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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
Faculdade de Cincias e Tecnologia
Departamento de Cincias da Terra
CONTRIBUTO PARA A GESTO DO RISCO GEOTCNICO NA CONSTRUO DE TNEIS
Por
Mrio Andr Fernandes Cndido
(Licenciado em Engenharia Geolgica)
Dissertao apresentada na Faculdade de Cincias e Tecnologia
da Universidade Nova de Lisboa para obteno do grau deMestre em Engenharia Geolgica (Geotecnia)
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Dedcaa
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C
C, C
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Agadece
A realizao desta dissertao o culminar de um dos diversos objectivos de vida que me
propus a atingir, o qual no seria possvel ser concretizado sem o apoio e colaborao de
diversas pessoas. Nesta seco tenho a possibilidade de expressar o sentimento de profundo
agradecimento que usufruo por todos aqueles que, de uma forma ou de outra, mais ou
menos marcadamente, contriburam para a realizao deste trabalho. Posto isto, expresso
os meus mais sinceros agradecimentos:
Prof.Ana Paula F. da Silva, por toda a amizade, incentivo e pacincia demonstrada
particularmente durante este ltimo ano e pela ajuda incansvel na orientao desta
dissertao, bem como pelo fornecimento de documentao, reviso e crtica deste
trabalho;
Ao Prof. A. Silva Gomes pela amizade, orientao, reviso e crtica. Bem como pelo
fornecimento de documentao, conhecimentos fundamentais e motivao que me
transmitiu ao longo deste trabalho;
Ao Prof. Pedro Lamas, pela amizade demonstrada e pela sua disponibilidade para ajudar
sempre que necessrio;
Aos pais, por todo o amor, carinho e amizade com que sempre me apoiaram ao longo
destes anos, bem como a educao, os valores que me transmitiram e a base que
construram, para me tornar na pessoa que hoje sou;
minha irm por todo o amor, carinho e amizade demonstrada durante a minha vida;
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Re
Os riscos geotcnicos decorrentes de condies geolgicas, hidrogeolgicas e geotcnicas
imprevistas podem ter consequncias graves em termos de segurana, de controlo de
prazos e, consequentemente, de custos em todos os grandes empreendimentos de
Engenharia Civil. De entre eles, os tneis constituem obras s quais esto necessariamente
inerentes incertezas e riscos fortuitos em fase de projecto e apenas revelados na fase
construtiva. Neste contexto, verificase a necessidade de implementar para os tneis planosde gesto de risco geotcnico, que envolvam a identificao precoce dos perigos, bem como
a sua avaliao, mitigao, controlo e observao, atravs do acompanhamento e
monitorizao da obra e a comunicao dos respectivos resultados atravs de documentos
designados de registos de risco.
Esta dissertao versa sobre a gesto dos potenciais riscos geotcnicos de tneis, isto ,
perigos sob a forma de condies geolgicas, hidrogeolgicas e geotcnicas imprevistas ou
imprevisveis, associados s principais actividades de construo. O objectivo primordial
dessa gesto garantir uma resposta tcnica e organizacional atempada para evitar eventos
indesejveis, que possam afectar negativamente a obra, e assegurar um processo deconstruo contnuo, econmico e seguro. Introduzse uma descrio de todo o processo de
gesto do risco aplicado a tneis. Para alm da descrio das etapas inerentes ao plano de
gesto de riscos, so expostas algumas tcnicas e mtodos de anlise mais usuais, bem
como as principais actividades associadas que devem ser desenvolvidas durante a
construo. Apresentamse ainda algumas consideraes sobre os aspectos contratuais
ligados a esta temtica e a importncia da partilha do risco entre as partes intervenientes.
A dissertao termina com a exposio de um caso de estudo hipottico, sendo aplicada
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Abac
Geotechnical risks related to unforeseen geological, hydrogeological and geotechnical
conditions may have serious consequences in security, control of time and costs in all major
projects of Civil Engineering. Among them, tunnel projects are those having inherent
uncertainties and incidental risks at the design phase, which are only revealed at the
construction phase. In this framework, there is a need for the implementation of
geotechnical risk management plans for tunnels, which should involve the earlyidentification of hazards as well as their assessment, mitigation, control and observation,
through the construction accompanying and monitoring and communicating their results by
documents called risk registers.
This dissertation focuses on the management of potential geotechnical risks in tunnels, i.e.,
hazards associated with major construction activities in the form of geological,
hydrogeological and geotechnical unexpected or unforeseen conditions. The main objective
of such management is to ensure a technical and organizational timely response preventing
undesirable events which may affect adversely the project, and also ensuring a continuous,
economic and secure construction phase. A description of the complete process of riskmanagement applied to tunnels is introduced. Besides the description of the steps involved
in the risks management plan, some techniques and the most usual analysis methods are
also exposed, as well as the main activities that should be developed during construction
phase. Some further considerations on contractual features related to this subject and the
importance of risk sharing between the parties involved are present.
The disclosure of an hypothetical case study involving the application of a management
methodology proposed, which may potentially be implemented in similar future projects,
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Sbga
Afabe La:
c Coeso em termos de tenses totais;
E Mdulo de deformabilidade;
F Grau de fracturao do macio;
Ja J A N alterao das paredes das diaclases (sistema Q);
Jn J S N nmero de famlias de diaclases (sistema Q);
Jr J R N rugosidade das diaclases (sistema Q);
Jw J R F condies hidrulicas do macio (sistema Q);
Lu Unidade Lugeon;
Q ndice de qualidade do macio do Sistema Q (Barton);
W Estado de meteorizao do macio.
Afabe Geg:
m ngulo de atrito do macio rochoso;
Coeficiente de sismicidade;
Ohm.
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Abeaa
ALARP A L A R P;
ASCE A S C E;
BOT B O T;
BTS B T S;
CNPGB Comisso Nacional Portuguesa das Grandes Barragens;
DAT D A T;
DSC D S C;
.. por exemplo;
EC7 Eurocdigo 7 Projecto Geotcnico;
EPB E P B;
. ;
ETA E T A Anlise por rvore de eventos;
FCT Fundao para a Cincia e Tecnologia;
FCT/UNL Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa;
FIDIC I F C E;
FMEA F M E A Anlises dos Modos de Falha e dos seus
Efeitos;
FMECA F M, E C A Anlise dos Modos de Falha,
Efeitos e Severidade;
FTA F T A Anlise por rvore de falhas;
HAZOP HA OP A Anlise dos perigos e da operacionalidade;
. no mesmo lugar;
.. isto ;
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. . obra citada;
PAT Plano de Avano do Tnel;
PGR Plano de Gesto do Risco;
pp. pginas;
RCU Resistncia compresso uniaxial;
REC Percentagem de recuperao em manobras de sondagens;
RGR Relatrio Geotcnico de Referncia;
RISK R A M HS R S;
RMR R M R (Bieniawski);
RQD R Q D ndice de recuperao modificado (Deere);
RR Registo de Riscos;
RSAEEP Regulamento de Segurana a Aces para Estruturas de Edifcios e Pontes;
SIG Sistema de Informao Geogrfica;
SPG Sociedade Portuguesa de Geotecnia;
SRF S R F factor de reduo pelas tenses (sistema Q);
TBM T B M Tuneladora;
UM Universidade do Minho.
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dce
Dedicatria .............................................................................................................................................. iii
Agradecimentos ..................................................................................................................................... vii
Resumo .................................................................................................................................................... ix
Abstract ................................................................................................................................................... xi
Simbologia ............................................................................................................................................. xiii
Abreviaturas ........................................................................................................................................... xv
ndices .................................................................................................................................................. xvii
ndice de Figuras .................................................................................................................................... xxi
ndice de Quadros ............................................................................................................................... xxiii
1 INTRODUO ..................................................................................................................................... 1
1.1 ENQUADRAMENTO DO TEMA ....................................................................................................... 1
1.2 OBJECTIVOS ................................................................................................................................. 11
1.3 ORGANIZAO DA DISSERTAO ............................................................................................... 12
2 ESTADO DA ARTE .............................................................................................................................. 15
2.1 CONCEITOS E PRINCPIOS FUNDAMENTAIS ................................................................................ 15
2.1.1 Incerteza e risco .................................................................................................................. 15
2.1.2 Outros .................................................................................................................................. 18
2.2 SITUAO ACTUAL ...................................................................................................................... 21
2.2.1 Internacional ....................................................................................................................... 21
2.2.2 Nacional ............................................................................................................................... 23
2 3 RISCOS GEOTCNICOS E SUAS IMPLICAES 26
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3.1.2.2 Riscos geotcnicos relativos ao mtodo construtivo ................................................ 48
3.2 AVALIAO DO RISCO ................................................................................................................. 49
3.2.1 Anlise do risco ................................................................................................................... 49
3.2.1.1 rvore de falhas (FTA) ............................................................................................... 50
3.2.1.2 rvore de eventos (ETA) ........................................................................................... 55
3.2.1.3 Classificao do risco................................................................................................. 60
3.2.2 Apreciao do risco ............................................................................................................. 64
3.3 MITIGAO DO RISCO ................................................................................................................. 67
3.3.1 Definio de estratgias/prioridades .................................................................................. 68
3.3.2 O papel da prospeco geotcnica ..................................................................................... 72
3.3.2.1 Durante o projecto .................................................................................................... 72
3.3.2.2 Durante a obra .......................................................................................................... 77
3.3.3 Seleco do mtodo construtivo ......................................................................................... 81
3.3.3.1 Impacte na obra ........................................................................................................ 81
3.3.3.2 Caso prtico de aplicao.......................................................................................... 83
4 ASPECTOS CONTRATUAIS ................................................................................................................. 87
4.1 ENQUADRAMENTO ..................................................................................................................... 87
4.2 CONTRATOS E RESPONSABILIDADE PELO RISCO GEOTCNICO .................................................. 88
4.3 ALOCAO/PARTILHA DO RISCO GEOTCNICO .......................................................................... 93
4.3.1 Relevncia ........................................................................................................................... 93
4.3.2 Mtodo noruegus .............................................................................................................. 97
4.4 RELATRIO GEOTCNICO DE REFERNCIA (RGR) ..................................................................... 100
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5.4 REGISTO DE RISCOS (RR) ........................................................................................................... 130
5.5 PLANO DE AVANO DO TNEL (PAT) ........................................................................................ 134
6 CASO DE ESTUDO HIPOTTICO....................................................................................................... 137
6.1 METODOLOGIA DE GESTO ...................................................................................................... 138
6.2 DEFINIO DO CONTEXTO ........................................................................................................ 142
6.2.1 Descrio geral da obra ..................................................................................................... 142
6.2.2 Enquadramento geolgico geotcnico ........................................................................... 143
6.2.3 Trabalhos de prospeco geotcnica ................................................................................ 145
6.2.4 Consideraes geotcnicas ............................................................................................... 146
6.2.4.1 Zonamento geotcnico ........................................................................................... 147
6.2.4.2 Classificao geomecnica do macio .................................................................... 148
6.2.4.3 Dimensionamento do mtodo de escavao e sustimento.................................... 149
6.3 IDENTIFICAO DOS PERIGOS GEOTCNICOS .......................................................................... 151
6.4 AVALIAO DOS RISCOS ........................................................................................................... 154
6.4.1 Anlise ............................................................................................................................... 154
6.4.2 Apreciao ......................................................................................................................... 158
6.5 MITIGAO DOS RISCOS ........................................................................................................... 161
6.6 OBSERVAO, CONTROLO E REVISO DOS RISCOS .................................................................. 164
6.7 COMUNICAO DOS RISCOS .................................................................................................... 165
6.7.1 Registo dos riscos geotcnicos .......................................................................................... 165
7 CONSIDERAES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS ..................................................................... 169
7.1 CONSIDERAES FINAIS............................................................................................................ 169
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dce de Fga
Figura 1.1. A atitude face ao risco (Hoek, 2007). .................................................................................... 3
Figura 1.2. O objectivo da gesto do risco (Grasso .,2006, adaptado). ........................................... 4
Figura 1.3. Plano de gesto do risco (Powell & Silverton, 2003, adaptado). .......................................... 6
Figura 1.4. Equilbrio ente gesto do empreendimento e gesto do risco (Grasso ., 2008,
adaptado). ............................................................................................................................................. 10
Figura 2.1. As mais provveis consequncias dos riscos geotcnicos em tneis (Highways Agency
.,2002, adaptado). ............................................................................................................................. 26
Figura 2.2. Problemas relacionados com o terreno encontrados na construo de obras (Clayton,
2001 Henderson & Pickles, 2007, adaptado). ................................................................................... 28
Figura 2.3. Reviso da origem dos problemas geotcnicos encontrados na construo de obras
(Clayton, 2001 Henderson & Pickles, 2007, adaptado). .................................................................... 28Figura 2.4. Autocarro dentro da cratera formada na sequncia do colapso de um tnel do metro de
Munique (Munich Re Group, 2004). ..................................................................................................... 30
Figura 2.5. Subsidncia provocada pelo desabamento de um tnel do metro de Taegu (Wagner &
Knights, 2006). ....................................................................................................................................... 31
Figura 2.6. Aspecto geral da estao Pinheiros do metro de So Paulo aps o acidente (Globo, 2007).
............................................................................................................................................................... 32
Figura 2.7. Gesto e reduo do risco durante as diferentes fases da obra (Schubert, 2004, adaptado).
............................................................................................................................................................... 35
Figura 2.8. Modelo GeoQ de gesto do risco (Brinkman, 2008, adaptado). ......................................... 36
Figura 2.9. Fluxograma de risco fase de projecto fase de construo (Wagner, 2006,
adaptado). ............................................................................................................................................. 37
Figura 2.10. Seco transversal adoptada para o tnel SDSU (Silverton ., 2004, adaptado)......... 39
Figura 3.1. Mtodos e procedimentos mais utilizados na identificao de riscos em tneis. .............. 42
Figura 3 2 Tcnicas de identificao de risco mais usadas em tneis (Flores 2006 adaptado) 44
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Figura 3.8. Adopo do princpio ALARP na definio de critrios de aceitabilidade e tolerabilidade do
risco (Leca & Eskesen, 2006, adaptado). ............................................................................................... 66
Figura 3.9. Estratgias de mitigao do risco. ....................................................................................... 68
Figura 3.10. Variao do custo da obra em funo da relao comprimento total de sondagens e
comprimento do tnel (Hoek & Palmeiri, 1998, adaptado). ................................................................. 73
Figura 3.11. Contraste da classificao do terreno entre a fase de estudo prvio e a fase de
construo de um tnel (Ikuma, 2008, adaptado). ............................................................................... 74
Figura 3.12. rvore de deciso para a seleco da TBM mais apropriada (Khademi ., 2006
Shahriar ., 2008, adaptado). ........................................................................................................... 84
Figura 4.1. Evoluo contratual em tneis (Staveren, 2006, adaptado). .............................................. 91
Figura 4.2. Optimizao conceptual da partilha de risco segundo a prtica norueguesa (Grv, 2008,
adaptado). ............................................................................................................................................. 98
Figura 5.1. Modelo deteco do risco aco correctiva (HSE, 1996 Neto & Kochen, 2000,
adaptado). ........................................................................................................................................... 113
Figura 5.2. Lgica de lidar com o risco residual, no evitvel (Schubert, 2004, adaptado). .. 114
Figura 5.3. Sistema utilizado pelo MO num tnel (CE 439, 2004, adaptado). .................................... 117
Figura 5.4. Gesto dos riscos durante a construo atravs do MO e de acordo com o EC7 (Schubert,
2004, adaptado). ................................................................................................................................. 118
Figura 5.5. Desenvolvimento e tecnologias para a revitalizao do MO (Staveren, 2006, adaptado).
............................................................................................................................................................. 120
Figura 5.6. Exemplo de critrios de alerta para um tnel em NATM (CIRIA 185, 1999 Patel .,
2007, adaptado). ................................................................................................................................. 129
Figura 5.7. Os princpios do PAT (Grasso, 2008, adaptado). ............................................................... 134
Figura 5.8. A funo do PAT num projecto de um tnel (Grasso, 2008, adaptado). .......................... 135Figura 6.1. Proposta de metodologia de gesto do risco geotcnico. ................................................ 141
Figura 6.2. Zonamento geotcnico adoptado ao longo do eixo do tnel. .......................................... 148
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dce de Qad
Quadro 2.1. Diferenas entre Risco e Incerteza (Almeida, 2005, adaptado). ....................................... 16
Quadro 2.2. Acidentes durante a construo de tneis em Portugal (Seidenfu, 2006, adaptado). ... 33
Quadro 3.1. Descrio das tcnicas de identificao de risco. ............................................................. 43
Quadro 3.2. Exemplo de uma lista de verificao (United States Coast Guard, 2000a, adaptado)...... 45
Quadro 3.3. Vantagens e desvantagens da utilizao de listas de verificao (Santos, 2006; United
States Coast Guard, 2000a, adaptados). ............................................................................................... 46
Quadro 3.4. Principais perigos geotcnicos (excerto do Anexo I Quadro I.A.). .................................. 48
Quadro 3.5. Principais riscos geotcnicos relativos ao mtodo construtivo (excerto do Anexo I
Quadro I.B). ........................................................................................................................................... 49
Quadro 3.6. Alguns smbolos lgicos utilizados na construo de rvores de falhas (CNPGB, 2005,
adaptado). ............................................................................................................................................. 51
Quadro 3.7. Vantagens e desvantagens da utilizao da FTA (Santos, 2006; United States CoastGuard, 2000b; adaptados). .................................................................................................................... 53
Quadro 3.8. Vantagens e Desvantagens da ETA (Santos, 2006; United States Coast Guard, 2000c;
adaptado). ............................................................................................................................................. 57
Quadro 3.9. Classificao da verosimilhana de ocorrncia dos perigos geotcnicos no tnel N
(Shahriar ., 2008, adaptado). .......................................................................................................... 62
Quadro 3.10. Classificao das consequncias da ocorrncia dos perigos geotcnicos no tnel N
(Shahriar ., 2008, adaptado). .......................................................................................................... 63
Quadro 3.11. Classificao dos riscos geotcnicos utilizada para a escavao do tnel N com
trs tipos de TBM para macios rochosos (Khademi, 2006 Shahriar ., 2008, adaptado). ......... 64
Quadro 3.12. Matriz risco para o tnel N (Shahriar ., 2008, adaptado). .............................. 64
Quadro 3.13. ndices de risco para o tnel N (Shahriar ., 2008, adaptado). ........................ 65
Quadro 3.14. Perigos geotcnicos e medidas de mitigao mais comuns (Shahriar ., 2006
Shahriar .,2008, adaptado). ........................................................................................................... 71
(
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Quadro 5.3. Estimativa da poupana potencial, utilizando o MO (Maxwell & Naing, 2006, adaptado).
............................................................................................................................................................. 123
Quadro 5.4. Equipamentos de instrumentao e sua funo (Bastos, 1998; Amaral, 2006; ITA, 2009,
adaptado). ........................................................................................................................................... 124
Quadro 5.5. Excerto do registo de riscos geotcnicos para um tnel da rede de alta de velocidade
Coreana, GB HS R 143(Yoo, 2006,adaptado). .......................................................... 133
Quadro 5.6. Excerto de um registo de riscos geotcnicos de um tnel da linha de alta velocidade,
N B,associados ao mtodo construtivo (Grasso, 2008, adaptado). .............................. 133
Quadro 6.1. Caractersticas gerais da obra. ........................................................................................ 142
Quadro 6.2. Zonamento geotcnico do macio. ................................................................................. 147
Quadro 6.3. Classificao geomecnica (Bieniawsky, 1989). .............................................................. 148
Quadro 6.4. Sistema Q (Barton, 2002). ............................................................................................... 149
Quadro 6.5. Parmetros geomecnicos adoptados no projecto. ....................................................... 149
Quadro 6.6. Identificao dos perigos (excerto do Quadro II.A Anexo II). ...................................... 153
Quadro 6.7. Avaliao da verosimilhana da ocorrncia dos perigos (Clayton, 2001, adaptado)...... 154
Quadro 6.8. Acidentes pessoais (AP). ................................................................................................. 155
Quadro 6.9. Incremento de custos (IC). .............................................................................................. 155
Quadro 6.10. Atrasos na concluso das obras (AO). ........................................................................... 155
Quadro 6.11. Matriz dos riscos associados aos acidentes pessoais (AP). ........................................... 157
Quadro 6.12. Matriz dos riscos associados aos custos ou aos prazos (IC ou AO). .............................. 157
Quadro 6.13. Anlise dos riscos (excerto do Quadro II.B Anexo II). ................................................ 157
Quadro 6.14. Aceitabilidade dos riscos. .............................................................................................. 158
Quadro 6.15. Matriz dos nveis de risco relativa aos acidentes pessoais. .......................................... 160
Quadro 6.16. Matriz dos nveis de risco relativa aos custos ou aos prazos. ....................................... 160Quadro 6.17. Apreciao dos riscos e definio das aces a empreender (excerto do Quadro II.C
Anexo II). ............................................................................................................................................. 161
Quadro 6.18. Sntese das medidas concretas a implementar (excerto do Quadro II.D Anexo II). .. 162
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Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
1 INTRODUO
1.1
ENQUADRAMENTO DO TEMA
A presente dissertao, inserida no Mestrado em Engenharia Geolgica (Geotecnia) da
Faculdade de Cincias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT/UNL), tem como
objectivo principal contribuir para a implementao de uma poltica de gesto dos riscos
geotcnicos em Portugal no mbito da construo de tneis.
Ao longo de muitos anos, a gesto do risco tem sido valorizada em muitos sectores e
indstrias, como o caso do sector financeiro e das indstrias nuclear, qumica e .
Contudo, no sector da construo, e em particular em Portugal, esta ainda no foi
totalmente incorporada e explorada, apesar das incertezas e dos riscos elevados inerentes
quele sector. A aplicao de uma gesto de risco bem estruturada durante todas as fases
da vida da obra, desde a fase dos estudos de viabilidade, at construo e explorao,
necessita de ser iniciada ou alargada a muitos tipos de obras geotcnicas.
Associado a um risco est sempre um perigo. O perigo geotcnico todo o condicionante
geolgico, tais como falhas, dobras, zonas de cisalhamento, diaclases, xistosidade, foliao,
cavidades crsicas, aquferos, etc., que pode interferir, em maior ou menor grau e de modo
adverso, na estabilidade, estanqueidade, durabilidade e na geometria final das escavaes e
estruturas. O conceito mais geral de risco geotcnico neste mbito est associado
possibilidade de ocorrncia de condies geolgicas, durante a execuo de uma obra,
diferentes das previstas nos estudos de projecto e ao mtodo construtivo empregue. ,
deste modo, um risco induzido nos trabalhos de construo e nas obras em geral, pelas
condies do terreno, onde se verifica a probabilidade de danos em estruturas e pessoas
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Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
diferentes graus de severidade, entre as quais importa destacar perdas de vidas humanas e
elevados prejuzos econmicos. A maioria destes acidentes devese a deficincias no
processo de gesto de riscos geotcnicos implementado ou inclusive sua inexistncia.
Os tneis, obras lineares que se podem desenvolver no subsolo muitas vezes ao longo de
grandes extenses, ao contrrio de outras construes, lidam com parmetros de
variabilidade elevada, devido potencial heterogeneidade e ao fraco conhecimento
atingido dos meios geolgicos atravessados; da que o risco inerente a este tipo de obras
tenda a ser superior ao de outras. As condies geolgicas imprevistas, ou as incertezas
associadas s condies do terreno e os problemas geotcnicos que da derivam, so um dos
principais contributos para as falhas que podero ocorrer nos grandes projectos de obras
geotcnicas.
Deste modo, os tneis constituem um caso particular de construo destas obras, com um
importante risco de investimento. Da que no sejam apenas Engenheiros Civis, Engenheiros
Gelogos, Gelogos, ou Economistas os interessados naquela gesto, mas tambm as
companhias seguradoras tm grande interesse nesta vertente (Matos & Pinto, 2004). Apesar
das inmeras tentativas de lidar com estas situaes, nomeadamente atravs da
incorporao de vrias clusulas nos cadernos de encargos e do papel da fiscalizao, os
problemas persistem. A soluo mais adequada definir as condies geolgicas o mais
cedo e com o maior detalhe possvel, isto ( ..), planear da melhor forma o estudo do
macio para que os eventuais condicionalismos sejam minimizados.
Pelizza (1998 Azevedo, 2008) analisa o problema da previso de riscos em obras
subterrneas e constata que os acidentes em tneis, cujas causas so referidas como
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Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
Em suma, os riscos geotcnicos em tneis derivam da ocorrncia de situaes geolgicas ou
geotcnicas imprevistas, ou cuja dimenso ou consequncias excedam o previsto; contudo
as suas consequncias potenciais so diversas, a saber (Serra ., 2009):
Ferimentos ou fatalidades no pessoal ou em terceiros;
Atraso/interrupo de trabalhos;
Reformulao do projecto;
Necessidade de modificao de mtodos ou de reforo de meios em obra;
Custos acrescidos;
Disputas contratuais;
Perdas financeiras prprias;
Perdas financeiras de terceiros (por exemplo (..): seguradoras ou proprietrios de
estruturas ou infraestruturas vizinhas).
Posto isto, de referir que existem dois tipos de atitudes que podem ser adoptadas face ao
risco: h atitudes permissivas, que traduzem posies mais ou menos optimistas
relativamente aos perigos e atitudes avessas aos riscos, que traduzem posies mais ou
menos pessimistas em relao aos perigos (Kochen, 2009, adaptado). A Figura 1.1 ilustraesta mesma situao aplicada construo de uma obra subterrnea num macio rochoso.
Assim sendo, os indivduos com atitudes avessas aos riscos, iro exagerar na adopo de
medidas de sustimento (.., pregagens); inversamente, aqueles com atitudes permissivas,
iro adoptar medidas de sustimento aqum do necessrio e conviver com um risco de queda
de blocos, ou mesmo de colapso, do tnel. O primeiro caso economicamente inaceitvel,
enquanto o segundo ilustrado direita na Figura 1.1, viola todas as normas de segurana.
C t ib t t d i t i t d t i
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Como referido, a gesto do risco tem demonstrado o seu valor em muitos sectores, mas a
experincia que da adveio ainda no abrange, completamente, todos os aspectos relativos
s obras geotcnicas. Em particular, tem sido muitas vezes subalternizada a importncia das
pessoas, a conscincia dos riscos e a forma de gerilos. Os objectivos da gesto do risco
devem ser definidos segundo uma ordem de relevncia relativa. As prioridades dependem
da entidade que est a realizar a avaliao em cada fase da obra. Por exemplo, um
Empreiteiro preocuparse apenas com os riscos que encontrar durante a construo,
enquanto o Dono de Obra poder estar interessado, no s nos riscos que ocorrerem nessa
fase, mas tambm naqueles que permanecero na sua posse aquando da ulterior
explorao.
A gesto do risco geotcnico um processo global, sistemtico, de identificao, avaliao,
mitigao e controlo. O objectivo principal da sua implementao assegurar que os riscos
sejam reduzidos para nveis aceitveis e geridos da forma mais eficiente (Figura 1.2), a fim de
evitar as consequncias que possam surgir, da ocorrncia de um evento adverso. Para ser
efectivo, em termos de reduo dos impactes e identificao das oportunidades, este
processo deve ser desenvolvido o mais precocemente possvel. Para tudo isto, necessrioque os seguintes objectivos sejam cumpridos (Eskesen .,2004):
Identificar os riscos;
Identificar medidas para eliminar ou mitigar os riscos;
Implementar aquelas medidas, sempre que economicamente possvel, de acordo
com os objectivos especficos de reduo de risco ou a legislao em vigor.
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Como sabido, nas fases de projecto e construo, o risco associado nunca
completamente evitvel. Deste modo, a realizao da obra nunca pode ser considerada
como um evento prdeterminado. Apesar disto, o projecto de uma obra subterrnea,
tradicionalmente, segue uma abordagem iterativa, baseada num modelo de gesto indirecta
dos riscos potenciais, atravs de uma srie de decises preconizadas.
assim til, neste tipo de obras, estabelecer padres mnimos de avaliao de riscos e
procedimentos para a correcta gesto dos mesmos. Para tal, importante definir
claramente as responsabilidades das partes envolvidas, de modo a reduzir as probabilidades
de perdas e o nmero e extenso das disputas contratuais. necessrio que Engenheiros,
Projectistas e Empreiteiros identifiquem os riscos em cada empreendimento, procedam
sua qualificao e quantificao, elaborem planos e estratgias para a gesto destes riscos, e
adoptem processos de observao e controlo dos mesmos durante toda a fase de
construo da obra e ulterior entrada ao servio.
Na ltima dcada, foi desenvolvida e aplicada com sucesso, uma abordagem integrada, onde
a gesto eficiente do risco combinada com uma abordagem flexvel nas fases de projecto e
construo. Essa abordagem consiste na implementao de um Plano de Gesto do Risco
(PGR), uma metodologia de gesto de risco forte e transparente feita de passos claramente
identificados, que visa no apenas gerir os riscos, mas tambm garantir a segurana,
qualidade, custo e limites de durao da obra (Grasso ., 2007). Alm disto, o PGR deve
ser dinmico, continuamente revisto e actualizado devendo, no caso especifico de tneis,
essa reviso e actualizao ser dirias. Ao aplicar um PGR deve terse em mente o seguinte
(Grasso ., 2006):
Nenhum projecto de construo livre de risco. O risco pode ser gerido, minimizado,
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Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
O Dono de Obra e o Gestor do projecto devem reconhecer que certos riscos
permanecero a cargo do Dono de Obra. Este risco deve ser permitido na estimativa
de tempo e custo por parte do mesmo.
As obras j concludas e mais conhecidas a nvel mundial onde o PGR foi aplicado referemse
a tneis urbanos construdos com mtodos mecanizados (Linha 1 do Metro de Turim, Itlia;
Metro do Porto, Portugal; Linha de Alta Velocidade em Bolonha, Itlia). Os benefcios da
implementao do PGR no mbito daquelas obras so inmeros, .., construo dentro dos
limites de oramento, inexistncia de acidentes, entre outros. (Grasso . 2007).
A gesto dos riscos uma metodologia cclica composta por diversas etapas, aplicvel
transversalmente a todo o processo de concepo, construo e explorao de tneis. A
Figura 1.3 ilustra muitssimo bem as etapas de gesto do risco intrnsecas ao PGR.
Listas de verificao, sesses de. nfase inicial emaspectos legais, econmicos, etc.,e ulteriormente na construo,segurana e programa.
Identificao do responsvel pelorisco e indicao no projecto dequando este possa acontecer.
Classificao dos riscos em termosde probabilidade e impacto para
produzir e classificar semiquantitativamente os valores deexposio ao risco.
Pa de ge d c
Desenvolvimento
de uma anlise derisco quantitativa.
Idefcad eg
Aaa d c
Aca dc
Mga d c ea de cgca
Eada
Sada
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controlo dos riscos naquela fase. No entanto, as etapas de identificao, avaliao (anlise e
apreciao), mitigao e alocao dos riscos geotcnicos, no sero esquecidas, tendo em
conta que fundamental estimar os riscos associados a este tipo de projectos, averiguar a
sua aceitabilidade, incrementar aces correctivas e partilhar responsabilidades pelo risco,
defendendo que todas estas etapas devero ser aplicadas e constantemente actualizadas
durante a fase construtiva.
A identificao e avaliao dos riscos geotcnicos so as principais etapas do procedimento a
adoptar (Caspurro & Gomes, 2000). A identificao dos riscos associados a um determinado
projecto decisiva para a sua anlise, pois todo o processo ulterior evoluir de acordo com
os riscos identificados nesta fase. Devem ser desenvolvidos esforos para identificar o maior
nmero possvel de riscos associados obra, o que exige a participao de diversos
especialistas, de preferncia com experincia de projecto, construo e explorao de obras
da mesma tipologia (. .). A avaliao dos riscos envolve a determinao da probabilidade
de ocorrncia, as consequncias dessa ocorrncia, a importncia relativa face a outros riscos
e a determinao da vulnerabilidade do sistema ao risco. Esta fase resulta na atribuio de
um grau ao risco, ou seja, na sua classificao, e consequente apreciao do risco atravs da
anlise do seu grau de aceitabilidade/tolerabilidade.
Aps a avaliao dos riscos devem ser definidas e implementadas as medidas correctivas,
necessrias para evitar o risco ou para o reduzir a um nvel aceitvel, considerando que no
se justifica, do ponto de vista econmico, a sua reduo para um nvel mais baixo (. .).
Um ponto que vale a pena abordar, que intrnseco ao processo de gesto, a alocao do
risco. Actualmente e neste contexto de riscos relacionados com as condies do terreno, a
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p g g
A reduo do risco para um nvel aceitvel poder passar, para alm da adopo de medidas
correctivas, pela implementao de um programa de observao e controlo que permita
gerir os riscos residuais. Ainda segundo Caspurro & Gomes (2000), a planificao de um
sistema de observao e a definio de critrios de alerta, definidos de acordo com os riscos
identificados, esto entre as medidas mais eficazes para o seu controlo.
Finalmente, depois de todas estas etapas, necessrio que a informao seja devidamente
arquivada e transferida para a prxima fase. Isto pode ser efectuado atravs do registo de
riscos (RR). Segundo a B T S(BTS, 2003), esses registos so documentos
em constante evoluo pelo que devem ser continuamente revistos, e corrigidos sempre
que necessrio. Todas as informaes importantes provenientes das etapas anteriores
devem ser preparadas, num formato adequado, e ser mobilizadas para a prxima fase da
obra, de modo a serem disponibilizadas para eventuais intervenes que se venham a
revelar necessrias.
Os factores de risco que no podem ser evitados durante a fase de projecto representam os
factores de risco residual (.., o risco remanescente aps ter sido implementado um
programa de medidas para a sua mitigao), que precisam ser geridos durante a construo.
Nesta mesma fase, a gesto funciona como um instrumento para controlar os desvios
esperados pelo Projectista no comportamento do sistema e para minimizar os danos, no
caso de esses desvios virem a acontecer. O risco residual requer uma metodologia que
garanta a implementao dos procedimentos para a identificao atempada de
desenvolvimentos desfavorveis e o estudo de contra medidas para a sua atenuao. Para
tal, importante que estes riscos sejam comunicados com antecedncia ao Empreiteiro.
necessrio tambm priorizar, dependendo da circunstncia, a minimizao dos riscos com
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Definio de parmetroschave para verificar a correspondncia entre as previses e
os dados de construo;
Plano de segurana;
Verificao independente;
Superviso da construo e monitorizao.
Contudo, a gesto do risco no garante que a obra seja concluda dentro do prazo e do
oramento estipulados, pois a incerteza um apangio inerente construo subterrnea. A
eficcia completa do PGR alcanada se o mtodo de escavao apropriado
acompanhado, diariamente, por pessoal experiente e pela implementao de
procedimentos para orientar todos os processos de construo relevantes, governar os
acontecimentos chave e resolver todas as potenciais anomalias com um plano de aco
apropriado. Assim sendo, uma avaliao de risco correcta e vlida, deve e pode ser obtida,
somente com uma correcta compreenso do projecto e mtodo construtivo.
Para um PGR ter sucesso deve obedecer aos requisitos abaixo indicados (Kochen, 2009):
Reviso e avaliao dos macios terrosos/rochosos ocorrentes nas escavaes
subterrneas, considerando o mtodo construtivo seleccionado;
Reviso e avaliao das incertezas e variaes nas condies geolgicogeotcnicas
identificadas no projecto e mtodo construtivo;
Implementao de planos de prospeco geotcnica adicional, caso necessrios;
Clculos de estabilidade das escavaes subterrneas, e avaliao das necessidades
da execuo de melhoramentos do terreno;
Elaborao de um RR, contendo os riscos identificados, em relao s obras
subterrneas, estimativa da sua probabilidade de ocorrncia e impactes, bem como
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gesto do empreendimento (superviso, formao, observao da obra, relao Dono de
Obra Empreiteiro, qualidade da modeobra e interpretao dos dados da monitorizao).
A Figura 1.4 ilustra este conceito de equilbrio entre gesto do empreendimento e gesto de
riscos. Na prtica a separao destes dois conceitos no ocorre, uma vez que eles so
interdependentes.
Fga 1.4. Eb ee ge d eeede e ge d c (Ga 2008, adaad).
Em suma, a gesto do risco um processo sistemtico que visa (ITIG, 2006):
Identificar os perigos e riscos associados, atravs da respectiva avaliao, com
impacto na obra em termos de custos e de programa, incluindo aqueles com
terceiros;
Quantificar esses riscos e as respectivas implicaes nos custos;
Identificar e planear aces practivas, para eliminar ou mitigar os riscos;
Identificar mtodos a utilizar para o seu controlo;
Condies geolgicas
Projectoestrutural
Mtodos demelhoramento de
terrenos
Superviso
Formao
Observao
Relao
Dono de ObraEmpreiteiro
Modeobra
Interpretao
Rc Ge
Pec becedd
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de gua, exigirse a construo de um nmero considervel de novos tneis e,
consequentemente, a ocupao crescente do espao subterrneo. Perspectivase, assim,
que o desenvolvimento de estudos de risco geotcnico para tneis venha a adquirir uma
cada vez maior necessidade e relevncia no pas.
1.2OBJECTIVOS
Construir obras subterrneas, minimizando a probabilidade de ocorrncia de acidentes,limitando perdas e danos que possam influenciar de forma onerosa o tempo e os custos de
realizao e garantindo, quando em servio, a segurana dos operadores e do pblico,
depende da capacidade da Engenharia de identificar, atempadamente e de forma
estruturada e sistemtica, as incertezas peculiares da obra e a variabilidade das mesmas,
bem como os potenciais eventos e processos crticos nas suas diferentes fases de evoluo,
quantificar o consequente risco e definir as solues, quer de projecto quer construtivas,
capazes de reduzir o risco para nveis de aceitabilidade adequados obra em referncia
(Chiriotti ., 2004).
Desta maneira, necessria a constante evoluo e melhoramento de tcnicas e
metodologias de gesto de risco em tneis.
este o sentido que a presente dissertao pretende seguir. Deste modo, os objectivos que
se prope atingir so os seguintes:
Salientar a importncia e fomentar a aplicao das avaliaes de risco na construo
de tneis em Portugal;
Proporcionar um conjunto de novas orientaes para esta prtica e aprofundamento
das j existentes;
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Dar a conhecer algumas tcnicas de avaliao de risco quantitativas e qualitativas,
aplicando estas ltimas a um caso de estudo hipottico;
Recomendar a adopo de medidas e aces que reduzam ou evitem o risco, logo na
fase de projecto, prolongandoas para a fase de construo e de explorao de modo
a garantir a segurana de forma contnua;
Sugerir o estabelecimento de prioridades relativamente s medidas de reduo de
risco;
Descrever alguns aspectos contratuais e recomendar a partilha de riscos entre todas
as entidades intervenientes;
Rever os mtodos para observar e controlar o risco residual durante a construo;
Aplicar os conhecimentos a um caso de estudo hipottico, servindo de modelo para
facilitar a aplicao dos processos de gesto de riscos geotcnicos em futuras obras
de tneis.
Atravs de todos os pontos anteriormente mencionados pretendese contribuir para
implementar em Portugal um mtodo para a deteco de riscos que seja gil, eficiente e que
permita identificar eventos anmalos logo no seu incio, assim como evitar que os riscos
aumentem, impedindo que seja necessrio desenvolver esforos maiores para o seu ulterior
controlo, ou mesmo evitar possveis acidentes em obra.
1.3ORGANIZAO DA DISSERTAO
Esta dissertao est dividida em sete captulos, da seguinte forma:
No Captulo 1 apresentada uma breve introduo temtica abordada na presente
di t i l i d d t l d t d i i t d
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consideradas por alguns autores especialistas nesta matria, com as fases de obra, bem
como um exemplo de sucesso da aplicao destes processos.
No Captulo 3 so descritos com maior pormenor as etapas inerentes ao processo de gesto
do risco. So apresentados e sintetizados os principais mtodos e tcnicas de identificao e
avaliao de riscos em tneis. Alm disso so apresentadas as estratgias para mitigar o
risco, e debatida a importncia da prospeco geolgicogeotcnica na fase de projecto e na
fase de construo e da seleco do mtodo construtivo mais apropriado, como potenciais
redutores de risco. Este ltimo demonstrado atravs de um caso prtico de aplicao.
No Captulo 4 so apresentados aspectos contratuais, tipos de contrato, funes e
responsabilidades das partes intervenientes. Fazse referncia forma de lidar com o risco
geotcnico dentro desses contratos atravs da partilha do risco, demonstrado atravs do
mtodo noruegus e, por fim, so descritas as funes do Relatrio Geotcnico de
Referncia (RGR) no mbito da gesto do risco geotcnico.
No Captulo 5 so apresentados aspectos relativos gesto do risco durante a fase
construtiva de um tnel. Para alm de certas generalidades, so descritas asresponsabilidades das partes intervenientes, dada nfase observao e controlo do risco
residual, atravs do uso do Mtodo Observacional (MO). So referidos os equipamentos de
monitorizao mais usuais nestas obras, efectuada uma breve referncia ao registo dos
dados recolhidos e sua comunicao, e a definio de nveis de alerta e de alarme. Finaliza
se este captulo com uma descrio sumria de duas ferramentas de controlo do risco: o RR
e o Plano de Avano do Tnel (PAT).
No captulo 6 so implementados todos os conhecimentos adquiridos a um caso de estudo
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2 ESTADO DA ARTE
No presente captulo, definemse alguns conceitos e princpios fundamentais relacionados
com a temtica, procedese a uma reviso do estado actual dos processos de gesto de risco
em tneis, tanto a nvel internacional como nacional. ainda dado nfase ao impacto que o
risco geotcnico tem neste tipo de obras geotcnicas. So apresentados alguns casos
histricos de acidentes em tneis ocorridos nos ltimos anos e, por fim, so relacionadas e
esquematizadas as etapas de gesto do risco consideradas por alguns autores especialistasnesta matria com as fases de obra, bem como um exemplo de sucesso da aplicao da
metodologia de gesto do risco geotcnico a um tnel durante a construo.
2.1CONCEITOS E PRINCPIOS FUNDAMENTAIS
2.1.1
Iceea e c
Na Geotecnia a incerteza est presente em todas as fases de obra, desde a caracterizao do
respectivo local, passando pela anlise e projecto at tomada de decises e construo. A
incerteza inerente ao terreno. A influncia da incerteza sobre a fiabilidade de um dado
projecto geotcnico pode ser significativa e, frequentemente, reflectida no colapso de
estruturas dimensionadas para serem seguras (Costa, 2005). Embora existam grandes
avanos na aplicao da gesto de risco e elaborao de projectos baseados na fiabilidade,
ainda subsistem diversas origens de incerteza que no podem ser quantificadas facilmente.
A variabilidade espacial dos materiais geolgicos requer que o Engenheiro faa
extrapolaes a partir de furos de sondagens e amostragens pontuais. Tal extrapolao
envolve um grau de incerteza significativo (.., anomalias geolgicas presentes num local
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Qad 2.1. Dfeea ee Rc e Iceea (Aeda, 2005, adaad).
ADEFINIES
INCERTEZA RISCO
Flanagan &Norman (1993)
Situao em que no existem dados histricosou reais que possam estimar a probabilidadeda ocorrncia de um determinado evento.Assim sendo, ela ser estimada pela opiniode especialistas baseada nas informaesdisponveis.
Situao em que os dados existem eso mensurveis.
Raftery (1994)
Impossvel de estimar, fazendose apenas adescrio de um determinado cenrio onde
no possvel a quantificao, baseada emopinies, resultando na anlise de umaprobabilidade subjectiva.
quantificvel, podese avaliarestatisticamente atravs do clculo daprobabilidade objectiva, baseada naanlise de dados reais ou histricos.
Kerzner (1998)No existe possibilidade de avaliar aprobabilidade.
Determinado atravs da probabilidadeda sua ocorrncia.
Kassai Rodrigues(2001)
Risco que no pode ser avaliado. uma incerteza que pode ser medida.
Fica assim claro que na Geotecnia como em outras reas, no se encontra uma definio
unvoca de risco e incerteza.
Os riscos so eventos sobre os quais se pode reflectir em termos de probabilidade de
ocorrncia e grau de impacto e quantificar, de algum modo; enquanto a incerteza pode
entrar no domnio do imprevisvel (algo que no se conhece de todo), daquilo sobre o qual
no se podem elaborar previses; a falta de conhecimento para estimar um resultado
passvel de variao, um resultado que no pode ser precisamente determinado, embora a
tendncia actual , no entanto, a de atribuir s incertezas uma descrio sob a forma
probabilstica, tomando valores entre 0 (impossibilidade) e 1 (certeza). De forma simplificada
o risco de um evento adverso pode ser estimado atravs do produto entre a sua
probabilidade de ocorrncia e as respectivas consequncias (Staveren, 2006).
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chapu de chuva); ou implementar um conjunto de medidas que minimizem as hipteses de
ser afectado pelo evento, caso ele ocorra.
Segundo Morgan & Henrion (1990 Estrela, 2008), no h risco se no houver incerteza;
todavia poder haver incerteza sem haver risco. De acordo com Estrela (. .) no faz
sentido considerarse como risco um evento que tenha probabilidade de ocorrer, mas que
tenha impacto nulo, ou o inverso. Importa referir que, apesar de a generalidade dos autores
caracterizarem o risco como uma ameaa, este tambm pode e deve ser encarado, como
uma oportunidade. Na indstria de construo, o gestor poder tirar partido desta viso,
porque ser apenas em actividades com risco associado que poder reduzir a durao
estimada para a obra, procurando atingir uma previso mais optimista.
Na avaliao de riscos na maioria das vezes, as probabilidades e consequncias so incertas.
A incerteza dependente do tempo. Uma situao incerta hoje poder ulteriormente ser
conhecida com certeza absoluta. O resultado do lanamento de um dado uma condio
incerta que, alguns segundos depois, passa a ser um facto. Antes da construo de um tnel,
h muitos factores de incerteza relacionados com as condies do terreno ao longo do
respectivo alinhamento, mas uma vez que seja concludo o tnel, estas condies so
conhecidas e deixam de ser incertas.
Como referido, as condies de terreno imprevistas constituem a principal causa de atrasos
e de derrapagens oramentais em todo o mundo. A diferena entre os dados disponveis
atravs de relatrios geotcnicos e as condies reais do terreno a encontrar num local so
bastante frequentes e exigem grandes esforos para a gesto dos riscos.
Segundo Flores (2006), em obras geotcnicas no geral e em particular nos tneis, comum
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Utilizao de correlaes empricas;
Erro humano.
Ao longo dos anos foramse desenvolvendo tcnicas de anlise e incorporao das
incertezas, de forma a introduzir o seu possvel efeito no processo decisivo, que podem ser
distinguidas pela forma de abordagem do problema. Correntemente, numa obra geotcnica,
quando no existe o conhecimento desejado do macio usual recorrer consulta de
especialistas. Os especialistas tendem a produzir boas estimativas de valores mdios,
medianos e tendncias, sendo a mdia da opinio desses vrios especialistas e a gama de
variao dos resultados estabelecida por eles, eficaz para a modelao geotcnica do
terreno e para a resoluo de problemas que eventualmente possam ocorrer. Porm, os
especialistas tendem a ser demasiado confiantes, tendendo a subestimar as incertezas nas
suas estimativas (Costa, 2008).
2.1.2 O
Dois dos conceitos estreitamente relacionados com a definio de risco so os de ege
eabdade.
O eg corresponde a uma fonte de eventuais danos ou a uma situao com potencial
para provocar eventos adversos ou consequncias indesejveis (CNPGB, 2005). De acordo
com Powel & Silverton (2003), normalmente o enfoque reside sobre as ameaas
imprevisveis, tais como as condies geolgicas, que muitas vezes so difceis de estudar e
prever problemas ao longo do alinhamento de um tnel. muitas vezes conveniente para os
Projectistas e Empreiteiros admitirem que a maioria dos problemas advm de condies
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vulnerabilidade das seces, especialmente quando vrios eventos se conjugam e afectam o
mesmo local. A quantificao da vulnerabilidade dos elementos em risco, como um passo na
avaliao do risco, obtmse fazendo uma avaliao do grau de danos que possam resultar
da ocorrncia de um perigo de determinado tipo e magnitude.
Existem tambm processos e princpios aos quais o conceito de risco est ligado e
necessrio definilos adequadamente. Um deles o c ALARPA L A R
P (to baixo quanto razoavelmente possvel), que estipula que um risco que esteja
dentro do intervalo de tolerabilidade (.., o intervalo onde o risco superior ao limite
aceitvel e inferior ao limite intolervel (ver 3.2.2)) aceitvel se e s se a sua reduo for
impraticvel ou se os custos das medidas estruturais ou no estruturais conducentes sua
reduo forem desproporcionados em relao ao benefcio (Pimenta, 2008).
Tal como o termo risco, tambm o de ge de c tem muitas definies. Como
anteriormente referido, este um processo sistemtico global que consiste na aplicao de
polticas, procedimentos e prticas de gesto s tarefas de identificao, avaliao,
mitigao e controlo de riscos. Engloba tambm a realizao de anlises custo/benefcio das
medidas tendentes reduo do risco. Para Staveren (2007), a gesto de riscos no apenas
um prrequisito para tentar evitar desastres nas construes, mas tambm para minimizar
as despesas dos Donos de Obra e melhorar os resultados financeiros das empresas.
Um processo j referido mas que agora se define a defca de c. Esta pretende
assegurar que todas as causas, mesmo as aparentemente menores, com potencial directo ou
indirecto para originar um processo (a curto ou a longo prazo) capaz de conduzir a um
acidente significativo, foram identificadas (Caldeira, 2002). De uma maneira geral, esta etapa
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(Caldeira, 2002). A avaliao dos riscos envolve a determinao de cinco aspectos principais
(Kliem & Ludin, 1997 Caspurro & Gomes, 2000):
Probabilidade de ocorrncia;
Frequncia de ocorrncia;
Consequncias da ocorrncia e respectivos impactes;
Importncia relativa face a outros riscos;
Vulnerabilidade do sistema ao risco.
Por ae de centendese o conjunto de procedimentos tendentes identificao dos
acontecimentos indesejveis que conduzem sua materializao, anlise dos mecanismos
que desencadeiam esses eventos, s respostas das estruturas e s respectivas
consequncias, bem como estimativa da extenso, da amplitude e da probabilidade da
ocorrncia de perdas (Caldeira, 2002). Os objectivos das anlises de risco esto,
essencialmente, relacionados com as avaliaes das condies de segurana das obras e do
impacto na Sociedade da respectiva rotura.
A aeca de c o processo de ponderao e julgamento do significado dos riscos
avaliados nas anlises de riscos (CNPGB, 2005). Os resultados da anlise do risco entram no
processo de deciso, explcita ou implicitamente, formulandose consideraes sobre a
importncia relativa dos riscos calculados e das respectivas consequncias sociais,
ambientais, econmicas e outras, com o objectivo de identificar e analisar o leque de
alternativas que se colocam no mbito da gesto dos riscos (. .).
A ga d c a aplicao selectiva de tcnicas e de princpios de gesto
apropriados para reduzir a verosimilhana2de uma ocorrncia ou das suas consequncias
d b ( )
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2.2SITUAO ACTUAL
2.2.1
Ieaca
Internacionalmente, o processo de gesto de risco tem conquistado uma maior relevncia
para tratar as incertezas relacionadas com o comportamento das diversas obras geotcnicas.
A sua aplicabilidade cada vez maior em obras tais como: barragens, tneis, fundaes em
geral, muros de conteno, canais, condutas e vias de comunicao rodo ou ferrovirias.
Aps vrios acidentes de grandes dimenses no sector da construo de tneis, ocorridos
sobretudo durante a dcada de noventa, nomeadamente, os colapsos de tneis em
Munique (MM,1994), em Inglaterra (H E L, 1994) e na Turquia
(A M, 1999), os responsveis pela gesto do risco criticaram severamente a
adequabilidade da metodologia e critrios utilizados ento pelo que, nos ltimos anos, tem
havido uma concentrao crescente de investigao em torno deste aspecto. Grande parte
dessa evoluo tem sido impulsionada pelas empresas internacionais de seguros dos
grandes projectos de construo de tneis, que registaram perdas importantes devido aos
acidentes ocorridos e que tm sido significativamente superiores aos prmios cobrados. Ao
invs de optar por sair do mercado, ou aumentar drasticamente os prmios, a deciso foi
melhorar a gesto de riscos naquele tipo de estruturas.
Para tal, as seguradoras criaram um J C P (BTS, 2003) para o Reino Unido,
produzido em parceria com a indstria de construo, publicado, no incio do sculo XXI,
conjuntamente pela A B I e a B T S.
Inicialmente, este cdigo foi concebido apenas para o mercado britnico. Contudo, evoluiu
rapidamente e, em Janeiro de 2006, foi publicada uma verso internacional, ligeiramente
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Tambm a ITA, depois de muitas discusses em fruns internacionais, sugeriu o
estabelecimento de directrizes internacionais sobre gesto de risco em tneis. Os trabalhos
comearam em 1999 na reunio do seu Grupo 2 de Trabalho, em Oslo, e foram concludos
em 2003 (Eskesen ., 2004). Neles considerouse que os processos actuais de gesto de
riscos poderiam ser significativamente melhorados pela aplicao de tcnicas sistemticas
de gesto ao longo do desenvolvimento das obras de um tnel. Atravs da utilizao destas
tcnicas, potenciais problemas poderiam ser inequivocamente identificados, de modo a que
fossem implementadas medidas adequadas de reduo do risco em tempo til.
Tm sido efectuadas algumas pesquisas sobre os benefcios da gesto do risco na indstria
da construo. De acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos da Amrica, pelo
Instituto da Indstria de Construo da Universidade do Texas, pode ser esperada uma
relao de custo/benefcio de 1/10, como resultado de melhores prticas contratuais,
devido melhoria na atribuio do risco (Smith, 1996 Staveren, 2006). Segundo a mesma
fonte, atravs do estudo de dois importantes projectos de tneis, foi possvel, concluir que
as aplicaes de prticas de gesto de risco levaram a uma reduo de custos estimada
entre 4 e 22%.
nas obras mais recentes de grandes tneis como os de K (ustria), G (Sua),
N H MRT S (Singapura),que tm vindo a ser adoptados processos de gesto
de risco.
Em Singapura (2004), um acidente durante a construo de um dos tneis de acesso
estao N H MRT S, levou ao abandono do alinhamento original e
consequente realinhamento do tnel. Para tal foi implementada uma abordagem de gesto
de risco, atravs da qual foi identificado um nmero considervel de riscos e adoptada uma
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atravessamento. Com os seus 57 km de extenso e chegando a atingir um recobrimento da
ordem de 2500 m,essa seleco s pde ser feita com base numa avaliao cuidadosa dos
riscos e das oportunidades (Ehrbar, 2008).
2.2.2 Naca
Em Portugal, ao contrrio de outros pases mais industrializados, como os Estados Unidos da
Amrica, o Canad, a Austrlia, Sua e o Reino Unido, entre outros, no existe uma prticaconsistente para a realizao de anlises de riscos em Geotecnia. Mesmo assim, importa
destacar que se comeou a dar os primeiros passos na incorporao destas anlises em
algumas obras, como o caso das novas barragens em construo no Norte do pas.
No incio do sculo XXI, a Comisso Nacional Portuguesa das Grandes Barragens (CNPGB)
decidiu criar um grupo de trabalho com o objectivo de proceder apropriao e ao
desenvolvimento dos conhecimentos sobre a anlise de riscos em geral e, em particular, no
domnio da segurana das barragens e dos vales a jusante (CNPGB, 2005). Neste caso, a
anlise de riscos entendida como a utilizao da informao disponvel para estimar os
riscos para pessoas, bens e ambiente, decorrentes da existncia de uma ou de um conjuntode barragens, o que pressupe a identificao dos riscos, o estudo dos modos atravs dos
quais se podem materializar, e a estimativa das probabilidades dessa materializao e da
gama de consequncias associadas a cada um dos riscos identificados.
Caldeira (2005) contribuiu para o desenvolvimento e a divulgao dos conhecimentos nestarea, enunciando as vantagens e as limitaes deste tipo de abordagem e as suas condies
de aplicabilidade Geotecnia, em geral, e s barragens de aterro, em particular. Foram
li d t d l i d li d i i tili d t i di
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(RISK) do programa M I T (MIT) Portugal, constituram a
motivao para o desenvolvimento de um trabalho de investigao elaborado por Costa
(2008), no qual a autora identifica e caracteriza os riscos ssmicos e geotcnicos associados a
LFAV em Portugal.
No mbito dos tneis e a nvel nacional, estas anlises so praticamente inexistentes. No
entanto, algumas empresas j esto a tentar implementar esta poltica de gesto de risco.
Exemplo disso foram as actividades de gesto de riscos durante a construo da Estao do
Terreiro do Pao, da Linha Azul, em Lisboa, aps a ocorrncia de dois incidentes, no ano
2000, caracterizados pelo afluxo sbito de gua e solo rea de escavao (LNEC, 2005
2008). De acordo com as condies hidrogeolgicas e geotcnicas prevalecentes no terreno
e das caractersticas da soluo estrutural adoptada, foi realizada uma anlise de risco
qualitativa e foi seleccionado um conjunto de medidas de mitigao necessrias para evitar
futuros incidentes.
No ano de 2001, no projecto do Metro do Porto (Chiriotti ., 2004), procedeuse
activao de um PGR, que compreendeu no apenas a identificao e reduo do risco
inicial, mas sobretudo a gesto do risco residual, durante a fase de construo da obra, com
recurso ao PAT. O PGR mostrouse eficaz, uma vez que o controlo de riscos foi ainda mais
rigoroso por se tratar de tneis urbanos construdos com recurso ao mtodo de escavao
mecanizada (. .).
Tambm as abordagens observacionais, j presentes no Eurocdigo 7 (EC7) Projecto
Geotcnico (CEN, 2004) decorrem dos conceitos associados avaliao de riscos. Este tipo
de abordagem constitui uma ferramenta til para que os Engenheiros desenvolvam uma
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d i i l i ( ) l j d i i
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Em 2004, a Fundao para a Cincia e Tecnologia (FCT) lanou o projecto de investigao
cientfica, Risco geotcnico em tneis para comboios de alta velocidade, sendo as
instituies participantes o Laboratrio Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a Universidade
do Minho (UM). Este projecto consistia no desenvolvimento e implementao de novas
ferramentas que permitissem o estudo e a anlise do risco geotcnico neste tipo de tneis.
No mbito deste projecto de investigao cientfica, foram elaboradas algumas teses de
doutoramento, como a de Sousa (2010). Esta autora criou uma base de dados, composta por
204 acidentes ocorridos na construo de tneis em todo o mundo, para ulteriormente
proceder avaliao sistemtica dos riscos associados com a respectiva construo.
Desenvolveu uma metodologia de avaliao de riscos atravs da combinao de um modelo
de previso geolgica (previso da geologia antes do incio da construo do tnel) e um
modelo de apoio deciso que permite aos utilizadores escolher uma estratgia de
construo, associado ao menor nvel de risco. Contribuiu, desta maneira, para o
desenvolvimento da metodologia do sistema D A T (DAT)iniciada pelo
MIT. Esta anlise permite aos Donos de Obra e Projectistas melhorarem os custos, a
segurana e a durabilidade da construo subterrnea, pela utilizao de conhecimentos
avanados e tecnologias inovadoras. A autora aplicou ainda a metodologia a um caso de
estudo, os acidentes ocorridos no Metro do Porto nos anos 2000 e 2001. Os resultados
foram surpreendentes, uma vez que o modelo previu exactamente uma mudana na
geologia em duas zonas onde tinham ocorrido os incidentes. Usando este modelo, Sousa (
MIT Portugal, 2010) demonstra que poderia ter sido sugerido um mtodo de construo
mais seguro e contribuir, assim, para que aqueles acidentes no tivessem ocorrido.
A abordagem a este tema temse intensificado nos ltimos anos; foram frequentes os cursos
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2 3 RISCOS GEOTCNICOS E SUAS IMPLICAES
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2.3RISCOS GEOTCNICOS E SUAS IMPLICAES
Como anteriormente referido, os riscos geotcnicos em tneis geralmente resultam de
condies geotcnicas perigosas que podem afectar negativamente uma obra e, na pior das
hipteses, causar perdas de vidas humanas. Menos trgico, mas tambm com
consequncias significativas, a ocorrncia de um acidente no interior de um tnel em
construo implica: a paragem e consequente atraso no avano da frente de escavao;
eventuais danos em equipamentos; procedimentos para a estabilizao da rotura/colapso;reconstruo do trecho obstrudo; eventuais danos superfcie, em edifcios existentes na
envolvente de tneis em meio urbano; custos adicionais, que nalguns casos chegam a
centenas de milhes de euros; inadequao do projecto s condies geotcnicas; afectao
da qualidade, sade, ambiente, segurana; gerao de disputas contratuais; etc. (Figura 2.1).
Fga 2.1. A a e ceca d c gecc e e (Hga Agec 2002,
adaad).
De acordo com Caldeira (2005) os riscos geotcnicos tm trs componentes: a tcnica a
Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
Finalmente os riscos de gesto do projecto so funo da forma como o projecto
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Finalmente, os riscos de gesto do projecto so funo da forma como o projecto
coordenado e financiado.
A maior parte dos riscos geotcnicos podem ser controlados com solues de projecto
adequadas, prevenindo a ocorrncia do evento de risco (.., atravs da alterao do
alinhamento do tnel para evitar a interseco de uma zona de falha), ou minimizando as
consequncias do evento de risco (.., atravs do controlo adequado das deformaes ou
da implementao de um sistema apropriado de drenagem para um elevado afluxo de
gua). No entanto, alguns riscos geotcnicos no podem ser controlados por solues
econmicas e/ou tcnicas. Da que as consequncias de um evento de risco, devam ser
avaliadas e consideradas no plano de gesto de risco do projecto.
No caso de tneis em macios rochosos, a maior parte dos riscos geotcnicos estdirectamente relacionada com as propriedades do macio e com a influncia de factores
circunstanciais como as tenses , a cinemtica, a presena de gua subterrnea, a
orientao e as dimenses da escavao, entre outros. A interaco das propriedades do
macio rochoso e outros factores influentes definem, eventualmente, o comportamento do
macio rochoso que seria observado durante a escavao sem aplicao do
sustimento/medidas de melhoramento. Contudo, esta situao no reflecte as condies
tpicas durante os trabalhos de construo, a descrio do comportamento do macio
rochoso sem o suporte necessria para a compreenso bsica dos potenciais modos de
rotura e eventos de risco (Pschl & Kleberger, 2004).
Outro aspecto a realar, o facto de alguns autores considerarem que o risco geotcnico
condicionado fundamentalmente pela quantidade e qualidade da prospeco, .., quanto
Contributo pa a a gesto do risco geotcnico na construo de tn
is
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Fga 2.2. Pbea eaca
Numa primeira anlise, est
supese que aqueles relaci
subterrneas e estudos geol
vistos como questes de bas
desta ndole, tornase mais si
base geotcnica referidos, ccerca de dois teros das fonte
na construo de obras, con
fundamentalmente a suposi
11%
10%
9%
6%
5
10%
6%5%
c ee ecad a c de b
Hede & Pce, 2007, adaad).
s problemas parecem ser bastante diver
nados com a estrutura do terreno, suas p
gicogeotcnicos realizados de forma inad
geotcnica. Ao agrupar, a distribuio de f
gnificativa, como mostra a Figura 2.3. Nest
onstituem 64% do total dos inventariados s de problemas relacionados com o solo e s
uziram a uma rotura do processo de const
es ou previses geotcnicas insuficientes/in
22%
20%
13%
% 4%
EstrutprevistPropri
gua s
Conta
Obstru
EstudorealizaServi
Detalh
Outros
4% Base Ge
Contami
Ob
a (Ca, 2001
ificados. Contudo,
ropriedades, guas
quada possam ser
ntes de problemas
a, os problemas de
. Isto mostra que,bsolo encontrados
ruo e referemse
adequadas.
ra do terreno diferente doodades do terreno
ubterrnea
inao dos terrenos
es
s geolgicogeotcnicosdos de forma inadequadas
es do projecto
tcnica
nao dos terrenos
Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
apresenta tambm estatsticas referentes aos tipos de colapso que se produzem e aos que
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apresenta tambm estatsticas referentes aos tipos de colapso que se produzem e aos que
derivam dos mtodos construtivos adoptados. Conclui que 40% das roturas so at
superfcie, outras 40% delas so localizadas no macio circundante, 13% so devidas ao
afluxo de gua, 2% induzidas por exploses e 5% de outro tipo de origem. Por fim, quanto
aos mtodos construtivos, os mtodos convencionais respondem por 55% das roturas, os
mecanizados (tuneladoras) por 27% e mtodos no identificados no estudo pelos restantes
18%. Os tipos de colapso com roturas at a superfcie so predominantes quando se utilizam
mtodos convencionais. Ao invs, as tuneladoras produzem, normalmente, roturas de
dimenses controladas, localizadas na envolvente da frente.
Estas percentagens reflectem o valor que a identificao atempada dos riscos geotcnicos e
a escolha do mtodo construtivo podem ter na preveno de acidentes em tneis e das suas
consequncias. Ao mesmo tempo, so indicadores da importncia que a prospeco
geotcnica do macio tem na gesto do risco geotcnico, contribuindo para a deteco
precoce de tais problemas e na implementao de medidas para o seu controlo e correco.
Nos dias de hoje, falar em risco geotcnico falar em sistemas de controlo de obras num
ambiente de parmetros difceis de identificar, de caracterizar e de dominar, com enorme
heterogeneidade. Fica assim claro que este controlo no apenas construtivo, ou seja,
tcnico e de segurana, mas tambm financeiro (Matos & Pinto, 2004).
2.4ALGUNS CASOS HISTRICOS
O processo de gesto do risco tornouse comum em tneis, especialmente depois de uma
srie de colapsos fatais que ocorreram essencialmente na dcada de noventa, j
mencionados. Tais colapsos foram causados, geralmente, por combinao de factores que
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Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
Mais uma vez caram na cratera vrios veculos que circulavam naquela altura, trs pessoas
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q q , p
morreram e houve um ferido grave e, para alm disso, produziramse danos considerveis
nos edifcios vizinhos (Figura 2.5). A causa apontada para o colapso foi determinada como
sendo devido a um acrscimo na tenso efectiva que no havia sido tomado em
considerao durante o projecto e que resultou de condies imprevisveis na escavao da
obra (.., a existncia de um nvel fretico com fortes oscilaes colocou em movimento
camadas de cascalho e areia que no tinham sido detectadas previamente). Ora esta
situao levou a que a resistncia para que tinha sido projectada a parede moldada do poo
fosse atingida. Como medidas correctivas, a zona de escavao foi coberta por completo,
injectouse argamassa de cimento ao longo de uma extensa zona do subsolo adjacente e as
paredes diafragma foram reforadas (. .).
Fga 2.5. Sbdca cada e deabae de e d e de Taeg (Wage & Kg,
2006).
Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
recobrimento mdio de 30 metros (GEO, 2009), atravessando terrenos essencialmente
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argilosos, arenosos e rochas metabsicas alteradas. O colapso verificouse devido
conjugao de vrios factores que conferiram localmente ao macio um comportamento
geomecnico singular. Entre os condicionantes mencionados de destacar: o mergulho
oposto das foliaes subverticais e paralelas ao eixo do tnel, na iminncia de isolar um
bloco crtico de grandes dimenses, limitado pelas juntas transversais ao tnel; a existncia
de um corpo mais rgido de pegmatito, cujo contacto com o macio envolvente constitudo
por uma extensa camada frivel de biotite (material que em contacto com a gua, se torna
extremamente escorregadio, funcionando como lubrificante) de espessura decimtrica e a
presena de rochas metabsicas com alterao argilosa, comportamento muito expansivo e
com evidncias de grande queda de resistncia aps ultrapassar a resistncia de pico (Maffei
., 2008). Esta a viso do Empreiteiro, o Consrcio Via Amarela.
Fga 2.6. Aec gea da ea Pe d e de S Pa a acdee (Gb, 2007).
Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
argilas, mas teria reduzido bastante a frequncia de tal ocorrncia. Esta a posio descrita
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no relatrio produzido pelo Instituto de Pesquisas Tecnolgicas (IPT) que aponta ainda para
alm de falhas executivas, as decorrentes de erros de interpretao das leituras de
instrumentao, e deficincias nos planos de emergncia (Revista Tchne, 2008). As
medidas correctivas basearamse na estabilizao e reforo da seco afectada atravs de
um sistema de ancoragens e melhoramento das caractersticas do macio com recurso a
enfilagens.
d) Portugal, 19942001.
Tambm em Portugal, ao longo da histria, tm ocorrido acidentes em tneis. Seidenfu
(2006) apresentou estatsticas sobre 110 acidentes em tneis no mundo (dados sobre a
data, nome do empreendimento, localizao, mtodo construtivo utilizado, condies do
macio, tipo de colapso, causas e consequncias), ocorridos nos ltimos 70 anos, tendo
quatro deles ocorrido em Portugal (Quadro 2.2).
Qad 2.2. Acdee dae a c de e e Pga (Sedef, 2006, adaad).
Daa Lcaa Pec Cd d TeeMd deecaa
Caega dCa
Julho, 1994Montemor
(CREL)
Tnel Rodoviriode Montemor,Caso 1
Calcrios e margas ExplosivosColapso at superfcie
Agosto,1994
Tnel Rodoviriode Montemor,
Caso 2
Junho, 2000 Lisboa
Metro de Lisboa,Linha Azul,Pontinha
Amadora Este
Areia
TBM(T
B
M)
Entradasbita de
gua,cavitao do
tecto
OutubroJaneiro,
20002001Porto Metro do Porto
Rochas gneas (duas micas,granito gro grosseiro), material
aluvionar sobre o granitoalterado (rocha s a solo
residual) nvel fretico 10 25m
TBM comescudo e arcomprimido
(EPBS)
Cavitao dotecto
Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
2.5ETAPAS DE GESTO DE RISCO E FASES DE OBRA
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Para melhorar o controlo da complexidade de estruturas como os tneis, foram introduzidas
novas orientaes, que visam proporcionar uma base melhor para o respectivo planeamento
dos estudos, da construo e do tempo/estimativa de custos. Para cumprir o objectivo
principal de limitar os efeitos dos riscos existentes e futuros e propor solues que
contribuam para reduzir as consequncias dos eventuais efeitos, foise adaptando as etapas
de gesto do risco s fases da obra de um tnel.
Schubert (2004) distingue quatro fases de obra e aplica uma gesto do risco designando para
cada fase determinadas tarefas (Figura 2.7). Observase que so nas fases preliminares de
projecto, que possvel obter uma maior reduo no nvel de risco da obra subterrnea. Na
fase de construo o risco devese situar abaixo do nvel de risco aceitvel, por fim, na fase
de explorao este risco deve ser ainda menor, relembrando que os riscos operacionais
frequentemente so diferentes dos riscos construtivos.
De acordo com a Figura 2.7 e segundo o mesmo autor, para as diferentes fases devese
empreender as seguintes actividades:
Fase 1: Estudo prvio
Identificar os factores gerais de risco geotcnico;
Efectuar uma primeira classificao do risco, estabelecer prioridades;
Optimizar o alinhamento e/ou a localizao do tnel;
Avaliar e seleccionar os mtodos bsicos de construo.
Fase 2: Anteprojecto
Melhorar a avaliao do risco e dos mtodos de construo seleccionados;
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Contributo para a gesto do risco geotcnico na construo de tneis
os seus elementos serem bastante conhecidos, e consiste num ap