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Discurso de Posse - Escola de Belas Artes – UFMG

Belo Horizonte, 13 de março de 2009.

Diretor: Prof. Dr. Luiz A C Souza

Vice-Diretor: Prof. Evandro José Lemos da Cunha

Mandato: 4 anos (2009-2013) Saudação Magnifico Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Prof Ronaldo Tadeu Pena, , Senhora Vice-Reitora da UFMG, Prof. Heloisa Maria Murgel Starling, Membros da Equipe do Reitor, ex-Diretores da EBA (Prof. Luppi, Prof. Wanda Toffani), Diretores das demais unidades da UFMG (Prof. Flávio Carsalade – Diretor da Escola de Arquitetura, Prof. Bismarck Vaz da Costa – Diretor do Instituto de Ciências Exatas, Prof. Lucas Bretas – Diretor da Escola de Música), meu amigo Prof. Dr. Magid Nauef Lauar – Meritíssimo Juiz de Direito, Engenheiro-Historiador Leonardo Barreto – Superintendente da 13 Superintendência Regional do IPHAN em MG, Prof. Sueli Pires, ex-Pró-Reitora de Pós-Graduação da UFMG, Diretora de Gestão do Conhecimento – Instituto Inhotim, Sr. Admir Ribeiro, Superintendente da Fundep – Fundação do Desenvolvimento da Pesquisa, meu colega Vice-Diretor, Prof. Evandro Lemos, colegas professores, funcionários, alunos da graduação e Pós-graduação, meus amigos e amigas, minha família, É para mim uma enorme satisfação estar aqui hoje, para assumir a Diretoria da Escola de Belas Artes, em solenidade onde se encontram presentes representantes de toda a comunidade acadêmica, além de colegas, família e amigos, e representantes de instituições parceiras atuais e futuras, além de meus colegas e amigos da comunidade de Lagoa Santa, onde resido, e um grupo muito especial de amigos da cidade de Formiga, meus colegas de escola, cuja presença para mim é motivo de muito orgulho. Foi nesta Escola, há 27 anos atrás, que tive a acolhida, na minha busca incessante, na época, por um lugar ao sol, no qual eu pudesse continuar com meus estudos na área de química, mas contextualizados num ambiente humanístico, no qual eu pudesse claramente e plenamente dar vazão aos meus anseios de trabalhar na área de ciência e tecnologia, mas sem perder a ternura, sem perder a graça da convivência harmoniosa entre os saberes, vivendo a diferença, praticando o questionamento e assumindo, com todos os seus ônus, e bônus, a vivência da interdisciplinaridade. E é exatamente esta Escola, a comunidade desta Escola que, num ato, para mim, de grande maturidade, escolheu como Diretor um cientista. A diversidade e pluralidade de pensamentos e atividades acadêmicas da Escola de Belas Artes é que permitiram que esta escolha fosse efetuada como tal, demonstrando claramente a amplitude de visão desta comunidade, pelo que sou muito grato e reconhecido. Ao professor Ronaldo Tadeu Pena, Magnífico Reitor da UFMG, deixo aqui meu agradecimento pela escolha e confirmação de nosso nome para exercer a Diretoria da Escola de Belas Artes.

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A Escola de Belas Artes da UFMG A Escola de Belas Artes da UFMG é um local de memória, tanto de memória pessoal, para todos nós que aqui estamos e passamos grande parte de nossas vidas, como de memória coletiva, no sentido que nesta edificação, nestas instalações e espaços, reflete-se e manifesta-se toda uma história de criação e de luta pela manutenção das artes enquanto ferramentas fundamentais de expressão individual e coletiva. E foi exatamente esta face da EBA, a face da memória, que me trouxe até aqui, em 1983, a porta pela qual entrei na escola, à época representada pelo CECOR e pelo então curso de especialização em conservação e restauração de bens culturais móveis, representada também, e não menos importante, pelas atividades da EBA no campo da preservação da memória da imagem em movimento, atividade exercida e liderada históricamente pelo meu colega de direção, Prof. Evandro José Lemos da Cunha, legado fundamental das atividades de nosso colega Prof. José Tavares de Barros, professor emérito desta Escola, a quem apresento minhas homenagens - póstumas, e através do qual saúdo e louvo, neste momento, toda a comunidade de professores, funcionários, e alunos que já passaram por esta Escola e não estão mais conosco neste mundo. Criação É neste espaço que se funde a criação, etapa fundamental de todos os processos que ocorrem aqui na Escola de Belas Artes, característica primordial e única dos seres humanos que somos, que possibilita a manifestação da inquietação humana através da poética visual, do uso de objetos e materiais nos mais variados e inusitados contextos, contrariando a ótica exata e, por vezes, e infelizmente em alguns casos, positivista e arrogante que teima em reinar em alguns espaços acadêmicos. É neste espaço que os objetos, por mais banais que sejam em nossa vida quotidiana, tomam e adquirem vida e valores próprios. Crítica É neste espaço que nasce e é cultivada a crítica, a visão aguçada e por vezes, infelizmente, mal-entendida ou mal interpretada, mas na maioria dos casos, fundamental, daqueles que podem vislumbrar além dos aspectos materiais e específicos do processo criativo, juntando dados históricos, sociológicos, etnográficos, psicológicos e antropológicos, permitindo a inserção e associação de valores à obra de um artista ou de uma escola, outorgando à criação e aos objetos seu lugar na história da arte e da humanidade. Preservação É neste espaço que se pratica e se valoriza a preservação, como estratégia de permanência e continuidade da vida, de valorização da pessoa humana e do meio ambiente. A arte, neste caso em particular, vem como uma ferramenta de luta e de transmissão de mensagens e valores. Quando de minha entrada na UFMG, em 1981, o ‘então’ inimigo era representado pelas multinacionais, palavra hoje mais rara, mas figura de retórica hoje representada e contextualizada pelo fantasma da ‘globalização’. A importância da preservação e das artes, neste contexto, é fundamental, pois ambas representam, para todos nós, a prática da auto-estima e do conhecimento mútuo, reconhecendo nossos valores, nossas peculiaridades, e nos localizando, mantidas as diferenças, com orgulho, na aldeia global.

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O ambiente acadêmico E é, finalmente, neste espaço acadêmico, que se pratica a integração entre os saberes. Não é por acaso, que temos, na Escola de Belas Artes, alunos oriundos de praticamente todas a unidades da UFMG. Como parte integrante da academia, é aqui que os alunos de disciplinas eletivas vêm, para aprender e complementar sua formação, em pintura, em fotografia, história da arte, preservação, teatro. Não é por acaso, que dentre nossos professores temos engenheiros eletrônicos, engenheiros mecânicos, veterinários, geólogos, arquitetos, químicos, dentre outros. Não é por acaso, que na Escola de Belas Artes, a química, a física, a geologia, a metalurgia, a biologia e as engenharias, além da computação, são aqui praticadas e desenvolvidas, nas mãos e cérebros de nossos artistas, como elementos fundamentais do processo criativo. A interdisciplinaridade, na Escola de Belas Artes, é parte integrante de nosso quotidiano. É aqui, nesta Escola, que ocorrem as melhores festas do campus da UFMG, organizadas, famosas, e disputadas. A situação da Escola de Belas Artes - Demandas e Situação Atual Com relação à nossa situação atual, Magnífico Reitor, é para nós motivo de orgulho o fato de que a Escola de Belas Artes, dentre todas as unidades, é a que mais cresceu, com novos cursos, no âmbito do Reuni. De uma Escola com somente um curso, desde os anos cinqüenta, este ano comemoramos os dez anos da instalação do curso de teatro, e no ano passado iniciamos, como primeira escola em toda a UFMG, o primeiro curso oferecido no Reuni, o curso de graduação em conservação-restauração de bens culturais móveis, agora em seu segundo oferecimento. E agora, em 2009, já somos uma escola com seis cursos em funcionamento, utilizando os períodos matutino, vespertino e noturno. Artes Visuais (Licenciatura e Bacharelado), Teatro, Conservação-Restauração, Cinema de Animação e Artes Digitais, Design de Moda, Design Gráfico (este com a EA) são os cursos atuais em funcionamento, e em 2010 atingiremos o funcionamento pleno, para os próximos anos, com o oferecimento do curso de Dança. Mas como deve ser de conhecimento de todos que aqui estão, principalmente os pais, e as crianças, existe um fator intrinsecamente associado ao crescimento. Estou falando, metaforicamente, da dor do crescimento. A abertura, vontade e determinação da EBA em promover e oferecer novos cursos, é motivo de orgulho e merece de todos nós o mais profundo respeito à comunidade da EBA pela decisão. Mas agora, e nos próximos anos, viveremos momentos de angústias e de disputas, de argumentação e defesa de nosso espaço e seu crescimento, para atender às novas necessidades. Não, não Senhoras e Senhores, de forma alguma, a EBA, por ser uma Escola de Artes, é aquela na qual ficamos contentes e satisfeitos somente com um pedaço de papel, um lápis e um cavalete. Podemos sim, fazer muito com um lápis, papel e um cavalete. Podemos fazer e criar muito, com os recursos de nosso corpo, nossa voz, nossos braços e expressões corporais, mas o processo criativo, e principalmente, o ato criativo, precisam de espaço, de ambientes especiais, de pé direito alto, de luz, de equipamentos e de tecnologia, e, mais importante, creio eu, e reitero, de forma alguma prescindimos da manutenção e uso das tecnologias alternativas e antigas, hoje tão carentes de preservação, divulgação e manutenção de seu uso. O prédio da Gravura, galpão antigo, com mais de vinte anos de uso ‘provisorio’, não atende, de modo algum, às necessidades das atividades que ali são desenvolvidas. Trabalhamos com ácidos, com chapas metálicas, prensas, revelação e fixação com luz

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ultravioleta, e os ambientes precisam atender às peculiaridades de seus usos. Não é por sermos uma Escola de Artes que declinamos da necessidade de ambientes especiais. O mesmo se aplica ao curso de conservação-restauração, que necessita de espaços amplos e laboratórios, para os alunos praticarem e aprenderem, na prática, a importância e a complexidade das intervenções em esculturas, pinturas, obras sobre papel. O futuro curso de Dança necessita de espaços especialmente dedicados às suas atividades específicas, que geram calor, umidade, ruídos, e que precisam de espaços amplos para sua execução. Como praticar e produzir escultura em metal sem fazer barulho? A solução, neste caso, e em muitas situações semelhantes aqui na Escola de Belas Artes, é o recurso a tecnologias de ventilação e controle acústico. Volto, portanto, à figura metafórica da dor do crescimento, e conclamo a Reitoria e os colegas Diretores de Unidades, a nos ajudar a crescer, pois efetivamente vamos precisar da compreensão e da ajuda de todos. Estamos em contato direto com os arquitetos da UFMG, discutindo, em grupo, as diversas necessidades da Escola e esperamos, em breve, discutir com toda a comunidade de professores, funcionários e alunos, as propostas de adaptação física. Aqui, debaixo deste teto, desta Escola de Belas Artes, convivem as artes digitais, para as quais necessitaremos de ferramentas complexas de computação, e as artes tipográficas, representadas pela primeira prensa e seus tipos, da antiga imprensa universitária, hoje aqui preservados graças à ação de nossos professores, artistas que praticam, no sentido mais amplo, a preservação. Precisamos tanto do espaço para a computação quanto do espaço para a guarda e manutenção das tecnologias antigas, tradicionais, que pela força da globalização, tornam-se elementos e objetos de preservação. Quais as vantagens associadas à convivência de atividades tão diversas? As vantagens são exatamente os benefícios ao ensino, à pesquisa, e à extensão, pois promovemos a criação, a crítica e a preservação, usando de tecnologias e ferramentas avançadas, mas mantendo a visão humanista e o respeito ao passado e aos valores, sociais, culturais, econômicos, e familiares, dentre outros. É nosso objetivo, que fique claro para todos, lutar incessantemente para que todas as nossas necessidades sejam atendidas, e para tal não mediremos esforços em discutir, avaliar, rediscutir, reavaliar, e promover reuniões, praticando o diálogo e o entendimento. Buscaremos inclusive parcerias externas, junto à UNESCO, ao Ministério da Cultura, e também procuraremos fontes internacionais, mas precisaremos também da colaboração de toda a comunidade interna à EBA, pois é aqui, neste espaço, que estaremos crescendo, sem paralisar nossas atividades. Cabe, neste contexto relativo à situação da Escola de Belas Artes, mencionar a importância da dedicação de todos os membros de nosso corpo docente de dos funcionários técnico-administrativos, para o bom andamento de nossos serviços e atividades. A EBA tem atualmente um plantel reduzido de funcionários técnico-administrativos, não temos, ainda, a tradição de trabalhar com o apoio de técnicos de laboratório, e necessitaremos, já de imediato, e em breve, sem sombra de dúvidas, de mais pessoal técnico-administrativo, para dar conta de nossas responsabilidades. A todos aqueles que já fazem parte de nossa equipe, tanto os professores quanto os funcionários, pedimos desde já, a todos, que revejam e reavaliem sua atuação na Escola de Belas Artes, pois àqueles que já se dedicam com muito afinco e dedicação, desde já apresentamos nosso voto de confiança e nosso agradecimento, e àqueles cuja consciência permite claramente concluir, que ainda há espaço para maior comprometimento e dedicação, fica aqui o nosso recado de que tal será cobrado, espero

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que não por nós diretamente, mas com certeza pela própria comunidade, através de nosso esforço coletivo de desenvolvimento e responsabilidade solidária. A prática de exercícios de gestão corporativa será por nós buscada, na medida do possível, devido aos entraves burocráticos geralmente apresentados pelo Serviço Público, mas de nada valerão nossos esforços, se o comprometimento não for firmado através da participação ativa de todos os membros da comunidade. Perspectivas Futuras Numa visão de médio e longo prazo, é mais que hora de iniciarmos, como comunidade artística da UFMG, nossa luta e reivindicação para a construção e criação do Museu de Arte da UFMG. Uma universidade do porte da nossa, tão importante no sistema Federal de Ensino Superior, líder em diversas áreas do conhecimento, não pode se furtar ao seu papel na sociedade. Teremos, em breve, através da associação entre a Escola de Ciência da Informação e da Escola de Belas Artes, um curso de museologia. O Presidente Lula decretou, há pouco menos de um mês, a criação do IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus, e a UFMG, com toda a sua diversidade de acervos, arquitetônicos, artísticos e científicos, carece ainda de um projeto de museu de arte. O Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG cumpre suas funções enquanto Museum (em Francês o termo Musem refere-se a Museu de História Natural, enquanto o termo Musée refere-se aos demais tipos de museus), os centros de memória das diversas faculdades também cumprem seu papel junto a estas, mas um Museu de Arte, que congregue acervo para pesquisa, ensino e que seja plenamente acessível ao público e aos pesquisadores é ainda um objetivo a ser discutido, planejado e alcançado, e nosso compromisso, desde já, é lutar para que esta idéia seja realizada. A necessidade de um museu de arte vincula-se específicamente às nossas atividades no campo da criação, crítica e preservação nas artes visuais, e quando voltamos nosso pensamento para o contexto das artes cênicas, nos vem também à mente, novamente, a importância da UFMG no cenário federal de ensino superior, sua importância junto à comunidade, e novamente não podemos nos furtar a defender a idéia da criação de um Teatro da UFMG, que é exatamente o espaço de pesquisa, ensino, e de promoção do acesso à população, vinculado aos trabalhos acadêmicos nas artes cênicas. Esta dupla, Museu de Arte da UFMG, e Teatro da UFMG, desde já adianto, caros amigos, será sempre e oportunamente lembrada, por nós, nas mais diversas instâncias executivas da UFMG, como bandeira da Escola de Belas Artes e sua comunidade. Relações Institucionais Buscaremos estreitar nossas relações com outras Escolas de Arte no Brasil e no exterior, na busca de melhor conhecimento mútuo e na junção de esforços para, no caso das Escolas Brasileiras, lograrmos mais reconhecimento e recursos junto às agências de financiamento da pesquisa e do ensino, como a CAPES e o CNPq, além da FINEP e Ministério da Ciência e Tecnologia. A visão torpe, por vezes gerada pela ignorância, por vezes utilizada devido à conveniência, dos atelieres como espaços que não carecem de investimento em infraestrutura, tem, em nossa opinião, que ser substituída pela visão contemporânea, consciente e responsável do atelier como LABORATÓRIO, nos mesmos moldes dos laboratórios de institutos como o instituto de ciências exatas, de ciências biológicas e de geociências. Nossos ateliers são os nossos laboratórios, e merecemos, como todas as demais unidades, de laboratórios apropriados.

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Extensão Quanto às diversas outras possíveis parcerias com a comunidade, agradeço, e muito, a todos aqueles que representam nossos parceiros, atuais e futuros, e que aqui vieram prestigiar este momento solene. A inserção das artes na vida das comunidades é fundamental para que tenhamos êxito em nossas atividades de extensão. É por este motivo que fizemos questão de convidar para esta posse os nossos colegas do Projeto Manuelzão, grande projeto de pesquisa e extensão da Escola de Medicina, que atua diretamente com as comunidades rurais, promovendo a saúde da população, mas usando de ferramentas como o teatro, a promoção da diversidade cultural, e a proteção e uso sustentável do meio ambiente, como elementos de agregação e valorização da auto-estima e do conhecimento das comunidades. Pretendemos discutir e avaliar com nossos colegas do Manuelzão possíveis formas de colaboração da Escola de Belas Artes no projeto, através da inserção de atividades promovidas por professores e alunos da EBA, nos mais diversos campos de atuação da Escola. Aos nossos colegas do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, continuaremos com nossos esforços de consolidação de parcerias e abertura de novas possibilidades para nossos alunos, professores e funcionários. É com grande satisfação que estamos já promovendo uma atividade de colaboração com a França, através do projeto de documentação científica da obra de Nicolas Poussin, do acervo do MASP, este trabalho em colaboração com o C2RMF. Pretendemos fazer mais e estreitar nossa relação com a França, e agradeço pela presença da Senhora Sylvie Debs nesta nossa solenidade, aqui representando o Serviço Cultural da Embaixada Francesa, com escritório aqui em Belo Horizonte. Oportunamente, outras instâncias de colaboração junto a outros países com certeza surgirão, mas procuraremos, como ação estratégica, fortalecer nossa atuação no âmbito do MERCOSUL Cultural, e para tanto contamos com a disposição e apoio de nossos colegas no Ministério da Cultura, através do setor de Relações Exteriores, com o qual já iniciamos contatos. Estamos também em contatos institucionais para formalização de parceria com o Instituto Inhotim, atualmente presidido por nossa ex-Reitora da UFMG, Prof. Ana Lúcia Gazzola. Diversas possibilidades serão objeto de análise de um grupo de trabalho mixto EBA-Inhotim, para chegarmos a uma agenda de trabalho, entretanto já temos em andamento uma proposta de atividade conjunta, envolvendo artistas residentes franceses em Inhotim, que atuarão também junto à comunidade da EBA. Esta atividade também encontra-se vinculada às comemorações do ano da França no Brasil. Dentre nossos parceiros, aproveito a oportunidade para agradecer também a presença de nossos colegas da Fundep - Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa, instituição de fundamental importância para o desenvolvimento da UFMG, e reitero, na presença de todos, nosso compromisso em promover a institucionalização de diversas atividades de extensão que já são praticadas por nossos professores e funcionários, mas que carecem ainda de recursos institucionais para serem efetivamente incorporadas ao rol de atividades da Escola de Belas Artes. A participação da Fundep na execução deste projeto, e na formulação de um PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional da Escola de Belas Artes, é fundamental. Pretendemos também, no âmbito de nossas atividades de extensão, executar algumas atividades-piloto junto à comunidade de Lagoa Santa, onde tenho a satisfação de residir. A riqueza e importância de Lagoa Santa no cenário da arqueologia e paleontologia no Brasil e nas Américas, além de sua proximidade com a Serra do Cipó e a manutenção do importante bioma da Serra do Espinhaço - patrimônio natural da humanidade

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reconhecido pela UNESCO, nos permitirá, através de ações estratégicas em colaboração com a Prefeitura e a Câmara Municipal, trabalhar com questões vinculadas a gestão de acervos e promoção da diversidade cultural e de expressões artísticas, como ferramentas de promoção social e de desenvolvimento sustentável. O Museu Arqueológico da Região de Lagoa Santa, carinhosamente chamado de Museu da Lapinha, encontra-se também incluído em nossos planos de atuação, e desde já fico feliz de divulgar nesta solenidade a recente proposta da Câmara Municipal de Lagoa Santa, de tombamento do Museu. Ainda como atividade direta da Escola de Belas Artes junto a diversas comunidades de Minas Gerais, não poderia deixar de mencionar aqui a importância e o alcance de nosso curso de especialização em ensino de artes visuais, modalidade à distância oferecida pela EBA na Universidade Aberta do Brasil, que tem tido muito sucesso e forma mais de trezentos profissionais, distribuídos em diversos municípios do território mineiro, incluindo o norte de Minas, tão carente de ações nas mais diversas áreas. A Diversidade Cultural De acordo com a UNESCO, ‘A Diversidade Cultural é uma força motriz do desenvolvimento, não somente com respeito ao crescimento econômico, mas também como meio de se levar a um desenvolvimento intelectual, emocional, moral e da vida espiritual. Ao mesmo tempo, o reconhecimento e a aceitação da diversidade cultural, em particular através do uso de mídias inovativas, são formas condutoras do diálogo entre as civilizações e as culturas, de respeito e entendimento mútuo.’ A Promoção da diversidade cultural - o ‘patrimônio comum da humanidade’, de acordo com a Declaração Universal da Diversidade Cultural da UNESCO, de 2001, e o seu corolário diálogo, tornou-se uma das questões mais contemporâneas e proeminentes e, por esta razão, tornou-se o mandato da organização. Em Outubro de 2005, na 33 Sessão da Conferência Geral da UNESCO, foi adotada e aprovada a Convenção sobre a Proteção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, que entrou em vigor em março de 2007. O objetivo da Convenção é reforçar os cinco pilares inseparáveis de uma mesma cadeia: a criação, a produção, a distribuição/disseminação, o acesso e o desfrute das expressões contidas nas atividades culturais, nos bens e serviços. O Brasil é signatário da Convenção a UNESCO, e portanto poderemos ter acesso a mecanismos internacionais de promoção da execução da Convenção. Recomendo a todos que visitem o site da UNESCO, e consultem, na área relacionada à convenção, o documento intitulado ‘Recomendação relativa à Condição do Artista’, adotado em 27 de outubro de 1980. O documento promove e reconhece a função peculiar dos artistas na sociedade, reconhecendo inclusive seus direitos como cidadãos e seus direitos de desenvolverem suas atividades com igualdade de condições com todos os outros cidadãos. Na EBA, nossos esforços se concentrarão na promoção da diversidade cultural, no respeito e promoção das expressões artísticas, e na pesquisa, ensino e extensão na área das artes. Não podemos deixar de mencionar que envidaremos esforços também na busca de melhores condições para o trabalho na EBA, através de ações que promovam melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho.

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Agradecimentos Ao Magnífico Reitor da UFMG, Prof. Ronaldo Tadeu Pena, reitero os agradecimentos pela confiança em nós depositada. Vossa Magnificência pode confiar, Magnífico Reitor, que a Escola de Belas Artes contribuirá com desenvoltura e satisfação suas atividades, para contribuir com o brilho e a qualidade de sua administração. Apresento um agradecimento especial ao meu colega Prof. Evandro Lemos, que atuará ao nosso lado como Vice-Diretor, mas que tem em sua bagagem conhecimentos e experiência política que serão fundamentais para o desenvolvimento de nossas ações nesta Diretoria. Meu muito obrigado por todo o período em que atuamos juntos, nos últimos quatro anos, e desde já meu agradecimento por seu empenho em nossas atividades para os quatro anos vindouros. A todos os professores da Escola de Belas Artes, tanto os veteranos quanto àqueles novos, que estão chegando devido aos novos concursos, minha saudação e agradecimento por seu trabalho e dedicação à Escola de Belas Artes. Aos Chefes de Departamento, aos Coordenadores de Colegiado, ao Coordenador e ao pessoal do CENEX, à Diretoria e funcionários do CECOR, à Secretaria Geral da EBA às Chefias e Secretarias Administrativas da Escola, aos funcionários da Biblioteca, do Setor de Serviços Gerais, do Setor de Pessoal, , ao pessoal do Setor de Compras, Contabilidade e Finanças, a todos e todas, muito obrigado por seu empenho nesta nova administração que se inicia, e que tenhamos, neste período, a satisfação de dividirmos e assumirmos nossas responsabilidades, com prazer, competência e mantido o senso de responsabilidade solidária. Agradeço também aos alunos da EBA, da graduação e da pós, e aos membros do DA, que em muito contribuem para o aprimoramento das atividades acadêmicas, de ensino, pesquisa e extensão na Escola de Belas Artes. Vamos, juntos, viver este momento de crescimento da EBA. Gostaria ainda, de deixar aqui uma homenagem a todos meus colegas de uma comunidade muito especial que surgiu em Belo Horizonte ao final de 1981, e que me ajudou e influenciou em meu processo de estabelecimento em Belo Horizonte e na UFMG, contribuindo fundamentalmente para minha vida como um todo, e para minha vida profissional e acadêmica, que é a comunidade de moradores do início da existência da então Moradia Estudantil Borges da Costa. De lá tenho amizades que persistem até hoje, e daqueles que lá moraram no início da década de 80, temos hoje, espallhados pelo mundo e pelo Brasil, professores universitários na UFOP, UFES, Unimontes, USP, UFRGS, UFMS, funcionários do BNDES, juízes de direito, prefeitos, médicos, e artistas. Na pessoa de meu amigo, aqui presente, Prof. Dr. Magid Nauef Lauar - Meritíssimo Juiz de Direito, e na pessoa de minha amiga Titane, que também por lá passou, deixo minha saudação especial a todos. Agradeço ainda à Titane por se dispor a dar a mais brilho a esta solenidade, através de sua música e melodia, e aproveito a oportunidade para saudá-la por suas iniciativas de preservação na área da música e do folclore e das tradições em Minas Gerais. Muito obrigado, Titane, agradecimento extensivo ao seu marido e produtor, João das Neves, profissional das artes cênicas pelo qual temos, todos, muito respeito e admiração.

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Agradeço também ao Marcelo Fonseca, jovem músico integrante da Orquestra Jovem do Palácio das Artes, por sua brilhante atuação nesta solenidade. Na recepção que temos o prazer de ofertar a todos os participantes deste evento, teremos mais chances de ouvir o talento de Marcelo ao violino. Trata-se de exemplo de uma combinação de talento, influência familiar, dedicação aos estudos e ao trabalho, e como membro da comunidade de Lagoa Santa, onde vivemos, é uma honra termos um vizinho tão ilustre. Finalmente, gostaria novamente de agradecer a todos aqueles que comparecem a esta solenidade, a todos os professores, funcionários e alunos, da EBA e de outras unidades, aos meus alunos da graduação e da pós-graduação, aos meus orientandos e colegas de laboratório, por sua presença e pelas demonstrações de carinho e afeto. Não posso aqui, neste momento solene, deixar de manifestar meu mais profundo agradecimento à minha mãe, aqui presente, ao meu pai - in memorian, e à minha esposa Silvana, e aos meus filhos Maria Luiza, Maria Laura e Felipe Borges. Esta atividade que agora assumo, com certeza representará alguns minutos diários - ou mesmo horas - a menos na convivência familiar, mas, de uma forma que poderia a princípio ser contraditória, é exatamente o suporte e a riqueza da convivência familiar que constituem os elementos fundamentais que me dão forças para continuar. A todos, muito obrigado, e boa sorte.