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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - UVA UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA CURSO: PEDAGOGIA DISCIPLINA: ENSINO DA HISTÓRIA E DA GEOGRAFIA Ensinando História e Geografia

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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - UVA

UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA

CURSO: PEDAGOGIA

DISCIPLINA:

ENSINO DA HISTÓRIA E DA GEOGRAFIA

Ensinando História e Geografia

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Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Ensino da História e da Geografia – Professor: Tibério

ENSINANDO HISTÓRIA E GEOGRAFIA

O tempo e o espaço A criança, desde muito cedo, procura se adaptar ao espaço e ao tempo em que está

situada, as primeiras estruturas mentais se constroem em função das coordenações do corpo no espaço e das sequências temporais das ações. Sendo então a criança um ser ativo, acreditamos que podem ser desenvolvidas práticas pedagógicas na Educação Infantil que se ocupem do desenvolvimento da inteligência. Muitas vezes, os professores ficam temerosos em desenvolver atividades que propiciem a construção das noções de espaço e tempo, dada a dificuldade de abordagem. Além das práticas de cuidado, a Educação Infantil também está envolvida no desenvolvimento cognitivo dos pequenos, e a construção das noções de tempo e espaço pode auxiliar nessa tarefa.

Em geral, os professores de Educação Infantil são receosos em trabalhar as noções de tempo e espaço. Acreditam que esses conceitos são muito complicados, pois envolvem conteúdos da física. Na verdade, usamos as noções de tempo e espaço a todo momento no dia a dia. Quando vamos atravessar a rua, precisamos pensar na distância que devemos percorrer até o outro lado. Necessitamos calcular, ainda que inconscientemente, o tempo que vamos levar e relativizá-lo em função do fluxo de veículos e pedestres. As noções de tempo e espaço estão nas atividades mais cotidianas e podem ser exploradas com as crianças a fim de promover o seu desenvolvimento.

A construção da noção de espaço e tempo é um dos elementos fundamentais que constituem a inteligência da criança pequena. De fato, o espaço e o tempo são apontados por Kant (1980), como elementos essenciais de sensibilidade da realidade.

A primeira noção de tempo gira em função do desejo próprio da criança, que está, em

geral, longe de se adaptar ao tempo cronológico. O corpo influencia a construção de um tempo subjetivo e ainda não muito estruturado. De acordo com Piaget, a criança pequena elabora as noções de espaço e tempo por meio de um descarte progressivo e gradual do egocentrismo. A ruptura da exclusividade do próprio ponto de vista da criança permite a superação do

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egocentrismo infantil e a construção objetiva, isto é, da realidade dos fatos, das noções de espaço e tempo. Um exemplo muito recorrente acontece quando a criança escolhe comer uma guloseima – um sorvete ou chocolate – bem devagar, pois assim “dura mais”, como se a quantidade de doce dependesse da duração do evento de consumi-lo.

A rotina na Educação Infantil configura-se como um importante instrumento de construção do tempo. A criança, mesmo que não tenha construído essa noção em termos convencionais, pode marcar a passagem do tempo através dos acontecimentos do seu dia. Existe a hora da brincadeira, a do lanche, a do descanso, etc. Cada um desses eventos tem uma duração e um lugar dentro da rotina. Essas características, mesmo que subjetivas (passou rápido, passou devagar, está demorando, a sequência das atividades, etc.) permitem que a criança conviva e interaja com a noção de tempo. Diversos exemplos podem ser percebidos na Educação Infantil. A criança que estuda pela manhã está habituada a acordar e ir à escola. Se ela dorme durante a tarde e acorda à noitinha, pede para ir à escola. O tempo ainda não é o cronológico, mas o da sequência de procedimentos, isto é, vai-se à escola quando se acorda.

Na Educação Infantil, diversas práticas podem colaborar com a construção da noção de tempo. A música e o lúdico podem se tornar elementos que auxiliam nessa construção. O compasso e o ritmo musical são, de fato, marcações de tempo, e o acompanhamento que as crianças pequenas fazem com palmas, batidas de pé ou, até mesmo, com instrumentos, pode ser uma possibilidade de interação com a noção de tempo. O tempo das crianças da Educação Infantil é o tempo de suas ações. Em função disso, cabe ao professor, justamente, organizar as atividades dos pequenos para que a organização de sua duração e a sequência sejam elementos também de aprendizagem.

No que tange ao espaço-tempo, as crianças pequenas têm dificuldades de representar objetos e acontecimentos que não sejam a partir de sua própria perspectiva. Os estudantes têm dificuldades para copiar um objeto-modelo, pois a criança encontra empecilho durante a tarefa de conciliar um objeto real com a sua subjetividade e, em geral, prevalece essa segunda opção. Quando pedimos que os pequenos desenhem, por exemplo, uma caneca que está sobre a mesa, além da dificuldade motora, existe o problema de adaptar as formas reais a uma representação pictória. Na verdade, até mesmo alguns adultos têm essa dificuldade cognitiva, não sendo capazes de representar objetos pelo desenho. Um dos principais elementos que influenciam essa situação é o espaço. Para que possamos representar no papel um objeto, é necessário considerar as dimensões espaciais do próprio objeto e dos elementos que o compõem. Se as relações de tamanho dos elementos em relação ao plano de referência não estão bem-elaboradas, então a representação não se torna muito compreensível. Todavia, para a própria criança que elabora o desenho, a figura representa o objeto que ela se propôs a desenhar, pois seu pensamento se coloca da seguinte maneira: “Se eu entendo que esse desenho representa uma caneca, então todos os outros também.” De fato, quando os adultos questionam as crianças sobre o que seriam os seus desenhos, elas demonstram certa impaciência, pois lhes parece óbvio o que está diante dos olhos do apreciador.

Os problemas de espaço e tempo que as crianças enfrentam não envolvem complicados conteúdos da física, mas se referem a coordenar movimentos em suas ordens temporal e espacial, enfim, em organizar os comportamentos confrontando aspectos subjetivos (influenciados pelo egocentrismo) com a realidade objetiva. A sistematização dessas condutas

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desde a infância influencia fortemente o desenvolvimento da inteligência e repercute por toda a vida do sujeito.

A possibilidade de experimentação de atividades que envolvam o tempo e o espaço pode contribuir para o desenvolvimento da criança, não apenas com o intuito de prepará-la para o Ensino Fundamental, mas para que possa se desenvolver e viver plenamente a sua infância. Temos aí mais um elemento que destaca a importância da Educação Infantil e a formação de qualidade dos profissionais envolvidos. O Ensino de História: Divisão da História

A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu tempo.

A história é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres; por governantes e governados, por dominantes e dominados, pela guerra e pela paz, por intelectuais e principalmente pelas pessoas comuns, desde os tempos mais remotos. A história está presente no cotidiano e serve de alerta à condição humana de agente transformador do mundo.

Ao estudar a história nos deparamos com o que os homens foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer. Assim, a história é a ciência do passado e do presente, mas o estudo do passado e a compreensão do presente não acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não se repete. Por isso, o passado tem que ser “recriado”, levando em consideração as mudanças ocorridas no tempo. As informações recolhidas no passado não servirão ao presente se não forem recriadas, questionadas, compreendidas e interpretadas.

A história não se resume à simples repetição dos conhecimentos acumulados. Ela deve servir como instrumento de conscientização dos homens para a tarefa de construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa.

Toda vez que abrimos um livro de História ou começamos um assunto novo na História, nos deparamos com a divisão dos tempos históricos. Em resumo, são cinco os períodos que os livros e professores nos apresentam: Pré-História, Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e a Idade Contemporânea. Antes de pensarmos um pouquinho mais sobre essa divisão, vamos citar brevemente quais os fatos centrais e características que cada um desses períodos apresenta.

A Pré-História começa no aparecimento dos primeiros seres humanos na Terra, até 4000 anos antes de Cristo, quando temos a invenção da escrita. Nesse tempo, observamos intensamente a relação dos homens com a natureza, a realização das primeiras invenções, a criação de ferramentas e outros aparatos que viabilizaram a vida humana na Terra e, mais tarde, possibilitaram o surgimento das primeiras comunidades humanas.

Chegando à Antiguidade, que vai de 4000 antes de Cristo até o ano de 476 depois de Cristo, observamos a formação de uma série de civilizações. Egípcios, sumérios, mesopotâmios, gregos e romanos são os povos estudados com maior frequência. Apesar da enorme distância temporal em relação aos dias de hoje, podemos ver na Antiguidade a concepção de várias práticas, valores e tecnologias que ainda têm importância para diversos povos de agora.

Situada entre os anos de 476 e 1453, a Idade Média compreende um período de aproximadamente mil anos. Na parte ocidental do mundo, costumamos olhar atentamente para

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a Europa Ocidental. Esse lugar foi tomado pelos valores da religião cristã, que se torna uma das mais importantes crenças de todo o planeta. Mesmo tendo muito poder e autoridade, a Igreja não tinha poder absoluto nesses tempos. As artes, a literatura e a filosofia tiveram um espaço muito rico e interessante nessa época da história.

A Idade Moderna fica datada entre os anos de 1453 e 1789. Nesse tempo, diversas nações europeias passam a encontrar, dominar e explorar várias regiões da América e da África. A tecnologia desenvolvida nesse tempo permitiu reduzir distâncias e mostrar ao homem europeu que o mundo era bem maior do que ele imaginava. As monarquias chegaram ao seu auge e também encararam sua queda nesse mesmo período. Com a Revolução Francesa, ocorrida em 1789, novos padrões políticos apareceram.

A Idade Contemporânea, que vai de 1789 até os dias de hoje, é um período histórico bastante curto, mas ainda assim marcado por muitos acontecimentos. As distâncias e relações humanas, em parte graças à Revolução Industrial desenvolvida no século XVIII, se tornam ainda menores. O desenvolvimento do sistema capitalista permite a exploração de outras parcelas do mundo e motiva terríveis guerras. Chegando ao século XX, a grande renovação das tecnologias permite que pessoas, nações e ideias se relacionem de uma forma nunca antes vista.

Percebendo essas divisões do tempo, você pôde notar que existem períodos históricos que são mais longos e outros que são bem mais curtos. Dessa forma, vemos que a divisão da História não obedece ao tempo cronológico, no qual um dia sempre terá vinte quatro horas, uma hora sempre terá sessenta minutos e um minuto possuirá sessenta segundos. Desse modo, aparece uma questão: o que determina o início e o final dessas tais divisões que a história tem?

É nesse momento que entra em ação os historiadores, que pensam as experiências e transformações sofridas pelos homens ao longo do tempo. De acordo com as transformações consideradas mais importantes e significativas, com o passar do tempo, abre-se a possibilidade de discutir se um período histórico se encerra e um novo se inicia. Em termos práticos, a divisão ajuda a definir quais os eventos têm maior proximidade entre si.

Mas é importante tomar um grande cuidado com a divisão da História. O começo e o fim de um determinado período não significam que o mundo se transformou completamente na passagem de um período para o outro. Muitos dos valores de uma época se conservam em outros períodos e se mostram vivos no nosso cotidiano. Sendo assim, as divisões são referenciais que facilitam nosso estudo do passado, mas não ditam quando a cabeça dos homens exatamente mudou. Os Números Romanos e Indo-arábico

Os números foram criados, ao longo da história, diante da necessidade do homem, pois precisavam de uma forma de representar as quantidades.

As primeiras representações numéricas apareceram em razão da necessidade de se fazer a contagem dos animais, por exemplo. Os pastores soltavam seu rebanho pela manhã e contavam esses animais através de pedrinhas que eram colocadas num saco. Para cada animal, usava-se uma pedrinha. Ao final do dia, ao buscar o rebanho, os pastores contavam de forma inversa, retirando do saco uma pedrinha para cada animal.

Nessa época existiam outras formas de representação numérica, como nós em cordas ou riscos feitos em ossos e pedras, sendo que cada região utilizava uma forma diferente.

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O homem percebeu que precisava de uma forma única de representar essas quantidades, para facilitar o entendimento entre os diferentes povos.

Os egípcios foram um dos primeiros povos a criar um sistema de numeração.

Sistema de numeração dos povos egípcios

Os romanos também inventaram uma forma de contar as coisas, ou seja, o seu sistema

de numeração, conhecidos como números romanos. Podemos encontrá-los até hoje, sendo usados na escrita dos séculos, em relógios, capítulos de livros, nomes dos papas, etc.

Algarismos romanos

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Porém, os números que usamos foram criados pelos indianos, no Norte da Índia, em

meados do século V da era cristã. As primeiras inscrições aparecem aproximadamente da forma como escrevemos. Descobriram as posições de se colocar os mesmos para formar os números maiores.

Mas foram os árabes que difundiram essa forma de contagem e por isso ficaram

conhecidos como indo-arábicos, através de um grande matemático chamado Al-Khwārizmī, que deu o nome aos mesmos de “algarismos”. A História do Brasil

A colonização do Brasil aconteceu no final do século XV, no ano de 1500, quando algumas nações europeias estavam envolvidas com a expansão marítimo-comercial. Nesse tempo, nações

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como Portugal e Espanha lançaram expedições pelo mar em busca de novas rotas marítimas e novas terras que poderiam ser exploradas. Nesse processo, os portugueses anunciaram a descoberta de novas terras ao sul do continente americano no ano de 1500.

Nos primeiros anos da colonização, os portugueses não deram muita atenção aos domínios brasileiros. Nesse tempo, queriam se aproximar mais do comércio com as Índias e se limitou a poucas expedições de reconhecimento, proteção do território e de busca do pau-brasil. Nesse momento, tiveram que enfrentar a resistência de algumas populações indígenas e a ameaça de invasão por outros povos europeus que também tinham interesse em explorar o Brasil.

A partir de 1530, a colonização portuguesa tornou-se mais intensa. A partir desse período surgiram as primeiras plantações de cana-de-açúcar e a exploração da mão de obra escrava começou a se consolidar em nosso cotidiano. Além disso, vale ressaltar o papel assumido pelos padres jesuítas. Chegando ao Brasil, esses representantes da Igreja voltaram-se para a conversão religiosa da população indígena para o catolicismo.

Entre os anos de 1580 e 1640, a colonização portuguesa sofreu uma relativa mudança com a organização da União Ibérica. Nesse período, os espanhóis tiveram à frente das principais ações administrativas relacionadas ao Brasil. Com essa mudança, os holandeses invadiram o nordeste brasileiro e passaram a dominar a produção açucareira naquela região. Nesse tempo a economia portuguesa ficou seriamente fragilizada e a situação não melhorou muito no século XVII, quando o governo português tinha recuperado o controle da colônia. Uma grande mudança foi notada quando atingimos o século XVIII, quando foram descobertas as primeiras minas de ouro no interior do Brasil. Sendo uma atividade altamente lucrativa, a mineração trouxe a intensificação da cobrança de impostos e a fiscalização por parte das autoridades portuguesas. Em reação, percebemos que essa época também ficou marcada pelas mais importantes revoltas coloniais.

Os revoltosos tinham motivações e objetivos diversos para protestar: desde a falta de auxílio do governo português, até o exagero nos impostos cobrados. Entre essas revoltas ficaram mais conhecidas a Inconfidência Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana de 1798. As duas projetaram o rompimento local com as autoridades portuguesas e a fundação de governos independentes. Contudo, a Conjuração Baiana foi a única que se colocou contra a escravidão e teve a participação intensa de populares.

O ano de 1808 é reconhecido por alguns historiadores como o tempo que a ordem colonial passou a ser desmontada no Brasil. Isso porque a Família Real Portuguesa chegou ao Brasil e concedeu importantes liberdades de ordem econômica e política. Mesmo com maior autonomia, devemos lembrar que era a Coroa Portuguesa que tomava as mais importantes decisões por aqui. É por tal razão que a colonização é oficialmente findada no dia 7 de setembro de 1822, quando nossa independência foi declarada.

Na capital brasileira (cidade do Rio de Janeiro) em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca liderou um golpe militar que derrubou a Monarquia e instaurou a República Federativa e Presidencialista no Brasil. No mesmo dia foi instaurado o governo provisório em que o Marechal Deodoro da Fonseca assumiu a presidência da República.

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A importância da leitura de mapas

Para continuar a nossa discussão sobre a importância da cartografia, bem como dos elementos componentes de um mapa, é importante enfatizar que devemos “praticar a leitura cartográfica”, como forma de nos tornamos “melhores leitores do espaço geográfico”, visto que o mapa, além de ser uma representação simbólica desse espaço, é um “modo de ver o mundo” e, com isso, mostrar ou ocultar informações que são pertinentes, que devem ou não ser explicitadas.

Assim, como todos nós sabemos, os mapas são ferramentas há muito tempo utilizadas pela humanidade em sua tentativa de compreender o mundo em que vive. Os avanços nas formas de se elaborar alguns produtos cartográficos são evidentes e, entre estes avanços, é necessário notar o uso de computadores. Porém, essa representação virtual nem sempre esteve disponível, sendo os mapas impressos recursos fundamentais para a divulgação do conhecimento dos mapas e dos objetos e fenômenos representados por suas técnicas cartográficas.

Dessa forma, os mapas impressos são recursos didáticos utilizados desde que as disciplinas escolares foram sistematizadas e institucionalizadas em ambiente escolar. Porém, é importante destacar que o uso desses mapas impressos para a leitura do espaço geográfico sempre se destacou de forma tradicional, que se caracteriza pela diferenciação e descrição dos lugares, objetivando a repetição excessiva das características regionais, que possibilita aos leitores, muitas vezes, somente uma breve memorização de informações geográficas, por meio de imagens e símbolos, de forma ilustrativa, de forma pronta e acabada, sem que ocorra a discussão crítica dos aspectos socioeconômicos das diferentes regiões da superfície terrestre.

Apesar dos problemas de representação contidos em alguns mapas impressos,

principalmente no que tange a ausência ou erro dos principais elementos do mapa (legenda, título, escala, orientação, projeção), o uso do mapa não está ultrapassado e não se deve deixar de considerar a sua importância no desenvolvimento e na sistematização do processo de ensino-aprendizagem, pois foi pelo uso dos mapas impressos, utilizados em sala de aula, que o conhecimento cartográfico passou a ser popularizado e utilizado para a construção do conhecimento de seus usuários nas escolas, com o objetivo de auxiliar os estudantes em sua aprendizagem.

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Quando consideramos o acesso cada vez maior às informações, podemos perceber a importância que os mapas têm nos dias de hoje. Os mapas representam e sintetizam informações históricas, políticas, econômicas, físicas e biológicas de diferentes lugares do mundo. No passado, eles eram documentos confidenciais, que circulavam somente entre aqueles que participavam do poder. No presente, conhecer o funcionamento, as diferentes funções dos mapas e saber utilizá-los ajudam a resolver problemas cotidianos de planejamentos e projetos.

O mapa hoje é algo essencial. Não apenas porque nos ajuda a compreender as transformações e os problemas do mundo atual, mas também nos permite usufruir, com liberdade e segurança, um dos direitos universais do homem, garantido inclusive em nossa Constituição de 1988: o de ir e vir. O mapa na sala de aula

A importância dos mapas e dos Atlas na sala de aula justifica-se justamente pelo papel

que a cartografia tem no mundo contemporâneo. Ensinar o aluno a ler e a obter informações em diferentes tipos de mapa é uma forma de

promover a construção de procedimentos que lhes permitam localizar objetos e endereços para se deslocarem, com sucesso, por cidades e bairros desconhecidos, conferir trajetos dos meios de transporte, planejar uma viagem ou se situar em locais públicos (shopping-centers, hospitais e museus). Esses procedimentos também lhes possibilitam utilizar como fonte de pesquisa os mapas, que sintetizam informações a respeito de lugares e regiões de diferentes partes do Brasil e do mundo.

Aprender a ler mapas e saber utilizá-los como uma representação do espaço, que segue as regras de vários sistemas de projeção e tem uma linguagem específica, é elemento-chave para a formação do cidadão autônomo.

Desde as séries iniciais, os alunos podem ter contato com diferentes tipos de mapa e seu portador por excelência, o Atlas. Esse contato, porém, não deve ser casual ou esporádico. Deve ocorrer de acordo com um planejamento sistemático do professor em função dos

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conhecimentos que os alunos de uma dada faixa etária podem construir a respeito desse conteúdo.

Em seu planejamento, o professor pode elaborar atividades que privilegiem dois eixos de trabalho: o da produção e o da leitura de mapas. Esses dois eixos podem ocorrer de forma simultânea, pois não há necessidade de os alunos aprenderem primeiro a produzir para depois aprenderem a ler e consultar mapas ou vice-versa. A produção de mapas

É importante que os alunos representem um objeto ou lugar para comunicar algo a

alguém. Dessa forma, eles estarão aprendendo também a entender a função social e científica dos mapas: transmitir informações.

A produção pode ser planejada a partir de atividades bastante simples, como desenhar objetos e localidades do cotidiano. A sala de aula, a escola, a casa e todos aqueles espaços que as crianças conhecem do ponto de vista de sua distribuição espacial constituem boas escolhas para que elas façam a representação.

É fundamental que o professor questione os desenhos produzidos pelos alunos, avaliando

forma, tamanho, posição, orientação, distância, direção e produção dos objetos e locais representados. Esse questionamento pode ser realizado por meio do confronto com a própria realidade.

O trabalho com os pontos cardeais ganham aqui um contexto, pois o conhecimento desses pontos – norte, sul, leste e oeste –, que determinam as principais direções na superfície da Terra, é de extrema relevância para aprender a posicionar e orientar aquilo que está sendo representado.

A atividade de desenhar o entorno pode também ser planejada a partir de diferentes perspectivas. É interessante desafiar os alunos a desenhar como se estivessem tendo uma visão vertical de um objeto ou lugar, ou seja, como se estivessem olhando de cima para baixo ou, ainda, a desenhar com uma visão oblíqua de objetos e lugares, como se estivessem observando-

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os do alto e um pouco de lado (tal como a visão que as pessoas têm de uma cidade quando a olham da janela de um avião).

Esses desafios são oportunidades para que eles construam noções cartográficas e compreendam como ocorre a representação gráfica do espaço.

O uso de cores e símbolos pode ocorrer sempre que o professor convidar seus alunos a representar objetos e lugares de forma simplificada e esquemática. Isso constitui um novo desafio; para superá-lo, os alunos precisarão criar símbolos e utilizar cores para indicar o que está sendo representado, sem fornecer detalhes a respeito de cada elemento. Essas atividades se tornam mais significativas quando em contextos de comunicação.

Nesse sentido, o professor pode planejar situações nas quais os alunos tenham que representar a própria casa, para mostrar aos colegas como ela é, ou a própria escola, com o objetivo de informar a distribuição de suas dependências para um visitante que não a conhece.

O professor pode ainda organizar brincadeiras, como a caça ao tesouro: um grupo produz mapas para que os colegas dos outros grupos localizem um objeto escondido.

A leitura dos mapas

O eixo de leitura de mapas também deve ocorrer de forma contextualizada, por meio de

mapas temáticos. Os alunos podem consultar mapas políticos, de relevo, clima ou vegetação, para obter informações a respeito de lugares ou assuntos que estejam estudando.

Pode-se também sobrepor mapas, por exemplo, para relacionar uma determinada forma de vegetação ao relevo e à ocupação agrícola. Consolida-se, assim, um trabalho de inter-relacionamento do ensino da Geografia com as demais áreas do currículo. Os alunos aprendem a reconhecer os mapas e os Atlas como fontes preciosas de informação para suas pesquisas.

É importante que os alunos vivenciem situações de comparação das informações

representadas em diferentes tipos de mapa, estabelecendo relações entre fenômenos variados. Um exemplo disso é a comparação que pode se feita entre as informações contidas em um mapa que trate das formas de relevo de uma determinada região e outro que informe a distribuição da população na mesma área.

O professor pode trabalhar também com planos, plantas de construção, cartas de cidades, imagens de satélites e até mesmo mapas digitais feitos por computador.

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Ensinar a consultar um guia de ruas, um mapa rodoviário, a planta de uma casa, o painel com as linhas do metrô ou com a distribuição das lojas de um shopping-center são objetivos de aprendizagem que podem ser de grande valia no planejamento das aulas.

Para essas aprendizagens, é possível recorrer a situações nas quais os alunos se sintam desafiados a ler o mapa, para obter uma informação que lhes interessa. O professor pode utilizar, como suporte para suas aulas, mapas e cartas geográficas que são publicados em jornais, revistas, impressos ou folhetos de propaganda.

A compreensão das legendas merece atenção especial, pois elas fornecem as explicações necessárias para os alunos trabalharem com as informações. Sempre que julgar oportuno, o professor deve incentivar os alunos a ler as legendas e tentar compreendê-las.

Conhecer e utilizar diferentes tipos de mapas e o Atlas, sem dúvida alguma, ampliam as possibilidades dos alunos de extrair e analisar informações relacionadas a diferentes áreas de conhecimento, além de contribuir para que eles consolidem uma noção de espaço flexível e abrangente.

Aprender a perceber o caráter espacial dos fenômenos estudados e a comparar esses espaços, por meio da sobreposição das informações contidas nos mapas, são coisas que a própria Geografia, enquanto ciência busca fazer e que os alunos do ciclo inicial também podem realizar. A Representação do Espaço

Existem várias maneiras de representar o espaço em que vivemos, por meio de desenhos, fotografias, palavras (descrevendo-as), etc. Uma dos meios mais apropriados para reproduzir os elementos do espaço é o mapa.

Mapa é a representação dos elementos de um determinado espaço na superfície plana, tornando-se um importante instrumento de orientação e de localização. O mapa de Ga-Sur é o mapa mais antigo que se tem conhecimento, datado de 2.500 a. C. e encontra-se no Museu de Bagdá (Iraque). Segundo os especialistas, representa um trecho do vale do Rio Eufrates. Ao elaborarmos um mapa, os elementos do espaço precisam ser reduzidos, a fim de caberem numa folha de papel. Essa redução é feita por meio de escalas. Escala é a relação existente entre as medidas do mapa e as medidas reais. Todo mapa é feito de acordo com uma escala que indicará quantas vezes as medidas reais foram diminuídas. Para a redução de uma projeção utiliza-se a unidade de medida; os múltiplos e submúltiplos do metro que são: Submúltiplos: decímetro (dm); centímetro (cm) e milímetro (mm); Múltiplos: decâmetro (dam); hectômetro (hm) e quilômetro (Km).

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A escala deve ser indicada junto ao mapa (em geral no canto inferior direito), para que as pessoas possam saber o tamanho real das coisas nele representadas.

Os tipos de escalas A escala utilizada para a construção de um mapa pode ser indicada de duas maneiras: com números (escala numérica) ou com gráficos (escala gráfica). A escala numérica é representada por uma fração ordinária. O numerador da fração corresponde à medida no mapa; o denominador corresponde à medida real no terreno. O numerador é sempre a unidade (1), e o denominador indica quantas vezes as medidas reais foram reduzidas. Por exemplo: se um determinado mapa estiver na escala 1: 200.000 (um por duzentos mil), isso significa que cada unidade de distância no mapa (1 cm, por exemplo) corresponde a 200.000 unidades (200.000 cm, no caso) no terreno. A escala gráfica apresenta-se sob a forma de um segmento de reta graduada, normalmente dada em quilômetros. Por exemplo:

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Nesse caso, a sequência foi seccionada em cinco partes iguais, cada uma medindo 1cm. Isso significa que cada uma dessas partes no mapa (1 cm) corresponde a 200 km no terreno. Um mesmo espaço pode ser representado em diferentes escalas, conforme o nível de detalhes que se quer atingir. Quanto maior o denominador da fração ordinária indicativa, menor é a escala, e vice-versa. Como calcular distâncias Usando a escala, sabe-se que E = escala; D = distância na realidade e d = distância gráfica. Para encontrar “E”, utiliza-se a seguinte fórmula:

Exemplo: a medida real ( D ) é de 8 km e a distância gráfica ( d ) é de 5 cm E = 8 / 5 cm E = 800.000 / 5 = 160.000 Para encontrar “D”, utiliza-se a seguinte fórmula:

Exemplo: a distância gráfica ( d ) entre duas cidades é de 5 cm e a escala ( E ) é de 1: 160.000. D = 5 x 160.000 cm D = 800.000 cm ou 8 km Para encontrar “d” utiliza-se a seguinte fórmula:

Exemplo: a escala ( E ) é de 1: 160.000 e a medida real ( D ) é de 8 km. d = 8 km / 160.000cm d = 800.000 cm / 160.000 = 5 cm

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A legenda é outro instrumento indispensável na elaboração de um mapa, pois busca explicar as convenções cartográficas que são símbolos que representam objetos. A legenda, portanto, é uma espécie de código usado para decifrar a linguagem do mapa. Assim, antes de ler um mapa, é indispensável consultar a legenda, para entender a sua linguagem. Para facilitar a leitura dos mapas, os cartógrafos convencionaram cada elemento do espaço, sempre com os mesmos símbolos. Por isso, os símbolos dos mapas são chamados de convenções cartográficas.

Além da escala e da legenda, junto aos mapas também devem apresentar a data em que eles foram elaborados, as fontes consultadas e o nome de seu autor. É bom lembrar que foram os europeus que elaboraram os primeiros mapas-múndi corretos, visto que as grandes navegações a partir do século XV proporcionaram que estes tivessem uma ideia mais aproximada de como é a superfície terrestre e de como se distribuem as grandes massas continentais e oceânicas em nosso planeta. As categorias geográficas

Originalmente, as categorias são formas, modos de ser (...) É algo que se sobrepõe ao conceito, dando –lhe conteúdo, e esse conteúdo deve ser concreto. O conceito define a ideia ou conjunto de ideias a respeito do objeto pelo pensamento, por suas características gerais. Assim, o conjunto de categoria de uma ciência está relacionado ao objeto de conhecimento dessa ciência. Por exemplo, a física trabalha com as categorias massa, corpo, luz energia, átomo, etc.; As categoria fundamentais do conhecimento geográfico são, entre, outras espaço, lugar, área, região, território, paisagem e população que definem o objeto da Geografia em seu relacionamento. Paisagem

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A paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificiais; é formada por frações de ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, utilidade, ou por qualquer outro critério. A paisagem é sempre heterogênea. A vida em sociedade supõe uma multiplicidade de funções, e quanto maior o número destas, maior a diversidade de formas e de fatores. Quanto mais complexa a vida social, tanto mais nos distanciamos de um modo natural e nos endereçamos a um mundo artificial.

A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem, enquanto grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente não existe mais. Se um lugar não é fisicamente tocado pela força do homem, ele, todavia, é objeto de preocupação e de intenções econômicas ou políticas, tudo hoje se situa no campo de interesses da História, sendo desse modo, social.

Para Milton Santos, paisagem é tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formado apenas por volume, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc. Território

O território é a base geográfica de uma nação. De tamanho variável, essa porção da superfície terrestre deve incorporar os solos e subsolos, os rios e lagos, as águas marítimas contíguas e o espaço aéreo. Daí a inegável importância estratégica do território, razão das lutas empreendidas por todas as espécies do mundo animal e todas as sociedades humanas. Lugar

Lugar é a porção ou parte do espaço onde vivemos. Ele é palco de nossa existência real, é nele que ocorre o nosso cotidiano, as nossas experiências de vida. Todos nós criamos uma identidade com o lugar no qual no qual vivemos; Isto quer dizer que ele significa algo para nós, que a nossa memória guarda sobre eles determinadas percepções e vivências com as quais nos identificamos. Portanto, estabelecemos com o lugar uma relação de afetividade. Quando mudamos, por exemplo, de uma cidade para outra ou mesmo de um bairro ou rua para outra, dentro de uma mesma cidade, temos de nos adaptar às novas condições não só materiais, mas também de significados, de vínculos. Região

A região é uma determinada posição do espaço terrestre (de dimensão variável), passível de ser individualizada, em função de um caráter próprio ou homogêneo arbitrado para fins de territorização.

Com relação à globalização dos anos 1990, a conceito regional perde importância em virtude da mundialização da economia, dos hábitos culturais e dos problemas ambientais. A ordem mundial provocou a queda de fronteiras produzindo uma única região, o mundo.

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A Localização dos Lugares no Espaço Geográfico

A localização de um lugar é definida pelas coordenadas geográficas (latitude e longitude) e pela altitude. Sua posição está ligada ao conjunto de relações que foram estabelecidas entre esse lugar e os outros lugares, dentro do espaço geográfico.

Embora o conceito de espaço geográfico envolva elementos concretos e abstratos, para a localização de um lugar no espaço precisamos trabalhar com algo concreto: um local onde podemos nos mover, levando em conta as direções e a altitude.

Em geografia, a ideia de direção nos é dada pela orientação, baseada nos pontos cardeais, colaterais e subcolaterais, representados na figura denominada rosa-dos-ventos.

Vale salientar também que existem também outras denominações para os pontos geográficos a saber: Meridional ou austral significa dizer que está ao sul; Setentrional ou boreal significa dizer que está ao norte; Ocidente quer dizer que está ao oeste; Oriente quer dizer que está ao leste; Sul-oriental que dizer que está ao sudeste; Sul-ocidental quer dizer que está ao sudoeste; Norte-oriental quer dizer que está ao nordeste; Norte-ocidental quer dizer que está ao noroeste.

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As coordenadas geográficas

As coordenadas geográficas ou terrestres são estabelecidas por linhas imaginárias: os paralelos e os meridianos. O cruzamento entre o paralelo e o meridiano de um lugar dará a sua localização exata na superfície terrestre.

Como você pode notar na figura abaixo, alguns paralelos recebem nomes especiais: trópico de Câncer e círculo polar Ártico, no hemisfério norte, e trópico de Capricórnio e círculo polar Antártico, no hemisfério sul.

Paralelos são linhas imaginárias traçadas paralelamente ao Equador, círculo máximo que divide a Terra em dois hemisférios: norte e sul.

Meridianos são linhas imaginárias que cortam perpendicularmente os paralelos e vão de um polo a outro. O ponto de partida para a numeração dos meridianos é o de Greenwich (que recebe esse nome porque passa por um subúrbio de Londres assim denominado) ou meridiano inicial. Esse meridiano divide a Terra em hemisfério ocidental ou oeste e hemisfério oriental ou leste.

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As latitudes e as longitudes

O meridiano de Greenwich e a longitude têm um papel importante na definição das diferenças de horas que ocorrem entre vários lugares da Terra.

Longitude é a distância, medida em graus, de qualquer lugar da Terra ao meridiano de

Greenwich.

Latitude é a distância, medida em graus, de qualquer lugar da superfície terrestre ao

Equador.

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A intersecção da latitude com a longitude nos dá a localização de qualquer lugar da

superfície da Terra. Nesse contexto, é preciso aproximar o aluno da sua própria realidade e fazer relações

para que eles possam, a partir daí, interpretar diferentes realidades. Com essa abordagem local, fica mais fácil, posteriormente compreender fenômenos que ocorrem em uma escala mais ampla. É preciso mostrar que há muito mais que conteúdos a serem transmitidos, mas sim concepções de “mundo” a serem criadas e reformuladas no ambiente escolar. Por isso é tão importante que o conteúdo se torne significativo para os alunos.

Os Fusos Horários

Os fusos horários, também denominados zonas horárias, foram estabelecidos através de uma reunião composta por representantes de 25 países em Washington, capital estadunidense, em 1884. Nessa ocasião foi realizada uma divisão do mundo em 24 fusos horários distintos.

A metodologia utilizada para essa divisão partiu do princípio de que são gastos, aproximadamente, 24 horas (23 horas, 56 minutos e 4 segundos) para que a Terra realize o movimento de rotação, ou seja, que gire em torno de seu próprio eixo, realizando um movimento de 360°. Portanto, em uma hora a Terra se desloca 15°. Esse dado é obtido através da divisão da circunferência terrestre (360°) pelo tempo gasto para que seja realizado o movimento de rotação (24 h). O fuso referencial para a determinação das horas é o Greenwich, cujo centro é 0°. Esse meridiano, também denominado inicial, atravessa a Grã-Bretanha, além de cortar o extremo oeste da Europa e da África. A hora determinada pelo fuso de Greenwich recebe o nome de GMT. A partir disso, são estabelecidos os outros limites de fusos horários.

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A Terra realiza seu movimento de rotação girando de oeste para leste em torno do seu próprio eixo, por esse motivo os fusos a leste de Greenwich (marco inicial) têm as horas adiantadas (+); já os fusos situados a oeste do meridiano inicial têm as horas atrasadas (-).

Alguns países de grande extensão territorial no sentido leste-oeste apresentam mais de

um fuso horário. A Rússia, por exemplo, possui 11 fusos horários distintos, consequência de sua grande área. O Brasil também apresenta mais de um fuso horário, pois o país apresenta extensão territorial 4.319,4 quilômetros no sentido leste-oeste, fato que proporciona a existência de quatro fusos horários distintos.

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A compreensão dos fusos horários é de extrema importância, principalmente para as pessoas que realizam viagens e têm contato com pessoas e relações comerciais com locais de fusos distintos dos seus, proporcionado, portanto, o conhecimento de horários em diferentes partes do globo.

Dinâmica da População

Os diferentes aspectos demográficos, tais como: população absoluta, densidade demográfica, crescimento demográfico, crescimento populacional, distribuição geográfica da população, estrutura etária, estrutura profissional e migrações, entre outros, costumam ser alvos de estudo e preocupação dos diversos especialistas. A análise de dados demográficos e sua comparação com dados socioeconômicos permitem aos dirigentes de um Estado o conhecimento da realidade quantitativa e qualitativa da população e a elaboração de medidas de ordem prática. Antes de iniciar o estudo dos principais aspectos demográficos, vamos apresentar alguns conceitos fundamentais, que facilitarão esse estudo.

População absoluta e densidade demográfica ou população relativa

População absoluta é o número total de habitantes de um lugar (país, cidade, região, etc.). Quando um determinado lugar possui um grande número de habitantes, dizemos que é populoso ou de grande população absoluta; quando possui um pequeno número de habitantes, dizemos que é pouco populoso ou de pequena população absoluta.

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Densidade relativa ou densidade demográfica é a média de habitantes por quilômetro quadrado (Km²). Para obtê-la, basta dividir a população pela área. Quando um determinado território possui elevada densidade demográfica, dizemos que ele é densamente povoado; quando possui baixa densidade demográfica, dizemos que é fracamente povoado. Alguns exemplos de países densamente e fracamente povoadas, respectivamente: Mônaco (16.500 hab/Km²); Cingapura (5.380 hab/Km²) e Vaticano (2.273 hab/Km²). Mongólia (2 hab/Km²); Islândia (3 hab/Km²) e Canadá (3 hab/Km²). Observe que os países populosos não são necessariamente densamente povoados. Apesar de terem uma população absoluta elevada, muitos países possuem grande área territorial. Por outro lado, nem todos os países densamente povoados são necessariamente populosos. Alguns países são ao mesmo tempo populosos e povoados é o caso da Índia, que, apesar de ter uma área territorial grande (3.287.263 Km²), é muito populosa, contanto com 1.282,256.277 habitantes, é densamente povoada (390,1hab/Km²). Outros países não são sem populosos nem povoados, como é o Canadá, que conta com 9.970.610 Km² e 30.563.000 habitantes, apresentado, portanto, uma densidade demográfica de 3 hab/Km². Apesar de ser bastante difundida e utilizada, saber a densidade de um país é uma informação bastante vaga. Por se tratar de uma média, a partir dela nada podemos concluir a respeito da distribuição efetiva da população do país pelo território. Taxa de natalidade É a relação entre o número de nascimentos ocorridos em um ano e o número de habitantes. Obtemos esta taxa tomando os nascimentos ocorridos durante um ano multiplicando-os por 1.000 e dividindo o resultado pela população absoluta:

Nº de nascimento x 1.000 = taxa de natalidade Nº de habitantes

Taxa de mortalidade É a relação entre o número de óbitos ocorridos em um ano e o número de habitantes. Obtemos essa taxa tomando os óbitos ocorridos durante um ano multiplicando-os por 1.000 e dividindo o resultado pelo número de habitante:

Nº de óbitos x 1.000 = taxa de mortalidade Nº de habitantes

Devemos observar que esse é a taxa de mortalidade geral e que, além dela, existe a taxa

de mortalidade infantil, que é o número de crianças que morrem antes de completar o primeiro

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ano de vida. A taxa de mortalidade infantil é um importante indicador do nível de desenvolvimento de um país. Crescimento vegetativo

É a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade: CV = TN – TM.

A Estrutura Etária A expressão Pirâmide Etária refere-se a um gráfico utilizado para identificar a população

de um dado país ou região, agrupando os habitantes em faixas de idade e dividindo-os por sexo. O motivo dessa denominação advém do fato de que, quando na criação desse tipo de informação, todos os países (mesmo os desenvolvidos) apresentavam a população estruturada em formato piramidal. Apesar de isso não ser mais verdadeiro, a expressão permaneceu.

Em linhas gerais, à medida que os países vão se desenvolvendo, o formato de pirâmide desfaz-se, indicando uma queda nas taxas de natalidade e mortalidade. Em outras palavras, à medida que um país se desenvolve, a sua população vai ficando mais velha.

Com o Brasil não é diferente. Seguindo o que ocorreu outrora com os países centrais ou desenvolvidos e acompanhando nações emergentes (como México, Rússia e África do Sul), a base da pirâmide populacional brasileira vem diminuindo, enquanto a porção superior vem se alargando, indicando a queda na taxa de natalidade e o aumento da qualidade e da expectativa de vida da população do país. Exemplos de pirâmides:

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O que é melhor para o país: ser “jovem” ou “velho”?

Não é vantajoso para qualquer país ser muito jovem e, muito menos, ser muito velho. Isso se explica pelo fato de a maior parte da População Economicamente Ativa (PEA) situar-se em faixas intermediárias de idade. Assim, taxas de natalidade muito altas, por exemplo, diminuem a média de idade, sobrecarregando economicamente a população adulta, fato que se intensifica quando os investimentos em educação e saúde públicas são baixos.

Por outro lado, quando a população envelhece com o aumento da expectativa de vida e ocorre a diminuição brusca das taxas de natalidade, há novamente um sobrepeso sobre a PEA, uma vez que são os impostos pagos por essa população que manterão a previdência e a aposentadoria dos mais velhos. Vale a ressalva de que um dia esses mais velhos também já sustentaram os aposentados de sua geração, de forma que os seus direitos previdenciários não lhes pode ser negado.

Assim, é preciso encontrar sempre um ponto de equilíbrio entre o nível da população, que deve preferencialmente se manter como adulta, ou seja, nem muito velha e nem muito jovem, como é o caso da população brasileira na atualidade. O Relevo

O relevo corresponde às formas das paisagens físicas do planeta Terra, de maneira que com o passar dos anos, foram constituídos por agentes internos (endógenos) e externos (exógenos) à natureza. Agentes do Relevo

Os agentes do relevo modificam o planeta terra, tal qual os fenômenos que agem de dentro pra fora da crosta terrestre, os denominados agentes endógenos, por exemplo os abalos sísmicos, movimento das placas tectônicas, vulcões, dentre outros.

Por outro lado, há os agentes exógenos do relevo, ou seja, aqueles que agem de fora para dentre da crosta terrestre, modificando a superfície da terra, a saber: as ações humanas e as ações naturais, (o vento, a chuva, as geleiras, o clima, os animais, etc).

Em resumo, conclui-se que o relevo compõe o conjunto de elevações e depressões do solo da crosta terrestre, classificados de acordo com sua estrutura, composição e processos geológicos. Tipos de Relevo e suas Características

No geral, as quatro principais formas de relevo são: planícies, planaltos, montanhas, depressões. Planícies

As planícies designam as superfícies planas de baixas altitudes (até 100 metros), formados por rochas sedimentares. As chamadas “planícies litorâneas” correspondem aos terrenos planos

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próximos à região litorânea. De acordo com seus agentes formadores, as planícies são classificadas em: costeira (mar), fluvial (rio) e lacustre (lago). Planaltos

Os planaltos ou platôs, designam as superfícies planas com elevadas altitudes (acima de 300 metros), característica marcante que os diferem das planícies. Há três tipos principais de planaltos: sedimentares (formados por rochas sedimentares), cristalinos (formados por rochas cristalinas) e basálticos (formados por rochas vulcânicas). Montanhas

As montanhas são grandes elevações constituídas ao longo dos anos por atividades vulcânicas, terremotos e outras manifestações naturais. Dessa maneira, de acordo com os fenômenos naturais sofrido ao longo dos anos, as montanhas são classificadas em: “vulcânicas” (formadas a partir de vulcões), “dobradas” (formadas pelo tectonismo, ou os dobramentos da terra), “falhadas” (formadas pelas falhas da crosta terrestre) e de “erosão” (formadas a partir de erosão). Depressões

As depressões caracterizam planos rebaixados, consideradas as menores altitudes encontradas no planeta (100 a 500 metros), formadas principalmente pelo fenômeno da erosão. Há duas classificações quanto esse tipo de relevo: a “depressão absoluta”, aquela que está situada abaixo do nível do mar e a “depressão relativa” que está localizada acima do nível do mar. Classificação do Relevo Brasileiro

A Classificação do Relevo Brasileiro para melhor compreender a estrutura física do nosso país, foram elaborados diferentes modelos de classificação.

O território brasileiro, com uma área de aproximadamente 8.516.000 km², é considerado um país com dimensões continentais. Por esse motivo, ele apresenta uma grande diversidade no que se refere à fisionomia de suas paisagens e às características de suas formas de relevo, o que tornou o seu detalhamento uma tarefa bastante difícil. Assim, para melhor compreender a estrutura física do nosso país, foram elaborados diferentes modelos de classificação do relevo Brasileiro.

Em termos gerais de caracterização, o espaço físico do Brasil é conhecido por ter uma formação geologicamente antiga, o que significa que ele esteve, ao longo das eras geológicas, mais tempo exposto à ação dos agentes externos ou exógenos de transformação do relevo, como as chuvas, os ventos e demais fatores. Por isso, as formas superficiais foram bastante desgastadas ao longo do tempo, o que explica, por exemplo, a ausência de grandes cadeias montanhosas no país.

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A primeira classificação do relevo brasileiro – incluindo o seu mapeamento e total caracterização – só ocorreu na década de 1940, quando foi possível, então, ter uma noção inicial da composição geomorfológica do território nacional. Essa classificação foi realizada pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), liderada pelo professor e pesquisador Aroldo de Azevedo.

Na classificação do relevo brasileiro, segundo Aroldo de Azevedo, o Brasil ficou dividido em 59% de planaltos, conceituados como terrenos acidentados com mais de 200 metros, e 41% de planícies, consideradas como áreas planas com altitudes inferiores. As áreas mais altas, acima de 1200 metros, perfizeram um valor muito pequeno, de aproximadamente 0,58%. Assim, o Brasil foi dividido em oito unidades de relevo: o planalto das Guianas, a planície Amazônia, o planalto Central, a planície do Pantanal, o planalto Atlântico, a planície costeira, o planalto Meridional e a planície de Pampa. Confira o mapa abaixo:

Classificação de Aroldo de Azevedo

No ano de 1958, no entanto, uma nova classificação do relevo brasileiro foi realizada,

essa também executada pelo Departamento de Geografia da USP, sob a liderança de Aziz Ab’Saber. Esse geógrafo adotou outras conceituações e passou a considerar como planalto toda e qualquer área em que o processo de erosão (perda de sedimentos) é superior ao de sedimentação (acúmulo de sedimentos). Nas planícies, de maneira inversa, é a sedimentação quem supera a erosão. Portanto, o critério da altitude não estava mais inserido na classificação do relevo brasileiro, mas sim os tipos de processos geomorfológicos predominantes.

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Por conta dessa mudança nos conceitos de planície e planalto, a classificação do relevo brasileiro foi modificada. Os planaltos, então, passaram a compor cerca de 75% do território brasileiro enquanto que as planícies ficaram com 25%, perfazendo um total de dez unidades de relevo: o planalto das Guianas, a Planície e Terras Baixas Amazônicas, o planalto Central, o planalto do Maranhão-Piauí, o planalto Nordestino, a planície do Pantanal, as serras e planaltos do Leste e Sudeste, as planícies de terras baixas costeiras, o planalto Meridional e o planalto Uruguaio Sul-Rio-Grandense.

Observe o mapa a seguir:

Classificação de Aziz Absaber

Mas, novamente, uma nova classificação foi realizada com base na modificação dos

critérios para a definição dos tipos de relevo. Dessa vez, os estudos foram realizados pelo geógrafo Jurandyr Ross no ano de 1989, que utilizou como ponto de partida a própria classificação de Aziz Ab’Saber. Assim, com base nos conhecimentos previamente estabelecidos e nas imagens obtidas pelo projeto Radam Brasil, entre 1970 e 1985, Ross realizou um minucioso mapeamento que resultou em uma classificação mais completa e complexa.

Uma novidade na classificação do relevo brasileiro de Jurandyr Ross foi a introdução de mais um tipo de unidade de relevo: as depressões. Nessa definição, era considerada depressão qualquer área de relevo aplainada que estivesse rebaixada em relação ao seu entorno, caracterizando as “depressões relativas”, haja vista que no Brasil não existem “depressões absolutas”, aquelas que se encontram abaixo do nível do mar.

A classificação de Ross foi tão mais detalhada, por conta dos resultados do projeto Radam Brasil, que nela o território brasileiro ficou dividido em 28 unidades de relevo, sendo 11

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planaltos, 11 depressões e 6 áreas de planícies. Conforme podemos verificar no mapa abaixo, o espaço geomorfológico brasileiro ficou marcado pela presença de grandes depressões, como a da Amazônia Oriental, e alguns grandes planaltos, como as Chapadas da Bacia do Parnaíba e da Bacia do Paraná. Dentre as planícies, o destaque vai para a do Rio Amazonas e os tabuleiros litorâneos.

Classificação de Jurandyr Ross

Essas sucessivas caracterizações e detalhamentos de território brasileiro foram muito

importantes não apenas para o conhecimento sobre as paisagens naturais do nosso país, mas também para auxiliar o planejamento público de ocupação do espaço geográfico. Além disso, uma maior e melhor noção da disposição de tipos minerais e das diferentes estruturas puderam ser analisadas, o que favoreceu a atividade econômica da mineração.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARLOS, A. F. A. A geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2010. COSTA, A. A.; LIMA, J. A. E.; CESÁRIO, L. P. A cartografia no ensino: análise preliminar dos conteúdos abordados na 5ª série do ensino fundamental das redes municipal e estadual de ensino da cidade de Goiás (GO. In: Anais do X EREGEO. Catalão (GO): Universidade Federal de Goiás, 06 a 09 de setembro de 2007.

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AQUARELA Toquinho – Vinícius de Moraes – M. Fabrízio – G. Moura (1983)

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo.

Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva, E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva.

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,

Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu. Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul,

Vou com ela, viajando, Havaí, Pequim ou Istambul. Pinto um barco a vela branco, navegando, é tanto céu e mar num beijo azul.

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená.

Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar. Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo,

E se a gente quiser ele vai pousar.

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida. De uma América a outra consigo passar num segundo,

Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo.

Um menino caminha e caminhando chega no muro E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está.

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar.

Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar.

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá. O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar.

Vamos todos numa linda passarela De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá). E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá).

Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (que descolorirá).