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Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do
grau de Mestre em Ciências da Educação, realizada sob a orientação científica de
Professora Doutora Maria do Carmo Vieira da Silva
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INTRODUÇÃO
O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação
Ambiental, do ponto de vista da cidadania e insere-se no contexto da multiculturalidade.
A razão para a escolha deste tema prende-se com o facto de esta ser uma das
áreas de interesse da autora do trabalho, onde ela se identifica, assim como na área das
Ciências da Educação, da Formação de Adultos e da Psicologia, permitindo-se assim
uma interligação entre elas. Além disso, a Educação Ambiental surge como algo
maioritariamente associado às camadas mais jovens e à escola. Gonzalez (2005),
também reforça esta ideia, referindo-se ao conceito como um campo decorrente da
Pedagogia, que surge internacionalmente por volta da década de 1970 e, na maioria dos
países da América Latina e nas Caraíbas em 1980. De um ponto de vista nacional e
curricular, Ramos (2004) reporta-se a esta concepção, onde no Ministério da Educação
lhe são feitas referências no âmbito da educação cívica e da educação para a cidadania,
com carácter transversal. Tal facto tem vindo a contribuir para a implementação de
projectos ao nível do sistema educativo. Neste seguimento, aproveitando a sua
transversalidade, um desafio surge neste trabalho de investigação, que é o de entender a
percepção de Educação Ambiental numa óptica, que não apenas a das camadas mais
jovens e a da escola – a dos Adultos – no âmbito da Formação de Adultos. Para o efeito,
o público-alvo seleccionado apresenta idade superior a 18 anos. A definição e
abrangência deste conceito levam a crer que se trata, por isso, de algo que se estende a
todas as idades, devendo este ser entendido através de elos de ligação, tais como o da
cidadania e o de educar para a cidadania, bem como o da multiculturalidade.
No que concerne à pertinência científica, por um lado, permite-se a clarificação
de ideias e de conceitos. Desta forma, desmistificam-se assim concepções que
provavelmente já estriam pré-concebidas, nomeadamente a Educação Ambiental
cingida maioritariamente à escola e às camadas mais jovens. Por outro lado, reforça-se a
sua importância como matéria de aprendizagem que acontece ao longo da vida, a partir
de legislação que prevê formação neste âmbito, através da ENDS – Estratégia Nacional
para o Desenvolvimento Sustentável, sendo esta, algo que passa de forma abstracta nos
programas curriculares do ensino. Neste sentido, será também um trabalho que pretende
fortalecer a relevância da temática, enquanto formação formal e não formal, mas que é
contínua, explorando assim em três grupos distintos, de Formação de Adultos, as ideias
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e percepções a respeito deste assunto. Este é também, por isso, um assunto transversal a
todas as culturas e a todas as idades.
Como pergunta de partida, para esta investigação definiu-se o seguinte: Será que
o conceito de Educação ambiental é entendido da mesma forma por pessoas com
experiência profissional em contextos culturais diferentes?
Desta pergunta de partida resultou ainda a definição do objectivo geral e dos
objectivos específicos. Assim, como objectivo geral pretendeu-se saber se havia
diferenças ao nível da percepção e da concepção de Educação Ambiental.
Como objectivos específicos pretendeu-se saber:
i) Se o conceito de Educação Ambiental associado à ideia de saúde,
sustentabilidade e reciclagem pode ser entendido de outra forma, pelos grupos II
e III.
ii) Até que ponto existe abertura para se entender o conceito de Educação
Ambiental como algo transversal às diversas camadas etárias, tendo como alvo
sujeitos, na sua maioria, com habilitação académica superior.
As palavras-chave escolhidas para este trabalho pretenderam resumir os pontos
principais onde incidiu a presente investigação, no seu todo, pelo que se seleccionaram
os conceitos de: Educação Ambiental; Cidadania e Multiculturalidade.
De acordo com o âmbito desta investigação, o presente trabalho remeteu para
um estudo qualitativo, onde posteriormente se procedeu a uma análise de conteúdo
(Bardin, 1977), após a informação recolhida.
A organização deste trabalho acontece de acordo com uma sequência de três
partes principais, onde em cada uma delas se encontram as correspondentes subpartes
ou capítulos. A primeira corresponde por isso a uma revisão bibliográfica da literatura.
Nela são ainda apresentadas três subpartes, que contemplam uma panorâmica geral
sobre os conteúdos teóricos que permitem a compreensão da problemática em análise.
Nesse seguimento, surgem então a perspectiva da Educação Ambiental e sua
contextualização; a Cidadania e a Multiculturalidade. Não obstante, no enquadramento
teórico é levada em conta a transversalidade de cada um dos subtemas anteriores, na
perspectiva da Formação de Adultos. Na segunda parte ocorre então o estudo empírico,
que por sua vez engloba cinco subpartes, entre as quais surge a metodologia; a forma
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como se procede à selecção da amostra e caracterização dos sujeitos/participantes; os
instrumentos e os procedimentos utilizados para a recolha e tratamento de dados; a
análise dos dados e a discussão dos resultados. Por fim, a terceira parte relata as
conclusões gerais e as recomendações ou sugestões para futuros trabalhos.
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Capítulo I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
De acordo com a realização de pesquisa bibliográfica, neste trabalho propusemo-
nos a abordar a temática da Educação Ambiental, tendo em linha de conta o seu carácter
de transversalidade. Assim, nos pressupostos teóricos foram levados a cabo a sua
contextualização, de um ponto de vista mais abrangente – o Europeu – bem como o seu
encaixe a nível nacional, em termos de legislação e enquadramento curricular. A
temática do estudo em causa – Educação Ambiental – articula-se ainda com dois
conceitos fundamentais, entre os quais se salientam a Cidadania e a Multiculturalidade.
Não obstante, acresce-se ainda fazer referência à Formação de Adultos, enquanto
formação/aprendizagem que é contínua e que ocorre ao longo da vida. Sendo que este
ponto corresponde ao foco de incidência do presente trabalho, visto trabalhar com
público-alvo adulto e que, por sua vez, vai ainda permitir servir de elo de ligação entre
os conceitos de Educação Ambiental, Cidadania e Multiculturalidade.
I.1 – Educação Ambiental
I.1.1 – A Educação Ambiental: Contexto Internacional e Europeu
I.1.1.1 – Contexto Internacional
Na perspectiva de Gonzalez (2005), a Educação Ambiental corresponde a um
campo decorrente da pedagogia, ocorrendo a sua origem, a nível internacional por volta
da década de 1970 e, na maioria dos países da América Latina e Caraíbas em 1980. A
este propósito, o autor menciona ainda que a emergência de um campo não acontece
apenas relativamente à sua aparição temporal mas, principalmente pela sua posição de
poder dentro dos discursos institucionais inerentes, sendo exemplos disso mesmo a
educação e gestão ambiental. Esta situação também se manifestou no México, mais
concretamente, no VI Congresso de Investigação Educativa (COMIE), onde a Educação
Ambiental se inseria num painel de discussão denominado << As irmãs incómodas >>.
Aqui, é referida a posição mantida pela Educação Ambiental relativamente a campos
como por exemplo o da educação e género, educação bilingue e multicultural, educação
de adultos, entre outros, comparativamente a temas que predominam de forma geral na
área da educação e na área de investigação educativa em particular. Neste seguimento,
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surge ainda um Programa Internacional de Educação Ambiental – PIEA – cuja criação
ocorreu através de um mandato geral da Assembleia das Nações Unidas, em Dezembro
de 1972. O referido mandato foi concedido à UNESCO e ao recém-criado Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. Este programa – PIEA – teve o seu
funcionamento até 1995. Posteriormente efectuou-se uma reformulação nas políticas da
UNESCO relativamente a esta área, naquilo que actualmente é entendido como
Educação para o Desenvolvimento Sustentável – (EDS), Educação para um Futuro
Sustentável – (EFS), Educação para a Sustentabilidade – (ES) e Educação Sustentável –
(ES). Na sequência deste programa, Gonzalez (2005) sugere ainda que a preocupação da
Educação Ambiental visava inicialmente a sua ligação com o ensino da ciência. Não
obstante, uma segunda vertente também procurou estabelecer relação com o conceito,
através do prisma da educação para a conservação, o qual retoma o elemento verde do
ambiente, isto é, com maior enfoque nos problemas ambientais. Uma terceira vertente
alude para uma componente lúdica e naturalista, onde estes dois aspectos não se
constituem como uma preocupação em si mesmos, já que se incluem nos anteriores,
mas que são aqui destacados devido à aproximação à construção pedagógica na
Educação Ambiental. O autor salienta também o facto de no Prefácio ao relatório da
Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de 1977, realizado em Tbilisi,
se referir a EA, não como matéria suplementar a acrescentar aos programas de
existentes, mas como algo que exige interdisciplinaridade e cooperação entre as
disciplinas tradicionais, para que se compreenda a complexidade dos problemas do meio
ambiente, formulando a sua solução. Gonzalez (2005) explica ainda que, no corpo do
documento é apresentada uma grande heterogeneidade entre si, pelo que muito pouco se
diz sobre a identidade de campo, dado que a chamada dimensão ambiental é, por
definição interdisciplinar. Neste sentido, o termo – Dimensão – foi o significante mais
utilizado quase desde os primórdios da Educação Ambiental, para se decidir como se
deveria proceder à inclusão do tema nos conteúdos, tendo em linha de conta as
preocupações e perspectivas metodológicas ambientais a nível curricular.
I.1.1.2 – Contexto Europeu
O Instituto Nacional do Ambiente (1990) refere a carta de Belgrado (2), que
surge como resultado do Colóquio sobre Educação Ambiental – organizado pela
UNESCO e pelo PNUA em 1975. A finalidade da Educação Ambiental visa por isso, a
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formação de uma população mundial, consciente e preocupada com o ambiente e os
problemas que lhe são inerentes, através da aquisição de competências e de
conhecimentos, motivações e sentido de compromisso. Daqui resultam ainda seis
objectivos, que se destinam, não só a abranger os indivíduos, como também os grupos
sociais. O primeiro foca-se assim na tomada de consciência, onde se pretende a
sensibilização da população para os assuntos ligados aos problemas ambientais. O
segundo objectivo ambiciona que, através dos conhecimentos se facilite a aquisição de
uma compreensão fundamental do ambiente global. A atitude decorre do objectivo
terceiro, cuja tónica se centra no domínio afectivo, isto é, na facilitação para a aquisição
de sistemas de valores, que incluam um vivo interesse pelo ambiente. A aquisição de
competências reflecte o quarto objectivo da Educação Ambiental. Em quinto lugar,
surge a capacidade de avaliação, onde se pretende ajudar a população a avaliar as
medidas e os programas de Educação Ambiental, em função de factores ecológicos,
políticos económicos, sociais, estéticos e educativos. Por último, o sexto objectivo
procura, através da participação das pessoas e dos grupos sociais, ajudar ao
desenvolvimento de um sentido de responsabilidade e de um sentido de urgência, de
forma a garantir a tomada de medidas adequadas à resolução de problemas ambientais.
De acordo com a carta de Belgrado, a Educação Ambiental, enquanto conceito
abrangente das várias camadas etárias, procura alcançar vários destinatários. Nesse
sentido, o INAMB (1990), salienta as duas categorias mais importantes, entre as quais
surgem o Sistema Escolar e a Educação extra-escolar. Assim, na primeira categoria
estão incluídos os alunos do ensino pré-primário, primário, secundário, superior, tal
como professores e especialistas de ambiente em cursos de formação e reciclagem. A
Educação extra-escolar refere-se à segunda categoria que, por sua vez, também serviu
de base à escolha da amostra e dos objectivos do presente trabalho de investigação. Nela
englobam-se os jovens e adultos de todas as camadas populacionais, grupos sociais e
famílias, trabalhadores laborais e todos os que detenham o poder decisório em domínios
ligados ou não ao ambiente. Do respectivo documento resultam ainda oito princípios
directivos dos programas de Educação Ambiental. Assim, em primeiro lugar surge esta
concepção, como algo que considera o ambiente na sua globalidade, natural, que é
criado pelo homem, ecológico, político, económico, tecnológico, legislativo, cultural e
estético. Em segundo, perspectiva-se a ideia de um processo contínuo, que é extensível
à vida inteira, não só escolar como extra-escolar. O terceiro princípio reforça a ideia de
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uma abordagem interdisciplinar. Em articulação com a ideia de cidadania, o quarto
princípio pretende destacar a importância de uma participação activa na prevenção e
criação de soluções dos problemas ambientais. O quinto princípio procura examinar as
principais questões do ambiente numa perspectiva mundial, respeitando contudo as
diferenças a nível regional. O sexto princípio visa basear a Educação Ambiental na
situação actual e futura do ambiente. Em sétimo lugar, pretende-se examinar as questões
do desenvolvimento e do crescimento, do ponto de vista ambiental, considerando-se por
isso a ideia de sustentabilidade (3). Por último, o oitavo princípio procura reforçar a
necessidade de uma cooperação local, nacional e internacional, para a resolução dos
problemas do ambiente.
Segundo o referido pelo INAMB (1990), e à semelhança da carta de Belgrado,
também a Conferência Intergovernamental de Tbilissi sobre Educação Ambiental tem
como objectivos a interdisciplinaridade, a abrangência de destinatários que se incluem
dentro e fora do sistema escolar, bem como todas as camadas etárias e toda a população.
Neste sentido, o pano de fundo foca-se uma vez mais nas questões inerentes às
problemáticas ambientais.
Giordan (1996), relata que ao longo dos tempos foram levados à prática na
Europa iniciativas, projectos, programas institucionalizados e redes de cooperação. De
um ponto de vista de contexto geral, o autor menciona também o recenseamento de
professores que leccionam cursos de EA. Este movimento teve por isso o seu início nos
países nórdicos e anglo – saxónicos, propagando-se mais tarde até à Europa latina e à
Grécia. Simultaneamente, em cada país foram constituídas comissões de reflexão sobre
a EA. Neste seguimento, é indicada a criação de redes para o desenvolvimento e
qualidade da EA, que funciona a diferentes níveis, tendo sido na Itália, que não só as
práticas, mas também conceptualização do seu papel foram bem explicitadas, o que por
conseguinte permite tomar tais análises como modelo. Em primeiro, situada a nível
local, a rede procura a colaboração entre a escola primária e o município, cujo objectivo
visa a realização de um projecto ambiental, que contem uma fase prática e uma fase de
comunicação. O nível seguinte remete para a perspectiva regional, onde nele se
compreendem não só as escolas primárias ou secundárias, mas também uma reserva ou
Centro de Interpretação da Natureza, o governo regional e associações. A um nível mais
abrangente, ou seja, nacional, procura-se a coordenação global das redes regionais, cujo
resultado se traduz na existência de uma rede geral, isto é, a rede das redes. A nível
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europeu existe ainda uma rede europeia de escolas piloto para a EA. Desta forma, na
Grã – Bretanha fala-se no Concelho para a Educação Ambiental, onde este se propõe a
coordenar a EA com as 80 organizações-membros que ele representa e onde colabora
não só com as autoridades locais, mas também com os departamentos governamentais e
indústrias. Na Alemanha, o Centro de Educação para o Ambiente (ZUE) da
Universidade de Essen coopera na recolha e redistribuição de documentos, em parceria
com a Universidade de Kiel e com o Ministério Federal do Ambiente. Na dimensão
regional surgem ainda o programa de educação ambiental do governo de Andaluzia –
ALDEA, o Centro de educação e de investigação em didáctica do governo Basco e a
Réseau Education Nature da FRAPNA – Isère.
O desenvolvimento das investigações sobre a temática da EA incidiu em vários
prismas, entre os quais é possível destacar, os conteúdos, os programas, a didáctica e a
epistemologia. Por um lado, encontram-se em maior número as investigações feitas a
abordagens curriculares, ou as que se associam a programas de formação ou de
sensibilização de populações escolares, universitárias ou do grande público (4). Por outro
lado, outra minoria de investigadores dedica-se a aspectos epistemológicos ou éticos. Os
dados daqui resultantes são utilizados na formação de professores, na sensibilização de
populações escolares, universitárias ou do grande público (Giordan (1996).
I.1.2. – A Educação Ambiental em Portugal – Legislação e Enquadramento
Curricular
Ramos (2004) recorda que a Educação Ambiental em Portugal prospera
particularmente na década de 1990, onde se evidencia um conjunto de actividades
cívicas e educacionais, bem como determinações governamentais a elas inerentes.
Todavia, a sua visibilidade institucional deu-se a partir dos anos 70, através dos esforços
da Comissão Nacional do ambiente, renovados mais tarde pela Lei de Bases do
Ambiente (5) e pelas competências legais assumidas pelo Instituto Nacional do
Ambiente – INamb(6).
Pelo prisma curricular, Ramos (2004) sugere que no Ministério da Educação têm
vindo a ser progressivamente introduzidas referências à educação cívica e à educação
para a cidadania, com carácter transversal. Tal facto tem vindo a contribuir para a
implementação de projectos ao nível do sistema educativo. Assim, é também devido à
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Lei de Bases do sistema Educativo de 1986 – Lei 46/86 de 14 de Outubro – que a
Educação Ambiental vem a ser reconhecida nos novos objectivos de formação dos
alunos, sendo abrangente a todos os níveis de ensino, embora não se encontre presente
de uma forma clara e objectiva (7). A reforçar esta ideia, a respectiva lei desenvolve
também a sua articulação no sentido do reforço da dimensão da formação para a
cidadania, sendo o art.º 47 expressamente integrador da Educação Ambiental (Lobos,
1993) (8). Outras iniciativas têm ocorrido em Portugal, podendo-se assim salientar a
realização do Colóquio de Educação Ambiental realizado em 23 de Abril de 1993, no
Auditório do Conselho Nacional de Educação, promovido pelo INamb.
I.2 – Cidadania
I.2.1 – Cidadania e Educação para a Cidadania Ambiental
Praia (1999) defende que a pertença a uma sociedade prevê a existência de um eu-
social-solidário, a qual consubstancia o conceito de cidadania, que por sua vez é
indissociável da consciência de ser-se cidadão e ter-se consciência cívica. O conceito de
cidadania é por isso, polissémico, onde nele está implicada toda uma panóplia de
referências teóricas no espaço e no tempo. Além disso, há que considerar a concepção
relativamente à sua operacionalidade, ou seja, à forma como esta é colocada em prática.
Por exemplo, numa das perspectivas o sujeito é pensado enquanto individuo ao qual é
atribuído um statu jurídico e, onde se ligam direitos e deveres – Moderna concepção de
cidadania liberal – por sua vez, em grande parte associada à classe da burguesia. No
entanto, uma outra óptica do termo aqui surge, focalizando-se na relação entre o cidadão
e o Estado, atribuindo-lhe assim um sentido e um significado. Por exemplo, o Estado
enquanto encarnação do Direito e defensor dos interesses dos cidadãos, onde
actualmente se procura algo que seja um valor de referência, no intuito de se desejar um
mundo melhor, com vontade necessária para a participação na sua construção. Assim,
nesta base reflexiva acresce-se também o conceito do valor da dignidade humana, como
condição de possibilidade do homem, enquanto ser de razão e de vontade, onde se
assume como autor e actor dos seus actos, quer se trate da forma individual ou social no
sentido da responsabilidade.
Se se estabelecer uma ponte entre os termos Cidadania e Cidadania Ambiental,
Mrazek (citado em Gonzalez, 2005, p.183) sugere que “um cidadão ambiental é um
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voluntário comprometido a aprender acerca do ambiente e a envolver-se na acção
ambiental responsável”. O conceito de cidadania vincula-se, portanto, aos valores de
responsabilidade, compromisso, solidariedade, equidade, honestidade, com atitudes de
identificação e de pertença, bem como com competências para a participação
(Gonzalez, 2005). Neste seguimento, Ramos (2004) afirma que com a concretização do
Ano Europeu do Ambiente em 1987 se constata um aumento do interesse por parte da
sociedade civil em geral e da comunidade educativa em especial, com enfoque nas
questões ambientais, tendo ocorrido igualmente, uma maior intervenção por parte do
INamb. Outro facto interessante referido pelo autor em complementaridade da educação
para a cidadania ambiental aponta para o surgimento da ASPEA – Associação
Portuguesa de Educação Ambiental. O seu objectivo remete para a participação no
desenvolvimento da Educação Ambiental, dentro dos sistemas de educação formal e não
formal. Neste sentido, no ano de 1995 realizaram-se a I e II Jornadas Pedagógicas de
Educação Ambiental, de âmbito nacional, que por sua vez passaram a ter uma
regularidade anual, chegando à 11ª edição em Janeiro de 2004.
Na dimensão da formação para a cidadania, é possível encontrar a ideia de educação
para a cidadania ambiental reforçada pela Lei de bases do Sistema Educativo. Tal facto
é verificável no segundo ponto do artigo 47º, onde nele se prevê a nível de plano
curricular a integração de Educação Ambiental (Lobos, 1993).
Educar para a cidadania ambiental pressupõe o combate a uma série de elementos
contraditórios que existem na ordem em que os seres humanos se inserem enquanto
sujeitos sociais, influenciando assim a forma de agir relativamente ao ambiente
(Gonzalez, 2005). Tal facto implica mexer com rotinas e estilos de vida, e, por
conseguinte, com valores ou com a alteração deles (9).
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I.2.2 – A Aprendizagem ao Longo da Vida e a Formação de Adultos
I.2.2.1 – A Aprendizagem ao Longo da Vida
A noção de aprendizagem não se restringe apenas a um único contexto, a um
espaço físico ou a um período temporal. Ela pressupõe uma continuidade que se estende
ao longo da vida, implicando partilha de experiências, aquisição de novas vivências e
articulação entre vários tipos de saberes.
Na visão do trabalho elaborado pela Unidade Europeia – Eurydice – a concepção
de Aprendizagem ao Longo da Vida sofreu várias designações, pelo que actualmente
pode não estar dada como sendo a designação definitiva. Assim, de um ponto de vista
cronológico, a UNESCO (10) começou por utilizar em 1970 a expressão Educação ao
Longo da Vida. A sua tónica teve por base, não tanto sistema em que se era formado,
mas essencialmente a qualidade de formação recebida pelo educando. Neste seguimento
a definição dada menciona a Educação ao Longo da vida, de acordo com a seguinte
definição:
No dealbar do século XXI, a educação é tão diversificada, quer nas
missões que lhe são confiadas quer nas formas que assume, que abrange
todas as actividades que permitem ao ser humano, desde a infância à
velhice, adquirir um conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de
si próprio. A educação combina, de uma forma natural, os quatro tipos
básicos de aprendizagem descritos no capítulo anterior (11). É neste
contínuo educativo, co-extensivo à vida ampliada às dimensões da
sociedade, que a Comissão optou por designar no presente relatório
por “Aprendizagem ao Longo da Vida ” . . . (Eurydice, 2000, p.11).
Em 1973, A OCDE (12) empregou o termo Educação recorrente. De um modo
geral, o respectivo conceito assentava sobretudo numa perspectiva económica e global,
assim como na ideia de competitividade. De forma particular, interessava a
aprendizagem no prisma da actividade profissional e da aprendizagem individual
(Eurydice, 2000). De acordo com a OCDE, o conceito de Aprendizagem ao Longo da
Vida surge definido da seguinte forma:
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Este conceito de aprendizagem engloba o desenvolvimento individual e
social do ser humano sob todas as formas e em todos os contextos, tanto
formais – na escola e nos estabelecimentos de ensino profissional,
terciário e para adultos – como não formais – em casa, no trabalho e na
comunidade. Trata-se de uma abordagem sistémica, centrada nos níveis
de competências a adquirir por cada um, independentemente da sua
idade. Sublinha a necessidade de preparar e motivar todas as crianças,
desde tenra idade, para aprender durante a vida inteira, e empreende
esforços com vista a assegurar que todos os adultos, tanto empregados
como desempregados, que necessitem de melhorar os seus
conhecimentos ou fazer uma reciclagem dos mesmos, tenham
oportunidade de o fazer (Eurydice, 2000, pp.11-12 ).
A Unidade Europeia – Eurydice (2000) – refere que actualmente predomina a
terminologia Aprendizagem ao Longo da Vida, embora ainda se coloquem algumas
dúvidas relativamente à sua plena consensualização.
A nível nacional (Eurydice, 2000), o conceito de Aprendizagem ao Longo da
Vida apresenta em Portugal um duplo sentido na sua interpretação. Em primeiro lugar, a
sua perspectiva remete para a ideia de um processo educativo e formativo, onde a sua
duração se confunde com o tempo de vida dos indivíduos, desde o nascimento até à sua
morte. Em segundo lugar, o outro sentido mostra a criação de um quadro global de
referência para o desenvolvimento do sistema educativo ligado a uma visão estratégica
de evolução da economia e da sociedade portuguesa, projectada para o futuro. Pelo
prisma da Educação, o conceito abarca ainda os ensinos Pré-Obrigatório, Básico,
Secundário, Superior, a Formação inicial inserida no Mercado de Emprego, a Educação
e Formação de Adultos, bem como toda uma panóplia de outras actividades de
formação não sistémicas, isto é, sem carácter formal ou institucionalizado. Desta forma
pretende-se a facilitação da actualização dos saberes e das competências, desenvolvendo
um espírito crítico e empreendedor que possa potenciar uma melhor empregabilidade,
reforçando a inserção e a coesão social e, com isso afirmando valores de um novo
conceito de cidadania activa e de civilidade.
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I.2.2.2 – A Formação de Adultos
De acordo com Ferreira (2009), a formação ao longo da vida não se constitui
como uma novidade, pelo que pode surgir de forma mais ou menos consciente. Neste
sentido, durante toda a sua existência o ser humano encontra-se em constante
aprendizagem, contribuindo esse facto para melhor se adaptar à vida em sociedade.
Também por isso, o desenvolvimento das capacidades não é algo restrito a factores
como o da idade, do tempo ou mesmo do espaço. Esta ideia é, por assim dizer, uma
correspondência à noção de alargamento a todas as áreas do saber e a todas as fases da
vida, onde se pressupõe a ideia de continuidade. Na visão do autor, a limitação da
formação a uma única etapa da vida, como forma exclusiva de ver o mundo pode
tornar-se algo redutora. Também por esse motivo, a intenção da formação ao longo da
vida não visa ser um complemento das insuficiências da educação escolar, mas antes um
projecto contínuo de desenvolvimento do ser humano nos seus diversos domínios de
aprendizagem.
Para Ferreira (2009), a formação ao longo da vida contempla ainda vários
pressupostos. Assim, no primeiro o ser humano é visto como inacabado, porque aprende
em todas as fases da vida. No segundo, a compreensão do mundo actual permite uma
melhor compreensão de si próprio. Num terceiro ponto, cada grupo etário tem um
processo de desenvolvimento diferente. Num quarto aspecto importa salientar as
experiências de vida, que consubstanciam o processo de aprendizagem. Neste
seguimento a formação ao longo da vida abrange ainda os riscos inerentes à tomada de
decisão, que devem ser encarados como desafios. Cada pessoa enquanto sujeito de
procura tem, por isso, um percurso próprio, que se enquadra num conjunto de
interacções e de inter-relações por si criadas. Por último, neste subcapítulo importa
referir a ideia de que quanto mais se vive, mais se aprende. Ferreira (2009) salienta
também a noção de valores, atitudes e comportamentos. Neste sentido, pela questão
valorativa são entendidas as referências que os indivíduos assumem, enquadrando as
suas decisões e os seus comportamentos. No que concerne às atitudes, aqui fala-se em
predisposições internas que levam os indivíduos a reagir em determinado sentido. Por
fim, os comportamentos correspondem a um conjunto de manifestações objectivamente
observáveis da actividade global do ser humano. Por este motivo, valores e atitudes
percepcionam-se ainda a partir de comportamentos, que se manifestam através dos
domínios afectivo, cognitivo, psicomotor e linguístico.
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O Memorando sobre a Aprendizagem ao Longo da Vida (Comissão das
Comunidades Europeias, 2000) refere ainda três categorias de aprendizagem. A
primeira refere-se a uma aprendizagem que é formal, e que tem em vista a obtenção de
diplomas e qualificações. A segunda ocorre em paralelo aos sistemas de formação,
sendo que não conduz necessariamente à obtenção de certificados e é referente a uma
aprendizagem não – formal. Por fim, a terceira categoria remete para a aprendizagem
informal, a qual se reporta a um acompanhamento natural da vida quotidiana, e não é
necessariamente intencional. Aprender ao longo da vida é também uma ideia que rompe
com o modelo tradicional de aprendizagem, associado à pedagogia behaviorista,
falando-se por isso num construtivismo em termos de aprendizagem.
I.3 - Multiculturalidade
I.3.1 – Cidadania, Multiculturalidade e Educação Ambiental
Num ponto de vista sugerido por Silva (2008; p.22), “o termo multiculturalismo é
polivalente. Se, por um lado designa um movimento de ideias, uma ideologia ou
situação cultural de uma determinada sociedade, por outro lado, pode também referir-se
à relação das culturas dentro da mesma sociedade, havendo a possibilidade de essa
relação ser de osmose, troca, mistura mas também de simples justaposição”. Nesta
sequência, um outro conceito surge ainda, isto é, o da interculturalidade, onde se acordo
com Silva (2008; p.37) “A interculturalidade expressa o contacto entre culturas numa
sociedade multicultural, isto é, numa sociedade caracterizada pela presença de grupos
étnicos e culturais diferentes”.
Num estudo realizado sobre Multiculturalismo, globalização e formação de
educadores: desafios para a Educação Ambiental reconhece-se que a temática referente
ao ambiente se deve pautar por finalidades multiculturais que corroboram a
interculturalidade (Carneiro, Knechtel, Lima, Morales & Nogueira, 2010).
Carneiro, Knechtel, Lima, Morales & Nogueira (2010), defendem ainda que a
Educação Ambiental é uma das dimensões da Educação que em muito pode contribuir
para o progresso das práticas socioculturais. A cidadania e a Educação Ambiental são
por isso dois conceitos transversais a todas as sociedades, a todas as culturas,
instituições, comunidade educativa, a todas as idades e a todos os seres enquanto
sujeitos quer na sua individualidade, quer na sua colectividade.
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NOTAS FINAIS:
(1) Este trabalho é redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico em vigor (2) Segundo fonte consultada no site da União Europeia, Belgrado enquanto cidade pertencente à Sérvia,
integra um país que até à data de 2013 ainda não é membro da União Europeia, mas sim um país que
é candidato a tal estatuto. Assim, a cidade em questão é referida no presente trabalho a nível de
contexto europeu, não pela perspectiva da Europa, enquanto instituição mas na territorial/continental.
- http://europa.eu/about-eu/countries/index_pt.htm
(3) Hueting and Reijnders (citado em Marcatto, 2002, p.38), refere que a “Sustentabilidade pode ser
definida como sendo a utilização do nosso entorno físico de tal forma que as suas funções vitais
sejam indefinidamente preservadas”.
(4) De acordo com Giordan (1996), a referência reconhecida na Europa é a pesquisa piloto INRP–
UNESCO–PNUE, que serviu de modelo ao desenvolvimento da Educação Ambiental durante os
anos 80.
(5) Lei de Bases do Ambiente - Lei n.º 11/87 de 7 de Abril, posteriormente alterada pela Lei n.º 13/2002
de 19 de Fevereiro (fonte: DRE – Diário da República – I Série - A).
(6) Posteriormente o INamb viria a ser substituído pelo Instituto de Promoção Ambiental – IPAMB e,
desde Junho de 2002, pelo Instituto do ambiente - também ele criado no âmbito do quadro da Lei de
bases do Ambiente (Ramos, 2004).
(7) A ENDS – Estratégia Nacional para o desenvolvimento Sustentável, também prevê a promoção da
Educação Ambiental e da sensibilização da população portuguesa para as temáticas do
desenvolvimento sustentável, em particular para a conservação dos recursos naturais e da
biodiversidade – in, Ponto III.3.9.Educação, informação e Justiça ambientais – Prioridades
Estratégicas (fonte: DRE – Diário da República – I Série).
(8) Lei de Bases do Sistema Educativo – Lei 46/86 de 14 de Outubro – art. 47º - ponto nº2 - reforça a
ideia da dimensão da formação para a cidadania, sendo este artigo expressamente integrador da
Educação Ambiental.
(9) Alguns modelos de Educação ambiental passam, por exemplo, pela articulação entre programas de
TV, com carácter não formal e mensagens subliminares de cidadania, onde o sujeito é entendido
como um ser activo/actuante (autor/actor, no sentido da responsabilidade), tendendo a conduzir à
mudança de valores e hábitos de vida, em prol da preservação do ambiente (Exemplo: Programas de
TV nacionais – Biosfera – Programa de TV da RTP2).
(10) UNESCO - United Nations Educational Scientific and Cultural Organization/ Organização das
Nações Unidas para a Educação Científica e Cultural.
(11) De acordo com a Eurydice (2000), os quatro pilares referem-se respectivamente a: i) aprender a
conhecer, ii) aprender a fazer, iii) aprender a viver juntamente com os outros e iv) aprender a ser.
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(12) OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico/ Organisation
for Economic Co-operation and Development (OECD).
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Capitulo II – ESTUDO EMPÍRICO
II.1 – Metodologia
O presente estudo surge no âmbito de uma formação académica de mestrado e
pretende ser uma mais-valia de investigação para o campo das Ciências da Educação,
dando assim o seu contributo em termos de investigação científica nesta área e na
Formação de Adultos.
Na sequência da experiência profissional da investigadora deste trabalho – área
da Formação de Adultos – em contexto de público-alvo adulto decidiu-se aproveitar tal
âmbito para realizar um estudo exploratório descritivo e de grupo, sobre as percepções
do conceito de Educação Ambiental. Esta, por sua vez, é uma temática de carácter
transversal e que se articula com outras concepções, tais como a da Cidadania e da
Multiculturalidade.
Outro aspecto interessante denota o surgimento da Educação Ambiental como
algo maioritariamente associado às camadas mais jovens e à escola. Gonzalez (2005),
também reforça esta ideia, referindo-se ao conceito como um campo decorrente da
Pedagogia, que surge internacionalmente por volta da década de 1970 e, na maioria dos
países da América Latina e nas Caraíbas em 1980. De um ponto de vista nacional e
curricular, Ramos (2004) reporta-se ainda a esta concepção, onde no Ministério da
Educação lhe são feitas referências no âmbito da educação cívica e da educação para a
cidadania, com carácter transversal. Neste seguimento, aproveitando a sua
transversalidade, um desafio surgiu neste trabalho de investigação, que foi o de entender
a percepção de Educação Ambiental numa óptica, que não apenas a das camadas mais
jovens e a da escola, isto é, a dos Adultos, no âmbito da Formação de Adultos, enquanto
formação contínua e ao longo da vida.
Para o efeito da investigação, o estudo exploratório descritivo e de grupo foi
complementado com uma análise de conteúdo (Bardin, 1977), a qual se realizou
posteriormente.
O presente estudo procurou ainda analisar as percepções da temática da
Educação Ambiental em contextos diversos, tais como a existência e não existência de
experiência profissional em país estrangeiro, a nacionalidade portuguesa e a estrangeira.
Em linha de conta teve-se por isso a Formação de Adultos, enquanto panorama de
fundo. Desta forma, a investigação decorreu em duas fases distintas. Assim, na primeira
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18
fase aproveitou-se uma turma de Formação de Adultos, para se aplicar uma técnica que
consistia numa dinâmica de grupo de – Brainstorming – cujo objectivo visava analisar a
percepção grupal a respeito desta concepção – Educação Ambiental. No seguimento
desta técnica, surgiram ainda outras duas técnicas, decorrentes da primeira parte do
Brainstorming, que consistiram na Selecção de Ideias e na Tomada de Decisão. Nesta
sequência, o seleccionar das ideias procurou filtrar as palavras mais importantes em
detrimento das acessórias. Por fim, na Tomada de Decisão pretendeu-se escolher as três
ideias que melhor representariam conceito, resultando daí os vocábulos saúde,
reciclagem e sustentabilidade.
De acordo com Ferreira (2009), a técnica do Brainstorming, surgiu em 1953,
tendo como autor Alex Osborn. A sua aplicação consiste numa produção em grupo, e,
no menor espaço de tempo, do maior número de ideias possível, a respeito de uma
situação, facto ou problema. Para o presente trabalho de investigação, optou-se por se
realizar a sua adaptação, considerando para o efeito três partes, das quais se podem
salientar: i) a associação livre de ideias – com a maior quantidade de produção possível;
ii) a selecção de ideias – onde se faz a escolha das ideias mais importantes já
produzidas, em detrimento das menos importantes e iii) a tomada de decisão – cujo
objectivo visa ficar com a selecção mais restrita das ideias finais. Neste propósito,
também Tomashow (1995), num trabalho sobre identidade ecológica, utilizou uma
técnica semelhante, designada de diagrama de grupo. O procedimento consistiu em
solicitar aos participantes para que pegassem numa folha de papel e escrevessem uma
palavra relacionada com a temática do ambientalismo, construindo no meio, um
diagrama que fluísse de forma espontânea. Para a aplicação da dinâmica, o autor
utilizou ainda 20 sujeitos adultos. Nesta situação pretendia-se mostrar a forma como a
perspectiva ecológica do mundo podia ser utilizada para interpretar a experiência
pessoal, e como é que tal interpretação poderia conduzir a novas maneiras de identidade
pessoal.
Posteriormente, uma segunda fase emergiu nesta investigação. Tal facto deu-se
através do aproveitamento dos vocábulos saúde, reciclagem e sustentabilidade,
resultantes da aplicação da técnica de Brainstorming – aplicada ao Grupo I da Formação
de Adultos. Seguidamente construiu-se uma ficha de carácter exploratório, que visava
obter individualmente as percepções dos sujeitos a respeito da concepção de Educação
Ambiental. O respectivo instrumento era composto por duas partes. A primeira
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correspondia à caracterização do participante em termos genéricos, mantendo assim a
confidencialidade e anonimato dos dados. A segunda parte, por sua vez remetia já para
duas questões sobre o conceito de Educação Ambiental, onde a primeira pergunta se
traduzia numa questão de resposta de desenvolvimento curto, através de uma definição
do conceito dada pelo participante. Na continuação, a segunda questão apelava à
escolha de uma, entre três figuras, A, B ou C, por sua vez associadas aos vocábulos
saúde, reciclagem e sustentabilidade, onde se solicitava aos participantes a respectiva
justificação da escolha (ver anexo A).
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20
II.2 – Participantes
Para a selecção de participantes, quer em Psicologia, quer em Educação,
Almeida e Freire (2008) salientam que se recorre muitas vezes ao estudo de grupos e
não de amostras, principalmente quando não se pretende abarcar as características de
uma população ou generalizar-lhe resultados. Este procedimento é por isso frequente em
estudos exploratórios, tal como no caso deste trabalho de investigação.
Neste estudo a população-alvo é constituída por três grupos distintos. Assim,
realizou-se um estudo exploratório e descritivo, de natureza qualitativa, que se
organizou em duas fases diferentes. Primeiramente, procedeu-se à recolha de
informação, utilizando-se para o efeito um grupo constituído por cerca de oito
participantes, com idades compreendidas entre os 38 e os 48 anos. Os elementos deste
grupo estavam ainda associados a cargos de chefia, tendo a maioria habilitação
académica superior e encontrando-se inseridos numa turma de Formação de Adultos da
zona geográfica da grande Lisboa. A respectiva recolha de informação deu-se através de
uma dinâmica de grupo – Brainstorming – sobre percepções do conceito de Educação
Ambiental. Numa segunda fase, o âmbito continuou a ser o da Formação de Adultos,
onde participaram dois grupos, tendo cada um dos elementos preenchido uma ficha com
duas questões de resposta aberta e de desenvolvimento curto, sobre percepções do
conceito de Educação Ambiental. Ainda neste seguimento, a primeira questão da ficha
pedia aos participantes para dizerem por palavras suas como entendiam o referido
termo. A segunda questão pedia para que fizesse a escolha de uma, entre três figuras –
A, B e C (ver anexo A).
Na segunda fase desta investigação constituíram-se dois grupos de a partir de
turmas de Formação de Adultos, pertencentes à zona geográfica da grande Lisboa.
Nesse seguimento, consideram-se para efeitos de identificação os grupos II e III, dado
que o grupo I era já consequência da primeira fase deste trabalho de investigação. A
existência ou ausência de experiência profissional em país estrangeiro foi outro dos
critérios a considerar, aquando da selecção dos participantes para a constituição dos
grupos. Com o referido critério pretendia-se verificar se haviam diferenças nas respostas
dadas entre estes dois grupos, após a análise de conteúdo das mesmas. O grupo II era,
por isso constituído por um total de oito sujeitos com idades compreendidas entre os 26
e os 63 anos, sendo a média de idades de aproximadamente 43.13 anos. Neste grupo
quatro sujeitos pertenciam ao género masculino e os restantes quatro ao género
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feminino, sendo sete deles de nacionalidade portuguesa e um de nacionalidade são
tomense (ver anexo B). Todos os elementos tinham ainda uma média de anos de serviço
de cerca de 17.13 anos e experiência profissional em país estrangeiro. No seguimento da
constituição de grupos, o grupo III era composto por uma totalidade de oito elementos,
cujo intervalo de idades se situava entre os 21 e os 60 anos, cuja média de idades era de
aproximadamente 33.38 anos. Desta totalidade, um dos sujeitos pertencia ao género
masculino e os restantes sete ao género feminino. No que respeita à nacionalidade,
dentro deste grupo cinco participantes tinham nacionalidade portuguesa e três
estrangeira, podendo-se por isso destacar duas de origem angolana e uma de origem
luso-britânica (ver anexo B, na caracterização dos participantes). A média de anos de
serviço era de cerca de oito anos e nenhum dos elementos possuía experiência
profissional em país estrangeiro.
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II.3 – Instrumentos e Procedimentos
A presente investigação teve por objectivo analisar as percepções relativas ao
conceito de Educação Ambiental, em grupos de Formação de Adultos. Para tal, a
recolha de informação organizou-se em duas fases distintas. Assim, na primeira fase –
correspondente ao Estudo 1 – aplicou-se uma dinâmica de grupo, recorrendo à técnica
pedagógica Brainstorming. Daqui resultaram ainda três vocábulos – Saúde, Reciclagem
e Sustentabilidade – que serviram de mote para a segunda fase desta investigação –
Estudo 2. Para o efeito, nesta etapa aplicou-se uma ficha de carácter exploratório, com
duas perguntas de resposta aberta sobre percepções relativas ao conceito. Ainda neste
seguimento, a primeira questão da ficha pedia aos participantes para dizerem por
palavras suas como entendiam a Educação Ambiental. A segunda questão solicitava
para que se fizesse a escolha de uma, entre três figuras – A, B e C (ver anexo A), de
acordo representatividade da definição dada na pergunta anterior. Cada um dos estudos
1 e 2 será descrito detalhadamente ainda neste capítulo.
Estudo 1
O estudo 1 tinha como objectivo entender a percepção grupal acerca do conceito
de Educação Ambiental, através da aplicação de uma dinâmica de grupo –
Brainstorming. Desta técnica, decorreram ainda outras duas, a técnica da Técnica da
Selecção de Ideias e a Técnica da Tomada de Decisão. De acordo com Ferreira (2009),
a aplicação do Brainstorming, consiste na produção em grupo, e, no menor espaço de
tempo, do maior número de ideias possível, a respeito de uma situação, facto ou
problema. O seu objectivo final visa por isso ficar com a selecção mais restrita das
ideias finais.
Para esta finalidade utilizou-se um conjunto de oito participantes – Grupo I –
com idades compreendidas entre os 38 e os 45 anos, por sua vez, associados a cargos de
chefia. A maioria dos sujeitos possuía formação académica superior e todos pertenciam
a uma turma de formação de adultos e da zona geográfica da grande Lisboa. Ainda nesta
fase do trabalho de investigação – Estudo 1 – através da interacção entre formador e
formandos, utilizarem-se para o efeito um quadro branco e marcadores de escrita de
quadro – no âmbito das técnicas da Metodologia Activa e da Formação de Adultos. A
sua aplicação decorreu em três momentos distintos. Assim, para o primeiro procedeu-se
![Page 24: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/24.jpg)
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à realização do Brainstorming propriamente dito, onde se solicitava aos formandos para
dar ideias ou palavras de forma aleatória, acerca daquilo que considerariam que poderia
representar o conceito de Educação Ambiental. A este propósito fez-se uma associação
livre de ideias, que apenas pretendia alcançar um apanhado geral sobre as
representações do tema. Num segundo momento procedeu-se a uma selecção das ideias
já adquiridas e solicitou-se aos participantes para que escolhessem apenas as cinco
ideias mais importantes que melhor caracterizariam o conceito de Educação Ambiental.
Na terceira etapa desta fase chegou-se a uma tomada de decisão, onde se pediu aos
elementos para que apenas as deixassem as 3 ideias (13) mais importantes na
representação do conceito de Educação Ambiental.
A Formação de Adultos engloba partilha de vivências e interacções no processo
de aprendizagem. Nesse seguimento, Rodrigues & Ferrão (2006) referem que o método
activo concentra a problemática metodológica na participação activa dos formandos, daí
que estes sejam tratados por participantes. O formador tem por isso o papel de mediar a
aprendizagem, sendo os aprendentes, neste caso, construtores activos do seu próprio
conhecimento. Em reforço desta ideia, também Ferreira (2009) defende que na
aprendizagem activa se fomenta a partilha de experiências, o intercâmbio de saberes e o
relacionamento interpessoal.
Estudo 2
Nesta investigação surgiu uma segunda fase – Estudo 2 – que continuou inserida
no âmbito a Formação de Adultos. Assim, aproveitando a obtenção dos vocábulos
saúde, reciclagem e sustentabilidade, resultantes da aplicação da técnica de
Brainstorming aplicada ao Grupo 1, construiu-se uma ficha de carácter exploratório (ver
anexo A). No segundo estudo, o seu objectivo pretendia obter individualmente as
percepções dos sujeitos a respeito da Educação Ambiental. Neste seguimento, o
respectivo instrumento era ainda composto por duas partes. Por um lado, a primeira
correspondia à caracterização do participante, em termos genéricos, mantendo assim a
confidencialidade e anonimato dos dados. Por outro lado, a segunda parte remetia já
para duas questões sobre a concepção de Educação Ambiental, onde a primeira pergunta
se traduzia numa questão de resposta aberta e na qual se solicitava ao participante uma
definição do conceito. Na continuação, a segunda questão apelava à escolha de uma,
![Page 25: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/25.jpg)
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entre figuras – A, B e C (ver anexo A), pedindo-se ao participante para seleccionar a
que melhor representava a definição do conceito dado anteriormente, justificando a
razão da sua escolha.
Para esta segunda fase – Estudo 2 – utilizaram-se dois grupos inseridos no
âmbito da Formação de Adultos. O critério de diferenciação entre os grupos incidiu na
presença e na ausência de experiência profissional em país estrangeiro, pelo que tal
facto se poderia associar à diversidade de contextos culturais em termos de vivência,
troca e partilha de experiências de vida.
A técnica de Brainstorming, correspondente à primeira fase deste estudo
realizou-se em Dezembro de 2012. A aplicação das Fichas sobre percepções de
Educação Ambiental, correspondente à segunda fase do estudo decorreu entre os meses
de Fevereiro e Março de 2013.
Os dados recolhidos das respostas das fichas foram analisados e categorizados
em articulação com os objectivos gerais, a partir dos quais resultaram as categorias
definidas a priori. As subcategorias são o resultado das respostas das pelos participantes
às respectivas fichas, que por sua vez estão relacionadas com os objectivos específicos.
______________________________________________________________
(13) Ferreira (2009) refere que numa das etapas da técnica do Brainstorming, após a avaliação e Tomada
de Decisão, ficar com uma única solução pode tornar-se redutor, dado que uma única ideia se poderá
tornar insuficiente, enquanto resposta ao problema. Da mesma forma, foi intenção desta investigação,
para o momento final do Brainstorming, deixar três ideias ou soluções, a partir da qual resultaram os
vocábulos Saúde, Reciclagem e Sustentabilidade. Obteve-se por isso um resultado mais rico, que
veio a servir de base para a construção da ficha de carácter exploratório, sobre percepções do
conceito de Educação Ambiental.
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II.4 – Análise dos Dados
Nesta etapa da investigação pretende-se expor o trajecto efectuado no tratamento e
análise dos dados, para posteriormente se apresentarem os resultados obtidos. Terminada
a recolha dos dados, procedeu-se à sua análise de conteúdo, que de acordo com Bardin
(1977), corresponde a um conjunto de técnicas da análise das comunicações, com vista à
representação de um determinado conteúdo. Neste sentido, também Estrela (1994) refere
que a expressão “Análise de Conteúdo” se aplica num sentido restrito, isto é, no caso das
Ciências Sociais para a exploração de documentos, excluindo por isso os tipos de análise
que recaem directamente no âmbito da linguística e da literatura.
Berelson, citado por Estrela (1994, p.455), define a Análise de Conteúdo como
uma técnica de investigação, que visa a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do
conteúdo manifesto da comunicação. Nela compreendem-se ainda as seguintes regras:
1 – “Leitura inicial dos documentos para uma apreensão da reunião das suas
características e avaliação das possibilidades de análise;
2 – Determinação dos objectivos da análise de acordo com as hipóteses emitidas;
3 – Determinação das regras de codificação ”, onde se consideram ainda as unidades de
enumeração ou de contagem, bem como as de registo, ou unidades de significação a
codificar (Berelson, citado por Estrela, 1994, p.455).
De acordo com Bardin (1977), a análise de conteúdo visa ainda os seguintes
objectivos, os quais respeitam à ultrapassagem da incerteza e ao enriquecimento da
leitura. Assim, no primeiro ponto, ultrapassar a incerteza implica ver o que é que se
encontra efectivamente contido na mensagem. No segundo, o enriquecer da leitura
procura incrementar a produtividade e a pertinência da temática em análise. Tal facto,
neste último momento, acontece através da descoberta de conteúdos e de estruturas, que
confirmem ou infirmem o que se procura demonstrar a partir das mensagens. Ou ainda,
pelo esclarecer de elementos de significações que são susceptíveis de conduzir à descrição
de mecanismos que a priori não detém a sua compreensão, isto é, que não estariam bem
clarificados à partida.
A análise de conteúdo (Bardin, 1977) compreende ainda duas funções. A função
heurística tem por isso como objectivo, o enriquecimento da tentativa exploratória a partir
da análise de conteúdo, isto é, incrementando a propensão para a descoberta. Se, se
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reportar à função administração de prova, aqui encontram-se então as hipóteses que
podem surgir sob a forma de questões ou afirmações provisórias. Estas, por sua vez, irão
servir de directrizes e apelar ao método de análise sistemática, para se verificar no sentido
de uma confirmação ou de uma infirmação. Bardin (1977), defende ainda que as
respectivas funções poderão coexistir na prática, de forma complementar. Neste
seguimento, também para o presente trabalho se encontrou a função heurística, na medida
em que houve a tentativa exploratória sobre a concepção de Educação Ambiental – nas
fases 1 e 2 deste estudo investigacional.
As técnicas utilizadas na construção deste estudo exploratório incidiram
predominantemente na análise de conteúdo temática – ou análise categorial temática.
Após a aplicação das fichas sobre percepções de Educação Ambiental – na fase 2 do
estudo – procedeu-se à transcrição do respectivo conteúdo.
II.4.1 – Validação e aplicação dos instrumentos
De acordo com Vala (1986), o problema da validade da análise de conteúdo é
transversal a todas as suas etapas, desde a constituição do seu corpus, à escolha das
unidades de análise e ao próprio sistema de quantificação. Logo, não se colocam questões
de validade específicas da análise de conteúdo. Relativamente à fidelidade, também na
análise de conteúdo esta é susceptível de interpretações diversas, uma vez que dois
codificadores ao analisarem o mesmo material, provavelmente chegarão a resultados
diferentes. Todavia, no intuito de se acautelar rigor metodológico para a obtenção de
garantia de qualidade do instrumento aplicado – ficha de carácter exploratório estudo 2
(anexo A) – procedeu-se à sua validação através da sua aplicação a quatro sujeitos que
aceitaram colaborar na investigação. Com este procedimento, pretendeu-se detectar
possíveis falhas de compreensão e de comunicação no entendimento das questões da
respectiva ficha.
Na segunda fase deste estudo, através da aplicação das fichas sobre percepções do
conceito de Educação Ambiental e em articulação com os objectivos gerais, procedeu-se a
uma análise de conteúdo das respostas dadas, tendo por base o modelo de Bardin (1977).
A recolha dos dados processou-se em duas fases distintas, que corresponderam
respectivamente ao Estudo 1 e ao Estudo 2.
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27
II.5 – Análise e Discussão dos Resultados
Em contexto de recapitulação, esta investigação constituiu-se em duas fases de
estudo, que pretendiam analisar a apreensão da concepção de Educação Ambiental, quer
se tratasse de uma percepção grupal – Estudo 1 – ou de percepções individuais – Estudo
2. A construção do segundo instrumento – ficha de carácter exploratório (Anexo A) –
decorreu dos resultados da percepção grupal, dos quais resultaram os vocábulos saúde,
reciclagem e sustentabilidade.
II.5.1 – Análise e discussão dos resultados – Estudo 1.
Aplicação da Técnica Brainstorming: resultados do Momento 1
Nesta etapa da investigação – momento 1 – e no âmbito da formação de adultos,
solicitou-se ao grupo I a participação numa dinâmica de grupo, intitulada de
Brainstorming. Seguidamente foi pedido aos participantes para indicarem livremente e
sem qualquer juízo de valor associado, ideias que relembrassem o conceito de Educação
Ambiental. O objectivo deste momento visava alcançar o maior número e o mais
diversificado possível de ideias.
Os resultados encontram-se no quadro1:
Momento1 - Educação Ambiental
1 ALGOR
2 SUSTENTABILIDADE
3 ISO 14001
4 RECICLAGEM
5 REUTILIZAR
6 AUDITORIA
7 RESÍDUOS
8 SEPARAR
9 POLUÍÇÃO
10 CONSERVAÇÃO
11 COR
12 SAÚDE
Quadro 1 – Brainstorming – com associação livre de ideias
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28
Categorias Subcategorias
1 Preservação/conservação do ambiente
- Sustentabilidade
- Reciclagem
- Reutilizar
- Resíduos
- Separar
- Poluição
- Conservação
2 Normas e controlo - ISO 14001
- Auditoria
3 Simbologia /representatividade
- Algor
- Saúde
- Cor
Quadro 2 – Reagrupamento da informação – após a aplicação da primeira etapa do
Brainstorming.
Os resultados obtidos neste primeiro momento mostram a percepção do conceito
de Educação Ambiental associada a temas ou categorias. Nesse sentido uma primeira
categoria foi identificada, isto é a Preservação/conservação do ambiente – dada pelos
termos sustentabilidade, reciclagem, reutilizar, resíduos, separar, poluição e
conservação – e que por sua vez funcionaram aqui nesta etapa da dinâmica como
subcategorias. A segunda categoria identificada ainda nesta etapa reflecte-se nas
Normas e controlo, originando duas subcategorias dadas pela designação ISO14001 e
auditoria. Uma terceira categoria surgiu ainda, isto é, a Simbologia/representatividade,
originando três subcategorias fornecidas pelos vocábulos Algor, cor e saúde.
Aplicação da Técnica Brainstorming – Selecção de ideias: resultados do Momento 2
Nesta etapa associada ao segundo momento, surgiu uma outra técnica decorrente
do Brainstorming, isto é, a técnica da Selecção de ideias. O seu objectivo já não pretendia
a obtenção do maior número de palavras possível, mas antes uma restrição das ideias já
reunidas no momento anterior, ficando apenas na escolha os vocábulos mais importantes,
em detrimento dos menos importantes. De acordo com o procedimento, pediu-se aos
![Page 30: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/30.jpg)
29
participantes para que escolhessem apenas as 5 ideias mais relevantes que melhor
representariam o conceito de Educação Ambiental.
Os resultados encontram-se no quadro3:
Momento 2 - Educação Ambiental
2 SUSTENTABILIDADE
4 RECICLAGEM
7 RESÍDUOS
10 CONSERVAÇÃO
12 SAÚDE
Quadro 3 – Brainstorming – com a técnica de selecção de ideias.
Categorias Subcategorias
1 Preservação /conservação do ambiente
- Sustentabilidade
- Reciclagem
- Resíduos
- Conservação
3 Simbologia /representatividade - Saúde
Quadro 4 – Reagrupamento da informação – após a aplicação da segunda etapa do
Brainstorming.
Os resultados auferidos a partir dos quadros 3 e 4, correspondentes à segunda
etapa desta dinâmica revelam a prevalência das categorias Preservação/conservação do
ambiente e Simbologia/representatividade. Para a primeira categoria mantiveram-se as
ideias de sustentabilidade, reciclagem, resíduos e conservação. Na outra categoria, pelo
processo de selecção restou apenas a subcategoria saúde.
![Page 31: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/31.jpg)
30
Aplicação da Técnica Brainstorming – Tomada de decisão: resultados do Momento 3
Nesta terceira etapa, surgiu uma técnica decorrente do Brainstorming e da
Selecção de ideias – A Tomada de Decisão. O seu objectivo visava ficar apenas com as
três ideias que melhor representassem o conceito de Educação Ambiental. No
procedimento em questão, foi solicitado aos participantes para que apenas as deixassem
as três ideias mais importantes na representação do conceito de Educação Ambiental.
Os resultados encontram-se no quadro5:
Momento 3 - Educação Ambiental
2 SUSTENTABILIDADE
4 RECICLAGEM
12 SAÚDE
Quadro 5 – Técnica da Selecção de ideias
Categorias Subcategorias
1 Preservação /conservação do ambiente
- Sustentabilidade
- Reciclagem
3 Simbologia /representatividade - Saúde
Quadro 6 – Reagrupamento da informação – após a aplicação da terceira etapa do
Brainstorming.
Os resultados alcançados neste terceiro momento permitem mostrar a amplitude
da percepção a respeito da concepção de Educação Ambiental. Assim, é possível
constatar que se mantiveram as categorias do momento anterior, isto é a
Preservação/conservação do ambiente e Simbologia/representatividade, todavia, com
um número mais reduzido de subcategorias. Neste seguimento, após o momento final
desta dinâmica, a percepção global do grupo I revelou que a Educação Ambiental se fez
representar essencialmente pelas ideias de sustentabilidade, reciclagem e saúde.
![Page 32: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/32.jpg)
31
II.5.2 – Análise e discussão dos resultados – Estudo 2.
Para esta segunda fase do estudo, aplicou-se uma ficha de carácter exploratório,
constituída por duas partes, sendo uma de correspondente à caracterização do
participante e a outra à definição e percepção do conceito de Educação Ambiental. O
seu objectivo visava agora obter as percepções individuais dos participantes a respeito
deste tema. Para o efeito, colaboraram dois grupos – II e III – pertencentes a duas
turmas de Formação de Adultos, cujo critério de diferenciação residiu na presença ou
ausência de experiência profissional em país estrangeiro. Seguidamente realizou-se uma
análise de conteúdo às respostas dadas pelos grupos (anexo D).
Categorias Subcategorias
Categoria A - Definição do conceito de
Educação Ambiental
- Preservação/ conservação do meio ambiente
- Domínio afectivo/ emprego de valores e atitudes
- Educação/ ensino
- Relação Homem – meio - mundo
Categoria B - Representação do conceito
através das imagens
- Saúde
- Reciclagem
- Sustentabilidade
- Diversidade de contextos culturais
Quadro 7 – Obtenção das subcategorias a partir das categorias associadas às questões da
ficha sobre percepções de Educação Ambiental.
As duas perguntas criadas para a ficha sobre percepções da concepção de
Educação Ambiental traduziram-se em duas categorias, que originaram quatro
subcategorias, cada uma.
![Page 33: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/33.jpg)
32
A Categoria A - Definição do conceito de Educação Ambiental – originou as
subcategorias Preservação/ conservação do meio ambiente, Domínio afectivo/ emprego de
valores e atitudes, Educação/ ensino e Relação Homem – meio – mundo.
Categoria B - Representação do conceito através das imagens – gerou as subcategorias Saúde,
Reciclagem, Sustentabilidade e Diversidade de contextos culturais.
Quadro 8 – Comparação dos resultados das categorias e subcategorias – Categoria A:
Definição do Conceito de Educação Ambiental
Análise e discussão dos resultados do quadro 8
Na convergência das respostas da categoria A, referente à Definição do conceito
de Educação Ambiental, em ambos os grupos existe a noção de que o seu significado
envolve ideias como a da preservação e da reciclagem. Tal facto acontece
Aspectos convergentes Aspectos divergentes
Categoria A: Definição do conceito de Educação Ambiental
Ambos os grupos apresentam unanimidade nas respostas para a subcategoria Preservação/ conservação do meio ambiente. Nesta subcategoria, destaca-se o indicador Preservar/reciclar
Na subcategoria Domínio afectivo/ Emprego de valores e atitudes, as respostas do grupo II, associam a definição do conceito ao indicador dos valores sociais, ao passo que no grupo III se associam ao indicador dos comportamentos.
Para a subcategoria Educação/ensino as respostas do grupo II associam-se aos indicadores de Aprendizagem da Educação ambiental e Educação para a cidadania. As respostas do grupo III aparecem ligadas aos indicadores Responsabilização na Educação Ambiental e Consciência/ Sensibilização.
A subcategoria Relação Homem – meio – mundo, nas respostas do grupo II aparece associada aos indicadores União de esforços e Influência do Homem no ambiente. No grupo III as respostas desta subcategoria já se aglutinam ao indicador Preocupação com o bem-estar social
![Page 34: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/34.jpg)
33
independentemente do critério que os separa - presença ou da ausência de experiência
profissional em país estrangeiro.
Na divergência de respostas, o grupo II associa o domínio afectivo à construção
de valores sociais através da relação entre o indivíduo, colectividade e meio. O grupo
III, por sua vez, liga esta subcategoria à Educação para os comportamentos.
A existência de experiência profissional em país estrangeiro, mostra por isso a direcção
das respostas num sentido mais abrangente, isto é, o da sociedade.
A Educação/ensino, enquanto subcategoria, no grupo II parece estar associada à
necessidade de uma aprendizagem com a envolvência dos agentes educativos e de
educação para a cidadania. Desta forma destaca-se o papel dos agentes socializadores,
ou seja do universo educativo na aprendizagem do conceito. No grupo III, o ensino e a
educação já surgem numa perspectiva de responsabilização, consciência e
sensibilização, ou seja, apesar de se tratar da subcategoria Ensino Educação, esta
reflecte-se na dimensão afectiva.
Quadro 9 – Comparação dos resultados das categorias e subcategorias – Categoria B:
Representação do conceito através das imagens.
Aspectos convergentes Aspectos divergentes
Categoria B:
Representação do
conceito através das
imagens
Em ambos os grupos se verifica a associação entre a noção de Educação Ambiental e os vocábulos saúde e reciclagem.
A subcategoria saúde, para o grupo II, está associada à ideia de comportamentos saudáveis. No grupo III, a sua relação respeita à fragilidade e à prestação de cuidados.
Enquanto, no grupo II a reciclagem é encarada como um meio de divulgação para passar a mensagem, no III é percepcionada como um pilar da sustentabilidade ambiental.
A noção de sustentabilidade, enquanto subcategoria, apenas de verifica no grupo II. No grupo III, quando é mencionada, surge dentro do vocábulo reciclagem, que é outra subcategoria.
A subcategoria diversidade de contextos culturais, associada às respostas apenas se verifica no grupo III.
![Page 35: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/35.jpg)
34
Análise e discussão dos resultados do quadro 9
O grupo II relaciona a noção de saúde, em ambiente, à actuação com
comportamentos. Como existe a presença de experiência profissional em país
estrangeiro, provavelmente estes elementos, ao ter contactos com outras culturas, terão
termos de comparação a nível de conduta, no que se refere à actuação na Educação
Ambiental. O grupo III, por sua vez, está mais focalizado para entender esta temática –
Educação Ambiental – pelo lado da sua vulnerabilidade.
No grupo II, a relação entre os vocábulos saúde, reciclagem e sustentabilidade
parece ser mais independente e orientada essencialmente para acções de cariz mais
prático. Já no grupo III, essa ligação quando surge mostra existência de uma
interdependência de relações para as respectivas palavras. Por exemplo, a subcategoria
reciclagem é perspectivada como meio de divulgação pelo segundo grupo, ao passo que
no terceiro grupo surge como pilar da ideia de sustentabilidade. O mesmo se verifica na
subcategoria sustentabilidade, que é identificada no grupo II, e no grupo III surge
apenas associada a reciclagem. Tal facto pode dever-se ao critério que distingue estes
dois grupos, isto é, a experiência profissional em país estrangeiro, com ausência ou
presença dele. Neste sentido, o grupo II uma vez que teve vivência noutros contextos e,
portanto, contacto com outras culturas, possivelmente reflecte a sua experiência de
emigração, nas respostas dadas. Já no grupo III, a ausência do referido critério parece
revelar uma maior predominância do domínio afectivo para as respostas obtidas.
A existência da subcategoria diversidade de contextos culturais apenas se
manifesta no grupo III, pelo que subjacente a esta ideia se encontra a perspectiva
humana do relacionamento interpessoal e uma vez mais, com a presença do domínio
afectivo.
Análise e discussão dos resultados obtidos relativamente à preferência da escolha
das imagens
Os quadros que se seguem mostram a preferência das escolhas associadas às
imagens da Ficha sobre percepções da concepção de Educação Ambiental (anexo A),
por grupo e com os grupos envolvidos na segunda fase desta investigação.
![Page 36: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/36.jpg)
35
Educação Ambiental
(participantes)
Escolha das imagens
Saúde (A) Reciclagem (B) Sustentabilidade (C) 1 + - - 2 + - - 3 - + - 4 - - + 5 - - + 6 - - + 7 - - + 8 - - +
Total: 2 1 5 Legenda: Ausência = - ; Presença = +
Quadro 10 – Escolha das imagens – Grupo II.
No grupo II, é possível constatar a predominância do vocábulo sustentabilidade,
com cinco preferências. A segunda escolha com mais preferências recaiu na escolha
para a palavra saúde, escolhida por apenas dois participantes. A reciclagem, foi a
escolha com menor número de preferências.
Educação Ambiental
(participantes)
Escolha das imagens
Saúde (A) Reciclagem (B) Sustentabilidade (C) 1 - - + 2 + - - 3 + - - 4 - + - 5 - + - 6 - - + 7 - - + 8 - - +
Total: 2 2 4 Legenda: Ausência = - ; Presença = +
Quadro 11 – Escolha das imagens – Grupo III.
![Page 37: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/37.jpg)
36
Para o terceiro grupo, o vocábulo sustentabilidade foi o que continuou a ter
predominância na preferência das escolhas associadas às imagens. Contudo, a
reciclagem e a sustentabilidade apareceram equilibradas em número de escolhas.
Educação Ambiental
(participantes)
Escolha das imagens
Saúde (A) Reciclagem (B) Sustentabilidade (C) 1 + - - 2 + - - 3 - + - 4 - - + 5 - - + 6 - - + 7 - - + 8 - - + 9 - - + 10 + - - 11 + - - 12 - + - 13 - + - 14 - - + 15 - - + 16 - - +
SOMA 4 3 9 Legenda: Ausência = - ; Presença = +
Quadro 12 – Escolha das imagens – Grupos II e III.
O quadro 12 resume os anteriores, no que concerne à preferência das escolhas
para a representatividade das imagens. Assim, de um modo geral a sustentabilidade é
vista pelos grupos II e III, como o significante mais representativo do conceito de
Educação Ambiental. Tal facto pode dever-se a que a sustentabilidade tende a englobar
a ideia de reciclagem e de saúde, tal como mencionaram algumas respostas na
preferência das escolhas (anexo D). Por exemplo, um dos participantes refere que “Este
conjunto (imagens) tem em resumo o que se pode fazer para preservar o meio ambiente,
tendo em conta a utilização que se faz dos recursos materiais que nos estão oferecidos ou
disponibilizados. ” (P.II.6)
![Page 38: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/38.jpg)
37
Outro aspecto importante nesta investigação revelou que nem sempre a
preferência da opção das imagens associadas aos vocábulos saúde, reciclagem e
sustentabilidade ocorreu na mesma direcção das respostas obtidas, aquando da
justificação da razão da respectiva escolha. Tal situação deve-se à riqueza inerente à
análise de conteúdo, perante a exploração de informação contida numa resposta, para
além da subjectividade que a ela se lhe acresce. A corroborar este facto, um dos
participantes justificou a sua escolha, mencionando que “O conceito de sustentabilidade
engloba os anteriores. Para vivermos de forma sustentável, temos de cuidar da nossa saúde
enquanto humanos e da saúde da natureza... ” (P.II.4)
Estudos 1 e 2 – Análise geral
As subcategorias originadas pelo Brainstorming do estudo1, correspondente à
primeira fase da investigação, também se manifestaram na categoria B do segundo
estudo, aquando da análise de conteúdo às respostas da segunda pergunta da ficha sobre
percepções relativas à concepção de Educação Ambiental – Estudo 2. Assim, uma vez
que a segunda categoria detectada no estudo 2 se relacionava com a representação do
conceito através das imagens, aqui é possível depreender que, de um modo geral, para
todos os grupos envolvidos neste trabalho, os vocábulos saúde, reciclagem e
sustentabilidade são os significantes representativos da ideia Educação Ambiental.
![Page 39: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/39.jpg)
38
II.5.4 – Síntese Geral
De um ponto de vista global, nesta investigação foi possível constatar que:
1 – Na definição da construção da ideia do conceito de Educação Ambiental, através da
dinâmica de grupo, com o Brainstorming – Fase 1 – aplicado ao Grupo I, três ideias –
chave viriam a ser destacadas na sua representação – Saúde, Reciclagem e
Sustentabilidade.
2 – Para a pergunta 1, da segunda parte da ficha, também aqui as respostas dadas por
ambos os grupos II e III apontam no sentido da existência de uma consciencialização e
de uma Educação para a Cidadania. Este facto vem por isso sustentar a ideia de que
esta concepção – Educação Ambiental – é um tema que nos envolve a todos, não só,
enquanto cidadãos, mas também enquanto sujeitos à escala mundial, isto é, no âmbito
da preservação do planeta. Nesse sentido, fala-se então em valores, atitudes, e por
conseguinte, aquilo que o conceito representa para cada um, quando é pedido ao
participante uma definição do respectivo termo, em formato de reposta aberta. Nesse
seguimento, outra ideia-chave vem então a estar presente, isto é, a da diversidade de
contextos culturais. Também aqui vem, por isso, ser sustentada a ideia de que o
conceito é, por assim dizer, algo transversal a todas as culturas e idades, quando se
mencionam nas respostas a Educação para a Cidadania e o facto de a temática ser
global a todos (ver anexos C e D).
3 – Relativamente à escolha de imagens associadas aos vocábulos, um facto interessante
denota a predominância da sustentabilidade, quer no Grupo II, quer no Grupo III. A
abrangência da palavra, indica que nela se tendem a englobar as ideias de saúde e
reciclagem. Este facto pode ainda estar associado a uma ideia de consciencialização,
neste caso ambiental, na medida em que existe uma preocupação para com o ambiente.
Assim, fala-se também em educação, sendo que no caso concreto é o Educar para a
Cidadania (anexos C e D).
4 – Na convergência das respostas da categoria A, referente à Definição do conceito de
Educação Ambiental, em ambos os grupos existe a noção de que o seu significado
envolve ideias como a da preservação e da reciclagem. Tal verifica-se,
independentemente do critério que os separa - presença ou da ausência de experiência
profissional em país estrangeiro. Não obstante, a diversidade das respostas encontradas
surge a partir do próprio conteúdo.
![Page 40: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/40.jpg)
39
PARTE III – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste capítulo pretende-se realizar uma reflexão geral sobre a fundamentação
teórica, as opções metodológicas a respectiva obtenção de resultados. Não obstante,
importa ainda fazer referência às conclusões relativamente à pergunta de partida
formulada, objectivos definidos e levantamento de questões para futuras investigações.
A opção pela escolha da temática Educação Ambiental e Cidadania em
Contextos Multiculturais prende-se com o facto de esta ser uma das áreas de interesse
da autora do trabalho, onde ela se identifica, assim como na área das Ciências da
Educação, da Formação de Adultos e da Psicologia, permitindo-se assim uma
interligação entre elas.
Foi intenção desta investigação levar a sua temática no sentido da
Multiculturalidade. Todavia, devido à constituição dos grupos e ao seu percurso
metodológico, o seu desenvolvimento deu-se na direcção da vivência/experiência em
contextos culturais diferentes, estando-lhe associado um critério que servia para agrupar
os participantes – experiência profissional em país estrangeiro.
Na exploração da investigação propôs-se aprofundar o conceito de Educação
Ambiental, para compreender a sua essência e entender a sua abrangência. A sua
transversalidade serviu de mote para o estudar noutro âmbito – o da Formação de
Adultos – estabelecendo por isso os seguintes objectivos específicos:
i) Saber se o conceito de Educação Ambiental associado à ideia de saúde, sustentabilidade
e reciclagem pode ser entendido de outra forma, pelos grupos II e III;
ii) Saber se existe abertura para se entender o conceito de Educação Ambiental como algo
transversal às diversas camadas etárias, tendo como alvo sujeitos, na sua maioria, com
habilitação académica superior.
Quer na fundamentação teórica, quer na Análise e Discussão de resultados ficou
claro que a Educação Ambiental pode ser uma temática transversal às várias camadas
etárias, por sua vez articulável com os conceitos de Cidadania e de Multiculturalidade,
aproximada pela via da diversidade cultural. Neste caso com o critério de divisão dos
grupos – experiência profissional em país estrangeiro – e com a nacionalidade
estrangeira. Como resultado, torna-se essencial o conhecimento da Educação
Ambiental, percebendo-a no sentido de entender de que forma é que esta se manifesta,
![Page 41: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/41.jpg)
40
por exemplo, no contexto da Formação de Adultos, e como é que é entendida nas
questões da diversidade de contextos culturais de e da Cidadania.
Os resultados alcançados permitem constatar que a Educação Ambiental, não é
toda ela entendida da mesma forma, apesar de existirem ideias a convergir para o
mesmo sentido. Tal, deve-se à riqueza encontrada no conteúdo das respostas sobre a
concepção de Educação ambiental – pergunta 1 - parte II da ficha (ver anexos C e D).
Da mesma forma, a escolha das imagens associada aos vocábulos saúde, reciclagem e
sustentabilidade também não foi toda igual.
Neste seguimento, uma das respostas a um dos nossos objectivos específicos – i) Saber
se o conceito de Educação Ambiental associado à ideia de saúde, sustentabilidade e
reciclagem pode ser entendido de outra forma, pelos grupos – permite-nos concluir que
devido à riqueza de conteúdo das respostas de forma aberta na – pergunta 1 da ficha –
outras percepções e ideias se encontraram. A ideia de Cidadania, Educar para a
Cidadania e noção de que a temática implica a envolvência e responsabilidade da
sociedade e universo educativo é disso mesmo exemplo (ver anexos C e D).
Este facto, que surge em forma de objectivo, e que à partida se poderia constituir
como uma limitação vai, por assim dizer, surgir como um desfio e oportunidade da
presente investigação.
Esta investigação tinha ainda um segundo objectivo - ii) saber se existe abertura
para se entender o conceito de Educação Ambiental como algo transversal às diversas
camadas etárias, tendo como alvo sujeitos, na sua maioria, com habilitação académica
superior. Aqui permite-se concluir que a variedade de conteúdo nas respostas também
mostra abertura para o emergir de novas ideias que embora se apoiassem por vezes nos
termos Saúde, Reciclagem e Sustentabilidade, também se sustentavam na ideia de
Cidadania ligada à educação mas com envolvência e responsabilidade de todos (ver
anexos C e D). Este é também por isso um assunto transversal a todas as culturas e a
todas as idades, que provavelmente vem romper com a resistência à mudança,
impulsionando assim a ideia de aprendizagem ao longo da vida.
![Page 42: Dissertação apresentada para cumprimento dos … Formal...1 INTRODUÇÃO O tema escolhido para a presente investigação remete para a Educação Ambiental, do ponto de vista da](https://reader031.vdocuments.com.br/reader031/viewer/2022011804/5baafb2109d3f215608d676c/html5/thumbnails/42.jpg)
41
No entanto, é de salientar que a preocupação deste estudo visa contribuir para a
reflexão acerca da temática da Educação Ambiental, como algo que não se restringe
somente às camadas etárias mais jovens e à escola, e que se perspectiva também no
âmbito da Formação de Adultos e da diversidade de contextos culturais, como por
exemplo presença de experiência profissional em país estrangeiro.
Procurou-se por isso, dar um contributo na investigação, com intuito de
enriquecer as pesquisas sobre o tema da Educação Ambiental, juntando assim a ideia da
Cidadania e Multiculturalidade – através das Ciências da Educação, canalizadas pela
Formação de Adultos e da Aprendizagem ao Longo da Vida.
Limitações do estudo
Relativamente às limitações deste estudo, as dificuldades encontradas revelam
que a existência de uma amostra pequena, com um total de 24 elementos distribuídos
pelos três grupos. Este facto, por si só, pode não ser suficiente para a generalização de
resultados a toda a população. Da mesma forma há que ter em linha de conta as
habilitações académicas dos três grupos, que remeteram na sua quase totalidade para
nível académico de Ensino Superior. Tal facto pode condicionar a variedade no
conteúdo das respostas dadas, aquando da definição da concepção de Educação
Ambiental, apesar de não se descartar a riqueza do mesmo.
Outra limitação decorrente deste estudo exploratório poderia ainda relacionar-se
com a apresentação de imagens na pergunta 2 da parte II – ficha (ver anexo A) – que
inconscientemente poderiam funcionar como condicionantes ao conteúdo das respostas
dadas. Todavia, procurou-se colmatar essa desvantagem com uma pergunta de resposta
aberta – pergunta 1 da parte II da ficha (anexo A) – a qual surge propositadamente em
ordem anterior.
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Recomendações:
- É importante ter em linha de conta que o conceito de Educação Ambiental, no seu
carácter de transversalidade se manifesta também ele através de uma aprendizagem que
não é apenas formal, mas também não-formal e informal, envolvendo todos os agentes
socializadores – família, escola e sociedade.
- Uma das recomendações pode sugerir a replicação do estudo a outros grupos de
adultos, com habilitação académica não Superior.
- Para incrementar a diversidade de pesquisa, recomenda-se a replicação do estudo em
grupos multiculturais.
- Este último ponto aponta para a importância de compreender a Educação Ambiental
na perspectiva da cidadania e ou multiculturalidade, sem que com isso se empurre a
responsabilidade do ensino do conceito para a escola, enquanto agente socializador –
“cidadania activa” – comunidade/sociedade.
Questões/desafios para futuros trabalhos:
Considera-se pertinente que, no âmbito desta investigação, algumas questões
sejam colocadas para futuros trabalhos, nomeadamente:
1 – Em que medida, um tema que aparentemente se encontra maioritariamente
associado à escola e às camadas mais jovens, se pode trabalhar pelo prisma da
Formação ao Longo da Vida?
2 – Que desafios se podem encontrar na concepção do termo Educação Ambiental,
tendo como bases de sustentação a multiculturalidade a cidadania activa e o seu
carácter de transversalidade?
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Anexo A – Ficha sobre percepções de
Educação Ambiental
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Anexo B – Caracterização Geral dos
Grupos II e III – Parte I – Ficha sobre
percepções de Educação Ambiental
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Anexo C – Transcrições Gerais das
respostas da parte II – Ficha sobre
percepções relativas à Educação Ambiental
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Anexo D – Categorização das respostas das
da parte II – Ficha sobre percepções
relativas à Educação Ambiental