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TCU 2010 – CURSO DE DISCURSIVAS – AULA 00 1 AULA DEMONSTRATIVA Luiz Henrique Lima Luciano Oliveira Cyonil Borges Olá, concurseiro(a)! Inicialmente, vamos fazer as devidas apresentações, para que você conheça um pouco mais de cada um de nós, que seremos seus professores neste curso de discursivas para Auditor Federal de Controle Externo do TCU 2010. Meu nome é Luiz Henrique Lima e novamente fui convidado pelo Ponto dos Concursos a ministrar um curso preparatório para provas discursivas (já ministrei esta matéria para outros concursos do TCU, da Receita Federal do Brasil, da Susep e do Ministério do Trabalho e Emprego). Antes de falarmos sobre o curso, é bom que vocês me conheçam melhor. Durante 12 anos, até janeiro de 2009, fui Analista de Controle Externo (ACE) do TCU, sempre lotado na Secretaria de Controle Externo do Rio de Janeiro (Secex-RJ). Atualmente sou Conselheiro Substituto do TCE-MT, aprovado no concurso público realizado em 2008, tendo tomado posse em janeiro de 2009. Sou economista, tenho especialização em Finanças Corporativas, Mestrado e Doutorado em Planejamento Ambiental pela Coppe-UFRJ, pois o meio ambiente é uma das minhas paixões. Comecei minhas atividades de professor no antigo curso União no Rio de Janeiro, em 1998, no concurso para ACE-TCU, na disciplina Controle Externo. De lá pra cá, tive turmas preparatórias para todos os concursos do TCU, além de algumas para a CGU, TCE-RJ, Câmara Municipal RJ etc. Desde 2007, tenho colaborado com o Ponto dos Concursos em turmas preparatórias para o TCU e a CGU, além de cursos de técnicas de elaboração de respostas para provas discursivas (Auditor Fiscal da Receita Federal, Analista da Susep, Auditor Fiscal do Trabalho), em parceria com os amigos Luciano Oliveira e Cyonil Borges. Uma das minhas alegrias, quando visito esses órgãos, é encontrar meus ex-alunos como profissionais bem sucedidos. Tanto na Secex-RJ como na Secex-MT, tenho vários colegas nessa situação, que hoje são brilhantes AUFCs e atuaram comigo em fiscalizações; em Brasília e outros estados são bem mais numerosos. É muito gratificante saber que contribuímos para a realização de sonhos e projetos. Continuo ministrando aulas em cursos preparatórios pelo Brasil afora: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, Fortaleza, Cuiabá... Ser professor é uma grande alegria e me deixa realizado. Também sou professor de pós- graduação em várias disciplinas na Fundação Getúlio Vargas, na PUC – Rio de

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TCU 2010 – CURSO DE DISCURSIVAS – AULA 00

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AULA DEMONSTRATIVA

Luiz Henrique Lima Luciano Oliveira Cyonil Borges

Olá, concurseiro(a)! Inicialmente, vamos fazer as devidas apresentações, para que você conheça um pouco mais de cada um de nós, que seremos seus professores neste curso de discursivas para Auditor Federal de Controle Externo do TCU 2010.

Meu nome é Luiz Henrique Lima e novamente fui convidado pelo Ponto dos Concursos a ministrar um curso preparatório para provas discursivas (já ministrei esta matéria para outros concursos do TCU, da Receita Federal do Brasil, da Susep e do Ministério do Trabalho e Emprego). Antes de falarmos sobre o curso, é bom que vocês me conheçam melhor.

Durante 12 anos, até janeiro de 2009, fui Analista de Controle Externo (ACE) do TCU, sempre lotado na Secretaria de Controle Externo do Rio de Janeiro (Secex-RJ). Atualmente sou Conselheiro Substituto do TCE-MT, aprovado no concurso público realizado em 2008, tendo tomado posse em janeiro de 2009.

Sou economista, tenho especialização em Finanças Corporativas, Mestrado e Doutorado em Planejamento Ambiental pela Coppe-UFRJ, pois o meio ambiente é uma das minhas paixões.

Comecei minhas atividades de professor no antigo curso União no Rio de Janeiro, em 1998, no concurso para ACE-TCU, na disciplina Controle Externo. De lá pra cá, tive turmas preparatórias para todos os concursos do TCU, além de algumas para a CGU, TCE-RJ, Câmara Municipal RJ etc. Desde 2007, tenho colaborado com o Ponto dos Concursos em turmas preparatórias para o TCU e a CGU, além de cursos de técnicas de elaboração de respostas para provas discursivas (Auditor Fiscal da Receita Federal, Analista da Susep, Auditor Fiscal do Trabalho), em parceria com os amigos Luciano Oliveira e Cyonil Borges.

Uma das minhas alegrias, quando visito esses órgãos, é encontrar meus ex-alunos como profissionais bem sucedidos. Tanto na Secex-RJ como na Secex-MT, tenho vários colegas nessa situação, que hoje são brilhantes AUFCs e atuaram comigo em fiscalizações; em Brasília e outros estados são bem mais numerosos. É muito gratificante saber que contribuímos para a realização de sonhos e projetos.

Continuo ministrando aulas em cursos preparatórios pelo Brasil afora: Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, Fortaleza, Cuiabá... Ser professor é uma grande alegria e me deixa realizado. Também sou professor de pós-graduação em várias disciplinas na Fundação Getúlio Vargas, na PUC – Rio de

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Janeiro e na Universidade Gama Filho, além de ter sido instrutor do ISC-TCU, da Escola de Contas do TCE-RJ e agora da Escola de Contas do TCE-MT. E mantenho uma sala de debate sobre Controle Externo no Fórum Concurseiros (www.forumconcurseiros.com).

Em 2007, realizei um projeto que me deu enorme satisfação, que foi a publicação do livro CONTROLE EXTERNO, pela Editora Campus-Elsevier. Em 2001, já tinha publicado CONTROLE DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL BRASILEIRO, pela Editora da UERJ.

Ainda em 2007, fui aprovado em 2.º lugar no concurso para Conselheiro Substituto do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, de cuja posse declinei, após ter sido nomeado, por ter optado em assumir cargo equivalente em Mato Grosso.

Em 2008, publiquei o livro CONTROLE EXTERNO – QUESTÕES COMENTADAS, também pela Editora Campus-Elsevier.

Em 2009, foi publicada a 3.ª edição de CONTROLE EXTERNO, revista, atualizada e ampliada.

Também tenho artigos técnicos sobre auditoria, licitações, Controle Externo e Direito Financeiro publicados na Revista do TCU, Revista do TCE-MT, Revista do TCE-BA, Revista do TC de Portugal, Revista de la Olacefs, Jus Navegandi, Cadernos Ebape.BR, Boletim de Licitações e Contratos, Boletim de Economia Fluminense entre outros. Recentemente publiquei artigo na Environmental Impact Assessment Review acerca da atuação do TCU no controle da gestão ambiental.

Agora em abril de 2010, serei empossado como Vice-Presidente da Região Centro-Oeste da Associação Nacional de Auditores (Ministros e Conselheiros Substitutos) dos Tribunais de Contas.

Pra você me conhecer melhor, saiba que nasci em Concórdia, SC, gosto de praia e de esportes ao ar livre, música clássica e MPB, e meu maior defeito – ou qualidade, como queiram – é ser rubro-negro, agora hexacampeão brasileiro. Uma das cláusulas contratuais que celebro com todos os cursos é que não ministro aulas ou acesso a internet durante os jogos do Flamengo na Copa Libertadores!

* * *

Olá! Meu nome é Luciano Henrique da Silva Oliveira. Sou natural de Santos/SP e tenho 35 anos. Morei no Rio de Janeiro por 10 anos, na época em que fui oficial da Marinha, e estou em Brasília há 5 anos, desde que vim trabalhar no serviço público civil federal, inicialmente na Secretaria do Tesouro

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Nacional, depois no Tribunal de Contas da União (TCU) e atualmente no Senado Federal.

Hoje sou Consultor de Orçamentos do Senado Federal. Já exerci o cargo de Auditor Federal de Controle Externo do TCU e o de Analista de Finanças e Controle da Secretaria do Tesouro Nacional. Antes disso, fui Oficial da Marinha do Brasil por sete anos. Sou professor de cursos preparatórios há mais de cinco anos, especializado em Direito Administrativo, e ministro também cursos de resolução de questões discursivas, atuando em cursos presenciais de Brasília e outras capitais. Também já ministrei aulas de Direito Comercial e de Contabilidade Geral. Atualmente sou o Presidente da Associação Nacional dos Concurseiros, a Andacon (www.andacon.org.br).

Tenho bastante experiência em questões discursivas, tendo em vista que eu mesmo já fui candidato em diversos concursos públicos nos quais houve cobrança desse tipo de questão, sempre obtendo as primeiras colocações (ver currículo abaixo), além de já ter ministrado vários cursos de resolução de discursivas (entre os quais os cursos on line e presencial do Ponto dos Concursos para AFRFB 2009, Analista da Susep 2010 e AFT 2010, juntamente com o Luiz Henrique e o Cyonil) e auxiliado inúmeros candidatos na fase de recursos de redações, em face das mais diversas bancas examinadoras, principalmente Esaf, Cespe e FCC.

Além disso, sou autor dos livros Direito Administrativo – Cespe/UnB, publicado pela Editora Ferreira, e Direito Administrativo – Questões Discursivas Comentadas, publicado pela Editora Impetus. Mantenho também um pequeno blog na internet sobre Direito Administrativo (www.diretoriojuridico.blogspot.com), onde podem ser encontradas dicas valiosas sobre concursos públicos, inclusive sobre questões discursivas.

Segue abaixo um pequeno resumo de meu currículo profissional: Atividades Profissionais: - Consultor de Orçamentos do Senado Federal; - Professor de Direito Administrativo e de Redação em cursos preparatórios de Brasília e outras capitais; - Professor colaborador do Ponto dos Concursos, da Editora Ferreira e do Fórum Concurseiros; - Presidente da Associação Nacional dos Concurseiros (Andacon); - ex-Auditor Federal de Controle Externo do TCU (2006-2009); - Ex-Analista de Finanças e Controle do Tesouro Nacional (2005-2006); - Oficial da reserva da Marinha do Brasil (Capitão-Tenente) (1999-2005); Formação Acadêmica: - Pós-graduando em Regulação de Serviços Públicos (TCU);

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- Bacharelando em Direito pela Universidade de Brasília (UnB); - Bacharel em Ciências Navais pela Escola Naval-RJ (1997); - Ensino Médio pelo Colégio Naval-RJ (1993). Aprovações em Concursos Públicos: - Consultor de Orçamentos do Senado Federal (FGV, 4.º lugar, 2008); - Auditor (Conselheiro-Substituto) do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCE-AL) (FCC, 2.º lugar, 2008); - Auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT (FESMP-RS, 1.º lugar, 2008); - Auditor (Conselheiro-Substituto) do TCE-GO (ESAF, 5.º lugar, 2008); - Auditor (Ministro-Substituto) do TCU (CESPE, 3.º lugar, 2007); - Analista de Controle Externo do TCU (ESAF, 3.º lugar, 2006); - Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (ESAF, 2.º lugar, Unidades Centrais, 2005); - Auditor Fiscal da Receita Estadual de Minas Gerais (ESAF, 6.º lugar, 2005); e - Analista de Finanças e Controle do Tesouro Nacional (ESAF, 4.º lugar, Área Contábil, 2005). Livros Publicados: - Direito Administrativo – Cespe/UnB, Ed. Ferreira, 2008; - Análise das Demonstrações Contábeis de Empresas, Ed. Ferreira, 2008; e - Direito Administrativo – Questões Discursivas Comentadas, Ed. Impetus. Artigo Publicado: - O Contraditório e a Ampla Defesa nos Concursos Públicos, site Jus Navigandi e Revista Zênite de Direito Administrativo, n.º 93, abril/2009.

* * *

Meu nome é Cyonil Borges e estou muito feliz pelo convite do Ponto dos Concursos para ministrar parte do curso preparatório para provas discursivas do TCU.

Para quem não me conhece, sou Auditor Federal de Controle Externo do TCU e atuo na Secretaria Regional de São Paulo. Ministro aulas presenciais (em SP, principalmente) e on-line de Direito Administrativo. Assim como o amigo Luiz, sou rubro-negro e, para que todos saibam, atual campeão brasileiro, logo, não é um traço negativo. Ah! Quase esqueci, autor (em co-autoria com o amigo Sandro “Maranhão”) do melhor livro de licitações e contratos (Editora Campus)!☺ Leitura indispensável para o concurso do TCU.

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* * *

Um dos diferenciais deste curso é que os seus professores não são neófitos ou teóricos de provas discursivas, mas concurseiros experimentados e bem-sucedidos. Assim como os pilotos de avião contabilizam suas horas de vôo e os tenistas registram sua pontuação nos torneios de primeiro nível, se você analisar as horas de cada um de nós resolvendo provas discursivas no mundo real, bem como nossas aprovações em concursos públicos de primeiríssimo nível, perceberá que dificilmente encontrarão no Brasil equipe docente com a mesma qualificação no assunto. Se quiser conferir, pergunte a quem fez o nosso curso de redação para AFRFB 2009, tanto o “on line” com correção, como o presencial, ministrado em Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo.

Muito bem! Feitas as apresentações, vamos aos estudos!

SOBRE A PROVA DISCURSIVA DO TCU 2010

O domínio da expressão escrita é essencial nas atividades diuturnas do AUFC, do que decorre a importância decisiva da prova discursiva em nossos concursos. Estamos o tempo todo redigindo instruções, elaborando relatórios, dirigindo correspondência aos jurisdicionados etc.

Imaginem como pegaria muitíssimo mal um documento redigido por uma equipe de auditoria com erros de concordância e ortografia! Felizmente, em mais de 10 anos no TCU nunca soubemos de nada semelhante, pois o nível cultural de nosso corpo técnico é excelente e tem a tendência de melhorar um pouco mais a cada concurso, com a salutar renovação de quadros, além de uma concorrência sempre mais acirrada.

No momento em que preparamos esta aula, ainda não se conhece o edital do concurso. Sabe-se, com certeza, que a prova discursiva terá, como em todos os concursos para AUFC, um peso fundamental na classificação dos candidatos. Em média, a prova discursiva representa quase 1/3 da pontuação total. Portanto, ao lado do estudo para as provas objetivas, você deve se dedicar de corpo e alma à preparação para as redações deste concurso, a fim de lograr êxito ao final do concurso. É preciso muita atenção, pois a prova discursiva, em outros concursos, tem eliminado alguns candidatos que lograram ótimos resultados na prova objetiva.

De acordo com a Resolução TCU nº 202, de 2007, os concursos do TCU terão sempre uma prova discursiva, de caráter eliminatório e classificatório, que consistirá em duas partes:

I – uma ou mais questões:

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a) sobre temas relacionados com as disciplinas caracterizadas como de conhecimentos básicos no edital do concurso; e

b) sobre temas relacionados com as disciplinas caracterizadas como de conhecimentos específicos no edital do concurso.

II – uma redação de peça de natureza técnica sobre tema relacionado com as disciplinas caracterizadas como de conhecimentos específicos no edital do concurso.

Cada parte da prova discursiva será avaliada quanto à demonstração de conhecimento aplicado e à modalidade escrita da língua portuguesa.

Em síntese, podemos concluir que o candidato deverá estar preparado para redigir pelo menos três textos: dois de natureza dissertativa e uma “peça de natureza técnica”, que em alguns concursos anteriores foi denominada “Parecer” ou “Relatório”. De fato, nos últimos concursos, foram cobrados quatro textos: três dissertações de até 20 linhas e uma peça de natureza técnica de até 50 linhas.

Assim que estiver disponível, realizaremos uma análise do edital de 2010 no que concerne à prova discursiva, de modo a ajustarmos nosso foco.

As notícias divulgadas pelo TCU informam que haverá vagas para AUFC especialidades Auditoria Governamental e Tecnologia da Informação.

Nos editais recentes, foram consideradas disciplinas de conhecimentos básicos para AUFC: Língua Portuguesa, Controle Externo, Direito Constitucional, Direito Administrativo, entre outras.

Para AUFC Auditoria Governamental, as disciplinas de conhecimentos específicos foram: Auditoria Governamental, AFO, Administração Pública, entre outras.

Por sua vez, para AUFC Tecnologia da Informação, os conhecimentos específicos diziam respeito às seguintes disciplinas: Tecnologia da Informação, segurança da Informação, Gestão e Governança de TI, entre outras.

O fato de, eventualmente, ocorrer alguma mudança no conteúdo das matérias em nada afeta o nosso curso que é de preparação para a prova discursiva. Para o conteúdo do curso, importa pouco que o tema da questão discursiva seja X, Y ou Z. O fundamental é preparar o candidato que domina os temas X, Y ou Z a responder satisfatoriamente as questões formuladas.

SOBRE O NOSSO CURSO

O curso on line de preparação para a prova discursiva de AUFC-TCU 2010 tem características próprias, distintas da maior parte dos cursos on line.

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Na verdade, cremos que o curso que o Luiz Henrique realizou aqui no PONTO em 2007 (que foi preparatório para o TCU), foi um dos primeiros cursos on line a serem ministrados no país com uma metodologia específica para provas discursivas.

De fato, nesta matéria, o curso não pode se limitar a apresentar questões, depois informar o gabarito, comentar o erro/acerto de cada alternativa proposta e esclarecer dúvidas ou decisões polêmicas das bancas organizadoras.

Numa prova discursiva, exige-se um esforço de raciocínio individual de cada candidato sobre o tema proposto, bem como o trabalho de expressar tais reflexões de forma gramaticalmente correta, na extensão dos limites solicitados e dentro do tempo previsto para a realização da prova. Além disso, a correção é individual, embora obedecendo a certos padrões.

Assim, em nosso curso, vamos procurar treinar bastante, simulando da melhor forma as condições reais da prova, oferecendo a cada aluno, dentro do possível, um acompanhamento individualizado.

As aulas propriamente ditas não serão extensas, pois o trabalho principal que caberá a você será redigir as dissertações propostas. E a nossa principal tarefa será fazer as correções individuais de cada texto que recebermos, dentro dos limites previamente estipulados.

Ao final do curso, você deverá estar familiarizado com as técnicas de elaboração de respostas para questões discursivas de concursos públicos.

Neste curso, você terá acesso a:

exemplos de questões discursivas de concursos públicos realizadas nos últimos anos, com ênfase no Cespe e nas disciplinas previstas para as provas discursivas;

exemplos de grades de correção oficiais das bancas examinadoras;

exemplos de respostas que obtiveram nota máxima;

análise crítica dos erros mais frequentes;

exercícios relacionados às principais habilidades a serem desenvolvidas.

modelos de recursos solicitando elevação de notas.

Porém, note: este não é um curso de Português ou de Gramática, tampouco de qualquer outra disciplina relevante para o concurso de AUFC do TCU. Pressupõe-se que o aluno já disponha de suficiente conhecimento para o melhor aproveitamento do curso e um melhor desempenho nos exercícios e oficinas a serem propostos.

ORGANIZAÇÃO DAS TURMAS

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Agora, cabe uma reflexão sobre as experiências dos anos anteriores, nos cursos ministrados pelo Luiz Henrique. De modo geral, a experiência foi boa e a avaliação dos alunos ao final do curso foi muito estimulante.

Em 2008, o Luiz montou duas turmas. A primeira, que corresponde a esta turma, foi chamada de Discursiva para o TCU 2008 com Correção Individual e teve inscrições limitadas a 200 alunos. A outra turma, denominada Discursiva para o TCU, não teve limite de inscrições, como é a prática dos cursos on line do Ponto.

O diferencial da primeira turma é que os inscritos tiveram exercícios corrigidos pessoalmente pelo professor; e os inscritos na outra turma, não. A necessidade de limitar os alunos com direito à correção individual decorreu de uma opção pela qualidade.

Naquela oportunidade poderíamos ter 600 alunos, cada um com um exercício corrigido individualmente. Preferimos ter 200, com três exercícios corrigidos individualmente para cada aluno. O volume do trabalho seria o mesmo. A primeira opção talvez fosse mais interessante sob o aspecto material. A segunda, que adotamos, é muito superior do ponto de vista do rendimento do aluno e do acompanhamento de seu progresso. Era nítida a melhora do aluno na elaboração da redação que se seguia ao recebimento da correção individualizada da primeira. E a cada correção, o aluno melhorava cada vez mais sua técnica de discursiva.

Procedimento semelhante foi adotado no concurso para AFRFB 2009/2010, já sob a responsabilidade da trinca Luiz Henrique/Luciano/Cyonil. Contudo, constatamos, nesse concurso, uma grande demanda não atendida. Vários alunos deixaram de se matricular no curso com correção, simplesmente porque as vagas esgotaram em três dias! Ou seja, os que ficaram de fora não puderam enviar seus textos para os professores e receber o feedback personalizado de seu desempenho, o que é fundamental para a preparação de uma prova dessa natureza.

Assim, para esse curso de AUFC como forma de viabilizar um número maior de inscrições, sem perda de qualidade nas correções, decidimos organizar bancas de correções especializadas para cada matéria. Assim, cada exercício dos alunos será corrigido por um integrante da banca e depois revisto por um de nós (Luiz Henrique/Luciano/Cyonil).

É importante ressaltar que os membros das bancas foram selecionados dentre profissionais de alto gabarito no mercado, todos competentes professores de cursos preparatórios e/ou ocupantes de importantes cargos na Administração Pública. Além disso, cada equipe de correção estará sempre sob supervisão direta de um de nós três (Luiz Henrique, Luciano ou Cyonil), que ficaremos responsáveis pela revisão de todas as correções.

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Para que haja transparência e você conheça o nível dos integrantes de cada banca, eis os seus nomes:

Exercício 1 (Peça de Natureza Técnica) e Exercício 2 (Questão de Controle Externo ou Direito Constitucional):

ALLISON CARVALHO DE ALENCAR (Procurador do Ministério Público de Contas do TCE-MT e professor);

LUIZ CARLOS AZEVEDO COSTA PEREIRA (Auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT e professor);

MARIA CÂNDIDA LIMA (jornalista e professora);

WILLIAM DE ALMEIDA BRITO JÚNIOR (Procurador do Ministério Público de Contas do TCE-MT e professor).

Exercício 3 (Questão de Direito Administrativo):

VINCENZO PAPARIELLO (Consultor de Orçamentos do Senado Federal e professor de cursos preparatórios em Brasília);

ANTÔNIO SARAIVA (Auditor Federal do TCU e professor de cursos preparatórios em Brasília);

THIAGO STRAUSS (Auditor Federal do TCU e professor de cursos preparatórios em Brasília);

JEAN CLAUDE O’DONNELL (Auditor Federal do TCU e professor de cursos preparatórios em Brasília);

Com isso, foi possível optar por um limite razoável de alunos, de modo que, este ano, os alunos do curso de discursiva do TCU 2010 terão três exercícios corrigidos cada um, limitado o número de participantes a 400 alunos. Uma vez atingido esse número de inscritos, a turma será fechada. Desta feita, não será oferecido o curso sem correção.

Dessa forma, se você desejar ter a correção individual de seus textos, sugerimos que faça logo sua inscrição, antes que o limite previsto seja alcançado!

PROCEDIMENTOS

Nosso curso terá 4 aulas, além desta aula demonstrativa.

Ao final das aulas 1, 2 e 3, iremos propor exercícios para que você treine em casa, simulando as condições da prova dissertativa.

Na aula seguinte à da propositura do exercício, apresentaremos um modelo de resposta e os comentários sobre os exercícios recebidos dos alunos, tendo em vista o quadro de correção apresentado no edital e a experiência dos professores com a grade de correção do Cespe. Além disso, serão apontados

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os erros de maior frequência entre os participantes e destacadas as soluções mais bem elaboradas, bem como as estruturas de argumentação mais adequadas, sempre preservando a identidade dos alunos.

Os exercícios serão corrigidos seguindo fielmente a grade de correção do Cespe, tanto quanto ao conteúdo como em relação ao uso do idioma, nos mesmos moldes normalmente realizados pelo Cespe em suas correções (que nós conhecemos, em razão de nossa experiência com a banca Cespe), e haverá atribuição de nota, de acordo com os critérios do edital. Portanto, isso é um grande diferencial deste curso. Além disso, serão apresentadas estatísticas das notas de todos os alunos do curso, para que o candidato saiba seu desempenho em relação a seus concorrentes.

Um ponto importante a destacar é que não haverá repetição de exercícios propostos em cursos anteriores – presenciais ou on-line. Os exercícios a serem corrigidos neste curso serão diferentes dos que foram corrigidos em cursos anteriores.

Para a correção das redações dos alunos, será estabelecida uma data-limite para o envio das respostas, de modo que os professores (Luiz Henrique, Luciano ou Cyonil) tenham tempo de ler e corrigir o máximo de redações antes da preparação da aula seguinte.

É muito importante que você tenha essa disciplina. Se muitos deixarem tudo para a última hora, enviando todos os exercícios do curso na véspera da data prevista para a conclusão (Aula Final), não será possível fazer o devido trabalho de acompanhamento da evolução progressiva de cada aluno.

De outro lado, se os alunos enviarem seus textos até a data-limite estabelecida, teremos condições de ler todos antes da aula seguinte, selecionando aqueles mais interessantes para “servirem de gancho” a comentários gerais. Ficará possível para alunos e professores a identificação dos eventuais pontos fracos e o acompanhamento do progresso ao longo do curso.

Assim como no dia da prova, em determinado horário ocorre o “fechamento dos portões”, e quem não comparecer a tempo perde a prova e o concurso; e assim como nos cursos presenciais quem chega depois do intervalo perde a primeira parte da aula; também em nosso curso, após o horário-limite estabelecido para o envio dos exercícios, haverá o “fechamento eletrônico dos portões” e não será mais disponibilizado o upload até a aula seguinte.

Cada aluno da turma receberá a correção individual dos 3 exercícios (2 questões e 1 peça de natureza técnica), com a condição de que as respostas sejam enviadas nos prazos combinados.

Outra informação importante é que talvez nem todos tenham os seus exercícios corrigidos já nos primeiros dias seguintes ao envio. Nossa meta é

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que todos recebam a correção o mais rápido possível, certamente antes do dia da prova. Não há dúvida, por outro lado, de que quem enviar sua redação mais cedo, obterá um feedback individualizado mais cedo.

Nem por isso você deverá deixar de fazer e enviar os exercícios propostos. Recomendamos que, dentro de suas possibilidades, cada um procure fazer o máximo de questões discursivas (vale checar o livro “Direito Administrativo – Questões Discursivas Comentadas”, do Luciano Oliveira, bem como as questões propostas ao final de cada capítulo do livro “Controle Externo – Teoria, Jurisprudência e mais de 450 questões”, do Luiz Henrique). Contudo, não será possível, por absoluta impossibilidade físico-temporal, corrigir outros textos além daqueles previstos neste curso.

COMO RESPONDER AOS EXERCÍCIOS

Outra questão muito importante é que, para você se auto-avaliar e para nós podermos colaborar ao máximo com o seu desenvolvimento, é preciso tentar reproduzir o mais fielmente possível o ambiente real do dia do concurso.

No futebol, costuma-se dizer que “treino é treino, jogo é jogo” e até um de nossos maiores craques tornou-se célebre por não gostar de treinar. Em concurso público, não é assim, principalmente em prova discursiva. Quanto mais treino, melhor! E treine como se estivesse disputando a final da Copa do Mundo!

Assim, vamos combinar três coisas.

Primeiro: quando você for acessar as aulas na Internet, esteja pronto para começar imediatamente o exercício discursivo: papel em branco, caneta e relógio marcando o tempo! Não tem sentido você ler a questão de manhã, passar o dia com o tema na cabeça, eventualmente consultar um livro, e de tardezinha começar a redigir. Não é assim que vai ser no dia do concurso, não é mesmo?

Precisamos treinar para enfrentar a ansiedade de conhecer o enunciado, vencer o desafio da folha em branco e superar a tirania do relógio, extraindo de nós mesmos o máximo em conteúdo e expressão, de modo a alcançarmos nosso objetivo com um excelente resultado!

Segundo: encerrado o tempo previsto para o exercício, você deve interromper imediatamente a redação, mesmo deixando frases pela metade (já aconteceu com o Luiz Henrique, em provas do mestrado, e com o Luciano, em provas de concurso público...). Aí, pedimos que você copie o que conseguiu fazer em arquivo eletrônico, transcrevendo literalmente o texto manuscrito. Não vale usar corretor ortográfico ou reorganização de parágrafos... A transcrição deve ser fiel, mesmo que você perceba, ao transcrever, que cometeu alguns erros de grafia.

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Dizemos isso porque, certamente, ao fazer a transcrição, você mesmo observará diversas oportunidades de melhoria, mas evite a tentação de introduzi-las no corpo do texto. O simples fato de percebê-las já faz parte do aprendizado e é um indicador de progresso. Se preferir, coloque essas observações à parte, destacadas em letras de cor diferente.

Feito isso, envie o arquivo para o endereço fornecido pela coordenação do curso, seguindo as orientações que serão detalhadamente fornecidas em nossa aula 01.

Terceiro: fique à vontade para comentar, no e-mail, quaisquer dúvidas ou dificuldades que tenha enfrentado ao realizar o exercício.

Finalmente, duas observações sobre tecnologia.

Muitos alunos têm seus provedores de Internet equipados com dispositivos anti-spam. É preciso que você habilite o servidor de correio eletrônico para receber mensagens dos nossos endereços, pois é assim que irá receber as correções, comentários e avaliações. Isso é MUITO IMPORTANTE, principalmente para os usuários do hotmail e do UOL.

Nas turmas anteriores, houve diversos casos de alunos a quem o Luiz Henrique enviava a resposta e a mensagem ia direto para a pasta de lixo eletrônico. O aluno via na página do curso que a redação estava corrigida e reclamava que não tinha recebido a resposta. Perdeu-se um bom tempo, tanto do professor, como, principalmente, dos alunos, com essa situação que, na verdade, é muito simples de resolver. Os endereços que utilizaremos serão informados na aula 01.

Outra observação é de que só receberemos arquivos no formato Word 2003, ou seja, com extensão “.doc”. Não temos condições de fazer correções sobre arquivos “.pdf”, manuscritos escaneados, imagens “.gih” ou “.jpeg” etc. E nem sempre dispomos, na estação de trabalho em que estivermos, de recursos para leitura de arquivos em formato OpenOffice (“.odt”) ou Office 2007 (“.docx”). Pedimos então a gentileza de que os arquivos enviados com as suas redações venham digitados (não escaneados) e com o formato “.DOC”, está bem?

CONTEÚDO

Como visto, a avaliação da prova discursiva pela banca examinadora compreenderá tanto a “demonstração de conhecimento aplicado” quanto a da “modalidade escrita da língua portuguesa”.

Um curso voltado para a prova discursiva pressupõe que o aluno já disponha, além dos conhecimentos de Português, de uma boa base de estudos nas disciplinas de onde serão extraídos os temas das questões. Para o TCU, na prova P3, tais disciplinas são, principalmente, Controle Externo, Direito

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Constitucional e Direito Administrativo, além de bom domínio das normas de licitações e contratos, concessões se serviços públicos e LRF, entre outras. Aos nossos alunos, sempre indicamos para estudarem também as Leis 8.429, de improbidade administrativa, e 10.028, de crimes contra as finanças públicas. Para a prova P4, os temas variam conforme a especialidade escolhida.

Eventualmente, como veremos em alguns exemplos de concursos recentes, os enunciados combinam conceitos de mais de uma disciplina, o que, aliás, ocorrem nas atividades do AUFC, quando numa mesma instrução são necessários conhecimentos de diversos diplomas legais, técnicas estatísticas etc.

Portanto, para vencer o desafio da prova discursiva, você deve, além de praticar as redações aqui conosco, relembrar os principais tópicos que podem ser cobrados pela banca.

Evidentemente, não temos a pretensão de suprir todas as suas eventuais necessidades no conteúdo de todas as matérias, já que o curso é de elaboração de discursivas. Não obstante, vale lembrar que todos os professores deste curso são especialistas em Controle Externo, Direito Constitucional e Direito Administrativo, o que, sem dúvida, é um grande diferencial.

Além disso, todos nós somos concurseiros com boa experiência e conhecimento das mais diversas disciplinas de concurso (vejam nossos currículos na página inicial), de modo que, sempre que for pertinente, vamos “dar uns toques”, indicando, se houver, pontos fracos na sua argumentação, reveladores da importância de revisar esse ou aquele conceito de determinada matéria, está combinado?

Aliás, dissemos que nossa correção seria feita nos moldes adotados pelo Cespe. Na verdade, isso não é inteiramente exato. Iremos além: acrescentaremos, na própria correção, comentários, explicando o porquê de seus erros e, se for o caso, dando sugestões de como você pode melhorar sua redação. Por isso, este curso é realmente um produto personalizado e diferenciado.

Vejamos a seguir um exemplo de redação corrigida por nós. O trecho abaixo foi retirado do texto de um dos alunos do nosso último curso de discursivas para Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil 2009/2010. As siglas utilizadas referem-se à grade de correção da Esaf, que foi a banca responsável por aquele concurso.

Toda a correção foi feita com base nos critérios normalmente adotados pela Esaf, os quais são de nosso conhecimento, em função de nossa experiência com essa banca, seja como candidatos, seja como orientadores na elaboração de recursos de inúmeros alunos nos últimos anos. Já neste curso para o TCU, utilizaremos nossa longa experiência cespeana.

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Exercício n.º 1: (ESAF/ACE/TCU/1999) Explicite os fundamentos e peculiaridades do controle de

legitimidade dos atos administrativos, no direito brasileiro, especialmente o controle dos atos discricionários.

Extensão: de 15 a 30 linhas Resposta do aluno corrigida: Os atos administrativos, ou seja, aqueles expedidos pelo Poder Público em sua

função administrativa, devem obedecer às leis e a outros atos normativos em vigor e aos princípios adotados pela Constituição Federal e por demais dispositivos legais. O cumprimento de tal obediência é garantido por meio de diversos instrumentos de controle, tanto internos, quanto externos, e recaem sobre atos vinculados e discricionários.

O controle de legitimidade está intimamente relacionado ao de legalidade e ambos são exercidos internamente pelo próprio Poder, através (PREFIRA “POR MEIO DE”) da auto-tutela Ortografia – 0,25 (NÃO HÁ HÍFEN), e também externamente por diferentes Poderes, como o judicial Forma – 0,25 (LETRA MAIÚSCULA) E Argumentação Inexata – 0,5 (O PODER CHAMA-SE “JUDICIÁRIO”) e o legislativo Forma – 0,25 (LETRA MAIÚSCULA), que é, por sua vez, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União.

Além dos controle Concordância – 0,5 (CERTO: CONTROLES) mencionados, existe o controle do mérito administrativo, existente apenas nos atos discricionários e que não pode ser exercido judicialmente.

Como já explicitado, o âmbito de atuação do controle de legitimidade é abrangido pelos atos vinculados e discricionários. – 0,75 (ESTILO. “O ÂMBITO... É ABRANGIDO” FICOU ESQUISITO. MELHOR: “O CONTROLE DE LEGITIMIDADE ABRANGE OS ATOS...”) Os atos vinculados possuem todos os seus elementos, tais como a competência, a forma, a finalidade, o motivo e o objeto, Sintaxe De Construção – 0,75 (“TAIS COMO” DÁ A IDEIA DE QUE HÁ OUTROS, ALÉM DOS CITADOS. MELHOR: “QUAIS SEJAM”) vinculados à lei, não havendo qualquer margem de escolha de atuação por parte do administrador público. Os atos discricionários, no entanto, não possuem todos os seus elementos vinculados à lei, podendo os critérios de conveniência e oportunidade, o chamado mérito administrativo, ser utilizados quanto aos elementos motivo e objeto.

O sistema brasileiro de controle dos atos administrativos através (PREFIRA “POR MEIO DE”) de seus mecanismos de “freios e contrapesos” foi concebido visando evitar abusos por parte dos Poderes, permitindo também a harmonia e a independência entre eles.

Omissão Parcial de Tópico – 0,5 (O CONTROLE ADMINISTRATIVO OCORRE DE OFÍCIO OU POR PROVOCAÇÃO)

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Omissão Parcial de Tópico – 0,5 (O CONTROLE JURISDICIONAL SÓ OCORRE POR PROVOCAÇÃO) NOTA DE CONTEÚDO: 8,5 NOTA DE IDIOMA: 7,25 TOTAL: 15,75

1) Número de linhas do manuscrito: 25 OK 2) Tempo utilizado para elaborar o texto: 1 hora OK

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Conforme foi dito, as correções individuais irão considerar os aspectos de conteúdo e de idioma conforme as regras estabelecidas no edital de AUFC-TCU 2010. Além disso, a correção seguirá, inclusive, a quantidade de pontos que o Cespe costuma descontar a cada erro constante da grade de conteúdo fornecida no edital, tendo em vista os concursos anteriores.

DÚVIDA DO ALUNO

E se, quando o edital sair (a previsão é na primeira quinzena de abril), houver mudança de banca ou de conteúdo?

Resposta: É improvável que ocorram grandes mudanças, mas se isso acontecer, adaptaremos o conteúdo do curso às especificações do edital, inclusive no que concerne ao cronograma, de modo a concluir as aulas pelo menos uma semana antes da data anunciada para as provas.

O desdobramento da grade do edital será fornecido na aula 01, quando “dissecaremos” todos os itens normalmente considerados pelo Cespe em suas correções.

As aulas obedecerão à seguinte estrutura geral:

Parte teórica;

Exemplos de textos técnicos;

Comentários e dicas para a resolução de questões discursivas de concursos públicos;

Solução do exercício proposto na aula anterior;

Comentários sobre as respostas dos alunos, destacando-se:

o os erros de maior frequência;

o as soluções mais bem elaboradas;

o as estruturas de argumentação mais adequadas.

Exercício para a aula seguinte;

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Além disso, procuraremos acrescentar dicas e respostas para as dúvidas mais frequentes dos alunos.

No fórum de dúvidas dos alunos, responderemos às questões relacionadas ao conteúdo das aulas e aos elementos necessários à solução dos exercícios apresentados. Todavia, não teremos condições de responder a dúvidas associadas a outras disciplinas ou a outros concursos.

Como bibliografia de apoio, indicamos os livros Direito Administrativo – Cespe/UnB e Direito Administrativo – Questões Discursivas Comentadas, ambos do Luciano Oliveira, publicados, respectivamente, pela Editora Ferreira e pela Editora Impetus, e o livro Controle Externo – Teoria, Jurisprudência e mais de 450 questões - 3ª edição, do Luiz Henrique Lima, da Editora Campus-Elsevier. O Capítulo 15 deste último livro é dedicado à prova discursiva para o TCU. Por fim, e não menos importante, recomandamos o livro Licitações e Contratos (Editora Campus-Elsevier), do Cyonil Borges.

CRONOGRAMA DOS TRABALHOS

Aula 00 (demonstrativa): 31 março

Aula 1: 14 abril

Prazo para envio do exercício 1 (parecer): 21 abril

Aula 2: 28 abril

Prazo para envio do exercício 2: 5 maio

Aula 3: 12 maio

Prazo para envio do exercício 3: 19 maio

Aula 4: 26 maio

Como as provas estão previstas para junho, estamos trabalhando com uma boa margem de segurança, para superar quaisquer contratempos e atender bem a todos.

EM RESUMO

Nosso curso terá, além desta, mais quatro aulas. Ao final das aulas 01, 02 e 03 será proposto um exercício, cujas respostas serão analisadas e comentadas na aula seguinte. Para cada exercício, será fixado o prazo de alguns dias para o envio das respostas, reservando-se os outros dias para a nossa leitura, correções e respostas.

Nossas obrigações, no tocante à correção dos exercícios propostos, são as seguintes:

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1) correção individual dos três exercícios elaborados e encaminhados por você, no prazo previsto, sendo um por aula; e

2) comentários aos exercícios considerados mais representativos, dentre aqueles encaminhados, de forma aberta, para todos os alunos matriculados (resguardando-se a identidade dos autores).

Nossa expectativa é a de que, ao final do curso, você esteja familiarizado(a) com a resolução de questões discursivas e seja conhecedor(a) das técnicas apropriadas para a elaboração das respostas, a fim de poder encarar sem sustos o dia do concurso.

E A REFORMA ORTOGRÁFICA?

Muitos alunos têm manifestado insegurança com respeito às novas regras decorrentes do Acordo Ortográfico que passou a vigorar em 2009.

Em nota oficial disponível em sua página na Internet, o CESPE, provável banca organizadora do concurso do TCU, esclareceu as principais dúvidas:

- Que tipo de ortografia o Cespe/UnB usará em suas provas?

As provas serão redigidas de acordo com a nova norma ortográfica vigente, inclusive com textos de referência adaptados às mudanças dessa reforma.

- Que ortografia será aceita nas respostas das provas discursivas?

Nas provas discursivas – em atendimento ao que está estabelecido no Decreto no 6.583, de 29 de setembro de 2008 – serão aceitas como corretas, até 31 de dezembro de 2012, ambas as ortografias, isto é, a forma de grafar e de acentuar as palavras vigente até 31 de dezembro de 2008 e a que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009.

- Os candidatos correm o risco de ser prejudicados em razão da reforma ortográfica na hora de fazer uma prova?

Nas provas discursivas, como ambas as ortografias serão aceitas como corretas, não haverá problema algum. Os candidatos podem ficar tranquilos nesse sentido. O Cespe/UnB está tomando todas as providências para que a nova norma não se transforme em um problema para os participantes.

Para efeito do nosso curso, as aulas serão redigidas conforme a ortografia antiga. Os exercícios poderão ser respondidos conforme uma ou outra alternativa e serão corrigidos conforme a opção do aluno. Mas, atenção! Assim como no dia da prova, o ideal é que o candidato opte por uma ou por outra forma ortográfica, sem fazer uma “salada”, misturando ambas.

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COMEÇANDO OS TRABALHOS

Nosso caro amigo William Douglas tem um texto, aqui mesmo, no sítio do Ponto dos Concursos, que é um dos nossos favoritos. Intitula-se “Como ler as questões de prova”, destacando a importância de o candidato ler com calma e atenção o enunciado das questões, começando pelas “Orientações ao candidato”, que geralmente constam da capa do caderno de provas.

Tais orientações costumam reproduzir os itens do edital relativos às regras para a realização das provas, tais como horários, material permitido etc. Para as questões discursivas, uma informação essencial é o tamanho da resposta (extensão em linhas). O mais comum é o estabelecimento de um número máximo de linhas para cada resposta, embora às vezes também seja explicitada uma exigência com relação a um número mínimo de linhas manuscritas.

A título de exemplo, na prova discursiva aplicada pelo CESPE, em junho de 2007, para Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO), a capa do caderno de provas continha, entre outras, as seguintes orientações importantíssimas:

As páginas para rascunho são de uso opcional, não contando, portanto, para efeito de avaliação.

Não utilize lápis, lapiseira ou borracha.

Não serão distribuídas folhas suplementares para rascunho nem para texto definitivo.

Não será avaliado texto escrito a lápis, texto escrito em local indevido ou texto que tenha identificação fora do local apropriado.

A desobediência a qualquer uma das determinações constantes no presente caderno ou no caderno de textos definitivos poderá implicar a anulação da sua prova.

Nenhuma folha deste caderno pode ser destacada.

E adiante, junto ao enunciado das questões:

Respeite os limites de linhas para cada questão. Qualquer fragmento de texto além desses limites será desconsiderado. Será desconsiderado também o texto que não for escrito nas folhas de texto definitivo correspondentes.

Observe que, embora aparentemente triviais, o desrespeito a uma única dessas orientações poderia acarretar ao candidato a desclassificação do concurso!

Assim, neste nosso primeiro encontro, não vamos aplicar nenhum exercício – embora você possa ficar à vontade para tentar! –, mas, simplesmente, vamos treinar a interpretação do enunciado das questões.

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Lembrem-se da máxima: todo problema traz em si a própria resposta!

Vamos iniciar tentando entender as questões discursivas da prova aplicada pelo Cespe para Auditor (Ministro-Substituto do TCU) em 2007. Não se assuste com o grau de dificuldade. Este concurso foi o mais difícil e disputado de todos os que temos conhecimento (e o Luciano ficou em 3º lugar!). Além disso, na prova discursiva era permitida a consulta à legislação, o que nunca ocorreu em concursos para AUFC. Em geral, também, a extensão exigida em número de linhas é menor.

Questão 2 (máximo 60 linhas):

Atualmente, não há mais controvérsias acerca da prerrogativa dos tribunais de contas para apreciarem a constitucionalidade de leis e atos normativos, quando do exercício de suas atribuições constitucionais. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm sido uniformes no sentido de que as cortes de contas podem e devem pronunciar-se quanto à constitucionalidade de leis e atos normativos, em matérias de sua competência.

Com relação a esse assunto, redija um texto dissertativo sobre o exercício, pelo TCU, do controle de constitucionalidade de leis e atos normativos, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) espécies de controle de constitucionalidade repressivo adotadas no direito brasileiro;

b) espécie de controle de constitucionalidade exercido pelo TCU;

c) fundamentos jurídicos para o exercício do controle de constitucionalidade pelo TCU;

d) órgão(s) competente(s), dentro do TCU, para o exercício do controle de constitucionalidade;

e) requisitos e procedimentos adotados pelo TCU para o controle de constitucionalidade;

f) efeitos e alcance de uma eventual deliberação do TCU no sentido da inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo.

Relatório (adaptado) (máximo 120 linhas):

No segundo semestre de 2006, o presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados encaminhou aviso ao Tribunal de Contas da União (TCU), solicitando pronunciamento dessa Corte, em tese, acerca da possibilidade de aproveitamento, por conselhos de fiscalização profissional, de candidatos aprovados em concursos realizados por outros conselhos de fiscalização profissional, vinculados à mesma categoria profissional ou a categoria profissional diversa. Ao

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documento foi anexado um parecer do órgão que presta assessoria jurídica à referida comissão. No âmbito do TCU, o processo foi instruído pela unidade técnica competente. Após a instrução, o relator solicitou o pronunciamento do Ministério Público junto ao TCU.

Considerando a situação hipotética acima, elabore o relatório a ser encaminhado ao Ministro-Relator.

Questão 1 (máximo 60 linhas):

A partir da Constituição Federal de 1988, as atribuições dos tribunais de contas foram significativamente ampliadas. Atualmente, esses tribunais realizam auditorias com vistas a efetuar o controle da administração pública não apenas quanto à legalidade, mas também quanto à legitimidade, eficiência, eficácia, economicidade e efetividade dos programas de governo.

Redija um texto dissertativo acerca do tema acima apresentado, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) conceitos de legalidade, legitimidade, eficiência, eficácia, economicidade e efetividade;

b) tipos de auditoria de que dispõem os tribunais de contas com o objetivo de realizarem, na prática, cada uma dessas espécies de controle;

c) modalidades de deliberação adotadas como resultado de cada um desses tipos de auditoria e sua respectiva cogência para os jurisdicionados.

Você notou que nós colocamos as questões fora da ordem em que foram apresentadas pela banca? É isso mesmo. Após uma primeira leitura do conjunto, recomendamos começar por aquela em que temos maior conhecimento do tema ou que apresenta menor grau de dificuldade. No meu caso (Luiz Henrique) é a questão 2.

O tema central é o controle de constitucionalidade pelo TCU e a modalidade de texto solicitada é dissertação.

Vamos ler e reler atentamente a questão, como propõe o William Douglas.

Questão 2 (máximo 60 linhas):

Atualmente, não há mais controvérsias acerca da prerrogativa dos tribunais de contas para apreciarem a constitucionalidade de leis e atos normativos, quando do exercício de suas atribuições constitucionais. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm sido uniformes no sentido de que as cortes de contas podem e devem pronunciar-se quanto à

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constitucionalidade de leis e atos normativos, em matérias de sua competência.

Com relação a esse assunto, redija um texto dissertativo sobre o exercício, pelo TCU, do controle de constitucionalidade de leis e atos normativos, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) espécies de controle de constitucionalidade repressivo adotadas no direito brasileiro;

b) espécie de controle de constitucionalidade exercido pelo TCU;

c) fundamentos jurídicos para o exercício do controle de constitucionalidade pelo TCU;

d) órgão(s) competente(s), dentro do TCU, para o exercício do controle de constitucionalidade;

e) requisitos e procedimentos adotados pelo TCU para o controle de constitucionalidade;

f) efeitos e alcance de uma eventual deliberação do TCU no sentido da inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo.

O primeiro comando é claro:

Observe que o primeiro parágrafo é mais longo, mas apenas introduz o tema, fornecendo elementos para uma reflexão útil. Contudo, não responde à primeira indagação do candidato: “O que o examinador quer que eu faça?”

A resposta está, de forma clara, no segundo parágrafo: redija um texto dissertativo sobre o exercício, pelo TCU, do controle de constitucionalidade de leis e atos normativos, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos (...)

Assim, o que o candidato precisa fazer é: uma dissertação, de no máximo 60 linhas, sobre o exercício, pelo TCU, do controle de constitucionalidade de leis e atos normativos.

Tal dissertação deverá, ainda, “necessariamente” abordar os aspectos elencados nas letras a) a f) do enunciado.

Significa dizer que tal abordagem é obrigatória, devendo cada item merecer, no mínimo, um parágrafo próprio no texto da dissertação. Significa dizer que a nota do candidato será descontada para cada item não constante na resposta ou presente de forma inadequada ou imprópria.

A leitura dos tópicos exigidos revela certo encadeamento lógico, facilitando bastante a resposta. Na verdade, o examinador traçou uma espécie de roteiro para a resposta do candidato.

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Após um parágrafo introdutório, a resposta poderia conter 1 ou 2 parágrafos relativos a cada um dos pontos solicitados. Ao final, um parágrafo de conclusão sintetiza o conteúdo apresentado.

Como faríamos o parágrafo de introdução?

Ora, partindo exatamente das informações presentes no primeiro parágrafo do enunciado, reescrevendo-as ao seu estilo, por exemplo: É pacífica, na jurisprudência e na doutrina, a competência dos Tribunais de Contas para apreciarem a constitucionalidade das leis e atos normativos.

Aqui, num concurso desse nível, caberia citar a Súmula nº 347 do STF, que todo futuro AUFC deve conhecer: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.”

Partindo para o desenvolvimento do texto, no primeiro tópico solicitado - “espécies de controle de constitucionalidade repressivo adotadas no direito brasileiro” -, seria indispensável discorrer sobre o controle concentrado ou abstrato e o controle difuso ou incidental, destacando que esse último pode ser exercido por qualquer órgão judiciário.

Faz-se aqui a ligação com o segundo tópico requerido “espécie de controle de constitucionalidade exercido pelo TCU”, para destacar que se trata do controle difuso. Talvez valha a pena tecer considerações sobre a natureza do TCU como órgão de status constitucional, dotado de independência e autonomia e não subordinado a nenhum dos Poderes.

No terceiro item “fundamentos jurídicos para o exercício do controle de constitucionalidade pelo TCU” valeria registrar que o mesmo insere-se na sua missão institucional e na sua competência constitucional de fiscalizar, a aplicação de recursos públicos e a gestão do patrimônio público sob os critérios da legalidade, da legitimidade e da economicidade.

Abordando o próximo ponto, destaque-se que o “órgão competente, dentro do TCU, para o exercício do controle de constitucionalidade” é apenas o Plenário, conforme dispõe o Regimento Interno.

Falando acerca dos “requisitos e procedimentos adotados pelo TCU para o controle de constitucionalidade” poderia ser destacado o fato de que dessa votação participa o Presidente do TCU.

O último tópico exigido “efeitos e alcance de uma eventual deliberação do TCU no sentido da inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo” poderia ser enfrentado assinalando que os efeitos são restritos às partes, devendo os jurisdicionados cumprirem as deliberações do TCU, sob pena de sujeitaram-se às sanções previstas na Lei Orgânica do TCU – LOTCU.

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Um parágrafo de conclusão poderia destacar a importância do referido controle de constitucionalidade e/ou sua complementaridade com o controle abstrato exercido pelo STF.

Com isso, meus caros, vocês observaram que da leitura atenta do enunciado da questão extraímos a estrutura e o conteúdo de nossa resposta.

Sim, porque uma das regras mais importantes que veremos ao longo do curso é a seguinte: ninguém começa a escrever sem um plano, um roteiro, um sumário! Elaborá-lo é a segunda tarefa para o êxito na prova discursiva.

Qual a primeira? Vocês já viram. Ler e reler atentamente o enunciado.

Executando bem a primeira tarefa (leitura da questão), garante-se a boa execução da segunda (o plano ou roteiro do texto), o que viabiliza a correta realização da terceira (a redação do texto) e facilita sobremaneira a feitura da quarta (a revisão do texto).

E aí, pessoal? Querem tentar treinar a partir deste roteiro? Fiquem à vontade!

RELATÓRIO

O Relatório, às vezes chamado de Parecer, outras vezes de Peça Técnica, na prática corresponde às instruções realizadas pelos AUFCs no seu dia-a-dia, e é o grande “bicho-papão” dos candidatos ao TCU.

Quero dizer que o Relatório não é um bicho de sete cabeças, mas só de duas: a sua e a do examinador que vai corrigir seu texto!

Em que consiste o Relatório, às vezes chamado no edital dos concursos de Parecer ou de peça técnica?

Esse tema palpitante será o objeto de uma de nossas próximas aulas e o enunciado da questão foi colocado aqui somente para despertar sua curiosidade e aguçar o desejo de chegarmos logo lá!

QUESTÃO 1

Na questão 1, novamente temos uma dissertação e o seu tema central são as auditorias realizadas pelos tribunais de contas.

Vamos, novamente, ler e reler o enunciado. Depois do passo a passo da Questão 2, essa ficou mais fácil.

Questão 1 (máximo 60 linhas):

A partir da Constituição Federal de 1988, as atribuições dos tribunais de contas foram significativamente ampliadas. Atualmente, esses tribunais realizam auditorias com vistas a efetuar o controle da administração pública não apenas quanto à legalidade, mas também quanto à legitimidade, eficiência, eficácia, economicidade e efetividade dos programas de governo.

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Redija um texto dissertativo acerca do tema acima apresentado, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) conceitos de legalidade, legitimidade, eficiência, eficácia, economicidade e efetividade;

b) tipos de auditoria de que dispõem os tribunais de contas com o objetivo de realizarem, na prática, cada uma dessas espécies de controle;

c) modalidades de deliberação adotadas como resultado de cada um desses tipos de auditoria e sua respectiva cogência para os jurisdicionados.

Novamente, o comando da questão encontra-se no segundo parágrafo do enunciado: Redija um texto dissertativo acerca do tema acima apresentado, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos (...).

Assim, a resposta à dúvida “O que o examinador quer que eu faça?” é simples: elaborar uma dissertação, de no máximo 60 linhas, acerca das auditorias realizadas pelos tribunais de contas em sua missão de controle da administração pública.

O primeiro parágrafo do enunciado, quando menciona que “a partir da Constituição Federal de 1988, as atribuições dos tribunais de contas foram significativamente ampliadas”, nos fornece um ótimo gancho para, na introdução, destacar que com a Carta de 1988 o controle externo passou a exercer também a fiscalização operacional, além da contábil, orçamentária, financeira e patrimonial.

A segunda frase do primeiro parágrafo da questão – “Atualmente (...) governo” pode ser aproveitada, com pequenas modificações quase que totalmente.

A exemplo da questão anterior, ao exigir que sejam necessariamente abordados os aspectos mencionados nas letras de a) a c), o enunciado forneceu um ótimo roteiro para o desenvolvimento do tema.

Assim, após a introdução, poderíamos elaborar parágrafos curtos apresentando os conceitos de legalidade, legitimidade, eficiência, eficácia, economicidade e efetividade, talvez ilustrando com algum exemplo de ato legal, no entanto, ilegítimo ou antieconômico.

A etapa seguinte do desenvolvimento do texto é a descrição das modalidades de auditoria: a de conformidade e a de natureza operacional. Novamente, aqui cabe assinalar algum exemplo de cada uma: auditoria da folha de pagamento num caso; auditoria de programa de governo no outro.

O último tópico obrigatório diz respeito à cogência das deliberações dos TCs em processos de auditoria. Quanto às auditorias de natureza operacional, as deliberações consistem essencialmente em recomendações para corrigir

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problemas detectados ou aprimorar a eficiência, eficácia e efetividade da gestão. Sua observância não é obrigatória.

Por sua vez, as auditorias de conformidade podem ensejar determinações aos órgãos e entidades fiscalizados, cujo cumprimento é compulsório, sob pena das sanções legais. E, ainda, se detectadas irregularidades sem dano ao erário, podem ser feitas audiências dos responsáveis; ou, em caso de dano ao erário, a conversão do processo de fiscalização em tomada de contas especial, para efeito de citação aos responsáveis.

Na conclusão, poderia ser destacado que a realização de auditorias pelos Tribunais de Contas tem merecido crescente repercussão na opinião pública, preocupada com a melhoria da gestão pública e o combate a irregularidades na aplicação dos recursos públicos.

Também nessa questão, observamos que a leitura atenta do enunciado pode nos fornecer um bom roteiro para a resposta.

DÚVIDAS FREQUENTES DOS ALUNOS

O que fazer se a minha letra é de difícil leitura e compreensão, ou muito grande, ou muito pequena?

O meu caso (Luiz Henrique) é exatamente esse! Eu tenho a letra pequena e feia. Às vezes, é tão incompreensível que, quando escrevo às pressas o número de um telefone ou endereço, acontece de nem eu mesmo entender o que anotei!

Já eu (Luciano) costumo começar o texto com uma letra bonita e, lá pelas tantas, minha escrita começa a virar um garrancho, conforme a mão vai ficando cansada de tanto escrever!

Para quem vive esses problemas, a legibilidade (essa palavra existe!) do texto é um fator adicional de tensão nas provas discursivas.

A solução é caprichar. No meu caso (Luiz Henrique), uma possibilidade que já empreguei foi o uso de letras de forma. Mesmo assim, foi preciso ter atenção redobrada para diferenciar maiúsculas de minúsculas e não “esquecer” a acentuação. No meu concurso para o TCU, perdi pontos na prova discursiva exatamente porque, ao usar letras de forma, a acentuação não ficou nítida e quem corrigiu a prova entendeu que eu não havia colocado um trema em determinada palavra! Confesso que me senti vingado quando a Reforma Ortográfica aboliu de vez os tremas de nosso idioma!

Se você tiver a letra miúda, tente aumentá-la, por dois motivos: 1) facilita a leitura do examinador, que pode estar sem paciência para usar uma lupa na hora da correção; 2) evita dar a impressão de uma resposta muito curta, deixando muitas linhas em branco.

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Por outro lado, se você tiver a letra grande, tentem compactá-la. ATENÇÃO: o Cespe tem sido muito rigorosa, desconsiderando completamente a parte dos textos que ultrapassa o limite máximo definido no enunciado. Se você perceber que corre o risco de “estourar” o limite, vá reduzindo o tamanho das letras naquilo que for necessário, mas NUNCA, JAMAIS ultrapasse o limite fixado pela banca!

FIM DE PAPO

Bem, caro(a) candidato(a), por hoje é só. Esperamos que esse primeiro contato tenha lhe sido útil e o estimule a redobrar os esforços para alcançar um bom resultado. Afinal, tendo chegado até aqui, não é a hora de morrer na praia, certo?

Não tenha dúvida de que, uma vez no TCU, você jamais se arrependerá dos sacrifícios que fez durante este período de preparação para o concurso. Verá que terá valido a pena e que seus esforços serão recompensados em dobro! (diríamos em triplo!)

Aguardamos você na próxima aula e, em breve, se Deus quiser, teremos o prazer de ver seu nome entre os mais novos nomeados para Auditor Federal de Controle Externo do TCU!

Um forte abraço!

Luiz Henrique Lima

Luciano Oliveira

Cyonil Borges

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TCU 2010 – CURSO DE DISCURSIVAS – AULA 01

1 www.pontodosconcursos.com.br

Discursiva para TCU 2010 com correção – Aula 1

Olá Pessoal!

Prazer em vê-los por aqui. Animados com os estudos? Nós, sim!

Em nosso encontro de hoje, vamos aprender a encarar sem sustos esse falso “bicho-papão” dos concursos para o TCU que é a elaboração da “peça técnica”, às vezes denominada no edital de Relatório, em outras vezes de Parecer ou Redação.

Mas, antes de começar, para uniformizarmos nossa linguagem e para a aula não ficar repetindo muitas vezes as mesmas expressões, vou combinar alguns códigos com vocês.

Quando eu quiser fazer remissão a um artigo da Constituição, vou colocar entre parênteses (CF: art. **).

Para a Lei Orgânica do TCU (Lei no 8.443/1992), o código será: (LOTCU: art. **).

A mesma coisa para o Regimento Interno, que chamaremos de RITCU, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a Lei no 8.666/1993, que chamaremos na intimidade somente de “8.666”.

Outras siglas importantes são MPTCU (Ministério Público junto ao TCU), TC (tomada de contas), PC (prestação de contas) e TCE (tomada de contas especial).

Havendo necessidade, combinaremos outras siglas e códigos depois. Está bem assim?

Material de trabalho

Deu para perceber que ninguém consegue escrever bem sem dominar a matéria. Nos concursos para o TCU, muitas disciplinas são importantes e têm a sua bibliografia. Mas nas provas discursivas dos últimos anos, a ênfase das questões tem sido em temas de Controle Externo, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Financeiro e Auditoria Governamental.

Assim, o nosso material de trabalho compõe-se de:

Constituição atualizadíssima (site do planalto – www.planalto.gov.br). Ah! No site do STF, vocês encontram a CF/1988 anotada, recheada de decisões. A banca Cespe adora ainda informativos do STF e do STJ, logo, atentos!

Lei Orgânica do TCU;

Regimento Interno do TCU;

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LRF;

Lei 8.666/1993. Ah! Não se esqueçam do livro do Cyonil de Licitações e Contratos (Ed. Campus). No último concurso do Cespe (Procurador Federal 2010), a pior questão subjetiva foi na área de licitações e constava do livro, com orientação da própria AGU e entendimento do TCU. No site do TCU, temos ainda excelente cartilha de Licitações, de leitura obrigatória, ok.

Eu, Cyonil, de forma imparcial, acrescento os livros do amigo Luiz Henrique (melhor livro de controle externo) e do amigo Luciano (único e imbatível livro de dissertativas). Mantenham na cabeceira!

Na Constituição, os principais dispositivos de interesse são os artigos:

31; 34, VII, ‘d’; 35, II; 37; 49, IX e X; 51, II; 52, III, ‘b’; 57, caput; 70 a 75; 84, XV e XXIV; 102, I, ‘d’ e ‘q’; 105, I, ‘a’; 161, parágrafo único.

Na LOTCU:

1o; 3o; 4o; 5o; 7o; 8o; 9o; 10 a 12; 15 a 21; 23 e 24; 31 a 35; 36; 45 a 47; 49 a 52; 57 e 58; 62 a 65; 71 a 74; 77 a 79; 80 e 81.

No RITCU:

1o a 3º; 4º a 10; 15 a 17; 24; 28; 34; 36; 39; 55; 58; 67 a 71; 92; 141; 143; 144; 147 a 151; 156 a 159; 162; 188 a 195; 197 a 213; 221 a 229; 230 a 243; 245 e 246; 249 a 252; 258; 259; 264; 266 a 272; 277; 290.

Outro ponto é que, no momento em que preparamos essa aula, ainda não foi divulgado o edital do concurso que está previsto para abril, conforme normativo interno do TCU. Assim que conhecermos o conteúdo do edital no que concerne à prova discursiva, faremos alguns comentários no sentido de “ajustar o foco” dos estudos.

Agora, começando de onde terminamos na Aula Demonstrativa, o primeiro passo é entender o que o examinador deseja que o candidato realize. Isso exige a leitura atenta do enunciado e das instruções ao candidato constantes do Caderno de Questões.

A primeira coisa a observar é qual a modalidade de texto que se pretende que o candidato escreva.

Em geral, são de dois tipos: a Dissertação, que será objeto de nossa próxima aula; e o Relatório/Parecer/Peça Técnica.

O que é um Relatório/Parecer/Peça Técnica?

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Trata-se de um componente da Prova Discursiva para AUFC do TCU, de regra, com maior peso (valor de pontos) que as questões dissertativas. É apresentada uma situação hipotética, cujos elementos devem ser utilizados pelo candidato para elaborar um texto que por vezes é denominado Relatório, por vezes é denominado Parecer, Redação ou Peça Técnica.

Nesse texto, o candidato precisa analisar as informações fornecidas pelo enunciado à luz dos principais normativos (CF, LOTCU, RITCU, LRF, 8.666 etc.) e formular uma proposta de encaminhamento.

Portanto, na realidade o Relatório/Parecer/Peça Técnica não passa daquilo que no dia a dia no TCU denominamos “instrução de processo” pelo AUFC.

Temas possíveis para Relatório/Parecer/Peça Técnica no concurso para AUFC

Os temas possíveis correspondem às espécies de processos que tramitam no TCU, bem como aos diferentes momentos em que a instrução pode ocorrer.

Entre as espécies principais, temos os processos de:

Tomadas de contas (adm. direta);

Prestações de contas (adm. indireta);

Tomadas de contas especiais (adm. direta e indireta);

Denúncias (qualquer cidadão, entre outros);

Consultas (somente os legitimados);

Representações (de licitantes, do Ministério Público, de Unidade Técnica etc.); e

Auditorias e outras modalidades de fiscalização.

A situação fictícia, que poderá ser apresentada pela banca, descreverá um determinado momento do processo.

Em certa ocasião, exigiu-se um relatório do controle interno, peça elaborada antes de os processos serem encaminhados ao TCU.

O mais simples e comum é a chamada instrução inicial, a primeira análise técnica que o processo recebe quando dá entrada no TCU.

Todo processo tem uma instrução inicial, mas nem todas as instruções iniciais obedecem à mesma estrutura.

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Assim, nas instruções iniciais de TCs, PCs e TCEs examinam-se os elementos constantes dos autos, especialmente se existem irregularidades apontadas pelo controle interno.

Essas instruções iniciais poderão concluir, entre outras, por proposta de mérito – ou seja, de julgamento – no caso de contas regulares ou regulares com ressalvas; ou pela realização de audiência e citação dos responsáveis, na hipótese de haver registro de irregularidades.

Além disso, existem situações em que a proposta do AUFC poderá ser no sentido de realização de diligência ou inspeção, sobrestamento dos autos ou de trancamento das contas.

Por outro lado, nas instruções iniciais de denúncias, consultas e representações, procede-se, sempre, primeiramente ao exame de admissibilidade, isto é, verifica-se se o processo está regularmente constituído, nos termos legais e regimentais, e se está em condições de ser apreciado pelo TCU.

Por exemplo: uma denúncia anônima ou desacompanhada de qualquer elemento comprobatório dos fatos alegados, baseada tão somente em suposições (“ouvi falar que a autoridade tal está beneficiando fulano ou a empresa XYZ ...”), assim como consulta formulada por pessoa não legitimada, não resistirão ao exame de admissibilidade. Em tais situações, o AUFC deverá propor o não conhecimento pelo TCU da denúncia ou consulta e o arquivamento do processo.

Se a referida denúncia, consulta ou representação ultrapassar o exame de admissibilidade, a instrução procederá ao exame de mérito. Nele serão analisadas as alegações fáticas e jurídicas, os documentos comprobatórios e outros elementos que permitirão a formação de um juízo de mérito acerca da demanda.

O exame das várias modalidades de recursos (recurso de reconsideração, pedido de reexame, agravo, embargo de declaração e recurso de revisão; RITCU: art. 277), embora não constitua uma instrução inicial, também obedece à sequência do exame de admissibilidade – exame de mérito.

Além das instruções iniciais, existem diversos outros momentos na tramitação processual em que o AUFC será chamado a preparar uma instrução/Relatório/Parecer/Peça Técnica.

Por exemplo: após uma citação, ele fará o exame das alegações de defesa apresentadas pelo(s) responsável(eis). Após uma audiência, será feito o exame das razões de justificativas apresentadas. Em

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muitos processos, ocorrem simultaneamente audiências e citações, e os exames citados são feitos conjuntamente numa única instrução.

Na hipótese de recursos, será realizada a análise das novas alegações em confronto com os elementos que fundamentaram a decisão recorrida.

No quadro abaixo, vejamos resumo das situações mais comuns:

Tipo de

processo Momento Etapas

TC, PC, TCE Instrução inicial

Descrição das conclusões do controle interno

Análise do AUFC

Propostas

Análise de resposta a audiência ou citação

Argumentos do responsável

Análise do AUFC

Propostas

Fiscalização (auditoria etc.)

Relatório Descrição dos achados e evidências

Análise do AUFC

Propostas

Análise de resposta a audiência ou citação

Argumentos do responsável

Análise do AUFC

Propostas

Denúncia, consulta, representação

Instrução inicial

Exame de admissibilidade

Exame de mérito

Propostas

Recursos Exame de admissibilidade

Exame de mérito

Propostas

O que é avaliado em um Relatório/Parecer/Peça Técnica?

Nas provas discursivas de concursos para AUFC-TCU, o Relatório/Parecer/Peça Técnica destina-se a avaliar o desempenho do candidato:

na compreensão da situação apresentada;

na análise do tema considerando os normativos constitucionais, legais e regimentais pertinentes;

na elaboração de argumentação articulada e convincente;

e na formulação de propostas adequadas para o deslinde do caso.

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Tudo isso, numa linguagem adequada, correta e elegante.

Pode parecer difícil, mas aposto (Luiz Henrique) com vocês uma empadinha (adoro empadinhas, no Rio em cada esquina tem uma lojinha de empadas) – pode ser de qualquer sabor – como ao final do nosso curso, vocês não vão achar tão difícil assim.

Como elaborar um Relatório/Parecer/Peça Técnica?

Retomando o que foi apresentado em nossa Aula Demonstrativa, o primeiro passo é ler com calma o enunciado.

Ler com calma significa ler todo o enunciado, pausadamente, registrando cada palavra e informação. Em outras palavras, não “ler na diagonal”, atropelando palavras, querendo chegar rápido ao fim.

Ler com calma significa: em primeiro lugar, identificar o tipo de situação que está sendo apresentada. É uma denúncia? É a resposta a uma citação ou audiência? É um recurso? São conclusões de uma equipe de fiscalização? Do que trata o enunciado?

Conhecendo o tipo de situação que iremos analisar, vamos determinar a espécie do processo e o momento na vida do processo no qual vamos produzir a nossa instrução, ou, como queiram, Relatório ou Parecer. Sabendo isso, já estamos com a estrutura do texto pronta!

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PASSO A PASSO

Começamos nosso texto pela Introdução. Nela simplesmente descrevemos o objeto de análise do nosso Relatório/Parecer/Peça Técnica. Exemplos:

“Trata-se de processo de tomada de contas especial relativo aos recursos repassados mediante convênio à Prefeitura de XXX ...”

“Examinam-se nos presentes autos as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis ZZ e YY em resposta às audiências determinadas pelo Ministro-Relator XY às fls.@@ tendo em vista as conclusões do relatório de auditoria no órgão ABC.”

“Trata-se do exame de recurso apresentado pela empresa WW inconformada com a decisão proferida pelo Acórdão ##.”

“Discute-se a admissibilidade da denúncia apresentada pelo Sindicato ÇÇ contra os gestores da empresa QQ, versando sobre irregularidades nos procedimentos licitatórios e de contratação de pessoal.”

“Os presentes autos versam sobre possíveis irregularidades na condução da Concorrência nº && do Tribunal Regional do Estado do !!, que tinha por objeto a realização de obras de ampliação do edifício sede daquele órgão.”

Viram como é simples? Nós iniciamos pelo princípio! Obrigatoriamente na primeira frase e no primeiro parágrafo nós descrevemos o objeto de nossa análise, a espécie de processo, a etapa de tramitação processual, o nome dos responsáveis e/ou interessados, do órgão ou entidade governamental envolvida etc.

Um eventual segundo parágrafo introdutório pode ser útil para situar/contextualizar informações relevantes contidas no enunciado da questão ou para situar o histórico da situação.

Exemplos:

“As principais irregularidades apontadas foram: superfaturamento no contrato de fornecimento de fraldas, nomeação de enfermeiras sem concurso público, falta de controle da saída de medicamentos da farmácia etc.”

“Dos três membros da comissão de licitação que foram citados, apenas os senhores VV e FF apresentaram alegações de defesa, devendo o senhor JJ ser considerado revel nos termos regimentais ...”

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“O convênio teve como objeto a construção de uma ponte de 200m sobre o rio Melancia, facilitando a comunicação entre o distrito de Abóbora e a sede do município de Melão”.

“Tendo tido suas contas julgadas irregulares pelo Acórdão %% o ex-Prefeito QQ apresentou embargo de declaração e recurso de reconsideração aos quais não foi dado provimento pelos Acórdãos @@ e ##.”

O passo seguinte é a análise pormenorizada da situação, que podemos chamar, para efeitos didáticos, de desenvolvimento. Em regra, cada assunto deve ser objeto de um parágrafo específico.

Assim, se iremos tratar de superfaturamento, nomeação sem concurso e falta de controle patrimonial, dedicaremos parágrafos separados para cada um desses pontos.

De igual modo, se nossa tarefa é analisar cinco argumentos de defesa do gestor, cada argumento será analisado em pelo menos um parágrafo próprio.

Atenção! Em análises mais complexas, um mesmo tópico pode consumir dois ou mais parágrafos. A regra importante a ser fixada é não tratar de mais de um assunto no mesmo parágrafo.

Os parágrafos do desenvolvimento devem apresentar sintética e objetivamente cada um dos pontos em exame, os argumentos em prol e contra, a fundamentação legal, etc.

Em cada situação analisada – ou seja, a cada parágrafo – examinar-se-á a situação – sempre – pelo prisma da legalidade e, eventualmente, se a hipótese recomendar, sob os critérios da legitimidade e da economicidade.

Exemplos:

“As irregularidades que motivaram a aplicação das multas foram SS, DD e JJ. Proceda-se ao exame de cada uma delas”.

“Em síntese, os argumentos apresentados pelo responsável concentraram-se ...”

“Com respeito à acusação de nepotismo, o responsável alegou que `se cunhado não é parente, muito menos os afilhados’. O argumento não tem amparo legal, antes se choca com expressa disposição do Estatuto da Fundação @@”

“A propósito da inabilitação da empresa KK o denunciante anexou documentos comprovando que a comissão de licitação desconsiderou os atestados técnicos apresentados, os quais

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atendiam às exigências previstas no edital da concorrência, ferindo assim dispositivos da Lei n.º 8.666/93.

“A omissão no dever de prestar contas dos recursos recebidos mediante convênio do Ministério FF foi justificada pelo ex-Prefeito como lapso de memória ocorrido em virtude de profunda depressão de que foi vítima após a derrota eleitoral de sua esposa. Entretanto, não foram apresentados quaisquer documentos, como laudos médicos ou guias de internação, que pudessem comprovar tal enfermidade. Ademais, decorreram mais de onze meses entre a mencionada eleição e o prazo de apresentação das contas.”

A cada alegação ou argumento, ou seja, a cada parágrafo ou sequência de parágrafos, formula-se um juízo parcial. Exemplos:

“Constata-se que o responsável não logrou comprovar a boa aplicação dos recursos.”

“Verifica-se que os documentos apresentados atestam a boa-fé dos interessados.”

“O dispositivo legal invocado nas alegações de defesa não é aplicável ao caso em exame.”

“Assiste razão ao responsável, uma vez que o ato inquinado como irregular foi praticado ao abrigo da legislação vigente à época.”

Em instruções como AUFCs, geralmente um modelo é seguido. Por exemplo, na instrução inicial de processos de contas, para cada situação apontada no Relatório de Auditoria do controle interno, a análise segue o seguinte esquema:

Descrição da irregularidade / Justificativa do gestor / Apreciação do controle interno / Parecer técnico

Exemplo:

“DESCRIÇÃO:

Concessão de diárias em desacordo com o Decreto n.º 343/1991, a Medida Provisória n.º 2.165-36/2001 e o Decreto n.º 3.887/2001 (Vol.1, fls. *).

Justificativa da Unidade:

Alegou desconhecimento da legislação (Vol.1, fl. *).

Apreciação do Controle Interno:

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Recomendou corrigir os pagamentos efetuados em 2004 e estabelecer rotina de pesquisa e atualização constante da legislação pertinente ao setor de RH (Vol.1, fl. *).

Parecer Técnico:

De acordo com o controle interno.”

Já quando se analisam razões de justificativas numa audiência ou alegações de defesa numa citação, o esquema é assim:

Ocorrência / Justificativa / Análise / Conclusão

Exemplo:

Ocorrência

“Análise das alegações de defesa apresentadas com relação a pagamentos a maior em virtude da aprovação de reajuste no valor contratual com base em planilhas de custos contendo informações errôneas.

Justificativa

Os responsáveis afirmaram que não tiveram acesso às planilhas de composição de custos, pois o contrato original foi elaborado pela Coordenação Geral das ##, órgão centralizador das contratações referentes aos hospitais e unidades de saúde do @@, não cabendo qualquer alteração pela unidade tomadora do serviço prestado, no caso ***. Citaram doutrina e jurisprudência que amparam a legitimidade do reajuste em virtude dos aumentos salariais. Afirmaram que o preço decorrente do aditivo situou-se dentro de patamar de razoabilidade do mercado. Finalmente, concluíram que erros materiais contidos nas referidas planilhas devem ser esclarecidos pela prestadora de serviços.

Análise

As alegações não merecem acolhida. O pleito de reajuste da empresa veio acompanhado das planilhas. A manipulação dos índices da planilha, comprovada na inspeção, poderia ter sido facilmente detectada pelos responsáveis. Bastaria uma atenta avaliação pelos gestores do ***, antes de anuírem com o pleito da contratada, provocando aumento injustificado dos custos contratuais em detrimento do erário. Os argumentos apresentados sequer tangenciam a questão das incorreções verificadas no cálculo dos adicionais de insalubridade, calculados, indiscriminadamente, para todas as categorias, contrariando a legislação que prevê a incidência do adicional somente para as categorias de auxiliar de lavador, lavador,

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tintureiro e auxiliar de tintureiro. De igual modo, nenhuma justificativa foi enviada acerca da incorreção no cálculo da taxa das despesas administrativas conforme demonstrado no Relatório de Inspeção. Por fim, não pode ser aceita a afirmação de que quaisquer erros contidos na planilha de repactuação devem ser esclarecidos pela empresa ### uma vez que cabia aos servidores a responsabilidade e a obrigação pela conferência dos quantitativos e valores apresentados pelo contratado.

Conclusão

Opina-se pela rejeição das alegações de defesa e consequentemente, com base no art. 16, inciso III, letra c, da Lei n.º 8.443/1992, pelo julgamento das presentes contas como irregulares, condenando-se os responsáveis solidários JPSN, RMSO, e *** Manutenções e Serviços Ltda. ao ressarcimento do débito, bem como aplicando-se-lhes a penalidade prevista no art. 57 da mesma Lei.”

Ou seja, no desenvolvimento do texto, cada item específico a ser considerado será objeto de um exame conforme um modelo apropriado à espécie e ao momento do processo. Cada argumento poderá ser acolhido ou rejeitado. Cada irregularidade deverá originar uma proposta.

Repetindo:

Não pode haver ocorrência ou argumento sem análise!

Não pode haver irregularidade sem proposta!

Essas regrinhas facilitam muito a elaboração do Relatório/Parecer/Peça Técnica.

Geralmente, os enunciados fornecem diversos elementos a serem utilizados pelos candidatos. A tarefa, então, é separá-los e hierarquizá-los. Cada um será tratado no seu(s) parágrafo(s) e os mais relevantes serão apresentados em primeiro lugar.

Finalmente, e conforme a argumentação desenvolvida, a etapa final do Relatório/Parecer/Peça Técnica é a Conclusão. Nela, o candidato formula as propostas cabíveis, coerentes com a exposição feita.

Assim, por exemplo, se entendeu que as alegações de defesa não lograram elidir as irregularidades constantes dos autos, sua proposta será no sentido da rejeição das alegações de defesa e da condenação do responsável em débito. Ao contrário, se, em outra hipótese, sua análise verificar que as razões de justificativa apresentadas forem

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suficientes para sanear as irregularidades objeto da audiência, sua proposta será pelo acolhimento dessas razões de justificativa.

Exemplos de conclusão:

“Ante o exposto, encaminhem-se os autos à consideração superior, com proposta de não conhecer da consulta apresentada pelo Vereador Sicrano, tendo em vista a ausência de pressupostos legais para o seu exame pelo TCU ...”

“Diante do exposto, conclui-se pelo acolhimento do recurso de revisão apresentado pelos sucessores do ex-Prefeito Beltraninho, propondo-se a alteração do item 9.1 do Acórdão #&#/2006-2a Câmara no sentido de julgar as presentes contas regulares com ressalvas”.

“À luz das considerações precedentes, cumpre elevar-se os presentes autos ao Gabinete do Ministro-Relator XK, com proposta de rejeição das razões de justificativa, e de que as presentes contas sejam julgadas irregulares, nos termos dos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea "b" e 19, parágrafo único, da Lei nº 8.443/92, com aplicação de multa ao responsável, Sr. TQW, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante este Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, com base nos arts. 58, inciso I, e 23, inciso III, alínea “a” da citada Lei c/c o art. 202, § 7º, do Regimento Interno/TCU”.

“Ante o exposto, conclui-se pela improcedência da denúncia, sugerindo-se o arquivamento dos autos”

“Diante do exposto, restou comprovada a prática de ato ilegal e antieconômico, devendo os autos serem encaminhados ao gabinete do Ministro-Relator YY, com a proposta de aplicação das sanções previstas na Lei n.º 8.443/92”.

“Tendo em vista os argumentos acima expostos, cumpre recomendar-se que sejam aceitas as razões de justificativa apresentadas pelo Senhor ZZ e rejeitar as alegações de defesa da empresa QQQ, impondo a essa a penalidade prevista na Lei n.º 8.443/92.”

“Em vista do exposto, elevamos o assunto à consideração superior, propondo, com fulcro na Lei Orgânica do TCU ...”

Observaram que há dois elementos presentes em todos esses exemplos? Eles são obrigatórios na conclusão:

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1 – a referência a tudo o que foi apresentado no corpo do texto (“À luz das considerações precedentes”, “Ante o exposto”, “Diante do exposto”, etc.);

2 – a proposta conclusiva.

Não existe parecer sem conclusão!

Não existe conclusão sem proposta!

Há ainda um terceiro elemento fundamental a ser fixado:

Não existe proposta sem embasamento legal!

Isso é muito importante. Você, futuro colega, só pode propor aquilo que é legalmente previsto. Para que sua proposta seja considerada, você deve apontar claramente em qual dispositivo legal ela está amparada.

É claro que na hora da prova nem sempre vamos lembrar de todos os incisos e parágrafos, mas sempre poderemos registrar que o que estamos propondo é:

“conforme dispõe a Lei Orgânica do TCU”; ou

“de acordo com o RITCU”; ou

“segundo prevê a LRF”; ou

“com fulcro na Lei 8.666/1993”; ou

“em conformidade com os preceitos da Lei de Improbidade Administrativa”; ou

“alicerçado nos dispositivos da Lei 8.112/1990”; ou

“em sintonia com as normas constantes da Lei que regula o Processo Administrativo na Administração Pública Federal”; ou

“nos termos da Constituição da República” etc.

O importante é deixar claro que a proposta não caiu de paraquedas no final do texto! Ela deriva de um raciocínio que foi apresentado e possui fundamentação jurídica adequada.

Se a proposta contiver vários itens, eles devem ser apresentados em ordem lógica.

Por exemplo: se a multa é decorrente de irregularidade nas contas, apresenta-se primeiro a proposta de julgar as contas irregulares e, a seguir, a cominação de multa. O inverso não faria sentido.

Ou ainda: se se trata do exame de um recurso, denúncia etc., a proposta com relação à admissibilidade (conhecimento ou não

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conhecimento) sempre precede a proposta do juízo de mérito (acolhimento ou não acolhimento, provimento ou não provimento etc.).

As propostas relativas a recomendações e/ou determinações são apresentadas após as relativas a sanções. Propostas de arquivamento sempre são as últimas a serem relacionadas no texto.

DICAS DO MEU EX-CHEFE!

Veja o trecho a seguir, que faz parte do Roteiro da SECEX-RJ com modelos para Relatórios de Auditoria e Inspeção (aprovado pela OS 7/2001 pelo Secretário da SECEX-RJ):

“III - RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO DE AUDITORIA:

a) explicitar os objetivos da Inspeção ou Auditoria;

b) evitar exposições ou comentários desnecessários ou inoportunos;

c) não formular expressões que ensejem dúvidas;

d) evitar justificar erros ou acertos detectados;

e) não permitir que razões pessoais influam na apresentação de quaisquer fatos;

f) evitar o uso de expressões ou comentários depreciativos;

g) evitar a adjetivação;

h) ordenar a apresentação do assunto por importância da matéria a ser relatada;

i) não utilizar frases indefinidas ou referências genéricas;

j) registrar apenas informações devidamente fundamentadas em evidências suportadas em Papéis de Trabalho.

k) não corroborar informes não confirmados;

l) identificar e explicitar fatos e evidências que exijam exames mais aprofundados, e que, na avaliação da equipe, devam ser levados à consideração superior;

m) utilizar linguagem impessoal;

n) utilizar o corretor ortográfico do editor de texto e realizar leituras atentas para evitar erros de linguagem;

o) apresentação tempestiva;

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p) proceder às análises à luz da legislação;

q) Observar os seguintes requisitos:

objetividade

clareza

imparcialidade

habilidade

correção

coerência

ordenamento lógico

exatidão”

Viu só? A mesma qualidade que se exige nos textos de dentro do TCU é a exigida dos candidatos que serão nossos futuros colegas.

DICA IMPORTANTE

Use sinônimos. Não seja repetitivo. Dê qualidade ao seu texto!

Por exemplo: alterne as expressões “Tribunal de Contas da União” e “Corte de Contas”; ou “Lei 8.666/1993” e “Estatuto das Licitações e Contratos”; ou, ainda, “Constituição da República” e “Carta Magna”.

EXEMPLO DA VIDA REAL

Agora, que tal conhecer um exemplo da vida real, ou seja, uma instrução extraída de Ata do TCU de junho de 2007?

Aliás, vocês podem familiarizar-se com a linguagem utilizada pelos AUFCs e com a jurisprudência mais atual do TCU navegando pela página do TCU na internet: www.tcu.gov.br

Para acessar as Atas, clique em Sessões, depois Atas, depois escolha o Colegiado (Plenário ou Câmaras).

Para pesquisar a jurisprudência, clique em Normas e jurisprudência, depois jurisprudência, depois siga as instruções do Portal de Pesquisa. Outra opção interessante após clicar Normas e jurisprudência é ir para Súmulas do TCU ou Atos Normativos.

Outros links interessantes são: Concursos (que tem os editais e as provas anteriores); Controle social (que tem informações e apresentações de seminários sobre muitos temas importantes como

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convênios e licitações); e Publicações (que permite baixar arquivos de Manuais, Relatórios, Revista do TCU etc.)

Vejamos então um exemplo prático, extraído da Ata nº 20/2007 da 1ª Câmara (Sessão de 26 de junho).

Vamos transcrever a íntegra da publicação, mas é importante que você saiba que determinadas informações não são exigidas na prova, tais como número de processo, quorum da votação etc. O importante é você atentar para a estrutura do texto (Introdução-Desenvolvimento-Conclusão-Proposta e Exame de admissibilidade-Exame de mérito), bem como para as características do estilo e da linguagem. Em vermelho, as nossas observações.

GRUPO I – CLASSE I – 1ª CÂMARA

TC-006.619/2005-3 (c/ 1 anexo)

Natureza: Recurso de Reconsideração

Órgão: Prefeitura Municipal de Diamante/PB

Responsável: OSM, ex-prefeito (CPF n.º ***)

Sumário: RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. CONTAS IRREGULARES. OMISSÃO. DÉBITO. MULTA. ARGUMENTAÇÃO INCAPAZ DE MODIFICAR O ACÓRDÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO. NEGADO PROVIMENTO.

Mantém-se o julgamento pela irregularidade, ante a ausência de comprovação da regular aplicação dos recursos recebidos mediante convênio.

(obs.: o Sumário não é exigido em provas discursivas para AUFC)

RELATÓRIO

Trata-se de recurso de reconsideração interposto por OSM, ex-prefeito de Diamante/PB, contra o Acórdão n.° 870/2006 – 1ª Câmara, que julgou irregulares as contas relativas ao Convênio n.º 92.514/98, celebrado entre o município e a Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação/FNDE, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). O convênio tinha por objeto a aquisição de veículos automotores destinados ao transporte dos estudantes matriculados no ensino público fundamental, das redes municipal ou estadual, residentes prioritariamente na zona rural.

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(obs.: viram que o primeiro parágrafo descreve o objeto da análise: a espécie do processo, o nome das partes etc.)

2. A TCE foi instaurada em decorrência da omissão no dever de prestar contas dos recursos repassados. Citado, o responsável não compareceu aos autos. Por meio do acórdão recorrido, o Tribunal o condenou ao recolhimento do débito e ao pagamento da multa do art. 57 da Lei n.º 8.443/92.

(obs.: o segundo parágrafo é uma extensão da introdução, descrevendo o histórico do processo, o que é muito útil quando não se trata de uma instrução inicial)

3. No exame de admissibilidade de fl. 42 – Anexo 1, a Serur (obs.: a Serur é a unidade técnica do TCU sediada em Brasília, responsável pela análise dos recursos) opinou pelo conhecimento do recurso.

(obs.: se o exame de admissibilidade tivesse concluído pelo não conhecimento, não seria necessária a análise de mérito)

4. Quanto ao mérito, o Analista responsável pelo exame do processo fez as considerações reproduzidas a seguir, aprovadas pelo Titular da Unidade Técnica:

(obs.: aqui se reproduz a instrução do AUFC. Observem a estrutura argumentos-análise)

“Argumentos

5. O recorrente alega que este Tribunal deveria ter realizado inspeção “in loco” visando localizar os comprovantes de despesas e os dois veículos que teriam sido adquiridos em 1º/9/1998 com os recursos do Convênio. Segundo ele, o prefeito que assumiu em 1º/1/2001 é seu inimigo político e não teria permitido o acesso aos arquivos da Prefeitura. Informa que fez requerimento junto ao Presidente da Câmara Municipal de Diamante, para onde são enviadas cópias dos documentos referentes às receitas e às despesas, e que, com isso, estaria aguardando autorização para vistoriar os arquivos do órgão (cópia do requerimento à fl. 5). Menciona que foram fornecidas pelo Banco do Brasil cópias dos extratos da conta onde foram movimentados os recursos e cópias dos cheques, os quais teriam possibilitado a elaboração da prestação de contas, posteriormente encaminhada ao FNDE (fls. 7 a 26).

Análise

6. As presentes alegações não merecem acolhimento. Inicialmente vale esclarecer que não há obrigatoriedade de se realizar inspeção em todas as obras, serviços e aquisições sob controle desta Corte. É oportuno salientar que, em sede de prestação de contas, incumbe aos

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gestores o ônus de provar o bom e regular emprego dos recursos federais nos fins previamente colimados pela legislação. Esse é o comando assentado no art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal, e no art. 93 do Decreto-lei n.º 200, de 1967, o qual dispõe: ‘quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades competentes.’

7. Também não merece ser acolhida a alegação de que o prefeito sucessor negou acesso aos documentos. Conforme pode-se verificar nas cópias dos extratos, juntadas às fls. 25 e 26, os recursos foram disponibilizados ao convenente em 24/8/1998 e, em 16/9/1998, as despesas já haviam sido realizadas. Ressalte-se que, de acordo com o próprio recorrente, o prefeito sucessor só veio a assumir em 1º/1/2001. Entre a realização das despesas e a posse do novo prefeito, houve o transcurso de mais de um ano, tempo suficiente à preparação e ao envio da prestação de contas. Ademais, é firme a jurisprudência nesta Corte no sentido da fragilidade das alegações como a presente. Cabe, nesse sentido, mencionar as considerações tecidas pelo Exmo. Sr. Ministro Carlos Átila, Relator no julgamento do TC 007.590/90- 3:

‘Inquestionavelmente, o gestor de recursos públicos federais repassados mediante convênio, como no caso aqui analisado, tem a obrigação de cuidar de apresentar, a tempo e a hora, em boa ordem, toda documentação comprobatória da boa aplicação do dinheiro que lhe foi confiado. O que deve esse mesmo gestor fazer, entretanto, diante da destruição ou do extravio da documentação que afirma ter enviado ao órgão repassador dos recursos, para prestar contas, ou quando se depara com a impossibilidade política de obter documentação pertinente, por ter sido sucedido, no cargo, por adversário ou mesmo por 'inimigo pessoal'? Essas circunstâncias mostram que, ciente da obrigação de que deverá prestar contas dos recursos que lhe são confiados, o administrador precavido deve cuidar não só de organizar e apresentar logo toda a documentação comprobatória da aplicação legal e regular daquelas quantias, como também deve munir-se de prova da entrega da prestação de contas, ou de duplicatas dos comprovantes, guardando-as pelo menos pelo prazo prescricional (...).’

8. Quanto aos documentos juntados a título de prestação de contas, deve-se esclarecer que eles não são suficientes à demonstração de que houve a boa e regular aplicação dos recursos públicos transferidos. De acordo com a Cláusula Oitava do Termo de Convênio (fls. 6 a 13, vp), a prestação de contas deveria ser constituída dos seguintes documentos:

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a)ofício de encaminhamento ao Delegado do MEC, ou ao Secretário Executivo do concedente;

b)relatório de execução física;

c)demonstrativo de execução das receitas e despesas;

d)relação de pagamentos;

e)relação de bens adquiridos;

f)extrato da conta bancária específica;

g)cópia autenticada dos Certificados de Registro de Veículo – CRV’s, em nome da prefeitura juntamente com as notas fiscais de compra dos veículos;

h)cópia do despacho adjudicatório e homologação das licitações realizadas ou justificativa para sua dispensa ou inexigibilidade, devidamente publicados na imprensa oficial.

9. Observa-se, nos documentos apresentados, que não foram juntadas as cópias dos Certificados de Registro dos Veículos – CRV’s, as cópias das notas fiscais de compra dos veículos e nem as cópias do despachos adjudicatórios e homologações das licitações realizadas (ou da justificativa para sua dispensa ou inexigibilidade). Sem esses documentos, não há como verificar se o objeto do convênio foi de fato cumprido. O § 2º do art. 209 do Regimento Interno deste Tribunal é claro ao dispor que a prestação de contas em desacordo com as normas legais e regulamentares aplicáveis à matéria ou que não consiga demonstrar por outros meios a boa e regular aplicação dos recursos ensejará a irregularidade das contas, sem prejuízo da imputação de débito.

(obs.: a análise dedicou 1 parágrafo ao 1º argumento; 1 parágrafo ao 2º; e 2 parágrafos ao 3º. Encerrada a análise, o parágrafo seguinte traz a conclusão e a proposta do AUFC)

10. Portanto, verifica-se que os argumentos e documentos juntados pelo responsável não são suficientes à demonstração da boa e regular aplicação dos recursos transferidos, sendo pertinente, a nosso ver, a proposta de se negar provimento ao recurso, mantendo o Acórdão nº 870/2006-TCU-1ª Câmara em seus exatos termos.

5. O representante do Ministério Público está de acordo com a proposta da Unidade Técnica.

(obs.: observou que a numeração pulou de 10 para 5? Você não deve se preocupar com isso, nem, em nossa opinião, numerar os parágrafos no seu texto. No exemplo em estudo, a aparente discrepância é porque estava sendo feita a transcrição na íntegra da

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instrução do AUFC e o 10 era o último parágrafo dessa transcrição; o 5 retoma a numeração do Relatório apresentado pelo Relator)

É o Relatório.

VOTO

(obs.: essa parte não é necessária na Prova, pois é a manifestação do Relator. No caso de uma instrução feita por um AUFC, temos a Conclusão que contém as propostas)

O recurso preenche os requisitos de admissibilidade previstos na Lei n.º 8.443/92 e, portanto, pode ser conhecido.

2. No mérito, os pareceres são uniformes no sentido de negar provimento ao recurso de reconsideração. Nada tenho a reparar nas considerações da Secretaria de Recursos. Com efeito, o responsável tece argumentos insuficientes para alterar a deliberação.

3. A condenação original decorreu da omissão do responsável no dever de prestar contas dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE por meio do Convênio nº 92.514/98-PNAE.

4. Condenado a recolher o débito que lhe foi imputado, o responsável interpôs o presente Recurso de Reconsideração, acompanhado de documentação a título de prestação de contas. Além de não conter todos os elementos exigidos no Termo do Convênio, a documentação apresentada é incapaz de demonstrar a boa e regular aplicação dos recursos.

5. Vale lembrar que o ônus da comprovação da aplicação de recursos públicos cabe ao gestor, conforme estipulam a Constituição Federal, o Decreto-lei n.º 200/67 e a legislação infralegal. No mesmo sentido, a jurisprudência desta Corte de Contas. Sendo do responsável o ônus de comprovar a regularidade do uso dos recursos, não lhe cabe pedir ao Tribunal que realize inspeção local.

6. A alegação de obstáculo imposto pelo prefeito sucessor, inimigo político, é frágil. Primeiro, diante da jurisprudência já pacificada nesta Corte. Segundo, porque, findo o prazo para a apresentação das contas do convênio, o responsável ainda teve mais de um ano para prestar contas antes de deixar o cargo.

Ante o exposto, acompanhando a proposta apresentada e incorporando às minhas razões de decidir a instrução transcrita em meu relatório, Voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à

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deliberação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, 26 de junho de 2007

MARCOS VINICIOS VILAÇA

Ministro-Relator

ACÓRDÃO Nº 1855/2007- TCU - 1ª CÂMARA

1. Processo n.º TC-006.619/2005-3 (c/ 1 anexo)

2. Grupo I, Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração

3. Responsável: Odoniel de Sousa Mangueira, ex-prefeito (CPF n.º 132.237.204-72)

4. Órgão: Prefeitura Municipal de Diamante/PB

5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça

5.1 Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes

6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado

7. Unidades Técnicas: Serur e Secex/PB

8. Advogado constituído nos autos: Eric Alves Montenegro – OAB/PB n.º 10.198

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos este Recurso de Reconsideração interposto contra o Acórdão n.º 870/2006 da 1ª Câmara.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do presente recurso de reconsideração, com fundamento nos artigos 32, inciso I, e 33 da Lei n.º 8.443/92, para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.2. notificar o recorrente desta deliberação, encaminhando-lhe cópia do Relatório e Voto.

10. Ata n° 20/2007 – 1ª Câmara

11. Data da Sessão: 26/6/2007 – Ordinária

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12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1855-20/07-1

13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (na Presidência), Marcos Vinicios Vilaça (Relator), Augusto Nardes e Raimundo Carreiro.

13.2. Auditor presente: Marcos Bemquerer Costa.

VALMIR CAMPELO MARCOS VINICIOS VILAÇA

na Presidência Relator

Fui presente:

PAULO SOARES BUGARIN

Subprocurador-Geral

Você reparou que o texto do Relatório é impessoal, mas no Voto do Ministro-Relator é utilizada a 1ª pessoa do singular? Comentaremos esse aspecto numa próxima aula.

ROTEIRO DE AUDITORIA DE CONFORMIDADE

No edital de 2008 houve menção, na disciplina Auditoria Governamental, à Portaria TCU no 90/2003. Essa Portaria aprovou o Roteiro de Auditoria de Conformidade e posteriormente foi alterada pela Portaria SEGECEX 26/2009. Um dos tópicos interessantes do Roteiro diz respeito à elaboração de Relatórios. Vejamos só um trecho1:

IV – PADRÕES DE ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO

1. Relatório é o instrumento formal e técnico por intermédio do qual a equipe de auditoria comunica aos leitores: o objetivo e as questões de auditoria; a metodologia utilizada; os achados de auditoria; as conclusões; e a proposta de encaminhamento.

2. Na redação do relatório, a equipe de auditoria deve orientar-se pelos requisitos resumidos na palavra “CERTO”: Clareza, Concisão, Convicção, Exatidão, Relevância, Tempestividade e Objetividade:

1 Com a redação atualizada da Portaria Segecex 26/2009.

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2.1. CLAREZA - Produzir textos de fácil compreensão. Evitar a erudição, o preciosismo, o jargão, a ambigüidade e restringir ao máximo a utilização de expressões em outros idiomas, exceto quando se tratar de expressões que não possuam tradução adequada para o idioma português e que já se tornaram corriqueiras. Termos técnicos e siglas menos conhecidas devem ser utilizados desde que necessários e devidamente definidos em glossário. Quando possível, complementar os textos com ilustrações, figuras e tabelas.

Usar palavras e expressões em seu sentido comum, salvo quando o relatório versar sobre assunto técnico, hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área. Usar frases curtas e concisas. Construir orações na ordem direta, preferencialmente na terceira pessoa, evitando preciosismos, neologismos e adjetivações dispensáveis. Buscar uniformidade do tempo verbal em todo o texto, dando preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente. Usar recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando abusos de caráter estilístico.

2.2. CONVICÇÃO - Expor os achados e/ou as conclusões com firmeza. Não utilizar expressões que denotem insegurança, como “SMJ”, “parece que” ou “entendemos”.

2.3. CONCISÃO – Ir direto ao assunto. Não utilizar comentários complementares desnecessários nem fugir da idéia central. Intercalações de textos devem ser utilizadas com cautela, de modo a não dificultar o entendimento pelo leitor. Não devem ser utilizados comentários entre aspas com sentido dúbio ou irônico. Dizer apenas o que é requerido, de modo econômico, isto é, eliminar o supérfluo, o floreio, as fórmulas e os clichês. A transcrição de trechos de doutrina e/ou jurisprudência que componham o critério deve restringir-se ao mínimo necessário. A transcrição de trechos de evidências documentais somente deverá ser feita quando for essencial ao entendimento do raciocínio. O relatório não deve exceder trinta páginas, excluídos a folha de rosto, o resumo, o sumário, as listas de figuras e tabelas, os anexos e os documentos juntados, exceto quando houver achados de alta complexidade ou em grande quantidade, a critério do titular da Unidade Técnica Coordenadora.

2.4. EXATIDÃO - Apresentar as necessárias evidências para sustentar seus achados, conclusões e propostas, procurando

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não deixar espaço para contra-argumentações. A exatidão é necessária para assegurar ao leitor que o que foi relatado é fidedigno e confiável. Um erro pode pôr em dúvida a validade de todo o relatório e pode desviar a atenção da substância do que se quer comunicar. As evidências relatadas devem demonstrar a justeza e a razoabilidade dos fatos descritos. Retratar corretamente significa descrever com exatidão o alcance e a metodologia, e apresentar os achados e as conclusões de uma forma coerente com o escopo da fiscalização.

2.5. RELEVÂNCIA - Expor apenas aquilo que tem importância dentro do contexto e que deve ser levado em consideração. Não discorrer sobre ocorrências que não resultem em conclusões.

2.6. TEMPESTIVIDADE - Cumprir o prazo previsto para a elaboração do relatório, sem comprometer a qualidade.

2.7. OBJETIVIDADE - Apresentar o relatório de forma equilibrada em termos de conteúdo e tom. A credibilidade de um relatório é reforçada quando as evidências são apresentadas de forma imparcial. A comunicação deve ser justa e não enganosa, resguardando-se contra a tendência de exagerar ou superenfatizar deficiências. Interpretações devem ser baseadas no conhecimento e compreensão de fatos e condições.

(...)

Introdução

3. A introdução deve conter as seguintes informações, apresentadas de forma concisa:

3.1. deliberação que originou a fiscalização e menção às razões que motivaram a deliberação, se necessário;

3.2. visão geral do objeto (elaborada na fase de planejamento e revisada após a execução), de tamanho proporcional ao do relatório não excedendo três páginas;

3.3. objetivo e questões de auditoria;

3.4. metodologia utilizada e limitações inerentes à auditoria;

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3.4.1. a descrição da metodologia deve mencionar os procedimentos adotados, as técnicas e os papéis de trabalho utilizados no planejamento e execução da auditoria (fazer referência à Matriz de Planejamento), a observância aos padrões de auditoria de conformidade definidos pelo TCU, o tipo de amostragem utilizado (se utilizada amostragem), bem como indicar as folhas em que constam a relação dos atos, contratos ou processos incluídos na amostra auditada, relação essa que constitui-se em anexo ao relatório;

3.4.2. a descrição da metodologia deve destacar a participação de especialistas e de outras unidades técnicas que tenham contribuído de modo significativo para a realização do trabalho, ainda que não tenham assinado o relatório.

3.4.3. a descrição das limitações deve indicar claramente aquilo que não pôde ser investigado em profundidade suficiente para a formulação de conclusões, com as justificativas pertinentes;

3.5. volume de recursos fiscalizados;

3.6. benefícios estimados da fiscalização;

3.7. processos conexos – análise dos reflexos dos processos conexos e respectivas deliberações na fiscalização, bem como menção à situação das contas do órgão/entidade fiscalizado.

Achados de Auditoria

4. Esta seção corresponde ao próprio desenvolvimento do relatório, e nela devem ser detalhados os achados de auditoria e as evidências que os suportam.

5. A análise de cada achado deve estar estruturada sob os seguintes aspectos:

5.1. situação encontrada;

5.2. objetos nos quais foi constatado;

5.3. critério de auditoria;

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O conteúdo deste curso é de uso exclusivo de Professor, CPF: 99999999999, vedada, por quaisquer meios e aqualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação e distribuição, sujeitando-se os infratores àresponsabilização civil e criminal.

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5.4. evidências;

5.5. causas;

5.6. efeitos reais e potenciais;

5.7. responsável: qualificação, conduta, nexo de causalidade e culpabilidade (a análise de culpabilidade não se aplica a pessoas jurídicas);

5.8. esclarecimentos dos responsáveis;

5.9. conclusão da equipe de auditoria;

5.10. proposta de encaminhamento.

6. Devem constar necessariamente do relatório os aspectos: situação encontrada, critério de auditoria, evidências, causas, responsável: qualificação, conduta, nexo de causalidade e culpabilidade, conclusão da equipe e proposta de encaminhamento.

7. O item evidências deve conter sempre remissão às folhas do processo onde se encontram as evidências que suportam o achado. Nas folhas referidas, destacar sempre que possível os termos que a equipe deseja ressaltar, para facilitar leitura posterior.

8. A avaliação dos efeitos deve considerar e relatar não somente os fatos já ocorridos, mas também eventuais riscos de que o resultado venha a ser agravado caso o órgão/entidade não adote medida efetiva.

9. A figura a seguir sintetiza o processo de análise do achado desde a definição do critério até a proposta de encaminhamento.

Critério de auditoria – o que deveria ser

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10. Caso a situação encontrada seja avaliada como irregularidade, com proposta de audiência ou citação, ou relevante, os responsáveis pela conduta, a qual contribuiu significativamente para o resultado ilícito ou grave, devem estar devidamente identificados no rol de responsáveis, juntado ao relatório (nome, CPF, cargo, endereço, período efetivo de exercício no cargo, seja como substituto, seja como titular, atribuições do cargo e norma do órgão que especifica essas atribuições para o caso de pessoa física; razão social, CNPJ e endereço para o caso de pessoa jurídica de direito privado; e nome para o caso de pessoa jurídica de direito público interno). A avaliação de culpabilidade e, se for o caso, considerações acerca da punibilidade (circunstâncias atenuantes ou agravantes e eventual morte do agente, fato este que impossibilita a aplicação de multa) devem ser redigidas com base na Matriz de Responsabilização (Anexo III).

Estimar o benefício das propostas de encaminhamento

Desenvolver as conclusões e as propostas de encaminhamento

Determinar as causas e os efeitos do achado

Achado – decorre da comparação de “o que é”, com “o que deveria ser”, comprovado por evidências

Situação encontrada – o que é

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11. Caso tenha sido constatado débito, deve ser fixada data de sua ocorrência. A apuração do débito far-se-á mediante verificação, quando for possível quantificar com exatidão o real valor devido, e mediante estimativa, quando, por meios confiáveis, apurar-se quantia que seguramente não excederia o real valor devido.

12. Em função de sua significância, as boas práticas do órgão/entidade (achados positivos) devem ser relatadas, desde que possam ser registradas como propostas de encaminhamento para que sejam adotadas como exemplo por outros gestores.

12.1 Os achados classificados como boas práticas serão relatados como “Achados não decorrentes da investigação de questões de auditoria”.

Achados não decorrentes da investigação de questões de auditoria

13. São considerados Achados não decorrentes da investigação de questões de auditoria todos aqueles não previstos nas questões de auditoria formuladas na fase de planejamento, mas que, em função de relevância, materialidade ou risco, mereçam a atenção da equipe de auditoria.

14. A equipe deve avaliar se investigações não previstas na fase de planejamento podem levar ao desvirtuamento da auditoria inicial, em termos de comprometimento do prazo e/ou das questões de auditoria. Se a magnitude das evidências encontradas recomendar tratamento desses achados, deve-se avaliar a oportunidade e conveniência de fazê-lo juntamente com o objetivo da fiscalização. Prejudicada a hipótese, o fato deve ser comunicado ao titular da Unidade Técnica Coordenadora que avaliará a conveniência e a oportunidade de propor nova fiscalização. Caberá, ainda, à equipe, ao supervisor ou ao titular da Unidade Técnica Coordenadora apresentar representação autônoma.

14-A. Achados não decorrentes da investigação de questões de auditoria investigados e abordados em relatório devem ter o mesmo tratamento dos demais achados, devendo constar

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necessariamente nesta seção do relatório os aspectos: situação encontrada; critério de auditoria; evidências; responsável: qualificação, conduta, nexo de casualidade e culpabilidade; conclusão da equipe de auditoria; e proposta de encaminhamento.

14-A.1. Devem constar, também, da Matriz de achados, com o destaque que se referem a “Achados não decorrentes da investigação de questões de auditoria”, e das seções do relatório: Conclusão e Propostas de encaminhamento. Tais achados, como os demais, devem estar devidamente sustentados por evidências.

14-A.2. A investigação de assuntos não previstos inicialmente deve ser registrada na Introdução, subseção “Objetivo e questões de auditoria”, na qual será feita menção ao objetivo original e à inclusão dos novos temas. Na Matriz de Planejamento e de Achados pode ser mantido o objetivo inicial.

Conclusão

15. Na conclusão, as questões formuladas na Matriz de Planejamento devem ser respondidas, sintetizando-se os principais achados.

16. As referências aos achados de auditoria devem indicar o(s) número(s) do(s) item(ns) em que cada um deles é tratado no relatório.

17. As conclusões devem indicar o impacto dos achados nas contas dos órgãos/entidades fiscalizados. Para tanto, é necessário identificar as responsabilidades ao longo do tempo, bem como o estado das respectivas contas (número do processo, se foi julgado etc).

18. Para a formulação da conclusão, devem ser considerados os efeitos do achado, obtidos pela avaliação da diferença entre situação encontrada e o resultado que teria sido observado caso se tivesse seguido o critério.

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18-A. O benefício estimado das propostas de encaminhamento deve ser relatado na conclusão, agrupando-se propostas que contribuam para o mesmo benefício.

18-B. Na conclusão, podem ser feitas considerações sobre o trabalho realizado, breves relatos de não detecção de impropriedades na investigação de questões de auditoria ou na apuração de denúncias.

Proposta de Encaminhamento

19. Na proposta de encaminhamento, quando for aplicável, devem ser formuladas proposições de medidas saneadoras (audiência, citação) e/ou cautelares (afastamento temporário do responsável, indisponibilidade de bens do responsável, arresto de bens do responsável, suspensão de ato ou procedimento) para cada achado de auditoria, decorrentes ou não da investigação de questões de auditoria.

20. A inclusão de propostas de determinação a outra Unidade do Tribunal deve ser precedida de entendimento entre os titulares.

21. A proposta de encaminhamento deve ser completa, contendo todas as medidas necessárias, tais como audiência, conversão em TCE para fins de citação, medidas cautelares, arquivamento, apensamento às contas. Na sua elaboração, devem ser observadas as orientações a seguir:

21.1. nas situações que envolvam determinações não cumpridas sem justificativa pertinente, deve ser incluída proposta de aplicação de multa fundamentada no inciso VII ou VIII do Art. 268 do RI, bem como proposta de reiteração das determinações, fixando prazo para o cumprimento destas;

21.2. nas situações que envolvam recomendações não implementadas, deve ser avaliada a conveniência e a oportunidade de converter as recomendações em determinações, fixando prazo para o cumprimento destas;

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21-A. Quando da proposição de deliberações que a Unidade Técnica avalie que devam ser monitoradas, as seguintes propostas devem ser também elaboradas:

21-A.1. de realização de verificação do cumprimento das deliberações;

21-A.2. de fixação de prazo para cumprimento das deliberações e/ou para elaboração e remessa de plano de ação;

22. As referências aos achados de auditoria devem indicar o(s) número(s) do(s) item(ns) em que cada um deles é tratado no relatório.

23. Na redação da proposta de encaminhamento deve-se considerar que o ofício a ser expedido aos responsáveis será redigido nos exatos termos da referida proposta, no caso de esta vir a ser acatada pelo Tribunal.

24. A redação das propostas de audiência ou citação deve ser precisa, completa e com estrutura lógica adequada. Os responsáveis devem estar devidamente identificados (nome ou razão social, CPF ou CNPJ, cargo, período efetivo de exercício no cargo, seja como substituto, seja como titular), sendo obrigatório explicitar os fatos que levaram à conclusão de ter havido a irregularidade apontada (elemento fático) e o dispositivo constitucional, legal ou regulamentar violado (aspecto normativo). Caso necessário, a descrição dos fatos pode ser complementada pela remessa de peças do processo para o responsável.

25. Por ocasião do despacho, o titular da Unidade Técnica Coordenadora deverá assegurar que os padrões de auditoria do TCU definidos neste documento foram seguidos, homologando o formulário de controle de qualidade de fiscalização previsto no Anexo X. O atesto do titular da Unidade Técnica Coordenadora não deverá constar do documento do despacho.

Você observou como essas diretrizes confirmam e complementam o que dissemos?

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UM EXEMPLO DE RELATÓRIO EM PROVA DO CESPE

Vejamos o que o Cespe cobrou na Prova do TCE-AC em 2008:

“Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos.

• Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado.

• Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.

Na edificação de um prédio particular, em Rio Branco – AC, foi utilizado concreto protendido. Na cidade, apenas a construtora Alfa Construções detinha essa técnica. Paulo, presidente da autarquia Beta, do estado do Acre, pretendendo que um prédio da autarquia fosse construído com a mesma técnica utilizada no edifício citado, contratou, sem processo licitatório, a construtora Alfa Construções, por entender inexigível a licitação, uma vez que a empresa detinha notória especialização.

Durante a realização de auditoria nessa autarquia, verificou-se que a obra estava prevista na lei orçamentária e que fora firmado um aditivo contratual que elevou o valor e a dimensão da obra em 49%. Mesmo com essa elevação, o custo da obra foi menor do que a dotação orçamentária. O auditor, confrontando os preços de obras semelhantes em outros estados, observou, ainda, que os preços contratado e aditado estavam dentro de limites aceitáveis.

Com base na situação hipotética acima descrita, na condição de auditor do processo em questão, redija um relatório que contenha, necessariamente, os seguintes aspectos:

identificação da entidade auditada e de seu gestor;

exposição dos fatos;

análise técnica;

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conclusão.

Não utilize linhas em branco para separar tópicos e (ou) parágrafos do seu relatório.”

COMENTÁRIO:

Observem que o primeiro parágrafo e a última linha contêm orientações ao candidato.

O formato da questão é bastante comum nas provas do CESPE.

Apresenta-se uma situação hipotética (segundo e terceiro parágrafos), a partir da qual se formula a questão ao candidato (quarto parágrafo).

Aplicando o que aprendemos hoje, o que deve ser feito?

LER COM CALMA O ENUNCIADO!

Descobrir o que o examinador quer.

O que ele quer está no quarto parágrafo: “REDIJA UM RELATÓRIO ...”

O candidato que entendeu essa ordem começou a acertar.

Mas tem mais: “... QUE CONTENHA, NECESSARIAMENTE, OS SEGUINTES ASPECTOS ...”

Ou seja, o examinador, ao corrigir a prova, irá verificar se o candidato entendeu e cumpriu o que foi solicitado. Irá verificar se a resposta tem o formato de um relatório e se esse relatório aborda cada um dos tópicos requeridos.

E quais são os tópicos requeridos?

Ora, estão explícitos no enunciado:

identificação da entidade auditada e de seu gestor;

exposição dos fatos;

análise técnica;

conclusão.

Assim, ao fazer a correção, o examinador irá procurar no texto primeiramente se cada um dos tópicos foi respondido. Caso contrário, descontará o total da pontuação correspondente. Caso afirmativo, analisará se a resposta apresentada foi correta.

Exemplo:

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Imagine que o primeiro tópico (identificação da entidade auditada e de seu gestor) valia 1,0 ponto2. Bastava o candidato afirmar que a entidade auditada era a autarquia Beta e que o gestor responsável era o presidente Paulo, que já teria garantido 1,0 ponto, ou 10% da pontuação total atribuída à questão. Se o candidato se confundisse e afirmasse que a auditada era a construtora Alfa e que o gestor era o presidente Paulo, receberia a nota parcial de 0,5 ponto. E se não mencionasse nada, sua nota nesse tópico seria zero.

2 E valia mesmo, segundo o espelho oficial de correção.

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RESOLVENDO AS QUESTÕES

Vamos lembrar o caminho a ser seguido para a resolução de uma questão discursiva:

Primeira tarefa: leitura e interpretação do enunciado

Segunda tarefa: elaboração do plano ou roteiro do texto

Terceira tarefa: redação do texto

Quarta tarefa: revisão da resposta

COMPREENSÃO DO ENUNCIADO

Agora, começando de onde terminamos nossa aula demonstrativa, o primeiro passo é entender o que o examinador deseja que o candidato escreva. Isso exige a leitura atenta do enunciado e das instruções ao candidato constantes do caderno de questões.

Para interpretar bem o enunciado, é preciso ler com calma o que o examinador pede. Ou seja, ler todo o enunciado, pausadamente, registrando cada palavra e informação. Em outros termos, não “ler na diagonal”, atropelando palavras, querendo chegar rapidamente ao final.

Ler com calma significa, em primeiro lugar, identificar o tipo de situação que está sendo apresentada, se é um questionamento direto, uma questão polêmica para você se posicionar, uma situação fictícia para análise. Tudo para que você possa refletir sobre a questão e estruturar seu texto, traçar um roteiro, antes de começar a escrever.

Portanto, lembre-se sempre, ao final da redação, de perguntar: “Eu respondi a tudo que foi pedido no enunciado?”. Tal procedimento, aparentemente simples, pode lhe evitar a perda de preciosos pontos no dia “D”.

ROTEIRO DO TEXTO

Antes de começar a escrever, você precisa saber para onde ir, para não navegar às cegas na folha de resposta. Deve elaborar um plano ou roteiro a ser seguido. De modo geral, em uma prova discursiva é necessário, após compreender o enunciado apresentado:

analisar o assunto, considerando, se for o caso, as normas vigentes aplicáveis; e

estruturar o raciocínio de forma articulada e convincente.

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Tudo isso para que você possa responder ao que foi pedido (terceira tarefa) numa linguagem adequada, correta e elegante. Pode até parecer difícil agora, mas apostamos que, ao final do nosso curso, você não vai achar tão difícil assim.

Note, portanto, que não se deve sair escrevendo aleatoriamente, de qualquer jeito, sem saber aonde se quer chegar ao final. Tudo deve estar muito bem elaborado, de modo que você já vislumbre, de antemão, como terminará sua redação.

Desse modo, após interpretar a questão, é preciso treinar a elaboração do roteiro do texto. Nessa fase, você deve dedicar algum tempo à reflexão. Deve deixar o cérebro trabalhar e permitir que a mente busque na memória as informações necessárias à elaboração da resposta. A partir daí, deve elaborar o seu roteiro de texto.

Por que utilizamos os verbos “deixar” e “permitir”? Simplesmente, porque, muitas vezes, a ansiedade do candidato atua como fator inibidor à reflexão. Já tivemos a oportunidade de presenciar alunos que mal tomam conhecimento do tema e logo disparam a redigir linhas e mais linhas. Em geral, os textos assim elaborados enfrentam dois problemas:

1 – têm que ser refeitos diversas vezes, pois sua estrutura é desconjuntada e não há organização e hierarquização de parágrafos; em suma, não têm início, meio e fim coerentes;

2 – não aproveitam o potencial de conhecimentos que o candidato possui sobre o tema.

Dar liberdade ao cérebro é essencial. Nesses breves momentos, devemos registrar todas as idéias, lembranças e expressões que a leitura do enunciado da questão desencadeou.

Registradas as ideias, a tarefa passa a ser ordenar, de forma sistemática, todos esses elementos, dentro de uma estrutura predefinida: introdução, desenvolvimento e conclusão. Você deve montar a estrutura do seu texto antes de iniciar a redação, procurando o equilíbrio, a harmonia e o encadeamento lógico dos parágrafos.

Aplicando a “Lei de Lavoisier” (tudo se copia!), vejamos a seguinte questão, que foi cobrada recentemente pela Esaf no concurso de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG, chamado popularmente de Gestor) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG):

(ESAF/GESTOR/MPOG/2009) Discorra objetivamente sobre o Controle da Administração Pública, abordando:

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a) a finalidade do controle;

b) o controle administrativo;

c) o controle legislativo;

d) o controle judicial.

Trata-se de um enunciado de fácil entendimento. A questão é bastante imediata: ela quer que você apresente a finalidade do controle da Administração e discorra sobre os três tipos de controle existentes: o administrativo, o legislativo e o judicial, classificação que leva em conta a natureza do órgão que realiza o controle (órgão administrativo, legislativo ou judicial). Esse tipo de enunciado, bastante curto e direto, não gera maiores dificuldades.

Veja que o enunciado forneceu o roteiro a ser seguido, de modo que, se você responder aos pontos do enunciado, como se fosse uma espécie de checklist, conseguirá abordar todos os pontos desejados pelo examinador.

Entendido o enunciado, você deve analisar pormenorizadamente os aspectos que circundam o tema, a fim de poder, adiante, estruturar seu raciocínio adequadamente, por meio do roteiro do texto, e, por fim, escrever sua resposta.

Nessa segunda etapa, recomendamos fazer o famoso brainstorm (tempestade de ideias), que consiste em tentar lembrar tudo que for possível sobre o enunciado, de modo a coletar o máximo de informações possíveis, as quais restarão disponíveis para posterior crítica e estruturação do raciocínio.

Por exemplo, nessa questão, você poderia colocar no papel os seguintes pontos, em um exercício de brainstorm:

1) Fiscalização das atividades da Administração Pública;

2) Assegurar a observância da lei e dos princípios administrativos (legalidade);

3) Quando cabível, verificar aspectos de mérito;

4) Controle administrativo: controle interno, de legalidade e mérito, de ofício ou por provocação;

5) Controle legislativo: controle externo, político e financeiro, de legalidade e mérito, de ofício ou por provocação, auxílio do Tribunal de Contas;

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6) Controle judicial: controle externo, somente de legalidade, apenas de ofício, não pode revisar o mérito administrativo.

Com isso, você mesmo acabou traçando o roteiro a ser seguido em sua redação. Basta agora estruturar isso em um texto coeso e harmônico (nosso terceiro passo).

Vejamos agora outra questão, cobrada no mesmo concurso, antecipando que, apesar de nosso curso ser dirigido para o Cespe (o que merece maior ênfase), acreditamos piamente que, em nome do ineditismo, a organizadora não repetirá antigos temas, de tal sorte que a colheita de temas aplicados em outras organizadoras é sempre válida:

(ESAF/GESTOR/MPOG/2009) De acordo com o art. 174 da Constituição Federal, “Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.” Nas linhas a seguir:

1) informe em que consistem as funções mencionadas;

2) dê um exemplo para cada uma delas.

Trata-se de uma questão que aborda o papel do Estado como agente regulador da economia. O enunciado apresenta o seguinte roteiro: 1) informar em que consiste as funções de fiscalização, incentivo e planejamento do Estado, em sua atuação como agente normativo e regulador da atividade econômica; 2) dar um exemplo para cada uma dessas funções.

Vejamos como seria um possível brainstorm, neste caso:

1) Estado regulador: intervenção indireta no domínio econômico; normatização, fiscalização, incentivo e planejamento da economia;

2) Fiscalização: verificar a observância das normas que condicionam a atuação na economia e aplicar sanções aos agentes econômicos, em caso de descumprimento. Exemplos: fiscalização, pelas agências reguladoras, das leis aplicáveis ao setor regulado e aplicação de sanções pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), por infrações à ordem econômica.

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3) Incentivo: fomento, estímulo à atividade econômica, por meio de medidas que incentivem o particular a desenvolver a atividade. Exemplos: isenções fiscais, subsídios, prêmios de produtividade, condições favorecidas para micro e pequenas empresas.

4) Planejamento: organização da atividade econômica, com o estabelecimento de objetivos e metas, para implementação de políticas públicas. Exemplos: Plano Plurianual (PPA), Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento.

Note como as informações colocadas no papel praticamente já representam o roteiro do texto a ser elaborado.

REDAÇÃO DO TEXTO

Chegamos à nossa terceira etapa, que pode ser chamada também de desenvolvimento. Redigir é a “parte braçal” do processo, mas que exige bastante concentração, para que você não fuja do tema proposto, nem da estrutura desenhada. Temos visto alguns exercícios que começam muito bem, mas acabam por se perder no meio do caminho.

Um ponto de fundamental importância na resolução de provas discursivas pode ser resumido na seguinte orientação: responda ao que foi perguntado. Isso pode parecer óbvio, mas é incrível o número de candidatos que se desviam do tema, ao longo da redação, e, quando percebem (se é que isso ocorre), acabam sem espaço para responder aos questionamentos da banca. O roteiro do texto ajuda a evitar essa falha comum de muitos candidatos.

Falemos também um pouco sobre o parágrafo. O parágrafo é a estrutura básica de uma redação e deve girar em torno de uma ideia central. Na elaboração de sua resposta, é ideal que você separe cada tópico do enunciado em um parágrafo próprio, de modo a dar estrutura e harmonia ao texto.

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Em regra, cada assunto deve ser objeto de um parágrafo específico. Porém, em redações muito curtas, a separação ideal em parágrafos pode não ser possível, devendo o candidato ordenar seu texto da melhor maneira que puder. Nesse caso, é melhor priorizar a efetiva resposta aos quesitos do enunciado, ainda que o texto, ao final, não apresente uma estrutura de parágrafos adequada (veremos, mais à frente, na grade de correção do Cespe os descontos de idioma). Já nas redações mais extensas, caso algum dos tópicos seja mais complexo, pode-se fazer o desdobramento da resposta em mais de um parágrafo. O que se deve evitar é tratar de mais de um assunto no mesmo parágrafo, isso quando o espaço permitir.

Os parágrafos do desenvolvimento devem apresentar sintética e objetivamente cada um dos pontos em exame, os argumentos a favor e contra, a fundamentação legal, as polêmicas que envolvem o tema e outros aspectos pertinentes. A cada alegação ou argumento, ou seja, a cada parágrafo ou sequência de parágrafos, formula-se uma ideia central própria.

Além disso, os diversos parágrafos devem se relacionar harmonicamente e guardar certa proporcionalidade entre si (terem, aproximadamente, a mesma extensão).

Vejamos o exemplo de resposta, com base na questão sobre o controle da Administração, acima apresentada:

(ESAF/GESTOR/MPOG/2009) Discorra objetivamente sobre o Controle da Administração Pública, abordando:

a) a finalidade do controle;

b) o controle administrativo;

c) o controle legislativo;

d) o controle judicial.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO:

A finalidade do controle da Administração Pública é assegurar que ela atue com respeito à lei e aos princípios que regem suas atividades, como os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (controle de legalidade ou legitimidade). Em certos casos, abrange também o controle do mérito administrativo.

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O controle administrativo é o realizado pelos órgãos e entidades da Administração, sobre suas próprias atividades. Por isso, classifica-se como um controle interno. Engloba aspectos de legalidade e de mérito e pode ser feito de ofício ou por provocação do interessado.

O controle legislativo é o realizado pelo Parlamento, com o auxílio do Tribunal de Contas. Trata-se de um controle externo (realizado por um Poder sobre o outro), que pode ser de cunho político ou financeiro e abranger aspectos de legalidade e de mérito.

Por fim, o controle judicial é o realizado pelos órgãos do Poder Judiciário. É também um controle externo e pode analisar somente a legalidade da atuação da Administração, sem revisar o mérito administrativo. Ocorre apenas por provocação da parte interessada.

O controle da Administração Pública é inerente ao modelo republicano, que envolve o conceito de responsabilidade do governante pela gestão dos recursos públicos, sendo fundamental para assegurar o atendimento ao interesse da coletividade.

Veja que a solução proposta dividiu o texto em cinco parágrafos, conforme o roteiro do enunciado: o primeiro, que serviu como introdução, tratou da finalidade do controle da Administração; o segundo, do controle administrativo; o terceiro, do controle legislativo; o quarto, do controle judicial.

No caso, foi adicionado ainda um quinto parágrafo, como conclusão, o qual, no entanto, poderia ter sido dispensado, caso houvesse insuficiência de espaço. Nesse caso, a expressão inicial “Por fim”, do parágrafo anterior (o quarto), teria a função de alertar o leitor de que o parágrafo objetiva o encerramento da redação, ao mesmo tempo em que respondeu o quesito pedido. Esse tipo de expressão serve também de elemento de coesão textual, ao fazer a interligação entre o parágrafo que se inicia e o anterior, conforme veremos adiante.

Analise agora esta proposta de solução para a questão do Estado regulador, vista acima:

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(ESAF/GESTOR/MPOG/2009) De acordo com o art. 174 da Constituição Federal, “Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.” Nas linhas a seguir:

1) informe em que consistem as funções mencionadas;

2) dê um exemplo para cada uma delas.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO:

O Estado, como agente normatizador e regulador da economia, intervém de forma indireta no domínio econômico, por meio de fiscalização, incentivo e planejamento.

A fiscalização consiste em verificar a observância às regras estatais que regem a atuação na economia e aplicar sanções aos agentes econômicos, em caso de descumprimento dessas normas. São exemplos a fiscalização, pelas agências reguladoras, das leis aplicáveis ao setor regulado e a aplicação de sanções pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), por infrações à ordem econômica.

O incentivo representa o fomento, a promoção da atividade econômica, por meio de medidas que estimulem o particular a realizar determinados empreendimentos de interesse público. Citem-se como exemplos as isenções fiscais e os subsídios concedidos a empresas que se instalam em regiões de menor desenvolvimento econômico e as condições diferenciadas e favorecidas que o Estado oferece às micro e pequenas empresas.

Finalmente, o planejamento é materializado pela prévia organização da atividade econômica, com o estabelecimento de diretrizes, objetivos e metas a atingir, para a implementação das políticas públicas definidas pelo Estado. São exemplos o Plano Plurianual (PPA), o recente Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento.

Percebe-se, assim, que a atuação do Estado regulador, por meio das atividades de fiscalização, incentivo e planejamento, é fundamental para a adequada definição do rumo da economia do país, em atendimento ao interesse da coletividade.

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Aqui, a solução proposta dividiu o texto em cinco parágrafos: o primeiro serviu de introdução, relembrando que a atuação do Estado como regulador é uma forma indireta de intervenção na economia (em oposição à forma direta de atuação, por meio de empresas estatais). O segundo parágrafo tratou da atividade de fiscalização; o terceiro, do incentivo; o quarto, do planejamento. Em cada um desses parágrafos foram citados os respectivos exemplos. Por fim, o quinto parágrafo serviu como conclusão da redação, arrematando todo o raciocínio.

Uma observação: nas questões em que seja necessário fazer referência a diplomas legais, não há necessidade de lembrar os artigos exatos das leis e dos atos normativos. Você pode simplesmente fazer uma referência em termos gerais, citando a norma que regula o tema. Exemplos:

A Lei 9.784/1999 consagra diversos princípios aplicáveis ao processo administrativo federal, como a legalidade, a finalidade, a motivação, a razoabilidade, a proporcionalidade e a eficiência.

A Lei 8.112/1990 preceitua que os seguintes fatores serão avaliados no estágio probatório do servidor público civil federal: assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade.

Nos termos da Constituição da República são princípios da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

O importante é deixar claro que o assunto não “caiu de paraquedas” no seu texto. Ele possui fundamentação técnica ou jurídica adequada.

Algumas outras dicas importantes podem ser citadas, para que seu texto fique bem redigido:

Evite comentários desnecessários ou inoportunos, bem como generalizações ou adjetivações indevidas ou exageradas ou, ainda, que demonstrem sua opinião quanto ao fato. Por exemplo, em vez de escrever:

É um absurdo que nossos governantes procurem sabotar a todo instante a implementação do modelo gerencial de administração pública em nosso país. Isso só demonstra o imenso nível de corrupção que impera no Brasil e o caráter duvidoso de nossos parlamentares, com graves prejuízos para toda a população.

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Prefira:

Infelizmente existem governantes que, em função de interesses particulares, tentam evitar a efetiva implementação do modelo gerencial de administração pública em nosso país. Tal fato gera ineficiência na máquina do Estado, com prejuízos para toda a população.

Viu como o segundo trecho disse a mesma coisa que o primeiro, de uma forma muito mais técnica e impessoal? Com isso, você consegue evitar os termos generalizantes e preconceituosos presentes no primeiro trecho (“é um absurdo”, “sabotar”, “a todo instante”, “imenso nível de corrupção”, “caráter duvidoso”).

Não empregue construções que demonstrem que você tem dúvidas sobre o assunto. Por exemplo, suponha que o examinador peça que você elenque as hipóteses de sanções ao servidor público, mas você não se lembra de todas. Talvez você esteja também em dúvida se as penalidades estão todas na Lei 8.112 ou algumas estão em outra lei etc.

Tomado de insegurança, o candidato poderia vir a escrever o seguinte:

Segundo as normas vigentes (Lei 8.112 ou outras leis), são hipóteses de sanções ao servidor público, salvo melhor juízo: a advertência e a demissão além de, quem sabe, também outras punições.

Veja como o trecho acima demonstra a insegurança do concursando (“8.112 ou outras leis”, “salvo melhor juízo”, “quem sabe” etc.). Certamente o examinador descontaria pontos preciosos em razão disso (já aconteceu com o Luciano, nos primeiros concursos que ele realizou). Geralmente, esse tipo de erro é classificado como “AF” (argumentação fraca) ou “DPP” (desconhecimento parcial da problemática).

Assim, mesmo tomado de todas as dúvidas, melhor seria escrever um texto um pouco mais enxuto, mas que não demonstrasse a lacuna de conhecimento do candidato. Por exemplo:

Segundo a lei, são hipóteses são hipóteses de sanções ao servidor público, entre outras: a advertência e a demissão.

Procure ainda observe os seguintes requisitos:

Concisão

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Concisão é a capacidade de expor ideias em poucas e exatas palavras. Suponha que no enunciado seja solicitado discorrer sobre a autonomia política dos entes de nossa Federação. Imagine a seguinte resposta:

As entidades que compõem a República Federativa do Brasil, isto é, o nosso Estado, chamadas também de pessoas estatais ou políticas, possuem, todas elas, a denominada autonomia política e administrativa, embora isso se dê sempre dentro dos limites da Constituição Federal de 1988, que é a Carta Política de nosso país. Todas essas entidades de nossa Federação possuem competência para legislar e tributar, além de poderem estabelecer seus próprios orçamentos, pois de nada adiantaria conferir apenas nominalmente a autonomia a todos esses entes, sem que fossem disponibilizados os recursos financeiros necessários para que eles pudessem exercer adequadamente as suas atribuições constitucionais.

Veja como o texto acima ficou longo e cansativo. Melhor seria ter escrito, de forma mais objetiva:

Os entes políticos da Federação brasileira possuem autonomia política e administrativa, dentro dos limites da Constituição. Possuem competência para legislar e tributar, bem como orçamento próprio, pois de nada adiantaria autonomia sem recursos financeiros para o exercício de suas atribuições.

Fique atento: um erro de concisão pode acarretar descontos expressivos em sua redação.

Clareza

Na redação dos textos técnicos, a sequência das palavras deve ser organizada de forma a tornar a frase mais clara, com o mínimo necessário de palavras e sem utilizar chavões ou clichês, que empobrecem a linguagem.

Imagine o seguinte trecho de um candidato que estivesse tentando discorrer sobre a função legislativa do Estado, bem como sobre a hierarquia existente entre as leis e a Constituição:

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Uma das funções da pessoa estatal soberana, sem dúvida, é a de compor os atos normativos que integram o nosso ordenamento sob a égide da Carta Maior, em função da qual gira toda a lógica de aplicabilidade das leis que devem nortear a sociedade de um Estado livre e democrático; esta é a função legislativa, com a qual a hierarquia fica evidenciada entre a Carta Política e as leis.

Não ficou muito claro, certo? Veja como esse mesmo texto poderia ser escrito de forma bem melhor:

Uma das funções típicas do Estado é a função legislativa, por meio da qual são elaboradas as leis que compõem o ordenamento jurídico. As leis retiram seu fundamento de validade da Constituição, a Carta Política do Estado, que se situa em nível hierarquicamente superior a elas.

Coerência

Você não pode dizer uma coisa em seu texto e, adiante, citar algo contrário ao que já foi dito. É preciso haver coerência, lógica, conexão entre as idéias apresentadas. Assim, não faz sentido escrever:

O controle da Administração Pública pode ser externo, interno ou judicial, podendo ser exercido pelo Judiciário, Executivo ou Legislativo.

No trecho acima, ficam as dúvidas: o controle judicial é interno ou externo? O Executivo pode realizar controle interno e externo?

O controle da Administração Pública pode ser exercido pelo Judiciário, Executivo ou Legislativo. O Judiciário realiza, principalmente, o controle judicial; o Legislativo, o controle externo, com auxílio do Tribunal de Contas da União; e o Executivo, o controle interno.

Agora ficou bem melhor, não é mesmo?

Coesão

O texto não é um simples amontoado de informações. Essas devem aparecer arrumadas, escalonadas e relacionadas entre si. A coesão textual é obtida quando se promove a adequada interligação entre as diversas partes do texto, notadamente entre os parágrafos e períodos da redação (um período, em geral, encerra-se com ponto final, ponto de exclamação ou ponto de interrogação).

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A coesão é atingida por meio do uso de termos e expressões que unem as diversas partes de uma redação e estabelecem relações de sentido entre essas partes. Veja os exemplos abaixo, destacados em negrito. O texto foi retirado de uma questão da prova de Língua Portuguesa do concurso de Auditor Fiscal do Tesouro Estadual do Estado do Rio Grande do Norte 2005 (AFTE-RN 2005):

A violência no País há muito ultrapassou todos os limites. Tanto é assim que dados recentes mostram o Brasil como um dos países mais violentos do mundo, levando-se em conta o risco de morte por homicídio. Em 1980, tínhamos uma média de, aproximadamente, doze homicídios por cem mil habitantes. Lamentavelmente, nas duas décadas seguintes, o grau de violência intencional aumentou, chegando a mais do que o dobro do índice verificado em 1980 – 121,6% –, ou seja, ao final dos anos 90 foi superado o patamar de 25 homicídios por cem mil habitantes. Simultaneamente, o PIB por pessoa em idade de trabalho decresceu 26,4%, isto é, em média, a cada queda de 1% do PIB a violência crescia mais do que 5% entre os anos 1980 e 1990.

A expressão “Tanto é assim que” liga a oração que introduz à anterior, dizendo ao leitor que o que se seguirá no texto comprova a afirmação anterior. A palavra “Lamentavelmente” prepara o espírito do leitor para a informação que virá a seguir, que mostra que a violência só piorou após 1980. A expressão “ou seja” serve para introduzir uma afirmativa que explicará, em outras palavras, o dado estatístico que foi fornecido antes dela. E a palavra “Simultaneamente” demonstra que será apresentada alguma informação sobre algo que ocorreu paralelamente ao aumento da violência no País, no caso, o decréscimo do PIB. Todas essas palavras e expressões são elementos de coesão do texto.

DICA IMPORTANTE: use sinônimos!

Para evitar repetições, use sinônimos. Isso dá qualidade ao seu texto. Por exemplo: alterne as expressões “Tribunal de Contas da União” e “Corte de Contas Federal”; ou “Lei 8.112/1990” e “Estatuto dos Servidores Públicos Federais”; “Constituição da República” e “Constituição Federal”; ou, ainda, “Consolidação das Leis Trabalhistas” e “Diploma Trabalhista Consolidado”.

Além disso, algumas vezes, empregamos a mesma palavra várias vezes, de modo desnecessário. Isso deve ser evitado. Veja o exemplo abaixo:

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A doutrina reconhece dois tipos de regulamentos: o regulamento executivo e o regulamento independente ou autônomo. O regulamento executivo complementa a lei, ou, no termos do art. 84, IV, da Constituição, contém normas “para fiel execução da lei; tal regulamento não pode estabelecer normas contra legem ou ultra legem. (...) O regulamento autônomo ou independente inova na ordem jurídica, porque estabelece normas sobre matérias não disciplinadas em lei; esse regulamento não completa nem desenvolve nenhuma lei prévia.

Viu como a palavra “regulamento” apareceu várias vezes, causando eco e desarmonia ao texto? Melhor seria escrever assim, como a professora Di Pietro em Direito Administrativo (19.ª ed.):

Doutrinariamente, admitem-se dois tipos de regulamentos: o regulamento executivo e o regulamento independente ou autônomo. O primeiro complementa a lei, ou, no termos do art. 84, IV, da Constituição, contém normas “para fiel execução da lei; ele não pode estabelecer normas contra legem ou ultra legem. (...) O regulamento autônomo ou independente inova na ordem jurídica, porque estabelece normas sobre matérias não disciplinadas em lei; ele não completa nem desenvolve nenhuma lei prévia.

O momento adequado para verificar a existência de repetições inadequadas, bem como de outros erros que você tenha cometido é a fase da revisão da resposta (quarta tarefa).

A GRADE DE CORREÇÃO

Quando se trata de corrigir provas discursivas, a margem discricionária do avaliador é muito grande. Afinal, se, como indica o nome, a prova é “subjetiva”, imaginem a correção! Ainda mais se forem muitas provas e mais de um professor a corrigi-las.

Para minimizar possíveis problemas resultantes da aplicação de critérios distintos de avaliação para os vários candidatos – o que poderia prejudicar a uns e beneficiar a outros – é que surgiram as “grades de correção” que procuram estabelecer certos parâmetros para a definição das notas.

Assim, por exemplo, numa prova valendo 10 pontos, um erro de ortografia como escrever “Constituissão” poderia custar ao candidato 0,25 ponto. Um erro de concordância, do tipo “Nós vai propor ao TCU”, poderia representar uma penalidade de 0,4 ponto, e assim por diante.

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Fica claro que quem cometer muitos erros ou erros de maior gravidade não tem a menor chance de atingir a nota mínima exigida.

Porém o simples fato de deduzir pontos por erros cometidos não é suficiente para a avaliação de uma prova. Se fosse assim, como ficaria a nota do candidato que não cometesse erros de português, mas que também não respondesse à questão proposta?

É preciso fixar critérios.

Outra dificuldade é que, para certos temas não há resposta “certa” ou resposta “errada”. Nesse tipo de questão o que se pretende é avaliar a capacidade do candidato articular uma argumentação plausível a partir dos elementos fornecidos pelo enunciado.

Por exemplo:

“Foi apresentada ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional pretendendo que os Ministros do TCU sejam selecionados por concurso público de provas e títulos. Disserte sobre o tema à luz dos seus conhecimentos da legislação vigente.”

Essa é uma típica questão dissertativa em que o candidato pode elaborar uma argumentação totalmente favorável à proposta de modificação da Constituição, ou totalmente contrária, ou, ainda, defender um meio termo (“dois terços dos Ministros escolhidos por concurso”).

Na hora de avaliar uma prova desse tipo, o examinador não precisa estar de acordo com a conclusão do candidato. Em outras palavras, o candidato não precisa se preocupar em tentar adivinhar o que pensa a banca para definir seu posicionamento. O que vai ser avaliado é a capacidade de construir um texto bem estruturado, com argumentos sólidos, com uma conclusão coerente etc.

Cada banca examinadora tem a sua própria grade de correção, que é adaptada para as características da prova e até mesmo de cada questão individualmente.

Assim, numa questão versando sobre os princípios constitucionais da administração pública (CF: art. 37, caput), a grade de correção poderia atribuir 1,0 ponto ao candidato que citasse os cinco princípios (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), deduzindo 0,2 ponto por cada um desses princípios que fosse omitido e, ainda, deduzindo 0,3 ponto por cada “não-princípio” que o candidato mencionasse como se fosse certo (“princípio da benevolência”).

Não dá para adivinharmos com antecipação qual será a grade de correção da questão da nossa prova. O importante é sabermos que

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essas grades existem e que alguns aspectos do seu texto serão obrigatoriamente avaliados.

Nós, por exemplo, para poder corrigir os exercícios de toda a turma elaboramos as nossas próprias grades de correção, com base nas grades do Cespe, que vou detalhar a seguir. Essa grade é a que vocês receberão em seu correio eletrônico com a nossa avaliação dos exercícios apresentados.

Assim, quando você receber os exercícios corrigidos, verá que a nota atribuída teve por base um critério objetivo. Imaginamos que ficará mais claro para a turma quais os aspectos que precisarão ser mais desenvolvidos e aprimorados por cada um.

Mas você está curioso para conhecer a grade de correção do Cespe, não é mesmo?

Vamos ver como o Cespe avaliou as respostas à questão do Relatório na prova do TCE-AC.

A correção do Cespe é dividida em:

Aspectos macroestruturais; e

Aspectos microestruturais.

Nos aspectos macroestruturais são avaliados a apresentação, a estrutura textual, a capacidade de interpretação e exposição e o desenvolvimento do tema, ou seja, o conteúdo da resposta e o domínio da matéria pelo candidato.

Nos aspectos microestruturais são examinadas a grafia, a acentuação, a morfossintaxe e a propriedade vocabular; em suma, o domínio da língua portuguesa.

Os aspectos macroestruturais geram a NC – nota de conteúdo.

Por sua vez, a correção dos aspectos microestruturais conduz à anotação do NE - número de erros.

A Nota Final da questão é obtida, segundo os critérios habituais dos editais do CESPE, deduzindo-se da nota de conteúdo uma proporção dos números de erros em relação ao total de linhas efetivamente escritas. Por exemplo, se você tirar 10 em conteúdo, mas cometer 40 erros em 20 linhas, sua nota será:

NF = 10 – (40/20) = 8

Assim, os aspectos microestruturais servem apenas para diminuir a sua nota3. Nem por isso, são menos importantes. Vejam que se outro

3 Nesse aspecto, a grade do Cespe é completamente diferente da grade da Esaf, por exemplo.

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candidato que tiver 10 em conteúdo, cometer 3 erros em 30 linhas, sua nota final será:

NF = 10 – (3/30) = 9,9

Por conseguinte, dois candidatos que tenham igual conhecimento do conteúdo da matéria poderão ter notas muito diferentes – representando a diferença entre ser aprovado ou não – conforme saibam se expressar mais ou menos corretamente na língua portuguesa.

Os aspectos microestruturais avaliados são os mesmos em todas as questões do Cespe, a saber: grafia, acentuação, morfossintaxe e propriedade vocabular.

Por sua vez, os aspectos macroestruturais variam conforme cada questão.

Na prova do TCE-AC em 2008, a nota de conteúdo foi dividida em duas partes:

a primeira, correspondendo a 10%, para a apresentação, estrutura textual e capacidade de interpretação e exposição; e

a segunda, correspondendo a 90%, para o desenvolvimento do tema.

A primeira parte envolve a avaliação de aspectos como a legibilidade, o respeito às margens e a paragrafação. Isso nos lembra as aulas de caligrafia na escola fundamental, não é mesmo? É isso mesmo! E é MUITO IMPORTANTE! Vale 10% da nota de conteúdo.

Apresentação significa evitar rasuras e borrões.

Legibilidade significa que o texto deve ser escrito de modo a poder ser lido. Nada de garranchos incompreensíveis, letras microscópicas, códigos de taquigrafia ou coisas do gênero.

Respeito às margens, como a expressão indica significa simplesmente que somente se deve escrever no espaço destinado à resposta, ou seja, nas linhas do caderno de resposta e respeitando as margens direita e esquerda de cada linha.

Paragrafação significa dividir adequadamente o texto em parágrafos que correspondam as ideias expostas. Além disso, não deixe de “pular” um espaço de aproximadamente 1 cm no início de cada parágrafo, para indicar ao leitor que é um novo parágrafo e não a continuação do anterior.

Capacidade de interpretação e exposição significa compreender o que o examinador perguntou e responder de modo correspondente.

Em regra, nas provas discursivas do Cespe, 10% do valor de todas as questões são atribuídos a tais aspectos.

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Quanto aos restantes 90%, sua distribuição varia conforme o formato do enunciado.

No caso do relatório da prova do TCE-AC 2008, os 9 pontos do desenvolvimento do tema foram divididos em 4 tópicos:

1 ponto para a identificação da entidade e de seu gestor;

2 pontos para a exposição dos fatos;

5 pontos para a análise técnica, que deveria apontar a irregularidade da contratação sem licitação sob a alegação de notória especialização, bem como a inobservância do limite de 25% para aditivos contratuais; e

1 ponto para a conclusão, que deveria indicar a ocorrência indevida de inexigibilidade de licitação e propor a aplicação, no mínimo, de multa, que não deve ter relação com o valor da obra.

Assim, o candidato que iniciasse sua resposta enunciando que o relatório referia-se à autarquia Beta do estado do Acre e que o gestor era Paulo, seu presidente, já receberia 1 ponto, conforme o critério constante da grade de correção.

Todos esses critérios constam do espelho de correção que é disponibilizado para os candidatos cuja prova é corrigida e devem ser examinados com muita atenção, pois podem servir como argumentação no momento de preparar um recurso. Mas isso será tema da última aula de nosso curso.

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ERROS MAIS FREQUENTES

Vamos agora buscar analisar os textos “com os olhos do examinador”. Onde ele identifica erros na sua resposta? Como evitá-los? Sabendo o que ele procura (a resposta aos tópicos requeridos) e o que pode provocar descontos na nota, fica mais fácil alcançarmos um bom resultado, não é verdade?

Vejamos primeiramente os aspectos de conteúdo. Na capacidade de argumentação, o examinador verificará se você é capaz de construir adequadamente o raciocínio sobre o assunto, de forma direta e objetiva, à luz da matéria em análise. Um exemplo de argumentação errada é dizer que um Município pode realizar contratações emergenciais para fazer frente a uma catástrofe natural (enchentes, estiagem, por exemplo), pois se trata de uma situação de inexigibilidade de licitação. Ora, inexigibilidade pressupõe a inviabilidade de competição (art. 25 da Lei 8.666, de 1993), ao passo que situações de emergência configuram uma das hipóteses de dispensa de licitação (art. 24, IV, da Lei 8.666, de 1993).

Na sequência lógica do pensamento, a banca analisará seu conhecimento da matéria, bem como se você é lógico e preciso no desenvolvimento do assunto. Um exemplo de contradição é dizer que o Supremo Tribunal Federal, embora seja o guardião da Constituição, não pode interpretar a Lei Maior. Ora, não faz sentido ser o guardião da Carta e não poder interpretá-la.

O desenvolvimento incompleto pode ocorrer como no seguinte trecho, em que o candidato se propõe a definir os modelos de administração pública patrimonialista, burocrática e gerencial:

Existem três modelos clássicos de administração pública: a patrimonialista, a burocrática e a gerencial. A primeira reinava no passado, a burocrática surgiu como forma de combater o modelo anterior e a administração gerencial foca a eficiência dos serviços.

Por que o trecho acima contém um desenvolvimento incompleto do assunto? Porque simplesmente não definiu adequadamente o que é a administração pública patrimonialista nem a burocrática, limitando-se a citar qual modelo surgiu primeiro. Quanto à administração gerencial, embora tenha sido citado o foco na eficiência do serviço, isso ainda é pouco para caracterizar adequadamente esse modelo.

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O desconhecimento total (ou parcial) da problemática surge quando o indivíduo demonstra desconhecer o assunto. Imagine o seguinte trecho, em resposta a um enunciado que solicitasse que o candidato apresentasse os regimes de parceria na prestação de serviços públicos regulamentados na década de 1990:

O fenômeno da globalização, acelerado a partir da década de 1990, viu surgir diversas modalidades de entidades paraestatais, vocacionadas para enfrentar as lacunas e a ineficiência estatal na gestão pública, especialmente na área social, com novas parcerias na prestação de serviços públicos.

Ora, esse tipo de embromação do candidato demonstra o quê? Que ele não tem a mínima idéia de quais foram os tipos de parcerias surgidas a partir da década de 1990 para a prestação de serviços públicos (ele deveria ter citado: Organizações Sociais – OS – com o regime de contratos de gestão - Lei 9.637/1998; e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs – Lei 9.790/1999, com a gestão por colaboração, por meio de termos de parceria). Obviamente que divagar sobre o tema é melhor do que nada escrever, pois alguma pontuação a pessoa vai conseguir, mas ela sofrerá descontos por demonstrar desconhecimento do assunto.

No alinhamento ao tema, o examinador verificará se o indivíduo, inadvertidamente, não fugiu total ou parcialmente ao assunto proposto, como o caso de uma questão que solicite dissertar sobre a auditoria operacional, mas o candidato, não se lembrando de nada sobre o assunto, resolva escrever sobre prestações de contas.

Na cobertura dos tópicos apresentados, o que será analisado é se o candidato tratou de todos os pontos exigidos no enunciado. . Se um dos temas, por exemplo, pedir que se disserte sobre aposentadoria, reserva e pensão (três tópicos, portanto) e o candidato, na parte da aposentadoria, falar apenas da modalidade compulsória, deixando de discorrer sobre a voluntária, haverá uma omissão parcial de tópico. Se não citar nenhuma forma de aposentadoria, haverá uma omissão total de tópico.

Analisemos agora o uso do idioma. Em aspectos formais, o Cespe buscará erros de ortografia, isto é, erros na grafia das palavras, como a troca ou omissão de letras, falhas de acentuação etc. (ex.: impecilho, Constitução, abono de ferias – cuidado: não “coma” letras nem esqueça os acentos!), bem como erros de forma em geral, como a utilização de palavras estrangeiras sem o uso das aspas (ex.: escrever ex officio em vez de “ex officio” – entre aspas).

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Nos aspectos gramaticais, a banca verificará a existência de erros de morfologia. Por exemplo: erros de flexão de palavras, quanto a gênero, número e grau (a guaraná, duas milhões de pessoas, motivo nobríssimo, guardas-chuvas – nossa, isso dói no ouvido!!...☺), bem como uso indevido de hífen nas palavras compostas.

O examinador buscará, ainda, erros de colocação dos pronomes oblíquos átonos, como “não enviou-lhe a carta” em vez de “não lhe enviou a carta”, “realizará-se” em vez de “realizar-se-á”.

Atente também para não cometer erros de regência (verbal e nominal), como “aplicar a multa no contribuinte” em vez de “aplicar a multa ao contribuinte” ou “a Administração é capaz a implementar a medida” em vez de “a Administração é capaz de implementar a medida”.

Outro erro comum de regência ocorre quando, na mesma construção, o candidato utiliza mais de um verbo, como no exemplo abaixo:

O Governo entrou e saiu daquela situação.

O verbo entrar pede a preposição “em” (entrou em algum lugar) e o verbo sair, a preposição “de”, (saiu de algum lugar). Assim, o período acima deve ser reconstruído da seguinte forma:

O Governo entrou naquela situação e dela saiu.

Os erros de pontuação devem ser evitados também, como emprego inadequado de vírgula (o mais comum), ponto-e-vírgula, ponto final, reticências. A propósito, em uma dissertação, o uso das reticências devem ser evitado, por demonstrar raciocínio inconclusivo, como no exemplo abaixo:

Os atuais programas assistenciais do Governo (ex.: bolsa-escola) não resolvem a causa das mazelas sociais, mas apenas servem de paliativo às necessidades da população. Questiona-se qual deveria ser a posição do Governo, neste caso...

Melhor seria dizer, conclusivamente:

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Os atuais programas assistenciais do Governo (ex.: bolsa-escola) não resolvem a causa das mazelas sociais, mas apenas servem de paliativo às necessidades da população. Neste caso, a posição do Governo deveria ser no sentido de adotar políticas que efetivamente eliminassem as causas da pobreza no país.

Quanto aos aspectos textuais, o Cespe verificará se você não cometeu erros de coesão textual, interligando as diversas orações do texto com palavras ou expressões inadequadas, como no exemplo abaixo:

A função pública deve ser tida como exercício profissional e, não obstante, se integra na vida particular de cada servidor público.

“Não obstante” dá ideia de adversidade, oposição, quando, na verdade, a oração seguinte funciona como uma conclusão da anterior. Melhor seria escrever:

A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público.

Em relação a erros de clareza, concisão e coerência, a melhor maneira de evitá-los é reler sua redação atentamente e verificar se o que foi dito não está ambíguo (duplo sentido), prolixo (longo e cansativo) ou sem sentido. A revisão é procedimento fundamental para evitar erros dessa natureza. Pergunte a si mesmo:

Há repetição de palavras e expressões?

Há adjetivos ou explicações demasiadas no texto?

É possível falar a mesma coisa de forma mais sucinta?

Quanto à ambiguidade, cuidado com as palavras “que” e “seu” (e suas flexões):

Eu estava na sala do chefe que sofreu o assalto. (quem sofreu o assalto: a sala ou o chefe?)

João Paulo conversou com José Pedro e confirmou o atendimento ao seu pleito. (o pleito é de João Paulo ou José Pedro?)

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Quanto à propriedade vocabular, evite gírias, chavões e neologismos (palavras novas, ainda não existentes na Língua Portuguesa), ainda que com o uso de aspas. Vejamos o trecho abaixo:

O Governo precisa ter “simancol” para perceber que a atual forma de avaliação de políticas públicas deixa muito a desejar, pois não se verifica, junto à população, a efetividade das medidas adotadas. Os manos acabam ficando “na rua da amargura”, esperando uma atuação estatal mais eficiente. Além disso, não há dúvidas de que nossos governantes precisam ser mais jogocinturados, para decidir sobre a adequada aplicação dos recursos orçamentários.

Terrível, não é? Evite erros desse tipo e procure manter sua redação sempre nos padrões da língua culta.

O paralelismo sintático refere-se ao emprego correto das palavras, não por si sós, mas reciprocamente consideradas. Nesse sentido, os elementos da redação que estejam coordenados entre si devem apresentar uma construção sintática similar. Vejamos o exemplo a seguir:

Não se trata de defender a intervenção do Estado na economia ou que o País volte a comandar setores sensíveis.

Analisando o núcleo do objeto direto do verbo “defender”, nota-se a falta de paralelismo na construção dos elementos do período:

Não se trata de defender:

1) a intervenção do Estado na economia; ou substantivo

2) que o País volte a comandar setores sensíveis verbo

Para haver paralelismo sintático, neste caso, seria melhor escrever:

Não se trata de defender a intervenção do Estado na economia ou a sua volta ao comando de setores sensíveis (ambos são substantivos).

Ou:

Não se trata de defender que o Estado intervenha na economia ou volte a comandar setores sensíveis (ambos são verbos).

Vejamos outro exemplo de falta de paralelismo sintático:

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O administrador público deve escolher entre negar ou autorizar o pedido do administrado.

No caso, o certo seria usar o par de preposições “entre” e “e”:

O administrador público deve escolher entre negar e autorizar o pedido do administrado.

Já o paralelismo semântico refere-se à correspondência ou simetria no plano das ideias. Vejamos um exemplo de erro dessa natureza:

A diferença entre carros e vagas de garagem era muito grande.

Ora, não há dúvidas de que carros são diferentes de vagas de garagem. O que se quis dizer no trecho acima é que havia mais carros do que vagas de garagem disponíveis. Assim, melhor seria escrever:

A diferença entre o número de carros e o de vagas de garagem era muito grande.

Por fim, a paragrafação refere-se à correta divisão do seu texto em parágrafos, lembrando que cada parágrafo deve conter apenas uma ideia central. É possível, por outro lado, desenvolver um tópico do enunciado em mais de um parágrafo, caso necessário. Vale fazer os seguintes questionamentos:

Há parágrafos tratando de mais de uma ideia central?

Os parágrafos estão longos demais, deixando o texto cansativo e pouco claro?

Vamos nos ater rigorosamente, quando formos corrigir seus exercícios, ao teor da grade de correção do Cespe. Você também deve fazer isso, quando for corrigir outras redações que elaborar, em resposta a outros enunciados, além dos apresentados neste curso. E o conhecimento da grade do Cespe será importante por ocasião da elaboração de eventuais recursos em face da nota obtida.

REVISÃO DO TEXTO

Finalmente, revisar é um ponto fundamental de todo o processo de elaboração. Deve-se efetuar uma dupla revisão do texto: quanto ao conteúdo e quanto à forma (uso do idioma).

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Lembre-se de que nem mesmo Camões, Shakespeare ou Machado de Assis, em suma, nenhum gênio literário deixou de revisar e reescrever várias vezes suas obras, sempre procurando – e conseguindo – aprimorá-las. É importante que você guarde um pouco do tempo da prova para a revisão do texto, pois isso será precioso em termos de nota. Todos cometemos algum tipo de erro ou imprecisão na primeira vez em que escrevemos.

E se não houver tempo para revisar a resposta?

Neste caso, você vai entregar o texto sem revisão mesmo, mas saiba que correrá o grave risco de perder pontos pela ocorrência dos erros vistos acima, o que seria facilmente evitado com uma rápida releitura da sua resposta. Por isso, é importante treinar bastante e aprimorar sua velocidade de redação.

E se for encontrado algum erro e não houver espaço para corrigi-lo?

Nós já enfrentamos situações desse tipo em vários concursos realizados, inclusive alguns do Cespe. A solução que adotamos foi passar um traço sobre o erro e reescrever da forma correta ali mesmo, acima da palavra ou expressão riscada. Nunca perdemos pontos por causa disso. É importante, contudo, que a correção esteja legível, para que o examinador entenda perfeitamente o que você quis escrever.

Na revisão de conteúdo, procure ler o texto “com os olhos do examinador”. Verifique se a pergunta foi respondida; se a resposta é adequada; se a exposição é coerente e bem-estruturada; se o que foi dito corresponde ao conhecimento técnico aplicável à questão.

Lembre-se: em caso de fuga aos temas ou às questões, o candidato receberá NOTA ZERO. Assim, se o assunto for, por exemplo, as diferenças entre o controle interno e o controle externo, não discorra sobre os meios de controle jurisdicional; se o tema for modalidades de licitação, não escreva sobre princípios aplicáveis às licitações; etc.

Não obstante, já aconteceram casos com todos nós (Luiz Henrique, Luciano e Cyonil) em que não sabíamos absolutamente nada sobre o tema, mas escrevemos qualquer coisa assim mesmo, e ganhamos pontos relativos ao uso do idioma. E havia, no caso, a tal cláusula do edital que previa nota zero para quem fugisse ao tema. Portanto, vale lembrar a dica: JAMAIS DEIXE UMA QUESTÃO DISCURSIVA EM BRANCO!

Na revisão, você deve sempre ter em mente a grade de correção e verificar o seguinte:

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CONTEÚDO:

CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO:

o Os pontos do enunciado foram abordados de forma direta e objetiva?

o Os pontos do enunciado foram adequadamente explicados?

o A argumentação apresentada é precisa e sem divagações?

SEQUÊNCIA LÓGICA DO PENSAMENTO:

o O raciocínio exposto tem encadeamento lógico?

o Existem contradições no que foi apresentado?

o Os raciocínios foram completamente desenvolvidos ou algo ficou explicado pela metade?

o Há algum ponto na redação que demonstra ao examinador que você desconhece o tema?

ALINHAMENTO AO TEMA:

o Houve fuga total ou parcial ao tema?

o Tudo o que foi escrito é referente ao que se pede no enunciado?

COBERTURA DOS TÓPICOS APRESENTADOS:

o Todos os pontos do enunciado foram abordados?

o Houve omissão total ou parcial de algum tópico?

o O texto ficou confuso a ponto de não se poder identificar os tópicos abordados?

USO DO IDIOMA:

ASPECTOS FORMAIS:

o Há erros de ortografia?

o Há falhas de forma em geral?

ASPECTOS GRAMATICAIS:

o Há erros de morfologia?

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o Há erros de regência?

o Há falhas de colocação?

o Há erros de pontuação?

ASPECTOS TEXTUAIS:

o Há falhas de coesão?

o Há problemas de clareza, concisão ou coerência?

o Há problemas de propriedade vocabular

o Há erros de paralelismo semântico e sintático?

o Há problemas de paragrafação?

NÚMERO DE LINHAS:

o O número mínimo de linhas foi atingido?

o O número máximo de linhas foi excedido?

ADMINISTRANDO O TEMPO E O ESPAÇO

Cada um de nós, ao escrever, tem suas características próprias, de forma que não é viável apresentar uma “fórmula mágica” que responda à ansiedade de muitos candidatos sobre como gerenciar o tempo e o espaço na resolução da prova discursiva.

Eu (Luiz Henrique), por exemplo, sou muito, muito lento para escrever. Vocês não imaginam quantas horas eu dedico para preparar uma aula como essa, incluindo numerosas revisões e ajustes. Numa prova discursiva, correndo contra o relógio, tenho que tentar me superar. O problema é que minha letra é pequena e feia, o que significa que quando escrevo às pressas, ela se torna quase incompreensível. Assim, tenho que escrever devagar e, por conseguinte, sacrifico ainda mais tempo.

É possível que você, ao realizar o exercício n.o 1 (proposto ao final dessa aula), acabe enfrentando essa dificuldade. Para uns, o tempo é curto. Para outros, o problema são os limites mínimo e máximo de linhas.

Em nossa opinião, uma das grandes vantagens que este curso proporciona a você é o aprendizado da administração do tempo e do espaço, com base na experiência de resolução dos exercícios propostos, simulando as condições da prova.

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A partir de nossos treinamentos, você conseguirá avaliar quanto tempo levará para responder às questões no dia da prova. Se perceber que sua velocidade de resposta não está adequada, terá que treinar velocidade de redação; se o problema for encaixar o texto no espaço disponível, terá que aprender a ser mais sucinto (se você excedeu o n.º de linhas) ou a escrever mais (se seu texto ficou pequeno). Em qualquer caso, os exercícios deste curso permitirão que você adapte seu planejamento e aprenda a ter disciplina na gerência do tempo e do espaço no dia da prova.

Um grande problema enfrentado pelos candidatos na elaboração de redações em concursos públicos, sem dúvida, é o referente ao número de linhas. O espaço disponível determina as palavras que serão utilizadas pelo candidato. Numa redação breve (como serão as questões de até 20 linhas), se você perceber que há muito a dizer, deverá evitar construções longas, para economizar espaço. Vejamos dois exemplos:

1) Assim, deve-se atentar para a observância dos princípios da Lei 9.784/1999.

2) Por tudo que foi exposto nas linhas acima, é importante que todos os agentes públicos, no exercício da atividade administrativa do Estado, observem fielmente os princípios aplicáveis ao processo administrativo federal, contidas na Lei n.º 9.784/1999, sem prejuízo da obediência a outros diplomas legais que também tratem do assunto.

A primeira construção é adequada para a questão de até 20 linhas. Já a segunda estrutura pode ser usada na peça de até 50 linhas, caso o candidato esteja em dificuldades para atingir o número mínimo de linhas exigido no edital.

Outro exemplo: em uma redação curta, é melhor escrever:

Deve-se avaliar a possibilidade de emprego desse procedimento.

Em vez de:

É necessário que seja cuidadosamente avaliada a possibilidade de se adotar, no presente caso, o procedimento acima citado.

Ambas as construções trazem a mesma mensagem, mas a primeira ocupa menos espaço na folha de resposta. Outro exemplo seria empregar:

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Assim, os procedimentos citados enquadram-se na previsão legal.

Ao invés de:

Por todo o exposto, nota-se que os procedimentos acima citados representam situações que se conformam com o previsto na respectiva lei de regência, que deve ser aplicada aos citados casos concretos.

As duas construções veiculam a mesma mensagem, sendo que a primeira é ideal para uma redação curta (questão) e a segunda, para uma redação com maior número de linhas (peça).

Nas redações maiores, você pode ficar em maus lençóis, caso não saiba escrever muita coisa sobre o assunto. Nessa situação, o emprego de construções mais longas pode dar a impressão de que o texto possui maior conteúdo do que realmente tem, sem que haja fuga ao tema. De qualquer modo, você não deve se preocupar demasiadamente se não preencher todas as linhas ofertadas pela banca, pois o que importa é ficar dentro dos limites mínimo e máximo definidos no edital, desde que o texto aborde todos os aspectos exigidos no enunciado.

Por outro lado, você deve ter o cuidado de não ficar “enrolando” a banca ou “enchendo linguiça” ao elaborar seu texto. Escreva o que for possível lembrar sobre o tema proposto (a técnica do brainstorm ajuda nisso). É melhor deixar espaço em branco do que se desviar do tema, correndo o risco de perder pontos preciosos na correção (desde que, é claro, o número mínimo de linhas seja atingido).

Se a questão pedir que sejam abordados necessariamente certos pontos, isso não exclui falar de outros aspectos que se façam pertinentes, caso haja espaço e o assunto seja relacionado ao enunciado. Ocorre, contudo, que, nas questões pequenas, geralmente o espaço costuma ser insuficiente para falar de outros assuntos, além dos expressamente exigidos. Você só deve tratar de outros aspectos após abordar os pontos que o examinador expressamente cobrou. Se os pontos adicionais forem conexos com os expressamente cobrados no enunciado, não haverá fuga ao tema, mas enriquecimento da sua redação.

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Caso o espaço seja insuficiente para responder a todos os questionamentos da banca, uma opção é condensar os assuntos em poucos parágrafos, de modo a economizar espaço de resposta. Ao fazer isso, porém, deve-se ter atenção para não juntar idéias muito diferentes no mesmo parágrafo, o que configuraria falha de coesão e de paragrafação do texto.

OUTRAS DICAS

Abaixo apresentamos alguns erros e vícios que devem ser evitados em uma dissertação:

1) Evite o uso de orações intercaladas, parênteses e travessões, bem como de períodos muito longos. Assim, em vez de escrever:

A gratificação natalina ou de natal ou, ainda, 13.º salário, alegria de todos os brasileiros e alívio de fim de ano para muitos, que possui natureza salarial, sendo devida, inclusive, aos trabalhadores avulsos, aos empregados domésticos e – por que não dizer – aos servidores públicos estatutários, com a promulgação de nossa Constituição Federal de 1988, passou a fazer parte expressamente da relação de direitos aplicáveis aos trabalhadores urbanos e rurais, de acordo com previsão do art. 7.º da Carta Política.

Escreva:

A gratificação natalina (décimo terceiro salário) é parcela de natureza salarial devida aos trabalhadores urbanos e rurais, segundo o art. 7.º da Constituição. Tal dispositivo assegura ainda aos avulsos e aos empregados domésticos a percepção da parcela. Além disso, a Carta Magna prevê que os servidores públicos estatutários também têm direito ao recebimento do 13.º salário.

2) Não use trechos descritivos longos ou que não acrescentem informação útil à fundamentação dos argumentos. Em vez de escrever:

A equipe de futebol cuja sede social encontra-se localizada no bairro carioca da Gávea e cujo uniforme é rubro-negro logrou, pela sexta vez em sua história, sagrar-se vencedora, ao final do certame futebolístico brasileiro nacional.

Escreva:

O Flamengo é hexacampeão brasileiro!

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3) Em cada parágrafo, procure apresentar a ideia central logo no início, enfatizando o assunto abordado pelo parágrafo. Vejamos dois exemplos:

1) O servidor público sujeita-se à responsabilidade civil, penal e administrativa. A responsabilidade civil é de ordem patrimonial e decorre da regra segundo a qual todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo. Na responsabilidade administrativa, o servidor responde pelos ilícitos administrativos, previstos na legislação própria. Por sua vez, a responsabilidade penal alcança o servidor que praticou crime ou contravenção. Um mesmo ato pode implicar a responsabilização nas três esferas.

2) A responsabilidade civil, de ordem patrimonial, decorre da regra segundo a qual todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo. A ela está sujeito o servidor público, bem como à responsabilidade administrativa, na qual responde pelos ilícitos administrativos, previstos na legislação própria. Por sua vez, a responsabilidade penal alcança o servidor que praticou crime ou contravenção. Um mesmo ato pode implicar a responsabilização do servidor público nas três esferas: civil, penal e administrativa

Você notou com o primeiro exemplo apresenta logo a ideia central do parágrafo, mostrando ao leitor o que virá em seguida? Essa construção é preferível à do segundo trecho, em que a pessoa que lê o texto fica sem saber exatamente aonde se quer chegar, pois a ideia principal está somente no último período do parágrafo.

DÚVIDAS FREQUENTES DOS ALUNOS

a) Como eu faço para citar siglas?

CF, MS, CLT, NR, MP, Oscip, Adin, STF, STJ, FGTS, TRT, SFN etc.

Sabemos que você sabe o que significam essas siglas (bem, você deveria saber, ainda é tempo de estudar...☺), mas será que o examinador que vai corrigir a sua prova discursiva também sabe que você sabe? Ou pior, será que para ele essas siglas têm o mesmo significado que possuem para você?

Como ele vai saber o que você quer dizer? Se MP é Medida Provisória ou Ministério Público? Se PAD é Processo Administrativo Disciplinar ou Plano Avançado de Desenvolvimento? Se PAC é Programa de Aceleração do Crescimento ou Plano de Avanço Comercial? Portanto,

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muito cuidado! Não transforme sua prova discursiva numa “sopa de letrinhas”, pois você pode se engasgar.

O uso de siglas é útil, pois economiza espaço e evita a repetição de expressões extensas, como “Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado”, o que é cansativo, tanto para quem escreve como para quem lê. Mas a sigla (neste caso, PDRAE) deve ser decodificada, para não gerar confusão ou erro de interpretação.

Assim, recomenda-se que, ao mencionar a expressão pela primeira vez, ela seja escrita por extenso, seguida da sigla que será utilizada no restante do texto. Nas vezes seguintes em que a expressão for necessária, basta utilizar a sigla. Exemplo:

Em 1995, o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) pretendeu reestruturar a máquina estatal, em combate à crise do setor público. Segundo o PDRAE, essa reforma deveria ser feita a partir do contexto da redefinição do papel do Estado.

b) E se eu não souber o assunto?

Em alguns casos, o candidato, talvez para não revelar seu desconhecimento, opta por simplesmente ignorar um ou mais tópicos do enunciado. Já vimos pessoas deixando redações em branco em concurso público, porque não sabiam nada sobre o assunto. Conforme já dissemos, você não deve fazer isso, isto é, não deve “jogar a toalha” e desistir. E por quê? Porque, se você nada escrever, com certeza terá garantido uma excelente NOTA ZERO. Ora, o zero você já tem desde o momento em que entrou na sala de prova. Sua missão é conseguir algo mais do que isso. Assim, não desista. Escreva alguma coisa! Como se diz por aí, se for pra cair, você tem que “cair atirando”.

Esse, portanto, é um erro grave. Você não pode fingir que a questão não existe. Tem que enfrentá-la. Claro que você dedicará maior peso àquele aspecto que domina melhor. Esse será mais desenvolvido e destacado em seu texto. Mas não deixe nunca de abordar os demais, constantes expressamente do enunciado, ok?

Por exemplo, imagine o seguinte enunciado:

Discorra sucintamente sobre os plânctons bioluminescentes.

E agora? O que você faria? O que escreveria em uma situação dessas?

O negócio é partir para a embromação, na maior “cara-de-pau”. Deixar em branco a redação você não vai. Seja lá o que for um plâncton bioluminescente, algumas conclusões você pode tirar: “bio” vem de vida (lembre-se de biologia), “luminescente” refere-se a luz, luminescência.

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Plâncton é um organismo (será animal ou vegetal?) que vive nos mares (será que nos rios também?). Deve ser, portanto, um ser que emite luz a partir de seu próprio corpo, provavelmente por meio de reações químicas internas. Muito bem, feito esse rápido brainstorm, basta agora escrever:

Os plânctons bioluminescentes são organismos vivos que vivem nas águas e possuem atributos peculiares. Uma de suas grandes características é a capacidade que eles têm de emitir luz, a partir de reações químicas que ocorrem no interior de seus próprios organismos. Em função disso, um observador dessas espécies poderia perceber uma luminescência própria, oriunda de seus próprios corpos.

Existem várias espécies de plânctons bioluminescentes na natureza. Sua classificação é feita pelos biólogos de acordo com as características que lhes são inerentes.

Viu só? É bem possível que o examinador atribua alguma pontuação, por menor que seja ao texto acima. Veja ainda como o segundo parágrafo é pura enrolação (mas melhor do que deixar em branco), já que é altamente provável que existam várias espécies do tal plâncton e qualquer classificação de espécies é feita sempre pelos biólogos, levando-se em conta as características inerentes dos seres em análise. Note ainda que o texto ficou em cima do muro quanto aos plânctons serem animais ou vegetais (são organismos vivos) e viverem nos mares ou nos rios (vivem nas águas).

Pra falar a verdade, nem sabemos ao certo se o que foi dito na resposta acima sobre os plânctons está certo. Falamos o que nos veio à cabeça. Depois algum biólogo que esteja na turma, por favor, dê sua nota à nossa redação no fórum do curso...☺

c) Devo fazer ou não um rascunho?

Depende. Se você notar que sua velocidade de redação é boa, que você conseguirá tempo suficiente para escrever duas vezes sua redação e ainda revisar a resposta final, então é válido rascunhar. Se, por outro lado, você ficar sem tempo para responder a todos os temas e questões, então escrever o rascunho pode ser uma má opção. Tudo vai depender de sua velocidade de interpretação dos enunciados e de redação dos textos.

Eu, por exemplo (Luciano), não faço rascunhos. Mas também não escrevo diretamente a resposta. Em minhas andanças pelos concursos da vida, acabei desenvolvendo a seguinte técnica: a do telegrama. Já viram um telegrama? É um texto todo abreviado, desprovido de artigos e preposições que, embora omitidas, podem ser facilmente deduzidas pelo leitor. Pois é, o meu brainstorm já é quase o texto pronto. Esse

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brainstorm-telegrama é um estágio intermediário entre o brainstorm puro (simples amontoado de idéias) e o texto definitivo.

Exemplificando, seja uma questão que pede que se discorra sobre os princípios constitucionais da Administração Pública (art. 37, caput, da CF/88):

Brainstorm puro:

Legalidade atendimento à lei e aos princípios (legitimidade)

Impessoalidade isonomia, finalidade não promoção pessoal de agentes públicos

Moralidade honestidade, justiça, práticas de boa administração

Publicidade conhecimento público da atividade administrativa

Eficiência melhor relação custo X benefício. Administração gerencial

Brainstorm-telegrama:

Princípios constitucionais Administração Pública. Art. 37 CF/88.

Legalidade. Só pode agir conforme previsão legal. Sentido estrito atendimento à lei. Sentido amplo à lei e aos princípios administrativos. Aproxima-se legitimidade neste caso.

Impessoalidade. Três sentidos. Isonomia ou igualdade, todos tratados igualmente pela Administração. Finalidade atender interesse público. Vedação promoção pessoal de agentes públicos em obras e programas públicos.

Moralidade ideia de honestidade, probidade, justiça. Práticas de boa administração. Moralidade objetiva independe intenção do agente.

Publicidade. Conhecimento público da atividade administrativa. Exceção segurança Estado e sociedade e defesa intimidade.

Eficiência. Melhor relação custo X benefício. Administração gerencial. Reforma administrativa.

Texto definitivo:

Os princípios constitucionais da Administração Pública são expressos no art. 37, “caput”, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988). São eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

A legalidade significa que a Administração só pode agir quando a lei determina ou autoriza a prática do ato. Tradicionalmente, esse princípio expressa o atendimento à lei (legalidade em sentido estrito). Hoje, contudo, tem-se entendido o preceito em sentido amplo, como a

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observância à lei e aos princípios administrativos da moralidade e da finalidade, aproximando-se a legalidade da ideia de legitimidade (respeito não só à lei, mas ao Direito).

A impessoalidade é vista sob três sentidos. Pode significar o princípio da isonomia ou igualdade, que defende que todos devem ser tratados igualmente pela Administração, sem distinções ou favorecimentos pessoais. Pode referir-se ao clássico princípio da finalidade, que prega que a finalidade de todo ato administrativo é atender ao interesse público. E pode relacionar-se à vedação à promoção pessoal de agentes públicos em obras, campanhas e programas públicos.

A moralidade remete à ideia de honestidade, probidade e justiça na administração pública. Exige do agente a adoção de práticas de boa gestão. Trata-se de uma moralidade objetiva, que independe da real intenção do agente no desempenho de suas atividades. Assim, um ato pode ser considerado imoral, ainda que o administrador tenha tido a vontade de fazer o que é certo.

A publicidade, por sua vez, exige que atividade administrativa seja de conhecimento público, isto é, que qualquer cidadão tenha acesso às informações sobre o que o Estado realiza. A Constituição, no entanto, excepciona os casos que envolvam a segurança da sociedade e do Estado e os que afetam a defesa da intimidade, por exemplo.

Por fim, a eficiência defende a adoção da melhor relação entre custos e benefícios na atividade estatal. Trata-se de moderno princípio, relativo às práticas da administração gerencial, inserido na Constituição como resultado da Reforma Administrativa.

Viu só? Se você não tiver tempo para rascunhar o texto, mas tiver receio de escrever diretamente na folha de respostas, experimente fazer um brainstorm mais incrementado, que fará as vezes de rascunho.

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DICA IMPORTANTE: Escreva períodos curtos!

Período são os intervalos separados por ponto final na redação. Podem conter uma ou mais orações (cada oração contém um verbo). Procure construir períodos curtos, pois eles dão maior clareza ao seu texto. Compare os dois trechos abaixo:

Os atos administrativos podem ser extintos pela revogação ou pela anulação, sendo esta empregada quando os atos são ilegais e aquela utilizada quando os atos são inoportunos ou inconvenientes, sendo que a anulação pode ser decretada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, ao passo que a revogação só pode ser feita por aquela, já que a revogação pressupõe a análise do mérito administrativo, a qual só pode ser feita pela própria Administração Pública, tendo em vista que o Poder Judiciário deve se limitar a analisar apenas os aspectos referentes à legalidade dos atos administrativos, além de só poder agir por provocação do interessado, ao contrário da Administração, que pode agir de ofício ou por provocação.

Os atos administrativos podem ser extintos pela revogação ou pela anulação. Esta é empregada quando os atos são ilegais e aquela, quando os atos são inoportunos ou inconvenientes. A anulação pode ser decretada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, ao passo que a revogação só pode ser feita por aquela. Isso porque a revogação pressupõe a análise do mérito administrativo, a qual só pode ser feita pela própria Administração Pública. O Judiciário deve se limitar a analisar apenas a legalidade dos atos administrativos. Além disso, esse Poder só pode agir quando provocado pelo interessado, ao contrário da Administração, que pode agir de ofício ou por provocação.

Qual dos dois textos é mais claro? Não há dúvidas de que o segundo. Ambos disseram exatamente a mesma coisa, mas o segundo trecho utilizou frases mais curtas. Na verdade, a primeira opção ficou extremamente longa e cansativa. Tudo foi dito em um único período de doze linhas! Evite isso em suas redações.

É importante, ainda, evitar a utilização excessiva de adjetivos em seu texto. Evite construções como “simples advertência”, “escandalosa irregularidade”, “exigência estapafúrdia” etc. O seu texto deve ser técnico, não jornalístico ou político.

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Cuidado também com a prolixidade (texto prolixo é aquele demasiadamente longo, cansativo, com informações desnecessárias). Por exemplo, em vez de escrever:

Conforme se pode concluir de tudo o que foi exposto acima, a Administração Pública brasileira deve procurar implementar, da melhor maneira possível e sem burocracias excessivas (as quais emperram o funcionamento da máquina administrativa no país), sempre que for possível, medidas que promovam efetivamente os preceitos da administração gerencial, em prol de uma maior eficiência no serviço público brasileiro.

Escreva:

Assim, a Administração Pública deve implementar medidas que promovam efetivamente os preceitos da administração gerencial, em prol da eficiência no serviço público.

É claro que, se você estiver diante de um problema de preenchimento do número mínimo de linhas (principalmente na peça de até 50 linhas), uma construção um pouco mais longa ou uma letra de maior tamanho que o normal pode ser a solução. Mas não abuse!

EXEMPLOS DE RELATÓRIOS/REDAÇÕES/PEÇAS TÉCNICAS DOS ÚLTIMOS CONCURSOS DE AUFC-TCU E RESPECTIVAS GRADES DE CORREÇÃO

Concurso de 2007

TCU AUFC 2007 CESPE – Orientação Auditoria Governamental (Redação):

O Tribunal de Contas da União (TCU), obedecendo a plano específico aprovado por seu Plenário em sessão extraordinária de caráter reservado, realizou fiscalização em determinada entidade que recebera recursos públicos oriundos de contratos administrativos. Para tanto, adotou auditoria contábil, financeira e orçamentária nas licitações e contratos dessa entidade, celebrados com a União no ano de 2006, com o objetivo de apurar a consistência de prestações/tomadas de contas apresentadas ao TCU, assim como verificar os

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aspectos técnicos da legalidade e legitimidade na aplicação desses recursos.

Em virtude da grande quantidade de contratos celebrados entre a União e a entidade auditada, a auditoria utilizou-se da técnica de amostragem para otimizar seu trabalho. Após a conclusão, apurou-se que 20% das prestações de contas dos contratos apresentavam irregularidades de natureza financeira, causando danos ao erário.

Com referência ao trabalho de auditoria acima descrito, realizado pelo TCU, redija um texto dissertativo que atenda aos seguintes questionamentos/instruções:

em que consiste a auditoria contábil, financeira e orçamentária do TCU? Em sua resposta, aborde a importância do aspecto técnico da legalidade e de legitimidade na aplicação dos recursos pela auditada;

em que consistem a avaliação dos controles internos e a auditoria interna da entidade auditada?

que técnicas de amostragem probabilística o TCU pode utilizar em situações como a descrita? Comente o risco na aplicação de cada uma dessas técnicas;

a propósito do trabalho de auditoria em questão, quais são a função e a competência do TCU nas irregularidades detectadas?

Segue o espelho de correção de um candidato, hoje um feliz e competente AUFC, cujo nome foi alterado.

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DE

ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO E DE TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO

ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA

Nome: VÁGNER LOVE Inscrição: 12345678

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Cargo: Analista de Controle Externo — área: Controle Externo — especialidade: Controle Externo — orientação: Auditoria Governamental

Prova Discursiva P4 - Analista de Controle Externo — área: Controle Externo — especialidade: Controle Externo — orientação: Auditoria Governamental - Redação

ASPECTOS MACROESTRUTURAIS

Quesito avaliado Faixa de valor Nota

1 Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação)

0,00 a 4,00 4,00

2 Desenvolvimento do tema

2.1 Em que consiste a auditoria contábil, financeira e orçamentária do TCU e a importância do aspecto técnico da legalidade e de legitimidade na aplicação dos recursos pela auditada.

0,00 a 6,00 2,40

2.2 Avaliação dos controles internos e auditoria interna da entidade auditada.

0,00 a 10,00 4,00

2.3 Técnicas de amostragem probalística que o TCU pode utilizar e comentário a respeito do risco que enseja a aplicação dessas técnicas.

0,00 a 10,00 4,00

2.4 Função e competência do TCU nas irregularidades detectadas.

0,00 a 10,00 2,00

ASPECTOS MICROESTRUTURAIS

Tipo de erro linha -->

0 1

0 2

0 3

04

05

0 6

0 7

0 8

0 9

1 0

1 1

1 2

1 3

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

3 7

3 8

3 9

4 0

4 1

4 2

4 3

4 4

4 5

46

47

48

49

50

Grafia/Acentuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Morfossintaxe . . . . . . 1 . . . . . . . . . . . . . . 1 . . . 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Propriedade vocabular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

RESULTADO

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Nota no conteúdo (NC = soma das notas obtidas em cada item) 16,40

Número total de linhas efetivamente escritas (TL) 27

Número de erros (NE) 3

Nota na Prova Discursiva P4 - Analista de Controle Externo — área: ControleExterno — especialidade: Controle Externo — orientação: Auditoria Governamental

- Redação 16,18

Verifique que ele não se saiu bem na Redação, que valia 40 pontos. De 50 linhas, utilizou apenas 27, ou seja, não desenvolveu bem o tema. Por isso, na avaliação dos quesitos relativos ao desenvolvimento do tema, tirou notas baixas em todos. Por outro lado, foi impecável na apresentação conquistando 4,0 preciosos pontinhos. De igual modo, procurou responder a todos os tópicos requeridos, não “zerando” em nenhum. E, finalmente, cometeu poucos erros de idioma, tendo um desconto relativamente pequeno.

TCU AUFC 2007 CESPE – Orientação Tecnologia da Informação (Redação):

No trânsito de informações, deve-se utilizar criptografia compatível com o grau de sigilo do documento.

Considerando a afirmação acima, e na qualidade de auditor de tecnologia da informação (TI), redija um texto dissertativo acerca da adequada avaliação da segurança da informação. No seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:

relação custo-benefício da implantação do controle em relação ao risco de acesso indevido à informação;

acesso do próprio auditor de TI aos dados somente para consultá los, sem possibilidade de editá-los;

cumprimento das normas de segurança em tecnologia da informação;

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trânsito de equipamentos computacionais como objeto de controle específico;

processos de governança;

partes interessadas.

Com relação a essa questão, não dispomos do espelho oficial da correção. Observe, no entanto, a ordem do examinador: REDIJA UM TEXTO DISSERTATIVO! Trataremos com detalhe da dissertação na próxima aula. E mais: ABORDE, NECESSARIAMENTE, OS SEGUINTES ASPECTOS ... Ou seja, cada um dos aspectos mencionados será objeto de uma nota parcial na grade de correção do Cespe. O candidato, portanto, deveria tratar de todos na sua resposta, dedicando pelo menos um parágrafo a cada um.

Concurso de 2008:

TCU AUFC 2008 CESPE - Orientação Auditoria Governamental:

A segregação de funções faz parte de um conjunto de atividades de controle consideradas relevantes para uma auditoria das demonstrações contábeis. Significa dizer que se deve fazer com que os indivíduos não realizem funções incompatíveis.

Do ponto de vista de controle, funções são consideradas incompatíveis quando é possível que um indivíduo cometa um erro ou fraude e esteja em posição que lhe permita esconder o erro ou a fraude no curso normal de suas atribuições.

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um relatório de controle interno sobre os aspectos relacionados à segregação de funções em uma organização auditada, considerando, ainda, que tenham sido feitas as seguintes verificações relevantes a respeito da mencionada organização:

um dos responsáveis por recebimentos de caixa está também autorizado a aprovar abatimentos em contas de clientes e a registrar devoluções de vendas;

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um dos responsáveis por pagamentos recebe os extratos bancários e efetua as respectivas conciliações;

somente alguns funcionários do Departamento de Compras estão autorizados a aprovar as encomendas e efetuar as aquisições, e, mesmo assim, até determinado limite de valor;

o Departamento de Vendas aprova os créditos de clientes que já efetuaram pelo menos uma operação com a organização;

o almoxarife controla o recebimento dos materiais adquiridos e faz a comunicação à Contabilidade, que confere essa informação com a cópia do pedido de compra, que já lhe fora encaminhado;

ao Departamento de Tecnologia da Informação cabe, entre outras atribuições, a correção dos dados submetidos por departamentos usuários.

Ao elaborar seu texto, analise cada uma das situações descritas acima, apontando eventuais falhas ou pontos fracos e sugerindo possíveis modificações nos procedimentos adotados, relativos aos diferentes setores e responsáveis pelas operações da organização em apreço.

Agora, veja qual foi a grade que o Cespe utilizou para corrigir a Peça de Natureza Técnica:

Tribunal de Contas da União TCU ACE 2008 — Concurso Público para provimento de cargos de Analista de Controle Externo

ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA

Nome: ZICO Inscrição:

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87654321

Cargo: Analista de Controle Externo - área: Controle Externo - especialidade: Controle Externo - Orientação: Auditoria Governamental

ASPECTOS MACROESTRUTURAIS - Discursiva - Cargo 2.1 - P4 - Peça

Quesito avaliado Faixa de valor Nota

1 Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação) 0,00 a 4,00 4,00

2 Desenvolvimento do tema

2.1 Recebimentos 0,00 a 6,00 6,00

2.2 Pagamentos 0,00 a 6,00 6,00

2.3 Compras 0,00 a 6,00 4,80

2.4 Vendas 0,00 a 6,00 6,00

2.5 Materiais 0,00 a 6,00 4,80

2.6 Tecnologia 0,00 a 6,00 6,00

ASPECTOS MICROESTRUTURAIS

Tipo de erro

linha -->

0 1

0 2

0 3

0 4

0

5

0 6

0 7

0 8

0 9

1 0

1 1

1 2

1 3

1 4

1

5

1

6

1

7

1

8

1

9

2

0

2

1

2

2

2

3

2

4

2

5

2

6

2

7

2

8

2

9

3

0

3

1

3

2

3

3

3

4

3

5

3

6

3

7

3 8

3 9

4 0

4 1

4 2

4 3

4 4

4 5

4 6

4

7

4

8

4

9

5

0

Grafia/Acentuação(Língua Portuguesa)

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Morfossintaxe . . . 1 . . . . . . 1 . . 1 . . . . . 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1 . . . . . . .

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Propriedade vocabular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

RESULTADO

Nota no conteúdo (NC = soma das notas obtidas em cada quesito) 37,60

Número total de linhas efetivamente escritas (TL) 48

Número de erros (NE) 7

NOTA NA DISCURSIVA - CARGO 2.1 - P4 - PEÇA 37,31

Veja que nesse caso, o candidato quase obteve a nota máxima em conteúdo!

Aliás, na última aula, vamos trazer alguns exemplos, da vida real, de respostas notas máximas em provas discursivas, minhas (Luiz Henrique), do Luciano e de alunos nossos no recente concurso de AFRFB. Não precisa ser gênio para alcançar nota máxima, mesmo em uma prova de alto grau de dificuldade. Basta manter a calma e aplicar nosso Mantra: PENSAR, PLANEJAR, REDIGIR, REVISAR!

Esse candidato, por exemplo, falhou na última tarefa. Não revisou adequadamente sua resposta, cometeu 7 erros e por isso foi penalizado. É triste dizer, mas trata-se de um aluno do Rio de Janeiro, que deixou de ser aprovado por poucos décimos. Temos fé que ele vai ter muito êxito, mas fica a amarga lição. Às vezes uma vírgula errada, a ausência de uma crase ou um erro de concordância podem comprometer uma excelente resposta!

CONCURSO DE 2009

TCU AUFC 2009 – Orientação Auditoria de Obras CESPE:

Uma unidade técnica do TCU, durante a realização de auditoria de determinada obra pública, mais precisamente a construção de um prédio de escritórios, relatou os seguintes fatos:

1 A fiscalização constatou a ausência de orçamento detalhado, mas aceitou a argumentação apresentada pelo contratado, que afirmou não haver a necessidade ou obrigação desse tipo de orçamento, uma vez que a modalidade de licitação foi de empreitada integral.

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2 A execução de elementos estruturais de concreto armado aparente foi precedida por uma verificação, por parte do contratado e da fiscalização, das fôrmas e armaduras, bem como do exame da correta colocação de tubulações elétricas, hidráulicas e outras que, eventualmente, deveriam ser embutidas na massa de concreto. Para manter o posicionamento da armadura durante as operações de montagem, lançamento e adensamento do concreto, garantindo o cobrimento mínimo preconizado no projeto, foram utilizados fixadores e espaçadores, que ficaram parcialmente envolvidos pelo concreto, de modo a facilitar a sua retirada posterior.

3 A medição de serviços e obras baseou-se nos registros do diário de obra lançados pelo contratado e foi aprovada pela fiscalização após esta verificar que os serviços e as obras considerados na medição respeitavam rigorosamente as estimativas de custo anexas ao contrato. O contratante efetuou os pagamentos das faturas emitidas pelo contratado com base nas medições de serviços aprovadas pela fiscalização e naqueles serviços parcialmente concluídos, cuja disponibilidade de materiais, equipamentos e mão de obra para sua conclusão o contratado comprovou ter.

Com base nas informações da unidade técnica, na situação hipotética acima, elabore o parecer dessa suposta auditoria, em que sejam abordados todos os fatos em tela, com a sua concordância ou discordância, necessariamente fundamentada, em relação aos procedimentos relatados nos itens 1, 2 e 3.

E voltando um pouco mais no passado.

Concurso de 2004

2004 (Parecer)

Um ente público precisou adquirir, em certo exercício, o valor de R$ 500.000,00 em equipamentos de informática. O administrador desse ente determinou que fossem realizadas diversasaquisições, cada uma com valor inferior ao limite autorizado para dispensa de licitação. Dessa forma, todas as contratações foram diretas, sob o fundamento da dispensa. Essa prática foi detectada no exame da prestação de contas do referido ente público. Apesar do ocorrido, constatou-se não ter havido lesão ao erário, pois as contratações foram realizadas por valores de mercado.

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Em face da situação hipotética acima, redija um parecer que, necessariamente, contemple considerações a respeito da validade jurídica das aquisições, apontando de que modo o Tribunal de Contas da União (TCU) deverá julgá-las e que providências caberá a esse tribunal determinar.

Extensão máxima: noventa linhas

Concurso de 2005

2005 (Parecer)

A União pretende realizar recuperação de um trecho de rodovia federal, o que envolverá obras de terraplenagem, pavimentação e drenagem. Por considerar que essa recuperação é um objeto divisível, a União realizou três tomadas de preço, uma para cada um dos tipos de obra acima relacionados (terraplenagem, pavimentação e drenagem), dado que o custo estimado para cada uma delas era de 20% a 30% inferior ao limite máximo para a realização de licitações para obras e serviços de engenharia na modalidade tomada de preços. Nos três editais de licitação, foi definido regime de execução de empreitada integral e, para evitar a concentração de atividades nas mãos de uma só empresa, foi determinado que cada concorrente somente poderia participar de duas das tomadas de preços, sendo inabilitados os licitantes que oferecessem propostas nas três licitações.

Tendo em vista essa situação hipotética, redija um parecer em que sejam avaliadas a viabilidade do fracionamento da recuperação em três procedimentos licitatórios, a adequação da modalidade de licitação e do regime de execução definidos, bem como a validade da regra que possibilita aos licitantes participarem de apenas duas das tomadas de preço.

Extensão máxima: 90 linhas

Observem que nos concursos de 2004 e 2005, assim como no de 2009, foi utilizada a expressão “REDIJA UM PARECER”. Isso informa ao candidato que o formato de sua resposta deverá obedecer ao modelo que apresentamos no início da aula, lembra?

Introdução

“Cuida-se de ...”

“Tratam os autos ...”

“Examina-se ...”

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Desenvolvimento

Conclusão

“Ante o exposto ...”

“À luz das considerações precedentes ...”

“Em síntese, ...”

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AGORA É PRA VALER!

Está pronto? Vamos ao nosso primeiro exercício. Lembre-se do que combinamos: antes de ler o enunciado, tenha papel em branco, caneta e relógio à mão. Começa a marcar o tempo antes de ler o enunciado. Quando o tempo acabar, interrompa imediatamente a redação e depois transcreva o resultado para um arquivo eletrônico, que você nos enviará dentro do prazo previsto.

Ao final do texto digitado, anote as seguintes informações:

Número de linhas manuscritas: xx linhas

Tempo utilizado: yy minutos

E-mail para envio da correção: coloque aqui seu e-mail

Antes de começar, um lembrete importante: Muitos de vocês têm seus provedores de internet equipados com dispositivos anti-spam. É preciso que você habilite o servidor de correio eletrônico a receber mensagens dos nossos endereços, pois é assim que irá receber as correções, comentários e avaliações. Os endereços que utilizaremos ao longo do curso serão os seguintes:

[email protected]

[email protected]

Atenção: não envie seus exercícios para os nossos endereços! As redações devem ser direcionadas para a página do curso no PONTO. A informação sobre o endereço é apenas para que vocês possam receber as correções.

Última observação: só corrigiremos arquivos no formato Word (com extensão “.doc”). Afinal de contas, não temos condições de fazer correções de arquivos “.pdf”, manuscritos escaneados, imagens “.gih” ou “.jpeg”.

E nem sempre teremos à disposição, na estação de trabalho em que estivermos, recursos para leitura de arquivos em formato OpenOffice ou Word 2007 (“.docx”). Pedimos então a gentileza de que os arquivos enviados com as redações de vocês venham com o formato “.doc”, sob pena de eles não poderem ser corrigidos, está bem?

ATENÇÃO! IMPORTANTE!

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Vamos uniformizar a nomenclatura dos arquivos, de um modo que fique mais fácil para nós professores a organização do trabalho de correção. Isso é muito importante porque nós professores estaremos nos desdobrando com a maior rapidez possível, a fim de cumprirmos o cronograma do curso até a data da prova. Se você seguir todas as regras apresentadas, nosso trabalho será mais rápido e, consequentemente, você também receberá o feedback dos seus exercícios mais rapidamente.

Bom, a regra é a seguinte: solicitamos que você nomeie os arquivos que nos enviará com o seu nome e o respectivo número do exercício, conforme exemplos abaixo:

“Maria da Silva Santos – Exercício 1.doc”

“José Pereira da Silva – Exercício 2.doc”

“Carlos da Silva Pereira – Exercício 3.doc”

“Nome do Aluno – Exercício N.doc”

Tudo combinado? Muito bem, então, agora, mãos à obra! Resolva a seguinte questão discursiva:

Exercício n.º 1

A Fundação ZYX, do governo do estado de WW, divulgou edital de licitação pública, na modalidade concorrência, para a realização de obras de reforma e ampliação de seu auditório, bem como de construção de uma nova biblioteca, incluindo o fornecimento de novos aparelhos de ar condicionado do tipo “split” em substituição aos que atualmente existem nos dois prédios da instituição, nos municípios de Patos da Serra e Tangará do Norte. Os recursos eram integralmente provenientes de convênio celebrado com o Ministério HH.

Faltando 4 dias para a data prevista para a abertura dos envelopes de habilitação, a empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda. apresentou representação ao Tribunal de Contas da União - TCU apontando vícios no certame e solicitando sua suspensão. As principais alegações foram:

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a) publicação do edital no Diário Oficial com 30 dias de antecedência, mas com apenas 27 dias de antecedência em jornal de grande circulação;

b) edital desacompanhado de definição do critério de aceitabilidade dos preços unitário e global;

c) exigência de que a empresa construtora fosse também fabricante de aparelhos de ar condicionado tipo “split”.

Imediatamente os gestores da Fundação, representados por Mensaleiros & Aloprados Advogados Associados, contestaram as alegações argumentando em síntese que:

1) o princípio da publicidade foi observado porque não há jornais de grande circulação nos municípios de Patos da Serra e Tangará do Norte;

2) a divulgação de critérios de aceitabilidade de preços compromete a competitividade do certame; e

3) a exigência da construtora ser também a fabricante prendeu-se a exigências técnicas do processo construtivo e atendeu aos princípios da eficiência e da economicidade na Administração Pública.

Você, como AUFC recém-nomeado, foi designado por seu Gerente de Divisão para redigir a instrução inicial desse processo. Faça-o em no máximo 50 linhas e no tempo de 90 minutos!

Boa sorte!

FIM DE PAPO

Bem, futuro(a) AUFC, por hoje é só. Na próxima aula, faremos comentários gerais sobre as respostas enviadas pelos participantes do curso e aprofundaremos os estudos sobre a prova discursiva. Não deixe também de treinar, resolvendo as demais questões que foram apresentadas ao longo desta aula.

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Mais uma lembrança. Pela nossa experiência nas turmas anteriores, mais da metade dos alunos envia suas respostas nas últimas horas do prazo. Tentaremos corrigir o máximo de exercícios antes da aula seguinte, mas é possível que, para alguns, o e-mail com a resposta só chegue após a aula ter sido disponibilizada. Para agilizar o processo, o ideal é que a redação seja enviada o mais rápido possível.

Até o nosso próximo encontro!

Luiz Henrique Lima

Luciano Oliveira

Cyonil Borges

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Discursiva para o TCU – Aula 2

Olá Pessoal!

Acharam difíceis os primeiros Relatórios/Pareceres/Instruções? No futuro, será mais fácil. Quando estiverem no TCU, vão fazê-los com um pé (ou os dois ☺) nas costas...

É que existem manuais, roteiros e modelos de instrução que facilitam muito a preparação dos trabalhos.

Em nossa aula de hoje, vamos abordar quatro assuntos.

Antes de qualquer coisa, tentaremos responder alguns questionamentos sobre a gerência do tempo e do espaço na Prova Discursiva.

Depois, faremos comentários sobre as respostas ao exercício no 1 que vocês enviaram. É muito importante analisar alguns erros cometidos para evitar sua ocorrência no dia da prova, bem assim apontar pontos positivos para que a todos aproveitem.

A seguir, apresentaremos a vocês uma “tipologia” de questões discursivas, com base na experiência dos últimos anos.

Finalmente, iniciaremos os estudos para enfrentar a resolução de outra modalidade de questão discursiva, bastante diferente do Relatório/Parecer, que é a Dissertação. Ao final, nosso exercício 2.

Todos prontos? Podemos começar.

A gerência do tempo e do espaço na Prova Discursiva

Cada um de nós, ao escrever, tem suas características próprias, de forma que não é viável apresentar uma “fórmula mágica” que responda à ansiedade de muitos candidatos sobre como gerenciar o tempo e o espaço na resolução da Prova Discursiva.

Eu (Luiz Henrique), por exemplo, sou muito, muito lento para escrever. Vocês não imaginam quantas horas eu dedico para preparar uma aula como essa, incluindo numerosas revisões e ajustes. Numa Prova Discursiva, correndo contra o relógio, tenho que tentar me superar. O problema é que minha letra é pequena e feia, o que significa que quando escrevo às pressas, ela se torna quase incompreensível. Assim, tenho que escrever devagar e com letra de forma, e, por conseguinte, sacrifico ainda mais tempo!

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Muitos de vocês, ao realizarem o exercício no 1, devem ter enfrentado essas dificuldades.

Para uns, o tempo foi curto. Para outros, o limite máximo de linhas não foi suficiente.

Em nossa opinião, uma das grandes vantagens que este curso poderá proporcionar a vocês é o aprendizado da gerência do tempo e do espaço, com base na experiência da resolução dos exercícios propostos, simulando as condições da prova.

No livro Controle Externo do amigo Luiz Henrique, capítulo 15, “Elementos para realizar uma prova discursiva”, assim foi comentada a hipótese de realização conjunta das provas objetiva e discursiva, como tem sido nas últimas provas de AUFC-TCU:

No caso em que a prova discursiva realiza-se concomitantemente com a prova objetiva, minha sugestão é de que se comece pela leitura e reflexão inicial dos temas da prova discursiva. A seguir, passa-se à leitura e resolução das questões objetivas.

À medida que a prova objetiva vai sendo enfrentada, o candidato irá relembrando conceitos, expressões, entendimentos relacionados ao tema da dissertação e anotando-os junto com as observações do brainstorm inicial.

Solucionadas as questões mais fáceis da prova objetiva, é tempo de proceder à organização das idéias e planejamento do texto, bem como à sua redação inicial.

Isto feito, proponho retornar à prova objetiva para a resolução das questões mais complexas, aquelas em que, na primeira leitura, o candidato ficou em dúvida entre mais de uma alternativa.

Uma vez feitas as opções nessa etapa, é hora de proceder à revisão do texto original, passá-lo a limpo e marcar o cartão. Como se vê, a gerência do tempo é decisiva.

Se você, a partir de nossos treinamentos, acredita que levará uns 90 minutos para responder às questões dissertativas, reserve uns 20 minutos para marcar o cartão de respostas objetivas e separe o restante do tempo para a leitura e respostas da prova objetiva. Se acredita que levará um pouco mais ou um pouco menos de tempo, adapte esse planejamento e procure ter disciplina na gerência do tempo no dia da prova.

Outra situação é quando o enunciado estabelece um número máximo de linhas e não estipula um número mínimo. Como fazer?

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Novamente, afirmamos que não há uma regra única, mas deve prevalecer o bom senso, devendo-se escrever o suficiente para responder com clareza e objetividade à questão formulada. Por exemplo, se for perguntado quantos Ministros compõem o TCU e o limite máximo for de 10 linhas, vejamos algumas respostas possíveis:

a) Nove.

b) Nove Ministros.

c) De acordo com o art. 73 da Constituição, o Tribunal de Contas da União é composto por nove Ministros.

d) De acordo com o art. 73 da Constituição, o Tribunal de Contas da União – TCU é composto por nove Ministros. Os Ministros do TCU devem ser brasileiros que satisfaçam às seguintes condições:

I – mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II – idoneidade moral e reputação ilibada;

III – notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;

IV – mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

Observe que em todas as alternativas a questão foi respondida corretamente, mas a última foi a mais completa dentro do limite estabelecido.

O fundamental é ter objetividade, tanto nas etapas de reflexão e planejamento; quanto nas de redação e revisão!

DICA IMPORTANTE

Ao fazer referência a uma norma legal (“conforme dispõe a Lei 8.443/1992 ...”; “nos termos da Lei 8.666/1993 ...”; “segundo prevê a Constituição da República ...”; etc.) SOMENTE indique o número do dispositivo se tiver CERTEZA ABSOLUTA. Em outras palavras, numa prova discursiva, na DÚVIDA, NUNCA cite o número do artigo, parágrafo, inciso etc.

Fazer uma referência genérica de conteúdo correto é preferível a fazer uma referência precisa, porém equivocada, com o mesmo conteúdo.

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É claro que o ideal é conhecer de cor alguns dispositivos como:

CF – art. 37 – princípios da administração pública

CF – art. 71 – competências do TCU

CF – art. 73 – composição do TCU

CF – art. 74 – atribuições do controle interno

8.666 – art. 22 – modalidades de licitação

8.666 – art. 24 – hipóteses de dispensa de licitação

8.666 – art. 24, IV – dispensa por emergência

8.666 – art. 25 – inexigibilidade de licitação

LOTCU – art. 5º - jurisdição do TCU

LOTCU – art. 8º - hipóteses de Tomada de Contas Especial

LOTCU – art. 16 – julgamento das contas

LOTCU – art. 57 – multa, quando há débito

LOTCU – art. 58 – hipóteses de multa quando não há débito

LRF – art. 20 – limites para despesas com pessoal

Etc. etc.

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QUESTÃO POLÊMICA

Escrever as respostas na 1.ª ou na 3.ª pessoa?

Dissertar é emitir opiniões, debater, argumentar. No entanto, nós, concurseiros, devemos fingir que não somos os verdadeiros autores do texto! Assim, devemos escrever como se o texto fosse de outra pessoa, com a utilização de linguagem impessoal, com pronomes e verbos sempre na 3.ª pessoa. Nesse sentido, em nossas redações empregamos:

“Observa-se que” em vez de “Observo que”;

“Constata-se” em vez de “Constato”;

“Conclui-se” em vez de “Concluo”;

e, ainda, “registra-se”, “anote-se”, sublinhe-se”, “saliente-se”, “verifica-se”, “assinale-se” etc.

DÚVIDA FREQUENTE DOS ALUNOS

“Devemos colocar títulos em nossos textos? Como proceder em caso de rasuras?”

Em princípio, salvo orientação em contrário da banca, não se coloca título em respostas a questões dissertativas.

Quanto a rasuras, procure evitá-las, reservando um tempo para a revisão do seu rascunho antes de passá-lo a limpo.

Se inevitáveis, a orientação é deixar claro para o examinador que vai ler o seu texto que aquela parte que você pretende rasurar não deve ser considerada.

Para isso, o caminho é passar um traço sobre o trecho inválido, suficiente para indicar que ele foi suprimido, mas não excessivo a ponto de transformar a folha de respostas em um borrão.

Para minimizar essa prática, havendo tempo hábil, faça duas revisões de seu rascunho, antes de passá-lo a limpo: a revisão de conteúdo e a revisão de forma.

Outra coisa: NUNCA coloque NADA no caderno de respostas definitivas que não seja a resposta. Nada de setas, balões, símbolos quaisquer (tiques, corações, estrelinhas etc.). Tudo isso pode ser interpretado como identificação e conduzir à eliminação.

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Da mesma forma, evite qualquer conteúdo de natureza pessoal na sua resposta (“como nordestino, conheço bem as desigualdades sociais (...)”; “reconheço a gravidade do problema da saúde pública, pois recentemente tive que ser internada (...)”; “em minha experiência como engenheiro, testemunhei muitas maracutaias de empreiteiras (...)” etc.). Você estará identificando sua origem, seu sexo, sua formação e poderá levar o examinador a eliminá-lo(a) do concurso.

Elementos para a elaboração de textos mais técnicos e o aprimoramento do estilo

Que tal abordarmos alguns aspectos para a elaboração de textos mais técnicos?

Retomemos o vício da falta de paralelismo na construção do texto. Como vimos, paralelismo é a coordenação adequada de palavras e orações.

Um exemplo de falta de paralelismo:

“É necessário emitir o auto de infração e que seja encaminhado para inscrição em dívida ativa.”

Houve a coordenação de uma oração reduzida com uma oração desenvolvida. O período deve ser construído assim:

“É necessário emitir o auto de infração e encaminhá-lo para inscrição em dívida ativa.”

Quando for necessário relacionar uma série de assuntos em itens ou alíneas, deve-se observar o paralelismo, ou seja, iniciar cada componente por palavras da mesma classe gramatical. Por exemplo: ao se iniciar um item com um verbo, iniciar os demais também por um verbo, no mesmo tempo verbal; ao se iniciar com um substantivo acompanhado de artigo, os demais itens devem seguir a mesma estrutura.

Outra qualidade que o texto precisa transmitir é a convicção. Isso significa expor os argumentos e as conclusões com firmeza. Não utilize expressões que denotem insegurança, como “salvo melhor juízo” ou “parece que”. “Acho que”, então, nem pensar. Detonem-no. Eliminem o “acho que” de suas vidas. Vocês gostariam que uma pessoa querida lhes dissesse “acho que te amo”? Imaginem o examinador lendo algo como: “acho que é uma hipótese de infração às normas trabalhistas é...”. Mostrem convicção. Digam: “evidencia-se que”, “resta claro que”, “fica patente que” etc.

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Por sua vez, a exatidão caracteriza-se pela utilização dos termos e conceitos dentro de seu contexto apropriado. Assim, no tocante aos atos administrativos, revogação é uma coisa, anulação é outra e cassação, outra, inconfundível com as anteriores. Se você empregar anulação como sinônimo de revogação (como vimos acontecer com muita gente boa no concurso de AFRFB 2009), estará sendo inexato(a) e o fato poderá ser penalizado como erro de conteúdo.

Outro exemplo: temos visto muitos candidatos, em suas redações, classificarem o controle de razoabilidade e proporcionalidade dos atos administrativos como controle de mérito. Ora, a verificação da compatibilidade do ato com os princípios administrativos é um controle de legitimidade. Você pode até falar que o juiz analisa os elementos discricionários do ato, em busca de violações aos citados princípios, mas nunca que ele está controlando o mérito do ato, pois isso é privativo da Administração.

Assim, procure sempre usar as palavras tecnicamente mais precisas para descrever a situação desejada.

A elaboração do texto também requer cuidados com a relevância, especialmente para as questões curtas, que exigem respostas de, no máximo, 30 linhas. Isso significa expor apenas aquilo que tem realmente importância dentro do contexto e que deve ser levado em consideração.

Por exemplo: ao discorrer sobre os princípios da licitação, não faz nenhum sentido incluir comentários acerca dos elementos do ato administrativo.

Em suma, deve-se eliminar o supérfluo e deixar de discorrer sobre ocorrências que não resultem em conclusões. Mesmo que haja “espaço disponível”, ou seja, saldo de linhas para alcançar o limite máximo previsto, não se deve empregá-lo em comentários complementares desnecessários, que representem um desvio do assunto.

Finalmente, recomendação que merece ser generalizada: SIMPLIFIQUE!

A dissertação na prova discursiva não é uma tese de doutorado, nem um concurso literário, nem uma demonstração de erudição, com citações latinas e similares. Não estamos em um concurso de gastronomia “cordon bleu”, entre “cassoulets”, “fondues” e “escargots”. Faça o famoso “FEIJÃO COM ARROZ”, bem temperado e saboroso (se for feijão preto, melhor ainda!), que você conseguirá o seu objetivo: a nota suficiente para a aprovação.

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DICA IMPORTANTE

Vamos evitar alguns vícios de linguagem.

Há certas expressões às quais nos acostumamos em nosso dia a dia e que, a rigor, não representam problemas quando utilizadas em conversas informais ou em correspondências eletrônicas para pessoas mais próximas. Porém, se empregadas numa dissertação, significam um verdadeiro desastre!

Referimo-nos às gírias, aos chavões e aos clichês. Exemplos:

JARGÕES: Gírias profissionais (“Há que se ostentar a magnitude da Carta de Outubro”; “Não se deve olvidar a posição dos jurisconsultos de nossos pretórios.”)

CHAVÕES: expressões e provérbios batidos pelo uso (“É dando que se recebe”; “Deus ajuda quem cedo madruga”, “leque de opções”, “fechar com chave de ouro”, “chegar a um denominador comum”)

CLICHÊS: ideias e argumentos já muito conhecidos e repisados (“O trabalho escravo no Brasil deve ser combatido.”; “O povo brasileiro deve votar conscientemente.”)

Essas expressões em nada contribuem para a clareza e a

originalidade de seu texto.

Outro problema é o famoso “etc.”. A justificativa didática é a de pretender deixar bem claro que a enumeração que precede a palavra “etc.” não é exaustiva, mas meramente exemplificativa.

Contudo, na hora da prova, tome cuidado redobrado! De preferência, não use o “etc.”. Professores de um modo geral, não gostam de encontrar “etc.” nos trabalhos que corrigem. De fato, num exercício, a palavra “etc.”, a não ser que esteja muito bem contextualizada, pode denotar que o aluno não domina inteiramente o tema e, assim, colocou o “etc.” para camuflar o fato; ou então, que não teve paciência para discorrer com precisão sobre os fatos em análise (nesse caso, o “etc.” transmite pressa ou preguiça). Imagine que nota merece a seguinte passagem:

“As modalidades de licitação legalmente previstas são: concorrência, tomada de preços etc.”

Puxa vida! Será que o candidato não se lembrava de mais nenhuma outra modalidade de licitação? Já viu, né? Cuidado com o “etc.”.

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Existem diversos outros vícios de linguagem que serão apontados ao longo do curso, mas a melhor maneira de nos policiarmos, evitando a prática de tais erros, é tentar ler o nosso próprio texto com os olhos do examinador.

TCU Exercício 1 - Chave de Correção e Proposta de Solução

Vamos agora à solução do exercício 1, proposto na Aula anterior.

O enunciado era o seguinte: Exercício 1 – Peça de Natureza Técnica

A Fundação ZYX, do governo do estado de WW, divulgou edital de licitação pública, na modalidade concorrência, para a realização de obras de reforma e ampliação de seu auditório, bem como de construção de uma nova biblioteca, incluindo o fornecimento de novos aparelhos de ar condicionado do tipo “split” em substituição aos que atualmente existem nos dois prédios da instituição, nos municípios de Patos da Serra e Tangará do Norte. Os recursos eram integralmente provenientes de convênio celebrado com o Ministério HH.

Faltando quatro dias para a data prevista para a abertura dos envelopes de habilitação, a empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda. apresentou representação ao Tribunal de Contas da União - TCU apontando vícios no certame e solicitando sua suspensão. As principais alegações foram:

a) publicação do edital no Diário Oficial com 30 dias de antecedência, mas com apenas 27 dias de antecedência em jornal de grande circulação;

b) edital desacompanhado de definição do critério de aceitabilidade dos preços unitário e global;

c) exigência de que a empresa construtora fosse também fabricante de aparelhos de ar condicionado tipo “split”.

Imediatamente os gestores da Fundação, representados por Mensaleiros & Aloprados Advogados Associados, contestaram as alegações argumentando em síntese que:

1) o princípio da publicidade foi observado porque não há jornais de grande circulação nos municípios de Patos da Serra e Tangará do Norte;

2) a divulgação de critérios de aceitabilidade de preços compromete a competitividade do certame; e

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3) a exigência da construtora ser também a fabricante prendeu-se a exigências técnicas do processo construtivo e atendeu aos princípios da eficiência e da economicidade na Administração Pública.

Você, como AUFC recém nomeado, foi designado por seu Diretor para redigir a instrução inicial desse processo. Faça-o em no máximo 50 linhas e no tempo de 90 minutos!

Boa sorte!

A questão não é das mais difíceis. O tema diz respeito ao tópico ’Direitos sociais’, constante do item 6 do conteúdo prescrito no edital para a disciplina Direito Constitucional’ (xxx). Portanto, é perfeitamente possível que algo semelhante venha a ser cobrado na Prova Discursiva!

Como iniciar a resolução? Lembre-se de nosso MANTRA: PENSAR, PLANEJAR, REDIGIR, REVISAR!

Na etapa de PENSAR, fazemos o nosso brainstorm sobre o tema. Um exemplo poderia ser:

Espécie de processo– Representação em licitação

Tal representação é prevista no §1º do art. 113 da Lei 8.666.

Essa representação não se confunde com a denúncia prevista no art. 74, §2º da CR, nem com a representação prevista no art. 237 do RITCU.

Exame de Admissibilidade – É necessário.

No caso, prevê o §1º do art. 113 da Lei 8.666 que qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação desta Lei.

Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração responsáveis pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.

§ 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto neste artigo.

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A empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda. é uma pessoa jurídica, logo está legitimada para apresentar representação perante o TCU.

E o prazo?

O §1º do art. 41 da Lei 8.666 estipula que a impugnação do edital deve ser apresentada até cinco dias antes da data prevista (xxx – o prazo é de dois dias, não?) para a abertura dos envelopes. Como a representação foi apresentada quatro dias antes, de acordo com o enunciado, o prazo não foi observado e o processo não deve ser conhecido. Certo?

Errado!

Representação não é impugnação e o §1º do art. 113 da Lei 8.666 não estipula prazo para sua interposição. O processo deve ser conhecido e efetuada a análise de mérito. (xxx – no Tribunal, a questão é polêmica. Vários ministros não aceitam a representação sendo que sequer houve impugnação do edital).

E a jurisdição? Afinal, a Fundação ZYX é estadual e o TCU cuida dos recursos da União. O órgão de controle externo competente não seria o TCE do estado de WW?

Não, porque o enunciado informa que os recursos são integralmente provenientes de convênio celebrado com o Ministério HH. Sendo federais os recursos, estabelece-se a competência do TCU.

Conclui-se pela admissibilidade da representação.

Exame de Mérito – Análise de cada uma das alegações e contestações.

Primeira Alegação – Prazo de publicação do edital.

De acordo com o art. 21, I e II e §2º, II, a) da Lei 8.666, o edital da concorrência deverá ser publicado com antecedência de trinta dias no Diário Oficial do Estado e em jornal de grande circulação no Estado. Procede a alegação.

Segunda Alegação – Exigência do critério de aceitabilidade de preços.

Nos termos do art. 40, inciso X da Lei 8.666, o edital indicará obrigatoriamente o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48. A segunda alegação também procede.

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Terceira Alegação – exigência de que a construtora também fosse fabricante de aparelhos de ar condicionado e respectiva contestação.

A exigência representa uma frontal violação ao princípio da isonomia e da competitividade, uma vez que empresas construtoras usualmente não são fabricantes de aparelhos de ar condicionado. Mais uma vez, constatou-se vício na concorrência, assistindo razão à representante.

Primeira Contestação –

Não procede o argumento de que a publicação não ocorreu devido à inexistência de jornais de grande circulação nos municípios de Patos da Serra e Tangará do Norte, porque a norma legal exige que a publicação seja feita em jornal de grande circulação no estado.

Segunda Contestação –

A contestação segundo a qual a divulgação de critérios de aceitabilidade de preços comprometeria a competitividade do certame contraria frontalmente o disposto na Lei 8.666.

Terceira Contestação –

Por fim, a justificativa de que a exigência da construtora ser também a fabricante ser devida a características técnicas do processo construtivo não merece prosperar, flagrante que é a violação ao princípio da isonomia previsto na Lei de Licitações.

Conclusão – Deve ter amparo legal e estar amparada na análise feita anteriormente.

Tendo em vista o exposto, a representação deve ser conhecida e, no mérito, julgada procedente, determinando-se à Fundação ZYX, com fulcro no art. 71, IX da CR e no art.113 e parágrafos da Lei 8.666, a suspensão do procedimento licitatório e a publicação de novo edital escoimado dos erros apontados, reabrindo os prazos para apresentação das propostas.

MUITA ATENÇÃO!

No brainstorm trabalhamos a partir dos dados constantes no enunciado. Assim, não deve o candidato introduzir novos elementos ou informações surgidos de sua imaginação, por mais criativos e interessantes que sejam.

Por exemplo: em nenhum momento o enunciado menciona que a empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda. é licitante. E, de fato, como a representação foi apresentada antes da entrega e abertura dos envelopes de habilitação, tecnicamente nesse momento não há licitantes, mas apenas possíveis interessados. O §1º do art. 113 da Lei

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8.666 não exige que a pessoa física ou jurídica seja licitante para poder representar. Assim, o candidato que se referiu à empresa como licitante cometeu um erro de imprecisão. O correto seria nominá-la como empresa representante.

Outro equívoco seria imaginar que a concorrência seria do tipo técnica e preço, o que implicaria prazos maiores para a publicação do edital. Em nenhum momento o enunciado menciona tal fato, portanto deveria ser considerado o tipo mais frequente que é o menor preço, até mesmo porque o tipo técnica e preço somente serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvada a compra de bens e serviços de informática (Lei 8.666: art. 46)

Ao PLANEJAR, devemos buscar identificar no enunciado, quais os tópicos requeridos para a resposta. Você conseguiu?

1) Alegação relativa ao prazo de publicação do edital e respectiva contestação;

2) Alegação relativa à exigência do critério de aceitabilidade de preços e respectiva contestação; e

3) Alegação relativa à exigência de que a construtora também fosse fabricante de aparelhos de ar condicionado e respectiva contestação.

Assim, planejando nossa resposta, poderíamos propor um parágrafo de introdução, descrevendo com precisão o caso que será examinado. Recordando o que foi estudado na Aula 1, a leitura atenta do enunciado permite identificar qual a situação proposta. Trata-se de representação de uma empresa ao TCU, apontando vícios no edital de licitação de uma Fundação. Por conseguinte, o nosso parágrafo de introdução deverá obrigatoriamente conter tais informações.

Sendo uma representação, já vimos que o primeiro passo é o chamado exame de admissibilidade. A seguir, portanto, um parágrafo específico contendo o exame de admissibilidade da representação proposta. Nele, examinam-se a legitimidade do representante e do objeto da representação, a forma e o momento da apresentação, entre outros. Como estudamos na Aula 1, se o processo não vencer o exame de admissibilidade deverá ser arquivado, dispensando-se o exame de mérito.

Adiante, trataríamos do exame de cada uma das alegações apresentadas, bem como das respectivas contestações. É importante

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notar que a análise e determinada alegação não se limita ao conteúdo da contestação. Isto é, mesmo que a contestação apresentada seja juridicamente frágil, tal circunstância não implica a veracidade da alegação, que poderá ser refutada com fulcro em outros dispositivos legais não mencionados pela parte, mas do conhecimento do responsável pela análise. Dependendo de como desenvolvermos nosso texto, isso poderia ser feito em um ou dois parágrafos para cada uma das três alegações.

Finalmente, concluímos nossa Peça de Natureza Técnica, formulando propostas coerentes com a análise anteriormente apresentada.

Ao trabalho, pois, para a terceira etapa: REDIGIR!

Vejam a seguinte PROPOSTA DE SOLUÇÃO, elaborada a partir dos melhores trechos dos trabalhos enviados:

Trata-se do exame de representação apresentada ao Tribunal de Contas da União – TCU, pela empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda. que aponta vícios no edital de licitação promovida pela Fundação ZYX, do governo do estado de WW, cujo objeto é a realização de obras de reforma e ampliação de seu auditório, bem como de construção de uma nova biblioteca, incluindo o fornecimento de novos aparelhos de ar condicionado do tipo “split” em substituição aos que atualmente existem nos municípios de Patos da Serra e Tangará do Norte.

A empresa EsQma solicita a suspensão do certame licitatório, em virtude das alegações de que: a) a publicação do edital foi realizada com menos de 30 dias em jornais de grande circulação; b) o edital não definiu os critérios de aceitabilidade dos preços unitários e global e c) a exigência de que a construtora também fabricasse os aparelhos de ar condicionado.

Os gestores da Fundação, representados por uma firma de advocacia, contestaram as alegações argumentando que: a) o princípio da publicidade foi observado; b) a divulgação dos critérios comprometia a competitividade da licitação e c) a exigência de a construtora também ser fabricante prendeu-se na exigência técnica do processo construtivo, atendendo aos princípios da eficiência e da economicidade.

Proceda-se, preliminarmente, ao exame de admissibilidade. Considerando que os recursos são integralmente de origem

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federal, bem como a previsão do art. 113 da Lei 8.666, a representação deve ser conhecida.

Proceda-se à análise das alegações.

No que concerne ao prazo de publicação do edital, de acordo com o art. 21, I e II e §2º, II, a) da Lei 8.666, o edital deverá ser publicado com antecedência de trinta dias no Diário Oficial do Estado e em jornal de grande circulação no Estado. Procede a alegação.

Com respeito à exigência do critério de aceitabilidade de preços, o mesmo é expressamente previsto nos termos do art. 40, inciso X da Lei 8.666. A segunda alegação também procede.

Por fim, quanto à exigencia de que a construtora também fosse fabricante de aparelhos de ar condicionado, isso representa uma frontal violação ao princípio da isonomia e da competitividade, uma vez que empresas construtoras usualmente não são fabricantes de aparelhos de ar condicionado. Mais uma vez assiste razão à representante.

Ante o exposto, propõe-se que a representação seja conhecida e, no mérito, julgada procedente, determinando-se à Fundação ZYX, com fulcro no art. 71, IX da CR e no art.113 e parágrafos da Lei 8.666, a suspensão do procedimento licitatório e a publicação de novo edital escoimado dos erros apontados, reabrindo os prazos para apresentação das propostas

Terminou? Não. Nunca esqueça que uma etapa que nos garante preciosa pontuação é a última: REVISAR!

Releia a proposta de solução acima. Encontrou algum erro? Sim, eu deixei dois de propósito, para testar sua atenção. Tente encontrá-los. Conseguiu?

São os seguintes:

(...) Por fim, quanto à exigencia de que a construtora também fosse fabricante de aparelhos de ar condicionado, (...) FALTOU O ACENTO! Isso custaria alguns décimos ou centésimos de pontos na nota final!

(...) a publicação de novo edital escoimado dos erros apontados, reabrindo os prazos para apresentação das

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propostas . FALTOU O PONTINHO FINAL! Isso custaria mais alguma pontuação na nota final!

Lembre sempre de, antes de entregar a folha de respostas ao examinador, fazer a “última leitura”. Talvez, você encontre um errinho de ortografia ou de pontuação, cujas correções são rápidas e fáceis e que irão te salvar, preciosos décimos ou centésimos de pontos na pontuação final.

Na correção individual que fizemos dos exercícios enviados pelos alunos empregamos o seguinte espelho de correção, com base no modelo do Cespe.

ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA

Nome: Inscrição: Cargo: Analista de Controle Externo — área: Controle Externo — especialidade: Controle Externo — orientação: Auditoria Governamental

Prova Discursiva P4 - Analista de Controle Externo — área: Controle Externo —

especialidade: Controle Externo — orientação: Auditoria Governamental - Redação ASPECTOS MACROESTRUTURAIS

Quesito avaliado Faixa de valor Nota

1 Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens, paragrafação)

0,00 a 4,00 4,00

2 Desenvolvimento do tema

2.1 Introdução, identificação do caso

0,00 a 6,00

2.2 Análise da 1ª alegação e sua contestação

0,00 a 8,00

2.3 Análise da 2ª alegação e sua contestação

0,00 a 8,00

2.4 Análise da 3ª alegação e sua contestação

2.5 Conclusão e propostas

0,00 a 8,00

0,00 a 6,00

ASPECTOS MICROESTRUTURAIS Tipo de erro linha -->

0 1

0 2

0 3

04

05

0 6

0 7

0 8

0 9

1 0

1 1

1 2

1 3

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16

17

18

19

20

21

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24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

3 7

3 8

3 9

4 0

4 1

4 2

4 3

4 4

4 5

46

47

48

49

50

Grafia/Acentuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Morfossintaxe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Propriedade vocabular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

RESULTADO

Nota no conteúdo (NC = soma das notas obtidas em cada item) x

Número total de linhas efetivamente escritas (TL) X

Número de erros (NE) X Nota na Prova Discursiva P4 - Analista de Controle Externo — área: Controle Externo

— especialidade: Controle Externo — orientação: Auditoria Governamental -Redação

xx

Assim, o respeito aos aspectos de legibilidade, respeito às margens e paragrafação renderia ao candidato cerca de 4,0 pontos.

Uma introdução correta, com a identificação precisa do caso objeto de exame, teria como nota máxima 6,0 pontos.

À análise de cada uma das alegações da empresa, bem como das respectivas contestações pela fundação, foi atribuída uma pontuação máxima de 8,0 pontos. O candidato, por exemplo, que omitisse a análise de uma delas teria, nesse caso, uma nota parcial de zero.

Por fim, à conclusão e às propostas corresponderia uma nota máxima de 6,0 pontos.

A pontuação máxima para a questão é de 40 pontos.

A única diferença entre o espelho de correção que cada aluno recebeu e o que receberia numa prova do Cespe é que, para agilizar o trabalho de correções, não indicamos no espelho a linha em que ocorreram as falhas de idioma, mas apenas o total de erros. Todavia, no arquivo com o texto, cada um desses erros está devidamente assinalado.

Passemos agora aos COMENTÁRIOS sobre as respostas enviadas pelos alunos. Foram selecionados alguns exemplos positivos e negativos, que podem servir de exemplo e ensinamento a todos.

Nossa experiência indica que aprendemos MUITO com nossos próprios erros e ALGO com os erros dos colegas.

Se o seu texto foi selecionado, preste atenção! Não fique vaidoso com elogios, pensando que a discursiva “já está no papo”. Também não

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entre em depressão, caso criticado. Na vida somos todos aprendizes. Como dizia Paulo Freire, citado no livro de Questões Comentadas de Controle Externo do Luiz Henrique:

“Ninguém ignora tudo.

Ninguém sabe tudo.

Todos nós sabemos alguma coisa.

Todos nós ignoramos alguma coisa.

Por isso, aprendemos sempre.”

Ou, como diz o Luciano, é melhor errar agora que no dia da prova!

Embora tenham apresentado uma estrutura correta, em muitos exercícios constatamos falhas na análise, por desconhecimento dos dispositivos aplicáveis da Lei 8.666.

Em alguns, o aluno, talvez, para não revelar seu desconhecimento, optou por ignorar a alegação da empresa. Nesses casos, a análise não compreendeu os três aspectos mencionados no enunciado, mas apenas dois ou mesmo um deles. Trata-se de um erro grave na estrutura da redação. O candidato não pode “fingir que a questão não existe”. Tem que enfrentá-la. Claro que dedicará maior peso àquele aspecto que domina melhor. Esse será mais desenvolvido, destacado etc. Mas os demais, constantes expressamente do enunciado, têm que constar da resposta, ok?

Foi na etapa de conclusão e formulação de propostas que observamos um grande número de erros, decorrentes de um conhecimento insuficiente da LOTCU e do RITCU.

Por exemplo: algumas respostas continham a proposta de multar os gestores da Fundação ZYX, entre outras sanções. Ora, não é possível à Corte de Contas aplicar qualquer sanção sem oferecer ao responsável a oportunidade do exercício do direito de defesa! Se fosse o caso, caberia propor a audiência dos responsáveis e, somente após a análise das razões de justificativa, caso essas fossem rejeitadas, propor as sanções cabíveis.

Outro erro a ser evitado é: nunca fundamentar uma eventual sanção com base no Regimento Interno, mas sempre com base na Lei Orgânica, pois, conforme dispositivo constitucional, somente a lei pode prever sanções.

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Outro erro observado foi a proposta de que o TCU deveria “sustar o ato”, fundada em compreensão equivocada do instituto da sustação previsto no art. 71 da CF. A norma constitucional é clara: “sustar, se não atendido”. Ou seja, primeiro, deve o TCU determinar ao órgão/entidade a correção ou anulação do ato viciado. Somente se tal determinação não for atendida é que cabe a sustação. Tema diferente são as medidas cautelares, que serão mencionadas mais adiante nesta aula.

Mais um erro freqüente foi propor a citação dos dirigentes da Fundação ZYX. Ora, a citação é feita quando se constata irregularidade com débito. No caso, não há qualquer indício da ocorrência de débito.

Finalmente, alguns exercícios continham a proposta de que o TCU deveria anular a licitação. Cuidado! Lembrem-se da Súmula STF 347: só quem pode anular atos é a própria Administração ou o Poder Judiciário! O TCU, no máximo, poderia determinar à Fundação ZYX que anulasse o procedimento. Todavia, a representação foi enviada antes da sessão de abertura dos envelopes de habilitação; isto é, a licitação ainda não se consumou. Não é o caso de anulação, mas de suspensão e adoção de medidas corretivas.

Um exemplo de Introdução bem feita:

Trata-se do exame da representação que a empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda. apresentou ao Tribunal de Contas da União apontando vícios no edital de concorrência pública divulgado pela Fundação ZYX para a realização de obras de reforma e ampliação de seu auditório e construção de uma nova biblioteca, incluindo o fornecimento de novos aparelhos de ar condicionado do tipo “split” em substituição aos que existem atualmente em suas instalações.

Outro exemplo de boa Introdução:

Versa o presente processo sobre representação apresentada a esta Corte de Contas pela empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda, apontando a existência de vícios no certame licitatório, do tipo concorrência pública, realizado pela Fundação ZYX.

Observem, contudo, que o colega errou ao afirmar que a concorrência é um tipo de licitação: é uma modalidade. Tipos de licitação são: menor preço, melhor técnica e técnica e preço. Foi um erro de conteúdo, desnecessário.

Outro mais, conciso e preciso:

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Trata-se de representação formulada pela empresa EsQma Engenharia e Construção LTDA, noticiando supostas irregularidades na realização de processo licitatório conduzido pela Fundação estadual ZYX.

Um exemplo de análise de admissibilidade correta:

No que diz respeito à admissibilidade da representação em tela, conclui-se pela sua procedência com base na lei 8.666/93 que estabelece a possibilidade de qualquer licitante, pessoa física ou jurídica representar ao Tribunal de Contas quanto a irregularidades em licitações e contratos da Administração Pública.

Observem, apenas, que a frase ficaria mais correta, melhorando a pontuação com o uso de vírgulas e eliminando palavras desnecessárias:

No que diz respeito à admissibilidade da representação, conclui-se pela sua procedência, com base na lei 8.666/93, que estabelece a possibilidade de qualquer licitante, pessoa física ou jurídica representar ao Tribunal de Contas quanto a irregularidades em licitações e contratos da Administração Pública.

Agora um excelente exemplo de análise:

Os itens apontados na representação são graves e viciam o certame. Reza a Lei 8.666/93 que o prazo mínimo para publicação de concorrência pública é de 30 dias da última publicação em relação a abertura da sessão, portanto, a irregularidade apontada fere as disposições da Lei 8.666/93 e aos princípios constitucionais da Legalidade e publicidade.

Da mesma forma, a ausência de critérios de aceitabilidade deos preços unitário e global vai de encontro as disposições da lei 8.666/93. Tal fato impede que os futuros interessados possam apresentar propostas sérias para execução do objeto pretendido.

O terceiro apontamento da representação demonstra disparidade entre objetos, considerando a contratação de serviços de execução de obra e compra de condicionadores de ar.

Apesar de ter sido um dos melhores textos que recebemos no que concerne ao seu conteúdo, os trechos em destaque evidenciam oportunidades de melhoria em relação à forma. Vejam que duas vezes na mesma frase é repetida a expressão Lei 8.666; o verbo ferir, na hipótese é transitivo direto (“fere os princípios”); e o adjetivo “sérias” é

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inadequado (denota que as propostas seriam “não sérias”), sendo mais conveniente no contexto referir-se a “propostas bem fundamentadas”.

Agora, um exemplo de conclusão:

Diante do exposto, cumpre encaminhar-se os autos à consideração superior com proposta de acolhimento da representação e anulação do procedimento licitatório.

Há um erro de concordância verbal (o certo seria “encaminharem-se os autos”) e um de conteúdo, pois não cabe ao TCU proceder à anulação do procedimento, mas, quando for o caso, determiná-la.

Outra conclusão, correta no conteúdo, mas precisando de ajustes na forma:

Diante do exposto, considera-se a representação procedente e verifica-se a ilegalidade no referido processo licitatório da Fundação ZYX. Portanto, solicita-se que a Fundação ZYX adote as providências necessárias ao cumprimento da Constituição Federal da República Federativa do Brasil e da Lei 8666/1993, sendo estas: republicar o referido edital com 30 dias de antecedência mínima à abertura das propostas em jornal de grande circulação, anexar o correspondente critério de aceitabilidade de preços e retirar a exigência de que a empresa construtora deverá também ser fabricante der ar condicionado do tipo “split”.

O mesmo conteúdo ficaria bem melhor assim:

Diante do exposto, propõe-se que a representação seja considerada procedente e que seja determinado à Fundação ZYX a adoção das seguintes providências, em estrito cumprimento aos princípios da Constituição Federal e às normas da Lei 8666/1993:

a) corrigir o edital, retirando a exigência de que a empresa construtora deverá também ser fabricante de ar condicionado do tipo “split”;

b) indicar no edital o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global; e

c) republicar o aviso do edital corrigido com 30 dias de antecedência mínima à abertura das propostas no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação no estado.

Em termos de conteúdo, verificamos que muitos alunos precisam revisar alguns conceitos da Lei 8.666 e da LOTCU.

Mais exemplos de introduções:

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Trata-se de relatório sobre (suprima essas palavras!) representação apresentada pela empresa EsQma Engenharia e Construções Ltda., na qual ela aponta vícios na licitação realizada pela Fundação ZYX, do governo do estado de WW.

Observe o equívoco: o tema não é o relatório, mas a representação!

Por sua vez, na redação a seguir, o colega deixou de ir direto ao assunto:

Licitação é um procedimento administrativo que, objetiva a escolha da melhor proposta, dentre as apresentadas, seguindo as regras do certame, respeitando a isonomia entre os participantes. Segue os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Igualdade, Publicidade, Probidade Administrativa, Vinculação ao Instrumento Convocatório, Julgamento Objetivo, entre outros.

Vejam que ele gastou o primeiro parágrafo e não abordou o tema da questão: a representação apresentada pela empresa ao TCU!

Tivemos casos de alguns alunos que tiveram uma compreensão equivocada do enunciado, interpretando que o tema versava sobre uma espécie de processo diversa da prevista no enunciado. Infelizmente esse é um problema que pode ocorrer no dia da prova e o erro de foco, nos casos mais graves, pode conduzir a uma nota zero em virtude de Fuga ao Tema. A seguir, um exemplo, com redação impecável, mas foco equivocado.

Discute-se a admissibilidade da denúncia apresentada pela empresa Esquema Engenharia e Construções Ltda, contra a Fundação ZYX, do Governo do Estado WW, versando sobre irregularidade nos procedimentos licitatórios.

Voltamos a repetir. O primeiro passo da dissertação bem sucedida é uma leitura atenta do enunciado. Vejam que antes de completar a primeira frase o colega cometeu dois erros. Denúncia não é representação e o tema da instrução não é apenas a discussão da admissibilidade, mas a da representação como um todo.

Um bom trecho no desenvolvimento do texto:

Com amparo no princípio da competitividade, tal exigência se revela descabível e ilegal, afrontando a ampla concorrência, que, como regra, deve informar os certames públicos.

Outro:

No que concerne ao exame de admissibilidade, a presente representação preenche os requisitos previstos na Lei n.º

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8.443/92, no Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, bem como na Lei n.º 8.666/93, e, por isso, pode ser conhecido.

Um exemplo de exame de admissibilidade:

A presente peça merece conhecimento perante o Tribunal de Contas da União – TCU devido ao preenchimento dos requisitos exigidos na legislação pertinente.

Uma boa conclusão:

Ante o exposto, frente à demonstração das irregularidades apontadas pelo Representante, encaminhem-se os autos à consideração superior, com proposta de conhecer da representação, e, no mérito, julgá-la procedente, determinando à Gerência Executiva da Fundação ZYX que adote providências no sentido de suspender a referida licitação pública, em obediência ao disposto na Lei 8.666/1993, tendo em vista a afronta ao Princípio da Publicidade, a ausência de critério de aceitabilidade dos preços unitário e global e a inclusão de exigência no edital que configura restrição ao caráter competitivo do certame.

Alguns exemplos de falhas observadas na correção.

Exemplo de Argumentação Errada:

Tendo em vista os argumentos acima expostos, cumpre recomendar-se que sejam aceitas as razões de justificativas apresentadas pela empresa Esquema Engenharia e Construções Ltda e rejeitar as alegações de defesa da Fundação ZYX, impondo a essa a penalidade prevista.

Veja que os conceitos de “razões de justificativa” e “alegações de defesa” foram utilizadas totalmente fora de contexto. Razões de justificativa é o nome que se dá à resposta a uma audiência. Por sua vez, alegações de defesa é a resposta a uma citação. Na situação apresentada, não houve nem audiência, nem citação. Para evitar tais erros, leia e releia o enunciado!

Esse colega errou a referência legal e imaginou que se tratava do regime de empreitada integral:

O princípio da publicidade não foi observado, ao contrário do afirmado pelos gestores da Fundação, pois de acordo com o art. 21, §2º, alínea “b” do inciso I da Lei de Licitações e Contratos – LLC, lei 8.666/93, o prazo mínimo para o recebimento das propostas ou da realização do evento será de quarenta e cinco dias para concorrência, onde o contrato a ser

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celebrado contemplar o regime de empreitada integral, ferindo o dispositivo legal.

Veja um caso em que o colega, em vez de propor, como compete a um AUFC, já tomou a decisão pelos Ministros do TCU. Calma, gente! Nas instruções, os auditores formulam propostas, mas quem delibera é o colegiado, certo?

Tendo em vista que, conforme a lei ordinária federal 8666/1993, cabe aos tribunais de contas receber e conhecer as representações que tenham como objetivo o fiel cumprimento das normas previstas na citada lei, e pelo exposto no presente relatório, determina-se: (...)

Os colegas que não abordaram, por exemplo, uma das alegações da empresa representante, foram penalizados por Omissão Total de Tópico, com redução de 8,0 pontos.

De modo geral, houve diversos exercícios com nota máxima no idioma, ou seja, sem nenhum desconto por erros, sinal de que o aluno(a) se expressa bem. Os principais erros observados no uso do idioma foram:

Emprego da crase;

Emprego da vírgula;

Emprego de maiúsculas/minúsculas;

Emprego de siglas;

Erros de paralelismo;

Emprego inadequado de números;

Abuso do “gerundismo”.

Vejamos alguns exemplos de erros comuns:

(...) As principais irregularidades apontadas pelos proponentes foram a publicação do edital no Diário Oficial – DO com 30 dias de antecedência, mas com apenas 27 dias de antecedência em jornal de grande circulação; edital desacompanhado de definição do critério de aceitabilidade dos preços unitário e global; faltou ponto-e-vírgula! e exigência de que a empresa construtora fosse também fabricante de aparelhos de ar condicionado. Erro de paralelismo.

(...) As principais irregularidades apontadas foram: publicação do edital no jornal de grande circulação com antecedência mínima de vinte e sete dias; edital desacompanhado de definição do critério de aceitabilidade dos

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preços unitários e global e a erro de paralelismo: o certo é sem o “a” exigência de que a empresa concorrente fosse também fabricante de aparelhos de ar condicionado tipo “split”.

Sobre o emprego de números de artigos em diplomas legais, o correto é utilizar numeração ordinal de 1º a 9º e do 10 em diante números cardinais. É o que preceitua o art. 10 da Lei Complementar 95/2008, que dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis:

“Art. 10. Os textos legais serão articulados com observância dos seguintes princípios:

I - a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura "Art.", seguida de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste; (...)”

Por sinal, o art. 11 dessa LC traz preciosas dicas sobre elaboração de textos legais:

“Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observadas, para esse propósito, as seguintes normas:

I - para a obtenção de clareza:

a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando a norma versar sobre assunto técnico, hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área em que se esteja legislando;

b) usar frases curtas e concisas;

c) construir as orações na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e adjetivações dispensáveis;

d) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando preferência ao tempo presente ou ao futuro simples do presente;

e) usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de caráter estilístico;

II - para a obtenção de precisão:

a) articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita compreensão do objetivo da lei e a permitir que seu texto evidencie com clareza o conteúdo e o alcance que o legislador pretende dar à norma;

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b) expressar a idéia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com propósito meramente estilístico;

c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto;

d) escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maior parte do território nacional, evitando o uso de expressões locais ou regionais;

e) usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira referência no texto seja acompanhada de explicitação de seu significado;

f) grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais, exceto data, número de lei e nos casos em que houver prejuízo para a compreensão do texto; (Redação dada pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)

g) indicar, expressamente o dispositivo objeto de remissão, em vez de usar as expressões ‘anterior’, ‘seguinte’ ou equivalentes; (Alínea incluída pela Lei Complementar nº 107, de 26.4.2001)

III - para a obtenção de ordem lógica:

a) reunir sob as categorias de agregação - subseção, seção, capítulo, título e livro - apenas as disposições relacionadas com o objeto da lei;

b) restringir o conteúdo de cada artigo da lei a um único assunto ou princípio;

c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida;

d) promover as discriminações e enumerações por meio dos incisos, alíneas e itens.”

Você notou como várias dessas normas coincidem com as orientações que temos apresentado em nossas aulas?

Outro erro muito comum foi a utilização de algarismos ao invés de palavras para referir-se a números.

Vamos relembrar algumas regras do Manual de Redação do Estado de São Paulo (3ª ed., pp. 196-197):

“De um a dez, escreva os números por extenso, a partir do 11, inclusive, em algarismos. Exceção: cem e mil.”

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“Não inicie orações com algarismos.”

“Prefira usar por extenso os números fracionários.”

“Use algarismos para expressar valor, medida ou grandeza (horas, datas, idades, dinheiro, porcentagem, pesos, temperatura, endereços, latitudes etc.).”

BALANÇO DA RODADA

No momento em que concluíamos a elaboração da Aula 2, ainda não tinham sido corrigidos todos os exercícios da Aula 1. Fiquem tranquilos, pois nos próximos dias todos terão recebido suas correções.

Assim que tivermos completado as correções, colocaremos o ranking das notas no quadro de avisos, preservando a identidade dos alunos.

O atraso, infelizmente, prendeu-se ao fato de que muitos arquivos vieram em formatos diversos do combinado, exigindo que enviássemos mensagens individuais aos alunos pedindo que refizessem o percurso, o que demorou um pouco mais que o previsto. Assim, para o segundo exercício, vamos fazer direitinho conforme o combinado, está bem?

DESAFIO!

Bem, concurseiro(a), sugerimos que você reescreva seu texto, após ter lido esses comentários e recebido a sua correção. Mas sem consulta! Compare a nova versão com a anterior. Veja se você evoluiu ou se está repetindo os mesmos erros e “cacoetes de linguagem”.

Os primeiros passos são sempre os mais difíceis. Gosto (Luiz Henrique falando) de praticar esportes, mas muitas vezes tenho preguiça. O tempo “disponível” é sempre de manhã bem cedo e muitas vezes na noite anterior fiquei até mais tarde corrigindo redações ou preparando aulas, ou assistindo um jogo de futebol ou um filme. É uma guerra levantar da cama!

Se vou nadar, levo um tempão enrolando, porque a água está muito fria; se vou correr, começo bem devagarzinho e antes dos 100m, já estou com vontade de parar... Mas, normalmente, persevero e, após alguns minutos, a sensação de bem-estar é compensadora, além do orgulho de ter vencido a tentação e praticado uma atividade positiva para a minha saúde. O dia transcorrerá com melhor disposição e bom humor. E é claro que, quanto mais pratico, melhor o meu condicionamento.

Isso tudo é para dizer-lhe que escrever é um hábito intelectual muito saudável. É como se levássemos nossa inteligência a praticar

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esportes. Em vez das células cerebrais ficarem balofas e entorpecidas, com a prática diária da escrita, tornam-se mais ágeis a cada dia. As palavras já não são difíceis de lembrar. O desenvolvimento do texto flui naturalmente. Os erros mais comuns são facilmente evitados (assim como o atleta experiente, evita lesões praticando alongamento). Sempre recomendamos a nossos alunos de discursivas: “Pratiquem bastante!” É que identificamos bons potenciais que não estão sendo adequadamente aproveitados pela simples ausência do hábito de escrever regularmente.

Por isso, além dos exercícios do nosso curso, tente escrever pelo menos mais 1 texto por dia, de 15 a 30 linhas. Não precisa ser apenas sobre temas técnicos. Qualquer assunto é válido: notícias do cotidiano, vida familiar, preferências culturais ou de lazer, sonhos de viagem. O importante é desenvolver a prática da escrita, desenferrujar o esqueleto e os músculos cerebrais. Você mesmo observará rapidamente uma evolução significativa.

Tipos de questões discursivas

Ao longo de nossa experiência como professores ou como concursandos, aprendemos a identificar alguns tipos de questões nas provas discursivas. São eles:

Enunciado curto e vago;

Enunciado a ser decifrado;

Enunciado direto ao ponto;

Enunciado longo, com textos de apoio;

Enunciado longo, com ou sem situação hipotética e tópicos de resposta requeridos; e

Enunciado “encontre o erro”.

Cada qual exige uma abordagem própria. Em todos, buscamos a resposta à indagação “o que o examinador quer que eu faça?”.

Enunciado curto e vago

ACE TCU 2006:

Desenvolva um texto argumentando sobre o seguinte tema:

Prévio, concomitante ou a posteriori: como caracterizar o controle exercido pelo TCU?

Nesse tipo de questão, o esforço de brainstorm e de planejamento deve ser redobrado, de modo a não se perder o foco da questão.

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Enunciado a ser decifrado

ACE TCU 2006:

Dissertar, sobre o âmbito de incidência, do regime jurídico único, estabelecido na Lei n. 8.112/90, e quanto às normas constitucionais, relativas aos servidores públicos, regidos por aquele diploma legal, suas garantias fundamentais e fiscalização específica, estabelecida na Constituição, expressamente, para aferir a legalidade, de determinados atos administrativos, concernentes a suas relações jurídico-funcionais.

A questão não é de fácil compreensão à primeira leitura. Mas, lendo-a com calma, entenderemos o que nos pede o examinador.

Primeiro, solicita uma dissertação.

O tema é múltiplo:

a) o âmbito de incidência, do regime jurídico único, estabelecido na Lei 8.112/90;

b) normas constitucionais, relativas aos servidores públicos, regidos por aquele diploma legal (estatutários);

c) suas garantias fundamentais; e

d) fiscalização específica, estabelecida na Constituição, expressamente, para aferir a legalidade, de determinados atos administrativos, concernentes a suas relações jurídico-funcionais.

Assim decomposta, a questão torna-se de mais simples resolução e já dispomos de um roteiro de resposta.

No parágrafo introdutório, podemos mencionar que o RJU, estabelecido na Lei 8.112/90, alcança os servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, regulamentando importantes dispositivos constitucionais.

Em seguimento, registramos que a Carta Magna disciplina o assunto no capítulo dedicado à administração pública, estabelecendo, entre outras regras, que o acesso ao serviço público deve se dar mediante concurso público de provas, ou de provas e títulos; que, salvo algumas exceções expressamente previstas, é proibida a acumulação de cargos; e que haverá um regime de previdência específico para os servidores públicos.

No que concerne ao tópico das garantias fundamentais, destacamos a regra da estabilidade, após três anos de efetivo exercício e após avaliação especial de desempenho; assim como o direito à livre associação sindical e a irredutibilidade de vencimentos.

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Finalmente, quanto ao último tópico, lembramos que a “fiscalização específica”, ”expressamente estabelecida na Constituição”, relativa a “determinados atos administrativos, concernentes a suas relações jurídico-funcionais” é a prevista no art. 71, III, que atribui ao TCU a competência de apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão; bem como apreciar a legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório.

Enunciado direto ao ponto

Auditor TCE-AM 2007 FCC

Descreva 4 (quatro) princípios informativos contidos no Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas.

FGV –Procurador do MP junto ao TCM-RJ, 2008

Na elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias, ela deve conter o Anexo de Metas Fiscais. Esclareça, de forma sucinta, sua finalidade e conteúdo.

É um tipo perigoso quando não se domina bem o ponto da matéria focalizado pela questão, nos exemplos, os princípios informativos contidos no Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas e o conteúdo e finalidade do Anexo de Metas Fiscais.

Enunciado longo, com textos de apoio

ACE TCU 1998:

Leia os textos a seguir, como estímulo à produção de texto argumentativo. Texto I

Já o Pontal do Paranapanema – lembram? – teve, só do ano passado para cá, mais de 2.000 famílias assentadas, 51.316 hectares desapropriados e recebeu R$ 52 milhões em investimentos.

Quanto ao sul do Pará – a fratura exposta do nosso problema fundiário –, 24 mil famílias estão sendo assentadas em dois anos; 800 mil hectares foram desapropriados e R$ 265 milhões aplicados apenas em 98. Resultado, as invasões caíram bastante e os crimes por conta de questões fundiárias diminuíram acentuadamente.

Tem mais: este ano assentamos – média nacional – uma família a cada cinco minutos enquanto o tempo decorrido entre a desapropriação e a colocação da família sobre a terra

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diminuiu 336 dias (quase um ano). Em parte decorrência disso, caiu 62%, nacionalmente, o número de assassinatos de trabalhadores rurais em 1998, tomando-se 1997 por base.

A rigor, com a ampla mudança legal (o novo Imposto Territorial Rural, a aprovação do rito sumário etc.) conquistada no Congresso Nacional, com a criação de instrumentos poderosos como o Banco da Terra, com a desapropriação, em quatro anos, de mais de 8 milhões de hectares e o assentamento de 300 mil famílias, o atual governo enfrentou – e está vencendo – o secular problema da terra em nosso país.

Raul Jungmann. Folha de S. Paulo, 5/7/98, p. 3 (com adaptações).

Texto II

A revista Carta Capital – dirigida pelo renomado jornalista Mino Carta – fez recentemente uma longa reportagem revelando que o verdadeiro caos social já está instalado no país. Não pela ameaça de Lula, mas como conseqüência da política econômica do governo FHC. E revelou muitos dados oficiais da realidade brasileira:

a) O Brasil é o campeão mundial de concentração de renda, riqueza e desigualdade social. Somente aqui os 10% mais ricos são donos de 48% de tudo o que é produzido.

b) É o campeão de pagamento de juros ao exterior. Cerca de 52% do Orçamento da União vai para pagar juros.

c) É o campeão da dívida externa. Pulamos de US$ 98 bilhões para US$ 179 bilhões em quatro anos.

d) As condições de vida se comparam com as dos países mais pobres do planeta: 44% da população ganha menos de R$ 2 por dia, 18% da população está abaixo da pobreza absoluta. Há ainda 17% de analfabetos adultos. Apenas 41% têm esgoto. A cada mil crianças que nascem, 52 morrem. Temos 18,9% de desemprego, o que revela um crescimento de 209% no desemprego de 1980 até hoje. O índice de homicídios nas grandes cidades era de 11 para cada 100 mil habitantes no início do governo FHC. Agora é de 20.

e) Somos o segundo país do mundo de maior concentração da propriedade da terra.

f) O governo orgulha-se que o Real aumentou o consumo e usa dados esdrúxulos de consumo de iogurte, queijo, viagens ao exterior. Como se pobre consumisse. Como explicar, no entanto, que nesses quatro anos o salário subiu apenas 27% (em média) no Brasil? E mesmo a inflação, que dizem ser inexistente, subiu 58% no mesmo período. Obviamente, o poder de compra médio, e sobretudo dos mais pobres, diminuiu.

Esse é o verdadeiro caos social. Já está instalado. Esse plano econômico é reconhecidamente de exclusão social. O Datafolha, da Folha, revelou em junho de 1997 que os excluídos compõem 59% da população. Agora, o CESIT, da UNICAMP, concluiu que 74,5% da população está excluída do plano FHC.

João Pedro Stédile. Folha de S. Paulo, 5/7/98, p. 3 (com adaptações).

Texto III

Um amigo de Boston (brasileiro) me escreve perguntando notícias do Brasil. Que é que posso dizer, evitando ser desprimorosa? Bem, esse medo de ser desprimorosa já é uma dificuldade que se carrega desde muito tempo, desde Getúlio, talvez. Então, se a gente se arriscar às queixas, sempre descobrirá motivos para reclamações.

Mas hoje em dia, francamente, só dá vontade de responder aos amigos de fora dizendo que estamos indo muito bem. Desde a cúpula do governo: temos um presidente muito especial – sem aquela casca espessa dos velhos políticos profissionais que parecem ter um discurso gravado na mão, pronto para ser lido e dizendo quase sempre os mesmos lugares-comuns. Já o nosso FH é um intelectual que lê os livros da sua escolha e não os das listinhas do protocolo, compostas pelos secretários. O presidente é um homem aberto à discussão política, à democracia, às boas normas da convivência internacional. E fala línguas, é mesmo poliglota. Quando vai ao estrangeiro fala um belo inglês de Oxford, um francês pra ninguém botar defeito; no espanhol então é imbatível. Não sei se fala alemão, mas, também, alemão é tão difícil para brasileiro, que só quem é filho de pai e mãe germânicos herda o falar alemão. FH dialoga até com a rainha da Inglaterra com absoluta segurança, de chefe de estado para chefe de estado. É mais fácil a rainha fazer uma gafe do que ele.

Isso quanto aos aspectos exteriores do governo Fernando Henrique. Quanto à vida do povo, de nós todos, a média é de razoável para bom. A carestia anda grande, mas onde é que ela é pequena? Uma coisa que se deve ressaltar e ninguém o faz: quem se lembra mais de inflação? Quem se recorda de poucos anos atrás, os tempos de inflação vertiginosa, quando você

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comprava um par de sapatos por um preço e, sucedendo ir à sapataria para trocar o número do calçado que estava lhe apertando o pé, a sapataria lhe cobrava um acréscimo pela troca – porque o sapato aumentara de preço da véspera para o dia seguinte! Isso aconteceu comigo. Várias vezes por ano a gente tinha aumento de salário, é verdade; mas não adiantava, porque o aumento do nosso ganho jamais alcançava o aumento da inflação. E esse alívio da inflação bastaria para a gente se sentir satisfeita com o governo. Quanto ao mais, de certa forma a ordem reina por toda parte; descontando, é claro, as desordens inevitáveis – atropelamentos, passeatas reivindicando melhor salário para algumas categorias. Deputado fazendo discurso em que diz que este país continuará perdido enquanto o partido dele não subir ao governo; e há as justas greves de professores, justas porque eles realmente ganham mal, em todo o mundo.

Juiz também, pelo que se diz, não ganha o merecido. Mas juiz é outra profissão perigosa, geradora também de ressentimentos. Quase todo mundo tem um parente ou amigo que recebeu de algum juiz uma sentença dura (não importa que seja merecida) e tem que acatar a sentença, mas guarda raiva no coração.

O mundo é muito difícil de explicitar. À medida que vou ficando mais velha, uma das minhas perplexidades é descobrir como é que a espécie humana consegue habitar e comandar este mundo, por milênios, dentro de condições que, sempre para uma grande maioria, são absolutamente intoleráveis! Mas a gente vai vivendo, vota nas eleições, paga os impostos, casa no civil, batiza os filhos, faz tudo com conformação e paciência e jamais perde a determinação de um dia conquistar a felicidade.

E não falei nas guerras. Mas guerra é uma coisa inacreditável: o povo só combate nelas levado por uma espécie de embriaguez coletiva, a poder de banda de música, de hinos, de discursos patrióticos. E quando a guerra acaba, dá no pessoal uma espécie de amnésia coletiva e seletiva: só se recordam as vitórias.

O mais curioso de tudo é que, sendo a vida um problema tão difícil de enfrentar, ninguém quer morrer. Todos – absolutamente todos – só se empenham em prolongar os seus dias cá no mundo, num apego à vida tão grande, mas tão grande, que é como se vivêramos no próprio paraíso.

É como eu disse no começo: o mundo é mesmo inexplicável.

Rachel de Queiroz. “Opinião”. In: Correio Braziliense, 25/4/98, p. 23 (com adaptações).

A partir das idéias apresentadas nos textos que compõem a Prova Discursiva – Dissertação, redija um texto argumentativo, posicionando-se acerca do seguinte tema:

Perspectivas econômicas e sociais para o Brasil: esperança, desespero ou conformação?

Veja só que maldade! O tempo enorme que se perde para ler esses 3 textos que são apenas um “estímulo” a uma questão aberta e com uma perigosa armadilha. Lembre que o concurso ocorreu no ano da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso e o enunciado apresenta, de um lado, a opinião de um ministro do governo, e de outro, a de um de seus mais ferozes opositores. Há um grande risco do candidato se deixar levar por suas opiniões político-partidárias, a favor ou contra X, Y ou Z, e deixar de produzir um texto técnico para fazer um panfleto apaixonado defendendo ou criticando o governo, ou, ainda pior, essa ou aquela personalidade da vida pública. Fuja de tais armadilhas! Lembre-se que se espera de um AUFC equilíbrio e serenidade!

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Veja o cuidado que o candidato deveria tomar.

Uma coisa é um texto de opinião, como os que foram apresentados, todos explicitamente engajados: o primeiro, de um ministro; o segundo, de um opositor; e o último, de uma intelectual consagrada, abertamente simpática à pessoa do então presidente.

Outra coisa é uma dissertação em um concurso público, especialmente para um cargo de AUFC, que exige independência, imparcialidade e serenidade.

A abordagem deveria então despir-se de adjetivos, próprios de palanques (“o melhor – ou o pior – governo da história” etc.) e buscar analisar tanto os argumentos favoráveis como os desfavoráveis.

A resposta poderia, por exemplo, reconhecendo alguns aspectos positivos alcançados – como o fim da inflação – sublinhar que inúmeras graves questões sociais encontravam-se pendentes. Ou, inversamente, acentuar que, embora persistissem problemas de desigualdade, as medidas em curso indicavam um horizonte de maior esperança para o futuro.

A seguir, algumas possíveis introduções:

“Decorridos quatro anos da implantação do Plano Real, permanece a controvérsia quanto à sua eficácia e suficiência para fazer face às graves questões econômicas e sociais de nosso país”.

“Marcado por grandes desigualdades sociais, o Brasil vive o debate acerca do êxito da política de estabilização econômica e combate à inflação.”

Observe que tais frases introduzem o contexto da discussão, abrindo caminho para que nos parágrafos seguintes sejam examinados argumentos presentes nos três textos constantes do enunciado.

Não esqueça: fuja das armadilhas do partidarismo, do sectarismo e do proselitismo!

Enunciado longo, com ou sem situação hipotética e tópicos de resposta requeridos

Esse é o “tipo” mais frequente nas provas do Cespe.

ACE TCU 2005:

O Tribunal de Contas da União (TCU) exerce competências específicas que decorrem de comandos constitucionais e infraconstitucionais. Nesse contexto, redija um texto

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dissertativo a respeito das competências que a Constituição de 1988 e, mais recentemente, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) atribuíram ao TCU, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) competência do TCU no exame das contas de governo da República;

b) competência do TCU no exame das contas dos administradores federais, indicando a eficácia da decisão proferida;

c) competência legal do TCU em relação aos montantes fixados para a despesa total com pessoal e para o endividamento público;

d) competência do TCU no exame das contas dos administradores de entidades privadas responsáveis pela gestão de recursos públicos federais.

Pede-se uma dissertação cujo tema são as competências atribuídas ao TCU pela Constituição e pela LRF. Exige-se a abordagem de quatro aspectos.

Após uma breve introdução, a resposta poderia conter um parágrafo para cada tópico requerido, seguindo-se uma conclusão.

A solução encontra-se nos seguintes dispositivos: art. 71 da CF e art. 59 da LRF.

“Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;”

“Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:

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(...) II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar;

III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;

IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites; (...)

§ 1º Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem:

(...) II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;

III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites; (...)

§ 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.”

Não esqueça que, ao final da letra b), foi solicitado responder qual a eficácia da decisão proferida pelo TCU no julgamento das contas. A resposta está no § 3º do art. 71 da Carta Magna:

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.

Finalmente, com respeito ao idem d), deve-se invocar o parágrafo único do art. 70 da CF e do art. 8º da LOTCU:

“Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.”

“Art. 8º Diante da omissão no dever de prestar contas, da não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União, na forma prevista no inciso VII do art. 5º desta Lei, da ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos, ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário, a autoridade administrativa competente, sob pena de responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências com vistas à instauração da tomada de contas

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especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do dano.”

A partir de tais conhecimentos, torna-se simples a elaboração da resposta à questão.

Uma boa dica para responder às questões da prova discursiva é transformar cada um dos “aspectos requeridos” em uma pergunta direta. Assim, neste exemplo:

a) Qual é a competência do TCU no exame das contas de governo da República?

b) Qual é a competência do TCU no exame das contas dos administradores federais, e qual é a eficácia da decisão proferida?

c) Qual é a competência legal do TCU em relação aos montantes fixados para a despesa total com pessoal e para o endividamento público?

d) Qual é a competência do TCU no exame das contas dos administradores de entidades privadas responsáveis pela gestão de recursos públicos federais?

Na introdução, situamos o tema e a sua delimitação.

A resposta a cada uma dessas perguntas constituirá o chamado tópico frasal de um parágrafo do desenvolvimento.

A conclusão é um resumo sintético, mencionando cada um dos tópicos frasais.

Enunciado “encontre o erro”.

Esse “tipo” foi empregado recentemente pela Esaf no concurso para AFRFB de 2010 e levou muita gente boa a ter péssimas notas por não atentarem à “pegadinha” do enunciado.

Esaf AFRFB 2010

A seguinte afirmativa está repleta de erros conceituais. Identifique-os, fundamentando sua argumentação:

“Pelo fato de integrar, nos termos do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, o chamado Núcleo estratégico. A fiscalização tributária se reveste de um caráter eminentemente burocrático. Por conseguinte, seu processo de modernização deve ser refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais, limitando-se ao desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do contribuinte, a exemplo do que

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ocorre, há mais de uma década, com a declaração do imposto de renda via internet.”

Qual foi o erro de muitos candidatos?

Dissertar sobre o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, o Núcleo Estratégico etc. e não apontar clara e objetivamente os erros conceituais presentes no texto.

Ora, o enunciado era claro: “Identifique-os, fundamentando sua argumentação”.

O examinador não queria saber se você era um expert em Reforma Administrativa ou se conhecia os meandros da Emenda Constitucional 19. Ele simplesmente te pediu para apontar os erros conceituais. Uma boa resposta poderia começar assim:

“A afirmativa constante do enunciado contém os seguintes erros conceituais:

a) ...; ”

Muito prazer, Dissertação!

Dissertação é um texto expositivo sobre determinada matéria doutrinária, científica ou artística.

Pode ter características mais descritivas ou opinativas. No primeiro caso, apresentam-se dados e abordagens sobre o tema em análise, sem que o autor necessariamente assuma uma posição. Na segunda hipótese, o autor defende e/ou contesta determinadas visões acerca do assunto em pauta

A estrutura da Dissertação não tem mistérios. É semelhante à do Relatório/Parecer:

Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

O que difere é o objetivo!

Na dissertação, via de regra, você não analisa um caso concreto e a sua conclusão não precisa conter uma proposta.

Mas o texto precisa ser coerente e ter início, meio e fim!

Análise de temas e possíveis questões dissertativas na Prova Discursiva de AUFC-TCU

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A notícia não é boa! Os temas possíveis para as questões dissertativas do concurso para AUFC-TCU são muitos. A rigor, podem ser pinçados tópicos de (quase) todas as disciplinas constantes do edital.

Na prática, o que temos visto nos últimos concursos, tanto do TCU, como de Tribunais de Contas de Estados e Municípios é que são priorizados aspectos de Direito Constitucional, Licitações e Contratos, Concessões e Lei de Responsabilidade Fiscal, sempre em conexão com as competências, jurisdição e atividades de fiscalização das Cortes de Contas.

Essa “amplitude” de possibilidades de questões não deve assustar o candidato bem preparado. Afinal, cada matéria é uma só. Ou seja, se ele estudou bem Contabilidade Pública, Lei 8.112/1990 ou Administração Pública para a prova objetiva, dispõe de conhecimentos suficientes para responder a uma questão sobre tais temas na prova discursiva.

Vamos começar a análise da saudosa prova de Analista de Controle Externo – ACE (1995), por meio da qual eu, Luiz Henrique, ingressei nos quadros do TCU!. Não se assustem com o tamanho do enunciado. Às vezes, as bancas colocam enunciados extensos para confundir. Como dito, o candidato deve examiná-lo com calma e atentamente, separando o essencial do supérfluo. A partir daí, desenvolve a reflexão, prévia ao planejamento da estrutura da resposta.

ACE TCU 1995 Cespe:

DISSERTAÇÃO

O Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (IPECAFI) elaborou um estudo teórico-contábil denominado de Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, o qual foi aprovado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) e referendado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quanto à conceituação dos princípios fundamentais de Contabilidade. Esse documento classifica os princípios (conceitos) fundamentais de Contabilidade em três categorias básicas, a saber:

• postulados ambientais da contabilidade,

• princípios contábeis propriamente ditos e

• restrições aos princípios contábeis fundamentais - convenções.

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Tal documento classificou entre as convenções o conceito de conservadorismo ou prudência, apresentando o seguinte enunciado:

“Entre conjuntos alternativos de avaliação para o patrimônio, igualmente válidos, segundo os Princípios Fundamentais, a Contabilidade escolherá o que apresentar o menor valor atual para o ativo e o maior para as obrigações...”

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou a Resolução n.º 750, de 29 de dezembro de 1993, contendo o seu documento doutrinário acerca dos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Tal documento classificou a prudência como um princípio assim apresentado:

“Art. 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido.

§ 1.o

O Princípio da Prudência impõe a escolha de hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.

§ 2.o Observado o disposto no art. 7.

o, o Princípio da Prudência

somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da Competência.

§ 3.o

A aplicação do Princípio da Prudência ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável.”

Art. 7.º citado - “Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.”

Com base no texto apresentado, desenvolva a sua dissertação, discutindo e justificando tecnicamente o texto normativo referente ao conceito contábil de conservadorismo ou prudência, incluindo um exemplo elucidativo. Utilize, para tal, no mínimo, trinta e, no máximo, sessenta linhas.

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Leram bem?

O que o examinador quer? Parece confuso? Leiam de novo! Com calma, gente!

O examinador pede uma dissertação, com limite mínimo de trinta linhas e máximo de sessenta, discutindo e justificando o texto normativo apresentado referente ao conceito contábil de conservadorismo ou prudência. Ademais, exige a apresentação de um exemplo elucidativo.

A “palavra-chave” é “princípio do conservadorismo ou prudência”.

Assim, a introdução da dissertação deverá, desde a primeira frase, mostrar que o candidato compreendeu a questão e dispõe-se a enfrentá-la.

Alguns exemplos de possíveis introduções:

“O princípio do conservadorismo ou prudência é um dos mais relevantes dentre os Princípios Fundamentais de Contabilidade reconhecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade.”

“A prudência ou conservadorismo é característica da atividade contábil, sendo identificada como convenção pela Estrutura Conceitual Básica de Contabilidade, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (IPECAFI), e como Princípio Fundamental pelo Conselho Federal de Contabilidade.”

“A Ciência Contábil estrutura-se em postulados, princípios e convenções. Conforme o critério de análise, o conservadorismo ou prudência pode ser classificado como princípio ou como convenção.”

O que é fundamental é assegurar ao examinador que você entendeu a questão e irá respondê-la nas linhas seguintes. Você adquire assim uma espécie de crédito inicial.

Ao contrário, as introduções que ficam “circulando” em volta do tema, sem objetividade, produzem no examinador uma impaciência: “quando é que ele vai começar a responder ao que eu perguntei?”

ACE – TCU 1999 (Esaf)

Nessa questão, a dificuldade é inversa. Os enunciados são extremamente sintéticos, exigindo muito cuidado por parte do candidato para certificar-se de que compreendeu exatamente o que o examinador desejava.

Questionamento 01

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Explicite os fundamentos e peculiaridades do controle de legitimidade dos atos administrativos, no direito brasileiro, especialmente o controle dos atos discricionários.

Resposta fundamentada (mínimo de 15 e máximo de 30 linhas)

Questionamento 02

“A fiscalização contábil, financeira e orçamentária”, abordando-se os aspectos diferenciados de cada qual e suas implicações nos efeitos do controle.

Resposta fundamentada (mínimo de 15 e máximo de 30 linhas)

O primeiro tema é o controle dos atos administrativos no direito brasileiro sob o critério da legitimidade. Vejamos algumas possíveis introduções:

“O controle externo da administração pública, previsto na Constituição da República, examina os atos administrativos sob os critérios da legalidade, da legitimidade e da economicidade. Desses, a legitimidade é o que apresenta maior conteúdo subjetivo.”

“O controle de legitimidade dos atos administrativos possui, no direito brasileiro, fundamento constitucional, expresso no caput do art. 70 da Constituição Federal.”

Importante, desde o início, destacar o tema principal de nossa dissertação.

Lembra-se do ditado “a primeira impressão é a que fica” ou da expressão “amor à primeira vista”? Pois bem, isso pode não funcionar sempre, mas vale para a prova discursiva. Temos que buscar a “aprovação à primeira vista”.

Vale aqui o postulado Luiz Henriquiano para a Introdução:

A primeira frase do primeiro parágrafo da resposta, obrigatoriamente, deverá conter a “palavra-chave” do enunciado da questão.

Assim, se a palavra ou expressão-chave é “legitimidade” ou “licitação” ou “fontes do Direito Administrativo”, tais expressões deverão obrigatoriamente constar de sua introdução, na primeira frase do primeiro parágrafo.

Por quê?

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Lembre-se que a sua resposta tem 1 e apenas 1 objetivo: obter a melhor nota possível. Para isso, é preciso corresponder à expectativa do examinador.

Coloque-se no lugar do corretor de provas.

Ele tem muitas, mas muitas provas para corrigir e um prazo exíguo. Faz esse trabalho ao final do expediente ou nos finais de semana, quando está cansado ou querendo fazer outra coisa mais interessante. Aí vem um candidato e, em vez de responder logo ao que se perguntou, fica enrolando, circulando em torno do tema, cheio de prosopopeias.

Isso deixa o examinador impaciente ou com má vontade. Lembra a história do garoto tímido que demorou tanto a convidar a menina para dançar que quando o fez a música já tinha acabado... Não deixe isso acontecer com suas respostas. Não deixe o tempo e o espaço acabarem antes de tratar do tema principal.

Ao contrário, se já na primeira frase você informa ao examinador que você compreendeu a pergunta e que irá respondê-la, ele dará um suspiro de alívio e irá encarar com mais disposição o restante do seu texto.

O segundo questionamento da prova de 1999 traz como tema a fiscalização contábil, financeira e orçamentária e o enunciado exige que a resposta estabeleça as distinções e os efeitos sobre o controle.

Vejamos como poderia ser elaborada a introdução:

“A fiscalização contábil, a financeira e a orçamentária constituem distintas dimensões do controle sobre a administração pública, cada qual com suas peculiaridades.”

“O controle dos atos e contratos administrativos compreende a fiscalização contábil, a financeira e a orçamentária, cada qual com características e efeitos distintos.”

Dessa forma, iniciamos a resposta indicando com precisão o tema a ser abordado.

Segue uma possível proposta de solução para o questionamento 1:

Os atos administrativos são declarações unilaterais do Estado-administrador, regidos predominantemente pelo direito público e sujeitos ao controle administrativo, legislativo e judicial, tendo por fundamento, em todo caso, o Estado de Direito, no basilar princípio da legalidade. Portanto, se ilegítimos, porque ofensivos aos princípios da moralidade, da finalidade e à lei, os atos vinculados e discricionários tanto são controláveis pela própria Administração como pelos Poderes Legislativo e Judiciário.

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No âmbito administrativo, a retirada do ato administrativo viciado dar-se-á por anulação (controle de legitimidade), com efeitos ex-tunc (retroativos), sendo que o desfazimento pela Administração Pública (controle interno) ocorrerá por provocação ou de ofício, como autoriza o princípio da autotutela (Súmula 473 do STF e Lei 9.784/1999).

Por relevante, vale apontar que o controle de legitimidade não se confunde com o controle de mérito. Enquanto naquele verifica-se a conformidade do ato com os princípios e com a lei, neste (de mérito) refere-se à pesquisa do binômio conveniência e oportunidade, o que consiste no cerne do que a doutrina conceitua como mérito administrativo.

Outro destaque é o de que atos ilegítimos não serão, necessariamente, extintos pela Administração, isso porque os vícios sanáveis podem ser convalidados, caso sejam preenchidos certos pressupostos, como o de não causar prejuízos ao erário e o de a incidência recair sobre os elementos de formação competência (caso não-exclusiva) e forma (se não essencial).

Ao lado do controle administrativo, a doutrina destaca o controle legislativo (parlamentar direto e indireto), em que o Legislativo, por exemplo, acha-se apto à sustação dos decretos do Chefe do Executivo, que exorbitem os limites da simples regulamentação (controle político), ou, indiretamente, com auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU), hábil para sustar atos viciados e ilegítimos dos gestores dos dinheiros públicos federais (controle financeiro), encontrando-se o princípio da legitimidade, inclusive, expresso no art. 70 do texto constitucional.

Diferentemente do controle administrativo, temos ainda o controle pelo Judiciário, o qual, quando e se provocado, pode controlar a legitimidade dos atos administrativos vinculados e discricionários, nos termos do princípio constitucional da inafastabilidade da tutela jurisdicional, no sentido de que nenhuma lesão ou ameaça a direito foge à sua apreciação.

No entanto, o controle jurisdicional dos atos discricionários é limitado aos aspectos de legalidade e de razoabilidade/proporcionalidade, enfim, restringe-se à adequação da legitimidade do ato, não sendo aferível pelos magistrados o mérito administrativo, entendido como a valoração subjetiva e privativa da Administração, a margem de conveniência e de oportunidade própria dos administradores.

Observe que nesta resposta procuramos dar uma abordagem completa ao tema, ultrapassando assim o limite de linhas permitido. O mesmo conteúdo poderia ser escrito em menor número de palavras. Faça essa experiência!

ACE TCU 2000 Esaf

Questionamento 01

Conjugando os conhecimentos pertinentes de Direito Constitucional e Direito Administrativo, discorra sobre o

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chamado "controle parlamentar" dos atos e contratos administrativos, abordando em especial os seguintes aspectos:

a) diferença conceitual entre ato e contrato administrativo;

b) o que é em si o "controle parlamentar";

c) em que se diferem os procedimentos desse controle com relação aos atos e aos contratos;

d) que tipos de impugnações podem resultar da fiscalização financeira e orçamentária de um contrato;

e) considerações gerais sobre esse tema.

Resposta fundamentada (mínimo de 15 e máximo de 30 linhas)

Repare que o enunciado explicitamente menciona a necessidade da resposta conjugar os conhecimentos pertinentes de Direito Constitucional e Direito Administrativo. O tema definido é o "controle parlamentar" dos atos e contratos administrativos. É solicitada a abordagem de cinco aspectos, que nos fornecem o roteiro de nossa resposta.

Assim, na introdução, estabelecemos a diferença conceitual entre ato e contrato administrativo. O parágrafo seguinte deve tratar do "controle parlamentar", diferenciando o exercido diretamente pelo Legislativo, da fiscalização a cargo das Cortes de Contas. Os três aspectos seguintes podem ser abordados, cada qual em um parágrafo próprio; sendo que as “considerações gerais sobre o tema” constituirão a conclusão de nosso texto.

Uma colher (de chá) para vocês. Possível proposta de solução:

O controle parlamentar ou legislativo, no Brasil, de natureza externa, é exercido de forma direta ou indireta, nos termos da Constituição. O controle parlamentar direto (ou político) é desempenhado pelos órgãos legislativos ou por comissões parlamentares, sob os aspectos de legalidade e de conveniência. Por sua vez, o controle parlamentar indireto (ou contábil-financeiro) é efetuado pelos Tribunais de Contas, sob o aspecto de legalidade, legitimidade e economicidade.

A fiscalização e o controle do Legislativo são significativamente amplos, não se limitando aos atos administrativos, estes entendidos como manifestações unilaterais do Estado ou de quem lhe faça as vezes. Incidirão também sobre os contratos da Administração, os quais se diferem dos atos administrativos em razão da bilateralidade e da consensualidade.

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Esta distinção conceitual entre ato e contrato apresenta importantes consequências no tocante à fiscalização financeira. De acordo com o texto constitucional, aos Tribunais de Contas cabe, tão-somente, fixar prazos para atendimento de suas determinações, e se não atendido, sustar os respectivos atos de execução, comunicando tal providência ao Legislativo. Porém, relativamente aos contratos, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Legislativo, a não ser que, depois de 90 dias, o Parlamento permaneça inerte.

É importante mencionar que, apesar de não poder sustar contratos imediatamente, o Tribunal de Contas pode, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, determinar ao órgão ou entidade da Administração que adote as providências para a anulação de contrato. Ademais, o Egrégio Pretório reconheceu o Poder Geral de Cautela do Tribunal de Contas, que pode adotar medidas cautelares, tais como, suspender procedimentos licitatórios ou reter pagamentos, para a proteção do erário e para assegurar a eficácia das suas deliberações de mérito.

Por todo o exposto, não há dúvida de que o controle externo exercido diretamente pelo Legislativo (de natureza política) ou indiretamente pelos Tribunais (contábil-financeiro), relativamente aos atos e contratos da Administração Pública, é sistema indispensável para a comprovação da probidade da Administração, bem como a garantia de regularidade da guarda e do emprego dos reconhecidamente escassos dinheiros públicos.

Vale a mesma observação da solução anterior.

ACE TCU 2000 (Esaf)

Questionamento 02

Disserte sobre os atos sujeitos a registro do Tribunal de Contas da União, observando, em especial, os seguintes tópicos:

1 - atos que estão sujeitos a registro do TCU;

2 - aspecto desses atos sob o qual predomina a apreciação pelo TCU;

3 - a variedade diferenciada porventura existentes de atos, para efeito de registro pelo TCU entre os de órgãos da Administração Direta e os de entidades da Administração indireta Federal;

4 - as consequências advindas das decisões do TCU, que resultem impugnações a esses atos sujeitos à sua jurisdição; e

5 - considerações gerais pertinentes.

Resposta fundamentada (mínimo de 15 e máximo de 30 linhas)

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Novamente, nos deparamos com uma questão em que o enunciado fornece o roteiro da resposta.

Solicita-se uma dissertação sobre os atos sujeitos a registro pelo Tribunal de Contas da União. A matéria está disciplinada no art. 71, III, da Constituição. A redação desse inciso é truncada e pode gerar dúvidas. Melhor explicitá-lo assim:

O TCU:

a) aprecia a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta (incluindo as fundações instituídas e mantidas pelo poder público);

b) aprecia a legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e pensões civis e militares;

c) não aprecia as nomeações para cargo de provimento em comissão; e

d) não aprecia as melhorias posteriores das aposentadorias, reformas e pensões que tiverem o mesmo fundamento legal do ato concessório.

O dispositivo alcança os servidores públicos civis e militares federais ou seus beneficiários.

A apreciação consiste em conceder ou negar o registro do ato.

A seguir, o enunciado pede que sejam abordados 5 tópicos, cujas respostas essencialmente, constam do art. 71, III.

Por conseguinte, o planejamento da resposta poderia ser:

1) introdução, destacando a competência constitucional do TCU para essa apreciação;

2) 1 parágrafo para cada um dos tópicos requeridos; e

3) conclusão, que incluiria as “considerações gerais” sobre o tema.

ACE TCU 2002 (Esaf):

Questionamento 01

Deputado governista apresenta projeto de lei que aumenta a remuneração de ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta. A iniciativa é aprovada na Câmara dos Deputados. No Senado, ela recebe emenda proibitiva da contratação para o serviço público de indivíduos da raça “X”. À vista da alteração, a matéria volta à casa de origem, que aprova o novo texto. Em sequência, a lei é

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sancionada pelo Presidente da República e é publicada no Diário Oficial da União. Com a entrada em vigor, o PES – partido político com um único representante no Congresso Nacional – pede ao Supremo Tribunal Federal a declaração de inconstitucionalidade da referida lei.

Diante do quadro, responda aos itens abaixo:

(i) aprecie a citada lei sob a ótica de sua conformidade com a Constituição. Trate, na resposta, da(s) categoria(s) [tipo(s)] de vício de constitucionalidade de que possa padecer o diploma legal;

(ii) qualifique o sistema de controle de constitucionalidade utilizado e indique suas características essenciais (legitimidade ativa, objeto, eficácia da decisão).

(Desenvolvimento – sugestão: 30 a 50 linhas)

A questão é do gênero das “situações hipotéticas”, cada vez mais frequentes em provas de concursos, inclusive nas provas objetivas. Às vezes em tais questões são fornecidos muitos detalhes inúteis, que “engordam” o enunciado, confundem a leitura menos atenta e em nada contribuem para orientar a resposta.

No caso, a solução depende do domínio de alguns conhecimentos de Direito Constitucional: matérias de iniciativa exclusiva do Poder executivo; direitos e garantias; processo legislativo e controle de constitucionalidade.

Veja que a questão é formulada em dois itens: os vícios de constitucionalidade da hipotética lei e as características da ADIn impetrada no STF por partido político com representação no Congresso Nacional. A resposta então pode seguir tal roteiro:

1) introdução, descrevendo, resumidamente, a situação em análise;

2) 1 ou 2 parágrafos apontando os dois vícios de constitucionalidade da proposta (o da iniciativa e o da emenda discriminatória);

3) 1 ou 2 parágrafos descrevendo as características do controle de constitucionalidade concentrado, por meio de ADIn, abordando os aspectos requeridos (legitimidade ativa, objeto, eficácia da decisão); e

4) conclusão.

Proposta de solução (aprecie com moderação):

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Trata-se de lei sancionada pelo Presidente da República advinda de projeto de lei apresentado por deputado governista, em que se propôs o aumento da remuneração de ocupantes de cargos, funções e empregos da administração direta, com emenda aditiva pelo Senado Federal proibitiva do acesso de indivíduos aos cargos públicos em razão de raça.

Para o correto posicionamento quanto à constitucionalidade da referida lei, cumpre respondermos aos seguintes quesitos:

1) Quais as características essenciais da ADIN (ação direta de inconstitucionalidade)? Partido político com um único representante no Congresso Nacional é parte legítima? 2) Projeto de lei de iniciativa parlamentar versando sobre remuneração ou regime jurídico dos servidores públicos da administração direta é inconstitucional? Se positivo, de que tipo de vício padece o diploma? 3) Projeto de lei que proíba a contratação de indivíduos em

razão de raça é inconstitucional? Se positivo, de que tipo de vício padece o diploma?

4) Se inconstitucional, a sanção Presidencial é instrumento hábil para convalidar os vícios da norma?

Relativamente às características essenciais da ação direta de inconstitucionalidade – ADIN –, por se tratar de ação de natureza objetiva, não há partes, não se admitindo a desistência. Examina-se a lei em tese (abstrato), gerando efeitos “erga omnes” (gerais) e vinculante (obrigatório) para os Poderes Executivo e Judiciário.

O rol de legitimados para a interposição da ação direta é exaustivo, cabendo a representação, entre outros, ao Procurador-Geral da República, ao Presidente da República e a partido político com representação no Congresso Nacional.

Portanto, na situação ora apresentada, o PES é parte legítima para suscitar a declaração de inconstitucionalidade de forma concentrada junto ao Supremo Tribunal Federal – STF, conquanto detenha um único representante no Congresso Nacional. O referido partido político tanto pode impugnar o procedimento como também o conteúdo do diploma legal.

Quanto ao procedimento – espécie de vício formal –, a lei em tela, padece de inconstitucionalidade, afinal de contas, é de iniciativa reservada do Chefe do Executivo leis que versem sobre remuneração ou regime jurídico dos servidores da Administração do referido Poder.

No tocante ao conteúdo – tipo de vício material –, a lei, igualmente, merece ser declarada inconstitucional, isso porque a proibição de contratação de indivíduos em razão de raça é afrontosa à dignidade da pessoa humana, sem falar que inexiste correlação direta com a complexidade e as atribuições de cargos e empregos públicos.

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Por todo o exposto, cabe a declaração de inconstitucionalidade, em abstrato, pelo STF, com efeitos “erga omnes” e vinculante, haja vista a presença de vícios formal (iniciativa reservada usurpada pelo deputado governista) e material (discriminação indevida de acesso a cargos e empregos públicos), sem que a sanção presidencial seja instrumento hábil para convalidar os mencionados vícios.

ACE TCU 2004 Cespe:

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é uma importante inovação da Constituição Federal de 1988 no campo do direito orçamentário. Com a vigência da Lei Complementar n.º 101/2000 — Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) —, a importância da LDO aumentou, em face dos novos conteúdos de grande relevância para o disciplinamento da gestão fiscal.

Considerando a importância do tema acima, redija um texto dissertativo acerca da LDO, especialmente no que concerne aos seus conteúdos estabelecidos na Constituição Federal e na LRF, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

- conteúdo dos anexos de metas fiscais e de riscos fiscais;

- regras da LRF relativas ao estabelecimento da programação financeira e do cronograma de desembolso;

- situações previstas na LRF em que são necessárias medidas de limitação de gastos, com a indicação dos responsáveis por essas medidas.

Extensão máxima: sessenta linhas

Já estamos ficando acostumados com esse estilo de questão, não é mesmo? Um primeiro parágrafo com afirmações que contextualizam o tema principal; e, no segundo parágrafo, o examinador revela o que pretende dos candidatos, fixando, inclusive, aspectos que obrigatoriamente devem constar da resposta.

O que é solicitado? Uma dissertação acerca da LDO. Solicita-se, especialmente que seja abordado o conteúdo da LDO, conforme estabelecido na Constituição Federal e na LRF.

Requer-se também a abordagem de três aspectos específicos.

Como a extensão prevista é relativamente longa (sessenta linhas), o planejamento da resposta poderia ser assim.

1) introdução reproduzindo, com outras palavras, o que é dito no primeiro parágrafo do enunciado;

2) 1 parágrafo comentando acerca da inovação que a Constituição de 1988 introduziu nas finanças públicas brasileiras ao prever a LDO;

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3) 1 parágrafo mostrando como a LRF fortaleceu a LDO como instrumento de planejamento;

4) 1 parágrafo para cada um dos aspectos requeridos; e

5) conclusão.

ACE TCU 2005 (Cespe)

A União pretende realizar recuperação de um trecho de rodovia federal, o que envolverá obras de terraplenagem, pavimentação e drenagem. Por considerar que essa recuperação é um objeto divisível, a União realizou três tomadas de preço, uma para cada um dos tipos de obra acima relacionados (terraplenagem, pavimentação e drenagem), dado que o custo estimado para cada uma delas era de 20% a 30% inferior ao limite máximo para a realização de licitações para obras e serviços de engenharia na modalidade tomada de preços. Nos três editais de licitação, foi definido regime de execução de empreitada integral e, para evitar a concentração de atividades nas mãos de uma só empresa, foi determinado que cada concorrente somente poderia participar de duas das tomadas de preços, sendo inabilitados os licitantes que oferecessem propostas nas três licitações.

Tendo em vista essa situação hipotética, redija um parecer em que sejam avaliadas a viabilidade do fracionamento da recuperação em três procedimentos licitatórios, a adequação da modalidade de licitação e do regime de execução definidos, bem como a validade da regra que possibilita aos licitantes participarem de apenas duas das tomadas de preço.

(60 linhas, 80 minutos)

Lembra da nossa dica?

O primeiro passo é ler com calma o enunciado e descobrir “o que o examinador quer que eu faça?”

No caso, a ordem está na primeira linha do segundo parágrafo: “Redija um parecer!”

Ou seja, nossa resposta deverá ser apresentada sob a forma de um parecer! Nossa primeira frase poderá ser: “Trata-se de um parecer acerca (...)”. Ao final, teremos que apresentar uma conclusão!

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Sobre qual assunto o examinador deseja que redijamos o parecer? A resposta também está no segundo parágrafo do enunciado. O parecer deverá avaliar:

a viabilidade do fracionamento da recuperação em três procedimentos licitatórios;

a adequação da modalidade de licitação e do regime de execução definidos;

bem como a validade da regra que possibilita aos licitantes participarem de apenas duas das tomadas de preço.

Isso significa que, na grade de correção, o examinador irá verificar se respondemos adequadamente a cada um desses aspectos.

Assim, ao planejarmos a estrutura de nossa resposta, deveremos prever pelo menos um parágrafo para a análise de quatro pontos (fracionamento, modalidade de licitação, regime de execução e regra limitadora).

Nossa estrutura poderia ser:

a) Introdução;

b) Exame da viabilidade do fracionamento;

c) Exame da adequação da modalidade de licitação;

d) Exame da adequação do regime de execução;

e) Exame da validade da regra limitadora;

f) Conclusão

Verifiquem, a seguir, um exemplo de resposta

Trata-se de parecer acerca de três editais de licitação relativos à recuperação de um trecho de rodovia federal. Para realizar o objeto, a União optou por fazer três tomadas de preço, uma para cada um dos tipos de obra acima relacionados (terraplenagem, pavimentação e drenagem). Em todas foi definido como regime de execução a empreitada integral e, para evitar a concentração de atividades nas mãos de uma só empresa, foi determinado que cada concorrente somente poderia participar de duas das tomadas de preços, sendo inabilitados os licitantes que oferecessem propostas nas três licitações. (Na introdução são apresentados os principais elementos do problema constantes do enunciado. Podem ser usadas as mesmas palavras e expressões. Não estamos em um concurso de originalidade, mas produzindo um texto técnico!)

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O primeiro aspecto a ser examinado diz respeito à divisão do objeto em três parcelas. Tal procedimento é autorizado pelo § 1o do art. 23 da Lei no 8.666/1993 que dispõe que “as obras, serviços e compras efetuadas pela administração serão divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala.” Ou seja, a lei permite o parcelamento, desde que técnica e economicamente viável. No caso de obras rodoviárias, em regra a drenagem deve ser feita concomitantemente com a terraplenagem e a pavimentação logo a seguir, de modo a evitar que as chuvas e a erosão comprometam o serviço executado. Desta forma, não é recomendável o parcelamento proposto para a recuperação de trecho de rodovia federal.

No que concerne à modalidade de licitação definida, observa-se ofensa ao § 2o do mesmo dispositivo da Lei de Licitações, que prevê que “na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação.” Assim, ainda que o parcelamento fosse tecnicamente viável, deveriam ter sido feitas três concorrências e não tomadas de preços.

Por sua vez, o regime de execução da empreitada integral é contraditório com o parcelamento proposto, pois, na definição legal, a empreitada integral ocorre “quando se contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades para que foi contratada” (art. 6º, VIII da Lei no 8.666/1993).

Por fim, a regra segundo a qual cada concorrente somente poderia participar de duas das tomadas de preços, sendo inabilitados os licitantes que oferecessem propostas nas três licitações é flagrantemente ilegal ferindo princípios previstos na Constituição, como a igualdade de condições a todos os concorrentes, e no Estatuto das Licitações, como o da

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competitividade e a busca da proposta mais vantajosa para a Administração.

Ante o exposto, conclui-se pela ilegalidade dos editais em exame, propondo-se sua anulação e substituição por um edital de concorrência para a recuperação de trecho de rodovia federal.

Nas próximas aulas, continuaremos este estudo com as questões discursivas das principais organizadoras a partir de 2005.

Os quatro passos da Dissertação bem sucedida

Para escrever bem, quatro passos são essenciais: refletir, planejar, redigir e revisar.

Esse deve ser uma espécie de “mantra” a nos guiar na resolução da prova: pensar, planejar, redigir e revisar.

Esse é o conhecido “Mantra de LHL para a prova discursiva”: PPRR.

Pensar significa, primeiramente, como salientei na Aula Demonstrativa e volto a insistir porque é muito importante – e os alunos costumam dar alguma importância àquilo que os professores repetem – significa primeiramente ler com calma o enunciado e buscar entender aquilo que está sendo solicitado ao candidato.

Uma vez compreendido o problema a ser enfrentado, o candidato deve dedicar algum tempo à reflexão. Deve deixar o cérebro trabalhar. Deve permitir que a mente busque na memória as conexões com a questão e nelas as informações necessárias à elaboração da resposta.

Por que utilizamos os verbos “deixar” e “permitir”? Simplesmente, porque muitas vezes a ansiedade do candidato atua como fator inibidor à reflexão. Já tivemos a oportunidade de presenciar alunos que mal tomam conhecimento do tema e já disparam a redigir laudas e mais laudas. Em geral, os textos elaborados assim enfrentam dois problemas:

1 – têm que ser refeitos diversas vezes, pois sua estrutura é desconjuntada e não há organização e hierarquização de parágrafos, em suma, não têm início-meio-e-fim coerentes;

2 – não aproveitam o potencial de conhecimentos que o candidato possui sobre o tema.

Dar liberdade ao cérebro é essencial.

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Nesses breves momentos, devemos registrar todas as idéias, lembranças, expressões, remissões que a leitura do enunciado da questão desencadeou.

Na etapa seguinte, o planejamento, nossa tarefa é tentar ordenar, de forma sistemática todos esses elementos, dentro de uma estrutura pré-definida: Introdução-Desenvolvimento-Conclusão.

No planejamento da estrutura do texto, procuraremos o equilíbrio, a harmonia e o encadeamento lógico dos parágrafos.

Planejar significa montar a estrutura do seu texto antes de iniciar a redação. Você não começa a construir uma casa ou reformar um apartamento sem uma planta. Você também não pode iniciar a elaboração do texto sem saber como vai concluí-lo.

Redigir é a “parte braçal” do processo, mas exige toda a nossa concentração para não fugirmos do tema proposto, nem da estrutura desenhada. Tenho visto alguns exercícios que começam muito bem, mas se perdem no meio do caminho.

Finalmente, a dupla revisão do texto é fundamental. Revisão de conteúdo e revisão de forma.

Lembre-se que nem Camões, Shakespeare ou Dante; Machado de Assis ou Guimarães Rosa; em suma, nenhum gênio literário jamais deixou de revisar e reescrever várias vezes suas obras, sempre procurando e conseguindo aprimorá-las. Guarde um pouco do tempo da prova para a revisão e você verá que será precioso em termos de nota, pois todos cometemos algum tipo de erro ou imprecisão na primeira vez que escrevemos.

Na revisão de conteúdo, procuramos ler o nosso texto “com os olhos do examinador”. Verificamos se a pergunta foi respondida; se a resposta é adequada; se a exposição é coerente e bem-estruturada.

Lembre-se! Conforme os últimos editais, nos casos de FUGA AO TEMA o candidato receberá nota ZERO. Assim, se o tema for improbidade administrativa, não fale de responsabilidade fiscal ou vice-versa; se o tema for Demonstrativos Financeiros previstos na Lei 4.320, não perca tempo e espaço com Anexos de Metas Fiscais, etc.

Na revisão de conteúdo, verificamos se:

O primeiro parágrafo aborda o tema central?

O desenvolvimento tem encadeamento lógico?

A conclusão reflete a argumentação apresentada?

O que pode ser excluído ou acrescentado?

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Na revisão de forma, cuidamos da ortografia, das regras gramaticais, da concordância nominal e verbal, do estilo etc.

Com relação a estilo, verificamos os seguintes pontos:

minimizar adjetivos;

evitar “gerundismo”;

substituir gírias ou expressões informais;

evitar superlativos; e

não repetir as mesmas expressões.

Muitas vezes, pelo fato da prova discursiva estar sendo realizada conjuntamente com a objetiva, a dúvida que você tem acerca da grafia de determinada palavra; ou se aquela expressão tem ou não hífen; ou qual o melhor sinônimo para certo termo, poderá ser resolvida com a leitura atenta do enunciado das questões objetivas.

Ademais, na revisão de forma, checamos se o nosso texto observou os limites de linhas fixados no enunciado da questão.

PENSAR, PLANEJAR, REDIGIR, REVISAR!

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SOBRE OS TEXTOS DE 20 LINHAS

Um texto de 20 linhas exige eficácia e eficiência. Você tem que ir direto ao ponto, sem floreios, sem perder, contudo, os atributos da clareza, da correção e da concisão.

Veja bem: a primeira frase de sua resposta tem que informar ao examinador que você entendeu o que lhe foi indagado.

Se a questão for sobre organizações sociais, use a expressão “organizações sociais” na primeira frase; se for sobre trabalho em domingos e feriados, use “trabalho em domingos e feriados” etc.

Nunca deixe de responder a algo que lhe foi solicitado, mesmo que em apenas uma frase: “A Constituição veda a contratação de obras sem prévia licitação, salvo nas hipóteses e condições expressamente previstas em lei.”

Viva o mundo globalizado! Congratulations à mundialização!

Entre as conquistas da humanidade, a Internet certamente é um

dos grandes feitos, brinda-nos com as mais multifacetadas informações, sendo aconselhável, no entanto, prudência (“beba com moderação”). Das boas pérolas, eis abaixo algumas dicas, com base no trabalho do professor Marcelo Braga, da Universidade Estadual do Ceará, acerca da introdução. Vejamos.

Estudo da Introdução

A introdução é o parágrafo mais importante de um texto. Há

várias maneiras de iniciarmos um texto, no entanto devemos fazer uso daquela que melhor se adapte ao nosso estilo de escrita.

Como introduzir um texto dissertativo

Existem algumas maneiras para apresentarmos, de forma agradável ao leitor, o nosso texto. Observemos as mais importantes:

Declaração

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma da Constituição Federal.

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Oposição

Se, por um lado, o art. 6.º da Constituição Federal assegura certos

direitos sociais, como a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, por outro, deixa de elencar expressamente outros, não menos importantes, como a cultura, o esporte e a proteção à paternidade, à adolescência e à velhice.

Pergunta

É possível afirmar que, apenas por estarem elencados no art. 6.º da Constituição Federal, os direitos sociais estão efetivamente assegurados aos cidadãos?

Alusão Histórica

O rol de direitos sociais do art. 6.º da Constituição Federal vem passando por algumas ampliações ao longo do tempo. Inicialmente, constavam do dispositivo a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. Posteriormente, a Emenda Constitucional 26/2000, acrescentou à lista a moradia. Agora, um novo direito foi acrescido, com a Emenda Constitucional 64/2010: a alimentação.

Então, qual é seu estilo? Obviamente cada um tem um estilo próprio, logo, não é possível, a priori, fixar o melhor, estabelecer o mais perfeito, assim, existe aquele que mais se encaixa no seu perfil, e, para tanto, é nosso dever treinar, exaustivamente. Por exemplo:

Declaração

A sigla Intosai designa a International Organization of Supreme Audit Institutions, que congrega as entidades de fiscalização superior de mais de 120 países e na qual o Brasil está representado pelo Tribunal de Contas da União – TCU.

Oposição

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A Controladoria Geral da União - CGU coordena, no Poder Executivo federal, as atividades de controle interno, correição e prevenção da corrupção. De um lado, representa importante órgão que atua em favor da ética na gestão pública; de outro, sua mera existência não tem sido capaz de eliminar completamente as práticas criminosas na administração dos recursos públicos.

Pergunta

CGU é a sigla representativa da Controladoria Geral da União que coordena, no Poder Executivo federal, as atividades de controle interno, correição e prevenção da corrupção. No entanto, vale indagar: sua mera existência tem sido capaz de eliminar as práticas criminosas na administração dos recursos públicos?

Alusão Histórica

A sigla CGU designa a Controladoria Geral da União. O surgimento desse órgão é consequência da lenta evolução na implantação do controle interno na administração pública brasileira, que remonta à Lei 4.320/1964.

SOBRE OS TEXTOS DE 50 LINHAS

Diferentemente do texto de 30 linhas, podemos (ou devemos) nos alongar nas 50 linhas, sem, contudo, sermos prolixos, incorrendo em repetições desnecessárias. Devemos escrever sem floreios, com a máxima clareza e perfeição. Quanto mais linhas, mais palavras, frases e construções; logo, é nosso dever termos mais atenção aos erros.

De forma idêntica aos textos de 20 linhas, a primeira frase de sua resposta deve informar ao examinador que você entendeu o que lhe foi indagado. Nunca deixe de responder algo que foi solicitado, mesmo que em apenas uma frase. Utilize as palavras-chaves do enunciado.

Algumas características do texto técnico

O texto técnico possui características próprias que o distinguem do texto literário, jornalístico, panfletário, pessoal etc.

Começaremos hoje a análise de algumas das qualidades necessárias a tal modalidade de texto, bem como de alguns erros e vícios a serem evitados. Nas próximas aulas, retomaremos esse tópico.

1) usar linguagem objetiva e, preferencialmente, a ordem direta (sujeito, verbo, objeto e complementos);

Não diga: “A uva foi vista pelo vovô.”

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Diga: “Vovô viu a uva.”

2) evitar o uso de orações intercaladas, de parênteses e travessões bem como de períodos longos;

Não diga: “A licitação realizada pela Fundação XYZ – cujas instalações localizam-se em Botucatu, SP e Ananindeua, PA – foi assinalada por diversas irregularidades – oportunamente questionadas pela empresa Mata Gau Engenharia e Construções Ltda. em representação dirigida à Corte Federal de Contas, encontrando-se atualmente sob análise de seu brilhante corpo técnico – foi destinada à construção de uma nova biblioteca e ocorreu na modalidade concorrência, prevista no Estatuto das Licitações.”

Diga: “A Fundação XYZ, localizada em Botucatu, SP e Ananindeua, PA, realizou concorrência destinada à construção de uma nova biblioteca. A empresa Mata Gau Engenharia e Construções Ltda. apresentou representação ao Tribunal de Contas da União apontando diversas irregularidades no certame. A matéria é objeto de análise pelos técnicos do TCU.”

3) não usar trechos longos descritivos que não acrescentem informação útil à fundamentação dos argumentos;

Não diga: “A equipe de futebol, cuja sede social encontra-se localizada no bairro carioca da Gávea e cujo uniforme é rubro-negro, logrou, pela sexta vez, sagrar-se vencedora ao final do certame futebolístico nacional.”

Diga: “o Flamengo é hexacampeão!”

4) dar maior importância aos pontos centrais da argumentação;

5) deve-se adotar o mesmo padrão do início ao fim;

6) deve-se evitar o uso de abreviaturas.

CLAREZA

Na redação dos textos técnicos, a sequência das palavras deve ser organizada de forma a tornar a frase mais clara, com o mínimo necessário de palavras e sem utilizar chavões ou clichês, que empobrecem a linguagem.

CONCISÃO

As frases devem ser curtas e objetivas. A compreensão de frases muito longas, normalmente, é prejudicada e nelas os erros de pontuação são mais frequentes.

EQUILÍBRIO

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Os diversos parágrafos do texto devem se relacionar harmonicamente e guardar certa proporcionalidade entre si e em relação ao tema abordado.

ORDENAMENTO LÓGICO

O texto não é um simples amontoado de informações.

Essas devem aparecer arrumadas, escalonadas e direcionadas.

Nas próximas aulas, insistiremos em exemplos para aprimoramento do estilo e da expressão verbal.

É hora de treinarmos! Vamos ao exercício 2!

Preparado(a), com papel para rascunho (sem pauta), folha de resposta, relógio (analógico, lembre-se!) e caneta de tinta preta ou azul em material transparente? Lembre-se de que o ideal é simular o mais fielmente possível as condições da prova.

Então, vamos começar!

Exercício 2 – Direito Constitucional, Controle Externo e Direito Financeiro

Foi apresentada na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro a Proposta de Emenda Constitucional 60/2010, criando o Tribunal Estadual de Contas dos Municípios. A proposição é objeto de grande polêmica, tendo recebido várias críticas com respeito à sua constitucionalidade.

À luz de seus conhecimentos de Direito Constitucional, de Controle Externo e de Direito Financeiro, bem como da jurisprudência da Corte Constitucional, discuta a constitucionalidade da proposta, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) possibilidade da criação de novos tribunais de contas municipais;

b) critérios para composição de cortes de contas estaduais e municipais;

c) competência para julgamento das contas do novo órgão, caso efetivamente criado; e

d) impacto nos limites de despesas com pessoal previstos na Lei Complementar 101/2001.

Limite: 20 linhas

Tempo sugerido: 60 minutos

Boa sorte!

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Últimos lembretes

A nossa combinação é a correção individual de três exercícios por aluno.

Lembrem: vocês devem enviar apenas um arquivo com as respostas, cujo nome conterá o nome e o número do exercício, por exemplo:

“Maria da Silva Santos– Exercício 2.doc”

“João de Barros Domingues – Exercício 2.doc”

Isso facilita o controle das correções e a gestão do sistema, diminuindo sensivelmente o tempo necessário para baixá-los, salvá-los, organizá-los e reenviá-los.

Não se esqueçam também de colocar, dentro do arquivo, o número de linhas utilizado, o tempo gasto na resposta e o e-mail para envio da correção.

Até a próxima aula e bons estudos!

Luiz Henrique

Luciano Oliveira

Cyonil Borges

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Olá, concurseiro(a),

Você se lembra do nosso compatriota maratonista, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio-2007? Eu (Luiz Henrique) estava lá, pois morava no bairro do Flamengo, e vi como Franck Caldeira venceu, como, nos últimos dois quilômetros da desgastante prova, superou a si mesmo, encontrando reservas de energia na alma, para uma arrancada final na qual ultrapassou os competidores que já se julgavam vitoriosos.

Que ele seja um exemplo inspirador para todos nós.

Os alunos estão se dedicando bastante neste curso. O número de respostas supera a expectativa e, em média, a qualidade dos textos já evoluiu do primeiro exercício para o mais recente, principalmente em termos de estrutura e organização das ideias. Vamos continuar assim enquanto o concurso não sai.

Aliás, cabe aqui um esclarecimento: com a recente publicação da autorização do TCU para o concurso de Auditor Federal de Controle Externo (AUFC) apenas na área de TI (Edital TCU n.º 1 - TCU - AUFC-TI, de 30/04/2010, disponível no site do TCU), muitos candidatos a uma vaga em um dos melhores órgãos para trabalhar no serviço público entraram em polvorosa, achando que isso significou que não haverá concurso para AUFC na área de auditoria governamental (AG) em 2010.

Todavia, a coisa não é bem assim.

É certo que o TCU tem plena discricionariedade para decidir acerca da abertura de concurso público para seus cargos, mas é errado dizer que o citado edital veiculou decisão da Corte de não abrir concurso para a área de auditoria governamental neste ano.

Nada impede que seja publicada autorização para a realização de concurso específico para a área-fim, de modo a preencher as cerca de 20 vagas de AG existentes atualmente no TCU. Se a Casa resolveu autorizar a realização de concurso para apenas 20 vagas de TI, por que não autorizaria a realização de certame para o mesmo número de vagas para a área de auditoria governamental?

Assim, o fato é que não há definição explícita do TCU de que não haverá o concurso para AG em 2010.

Certamente, a melhor coisa a fazer neste momento é não se deixaria levar pela emoção das massas e abandonar os estudos. Pelo contrário: você deve aproveitar o esmorecimento dos mais céticos para aumentar ainda mais suas chances de aprovação.

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Portanto, aos que confiam na providência, bons estudos! E lembre-se: o conhecimento nunca é perdido. No máximo, sua utilização é diferida para momento oportuno, muitas vezes, quando se menos espera. Portanto, a dica é: continue estudando.

Vamos então rever e reforçar alguns pontos importantes para as provas discursivas.

Em nossa aula de hoje, primeiramente destacaremos diversas dúvidas, bastante relevantes, do fórum dos alunos, inclusive de cursos passados. Temos observado que nem todos os alunos leem as questões dos outros colegas, ou pelo menos não leem nossas respostas, porque algumas questões se repetem.

Para nós, isso não é problema, pois ser professor é responder sempre, muitas vezes, a perguntas parecidas. No entanto, por serem perguntas de interesse geral, serão postadas aqui na aula. Desenvolvendo melhor as respostas, poderemos atingir um número maior de alunos. No entanto, nosso conselho é: leiam também as perguntas dos demais colegas no fórum.

Além disso, continuaremos a análise das questões dissertativas das provas de concursos, focando, nesta aula, o Direito Administrativo. Na aula que vem (a última!), faremos uma coletânea geral de temas e questões de todas as matérias, dos mais variados assuntos. Afinal, como já anunciamos no início de nossos trabalhos, este curso vale por todos: ensina técnicas de redação e apresenta questões e revisa assuntos de todas as matérias. Isso sem falar na aplicação dos simulados, corrigidos segundo a grade da banca, e na apresentação do ranking de notas dos alunos.

Nesta aula, veremos também a proposta de solução do exercício da aula 2, com comentários acerca de técnicas para melhorar a qualidade do texto. Essa parte ficará a cargo do professor Luiz Henrique.

Em prosseguimento, falaremos sobre algumas falhas frequentes na elaboração de textos.

Ao final, será proposto o exercício 3 (Direito Administrativo).

I – DÚVIDAS SELECIONADAS DO FÓRUM DOS ALUNOS

Vamos agora à nossa já tradicional seção. Note que nem todas as dúvidas são desta turma, mas também de outros cursos on-line e presenciais, bem como de e-mails que recebemos de alunos.

1) Estou tendo uma dificuldade terrível em atender aos requisitos da pergunta e ao mesmo tempo dar coerência ao meu texto, parece que estou entrando de "supetão" nos itens da pergunta sem fazer uma ligação coerente de parágrafos. Como posso fazer para melhorar este aspecto da minha dissertação?

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O encadeamento entre os parágrafos pode ser feito pelos "elementos de coesão textual". Ao encerrarmos um tópico e iniciarmos outro parágrafo abordando tema distinto, podemos utilizar:

No que concerne a...

No que diz respeito a...

Quanto ao tema...

Por sua vez, no que tange a...

etc. etc.

2) Professores, ao me deparar com questões objetivas, consigo com êxito (na grande maioria dos casos) dizer se ela é correta ou incorreta, assim como ter uma “visão” meio nebulosa dos dispositivos legais as quais se referem. No entanto, chega na hora das questões discursivas, não consigo lembrar com precisão dos termos utilizados e aí a caneta “tranca”. Acha que eu deveria dar ênfase na decoreba da literalidade dos artigos? Será que tem alguma coisa errada? Talvez pouco estudo... ou estudando de forma indevida... Teria alguma sugestão?

O “branco” é um fenômeno natural e ninguém escapa dele. Eu (Luiz Henrique) quase sempre tenho um branco na primeira leitura de uma questão (exceto quando é muito fácil). Claro que, quanto mais estudamos, mais fáceis ficam as questões, não é mesmo? O problema é treinarmos para vencer o branco. Não podemos nos apavorar e fugir ou, pior, ficarmos paralisados, estáticos, olhando a página vazia. Temos que cumprimentá-lo e informá-lo educadamente de que iremos derrotá-lo. Para isso, usaremos a primeira etapa do MANTRA: PENSAR!

Refletindo e concentrando-nos, buscaremos no "hard disk" de nossa memória os arquivos com as informações necessárias à resolução da questão.

Não recomendamos aos alunos a decoreba de artigos legais. O importante é conhecer a estrutura da lei, o seu sentido, a sua articulação com outras normas correlatas. O mais correto é ilustrar as principais situações com exemplos, porque são mais fáceis de recordar; e, lembrando-nos dos exemplos, lembramos o conteúdo.

Em suma, muito treino, pois nada é impossível!

3) Quando estivermos lá escrevendo nossas questões de 30 linhas e os temas de 60, podemos/devemos fazer aquele recuo na primeira linha do parágrafo?

É importante que fique claro para o leitor/corretor onde você terminou um parágrafo e onde começou o outro. Para isso, o recuo de cerca de 1 a 2 cm é útil.

4) Posso fazer citações legais, jurisprudenciais ou de algum doutrinador na prova, transcrevendo o texto da citação?

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Sim, mas cuidado! A citação tem que ser literal, o que vai exigir de você boa memória. Melhor citar o pensamento de fulano, de modo genérico, do que uma citação específica. E mais: o fulano tem que ser um autor consagrado, não serve qualquer autor. De todo modo, em textos de até 30 linhas, não é recomendável de modo algum, por falta de espaço.

5) Caso a resposta seja positiva, posso usar aspas, ou parênteses?

Aspas.

6) Quando eu tiver que mencionar sequencialmente citações legais posso usar no início de cada citação o hífen?

Em qualquer enumeração, o ideal é usar dois pontos e separar os itens enumerados por ponto e vírgula.

7) Em um dos foros o Sr. (Luiz Henrique) deu depoimento de que também tem dificuldade com a caligrafia, disse inclusive, que na prova do CESPE teve de usar letra de forma. Na oportunidade o Sr. nos deu duas orientações quanto ao uso de letra de forma: prestar atenção na acentuação gráfica e diferenciar maiúsculas de minúsculas. Minha dúvida é como, em uma prova discursiva em letra de forma, vou poder diferenciar letra maiúscula de minúscula, se todas são iguais. Pelo tamanho, por exemplo?

Você pode diferenciar o padrão maiúsculo do minúsculo, embora escreva tudo em letra de forma (letra de imprensa). Evite escrever tudo no padrão maiúsculo (EVITE ESCREVER ASSIM). Nesta prova do TCU, sugerimos seguir a regra do edital: letra cursiva. Um macete é escrever bem juntinho, parecendo que as letras estão “coladinhas” umas nas outras.

8) “Weberiano” deve estar entre parênteses ou entre aspas?

Nenhum dos dois e a inicial em minúsculas. O mesmo serve para freudiano, machadiano, shakeaspeareano etc.

Todavia, palavras de origem estrangeira devem ser colocadas entre aspas: “en passant”, “homepage”, “in dubio pro reo” “erga omnes” etc.

9) Olá Professores, boa noite! No caso de falta de conhecimento do assunto tratado na questão qual a melhor opção: deixar a questão em branco sem resposta ou tentar responder de forma mais “prolixa” ou retórica?

Na prova discursiva, NUNCA deixe nada em branco. Mesmo que você não domine o tema, tenta defender alguns pontinhos falando de assuntos correlatos, princípios constitucionais etc.

Por exemplo. Você já ouviu falar de micologia? Provavelmente não. Trata-se do estudo dos fungos. Daí vem a palavra micose, por exemplo.

Agora, imagine que o tema da questão seja algo como “Avanços recentes no desenvolvimento da micologia no Brasil”. Você não teria muito a dizer, não é mesmo?

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Pois diga assim mesmo!

Nós, que não entendemos nada do assunto, começaríamos assim:

“Há controvérsias quanto aos avanços recentes no desenvolvimento da micologia no Brasil.”

Continuaríamos, sobre algo que desconhecemos totalmente, da seguinte maneira:

“Os pesquisadores reivindicam maior apoio governamental para as pesquisas.”

E assim por diante...

Pronto!

Se deixássemos a questão em branco, a nota seria, com absoluta certeza, zero. Escrevendo alguma coisa, mesmo que generalidades, poderemos conseguir mais um, dois ou mais décimos que podem ser decisivos na classificação final.

Repetindo: NUNCA DEIXE A QUESTÃO EM BRANCO! Lute por décimos, mas lute!

10) Professores, tive muita dificuldade em alguns pontos dos exercícios 1 e 2... É possível a correção deste exercício com algum modelo de redação “perfeito”?

Não existe modelo perfeito para questões discursivas.

Se você pedir a dois Ministros do STF ou a dois imortais da Academia de Letras que escrevam o mesmo número de linhas sobre um mesmo tema, não tenha dúvidas de que você terá quatro textos muito diferentes e todos brilhantes! Um não estará mais “perfeito” que o outro.

Assim, na correção, nosso papel é: indicar os pontos que deveriam ser abordados nas respostas e os conceitos apropriados de determinados temas; sugerir uma ordem de exposição; destacar os erros mais frequentes e mostrar como corrigi-los; e apontar alguns exemplos de textos com boas respostas.

11) Professores, não consegui fazer a redação do exercício 2 dentro de prazo razoável, gostaria de saber se existe uma dica para que eu consiga diminuir este tempo.

A prática de nossos exercícios traz a vantagem de o aluno conhecer o seu próprio ritmo e as suas limitações. Esse conhecimento é fundamental para o planejamento da gerência do tempo nos dias das provas. Nesses, você poderá aumentar o tempo dedicado à resolução das questões discursivas, deduzindo do tempo dedicado às questões objetivas.

12) Como podemos melhorar a estrutura dos parágrafos? Grato.

Há 4 tipos de falhas na estrutura:

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1) ausência de elemento essencial (um dos tópicos requeridos no enunciado da questão);

2) inconsistência interna do parágrafo, tratando de assuntos distintos ou do mesmo assunto de forma desconexa ou incoerente.

3) parágrafos excessivamente longos, cuja leitura é cansativa e cuja compreensão é confusa.

4) parágrafos excessivamente curtos, insuficientes para a apresentação ou o desenvolvimento de uma idéia.

Fique atento a esses aspectos e procure sempre corrigi-los, quando identificados.

13) Professores, pode parecer estranha a pergunta mas, estando na época em que se digita textos mais em computador do que se escreve, estou com a seguinte dúvida: Na prova, quando se passar a escrever o parágrafo seguinte o certo é pular uma linha ou não?

Ao concluir um parágrafo, inicie o seguinte numa nova linha, mas não deixe nenhuma linha em branco entre eles.

FAÇA AMIZADE COM A MATÉRIA!

Devemos tratar as disciplinas com carinho e pensar nelas todos os dias, exatamente como as pessoas de que gostamos. Assim, quando a encontrarmos no dia da prova, ficaremos felizes. Portanto, não é recomendável, ainda que brincando, chamar a LIA de “Lei Infinitamente Absurda” ou o parecer de “desaparecer” ou outros nomes jocosos que os concurseiros sempre inventam.

Como tudo na vida, se você enfrentar as matérias – mesmo as que têm fama de “mais difíceis” – com otimismo, disposição para o aprendizado e humildade, o resultado será muito melhor do que se você já abrir os livros com má vontade, mau humor ou receoso por se tratar de uma disciplina “difícil” ou “chata”.

Na realidade, numa prova não existem questões fáceis ou difíceis. Existem aquelas cuja resposta conhecemos, porque estudamos bem; aquelas de cuja resposta temos certa idéia, porque já passamos pelo assunto um dia desses; e aquelas das quais não temos a menor noção de por onde começar a responder, exatamente porque não começamos os estudos.

Isso não significa que todas as questões tenham o mesmo grau de complexidade. Um mesmo problema pode aparentar ser mais complexo que outro, dependendo da forma como é apresentado.

Para utilizar um exemplo matemático:

a) 3 + 2 = ?

b) {(900.000 / 3) x (4 / 12)} x {1 / [( 25 x 103) x 22]} = ?

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O resultado é o mesmo para as letras a e b e as operações matemáticas são simples. No entanto, a segunda fórmula “assusta”, quando a encaramos pela primeira vez.

Algumas bancas, especialmente a ESAF, quando querem que você responda “5”, tendem a utilizar enunciados parecidos com o da letra b. Sua resolução é mais trabalhosa, mas não se pode dizer que é mais difícil.

Em suma, é prudente cultivar uma boa amizade com as matérias, que devem ser as nossas “melhores amigas” até o dia da prova e depois, na vida profissional como Auditores Federais de Controle Externo.

II – ELEMENTOS PARA A ELABORAÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS

Não deixe a sua frase “capenga”

Um dos erros mais comuns que temos observado é o defeito na construção de frases. As frases, em geral, devem ter sujeito, verbo e objetos ou complementos. Frases construídas com a ausência de um elemento essencial perdem o equilíbrio, ficam sem sentido, em suma, “capengas”.

Muitas vezes escrevemos como se estivéssemos falando. No entanto, a linguagem oral é mais coloquial e flexível que a linguagem escrita, não se submetendo às mesmas regras.

Também a linguagem apressada que utilizamos em correios eletrônicos ou “torpedos” não é adequada para nossas dissertações.

Observem alguns exemplos de frases que ficaram “capengas”, sem equilíbrio e harmonia. Não se sabe quem é o sujeito ou qual é a mensagem.

“Tendo como principais características: normas e regulamentos, formalidade nas comunicações, impessoalidade nas relações, hierarquização da autoridade, rotinas e procedimentos padronizados, entre outras.” (Quem tem essas características?)

“Sendo cabível multa de trinta por cento dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento da multa de sua responsabilidade.” (A multa é cabível em quais circunstâncias?)

“Considerando que a Lei de Improbidade Administrativa (LIA) estabelece as penalidades aplicáveis aos agentes públicos, com a sua gradação prevista em lei.” (E daí? Qual a consequência desse “considerando”?)

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Abrange inclusive entidades da administração indireta e sua desobediência implica pesadas punições para os administradores que nelas incorrem. (Quem abrange? O sujeito oculto é singular – sua desobediência – ou plural – nelas incorrem?)

Dê amparo às frases “capengas”!

A “arrumação” da frase

Em algumas correções, temos recomendado aos alunos que “arrumem” melhor o seu texto. O que significa isso?

Pense que estamos nos aprontando para ir a um evento importante: uma festa ou uma cerimônia. Queremos ficar bem arrumados, não é mesmo? Os homens, principalmente se estão de gravata, não podem estar com a camisa desabotoada, exibindo a barriga. Já as mulheres gostam que a sua bolsa, seu colar e seus brincos combinem com o restante do traje, formando um conjunto harmonioso.

Agora, pense nas frases de suas respostas nas provas do concurso. Você também não gostaria que elas ficassem bem arrumadas? Para isso, devemos fazer uma revisão, antes de passar a limpo a resposta no caderno de provas.

Tanto homens como mulheres não dão aquela última olhadinha no espelho antes de sair, para conferirem se está tudo OK? Pois dê uma última olhadinha no seu texto antes de começar a escrever a resposta definitiva.

Vejamos o exemplo de uma frase mal arrumada extraída do jornal O GLOBO, de 25/08/2007, página 2:

“Ao lado do filho Rodrigo, Roberto Dinamite mostra a camisa que usou pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, que faz 15 anos hoje.”

Leia de novo. Como é que a Copa da Argentina, que foi em 1978, pode estar fazendo 15 anos em 2007? Felizmente, o texto vinha acompanhado de uma foto e, olhando-a, era possível concluir que quem completava 15 anos era o Rodrigo, filho do ex-jogador. Então, a frase ficaria bem arrumada assim:

“Ao lado do filho Rodrigo, que faz 15 anos hoje, Roberto Dinamite mostra a camisa que usou pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978, na Argentina.”

Percebeu a diferença entre uma frase mal arrumada e uma bem arrumada? A última é mais elegante, transmite a mensagem com precisão.

Às vezes, encontramos exemplos de frases mal arrumadas, como essa:

A legislação superveniente, como forma de permitir maior flexibilização, ao problema apresentado, surgindo a parceria público-privada.

Ficaria bem melhor assim:

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Como forma de permitir maior flexibilização ao problema acima apresentado, surgiu a legislação das parcerias público-privadas.

Evitem as frases monstrengas

Frases monstrengas são as que têm várias cabeças e múltiplos membros em completa descoordenação.

Um exemplo:

É verdade que a gestão atual mantém características do primeiro como atuação impessoal dos agentes e o mérito, afinal, o ingresso na Administração continua por concurso público.

Essa frase ficaria bem melhor dividida em duas e com substituição de algumas palavras:

É verdade que a gestão atual mantém características do primeiro modelo, como a atuação impessoal dos agentes e a promoção por mérito. Além disso, o ingresso na Administração continua ocorrendo por concurso público.

Porém, se quiséssemos dizer o mesmo numa única frase, deveríamos introduzir vírgulas e elementos de coesão textual, para coordenar os vários pedaços da mensagem:

É verdade que a gestão atual mantém características do primeiro modelo, como a atuação impessoal dos agentes e a promoção por mérito, além de o ingresso na Administração continuar ocorrendo por concurso público.

Outro exemplo:

O modelo gerencial, nasce com o objetivo de corrigir algumas distorções causadas pela burocracia, a administração gerencial busca combater as formas rígidas do setor público e a lentidão das decisões, incompatíveis com a rápida transformação do mundo e a globalização.

Nesse caso, o monstrengo surgiu dos vários erros de pontuação, a começar pela separação por uma vírgula entre o sujeito e o verbo. A passagem poderia ter sido escrita assim:

O modelo gerencial nasce com o objetivo de corrigir algumas distorções causadas pela burocracia. Por sua vez, a administração gerencial busca combater as formas rígidas do setor público e a lentidão das decisões, incompatíveis com a rápida transformação do mundo e a globalização.

Não economize vírgulas!

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A pontuação com vírgulas facilita a leitura e a compreensão do texto. Compare os dois trechos abaixo:

O mandato do Presidente da República atualmente é de quatro anos,

a Constituição Federal havia fixado originalmente a duração do mandato presidencial em cinco anos porém em virtude de emenda constitucional ficou estabelecido que esse mandato passaria a ser de quatro anos sempre vedada a reeleição para o período seguinte. Posteriormente uma nova alteração constitucional suprimiu a vedação à reeleição, que passou a ser permitida para um único período subsequente.

O mandato do Presidente da República, atualmente, é de quatro

anos. A Constituição Federal havia fixado, originalmente, a duração do mandato presidencial em cinco anos, porém, em virtude de emenda constitucional, ficou estabelecido que esse mandato passaria a ser de quatro anos, sempre vedada a reeleição para o período seguinte. Posteriormente, uma nova alteração constitucional suprimiu a vedação à reeleição, que passou a ser permitida para um único período subsequente.

Imagine uma frase longa como a primeira, sem as vírgulas assinaladas. No caso, a divisão do texto em dois períodos (com o uso do ponto final) também facilitou a compreensão. Na revisão do texto, não se esqueça de verificar a necessidade de vírgulas. Você não precisa economizá-las no concurso. A banca não cobra taxa extra pelo uso de vírgulas e pontos! Podem usá-las à vontade. De maneira geral, a banca examinadora adora vírgulas. Utilize-as mesmo quando forem facultativas. Só não as coloque separando o sujeito do verbo!

Despersonalize as respostas

Lembre-se: evite menções pessoais, pois sempre carregam uma boa dose de subjetividade, que não é adequada numa prova de concurso público, especialmente em dissertações. Recorde o art. 37 da CF/88 e o princípio da impessoalidade.

Cuidado com termos impróprios

... através da racionalização das funções e dos cargos ...

Nunca use através, a não ser que você vá atravessar algo! Use “por meio de”, “por intermédio de” ou, ainda, “mediante”.

A escrita para a Administração Pública

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Para ser valorizado, um texto não tem de ser necessariamente longo. E tampouco são os termos rebuscados ou os preciosismos que determinam a qualidade de um texto. Ao contrário, os principais atributos da redação eficaz são a simplicidade, a clareza, a objetividade e a concisão, especialmente para nossas dissertações.

A boa técnica redacional obedece aos seguintes princípios:

- Princípio da Economia Linguística:

Relaciona-se à lei universal do menor esforço

– Tanto melhor será um enunciado ou texto quanto mais econômica for a forma de comunicação, obviamente sem prejudicar a completude da informação.

- Princípio da Comunicabilidade:

Diz respeito à completude da informação. A aplicação deste princípio assegura a clareza.

Economia e comunicabilidade se auto-regulam; a economia linguística não pode prejudicar a comunicabilidade da informação, nem a comunicabilidade pode justificar a prolixidade dos enunciados.

O princípio da cooperação e as máximas de Grice

O filósofo americano H. P. Grice ensina que o princípio básico que rege a comunicação humana é o princípio da cooperação (sejamos cooperativos).

De grande utilidade para o redator da dissertação, este princípio revela que os interlocutores cooperam para que a comunicação transcorra de maneira adequada.

As seguintes quatro máximas estão compreendidas nesse princípio:

- Máxima da quantidade: diga o necessário, nem mais, nem menos.

- Máxima da qualidade: diga apenas o que sabe ser verdadeiro, o que pode ser comprovado.

- Máxima da relevância: diga somente o que é relevante.

- Máxima do modo: seja claro e conciso; evite a obscuridade, a prolixidade.

O rompimento de qualquer dessas máximas, embora utilizado em alguns contextos, como estratégia argumentativa, é quase sempre indesejável, pois perturba a clareza e a compreensão do texto.

Com base nos princípios resumidamente apresentados, eis alguns exemplos de como melhorar nossa escrita:

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EM VEZ DE QUE TAL BREVE ANÁLISE

Embora tenham sido definidas metas, não vislumbramos indicadores definidos que se refiram à efetividade.

Embora tenham sido definidas metas, não há indicadores de efetividade.

Eliminação de palavra rebuscada e de sentido inadequado/ simplicidade

Eliminação de informações desnecessárias, por óbvias/concisão, objetividade, simplicidade [economia x comunicabilidade, máxima do modo]

...chegou à conclusão de que

...concluiu que Grupo de palavras por palavra correspondente/ concisão

[economia x comunicabilidade, máxima do modo]

O Tribunal de Contas da União realizou diligência, com o objetivo de ser enviado documento comprobatório da situação econômica do gestor...

Mediante diligência, solicitou-se comprovação de situação econômica...

Simplificação.

[economia x comunicabilidade, Máximas da qualidade, do modo e da relevância]

O relatório que consolida as ocorrências registradas no relatório da equipe de auditoria, além das que foram verificadas no Distrito Federal, foi juntado...

Juntou-se aos autos o relatório que consolida as ocorrências registradas pela equipe de auditoria e as verificadas no Distrito Federal.

Alteração da ordem/ clareza, organização [máxima do modo, economia x comunicabilidade]

Substituição da voz passiva analítica (O relatório... foi juntado) pela forma sintética (juntou-se)/ concisão [máxima do modo]

...consideradas como irregulares, as atividades foram registradas pelo Auditor Federal...

...consideradas irregulares (...)

Eliminação de palavra desnecessária/ [economia x comunicabilidade, máxima do modo (concisão)]

O artigo 20 daquela resolução possibilitava fazer a atualização do valor da avaliação...

O artigo 20 daquela resolução possibilitava atualizar a avaliação...

Substituição de grupos de palavras por palavras únicas/concisão, objetividade, simplicidade [máximas do modo]

A CPI dirige pedido a esta Corte de Contas no sentido de ...

A CPI pede a esta Corte de Contas que ...

Substituição de grupos de palavras por vocábulos correspondentes ou de sentido mais exato/ concisão, clareza, objetividade [máxima do modo]

Esse quadro – com as devidas adaptações – foi publicado no boletim interno do Tribunal de Contas da União. Observem que as recomendações são muito semelhantes às que temos insistentemente repetido nas aulas e nas correções individuais: concisão, simplicidade, objetividade etc.

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Vamos fugir dos “chavões”

Os chavões e os clichês empobrecem a linguagem, contêm redundâncias, vulgarizam o texto e obscurecem o conteúdo. Vejamos alguns exemplos de chavões muito comuns, retirados do livro “A Arte de Escrever Bem”:

Calorosa recepção

Fortuna incalculável

Inflação galopante

Perda irreparável

Sonora vaia

Vitória esmagadora

Experiência anterior

Pontapé inicial

Último adeus

A céu aberto

No fundo do poço

Perdidamente apaixonado

Propriamente dito

Sentir na pele

Leque de opções

Erro indesculpável

Evite cacofonias e repetições

Do mesmo livro, extraímos o seguinte exemplo de cacofonia a ser evitada:

O rigor do calor de Salvador lhe causava mais pavor.

Em vez disso, escreva:

O forte calor da capital baiana lhe causava pânico.

Eis outro exemplo:

O estado do Governador do Estado era crítico após ele ter estado na manifestação.

Melhor seria:

O estado do Governador era crítico após a manifestação.

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Não use palavras difíceis que você não conhece, mas pensa que causam boa impressão

Cuidado com palavras difíceis, supostamente técnicas, e que, muitas vezes, acabam sendo empregadas erroneamente em sua redação:

Os eminentes Ministros da Tertúlia Excelsa, após os prolegômenos de praxe, prolataram nobilíssima decisão nos autos em testilha, de alta envergadura no conjunto hermenêutico de nosso Estado.

Traduzindo para o português:

Os Ministros do Supremo Tribunal Federal, após a apresentação das questões preliminares, proferiram, nos autos em análise, nobre decisão, de grande importância para nosso Estado.

Voltando à importância da vírgula Você deve insistir no uso das vírgulas. Muitos exercícios corrigidos

receberam a anotação “Atenção às vírgulas!”. Certa vez, o amigo Luiz Henrique, ao auxiliar um ex-aluno, hoje colega Auditor Federal do TCU, a preparar um recurso para a prova discursiva, observou que ele fora penalizado duas vezes numa só questão pelo emprego indevido da vírgula. Por coincidência, à época, o Luiz recebera e-mail da campanha institucional da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, a propósito de seu centenário, cuja ênfase estava na vírgula.

Foi muito bem feita a campanha dos 100 anos da ABI. E serve para nos

lembrar que vírgula não é só problema de gramática, mas de informação. Vejamos o texto:

A vírgula pode ser uma pausa... ou não.

Não, espere.

Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.

23,4.

2,34.

Pode ser autoritária.

Aceito, obrigado.

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Aceito obrigado.

Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.

Isso só ele resolve.

E vilões.

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.

Vamos perder, nada foi resolvido.

Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.

Não queremos saber.

Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

Para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Legal, não acha? Pois é, uma vírgula pode mudar a sua nota. Vamos estudá-la com carinho!

Agora, apenas para descontrair, uma piadinha envolvendo a vírgula e a guerra dos sexos... Coloque a vírgula no local correto:

Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria “de quatro” à sua procura.

Se você é mulher, certamente colocou a vírgula depois da palavra “mulher”. Se é homem, colocou-a depois da palavra “tem”. ☺

A coesão textual

Outras falhas frequentes constatadas dizem respeito à coesão textual.

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A coesão textual consiste no encadeamento das idéias por meio de elementos de ligação entre um parágrafo e outro, de um período a outro, de uma oração a outra. Esses termos devem ser adequados às ideias que se quer transmitir para que seja mantida a coerência.

Conheça os principais elementos de coesão:

Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de tudo, antes de qualquer coisa, primeiramente.

Tempo (anterioridade, posterioridade, simultaneidade, duração, ordem): antes, antes de tudo, finalmente, enfim, por fim, atualmente, logo após, ao mesmo tempo, enquanto isso, frequentemente, a princípio, eventualmente, constantemente.

Semelhança, comparação: igualmente, da mesma forma, analogamente, por analogia, de acordo com, sob o mesmo ponto de vista, assim também.

Adição, continuação: além disso, outrossim, por outro lado, ainda mais, ademais.

Dúvida, hipótese: provavelmente, é provável que, possivelmente, não é certo que, se é que.

Certeza, ênfase: decerto, com certeza, sem dúvida, inegavelmente, inquestionavelmente, indubitavelmente.

Ilustração, esclarecimento: por exemplo, em outras palavras, a saber, quer dizer que.

Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, com a finalidade de, a fim de, para que, intencionalmente.

Resumo, recapitulação: em suma, em síntese, em conclusão, em resumo, enfim, portanto.

Lugar: perto de, longe de, mais adiante, junto a, além, próximo a

Causa, consequência: por consequência, por isso, assim, daí, em virtude de, em razão de, como resultado, de fato, com efeito, por conseguinte.

Contraste, oposição: pelo contrário, em contraste com, exceto por.

A poção mágica de Asterix

Não sabemos se você o conhece, mas um dos personagens das histórias em quadrinhos é o gaulês Asterix, baixinho e narigudo, sempre acompanhado de seu fiel e fortão amigo Obelix. Em suas aventuras, quando em dificuldade e cercado por numerosos e bem armados soldados das legiões romanas, Asterix bebia um frasco de uma poção mágica que lhe dava muita força, aplicava uns sopapos nos legionários e tudo acabava bem.

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Não pretendemos que você distribua sopapos em ninguém, mas recomendamos guardar sempre, na hora das provas discursivas, um “frasco de poção mágica”. Na hora da dúvida, do cansaço, da falta de inspiração, use as frases e expressões retiradas desse frasco e seus textos recobrarão energia e tornar-se-ão invencíveis.

Coloque no seu frasco estas expressões, ideais para iniciar períodos e parágrafos, chamadas de “elementos de transição”:

À guisa de exemplo, pode-se citar...

Assinale-se, ainda, que...

Cumpre observar, preliminarmente, que...

Como se depreende...

De igual modo...

De outro lado...

Em consonância com tais argumentos...

Em virtude dessas considerações...

Cabe registrar que...

Vale ressaltar...

Neste sentido, sublinhe-se que...

Pondere-se, contudo, que...

Tenha-se presente que...

Vale mencionar...

Verifica-se, também,...

Não esqueça, tenha sempre com você o frasco da poção mágica de Asterix!

Detalhes tão pequenos que nos tiram pontos

Os parônimos são palavras de escrita e pronúncia bastante semelhante, mas de significados distintos. É frequente confundi-las, mas tais erros podem nos custar caro na prova.

No livro “Curso de Português Jurídico”, há alguns exemplos de parônimos que provocam dúvidas na hora de redigir. Leia-os e, se tiver dúvidas, verifique num bom dicionário o significado de cada vocábulo!

absolver vs. absorver

deferimento vs. diferimento

destratar vs. distratar

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elidir vs. ilidir

emenda vs. ementa

emitir vs. imitir

flagrante vs. fragrante

infligir vs. infringir

mandato vs. mandado

prescrever vs. proscrever

ratificar vs. retificar

Fique atento(a): já houve casos de candidatos que perderam pontos, mesmo escrevendo as palavras corretas. Ocorreu que, por ilegibilidade da escrita, os termo foram lidos pelo examinador como seus respectivos parônimos. Portanto, capriche na letra!

Vamos melhorar nosso texto?

É impressionante a quantidade de erros que cometemos ao escrever. Daí, a importância da revisão.

Observe que os principais jornais do país têm uma coluna diária na qual informam aos leitores os erros detectados na edição do dia anterior. No jornal “O GLOBO”, essa coluna fica na página 2, com o título “Autocrítica”. Vejamos alguns desses erros:

Página 11: “diz que ao responder a uma consulta, o novo entendimento do TSE só valerá para frente, sem retroagir.”

Crítica: falta de vírgula no início de circunstância interposta.

Certo: “Diz que, ao responder a uma consulta, o novo entendimento...”

Página 11: “Ao todo, 17 ingressam no PR, alguns até mesmo antes de tomar posse, mas perdeu dois deputados.”

Crítica: período mal construído.

Certo: “Ao todo, 17 ingressam no PR, alguns até mesmo antes de tomar posse, mas o partido perdeu dois deputados.”

Página 12: “Renan tem levantando suspeitas sobre a venda...”

Crítica: erro na forma do verbo.

Certo: “Renan tem levantado suspeitas sobre a venda...”

Página 14: “O principal argumento é de que os cursos oferecidos pelas duas instituições são de nível superior...”

Crítica: “de” a mais.

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Certo: “O principal argumento é que os cursos oferecidos...”

Agora, considere que os textos foram elaborados por jornalistas, aprovados por pelo menos um editor e, antes da publicação, revisados por um especialista, no chamado copidesque. Todos profissionais de comunicação, cuja principal matéria-prima é o idioma!

E, ainda, há casos que nem a “Autocrítica” do GLOBO percebe!

No jornal O GLOBO de sábado, 26/04/2008, numa matéria da página 38, uma foto foi apresentada com a seguinte legenda:

“Manifestantes reagem à absolvição dos policiais que mataram Sean Bell do lado de fora do tribunal”.

O que você entendeu?

Que Sean Bell foi morto por policiais do lado de fora do tribunal e que os manifestantes reagiram à absolvição daqueles.

De fato, é o que está escrito. Mas o que o jornal quis dizer, e não conseguiu, foi que a manifestação contra a absolvição dos policiais ocorreu do lado de fora do tribunal. A legenda mais apropriada seria:

“Do lado de fora do tribunal, manifestantes reagem à absolvição dos policiais que mataram Sean Bell”; ou

“Manifestantes, do lado de fora do tribunal, reagem à absolvição dos policiais que mataram Sean Bell”.

Na edição de domingo, procurei (Luiz Henrique) pela correção na seção “Autocrítica” e nada! Insisto nesse ponto para enfatizar que, em minha opinião, a revisão do texto da prova discursiva é etapa indispensável para o êxito!

Reserve sempre alguns momentos para a revisão, antes de “passar a limpo” o rascunho e começar a escrever o texto definitivo no caderno de respostas. Com certeza, você eliminará erros, aprimorará a forma e o estilo e conseguirá um resultado melhor.

Vamos combinar uma coisa?

Vamos treinar revisar textos!

Revisar não é difícil.

Começa com a leitura crítica. Costumamos dizer que, na revisão, você deve distanciar-se da qualidade de autor. Você deve tentar ler o seu texto “com os olhos do examinador”, isto é, com uma caneta vermelha na mão. Significa dizer que você vai tentar ler aquilo que de fato escreveu e não o que você quis escrever ou pensou ter escrito.

Revisar requer humildade, paciência e persistência.

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E como escrever requer prática! Muita prática! Por isso, vamos começar hoje mesmo!

III – ANÁLISE DE PROVAS DISCURSIVAS

Prosseguimos com a análise de questões discursivas, aplicadas por várias ilustres bancas organizadoras. Nesta aula, enfatizaremos o Direito Constitucional e o Direito Administrativo. Na aula que vem (a última), será a hora de apresentarmos questões diversas de todas as matérias.

Vamos ver agora esta questão da Esaf do recentíssimo concurso de

Auditor Fiscal da Receita Federal (prova aplicada em 24/01/2010): (ESAF/AFRFB/2009-2010) Considerando as atribuições inerentes aos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e partindo-se da ideia da divisão de funções entre os três Poderes do Estado, podendo-se, assim, afirmar, em sentido amplo, que todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato da Administração, desenvolva, objetivamente, um texto abordando os seguintes tópicos: a) produção de efeitos jurídicos do ato administrativo; b) o “motivo” do ato administrativo e os conceitos jurídicos indeterminados; c) a convalidação do ato administrativo e seus efeitos. Extensão: de 15 a 30 linhas

Já estamos ficando acostumados com esse estilo de questão, não é mesmo?

Um primeiro parágrafo com afirmações que contextualizam o tema principal; e, no segundo parágrafo, o examinador revela o que pretende dos candidatos, fixando, inclusive, aspectos que obrigatoriamente devem constar da resposta.

Não obstante, essa questão é bastante vaga em seu enunciado, uma vez que pede apenas que se disserte sobre os tópicos dos itens de “a” a “c”, sem especificar exatamente o que o candidato deve escrever sobre tais pontos.

Vale frisar que eu (Luciano) tive a oportunidade de examinar mais de cem respostas a essa questão, nos dias que se seguiram à divulgação do resultado preliminar dessa prova, pois realizei o atendimento de apoio aos recursos das discursivas aos candidatos desse concurso. Portanto, pude perceber exatamente o que o examinador queria que se escrevesse como resposta.

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Vamos, inicialmente, entender o enunciado: ele pede para desenvolver um texto (entenda-se: dissertar sobre), abordando os seguintes tópicos:

a) a produção de efeitos jurídicos do ato administrativo;

b1) o motivo do ato administrativo;

b2) os conceitos jurídicos indeterminados;

c1) a convalidação do ato administrativo;

c2) os efeitos dessa convalidação.

A divisão dos parágrafos poderia ser feita da seguinte maneira: o 1.º parágrafo para o item “a”; o 2.º parágrafo para o item “b”; e o 3.º parágrafo para o item “c”. Note que o candidato que deixar de falar de qualquer um desses tópicos perderá pontos por omissão parcial ou total de tópico (OPT ou OTT).

Em relação à produção de efeitos jurídicos do ato administrativo, era interessante dizer que o ato administrativo tem por objetivo produzir efeitos jurídicos em relação aos administrados e/ou à Administração. Tais efeitos podem ser adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir ou declarar direitos ou, ainda, impor obrigações aos administrados ou à própria Administração. Era interessante dizer também que, em função dos atributos de presunção de legitimidade e presunção de veracidade, o ato administrativo produz efeitos desde a sua edição, mesmo que possua vícios que acarretem sua invalidade. Ou seja, enquanto não declarada a nulidade do ato, ele é considerado válido e eficaz.

Quanto ao motivo do ato administrativo, vale lembrar que ele é o elemento (e não o atributo, atenção!) que representa o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento à prática do ato. Pressuposto de direito é o dispositivo da lei que autoriza ou determina a prática do ato administrativo. Pressuposto de fato, o acontecimento no plano material que leva a Administração a praticar o ato. Nos atos vinculados, o motivo é elemento vinculado; nos atos discricionários, elemento discricionário, integrante do chamado mérito administrativo.

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No tocante aos conceitos jurídicos indeterminados, relembre-se que eles são aquelas palavras e expressões constantes das leis e que possuem um significado fluido, vago, dependente da interpretação do administrador para sua completa compreensão. São exemplos: “boa-fé”, “decoro”, “prazo razoável”, “desídia”, “calamidade pública”. Quanto ao assunto, vale lembrar que todo conceito jurídico indeterminado possui, em relação ao caso concreto ao qual será aplicado, uma zona de certeza positiva, na qual não há dúvidas de que ele está presente, uma zona de certeza negativa, em que ele certamente não se configura, e uma zona de incerteza, na qual, mesmo diante de um caso concreto, remanesce a dúvida quanto à existência ou não da ocorrência do conceito fluido.

Um exemplo esclarecerá a questão. Imagine que a lei preveja que o servidor público será punido por falta de decoro na repartição. Imagine agora três situações concretas, todas ocorridas no recinto do órgão público:

1) O servidor tira a roupa e começa a correr nu pelo corredor;

2) O servidor cumprimenta a colega de trabalho com um beijo no rosto na frente de todos;

3) O servidor dá um beijo na boca da namorada (também servidora do órgão) na frente de todos.

Pode-se dizer que, na situação 1, certamente houve falta de decoro na repartição (a situação encontra-se na zona de certeza positiva). Já na situação 2, com certeza não houve (o fato está dentro da zona de certeza negativa).

E na situação 3? Houve ou não houve falta de decoro? Não há como chegar a uma conclusão definitiva. Alguns dirão que sim, outros dirão que não. Seja qual for a decisão do superior hierárquico (punir ou não os servidores que se beijaram por falta de decoro), não há como dizer se a decisão foi ou não acertada (atenção, futuros Auditores Fiscais do Trabalho em busca do contracheque gêmeo: cuidado com os beijos na boca na repartição! Nunca se sabe quando seu chefe enquadrará a situação como falta de decoro.)

Quando um conceito jurídico indeterminado, abstratamente previsto em lei, encontra uma situação concreta que se insere na zona de incerteza, entra em cena a discricionariedade do administrador, que decidirá se aplica ou não ao caso concreto aquela hipótese legal.

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Muito bem. E quanto à convalidação (item “c” do enunciado)? Bem, neste caso, era importante falar que a convalidação é o ato administrativo que supre o vício sanável existente em um ato viciado. Com a convalidação, o ato inicialmente ilegal passa a ser válido. Em geral, a convalidação deve ser feita pela Administração, na tentativa de “salvar” o ato e tendo em vista que é fator de eficiência tentar aproveitar um ato já praticado, mas que contém ilegalidade. A convalidação é cabível quando o vício que macula o ato for de competência (desde que não exclusiva do agente) ou de forma (desde que não essencial ao ato).

Não se esqueça dos efeitos da convalidação: ela tem efeitos “ex tunc”, isto é, retroativos ao momento da prática do ato.

Muito bem! Esses eram os tópicos que o candidato deveria escrever na redação para abordar todos os tópicos do enunciado.

Tudo bem até aqui? Então veja a nossa proposta de solução:

Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da

Administração, regida pelo direito público, cujo objetivo é produzir efeitos jurídicos em relação aos administrados e/ou à Administração. Em função dos atributos de presunção de legitimidade e presunção de veracidade, o ato administrativo produz efeitos desde a sua edição, mesmo que possua vícios de legitimidade. Ou seja, enquanto não declarada sua nulidade, o ato deve ser considerado válido e eficaz.

O motivo do ato administrativo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento à sua prática. Pressuposto de direito é o dispositivo da lei que autoriza ou determina a prática do ato; pressuposto de fato, o acontecimento no plano material que leva a Administração a praticar o ato. Nos atos vinculados, o motivo é elemento vinculado; nos atos discricionários, elemento discricionário, integrante do chamado mérito administrativo.

Ao praticar um ato administrativo, o administrador pode se deparar com conceitos jurídicos indeterminados, palavras e expressões constantes das leis e que possuem um significado fluido, dependente da interpretação do administrador para sua exata compreensão. São exemplos: “boa-fé”, “decoro” e “prazo razoável”. Nesta hipótese, o caso concreto pode se situar em uma zona de certeza positiva, na qual não há dúvidas de que tal conceito está presente; em uma zona de certeza negativa, em que a definição não se aplica; ou em uma zona de incerteza, na qual, mesmo diante do caso concreto, remanesce a dúvida quanto à incidência ou não do conceito fluido. Quando um conceito jurídico indeterminado encontra uma situação concreta na zona de incerteza, o administrador deve decidir, com sua discricionariedade, se aplica ou não ao caso a hipótese legal.

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Por fim, um ato administrativo ilegal pode ser convalidado, caso o vício que o macule seja sanável. Com isso, o ato inicialmente ilegal passa a ser válido. A convalidação é cabível quando o vício do ato for de competência (desde que não exclusiva do agente) ou de forma (desde que não essencial ao ato). Os efeitos da convalidação são “ex tunc”, isto é, retroativos ao momento da prática do ato.

Que tal uma questão de direito constitucional? Anda na moda (termo de maior incidência em um rol de dados) a cobrança de temas atuais, logo, que tal uma questão sobre as súmulas vinculantes? No entanto, a proposta é dever de casa! Isso mesmo, vocês terão a tarefa de desenhar a própria redação, obviamente, a partir de breves dicas, oferecidas a seguir.

(OAB – UNIFICADO/CESPE/2009) O defensor público geral da União apresentou, no Supremo Tribunal Federal (STF), proposta de edição de súmula vinculante em matéria penal. Autuada a proposta, foi publicado o edital, no qual era estabelecido o prazo de 5 dias para a manifestação de interessados. Decorrido o prazo de 5 dias, não tendo havido manifestação de qualquer interessado, os autos foram enviados à comissão de jurisprudência do STF, que aprovou, por unanimidade, a proposta, após a oitiva do procurador-geral da República. A súmula vinculante foi, então, publicada no Diário Oficial da União. Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, se está correto o procedimento adotado para a elaboração da súmula vinculante, em especial, no que diz respeito: - à legitimidade para a propositura; - à possibilidade de manifestação de interessados; - ao papel do procurador-geral da República; - ao quorum para aprovação da referida súmula.

Extensão máxima: 30 linhas

Primeira tarefa: leitura e interpretação do enunciado Essa questão segue exatamente o modelo da anterior aplicada pela ESAF,

no entanto, aplicada pela (querida) banca Cespe. Vocês devem se posicionar acerca de situação hipotética.

Pergunta-se: está correto o procedimento para a edição da súmula?

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Decerto, a resposta não deve se resumir a sim ou não. Você deve dissertar, vencer os quesitos propostos pela organizadora.

Segunda tarefa: elaboração do plano ou roteiro do texto Para o correto posicionamento, devemos ultrapassar as seguintes etapas: 1) O defensor público é parte legítima para a propositura de súmulas

vinculantes? 2) Para a edição das súmulas é admitida a intervenção de terceiros? 3) Há necessidade de oitiva do Procurador-Geral?

4) Qual o quórum para aprovação das súmulas? Terceira tarefa: redação do texto A tarefa de escrever a dissertação é de vocês, porém, como prometido,

seguem detalhes acerca das súmulas vinculantes:

o STF atua de ofício ou por provocação para a edição das súmulas vinculantes;

o rol de legitimados é idêntico àquele das ações diretas, com acréscimo, no entanto, por exemplo: dos Tribunais (Superiores, TJ, TJDFT, militares, TRF), do município (incidentalmente) e do Defensor Público Geral da União (art. 3.º da Lei 11.417/2006);

o quorum de aprovação é de dois terços dos membros do STF (oito ministros);

a edição da súmula é precedida de reiteradas decisões sobre a matéria constitucional;

o efeito é vinculante para os demais órgãos do Poder Judiciário e a administração direta e indireta, portanto, sem alcançar a atividade legiferante do Poder Legislativo Federal;

entre os objetivos, a súmula atende ao princípio da segurança jurídica, a fim de se afastar controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública;

atos administrativos podem ser anulados e decisões judiciais, cassadas, depois de procedência de reclamação pelo STF;

haverá oitiva prévia do PGR, a não ser que esse tenha sugerido o cancelamento, a edição ou a revisão do enunciado da súmula.

há possibilidade de oitiva de terceiros, na qualidade de “amicus curiae” (acesso franqueado ou não pelo Relator, despacho irrecorrível);

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cabe a modulação temporal dos efeitos da súmula.

DICA: leitura do art. 103-A da CF/88 e da Lei 11.417/2006. Leia também o texto motivador abaixo, extraído do sítio eletrônico

www.jusbrasil.com.br: Instrumento que visa garantir a autoridade das decisões do Supremo

Tribunal Federal (STF) perante os órgãos da administração pública e do Poder Judiciário, a súmula vinculante refletirá um resumo do posicionamento do STF em relação à determinada matéria.

Prevista no artigo 103-A, acrescentado pela Emenda 45 (Reforma do Judiciário), a matéria foi regulamentada pela Lei 11.417, de 2006. Os julgados que poderão servir de base para edição de súmulas vinculantes serão aqueles nos quais a controvérsia sobre a aplicação da norma constitucional apresente grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.

O verbete vinculante está previsto para aquelas situações em que ainda haja controvérsia quanto à interpretação de uma norma legal.

O objetivo desse instrumento é evitar que o STF receba recursos sobre matérias que já foram apreciadas. Portanto, as súmulas deverão ser aplicadas, em regra, por juízes, tribunais inferiores e superiores e órgãos da Administração, e não pelo próprio STF. O Supremo será responsável pela edição, revisão e cancelamento dos verbetes, bem como pela garantia de sua aplicabilidade.

A Corte, ao longo de sua existência, já editou diversas súmulas. Entretanto, não possuem o “efeito vinculante”. Para que esse efeito seja atribuído, os ministros terão que aprovar novamente o verbete e, ainda, ouvir a opinião do procurador-geral da República, conforme a norma regulamentadora.

A Lei 11.417, de 2006, prevê a responsabilização civil, administrativa e, até mesmo penal, dos órgãos da Administração Pública que não observarem o comando da súmula vinculante. Entretanto, não dispõe sobre qualquer sanção aplicável aos membros do Judiciário, garantido assim a liberdade do magistrado de apreciar os elementos para definir se a conclusão do processo deve ser harmônica ou não com o verbete.

Todavia, quando a Administração, os juízes ou tribunais não aplicarem a súmula vinculante, o cidadão interessado na causa poderá recorrer ao STF, ajuizando Reclamação (RCL), pela qual a Corte analisará se a decisão judicial ou do ato administrativo contrariou enunciado de súmula vinculante, negou-lhe vigência ou foi aplicado indevidamente.

A única hipótese plausível para que os tribunais não apliquem a súmula vinculante se dará quando houver, por parte do magistrado, a percepção de alguma peculiaridade no caso concreto. No entanto, a regra deverá ser a sua aplicação, pois deriva de uma decisão do STF, aprovada pela maioria de seus membros, com eficácia vinculante e que, conforme a Constituição, deverá ser observada.

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DESAFIOS! NCE/UFRJ – 2006 – Cartório/RJ É possível o Supremo Tribunal Federal realizar controle de

constitucionalidade concentrado e ao mesmo tempo concreto? (15 linhas) NCE/UFRJ – 2001 – Delegado Responda com apoio na doutrina e na jurisprudência do Supremo Tribunal

Federal. a) É possível o controle jurisdicional preventivo de normas constitucionais

derivadas? b) Quais são os mecanismos de controle de constitucionalidade capazes de

aferir a compatibilidade material e formal de uma emenda constitucional com a Constituição da República? (30 linhas)

Alguém aí gosta de Direito Administrativo? Claro que sim. Na verdade,

a esta altura do campeonato, você está gostando é de tudo, não é? Portanto, vamos trabalhar, abaixo, duas questões dissertativas dessa matéria.

(CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/MMA/2009) Considerando que a atuação da administração pública se desenvolve por intermédio de atos jurídicos denominados atos administrativos, os quais, portanto, são relevantes para o alcance da finalidade pública, disserte a respeito dos atos administrativos, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos: - conceito e requisitos; - atributos; - diferenças entre revogação e anulação dos atos administrativos. Extensão: 40 a 60 linhas

Temos aqui uma redação para ser resolvida em até 60 linhas. Você deve escrever tudo que lembrar sobre os temas propostos. Mas fique tranquilo(a): se não conseguir completar todas as linhas, é melhor deixar espaço sobrando a se desviar do tema, correndo o risco de perder pontos preciosos na correção.

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Várias são as definições doutrinárias de ato administrativo. De um modo geral, pode-se dizer que os atos administrativos são declarações unilaterais de vontade do Estado ou de seus delegados, que aplicam a lei direta e imediatamente aos casos concretos, sob regime de direito público e sujeitos ao controle de legitimidade do Poder Judiciário.

Estas são as características do ato administrativo: declaração de vontade (excluem-se do conceito os meros atos de opinião, como laudos e pareceres); unilateralidade (afastam-se da definição os contratos administrativos, que pressupõem um acordo de vontades); regime de direito público (não são abrangidos os atos de direito privado da Administração); ação direta, imediata e concreta sobre os fatos (afasta-se a lei, que é ato geral e abstrato); e sujeição ao controle jurisdicional (excluem-se os atos políticos ou de Governo).

Os requisitos ou elementos do ato administrativo são as suas partes

estruturantes, que participam de sua formação. Normalmente são elencados os seguintes elementos pela doutrina: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

Competência é o poder-dever de agir do administrador e deve ser conferida

pela lei. A finalidade do ato é o atendimento ao interesse público. A forma é a maneira pela qual se exterioriza a vontade da Administração, geralmente escrita, mas podendo também ser verbal, sonora, pictórica, etc. O motivo é representado pelas razões de fato e de direito que levam a Administração à prática do ato. O objeto é o conteúdo do ato. Na proposta de solução abaixo, esses elementos são mais bem explicados.

Atributos são características, qualidades do ato administrativo. A doutrina

cita as seguintes: presunção de legitimidade, presunção de veracidade, imperatividade, auto-executoriedade (que se divide em exigibilidade e executoriedade propriamente dita) e tipicidade. A solução abaixo sugerida define cada atributo.

Por fim, revogação e anulação são formas de extinção do ato

administrativo. A revogação pressupõe um ato válido e eficaz, que se tornou inconveniente ou inoportuno para a Administração, e a anulação atinge atos que contenham ilegalidade em sua formação.

Vejamos a solução proposta e aproveitemos para relembrar alguns pontos

do assunto atos administrativos. Vamos lá?

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Os atos administrativos são espécies de atos jurídicos informados pela finalidade pública. Segundo Hely Lopes Meirelles, ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.

A manifestação unilateral de vontade exclui do conceito os contratos administrativos, que pressupõem um acordo de vontades. Já o fim imediato afasta da definição as leis, atos normativos abstratos de aplicação mediata. Destaque-se ainda que os atos administrativos podem ser praticados também por quem represente o Estado (como um concessionário de serviço público) e estão sujeitos ao controle de legitimidade do Poder Judiciário. Uma característica fundamental dos atos administrativos é que eles são regidos pelo regime jurídico de direito público, o chamado regime jurídico administrativo.

Requisitos ou elementos são as partes componentes do ato administrativo. Costuma-se elencar como requisitos do ato administrativo os seguintes: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Competência é o poder atribuído por lei ao agente público para a prática do ato administrativo. A competência deve ser exercida nos termos e limites definidos em lei, sob pena de se praticar atos arbitrários e, portanto, ilegais.

Finalidade é o objetivo de interesse público que o ato visa atingir. Não se concebe ato administrativo sem finalidade pública, a qual deve vir expressa na lei que autoriza a prática do ato. Em sentido amplo, a finalidade corresponde à realização de um resultado de interesse público. Em sentido estrito, é o resultado específico definido em lei que cada ato deve alcançar.

Forma é o revestimento externo do ato administrativo, a maneira como a vontade da Administração se manifesta no mundo jurídico. A forma do ato administrativo é, como regra, escrita, podendo assumir formatos específicos, como decreto, portaria, instrução, etc. Em alguns casos, a forma pode ser também verbal (ordem de superior a subordinado), visual (sinal de trânsito) e outras.

Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento à prática do ato. Pressuposto de direito é o dispositivo da lei que autoriza ou determina a prática do ato administrativo. Pressuposto de fato, o acontecimento no plano material que leva a Administração a praticar o ato. Não se confundem motivo e motivação. Esta é a declaração expressa dos motivos do ato, que, como regra, deve ser feita, de forma prévia ou concomitante à edição do ato.

Por fim, objeto é o conteúdo do ato administrativo, o efeito jurídico imediato que ele produz. É a matéria que o ato enuncia, prescreve ou sobre a qual dispõe.

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Atributos dos atos administrativos são características a eles inerentes, em função de seu regime de direito público, e que os diferenciam dos atos privados em geral. São eles: presunção de legitimidade, presunção de veracidade, imperatividade, auto-executoriedade e tipicidade. Pela presunção de legitimidade, considera-se que os atos administrativos, salvo prova em contrário, foram editados em conformidade com a lei e os princípios administrativos.

A presunção de veracidade diz respeito ao conteúdo do ato. Presume-se que são verdadeiros os fatos alegadas pela Administração. Esse atributo tem o condão de inverter o ônus da prova da veracidade dos fatos em desfavor dos administrados, já que a regra, no direito comum, é a de que quem alega deve provar os fatos.

A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos impõem obrigações legais aos administrados, independentemente de sua concordância, caracterizando a força impositiva do Poder Público. Ela existe apenas nos atos que expressam obrigações, não nos que conferem direitos aos destinatários, por ser desnecessária à eficácia destes.

A auto-executoriedade é a possibilidade de certos atos administrativos acarretarem sua execução direta pela própria Administração, independentemente de ordem judicial. Sua existência depende de expressa previsão legal ou da configuração de uma situação de emergência, que fundamente a execução forçada do ato, a fim de evitar um mal maior, como no caso da interdição de um edifício prestes a desmoronar.

Pode-se dividir a auto-executoriedade em: exigibilidade, quando a Administração se vale de meios indiretos de coerção, como multas ou outras sanções administrativas, para forçar o administrado ao cumprimento do ato; e executoriedade propriamente dita, quando o Estado emprega meios diretos de coerção, compelindo materialmente o administrado a cumprir o ordenado, com o emprego da força, se necessário.

Finalmente, a tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve estar previsto em lei, para que a Administração possa realizá-lo. Decorre do princípio da legalidade, que veda a prática de atos administrativos sem autorização legal.

Entre as formas de extinção do ato administrativo, as principais são a revogação e a anulação. A revogação é o desfazimento de um ato legítimo por motivo de conveniência ou oportunidade da Administração; a anulação, a extinção por razões de ilegalidade na formação do ato. Assim, a revogação pressupõe um ato legal, mas que se tornou inconveniente ao interesse público. Já a anulação incide sobre atos ilegais.

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A revogação, por dirigir-se a um ato válido, possui efeitos “ex nunc” (não-retroativos), já que, até então, o ato era apto a produzir seus efeitos regularmente. A anulação, por sua vez, possui efeitos “ex tunc” (retroativos ao momento da prática do ato), pois o ato sobre qual incide nasceu viciado e não deveria produzir efeitos. Não obstante, admite-se, em alguns casos, a anulação com efeitos “ex nunc” ou mesmo a convalidação, por razões de segurança jurídica.

A anulação do ato administrativo pode ser feita pela Administração ou pelo Poder Judiciário, este quando provocado pelo interessado. Já a revogação, por pressupor razões de mérito administrativo, só pode ser feita pela Administração que edita o ato. A anulação e a revogação dos atos pela própria Administração podem ocorrer de ofício ou por provocação e representam o exercício do poder de autotutela administrativa.

Gostou? Beleza. Vamos a outra?

Veja, a seguir, uma questão discursiva aplicada pela Esaf para Analista (atual Auditor Federal) do TCU, em janeiro de 2006, disciplina Direito Administrativo. Lembra dela? Veja:

(ESAF/ACE/TCU/2006) Dissertar, sobre o âmbito de incidência, do regime jurídico único, estabelecido na Lei n. 8.112/90, e quanto às normas constitucionais, relativas aos servidores públicos, regidos por aquele diploma legal, suas garantias fundamentais e fiscalização específica, estabelecida na Constituição, expressamente, para aferir a legalidade, de determinados atos administrativos, concernentes a suas relações jurídico-funcionais.

Extensão máxima: 60 linhas

Primeira tarefa: leitura e interpretação do enunciado

Como dissemos na aula demonstrativa, o enunciado desta questão não favoreceu o candidato. No entanto, com um pouco de calma e de método, poderá ser compreendida, de forma a se descobrir o que o examinador queria que o candidato escrevesse em sua resposta.

“O que o examinador quer que eu faça?” Resposta: “dissertar sobre...”. O que exatamente? Vejamos.

Segunda tarefa: elaboração do plano ou roteiro do texto

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Vamos montar nosso roteiro virtual, haja vista a omissão da ilustre banca:

1) âmbito de âmbito de incidência do Regime Jurídico Único (Lei n. 8.112/90);

2) as normas constitucionais relativas aos servidores públicos regidos pela Lei n. 8.112/90;

3) as garantias fundamentais dos servidores públicos regidos pela Lei n. 8.112/90;

4) a fiscalização específica, estabelecida expressamente na Constituição, para aferir a legalidade de determinados atos administrativos, concernentes às relações jurídico-funcionais dos servidores públicos regidos pela Lei n. 8.112/90.

Agora não ficou bem mais fácil entender o enunciado? Agora é suficiente seguir o B-A-BÁ: introdução, desenvolvimento, conclusão.

Terceira tarefa: redação do texto

Introdução

Atenção: a cola é permitida na prova dissertativa! Isso mesmo. Devemos coletar as informações do enunciado para montarmos nosso tópico frasal. Por exemplo:

No âmbito da União, o diploma normativo que rege as relações jurídico-funcionais dos servidores públicos federais é a Lei n. 8.112, de 1990 (Estatuto dos servidores), a qual, juntamente com as normas constitucionais relativas a esses agentes, constitui o regime jurídico responsável por delinear os direitos, os deveres e as garantias dos servidores.

Com esse parágrafo, nossa missão está parcialmente cumprida. Reforçamos que este é apenas uma sugestão de parágrafo introdutório. Vocês devem treinar bastante e aperfeiçoar o próprio estilo de redação.

Item 1 – Incidência

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É ampla a incidência do referido diploma legal, aplicando-se a todos os servidores públicos federais, assim entendidos os detentores de cargos efetivos e comissionados, lotados na administração direta e indireta, compreendidas, nesse último caso, apenas as fundações públicas e as autarquias federais, inclusive as sob regime especial, a exemplo das agências reguladoras e executivas.

Item 2 – Normas constitucionais

Apesar de sua larga abrangência, o Estatuto dos servidores não esgota o rol de direitos, deveres e garantias dos servidores públicos, pois o texto constitucional possui capítulo próprio repleto de dispositivos atinentes às relações jurídico-funcionais desses agentes, por exemplo: dever de probidade, dever de eficiência, direito a férias, direito à aposentadoria.

Item 3 – Garantias fundamentais

Além dos deveres e dos direitos, legais e constitucionais, há a previsão de garantias. Uma das principais garantias dos servidores públicos estatutários efetivos é a estabilidade, a qual é adquirida após o decurso de três anos de efetivo exercício e avaliação positiva de desempenho por comissão constituída com essa finalidade.

Ainda em termos de garantias, pode ser citada a necessidade de instauração de processo administrativo (em sentido amplo), com contraditório e ampla defesa, para a aplicação de penalidades administrativas aos servidores, e a irredutibilidade de vencimentos.

Item 4 – Fiscalização específica

Por fim, em termos constitucionais, cumpre observar que tanto o início (admissão) como o término (aposentadorias e pensões) da relação funcional dos servidores estatutários não ficam imunes à fiscalização, destacando-se, com esse objetivo, a atividade de registro a cargo do Tribunal de Contas da União.

Conclusão

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Por todo o exposto, não há dúvida de que a existência de um regime jurídico para os servidores públicos civis, tanto em nível constitucional como em âmbito legal, contribui para a transparência das relações jurídicas travadas entre esses agentes e o Estado, em nítido fortalecimento dos princípios da Administração Pública e do Estado Democrático de Direito.

Quarta tarefa: revisão da resposta

Agora responda: cada um dos tópicos foi citado? A resposta deve ser positiva, a abordagem é obrigatória, isso porque a pontuação de vocês depende disso. Cada tópico não-citado ou citado de forma inadequada, incompleta, gerará descontos, os quais podem chegar até 8 ou 2 pontos, conforme o caso (conferir item cobertura dos tópicos apresentados, apresentado na aula 1).

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

No âmbito da União, o diploma normativo que rege as relações jurídico-funcionais dos servidores públicos federais é a Lei n. 8.112, de 1990 (Estatuto dos servidores), a qual, juntamente com as normas constitucionais relativas a esses agentes, constitui o regime jurídico responsável por delinear os direitos, os deveres e as garantias dos servidores.

É ampla a incidência do referido diploma legal, aplicando-se a todos os servidores públicos federais, assim entendidos os detentores de cargos efetivos e comissionados, lotados na administração direta e indireta, compreendidas, nesse último caso, apenas as fundações públicas e as autarquias federais, inclusive as sob regime especial, a exemplo das agências reguladoras e executivas.

Apesar de sua larga abrangência, o Estatuto dos servidores não esgota o rol de direitos, deveres e garantias dos servidores públicos, pois o texto constitucional possui capítulo próprio repleto de dispositivos atinentes às relações jurídico-funcionais desses agentes, por exemplo: dever de probidade, dever de eficiência, direito a férias, direito à aposentadoria.

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Além dos deveres e dos direitos, legais e constitucionais, há a previsão de garantias. Uma das principais garantias dos servidores públicos estatutários efetivos é a estabilidade, a qual é adquirida após o decurso de três anos de efetivo exercício e avaliação positiva de desempenho por comissão constituída com essa finalidade.

Ainda em termos de garantias, pode ser citada a necessidade de instauração de processo administrativo (em sentido amplo), com contraditório e ampla defesa, para a aplicação de penalidades administrativas aos servidores, e a irredutibilidade de vencimentos.

Por fim, em termos constitucionais, cumpre observar que tanto o início (admissão) como o término (aposentadorias e pensões) da relação funcional dos servidores estatutários não ficam imunes à fiscalização, destacando-se, com esse objetivo, a atividade de registro a cargo do Tribunal de Contas da União.

Por todo o exposto, não há dúvida de que a existência de um regime jurídico para os servidores públicos civis, tanto em nível constitucional como em âmbito legal, contribui para a transparência das relações jurídicas travadas entre esses agentes e o Estado, em nítido fortalecimento dos princípios da Administração Pública e do Estado Democrático de Direito.

A título de relaxamento, você pode ir pensando em como responder a questão a seguir. Dica: leitura da Súmula 21 do STF e dos artigos 20 e 34 da Lei 8.112/1990.

(OAB/CESPE/2009) Joaquim, servidor público efetivo, foi exonerado durante o período do estágio probatório, sem que tivesse sido instaurado procedimento administrativo e sem que lhe fosse concedida oportunidade de exercer o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas.

- A exoneração de servidor público ocupante de cargo efetivo em estágio probatório demanda a instauração de procedimento administrativo?

- O ato de exoneração de servidor público em estágio probatório tem natureza jurídica de penalidade? Justifique a sua resposta, mencionando as hipóteses de cabimento do ato de exoneração.

Vamos lá! Não queremos ninguém parado! Eis outra questão:

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(CESPE/PROCURADOR/PB/2008) Maria, então servidora do estado da Paraíba, requereu a sua aposentadoria no regime próprio de previdência social, o que lhe foi concedido, e passou a receber os respectivos proventos. Quando do registro dessa aposentadoria pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), 4 anos depois, verificou-se indevido o recebimento de certa parcela remuneratória, motivo pelo qual o TCE determinou o imediato cancelamento e restituição dessa parcela, por meio de desconto nos proventos futuros da servidora aposentada. Recebida a decisão do TCE, o secretário de Estado da Administração consultou a Procuradoria do Estado para que esta o informasse da (im)possibilidade de imediato cancelamento ou desconto da referida parcela nos proventos de Maria.

Considerando a situação hipotética acima, redija, na qualidade de procurador do estado da Paraíba, um pronunciamento (não é necessária a elaboração de parecer) acerca da informação solicitada pelo secretário de Estado da Administração, com os argumentos jurídicos constitucionais pertinentes, abordando os seguintes aspectos:

- legalidade do desconto imediato;

- relação com a Súmula vinculante n.º 3 do STF, que dispensa o contraditório e a ampla defesa para a análise do ato de aposentadoria;

- parcelas recebidas de boa-fé pelos servidores públicos.

Extensão: 15 a 30 linhas

Certamente, os livros de concursos públicos são mais seletivos, afinal de contas, o público é, por demais, heterogêneo: do dentista ao engenheiro; do farmacêutico ao advogado; do professor de educação física ao profissional de tecnologia da informação. A didática, a linguagem leve e direta, nestes casos, são atributos essenciais para o sucesso.

Essas características estão presentes em incontáveis livros, entre os quais destacamos o de Controle Externo do amigo Luiz Henrique (Ed. Campus) e o do Luciano Oliveira, sobre questões discursivas comentadas de Direito Administrativo (Ed. Impetus).

A solução a seguir, aliás, é uma “canja” do amigo Luciano. Apreciem com moderação!

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

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Diante da existência indevida de parcela remuneratória nos proventos da servidora aposentada, constatada pelo Tribunal de Contas do Estado, cumpre efetuar o imediato cancelamento da referida parcela, a fim de adequar o benefício aos ditames da lei.

De acordo com a Súmula Vinculante n.º 3, não há necessidade do contraditório e da ampla defesa nesse caso. Segundo o Supremo Tribunal federal – STF, a aposentadoria de servidor é ato complexo, que apenas se aperfeiçoa com o registro do Tribunal de Contas, razão pela qual não é preciso a prévia oitiva da servidora para a interrupção do pagamento.

Em função da natureza complexa do ato, também não se aplica o prazo decadencial de cinco anos, previsto na Lei 9.784/1999, para que a Administração possa anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, salvo comprovada má-fé.

É de se notar que tampouco se configurou a excepcional hipótese, conforme entendimento do STF, posterior à edição da citada Súmula Vinculante, em que surgiria a obrigatoriedade do exercício do contraditório e da ampla defesa pela servidora, quando já houvesse transcorrido o prazo de cinco anos entre a data da concessão do benefício e a de registro do ato pelo Tribunal de Contas.

Todavia, é indevida a realização de desconto dos valores recebidos de boa-fé pela servidora até o momento em que ela tenha sido oficialmente comunicada pela Administração do fato.

Conforme jurisprudência do STF, o reconhecimento da ilegalidade da parcela, nesse caso, não determina, automaticamente, o ressarcimento ao erário, salvo se ficar comprovada a má-fé da servidora em seu recebimento.

Tem alguém cansado aí? Claro que não! Vamos a outra:

(CESPE/PROCURADOR FEDERAL/2007) Redija, de forma fundamentada, texto dissertativo acerca da contratação de empregados pela administração pública direta federal. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: - possibilidade jurídica da referida contratação; - requisitos constitucionais para a validade da contratação e

conseqüências da não-observância desses requisitos; - garantias contra a dispensa e existência de estabilidade; - competência para apreciar as controvérsias decorrentes desse

contrato de trabalho.

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Extensão: 40 a 60 linhas Essa questão aborda o assunto sobre regime jurídico dos servidores

públicos. Você precisa saber toda a discussão que envolve a possibilidade de contratação de empregados públicos na Administração direta, a questão da flexibilização da obrigatoriedade de adoção do Regime Jurídico único (RJU), feita pela Emenda Constitucional 19/1998, e conhecer, ainda, a decisão liminar do STF quanto à inconstitucionalidade da referida emenda (Adin 2.135/00). É necessário também conhecer o teor da Lei 9.962/2000, que prevê os casos em que tais empregados podem ser dispensados do serviço público. Finalmente, é preciso saber que as causas que envolvam relações de emprego (celetistas) devem ser julgadas pela Justiça do Trabalho.

Vejamos uma proposta de solução:

A Emenda Constitucional 19/1998 extinguiu a obrigatoriedade de adoção de regime jurídico único (RJU) para o pessoal da administração direta, autárquica e fundacional de cada ente federativo. Desse modo, a União passou a poder admitir empregados públicos (regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho) no âmbito de sua administração direta, por não estar mais vinculada à existência de um único regime, que, até então, era o regime estatutário da Lei 8.112/1990, o Estatuto dos Servidores Públicos Civis Federais.

Em função disso, a União publicou a Lei 9.962/2000, disciplinando o regime de emprego público do pessoal da Administração federal direta, autárquica e fundacional. O novo diploma prevê que a criação de empregos e a transformação de cargos em empregos devem ser feitas por lei específica, sendo vedada a transformação de cargos em comissão em empregos. É prevista ainda a realização de prévio concurso público para a contratação dos novos empregados, em consonância com o art. 37, II, da CF/88. Além disso, devem ser seguidas todas as regras constitucionais aplicáveis à Administração Pública (art. 37), como a vedação à acumulação de cargos e empregos e a submissão ao teto remuneratório constitucional.

Não obstante, o Supremo Tribunal Federal resolveu conceder medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) 2.135, restaurando a redação original do “caput” do art. 39 da CF/88, por suposta ocorrência de inconstitucionalidade formal na tramitação da emenda. Desse modo, atualmente voltou a vigorar o RJU, não podendo a União realizar contratações com base na Lei 9.962/2000. A medida tem efeito “ex nunc”, sendo válidas, portanto, as contratações realizadas até então.

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Em caso de não-observância dos requisitos constitucionais para a contratação, ela deverá ser declarada nula e o responsável pela ilegalidade, responsabilizado, nos termos da lei (art. 37, § 2.º, CF/88). O fato poderá ainda caracterizar improbidade administrativa (art. 37, § 4.º, CF/88 e Lei 8.429/1992). A ilegalidade implicará também a negativa de registro da admissão pelo Tribunal de Contas da União (art. 71, III, CF/88).

A Lei 9.962/2000 prevê que a rescisão unilateral do contrato de trabalho só será feita nos seguintes casos: prática de falta grave; acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; necessidade de redução de quadro de pessoal por excesso de despesa; e insuficiência de desempenho, apurada em procedimento administrativo. Não é prevista a estabilidade do empregado, mas é importante destacar que o Tribunal Superior do Trabalho entende (Súmula 390) que o servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Esse entendimento é relevante, pois compete à Justiça do Trabalho apreciar as controvérsias decorrentes desses contratos de trabalho (art. 114, I, da CF/88).

E então? Pronto(a) pra outra? “Pô, professor, não acaba, não?” Negativo! Como o Luciano dizia na Marinha: REPETIÇÃO, COM CORREÇÃO, ATÉ A EXAUSTÃO, LEVA À PERFEIÇÃO!

Questão inédita:

“Agência reguladora, em sentido amplo, seria, no direito brasileiro, qualquer órgão da Administração Direta ou entidade da Administração Indireta com função de regular a matéria específica que lhe está afeta.”

Maria Sylvia Zanella Di Pietro

Tendo em vista o texto acima, de caráter motivador, discorra objetivamente sobre as agências reguladoras no Brasil, ressaltando os seguintes aspectos: a) conceito de regulação; b) natureza jurídica das agências reguladoras e seu regime especial; c) poder normativo e poder de polícia das agências reguladoras; d) independência das agências reguladoras em relação aos Poderes de Estado; e) pessoal das agências reguladoras.

Extensão: 40 a 60 linhas

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1) PENSAR

Vamos lá. O que o examinador quer que eu faça?

Discorra objetivamente sobre as agências reguladoras NO BRASIL, ressaltando os seguintes aspectos:

a) conceito de regulação;

b) natureza jurídica das agências reguladoras e seu regime especial;

c) poder normativo e poder de polícia das agências reguladoras;

d) independência das agências reguladoras em relação aos Poderes de Estado;

e) pessoal das agências reguladoras.

2) PLANEJAR

Façamos o brainstorm, já estabelecendo uma proposta de estruturação dos parágrafos:

1.º PARÁGRAFO (introdução):

Natureza jurídica: as agências reguladoras são entidades de direito público, com funções de regular as atividades sujeitas à sua área de atuação. No Brasil, têm sido criadas como autarquias em regime especial.

2.º PARÁGRAFO:

Regulação: regular é mais do que simplesmente regulamentar. Abrange atividades de normatizar, coordenar e fiscalizar o setor, bem como a competência para dirimir os eventuais conflitos e, quando for o caso, aplicar sanções e fazer determinações específicas.

3.º PARÁGRAFO:

Regime especial: maior independência em relação ao Poder Executivo, mandato fixo de seus dirigentes, última instância decisória administrativa, capacidade de normatizar (explicitar) conceitos jurídicos indeterminados da lei.

4.º PARÁGRAFO:

Poder normativo: as agências têm competência legal para regulamentar conceitos jurídicos indeterminados constantes das leis aplicáveis a suas respectivas áreas de atuação (ex.: tarifas razoáveis, infra-estrutura viária adequada, substância de alto grau tóxico etc.). Esse poder não se confunde com o poder regulamentar em sentido estrito, privativo do chefe do Executivo e de previsão constitucional, para regulamentar as leis em geral.

5.º PARÁGRAFO:

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Poder de polícia: nos termos das respectivas leis, as agências reguladoras têm poder para fiscalizar o cumprimento das normas de regulação, efetuar determinações aos agentes regulados e aplicar multas e outras sanções, em caso de descumprimento dessas regras.

6.º PARÁGRAFO:

Independência: embora se diga que as agências reguladoras são independentes, não há tal atributo em relação aos Poderes Judiciário (em função do princípio da inafastabilidade da jurisdição) e Legislativo (uma vez que ninguém se exime de cumprir a lei). Apenas em relação ao Poder Executivo, nota-se uma maior autonomia dessas entidades em relação às eventuais ingerências desse Poder (materializado pelo regime especial, acima citado), sem, contudo, afastar-se o controle finalístico (supervisão ministerial) a que todas as entidades da Administração indireta estão sujeitas.

7.º PARÁGRAFO:

Pessoal: os servidores das agências que realizam atividades típicas de Estado (a exemplo da regulação) devem ser obrigatoriamente estatutários, conforme já decidiu o STF, pois o regime legal oferece maiores garantias e independência funcional a esses agentes públicos, que necessitam praticar atos de império em sua atuação. Admitir-se-ia o regime de emprego público apenas para os ocupantes de atividades-meio, que praticassem apenas atos de gestão. Atualmente, contudo, todos os servidores das agências reguladoras devem ser estatutários, pois o STF decidiu liminarmente restabelecer a vigência da regra constitucional do Regime Jurídico Único. Na União, esse regime é materializado pela Lei 8.112/1990, o Estatuto dos Servidores Públicos Civis Federais.

8.º PARÁGRAFO:

Breve conclusão. Pode-se falar, por exemplo, sobre a importância das agências reguladoras no Brasil, com a adoção do modelo gerencial de Administração Pública e a redução do tamanho da máquina estatal, em função das privatizações ocorridas em governos anteriores.

Voilá! Nossa redação está praticamente pronta! Note que optamos por abordar a natureza jurídica das agências reguladoras antes de falar do conceito de regulação, invertendo parcialmente a ordem dos itens “a” e “b” do enunciado. Você pode fazer isso em sua redação, se achar que a ordem de apresentação dos quesitos solicitados não é mais adequada ao desenvolvimento do seu texto.

3) REDIGIR – MODELO DE SOLUÇÃO

Eis a nossa proposta de solução, com destaque em negrito das palavras e expressões-chave:

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As agências reguladoras são entidades de direito público, pertencentes à Administração indireta, com funções de regular as atividades sujeitas à sua área de atuação. No Brasil, elas têm sido criadas como autarquias em regime especial.

Regular é mais do que simplesmente regulamentar. Compreende a organização do setor afeto à agência e o controle dos agentes que atuam nesse setor, abrangendo as atividades de normatizar, coordenar e fiscalizar, bem como a competência para dirimir os eventuais conflitos entre os regulados ou entre estes e os usuários dos serviços ou bens públicos afetos à regulação; quando for o caso, cabe também à agência aplicar sanções e fazer determinações específicas aos agentes do setor.

As agências reguladoras têm sido instituídas sob regime especial, estabelecido nas respectivas leis de criação. São exemplos desse regime: a maior independência da entidade em relação ao Executivo; o mandato fixo dos seus dirigentes; o caráter final de suas decisões na esfera administrativa (não cabimento de recurso hierárquico impróprio); e a competência para explicitar conceitos jurídicos indeterminados constantes das leis aplicáveis à sua área de atuação.

Uma característica das agências é o amplo poder normativo de que elas dispõem, abrangendo desde a citada competência para regulamentar conceitos jurídicos indeterminados presentes nas leis (ex.: tarifas razoáveis, infra-estrutura viária adequada, substância de alto grau tóxico etc.) até a possibilidade de editar atos normativos diversos que regulamentem as atividades do setor regulado e estabeleçam as regras de atuação dos diversos agentes. Vale destacar, contudo, que o poder regulamentar das agências não se confunde com o poder regulamentar propriamente dito (“stricto sensu”), de uso privativo do chefe do Executivo, que o utiliza para explicitar o conteúdo das leis em geral.

A regulação envolve, assim, a incidência do poder de império do Estado, materializado pelo exercício do poder de polícia pelas agências, que possuem, nos limites da lei, poder para fiscalizar o cumprimento das normas de regulação, efetuar determinações e aplicar sanções aos agentes do setor, em caso de descumprimento dessas regras.

Embora se diga que as agências reguladoras são independentes, não há verdadeira independência em relação aos Poderes Judiciário e Legislativo. No primeiro caso, em função da aplicação do princípio da inafastabilidade da jurisdição; no segundo, pelo fato de que a lei é ato normativo de observância obrigatória por todos. Assim, uma controvérsia que envolva uma agência reguladora pode ser apreciada normalmente por nossos magistrados e Tribunais. Do mesmo modo, uma agência não pode descumprir uma lei em vigor, alegando independência funcional para exercer suas atribuições. Apenas em relação ao Poder Executivo, nota-se uma maior autonomia dessas entidades quanto às eventuais ingerências desse Poder (tal autonomia é materializada pelo regime especial, acima citado). Contudo, não resta afastado o controle finalístico da Administração direta sobre elas, uma vez que todas as entidades administrativas estão sujeitas a tal tutela.

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Os dirigentes das agências reguladoras são escolhidos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação do Senado Federal. Além disso, é entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que os servidores das agências que realizam atividades típicas de Estado (a exemplo da própria regulação) devem ser obrigatoriamente estatutários. Isso porque o regime legal oferece maior independência funcional a esses agentes públicos, que necessitam praticar atos de império em sua atuação. Admite-se o regime de emprego público apenas para os ocupantes de atividades-meio, que praticam atos de gestão. Atualmente, porém, todos os servidores das agências devem ser estatutários, pois o STF decidiu liminarmente restabelecer a vigência do chamado Regime Jurídico Único, que, na União, é a Lei 8.112/1990.

Assim, percebe-se a atual importância das agências reguladoras na Administração Pública, especialmente com a recente adoção do modelo gerencial no Brasil e a conseqüente redução da máquina estatal.

4) REVISAR

Após redigir seu texto, não deixe de revisá-lo!

(DELEGADO DE POLÍCIA DO DISTRITO FEDERAL 2005) Acerca do “Princípio da Razoabilidade”, responda (máximo 30 linhas): a) está consagrado em alguma norma de direito positivo como mecanismo e como critério de controle de atos administrativos? b) em caso afirmativo, qual(is) dispositivo(s) legal(is) o consagra(m) expressamente? c) em que aspectos desdobra-se o princípio? d) formule exemplo de um ato administrativo desprovido de razoabilidade.

A resposta correta a essa questão poderia ser distribuída nos seguintes

parágrafos: 1º PARÁGRAFO (introdução) O tópico frasal (ou abre-alas) é o cartão de visita. O examinador deve ser

conquistado desde o início da dissertação, logo, concentração e planejamento. O candidato pode registrar que a Administração Pública é regida por um

conjunto de leis e de princípios, estes traduzem os vetores fundamentais que sustentam os atos da Administração, havendo, no texto constitucional, previsão expressa para alguns, como legalidade e impessoalidade, e outros implícitos (segurança jurídica e continuidade do serviço público, por exemplo).

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2º PARÁGRAFO (desenvolvimento – consagração em alguma norma de direito positivo e dispositivos, acaso existentes)

Exposição de que a CF/1988 nos fornece rol exemplificativo de princípios

expressos, pois os princípios podem ser deduzidos, extraídos, do sistema jurídico-constitucional, como ocorre com o princípio implícito da razoabilidade, encontrado, entre outras disposições, no art. 5º, LXXVIII, da CF/1988, o qual exige a razoável duração dos processos administrativos e judiciais.

Apesar de, na CF/1988, o princípio da razoabilidade permanecer implícito, o candidato pode citar a previsão expressa na Constituição Estadual de São Paulo e no art. 2º, caput, da Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo Federal).

3º PARÁGRAFO (desenvolvimento – aspectos do princípio) Esse quesito é, provavelmente, o mais difícil. O candidato deve apresentar

os aspectos de adequação, de necessidade, e de proporcionalidade em sentido estrito. É recomendável breve exposição conceitual dos referidos aspectos (adequação – os meios são adequados aos fins públicos perseguidos; necessidade – a medida deve ser menos onerosa ou prejudicial; e proporcionalidade – equilíbrio entre meios e fins públicos a serem alcançados).

4º PARÁGRAFO (desenvolvimento – conclusão – caso prático

desprovido de razoabilidade) O candidato, depois de enfatizar que a razoabilidade restringe a atividade

discricionária do administrador, pode expor situações discrepantes que autorizariam, em tese, a anulação pela Administração ou pelo Poder Judiciário. São exemplos de atos desarrazoados: a concessão de adicional de férias para aposentados e a mora de dez anos da Administração em analisar a autorização para o funcionamento de estabelecimento comercial.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios será regida por um conjunto de normas e de princípios de Direito Público, estes verdadeiros vetores fundamentais dos atos Estatais, por vezes, expressos no texto constitucional (legalidade e eficiência), em outros momentos implícitos (segurança jurídica e concurso público).

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Tal como os princípios da segurança jurídica, da licitação, do concurso público, o princípio da razoabilidade permanece implícito na CF/1988, sendo reconhecido, entre outras passagens, no art. 5º, inciso LXXVIII, introduzido com a EC 45/2004, o qual exige a duração razoável dos processos judiciais e administrativos. Referido princípio, no entanto, encontra previsão expressa na Constituição Estadual do Estado de São Paulo e, mais recentemente, na Lei de Processo Administrativo Federal (art. 2º da Lei 9.784/1999), na qual o princípio pode ser traduzido como a vedação de obrigações, restrições e sanções superiores àquelas estritamente necessárias.

Nesse contexto, o princípio da razoabilidade destaca-se como importante instrumento de controle da atividade legislativa, bem como na aplicação no exercício da discricionariedade administrativa, servindo como garantia da legitimidade da ação administrativa, evitando-se a prática de atos arbitrários e com desvio de finalidade. Quanto aos aspectos do princípio da razoabilidade podem ser apontadas a adequação, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. A adequação refere-se à aferição da eficácia do meio escolhido em alcançar o fim público objetivado, enquanto que a necessidade traduz-se na escolha do melhor meio, porém, menos oneroso e prejudicial aos administrados, e, por fim, a proporcionalidade quer significar equilíbrio entre os meios e os fins públicos a serem alcançados. Se, por um lado, a atividade discricionária se submete ao binômio da conveniência e da oportunidade, porém, há situações discrepantes que autorizam a anulação dos atos por arbitrariedade, enfim, por falta de razoabilidade. Por exemplo: a exigência de pesagem de botijões de gás no momento da compra não é adequada à finalidade de garantir que o consumidor pague exatamente pela quantidade de gás existente no botijão e a concessão de adicional de férias para aposentados.

Muito bem! Para fecharmos as propostas de hoje, segue uma questão inédita, adaptada da lista constante do blog do amigo Luciano Oliveira (www.diretoriojuridico.blogspot.com).

Discorra sobre o direito de greve dos servidores públicos, abordando os seguintes aspectos:

a) natureza da norma constitucional que prevê o direito de greve dos servidores;

b) possibilidade de exercício do direito de greve dos servidores públicos;

c) direito de greve dos servidores públicos que exercem serviços ou atividades públicas essenciais.

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Extensão: 40 a 60 linhas

Dica (aqui é de graça, mas no dia da prova não é não, viu?): dê uma espiada nos seguintes julgados do STF: MI 712/PA, MI 708/DF, MI 670/ES e Rcl 6.568/SP (este último para responder à letra “c”).

SOLUÇÃO DO EXERCÍCIO 2

Vamos agora à solução do exercício 2, proposto na Aula anterior.

O enunciado era o seguinte: Exercício 2 – Direito Constitucional, Controle Externo e Direito Financeiro

Foi apresentada na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro a Proposta de Emenda Constitucional 60/2010, criando o Tribunal Estadual de Contas dos Municípios. A proposição é objeto de grande polêmica, tendo recebido várias críticas com respeito à sua constitucionalidade.

À luz de seus conhecimentos de Direito Constitucional, de Controle Externo e de Direito Financeiro, bem como da jurisprudência da Corte Constitucional, discuta a constitucionalidade da proposta, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:

a) possibilidade da criação de novos tribunais de contas municipais;

b) critérios para composição de cortes de contas estaduais e municipais;

c) competência para julgamento das contas do novo órgão, caso efetivamente criado; e

d) impacto nos limites de despesas com pessoal previstos na Lei Complementar 101/2001.

Limite: 20 linhas

Tempo sugerido: 60 minutos

Boa sorte!

Gostaram da questão? Foi elaborada especialmente para essa turma, mas tem sido tão elogiada por outros colegas professores que nos sentimos tentados a utilizá-la novamente, pelo menos em turmas presenciais.

A questão não é das mais difíceis. O tema combina elementos de Direito Constitucional (arts. 31, 73 e 75 da CR), Financeiro (LRF: art. 20, II, a) e §4º),

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todos também objeto de estudo da disciplina Controle Externo. Também seria útil conhecer a jurisprudência do STF no julgamento da ADIn 6871.

Diga-se de passagem que a PEC 60/2010 não é hipotética, fruto de nossa fértil imaginação. Ela existe mesmo, já recebeu parecer final do relator, concluindo por substitutivo e está em condições de ser votada a qualquer momento pelo Plenário da Assembleia fluminense. Portanto, é perfeitamente possível que algo semelhante venha a ser cobrado na Prova Discursiva!

Como iniciar a resolução? Vamos , novamente, utilizar o método preconizado por nosso MANTRA: PENSAR, PLANEJAR, REDIGIR, REVISAR!

PRIMEIRA ETAPA: PENSAR!

Na leitura atenta do enunciado, identificamos o formato que o examinador deseja para o nosso texto de resposta: é uma DISSERTAÇÃO.

Na Aula 2, estudamos as regras relativas à elaboração da Dissertação, estabelecendo suas diferenças com outro formato de texto técnico presente nas provas discursivas para o TCU: o Parecer/Redação/Relatório/Peça de Natureza Técnica.

Registramos também que o enunciado nos orienta sobre o tema principal de nossa dissertação: “discuta a constitucionalidade da proposta!”.

Logo, vamos aplicar a 1ª Lei de Luiz Henrique! Na primeira frase do primeiro parágrafo, vamos utilizar a expressão “constitucionalidade da proposta”.

Como o enunciado requer que obrigatoriamente sejam abordados alguns aspectos, sendo o primeiro deles a possibilidade de criação de novos tribunais de contas municipais, em nossa resposta devemos discutir se tal possibilidade é ou não constitucional.

Agora, atenção para a maldosa pegadinha do enunciado! Muitas vezes só conseguimos identificar as pegadinhas na segunda ou terceira leitura do enunciado. Por isso, a etapa do brainstorm – aqueles minutos dedicados a “simplesmente pensar”– é tão importante para o sucesso da resposta.

O enunciado apresenta uma Proposta de Emenda Constitucional em tramitação na Assembleia Legislativa fluminense que cria um Tribunal Estadual de Contas dos Municípios, orientando que se discuta a sua constitucionalidade. A seguir, o examinador pede que o candidato aborde a possibilidade de criação de tribunais de contas municipais. Como veremos, são duas hipóteses completamente distintas e cujas respostas são diametralmente opostas. Ora, se o enunciado menciona ambas, o aluno que almeja obter nota máxima na questão deve posicionar-se acerca da constitucionalidade de cada uma delas.

1 Quem tem o livro Controle Externo – 3a ed., do Luiz Henrique, confira nas pp. 66-67.

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A solução é simples: o constituinte proibiu, no art. 31, §4º da Carta Republicana a criação de novos Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas municipais.

No entanto, com repeito à criação de um Tribunal estadual para julgar as contas dos municípios, a constitucionalidade da hipótese foi decidida pelo STF, inicialmente no julgamento da ADI 445 e consolidada na apreciação da ADI 687, a seguir transcrita:

“Municípios e Tribunais de Contas. A Constituição da República impede que os Municípios criem os seus próprios Tribunais, Conselhos ou órgãos de contas municipais (CF, art. 31, § 4º), mas permite que os Estados-Membros, mediante autônoma deliberação, instituam órgão estadual denominado Conselho ou Tribunal de Contas dos Municípios (RTJ 135/457, Rel. Min. Octavio Gallotti — ADI 445/DF, Rel. Min. Néri da Silveira), incumbido de auxiliar as Câmaras Municipais no exercício de seu poder de controle externo (CF, art. 31, § 1º). Esses Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios — embora qualificados como órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º) — atuam, onde tenham sido instituídos, como órgãos auxiliares e de cooperação técnica das Câmaras de Vereadores. A prestação de contas desses Tribunais de Contas dos Municípios, que são órgãos estaduais (CF, art. 31, § 1º), há de se fazer, por isso mesmo, perante o Tribunal de Contas do próprio Estado, e não perante a Assembleia Legislativa do Estado-Membro. Prevalência, na espécie, da competência genérica do Tribunal de Contas do Estado (CF, art. 71, II, c/c o art. 75).” (ADI 687, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 10/02/06)

Em resumo, na interpretação do STF, nenhum Município pode criar um Tribunal de Contas Municipal próprio, exclusivo, mas os Estados podem criar Tribunais ou Conselhos de Contas Municipais. Note que na parte final do julgado encontramos a resposta para o terceiro tópico do enunciado: se criado o TECM-RJ, suas contas seriam julgadas pelo TCE-RJ, por tratar-se de um órgão da administração estadual, sujeito, portanto, à jurisdição daquela Corte de Contas. É o que ocorre, por exemplo, com o Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará, cujas contas são julgadas pelo TCE-CE.

A composição dos TCEs e TCMs é definida no parágrafo único do art. 75 da CR que a fixa em sete Conselheiros, a serem nomeados em simetria com a previsão do art. 73 da CR para a composição do TCU: dois terços indicados pelo Congresso e um terço indicado pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal. Destaque-se que entre os indicados pelo Poder executivo, um deverá ser integrante da carreira dos Auditores Substitutos de Ministro, um do Ministério Público junto ao TCU e um de livre escolha. Todos deverão satisfazer aos seguintes requisitos: ser brasileiros; terem entre trinta e cinco e sessenta e cinco anos de idade; possuírem idoneidade moral e reputação ilibada; deterem notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de

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administração pública; e registrarem mais de dez anos de exercício de função ou efetiva atividade profissional que exija tais conhecimentos.

Uma questão matemática se coloca: dois terços de sete Conselheiros são 4,66; e um terço é 2,33. Arredonda-se para cinco indicados pela Assembléia ou para três indicados pelo Governador? Tal circunstância suscitou conflitos em diversos estados, conduzindo o STF a editar a Súmula 653:

“No Tribunal de Contas estadual, composto por sete Conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo, cabendo a este indicar um dentre Auditores e outro dentre Membros do Ministério Público, e um terceiro a sua livre escolha”.

Por derradeiro, a questão dos limites com despesa de pessoal, cuja solução pode ser visualizada a partir dos seguintes dispositivos da LRF:

“Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento). (...)

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:

(...) II - na esfera estadual:

a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

(...) § 4º Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).”

Desta forma, se criado o TECM, o limite de despesas com pessoal do Poder Legislativo passaria de 3,0 para 3,4% da receita corrente líquida do estado e o do Poder Executivo seria reduzido de 49 para 48,6%.

Com isso, nosso brainstorm englobou todos os aspectos requeridos pelo enunciado.

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SEGUNDA ETAPA: PLANEJAR!

Como só temos 20 linhas, precisamos otimizar a utilização do espaço para abordar todos os tópicos requeridos.

Na introdução, poderíamos desde logo destacar a constitucionalidade da PEC 60/2010, no que concerne à possibilidade de criação do Tribunal Estadual de Contas dos Municípios, bem como assinalar a impossibilidade da criação de Tribunais de Contas municipais, por expressa vedação constitucional.

A seguir, abordaríamos o tema da composição dos tribunais de contas estaduais e municipais.

No parágrafo seguinte, indicaríamos a competência para julgamento das contas do novo órgão, caso efetivamente criado. Uma alternativa válida seria a abordagem desse tópico no segundo parágrafo, invertendo a ordem com o anterior.

Por último, cuidaríamos do reflexo de tal criação em face dos limites de despesas com pessoal fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Havendo espaço, uma última frase poderia sintetizar a conclusão de nosso texto.

TERCEIRA ETAPA: REDIGIR!

Apresento, a seguir, modelo de solução, elaborado a partir dos textos enviados pelos alunos.

Conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), é constitucional proposta de criação de um Tribunal Estadual de Contas dos Municípios – TECM. Por sua vez, a carta Magna veda a criação de tribunais ou conselhos de contas municipais é expressamente vedada pela carta Magna.

No que tange ao julgamento das contas do novo Tribunal, caso seja criado, a competência será do Tribunal de Contas do estado, uma vez que a Corte de Contas dos Municípios é órgão estadual.

O TECM será composto por 7 conselheiros, sendo quatro indicados pela Assembleia Legislativa e três pelo Governador, dos quais um dentre os auditores e um dentre os membros do Ministério Público junto ao Tribunal.

A criação do órgão terá reflexos nos limites de despesas com pessoal fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O Poder Legislativo terá o seu limite ampliado de 3,0 para 3,4% e o Poder Executivo sofrerá redução de 49 para 48,6% da receita corrente líquida.

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QUARTA ETAPA: REVISAR

Acabou? NÃO!

Temos insistido na importância da revisão, certo. Releiam o texto acima e tentem identificar erros ou oprtunidades de melhoria. Deixamo-los de propósito para testar sua atenção e espírito crítico.

Lembre. Você precisa treinar para reler seus textos “com os olhos do examinador”.

E aí? Já encontrou? Muito bem!

(...) vedada pela carta Magna. O correto é Carta Magna. Muitos colegas ainda erram no emprego de maiúsculas/minúsculas.

O TECM será composto por 7 conselheiros (...) O correto é colocar “sete” por extenso, a exemplo do que está na sequência. Reveja as instruções sobre a utilização de numerais/algarismos que apresentamos na correção do exercício 1 (Aula 2). Diversos colegas erraram.

Repetindo: é muito chato perder pontos com erros perfeitamente evitáveis. Reserve sempre um tempinho e faça a revisão do seu texto antes de entregá-lo ao examinador!

Comentários às respostas da turma

Já combinamos na Aula passada, lembram?

Ninguém fica chateado se aparecer aqui uma crítica ao seu texto. E também ninguém fica pretensioso se aparecer um elogio. Todos estamos aprendendo. Erros e acertos são naturais e inevitáveis em nossa caminhada.

Exemplo de uma boa introdução:

A atual Constituição Federal (CF) vedou expressamente, a partir de sua promulgação, a criação de tribunais ou conselhos de contas municipais. Tal vedação, no entanto, não alcança os tribunais de contas dos municípios, pois, esses são órgãos inseridos na estrutura administrativa estadual e, portanto, estão fora da proibição constitucional.

Uma boa explanação:

Em relação a tal controvérsia, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firmada no sentido da possibilidade de que as cortes de contas supracitadas sejam criadas, vez que a norma constitucional vigente veda, apenas, que isto ocorra de forma inserta da estrutura dos próprios municípios.

Uma introdução direta ao ponto:

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A Constituição Federal não veda a criação de Tribunais de Contas dos Municípios. A proibição se refere à instituição de Cortes de Contas Municipais. Dessa forma, a proposta não representa ofensa à Carta Magna.

Veja o caso de uma abordagem correta, mas superficial, incompleta e imprecisa:

No caso de aceitação da proposta, o TCM deverá ser composto por Conselheiros escolhidos pelo governador do Estado e pelo Poder Legislativo, conforme a lei. É conforme a Constituição!

Nesse caso, o colega não apresentou mais nenhum detalhe sobre a composição, fazendo com que tivesse apenas 0,5 dos 2,0 pontos atribuídos ao tópico.

Agora, um exemplo de má compreensão do enunciado. O colega entendeu “competência para julgamento das contas do novo órgão” como se fosse “competência para julgamento de contas pelo novo órgão”, o que é bem diferente:

Se criado, o TCM terá competência para julgar as contas de secretários municipais, gestores e demais pessoas que recebam verbas dos municípios. Além disso, deverá emitir parecer sobre as contas dos prefeitos.

O exemplo é interessante para enfatizar a necessidade de uma leitura atenta do enunciado.

Veja como outro colega respondeu corretamente:

No que tange aos tribunais de contas dos municípios (TCM), na qualidade de órgão integrante da administração estadual direta, suas contas serão julgadas pelo respectivo tribunal de contas estadual.

Um exemplo de resposta correta ao último tópico:

No entanto, haverá mudanças nos limites com despesa de pessoal previstos na lei 101/2001. O Poder Executivo ficará com um limite de 48,6% da Receita Corrente Líquida – RCL (diminuição de 0,4%), enquanto o Poder Legislativo terá um limite de 3,4% da RCL (um aumento de 0,4%).

Note que, como ele combinou o uso da sigla RCL, não precisou repetir por extenso a expressão “Receita Corrente Líquida”, o que lhe permitiu concluir o texto dentro do limite de 20 linhas.

Observe agora, outra resposta parcialmente correta, só que menos precisa, tendo merecido nota menor:

Por fim, cabe mencionar, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, que a eventual criação de um TCM importará na diminuição do limite de

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despesa com pessoal do Poder Executivo e, consequentemente, no aumento do limite do Poder Legislativo.

A mesma frase poderia ficar bem melhor se escrita da seguinte maneira:

Por fim, cabe mencionar que, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, a eventual criação de um TCM importará no aumento do limite de despesa com pessoal do Poder Legislativo e na diminuição do limite do Poder Executivo.

Você notou como o raciocínio estava apresentado de modo invertido? Primeiro o TCM acarreta o aumento do limite do Legislativo, e só então a diminuição do Executivo, e não o contrário como o colega escreveu. Esse é um exemplo de um colega que conhecia a resposta, mas não soube expressá-la da melhor forma.

HORA DA VERDADE: EXERCÍCIO 3 (O DERRADEIRO!)

Vamos ao nosso exercício 3? É o último simulado do nosso curso.

Exercício 03:

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(CESPE/AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO/ESPECIALIDADE: TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO/TCU/2009) Considerando que o Ministério da Educação pretende realizar contrato de prestação de serviços de informática, com dispensa de licitação, com fundação de apoio vinculada a determinada universidade estadual, redija um texto dissertativo sobre a possibilidade ou não da realização desse contrato com dispensa de licitação que, de modo fundamentado e à luz do entendimento do Tribunal de Contas da União, responda, necessariamente, aos seguintes questionamentos: - Qual é a distinção entre os institutos da dispensa e inexigibilidade de licitação? - É possível a contratação com dispensa de licitação? - É possível a contratação de instituição de outra esfera da administração? Extensão máxima: 20 linhas Tempo sugerido: 60 minutos

Boa sorte!

Lembre-se de todas as regras que já que combinamos. Você é o seu próprio examinador!

Até a próxima!

Luiz Henrique Lima

Luciano Oliveira

Cyonil Borges

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Olá concurseiro(a)!

Uma bela canção, mais bela ainda quando interpretada por Djavan, traz o seguinte trecho:

“Só eu sei

Os desertos que atravessei

Só eu sei, só eu sei”

Com a aula de hoje, estamos concluindo nosso curso.

Cada um de nós sabe os desertos que atravessou, as esquinas por que passou, as horas que estudou, os sacrifícios que enfrentou, os prazeres que adiou, os sonhos que alimentou…

Assim, antes de tudo, parabéns!

Quando assistimos em nosso país tantos maus exemplos de altas autoridades, ficamos comovidos com a luta dos alunos para conquistar com dignidade, honestidade e esforço um cargo de elevada responsabilidade e boa remuneração, que lhes permita obter realização profissional e oferecer melhores condições para seus familiares.

Tenha certeza de que esses estudos e essa luta não serão em vão.

No mínimo, você proporciona aos seus amigos e conhecidos um ótimo exemplo de dedicação e honradez, valores que um dia hão de prevalecer no Brasil.

Nessas semanas de convivência, apesar de fisicamente distantes, sentimo-nos muito próximos dos mais participativos, conhecendo seus estilos e compartilhando suas expectativas e ansiedades. As formações e as idades são as mais diversas, e, de uma maneira geral, bem preparados.

O trabalho foi cansativo, mas valeu a pena, cada minuto, cada segundo ao seu lado. A experiência foi extraordinária, permitindo-nos contato com alunos de todas as partes do país.

Se há um jogo e o nosso time está em campo, saiba que adquirimos nosso ingresso para o calor da geral. O time não precisa ser o melhor do Brasil, mas precisa atingir o objetivo!

Torcemos de coração pelo seu sucesso, e que seja breve!

Agora, vamos à aula.

Nessa aula final, iniciaremos apresentando algumas opiniões sobre prováveis temas para questões da prova, ora recortados de exames anteriores, ora fruto de nossa imaginação e experiência.

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Na sequência, responderemos a algumas dúvidas relevantes colocadas no fórum dos alunos e retomaremos algumas recomendações importantes, que devem ser observadas na elaboração das respostas nas provas discursivas.

Também relembraremos alguns pontos prioritários para o aprimoramento de seu texto e a importância da revisão.

Traremos também exemplos reais de respostas a questões discursivas que obtiveram nota máxima.

Finalizaremos a análise de questões discursivas de concursos passados realizados por diversas ilustres organizadoras.

Apresentaremos também os comentários ao exercício 3, de Direito Administrativo, com a já conhecida seleção de trechos selecionados dos alunos.

E, ao final, deixaremos com você algumas dicas importantes para a reta final de estudos, para a véspera e o dia da prova, e para depois da prova também, inclusive quanto aos recursos, e a nossa mensagem final.

Muito bem, vamos começar!

I – QUESTÕES QUE VÃO CAIR NA PROVA DISCURSIVA (valendo uma empadinha cada!)

Quais são as previsões da Mãe Dinah para esse concurso? Desvende “Mister M” – mestre dos mestres – os segredos da prova do TCU!

Lembramos que não temos bola de cristal, tarô, nem ajuda privilegiada dos universitários do Show do Milhão, mas cremos que vale a pena arriscar alguns palpites acerca de temas cuja presença é bastante provável. Vamos lá!

Certo dia, caminhando numa trilha, totalmente relaxado, o amigo Luiz, na tentativa de se colocar no lugar dos examinadores que preparam a prova, indagou-se: se eu fosse chamado a elaborar questões para a prova do AFT, quais os temas novos que eu incluiria?

E os amigos Luciano e Cyonil? Bem, apesar de não serem adeptos a meditações ecológicas, trarão igualmente importantes contribuições.

Saibam todos que esse trio (Luiz, Luciano e Cyonil), que não é o “Los Angeles”, é sempre muito dedicado no que faz, preza pela perfeição e é sempre atento aos alunos.

Pois bem, eis o resultado de nossas meditações, com base no último edital:

1) Direito Constitucional

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“My brother in arms” (Dire Straits), fique atento(a)! Atualmente, está na moda a cobrança de SÚMULAS VINCULANTES. Seria uma excelente questão, por envolver a Reforma do Aparelho do Estado, o princípio da eficiência e a reforma do Poder Judiciário, não acha?

Atenção: mantenha em sigilo nossas sugestões, OK? No entanto, o dever/direito não é absoluto, vem aí a CPI! Por que não uma questão sobre sigilos? O candidato poderia abordar aspectos como reserva jurisdicional e poderes/limites das CPIs.

Há princípio ou a princípio ou em princípio? Qual a expressão correta? As três estão incorretas, na verdade, há princípios (no plural), no caso, PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA.

Controle de Constitucionalidade é sempre uma possibilidade. Que tal ADPF (fundamento, efeitos, aspecto subsidiário)? Ou, quem sabe, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS. Fique atento(a)!

Levanta a mão quem já ouviu falar em RESERVA DO POSSÍVEL. Pode abaixar. Olha lá, hem! Não vai esquecer o que é isso. O tema pode ser cobrado na parte de Direito Constitucional.

2) Direito Administrativo

Tivemos um sonho de um tema sobre AGÊNCIAS REGULADORAS (definição, diretrizes, atribuições, princípios). Mas fique atento: a depender do referencial (conforme preconizado por Newton), o sonho pode virar um pesadelo!

Por que não um tema sobre PRINCÍPIOS. Questão fora do edital fere a legalidade, pois o edital é a lei do concurso. Afinal, a lei, como fonte do Direito Administrativo, não é só a lei em sentido estrito, mas também os atos normativos. Esperamos que o examinador não saiba que a prova que ele estiver corrigindo seja a sua, a do sobrinho dele ou a do amigo do vizinho. Senão, a impessoalidade não estará sendo respeitada. E agir sem honestidade fere a moralidade, todos nós sabemos. Pior ainda se você não puder saber as razões do indeferimento de eventuais recursos que você tenha interposto. Já pensou? Cadê a publicidade nisso? Tudo bem, o Cespe não vai fazer nada disso, estamos em tempos de administração gerencial. Viva o princípio da eficiência!

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Ah! Mais uma: ATOS ADMINISTRATIVOS. A lei manda a Administração conferir licença para dirigir a quem passar na prova. O cidadão passou, quer a carteira. O administrador pode negar? Não. Ele está vinculado à regra legal. Ele exerce uma competência vinculada. A lei diz também que os donos de bar não podem colocar mesinhas na calçada, salvo se a Administração autorizar. Lá vai o dono do boteco fazer o requerimento. Só que a Prefeitura acha que isso vai atrapalhar o trânsito dos pedestres e, por isso, nega. E agora? E agora nada. Ela autoriza se quiser. A competência é discricionária.

Os CONVÊNIOS estão na moda. Diferença entre convênio e contrato? Isso cai? Pode cair. Além disso, confira as normas que regem o assunto: Decreto 6.170/2007 e Portaria Interministerial MP/MF/MCT 127/2008.

PROCESSO ADMINISTRATIVO: a Administração pode dar início a processo com base em denúncia anônima? Quais são as regras de decadência para anulação de ato administrativo ilegal que gere benefícios ao destinatário? Coisa julgada administrativa? Preclusão administrativa? Meu Deus! O que é tudo isso?

3) Controle Externo

Que tal uma questãozinha sobre CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO. Tá tudo lá nos arts. 70 a 74 da Constituição. Identifique as competências privativas do TCU (art. 71), que denotam que esse órgão é independente em relação ao Congresso Nacional.

LEI ORGÂNICA E REGIMENTO INTERNO. O que ler? Tudo?! Socorro! Aqui vai uma dica: saiba muito bem a LEI. Muito do que ela fala é repetido no Regimento Interno.

EFICÁCIA DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. As decisões do TCU fazem coisa julgada? Não? Então o Judiciário pode modificar as decisões da Corte de Contas? Não? Então o que a Justiça pode fazer? Anular? Revogar? Reformar? Adentrar questões de mérito? Ou só de (i)legalidade? Tenha isso na ponta da língua.

4) Auditoria Governamental

Essa matéria parece que ficou pra 2011, não é mesmo? Sem

problemas. Treinando agora, você larga na frente de todo mundo, que está por aí, chorando sobre o leite derramado. Quem se programa com antecedência colhe frutos mais saborosos lá na frente.

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INTOSAI E COSO. As normas dessas instituições têm feito parte dos últimos editais. A maioria dessas regras apenas reflete as boas práticas de Auditoria que encontramos em livros e manuais da disciplina. Regras de planejamento de auditoria, monitoramento e controle de qualidade, independência funcional do auditor, normas éticas na condução dos trabalhos de auditoria, preceitos aplicáveis ao controle interno. Vale a pena dar uma revisada.

NORMAS DE AUDITORIA INDEPENDENTE DO CFC. As normas de Auditoria no Brasil têm sofrido importantes modificações, a fim de incorporar os preceitos das normas internacionais de Auditoria. Verifique os normativos que estarão em vigor por ocasião da prova.

TOMADAS E PRESTAÇÕES DE CONTAS. Já sabe: art. 8.º da Lei 8.443/1992 e Instrução Normativa 56/2007 do TCU. Responsabilidade dos gestores, diferença entre tomada e prestação de contas ordinária. Definição de tomada de contas especial (TCE) e hipóteses em que ela pode ser instaurada. Situações em que a TCE deve ser remetida desde logo ao TCU e em que pode ser anexada às contas anuais.

TIPOS DE AUDITORIA. Auditoria de conformidade e auditoria de natureza operacional. Quais as diferenças entre elas? Qual analisa aspectos de legalidade e legitimidade e qual verifica as questões de eficiência, eficácia, economicidade e efetividade? Aliás, o que significa cada um desses conceitos? Quais as espécies de decisões que o TCU pode adotar como resultado de auditorias? Qual a diferença entre determinação e recomendação do TCU?

E então, que tal? Algumas dessas dicas serão certeiras! E não se esqueçam de nossas empadinhas!

II – DÚVIDAS DO FÓRUM DOS ALUNOS

1) Professores, eu estou ultrapassando o limite de tempo para fazer a redação. Qual a melhor forma de sanar este problema?

Resposta: Seu questionamento é muito bom! Demonstra que você está fazendo o exercício simulando as condições da prova conforme combinamos.

Nem todas as pessoas conseguem escrever com velocidade. O importante é que você está consciente dessa dificuldade. Isso te será muito útil para fazer o adequado planejamento da gerência do tempo no dia da prova.

Continue treinando e você verá que, aos poucos, sua velocidade será incrementada. Veja se consegue escrever um pouco mais rápido, sacrificando a beleza da grafia, mas sem torná-la ilegível, claro.

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2) Devido ao limite de linhas, uma das minhas maiores preocupações tem sido hierarquizar as informações, para não correr o risco de deixar algo que o examinador ache relevante de fora. O Sr. poderia comentar a respeito e dar algumas dicas? Obrigada!

Resposta: Você está no caminho certo ao procurar hierarquizar as informações, dando mais destaque e espaço ao que é mais relevante e, eventualmente, suprimindo o que é desnecessário e supérfluo.

A melhor forma de fazê-lo é dedicar algum tempo às duas fases iniciais da elaboração do texto. Vale aqui o MANTRA:

PENSAR, PLANEJAR, REDIGIR, REVISAR.

Se você dedicar um tempinho para PENSAR, PLANEJAR fica mais fácil. Planejando bem, REDIGIR fica mais simples. Com uma boa redação, REVISAR não será o problema.

3) Poderiam dar um exemplo de como seriam as orações intercaladas que devem ser evitadas no texto técnico? E um exemplo de proporcionalidade (equilíbrio) e escalonamento (ordenamento lógico)?

Resposta: Intercalações de textos devem ser utilizadas com cautela, de modo a não dificultar o entendimento pelo leitor.

Exemplo de uma redação confusa:

Os atos administrativos discricionários são os atos administrativos que a lei confere certas margens de liberdade de atuação da Administração, podendo ela decidir da sua oportunidade e conveniência do próprio ato que será produzido.

Arrumando:

Os atos administrativos discricionários são os atos administrativos aqueles aos quais a lei confere certa margem de liberdade de atuação da Administração, podendo ela decidir da sobre sua a oportunidade e a conveniência do próprio ato que será produzido.

Limpando:

Os atos administrativos discricionários são aqueles aos quais a lei confere certa margem de liberdade de atuação da Administração, podendo ela decidir sobre a oportunidade e a conveniência do ato.

Explicação de proporcionalidade:

Parágrafos equilibrados, de extensão semelhante, conferem proporcionalidade ao texto. Se vocês dispõem de 15 linhas para examinar três aspectos, evitem dedicar 11 linhas a um deles e 2 linhas a cada um dos demais, por exemplo.

Exemplo de escalonamento lógico:

Em primeiro lugar, cumpre destacar que...

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Ademais, sublinhe-se que...

Por fim, não se pode esquecer que...

Tendo em vista tais elementos, conclui-se que...

4) Professores, nos materiais em que tenho estudado, encontro divergência sobre a escrita de certas palavras. Por exemplo, há materiais em que as palavras "estados", "municípios", "ministérios" são escritas com iniciais maiúsculas, mesmo sem especificação; em outros, com iniciais minúsculas. Qual é o certo?

Resposta: Segundo o Manual de Redação da Folha de São Paulo, você deve utilizar Ministério com maiúscula quando designar um órgão específico (“Ministério da Saúde”) e com minúsculas, em segunda menção ou para se referir ao conjunto de ministros (“funcionários daquele ministério”; “ministério do presidente Fulano”). Regra semelhante para estados e municípios.

O Manual de Redação e Estilo do Estado de São Paulo prescreve que serão usadas maiúsculas para designar leis ou normas econômicas e políticas consagradas por sua importância (“Lei de Responsabilidade Fiscal”). Orienta usar minúsculas na designação de profissões e ocupantes de cargos (“governador Sicrano”, “rainha Beltrana”).

Observem alguns exemplos.

"Vou estudar Economia na UnB."

"A economia mundial vive um momento instável."

Percebeu? Quando nos referimos a uma disciplina ou conceito científico, utilizamos maiúsculas. No sentido corriqueiro da palavra, minúsculas.

O mesmo vale para leis e ministros:

"O Ministro da Fazenda discorda da Lei do IR."

"Nunca tivemos um governo com tantos ministros e tanto desrespeito às leis."

III – MAIS ALGUMAS RECOMENDAÇÕES PARA APRIMORAR A ELABORAÇÃO DO TEXTO TÉCNICO

- Evitar o uso de orações intercaladas, de parênteses de e travessões, bem como de períodos longos.

- Usar linguagem objetiva e, preferencialmente, a ordem direta (sujeito, verbo, objeto e complementos).

- Não usar trechos longos descritivos que não acrescentem informação útil à fundamentação dos argumentos.

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- Não devem ser utilizados comentários entre aspas com sentido dúbio ou irônico.

- Dar maior importância aos pontos centrais da argumentação.

Linguagem inadequada

- Não utilizar expressões corriqueiras, vulgares ou informais, como “papeladas”, “maçaroca”, “na moral” ou semelhantes.

Termos impróprios

- Utilizar os termos dentro de seu contexto, evitando abusar de metáforas, hipérboles e outros recursos adequados para textos literários e jornalísticos, mas não para textos de concurso.

IV – A IMPORTÂNCIA DA REVISÃO

Dedique também pelo menos 10 ou 15 minutos do tempo da prova para fazer a revisão dos seus textos antes de passá-los para as folhas da redação definitiva.

Na realidade, são necessárias duas revisões, ou duas leituras com focos diferentes: a revisão de conteúdo e a revisão de forma.

Na revisão de conteúdo verifica-se se:

O texto possui início, meio e fim?

O primeiro parágrafo aborda o tema central?

O desenvolvimento tem encadeamento lógico?

A conclusão reflete a argumentação apresentada?

Foram atendidos todos os itens requeridos pelo enunciado?

O que pode ser excluído ou acrescentado?

Na revisão de forma, cuida-se de:

Ortografia

Concordância verbal

Concordância nominal

Atenção às vírgulas e às crases, nossos erros mais comuns!

Vamos a um exemplo prático. Vamos apresentar um texto para que vocês encontrem os erros e façam a revisão.

Os Tribunais de Contas dos Estados – bem como o do Distrito Federal – exercem na esfera estadual, e de vez em quando na municipal, as competências que têm o TCU no âmbito federal.

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Uma das principais é a realização de auditorias que verificam se os jurisdicionados estão conforme a legalidade, legitimidade e economicidade na aplicação de recursos públicos.

Outra também é o julgamento das contas que são irregulares, exclusive podendo aplicar multas e outras penalidades, desde que tenha respeito ao direito de defesa, segundo jurisprudência do Supremo.

No mais, as Cortes de Contas apuram, denúncias, fiscalizam licitações e contratos superfaturados e fazem o registro de aposentadorias de servidores públicos aposentados e inativos.

Através do acima esposto fica esclarecido a natureza de grande importância destas Cortes para a democracia e o combate a corrupção.

Pense bem e corrija. Veja se encontrou os mesmos erros que nós:

Os Tribunais de Contas dos Estados – bem como o do Distrito Federal

– exercem, na esfera estadual, e de vez em quando e, em geral, na municipal, as competências que têm tem o TCU Tribunal de Contas da União no âmbito federal.

Uma das principais são é a realização de auditorias que verificam se os jurisdicionados estão agindo conforme a legalidade, a legitimidade e a economicidade na aplicação de recursos públicos.

Outra também é o julgamento das contas dos administradores públicos que são irregulares, exclusive inclusive aplicar com a aplicação de multas e outras penalidades, se for o caso, desde que tenha com respeito ao direito de defesa, segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

No mais Além disso, as Cortes de Contas apuram, denúncias, fiscalizam licitações e contratos superfaturados e fazem o registro de aposentadorias de servidores públicos aposentados e inativos.

Através Por meio do acima esposto exposto, fica esclarecido esclarecida a natureza de grande importância destas dessas Cortes para a democracia e o combate a à corrupção.

Temos que fazer da revisão um hábito. Tão importante e tão higiênico quanto escovar os dentes é limparmos as impurezas de nossos textos. Às vezes escapa alguma coisa, mesmo em nossas aulas, pois ninguém é perfeito. Mas, devemos sempre procurar melhorar, não é mesmo? Fique à vontade para encontrar novos pontos a corrigir ou simplesmente a melhorar no texto acima, além dos que nós citamos.

V – EXEMPLOS DE RESPOSTAS COM NOTA MÁXIMA

Que tal aprendermos com os professores?

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Vamos apresentar dois exemplos de respostas a questões discursivas que obtiveram nota máxima.

A primeira é do Luciano Oliveira, feita no concurso do TCE-AL para Auditor Substituto de Conselheiro, realizado em 2008, pela Fundação Carlos Chagas. A segunda, do Luiz Henrique, elaborada no concurso do TCE-MT para Auditor Substituto de Conselheiro, aplicado em 2008, pela FESMP-RS.

Questão 1

Considere hipótese em que entidade da administração indireta estadual e pessoa jurídica de direito privado celebrem contrato cuja execução acarrete danos ao meio ambiente e ao erário público. Existem mecanismos para se pleitear perante o Tribunal de Contas do Estado ou em juízo a anulação do contrato e a responsabilização dos envolvidos. Justifique sua resposta. (valor: 25,0 pontos)

Critério de correção de prova (oficial da banca FCC)

a) Nos termos da legislação pertinente, entidade da administração indireta estadual submete-se à jurisdição do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Nesse contexto, são dois os principais mecanismos para se levantar a questão da lesividade ao meio ambiente e ao erário público perante o TCE: denúncia formulada por cidadão, partido político, associação ou sindicato (Constituição da República, Constituição do Estado e Lei Orgânica do TCE), a representação formulada pelos órgãos de controle interno da Administração (Lei Orgânica do TCE, entre outros legitimados. Nessas hipóteses, no entanto, não detém o TCE competência para proceder de imediato à sustação ou anulação do contrato, devendo ser observado o procedimento previsto no art. 97, §§ 1º e 2º, da Constituição do Estado, bem como art. 40, §§ 2º e 3º da Lei Orgânica do TCE, por simetria ao previsto na Constituição da República para as entidades federais perante o TCU. Poderá o TCE, dentro dessas condições referidas, vir a impor penalidade de multa aos responsáveis, no valor de até 100% do débito, além de determinar o ressarcimento do prejuízo ao erário. Essas situações, ademais, não excluem a possibilidade de a apuração da irregularidade ocorrer sem sede de fiscalização exercida de ofício pelo TCE, caso em que será instaurado procedimento de tomada de contas especial. (valor: 15,0 pontos)

b) Há dois mecanismos existentes para provocar a atuação judicial no caso apresentado, considerando-se a existência de danos ao meio ambiente e ao erário público: ação popular, para a qual está legitimado qualquer cidadão, e ação civil pública, proposta pelo Ministério Público, conforme expressa previsão constitucional, entre outros legitimados; ambas as ações prestam-se à potencial anulação do contrato e responsabilização dos envolvidos. (valor: 10,0 pontos)

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Resposta do Luciano:

Caso uma entidade da administração indireta estadual e uma pessoa jurídica de direito privado celebrem contrato cuja execução acarrete danos ao meio ambiente e ao erário público, existem mecanismos para se pleitear, tanto junto ao Tribunal de Contas do Estado como em juízo, a anulação do contrato e a responsabilização dos envolvidos.

Todas as entidades da administração indireta estadual são jurisdicionadas ao Tribunal de Contas do Estado – TCE, por expressa previsão constitucional e legal, devendo prestar contas da gestão e da correta aplicação dos recursos públicos estaduais que administram. O TCE possui competência para apreciar a legalidade dos contratos que celebrem, podendo tal verificação ocorrer em sede de: prestação de contas anuais; auditorias realizadas por iniciativa do próprio Tribunal ou da Assembléia Legislativa; ou, ainda, denúncias encaminhadas ao TCE por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato, tudo conforme previsão constitucional e legal.

As contas anuais da entidade podem ser julgadas irregulares pelo TCE, em função do contrato ilegal e danoso ao erário e ao meio ambiente, com determinação da Corte para anulação do ajuste. Caso a entidade não cumpra a determinação, porém, o TCE não pode anular diretamente o contrato, devendo comunicar o fato à Assembléia Legislativa, para que esta o faça. Somente após transcorridos noventa dias sem que o Poder Legislativo ou a entidade tenham tomado as medidas cabíveis o TCE pode decidir a respeito.

O TCE pode, ao realizar fiscalização do contrato ou apurar denúncia que lhe tenha sido encaminhada, aplicar multa ao gestor responsável pela irregularidade do contrato, determinando, ainda, a anulação do ajuste, com os desdobramentos fáticos e jurídicos citados no parágrafo anterior. Comprovado o dano ao erário, deve haver a conversão do processo de fiscalização em tomada de contas especial.

Ressalte-se que, em qualquer caso, a empresa contratada deve exercer o contraditório e a ampla defesa, em relação à determinação de anulação do contrato, sob pena de nulidade da decisão do TCE. É o que se extrai do teor da Súmula Vinculante n.o 3 do Supremo Tribunal Federal.

A anulação do referido contrato também pode ser pleiteada junto ao Poder Judiciário, tendo em vista o princípio da inafastabilidade de jurisdição. Tanto o Ministério Público, de ofício ou mediante representação feita por qualquer cidadão, pode provocar a justiça, como o pode fazer o próprio cidadão, nos casos previstos na Constituição.

Diante de danos ao meio ambiente ou ao erário, o Ministério Público é competente para iniciar ação civil pública, com vistas a obter a reparação do dano e a responsabilização dos responsáveis. Além disso, o “Parquet” pode promover a competente ação penal, nos casos em que as condutas dos administradores configurem crime.

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Pode, ainda, o cidadão provocar diretamente o Poder Judiciário, por meio de ação popular, para obter a anulação do feito que cause dano ao patrimônio público e ao meio ambiente, ficando isento de custas e do ônus da sucumbência, salvo em caso de má-fé.

Esses são, em resumo, os principais meios que o Estado e a sociedade têm à disposição para pleitear junto ao TCE ou ao Poder Judiciário a anulação do contrato que cause danos ao meio ambiente e ao erário público.

Questão 2

Estabeleça, fundamentadamente, a compatibilização entre os princípios constitucionais da ordem econômica atinentes ao regime jurídico das empresas públicas e sociedades de economia mista e a submissão dessas entidades ao controle externo exercido pelos Tribunais de Contas.

Resposta do Luiz Henrique:

Até a edição da Emenda Constitucional n.o 19/1998, era pacífica a submissão das empresas públicas e sociedades de economia mista ao controle externo exercido pelos Tribunais de Contas. Referida Emenda estabeleceu uma distinção entre as prestadoras de serviços públicos e as exploradoras de atividades econômicas. Essas últimas passaram a poder dispor de regramento próprio de licitações e contratos e a sujeitar-se a regime jurídico próprio de empresas privadas.

Não obstante, devem observar sua função social e serem fiscalizadas pelo Estado e pela sociedade, bem como respeitar aos princípios constitucionais da ordem econômica, tais como a defesa do consumidor e a defesa do meio ambiente, entre outros.

Ao contrário do que foi inicialmente sustentado por alguns, essas alterações não afetaram os fundamentos constitucionais de sua submissão ao controle externo exercido pelas Cortes de Contas, a saber, o “caput” do art. 70 e o inciso II do art. 71 da Carta Magna.

Assim, tais entidades são plenamente jurisdicionadas aos Tribunais de Contas, estando seus responsáveis e gestores sujeitos ao julgamento de contas, inclusive em tomadas de contas especiais, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, e às demais atividades de controle, como as relativas aos procedimentos de licitações e contratos. Sujeitam-se, igualmente, à cominação de sanções em caso de irregularidades.

VI – TEMAS PARA TREINAR ANTES DA PROVA!

Em atendimento a pedidos, faremos a apresentação de temas gerais, uma espécie de um resumo final. Lembre-se: só com muito treino alcançaremos o ponto ótimo de nosso estudo!

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Inicialmente, Controle Externo!

(CESPE/ANALISTA/TCU/2008) Leia o texto abaixo, que se refere ao Tribunal de Contas de Portugal.

A Constituição da República Portuguesa de 1976 incluiu o Tribunal de Contas no elenco dos Tribunais, qualificando-o como órgão de soberania – a par do presidente da República, da Assembléia da República e do governo. Definido como verdadeiro tribunal, a ele se aplicam os princípios gerais constitucionalmente estabelecidos para os tribunais, dos quais se destacam: O princípio da independência e da exclusiva sujeição à lei; O direito à coadjuvação das outras entidades; Os princípios da fundamentação, da obrigatoriedade e da prevalência das decisões; O princípio da publicidade. Garantia essencial da independência do Tribunal de Contas é a independência do seu presidente e de seus juízes, que por isso está necessariamente abrangida pela proteção constitucional daquela. O princípio da independência dos juízes determina não apenas a sua inamovibilidade e irresponsabilidade, mas, igualmente, a sua liberdade perante quaisquer ordens e instruções das demais autoridades e, bem assim, a definição de um regime adequado de designação, com garantias de isenção e imparcialidade que evitem o preenchimento do quadro da magistratura deste tribunal, tal como dos restantes, de acordo com os interesses do governo ou da administração. Definido como “o órgão supremo de fiscalização da legalidade das despesas públicas e de julgamento das contas que a lei mandar submeter-lhe”, o legislador constituinte elegeu o Tribunal de Contas à categoria de tribunal especializado, de natureza financeira, profundamente diferente das demais categorias de tribunais em matéria de competências. Na verdade, a Constituição realça que o Tribunal de Contas não tem apenas funções jurisdicionais mas igualmente funções de outra natureza, nomeadamente “dar parecer sobre a Conta Geral do Estado”. Além do mais, a sua competência constitucionalmente fixada pode ser ampliada por via de lei, dispondo expressamente a Constituição neste sentido. Em conclusão, o Tribunal de Contas é, estrutural e funcionalmente, um tribunal, mais propriamente, um tribunal financeiro, um órgão de soberania, um órgão constitucional do Estado, independente, não inserido na administração pública, em particular, no Estado/Administração.

O tribunal de contas na atualidade. Internet: <www.tcontas.pt> (com adaptações).

Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, discorra, de forma fundamentada e de acordo com a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos: - natureza jurídica do TCU; - relação entre o TCU e o Poder Legislativo;

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- eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso Nacional.

Extensão máxima: 20 linhas Eis uma questão típica do concurso do TCU: falar sobre a natureza

jurídica do Tribunal e sua relação com o Poder Legislativo. A questão em si é muito simples. O problema era voltar à calma depois que o examinador o fazia ler – inutilmente – o imenso texto “(des)motivador” sobre o Tribunal de Contas de Portugal! ☺

Após elaborar seu texto, veja como fizemos para responder à questão

em apenas 20 linhas: O TCU é um tribunal de natureza político-administrativa, de previsão

constitucional, que auxilia o Congresso Nacional no controle externo contábil, financeiro e orçamentário da Administração Pública. Embora se assemelhe aos tribunais do Judiciário, não exerce função jurisdicional típica, podendo suas decisões ser anuladas judicialmente, em caso de ilegalidade formal.

Apesar de estar previsto no capítulo da CF/88 que trata do Legislativo, grande parte da doutrina entende que o TCU é órgão independente, não pertencente a nenhum dos Poderes, com competências próprias e privativas, extraídas diretamente da Carta Magna.

No exercício do controle externo, a Corte de Contas, em seu relacionamento com o Congresso Nacional, possui as seguintes atribuições, entre outras: realizar, por iniciativa própria ou do Legislativo, inspeções e auditorias nas unidades administrativas dos três Poderes; prestar informações solicitadas pelo Legislativo sobre fiscalizações, auditorias e inspeções realizadas; encaminhar ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.

Embora auxilie o Congresso Nacional no exercício do controle externo, o TCU não se subordina ao Parlamento, não havendo vínculo hierárquico entre os dois órgãos. O regime é de colaboração, nos moldes previstos na Lei Maior.

Note que é importante, desde o início, destacar o tema principal de nossa dissertação.

Lembram-se do ditado “a primeira impressão é a que fica” ou da expressão “amor à primeira vista”? Pois bem, isso pode não funcionar sempre, mas vale para a prova discursiva. Temos que buscar a “aprovação à primeira vista”.

Vale aqui o postulado “Luiz Henriqueano” para a introdução:

A primeira frase do primeiro parágrafo da resposta, obrigatoriamente, deverá conter a palavra-chave do enunciado da questão.

Assim, se a palavra ou expressão-chave é “controle de legitimidade” ou “terceirização”, tais expressões deverão obrigatoriamente constar de sua introdução, na primeira frase do primeiro parágrafo.

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Por quê?

Lembre-se de que a sua resposta tem um e apenas um objetivo: obter a melhor nota possível. Para isso, é preciso corresponder à expectativa do examinador.

Coloque-se no lugar do corretor de provas.

Ele tem muitas, mas muitas provas para corrigir e um prazo exíguo para isso. Faz esse trabalho no final do expediente ou nos finais de semana, quando está cansado ou querendo fazer outra coisa mais interessante (por exemplo, assistir ao Jô Soares 23h30min! ☺). Aí vem o candidato e, em vez de responder logo ao que se perguntou, fica enrolando, circundando o tema, cheio de embromações.

Isso deixa o examinador impaciente e com má vontade. Lembre-se da história do garoto tímido que demorou tanto a convidar a menina para dançar que, quando o fez, a música já tinha acabado... Não deixe isso acontecer com suas respostas. Não deixe o tempo e o espaço acabarem antes de tratar do tema principal.

Ao contrário, se já na primeira frase você informa ao examinador que compreendeu a pergunta e que irá respondê-la, ele dará um suspiro de alívio e irá encarar com mais disposição o restante do seu texto.

(CESPE/ANALISTA DO TCE-AC/2007) Determinado prefeito de município do estado do Acre, em razão da necessidade de informatizar e agilizar os serviços da prefeitura, recebeu do governo do estado, sob forma de convênio, a quantia de R$ 100.000,00 para compras de equipamentos de informática. No processo de aquisição dos equipamentos, a comissão licitatória utilizou a modalidade de licitação denominada concorrência e o tipo de licitação foi o de menor preço.

Considerando a Lei Federal n.º 8.666/1993 (Lei das licitações) e a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Acre, elabore, na condição de Analista de Controle Externo, um relatório sucinto a respeito da situação descrita, o qual deverá conter:

- identificação do órgão ou entidade e de seu gestor; - exposição dos fatos; - análise técnica pertinente; - conclusão.

Extensão máxima: 30 linhas

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Embora a questão faça referência à legislação do TCE-AC, já que era um concurso para aquele órgão, ela ilustra bem o tipo de enunciado que pode ser pedido no concurso do TCU. A única diferença é que as eventuais referências normativas deverão ser feitas à Lei Orgânica e ao Regimento Interno do TCU, quando for o caso.

Veja abaixo nossa proposta de solução, mas tente resolvê-la você

mesmo(a) antes: Trata-se de relatório referente à aquisição de equipamentos de

informática pelo Município X, do estado do Acre, cujo prefeito era o Sr. Fulano, realizada com recursos estaduais.

O prefeito recebeu do governo do Estado, sob forma de convênio, a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para compra de equipamentos de informática. No processo de aquisição, a comissão licitatória realizou o certame na modalidade concorrência de tipo menor preço.

O valor de R$ 100.000,00 enquadra-se na faixa em que o artigo 23 da Lei 8.666/1993 autoriza o uso da tomada de preços para a aquisição dos equipamentos. Não há óbice, porém, à utilização da concorrência para a contratação, já que o art. 23, § 4.º, da Lei 8.666/1993 dispõe que essa modalidade sempre poderá ser usada nos casos de obras, serviços e compras. Todavia, o emprego de espécie de licitação mais dispendiosa, quando a lei autoriza procedimento mais simples, deve ser devidamente justificado, para comprovar que não houve afronta à eficiência administrativa.

Por outro lado, o tipo de licitação escolhido foi, em princípio, inadequado. O artigo 45, § 4.º, da Lei 8.666/1993 reza que, para a contratação de bens e serviços de informática, a administração deverá adotar o tipo de licitação técnica e preço, ressalvados os casos previstos em decreto. Desse modo, na inexistência de decreto municipal a respeito, deveria ter sido adotado esse critério de julgamento, exceto se se tratasse de bens de informática considerados comuns, pois, nesse caso, a aquisição poderia ter sido feita na modalidade pregão, cujo tipo é o de menor preço, conforme o artigo 4.º, X, da Lei 10.520/2002.

Face ao exposto, propõe-se: determinar ao Município X a anulação da aquisição dos equipamentos de informática e a realização de nova licitação, utilizando-se o tipo técnica e preço, conforme o artigo 45, § 4.º, da Lei 8.666/1993, salvo se houver decreto municipal que autorize o uso de outro tipo de licitação ou se os bens forem considerados comuns, quando, neste caso, poderá ser utilizado a modalidade pregão, cujo critério de julgamento é o menor preço; alertar o Sr. Fulano que o não-cumprimento da determinação acima poderá ensejar a instauração de tomada de contas especial, com o conseqüente julgamento pela irregularidade das contas; determinar ao Município X que, nas suas licitações, adote os critérios de julgamento determinados em lei; e determinar ao Município X que, ao adotar modalidade de licitação mais dispendiosa que a autorizada em lei, apresente as devidas justificativas que demonstrem não ter havido ofensa ao princípio da eficiência.

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(QUESTÃO INÉDITA) Discorra sobre a competência do Tribunal de Contas da União para fiscalizar as empresas estatais federais e para responsabilizar os advogados dessas entidades pelos pareceres emitidos na atividade de consultoria jurídica, bem como sobre a natureza jurídica desses pareceres. Extensão máxima: 20 linhas Primeiro, tente resolver a questão. Depois, veja nossa solução:

Segundo o Supremo Tribunal Federal – STF, todas as empresas estatais

federais, independentemente de serem prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade econômica, submetem-se ao controle do Tribunal de Contas da União, inclusive quanto a tomada de contas especial. Isso porque a lesão ao patrimônio de uma estatal atinge o capital público e, portanto, o Erário, mesmo que também haja lesão ao capital privado.

Os artigos 70 e 71 da Constituição Federal alcançam toda a Administração Pública, o que inclui as empresas estatais, que também gerem recursos públicos. O controle externo visa a preservar o patrimônio do Estado, de modo a alcançar a aplicação direta ou indireta de dinheiros, bens e valores públicos. Não se pode dizer que não há possibilidade de haver prejuízo ao Erário na atuação de uma empresa pública ou de uma sociedade de economia mista, em caso de má gestão.

Quanto aos assessores jurídicos que emitem pareceres técnicos, em auxílio à autoridade administrativa, o STF entende que eles, em geral, não podem ser responsabilizados por suas opiniões, exceto se estiverem presentes determinadas condições.

Segundo o Pretório Excelso, um parecer meramente opinativo não é considerado ato administrativo, e sim o ato de aprovação da autoridade que o homologa. Nesse caso, o parecerista não pode, em regra, ser responsabilizado solidariamente com o agente público que decide, salvo em caso de erro grosseiro ou dolo do especialista. Isso porque a autoridade que acata o parecer incorpora as opiniões do feito como se fossem suas, tornando-se responsável pelo seu conteúdo. A responsabilidade do parecerista fora desses casos só ocorrerá quando o parecer não representar simples opinião do agente que o elabora, mas ato que vincula a decisão do administrador.

(ESAF/ANALISTA/TCU/2000) Disserte sobre os atos sujeitos a registro do Tribunal de Contas da União, observando, em especial, os seguintes tópicos: 1) atos que estão sujeitos a registro do TCU; 2) aspecto desses atos sob o qual predomina a apreciação pelo TCU; 3) a variedade diferenciada porventura existentes de atos, para efeito de registro pelo TCU entre os de órgãos da Administração Direta e os de entidades da Administração indireta Federal;

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4) as consequências advindas das decisões do TCU, que resultem impugnações a esses atos sujeitos à sua jurisdição; considerações gerais pertinentes. Extensão máxima: 30 linhas Tente fazer esta e, depois, veja nossa proposta de solução:  

Segundo o art. 71, III, da Constituição Federal, compete ao Tribunal de Contas da União (TCU) apreciar, para fins de registro, a legalidade: dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, em toda a Administração direta e indireta (incluindo as contratações temporárias e celetistas), excetuadas apenas as nomeações para cargos em comissão; e das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem seu fundamento legal. Excluem-se também, neste caso, os atos cujos proventos são pagos pelo regime geral de previdência social. Por exemplo, uma aposentadoria de um empregado de empresa pública, paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social, não é sujeita a registro pelo TCU, ao contrário da aposentadoria de um servidor estatutário.

Ressalte-se que os atos que configuram exceções à apreciação para fins de registro não são imunes à fiscalização geral do Tribunal, quanto à observância das normas legais e constitucionais pertinentes.

O aspecto desses atos sob o qual predomina a apreciação do TCU é a legalidade, de modo que o Tribunal deve efetuar o registro ou recusá-lo, conforme os considere legais ou ilegais, respectivamente. Segundo o Regimento Interno do TCU, a decisão que considera legal o ato e determina o seu registro não faz coisa julgada administrativa e pode ser revista de ofício pela Corte, com a oitiva do Ministério Público junto ao TCU, dentro do prazo de cinco anos do julgamento, se verificado que o ato viola a ordem jurídica, ou a qualquer tempo, no caso de comprovada má-fé.

Quando o Tribunal considera ilegal ato sujeito a registro, o órgão de origem deve adotar as medidas cabíveis, fazendo cessar qualquer espécie de pagamento decorrente do ato impugnado. Recusado o registro do ato, por ser considerado ilegal, a autoridade administrativa responsável pode emitir novo ato, se for o caso, escoimado das irregularidades verificadas.

Segundo a Súmula Vinculante n.º 3, nos processos de apreciação da legalidade dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão, perante o Tribunal de Contas da União, não há obrigatoriedade de serem assegurados o contraditório e a ampla defesa. Não obstante, o Supremo Tribunal Federal vem decidindo que, se entre a concessão do benefício e a apreciação da Corte de Contas transcorrerem mais de cinco anos, deve ser garantido ao interessado o exercício desses direitos, por razões de segurança jurídica.

Agora, mais algumas para você treinar: (CESPE/ANALISTA DO TCE-AC/2007) De acordo com o art. 24 da Lei Federal n.º 8.666/1993:

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“É dispensável a licitação: (...) XXVII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no país, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.”

Nesse sentido, suponha que a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado do Acre tenha adquirido, sem processo licitatório, um conjunto de equipamentos capaz de rastrear o posicionamento dos presos por meio da implantação de um chip sob a pele de cada um deles. Suponha, também, que tais equipamentos tenham sido adquiridos por uma empresa brasileira que os importou do Canadá. Considerando a Lei n.º 8.666/1993 e a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Acre, elabore, na condição de Auxiliar Técnico de Controle Externo, relatório sucinto a respeito dessa situação hipotética, com a seguinte estrutura: - identificação do órgão ou entidade e de seu gestor; - exposição dos fatos; - análise técnica pertinente; - conclusão. Extensão máxima: 30 linhas (CESPE/MINISTRO-SUBSTITUTO/TCU/2007) Atualmente, não há mais controvérsias acerca da prerrogativa dos tribunais de contas para apreciarem a constitucionalidade de leis e atos normativos, quando do exercício de suas atribuições constitucionais. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm sido uniformes no sentido de que as cortes de contas podem e devem pronunciar-se quanto à constitucionalidade de leis e atos normativos, em matérias de sua competência. Com relação a esse assunto, redija um texto dissertativo sobre o exercício, pelo TCU, do controle de constitucionalidade de leis e atos normativos, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos: a) espécies de controle de constitucionalidade repressivo adotadas no direito brasileiro; b) espécie de controle de constitucionalidade exercido pelo TCU; c) fundamentos jurídicos para o exercício do controle de constitucionalidade pelo TCU;

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d) órgão(s) competente(s), dentro do TCU, para o exercício do controle de constitucionalidade; e) requisitos e procedimentos adotados pelo TCU para o controle de constitucionalidade; f) efeitos e alcance de uma eventual deliberação do TCU no sentido da inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo. Extensão máxima: 60 linhas E que tal algumas questões de Auditoria? Só se for agora!

(CESPE/TCE-TO/2008) Evidências constatadas durante auditorias anteriores sobre o desenho ou a operação de controles podem ser consideradas pelo auditor ao avaliar o risco de controle na auditoria corrente.

Desse modo, apresente e explique pelo menos três pontos a considerar acerca da avaliação da utilidade de evidência obtida em auditorias anteriores.

Extensão: 20 linhas.

Dicas:

O risco de auditoria é a possibilidade de opinião ou parecer inadequado, sobre demonstrações com distorções representativas.

As evidências coletadas em auditorias anteriores podem ser utilizadas, com a cautela sobre a extensão e a natureza de eventuais alterações substanciais.

As evidências são as informações e as provas que o auditor obtém quanto ao funcionamento de um controle (teste de observância) ou quanto à validade de uma informação (teste substantivo).

As evidências devem possuir alguns requisitos necessários (suficientes, fidedignas, relevantes e úteis) para fornecer base sólida para as indagações, opiniões e recomendações dos auditores, em tradução:

Suficiência: aspecto quantitativo da evidência. Qualquer pessoa (prudente e razoável) chegaria ao mesmo resultado do auditor;

Adequação: uso de técnicas confiáveis e apropriadas de auditoria; Relevância: aspecto qualitativo. Utilidade: ter o propósito de auxiliar a entidade a alcançar seus

objetivos.

As evidências, coletadas durante a execução, objetivam, por exemplo: a confirmação do conhecimento dos sistemas e os métodos de controle e a execução dos testes.

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(CESPE/DATAPREV/2006) Redija um texto dissertativo, abordando a questão da determinação do tamanho da amostra para situações em que haja restrição de custo, limitação de tempo para se efetuar o levantamento e unidades amostrais que se recusam a participar da pesquisa. Apresente alguns exemplos como ilustração.

Extensão: 20 linhas.

Dicas:

A técnica de amostragem é utilizada para obtenção de informações, a partir de parte da população ou universo (amostra), haja vista a natureza pouco econômica da verificação de toda a população.

A amostragem pode ser estatística (itens com características homogêneas, baseada em critérios científicos) ou não-estatística (fundamentada na experiência – por julgamento ou por quotas).

O resultado da amostragem probabilística (aleatória simples, estratificadas e por conglomerados) pode ser generalizado para toda a população.

A aleatória simples não é a mais eficiente e econômica.

A aleatória estratificada ocorre quando a população pode ser organizada em conjuntos homogêneos.

A aleatória por conglomerados tem aplicabilidade quando a população pode ser agrupada em conjuntos semelhantes, mas internamente heterogêneos.

Para o tamanho da amostra, são considerados o risco de amostragem e os erros toleráveis e os esperados.

Tipos de risco: subavaliação de confiabilidade (amostra não-satisfatória, restante população menor nível de erro); superavaliação da confiabilidade (amostra satisfatória, restante população maior nível de erro); risco de rejeição incorreta (é o risco “denorex”, parece que é, mas não é) e de aceitação incorreta (situação inversa: aceita o acerto, mas é desacerto).

Erro tolerável é o erro máximo aceito pelo auditor. A relação é inversa: quanto menor o erro tolerável, maior a amostra.

Erro esperado tem relação direta com o tamanho da amostra. Se o auditor espera poucos erros, as amostras são menores. Por isso, evidências de auditorias anteriores são relevantes, para, por exemplo, determinar o tamanho da amostra.

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(FCC/AUDITOR/TCE-AM/2007) Qual é a diferença entre testes de observância e testes substantivos? Dê pelo menos 4 (quatro) exemplos de testes substantivos, explicando o objetivo de sua aplicação em Auditoria. Extensão: 15 a 30 linhas.

Respire, pense e planeje! Agora, vamos extrair nosso roteiro: 1) O que são testes de observância e substantivos? 2) Quais são os objetivos dos citados testes? 3) Dê exemplos dos referidos testes, com a citação de, pelo menos,

quatro exemplos dos substantivos. Passemos às respostas: - definição dos testes? Como estudamos para a parte objetiva, tais testes são aplicados na

execução dos trabalhos de auditoria, a fim de obter evidências suficientes para fundamentar a opinião do auditor.

Para isso, a auditoria realiza a avaliação de processos, sistemas de

informação, controles internos e gerenciamento dos riscos da organização. Na Auditoria interna, distintamente da Auditoria externa, não há emissão de opinião por meio de parecer (trabalhos documentados por meio de papéis de trabalho).

Para o cumprimento dessa finalidade, a auditoria cerca-se de

procedimentos (exames e investigações), incluindo testes de observância (ou exames de aderência) e testes substantivos. Os primeiros são realizados para obter evidência de que os procedimentos de controle interno estão sendo aplicados na forma prevista. Já os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informação da entidade.

- Objetivos? Se o amigo sabe definir, obviamente, sabe destacar os objetivos. Tais

testes são exames e investigações (procedimentos de autoria) que permitem ao auditor obter subsídios suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da entidade e, no caso, do auditor externo, para elaborar seu parecer.

- Exemplos?

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Para os testes de observância, há menção expressa para as seguintes técnicas:

- inspeção (verificação dos registros, documentos e ativos tangíveis), - observação (acompanhamento de processo ou procedimento

quando de sua execução), e - investigação/confirmação (obtenção de informações perante

pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das transações e das operações, dentro ou fora da entidade.

Por exemplo: A empresa Grandes Resultados S.A. possui prejuízos

fiscais apurados nos últimos três anos. A empresa estava em fase pré-operacional e agora passou a operar em plena atividade. As projeções para os próximos cinco anos evidenciam lucros. O procedimento técnico básico para constar esse evento será a inspeção (verificação dos registros e documentos).

Já os testes substantivos servem para a certificação dos seguintes

pontos: - existência (o componente existe?); - direitos e obrigações (efetivamente existem?); - ocorrência (a transação ocorreu?); - abrangência (a transação foi registrada?); e - mensuração/apresentação/divulgação (os itens estão de

acordo com os princípios fundamentais?). Por exemplo: A empresa Evolution S.A. comprou novo sistema de

faturamento para registro de suas vendas. A auditoria externa realizou testes para confirmar se todas as operações de vendas, efetivamente, haviam sido registradas na contabilidade. Esse procedimento tem como objetivo confirmar a abrangência.

Por sua vez, os testes substantivos subdividem-se em: - Procedimentos de revisão analítica (cálculo e utilização de

índices financeiros), e - Testes de detalhes de transações e saldos (confirmação do

saldo final da contas a receber diretamente com o cliente – circularização – e exame de documentos que sustentam as transações – rastreamento).

Por exemplo: A auditoria externa realizou na empresa Avalia S.A. o

cálculo do índice de rotatividade dos estoques para verificar se apresentava índice correspondente às operações praticadas pela empresa. Esse procedimento técnico básico corresponde à revisão analítica (cálculo e utilização de índices financeiros).

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Depois do passeio pela disciplina auditoria, os amigos consideram-se prontos para fazer a dissertação sugerida? Vamos montar então nossa redação.

Introdução A auditoria objetiva a avaliação de processos, sistemas de

informação, controles internos e gerenciamento dos riscos da organização, cercando-se, para tanto, de procedimentos (exames e investigações), a exemplo dos testes de observância e substantivos.

- Amigos, certamente, a estratégia, a técnica de dissertar, o modelo

construído são notas peculiares de cada um. No entanto, o “feijão com arroz” é o desejado pelos examinadores, afinal, depois de centenas de redações já corrigidas, a preguiça ronda o examinador, sendo preferível, portanto, o modelo tradicional, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Este é o caminho mais prudente.

Notaram o link testes de observância e substantivos? Desenvolvimento (Parte I) Os testes de observância ou testes de aderência/controle são

realizados para obter evidência de que os procedimentos de controle interno estão sendo aplicados na forma prevista. Já os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informação da entidade.

Desenvolvimento (Parte II) Esses testes são procedimentos de auditoria com o objetivo de

realizar exames e investigações, e, assim, permitir ao auditor obter subsídios suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da entidade.

Desenvolvimento (Parte III) Para os testes de observância, as seguintes técnicas podem ser

empregadas: inspeção (verificação dos registros, documentos e ativos tangíveis), observação (acompanhamento de processo ou procedimento quando de sua execução) e investigação/confirmação (obtenção de informações perante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das transações e das operações, dentro ou fora da entidade).

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Já os testes substantivos servem para a certificação quanto a existência, direitos e obrigações, ocorrência, abrangência e mensuração, subdividindo-se em: revisão analítica e testes de detalhes de transações e saldos. Por exemplo: abrangência para o registro efetivo de vendas, circularização junto a clientes para a confirmação de saldo final de contas a receber, rastreamento para exame de documento suporte de transações e cálculo do índice de rotatividade de estoques, por meio de procedimento de revisão analítica.

Agora, refaça a leitura e responda: todos os itens foram abordados?

Se positivo, passe a redação a limpo para a folha oficial. PROPOSTA DE SOLUÇÃO A auditoria objetiva a avaliação de processos, sistemas de informação,

controles internos e gerenciamento dos riscos da organização, cercando-se, para tanto, de procedimentos (exames e investigações), a exemplo dos testes de observância e substantivos.

Os testes de observância ou testes de aderência/controle são realizados para obter evidência de que os procedimentos de controle interno estão sendo aplicados na forma prevista. Já os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informação da entidade.

Esses testes são procedimentos de auditoria com o objetivo de realizar exames e investigações, e, assim, permitir ao auditor obter subsídios suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações à administração da entidade.

Para os testes de observância, as seguintes técnicas podem ser empregadas: inspeção (verificação dos registros, documentos e ativos tangíveis), observação (acompanhamento de processo ou procedimento quando de sua execução) e investigação/confirmação (obtenção de informações perante pessoas físicas ou jurídicas conhecedoras das transações e das operações, dentro ou fora da entidade).

Já os testes substantivos servem para a certificação quanto à existência, direitos e obrigações, ocorrência, abrangência e mensuração, subdividindo-se em: revisão analítica e testes de detalhes de transações e saldos. Por exemplo: abrangência para o registro efetivo de vendas, circularização junto a clientes para a confirmação de saldo final de contas a receber, rastreamento para exame de documento suporte de transações e cálculo do índice de rotatividade de estoques, por meio de procedimento de revisão analítica.

(CESGRANRIO/PETROBRÁS/2008) Em uma auditoria interna realizada em 2008, pela primeira vez, no processo de compras da XYZ S.A., empresa do ramo alimentício criada no ano 2000, na etapa de entrevista e levantamento do fluxo das atividades, foi constatado que o processo funciona da forma relatada a seguir.

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O Sr. Rui, analista sênior de compras, recebe os pedidos de compras dos setores requisitantes, realiza a cotação de preços entre os fornecedores cadastrados no sistema por ele mesmo, e escolhe um fornecedor. Robson, Analista Júnior de Compras, registra a compra no sistema e envia a fatura e o pedido de compra já autorizado por ele, independente do valor, para o setor financeiro realizar o pagamento.

O Sr. Rui comentou que há três anos, devido à demissão de três funcionários, realizada pela Companhia para redução de gastos, o setor conta apenas com dois funcionários.

Com base nas informações acima, redija um breve relatório de auditoria apontando os três principais problemas existentes no processo de compras, duas causas, dois riscos e respectivas consequências, e três recomendações.

Vejamos, abaixo, o pensamento da organizadora.

Principais Problemas Constatados:

O(A) candidato(a) deverá citar os seguintes problemas no processo de compras da Companhia:

• ausência de segregação de funções (principalmente entre recebimento do pedido, cotação e escolha do fornecedor e entre o registro e a autorização do pagamento);

• ausência de revisão no processo;

• ausência de alçadas para pagamento.

Causas:

O(A) candidato(a) deverá citar duas entre as seguintes causas:

• número de funcionários insuficiente no setor de compras, devido à demissão dos três funcionários;

• frequência inadequada dos procedimentos de auditoria no processo de compras da Companhia, já que o processo nunca havia sido auditado;

• ausência de uma definição formal das funções e responsabilidades.

Riscos e Consequências:

O(A) candidato(a) deverá indicar os riscos e consequências a seguir.

• Risco de Fraude – probabilidade de ocorrência de manipulação dos dados registrados no sistema em beneficio próprio por parte do funcionário, favorecimento de fornecedores em troca de propina ou benefícios e superfaturamento de preços, causando prejuízos à Companhia.

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• Risco Operacional – probabilidade de ocorrência de erros ou falhas nas atividades relacionadas ao processo, como erros na realização do pedido e registro da compra no sistema. O fato de o mesmo funcionário registrar a compra e autorizar o pagamento pode gerar erros nas quantidades e valores envolvidos.

Recomendações:

O(A) candidato(a) deverá apresentar três entre as seguintes recomendações:

• realizar a contratação ou alocação de mais funcionários para o setor de compras;

• definir formalmente as funções e responsabilidades para os funcionários do setor, evidenciando a segregação de funções;

• implementar controles de revisão no processo;

• aumentar a frequência dos procedimentos de auditoria no processo de compras;

• elaborar uma política formal de alçadas.

(CESGRANRIO/PETROBRAS/2008) No planejamento anual de auditoria interna de uma determinada Companhia, constava que seria realizada uma auditoria no processo de contas a receber da empresa, com o escopo englobando desde o operacional até o contábil. De uma forma geral, indique quais são os dois principais objetivos ligados a este tipo de auditoria e quatro procedimentos que devem ser utilizados na auditoria de Contas a Receber com este escopo.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

O desempenho eficiente e eficaz de qualquer atividade é acompanhado do uso de ferramentas apropriadas, na auditoria interna a retórica não é diferente. Um conjunto de técnicas é atribuído aos auditores, permitindo-lhes a obtenção de evidências e de provas suficientes e adequadas para a formação de suas opiniões, são os procedimentos de auditoria.

No presente caso, o planejamento anual de auditoria previu a realização de procedimento de auditoria no processo de contas a receber da empresa, envolvendo aspectos operacionais e contábeis. Entre os objetivos ligados a este tipo de auditoria, podem ser listados:

• verificação da existência e a integridade das informações financeiras e operacionais, e

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• exame do processo e avaliar a efetividade dos controles internos relacionados, ou seja, verificar se os controles estão mitigando de forma eficaz os riscos envolvidos no processo.

Sem perder de vista o escopo dos trabalhos, sob os aspectos operacionais e contábeis, os seguintes procedimentos específicos de auditoria podem ser enumerados:

• levantamento do sistema de controle interno, por meio da leitura de manuais e procedimentos, conversa com funcionários, questionários, inspeção física desde o início da operação até o registro contábil;

• testes de observância do sistema de controle interno, ou seja, certificar se o sistema de controles internos levantado está sendo utilizado de forma efetiva e eficaz;

• inspeção de documentos, por meio de solicitação da composição analítica das Contas a Receber, verificação da idade dos saldos, verificação dos critérios e da composição da provisão para perdas, verificação da documentação suporte ou o fato gerador para o registro contábil, como um documento de venda ou um contrato de prestação de serviços; e

• confirmação com terceiros (Circularização), com a seleção de alguns devedores para confirmação dos saldos, geralmente por meio de carta.

Seguem agora algumas questões de Direito Administrativo de concursos anteriores para você treinar:

(Procurador do TCE-RJ 2001) Se determinado Tribunal aprova ato regimental caracterizado como interna corporis, é possível admitir a sindicabilidade dessas normas perante o Poder Judiciário? Fundamente. Extensão: 15 a 30 linhas

Lembrando: Os atos interna corporis dos Tribunais e dos Parlamentos

são, em regra, insindicáveis pelo Poder Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre o funcionamento interno dos órgãos. Na verdade, o que o Judiciário não pode fazer é substituir a decisão interna do Tribunal por uma decisão judicial sobre assunto de exclusiva competência discricionária do órgão. Não obstante, nada impede que seja feita a verificação da compatibilidade do ato com as normas constitucionais e legais sobre o assunto.

Portanto, o juiz tem poder para verificar eventuais inconstitucionalidades ou ilegalidades ocorridas na prática dos atos interna corporis, sem, contudo, pretender alterar o conteúdo de tais atos, de competência privativa do Tribunal ou da Casa legislativa. Assim, por exemplo, se esses atos ferirem direitos individuais e coletivos, poderão ser apreciados pelo Poder Judiciário.

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Agora é sua vez. Capriche na redação. Outra: (Procurador do TCE-RJ 2001) É constitucionalmente possível a subsistência da percepção de proventos de aposentadoria de dois cargos acumuláveis com remuneração proveniente do exercício de outro cargo de provimento efetivo? Fundamente Extensão: 15 a 30 linhas

Dispositivos relacionados ao caso: Art. 37, § 10, da CF/88: É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

Art. 11 da EC 20/1998: A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição Federal, não se aplica aos membros de poder e aos inativos, servidores e militares, que, até a publicação desta Emenda, tenham ingressado novamente no serviço público por concurso público de provas ou de provas e títulos, e pelas demais formas previstas na Constituição Federal, sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência a que se refere o art. 40 da Constituição Federal, aplicando-se-lhes, em qualquer hipótese, o limite de que trata o § 11 deste mesmo artigo.

Art. 40, § 6.º, da CF/88: Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo. Veja agora os seguintes julgados: STF: RE 489.776 AgR/MG e ADI 1.328/AL;

STJ: RMS 20.394/SC, RMS 20.033/RS, EDcl no RMS 5.722/DF, MS 7.166/DF.

Captou? Não é possível a acumulação de proventos de aposentadoria

de dois cargos públicos, salvo se acumuláveis na atividade. Veja o RE 489.776 AgR/MG (STF), principalmente a parte final da sua ementa.

Agora mais uma:

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(Procurador do TCE-RJ 2001) É legal disposição que impõe pontuação negativa por quantidade de linhas intermunicipais já exploradas pelas proponentes, em edital que tem por objeto a concessão de serviço público de linha de transporte intermunicipal com itinerário diverso, mas no mesmo Estado? Extensão: 15 a 30 linhas

Dica: art. 15 da Lei 8.987/1995. E mais uma. Nunca é demais! (Procurador do TCE-RJ 2001) Um prisioneiro foge de uma prisão estadual. Passados 6 (seis) meses, esse prisioneiro, juntamente com 3 (três) outros comparsas, assalta uma residência particular, causando danos às pessoas ocupantes desse imóvel e seus bens. É cabível a obtenção de indenização do Estado por parte das vítimas do assalto? Exponha os argumentos a favor e contra o dever de indenizar. Extensão: 15 a 30 linhas Argumento a favor da responsabilidade do Estado: houve falha

no dever de vigilância do preso, que acabou fugindo e praticando o crime. Assim, o Estado deve indenizar as vítimas.

Argumento contra: houve rompimento do nexo causal entre a falha da vigilância e o crime cometido, em função do tempo decorrido (seis meses) entre a fuga e a ocorrência do fato.

Obs.: dê uma olhadinha nos seguintes julgados do STF: RE 172.025/RJ e RE 130.764/PR. Veja também este do STJ: REsp 858.511/DF. Agora é com você! Veja agora uma sobre princípios administrativos: (Procurador do TCE-RJ 2001) Em que consiste o princípio da proporcionalidade? Extensão: 15 a 30 linhas

Agora queremos ver. Você tem que escrever pelo menos 15 linhas sobre o princípio da proporcionalidade. E não vale enrolar! ☺

Vejamos outras questões de Direito Administrativo. Quanto mais,

melhor:

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(2005/Delegado do DF) São várias as áreas de atuação do Estado, entre elas o exercício do poder de polícia. Nesse sentido, aponte as diferenças entre a polícia administrativa e a polícia judiciária. Extensão máxima: 20 linhas.

Comentários: Em caráter colaborativo, segue um quadro-resumo:

Poder de Polícia Administrativa Judiciária Natureza (+) Preventiva (+) Repressiva

Incidência Bens, direitos, e atividades Pessoas

Competência Toda APU (de Direito Público)

Corporações Específicas

Sanções Administrativas Criminais Agora é com você. Disserte!

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em prol da sociedade e da segurança do próprio Estado. Essa prerrogativa que o Estado exerce pode incidir em duas áreas de atuação estatal: na administrativa e na judiciária, inconfundíveis entre si quanto à incidência, à competência, e à natureza. Quanto à incidência, enquanto a polícia administrativa é regida pelo Direito Administrativo, incidindo sobre bens, direitos ou atividades, atuante na área dos ilícitos administrativos; a judiciária, comandada pelo Direito Processual Penal, recai sobre as pessoas, atuando na área do ilícito penal. Relativamente à competência, enquanto a administrativa é espalhada por toda a Administração Pública de Direito Público, haja vista a indelegabilidade a particulares; a judiciária é privativa de corporações especializadas (na União, polícia federal; nos Estados, a polícia civil, por exemplo). Por fim, no que concerne à natureza, enquanto a polícia administrativa é eminentemente preventiva (atividade negativa), com aplicações de repressão (interdição de estabelecimentos comerciais insalubres, por exemplo); a judiciária é predominantemente repressiva, com sinais de prevenção ao inibir a prática de novo ilícito penal pelo infrator.

(CESPE/TÉCNICO/TCU/2007) Em um texto dissertativo, conceitue e diferencie a anulação e a revogação dos atos administrativos.

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Extensão máxima: 10 linhas Comentários: Essa questão exige o casamento perfeito entre a concisão e a clareza,

afinal, o candidato tem apenas 10 linhas para conceituar e diferenciar os institutos da revogação e da anulação.

Em termos de planejamento, vamos roteirizar em forma de

perguntas. Vejamos:

O que são atos administrativos? Os atos administrativos podem ser extintos? Quais as principais formas de desfazimento? Conceitos. A anulação se confunde com a revogação?

Vamos à tempestade de ideias, a partir dos quesitos propostos:

Os atos administrativos são declarações unilaterais do Estado ou de quem lhe faça as vezes, sob o regime de direito público, produzindo efeitos jurídicos imediatos, sujeitando-se ao controle judicial;

Os atos administrativos podem ser retirados (desfeitos) de várias formas, entre outras: caducidade, cassação, revogação e anulação;

As duas formas de desfazimento de maior incidência são: a anulação e a revogação;

Enquanto a anulação é a retirada de atos ilegais, com efeitos retroativos (ex tunc), a revogação é o desfazimento de atos legais e eficazes, com efeitos ex nunc.

Bom, temos que falar tudo isso em apenas 10 linhas! Assim, vamos

citar apenas o que for essencial, OK?

PROPOSTA DE SOLUÇÃO Os atos administrativos podem ser extintos, entre outras formas, pela

anulação e pela revogação. A anulação ocorre por razões de ilegalidade na formação do ato, que

ingressa no mundo jurídico viciado e, portanto, deve ser retirado do ordenamento. Ela ocorre, em regra, com efeitos “ex tunc”, pois o ato jamais deveria ter produzido efeitos. Ressalvam-se, porém, os direitos de terceiros de boa-fé. A anulação pode ser feita pela Administração ou pelo Poder Judiciário, se provocado.

A revogação ocorre por razões de conveniência e oportunidade, quando um ato, até então válido e regular, passa a ser desnecessário ou inoportuno para a Administração. Como o ato era válido até então, a revogação ocorre com efeitos “ex nunc”. Por envolver questões de mérito administrativo, só pode ser feita pela própria Administração.

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(Cespe – OAB/Unificado – 2009-1) Ana obteve aprovação em concurso público para o provimento de determinado cargo efetivo no âmbito da administração pública federal, porém não foi classificada dentro do número de vagas previsto em edital, o qual consignava expressamente que o concurso seria realizado para o preenchimento de um número exato de vagas, que foram devidamente preenchidas pelo poder público. No entanto, ainda durante o prazo de validade do concurso, foi editada lei federal de criação de novos cargos da mesma natureza daquele para o qual Ana fora aprovada. Considerando a situação hipotética acima apresentada, responda, de forma fundamentada, se Ana tem o direito líquido e certo à nomeação para o cargo que foi criado pela referida lei federal. Em sua resposta, especifique os limites da atuação da administração pública no caso em tela. Servidores

Extensão máxima: 30 linhas. Comentários: Na doutrina, boa parte dos autores tem entendido que a aprovação

gera ao candidato mera expectativa de direito à investidura no cargo ou emprego público, ou seja, o aprovado em concurso público tem esperança de um dia ser nomeado. Esse, inclusive, era o entendimento mantido de forma majoritária pelo STF, em julgados como este:

A aprovação em concurso não gera direito à nomeação, constituindo mera expectativa de direito. Esse direito somente surgirá se for nomeado candidato não aprovado no concurso ou se houver o preenchimento de vaga sem observância de classificação do candidato aprovado. (MS/STF 21.870)

Portanto, para parte da doutrina, a aprovação e a classificação em

concurso público conferem ao candidato, em regra, apenas a expectativa de direito à nomeação. Agora, se o candidato aprovado for nomeado, tem direito subjetivo à posse e à complementação do processo de investidura. Se a participação e aprovação do candidato em alguma etapa do concurso público decorreram de concessão de medida liminar em ação judicial, não há para o interessado direito subjetivo à nomeação.

No entanto, por uma questão de moralidade, de respeito aos cidadãos, “ainda bem” que a jurisprudência mais moderna vem caminhando em outro sentido.

No STJ, decisões como as seguintes passaram a surgir:

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Servidor público - Concurso - Aprovação de candidato dentro do número de vagas previstas em edital - Direito líquido e certo à nomeação e à posse no cargo. (Recurso em Mandado de Segurança n° 19.922)

No STF, em recente julgado (RE 227480), por meio de sua Primeira

Turma, entendeu-se que a aprovação gera direito à nomeação, a não ser casos em que não haja condição de nomeação dos aprovados, como na falta de condição orçamentária.

O nosso “ainda bem” da frase anterior é por conta da certa tranquilidade que as decisões como as do STJ podem trazer para centenas, milhares, de candidatos, os quais aprovados em concurso público, nas vagas previstas no edital, simplesmente não são chamados pela Administração. Com tais precedentes, muitos terão chance de não serem “deixados de lado” pela Administração.

Agora, já notaram como passaram a proliferar concursos com cadastros de reserva?

Pois é, se não há vagas previstas no edital, não tem como que se falar de direito à nomeação. Essa a razão de concurso com cadastro reserva. Guarde essa passagem, será essencial para o deslinde da situação apresentada pela organizadora. Vejamos ainda o que diz o inc. III do art. 37 da CF/1988:

o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período

Na realidade, os aprovados nas vagas têm direito de ser nomeados

durante todo o período de validade do certame, que é de dois anos, mas prorrogável por igual período. Daí que, nesse prazo total, os candidatos devem ser nomeados, mas não necessariamente nos dois primeiros anos. Ah! Uma última informação, a contagem de prazo de vigência ocorre a partir da homologação do resultado mesmo, enfim, oportunidade em que a Administração reconhece a legitimidade de todas as etapas do concurso. Feito esse breve passeio teórico, retomemos nossa questão. Vamos aos quesitos:

Ana tem direito à nomeação, apesar de não classificada dentro do número de vagas? Surgidas novas vagas durante a validade do concurso, poderiam ser estendidas aos candidatos aprovados (classificados ou não)? Quais os limites de atuação da administração pública? No dia da prova, o mais difícil para os candidatos não é saber o conteúdo (todos estão afiados!). O problema maior é a estruturação da dissertação. Façamos, então, a divisão em parágrafos:

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1º PARÁGRAFO – para esse modelo de questões (situacionais), aconselho que, na introdução, o candidato abuse e use de informações apresentadas pela organizadora, enfim, providencie resumo do caso concreto. 2º e 3º PARÁGRAFOS – no primeiro item de desenvolvimento, o candidato fará considerações gerais sobre o princípio do concurso público, bem como sobre os atuais posicionamentos sobre o direito à nomeação dos aprovados e o surgimento de novas vagas depois do edital. 4º PARÁGRAFO – nesse espaço, o candidato se posicionará sobre o direito de Ana. 5º PARÁGRAFO – cabe-nos, agora, dissertar sobre os limites de atuação da Administração. 6º PARÁGRAFO – podemos ou não escrever a conclusão, tudo depende se há ou não espaço suficiente. PROPOSTA DE SOLUÇÃO

No caso apresentado, Ana foi aprovada em concurso público para o provimento em cargo efetivo no âmbito da administração pública federal, no entanto, fora do número de vagas previsto em edital. Contudo, durante o prazo de validade do concurso, foi editada lei federal criando novos cargos da mesma natureza daquele para o qual Ana fora aprovada. À vista disso, questiona-se se Ana tem o direito líquido e certo à nomeação para o cargo que foi criado pela referida lei federal. Preliminarmente ao enfrentamento do quesito, registre-se que, nos termos da CF/1988, o concurso público, ressalvados o acesso aos cargos comissionados, é princípio aplicável para o ingresso nos cargos efetivos e também para os empregos públicos, de alcance para toda Administração Direta e Indireta. A nomeação – ato que materializa o direito do candidato aprovado no concurso – era entendida como mera expectativa de direito, porém, nos dias atuais, é firme a jurisprudência dos Tribunais Superiores de que a aprovação de candidato dentro do número de vagas previstas em edital gera direito líquido e certo à nomeação e à posse no cargo. Tal mudança de orientação jurisprudencial é reforçada, ainda, por parte da doutrina administrativista. Todavia, há o realce de que a Administração Pública só estará obrigada a nomear o candidato aprovado dentro do número de vagas previstos no edital, não tendo os demais direito subjetivo a vagas que futuramente venham a surgir, afinal, o certame para o qual concorreram não previa tais vagas. Portanto, Ana, apesar de aprovada, não terá direito líquido e certo, seja à nomeação nas vagas previstas no edital, porque não classificada dentro do número de cargos previsto, seja à nomeação para o cargo que foi criado pela lei federal, afinal, foram vagas para as quais não disputou. Em todo caso, há limites que devem ser observados pela Administração Pública. É a Administração que vai decidir em que momento nomeará o candidato até o último dia do prazo de validade do concurso. A não-convocação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas previstas em edital deve ser objeto de explicações pela Administração, exemplo das restrições de natureza orçamentária. Outras limitações acham-se no art. 37, IV, da CF/1988, e na Súmula 15 do STF, os quais impõem o dever de a ordem de classificação ser respeitada, sob pena de a mera expectativa mudar para direito em direito subjetivo à nomeação.

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(JUIZ DO TRABALHO/3.ª REGIÃO/2006) Conceitue e estabeleça a diferença entre empresa pública e sociedade de economia mista.

Comentários:

A questão é relativamente fácil. O uso do “relativamente” deve-se ao

fato de, no dia de prova, o Direito Administrativo ser apenas uma entre várias disciplinas. No caso, a organizadora solicita-nos a conceituação e as diferenças entre empresas públicas e sociedades de economia mista. Que tal um quadro-resumo, para sintetizarmos as principais diferenças, a seguir:

Entidades Federais SEM EP

Composição do capital

Maioria das ações com direito a voto do Estado

100% capital público (1)

Formação societária

Sempre S/A Qualquer forma,

admitida em direito (2)

Foro de julgamento

Justiça Comum Estadual (3)

Justiça Comum Federal (4)

(1) O primeiro detalhe é que se exige 100% de capital público e não de 100% de patrimônio público. O segundo é um reforço ao nosso aprendizado, é que as empresas públicas podem ser pluripessoais, ou seja, pode ser constituída com vários sócios, por exemplo: uma autarquia, um município, e, em tese, até mesmo uma sociedade de economia mista. Sociedade de economia mista? Como isso é possível? Não precisa pular da cadeira, basta a SEM integralizar a parte pública de seu capital. Assim, continuaremos a ter 100% de capital público; afinal, se a SEM é mista, é por que também tem capital público. (2) A formação societária nem sempre será um traço distintivo, já que a EP pode assumir qualquer configuração admitida em lei, como, por exemplo, sociedade anônima, oportunidade que se igualará à SEM. (3) As sociedades de economia mista federais, estaduais, e municipais, têm o foro de julgamento na Justiça Comum Estadual. No entanto, temos uma exceção, tratando-se de SEM federais – Súmula 517 do STF: as sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente. (4) A Administração Direta, autárquica, e empresas públicas FEDERAIS têm foro de julgamento na Justiça Comum Federal. No entanto, para as empresas públicas municipais e estaduais, o foro de julgamento é a Justiça Comum Estadual. A partir de agora nosso trabalho de paragrafação fica mais fácil. Vejamos (sugestão de seis linhas por parágrafo):

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1º PARÁGRAFO (introdução) O que são empresas públicas e sociedades de economia? A quem pertencem? Processo de criação (desconcentração ou descentralização)? Alguns candidatos gostam deste tipo de técnica. Com perguntas objetivas, o candidato constrói o tópico frasal. Nessa questão, é recomendável mencionar que o Estado realiza suas atividades de forma centralizada e descentralizada, destacando-se, nesse último caso, a presença das autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. 2º PARÁGRAFO (desenvolvimento – conceito) Propositadamente, as empresas públicas e sociedades de economia mista devem ser deixadas no final do parágrafo de introdução, a fim de criarmos um link para o primeiro item do desenvolvimento (conceito).

No Decreto-lei 200/1967, encontramos os seguintes conceitos para empresa pública e sociedade de economia mista, respectivamente:

Entidade de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.

Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, à União ou a entidade da administração indireta.

Os grifos não constam do texto original, é para explicarmos que: 1) a criação destas entidades é autorizada por lei específica (e não criadas por lei); 2) as empresas públicas podem ser pluripessoais, ou seja, com a integralização de capital por outras entidades políticas (a União participa do capital da TERRACAP, apesar de pertencer à estrutura do DF); 3) as empresas estatais tanto podem desenvolver atividade econômica como serem prestadoras de serviços públicos. 3º PARÁGRAFO (desenvolvimento – distinções) Pode colar! Isso mesmo. Pode colar do quadro-resumo, esse é o momento da cola, no dia da prova, não recomendamos, por razões lógicas. 4º PARÁGRAFO (conclusão opcional)

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Na conclusão, não devemos criar novas ideias, no entanto, há a necessidade de sermos criativos, afinal, as organizadoras são formadas por seletos professores, os quais estão acostumados às leituras das mais diversas, logo, para conquistá-los, retomem a ideia do texto, fechando com frase do gostinho “quero mais”. PROPOSTA DE SOLUÇÃO A Administração Pública dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios desincumbe-se dos encargos públicos direta (centralizada) ou indiretamente (descentralizada). Na centralização, o Estado realiza as atribuições por meio de seus próprios órgãos, sem a entrega a outras pessoas; já na descentralização, o Estado, por lei, transfere a titularidade e a execução para pessoas jurídicas diversas, exemplo das sociedades de economia e empresas públicas (as empresas estatais).

O conceito das entidades empresariais do Estado está previsto no Decreto Lei 200/1967. As empresas públicas e as sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado do Estado, integrantes da administração indireta, autorizadas por lei, para a exploração de atividade econômica, por razões de monopólio, de segurança nacional ou de relevante interesse público, bem como, mais recentemente, para a prestação de serviços públicos.

Apesar das semelhanças, há igualmente traços distintivos entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. As empresas públicas têm a integralização de 100% de capital público, com foro julgamento de suas ações na Justiça Federal, tratando-se de empresas federais, ressalvadas as ações especializadas, podendo assumir qualquer configuração societária, admitida em lei. Já nas mistas o Estado conta com a maioria do capital votante, sendo a Justiça Estadual o foro de julgamento de suas ações, assumindo, no entanto, sempre a forma de sociedade anônima.

(CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/2010) Pedro, menor impúbere, aluno de escola pública federal, acidentou-se enquanto usava, de forma inadequada um brinquedo localizado no pátio da escola onde estuda. Após o acidente, a família de Pedro despendeu somas vultosas com sua recuperação, tendo o menor adquirido uma cicatriz no rosto, que, devido à vergonha, o constrangia perante os seus colegas de turma. Diante do ocorrido, a família de Pedro procurou a Defensoria Pública da União Em face desta situação hipotética, considerando que não houve negligência, imprudência ou imperícia por parte dos funcionários da referida escola, discorra acerca da responsabilidade civil do Estado e da possibilidade de cumulação de danos material, moral e estético.

Extensão máxima: 20 linhas.

Comentários:

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O primeiro cuidado dos candidatos é com a apresentação e estrutura textual, atentando para a legibilidade (letra sempre cursiva), para o respeito às margens (escrever sempre até o final da linha), e distribuição simétrica dos parágrafos, sempre que possível. Relativamente ao desenvolvimento do tema, sugiro a seguinte distribuição: 1º PARÁGRAFO (introdução) Ao candidato compete breve exposição da situação hipotética, com o detalhamento de que o acidente pelo menor impúbere, em brinquedo no pátio da escola pública federal, não decorreu de ato ilícito (dolo ou culpa) dos funcionários da referida escola. 2º PARÁGRAFO (desenvolvimento – responsabilidade por ato omissivo) Esclarecer que, tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. A falta do serviço — faute du service dos franceses —, como vimos, não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro. 3º PARÁGRAFO (desenvolvimento – atos omissivos na posição de garante)

O caso, como se vê, trata da responsabilidade civil do Estado no que se refere às pessoas sob sua custódia (presidiários, estudantes, internados em hospitais públicos).

Conforme entendimentos jurisprudenciais, nestas situações haverá a responsabilidade objetiva do Estado, mesmo que o prejuízo não decorra de ação direta de um agente do Poder Público, este que, quando tiver o papel de garantidor da integridade de pessoas, responderá com base no §6º art. 37 da CF/1988. 4º PARÁGRAFO (desenvolvimento – conclusão – cumulação de danos) A conclusão é de que, configurado o nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda (garante), há o dever de indenização do Estado ainda que demonstrada a ausência de culpa dos funcionários públicos, pelos danos morais, materiais e estéticos, cumuláveis, conforme o caso. PROPOSTA DE SOLUÇÃO

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A responsabilidade civil do Estado por ações dos seus agentes é de natureza objetiva (risco administrativo). Quanto aos atos omissivos, a responsabilidade é subjetiva, não sendo necessária a individualização do agente, sendo atribuída ao serviço público genericamente (culpa do serviço).

No presente caso, em que o menor impúbere acidentou-se em escola pública federal ao usar de forma inadequada brinquedo do pátio, a provável alegação de escusa de responsabilidade pelo Estado seja tratar o caso como ato tipicamente omissivo, de sorte a aplicar a responsabilidade de natureza subjetiva, pelo que se exige dolo ou culpa.

Distinta, no entanto, é a solução da situação apresentada. O Poder Público, ao receber o menor impúbere na escola pública federal, assumiu o compromisso de velar por sua integridade física, devendo empregar os meios necessários ao desempenho desse encargo jurídico. Incumbe ao Estado dispensar proteção efetiva aos estudantes sob sua guarda imediata nos estabelecimentos oficiais de ensino.

Assim, descumprida essa obrigação e vulnerada a integridade corporal do menor, emerge a responsabilidade objetiva do Estado pelos danos materiais e morais causados a quem, no momento do fato lesivo, achava-se sob a guarda, vigilância e proteção das autoridades escolares.

(JUIZ FEDERAL/1.ª REGIÃO/9.º CONCURSO) Estabeleça as distinções entre serviço público centralizado, serviço público descentralizado, serviço desconcentrado, execução direta de serviço e execução indireta de serviço. Extensão máxima: 30 linhas. Comentários:

A questão não nos oferece dificuldade de interpretação, sendo o enunciado direto e objetivo. Como enfatizado, a dissertação deve ter sempre sequência coerente, procedendo-se o adequado planejamento, com a seleção de ideias precisas, para a completa argumentação, seguindo, sempre que possível, os quesitos apresentados no comando da questão.

Vamos à estruturação: 1º PARÁGRAFO (introdução) A introdução é o abre-alas. O candidato deve expor o tema serviço

público e os aspectos gerais, os quais serão objeto de aprofundamento ao longo do desenvolvimento da dissertação. Nesse caso, cabem breves esclarecimentos de o Estado é titular do serviço público, podendo prestá-lo de forma direta e indireta.

2º PARÁGRAFO (desenvolvimento – serviço público

centralizado e descentralizado) Em obediência ao enunciado, o candidato analisará as ideias, em

forma de contraste, e, se possível, com exemplificação do pensamento.

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3º PARÁGRAFO (desenvolvimento – serviço público desconcentrado) Cabe a exposição de que o serviço desconcentrado é todo aquele prestado pelo Estado de forma centralizada, no entanto, distribuído por vários órgãos da pessoa jurídica. Cabe acrescentar que o processo de desconcentração é uma técnica administrativa, distintamente da descentralização, regida pelo princípio da especialidade.

4º PARÁGRAFO (desenvolvimento-conclusão – execução direta

e indireta) Esse é o ponto mais difícil da dissertação, isso porque muitos candidatos confundem prestação direta e indireta com execução direta e indireta. Na execução direta, a pessoa jurídica responsável pelos serviços executa-os de forma direta, com uso dos próprios meios; enquanto que, na execução indireta, a pessoa contrata com terceiros a execução de tarefas complementares, auxiliares, ao serviço público.

Então, prontos? Vamos à dissertação. PROPOSTA DE SOLUÇÃO Nos termos do texto constitucional, os serviços públicos são de titularidade do Poder Público, o qual, no entanto, pode prestá-los diretamente, por intermédio da administração Direta ou da Indireta (autarquias, por exemplo), bem como indiretamente, nesse caso, por meio de concessão e de permissão, sempre precedidas de licitação. Nesse contexto, o serviço centralizado se confunde com o conceito de Administração Direta (Ministérios, por exemplo), enfim, os serviços são prestados pelos próprios órgãos da estrutura da pessoa política (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Já o serviço descentralizado é todo aquele em que o Poder Público transfere a titularidade e execução por lei ou, tão-somente, a execução por contrato ou ato administrativo a outras pessoas jurídicas, traduzindo-se, respectivamente, em Administração Indireta (descentralização por outorga) e em Administração por Colaboração (descentralização por delegação). Cita-se, ainda, a descentralização territorial ou geografia (hoje inexistente), em que se outorga a capacidade genérica administrativa às autarquias territoriais. O serviço descentralizado não se confunde, igualmente, com o serviço desconcentrado. Na desconcentração, os serviços são prestados centralizadamente, porém, distribuídos entre dois ou mais órgãos da pessoa jurídica, verdadeira técnica administrativa, por simplificar a prestação dos serviços, o que, inclusive, diferencia-a da descentralização, esta pautada no princípio da especialização, em que os serviços são retirados do centro e transferidos para outras pessoas, garantindo-se maior eficiência.

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Por fim, os serviços centralizados, descentralizados e desconcentrados (formas de prestação) podem ser executados direta ou indiretamente (meios de execução). Enquanto na execução direta, os serviços são prestados aos usuários pela pessoa competente com os próprios instrumentos (equipamentos e funcionários, por exemplo); na execução indireta, o responsável pela prestação contrata com terceiros (terceiriza) a execução de serviços delegáveis (obras contratadas por autarquias, sob a modalidade de empreitada global, por exemplo).

Voilà! Finalizemos com temas acerca de Direito Constitucional!

(CESPE/TCM-GO/PROCURADOR/2007) Considerando que o artigo 1.º da Constituição Federal dispõe que a República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito Federal, redija um texto dissertativo a respeito do Estado Federal, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos: - conceito de Estado Federal; - princípios caracterizadores da Federação; - pressupostos para a existência de um Estado Federal; - princípios limitadores da autonomia dos estados-membros de uma Federação.

Extensão: 40 a 60 linhas

Esse modelo de questão é, provavelmente, o que será adotado para os temas de 40 a 60 linhas. Certamente, o roteiro é um facilitador, mas também um traidor, pois o candidato, ao não responder o tópico sugerido, garante ao examinador grande margem de descontos.

Primeira tarefa: leitura e interpretação do enunciado A banca facilitou nossa missão, pois é suficiente seguir o roteiro

sugerido. Segunda tarefa: elaboração do plano ou roteiro do texto Nossa missão é escrever sobre o Estado Federal, na seguinte ordem: 1) Conceito? 2) Princípios caracterizadores? 3) Pressupostos de existência? 4) princípios limitadores da autonomia dos estados-membros? Temos agora que realizar o “brainstorm”. Terceira tarefa: redação do texto

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O conceito de Estado não é fixo no tempo e no espaço. No entanto, alguns de seus elementos são constantes: o humano (povo), o geográfico (território), e o político-administrativo (governo soberano). Nesse contexto, podem ser encontradas diversas formas de Estado, a depender da época, do território ou de razões históricas, a exemplo do Estado Unitário e do Estado Federal (NOTOU O LINK?).

Os conceitos de Estado Unitário e Estado Federal são inconfundíveis, pois, enquanto naquele existe um único centro de poder, responsável por todas as atribuições políticas, como é o exemplo da França, no Estado Federal, há diferentes pólos de poder, os quais atuam de forma autônoma entre si, como é o caso do Brasil (VEJA, MAIS UMA VEZ, A LIGAÇÃO COM O PARÁGRAFO SUBSEQUENTE).

Relativamente ao federalismo, registra-se ser ele um fenômeno moderno, cujas principais raízes datam do século XVIII. Assim, se é verdade que em qualquer época da história humana encontram-se referências a alianças entre Estados, deve-se também reconhecer que, para identificar um efetivo Estado Federal, nos moldes hoje existentes, são exigidas determinadas peculiaridades inexistentes até 1787 (ELEMENTO DE COESÃO).

Por tal razão, pode-se dizer que a estrutura do modelo federal de Estado surgiu primeiramente nos Estados Unidos. Em 1787, na Convenção de Filadélfia, os representantes dos recentes Estados (soberanos) buscaram aprimorar a união dos territórios, que se mostrava frágil como organização política. Elaborou-se, então, nesse encontro, aquele documento que fundaria juridicamente os Estados Unidos: a Constituição Americana. Consolidou-se, nesse compasso, a caracterização da nova forma de Estado: a Federação.

Porém, há certos pressupostos para que se possa, efetivamente, conceituar um Estado como federal, são eles: existência de efetiva autonomia dos estados-membros, assegurada por uma Constituição comum; inexistência de direito de secessão; previsão de um tribunal habilitado a resolver eventuais conflitos de competência; e possibilidade de a União utilizar-se do instituto da intervenção nos Estados, quando circunstâncias desagregadoras comprometerem a sobrevivência da Federação. A esse rol podem ser adicionadas a participação das vontades políticas dos Estados no Governo Federal, a repartição de competências e a repartição de rendas.

Ademais, tem-se acrescido ao federalismo a função de garantia da democracia participativa, com sua multiplicação de círculos de decisões políticas em que o cidadão fica mais próximo do poder. O Estado Federal mantém seu prestígio ainda, por preservar os particularismos, afinal de contas, a Federação mantém as características socioculturais dos Estados-membros, todos autônomos, nos termos da Constituição.

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No entanto, a distribuição de autonomia pelos entes federados encontra limites. O federalismo, em sua origem, reportado como a união de estados federados, põe freios ao exercício da autonomia dos entes políticos. Podem ser citados os seguintes exemplos de restrição à autonomia: cumprimento dos princípios constitucionais sensíveis, sob pena de intervenção federal; não-tributação das rendas, do patrimônio, e dos serviços entre os entes federados (a denominada imunidade recíproca); observância das normas gerais editadas pela União; edição das Cartas Estaduais e Leis Orgânicas em observância às diretrizes gerais previstas na Constituição da República.

Há autores que criticam a existência da Federação, por exemplo, em razão dos conflitos políticos e jurídicos advindos da coexistência de inúmeras esferas autônomas, cujos limites de atuação nem sempre estão bem distribuídos constitucionalmente.

A despeito disso, não se pode olvidar que esse tipo de configuração de Estado assegura oportunidades mais amplas de participação no poder político, pois quem não obtiver ou não quiser a liderança federal poderá ter acesso aos poderes locais. Dessa forma, a Federação vem sendo considerada a forma mais avançada de descentralização política.

Quarta tarefa: revisão da resposta É o momento de verificarmos, em última leitura, se os quesitos foram

respondidos, a contento: há o conceito de Estado Federal? Há os princípios e os pressupostos do Estado Federal? Se a resposta for positiva, parabéns, você receberá os pontos previstos na planilha de correção.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO O conceito de Estado não é fixo no tempo e no espaço. No entanto,

alguns de seus elementos são constantes: o humano (povo), o geográfico (território), e o político-administrativo (governo soberano). Nesse contexto, podem ser encontradas diversas formas de Estado, a depender da época, do território ou de razões históricas, a exemplo do Estado Unitário e do Estado Federal.

Os conceitos de Estado Unitário e Estado Federal são inconfundíveis, pois, enquanto naquele existe um único centro de poder, responsável por todas as atribuições políticas, como é o exemplo da França, no Estado Federal, há diferentes pólos de poder, os quais atuam de forma autônoma entre si, como é o caso do Brasil.

Relativamente ao federalismo, registra-se ser ele um fenômeno moderno, cujas principais raízes datam do século XVIII. Assim, se é verdade que em qualquer época da história humana encontram-se referências a alianças entre Estados, deve-se também reconhecer que, para identificar um efetivo Estado Federal, nos moldes hoje existentes, são exigidas determinadas peculiaridades inexistentes até 1787.

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Por tal razão, pode-se dizer que a estrutura do modelo federal de Estado surgiu primeiramente nos Estados Unidos. Em 1787, na Convenção de Filadélfia, os representantes dos recentes Estados (soberanos) buscaram aprimorar a união dos territórios, que se mostrava frágil como organização política. Elaborou-se, então, nesse encontro, aquele documento que fundaria juridicamente os Estados Unidos: a Constituição Americana. Consolidou-se, nesse compasso, a caracterização da nova forma de Estado: a Federação.

Porém, há certos pressupostos para que se possa, efetivamente, conceituar um Estado como federal, são eles: existência de efetiva autonomia dos estados-membros, assegurada por uma Constituição comum; inexistência de direito de secessão; previsão de um tribunal habilitado a resolver eventuais conflitos de competência; e possibilidade de a União utilizar-se do instituto da intervenção nos Estados, quando circunstâncias desagregadoras comprometerem a sobrevivência da Federação. A esse rol podem ser adicionadas a participação das vontades políticas dos Estados no Governo Federal, a repartição de competências e a repartição de rendas.

Ademais, tem-se acrescido ao federalismo a função de garantia da democracia participativa, com sua multiplicação de círculos de decisões políticas em que o cidadão fica mais próximo do poder. O Estado Federal mantém seu prestígio ainda, por preservar os particularismos, afinal de contas, a Federação mantém as características socioculturais dos Estados-membros, todos autônomos, nos termos da Constituição.

No entanto, a distribuição de autonomia pelos entes federados encontra limites. O federalismo, em sua origem, reportado como a união de estados federados, põe freios ao exercício da autonomia dos entes políticos. Podem ser citados os seguintes exemplos de restrição à autonomia: cumprimento dos princípios constitucionais sensíveis, sob pena de intervenção federal; não-tributação das rendas, do patrimônio, e dos serviços entre os entes federados (a denominada imunidade recíproca); observância das normas gerais editadas pela União; edição das Cartas Estaduais e Leis Orgânicas em observância às diretrizes gerais previstas na Constituição da República.

Há autores que criticam a existência da Federação, por exemplo, em razão dos conflitos políticos e jurídicos advindos da coexistência de inúmeras esferas autônomas, cujos limites de atuação nem sempre estão bem distribuídos constitucionalmente.

A despeito disso, não se pode olvidar que esse tipo de configuração de Estado assegura oportunidades mais amplas de participação no poder político, pois quem não obtiver ou não quiser a liderança federal poderá ter acesso aos poderes locais. Dessa forma, a Federação vem sendo considerada a forma mais avançada de descentralização política.

E vamos a outra questão! Eu quero é mais! Quem dispensa é médico!

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(CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/STF/2008) Considerando que os servidores do Poder Judiciário e do Poder Legislativo pretendam iniciar um movimento em prol da aprovação de um plano de cargos e salários que preveja a recuperação das perdas salariais do período, elabore um texto dissertativo, abordando, em relação às diversas esferas federativas, necessariamente, os seguintes aspectos: - proposição legislativa adequada para dispor acerca de remuneração dos servidores dos Poderes Judiciário e Legislativo; - iniciativa dessa proposição legislativa; - possibilidade ou não de veto, pelo chefe do Poder Executivo.

Extensão máxima: 30 linhas

Ganha uma empada e uma “cerva” (ou uma taça de “vinha” de Concha Y Toro) quem acertar o elaborador da proposta de solução a seguir.

PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Conforme dispõe o artigo 37, X, da Constituição Federal de 1988 – CF/1988, a remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada ou alterada por meio de lei ordinária específica, observada a iniciativa privativa em cada caso.

Além disso, em observância ao artigo 169, § 1.º, da Carta Magna, a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração ao pessoal dos Poderes Legislativo e Judiciário só poderá ser feita se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes e autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias.

Quanto à remuneração dos servidores do Poder Legislativo, a iniciativa do projeto de lei, na esfera federal, é de competência privativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, segundo, respectivamente, os artigos 51, IV, e 52, XIII, ambos da Carta Magna.

Igualmente, nos Estados, nos Municípios e no Distrito Federal, a remuneração dos servidores do Legislativo é matéria a ser tratada em lei ordinária específica de iniciativa do respectivo Parlamento.

Por sua vez, a matéria relativa à remuneração dos servidores do Poder Judiciário deve ser também veiculada em lei ordinária específica. Segundo o art. 96, II, a, da Lei Maior, a iniciativa do projeto de lei, a ser votado pelo respectivo Poder Legislativo, é privativa do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiça, conforme o caso, observadas as regras do art. 169, relativas aos limites de despesas com pessoal.

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Sendo a remuneração dos servidores públicos matéria de competência de lei ordinária, devem ser obedecidas as regras relativas ao processo legislativo dessa espécie de proposição, com a votação do projeto pelo Parlamento e o seu posterior envio ao respectivo chefe do Poder Executivo para sanção ou veto, conforme disposto nos artigos 65 e 66 da CF/1988.

Quem respondeu? Se respondeu o amigo Luciano, parabéns, você acertou. Agora outra:

(CESPE/OAB/2009) O presidente de comissão parlamentar de inquérito (CPI) instaurada para investigar escutas telefônicas clandestinas expediu ofício a várias operadoras de telefonia fixa e móvel, determinando o imediato envio de informações relacionadas a escutas telefônicas autorizadas, no ano de 2007, em processos judiciais que tramitam sob segredo de justiça. Entre as informações, o parlamentar pretendia obter o número de cada processo em que se autorizou a escuta, o nome das partes envolvidas, os titulares dos terminais interceptados, os números dos terminais e cópias dos mandados e das decisões que os acompanharam ou que os determinaram.

Paralelamente, o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal, relator de inquérito instaurado para apurar suposta prática de crime pelo deputado federal João da Silva, o encaminhamento de cópia dos autos desse inquérito, em trâmite com a cláusula de sigilo em razão da existência de escuta telefônica devidamente autorizada, para subsidiar procedimento administrativo disciplinar movido contra o parlamentar naquela Casa Legislativa.

O deputado federal João da Silva, diretamente atingido em ambas as situações, procurou os serviços de profissional da advocacia, indagando-lhe sobre a possibilidade, ou não, de a CPI e o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar obterem as informações solicitadas.

Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) consultado(a) pelo parlamentar, responda à indagação de seu cliente, apresentando, inclusive, os fundamentos constitucionais pertinentes a cada um dos casos relatados.

A brincadeira é a seguinte: pode e não pode!

Busca e apreensão domiciliar – CPI não pode. Interceptação telefônica – CPI não pode. Busca e apreensão veicular – CPI pode. Quebra do sigilo telefônico – CPI pode.

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Arresto e sequestro de bens – CPI não pode. Prisão – CPI não pode (à exceção do estado de flagrância). Quebra do sigilo fiscal e do sigilo bancário – CPI pode. Impedir a aplicação do instituto da não-autoincriminação – CPI não pode.

E exigir a apresentação de documentos protegidos por sigilo judicial? CPI não pode.

“Professor, eu quero outra!” Então tome:

(CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Determinado município editou lei que estabelece o tempo máximo de espera em fila nas instituições bancárias localizadas em seu território, bem como exige a instalação, nas agências, de equipamentos de segurança, tais como portas eletrônicas com detector de metais e câmaras filmadoras. Inconformados, alguns bancos ingressaram com mandado de segurança sob a alegação de que a lei municipal versava sobre matéria d e competência da União, uma vez que a normatização do sistema financeiro nacional é de competência federal — art. 192 da Constituição Federal de 1988 (CF).

Os bancos alegaram, ainda, que a lei municipal atentava contra o art. 22, VII, da CF, que estatui ser da competência privativa da União legislar sobre política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores, e contra o art. 48, XIII, da CF, que dispõe ser da competência reservada do Congresso Nacional dispor sobre matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações.

Tendo como referência o texto acima, responda, de forma sucinta e fundamentada, aos seguintes questionamentos:

- Pode-se considerar que a lei municipal versa sobre assuntos que se encontram na esfera de competência do município?

- É adequado afirmar que a lei municipal, ao dispor sobre o tempo de atendimento ao público nas agências bancárias e sobre a obrigatoriedade de instalação de equipamentos de segurança, dispôs sobre matérias que a CF estabelece como sendo da competência privativa da União, além de transgredir competência reservada ao Congresso Nacional?

Extensão: 15 a 30 linhas

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Essa questão é bem recente. Fique atento! O horário de funcionamento do estabelecimento bancário não pode ser objeto de legislação municipal (direito financeiro). Todavia, de acordo com o STF, tempo de espera nas filas e a instalação de equipamentos são assuntos reservados ao município, em observância ao princípio da predominância do interesse (competência para legislar sobre assuntos locais).

(Procurador do TCE-RJ 2001 – adaptada) Segundo reza a Constituição Federal (CF/88), os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são obrigados a manter, de forma integrada, sistema de controle interno. Qual a finalidade desse controle? Se os responsáveis por esse controle interno, ao tornarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, deixarem de dar ciência ao Tribunal de Contas da União, o que acontecerá, segundo a CF/88? Extensão: 15 a 30 linhas

Dicas:

- Finalidade do sistema de controle interno: art. 74, I a IV, da CF/88;

- Conseqüência de não dar ciência ao TCU das irregularidades: art. 74, § 1.º, da CF/88.

É isso aí, pessoal! Bons estudos e boa prova a todos!

VII – COMENTÁRIOS AO EXERCÍCIO 03

As redações do exercício 03 foram todas corrigidas pelo Luciano Oliveira. Vamos relembrar o enunciado:

(CESPE/TCU 2009/AUDITOR FEDERAL/ESPECIALIDADE TI) Considerando que o Ministério da Educação pretende realizar contrato de prestação de serviços de informática, com dispensa de licitação, com fundação de apoio vinculada a determinada universidade estadual, redija um texto dissertativo sobre a possibilidade ou não da realização desse contrato com dispensa de licitação que, de modo fundamentado e à luz do entendimento do Tribunal de Contas da União, responda, necessariamente, aos seguintes questionamentos: - Qual é a distinção entre os institutos da dispensa e inexigibilidade de licitação? - É possível a contratação com dispensa de licitação?

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- É possível a contratação de instituição de outra esfera da administração? Extensão máxima: 20 linhas Tempo sugerido: 60 minutos BRAINSTORM:

O primeiro item não traz maiores dificuldades. Era preciso lembrar que a não realização do procedimento licitatório pode se dar por:

1) DISPENSA há possibilidade de competição, mas a lei prevê hipóteses taxativas de não realização do certame, podendo ser: a) Licitação dispensada: a lei dispensa diretamente a licitação (competência vinculada); ou b) Licitação dispensável: a lei autoriza o administrador a não realizar o procedimento (competência discricionária). 2) INEXIGIBILIDADE há inviabilidade de competição, prevendo a lei hipóteses exemplificativas de não realização do certame, como a existência de um único fornecedor, a singularidade de serviço técnico especializado a ser prestado por profissional de notória especialização e a contratação de artista consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Para responder ao segundo item da questão, você deveria lembrar

uma das hipóteses de dispensa de licitação da Lei 8.666/1993 e conhecer a Súmula 250 do TCU. O dispositivo que poderia ser aplicado (mas não será, conforme explicação adiante) é o inciso XIII do no art. 24 da citada Lei:

Art. 24. É dispensável a licitação: (...) XIII – na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, (...), desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

Já a Súmula 250 da Corte de Contas federal reza que: A contratação de instituição sem fins lucrativos, com dispensa de licitação, com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei n.º 8.666/93, somente é admitida nas hipóteses em que houver nexo efetivo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto contratado, além de comprovada a compatibilidade com os preços de mercado. Assim, como a prestação de serviços de informática não se relaciona

a pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional, não é possível a contratação direta da fundação de apoio, sendo inaplicável, portanto, o citado inciso XIII à situação descrita no enunciado.

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Por fim, para discorrer sobre o terceiro item, vale notar que o inciso

XIII da Lei 8.666/1993, caso fosse aplicável, poderia incidir mesmo que a instituição a ser contratada pertencesse à Administração. Além disso, você poderia lembrar que o art. 24 da lei prevê expressamente alguns casos de contratação direta de entidade que integra a Administração Pública, conforme abaixo:

Art. 24. É dispensável a licitação: (...) VIII – para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; (...) XVI – (...) para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;

No entanto, nenhum desses casos é aplicável à situação do

enunciado, pois as fundações de apoio não pertencem à Administração Pública. Elas são constituídas sob a forma de fundações de direito privado, regidas pelo Código Civil. REDAÇÃO:

Muito bem! Feito essa pequena recordação, temos que redigir nosso texto. O grande desafio dessa questão é conseguir dizer tudo isso em apenas 20 linhas! Para isso, é fundamental ter concisão e saber dizer somente o estritamente essencial para responder ao enunciado. Vale também reduzir o tamanho da letra na folha de resposta, para que a redação caiba integralmente no espaço disponível.

Nesse sentido, eis uma proposta de solução: A realização de licitação pela Administração Pública, em regra, é

obrigatória, nos termos da Lei 8.666/1993. Contudo, essa norma autoriza a contratação direta em razão de dispensa ou inegibilidade de licitação.

A dispensa ocorre quando a lei prevê casos taxativos de não realização do certame, embora seja possível a competição. Pode ocorrer de forma vinculada, quando a lei dispensa diretamente o procedimento (licitação dispensada), ou discricionária, quando o administrador decide sobre a realização ou não do processo (licitação dispensável). Já a inexigibilidade decorre da inviabilidade de competição, prevendo a lei exemplos como a existência de um unico fornecedor, a singularidade do serviço a ser prestado e a contratação de artista consagrado.

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Não é possível a contratação direta, na situação do enunciado. A lei permita a dispensa para contratar instituição brasileira sem fins lucrativos incumbida de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional, mas o Tribunal de Contas da União decidiu que, para isso, deve haver nexo efetivo entre a natureza da instituição e o objeto contratado, além de compatibilidade com os preços de mercado. No caso, a prestação de serviços de informática não se relaciona a pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional.

Em princípio, é possível a contratação direta de instituição de outra esfera da Administração pela União. A lei, inclusive traz hipótese de dispensa envolvendo a prestação de serviços de informática. Não é o caso do enunciado, porém, pois a fundação de apoio não pertence à Administração.

4) REVISANDO

Deixamos, propositalmente, alguns erros na proposta de solução acima, para você identificar e corrigir. Antes de continuar a leitura, veja se consegue detectá-los.

E então? Encontrou os erros? São eles:

1.º PARÁGRAFO:

A realização de licitação pela Administração Pública, em regra, é obrigatória, nos termos da Lei 8.666/1993. Contudo, essa norma autoriza a contratação direta em razão de dispensa ou inegibilidade de licitação. (é inexigibilidade!)

É impressionante o número de candidatos que “comem” letras e

sílabas na hora de escrever. Tome cuidado!

2.º PARÁGRAFO: Já a inexigibilidade decorre da inviabilidade de competição, prevendo a

lei exemplos como a existência de um unico fornecedor, a singularidade do serviço a ser prestado e a contratação de artista consagrado. (faltou o acento agudo em “único”)

4.º PARÁGRAFO:

A lei, inclusive, traz hipótese de dispensa envolvendo a prestação de serviços de informática. (faltou colocar a vírgula após inclusive!)

Tome muito cuidado! Uma sequência de erros como essa pode retirar a vaga de AUFC do seu alcance. Relembremos a fórmula de cálculo da nota da redação:

Fórmula: ND = NC – (NE/TL)

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Onde: ND – Nota na discursiva NC – Nota no conteúdo NE – número de erros TL – total de linhas Imaginemos que o candidato que cometeu os erros apontados acima

não tivesse perdido pontos de conteúdo e tivesse escrito 20 linhas. Neste caso, sua nota seria:

ND = 10,00 – (3/20) = 10,00 – 0,15 = 9,85 Portanto, ele perderia 0,15 pontos. Felizmente o Cespe não é tão

rigoroso com os erros de uso do idioma (ao contrário da Esaf, por exemplo, que descontaria 1,25 ponto por esses mesmos erros). Mesmo assim, dependendo da proximidade das notas dos candidatos e do seu posicionamento na lista de notas, essa pontuação pode ser crucial para sua aprovação. Portanto, o conselho é: revise sempre! COMENTÁRIOS A TRECHOS SELECIONADOS

Muito bem, vamos aos já conhecidos comentários aos melhores e aos piores trechos encontrados nas redações dos alunos. Afinal, devemos aprender não só com nossos próprios erros, mas também com os erros dos outros.

De modo geral, as redações foram muito boas. Nota-se uma efetiva evolução na qualidade dos textos desde o início do nosso curso. Isso é motivo de grande alegria para todos nós. Queremos ver você fazer bonito nas provas do concurso.

Os principais erros cometidos pelos alunos foram:

1) Não falar que o objeto da contratação com dispensa de licitação, nos termos do art. 24, XIII, da Lei 8.666/1993, deve ser relacionado aos fins da instituição (Súmula 250 do TCU), sendo que os serviços de informática não se relacionam às finalidades das fundações de apoio às universidades, pois aquelas devem ser criadas para dar apoio à pesquisa, ao ensino e ao desenvolvimento institucional destas.

2) Não diferençar licitação dispensada de licitação dispensável.

3) Não citar que o rol legal dos casos de dispensa de licitação é taxativo

e o de casos de inexigibilidade é apenas exemplificativo.

4) Não abordar o item sobre a possibilidade de contratação de instituição pertencente a outra esfera da administração.

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Vejamos inicialmente alguns bons trechos das redações dos alunos. Quando necessário, foram feitas pequenas correções de idioma, para focarmos, neste momento, apenas o conteúdo:

A Lei de Licitações e Contratos (Lei 8.666/1993) em três momentos (artigos 17, 24 e 25) traz as situações e distinções entre os institutos a seguir: a licitação dispensada, a licitação dispensável e a inexigibilidade de licitação. Na licitação dispensada, o administrador não pode licitar; na licitação dispensável o certame é possível, viável, e apenas não se realiza por conveniência administrativa, ato discricionário; e, por fim, na inexigibilidade, existe impossibilidade jurídica de licitar, em razão da inviabilidade de competição.

Uma outra distinção reside no fato de que, no caso de dispensa, o legislador estabeleceu um rol taxativo de situações em que seria possível contratar, enquanto que, na inexigibilidade, o rol é meramente exemplificativo, bastando que reste configurada a inviabilidade de competição, verificada no caso concreto, mas sempre com o amparo na lei.

* * *

Em relação à situação apresentada, não é possível a dispensa de

licitação, pois, segundo entendimento do TCU, para que haja dispensa, é necessário que haja nexo com o art. 24, XIII (contratar instituição destinada ao ensino, pesquisa e desenvolvimento institucional), com a natureza da instituição contratada e com o objeto do contrato. A fundação que se pretende contratar é uma instituição que não presta serviços de informática, o que compromete o objeto do contrato. E como não se enquadra no entendimento do TCU, deve-se realizar o processo licitatório, pois, caso isso não ocorra, fere-se o princípio da isonomia.

* * *

Em relação à fundação de apoio – entidade sem fins lucrativos –, ela

só será contratada, por dispensa de licitação, fundamentada no art. 24, inciso XIII, da Lei em comento, se cumpridas determinadas condições estabelecidas na Súmula do Tribunal de Contas da União, tais como: nexo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e objeto contratado, além de comprovada compatibilidade com os preços de mercado.

* * *

Segundo entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), a

contratação não poderia ser feita com dispensa de licitação, pois não há nexo entre a natureza da fundação de apoio e o objeto a ser contratado pelo Ministério da Educação, qual seja, a prestação de serviços de informática.

Vejamos agora alguns desenvolvimentos incompletos e erros

conceituais cometidos por alguns candidatos:

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A licitação é regra para a Administração Pública, entretanto, a lei apresenta exceções. São os casos em que a licitação é dispensada, dispensável ou inexigível. A diferença entre dispensa, que abrange tanto a licitação dispensada quanto a dispensável, e licitação inexigível reside na possibilidade ou não de competição. Na dispensa existe a possibilidade de competição, o que permite a realização de licitação. Na inexigibilidade não há competição, porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda às necessidades da Administração. (FOI BOM, TODAVIA, NÃO DIFERENÇOU LICITAÇÃO DISPENSADA DE LICITAÇÃO DISPENSÁVEL)

* * *

Na Lei Geral de Licitações estão previstos os institutos de dispensa e

inexigibilidade de licitação. Este se distingue daquele, pois a inexigibilidade pressupõe a impossibilidade de competição. (NÃO DIFERENÇOU LICITAÇÃO DISPENSADA DE LICITAÇÃO DISPENSÁVEL)

* * *

Os casos de dispensa são considerados um rol taxativo, enumerativo,

exaustivo ou “numerus clausus”, não existindo margem de discricionariedade do agente público (NA LICITAÇÃO DISPENSÁVEL HÁ DISCRICIONARIEDADE) e de ampliação dos casos, porque constituem uma exceção à regra geral que exige licitação.

* * *

Dispensa refere-se à situação na qual a lei deixa à faculdade do

administrador, ou ela mesma dispensa, a realização da licitação. É situação diversa da inexigibilidade, quando a licitação não é possível pela singularidade do objeto a ser contratado. (NÃO É POSSÍVEL POR INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO)

* * *

O agente público não tem a discricionariedade para decidir, pois este

está obrigado a promover a dispensa. (ISSO APENAS NA LICITAÇÃO DISPENSADA. NA LICITAÇÃO DISPENSÁVEL, O AGENTE DECIDE SE REALIZA OU NÃO O CERTAME)

* * *

Ainda com base na Lei 8.666/93, uma das hipóteses previstas para

dispensa de licitação é a contratação para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico. Obedecido a esse dispositivo, o Ministério da Educação pode, por exemplo, firmar contrato, dispensável a licitação, com fundação de apoio vinculada a determinada universidade. (ERRO: A FUNDAÇÃO DE APOIO NÃO INTEGRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. NÃO É POSSÍVEL A DISPENSA, NESTE CASO)

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* * *

No caso em questão, a contratação por dispensa não é possível. Contratar fundações de apoio vinculadas a universidades de outras unidades da federação não está nas hipóteses de dispensa. Somente a própria universidade poderia fazê-lo em virtude do comando legal. (ERRO: O PROBLEMA É QUE SERVIÇOS DE INFORMÁTICA NÃO SE VINCULAM ÀS FINALIDADES DA INSTITUIÇÃO: SÚMULA 250 DO TCU)

* * *

A referida lei, em seu texto, nos traz um rol taxativo de situações de

dispensa de licitação. Dentre elas, encontra-se a realização de contrato de prestação de serviços nos moldes propostos pela questão. Portanto, é possível a contratação com dispensa de licitação. (NÃO É POSSÍVEL, POIS SERVIÇOS DE INFORMÁTICA NÃO SE RELACIONAM ÀS FINALIDADES DA INSTITUIÇÃO: SÚMULA 250 DO TCU)

* * *

No que tange à celebração de contrato com instituição de outra esfera

da Administração Pública, é vedado pela Lei de Licitações. (ERRO: NÃO HÁ VEDAÇÃO, DESDE QUE A SITUAÇÃO RESPEITE OS DISPOSITIVOS DA LEI)

* * *

E, por último, não há entendimento pacífico no que toca à

interpretação do artigo 24 da Lei 8666/93, quanto à contratação de instituição de outra esfera da administração, já que o inciso preconiza hipótese de licitação dispensável para fins de aquisição, de bens ou serviços oferecidos por pessoa jurídica de direito público interno e que tenha sido criada para este fim específico, em data anterior à vigência da Lei das Licitações. (É POSSÍVEL A CONTRATAÇÃO DE INSTITUIÇÃO DE OUTRA ESFERA DA ADMINISTRAÇÃO, DESDE QUE RESPEITADAS AS HIPÓTESES LEGAIS, COM BASE EM OUTROS DISPOSITIVOS, NÃO APENAS NO MENCIONADO INCISO)

* * *

No caso acima, conforme previsão na Lei de licitações, a dispensa de

licitação será viável, por referir-se à contratação de prestação de serviços com fundação de apoio vinculada à Universidade X. (ERRO: O OBJETO DA CONTRATAÇÃO COM DISPENSA DE LICITAÇÃO, NOS TERMOS DO ART. 24, XIII, DA LEI 8.666/1993, DEVE SER REFERENTE AOS FINS DA INSTITUIÇÃO – SÚMULA 250 DO TCU).

* * *

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Por fim, embora seja da esfera estadual, há a possibilidade da contratação da fundação de apoio pelo Ministério da Educação, desde que a fundação esteja qualificada no âmbito da esfera de governo estadual para atividade contemplada no contrato de gestão com a Universidade X. (NÃO HÁ NECESSIDADE DE CONTRATO DE GESTÃO. BASTA QUE A ENTIDADE DE OUTRA ESFERA SE ENQUADRE EM ALGUMA SITUAÇÃO PREVISTA NA LEI)

* * *

No exemplo citado no texto, não há possibilidade de dispensa de

licitação, pois, para isso, haveria a necessidade de que a fundação fosse vinculada ao próprio Ministério da Educação, e não a uma universidade estadual. (ARGUMENTO ERRADO. AS FUNDAÇÕES DE APOIO SÃO VINCULADAS ÀS UNIVERSIDADES – EX.: LEI 8.958/1994. A DISPENSA PODERIA OCORRER, EM PRINCÍPIO, COM BASE NO ART. 24, XIII, DA LEI 8.666/1993, MAS OS SERVIÇOS DE INFORMÁTICA NÃO SÃO RELACIONADOS À FINALIDADE DAS FUNDAÇÕES DE APOIO: ENSINO, PESQUISA OU DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL. POR ISSO, A CONTRATAÇÃO DIRETA ENCONTRA ÓBICE NA SÚMULA 250 DO TCU) A contratação poderia ocorrer normalmente, desde que passasse pelo processo licitatório e que a fundação em comento fosse a vencedora do certame. Não há vedação para a contratação de uma instituição de outra esfera da Administração, só não pode haver, como já explicitado, a dispensa do processo licitatório. (ERRO: PODERIA HAVER A DISPENSA, SE O CASO SE ENQUADRASSE EM ALGUM DOS PERMISSIVOS LEGAIS, INDEPENDENTEMENTE DE A INSTITUIÇAO PERTENCER OU NÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE OUTRA ESFERA DE GOVERNO)

E, por fim, algumas impropriedades no uso do idioma:

Quanto à dispensa de licitação, a Lei 8.666/1993 estabelece os casos

que são dispensados. (PROPRIEDADE VOCABULAR. MELHOR: “OS CASOS EM QUE O PROCEDIMENTO É DISPENSADO)

* * *

A dispensa de licitação também pode ser dispensada, disposto no art.

17, que é aquela que a própria lei declarou como tal. (TRECHO MAL ESCRITO. MELHOR: “A LICITAÇÃO TAMBÉM PODE SER DISPENSADA, NOS TERMOS DO ART. 17, SENDO ESTA AQUELA QUE A PRÓPRIA LEI DECLAROU COMO TAL.”

* * *

Na dispensa de licitação há viabilidade jurídica de competição, mas a

lei a dispensa, (USE PONTO E VÍRGULA) na inexigibilidade não há viabilidade jurídica de competição. (FICOU REPETITIVO. MELHOR: “NÃO HÁ ESSA VIABILIDADE”)

* * *

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...na inexigibilidade, existe impossibilidade jurídica de licitar, em razão da inviabilidade de licitar. (FICOU REPETITIVO. MELHOR: “EM RAZÃO DA INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO”)

* * *

E no que diz respeito à inexigibilidade de licitação, ocorre quando

(PROPRIEDADE VOCABULAR. MELHOR: “JÁ A INEXIGIBILIDADE OCORRE QUANDO...”) há impossibilidade jurídica de competição entre os licitantes, seja pela natureza especifica do negócio ou pelos objetivos sociais solicitados pela Administração Pública.

Muito bem! Como dissemos, esta seção de trechos comentados é fundamental para seu aprendizado, pois mostra os diversos erros que normalmente ocorrem e que você, agora que os viu aqui, não cometerá no dia “D”.

VIII – DICAS

1) DICAS PARA A RETA FINAL

Caminhem ao ar livre ao menos 30 minutos por dia respirando profundamente!

Controlem a ansiedade: esse não é o último bom concurso da história!

Façam a leitura detida dos tópicos, prefiram a generalidade à especificidade.

2) DICAS PARA O DIA DA PROVA

Descansar e relaxar na véspera (cinema, pipoca, guaraná e uma boa comédia não fazem mal a ninguém).

Dormir bem, mas não perder a hora!

Alimentação leve antes da prova! Nada de acarajé e pato-no-tucupi!

Usar roupas confortáveis (mas usá-las, hein!).

Levar água e biscoito.

Ler os enunciados com calma.

Planejar o uso do tempo.

Não assinar a prova!

Observar o limite de linhas na prova discursiva!

3) DICAS PARA DEPOIS DA PROVA

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Procure aprender com os erros.

Se a sua prova discursiva for corrigida, RECORRA SEMPRE!

4) DICAS PARA O PROGRAMA DE FORMAÇÃO

No primeiro dia, terno e gravata para meninos e equivalente para meninas!

Não é colônia de férias, é segunda etapa do concurso!

Aproveitem para conhecer bem a estrutura do TCU em Brasília.

5) ÚLTIMAS DICAS

Novamente, se as suas provas discursivas forem corrigidas, RECORRAM!

O pedido de vistas da correção da prova discursiva é fundamental para identificarmos onde erramos e quais foram os critérios adotados pela banca. Frequentemente, será possível conquistar mais alguns preciosos pontos ou, pelo menos, décimos de pontos, que vão influenciar decisivamente a nossa classificação final.

COMO ELABORAR UM RECURSO

O recurso deve ser objetivo, respeitoso e elaborado em linguagem impecável, preferentemente citando a doutrina e a jurisprudência em apoio a nossos argumentos. Objetivo significa apontar com precisão o trecho da resposta merecedor de uma pontuação superior à atribuída pela banca. O recurso pode versar tanto sobre o conteúdo da matéria como em relação a questões gramaticais. Em ambos os casos, recomenda-se citar doutrina de autores consagrados e jurisprudência, se houver. E mais:

Nunca diga no recurso que a banca errou.

Nunca implore a elevação de “um pontinho”.

Não apresente desculpas esfarrapadas.

Fundamente seus recursos nos livros dos autores acadêmicos clássicos.

Solicite, respeitosamente, a elevação da pontuação atribuída ao quesito tal, tendo em vista a argumentação apresentada.

Concentre seus recursos nas questões suscetíveis de serem acolhidas, ou seja, não tente o impossível.

Não se identifique no recurso.

Admita seus erros. Seja humilde.

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Segue agora um trecho de um artigo do Luciano Oliveira, publicado no site do Ponto dos Concursos, com dicas para recursos de discursivas:

(...) Bem, muitos me perguntam se é possível o recurso abaixar a nota. Bem, em tese, sim, a Lei 9.784/1999 permite isso, mas desde que seja oferecido o contraditório e a ampla defesa ao candidato (art. 64, par. único). Ora, convenhamos, a Esaf não vai gastar tempo e instalações para oferecer esse direito aos eventuais prejudicados. É muito mais fácil ela simplesmente manter a nota da redação. Eu, pelo menos, nunca vi nota de discursiva de candidato abaixar depois do recurso. Quem conhecer algum exemplo, favor me avisar. Por isso, eu aconselho: não deixe de recorrer. Sempre falo em minhas aulas que, para o verdadeiro concurseiro, o recurso é parte inerente da prova do concurso. Nesse sentido, o pedido de vista da correção da prova discursiva é fundamental para identificar os erros de sua redação e os critérios adotados pela Esaf. Tire cópia de sua prova e, se não puder ir pessoalmente, constitua um procurador, que lhe enviará o texto por fax o mais rápido possível, para que você possa elaborar o seu recurso. Lembre-se: cada ponto (ou mesmo décimos de ponto) conta! Para elaborar um bom recurso, alguns passos devem ser seguidos: 1) Entenda a cabeça do examinador. Analise a prova com cuidado e entenda porque ele lhe tirou pontos. O perfeito entendimento da forma de pensar do Cespe e o significado de cada item da grade de correção (inclusive os itens ocultos, que não estavam no edital, mas que você, agora, terá acesso, na vista de prova) é fundamental para poder atacar a correção da prova. Quem fez o nosso curso “on line” de discursivas aqui no Ponto viram quais são esses critérios, bem como o porquê dos descontos efetuados. 2) Busque fundamentos para o recurso. Cada erro atribuído deve ter uma contra-argumentação devidamente fundamentada. Os fundamentos podem ser encontrados na doutrina, na jurisprudência e na legislação. Cuidado: embora os livros de concurso sejam os melhores para a preparação para a prova, você deve empregar os autores acadêmicos clássicos para embasar seu recurso, pois muitos examinadores ainda não consideram os livros de concursos uma argumentação sólida. 3) Redija seu recurso adequadamente.

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Utilize termos formais e respeitosos (sem bajulação!), com linguagem objetiva e concisa (valem aqui todas as dicas de nossas aulas de redação). Ataque pontualmente cada item que você deseja que o examinador verifique. Não adianta ficar pedindo “revisão geral” da prova, sem apontar os erros que você acha que merecem uma nova análise. Imagine que você é o examinador e pense como você gostaria que o aluno elaborasse sua argumentação. Facilite o trabalho de quem vai responder ao seu pleito ou a pessoa simplesmente o indeferirá. Lembre-se de que você pode recorrer quanto ao conteúdo e quanto ao uso do idioma. Separe bem essas duas classes de pedido no seu recurso. Ex.: a) quanto à capacidade de desenvolvimento (conteúdo); b) quanto ao uso do idioma. Fique atento: nunca diga que a banca errou, que a correção foi absurda, que o examinador se enganou etc. Isso só gera má vontade de quem examina o pedido. Também não adianta implorar, dizer que você está a um ponto da classificação, que tem família para sustentar etc. O recurso deve ser técnico, com argumentos sólidos, pois o examinador é treinado para não se emocionar com esse tipo de coisa, além de não ser autorizado a conceder pontuação com base em critérios pessoais. Ao final, não se esqueça de efetuar o pedido. Em Direito falamos que “quem pede mal, recebe mal” (ou não recebe nada). Portanto, faça o pedido de elevação da nota, em função de cada ponto apresentado em sua argumentação (evite pedir uma quantidade específica de pontos, pois o examinador pode achar que você quer corrigir a prova por ele). Importante: concentre seus recursos nas questões suscetíveis de serem acolhidas, ou seja, não tente o impossível. Senão o recurso fica prolixo e o examinador perde a paciência, deixando de acolher pontos que, de outro modo, seriam considerados. Ponha-se no lugar do examinador: um ser humano que terá que analisar milhares de recursos de candidatos, muitas vezes mal redigidos e com pedidos absurdos. Outra coisa: admita seus erros. Seja humilde. Não adianta ficar chorando pelo leite derramado. Se você realmente errou e não há como mudar isso, encare a situação e aprenda com seus erros. 4) Comprove seus argumentos.

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Em Direito também dizemos que “alegar sem provar é o mesmo que não alegar”. Em outras palavras: não adianta dizer que a correção está errada, se você não mostrar que o que escreveu está certo, nos termos da lei, da jurisprudência ou da doutrina majoritária. A propósito, não adianta usar doutrina isolada de fulano ou beltrano, que defende uma tese totalmente contrária ao que entendem os autores consagrados. O examinador simplesmente indeferirá seu recurso. O mesmo vale para a jurisprudência: verifique se você está pegando os entendimentos majoritários e – importante – mais recentes.

(...)

E, como começamos com uma música de Djavan, permita-nos concluir com outra de um genial artista brasileiro: Raul Seixas!

Veja!

Não diga que a canção está perdida.

Tenha fé em Deus, tenha fé na vida!

Tente outra vez.

Beba!

Pois a água viva ainda tá na fonte.

Você tem dois pés para cruzar a ponte.

Nada acabou...

Não, não, não!

Tente!

Levante sua mão sedenta e recomece a andar.

Não pense que a cabeça aguenta se você parar.

Não, não, não, não, não!

Há uma voz que canta,

Há uma voz que dança,

Há uma voz que gira,

Bailando no ar...

Queira!

Basta ser sincero e desejar profundo.

Você será capaz de sacudir o mundo!

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Vai!

Tente outra vez!

Tente!

E não diga que a vitória está perdida,

Se é de batalhas que se vive a vida.

Tente outra vez!

IX – NOSSA MENSAGEM FINAL

Nas horas serenas, agradecer a Deus.

Nos momentos de crise, confiar em Deus.

Nos instantes de indecisão, esperar por Deus.

Nos problemas da vida, soluções em Deus.

Ante injúrias e golpes, silêncio e fé em Deus.

Nos erros e nas falhas, recomeçar com Deus.

Texto extraído do livro “Deus Sempre”, do espírito Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

Um grande abraço a todos e muito sucesso no Tribunal de Contas da União!

Luis Henrique Lima

Luciano Oliveira

Cyonil Borges