disseminaÇÃo de determinantes genÉticos de resistÊncia em...

57
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA VEGETAL DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ISOLADOS CLÍNICOS DE TRÊS UNIDADES HOSPITALARES DE LISBOA Joana Filipa Cerqueira Costa DISSERTAÇÃO MESTRADO EM MICROBIOLOGIA APLICADA 2013

Upload: trancong

Post on 08-Feb-2019

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA VEGETAL

DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE

RESISTÊNCIA EM ISOLADOS CLÍNICOS DE TRÊS

UNIDADES HOSPITALARES DE LISBOA

Joana Filipa Cerqueira Costa

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM MICROBIOLOGIA APLICADA

2013

Page 2: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA VEGETAL

DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE

RESISTÊNCIA EM ISOLADOS CLÍNICOS DE TRÊS

UNIDADES HOSPITALARES DE LISBOA

Joana Filipa Cerqueira Costa

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM MICROBIOLOGIA APLICADA

Orientadores:

Professora Doutora Aida Duarte (Faculdade de Farmácia da

Universidade de Lisboa)

Professora Doutora Ana Reis (Faculdade de Ciências da Universidade de

Lisboa)

2013

Page 3: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE

RESISTÊNCIA EM ISOLADOS CLÍNICOS DE TRÊS

UNIDADES HOSPITALARES DE LISBOA

Joana Filipa Cerqueira Costa

MESTRADO EM MICROBIOLOGIA APLICADA

2013

Esta dissertação foi realizada no Laboratório de Microbiologia do Instituto de

Investigação de Ciências Médicas e Farmacêuticas (iMed.UL) sob a orientação

direta da Prof.ª Doutora Aida Duarte no âmbito do Mestrado em Microbiologia

Aplicada da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

A Prof.ª Doutora Ana Reis foi a orientadora interna designada no âmbito do

Mestrado em Microbiologia Aplicada da Faculdade de Ciências da

Universidade de Lisboa.

Page 4: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

AGRADECIMENTOS

À Prof.ª Doutora Aida Duarte pela orientação e pela sua constante motivação e ajuda ao longo

deste trabalho. Agradeço a confiança depositada em mim e no meu trabalho, por tudo o que

me ensinou e por me ter ajudado a desenvolver espírito crítico que certamente contribuiu para

o meu crescimento tanto a nível pessoal como profissional.

À Prof.ª Doutora Ana Reis pela disponibilidade e interesse demonstrados ao longo do trabalho

e pela sua constante motivação para a realização do mesmo.

À Neusa Figueiredo pela ajuda no laboratório, motivação que me transmitiu e pelos momentos

de descontração.

À Cláudia, Paula, Lavínia, D. Teresa, D. Conceição e Sr. Augusto pela ajuda e disponibilidade

demonstradas no laboratório.

Ao Instituto de Investigação de Ciências Médicas e Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia

da Universidade de Lisboa (iMed.UL) pela disponibilização dos meios necessários à realização

deste trabalho.

À minha irmã Ana e ao meu cunhado João pela ajuda em todas as etapas do meu crescimento

e em particular pelos conselhos e ajuda na realização deste trabalho.

Aos meus pais, pelo apoio e amor incondicional. Pela educação que me deram, por

incentivarem sempre os meus estudos e por me terem dado as condições para chegar até aqui

e fazerem de mim a pessoa que sou.

Ao Francisco, por todo o amor e por ser o meu apoio em tudo na vida.

Page 5: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

APRESENTAÇÕES REALIZADAS DURANTE A DISSERTAÇÃO

Comunicações em forma de painel em congressos internacionais:

Costa, J., Dias, J., Peixoto, F., Pacheco, T., Pessanha, M.A., Marques, T., Duarte, A.;

Emergence of Escherichia coli sequence type 131 with KPC-2 carbapenemase in a Portuguese

Hospital. 23º European Congress of Clinical Microbiology and Infectious Diseases (ECCMID),

Berlim, Alemanha - 27 a 30 de Abril de 2013.

Comunicações em forma de painel em congressos nacionais:

Costa, J., Dias, J., Peixoto, F., Pacheco, T., Pessanha, M.A., Marques, T., Duarte, A.;

Emergence of Escherichia coli sequence type 131 with KPC-2 carbapenemase in a Portuguese

Hospital. 5th Postgraduate iMed.UL Students Meeting, Faculdade de Farmácia da Universidade

de Lisboa - 18 de Julho de 2013.

Caneiras, C., Costa, J., Almeida, E., Duarte, A.; High prevalence of CTX-M-15-producing

Klebsiella pneumoniae isolates since 2003, in Portugal. 5th Postgraduate iMed.UL Students

Meeting, Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa - 18 de Julho de 2013.

Page 6: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

RESUMO

A ocorrência de infeções causadas por bactérias resistentes aos antibióticos β-lactâmicos tem

aumentado significativamente nos últimos anos em bactérias da família Enterobacteriaceae,

principalmente em algumas espécies como Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. Estas

infeções são particularmente preocupantes em ambiente hospitalar, onde se encontram

indivíduos mais suscetíveis à infeção.

Este estudo teve como principal objetivo compreender os mecanismos envolvidos na

disseminação de estirpes bacterianas multirresistentes e identificar possíveis reservatórios que

permitem a perpetuação das mesmas em ambiente hospitalar. O estudo incidiu principalmente

sobre 26 isolados de K. pneumoniae e 7 isolados E. coli provenientes de diferentes amostras

recolhidas de doentes de três unidades hospitalares de Lisboa que englobam o Centro

Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO).

Determinou-se o perfil de suscetibilidade dos isolados aos antibióticos, genes de resistência e

ambiente genético dos mesmos, estabeleceu-se uma relação clonal entre os isolados por

determinação da sequence type (ST), e estudaram-se os mecanismos envolvidos na

transferência horizontal de genes através de técnicas de transferência genética como

conjugação e transformação por eletroporação.

Entre os isolados de E. coli, 4 eram produtores de uma carbapenemase KPC-2, variante mais

comum entre as enzimas da família KPC, frequentemente associadas a isolados de K.

pneumoniae. Este gene de resistência foi identificado num plasmídeo de aproximadamente 9

kb pertencente ao grupo de incompatibilidade IncF que foi transferido por eletroporação para a

estirpe de E. coli JM109, demonstrando o papel deste plasmídeo na disseminação do gene de

resistência blaKPC-2. Foi também identificada a sequência de inserção ISKpn6 a jusante do gene

blaKPC-2, sequência que faz parte de um transposão Tn4401 associado à disseminação mundial

destes genes. Verificou-se ainda que estes isolados pertencem à ST131, clone pandémico de

E. coli descrito como sendo responsável pela disseminação da enzima CTX-M-15.

Dos isolados de K. pneumoniae estudados, 19 eram produtores de uma β-lactamase de

espectro alargado CTX-M-15, a β-lactamase de espectro alargado (ESBL) mais disseminada

em todo o mundo. Dos 6 isolados para os quais se determinou a ST, identificou-se a ST15 em

5 isolados, um dos STs mais prevalentes em K. pneumoniae produtoras de enzimas da família

CTX-M. Identificaram-se ainda as sequências de inserção ISEcp1 e IS903 a montante e a

jusante do gene blaCTX-M-15, respetivamente, sequências que desempenham um papel

importante na mobilização deste gene.

Este estudo demonstrou a existência de disseminação intra- e inter-hospitalar de organismos

produtores de ESBLs que pode ser explicada pela facilidade de aquisição de elementos

genéticos móveis contendo os genes de resistência e pela sua propagação em clones

específicos. Torna-se urgente a implementação de medidas de controlo e prevenção de

disseminação destes organismos.

Page 7: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

ABSTRACT

The occurrence of infections caused by resistant bacteria to β-lactam antibiotics has increased

significantly in recent years in Enterobacteriaceae, especially in some species such as

Escherichia coli and Klebsiella pneumoniae. These infections are of particular concern in

hospitals, where patients are more susceptible to infections. The aim of this study was to

understand the mechanisms involved in the spread of multiresistant bacterial strains and

identify possible reservoirs that allow their perpetuation in the hospitals. The study focused

mainly on 26 isolates of K. pneumoniae and 7 isolates of E. coli isolated from different samples

collected from patients in three hospitals in Lisbon comprising the Centro Hospitalar de Lisboa

Ocidental (CHLO). The antibiotic susceptibility profile of the isolates was determined as well as

the resistance genes and their genetic environment. A clonal relationship was established

among the isolates by the determination of the sequence type (ST). The mechanisms involved

in the horizontal transfer of resistance genes were studied by conjugation and electroporation

techniques. Among the E. coli isolates, 4 were KPC-2 producers, the most common variant

among the KPC enzymes family, often associated with K. pneumoniae isolates. The plasmid

size was approximately 9 kb and it belongs to the IncF incompatibility group. This plasmid was

transferred by electroporation into the E. coli JM109 strain, demonstrating the role of this

plasmid in the spread of the blaKPC-2 gene. The insertion sequence ISKpn6 downstream the

blaKPC-2 gene was also identified. This insertion sequence is part of the transposon Tn4401

associated with the worldwide spread of the blaKPC genes. These isolates belong to ST131, an

E. coli pandemic clone described as being responsible for the spread of the CTX-M-15

enzymes. Among the K. pneumoniae isolates, 19 produced the extended spectrum β-lactamase

CTX-M-15, the most widespread extended spectrum β-lactamase (ESBL) worldwide. The ST

was determined in 6 isolates of which 5 isolates belong to ST15, one of the most prevalent STs

in K. pneumoniae CTX-M-producers. The insertion sequences ISEcp1 and IS903 were also

indentified upstream and downstream of the blaCTX-M-15 gene, respectively. These sequences

play an important role in the mobilization of these genes. This study demonstrated an intra- and

inter-hospital dissemination of ESBL-producing organisms that can be explained by the facility

of acquisition of mobile genetic elements containing the resistance genes and its propagation in

specific clones. It is necessary to implement measures to control and prevent the spread of

these organisms.

Page 8: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

ÍNDICE

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1

Problemática da resistência aos antibióticos em Enterobacteriaceae ............................. 1

Antibióticos β-lactâmicos .................................................................................................. 1

Mecanismos de resistência aos antibióticos β-lactâmicos ............................................... 2

β-lactamases de espectro alargado ................................................................................. 3

Mecanismos de disseminação de ESBLs em Enterobacteriaceae .................................. 6

OBJETIVOS ................................................................................................................................ 10

MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................ 11

Isolados Clínicos ......................................................................................................................... 11

Caracterização fenotípica dos isolados ...................................................................................... 11

Determinação do perfil de suscetibilidade aos antibióticos ............................................ 11

Caracterização genotípica dos isolados ..................................................................................... 12

Extração de DNA ............................................................................................................ 12

Tipificação molecular dos isolados ................................................................................. 12

M13-PCR fingerprinting e BOX-PCR fingerprinting ........................................... 12

Multilocus Sequence Typing (MLST) ................................................................. 12

Determinantes genéticos de resistência ..................................................................................... 13

Determinação do ambiente genético dos genes de resistência ................................................. 13

Identificação dos grupos de incompatibilidade de plasmídeos ................................................... 14

Extração de DNA plasmídico ...................................................................................................... 14

Transferência genética ................................................................................................................ 14

Conjugação..................................................................................................................... 14

Transformação................................................................................................................ 15

Purificação dos produtos de PCR e do DNA extraído do gel de agarose .................................. 16

Sequenciação e análise das sequências nucleotídicas .............................................................. 16

RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. 17

Suscetibilidade aos antibióticos .................................................................................................. 17

Tipificação molecular dos isolados.............................................................................................. 21

Determinantes genéticos de resistência ..................................................................................... 24

Disseminação de determinantes genéticos de resistência ......................................................... 28

Determinação do ambiente genético dos genes de resistência ..................................... 28

Identificação dos grupos de incompatibilidade de plasmídeos ...................................... 30

Extração de DNA plasmídico .......................................................................................... 30

Transferência genética ................................................................................................... 33

Conjugação ........................................................................................................ 33

Page 9: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

Transformação por eletroporação ..................................................................... 33

CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 38

ANEXOS ...................................................................................................................................... 45

Page 10: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

1

INTRODUÇÃO

Problemática da resistência aos antibióticos em Enterobacteriaceae

A emergência de bactérias multirresistentes no ambiente hospitalar tem sido progressiva nas

últimas décadas, constituindo uma ameaça à saúde pública em todo mundo. A ocorrência

destas bactérias determina um aumento considerável no período de hospitalização, da

morbilidade e mortalidade e, paralelamente contribui para um aumento dos custos hospitalares.

Os pacientes hospitalizados, principalmente nas unidades de cuidados intensivos, são

particularmente suscetíveis à infeção hospitalar, dadas as suas condições clínicas, que exigem

procedimentos invasivos e terapia antimicrobiana.(1)

As infeções causadas por bactérias Gram-negativas são particularmente preocupantes uma

vez que estes organismos são altamente eficientes na aquisição de genes que codificam para

mecanismos de resistência, especialmente na presença de pressão seletiva causada pelo

antibiótico. Entre os microrganismos responsáveis por infeções adquiridas em meio hospitalar,

as bactérias da família Enterobacteriaceae são as mais identificadas.(2;3)

Antibióticos β-lactâmicos

A utilização excessiva ou inadequada dos antibióticos em humanos e animais acelerou o

aparecimento e a propagação de bactérias resistentes aos antibióticos.

Existem 4 principais mecanismos de ação dos antibióticos na célula bacteriana: inibição da

síntese da parede celular, inibição da síntese proteica, inibição da síntese de ácidos nucleicos

e inibição das vias metabólicas.(4)

Os antibióticos que inibem a síntese da parece celular

incluem o grupo dos β-lactâmicos: penicilinas, cefalosporinas, carbapenemos e monobactamos

(Figura 1) e os glicopéptidos como a vancomicina e a teicoplanina.(5;6)

Figura 1: Estrutura dos principais grupos de antibióticos β-lactâmicos. O anel β-lactâmico está delineado

por um quadrado cinzento. (Figura adaptada de Rubtsova, M.Y., et al. 2010.(111)

)

Estes antibióticos atuam em fases diferentes da biossíntese da camada do peptidoglicano,

principal constituinte da parede celular das bactérias, afetando a integridade da parede celular

e levando à lise celular. Em bactérias Gram-negativas a camada de peptidoglicano é pouco

abundante e situa-se entre a membrana interna e a membrana externa da parede celular

enquanto em bactérias Gram-positivas o peptidoglicano tem uma espessura superior sendo

que a parede celular destas bactérias não possui membrana externa (Figura 2).

Page 11: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

2

Figura 2: Esquema da estrutura da parede celular das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.

(Figura adaptada de Prescott, L. M., et al. 2005.(116)

)

O peptidoglicano é um heteropolímero constituído por cadeias lineares de dois açúcares

aminados, N-acetilglucosamina (NAG) e ácido N-acetil-murâmico (NAM), dispostos

alternadamente e unidos por ligações glicosídicas β (1→4). A cada molécula de NAM ligam-se

cadeias peptídicas normalmente de 4 aminoácidos, através de uma ligação amida. Estas

cadeias peptídicas estabelecem com as cadeias lineares vizinhas pontes interpeptídicas

(cross-linking), geralmente entre o grupo –NH2 do 3º aminoácido e o grupo –COOH do 4º

aminoácido da cadeia peptídica vizinha. A composição dos aminoácidos e as ligações

interpeptídicas são variáveis de espécie para espécie. A biossíntese do peptidoglicano é

constituída por 3 fases: fase citoplasmática, fase membranar e fase parietal. É na fase parietal

que as moléculas de NAM e NAG são colocadas na parede celular da bactéria em crescimento

e se dá a ligação entre estas moléculas e a parede existente. Essa ligação é mediada por

transglicolases, ocorrendo posteriormente a ligação entre o terceiro e o quarto aminoácido de

cadeias peptídicas vizinhas mediada por D-D-carboxitranspeptidases.

A vancomicina e a teicoplanina actuam na fase membranar da biossíntese do peptidoglicano,

por ligação aos resíduos terminais de D-alanina da cadeia nascente do peptidoglicano,

bloqueando o cross-linking necessário para a síntese da parede celular. Os antibióticos β-

lactâmicos impedem a biossíntese do peptidoglicano na fase parietal, inibindo irreversivelmente

as enzimas D-D-carboxitranspeptidases, presentes no folheto externo da membrana

citoplasmática, designadas por PBP (penicillin-binding-proteins) e que desempenham um papel

importante nos cross-linking parietais. Como resultado da paragem da síntese do

peptidoglicano, há indução de autolisinas bacterianas, ocorrendo a lise celular.(7)

Mecanismos de resistência aos antibióticos β-lactâmicos

Os antibióticos β-lactâmicos constituem a primeira linha de opção terapêutica no tratamento de

infeções causadas por bactérias Gram-negativas devido ao seu largo espectro antimicrobiano e

baixa toxicidade para o homem.(8)

Contudo, a resistência a estes antibióticos tem sido

progressivamente descrita, constituindo um problema do ponto de vista clínico.

Page 12: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

3

Diversos mecanismos de resistência aos antibióticos β-lactâmicos têm sido descritos

nomeadamente: a modificação do alvo do antibiótico como mutações que alteram a estrutura

das PBPs; diminuição da concentração intracelular do antibiótico por alterações da

permeabilidade da membrana externa (ausência ou diminuição da expressão de genes que

codificam porinas e/ou bombas de efluxo, responsáveis pela expulsão do antibiótico do interior

da célula) e a produção de enzimas capazes de hidrolisar os antibióticos β-lactâmicos, como as

β-lactamases, inativando o antibiótico antes deste atingir o seu local de ação.

Entre os diferentes mecanismos que conferem resistência aos antibióticos β-lactâmicos, a

produção de β-lactamases é o mecanismo mais comum em bactérias Gram-negativas.(9)

As β-

lactamases hidrolisam a ligação amida do anel β-lactâmico do antibiótico, tornando-o inativo.

As β-lactamases podem ser classificadas com base na sua estrutura molecular (classificação

de Ambler)(10)

ou com base nas suas semelhanças funcionais (classificação de Bush-Jacoby-

Medeiros).(11)

A classificação de Ambler baseia-se nas sequências de aminoácidos das β-

lactamases, dividindo-as em quatro classes (A, B, C e D). As classes A, C e D englobam as

enzimas que possuem um resíduo serina no centro ativo para hidrolisar os β-lactâmicos

enquanto as enzimas da classe B possuem iões de zinco no seu centro ativo para a hidrólise

dos antibióticos β-lactâmicos, sendo designadas por metalo-β-lactamases. A classificação

funcional proposta por Bush tem em conta os substratos e os perfis de inibição agrupando as

enzimas de modo a que possam ser relacionadas com o seu fenótipo. Esta classificação é

importante no sentido em que permite relacionar as propriedades de uma enzima específica

com os perfis de resistência observados nos isolados clínicos. Nesta classificação as β-

lactamases são divididas em 4 grupos, cada um com vários subgrupos, com base nas

propriedades específicas de cada enzima. O grupo 1 corresponde ao grupo das

cefalosporinases e corresponde à classe C da classificação de Ambler. As enzimas deste

grupo hidrolisam todos os β-lactâmicos exceto os carbapenemos e não são inibidas pelo ácido

clavulânico. O grupo 2 corresponde às classes A e D de Ambler e representa o maior grupo de

β-lactamases, englobando vários tipos de β-lactamases (penicilinases, cefalosporinases,

oxacilinases e carbapenemases) inibidas pelo ácido clavulânico. Estão também incluídas neste

grupo as β-lactamases de espectro alargado (ESBLs). O grupo 3 compreende as β-lactamases

com iões de zinco no centro activo (metalo-β-lactamases) e corresponde à classe B da

classificação de Ambler. As enzimas deste grupo hidrolisam os carbapenemos e não são

inibidas pelo ácido clavulânico nem pelo tazobactam mas sim pelo EDTA (ácido etilenodiamino

tetra-acético). O grupo 4 faz também parte da classificação funcional e compreende as

penicilinases não inibidas pelo ácido clavulânico, que são raramente encontradas. Assim, este

grupo tem sido retirado de esquemas mais recentes devido à pouca informação disponível e

consequente caracterização incompleta deste grupo de enzimas.(12)

β-lactamases de espectro alargado

As β-lactamases podem ser codificadas por genes cromossomais ou por genes localizados em

elementos móveis como plasmídeos e transposões. A primeira β-lactamase plasmídica, TEM-1,

Page 13: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

4

foi descrita numa estirpe de E. coli na década de 1960.(13)

Esta enzima é responsável pela

resistência à ampicilina, penicilina e cefalosporinas de 1ª geração como a cefalotina. Poucos

anos depois de ser descrita pela primeira vez, verificou-se uma disseminação mundial desta

enzima, facilitada pela sua localização em plasmídeos, sendo atualmente encontrada em

diferentes espécies da família Enterobacteriaceae e também em Pseudomonas aeruginosa,

Haemophilus influenzae, e Neisseria gonorrhoeae.(14)

Outra β-lactamase muito comum é a SHV-1 que foi pela primeira vez descrita num isolado de

K. pneumoniae.(117)

Esta enzima confere resistência à penicilina e cefalosporinas de 1ª geração

e pode ser codificada por genes cromossomais, como acontece na maioria dos isolados de K.

pneumoniae, e por genes localizados em plasmídeos, como acontece na maioria dos isolados

de E. coli.(14;15 )

Durante os anos seguintes foram desenvolvidas novas classes de antibióticos β-lactâmicos,

sendo que em 1980 foi introduzida uma nova classe de antibióticos, as cefalosporinas de 3ª

geração como a cefotaxima e a ceftazidima, para o tratamento de infeções causadas por

bactérias Gram-negativas.(14)

Como resultado da pressão seletiva causada por esses

antibióticos, surgiram novas variantes de β-lactamases com a capacidade de conferir

resistência a esses antibióticos. Devido ao seu largo espectro de actividade, estas enzimas

foram designadas β-lactamases de espectro alargado (ESBL). As ESBLs TEM e SHV terão

então derivado das β-lactamases TEM-1, TEM-2 e SHV-2 por mutações pontuais que

aumentam o seu espectro hidrolítico sobre cefalosporinas de largo espectro.(20)

A primeira β-

lactamase de espectro alargado foi descrita em 1983 numa estirpe de K. pneumoniae, na

Alemanha.(16)

A produção de β-lactamases de espectro alargado (ESBL) tornou-se o principal mecanismo de

resistência aos antibióticos β-lactâmicos e tem sido descrita mundialmente em vários géneros

da família Enterobacteriaceae, nomeadamente em E. coli e K. pneumoniae, e também noutras

famílias de bactérias nomeadamente em P. aeruginosa.(17)

Têm sido usadas várias definições para o termo ESBL, não existindo uma definição única.

Contudo, alguns autores propõem que ESBL é qualquer β-lactamase, geralmente adquirida e

não inerente a uma espécie, que confere resistência às cefalosporinas (mas não aos

carbapenemos), e que é inibida pelo ácido clavulânico.(18)

Atualmente já foram descritas mais

de 150 ESBLs diferentes a nível mundial.(14)

Os tipos de ESBLs mais frequentes são a TEM, SHV e CTX-M. Durante as décadas de 1980 e

1990, as ESBLs mais prevalentes eram a TEM e a SVH, principalmente associadas a K.

pneumoniae, enquanto que as CTX-M eram menos prevalentes.(20;14)

Apesar de ter sido

descrita uma enzima do tipo CTX-M pela primeira vez na Alemanha em 1989(19)

, só a partir da

primeira década de 2000 se tem verificado uma predominância destas enzimas em relação às

outras ESBLs.(21)

As enzimas CTX-M têm sido identificadas tanto em ambiente hospitalar como

na comunidade, sendo E. coli o principal organismo descrito como produtor destas enzimas.(22)

Page 14: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

5

As enzimas CTX-M são agrupadas em cinco principais clusters: CTX-M-1, CTX-M-2, CTX-M-8,

CTX-M-9, CTX-M-25, de acordo com a sua sequência de aminoácidos, embora haja autores

que considerem a existência de mais um cluster que inclui a CTX-M-45.(23;24)

Análises filogenéticas permitem concluir que as enzimas CTX-M não derivam de outras

enzimas por mutações pontuais mas sim da mobilização de genes cromossomais de Kluyvera

spp. que terão sido incorporados em elementos genéticos móveis.(21)

Estes genes iniciais

teriam uma maior atividade sobre a cefotaxima em comparação com a ceftazidima, perfil

hidrolítico que se verifica nas primeiras enzimas CTX-M descritas. Estas enzimas terão depois

adquirido mutações pontuais, provavelmente devido à pressão seletiva exercida pelos

antibióticos, que levou a um aumento da sua atividade hidrolítica em relação à ceftazidima(25;26)

,

como é o caso da CTX-M-15, atualmente considerada a ESBL mais disseminada no mundo(27)

,

representando 65% de todas as β-lactamases.(68)

Esta enzima foi pela primeira vez descrita na

Índia em 2001(29)

e deriva da CTX-M-3 por alteração de um aminoácido. Em Portugal foi pela

primeira vez descrita em 2003 num isolado de K. pneumoniae.(28)

Além da TEM, SHV e CTX-M, existem outras β-lactamases de espectro alargado como por

exemplo as enzimas PER, GES, VEB pertencentes à classe A da classificação de Ambler e as

enzimas OXA pertencentes à classe D da classificação de Ambler(24)

, que conferem resistência

à ampicilina e à cefalotina.(14)

Outra família de β-lactamases são as AmpC, pertencentes à

classe C da classificação de Ambler. Ao contrário das outras ESBLs, as β-lactamases AmpC

não são inibidas pelo ácido clavulânico mas sim pela cloxacilina. Muitas bactérias Gram-

negativas principalmente da família Enterobacteriaceae produzem AmpC cromossomais que

são indutíveis e podem aumentar o seu nível de expressão através da ocorrência de mutações

que lhes conferem resistência a cefalosporinas de espectro alargado como a cefotaxima,

ceftazidima e ceftriaxona. Este facto confere um problema em infeções por bactérias da família

Enterobacteriaceae no sentido em que um isolado inicialmente suscetível a estes antibióticos

se pode tornar resistente após a terapia. Fenómenos de recombinação genética mediada por

sequências de inserção terão levado à moblilização do gene AmpC para plasmídeos. A

ocorrência de bactérias com enzimas AmpC plasmídicas tem sido cada vez mais comum nos

últimos anos principalmente em isolados de E.coli, K. pneumoniae, e P. mirabilis.(30)

As AmpC

plasmídicas mais comuns pertencem às famílias CMY, FOX e DHA, sendo a CMY-2 a β-

lactamase AmpC mais disseminada a nível mundial.(31)

As carbapenemases são as β-lactamases com o espectro de atividade mais alargado(32)

, tendo

a capacidade de hidrolisar penicilinas, cefalosporinas, monobactamos e carbapenemos como o

iminepeno e meropenemo. Estas enzimas pertencem às classes A, B e D da classificação de

Ambler. As carbapenemases da classe A incluem as famílias SME, IMI, NMC, GES e KPC,

sendo as da família KPC as mais prevalentes. A classe B (metalo-β-lactamases) engloba as

famílias IMP, VIM, SPM, GIM e SIM que foram inicialmente identificadas em P. aeruginosa,

tendo-se verificado nos últimos anos um aumento deste grupo de β-lactamases em

Enterobacteriaceae em todo o mundo. A classe D inclui as carbapenemases da família OXA.(33)

Page 15: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

6

Os carbapenemos são considerados a primeira linha de tratamento de infeções causadas por

microrganismos da família Enterobacteriaceae produtores de β-lactamases de espectro

alargado, sendo que o seu uso no tratamento de infeções provocou uma pressão seletiva nas

bactérias patogénicas, levando à emergência das carbapenemases. A emergência de bactérias

resistentes aos carbapenemos é preocupante, uma vez que as opções terapêuticas se tornam

limitadas.(34)

A Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC) é a carbapenemase mais

prevalente e amplamente distribuída no mundo, sendo a KPC-2 a variante mais comum.(34;36)

A

maioria das β-lactamases KPC são codificadas por plasmídeos e são particularmente difíceis

de detetar no laboratório porque muitos isolados têm concentrações inibitórias mínimas ao

imipenemo e meropenemo que embora altas permanecem no nível “susceptivel”.(32)

A primeira

KPC, KPC-1 foi descrita num isolado clínico de K. pneumoniae na Carolina do Norte em

1996.(35)

A descoberta da primeira KPC-1 foi rapidamente seguida pelo aparecimento de uma

variante, a KPC-2. Recentemente por resequenciação concluiu-se que o gene blaKPC-1 é

idêntico ao gene blaKPC-2.(35;37)

Em 2001 foi descrita uma nova variante, a KPC-3 num isolado de

K. pneumoniae nos Estados Unidos(38)

, que difere da KPC-2 por uma alteração num

aminoácido.(33)

Desde a descoberta da KPC-1/2, foram descritas cinco variantes (KPC-3 a

KPC-7) em diferentes continentes, que diferem da KPC-1/2 no máximo em dois

aminoácidos.(39;40)

Os isolados de K. pneumoniae produtores de KPC disseminaram por todo o mundo e atingiram

proporções epidémicas nos Estados Unidos, Israel e Grécia, sendo que o número de casos

tem vindo a aumentar em todos os países da Europa.(69;70;71;72)

Embora a maioria das KPCs tenha sido identificada em isolados de K. pneumoniae, estas

enzimas já foram também identificadas noutros géneros e espécies da família

Enterobacteriaceae como E. coli(41)

Enterobacter spp.(42)

, Citrobacter spp.(43)

, Salmonella

spp.(44)

, Serratia marcescens(45)

e Proteus mirabilis.(46)

Mais recentemente foram também

descritas em isolados de P. aeruginosa e Pseudomonas putida.(47;48)

Em isolados de E. coli o gene blaKPC-2 foi já descrito em França(49)

, Israel(50)

, América do Sul(51)

,

Grécia(52)

e China(53)

, tendo sido pela primeira vez identificado um isolado clínico de E.coli

produtor de KPC-2 em Portugal no presente estudo.

Mecanismos de disseminação de ESBLs em Enterobacteriaceae

As bactérias da família Enterobacteriaceae têm sido os principais organismos responsáveis

não só por infeções nosocomiais como também por infeções adquiridas na comunidade. O uso

abusivo de antibióticos em humanos e animais, as infeções cruzadas a nível hospitalar, a

mobilidade de pacientes entre instituições de saúde, o comércio e as migrações terão

contribuído para a rápida disseminação de ESBLs tanto nos hospitais como na comunidade.

A disseminação de ESBLs está relacionada com a disseminação de clones específicos e/ou

plasmídeos, transposões ou integrões contendo os genes de resistência.(54)

Alguns clones terão favorecido a disseminação de ESBLs como é o caso do clone de E. coli

O25:H4-ST131, estirpe que se pensa ser responsável pela disseminação da enzima CTX-M-

15.(54)

Os isolados pertencentes a este clone possuem frequentemente plasmídeos IncFII, pelo

Page 16: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

7

que a propagação dos genes blaCTX-M-15 parece estar relacionada com este grupo de

plasmídeos que permitem a persistência e disseminação dos mesmos.(24)

Em K. pneumoniae, o clone ST258 tem sido apontado como o responsável pela disseminação

dos genes blaKPC.(55)

Recentemente têm sido identificados outros clones associados à

disseminação das enzimas CTX-M em isolados de K. pneumoniae como é o caso do ST11 e

ST15.(24)

O “sucesso” destes clones deve-se em parte à sua capacidade de adquirir

plasmídeos, que transportam genes de resistência, principalmente plasmídeos dos grupos

IncFII, IncN e IncL/M.(56)

Os plasmídeos têm então um papel muito importante na disseminação de ESBLs entre

bactérias da mesma espécie ou espécies de famílias diferentes.(54)

Plasmídeos são fragmentos circulares de DNA de cadeia dupla extracromossomais, com

capacidade de replicação autónoma.(57)

Estão presentes em praticamente todas as espécies

bacterianas e embora não sejam essenciais para a célula bacteriana, podem conferir novas

funções que poderão ser vantajosas em determinadas condições ambientais, como o caso dos

genes de resistência aos antibióticos e genes que codificam para fatores de virulência

(adesinas, toxinas). O tamanho dos plasmídeos é muito variável, podendo ir desde 3 kilo pares

de bases (kb) a mais de 400 kb. Os plasmídeos conjugativos, ao contrário dos não

conjugativos, contêm genes que codificam para proteínas capazes de favorecer a sua

transferência para outras bactérias através da formação de pili, contribuindo para a proliferação

dos genes de resistência entre bactérias (Figura 3).

Figura 3: Esquema da transferência de plasmídeos entre bactérias. Há o reconhecimento entre as

bactérias dadora e recetora; contacto e formação de pili; corte de uma das cadeias do DNA plasmídico;

replicação do DNA plasmídico, transferência da cadeia simples para a célula recetora e síntese da cadeia

complementar; no final obtenção de duas bactérias dadoras. (Figura adaptada de

http://www.dbio.uevora.pt/LBM/Foco/Vectores/vectores.html)

Outros elementos genéticos que podem transportar genes de resistência são os integrões e os

transposões que podem estar localizados em plasmídeos. Os integrões mais comuns são os

Page 17: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

8

da classe I, constituídos por dois segmentos terminais conservados 5’CS e 3’CS (conserved

sequences) separadas por uma região variável. É na região variável que as cassetes

genéticas, moléculas circulares de DNA que contêm os genes de resistência aos antibióticos,

se podem inserir por recombinação, através do local attl do integrão. O número de cassetes

genéticas inseridas varia de integrão para integrão. A região conservada 5’CS contém o gene

int que codifica para uma integrase, o local de inserção das cassetes genéticas attI e um

promotor que permite a expressão das cassetes genéticas. A região conservada 3’CS contém

os genes qacEΔ1, que confere resistência a compostos quaternários de amónio, o gene suI,

que confere resistência a sulfonamidas e dois outros genes designados orf5 e orf6 (Figura

4).(58,59)

Figura 4: Esquema de um integrão da classe I: segmentos terminais conservados 5´CS e 3´CS; gene da

integrase int; local de inserção da cassete genética attl; sequência de inserção da cassete genética attC;

gene responsável pela resistência a compostos quaternários de amónio qacEΔ1; gene suI, que confere

resistência a sulfonamidas; genes orf5 e orf6 (open reading frames), cuja função não é totalmente

conhecida. (Figura adapta de Bennett, P. M. 2008.(59)

)

Os transposões são elementos genéticos capazes de se mover no genoma, de um local do

cromossoma para outro local no cromossoma ou de um local do cromossoma para um

plasmídeo e vice versa, ou de um plasmídeo para outro plasmídeo. Os transposões são

constituídos por duas sequências de inserção (IS) que flanqueiam uma sequência de DNA que

contém os genes que conferem resistência aos antibióticos. As duas sequências de inserção

localizadas nas extremidades do transposão são essenciais para a transposição deste

elemento genético.(59)

Estas estruturas incorporadas em plasmídeos conjugativos estarão na base da disseminação

de genes de resistência como os genes blaCTX-M.(24)

Estudos demonstram que a ISEcp1,

localizada a montante do gene blaCTX-M, é responsável pela mobilização deste gene. Esta

sequência desempenha então um papel importante na seleção e disseminação dos genes

blaCTX-M. Apesar de já terem sido identificadas outras sequências além da ISEcp1 a montante

dos genes blaCTX-M, como as ISCR1, IS10 e IS26, a ISEcp1 é a sequência de inserção mais

encontrada a montante de diferentes genes blaCTX-M.(60)

Apesar da informação acerca das

Page 18: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

9

sequências de inserção a jusante deste gene serem menos conhecidas, a IS903 tem também

sido muitas vezes associada aos genes blaCTX-M.(61;62;63)

A disseminação mundial do gene blaKPC-2 deve-se em parte à sua localização num transposão

do tipo Tn3, o Tn4401. Este transposão tem aproximadamente 10 kb, é delimitado por duas

sequências repetidas invertidas e contém os genes da transposase (TnpA), da resolvase

(TnpR), o gene blaKPC-2 e duas sequências de inserção ISKpn7 (a montante do gene blaKPC-2) e

a ISKpn6 (a jusante do gene blaKPC-2). São ainda conhecidas 3 isoformas do Tn4401, que

diferem numa sequência de 100 a 200 pb a montante do gene blaKPC-2 (isoformas a, b e c).(64)

Foram já encontradas em estirpes clínicas de K. pneumoniae outras deleções a montante do

gene blaKPC, o que demonstra que esta região do transposão é instável e que existem outras

isoformas do Tn4401.(65)

Recentemente foi descrito um novo ambiente genético do gene

blaKPC-2 na China, que consiste numa região idêntica ao Tn4401 contendo o gene blaKPC-2 e a

sequência de inserção ISKpn6 a jusante do gene e uma sequência de inserção ISKpn8 a

montante do gene blaKPC-2. Neste ambiente genético foi ainda encontrado o gene blaTEM

truncado, localizado entre a ISKpn8 e o gene blaKPC-2.(66;67)

Page 19: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

10

OBJETIVOS

Neste trabalho estudaram-se isolados bacterianos multirresistentes obtidos de diferentes

amostras biológicas pelo Laboratório de Patologia Clínica do Centro Hospitalar de Lisboa

Ocidental (CHLO), num intervalo de tempo de aproximadamente um ano (desde fevereiro de

2011 a março de 2012), de doentes dos três hospitais que o constituem: Hospital de São

Francisco Xavier, Hospital de Santa Cruz e Hospital de Egas Moniz. O principal objetivo foi

compreender os mecanismos que as bactérias utilizam na disseminação dos determinantes

genéticos de resistência aos antibióticos e também conhecer possíveis reservatórios destas

bactérias que poderão permitir a perpetuação das mesmas em ambiente hospitalar

aumentando a probabilidade de transmissão cruzada quer entre doentes da mesma unidade

quer entre as três unidades hospitalares.

No cumprimento destes objetivos foi realizada a caracterização fenotípica e genotípica de

isolados do mesmo doente identificados em datas diferentes, assim como de isolados

provenientes de diferentes doentes hospitalizados nas três unidades hospitalares. Na

caracterização fenotípica estudou-se a suscetibilidade aos antibióticos marcadores de

resistência com e sem inibidores pelo método de difusão em disco e determinou-se a C.M.I

(Concentração Mínima Inibitória) para alguns antibióticos pelo método Etest. Na caracterização

genotípica identificaram-se os genes de resistência através de reações de PCR com primers

específicos e posterior sequenciação; determinou-se a origem de replicação dos plasmídeos e

a existência de elementos móveis (transposões e integrões), pela técnica de PCR; efetuou-se a

tipificação molecular pela técnica de PCR fingerprinting e determinou-se por MLST a relação

clonal entre os isolados. Realizaram-se ainda técnicas de transferência genética

nomeadamente a conjugação e a transformação por eletroporação com o objetivo de conhecer

os mecanismos implicados na transferência horizontal de genes de resistência entre diferentes

isolados.

Page 20: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

11

MATERIAL E MÉTODOS

Isolados Clínicos

Estudaram-se 42 isolados clínicos multirresistentes de K. pneumoniae (n=26), E. coli (n=7),

Enterobacter cloacae (n=8), Enterobacter amnigenus (n=1) identificados em diferentes

amostras biológicas pelo Laboratório de Patologia Clinica do CHLO, de doentes dos três

hospitais que o constituem, entre 2011 e 2012. Este estudo incidiu principalmente sobre

isolados de K. pneumoniae e E. coli por apresentarem um perfil multirresistente característico

de organismos produtores de β-lactamases de espectro alargado e representarem os três

hospitais em estudo.

Caracterização fenotípica dos isolados Determinação do perfil de suscetibilidade aos antibióticos

Inocularam-se os isolados bacterianos em meio de cultura Drigalsky, meio seletivo para

bactérias Gram-negativas, que cresceram a 37ºC durante 24 horas. Para cada isolado,

efetuou-se uma suspensão em água bidestilada estéril até se obter uma turvação equivalente

ao grau 0,5 da escala Mac Farland (1x106

UFC/mL) e procedeu-se à inoculação desta

suspensão em meio de cultura Müeller-Hinton. Com o auxílio de uma pinça colocaram-se os

discos de antibiótico sobre a superfície do meio inoculado. Testou-se assim a suscetibilidade

de cada isolado aos antibióticos pelo método de difusão em disco (método de Kirby-Bauer),

com discos de ciprofloxacina (5 μg), gentamicina (10 μg), cefoxitina (30 μg), cefotaxima (30 μg),

ceftazidima (30 μg), amoxicilina com ácido clavulânico (20/10 μg), cefepima (30 μg), imipenemo

(10 μg), meropenemo (10 μg), doripenemo (10 μg) e ertapenemo (10 μg). Após incubação a

37ºC durante 24 horas, interpretaram-se os halos de inibição de acordo com os critérios do

European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (2013).(73)

Testou-se ainda a

suscetibilidade aos antimicrobianos com a adição de inibidores, nomeadamente ácido borónico

(20 mg/mL) e cloxacilina (10 mg/mL), com o objetivo de detetar carbapenemases do grupo A e

β-lactamases AmpC, respetivamente. Para tal, adicionou-se 10 µL do agente inibidor a cada

disco de antibiótico.

Determinaram-se também as concentrações mínimas inibitórias pelo método Etest em meio de

cultura Müeller-Hinton. Este método consiste na utilização de uma fita de plástico impregnada

com concentrações crescentes de antimicrobiano numa das suas faces. Na face oposta, está

impressa a escala das concentrações testadas (µg/mL), possibilitando a leitura do resultado.

Depois de inoculado o meio de cultura, dispuseram-se as tiras sobre o meio, colocando a face

da fita que contém o antimicrobiano voltada para a superfície do agar, permitindo a difusão do

gradiente antimicrobiano no agar, e, após incubação a 37ºC durante 24 horas, determinou-se a

suscetibilidade da amostra bacteriana ao antimicrobiano testado.(112;113)

Utilizaram-se as tiras com cefotaxima (CT), ceftazidima (TZ), cefepima (PM), imipenemo (IP) e

meropenemo (MP). Utilizaram-se também as tiras com cefotaxima/cefotaxima + ácido

clavulânico (CT/CTL), ceftazidima/ceftazidima + ácido clavulânico (TZ/TZL) e

Page 21: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

12

cefepima/cefepima + ácido clavulânico (PM/PML) para confirmar a presença de β-lactamases

de espectro alargado e a tira com imipenemo/imipenemo + EDTA (IP/IPI) para a pesquisa de

metalo-β-lactamases.

Caracterização genotípica dos isolados

Extração de DNA

Extraiu-se o DNA total de cada isolado pelo método de boiling-centrifugation: efetuou-se uma

suspensão bacteriana densa em 1 mL de água bidestilada estéril e aqueceu-se a 95ºC durante

10 minutos provocando a lise das paredes celulares e membranas e libertação dos

componentes celulares. Por centrifugação a 12000 rpm durante 4 minutos removeram-se os

resíduos celulares, recolheu-se o sobrenadante e conservou-se a -20ºC.

Tipificação molecular dos isolados

M13-PCR fingerprinting e BOX-PCR fingerprinting

De modo a identificar os perfis genómicos de cada isolado e estabelecer relações clonais entre

eles efetuou-se a caracterização genotípica dos isolados pelas técnicas de M13-PCR

fingerprinting(74)

e BOX-PCR fingerprinting.(75)

Para as reações de PCR usaram-se Ready-To-

GoTM

RAPD Analysis Beads (GE Healthcare) e utilizaram-se os termocicladores Biometra® T-

Personal e T-Gradient. Analisaram-se os produtos de PCR por eletroforese em gel de agarose

a 2%, em tampão TBE 1X (Tris 45 mM, ácido borónico 45 mM, EDTA 1 mM), corado com

brometo de etídio. Os primers e as condições de PCR utilizadas estão descritos em anexo

(Tabela 1).

Multilocus Sequence Typing (MLST)

Realizou-se a técnica de MLST para 4 isolados de E. coli e 6 isolados de K. pneumoniae. As

reações de PCR realizaram-se num volume total de 25 µL e utilizou-se a NZYTaq 2X Green

Master Mix (NZYTech). Após análise dos produtos de PCR em gel de agarose a 1%, em

tampão TAE 1X (Tris 40 mM, ácido acético 20 mM, EDTA 1 mM), procedeu-se à purificação e

sequenciação dos produtos de PCR.

Isolados de E. coli

Nos isolados de E. coli amplificaram-se os fragmentos dos genes adk (adenilato cinase), fumC

(fumarato hidratase), gyrB (DNA girase), icd (isocitrato/isopropilmalato desidrogenase), mdh

(malato desidrogenase), purA (adenilossuccinato desidrogenase), recA (local de ligação ao

ATP/GTP).(76)

Compararam-se as sequências nucleotídicas obtidas com as já existentes na base de dados da

University College Cork (http://mlst.ucc.ie/mlst/dbs/Ecoli).

Os primers e as condições de PCR utilizadas estão descritos em anexo (Tabela 2).

Page 22: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

13

Isolados de K. pneumoniae

Nos isolados de K. pneumoniae amplificaram-se os fragmentos dos genes gapA (gliceraldeído

3-fosfato desidrogenase), infB (fator de iniciação da tradução 2), mdh (malato desidrogenase),

pgi (fosfoglucose isomerase), phoE (fosfoporina E), rpoB (subunidade β da RNA polimerase B)

e tonB (transdutor energético periplasmático).(77)

Compararam-se as sequências nucleotídicas obtidas com as já existentes na base de dados do

Instituto Pasteur (http://www.pasteur.fr/recherche/genopole/PF8/mlst/Kpneumoniae.html).

Os primers e as condições de PCR utilizadas estão descritos em anexo (Tabela 3).

Determinantes genéticos de resistência

Para os isolados que apresentaram resistência ou baixa suscetibilidade aos carbapenemos,

pesquisou-se inicialmente a presença de carbapenemases, usando primers específicos para o

gene blaKPC.(78)

Para os isolados que apresentaram resistência à cefotaxima (CTX) e à

ceftazidima (CAZ) pesquisou-se inicialmente a presença do gene blaCTX.(79)

Pesquisou-se ainda

a presença de genes que codificam para outras β-lactamases de espectro alargado,

nomeadamente os genes blaTEM(80)

, blaSHV(81)

, blaDHA(82)

, blaCMY(83)

, blaOXA-48(84)

, blaOXA-58(85)

e

blaFOX.(114)

Nos isolados de K. pneumoniae com resistência aos carbapenemos pesquisaram-se ainda os

genes que codificam para as porinas OmpK35(86)

e OmpK36(87)

, com o objetivo de estudar

alterações na permeabilidade da célula que pudessem intervir na resistência a estes

antibióticos. Os primers e as condições de PCR utilizadas estão descritos em anexo (Tabela 4).

Nas reações de PCR usaram-se a DyNAzymeTM II PCR Master MIX (Finnzymes) e a NZYTaq

2X Green Master Mix (NZYTech), para um volume total de 20 µL e 25 µL respetivamente. Após

análise dos produtos de PCR por eletroforese em gel de agarose a 1%, em tampão TAE (1X),

corado com brometo de etídio, procedeu-se à purificação e sequenciação dos produtos de

PCR.

Determinação do ambiente genético dos genes de resistência

Pesquisou-se a presença de alguns elementos do transposão Tn4401, associado ao gene

blaKPC-2.(88)

Pesquisaram-se as sequências de inserção ISKpn7 e ISKpn6, localizadas a

montante e a jusante do gene blaKPC-2, respetivamente, bem como os genes da transposase

(tnpA) e da resolvase (tnpR).(89)

Foram ainda desenhados no laboratório 3 conjuntos de primers

para a região a montante do gene blaKPC-2(115)

encontrada num novo ambiente genético do gene

blaKPC-2.(66)

Os primers e as condições de PCR utilizadas estão descritos em anexo (Tabela 5).

Pesquisou-se também a presença das sequências de inserção ISEcp1 e IS903,

frequentemente associadas ao gene blaCTX-M.(90)

Page 23: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

14

Pesquisou-se ainda a presença de integrões de classe I(91)

, usando primers específicos para a

amplificação dos segmentos conservados 5’ e 3’ a montante e a jusante da cassete genética

contendo os genes de resistência aos antibióticos.

Nas reações de PCR utilizou-se a NZYTaq 2X Green Master Mix (NZYTech), para um volume

total de 25 µL. Analisaram-se os produtos de PCR por eletroforese em gel de agarose a 1%,

em tampão TAE (1X), e procedeu-se à purificação e sequenciação dos produtos de PCR. Os

primers e as condições de PCR utilizadas estão descritos em anexo (Tabela 6).

Identificação dos grupos de incompatibilidade de plasmídeos

Identificaram-se os grupos de incompatibilidade dos plasmídeos através da técnica de Replicon

Typing.(92)

Realizaram-se 5 reações de PCR multiplex e 3 reações de PCR simplex com dezoito

pares de primers específicos para as origens de replicação dos diferentes grupos de

incompatibilidade: IncHI1, IncHI2, IncI1-Iγ, IncX, IncL/M, IncN, IncFIA, IncFIB, IncW, IncY, IncP,

IncFIC, IncA/C, IncT, IncFIIAs, IncK, IncB/O, IncF.

Nas reações de PCR utilizou-se a NZYTaq 2X Green Master Mix (NZYTech), para um volume

total de 25 µL. Após análise dos produtos de PCR por eletroforese em gel de agarose a 1%,

em tampão TAE (1X), procedeu-se à purificação e sequenciação dos produtos de PCR. Os

primers e as condições de PCR utilizadas estão descritos em anexo (Tabela 7).

Extração de DNA plasmídico

Na extração de DNA plasmídico utilizou-se a técnica desenvolvida por Kado e Liu (1981)(93)

, que

consiste numa desnaturação do DNA cromossomal por lise alcalina utilizando SDS (dodecil

sulfato de sódio), seguida de remoção de proteínas e outros compostos celulares por extração

com fenol-clorofórmio. O DNA plasmídico foi visualizado em gel de agarose a 0.7%, em tampão

TAE (1X) e corado com brometo de etídio. De seguida cortaram-se as bandas pretendidas do

gel de agarose, purificaram-se e pesquisou-se a presença dos genes que codificam para as β-

lactamases, previamente identificadas nos isolados.

Transferência genética

Conjugação

Após incubação dos isolados em meio Müeller-Hinton a 37ºC durante 24 horas, colocaram-se

cerca de 4 colónias da estirpe dadora em 5 mL de meio Brain Heart Infusion (BHI) e cerca de 4

colónias da estirpe recetora em 5 mL de meio BHI. Incubou-se com agitação a 37ºC, durante 3

horas. Utilizou-se como estirpe recetora E. coli J53 azida de sódio resistente.

Conjugação em Meio Líquido

Colocou-se 1 mL da cultura da estirpe dadora com 1 mL da cultura da estirpe recetora em 5 mL

de meio BHI. Incubou-se a 37ºC durante 24 horas sem agitação para permitir a conjugação.

Agitou-se no vórtex a mistura de estirpe recetora e dadora e inoculou-se 100 µL em meio

Page 24: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

15

gelosado Müeller-Hinton suplementado com azida de sódio a 1 mg/mL (composto químico para

o qual a estirpe recetora é resistente e a dadora sensível) e cefotaxima 1 mg/mL (antibiótico

para o qual a estirpe recetora é sensível e a dadora resistente). O meio Müeller-Hinton

suplementado com azida de sódio a 1 mg/mL foi distribuído pelas caixas de petri e depois de

solidificado espalhou-se à superfície 100 µL da solução de cefotaxima 1 mg/mL, de forma a

selecionar os transconjugantes. Incubou-se a 37ºC durante 24 horas e efetuou-se o

antibiograma das estirpes transconjugantes.

Conjugação em Meio Sólido

Inoculou-se 50 µL da cultura da estirpe dadora e 50 µL da cultura da estirpe recetora à

superfície do meio gelosado Müeller-Hinton, sobrepondo as culturas para haver contacto direto

entre as duas estirpes e incubou-se a 37ºC durante 24 horas. Com a zaragatoa retiraram-se

todas as colónias da zona das culturas sobrepostas e colocaram-se em 10 mL de água

bidestilada estéril. Agitou-se no vórtex e inoculou-se 100 µL em meio gelosado Müeller-Hinton

suplementado com azida de sódio a 1 mg/mL e cefotaxima 1 mg/mL, como descrito

anteriormente, de forma a selecionar os transconjugantes. Incubou-se a 37ºC durante 24 horas

e efetuou-se o antibiograma das estirpes transconjugantes.

Transformação

Preparação de células competentes

Inoculou-se a estirpe E. coli JM109 em 10 mL de meio Luria-Bertani (LB) e incubou-se a 37ºC

durante 24 horas com agitação. Inoculou-se 250 mL de meio LB com 1mL de pré-inóculo e

incubou-se a 37ºC com agitação até se obter uma densidade ótica, a 600 nm, de 0,5 a 0,6.

Centrifugou-se a 5000 rpm (Beckman, rotor JA-14) a 4ºC durante 10 minutos e retirou-se o

sobrenadante. Lavou-se o sedimento com 50 mL de glicerol 10% (p/v) estéril por frasco de

centrífuga, centrifugou-se nas mesmas condições e repetiu-se a lavagem com glicerol.

Ressuspendeu-se o sedimento no glicerol remanescente após decantação e distribuíram-se

alíquotas de 40 µL em tubos eppendorf estéreis, colocados a -80ºC.

Eletroporação

Para a técnica de eletroporação utilizou-se DNA plasmídico extraído pela técnica desenvolvida

por Kado e Liu (1981), purificado com acetato de sódio e ressuspendido em água estéril.

Adicionou-se 1 µL de DNA previamente purificado ao tubo eppendorf contendo 40 µL de

células competentes e colocou-se na cubeta de eletroporação, com o cuidado de manter as

cubetas de eletroporação e os eppendorfs com as células competentes sempre no gelo.

Colocou-se a cubeta no electroporador e apertou-se o botão de choque. Após o choque,

adicionou-se 1 mL de meio BHI e retirou-se a solução da cubeta, passando-a para um tubo

falcon de 15 mL. Incubaram-se os tubos a 37ºC com agitação por 1 hora e plaqueou-se 100 µL

em meio Müeller-Hinton. Incubou-se a 37ºC durante 24 horas.

Page 25: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

16

Purificação dos produtos de PCR e do DNA extraído do gel de agarose

Os produtos de PCR e o DNA extraído do gel de agarose foram purificados através do kit

NZYGelpure (Nzytech genes & enzymes).

Sequenciação e análise das sequências nucleotídicas

As sequências nucleotídicas foram sequenciadas pelo serviço da “STAB Vida” e

posteriormente comparadas com as existentes na base de dados recorrendo aos programas

informáticos BLAST (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi) e Clustal Omega

(http://www.ebi.ac.uk/Tools/msa/clustalo/).

Page 26: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

17

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Suscetibilidade aos antibióticos

Com o objetivo de determinar os perfis de resistência dos 42 isolados de Enterobacteriaceae

em estudo realizaram-se antibiogramas pelo método de difusão em disco, em meio de cultura

Müeller-Hinton. Os serviços hospitalares de onde foram isolados e os valores registados a

partir dos antibiogramas encontram-se em anexo (Tabela 8) e representados na Figura 5 para

os principais grupos de antibióticos testados.

Figura 5: Percentagem de isolados resistentes, sensíveis e com níveis intermédios de resistência aos

antibióticos gentamicina (GM), ciprofloxacina (CIP), amoxicilina com ácido clavulânico (AMC), cefoxitina

(FOX), ceftazidima (CAZ), cefotaxima (CTX) e imipenemo (IPM). O gráfico foi construído com os valores

registados a partir dos antibiogramas de 39 dos 42 isolados em estudo, uma vez que para os isolados 5,

8, e 14 de E. cloacae o número de antibióticos testados não foi suficiente para a construção do gráfico.

Verificou-se uma elevada percentagem de isolados resistentes à fluoroquinolona ciprofloxacina

(92,31%) e ao aminoglicosídeo gentamicina (76,92%) bem como para os antibióticos β-

lactâmicos amoxicilina com ácido clavulânico (92,31%), ceftazidima (87,18%) e cefotaxima

(76,92%). O imipenemo é o antibiótico com a maior percentagem de sensibilidade (76,92%). A

maioria dos isolados sensíveis ao imipenemo corresponde a isolados de K. pneumoniae que

apresentam resistência às cefalosporinas CAZ e CTX. Os isolados resistentes ao imipenemo

correspondem a 4 isolados de E. coli que apresentam também resistência às cefalosporinas

CAZ e CTX.

Estes resultados permitiram então estabelecer três principais grupos de bactérias

multirresistentes: um composto por 4 isolados de E. coli resistentes aos carbapenemos, em

particular ao IPM, e às cefalosporinas CTX e CAZ e um grupo composto por 19 isolados de K.

pneumoniae resistentes às cefalosporinas CTX e CAZ e sensíveis aos carbapenemos, perfil

que nos remeteu para a presença de β-lactamases de espectro alargado CTX-M.

Foi ainda selecionado um grupo composto por 7 isolados de K. pneumoniae das quais 4

apresentaram resistência à CTX e à CAZ e 3 apresentaram níveis intermédios ou suscetíveis à

CTX mas resistência à FOX e cefepima (FEP). Os 7 isolados foram selecionados

76,92

92,31 92,31

56,41

87,18

76,92

10,26

2,560,00 0,00 0,00 0,00

5,13

12,8220,52

7,69 7,69

43,59

12,8217,95

76,92

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

GM CIP AMC FOX CAZ CTX IPM

Pe

rce

nta

gem

de

iso

lad

os

(%)

Antibióticos

Resistente

Intermédio

Sensível

Page 27: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

18

principalmente por apresentaram suscetibilidade ou níveis intermédios de resistência a dois

carbapenemos (imipenemo e meropenemo) e apresentarem resistência a outros dois

carbapenemos (doripenemo e ertapenemo).

Relativamente aos isolados de Enterobacter, selecionaram-se 5 isolados em que 3 deles

apresentaram resistência às cefalosporinas CTX, FOX e CAZ e resistência a alguns

carbapenemos nomeadamente ao imipenemo e ao ertapenemo, e 2 isolados porque

apresentaram suscetibilidade aos carbapenemos mas resistência às cefalosporinas FOX e

CAZ. Os valores obtidos a partir dos antibiogramas encontram-se em anexo (Tabela 8).

Realizaram-se ensaios com e sem inibidores de β-lactamases. Nos ensaios com inibidores

adicionou-se 10 μL do agente inibidor ao disco de antibiótico, nomeadamente ácido borónico e

cloxacilina com o objetivo de identificar carbapenemases do grupo A e β-lactamases AmpC,

respetivamente. Nestes ensaios, considera-se um resultado positivo quando se obtém um

aumento do halo de inibição superior a 5 mm com a adição do agente inibidor, relativamente ao

halo sem a adição do inibidor.

Embora se iniciasse o estudo com 7 isolados de E. coli, 2 não apresentaram um perfil de

resistência às cefalosporinas, típico de organismos produtores de β-lactamases de espectro

alargado, pelo que foram excluídos. 4 isolados (1, 2, 3 e 49) apresentaram o mesmo perfil de

suscetibilidade aos antibióticos (Figura 6a), com resistência a todos os antibióticos testados,

incluindo cefalosporinas e carbapenemos. O isolado 37 apresentou um perfil diferente dos

anteriores, com suscetibilidade aos carbapenemos e resistência à CTX e à CAZ (Figura 6b),

característica que permitiu prever que se trataria de um organismo produtor de uma β-

lactamases de espectro alargado do tipo CTX-M.

Figura 6: Antibiogramas dos isolados de E. coli. a) Perfil de resistência do isolado 49 à gentamicina (GM),

ciprofloxacina (CIP), ceftazidima (CAZ), imipenemo (IPM), cefotaxima (CTX), cefoxitina (FOX) e

amoxicilina + ácido clavulânico (AMC); b) Perfil de resistência do isolado 37.

Relativamente aos ensaios com inibidores, verificou-se um aumento significativo do halo de

inibição com a adição de ácido borónico aos discos de meropenemo, ertapenemo e

doripenemo (Figura 7) nos isolados 1, 2, 3 e 49 o que nos permitiu prever que se tratavam de

bactérias produtoras de carbapenemases da família KPC. Não se verificou alteração no

Page 28: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

19

tamanho do halo de inibição com a adição de cloxacilina nem com o disco de antibiótico

contendo imipenemo + EDTA (EIP), o que permitiu concluir que os isolados não possuíam β-

lactamases AmpC nem metalo-β-lactamases.

Figura 7: Perfil de resistência do isolado 49 ao meropenemo (MEM), doripenemo (DOR), ertapenemo

(ETP) com e sem adição de ácido borónico (AB) e ao imipenemo + EDTA (EIP).

Para confirmar a presença de β-lactamases de espectro alargado nos isolados de E. coli

determinaram-se também as concentrações mínimas inibitórias pelo método Etest, utilizando

para o isolado 37 as tiras cefotaxima (CT), cefotaxima/cefotaxima + ácido clavulânico

(CT/CTL), ceftazidima (TZ), ceftazidima/ceftazidima + ácido clavulânico (TZ/TZL), cefepima

(PM), cefepima/cefepima + ácido clavulânico (PM/PML) e para os isolados 1, 2, 3 e 49 as tiras

imipenemo (IP), meropenemo (MP) e imipenemo + EDTA (IP/IPI). Estes 4 isolados

apresentaram concentrações mínimas inibitórias (CMIs) de 8-24 mg/L para o imipenemo e

meropenemo (Figura 8), relacionado com a produção de uma carbapenemase, não se tendo

verificado alterações significativas com a tira contendo imipenemo + EDTA, pelo que se excluiu

a hipótese de se tratar de um isolado produtor de uma metalo-β-lactamase.

Figura 8: Concentrações mínimas inibitórias do isolado 49 de E. coli entre 8-24 mg/L relativamente ao

imipenemo (IP) e ao meropenemo (MP).

O isolado 37 apresentou CMIs > 256 mg/L para a CT, TZ e PM, confirmando o seu perfil de β-

lactamase de espectro alargado. Utilizando as tiras CT/CTL, TZ/TZL, PM/PML é possível definir

um isolado como sendo ESBL positivo comparando com os seguintes valores de referência:

Page 29: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

20

- valores de CT ≥ 0,5 e a razão CT/CTL ≥ 8, ou:

- valores de TZ ≥ 1 e a razão TZ/TZL ≥ 8, ou:

- valores de PM ≥ 0,25 e a razão PM/PML ≥ 8.

Os resultados obtidos para o isolado 37 utilizando as tiras TZ/TZL e PM/PML encontram-se na

Figura 9, e permitem-nos confirmar a presença de uma ESBL.

Figura 9: Resultados obtidos para o isolado 37 utilizando as tiras de Etest com ceftazidima (TZ),

ceftazidima/ceftazidima + ácido clavulânico (TZ/TZL), cefepima (PM) e cefepima/cefepima + ácido

clavulânico (PM/PML). CMI > 256 mg/L nas tiras TZ e PM; na tira TZ/TZL verifica-se um valor de TZ > 32

e TZL = 0,38 sendo a razão > 84; na tira PM/PML verifica-se um valor de PM > 16 e PML = 0,125 sendo a

razão > 128.

Realizaram-se também ensaios com os inibidores nos isolados de K. pneumoniae, tendo-se

adicionado cloxacilina aos discos contendo FOX, AMC, CAZ, CTX, FEP e IPM. Não se verificou

alteração do tamanho dos halos de inibição em nenhum isolado de K. pneumoniae

relativamente aos halos sem a adição do inibidor, o que nos permitiu excluir a hipótese de se

tratarem de isolados produtores de β-lactamases do tipo AmpC. O outro inibidor testado, ácido

borónico, foi adicionado ao IPM, MEM, DOR e ETP não se tendo verificado alteração do

tamanho dos halos de inibição em nenhum isolado à exceção do grupo de 7 isolados nas quais

se verificou um aumento do halo de inibição no disco com doripenemo + ácido borónico, o que

nos fez suspeitar da presença de uma carbapenemase.

Foi também utilizado o método Etest para confirmar o perfil de organismos produtores de β-

lactamases de espectro alargado, sendo que os valores das CMIs obtidos para a CT variaram

entre 8 mg/L a > 256 mg/L, para a TZ variaram entre 12 mg/L a > 256 mg/L e para a PM

Page 30: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

21

variaram entre 24 mg/L a > 256 mg/L, níveis que permitem considerar os isolados resistentes a

estes antibióticos. Uma vantagem do método Etest é a possibilidade de confirmação da

presença de uma ESBL pelo aparecimento de uma zona “fantasma” ou deformação da elipse

no lado CT, TZ ou PM. Este facto resulta de uma sinergia entre o antibiótico β-lactâmico e a

difusão do ácido clavulânico para a zona CTL, TZL e PML. Foi possível observar o

aparecimento desta zona “fantasma” no isolado 24 de K. pneumoniae pertencente ao grupo de

isolados com um perfil de resistência às cefalosporinas e suscetibilidade aos carbapenemos

(Figura 10).

Figura 10: Isolado 24 de K. pneumoniae com aparecimento de uma zona “fantasma” na tira com

cefepima/cefepima + ácido clavulânico (PM/PML).

Tipificação molecular dos isolados

Com o objetivo de distinguir os perfis genómicos e avaliar a relação clonal entre os isolados

utilizaram-se métodos moleculares de tipificação nomeadamente M13-PCR e BOX-PCR

fingerprinting e a técnica de MLST (Multilocus Sequence Typing).

Relativamente aos isolados de E. coli, o método M13 fingerprinting permitiu estabelecer uma

relação genética entre os isolados 1, 2 e 49 (Figura 11a) e o método BOX fingerprinting revelou

uma semelhança entre o isolado 3 e os restantes isolados de E. coli. Foi então possível

estabelecer uma relação entre os isolados de E. coli 1, 2, 3, 49 e 37 por apresentarem o

mesmo perfil eletroforético. Estes isolados, relacionados entre si, (Tabela 1) eram provenientes

do Hospital de Santa Cruz. Os isolados 1 e 2 foram identificados de amostras de urina, do

mesmo doente, em que a 1ª amostra foi obtida na unidade de nefrologia e a 2ª amostra, 3

meses depois, no serviço de urgência. Os isolados 3, 49 e 37 foram identificados de diferentes

amostras biológicas provenientes de diferentes doentes e serviços hospitalares.

Quanto a K. pneumoniae, no grupo de 19 isolados previamente selecionados, foi possível

observar dois perfis distintos: B e C (Figura 11b), sendo o perfil B constituído por 13 isolados

bacterianos identificados em doentes diferentes e internados nas três unidades hospitalares, e

o perfil C encontrado no mesmo doente, com 4 dias de diferença, que esteve hospitalizado

neste período em duas unidades hospitalares (Hospital de Egas Moniz e Hospital de São

Francisco Xavier). Relativamente aos isolados de Enterobacter e ao grupo de 7 isolados de K.

pneumoniae previamente selecionado, os métodos de tipificação utilizados não foram

suficientes por si só para se conseguir estabelecer uma relação entre os isolados. A

informação relativa ao hospital, serviços hospitalares de onde foram obtidas as amostras, datas

das colheitas dos isolados e perfil eletroforético estão descritos na Tabela 1.

Page 31: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

22

Figura 11: Perfis eletroforéticos obtidos pelos métodos de tipificação molecular M13 e BOX fingerprinting

em gel de agarose 2%. a) Perfil dos isolados de E. coli 1, 2 e 49 obtidos por M13 fingerprinting; b) Perfil

dos isolados de K. pneumoniae 25, 26, 28, 30, 31, 36, 39, 40, 23, 24, 35, 38, 41, 42 e 48 obtidos por BOX

fingerprinting onde é possível distinguir dois perfis diferentes, B e C, compostos por 13 e 2 isolados,

respectivamente. M: marcador de massas moleculares GeneRulerTM

1kb DNA ladder.

Tabela 1: Estirpe, data da colheita, amostra, serviço hospitalar e unidade hospitalar de onde foram

obtidos os isolados estudados e perfil eletroforético. (X: Isolados com perfis eletroforéticos distintos entre

si.)

Perfil

eletroforético

1 Escherichia coli 02-12-2011 Urina Nefrologia HSC A

2 Escherichia coli 14-03-2012 Urina Urgência geral HSFX A

3 Escherichia coli 26-12-2011 Sec.Resp. Cirurgia cardiotoracica HSC A

49 Escherichia coli 27-02-2012 Urina Transplante renal HSC A

37 Escherichia coli 09-11-2011 Pus Nefrologia HSC A

25 Klebsiella pneumoniae 14-09-2011 Urina internamento UCI HEM B

26 Klebsiella pneumoniae 22-09-2011 Urina Transplante renal HSC B

28 Klebsiella pneumoniae 13-07-2011 Sec.Bronq. Hematologia HSFX B

30 Klebsiella pneumoniae 13-07-2011 Urina UCIC Ortopedia HSFX B

31 Klebsiella pneumoniae 16-09-2011 Urina Oncologia HSFX B

36 Klebsiella pneumoniae 05-10-2011 Urina Urologia HEM B

39 Klebsiella pneumoniae 21-11-2011 Urina internamento UCI HEM B

40 Klebsiella pneumoniae 16-11-2011 Urina Internamento medicina IV HSFX B

23 Klebsiella pneumoniae 26-08-2011 Expetoração Internamento UCI HEM C

24 Klebsiella pneumoniae 30-08-2011 Expetoração Internamento cirurgia geral HSFX C

35 Klebsiella pneumoniae 21-10-2011 Urina Urologia HEM B

38 Klebsiella pneumoniae 20-11-2011 Urina Internamento UCI Cirurgia cardiotoracica HSC B

41 Klebsiella pneumoniae 13-11-2011 Hemo Urgência geral HSFX B

42 Klebsiella pneumoniae 13-11-2011 Hemo Urgência geral HSFX B

48 Klebsiella pneumoniae 09-03-2011 Urina Internamento cirurgia cardiotoracica HSC B

7 Klebsiella pneumoniae 28-03-2011 Sec.Resp. Internamento cirurgia cardiotoracica HSC X

17 Klebsiella pneumoniae 29-04-2011 Urina Internamento infecciologia HEM X

29 Klebsiella pneumoniae 01-02-2011 Urina Hematologia HSFX X

33 Klebsiella pneumoniae 23-09-2011 Pus Internamento UCI HSFX X

43 Klebsiella pneumoniae 25-11-2011 Urina Transplante renal HSC X

46 Klebsiella pneumoniae 28-11-2011 Urina Hematologia HSFX X

47 Klebsiella pneumoniae 07-01-2012 LPA Cirurgia geral UCI HEM X

Isolados HospitalServiço hospitalarAmostraData

colheitaEstirpe

Page 32: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

23

Isolados adk fumC gyrB icd mdh purA recA ST

1, 3, 49, 37 53 40 47 13 36 28 29 131

Para uma melhor caracterização dos isolados bacterianos e para confirmar a sua relação

clonal, realizou-se a técnica de MLST para os perfis mais representativos obtidos pelos

métodos anteriores. Esta técnica consiste na amplificação de fragmentos internos de sete

genes housekeeping, genes constitutivos, característicos da espécie em estudo, que,

consoante as alterações nucleotídicas fornecem um perfil alélico para cada isolado. Os perfis

são analisados numa base de dados que permite então identificar os diferentes sequence types

(STs), por homologia com os perfis já descritos.

Utilizou-se esta técnica para os isolados 1, 3, 49 e 37 de E. coli (perfil A) e para os isolados de

K. pneumoniae 35 e 40 (perfil B) e 24 (perfil C). Aplicou-se também para os isolados de K.

pneumoniae 7, 17 e 29 que apresentaram pelos antibiogramas um perfil de resistência às

cefalosporinas e níveis intermédios e de resistência aos carbapenemos.

Nos isolados 1, 3, 49 e 37 de E. coli identificou-se a ST131, clone mundialmente disseminado e

apontado como sendo responsável pela disseminação da enzima CTX-M-15(54)

(Tabela 2).

Tabela 2: Perfil alélico obtido para os isolados 1, 3, 49 e 37 de E. coli, tendo em conta as sequências

nucleotídicas dos genes housekeeping adk (adenilato cinase), fumC (fumarato hidratase), gyrB (DNA

girase), icd (isocitrato/isopropilmalato desidrogenase), mdh (malato desidrogenase), purA

(adenilossuccinato desidrogenase) e recA (local de ligação ao ATP/GTP).

Nos isolados 35, 40, 7, 17 e 29 de K. pneumoniae identificou-se a ST15, clone que

recentemente tem vindo a ser associado à disseminação das enzimas CTX-M em isolados de

K. pneumoniae.(24)

No isolado 24, identificou-se uma ST diferente, resultado concordante com

os perfis obtidos pelo método de tipificação BOX fingerprinting. A ST identificada neste isolado

não está descrita na base de dados utilizada, sendo a ST mais próxima da encontrada a ST20,

cujas sequências nucleotídicas dos genes estudados diferem do isolado 24 apenas no gene

mdh (Tabela 3).

Tabela 3: Perfil alélico obtido para os isolados 35, 40, 24, 7, 17 e 29 de K. pneumoniae, tendo em conta

as sequências nucleotídicas dos genes housekeeping gapA (gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase),infB

(factor de iniciação da tradução 2), mdh (malato desidrogenase), pgi (fosfoglucose isomerase), phoE

(fosfoporina E), rpoB (subunidade β da RNA polimerase B) e tonB (transdutor energético periplasmático).

(NE: perfil não encontrado na base de dados.)

Page 33: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

24

Determinantes genéticos de resistência

Com o objetivo de estudar os mecanismos de resistência dos isolados bacterianos

pesquisaram-se os genes de resistência nomeadamente as carbapenemases KPC, OXA-48,

OXA-58 e as β-lactamases de espectro alargado CTX, TEM, SHV, DHA, CMY e FOX,

realizando reações de PCR.

Nos isolados de Enterobacter (designados por 28, 29, 30 e 32 na Figura 12) não foi encontrado

nenhum gene de resistência pesquisado, blaCTX e blaKPC, pelo que estes isolados não foram

utilizados em estudos posteriores. Nestes isolados podem estar presentes outros mecanismos

de resistência como alterações da permeabilidade da membrana, por alterações nos genes que

codificam porinas e/ou bombas de efluxo que permitam expulsar os antibióticos do interior da

célula.

De acordo com a Tabela 4, onde se resume os resultados obtidos para os genes de resistência

identificados verifica-se que nos isolados 1, 2, 3 e 49 de E. coli se obteve a amplificação do

gene blaKPC (Figura 12), resultado concordante com os valores encontrados nos antibiogramas

para os carbapenemos testados e com o aumento do halo de inibição no disco contendo ácido

borónico. Por sequenciação identificou-se o gene blaKPC-2. Obteve-se ainda a amplificação do

gene blaTEM, tendo-se identificado por sequenciação a β-lactamase TEM-1. Não se obteve

amplificação dos genes blaCTX, blaOXA-48, blaOXA-58 e blaSHV. Das 13 variantes até hoje descritas

da enzima KPC, a KPC-2 é a mais disseminada a nível mundial, principalmente em isolados de

K. pneumoniae. A presença de uma carbapenemase KPC-2 num isolado de E. coli pertencente

ao clone mundialmente disseminado ST131, foi descrito pela primeira vez em 2010 na

Irlanda.(94)

O clone de E. coli O25b:H4-ST131 tem sido associado à disseminação da enzima

CTX-M-15 em todo o mundo pelo que a presença do gene blaKPC-2 neste grupo clonal é

preocupante, podendo contribuir para a rápida disseminação deste gene.

Figura 12: Produtos de PCR relativos à amplificação do gene blaKPC de 871 pb (pares de bases) em gel

de agarose 1%. Resultados positivos nos isolados 1, 2, 3 e 49 de E. coli e resultados negativos nos

isolados 28, 29, 30 e 32 de Enterobacter. M: marcador de massas moleculares GeneRulerTM

1kb DNA

ladder.

Page 34: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

25

Obteve-se a amplificação do gene blaCTX para o isolado 37 de E. coli e para os isolados 25, 26,

28, 30, 31, 36, 39, 40, 35, 24, 38, 41, 42 e 48 de K. pneumoniae que apresentaram resistência

às cefalosporinas CTX e CAZ e suscetibilidade aos carbapenemos (Figura 13). Os produtos de

PCR dos isolados 37, 36, 40, 35 e 24 foram purificados e por sequenciação identificou-se o

gene blaCTX-M-15. Entre as enzimas da família CTX-M, a enzima CTX-M-15 é a enzima mais

disseminada em todo o mundo em Enterobacteriaceae(27)

, sendo responsável pela resistência

verificada nestes isolados às cefalosporinas de 3ª e 4ª geração como a CTX, CAZ e FEP. Foi

ainda identificado o gene blaTEM neste conjunto de isolados. Foi sequenciado o gene do isolado

37 de E. coli e dos isolados 40 e 24 de K. pneumoniae, e identificado o gene blaTEM-1,

responsável pela resistência às penicilinas e cefalosporinas de 1ª geração. No isolado 37 de E.

coli não foi encontrado o gene blaSHV, contrariamente aos isolados 35, 40 e 24 de K.

pneumoniae, nos quais este gene foi encontrado. Por sequenciação dos genes blaSHV

identificou-se o gene blaSHV-28 nos isolados 35 e 40 e o gene blaSHV-12 no isolado 24. A enzima

SHV-12 foi descrita pela primeira vez em 1997(95)

em isolados de E. coli e K. pneumoniae e

deriva da variante SHV-5 por substituição de um aminoácido. Estudos demonstram que esta

enzima tem uma maior atividade hidrolítica para as cefalosporinas, nomeadamente a CAZ e a

CTX, comparativamente às variantes SHV-1 e SHV-2.(96)

A β-lactamase de espectro alargado

SHV-28, encontrada em dois isolados de K. pneumoniae deriva da enzima SHV-1 por

substituição num aminoácido e tem uma atividade hidrolítica preferencial para a CTX

relativamente à CAZ(97)

, perfil que se verifica nestes isolados em estudo (35 e 40). O gene

blaOXA-48 não foi encontrado em nenhum isolado de E. coli nem de K. pneumoniae.

Figura 13: Produtos de PCR relativos à amplificação do gene blaCTX de 544 pb em gel de agarose 1%.

Resultado positivo no isolado 37 de E. coli e nos isolados 23, 24, 25, 26, 28, 30, 31, 35, 36, 38, 39, 40, 41,

42 e 48 de K. pneumoniae. M: marcador de massas moleculares GeneRulerTM

1kb DNA ladder.

Relativamente aos 7 isolados de K. pneumoniae que apresentaram suscetibilidade ou níveis

intermédios de resistência ao IPM e MEM e resistência ao DOR e ao ETP (isolados 7, 17, 29,

43, 33, 46 e 47), não se obteve amplificação dos genes que codificam para as

carbapenemases blaKPC e blaOXA-48 e para as cefalosporinases blaDHA, blaCMY e blaFOX. Nos 4

Page 35: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

26

isolados deste grupo (designados por 7, 17, 29 e 43) que apresentaram resistência à CTX e à

CAZ obteve-se a amplificação dos genes blaCTX, blaTEM e blaSHV.

Os genes pertencentes ao isolado 17 foram sequenciados, tendo-se identificado os genes

blaCTX-M-15, blaTEM-1 e blaSHV-1. Nos 3 isolados (designados por 33, 46 e 47) que apresentaram

níveis intermédios ou suscetíveis à CTX mas resistência à FOX e à FEP foi identificado apenas

o gene blaSHV-1, gene responsável pela resistência às penicilinas e cefalosporinas de 1ª

geração.

Tabela 4: Principais genes de resistência identificados nos isolados estudados, bem como os hospitais de

onde foram obtidos. (+: amplificação positiva; - : amplificação negativa; NA: não aplicável; NP: não

pesquisado.)

Sendo um dos mecanismos de resistência aos antibióticos β-lactâmicos a alteração da

permeabilidade da membrana externa por ausência ou diminuição da expressão de genes que

codificam porinas e visto que, nos 7 isolados de K. pneumoniae que apresentaram

suscetibilidade ou níveis intermédios de resistência ao IPM e MEM e resistência ao DOR e ao

ETP, apresentaram resultados negativos para a presença da carbapenemase KPC, foi

pesquisada a presença das porinas OmpK35 e OmpK36, as duas principais porinas produzidas

por K. pneumoniae. A maioria dos isolados clínicos de K. pneumoniae não produtores de

KPC CTX OXA-48 OXA-58 SHV TEM

1 Escherichia coli HSC KPC-2 - - - - +

2 Escherichia coli HSFX KPC-2 - NP - NP NP

3 Escherichia coli HSC KPC-2 - - - - +

49 Escherichia coli HSC KPC-2 - - - - +

37 Escherichia coli HSC NA CTX-M-15 - NP - TEM-1

25 Klebsiella pneumoniae HEM NA + - NP NP NP

26 Klebsiella pneumoniae HSC NA + - NP NP NP

28 Klebsiella pneumoniae HSFX NA + - NP NP NP

30 Klebsiella pneumoniae HSFX NA + - NP NP NP

31 Klebsiella pneumoniae HSFX NA + - NP NP NP

36 Klebsiella pneumoniae HEM NA CTX-M-15 - NP NP NP

39 Klebsiella pneumoniae HEM NA + - NP NP NP

35 Klebsiella pneumoniae HEM NA CTX-M-15 - NP SHV-28 +

40 Klebsiella pneumoniae HSFX NA CTX-M-15 - NP SHV-28 TEM-1

24 Klebsiella pneumoniae HSFX NA CTX-M-15 - - SHV-12 TEM-1

38 Klebsiella pneumoniae HSC NA + - NP NP NP

41 Klebsiella pneumoniae HSFX NA + - NP NP NP

42 Klebsiella pneumoniae HSFX NA + - NP NP NP

48 Klebsiella pneumoniae HSC NA + NP NP NP NP

7 Klebsiella pneumoniae HSC - + - - + +

17 Klebsiella pneumoniae HEM - CTX-M-15 - - SHV-1 TEM-1

29 Klebsiella pneumoniae HSFX - + - - + +

43 Klebsiella pneumoniae HSC - + - NP + +

33 Klebsiella pneumoniae HSFX - - - NP SHV-1 -

46 Klebsiella pneumoniae HSFX - - - NP + -

47 Klebsiella pneumoniae HEM - - - NP + -

β-lactamasesEstirpe HospitalIsolados

Page 36: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

27

ESBLs expressam as duas porinas OmpK35 e OmpK36, enquanto que a maioria dos isolados

clínicos produtores de ESBLs, expressam apenas a porina OmpK36.(98)

Foram já identificados

isolados de K. pneumoniae com perda de expressão das duas porinas OmpK35 e OmpK36. A

ausência de porinas é apontada como uma importante causa de resistência aos antibióticos,

particularmente aos antibióticos β-lactâmicos.(99)

Estirpes que não possuem nenhuma destas

porinas apresentam uma maior resistência do que estirpes que expressam apenas uma ou as

duas porinas.(100)

Alguns estudos revelam que a porina OmpK35 permite a eficiente entrada da

cefoxitina, cefotaxima e carbapenemos nas células bacterianas mas tem havido alguma

controvérsia no papel desta porina na penetração das cefalosporinas em K. pneumoniae.(101)

Estudos recentes indicam que a presença da porina OmpK35 está mais relacionada com a

suscetibilidade à ceftazidima do que com a suscetibilidade à cefotaxima e ceftriaxona,

enquanto que a expressão da porina OmpK36 é mais observada em isolados suscetíveis à

cefotaxima.(102)

A perda da porina OmpK36 está então associada ao aumento da resistência à

cefoxitina e outras cefalosporinas em estirpes produtoras de ESBLs e ao aumento da

resistência aos carbapenemos em estirpes produtoras de β-lactamases AmpC plasmídicas.(103)

Foi descrita uma variante da porina OmpK36 em isolados de K. pneumoniae, com a inserção

de dois aminoácidos adicionais num local conservado da proteína. Esta alteração da proteína

terá um papel importante na permeabilidade da célula, contribuindo para a resistência dos

isolados ao ertapenemo e reduzida suscetibilidade ao meropenemo.(104)

O gene que codifica a porina OmpK35 foi encontrado em todos os isolados estudados (7, 17,

29, 33, 43, 46 e 47), enquanto a OmpK36 foi encontrada em 5 isolados (7, 17, 29, 43 e 46).

Nos isolados 33 e 47 apenas foi identificada a porina OmpK35 o que pode explicar a sua maior

suscetibilidade à ceftazidima relativamente aos restantes isolados. A ausência da porina

OmpK36 pode em parte ser responsável pelo aumento da resistência aos carbapenemos. Nos

restantes isolados, uma análise mais detalhada seria necessária em termos de expressão ou

não da porina, uma vez que os resultados obtidos são apenas de presença/ausência, podendo

o gene estar presente e não estar a ser expresso.

Tendo em conta estes resultados, selecionaram-se os seguintes isolados para prosseguir no

estudo: 1, 2, 3 e 49 de E. coli ST131 produtores de uma carbapenemase KPC-2, o isolado 37

de E. coli ST131 produtor de uma β-lactamase de espectro alargado CTX-M-15, com o perfil

eletroforético A, o isolado 24 de K. pneumoniae, com o perfil eletroforético C e com um ST

distinto dos restantes, os isolados 35 e 40 de K. pneumoniae com o perfil eletroforético B e

ST15 e os isolados 7, 17, 29 e 43 de K. pneumoniae com perfis eletroforéticos distintos (X) e

com o mesmo ST15, todos eles produtores de uma β-lactamase de espectro alargado CTX-M-

15.

Page 37: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

28

Disseminação de determinantes genéticos de resistência

Determinação do ambiente genético dos genes de resistência

A disseminação de β-lactamases de espectro alargado em Enterobacteriaceae está

relacionada com a disseminação de clones específicos e com a capacidade de aquisição de

elementos genéticos móveis como plasmídeos, transposões ou integrões, portadores de genes

de resistência.

A mobilização do gene blaKPC-2 tem sido associada à sua localização num transposão do tipo

Tn3, designado Tn4401. Este transposão contém os genes que codificam para a transposase

(tnpA) e para a resolvase (tnpR) e duas sequências de inserção ISKpn7 e ISKpn6 que

flanqueiam o gene blaKPC-2(64)

(Figura 14). Este transposão já foi descrito em isolados de

Enterobacteriaceae(56;65;105;106;107)

e P.aeruginosa(65;108)

de diferentes áreas geográficas e de

diferentes STs, inserido em plasmídeos de diferentes tamanhos e de diferentes grupos de

incompatibilidade(56;105;65)

, o que demonstra a sua elevada capacidade de transferência entre

isolados bacterianos. Foram já descritas três isoformas do transposão Tn4401 (isoformas a, b e

c), que diferem deste transposão por deleções entre 100 a 200 pb a montante do gene blaKPC-

2.(64)

Figura 14: Representação esquemática do transposão Tn4401 constituído por duas sequências invertidas

repetidas esquerda e direita (IRL e IRR), o gene que codifica para a resolvase (tnpR) e para a

transposase (tnpA), a sequência de inserção ISKpn7 a montante do gene blaKPC-2, o gene blaKPC-2 e a

sequência de inserção ISKpn6 a jusante do gene blaKPC-2. A posição das setas indica a orientação da

transcrição dos genes. (Figura adaptada de Naas, T., et al. 2008.(65)

)

Outras variantes deste transposão têm sido descritas, principalmente com alterações na região

a montante do gene blaKPC-2, o que indica que esta região do transposão é bastante instável. Na

China foi descrito um novo ambiente genético do gene blaKPC-2(66,67)

que consiste numa região

idêntica à do transposão Tn4401 que inclui os genes que codificam para o blaKPC-2 e uma

sequência de inserção em parte idêntica à ISKpn6 já descrita, designada ISKpn6-like a jusante

do gene. Uma nova estrutura, ISKpn8 foi identificada a montante do gene blaKPC-2. Foi ainda

encontrado o gene blaTEM truncado entre a sequência ISKpn8 e o gene blaKPC-2 (Figura 15).

Figura 15: Representação esquemática do novo ambiente genético descrito para o gene blaKPC-2

constituído pelos genes que codificam para a resolvase (tnpR) e transposase (tnpA) do transposão Tn3, a

sequência de inserção ISKpn8 a montante do gene blaKPC-2, a sequência ISKpn6-like a jusante do gene e

Page 38: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

29

o gene blaTEM truncado entre a sequência ISKpn8 e o blaKPC-2. A posição das setas indica a orientação da

transcrição dos genes. (Figura adaptada de Shen, P., et al. 2009.(66)

)

Para os isolados de E. coli 1, 2, 3 e 49 nos quais foi identificado o gene que codifica para a

carbapenemase KPC-2 pesquisou-se então a presença dos elementos que constituem o

transposão Tn4401 através de reações de PCR usando primers específicos para os genes que

codificam para as sequências de inserção ISKpn7, ISKpn6 e ainda para os genes da

transposase e da resolvase, tnpA e tnpR. Obteve-se apenas a amplificação da sequência de

inserção a jusante do gene blaKPC-2, ISKpn6 que por sequenciação revelou ser idêntica à já

descrita na literatura como fazendo parte do transposão Tn4401. Não se verificou amplificação

dos genes que codificam para a resolvase, transposase nem para a sequência de inserção

ISKpn7. Assim, foram desenhados no laboratório primers para o novo ambiente genético

descrito na China e representado na Figura 15. Foram desenhados 3 conjuntos de primers: um

para uma zona interna da sequência de inserção ISKpn8, outro para uma zona compreendida

entre a ISKpn8 e o gene blaTEM truncado e outro para a zona compreendida entre o gene blaTEM

truncado e o gene blaKPC-2, descritos na seguinte Tabela:

Tabela 5: Primers desenhados no laboratório e condições de PCR utilizadas para a determinação do

ambiente genético do gene blaKPC-2. ISKpn8: região interna da sequência de inserção ISKpn8; ISKpn8T:

região compreendida entre a ISKpn8 e o gene blaTEM truncado; KPCT: região compreendida entre o gene

blaTEM truncado e o gene blaKPC-2. F: primer forward; R: primer reverse.

Não se verificou amplificação de nenhuma destas regiões, pelo que não foi possível identificar

os genes localizados a montante do gene blaKPC-2.

O ambiente genético do gene blaCTX-M-15 foi também estudado. Sabe-se que a emergência e

disseminação destas enzimas envolvem a aquisição de elementos móveis como a sequência

de inserção ISEcp1.(25)

Esta sequência de inserção tem um papel muito importante na

mobilização dos genes blaCTX-M e é a IS mais encontrada a montante de diferentes genes

blaCTX-M.(24)

Outros elementos móveis estão também envolvidos na mobilização destes genes

como a IS26 e a IS903 localizada a jusante do gene blaCTX-M. Foi então pesquisada a presença

dos genes que codificam para as sequências de inserção ISEcp1 e IS903 para o isolado 37 de

E. coli e para os isolados 24, 35, 40, 7, 17, 29 e 43 de K. pneumoniae. Em todos eles foi

identificado o gene que codifica para a sequência de inserção ISEcp1 a montante do gene

blaCTX-M-15. A sequência de inserção IS903 foi encontrada em todos os isolados exceto no

isolado 37 de E. coli e no isolado 24 de K. pneumoniae, isolado este com um perfil genético e

ST distinto dos restantes isolados de K. pneumoniae. Em todos os isolados de K. pneumoniae

Desnaturação Annealing Extensão

F: 5'-CATCCGAAAGTGGCAAAACC-3'

R: 5'-TGAAGCGGTCGGTGAACTG-3'

F: 5'-CAGTTCACCGACCGCTTCA-3'

R: 5'-TCATGCCATCCGTAAGATGC-3'

F: 5'-GGTGCCTCACTGATTAAGCA-3'

R: 5'-CCAACTCCTTCAGCAACAAA-3'

Primers

72ºC, 10min.KPCT 94ºC, 10min. 30 94ºC, 45seg. 62ºC, 45seg. 72ºC, 1min,30seg.

72ºC, 10min.

ISKpn8T 94ºC, 10min. 34 94ºC, 45seg. 56ºC, 45seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 10min.

ISKpn8 94ºC, 10min. 34 94ºC, 45seg. 56ºC, 45seg. 72ºC, 1min.

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

CiclosExtensão final

Page 39: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

30

ST15 foram encontradas as duas sequências de inserção, ISEcp1 e IS903 a montante e a

jusante do gene blaCTX-M-15, sequências descritas como responsáveis pela mobilização deste

gene para diferentes plasmídeos e também de plasmídeos para o cromossoma bacteriano.

Foi ainda pesquisada a presença de integrões nos isolados 49 e 37 de E. coli e 35, 40, 24, 7,

17, 29 e 43 de K. pneumoniae, através de reações de PCR com primers específicos para a

amplificação dos segmentos terminais conservados 5’ e 3’ que separam a região variável do

integrão onde se localizam os genes de resistência aos antibióticos. Verificaram-se resultados

positivos para todos os isolados estudados, e por sequenciação identificou-se a presença de

um integrão de classe I contendo as regiões terminais conservadas 5’ e 3’ separadas por uma

região contendo o gene dhfrV, responsável pela resistência ao trimetoprim, no isolado 49 de E.

coli.

Identificação dos grupos de incompatibilidade de plasmídeos

Para investigar os mecanismos envolvidos na disseminação dos plasmídeos transportadores

dos genes de resistência descritos, foi pesquisada a origem de replicação dos plasmídeos

através da técnica Replicon Typing.(57)

Realizaram-se 5 reações de PCR multiplex e 3 reacções

de PCR simplex com dezoito pares de primers específicos para as origens de replicação dos

diferentes grupos de incompatibilidade. Nas reações de PCR multiplex pesquisaram-se os

grupos de incompatibilidade IncHI1, IncHI2, IncI1-Iγ; IncX, IncL/M, IncN; IncFIA, IncFIB, IncW;

IncY, IncP, IncFIC; IncA/C, IncT, IncFIIAs e nas 3 reacções de PCR simplex pesquisaram-se os

grupos de incompatibilidade IncK, IncB/O e IncF.

Nos isolados 1, 2, 3 e 49 de E. coli obtiveram-se resultados positivos para a amplificação dos

genes que codificam para os grupos de incompatibilidade IncFIA, IncFIB e IncF e no isolado 37

de E. coli obtiveram-se resultados positivos para a amplificação dos genes que codificam para

os grupos de incompatibilidade IncFIA e IncF. Em K. pneumoniae obteve-se resultado positivo

para a amplificação do grupo IncN no isolado 7. Em todos os outros isolados não se obteve

resultado positivo para nenhum dos grupos de incompatibilidade pesquisado. Estes resultados

são concordantes com os descritos na literatura que revelam que a disseminação do gene

blaCTX-M-15 em E. coli está relacionada com plasmídeos do grupo de incompatibilidade

IncFII(27;109)

, e que em isolados de K. pneumoniae produtores da β-lactamase CTX-M, os

grupos de incompatibilidade de plasmídeos mais encontrados são os grupos IncFII, IncN e

IncL/M.(56)

Extração de DNA plasmídico

Para determinar a presença de plasmídeos nos isolados bacterianos, realizou-se a técnica de

extração de DNA plasmídico desenvolvida por Kado e Liu (1981), para os isolados 49 e 37 de E.

coli e 24, 35, 40, 7, 17, 29 e 43 de K. pneumoniae.

Foi possível a identificação de plasmídeos em todos os isolados estudados, sendo que nos

isolados 49 e 37 de E. coli e 43 de K. pneumoniae se observa a presença de mais do que um

plasmídeo (Figura 16). No entanto, tendo em conta que as moléculas de DNA plasmídico

Page 40: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

31

podem existir em diferentes conformações com diversos graus de superenrolamento, estes

isolados podem não apresentar vários plasmídeos mas sim várias isoformas do mesmo

plasmídeo resultando na visualização de várias bandas no gel de agarose. Os isolados 49

(portador de uma carbapenemase KPC-2) e 37 (portador de uma β-lactamase de espectro

alargado CTX-M-15) de E. coli apresentam duas isoformas do plasmídeo com o mesmo

tamanho, sendo que o isolado 49 apresenta uma forma mais pequena, de aproximadamente 9

kb, que não se verifica no isolado 37.

Nos isolados 35 e 40 de K. pneumoniae idênticos tanto pelos métodos de tipificação anteriores

como em termos de genes de resistência que transportam (CTX-M-15 e SHV-28), é possível a

identificação de dois plasmídeos de diferentes tamanhos, sendo o tamanho do plasmídeo do

isolado 40 semelhante ao do isolado 17, portador de uma CTX-M-15, SHV-1 e TEM-1. O

plasmídeo do isolado 24, que transporta os genes de resistência CTX-M-15, SHV-12 e TEM-1,

é superior ao dos restantes isolados. Esta análise permite demonstrar a variabilidade de

plasmídeos presente entre os diferentes isolados, plasmídeos estes que, tendo a capacidade

de aquisição de diferentes genes de resistência são um veículo para a disseminação dos

mesmos.

Figura 16: Visualização do DNA plasmídico em gel de agarose 0,7%. a) Visualização de DNA plasmídico

extraído nos isolados 49 e 37 de E. coli e 24, 7, 29 e 43 de K. pneumoniae; b) visualização de DNA

plasmídico extraído nos isolados 35, 40 e 17 de K. pneumoniae. É possível a observação dos fragmentos

cromossomais e do RNA. M: marcador de massas moleculares GeneRulerTM

1kb DNA ladder.

Para avaliar se os genes de resistência identificados nos isolados são ou não transportados

pelos plasmídeos, recorreu-se à extração e purificação dos mesmos e realizaram-se reações

de PCR para os genes de resistência, usando o DNA plasmídico extraído do gel de agarose.

As bandas extraídas do gel foram designadas por 37.1 e 37.2 (designado por 37.1 o plasmídeo

de maior massa molecular e 37.2 o plasmídeo de menor massa molecular), 40.1, 24.1, 35.1,

7.1, 17.1, 29.1, 43.2 (plasmídeo de menor massa molecular), 49.1, 49.2 e 49.3 (designado por

49.1 o plasmídeo de maior massa molecular e 49.3 o plasmídeo de menor massa molecular).

Page 41: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

32

Através do DNA plasmídico extraído e purificado efetuaram-se reações de PCR para

amplificação dos genes blaCTX-M, blaTEM, blaSHV e para a sequências de inserção ISEcp1 e IS903

nas amostras 24.1, 37.1, 37.2, 40.1, 35.1, 7.1, 17.1, 29.1 e 43.2 e reações de PCR para

amplificação dos genes blaKPC nas amostras 49.1, 49.2 e 49.3. Nas amostras 24.1, 37.1, 37.2,

40.1, 35.1, 7.1, 17.1, 29.1 e 43.2 verificou-se amplificação do gene blaTEM, confirmando a sua

localização no plasmídeo. Não foram obtidos resultados positivos para a amplificação dos

genes blaCTX-M, blaSHV nem das sequências de inserção pesquisadas, o que indica que estes

genes poderão não ter uma localização plasmídica mas sim cromossomal. Sabe-se que a

sequência de inserção ISEcp1 localizada a montante do gene blaCTX-M está relacionada com a

mobilização deste gene de plasmídeos para plasmídeos e também de plasmídeos para o

cromossoma. Essa mobilização pode ter ocorrido nos isolados, uma vez adquirido o plasmídeo

contendo o gene de resistência, já que esta sequência de inserção também não foi localizada

no DNA plasmídico através das reações de PCR efetuadas. Contudo, os resultados não são

suficientes para afirmar que estes genes não estão localizados no plasmídeo, uma vez que ao

ser removido do gel, o DNA plasmídico pode ter sido fragmentado impossibilitando os primers

de emparelharem e amplificarem a zona correspondente. Nas amostras 49.1, 49.2 e 49.3,

verificou-se amplificação do gene blaKPC. Os resultados para as amostras 24.1, 37.1, 37.2, 7.1,

29.1, 43.2, 49.1, 49.2 e 49.3 encontram-se na Figura 17. A amplificação dos genes blaTEM nas

amostras 37.1 e 37.2 e do gene blaKPC nas amostras 49.1, 49.2 e 49.3 corrobora a hipótese da

existência de diferentes isoformas do mesmo plasmídeo e não da presença de plasmídeos

diferentes nestes isolados.

Figura 17: Produtos de PCR para a amplificação dos genes blaCTX-M de 544 pb (a), blaTEM de 1058 pb (b) e

blaSHV de 886 pb (c), para as amostras 24.1, 37.1, 37.2, 7.1, 29.1 e 43.2, e do gene blaKPC de 871 pb para

as amostras 49.1, 49.2 e 49.3 (d), em gel de agarose 1%. As reações de PCR foram efetuados com o

DNA plasmídico extraído e purificado do gel ilustrado na Figura 16. Resultado positivo para a amplificação

dos genes blaTEM nas amostras 24.1, 37.1, 37.2, 7.1, 29.1 e 43.2 e do gene blaKPC nas amostras 49.1, 49.2

Page 42: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

33

e 49.3; resultado negativo para a amplificação dos genes blaCTX-M e blaSHV nas amostras 24.1, 37.1, 37.2,

7.1, 29.1 e 43.2. CC: controlo positivo para o gene blaCTX-M; CT: controlo positivo para o gene blaTEM; CS:

controlo positivo para o gene blaSHV; CK: controlo positivo para o gene blaKPC. M: marcador de massas

moleculares GeneRulerTM

1kb DNA ladder.

Transferência genética

Realizaram-se técnicas de transferência genética como a conjugação e a transformação por

eletroporação com o objetivo de testar a capacidade de transferência horizontal de genes de

resistência entre os diferentes isolados bacterianos.

Conjugação

Efetuaram-se as técnicas de conjugação tanto em meio sólido como em meio líquido para os

isolados bacterianos 1, 3 e 49 de E. coli produtores de uma carbapenemase KPC-2, o isolado

37 de E. coli contendo uma β-lactamase de espectro alargado CTX-M-15 e os isolados 24, 35,

40, 7, 17, 29 e 43 de K. pneumoniae, contendo também uma β-lactamase de espectro alargado

CTX-M-15. Utilizou-se como estirpe recetora a E. coli J53 azida de sódio resistente. Para a

seleção dos transformantes preparou-se meio gelosado suplementado com azida de sódio a 1

mg/mL no qual foi espalhado à superfície 100 µl de cefotaxima 1 mg/mL depois de distribuído

pelos meios e solidificado. A técnica de conjugação não foi eficiente para nenhum isolado

devido a um problema de seleção dos transconjugantes. Depois de incubadas a 37ºC durante

24 horas as colónias obtidas não eram características da estirpe recetora mas sim da estirpe

dadora e no controlo negativo (meio suplementado com azida de sódio no qual se plaquearam

as bactérias dadoras) verificou-se crescimento quando estes isolados deveriam ser sensíveis.

Os resultados obtidos mostram que a quantidade de azida de sódio colocada no meio de

cultura não foi suficiente para inibir o crescimento das bactérias dadoras, comprometendo

assim a correta seleção das bactérias transconjugantes.

Transformação por eletroporação

Realizou-se também a técnica de transformação por eletroporação com os isolados 49 e 37 de

E. coli e 24, 40, 7 e 17 de K. pneumoniae. O DNA utilizado corresponde ao DNA plasmídico

extraído pela técnica Kado e Liu (1981) e purificado com acetato de sódio e ressuspendido em

água estéril. Para a realização desta técnica prepararam-se células competentes da estirpe E.

coli JM109. As células competentes foram eletroporadas com DNA plasmídico correspondente,

incubadas a 37ºC durante 1 hora e plaqueadas em meio Müeller-Hinton contendo discos de

antibiótico para os quais as bactérias portadoras do plasmídeo eram resistentes: cefoxitina,

ceftazidima, cefotaxima, amoxicilina + ácido clavulânico e imipenemo para o isolado 49,

produtor de uma carbapenemase KPC-2, e cefoxitina, ceftazidima, cefotaxima e amoxicilina +

ácido clavulânico para os restantes isolados, produtores de uma β-lactamase de espectro

alargado CTX-M-15. Obteve-se uma transformação eficiente apenas para o isolado 49 de E.

coli, com um perfil de resistência aos antibióticos da estirpe transformada semelhante ao da

Page 43: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

34

bactéria dadora, exceto para a gentamicina e ciprofloxacina, antibióticos para os quais a

resistência não foi adquirida pela bactéria eletroporada (Figura 18).

Figura 18: a) Antibiograma do isolado 49 de E. coli para os antibióticos gentamicina (GM), ciprofloxacina

(CIP), ceftazidima (CAZ), imipenemo (IPM), cefotaxima (CTX), cefoxitina (FOX) e amoxicilina + ácido

clavulânico (AMC); (b) antibiograma da estirpe JM109 transformada por eletroporação.

Extraiu-se o DNA da estirpe JM109 transformada por eletroporação e realizou-se uma reação

de PCR para amplificação do gene blaKPC. Verificou-se um resultado positivo para a

amplificação do gene e por sequenciação confirmou-se a presença da carbapenemase KPC-2

na estirpe transformada. Procedeu-se à extração de plasmídeos na estirpe transformada,

tendo-se obtido um plasmídeo de aproximadamente 9 kb comprovando a eficiente

transformação da estirpe JM109 (Figura 19a). Com o DNA plasmídico obtido e depois de

purificado, realizou-se uma reação de PCR para o gene blaKPC, para comprovar a sua

localização no plasmídeo (Figura 19b).

Figura 19: a) Visualização do DNA plasmídico extraído da estirpe JM109 transformada por eletroporação

em gel de agarose 0,7%; b) 1-produto de PCR para a amplificação do gene blaKPC de 871 pb do isolado

49 de E. coli (controlo positivo), 2- produto de PCR para a amplificação do gene blaKPC da estirpe JM109

transformada em gel de agarose 1%. A reação de PCR foi efetuada com DNA plasmídico extraído e

purificado da estirpe JM109 transformada. M: marcador de massas moleculares NZYDNA ladder III

(Nzytech genes & enzymes).

Page 44: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

35

Identificou-se ainda a origem de replicação do plasmídeo extraído da estirpe transformada

através de reações de PCR para os grupos de incompatibilidade já descritos tendo-se

identificado os grupos IncFIA, IncFIB e IncF, também presentes na estirpe dadora (isolado 49

de E. coli). Estes resultados demonstram que a transferência do gene de resistência blaKPC-2

está associada a plasmídeos do grupo de incompatibilidade IncF, revelando a importância

destes plasmídeos na disseminação do gene.

Os principais resultados obtidos para os isolados de E. coli e K. pneumoniae relativamente ao

hospital do qual foram obtidos, genes de resistência que transportam, ambiente genético e

origem de replicação plasmídica encontram-se descritos na Tabela 6.

Tabela 6: Principais resultados obtidos para os isolados estudados. Os isolados foram agrupados com

base nas suas características comuns. (X: Perfis eletroforéticos distintos entre si; ND: não detetado; NA:

não aplicável; NP: não pesquisado.)

Uma análise conjunta dos resultados permite estabelecer uma relação direta entre os isolados

1, 2, 3 e 49 de E. coli produtores de uma carbapenemase KPC-2 provenientes do Hospital de

Santa Cruz e das urgências do Hospital de São Francisco Xavier entre os dias 2 de dezembro

de 2011 e 14 de março de 2012. Os isolados 1 e 2 pertencem ao mesmo doente, que em

Dezembro deu entrada no Hospital de Santa Cruz, onde esteve internado na unidade de

nefrologia com uma infeção urinária, tendo sido recolhida a amostra 1. Em março deu entrada

nas urgências e foi recolhido o isolado 2 de uma amostra de urina. Estes isolados são iguais

entre si e iguais aos isolados 3 e 49 provenientes de doentes diferentes no mesmo intervalo de

tempo, o que pressupõe a ocorrência de transmissão cruzada entre doentes na mesma

unidade hospitalar. O doente do qual foram obtidos os isolados 1 e 2 atua como um possível

reservatório que pode possibilitar a permanência destas bactérias em ambiente hospitalar.

Sequence

Type

KPC CTX SHV TEM ISKpn6 ISKpn7 ISKpn8 ISEcp1 IS903

1 Escherichia coli HSC A 131 KPC-2 - - + + - - NP NP IncF

2 Escherichia coli HSFX A ND KPC-2 - NP NP + - - NP NP NP

3 Escherichia coli HSC A 131 KPC-2 - - + + - - NP NP IncF

49 Escherichia coli HSC A 131 KPC-2 - - + + - - NP NP IncF

37 Escherichia coli HSC A 131 NA CTX-M-15 - TEM-1 NP NP NP + - IncF

25 Klebsiella pneumoniae HEM B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP ND

26 Klebsiella pneumoniae HSC B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP ND

28 Klebsiella pneumoniae HSFX B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP ND

30 Klebsiella pneumoniae HSFX B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP ND

31 Klebsiella pneumoniae HSFX B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP ND

36 Klebsiella pneumoniae HEM B ND NA CTX-M-15 NP NP NP NP NP NP NP ND

39 Klebsiella pneumoniae HEM B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP ND

35 Klebsiella pneumoniae HEM B 15 NA CTX-M-15 SHV-28 + NP NP NP + + ND

40 Klebsiella pneumoniae HSFX B 15 NA CTX-M-15 SHV-28 TEM-1 NP NP NP + + ND

38 Klebsiella pneumoniae HSC B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP NP

41 Klebsiella pneumoniae HSFX B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP NP

42 Klebsiella pneumoniae HSFX B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP NP

48 Klebsiella pneumoniae HSC B ND NA + NP NP NP NP NP NP NP NP

24 Klebsiella pneumoniae HSFX C 20 NA CTX-M-15 SHV-12 TEM-1 NP NP NP + - ND

7 Klebsiella pneumoniae HSC X 15 - + + + NP NP NP + + IncN

17 Klebsiella pneumoniae HEM X 15 - CTX-M-15 SHV-1 TEM-1 NP NP NP + + ND

29 Klebsiella pneumoniae HSFX X 15 - + + + NP NP NP + + ND

43 Klebsiella pneumoniae HSC X ND - + + + NP NP NP + + ND

33 Klebsiella pneumoniae HSFX X ND - - SHV-1 - NP NP NP NP NP ND

46 Klebsiella pneumoniae HSFX X ND - - + - NP NP NP NP NP ND

47 Klebsiella pneumoniae HEM X ND - - + - NP NP NP NP NP ND

Origem de

replicação

plasmídica

Perfil

genómicoIsolados Estirpe Hospital

β-lactamases Ambiente genético

Page 45: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

36

Verifica-se também uma relação entre o grupo de 13 isolados de K. pneumoniae produtores de

uma β-lactamase de espectro alargado CTX-M-15, geneticamente semelhantes pelos métodos

de tipificação molecular realizados, do qual foram selecionados os isolados 35 e 40 como

representantes do grupo. Estes isolados foram obtidos entre os dias 9 de março de 2011 e 21

de novembro de 2011, de doentes diferentes, nas três unidades hospitalares em estudo, o que

mostra o potencial de disseminação destas bactérias e capacidade de perpetuação das

mesmas em ambiente hospitalar, aumentando a possibilidade de transmissão cruzada entre

doentes nos três hospitais. O mesmo se verifica com o grupo de 4 isolados de K. pneumoniae,

semelhantes entre si, também produtores de uma β-lactamase de espectro alargado CTX-M-15

e representados pelos isolados 7, 17, 29 e 43 provenientes de doentes diferentes entre os dias

1 de fevereiro de 2011 e 25 de novembro de 2011, nas três unidades hospitalares.

Page 46: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

37

CONCLUSÃO

Neste estudo identificou-se a enzima CTX-M-15, β-lactamase de espectro alargado mais

disseminada mundialmente, num isolado de E. coli pertencente ao ST131 e em isolados de K.

pneumoniae pertencentes a diferentes doentes das três unidades hospitalares em estudo,

pertencentes ao ST15, clone associado à disseminação desta enzima em isolados de K.

pneumoniae. A disseminação do gene de resistência blaCTX-M-15 entre os isolados bacterianos

pode ser explicada devido à facilidade de aquisição de elementos genéticos móveis como

plasmídeos contendo os genes de resistência, principalmente pertencentes aos grupos de

incompatibilidade IncF e/ou integrões contendo determinadas sequências de inserção

responsáveis pela mobilização dos genes de resistência como o caso da ISEcp1 detetada a

montante do gene CTX-M-15 em todos os isolados estudados.

Foi detetada pela primeira vez em Portugal a carbapenemase KPC-2 em isolados de E. coli

obtidos de um dos hospitais em estudo, enzima que tem sido associada principalmente a

isolados de K. pneumoniae mas atualmente já foi encontrada em diferentes géneros e espécies

da família Enterobacteriaceae. O gene blaKPC foi detetado num integrão por sua vez localizado

num plasmídeo do grupo de incompatibilidade IncF, que foi transferido para uma estirpe de E.

coli sensível, experiência que demonstra o papel dos plasmídeos na aquisição deste gene de

resistência. Identificou-se o ST131, clone pandémico associado à disseminação das enzimas

CTX-M-15, pelo que a transferência do gene blaKPC para este complexo clonal pode constituir

um problema de saúde pública.

Neste estudo verificou-se que existe uma disseminação intra- e inter-hospitalar de bactérias da

família Enterobacteriaceae multirresistentes, o que aumenta a probabilidade de infeções por

transmissão cruzada entre doentes da mesma unidade hospitalar e entre as três unidades.

Para um controlo da transmissão e disseminação é necessário definir os principais

reservatórios destas bactérias, as vias de transmissão e os fatores de risco para a infeção.

Como foi demonstrado neste estudo, o ambiente hospitalar atua como um reservatório de

microrganismos patogénicos, pelo que é necessária a implementação de medidas de

isolamento rigoroso dos infetados ou colonizados bem como práticas de limpeza, desinfeção e

esterilização do material, superfícies e equipamentos médicos utilizados no tratamento dos

doentes. É de igual modo importante reforçar programas educativos para os profissionais de

saúde principalmente no que diz respeito a medidas de higiene para evitar a transferência

horizontal de bactérias entre profissionais de saúde, paciente e ambiente.(110)

É também

necessário um alerta para o uso racional dos antibióticos de modo a controlar a pressão

antibiótica exercida nas terapêuticas dos doentes. Torna-se urgente a implementação de testes

de diagnóstico rápidos para deteção de genes de resistência, clones e elementos genéticos

móveis que constituem veículos de disseminação de determinantes genéticos entre isolados

bacterianos.

Page 47: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Andrade, D., Leopoldo, V.C., and Haas, V.J. (2006). Occurrence of Multi-Resistant Bacteria in the Intensive Care unit of a Brazilian Hospital of Emergencies. Revista Brasileira Terapia Intensiva.18, 1. 2. Peleg, A. Y., and Hooper, D. C. (2010). Hospital-acquired infections due to gram-negative bacteria. N Engl J Med. 362, 1804-13. 3. Gaynes, R., and Edwards, J.R. (2005). Overview of Nosocomial Infections Caused by Gram-Negative Bacilli. Clin Infect Dis. 41 (6), 848-854. 4. Fred, C., and Tenover. (2006). Mechanisms of Antimicrobial Resistance in Bacteria. The American Journal of Medicine. 119 (6A), S3–S10.

5. Neu, H.C. (1992). The crisis in antibiotic resistance. Science. 257,1064–1073. 6. McManus, M.C. (1997). Mechanisms of bacterial resistance to antimicrobial agents. Am J Health Syst Pharm. 54,1420 –1433. 7. Ferreira, W.F.C., Sousa, J.C.F., and Lima, N. (2010). Microbiologia. LIDEL-Edições Técnicas, Lda. 8. Pereira, J.G., and Póvoa, P. (2011). Antibiotics in critically ill patients: a systematic review of the pharmacokinetics of β-lactams. 15,R 206. 9. Pitout J.D., Sanders, C.C., and Sanders, W. (1997). Antimicrobial resistance with focus on beta-lactam resistance in gram-negative bacilli. The American Journal of Medicine. 103(1),51-59. 10. Ambler, R.P. (1980). The structure of β-lactamases. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 289,321-331. 11. Bush, K., Jacoby, G.A., and Medeiros, A.A. (1995). A functional classification scheme for β-lactamases and its correlation with molecular structure. Antimicrob. Agents Chemother. 39,1211-1233. 12. Bush, K., and Jacoby, G.A. (2010). Updated Functional Classification of β-Lactamases. Antimicrob. Agents Chemother. 54 (3), 969–976. 13. Datta, N., and POLYXENI, K. (1965). Penicillinase synthesis controlled by infectious R Factors in Enterobacteriaceae. Nature. 208, 239–244.

14. Bradford, P.A. (2001). Extended-Spectrum β-Lactamases in the 21

st Century: Characterization,

Epidemiology, and Detection of This Important Resistance Threat. Clin. Microbiol. 14, 933-951. 15. Rupp, M.E., and Fey, P.D. (2003). Extended Spectrum β-Lactamase(ESBL)-Producing Enterobacteriaceae Considerations for Diagnosis, Prevention and Drug Treatment. Drugs. 63 (4), 353-365. 16. Knothe, H., Shah, P. Kremery, V., Antal, M., and Mitsuhashi, S. (1983) Transferable resistance to cefotaxime, cefoxitin, cefamandole and cefuroxime in clinical isolates of Klebsiella pneumoniae and Serratia marcescens. Infection. 11, 315-7 17. David, M., Lemeland, J.F., and Boyer, S. (2008). Emergence of extended-spectrum beta-lactamases in Pseudomonas aeruginosa: about 24 cases at Rouen University Hospital. Pathologie-Biologie. 56 (7-8),

429-34. 18. Livermore, D.M. (2008). Defining an extended-spectrum β-lactamase. Clin Microbiol Infect.14 Suppl 1, 3-10. 19. Bauernfeind, A., Chong, Y., and Seweighart, S. (1989). Extended broad spectrum beta-lactamases in Klebsiella pneumonia including resistance to cephamycins. Infection. 17(5), 316-21 20. Paterson, D.L., and Bonomo, R.A. (2005). Extended-spectrum β-lactamases: a clinical update. Clin. Microbiol.Rev. 18, 657–686. 21. Cantón, R. Baquero, F., Nombela, C., Casslel, G.H., and Gutierrez-Fuentes, J.A. (2008). Epidemiologyand evolutionof β-lactamases in Evolutionary Biology of Bacterial and Fungal Pathogens. Washington: ASM Press. 249–270.

Page 48: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

39

22. Cantón, R., and Coque, T.M. (2006). The CTX-M β-lactamase pandemic. Curr.Opin.Microbiol. 9, 466–

475. 23. Rossolini, G.M., D’Andrea, M.M., and Mugnaioli, C. (2008). The spread of CTX-M-type extended-spectrum β-lactamases. Clin. Microbiol.Infect. 14, 33–41.

24. Cantón, R., González-Alba, J.M., and Galán, J.C. (2012). CTX-M enzymes: origin and diffusion. Front Microbiol. 3, 110. 25. Bonnet, R. (2004). Growing group of extended-spectrum β-lactamases: the CTX-M enzymes. Antimicrob. Agents Chemother. 48, 1–14. 26. Poirel, L., Naas, T., and Nordmann, P. (2008). Genetic support of extended-spectrum β-lactamases. Clin. Microbiol. Infect. 14, 75–81. 27. Coque, T.M., Novais, A., Carattoli, A., Poirel, L., Pitout, J., Peixe, L., Baquero, F., Cantón, R., and Nordmann, P. (2008). Dissemination of Clonally Related Escherichia coli Strains Expressing Extended-Spectrum β-Lactamase CTX-M-15. Emerging Infectious Diseases.14 (2). 28. Conceição, T., Brízio, A., Duarte, A., Lito, L.M., Cristino, J.M., and Salgado, M.J. (2005). First Description of CTX-M-15-Producing Klebsiella pneumonia in Portugal. Antimicrob. Agents Chemother.

49(1), 477–478 29. Karim, A., Poirel, L., Nagarajan, S., and Nordmann, P. (2001). Plasmid-mediated extended-spectrum beta-lactamase (CTX-M-3 like) from India and gene association with insertion sequence ISEcp1. FEMS Microbiol Lett. 201, 237–41. 30. Jacoby, G.A. (2009). AmpC β-Lactamases. Clin. Microbiol. Rev. 22(1), 161-182. 31. Thomson, K.S. (2010). Extended-Spectrum-β-Lactamase, AmpC, and Carbapenemase Issues. J. Clin. Microbiol. 48(4), 1019-1025. 32. Souha S., Kanj, MD., Zeina, A. , and Kanafani, MD. (2011). Current Concepts in Antimicrobial Therapy Against Resistant Gram-Negative Organisms: Extended-Spectrum β-Lactamase-Producing Enterobacteriaceae, Carbapenem-Resistant Enterobacteriaceae, and Multidrug-Resistant Pseudomonas aeruginosa. Mayo Clin Proc. 86(3), 250-259. 33. Queenan, AM., and Bush, K. (2007). Carbapenemases: the Versatile β-Lactamases. Clin. Microbiol. Rev. 20(3), 440–458. 34. Nordmann, P., Cuzon, G. and Naas, T. (2009). The real threat of KPC carbapenemase- producing bacteria. Lancet Infect. Dis. 9, 321–331.

35. Yigit, H., Queenan, A.M., Anderson G.J., Domenech-Sanchez, A., Biddle, J.W., Steward, C.D., Alberti, S., Bush, K., and Tenover, F.C. (2001). Novel carbapenem-hydrolyzing β-lactamase, KPC-1, from a carbapenem-resistant strain of Klebsiella pneumoniae. Antimicrob. Agents Chemother. 45, 1151-1161.

36. Pitout, J.D.D., and Laupland, K.B. (2008). Extended-spectrum β-lactamase producing Enterobacteriaceae; an emerging public health concern. Lancet Infect Dis. 8, 159–66.

37. Yigit, H., Queenan, A.M., Anderson, G.J., Domenech-Sanchez, A., Biddle, J.W., Steward, C.D., Alberti, S., Bush, K., and Tenover, F.C. (2008). Novel carbapenem-hydrolyzing β-lactamase KPC-1 from a carbapenem-resistant strain of Klebsiella pneumoniae. Antimicrob. Agents Chemother. 52, 809.

38. Woodford, N., Tierno, P.M., Young, K., Tysall, L., Palepou, M.F.I., Ward, E., Painter, R.E., Suber, D.F., Shungu, D., Silver, L.L., Inglima, K., Kornblum J., and Livermore, D.M. (2004). Outbreak of Klebsiella pneumoniae producing a new carbapenem-hydrolyzing class A β-lactamase, KPC-3, in a New York medical center. Antimicrob. Agents Chemother. 48, 4793-4799.

39. Woodford N., Tierno, P.M., Young, K., et al. (2004). Outbreak of Klebsiella pneumoniae producing a new carbapenem-hydrolyzing class A β-lactamase, KPC-3, in a New York medical center. Antimicrob. Agents Chemother. 48, 4793–99. 40. Wolter, D.J., Kurpiel, P.M., Woodford, N., et al. (2008). Phenotypic and enzymatic comparative analysis between the novel KPC variant, KPC-5, and its evolutionary variants, KPC-2 and KPC-4. Antimicrob. Agents Chemother. 53, 557–62.

Page 49: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

40

41. Bratu, S., Brooks, S., Burney, S., Kochar, S., Gupta, J., Landman, D., and Quale, J. (2007). Detection and spread of Escherichia coli possessing the plasmid-borne carbapenemase KPC-2 in Brooklyn, New York. Clin. Infect. Dis. 44, 972–975. 42. Hossain, A., Ferraro, M.J., Pino, R.M., Dew, R.B., Moland, E.S., Lockhart, T.J., Thomson, K.S., Goering, R.V., and Hanson , N.D. (2004). Plasmid mediated carbapenem-hydrolyzing enzyme KPC-2 in an Enterobacter sp. Antimicrob. Agents Chemother. 48, 4438–4440. 43. Zhang, R., Yang, L., Cai, J.C., Zhou, H.W., and Chen, G.X. (2008). High-level carbapenem resistance in a Citrobacter freundii clinical isolate is due to a combination of KPC-2 production and decreased porin expression. J. Med. Microbiol. 57, 332–337. 44. Miriagou, V., Tzouvelekis, L.S., Rossiter, S., Tzelepi, E., Angulo, F.J., and Whichard, J.M. (2003). Imipenem resistance in a Salmonella clinical strain due to plasmid-mediated class A carbapenemase KPC-2. Antimicrob. Agents Chemother. 47, 1297–1300. 45. Zhang, R., Zhou, H.W., Cai, J.C., and Chen, G.X. (2007). Plasmid-mediated carbapenem-hydrolysing beta-lactamase KPC-2 in carbapenem-resistant Serratia marcescens isolates from Hangzhou, China. J. Antimicrob. Chemother. 59, 574–576. 46. Tibbetts, R., Frye, J.G., Marschall, J., Warren, D., and Dunne, W. (2008). Detection of KPC-2 in a clinical isolate of Proteus mirabilis and first reported description of carbapenemase resistance caused by a KPC beta-lactamase in P. mirabilis. J. Clin. Microbiol. 46, 3080–3083. 47. Bennett, J. W., Herrera, M.L., Lewis, J.S., Wickes, B.W., and Jorgensen, J.H. (2009). KPC-2-producing Enterobacter cloacae and Pseudomonas putida coinfection in a liver transplant recipient. Antimicrob. Agents Chemother. 53, 292–294. 48. Villegas, M.V., Lolans, K., Correa, A., Kattan, J.N., Lopez, J.A. and Quinn, J.P. (2007). First identification of Pseudomonas aeruginosa isolates producing a KPC-type carbapenem-hydrolyzing beta-lactamase. Antimicrob. Agents Chemother. 51, 1553–1555. 49. Naas, T.P., Nordmann, P., Vedel, G., and Poyart, C. (2005). Plasmid-mediated carbapenem-hydrolyzing β-Lactamase KPC in a Klebsiella pneumonia isolate from France. Antimicrob. Agents Chemother. 49. 4423–4424. 50. Navon-Venezia, S., Chmelnitsky, I., Leavitt, A., Schwaber, M.J., Schwartz, D., and Carmeli, Y. (2006). Plasmid-mediated imipenem-hydrolyzing enzyme KPC-2 among multiple carbapenem-resistant Escherichia coli clones in Israel. Antimicrob. Agents Chemother. 50. 3098–3101. 51. Villegas, M.V., Lolans, K., Correa, A., Suarez, C.J., Lopez, J.A., Vallejo, M., and Quinn, J.P. (2006). First detection of the plasmid-mediated class A carbapenemase KPC-2 in clinical isolates of Klebsiella pneumoniae from South America. Antimicrob. Agents Chemother. 50, 2880–2882. 52. Cuzon, G., Naas, T., Demachy, M.C., and Nordmann, P. (2008). Plasmid-mediated carbapenem-hydrolyzing β-lactamase KPC-2 in Klebsiella pneumonia isolate from Greece. Antimicrob. Agents Chemother. 52, 796–797. 53. Wei, Z.Q., Du, X.X., Yu, Y.S., Shen, P., Chen, Y.G., and Li, L.J. (2007). Plasmid mediated KPC-2 in a Klebsiella pneumoniae isolate from China. Antimicrob. Agents Chemother. 51, 763–765.

54. Coque, T.M., Baquero, F., and Canton, R. (2008). Increasing prevalence of ESBL-producing Enterobacteriaceae in Europe. EuroSurveillance 13(47), 1–11. 55. Woodford,N., Turton, J.F., and Livermore, D.M. (2011). Multiresistant Gram negative bacteria: the role of high-risk clones in the dissemination of antibiotic resistance. FEMS Microbiol.Rev. 35, 736–755. 56. Andrade, L.N., Curiao, T., Ferreira, J.C., Longo, J.M., Clímaco, E.C., Martinez, R., Bellissimo-Rodrigues, F., Basile-Filho, A., Evaristo, M.A., Del Peloso, P.F., Ribeiro, V.B., Barth, A.L., Paula, M.C., Baquero, F., Cantón, R., Darini, A.L., and Coque,T.M. (2011). Dissemination of blaKPC- 2 by the spread of Klebsiella pneumoniae clonal complex 258 clones (ST258, ST11, ST437) and plasmids (IncFII,IncN,IncL/M) among Enterobacteriaceae species in Brazil. Antimicrob. AgentsChemother. 55, 3579–3583. 57. Carattoli, A., Bertini, A., Villa, L., Falbo, V., Hopkins, K. L., and Threlfall, E. J. (2005). Identification of plasmids by PCR-based replicon typing. J Microbiol Methods. 63, 219-28.

Page 50: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

41

58. Le Vesque, C., Piché, L., Larose, C., and Roy, P.H. (1995). PCR Mapping of Integrons Reveals Several Novel Combinations of Resistance Genes. Antimicrob. Agents Chemother. 39(1), 1185–191. 59. Bennett, P.M. (2008). Plasmid encoded antibiotic resistance: acquisition and transfer of antibiotic resistance genes in bacteria. Br J Pharmacol. 153, S347-57.

60. Lartigue, M.F., Poirel, L., Aubert, D., and Nordmann, P. (2006). Invitro analysis of ISEcp1B-mediated mobilization of naturally occurring β-lactamase gene blaCTX-M of Kluyvera ascorbata. Antimicrob. Agents Chemother. 50, 1282–1286.

61. Cao, V., Lambert, T., and Courvalin, P. (2002). ColE1-like plasmid pIP843 of Klebsiella pneumoniae encoding extended-spectrum β-lactamase CTX-M-17. Antimicrob. Agents Chemother. 46, 1212-1217.

62. Pal, H., Choi, E.H., Lee, H.J., Hong, J.Y., and Jacoby, G.A. (2001). Identification of CTX-M-14 extended-spectrum β-lactamase in clinical isolates of Shigella sonnei, Escherichia coli, and Klebsiella pneumoniae in Korea. J. Clin. Microbiol. 39, 3747-3749. 63. Saladin, M., Cao, V.T.B., Lambert, T.J., Donay, L., Herrmann, J.L., Ould-Hocine, Z.C., Verdet, D.F., Philippon, A., and Arlet, G. (2002). Diversity of CTX-M β-lactamases and their promoter regions from Enterobacteriaceae isolated in three Parisian hospitals. FEMS Microbiol. Lett. 209, 161-168. 64. Cuzon, G., Naas,T., and Nordmann, P. (2011) Functional characterization of Tn4401, a Tn3-based transposon involved in blaKPC gene mobilization. Antimicrob. Agents Chemother. 55(11), 5370-3. 65. Naas, T., Cuzon, G., Villegas, M.V., Lartigue, M.F., Quinn, J.P., and Nordmann, P. (2008). Genetic structures at the origin of acquisition of the β-lactamase blaKPC gene. Antimicrob. Agents Chemother. 52,

1257–1263. 66. Shen, P., Wei, Z., Jiang, Y., Du, X., Ji, S., Yu, Y., and Li, L. (2009). Novel Genetic Environment of the Carbapenem-Hydrolyzing β-Lactamase KPC-2 among Enterobacteriaceae in China. Antimicrob. Agents Chemother. 53(10), 4333-8. 67. Li, G., Wei, Q., Wang, Y., Du, X., Zhao, Y., and Jiang, X. (2011). Novel genetic environment of the plasmid-mediated KPC-3 gene detected in Escherichia coli and Citrobacter freundii isolates from China. Eur J. Clin. Microbiol. Infect. Dis. 30(4), 575-80. 68. Ben-Ami, R., Rodriguez-Bano, J., Arslan, H. et al. (2009). A multinational survey of risk factors for infection with extended-spectrum β-lactamase producing Enterobacteriaceae in nonhospitalized patients. Clinical Infection Diseases. 49, 682-690. 69. Anonymous. (2011). Carbapenemase-producing Enterobacteriaceae in the UK, 2003-2011. Health Prot. Rep. 5, 24.

70. Bush, K. (2010). Alarming beta-lactamase-mediated resistance in multidrug-resistant Enterobacteriaceae. Curr. Opin. Microbiol. 13, 558–564. 71. Giakkoupi, P., et al. (2011). An update of the evolving epidemic of blaKPC- 2-carrying Klebsiella pneumoniae in Greece (2009-10). J. Antimicrob. Chemother. 66, 1510–1513. 72. Kitchel, B., et al. (2009). Molecular epidemiology of KPC-producing Klebsiella pneumoniae isolates in the United States: clonal expansion of multilocus sequence type 258. Antimicrob. Agents Chemother. 53, 3365–3370.

73. The European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing. Breakpoint tables for interpretation of MICs and zone diameters. Version 3.1, 2013. http://www.eucast.org. 74. Grundmann, H. J., Towner, K. J., Dijkshoorn, L., Gerner-Smidt, P., Maher, M., Seifert, H. and Vaneechoutte, M. (1997). Multicenter study using standardized protocols and reagents for evaluation of reproducibility of PCR-based fingerprinting of Acinetobacter spp. J. Clin. Microbiol. 35, 3071-7.

75. Tikoo, A., et al. (2001). Application of PCR fingerprinting techniques for identification and discrimination of Salmonella isolates. Current Science. 80(8). 76. Wirth, T., Falush, D., Lan, R., Colles, F., Mensa, P., Wieler, L.H., Karch, H., Reeves, P. R., Maiden, M. C., Ochman, H., and Achtman M. (2006). Sex and virulence in Escherichia coli: an evolutionary perspective. Mol.Microbiol. 60(5), 1136-1151.

Page 51: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

42

77. Diancourt L, Passet V, Verhoef J, Grimont, P.A.D., and Brisse, S. (2005). Multilocus sequence typing of Klebsiella pneumoniae nosocomial isolates. J. Clin. Microbiol.;43:4178-82. 78. Yigit, H., Queenan, A.M., Anderson, G.J., Domenech-Sanchez, A., Biddle, J. W., Steward, C.D., Alberti, S., Bush, K., and Tenover, F.C. (2001). Novel carbapenem-hydrolyzing beta-lactamase, KPC-1, from a carbapenem-resistant strain of Klebsiella pneumoniae. Antimicrob. Agents Chemother. 45, 1151-61 79. Saladin, M. et al. (2002). Diversity of CTX-M β-lactamases and their promoter regions from Enterobacteriaceae isolated in three Parisian hospitals. FEMS Microbiology Letters 209,161-168.

80. Bailey, J.K., Pinyon, J.L., Anantham, S., and Hall, R.M. (2011). Distribution of the blaTEM gene and blaTEM-containing transposons in commensal Escherichia coli. J. Antimicrob. Chemother. 66 (4), 745-751. 81. Mercier J., and Levesque R.C. (1990). Cloning of SHV-2, OHIO-1, and OXA-6 beta-lactamases and cloning and sequencing of SHV-1 beta-lactamase. Antimicrob. Agents Chemother. 34 (8), 1577-1583. 82. Verdet,C., Benzerara, Y., Gautier, V., Adam, O., Ould-Hocine, Z. and Arlet, G. (2006). Emergence of DHA-1-Producing Klebsiella spp. in the Parisian Region: Genetic Organization of the ampC and ampR Genes Originating from Morganella morganii. Antimicrob. Agents Chemother. 50, 607-617.

83. Bauernfeind, A., Stemplinger, I., Jungwirth, R., Wilhelm, R., and Chong, Y. (1996). Comparative characterization of the cephamycinase blaCMY-1 gene and its relationship with other beta-lactamase genes. Antimicrob. Agents Chemother. 40(8): 1926–1930. 84. Poirel, L., Heritier,C., Tolun,V. and Nordmann,P. (2004). Emergence of oxacillinase-mediated resistance to imipenem in Klebsiella pneumonia. Antimicrob. Agents Chemother. 48 (1), 15-22.

85. Poirel,L., Marqué S., Héritier C., Segonds C., Chabanon G., and Nordmann P. (2005). OXA-58, a novel class D {beta}-lactamase involved in resistance to carbapenems in Acinetobacter baumannii. Antimicrob. Agents Chemother. 49 (1), 202-208.

86. Crowley, B., Benedí, V.J., and Doménech-Sánchez, A. (2002). Expression of SHV-2 beta-lactamase and of reduced amounts of OmpK36 porin in Klebsiella pneumoniae results in increased resistance to cephalosporins and carbapenems. Antimicrob. Agents Chemother. 46(11),3679-82.

87. Tsai YK., Fung CP., Lin JC., Chen JH., Chang FY., Chen TL., and Siu LK. (2011). Klebsiella pneumoniae outer membrane porins OmpK35 and OmpK36 play roles in both antimicrobial resistance and virulence. Antimicrob. Agents Chemother., 55(4),1485-93.

88. Naas, T., et al. (2008). Genetic structures at the origin of acquisition of the beta-lactamase bla KPC gene. Antimicrob. Agents Chemother. 52:1257–1263. 89. Naas, T., Cuzon, G., Villegas, M. V., Lartigue, M. F., Quinn, J. P. and Nordmann, P. (2008). Genetic structures at the origin of acquisition of the beta-lactamase blaKPC gene. Antimicrob. Agents Chemother 52, 1257-63. 90. Eckert C et al. (2004). Dissemination of CTX-M-Type β-Lactamases among Clinical Isolates of Enterobacteriaceae in Paris, France. Antimicrob. Agents Chemother 48(4):1249-1255 91. Levesque, C., Piche, L., Larose, C., and Roy, P. H. (1995). PCR mapping of integrons reveals several novel combinations of resistance genes. Antimicrob. Agents Chemother 39, 185-91. 92. Carattoli, A., Bertini, A., Villa, L., Falbo, V., Hopkins, K. L., and Threlfall, E. J. (2005). Identification of plasmids by PCR-based replicon typing. J. Microbiol. Methods. 63, 219-28.

93. Kado e Liu, (1981). Rapid procedure for detection and isolation of large and small plasmids. J.Bacteriol.145, 1365-1373 94. Morris, D., Boyle, F., Ludden, C., Condon, I., Hale, J., Nuala, O., Power, L., Boo, T.W., Dhanji, H., Lavallee, C., Woodford, N., and Cormican, M. (2011). Production of KPC-2 Carbapenemase by an Escherichia coli Clinical Isolate Belonging to the International ST131 Clone. Antimicrob. Agents Chemother. 55(10), 4935–4936. 95. Nuesch-Inderbinen, M.T., Kayser, F.H., and Hachler, H. (1997). Survey and molecular genetics of SHV beta-lactamases in Enterobacteriaceae in Switzerland: two novel enzymes, SHV-11 and SHV-12. Antimicrob. Agents Chemother. 41, 943-9.

Page 52: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

43

96. Kim, J., Kwon, Y., Pai, H., Kim, J.W., and Cho, D.T. (1998). Survey of Klebsiella pneumoniae strains producing extended-spectrum β-lactamases: prevalence of SHV-12 and SHV-2a in Korea. Journal of Clinical Microbiology. 36, 1446–9. 97. Jemima, S.A., and Verghese, S. (2009). SHV-28, an extended-spectrum beta-lactamase produced by a clinical isolate of Klebsiella pneumoniae in south India. Indian .J Med. Microbiol. 27(1), 51-4.

98. Hernandez, A.S., Albertí, S., Alvarez, D., et al. (1999). Porin expression in clinical isolates of Klebsiella pneumoniae. Microbiology. 145, 673–679.

99. Nikaido, H. (1989). Outer membrane barrier as a mechanism of antimicrobial resistance. Antimicrob. Agents Chemother. 33, 1831–1836. 100. Sanchez, D.A. (2000). Activity of nine antimicrobial agents against clinical isolates of Klebsiella pneumoniae producing extended-spectrum betalactamases and deficient or not in porins. J. Antimicrob. Chemother. 46, 858–860. 101. Siu, L.K. (2001). Is OmpK35 specific for ceftazidime penetration? Antimicrob. Agents Chemother. 45, 1601–1602. 102. Shakib, P., Ghafourian, S., Zolfaghary, M.R., Hushmandfar, R., Ranjbar, R., and Sadeghifard, N. (2011). Prevalence of OmpK35 and OmpK36 porin expression in beta-lactamase and non-betalactamase-producing Klebsiella pneumonia. Biologics: Targets and Therapy. 2012(6), 1-4. 103. Martínez, M.L., Pascual, A., Hernandez, A.S., et al. (1999). Roles of B-lactamases and porins in activities of carbapenems and cephalosporins against Klebsiella pneumoniae. Antimicrob. Agents Chemother. 43, 1669–1673. 104. García-Fernández, A., Miriagou, V., Papagiannitsis, C.C., Giordano, A., Venditti, M., Mancini, C., and Carattoli A. (2010). An ertapenem-resistant extended-spectrum-beta-lactamase-producing Klebsiella pneumonia clone carries a novel OmpK36 porin variant. Antimicrob. Agents Chemother. 54(10), 4178-84. 105. Cuzon, G., et al. (2010). Worldwide diversity of Klebsiella pneumoniae that produce ß-lactamase blaKPC-2 gene. Emerg. Infect. Dis. 16, 1349–1356.

106. Leavitt, A., Chmelnitsky, I., Ofek, I., Carmeli, Y., and Navon-Venezia, S. (2010). Plasmid pKpQIL encoding KPC-3 and TEM-1 confers carbapenem resistance in an extremely drug-resistant epidemic Klebsiella pneumoniae strain. J. Antimicrob. Chemother. 65, 243–248.

107. Miriagou, V., et al. (2003). Imipenem resistance in a Salmonella clinical strain due to plasmid-mediated class A carbapenemase KPC-2. Antimicrob. Agents Chemother. 47, 1297–1300. 108. Poirel, L., Lagrutta, E., Cleary, T., Munoz-Price, L.S., and Nordmann, P. (2010). Emergence of KPC-producing Pseudomonas aeruginosa, United States. Antimicrob. Agents Chemother. 54, 3072. 109. Lavollay, M., Mamlouk, K., Frank, T., et al. (2006). Clonal dissemination of a CTX-M-15 β-lactamase-producing Escherichia coli strain in the Paris area, Tunis, and Bangui. Antimicrob. Agents Chemother. 50, 2433 - 2438. 110. Oliveira, A.C., and Damasceno, Q.S. (2012). O papel do ambiente hospitalar na disseminação de bactérias resistentes. Rev. Epidemiol. Control. Infect. 2(1), 28-31.

111. Rubtsova, M.Y., el al. (2001). Multiparametric Determination of Genes and Their Point Mutations for Identification of Beta-Lactamases. Biochemistry (Mosc).75(13), 1628-49.

112. Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) - Normas de Desempenho para Testes de Sensibilidade Antimicrobiana: 15º Suplemento informativo; M100-S15; 25(1). 113. Performance standards for antimicrobial disk susceptibility testing; Approved standard M100-S17; 17th ed; 2007; Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne, Pa. 114. Gonzalez, L. M., Perez-Diaz, J.C., Ayala, J., Casellas, J.M., Martinez-Beltran, J., Bush, K. and Baquero, F. (1994). Gene sequence and biochemical characterization of FOX-1 from Klebsiella pneumoniae, a new AmpC-type plasmid-mediated beta-lactamase with two molecular variants. Antimicrob. Agents Chemother. 38(9), 2150-7.

Page 53: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

44

115. Gomez, S.A., Pasteran, F.G., Faccone, D., Tijet, N., Rapoport, M., Lucero, C., Lastovetska, O., Albornoz, E., Galas, M., Melano, R.G., Corso, A. and Petroni, A. (2011). Clonal dissemination of Klebsiella pneumoniae ST258 harbouring KPC-2 in Argentina. Clin. Microbiol. Infect. 17(10),1520-4. 116. Prescott, L.M., et al. (2005). Microbiology. 6

th edition. McGraw Hill.

117. Pitton, J.S. (1972). Mechanisms of bacterial resistance to antibiotics. Review of Physiology. 65, 15

(93).

Page 54: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

45

ANEXOS

Tabela 1: Primers e condições de PCR utilizadas nas técnicas de tipificação molecular M13-PCR

fingerprinting e BOX-PCR fingerprinting.

Tabela 2: Primers e condições de PCR utilizadas na técnica de Multilocus Sequence Typing (MLST) para

os isolados de E. coli. F: primer forward; R: primer reverse.

Tabela 3: Primers e condições de PCR utilizadas na técnica de Multilocus Sequence Typing (MLST) para

os isolados de K. pneumonia. F: primer forward; R: primer reverse.

Desnaturação Annealing Extensão

M13 5'-GAGGGTGGCGGTTCT-3' 94°C, 2 min. 35 94°C, 20 seg. 50°C, 1 min. 72°C, 20 seg.

BOX 5'-CTACGGCAAGGCGACGCTGACG-3' 95°C, 5 min. 39 95°C, 20 seg. 60°C, 1 min. 72°C, 20 seg.

72°C, 5 min.

Primers

Extensão final

72°C, 5 min.

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

Ciclos

Desnaturação Annealing Extensão

F: 5'-ATTCTGCTTGGCGCTCCGGG-3'

R: 5'-CCGTCAACTTTCGCGTATTT-3'

F: 5'-TCACAGGTCGCCAGCGCTTC-3'

R: 5'-GTACGCAGCGAAAAAGATTC-3'

F: 5'-TCGGCGACACGGATGACGGC-3'

R: 5'-ATCAGGCCTTCACGCGCATC-3'

F: 5'-ATGGAAAGTAAAGTAGTTGTTCCGGCACA-3'

R: 5'-GGACGCAGCAGGATCTGTT-3'

F: 5'-ATGAAAGTCGCAGTCCTCGGCGCTGCTGGCGG-3'

R: 5'-TTAACGAACTCCTGCCCCAGAGCGATATCTTTCTT-3'

F: 5'-CGCGCTGATGAAAGAGATGA-3'

R: 5'-CATACGGTAAGCCACGCAGA-3'

F: 5'-CGCATTCGCTTTACCCTGACC-3'

R: 5'-TCGTCGAAATCTACGGACCGGA-3'

PrimersGenes

adk 72ºC, 5min. 54ºC, 1min.

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

Ciclos

95ºC, 2min. 30 60ºC, 1min.

95ºC, 2min. 30 54ºC, 1min.

recA

95ºC, 2min.

95ºC, 2min.

95ºC, 2min.

95ºC, 2min.

95ºC, 2min.

30

30

fumC

gyrB

icd

mdh

purA

30

30

30

95ºC, 1min.

95ºC, 1min.

95ºC, 1min.

95ºC, 1min.

95ºC, 1min.

95ºC, 1min.

95ºC, 1min.

72ºC, 5min.

72ºC, 5min.

72ºC, 5min.

54ºC, 1min.

60ºC, 1min.

54ºC, 1min.

60ºC, 1min.

72ºC, 2min.

72ºC, 2min.

72ºC, 2min.

72ºC, 2min.

72ºC, 2min.

72ºC, 2min.

72ºC, 2min.

72ºC, 5min.

72ºC, 5min.

72ºC, 5min.

Extensão final

Desnaturação Annealing Extensão

F: 5'-TGAAATATGACTCCACTCACGG-3'

R: 5'-CTTCAGAAGCGGCTTTGATGGCTT-3'

F: 5'-CTCGCTGCTGGACTATATTCG-3'

R: 5'-CGCTTTCAGCTCAAGAACTTC-3'

F: 5'-CCCAACTCGCTTCAGGTTCAG-3'

R: 5'-CCGTTTTTCCCCAGCAGCAG-3'

F: 5'-GAGAAAAACCTGCCTGTACTGCTGGC-3'

R: 5'-CGCGCCACGCTTTATAGCGGTTAAT-3'

F: 5'-ACCTACCGCAACACCGACTTCTTCGG-3'

R: 5'-TGATCAGAACTGGTAGGTGAT-3'

F: 5'-GGCGAAATGGCWGAGAACCA-3'

R: 5'-GAGTCTTCGAAGTTGTAACC-3'

F: 5'-CTTTATACCTCGGTACATCAGGTT-3'

R: 5'-ATTCGCCGGCTGRGCRGAGAG-3'

Genes Primers

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

CiclosExtensão final

72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

94ºC, 5min. 35 94ºC, 30seg. 50ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

94ºC, 5min. 35 94ºC, 30seg. 60ºC, 30seg.

50ºC, 30seg.

72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

94ºC, 5min. 35 94ºC, 30seg. 50ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

94ºC, 5min. 35 94ºC, 30seg. 50ºC, 30seg.

72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

gapA

infB

mdh

pgi

tonB

phoE

rpoB

94ºC, 5min. 35 94ºC, 30seg. 50ºC, 30seg.

72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

94ºC, 5min. 35 94ºC, 30seg. 50ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

94ºC, 5min. 35 94ºC, 30seg.

Page 55: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

46

Tabela 4: Primers e condições de PCR utilizadas para a amplificação dos principais genes de resistência

estudados e para as porinas OmpK35 e OmpK36. F: primer forward; R: primer reverse.

Tabela 5: Primers e condições de PCR utilizadas para a determinação do ambiente genético do gene de

resistência blaKPC. F: primer forward; R: primer reverse.

Tabela 6: Primers e condições de PCR utilizadas para a determinação do ambiente genético do gene de

resistência blaCTX e dos integrões de classe I. F: primer forward; R: primer reverse.

Tabela 7: Primers e condições de PCR utilizadas na técnica de Replicon Typing para as origens de

replicação dos diferentes grupos de incompatibilidade. F: primer forward; R: primer reverse.

Desnaturação Annealing Extensão

F: 5'-TATCGCCGTCTAGTTCTGCTGTCT-3'

R: 5'-ACTGCCCGTTGACGCCCAAT-3'

F: 5'-SCSATGTGCAGYACCAGTAA -3'

R: 5'-CCGCRATATGRTTGGTGGTG-3'

F: 5'-GAAAGGGCCTCGTGATAC-3'

R: 5'-TTACCAATGCTTAATCAGTGAGGCACC-3'

F: 5'-CACTCAAGGATGTATTGTG-3'

R: 5'-TTAGCGTTGCCAGTGCTCG-3'

F: 5'-ATATTCTGGCAGTGGTGATCC-3'

R: 5'-GCTTTGGTGTAATCGTTGTCG-3'

F: 5'-TAGCAGGCGCAGCAAATGC-3'

R: 5'-TGCAACCACGTCGTCGGTA-3'

Genes Primers

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

CiclosExtensão final

72ºC, 10min.

blaCTX 94ºC, 3min. 20 94ºC, 1min. 60ºC, 1min. 72ºC, 3min. 72ºC, 7min.

bla KPC 94ºC, 10min. 30 94ºC, 45seg. 62ºC, 45seg. 72ºC, 1min,30seg.

72ºC, 9min.

bla SHV 94ºC, 10min. 30 94ºC, 35seg. 62ºC, 45seg. 72ºC, 1min, 30seg. 72ºC, 10min.

bla TEM 94ºC, 3min. 35 94ºC, 1min. 56ºC, 1min. 72ºC, 1min.

72ºC, 10min.

OmpK36 94ºC, 10min. 35 94ºC, 30seg. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 10min.

OmpK35 94ºC, 10min. 35 94ºC, 30seg. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

Desnaturação Annealing Extensão

F: 5'-CTCCCTGTTGCTGGCTTTTGA-3'

R: 5'-GATGGCGCGGTTGAAGTATTC-3'

F: 5'GGCACGGCAAATGACTA-3'

R: 5'-GAAGATGCCAAGGTCAATGC-3'

Genes Primers

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

CiclosExtensão final

72ºC, 10min.

ISKpn6 94ºC, 10min. 34 94ºC, 45seg. 55ºC, 45seg. 72ºC, 45seg. 72ºC, 10min.

ISKpn7 94ºC, 10min. 34 94ºC, 45seg. 61ºC, 45seg. 72ºC, 1min.

Desnaturação Annealing Extensão

F: 5'-AAAAATGATTGAAAGGTGGT-3'

R: 5'-CCGTGACACTGTTTCAGGTTC-3'

F: 5'-TGGACAACAGATTACACCCG-3'

R: 5'-CGGTTGTAATCTGTTGTCCA-3'

F: 5'-GGCATCCAAGCAGCAAG-3'

R: 5'-AAGCAGACTTGACCTGA-3'72ºC, 5min. 72ºC, 10min.

Genes Primers

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

CiclosExtensão final

Integrão

classe I94ºC, 10min. 45 94ºC, 1min. 55ºC, 1min.

72ºC, 1min. 72ºC, 10min.

IS903 95ºC, 3min. 29 95ºC, 1min. 54ºC, 1min. 72ºC, 1min. 72ºC, 10min.

ISEcp1 95ºC, 3min. 29 95ºC, 1min. 60ºC, 1min.

Desnaturação Annealing Extensão

F: 5'-GGAGCGATGGATTACTTCAGTAC-3'

R: 5'-TGCCGTTTCACCTCGTGAGTA-3'

F: 5'-TTTCTCCTGAGTCACCTGTTAACAC-3'

R: 5'-GGCTCACTACCGTTGTCATCCT-3'

F: 5'-CGAAAGCCGGACGGCAGAA-3'

R: 5'-TCGTCGTTCCGCCAAGTTCGT-3'

F: 5'-AACCTTAGAGGCTATTTAAGTTGCTGAT-3'

R: 5'-TGAGAGTCAATTTTTATCTCATGTTTTAGC-3'

F: 5'-GGATGAAAACTATCAGCATCTGAAG-3'

R: 5'-CTGCAGGGGCGATTCTTTAGG-3'

F: 5'-GTCTAACGAGCTTACCGAAG-3'

R: 5'-GTTTCAACTCTGCCAAGTTC-3'

72ºC, 5min.

IncN 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncL/M 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

72ºC, 5min.

IncX 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncI1-Iγ 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

Genes Primers

Condições da Reacção de PCR

Desnaturação

inicial

Nª de

ciclos

CiclosExtensão final

72ºC, 5min.

IncHI2 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 3min. 72ºC, 5min.

IncHI1 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

Page 56: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

47

F: 5'-CCATGCTGGTTCTAGAGAAGGTG-3'

R: 5'-GTATATCCTTACTGGCTTCCGCAG-3'

F: 5'-GGAGTTCTGACACACGATTTTCTG-3'

R: 5'-CTCCCGTCGCTTCAGGGCATT-3'

F: 5'-CCTAAGAACAACAAAGCCCCCG-3'

R: 5'-GGTGCGCGGCATAGAACCGT-3'

F: 5'-AATTCAAACAACACTGTGCAGCCTG-3'

R: 5'-GCGAGAATGGACGATTACAAAACTTT-3'

F: 5'-CTATGGCCCTGCAAACGCGCCAGAAA-3'

R: 5'-TCACGCGCCAGGGCGCAGCC-3'

F: 5'-GTGAACTGGCAGATGAGGAAGG-3'

R: 5'-TTCTCCTCGTCGCCAAACTAGAT-3'

F: 5'-GAGAACCAAAGACAAAGACCTGGA-3'

R: 5'-ACGACAAACCTGAATTGCCTCCTT-3'

F: 5'-TTGGCCTGTTTGTGCCTAAACCAT-3'

R: 5'-CGTTGATTACACTTAGCTTTGGAC-3'

F: 5'-CTGTCGTAAGCTGATGGC-3'

R: 5'-CTCTGCCACAAACTTCAGC-3'

F: 5'-GCGGTCCGGAAAGCCAGAAAAC-3'

R: 5'-TCTTTCACGAGCCCGCCAAA-3'

F: 5'-GCGGTCCGGAAAGCCAGAAAAC-3'

R: 5'-TCTGCGTTCCGCCAAGTTCGA-3'

F: 5'-TGATCGTTTAAGGAATTTTG-3'

R: 5'-GAAGATCAGTCACACCATCC-3'

72ºC, 5min.

IncF 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 52ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncB/O 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

72ºC, 5min.

IncK 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncFIIAs 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

72ºC, 5min.

IncT 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncA/C 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

72ºC, 5min.

IncFIC 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncP 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

72ºC, 5min.

IncY 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncW 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

72ºC, 5min.

IncFIB 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min. 72ºC, 5min.

IncFIA 94ºC, 5min. 30 94ºC, 1min. 60ºC, 30seg. 72ºC, 1min.

Page 57: DISSEMINAÇÃO DE DETERMINANTES GENÉTICOS DE RESISTÊNCIA EM ...repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9640/1/ulfc103130_tm_joana_costa.pdf · Emergence of Escherichia coli sequence type

48

Tabela 8: Isolados estudados, serviço hospitalar de onde foram obtidos e valores dos antibiogramas.

Antibióticos: GM (gentamicina), CIP (ciprofloxacina), FOX (cefoxitina), AMC (amoxicilina+ácido

clavulânico), CAZ (ceftazidima), CTX (cefotaxima), IPM (imipenemo), MEM (meropenemo), DOR

(doripenemo), ETP (ertapenemo), FEP (cefepima); inibidores: clox (cloxacilina), AB (ácido borónico), ED

(EDTA). (ND: não determinado; NA: não aplicável.)

1Es

cher

ich

ia c

oli

INT-

HSC

-NEF

RO

LOG

IA /

MED

ICIN

A6

ND

6N

D10

106

ND

12N

D10

ND

13N

D15

1724

1723

1422

1010

2Es

cher

ich

ia c

oli

HP

-UR

G. G

ERA

L6

66

616

166

1112

1414

1718

2016

1321

1517

1121

ND

ND

3Es

cher

ich

ia c

oli

INT-

HSC

-CIR

CA

RD

IOTO

RA

CIC

A6

66

615

176

1112

1413

1714

1715

1422

922

1020

ND

ND

4En

tero

ba

cter

clo

aca

eIN

T-H

EM-N

EUR

OTR

AU

MA

TOLO

GIA

66

2926

613

1014

617

616

2524

ND

ND

NA

ND

NA

ND

ND

ND

ND

5En

tero

ba

cter

clo

aca

eIN

T-H

SC-C

IR C

AR

DIO

TOR

AC

ICA

ND

ND

ND

ND

66

ND

ND

ND

ND

6N

D14

ND

1419

2015

1817

1916

19

6En

tero

ba

cter

am

nig

enu

sIN

T-H

SC-C

IR C

AR

DIO

TOR

AC

ICA

2019

66

66

610

615

618

611

ND

ND

ND

ND

ND

ND

ND

ND

ND

7K

leb

siel

la p

neu

mo

nia

eIN

T-H

SC-C

IR C

AR

DIO

TOR

AC

ICA

6N

D6

ND

66

9N

D13

ND

6N

D21

ND

2121

2111

2314

146

6

8En

tero

ba

cter

clo

aca

eH

P-U

RG

. GER

AL

ND

ND

ND

ND

66

ND

ND

ND

ND

6N

D24

2424

2929

2929

2020

1920

9En

tero

ba

cter

clo

aca

eIN

T-H

SFX

CIR

UR

GIA

GER

AL

66

1819

67

89

1314

1821

2125

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

11

Ente

rob

act

er c

loa

cae

INT-

HEM

-MED

ICIN

A I

I B

1921

2626

918

915

1021

1019

2425

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

12

Ente

rob

act

er c

loa

cae

INT-

HSC

-CIR

CA

RD

IOTO

RA

CIC

A15

156

66

128

116

157

1725

24N

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

13

Ente

rob

act

er c

loa

cae

HP

-UR

G. G

ERA

L7

1014

156

812

119

1222

2224

24N

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

14

Ente

rob

act

er c

loa

cae

INT-

HSF

X C

IRU

RG

IA G

ERA

LN

DN

DN

DN

D6

10N

DN

DN

DN

D6

ND

22N

D22

2728

2125

1220

1824

15

Esch

eric

hia

co

liC

ON

-HEM

-UR

OLO

GIA

6N

D6

ND

29N

D19

ND

26N

D17

ND

31N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

16

Esch

eric

hia

co

liH

EM-U

CI

CIR

UR

GIA

GER

10N

D6

ND

22N

D13

ND

26N

D27

ND

32N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

17

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HEM

-IN

FEC

CIO

LOG

IA6

66

620

2110

178

136

620

2219

1415

619

913

6N

D

18

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HEM

-UR

OLO

GIA

A19

236

614

1513

1715

166

1027

30N

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

23

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HEM

-UC

IP6

ND

15N

D24

ND

16N

D10

ND

8N

D26

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

24

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X C

IRU

RG

IA G

ERA

L6

ND

17N

D24

ND

18N

D11

ND

8N

D27

ND

ND

24N

A20

NA

18N

A14

ND

25

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HEM

-UC

IC6

ND

6N

D19

ND

18N

D14

ND

10N

D26

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

26

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

CO

N-H

SC-T

X R

ENA

L6

ND

6N

D25

ND

16N

D15

ND

9N

D27

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

28

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X-H

EMA

TOLO

GIA

6N

D6

ND

18N

D12

ND

13N

D6

ND

26N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

29

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X-H

EMA

TOLO

GIA

6N

D6

ND

66

6N

D11

ND

6N

D21

ND

2120

206

2214

146

6

30

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

HSF

X-U

CI

OR

TOP

EDIA

6N

D6

ND

18N

D15

ND

15N

D10

ND

27N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

31

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

HSF

X-O

NC

OLO

GIA

26

ND

6N

D19

ND

15N

D15

ND

10N

D26

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

32

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

HP

-UR

G. G

ERA

L6

ND

6N

D17

ND

15N

D15

ND

6N

D30

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

33

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X-U

CIC

6N

D6

ND

1313

6N

D27

ND

21N

D22

2526

2424

1526

1212

1616

35

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

CO

M-H

EM-U

RO

LOG

IA20

ND

6N

D12

ND

8N

D14

ND

6N

D24

ND

ND

22N

A21

NA

13N

A12

ND

36

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

CO

M-H

EM-U

RO

LOG

IA6

ND

6N

D22

ND

15N

D13

ND

6N

D22

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

37

Esch

eric

hia

co

liIN

T-H

SC-N

EFR

OLO

GIA

/ M

EDIC

INA

6N

D6

ND

26N

D16

ND

13N

D6

ND

26N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

38

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSC

-UC

I C

IR C

AR

DIO

TOR

AX

ICA

6N

D6

ND

22N

D15

ND

14N

D8

ND

25N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

39

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HEM

-UC

IC6

ND

6N

D24

ND

14N

D16

ND

8N

D26

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

40

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X-M

EDIC

INA

IV

15N

D6

ND

19N

D14

ND

15N

D8

ND

28N

DN

D26

NA

24N

A19

NA

14N

D

41

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

HP

-UR

G. G

ERA

L6

ND

6N

D22

ND

15N

D13

ND

7N

D25

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

42

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

HP

-UR

G. G

ERA

L6

ND

6N

D23

ND

15N

D15

ND

8N

D26

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

43

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

CO

M-H

SC T

X R

ENA

L6

ND

6N

D18

1810

ND

10N

D6

ND

28N

D28

2424

1727

2121

1414

44

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X-H

EMA

TOLO

GIA

17N

D6

ND

14N

D11

ND

18N

D22

ND

24N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

45

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X-H

EMA

TOLO

GIA

18N

D6

ND

26N

D16

ND

25N

D30

ND

26N

DN

DN

DN

AN

DN

AN

DN

AN

DN

D

46

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSF

X-H

EMA

TOLO

GIA

21N

D6

ND

66

10N

D17

ND

22N

D25

ND

2524

2413

2417

1717

17

47

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

HEM

-UC

I C

IRU

RG

IA G

ER22

ND

22N

D6

1010

ND

23N

D22

ND

25N

D25

2020

1025

1414

2020

48

Kle

bsi

ella

pn

eum

on

iae

INT-

HSC

-CIR

CA

RD

IOTO

RA

CIC

A6

ND

6N

D19

ND

15N

D14

ND

6N

D25

ND

ND

ND

NA

ND

NA

ND

NA

ND

ND

49

Esch

eric

hia

co

liC

OM

HSC

-TX

REN

AL

6N

D6

ND

1010

6N

D12

ND

10N

D13

ND

1416

2517

2314

2210

10

ETP

+AB

FEP

FEP

+clo

xIP

M+E

DM

EMM

EM+A

BD

OR

DO

R+A

BET

PIP

M+c

lox

CIP

CIP

+clo

xFO

XFO

X+c

lox

AM

CA

MC

+clo

xC

AZ

CA

Z+cl

ox

CTX

CTX

+clo

xIP

MN

º am

ost

ra

Esti

rpe

Serv

iço

ho

spit

alar

GM

GM

+clo

x