de Estágio foi essencial na

formação deles, como segue:

(P1) Sempre nos colocavam para dar aulas na faculdade já nos estimulando.

(P 28) Montar aulas em estágios feitos na própria faculdade, auxiliou pois os

alunos tinham a mesma idade.

Page 84: dissertação de mestrado - Cássia

68

Porém, como identificado por Devide (2002, p.4) – e também nós acreditamos – que

a Prática de Ensino ou o Estágio Supervisionado “disciplinas que proporcionam uma

vivência prática na realidade do mercado de trabalho, têm se concentrando em atividades

direcionadas ao segundo segmento do Ensino Fundamental (5ª à 8ª séries) e ao Ensino

Médio (além das atividades não formais)”.

Neira (2009) igualmente expõe a importância que as disciplinas de Estágio

Curricular Supervisionado têm e devem ser oferecidas no currículo ao futuro docente de

Educação Física, pois, conhecendo o contexto das escolas, o currículo, a comunidade, os

funcionários, a administração e os problemas enfrentados, poderão levar os futuros

professores no início da sua atuação – como identificado por Tardif e exposto por Neira

(2009) – a evitarem “o choque com a realidade”.

Os professores (P13, P29 e P32) como exposto na Unidade de Contexto 11,

classificaram a graduação como BOA/IMPORTANTE A FORMAÇÃO ACADÊMICA. No

entanto, não esclareceram o porquê. Os professores (P10, P24 e P31) da Unidade de

Contexto 4 descreveram que o curso ABORDOU CONTEÚDOS E O

DESENVOLVIMENTO DOS MESMOS, enquanto (P2, P20 e P24) na Unidade de

Contexto 13 apontaram que a formação dá a BASE para lecionar.

Dois professores (P2, P28) relatam que a graduação contribuiu para “montar planos

de aula” e “como ministrar as aulas”, sendo agrupadas na Unidade de Contexto

denominada de A FORMAÇÃO PROPORCIONOU A DIDÁTICA PARA O

PROFESSOR LECIONAR . Seguem as respostas dos mesmos:

(P2) Porque tive uma boa base na faculdade sobre como ministrar as aulas e

pratico todo o conhecimento com os alunos.

(P28) Pois pelo embasamento das aulas, montar planos de aulas, montar aulas.

Campos (2011) evidencia que de maneira geral, a didática se institui como um

componente da ciência pedagógica que aborda as questões do processo de ensino e

aprendizagem. Pode ser analisada pelos aspectos teóricos e metodológicos, pela história e

principalmente pelo planejamento do ensino. Libâneo (1994) destaca que a didática

contribui para o professor desenvolver seu trabalho, já que esta aborda as competências

fundamentais para isso, sendo uma disciplina formadora.

Na nossa pesquisa 2 professores cogitaram quanto a não contribuição da formação

para o professor especialista ministrar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do

E.F, devido a distância entre a teoria e a prática ou a práxis. Na pesquisa de Dudeck e

Page 85: dissertação de mestrado - Cássia

69

Moreira (2010) apud Betti e Betti (1996) é identificada a necessidade do equilíbrio entre a

teoria e prática, que não tem sido observada nos cursos de Educação Física. Segue a

respostas dos docentes mencionados:

(P6) Porque nenhuma faculdade você tem a prática em sala de aula.

(P8) Foram aulas teóricas com embasamento em autores que não são mais

solicitados em concursos.

Como pode ser observada, a resposta do professor (P6) diverge das respostas dos

docentes já mencionados (P1, P21, P28), que corroboram que a formação disponibilizou a

prática, contribuindo para que ministrassem as aulas nas séries iniciais do Ensino

Fundamental.

Após as Unidades de Contexto explanadas, organizamos dois grandes grupos

denominados de categorias, que correspondem segundo Bardin (1977) a um agrupamento

temático das ideias (unidades de contexto) a partir das suas semelhanças.

QUADRO 5 - Categoria relacionada à contribuição ou não da formação para os docentes

CATEGORIAS

Nº DAS

UNIDADES DE

CONTEXTO

1-A FORMAÇÃO

CONTRIBUIU EM ALGUM (S)

ASPECTO (S)PARA O

PROFESSOR LECIONAR NAS

SÈRIES INICIAIS DO E.F A

EDUCAÇÃO FÍSICA

1, 2, 3, 4, 5, 6,7,8,9,

10, 11, 12

2-A FORMAÇÃO NÃO

CONTRIBUIU EM ALGUM (S)

ASPECTO (S) PARA O

PROFESSOR LECIONAR NAS

SÉRIES INICIAIS DO E.F A

EDUCAÇÃO FÍSICA

13, 14

Page 86: dissertação de mestrado - Cássia

70

Com pode ser observada, a primeira categoria engloba as 12 Unidades de Contexto

que estão relacionadas à formação em Educação Física como positiva, ou seja, contribuindo

em algum (s) aspecto (s) para a atuação do professor de Educação Física nas séries iniciais do

E.F., a segunda categoria, contempla apenas 2 Unidades de Contexto, que condiz com a

formação não contribuindo em algum aspecto para o professor especialista lecionar nestas

séries.

Sendo que a categoria 1 denominada de: A formação contribuiu em algum (s) aspecto

(s) para o professor lecionar nas séries iniciais do E.F a Educação Física, abordou as

seguintes Unidades de Contexto: 1-) A formação disponibilizou prática para o ensino. 2-) A

formação contemplou a especificidade da disciplina. 3-) A formação abrangeu a faixa etária

das séries iniciais do E.F. 4-) A formação abrangeu os conteúdos e o desenvolvimento dos

mesmos. 5-) A formação ofereceu uma proposta para o desenvolvimento das habilidades

motoras e da formação humana. 6-) A formação ofereceu uma grade curricular a contento 7-)

A formação contribuiu para organizar conceitos. 8-) A formação ofereceu bons professores.

9-) A formação atingiu os pré-requisitos. 10-) A formação colaborou para adquirir novos

conhecimentos. 11-) A formação acadêmica foi boa/ importante para lecionar nas séries

iniciais do E.F. 12-) A formação proporcionou a didática para o professor lecionar. 13-)A

formação proporcionou uma base para o professor lecionar.

Enquanto a categoria 2 denominada de: A formação não contribuiu em algum (s)

aspecto (s) para o professor lecionar nas séries iniciais do E.F. contemplou as seguintes

Unidades de Contexto: 14-) Na formação faltou a prática em sala de aula. 15-) As aulas eram

teóricas com embasamento em autores que não são mais solicitados em concursos.

Neste contexto segundo Pereira (2007, p.7) :

Compreende-se que um curso superior não tem condições indissolúveis de garantir

uma ótima formação profissional e consequentemente, uma ação docente eficaz,

mas, ainda que minimamente, há que se considerar que a formação em Educação Física, especificamente, a Licenciatura, permite o conhecimento de alguns

pressupostos dessa área do conhecimento favorecendo um trato mais próximo

durante o seu desenvolvimento na escola.

Findando o primeiro momento a respeito da formação, Nista-Piccolo (2010) enfatiza

uma formação humanista como ponto de partida para a formação dos futuros professores de

Educação Física que atuarão nas escolas. De tal modo, é indispensável que os currículos

equilibrem as disciplinas calcadas não apenas no viés biologicista e técnico, mas também nas

Page 87: dissertação de mestrado - Cássia

71

disciplinas que dêem um suporte para a reflexão, imaginação e a convivência com o outro – o

que requer um balanceamento entre as disciplinas anatomo-fisiológicas, esportivas e sócio-

histórico-filosófica, a fim de se romper uma visão utilitarista da saúde e do adestramento

físico. Na nossa pesquisa, como prevaleceu a participação dos professores formados na

década de 2000, parece que os mesmos, de acordo com os objetivos apontados, já receberam

um pouco deste tipo de formação.

Page 88: dissertação de mestrado - Cássia

72

5.2 SEGUNDO MOMENTO: PERFIL DE ATUAÇÃO (Escolha, série e período (antes,

durante e/ ou depois da municipalização)) dos professores que lecionam nas séries

iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas municipalizadas da Diretoria de Mogi

Mirim.

Neste segundo momento, serão contempladas as questões 3, 4 e 5 do questionário,

sendo as seguintes:

3-) Como foi escolhido (a) para lecionar a disciplina de Educação Física na escola ou

série em que atua?

4-) Quais séries que atua com a disciplina de Educação Física?

5-) Você atua nesta disciplina antes e/ou depois da escola ter sido municipalizada?

TABELA 4 - Escolha do professor para lecionar nas séries iniciais do Ensino Fundamental

nas escolas municipalizadas da Diretora de Mogi Mirim.

ESCOLHA DO PROFESSOR PARA LECIONAR NAS SÉRIES

INICIAIS DO E.F.

CONCURSO PÚBLICO

P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8,

P9, P10,P11,P12,P13,P15,P16,

P17, P18, P19, P20, P21, P22,

P23, P24, P25,P26, P27, P28,

P29, P30, P31, P32

%

97%

SECRETÁRIO DA

EDUCAÇÃO

P14

%

3%

Como explicito na tabela, somente um professor de Educação Física, o que corresponde

a 3% da amostra foi escolhido pelo Secretário da Educação para atuar na escola, e os outros

97% são concursados.

O que certamente expõe um ótimo indicativo para a área, ao profissional e a sociedade.

Pois um concurso público a priori, tem a função de garantir profissionais com o melhor

potencial para cumprir o exercício da profissão.

Em contrapartida o professor possui a estabilidade, que não deve ou pelo menos não

deveria servir de pretexto para se acomodar, mas sim reforçar os elos com a comunidade,

aprimorar sua experiência e dar a continuidade na docência, pontos que também dependem

dos planos de carreira que são oferecidos aos mesmos, e devem ser construídos com o intuito

de favorecer a todos os envolvidos.

Page 89: dissertação de mestrado - Cássia

73

De acordo ainda com estes dados, é também possível presumir como o professor de

Educação Física nesta região vem recebendo credibilidade, pelo tipo de cargo que foi

disponibilizado a eles, via concurso público. Se tal confiabilidade não existisse haveria outras

possibilidades de contratos, como o temporário. Além de que, a lei como discutida neste

trabalho, não obriga que seja o professor formado em Educação Física para lecionar nas

séries iniciais do Ensino Fundamental.

TABELA 5 - Séries/anos da atuação dos professores nas escolas municipalizadas da

Diretoria de Ensino de Mogi Mirim com a disciplina de Educação Física escolar.

ENSINO

FUNDAMENTAL

I

% ENSINO

FUNDAMEN-

TAL I E II

% ENSINO

INFANTIL E

FUNDAMENTAL

I

%

P1,P2,P4,P5,P8, P9,

P10, P11, P12, P13,

P14, P15,P16, P17,

P18, P19, P20,P21,

P22, P23, P24, P25,

P26, P27, P28, P29,

P30, P31, P32

91% P6, P7

6%

P3

3%

A respeito das séries ou ano em que os professores da amostra desta pesquisa atuam,

apresentou-se que 91% lecionam do 1º ao 5º ano, 6% lecionam do 1º ao 9º ano e 3% do

Ensino Infantil ao 5º ano. Destaco que um dos critérios de inclusão colocados para a

participação nesta pesquisa é que os docentes fossem os responsáveis pelas aulas de

Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental, mas nada impediria que os

mesmos atuassem também num outro ciclo.

Page 90: dissertação de mestrado - Cássia

74

TABELA 6 – Período da atuação do professor relacionado à municipalização.

PERÍODO DE ATUAÇÃO DO PROFESSOR RELACIONADO Á

MUNICIPALIZAÇÃO

ATUAM ANTES E

DEPOIS DA

MUNICIPALIZA-

ÇÃO

P7, P13, P15, P32

NO ANO DA

MUNICIPALIZA-

ÇÃO

P18

DEPOIS DA

MUNICIPALIZA-

ÇÃO

P1, P2, P3, P4, P5,

P6, P10, P11, P12,

P14, P16, P17, P19,

P20, P21, P22, P23,

P24, P25, P26, P27,

P28, P29, P30

NÃO

RESPONDERAM

ADEQUADAMEN-

TE SE ATUAM

ANTES OU

DEPOIS DA

MUNICIPALIZA-

ÇÃO

P8, P9, P31

(%) 12% 3% 75% 9%

Quanto à questão do período da atuação dos professores, relacionado à

municipalização, ou seja, se os mesmos lecionam antes, depois, ou antes e depois da escola

ter sido municipalizada, foi constatado que 75% dos professores participantes desta pesquisa

atuam com a disciplina de Educação Física depois de ter ocorrido o processo da

municipalização do local onde lecionam.

Este dado corrobora com o ano de formação dos docentes, já mencionado, ou seja, é

possível delinear que durante a municipalização de algumas das escolas, muitos dos

professores desta amostra, ainda estavam se formando, depois houve a abertura dos

concursos para o professor graduado em Educação Física, pois muitas das escolas estaduais

não proviam do professor desta disciplina nas séries iniciais do Ensino Fundamental, ou

ainda, mesmo após a municipalização muitas cidades demoraram em implantar o docente

especialista, já que não existe uma lei que obrigue a atuação dos mesmos, o que depende do

bom senso de cada cidade e de cada Secretaria de Educação.

Questão que pode ser confirmada a seguir, conforme com as respostas dos professores

e diretores:

(P8) “Houve 1º Concurso em 2010, antes eram aulas com estagiários”.

No caso desta resposta, a primeira municipalização nesta cidade, conforme o quadro

disponível no site da Secretaria de Educação do Estado de SP, e exposto na p. 62, ocorreu no

ano de 1997, mas somente em 2010 aconteceu o primeiro concurso para se efetivar o

professor graduado em Educação Física nas séries iniciais, evidenciando-se o período de

treze anos sem ter um professor específico e graduado na área para ministrar as aulas de

Page 91: dissertação de mestrado - Cássia

75

Educação Física nas séries iniciais nesta cidade.

A diretora pertencente desta mesma cidade confirma o fato, quando responde que antes

da municipalização (D13) “O Estado não oferecia professor especialista na área para esse

nível de ensino”.

(D13) E Após a municipalização também não havia professor especialista para as

aulas de Ed. Física, somente alguns estagiários atuaram durante algum tempo. O

plano de carreira municipal também não previa o cargo de professor especialista para

atuar nas séries iniciais. Após a reformulação do Plano Municipal de Educação passou a contar com o cargo e pode fazer concurso público para efetivação de

professores. Essa contratação ocorreu no início de 2010 nas escolas municipais de

educação básica- ensino fundamental séries iniciais.

Outras respostas ratificam o mesmo fenômeno:

(P1) Depois que foi municipalizada, o que percebi que encontrei algumas dificuldades, pois antes quem dava as aulas de Ed. Física era o prof. Polivalente ,

então os alunos nunca tiveram aula de Ed. Física apenas brincavam, sem conteúdo

programado.

Nesta cidade, os professores de Educação Física só foram efetivados em 2011, três

semanas antes de responderem ao questionário desta pesquisa, ou seja, durante doze anos as

aulas de Educação Física foram ministradas por professores não especialistas, ou até mesmo

não ocorriam. Fato que se confirma com resposta de duas diretoras desta mesma cidade,

seguem:

(D1) Até o ano de 2010 as aulas de Educação Física eram lecionadas pelo professor

da sala (polivalente). A partir de 2011, as aulas passaram a ser lecionadas por um professor

especialista (formado em Ed. F.).

(D2) Não após a municipalização, mas sim após a criação da nova escola, o

especialista é recente na rede para o fundamental I, até então era o professor polivalente.

Seguem outras respostas de outros professores:

(P5) Segundo relato das professoras mais antigas da rede depois de ser

municipalizada a escola ainda ficou uns 2 anos sem ter aulas de Educação Física.

(P27) Comecei na escola após a Municipalização. Antes não havia professor

específico.

Sobre a porcentagem dos docentes que atuaram antes e depois da municipalização, foi

verificado o número de 12% da amostra. Apenas um professor, o que corresponde a 3% da

amostra, respondeu que começou a lecionar no ano da municipalização, e ainda 9% dos

professores não deram uma resposta clara a respeito desta pergunta.

Page 92: dissertação de mestrado - Cássia

76

TABELA 7- Professores responsáveis pelas aulas de Educação Física nas séries iniciais (do

1º ao 5º ano ou 1ª série até 5ª séries) antes da municipalização da escola (respostas

concedidas pelos diretores).

POLIVALENTES % ESPECIALISTAS % OUTROS %

D1, D7, D9, D12,

D13.

33%

D3, D4, D5, D6, D8,

D10, D11, D14, D15.

60%

D2.

6%

Cinco diretores (D1, D7, D9, D12, D13), o que corresponde a 33% da amostra

responderam que os responsáveis pelas aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino

Fundamental antes da municipalização da escola em que gesta, eram polivalentes, nove

diretores (D3, D4, D5, D6, D8, D10, D11, D14, D15) o que corresponde a 60% da amostra

responderam que eram os especialistas e somente um diretor (D2) o que corresponde a 6% da

amostra respondeu outros.

Page 93: dissertação de mestrado - Cássia

77

5.3 TERCEIRO MOMENTO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS abordados pelos

professores que lecionam nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas

municipalizadas da Diretoria de Mogi Mirim

Neste terceiro momento, foram consideradas as questões 10 e 6 do questionário,

seguem:

10-) Você desenvolve regularmente as aulas de Educação Física? Porquê? Exponha suas

facilidades e dificuldades.

6-) Quais devem ser no sue entender, os objetivos a serem contemplados na Educação Física

nas séries iniciais do Ensino Fundamental?

TABELA 8 – Desenvolvimento das aulas de Educação Física pelos professores da amostra

VOCÊ DESENVOLVE RUGULARMENTE AS AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA?

SIM

P1, P2, P3, P4, P5, P6, P8,

P9, P10, P11, P12,

P13,P14, P15, P16, P17,

P18, P19, P20, P21, P22,

P23, P24, P25, P26, P27,

P28, P31, P32

%

100

%

NÃO

---

0%

Conforme a tabela acima 100% dos docentes proferiram que desenvolvem as

aulas de Educação Física nas séries iniciais do E. F regularmente, alguns foram mais

específicos no cerne da questão e responderam a quantidade de aulas que lecionam na

semana.

Estas respostas merecem ser apresentadas na integra, pois os professores que

assim responderam, contribuíram para mais um dado interessante para a pesquisa,

seguem:

(P8) e (P9) São aulas de 1h por semana (professores da mesma cidades).

(P1) Cada série tem uma aula por semana.

(P3) Nas séries iniciais são apenas uma aula semanal o que pode prejudicar

um melhor aproveitamento das aulas.

Page 94: dissertação de mestrado - Cássia

78

O docente (P3) além de especificar que as aulas de Educação Física só ocorrem

uma vez por semana na escola em que atua, faz um comentário significativo quanto ao

aproveitamento das mesmas. O que realmente é um dado preocupante, pois na escola, os

alunos já passam a maior parte do tempo, sentados nas carteiras da sala de aula e os

intervalos acabam contribuindo mais para o estímulo do movimento corporal do que a

própria aula de Educação Física. Lembrando ainda, que há o tempo dissipado para

organização dos mesmos na quadra, resultando em um aproveitamento nestes casos, de

menos de 50 minutos por semana para esta disciplina, que é fundamental para tal faixa

etária.

Os professores seguintes responderam que as aulas são desenvolvidas duas vezes

por semana, mesmo assim, de comum acordo com (P13) defendo que três aulas

semanais, de 50 minutos no mínimo, seriam fundamentais para os alunos, como também

para o desenvolvimento de um melhor trabalho dos professores.

(P4) (cada sala 2 X por semana de 50 min).

(P6) Ministro 2 aulas por semana.

(P10) Semanalmente 1h50m (duas aulas de 55 minutos).

(P11) 2 vezes por semana.

(P12) As aulas de educação física são desenvolvidas 2 X por semana em

cada classe.

(P13) O aumento de 2 para 3 aulas semanais para o 1º e 2º ano

favoreceriam um melhor desenvolvimento da disciplina.

(P32) As aulas são 2 vezes por semana.

A propósito ainda desta mesma questão, 9% dos professores não responderam.

Em seguida serão apresentadas as dificuldades e facilidades dos docentes.

Page 95: dissertação de mestrado - Cássia

79

TABELA 9– Facilidades e Dificuldades

EXPONHA SUAS FACILIDADES E DIFICULDADES:

FACILIDADES

P4, P23, P24, P32

%

12

%

DIFICULDADES

P1, P8, P11, P16, P21

16

%

APONTARAM DIFICULDADES E

FACILIDADES

P2, P3, P5, P6, P9, P10, P12,

P13, P14, P17, P18, P19

P20, P25, P26, P28, P31.

53

%

NÃO APRESENTARAM AS DIFICULDADES

NEM FACILIDADES

P15, P22, P27 9%

NÃO RESPONDERAM A QUESTÃO

P7, P29, P30 9%

Conforme o quadro supracitado, 91% dos docentes proferiram que desenvolvem as

aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental regularmente, alguns

foram mais específicos no cerne da questão e responderam a quantidade de aulas que

lecionam na semana.

Estas respostas merecem ser apresentadas na íntegra, pois os professores que

Page 96: dissertação de mestrado - Cássia

80

Sobre as facilidades e dificuldades que os professores da amostra têm no cotidiano

escolar, em princípio conforme o questionário aplicado seria satisfatório que as

respostas fossem tratadas sobre os dois aspectos, porém 12% responderam apenas sobre

as suas facilidades, 16% responderam apenas sobre as suas dificuldades, 9% não

apresentaram a nenhum dos dois aspectos, 9% não responderam a questão e 53%

responderam a contento sobre as suas facilidades e dificuldades para o desenvolvimento

de suas aulas nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Novamente, a partir da leitura das respostas que foram dadas pelos professores de

acordo com Bardin (2011) foram identificadas as Unidades de Registro que serão

apresentadas no quadro a seguir. Estas estão relacionadas às dificuldades e facilidades

apresentadas pelos professores da amostra nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Relevando-se que as mesmas não podem ser consideradas como advindas da

municipalização. Seguem:

QUADRO 6 – Unidades de Registro relacionadas às facilidades e dificuldades

apresentadas pelos professores

PROFESSOR N°

U.R.

UNIDADES DE REGISTRO

1

1. Faz apenas um mês que eles tem um especialista.

2. Não tenho material ainda.

2 3. Consigo desenvolver as aulas de uma forma variada, mas

com algumas dificuldades, pois os materiais são poucos e

precários.

3 4. A escola oferece todos os materiais necessários e apoio

pedagógico.

4 5. Na estruturação da rede Municipal, cada unidade escolar

possui seus materiais.

6. Uma vez por mês são feitas reuniões com os professores de

Ed. Física, para troca de experiências e aperfeiçoamento.

5 7. Facilidades- Direção acessível.

8. Dificuldades - Quadra pequena e "perigosa", postes de

sustentação da cobertura dentro das linhas laterais.

9. Alunos com diferentes deficiências (DV, DI, e cadeirantes) e

pouca( quase nenhuma) acessibilidade e materiais adaptados

para cada uma das deficiências.

6 10. Minha maior dificuldade é incorporar a teoria na Educação

Física, a visão ainda é que a disciplina só joga bola.

Page 97: dissertação de mestrado - Cássia

81

8 11. Procuro não faltar para não perder o foco do desenvolvimento

das aulas.

12. A grande dificuldade são os materiais (falta) e também o

espaço físico.

9 13. Todos adoram esportes, mas a maioria vem com pouca

educação básica de casa em modo geral.

10 14.

Facilidades: expor o conteúdo, promover a compreensão dos

jogos, lidar com os alunos e suas dificuldades.

15. Dificuldades: lidar com a indisciplina (brigas, xingamentos)

11 16. Dificuldades - espaço físico adequado, material adequado,

uma coordenação mais específica (apoio pedagógico),

capacitação na área, falta de suporte p/ os profissionais

atuarem.

12 17. O que vem me facilitando nas aulas são os materiais específicos e diversificados que possuo na escola.

18. Porém o fato da quadra se descoberta limita um pouco o

trabalho.

13

19.

Sou contratado pela Prefeitura Municipal para essa função

temos tido apoio pedagógico para o bom desenvolvimento de

nossa tarefa.

20. No caso de nosso município a inclusão de um coordenador de

Educação Física também permitiria um desenvolvimento

ainda maior.

14 21. Conseguir ser dinâmico, improvisar aulas de acordo com o tempo, despertar curiosidade dos alunos.

22. A dificuldade é quanto ao material e o local, pois não temos

uma quadra ou lugar adequado. O sol e a chuva prejudica

muito. 16 23. A maior dificuldade é dispor de tempo para redigir relatórios

de alunos, preencher fichas, participar de formações

continuadas e até mesmo para planejar semanalmente, pois

não temos HTPI.

17 24. As facilidades estão relacionadas com o número de alunos

por sala, a disponibilidade dos materiais, em criar situações

práticas para relacioná-la com a discussão do conteúdo

estudado.

25. Com relação as dificuldades, estão diretamente relacionadas

ao comportamento apresentados por parte dos alunos. Àqueles que apresentam uma estrutura familiar consciente

com suas responsabilidades e seus deveres, sempre se

sobressaem aos demais e a aula ocorre da maneira natural.

Enquanto alunos que vivem dentro de uma família

desestruturada e não participativa sempre promovem

situações que impedem o transcorrer da aula.

18 26. Facilidades- variedades de materiais.

27. Dificuldades - espaço física, falta de quadra.

19 28. Facilidades: A faixa etária para mim é mais fácil desenvolver

Page 98: dissertação de mestrado - Cássia

82

e aplicar as atividades, pois o interesse dos alunos é bom.

quando começamos trabalhar com os alunos nesta faixa

etária, facilita o trabalho do professor de peb II (6º ano 9º

ano).

29. Dificuldade: A quadra descoberta, dificultando as atividades

(motivo sol e chuva).

20 30. Os alunos gostam muito de praticar esportes, atividades de

lazer, recreação, diversas brincadeiras, músicas, rodas.

31. Algumas dificuldades é a questão de comportamento, em

cumprir algumas regras.

21 32. Alguns professores polivalentes não "liberam" os alunos para

aula de educação física utilizando este tempo como aula de

recuperação.

33. Outra dificuldade é os locais de aula, pois algumas escolas

não possuem locais apropriados.

23 34. Dispondo de espaço adequado e material suficiente, além do planejamento anual e bimestral.

25 36. Na verdade aos poucos os alunos se adaptam com seu jeito e

você com o deles. Talvez eu encontre alguma dificuldade em

aplicar algo novo.

26

26

37.

Facilidades. A participação da maioria dos alunos e um ótimo

espaço físico para realizar as aulas práticas.

38.

Dificuldades- a falta de alguns materiais necessários.

39. Também posso dizer como facilidade tenho apoio da Direção

e Coordenação.

27

27

40. Facilidades: em seguir a mesma sala e dar sequência ao

trabalho.

41.

Dificuldades: falta de alguns materiais, falta de disciplina e

alunos onde possuem necessidades de estar medicados e os pais não o faz.

32 42. Nesta escola dou aula já faz 7 anos os alunos já criaram um

vínculo afetivo comigo, o que facilita o trabalho

A partir destas Unidades de Registro acima organizadas, identificamos as

Unidades de Contexto. Os quadros a seguir estão relacionados a estas, sendo que

dividimos da seguinte forma26

: o primeiro condiz às facilidades e o segundo condiz às

dificuldades enfrentadas pelos docentes no cotidiano escolar.

26 Esta é a única Unidade de Contexto que dividimos em dois quadros no trabalho.

Page 99: dissertação de mestrado - Cássia

83

QUADRO 7- Unidades de Contexto relacionadas às facilidades dos professores

da amostra.

UNIDADES DE CONTEXTO PROFESSORES

1- OS ALUNOS DEMONSTRAM INTERESSE

PELAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

P9, P19, P20, P26

2-DISPONIBILIDADE DE MATERIAIS PARA

AS AULAS DE ED. FÍSICA

P3, P4, P12, P17, P18,

P23, P24

3-ESPAÇO FÍSICO ADEQUADO P23, P24, P26

4- DISPONIBILIDADE DE RECURSOS

HUMANOS

P3, P5, P13, P26

5- FACILIDADE COM A DIDÁTICA P2, P8, P10, P14, P17,

P23, P24, P27

6- REUNIÕES P4

7- FACILIDADE EM LIDAR COM OS ALUNOS

(AFETIVIDADE)

P10, P25, P32

8- FACILIDADE COM A FAIXA ETÁRIA DOS

ALUNOS

P19

9- NÚMERO REDUZIDO DE ALUNOS P17

Foi possível identificarmos 9 Unidades de Contexto correspondentes às

facilidades que os professores de Educação Física enfrentam no cotidiano escolar nas

séries iniciais do Ensino Fundamental nas escolas municipalizadas da Diretoria de

Ensino de Mogi Mirim. Ressalto que as mesmas não podem confirmadas como

advindas do processo de municipalização.

Entre as facilidades, 8 professores (P2, P8, P10, P14, P17, P23, P24, P27) –

ou seja, 25% da amostra – reportaram-se aos aspectos da Didática. Sendo inerentes a

esta Unidade de Contexto de número 5 - as Unidades de Registros que condizem

com: lecionar de maneira diversificada, despertar curiosidade dos alunos, criarem

situações práticas e relacionar com a discussão do conteúdo estudado. Podemos

inferir que esta facilidade também se deve à formação dos professores, pois, como já

discutimos, a formação está atrelada à atuação, e 94% dos docentes participantes

deste estudo acreditam que a formação contribuiu para lecionarem nas séries iniciais

do Ensino Fundamental.

Page 100: dissertação de mestrado - Cássia

84

Outra Unidade de Contexto significativa, que identificamos com a frequência de 7

professores (P3, P4, P12, P17, P18, P23, P24), pronuncia a respeito da quantidade e

qualidade dos materiais disponibilizados nas escolas, e como sabemos com material

precário ou número insuficiente, dificulta-se em muito um planejamento de aulas

diversificadas e com a participação de todos os alunos.

Com a frequência de 4 Unidades de Registro – pelos professores (P9, P19,

P20 e P26) – identificamos a Unidades de Contexto que mostra o interesse dos

alunos em participarem das aulas, o que facilita com certeza a prática docente.

Com a mesma frequência anterior, os professores (P3, P5, P13 e P26)

mencionaram a respeito do apoio pedagógico da coordenação e da direção para a

Educação Física, que denominamos na Unidade de Contexto número 4 de

Disponibilidade de Recursos Humanos.

Com a frequência de três Unidades de Registro, apontadas pelos professores

(P23, P24 e P26), identificamos a Unidade de Contexto número 3, relacionada ao

espaço físico disponibilizado e adequado para ministrarem as aulas de Educação

Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Em seguida organizamos três categorias que estão relacionadas às facilidades

dos professores, mais uma vez ressalvo que não dá para concluirmos que as mesmas

são advindas do processo de municipalização. Segue:

Page 101: dissertação de mestrado - Cássia

85

QUADRO 8- Categorias relacionadas às facilidades dos professores da amostra.

CATEGORIAS

UNIDADES DE CONTEXTO

1-FACILIDADES QUANTO AOS

ASPECTOS HUMANOS

1, 4, 7, 8, 9

1- FACILIDADES QUANTO

AOS ASPECTOS DA INFRA-

ESTRUTURA

2, 3

3-FACILIDADES QUANTO AOS

ASPECTOS PEDAGÓGICOS

5, 6

A categoria com mais frequência de Unidades de Contexto denominada de 1-)

Facilidades quanto aos aspectos humanos engloba as seguintes Unidades de Contexto:

1-) Os alunos demonstram interesse pelas aulas de Educação Física. 4-)

Disponibilidade de Recursos Humanos. 7-) Facilidade em lidar com os alunos. 8-)

Facilidade com a faixa etária dos alunos. 9-) Número reduzido dos alunos.

Esta condiz às facilidades que os professores possuem em relação aos aspectos

de como lidar com os alunos e com esta faixa etária que varia entre 6 a 12 anos de

idade, do próprio interesse que os alunos têm pela disciplina da Ed. Física, e a

disponibilidade dos recursos humanos (direção, coordenação, entre outros). Dado

relevante, pois parece que a Educação Física para esta faixa etária é muito “querida”

pelos alunos, como também o próprio professor demonstra ter um perfil mais humano

(diferenciado) e assim afetivo com as crianças.

Em seguida serão apresentadas as dificuldades apresentadas pelos docentes,

por meio das Unidades de Contexto:

Page 102: dissertação de mestrado - Cássia

86

QUADRO 9- Unidades de Contexto relacionada às dificuldades dos professores.

UNIDADES DE

CONTEXTO

PROFESSORES

1- INDISCIPLINA

DOS ALUNOS

P9, P10, P17, P20, P27

2- FALTA DE

MATERIAIS

P1, P2, P8, P11, P14, P26, P27

3- FALTA E

INADEQUAÇÃO

DO ESPAÇO

FÍSICO

P5, P8, P11, P12, P14, P18, P19, P21

4-DIFICULDADE COM A

DIDÁTICA

P6, P25

5- CARÊNCIA DOS

RECURSOS

HUMANOS

P1, P11

6- DIFICULDADE

COM A INCLUSÃO

DOS ALUNOS NAS

AULAS

P5

7- FALTA DE

CAPACITAÇÃO

P11

8- AUSÊNCIA DE

REUNIÕES

P16

9- FALTA DE APOIO

FAMILIAR

P17, P27

Como discorremos, verificamos 9 Unidades de Contexto relacionadas às

facilidade docentes, e como pode ser observado no quadro acima 9 Unidades de

Contexto relacionadas as dificuldades docentes enfrentadas no cotidiano escolar.

Em relação a estas dificuldades, enfatizaremos primeiramente as Unidades

de Contexto com maiores frequências de Unidades de Registro. Assim identificamos

na Unidade de Contexto número 3 denominada de Falta e inadequação do espaço

Page 103: dissertação de mestrado - Cássia

87

físico 8 Unidades de Registro pelos professores (P5, P8, P11, P12, P14, P18, P19 e

P21) que estão insatisfeitos com o seu local de trabalho, onde relatam que a quadra

não tem a mínima segurança para as aulas com as crianças. E, com 7 Unidades de

Registro, os professores (P1, P2, P8, P11, P14, P26 e P27) estão insatisfeitos com os

materiais disponibilizados para ministrarem suas aulas, como anteriormente já

discutimos estes são fundamentais para aulas diversificadas e inclusivas.

Podemos inferir, dessa forma, que 9 % dos professores estão satisfeitos com os

materiais e 9% dos professores estão satisfeitos com o espaço físico disponível para

ministrarem as aulas. Por outro lado 22% estão descontentes com os materiais e 25%

estão descontentes com o espaço físico. Ou seja, as dificuldades estão superando as

facilidades relacionadas a estes dois itens.

Devemos ressaltar que tanto os materiais como os espaços físicos dependem da

administração municipal e da direção de cada escola para comprarem e ou fazerem a

manutenção. Sendo assim, podemos apontar que a municipalização não está suprindo

estas necessidades que foram identificadas pelos docentes.

Outro dado interessante foi em relação à indisciplina. Segundo os relatos dos

professores, mesmo com 94% dos docentes com formação que contribuiu para

lecionar nas séries iniciais, 16% da amostra – especificamente os professores (P9,

P10, P17, P20 e P27) – responderam que têm dificuldades em lidar com a

indisciplina. Ou seja, a graduação ainda não conseguiu suprir esta lacuna para com

os docentes, o que nos leva a inferir que deve-se repensar o currículo quanto às

disciplinas das Ciências Humanas e que a Diretoria de cada cidade deve refletir sobre

o assunto e tomar providências concretas para que, junto com os professores, se

efetivem melhoras.

Contudo, como já frisado, é impossível inferir a partir dos resultados

apresentados, se as dificuldades e/ou as facilidades são consequências da

municipalização ou se foram consequências deixadas pela época da gestão estadual.

Todavia, é possível afirmarmos que as dificuldades apontadas pelo corpo

docente deverão ser sanadas pela política atual, ou seja, pela gestão municipal.

Por isso, é de suma importância que o professor se posicione para legitimar a

Educação Física nestas séries, exigindo da gestão municipal, além dos seus próprios

direitos como educador, melhores espaços de trabalho, materiais, cursos de

capacitação e apoio pedagógico, que consequentemente refletirão em melhores aulas,

na aprendizagem dos alunos e na legitimação da Educação Física – enquanto uma

Page 104: dissertação de mestrado - Cássia

88

área de conhecimento – para a sociedade.

A partir das Unidades de Contexto formamos 3 Categorias relacionadas as

dificuldades docentes.

CATEGORIAS

UNIDADES DE CONTEXTO

1-DIFICULDADES QUANTO AOS

ASPECTOS HUMANOS

1, 5, 9

2-DIFICULDADES QUANTO AOS

ASPECTOS DA INFRA-

ESTRUTURA

2,3

3-DIFICULDADES QUANTO AOS

ASPECTOS PEDAGÓGICOS

4, 6, 7, 8

QUADRO 10- Categorias relacionadas às dificuldades dos professores.

Como pode ser observado no quadro acima, a Categoria 3 - denominada de

Dificuldades quanto aos aspectos pedagógicos, englobou 4 Unidades de Contexto quais

são: 4-) Dificuldade com a didática. 6-) Dificuldade com a inclusão dos alunos nas

aulas. 7-) Falta de capacitação. 8-) Ausência de reuniões.

Enquanto que a Categoria 1 - denominada de Dificuldades quanto aos recursos

humanos, com 3 Unidades de Contexto quais são : 1-) Indisciplina dos alunos. 5-)

Carência dos recursos humanos. 9-) Falta de apoio familiar. São provavelmente

gerados pelas dificuldades apresentadas na Categoria 3. Ou seja, se os professores

possuem dificuldades quanto à didática, não tem reuniões e capacitações,

provavelmente ocorrerá a indisciplina dos alunos e a falta cada vez maior do apoio

familiar para com a escola.

Em uma pesquisa Caparroz e Bracht (2007), verificaram nas comunidades de

Educação Física escolar do Orkut, que os professores de Educação Física ainda tem

dúvidas relacionadas à Didática, como “o quê ensinar”, “por que ensinar”, “como

ensinar”, “como trabalhar em dias de chuva”, “como tratar a violência nas aulas”, “o

que fazer diante do desinteresse dos alunos”, “como lidar com a indisciplina dos

alunos”, entre outras questões.

Page 105: dissertação de mestrado - Cássia

89

Faz parte ainda deste momento denominado de Aspectos Pedagógicos, também

identificarmos quais os objetivos que os professores acreditam ser relevantes para serem

trabalhados nas aulas de Educação Física nas séries iniciais do E.F.

Apesar deste não ser o foco do nosso trabalho, justificamos que, isso servirá para

melhor debruçarmos no contexto estudado, compreendermos o perfil de atuação dos

docentes, e os aspectos pedagógicos afligidos pelos mesmos.

Infelizmente o questionário entregue aos docentes, somente indagou a respeito de

quais os objetivos que são contemplados por eles nas aulas de Educação Física nas

séries iniciais do Ensino Fundamental. Poderíamos ter questionado a respeito dos

conteúdos, planejamento, entre outros, porém estenderíamos demasiamente o

questionário tornando-o enfadonho para o mesmo responder.

Como será comprovado por outras pesquisas citadas abaixo, ainda existe certa

dificuldade em se estruturar os conteúdos e a grade curricular para as aulas de Educação

Física nestas séries.

Silva, Dagostin e Nunez (2009) divulgam que, nos estudos de Guedes Guedes

(1997), Santos e Matos (2004), Rosário e Darido (2005), Costa e Nascimento (2006) e

Silveira (2007), que as propostas da cultura corporal do movimento têm sido constatadas

em vários estudos. Porém, a maioria da 5ª a 8ª série. Deste modo, pouco se conhece da

prática docente em Educação Física para as séries iniciais do Ensino Fundamental, tendo

em vista as informações na literatura sobre este nível de ensino e a disciplina.

Podemos inferir até aqui, de acordo com o estudo de Santos Freire e Mariz de

Oliveira (2004), que a Educação Física é um componente curricular como qualquer

outro, pois possibilita à sociedade a aprendizagem de novos conhecimentos. No entanto,

conforme explicita a autora, a estruturação da Educação Física no currículo escolar deve

ser uma das prioridades dos pesquisadores da área. Partindo deste posicionamento,

complemento que a organização curricular deve ir além da obrigação dos pesquisadores

da área, ou seja, dos acadêmicos, mas deve também ser estruturada conjuntamente com

os professores que estão trabalhando com a Educação Física escolar diariamente, com a

equipe gestora, com os demais docentes polivalentes e ou especialistas e com a

comunidade escolar, ultrapassando os papéis do planejamento para a prática durante as

aulas.

Por outro lado, é possível afirmar que os estudos sugeridos por Mariz de

Oliveira relacionados à organização do currículo escolar já vêm lentamente acontecendo

Page 106: dissertação de mestrado - Cássia

90

no Estado de São Paulo. No ano de 2008 foi efetivada a Proposta Curricular do Estado

de São Paulo e, em 2009, a mesma foi transformada no Currículo do Estado de São

Paulo. Deve-se destacar que este Currículo foi elaborado do 6º ao 9º ano, para o Ensino

Médio. No entanto, para as séries iniciais do Ensino Fundamental nada se concretizou

até 2011. Podemos levantar como hipótese que este currículo ainda não foi elaborado

para estas séries pelo fato de o Estado ter colocado como meta até o ano de 2010 a

municipalização das séries iniciais do Ensino Fundamental. Sendo assim, nada

adiantaria formular um currículo.

Outras prefeituras também já organizaram uma proposta curricular ou um

currículo. Exemplo disso é a própria prefeitura de São Paulo.

Uma pesquisa realizada em Pelotas (RS) por Guimarães (2008) evidenciou a

importância de sempre serem valorizadas as particularidades de cada localidade,

levando-se em consideração o Projeto Político Pedagógico da escola e a visão que se

quer de Educação Física. Para tanto, se faz relevante que os professores disputem, aliem-

se, cedam e concedam espaços para garantir ou não a legitimidade da disciplina no

currículo. Além disso, segundo a fala de uma diretora participante do estudo, os

professores devem conhecer as características da faixa etária das séries iniciais do

Ensino Fundamental.

Como identificado por Kawashima, Souza e Ferreira (2009) e por nós, parece que

a Educação Física carece ainda de critérios mais claros e definidos para auxiliar os

docentes na organização curricular, ou seja, na organização dos conteúdos e objetivos

adequados a cada série, ainda que o debate sobre o assunto na graduação talvez seja raso.

Em relação aos conteúdos a serem ensinados nas séries iniciais do Ensino

Fundamental, para o componente curricular da Educação Física, Silva, Dagostin e Nunez

(2009) verificaram que em seis escolas públicas de Campo Grande (MS), apesar de os

professores variarem os esportes coletivos tradicionais – denominados “quarteto

fantástico” (futsal, voleibol, handebol e basquetebol) –, estes foram os mais utilizados

durante as aulas, entre eles o futsal, como também os jogos tradicionais.

No entanto, é fundamental que o professor de Educação Física possibilite aos

alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental a vivência em diversos jogos, lutas,

ginásticas, esportes, atividades rítmicas e expressivas, respeitando os limites individuais,

como estão descritos nos PCNs e como afirmam vários pesquisadores da área.

Frasão, Merida e Ferreira Filho (2010) citam Darido et al (2001), que deflagraram

ainda que os profissionais de Educação Física das séries iniciais do Ensino Fundamental,

Page 107: dissertação de mestrado - Cássia

91

no que tange aos PCNs, apresentam dificuldades quanto aos Temas Transversais e

quanto à formulação de aulas sobre os temas como o meio ambiente, pluralidade cultural

e a orientação sexual, sem perder a especificidade do professor de Educação Física.

Acrescentamos, ainda, que a Educação Física também não pode perder sua

especificidade diante destes temas.

Em relação à questão da diversificação dos conteúdos para as séries iniciais do

Ensino Fundamental, parece que apenas dois professores (P5 e P16) – o que representa

apenas 6% da amostra – os compreendem, ao responderem quais são os objetivos da

Educação Física, eles disseram que:

(P5) 1º e 2º Ano - Participar em diversos jogos, brincadeiras e atividades

rítmicas e expressivas respeitando regras, quando houverem, e os colegas.

Reconhecer: situações de conflitos por meio de diálogo com ajuda do

professor. - Conhecer partes do corpo, regras de diferentes jogos, situações de esforço e repouso e diferenciá-las. 3º, 4º e 5º ano - Além dos objetivos

trabalhados nos anos anteriores também a análise e observação de seu

desempenho, o dos colegas, de atletas, de crianças mais novas e mais velhas.

(P16) No meu entender, os objetivos gerais devem ser: conhecer, vivenciar e

explorar diversas formas de manifestação da cultura corporal utilizando-se de

jogos, esportes, lutas, ginásticas, atividades rítmicas e expressivas e sobre o

conhecimento do corpo para proporcionar momentos significativos de

aprendizagem e contribuir, portanto, para o desenvolvimento integral do aluno.

Para a identificação dos objetivos trabalhados pelos docentes da amostra mais uma

vez, a partir da leitura das respostas que foram dadas pelos professores, de acordo com

Bardin (2011), foram identificadas as Unidades de Registro que serão apresentadas no

quadro a seguir, e estão relacionadas aos objetivos a serem desenvolvidos nas aulas de

Educação Física nas séries inicias do Ensino Fundamental.

Page 108: dissertação de mestrado - Cássia

92

QUADRO 11 – Unidades de Contexto relacionadas aos objetivos a serem

desenvolvidos na Educação Física escolar das séries inicias do Ensino Fundamental.

PROF. Nº U.R

UNIDADES DE REGISTRO

1 1. Desenvolvimento das habilidades.

2. 10. Respeito as regras e aos colegas, saber trabalhar em grupo.

2 3. 11. Recreação

4. 12. Capacidades e habilidades físicas.

3 5. 13. Colaborar para a sociabilização das crianças.

6 14. Desenvolver aspectos cognitivos, sociais e motores.

4 7. 15. Segundo o PCN´s de Ed. Física.

5 8. 16. 1º e 2º Ano - Participar em diversos jogos, brincadeiras e atividades rítmicas. e

expressivas.

9. Reconhecer: situações de conflitos por meio de diálogo com ajuda do professor.

Respeitando regras e os colegas.

10. 17. Conhecer partes do corpo.

11. Análise e observação de seu desempenho, o dos colegas, de atletas, de crianças

mais novas e mais velhas.

12 Obs: Segue PCN

6 13. Conscientização corporal

14. Valores como respeito, organização.

15. O mais importante é o quanto a atividade física tem que ser incorporada na vida

inteira do indivíduo.

7 16. Conhecimentos: sociabilidade - disciplina e respeito.

17. Através de atividades lúdicas.

8 18. Os princípios básicos da Coordenação Motora.

19. A possibilidade da vivência das atividades lúdicas e recreativas.

20. As competências básicas.

21. O desenvolvimento cognitivo, e afetivo.

9 22. Jogos lúdicos, fantasia faz de conta.

23. Lateralidade, “espaciais”.

24. Temas transversais.

25. Educação e respeito professor/aluno.

10 26. Trabalhar tanto cognitivo, quanto o aspecto motor, como: coordenação motora,

lateralidade, organização espacial, esquema corporal, atenção, raciocínio, entre

outros

27. Dentro destes aspectos deve-se focar a cultura do movimento dos alunos

28. Também os valores éticos e morais.

11 29. Aspectos de socialização.

30. Desenvolvimento motor das habilidades básicas.

12 31. Deve ser na ordem cognitiva, social, afetivo e perspectivo motor.

32. Estimular o prazer pela atividade física ajudando a entender o

Page 109: dissertação de mestrado - Cássia

93

13

funcionamento do corpo e suas transformações

33.

Resgatar o desejo de brincar estimulando a ludicidade dos alunos.

34. Favorecer cooperação entre os educandos, e permitir a melhora da socialização

dessas crianças, através do respeito as regras e aos colegas.

35. As aulas de Educação Física proporcionam situações problema, que se bem

administradas podem contribuir e muito no desenvolvimento integral dos alunos.

36. Os jogos e atividades se bem preparadas podem contribuir para o

desenvolvimento moral e lógico matemático dos alunos é uma disciplina

atraente que possibilita a aprendizagem no concreto.

14

37.

Conhecimentos de noção espacial, lateralidade, domínio motor (prática).

Conhecimentos do corpo humano e seus movimentos (prática). Desenvolvimento

psicomotor; afetivo, coordenação motora (prática).

38. Através de atividades lúdicas;

39. Para um desenvolvimento na aprendizagem; brincando e vivenciando todas as

etapas através de jogos, músicas, atividades.

15 40. Os aprendizados cognitivo, motor e afetivo.

16 41. Conhecer, vivenciar e explorar diversas formas de manifestação da cultura

corporal utilizando-se de jogos, esportes, lutas, ginásticas, atividades rítmicas e

expressivas e sobre o conhecimento do corpo para proporcionar momentos

significativos de aprendizagem e contribuir, portanto, para o desenvolvimento integral do aluno.

17

42. Conteúdos e discussões que os levem a uma formação consciente de seu valor

como cidadão e de seus atos mediante a sociedade a qual faz parte.

43. Enfatizar conteúdos e atividades voltadas para a consciência da cultura corporal.

44. Possibilitar a esses alunos informações e conhecimentos que permitirão os

mesmos postarem-se numa sociedade e terem possibilidades de fazer suas

próprias escolhas com consciência e autonomia de seus atos.

18

45. Desenvolver as habilidades motoras básicas, complexas, coordenação.

46. Cooperação.

47. Recreação.

19

48. Devemos trabalhar o desenvolvimento motor global da criança

49. Baseado em atividades recreativas.

20

50. Trabalhar os movimentos locomotores, não locomotores, todos os aspectos em

geral. 51. Ensinando a importância do corpo de modo integral.

52. Para seu bem estar e qualidade de vida.

21 53. Cooperação e o trabalho em grupo. Respeitar seus limites e de seus colegas.

54. Vivenciar diversos movimentos corporais, aprimorar sua coordenação motora

55. Lateralidade, orientação espacial etc.

56. Vivenciar diversas brincadeiras e jogos tradicionais.

Page 110: dissertação de mestrado - Cássia

94

22

57. Atividades motoras e qualidades físicas básicas pertinentes a idade da criança.

58. De 3º ao 5º ano começam jogos pré-desportivos ou seja que preparam

o aluno para o jogo praticamente dito.

23

59. Atuar de forma autônoma em suas práticas corporais através do conhecimento, da

vivência, da valorização e apreciação das manifestações da cultura corporal

podendo assim refletir.

60. Discutir e ser mais crítico e responsável.

24

61.

Todos o que trabalhem o corpo como um todo.

25 62. Corporeidade.

63. Forma lúdica

64. Tendo em vista a qualidade de vida, promoção e manutenção da saúde.

26 65. Participação em atividades corporais, estabelecendo relações equilibradas e

construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si próprio e dos outros, sem discriminar por características

pessoais, físicas, sexuais ou sociais.

27 66. Formar e trabalhar o corpo como um todo (ser bio, psiquico e social) entendendo

também sua formação como cultura corporal

28 67. Desenvolver as habilidades motoras; andar, correr, saltar, rolar, lançar,

68. Trabalhos cooperativos.

29 69. Objetivos do PCN’s.

30 70. Desenvolvimento motor.

71. Socialização.

31 72. Coordenação Motora Geral.

73. Trabalho de convívio e respeito mútuo entre os alunos.

74. Jogos.

32 75. Participar de atividades e jogos lúdicos com autonomia e respeito.

76. Ampliar suas capacidades físicas, motoras e cognitivas.

A partir do levantamento das Unidades de Registro, foram identificadas as

Unidades de Contexto relacionadas aos objetivos a serem desenvolvidos nas aulas de

Educação Física nas séries inicias do Ensino Fundamental.

Page 111: dissertação de mestrado - Cássia

95

QUADRO 12- Unidades de Contexto relacionadas aos objetivos a serem desenvolvidos

nas aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

UNIDADES DE CONTEXTO

UNIDADES DE REGISTRO/

PROFESSORES

1-Habilidades motoras e ou capacidades físicas P1, P2, P8, P11, P18, P20, P22, P28, P30,

P31, P32

2- Sociabilização, Cooperação , Valores P1, P3, P5, P6, P7, P9, P10, P11, P13, P17,

P18, P21, P23, P26, P28, P30, P31, P32

3- Manifestações da cultura corporal P5, P16, P23

4- Jogos, Brincadeiras P5, P9, P13, P14, P16, P21, P22, P31, P32

5-Cultura Corporal/ Cultura do movimento

corporal

P17, P27, P10

6 - Segue Pcns P4, P5, P29

7- Saúde, qualidade de vida P20, P25

8- Conhecimento do corpo P5, P6, P10, P13, P14, P16, P24

9- Fantasia P9

10- Psicomotricidade P9, P10, P14, P21

11- Temas transversais P9

12- Aspectos: cognitivo, motor, social, afetivo/

desenvolvimento integral.

P3, P8, P12, P15, P16, P32

13- Corporeidade P25

14- Recreação, lúdico P2, P7, P8, P9, P13, P14, P18, P19, P25, P32

15- Corpo como um todo P20, P24, P27

16- Cidadania P17

17- Autonomia P17, P23, P32

18- Atividades P26, P32

19- Competências básicas P8

20- Atividade Física P6, P13

21- Análise e respeito do desempenho em

situações de esforço e repouso.

P5, P21, P26

Por meio das Unidades de Registro, verificamos 21 Unidades de Contexto

relacionadas aos objetivos das aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino

Fundamental, desenvolvidas pelos professores participantes desta pesquisa.

Dentre os participantes, 18 professores (P1, P3, P5, P6, P7, P9, P10, P11, P13,

Page 112: dissertação de mestrado - Cássia

96

P17, P18, P21, P23, P26, P28, P30, P31, P32) relataram a socialização, a cooperação

e/ou os valores. Segundo Bracht e colaboradores (2007), esta categoria – como também

apontou o nosso estudo – é bastante frequente quando se justifica a importância da

Educação Física na escola. Porém, não é somente função da disciplina de Educação

Física desenvolver este aspecto, e sim de todas as outras disciplinas do currículo

escolar.

O segundo objetivo, apontado por 12 professores (P1, P2, P8, P11, P18, P19, P20,

P22, P28, P30, P31, P32), está relacionado às Habilidades motoras e ou capacidades

físicas. A respeito destes, sim, podemos inferir que são objetivos específicos da

Educação Física e devem ser trabalhados em todas as séries, diferentemente dos

supracitados.

De acordo com Moreira, Pereira e Lopes (2009, p126):

Entre os sete e dez anos, as crianças, geralmente, encontram-se no estágio transitório da fase de movimentos especializados, quando começam a combinar

e refinar as habilidades motoras fundamentais, adquiridas anteriormente, sendo

um excelente momento para a descoberta de diversas execuções motoras.

Assim, os professores não devem permitir que a criança restrinja a sua atenção

a uma única atividade, especializando-se, pois corre o risco de prejudicar os

níveis seguintes.

A recreação e o lúdico foram descritos por 10 professores (P2, P7, P8, P9,P13,

P14, P18, P19,P25, P32). Cabe enfatizarmos que tais itens são fundamentais para a

faixa etária contemplada e devem ser articulados com os outros objetivos, servindo de

meio para o ensino e aprendizagem dos conteúdos, e não como um fim, já que na escola

necessitamos priorizar o ambiente educativo e formal, diferentemente do que se

estivéssemos tratando dos clubes, hotéis, acampamentos, etc. A recreação e o lúdico

podem e devem também ser trabalhados como um meio para o ensino de outras

disciplinas na escola. Neste sentido Dallabona e Mendes (2004) abordam que a escola é

local de alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento.

Os jogos e as brincadeiras foram abordados por 9 professores (P5, P9, P13, P14,

P16, P21, P22, P31, P32). Estes fazem parte dos Blocos de Conteúdos do PCNs para as

séries iniciais do Ensino Fundamental, são conteúdos específicos da Educação Física,

mas também podem ser utilizados como um meio de ensino para as outras disciplinas.

Alguns professores os distinguiram como jogos desportivos, jogos lúdicos, e jogos

tradicionais.

O conhecimento do corpo foi relatado por 7 docentes (P5, P6, P10, P13, P14,

Page 113: dissertação de mestrado - Cássia

97

P16, P24) como objetivos da Educação Física. Este também é um objetivo específico

para estas séries e faz parte dos Blocos de Conteúdos apontados pelos PCNs (vol.7).

Dentre as respostas, foram descritas: “conhecer partes do corpo, conscientização

corporal, entender o funcionamento do corpo e suas transformações, conhecimentos do

corpo humano e seus movimentos. Todos o que trabalham o corpo como um todo.

Esquema corporal”.

Assim, podemos inferir que o corpo vem sendo tratado pelos docentes sobre os

conhecimentos da Fisiologia, Cinesiologia e da Psicomotricidade, mas não vinculados

aos conhecimentos da Sociologia e da Antropologia, os quais permeiam os

conhecimentos do corpo e também deveriam, de forma didática, serem ensinados para

as crianças para minimizar a dicotomia entre o ser biológico e o social.

Seis professores (P3, P8, P12, P15, P16, P32) dizem trabalhar com os aspectos

cognitivo, motor, social, afetivo ou desenvolvimento integral. Destaco que foi

convincente colocar em uma só Unidade de Contexto estes aspectos, juntamente com o

desenvolvimento integral, visto que a Educação Física deve desenvolver o corpo não

apenas na esfera física, mas também sobre os outros aspectos citados.

Foram elencados por 4 professores (P9, P10, P14, P21), como sendo os

objetivos da Educação Física, trabalhar com alguns elementos que são concernentes à

Psicomotricidade, como coordenação motora, lateralidade, orientação espacial, esquema

corporal, atenção e raciocínio e, por isso, o nome dado a esta Unidade de Contexto foi

Psicomotricidade. Entretanto, devemos esclarecer, de acordo com Toledo (1999), que a

Psicomotricidade inserida no Brasil na década de 70 não deve substituir as aulas de

Educação Física, como era a intenção.

Há ainda outros objetivos que foram explícitos pelos professores, mas com menor

frequência, por isso findamos esta analise por aqui, e seguiremos para o próximo passo

que é a organização destas Unidades de Contexto em Categorias.

Page 114: dissertação de mestrado - Cássia

98

QUADRO 13- Categorias relacionadas aos objetivos a serem desenvolvidos nas aulas

de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

CATEGORIAS

N° UNIDADES DE CONTEXTO

1-OBJETIVOS RELACIONADOS

AOS ASPECTOS PRÁTICOS -

ATIVIDADES, CAPACIDADES

FÍSICAS, HABILIDADES

MOTORAS, QUALIDADE DE VIDA

E SAÚDE

1,7, 18, 19, 20

2- OBJETIVOS RELACIONADOS

AOS ASPECTOS ATITUDINAIS E

HUMANOS

2, 16, 17,21

3- OBJETIVOS RELACIONADOS

AOS ASPECTOS DA CULTURA

CORPORAL DO MOVIMENTO

4, 5,3

4-OBJETIVOS RELACIONADOS

AOS ASPECTOS DO

DESENVOLVIMENTO DO CORPO

DE FORMA INTEGRAL

8, 12, 13, 15

5- OBJETIVOS RELACIONADOS

AOS ASPECTOS DA

PSICOMOTRICIDADE

10

6-OBJETIVOS RELACIONADOS

AO LÚDICO E FANTASIA

9,14

7- SEGUEM OS PCNs 6

8- DESENVOLVER OS TEMAS

TRANSVERSAIS

11

Organizamos oito categorias relacionadas aos objetivos que os professores da

região da diretoria de ensino de Mogi Mirim contemplam nas séries iniciais do E.F,

daremos ênfase exclusivamente as que englobaram o maior número de Unidades de

Page 115: dissertação de mestrado - Cássia

99

Contexto, sendo 3 delas: 1-) Objetivos relacionados aos aspectos práticos - (atividades,

capacidades físicas, habilidades motoras, qualidade de vida e saúde), 2- ) Objetivos

relacionados aos aspectos atitudinais e humanos e 4-) Objetivos relacionados aos

aspectos do desenvolvimento do corpo de forma integral.

De acordo com estas, podemos considerar que os professores desta região,

também pelo próprio ano de formação da grande maioria, concebem a Educação Física

de forma menos esportivista e mais humana, trabalhando o corpo de forma integral,

mesmo que 4 das Unidades de Contexto estão relacionadas à prática, porém 4 estão

relacionadas à formação humana e atitudinal e 4 ao desenvolvimento do corpo de forma

integral, sendo estas duas últimas superiores a Categoria 1( Objetivos relacionados aos

aspectos práticos - (atividades, capacidades físicas, habilidades motoras, qualidade de

vida e saúde).

Medina (1990), contrariamente a isso, em sua pesquisa, verificou que os

professores assumiram uma visão mais esportivista, sem entendimento da práxis e com

ênfase na competição e vitória. A isso, o autor atribuiu uma formação imprópria. Deste

modo, os professores provindos das décadas de 70, 80 – que atuam nas escolas e que não

se esforçaram em realizar uma formação continuada e uma reflexão constante da própria

prática – trabalham ainda na busca do movimento perfeito, da repetição, com as

qualidades físicas básicas e com esporte competitivo.

Page 116: dissertação de mestrado - Cássia

100

5.4 QUARTO MOMENTO: IMPACTOS DA POLÍTICA DE

MUNICIPALIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA (nas escolas

municipalizadas da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim)

Neste momento, foi contemplada a quinta questão do questionário do professor e

a quinta questão do questionário do diretor, seguem respectivamente:

5-) Você atua nesta disciplina antes e/ou depois da escola ter sido

municipalizada? E quais permanências e continuidades foram percebidas por você neste

processo de municipalização em relação à disciplina de Educação Física (atuação

profissional, conteúdos, carga horária, etc).

5-) Como o processo de municipalização impactou na área da Educação Física

nas séries iniciais do E.F?

Novamente a partir da leitura das respostas que foram dadas pelos professores de

acordo com Bardin (2011) foram identificadas as Unidades de Registro que serão

apresentadas no quadro a seguir. Estas são referentes ao nosso objeto de estudo que

condiz aos Impactos da municipalização para a Educação Física escolar, nas escolas que

compreendem a amostra desta pesquisa.

QUADRO 14 - Unidades de Registro relacionadas aos impactos da municipalização para

a Educação Física escolar de acordo com a opinião dos professores das escolas da

amostra.

PROF. N°

U. R.

UNIDADES DE REGISTRO

1 1. Depois que foi municipalizada, percebi que encontrei algumas dificuldades,

pois antes quem dava as aulas de ed. Física era o prof. Polivalente. 2. Então os alunos nuca tiveram aula de ed. Física apenas brincavam, sem

conteúdo programado.

2 3. Atuo depois da municipalização

4. Não conhecia a escola trabalho há 3 semanas

3 5. Depois de ter municipalizado.

6. Quando comecei a escola já era municipalizada.

4 7. Após a municipalização.

8. Somente em 2003 foram contratados os professores de Ed. Física onde

foram atribuídas aulas, com carga horária de 20, 30 ou 40 horas (cada sala

2 X por semana de 50 min). 5 9. Segundo relato das professoras mais antigas da rede depois de ser

municipalizada a escola ainda ficou uns 2 anos sem ter aulas de Educação

Física

Page 117: dissertação de mestrado - Cássia

101

6 10. Depois da escola ter sido municipalizada, a Educação Física, foi retratada

com mais seriedade.

7 11. Profissionalmente consigo continuidade total dos conteúdos

12. Continua de acordo com sua clientela (cada escola aqui no interior existe

muita diferença entre escola e outra e a carga horária continua a mesma).

8

13.

Houve 1º Concurso em 2010, antes eram aulas com estagiários (segundo

informação da professora X).

9 14. Agora depois do concurso, agora 2011.

15. Antes não tinha professor de Educação Física.

10 16. Atuo depois da municipalização.

17. Não tenho informações em relação a esse processo (como ocorrem as

mudanças).

11 18. Quando entrei no municipal já era.

12 19. Comecei a trabalhar, após a municipalização.

20. Desde então a carga horária continua a mesma.

21. Pouco mudou no conteúdo, mas a maneira de abordá-los é diferente ano a

ano.

13

22.

A diferença maior se deu após a introdução do PCN que norteou o planejamento e conteúdos da Educação Física Escolar, fico sem parâmetros

para dizer se essa evolução se deu por causa da municipalização,

23. Os materiais após a municipalização são de maior qualidade e quantidade e

a possibilidade de realização de HTPCs com todos os Professores de

Educação Física também ajudam no desenvolvimento da disciplina.

14 24. Atuo depois de ter sido municipalizada.

25. A carga horária para professores efetivo é de 40h., com alunos os

professores trabalham em média 34h.

15

26. Eu atuei nos 2 momentos, e observei a diferença do apoio incondicional que

é dado pela coordenação e direção da escola atualmente e que não acontecia

antes da municipalização da mesma.

16

27. Atuo na disciplina depois da escola ter sido municipalizada.

28.

Observo dois pontos positivos da municipalização: a carga horária do 1º ano

foi aumentada de duas para três aulas semanais e passamos a ter HTPC

específico por área.

17

29.

Ingressei como professor de educação física na rede municipal (em especial

na escola em que atuo) depois da municipalização.

30. Como minha atuação profissional antes desse período não era na área

escolar, não tenho parâmetros práticos para relacionar os dois períodos e

apresentar uma resposta a contenta a essa questão.

18

31. Ingressei nesta Unidade Escolar no ano da Municipalização.

32. Não houve mudanças em relação à disciplina, nem espaço físico; mas na

Page 118: dissertação de mestrado - Cássia

102

questão capacitação houve melhoras, pois durante o ano letivo há sempre

cursos para aumentarmos conhecimentos em relação ao meio e a disciplina.

19

33. Comecei atuar nesta escola após a municipalização.

34. O conteúdo foi desenvolvido para cada faixa etária adequada.

35. O horário das aulas de Ed. Física permanece no mesmo período escola.

20

36.

Depois da municipalização.

21 37. Depois.

38. Criação de planejamento juntamente com demais professores da rede.

22 39. Não tive vivência e/ou experiência com a Adm. Estadual, já que sou

concursado municipal.

23

40. Depois de a escola ter sido municipalizada.

41. Tudo seguiu conforme a municipalização atuação pelo professor de Educação

Física com conteúdos e carga horária

24 42. Depois da escola ter sido municipalizada tudo seguiu conforme a

municipalização.

43. Atuação pelo professor de Educação Física com conteúdo e carga horária

específica.

25 44. No ano em que fui efetivada na prefeitura de Mogi-Mirim minha escola foi

municipalizada.

45. Portanto não tenho como comparar antes e depois da municipalização.

26 46. Atuo nesta disciplina depois da escola ter sido municipalizada.

27 47. Comecei na escola após a Municipalização.

48. Antes não havia professor específico

28 49. Atuo depois da municipalização.

29 50. Depois de a escola ter sido municipalizada.

30 51. Atuo apenas após a municipalização.

31 52. Quando municipalizou melhorou com relação a material e coordenador da

área que é responsável na assistência de todos os professores de Educação

Física.

53. Isso na Secretária Estadual é deixado de lado.

32 54. Atuo desde antes de ser municipalizada, houve mudanças na carga horária e

cursos de preparação, os conteúdos foram mais bem preparados.

55. Agora só na escola tenho mais tempo para preparar as aulas.

Page 119: dissertação de mestrado - Cássia

103

A partir destas Unidades de Registro identificamos as Unidades de Contexto,

que serão apresentadas nos quadros a seguir:

QUADRO 15- Unidades de Contexto relacionadas aos impactos da municipalização

para Educação Física escolar (nas séries iniciais do E.F.) de acordo com a opinião dos

professores das escolas da amostra.

UNIDADES DE CONTEXTO

UNIDADE DE

REGISTRO/PROFES-

SORES

1- MELHORIA NA QUANTIDADE E/OU

QUALIDADE DOS MATERIAIS DE ED. FÌSICA

APÓS A MUNICIPALIZAÇÃO

P13, P31

2- MELHORIAS NOS CONTEÚDOS APÓS A

MUNICIPALIZAÇÃO

P19, P32

3- INSERÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DA

ÁREA (professor, coordenador, diretor,

coordenador de área ) APÓS A

MUNICIPALIZAÇÃO

P15, P27, P31.

4- ELABORAÇÃO DE UM PLANEJAMENTO

PARA A EDUCAÇÂO FÍSICA EM CONJUNTO

APÓS A MUNICIPALIZAÇÃO

P 21

5- HTPCs ESPECÍFICOS PARA ED. FÍSICA P13, P16

6- AUMENTO DA CARGA HORÁRIA DAS

AULAS DE ED. FÍSICA

P16, P32

7- A ED. FÍSICA FOI TRATADA COMO MAIS

SERIEDADE

P6

8- OFERECIMENTO DE CURSOS NA ÁREA P18, P32

9- DEMORA EM EFETIVAR O PROFESSOR

ESPECIALISTA

P1, P4, P8, P9.

10- DEMORA EM IMPLANTAR AS AULAS DE ED.

FÍSICA

P5.

11- POUCO MUDOU NOS CONTEÚDOS APÓS A

MUNICIPALIZAÇÃO

P7, P12, P23, P24

12- NÃO HOUVE MUDANÇAS EM RELAÇÃO À

DISCIPLINA APÓS A MUNICIPALIZAÇÃO

P18

13- NÃO HOUVE MUDANÇAS NO ESPAÇO P18

Page 120: dissertação de mestrado - Cássia

104

FÍSICO

14- A CARGA HORÁRIA CONTINUA IGUAL

APÓS A MUNICIPALIZAÇÂO

P7, P12, P14, P19,

P23, P24

15- OS PROFESSORES NÃO COGITARAM OU

FALTA INFORMAÇÃO

P2, P3, P10, P11,P17,

P20, P22, P25, P26,

P28, P29, P30

Identificamos e organizamos em 15 Unidades de Contexto as Unidades de

Registro, relacionadas aos impactos da municipalização para a Educação Física nas

séries iniciais do E. F.

Na Unidade de Contexto 15 denominada de: Os professores não cogitaram ou

falta de informação, foi a que abrangeu o maior número de Unidades de Registro por 12

professores (P2, P3, P10, P11, P17, P20, P22, P25, P26, P28, P29, P30). Enquadra-se

nesta, todas as Unidades de Registro em que os professores pronunciaram ter iniciado a

lecionar após a municipalização, ou não terem informações em relação a esse processo

(como ocorrem as mudanças).

Algumas das respostas serão apresentadas na integra, a seguir:

(P10) Atuo depois da municipalização, não tenho informações em relação a

esse processo (como ocorrem as mudanças).

(P17) Ingressei como professor de educação física na rede municipal (em

especial na escola em que atuo) depois da municipalização. Como minha

atuação profissional antes desse período não era na área escolar, não tenho

parâmetros práticos para relacionar os dois períodos e apresentar uma resposta

a contenta a essa questão.

(P22) Não tive vivência e/ou experiência com a Adm. Estadual, já que sou concursado municipal.

(P25) No ano em que fui efetivada na prefeitura de Mogi Mirim minha escola

foi municipalizada, portanto não tenho como comparar antes e depois da

municipalização.

Na Unidade de Contexto 3 designada de Inserção de recursos humanos da área (

professores, coordenadores, diretores, coordenadores da área) formada pelos

professores (P15, P27, P31), curiosamente, o professor (P31) descreveu que, após a

municipalização da escola em que leciona, aconteceu a implantação de um coordenador

por área para auxiliar os professores de Educação Física. Tal ponto merece servir de

exemplo para as outras Diretorias de Ensino. Segue a resposta:

(P31) [...] O coordenador da área que é responsável na assistência de todos os

professores de Educação Física.

O docente (P15) também relata o apoio da direção e da coordenação para a

Page 121: dissertação de mestrado - Cássia

105

Educação Física:

(P15) Eu atuei nos 2 momentos, e observei a diferença do apoio incondicional

que é dado pela coordenação e direção da escola atualmente e que não acontecia antes da municipalização da mesma.

Sobre o mesmo assunto ainda e a mesma Unidade de Contexto, o professor (P27)

expôs que “antes não havia professor específico”. Com isso, podemos inferir que, após

a municipalização desta escola, foram efetivados os professores de Educação Física

para ministrar as aulas nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

As Unidades de Contexto de números (1, 2, 5, 6, 8) foram identificadas na

frequência de 2 professores para cada, quais estão relacionadas aos Materiais,

Conteúdos, HTPCs, Carga Horária e Cursos, considerando que os professores (P13 e

P31) notaram melhora na qualidade e/ou quantidade dos materiais disponibilizados para

as aulas de Educação Física. Os professores (P16 e P32), respectivamente, relataram o

aumento na Carga Horária do 1º ano – de duas aulas semanais para três aulas semanais

– e o aumento do tempo para preparar as aulas. Os professores (P13 e P16) atribuem

que os HTPCs passaram a ser ministrados por área e com todos os professores de

Educação Física. Os professores (P19 e P32) responderam que os conteúdos foram

desenvolvidos e mais bem preparados para cada faixa etária. Já os docentes (P32 e P18)

trazem à tona um diferencial proporcionado pela política de municipalização, que foram

os cursos, como pode ser observado na respostas do professor:

(P18) Na questão capacitação houve melhoras, pois durante o ano letivo há

sempre cursos para aumentarmos conhecimentos em relação ao meio e a

disciplina.

Com a frequência de uma Unidade de Registro por professor, identificamos a

Unidade de Contexto 4 que denominamos de Elaboração de um planejamento para a

Educação Física em conjunto, assim o professor (P21) respondeu que após a

municipalização das escolas o planejamento passou a ser elaborado juntamente com os

demais professores da rede. Trata-se de um dado interessante e muito positivo após a

municipalização, pois nas escolas estaduais o planejamento é realizado em conjunto

entre os professores da mesma escola e não pela rede, sendo inviável este tipo de prática

para a Rede Estadual devido seu tamanho, embora fosse de suma importância.

Com a frequência de 4 Unidades de Registro, pelos professores (P1, P4, P8,

P9), identificamos a Unidade de Contexto 9 chamada de Demora em efetivar o

professor especialista, nesta os professores cogitaram a demora da implantação do

Page 122: dissertação de mestrado - Cássia

106

professor de Educação Física nas séries iniciais do E.F após a municipalização, sendo

este um ponto negativo para a legitimação do professor e da área.

Por meio da Unidade de Contexto 10, o professor (P5) relata a demora em se

implantar as aulas de Educação Física na escola. Assim esta Unidade de Contexto foi

denominada de Demora em implantar as aulas de Educação Física. Segue a reposta do

decente na integra:

(P5) Segundo relato das professoras mais antigas da rede, depois de ser

municipalizada a escola ainda ficou uns 2 anos sem ter aulas de Educação

Física.

Estas últimas duas Unidades de Contextos (9 e 10) mencionadas acima,

confirmam mais uma vez a existência de brechas nas leis para a Educação Física

escolar, evidenciando-se que o componente curricular de Educação Física nestas séries

não fica à mercê da sociedade, como uma disciplina que tem um conhecimento

científico a ser ensinado aos pequenos, que futuramente crescerão e poderão transmitir

estes saberes e melhores hábitos de vida aos mais novos. O componente curricular fica

sob o comando dos cargos administrativos e burocráticos da Educação, como Diretores

e Supervisores da Educação, que contabilizam e distribuem o dinheiro público para a

Educação local. Todavia felizmente na região pesquisada, este problema já foi

resolvido, pois 100% dos professores que ministram as aulas de Educação Física nas

séries iniciais do E.F são graduados na área.

A partir das Unidades de Contexto, organizamos três Categorias que condizem

com as permanências e/ ou continuidades que foram percebidas pelos professores com o

processo de municipalização em relação à disciplina de Educação Física nas séries

iniciais do Ensino Fundamental, que nomeamos de Impactos Positivos, Impactos

Negativos e Impactos aparentemente não percebidos. Segue o quadro para melhor

entendimento:

Page 123: dissertação de mestrado - Cássia

107

QUADRO 16 – Categorias relacionadas aos Impactos da municipalização para a

Educação Física nas séries iniciais do E.F de acordo com os docentes da amostra.

CATEGORIAS

1-IMPACTOS

POSITIVOS - PARA

A EDUCAÇÃO

FÍSCA ESCOLAR

APÓS A

MUNICIPALIZA-

ÇÃO (nas séries

iniciais do E.F.)

2- IMPACTOS

NEGATIVOS -

PARA A

EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR

APÓS A

MUNICIPALIZAÇ

ÃO (nas séries

iniciais do E.F.)

3- IMPACTOS

APARENTE-

MENTE NÃO

PERCEBIDOS -

PARA A

EDUCAÇÃO

FÍSICA APÓS A

MUNICIPALIZA-

ÇÃO (nas séries

iniciais do E.F.)

UNIDADES DE CONTEXTO

1,2,3,4,5,6,7,8.

9, 10

11, 12, 13, 14, 15

Deste modo, pela frequência das Unidades de Registro por 10 professores (P6,

P13, P15, P16, P18, P19, P21, P27, P31, P32) e 8 Unidades de Contexto

(1,2,3,4,5,6,7,8) identificamos a categoria que denominamos de Impactos Positivos.

Com a frequência das Unidades de Registro por 5 professores (P1, P4, P5, P8, P9) e 2

Unidades de Contexto (9, 10) identificamos a categoria que denominamos de Impactos

Negativos. E com a frequência das Unidades de Registro por 19 professores (P2, P3, P7,

P10, P11, P12, P14, P17, P18, P19, P20, P22, P23, P24, P25, P26, P28 P29, P30) e 5

(11, 12, 13, 14, 15) Unidades de Contexto, identificamos a categoria que denominamos

de Impactos aparentemente não percebidos para a Educação Física nas séries iniciais do

E.F.

Podemos considerar a partir destas, que apesar dos Impactos positivos da

municipalização para Educação Física nas séries iniciais do E.F serem maiores em

relação aos negativos, os Impactos aparentemente não percebidos são salutares sobre os

dois, o quê dificulta em muito maiores considerações.

Page 124: dissertação de mestrado - Cássia

108

Segue as Unidades de Registro elaboradas a partir das respostas dos diretores.

QUADRO 17- Unidades de Registro relacionadas aos Impactos da municipalização

para Educação Física escolar (nas séries iniciais do E.F) conforme a opinião dos

diretores das escolas da amostra.

DIRETOR

U.R

UNIDADES DE REGISTRO

1 1 A municipalização introduziu o professor especialista, o que é extremamente

importante.

2 2 Muito positivo pois a administração está diretamente ligada e atuando nas

escolas, diferente das escolas do estado em que os sistema não acompanha tão de perto o processo pedagógico.

3 3 Foi positivo porque agora todas as U.E.s têm o professor especializado

nesta área.

4

4 O professor também teve melhor amparo tanto material como pedagógico,

através da municipalização.

5 Melhorando a qualidade na prática de suas aulas, promovendo mais

motivação aos alunos.

5 6 As aulas de Ed. F. são as mais esperadas e mais queridas por todos os

alunos.

6 7 Também já estavam adaptados.

7 8 O município disponibiliza um profissional da saúde para examinar os alunos

e dizer se estão aptos a frequentar as aulas de Educação Física. Os

professores recebem capacitação.

8 9 Apesar de termos tido aulas com especialistas em outras épocas, nem

sempre tínhamos professor disponível, então quem atuava era o polivalente.

9 10 Conseguimos materiais para o uso do professor e alunos facilitando suas aulas.

10 11 Apenas assumi este cargo depois da municipalização, não participando do

processo.

11 12

As crianças são bem assistidas pelo especialista.

12 13 Em relação às aulas de Educação Física ficou perfeito. Quando as aulas são

ministradas por profissionais da área a aprendizagem fica mais completa e

clara.

13 14

Como disse a melhora só foi sentida no início de 2010 com a contratação

efetiva de professores habilitados na disciplina.

15 Houve melhora significativa no desenvolvimento dessas atividades.

Page 125: dissertação de mestrado - Cássia

109

14 16 Foi oferecido aulas de Educação Física em todos os anos do Ensino

Fundamental de 9 anos e para os 1ºs anos 01 aula semanal de Música e

Movimento onde é trabalhado a expressão corporal

15 17 Foi positivo, a medida que os professores passaram a ter maior acesso a

secretária de educação, proporcionando maior oportunidade de diálogo

entre as parte envolvidas.

Page 126: dissertação de mestrado - Cássia

110

QUADRO 18- Unidades de Contexto relacionadas aos Impactos da municipalização

para a Educação Física nas séries iniciais do E.F conforme as opiniões dos diretores das

escolas da amostra.

UNIDADES DE CONTEXTO

DIRETORES

1- INSERÇÃO DO

PROFESSOR DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS

SÉRIES INICIAIS DO E.F

PARA LECIONAR

D1, D3, D8, D11, D12, D13

2- O PROFESSOR DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

RECEBEU APOIO

PEDAGÓGICO

D2, D4, D15

3- MELHORIAS DOS

MATERIAIS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

D4, D9

4- CAPACITAÇÃO PARA OS

PROFESSORES DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

D7

5- OFERECIMENTO DAS

AULAS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA EM TODAS AS

SÉRIES

D14

6- MELHORIA DAS AULAS

DE EDUCAÇÃO FÍSICA,

DAS ATIVIDADES, E NA

APRENDIZAGEM DOS

ALUNOS

D4, D12, D13

7- DISPONIBILIDADE DE UM

PROFISSIONAL DA SAÚDE

PARA EXAMES MÉDICOS

D7

Page 127: dissertação de mestrado - Cássia

111

8- NÃO COGITAM OU FALTA

DE INFORMAÇÃO SOBRE

A EDUCAÇAO FÍSICA

APÓS A

MUNICIPALIZAÇÃO

D5, D6, D10

A partir das Unidades de Registro identificamos 8 Unidades de Contexto. A

Unidade de Contexto com mais frequência de Unidades de Registro foi a número 1,

denominada de Inserção do professor de Educação Física nas séries iniciais do E.F, por

6 diretores (D1, D3, D8, D11, D12, D13), representado 40% da amostra, dado positivo

para a área, apesar de lento como mencionado pelos docentes (P1, P4, P8, P9).

Com uma frequência de 3 diretores (D2, D4 e D15) por Unidade de Registro,

identificamos 2 Unidades de Contexto, são:

Unidade de Contexto 2-) O professor de Educação Física recebeu apoio

pedagógico. Esta Unidade de Contexto está relacionada ao acompanhamento mais

próximo da administração no processo pedagógico e maior diálogo entre a Secretaria da

Educação com os professores. Afinal de contas uma das funções da municipalização

como já descritas anteriormente, é de uma parceria educacional Estado-Município para

o Ensino Fundamental, atribuindo parte das responsabilidades vinculadas à educação do

Estado de São Paulo aos municípios. Sendo assim, este foi um ponto muito positivo da

municipalização para a área.

E Unidade de Contexto 6-) qual denominamos de: Melhoria das aulas de

Educação Física, nas atividades e na aprendizagem dos alunos, auferidas pelos diretores

(D4, D12, D13) .

Com a frequência de duas Unidades de Registro pelos diretores (D4 e D9),

organizamos a Unidade de Contexto 3-) Melhoria dos materiais de Educação Física, que

está vinculada à disponibilização destes para as aulas de Educação Física nestas séries

após a municipalização. E com a frequência de uma Unidade de Registro, constituímos

as Unidades de Contexto que condizem a Capacitação (D7), Oferecimento das aulas

(D14) e Profissionais da saúde (D7). Quanto a esta última, a resposta do diretor (D7)

foi: “O município disponibiliza um profissional da saúde para examinar os alunos e

dizer se estão aptos a frequentar as aulas de Educação Física”.

Para melhor entendimento organizamos as Unidades de Contexto em 3

Categorias, quais denominamos de Impactos Positivos, Impactos Negativos e Impactos

Page 128: dissertação de mestrado - Cássia

112

aparentemente não percebidos, do mesmo modo como fizemos com os professores.

QUADRO 19- Categorias relacionadas aos Impactos da municipalização para a

Educação Física, conforme as opiniões dos diretores das escolas da amostra.

CATEGORIAS

1-IMPACTOS

POSITIVOS - PARA

A EDUCAÇÃO

FÍSCA ESCOLAR

APÓS A

MUNICIPALIZA-

ÇÃO (nas séries

iniciais do E.F.)

2-IMPACTOS

NEGATIVOS - PARA

A EDUCAÇÃO

FÍSICA ESCOLAR

APÓS A

MUNICIPALIZAÇÃO

(nas séries iniciais do

E.F.)

3-IMPACTOS

APARENTEMENTE

NÃO PERCEBIDOS -

PARA A EDUCAÇÃO

FÍSICA APÓS A

MUNICIPALIZA-ÇÃO

(nas séries iniciais do

E.F.)

UNIDADES DE CONTEXTO

1,2,3,4,5,6,7

-------------------------------

8

A partir das Unidades de Registro que identificamos pelas respostas dos

diretores desta amostra, a respeito dos impactos que a política de municipalização pôde

ter ocasionado na Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental

verificamos que 11 diretores (D1, D2, D3, D4, D7, D8, D9, D11, D12, D13, D14, D15)

– o que corresponde a 80% – perceberam algum tipo de mudança positiva após o

processo de municipalização para a Educação Física nestas séries. Os diretores (D5, D6

e D10) – o que corresponde a 20% da amostra – não perceberam, pouco perceberam ou

não cogitaram os impactos da municipalização para a Educação Física nas séries iniciais

do Ensino Fundamental. Destaco ainda que nenhum diretor respondeu que a

Page 129: dissertação de mestrado - Cássia

113

municipalização impactou de forma negativa na Educação Física escolar nas cidades

pesquisadas.

Assim, como já realizado anteriormente com as respostas dos professores,

organizamos três Categorias e a denominamos: 1- Impactos positivos da

municipalização para Educação Física Escolar (nas séries iniciais do Ensino

Fundamental), 2- Impactos negativos da municipalização para Educação Física Escolar

(nas séries iniciais do Ensino Fundamental) e 3- impactos aparentemente não percebidos

após a municipalização para a Educação Física (nas séries iniciais do Ensino

Fundamental).

Desta forma, foi possível identificarmos 7 Unidades de Contexto (1,2,3,4,5,6,7)

relacionadas à Categoria Impactos Positivos, são estas: – 1-) Inserção do professor de

Educação de Física nas séries iniciais do E.F. 2-) O professor de Educação Física

recebeu apoio pedagógico, 3-) Melhorias dos materiais de Educação Física. 4-)

Capacitação para os professores de Educação Física. 5-) Oferecimento das aulas de

Educação Física em todas as séries. 6-) Melhorias das aulas de Educação Física, das

atividades e aprendizagem dos alunos. 7-) Disponibilidade de um profissional da saúde

para exames médicos. E apenas 1 Unidade de Contexto relacionada à Categoria

Impactos aparentemente não percebidos após a municipalização para a Educação Física,

denominada de 9-) Não cogitam ou falta de informação sobre a Educação Física após a

municipalização.

5.4.1 CRUZAMENTO DOS DADOS E DAS DISCUSSÕES ENTRE

PROFESSORES E DIRETORES SOBRE OS IMPACTOS DA

MUNICIAPALIZAÇÃO PARA A EDDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES

INICIAIS DO E.F

Assim é possível fazermos algumas considerações quanto aos Impactos Positivos

que a municipalização proporcionou para a Educação Física escolar na região

pesquisada: mudanças para melhor nos Aspectos Pedagógicos (conteúdos, HTPCs,

carga horária, cursos e planejamento), nos Aspectos dos Materiais e nos Recursos

Humanos (inserção do professor, apoio dos coordenadores e/ou diretores).

Quanto aos Impactos Negativos, podemos conjecturar a respeito da demora em se

efetivar o professor de Educação Física após a municipalização em algumas das cidades

Page 130: dissertação de mestrado - Cássia

114

da amostra, como exposto pelos professores (P1, P4, P8 e P9). Ou seja, ao mesmo

tempo em que algumas escolas municipalizadas da Região da Diretoria de Ensino de

Mogi Mirim têm o coordenador da área para prestar auxílio aos professores de

Educação Física, em outras cidades os professores de Educação Física só foram

efetivados nas escolas municipalizadas no ano de 2011 para lecionar nas séries iniciais

do Ensino Fundamental, dado que revelou discrepância, porém já foi felizmente

resolvido.

Destacamos que, perante as leis já discutidas e após o período de

municipalização, identificamos, em três cidades da amostra, a demora da efetivação do

professor de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental. O próprio

discurso dos professores e diretores apontou para este fato. Como exemplo, o professor

(P8) respondeu que:

(P8) Houve 1º Concurso em 2010, antes eram aulas com estagiários.

No caso desta resposta, a primeira municipalização nesta cidade, conforme o

quadro disponível no site da Secretaria de Educação do Estado de SP e exposto nos

Procedimentos Metodológicos, ocorreu no ano de 1997. No entanto, somente em 2010

aconteceu o primeiro concurso para se efetivar o professor graduado em Educação Física

nas séries iniciais, evidenciando-se o período de treze anos sem ter um professor

específico e graduado na área para ministrar as aulas de Educação Física nas séries

iniciais nesta cidade.

A diretora (D13), pertencente a esta mesma cidade, confirma o fato, ao responder

que antes da municipalização “O Estado não oferecia professor especialista na área para

esse nível de ensino”. Noto que o Estado de São Paulo só fixou a obrigatoriedade do

professor de Educação Física em todas as séries no ano de 2002, por meio da Resolução

184, já apresentada anteriormente. Segue a resposta da mesma:

(D13) E após a municipalização também não havia professor especialista para as aulas de Ed. Física, somente alguns estagiários atuaram durante algum

tempo. O plano de carreira municipal também não previa o cargo de professor

especialista para atuar nas séries iniciais. Após a reformulação do Plano

Municipal de Educação passou a contar com o cargo e pode fazer concurso

público para efetivação de professores. Essa contratação ocorreu no início de

2010 nas escolas municipais de educação básica- ensino fundamental séries

iniciais.

Outras respostas ratificam o mesmo fenômeno:

(P1) Depois que foi municipalizada, o que percebi que encontrei algumas

dificuldades, pois antes quem dava as aulas de Ed. Física era o prof.

Polivalente , então os alunos nuca tiveram aula de Ed. Física apenas

Page 131: dissertação de mestrado - Cássia

115

brincavam, sem conteúdo programado.

Nesta cidade, os professores de Educação Física só foram efetivados em 2011,

três semanas antes de responderem ao questionário desta pesquisa. Ou seja, durante

doze anos as aulas de Educação Física foram ministradas por professores não

especialistas ou até mesmo não ocorriam. Fato que se confirma com resposta das duas

diretoras desta mesma cidade. Seguem:

(D1) Até o ano de 2010 as aulas de Educação Física eram lecionadas

pelo professor da sala (polivalente). A partir de 2011, as aulas passaram a ser lecionadas por um professor especialista (formado em Ed. F.).

(D2) Não após a municipalização, mas sim após a criação da nova

escola, o especialista é recente na rede para o fundamental I, até então

era o professor polivalente.

Seguem as respostas dos professores de outras cidades:

(P5) Segundo relato das professoras mais antigas da rede, depois de

ser municipalizada a escola ainda ficou uns 2 anos sem ter aulas de

Educação Física.

(P27) Comecei na escola após a Municipalização. Antes não havia

professor específico.

Destacamos, que o levantamento das Unidades de Registro para a elaboração das

Unidades de Contexto e depois das categorias, para posteriormente as descrições destes

resultados – partiram da percepção dos professores de Educação Física e diretores que

estão diretamente imersos nestas escolas municipalizadas e, consequentemente,

poderiam ter percebido algumas mudanças da gestão Estadual para a gestão local – ou

Municipal – para com a disciplina de Educação Física.

No entanto, como já discutido, devemos enfatizar que 19 professores o que

corresponde a 60% da amostra e 3 diretores o que corresponde a 20% não perceberam,

pouco perceberam ou não cogitaram os impactos da municipalização nas séries iniciais

do Ensino Fundamental. Isto provavelmente aconteceu com os professores, porque 75%

dos que constituem esta amostra começaram a atuar após a municipalização.

A partir dos resultados discutidos, podemos considerar que, apesar de 40% dos

diretores apontarem a inserção do professor de Educação Física nas séries iniciais como

um dos impactos positivos da municipalização, 20% afirmaram que isso não aconteceu

logo após a municipalização e que esse foi um processo demorado, fato também

Page 132: dissertação de mestrado - Cássia

116

afirmado por 13% dos docentes. O que provavelmente em certo momento comprometeu

a legitimação da Educação Física escolar e do espaço do especialista nas séries iniciais

do Ensino Fundamental na região estudada, contudo já foi resolvido. Fato que pode

também ter ocorrido ou estar ocorrendo em outros estados brasileiros, e assim

prejudicando a área como um todo.

Page 133: dissertação de mestrado - Cássia

117

5.5 QUINTO MOMENTO: QUEM DEVE LECIONAR AS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL?

Neste momento, será contemplada a sétima questão do questionário do

professor, e terceira questão do questionário de diretor, seguem respectivamente:

3-) Na sua opinião quem deve lecionar as aula de Educação Física do 1º ao 5º

ano? Por quê?

7-) Na sua opinião quem deve lecionar as aulas de Educação Física do 1ª ao 5º

ano? Por quê?

Trata-se relevante a discussão deste assunto neste último momento, sobre quem

deve lecionar nas séries iniciais do E.F a Educação Física, pois este tema é oriundo do

problema deste estudo.

Relevo que na amostra estudada, uma das cidades só efetivou o professor de

Educação Física para lecionar nas séries iniciais do E.F no ano de 2011. Dado que

felizmente superado na região. Atualmente como já mencionamos, 100% das escolas já

possuem o especialista lecionando nestas séries.

Isso se decorreu, como explicado no capítulo 2, pela não especificidade da lei e

da autonomia concedida aos municípios após a municipalização, dessa forma, cada

município, ao constituir seu próprio sistema, passa a gozar, de acordo com Carneiro

(1998), de autonomia para se organizar e avaliar sua rede de escolas, muitos assim ao se

pautarem nas leis, quais apresentam brechas, ao interpretarem, ainda podem optar pela

atuação do professor polivalente em vez do especialista.

Conforme exposto por Freire (2009, p.79), o objetivo de se pôr o professor

polivalente ao invés do especialista da disciplina muitas vezes é determinado por

aspectos econômicos e não em função da competência de cada profissional, posto que

“que a fórmula mais barata, como sempre, será utilizada, pois trata-se de Educação, e,

nesse aspecto a área de Educação Física leva nítida desvantagem”.

A Secretaria de Educação de Águas de Lindóia, na dúvida sobre se existiria a

obrigatoriedade do professor especialista em ministrar as aulas de Educação Física nas

séries iniciais do Ensino Fundamental, consultou, no ano de 2009, o Conselho Nacional

de Educação que, por meio de dois pareceres, respondeu a essa questão.

Queremos salientar que tal necessidade possivelmente adveio da lacuna

existente na LDB 9394/96, pois se esta fosse clara, não seria preciso consultar este

Page 134: dissertação de mestrado - Cássia

118

órgão superior, sendo somente necessária a lei ser diretamente consultada, analisada, e

as dúvidas recorrentes seriam sanadas, como exemplo, na Resolução de 2002 do Estado

de São Paulo.

O Parecer CNE/CEB N° 2/200827

, enviado para a Diretoria de ensino de Águas

de Lindóia, indicou como “favorável e até louvável” que os docentes formados em

licenciaturas específicas atuem nos 1º e 2º Ciclos, mas não de maneira multidisciplinar.

Ou seja, os professores especialistas devem ministrar as aulas de Educação Física nas

séries iniciais, mas não podem lecionar Português, Matemática, entre outras disciplinas,

que devem ficar ao encargo apenas do Pedagogo.

No Parecer CNE/CEB Nº 16/200128

, a justificativa foi calcada na tradição e no

Plano Decenal, com argumentação de que “a prática multidisciplinar é amplamente

disseminada entre nós” e que desde a época de Dom Pedro I, no ano de 1827, se

estipulava a atuação multidisciplinar do professor primário.

Quanto ao Plano Decenal de Educação, o parecer mostra que nele são abordadas,

entre os vários aspectos, a formação inicial e continuada para a atuação multidisciplinar

e a garantia de se formar 100% dos docentes da Educação Infantil e das séries iniciais

na modalidade normal do Ensino Médio, que habilitam os professores a ensinar todos os

conteúdos. Assim, acredita-se que tanto os cursos de formação inicial quanto de

formação continuada devem abarcar os vários componentes curriculares, inclusive a

Educação Física, e justificam que “Proibir ou cercear a atividade docente

multidisciplinar em um componente curricular específico implicaria em afrontar os

termos da Carta Magna e contrariar uma longa tradição educacional”. Os pareceres

ainda concluem que não “assiste a razão a quem evoca a lei para restringir o direito ao

exercício profissional do professor de atuação multidisciplinar em qualquer um dos

conteúdos curriculares dos anos iniciais do ensino fundamental ou da educação

infantil”.

Em relação a este Parecer, pensamos que a justificativa utilizada para manter o

professor polivalente como eficaz em todas as disciplinas é um tanto ultrapassada, pois

retorna à época do Império, sem justificativas plausíveis do motivo de se retomar a este

período.

Assim, entendemos que tanto as especialidades quanto as generalidades são

27 Este Parecer CNE/CEB N° 2/2008 se encontra nos anexos desta dissertação.

28 Este Parecer Nº 16/2001 se encontra nos anexos desta dissertação.

Page 135: dissertação de mestrado - Cássia

119

importantes para a constituição de um processo educativo na atualidade. Se a Educação

retomar o passado com frequência sem uma reflexão e utilizar as mesmas “práticas” os

resultados do presente serão muito semelhantes aos antigos.

Brasileiro (2010) afirma que a Arte e a Educação Física são duas áreas do

conhecimento que permanecem carecendo, diferentemente das outras, de muitas

explicações, para manterem-se como um componente curricular e de justificativas das

suas funções para a formação dos discentes na escola.

Esta dificuldade que a disciplina de Educação Física tem para se sustentar no

currículo – dependendo de muitos Decretos, Pareceres, Diretrizes, Resoluções e Leis –

conforme já explicito anteriormente, de acordo com Tani (1991, p.141), se dá pela falta

de “[...] uma identificação clara do conjunto de conhecimentos a serem ensinado

durante as aulas”. Sendo este um dos indicadores que corroboram para que a mesma

seja tratada de maneira diferenciada nos currículos escolares.

Neste sentido, levando em consideração as contribuições de Bento (2006), o ser

humano e sua condição é a sua historicidade. Ele está inserido no mundo que é um

espaço histórico e cultural, a partir do qual ele constrói a sua identidade. Partindo deste

pressuposto, nós, como professores de Educação Física, devemos constantemente

construir e reconstruir nossa identidade como docentes de uma área de conhecimento –

que também é retentora de uma história e cultura – para a garantia do nosso espaço na

escola.

Neste contexto, Heringer (2008) acrescentou que, dependendo da postura do

professor de Educação Física e de como ele organiza cada espaço, esse componente

curricular recebe um determinado feitio.

Loyola, Fonte e Figueiredo (2010, p.188) corroboram no mesmo sentido,

“evidenciando que os modos de significar a Educação Física têm relação estreita com o

sujeito que assume a função docente nessa disciplina”.

Rezer e Fensterseifer (2008) afirmam que parece que na falta do professor de

Educação Física, no “imaginário social” qualquer docente pode lecionar estas as aulas.

Na escola investigada por Loyola, Fonte e Figueiredo (2010), a Educação Física

ocupava o “lugar morto”. Isso significa que ela estava presente, deveria ser levada em

consideração, mas não tinha voz própria e ativa para decisões. A Educação Física

aparecia como centro das festividades, lugar de acirrada tensão entre a

profissionalização e a desprofissionalização. Desse modo, não era levada a sério e

servia de apoio para os conteúdos desenvolvidos pelas professoras polivalentes. Os

Page 136: dissertação de mestrado - Cássia

120

sujeitos participantes dessa pesquisa asseguraram a importância inquestionável da

Educação Física. Porém, na prática, ela foi considerada coadjuvante em relação às

outras disciplinas no que tange ao tempo e ao espaço, constituindo-se uma disciplina

menor.

No mesmo sentido, Rezer e Fensterseifer (2008, p.321) destacam que a

“legitimidade da docência em Educação Física se dá, independente do âmbito de

intervenção, na medida em que temos o que ensinar, de forma articulada em um

contexto especifico”.

Isso significa que, para lidar com os enfrentamentos inerentes ao exercício da

docência, é importante partir da constatação que não estamos sozinhos neste

complexo desafio, pois em qualquer âmbito de intervenção, não “falamos”

exclusivamente por nós. Para o bem e para o mal, estamos sempre em um

contexto que nos autoriza (ou não) determinada proposição. Portanto, se faz

necessário trazer o debate a responsabilização desse entorno. Da mesma forma,

precisamos assumir que temos uma autonomia relativa, e não podemos fazer

somente “aquilo que queremos” [...]” (REZER; FENSTERSEIFER, 2008,

p.321).

A partir da leitura das respostas que foram dadas pelos professores e diretores de

acordo com Bardin (2011) foram identificadas as Unidades de Registro e em seguida as

Unidades de Contexto, que serão apresentadas nos quadros a seguir. Estas estão

relacionadas às justificativas produzidas pelos docentes e diretores do porque é o

professor graduado em Educação Física que deve lecionar ou não nas séries iniciais do

Ensino Fundamental esta disciplina.

Page 137: dissertação de mestrado - Cássia

121

QUADRO 20 – Unidades de Registro relacionadas às justificativas do por que o

professor de Educação Física que deve lecionar ou não as aulas de Educação Física

nas séries iniciais do E.F.

PROF. N°

U. R

UNIDADES DE REGISTRO

1

1.

Sabe os conteúdos necessários para ser trabalhado.

2. Respeitando cada idade.

2 3. Possui conhecimento específico.

3 4. É o único profissional capacitado.

5. Amparado por lei para lecionar esta disciplina.

4 6. Na graduação os professores são capacitados para desenvolverem

no máximo as habilidades e qualidades dos alunos.

5. 7. Pela sua formação.

8. Um professor "polivalente" não daria uma aula com a mesma

responsabilidade e conhecimento de um professor formado na

área.

6 9. É especialista, estudou para isso.

7 10. Conhecimento

11. Somos preparados para isso através das Faculdades específicas de

Ed. Física.

8 12. São professores da área.

13. São habilitados.

14. Especialistas.

9 15. Somente Prof. Ed. Física está habilitado e documentado com o CREF.

10 16. A formação acadêmica focada na área;

11 17. É o mais habilitado, principalmente com relação ao desenvolvimento

motor.

12 18. É o profissional que estudou para isso.

13 19. Porque a abordagem pedagógica das aulas requer um especialista no assunto.

14 20. 1. O professor de Educação Física estudou e sabe o que está fazendo,

buscando aprimorar, desenvolver suas aulas planejadas, porém

quem olha de fora pode pensar "até eu sei fazer isso". Porém o

professor tem seu olhar além da simples atividade; ele olha o

ontem, hoje e o futuro.

15 21. É o profissional capacitado para desenvolver o aprendizado.

16 22. Porque ele é o profissional que possui formação específica e

necessária, possui as bases para lecionar a disciplina.

17 23. Não só da 2ª, mas desde o ensino infantil, porque somos os

profissionais capacitados para atuar nesse campo da educação

formal do aluno.

Claro que necessitamos também, relacionar o conhecimento do

nosso campo de atuação com o conhecimento do professor polivalente, e em conjunto com essas informações elaborar um

trabalho que venha ao encontro para suprir as necessidades dos

alunos.

Page 138: dissertação de mestrado - Cássia

122

18 24. Porque ele possui formação específica para esta área de atuação.

19 25. Saberá aplicar o conteúdo adequado a cada faixa etária.

20 26. Estará mais aprofundado nesta disciplina para melhor atuar

no seu trabalho. Ajudando também o professor polivalente

no que ele precisar, isto é, nas outras disciplinas

(Interdisciplinaridade).

21 27. Tem a formação adequada para isso.

28. Os professores polivalentes além de não terem formação para tal

não estudaram para isso e na maioria dos casos não gosta de

Educação Física.

22 29. Obviamente pela preparação diferenciada do professor em relação a matéria dada.

30. Me pergunto se deveria o prof. De Educação Física dar aulas

do polivalente? Ou até, o polivalente deve dar aula de

Inglês? Ou Informática?

31. A especificidade de cada matéria.

23 32. Somente ele está habilitado.

24 33. Ele estudou e sabe como trabalhar o corpo como um todo. O

desenvolvimento geral.

25 34. Assim como nós não podemos substituí-los por não termos

conhecimentos específico, o mesmo se aplica aos professores

polivalentes.

26 35. O profissional da área buscou na sua formação uma enorme gama

de conhecimentos sobre a Cultura Corporal que estão incorporados

no ensino das aulas de educação física.

36. São profissionais mais capacitados

27 37. Por ser este especificamente habilitado

38. E também por força da lei.

28 39. Só o Educador Físico saberá aplicar o conteúdo adequado à cada faixa etária

29 40. O professor polivalente possui um vasto conhecimento nas

disciplinas aplicadas, uma ótima metodologia, porém o mesmo não

tem em conhecimento em filosiologia, biomecânica, anatomia e

nas demais disciplinas que o professor de Ed. Física adquiriu em

sua formação, facilitando assim o planejamento das aulas.

30 31. Ter a preparação adequada para esta disciplina.

31 32. É um profissional capacitado para desenvolver outras

atividades motoras que as professoras de sala desconhece e

assim cabendo à elas desenvolver seu próprio conteúdo sem

interferência de outras áreas.

32 33. É o mais preparado para isto, a professora da sala não está

preparada.

Page 139: dissertação de mestrado - Cássia

123

O quadro subsequente aponta as Unidades de Contexto relacionadas às

justificativas dos docentes do por que o professor graduado em Educação Física que deve

lecionar ou não esta disciplina nas séries iniciais do Ensino Fundamental .

QUADRO 21- Unidades de Contexto relacionadas à opinião dos docentes do por que o

professor graduado em Ed. Física que deve lecionar esta disciplina nas séries iniciais do

E.F.

UNIDADES DE CONTEXTO

PROFESSORES

1- DEVIDO A LEI QUE O

ESPECIALISTA QUE DEVE

LECIONAR NAS SÉRIES INICIAIS

DO E.F

P3, P27

2- PELA ESPECIFICIDADE DA ÁREA

QUE O ESPECIALISTA QUE DEVE

LECIONAR NAS SÉRIES INICIAIS

DO E.F

P2, P6, P7, P8, P12,

P13, P16, P18, P22, P25,

P26, P27, P29.

3- POR CAUSA DA FORMAÇÃO/

ESTUDO QUE O

ESPECIALISTA QUE DEVE

LECIONAR NAS SÉRIES INICIAIS

DO E.F

P4, P5, P6, P7, P10,

P12, P14, P16, P18, P21,

P24, P26, P29

4-PORQUE O ESPECIALISTA É

HABILITADO PARA LECIONAR

NAS SÉRIES INICIAIS SO E.F

P8, P9, P11, P23, P27

5- PORQUE O ESPECIALISTA É

P3, P4, P15,

Page 140: dissertação de mestrado - Cássia

124

CAPACITADO PARA LECIONAR NAS

SÈRIES INICIAIS DO E.F

P17, P26,

P31

6- PORQUE O ESPECIALISTA

CONHECE OS CONTEÚDOS

ADEQUADOS DA FAIXA ETÁRIA

PARA LECIONAR NAS SÉRIES

INICIAIS DO E.F

P1,P19, P28

7-PORQUE O ESPECIALISTA TEM

PREPARO PARA LECIONAR NAS

SÈRIES INICIAIS DO E.F

P30, P32

8-OS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO

FÍSICA QUE DEVEM LECIONAR NAS

SÉRIES INICIAIS DO E.F AS AULAS DE

ED. FÍSICA E NÃO O POLIVALENTE

P5, P21,

P22, P25,

P29, P31,

P32

9- OS PROFESSORES A SÃO

FAVOR DA ATUAÇÂO

CONJUNTA (PROF. DE

EDUCAÇÃO FÍSICA E

POLIVALENTE) PARA

LECIONAR AS AULAS DE

ED. FÍSICA NAS SÉRIES

INICIAIS DO E.F

P17, P20

As Unidades de Contexto que apresentaram maiores frequências de respostas foram

a de número 2 e 3, 13 professores (P2, P6, P7, P8, P12, P13, P16, P18, P22, P25, P26, P27,

P29) cogitaram a questão da especificidade da área da Educação Física e também 13

professores (P4, P5, P6, P7, P10, P12, P14, P16, P18, P21, P24, P26, P29) cogitaram

formação/estudos como justificativas que lhes possibilitam ter maiores condições de lecionar

a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental, ao invés dos

professores polivalentes.

A partir das Unidades de Contexto estabelecemos as Categorias que serão

apresentadas no quadro abaixo, estando relacionadas às justificativas dos docentes do por

que o professor graduado em Educação Física que deve lecionar ou não esta disciplina nas

séries iniciais do E.F .

Page 141: dissertação de mestrado - Cássia

125

QUADRO 22 – Categorias relacionadas às justificativas dos docentes do por que o professor

graduado em Educação Física que deve lecionar ou não esta disciplina nas séries iniciais do

E.F .

CATEGORIAS

N° DAS

UNIDADES

DE

CONTEXTO

1-DEVIDO A LEI QUE O ESPECIALISTA

QUE DEVE LECIONAR A ED. FÍSICA

NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F

1

2-DEVIDO AO CONHECIMENTO

ESPECIFICO EM ED. FÍSICA QUE O

ESPECIALISTA QUE DEVE LECIONÁ-

LA NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F

2,6

3-DEVIDO AOS ASPECTOS

DISPONIBILIZADOS PELA

FORMAÇÃO, QUE O ESPECIALISTA

QUE DEVE LECIONAR A ED. FÍSICA

NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F

3, 4, 5,7

4- PROFESSORES SÃO CONTRA A

ATUAÇÃO DO POLIVALENTE

PARA LECIONAR NAS SÉRIES

INICIAIS DO E.F AS AULAS DE

ED. FÍSICA

8

5- PROFESSORES SÃO A FAVOR DE

UMA ATUAÇÂO CONJUNTA

PARA LECIONAR A ED. F. NAS

SÉRIES INICIAIS DO E.F

9

Podemos considerar a partir da categoria 3, que os professores justificam serem

os mais adequados para atuarem nas séries iniciais do E. F. devido a formação na área.

Page 142: dissertação de mestrado - Cássia

126

QUADRO 23 - Unidades de Registro relacionadas às justificativas dos diretores do por

que o professor especialista que deve lecionar a disciplina de Educação Física nas séries

iniciais do E.F.

DIRETOR N°

U.R.

UNIDADES DE REGISTRO

1 1. Tem a formação necessária para fazer um trabalho

mais adequado e direcionado com os alunos das

séries iniciais.

2 2. É o professor preparado para a atuação nessa

área.

3 3. Por ser especialista nesta área.

4 4. Possui conhecimentos necessários à prática desta

disciplina, fazendo com que os alunos se

desenvolvam adequadamente os aspectos

físicos/motor.

5 5. As aulas são planejadas de acordo com a idade

atendendo as expectativas de cada série.

6 6. Pela sua formação específica.

7 7. Está preparado para desenvolver habilidades e

competências na área.

8 8. Deve ter conhecimento nesta área por ser

específica, trabalhar com desenvolvimento do

corpo requer trabalho diferenciado e muita

precaução.

9. Exige formação.

9 10. Está apto a ministrar essas aulas sem colocar

nossos alunos em risco.

10 11. Pela formação especifica na área.

12 Pois este especialista trabalha as

especificidades das diferentes faixas etárias.

11 13. Tem a formação necessária para atuar nessa

área.

12 14. Tem um entendimento mais amplo do conteúdo e da

prática necessária para ministrar as aulas de forma a

não prejudicar as crianças e sim fazer com que elas

entendam a importância de praticar esporte para saúde física, mental e intelectual.

13 15. Ele é habilitado a lecionar e a cumprir as

atividades propostas no currículo.

14 16. Porque é o profissional apto para ministrar

essas aulas.

15 17. Por ter formação específica na área.

A partir das Unidades de Registro foram identificadas as Unidades de Contexto

relacionadas às justificativas dos diretores do por que o professor especialista que deve

lecionar a disciplina de Educação Física nas séries iniciais do E.F.

Page 143: dissertação de mestrado - Cássia

127

QUADRO 24- Unidades de Contexto relacionadas às justificativas dos diretores do por que

o professor especialista que deve lecionar a disciplina de Educação Física nas séries

iniciais do E.F.

UNIDADES DE CONTEXTO

DIRETORES

1-PORQUE O ESPECIALISTA ESTA APTO

PARA LECIONAR NAS SÉRIES INICIAIS

DO E.F

D9, D14

2-DEVIDO A ESPECIFICIDADE DA ÁREA

QUE O ESPECIALISTA QUE DEVE

LECIONAR A ED. FÍSICA NAS SÉRIES

INCIAIS DO E.F

D3, D4, D6, D8,

D10, D15

3-DEVIDO A FORMAÇÃO QUE O

ESPECIALISTA QUE DEVE LECIONAR A

ED. FÍSICA NAS SÉRIES INCIAIS DO E.F

D1, D11, D8

4-O ESPECIALISTA É

HABILITADO PARA LECIONAR A ED.

FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F

D13

5-O ESPECIALISTA TEM ENTENDIMENTO

AMPLO PARA LECIONAR A ED. FÍSICA

NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F

D12

Page 144: dissertação de mestrado - Cássia

128

6-O ESPECIALIS-TA FAZ UM

PLANEJAMENTO ADEQUADO À FAIXA

ETÁRIA

D5

7-O ESPECIALISTA TEM PREPARO PARA

LECIONAR A ED. FÍSICA NAS SÉRIES

INICIAIS DO E.F

D2, D7

Podemos considerar de acordo com a Unidade de Contexto número 2, que

apresentou maior frequência de Unidades de Registro, que os diretores (D3, D4, D6, D8,

D10, D15), acreditam que o docente especialista deve lecionar nas séries iniciais do E.F,

devido a especificidade da área.

Em seguida foram estabelecidas as Categorias que estão relacionadas às

justificativas dos diretores do por que o professor especialista que deve lecionar a

disciplina de Educação Física nas séries iniciais do E.F. Segue o quadro:

Page 145: dissertação de mestrado - Cássia

129

QUADRO 25- Unidades de Contexto relacionadas às justificativas dos diretores do por que

o professor especialista que deve lecionar a disciplina de Educação Física nas séries

iniciais do E.F.

Assim inferimos, que a categoria número 3 apresentou a maior frequência de

Unidades de Contexto, qual nos dão pista que os professores de Educação Física deve

lecionar nas séries iniciais do E.F devido aos aspectos disponibilizados na formação

(preparo, aptidão, habilitação).

5.5.1 CRUZAMENTO DOS DADOS E DAS DISCUSSÕES ENTRE PROFESSORES

E DIRETORES SOBRE AS JUSTIFICATIVAS DO POR QUE O PROFESSOR

ESPECIALISTA QUE DEVE LECIONAR A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F

Como já apontado, os 32 professores e os 15 diretores participantes desta pesquisa –

ou seja, (100%) da amostra justificaram o porquê que quem deve lecionar as aulas de

Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental é o professor graduado nesta

área. Ressalto mais uma vez, que é pertinente esta discussão neste momento, porque a

CATEGORIAS

Nº DAS

UNIDADES DE

CONTEXTO

1- DEVIDO A ESPECIFICIDADE DA ÁREA QUE O

ESPECIALISTA DE ED. FÍSICA QUE DEVE LECIONAR A

ED. FÍSICA NAS SÉRIES INCIAIS DO E.F

2

2-DEVIDO AO ENTENDIMENTO AMPLO QUE O

ESPECIALISTA QUE DEVE LECIONAR A ED. FÍSICA

NAS SÉRIES INCIAIS DO E.F

5,6

3-DEVIDO AOS ASPECTOS DISPONIBILIZADOS PELA

FORMAÇÃO, QUE O ESPECIALISTA QUE DEVE

LECIONAR A ED. FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO E.F

1, 3, 4, 7

Page 146: dissertação de mestrado - Cássia

130

legitimação da área de Educação Física escolar nas séries iniciais do E.F depende da

ocupação (como também da atuação) do professor de Educação Física nestas séries.

Constatamos que 41% dos professores e 40% dos diretores da amostra

(evidenciando-se a semelhança destas porcentagens) responderam que o curso de Educação

Física tem suas especificidades que a diferenciam das demais disciplinas escolares.

Convergentemente, 41% dos professores e 20% dos diretores desta amostra

responderam que a formação possibilita aos professores especialistas em Educação Física

ministrar as aulas nas séries iniciais do Ensino Fundamental no lugar dos professores

polivalentes.

Devemos apontar as seguintes considerações diante dos dados averiguados - que

simplesmente o fato do professor concluir a graduação em Educação Física, ou seja, estar

habilitado para lecionar como descrito pelo diretor (D13) e pelos 5 professores (P8, P9, P11,

P23, P27), ou como respondido pelos 2 diretores (D9, D14) que o professor de Educação

Física está apto, estes dois aspectos não significam que eles são os mais capacitados, como

respondido pelos 6 professores (P3, P4, P15, P17, P26, P31) para atuar nas séries inicias do

Ensino Fundamental com a disciplina de Educação Física, do que o professor polivalente, e

nem que estão como respondidos pelos professores (P30, P32) e os diretores (D2, D7) mais

preparados. A capacitação depende de vários fatores, como as experiências que o professor

possui como expôs Souza (1997, p.84):

Dentro do processo educativo, a capacitação consiste na criação de espaços de

ação, para o desenvolvimento das habilidades desejadas, ampliando as capacidades

de se fazer, refletindo sobre este fazer, como parte da experiência que se vive e que se deseja viver.

Outro aspecto que nos chamou a atenção em relação às respostas, mesmo sendo

apenas de dois professores, foi a falta de conhecimento que os mesmos têm a propósito da

legislação da Educação Física na escola.

Partimos do princípio que a legitimação da área se firmará iniciando-se da

localidade, pois, como discutido, as leis permeiam o Sistema escolar. Assim, sugestiona-se

que estes docentes não fazem parte deste Sistema, desfavorecendo a ação de um docente

que deve se posicionar e desempenhar um papel além de pedagógico, mas também político

para a legitimação da nossa área nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Três diretores (D8, D9, D12) relataram em suas respostas um aspecto relevante

não apontado por nenhum dos professores em relação aos cuidados, ou seja, a segurança

Page 147: dissertação de mestrado - Cássia

131

que professor de Educação Física tem e ou deve ter para ministrar as aulas e não colocar

em risco a saúde dos alunos.

É possível inferirmos que estes diretores tenham respondido dessa forma, por dois

motivos. O primeiro motivo é preocupação que os mesmos têm com os alunos, porque, a

partir do momento em que o estudante “passa para dentro do portão da escola”, a

responsabilidade primária é do diretor e a secundária dos professores. O segundo motivo

são as disciplinas que compõem as grades curriculares dos cursos superiores de Educação

Física com viés das ciências da saúde ou biológicas, como Anatomia, Biologia,

Treinamento, entre outras, que podem fazer parte dos conhecimentos destes diretores.

A respeito dos cuidados evidenciados pelos diretores – para que os alunos não se

machuquem durante as aulas práticas – considero que deve ser preocupação de todos os

funcionários que trabalham na escola, já que os acidentes podem acontecer a qualquer

momento, tanto em sala de aula como no recreio ou durante a aula de Educação Física.

Cabe evidenciar que o professor de Educação Física, devido à formação, ao

planejar suas aulas, provavelmente consiga pensar mais nos aspectos da segurança, como

nos espaços e nos materiais mais adequados que utilizarão durante as aulas de Educação

Física para esta faixa etária. O professor de Educação Física também disponibiliza de

alguns conhecimentos da Cinesiologia, da Fisiologia e de Primeiros Socorros, que

poderiam evitar alguns acidentes, posturas, movimentos errados ou exaustivos durante as

aulas de Educação Física. Estes aspectos diferenciam, de fato, os professores de Educação

Física dos professores polivalentes. Porém, deve-se ressaltar que as aulas de Educação

Física não são para o treinamento do físico, para o desempenho ou para o rendimento do

aluno.

Dessa forma, concluo que a melhor forma de se evitar maiores problemas com os

acidentes que acontecem não só nas aulas de Educação Física, mas também no cotidiano

escolar é com o fornecimento, pela direção da escola, de cursos de primeiros socorros a

todos os funcionários da escola, pois não deve ser função apenas do professor de Educação

Física garantir os primeiros socorros adequados às crianças. Seguem as respostas dos

diretores:

(D8) Trabalhar com desenvolvimento do corpo requer trabalho diferenciado e muita

precaução.

(D 9) Está apto a ministrar essas aulas sem colocar nossos alunos em risco.

(D12) Um entendimento mais amplo do conteúdo e da prática necessária para

ministrar as aulas de forma a não prejudicar as crianças e sim fazer com que elas

Page 148: dissertação de mestrado - Cássia

132

entendam a importância de praticar esporte para saúde física, mental e

intelectual.

Devemos destacar ainda que 7 professores (P5, P21, P22, P25, P29, P31, P32) – o que

corresponde a 22% da amostra – justificaram que o professor polivalente não deve

ministrar as aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Por

outro lado, os docentes (P17 e P20) responderam que a atuação deve ser conjunta,

semelhantemente à resposta do diretor (D3): “Conjuntamente com o professor da classe o

aluno desenvolve melhor a sua aprendizagem”.

Nós também defendemos uma ação conjunta entre os professores polivalentes da

Educação Infantil e/ou do Ensino Fundamental com os professores especialistas de

Educação Física para a elaboração de projetos educativos, para os planejamentos das aulas

e para inserir de forma adequada a Educação Física no Projeto Pedagógico da escola.

Contudo, os professores de Educação Física serão os responsáveis pelas aulas de Educação

Física sendo sempre acompanhados do professor polivalente.

5.5.2 Algumas considerações sobre a formação e atuação do pedagogo e do professor

de Educação Física com esta disciplina nas séries iniciais do E.F.

De acordo com a LDB 9394/96, artigos 62 e 63, no Brasil a formação de

professores para atuar no início do ciclo fundamental (do 1º ao 5° ano) se efetivará por

meio dos cursos de Graduação em Pedagogia, na Escola Normal Superior e na

Modalidade Normal do Ensino Médio. Existe ainda a possibilidade para os que já

possuem o diploma de Ensino Superior e desejam se dedicar a educação básica de

realizarem programas de formação pedagógica. Seguem tais artigos:

Art. 62º. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em

nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e

institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o

exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do

ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

Art. 63º. Os institutos superiores de educação manterão:

I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso

normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e

para as primeiras séries do ensino fundamental;

II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de

educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação

dos diversos níveis. (BRASIL, 1996).

Page 149: dissertação de mestrado - Cássia

133

A finalidade do curso de graduação em Pedagogia, de acordo com Resolução

CNE/CP n.01/2006 (artigo 4°), é a formação de professores para exercer funções de

“magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de

Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e

apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos”.

No parágrafo único deste mesmo artigo está descrito que “as atividades docentes

também compreendem a participação na organização e gestão de sistemas e instituições de

ensino”. Ou seja, o Pedagogo, além de lecionar, pode atuar na gestão das escolas como

coordenador ou diretor, além de supervisor, dirigente entre outros cargos nas Diretorias ou

Secretarias de ensino. Nos dois últimos cargos citados ele tem autoridade e deve pautar-se

logicamente na lei para escolher quem deve ser o professor responsável pela disciplina de

Educação Física nas escolas.

De acordo com esta mesma Resolução CNE/CP n.01/2006, no artigo 6º é

definido como os cursos superiores de Pedagogia devem se estruturar:

Respeitando-se a diversidade nacional e autonomia pedagógica das

instituições, deverá existir um núcleo de estudos básicos articulando por

meio da reflexão, da literatura, e da critica a decodificação e utilização de

códigos de diferentes linguagens utilizadas por crianças, além do trabalho

didático com conteúdos, pertinentes aos primeiros anos de escolarização,

relativos à Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História , Geografia, Artes e Educação Física.

Conforme estas proposições, a grade curricular dos cursos de Pedagogia deve

contemplar pelo menos uma disciplina correspondente à Educação Física no currículo. No

entanto, isso não significa que esta contemplará, em um espaço tão curto de tempo, as

especificidades da área para uma atuação com qualidade dos professores polivalentes nas

séries iniciais.

A propósito da formação dos professores nos cursos de Magistério, Pedagogia,

Normal Superior e Educação Física, à luz do que diz o professor de Educação Física João

Batista Freire (2009), estes ainda deixam muito a desejar na formação docente. Ele expõe

que na formação do magistério poucos alunos que participavam das aulas de Educação

Física realizavam de fato alguma atividade física ou prática desportiva que contribuiria

para a prática docente.

O mesmo relatou Barbosa (1999), quanto às aulas de Educação Física deste curso,

ao caracterizá-las como tradicionais, dando ênfase à execução dos fundamentos esportivos,

no rendimento e no ensino das regras que balizam os critérios de avaliação.

Page 150: dissertação de mestrado - Cássia

134

De acordo com Mello (2000), os cursos de Magistério para a atuação no Ensino

Fundamental nas séries iniciais se reduzem a um conhecimento pedagógico esvaziado de

conteúdos que devem ser ensinados. Desta forma, os futuros professores aprendem como

ensinar, mas não o que ensinar, ao contrário dos cursos de formação para os especialistas,

que relevam o ensino dos conteúdos mas não propiciam a articulação desse conteúdo com

a transposição didática. Além do mais, segundo a autora, os cursos de graduação para

formar os especialistas estão longe de se preocuparem com a educação básica

É possível notar que tanto Mello (2000) (como Pedagoga) quanto Freire (2009)

(como professor de Educação Física), representantes de duas áreas distintas, convergiram

para o mesmo diálogo e as mesmas críticas em relação à formação do pedagogo.

Santos (2008, p.85), em sua pesquisa de mestrado relacionada à Educação Física nas

séries iniciais e à formação dos professores, expôs que, devido à fragilidade no processo de

formação das professoras polivalentes, chegou à conclusão que “Nem quesito, todas

afirmam que deve ser o profissional licenciado em Educação Física” – conclusão à qual

também chegamos por meio das respostas dadas pelas professoras polivalentes após as

análises.

Na pesquisa de mestrado de Pereira (2007, p. 128) verificou-se “a dificuldade e a

falta de conhecimento dos professores polivalentes para desenvolverem as aulas de

Educação Física”. Segundo a pesquisadora, isto não quer dizer que os docentes

necessitariam fazer um curso de licenciatura em Educação Física ou pós-graduação para

ministrarem estas aulas, mas no mínimo, consultar livros de atividades para a diversificação

das aulas, evitando as “aulas livres”. Porém, como foi identificado anteriormente pelos

estudos de Caparroz e Bracht (2007), os professores de Educação Física também possuem

dificuldades vinculadas ao quê ensinar, além da falta de livros didáticos da área que os

auxiliariam nas aulas.

As “aulas livres” foram encontradas por Pereira (2007), atividades providas pelos

professores polivalentes que, de certa forma, fizeram parte do seu universo durante a

infância e ainda fazem parte no cotidiano como as brincadeiras de rua e modalidades

esportivas.

O mesmo é retratado por Darido (2001) quando expõe que os professores

polivalentes, provavelmente devido às suas vivências antecedentes na escola, na formação

do magistério ou em nível superior como alunos nas aulas de Educação Física, apresentam

como “prática pedagógica” corriqueira entregar a bola para os alunos, o que não garante a

Page 151: dissertação de mestrado - Cássia

135

qualidade de uma boa aula. Além disso, alegam como sendo um prêmio ou castigo as aulas

fora da classe, que dependem do comportamento dos alunos.

Assim relata Pereira (2007, p.129):

Na verdade, o que se percebe, fortemente, é a ideia do movimento pelo movimento,

no sentido de que basta movimentar-se que a aula de Educação Física está contemplada. Não há compromisso e relevância efetiva para com essas aulas.

Pressupõe-se que os professores polivalentes não sabem o que fazer.

Pontos relevantes e semelhantes aos já demonstrados – e que, ao mesmo tempo,

podemos inferir como preocupantes – foram evidenciados na pesquisa de Ferraz e Macedo

(2001) no Ensino Infantil sobre a atuação dos professores de Educação Infantil com a

disciplina de Educação Física: constatou-se que quase metade dos docentes participantes do

estudo não trabalhavam com essa área do conhecimento.

Outro dado da mesma pesquisa foi a dificuldade dos professores polivalentes do

Ensino Infantil em delimitarem a especificidade da Educação Física, questão já discutida,

que permeia não só os professores polivalentes, mas também os professores de Educação

Física como um todo.

Diante destas duas áreas de formação (Pedagogia e Educação Física) de licenciatura,

Freire (2009) defende que quem deve lecionar as aulas de Educação Física nas séries iniciais

do Ensino Fundamental é o profissional mais competente. Assim, se o professor de

Educação Física, ao assumir as aulas, não tiver as competências desejadas mas o professor

polivalente sim, o primeiro deveria ser substituído por meio do Poder Público, ou vice-versa.

Ele ainda ressalta que o mais importante é garantir as aulas de Educação Física para criança

como um direito – com o que também concordamos.

Enquanto Santos (2008), a partir da sua pesquisa de mestrado, ampara que o

professor especialista é quem deve responsabilizar-se pelas aulas de Educação Física e, de

preferência, fazendo uma parceria com o professor polivalente, este trabalho conjunto é

requerido devido ao melhor conhecimento que o professor de sala tem dos seus próprios

alunos, além do menor ímpeto de fragmentar o conhecimento.

Fato diferente foi encontrado na pesquisa de Ferraz e Macedo (2001) e por 14,29%

dos professores polivalentes do Ensino Infantil, que julgaram que as aulas de Educação

Física neste período escolar devem ser ministradas por eles mesmos, já que permanecem

mais tempo com a criança na escola, conhecendo-os melhor. Ou seja, acreditam que não se

deve ter professor especialista neste período.

Contudo Ayoub (2001, p.56, grifos nossos) e nós sugerimos que:

Page 152: dissertação de mestrado - Cássia

136

[...] poderíamos pensar não mais em professoras(es) “generalistas” e especialistas”,

mas em professoras (es) de educação infantil e ou professoras das séries iniciais do

Ensino Fundamental que, juntas (os) com as suas diversas especificidades de

formação e atuação, irão compartilhar seus diferentes saberes docentes para a

construção de projetos educativos com as crianças.

Portanto, defendemos que os professores de Educação Física e os professores

polivalentes de Educação Infantil e/ou das séries iniciais do Ensino Fundamental devem

elaborar coletivamente mais do que os projetos educativos, assim como também devem

construir o planejamento das aulas e o Projeto Pedagógico da escola, inserindo

adequadamente a Educação Física neste. Entretanto, os responsáveis por ministrarem as

aulas devem ser os professores de Educação Física, acompanhados pelos professores

polivalentes.

Enfatizamos que não temos em mente e nem queremos, com esta consideração,

alcançarmos os interesses corporativistas que expandiria o mercado de trabalho da Educação

Física – como descrito por Freire (2009) –, mas sim justificarmos uma área de conhecimento

que também apresenta suas especificidades e, consequentemente, a suma importância do

professor de Educação Física atuar não só no Ensino Fundamental como na Educação

Infantil como os responsáveis pelas suas aulas.

Page 153: dissertação de mestrado - Cássia

137

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As primeiras considerações desta dissertação referem-se às brechas e contradições

existentes nas leis brasileiras, fato que ocorre não só no campo educacional, como também

em outros setores. As tensões geradas pela autonomia concedida aos municípios (por estas

mesmas leis e pelas políticas públicas) na gestão escolar muitas vezes não são favorecem a

um eficaz desenvolvimento do setor, assim como, colabora lentamente para a legitimação da

Educação Física escolar.

Como conferimos em alguns relatos a demora em se efetivar o professor graduado

em Educação Física para lecionar nas séries iniciais do E.F. Porém, mesmo que demorado

este processo em alguns municípios, para nossa grata surpresa, depois de aproximadamente

10 anos de municipalização, houve um percentual de 100% de especialistas sendo

responsáveis por esta disciplina, que antes da municipalização era de 60%.

Além de todos os professores serem formados em Educação Física (em que mais da

metade concluiu a formação na década de 2000 – recém concursados), os mesmos ainda

apontam que esses cursos colaboraram para a docência da disciplina nas séries iniciais do

ensino fundamental. Dados estes que são muito positivos.

A respeito dos aspectos pedagógicos, identificamos que devido o ano de formação

dos mesmos, eles provavelmente tenham recebido uma formação menos tecnicista, ou

esportivista, coincidindo também com a atuação, quando responderam que os objetivos a

serem trabalhados nas séries iniciais, são: socialização, cooperação e ou os valores, as

habilidades motoras, capacidades físicas, a recreação e o lúdico, os jogos e as brincadeiras, o

conhecimento do corpo entre outros.

Quanto ao tema desta pesquisa, que está relacionado diretamente ao objeto do estudo,

sendo pertinente aos impactos da política de municipalização para Educação Física escolar

nas séries iniciais, inferimos que (10) professores perceberam que esta promoveu alguns

impactos positivos, (5) professores perceberam alguns impactos negativos e (19) professores

não perceberam ou pouco perceberam ou ainda não cogitam os impactos da municipalização

para a Educação Física escolar (nas séries iniciais do E.F.). Mas o discurso dos diretores de

escolas são mais robustos em sinalizar transformações interessantes após a municipalização,

ou seja, (11) diretores (80% da amostra), perceberam algum tipo de mudança positiva após o

processo de municipalização para a Educação Física nestas séries. Destacamos ainda, que

nenhum diretor respondeu que a municipalização impactou de forma negativa na Educação

Física escolar (nas cidades pesquisadas). Este dado é muito relevante, pois aponta para uma

Page 154: dissertação de mestrado - Cássia

138

possível percepção por parte do corpo diretivo escolar da importância da área neste contexto,

e neste processo.

No que tange aos impactos positivos os professores apontaram que houveram

mudanças para melhor nos Aspectos Pedagógicos (conteúdos, HTPCs, carga horária, cursos

e planejamento), nos Aspectos dos Materiais e nos Aspectos dos Recursos Humanos

(inserção do professor, apoio dos coordenadores e ou diretores).

Os diretores, com ênfase, relataram que houve a inserção do professor de Educação

Física para lecionar esta disciplina nas séries iniciais do E.F., e com menor ênfase, eles

responderam que os professores de Educação Física receberam apoio pedagógico, materiais,

capacitação, além da inserção das aulas de Educação Física nas séries inicias.

Enquanto que aos impactos negativos, todavia já superado, foi a demora em se

efetivar o professor de Educação Física após a municipalização. Fato comprovado em (3)

cidades desta pesquisa, pelo o relato de (3) dos diretores e (5) professores ao afirmarem que

a efetivação do professor de Educação Física nas séries iniciais não aconteceu logo após a

municipalização, sendo este um processo lento como abordado anteriormente,

Mesmo assim, em algumas escolas municipalizadas da Região da Diretoria de

Ensino de Mogi Mirim já se tem o coordenador da área para prestar auxílio aos professores

de Educação Física, dado discrepante em relação com o anterior.

Consideramos que os 59% dos professores e 20% dos diretores participantes não

perceberam ou pouco perceberam os impactos da municipalização para a Educação Física

nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Provavelmente porque 75% dos professores da

amostra começaram a atuar após a municipalização.

Nesta perspectiva, consideramos que os professores desta região estudada, ainda

têm poucos conhecimentos em relação ao contexto da escola onde lecionam, bem como no

que consiste às políticas públicas locais. Dessa forma, parece que os mesmos não se

sentem envolvidos ou até mesmo inseridos na escola e/ou no sistema escolar de maneira

efetiva. O quê provavelmente dificulta a legitimação da disciplina de Educação Física nas

séries iniciais do Ensino Fundamental e consequentemente, da área como um todo.

Provavelmente devido os fatores apresentados acima, tenha sido difícil para os

professores apontarem as facilidades e dificuldades do processo, o que influenciou

diretamente a análise de nossa pesquisa, pois também foi difícil apresentarmos o que houve

relação com da gestão estadual e/ou com a política de municipalização. Todavia, de certo, é

possível afirmarmos que as dificuldades apontadas pelo corpo docente, poderão ser sanadas

Page 155: dissertação de mestrado - Cássia

139

pela política atual, ou seja, pela gestão municipal. Entre as facilidades abordadas com mais

destaque foi em relação à Didática e as dificuldades em relação ao espaço físico.

Embora haja conflitos existentes entre a legislação e a autonomia outorgada aos

municípios, que comprometem a docência das aulas de Educação Física por especialistas,

no quinto momento da pesquisa, tanto professores como diretores desta amostra acreditam

segundo suas respostas, que o professor de Educação Física que deve ser o docente

responsável pelas aulas de Educação Física nas séries iniciais do E.F, devido à formação e

especificidade da área.

Este dado também mostrou-se importante e corroboramos com ele, no entanto,

consideramos que a ação conjunta entre professores especialistas (responsáveis pela

disciplina) e polivalentes (da Educação Infantil e/ou do Ensino Fundamental), sejam

salutares para a elaboração dos projetos educativos, planejamentos das aulas, e para a

adequação da inserção da disciplina como um componente curricular no Projeto Pedagógico

da escola.

Dada a complexidade do estudo e os resultados obtidos, algumas conclusões mais

efetivas, sobre os impactos deste processo, foram dificultadas pelos aspectos já expostos

(não percepção dos docentes em relação ao processo de municipalização, causa /efeito da

municipalização para a área). Mas vários aspectos foram possíveis de serem apontados

(oriundos do referencial teórico e dos dados), colaborando muito para a área da Educação

Física e para o processo de municipalização em outras escolas do país de maneira mais

ampla.

Uma conclusão é certa: para que ocorra a legitimação da Educação Física na escola,

o professor (assim como todos os profissionais da área educacional) devem conhecer além

dos aspectos didáticos pedagógicos, os aspectos legais e políticos que permeiam os sistema

de ensino e a escola, e deve posicionar-se criticamente para uma Educação transformadora.

Soma-se a isso, os esforços dos pesquisadores no desenvolvimento de outros estudos e

documentos que certamente colaborarão com este processo.

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Page 163: dissertação de mestrado - Cássia

147

APÊNDICE A – Carta de apresentação e informações ao diretor

Caro (a) Diretor (a):

Sou Professora de Educação Física, Cássia Maria Hess, estudante do curso de

Mestrado em Educação Física, do Programa de Pós-graduação da Universidade São

Judas Tadeu, e, como parte das exigências de um Mestrado, necessito realizar uma

pesquisa para gerar uma Dissertação, a fim de obter o título de Mestre em Educação

Física.

O objetivo do estudo será investigar quem é o professor que vem lecionando

as aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental frente ao

processo de municipalização.

Deixo claro, que será preservada a identidade da escola e de seus professores,

pois os dados serão apresentados com a maior confiabilidade e fidedignidade possível,

mantendo sempre os dados pessoais em sigilo, conforme nos determina o rigor

científico de um trabalho acadêmico.

Observe que dentro deste envelope há um questionário, com questões

objetivas e dissertativas, que deverão ser respondidas pelo responsável que leciona a

disciplina de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Assim, destaco que no respectivo questionário já existem todas as informações

necessárias para o preenchimento. Com isso, pedimos que após o devido

preenchimento dos questionários, os mesmos sejam entregues ao pesquisador ou

encaminhados de volta à Secretaria da Escola (no mesmo envelope em que vieram).

Se após a leitura das instruções ainda houver dúvidas a respeito da pesquisa ou

dos procedimentos necessários, sinta-se à vontade para entrar em contato conosco, por

e-mail [email protected] ou pelo celular (11) 95623497 falar com Profª

Cássia.

Agradecemos antecipadamente sua colaboração.

Atenciosamente,

__________________________________ Profª. Cássia Maria Hess

Aluna do mestrado em Educação Física da USJT

___________________________________

Profª. Dra. Eliana de Toledo Ishibashi Orientadora da pesquisa

Page 164: dissertação de mestrado - Cássia

148

APÊNDICE B – Carta de apresentação e informações ao professor

Caro (a) Professor (a),

Sou Professora de Educação Física, Cássia Maria Hess, estudante do curso de

Mestrado em Educação Física, do Programa de Pós-graduação da Universidade São

Judas Tadeu, e, como parte das exigências de um Mestrado, necessito realizar uma

pesquisa para gerar uma Dissertação, a fim de obter o título de Mestre em Educação

Física.

O objetivo do estudo será investigar quem é o professor que vem lecionando as

aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental frente ao processo

de municipalização.

Tranqüilize-se quanto à preservação de sua identidade e da escola, bem como de

suas respostas, pois os dados serão apresentados com a maior confiabilidade e

fidedignidade possível, mantendo sempre em sigilo os dados pessoais dos participantes,

conforme determina o rigor científico dos trabalhos acadêmicos.

Sua maior contribuição para esta pesquisa será respondendo as questões da

forma mais completa e verdadeira possível, aproximando-nos ao máximo de sua

realidade docente, para que juntos busquemos soluções adequadas visando uma

Educação melhor aos nossos alunos. Para isso, é imprescindível que o faça

individualmente sem influência de outros e reserve pelo menos 20 minutos para

responder todas as perguntas. Fique atento quanto ao prazo de entrega.

Se após a leitura das instruções ainda houver dúvidas a respeito da pesquisa ou

dos procedimentos necessários, sinta-se à vontade para entrar em contato conosco, por

e-mail [email protected], ou pelo celular (11) 95623497, falar com Profª Cássia.

Agradecemos antecipadamente sua colaboração.

Atenciosamente,

__________________________________

Profª. Cássia Maria Hess

Aluna do mestrado em Educação Física da USJT

_____________________________

Profª. Dra. Eliana de Toledo Ishibashi

Page 165: dissertação de mestrado - Cássia

149

INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO

1º) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Para garantir e reforçar o esclarecimento e entendimento das intenções deste

estudo, bem como todos os seus direitos como participante de uma pesquisa, existe o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual deve ser lido e preenchido,

mantendo uma das cópias em seu poder.

2º) Questões Dissertativas ou abertas

O questionário é composto por questões dissertativas e objetivas sinta-se à

vontade em escrever o que pensa sobre a sua realidade, descrevendo as suas

dificuldades e necessidades. Se achar necessário, utilize também o verso da folha.

Você deve responder a primeira parte que é geral tanto para o professor de

Educação Física como o polivalente, e a segunda parte conforme a sua atuação nas

séries iniciais do Ensino Fundamental.

Page 166: dissertação de mestrado - Cássia

150

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o professor

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: A presença do professor de Educação nas séries

iniciais do Ensino Fundamental frente ao processo de municipalização.

Eu,___________________________________________________________________

e-mail___________________________________________________abaixo assinado,

dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto

de pesquisa supracitado, sob a responsabilidade das pesquisadoras Cássia Maria Hess e

Eliana de Toledo Ishibashi, membros do curso de Mestrado em Educação Física, do

Programa de Pós-graduação da Universidade São Judas Tadeu.

Assinando este Termo, estou ciente de que:

1-) O objetivo desta pesquisa é investigar quem é o professor que vem lecionando as

aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental frente ao processo de

municipalização.

2-) Minha participação na pesquisa envolve, exclusivamente: o preenchimento do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido, e responder o questionário.

3-) Não haverá prejuízos físicos e morais para minha pessoa, nem, tampouco, gastos de

ordem financeira.

4-) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo (nomes fictícios, por exemplo,

PROFESSOR A) e os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados

apenas para alcançar os objetivos do estudo supracitado, incluindo a publicação em

literatura especializada.

5-) Será necessário o meu total comprometimento para responder as perguntas do

questionário.

6-) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a

minha participação na referida pesquisa, bem como da possibilidade reduzida de riscos

em minha participação.

Page 167: dissertação de mestrado - Cássia

151

7-) Se julgar necessário, poderei entrar em contato com o responsável pela pesquisa,

Profª Cássia, pelo telefone (11) 95623497 ou (11) 22180936 ou email

[email protected]

8-) Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido é feito em duas vias, sendo que

uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável.

Águas de Lindóia, ____ de ______________ de _____.

____________________________________

(Assinatura do Voluntário)

___________________________________

(Profª. Mstda. Cássia Maria Hess, aluna do mestrado em Educação Física da USJT).

___________________________________

(Profª. Dra. Eliana de Toledo Ishibashi, Orientadora da Pesquisa do Curso de Mestrado

da USJT).

Page 168: dissertação de mestrado - Cássia

152

APÊNDICE D - Questionário para o professor

QUESTIONÁRIO

1-) Qual a sua formação em Nível Superior e/ou Magistério (caso tenha mais de uma

especifique) e o ano conclusão?

_______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2-) Considera que sua formação contribuiu para ministrar a disciplina de Educação

Física nas séries iniciais do ensino fundamental?

( ) Sim ( ) Não

Porquê?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

3-) Como foi escolhido(a) para lecionar a disciplina de Educação Física na escola ou

série em que atua?

( ) pelo (a) diretor (a)

( ) pelo (a) coordenador(a)

( ) pelo (a) secretário (a) de Educação da cidade

Outros_____________________________________________________________

4-) Quais séries que atua com a disciplina de Educação Física?

__________________________________________________________________________

_

5-) Você atua nesta disciplina antes e/ou depois da escola ter sido municipalizada? E quais

permanências e continuidades foram percebidas por você neste processo de

municipalização em relação à disciplina de Educação Física (atuação profissional,

conteúdos, carga horária etc)

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Page 169: dissertação de mestrado - Cássia

153

6-) Quais devem ser, no seu entender, os objetivos a serem desenvolvidos na Educação

Física nas séries iniciais ?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

7-) Na sua opinião quem deve lecionar as aulas de Educação Física do 2º ao 5º ano?

( ) professor polivalente ( ) professor de Educação Física ( ) Ambos

Porquê?_________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

PARA O PROFESSOR POLIVALENTE

8-) Qual tipo de capacitação para lecionar a disciplina de Educação Física você teve em

sua formação profissional (curricular – graduação e extra-curricular –cursos,

experiências de docência etc)?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

9-) Como está o andamento das aulas de Educação Física nas séries iniciais? Exponha

suas facilidades e dificuldades para esta atuação.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

PARA O PROFESSOR ESPECIALISTA

10-) Você desenvolve regularmente as aulas de Educação Física?

( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

Porquê/Como? Exponha suas facilidades e dificuldades

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Page 170: dissertação de mestrado - Cássia

154

APÊNDICE E - Carta de apresentação e informações ao diretor

Caro (a) Diretor (a):

Inicialmente gostaria de me apresentar, pois sou formada em Educação Física e

atuo como professora da Rede Estadual de Educação nesta área, especificamente na EE

Toledo Barbosa, na cidade de São Paulo. Atualmente também sou discente do curso de

Mestrado, do Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade São

Judas Tadeu, e, como parte das exigências deste curso, necessito realizar uma pesquisa

de campo, cujo instrumento é um questionário, que segue anexo neste e-mail.

O objetivo da minha pesquisa é investigar os impactos do processo de

municipalização na atuação dos profissionais de Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental, por isso sua participação é de extrema relevância.

Esclareço ainda que a identidade da escola, bem como a do (a) diretor (a), não

serão reveladas, pois os dados serão apresentados com a maior confiabilidade e

fidedignidade possível, mantendo-se sempre os dados pessoais em sigilo, conforme nos

determina o rigor científico de um trabalho acadêmico.

Para concluir, peço-lhe a gentileza de enviar o questionário para este mesmo

email, preferencialmente até o dia 15 de dezembro.

Se após a leitura das instruções ainda houver dúvidas a respeito da pesquisa ou

dos procedimentos necessários, sinta-se à vontade para entrar em contato conosco, por e-

mail [email protected] ou pelo celular (11) 95623497 (Profª Cássia).

Agradecemos antecipadamente sua colaboração.

Atenciosamente,

_____________________________________________

Profª. Cássia Maria Hess - Aluna do mestrado em Educação Física da USJT.

_____________________________________________ Profª. Dra. Eliana de Toledo Ishibashi - Orientadora da pesquisa.

Page 171: dissertação de mestrado - Cássia

155

INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO

1º) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Para garantir e reforçar o esclarecimento e entendimento das intenções

deste estudo, bem como todos os seus direitos como participante de uma pesquisa,

existe o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (no início da próxima

página), o qual deve ser lido e preenchido, mantendo uma das cópias em seu poder.

2º) Questões Dissertativas ou abertas

O questionário é composto por questões dissertativas e objetivas sinta-se à

vontade em escrever o que pensa sobre a sua realidade, bem como da escola em que

trabalha, descrevendo as suas dificuldades e necessidades. Se achar necessário,

utilize também o verso da folha.

Page 172: dissertação de mestrado - Cássia

156

APÊNDICE F – Termo de consentimento Livre e Esclarecido para o diretor

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: A presença do professor de Educação nas séries

iniciais do Ensino Fundamental frente ao processo de municipalização.

Eu,_______________________________________________________________________

___________________________________________________________________ e-

mail___________________________________________________, telefone da escola

_____________________ dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como

voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob a responsabilidade das pesquisadoras

Cássia Maria Hess e Eliana de Toledo Ishibashi, membros do curso de Mestrado em

Educação Física, do Programa de Pós-graduação da Universidade São Judas Tadeu. Assinando este Termo, estou ciente de que:

1-) O objetivo desta pesquisa é investigar quem é o professor que vem lecionando as aulas

de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental frente ao processo de

municipalização.

2-) A participação na pesquisa envolve, exclusivamente: o preenchimento do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, e responder o questionário.

3-) Não haverá prejuízos físicos e morais para minha pessoa, nem, tampouco, gastos de

ordem financeira.

4-) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo (nomes fictícios, por exemplo,

PROFESSOR A) e os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas

para alcançar os objetivos do estudo supracitado, incluindo a publicação em literatura

especializada.

5-) Será necessário o meu total comprometimento para responder as perguntas do

questionário. Desta forma, caso não souber ou tiver dúvidas a respeito de alguma pergunta,

não a deixe em branco, tente obter os dados com os colegas anteriores do cargo ou em

documentos oficiais da escola.

6-) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a

minha participação na referida pesquisa, bem como da possibilidade reduzida de riscos em

minha participação.

Page 173: dissertação de mestrado - Cássia

157

7-) Se julgar necessário, poderei entrar em contato com o responsável pela pesquisa, Profª

Cássia, pelo telefone (11) 95623497 ou (11) 22180936 ou email [email protected]

Page 174: dissertação de mestrado - Cássia

158

APÊNDICE G – Questionário do diretor

QUESTIONÁRIO

NOME DA ESCOLA:_________________________________________________

NOME DO (A) DIRETOR(A): _____________________________________________

ANO QUE INICIOU O TRABALHO COMO GESTORA DESTA ESCOLA: ____

ANO DE MUNICIPALIZAÇÃO DAS SÉRIES INICIAIS DESTA ESCOLA: ____

1-) Qual o professor responsável que lecionava as aulas de Educação Física nas

séries inicias (do 1º ao 5º ano ou 1ª série até 5ª série) antes da municipalização desta

escola ?

( ) Professor polivalente (formado em Pedagogia, Magistério, ou Normal Superior).

( ) Professor especialista (formado em Educação Física).

( ) Estagiários.

( ) Outros _____________________________________________________________

Por quê?

2-) Qual o professor que leciona as aulas de Educação Física nas séries iniciais do

Ensino Fundamental após a municipalização desta escola ?

( ) Professor polivalente (formado em Pedagogia, Magistério, ou Normal Superior).

( ) Professor especialista (formado em Educação Física).

( ) Estagiários.

( ) Outros _____________________________________________________________

Por quê?

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159

Observação: especifique se tiver mais de um professor e a sua respectiva formação

ministrando as aulas de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental desta

escola.

3-) Na sua opinião quem deve lecionar as aulas de Educação Física do 2º ao 5º ano?

( ) professor polivalente ( ) professor de Educação Física ( ) Ambos

Por quê?

4-)

A-) Como o processo de municipalização impactou no ensino público de maneira geral (

aponte quais mudanças, dificuldades, facilidades que foram percebidas por você com esta

política, entre outros aspectos que ache relevante)?

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B-) E na área da Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental?

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