direitos administrativo para concurseiros 2

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CURSO PREPARATÓRIO PARA O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. FABIANO PEREIRA Olá! Nossa aula de hoje é extremamente especial, pois tratará de um tema presente em quase todos os editais de concursos públicos: atos administrativos. De todos os tópicos que serão apresentados, gostaria que você concedesse uma atenção especial aos requisitos, atributos e formas de invalidação do ato administrativo. Digo isso porque são os assuntos mais freqüentes em provas de concursos, especialmente naquelas organizadas pelo CESPE. No mais, fico aguardando eventuais dúvidas em nosso fórum. Bons estudos! Fabiano Pereira [email protected] "Direcione sua visão para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais maravilhosas coisas aconteçam, não no futuro, mas imediatamente. Perceba que nada é bom demais para você. Não permita que absolutamente nada te impeça ou te atrase, de modo algum." (Eileen Caddy) Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 1

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direito administrativo para concurseiros. alguns exercicios que facilitam no estudo de direito administrativo.

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Olá!

Nossa aula de hoje é extremamente especial, pois tratará de um tema presente em quase todos os editais de concursos públicos: atos administrativos.

De todos os tópicos que serão apresentados, gostaria que você concedesse uma atenção especial aos requisitos, atributos e formas de invalidação do ato administrativo. Digo isso porque são os assuntos mais freqüentes em provas de concursos, especialmente naquelas organizadas pelo CESPE.

No mais, fico aguardando eventuais dúvidas em nosso fórum.

Bons estudos!

Fabiano Pereira

[email protected]

"Direcione sua visão para o alto, quanto mais alto, melhor. Espere que as mais maravilhosas coisas aconteçam, não no futuro, mas imediatamente. Perceba que nada é bom demais para você. Não permita que absolutamente nada te

impeça ou te atrase, de modo algum."

(Eileen Caddy)

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ATOS ADMINISTRATIVOS

1. Considerações iniciais 03

2. Ato administrativo, fato da administração e fato administrativo

2.1. Ato administrativo e fato da administração 05

2.2. Fatos administrativos 06

2.2.1. Fato administrativo involuntário 06

2.2.2. Fato administrativo voluntário 07

3. Conceito 07

4. Elementos ou requisitos do ato administrativo 08

4.1. Competência 08

4.2. Finalidade 10

4.3. Forma 12

4.4. Motivo 13

4.5.Objeto 16

5. Atributos do ato administrativo 16

5.1. Presunção de legitimidade 16

5.2. Imperatividade 18

5.3. Auto-executoriedade 19

5.4. Tipicidade 20

6. Classificação dos atos administrativos 20

7. Espécies de atos administrativos 26

8. Desfazimento dos atos administrativos 30

9. Convalidação de atos administrativos 34

10. Revisão de véspera de prova - "RVP" 36

11. Questões comentadas 39

12. Questões para a fixação do conteúdo 48

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1. Considerações iniciais

Ao exercer a função administrativa com o objetivo de satisfazer as necessidades coletivas primárias, a Administração Pública utiliza-se de um mecanismo próprio, que lhe assegura um conjunto de prerrogativas necessárias ao alcance das finalidades estatais: o denominado regime jurídico-administrativo.

É o regime jurídico-administrativo que garante à Administração Pública a possibilidade de relacionar-se com os particulares em condição de superioridade, podendo impor-lhes decisões administrativas independentemente da concordância ou da aquiescência, pois são necessárias ao alcance das finalidades estatais.

Com o intuito de materializar as funções administrativas, ou seja, para realmente colocar em prática a vontade da lei, a Administração irá editar várias espécies de atos, cada um com uma finalidade específica, a exemplo de uma portaria, um decreto de nomeação de servidor, uma ordem de serviço, uma certidão negativa de débitos previdenciários, uma instrução normativa, uma circular, entre outros.

Apesar de ser regra geral, é válido esclarecer que nem sempre os atos editados pela Administração serão regidos pelo direito público, pois, a depender do fim ao qual se visa legalmente, alguns atos podem ser praticados sob o amparo do direito privado.

Diante disso, é possível concluir que a Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos:

1°) atos que são regidos pelo Direito público e, consequentemente, denominados de atos administrativos;

2°) atos regidos pelo Direito privado.

É importante esclarecer que os atos administrativos editados pela Administração estão amparados pelo regime jurídico-administrativo e, portanto, expressam a sua superioridade em face dos administrados. Por outro lado, nos atos regidos pelo direito privado, a Administração apresenta-se em condições isonômicas frente ao particular, como acontece, por exemplo, na assinatura de um contrato de aluguel.

Quando a Administração deseja celebrar um contrato de locação (ato regido pelo direito privado, mais precisamente pelo Direito Civil) com um particular (deseja alugar um imóvel para instalar uma unidade administrativa da Polícia Federal, por exemplo), essa relação bilateral é consequência de um "acordo de vontades" entre as partes.

No referido contrato, as cláusulas não foram definidas e elaboradas exclusivamente pela Administração, existiu uma negociação anterior até que se chegasse a um consenso sobre o que seria melhor para as partes e, somente depois, o contrato foi assinado.

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Pergunta: Professor Fabiano, então é correto afirmar que, nos atos regidos pelo Direito privado, a Administração jamais gozará de qualquer prerrogativa ou "privilégio"?

Não. Tenha muito cuidado com a expressão "jamais", "nunca", "exclusivamente", "somente", entre outras, pois excluem a possibilidade de exceções, existentes às "milhares" no Direito.

Como regra geral, entenda que, nos atos regidos pelo direito privado, a Administração encontra-se em uma relação horizontal em face do particular, ou seja, uma relação isonômica, em igualdade de condições e, portanto, não irá gozar de prerrogativas.

Entretanto, em situações excepcionais, tanto o direito privado como o Direito Administrativo (direito público) podem estabelecer prerrogativas ("privilégios") à Administração, caso seja necessário ao alcance do interesse público.

Exemplo: Como estudaremos adiante, todos os atos regidos pela Administração, inclusive os regidos pelo direito privado, gozam do atributo denominado "presunção de legitimidade". Sendo assim, da mesma forma que ocorre em relação aos atos administrativos, os atos regidos pelo direito privado também são presumivelmente editados em conformidade com o direito.

Pergunta: Professor, quando você afirma que a Administração Pública pode editar atos regidos pelo direito público e pelo direito privado, você está incluindo no conceito de Administração também os poderes Legislativo e Judiciário?

É claro que sim. Lembre-se de que a função administrativa é típica do Poder Executivo, mas não é exclusiva. Portanto, os poderes Legislativo e Judiciário também poderão exercê-la atipicamente.

Atenção: Essas informações sobre os atos regidos pelo direito privado são muito importantes para responder algumas questões em prova. Contudo, o nosso foco de estudo neste capítulo são os atos administrativos, ou seja, aqueles regidos pelo direito público.

Dificilmente você irá encontrar uma prova de Direito Administrativo que não exija conhecimentos sobre o tema, principalmente sobre os "requisitos" e "atributos" do ato administrativo. Tente assimilar todos os conceitos que serão apresentados, bem como todas as questões que serão disponibilizadas ao término da aula, pois serão essenciais para o seu sucesso no concurso desejado.

Aproveitando a oportunidade, gostaria de convocá-lo para participar do fórum de dúvidas. Tenho constatado que poucos alunos estão participando efetivamente do fórum e isso dificulta a elaboração das próximas aulas, pois não consigo perceber a evolução do curso.

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Não consigo saber, por exemplo, se a linguagem está sendo acessível, se as questões de fixação do conteúdo estão sendo respondidas facilmente, enfim, preciso desse retorno.

Caso você não queira se manifestar no fórum, envie o seu e-mail para [email protected].

No mais, vamos voltar para o "batente"!

2. Ato administrativo, fato da administração e fato administrativo

Apesar de as bancas examinadoras não cobrarem com muita frequência esse tema, é necessário que você conheça as diferenças conceituais existentes entre ato administrativo, fato da administração e fato administrativo.

2.1. Ato administrativo e fato da administração

Sem aprofundarmos neste momento, é necessário que você entenda que a edição de um ato administrativo tem por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir ou declarar direitos, ou seja, os atos administrativos necessariamente produzem efeitos jurídicos.

Por outro lado, os fatos da administração são acontecimentos provenientes da atuação da Administração que não produzem efeitos jurídicos, ou seja, não implicam aquisição, extinção ou alteração de direitos, pois representam uma mera execução ou materialização do ato administrativo.

Atenção: lembre-se sempre de que o fato administrativo é uma consequência do ato administrativo. Primeiro, edita-se o ato administrativo e, posteriormente, no momento de colocá-lo em prática, de executá-lo, ocorre o fato da administração, que também é denominado de "ato material" da Administração.

Exemplo: Imagine que um servidor, ao se deparar com um carregamento de produtos impróprios para o consumo (com prazo de validade expirado), tenha que efetuar a apreensão dos mesmos. Nesse caso, a apreensão dos produtos é um ato material, ou seja, o servidor irá retirar os produtos do veículo que os transportava e levá-lo para o depósito do órgão público. Entretanto, a apreensão somente ocorreu em virtude da lavratura de um ato administrativo de apreensão.

Ainda podemos citar como exemplos de fatos da administração a limpeza de vias públicas, uma cirurgia médica realizada em um Posto de Saúde do Município, a aula ministrada por um professor de Universidade Pública, a edificação de uma obra, entre outros.

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Nem sempre será fácil responder questões sobre esse assunto, como podemos perceber na afirmativa abaixo, incluída na prova do concurso do Superior Tribunal de Justiça, elaborada pelo CESPE:

(CESPE / Analista STJ/2008) Enquanto os atos administrativos são passíveis de anulação e revogação, de acordo com a ordem jurídica, os fatos da administração gozam de presunção de legitimidade e se enquadram nos ditames da discricionariedade ( ).

Resposta: Ora, se os fatos da administração não produzem quaisquer efeitos jurídicos, é claro que não poderei afirmar que gozam de presunção de legitimidade! Afirmativa errada.

2.2. Fatos administrativos

Para facilitar a assimilação desse conceito, lembre-se de que fato jurídico pode ser entendido como um acontecimento capaz de criar, extinguir ou alterar relações jurídicas.

Quando algum acontecimento é irrelevante para o Direito, pois não repercute na esfera jurídica, estaremos diante de um "simples" fato, mas não "fato jurídico", pois este repercute no mundo jurídico e o primeiro não.

Exemplo: Acabei de presenciar o meu filho de um ano (que está aqui ao meu lado, próximo ao computador, "malinando") fazer um risco na parede recém-pintada de meu escritório.

Pergunta: Esse risco efetuado na parede do meu escritório é simplesmente um fato ou um "fato jurídico"?

É apenas um fato, pois não repercutiu no Direito, não produziu efeitos jurídicos.

Sendo assim, quando algum fato jurídico acontece na órbita do Direito Administrativo, será denominado fato administrativo, que pode ser entendido como um acontecimento voluntário ou involuntário que repercute no mundo jurídico.

2.2.1. Fato administrativo involuntário

É aquele que decorre de um evento natural que produziu consequências jurídicas no âmbito do Direito. Podemos citar como exemplos a morte de um servidor, um raio que causou um incêndio em uma repartição pública, ou, ainda, o nascimento do filho de uma servidora.

Pergunta: Nos exemplos citados, quais as consequências jurídicas (efeitos jurídicos) que a morte e o nascimento podem produzir na Administração?

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Bem, com o falecimento do servidor, ocorrerá a vacância do cargo e surgirá o direito de seus dependentes receberem pensão. Por outro lado, como o nascimento do filho de uma servidora, esta passará a usufruir da famosa "licença-maternidade".

2.2.2. Fato administrativo voluntário

Os fatos administrativos voluntários são consequência de atos administrativos ou de condutas administrativas que refletem os comportamentos e as ações administrativas que repercutirão no mundo jurídico.

Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, os fatos administrativos voluntários se materializam de duas maneiras distintas:

a) por atos administrativos, que formalizam a providência desejada pelo administrador através da declaração de vontade do Estado;

b) por condutas administrativas, que refletem os comportamentos e as ações administrativas, sejam ou não precedidas de ato administrativo formal.

Antes de você me perguntar se esse tópico pode ser cobrado em prova, apresento-lhe abaixo uma afirmativa do CESPE, incluída na prova para Advogado da AGU, em 2004.

(CESPE / AGU / 2004) Os fatos administrativos voluntários se materializam ou por meio de atos administrativos que exprimam a manifestação da vontade do administrador ou por meio de condutas administrativas, as quais não são obrigatoriamente precedidas de um ato administrativo formal; por sua vez, os fatos administrativos naturais originam-se de fenômenos da natureza com reflexos na órbita administrativa.

Resposta: Afirmativa correta.

3. Conceito

São vários os conceitos de ato administrativo formulados pelos doutrinadores brasileiros, cada um com as suas peculiaridades. Entretanto, percebe-se, nas provas de concursos, uma maior inclinação pelo antigo conceito elaborado pelo professor Hely Lopes Meirelles, que assim declara:

"Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria."

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Analisando-se o conceito do saudoso professor, podemos concluir que o ato administrativo possui algumas características que são bastante peculiares e, consequentemente, muito exigidas em concursos:

1a) É uma manifestação unilateral de vontade da Administração Pública: nesse caso, é suficiente esclarecer que a Administração não está obrigada a consultar o particular antes de editar um ato administrativo, ou seja, a edição do ato depende, em regra, somente da vontade da Administração (pense no caso da aplicação de uma multa de trânsito, por exemplo).

2a) É necessário que o ato administrativo tenha sido editado por quem esteja na condição de Administração Pública: é importante destacar que, além dos órgãos e entidades que integram a Administração Pública direta e indireta, também podem editar atos administrativos entidades que estão fora da Administração, como acontece com as concessionárias e permissionárias de serviços públicos, desde que no exercício de prerrogativas públicas.

3a) O ato administrativo visa sempre produzir efeitos no mundo jurídico: segundo o professor, ao editar um ato administrativo, a Administração visa adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou, ainda, impor obrigações aos administrados ou a si própria.

Além das características que foram apresentadas acima, lembre-se ainda de que, ao editar um ato administrativo, a Administração Pública encontra-se em posição de superioridade em relação ao particular, pois está amparada pelo regime jurídico-administrativo.

4. Elementos ou requisitos do ato administrativo

Os elementos ou requisitos do ato administrativo nada mais são que "componentes" necessários para que o ato seja considerado inicialmente válido, editado em conformidade com a lei.

Não existe uma unanimidade doutrinária sobre a quantidade e as características de cada requisito ou elemento do ato administrativo. Portanto, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, iremos adotar o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, que entende serem cinco os elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

4.1. Competência

O ato administrativo não "cai do céu". É necessário que alguém o edite para que possa produzir efeitos jurídicos. Esse alguém é o agente público, que

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recebe essa competência expressamente do texto constitucional, através de lei (que é a regra geral) ou, ainda, segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, através de normas administrativas.

Neste último caso, o ilustre professor informa que "em relação aos órgãos de menor hierarquia, pode a competência derivar de normas expressas de atos administrativos organizacionais. Nesses casos, serão tais atos editados por órgãos cuja competência decorre de lei. Em outras palavras, a competência primária do órgão provem da lei, e a competência dos segmentos internos dele, de natureza secundária, pode receber definição através dos atos organizacionais".

Sobre a competência, além de saber que se trata de um requisito sempre vinculado do ato, é importante que você entenda ainda quais são as principais características enumeradas pela doutrina, pois é muito comum encontrarmos questões em prova sobre o assunto.

1a) É irrenunciável: já que prevista em lei, a competência é de exercício obrigatório pelo agente público sempre que o interesse público assim exigir. Não deve ser exercida ao livre arbítrio do agente, mas nos termos da lei, que irá definir os seus respectivos limites.

2a) É inderrogável: os agentes públicos devem sempre exercer a competência nos termos fixados e estabelecidos pela lei, sendo-lhes vedado alterar, por vontade própria ou por atos administrativos, o alcance da competência legal.

3a) Pode ser considerada improrrogável: quando a agente público edita um ato que inicialmente não era de sua competência, isso não significa que, a partir de então, ele se torna o único competente legalmente para exercê-lo, pois, provavelmente, o ato foi editado em razão de avocação ou delegação, ambos estudados anteriormente.

4a) É intransferível: como a avocação e a delegação estão relacionadas exclusivamente com o exercício da competência, é válido destacar que a sua titularidade permanece com a autoridade responsável pela delegação, que poderá ainda continuar editando o ato delegado, por exemplo.

5a) É imprescritível: o exercício de determinada competência pelo seu titular não prescreve em virtude do lapso temporal, independentemente do tempo transcorrido. A obrigação de exercer a competência subsiste sempre que forem preenchidos os requisitos previstos em lei.

Além das características apresentadas, atente-se ainda para as regras básicas previstas na Lei 9.784/99 (Lei do processo administrativo federal), objeto frequente nas provas de concursos.

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1a) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial;

2a) Não pode ser objeto de delegação a edição de atos de caráter normativo; a decisão de recursos administrativos; as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade;

3a) O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial;

4a) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante;

5a) As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado;

6a) Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

4.2. Finalidade

Trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) que impõe a necessidade de respeito ao interesse público no momento da edição do ato administrativo.

Conforme estudamos anteriormente, a finalidade do ato administrativo deve ser atingida tanto em sentido amplo quanto em sentido estrito para que este seja considerado válido.

Em sentido amplo, significa que todos os atos praticados pela Administração devem atender ao interesse público. Em sentido estrito, significa que todo ato praticado pela Administração possui uma finalidade específica, prevista em lei.

Apenas para reforçar o que foi afirmado anteriormente e facilitar a assimilação do conteúdo, apresento novamente a questão abaixo, muito comum em provas de concursos.

(Advogado IRB/2006) Tício, servidor público de uma Autarquia Federal, aprovado em concurso público de provas e títulos, ao tomar posse, descobre que seria chefiado pelo Sr. Abel, pessoa com quem sua família havia cortado relações, desde a época de seus avós, sem que Tício soubesse sequer o motivo. Depois de sua primeira semana de trabalho, apesar da indiferença de seu chefe, Tício sentia-se feliz, era seu primeiro trabalho depois de tanto estudar para o concurso ao qual se submetera. Qual não foi sua surpresa ao descobrir, em sua segunda semana de trabalho, que havia sido removido para a cidade de São Paulo, devendo, em

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trinta dias, adaptar-se para se apresentar ao seu novo chefe, naquela localidade. Considerando essa situação hipotética e os preceitos, a doutrina e a jurisprudência do Direito Administrativo Brasileiro, assinale a única opção correta. a) A conduta do Sr. Abel não merece reparos, posto que amparada pela lei. b) O Sr. Abel agiu com excesso de poder, razão pela qual seu ato padece de vício. c) O Sr. Abel agiu corretamente, na medida em que Tício ainda se encontrava em estágio probatório. d) O Sr. Abel incidiu em desvio de finalidade, razão pela qual o ato por ele praticado merece ser anulado. e) Considerando que o ato do Sr. Abel padece de vício, o mesmo deverá ser revogado.

Resposta: letra "d".

Na citada questão, apesar de não ter constado expressamente, é possível supor que o Sr. Abel apenas removeu o servidor para a cidade de São Paulo em virtude de desavenças familiares, pois o servidor ainda estava em sua segunda semana de trabalho.

Na verdade, o objetivo do Sr. Abel foi vingar-se do novo servidor e, para isso, editou um ato administrativo removendo-o para outra localidade.

Pergunta: Qual é a finalidade, em sentido amplo, de um ato administrativo de remoção de servidor?

Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquer ato editado pela Administração.

Outra pergunta: E qual seria a finalidade, em sentido estrito, do mesmo ato de remoção de servidor?

Suprir a carência de servidores em outra localidade. Todavia, o que se verifica na referida questão é que o Sr. Abel não editou o ato administrativo para suprir a carência de servidores na localidade de destino, mas sim para "ficar livre" daquele servidor, já que existiam desavenças familiares.

Como o ato editado pelo Sr. Abel não foi editado com a finalidade específica de suprir a carência de servidores no local de destino, sendo editado apenas para satisfazer o seu interesse pessoal, deverá ser anulado por desvio de finalidade.

Apesar de a Administração ter por objetivo a satisfação do interesse público, é válido ressaltar que, em alguns casos, poderão ser editados atos com o objetivo de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo, na permissão de uso de um certo bem público (quando o Município, por exemplo, permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercado municipal para montar o seu estabelecimento comercial).

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Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmo que secundariamente. O que não se admite é que um ato administrativo seja editado exclusivamente para satisfazer o interesse particular.

Sendo assim, o requisito denominado finalidade tem que responder à seguinte pergunta: para que foi editado o ato?

4.3. Forma

A forma, que também é um requisito vinculado do ato administrativo, a exemplo dos requisitos da competência e finalidade, também pode ser compreendida em sentido estrito e em sentido amplo.

Em sentido estrito, a forma pode ser entendida como o revestimento exterior do ato administrativo, o "modelo" do ato, o modo pelo qual ele se apresenta ao mundo jurídico.

Em regra, o ato administrativo apresenta-se ao mundo jurídico por escrito. Entretanto, existe a possibilidade de determinados atos surgirem verbal, gestual, ou, ainda, virtualmente.

Exemplo: Quando o guarda de trânsito emite "dois silvos breves" com o seu apito, ocorre a edição de um ato administrativo informal, pois ele está determinando que você pare o veículo para que seja fiscalizado. Da mesma forma, quando o semáforo de trânsito apresenta a cor vermelha, está sendo editado um ato administrativo informal determinando que você também pare o veículo.

Ao contrário do princípio da liberdade das formas, que vigora no direito privado, segundo o qual os atos podem ser praticados por qualquer forma idônea para atingir o seu fim, vigora no Direito Administrativo, em regra, o princípio da solenidade das formas, segundo o qual, para a edição de um ato administrativo, devem ser respeitados procedimentos especiais e forma prevista em lei.

O princípio da solenidade das formas está consagrado no § 1° do artigo 22 da Lei Federal 9.784/99, ao estabelecer que "os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável".

Sendo assim, em âmbito federal existe norma expressa que impõe a regra da forma escrita para o exercício das competências públicas, o que nos leva a entender que, em regra, os atos administrativos devem ser formais.

Em sentido amplo, a forma pode ser entendida como a formalidade ou procedimento a ser observado para a produção do ato administrativo. Em outras palavras, entenda que a lei pode determinar expressamente outras exigências formais que não fazem parte do próprio ato administrativo, mas que lhe são anteriores ou posteriores (exigência de várias publicações do mesmo ato no Diário Oficial, por exemplo, para que possa produzir efeitos).

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Ao contrário do que ocorre em relação ao princípio da solenidade das formas, que impõe a necessidade da vontade administrativa se exteriorizar por escrito, em relação à formalidade ou procedimento, somente será exigida uma dada formalidade se a lei expressamente determinar. Inexistindo lei impondo uma exigência formal além da exteriorização escrita, não há que ser requerer qualquer procedimento complementar.

Esse é o teor do caput do artigo 22 da Lei 9.784/99, ao declarar que "os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir".

4.4. Motivo

O motivo, que também é chamado de "causa", é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo.

O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo.

Para que um ato administrativo seja validamente editado, faz-se necessário que esteja presente o pressuposto de fato e de direito que autoriza ou determina a sua edição.

a) Pressuposto de fato: É um acontecimento real, uma circunstância fática concreta, externa ao agente público e que ensejou a edição do ato.

Exemplos: a circunstância fática concreta que enseja a edição de um ato administrativo de desapropriação para fins de reforma agrária é a improdutividade de um latifúndio rural; a circunstância fática concreta que enseja a edição do ato que concede a licença-maternidade a uma servidora é o nascimento do filho; a circunstância fática concreta que enseja a edição do ato concessivo da aposentadoria compulsória é o implemento da idade de setenta anos, etc.

b) Pressuposto de direito: é o dispositivo legal em que se baseia a edição do ato. Em outras palavras, são os requisitos materiais estabelecidos na lei e que autorizam (nos atos discricionários) ou determinam (nos atos vinculados) a edição do ato.

Exemplos:

1°) No ato de desapropriação para fins de reforma agrária, o pressuposto de direito para a edição do ato está no artigo 184 da CF/88, que assim declara: "Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social"[...] . Foi o artigo 184 da CF/88 que fundamentou juridicamente a edição do ato.

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2°) No ato concessivo de licença-maternidade, em âmbito federal, o pressuposto de direito que autoriza a edição do ato é o artigo 207 da lei 8.112/90, ao declarar que "será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração".

3°) No ato concessivo da aposentadoria compulsória, o pressuposto de direito, em âmbito federal, é o artigo 186 da Lei 8.112/90, ao afirmar que "o servidor será aposentado compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de serviço".

4.4.1. Motivo e motivação

É necessário que você tenha muita atenção ao responder às questões de prova para não confundir motivo e motivação, que possuem significados diferentes.

O motivo, conforme acabei de expor, pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro lado, a motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo.

Exemplo: Na concessão de licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecutivos, já sabemos que o nascimento do filho corresponderá ao pressuposto de fato e o artigo 186 da Lei 8.112/90 corresponderá ao pressuposto de direito (ambos formando o motivo).

Entretanto, a motivação somente passará a existir a partir do momento que o agente público do setor de recursos humanos declarar expressamente, por escrito, o pressuposto de fato e de direito que justificará a edição do ato.

4.4.2. Teoria dos motivos determinantes

Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente público, no momento da edição do ato, deve corresponder à realidade, tem que ser verdadeiro. Caso contrário, comprovando o interessado que o motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que sequer existiu, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, ao explicar a teoria dos motivos determinantes, afirma que "os motivos que determinam a vontade do agente, isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do ato. Sendo assim, a invocação de 'motivos de fato' falsos, inexistentes ou incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme já se disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou, ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciá-los, o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam".

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Exemplo: Suponhamos que o Prefeito de um determinado Município tenha decidido exonerar o Secretário Municipal de Turismo, ocupante de cargo em comissão. Entretanto, por ser colega do Secretário e temer inimizades políticas, decidiu motivar o ato alegando a necessidade de reduzir a despesa com pessoal ativo (motivo) em virtude da queda no montante de recursos recebidos do Fundo de Participação dos Municípios.

Porém, três meses após a exoneração do ex-Secretário de Turismo, imaginemos que o Prefeito tenha decidido nomear a sua irmã para ocupar o mesmo cargo, mas sem motivar o ato.

Pergunta: No referido exemplo, ocorreu algum vício (irregularidade) na exoneração do Secretário Municipal de Turismo, já que o Prefeito sequer era obrigado a motivar o ato de exoneração?

Sim. Realmente o Prefeito não era obrigado a motivar o ato de exoneração, pois se trata de cargo de confiança (em comissão), de livre nomeação e exoneração. Contudo, já que decidiu motivar o ato, a motivação deveria corresponder à realidade, ser verdadeira e real, o que não aconteceu no caso.

Como o motivo alegado (redução de despesas) foi determinante para a edição do ato de exoneração, mas, posteriormente, ficou provado que ele não existia, deverá ser anulado o ato por manifesta ilegalidade, seja pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

Para que fique mais fácil visualizar a forma de cobrança desse tópico nas provas de concursos, apresento abaixo uma questão do CESPE, aplicada no exame da OAB/SP, no fim de 2008.

(CESPE/OAB-SP-135°/2008) Com relação aos diversos aspectos que regem os atos administrativos, assinale a opção correta. A) Segundo a teoria dos motivos determinantes do ato administrativo, o motivo do ato deve sempre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou a manifestação de vontade, pois, se o interessado comprovar que inexiste a realidade fática mencionada no ato como determinante da vontade, estará ele irremediavelmente inquinado de vício de legalidade. B) Motivo e motivação do ato administrativo são conceitos equivalentes no Direito Administrativo. C) Nos atos administrativos discricionários, todos os requisitos são vinculados. D) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é uma presunção jure et de jure, ou seja, uma presunção absoluta.

Resposta: letra "a".

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4.5. Objeto

O quinto requisito do ato administrativo, que pode ser discricionário ou vinculado, é o objeto, entendido como a coisa ou a relação jurídica sobre a qual recai o ato.

Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o objeto é o efeito jurídico que o ato produz. O que o ato faz? Ele cria um direito? Ele extingue um direito? Ele transforma? Quer dizer, o objeto vem descrito na norma, ele corresponde ao próprio enunciado do ato.

Para os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, o objeto do ato administrativo identifica-se com o seu próprio conteúdo, por meio do qual a Administração manifesta sua vontade, ou atesta simplesmente situações pré-existentes.

Assim, continuam os professores, é objeto do ato de concessão de alvará a própria concessão do alvará; é objeto do ato de exoneração a própria exoneração; é objeto do ato de suspensão do servidor a própria suspensão (neste caso há liberdade de escolha do conteúdo específico - número de dias de suspensão - dentro dos limites legais de até noventa dias, conforme a valoração da gravidade da falta cometida); etc.

Bem, analisados os requisitos ou elementos dos atos administrativos, passemos agora ao estudo de seus atributos, que também estão presentes nas questões elaboradas pelas principais bancas organizadoras do país.

5. Atributos do ato administrativo

Como consequência do regime jurídico-administrativo, que concede à Administração Pública um conjunto de prerrogativas necessárias ao alcance do interesse coletivo, os atos administrativos editados pelo Poder Público gozarão de determinadas qualidades (atributos) não existentes no âmbito do Direito privado.

Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder às questões de provas, é necessário que estudemos a presunção de legitimidade, a imperatividade, a auto-executoriedade e a tipicidade.

5.1. Presunção de legitimidade

Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com o direito (leis e princípios). Essa presunção é consequência da confiança depositada no agente público, pois se deve partir do pressuposto de que todos os parâmetros e requisitos legais foram respeitados pelo agente no momento da edição do ato.

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A presunção de legitimidade dos atos administrativos tem o objetivo de evitar que terceiros (em regra, particulares) criem obstáculos insensatos ou desprovidos de quaisquer fundamentos, que possam inviabilizar o exercício da atividade administrativa.

Atenção: É importante que você saiba que a presunção de legitimidade alcança todos os atos administrativos editados pela Administração, independentemente da espécie ou classificação.

Entretanto, não é correto afirmar que a presunção de legitimidade dos atos administrativos seja juris et de jure (absoluta), pois o terceiro que se sentir prejudicado pode provar a ilegalidade do ato para que não seja obrigado a cumpri-lo.

Na verdade, a presunção de legitimidade será sempre juris tantum (relativa), pois é assegurado ao interessado recorrer à Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que não seja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato (que considera ilegítimo ou ilegal).

É importante esclarecer que, enquanto o Poder Judiciário ou a própria Administração não reconhecerem a ilegitimidade do ato administrativo, todos os seus efeitos continuam sendo produzidos normalmente, e o interessado deverá cumpri-lo integralmente.

O atributo da presunção de legitimidade também tem sido cobrado em provas de concursos como "presunção de legalidade", apesar de alguns autores discordarem desse entendimento.

(ESAF/AGU) O ato administrativo, a que falte um dos elementos essenciais de validade, a) é considerado inexistente, independente de qualquer decisão administrativa ou judicial. b) goza da presunção de legalidade, até decisão em contrário. c) deve por isso ser revogado pela própria Administração. d) só pode ser anulado por decisão judicial. e) não pode ser anulado pela própria Administração. Resposta: letra B

Quando se afirma que o ato administrativo é presumivelmente legitimo, está se afirmando que foi editado em conformidade com o direito, ou seja, respeitando-se as leis e princípios vigentes. Por outro lado, ao se afirmar que o ato administrativo é presumivelmente legal, restringe-se a presunção ao respeito à lei.

Atenção: A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro ainda afirma que, além de serem presumivelmente legítimos, os atos administrativos também são presumivelmente verdadeiros. Segundo a professora, a presunção de veracidade assegura que os fatos alegados pela Administração são presumivelmente verdadeiros, assim como ocorre em relação a certidões, atestados, declarações ou informações por ela fornecidos, todos dotados de fé pública.

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Por último, lembre-se sempre de que é do particular a obrigação de demonstrar e provar a ilegalidade ou possível violação ao ordenamento jurídico causada pela edição do ato. Enquanto isso não ocorrer, o ato continua produzindo todos os seus efeitos.

Esse é o posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, ao afirmar que essa presunção "autoriza a imediata execução ou a operatividade dos atos administrativos, mesmo que argüidos de vícios ou defeitos que os levem à invalidade. Enquanto, porém, não sobrevier o pronunciamento de nulidade, os atos administrativos são tidos por válidos e operantes, quer para a Administração, quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus efeitos".

5.2. Imperatividade

A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência.

Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não necessita de previsão em lei, a imperatividade exige expressa autorização legal e não pode ser aplicada a todos os atos administrativos.

O professor José dos Santos Carvalho Filho considera os termos coercibilidade e imperatividade expressões sinônimas, ao declarar que "significa que os atos administrativos são cogentes, obrigando a todos quantos se encontrem em seu círculo de incidência (ainda que o objetivo a ser por ele alcançado contrarie interesses privados), na verdade, o único alvo da Administração Pública é o interesse público".

É o atributo da imperatividade que permite à Administração, por exemplo, aplicar multas de trânsito, constituir obrigação tributária que vincule o particular ao pagamento de imposto de renda, entre outros.

Em virtude da unilateralidade, a Administração Pública não precisa consultar o particular, antes da edição do ato administrativo, para solicitar a sua concordância ou aquiescência, mesmo que o ato lhe cause prejuízos.

A doutrina majoritária entende que a imperatividade decorre do poder extroverso do Estado, que pode ser definido como o poder que o Estado tem de constituir, unilateralmente, obrigações para terceiros, com extravasamento dos seus próprios limites.

O poder extroverso pode ser encontrado, por exemplo, na cobrança e fiscalização dos impostos, no exercício do poder de polícia, na fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, no controle do meio ambiente, entre outros.

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5.3. Auto-executoriedade

A auto-executoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário.

O referido atributo garante à Administração Pública a possibilidade de ir além do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência da imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido de garantir que o ato administrativo seja executado.

Entretanto, é necessário esclarecer que a auto-executoriedade não está presente em todos os atos administrativos (atos negociais e enunciativos, por exemplo), pois somente ocorrerá em duas hipóteses:

1a) Quando existir expressa previsão legal;

2a) Em situações emergenciais em que apenas se garantirá a satisfação do interesse público com a utilização da força estatal.

Exemplo: Imagine que a Administração Pública se depare com a existência de um imóvel particular em péssimas condições, prestes a desabar e que ainda é habitado por uma família de cinco pessoas.

Nesse caso, a Administração não precisará recorrer ao Poder Judiciário para retirar obrigatoriamente as pessoas do local, utilizando a força se preciso for, pois está diante de uma situação emergencial, na qual a integridade física de várias pessoas está em risco.

Também podem ser citados como exemplos de manifestação da auto-executoriedade a destruição de medicamentos com prazo de validade vencido e que foram recolhidos em farmácias e a demolição de obras construídas em áreas de risco (zonas proibidas).

Atenção: Conforme já informei, nem sempre os atos administrativos irão gozar de auto-executoriedade e, para fins de concursos públicos, a multa (ato administrativo) é o exemplo mais cobrado em relação à ausência de auto-executoriedade.

Nesse caso, apesar da aplicação da multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular não efetuar o seu pagamento, a Administração somente poderá recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário.

Conforme nos informam os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a única exceção ocorre na hipótese de multa administrativa aplicada por adimplemento irregular, pelo particular, de contrato administrativo em que tenha havido prestação de garantia. Nessa hipótese, a Administração pode executar diretamente a penalidade, independentemente do consentimento do contratado, subtraindo da garantia o valor da multa (Lei n° 8666/1993, artigo 80, inciso III).

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Por último, é necessário deixar bem claro que os atos praticados sob o amparo do atributo da auto-executoriedade podem ser revistos pelo Poder Judiciário, sempre que provocado pelos interessados.

Para tanto, basta que os interessados demonstrem, por exemplo, que tais atos foram praticados de forma arbitrária, desproporcional, desarrazoada ou abusiva para que o judiciário possa anulá-los retroativamente.

5.4. Tipicidade

Não existe um consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo. Todavia, como as bancas examinadoras gostam muito de utilizar o livro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que o conheçamos.

Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como "o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados".

Como é possível observar, o princípio da tipicidade decorre da aplicação do princípio da legalidade e, segundo o entendimento da professora di Pietro, para cada finalidade que a administração pretende alcançar existe um ato definido em lei, logo, o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.

Resumidamente falando, a professora entende que, para cada finalidade que a Administração deseja alcançar, existe uma espécie distinta de ato administrativo e, portanto, é inadmissível que sejam editados atos inominados.

6. Classificação dos atos administrativos

Não existe uma uniformização doutrinária sobre a classificação dos atos administrativos, pois cada autor possui uma classificação própria, segundo os critérios adotados para estudo.

Entretanto, para fins de concursos públicos, penso que o mais sensato é focarmos a classificação do professor Hely Lopes Meirelles, que tem sido adotada pelas principais bancas examinadoras do país.

6.1. ATOS GERAIS E INDIVIDUAIS

Os atos administrativos gerais ou regulamentares são aqueles que possuem destinatários indeterminados, com finalidade normativa, tais como os decretos regulamentares, as instruções normativas, etc.

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Caracterizam-se por serem de comando abstrato e impessoal (destinados a sucessivas aplicações, sempre quando ocorrer a hipótese neles prevista), muito parecidos com os das leis, e, portanto, revogáveis a qualquer tempo pela Administração. Geralmente são editados com o objetivo de explicar o texto legal a fim de garantir a sua fiel execução.

Podemos citar como principais características dos atos gerais:

ia) Devem prevalecer sobre o ato administrativo individual;

2a) Para que produzam efeitos em relação aos particulares, necessitam de publicação na imprensa oficial;

3a) Podem ser revogados a qualquer momento, respeitados os efeitos já produzidos;

4a) Os administrados não podem impugná-los diretamente perante a própria Administração ou Poder Judiciário.

Ao contrário dos atos gerais, atos administrativos individuais são aqueles que possuem destinatários determinados ou determináveis, podendo alcançar um ou vários sujeitos, sendo possível citar como exemplos os decretos de desapropriação, a nomeação de servidores, uma autorização ou permissão, etc.

Atenção: Para que um ato administrativo seja classificado como individual, não interessa a quantidade de destinatários, mas sim a possibilidade de quantificá-los (definir a quantidade e conhecer os destinatários).

Exemplo: Nesses termos, poderá ser considerado ato administrativo individual tanto aquele responsável pela nomeação de um candidato para o cargo "X", quanto aquele responsável pela nomeação de 20 (vinte) servidores, simultaneamente, pois, nesse caso, é possível definir e conhecer quais candidatos estão sendo atingidos pelo ato.

Outra característica importante dos atos individuais é a possibilidade de serem impugnados diretamente pelos administrados, seja através de uma ação de rito ordinário (ação judicial comum), mandado de segurança ou, ainda, ação popular, sempre que forem praticados contrariamente à lei.

Nos termos da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, "a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial".

Sendo assim, caso o ato individual tenha gerado direito adquirido para o seu destinatário, torna-se irrevogável.

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6.2. ATOS INTERNOS E EXTERNOS

Atos administrativos internos são aqueles que produzem efeitos somente no interior da Administração Pública, e, portanto, não têm o objetivo de atingir os administrados, sendo possível citar como exemplos uma ordem de serviço, uma portaria de remoção de servidor, etc.

Como não possuem o objetivo de alcançar os administrados, não exigem publicação no Diário Oficial, sendo suficiente a comunicação aos seus destinatários internos pelos instrumentos de comunicação disponíveis.

Por outro lado, atos administrativos externos ou de efeitos externos são aqueles que afetam os administrados, produzindo efeitos fora da Administração, e, por isso, necessitam de publicação no diário oficial. Como exemplos, podemos citar um decreto, um regulamento, uma portaria de nomeação de candidato aprovado em concurso público, etc.

Apesar de não possuírem o objetivo de alcançar diretamente os administrados, é válido destacar que os atos que onerem os cofres públicos e todos aqueles que visem produzir efeitos fora da Administração são considerados externos, e, portanto, devem ser publicados.

6.3. ATOS DE IMPÉRIO, DE GESTÃO E DE EXPEDIENTE

Atos de império ou de autoridade são aqueles praticados pela Administração no gozo de sua supremacia sobre o administrado. São aqueles através dos quais a Administração cria deveres aos particulares independentemente de concordância ou aquiescência, tal como acontece na aplicação de uma multa de trânsito, na edição de um decreto de desapropriação, na apreensão de mercadorias, etc.

Atos de gestão são aqueles editados pela Administração sem fazer uso de sua supremacia sobre o administrado, estabelecendo-se uma relação horizontal (igualdade) e assemelhando-se aos atos de Direito privado, sendo possível citar como exemplo a aquisição de bens pela Administração, o aluguel de equipamentos, etc.

Atos de expediente são os atos rotineiros praticados pelos agentes administrativos no interior da Administração, sem caráter vinculante e sem forma especial, que têm por objetivo organizar e operacionalizar as atividades exercidas pelos órgãos e pelas entidades públicas. Para exemplificar, podemos citar o preenchimento de um documento, a expedição de um ofício a um particular, a rubrica nas páginas de um processo administrativo, etc.

6.4. ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS

Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, "atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização", ao passo que "discricionários são os que a Administração

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pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e de seu modo de realização".

Em outro tópico da aula, afirmei que o ato administrativo possui cinco elementos ou requisitos básicos: competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Sendo assim, sempre que a lei estabelecer e detalhar esses cinco elementos, não deixando margem para que o agente público possa defini-los no momento da edição do ato, este será vinculado.

Lembre-se sempre de que no ato vinculado o agente público não possui alternativas ou opções no momento de editar o ato, pois a própria lei já definiu o único comportamento possível. Portanto, caso o agente público desrespeite quaisquer dos requisitos ou elementos previstos pela lei, o ato deverá ser anulado pela Administração ou pelo Poder Judiciário.

Exemplo: Suponhamos que determinada lei municipal estabeleça todos os requisitos que devem ser cumpridos pelo particular que tenha a intenção de construir um edifício. Nesse caso, se o particular apresentar toda a documentação necessária e cumprir todos os requisitos legais, a Administração não possui outra alternativa a não ser conceder a licença para o particular construir, por ser um direito subjetivo deste.

Como a Administração não possui alternativas ou opções (conceder ou não a licença), já que a lei estabeleceu todos os requisitos necessários à edição do ato, este é denominado vinculado.

Por outro lado, no ato discricionário, a lei apenas estabelece e detalha os requisitos da competência, forma e finalidade, deixando ao critério da Administração decidir sobre o motivo e o objeto. Sendo assim, é válido ressaltar que os requisitos competência, forma e finalidade serão sempre vinculados (definidos em lei), independentemente de o ato ser discricionário ou vinculado.

No ato discricionário a Administração possui alternativas ou opções, e, dentre elas, irá escolher a que seja mais oportuna e conveniente ao interesse público.

Exemplo: Suponhamos que o servidor público federal "X" tenha procurado o Departamento de Recursos Humanos do órgão em que trabalha para solicitar o parcelamento do seu período de férias, pois deseja usufruir 15 dias em julho e 15 dias em janeiro.

Pergunta: Nesse caso, poderá a Administração Pública recusar-se a deferir o pedido de parcelamento das férias efetuado pelo servidor?

Sim. O § 3° do artigo 77 da lei 8.112/90 estabelece expressamente que "as férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim requeridas pelo servidor e no interesse da administração pública".

Sendo assim, como a Administração pode deferir, ou não, o pedido efetuado pelo servidor, o ato será discricionário.

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6.5. ATO SIMPLES, COMPLEXO E COMPOSTO

Ato administrativo simples é aquele que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado, sendo irrelevante o número de agentes que participarão da edição do ato. A edição do ato simples depende da vontade de um único órgão e independe de aprovações ou homologações posteriores.

Como exemplos, podemos citar a edição de um parecer sob a responsabilidade de uma determinada autoridade administrativa, o despacho de um servidor ou uma decisão proferida por um conselho de contribuintes (neste caso, apesar de ser composto de vários membros, a decisão é uma só, representando a vontade da maioria).

Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar de ser um único ato, é necessário que exista um consenso entre diferentes órgãos para que possa produzir os efeitos desejados.

É possível citar como exemplos os atos normativos editados conjuntamente, por dois ou mais órgãos, tais como as Portarias Conjuntas editadas pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Receita Federal do Brasil (a exemplo da Portaria Conjunta n° 01, de 10 de março de 2009, que dispõe sobre parcelamento de débitos para com a Fazenda Nacional); editadas pelos órgãos do Poder Judiciário (a exemplo da Portaria Conjunta 01, de 07 de março de 2007, que regulamenta adicionais e gratificações no âmbito do Judiciário), entre outras.

Nesse caso, deve ficar bem claro que existe uma manifestação conjunta de vontade de todos os órgãos envolvidos antes de o ato ser editado.

Por outro lado, ato administrativo composto é aquele em que apenas um órgão manifesta a sua vontade, todavia, para que se torne exequível, é necessário que outro órgão também se manifeste com o objetivo de ratificar, aprovar, autorizar ou homologar o ato.

Atenção: Lembre-se de que, no ato composto, o seu conteúdo é definido por apenas um órgão, mas, para que o ato produza os seus efeitos, é necessária a manifestação de outro ou outros órgãos.

Como exemplo de ato composto, podemos citar a nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, nas palavras da professora Maria Sylvia Zanela Di Pietro, teríamos um ato principal (nomeação efetuada pelo Presidente da República) e outro ato acessório ou secundário (aprovação do Senado Federal).

6.6. ATO VÁLIDO, NULO E INEXISTENTE

O ato válido é aquele editado em conformidade com a lei, respeitando-se todos os requisitos necessários para a sua edição: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

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É importante que você entenda que nem todo ato válido é necessariamente eficaz. Pode ocorrer de o ato ter sido editado nos termos da lei, porém, para que possa produzir efeitos, às vezes depende da ocorrência de um evento futuro e certo (termo) ou futuro e incerto (condição).

Por outro lado, ato nulo é aquele editado com vício insanável em algum de seus requisitos de validade. Entretanto, apesar de ser nulo, é válido destacar que o ato produzirá seus efeitos até que o Poder Judiciário ou a própria Administração Pública estabeleça o contrário. Essa possibilidade decorre da presunção de legitimidade ou legalidade, um dos atributos do ato administrativo.

Ato inexistente é aquele que não existe para o direito administrativo, pois não foi editado por um agente público, mas por alguém que se fez passar por tal condição.

Exemplo: Imagine que um indivíduo qualquer (que não possui nada para fazer na vida) esteja "fiscalizando" o comércio na cidade de Montes Claros/MG apresentando-se como auditor da Secretaria do Estado de Fazenda de Minas Gerais. Imagine agora que o suposto "servidor" aplique uma multa a um determinado comerciante, preenchida em um pedaço de guardanapo.

Ora, nesse caso, está claro e evidente que o falso servidor não atua em nome da Administração e, portanto, não pode editar atos administrativos. Sendo assim, a Administração não pode ser responsabilizada por eventuais prejuízos causados a terceiros por esse falso servidor.

Atenção: O professor Hely Lopes Meirelles não concorda com a existência de atos anuláveis no âmbito do Direito Administrativo, pois entende que, se os atos foram ilegais, são necessariamente nulos.

6.7. ATO PERFEITO, IMPERFEITO, PENDENTE OU CONSUMADO

Ato administrativo perfeito é aquele que já completou todo o seu ciclo de formação, superando todas as fases necessárias para a sua produção. A perfeição do ato refere-se ao processo de elaboração, ao passo que a validade refere-se à conformidade do ato com a lei.

Sendo assim, caso o ato administrativo já tenha sido escrito, motivado, assinado e publicado no Diário Oficial, por exemplo, pode ser considerado perfeito, pois cumpriu todas as etapas necessárias para a sua formação. Entretanto, apesar de ser perfeito, o ato pode ser inválido, pois, apesar de ter concluído as etapas para a sua edição, o ato violou o texto legal.

Em contrapartida, ato administrativo imperfeito é aquele que ainda não ultrapassou todas suas fases de produção e que, portanto, não pode produzir efeitos. Trata-se de um ato administrativo incompleto, que ainda necessita superar alguma formalidade para que possa produzir efeitos.

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Ato administrativo pendente é aquele que, embora perfeito (pois já cumpriu todas as etapas necessárias para a sua edição), ainda não pode produzir todos os seus efeitos porque está aguardando a ocorrência de um evento futuro e certo (termo) ou futuro e incerto (condição).

É válido destacar que todo ato pendente é perfeito, pois já encerrou seu ciclo de produção, mesmo que ainda não possa produzir os efeitos pretendidos. Contudo, não é correto afirmar que todo ato perfeito é pendente, pois às vezes o ato já cumpriu todo o seu ciclo de formação e não está aguardando qualquer termo ou condição.

Ato consumado ou exaurido é aquele que já produziu todos os seus efeitos, tornando-se definitivo e imodificável, seja no âmbito judicial ou perante a própria Administração Pública.

Como exemplo de ato consumado, podemos citar uma autorização de fechamento da rua "Y", concedida pela Administração municipal, para a realização de uma festa junina, em 22 de junho. Nesse caso, no dia 23 de junho, poderá a Administração revogar a autorização?

É claro que não, pois o ato estará consumado, tendo produzido todos os efeitos inicialmente desejados.

7. Espécies de atos administrativos

7.1. Atos normativos

Os atos normativos são aqueles editados com o objetivo de facilitar a fiel execução das leis, possuindo comandos gerais e abstratos, tais como os decretos regulamentares, as instruções normativas, os regimentos, entre outros.

Apesar de possuírem comandos gerais e abstratos (assim como acontece com as leis), os atos normativos não podem inovar na ordem jurídica, possuindo como limite o texto da lei que regulamentam.

7.2. Atos ordinatórios

Os atos ordinatórios decorrem do poder hierárquico e têm o objetivo de disciplinar o funcionamento da Administração, orientando os agentes públicos subordinados no exercício das funções que desempenham. Os atos ordinatórios restringem-se ao interior da Administração e somente alcançam os servidores que estão subordinados à chefia que os expediu.

Como exemplos de atos ordinatórios, podemos citar as ordens de serviço (que são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços públicos, contendo imposições de caráter administrativo ou especificações técnicas sobre o modo e a forma de sua realização); as instruções (que são ordens escritas e gerais a respeito do modo e da forma de execução de determinada atividade ou serviço público, expedidas pelo

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superior hierárquico com o objetivo de orientar os seus subordinados), as circulares (que visam à uniformização do desempenho de determinada atividade perante os agentes administrativos), entre outros.

7.3. Atos negociais

Atos administrativos negociais são aqueles pelos quais a Administração faculta aos particulares o exercício de determinada atividade, desde que atendidas as condições estabelecidas no próprio ato.

Os atos negociais possuem um conteúdo tipicamente negocial, pois representam o interesse convergente da Administração e do administrado, porém, não podem ser caracterizados como contratos administrativos (já que os atos negociais são unilaterais) e não gozam dos atributos da imperatividade e auto-executoriedade.

Para exemplificar, podemos citar as licenças, as autorizações, as permissões, as aprovações, as dispensas, etc.

Os atos negociais, nas palavras dos professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, podem ser vinculados ou discricionários e definitivos ou precários.

Os atos negociais vinculados são aqueles em que existe um direito do particular à sua obtenção. Uma vez atendidos pelo particular os requisitos previstos em lei para a obtenção do ato, não cabe à Administração escolha: o ato terá que ser praticado conforme o requerimento do particular, em que faça prova do atendimento dos requisitos legais.

Os atos negociais discricionários são aqueles que podem, ou não, ser praticados pela Administração, conforme seu juízo de oportunidade e conveniência. Assim, mesmo que o particular tenha atendido às exigências da lei necessárias ao requerimento da prática do ato, essa poderá ser negada pela Administração. Não existe um direito do administrado à prática do ato negocial discricionário; esta depende sempre do juízo de oportunidade e conveniência, privativo da Administração.

Os atos ditos precários são atos em que predomina o interesse do particular. Já sabemos que a Administração somente pode agir em prol do interesse público e que este é a finalidade de qualquer ato administrativo, requisito sem o qual o ato é nulo. Ocorre que há atos nos quais, ao lado do interesse público tutelado, existe interesse do particular, o qual, normalmente, é quem provoca a Administração para a obtenção do ato.

Os atos precários resultam de uma liberdade da Administração e, por isso, não geram direito adquirido para o particular e podem ser revogados a qualquer tempo, pela Administração, inexistindo, de regra, direito à indenização para o particular.

Os atos definitivos embasam-se num direito individual do requerente. São atos em que visivelmente predomina o interesse da Administração. Tal não significa que não possam ser revogados. Embora a revogação desses atos

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não seja inteiramente livre, a ocorrência de interesse público superveniente autoriza sua revogação por haver ele se tornado inoportuno ou inconveniente, salvo na hipótese de o ato haver gerado direito adquirido para seu destinatário. Poderá surgir direito de indenização ao particular que tenha sofrido prejuízo com a revogação do ato.

Nas questões de concursos públicos, as três espécies de atos negociais mais cobradas são a licença, a autorização e a permissão.

1a) Licença: trata-se de um ato vinculado e que será editado em caráter definitivo, pois, enquanto o destinatário estiver cumprindo as condições estabelecidas na lei, o ato deverá ser mantido. Após cumpridos os requisitos legais, o particular possui direito subjetivo à sua edição.

Como exemplos, podemos citar a licença para o exercício de uma determinada profissão, a licença para construir, a licença para dirigir, etc.

2a) Autorização: trata-se de ato discricionário e precário, em que, quase sempre, prevalece o interesse do particular. Podem ser revogados pela Administração a qualquer tempo, sem que, em regra, exista a necessidade de indenização ao administrado.

A professora Maria Silvia Zanella di Pietro entende que, no direito brasileiro, a autorização administrativa pode ser estudada em várias acepções:

a) Como ato unilateral e discricionário pelo qual a Administração faculta ao particular o desempenho de atividade que, sem esse consentimento, seria ilegal, tal como acontece na autorização para porte de arma de fogo (artigo 6° da Lei 9.437/97);

b) Como ato unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público faculta ao particular o uso privativo de bem público, a título precário, a exemplo da autorização concedida para o bloqueio de uma rua para a realização de festa junina;

c) Como ato unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público delega ao particular a exploração de serviço público, a título precário, como acontece na autorização para a exploração do serviço de táxi.

3a) Permissão: Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, trata-se de ato discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração.

Como se trata de ato precário, poderá ser revogada sempre que existir interesse público, ressalvado o direito à indenização ao particular quando a permissão for onerosa ou concedida a prazo determinado.

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7.4. Atos enunciativos

Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, atos administrativos enunciativos "são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Dentre os atos mais comuns dessa espécie, merecem atenção as certidões, os atestados e os pareceres administrativos".

1°) Certidão: é a declaração por escrito da Administração sobre um fato ou evento que consta em seus bancos de dados. Como exemplo, podemos citar a certidão negativa de débitos tributários, que deve ser expedida pela Administração Fazendária no prazo máximo de 10 dias, contados da data da entrega do requerimento no órgão.

2°) Atestado: é a declaração da Administração a respeito de um fato ou acontecimento de que teve conhecimento no exercício da atividade administrativa, mesmo que não constante em livros, papéis ou documentos que estejam na sua posse.

Como exemplo, podemos citar um atestado médico editado por uma junta médica oficial declarando que o servidor não está momentaneamente apto ao exercício de suas funções.

3°) Pareceres: são manifestações de órgãos técnicos através do quais a Administração apresenta a sua opinião sobre algum assunto levado à sua consideração.

Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, o parecer pode ser normativo ou técnico:

a) Parecer normativo: é aquele que, ao ser aprovado pela autoridade competente, é convertido em norma de procedimento interno, tornando-se impositivo e vinculante para todos os órgãos hierarquizados à autoridade que o aprovou. Tal parecer, para o caso que o propiciou, é ato individual e concreto; para os casos futuros, é ato geral e normativo.

b) Parecer técnico: é o que provém de órgão ou agente especializado na matéria, não podendo ser contrariado por leigo ou, mesmo, por superior hierárquico. Nessa modalidade de parecer ou julgamento não prevalece a hierarquia administrativa, pois não há subordinação no campo da técnica.

Os atos enunciativos são meros atos administrativos e, portanto, não produzem efeitos jurídicos. Sendo assim, alguns autores até afirmam que os atos enunciativos não seriam atos administrativos, porém, não é esse o entendimento que você deve se lembrar aos responder às provas de concursos.

7.5. Atos punitivos

Os atos punitivos são aqueles que contêm uma sanção imposta pela Administração aos seus agentes públicos ou particulares que praticarem atos ou condutas irregulares, violando os preceitos administrativos.

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Os atos punitivos são consequência do exercício do poder disciplinar (no caso de sanções aplicadas aos agentes públicos ou particulares que tenham algum vínculo com o Poder Público) ou do poder de polícia (nos casos de sanções aplicadas aos particulares, mesmo que não mantenham qualquer vínculo com a Administração), a exemplo das multas, interdição de estabelecimentos violadores das normas administrativas, destruição de produtos apreendidos, etc.

8. Desfazimento dos atos administrativos

Todo ato administrativo, após ter sido editado, deve necessariamente ser respeitado e cumprido, pois goza do atributo da presunção de legitimidade, que lhe assegura a produção de efeitos jurídicos até posterior manifestação da Administração Pública ou do Poder Judiciário em sentido contrário.

Os atos administrativos não são eternos, pois podem ser desfeitos após a sua edição em virtude da existência de ilegalidade (anulação), em razão de conveniência ou oportunidade da Administração (revogação) ou, simplesmente, em virtude de seu destinatário ter deixado de cumprir os requisitos previstos em lei (cassação).

8.1. Anulação

Quando o ato administrativo é praticado em desacordo com o ordenamento jurídico vigente, é considerado ilegal e, portanto, deve ser anulado pelo Poder Judiciário ou pela própria Administração, com efeitos retroativos.

Para que você possa responder às questões de concursos públicos "sem medo de ser feliz", lembre-se sempre de que um ato ilegal (contrário ao ordenamento jurídico) deve ser sempre anulado, nunca revogado.

Além disso, lembre-se ainda de que a anulação desse ato ilegal pode ser efetuada pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de ofício ou mediante provocação).

É importante destacar também que a anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos.

Esse é o teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal ao afirmar que a "Administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos".

Sendo assim, é necessário ficar bem claro que os atos ilegais não originam direitos para os seus destinatários. Entretanto, devem ser preservados os efeitos já produzidos em face de terceiros de boa-fé (que não têm nenhuma relação com o ato nulo).

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Exemplo: os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino citam o caso de um servidor cujo ingresso no serviço público decorre de um ato nulo (a nomeação ou a posse contém vício insanável). Imagine-se que esse servidor emita uma certidão negativa de tributos para João e, no dia seguinte, seja ele exonerado em decorrência da nulidade de seu vínculo com a Administração. Os efeitos dos atos praticados entre ele e a Administração devem ser desfeitos. Mas João, que obteve a certidão, é um terceiro. Sua certidão é válida.

Grave bem as informações abaixo sobre a anulação dos atos administrativos para que você jamais erre uma questão em prova (e tem sido cobrado demais esse tema nos concursos):

ia) A anulação é consequência de uma ilegalidade, de um ato que foi editado contrariamente ao direito;

2a) A anulação de um ato administrativo pode ser feita pelo Poder Judiciário, quando for provocado pelo interessado, ou pela própria Administração, de ofício ou também mediante provocação do interessado;

3a) A anulação possui efeitos retroativos (ex tunc) , ou seja, deixa de produzir efeitos jurídicos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse existido);

4a) A anulação não desfaz os efeitos jurídicos já produzidos perante terceiros de boa-fé;

8.2. Revogação

A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais conveniente ou oportuno.

Ao revogar um ato administrativo a Administração Pública está declarando que uma situação, até então oportuna e conveniente ao interesse público, não mais existe, o que justifica a extinção do ato.

Para responder às questões de concursos, seguindo o mesmo entendimento que apresentei em relação à anulação, lembre-se sempre de que um ato ilegal jamais será revogado, mas sim anulado. Da mesma forma, se a questão de prova afirmar que um ato inconveniente ou inoportuno deve ser anulado, certamente estará incorreta, pois conveniência e oportunidade estão intimamente relacionadas com a revogação.

A revogação de um ato administrativo é consequência direta do juízo de valor (mérito administrativo) emitido pela Administração Pública (que é responsável por definir o que é bom ou ruim para coletividade, naquele momento), e, portanto, é vedado ao Poder Judiciário revogar ato administrativo editado pela Administração.

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Atenção: o Poder Judiciário, no exercício de suas funções atípicas, também pode editar atos administrativos (publicação de um edital de licitação, por exemplo). Sendo assim, posteriormente, caso interesse público superveniente justifique a revogação do edital licitatório, o próprio Poder Judiciário poderá fazê-lo.

Neste caso, é importante destacar que o edital estaria sendo revogado pelo próprio Poder Judiciário, pois ele foi o responsável pela edição do referido ato administrativo. O que não se admite é que o Poder Judiciário efetue a revogação de atos editados pela Administração Pública, pois estaria invadindo a seara do mérito administrativo.

Nos mesmos moldes, quando o Poder Legislativo editar um ato administrativo no exercício de sua função atípica, também poderá efetuar a sua revogação, sendo proibido ao Poder Judiciário manifestar-se em relação ao mérito desse ato.

Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos "ex tunc", na revogação os efeitos serão sempre "ex nunc" (proativos). Isso significa dizer que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos.

Exemplo: imagine que um determinado servidor público federal esteja em pleno gozo (no terceiro mês) de licença para tratar de interesses particulares, que foi deferida pela Administração pelo prazo de 02 anos (artigo 91 da Lei 8.112/90). Neste caso, mesmo restando ainda 21 (vinte e um) meses para o seu término, a Administração poderá revogá-la a qualquer momento, desde que presente o interesse público.

Da mesma forma que agiu discricionariamente a Administração no momento de concessão de licença para tratar de assuntos particulares, nos termos do artigo 91 da Lei 8.112/90, será discricionária também a revogação da licença, caso assim justifique o interesse público.

O ato de revogação possuirá efeitos "ex nunc" (para frente), ou seja, o servidor irá retornar ao trabalho somente após a edição do ato revocatório, sendo considerado como de efetivo gozo o período de três meses que usufruiu da licença.

Pergunta: professor, o que preciso saber para não errar nenhuma questão de prova sobre revogação?

Anote aí:

1°) Que a revogação é consequência da discricionariedade administrativa (conveniência e oportunidade);

2°) Que os atos inválidos ou ilegais jamais serão revogados, mas sim anulados;

3°) Que somente a Administração Pública pode revogar os seus próprio atos administrativos;

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4°) Que a revogação produz efeitos ex nunc, enquanto na anulação os efeitos são ex tunc.

Pergunta: professor Fabiano Pereira, é ilimitado o poder conferido à Administração para revogar os seus atos administrativos?

Não! Existem alguns atos administrativos que não podem ser revogados, são eles:

1°) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos: suponhamos que tenha sido editado um ato concessivo de férias a um servidor e que todo o período já tenha sido gozado. Ora, neste caso, não há como revogar o ato que concedeu férias ao servidor, pois todos os efeitos do ato já foram produzidos;

2°) os atos vinculados: se a lei é responsável pela definição de todos os requisitos do ato administrativo, não é possível que a Administração efetue a sua revogação com base na conveniência e oportunidade (condição necessária para a revogação);

3°) os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares: trata-se de garantia constitucional assegurada expressamente no inciso XXXVI do artigo 5° da CF/88;

4°) os atos que integram um procedimento, pois, neste caso, a cada ato praticado surge uma nova etapa, ocorrendo a preclusão de revogação da anterior.

5°) os denominados meros atos administrativos, pois, neste caso, os efeitos são estabelecidos diretamente na lei;

8.3. Cassação

A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude do seu destinatário ter descumprido os requisitos necessários para a sua manutenção em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro que o particular, destinatário do ato, é o único responsável pela sua extinção.

Exemplo: se a Administração concedeu uma licença para o particular construir um prédio de 03 (três) andares, mas este construiu um prédio com 05 (cinco) andares, desrespeitou os requisitos inicialmente estabelecidos e, portanto, o ato será cassado.

8.4. Outras formas de extinção do ato administrativo

Além das hipóteses de desfazimento do ato administrativo estudadas até o momento, que dependem da manifestação expressa da Administração ou do Poder Judiciário, a doutrina majoritária ainda lista as seguintes:

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1a) extinção subjetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do sujeito destinatário do ato. Por exemplo, se a Administração concedeu ao servidor uma licença para tratar de assuntos particulares, mas, durante o gozo da licença, ele faleceu, considera-se extinto o ato, por questões óbvias.

2a) extinção objetiva: ocorre em virtude do desaparecimento do próprio objeto do ato. Exemplo: se o particular possuía permissão para instalar uma banca de revista em uma praça, mas, posteriormente, a praça foi destruída para a construção de uma escola, o ato de permissão consequentemente será extinto.

3a) extinção natural: ocorre após o transcurso normal do prazo inicialmente fixado para a produção dos efeitos do ato. Exemplo: se foi concedida licença-paternidade a um servidor, o ato será extinto naturalmente depois de 05 (cinco) dias (que é o prazo legal de gozo da licença).

4a) caducidade: ocorre quando a edição de lei superveniente à edição do ato administrativo impede a continuidade de seus efeitos jurídicos. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro cita como exemplo o caso de um parque de diversões que possuía permissão para funcionar em uma região da cidade, mas que, em razão de nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível.

Neste caso, o ato anterior que permitia o funcionamento do parque naquela região (hoje proibida por lei) deverá ser extinto, pois ocorrerá a caducidade.

9. Convalidação de atos administrativos

Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, "convalidação é o ato administrativo através do qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado".

Na verdade, a convalidação nada mais é que a "correção" do ato administrativo portador de defeito sanável de legalidade, com efeitos retroativos.

A lei 9.784/99 (Lei de processo administrativo federal) estabelece expressamente que:

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

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§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Inicialmente, é necessário esclarecer que a convalidação de um ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos vícios sanáveis, pois, caso o ato apresente vícios insanáveis, deverá ser necessariamente anulado.

Além disso, o prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente (automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.

Por último, é necessário que você entenda que somente é possível convalidar um ato administrativo se o vício de legalidade estiver restrito aos requisitos competência ou forma (desde que não seja obrigatória), pois, caso a ilegalidade esteja presente nos demais requisitos (finalidade, motivo e objeto), o ato será considerado nulo, não sendo passível de correção.

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SUPER R.V.P.

1°) A Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos: a) atos que são regidos pelo Direito Público e, consequentemente, denominados de atos administrativos e b) atos regidos pelo Direito Privado;

2°) Fique atento ao conceito de ato administrativo formulado pelo professor Hely Lopes Meirelles, pois ele é muito cobrado em questões de concursos: "ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria."

3°) São elementos ou requisitos do ato administrativo a competência, a finalidade, a forma, o motivo e o objeto. Os três primeiros são sempre vinculados e os dois últimos podem ser vinculados ou discricionários;

4°) O motivo, que também é chamado de "causa", é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. O motivo se manifesta através de ações ou omissões dos agentes públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades da própria Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato administrativo;

5°) Cuidado para não confundir as expressões "motivo" e "motivação". O motivo pode ser entendido como o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro lado, a motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no corpo do ato administrativo;

6°) Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente público no momento da edição do ato deve corresponder à realidade, tem que ser verdadeiro, pois, caso contrário, comprovando o interessado que o motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que simplesmente não existe, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário;

7°) Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos inerentes aos atos administrativos, mas, para responder às questões de provas, lembre-se da presunção de legitimidade, a imperatividade, a auto-executoriedade e a tipicidade;

8°) Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade com a lei, alcançando todos os atos administrativos editados pela Administração, independentemente da espécie ou classificação;

9°) A presunção de legitimidade será sempre juris tantum (relativa), pois é assegurado ao interessado recorrer à Administração, ou mesmo ao Poder Judiciário, para que não seja obrigado a submeter-se aos efeitos do ato, quando for manifestamente ilegal;

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10°) A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência. Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não necessita de previsão em lei, a imperatividade exige expressa autorização legal e não pode ser aplicada a todos os atos administrativos;

11°) A auto-executoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário;

12°) Nem sempre os atos administrativos irão gozar de auto-executoriedade e o exemplo mais comum em provas é o das multas. Nesse caso, apesar da aplicação de a multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular não efetuar o seu pagamento, a Administração somente poderá recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário, não sendo possível gozar da auto-executoriedade;

13°) Não existe um consenso doutrinário sobre a possibilidade de incluir a tipicidade como um dos atributos do ato administrativo, mas, como as bancas examinadoras gostam muito de utilizar o livro da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro como base para a elaboração de questões, é bom que você o conheça. Segundo a ilustre professora, podemos entender a tipicidade como "o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados".

14°) Para que você possa responder às questões de concursos públicos sem medo de ser feliz, lembre-se sempre de que um ato ilegal (contrário ao ordenamento jurídico) deve ser sempre anulado, nunca revogado. Além disso, lembre-se ainda de que a anulação desse ato ilegal pode ser efetuada pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de ofício ou mediante provocação);

15°) A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos;

16°) A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar, parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido e legal, mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais conveniente ou oportuno.

17°) O Poder Judiciário, no exercício de suas funções atípicas, também pode editar atos administrativos (publicação de um edital de licitação, por exemplo). Sendo assim, posteriormente, caso interesse público superveniente justifique a revogação do edital licitatório, o próprio Poder Judiciário poderá fazê-lo;

18°) Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos "ex tunc", na revogação os efeitos serão sempre "ex nunc" fproativos). Isso significa dizer que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente, conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos;

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19°) Não podem ser revogados os atos já consumados, que exauriram seus efeitos; os atos vinculados; os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares; os atos que integram um procedimento e os denominados meros atos administrativos;

20°) A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude do seu destinatário ter descumprido os requisitos necessários para a sua manutenção em vigor. Sendo assim, deve ficar bem claro que o particular, destinatário do ato, é o único responsável pela sua extinção;

21°) A convalidação (correção) de um ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos vícios sanáveis, pois, caso o ato apresente vícios insanáveis, deverá ser necessariamente anulado. Além disso, o prazo que a Administração possui para anular os atos ilegais é de 05 (cinco) anos. Ultrapassado esse prazo, considera-se que o ato foi tacitamente (automaticamente) convalidado, salvo comprovada má-fé do beneficiário.

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QUESTÕES COMENTADAS

01. (Analista Judiciário/TRE MA 2009/CESPE - adaptada) No tocante aos atos administrativos, julgue os itens abaixo:

I. A imperatividade é atributo presente em todos os atos administrativos, inclusive naqueles que conferem direitos solicitados pelos administrados e nos atos enunciativos.

A imperatividade é o atributo do ato administrativo que assegura à Administração a prerrogativa de impor unilateralmente as suas determinações aos particulares, independentemente de concordância ou aquiescência. Esse atributo está presente somente nos atos que impõem obrigações aos administrados, a exemplo dos atos de império, que são editados com fundamento na supremacia do interesse público perante o interesse privado (interdição de estabelecimentos, apreensão de mercadorias etc.).

O atributo da imperatividade não está presente nos atos que conferem direitos solicitados pelos administrados, a exemplo das licenças e autorizações, bem como naqueles em que a Administração se limita a certificar ou atestar um determinado fato (atos enunciativos). Assertiva incorreta.

II. A tipicidade é atributo do ato administrativo constante unicamente nos atos unilaterais, razão pela qual não se faz presente nos contratos celebrados pela administração pública.

É a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro que se refere a um "quarto" atributo do ato administrativo: a tipicidade.

Para a citada professora, a tipicidade "é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei".

Esse atributo seria uma consequência do princípio da legalidade, impedindo que a Administração pratique atos inominados, sem a respectiva previsão legal. Entretanto, entende a professora que a tipicidade somente está presente nos atos administrativos unilaterais. Isso porque nos contratos administrativos não há imposição de vontade da Administração, pois depende sempre da aceitação do particular.

Diante dos comentários apresentados, a assertiva deve ser considerada verdadeira.

III. A permissão é ato administrativo bilateral e vinculado pelo qual a administração faculta ao particular a execução de serviço público ou a utilização privativa de bem público.

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A permissão é ato administrativo unilateral, discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administração Pública faculta ao particular a execução de serviço público ou a utilização privativa de bem público. A título de exemplo, é possível citar a permissão de uso de parte de uma praça pública para a instalação de uma banca de jornal e revistas.

Ao responder às questões de prova, fique atento para não confundir a permissão de serviços públicos (caracterizada como um contrato de adesão) com a permissão de uso de bens públicos (caracterizada como um ato administrativo).

O art. 40 da Lei 8.987/95 afirma que "a permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente."

Como o texto da assertiva referiu-se ao ato administrativo denominado "permissão", deve ser considerado incorreto.

IV. A revogação do ato administrativo produz efeitos ex tunc.

A Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal assegura à Administração Pública a prerrogativa de revogar os seus próprios atos administrativos, quando não forem mais convenientes e oportunos. Todavia, diferentemente do que foi afirmado no texto da assertiva, a revogação sempre produzirá efeitos ex nunc, ou seja, a partir do momento que o ato foi revogado.

Ao declarar que a revogação produz efeitos ex tunc, a assertiva, de forma incorreta, afirmou que os efeitos são retroativos, ou seja, que a revogação se opera desde o momento da edição do ato, o que não é verdade.

V. O ato administrativo se sujeita ao regime jurídico de direito público ou de direito privado.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que os atos administrativos estão sujeitos ao regime jurídico-administrativo (direito público), pois, no momento da respectiva edição, a Administração aparece como todas as prerrogativas de restrições próprias do poder público. Assertiva incorreta.

02. (Técnico Judiciário/TRE MA 2009/CESPE) Acerca dos atos administrativos, julgue os itens que se seguem.

I. A imperatividade é a característica do ato administrativo que faz com que esse ato, tão logo seja praticado, possa ser imediatamente executado e seu objeto, imediatamente alcançado.

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II. A presunção de legitimidade dos atos administrativos é iuris tantum.

III. Todo ato administrativo é autoexecutável.

IV. São atributos dos atos administrativos a presunção de legitimidade, a imperatividade, a exigibilidade e a autoexecutoriedade.

Estão certos apenas os itens (A) I e III. (B) II e IV. (C) III e IV. (D) I, II e III. (E) I, II e IV.

Comentários

Item I - A imperatividade é o atributo (característica) que assegura à Administração Pública a prerrogativa de impor os seus atos obrigatoriamente aos particulares, independentemente de concordância ou aquiescência. Por outro lado, é a autoexecutoriedade que permite que o ato administrativo, tão logo seja praticado, possa ser imediatamente executado e seu objeto, imediatamente alcançado.

Perceba que a banca examinadora simplesmente inverteu os conceitos de imperatividade e autoexecutoriedade, deixando a assertiva incorreta.

Item II - Segundo o atributo da presunção de legitimidade, os atos administrativos são presumivelmente legais, ou seja, editados em conformidade com a lei e com o direito (princípios gerais, por exemplo). Todavia, essa presunção não é absoluta (jure et de jure), pois admite que os eventuais prejudicados pelo ato administrativo demonstrem e provem a sua ilegalidade.

Desse modo, é correto afirmar que a presunção de legitimidade é juris tantum (presunção relativa), o que torna a assertiva correta.

Item III - Nem todo ato administrativo editado pela Administração Pública goza do atributo da autoexecutoriedade, a exemplo do que ocorre nas penalidades de natureza pecuniária, como as multas. Nesse caso, se o particular recusar-se a efetuar o pagamento, é necessário que a Administração ingresse com uma ação judicial para receber o respectivo valor. Assertiva incorreta.

Item IV - O texto desta assertiva está correto, pois apenas citou alguns atributos do ato administrativo. Perceba que a assertiva não afirmou que os atributos são apenas os que foram relacionados, pois, neste caso, a questão poderia ser objeto de recurso. Isso porque a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro se refere também ao atributo da tipicidade e o próprio CESPE já o cobrou em questões que analisamos anteriormente. Assertiva correta.

Diante dos comentários apresentados nos quatro itens, deve ser marcada como resposta correta a alternativa "B".

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03. (Analista Administrativa/ANATEL 2009/CESPE) Lucas foi aprovado em concurso público de provas e títulos para o cargo de analista administrativo da ANATEL. Considerando que o prazo de validade do concurso expirará em julho de 2009, com possibilidade de prorrogação por mais um ano, ou seja, julho de 2010, Lucas resolveu encaminhar um e-mail para a ouvidoria da agência, indagando se o presidente prorrogaria ou não o certame. A ouvidoria da ANATEL respondeu a Lucas que a contratação de pessoal nas agências, por meio de concurso público, é um ato de gestão e não de império e que a prorrogação do concurso constitui um ato discricionário.

Com base na situação hipotética acima apresentada, julgue os itens subsequentes, acerca da classificação dos atos administrativos.

I. As informações prestadas pela ouvidora estão corretas, pois a contratação de pessoal por meio de concurso público para composição de quadro funcional é caracterizada como ato de gestão, não intervindo a vontade dos administrados para sua prática.

Atos de gestão são aqueles praticados pela Administração Pública em situação de igualdade jurídica com os administrados, portanto, regidos pelo direito privado. Tem por objetivo assegurar a conservação e gestão do patrimônio público e dos serviços prestados à coletividade.

Por outro lado, atos de império são aqueles editados com base na supremacia do interesse público perante o interesse privado, gozando de todas as prerrogativas do regime jurídico-administrativo, a exemplo de uma desapropriação.

Como é possível perceber, a contratação de pessoal através de concurso público para suprir as necessidades de uma autarquia não pode ser considerada um ato de gestão, mas sim um ato de império, pois durante a realização do certame serão aplicadas as normas concernentes ao direito público (Direito Administrativo). Assertiva incorreta.

II. Na situação considerada, a informação da ouvidoria, quanto à prorrogação do concurso público constituir ato discricionário, está correta, embora não tenha atendido objetivamente à indagação de Lucas.

O inciso III do artigo 37 da CF/88 estabelece que o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. Assim, não existe a obrigatoriedade de prorrogação do prazo de validade do concurso público, que somente irá ocorrer se a Administração Pública entender conveniente e oportuno, já que se trata de ato discricionário. Portanto, está correta a assertiva.

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04. (Analista Judiciário/TRE GO 2009/CESPE - adaptada) Julgue os itens abaixo a respeito da discricionariedade administrativa, como prerrogativa do agente público e do seu controle pelo Poder Judiciário.

I. A discricionariedade administrativa decorre da ausência de lei para reger determinada situação.

A discricionariedade administrativa pode ser entendida como a liberdade conferida ao administrador público, pela lei, para que este escolha a opção que melhor atenda ao interesse público, no caso em concreto, dentre as várias alternativas que lhes são apresentadas.

Deve ficar bem claro que a discricionariedade administrativa não decorre da ausência de lei para reger determinada situação, pois foi a própria lei que concedeu ao agente público a prerrogativa de tomar a decisão mais conveniente e oportuna para a coletividade.

A discricionariedade administrativa se manifesta, por exemplo, quando uma autoridade, após regular processo administrativo, decide aplicar a penalidade de suspensão a um servidor que tenha cometido infração administrativa. Nesse caso, a lei não determina, com precisão, qual o prazo exato de suspensão que deve ser aplicado ao servidor. Entretanto, o art. 130 da Lei 8.112/90 é expresso ao afirmar que essa penalidade de suspensão não poderá exceder de 90 (noventa) dias.

Sendo assim, perceba que existe uma lei regulamentando a aplicação da penalidade de suspensão, que também é quem permite ao servidor decidir entre o prazo de 01 (um) a 09 (noventa) dias. Assertiva incorreta.

II. Não só a escolha do ato a ser praticado, como também a escolha do melhor momento para praticá-lo, revela hipótese de discricionariedade da administração.

A discricionariedade administrativa se revela sempre que o agente público possui liberdade para escolher a opção mais conveniente e oportuna para a coletividade, dentre as várias alternativas que lhes são apresentadas. Isso pode ocorrer tanto na escolha do ato a ser praticado (conveniência), quanto na escolha no melhor momento para praticá-lo (oportunidade), o que torna a assertiva correta.

III. Nas situações em que o Poder Judiciário anula ato discricionário, o juiz pode determinar providência que defina o conteúdo do novo ato a ser praticado.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que "em relação ao atos discricionários, o controle judicial é possível, mas terá que respeitar a discricionariedade administrativa nos limites em que ela é assegurada à Administração Pública pela lei".

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Desse modo, ao anular um ato discricionário o juiz não poderá determinar providência que defina o conteúdo do novo ato a ser praticado, pois, se assim agir, estará adentrando no mérito do administrativo, espaço reservado pela lei ao administrador público, que é por excelência quem possui melhores condições de definir acerca da conveniência e oportunidade do ato. Assertiva incorreta.

05. (Técnico Judiciário/TRT 5a 2008/CESPE) A respeito de atos administrativos, julgue os itens seguintes.

I. O Poder Judiciário pode revogar seus próprios atos administrativos e anular os atos administrativos praticados pelo Poder Legislativo.

O texto da assertiva está em conformidade com o entendimento da doutrina majoritária e, portanto, deve ser considerado correto. Lembre-se sempre de que o Poder Judiciário não está autorizado a revogar os atos praticados pela Administração Pública, mas somente anulá-los, quando contrários à lei. O mesmo ocorre em relação aos atos administrativos praticados pelo Poder Legislativo, que também poderão ser anulados quando editados em desconformidade com a lei.

Por outro lado, o Poder Judiciário pode revogar os seus próprios atos administrativos, quando não forem mais convenientes e oportunos. Isso acontece, por exemplo, quando o Presidente de um Tribunal de Justiça decide revogar uma licença para tratar de assuntos particulares (sem vencimentos) concedida anteriormente a um servidor. Perceba que esta revogação somente é possível porque o ato que concedeu a licença foi editado pelo próprio Poder Judiciário (no exercício da função administrativa) e não pela Administração.

II. O ato administrativo de remoção de servidor público ocupante de cargo efetivo com o intuito de puni-lo caracteriza desvio de poder.

Lembre-se de que a remoção não é uma das penalidades previstas no art. 127 da Lei 8.112/90, que apenas se refere à advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada.

Ademais, a finalidade específica da remoção de servidores é suprir a carência de pessoal existente em outros órgãos ou entidades. Sendo assim, se a remoção for utilizada com a finalidade específica de punir um servidor, estará ocorrendo um flagrante desvio de finalidade (espécie de desvio de poder), pois a remoção estará sendo utilizada com uma finalidade diversa daquela prevista em lei. Assertiva correta.

III. A administração tem o ônus de provar a legalidade do ato administrativo sempre que ela for questionada judicialmente.

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Como consequência do atributo da presunção de legitimidade os atos administrativos são presumivelmente legais, isto é, legítimos, editados em conformidade com a lei e com o direito.

Desse modo, a Administração não tem o ônus de provar a legalidade do ato (já que nascem presumivelmente legítimos). Pelo contrário, o ônus da prova cabe a quem alega a ilegalidade ou ilegitimidade do ato (um particular, por exemplo), o que torna a assertiva incorreta.

IV. A aposentadoria de cargo de provimento efetivo, por implemento de idade, é um ato administrativo discricionário.

A aposentadoria em cargo de provimento efetivo, por implemento da idade, é um ato administrativo vinculado. Isso porque não existe margem de atuação (liberdade de escolha) no momento da edição do ato de aposentadoria.

Se o servidor completou 70 (setenta) anos de idade, só existe uma única conduta a ser adotada: a edição do ato concedendo a aposentadoria. Assertiva incorreta.

06. (Analista Judiciário/TRT 5a 2008/CESPE) Julgue os itens que se seguem, acerca dos atos administrativos e do procedimento administrativo disciplinado no âmbito da administração federal.

I. É dispensável a motivação para o ato administrativo quando este se destinar apenas a suspender outro ato anteriormente editado.

A motivação exige que a Administração justifique, por escrito, os seus atos, apresentando os fundamentos de fato e de direito, bem como a correlação lógica entre esses fatos ocorridos e o ato praticado, demonstrando a compatibilidade da conduta com a lei.

A doutrina majoritária entende que todos os atos administrativos devem ser motivados, inclusive aqueles destinados apenas a suspender outro ato anteriormente editado. São raros os atos administrativos que dispensam a motivação, a exemplo das nomeações e exonerações em cargos de confiança (cargos em comissão). Nesse caso, entende a doutrina que o administrador não está obrigado a motivar o ato, pois se trata de cargo de livre nomeação e livre exoneração.

Desse modo, a motivação deve ser considerada como regra e a ausência de motivação, exceção. Assertiva incorreta.

II. A revogação de ato administrativo por motivo de conveniência e oportunidade deve respeitar os direitos eventualmente adquiridos.

O texto da assertiva está em conformidade com o teor da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, que é expressa ao afirmar que a revogação de atos administrativos deve respeitar os direitos eventualmente adquiridos, vejamos:

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"A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial".

III. O prazo decadencial para a administração pública anular atos administrativos de efeitos patrimoniais contínuos renova-se periodicamente.

O artigo 54 da Lei 9.784/99 prevê que o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

Por outro lado, o § 1° do mesmo artigo estabelece que, no caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento, o que torna a assertiva incorreta.

07. (Oficial de Inteligência/ABIN 2008/CESPE) Na segunda fase do concurso para provimento de cargo de policial, Flávio matriculou-se no curso de formação, já que tinha sido aprovado nas provas objetivas, no exame psicotécnico e no teste físico, que compunham a chamada primeira fase. No entanto, a administração pública anulou o teste físico, remarcando nova data para a sua repetição, motivo pelo qual foi anulada a inscrição de Flávio no curso de formação. Acerca dos atos administrativos referentes à situação hipotética apresentada, julgue os itens subseqüentes.

I. A anulação do exame físico está inserida no poder de autotutela da administração, não sendo imprescindível que haja contraditório e ampla defesa, pois o ato em si não trouxe qualquer prejuízo para Flávio - já que ele irá refazer o teste físico - nem para os demais candidatos.

Não há dúvidas sobre o fato de que a anulação do exame físico está inserida no poder de autotutela da administração. Entretanto, a doutrina majoritária tem defendido o entendimento de que é imprescindível a realização de processo administrativo prévio, através do qual sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa àquele que será diretamente prejudicado pela anulação.

Esse também é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, manifestado no julgamento do Agravo Regimental 710085//SP, decidido em 03/02/2009:

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II. Considerando que a motivação apresentada pela administração não seja a medida mais adequada para anular o teste físico de Flávio, o juiz poderá aplicar a teoria dos motivos determinantes para anular o ato anulatório.

No julgamento do recurso em mandado de segurança n° 19.013/PR, de relatoria da Ministra Laurita Vaz, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que "ao motivar o ato administrativo, a Administração ficou vinculada aos motivos ali expostos, para todos os efeitos jurídicos. Tem aí aplicação a denominada teoria dos motivos determinantes, que preconiza a vinculação da Administração aos motivos ou pressupostos que serviram de fundamento ao ato. A motivação é que legitima e confere validade ao ato administrativo discricionário. Expostos os motivos, a validade do ato fica na dependência da efetiva existência do motivo. Presente e real o motivo, não poderá a Administração desconstituí-lo a seu capricho. Por outro lado, se inexistente o motivo declarado na formação do ato, o mesmo não tem vitalidade jurídica".

No exemplo apresentado na questão, caso fique constatado que a motivação utilizada para a anulação dos testes físicos não seja a mais adequada, ou que, simplesmente, não tenha qualquer relação com a finalidade da anulação, o juiz poderá, sim, anular o ato administrativo que anulou os testes físicos, mantendo o resultado inicial. Assertiva correta.

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Perceba que a anulação do ato pode trazer graves prejuízos para Flávio, pois, apesar de ser submetido a novos testes físicos, não existe a certeza de que será novamente aprovado.

Desse modo, o texto da assertiva deve ser considerado incorreto.

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QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO CONTEÚDO

01. (Analista de Regulação/ANEEL 2010/CESPE - adaptada) Sobre os princípios e conceito de serviços públicos, julgue o item seguinte.

1. Aplica-se ao serviço público o princípio da mutabilidade do regime jurídico, segundo o qual é possível a ocorrência de mudanças no regime de execução do serviço para adequá-lo ao interesse público, que pode sofrer mudanças com o decurso do tempo.

02. (Analista Técnico-Administrativo/Ministério da Saúde 2010/CESPE) Em relação ao serviço público, julgue o item subseqüente.

I. Os serviços públicos podem ser classificados, quanto ao objeto, em exclusivos e não exclusivos do Estado.

03. (Delegado/Polícia Civil PB 2008/CESPE) Em relação ao serviço público, julgue o item subseqüente.

I. O dispositivo constitucional que preceitua caber ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, sempre mediante licitação, a prestação de serviços públicos, demonstra que o Brasil adotou uma concepção subjetiva de serviço público.

04. (ACE/TCU 2007/CESPE) Julgue o item subseqüente, relativo aos serviços públicos.

I. Os requisitos do serviço público identificam-se com o conteúdo dos princípios da permanência ou continuidade, da generalidade, da eficiência, da modicidade e da cortesia.

05. A respeito dos serviços públicos, julgue os seguintes itens.

I. Serviços públicos propriamente ditos são os que a Administração presta diretamente à comunidade, devido à sua essencialidade, sendo exemplos os de defesa nacional e de polícia.

II. Serviços de utilidade pública são os que a Administração, por reconhecer sua conveniência, presta-os diretamente ou por meio de terceiros, sendo exemplos os de transporte coletivo, energia elétrica e telefone.

III. Serviços uti universi ou gerais são aqueles prestados para usuários indeterminados, para atender à coletividade no seu todo, sendo exemplos os de polícia e de iluminação pública. Por serem

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gerais, devem ser custeados pela espécie tributária taxa ou por tarifa (preço público).

IV. Serviços uti singuli, divisíveis ou individuais são aqueles que têm usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada destinatário, devendo, por isso, ser custeados por meio de impostos. São exemplos os serviços de telefone e energia elétrica domiciliares.

06. (Técnico Judiciário / TRE 2009 / CESPE - ADAPTADA) Quanto ao conceito e aos princípios inerentes ao regime jurídico dos serviços públicos, julgue os itens abaixo:

I. O conceito de serviço público compreende não somente a execução de determinada atividade, como também sua gestão, que deve ser desempenhada pelo Estado por intermédio da atuação exclusiva da administração centralizada.

II. Todo serviço público tem por finalidade atender a necessidades públicas, razão pela qual toda atividade de interesse público constitui serviço público.

III. Os serviços públicos, em qualquer hipótese, estão sujeitos ao regime jurídico público.

IV. O princípio da mutabilidade do regime jurídico é aplicável ao serviço público, motivo pelo qual são autorizadas mudanças no regime de execução do serviço para adaptações ao interesse público, o que implica ausência de direito adquirido quanto à manutenção de determinado regime jurídico.

V. O princípio da igualdade dos usuários não é aplicável ao serviço público, na medida em que devem ser considerados, como regra, aspectos de caráter pessoal de cada usuário na prestação do serviço público.

07. (ACE/TCU 2007/CESPE) Julgue os itens subseqüentes, relativos aos atos administrativos.

I. Os atos praticados pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário devem sempre ser atribuídos à sua função típica, razão pela qual tais poderes não praticam atos administrativos.

II. São exemplos de atos administrativos relacionados com a vida funcional de servidores públicos a nomeação e a exoneração. Já os atos praticados pelos concessionários e permissionários do serviço público não podem ser alçados à categoria de atos administrativos.

III. O ato administrativo não surge espontaneamente e por conta própria. Ele precisa de um executor, o agente público competente, que recebe da lei o devido dever-poder para o desempenho de suas funções.

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08. (Analista Técnico-Administrativo / Ministério da Saúde 2010 / CESPE) Com relação aos atos administrativos, aos poderes e ao controle da administração, julgue os próximos itens.

I. Conforme afirma a doutrina prevalente, o ato administrativo será sempre vinculado com relação à competência e ao motivo do ato.

II. Os atos administrativos gozam de presunção iuris et de iure de legitimidade.

III. Existe liberdade de opção para a autoridade administrativa quanto ao resultado que a administração quer alcançar com a prática do ato.

IV. Para se chegar ao mérito do ato administrativo, não basta a análise in abstrato da norma jurídica, é preciso o confronto desta com as situações fáticas para se aferir se a prática do ato enseja dúvida sobre qual a melhor decisão possível. É na dúvida que compete ao administrador, e somente a ele, escolher a melhor forma de agir.

09. (Inspetor de Controle Externo/TCE RN 2009/CESPE) Com relação à teoria dos atos administrativos, julgue os próximos itens.

I. Os atos administrativos são presumidamente verdadeiros e conformes ao direito, militando em favor deles uma presunção juris et de jure de legitimidade. Trata-se, assim, de uma presunção absoluta, que não depende de lei expressa, mas que deflui da própria natureza do ato administrativo, como ato emanado de agente integrante da estrutura do Estado.

II. Como requisito do ato administrativo, a competência é, em princípio, intransferível, só podendo ser objeto de delegação se estiver estribada em lei.

III. O que fundamenta a anulação (ou invalidação) do ato administrativo é a inconveniência ou inoportunidade do ato ou da situação gerada por ele.

10. (Procurador/PGE-CE 2008/CESPE - adaptada) Com relação aos atos administrativos, julgue os itens seguintes.

I. A revogação do ato administrativo tem efeitos ex tunc.

11. Somente a administração pública possui competência para revogar os atos administrativos por ela praticados.

III. O ato administrativo discricionário é insuscetível de exame pelo Poder Judiciário.

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11. (Polícia Civil ES / CESPE 2009) Julgue os itens seguintes, acerca da competência administrativa e de sua avocação e delegação.

I. A competência é requisito de validade do ato administrativo e se constitui na exigência de que a autoridade, órgão ou entidade administrativa que pratique o ato tenha recebido da lei a atribuição necessária para praticá-lo.

II. Na delegação de competência, a titularidade da atribuição administrativa é transferida para o delegatário que prestará o serviço.

III. Para que haja a avocação não é necessária a presença de motivo relevante e justificativa prévia, pois esta decorre da relação de hierarquia existente na administração pública.

12. (Procurador/AGU 2010/CESPE) Julgue os seguintes itens, acerca do ato administrativo.

I. A anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, nos processos que tramitem no TCU, deve respeitar o contraditório e a ampla defesa, o que se aplica, por exemplo, à apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

II. Os atos do processo administrativo dependem de forma determinada apenas quando a lei expressamente a exigir.

III. Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo pode ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.

IV. Interposto recurso administrativo, a autoridade julgadora federal, que não pode ter recebido essa competência por delegação, pode, desde que o faça de forma necessariamente fundamentada, agravar a situação do recorrente.

13. (Advogado/ CETURB 2010/CESPE) Julgue os itens subseqüentes, a respeito dos poderes da administração pública.

I. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), a aposentadoria seria exemplo de ato composto mesmo nos casos em que o tribunal de contas, no exercício do controle externo constitucionalmente previsto, aprecia a legalidade da própria concessão.

II. Atos praticados pela administração valendo-se de suas prerrogativas e regidos por normas de direito público são exemplos de atos administrativos, não podendo ser classificados, portanto, como atos da administração.

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14. (Administração/MCT- FINEP 2009/CESPE - adaptada) Acerca da administração pública direta e indireta, julgue os itens abaixo:

I. Veda-se a prática de nepotismo em todas as esferas da administração pública, federal, estadual e municipal, razão pela qual um governador não pode nomear o seu irmão para o cargo de secretário estadual de transporte.

II. A administração pode anular os próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. A anulação ou a revogação do ato pela administração impede a apreciação judicial da situação por falta de interesse do administrado.

III. Cabe ao Poder Judiciário verificar a regularidade dos atos normativos e de administração do poder público em relação às causas, aos motivos e à finalidade que os ensejam.

15. (Analista de Atividades/IBRAM 2009/CESPE) A Lei n.° 4.717/1965, ao regular a ação popular, estabelece, em seu art. 2.°, as hipóteses de nulidade de atos lesivos ao patrimônio das entidades definidas em seu art. 1.°. A doutrina administrativista majoritária utiliza aquele dispositivo como norteador da definição dos elementos dos atos administrativos e das situações de invalidade. A respeito dos atos administrativos, invalidade e controle, julgue os próximos itens.

I. Consoante disposto na Lei n.° 9.784/1999, que regula o processo administrativo, a administração tem o dever de anular os atos administrativos eivados de vício de legalidade, no exercício de sua autotutela, podendo convalidar aqueles que apresentem defeitos sanáveis, desde que não acarretem lesão ao interesse público e nem prejuízo a terceiros.

II. Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o controle jurisdicional a respeito do ato administrativo que impõe sanção disciplinar restringe-se aos seus aspectos meramente formais.

16. (Assessor Jurídico/FURNAS 2009/FUNRIO) O fato jurídico pode ser o acontecimento em virtude do qual inicia-se, modifica-se ou extingue-se a relação jurídica. O conceito de ato jurídico e posteriormente, foi constatado ser o ato administrativo um ato jurídico qualificado pelo interesse público nele presente, desta forma podemos afirmar que, A) fato administrativo traz em seu cerne uma atividade material, atividade pública material, com conteúdo jurídico. O interesse jurídico do fato administrativo provem do ato jurídico, notadamente, às consequências jurídicas do ato administrativo que dele possam surgir, tanto para Administração, quanto para os seus administrados. Consiste em atividade

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prática de execução de um ato administrativo, como o calçamento de ruas e interdição de um estabelecimento. B) a Administração Pública não pode praticar atos ou celebrar contratos em regime de Direito Privado (Civil ou Comercial), no desempenho normal de suas atividades, pois em tais casos ela se nivela ao particular, abrindo mão de sua supremacia de poder, desnecessária para aquele negócio jurídico. C) nenhum ato pode ser realizado validamente sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo. Entende-se pôr finalidade administrativa, o poder atribuído ao agente da Administração para o desempenho específico de suas funções, que resulta da lei e pôr ela é delimitada. Todo ato emanado de agente ilegítimo é inválido, apenas quanto à finalidade, passível de convalidação os outros requisitos do ato. D) é o objeto requisito vinculado e imprescindível à perfeição do ato administrativo, uma vez que não é dado à Administração Pública a livre manifestação de sua vontade, observando-se os bens envolvidos em suas emanações. Podemos consignar que se inexistente o objeto administrativo, admite o ato administrativo secreto, semelhante ao praticado no Senado Federal. E) emanados de agentes investidos de parcela do Poder inerente a Administração Pública, os atos administrativos são revestidos de atributos, que os diferenciam dos atos praticados pelos particulares, tais como à presunção de legitimidade, à imperatividade e à auto-executoriedade. O exame do ato administrativo revela nitidamente a existência da competência, finalidade, forma, motivo e objeto como requisitos necessários à sua perfeição.

17. (Administrador/FUNAI 2009/FUNRIO) O ato administrativo, unilateral e vinculado, pelo qual a Administração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico, é definido como A) parecer. B) visto. C) comprovação. D) homologação. E) permissão.

18. (Promotor de Justiça substituto/MPE ES 2010/CESPE) Assinale a opção correta com referência à teoria dos atos administrativos. A) Como faculdade de que dispõe a administração para extinguir os atos que considera inconvenientes e inoportunos, a revogação pode atingir tanto os atos discricionários como os vinculados. B) Ato administrativo simples é o que emana da vontade de um só órgão administrativo, sendo o órgão singular, não colegiado. C) Todos os atos administrativos dispõem da característica da autoexecutoriedade, isto é, o ato, tão logo praticado, pode ser imediatamente executado, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário.

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D) A perfeição do ato administrativo diz respeito à conformidade do ato com a lei ou com outro ato de grau mais elevado, e, nesse sentido, ato imperfeito é o ato praticado em dissonância com as normas que o regem. E) Pela conversão, a administração converte um ato inválido em ato de outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato original.

19. (Contador/AGU 2010/CESPE) A respeito do direito administrativo, julgue os itens seguintes.

I. O ato discricionário permite liberdade de atuação administrativa, a qual deve restringir-se, porém, aos limites previstos em lei.

II. O ato administrativo, uma vez publicado, terá vigência e deverá ser cumprido, ainda que esteja eivado de vícios.

III. É facultado ao Poder Judiciário, ao exercer o controle de mérito de um ato administrativo, revogar ato praticado pelo Poder Executivo.

20. (Procurador Federal/AGU 2010/CESPE) Julgue os seguintes itens, acerca do ato administrativo.

I. O ato de delegação não retira a atribuição da autoridade delegante, que continua competente cumulativamente com a autoridade delegada para o exercício da função.

II. A anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, nos processos que tramitem no TCU, deve respeitar o contraditório e a ampla defesa, o que se aplica, por exemplo, à apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

III. O ato administrativo pode ser inválido e, ainda assim, eficaz, quando, apesar de não se achar conformado às exigências normativas, produzir os efeitos que lhe seriam inerentes, mas não é possível que o ato administrativo seja, ao mesmo tempo, perfeito, inválido e eficaz.

21. (Técnico Judiciário/TRE BA 2010/CESPE) Julgue os itens a seguir, relativos aos atos e poderes administrativos.

I. Entre as espécies de atos administrativos, os atestados são classificados como enunciativos, porque seu conteúdo expressa a existência de certo fato jurídico.

II. A autoexecutoriedade é um atributo de todos os atos administrativos.

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CURSO PREPARATÓRIO PARA O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL DIREITO ADMINISTRATIVO - PROF. FABIANO PEREIRA

GABARITO

1) I.C 2) I.F 3) I.F 4) I.C 5) I.C II.C III.F IV.F

6) I.F II.F III.F IV.C

V.F

7) I.F II.F III.C

8) I.F II.F III.F IV.C

9) I.F II.C III.F

10) I.F II.C III.F

11) I.C II.F III.F

12) I.F II.C III.F IV.C

13) I.F II.F 14) I.F II.F III.C

15) I.C II.F

16) E 17) D 18) E 19) I.C II.C III.F

20) I.C II.F III.F

21) I.C II.F

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