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Prova: Disciplina: Gabarito Provisório: Julgamento: Questão Mantida CONHECIMENTOS ESPECIFICOS INDIGENISMO INDIGENISMO G1=1C PARECER O candidato recorreu da questão alegando que “da análise do Edital denotase q [sic] o nível das questões seria tomado à base de Noções” e que no dicionário “o significado de Noções” é: “no plural conhecimentos iniciais”; e “prolegômenos, abecê, laivos, abc, base, rudimentos, princípios, fundamentos” – causandolhe “estranheza ao deparar[se] com matéria não solicitada: estudos étnicos comparados de autor estrangeiro Barth” (ênfase no original do recurso). Conclui tratarse de “questão elaborada em nível de complexidade não evidenciada no edital como Noção”, solicitando a anulação da questão. Não procedem os argumentos apresentados, levandose em consideração que a contribuição de Fredrik Barth aos estudos étnicos comparados já havia sido introduzida na Antropologia brasileira desde pelo menos 1976, por meio da obra Identidade Etnia e Estrutura Social de Roberto Cardoso de Oliveira, e que a introdução de Barth à coletânea referida no enunciado da questão ganhou tradução definitiva em português em coletânea de trabalhos dele intitulada O Guru, o Iniciador e Outras Variações Antropológicas, publicada em 2000. Tratase, portanto, de trabalho conhecido, acessível e que há décadas serve de referência para estudos e etnografias que têm se dedicado a compreender as dinâmicas étnicas no Brasil, constituindose, assim, em conteúdo obrigatório da formação básica – portanto, de “noções de Etnologia Indígena” e de “questões de ‘indianidade’ e identidade étnica” (justamente os dois primeiros itens do ‘Conteúdo Programático’ da Prova 2 Conhecimentos Específicos para o cargo de Indigenista Especializado). Mantenho a questão.

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Page 1: Disciplina: INDIGENISMO Gabarito Provisório: G1=1C ... · aos estudos étnicos comparados já havia sido introduzida na Antropologia brasileira desde ... referência para ... da

Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=1­C

PARECER

O candidato recorreu da questão alegando que “da análise do Edital denota­se q [sic] o nível das questões seriatomado à base de Noções” e que no dicionário “o significado de Noções” é: “no plural ­ conhecimentos iniciais”; e“prolegômenos, abecê, laivos, abc, base, rudimentos, princípios, fundamentos” – causando­lhe “estranheza aodeparar­[se] com matéria não solicitada: estudos étnicos comparados de autor estrangeiro Barth” (ênfase nooriginal do recurso). Conclui tratar­se de “questão elaborada em nível de complexidade não evidenciada noedital como Noção”, solicitando a anulação da questão.Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que a contribuição de Fredrik Barthaos estudos étnicos comparados já havia sido introduzida na Antropologia brasileira desde pelo menos 1976, pormeio da obra Identidade Etnia e Estrutura Social de Roberto Cardoso de Oliveira, e que a introdução de Barth àcoletânea referida no enunciado da questão ganhou tradução definitiva em português em coletânea de trabalhosdele intitulada O Guru, o Iniciador e Outras Variações Antropológicas, publicada em 2000. Trata­se, portanto, detrabalho conhecido, acessível e que há décadas serve de referência para estudos e etnografias que têm sededicado a compreender as dinâmicas étnicas no Brasil, constituindo­se, assim, em conteúdo obrigatório daformação básica – portanto, de “noções de Etnologia Indígena” e de “questões de ‘indianidade’ e identidadeétnica” (justamente os dois primeiros itens do ‘Conteúdo Programático’ da Prova 2 ­ Conhecimentos Específicos ­para o cargo de Indigenista Especializado).Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=2­D

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) “conforme dados estatísticos, alguns povos de ambas as letras perfazem as 10 maiores tribos indígenas doBrasil”, de modo que “não só os povos da letra D são os que ainda falam mais de 5 mil línguas indígenas” [?!],mas também “alguns povos da letra E também fazem parte das maiores tribos indígenas do Brasil”. Aduz aindaque “poucas línguas indígenas no Brasil foram estudadas com profundidade” e que “o conhecimento sobre elasestá em permanente revisão”, requerendo a “anulação/alteração de gabarito”, pois “as letras D e E secomplementa[ria]m” [recurso].(b) “a correta seria a alternativa a), a qual significa o termo tapuio” [recurso].(c) “na assertiva ‘D’, os povos Yanomamis fazem parte de uma das tribos de índios isolados [o] que, conforme aleitura do comando da questão, gera uma incoerência entre o comando e a resposta”, visto que no comando lê­se: “sem contar as de índios isolados (que, por não manterem contato regular conosco, não puderam ainda serconhecidas e estudadas).” Aduz que “os Yanomamis são índios isolados e, conforme o comando, não puderamainda [suas línguas] ser[em] conhecidas e estudadas efetivamente, haja vista a falta de contato regular”[recurso].Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto ao argumento (a), o comando da pergunta era para marcar a alternativa que tivesse cinco dos 25povos que ainda têm mais de cinco mil falantes de línguas indígenas e não “povos [que] perfazem as 10 maiorestribos indígenas do Brasil”, nem “povos [...] que ainda falam mais de 5 mil línguas indígenas”.­ quanto ao argumento (b), está mal formulado, incompreensível e não se sabe o que quer dizer quanto sugereque a resposta A “significa o termo tapuio”.­ quanto ao argumento (c), simplesmente não procede a afirmação de que os Yanomami são “uma das tribos[sic] isoladas”, ou “índios isolados”, cujas línguas “não puderam ainda ser conhecidas e estudadas”, bastandopara tanto visitar o sítio web em português da Hutukara Associação Yanomami (HAY), associação da sociedadecivil sem fins lucrativos fundada e mantida pelos próprios Yanomami, em especial olinkhttp://www.hutukara.org/index.php/noticias/isolados­moxihatetea/259­video­grupo­yanomami­isolado, noqual os próprios Yanomami se referem a um subgrupo de isolados, que eles chamam de Moxihatëtëmathëpë,que “sempre mantiveram relação de hostilidade com os outros Yanomami” e que estes agora querem protegerdevido às ameaças que estão sofrendo.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=3­D

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) a “questão foge toatlmente [sic] da materia [sic] cobrada no edital e do bom senso de avaliação docandidato”, pois “não esta [sic] no edital línguas indígenas co­oficiais”, “não costa no material de estudo”.[recurso](b) “não podemos considerar o Tupiniquim uma língua co­oficial falada no município de Aracruz­ES” e que “todasas demais ainda são verificadas ao longo do nosso território”, aduzindo, a título de “argumentação teórica”,citações do site da Prefeitura de Aracruz (http://www.aracruz.es.gov.br/turismo/atracoes­turisticas/19/) e daEnciclopédia do Povos Indígenas do Brasil do Instituto Socioambiental(https://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani­mbya/1290), que pouco têm a ver com a alegação em si.[recurso](c) “a informação da questão [é] infundada, pelo seu grau de complexidade, não agregando valor ao cotidianodo futuro trabalhador”, qualificando­a como “questão de ‘roda­pé’”, que não respeitou o disposto no Edital, pornão se tratar de “noção[ões]”, levando para “o campo do estrito e específico saber”, ao que aduz sua surpresapor “não explorar mais os troncos e famílias linguísticas, sem dúvida conhecimentos úteis ao Servidor da Funai”.[recurso]Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto ao argumento (a), o edital menciona claramente “diversidade linguística” e “culturas e línguas indígenasno Brasil” entre os itens do ‘Conteúdo Programático’ da Prova 2 ­ Conhecimentos Específicos ­ para o cargo deIndigenista Especializado.­ quanto ao argumento (b) (se entendi bem, pois a formulação está confusa), é exatamente porque o Tupiniquimé pouco falado que não podemos sequer considerá­la uma língua co­oficial do município de Aracruz­ES – sendoesta, portanto, a alternativa correta de acordo com o comando da questão (que perguntava qual dos cincomunicípios não possui línguas indígenas co­oficiais).­ quanto ao argumento (c), além do já referido para o argumento (a) acima, o reconhecimento de línguasindígenas como línguas co­oficiais por municípios de composição étnica variada é uma demanda dos povosindígenas e uma importante conquista em termos de materialização dos direitos reconhecidos aos índios no Art.231 da Constituição Federal em vigor, tendo repercussões para a implementação de políticas públicas à escalalocal e sendo o conhecimento dessas realidades ­ mais do que útil ­ necessário ao servidor público que atenderáesses povos e comunidades, e implementará programas e políticas nessas situações.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Anulada

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=4­C

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando de modo uníssono que "o enunciado da questão apresenta umerro irreparável", visto que as estatísticas do Censo Demográfico de 2010 apontam que o número total deindígenas no Brasil é de 896.917 pessoas, mas apenas 817.963 (0,44% da população) se autodeclaram índios.Têm procedência os argumentos apresentados pelos candidatos, considerando que a questão deveria terpreservado a redação dada no terceiro parágrafo do subtítulo ‘Etnias Indígenas’ da publicação oficia que é afonte desta pergunta – Censo Demográfico 2010: características gerais dos indígenas ­ resultados do universo(Rio de Janeiro: IBGE, 2012 ­ ISSN 1676­4935 ­ CD­ROM) – no qual se lê: "Das 896 mil pessoas que sedeclararam ou se consideraram indígenas..." (ênfases minhas). Constitui, portanto, erro material suficiente ajustificar a anulação da questão.Anulo a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=5­B

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que o gabarito incorreria em erro, visto que:(a) “a alternativa indicada como correta aponta que o menor contigente [sic] indígena estaria na região Sul dopaís, quando na verdade o menor contigente [sic] está na região Sudeste”, aquela região “representando 10%do contigente [sic] e o Sudeste 3%, segundo dados da Associação Nacional de Servidores da Funai”(b) “a resposta correta [seria] o item ‘a’, citando como fonte o site do Instituto Socioambiental(https://pib.socioambiental.org/pt/c/no­brasil­atual/linguas/troncos­e­familias) e sugerindo que se consulte estelink para verificar “a informação que é dada quanto ao número de línguas indígenas existentes atualmente noBrasil” (ênfase no original do recurso).(c) “o Censo 2010 não fala[ria] em 305 povos mas, em 305 etnias”, podendo, segundo a alegação, “existir maispovos de uma mesma etinia [sic], vivendo em locais diferentes e não se relacionando entre si, da mesma formaque podem existir povos que reúnam diferentes etnias”. Aduz ainda os significados dicionarizados de “povo” e“etnia”.(d) não existiria “um valor exato para esta resposta, apenas um valor aproximado[,] em nenhuma bibliografia”,aduzindo não haver fonte para este dado.(e) a questão pediria que se informasse “o número aproximado de línguas indígenas faladas no Brasil hoje ENÃO o resultado do Censo do IBGE de 2010, apenas ped[indo] que usemos o Censo como base”, reiterando que“a questão ped[iria] quantas línguas se falam aproximadamente no Brasil hoje, e não o resultado do Censo doIBGE; apenas que o usemos de base.”(f) o gabarito estaria errado sendo a letra E a alternativa correta, pois, segundo a alegação, “na teoria háestipulação: ‘Os estudiosos em geral concordam com a estimativa de que atualmente são ainda faladas no Brasilcerca de 180 línguas indígenas [sic]. O número ainda existente de línguas indígenas brasileiras representa umagrande diversidade linguística as 180 línguas se distribuem por cinco grandes grupos’” – não se mencionando afonte da citação e alegando ademais que não haveria “305 línguas indígenas como aponta o gabarito que estávisivelmente errado”.(g) “a questão trata erroneamente sobre ‘305 povos’ sendo que o IBGE trata sobre ‘305 etnias’”, a alegaçãomencionando as definições de “etnia” e “povo” segundo o Dicionário Michaelis para afirmar que são conceitosque não se confundem e aduzindo informações disponíveis no sítio do IBGE(http://indigenas.ibge.gov.br/estudos­especiais­3/o­brasil­indigena/lingua­falada) e os significados dicionarizadosdos dois termos.(h) “em se tratanto [sic] de contingente indígena, a resposta correta seria região norte (maior) e sudeste(menor), sendo assim a letra D a resposta correta”, aduzindo links do Ministério da Saúde e de mapas dadistribuição das populações.Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que: (i) o comando da questão é claro(“se tomarmos como base os dados do Censo 2010 do IBGE”); e, seguindo o este comando, (ii) a fonte daquestão é a publicação oficial Censo Demográfico 2010: características gerais dos indígenas ­ resultados douniverso (Rio de Janeiro: IBGE, 2012 ­ ISSN 1676­4935 ­ CD­ROM) – o que já descarta o argumento (d) acimareferido, que alega não haver fonte para esses dados. Assim sendo:­ quanto aos argumentos (c) e (g), diz a fonte oficial suprareferidda no primeiro parágrafo do subtítulo ‘EtniasIndígenas’: “Para efeito do Censo Demográfico 2010, considerou­se etnia ou povo a comunidade definida porafinidades linguísticas, culturais e sociais” (ênfase minha) – ou seja, o IBGE, como instituto oficial, tomou ostermos como sinônimos, tornando anódinas quaisquer elucubrações conceituais.­ quanto aos argumentos (a) e (h), uma simples consulta à Tabela 3 (“População indígena e distribuiçãopercentual, por localização do domicílio e condição de indígena, segundo as Grandes Regiões – 2010”) dareferida publicação dirimirá qualquer dúvida (Sudeste: 99.137 e Sul: 78.773), observando que a pergunta serefere a contingente populacional e não a distribuição percentual.­ quanto aos argumentos (b), (e) e (f), reiterando que o comando da pergunta é claro (“se tomarmos como baseos dados do Censo 2010 do IBGE”), diz a referida fonte oficial no sexto parágrafo do item ‘Línguas faladas nodomicílio – línguas indígenas e português’: “No Brasil, para as pessoas indígenas de 5 anos ou mais de idade,foram contabilizadas 274 línguas indígenas faladas no Território Nacional” – o gabarito não indicando 305 línguasindígenas e não cabendo tergiversação a respeito do significado de “tomar como base.”Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=6­E

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que a questão possuiria mais de uma alternativa correta – ou,como diz um dos requerentes “cabível” – porque:­ no caso da alternativa D: “o que torna[ria] a questão [sic] incorreta [e, portanto, a alternativa correta segundoo comando da pergunta] [seria] a palavra ‘necessariamente’ que significa impreterivelmente, absolutamente,infalivelmente”, aduzindo que: “muitas das tribos [sic] indígenas coincidem com fronteiras territoriais”;“conforme dados do Instituto Socioambiental não pode­se afirmar que necessariamente toda divisão territorialhaverá ocupação indígenas [sic], até por conta de muitos desse povos serem ainda nômades” (ênfases nooriginal da alegação); e “porque mesmo após a divisão territorial (em nosso país, na Venezuela, Bolívia) nãoprejudicou a ocupação indígena [sic], que até hoje é vista pelas diversas aldeias, comunidades tribais existenteno país”.­ no caso da alternativa C, em que se lê que a história tem sido drasticamente alterada pela colonização, “o usodo ‘TEM SIDO’ d[aria] a ideia de continuidade [e] isso está incorreto visto que não estamos mais em processo decolonização”, sendo que o correto “seria usar ‘FOI’ drasticamente alterada”.Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ a alternativa D diz que “a divisão territorial em países (Brasil, Venezuela, Bolívia etc.) não coincide,necessariamente, com a ocupação indígena do espaço”, ou seja, alternando os temos: “não necessariamente[impreterivelmente, absolutamente, infalivelmente] coincide” (ênfase minha), o que é justamente o que asalegações reconhecem.­ quando a alternativa C diz que a história de relações “tem sido drasticamente alterada pela colonização”, éporque esta não se limita a um período cronológico da história oficial, mas a um padrão/configuração deatuação, facilmente compreensível quando se fala nos programas de colonização de regiões como a Amazônianas décadas de 1960 e 1970, e no conceito de colonialismo interno.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=7­B

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) “a alternativa mais correta seria a letra D”, visto que “o tema é bem controvertido”, sendo “muito arriscadoafirmar que TODAS as culturas humanas tomam a sua cultura como padrão para as demais” e não sendo “umaobrigação” e nem havendo “garantias que TODAS as culturas pensem da mesma forma”.(b) a questão “não [apresentaria] nenhum item que defina coerentemente o termo”, citando um conjunto deautores em suporte da alegação para sugerir que “o Etnocentrismo compreende, sim, as outras culturasutilizando a sua como referência: porém sempre as jugando como INFERIORES e DE MENOS VALIA quandocomparadas com a sua. Não representando um mero estranhamento, mas, sim, ojeriza e desvalorização”.(c) a alternativa B (gabarito) seria equivocada “por duas razões: primeiro, por relativizar, afirmando que todasculturas possuem tendências etnocêntricas (quando, na verdade, pode­se pensar em diversas culturas que sãomais abertas e que não possuem tendências etnocêntricas); o segundo erro é o de não destacar o aspectoprincipal do etnocentrismo, qual é, o de uma cultura enxergar outra através de uma ótica de superioridade”.(d) “a ideia de generalização criada com o termo ‘todas’ [na alternativa B (gabarito)] invalida[ria] a resposta daquestão”, pois o etnocentrismo como “tendência existe, entretanto não em todas as culturas”.(e) “em muitos estudos antropológicos [...] o conceito de ‘etnocentrismo’ também é visto mais como umarelação de superioridade cultural, onde uma cultura de um se julga superior à outra”, razão pela qual “a respostab) torna[ria] o conceito meio incompleto e sem sentido dentro da sua vastidão conceitual”.(f) “a alternativa informada como correta est[aria] ambígua, pois a partir da frase ‘faz com que se entenda arealidade e as outras culturas a partir dos próprios padrões culturais’ não é possível saber se ‘dos própriospadrões culturais’ faze referencia a [sic] cultura que está sendo observada, ou ao observador”.(g) a questão teria sido mal formulada, “já que, etnocentrismo em si na verdade é quando uma etnia, um grupode pessoas se acham superior a outras e não como uma cultura entende a outra por padrões culturais”.(h) a questão “requer[ia]” ponderação quanto ao uso do termo TODAS, bem como a certa ambiguidade presentenas assertivas D e E”, a letra B desconsidera[ando] a capacidade das culturas humanas exercerem o relativismocultural” e a “ambiguidade das assertivas D e E se apresenta[ndo] na forma do uso do pronome relativo ‘que’”,que “não deixa[ria~] claro se o complemento da frase diz respeito ao termo etnocentrismo ou ao termorelativismo cultural”. Portanto, sugiro à banca examinadora a anulação da questão.(i) “não só a alternativa ‘b’ tra[ria] informações [sic] corretas como também a alternativa ‘d’”, visto “que aSociologia moderna afirma[ria] que o etnocentrismo refer[ir­se­ia] também à tendência que temos de consideraras culturas dos demais povos como inferiores à nossa” e que não se “especifica qual o doutrinador que é tomadocomo referência”, o que “torna[ria] as duas questões [sic] comprovadamente correta [sic]”.(j) “a resposta do gabarito [...] está equivoca [sic], pois a resposta apresenta o Etnocentrismo disforme daquiloque ele é estudado na antropologia”.(k) que o trecho da alternativa D (gabarito) “que faz com que se entenda a realidade e as outras culturas apartir dos próprios padrões culturais” se refere ao relativismo cultural e não ao etnocentrismo.(l) a “questão [seria] ambígua, [pois] fica[ria] impossível decidir dentre as duas possibilidades constantes nasopções das letras b) e d), diante das quais não é possível afirmar que uma ou outra estejam erradas”, oetnocentrismo não resultando apenas “do fato de que todas as culturas apreendem a realidade e as outrasculturas a partir dos próprios padrões culturais”, mas também “fa[ria] julgar que o próprio padrão cultural comoo mais verdadeiro ou superior ao outro diferente, julgando­o, assim, inferior”.(m) a questão não definiu corretamente o que é etnocentrismo, como pedia, pois isso “não ocorreu nasalternativas por não [se] definir do modo correto”.(n) “segundo definição dos dicionários brasileitos [sic] têm­se que etnocentrismo uma [sic] visão ou forma depensamento que crê na supremacia do seu grupo étnico ou da sua nacionalidade”, razão pela qual o gabaritosseria a alternativa E.(o) a letra D também estaria correta, pois “o etnocentrismo [seria] um conceito ‘correlato’ ao conceito derelativismo cultural, pois os dois est[ariam] correlacionados (possuem relação entre si) pelo fato de serem,ambos, conceitos fundamentais na antropologia, e dentro dessa, por estarem, ambos, fundamentados emperspectivas de comparação sociocultural. Uma oposta à outra”.(p) “a questão trata[ria] erroneamente [etnocentrismo] como uma ‘tendência presente em todas as culturashumanas’, ou seja, uma tendência exclusivamente generalizada (plural)”, sendo um conceito elaborado pelaantropologia “para fazer alusão à tendência que tem uma pessoa ou um grupo social (ao invés de ‘todas asculturas humanas’, conforme consta na alternativa ‘b’) em interpretar a realidade a partir dos seus própriospadrões culturais”.(q) “a alternativa informada como correta está ambígua, pois a partir da frase ‘faz com que se entenda arealidade e as outras culturas a partir dos próprios padrões culturais’ não é possível saber se ‘dos própriospadrões culturais’ faze referencia a [sic] cultura que está sendo observada, ou ao observador”.(r) “a alternativa ‘d’ dessa questão também estaria correta, pois etnocentrismo se entende como uma noçãocorrelata ao conceito de relativismo cultural, que se refere­se [sic] à tendência que temos de considerar asculturas dos demais povos como inferiores à nossa”.(s) “nem todas as culturas se identificam de maneira etnocêntrica”.(t) a partir de definições dicionarizadas, “a definição do termo: etnocentrismo não confere com a alternativaexpressa pelo gabarito ‘b’”.(u) a alternativa B (gabarito) em nenhum momento teria mencionado alguns argumentos destacados pelorequerente (etnocentrismo como visão demonstrada por alguém que considera sua cultura como o centro detudo), que seriam de suma importância para o conceito de etnocentrismo, a alternativa D sendo a que mais seaproximaria a isso.(v) a “assertiva [B] não est[aria] de acordo com a realidade”, por tratar­se “de uma deturpação do conceito querevela­se como perigosa, pois, sendo tratada como verdadeira, estaria diminuindo o verdadeiro sentido doetnocentrismo, mascarando sua intrínseca relação com o preconceito” e “para fazer constar que a corretadefinição de etnocentrismo é a noção correlata ao conceito de relativismo cultural, posto que ambas dizemrespeito a modos de observação de sistemas culturais diversos” (ênfase minha).Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto às alegações (a), (b), (c), (d), (e), (g), (h), (i) (j), (m), (n), (p), (s), (t), (u) e (v), que tanto recriminamo emprego do termo “todas” na alternativa B (gabarito), sugerindo não tratar­se o etnocentrismo de tendênciageral, quanto entendem que este implica necessariamente um juízo de superioridade valorativa, alémquestionarem qual o doutrinador que é tomado como referência, cito amplamente abaixo o ensaio de ClaudeLévi­Strauss intitulado “Raça e História” (1950) – também referido por muitos requerentes – que em seu Item 3,‘O Etnocentrismo’ (referência conceitual central para o entendimento dessa formulação) diz:“A diversidade das culturas raramente surgiu aos homens tal como é: um fenômeno natural, resultante dasrelações diretas ou indiretas entre as sociedades; sempre se viu nela, pelo contrário, uma espécie demonstruosidade ou de escândalo; nestas matérias, o progresso do conhecimento não consistiu tanto em dissipar

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esta ilusão em proveito de uma visão mais exata como em aceitá­la ou em encontrar o meio de a ela seresignar.A atitude mais antiga e que repousa, sem dúvida, sobre fundamentos psicológicos sólidos, pois que tende areaparecer em cada um de nós quando somos colocados numa situação inesperada, consiste em repudiar pura esimplesmente as formas culturais, morais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nosidentificamos. ‘Costumes de selvagem’, ‘isso não é nosso’, ‘não deveríamos permitir isso’, etc., um sem númerode reações grosseiras que traduzem este mesmo calafrio, esta mesma repulsa, em presença de maneiras deviver, de crer ou de pensar que nos são estranhas. Deste modo a Antiguidade confundia tudo que nãoparticipava da cultura grega (depois greco­romana) sob o nome de bárbaro; em seguida, a civilização ocidentalutilizou o termo de selvagem no mesmo sentido. Ora, por detrás destes epítetos dissimula­se um mesmo juízo[...]. Recusa­se, tanto num como noutro caso, a admitir a própria diversidade cultural, preferindo repetir dacultura tudo o que esteja conforme à norma sob a qual se vive.Este ponto de vista ingênuo, mas profundamente enraizado na maioria dos homens, não necessita ser discutidouma vez que esta brochura é precisamente a sua refutação. Bastará observar aqui que ele encobre umparadoxo bastante significativo. Esta atitude do pensamento, em nome da qual se expulsam os ‘selvagens’ (outodos aqueles que escolhemos considerar como tais) para fora da humanidade, é justamente a atitude maismarcante e a mais distintiva destes mesmos selvagens. [...] A humanidade acaba nas fronteiras da tribo, dogrupo linguístico, por vezes mesmo, da aldeia; a tal ponto que um grande número de populações ditas primitivasse designam por um nome que significa os ‘homens’ (ou por vezes ­ digamos com mais discrição ­, os ‘bons’, os‘excelentes’, os ‘perfeitos’), implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participem das virtudes­ ou mesmo da natureza ­ humanas, mas são, quando muito, compostos por ‘maus’, ‘perversos’, ‘macacosterrestres’; ou ‘ovos de piolho’. Chegando­se mesmo, a maior parte das vezes, a privar o estrangeiro desteúltimo grau de realidade fazendo dele um ‘fantasma’ ou uma ‘aparição’. [...] o paradoxo do relativismo cultural(que vamos encontrar mais adiante revestindo outras formas): é na própria medida em que pretendemosestabelecer uma discriminação entre as culturas e os costumes, que nos identificamos mais completamente comaqueles que tentamos negar. Recusando a humanidade àqueles que surgem como os mais ‘selvagens’ ou‘bárbaros’ dos seus representantes, mais não fazemos que copiar­lhes as suas atitudes típicas. O bárbaro é emprimeiro lugar o homem que crê na barbárie” (ênfases minhas).Fica evidente dos trechos enfatizados que: (a) o etnocentrismo é uma atitude do pensamento antiga egeneralizada porque profundamente enraizado na maioria dos homens e repousando, sem dúvida, sobrefundamentos psicológicos sólidos, sendo tal atitude marcante tanto entre nós quanto entre aquelesdiscriminamos; e (b) embora se possa reconhecer tons de preconceito e valoração negativa, a discriminaçãoentre as culturas e os costumes de que nos fala o autor não se limitam a esse aspecto, consistindo antes emrecusar a humanidade a outras culturas (e costumes), repudiando pura e simplesmente tais formas culturais,morais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nos identificamos.­ quanto às alegações (f), (h), (k), (l), (o), (q), (r) e (v), que enfatizam supostas ambiguidades relacionadas aouso do termo “próprios” (na alternativa B) e do termo “correlato” e do pronome relativo “que” (nas alternativasD e E), importa observar que ambas estas alternativas (D e E) estão incorretas por uma razão: etnocentrismo erelativismo cultural não são conceitos correlatos, no sentido de correlativos e correspondentes, implicando, aocontrário, como reconhece uma das alegações, “em perspectivas de comparação sociocultural [...] oposta[s][uma] à outra”. Isso torna a suposta ambiguidade do pronome relativo "que" irrelevante. Quanto ao emprego dotermo “próprios” na alternativa B, o uso do pronome reflexivo “se” na formulação antecedente “que faz com quese entenda” – pronomes reflexivos que, lembre­se, indicam que a ação do sujeito reflete nele próprio – deixaclaro que a referência é aos próprios padrões culturais do observador.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=8­E

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) afirmação “descrita [na resposta, a letra E] não pode[ria] ser entendida como errada pois dependendo dascaracterísticas do objeto/unidade de estudo ao qual o Antropólogo se dedica, por meio da etnografia ouobservação participante, pode ocorrer do mesmo adentrar em questões extremamente íntimas de seusinformantes”, citando em seu suporte uma dissertação de mestrado relações afetivas e comerciais entreprostitutas e agenciadores.(b) “a alternativa ‘d’ não pode[ria] ser entendida como verdadeira, tendo em vista que a questão questiona oselementos constitutivos da etnografia e da observação participante, se preocupando claramente em diferenciartrabalho de campo de seus respectivos ‘métodos’”, sendo que “histórias de vida, entrevistas e genealogias NÃOSÃO elementos constitutivos da etnografia ou observação participante e sim outros métodos que devem serutilizados no trabalho de campo para complementar a etnografia e a observação participante”.(c) a alternativa C seria a correta, posto que “o acesso direto à vida íntima e privada das pessoas, de modo aconhecer as tramas que se passam nos bastidores das suas relações afetivas [referência a alternativa E] é, sim,elemento constitutivo da etnografia e da observação participante”, alegando ademais que: (i) “a alternativa Afa[ria] afirmação substancialmente análoga ao declarado na alternativa E”; (ii) a alternativa C, “ao expor que asólida formação teórica e conhecimento dos valores, critérios e conceitos da Antropologia, propiciando aretroalimentação entre teoria e evidências empíricas é elemento constitutivo da etnografia e da observaçãoparticipante, comete um equívoco, visto que se a formação em antropologia é estritamente necessária aotrabalho etnográfico de campo, o presente concurso não tem razão de existir, visto que requer apenasescolaridade superior, em nível de graduação, concluído em qualquer área para o cargo de indigenistaespecializado, o qual tem entre suas possíveis atribuições a realização de trabalhos de campo, como exposto noitem 3.5 do edital”; e (iii) a “resposta ‘E’ [seria] sim integrante da observação participante”, visto que “oetnógrafo, no caso observador participante, juntos às pessoas que estuda, come, caminha, conversa e atédorme sob o mesmo teto", sendo “impossível separar a ‘pessoa’, por consequência sua vida íntima e afetiva, deseu contexto social.”(d) “a alternativa C também não deve ser relacionada de forma obrigatória como elemento constitutivo daetnografia e da participação observante [sic]”, sendo “claro que a etapa de recolhimento dos dados dametodologia de Observação Participativa pode ser realizada por profissional com sólida formação teórica econhecimento dos valores, critérios e conceitos da Antropologia, mas não sendo isso uma obrigatoriedade”.(e) "a afirmativa da opção ‘e’ em dizer que o acesso à vida intima do pesquisado não é constituinte da etnografianão é verdadeira", questionando "como realizar pesquisas sobre vida íntima sem acessá­la?", apontando quealgumas obras/pesquisas "seriam inviáveis caso a busca pela intimidade não fizesse parte do métodoetnográfico" e observando que a questão "se refere a um conceito absolutamente dinâmico no universo daantropologia [...] e não corresponde mais exclusivamente ao método proposto por Bronislaw Malinowski no iníciodo século passado."(f) "a matéria ETNOGRAFIA não consta do Edital, portanto não há bases de comparação com Estudo de Campo(matéria solicitada)".Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto às alegações (a), (c) e (e), naquilo que questionam a alternativa E, inobstante a conformidade dealgumas ponderações – que o conceito de etnografia é dinâmico na Antropologia e hoje não lhe pertence maisexclusivamente, que algumas obras/pesquisas seriam inexequíveis caso não se buscasse acessar a intimidadedo grupo junto ao qual se trabalha, que “pode ocorrer” do etnógrafo adentrar em questões extremamenteíntimas de seus informantes – isso não significa que "o acesso direto à vida íntima e privada das pessoas" sejaum mandato da etnografia e da observação participante, sendo antes recomendado cautela e precaução quantoa esse aspecto, visto que um dos "direitos das populações que são objeto de pesquisa a serem respeitados pelosantropólogos e antropólogas" é o "direito de preservação de sua intimidade, de acordo com seus padrõesculturais" (Código de Ética da Associação Brasileira de Antropologia; ênfase minha). Como disse um dosrequerentes, "pode ocorrer" de se acessar essa esfera. Tendo isso em conta, fica evidente que a afirmação feitana alternativa A não é em nada "substancialmente análoga" ao declarado na alternativa E.­ quanto à alegação (b), o uso da abreviação etc. no parênteses que enumera algumas técnicas de registro temo sentido dicionarizado de "e assim por diante", "e outras coisas (da mesma espécie)", que, como bem seobservou na alegação, podem ser empregadas "no trabalho de campo para complementar [i. é, darcomplemento a ou receber complemento; completar(­se), concluir(­se)] a etnografia e a observaçãoparticipante", a depender do objeto e das circunstâncias de pesquisa.­ quanto às alegações (c) e (d), de que a alternativa C seria equivocada, pois a formação em Antropologia nãoseria obrigatória e se esta fosse estritamente necessária ao trabalho de campo etnográfico, o concurso não teriarazão de existir (visto que requer apenas escolaridade superior, em nível de graduação, concluído em qualquerárea para o cargo de indigenista especializado, que tem entre suas possíveis atribuições a realização detrabalhos de campo), observo que a redação da alternativa C não se refere só à formação, mas ao“conhecimento dos valores, critérios e conceitos da Antropologia” como fundamento para “a retroalimentaçãoentre teoria e evidências empíricas” – conhecimento este que pode ser construído e ampliado de várias formas,inclusive em serviço, no exercício das funções para as quais se está candidatando.­ quanto à alegação (f), entre os itens do ‘Conteúdo Programático’ da Prova 2 (Conhecimentos Específicos) parao cargo de Indigenista Especializado constam: “2.Noções de Antropologia Social e Cultural. [...] 2.2. O trabalhode campo”. Como o enunciado da pergunta deixa claro, o trabalho de campo em Antropologia Social e Cultural écaracterizado pela observação participante e pela etnografia.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Anulada

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=9­A

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Os candidatos recorreram da questão alegando de modo uníssono que a Declaração de Barbados ocorreu, defato, no ano de 1971, e não 30 anos antes, em 1941, como sugere a alternativa considerada correta, sendo esteequívoco fator irrefutável de invalidação da questão, pois comprometeu o julgamento dos candidatos, na medidaem que, dado esse erro, não há, de fato, alternativa correta na questão.Têm procedência os argumentos apresentados pelos candidatos, considerando que de fato, foi em janeiro 1971,em Barbados, que ocorreu o “Simpósio sobre a Fricção Interétnica na América do Sul”, de onde se originou aDeclaração, que tem um trecho seu referido no enunciado da pergunta. Algo ocorreu entre a formulação originalda pergunta e a sua versão impressa no caderno de prova, constituindo erro material suficiente a justificar aanulação da questão.Anulo a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=10­A

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Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) “no âmbito do Direito Romano Germânico, não se pode falar em tradição, sendo que a base da vigência é oque está na letra da lei, publicado”, sendo que “o que segue a tradição é o direito com base na common law, deraiz ango­saxã [sic], o que não foi o caso de Portugal nem das suas colônias, como o Brasil”, de modo que “aresposta correta é a resposta indizui [sic] a ERRO os concursandos”.(b) há um instituto jurídico mais preliminar ainda (1611) quando comparado com o alvará de 1º de abril de1680” (ênfases no original da alegação), citando para isso trecho de artigo que expressa “o entendimento de queos povos originários existentes no território brasileiro [...] são merecedores de tratamento diferenciado, já podiaser notado, a partir da promulgação da Carta Régia de 10 de setembro de 1611, por Felipe III [que] pode serconsiderado um marco histórico no que se refere a leis que tratam sobre direitos indígenas” [apud o requerentecom ênfases no original da alegação], sugerindo ser esta última carta régia “o início do Instituto do Indigenato,no Brasil” (ênfases no original da alegação).(c) o sítio da Funai (http://www.funai.gov.br/index.php/2014­02­07­13­26­02) menciona o Alvará Régio de 1680como “primeiro reconhecimento, pelo ordenamento jurídico do Estado português, da autonomia desses povos(...)”, ao passo que a alternativa A fala em instituto jurídico luso­brasileiro.(d) “a legislação portuguesa [...] não expediu um Alvará em 1º de abril de 1680 versando sobre terrasindígenas”; “o esforço intelectual para aplicar o conceito de instituto jurídico a uma ideia esparsamente presentenas fontes do direito entre o século XVI e princípios do século XX, e apenas consolidada no direito brasileiro em1988”; “a formulação do conceito moderno de indigenato por Mendes Junior, indiretamente a partir deProudhon”; e “que o ideal de direito originário somente chegou à legislação luso­brasileira com a influênciaespanhola após o período filipino, e que tal direito instituído pela Provisão de 1º de abril de 1680 não foirespeitado enquanto ‘instituto jurídico’ pela administração nem pelos administrados das colônias americanasportuguesas, tanto do Grão­Pará e Maranhão, quanto do Estado do Brasil”; donde “a validade de apenas um dosargumentos se[ria] suficiente para tornar falso o gabarito preliminar (a), e não havendo alternativa plausível,requer­se a anulação da questão”.Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto ao argumento (a), a resposta correta emprega o adjetivo “tradicional” num sentido abrangente e não osubstantivo “tradição” nos termos da caracterização das distintas configurações do Direito.­ quanto ao argumento (b), não obstante existirem leis anteriores que concedem “tratamento diferenciado” aos“povos originários existentes no território brasileiro”, desde pelo menos a interpretação moderna de MendesJunior (Os Indígenas do Brazil, seus Direitos Individuaes e Políticos, 1912) entendem­se as terras em posse dascomunidades indígenas, por suas especificidades, como objeto de normas especiais em relação ao regime geraldas terras, que estariam fundadas no Alvará de 1º de abril de 1680.­ quanto ao argumento (c), a diferença que se pretende estabelecer entre “ordenamento jurídico do Estadoportuguês” e “instituto jurídico luso­brasileiro” desconsidera os desenvolvimentos e interpretações que o referidoinstituto teve nos regimes jurídicos tanto coloniais, quanto do Brasil independente (ver parágrafo a seguir) ­ oque justifica e explica o emprego da expressão luso­brasileiro.­ quanto ao argumento (d), em que pese a sofisticação e fundamentada argumentação do requerente, em suasociogênese do indigenato, é forçoso reconhecer: (i) que “o esforço intelectual [moderno] para aplicar o conceitode instituto jurídico a uma ideia esparsamente presente nas fontes do direito entre o século XVI e princípios doséculo XX” foi efetivo em termos de produzir retrospectivamente a compreensão de que se trata de “antigo etradicional instituto jurídico luso­brasileiro” (o próprio requente reconhecendo que “as ideias que o compõempodem ser encontradas na doutrina jurídica ibérica e na legislação régia portuguesa”); (ii) que isso se revela naprópria formulação do “conceito moderno de indigenato” por Mendes Junior em 1912, em seu esforço deindigenização das ideias de Proudhon – o mesmo raciocínio se aplicando à influência espanhola sobre o ideal dedireito originário somente após o período filipino, indigenizada que também o foi; e (iii) que o fato do indigenato“não [ter sido] respeitado enquanto ‘instituto jurídico’ pela administração nem pelos administrados das colôniasamericanas portuguesas, tanto do Grão­Pará e Maranhão, quanto do Estado do Brasil” não é relevante para ocomando da questão, que não pergunta sobre a sua aplicação prática/jurisprudencial.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=11­C

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Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) “a letra A não é a alternativa correta e sim a letra C”, citando para tanto trecho do parágrafo 10 do Diretório:“Não consentirão os Diretores daqui por diante, que pessoa alguma chame Negros aos Índios.”(b) “a uqestão [sic] foge do edital por se tratar do período imperialista e não colonial, como consta no edital”.(c) a alternativa “C” estaria “parcialmente correta pois nesse período do Século XVIII o Estado já eraindependente da Igreja, mas a lei da época previa o acompanhamento espiritual e também a AdministraçãoEconômica e política dos índios Feita através dos Padres e Missionário (Jesuítas) conforme art. 16 diretório dosíndios de 1755 e também o §. 9 do Regimento das Missões (Regimento estava vigente e coadunava com oDiretório do Índios)”(d) a alternativa “D” também estaria “de acordo com o comando da questão, pois apesar da elevação dosaldeamentos indígenas à categoria de vilas de índios, não eram necessariamente Administrada [sic] por umdiretor, pois só tinham Diretores onde os índios não eram capazes de se governarem, conforme previa o artigo 1do próprio diretório dos índios de 1755.”(e) “não há alternativa correta” porque, no que se refere à alternativa C, “a consolidação da administraçãoespiritual dos índios pelos Jesuítas [teria sido] medida prevista pelo Diretório” e que o “Diretório [teria] retir[ado]apenas o ‘poder temporal’ dos missionários [...] todavia, autorizados a ficar nos povoados para prosseguir otrabalho de catequese”.(f) “o gabarito está errado” porque não teria sido “estipulado pelo Diretório a imposição da proibição do uso dapalavra negro” e porque “não se pode aceitar como resposta alternativa C, pelos jesuítas os índios foramcatequizados”.(g) a questão teria duas alternativas possíveis (“c” e “e”), citando em seu auxílio o parágrafo 11 do Diretório dosÍndios (1755): “(...) havendo grande cuidado nos Diretores em lhes introduzir os mesmos Apelidos, que os dasFamílias de Portugal; por ser moralmente certo, que tendo eles os mesmos Apelidos, e Sobrenomes, de queusam os Brancos, e as mais Pessoas que se acham civilizadas, cuidarão em procurar os meios lícitos, evirtuosos de viverem, e se tratarem à sua imitação”, pelo que se concluiria que “a alternativa ‘e’ também seriamais uma das ‘exceções’, visto que o correto seria “a imposição de apelidos e sobrenomes tais quais os dasfamílias de Portugal”.Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto ao argumento (a), não há o que contestar, pois a alternativa correta é, de fato, como alega orequerente, a letra C, visto que o comando da pergunta é por exceção.­ quanto ao argumento (b), observo que o Diretório é um dispositivo de meados do século XVIII, portanto, doperíodo colonial.­ quanto aos argumentos (c), (e) e (f), não se pode dizer que houve a consolidação da administração espiritualdos índios pelos Jesuítas, posto que, embora o Diretório previsse a atuação de “Padres Missionários”, não semenciona explicitamente os Jesuítas, pois naquela mesma década do século XVIII (1759) estes seriam expulsosde Portugal e seus domínios – sendo uma contradição em termos dizer que se consolidou a administração delesem “um primeiro momento [quatro anos?!], mesmo que posteriormente estes tenham sido expulsos da região”.­ quanto ao argumento (d), a referência que se faz ao artigo 1º do Diretório dá a este um entendimentodiferente do que efetivamente se prescreve: “haverá em cada uma das sobreditas Povoações, em quanto osÍndios não tiverem capacidade para se governarem, um Diretor, que nomeará o Governador, e Capitão Generaldo Estado” (ênfase minha, indicando uma expectativa futura, que raramente se concretizou) – o que é bemdiferente de dizer que as “vilas de índios, não eram necessariamente Administrada [sic] por um diretor, pois sótinham Diretores onde os índios não eram capazes de se governarem”.­ quanto aos argumento (f), o trecho do parágrafo 10 do Diretório citado por um dos requerentes é suficientepara dirimir a dúvida: “Não consentirão os Diretores daqui por diante, que pessoa alguma chame Negros aosÍndios.”­ quanto ao argumento (g), observe­se que à época, meados do século XVIII em Portugal, “apelidos” equivaliaao que hoje temos por “nomes”.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=12­E

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Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) “a alternativa B também pode[ria] ser considerada correta, pois afirmar que um dos efeitos do Decreto de1854 foi a extinção dos aldeamentos e vilas sugere a extinção de todos eles, o que não ocorreu de fato. O usoda preposição de ao invés de dos teria inviabilizado esta alternativa”.(b) a alternativa B seria correta, pois se, por um lado, “entre os múltiplos objetivos da Lei de Terras estavam aimplantação/implementação de aldeias e vilas e a 'redução'/fixação dos índios nestas aldeias e vilas” ­ já que“um dos objetivos da Lei de Terras era a delimitação das terras indígenas em dimensões exíguas (pequenaspropriedades rurais, aldeias e vilas) e o posterior esbulho de suas vastas terras”; por outro lado, entre os essesefeitos estaria “INCLUSIVE: a demarcação e a regularização de todas as terras de índios – aldeias e vilas –conforme o Plano da Lei de Terras e o Decreto de 1854, mas com tamanhos exíguos”; de modo que “a assertivaE não configura[ria] uma exceção aos efeitos nefastos da Lei de terras sobre os territórios indígenas, mas [...]um dos seus efeitos nefastos”, e que “a alternativa B configura[ria] uma exceção aos efeitos nefastos da Lei deterras sobre os territórios indígenas”.(c) “o termo com tamanhos exíguos ou pequenos [na alternativa E] reflet[iria] mais um efeito nefasto da Lei deTerras do século XIX, o que não se coaduna com o comando da questão, o qual pede uma exceção a essesefeitos nefastos da referida Lei de Terras” (ênfase no original da alegação).Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto aos argumentos (b) e (c), aceitar a letra E como alternativa incorreta, seria admitir que teria ocorrido“a demarcação e a regularização de todas as terras de índios – aldeias e vilas – conforme o Plano da Lei deTerras e o Decreto de 1854” (ênfase minha), o que efetivamente não ocorreu, podendo para isso se consultar asfontes referidas abaixo, que são unânimes em reconhecer que as evidências sugerem que as aldeias foramextintas e suas terras liquidadas, sem que a doação formal de seus terrenos aos índios, estabelecida nossucessivos regulamentos e leis, tenha se efetivado.­ quanto ao argumento (a), que se prende a uma filigrana gramatical na redação da alternativa B, observo quese a resposta quisesse “suger[ir] a extinção de todos [os aldeamentos e vilas]”, ela o teria explicitado como ofez na redação da alternativa E.Fontes que embasam a resposta aos argumentos.CUNHA, Manuela Carneiro da. 1987. Os Direitos do Índio: ensaios e documentos. São Paulo: Editora Brasiliense.[pp. 68 e ss.]_____. 1992. “Política Indigenista no século XIX”. Em Manuela Carneiro da Cunha (org), História dos Índios noBrasil. São Paulo: Cia. das Letras/FAPESP/Secretaria Municipal de Cultura. [pp. 145 e ss. para o caso doNordeste.]DANTAS, Beatriz G., José Augusto L. Sampaio e Maria Rosário de Carvalho. 1992. “Os Povos Indígenas noNordeste Brasileiro: um esboço histórico”. Em Manuela C. da Cunha (org.), História dos Índios no Brasil. SãoPaulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal de Cultura/FAPESP. [pp. 452 e ss. para o caso do Nordeste.]SILVA, Lígia Osorio. 1996. Terras Devolutas e Latifúndio: efeitos da lei de 1850. Campinas: Editora da UNICAMP.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=13­A

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Os candidatos recorreram da questão alegando que o gabarito incorreria em erro, visto que, ou todas asalternativas estariam corretas, ou a alternativa E também estaria correta, citando amplamente o sítio da própriaFunai, decretos que estabelecem os regimentos internos do SPI e inúmeros e relevantes estudos sobre a políticaindigenista brasileira. Os cernes das alegações são que:(a) “mesmo não estando no rol exemplificativo e não taxativo das finalidades apresentadas na criação [do SPI],toda a política de Rondon, visou ‘garantir os direitos originários dos índios às terras que tradicionalmentehabitam’, mesmo considerando esses como ‘tutelados’” – aduzindo: (i) não ser “possível reduzir a atuação doSPI em apenas um momento histórico, porque como vimos as bases lançadas nele, acabaram por produzirdiversos direitos aos índios, como a própria Reserva do Xingu” e (ii) a noção de “paradoxos indigenistas”,segundo a qual a agência teria “por objetivo respeitar as terras e a cultura indígena, mas agia transferindoíndios e liberando territórios indígenas para colonização, impondo uma pedagogia que alterava todo o sistemaprodutivo indígena [Oliveira, 1988]”. Por essa razão, o SPI teria contribuído “garantir os direitos originários dosíndios às terras que tradicionalmente habitam.”(b) a alternativa A “não é exceção para a questão” e “todas as questões [sic] estão corretas de acordo com oRegimento do SPI (Decreto nº 10.652, de 16 de Outubro de 1942)”, em que se menciona, entre as finalidades doSPI, “garantir a efetividade da posse das terras ocupadas pelo índio”, e, portanto, estabelecer convivênciapacífica, garantir sobrevivência física dos povos indígenas, influir “amistosamente” na vida indígena, “só seatingiria [...] garantindo­se os direitos originários dos índios às terras que tradicionalmente habitavam.”(c) “a Questão leva o examinado à atmosfera da polêmica pré­SPI e à Política Indigenista idealizada por Rondonem contraponto à proposta genocida de Von Ihering” e que “da leitura do diário de Rondon e das cartas trocadasda época é correto dizer que Rondon tinha por finalidade garantir o direito originário dos índios” – aduzindo que“a leitura de Manuela Carneiro da Cunha, no Livro Índios no Brasil, da página 111 à 115” inclina à mesmaconsideração.(d) há “mal entendido [sic] origin[ado] da transposição inadequada entre as fontes [primárias que haveriampossibilitado a elaboração da questão ], razão pela qual a alternativa ‘E’ não corresponde a uma finalidade daagência idealizada por Rondon” e que a leitura do “decreto 8072 de 1910 tampouco permite considerar aalternativa ‘E’ como verdadeira.”(e) “a proteção das terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas era sim uma finalidade constante no ato decriação do Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais”; que “a tradição de ter comofim a proteção do território tradicional indígena perpassa toda a história da agência em comento (SPI)” e que,“para além de dispositivos normativos, Mércio Pereira Gomes (2012, p. 92) propõe que a proteção das terrastradicionalmente ocupadas pelos índios é desdobramento lógico da ideologia, existente no âmbito do SPI,relativa à função da entidade”; que “Darcy Ribeiro (1996, p. 158­159[­160]), analisando a política indigenistaefetuada pelo SPI, também propõe que a garantia dos direitos dos indígenas a suas terras TRADICIONAIS eraponto fulcral na execução das atividades dessa entidade e inclusive inovação trazida por ela: ‘Outro princípio deimportância fundamental era a proteção ao índio em seu próprio território’; ‘Toda a ação assistencial deveria,doravante, orientar­se para a comunidade indígena como um todo, no esforço de levá­la a mais alto nível devida, através da plena garantia possessória, de caráter coletivo e inalienável, das terras que ocupam, comocondição básica para sua tranqüilidade e seu desenvolvimento’”Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que tanto a explicitação doreconhecimento dos direitos originários dos índios às terras que tradicionalmente ocupam, quanto a categoriajurídica mesma de terra tradicionalmente ocupada (ênfase minha) são institutos que emergem coligados apenascom a Constituição Federal de 1988, que rompe o paradigma tutelar até então vigente, não havendo taisprevisões em nenhum ordenamento constitucional e legal anterior, caracterizados que foram pelo paradigmaintegracionista. Assim sendo, “garantir a efetividade da posse das terras ocupadas pelo índio” – o que dizemdiferentes estatutos e regimentos do SPI ao longo do tempo – não é sinônimo de “reconhec[er] aos índios [...]os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam” dadas as implicações diferentes que têmessas previsões. Observe­se que nenhum dos autores e obras citados pelos requerentes, a propósito dareferência que fazem à ação e à história do SPI, se referem quer a “direitos originários”, quer a “terrastradicionalmente ocupadas”. Não há referência a isso seja no diário, seja em correspondência de Rondon. Ocomando da questão também não pergunta para o que a ação do SPI teria contribuído, mas quais as finalidadesda ação indigenista da referida agência. Quanto à alegação de que a alternativa ‘E’ não corresponderia a umafinalidade da agência idealizada por Rondon, o trecho destacado por um dos requerentes da obra que serviucomo fonte para a pergunta, é suficiente para dirimir quaisquer dúvidas: “A ação indigenista teria porfinalidades: a) estabelecer a convivência pacífica com os índios; b) agir para garantir a sobrevivência física dospovos indígenas; c) fazer os índios adotarem gradualmente hábitos ‘civilizados’; d) influir de forma ‘amistosa’sobre a vida indígena; e) fixar o índio à terra; f) contribuir para o povoamento do interior do Brasil; g) poderacessar ou produzir bens econômicos nas terras dos índios; h) usar a força de trabalho indígena para aumentara produtividade agrícola; i) fortalecer o sentimento indígena de pertencer a uma nação (SOUZA LIMA, 1987)” –ênfase minha [João Pacheco de Oliveira e Carlos Augusto da Rocha Freire, às páginas 112 e 113 do livro APresença Indígena na Formação do Brasil].Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=15­B

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) “a terra indígena não é criada por ato constitutivo, e sim reconhecida a partir de requisitos técnicos e legais,nos termos da Constituição Federal de 1988” (citação do sítio da Funia) e “a contituição [sic] traz essa definiçãocomo marco regulatório, que foi uma novidade”, portanto a alternativa E seria a correta.(b) “o reconhecimento e a incorporação explícitas da dimensão ambiental como uma variável central nacaracterização das terras indígenas (item B) não está expressamente descrita na Constituição Federal de 1988(CF/88)”, tendo “essa novidade [sido] trazida pelas mobilizações locais, cujos grupos sociais portadores deidentidade étnica e coletiva passaram a incorporar a variável ambiental como dimensão de suas lutas políticaspor direito a terras e acesso aos recursos naturais, que resultou na política de reconhecimento dos PCT”.(c) a alternativa A seria correta, porque “somente em 1988 a constituição definiu o exclusivo usufruto das terrasindígenas”, “porque a b não infere o que é terra indígena [...] não expressa[ando] o que se pede” e porque oenunciado teria “pergunt[ado] sobre o conceito.(d) “o Estatuto do Índio de 1973 já dispunha sobre o usufruto de riquezas naturais compreendidas na terraindígena (art. 24), bem como a importância de características naturais nos Parques Indígenas (art. 28), umamodalidade de terra indígena”, e a antropóloga “Manuela Carneiro da Cunha, na obra ‘Índios no Brasil: História,direitos e cidadania’, aponta que uma das grandes novidades da Constituição Federal de 1988 é que ela‘abandona as metas e o jargão assimilacionistas e reconhece os direitos originários dos índios, seus direitoshistóricos, à posse da terra de que foram os primeiros senhores’”.(e) “o foco ‘ambiental’, conforme consta na alternativa ‘b’, não é considerado como uma ‘variável central’ enem mesmo como uma das ‘principais novidades que a Constituição em vigor trouxe’, de modo que aindaque seja “cabível o reconhecimento da dimensão ambiental, [todavia] não chega a ser uma ‘variável centralexplícita’ e tão menos uma exacerbação a título de ser incluído entre as ‘principais novidades que aConstituição de 1988 inovou’” (ênfases no original da alegação].(f) “a alternativa ‘e’ [...] também est[aria] correta, pois uma das principais novidades que a Constituição emvigor (1988) trouxe para a definição de ‘terra indígena’ em relação aos marcos regulatórios anteriores é aprevisão de um procedimento específico para a sua demarcação administrativa.”(g) o “‘o reconhecimento e a incorporação explícitas da dimensão ambiental como uma variável central nacaracterização das terras indígenas’ já [seria] fruto de marcos regulatórios precedentes”, citando o Estatuto doÍndio.(h) “as outras alternativas também est[ariam] corretas pois correspondem principais novidades que aConstituição em vigor trouxe para a definição de “terra indígena” em relação aos marcos regulatóriosanteriores”, citando para isso o Capítulo VIII da Constituição Federal em vigor.(i) “numa perspectiva integradora e contemporânea, pode­se concluir [...] que a dimensão ambiental que aquestão 15 se refere é apenas um dos elementos constituintes de um conceito maior ­ o de terras indígenas” eque “o reconhecimento da dimensão ambiental seria oportuna [sic] se caso a Constituição reconhecesse aspopulações indígenas como mantenedoras da diversidade biológica e ecossistêmica”.(j) há mais de uma alternativa correta, porque “conforme texto constitucional, a mesma trouxe a garantia aosíndios da posse permanente das terras em que habitam, reconhecendo­lhes o direito ao usufruto exclusivo dasriquezas naturais nelas existentes (art 231­ letra A) e definiu as terras indigenas [sic] como bens indisponíveisda União (art 20 – letra D)”, e que “o conceito de terra indígena da alternativa [B] não encontraria respaldoconstitucional, mas tão somente pode ser considerado um efeito dos direitos advindos da CF em vigor”.(k) não há alternativa correta, pois, “conforme análise dos marcos regulatórios brasileiros [...] nenhuma dasalternativas se encaixam na resposta solicitada pela questão, isto porque, uma importante inovação foi epressa[sic] na Carta Magna atual, a qual não foi nos demais marcos regulatórios anteriores, quais sejam [sic], osdireitos a [sic] organização social, costumes, línguas crenças e tradições” – ou seja, “pela primeira vez,reconhece[u]­se aos índios no Brasil o direito à diferença”, que não havia sido reconhecido expressamente nosmarcos regulatórios anteriores”Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto ao argumentos (a) e (f), que sugere ser a correta a resposta A, observa­se que a previsão de umprocedimento específico para a demarcação administrativa de terras indígenas precede a Constituição Federal de1988.­ quanto aos argumentos (b), (d), (e), (g) e (i), importa notar que as previsões do Estatuto do Índio (Lei6.001/73) ainda cingem­se às noções de “riquezas naturais e utilidades”, ao “uso dos mananciais e das águasdos trechos das vias fluviais”, ao “exercício da caça e pesca nas áreas por ele ocupadas” (ênfases minhas),numa perspectiva material e utilitarista, e não às “terras [...] imprescindíveis à preservação dos recursosambientais necessários a seubem­estar [...] segundo seus usos, costumes e tradições” (ênfases minhas), numaperspectiva mais abrangente e explicitamente referida a definições de bem­estar culturalmente informadas – oque teve consequências posteriores na legislação infraconstitucional e nas práticas técnicas e administrativas deidentificação de terras indígenas, levando à ideia de “caracterização ambiental” das terras indígenas (de que sãoindicadores o Manual do Ambientalista, PPTAL/Funai, 2002, e as Orientações básicas para a caracterizaçãoambiental de terras indígenas em estudo: leitura recomendada para todos os membros do grupo técnico,Funai/GIZ, 2013.). Ademais, não há incompatibilidade entre isso ser uma novidade no marco regulatório e o fatodela ter sido trazida à legislação como resultado das mobilizações de grupos sociais portadores de identidadeétnica que passaram a incorporar a variável ambiental como dimensão de suas lutas políticas por direito à terra.­ quanto ao argumento (c), observa­se que a Constituição de 1967, em seu Art. 186 já previa “o usufrutoexclusivo dos recursos naturais e de todas as utilidades nelas existentes”.­ quanto ao argumento (h), o conjunto das réplicas acima desautoriza a alegação.­ quanto aos argumentos (e), (j) e (k), observa­se que a pergunta se refere a “uma dasprincipais novidades quea Constituição em vigor trouxe para a definição de ‘terra indígena’” (ênfase minha) e não à única novidade,nem à principal unidade e muito menos a todas as novidades em relação aos marcos regulatórios anteriores.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Anulada

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=16­E

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando em uníssono que:* “a questão pede para que a resposta seja assinalar a opção que expressa as ideias prevalentes do textoacima e o seu contexto histórico” (ênfase no original da alegação) e não “a origem do trecho”, de modo que“o fato de que ela tenha sido escrita no século XXI não altera o fato de que as ideias expressas no trechoremontam ao evolucionismo cultural”.* a fonte do enunciado da questão é um “texto avulso que foi escolhido como qualquer outro poderia ter sidoescolhido, dentre os milhares (talvez milhões) de textos que existem sobre o assunto”, sendo “praticamenteimpossível que um dos candidatos [...] houvesse realmente lido esse texto”Têm procedência os argumentos apresentados pelos candidatos, considerando que há, de fato, um problema nocomando da questão, que se refere às ideias e ao seu contexto histórico, e não ao seu emissor.Anulo a questão

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=17­C

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) todas as alternativas de respostas estariam incorretas de acordo com o comando da questão e corretas “deacordo com a relação [sic] de Sociobiodiversidade adotada Pelo Governo Federal”, pois a “universalização dosaneamento básico est[aria] incluso [sic] de forma explícita de acordo com PLANO NACIONAL DE PROMOÇÃODAS CADEIAS DE PRODUTOS DA SOCIOBIODIVERSIDADE do Governo Federal, Brasília, julho de 2009”, do qual ocandidato destaca os seguintes trechos: “a gestão das políticas tem buscado cada vez mais ampliarUniversalizar) [sic] os espaços de participação (...) Neste aspecto, cabe destacar a realização das ConferênciasNacionais de Meio Ambiente, Saúde (...)” [pg. 7]; “O papel de destaque que a dimensão ambiental (...) Alia­se aisso a preocupação crescente com a relação entre padrão de consumo e condições de saúde da população” [pg.5]. O recurso menciona a letra (E) como Gabarito Preliminar – quando é a (D) – e sugere alteração de gabarito eanular a questão. [recurso](b) a alternativa correta seria a D, “porque exist[iria] a preocupação, planejamento do Estado em promover auniversalização de saneamento básico que pode ser visto na legislação vigente” [recurso].(c) a questão seria “subjetiva, pois ter programas e não funcionarem são coisas diferentes”, passando assim “aimpressão de que a fome não está presente nas aldeias, uma vez que, segundo a questão, foramimplementados programas (eficientes)” [recurso].Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto aos argumentos (a) e (b), uma simples consulta aos sítios web da Secretaria da Agricultura Familiar doMinistério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA) basta para verificar que não há referência à “universalizaçãodo saneamento básico” como uma das dimensões explícitas das ações voltadas à promoção dos produtos dasociobiodiversidade na economia formal (ver www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/saf­biodiv/sociobiodiversidade­brasileira). As citações que o recurso faz das páginas 05 e 07 do Plano Nacional dePromoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade referem­se, a primeira, à ampliação de espaços departicipação social institucionalizada por meio das conferências nacionais de políticas públicas (entre as inúmerasquais, a de saúde), e a segunda, à preocupação genérica com a relação entre padrão de consumo e condiçõesde saúde da população – não se explicitando assim a universalização de saneamento básico como uma dasdimensões explícitas das ações voltadas à promoção dos produtos da sociobiodiversidade na economia formal.­ quanto ao argumento (c), o fulcro da questão não era a eficácia e/ou eficiência das políticas públicas, nem arealidade da vida das aldeias indígenas, não se justificando a arguição de subjetividade.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=18­D

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) “foi cobrado na prova algo que não estava programado no edital”, pois “este não [teria] nenhum item quedizia que o candidato deveria saber sobre resultados dos trabalhos, pesquisas e ações dos órgãos em relaçãoaos povos indígenas, não esta[ndo] no edital item de atualidades” [recurso];(b) “o conteúdo não está contido no edital” [recurso];(c) o estudo em que se baseia a questão seria “claro relativamente aos itens que foram pesquisados” (ênfasenossa), que o Item D encontrar­se­ia ao final do primeiro parágrafo da página 06 do referido estudo; e que “oenunciado da questão pergunta qual item NÃO se inclui no estudo” (ênfase nossa) [recurso];(d) a questão comportaria duas alternativas corretas (A) e (E), apresentando o candidato, contudo, justificativaapenas em relação à suposta correção da alternativa (E), “haja vista [sic], que muitos índios conseguemassociar referido direito a [sic] figura do Governo, afastando portanto a figura física do patrão” [recurso].Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração:­ quanto aos argumentos (a) e (b), que o Programa Bolsa Família faz parte do conjunto mais amplo das“políticas públicas direcionadas aos povos indígenas”, que corresponde exatamente ao Item 7 do ‘ConteúdoProgramático’ da Prova 2 (Conhecimentos Específicos) para o cargo de Indigenista Especializado, e que osumário executivo do referido estudo (Estudos Etnográficos sobre o Programa Bolsa Família entre PovosIndígenas) foi amplamente divulgado e encontra­se disponível na Internet no site do Ministério doDesenvolvimento Social desde, pelo menos, março de 2016 – portanto, antes mesmo da publicação do edital doconcurso(verhttp://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferramentas/docs/Suma%CC%81rio%20Executivo%20PBF%20I%CC%81NDIGENA.pdf).­ quanto ao argumento (c), o enunciado da questão não pergunta qual item “NÃO se inclui no estudo”, mas simqual item não se inclui “entre as principais descobertas” desse estudo (ênfase nossa).­ quanto ao argumento (d), a alternativa (E) é incorreta, pois o estudo é claro em afirmar em sua página 7 que:“em todos os relatos foi constatada a presença do ‘patrão’ como agente chave no acesso /recebimento dorecurso financeiro destinado pelo Programa às famílias beneficiadas” – e a pergunta pede, exatamente, que seassinale o item que não se inclui entre as principais descobertas desse estudo (ênfase nossa).Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=19­A

PARECER

Os candidatos recorreram da questão alegando que:(a) a questão trata de conteúdo não previsto no edital do concurso, sejam os territórios etnoeducacionais, seja oDecreto nº. 6.861, aduzindo que “a partir do momento que o edital não sugere o estudo de obras, autores ouprincipais teóricos e aborda uma questão onde a alternativa correta só pode ser deduzida a partir doconhecimento de determinada opinião de determinado antropólogo, a questão foge do escopo proposto”.(b) não há resposta correta, “tendo em vista que a alternativa A, dada como certa por não apresentar aspectosrelevantes citados pelo antropólogo Gersem José dos Santos Luciano”, contradiria o que disse o mesmo ementrevista concedida em Pelotas­RS, durante o II Fórum Internacional da Temática Indígena(https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/article/viewFile/44/34), que deixaria “evidente a necessidade de atendimento demodo desigual (Igualdade material), já que cada território possui suas próprias peculiaridades referentes atradições, valores, conhecimentos” (sublinhado no original), sendo “pacífico na Doutrina que o Princípio daIgualdade pressupõe que as pessoas colocadas em situações diferentes sejam tratadas de forma desigual(Igualdade material [ou substancial])”, tal como exposto no artigo 5º, da Constituição Federal.(c) “a alternativa que apresenta[ria] exceção aos aspectos dos territórios etnoeducacionais” seria a letra C, vistoque os “territórios etnoeducacionais não têm o poder de mudar os princípios orientadores da administraçãopública (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência)” tal como disposto no Art. 37 daConstituição Federal – “aliás [...] norma constitucional que não pode ser alterada ou relativizada” por Decreto,“mas somente via emenda constitucional”, “não havendo aparentemente motivos nem possibilidadeconstitucional para serem modificados”.Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que:­ quanto ao argumento (a), observe­se que, criados por Decreto Presidencial, os territórios educacionais fazemparte do conjunto mais amplo das “políticas públicas direcionadas aos povos indígenas” (em especial, a políticade educação escolar indígena diferenciada), que corresponde ao Item 7 do ‘Conteúdo Programático’ da Prova 2(Conhecimentos Específicos) para o cargo de Indigenista Especializado; e se o edital não sugere o estudo deobras, autores ou teóricos, é porque pressupõe que o/a candidato/a os conheçam minimamente, sendo papel doconcurso selecionar com base nesse conhecimento.­ quanto ao argumento (b), observe­se que a fonte da pergunta é a apresentação feita por Gersem Baniwa naConferência Nacional de Educação de 2010, em Brasília, DF (fórum por excelência de formulação de políticaspúblicas na área de educação), intitulado Territórios Etnoeducacionais: um novo paradigma na políticaeducacional brasileira (ênfase minha), na qual ele anumera cinco aspectos relevantes em que os territóriosetnoeducacionais “revolucionam” (ênfase minha) o campo da cultura política, administrativa e pedagógica, quecorrespondem às alternativas apresentadas à título de resposta, à exceção de uma. A alternativa (b) encontra­se à página 13 do texto que serve de base à referida apresentação, a (c) à página 14, a (d) à página 12 e a (e)à página 15. O quinto e último aspecto “extremamente importante que se busca avançar por meio dos TerritóriosEtnoeducacionas é o atendimento das demandas locais e regionais [dos povos indígenas] de forma equitativa”(p. 16; ênfase minha) e não de “modo desigual” como diz a alternativa (a). Atender demandas de formaequitativa significa aqui não ceder a critérios clientelistas e personalistas, e de favorecimento político naimplementação das políticas públicas, aproximando­se mais da da noção de “igualdade formal” dos sujeitos ebeneficiários destas. A referência às “especificidades socioculturais locais” dos territórios educacionais remete,por sua vez, à noção de tratamento diferenciado, ou seja, à adequação da educação escolar indígena àsrealidades sociais, ambientais, históricas e linguísticas desses territórios – que nada tem a ver com “atendimentodesigual de demandas”.­ quanto ao argumento (c), observe­se que a alternativa C menciona a “possibilidade de mudança nos princípiosorientadores da administração pública brasileira no tocante ao atendimento aos povos indígenas” (ênfaseminha), não havendo quaisquer sugestões seja de supressão de tais princípios, seja de que o Decreto dosterritórios educacionais tenha o poder de alterar a Constituição, tendo sido isso mencionado (por Gersem e, porconseguinte, na alternativa) apenas como uma “possibilidade” – lembrando que a apresentação de Gersem falaem “novo paradigma na política educacional” e em “revolucionar o campo da cultura política [e] administrativa”(como destacado no parágrafo anterior), o que demonstra a clareza que ele tem das potenciais repercussõesagudas dos territórios educacionais.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=20­B

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O candidato recorreu da questão alegando que “o decreto 7.747/2012, que regulamenta o PNGATI não estálistado no edital entre as matérias para a prova de conhecimentos específicos, isto é, indigenismo”; e que,“portanto, a inserção desta questão na prova de conhecimentos específicos exprapola [sic] o edital, ainda queseja matéria aceitável na prova aplicada pela manhã, de legislação indigesta”. Cita o próprio edital como fontede embasamento e sugere “a anulação da assertiva”.Não procedem os argumentos apresentados, levando­se em consideração que a PNGATI (Política Nacional deGestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas), decretada em 05 de junho de 2012, faz parte do conjuntomais amplo das “políticas públicas direcionadas aos povos indígenas”, que corresponde exatamente ao Item 7 do‘Conteúdo Programático’ da Prova 2 (Conhecimentos Específicos) para o cargo de Indigenista Especializado.Mantenho a questão.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=21­C

PARECER

O candidato/a solicita anulação da questão 21 pois afirma que o item “B” também se encontra correto.A pergunta é, qual opção apresenta algumas das principais noções desenvolvidas em Etnologia Indígena noBrasil. A resposta correta é C, Transfiguração étnica, fricção interétnica, situação histórica, pois estas trêsnoções foram desenvolvidas em Etnologia Indígena no Brasil. A noção de "Aculturação", apesar de haver sidoamplamente usada no Brasil, foi desenvolvida na antropologia americana (veja por exemplo a Introdução de OÍndio e o Mundo dos Brancos de Roberto CARDOSO DE OLIVEIRA).

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=23­A

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A resposta A está correta, pois em pesquisa de campo o antropólogo deve procurar estabelecer uma relaçãodialógica com o povo indígena, demonstrando sempre o respeito pela cultura indígena.A resposta D está errada, pois, apesar da necessidade de observar e anotar tudo o que passa na comunidadeindígena, a pesquisa etnográfica será sem vida caso o pesquisador não se envolver diretamente na vida dosindígenas. Veja a Introdução de B. MALINOWSKI, Os Argonautas do Pacífico Ocidental. Se envolver diretamentena vida dos indígenas em pesquisa etnográfica não quer dizer se envolver em conflitos e decisões dacomunidade indígena em que os indígenas não solicitam a interferência do antropólogo.A ideia do distanciamento científico foi um pressuposto básico das Ciências Sociais no século XIX e no início doséculo XX, e a partir dos anos 1980­90 os trabalhos etnográficos mostram que um pretenso distanciamentocientífico pode ser um obstáculo no trabalho de campo. Desta maneira, as respostas C e D não são alternativasviáveis, pois se prendem ao mito da neutralidade e distanciamento científicos.As opções B e E são igualmente erradas, pois o antropólogo nunca é aceito como um membro daquelasociedade que ele estuda, sempre sendo visto como forasteiro e pesquisador e nunca o aceitem como umnativo.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=24­C

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A resposta certa é C, pois a demarcação de uma terra indígena não procede do reconhecimento pelo Estado(nem é anulado pelo não reconhecimento), mas decorre do próprio fato de sobrevivência atual dos povos que seidentificam como os povos originários do Brasil, conforme a Constituição Federal de 1988. Mesmo que a FUNAIdeve efetivar a demarcação das terras indígenas, o direito dos povos indígenas às suas terras de ocupaçãotradicional configura­se como um direito originário e, consequentemente, o procedimento administrativo dedemarcação de terras indígenas se reveste de natureza meramente declaratória. Portanto, a terra indígena nãoé criada por ato constitutivo, e sim reconhecida a partir de requisitos técnicos e legais, nos termos daConstituição Federal de 1988. A resposta D está errada, pois a demarcação de uma terra indígena não podedepender de interesses econômicos e políticos, públicos ou privados. A Fundação Nacional do Índio não templena autonomia para decidir sobre os direitos dos povos indígenas e decidir quais são as suas terrastradicionalmente ocupadas e por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividadesprodutivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem­estar e asnecessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. Conforme artigo 231 daConstituição Federal, compete à União demarcar as terras indígenas, e proteger e fazer respeitar todos os seusbens. E no § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto aocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais dosolo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o quedispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito, a indenização ou a ações contra a União,salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Resposta Alterada

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=25­E

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Procedem os argumentos dos recurso, a resposta correta é a letra "D".

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=26­D

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A resposta correta é D, que as religiões indígenas coexistem com as religiões ocidentais, incorporandoelementos indigenizados do cristianismo e elementos próprios modificados pelo contato interétnico. A opção A éincorreta, pois a religiões indígenas não permanecem quase intocadas na mesma forma em que se encontravamna época da conquista do Brasil pelos europeus, ou ligeiramente modificadas pela história de contato interétnico,após mais de 500 anos de contato da grande maioria dos povos indígenas com a sociedade nacional. A opção Bestá errada pois os povos indígenas não perderam todas as características originárias e se transformaram emespelhos das religiões ocidentais. A opção C está errada pois não se pode afirmar que as religiõesindígenas representam um sincretismo de elementos de religiões indígenas e ocidentais em que perderam todasas suas características originárias e em que o cristianismo predomina como o paradigma dominante. A opção Eestá incorreta, pois as religiões indígenas não coexistem com as religiões ocidentais, incorporando elementos docristianismo, das religiões afro­brasileiras, e dos paganismos europeus.A maioria dos povos indígenas, após mais de 500 anos de contato, incorporaram elementos do cristianismo edas religiões afro­brasileiras que foram indigenizados ao passar pelo filtro das suas próprias culturas, entretantonão foram expostos diretamente aos paganismos europeus.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=27­D

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A resposta correta é D "sociedades caracterizadas por uma equação entre co­residência e parentesco e a preferência declaradapela endogamia na aldeia, contrastando a segurança oferecida pelos parentes, pelos co­residentes e pelos moradores e os perigosrepresentados pelos outros, os forasteiros e os estranhos". A opção E, sociedades organizadas em aglomerações de múltiplasfamílias centradas em ancestrais fundadores, em que a transmissão cíclica das almas e dos nomes é o meio mais eficaz de garantira continuidade social e a reprodução do que a transmissão, via linhagens, de substâncias físicas, não cabe às sociedades de línguascaribe do Alto Xingu, pois, mesmo havendo a transmissão cíclica das almas e dos nomes em algumas dessas sociedades, não seorganizam em aglomerações de múltiplas famílias centradas em ancestrais fundadores. A interpretação de sociedades de línguascaribe de Dominique Gallois et al, baseada em um deslocamento do foco nas comunidades locais e étnicas em direção às redes derelações mais amplas que se configuram, complementa a interpretação de autores anteriores como Peter Rivière etc.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=28­E

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A opção E é correta "a atuação do Conselho Indigenista Missionário na década de 1970 de promover asassembleias indígenas, onde se desenharam os primeiros contornos da luta pela garantia do direito àdiversidade cultural". O CIMI forneceu as condições ao promover as primeiras assembleias indígenas e sempreestimulou as lideranças indígenas a tomar frente nos movimentos indígenas nas décadas seguintes. O fato que oCIMI, desde o início, estimulou as lideranças a tomar frente dos movimentos indígenas não nega o fato que foi oCIMI que promoveu as primeiras assembleias indígenas. Na época do surgumento dos movimentos indígenasnos anos de 1970, a FUNAI, sob o regime da ditadura militar, ao contrário, agiu para isolar as sociedadesindígenas e impedir a formação de movimentos políticos, conforme Alcida Ramos "Indigenismo" (1998). A opçãoB, a Cabanagem na Amazônia brasileira, revolta social ocorrida no Império do Brasil, na então província doGrão­Pará, estendendo­se de 1835 a 1840, aconteceu mais de um século antes dos movimentos políticosindígenas que eclodiram a partir da década de 1970. A Cabanagem agregava populações não apenas indígenase não se configurou exclusivamente como movimento indígena e incluia os tapuios, cabanos, negros e indígenas.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=29­C

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A resposta correta é C.Mesmo que a legislação do período determinava que os descimentos fossem exercidos por tropas dedescimentos lideradas ou acompanhadas por um missionário,

os métodos recomendados eram a persuasão e a brandura, não foi o que aconteceu, comomostra, por exemplo, Nádia Farage "As Muralhas dos Sertões" (1991). A resposta "A" estáerrada e revela a versão oficial que não apenas omitiu mas escondeu a violência usada contraos indígenas. Os descimentos foram realizados por grandes contingentes de índios escravizados, índioslivres, mamelucos e outros grupos subalternos recrutados pelos portugueses para escravizar os chamados“Índios bravos”. Nas expedições os portugueses constituíam uma pequena minoria.A opção B está errada pois os portugueses que comandavam os descimentos eram poucos. A opção D estáerrada pois os missionários e militares portugueses que entraram nas aldeias recorreram à força e à violênciapara descer os indígenas. A opção E está errada pois os exploradores não realizaram os descimentos.

sem qualquer tipo de violência eque

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=30­A

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A resposta A é correta, pois os principais motivos que levaram à extinção do Serviço de Proteção aos Índios(SPI) em 1967, dando lugar à Fundação Nacional do Índio (FUNAI), eram a má gestão, falta de recursos,corrupção funcional, vulnerabilidade do órgão e a ingerência dos partidos políticos na política indigenista,conforme assinala Darcy Ribeiro em "Os Índios e a Civilização" (1970) que ressalta o conjunto de fatores. Aopção B está errada, pois os massacres de sociedades indígenas realizados com a convivência e/ou participaçãodos seus funcionários foi apenas um dos motivos e a maioria desses massacres não foi feita com a participaçãodireta de funcionários do SPI, com exceção de casos isolados, mas por entidades privadas não relacionadas aoSPI. A opção C não leva em consideração os principais motivos, e a opção D não tem relação direta com aquestão. A opção E não está diretamente relacionada à extinção do SPI.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=31­B

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O concurso exige um conhecimento da história do indigenismo no Brasil e nesta história o chamado "Decreto deEmancipação" nos anos 1970 é uma marca que todo/a candidato/a deve estar ciente, em que o autor, o Coronelda Aeronáutica e especialista em estratégia Ivan Zanoni Hausen, então funcionário da FUNAI, propôs que fossemestabelecidos “critérios de indianidade”. A resposta B está certa, pois a intenão desses critérios foi permitir que aFUNAI determinasse quem era e quem não era índio para, desta maneira, subtrair os direitos daqueles índiosque a FUNAI decidiu não reconhecer como índios. Veja Alcida Ramos "Indigenism" (1998), e CNV, O CoronelZanoni e vários dirigentes da Funai nessa época insistiram em aplicar “critérios de indianidade”para descaracterizar os sujeitos de direitos. O protesto maciço da sociedade civil em 1978acaba por retirar esse expediente da pauta do governo. Vários dirigentes da Funai nessa épocainsistem em aplicar “critérios de indianidade” para descaracterizar os sujeitos de direitos. O protesto maciço dasociedade civil em 1978 acaba por retirar esse expediente da pauta doA resposta "A" esta errada, pois os "critérios de indianidade" estabelecidos eram crtérios racistas que nãopermitiam que a FUNAI definisse quem era índio para melhorar seu padrão de assistência aos índios do Brasil,mas ao contrário para retirar seus direitos às suas terras.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=32­B

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A resposta B está correta, pois a participação de alguns indígenas na revolta social conhecida como aCabanagem, na então província do Grão­Pará, entre1835 a 1840, decorreu do fato de que muitos indígenasesperavam ter seus direitos reconhecidos e não serem mais obrigados a trabalhar como escravos nas roças emanufaturas dos aldeamentos. A opção A está errada, pois, após a independência do Brasil, muitos indígenas na província do Grão­Paráapoiavam a revolta conhecida como a Cabanagem e não apoiavam aqueles fazendeiros que queriam manter aregião como colônia de Portugal. A opção C também está errada, pois muitos indígenas se aliaram aos mestiçosna esperança de ter seus direitos reconhecidos e se livrar do trabalho escravo nas roças e manufaturas dosaldeamentos. A opção D está errada pois muitos indígenas não queriam expulsar todos os brancos da provínciado Grão­Pará, mas apenas as elites que os reprimiam. A opção E está errada, pois, após a independência doBrasil, muitos indígenas se aliaram aos mestiços na esperança ter seus direitos reconhecidos e não serem maisobrigados a trabalhar como escravos nas roças e manufaturas dos aldeamentos. Os cabanos (índios e mestiços,na maioria) e os integrantes da elite local (comerciantes e fazendeiros) se uniram contra o governo regencialnesta revolta. O objetivo principal era a conquista da independência da província do Grão­Pará.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=33­B

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A Lei de Cotas faz parte dos conhecimentos necessários para prestar um concurso cobre indigenismo pois afetadiretamente os indígenas. A resposta B está correta pois a Lei de Cotas, nº. 12.711/2012, garante a reserva de50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciênciae tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em cursos regulares ou da educação dejovens e adultos. Os demais 50% das vagas permanecem para ampla concorrência. As vagas reservadas àscotas (50% do total de vagas da instituição) serão subdivididas — metade para estudantes de escolas públicascom renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita e metade para estudantes deescolas públicas com renda familiar superior a um salário mínimo e meio. Em ambos os casos, também serálevado em conta percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas no Estado, deacordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desta maneira,segundo a liderança indígena nacional, Gersem Baniwa, é um ponto de partida para se pensar o enfrentamentomais pragmático das desigualdades associadas à exclusão e discriminação racial, sociocultural, econômica eétnica.A opção A está errada, pois a Lei não resolveu todas as dificuldades de ingresso dos alunos indígenas no ensinosuperior. A resposta C está errada, pois não exige, para os candidatos indígenas, além da autodeclaração docandidato, a apresentação obrigatória do Registro Administrativo de Nascimento de Indígena (RANI) fornecidopela FUNAI, e uma carta de uma liderança da aldeia como comprovante da indianidade do candidato. A opção Destá errado pois não apresenta um retrocesso para os candidatos indígenas e não privilegia os candidatos afro­descendentes. A opção E está errada, pois pode ser considerada uma conquista pelos povos indígenas apesar denão atender todas as reivindicações do movimento indígena nacional.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=34­E

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A resposta E está correta pois a Constituição Federal de 1988, no seu Artigo 231, afirma que o aproveitamentodos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terrasindígenas, só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas,ficando­lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=35­C

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O concurso exige um conhecimento básico sobre a história dos estudos sobre o contato interétnico e destamaneira é altamente relevante. As noções são todas retiradas de obras de antropólogos muito conhecidos e seencaixam totalmente dentro de uma leitura básica de antropologia em relação ao indigenismo exigida peloconcurso.A resposta C está correta, pois nos estudos sobre o contato interétnico entre sociedades indígenas e segmentosda sociedade nacional no Brasil, a noção de fricção interétnica de Roberto Cardoso de Oliveira marcoudefinitivamente o rompimento com os estudos de aculturação (Cardoso de Oliveira, Roberto, Introdução de "OÍndio e o Mundo dos Brancos" (1964, 1a edição) e "Sociologia do Brasil Indígena" (1978).A opção D, a noção de perspectivismo ameríndio, não aponta mais que a de fricção interétnica, para uma realruptura com o conceito de aculturação por não ter a pretenção de dialogar com os estudos sobre o contatointerétnico, diferente da noção de fricção interétnicas.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=36­D

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A resposta D está correta pois no texto clássico da etnologia indígena, publicado em 1979, os antropólogosAnthony Seeger, Roberto da Matta e Eduardo Viveiros de Castro argumentam a necessidade de focalizar aconstrução da pessoa nas sociedades indígenas. pois enfatizaram a construção da pessoa nas sociedadesindígenas, para desvencilhar a etnologia indígena no Brasil dos modelos antropológicos formulados em outroscontinentes como a África e a Melanésia. O recurso que alega que a Melanésia não é um continente é irrelevantepara a questão, pois a questão faz menção de "outros continentes" e a África é classificada como continente, e aMelanésia que é uma região da Oceânia. Existem outros continentes como a Ásia. A questão se refere aosmodelos antropológicos formulados em outros continentes, independente do fato que a Melanésia sejaclassificada geograficamente como região ou como arquepélago. A opção E está errada, pois o texto, segundo os próprios autores representa um esforço de desvencilhar aetnologia indígena no Brasil dos modelos formulados em outros continentes que em vez de ajudar compreenderas sociedades indígenas no Brasil, foram formulados a partir de pesquisas junto a outros tipos de sociedadescomo, por exemplo, as sociedades baseadas em grupos de descendência unilinear, modelos que não ajudavam acompreender as sociedades indígenas das planícies baixas da América do Sul que focalizam a construção dapessoa e o corpo.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=37­C

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Houve um pequeno erro na data do Estatuto do Índio, Lei no. 6.001 de 19 de dezembro de 1973 e não 10 dedezembro de 1973 como consta na resposta C, que está correta sem este erro de digitação da data. A categoria de “Terra Indígena” conforme opção C . é uma categoria jurídica, definida pelo Artigo 17 da Lei nº.6.001, de 10 de dezembro de 1973. O termo reaparece na Constituição Federal de 1988 no ítem 1o do Art.231.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitosoriginários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá­las, proteger e fazer respeitar todos os seusbens.

§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suasatividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem­estar e as necessárias asua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=38­C

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A questão se refere à Região Amazônica do século XIX, onde o termo “tapuio” foi usado para se referir aoschamados “índios mansos” que passaram a ser designados “caboclos” no início do século XX, evidente naliteratura da época como nos livros de João Barbosa Rodrigues, "A Língua Geral do Amazonas e o Guarany"(1888) e Pacificação dos Crichan[as (1885). O termo "tapuio" teve significados diferentes em épocas históricasdiferentes e regiões diferentes do Brasil. No litoral do Brasil nos primeiros séculos da colonização, os tapuioseram os “índios bravos” que viviam no interior das florestas e evitavam contatos com os brancos em oposição àsociedades de línguas tupi que tiveram os primeiros contatos com os colonizadores, como afirma as publicaçõesde João Pacheco de Oliveira e Alcida Ramos citadas nos recursos. Entretanto, na Região Amazônica do séculoXIX o termo "tapuio" se referia especificamente aos chamados "índios mansos" em oposição aos "índios bravos".O termo é amplamente encontrado nas publicações sobre indígenas na Região Amazônica no século XIX. Aresposta correta é C.A opção A, “índios bravos” que viviam no interior das florestas e evitavam contatos com os brancos não seaplica à Região Amazônica do século XIX. A opção B também não se aplica à Região Amazônica no século XIX,como também as opções D e E.

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=39­D

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A resposta se refere a trabalhos publicados pelo professor João Pacheco de Oliveira de ampla divulgação edentro de formação básica em antropologia de que se espera em concurso para indigenismo, não sendoadmissível a alegação de que a questão deve ser anulada por não ser dentro dos conhecimentos esperados paraeste concurso. A resposta correta é D, que o referido professor procurava realizar uma etnografia dos processossociais envolvidos no estabelecimento das terras indígenas no Brasil. A opção A está errada, pois o professor João Pacheco de Oliveira não pretendia realizar um levantamentoconclusivo sobre a situação de todas as terras indígenas no Brasil, para servir de auxílio à FUNAI em suaobrigação de regularizar todas as terras indígenas, dentro do prazo concedido pela Constituição Federal de 1988.A opção B está errada, pois o referido professor não visava apenas realizar um levantamento das terrasindígenas no Brasil, para produzir um arquivo de referência para futuras pesquisas em Etnologia Indígena. Aopção C está errada, pois o professor jamais pretendia realizar um trabalho totalizante e histórico, paracontextualizar a relação mediada pelo Estado brasileiro entre os povos indígenas e a terra. A opção E estáerrada pois a intenção do professor não era de realizar um estudo histórico dos órgãos indigenistas no Brasil esuas relativas (in)capacidades de regularizar as terras indígenas

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Prova:Disciplina:Gabarito Provisório:

Julgamento: Questão Mantida

CONHECIMENTOS ESPECIFICOS ­ INDIGENISMO INDIGENISMO G1=40­A

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A resposta correta é A, que o perspectivismo ameríndio trata­se da noção de que, em primeiro lugar, o mundo épovoado de muitas espécies de seres (além dos humanos propriamente ditos) dotados de consciência e decultura e, em segundo lugar, de que cada uma dessas espécies vê a si mesma e às demais espécies de modobastante singular: cada uma se vê como humana, vendo todas as demais como não­humanas, isto é, comoespécies de animais ou de espíritos. A resposta correta, A, traz uma definição que o próprio professor Eduardo Viveiros de Castro apresentou ementrevista realizada por Flávio Moura na Revista Trópico, sobre o livro do referido professor, "Os índios noplural". Entretanto, é um resumo das discussões sobre a noção de perspectivismo do professor Eduardo Viveirosde Castro em diversas publicações deste autor, sendo uma noção básica da etnologia indígena no Brasil paracandidatos/as a um concurso em indigenismo. A definição não poderia citar a fonte em uma questão deconcurso, pois o objetivo da questão é de testar o conhecimento básico em antropologia para candidatos a umconcurso em indigenismo.Todas as outras opções são distorções errôneas da noção de perspectivimo indígena e não correspondem ànoção apresentada pelo antropólogo.