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INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA DISCIPLINA: LIBRAS MINAS GERAIS

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INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

DISCIPLINA:

LIBRAS

MINAS GERAIS

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INTRODUÇÃO

O objetivo desta apostila é familiarizar o usuário ouvinte à LIBRAS,

apresentando o Alfabeto e alguns sinais que possibilitarão o atendimento ao

Portador de Necessidade Especial Auditiva.

O QUE É LIBRAS? Libras é a Sigla da Língua Brasileira de Sinais

As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades sur-

das. Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são sim-

plesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a co-

municação. São línguas com estruturas gramaticais próprias.

Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua, porque elas também

são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático

e o semântico.

O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-

auditivas é denominados sinais, nas línguas de sinais. O que diferencia as Lín-

guas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial.

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PASSOS PARA INCLUSÃO DAS PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

E/OU SURDEZ

Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestan-

do atenção em você, acene para ela ou toque em seu braço levemente. Alguns

surdos são oralizados, por isso, fale de maneira clara e com tom de voz nor-

mal, pronunciando bem as palavras, mas sem exageros, sem gritar.

Fale diretamente com a pessoa, nem de lado nem atrás dela. Sua boca

necessita estar bem visível para que a pessoa surda possa ler seus lábios.

Mantenha sempre um contato visual, isto é, face a face. Se você, por exemplo,

virar para o lado, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.

Dirija-se sempre à pessoa surda e não ao intérprete de LIBRAS. Não

hesite ou tenha medo de se comunicar com um surdo. Por meio de suas ex-

pressões faciais, gestos e movimentos corporais, ele compreenderá o que você

quer comunicar.

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Caso você não entenda o que está sendo dito por um surdo, peça-o que

repita o discurso. Se, mesmo assim, você não conseguir entender, peça-o que

escreva em papel. O importante é se comunicar.

Se você não domina a língua de sinais e quer se comunicar com a pes-

soa surda por meio da escrita, lembre-se de que a maioria dos surdos não do-

mina o português escrito, por isso, escreva frases curtas de maneira clara e

objetiva, sem utilizar vocabulário formal.

Em ocasiões em que seja necessário aplaudir os surdos, as palmas utili-

zadas pelos ouvintes de maneira audível não fazem sentido. Deste modo, erga

as mãos em sinal de elogio, para que assim eles percebam que estão sendo

prestigiados. Afinal, para os surdos o mundo é percebido visualmente

NO MUNDO DOS SURDOS

Os surdos possuem uma cultura própria, ou seja, uma cultura surda.

Somente as pessoas que estão ligadas diretamente à comunidade surda com-

preenderão certas características peculiares a essa cultura.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam e falam, a LIBRAS (Língua

Brasileira de Sinais) não é uma linguagem, mas, sim, possui aspectos linguísti-

cos como qualquer outra língua oral, reconhecida e oficializada em nosso país

desde 2002.

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A LIBRAS, por sua vez, diferencia-se da Língua Portuguesa por ser per-

cebida pela comunidade surda através do canal visual, com caráter espacial.

A LIBRAS é a língua oficial da comunidade surda do Brasil. Os surdos

preferem se comunicar por meio da língua de sinais em vez da oralidade. As

tecnologias desempenham um papel importantíssimo na vida dos surdos, co-

mo, por exemplo, mensagens por celular (SMS), janela com tradução em LI-

BRAS na televisão, legendas nos meios de comunicação visual, aparelhos au-

ditivos (próteses) para ajudar na percepção dos sons e o uso de diversas fer-

ramentas de comunicação através da internet.

Ao planejar um evento, utilize os avisos visuais. Lembre-se: as informa-

ções são recebidas pelos surdos por meio da visão. Efeitos de iluminação atra-

palham a compreensão. Por isso, tenha preferência por manter o local do even-

to bem iluminado.

COMO LIDAR COM PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA E/OU

SURDEZ

Se for exibir um filme, providencie um script ou sinopse, caso não haja

legenda e/ou tradução simultânea feita por um intérprete de LIBRAS.

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NÃO CONFUNDA

Pessoa surda

x

pessoa com deficiência auditiva

A pessoa surda possui uma identidade surda própria, composta por ele-

mentos culturais, linguísticos e político-sociais. Tem como principal meio de

comunicação a língua de sinais, não aceita ser chamada de deficiente e parti-

cipa de diversos movimentos sociais, políticos e culturais em defesa, por

exemplo, de uma educação bilíngue. Exige sempre a presença do intérprete de

LIBRAS para facilitar a compreensão das informações, principalmente em

eventos.

Está sempre vinculada a uma associação e/ou entidade. Já as pessoas

com deficiência auditiva não são usuárias da língua de sinais e não possuem

uma identidade como citamos acima. Fazem uso de aparelhos auditivos, bem

como do IC (Implante Coclear), e estão mais próximas às pessoas ouvintes.

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É correto falar: surdo-mudo?

Surdo–mudo, mudo ou mudinho são termos pejorativos, considerados

pelos surdos como uma ofensa à sua condição enquanto sujeitos ativos da so-

ciedade, possuidores de uma língua. Estes termos precisam ser abolidos da

nossa sociedade.

O fato de não escutar não impossibilita a comunicação. Na visão dos su-

jeitos surdos, ser mudo representa algo inútil e que não se comunica. Os sur-

dos não são mudos, pois eles têm a LIBRAS como meio de comunicação, ou

seja, a língua de sinais é a voz da comunidade surda.

O QUE É SURDEZ?

Surdez é o nome dado à impossibilidade e dificuldade de ouvir, podendo

ter como causa vários fatores que podem ocorrer antes, durante ou após o

nascimento. A deficiência auditiva pode variar de um grau leve a profunda, ou

seja, a criança pode não ouvir apenas os sons mais fracos ou até mesmo não

ouvir som algum.

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Os Números da Surdez - No Brasil

No Brasil, estima-se que existam cerca de 15 milhões de pessoas com

algum tipo de perda auditiva. No Censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasi-

leiro de Geografia e Estatística (IBGE), 3,3% da população responderam ter

algum problema auditivo. Aproximadamente 1% declarou ser incapaz de ouvir.

No Maranhão, de acordo com levantamentos realizados pelo IBGE/2000, o

número de surdos é de aproximadamente 200 mil pessoas, enquanto na ilha de

São Luís foram registrados 27.922 surdos. Atualmente o Brasil atende a cerca

de 700 mil pessoas com surdez nos diversos níveis e modalidades de ensino,

distribuídas entre escolas especiais para surdos, escolas de ensino regular e

ONG's.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que

1,5% da população brasileira (2,25 milhões) é portadora de deficiência auditiva.

Em 1998, havia 293.403 alunos, distribuídos da seguinte forma: 58% com pro-

blemas mentais; 13,8%, com deficiências múltiplas; 12%, com problemas de

audição; 3,1% de visão; 4,5%, com problemas físicos; 2,4%, de conduta. Ape-

nas 0,3% com altas habilidades ou eram superdotados e 5,9% recebiam "outro

tipo de atendimento” (Sinopse Estatística da Educação Básica/Censo Escolar

1998, do MEC/INEP).

No Brasil, empresas com mais de cem funcionários devem contratar 2%

de pessoas com deficiência, com 201 a 500 funcionários - 3%, de 501 a 1000 -

4 % e de 1001 funcionários em diante, 5%.

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No Mundo

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 10% da

população mundial apresentam algum problema auditivo.

Outros Números

Enquanto a redução do processo de audição entre as mulheres se torna

mais acentuado a partir dos 55 anos, após a menopausa, os homens começam

a sofrer essa degradação, em média, já após os 30 anos de idade. Essa foi a

conclusão de pesquisadores da Universidade de Dakota do Sul (Estados Uni-

dos), após realizarem estudo que avaliou de que maneira a idade e o sexo in-

terferem no processo auditivo.

Casos de surdez podem ser evitados. Para isso é necessário que se to-

mem alguns cuidados.

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PREVENÇÃO

Para quem ainda não teve filhos

Se você pretende ter filhos, procure um médico. Ele vai pedir para que

você faça alguns exames. Estes exames podem revelar doenças que nem

mesmo você sabe que tem. Essas doenças podem ser tratadas, evitando com-

plicações para o seu bebê.

Uma das doenças que você não deve ter durante a gravidez é a rubéola.

Ela pode causar surdez e outras deficiências à criança que vai nascer. Antes

de engravidar a mulher deve ser vacinada contra rubéola. Consulte seu médi-

co.

Para quem está grávida

O principal conselho é sempre ter um médico acompanhando a sua gra-

videz. Faça o Pré-natal! Você estará assim diminuindo os riscos de seu filho ter

surdez e outros problemas.

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As condições de saúde da mãe são importantes para se ter um filho

saudável. Se a mãe tiver doenças, como por exemplo, pressão alta, diabetes,

rubéola e etc., ou fazer uso de drogas e álcool, poderá causar danos no desen-

volvimento da criança, inclusive a surdez. Não tome nenhum remédio sem a

aprovação de seu médico. Seu bebê está crescendo e muitos remédios podem

trazer sérios prejuízos a ele.

Evite tirar radiografias! Se houver necessidade disso, conte ao médico

ou ao dentista que está grávida, para que ele possa tomar os devidos cuida-

dos.

Informe-se se na sua cidade tem algum estabelecimento que realiza o

"Teste da orelhinha". Esse exame pode ser feito em recém-nascidos e detec-

ta se o bebê tem algum problema de audição.

Para quem já teve filhos

Quem já teve filhos sabe a preocupação que traz qualquer doença.

Quando esta doença deixa um defeito, é muito pior. Previna doenças que cau-

sem a surdez como meningite, sarampo e caxumba, entre outras.

Vacine seu filho contra essas doenças e evite o contato com pessoas

doentes. As dores de ouvido devem ser examinadas pelo médico, porque gri-

pes e resfriados mal curados podem alterar a audição.

Diante de qualquer anormalidade, consulte o médico. Ele vai ajudar a

cuidar de seu filho evitando complicações.

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Cuidados Importantes

Não use cotonete na parte de dentro do canal do ouvido, limpe somente

a parte externa da orelha.

Explique para seu filho que objetos como botões, tampinhas ou mesmo

feijões, não devem ser colocados no ouvido, pois podem machucar e prejudicar

sua audição.

Se você tem um bebê fique atenta(o);

•Ele se assusta com portas que batem?

•Olha quando você chama?

•Escuta a campainha da casa ou do telefone?

Se ele não reage com esses sons, é sinal que não está ouvindo bem.

Não deixe seu filho em lugares onde o barulho é muito forte. Evite brincadeiras

com objetos barulhentos, como bombinhas, por exemplo. O excesso de barulho

pode prejudicar a audição

PREVENÇÃO – FATORES DE RISCO

Qualquer bebê recém-nascido pode apresentar um problema auditivo no

nascimento ou adquiri-lo nos primeiros anos de vida. Isto pode acontecer

mesmo que não haja casos de surdez na família ou nenhum fator de risco apa-

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rente. Por isto peça ao pediatra para fazer o Teste da Orelhinha quando seu

filho nascer.

A audição começa a partir do 5º mês de gestação e se desenvolve in-

tensamente nos primeiros meses de vida. Qualquer problema auditivo deve ser

detectado ao nascer, pois os bebês que têm perda auditiva diagnosticada cedo

e iniciam o tratamento até os 6 meses de idade apresentam desenvolvimento

muito próximo ao de uma criança ouvinte.

O diagnóstico após os 6 meses traz prejuízos inaceitáveis para o desen-

volvimento da criança e sua relação com a família. Infelizmente, no Brasil, a

idade média de diagnóstico da perda auditiva neurosensorial severa a profunda

é muito tardia, em torno de 4 anos de idade.

Lembre-se de que ouvir é fundamental para o desenvolvimento da fala e

da linguagem. Se o exame não foi realizado no nascimento, faça-o agora. Pro-

cure o audiologista.

Para o bebê - 0 a 28 dias

· HISTÓRICO FAMILIAR - ter outros casos de surdez na família · INFECÇÃO

INTRAUTERINA - provocada por citomegalovírus, rubéola, sífilis, herpes geni-

tal ou toxoplasmose.

· ANOMALIAS CRÂNIO-FACIAIS - deformações que afetam a orelha e/ou o

canal auditivo (p.ex.: duto fechado)

· PESO INFERIOR A 1.500 GRAMAS AO NASCER

· HIPERBILIRUBINEMIA - transtorno que ocorre 24 horas depois do parto.

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O bebê fica todo amarelo por causa do aumento de uma substância

chamada bilirrubina. Ele precisa tomar banho de luz e fazer exosanguíneo

transfusão.

· MEDICAÇÃO OTOTÓXICAS - uso de antibióticos do tipo aminoglicosídeos

que podem afetar o ouvido interno

· MENINGITE BACTERIANA - a surdez é umas das consequências possíveis

quando o bebê tem este tipo de meningite

· NOTA APGAR MENOR DO QUE 4 NO PRIMEIRO MINUTO DE NASCIDO E

MENOR DO QUE 6 NO QUINTO MINUTO - Todo bebê quando nasce, recebe

uma nota, composta por uma avaliação que inclui muitos fatores. Virgínia

Apgar é o nome da médica que inventou o teste.

· VENTILAÇÃO MECÂNICA EM UTI NEONATAL POR MAIS DE 5 DIAS -

quando o bebê teve que ficar entubado por não conseguir respirar sozinho.

Para a criança - 29 dias a 2 anos

· OS PAIS DEVEM OBSERVAR SE HÁ ATRASO DE FALA OU DE LINGUA-

GEM - aos 7 meses ele já deve imitar alguns sons; com 1 ano já deve falar cer-

ca de 10 palavras e com 2 anos o vocabulário deve estar em torno de 100 pa-

lavras.

· MENINGITE BACTERIANA OU VIRÓTICA - esta é a maior causa de surdez

no Brasil

· TRAUMA DE CABEÇA ASSOCIADA À PERDA DE CONSCIÊNCIA OU FRA-

TURA CRANIANA MEDICAÇÃO OTOTÓXICA - uso de antibióticos do tipo

aminoglicosídeos que podem afetar o ouvido interno

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· OUTROS SINAIS FÍSICOS ASSOCIADOS À SÍNDROMES NEUROLÓGICAS

- p.ex.: Síndrome de Down e de Waldenburg

· INFECÇÃO DE OUVIDO PERSISTENTE OU RECORRENTE POR MAIS DE

3 MESES - OTITES

Para o adulto

Além daqueles encontrados nas crianças, os adultos podem adquirir a

surdez através de:

· Uso continuado de aparelho com fone de ouvido

· Trabalho em ambiente de alto nível de pressão sonora

· Infecção de ouvido constante e acidentes

NÍVEIS DE SURDEZ

Pelo decreto Nº3.298 De 20 de dezembro De 1999 Art.4º é considerada

pessoa portadora de deficiência aquela que se enquadrar em uma das seguin-

tes categorias:

A) De 25 a 40 Decibéis – Surdez Leve

B) De 41 a 55 Decibéis - Surdez Moderada

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C) De 56 a 70 Decibéis - Surdez Acentuada

D) De 71 a 90 Decibéis - Surdez Severa

E) De Acima de 91 Decibéis - Surdez Profunda

F) Anacusia

COMUNICAÇÃO GESTUAL

Existem várias formas de comunicação gestual: Português sinalizado;

Libras; mímica; pantomima, alfabeto manual, comunicação total, bilinguismo e

outros.

Universalidade

Ao contrário do que muitos pensam a língua de sinais não é universal,

nem mesmo a nível nacional existe uma padronização, inda mais em um país

de grandes dimensões como o nosso. Em uma cidade como São Paulo pode-

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mos observar até certos "bairrismos". Grupos de surdos possuem sinais dife-

rentes para uma mesma situação.

O QUE É LIBRAS?

Língua Brasileira de Sinais

A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FE-

NEIS define a Língua Brasileira de Sinais – Libras como a língua materna

dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa

interessada pela comunicação com esta comunidade. Como língua, está com-

posta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática,

semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo, assim, os

requisitos científicos para ser considerado instrumento linguístico de poder e

força. Possui todos os elementos classificatórios identificáveis numa língua e

demanda prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. (...) É uma

língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística.

Segundo Sánchez (1990:17) a comunicação humana “é essencialmente

diferente e superior a toda outra forma de comunicação conhecida. Todos os

seres humanos nascem com os mecanismos da linguagem específicos da es-

pécie, e todos os desenvolvem normalmente, independentes de qualquer fator

racial, social ou cultural”. Uma demonstração desta afirmação se evidencia nas

línguas oral-auditiva (usadas pelos ouvintes) e nas línguas viso-espacial (usa-

das pelos surdos). As duas modalidades de línguas são sistemas abstratos

com regras gramaticais. Entretanto, da mesma forma que as línguas orais-

auditivas não são iguais, variando de lugar para lugar, de comunidade para

comunidade, a Língua materna se refere aos surdos que nascem em famílias

de surdos, onde a língua comum é a Libras. Já para surdos que nascem em

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famílias ouvintes onde não há comunicação em Libras entendemos como Lín-

gua natural.

A estrutura da Língua Brasileira de Sinais é constituída de parâmetros

primários e secundários que se combinam de forma sequencial ou simultânea.

Segundo Brito (1995, p. 36 – 41) os parâmetros primários são:

a) Configurações das mãos, em que as mãos tomam as diversas formas na

realização de sinais. De acordo com a autora, são 46 configurações de mãos

na Língua Brasileira de Sinais;

b) Ponto de articulação, que é o “espaço em frente ao corpo ou uma região

do próprio corpo, onde os sinais são articulados. Esses sinais articulados no

espaço são de dois tipos, os que articulam no espaço neutro diante do corpo e

os que se aproximam de uma determinada região do corpo, como a cabeça, a

cintura e os ombros”; (BRITO, 1995).

c) Movimento, que é um “parâmetro complexo que pode envolver uma vasta

rede de formas e direções, desde os movimentos internos da mão, os movi-

mentos do pulso, os movimentos direcionais no espaço até conjuntos de movi-

mentos no mesmo sinal. O movimento que as mãos descrevem no espaço ou

sobre o corpo pode ser em linhas retas, curvas, sinuosas ou circulares em vá-

rias direções e posições”. (BRITO, 1995)

Quanto aos parâmetros secundários tem-se:

11a) Disposição das mãos, em que as “articulações dos sinais podem ser

feitas apenas pela mão dominante ou pelas duas mãos. Neste último caso, as

duas mãos podem se movimentar para formar o sinal, ou então, apenas a mão

dominante se movimenta e a outra funciona como um ponto de articulação”

(BRITO, 1995).

b) Orientação da palma das mãos, “é a direção da palma da mão durante o

sinal: voltada para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a esquerda

ou para a direita. Pode haver mudança na orientação durante a execução do

movimento”; (BRITO, 1995).

c) Região de contato, “refere-se à parte da mão que entra em contato com o

corpo. Esse contato pode-se dar de maneiras diferentes: através de um toque,

de um risco, de um deslizamento etc.” (BRITO, 1995)

d) Expressões faciais “muitos sinais, além dos parâmetros mencionados aci-

ma, têm como elemento diferenciador também a expressão facial e/ou corporal,

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traduzindo sentimentos e dando mais sentido ao enunciado e em muitos casos

determina o significado do sinal” (SILVA, p. 55, 2002). Ou seja, podem expres-

sar as diferenças entre sentenças afirmativas, interrogativas, exclamativas e

negativas.

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QUEM SÃO OS SURDOS E

QUEM SÃO OS OUVINTES?

Antes de começarmos nossa caminhada para o aprendizado da Língua

Brasileira de Sinais é importantíssimo que você compreenda que esta língua

não é a língua de um país mas, é a língua de um povo que se autodenomina

de Povo Surdo. Os surdos deste povo são pessoas que se reconhecem pela

ótica cultural e não medicalizada, possuem uma organização política de vida

em função de suas habilidades, neste caso a principal é a habilidade visual, o

que gera hábitos também visuais e uma língua também visual.

No entanto, a palavra – surdo – possui vários sentidos. O mais usado é

aquele ligado à ideia de doença, de falta, de incapacidade, de deficiência. Nem

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todos os surdos se identificam como surdos, há aqueles que ouvem pouco e/ou

usam a oralidade identificando-se como deficientes auditivos, outros com o

mesmo histórico preferem identificar-se como surdo, logo não se tem uma defi-

nição exata do termo.

Nesta apostila quando nos referimos aos surdos, estamos nós referindo

àqueles que utilizam a Libras assim como você utiliza a Língua Portuguesa.

O surdos para identificar aqueles que não são surdos costumam pergun-

tar: _ Você é ouvinte?, assim o termo ouvinte é uma forma de recolher o não

surdo.

Talvez não tenha ficado claro o suficiente quem são os surdos e quem

são os ouvintes, mas com certeza gradativamente com o decorrer do curso

você compreenderá o significado tais termos.

Uma Pesquisadora Surda da Universidade Federal de Santa Catarina,

Flaviane Reis, explica a expressão Povo Surdo como “uma estratégia de poder,

de identidade. O que constitui este povo? As associações, organizações locais,

nacionais e mundiais de surdos, as lutas, a cultura, as políticas. É uma repre-

sentação simbólica não como uma simples comunidade a quem podem impor

regras, mas como uma estrutura forte que se defende, impõe suas próprias

regras, seus próprios princípios”. (REIS, p. 19, 2006).

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Culturas e Identidades em Questão

Quando falamos sobre cultura muitas coisas podem vir a nossa mente,

há diferentes culturas e diferentes modos de conceituar cultura, depende do

espaço onde ela é discutida. Aqui, neste espaço linguístico, usamos o termo

cultura para expressar “jeitos de ser e estar no mundo”, e ressaltaremos a todo

o momento os jeitos de ser e estar no mundo do povo surdo, ou seja, a Cultura

Surda.

Sobre Cultura Surda podemos dizer com as palavras de Sá (p.01, 2006)

que ““Cultura”, neste texto, é definida como um campo de forças subjetivas que

dá sentido(s) ao grupo”. No século XXI, mais do que nunca, tem-se dado ex-

tremo valor à estética do corpo e da linguagem, mesmo que ocultamente tem-

se mantido o paradigma da alta e da baixa cultura. O discurso que ecoa é que

surdos são pessoas deficientes, que precisam entrar na linha da normalização,

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precisam urgentemente ser iguais a maioria, precisam falar, ver, ouvir, andar

fazer parte de uma cultura dita padrão para então serem considerados incluí-

dos na sociedade.

O embate acontece exatamente porque existe um campo de forças sub-

jetivas que dá sentido(s) ao grupo, ou seja, existe a Cultura Surda e é a língua

de sinais a marca subjetiva que dá sentido(s) a esta cultura. Os surdos são or-

ganizados social e politicamente, possuem um estilo de viver que é próprio de

quem usa a visão como meio principal de obter conhecimento. A cultura surda

é também híbrida e mestiça, pois não se encontra isolada no mundo, está

sempre em contato direto com outras culturas e evolui da mesma forma que o

pensamento humano. Há narrativas normalizantes que põem os surdos como

pessoas sub-culturais relatando que: Acho que os surdos não têm uma cultura

própria, têm apenas algumas adequações. (...) Os surdos interagem com ou-

tros surdos, porque eles se entendem na sua linguagem, e se afastam dos ou-

vintes pela falta de compreensão, dando a ilusão de ter uma cultura própria. A

contradição acontece nas narrativas surdas, elas revelam que pessoas sur-

das não vivem de adaptação ou reabilitação, vivem em evolução, criam

meios de ser e de estar no mundo, como qualquer ser humano faz. Pos-

suem a necessidade de estar em permanente contato com outros surdos,

não porque os ouvintes não os compreendem, mas pela força da identifi-

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cação cultural, pela força da subjetividade que os atrai como um imã da

mesma forma que acontece com outros grupos sociais.

Para compreender por que existe uma cultura surda é fundamental en-

trar em contato com esta cultura deixando de lado pré-conceitos que se costu-

ma fazer antes de conhecer, seja aberto ao novo e torne-se um ser plural.

LÍNGUA OU LINGUAGEM?

LINGUAGEM

Linguagem é tudo que envolve significação, que pode ser humano (pin-

tura, música, cinema), animal (abelhas, golfinhos, baleias) ou artificial (lingua-

gem de computador, código Morse, código internacional de bandeiras). Ou se-

ja, “sistema de comunicação natural ou artificial, humana ou não” (Fernandes,

2002:16).

LÍNGUA

É um conjunto de palavras, sinais e expressões organizados a partir de

regras, sendo utilizado por um povo para sua interação. Sendo assim a língua

seria uma forma de linguagem: a linguagem verbal. As línguas estariam em

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uma posição de destaque entre todas as linguagens, ou seja, podemos falar de

todas as outras linguagens utilizando as palavras ou os sinais. Assim como as

línguas orais, as línguas de sinais se organizam em diferentes níveis: semânti-

co, sintático, morfológico e fonológico.

O termo utilizado corretamente é "língua" de sinais e não "linguagem" de

sinais. E isso porque, concordando com Oviedo (1996), "língua" designa um

específico sistema de signos que é utilizado por uma comunidade para se co-

municarem. Já "linguagem" está relacionada à capacidade da espécie humana

para se comunicar através de um sistema de signos; é a capacidade humana

de criar e usar as línguas e que, conforme Vygotsky tem papel essencial na

organização das funções psicológicas superiores. Daí que resulta ser inapro-

priado utilizar o termo "linguagem" para designar a língua de uma comunidade;

no caso a da comunidade surda, a Língua de Sinais.

LEI Nº 10.436, de 24 de abril de 2002

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providên-

cias O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Lei:

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua

Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma

de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual

motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de

transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do

Brasil.

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas

concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o

uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunica-

ção objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.

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Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públi-

cos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento. Adequa-

do aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em

vigor.

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,

municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de for-

mação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus

níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como

parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme le-

gislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a

modalidade escrita da língua portuguesa.

Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril

de 2002; 181o da Independência e 114o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

CONSELHOS ÚTEIS NO APRENDI-

ZADO E USO DA LIBRAS

· O estudo em grupo poderá facilitar o aprendizado, bem como o estímulo indi-

vidual.

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· Para que um sinal seja produzido corretamente, é necessário observar: confi-

guração de mão, ponto de articulação, movimento e expressão.

· Focalize o rosto do usuário da LIBRAS, não as mãos. Como usuário da LI-

BRAS, você aprenderá a ampliar seu campo visual.

· Caso não encontre um sinal para uma determinada palavra, lembre-se de que

somente a comunidade surda poderá criá-lo.

· Certifique-se de que haja claridade suficiente no momento da conversa em

LIBRAS.

· Não tenha receio de sinalizar e errar. O erro faz parte do processo de apren-

dizagem.

· Pode ser que em sua cidade, devido ao regionalismo, os surdos utilizem al-

guns sinais diferentes para a mesma palavra. Caso isto ocorra, busque conhe-

cê-los também com o próprio surdo.

· Nem sempre você encontrará um sinal que signifique exatamente a palavra

que deseja empregar. Caso isso ocorra, procure um sinal que mais se aproxi-

me. Ex.: CONFECCIONAR (FAZER - sinal em LIBRAS).

· Os termos técnicos, possivelmente, não terão sinais específicos que os repre-

sente exatamente. Portanto, é recomendável digitá-lo para o surdo e tentar "in-

terpretá-lo", até que ele, entendendo o contexto, crie o sinal correspondente.

· Informe aos surdos sobre o que acontece ao seu redor.

· Procure dar ao surdo o máximo de informações visuais. Ex.: campainha lumi-

nosa para início e término de qualquer atividade.

· Se você quiser chamar a atenção de um surdo, procure tocá-lo no ombro se

estiver próximo, ou acene com os braços se estiver distante.

· O contato com a comunidade surda é fundamental nesse processo de apren-

dizado da língua, pois além do grande exercício que se pode fazer, é uma pre-

ciosa oportunidade de se conhecer também a cultura dessa comunidade.

· Sugerimos aos participantes que desejem aprofundar-se no estudo da LI-

BRAS que entrem em contato com as associações e federações de surdos lo-

cais e regionais, cujos contatos poderão ser obtidos na FENEIS - Federação

Nacional de Educação e Integração dos Surdos.

· Exercite sempre!

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ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE

A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e

percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos

os sinais são o “desenho” no ar do referente que representam. É claro que, por

decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser mo-

tivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não

é uma regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não man-

tendo relação de semelhança alguma com seu referente.

Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos e arbitrários.

SINAIS ICÔNICOS

Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a

pessoa ou coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, ges-

tos que fazem alusão à imagem do seu significado.

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TELEFONE BORBOLETA

Isso não significa que os sinais icônicos são iguais em todas as línguas.

Cada sociedade capta facetas diferentes do mesmo referente, representadas

através de seus próprios sinais, convencionalmente, (FERREIRA BRITO,

1993).

ESTRUTURA GRAMATICAL

ASPECTOS ESTRUTURAIS

A LIBRAS têm sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns pa-

râmetros que estruturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos. Três

são seus parâmetros principais ou maiores: a Configuração da(s) mão(s)-(CM),

o Movimento - (M) e o Ponto de Articulação - (PA); e outros três constituem

seus parâmetros menores: Região de Contato, Orientação da(s) mão(s) e Dis-

posição da(s) mão(s).(FERREIRA BRITO, 1990).

Parâmetros principais

Os parâmetros principais são:

a) configuração da mão (CM)

b) ponto de articulação (PA)

c) movimento (M)

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a) Configuração da mão (CM): é a forma que a mão assume durante a reali-

zação de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na LI-

BRAS existem 43 configurações das mãos (Quadro I), sendo que o alfabeto

manual utiliza apenas 26 destas para representar as letras.

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AS 46 CONFIGURAÇÕES DE MÃO DA LIBRAS

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b) Ponto de articulação (PA): é o lugar do corpo onde será realizado o sinal.

Ex.:

LARANJA APRENDER

c) Movimento (M): é o deslocamento da mão no espaço, durante a realização

do sinal.

Ex.:

GALINHA HOMEM

Direcionalidade do movimento

a) Unidirecional: movimento em uma direção no espaço, durante a realização

de um sinal.

Ex.: PROIBIDO, SENTAR, MANDAR.

b) Bidirecional: movimento realizado por uma ou ambas as mãos, em duas di-

reções diferentes.

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Ex.: PRONTO, JULGAMENTO, GRANDE, COMPRIDO, DISCUTIR, EMPRE-

GADO, PRIMO, TRABALHAR, BRINCAR.

c) Multidirecional: movimentos que exploram várias direções no espaço, duran-

te a realização de um sinal.

Ex.: INCOMODAR, PESQUISAR.

Parâmetros secundários

a) Disposição das mãos: a realização dos sinais na LIBRAS pode ser feito com

a mão dominante ou por ambas as mãos.

Ex.: BURRO, CALMA, DIFERENTE, SENTAR, SEMPRE, OBRIGADO

b) Orientação das mãos: direção da palma da mão durante a execução do sinal

da LIBRAS, para cima, para baixo, para o lado, para frente, etc. Também pode

ocorrer a mudança de orientação durante a execução de um sinal.

Ex.: MONTANHA, BAIXO, FRITAR.

c) Região de contato: a mão entra em contato com o corpo, através do: Toque:

MEDO, ÔNIBUS, CONHECER. Duplo toque: FAMÍLIA, SURDO, SAÚDE.

Risco: OPERAR, JOSÉ (nome bíblico), PESSOA.

Deslizamento: CURSO, EDUCADO, LIMPO, GALINHA.

Componentes não manuais

Além desses parâmetros, a LIBRAS conta com uma série de componen-

tes não manuais, como a expressão facial ou o movimento do corpo, que mui-

tas vezes podem definir ou diferenciar significados entre sinais. A expressão

facial e corporal podem traduzir alegria, tristeza, raiva, amor, encantamento,

etc., dando mais sentido à LIBRAS e, em alguns casos, determinando o signifi-

cado de um sinal.

Ex.:

O dedo indicador em [G] sobre a boca, com a expressão facial calma e

serena, significa silêncio; o mesmo sinal usado com um movimento mais rápi-

do e com a expressão de zanga significa uma severa ordem: Cale a boca!

A mão aberta, com o movimento lento e com expressão serena, significa

calma; o mesmo sinal com movimento brusco e com expressão séria significa

para.

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Em outros casos, utilizamos a expressão facial e corporal para negar,

afirmar, duvidar, questionar, etc.

Sinais faciais: em algumas ocasiões, o sinal convencional é modificado, sendo

realizado na face, disfarçadamente.

Exemplos: ROUBO, ATO-SEXUAL.

ESTRUTURA SINTÁTICA

A LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portugue-

sa, porque ela tem gramática diferenciada, independente da língua oral. A or-

dem dos sinais na construção de um enunciado obedece a regras próprias que

refletem a forma de o surdo processar suas ideias, com base em sua percep-

ção visual espacial da realidade. Vejamos alguns exemplos que demonstram

exatamente essa independência sintática do português:

Exemplo 1: LIBRAS: EU IR CASA. (verbo direcional)

Português : " Eu irei para casa. "

para - não se usa em LIBRAS, porque está incorporado ao verbo

Exemplo 2: LIBRAS: FLOR EU-DAR MULHER BENÇÃO (verbo direcional)

Português: "Eu dei a flor para a mamãe."

Exemplo 3: LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação)

Português: "Para que serve isto?"

Exemplo 4: LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação)

Português: “Quantos anos você tem?”

FUNÇÃO E ATITU-

DE DO INTÉRPRE-

TE

A função do intérprete pode ser

definida da seguinte forma:

O intérprete procura equalizar

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uma situação de comunicação, de modo a que as pessoas surdas e ouvintes

tenham acesso a todas as informações emitidas e possam comunicar tudo

aquilo que desejarem;

- Os intérpretes de língua gestual traduzem e interpretam os gestos da

língua gestual para língua falada e vice-versa, respeitando as normas do Códi-

go de Ética e Linhas de Conduta.

QUALIDADES DO INTÉRPRETE

Flexibilidade– o intérprete deverá poder adaptar-se às diferentes situa-

ções que lhe surgirem;

Objetividade– o intérprete deverá ter em conta que é um elo e não deve-

rá envolver-se; pessoalmente na sua função;

Autodisciplina– não é fácil controlar a eficiência e honestidade de um in-

térprete, assim ele próprio deverá conhecer e respeitar os seus próprios limites;

Atitude Profissional– o intérprete deverá manter uma atitude correta, res-

tringindo-se a exercer a sua função, bem como deverá ser responsável pelo

seu próprio crescimento e pelo crescimento da profissão;

Pontualidade e Senso de Responsabilidade– é essencial que o intérpre-

te seja pontual, pois só é útil se estiver presente no local à hora marcada. A

sua ausência poderá criar dificuldades acrescidas aos seus clientes. Em caso

de impossibilidade ou doença deverá solicitar um substituto ou saber da possi-

bilidade de adiamento do ato de interpretação.

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CÓDIGO DE ÉTICA DOS INTÉRPRETES DE LÍNGUA DE SINAIS

1) O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, cons-

ciente, confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará informações

confidenciais e não poderá trair confidências, as quais foram confiadas à

ele;

2) O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da

interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que

seja perguntado pelo grupo a fazê-lo.

3) O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade,

sempre transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele

deve lembrar os limites da sua função particular - de forma neutra - e não ir

além da sua responsabilidade.

4) O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e usar

prudência em aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou

profissionais, quando necessário, especialmente em palestras técnicas.

5) O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem ade-

reços, mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida

sobre si mesmo, durante o exercício da função;

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6) O intérprete deve ser remunerado por serviços prestados e se dispor a

providenciar serviços de interpretação, em situações onde fundos não são dis-

poníveis.

7) Acordos a níveis profissionais devem ter remuneração de acordo com a

tabela de cada estado, aprovada pela FENEIS;

8) O intérprete jamais deve encorajar pessoas surdas a buscarem decisões

legais ou outras em seu favor;

9) O intérprete deve considerar os diversos níveis da Língua Brasileira de

Sinais.

10) Em casos legais, o intérprete deve informar à autoridade quando o nível

de comunicação da pessoa surda envolvida é tal, que a interpretação literal não

é possível e o intérprete, então, terá de parafrasear de modo crasso o que se

está dizendo para a pessoa surda e o que ela está dizendo à autoridade.

11) O intérprete deve se esforçar para reconhecer os vários tipos de assis-

tência necessitados pelo surdo e fazer o melhor para atender as suas necessi-

dades particulares.

12) Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional,

o intérprete deve se agrupar com colegas profissionais com o propósito de divi-

dir novos conhecimentos e desenvolvimentos, procurar compreender as impli-

cações da surdez e as necessidades particulares da pessoa surda alargando

sua educação e conhecimento da vida, e desenvolver suas capacidades ex-

pressivas e receptivas em interpretação e tradução.

13) O intérprete deve procurar manter a dignidade, o respeito e a pureza da

Língua de Sinais. E também deve estar pronto para aprender e aceitar sinais

novos, se isto for necessário para o entendimento.

14) O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao surdo

sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informação)

tem surgido por causa da falta de conhecimento do público na área da surdez e

comunicação com o surdo.

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POSTURA PROFISSIONAL

O intérprete é a pessoa em que o surdo mantém extrema confiança, tan-

to profissional como pessoal. Devendo ser uma pessoa íntegra e cumprir so-

mente com o seu papel de interpretar priorizando sempre em sua prática a éti-

ca.

O intérprete independente de seus conceitos e valores pessoais deverá

sem preconceito interpretar em locais como: grupo de conscientização de ho-

mossexuais e em eventos religiosos.

O intérprete deverá manter sigilo quando for acompanhar o surdo não

devendo revelar seu nome e o local aonde foi designado para atuar.

O intérprete por ser a voz do surdo e do ouvinte deverá manter sempre

sua neutralidade diante de qualquer situação.

O intérprete deverá sempre estar se aprimorando, se possível, frequen-

tando cursos de capacitação e outros eventos que venham colaborar para o

seu aperfeiçoamento profissional e na aquisição de conhecimentos sobre a

cultura surda.

O intérprete precisa ter expressão facial para que o surdo possa enten-

der melhor a situação e, principalmente, ter postura, ou seja, não atuar de for-

ma exagerada com o intuito de chamar a atenção.

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O intérprete durante a sua atuação deverá ter intervalo de vinte em vinte

minutos de revezamento com outro profissional em eventos de longa duração.

O intérprete precisa ser um profissional ético tanto com os surdos como

com os seus colegas de profissão. Devendo estar sempre pronto a apoiar o

próximo e estar disposto para o trabalho em equipe.

1º Confidencialidade

– o intérprete deverá guardar completo sigilo de tudo que interpretou, in-

clusive dados, como datas, nomes, locais ou assuntos, que aparentemente

possam não ter importância, podem ser suficientes para uma quebra de confi-

dencialidade.

Não deverá também assumir atitudes na presença de terceiros que pos-

sam levá-los à aperceber-se de que o intérprete tem conhecimento de assuntos

confidenciais.

Ao participar na formação de novos intérpretes, revelando as suas expe-

riências e métodos de trabalho, deverá ter sempre o cuidado de não mencionar

dados, como datas, nomes ou locais que possam levar à identificação de um

caso confidencial.

O sigilo só poderá ser quebrado por convocatória judicial para prestar

depoimento.

2º Confiabilidade – Adaptabilidade

– o intérprete deverá providenciar uma interpretação fiel, respeitando o

conteúdo e espírito do orador, utilizando uma linguagem facilmente compreen-

sível para as pessoas para quem está a interpretar.

Não deverá omitir nem inventar ou acrescentar nada ao que foi dito. Por

vezes poderão surgir situações embaraçosas ou que estejam em contradição

com o senso de bem e de mal do intérprete, mas ele deverá sempre lembrar-se

de que a responsabilidade do que é dito não é sua, e que é seu dever transmitir

as informações dadas, de uma forma precisa. Se o intérprete sentir que não é

capaz de efetuar uma interpretação fiel, deverá admiti-lo e retirar-se dessa si-

tuação.

Ao interpretar para língua gestual, o intérprete deverá comunicar da for-

ma mais facilmente compreensível pela pessoa surda, seja ela através da Lín-

gua Gestual Portuguesa, datilologia, oralidade, gestos, desenhos ou escrita.

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Seria bom se o intérprete e a pessoa surda tivessem uns momentos de prepa-

ração para adaptação ao modo de comunicação de cada um.

Sempre que possível, o intérprete ao interpretar para língua falada deve-

rá utilizar a língua falada pela pessoa ouvinte, inglês, francês, etc.

3º Imparcialidade

– enquanto durar a sua função, o intérprete não deverá aconselhar ou

orientar, mantendo uma atitude neutral e sem emitir opiniões e reações pesso-

ais.

Assim como não deve omitir nada, o intérprete também não deve acres-

centar nada, visto que como intérprete a sua função é apenas a de facilitar a

comunicação entre duas ou mais pessoas (surdas e ouvintes), e a sua inter-

venção pode ter consequências imprevistas.

Por vezes o intérprete pode sentir-se tentado a assumir papel de defen-

sor da pessoa surda, o que é humanamente louvável, no entanto, deverá ter

sempre em atenção que, durante a sua função de intérprete apenas deverá

transmitir as informações dadas por ambas as partes.

4º Discrição

– deverá usar de discrição na aceitação de trabalhos no que diz respeito

a capacidades específicas da localização e pessoas que solicitam o serviço.

O intérprete só deverá aceitar trabalhos para os quais sabe que tem ca-

pacidades. No entanto na falta de um intérprete especializado em determinada

área, poderá recrutar-se um intérprete com menos preparação desde que o

intérprete e o seu cliente tenham noção dessa desvantagem e tanto um como

outro estejam dispostos a aceitar essa situação.

Poderão surgir situações desconfortáveis de ordem pessoal, social, reli-

giosa ou política. Assim, o intérprete deverá evitar aceitar trabalhos que à parti-

da saiba que poderão afetar negativamente o seu trabalho de interpretação.

O intérprete deverá evitar situações em que tenha de interpretar para

membros da sua família, amigos ou colegas de trabalho, que possam de algu-

ma forma afetar a sua imparcialidade. Nestas circunstâncias e especificamente

no campo legal é difícil para o intérprete manter-se neutral.

No entanto, em caso de emergência é aceite que o intérprete tenha que

interpretar nestas circunstâncias, devendo nesse caso, todas as partes ser in-

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formadas de que o intérprete não poderá ser pessoalmente envolvido nos pro-

cedimentos.

5º Remuneração – o intérprete deverá lidar com este assunto de uma

forma profissional e judiciosa.

A remuneração deverá ser adaptada segundo vários fatores, tais como:

nível de certificação, experiência profissional, natureza do trabalho, e índex de

custo de vida local (1.000$00/hora poderá parecer muito em determinados sí-

tios, mas pouco noutras áreas geográficas).

Por vezes os intérpretes poderão fornecer serviços gratuitamente, mas

sempre respeitando o seu cliente, para o mesmo não se sentir alvo de carida-

de. Por outro lado, há que considerar que o intérprete que exerça uma outra

profissão pode fazer um favor a um amigo sem lhe cobrar nada, o que não irá

afetar o seu rendimento pessoal, enquanto que um intérprete que trabalhe à

hora não poderá fazer o mesmo, pois a sua profissão é essa e é desse trabalho

que depende para viver.

6º Oportunidade – o intérprete não deverá tirar vantagem pessoal de

qualquer informação de que tenha conhecimento durante o seu trabalho de

interpretação.

7º Integridade – através das associações nacionais de intérpretes e

surdos procurar defender a integridade e dignificação da sua profissão, encora-

jando o uso de intérpretes qualificados, de modo a que seja atingindo um bom

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nível de qualidade, em concordância com o código de ética da profissão de

intérprete.

8º Atualização – o intérprete deverá desenvolver as suas capacidades

de interpretação e manter-se a par das evoluções verificadas neste campo,

participando em encontros profissionais, encontrando-se com colegas e parti-

lhando experiências, lendo literatura informativa e participando em cursos de

especialização que venham a ser efetuados.

9º Crítica – sempre que haja críticas ao modo como o intérprete condu-

ziu o seu trabalho, as mesmas devem ser feitas diretamente ao intérprete com

conhecimento para o serviço ou órgão que o indicou.

LINHAS DE CONDUTA

1º O intérprete deverá apresentar-se de forma precisa e concisa, menci-

onando o seu nome e função – Intérprete de Língua Gestual. Deverá, se solici-

tado, mencionar o serviço ou órgão que o destacou para esse trabalho de in-

terpretação.

2º Para evitar situações dúbias ou desagradáveis, deverá esclarecer que

a sua posição é a de interpretar tudo o que for dito por todas as partes envolvi-

das no ato, de língua gestual para falada e de língua falada para a gestual.

3º Não deverá emitir juízos ou opiniões pessoais, nem deverá deixar

transparecer quaisquer reações, obedecendo a todas as normas de código de

ética e linhas de conduta para os intérpretes de língua gestual.

4º No caso de o cliente surdo ou ouvinte se sentir tentado a solicitar a

opinião do intérprete, deverá de uma forma correta mas firme, explicar e man-

ter a sua posição de imparcialidade.

5º Os intérpretes devem apoiar-se mutuamente, não permitindo que haja

tentativas de favoritismo ou intrigas por parte de pessoas que possam não

compreender a função desempenhada pelos intérpretes.

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SINAIS DE LIBRAS

NÚMEROS

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ALFABETO

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ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1- Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver

prestando atenção em você, acene para ela ou toque em seu braço

levemente. Alguns surdos são oralizados, por isso, fale de maneira

clara e com tom de voz normal, pronunciando bem as palavras, mas

sem exageros, sem gritar. Sobre isso, marque a alternativa correta:

a) Fale diretamente com a pessoa, nem de lado nem atrás dela. Sua

boca necessita estar bem visível para que a pessoa surda possa ler

seus lábios.

b) Mantenha sempre um contato visual, isto é, face a face. Se você, por

exemplo, virar para o lado, a pessoa surda pode achar que a conver-

sa terminou.

c) Dirija-se sempre à pessoa surda e não ao intérprete de LIBRAS. Não

hesite ou tenha medo de se comunicar com um surdo. Por meio de

suas expressões faciais, gestos e movimentos corporais, ele com-

preenderá o que você quer comunicar.

d) Todas as alternativas estão corretas.

2- A LIBRA (Língua Brasileira de Sinais) não é uma linguagem, mas,

sim, possui aspectos linguísticos como qualquer outra língua oral,

reconhecida e oficializada em nosso país desde o ano de:

a) 2001.

b) 2002.

c) 2003.

d) 2004.

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3- Sobre a expressão surdo-mudo, não se pode afirmar que:

a) Surdo–mudo, mudo ou mudinho são termos pejorativos, considera-

dos pelos surdos como uma ofensa à sua condição enquanto sujeitos

ativos da sociedade, possuidores de uma língua. Estes termos preci-

sam ser abolidos da nossa sociedade.

b) O fato de não escutar não impossibilita a comunicação.

c) Na visão dos sujeitos surdos, ser mudo representa algo inútil e que

não se comunica.

d) Os surdos são mudos.

4- Sobre a surdez podemos afirmar que:

a) Surdez é o nome dado à impossibilidade e dificuldade de ouvir, po-

dendo ter como causa vários fatores que podem ocorrer antes, du-

rante ou após o nascimento.

b) A deficiência auditiva é igual para todos.

c) A deficiência auditiva é somente um grau leve.

d) A surdez só começa na infância.

5- Se você pretende ter filhos, procure um médico. Ele vai pedir para

que você faça alguns exames. Estes exames podem revelar doen-

ças que nem mesmo você sabe que tem. Essas doenças podem ser

tratadas, evitando complicações para o seu bebê. Uma das doen-

ças que você não deve ter durante a gravidez, que pode causar a

surdez, é a:

a) Toxoplasmose.

b) AIDS.

c) Rubéola.

d) Sífilis.

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6- Para o adulto é importante também se prevenir contra a surdez, pa-

ra isso devemos fazer, exceto:

a) Não use cotonete na parte de dentro do canal do ouvido, limpe so-

mente a parte externa da orelha.

b) Explique para seu filho que objetos como botões, tampinhas ou

mesmo feijões, não devem ser colocados no ouvido, pois podem

machucar e prejudicar sua audição.

c) Ousa música alta.

d) Todas as alternativas estão errada.

7- Sobre a Libra, podemos afirmar que, exceto:

a) Esta é a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá

ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação

com esta comunidade.

b) Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes

às línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e

outros elementos preenchendo, assim, os requisitos científicos para

ser considerado instrumento linguístico de poder e força.

c) Possui todos os elementos classificatórios identificáveis numa lín-

gua e demanda prática para seu aprendizado, como qualquer outra

língua. (...) É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguís-

tica.

d) Pode substituir a língua materna, pois é uma língua materna.

8- Tudo que envolve significação, que pode ser humano (pintura, mú-

sica, cinema), animal (abelhas, golfinhos, baleias) ou artificial (lin-

guagem de computador, código Morse, código internacional de

bandeiras). Ou seja, “sistema de comunicação natural ou artificial,

humana ou não”. Estamos nos referindo a:

a) Língua

b) Linguagem

c) Libras

d) Comunicação

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NOME DO ALUNO:_______________________________________________

CURSO:________________________________________________________

DISCIPLINA:_____________________________________________________

DATA DE ENVIO DO GABARITO:________/___________/_____________.

GABARITO:

QUESTÃO LETRA 1

2 3 4

5 6 7 8

______________________________

Assinatura