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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS MESTRADO ACADÊMICO EM CONTABILIDADE JOÃO CARLOS DA FONSECA JÚNIOR UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DAS FONTES DE RESISTÊNCIA À IMPLANTAÇÃO DA ESTRUTURA DE CONTROLARIA: Um estudo multicasos em empresas pernambucanas Recife/PE 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS MESTRADO ACADÊMICO EM CONTABILIDADE

JOÃO CARLOS DA FONSECA JÚNIOR

UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DAS FONTES DE RESISTÊNCIA À

IMPLANTAÇÃO DA ESTRUTURA DE CONTROLARIA: Um estudo multicasos em

empresas pernambucanas

Recife/PE

2009

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JOÃO CARLOS DA FONSECA JÚNIOR

UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DAS FONTES DE RESISTÊNCIA À

IMPLANTAÇÃO DA ESTRUTURA DE CONTROLARIA: Um estudo multicasos em

empresas pernambucanas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Ciências Contábeis.

Orientador: Jeronymo José Libonati

Recife/PE

2009

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Fonseca Júnior, João Carlos da Um estudo sobre a percepção das fontes de resistência a implantação da estrutura de controladoria : um estudo multicasos em empresas pernambucanas. / João Carlos da Fonseca Júnior. – Recife : O Autor, 2009. 168 folhas :abrev. e siglas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Ciências Contábeis, 2009. Inclui bibliografia e apêndice. 1. Contabilidade. 2. Controladoria. 3. Auditoria interna. 4. Desenvolvimento organizacional. I. Título. 657.6 CDU (1997) UFPE

657 CDD (22.ed.) CSA2009-047

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS MESTRADO ACADÊMICO EM CONTABILIDADE

UM ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DAS FONTES DE RESISTÊNCIA À IMPLANTAÇÃO DA ESTRUTURA DE CONTROLARIA: Um estudo multicasos em

empresas pernambucanas

JOÃO CARLOS DA FONSECA JÚNIOR

Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco e aprovada em 22 de Abril de 2009. Banca Examinadora:

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus pais, ao meu irmão e a minha noiva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por ter me dado esta vida e por ter me dado a

oportunidade de seguir meus sonhos. Também lhe agradeço por ter me conduzido com

segurança nas diversas viagens, que muitas vezes ocorreram à noite e em péssimas condições

climáticas.

Agradeço também a minha família, por me ofertar nos momentos mais difíceis neste curso

toda estrutura afetiva necessária para que minhas ações tivessem toda tranqüilidade.

A minha noiva e futura esposa Diana, por seu companheirismo e amor;

Ao meu professor Jeronymo José Libonati por ter tido toda a paciência e por ter apoiado este

projeto ofertando sua visão sobre a contabilidade e o mundo empresarial;

A todos os professores que compuseram o programa de mestrado da Universidade Federal de

Pernambuco, pois seus conhecimentos foram uma lição para a vida.

Aos amigos encontrados e que dividiram as dificuldades neste curso.

Aos controllers e demais pessoas que foram envolvidas neste processo.

Ao meu tio Dinho, por ter me acompanhado durante todas as viagens;

Ao meu eterno amigo, Belmiro de França, que deixou saudades e foi um dos que colaborou

com minha participação neste projeto.

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RESUMO

A referida pesquisa tem o objetivo de estudar a percepção de controllers e de outros gestores sobre a resistência existente na implantação da unidade administrativa chamada de controladoria. As empresas estão imersas em mudanças a nível macroeconômico, e estas acabam conduzindo às inovações a nível organizacional. Todas estas alterações acabam exigindo novas práticas gerenciais e sendo assim, a controladoria é o órgão responsável por este processo. Uma missão das empresas é minimizar os impactos provenientes de resistências organizacionais e a implantação controladoria pode ser incluída neste contexto. Para estudar o fenômeno de resistência, foi escolhido o modelo oferecido por Wilson, Roehl-Anderson, e Bragg (1999) que apontam para as seguintes variáveis: histórias implementadas, existência de projetos competitivos, grau de perturbação, custo da falha, falta de apoio, falta de motivação, falta de clareza na visão e risco de mudança organizacional. Os procedimentos metodológicos deste trabalho utilizam do método dedutivo e da tipologia de pesquisa do tipo exploratória. Para a operacionalização dos conceitos estudados foi escolhido o método de estudos multicasos. Foram entrevistados os controllers de cinco empresas pernambucanas e suas respostas foram trianguladas com os respectivos representantes de outros departamentos. Os resultados mostram diferentes formas de resistências incidentes sobre as empresas, pois em três empresas foram verificados baixos níveis de resistência e nas outras duas houveram altas avaliações. Ficou evidente que as empresas que terceirizam algumas funções como orçamento, planejamento estratégico e avaliação de resultado e que tem foco tributário tendem a não sofrerem do fenômeno da resistência. Foi destacada a relevância de três fatores de resistência: grau de perturbação (encontrada em todas as empresas e ocorre devido às atividades de auditoria ou emissão de normas), histórias implementadas (Está ligada à conjuntura da empresa e a alterações nos sistemas de informação) e custo da falha (refere-se à custos de oportunidades ligados às atividades da controladoria). Também ficou relatado que a resistência não é apenas um fenômeno ruim para as entidades, pois alguns autores à vêem como um processo moderador das mudanças. Palavraschave: Controladoria, controller, resistência às mudanças, fatores de Resistência

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ABSTRACT

The referred research has the objective of studying the controllers perception and othersmanagers about the existent resistance in the implantation of the unit administrative called the controllership. The companies are submerged in changes to macroeconomic level, and these end up leading to the innovations to organizational level. All theses alterations end up demanding new managerial practices and this way, the controllership is the responsible organ for this process. A mission of the companies is to minimize the coming impacts of organizational resistances and the controllership implantation can be included in this context. To study the resistance phenomenon, it was chosen the model offered by Wilson, Roehl-Anderson, and Bragg (1999) that points out for the following variables: implemented stories, existence of competitive projects, disturbance degree, fail cost, lack of support, lack of motivation, lack of vision clarity and risk of organizational change. The methodological procedures of this work use of the deductive method and of the research typology of the exploratory type. To execute the concepts studied it was chosen the method of multi cases studies. Controllers of five companies from Pernambuco were interviewed and their answers were triangular with the respective representatives of other departments. The results show different forms of incident resistances on the companies, because in three companies low resistance levels were identified and in the other two ones there were high evaluations. it was evident that the companies that transfer some functions as budget, strategic planning and result evaluation and those that have tributary focus tend not to suffer of the phenomenon resistance. It was outstanding the relevance of three resistance factors: disturbance degree (found in all the companies and it happens due to the audit activities or emission of norms), implemented stories (it is linked to the conjuncture of the company and alterations in the systems of information) and fail cost (it refers to opportunities costs linked to the controllership activities). It was also told that the resistance is not just a bad phenomenon for the entities, because some authors see it as a moderator process of the changes. Keywords: Controllership, controller, resistance to the changes, resistance factors

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BR-GAAP Generally Accepted Accounting Principles in Brazil

ERP Enterprise Resource Programming

IFRS International Financial Reporting Standards

J-SOX Japanese Sarbanes Oxley

SAP Structural Analysis Program

TI Tecnologia da Informação

US-GAAP Generally Accepted Accounting Principles in the United States

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Típica estrutura organizacional de contabilidade 36 Figura 02 Modelo das conseqüências do conhecimento contábil 47 Figura 03 Organograma de EMPRESA A 77 Figura 04 Organograma de Controladoria da EMPRESA A 77 Figura 05 Fontes de resistência sobre projetos da controladoria da EMPRESA A 83 Figura 06 Organograma Geral da “EMPRESA B” 91 Figura 07 Organograma da Controladoria da EMPRESA B 92 Figura 08 Demonstração do calendário 4-4-5 94 Figura 09 Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria

da EMPRESA B 99

Figura 10 Organograma geral da EMPRESA C 106

Figura 11 Organograma da controladoria da EMPRESA C 107 Figura 12 Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria

da EMPRESA C 110

Figura 13 Funcionamento do centro de distribuição da EMPRESA D . 115

Figura 14 Posição da controladoria da EMPRESA D em face ao organograma geral da empresa

118

Figura 15 Organograma da controladoria da EMPRESA D 119

Figura 16 Funções da controladoria da EMPRESA D 120 Figura 17 Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria da

EMPRESA D 125

Figura 18 Áreas de atuação da EMPRESA E 132

Figura 19 Organograma Sintético da EMPRESA E 134 Figura 20 Organograma da controladoria da EMPRESA E 135 Figura 21 Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria

da EMPRESA E 140

Figura 22 resumo análise de resistência da EMPRESA A 159

Figura 23 resumo análise de resistência da EMPRESA B 159 Figura 24 resumo análise de resistência da EMPRESA C 160 Figura 25 resumo análise de resistência da EMPRESA D 160 Figura 26 resumo análise de resistência da EMPRESA E 161

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LISTA DE TABELAS

Quadro 01 Fontes de resistência 21 Quadro 02 Objetivos da controladoria 35 Quadro 03 Posições de autores quanto à classificação da controladoria como órgão

de staff ou órgão de linha 38

Quadro 04 Posição hierárquica da controladoria segundo dissertações defendidas 39 Quadro 05 Posição hierárquica da controladoria segundo teses defendidas 39 Quadro 06 Classificação das unidades organizacionais em órgão de linha ou de

staff 40

Quadro 07 Funções da controladoria 42

Quadro 08 Funções da controladoria 42 Quadro 09 Funções da controladoria 42 Quadro 10 Competência de controllers por nível de gerenciamento 46 Quadro 11 Variáveis representativas das áreas de atuação em tecnologia da

informação 48

Quadro 12 Papel da controller no planejamento estratégico 49 Quadro 13 Matriz de autores de fontes de resistências defendidas 61 Quadro 14 Outras fontes de resistência 62

Quadro 15 Demonstrativo dos artifícios de validação e confiabilidade utilizados na pesquisa

74

Quadro 16 Ficha técnica da EMPRESA A 76 Quadro 17 Ficha técnica da EMPRESA B 90 Quadro 18 Ficha técnica da EMPRESA C 105 Quadro 19 Ficha técnica da EMPRESA D 117 Quadro 20 Ficha Técnica da EMPRESA E 133 Quadro 21 Avaliação de resistência provida do controller 145 Quadro 22 Quadro resumo das funções desempenhadas pela EMPRESA Em

estudo 146

Quadro 23 Quadro resumo das quantidades de funções desempenhadas pelas empresas estudadas

147

Quadro 24 Quadro de funções típicas da controladoria atribuídas a outros departamentos

149

Quadro 25 Quadro comparativo das principais fontes de resistência com sua avaliação de resistência

149

Quadro 26 Quadro comparativo entre o número de empregados e sua avaliação de resistência

150

Quadro 27 Quadro comparativo entre o faturamento bruto e sua avaliação de resistência

151

Quadro 28 Quadro comparativo entre a nacionalidade da investidora e sua avaliação de resistência

152

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Quadro 29 Quadro comparativo entre a natureza jurídica e sua avaliação de resistência

153

Quadro 30 Quadro comparativo entre o tempo de fundação da controladoria e sua avaliação de resistência

154

Quadro 31 Quadro comparativo entre alterações de profissionais no cargo de controller

155

Quadro 32 Matriz fontes de resistência x empresas estudadas 156 Quadro 33 Quadro comparativo dos principais argumentos para a fonte de

resistência 156

Quadro 34 Quadro comparativo dos principais argumentos para a fonte de resistência

157

Quadro 35 Quadro comparativo dos principais argumentos para a fonte de resistência

158

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 15

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................. 15

1.2. CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................... 18

1.3. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 20

1.3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................... 20

1.3.2. Objetivos específicos ..................................................................................................... 20

1.4. HIPÓTESES .......................................................................................................................... 20

1.5. RELEVÂNCIA DO ESTUDO .............................................................................................. 21

1.6. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................ 22

2. CONTABILIDADE E COMPORTAMENTO ............................................................................. 23

2.1. Abordagem comportamental em contabilidade ..................................................................... 23

2.1.1. Teorias da motivação .................................................................................................... 25

2.1.2. Temáticas em contabilidade comportamental ............................................................... 28

3. CONTROLADORIA: UNIDADE ADMINISTRATIVA ............................................................. 32

3.1. Objeto, missão e objetivos da controladoria ......................................................................... 34

3.2. Estrutura organizacional da controladoria ............................................................................. 35

3.3. Funções da Controladoria ...................................................................................................... 40

3.4. Implantação de uma estrutura de controladoria .................................................................... 43

3.5. O Controller .......................................................................................................................... 44

4. MUDANÇA ORGANIZACIONAL E RESISTÊNCIAS ÀS MUDANÇAS ............................... 51

4.1. Revisão de estudos correlatos ............................................................................................... 51

4.2. Mudança organizacional ....................................................................................................... 57

4.3. Origens de Inovações contábeis ............................................................................................ 59

4.4. Resistência às mudanças ....................................................................................................... 60

4.4.1. Resistência às mudanças através dos constructos de Wilson, Roehl- Anderson e Bragg 64

5. PROCEDER METODOLÓGICO ................................................................................................. 67

5.1. Delineamento da pesquisa e método ..................................................................................... 67

5.2. O estudo multicaso ................................................................................................................ 68

5.2.1. Seleção dos objetos de estudo ....................................................................................... 68

5.2.2. Do objeto do estudo multicaso ...................................................................................... 69

5.2.3. Protocolo do estudo multicaso ...................................................................................... 70

5.2.4. Condução do estudo de caso ......................................................................................... 70

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5.2.5. Das métricas utilizadas no processamento das entrevistas ............................................ 72

5.2.6. Análise das evidências do estudo de caso ..................................................................... 72

5.2.7. Validação e confiabilidade da pesquisa ......................................................................... 73

6. ESTUDOS MULTICASOS .......................................................................................................... 75

6.1. Primeiro estudo de caso – Empresa A ................................................................................... 75

6.1.1. A empresa ...................................................................................................................... 75

6.1.2. A controladoria .............................................................................................................. 76

6.1.3. Outras informações relevantes sobre a controladoria .................................................... 80

6.1.4. O controller ................................................................................................................... 80

6.1.5. As resistências relatadas ................................................................................................ 81

6.1.6. Fontes de resistência ...................................................................................................... 82

6.1.7. Triangulação .................................................................................................................. 86

6.1.8. Análise individualizada da EMPRESA A ..................................................................... 86

6.2. Segundo estudo de caso – Empresa B ................................................................................... 89

6.2.1. A empresa ...................................................................................................................... 89

6.2.2. A controladoria .............................................................................................................. 91

6.2.3. Outras informações sobre a controladoria ..................................................................... 96

6.2.4. O controller ................................................................................................................... 97

6.2.5. As resistências relatadas ................................................................................................ 97

6.2.6. Fontes de resistência ...................................................................................................... 99

6.2.7. Triangulação ................................................................................................................ 102

6.2.8. Análise individualizada das fontes de resistência ....................................................... 102

6.3. Terceiro estudo de caso – EMPRESA C ............................................................................. 104

6.3.1. A empresa .................................................................................................................... 104

6.3.2. A controladoria ............................................................................................................ 105

6.3.3. Outras informações relevantes sobre a controladoria .................................................. 109

6.3.4. O controller ................................................................................................................. 109

6.3.5. As resistências relatadas .............................................................................................. 110

6.3.6. Análise das fontes de resistência ................................................................................. 110

6.3.7. Triangulação ................................................................................................................ 113

6.3.8. Análise individualizada das fontes de resistência da EMPRESA C ............................ 113

6.4. Quarto Estudo de caso - EMPRESA D ............................................................................... 115

6.4.1. A empresa .................................................................................................................... 115

6.4.2. A controladoria ............................................................................................................ 117

6.4.3. O controller ................................................................................................................. 123

6.4.4. Outras informações relevantes sobre a controladoria .................................................. 123

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6.4.5. As resistências relatadas .............................................................................................. 124

6.4.6. Triangulação ................................................................................................................ 129

6.4.7. Análise individualizada das resistências à controladoria da EMPRESA D ................ 130

6.5. Quinto estudo de caso – EMPRESA E ................................................................................ 132

6.5.1. A empresa .................................................................................................................... 132

6.5.2. A controladoria ............................................................................................................ 134

6.5.3. Outras informações relevantes sobre a controladoria .................................................. 138

6.5.4. O Controller................................................................................................................. 139

6.5.5. Resistências relatadas .................................................................................................. 139

6.5.6. Fontes de resistência .................................................................................................... 141

6.5.7. Triangulação ................................................................................................................ 144

6.5.8. Análise individualizada das resistências ao funcionamento da controladoria ............. 145

7. Análise global dos resultados apresentados ................................................................................ 146

7.1. Quanto às funções desempenhadas pela controladoria ....................................................... 146

7.2. Quanto às principais atividades sujeitas à resistência ......................................................... 150

7.3. Quanto ao número de empregados ...................................................................................... 151

7.4. Quanto o valor do faturamento bruto .................................................................................. 152

7.5. Quanto à nacionalidade do capital aplicado ........................................................................ 153

7.6. Quanto à natureza Jurídica .................................................................................................. 154

7.7. Quanto ao tempo de fundação da controladoria .................................................................. 155

7.8. Quanto à quantidade de profissionais que já passaram pelo cargo de controller ................ 156

7.9. Avaliação global das fontes de resistência .......................................................................... 156

7.10. . Resumo dos principais dados extraídos no estudo multicasos ...................................... 160

8. CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 163

9. RECOMENDAÇÃO PARA FUTURAS PESQUISAS .............................................................. 165

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 166

APÊNDICES ....................................................................................................................................... 173

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente trabalho tem o objetivo de analisar, junto às empresas pernambucanas, a

percepção de controllers e de integrantes de departamentos como o de recursos humanos,

produção, vendas e suprimentos sobre as fontes de resistência na implantação de uma

estrutura de controladoria.

Para iniciar o estudo, é oportuno evidenciar cenários nos quais as empresas estão

inseridas e um ponto importante neste processo é o reconhecimento da força, econômica e

social, das mudanças mundiais como uma presença constante. Galvão (2007) descreve que os

eventos ocorridos nas últimas décadas afetaram significativamente a economia, exemplo disto

são as alterações no preço do petróleo e das taxas de juros. Estas transformações não ocorrem

apenas em termos de fatos econômicos, mas também com variáveis tecnológicas, sociais e

ecológicas.

Dentro deste cenário, o perfil de uma organização vem se transformando. A história já

mostrou um movimento em que os empreendimentos eram influenciados pelo avanço

tecnológico e que este seria o fator crítico para a sobrevivência das entidades. Contudo, em

uma história mais recente, é verificada a ascensão de empresas da informação, onde o capital

humano e prestação de serviços aparecem como fatores de vantagem competitiva. Os

referidos fenômenos afetam de forma significativa a forma em que uma empresa é gerida e

avaliada.

Cada vez mais outras variáveis, internas ou externas, passam a afetar a vida na

administração de uma empresa moderna. Martins (2001) afirma que no contexto atual, as

transformações estão ocorrendo com muita velocidade, sendo estas materializadas sob a

forma de Joint-Ventures, abertura de mercados, fusões, privatizações, criação de mercados

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comuns. Observando sob esta ótica, as empresas operam imersas em relações como novas

tecnologias e valores sociais, lucratividade e níveis de satisfação de empregados, concorrência

e a busca de vantagens competitivas, produção de informação e decisões hábeis. Ainda nesta

temática, Martin (2002. p.8) afirma que “quanto maior for a complexidade de um ambiente,

maior será o número de fatores ou variáveis independentes que, no mundo real, estarão

influenciando de forma essencial o estado final das variáveis resultantes”.

De acordo com Emsley, Nevicky e Harrison (2006) para uma empresa manter sua

competitividade, deve estar sempre se adaptando as mudanças. Chenhall e Langfield-Smith

apud Emsley, Nevicky e Harrison (op. cit.) ainda disserta que inovações a nível

organizacional podem conduzir às mudanças na contabilidade gerencial de modo que as

informações geradas por esta possam satisfazer a evolução das necessidades dos

colaboradores. Assim esta citação atenta para uma realidade que é o surgimento de novas

operações empresariais e sua necessidade de controle contábil específico. As empresas

evoluíram seus mecanismos produtivos de forma que novas demandas por sistemas de custos

foram criadas, haja vista que passou a se trabalhar com derivativos, operações de hedge, o que

exige novas óticas de análise.

É mister conceber que as práticas em contabilidade gerencial também evoluem, sendo

isto reflexo do ambiente organizacional. Esta proposição é fundamentada nas palavras de

Wilson, Roehl-Anderson, e Bragg (1999), pois as múltiplas mudanças no mundo dos negócios

têm alterado o papel da função contábil. Esta evolução é notória quando se analisa a produção

científica mundial e verificam-se novas técnicas, métodos, teorias. Isto é corroborado por

Thrane (2008), o qual afirma que a teoria e a prática da contabilidade gerencial vêm se

deslocando para novos domínios e as dimensões da administração, sendo isto proporcionado

por uma série de invenções em tecnologias de gestão como conseqüência de novas prioridades

e agendas empresariais.

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As variáveis influentes nas organizações exigem concentração de esforços no contínuo

aperfeiçoamento da estrutura empresarial e na eliminação de desperdícios. Para este desafio a

controladoria torna-se um órgão relevante. Neste sentido Piai (2000), cita que a controladoria

contribui para o alcance de vantagem competitiva, identificação de oportunidades macro

ambientais e dissemina o conhecimento, modelagem e gestão dos sistemas de informações. Já

Borineli (2006) destaca o papel da controladoria no referido processo pelo fato de garantir

informações tempestivas e úteis para o caminho rumo ao alcance da visão empresarial.

Paralelamente com a evolução da doutrina contábil, também é verificada uma tendência

crescente em estudos relacionados com mudança organizacional e comportamento voltado à

contabilidade. O advento dos estudos comportamentais em contabilidade trouxe novas óticas

ao analisar uma empresa. Bastos (2002) ressalta o direcionamento atual dos estudos

organizacionais, em que a pesquisa observa as organizações como um fenômeno processual

que envolve pessoas, grupos, redes sociais, cognições gerenciais e processos decisórios.

Com isso as mudanças em nível macro causam impacto nas organizações que por sua

vez alteram o papel da contabilidade gerencial. Concebendo a controladoria como a gestora

do sistema de informações contábil-gerenciais, observa-se que este setor está sujeito a todos

os fenômenos destacados nos parágrafos anteriores.

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1.2. CARACTERIZAÇÃO E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Relativo à instauração de uma unidade administrativa da controladoria, Martin (2002, p.

25) faz uma indagação oportuna: “Porque, a não ser numa empresa especializada em auditoria

ou planificação tributária, se daria oportunidade a um expert em demonstrativos financeiros

para fins fiscais de fazer parte da equipe de Direção?”. O referido autor ainda relata que as

posturas, percepções, o excesso de foco fiscal é uma característica majoritária no meio dos

contadores e que isto limita sua aceitação no processo de gestão. A imagem, descrita na

citação anterior, atrelada ao contador provoca uma reflexão de como os integrantes vêem este

profissional no processo de gestão da empresa e como um departamento denominado de

controladoria se institucionaliza. Desta forma, o sucesso na instauração de uma estrutura de

controladoria vai muito além da sua existência como uma estrutura física, e para isto é

necessário o comprometimento de toda a rede de funcionários, pois de acordo com Sales e

Silva (2007, p. 3) o grande desafio das organizações é “evitar maiores impactos na

implementação de mudanças e transformações, dado que a resistência tem se tornado uma

ameaça ao sucesso na gestão das mudanças”. Seguindo esta linha de raciocínio, Agbejule

(2006) afirma que toda implantação de uma nova estrutura terá sucesso apenas se tiverem

concretizado algumas etapas como iniciação do processo, adoção do projeto pelos

colaboradores, procura por falhas, aceitação do projeto, transformar a mudança em rotinas

pessoais e alinhamento do projeto com os objetivos da empresa.

De acordo com Müller e Beuren (2008, p.1), “a instituição de novas normas, tanto no

ambiente interno quanto no ambiente externo da controladoria, afeta as crenças e valores da

organização”. E por isto, ao se tomar a decisão de implantar um departamento de

controladoria, de acordo com Piai (op. cit.), as entidades encontram algumas dificuldades

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como problemas na política de recursos, deficiências dos sistemas tradicionais de custeio e de

mensuração dos resultados, conceitos fracos de mensuração de resultados.

Quando gestores adicionam alguma mudança na empresa, as pessoas tendem a resistir, e

isto é motivado por fatores como medo das consequências, o custo que uma falha pode causar

e muitas outras variáveis. Sabendo que a literatura fornece diversos conceitos que explicam a

resistência a mudanças, sendo eles em nível individual como “dependência”, “razões

econômicas”, “grau de perturbação”, ou a nível organizacional que pode ser representado por

“recursos limitados”, “existência de projetos competitivos” o presente trabalho estuda estes

conceitos na implantação da controladoria. Partindo do pressuposto de que as resistências

apresentadas no funcionamento de unidades administrativas da controladoria são as mesmas

que motivam impasses na implantação da controladoria, a presente pesquisa é construída com

base no seguinte questionamento:

Quais fontes de resistência reduzem a eficácia em um processo de implantação de

uma unidade administrativa da controladoria, analisado sob a ótica de controllers e

outros gestores de empresas pernambucanas?

Para identificar as fontes de resistências foi utilizado o modelo de Wilson, Roehl-

Anderson e Bragg (op. cit.), que apresentam oito conceitos que identificam fenômenos

decorrentes mudanças nas organizações, e desta forma incluí-se a implantação de uma

controladoria nas organizações, são elas: histórias implementadas, grau de perturbação,

projetos competitivos, custo da falha, falta de apoio, falta de motivação, falta de visão clara e

risco de mudança empresarial. Estes conceitos são abordados no capítulo 04.

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1.3. OBJETIVOS

1.3.1. Objetivo Geral

Analisar junto a integrantes de diversos setores de empresas, quais fontes de resistência

reduzem a eficácia na implantação de uma unidade administrativa de controladoria.

1.3.2. Objetivos específicos

• Avaliar como é o funcionamento, as responsabilidades e a estrutura da unidade

administrativa da controladoria nas empresas estudadas;

• Verificar a percepção de quais setores das empresas apresentam maior resistência à

implantação de uma controladoria;

• Identificar quais fatores de resistência são mais impactantes quando o tema é

implantação de uma controladoria;

• Descrever estratégias e ações lideradas pela controladoria e pela alta direção no intuito

de promover a integração e adesão dos integrantes da empresa a este projeto;

• Avaliar os resultados da implantação apresentados por esta unidade administrativa.

1.4. HIPÓTESES

Com relação à busca de respostas na investigação do processo de como os integrantes

da empresa resistem às mudanças organizacionais relativas a sistemas contábeis, que aqui é

representado pela figura da controladoria, formulou-se a seguinte hipótese.

Hipótese geral: As fontes de resistência estão presentes no processo de explicação do

fenômeno de redução da eficácia da implantação de uma unidade administrativa da

controladoria nas organizações.

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O estudo multicasos analisa se as variáveis de resistências às mudanças citadas no

quadro 1 têm relevância na implantação da controladoria.

Quadro 01 – Fontes de resistências

N Fontes de resistência 1 histórias implementadas 2 existência de projetos competitivos 3 grau de perturbação 4 custo da falha 5 risco de falta de apoio 6 risco de adequação da motivação 7 risco de uma visão não-clara 8 risco de mudança empresarial

Fonte: Wilson, Roehl-Anderson e Bragg (op. cit.)

1.5. RELEVÂNCIA DO ESTUDO

No atual cenário pernambucano são encontradas empresas com departamentos de

controladoria já estruturados e consolidados, também são verificadas empresas das quais há

história recente em termos de controladoria e outras nas quais ocorreu a extinção desta

unidade administrativa (Estas informações foram extraídas durante o processo de seleção das

unidades de estudo de caso). Portanto, torna esta investigação relevante, a atual situação desta

unidade no descrito.

Uma importante contribuição que este trabalho pode ofertar é o estabelecimento de

parâmetros sinalizadores de resistências à implantação de um departamento de controladoria.

As conclusões dos estudos mutlicasos, podem ser utilizadas para a elaboração de estratégias

na implantação de métodos, técnicas ou uma estrutura de controladoria.

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Justifica-se tal temática por sua escassez na produção científica nacional, uma vez que o

tema contabilidade e comportamento é pouco encontrado nos periódicos nacionais.

1.6. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Foram entrevistados controllers, gerentes da contabilidade, recursos humanos,

comercial, suprimentos, produção, tecnologia da informação e donos de centros de

distribuição, que representaram cinco grandes empresas localizadas na região metropolitana

do Recife/PE.

O período em que as percepções foram extraídas refere-se ao período de

Dezembro/2008 à Fevereiro/2009.

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2. CONTABILIDADE E COMPORTAMENTO

2.1. Abordagem comportamental em contabilidade

A literatura aponta a contabilidade como uma área impactante sobre a vida das pessoas

nas organizações. Sobre este aspecto Yayla, Kirkbir e Genziz (2007) destacam que

empregados da contabilidade tornaram-se peças fundamentais na adição de valor às

organizações devido ao seu potencial de colaboração em diretivas comportamentais.

Para da significado aos fenômenos contábeis a contabilidade necessita do envolvimento

com teorias comportamentais, da psicologia e sociologia. Assim, Williams, Jenkins e

Ingraham (op. cit.) relatam que os conflitos existentes nas ciências sociais são implicantes no

universo contábil. Da forma mais abrangente, Potter (2005) disserta que a aplicação das

práticas contábeis dentro das organizações não tem apenas implicações sobre o desempenho

dos indivíduos e das organizações, mas também da sociedade como um todo.

Contribuindo para o tema, Williams, Jenkins e Ingraham (op. cit.) descrevem que a

contabilidade é uma prática, uma atividade construída por valores e intenções humanas. A

informação contábil tem como foco a tomada de decisão, contudo esta está envolvida em

aspectos intrínsecos dos indivíduos. Quanto a este aspecto, Srivastava e Mock (2000)

ressaltam que a tomada de decisão humana é um processo complexo e isto é agravado quando

envolve situações em que significantes ambiguidades existem.

Teóricos apontam para alguns marcos que demonstram o início do estudo de

comportamento e contabilidade. Para Birnberg, Luft e Shields (2007), o trabalho seminal, que

unia psicologia e contabilidade, se reporta ao ano de 1952 com Chris Argyris. O trabalho de

Chris Argyris tinha o objetivo de investigar como o orçamento influencia o pensamento e o

comportamento dos empregados. Na década de 60, encontra-se o teórico Andrew C. Stedry

que também estuda o conceito do orçamento, só que com uma ótica deferente, a qual busca

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entender a relação existente entre as dificuldades no alcance dos objetivos orçamentários e a

performance individual. A partir de 1970, inicia o estudo da teoria da psicologia cognitiva em

contabilidade, tendo como alicerce a busca de respostas de como os indivíduos processam a

informação contábil, fazem julgamentos e tomam decisões com base nestas. Barefield´s foi,

segundo Birnberg, Luft e Shields (op. cit.), o precursor nesta temática e pesquisou sobre a

relevância da variância dos custos sobre o julgamento dos usuários.

A literatura contábil passou a perceber tais correntes de forma que, segundo Williams,

Jenkins e Ingraham (op. cit.), nos últimos 20 anos são verificados uma crescente qualitativa e

quantitativa de pesquisas que uniam psicologia, sociologia e contabilidade. Nascimento,

Ribeiro e Juqueira (2008) realizaram uma pesquisa que descrevem e caracterizam a pesquisa

em comportamento em contabilidade gerencial e nesta foi verificado que 83% dos autores

desta área estão concentrados nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Reino Unido. A

mesma pesquisa aponta os principais nomes desta corrente: Geoffrey Sprinkel, Chee Chow,

Anne Wu, Peter Luckett. Quando se estuda contabilidade e comportamento podem-se

encontrar pesquisas que levam em conta o comportamento dos colaboradores da empresa em

face ao orçamento, à relação resultados contábeis e motivação, à questão do julgamento em

contabilidade ou à implicância de fenômenos de resistência à criação de alguma estrutura

contábil.

A utilização das abordagens, citadas nos parágrafos anteriores, deram oportunidade para

a criação de um ramo de estudo chamado de “contabilidade e comportamento”. Assim,

Srivastava e Mock (op. cit.) caracterizam que a pesquisa em contabilidade comportamental

trata com um complexo conjunto de fenômenos que incluem o domínio da tomadas de decisão

humana em ambientes de incerteza. Segundo Riahi-Belkaoui (2002), a contabilidade

comportamental é definida como o estudo do comportamento e de seus contextos criados pela

produção de informação contábil-gerencial para aproveitamentos dos tomadores de decisão

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internos às entidades. Estas definições focam na vinculação dos efeitos comportamentais

proporcionados pelo uso e produção da informação contábil. Outro grupo de autores tenta

mostrar a ligação da contabilidade com ciências da psicologia e sociologia e exemplo disto

ocorre quando Williams, Jenkins e Ingraham (op.cit.) afirmam que a abordagem

comportamental em contabilidade é composta pelo uso de teorias, adotadas pelas ciências do

comportamento, para explicar fenômenos contábeis ou fornecer soluções para problemas das

práticas das entidades e que é composta de constituições históricas proporcionadas por

métodos e premissas de ciências sociais como psicologia e sociologia. Outros autores com

Birnberg, Luft e Shields (op. cit.) dão maior ênfase às teorias da psicologia, uma vez que

afirmam que embora outras teorias das ciências sociais possam ser usadas para explicar o

comportamento dos indivíduos nas organizações, a psicologia difere na medida em que foca

no indivíduo ao invés de fenômenos sociais e organizacionais.

2.1.1. Teorias da motivação

Como a temática do trabalho versa sobre a resistência ao funcionamento da unidade

administrativa da controladoria, que neste estudo engloba a contabilidade, Riahi-Belkaoui (op.

cit.), ressalta a importância das teorias da motivação para a contabilidade comportamental.

Para Riahi-Belkaoui (op. cit.), a motivação é composta de necessidades individuais ou

comportamentos que conduzem os indivíduos a agir de determinada maneira. Desta forma, a

teoria motivacional tem o papel de estudar como o comportamento dos indivíduos se inicia,

alimenta, mantém, direciona e encerra.

Tomando ciência das teorias da motivação, a controladoria deve tomar atenção em fatos

ligados ao comportamento dos integrantes da empresa, uma vez que benefícios a empregados

influem no desempenho geral da empresa, que os conhecimentos das habilidades de

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funcionários são fundamentais para reengenharia de processos que tem impacto no

patrimônio, e que o entendimento do comportamento do consumidor é base na projeção de

resultados e decisões de investimentos.

Riahi-Belkaoui (op. cit) cita algumas teorias relevantes nesta área:

I. TEORIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW: Criada por Abraham Maslow,

esta teoria é fundamentada no princípio de que os seres humanos possuem uma hierarquia de

necessidades. Esta construção teórica tem fundamentação em que, conforme Bueno (2002, p.

9), “a motivação é o caminho para a satisfação da necessidade dominante”. A teoria das

necessidades define que a motivação determina o comportamento dos indivíduos, de modo

que se um indivíduo está com sede, então ele é motivado a beber algo, se estiver com fome,

ele deverá comer, porém quando estas necessidades estiverem satisfeitas, estas não

determinaram mais o seu comportamento. Maslow propôs os seguintes conceitos:

Necessidades fisiológicas, para Sampaio (2004,p.66), correspondem à “noção de impulsos,

acrescida da noção de homeostase de Cannon e a idéia de apetites”. Está ligada a sensações de

fome, sede, e outras necessidades básicas; A necessidade de segurança tem relação com a

necessidade de estabilidade e mostra a idéia de proteção quando se está em seu lar, quando se

tem um emprego estável e outras seguranças que envolvem religião e ciência; As

necessidades sociais, que correspondem à vontade das pessoas de se relacionarem, criarem

vínculos de amizades, e se apaixonar; Necessidade de autoestima: Esta necessidade está

ligada tanto ao reconhecimento das suas capacidades tanto por si quanto por terceiros; a

Necessidade de autorrealização: Regis e Porto (2006, p. 556) definem esta necessidade

como a “utilização plena das potencialidades, de capacidade e da existência de ideologias”.

Este conceito é considerado o mais alto nível das necessidades de Maslow e simboliza a

realização integral do indivíduo.

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II. TEORIA DOS DOIS FATORES: Bueno (op. cit) declara que esta teoria tem como

mentor Frederick Herzberg, o qual teoria afirma que a satisfação está restrita ao atendimento

das necessidades mais complexas como autoestima e autorealização e que dois fatores afetam

o estado do trabalho: fatores motivadores (ou fatores satisfacentes) e fatores higiênicos

(fatores insatisfacentes). Os motivadores estão relacionados com a natureza do trabalho, como

reconhecimento, responsabilidade e etc. Já os fatores higiênicos são aqueles que impedem a

insatisfação e estão relacionados com o contexto geral do trabalho, como segurança no

trabalho, salários, relações interpessoais. Bueno (op. cit.) afirma que o enriquecimento das

tarefas é a única forma de fazer um indivíduo motivado em seu ambiente de trabalho. O

enriquecimento das tarefas é composto de algumas práticas administrativas tais como eliminar

alguns controles para que o funcionário se sinta com responsabilidades e se autorrealize ou

oferecer a um empregado tarefas mais complexas com o intuito de proporcionar

desenvolvimento e aprendizagem.

III. TEORIA DA EXPECTATIVA: Esta teoria tenta descrever como o

comportamento é iniciado, mantido e encerrado. Estes conceitos são oriundos de trabalhos

construídos por K. Lewin e V. H. Vroom. Para Oliver (1974), a Teoria da Expectativa aponta

que os seres humanos desenvolvem expectativas cognitivas quanto aos resultados gerados por

seu comportamento e consequentemente agem de forma que as projeções tenham uma

probabilidade de ocorrência. A contribuição principal desta teoria é afirmar que os indivíduos

escolhem um determinado comportamento através da expectativa dos resultados e das

recompensas que este gerará.

IV. TEORIA DA REALIZAÇÃO: Criada através de estudos de McClelland e

Atkinson, a teoria em destaque é focada no desejo dos indivíduos em adotar “comportamento

orientado para a realização”. Neste tipo de comportamento, os indivíduos assumem

responsabilidades por seus atos, procuram desafios e analisam os riscos de suas ações. Para

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estes autores a realização de um indivíduo não debruça apenas na aquisição de dinheiro, mas

está centrada em três necessidades: necessidade de realização é definida por Sampaio (op.

cit., p.99) como “o desejo de fazer alguma coisa melhor ou de forma mais eficiente do que já

foi feita”. Esta necessidade é satisfeita quando um indivíduo realiza alguma tarefa e observa

que o sucesso geral da empresa foi uma função de sua atuação. Quanto à necessidade de

poder, esta pode ser analisada por vários sentimentos como a necessidade de se sentir

poderoso, de acumular coisas, de impactar na vida alheia, ser levado a fazer o seu trabalho. A

necessidade de afiliação refere-se ao desejo dos colaboradores de sentirem reciprocidade em

termos de aceitação e afeto, de construírem amizades com confiança, e a preferência da

cooperação ao invés da competição.

Como este trabalho tem foco na implantação da controladoria, e neste processo estão

envolvidos muitos colaboradores, as teorias da motivação apresentam conceitos e estratégias

para o auxílio da questão. A atividade da controladoria está associada com a motivação dos

empregados e o entendimento das necessidades humanas.

2.1.2. Temáticas em contabilidade comportamental

Nas seções posteriores estão dispostos alguns temas que ensejam esforços científicos

para a resolução de problemas da prática empresarial e contábil relacionadas ao

comportamento.

A primeira temática em destaque é chamada de Relativismo linguístico em

contabilidade. Uma linguagem é composta de símbolos e uma gramática. Os símbolos são

objetos utilizados para externar conceitos específicos, já as regras gramaticais são arranjos

sintáticos utilizados por uma linguagem. Os símbolos em contabilidade são representados por

numerais, palavras, débitos e créditos, já as regras gramaticais são os conjuntos de

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procedimentos utilizados na elaboração das demonstrações financeiras. Desta forma, se for

assumido estas características citadas, a contabilidade deve ser conceituada como uma

linguagem, um mecanismo de comunicação de fatos empresariais.

Uma teoria importante nesta temática é hipótese de Sapir-Whorf. O núcleo desta

abordagem afirma que a linguagem é um determinante do pensamento. Desta forma, os

processos cognitivos são organizados de acordo com a sua estrutura gramatical e

características léxicas.

A tese sócio-lingüística em contabilidade também forma a base conceitual do

relativismo lingüístico em contabilidade gerencial. Em conformidade com esta tese, as

relações sociais têm forte ligação com os sistemas de linguagem, de forma que diferentes

configurações de redes sociais sugerem sistemas linguísticos específicos. Outro tema

encontrado na pesquisa, o relativismo cultural em contabilidade gerencial, resulta na

hipótese de que pessoas com diferentes culturas constroem e/ou usam diferentes conceitos e

práticas contábeis. Geertz apud Kosmala (2007), teórico de referência no conceito macro de

cultura, explica este constructo como padrões históricos transmitidos através de símbolos e

que é expresso no modo pelo qual as pessoas se comunicam, perpetuam e desenvolvem seus

conhecimentos e atitudes sobre a vida. Hofstede apud O´Connor (1995), teórico referência em

cultura organizacional, define este conceito como um conjunto de parâmetros coletivos que

distinguem um grupo de pessoas de outros em termos de valores e regras, e são estes valores e

normas que as pessoas compartilham com outros membros de sua nação, região ou grupo.

Cultura relaciona-se com as personalidades, o modo das pessoas se expressarem, se moverem,

pensarem, resolverem problemas e é ligada a fatos cotidianos como o funcionamento do

sistema de transporte local, sistemas de governo ou forma de condução da economia. Um

exemplo claro de como a cultura afeta a estrutura organizacional é que em sociedades com a

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cultura machista o sistema de remuneração é afetado, tendo homens recebendo mais que

mulheres.

O relativismo cognitivo em contabilidade pode contextualizado, de acordo com.

Riahi-Belkaoui (op. cit.), com a seguinte indagação: o que acontece quando pessoas tomam

decisões sobre um fenômeno contábil, sob pressão, restrições, perigos e oportunidades? Para

responder a esta questão, Pontes Neto (2006, p. 121) afirma que “ao adquirir um novo

conteúdo, as pessoas necessitam assimilar este conteúdo aos conceitos já aprendidos

(chamados de esquemas por Bartlett)” De acordo com Santana, Dias e Borges (2008), os

esquemas são iniciados a partir de experiências com o ambiente, e estes determinam como

certos indivíduos passam a se organizar de maneiras específicas. O conceito de esquema,

proposto por Bartlett, refere-se à organização de reações e experiências operacionalizadas

como uma resposta orgânica. O que move um indivíduo em determinadas direções são os

esquemas montados por cada um, de forma que os conflitos e problemas contábeis pretéritos

são as fontes para resolução de novos acontecimentos. As reações, que ocorrem desde a

percepção do fato contábil até a tomada de decisão, são frutos de um processo natural no qual

o ser humano processa os seus próprios esquemas.

Outro foco relevante no estudo de contabilidade e comportamento humano é a

abordagem contingencial. Este ramo estuda como os sistemas contábeis se comportam em

face de contingências, tais como os impactos da tecnologia, da estrutura organizacional e do

ambiente.

De acordo com Gerdin e Greve (2004), a teoria contingencial relata que as organizações

estruturadas estão subordinadas a fatores como ambiente, estratégia e tamanho. Para Otley

apud Hartmann e Moers (1999), a teoria contingencial deve identificar e confrontar aspectos

específicos de um sistema contábil que estão associados a determinadas circunstâncias

contingenciais. Assim, estudos sobre o impacto de variáveis estruturais das organizações,

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sobre a eficiência do design dos sistemas contábeis ou a confrontação entre os sistemas de

informações com conceitos macro-organizacionais e estilos pessoais de decisão são exemplos

de abordagens contingenciais em contabilidade.

Outro conceito que traz um grande número de pesquisas em contabilidade

comportamental é a folga orçamentária. Antes de se trabalhar este conceito, é importante

fazer uma definição do que vem a ser uma folga, e para isto Van der Stede (2000) define-a

como recursos e esforços, através das atividades, que não podem ser justificadas em termos de

imediata contribuição para os objetivos organizacionais. A folga orçamentária como tem

relação com a distorção da informação contábil, o que ocasiona uma subavaliação das receitas

e superavaliação dos seus custos. Para Nouri e Parker (1998) a folga orçamentária é

caracterizada por excedentes de recursos orçados e pelos vieses embutidos nas premissas

orçamentárias. Var der Sted (op. cit.) afirma que a folga orçamentária é um mecanismo de

defesa utilizado por gestores, que possuem o orçamento como ponto forte da gestão, contra o

potencial de ocorrência de “downsizes” na empresa.

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3. CONTROLADORIA: UNIDADE ADMINISTRATIVA

O conceito de controladoria é analisado sob duas óticas, como um ramo do

conhecimento ou como uma unidade administrativa.

Pode-se descrever que um ramo do conhecimento denominado de controladoria consiste

em constructos advindos da contabilidade, administração, e outras ciências afins, que tem

como objeto de estudo todo o processo de gestão das empresas. Para o entendimento da

questão, Catelli (2001, p. 344) define o ramo do conhecimento da controladoria como o

“responsável pelo estabelecimento das bases teóricas e conceituais necessárias para a

modelagem, construção e manutenção de sistemas de informação e modelo de gestão

econômica”. E Borineli (op. cit., p.105) trabalha este conceito como um “conjunto de

conhecimentos que se constituem em bases teóricas e conceituais de ordens operacional,

econômica, financeira e patrimonial, relativas ao processo de gestão organizacional”.

Já com relação à unidade administrativa chamada de controladoria, é oportuno destacar

sua origem histórica. De acordo com Beuren (2002) a unidade administrativa da controladoria

nasceu nos Estados Unidos por volta do século XX e surgiu como uma resposta ao

movimento de verticalização, diversificação e expansão geográfica das organizações. Assim,

Oro (op. cit.) contextualiza os antecedentes que motivaram a evolução da contabilidade à

controladoria, e estes foram descritos desta forma:

a) Com a revolução industrial o primeiro sistema de custos foi inventado.

b) Na criação das estradas de ferro e o telégrafo, no século XIX, houve um movimento

de expansão territorial das empresas;

c) No final do século XIX, houve o surgimento dos conglomerados empresariais;

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d) O início do século XX é marcado pelo advento da administração científica e pelo

intenso desenvolvimento dos mercados financeiros;

Como o problema desta dissertação é focado na unidade administrativa da

controladoria, é útil averiguar como este conceito é difundido junto aos teóricos contábeis.

Sendo assim, Oliveira (1998, p.19) conceitua a controladoria como o órgão “responsável pelo

projeto, elaboração, implementação e manutenção do sistema integrado de informações

operacionais, financeiras e contábeis de uma determinada entidade”. Complementando ao

tema, Beuren, Schilindwein e Pasqual (2007, p. 23) afirmam que “a controladoria representa a

evolução da contabilidade na condição de organizar a demanda de informações dos tomadores

de decisão na organização”. Alguns autores apontam para a vinculação da controladoria com

os sistemas de informações e assim pode-se trazer uma citação de Catelli (op. cit., p.344) o

qual afirma que “É a unidade administrativa que é responsável pela difusão do conhecimento,

modelagem e implantação do sistema de informações” e Garcia (2007, p. 67) “A

controladoria observada sob a ótica de unidade administrativa responsabiliza por manter o

sistema de informações e outras funções”. Sua imagem também é associada ao conceito de

gestão econômica, e sendo assim, Padovese (2004), diz que a controladoria é uma unidade

administrativa dentro da empresa, que através da ciência contábil e do sistema de informação,

é responsável pela coordenação da gestão econômica do sistema empresa.

Borineli (op cit., p. 198) sintetiza e monta uma conceituação, baseada nos principais

teóricos da área contábil, que pode ser verificada a seguir:

Controladoria é o órgão do sistema funcional da organização responsável pelo controle do processo de gestão e pela geração e fornecimento de informações de ordens operacional, econômica, financeira e patrimonial demandadas para assessorar as demais unidades organizacionais durante todo o processo de gestão – planejamento, execução e controle – buscando integrar os esforços dos gestores para que se obtenha um resultado organizacional sinérgico e otimizado, bem como pelos agentes externos que se relacionam com a empresa, para suas tomadas de decisões.

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Em síntese, é o setor da empresa responsável pela contabilidade gerencial, financeira,

fiscal, societária, que tem como apoio o ramo do conhecimento da controladoria, que mantém

o sistema de informações contábeis e auxilia no processo de gestão. Para o desempenhar de

suas funções, a controladoria pode possuir uma estrutura física própria, atua no planejamento

da empresa, fornece informações fiscais, contábeis, econômicas e patrimoniais e modelam o

sistema de informação para que a gestão da empresa seja mais eficaz e transparente.

3.1. Objeto, missão e objetivos da controladoria

Ainda na busca da estrutura conceitual, não existe consenso entre os pesquisadores em

relação ao objeto de estudo da controladoria. Borinelli (op. cit.) define, através de análise

crítica de conceituações de diversos autores contábeis, que o objeto da controladoria é as

organizações, estando incluso neste termo os modelos pelos quais os processos de gestão

empresarial são operacionalizados (Gestão operacional, econômica, financeira, patrimonial), a

necessidade de informação e o modelo de formação de resultado.

Este tópico ainda sugere a definição de temas como missão e objetivos da controladoria.

Como o objeto da controladoria são as organizações sua missão é possibilitar sua

continuidade. Para ser mais específico, Borineli (op. cit., p. 204) a descreve como:

“Zelar pela sobrevivência e continuidade da organização, através de um processo permanente de promoção, coordenação e integração dos esforços de cada uma das partes que formam o todo organizacional, de maneira a assegurar a eficácia e a otimização do resultado econômico da sociedade”

Peters e Ricci (1993) também expõem suas visões sobre a missão da controladoria,

defendendo que esta significa a coordenação de esforços para o alcance de sinergias e que

resulte no alcance da missão e da continuidade da empresa.

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Para a consecução da missão da controladoria, alguns objetivos devem ser alcançados e

para isto Borineli (op.cit) elenca os seguintes: subsidiar o processo de gestão, garantir

informações adequadas ao processo decisório, monitorar o processo de gestão, administrar as

sinergias existentes, viabilizar a gestão econômica, criar condições para a realização do

controle, contribuir continuamente para o aperfeiçoamento dos processos internos e outros.

Müller e Beuren (op. cit.) realizam um trabalho que estuda a institucionalização da

controladoria em empresas familiares e uma das questões era a percepção dos objetivos desta

unidade administrativa. O quadro 02 mostra os resultados apontados nesta pesquisa.

Quadro 02 – Objetivos da controladoria

Objetivos da controladoria Nº Resp. % Criar condições para exercer o controle 9 75 Garantir informações adequadas ao processo decisório 9 75 Coordenar a elaboração do planejamento estratégico e operacional 8 66,66 Zelar pelo bom desempenho da organização 7 58,33 Sugerir indicadores de desempenho financeiros e não-financeiros 7 58,33 Planejar ações que reduzam custos à organização 1 8,33

Fonte: Adaptado Müller e Beuren (op. cit.)

A pesquisa mostra que as controladorias de empresas familiares, em sua maioria, têm

objetivos ligados a controle, gestão e produção de informação.

3.2. Estrutura organizacional da controladoria

O funcionamento da controladoria, observada como o órgão formalizado na empresa,

sugere alguns questionamentos sobre o seu modo de operacionalização, pois os conceitos que

formam a controladoria tendem a existir no processo de gestão de empresas de diversos

portes, sendo estes desempenhados, parte pela contabilidade, pelo departamento de recursos

humanos, tecnologia da informação, auditoria interna e etc.

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Contudo, o fato da filosofia da controladoria coexistir em meio a processos inerentes a

gestão da empresa, não significa afirmar que não exista necessidade da instalação e

manutenção de um departamento denominado de controladoria, uma vez que existem tarefas

que necessitam ser consolidadas para maior eficácia de sua execução como orçamento,

contabilidade, auditoria e etc.

Partindo do paradigma de que a controladoria é um conceito inerente à gestão de

empresas, há de se assumir que esta pode tomar diversas formas dependendo da cultura, do

porte, do tipo e de outras características empresariais. Contudo, pode-se definir uma estrutura

genérica sobre quais os conceitos de controladoria se manifestam na empresa. Através de

vários estudos relativos às estruturas montadas para o funcionamento da controladoria,

Wilson, Roehl-Anderson, e Bragg (op. cit., p. 26) apresentam uma base organizacional

genérica e esta é representada pela figura 01:

Figura 01: Típica estrutura organizacional de contabilidade

Fon

te adaptada: Wilson, Roehl-Anderson e Bragg (op. cit., p. 27)

Está contido nesta estrutura:

I. Contabilidade financeira: Área responsável pelo processamento de transações em

registros contábeis e pelo processo de exposição e divulgação de demonstrativos financeiros.

Devido à grande quantidade de tarefas é exigido um grande número de profissionais, o que

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significa a necessidade de supervisores e profissionais de auditoria. Não representa apenas a

apresentação das informações, mas também a construção de relatórios e balanços, pois

também tem a incumbência da tradução de informações para os usuários, podendo utilizar de

relatórios extensivos, gráficos, apresentação verbal. É esperado que a função do registro de

transações financeiras ocupe boa parte do trabalho do controller, contudo, esta função vem

sofrendo adições de novas demandas como benckmarking, gestão de transações eletrônicas,

redução dos ciclos de tempos, outsourcing, reengenharia. As funções contábeis básicas da

controladoria são classificadas por Wilson, Roehl-Anderson, e Bragg (op. cit.) como: tarefas

contábeis tradicionais, que são compostas contabilizações de pagamentos e recebimentos e

operações com ativos e passivos; novas tarefas contábeis, representadas por baterring

transactions, transações em moedas estrangeiras, análise de lucratividade, sistemas de

informações contábeis e demais análises de custos

II. Contabilidade de custos: Setor incumbido pela aplicação de técnicas como ABC,

Custo Meta, bem como a oferta de informações acuradas sobre custos e margens dos

produtos. Dos seus integrantes são exigidos conhecimentos de contabilidade financeira aliada

à experiência com indústrias e a outras formas de empresas.

III. Análise e planejamento: Tem a função de elaborar o orçamento e todas as análises

financeiras. É exigido, nesta área, profissionais que mesclem conhecimentos primários de

contabilidade com as ciências administrativas e econômicas. O controller atua no

estabelecimento e manutenção de um plano de operações, que integra o planejamento de

vendas, produção, despesas, fluxos de caixa e outros. Wilson, Roehl-Anderson, e Bragg (op.

cit., p. 13) descrevem que o controller é um consultor e coordenador que oferece apoio e

sugestões para todos os integrantes na organização durante a preparação do planejamento.

IV. Processos organizacionais: Objetiva o monitoramento da eficiência e eficácia dos

processos organizacionais e desta forma Wilson, Roehl-Anderson e Bragg, (op. cit.)

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descrevem que a função gerencial do controle é a mensuração e correção do desempenho

organizacional através de planos e padrões. Neste caso, o controller não deve fornecer apenas

o feedback sobre o controle realizado, mas também participar do processo de mudança. Para

os profissionais desta área são exigidos conhecimento em contabilidade, benchmarking,

gestão de mudanças e etc.

V. Impostos: Esse setor necessita de pessoal com grande conhecimento da legislação

tributária, de todas as esferas do poder, bem como profissionais especialistas em

planejamento.

Quando se estuda a unidade administrativa da controladoria, um aspecto pertinente é

levantado: a posição hierárquica da controladoria: A grande questão relativa ao referido

tópico é se a controladoria é um órgão de staff ou de linha. Os departamentos de linha são

aqueles que têm posição hierárquica na empresa, que tem superiores e subordinados, são

voltadas para a operacionalização e tem ação de comando. Já os órgãos staff são aqueles que

assessoram uma determinada diretoria ou departamento e que estão ligadas às atividades-meio

da empresa. A controladoria, como órgão de linha, estará ao mesmo nível que o setor

comercial, logística, produção, e como órgão de staff tem o papel de assessorar diretamente a

alta administração. Do mesmo modo que no processo de conceituação da controladoria, existe

muita divergência quanto a sua posição hierárquica e isto é demonstrado através do quadro

03, na qual são demonstrados posicionamentos de diversos autores:

Quadro 03 – Posições de autores quanto à classificação da controladoria como órgão de

staff ou órgão de linha

Autores Posição adotada

Crozatti (1999, p.12) Linha

Moura e Beuren (2000, p.65) Linha

Anthony e Govindarajan (2001, p. 156) Staff

Hartman et al (1981) Staff

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Horngren et al (2004, p. 14) Staff

Mambrini et. al. (2004, p. 5) Staff

Nakagawa (1980, p.4) Staff

Siegel et al (1997, p.10) Staff

Tung (1993, p.107) Staff

Autores Posição adotada

Yoshitake (1982, p.40) e Staff

Oliveira (1998, p. 22) Staff e Linha

Padoveze (2004, p. 33 e IX) Staff e Linha

Souza (1993, p.139) Staff e Linha Fonte adaptada de Borineli (op. cit., p. 215)

As maiorias dos autores reconhecem a controladoria como um órgão de assessoramento,

contudo alguns admitem que esta unidade possa assumir ambas as posições na organização.

Beuren, Bogoni e Fernandes (2008) e Bouren e Lourensi (2008) analisaram,

respectivamente, as dissertações defendidas do período de 2000 a 2006 e teses de 1997 a 2006

que tinham como objeto a controladoria. E no seu levantamento de dados foi verificado que as

dissertações e teses, em sua maioria, defendiam a controladoria como órgão de linha e estes

resultados estão expostos nos quadros 04 e 05.

Quadro 04 – Posição hierárquica da controladoria segundo dissertações defendidas

Posição Hierárquica Resultados Órgão de linha 12 Órgão de staff 3

Fonte: adaptado de Beuren, Bogoni e Fernandes (2008, p. 260)

Quadro 05 – Posição hierárquica da controladoria segundo teses defendidas

Posição Hierárquica Resultados Órgão de linha 5 Órgão de staff 1

Fonte: adaptado de Beuren, Lourensi (2008, p. 11)

Borinelli e Rocha (2007) realizaram um estudo sobre as práticas de controladoria nas

100 maiores empresas privadas que atuam no país. Uma das questões remetidas foi se a

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controladoria das empresas era um órgão de linha ou de staff. Os resultados podem ser

analisados no quadro 06 e são verificados que em sua maioria as controladorias possuem

estado de órgão de linha, o que entra em conflito com o quadro 03, na qual os autores

afirmam que a controladoria deve ser órgão de staff. Os resultados ainda diferenciam as

unidades que possuem a controladoria e aquelas que têm diversas atividades da controladoria

e mesmo assim não são encontradas diferenciações relevantes.

Quadro 06 – Classificação das unidades organizacionais em órgão de linha ou de staff

Linha Staff Total Quant. % Quant. % Quant. %

Empresas com controladoria 54 75% 18 25% 72 100% Empresas sem controladoria 13 65% 7 35% 20 100%

Fonte: adaptado de Borinelli e Rocha (2007, p.11)

3.3. Funções da Controladoria

Borinelli (op. cit) relata que a controladoria não possui atividades e funções típicas, pois

as atividades de gerenciar o sistema contábil, gerir o sistema de informação, auditoria interna

pertencem às respectivas áreas e departamentos da empresa, todavia a controladoria apenas se

materializa nestas atividades. Estas atividades das quais a controladoria atua podem ser

segmentadas nos seguintes tópicos:

I. Função Contábil: Dentro dos limites da função contábil, encontram-se atividades

como a elaboração da contabilidade societária, a função de guarda-livros, desenvolvimento de

políticas de controle de registros contábeis;

II. Função Gerencial-Estratégica: É composta pelo auxílio ofertado aos gestores no

processo de decisão. Esta função tem a incumbência de oferecer informações de cunho

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patrimonial, financeiro, econômico, de qualidade, recursos humanos. Para tal, muitas são as

ferramentas e atividades que materializam esta função, por exemplo: o orçamento, o

planejamento estratégico, GECON, análise de custos, Balanced Scorecard, Benchmarking,

preços de transferências e etc.;

III. Função de Custos: Incorpora o registro, a escolha do método de custeamento, a

estruturação da coleta de dados de custos, análise e o controle dos custos. Ponto fundamental

nesta função é a sua interação entre departamentos como marketing, produção, pesquisa e

desenvolvimento. O processo possibilita a extração de informações vitais para lançamento de

novos produtos, novas políticas de preço, teste de impacto de novos sistemas de produção;

IV. Função tributária: Compõe atividades como elaboração de obrigações principais e

acessórias fiscais, trabalhistas e legais, controle de tributos e planejamento tributário;

V. Função de proteção e controle de ativos: Corresponde a diversos serviços que

objetivam a proteção do patrimônio da empresa, sendo composta de atividades de

tombamento de ativos, controle da capacidade de geração de receita, contratação de seguros;

VI. Função de controle interno: A controladoria deve ser o órgão responsável pelo

sistema de controle interno da empresa, que tem a missão de minimizar os riscos operacionais

existentes em desvios dos objetivos da empresa. Cabe a esta estabelecer as formas de controle

e as regras de conduta de funcionários e sistemas de informação;

VII. Função de controle de riscos: Trata-se de mensurar, avaliar, tornar notório o risco

inerente à empresa e auxiliar na elaboração de atividades corretivas e preventivas. Nisto

engloba-se o risco operacional, financeiro, de mercado e outros destacados na literatura.

VIII. Função de gestão da informação: A controladoria deve ser admitida como a

gestora dos sistemas de informação da empresa no que tange aspectos financeiros,

econômicos, patrimoniais, gerenciais e etc. Esta deve desenvolver o modelo que contenha

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desde a coleta dos dados até o seu processamento em informação útil. Para complementar esta

questão, segue-se, nos quadros 07, 08 e 09, alguns resultados obtidos em pesquisas empíricas:

Quadro 07 – Funções da controladoria

Funções Nº de

Empresas %

Avaliação 25 60,98 Orçamentária/planejamento 20 48,78 Controle/acompanhamento 18 43,9 Contábil/financeira 15 36,59 Coordenação 13 31,71 Sistema de informação 9 21,95 Controle interno 8 19,51 Planejamento tributário 7 17,07 Controle patrimonial 4 9,76 Motivação 4 9,76 Supervisionar suas áreas 3 7,32 Definir política de qualidade 2 4,88 Definir política de crédito e cobrança 1 2,44 Total de Empresas 41 100

Fonte: (Libonati, Wanderley, e Meira, 2000, p. 12)

Quadro 08 – Funções da controladoria

Principais funções da controladoria N %

Ajuda a administração na determinação de políticas, planejando a execução das mesmas 14 87,5

Mantém registros a procedimentos de proteção a todos os interesses relacionados ao negócio 13 86,7

Ajuda a administração na direção, coordenação e controle das operações 13 81,13

Acompanhamento e Elaboração do Orçamento Empresarial 1 6,3

Acompanhamento e elaboração dos Contratos de Resultado das diversas áreas da organização 1 6,3

Elaboração do Balancete Gerencial 1 6,3

Elaboração e implantação do Planejamento Estratégico 1 6,3

Gestão do Fluxo de Caixa 1 6,3

Responsável pelo Custo Contábil e Gerencial 1 6,3

Fonte: Andreatta, Silveira e Olinquevitch (2005, p. 11)

Quadro 09 – Funções da controladoria

Descrição das atividades da controladoria Média % RS Média % SC A participação da Controladoria no planejamento estratégico 50 58

A participação da Controladoria na elaboração, execução e controle do planejamento estratégico.

74 71

A participação da Controladoria na implantação e manutenção dos controles internos

46 45

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A participação da Controladoria no monitoramento e manutenção do sistema de informações

47 55

Fonte adaptada: Fietz, Costa e Beuren (2007, p. 39)

Os estudos foram expostos em ordem cronológica, de forma a se verificar a existência

de algum tipo de tendência. O estudo de Libonati, Wanderley e Meira (op. cit.) apontava que

a controladoria possuía um foco centrado em avaliação de resultados, englobando atividades

como orçamento, procedimentos contábeis e etc. As pesquisas posteriores, Andreatta,

Silveira, e Olinquevitch (op. cit.) e Fietz, Costa e Beuren (op. cit.), já apontam um perfil

diferenciado, muito mais focado no auxílio direto da gestão.

3.4. Implantação de uma estrutura de controladoria

Piai (op. cit.) em sua dissertação de mestrado, analisa o processo de implantação de uma

controladoria. Na pesquisa de Piai (op. cit.) que tem fundamentação em metodologias de

Kaplan e Nakagawa, são propostas algumas etapas para este processo:

a) Definição da estrutura organizacional: Compõe-se de diversos debates com

gestores e integrantes da organização. Trata-se de uma fase de delineamento das

características básicas da empresa, da padronização de conceitos e estudo dos procedimentos

gerenciais;

b) Definição dos objetivos da organização: Como a controladoria busca a

maximização dos resultados da empresa, esta deve atuar no atendimento de seus objetivos.

Para isto, devem ser expostas medidas para metas e objetivos da organização, bem como

formas de mensuração dos seus resultados;

c) Definição do projeto de reestudo da controladoria: Nesta etapa, os objetivos da

empresa são transformados em objetivos da controladoria. Este processo contempla

mecanismos pelos quais a controladoria passa a contribuir com o resultado da organização;

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d) Divulgação: Segundo o autor, a divulgação deve ser materializado sob forma de um

relatório objetivo que contenha o resumo dos objetivos e a apresentação de metas individuais.

e) Feedback: Uma característica de um sistema qualquer é sua autorregulação. O

feedback é a experiência creditada com a atuação no ambiente e que é operacionalizado

através do controle das variáveis envolvidas no processo, de forma que a empresa deve formar

seu sistema de informações orientado para que estas informações cheguem aos gestores de

forma tempestiva.

3.5. O Controller

Conforme redige Wilson, Roehl-Anderson, e Bragg (op. cit), o controller é também

chamado de contador chefe, office manager, comptroller, tesoureiro, assistente de tesoureiro e

secretário.

Figueredo e Caggiano (op. cit.) definem o controller como o encarregado do

departamento de controladoria, e seu papel é proporcionar o gerenciamento do sistema de

informação, zelar pela continuidade da empresa, viabilizar as sinergias existentes, fazer com

que as atividades desenvolvidas alcancem um resultado superior. Horngren, Sunden e Stratton

(2004) conceituam a figura do controller como um executivo que apóia o planejamento e

controle gerencial de toda empresa, com o objetivo de atender às necessidades dos usuários

internos e externos desta. Analisado as definições, cabe ao responsável pela controladoria

implantar um novo sistema de gestão, uma nova forma de mensuração de eventos contábeis,

revisar os controles internos da empresa, gerenciar o próprio departamento, etc.

Em conformidade com Roehl-Anderson e Bragg (2000) pode-se afirmar que, o papel do

controller se expandiu, tornando um profissional com ampla competência em gestão, que deve

interagir com outros departamentos, bem como gerir as atividades de um grupo de

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subordinados, e ao mesmo tempo trabalhando com eles no sentido de desenvolvê-los

profissionalmente.

O surgimento do profissional de controladoria no país é contextualizado por Siqueira e

Soltelinho (2001), que elaboraram um estudo exploratório através de análise de anúncios

jornais. Neste trabalho fica constatado que a profissão controller surgiu, no Brasil, na segunda

metade da década de 50. Um dado importante levantado nesta pesquisa foi a confrontação

entre o aumento de demanda de profissionais da controladoria e o aumento de investimento de

empresas estrangeiras no país, uma vez que ocorreu um aumento nos anúncios na medida em

que os investimentos aumentaram. Os autores também deduzem que as práticas gerenciais

destas novas multinacionais na economia nacional serviram como padrão em que as demais

empresas passaram a se atualizar. Outro dado importante a ser destacado foi que a

consolidação da profissão, segundo Siqueira e Soltelinho (op. cit), ocorre a partir da década de

80. Sobre este aspecto, Sathe apud Zoni e Merchant (2007) realizou um estudo com 400

empregados e que tinha como objetivo investigar o papel do controller sobre nas empresas. Os

seus resultados apontam que os controllers já atuavam como integrantes do processo gestão

empresarial na realidade brasileira por volta de 1982. Siqueira e Soltelinho (op. cit.), ao

finalizar sua pesquisa, encontraram que as empresas contratantes de controllers são, em sua

maioria, de grande porte, as quais exigem para este cargo, profissionais de contabilidade,

administração e economia e conhecimentos em tributos e controle para o planejamento.

Quanto ao papel e o envolvimento do controller nas organizações, alguns estudos

podem ser sintetizados de forma a melhor contextualizar este profissional.

De acordo as pesquisas citadas anteriormente, o controller passou a ter um

envolvimento da gestão das empresas em pouco menos que 30 anos, fato que mostra que a

profissão ainda está em desenvolvimento e neste caso é interessante analisar o que as

empresas estão exigindo destes profissionais. Observando este cenário, alguns autores se

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focaram em estudar as características profissionais exigidas deste controllers pelo mercado de

trabalho. Um deles, Siqueira e Soltelinho (op. cit., p. 76), relatam sobre este aspecto:

“Examinando as requisições de profissionais de controladoria dos últimos anos, ficou

claro que o mercado deseja um profissional experiente, com profundos conhecimentos de

informática, não raro já experimentado no uso do SAP ou assemelhado, com domínio de uma

ou mais línguas estrangeiras, habilitado a trabalhar sob pressão e em equipe, comunicativo e

com capacidade de liderar.”

Oro et. al (op. cit.) realizaram uma pesquisa semelhante, no período de 2006, buscou as

competências exigidas do profissional de controladoria em anúncios em sites especializados

em ofertas de emprego. Neste trabalho fica evidenciado a concentração da oferta deste

emprego na região sul e sudeste, também é encontrado que as grandes empresas contratam

estes profissionais para exercer suas funções no nível estratégico, já as empresas de menor

porte utilizam destes para níveis gerenciais e operacionais.

Na sequência está disposto um quadro com os achados desta investigação:

Quadro 10 – Competência de controllers por nível de gerenciamento

Operacional Gerencial Estratégico Contabilidade

societária Contabilidade

societária Contabilidade

societária

Análise empresarial Planejamento empresarial

Planejamento empresarial

US GAAP US GAAP US GAAP Microsoft Office Microsoft Office Sistemas ERP J. D.

Edwards

Matemática Financeira

Matemática Financeira

Matemática Financeira

Contabilidade Economia Contabilidade

Fonte adaptada: ORO et. al.(op. cit.,p ,12)

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Em todos os níveis são exigidos conhecimento em contabilidade, matemática financeira,

US GAAP. Porém cabe ressaltar que as grandes empresas exigem destes profissionais

conhecimentos em sistemas ERP como o SAP e J. D. Edwards.

Hunton, Wier e Stone (2000) realizaram um processo científico sobre conhecimento de

profissionais de contabilidade gerencial. Baseado nos constructos do modelo das

consequências do conhecimento contábil, a pesquisa parte da premissa de que a experiência

gera conhecimento e este com auxílio de habilidade (Ex.: capacidade de resolver problemas)

proporcionam uma melhor performance para a empresa. A seguir são demonstrados estes

conceitos sob forma da figura 02.

Figura 02: Modelo das conseqüências do conhecimento contábil

Libby e Luft apud Hunton, Wier e Stone (op. cit., p. 753)

No referencial teórico, os autores destacam os conhecimentos construídos pelos

contadores gerenciais:

I. Conhecimento técnico contábil de entrada no mercado: Este é o conhecimento

advindo da universidade, adquirido até o momento de entrada no mercado de trabalho, o qual

é composto pela base teórica que forma a contabilidade e ciências afins. Segundo a revisão

bibliográfica levantada por Stone, Hunton e Wier (op. cit.) este conhecimento é mais

importante para os profissionais de menor posição hierárquica na empresa;

II. Conhecimento da indústria: Refere-se ao conhecimento dos sistemas, controles e

das práticas das empresas dentro de uma indústria. Conhecimento que é advindo da

experiência e que melhoram o julgamento e as ações dentro de uma organização. Ao contrário

Experiência Conhecimento Performance

Habilidade

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do conhecimento citado anteriormente, é esperado que os maiores níveis hierárquicos da

organização contenham profissionais com maiores experiências de mercado;

III. Conhecimento tácito de gerenciamento: Constitui-se do conhecimento necessário

para o gerenciamento eficaz da produtividade do grupo e para construir relações dentro da

organização. Este conhecimento é adquirido através da observação dos companheiros e

superiores. Este também é encontrado, em maior nível, entre os profissionais seniores.

Como pode ser observada nas pesquisas já citadas, a tecnologia da informação é um

ponto evidente na profissão do controller, e isto motivou Borges, Parisi e Gil (2004) a

investigar junto a gestores da área de TI, o papel do controller nesta área. Para execução desta

pesquisa foram testadas quais áreas de atuação dentro de TI os controllers poderiam atuar. As

variáveis testadas estão resumidas no quadro 11.

Quadro 11 – Variáveis representativas das áreas de atuação em tecnologia da

informação

Variáveis Explicação Estratégias de utilização definição de métodos organizacionais para a TI Alinhamento estratégico da TI Coordenar o alinhamento dos objetivos estratégicos

em TI com toda empresa

Modelagem do banco de dados

Fornecer conceitos para a modelagem do sistema de informação da empresa

Ferramentas de banco de dados

Participar do processo de escolha de sistemas de TI

Recursos humanos Fornecer apoio a avaliação, treinamento e desenvolvimento dos empregados em contato com TI

Comportamento organizacional

Influência da controladoria no processo motivador nos projetos de TI

Métricas aplicadas a TI Participação do processo de mensuração da performance do departamento de TI

gestão de segurança Fornece auxílio nos controles de TI com auditoria de sistemas, redução de contingências

Sistemas integrados Participa da escolha, implementação e acompanhamento de sistemas de gestão como ERP´s

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Gestão de e-business Fornece serviços auxiliares em e-business Gestão de documentos Auxilia na gestão da informação com sua indexação

e arquivamento

Gestão de contratos Fornece apoio na terceirização de utilização de tecnologia

Fonte: adaptado de Borges, Parisi e Gil (op. cit.)

Os dados gerais da análise de dados apontam para uma concordância sobre as

atribuições de atividades de Tecnologia da Informação na profissão do controller, porém em

três aspectos houve pouca aceitabilidade: gestão de recursos humanos, modelagem de

banco de dados e gestão de segurança. Referente à gestão de recursos humanos, o autor

destaca a falta de transparência da atuação da controladoria no desempenho do papel

comportamental de TI. Já com relação à modelagem de banco de dados é destacada a falta de

conhecimento técnico em informática. Com referência a gestão de segurança, os

respondentes, simplesmente, não associaram ao papel do controller.

Haka e Heitger (2004) destacam as áreas de atuação do contador gerencial e das quais

são classificadas em: decisões operacionais: sistemas de controles gerenciais, avaliação de

performance e orçamento e custos. decisões estratégicas: Estrutura organizacional, escolha do

mercado, entrada no mercado.

Também foi analisado nesta questão, o envolvimento do controller na gestão

empresarial, Simon´s apud Zoni e Mercant (op. cit.), em 1992, proferiu uma pesquisa a qual

questiona a participação do controller no planejamento estratégico:

Quadro 12: Papel da controller no planejamento estratégico

Melhora a análise do desempenho financeiro estratégico 78%

Auxilia na elaboração de estratégias empresariais 65%

Auxilia na definição de objetivos estratégicos financeiros 63%

Auxilia na fixação de objetivos estratégicos globais 52% Fonte adaptada: Zoni e Mercant (op. cit.)

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A pesquisa, que trata de uma amostra internacional, mostra uma percepção de que o

controller agrega valor, principalmente no que tange a avaliação de desempenho. A utilidade

desta citação é demonstrar que, mesmo a pesquisa sendo realizada em 1992, o profissional da

controladoria já era visto como uma peça importante no processo de gestão estratégica.

Zoni e Merchant (op. cit.) questionaram, ainda, a forma de como os controllers estão

envolvidos no processo de decisão gerencial, qual a variação encontrada deste envolvimento

nas empresas estudadas e se é desejável que os controllers façam parte deste processo. Em sua

conclusão, ficou constatado que na maioria das empresas italianas estudadas, os controllers

tinham, no mínimo, pouca influência no processo de tomada de decisão. Também foi

verificado que o envolvimento do controller no processo de decisão está atrelado à

intensidade de capital, da formalização do planejamento estratégico e do orçamento, da

interdependência operacional. Exemplo disto é que quanto maior a intensidade de capital,

maior é o envolvimento do controller no processo decisório. Também é verificado que o

envolvimento do controller está associado com a performance da firma, o que comprova sua

importância para as empresas.

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4. MUDANÇA ORGANIZACIONAL E RESISTÊNCIAS ÀS MUDANÇAS

Como a necessidade de uma controladoria é conseqüência de mudanças em toda

empresa e como o seu funcionamento tende a provocar alterações no modo de gestão, torna-se

oportuno estruturar esta conceituação para embasar os desafios encontrados neste processo.

4.1. Revisão de estudos correlatos

A seguir serão sintetizados importantes estudos referentes à temática abordada por este

trabalho. Neste processo muitas pesquisas convergem com o que aqui é proposto, e mesmo

que estas sejam focadas em sistemas de custos, controles gerenciais e outros eventos, possuem

validade para ilustrar o problema.

Partindo do paradigma de que a instauração de uma controladoria gera alterações na

informação contábil e gerencial e que por consequência influi no trabalho dos indivíduos da

organização, pode-se fazer uma analogia a trabalhos de temáticas afins, que ambientam

varáveis que sejam motivadoras, e que mostra a emergência de uma mudança no sistema

contábil. Dentre os trabalhos analisados, pode-se sintetizar:

Bovey e Hede (2001) realizaram um trabalho no qual testaram a relação entre

mecanismos antiadaptativos e resistência a mudança organizacional. Para o autor, estes

comportamentos são mecanismos nos quais os indivíduos utilizam para defesa de algo

desconhecido. A seguir estão dispostos as métricas utilizadas nesta dissertação:

a) Negação: é o ato no qual os indivíduos recusam-se a reconhecer certos aspectos da

realidade. Exemplo deste fenômeno ocorre quando pessoas ignoram certos fatos que não lhes

agradam, agem como se eles não existissem e afirmam que não temem estes.

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b) Dissociação: os integrantes de uma empresa quando afetados por algo que lhes

causem estresse, mostram um esgotamento das funções ligadas à consciência, memória,

percepção. É provável observar os indivíduos afirmarem que a vida e a rotina os deixaram

insensíveis.

c) Isolamento: ocorre quando os indivíduos separam idéias de sentimentos

originalmente associados a eles. Uma pessoa demonstrando este mecanismo poderia relatar

que: “muitas vezes não demonstro meus sentimentos’ ou ‘ não sinto nada em momento que

proporcionaria muita emoção”

d) Projeção: quando indivíduos se deparam com estresses internos ou externos, estes

tendem a atribuir a outros algumas sensações e pensamentos. Com este mecanismo os

integrantes da organização quando se vêem na possibilidade de realizar algo desagradável

tendem a atribuí-los a outras pessoas, ou se não tiveram um bom desempenho, alegam que

isto são conseqüências de atos de outras pessoas.

e) Agressão: quando confrontados com estresses tendem a agir ao invés de pensar e

muitas vezes se tornam agressivos. Um típico comportamento que se enquadra a este conceito

é quando os indivíduos agem impulsivamente quando estão incomodados.

Davila (2005) realiza um estudo relacionado a variáveis que apontam para a emergência

de implantação de um sistema de controles gerenciais. Para isto, Davila (op. cit.) estuda

algumas variáveis que promovem a emergência da implantação destes sistemas, o que o

mesmo denomina de “direcionadores de emergência”.

O primeiro direcionador deste estudo é o tamanho da empresa. Partindo da hipótese de

que quanto maior a empresa se encontra, maior será o número de interações entre pessoas e

sistemas e por conseqüência maior será a necessidade de controle. Este conceito explica que

sistemas de controles informais só existem até o momento em que as interações existentes na

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organização sejam suficientes para disseminar a cultura organizacional, ratificando o conceito

de crescimento organizacional como uma variável impactante em mudanças contábeis.

O aprendizado exige experiência, experimentação e interação com outras empresas. O

tempo de operação de uma empresa, de acordo com Davila (op. cit.), possui sempre uma

associação com sua sobrevivência, de forma que as firmas mais antigas possuem mais

histórias e know how e isto auxilia na manutenção do estado de continuidade. O papel dos

sistemas de controle gerenciais é de formalizar este aprendizado através do tratamento

adequado para com as rotinas empresariais, com isso a variável “tempo ou idade da

empresa” passa a ser um direcionador emergencial.

Também é listado como direcionador de emergência o surgimento de um Novo CEO

(Chief Executive Officer). Esta variável parte da suposição de que fundadores têm

capacidades limitadas quando comparadas com novos gestores. Novos administradores

possuem uma visão empreendedora e traçam estratégias de sucesso, mas para a conclusão de

seus objetivos a empresa deve convergir com estas novas ações e daí surge a necessidade de

controles sobre as ações individuais.

Outro fator de relevância neste estudo foi a abertura de capital. A pesquisa indica que

a abertura de capital além de fonte de recursos, facilita o acesso a rede de conhecimentos, pois

vários indivíduos passam a analisar e contribuir para o sucesso desta. O sistema de controle

também é motivado pela necessidade de modernização e atração de novas fontes de capital.

Agbejule (op. cit.) publica um artigo que teve o objetivo de evidenciar quais motivos

impactavam no processo de implantação de um sistema de custos. O autor estrutura sua

pesquisa verificando o impacto de variáveis sobre cada etapa de um processo de implantação.

Para Agbejule, as implementações de mundanças tem as seguintes etapas: Iniciação: Para

Agbejule (op. cit), esta fase consiste na identificação das causas que pressionam por

mudanças. A Adoção é a seleção do modelo a ser implementado. A Adaptação é

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representada pela busca de falhas no projeto. Na etapa de aceitação investiga-se a reação de

todos os agentes da entidade quando defrontados com novas idéias e modelos. O processo de

transformar em rotina versa em fazer com que o novo método oferte influência nas tarefas

dos empregados. A infusão consiste na verificação do alinhamento do novo projeto aos

demais sistemas da empresa. Os achados desta pesquisa apontam que para cada etapa de

implementação são influenciadas por variáveis diversas: a fase de iniciativa dos projetos é

motivada pelo poder coercitivo dos gestores; a adoção e adaptação têm relação com o suporte

gerencial e tecnologia da informação; quanto ao processo de aceitação e operacionalização

das rotinas, regras bem definidas capacitam esta fase; já a infusão é influenciada pela

tecnologia da informação, tempo de treinamento e suporte gerencial.

Emsley, Nevicky e Harrison (op. cit), analisando trabalhos relacionados a eventos

motivadores de inovações contábeis, propôs uma pesquisa com foco em aspectos cognitivos

individuais de contadores. Para isso é trabalhado o conceito de “Estilos cognitivos”. Emsley,

Nevicky e Harrison (op. cit.) define este conceito como o modo de como os indivíduos

organiza e processam informações sobre criatividade, resolução de problemas e o processo de

tomada de decisão. A pesquisa mostra que profissionais de contabilidade gerencial possuem

estilos cognitivos diversos, o que implica em processos de resolução e tomada de decisão

diferente.

Este estudo é focado em dois perfis cognitivos: adaptadores e inovadores. De acordo

com a pesquisa, pessoas com estilos adaptadores são aquelas que resolvem problemas

respeitando paradigmas existentes, já inovadores desafiam estes padrões gerando novas

ideias.

Também são segmentados tipos de inovações: radicais e não radicais. Mudanças

radicais promovem alterações fundamentais na organização, exemplo disto é a implantação de

um novo método de gestão e de um novo sistema de informações. Já em mudanças não-

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radicais ocorrem variações nos sistemas já existentes como a alteração de um indicador de

análise, de uma nova métrica dentre outros.

O questionário aplicado tinha o objetivo de fazer um cruzamento entre estilos

cognitivos e tipos de inovações. Chega-se a conclusão de que estilos cognitivos inovadores

tendem a iniciar com mais frequência mudanças radicais, já estilos adaptativos tender a

promover mais alterações não-radicais. Baird, Harrison e Reeve (2007) relatam um estudo

sobre quais fatores organizacionais e culturais afetam o sucesso das práticas em gestão por

atividades (Activity management practices). As práticas em gestão por atividades são

compostas por: análise de atividades (Activity analysis) análise de custos por atividade

(activity cost analysis) e custeio por atividades (activity-based costing).

Com relação a fatores organizacionais, o trabalho explora: o suporte da alta

administração que influencia no sucesso de novas técnicas na medida em que garante

recursos e autoridade para sua eficácia, a ligação entre políticas de avaliação de

performance e compensação que tem o papel vincular os objetivos da empresa com o dos

empregados, uma vez que a correta avaliação e sua consequente política de recompensa

caminham para otimizar o resultado organizacional e a ligação com iniciativas de qualidade.

Já analisando fatores culturais, são destacados: orientação para o resultado definido

pelos valores pessoais dos quais focam suas atividades à obtenção de resultados para empresa,

orientação de trabalho em equipe que é caracterizado pela cooperação de atividades e o

compartilhamento de informações, atenção para detalhes que é retratado como costumes da

busca de valores acurados e inovação que corresponde a pessoas que respondem

positivamente a introdução de novas técnicas e métodos.

Os resultados da pesquisa apontam que ambos os fatores culturais e organizacionais

contribuem com o sucesso activity management practices. Contudo, é verificado que fatores

organizacionais são mais importantes do que fatores culturais. O suporte da alta administração

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e a ligação entre políticas de avaliação de performance e compensação são importantes para

qualquer nova técnica ou prática e as ligação com iniciativas de qualidade são específicas do

tema abordado.

Todos estes estudos apontam para variáveis de impacto em mudanças organizacionais

com implicações contábeis. Estas variáveis além de assegurar quando é momento de mudar,

sinalizam quais ações devem ser tomadas e como o processo deve ocorrer. Por outro lado

existem inúmeros fatores que contribuem para o fracasso em inovações contábeis, dos quais

são objeto de estudo e que nesta etapa são sintetizados:

Jermias (2006) publicou um trabalho científico objetiva demonstrar que quando os

indivíduos se deparam com a escolha entre manter o sistema contábil atual e adoção de um

novo, elas muitas vezes acabam criando vieses devido ao seu comprometimento anterior a

uma das duas opções. Como a controladoria é um órgão responsável pela implantação de

novos sistemas de custos, novos métodos de avaliação, e por gerir o sistema de informação da

empresa, os achados do trabalho em questão são informações relevantes para o funcionamento

desta.

Jermias (op. cit.) disserta que um grande número de estudos tem mostrado que

heurísticas e vieses afetam a qualidade da decisão. As pessoas, quando desconfiam dos

benefícios do sistema alternativo, acabam se comprometendo com um posicionamento para

evitar conflitos com outras. Estes vieses são materializados na forma de como as pessoas

reagem neste processo, podendo elas subavaliar as características do sistema alternativo ou

superavaliar o sistema atual. Isto corrobora para o que o autor chama de vieses confirmatórios

(Confirmatory biases) que é definido como a capacidade de enfatizar em uma posição e

ignorar as alternativas.

Através de uma experimentação, no qual obrigava a empregados de diversas empresas a

responderem algumas questões relativas ao atual sistema de custos e sobre a possibilidade de

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implementação de um novo método, chega-se a conclusão de que gestores são comprometidos

com os atuais sistemas de custos, contudo estes efeitos são atenuados quando suas decisões

são associadas a malefícios para a empresa.

Abernethy e Bouwens (2005) divulgaram um trabalho intitulado de “Determinants of

Accounting Innovations Implementation”, no qual tenta contextualizar as condições que

desfavorecem ou favorecem a implementação ou difusão de algum artifício contábil nas

organizações. Seu procedimento metodológico é fundamentado nos efeitos da

descentralização sobre subunidades da empresa. O autor parte do pressuposto de que em

ambiente de poder centralizado poucas pessoas tem a capacidade de influenciar na execução

de projetos e, portanto, quanto maior a descentralização menor seria a resistência às mudanças

e maior a adaptabilidade a novas informações. Os achados deste trabalho revelam que

estruturas que permitem aos indivíduos avaliem as reais contribuições de sistemas contábeis

terão mais sucessos em alterações de suas estruturas. Também é verificado que o aumento do

poder de influência do usuário no processo de estruturação do sistema torna-se um ponto

favorável para seu êxito.

Dias (2000) estuda fenômenos de resistência e motivação ao uso de tecnologia da

informação ligado a gerentes de companhias. O trabalho foi publicado com o título

“Motivação e Resistência ao Uso de Tecnologia da Informação: Um estudo entre gerentes”.

Devido ao fato desta presente dissertação focar em desafios na implantação de uma

controladoria, descrevem-se apenas as conclusões referentes à resistência encontrada. Neste

caso, foi averiguado que as expectativas de sistemas amigáveis e de tecnologia atualizada

acabavam fornecendo justificativas para resistência ao uso de Tecnologia da informação.

4.2. Mudança organizacional

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Llewellyn (1998) traz uma conceituação que expressa de forma clara o real significado

de mudança organizacional: mudança organizacional é expressa através da dissolução e

reconstituição dos limites organizacionais através de processos. O autor tenta relacionar a

mudança organizacional com alterações nos limites de um sistema da empresa, o que

corresponde à alteração do poder de um setor, alterações nos direitos de deveres dos

empregados e etc. Cabe justificar, nesta seção, a atribuição da implantação da controladoria

como uma mudança organizacional. De acordo com Emsley, Nevicky e Harrison (op. cit.), as

mudanças podem ser radicais ou não, assim na implantação da controladoria pode ocorrer a

disseminação de uma cultura orçamentária, que pode alterar o modo das pessoas executem

suas funções (inovação radical), ou uma simples mudança de rotinas (inovação não radical).

Com outra visão Albernethy e Brownell (1999) observa o conceito de “mudança

organizacional” como uma relação “adaptação X inércia”. A sua conceituação leva em

consideração a postura da empresa em face às necessidades de mudanças.

Para o estudo do conceito de mudança organizacional, Van de Vem e Poole apud

Thrane (op. cit., p. 254) traz uma contribuição na medida em que tipifica as mudanças

organizacionais em:

a) Ciclo de vida: São mudanças organizacionais que ocorrem respeitando fases de

progresso.

b) Teleológico: Neste, a seqüência do processo de mudança é construído socialmente

entre os indivíduos dentro das organizações.

c) Evolucionária: Adiciona-se o conceito de mudança randômica;

d) Dialético: Este conceito afirma que a mudança é impulsionada pelos conflitos

organizacionais.

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4.3. Origens de Inovações contábeis

Como neste trabalho, a mudança organizacional está ligada à área contábil, Jones e

Mellett (2007) contribuem para esta temática ao descrever que a criação de fatos contábeis

emerge de processos de mudança organizacional e são resultados do processo de políticos,

sociais e econômicos. Torres Júnior (2002), ainda, transmite a mensagem de que pensar em

inovação como a simples necessidade de mudança, desvinculando-a de seu significado real

como fenômeno, pode levar, e tem levado, às prescrições superficiais, ad-hoc, funcionais em

certos casos e desastradas em outras.

Uma inovação contábil tem sua eficácia quando são frutos de processos e pressões da

organização. Este processo pode ser motivado, conforme Anderson e Young (1999), por duas

classes de fatores: Contextuais e processuais.

As inovações quando são motivadas ou condicionadas pelas circunstâncias pelo

ambiente interno e externo da empresa e pelas características da avaliação individual da

inovação, de acordo com os constructos de Anderson e Young (op. cit.), são motivadas por

fatores contextuais. Desta forma, variáveis externas como concorrência, imposições legais,

parcerias, e variáveis internas como pressão por informações mais acuradas, novos projetos,

reengenharia, fazem com que os profissionais da contabilidade sejam conduzidos a novas

fronteiras.

Anderson e Young (op. cit.), em confrontação com o conceito anteiror, aponta que

fatores processuais são aqueles que geram a inovações contábeis pela influência da

comparação entre a inovação, o status quo, processos alternativos, e com fatores relacionados

com a experiência: Este conceito prevê que as inovações podem ser geradas do comparativo

dos atuais sistemas com novidades advindas do ramo científico, de técnicas utilizadas por

outras empresas, etc.

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Fica claro que as alterações contábeis são funções de mudanças advindas da

organização, onde alterações e movimentações na estrutura empresarial acabam delineando o

modo de se efetuar a contabilidade.

4.4. Resistência às mudanças

Em conformidade com Gravenhorst (2003), alguns trabalhos são considerados

precursores do tema “resistência organizacional” e dentre eles pode se destacar os autores

Kurt Lewis em 1947 e Coch e French em 1948. De acordo com Hernandes e Caldas (2001), o

teórico Kurt Lewis deixou grande contribuição ao definir que as organizações são processos

em equilíbrio, uma vez que sofre influências de um conjunto de forças opostas de mesma

intensidade. Já o trabalho de Coch e French é um marco teórico na medida em que é

considerado o primeiro estudo empírico que envolve “resistência a mudanças”.

Coch e French apud Gaylor (2001) define o termo resistência como todo ato concebido

ou implementado para inibir o progresso de uma mudança organizacional. Gravenhorst (op.

cit) descreve o conceito de resistência como um padrão ou uma resposta psicológica natural

para mudanças e é originada tanto de fatores individuais quanto organizacionais que se

movem no sentido da estabilidade. Hernandes e Caldas (op. cit., p. 33) definem que “a

resistência à mudança seria o resultado da tendência de um indivíduo ou de um grupo a se

opor às forças sociais que objetivam conduzir o sistema para um novo patamar de equilíbrio”

O conceito de resistência tende a ter uma conotação negativa, porém a análise das

citações anteriores fica evidenciada a sua ligação com a imagem de equilíbrio.

Hernandes e Caldas (op. cit.) fazem uma reflexão que ajuda no esclarecimento desta

questão e assim fazem algumas críticas às abordagens teóricas difundidas na construção

acadêmica. E o mesmo questiona duas proposições: “a resistência é nociva às organizações” e

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“a resistência é um “fenômeno saudável e positivo”. Segundo os autores a resistência será

nociva quando trouxer prejuízos à empresa, porém é bastante plausível que a resistência oferte

um efeito de cuidado e de adequação dos indivíduos aos novos paradigmas. Ainda é afirmado

que o termo resistência acaba sendo muito vulgarizado, de forma que os agentes das

mudanças acabam usando este conceito para justificar processos mal desenhados e

implementados.

Sales e Silva (op. cit.) dissertam que no processo de resistências estão “envolvidas

pessoas com objetivos individuais, culturas diferentes, sentimentos e interesses diversos que

irão afetar diretamente a recepção do processo de mudança”. Sob estes aspectos, é de se

presumir que diversos fatores acabam forçando a existência do fenômeno da resistência.

Hernandes e Caldas (op. cit.) explica que os fatores ou fontes de resistência são aqueles que

podem despertar ou inibir os indivíduos a se engajarem as mudanças organizacionais. Sendo

assim, Gravenhorst (op. cit.) cita os principais fatores de resistência abordados pelos teóricos

mais que fizeram história na temática estudada e estes estão dispostos no quadro 13.

Quadro 13 – Matriz de autores de fontes de resistências

Autores Ano Fontes de Resistência Lester Coch e John R. P. French

1948 Para este autor as fontes de resistências estão vinculadas a fatores emocionais como: ressentimento, frustração, medo, sentimento de falha e baixa motivação

G. Watson 1969 Este teórico propôs uma classificação dos fatores de resistência: Fatores individuais: estabilidade, hábitos, persistência, percepção e retenção seletiva, conservantismo, tradição, autodesconfiança e insegurança Fatores organizacionais: Conformidade com normas, coerência sistêmica e cultural e interesses adquiridos, valores sagrados e rejeição de pessoas externas

John P. Kotter e Leonard A. Schlesinger

1979 Estes autores apontam 4 razões para a resistência às mudanças: Egoísmo provinciano - Ocorre quando as pessoas sobrepõem seus próprios interesses sobre os da organização; Má compreensão - Compreensão errônea das mudanças e suas implicações ocasionadas por comunicações e informações ineficazes; Baixa tolerância a mudanças - ocorrem em pessoas que apreciam a estabilidade e segurança em seu trabalho;

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Avaliações diferentes das situações - discordâncias existentes entre os indivíduos sobre os objetivos da mudança;

Daryl. R. Conner

1998 Os indivíduos fazem expectativas e projeções sobre o futuro e estas são frustradas quando ocorrem mudanças organizacionais. Isto provoca o fenômeno da perda de controle. Este conceito tem relação com o sentimento de perda de algo na vida ou no ambiente de trabalho.

L. J. Mullins 1999 seleção perceptiva, hábitos, perda da liberdade, segurança no passado e medo do desconhecido, Cultura, manutenção da estabilidade, investimento em recursos, acordos e contratos pretéritos e ameaças ao poder e influência

Fonte adaptada Gravenhorst (op. cit.)

Quadro 14 – Outras fontes de resistência

Autores Fontes de Resistência Hellriegel e Slocum Jr (1976)

Resistências individuais a) Atenção e retenção seletiva: Pessoas tendem a manter sua posição inicial com relação a algum evento, pois quando deparados com novas técnicas, sistemas e modelos tendem a se mostrarem favoráveis ao modelo, técnica ou sistema anteriores. Isto é gerado por conveniência ou por medo das mudanças; b) Hábitos: Os indivíduos em uma organização possuem hábitos e estes tendem a permanecerem inalterados. Na medida em que a empresa realiza uma mudança organizacional estes tendem a mostrar-se inalteráveis. A mudança destes hábitos é lenta e pode custar muito a empresa; c) Dependência: Para Hellriegel e Slocum Jr (op. cit., p. 550) o conceito dependência está ligado a pessoas que não tem desenvolvido o senso de auto-estima. Pessoas que se sentem dependentes de chefes, supervisores ou companheiros de trabalho só aceitam mudanças se estas vierem com apoio destes indivíduos. d) Medo do desconhecido: Os integrantes das empresas temem o que mudanças organizacionais podem provocar no seu trabalho e em suas vidas. Pessoas têm medo de novas atribuições, novas localidades de trabalho, novas formas de remuneração; e) Razões econômicas: Quando mudanças na entidade significam alteração negativa do fluxo de caixa do empregado, estes tendem a mostrar-se resistentes a estas. Hellriegel e Slocum Jr (op. cit.) relatam que muitos dos fracassos na promoção de mudanças são explicados apenas por efeitos econômicos. f) Segurança e regressão: Este é um fenômeno no qual as pessoas se mostram saudosistas, pois ficam presas aos padrões e resultados do passado. Com isso as pessoas tendem a se mostrarem inseguras relatando que estão velhas para novas tarefas. Resistência organizacional: a) Ameaça ao poder e influência: Hellriegel e Slocum Jr (op. cit.)

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descrevem que uma forma de se obter poder na organização é o controle de algo que outras pessoas necessitam, ou seja, pessoas lhe dão uma melhor avaliação se elas precisam de você, seja em termos de dinheiro, informação, força física e etc. b) Estrutura organizacional: A forma burocrática em que as empresas se estruturam acaba promovendo o fenômeno da resistência. Isto ocorre porque as organizações montam sua estrutura hierárquica formando poucos canais de comunicação, passando a existir apenas a relação subordinado e subordinador. c) Recursos limitados: Mudanças exigem recursos e muitas empresas deixam de concluir projetos devido à falta deste. Empresas com recursos limitados possuem grau de resistência maior; d) Sunk costs: A questão financeira não é prerrogativa de empresas sem recursos, grandes empresas podem encontrar o fenômeno do sunk costs. Sunk cost também é chamado de custo irrecuperável ou custo afundado. Para Silva e Domingos, (2008) os custos afundados são investimentos realizados que não podem ser recuperados, como gastos em propaganda, pesquisa e desenvolvimento. e) Acordos interorganizacionais: Acordos e contratos entre empresas podem formar o fenômeno da resistência. Contratos de trabalho, acordos com fornecedores e clientes, licenças públicas podem enrijecer a organização. Contratos podem impedir o uso de novos materiais, podem impedir exigência a um funcionário e etc.

Oreg (2003) I. Relutância à perda de controle – As pessoas resistem por sentirem que perderam o controle por suas vidas devido a mudanças organizacionais que não são de suas iniciativas. E por isso a tendência na gestão de mudanças é levar o processo de decisão a todos os níveis da empresa. Esta fonte de resistência pode originar a seguinte reação: Quando as coisas não vão de acordo com meus planos me estresso!

II. Rigidez Cognitiva – Características dogmáticas de indivíduos podem conduzi-los a resistir a mudanças empresariais. Oreg (op. cit.) relata que embora estudos empíricos tenham falhado na confirmação desta fonte de resistência, esta ainda deve ser considerada como um motivador pertinente. Os empregados que possuem esta características, costumeiramente, afirmam que: Não mudamos de idéia facilmente!

III. Falta de resiliência psicológica – Indivíduos com resiliência psicológica são aqueles que têm a habilidade de se adaptar, com facilidades, às mudanças e são capazes de vencer dificuldades. De fato, pessoas com falta de resiliência psicológica tendem a relutar às mudanças organizacionais. A falta de resiliência psicológica geraria a posterior situação: Se meu chefe me informasse que haveria uma mudança

substancial em minhas rotinas de trabalho, eu ficaria muito incomodado!

IV. Intolerância para períodos de ajustes que envolvam mudanças – Os colaboradores resistem às mudanças porque estas envolvem mais trabalho em um curto espaço de tempo disponível. Para Oreg (op. cit.), novas tarefas requerem aprendizados e ajustes adicionais no cumprimento destas.É comum que pessoas que ofertem este tipo de resistência demonstrem a seguinte posição: Muitas vezes resisto a mudanças te quem

potencial de benefícios para mim, por que isto me obrigará a gastar

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algum tempo me adequando as novas exigências!

V. Preferência por baixos níveis de excitação e novidade – Oreg (op. cit.) cita que vários estudos focados no grau de adaptação às mudanças dos indivíduos encontraram algumas evidências e dentro destas pode-se citar: indivíduos inovadores necessitam de grandes estímulos e novidades. Contudo, ao tentar aplicar este conceito nas entidades, os gestores acabam excluindo uma série de pessoas que tem preferência por baixos níveis de estímulo e resultante disto resistências são criadas. Esta fonte pode ser representada pela seguinte indagação: Eu prefiro ser aborrecido a ser

surpreendido.

VI. Relutância para deixar velhos hábitos – A teoria mostra que se indivíduos com apreço a velhos hábitos, quando deparados com novos estímulos que são conflitantes com seus valores tendem a formar estresse e resistir à mudanças. As pessoas quando incorporam este fator de resistência falam: gosto de fazer as mesmas velhas coisas em vez de

experimentar coisas novas.

4.4.1. Resistência às mudanças através dos constructos de Wilson, Roehl- Anderson

e Bragg

Wilson, Roehl-Anderson e Bragg (op. cit.) citam oito fontes que explicam a resistência

a mudanças nas empresas. Estes conceitos são as bases fundamentais na execução deste

trabalho: São apresentados os cinco fatores:

a) Histórias implementadas: Sucessos e fracassos em projetos pretéritos podem

oferecer fortes fatores de resistência à implantação de uma controladoria, uma vez que os

indivíduos tendem a seguir padrões do passado e possuem longa memória. Com isso, o modo

como algum departamento foi implantado com sucesso ou com fracasso pode vincular os

integrantes a não aderirem ao projeto;

b) Existência de projetos competitivos: Empregados estão sempre focados em suas

tarefas rotineiras e ainda devem reservar tempo para os diversos projetos coorporativos da

empresa. Na mesma linha de raciocínio Roehl-Anderson e Bragg (op. cit.) cita que é

importante reconhecer que as pessoas têm capacidades limitadas quando se refere ao aspecto

de tempo. Quando essa capacidade não é adequadamente considerada, a empresa irá pagar um

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preço em perda de produtividade que exceda o necessário Como as mudanças organizacionais

buscam a integração e mobilização de todos os integrantes da entidade, projetos como o de

reengenharia, recursos humanos, marketing e controladoria estarão sempre competindo por

um curto espaço de tempo disponível das equipes.

c) Grau de Perturbação: A teoria afirma que as pessoas não resistem a projetos, mas

sim às conseqüências que estes podem influir em sua rotina. Questões como “como este novo

projeto afetará os processos da empresa?” ou “será necessário muito conhecimento para a

cooperação com este projeto?” surgem na mente dos empregados de forma a torná-los

receosos quanto a novos processos. Definir o grau de perturbação é uma boa fonte para

estratégias de implantação de técnicas e métodos.

d) Custo da falha: Relativo a este conceito Roehl-Anderson e Bragg (op. cit., p. 449)

alegam que quando um projeto falha, os custos deste terão que ser pagos pela organização.

Pessoas rejeitam novos projetos com receios das conseqüências financeiras e não-financeiras

que uma falha pode causar. Com isso perca de tempo, prejuízos, investimentos desnecessários

são conseqüências temidas pelos integrantes das organizações.

e) Risco de falta de apoio: Todos os projetos necessitam de fomentadores, de pessoas

que façam com que as mudanças sejam difundidas nas rotinas operacionais da empresa. Com

isso Roehl-Anderson e Bragg (op. cit.) delineiam que para um projeto ser bem sucedido, tem

de haver uma rede de fomentadores para toda a cadeia de gestão Para um projeto ser aceito, os

patrocinadores devem estar comprometidos com a causa, dispor de tempo suficiente para

efetuar uma correta comunicação, assegurar os recursos necessários. A falta de apoio faz com

que os integrantes fiquem desmotivados, desacreditados e inseguros quanto ao novo projeto e

por isso eles formam barreiras para sua execução;

f) Risco de adequação à motivação: Para Roehl-Anderson e Bragg (op. cit.) a

motivação é criada por uma compreensão dos problemas que têm de ser resolvidos ou

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oportunidades que podem ser usados de forma vantajosa. Os gestores têm que evidenciar

novas situações, de forma que motivem e engajem os funcionários a aderirem aos projetos,

pois muitos destes só proporcionam algum esforço extra, caso exista algum estímulo.

g) Risco de uma visão não-clara: Outro fator que pode levar aos stakeholder´s a não

aderir o projeto é a falta de transparência quanto aos objetivos a serem alcançados por esta

ação. Para Sales e Silva (op. cit., p. 5) “A comunicação eficaz acerca das razões da mudança e

suas reais necessidades são fundamentais e indispensáveis “Para que o alinhamento das ações

individuais contribua para a implantação de uma controladoria, os integrantes das

organizações necessitam de conhecer onde este projeto pretende chegar. Um fato importante é

que esta visão seja resposta para os problemas e oportunidades deste projeto;

h) Risco de mudança empresarial Muitos são os motivos deste fenômeno, mas uma

importante fonte é a falta de conhecimento sobre o tema proposto. Para Roehl- Anderson e

Bragg (op. cit.) uma fonte de resistência que exemplifica este conceito é a falta de

conhecimentos e competências para realizar às novas expectativas. Outros fatores que

caracterizam este conceito são: confusão sobre o projeto, falta de tempo para absorver as

mudanças, falhas em comunicação.

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5. PROCEDER METODOLÓGICO

5.1. Delineamento da pesquisa e método

A presente investigação realiza uma pesquisa de caráter qualitativa, na medida em que

objetiva obter informações relativas à percepção de integrantes de empresas que já

implantaram uma controladoria. E para isto, utilizou no alcance de seus objetivos, o método

de abordagem dedutivo, com realização de entrevistas e análise de documentos, formando

assim um estudo multicasos.

Ainda na definição do perfil da pesquisa, esta se estrutura sob a ótica da tipologia de

pesquisa exploratória, uma vez que tem o objetivo de descoberta de intuições e busca o

aprofundamento da relação entre empregados na implantação de controladoria e tipologia

descritiva, onde é relatado o perfil das controladorias existentes nas empresas e o modo de

pensar do público identificado no objeto da pesquisa. Com isso, a pesquisa segue um caminho

de aprofundamento de uma realidade para em seguida descrevê-la. No processo de construção

da dissertação são encontrados procedimentos de pesquisa direta e indireta. A título de

pesquisa direta, o trabalho exige a busca de informações junto a diversos integrantes das

empresas extraídos na forma de entrevistas semiestruturadas. A pesquisa indireta adiciona na

dissertação a formulação do conhecimento sobre um departamento de controladoria e a forma

com que os agentes atuam neste processo, uma vez que o trabalho analisará, em seção

oportuna, relatórios de administração e documentos das empresas entrevistadas.

A pesquisa é operacionalizada sob a forma de estudo de múltiplos casos. O tipo de

pesquisa selecionado é caracterizado por Yin (1993) como o método adequado quando se

deseja definir temas mais abrangentes, quando não se deseja ater apenas ao fenômeno em

estudo e quando se deseja confiar em múltiplas fontes de informação.

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Este estudo analisará de forma intensiva o processo e o contexto da implantação da

unidade controladoria e buscará mais de uma fonte de coleta de informações.

5.2. O estudo multicaso

5.2.1. Seleção dos objetos de estudo

O trabalho é orientado para o estudo de multicasos. Foram estudadas cinco empresas,

sendo que este número foi escolhido de forma intencional. O processo de seleção das

empresas segue a seguinte ordem de acontecimentos:

a) Listagem de empresas de grande porte: A base de dados foi extraída de associados à

FIEPE1 e SIMMEPE2. A utilização destas fontes se dá pela facilidade na obtenção de

contatos.

b) Envio de email de autorização de pesquisa: Para todas estas empresas foi enviado um

email requisitando a parceria da pesquisa. Foram conseguidos seis respostas positivas e

diversas recusas.

c) Dado o número de respostas, o primeiro critério de seleção foi a existência de

controladoria e o segundo foi o tamanho da empresas. Como a pesquisa pretendia estudar 5

casos, 1 foi descartados e a motivação para isto foi que consistia em uma empresa de menor

porte e o requisitado se intitulava como gerente de tributos.

Após o citado processo, o projeto caminhou para a seleção da unidade de análise. Yin

(op. cit.) ressalta que um ponto fundamental na construção de um estudo de caso com

validade científica é assegurar que as questões da pesquisas sejam pertinentes à unidade de

análise. Desta forma, a escolha de um foco errado, pode conduzir o estudo a conclusões

errôneas, e isto pode ocorrer se a unidade de análise for a “instauração da controladoria” e a

pesquisa escolher um “estudo geral sobre esta unidade”. Como o estudo busca uma ligação

entre fatores de resistência e implantação de uma controladoria, Yin (op. cit.) sugere que a

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unidade de análise seja do tipo iniciativas conjuntas (joint initiatives), pois esta será a

constituída apenas da relação entre estes fatores e não da empresa como um todo. Através do

estudo da literatura, a pesquisa verificou que a unidade de análise era a implantação da

controladoria, mas também foi verificado que este fenômeno não só se resume ao ato de

instituir, mas engloba todo o processo de institucionalização.

5.2.2. Do objeto do estudo multicaso

Para validar o estudo, conforme os conceitos de Yin, neste trabalho foram necessários a

escolha sistematizada dos pontos de coleta de dados. Desta forma, os dados tiveram que ser

comparáveis, uma vez que vai se estudou várias empresas com o intuito de buscar respostas

para a problemática em questão. Respeitando as estruturas existentes foram confrontados os

dados extraídos da controladoria com departamentos específicos de cada empresa. Foram

objetos de entrevista:

a) A própria controladoria

b) Principais departamentos em que a controladoria tem relação;

Ao se defrontar com as peculiaridades de cada empresa, foi visto que não se conseguiria

ter os mesmos objetos de estudo, uma vez que, uma empresa tinha relação apenas com

unidades de distribuição, em outras não existiam departamentos como o de produção. Desta

forma, a pesquisa não utilizou departamentos fixos para o estudo.

Também não se consegui um número fixo de entrevistas em cada empresa. Em todas

houve obrigatoriamente uma entrevista pessoal com o controller, e quanto aos outros

departamentos o número variou.

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5.2.3. Protocolo do estudo multicaso

O protocolo do estudo de caso orientou o procedimento da entrevista, mesmo sendo

entrevista do tipo semiestruturada. A mesma deverá seguir o seguinte padrão e etapas:

a) Visão geral do estudo de caso

b) Procedimentos de campo

c) Questões da pesquisa

d) Guia para o relatório de estudo de caso

O protocolo do estudo de caso encontra-se no apêndice do trabalho.

5.2.4. Condução do estudo de caso

5.2.4.1. Realização de estudo de caso piloto

Da mesma forma que em pesquisas do tipo survey, são aplicados préquestionários, esta

investigação utilizou um estudo de caso piloto aplicado a uma pequena indústria farmacêutica,

para testar a lógica da entrevista, complementando ou extraindo etapas e questões da pesquisa.

Nesta empresa não existe um departamento de controladoria formado, mas sua contribuição

foi no reconhecimento de como os indivíduos agem quando indagados sobre resistências.

Ficou a conclusão de que a entrevista tinha que forçar e repetir as indagações até que os

indivíduos comecem a relatar casos de resistências tanto sofridas quanto ofertadas.

Esta empresa foi escolhida devido a sua facilidade de acesso e pela abertura ofertada

pelos seus gestores.

5.2.4.2. Instrumentos de coleta de dados

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Os dados pertinentes a esta dissertação foram coletados:

I. Realização das entrevistas: As entrevistas foram realizadas junto aos integrantes que

compõem a controladoria (Controllers e outros profissionais). Em um dos casos a primeira

entrevista foi realizada com o supervisor de contabilidade. Embora o público alvo seja o da

controladoria, também foram feitas indagações com outros profissionais e este processo tem

como objetivo validar as respostas advindas da controladoria.

A entrevista foi efetuada de forma individual, realizada com um participante por vez e

só houve um agente responsável pela obtenção de dados, que corresponde ao autor da

pesquisa. Para a condução da investigação foi utilizado o tipo de entrevista semiestruturada,

de modo que segue um guia flexível das questões a serem abordadas e na qual os participantes

serão indagados sobre as mesmas questões.

A pesquisa utilizou de entrevistas presenciais, telefonemas e o envio de emails. Quanto

ao contato com os responsáveis pela controladoria, não ocorreram grandes dificuldades,

porém a pesquisa encontrou algumas barreiras ao tentar entrevistas as demais áreas. Em

algumas empresas, determinados departamentos não foram acessíveis e outros apresentaram

respostas superficiais.

II. Análise de documentos: Para auxiliar e validar as deduções do trabalho, foram

requisitados documentações que comprovem argumentos, bem como arquivos que

contextualizem o ambiente da empresa. As documentações conseguidas consistiram em

apenas panfletos sobre o desempenho da empresa e fichas com dados técnicos da

controladoria.

III. Visita física: Também foi solicitado um reconhecimento da estrutura da empresa. A

pesquisa apenas conseguiu conhecer a estrutura montada da controladoria.

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5.2.5. Das métricas utilizadas no processamento das entrevistas

Para dar maior confiabilidade ao estudo, foram pesquisados métricas de mensuração de

resistência. Sem estes artifícios, o respondente poderia alegar que em determinado setor

houve muita resistência, então surge a pergunta: como ele observou esta resistência? E para

isto, a presente pesquisa escolheu para nortear a mensuração da resistência o conceito de

mecanismos de defesa descritos por Bovey e Hede (op. cit.): negação, dissociação,

isolamento, projeção e agressão.

Na condução dos estudos de caso, foi requisitado ao entrevistado, que ao indicar uma

fonte de resistência, a justificação de sua percepção com uma das métricas citadas neste item.

Contudo, todos os entrevistados não conseguiram apontar a vinculação de uma variável

específica com determinado fator de resistência.

Na primeira entrevista, o controller afirmou que todos estes mecanismos antiadaptativos

ocorrem com freqüência em sua empresa. Desta forma, ficou definido que se ocorresse algum

destes fenômenos então se pode declarar que houve resistência.

5.2.6. Análise das evidências do estudo de caso

Coutinho e Chaves (2002) apresentam um conceito, importante na validação das

interpretações de estudos de casos, que é o protocolo de triangulação. Segundo o autor, o

conceito de protocolo de triangulação consiste nas confirmações de outras fontes dos dados

obtidos. Dentre as formas de que este conceito pode se materializar foi escolhido à

triangulação das fontes de dados, na qual a pesquisa tentará confirmar as informações

extraídas das entrevistas, com a controladoria, com documentos oferecidos pela empresa e

com entrevistas com integrantes de outros setores da empresa.

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A análise dos estudos multicasos levará em consideração fatores como localidade,

faturamento, ramo de negócio, o ambiente organizacional, uma vez que as respostas atribuídas

aos questionamentos terão cruzamentos com estes dados.

5.2.7. Validação e confiabilidade da pesquisa

Conforme é apresentado por Yin (op. cit.) são necessários quatro conceitos para

validação e confiabilidade da pesquisa:

a) Validade do constructo: O conceito é definido como o uso de instrumentos e

medidas de mensuração que operacionalizam com precisão os constructos de interesse da

pesquisa (YIN, op. cit). Trata-se de um conjunto de procedimentos que explicitam todas as

variáveis em estudo bem como suas unidades de mensuração.

b) Validade interna: Refere-se ao rigor pelo qual um dado é considerado, ou seja, para

que seja inferida alguma informação, os dados devem ser confiáveis. Para isto o pesquisador

deve especificar a unidade de análise, embasar teoricamente e testar a qualidade dos dados.

c) Validade externa: Significa a formação de uma estrutura para que as conclusões

deste trabalho sejam generalizadas. Deste modo, o trabalho utiliza o método de estudo de

múltiplos casos e tenta fazer relações entre as inferências das empresas estudadas. Se for

possível observar relações entre os estudos de casos, então se poderão generalizar as

conclusões.

d) Fiabilidade: Consiste na descrição minuciosa de todos os passos da pesquisa. Para

Yin (op. cit.) a pesquisa tem fiabilidade quando se usa um procedimento formal na construção

de um protocolo e do desenvolvimento do estudo de caso. Constam em apêndice todos os

passos do processo do estudo de caso. O quadro 15 mostra como a presente pesquisa utilizará

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os conceitos de Yin (op. cit.) para dar validação e confiabilidade para os resultados a serem

encontrados:

Quadro 15 - Demonstrativo dos artifícios de validação e confiabilidade utilizados

na pesquisa

Item de validade e confiabilidade

Artifício utilizado na pesquisa

Validade do constructo

As variáveis a serem estudadas são as fontes de resistência propostas por Wilson, Roehl-Anderson e Bragg (1999), e detalhadas no referencial teórico. A mensuração da resistência pelos conceitos pelos relatos ofertados pelos entrevistados.

Validade interna O mecanismo utilizado é a triangulação de dados. Com isso as informações extraídas das controladorias serão confrontadas com os respectivos departamentos. Exemplo: O controller relata que um projeto competitivo fez com que os funcionários do setor de produção resistissem à implantação da controladoria. Então a pesquisa tem a obrigação de entrar em contato com um gestor do departamento de produção e confrontar esta informação. Caso exista divergência nas informações, estas informações serão analisadas separadamente.

Validade externa Será proporcionada através do estudo de cinco empresas. As conclusões do trabalho serão advindas de evidências em comum dos casos estudados e não em acontecimentos específicos.

Fiabilidade São descritos no protocolo de pesquisa todos os passos a serem realizados em cada pesquisa, de forma que todas as empresas pesquisas sejam indagadas da mesma forma

Fonte: Própria

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6. ESTUDOS MULTICASOS

A seguir são expostos todos os estudos de caso e estes organizados em ordem

cronológica de suas entrevistas. As empresas estudadas preferiram não divulgar

explicitamente os seus nomes, de forma que receberão nomes fictícios: Empresa A, Empresa

B, Empresa C, Empresa D e Empresa E.

6.1. Primeiro estudo de caso – Empresa A

Neste procedimento de pesquisa, houve uma entrevista com o gerente da controladoria

da empresa, através de email e debates presenciais.

6.1.1. A empresa

A primeira empresa em estudo, que aqui será chamada de “EMPRESA A”, é uma

indústria vidreira localizada na região metropolitana do Recife. A “EMPRESA A” pertence a

um grupo empreendedor que atua no mercado há mais de 90 anos e que em 2009 está presente

nas áreas de vidros, energia e investimentos imobiliários. Esta é uma empresa com capital

100% nacional, que atua no mercado de vidros há 50 anos e atualmente é considerada a 3º

maior empresa vidreira do Brasil com uma produção diária de aproximadamente 1.000

toneladas de vidro. Este grupo possui atualmente quatro unidades fabris, das quais duas estão

ativas (Recife e Vitória) e duas inativas (Ceará e Bahia).

Uma característica que marca esta empresa é a busca pela qualidade em seus produtos e

processos, em que possui certificação ISSO 9001 e DMF (Drug Master File) fornecida pelo

governo americano no qual permite que seus produtos por lá sejam comercializados. A

empresa está em um momento de grandes investimentos em sua estrutura fabril e em

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tecnologia da informação, exemplo disto foi à aquisição recente de um sistema ERP e um

sistema de forno digital utilizado para o monitoramento de variáveis como consumo de gás e

energia, controle de níveis de umidade e temperatura. O ano de 2008 foi marcado por um

grande aumento no faturamento bruto da empresa, o crescimento foi em torno de 37,1%. Isto

foi explicado pelo aumento no consumo de embalagens descartáveis de bebidas alcoólicas,

pela diversificação do portfólio de produtos e pelas parcerias feitas com empresas

alimentícias. Outro ponto marcante neste ano foi o fortalecimento da estrutura de

controladoria no papel do controle do controle financeiro da empresa.

No quadro 16, podem ser visualizados alguns dados adicionais sobre a empresa.

Quadro 16 – Ficha técnica da EMPRESA A

Ficha técnica

Nome EMPRESA A

Ramo de atuação: Indústria vidreira;

Natureza Jurídica: Sociedade empresaria limitada;

Faturamento bruto anual: Entre R$ 600.000.000,00 e R$ 700.000.000,00

Número de empregados: 1.600 empregos diretos

Principais produtos e serviços: Utilidades e embalagens em vidro para alimentos, medicamentos e bebidas.

Missão da empresa: fornecer e ser o melhor em artefatos de vidro;

Fonte: Entrevista

6.1.2. A controladoria

A controladoria foi implantada há cinco anos. A controladoria da EMPRESA A é

coorporativa e é responsável pelas quatro unidades instaladas. Sua estrutura pode ser

visualizada através da figura 04, em que são mostrados todos os departamentos subordinados

a esta.

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Figura 04 – Organograma de EMPRESA A

Fonte: entrevista

A controladoria está um nível abaixo da diretoria financeira e toda informação

produzida é reportada para esta. A estrutura da controladoria pode ser visualizada na figura

05.

Figura 05 – Organograma de Controladoria da EMPRESA A

Font

e: Entrevista

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Nos itens seguintes, são explanadas as funções de cada subdivisão da controladoria da

EMPRESA A:

I. Setor fiscal: Tem a função de cumprir com todas as exigências tributárias, sejam elas

principais ou acessórias. As pessoas que compõem este departamento também estão

incumbidas de auxiliar o departamento de “custos e orçamento” na projeção dos tributos

incidentes sobre a empresa no período em questão;

II. Setor de Contabilidade: É responsável pela manutenção da base de dados da

contabilidade, tendo que realizar lançamentos contábeis e verificar o devido processamento de

informações geradas pelo sistema ERP. Também são de responsabilidade deste setor a

elaboração e publicação dos demonstrativos contábeis;

III. Setor de custos e orçamento: É o setor mais recente da empresa, que foi fundado

há três anos. “Custos e orçamento” passa a realizar o papel de elaboração e controle da peça

orçamentária e dos custos gerais da empresa, que anteriormente eram realizados de forma

superficial por cada departamento da empresa.

A função de “custos e orçamento” foi atribuída à controladoria porque foi verificado

que os custos eram calculados de forma que geravam dúvidas sobre a correta mensuração.

Também foi averiguado que não eram exigidos maiores controles quanto aos gastos

realizados pelos departamentos da empresa, de modo que as despesas não respeitavam os

limites impostos e a empresa era bastante flexível quanto a este controle. Com a criação deste

departamento, foi iniciado o projeto de elaboração, controle e

de implantação de uma cultura orçamentária. No ano de 2008 foi realizado o primeiro

orçamento integrado, e para isto foram criadas reuniões mensais de controle do cumprimento

das metas e uma reunião semestral de ajustes dos parâmetros orçamentários.

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Este controle de orçamento deu oportunidade a uma série ações que proporcionaram

reduções nos custos da empresa. As melhorias nos processos de produção reduziram a

interdição de produtos (levando a uma redução do custo de produção), novas formas de

emissão de promissórias (que levaram a economias significativas), estudos sobre a eficiência

das máquinas (aumentaram a eficiência do controle de qualidade).

IV. Setor financeiro: São compostos por três subdivisões: contas a pagar, contas a

receber e controle financeiro.

O setor de contas a pagar tem o papel de efetuar todos os pagamentos de títulos e

questionar quaisquer despesas efetuadas por toda empresa. Com a criação deste departamento,

foram estipuladas normas relativas à movimentação de recursos e mecanismos de controle.

Uma regra pode explicar esta mudança: A empresa editou uma norma de que despesas com

viagens que contenham bebida alcoólica serão vetadas pelo setor.

O setor de contas a receber é responsável pela concessão de limite de crédito para

clientes, bem como a aprovação de vendas a prazo. O que ocorre com frequência é a tentativa

do setor comercial de vender a um cliente a um limite superior ao crédito disponibilizado, e

neste caso a controladoria pode vetar este pedido, como também pode vetar uma venda para

um cliente inadimplente. A empresa tem uma política de destacar na nota fiscal um adicional

financeiro sobre o valor dos produtos nas vendas a prazo, pois a empresa afirma que como os

bancos cobram juros para financiar suas atividades, a empresa faz o mesmo no financiamento

dos seus clientes.

O controle financeiro é responsável pelo relacionamento com bancos, ou seja, tem a

prerrogativa de aplicar os recursos em excesso e planejar a aquisição de empréstimos. A

empresa atualmente trabalha com vários financiamentos de capital de giro, uma vez que é

verificado que o capital de terceiros é menos dispendioso que o capital próprio. Quando é

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verificada a necessidade de aquisição de empréstimos, a controladoria deve se reportar a

diretoria e aos acionistas.

V. Auditoria: A EMPRESA A possui auditorias internas e externas terceirizadas. A

auditoria interna é subordinada à controladoria, já a auditoria externa trabalha no intuito de

validar o trabalho realizado pela contabilidade.

VI. Tecnologia da informação: Esta é outra área subordinada à controladoria, só que

possui o seu próprio gerente. A empresa era gerenciada através de vários sistemas de

informática pertencentes a cada centro de custos, porém recentemente adquiriu-se um sistema

ERP. O processo de implantação e manutenção ficou a cargo do departamento de TI.

6.1.3. Outras informações relevantes sobre a controladoria

A controladoria tem poder para realizar compras para seu departamento, aprovar ajustes

de inventário, questionar despesas de qualquer setor, elaborar e publicar o balanço, dar

autorização para liberação de crédito à clientes, realizar a avaliação de resultado.

Mensalmente a controladoria apresenta o BIG (Book de Informações Gerenciais) onde

são mostrados na mesa dos sócios uma série de indicadores com resultado por unidade, por

segmento e outros.

6.1.4. O controller

O controller já está a cinco anos na empresa e desempenha desde Abril de 2008 esta

função. O mesmo tem larga experiência na indústria vidreira, uma vez que antes de trabalhar

na EMPRESA A, já tinha vários anos de experiência em uma concorrente direta da empresa.

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O controller mostra-se com experiência, com personalidade forte e com habilidade

política. Este funcionário tem formação de ciências contábeis e administração.

6.1.5. As resistências relatadas

Nos relatos do controller dois projetos encontraram resistência em sua gestão:

implantação do sistema ERP e criação do departamento de custos e orçamento dentro da

controladoria.

Como já afirmado em outra seção, a empresa tinha em cada departamento um sistema

que atendia suas necessidades locais, porém a existência destes eram sinônimos de retrabalhos

e lentidão. Um exemplo disto é que uma nota fiscal de compra de uma matéria-prima tinha

que ter seu cadastro no setor de suprimentos, outro no setor de compras a pagar, e isto se

repetia com custos, produção e outros. O fato de se ter um sistema isolado faz com que o

funcionário se sinta mais a vontade com relação à execução de suas tarefas, e com isso o

controller afirma que o grande incômodo neste projeto foi à democratização da informação.

Com este sistema, um desvio é propagado por toda a empresa rapidamente, de forma que se a

produção de um dia consumir um determinado insumo fora da normalidade, qualquer

funcionário da empresa tem a oportunidade de enxergar.

O pessoal que fazia parte da controladoria e outros designados, incluindo o atual

controller que exercia outra função na empresa, foram os responsáveis pela modelagem do

sistema de informações dentro do sistema ERP. O sistema ERP ainda não abrange todas as

operações da empresa e o término do projeto ainda tem participação da controladoria.

Quanto à implantação do sistema orçamentário, cabe afirmar que o controle financeiro

da empresa era muito frágil e era realizado por cada setor, o que proporcionava bastante

descuido na utilização dos recursos da empresa. O primeiro passo foi à conscientização da

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importância do orçamento, contudo, quando se dá poder para um departamento controlar o

orçamento geral da empresa, isto gera uma “onda de medo”.

A estratégia desenvolvida foi à realização de um orçamento, em conjunto com as áreas,

atrelando-o a um plano de participação sobre os resultados alcançados. O sucesso do

orçamento foi tão grande que a previsão do retorno sobre o capital investido, que era de 33%

fechou em 2008 em 32,8%. Foram necessários três anos para a construção de todo o modelo

orçamentário, desde a sua elaboração, passando pela edição de normas e pelo delineamento de

metodologia de controle de desvios. Contudo, afirma o controller, que há muito a se fazer e

uma das ações necessárias é a flexibilização do orçamento em termos de tecnologia da

informação. Ainda existe muita dificuldade no momento de debate com a diretoria e

acionistas, pois quando se deseja alterar um parâmetro do orçamento, como a escolha de uma

taxa de juros, o aumento do volume de vendas de um produto ou o aumento da compra de um

insumo, não se conseguia oferecer uma resposta tempestiva.

Também foi indagado sobre possíveis resistências a projetos futuros da empresa. Foi

apresentado o projeto de unificação e padronização das planilhas eletrônicas utilizadas pela

empresa. Muitos processos da empresa são feitos em planilhas eletrônicas, pois determinadas

atividades da empresas possuem um grau de complexidade que precisam de constante

personalização. O projeto enseja padronizar as planilhas e sincronizá-la com o sistema ERP

através de técnicas de programação.

6.1.6. Fontes de resistência

Foram questionadas quais fontes de resistência são mais freqüentes na ação da

controladoria. As respostas podem ser visualizadas na figura 5:

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Figura 05: Fontes de resistência sobre projetos da controladoria da EMPRESA A

Fonte: entrevista

6.1.6.1. Análise das fontes de resistências não impactantes sobre os projetos da

controladoria

I. Histórias implementadas: Ao ser questionado por que este conceito não implica no

funcionamento da controladoria da EMPRESA A, o controller discursou: “Existem

peculiaridades de certas empresas que favorecem ou não essas mudanças, como por exemplo,

a cultura interna, se numa empresa temos um grupo que já está acostumado com a ocorrência

de mudanças, se essas mudanças são comunicadas de forma correta e principalmente se

conseguimos provar que as mudanças são necessárias e corretas, não existe motivo para esse

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tipo de revolta”. A ferramenta utilizada pela empresa é a transparência das ações e o

atrelamento das metas macro aos objetivos individuais dos empregados.

II. Projetos Competitivos: O controller defendeu falta de relação entre à resistência ao

funcionamento da controladoria com as seguintes palavras: “Para essa pergunta vale a

resposta que lhe dei ontem, ou seja, a empresa tem um envolvimento muito forte de sua

direção em prol das mudanças positivas que a controladoria vem implementando, logo

culturalmente as pessoas entendem que os projetos macros se sobrepõem aos seus projetos

individuais”.

III. Risco de uma visão não-clara: Como já mencionado no item “histórias

implementadas”, quando o projeto tem uma boa comunicação e o empregado sabe das

consequências que isto ocasionará, não serão encontradas grandes resistências.

IV. Risco de mudança empresarial: O controller afirma que em sua gestão não

verificou a ocorrência deste fenômeno.

V. Risco de falta de motivação: O controller não encontrou esta fonte de resistência,

uma vez que os projetos da controladoria tendem a utilizar de instrumentos que alinham os

objetivos individuais aos da empresa. Exemplo disto foi o plano de participação sobre os

resultados.

6.1.6.2. Análise das fontes de resistências impactantes sobre os projetos da controladoria

I. Grau de Perturbação: Este fenômeno ficou muito claro na implantação do sistema

ERP, pois os empregados ficaram muito mais expostos em suas atividades. Como cada

empregado já tinha prática e privacidade com seu sistema, a implantação de um novo sistema

integrado poderia levar as seguintes perguntas: “Será que este novo sistema exigirá mais do

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meu trabalho?”; “Será que eu terei que aprender a manusear outro sistema?”; ”Eu ficarei mais

exposto?”.

Setores que proporcionam esta resistência: Abrange a empresa como um todo, onde

não foi identificado uma situação ou setor específico.

Estratégias adotadas: A equipe de implantação do sistema ERP, teve o cuidado de

comparecer em cada setor e convencê-los da importância e das vantagens a serem geradas por

este projeto. O controller relatou que: “nessas horas o profissional tem que ser político, e não

deve apenas se limitar a dizer não”. Outro fator que contribuiu para a eficácia da execução do

projeto, foi que o sistema ERP foi uma demanda da diretoria e teve aval dos acionistas.

II. Custo da falha: O custo da falha é a fonte de resistência que mais influi no

funcionamento da controladoria. É muito comum que a controladoria desaprove vendas

efetuadas pelo setor comercial, seja porque esta venda a prazo exceda o limite de crédito

estabelecido pela controladoria ou por inadimplência do cliente. Este setor questiona os custos

de oportunidade da decisão de não vender. O departamento comercial sempre tenta ampliar

suas vendas, fornecer crédito aos clientes a um limite superior do fixado pela controladoria ou

tentam formular planos de marketing que consomem mais do que o orçado. Este

departamento tenta ignorar as normas e constantemente tenta efetuar vendas sem

conformidade com o orçamento, e assim a controladoria sempre veta. Setores que

proporcionam esta resistência: A empresa em geral, mas foram relatados eventos

específicos proporcionados pelo departamento comercial (limite de crédito aos clientes).

Estratégia adotada pela controladoria: Neste momento, a controladoria passa a ter

um caráter mais político do que repressor, onde a mesma sempre direciona algum integrante

para esclarecer sobre os motivos de sua ação. Neste caso ele expõe os riscos de não

pagamento de determinado cliente, evidencia todos os custos variáveis de vendas, o custo e a

necessidade de captação de recursos da empresa. No final fica a mensagem de que os

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hipotéticos benefícios de uma venda maior estão atrelados a riscos que podem comprometer o

andamento da situação financeira da empresa. Após realizar estes procedimentos a

controladoria afirma que o setor comercial e de marketing não resistem mais aos controles

internos impostos.

III. Risco de falta de apoio: Segundo o controller, podem ocorrer muitos conflitos se a

controladoria começar a se dirigir, autonomamente, no sentido ditar regras e impor limites às

ações dos empregados. As pessoas não gostam de sofrer interferências de pessoas externas ao

seu trabalho e muitas vezes só tomam atitude após ordens de superiores diretos ou exemplos

dos colegas de trabalho.

Setores que proporcionam esta resistência: A empresa como um todo

Estratégia adotada pela controladoria: O perigo potencial desta fonte de resistência

leva à controladoria a convencer a diretoria em primeiro plano e assim ganhar seu apoio. Isto

é feito para dar mais poder e evitar este tipo de resistência, pois quando vem uma ordem de

um superior hierárquico maior, os indivíduos acabam acatando as alterações com mais

facilidade.

6.1.7. Triangulação

Para finalizar o estudo de caso, foi requisitado através de email, indagações sobre a

relação de determinados departamentos com a controladoria. Alguns setores eram de difícil

acesso e desta forma só se conseguiu contato com o chefe do departamento de tecnologia da

informação e recursos humanos. Cabe ressaltar que não se conseguiu contato com o

departamento comercial. Nenhum fato relevante foi apresentado nestes contatos, porém foram

confirmados sobre os ótimos resultados apresentados pelo orçamento e pelo funcionamento

do sistema integrado de informações.

6.1.8. Análise individualizada da EMPRESA A

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A análise da entrevista com o controller da EMPRESA A evidenciou uma forte

resistência ao trabalho da controladoria. Como a empresa está em fase de modernização,

muito controle é necessário e isto é uma grande oportunidade para atuação da controladoria.

Outro fato que contribuiu foi a falta de controle financeiro, pois com o crescimento do

faturamento, ficou visível uma série de falhas na gestão. Estes fatores deram bastante poder

ao controller.

As atividades de orçamento, auditoria, tecnologia da informação e controle financeiro

são as grandes armas do controller e estas atividades são as que mais têm implicância na vida

das pessoas.

Dois conceitos apresentados por Baird, Harrison e Reeve (op. cit.) são as chaves para o

sucesso na institucionalização da controladoria: Suporte da alta administração e relação das

políticas de performance e compensação. Apesar de estar subordinada a diretoria financeira, a

controladoria tem bastante autonomia e atua muito forte junto aos setores. A soma da

autonomia e a atuação forte de ferramentas de gestão são as respostas às resistências

encontradas. A aliança entre o orçamento e o plano de participação nos resultados foi a

decisão que fez com que este projeto, mesmo existindo resistência, ganhasse prestígio junto à

diretoria e aos empregados.

O setor que encontrou maior resistência é o de “custos e orçamento”, e este tem a

história mais recente na empresa. E ainda, a ferramenta administrativa que é o principal

instrumento deste departamento, o orçamento, só teve a eficácia no ano de 2008. É oportuno

fazer uma ligação com uma teoria da motivação: a teoria da expectativa. Esta teoria versa que

as pessoas agem tendo em vista as expectativas criadas e tendo em vista isto, a controladoria

trabalhou no sentido que de construir um mecanismo, o plano de participação sobre os

resultados, que para vincular os objetivos dos indivíduos aos da empresa e assim motiva-los.

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Pelos relatos da controladoria, os resultados apresentados são muito promissores e as

resistências estão sendo trabalhadas com muita calma. Contribuem para este sucesso, a

experiência do controller advinda de outra empresa e o fato de já ter trabalhado em outras

áreas da empresa. Um antigo controller, hoje, ocupa o departamento de TI, o que adere mais

um aliado a controladoria. Os controllers da empresas acabam fazendo carreira na empresa, o

que mostra a importância do departamento na empresa.

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6.2. Segundo estudo de caso – Empresa B

6.2.1. A empresa

A empresa, que aqui será chamada de “EMPRESA B”, trata-se de uma indústria,

fundada em 31/12/1983, engarrafadora de uma famosa linha de refrigerantes. A partir do ano

de 2001 a EMPRESA B passou a ter seu controle acionário da matriz americana, que detém

99,9% do capital. Uma curiosidade é que a sede internacional só possui capital aportado em

18 engarrafadoras espalhadas pelo mundo.

O sistema desta marca funciona da seguinte forma: A matriz americana tem em cada

país uma fabricante do extrato de suas bebidas e concede às outras empresas o direito de

engarrafar e distribuí-las. Assim, dentro de um país, existem diversos engarrafadores da marca

e cada uma com seu corpo acionário, com exceção de algumas nas quais a matriz de Atlanta

tem capital integralizado.

Devido a esta configuração, a EMPRESA B trabalha sob controle do seu sócio maior, a

investidora internacional, que é sediada em Atlanta/EUA. Com isso, para todas as operações

existem normas e supervisores da investidora, de forma que o departamento de controladoria

tem um superior a quem se reporta em Atlanta, e este exemplo se estende aos demais

departamentos como Jurídico, Logística. Para contextualizar isto, no ano de 2008, o controller

da EMPRESA B teve que se dirigir duas vezes para Atlanta/USA para resolver assuntos em

comum. Todas as metas são impostas pela investidora internacional e estas são feitas em

dólar, de modo que alterações no câmbio tornam-se um desafio na remuneração do capital do

acionista.

A EMPRESA B atende ao mercado de Pernambuco e Paraíba e, para atender seus

objetivos, possui em sua estrutura quatro fábricas, oito centros de distribuição e participação

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em outras engarrafadoras. Atualmente, a EMPRESA B é considerada a 4º maior

engarrafadora desta marca de refrigerantes no País. No portfólio de produtos são encontradas

várias marcas de refrigerantes, sucos e bebidas alcoólicas e possui uma clientela muito

pulverizada onde se estima o número de 80.000. Com isto, a empresa possui uma moderna

estrutura para dar apoio à demanda de seus produtos, exemplos disto são o sistema ERP e o

sistema de logística o qual permite a simulação da melhor rota para cada carro, simula em três

dimensões a montagem dos produtos em cada veículo.

A EMPRESA B se orgulha, mesmo estando instalada em uma região com PIB

pequeno, de ser uma referência mundial. Os processos desempenhados pela EMPRESA B

foram tão bem sucedidos que as diversas engarrafadoras espalhadas pelo mundo vêm copiar

as fórmulas adotadas pela gestão da empresa, tendo em vista que no ano de 2008 recebeu

aproximadamente 140 visitas de gestores da referida marca do mundo todo. Este sucesso é

função de sua cultura na qual preza pelo desafio constante e na força da juventude.

Mais informações da empresa são verificadas através do quadro 17.

Quadro 17 – Ficha técnica da EMPRESA B

Ficha técnica

Nome EMPRESA B

Ramo de atuação: Indústria bebidas

Natureza Jurídica: Sociedade empresaria limitada;

Faturamento bruto anual: R$ 700.000.000,00

Número de empregados: 3.200 empregos diretos

Principais produtos e serviços: Bebidas carbonatadas (refrigerantes), bebidas não carbonatadas (sucos) e bebidas alcoólicas;

Missão da empresa: Ser o principal fornecedor de bebidas, superando as expectativas dos clientes e consumidores, garantindo o adequado abastecimento do mercado, assegurando a qualidade dos produtos e processos, valorizando e desenvolvendo o capital humano, buscando crescimento da organização e a máxima rentabilidade do negócio, com

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respeito à comunidade e ao meio-ambiente;

Fonte: Entrevista

6.2.2. A controladoria

O controller definiu seu departamento como função de apoio a gestão, onde sua

obrigação é manter o fluxo de informações contábeis. Para isto o trabalho da controladoria

deve ser sempre atentar as premissas de tempestividade e precisão, pois algumas das

exigências da investidora são os respeitos dos prazos (para tudo tem prazo) e a premissa de

que a informação sempre consiga gerar um ambiente de decisão. Para a investidora

internacional, o papel da controladoria da EMPRESA B é gerar valor através do

fornecimento de informações.

Figura 07 – Organograma Geral da “EMPRESA B”

Fonte: entrevista

O organograma é evidencia onde está enquadrada a controladoria e a quem ela se

reporta. O controller da EMPRESA B está subordinado ao seu CFO (Chief Financial

Officer) e ao CFO da investidora internacional em Atlanta/USA. Desta forma o General

Manager cobra metas de sua diretoria e estes repassa estas cobranças para seus

departamentos.

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A controladoria é responsável pela área administrativo-fiscal de cada unidade fabril e

centros de distribuição. Cada unidade da empresa tem uma estrutura própria para assuntos

contábeis e fiscais, mas todas são subordinadas a controladoria de EMPRESA B.

A forma de como as tarefas é distribuída podem ser visualizadas através da figura 08 a

seguir:

Figura 08 – Organograma da Controladoria da EMPRESA B

Fon

te: entrevista

Todo o organograma da empresa tem a seguinte estrutura:

1. General Manager

2. Diretoria

3. Gerente Sênior

4. Gerente Pleno

A controladoria respeita a estrutura da empresa, pois o controller é considerado um

gerente sênior e a contadora geral é um gerente pleno. Abaixo deles está uma série de

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coordenadorias que realizam todas as tarefas de sua natureza. A seguir são analisadas todas

suas coordenadorias:

I. Coordenadoria de Custos: Faz a apuração de todos os custos de produção. Para isto

são utilizadas muitas planilhas. Na entrevista, foi destacado o grande número de custos

envolvidos em um produto, desde o consumo de gás das empilhadeiras do almoxarifado, aos

custos de embaraço aduaneiro e variação do dólar.

II. Coordenadoria de BRGAAP: Responsável pela manutenção do ERP no que se

refere à movimentação contábil e efetuação de lançamentos manuais. É válido ressaltar que a

política contábil da empresa respeita os mandamentos da Lei Sarbanes Oxley, o que

proporciona ao processo muita transparência e segurança. Em decorrência disto, trabalhos

adicionais são atribuídos a controladoria como revisão dos lançamentos manuais, na qual todo

lançamento deve ser revisado por três pessoas.

Também cabe afirmar que a empresa opera com um número muito grande de operações

e algumas delas precisam de tratamentos especiais como no exemplo a seguir: na empresa

ocorre um evento que é a “rota 48 horas”, neste a empresa enche os caminhões que irão tentar

vender toda a mercadoria num prazo de 48 horas, porém muitas vezes o caminhão não chega

na empresa no momento do fechamento do balanço, o que obriga o controller a considerar o

caminhão todo como uma venda. Só que isto não é real e quando o caminhão chega muitos

ajustes têm que ser feitos.

III. Coordenadoria de USGAAP: A referida coordenadoria tem a função de adequar às

demonstrações contábeis para as regras norte-americanas. Estas são exigências para avaliação

gerencial da Coca Cola Company e da SEC (Security Exchange Comission). A SEC exige

trimestralmente alguns relatórios que são chamadas de SEC Letters, fato que exige muito

tempo e recursos deste departamento. Ainda com relação a esta coordenadoria, a empresa

trabalha com dois calendários um para fins societários nacionais e outro para avaliação da

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investidora. Este calendário é o chamado “4-4-5”, ou seja, o movimento contábil é fechado

por um número determinado de semanas. Para melhor visualizar esta peculiaridade, a figura

09 mostra um exemplo prático;

Figura 09 – Demonstração do calendário 4-4-5

Janeiro

Fevereiro

Março D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S 1 2 3 4 5 1 2 1 6 7 8 9 10 11 12 3 4 5 6 7 8 9 2 3 4 5 6 7 8

13 14 15 16 17 18 19 10 11 12 13 14 15 16 9 10 11 12 13 14 15 20 21 22 23 24 25 26 17 18 19 20 21 22 23 16 17 18 19 20 21 22 27 28 29 30 31 24 25 26 27 28 29 23 24 25 26 27 28 29 30 31

primeiro mês segundo mês terceiro mês

Fonte: Entrevista

No primeiro mês o movimento é fechado na quarta semana, no segundo também e o

terceiro mês é encerrado com cinco semanas e depois o ciclo é iniciado novamente. A

existência deste calendário exige o encerramento do resultado em datas diferentes, apuração

dos custos para o período específico e com isso a empresa passa a ter um trabalho dobrado.

IV. Coordenadoria Fiscal: Esta área é responsável pela apuração de impostos e

planejamento tributário. Esta coordenadoria é de extrema importância para a empresa, uma

vez que a busca pela elisão fiscal está diretamente ligada ao fluxo de caixa da empresa. Outro

fato que ratifica a sua importância é a enorme carga tributária incidente na EMPRESA E a

grande quantidade de fiscalizações. Um exemplo do impacto dos tributos para empresa será o

que vai ocorrer em 2009, pois será mudada a forma de tributação do PIS e COFINS, o que

acarretará em um aumento em tributos equivalente a 1/4 do lucro atual.

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A controladoria é a responsável por projetos de busca de incentivos fiscais. A

controladoria conseguiu o PRODEPE, através de projeto próprio e depois de muita

negociação com o fisco. E também trabalha muito em conjunto com o setor jurídico no

sentido de impugnar autos de infração e para pleitear por reduções na carga tributária. Uma

política fixada pela investidora internacional é que suas investidas devem apenas enfrentar

operações de baixo risco. Isto tem total implicação nas operações tributárias, uma vez que se

alguma brecha para redução de tributos não tiver sentença transitada e julgada pelo Supremo

Tribunal Federal, a empresa nem ousa testar. Além disto, todo projeto que envolva tributos

devem ter a aprovação da Coca Cola Company e da empresa de auditoria e consultoria Ernest

Young.

Não há nenhum especialista tributário na área de controladoria no quadro de

funcionários de EMPRESA B e devido a isto a empresa possui dois funcionários dedicados

em tempo integral para o estudo da legislação junto a um renomado consultor tributário da

região.

Este setor cria valor para empresa na medida em que realiza “tax savings” e encontra

gargalos na legislação fiscal.

V. Auditoria Interna: A auditoria presta serviços no intuito de buscar possíveis

desvios quanto para reforçar os seus controles internos. Esta estrutura não está subordinada a

contadora, uma vez que possui status de assessoria. A empresa ainda sofre auditoria externa,

onde o contrato com esta empresa é feita pela matriz e abrange todas as engarrafadoras no

mundo. A empresa também recebe anualmente uma auditoria de um departamento da Coca

Cola Company chamado de CAD (Corporate Audit Department).

Tendo em vista todas estas estruturas montadas, é de responsabilidade do controller

buscar a eficiência nas operações de suas coordenadorias e das estruturas contábeis-fiscais das

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unidades da empresa. A regra da EMPRESA B é que cada área deve buscar ofertar lucro ao

acionista e no caso da controladoria sua principal arma está na área fiscal.

6.2.3. Outras informações sobre a controladoria

Na controladoria da EMPRESA B não existe a função de avaliação de resultado, não é

da alçada desta elaborar relatórios com indicadores financeiros e não financeiros, análise de

resultado por classes de produtos, unidades de negócios e projeção de fluxo de caixa. Estas

atividades são responsabilidade privativa de um departamento, que não integra a

controladoria, chamado de planejamento financeiro ou report. Na empresa existem reuniões

semanais entre áreas afins, onde vendas, logística e produção debatem sobre planos

operacionais e sempre que algum assunto que envolve tributos é mencionado, a controladoria

passa a participar destas reuniões.

Quanto ao envolvimento da controladoria na elaboração do planejamento estratégico é

verificado que se tem participação mais efetiva na aplicação deste no plano operacional.

Semestralmente ocorre uma reunião chamada de RGE (Reunião Gerencial Estratégica), onde

são reunidos integrantes de empresa, e a controladoria tem a possibilidade participar deste

projeto. O planejamento estratégico é desenvolvido, em boa parte, pela diretoria e presidência,

tendo que respeitar as diretrizes impostas pela Matriz.

Também não está na competência do controller a realização e controle do orçamento. A

controladoria atua no orçamento oferecendo informações contábeis fidedignas. A empresa

trabalha com tempo escasso, e o processo do orçamento exige muitas idas e vindas da

diretoria, e isto força que esta ferramenta seja elaborada apenas com dados históricos. O

orçamento é chamado de “Rolling” na empresa.

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A controladoria é responsável pelo envio, trimestralmente, de informações gerenciais à

Atlanta e nisto estão uma série de relatórios que contém dados como seguros de vida e dos

prédios, ações de recursos humanos e outros. A investidora internacional sempre questiona os

dados fornecidos pela EMPRESA B, o que faz com que a controladoria analise os saldos das

contas, comparar com o acumulado e o previsto no orçamento, para em seguida enviar as

devidas justificativas.

6.2.4. O controller

O controller está na companhia há oito meses, e desde sua entrada ocupa este cargo.

Este tem experiência em várias empresas atuando como controller e no planejamento

financeiro. O controller é jovem, bastante articulado, integrado com os temas corporativos e

mostra bastante conhecimento gerencial.

O profissional é formado em Ciências Contábeis, possui várias especializações de

gestão e atualmente cursa o mestrado em engenharia de produção.

6.2.5. As resistências relatadas

O que ocorre muito na empresa é a tentativa de se dar “jeitinho” nas operações que

envolvam obrigações tributárias. Alguns fatos podem ser listados para exemplificar esta

afirmativa. Em um determinado momento aconteceu a inauguração de um bar em Porto de

Galinhas que venderia bebidas exclusivas da empresa e para isto foi requisitado uma

determinada quantidade de freezers da empresa, só que no dia o sistema emissor de notas

fiscais estava com problemas e as notas fiscais de remessas não conseguiam ser emitidas.

Com isso, o pessoal do setor comercial pediu para que estes freezers fossem enviados sem

notas fiscais e a controladoria não permitiu esta operação.

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Foram expostos todos os riscos que esta operação poderia desencadear na empresa, mas

as pessoas envolvidas na organização do evento rebatiam que os ganhos desta operação

seriam superiores ao seu risco. A controladoria então se dirigiu ao seu superior direto e que

manteve sua posição. Ao final da tarde, o sistema voltou ao normal, a nota foi emitida e o

evento ocorreu com toda normalidade.

A empresa tem um departamento chamado de “Procurement” e este tem a função de

realizar todas as compras. Este departamento não faz apenas as compras na EMPRESA B,

mas também de duas engarrafadoras, sendo uma de Fortaleza e outra do Uruguai, e isto é feito

para dar poder de barganha na negociação de preços mais baixos. Além disto, este

departamento realiza a compra de uma quantidade muito grande de matérias-primas e muitas

destas estão atreladas ao preço do dólar, de cotações de commodities como petróleo e açúcar e

mercado futuro. Nestas operações, a carga tributária geralmente é muito grande, então ocorre

que operadores sempre arranjam alguns “jeitinhos” para burlar a legislação tributária em

operações de desembaraço aduaneiro, porém nunca conseguem o aval da controladoria.

Também foi questionado sobre ações futuras que serão objeto de rejeição. Foi relatado

que a EMPRESA B pretende acabar com toda a rede atacadista, uma vez que a empresa

considera tem um know-how superior em logística e que seu desempenho na distribuição seria

mais rentável. Porém este projeto esbarra em uma série de implicâncias tributárias no

relacionamento entre distribuidor e a EMPRESA B, uma vez que toda montagem de algum

centro de distribuição necessariamente deve ter aval da controladoria para que esta informe

como esta empresa deverá ser configurada societariamente, como será o desempenhado todo o

sistema contábil e tributário. Outro projeto da empresa é acabar com os departamentos de

fiscais e contábeis das unidades da empresa. Este é uma política da empresa que busca

centralizar a execução de alguns serviços, na qual é chamada de serviços compartilhados

(shared services).

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Com isto, muitos perderão suas responsabilidades e alguns perderão até o emprego, mas

a intenção da controladoria é buscar a eficiência dentro de seu departamento para que isto

gere mais agilidade e segurança à informação e menor custo operacional à empresa.

6.2.6. Fontes de resistência

A figura 10 demonstra as fontes de resistência segmentadas em variáveis impactantes e

não-impactantes.

Figura 10: Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria da

EMPRESA B

Fonte: Entrevista

6.2.2.1. Análise das fontes de resistências não impactantes sobre os projetos da

controladoria

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I. Histórias implementadas: Ao ser indagado por que isto não ocorre em sua empresa,

controller afirma que sempre que vários modelos de gestão são aplicados de forma

excludentes a empresa perde a credibilidade perante alguns funcionários. Este caso acontece o

tempo todo e em todas as áreas da empresa. Como o mercado é muito dinâmico e muitas

vezes o turn over da empresa é muito alto, as pessoas perdem a continuidade de processos /

projetos ou muitas vezes se toma um caminho e depois se identifica que não era a melhor

forma de fazê-lo. Para o controller este tipo de funcionário é a minoria, hoje as pessoas sabem

que a mudança é uma necessidade constante e quem não se adequar a estas mudanças, tende a

ficar para trás. Na EMPRESA B os processos são editados pela Coca Cola Company e

sempre buscam coerência e atender às necessidades imediatas da empresa. A estrutura

normativa impede que esta variável seja impactante em projetos da controladoria;

II. Existência de projetos competitivos: Para o gerente da controladoria, as empresas

trabalham com projetos que muitas vezes são "mutuamente excludentes", ou seja, disputam a

mesma verba orçamentária e por estes motivos será criada uma ordem de prioridade e existem

projetos que por esta razão não serão aprovados. A política da EMPRESA B é que estes

projetos têm que ser complementares, pois no final a busca é a mesma, a remuneração do

capital investido pelo acionista com sustentabilidade. Os projetos da controladoria possuem

uma série de prioridades, uma vez que a controladoria pode ser considerada como uma parte

da linha de produção, pois se esta parar a empresa como um todo também para. Uma exceção

pode ocorrer se existir algum projeto promovido pela Coca Cola Company.

III. Falta de apoio: A controladoria não está sujeita a esta fonte de resistência, uma vez

que os processos da empresa são muito amarrados a normas. Um exemplo claro desta

normatização aconteceu no procedimento da pesquisa, pois quando foi requisitado o contato

com representantes de cada área, o controller teve que pedir autorização à diretoria. Todo

processo da empresa é muito ligado a ordens da diretoria pernambucana e de Atlanta, por isso

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não existe a possibilidade de um projeto da controladoria não ser adotado pelos departamentos

comerciais, de produção e etc.

IV. Risco de falta de motivação: O trabalho feito pelo departamento de recursos

humanos e a política de integração entre as áreas, fazem com que a controladoria não oferte

motivos para o desenvolvimento deste conceito.

V. Risco de uma visão não clara: Como muitas das diretrizes vêem da investidora, os

projetos da empresas necessitam de bastante comunicação, pois estes devem ser concretizados

e muitas vezes têm implicância no trabalho de todos

VI. Risco de mudança empresarial: Na entrevista, o controller não relatou nenhum

fato pertinente a esta fonte de resistência.

6.2.2.2. Análise das fontes de resistências impactantes sobre os projetos da

controladoria

I. Grau de perturbação: Esta resistência está vinculada a problemas operacionais

proporcionados pela atuação da controladoria. Um exemplo disto são as recomendações e o

debate após as diligências da auditoria interna. Os integrantes da empresa têm certo receio

com a atuação de uma equipe que está em busca de erros nas suas operações. Setores que

proporcionaram esta resistência: A empresa como um todo;

Estratégia adotada: A controladoria tem o apoio forte da diretoria nacional e

internacional, e isto faz com que o funcionamento desta não perca a continuidade.

II. Custo da falha: Como o pessoal do departamento comercial constantemente tem

ideias mirabolantes e estão sempre em modo de criação, muitas vezes os seus projetos se

chocam com a legislação tributária. Em momentos onde se requer agilidade encontra

burocracia, e em oportunidades de ganhos maiores encontra o correto cálculo dos tributos. A

estratégia adotada pela controladoria é mensurar o risco da operação e saber dizer o não. Esta

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postura é sempre mantida uma vez que se algo ilícito for liberado é provável que isto se repita

no futuro.

Setores que proporcionaram esta resistência: Maior foco está no departamento de

vendas;

Estratégia adotada: A controladoria tem o dever de convencer as partes sobre os riscos

de operações fiscais ilícitas e em casos extremos a decisão é levada à diretoria.

6.2.7. Triangulação

Através de emails enviados para os setores de vendas, recursos humanos, suprimentos e

produção, não foram verificados fatos divergentes com os dados levantados na entrevista com

o controller. Para isto cabe ressaltar o depoimento do gerente da área comercial que ratifica o

pouco contato com a controladoria, ressaltando que estes só ocorrem em alguns projetos

específicos. Contudo é afirmado que suas operações vão em conformidade com políticas e

procedimentos ditados pela controladoria. As áreas relatam que ofertam apenas a resistência à

problemas operacionais específicos

6.2.8. Análise individualizada das fontes de resistência

As entrevistas apontam para a EMPRESA B como uma instituição muito vinculada as

normas da investidora internacional. Pelo fato de tudo ter normas e que estas são impostas

pela matriz, muitas das ações da controladoria deve ser norteada por estas. Para exemplificar

estas afirmações, existem casos específicos como a exigência do uso do cartão American

Express para pagamento de despesas de viagens. O próprio controller afirma que as mudanças

para acontecer na EMPRESA B, devem ocorrer no sentido “alta direção _ nível operacional”,

pois o contrário não tem força suficiente.

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Para isto, pode ser feito uma ligação conceito de centralização proposto por Abernethy e

Bouwens (op. cit.), pois como as decisões são centralizadas a poucos gestores (principalmente

da investidora internacional) as mudanças tendem a ocorrem tão somente a partir destes.

Na EMPRESA B, as mudanças são difíceis de ocorrer, onde, após incorporar o estilo

de trabalho da empresa, o controller afirma ser muito resistente às mudanças. A própria

implantação da controladoria não teve grandes resistências uma vez que esta era uma

preocupação da matriz e que se tratava de uma necessidade perceptível por todos os

integrantes da empresa.

A empresa adota uma política onde os seus integrantes devem ter conhecimento de

todas as atividades e o controller incorpora bem este mandamento, pois muitas vezes vai

pessoalmente verificar todo o processamento logístico, analisando como o processo do pedido

é realizado e todo o processo de expedição. Toda esta cultura é uma chave para os relatos de

sobre baixos índices resistências a estrutura da controladoria.

Apesar de não sofrer resistências das áreas da empresa, a controladoria por si só não

consegue promover grandes mudanças organizacionais. Para explicar este fenômeno pode-se

reportar ao conceito promovido por Hellriegel e Slocum Jr (op. cit.) de estrutura

organizacional, assim, para as mudanças para ocorrerem na empresa deve existir uma

iniciativa da investidora.

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104

6.3. Terceiro estudo de caso – EMPRESA C

Nesta empresa a entrevista foi realizada junto ao supervisor de contabilidade e com o

gerente contábil-financeiro.

6.3.1. A empresa

A terceira empresa analisada, que aqui será chamada de EMPRESA C, trata de uma

indústria fabricante de engrenagens para veículos com duas e quatro rodas sediada em

Igarassu/PE. Seu capital é composto por duas empresas japonesas: uma pertence a uma

multinacional do ramos de engrenagens, que recebe o mesmo nome, e uma grande fabricante

de veículos de duas e quatro rodas.

A história desta empresa se reporta a década de 30, onde começa com a fabricação de

componentes de aviões no Japão. Na década de 50 a 60 começou sua parceria com a Honda e

a partir desta época foi adicionada na linha de produção a fabricação de engrenagens. A sua

história em Pernambuco se iniciou há 35 anos, onde possuía outra denominação e corpo

acionário. Posteriormente, a empresa foi vendida para o grupo japonês.

A EMPRESA C vem de um período de enorme crescimento, uma vez que suas vendas

estão muito ligadas ao mercado de motocicletas. O processo de popularização de motos, e

facilidade de linhas de crédito fez que este mercado aquecesse nos últimos cinco anos. Para se

ter uma noção quanto a esta crescente, a empresa afirma ter há oito anos apenas 500

funcionários e hoje tem aproximadamente 1.200, ou seja, um crescimento de 140%. Todavia,

nos últimos meses, a empresa está sentindo o impacto da crise financeira mundial, e em

decorrência desta já se previu uma retração nas políticas de expansão, anúncios de demissões.

As vendas da empresa são muito concentradas em poucos clientes, entre os quais se

destaca outra indústria do grupo e grandes montadoras de veículos automotores. A empresa

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tem foco em qualidade, a mesma possui a certificação ISO 9001, tendo uma forte

preocupação com acidente no trabalho, pois ao chegar à empresa a primeira coisa a ser vista é

uma placa anunciando há quantos dias não houve acidentes na fábrica e o recorde já

alcançado. A EMPRESA C tem grandes investimentos em tecnologia, e necessita

frequentemente da aquisição de grandes máquinas, tanto nacionais quanto internacionais, e

também tem investimentos em tecnologia da informação, com a aquisição de vários módulos

de um famoso sistema ERP disponível no mercado.

No quadro 18 são apresentados alguns dados relevantes da EMPRESA C.

Quadro 18 – Ficha técnica da EMPRESA C

Ficha técnica

Nome EMPRESA C

Ramo de atuação: Indústria de engrenagens

Natureza Jurídica: Sociedade empresarial limitada

Faturamento bruto anual: R$ 330.000.000,00

Número de empregados: 1.100

Principais produtos e serviços: Engrenagens para veículos de duas e quatro rodas

Missão da empresa: Não disponível

Fonte: Entrevista

6.3.2. A controladoria

A controladoria da empresa é subordinada a diretoria executiva administrativa. Para

melhor visualizar esta relação, na figura 11 é mostra um organograma sintético da empresa.

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106

Figura 11 – Organograma geral da EMPRESA C

Font

e: Entrevista

Analisando a figura 15, verifica-se que a controladoria está um nível abaixo da diretoria.

A presidência e toda diretoria, por regra, são ocupadas por um gestor japonês, com raras

exceções de brasileiros. Com isso, toda informação é repassada para a diretoria e, por

conseqüência, é direcionada para a sua investidora internacional.

Também é observável que ao lado da diretoria executiva administrativa existe um setor

chamado de “assessor da diretoria”. Na chefia deste departamento encontra-se um profissional

de bastante experiência, com bastante história na empresa e que possui competências

específicas. A assessoria da diretoria trabalha em conjunto com a controladoria, em que

alguns serviços, como orçamento e planejamento, necessitam obrigatoriamente das premissas

contábeis.

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107

A controladoria na EMPRESA C foi fundada em 1995 e teve como marco histórico o

início da participação de uma grande montadora de veículos na gestão da empresa.

Atualmente, a controladoria, conforme a figura 12, tem a seguinte formatação:

Figura 12 – Organograma da controladoria da EMPRESA C

Font

e: Entrevista

Existem 3 ramos de funções desempenhadas pela controladoria: Contabilidade,

Financeiro e Custos.

I. Contabilidade: Este setor é composto de um gerente, um supervisor e analistas. A

contabilidade ainda é subdividida em controle de patrimônio e setor “contábil-fiscal”. O setor

de controle de patrimônio é responsável por promover todos os registros do ativo imobilizado,

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108

prestar serviços de tombamento, fazer todos os controles na chegada de novos equipamentos,

processar notas fiscais, controle de depreciação. No que tange aos serviços fiscais, são feitos

toda a apuração de tributos, projetos de incentivo fiscal (A empresa tem redução do imposto

de renda), acompanhamento da legislação tributária e planejamento tributário. Para execução

dos serviços fiscais a empresa possui contrato com uma renomada empresa de auditoria e

consultoria.

Quanto aos serviços contábeis, além do registro de todas as operações, a empresa tem

grande foco na elaboração de relatórios gerenciais. A peça, que contém todos os indicadores

de performance, é a base para as principais decisões da empresa e este é o instrumento que o

controller interage com a mesa diretora. A contabilidade para fins gerenciais requer uma série

de ajustes nas principais peças contábeis (balanço patrimonial, demonstração do resultado do

exercício e demonstração do fluxo de caixa).

Após terminar todas as demonstrações contábeis, estas são passadas para o controller,

que por sua vez remete estas demonstrações ao assessor da diretoria que tem a incumbência

ajustar-los conforme as IFRS (International Financial Reporting Standards). Isto ocorre por

exigências das investidoras japonesas, as quais também ordena que o processo contábil

respeite a J-SOX, que é uma versão japonesa da lei Sarbanes-Oxley.

II. Financeiro: É responsável por todos os procedimentos de contas a pagar, contas a

receber e administração financeira. Neste setor, uma demonstração contábil muito utilizada é

a DFC (Demonstração de Fluxo de Caixa);

III. Custos: Foi relatado que esta função realiza a apuração dos custos do período, faz

todo o acompanhamento de suas variações e que utiliza o sistema de custeio por absorção. Na

gestão de custos, são envolvidas muitas variáveis e a unificação de diversas planilhas, uma

vez que o processo de produção ainda não é integrado ao sistema ERP. São funções muito

importantes realizadas por estes profissionais: a sua participação no PCP (Planejamento e

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Controle de Produção) e seu trabalho com o pessoal do setor comercial com o

acompanhamento do preço de venda.

6.3.3. Outras informações relevantes sobre a controladoria

A controladoria não faz parte da elaboração e nem do controle da peça orçamentária,

esta é construída pelo assessor da diretoria. A função do orçamento já foi uma das atribuições

da controladoria, pois antes existia um departamento denominado de “custos e orçamento”,

que, atualmente, apenas atua com funções de custos. A participação da controladoria no

orçamento se restringe à alimentação de suas premissas no sistema ERP.

Também cabe afirmar que não é a controladoria que remete as demonstrações contábeis,

convertidas em IFRS, para a sua investidora no Japão, pois o detentor do poder de fazê-lo é o

Assessor da diretoria. O departamento de Tecnologia da informação é independente da

controladoria, mas isto não implica dizer da inexistência da relação entre estes departamentos,

uma vez que quando implantaram o sistema ERP, em 2000, a controladoria teve um papel

importante neste processo. O sistema ERP foi adquirido em módulos tais como financeiro,

custos, imobilizações e outros.

Outra peculiaridade desta empresa é a inexistência de auditoria interna. O controle

interno das contas contábeis é apenas feito semestralmente pela empresa de auditoria externa.

6.3.4. O controller

O atual controller está neste cargo há 9 anos, tendo vivenciado boa parte da formação

deste departamento. Na empresa este profissional não tem a denominação de controller, ele é

chamado de “gerente geral contábil-financeiro” (embora a pesquisa continue chamando-o de

controller). O controller tem formação em Ciências Contábeis e Economia.

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110

6.3.5. As resistências relatadas

Não foram divulgadas histórias relevantes sobre experiências com resistências internas

dentro da empresa. Porém um relato muito oportuno, que envolve resistência, foi extraído: a

implantação de um setor denominado “governança coorporativa”. Foi atribuída a um conjunto

de pessoas a tarefa de difundir na empresa práticas de governança coorporativa e um dos

departamentos mais afetados é a própria controladoria. Este departamento deu a controladoria

uma série de tarefas adicionais que tem o intuito promover mais transparência a todo processo

contábil. Exemplo disto são regras de comunicação via email sobre fatos relevantes do

processo contábil, revisões e conferências adicionais sobre os lançamentos contábeis. A

criação destas tarefas mostra como a controladoria é resistente a mudanças, uma vez que a

mesma acaba discordando de muitas destas regras.

6.3.6. Análise das fontes de resistência

Figura 13: Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria da

EMPRESA C

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Font

e: Entrevista

I. Projetos competitivos: Como a principal arma da controladoria é o seu relatório

gerencial e este é um dos principais instrumentos para a tomada de decisão da diretoria, as

suas ações acabam tendo prioridades ou atuam de forma não-excludente. Outro fato que

poderia gerar conflitos é o papel do setor de custos no acompanhamento do preço de venda,

contudo é afirmado que quem forma o preço é o mercado. O fator de projetos competitivos,

somente vai existir em caso da implantação de novos sistemas ou da própria controladoria,

são projetos que geram custos e concorrem com outros na própria empresa

II. Risco de falta de apoio: A diretoria dá todo suporte para que a informação contábil

seja tempestiva e acurada. A diretoria necessita muito dos informes gerenciais e desta forma

várias estruturas são ofertadas como recursos humanos e tecnológicos;

III. Custo da falha: O entrevistado afirma que não vê envolvimento da controladoria

com possibilidade de grandes perdas de dinheiro ou recursos humanos;

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IV. Risco de Motivação: Este tem característica similar ao anterior, pois existe uma

cultura organizacional de respeito às normas e ordens demandadas pela diretoria. Os projetos

da controladoria sempre têm o aval da diretoria e isto faz com que a mesma tenha sucesso.

V. Risco de uma visão não clara: Segundo o entrevistado, o sistema de comunicação é

eficiente ao ponto de transmitir todo o planejamento da empresa aos respectivos stakeholders.

VI. Risco de mudança empresarial: O controller afirmou que não consegue enxergar

este fenômeno junto a integrantes da empresa.

6.3.6.1. Análise das fontes de resistências impactantes sobre os projetos da controladoria

I. Histórias implementadas: Segundo o controller, sua avaliação sobre o grau de

resistência interna é baixo ou nulo. Porém, ao ser indagado sobre os conceitos fornecidos por

Wilson, Roehl-Anderson e Bragg (op. cit.), o controller indicou o conceito de histórias

implementadas como uma fonte hipotética de resistência. A história da empresa é repleta de

movimentos de fusão, cisões e isto têm impacto no número de demissões, relação com

gerentes e nas mudanças na gestão. Todas estas mudanças podem proporcionar ambientes

hostis à controladoria.

Setor onde ocorre: Não identificado

Estratégia adotada: A postura da controladoria é sempre buscar apoio da diretoria.

II. Grau de Perturbação: Nesta época de crise financeira mundial, um tema assusta os

empregados : Os processos de “downsize”. As informações contidas no relatório gerencial

pode ser um indicador para o enxugamento da estrutura da empresa.

O conceito de grau de perturbação tem boa probabilidade de ocorrência, pois alguns

setores podem temer a perca de dotações orçamentárias ou recursos humanos.

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Setor: Não identificado

Estratégia a ser adotada: Trabalhar junto com a diretoria sempre oferecendo

informações gerenciais de alta qualidade.

6.3.7. Triangulação

No estudo da EMPRESA C, a triangulação dos dados foi feita junto à gerente de

recursos humanos. Porém, a mesma fez questão de dizer que sua percepção se estende aos

setores como produção, vendas e suprimentos.

Quando questionada quanto à resistência que os setores ofertam ao funcionamento da

controladoria a mesma respondeu categoricamente: “Não há!”. A pesquisa tentou obter mais

dados e para isto foi pedido que a entrevistada fosse mais específica quanto a atuação da

controladoria sobre suas tarefas. Sendo assim, a gerente de RH pronunciou: “É uma área

parceira e importante, pois as operações relativas às despesas com “pessoal” são consolidadas

e disponibilizadas através este departamento. Exemplificando, nós processamos a folha, mas o

pagamento de fato é feito por eles.”. A entrevistada enfatizou que o contato e possíveis

problemas da controladoria com os demais setores estão ligados as tarefas operacionais

relacionadas ao funcionamento de ambos os setores.

6.3.8. Análise individualizada das fontes de resistência da EMPRESA C

Quanto a uma avaliação de resistência apresentada, não são encontrados relatos

significantes deste fenômeno. O departamento apresenta apenas uma atividade sujeita a uma

hipotética resistência: Relatórios gerenciais. E mesmo assim, estes relatórios estão ligados a

indicadores contábeis e variações de suas contas, que são termos estranhos a outros setores.

Para justificar este fenômeno pode citar o relativismo lingüístico em contabilidade citado por

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Riahi-Belkaoui (op. cit.), uma vez que o não entendimento dos termos contábeis pode

conduzir os indivíduos a desconsiderarem sentimentos de resistência.

A conjuntura da empresa favorece ao clima de resistência, uma vez que já ocorreram

várias alterações societárias, recentes anúncios de demissões, e tem uma vinculação da gestão

a suas investidoras. Mesmo existindo este ambiente, no qual se podem fazer relações com a

abordagem contingencial em contabilidade citada por Riahi-Belkaoui (op. cit.), as pessoas não

a relacionam a resistência com a controladoria.

Muitas das atividades que teoricamente a controladoria deveria exercer, como

orçamento, planejamento, são atribuídas a outro departamento, e a inexistência da auditoria

interna justificam a falta das reações de resistência. Como a diretoria é toda japonesa, a

distribuição de funções, o organograma e a cultura difundida na empresa tem o modelo do seu

país de origem, sendo assim, a empresa é muito focada em qualidade dos produtos e processos

e no enxugamento da estrutura organizacional.

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115

6.4. Quarto Estudo de caso - EMPRESA D

6.4.1. A empresa

A EMPRESA D trata-se de um holding do centro de distribuição de uma fábrica de

baterias 100% pernambucana. A Matriz da EMPRESA D é marcada por uma história de

superação, surgindo no quintal da casa de seu fundador, passando a ser a principal

fornecedora de baterias para veículos em circulação da América Latina e atendendo também

ao mercado europeu.

Fundada em 1957, no sertão pernambucano, sem nenhuma infra-estrutura, a empresa foi

em busca de parcerias e do estudo de novas. Com o auxílio de instituições financeiras, a

EMPRESA D foi capaz de construir sua primeira unidade de produção. A partir deste marco,

foi criada uma grande empresa com a cultura de comprometimento e persistência.

Contudo, a empresa estudada trata-se de uma holding que coordena todos os centros de

distribuições espalhados no país. O centro de distribuição da referida empresa foi fundada há

23 anos. A figura a seguir simboliza o funcionamento dos centros de distribuição da

EMPRESA D:

Figura 14 – Funcionamento do centro de distribuição da EMPRESA D

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116

Font

e: Entrevista

Com apoio da figura 14, torna-se necessária uma explicação de como funciona a

EMPRESA D. A EMPRESA D controla a gestão de todas as distribuidoras atacadistas de

seus produtos. Cada distribuidora tem um corpo acionário diferente, sendo que sempre 25%

são de um acionista qualquer e os outros 75% pertencem a EMPRESA D. Para compor o

corpo acionário destes centros de distribuição, geralmente são selecionados bons gestores da

empresa, o que é uma política da empresa de sempre dar valor para “gente da casa”.

O papel da holding é fornecer toda a estrutura de gestão e controlar o desempenho de

cada centro de distribuição. Com isso a holding fornece uma estrutura integrada de sistema de

informações, padrões operacionais, auxílio gerencial.

A empresa tem um escritório central na capital de Pernambuco, uma unidade de

fabricação no sertão pernambucano e 65 centros de distribuição espalhados por todo país. O

trabalho estuda exclusivamente a rede de distribuição. Esta que já completa 28 anos de

atuação no mercado e foi criada, por opção dos fundadores, para tornar o acesso ao

consumidor mais eficiente. A ideia de manutenção desta estrutura é fazer com que o

distribuidor seja especialista em baterias de sua marca, a assistência técnica deve obedecer aos

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padrões estabelecidos pelas normas da matriz e centralizar a política de preços. A aposta neste

controle se mostrou um sucesso tendo em vista a rentabilidade proporcionada e o aumento no

número destas unidades. O planejamento da empresa busca sempre o aumento do número de

centros atacadistas, pois afirma que quanto mais pulverizado ela estiver, maior exposição seus

produtos terão e por conseqüência maior serão suas vendas.

No cenário atual é verificada uma reestruturação na empresa, o que implica volumosos

investimentos e mudança no corpo administrativo. A empresa ainda possui muitos familiares

do fundador na diretoria e vem aos poucos inserindo profissionais nesta área. O mercado nos

últimos anos se mostrou bastante promissor, mas com a atual crise financeira atual foi

efetuado uma redução nos planos de expansão da empresa, uma vez que suas vendas estão

muito ligadas ao desempenho do setor automobilístico. Cabe afirmar que as vendas às

montadoras são feitas diretamente pela fábrica.

Quadro 19 – Ficha técnica da EMPRESA D

Ficha técnica Nome EMPRESA D Ramo de atuação: Holding de centros de distribuição de baterias para

automóveis Natureza Jurídica: Sociedade Anônima de capital fechado Faturamento bruto anual: Não disponível

Número de empregados: Não disponível Principais produtos e serviços: Baterias para veículos automotores, náutica e outros

Missão da empresa: Não disponível Fonte: entrevista

6.4.2. A controladoria

A controladoria da EMPRESA D é separada da controladoria da fábrica e esta atua

exclusivamente para os centros de distribuição. A seguir, na figura 15, fica evidenciado como

se configura a controladoria do centro de distribuição dentro do organograma geral da

empresa:

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118

Figura 15 – Posição da controladoria da EMPRESA D em face ao organograma geral da

empresa

Font

e: própria

Na figura 19 foram destacados dois departamentos: controladoria da rede e

departamento operacional. Ambos se reportam a uma diretoria administrativa. A diretoria

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administrativa é liderada pelo homem que implantou a controladoria na empresa e que

coordena tanto a controladoria da indústria quanto a da holding do centro atacadista.

A Controladoria dos centros de distribuição está sediada em um escritório localizado em

Jaboatão dos Guararapes, que se mistura com departamentos da fábrica. O organograma desta

unidade administrativa se configura conforme a figura 16:

Figura 16 – Organograma da controladoria da EMPRESA D

Font

e: entrevista

A controladoria na rede foi implantada há oito anos, sendo mais recente do que a da

fábrica. A controladoria da rede foi implantada pelo atual diretor administrativo, este que já

ocupou o cargo de controller da rede e diretor financeiro. A importância do antigo controller

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120

era que este tinha vínculo tanto com a fábrica quanto com o centro de distribuição, o que fez

que esta nova unidade trabalhasse em sincronia com a matriz.

Quando a empresa decidiu criar suas próprias distribuidoras sua intenção era fortificar a

marca e gerar lucro e com o crescimento do número de distribuidoras ficou difícil ter controle

sobre a gestão de cada uma delas. Como cada centro de distribuição tem gestão própria e

contador próprio, elas tinham suas próprias políticas de dividendos e de preço de venda, suas

normas de controle interno, e construíam seus balanços com os mais diversos padrões. Os

controles das contas patrimoniais e da gestão eram feitas diretamente pelos fundadores da

empresa, onde estes compareciam à sede de cada centro de distribuição e conferiam os saldos

de caixa, bancos, estoques, verificavam a existência e funcionamento de veículos.

A idéia da controladoria surgiu na tentativa de se construir um balanço padrão para toda

a rede atacadista. A criação da controladoria só se fez após estudo de viabilidade econômica,

uma vez que a controladoria tem custos, pois exige a existência de uma estrutura própria,

sistemas de informática, viagens, auditorias periódicas. Então quando o número de unidades

de distribuição absorveu os custos da controladoria para um nível acessível ela foi criada.

No início de suas atividades, o cargo do controller tinha atribuições jurídicas, societárias

tanto da rede quanto da fábrica. Com isto, este se estruturou assumindo as seguintes funções:

Figura 17 – Funções da controladoria da EMPRESA D

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121

Font

e: própria

I. Fiscal / tributário: A controladoria não elabora cálculo de tributo, sua função é

oferecer consultoria tributária, emitir normas e diretrizes do comportamento tributário e

fiscalizar o cumprimento da boa prática fiscal. As operações fiscais são exercidas por cada

coordenadoria sobre seus respectivos centros de distribuição e para isto a empresa utiliza do

auxílio de dois consultores presentes no quadro funcional da controladoria. Alguns exemplos

foram disponibilizados para simbolizar como este departamento funciona:

a) Uma das normas emitidas pela controladoria é que todas as unidades atacadistas

devem ser tributadas perante a esfera federal pelo lucro presumido;

b) Uma prática obrigatória é a verificação mensal de que o valor pago a título de ICMS

corresponde ao valor declarado à fazenda estadual.

II. Auditoria e balanços auditados: A cada 6 meses são realizados todos os

procedimentos de auditoria em cada centro de distribuição. O correto registro contábil,

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quando verificado pela auditoria, soma pontos para um indicador de desempenho utilizado

para avaliar cada unidade atacadista;

III. Implantação de padrões operacionais: todo o sistema de controle interno é ditado

pela controladoria. Pode-se citar algumas destas regras:

a) A controladoria define que ter 8% das vendas concentradas em um só cliente é uma

situação de risco e que esta situação não é aceitável;

b) Para todo título vencido há 90 dias, a regra contábil é o lançamento deste valor como

provisão de perda de devedores duvidosos;

IV. Transição de gestão: A controladoria tem o poder de avaliar, dar a ordem de

interdição, direcionar um gestor temporário para gestão da empresa interditada e faz todo o

treinamento para o novo sócio. Quando uma determinada empresa chega ao pior índice de

qualidade do negócio, a controladoria dá a ordem de interdição, faz uma auditoria e paga o

valor correspondente à sua participação no patrimônio líquido.

Geralmente, um gestor da controladoria é designado para fazer uma gestão de transição

e o mesmo fica encarregado de mostrar o funcionamento de todos os controles internos e

normas da empresa ao novo sócio. (Cabe reiterar que a empresa é uma sociedade anônima de

capital fechado).

V. Implantação de sistema de informações: são de responsabilidade da controladoria

a implantação, auxílio e coordenação do uso de sistemas integrados de informação. A

controladoria foi parte fundamental na implantação do sistema ERP e na unificação de todo

sistema na rede. O travamento do sistema para quando se excede os limites orçamentários é

um exemplo de normas em tecnologia da informação emitidas pela controladoria.

VI. Análise Mensal – Resultados e riscos: Cada empresa da rede sofre avaliação

bimestral. Mensalmente, cada distribuidora envia seus balanços via rede e estes são analisados

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e auditados. No processo de avaliação, a empresa utiliza um indicador denominado de “índice

de qualidade do negócio”. Estes indicadores indicam quais atacadistas precisam de auxílio e

são compostos por fatores contábeis e de gestão. A qualidade da informação contábil é um

dos qualificadores de cada centro de distribuição, onde a empresa possui um checklist que

contem vários critérios como: correta conciliação bancária, procedimentos de depreciação.

Com isso, quanto maior a quantidade de itens contabilizados de forma correta, maior será o

valor do índice.

Quanto aos itens de gestão são avaliados se os pagamentos das guias de impostos

conferem com o declarado ao fisco, se as linhas telefônicas estão em perfeito uso.

Também são avaliados se o resultado apresentado pela empresa é o satisfatório, sempre

levando em consideração os aspectos regionais de cada centro de distribuição. A gestão do

centro de distribuição é bastante travada pelos parâmetros orçamentários, onde se a empresa

tentar efetuar um gasto maior do que o orçado, o sistema ERP não permitirá. Desta forma, a

controladoria está sempre tendo avaliações em tempo real de cada unidade atacadista.

6.4.3. O controller

A pessoa responsável pela controladoria é do sexo feminino, bastante jovem e tem

formação em ciências contábeis e MBA em gestão. Em boa parte da formação da

controladoria a atual controller estava presente, neste período passou por todos os cargos

disponíveis no departamento, começando como estagiária, passou para analista, auditora,

supervisora e gerente da controladoria. A controller sempre trabalhou na holding do centro de

distribuição, não tendo experiência junto à fábrica.

6.4.4. Outras informações relevantes sobre a controladoria

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124

Como destacado na figura 19, existem dois departamentos que trabalham em conjunto e

estão submissos a diretoria administrativa: controladoria e o departamento operacional. Na

entrevista, a gerente da controladoria afirma que vê estes dois departamentos como uma

controladoria de “duas faces” e ambos trabalham sempre em sincronia e tendo suas funções

bem delineadas ao ponto de não se chocarem.

A elaboração do orçamento não é atribuição da controladoria e sim de cada unidade

atacadista. O plano orçamentário é enviado para o departamento operacional que analisa se a

peça está em conformidade com a meta de lucro estabelecida pela diretoria. O papel da

controladoria no processo orçamentário é configurá-lo no sistema ERP e controlar a execução

do mesmo.

Quanto ao processo de avaliação de desempenho, existe uma reunião sistemática

periódica no qual são debatidas estratégias e avaliação de cenários. Nestas reuniões sempre

estão presentes a diretoria de operações e controladoria. Mesmo com estas reuniões, a gestão

de cada unidade atacadista tem independência, e o papel destas é orientar e emitir diretrizes

norteadoras.

Outro fato de relevância é que não existe a relação entre a controladoria com outros

departamentos como recursos humanos, comercial, produção. A controladoria relaciona-se

prioritariamente com os proprietários dos centros de distribuição, porém, em raras exceções, a

mesma se dirige aos departamentos específicos da empresa quando existem recursos

orçamentários da investidora aplicados em projetos de cada unidade.

6.4.5. As resistências relatadas

A primeira resistência relatada foi a implantação do sistema ERP. No início do projeto

de ampliação da rede de distribuição, o controle sobre estas unidades era frágil.

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Mensalmente, cada unidade enviava seus balanços, sendo muitos de qualidade

questionável, onde não existia nenhuma padronização. Nesta época, o controller, o atual

diretor administrativo, implantou um sistema local em rede no qual conectava todas as

operações de cada centro de distribuição à controladoria. Isto ocasionou uma grande onda de

receio, pois muitos perderiam o seu modo de gerir.

Há três anos foi implantado um famoso sistema ERP, que foi escolhido por ser leve para

se trabalhar em rede. Este sistema deu maior dinamismo nas operações e está sendo

implantado na fábrica neste momento.

Outro foco de resistência foi a possibilidade da controladoria dar ordem de interdição e

de retirar o sócio de sua unidade de distribuição. Há bastante resistência no que tange a

interferência da controladoria em sua gestão, pois muitos se mostram incomodados com os

procedimentos de auditoria e com o grande número de normas a serem seguidas.

Também foi relatado sobre um projeto futuro que encontrará grande fonte de

resistência, que é a centralização da contabilidade de cada centro de distribuição. Na

configuração atual, cada distribuidor tem seu próprio contador, com profissionais de alta

qualidade e alguns não tão bons, e a holding enxerga o risco desta situação. Toda a

contabilidade passará a ser feita pela controladoria, e isto terá resistência dos proprietários

pela existência de um vínculo e pela pressão a ser proporcionada pelo próprio contador que

não desejará perder a prestação de serviços.

Figura 18: Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria da

EMPRESA D

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126

Fon

te: própria

6.4.5.1. Análise das fontes de resistências não impactantes sobre os projetos da

controladoria

I. Projetos Competitivos: O comando da holding está muito ligado a diretoria e aos

departamentos da controladoria e operacional. Um exemplo da força da controladoria: se a

empresa está fazendo um grande projeto de marketing e isto é compartilhada com todos os

centros de distribuição, a controladoria é a peça fundamental para a fiscalização com

cumprimento dos objetivos. Desta forma, os projetos da empresa são mais parceiros do que

rivais.

II. Custo da Falha: As ações da controladoria são bem planejadas e geralmente são

advindas de necessidades fundamentais para a empresa. Toda grande operação é fomentada e

avaliada pela diretoria. Como a holding tem maioria no capital dos centros de distribuição,

não corre o risco de a empresa controlada resistir a projetos da controladoria.

III. Risco de falta de apoio: Talvez o sucesso dos resultados proporcionados pela

controladoria seja uma função do apoio dado pela diretoria. A controladoria foi fundada pelo

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atual diretor administrativo e isto lhe dá uma série de prerrogativas perante a diretoria. A

controladoria é a peça necessária para que a rede de distribuição seja controlada e alinhada

com os objetivos da empresa. Não há caso no qual a controladoria não obteve êxito por falta

de apoio da diretoria.

IV. Risco de visão não clara: Mesmo a holding tendo maioria do capital, a investida

tem o poder para a elaboração de suas estratégias. Todos os seus planos são enviados para o

departamento operacional, que unifica todas as estratégias e faz a colisão com os interesses da

Holding. Como a controladoria trabalha em conjunto com o departamento operacional e com

a diretoria administrativa, a mesma tem espaço para alocar seus projetos no planejamento

estratégico da EMPRESA D. A comunicação e o planejamento participativo, faz com que os

objetivos da empresa sejam fixados.

V. Risco de mudança empresarial: Segundo a entrevista, não existe a possibilidade de

mensuração destes fatos, uma vez que o escritório da holding é

separado das fábricas e dos centros de distribuição (que são bastante dispersos no país).

6.4.5.2. Análise das fontes de resistências impactantes sobre os projetos da controladoria

I. Grau de Perturbação: Uma das grandes resistências incide sobre a forma de atuação

da controladoria. A postura da controladoria faz com que os representantes dos centros de

distribuição resistam a suas ações, tendo em vista as consequências destas.

Uma forte ferramenta é o poder de declarar interdição de uma unidade, ou seja, é o

poder de interromper ou encerrar a gestão do próprio sócio da empresa. Tendo em vista isto,

existe certo receio nos procedimentos de auditoria realizados pela controladoria.

A controladoria centraliza todo o controle interno e desta forma acaba ofertando novas

tarefas ou restringindo a execução de outras. Um exemplo disto é o projeto de eliminação dos

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departamentos contábeis e fiscais das unidades, onde todos os registros serão feitos pela

controladoria. Esta decisão ocasionará a demissão de muitos contadores e o fim de uma

relação de trabalho existente entre estes profissionais e os sócios.

Setor onde esta resistência ocorre: Não existe relação direta entre os departamentos

dos centros de distribuição, o contato se restringe à gerência geral.

Estratégia adotada: Comprovar junto à diretoria sobre os resultados alcançados pela

operacionalização dos controles internos. O apoio da diretoria é o ponto chave para a

manutenção do status da controladoria.

II. Histórias implementadas: Alguns fatos contribuem para a ocorrência desta

resistência: mudanças freqüentes decorrentes história recente da controladoria, a grande

necessidade de controle gerencial, implantação de sistemas de informática integrados.

Segundo a Controller, as pessoas não gostam de mudar e isto é agravado devido ao fato

de que os indivíduos a serem controlados são os próprios donos das entidades. Até poucos

anos atrás, os proprietários dos centros de distribuição tinham bastante liberdade para se

autogerir, e com a fundação da controladoria diversas mudanças ocorreram. Neste período de

firmamento da controladoria houve duas mudanças nos softwares de gestão da empresa, onde

antes cada um tinha seu próprio sistema, depois tiveram que mudar para um sistema semi-

integrado e em seguida tiveram que aderir a um sistema ERP integrado via rede. As melhorias

dos sistemas de informação tiveram também implicâncias nas operações da empresa, pois

toda a movimentação financeira é observável em tempo real pela controladoria, e esta pode

até vetar alguma operação.

Setor onde esta resistência ocorre: Ocorre o mesmo fenômeno descrito na fonte de

resistência anterior.

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Estratégia adotada: A postura da controladoria é de emitir as regras, assessorar sobre

as melhores práticas e mostrar os resultados proporcionados.

III. Risco de falta de motivação: Foi apontado que existiu um risco muito grande de

não se conseguir convergir os interesses da EMPRESA D com os dos centros de distribuição.

Setor onde esta resistência ocorre: Não identificado.

Estratégia adotada: Para explicar a ação da controladoria, é oportuno trazer para este

item a teoria dos dois fatores. Dentro desta teoria existem os fatores higiênicos, que são

compostos de esforços no sentido de inibir a desmotivação. A estratégia montada pela

controladoria foi fornecer uma estrutura como sistemas de informações e normas de controle

interno no intuito de ofertar fatores higiênicos.

6.4.6. Triangulação

Como não existe a relação com departamentos da mesma empresa, o foco da

triangulação foi às unidades de distribuição. Foi pedido à controller que a mesma

encaminhasse emails para alguns centros de distribuição e com isso obteve-se 3 respostas.

Em duas delas, se limitaram a afirmar que a controladoria é sua parceira. Mas, uma foi

mais específica e afirmou que sua ratificou a boa relação existente. Ao ser questionado sobre

possíveis resistências promovidas contra a controladoria, o entrevistado descreveu:

“Resistência! não! O que pode ocorrer são dificuldades na aplicação de procedimentos

recomendados, pelo fato dos idealizadores não conhecerem por completo o processo e suas

interferências diárias. A controladoria recomenda seguirmos procedimentos que aumentam o

controle do patrimônio e a confiabilidade nos números gerados pelo negócio.”

Dois fatos pode-se ressaltar:

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a) O gestor mostrou uma imagem que não existe resistência. Cabe afirmar que existem

muitas unidades de distribuição e em muitas destas ocorre uma relação positiva. Ocorre

também que, como as perguntas foram intermediadas pela controller, pode ter existido um

pouco de inibição;

b) O entrevistado ratifica a existência de interferências em tempo real.

6.4.7. Análise individualizada das resistências à controladoria da EMPRESA D

Os relatos, principalmente relativo a transição de gestão, mostram grandes fontes de

resistências. A principal motivação é o fato de que a controladoria como um órgão externo

aos centros de distribuição e por ter poder de destituir um sócio. A controladoria atua

restringindo a atuação de cada unidade distribuidora, tanto preventivamente com a emissão de

normas de controles internos, e repressiva na auditoria e avaliação.

A história da empresa é um exemplo raro de empreendimento, crescimento e com isso a

sua estrutura gerencial está em modelagem e aprendizado. Não existiu uma estrutura pré-

moldada, não há uma referencia de uma investidora e por isso a sua estrutura é única e em

constante desenvolvimento.

Apesar de ter alguns serviços, natos da controladoria, terem sidos atribuídos ao

departamento operacional, como orçamento, ainda são verificados grande quantidades de

funções. O apoio da diretoria também é importante, pois seu superior direto foi que

implementou a estrutura montada.

O poder dado à controladoria lhe confere o poder de agir de forma coercitiva, pois o

poder de polícia é exercido com veemência, e existem muitas reclamações quanto ao modo de

atuação. Como a controladoria tem atuação normativa sobre o sistema de informações da

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empresa, o sistema ERP foi moldado de forma que as premissas de controle sejam

obrigatoriamente respeitadas e para evitar a existência de conflitos.

Um fato relevante é que uma estrutura controladoria, apesar de sofrer muita resistência,

criou A mensagem final deixada pela entrevista foi que os controles internos e a controladoria

trouxeram economias significantes para a empresa. Os resultados proporcionados pela

controladoria tornaram-se grandes aliados na confrontação com as fontes de resistência.

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6.5. Quinto estudo de caso – EMPRESA E

6.5.1. A empresa

Aqui será estudada uma empresa prestadora de serviços logísticos, que será denominada

EMPRESA E. Esta firma está completando 63 anos de existência e foi fundada por pequenos

empreendedores pernambucanos. Em 1977, a empresa mudou todo o seu corpo acionário e

este se mantém inalterado desde então. A empresa surgiu com o objetivo de transporte de

cargas e com especificidade em trazer mercadorias dos pólos produtores do país, Sul-Sudeste

e Manaus, com destino ao Nordeste. No seu início de funcionamento não havia seleção

quanto ao tipo de carga a ser transportada, contudo com o passar dos anos a empresa apenas

focou em cargas de maior valor agregado e começou a prestar alguns serviços logísticos.

Exemplo disto foi que nos últimos 6 anos, a empresa expandiu seus serviços

logísticos,abrangendo armazenagem, entrega e até manipulação de produtos. A empresa

possui serviços customizáveis, uma vez que se o cliente tiver alguma necessidade logística e

isto estiver no alcance da empresa, o serviço será criado especialmente para o mesmo. Alguns

exemplos destes serviços foram apresentados: A empresa presta serviços para empresa de

telefonia celular, e neste caso, a EMPRESA E une o celular com o chip, faz a pré-habilitação,

armazena, faz a entrega e ainda fornece todos os relatórios de controle de estoque. Outro

serviço personalizado que a empresa presta são operações logísticas para uma grande empresa

de cosméticos de venda porta-a-porta, e oferece toda a estrutura no gerenciamento de pedidos

e faz a devida entrega no domicílio de cada consultora (vendedora). Cabe também informar

que existem muitas empresas sediadas nas edificações da EMPRESA E.

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Figura 19 – Áreas de atuação da EMPRESA E

Font

e: própria

A sede da empresa é localizada em Recife, tendo um escritório central em que está

instalada a presidência, as diretorias e a controladoria. Atualmente, a EMPRESA E possui 32

filiais e tem em seus planos a expansão deste número.

A EMPRESA E tem uma marca muito forte no nordeste e na região sul-sudeste. O

mercado de logística está em forte crescimento, sendo impulsionado pelo movimento de

terceirização de serviços logísticos, onde as empresas estão diminuindo suas áreas de

armazenagem e adquiridos serviços mais avançados no que tange o controle de suprimentos.

Quando questionado sobre a crise financeira mundial, o entrevistado afirmou que a empresa

não sentiu nenhum impacto, e para isto o mesmo explicou que a empresa de logística tem seu

mercado aquecido no segundo semestre de cada ano, pois as indústrias fabricam em excesso

para dar conta das vendas de final de ano e desta forma, enquanto a crise começou a ficar em

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evidência todos os contratos já haviam sido firmados. Mesmo com o bom resultado

apresentado em 2008, a empresa começou 2009 com menor movimento, pois, segundo o

controller, o setor de logística é uma função do nível de produção da indústria, por isso

quando a produção nacional cai, o mercado logístico o acompanha.

O processo de gestão da empresa é realizado por processos, de forma que o

funcionamento da empresa depende da mutua relação entre seus departamentos. Assim, o

setor financeiro só funciona com a movimentação do setor comercial, que está interligado

com o departamento operacional, que só funciona se estiver em sincronia com o setor de

“tecnologia da informação”.

No quadro 20, estão expostas algumas informações, colhidas na entrevista, que podem

contextualizar a empresa:

Quadro 20 – Ficha Técnica da EMPRESA E

Ficha técnica Nome EMPRESA E Ramo de atuação: Empresa de transportes e logística Natureza Jurídica: Sociedade Anônima de capital fechado Faturamento bruto anual: R$ 700.000.000,00

Número de empregados: 6.000 Empregos diretos Principais produtos e serviços: Transportes e serviços logísticos

Missão da empresa: Oferecer o melhor serviço logístico e de transportes Fonte: entrevista

6.5.2. A controladoria

A controladoria da EMPRESA E foi fundada em 2002, por iniciativa do atual

controller. O controller ao ser contratado na empresa encontrou dois departamentos ligados a

diretoria financeira: fiscal e contábil. Estes departamentos não tinham o foco de fornecer

informação de cunho gerencial aos gestores e estavam repletos de profissionais com

conhecimento contábil-fiscal defasados. A controladoria reestruturou o departamento de

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contabilidade e de tributos, e desta forma pode-se analisar sua localização hierárquica através

da figura 20.

Figura 20 – Organograma Sintético da EMPRESA E

Font

e: entrevista

Como pode ser observada na figura 20, a controladoria está no mesmo nível hierárquico

dos departamentos de recursos humanos, planejamentos, tecnologia da informação. A

modelagem do departamento de controladoria, realizada pelo atual controller, criou um

estrutura com gerente, supervisor e algumas classes de funções.

Esta estrutura é observável na figura 21 postada a seguir.

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Figura 21 – Organograma da controladoria da EMPRESA E

Font

e: entrevista

Na configuração atual, a controladoria possui três segmentos: Contabilidade, Fiscal e

Auditoria fiscal interna. A seguir estão expostos alguns comentários a cada função

desempenhada pela controladoria:

I. Contabilidade: Tem a responsabilidade pela manutenção do sistema contábil da

matriz e das 32 filiais da empresa e deve sempre prestar a informação acurada à diretoria e ao

departamento de planejamento e para assegurar isto, o departamento tem autonomia para

elaborar normas de controle interno sobre o manuseio dos itens patrimoniais. Outro papel

deste setor é a elaboração de informes gerenciais, dos quais incluem comparativos de

resultados trimestrais, desempenho coorporativo e por unidade, análises dos custos da matriz

e outros. Mensalmente, existe uma reunião entre o CFO e a controladoria para a apresentação

das demonstrações financeiras e neste momento, o controller tem o papel de explicar todas as

variações relevantes nas contas contábeis;

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137

II. Fiscal: Esta controladoria é bastante focada em assuntos tributários. O trabalho fiscal

na empresa é muito pesado e isto pode ser representado:

• A empresa possui 32 filiais e um volume muito grande de operações, o que gera muito

controle fiscal. Ainda cabe afirmar que as filiais não possuem unidades contábeis e

todo o trabalho é feito através do sistema ERP;

• A empresa atua como fiel depositário perante a receita estadual, e este fato adiciona

uma série de controles com mercadorias de terceiros e comunicações com o fisco;

• A Controladoria ainda presta serviços tributários para clientes e fornecedores, com

intuito de equalizar questões fiscais. A empresa trabalha junto a clientes e

fornecedores fazendo retenção e compensações de tributos e auxiliando na melhor

prática fiscal;

A empresa ainda atua no planejamento tributário, que é integrado ao orçamento e ao

planejamento estratégico. A controladoria trabalha em conjunto com o departamento jurídico

interno e uma consultoria jurídica externa no sentido de buscar a economia de tributos. Na

reunião mensal com a diretoria financeira são apresentados alguns relatórios de desempenho

tributário, no qual se estuda o custo tributário e os comparativos entre as competências.

III. Auditoria Fiscal: A auditoria prestada pela controladoria abrange apenas as práticas

fiscais da matriz e de todas as filiais da EMPRESA E. A auditoria fiscal tem obrigação de

verificar desde a regularidade fiscal até a operacionalização das obrigações tributárias

acessórias e para isto necessita estar sempre visitando as unidades da empresa. Ao chegar a

cada filial, o encarregado da controladoria exige todas as certidões negativas de tributos

municipais, estaduais e federais, certidões de regularidade com a Previdência Social, Caixa

Econômica federal, ANVISA e Polícia Federal. Também é verificado o correto arquivamento

das notas fiscais, a elaboração dos livros fiscais e outros procedimentos.

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6.5.3. Outras informações relevantes sobre a controladoria

A controladoria da EMPRESA E tem um apelo muito forte em tributos e na melhoria

dos controles internos com efeitos na contabilidade. De acordo com o controller, boa parte do

seu tempo disponível na empresa, o mesmo e sua equipe dedicam-se ao estudo da legislação

tributária, uma vez que pequenas ações tributárias podem gerar grandes reduções no fluxo de

caixa tributário.

Quanto à autonomia da controladoria, esta deve sempre se reportar à diretoria financeira

e quando a esta unidade administrativa emite alguma norma de controle interno, só tem sua

eficácia com a ratificação da diretoria competente.

Na controladoria da EMPRESA E, apesar de possuir uma auditoria fiscal interna, não é

verificada a função “auditoria contábil interna”. Em momentos esporádicos alguns integrantes

realizaram esta função, onde se dirigiram a algumas filiais e realizavam alguns procedimentos

de auditoria como circularização e conferência. Estas diligências, para surpresa do controller

teve uma ótima aceitação junto aos gestores, tanto que já ocorreram diversos requerimentos

para auditoria.

O orçamento na empresa foi implantado pela controladoria, por iniciativa do atual

controller. Depois de implantado, a elaboração e controle do orçamento foram designados a

um departamento chamado de planejamento. O departamento de planejamento está em nível

hierárquico um pouco inferior à controladoria.

Também não há na controladoria a figura do departamento de custos, onde todos os

custos são apurados e transformados em relatórios pelo departamento de planejamento.

Quanto à participação da controladoria no planejamento estratégico, que é de

responsabilidade do departamento de planejamento, é encontrado o papel de prestar contas

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dos resultados fiscais e contábeis. Para alinhar a estratégia empresarial com a controladoria, o

gerente desta formulou um planejamento estratégico próprio, onde existe uma missão,

objetivos e planos de ações que abrangem até o profissional arquivista.

Quanto ao alinhamento da controladoria com o departamento de planejamento é

verificado uma sincronia e um trabalho mútuo. Para todos os processos do departamento de

planejamento que abrangem o orçamento, planejamento estratégico, tecnologia da informação

e qualidade existe reuniões nas quais a controladoria tem lugar garantido. O fato de estas

operações serem terceirizadas, exclui parte da exposição à resistência à controladoria.

6.5.4. O Controller

O controller desta empresa é pernambucano e tem formação em ciências contábeis e

pós-graduação em controladoria e contabilidade. O mesmo atua na empresa desde 2002 e já

teve 14 anos de experiência em uma empresa de auditoria externa.

Quando questionado sobre seu perfil, o controller se autodefiniu como um gestor

proativo que tem foco no desenvolvimento de todos os integrantes da empresa.

6.5.5. Resistências relatadas

A grande resistência encontrada pela controladoria foi a implantação do sistema ERP. A

implantação do sistema integrado foi liderada pela diretoria financeira e foi sugerido pela

gerente do departamento de planejamento, este que também dirige o departamento de

tecnologia da informação. Este processo consumiu muitos recursos da empresa, teve auxílio

de uma consultoria específica, uma sala na empresa exclusiva e durou 1 ano para sua

completude. Participaram, ainda, desde projeto os setores de contas a pagar, contas a receber,

controladoria e tecnologia da informação. O papel da controladoria no processo de

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implantação do sistema ERP foi a modelagem de todos o plano de contas, dos centros de

custos, nível de empresa e oferecer apoio contábil nas operações de interesse de outros

departamentos.

Outra resistência relevante foi a própria implantação da controladoria, que foi advinda

dos próprios integrantes que formavam a contabilidade e o setor fiscal. A implantação da

controladoria foi uma iniciativa do atual controller, que foi idealizada no momento de sua

contratação. Para a realização deste, foi proposta uma mudança da filosofia de trabalho e uma

reestruturação das tarefas do departamento. Nos antigos departamentos de contabilidade e

fiscal, existiam pessoas com conhecimentos técnicos desatualizados e estes ficaram receosos

quanto às mudanças nas suas rotinas de trabalho, demonstrando medo da perda de seus

empregos e de não possuir conhecimento adequado para as novas exigências. No atual

momento, não são encontrados resistências internas, pois foi feito um trabalho de qualificação

e readaptação dos integrantes da controladoria.

Os trabalhos da controladoria averiguaram um grande número de falhas nos controles

internos da empresa, e com isso surgiu a ideia da emissão de “normas de controles internos

contábeis”. Com aval da diretoria financeira, a controladoria emitiu algumas normas e estas

podem ser verificadas a seguir:

• Foi imposto um plano de contas comentado, o qual todas as unidades devem respeitar

e este tem o intuito de padronizar e agilizar a informação;

• Frequentemente são emitidas normas para controle de registro de frota e de

equipamento de TI, onde são definidas datas e o modo de como registrar as notas

fiscais;

• Foi verificado que as contas pagas com o caixa da empresa não tinham nenhum tipo de

controle, então a controladoria ordenou que toda conta paga com caixa deve ter

assinatura e visto do gerente responsável;

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• Também foi encontrado um alto valor de despesas com táxi e estes não tinham, em sua

maioria, documentos comprobatórios. Devido a isto a controladoria exigiu que as

unidades fizessem convênios com cooperativas de táxi de forma que todas as despesas

de viagens tivessem suas devidas notas fiscais.

6.5.6. Fontes de resistência

Figura 22: Questionário das fontes de resistência sobre projetos da controladoria da

EMPRESA E:

Fon

te: entrevista

6.5.6.1. Análise das fontes de resistências não impactantes sobre os projetos da

controladoria

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142

I. Projetos competitivos: Como o foco da controladoria está voltado a tributos e a

empresa tem a carga tributária com um grande ônus, estes projetos passam a ter prioridade

sobre os outros. A eficácia no trabalho com tributos está ligada diretamente ao fluxo de caixa

da empresa, e isto é motivo suficiente para justificar que outros projetos não substituam ou

reduzam o trabalho da controladoria.

II. Custo da falha: Os integrantes da empresa tendem a não questionar ações tributárias

por falta de conhecimento, onde para muitos o setor de tributos é um “mal necessário”. A falta

de conhecimento leva aos integrantes da EMPRESA E não conseguirem mensurar os riscos

de processos de elisão fiscal. Pode-se citar um exemplo: se a controladoria entrar em um

processo judicial para pedir deferimento de algum imposto incidente na aquisição de veículos,

é provável que o setor de frota nem questione esta ação. Outro fato que dá credibilidade a

projetos tributários é o trabalho em conjunto com o setor jurídico.

III. Risco de uma visão não clara: Para esta resistência, ocorre um fenômeno similar

ao item anterior, pois por não entender de tributos as pessoas tendem a não questionar suas

ações. Só que o fato de não terem uma visão clara sobre um projeto deveria ser um motivo

para resistência, porém os aspectos burocráticos e a diversidade de legislação tributária levam

aos indivíduos a terem aversão ao seu entendimento e não formarem resistência.

IV. Risco de falta de apoio: Como a carga tributária é tem muito peso do fluxo de

caixa da empresa, a gestão de tributos é uma função chave para a continuidade da

organização.

V. Risco de motivação: A única fonte de desmotivação encontrada foi a ofertada pelos

integrantes dos antigos departamentos de contabilidade e tributos. Mesmo assim, não houve

grande impacto, uma vez que o projeto da implantação da controladoria foi comprado pela

diretoria, que por sua vez deu todo apoio necessário ao atual controller.

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VI. Risco de mudança empresarial: Como nos demais casos, o entrevistado afirmou

não enxergar este conceito entre os integrantes da empresa.

6.5.6.2. Análise das fontes de resistências impactantes sobre os projetos da controladoria

I. Histórias implementadas: O entrevistado afirma que sempre escuta da “rádio peão”

que os funcionários em geral se queixam quando a empresa muda de regras e diretrizes.

Muitas vezes a controladoria emite normas impondo datas para que certas operações sejam

concretizadas, tais como a data limite para registro no sistema ERP de novos veículos.

Também houve muita resistência no momento de implementação do sistema ERP, uma vez

que cada setor tinha seu módulo e com a entrada do sistema integrado, os funcionários

tiveram que mudar seu ambiente de trabalho. E como o processo de implementação de um

sistema ERP requer diversas mudanças no decorrer do seu projeto, isto se torna um fator nos

quais os empregados resistem.

Setor onde esta resistência ocorre: A empresa como um todo, porém foi relatado um

caso específico do departamento de frota.

Estratégia adotada: A controladoria entende que mudanças frequentes na empresa

causam descontinuidade em um trabalho e por conseqüência tornam os funcionários

resistentes as mesmas. A controladoria tenta passar a imagem de que é um parceiro e utilizam

diversos artifícios, como treinamentos, palestras e conversas informais, com o objetivo de

mostrar que o que a empresa está fazendo é o melhor para todos os envolvidos.

II. Grau de perturbação: A atividade tributária que mais incomoda é a auditoria fiscal.

Esta é a atividade tenta encontrar desvios em sua gestão, edita normas de gestão tributária. As

pessoas ficam receosas quanto à interferência na sua gestão, e a controladoria exige a

regularidade fiscal, o correto manuseio da documentação fiscal. Como a legislação tributária é

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muito abrangente os gestores têm a consciência que pode estar tomando medidas tributárias

inadequadas e acabam temendo a auditoria fiscal. Outro ponto no qual a controladoria

interfere é na operação de compras e vendas, pois a empresa acaba interferindo na tributação

de clientes e fornecedores. Como nestas operações, a agilidade é um ponto desejável para

ambas as partes, só que a controladoria acaba impondo uma série de obrigações assessórias

(na retenção e compensação de impostos) e muitos trabalhos nas operações de fiel depositário

perante a receita estadual. Ocorreu também uma grande resistência interna na própria

implantação da controladoria

Setor onde esta resistência ocorre: O antigo departamento de contabilidade, o setor

comercial e suprimentos.

Estratégia adotada: A estratégia ofertada pela controladoria foi a de manter sua

postura e mostrar os resultados proporcionados por estas ações. As ações da controladoria

chegaram a ser requisitadas por várias unidades da empresa.

6.5.7. Triangulação

O processo de triangulação fez através de emails algumas perguntas a um supervisor do

departamento de frotas e um antigo integrante da contabilidade.

Foi perguntado ao departamento de frota sobre a existência de problemas operacionais

com a controladoria. E o mesmo relatou que se incomodam com algumas mudanças em

procedimentos, mas o mesmo elogiou o apoio tributário oferecido pelo controller.

Com relação ao integrante da contabilidade, foi dito que existiu um receio quanto à

perda de emprego e pela grande necessidade de melhoria nos conhecimentos tributários.

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6.5.8. Análise individualizada das resistências ao funcionamento da controladoria

A resistência da empresa só abrange aspectos tributários, pois este é o grande foco da

controladoria e boa parte do tempo dedicado pelo controller e sua equipe tem o intuito da

melhoria dos processos e diminuição da carga tributária. Neste caso existem poucas

atribuições a este departamento e das três existentes duas são dedicadas à área tributária.

Atividades como orçamento, planejamento estratégico como são operacionalizados pelo

departamento de planejamento, tira um pouca da carga de resistência que seria atribuída à

controladoria.

A empresa é considerada um exemplo pernambucano de empreendedorismo e sua

controladoria tem uma formatação própria e é aplicada às suas necessidades.

Como a empresa possui muitas filiais, serviços inovadores e um faturamento alto,

alguns controles deveriam ser presentes, como a auditoria interna, porém esta figura não

compõe a estrutura da controladoria. A auditoria interna é efetuada ocasionalmente e de forma

bem experimental, porém a surpresa de todos é que houve ótima aceitabilidade entre os

auditados.

Existe uma relação harmonizada entre a controladoria e as diretorias e seus serviços

acabam tendo prioridades em vez que a carga tributária é um dos grandes desafios da

empresa.

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7. Análise global dos resultados apresentados

No procedimento de cada entrevista, foi questionado ao controller a sua percepção

quanto à resistência existente à estrutura da controladoria. Cada entrevistado sua avaliação de

resistência e histórias que comprovam sua convicção. Tendo em vista estes dados, este

trabalho formalizou uma avaliação sintética, quanto à resistência a controladoria, que

corresponde às declarações do controller: Foi pedido à cada controller que fosse avaliado a

resistência em sua empresa como alta ou baixa. O quadro 21, resume a percepção de cada

gerente da controladoria:

Quadro 21 – Avaliação de resistência provida do controller

Empresas Avaliação de resistência EMPRESA A Alta EMPRESA B Baixa EMPRESA C Baixa EMPRESA D Alta EMPRESA E Baixa

Fonte: Entrevista

Nas próximas seções serão estudadas as relações entre as resistências à controladoria em

face de determinadas variáveis. Os dados do quadro 21 serão parâmetros para análise das

seções a seguir:

7.1. Quanto às funções desempenhadas pela controladoria

Após as entrevistas, a pesquisa sintetizou as funções desempenhadas por cada unidade

administrativa da controladoria. As funções respeitam os conceitos advindos por Borinelli

(op. cit.). O quadro 22 demonstra o resultado deste trabalho:

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147

Quadro 22 – Quadro resumo das funções desempenhadas

Con

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ões

Tot

al

Per

cent

ual

EMPRESA A X X X X X X X 7 78% EMPRESA B X X X X 4 44% EMPRESA C X X X X X X 6 67% EMPRESA D X X X X X X X 7 78% EMPRESA E X X 2 22%

TOTAL 5 3 3 5 1 3 1 2 3 Percentual 100% 60% 60% 100% 20% 60% 20% 40% 60%

Fonte: entrevista

A seguir são descritos detalhamentos sobre cada função atribuída às empresas:

Dados sobre a EMPRESA A

• Quanto à função “Gerencial-Estratégica”, se inclui o orçamento e o apoio ao

planejamento estratégico;

• Na atividade de “controle interno” está incluso a auditoria interna terceirizada e a

emissão de normas de controle financeiro;

• Em outras funções está incluso o setor financeiro da empresa;

Dados sobre a EMPRESA B

• A atividade de controle interno é materializada pela auditoria interna;

Dados sobre a EMPRESA C

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• A função “Gerencial-estratégica” se resume a apresentação do relatório contábil

gerencial;

• A função de proteção e controle do ativo é a tarefa de um analista dentro da sua

estrutura;

Dados sobre a EMPRESA D

• Quanto à função “gerencial-estratégica” são verificadas as atividades de avaliação de

desempenho;

• Em “outras funções” é contemplada a atividade de “transição de gestão”

Dados sobre a EMPRESA E

• Dentro das funções tributárias é desempenhada uma atividade específica de auditoria

fiscal;

O quadro 23 aponta para um resumo das quantidades de atividades desempenhadas pela

controladoria e sua confrontação com a avaliação de resistência.

Quadro 23 – Quadro resumo das quantidades de funções

Empresas Número de funções desempenhadas Avaliação de resistência EMPRESA A 6 Alta EMPRESA B 4 Baixa EMPRESA C 5 Baixa EMPRESA D 5 Alta EMPRESA E 2 Baixa

Fonte: Entrevista

Analisando os quadros 22 e 23, podem-se trabalhar separadamente as empresas com alta

e baixa resistência ao funcionamento da controladoria. A EMPRESA A e a EMPRESA D,

que relataram maiores resistências, são as que mais têm funções típicas da controladoria,

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segundo Borinelli (op. cit.), em sua estrutura, tendo respectivamente 6 e 5 funções. As únicas

diferenças entre estas duas empresas é a inexistência de um setor de custos e a terceirização

da atividade de orçamento da EMPRESA D. Outro fator que contribui para a resistência no

desempenho da controladoria é o funcionamento de outras funções, como o controle

financeiro exercido pela EMPRESA A e a tarefa de transição de gestão desempenhada pela

EMPRESA D.

Com relação às empresas com menores percepções de resistência, são verificados, na

EMPRESA B e EMPRESA E, a existência de menores quantidades de funções

desempenhadas por suas controladorias. A controladoria destas duas empresas tem forte apelo

tributário e, por consequência, os relatos de resistências têm relação com obrigações

acessórias fiscais, operações de fiscalização e outros. Com relação à EMPRESA C é

verificado um setor financeiro acrescido de cinco funções típicas da controladoria. Porém, a

atividade de grande ênfase é a contabilidade, pois mais de 50% do seu pessoal está

direcionado para esta atividade. As funções fiscais e controle de patrimônio ocupam um

pequeno espaço dentro do setor de contabilidade, onde na análise do organograma da empresa

são observáveis apenas três grandes subdivisões: contabilidade, custos e financeiro. Mesmo

tendo estas atividades em sua estrutura, a controladoria, ainda terceiriza, conforme quadro 24,

as funções de “Orçamento, sistemas de informações gerenciais e conversão das

demonstrações financeiras para as IFRS”, e que diminui sua exposição à resistência dos

setores.

Os dados desta análise apontam para uma relação entre a quantidade das funções

desempenhadas pela controladoria (principalmente na intensidade em que estas são

desempenhadas) sobre a percepção de resistência desta unidade administrativa.

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Quadro 24 – Quadro de funções típicas da controladoria atribuídas a outros

departamentos

Empresas Quanto às funções típicas da controladoria

atribuídas a outros departamentos Avaliação de resistência

EMPRESA A Não tem Alta

EMPRESA B Orçamento, Avaliação de Resultado, e sistemas

de informações gerenciais Baixa

EMPRESA C Orçamento, sistemas de informações gerenciais

e algumas tarefas contábeis Baixa EMPRESA D Orçamento Alta

EMPRESA E Orçamento, Avaliação de Resultado, e sistemas

de informações gerenciais Baixa Fonte: Entrevista

De acordo com o quadro 8, elaborado por Libonati, Wanderley, e Meira (op. cit.), as

duas principais atividades da controladoria são o orçamento e a avaliação. Fazendo a

confrontação deste dado com o quadro 24, é verificado que estas duas atividades não são

desempenhadas por algumas controladorias e nestas são encontradas baixas percepções de

resistência.

7.2. Quanto às principais atividades sujeitas à resistência

Também são destacadas as principais atividades declaradas como ocasionadoras de

resistências à controladoria. O quadro 25 resume esta relação:

Quadro 25 –comparativo das principais fontes de resistência e sua avaliação de

resistência

Empresas Principal fonte de

resistência Avaliação de resistência

EMPRESA A Orçamento Alta EMPRESA B Operações fiscais Baixa EMPRESA C Relatórios gerenciais Baixa EMPRESA D Avaliação e interdição Alta EMPRESA E Auditoria Fiscal Baixa

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Fonte: Entrevista

De acordo com o quadro 25, as operações fiscais são fontes de resistência de baixo

impacto sobre as empresas e isto é verificado na EMPRESA B e EMPRESA E. Quanto ao

relatório gerencial, na análise individualizada da EMPRESA C, foi evidenciado que os

integrantes da empresa tendem a não entendê-las e sendo assim fica definido que esta

atividade causa uma resistência muito baixa.

Já quando se estuda as atividades que influi na vida das pessoas são encontradas

grandes evidências de resistências. Na EMPRESA A, a técnica do orçamento limita a

movimentação financeira dos setores e controla a disponibilidade de crédito aos clientes, fatos

estes que acabam gerando algumas insatisfações. A EMPRESA D, tem a percepção de que

suas atividades de monitoramento e o poder de retirar um sócio do seu centro de distribuição

são motivos suficientes para resistência a sua operação. Algumas outras variáveis também são

analisadas nesta seção.

7.3. Quanto ao número de empregados

De acordo com Davila (op. cit.) um dos direcionadores de inovações contábeis é o

tamanho da empresa e neste trabalho será utilizado o número de empregados e o valor do

faturamento bruto O quadro 26 mostra uma matriz que contem as empresas em estudo, o

número de empregados e a avaliação de resistência.

Quadro 26 – Quadro comparativo entre o número de empregados e sua avaliação de

resistência

Empresas Número de empregados Avaliação de resistência EMPRESA A 1.600 Alta EMPRESA B 3.200 Baixa EMPRESA C 1.100 Baixa EMPRESA D 2.000 Alta EMPRESA E 6.000 Baixa

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152

Fonte: Entrevista

Com relação ao número de empregados, era de se esperar que quanto maior o número

de empregados, maior seriam as resistências encontradas à controladoria. Contudo, os dados

não mostram nenhuma relação quanto a esta relação, todavia que, o fato de as empresas

optarem por direcionar ou não praticarem alguns serviços típicos da controladoria diminui a

exposição deste departamento junto aos colaboradores.

7.4. Quanto o valor do faturamento bruto

Da mesma forma que na seção anterior, é feito uma análise semelhante que apenas

difere na utilização da variável, que neste caso será o faturamento bruto.

Quadro 27 – Quadro comparativo entre o faturamento bruto e sua avaliação de

resistência

Empresas Faturamento Bruto Avaliação de resistência EMPRESA A 650.000.000,00 Alta EMPRESA B 700.000.000,00 Baixa EMPRESA C 330.000.000,00 Baixa EMPRESA D 460.000.000,00 Alta EMPRESA E 700.000.000,00 Baixa

Fonte: Entrevista

Das três empresas com maior faturamento, duas destas possuem baixas resistências à

implantação da controladoria. Contudo, na EMPRESA B e EMPRESA E, funções como

orçamento, avaliação e planejamento são atribuídas a outros departamentos específicos, fato

este que, segundo a análise do quadro 27, reduz a incidência de resistência. Cabe reiterar

ainda que a EMPRESA E não tem a função da auditoria interna.

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Nas duas empresas de menor faturamento é observada uma total discrepância quanto à

resistência a controladoria. Na EMPRESA C, pouca resistência é relatada e conforme o

quadro 27, possui muitos serviços terceirizados. Já a EMPRESA D tem um faturamento 34%

inferior ao da “EMPRESA E” e apesar disto possui uma controladoria com mais

funcionalidades e com maiores resistências.

Analisado os dados apontados no quadro 26 e 27, pode-se observar que as empresas

com maiores números de empregados e maior faturamento criam departamentos específicos

para operacionalizar alguns conceitos da controladoria. Na EMPRESA B, algumas funções

são desempenhadas por tecnologia da informação e “Report´s” e na EMPRESA E é

representada pelo departamento de planejamento e Tecnologia da Informação. Na

EMPRESA C também há terceirizações, embora tenha o menor nível de emprego e

faturamento.

7.5. Quanto à nacionalidade do capital aplicado

Este item utiliza o quadro 28 para observar se a nacionalidade dos investidores tem

implicância sobre a estrutura montada nas empresas e por consequência tem influência na

resistência sobre a controladoria.

Quadro 28 – Quadro comparativo entre a nacionalidade da investidora e sua avaliação

de resistência

Empresas Origem da investidora Avaliação de resistência EMPRESA A Nacional Alta EMPRESA B Estrangeira Baixa EMPRESA C Estrangeira Baixa EMPRESA D Nacional Alta EMPRESA E Nacional Baixa

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154

Fonte: Entrevista

Os dados apontam que as duas empresas com capital estrangeiro existem poucos relatos

de resistência, pois sua gestão tem muita influência da investidora e resultante disto, a maioria

dos projetos ou tem aprovação da investidora ou seguem as suas diretrizes. Em ambas, as

funções típicas da controladoria são atribuídas a outros departamentos. Os dados

evidenciados, no quadro 28, podem demonstrar o que é afirmado no relativismo cultural em

contabilidade gerencial proposto Riahi-Belkaoui (op. cit.), em que diferentes culturas, que

neste caso são encontradas culturas norte-americanas, brasileiras e japonesas, apresentam

estruturas que favorecem ou não o fenômeno de resistências.

7.6. Quanto à natureza Jurídica

Davila (op. cit.) cita a abertura de capital como um direcionador de mudanças contábeis,

assim espera-se que empresas de capital aberto exijam maiores controles e assim exista maior

atuação da controladoria. Também, busca-se dados para a ocorrência de resistências no modo

como a empresas são configuradas através de sua natureza jurídica. O quadro 29 expõe como

esta variável é representada nas respectivas empresas.

Quadro 29 – Quadro comparativo entre a natureza jurídica e sua avaliação de

resistência

Empresas Natureza Jurídica Avaliação de resistência EMPRESA A Sociedade empresarial limitada Alta

EMPRESA B Sociedade empresarial limitada Baixa EMPRESA C Sociedade empresarial limitada Baixa EMPRESA D Sociedade Anônima de capital fechado Alta EMPRESA E Sociedade Anônima de capital fechado Baixa

Fonte: Entrevista

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155

A natureza jurídica não mostra nenhuma prova válida sobre a avaliação de resistência

pela empresa. Nas empresas de sociedade empresarial limitada são encontradas duas empresas

com baixa resistência e uma com grande, já nas sociedades anônimas existe uma empresa com

alta e outro com baixa resistência.

7.7. Quanto ao tempo de fundação da controladoria

A seguir, no quadro 30, é confrontada a avaliação de resistência com o tempo de

fundação da controladoria. O tempo de fundação da controladoria pode ser uma oportunidade

para melhorar a adequação das práticas, difundir o trabalho por todos os setores e mostrar

resultados a diretoria, sendo assim, é de se presumir que isto tem reflexo sobre a resistência a

mudanças na empresa.

Quadro 30 – Quadro comparativo entre o tempo de fundação da controladoria e sua

avaliação de resistência

Empresas Tempo de fundação da controladoria Avaliação de resistência

EMPRESA A 5 Anos Alta EMPRESA B 10 Anos Baixa EMPRESA C 14 Anos Baixa EMPRESA D 8 Anos Alta EMPRESA E 7 Anos Baixa

Fonte: Entrevista

As duas empresas de maior tempo de fundação da controladoria, EMPRESA B e

EMPRESA C, têm baixas percepções de resistência. A EMPRESA A, que possui apenas

cinco anos de existência, afirmou reconhecer grandes pontos de resistência, uma vez que sua

estrutura está ainda em estágio de implantação. Quanto a EMPRESA E, o fator que mais pesa

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é seu foco fiscal, pois mesmo tendo menos tempo de existência que outras empresas é

verificado um rol de serviços já fixados.

7.8. Quanto à quantidade de profissionais que já passaram pelo cargo de controller

Davila sugere a variável “novo CEO” como um motivador de mudanças contábeis.

Assim a pesquisa faz uma adaptação deste conceito para a mudança de controllers.

Quadro 31 – Quadro comparativo entre alterações de profissionais no cargo de

controller

Empresas Alterações Controller Avaliação de resistência EMPRESA A Várias mudanças Alta EMPRESA B Várias mudanças Baixa EMPRESA C Está no cargo desde a criação da controladoria Baixa EMPRESA D Foi o segundo controller a ocupar este cargo Alta EMPRESA E Foi o controller que fundou a controladoria Baixa

Fonte: Entrevista

Estes dados não apontam nenhum direcionamento com relação à influência desta

variável na implantação da controladoria.

7.9. Avaliação global das fontes de resistência

Esta seção analisa os fatores de resistência declarados no estudo de caso e tem o

objetivo de verificar a freqüência de ocorrência de determinado conceito, bem como as

principais justificativas para sua existência. O quadro 32 sintetiza a atribuição de cada fonte

de resistência as suas respectivas empresas:

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Quadro 32 – Matriz: fontes de resistência X empresas estudadas

Empresa / Fontes de Resistência

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tóri

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das

Pro

jeto

s co

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clar

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Ris

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l

EMPRESA A X X X EMPRESA B X X EMPRESA C X X EMPRESA D X X EMPRESA E X X

Total 3 0 5 2 1 0 0 0 Percentual 60% 0% 100% 40% 20% 0% 0% 0%

Fonte: entrevista

A fonte de resistência que mais teve ocorrência foi “grau de perturbação”, a qual foi

citada em todas as entrevistas. No quadro 33, o conceito de Grau de Perturbação é

relacionado com seu principal argumento de resistência.

Quadro 33 – Quadro comparativo dos principais argumentos para a fonte de

resistência: Grau de Perturbação

Empresas Principais argumentos EMPRESA A Implicações da implantação do sistema ERP EMPRESA B Atuação da auditoria interna

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EMPRESA C Medo de processos de downsize desencadeados pelas informações dos relatórios gerenciais

EMPRESA D Possibilidade de declaração de interdição sobre a empresa EMPRESA E Execução da auditoria fiscal

Fonte: Entrevista

As resistências, observadas como as mais altas, são aquelas que ofertam maiores

possibilidades de modificações no trabalho das pessoas. Exemplo disto está contido nos

relatos efetuados pela EMPRESA A e EMPRESA D. Na “EMPRESA A”, a resistência está

relacionada à exposição proporcionada pela implantação do projeto ERP, já na EMPRESA

D, o receio surge na medida em que a controladoria tem a capacidade de ordenar o

afastamento e direcionamento de novo gestor para uma unidade de distribuição.

Quanto à resistência apontada pela EMPRESA C estão mais ligadas ao ambiente de

medo de fenômenos de reestruturação do que aos relatórios propriamente ditos. Também

influi no baixo impacto a desconhecimentos da linguagem contábil. Na EMPRESA B a

auditoria interna tem uma série de implicâncias operacionais como revisão de processos e

seus relatórios, porém não houve grandes relatos com histórias de resistências. A EMPRESA

D tem uma forte atuação como fiscalizadora de práticas fiscais, e com isso a correta execução

das obrigações tributárias é sinal de muitos procedimentos burocráticos. Contudo, o controller

afirma que muitas filiais apresentam boa recepção da auditoria.

O conceito de histórias implementadas foi encontrado em três das cinco empresas

entrevistadas, dentre estas, duas tiveram a avaliação de baixo nível de resistência. O quadro

34 resume a ocorrência deste fenômeno:

Quadro 34 – Quadro comparativo dos principais argumentos para a fonte de

resistência: histórias implementadas

Empresas Principais argumentos EMPRESA C Histórico de movimentos de cisão e fusão EMPRESA D Alterações de sistemas de informática e de normas de controle interno

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EMPRESA E Alterações de rotinas operacionais Fonte: Entrevista

As entrevistadas que tiveram baixa avaliação de resistência, EMPRESA C e

EMPRESA E, assemelham a ocorrência deste fenômeno, respectivamente, ao ambiente

criado pela história da empresa e a alterações de pequenas práticas de registro.

Para a EMPRESA D, que demonstrou ter bastante resistência, este fenômeno se

manifesta devido às diversas tentativas de ajuste e aprimoramento dos controles internos de

toda uma cadeia de centros de distribuições que tinham raros mecanismos de transparência.

A fonte de resistência denominada de custo da falha teve influência em duas empresas,

sendo que na EMPRESA A, ela ocorre com forte intensidade e na EMPRESA B com menor

(apesar se ser a maior fonte de resistência desta empresa). No quadro 35 podem ser

verificados os principais eventos que justificam sua classificação como uma resistência:

Quadro 35 – Quadro comparativo dos principais argumentos para a fonte de

resistência: Custo da falha

Empresas Principais argumentos EMPRESA A Limitações de operações de vendas e despesas com base no orçamento EMPRESA B Limitação de operações de vendas devido a barreiras fiscais

Fonte: Entrevista

Em ambas as empresas, as resistências têm relação com a limitação de alguma

operação, onde os indivíduos questionam se estas imposições serão benéficas ou não para a

empresa como um todo.

Outro conceito também foi encontrado nos procedimentos de pesquisa: risco de falta

de apoio. O risco de falta de apoio foi destacado pela EMPRESA A devido ao fato de que as

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160

pessoas têm forte relação com seus superiores diretos e não são receptivos a ordens de outros

gestores da empresa.

7.10. . Resumo dos principais dados extraídos no estudo multicasos

Nas figuras 23, 24, 25, 26, e 27, ficam sintetizadas as principais informações destacadas

nos procedimentos de estudo de caso.

Figura 23 – resumo análise de resistência da EMPRESA A

Fonte: própria

Figura 24 – resumo análise de resistência da EMPRESA B

Fonte: própria

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161

Figura 25 – resumo análise de resistência da EMPRESA C

Fonte: própria

Figura 26 – resumo análise de resistência da EMPRESA D

Fonte: própria

Figura 27 – resumo análise de resistência da EMPRESA E

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162

Fonte: própria

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163

8. CONCLUSÕES

Para iniciar as conclusões, é necessário destacar algumas limitações existentes nesta

pesquisa. O fato do pesquisador não ter conseguido uma quantidade maior de entrevistas com

outros departamentos das empresas é destacado como um ponto de limitação do estudo.

Também foi um fato relevante o fato de que alguns controllers não estavam presentes no

momento da inauguração da controladoria.

Pode-se concluir que as estruturas mais enxutas, que possuem foco fiscal e que atuam

com pouca veemência têm menores avaliações de resistência à implantação da controladoria.

Isto era esperado, pois sem controle e cobrança a resistência é menor.

Também se chega à conclusão que as resistências se manifestam de formas diferentes

em cada empresa. Nas duas empresas que forneceram a percepção de alta resistência à

implantação da controladoria, os entrevistados não relataram as mesmas fontes de resistência..

Também foi constatado que atividades da controladoria sujeitas à resistência em uma

empresa, não necessariamente tem o mesmo comportamento em outra, pois houve empresas

que tiveram pequenos casos de resistências às ações fiscais (EMPRESA B e EMPRESA E),

e em outras estas questões foram desconsideradas (EMPRESA A e EMPRESA C). Também

foi observado que características gerais das empresas pouco explicaram o fenômeno da

resistência.

Contudo, fica claro que os fatores de resistência passam a ter impacto, mais pela forma

de atuação da controladoria do que da sua existência por si só. As ações de emitir normas de

controle interno, controle do orçamento ou avaliação de desempenho mostraram-se ser os

principais focos de resistência.

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164

Cabe destacar a ocorrência de três fontes de resistência: grau de perturbação, histórias

implementadas e custo da falha. O conceito de grau de perturbação é encontrado em todas as

empresas estudas, sendo isto motivado pelo modo como a controladoria acaba influindo

(emissão de normas, auditorias, medidas corretivas). Este conceito se apresenta com fortes e

baixas resistências. O fator de resistência “histórias implementadas” reflete a conjuntura das

empresas e estava ligada ao ambiente de mudanças, como configurações de sistemas de

informações, controles internos e a movimentos que influem em toda a empresa como cisões,

fusões e downsize´s. O fenômeno do custo da falha está ligado à aplicação de projetos pela

controladoria e pelo custo de oportunidade associado a estes.

Foi verificado que as resistências são processos inevitáveis e que incidem sobre

algumas atividades desempenhadas pela controladoria. A resistência acaba se tornando um

conceito moderador das mudanças ocorridas na empresa. Assim a existência destes

fenômenos não pode impedir as ações promovidas pela controladoria que tem o objetivo o

progresso das organizações. Para isto a figura do controller deve atuar com persistência e

coerência.

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9. RECOMENDAÇÃO PARA FUTURAS PESQUISAS

Seria interessante a realização de uma pesquisa com o mesmo questionamento só que

com uma amostra maior de empresas, pois estes os resultados apontados por este nova

pesquisa poderiam ser confrontadas com a conclusão desta dissertação. Também seria válida,

a realização de uma pesquisa que utilizasse outras variáveis representantes de fatores de

resistência, pois a literatura está repleta de conceitos pertinentes.

Esta dissertação encontrou que algumas empresas criam departamentos específicos para

executar funções típicas da controladoria e devido a isto seria relevante um estudo sobre a

resistência a outros departamentos que executam tarefas típicas da controladoria. Da mesma

forma, foi verificado que algumas empresas não apresentavam resistências à controladoria e

assim observa-se uma oportunidade de estudo sobre quais motivos que este fenômeno não

ocorre.

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APÊNDICES

10.1. Protocolo do estudo de caso 1) Visão geral do projeto de estudo de caso a) Título do trabalho: Um estudo sobre a percepção das fontes de resistência à implantação da estrutura de controlaria: um estudo multicasos empresas pernambucanas b) Objetivo do Estudo: Analisar, através de um estudo multicasos junto a integrantes de diversos setores de uma empresa, quais fontes de resistência impactam na implantação de uma unidade administrativa de controladoria. 2) Procedimento de campo a) Aspectos metodológicos: Pesquisa do tipo exploratória, com auxílio de entrevistas semi-estruturadas, estudo de múltiplos casos. b) Unidade de análise: A unidade de análise é a relação entre fatores de resistência e implantação de uma controladoria. c) Fontes de evidência: Entrevistas semi-estruturadas e documentos como: plano estratégico, plano de negócios, demonstrações contábeis, relatórios da administração. d) Principais instrumentos de coleta de dados: Entrevistas e análise de documentos e) Executor da pesquisa: João Carlos da Fonseca Júnior (Autor da dissertação) 3) Questões da pesquisa a) Contextualização da EMPRESA Estudada • Nome da empresa: ______________________________________ • Natureza Jurídica: ______________________________________ • Número de funcionários: ________________________________ • Faturamento Anual: ____________________________________ • Missão: ______________________________________________ • Organograma: _________________________________________ • Principais produtos/serviços: _____________________________ • Outras informações pertinentes:___________________________ b) Dados do entrevistado • Nome: _____________________________________ • Cargo: _____________________________________ • Tempo na empresa: __________________________ • Outras informações pertinentes: ________________ c) Questões específicas As questões são fundamentadas nas variáveis de resistência de (ROEHL-ANDERSON & BRAGG, 2000) e (HELLRIEGEL & SLOCUM JR, 1976). Para cada conceito são questionados sobre o seu impacto na implantação de uma estrutura de controladoria. Porque isto ocorreu / não ocorreu? Quais setores favoreceram este fenômeno? Qual foi a estratégia adotada?