disfunções do sistema imune: autoimunidade imunodeficiências hipersensibilidade

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Disfunções do Sistema Imune: Autoimunidade Imunodeficiências Hipersensibilidade Profa Alessandra Pardini Disciplina: Imunologia

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Profa Alessandra Pardini Disciplina: Imunologia. Disfunções do Sistema Imune: Autoimunidade Imunodeficiências Hipersensibilidade. IMUNOLOGIA DA HIPERSENSIBILIDADE. HIPERSENSIBILIDADE INTRODUÇÃO - PowerPoint PPT Presentation

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Disfunções do Sistema Imune:Autoimunidade

ImunodeficiênciasHipersensibilidade

Profa Alessandra PardiniDisciplina: Imunologia

IMUNOLOGIA DAHIPERSENSIBILIDADE

HIPERSENSIBILIDADE INTRODUÇÃO• As reações de Hipersensibilidade (RH) constituem-se em

respostas imunes e se apresentam exageradas ou inapropriadas, causando muitas vezes inflamação e lesão tecidual.

• Substâncias envolvidas x Suscetibilidade individual

Descrição de 4 tipos de Hipersensibilidade:Tipo I, II, III: mediada por anticorposTipo IV: ativação de linfócito T e macrófagos

TIPO I• também chamada de anafilaxia

Mecanismo:• mastócitos sensibilzados por IgE liberam mediadores

químicos, gerando resposta inflamatória aguda• mediada por IgE• ex: asma e rinite alérgica

TIPO II• anticorpos se ligam a auto-antígenos ou

antígenos externos • ativam fagocitose e NK ou lise mediada por

complemento• citotoxicidade mediada por anticorpos• ex: reação de hemólise por imunoincompatibilidade

ABO

TIPO III• mediada por complexos antígeno-anticorpo que são

produzidos em grande quantidade ou que não são retirados adequadamente da circulação pelo sistema retículo-endotelial

• dano tecidual ocorre devido a deposição de imunocomplexos (ativação da via alternativa do complemento)

• mediada por imunocomplexos circulantesex: glomerulonefrites

TIPO IV ou celular• é a mais lenta• mediada por lyT e macrófagos (linfocinas e células)ex: doenças granulomatosas como a tuberculose e a sífilis

HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IALERGIAS

Uma alergia é uma reacção excessiva do nosso organismo a substâncias que ele considera nocivas, se bem que não o sejam. Ou seja, uma reacção normal seria a reação imunológica quando na presença de uma substância nociva.

Uma alergia é resultado do "excesso de zelo" do nosso sistema imunitário, uma desregulação do sistema, provocando reacções, mesmo que o elemento estranho não tenha um carácter ameaçador ou perigoso.

A estas reacções nocivas chamamos "hipersensibilidade" ou "alergia". Às substâncias supostamente nocivas chamamos "alérgenos".

DEFINIÇÕES“alergia” : desencadeamento de uma hipersensibilidade tipo I• exposição ao alergeno (inalação, indigestão, injeção ou

contato cutâneo)• reação poderá ser localizada ou sistêmica • anafilaxia (do grego ana-negação e phylaxis-proteção):

ação destrutiva ao invés de protetora após a exposição ao antígeno

• suscetibilidade: propensão hereditária em responder imunologicamente

• produção de IgE / produção de IgG• dependente de: dose, via de administração, número de

exposição, fator genético

TIPO I• alergeno - contato com a mucosa - produção de IgE• IgE: capacidade de se ligar a mastócitos e basófilos• afinidade por receptor FceRI de mastócitos e basófilos• ligação: desencadeamento da Hipersensibilidade Tipo I:mastócitos e basófilos possuem em seu citoplasma grânulos que

contêm substâncias químicas como heparina e histamina• ocorre desgranulação e liberação dos mediadores, desgranulação por: C5a e C3a, citocinas, drogas, estímulos físicos e químicos

Hipersensibilidade do Tipo I

MECANISMOAPCs (Células Apresentadoras de Antígenos)

englobam substânciasexposição de epítoposligação com lyT-helper

liberação IL-4estímulo lyB – plasmócito - libera IgE

ligação à mastócitos e basófilos

INDIVÍDUO SENSIBILIZADO novo contato

1) desgranulação de mastócitos2) liberação de mediadores secundários

resposta alérgica

Mediadores: Histamina: pode estimular a produção de muco pelo epitélio

das vias aéreas = congestão; contração dos músculos lisos dos brônquios e do intestino; dilatar pequenos vasos

Mediadores secundários:prostaglandinas e leucotrienosPAF (fator ativador de plaquetas)

RESUMO:Para ocorrer a Hipersensibilidade TIPO I:a)a exposição prévia a um alergeno capaz de gerar

produção suficiente de IgE em resposta ao estímulo em indivíduo geneticamente suscetível

b)a presença do mastócitoc)a sensibilização d)a reexposição ao mesmo antígenoe)a ligação cruzada com conseqüente liberação de

mediadores químicos

CLÍNICA- mais comuns: rinite alérgica e asma- fontes orgânicas naturais (pó doméstico, pólen, pêlos e

secreções de animais domésticos, penas, partes de insetos, fibras fungos); poluentes ambientais

TRATAMENTOdiferentes níveis:1)atenuar ou bloquear os sintomas2)diminuir a quantidade de IgE no indivíduo por modulação

da resposta imune (imunoterapia)

TESTES DE DETECÇÃO E DOSAGEM DE IgESão de dois tipos1)dosagem de IgE devido a sua capacidade de ligação ao

alérgeno - anticorpos específicos2)dosagem de IgE no soro utilizando-se anticorpos anti-IgE- testes cutâneos: introdução do alérgeno na pele com

formação de pápula eritematosa (+)- teste de provocação: alérgenos inalados- teste de P-K (Praunitz-Küstner)- teste de PCA (Anafilaxia cutânea passiva)- Dosagem de histamina ou enzimas liberadas de leucócitos- RAST (radioallergosorbent test): reação

Alérgeno ligado covalentemente a partícula+ Ac (amostra)1)anti-IgE radioativo medir a radiatividade2)anti-IgE-enzima + substrato cromogênico

leitura da coloração

- RIST (radioimmunosorbent test): radioimunoensaio competitivo

- Teste imunoenzimático (ELISA)

Teste ELISA

Rinite Alérgica

- febre do feno- ativação de mastócitos da mucosa do epitélio nasal

por alérgenos- edema local que leva à obstrução nasal- coriza nasal- irritação do nariz - liberação de histamina

Asma Alérgica

- doença severa que pode ser letal

- ativação de mastócitos por alérgenos na mucosa do trato respiratório inferior

constrição brônquica e aumento de secreção de muco e líquidos – dificuldade respiratória

- inflamação crônica das vias respiratóriasacúmulo de células Th2, eosinófilos e neutrófilosMesmo na ausência do alérgeno

Passo afetado Mecanismo Terapia

Ativação Th2 Desviar resposta Th2 em Th1

Imunização com Ag específicos

Ativação da célula B produtora de IgE

Bloqueio de co-estimulaçãoInibir citocinas Th2

Inibição de CD40LInibição de IL-4 ou IL-13

Ativação de mastócitos

Inibir ligação da IgE em mastócitos

Bloqueio do receptor de IgE

Mediadores efetoresInibição dos efeitos e da síntese de mediadores específicos

Anti-histamínicosInibidores da ciclo-oxigenase (aspirina)

Tratamento

Tipos de Alergia:- poeira, alimentos,

corantes, pó (ácaro), pólen

Testes cutâneos

Alergia ao pó da casa:- Arejar o quarto- Aspirar o colchão pelo menos uma vez por semana- Quarto não seja muito quente ou seco- Lavar frequentemente as cortinas- Evitar tapetes (ou desde que limpos regularmente, ajudam a

manter o ar mais liberto de alérgenos)- Preferir os matérias sintéticos nos adereços/objetos

Para tratar usar anti-histamínico

Com animais em casa, mantê-los limpos

HIPERSENSIBILIDADE TIPO II

- caracteriza-se pelo ataque do anticorpo (IgG/IgM) a antígenos celulares ou teciduais

- mecanismos efetores fagocitose, citotoxicidade não fagocítica, ataque pelo sistema complemento

-células fagócitos (neutrófilos, macrófagos, eosinófilos), NK

ex: miastenia gravis e reações transfusionaiscélulas afetadas: eritrócitos, plaquetas, leucócitos

Exemplos:1) Reações transfusionais: grupos sangüíneos ABO e Rh,

possuem antígenos que são fortes imunógenos, transfusão entre grupos incompatíveis

2) Reação Hemolítica Maior: Destruição maciça do sangue trasfundido por ativação do Sistema Complemento

3) Reação Hemolítica Menor: Destruição dos eritrócitos é mais lenta

4) Reação Hemolítica Tardia: Produção de anticorpos após alguns dias decorridos da transfusão, destruição dos eritrócitos via complemento

5) Induzidas por Drogas: metildopa: produção de IgG contra os antígenos Rh dos eritrócitos

6) Doença Hemolítica do Recém-Nascido: anticorpos maternos IgG contra antígenos do grupo Rh do feto

Esquema:Mãe Rh negativo Feto Rh positivo = mãe sensibilizadacom antígenos Rh durante a primeira gestação de um feto Rh positivo; os próximos filhos correrão risco, ataque de eritrócitos do feto

HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IIICaracteriza-se por uma reação inflamatória induzida pela deposição de complexos antígeno-anticorpo em determinados locais do organismo, produzindo danos teciduais como resultado da ativação de mediadores séricos, como o sistema complemento- anticorpos ligam-se com um antígeno tecidual extravascular

ou presente na circulação- deposição de imunocomplexos Tipos de antígenos:- exógenos: bactérias, vírus, fungos, parasitas, drogas,...- endógenos: componentes próprios do organismo, que em

alguns momentos podem provocar a formação de auto-anticorpos = auto-imunidade

Etapas:- formação de complexos antígeno-anticorpo- deposição destes em tecidos-alvo- reação inflamatória tecidual causada por imunocomplexos

depositados

Doença do Soro: era observada após a utilização de altas doses de soro hiperimune heterólogo, em geral eqüino, para tratamento de doenças infecciosas ou tóxicas. Alguns dias após a injeção do soro heterólogo, os antígenos eqüinos induziam a formação de anticorpos, levando a formação de imunocomplexos circulantes.

Reação de Artus: (em coelhos hiperimunizados) injeção intradérmica de um antígeno protéico, processo inflamatório local progredindo para lesão necrótica hemorrágica e ulceração

antígeno + anticorpo - formação do imunocomplexo com excesso de anticorpo

Doenças Auto-Imunes: ocorrem devido a uma contínua produção de auto-anticorpos contra antígenos próprios do organismo, levando a uma prolongada produção de imunocmplexos

HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV ou TardiaMecanismo desencadeado por lyT sensibilizados e é mediada pela imunidade celular – após inoculação do Ag

APC

reconhecimento do antígeno pelo lyT-auxiliar (e as vezes o T-citotóxico)

secretam citocinas

processo inflamatório

células endoteliais vasculares ativadas recrutam leucócitos circulantes para o sítio da reação

macrófagos ativados atuam na finalidade de eliminar o antígeno

1) etapa de reconhecimento do antígeno e ativação celular2) etapa inflamatória: envolvimento de citocinas (linfotoxinas e TNF; IFN-

, IL-2)3) etapa de resolução: a)eliminação de microrganismos, b)secreção de

mediadores da inflamação, c)APC (o macrófago torna-se mais eficiente), d)modificações teciduais locais = ação contra células tumorais

Tipos de Reações1) de Jones-Motes- também chamada de basófila cutânea- induzida por um antígeno solúvel- pico máximo entre 7 a 10 dias após o contato

2) de contato- podem ser causadas por haptenos (agentes químicos, níquel,

cromo)- como são muito pequenos ligam-se a proteínas carreadoras- células de Langerhans são as principais efetoras da reação de

contato- processo de sensibilização leva de 10 a 14 dias

c) do tipo tuberculínica- observada por Koch em 1882- pacientes com tuberculose que recebiam uma injeção subcutânea

com tuberculina (antígeno lipoprotéico derivado do bacilo da tuberculose)

- reagem com febre e mal estar- área de edema e espessamento cutâneo no local da inoculação- reação em indivíduos imunossensibilizados- Reação de Mantoux: teste cutâneo para tuberculina = proteína

purificada PPD = medida da pápulad) granulomatosa- são coleções focais de células inflamatórias (macrófagos,

histiócitos, células epitelióides, linfócitos e plasmócitos)- a reação granulomatosa resulta da persistência de um agente no

interior do macrófago, geralmente um microorganismo, que a célula não consegue destruir

Dermatite de contato- Ligação covalente - componentes químicos (Ni) a proteínas

do hospedeiro - hapteno químico

- proteínas modificadas- Clivagem- Processamento antigênico- Apresentação de Ags para células Th1 via MHC classe II

- células T CD8+ - podem estar presentes – dano tecidual

IMUNOLOGIA DASIMUNODEFICIÊNCIAS

IMUNODEFICIÊNCIAS

1. Resposta Imune: mecanismosA resistência às infecções é determinada por:

(a) Inespecíficos (imunidade natural/inato): - Primeira linha de defesa do organismo; pouca

especificidade para microganismos, não guarda memória- Fagocitose, inflamação- Mediadores humorais: citocinas, mediadores inflamatórios

e sistema complemento- Células: macrófagos, PMN, Eo, Mastócitos

(b) Específicos (imunidade adquirida/adaptativo): - Resposta flexível, adaptativa e específica- Demora alguns dias para se estabelecer; grande

especificidade para microganismos; - Memória- Dependente de linfócitos: ly T e ly B-lyT(timo): resposta imune celular (hipersensibilidade,

citotoxicidade, auxiliador/supressor) + citocinas- ly B (medula óssea): resposta humoral (plasmócitos

produtores de Imunoglobulinas/Anticorpos)

2. Características:DIVERSIDADE (receptores TCR / IgMs: 1012 – 1016)RECONHECIMENTO DO ESTRANHO AO ORGANISMOESPECIFICIDADE: a nível molecular (um resíduo de açúcar)MEMÓRIA: a resposta 2aria é mais rápida e de melhor qualidade (seleção de clones) = IMUNIZAÇÃO

IMUNODEFICIÊNCIAS- Ocorrem quando um ou mais componentes do sistema

imunológico estiverem defeituosos- Envolvem em sua maioria o sistema imune adaptativo- É a melhor fonte de estudos da defesa do hospedeiro

Conceito: Sistema de defesa insuficiente para resposta imune compatível com a vida “normal”. Pode ser detectada a disfunção

A suspeita de imunodeficiência deve ser feita quando se observa:

(a)Maior suscetibilidade a infecções, com: aumento da sua freqüência; maior gravidade; prolongamento do curso; complicações inesperadas; acometimento por germes de baixa patogenicidade.

(b) Fenômenos de auto-imunidade, destacando-se anemia hemolítica auto-imune, lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, tireoidite, anemia perniciosa, síndrome de Sjögren, púrpura trombocitopênica idiopáica, hepatite crônica ativa e miastenia gravis.

(c) Doenças malignas. (d) Processos alérgicos muito graves, freqüentemente

associado à deficiência de IgA.

3. Classificação:3.1. Quanto à causa:a) Primárias ou congênitas [controle genético (?)]b) Secundárias ou adquiridas

3.2. Quanto ao comprometimento do sistema de defesa:IMUNODEFICIÊNCIAS COMBINADAS (lyT e ly B)IMUNODEFICIÊNCIAS CELULARES (ly T)MUNODEFICIÊNCIAS HUMORAIS (ly B)IMUNODEFICIÊNCIAS FAGOCITÁRIAS (PMN, Mo, MØ)IMUNODEFICIÊNCIAS DO SISTEMA COMPLEMENTO

4. Sinais e sintomas sugestivos:

- Infecções crônicas (anormal) ou recorrentes.

-Eczemas, diarréias crônicas, hepatoesplenomegalia, abscessos recorrentes, autoimunidades concomitantes.

-Associações com outras desordens genéticas (albinismo, endocrinopatias).

5. HIPOGAMAGLOBULINEMIA TRANSITÓRIA DA INFÂNCIA: - temporária (9-18 m de idade)- fisiológica: catabolismo das Ig maternas e maturação do sistema

de defesa da criança (estímulos antigênicos e adaptação do organismo)

6. EXEMPLOS DE IMUNODEFICIÊNCIAS6.1. IMUNODEFICIÊNCIAS COMBINADAS- Agamaglobulinemia com aplasia tímica: célula primordial

(pré-ly), ly, timo atrófico, Ig- Síndrome de Wiskott-Aldrich: IgM, lyT, plaquetas

6.2. IMUNODEFICIÊNCIAS CELULARES- Síndrome de Di George: ausência de timo e paratireóide

(distúrbios ósseos) e defeitos congênitos da aorta- Displasia tímica: timo hipoplásico

6.3. Imunodeficiências Humorais ou Disgamaglobulinemias- Agamaglobulinemia: defeito na diferenciação pré-B, lyB,

herança ligada ao sexo (A. De Burton) ou autossômica recessiva

- Deficiência de IgG e IgA e IgM aumentada: defeito no “switch” do isótipo IgM para outros isótipos- Deficiência de IgA: é a mais prevalente (1:800)

6.4. Imunodeficências Fagocitárias- Déficit na fusão fago-lisossoma- Defeitos nas enzimas oxidativas lisossomais

6.5. Imunodeficiências do Sistema Complemento- Deficiência de C1 (importante para a clivagem de C2 e C3)- Deficiência de inibidor de C1esterase- Deficiência e disfunção de C5, C6, C7, C8 e C9 (não

produzem complexos que atacam as membranas)- Deficiência de C3 (afeta via clássica e alternativa)- As deficiências dos outros componentes são raras

Imunodeficiências Secundárias- Drogas: anti-inflamatórios (corticóides), imunossupressores

(ciclosporina, ciclosfosfamida, metotrexate), antibióticos (mitomicina), radiação, hidantoínas

- Infecções: tuberculose, sarampo, varicela, etc (transitórias)- Doenças: neoplasias, diabetes, enteropatias, síndromes

nefróticas- Estados desnutricionais- Álcool: é uma droga imunossupressora, que afeta os

componentes humoral e celular, como a desnutrição- Condições crônicas: o envelhecimento está associado à

depressão da imunidade celular, com mecanismos multifatoriais (citocinas, resposta Th...)

Avaliação Laboratorial da Competência Imunitária

Imunidade humoral1. Realizada através da medida dos níveis séricos IgG, IgM e IgA,

interpretados de acordo com a idade do paciente; também podem ser dosadas nas secreções corpóreas como saliva, lágrimas e leite.

2. Estudo da síntese dos anticorpos, mesmo que estes encontrem-se em nível normal.

3. Definição do número absoluto e porcentual de linfócitos B no sangue periférico.

4. Avaliação da presença e dos níveis de subclasses de IgG.

Imunidade celular1. Quantificação de linfócitos no sangue periférico

(leucograma).2.Determinação do número absoluto e porcentual de

linfócitos T no sangue periférico (auxiliar/indutor – T4, supressor/citotóxico T8)

3.Realização de teste de hipersensibilização 4.Verificação de linfoproliferação5.Estudo da liberação do fator de inibição de migração de

macrófagos

FagócitosOs fagócitos devem ser analisados quanto à (ao):1.Número e aspecto morfológico dos neutrófilos e monócitos

periféricos (leucograma)2.Atividade quimiotática3.Fagocitose de partículas4.Atividade bactericida

Sistema Complemento1. Quantificação do complemento hemolítico total (CH50)2.Determinação sérica de C3 e C4

IMUNOLOGIA DAAUTOIMUNIDADE

AUTO-IMUNIDADE

I - Conceito“AUTO-IMUNIDADE REPRESENTA UMA FALHA NA

HABILIDADE DO SISTEMA IMUNE RECONHECER E DISTINGUIR OS ANTÍGENOS SELF DOS ANTÍGENOS NON-SELF, DESENCADEANDO PROCESSOS PATOLÓGICOS DE AUTO-LESÃO E AUTO-AGRESSÃO AOS TECIDOS E ORGÃO DO INDIVÍDUO”

Tolerância Imunológica: ausência de resposta imune para determinado(s) antígeno(s).

Resposta Imunológica1 Humoral: Anticorpos (Ac)2 Celular: Citocinas e linfócitos T + Cooperação 3 Fagocitose e Sistema Complemento (INFLAMAÇÃO)

II - Classificação - antígeno envolvido1. Órgão Específica: Tireoidite de Hashimoto, Tiroidite de

Graves, Anemia perniciosa, Diabetes juvenil2 Intermediária: Cirrose biliar primária, Hepatite crônica

ativa, Miastenia gravis, Síndrome de Sjögren, Síndrome de Goodpasture

3 Sistêmicas: LES (Lúpus eritematoso sistêmico), Artrite reumatóide, Esclerose sistêmica progressiva, Doença mista do tecido conectivo

III - TEORIAS PARA EXPLICAR A AUTO-IMUNIDADE1. Clones proibidos (Burnet): falha no sistema de deleção e supressão dos clones

auto-reativos. MAS, há auto-anticorpos em baixa concentração em indivíduos normais sadios.

2 “Antígeno escondido”: haveria exposição do antígeno pela primeira vez, p.e., tireoglobulina, espermatozóide. MAS, elevadas concentrações de antígeno induzem tolerância.

3 Imunodeficiência de lyT CD8 (supressão): perda do controle de supressão autóloga facilitando interações self (ainda não esclarecido).

4 Modificação do antígeno: por fatores físicos (radiação), químicos e biológicos (agentes infecciosos). É FATOR DE PREDISPOSIÇÃO.

5 Reação cruzada de antígeno self com antígeno non-self: p.e. anticorpos anti-SLO do Sreptococcus beta-hemolítico do grupo A reagem com sarcolema de fibras musculares cardíacas podendo desencadear doença reumática, anticorpos anti-mielina (contaminante da vacina rábica) desencadeando desmielinização autoimune. É COMPROVADA.

6 Predisposição controlada geneticamente: associação do HLA-B15 com LES, do B-27 com espondilite anquilosante. Pode justificar a predisposição familiar.

IV. CARACTERÍSTICAS IMUNOLÓGICAS NA AUTO-IMUNIDADE

a) Hipergamaglobulinemiab)Presença de auto-anticorpos séricos específicos (testes

imunológicos)c)Infiltrado de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no tecido

afetadod)Depósito dos Imunocomplexos “auto Ac-Ag self” em vasos

(artrite) e glomérulo renal (nefrite) desencadeando mecanismos de hipersensibilidade tipo III.

V - MECANISMOS IMUNOPATOGÊNICOS NA AUTO-IMUNIDADE

a) Interação de auto-anticorpos com componentes da superfície celular, como p.e., na Miastenia gravis os anticorpos são anti-Receptores de acetilcolina (importantes na transmissão dos sinais de contração muscular)

b)Formação de imunocomplexos de elevado peso molecular que se depositam em tecidos, fixam complemento e induzem processos inflamatório e de hipersensibilidade tipo III.

c)Participação ativa da resposta T induzindo intenso infiltrado imuneinflamatório celular com liberação de citocinas e lesões teciduais.

VI - TRATAMENTO- Não há cura. - Anti-inflamatórios e imunossupressores.- Extirpar o órgão afetado.

Doença Classe do Ac Antígeno Método

Tireoidite de Hashimoto IgG, M, A

Tireoglobulina, TPO, microssomal,

colóideIFI, EIE, RIE

Hipertireoidismo de Graves IgG Receptor de TSH,

TPO, tireoglobulinaRIE, estímulo (Tireotropina)

Diabetes tipo I IgGInsulina e seu

receptor, ilhotas pâncreas

IFIRIE

Mal de Addison IgGcortéx adrenal,

ovário, testículos, placenta

IFI

Infertilidade masculina IgG, M, A

Acrossoma de espermatozóide IFI

Anemia perniciosa IgA, IgG

Fator intrínsecoCélulas parietais

EIEIFI

Artrite reumatóide IgM, G IgG (alterada) Aglutinação, Turbidimetria

Dermatomiosite/Polimiosite IgG nuclear(DNA, JO1, PM-1)

IFI EIE

Esclerodermia IgG nuclear ( Scl-70, PM-1, centrômero, nucléolo)

IFIEIE

LES IgG nuclear (RNP, Sm, DNA, histona, SS-A, SS-B)

IFIEIE

DMTC IgG nuclear (RNP, DNA) IFIEIE

Cirrose biliar primária IgG mitocôndria IFI

Hepatite crônica ativa IgG músculo liso (actio-miosina) IFI

Síndrome de Sjögren IgG, IgM

mitocôndria, nuclear (RNP, SS-A, SS-B,

nucléolo)IFIEIE

Miastenia gravis IgG músculo estriado, receptor de ACh

IFIRIE

Pênfigo IgG,IgA

substância intercelular da pele e mucosa IFI

Penfigóide bolhoso IgG membrana basal da pele IFI

Trombocitopenia idiopática IgG plaquetas IFI

Neutropenia idiopática IgG citoplasma de PMN IFI

Vitiligo IgG, A melanócitos IFI, RIE

Síndrome de Goodpasture IgG,A, M

membrana basal de alvéolos e glomérulo IFI

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

“Doença crônica não infecciosa, de caráter inflamatório que envolve vários órgãos, com episódios de agudização e remissão, apresentando início insidioso ou agudo, e nos tecidos expostos à luz solar gera um exantema eritematoso”

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS1 Mais freqüente nas mulheres (8:1), jovens e negros (3:1).2 Incidência: 5 a 7 por 100.000. Prevalência: 50:100.0003 Sobrevida: 90% após 10 anos de doença.4 Complicações: progressividade com envolvimento renal e SNC.

FATORES PREDISPONENTES1 Hormônios esteróides (estrógeno): puberdade, gestação.2 Genética: aumento da freqüência de HLA- B8, DR w2, DR

w3.3 Infecções virais e bacterianas, luz UV: exacerba sinais.

LÚPUS INDUZIDO POR DROGASSíndrome reversível (LES-like): anti-arrítmicos (procainamida),

anti-hipertensivos (hidralazina), anti-convulsivantes e clorpromazina.

Anticoncepcionais e isoniazida induzem produção de anticorpos anti-núcleo, sem gerar sintomas.

SINAIS E SINTOMAS1 Na fase inicial é difícil distinguir LES de outras auto-imunidades

sistêmicas (esclerose múltipla, polimiosite, artrite reumatóide)2 Mais comuns (60% dos casos): poliartrite (osteonecrose e

vasculites) e dermatite (urticária, edema, ulcerações, perda de cabelo).

3 Febre, perda de peso, artralgia, artrite, rash cutâneo fotossensível, aumento de susceptibilidade a infecções oportunistas, linfadenopatia transitória, manifestções cardiopulmonares e gastrointestinais.

4 Manifestações renais e do SNC: conseqüência dos imunocomplexos circulantes que se depositam nos tecidos gerando inflamação aguda e crônica com glomerulonefrites e sintomas neurológicos.

AVALIAÇÃO LABORATORIAL1. Trombocitopenia, anemia discreta.2 .Fenômeno LE: Anticorpos que reagem com DNA e nucleoproteínas na

presença de Complemento levam a lise da célula formando massa homogênea que é fagocitada por PMN.

Aparece em 70-80% de LES. Falso-positivo em 15% dos casos com polimiosite, esclerodermia, artrite reumatóide.3 .Anticorpos anti-cardiolipina: em 20% dos casos.4 .Fatores reumatóides: 30% dos casos.5 .Hipergamaglobulinemia e Crioglobulinemia: hiperviscosidade sérica.6 .Aumento da concentração de Imunocomplexos circulantes nos casos

mais graves e Consumo dos fatores do sistema complemento nas agudizações: C3, C4, CH50, C1q, dosagem de Imunocomplexos.

7 .Anticorpos anti-Núcleo: é o elemento mais importante no diagnóstico imunológico, embora também presentes em outras auto-imunidades.

Lúpus

Padrão Antígenos Doença

Negativo ss-DNA LES

Periférico ds-DNA, DNP

LES (atividade)· S. Sjögren

FAN: padrão de IF em células Hep-2

Homogêneods-DNA, Histonas,

DNPLES, LES-like

Nucleolar 4-6S RNP Esclerodermia, S. Sjögren, Raynaud

Pontilhado · discreto

DNA, RNA, SSA, SSB,

SCl-70Esclerose progressiva

sistêmica, esclerodermia

Pontilhado Sm, RNP LES, Artrite reumatóide,S. Sjögren, EPS, DMTC

Artrite Reumatóide“Doença inflamatória sistêmica crônica progressiva deformante

envolvendo tecidos e articulações, a mais freqüente das auto-imunidades”

Etiologia: Fatores genéticos, hormonais e psicossomáticos.CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS1 Incidência: 1% a 2%2 Idade mais freqüente: 30 - 50 anos. Idosos com excesso de

peso.3 Mais freqüente nas mulheres (3:1)4 Associação com HLA-DR45 Complicações: infecções pelo uso de anti-inflamatórios e

supressores

SINAIS E SINTOMAS1 Poliartrite destrutiva com vasculite sistêmica

(imunocomplexos)2 Freqüente início após sinovite com formação de auto-

anticorpos anti-IgG e subseqüente eventos imunológicos e inflamatórios. Em seguida, processos destrutivos teciduais.

3 Na juntas articulares a inflamação reduz a lubrificação pelo liquído sinovial (despolimerização do ácido hialuriônico). No líquido sivovial se encontra fatores reumatóides, fator anti-núcleo, aumento de ácido úrico.

4 Manifestações extra-articulares: perda de peso, nódulos subcutâneos, vasculites, neuropatias, miopatias, osteoporose e síndrome de Felty (AR crônica, esplenomegalia, anemia, trombocitopenia e neutropenia)

Avaliação LaboratorialAmostras de soro e líquido sinovial1 Fatores reumatóides: 70% dos casos.2 Hipergamaglobulinemia e Crioglobulinemia: hiperviscosidade

sérica.3 Aumento da concentração de Imunocomplexos circulantes.4 Consumo dos fatores do sistema complemento nos casos

envolvendo vasculites: C3, C4, CH50.5 Fator anti-Núcleo: presente em 14 - 28% dos pacientes (estágio

avançado).

Dosagem de fator reumatóideMétodos: - Aglutinação de partículas (látex ou hemácias de carneiro no

Waaler-Rose) revestidas de IgG humana.

- Turbidimetria ou nefelometria: formação do complexo Fator reumatóide (IgM ou IgG anti-IgG) e IgG humana.

Diabetes Mellitus insulino-dependente

Esclerose Múltipla

- Causa desconhecida- Prevalência de 50-100 casos/100.000 hab- Desmielinização inflamatória do SNC - infiltrados de

células T e macrófagos- Sintomas variados: fraqueza motora, redução da acuidade

visual, ataxia, disfunção urinária, impotência, e perda da função cognitiva