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DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL 2019-2023

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DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO

BRASIL 2019-2023

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DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO

BRASIL 2019-2023

Estas Diretrizes se constroem à imagem da Casa. Em seu duplo movimento, a Casa permite o ingresso e a saída. É, ao mesmo tempo, lugar de acolhimento e envio. Com isso, ela remete aos dois grandes eixos inspiradores dessas Diretrizes: comunidade e missão. A Casa é a imagem do que as Diretrizes chamam de comunidades eclesiais missionárias.

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Objetivo Geral

EVANGELIZARno Brasil cada vez mais urbano,

Pelo anúncio da Palavra de Deus,formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo,

em comunidades eclesiais missionárias,à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres,

cuidando da Casa Comum etestemunhando o Reino de Deus

rumo à plenitude.

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Introdução

1. Jesus Cristo, o missionário do Pai,veio anunciar a boa nova do Reinode Deus, que instaurou com a suaencarnação, vida, morte eressurreição e é o “Reino da verdadee da vida, Reino da santidade e dagraça, Reino da justiça, do amor e dapaz”.

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4. As DGAE 2019-2023 estão estruturadas apartir da Comunidade Eclesial Missionária,apresentada com a imagem da “casa”,“construção de Deus” (1Cor 3,9). Casa,entendida como “lar” para os seushabitantes, acentua as perspectivas pessoal,comunitária e social da evangelização,inserindo, no espírito da Laudato Sì, aperspectiva ambiental. Em tudo isso, convidatodas as comunidades eclesiais a abraçarem evivenciarem a missão como escola desantidade.

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6. Casa é aqui a imagem que se podepensar de maior proximidade àspessoas, ao lugar onde vivem, mesmoàquelas que só têm a rua como casa. Elaindica a proximidade relacional entre aspessoas que ali convivem. Indicaigualmente a necessidade da Igreja sefazer cada vez mais presente nos locaisonde as pessoas estão, seja onde for.

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7. Essa casa é a comunidade eclesial missionária. Suas portas estão continuamente abertas para o duplo movimento permanente: entrar e sair. São portas que acolhem os que chegam para partilhar suas alegrias e sanar suas dores.

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8. A comunidade eclesial missionária ésustentada por quatro pilares: Palavra, Pão,Caridade e Ação Missionária. Em cada umdeles, as urgências anteriores são reagrupadase permanecem mostrando sua atualidade:

- Palavra – Iniciação à Vida Cristã eAnimação Bíblica;

- Pão - Liturgia e espiritualidade;

- Caridade - Serviço à vida plena;

- Ação Missionária - estado permanente demissão

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Capítulo 1O anuncio do Evangelho de Jesus Cristo

Jesus percorria todas as cidades e povoados,ensinando em suas sinagogas e proclamando o evangelho do

Reino. (Mt 9,35).

10. O mundo urbano atual, cujamentalidade está presente na cidade e nocampo, embora marcado porcontradições e desafios, é lugar dapresença de Deus, espaço aberto para avivência do Evangelho.

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Nesse mundo também é possívelconcretizar a coexistência fraterna,na qual se realiza a promessa doSenhor: “Onde dois ou trêsestiverem reunidos em meu nome,ali eu estarei, no meio deles” (Mt18,20).

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11. A descoberta dessa presença se realizadentro das culturas. Inserida na vida depessoas e povos, a Igreja busca escutarsuas angústias, compartilhar de suasalegrias, compreender suas mentalidades einterpelar seus contravalores. Por isso, elaanuncia e testemunha “o nome, a doutrina,a vida, as promessas, o reino, o mistério deJesus de Nazaré, Filho de Deus”. Otestemunho e o anúncio rejuvenescem aIgreja

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1.1. Fidelidade a Jesus Cristo, Missionário do Pai

12. “Para mim, o viver é Cristo!” (Fl 1,21)Somos todos convidados a renovar oencontro pessoal com Cristo e tomar adecisão de deixar-se encontrar por ele, pois, avida que Jesus nos dá é uma história deamor, uma história de vida que quer semisturar com a nossa e criar raízes na terra decada um... Esse encontro provoca umaconversão de vida que leva ao discipulado,gera comunidade e impele a sair em missão.

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13. O anúncio de Jesus Cristo se fazno horizonte do Reino de Deus,que é o centro de sua vida e desua pregação. Jesus “percorriacidades e povoados, proclamandoe anunciando o evangelho doReino de Deus” (Lc 8, 1).

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14. Como o Reino é de Deus, o discípulo oacolhe por meio da fé (Mc 1,15), pois, “oprimado é sempre de Deus”, “a verdadeiranovidade é aquela que o próprio Deusmisteriosamente quer produzir”, “a iniciativapertence a Deus”. “Dado que não se podeconceber Cristo sem o Reino que Ele veiotrazer”, a missão que a Igreja recebeu “requero compromisso de construir, com Cristo, esteReino de amor, justiça e paz para todos”.Desse acolhimento, brota o compromisso pelaedificação do Reino neste mundo.

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18. Quando contemplamos o Evangelho,encontramos dois verbos que marcam arelação de Jesus com os discípulos:“vinde” e “ide”. Jesus que chama é omesmo Jesus que envia (Mc 3,13-15). Elechama para estar consigo e para sair emmissão. Por isso, não se pode separar avida em comunidade da açãomissionária, como se uma só dessasdimensões bastasse. “

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1.2. Igreja: Comunidade de discípulos missionários de Jesus Cristo

19. A Igreja é a comunidade dos discípulosmissionários de Jesus Cristo, ele que é a luz únicapara pessoas e povos (Jo 14,6). 24 “O que vimos eouvimos, nós vos anunciamos para que estejaisem comunhão conosco [...] para que a nossaalegria seja completa” (1Jo 1,3-4). Anunciar oamor de Deus revelado em Jesus Cristo e partilhara alegria que se experimenta na conversão e navida nova, indicando o “horizonte estupendo” devida que se abre a partir da comunhão com ele, éo centro da missão da Igreja.

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1.3. Missão: anúncio que se traduz em palavras e gestos

21. Com as palavras: “Ide, pois, fazei discípulostodos os povos, batizando-os em nome do Pai,do Filho e do Espírito Santo. Ensinando-os aobservar tudo o que vos mandei” (Mt 28,19-20a), Jesus Cristo confiou aos seus seguidoresnão uma simples tarefa, mas conferiu-lhes umaidentidade que os projeta para além de si, nacomunhão com a Santíssima Trindade, em favordo mundo inteiro, por meio do testemunho, doserviço e do anúncio do Reino de Deus.

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22. A missão eclesial tem sua fonte e origemem Deus mesmo. Da Trindade Santa,transborda o amor que se manifesta namissão do Filho e do Espírito Santo, enviadosdo Pai.

24. A vivência cotidiana do amor fraterno emcomunidade constitui uma forma privilegiadade testemunho cristão. Ao entregar aos seusapóstolos o mandamento novo, Jesus afirma:“Nisso conhecerão todos que sois meusdiscípulos: se tiverdes amor uns para com osoutros” (Jo 13,35).

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1.4. Cultura urbana: desafio à missão

27. “Ide pelo mundo inteiro e proclamai oEvangelho a toda criatura” (Mc 16,15).Neste “ide” de Jesus, que nos aponta paraa origem trinitária da missão, “estãopresentes os cenários e os desafios semprenovos da missão evangelizadora da Igreja, ehoje todos somos chamados a esta nova‘saída’ missionária”. O cenário atual éambíguo, marcados por luzes e sombras.

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28. Um dos desafios mais relevantes é, semdúvida, a cultura urbana, pois nosso mundo vaise tornando cada vez mais urbano. Issoacontece não só porque as pessoas tendem aresidir nas cidades, mas também porque o estilode vida e a mentalidade dos ambientescitadinos se expandem sempre mais,alcançando os rincões mais distantes, com todasas consequências - humanas, éticas, sociais,tecnológicas e ambientais, entre outras. É porisso, que pensar a relação entre evangelização ecultura urbana, torna-se um imperativo para aação evangelizadora em nossos dias.

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29. As cidades atuais são ambientes nosquais as pessoas são continuamentechamadas a escolher, optar, desdeaspectos mais imediatos até questões maisprofundas, diretamente ligadas ao sentidoda vida. São locais onde se manifesta, aindaque em formas e graus diferentes, atendência ao imediatismo, à diversificaçãoe à fragmentação. São cidades diferentesdas de outras épocas, exigindo, portanto,que a ação evangelizadora seja pensadalevando em conta sua complexidade.

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30. Ao contemplar as cidades cominúmeros desafios, o olhar dos discípulosmissionários identifica, de imediato,muitas formas de sofrimento, dentre asquais, a pobreza, o desemprego, ascondições precárias de trabalho ehabitação, a devastação ambiental, afalta de saneamento básico e espaços deconvivência, a violência e a solidão.

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32. Os discípulos missionários sãoconvocados a escutar, admirar, ecompreender a mentalidade urbanaatual, cujas marcas são globais e, aomesmo tempo, diversificadas eplurais. É por isso que o PapaFrancisco, ao se referir às cidades,toma como ponto de partida asculturas urbanas e seus desafios(EG,n. 71-75).

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1.5. Comunidades eclesiais missionárias no contexto urbano

33. No momento atual, pelo qual passamo mundo e o Brasil, a conversão pastoralse apresenta como desafio irrenunciável.Esta conversão implica a formação depequenas comunidades eclesiaismissionárias, nos mais variadosambientes, que sejam casas da Palavra,do Pão, da Caridade e abertas à AçãoMissionária.

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34. Pequenas comunidadesoferecem um ambiente humanode proximidade e confiança quefavorece a partilha deexperiências, a ajuda mútua e ainserção concreta nas maisvariadas situações.

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35. “Muitas pessoas carecem da experiência dabondade de Deus. Não encontram qualquerponto de contato com as Igrejas institucionais esuas estruturas tradicionais. [...] Se nãochegarmos a uma verdadeira renovação da fé,qualquer reforma estrutural permaneceráineficaz. [...] As pessoas precisam de lugares,onde possam expor a sua nostalgia interior. E,aqui somos chamados a procurar novoscaminhos da evangelização. Um destes caminhospoderia ser as pequenas comunidades, ondesobrevivem as amizades, que são aprofundadasna frequente adoração comunitária de Deus.

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36. A formação de pequenas comunidadeseclesiais missionárias, como prioridadeda ação evangelizadora, oferece umreferencial concreto para a conversãopastoral. Nessas comunidades, oscristãos leigos e leigas, a partir daparticipação na vida da Igreja, do sensode fé, dos carismas, dos ministérios e doserviço cristão à sociedade, vivem suavocação e sua missão, em comunhão esolidariedade.

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39. A missão exige a habilidade de percorrerum caminho sinodal, que é precisamente ocaminho que Deus espera da Igreja do terceiromilênio. A sinodalidade significa ocomprometimento e a participação de todo oPovo de Deus na vida e na missão da Igreja,uma vez que todos são corresponsáveis pelavida e pela missão da comunidade e todos sãochamados a operar segundo a lei da mútuasolidariedade no respeito dos específicosministérios e carismas, enquanto cada umdesses obtém a sua energia do único Senhor(1Cor 15,45)”.

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C A P Í T U L O 2 OLHAR DE DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS

Ao ver as multidões Jesus encheu-se de compaixão. (Mt 9,36)

2.1. Contemplar para sair em missão em ummundo que se transforma

41. A Igreja, sacramento universal de salvação,anuncia sempre o mesmo Evangelho. Nessamissão, ela é chamada a acolher, contemplar,discernir e iluminar com a Palavra de Deus acomplexa gama de elementos culturais, sociais,políticos e éticos que constituem a realidade àqual é enviada.

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Só a partir deste diálogo com a realidade,em constante mutação, ela será capaz defazer com que o Evangelho chegue aoscorações das pessoas, às estruturas sociaise às diversas culturas.

42. A Igreja contempla a realidade a partirde uma condição bem específica, a dediscípula missionária (DAp, n. 19.29)

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2.2. Uma cidade onde Deus habita

46. Uma das maneiras para se compreenderesta mudança de época pode serencontrada, então, na imagem da cidade.Em meio a tantas alternativas decompreensão, a figura da cidade ajuda aexpressar tanto o que está acontecendo nomundo e no Brasil de hoje, quanto iluminara percepção do discípulo missionário sobrea inquestionável presença amorosa deDeus.

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47. Reconhecemos a presença de Deusem cada contexto histórico, inclusiveno mundo atual, cada vez mais urbano.Por isso, a cidade se torna umaimagem importante para a açãoevangelizadora em nossos dias. “A fénos ensina que Deus vive na cidade,em meio a suas alegrias, desejos eesperanças, como também em meio asuas dores e sofrimentos”(DAp, n. 514)

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Deus se faz presente em meio a todas asperplexidades que podemosexperimentar. Cabe à Igreja, iluminadapelo Espírito Santo, contemplar estarealidade, distinguindo nela o que essemesmo Espírito já está dizendo efazendo (Ap 2,7.11.17.29), identificandoas sombras que negam o Reino de Deuse as luzes, sinais do que o próprioSenhor está realizando.

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48. Existem muitos modos de compreender ascidades e com elas interagir. Comoevangelizadores, preocupam-nos, acima detudo, “os critérios de julgar, os valores quecontam, os centros de interesse, as linhas depensamento, as fontes inspiradoras e osmodelos de vida da humanidade” (EN, n. 19).A partir destes aspectos, olhamos para cadapessoa, em especial a que sofre, nelaenxergando o Cristo Senhor (Mt 25,40) e, porisso, agindo firmemente em vista dasuperação de todo sofrimento.

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2.3. A vida na grande cidade mundial

49. O mundo das grandes cidades e damentalidade ou cultura que nelas é gerada ealimentada, é local da individualidade.

Se, por um lado, cada pessoa possui em siuma dignidade irrenunciável e insubstituível,fruto da ação criadora de Deus, por outro,discernimos como sombra a afirmação doindivíduo feita, em detrimento do convívio,da fraternidade e da comunhão.(individualismo)

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51. Outra característica de nosso mundoatual diz respeito ao consumo e aoconsumismo, fato que o Papa Franciscodefiniu como “doença muito séria”. Vivemosum tempo em que tudo tende a ser feitopara ser consumido, esgotado econsequentemente substituído. Com rapidez,objetos tornam-se ultrapassados, gerando anecessidade de reposição. Infelizmente, oque se faz com os objetos acaba por setransferir às relações humanas.

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52. Essa individualização consumista da vidaestá diretamente ligada a diversosfenômenos que nos assustam cada dia mais.Liga-se, por exemplo, à corrupção, atitude dequem só pensa em si, nos próprios interessese ganhos, sequer olhando para os rastros deabandono e sofrimento que vai deixando pelavida. Liga-se ao triste e dilacerante comérciodas drogas, para quem lucrar a qualquercusto implica gerar um número crescente devítimas.

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Liga-se à violência como atitudeorganizadora da vida e da sociedade, queleva a enxergar a morte do outro comosolução para os desafios e conflitos. Gera oesforço pela legalização da morte de quemainda nem nasceu, bem como faz suscitargrupos de extermínio. Chega a quem,penando nas portas e sarjetas doshospitais, não recebe o necessárioatendimento, e continua lutando contra amorte, em meio ao desespero

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53. A forte acentuação na individualidade trazcomo consequência o enfraquecimento dasinstituições e das tradições, (DAp, n. 39)enquanto garantidoras do sentido da vida, dosrumos a serem seguidos e da paz social. Dentreessas instituições, preocupa de modo especiala fragilização da família, pois já não se trataapenas de reconhecer que existemdificuldades, mas de lidar com umamentalidade que afirma claramente ser afamília uma realidade ultrapassada (EG, n. 66;AL, n. 52).

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54. Outra marca de nosso mundo é apluralidade, que se manifesta nos âmbitos dacultura, da ética, da vivência religiosa eassociativa. São modos diferentes decompreender e avaliar a realidade. Apluralidade manifesta-se como luz na medidaem que permite à pessoa exercer o dom daliberdade e escolher em meio a múltiplasvariáveis. No entanto, ela se manifesta comosombra na medida em que, diante de cadapessoa, são também colocadas possibilidades deescolha que não conduzem à vida, mas aosofrimento e à morte (Dt 30,19).

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55. Neste mundo, existem tambémpropostas religiosas das mais variadasvertentes, fazendo com que o ambientereligioso se torne cada vez mais plural ediversificado. Esta realidade é luz namedida em que abre a possibilidade paraque a experiência religiosa seja fruto deuma escolha livre e consciente e convocapessoas e grupos a cultivarem o diálogoecumênico e interreligioso.

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Todavia, este mesmo ambiente religioso,manifesta-se como sombra na medidaem que permite ao indivíduo tornar-se,ele mesmo, critério absoluto para aescolha de um caminho religioso,levando-nos a nos questionar atémesmo se se trata de efetiva abertura aomistério de Deus.

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57. As grandes cidades são ainda locais de altamobilidade. As pessoas se locomovem de um ladopara outro, buscando ganhar a vida, tentandosobreviver. A vida, deste modo, já não acontecemais em um único local, mas exige frequentesdeslocamentos. Estes podem ser luz enquantopermitem o encontro entre modos diferentes delidar com a vida, entre compreensões e enfoquesdiversificados. São, no entanto, sombra quando setornam forçados, como tem ocorrido com aspopulações em situação de rua, os migrantes e osrefugiados, especialmente nas áreas pressionadaspelo mercado imobiliário ou por interesses deoutros grupos econômicos.

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58. Diretamente ligada a todas essascaracterísticas, encontra-se a pobreza,ausência do necessário para viver com adignidade humana que decorre da condiçãode filhos e filhas de Deus. Um mundo noqual predomina o individualismoconsumista tem se mostrado gerador deenormes desigualdades sociais, comexcluídos para os quais não existe outraesperança de viver a não ser no próprioDeus, que lhes ouve o clamor.

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60. A pobreza se alarga, enfim, para omodo como lidamos com o planeta e seusrecursos. É o desafio ambiental do mundode nossos dias. Isso acontece porque o“ambiente humano e o ambiente naturaldegradam-se em conjunto; e não podemosenfrentar adequadamente a degradaçãoambiental, se não prestarmos atenção àscausas que têm a ver com a degradaçãohumana e social”

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62. Em meio a tudo isso, percebe-se odesafio experimentado pelos jovens.Eles sentem na pele “a confusão e oatordoamento”, que dão “a impressãode reinar no mundo”. São os que maisse ressentem da fragilidade dereferências e da precariedade decritérios.

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63. Diante da aguda fragilidade dereferências, a verdade é relativizada eindividualizada, num complexo depossibilidades. Atinge-se, deste modo, aconsciência de pessoas, grupos e dasociedade como um todo. Afeta-se aidentidade, que, sem referências objetivaspara se conduzir, acaba por oscilar,entregando-se à mercê das demandasoportunistas do mercado.

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Valores como honestidade,integridade e abnegação correm oforte risco de serem absorvidos pelamentalidade de só pensar em si, desó buscar o que está ao alcance dasmãos, sem se preocupar com asconsequências para o futuro emesmo para o presente.

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2.4. O Senhor está no meio de nós!

67. Em meio a esta complexa conjuntura, pelafé reconhecemos o Senhor presente e atuantejunto a nós (Jo 14,18). Ao lado das luzes járeferidas, outras tantas podem ser indicadas.Dentre essas, destacam-se a resistência e aresiliência, como capacidades para não se deixarvencer pelo que degrada as pessoas e o meioambiente e, quando a degradação se impõe,encontrar a ousadia da criatividade para sereinventar e descobrir caminhos novos parareconstruir a vida e a paz.

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68. A luz do Senhor se manifesta tambémnos esforços por compreender o mundodas cidades e sua influência sobre a vida detodo o país e mesmo do planeta.

71. Este breve olhar sobre a atualrealidade do Brasil, mostra que a açãoevangelizadora necessita investir aindamais no discipulado e na missionariedade.

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O discipulado implica deixar-seencontrar pelo Senhor, com Ele estar(Mc 8,13-15) e formar comunidadecom os outros discípulos e discípulas(At 2,42-47). Nossas paróquias nemsempre têm conseguido cumprirplenamente essa função.

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72. Em meio a tudo isso, o discípulomissionário afirma: “Deus habita acidade!”, isto é, “ele está no meio de nós!”(Mt 28,20; Dt 31,6). Se a realidade semanifesta embaçada, com dores queparecem invencíveis, o discípulomissionário reconhece, testemunha eanuncia que o Senhor não está inerte, queEle não nos abandonou à própria sorte.

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C A P Í T U L O 3 A IGREJA NAS CASAS

Eles eram perseverantes no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. (At 2,42

3.1. A Casa da Comunidade

73. A casa, enquanto espaço familiar, foi umdos lugares privilegiados para o encontro e odiálogo de Jesus e seus seguidores comdiversas pessoas (Mc 1,29; 2,15; 3,20; 5,38;7,24)

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Nas casas ele curava e perdoava ospecados (Mc 2,1-12), partilhava amesa com publicanos e pecadores (Mc2,15ss; 14,3), refletia sobre assuntosimportantes, como o jejum (Mc 2,18-22), orientava sobre o comportamentona comunidade (Mc 9,33ss; 10,10), esobre a importância de se ouvir aPalavra de Deus (Mt 13, 17.43).

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75. Os discípulos de Jesus Cristo reuniam-se comunitariamente em casasparticulares, a exemplo do Cenáculo, ondeeles se encontravam no dia de Pentecostes(At 2,1-3). Numa casa, geralmente, reunia-se um pequeno grupo dos que procuravamescutar o chamado do Senhor e respondera ele pela vivência da comunhão e damissão.

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76. Entre os primeiros cristãos, a experiênciada Igreja na casa implicava um conjunto derelações para além dos laços familiares dascasas tradicionais. A Igreja nas casas garantiaum senso de pertença à família de Deus (Mc3,31-35) e já não importava mais ser grego oujudeu, escravo ou livre, mas somente ser deCristo (Cl 3,11; Gl 3,28). A casa-comunidadeera o lugar do reconhecimento mútuo e,nela, seus habitantes deviam superar asdistâncias e passar da simpatia ao encontro.

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77. As comunidades, reunidas nas casas,incluíam tanto pessoas pobres, como gentede maior condição econômica. Nelas existiauma reciprocidade que se caracterizava pelasolidariedade e acolhida de todos. Assim, ocristianismo propôs que a ordem patriarcal,característica das casas naquela cultura, fosseconvertida pelo amor numa ordem fraterna,com participação ativa das mulheres ecuidado especial para com os membros maisfracos e pobres.

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80. A casa permitiu que o cristianismoprimitivo se organizasse em comunidadespequenas, com poucas pessoas, que seconheciam e compartilhavam a mesa darefeição cotidiana. Pela partilha da mesacom todos os batizados se estabelecia umnovo estilo de vida, marcado peloseguimento de Jesus Cristo. Ahospitalidade era aberta também apecadores e pagãos.

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3.2. Comunidade de comunidades

82. Atualmente, diante da complexidadeurbana e da mudança de época, retoma-se aindicação do Documento de Aparecida sobre aspequenas comunidades eclesiais, consideradascomo ambiente propício para escutar aPalavra de Deus, viver a fraternidade, animara oração, aprofundar processos de formaçãocontinuada da fé, e fortalecer o firmecompromisso do apostolado na sociedade dehoje (DAp, n. 309).

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84. As pequenas comunidades eclesiaismissionárias que se formam em ruas,condomínios, aglomerados, edifícios,unidades habitacionais, bairros populares,povoados, aldeias e grupos por afinidades,devem se configurar como uma verdadeirarede, em comunhão com a Igreja local. Sãocompostas por pessoas que se reúnem,movidas pela fé em Jesus Cristo, para aescuta da Palavra, buscando luzes para viver afé cristã numa sociedade de contrastes.

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3.2.1. Pilar da Palavra – Iniciação à Vida Cristã e Animação Bíblica da vida e da pastoral

• Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos

apóstolos. (At 2,42)

88. Os Atos dos Apóstolos relatam que acomunidade cristã se concentrava nas casas comoo seu lugar característico de reunião, ajuda mútuae do fortalecimento da vivência missionária.Nelas os cristãos ouviam juntos a Palavra e, poresta iluminados, procuravam discernir aexperiência da vida em Deus, conscientes de que afé provém da escuta (Rm 10,17).

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89. As pequenas comunidades sãoambientes propícios para a acolhida dosque buscam a Deus. A partir doencontro com a Palavra e daexperiência de vida fraterna nacomunidade, as pessoas sãointroduzidas no processo de Iniciação àVida Cristã.

“É preciso ter sempre presente quetoda a iniciação cristã é caminho deconversão”

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90. Iniciação à Vida Cristã e Palavra de Deusestão intimamente ligadas. Uma não podeocorrer sem a outra.Os processos de Iniciaçãoe a formação dos agentes evangelizadoresprecisam levar em conta as etapas que lhesão próprias: o querigma, o catecumenato, apurificação-iluminação e a mistagogia. Assim,esse itinerário, fundamentado na SagradaEscritura e na Liturgia, é capaz de educarpara a escuta da Palavra, para a oraçãopessoal e para o compromisso comunitário esocial.

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3.2.2. Pilar do Pão - Liturgia e espiritualidade

Eram perseverantes […] na fração do pão e nas orações. (At 2,42)

93. Entre os primeiros cristãos, a comunhão seexpressava principalmente na celebração daEucaristia. Os vínculos anteriores e posteriores àEucaristia suscitavam a partilha das dificuldadesdo cotidiano e o compromisso com o Reino deDeus.

94. A mesa está no centro da celebração da fécristã. Esta é sempre ato comunitário, que exigepresença, acolhida das pessoas, cuidado e afetopelos outros.

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95. A comunidade eclesial, como casa quenutre seus filhos é sustentada pela oração.

96. A oração dos discípulos missionários deJesus Cristo deve ser a expressão daespiritualidade do seu seguimento.

97. Na pastoral, é preciso superar a ideia deque o agir já é uma forma de oração. Quandoconfundimos agir com rezar, chegamos aabreviar ou dispensar os tempos de oração e decontemplação. Quando reduzimos tudo ao fazer,corremos o risco de nos contentar apenas comreuniões, planejamentos e eventos.

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98. A espiritualidade cristã se traduzna busca da santidade, favorece ealimenta um jeito de ser Igreja. Dianteda samaritana, Jesus pediu: “Dá-me debeber” (Jo 4,7). O Senhor Jesus temsede da entrega confiante a Ele denossas comunidades eclesiais e denosso empenho missionário.

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3.2.3. Pilar da Caridade –Serviço à vida plena

Eram perseverantes (...) na comunhão fraterna. (At 2, 42)

102. Na fé cristã, a espiritualidade estácentrada na capacidade de amar a Deus e aopróximo. Rezar e servir, amar e contemplar,são realidades indispensáveis para odiscípulo de Jesus Cristo. Sem oração nãoexiste vida cristã autêntica. Sem caridade, aoração não pode ser considerada cristã.

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103. A Igreja reza, em sua liturgia,dirigindo-se ao Pai, recordando que Jesus“sempre se mostrou cheio de misericórdiapelos pequenos e pobres, pelos doentes epecadores, colocando-se ao lado dosperseguidos e marginalizados. Com a vidae a palavra anunciou ao mundo que soisPai e cuidais de todos como filhos efilhas”(Or. Eucarística VI – D)

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104. As questões sociais, a defesa da vidae os desafios ecológicos da atual culturaurbana globalizada têm que serenfrentados pelas nossas comunidades etambém pelas Igrejas particulares, em nívellocal, regional e nacional, numa postura deserviço, diálogo, respeito à dignidade dapessoa humana, defesa dos excluídos emarginalizados, compaixão, busca dajustiça e do bem comum, e cuidado com omeio ambiente.

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105. A Igreja anuncia o “evangelho dapaz” (Ef 6,15), que é Jesus Cristo empessoa (Ef 2,14). Isso significa nãoignorar nem deixar de enfrentar osdesafios da violência explícita ouinstitucionalizada pelas injustiças sociais,tarefa profética que exige ação dedenúncia e anúncio, sendo voz dos semvoz, mas, também, promovendo atitudesde não-violência.

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106. A evangelização do mundo urbanonão pode prescindir da questão dotrabalho. “O trabalho humano é umachave, provavelmente a chave essencial, detoda questão social”.

110. Contemplar o Cristo sofredor napessoa dos pobres significa comprometer-se com todos os que sofrem, buscandocompreender as causas de seus flagelos,especialmente as que os jogam naexclusão.

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3.2.4. Pilar da Ação Missionária: estado permanente de missão

Passando adiante, anunciava o Evangelho a todas as cidades.

(At 8,40)

114. Um mundo cada vez mais urbano, emborapossa assustar, é, na verdade, uma porta para oEvangelho, e as comunidades cristãs precisam terum olhar propositivo sobre essa realidade, cientesde que Deus “preparou uma cidade para eles” (Hb11,16)142. Ele é quem abre a porta da fé (At14,27)143 em um mundo plural e sedento desentido e de vida plena, só alcançáveis em Deus.

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115. Precisamos perceber que, “se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência, é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida” (EG, n. 49).

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116. A missão, irradiação da experiênciado amor gratuito e infinito de Deus, supõeum anúncio explícito da Boa-Nova de JesusCristo. Atualmente, o querigma não podeser dado como pressuposto, nem mesmoentre os membros da própria comunidade.

118. Para ser missionária, a comunidadeeclesial necessita também se inserir ativa ecoerentemente nos novos areópagos,dentre os quais se encontram as redessociais.

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3.3. Rumo à Casa da Santíssima Trindade

121. A Igreja peregrina atua na sociedadeporque se autocompreende como sacramentouniversal de salvação que tem um fimescatológico. A ação evangelizadora e pastoraltem como meta a salvação da pessoa e dahumanidade. Salvação que se entende integral,“da alma e do corpo, é o destino final ao qualDeus chama todos os homens”. É participaçãona obra de Cristo que veio salvar e conduzir atodos à Casa do Pai, onde há muitas moradas.

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Essa perspectiva do fim último deve marcartoda e cada ação da Igreja na história. Essadimensão escatológica, que suscita aesperança que vence a morte, é umaimportante força da espiritualidade cristã. Acomunidade dos discípulos missionários deJesus Cristo é guiada pelo Espírito Santo, quea todos conduz à Casa definitiva do Pai, ondehá muitas moradas (Jo 14,2). Por isso acomunidade eclesial reúne um povo deperegrinos a caminho do Reino de Deus,rumo à Pátria trinitária (Fl 3,20).

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C A P Í T U L O 4 A IGREJA EM MISSÃO

Era grande a alegria na cidade. (At 8,8)

124. As dimensões do Brasil (...) nos levam aacreditar que é impossível pensar de maneirauniforme a ação evangelizadora. Somentecom o olhar da fé, da caridade cristã e doardente desejo de anunciar Jesus Cristo, épossível apontar horizontes a partir deperspectivas transversais que toquem todas asrealidades, independentemente dascircunstâncias locais.

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125. O modelo para a nossa ação é, esempre será, a comunidade dosprimeiros cristãos, perseverantes naescuta dos apóstolos, na comunhãofraterna, na partilha do pão, nas oraçõese na missão (At 2,42; 8,4). Trata-se deuma novidade sempre antiga, mas, aomesmo tempo, tão atual, que nospermite tirar do tesouro coisas novas evelhas (Mt 13,52).

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126. Existem muitas possibilidades paraaplicar as Diretrizes da Ação Evangelizadorada Igreja no Brasil. Todas partem dacomunidade e continuam a fazer referênciaa ela. Pequenas ou grandes, no campo ou nacidade, a partir de paróquias ou de gruposreconhecidos pela autoridade eclesial, acomunidade é o ambiente de testemunhodeterminante para anunciar a Boa Nova eacolher quem dela se aproxima e ir aoencontro das pessoas.

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4.1. A Comunidade-Casa

129. A Igreja no Brasil, em sua açãoevangelizadora, assume o compromisso deformar comunidades que vivam comoCasa da Palavra, do Pão, da Caridade e daAção Missionária.

Enquanto casa, as comunidades quequeremos, são espaço do encontro, daternura e da solidariedade, são o lugar dafamília e têm suas portas abertas.

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4.1.1. Casa: espaço do encontro

132. Nossas comunidades precisam ser oásisde misericórdia no deserto da história, casasde oração profunda, de mergulho no sagradomistério revelado pelo Amor do Pai. Devemdeixar de lado toda burocratização queafasta, toda aparência de empresa que prestaserviços religiosos, para caminharapressadamente no compromisso de setransformarem em lugar de encontro comDeus.

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4.1.2. Casa: lugar da ternura

134. Nossas comunidades precisam ser lugardo olhar, do abraço e do afeto: olhar o outro ever nele um irmão, imagem de Deus; acolhê-lo eperceber nele alguém que partilha de umdestino comum.

Devemos privilegiar a linguagem daproximidade, a linguagem do amordesinteressado, relacional e existencial, que tocao coração, a vida, desperta esperança edesejos”(ChV, n. 211).

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4.1.3. Casa: lugar das famílias

138. Entre todas as realidades quecompõem as comunidades de fé, a famíliademanda atenção renovada. A ExortaçãoApostólica Amoris Laetitia nos impele a ir aoencontro das famílias, com atenção especiale ternura de quem coloca uma ovelha feridano colo. A família é ponto de chegada paranossa ação pastoral e ponto de partida para avida comunitária mais ampla.

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4.1.4. Casa: lugar de portas sempre abertas

141. A comunidade como lugar de portassempre abertas é também indicação para amissão. Quem está dentro é chamado a sair eir ao encontro do outro onde quer que eleesteja. Ela nunca poderá ser compreendidacomo casa de irmãos se fechar suas portaspara as pessoas mais vulneráveis (...) Nãopoderá haver uma comunidadeautenticamente cristã que não seja Porta deMisericórdia para todos que precisam.

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4.2. Os pilares da comunidade

144. A comunidade eclesial missionária,como ambiente de vivência da fé e formada presença da Igreja na sociedade, ésustentada por quatro pilaresfundamentais: Palavra, Pão, Caridade eAção Missionária.

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4.2.1. Pilar da Palavra: iniciação à vida cristã e animação bíblica

da vida e da pastoral

145. A iniciação à vida cristã se refere,principalmente, à adesão a Jesus Cristo, não seesgotando na preparação aos sacramentos doBatismo, Confirmação e Eucaristia.Fundamenta-se na centralidade do querigma,o primeiro anúncio. “Primeiro” significa que “éo principal”, que sempre se tem de voltar aanunciar e a ouvir de diversas maneiras (EG,n.164).

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Este primeiro anúncio desencadeia “umcaminho de formação e de amadurecimento”(EG, n. 160) que é o catecumenato,propriamente dito. Este é um tempo deacompanhamento em vista da iluminação davida a partir da fé cristã. “Para se chegar a umestado de maturidade” (EG, n. 171). Nossascomunidades precisam ser mistagógicas, lugarpor excelência da iniciação à vida cristã,preparadas para favorecer que o encontro comJesus Cristo (DAp, n. 246-257, 278) se faça e serefaça permanentemente.

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Encaminhamentos práticos

150. Assumir o caminho de iniciação àvida cristã, de inspiração catecumenal, coma necessária reformulação da estruturaparoquial, catequética e litúrgica, comespecial atenção à catequese para arecepção e vivência dos sacramentos comcrianças, jovens e adultos (sacramentos dainiciação cristã e demais).

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151. Revisar o dinamismo dascomunidades eclesiais missionárias,possibilitando que o anúncio de JesusCristo transforme pessoas, famílias,ambientes, instituições e estruturas sociais.

152. A apresentação de Jesus Cristonecessita ser cada vez mais explicitada....

153. A comunicação e o anúncio dapessoa de Jesus Cristo não podem serapenas teóricos.

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155. Universalizar o acesso à SagradaEscritura, assumindo-a como alma da missão.

156. Priorizar pequenas comunidadeseclesiais, ao redor da Bíblia, como frutoimediato da visitação missionária.

157. Assumir a leitura orante da Palavracomo o método por excelência para ocontato, pessoal e comunitário, com aSagrada Escritura.

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4.2.2. Pilar do Pão: liturgia e espiritualidade

160. A eucaristia e a Palavra são elementosessenciais e insubstituíveis para a vida cristã. Aliturgia é o coração da comunidade. Ela remete aoMistério e, a partir deste, ao compromisso fraternoe missionário.

162. É necessário promover uma liturgia essencial,que não sucumba aos extremos do subjetivismoemotivo nem tampouco da frieza e da rigidezrubricista e ritualística, mas que conduza os fiéis amergulhar no mistério de Deus, sem deixar o chãoconcreto da história de fora da oração comunitária.

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Encaminhamentos práticos:

164. Resgatar a centralidade do domingo comoDia do Senhor por meio da participação naMissa Dominical ou, faltando essa, naCelebração da Palavra.

168. Respeitar o ano litúrgico nas suasespecificidades, tanto no conteúdo quanto naforma.

179. Zelar pela qualidade da homilia, cuidandopara que a vida litúrgica lance raízes profundasna existência e na vida comunitária e social.

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4.2.3. Pilar da caridade: a serviço da vida

172. Em atenção à Palavra de Jesus e aoensinamento da Igreja, especialmente suadoutrina social, que iluminam os critérioséticos e morais, nossas comunidades devemser defensoras da vida desde a fecundação atéo seu fim natural. A vida humana e tudo quedela decorre e com ela colabora, precisa serobjeto da nossa atenção e do nosso cuidado:do nascituro ao idoso, da casa comum aoemprego, saúde e educação.

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Encaminhamentos práticos

174. Promover a solidariedade com ossofredores nas cidades como sinal privilegiado ainterpelar e a permitir o diálogo com amentalidade urbana. Enquanto a cidade tendeao individualismo que acaba por excluir, avivência do Evangelho necessita explicitamentegerar experiências de solidariedade e inclusão.Junto aos que sofrem, especialmente os quesequer têm direito à sobrevivência, a Igreja échamada a reproduzir a imagem do BomSamaritano (Lc 10,25-37).

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145. Priorizar as ações com as famílias ecom os jovens (...) A ação pastoral junto àsfamílias e aos jovens deve estar presente emtodas as comunidades, abrindo-se espaçospara diferentes formas de vivência da mesmafé.

177. Aguçar a atenção às inúmeras (DAp, n.65 e 402) e novas formas de sofrimento eexclusão, nem sempre acolhidas pela açãocaritativa e sociotransformadora até entãodesenvolvida.

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178. Desenvolver grupos de apoio às vítimasda violência nas suas mais variadas formas.

181. Inserir na lista de prioridades dascomunidades de fé o cuidado para com aCasa Comum, em sintonia com o magistériosocial do Papa Francisco.

184. Ser a voz dos que clamam por vidadigna. A comunidade, Casa da Caridade aserviço da vida, não pode abdicar destapreocupação e desta responsabilidade.

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4.2.4. Pilar da Ação Missionária: estado permanente de missão

186. “Para onde Jesus nos envia? Não háfronteiras, não há limites: envia a todos” (ChV, n.177). Deve ser meta das comunidades cristãsconsolidar a mentalidade missionária. A missão é oparadigma de toda a ação eclesial. Ela, então,precisa ser assumida dessa forma (EG, n. 15).

188. O cristão é convidado a comprometer-semissionariamente, “como tarefa diária”, em levar oEvangelho às pessoas com quem se encontra, tantoaos mais íntimos como aos desconhecidos...

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Encaminhamentos práticos

189. Investir em comunidades que se autocompreendam como missionárias, emestado permanente de missão, indo além deuma pastoral de manutenção e se abrindo auma autêntica conversão pastoral (Dap, n.366 e 370). Novos lugares, novos horários,linguagem renovada e pastoral adequada àsnovas demandas da população são algumascaracterísticas das respostas esperadas.

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191. Desenvolver os projetos de visitasmissionárias a áreas e ambientes maisdistanciados da vida da Igreja. Estabelecer umcronograma de visitas...

194. Considerar uma prioridade pastoralhistórica o investimento de tempo, energia erecursos com os jovens. Formaracompanhadores de jovens, promover missõesjuvenis em vista da renovação de experiênciasde fé e de projetos vocacionais e abrir espaçospara que os jovens criem novas formas demissão, por exemplo, nas redes sociais (ChV, n.240, 241 e 246).

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196. Valorizar, urgentemente, como espaçosmissionários os hospitais, as escolas e asuniversidades, o mundo da cultura e dasciências, os presídios e outros lugares dedetenção. Em espaços assim, a presençafraterna e orante é o ponto de partida para oanúncio e a formação de comunidades.

197. Priorizar a pessoa como objetivo daação missionária. A Cultura do Encontro deveser o pano de fundo para a missãopermanente.

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CONCLUSÃO

203. Estas Diretrizes foram elaboradas para ajudara Igreja no Brasil a responder aos desafiosevangelizadores de um Brasil cada vez mais urbano.

208. Essas Diretrizes precisarão inspirar aformação, o planejamento e as práticas de todas asinstâncias eclesiais: comissões pastorais daConferência Episcopal, Regionais, Igrejasparticulares, paróquias, seminários, pastorais,comunidades ambientais, movimentos,associações, novas comunidades, organismos,universidades e escolas católicas, meios decomunicação eclesiais, entre outros.