direito tributário i -...

34
Unidade 1: noções iniciais Estado: concentração de poder e ordem jurídica. No auge do liberalismo econômico, entendia-se que o custo do estado era muito reduzido, tendo em vista que o mercado era considerado auto- regulável. Era desejável arrecadar o mínimo possível e gastar também o mínimo, buscando sempre o equilíbrio financeiro. Assim, os serviços estatais eram também extremamente reduzidos, a medida que um dos princípios da época era a seleção. Nesse raciocínio, o Estado não deveria prestar auxílio aos mais fracos ou aos mais pobres. Esse sistema começou a entrar em colapso a partir das grandes crises econômicas, que fazem parte do ciclo econômico capitalista. No âmbito do liberalismo econômico extremo, os serviços públicos se reduziam à: guerra, segurança e justiça. Apenas no início do século XX, iniciaram-se os grandes modelos de previdência social, o que trouxe grandes mudanças sociais bem como econômicas. Essa interferência estatal gera um consequente aumento dos gastos para manter o Estado. John M. Keynes: em momento de crise, ou retração econômica, o Estado deve intervir para estimular a engrenagem econômica, exercendo um serviço público. Em sua metodologia, não interessa apenas o equilíbrio Direito Tributário I Página de 1 34 Direito Tributário I Faculdade de Direito da UFMG Professor(a): Misabel Derzi Ana Clara Pereira Oliveira 2016/1º - Diurno

Upload: lamkien

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Unidade 1: noções iniciais • Estado: concentração de poder e ordem jurídica.

• No auge do liberalismo econômico, entendia-se que o custo do estado era

muito reduzido, tendo em vista que o mercado era considerado auto-

regulável. Era desejável arrecadar o mínimo possível e gastar também o

mínimo, buscando sempre o equilíbrio financeiro. Assim, os serviços

estatais eram também extremamente reduzidos, a medida que um dos

princípios da época era a seleção. Nesse raciocínio, o Estado não deveria

prestar auxílio aos mais fracos ou aos mais pobres. Esse sistema começou

a entrar em colapso a partir das grandes crises econômicas, que fazem

parte do ciclo econômico capitalista.

• No âmbito do liberalismo econômico extremo, os serviços públicos se

reduziam à: guerra, segurança e justiça.

• Apenas no início do século XX, iniciaram-se os grandes modelos de

previdência social, o que trouxe grandes mudanças sociais bem como

econômicas. Essa interferência estatal gera um consequente aumento dos

gastos para manter o Estado.

• John M. Keynes: em momento de crise, ou retração econômica, o Estado

deve intervir para estimular a engrenagem econômica, exercendo um

serviço público. Em sua metodologia, não interessa apenas o equilíbrio Direito Tributário I Página de 1 34

Direito Tributário IFaculdade de Direito da UFMG

Professor(a): Misabel Derzi Ana Clara Pereira Oliveira

2016/1º - Diurno

contábil financeiro (receita e despesa), mas sim o equilíbrio econômico-

social.

• Assim, esse novo sistema econômico inclui novos serviços estatais àquela

lista antes reduzida (justiça, segurança e guerra), como, por exemplo,

educação pública, saúde pública, previdência social e etc.

• A constituição brasileira inclui diversos serviços estatais em nosso modelo,

o que, como foi dito, gera custos e culmina na necessidade de

arrecadação de tributos.

• Os tributos, então, entram como meios para atingir os fins desejados pelo

Estado.

• O direito financeiro estuda normas e atos financeiros que regem a

atividade financeira do Estado, enquanto o direito tributário estuda o

tributo, que é a maior forma de arrecadação do Estado.

• O orçamento tem três funções primordiais:

A. Arrecadatória;

B. Redistributiva;

C. Alocativa: estado aloca recursos em determinados setores

estratégicos para atingir fins específicos;

D. Estabilizadora: estado se vale dos tributos e de sua influência sobre o

mercado financeiro para criar políticas econômicas que visem a

estabilizar a economia.

Unidade 2: Tributos • Conceito de tributo:

- A Constituição, ciente de que só intuiu o que é o tributo, determinou

que cabe a lei complementar determinar o tributo (CF, art. 146, III - a).

Direito Tributário I Página de 2 34

CF: Art. 146. "Cabe à lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; (...)"

• Definição legal do tributo:

- Artigo 3º do CTN:

a. Prestação: O tributo cria uma relação obrigacional, na qual há o

sujeito ativo e o sujeito passivo. b. Pecuniária: em princípio, a obrigação será sempre paga em dinheiro.

Esse fato diferencia o tributo tanto da requisição administrativa

quanto da prestação de serviços compulsória. Além disso, não poderá

ser uma prestação "in natura" (entregar algo em natureza) nem "in

labore" (ou em troca de trabalho). Importante porém, destacar que o

CTN autoriza que seja pago, em casos específicos, pela forma de

"dação em pagamento" , segundo o artigo 156, XI (CTN). No 1

entanto, não é possível por meio de bens móveis, pelo artigo 37, XXI

(CF) e ADI 7971/DF. Por meio da prestação de serviços também não é

possível, segundo a doutrina majoritária, já que seria necessário

concurso ou licitação para que uma pessoa possa trabalhar para o

Estado. Por outro lado, a dação por meio de bens imóveis é possível.

c. Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: remonta à ideia de

prestação pecuniária.

d. Instituída em lei: taxatividade

e. Cobrada mediante ato administrativo plenamente vinculado:

➢ Atos da administração: os lançamentos (por meio dos quais o Estado cobra os tributos) devem ser sempre vinculados, e não discricionários.

art. 356, CC.1

Direito Tributário I Página de 3 34

CTN: Art. 3º. "Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa plenamente vinculada."

f. Compulsória: independe da vontade de quem paga o tributo.

➢ Ex Lege: decorrem de lei. ➢ Ex Voluntate: decorrem da vontade (porém também são

instituídas em lei, ex.: na compra de um notebook o indivíduo tem o dever de pagar os impostos devidos).

g. Que não constitua sanção de ato ilícito.

➢ "Pecúnia non olet": artigo 118, I, CTN. Nesse sentido, o STF já 2

pacificou a questão de que o que importa não é a origem do tributo, mas sim seus efeitos econômicos (resultado econômico). Para a professora Misabel é imoral que o Estado cobre tributos sabendo que vieram de fonte ilícita. Assim, resumidamente, temos as seguintes correntes doutrinárias:

(1) Origem (prof. Misabel); (2) Efeito econômico (majoritária)

• Norma Jurídica tributária:

ver HC 77.530-4 RS2

Direito Tributário I Página de 4 34

- Quando o fato, realizado no mundo da vida, se encaixa perfeitamente

na lei, chama-se subsunção.

- Regra matriz tributária:

Ht = Cm.(v.c).Ce.Ct → Cst = Cp.(sa.sp).Cq.(bc.al)

- Legenda:

→ Ht (hipótese);

→ Cm (material) - o que está sendo tributado?;

→ Ce (espacial) - onde esse aspecto material será tributado?;

→ Ct (temporal) - em que momento esse comportamento previsto

de forma abstrata na hipótese será tributado?;

→ Cst (consequente);

→ Cp (pessoal) - quem constitui essa obrigação tributária? (Sujeito

Ativo: pessoa jurídica de direito público e sujeito Passivo:

contribuinte);

→ Cq (quantitativo) - alíquota e base de cálculo.

- Regra matriz tributária (ou hipótese de incidência tributária para

Ataliba): são os elementos presentes em todas as normas que instituem

tributos.

A. Antecedente: aspecto material (o que); aspecto espacial (onde);

aspecto temporal (quando). B. Consequente: aspecto pessoal (sujeito ativo/passivo) e aspecto

quantitativo (base de cálculo/alíquota).

Direito Tributário I Página de 5 34

• Artigo 4º, CTN:

- Fatores irrelevantes: ➢ Denominação ("nomen iuris"); ➢ Destinação: caso a norma traga uma finalidade diferente da

realidade, ela será considerada inconstitucional e poderá ocorrer a chamada "tredestinação", que ocorre justamente quando há a destinação de um bem expropriado a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. Ela pode ser lícita ou ilícita.

- Fatores relevantes: ➢ Fato gerador (da obrigação tributária) ou "fait générateur".

Nesse ponto, há certa confusão terminológica. Para alguns autores, o fato gerador é a própria regra matriz. Outros autores consideram o fato gerado apenas como a hipótese tributária. A professora Misabel, juntamente com outros doutrinadores, abandonou essa terminologia, adotando as nomenclaturas: a) hipótese de incidência: previsão normativa abstrata; b) fato imponível: a materialização da previsão normativa.

• Base de cálculo e suas funções:

a. Dimensionar a capacidade contributiva;

b. Definir a espécie tributária:

b.1) Infirmar (desmentir) o critério material ou;

b.2) Confirmar o critério material (função ideal, desejável).

c. Definir o valor devido ("quantum deneatur") - se relaciona com a

dimensão da capacidade contributiva, pois define quanto deve ser

pago pelo contribuinte.

Direito Tributário I Página de 6 34

CTN: Art. 4º. "A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação"

• Norma sancionatória X norma não sancionatória

- Uma norma não sancionatória se forma através da hipótese (se A é) que

se soma ao mandamento, ou regra de dever ser (B deve ser). Já a

sancionatória se forma pela descrição do ato ilícito (se não for B) e pela

sanção (deve ser C) - execução forçada, multas ou sanção pecuniária.

- No que diz respeito à norma tributária, existem duas correntes distintas:

a. Corrente 1: a norma tributária não é sancionatória tendo em vista que

não descreve ato ilícito. O que ocorre na norma tributária é uma

previsão de punição para a hipótese de descumprimento, que

trabalha meramente a eficácia da norma, evitando que esta seja

tratada como mero conselho.

b. Corrente 2 (Paulo de Barros Carvalho): a norma tributária é

sancionatória. Caso haja cumprimento da norma, a norma

sancionatória não se concretizará. Por outro lado, sendo descumprido

o comando de dever ser, aplicar-se-á a norma sancionatória. Unidade 3: Espécies tributárias • FG + BC + DESTINAÇÃO = Critérios distintivos

- CF, art. 145: impostos, taxas e contribuições de melhoria

- CF, art. 148: empréstimos compulsórios

- CF, art. 149: contribuições especiais

• Teorias:

- Bipartite (Becker): para essa escola, o fato gerador é a chave da

classificação, que pode ser dívida apenas nas seguintes

a. Imposto (fato gerador independe de uma atuação estatal, ex.:

prestação de serviços);

b. Taxa (fato gerador vinculado à ação estatal, ex.: coleta de lixo

público).

- Tripartite (Ataliba): o critério utilizado se relaciona também ao fato

gerador. Para Ataliba, as outras espécies previstas na CF (que não

mencionadas por ele) se "comportariam" como as três mencionadas,

Direito Tributário I Página de 7 34

podendo ser tanto vinculadas quanto não vinculadas. Ele adota a

definição do art. 5º do CTN e reconhece a existência de:

a. Imposto (não vinculados à ação estatal);

b. Taxa (vinculados à ação estatal);

c. Contribuição de melhoria (vinculados à ação estatal).

- Quadripartite (Ricardo Lobo Torres):

a. Imposto

b. Taxa

c. Contribuições (ele não distingue contribuições de melhoria e

especiais, como faz a CF, pois elas se fundamentam no princípio da

solidariedade);

d. Empréstimos compulsórios

- Pentapartite (adotada pela CF, haja vista os artigos acima mencionados:

a. Imposto

b. Taxa

c. Empréstimo compulsórios

d. Contribuição de melhoria

e. Contribuições especiais

e.1) sociais

e.2) de intervenção

e.3) corporativas

e.4) de iluminação

Unidade 4: Introdução à teoria dos impostos • Hi = fato/ato sem relação com a atividade estatal - signo presuntivo de

riqueza/capacidade contributiva (Baleeiro). Isso pois os impostos devem

sempre ser proporcionais à capacidade contributiva ou econômica.

• Finalidade dos impostos: custear despesas gerais do orçamento (proibição

da vinculação, art. 167, IV, CF - ao contrário do que ocorre com as

contribuições, que devem ser vinculadas).

• Discriminação rígida de competências (privativas).

• Contribuinte: vínculo com a situação descrita na Hi. Direito Tributário I Página de 8 34

• Definições legais:

- Impostos: 16 CTN

- Taxas: art. 77, 78, 79 CTN

- Contribuição: art. 81, 82

Unidade 5: Classificações dos impostos • Competências municipais:

- IPTU

- ITBI (156, CF)

- ISS

• Estaduais:

- IPVA

- ITCD (155, CF)

- ICMS

• Federais:

- II

- IE

- IR

- IPI

- IOF

- ITR

- Impostos residuais (154, I, CF - competência apenas da União, em

situações extraordinárias previstas)

- Impostos extraordinários (154, II, CF - competência apenas da União em

situações extraordinárias previstas)

• Incidência econômica:

- Diretos: quando o indivíduo afetado faz o pagamento

- Indiretos: quando o imposto sofre repercussão, deslocando para

terceiros a obrigação de seu pagamento. Um exemplo, é o ICMS, no

qual a obrigação financeira é do vendedor, mas quem paga é o

consumidor (valor inserido no preço) .

Direito Tributário I Página de 9 34

• Função financeira:

- Fiscais

- Extrafiscais: objetivo de intervir na economia, e não de arrecadação

propriamente dita (ex.: imposto sobre importação).

• Alíquotas

- Fixas;

- Variáveis (seletivos/não seletivos; progressivos/proporcionais/

regressivos; monofásicos (incidem uma vez)/plurifásicos (incidem mais

de uma vez ao longo da cadeia - os plurifásicos podem ser cumulativos/

não cumulativos).

• Aspecto subjetivo da incidência

- Reais: incidem sobre coisas.

- Pessoais: repercutem na renda econômica do indivíduo

• Ver:

- Súmula vinculante 29

- Súmula 348 STF

- Súmula 595 STF

Unidade 6: Sistema tributário e repartição de competências • Competência: parcela do poder soberano (exclusividade da CR) - se

relaciona ao poder de cobrar tributos.

- Capacidade tributária ativa (parafiscalidade)

- Competência legislativa (concorrente)

a. Leis gerais (lei complementar):

b. Resoluções do Senado.

• Repartição de competências: opção política

- Se difere da repartição de receitas, que é requisito do federalismo.

• Tributos vinculados X Não vinculados:

- Em linhas gerais, os tributos vinculados se relacionam com a atuação

estatal, e se dividem entre taxas e contribuições.

Direito Tributário I Página de 10 34

- Já os tributos não vinculados, que são os impostos, constituem fato

qualquer que não envolva prestação do estado, mas apenas um fato da

esfera jurídica do contribuinte.

• Bis in idem X Bitributação

• Conflitos de competência:

- Vertical (ICMS X ISS): entre entes de diferentes patamares, ex.:

município X união

- Horizontal (ISS): entre entes que estão no mesmo plano, ex.: município

X município. Ex.: indivíduo tem empresa com sede no município B mas

realiza venda no município A. Surge a questão de quem tem

competência para cobrar esse tributo, que se tenta resolver através de

lei complementar.

Unidade 7: Competência tributária • Federalismo: é a forma de Estado no Brasil. Em matéria de direito

tributário, se traduz nas diferentes competências tributárias e suas classificações.

- Relembrando a teoria do Estado e a teoria geral do Direito, temos dois modelos de Estado, sendo o Estado federal e o Estado unitário. Os dois modelos de Estado comportam a descentralização territorial administrativa e financeira, a fim de facilitar o controle. No entanto há grande diferença entre esses dois modelos. No Estado federal percebe-se uma descentralização de poder relativa (descentralização jurídica e política dinâmica), enquanto no Estado unitário esse poder não se divide, é uno. A descentralização jurídica, nesse caso, é estática, já que a origem está concentrada no Estado como um todo (assembléia nacional) dos países que adotam esse modelo. As normas,

Direito Tributário I Página de 11 34

nos Estados federais, nascem do poder legislativo de cada ente, ou cada pessoa jurídica de poder estatal (municípios, estados e etc).

- Para que uma norma seja válida, ou cogente, ela deve estar de acordo com os critérios de validade (formal/material) de uma lei superior que os estabelece. Nesse aspecto, do ponto de vista formal, o CTN só se altera por meio de lei complementar. Já do ponto de vista material, por exemplo, deverá ser respeitado o princípio da igualdade, de acordo com a CF.

- Nesse sentido, é essencial observar a hierarquia das leis. É a Constituição de 88 que estabelece os requisitos para criação de novas leis, estando no topo da pirâmide hierárquica. Abaixo da Constituição, estão as leis complementares federais (normas gerais) e as resoluções do senado federal. Após, estão as outras leis e, abaixo, decretos executivos.

- Dessa exposição, percebe-se que parcela do poder que está diluído entre os entes, no Estado Federalista, permanece concentrado na Constituição, em suas normas superiores (constitucionais) que regem todas as outras.

- Assim, ter competência tributária é ser competente para instituir e cobrar tributos. A competência só pode ser alterada com emenda à Constituição.

- Não são admitidos decretos contra legem ou extra legem (matérias privativas de lei, como, por exemplo, aumento de alíquotas, algo que só pode ser feito via lei complementar).

• Estado democrático de direito: informa os princípios da legalidade e igualdade.

• Funções constitucionais da lei complementar: art. 146

- Competência para normas gerais: União - Competência suplementar para normais gerais: Estados - Inexistência de normas gerais: Estados exercem competência plena

Direito Tributário I Página de 12 34

CF/88: Art. 146. "Cabe à lei complementar": I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...)

- Superveniência de normas gerais: suspensão das normas estaduais no que contrariarem norma geral da união (o que não contrariar, continuará em vigor).

- As normas da União não podem revogar normas de outros entes, mas apenas suspendê-las.

- Caso as normas gerais sejam revogadas, as normas do Estado automaticamente voltarão a vigorar.

• Classificação da competência tributária: (1) Privativa: tecnicamente não é privativa, mas sim, exclusiva, por não

autorizar delegação. São os impostos (União, estados e municípios); empréstimos compulsórios e contribuições especiais (cabe somente à União). Ex.: imposto de renda (união), IPTU e ISS (municípios).

(2) Comum: são as contribuições de melhoria e as taxas (vinculados). A competência tributária é anexa. Atenção ao fato de que a competência administrativa precede a tributária.

(3) Residual: os impostos residuais (art. 154, I) e as contribuições sociais residuais (art. 195, parágrafo 4º) são competência da União. Importante destacar que os impostos residuais são instaurados mediante lei complementar, desde que não seja cumulativo e não tenha a mesma base de cálculo de outro imposto.

(4) Extraordinária: impostos extraordinários e empréstimos compulsórios (5) Cumulativa: territórios (art. 18 § 2º c/c 147). O DF tem competência

para instituir tributos estaduais e municipais. Nos territórios os quais não há divisão em municípios e estados cabe à União arrecadar os tributos municipais e estaduais.

• Características: a. Privatividade: compete ao ente previsto na CF; b. Indelegabilidade: art. 7º do CTN. Não se confunde com a

competência tributária ativa, que é a capacidade de fiscalizar e arrecadar, e que pode ser transferida. Um exemplo é o das contribuições profissionais (parafiscalidade). Outra questão importante se relaciona à ITR (art. 153, VI, § 4º, III c/c 158, III). Nesse caso, 100% da arrecadação vai para o município, independente da vontade da União, apesar da União ter competência para definir as normas. Não é caso de delegação já que não parte da vontade do ente, mas sim, da CF.

Direito Tributário I Página de 13 34

c. Incaducabilidade: art. 8º do CTN. O não exercício da competência não acarreta em sua perda pelo ente, que pode exercê-la em qualquer momento.

d. Inalterabilidade: o poder derivado não pode alterar. e. Irrenunciabilidade f. Facultatividade: o ente tem a faculdade de instituir os tributos. No

entanto, a lei de responsabilidade fiscal busca incentivar a instituição condicionando o recebimento de transferências voluntárias.

- Art. 11, LC nº100/00 (LRF) - ICMS: os Estados não podem deixar de instituir pois poderia causar

uma guerra fiscal, tendo em vista que o Estado que não o instituísse atrairia todos os investimentos do país.

Unidade 8: Limitações constitucionais ao poder de tributar • As limitações vem para cercear o poder de tributar dos entes. As

limitações estão previstas na CF, tendo em vista que é ela que atribui também as competências.

• As limitações poderão vir na forma de princípios (ex.: princípio da legalidade) ou imunidades (ex.: imunidades recíprocas - os entes não podem tributar-se mutuamente), que são considerados cláusulas pétreas e direitos fundamentais, não podendo sofrer redução. Os princípios podem estar previstos expressamente ou não na CF, enquanto as imunidades estarão sempre descritas por ela. Outro ponto importante, é que não estão os princípios e as imunidades dispostos em um rol taxativo, mas permeando diversos dispositivos constitucionais.

• Teoria da exoneração tributária: faz com que o tributo não seja devido - Não incidência: decorre da norma tributária por si mesma, pois não

havendo subsunção à norma, não haverá incidência. - Imunidade: são estabelecidas pela constituição para casos

determinados. Normalmente, a imunidade se relaciona aos impostos. - Isenção: decorre de lei do ente competente para instituir determinado

tributo. O ente decide então abrir mão da tributação em caso específico, por razões políticas, por exemplo. Atenção ao fato de não ser possível a isenção heterônoma, ou seja, feita por ente distinto daquele que tem a competência para tributar. A doutrina majoritária, bem como o STF entende que se foi celebrado tratado que influencie na cobrança de um tributo não será considerada isenção heterônoma.

- Alíquota zero: o ente competente estabelece alíquota zero, resultando base de cálculo igual a zero, não havendo, assim, tributação.

Direito Tributário I Página de 14 34

Unidade 9: Lei complementar • Art. 146, CF • Funções:

1. Conflito de competências (livro 1, CTN): apenas é aparente o conflito, já que o sistema é fechado. Ex.: ICMS (LC 87/96) e ISS (LC 116/03) - conflito apenas aparente.

2. Regular as limitações (livro 1, CTN): ➢ Normas não autoaplicaveis - a lei complementar regulamentará

a limitação, como ocorre, por exemplo com o artigo 150, VI, c, que se completa pelo artigo 14 do CTN.

➢ Normas autoaplicáveis: aquelas que podem diretamente exercer seus efeitos, como, por exemplo, é o princípio da legalidade. Ressalte-se que, mesmo nesses casos poderá ocorrer o conflito, como acontece em relação à legalidade X isonomia. Esse conflito será resolvido pela lei complementar, no caso, art. 108, parágrafo 1º, CTN.

3. Estabelecer normas gerais (livro 2, CTN): essa função refere às outras duas, pois as normas gerais servirão para dirimir conflitos de competência bem como regular limitações.

• Correntes - Dicotômica: entende que apenas a LC só tem as funções 1 e 2, acima

descritas. - Tricotômica: entende que a LC tem as três funções supramencionadas. É

esta a corrente que prevalece, já que a função de estabelecer normas gerais é considerada específica.

• Lei complementar (rol exaustivo, RE 377.457) X lei ordinária: onde cabe uma, não caberá a outra.

• A lei complementar tem procedimento mais rigoroso, por isso é interessante para definir impostos mais sensíveis, como é o caso do imposto sobre grandes fortunas, por exemplo.

• Lei complementar estabelecerá: - Imposto sobre grandes fortunas; - Empréstimos compulsórios; - Impostos residuais; - Contribuições sociais residuais.

Direito Tributário I Página de 15 34

Unidade 9: Imunidade recíproca • Conceito: Dos artigos 150, VI, "a" e art. 150, § 2º e 3º (CF/88), depreende-

se que as imunidades recíprocas, bem como as outras imunidades, impedem a criação de impostos em determinadas circunstâncias. No caso, em relação à renda, ao patrimônio e aos serviços. Além disso, elas têm caráter de regra, e não principio. Segundo a professora Misabel, é uma norma que delimita negativamente a competência e veda a possibilidade dos entes tributarem uns aos outros (reciprocidade). Note-se que artigo é restritivo, incorporando apenas os impostos, e não os outros tributos.

• Fundamentos que justificam a imunidade recíproca: a. Princípio federal: pode-se afirmar que, o que inspira a imunidade

recíproca é o princípio federativo. Isso, pois, deve haver fidúcia/aliança/lealdade recíproca entre os entes da federação, e quando o ente estatal cobra imposto entra na fase de soberania máxima, o que poderia ferir tais laços. A EC nº 3 de 93 foi declarada parcialmente inconstitucional por criar imposto sobre movimentação financeira (CPMF), advogando o princípio federativo.

b. Ausência de capacidade econômica dos entes estatais: nenhum ente político tem disponibilidade para pagar imposto, pois tudo que eles auferem como renda está destinada a um fim público de seus próprios cidadãos e seu território. Todos os recursos estão disponíveis apenas para suas finalidades constitucionais, e não para reverter em favor de outro ente político.

• Classificação: a. Subjetiva: diz respeito a características de determinados entes; b. Ontológica: ou implícitas, são decorrências lógicas do federalismo, e

poderiam ser depreendidas mesmo que não estivessem presentes no texto constitucional.

• Para as imunidades, algumas classificações são importantes: - Impostos indiretos: os indiretos oneram ente divergente do

determinado legalmente, deslocando para terceiros a obrigação de seu pagamento . O contribuinte de fato irá arcar efetivamente com o tributo, enquanto o de direito é aquele que a lei determina. Ex.: numa relação de consumo, o vendedor é o contribuinte de direito, enquanto o consumidor é o contribuinte de fato (fenômeno da repercussão ou translação). Existem duas correntes:

Direito Tributário I Página de 16 34

a.1) Interpretação formal: para os adeptos da interpretação formal, se o ente público for contribuinte de fato, não incidirá imunidade, porém se ele for contribuinte de direito, incidirá. a.2) Interpretação substancial: se o ente público for contribuinte de fato, incidirá a imunidade, mas quando for contribuinte apenas de direito, não há que se falar em imunidade. O objetivo dessa corrente é preservar economicamente os entes públicos, pois apenas quando for contribuinte de fato, o dinheiro sairá dos cofres públicos. Analisa-se a substância da operação econômica.

• Sujeitos aos quais se destinam (ou não) as imunidades: a. Entidades autárquicas e fundacionais (art. 150, parágrafo 2º):

apesar de não serem entes estatais dotados de parcela do poder federal, as imunidades se aplicarão a eles, desde que atendido um requisito diferenciado, em relação aos outros entes. Esse requisito é a afetação ao seu objeto/fim. Ex.: entidade fundacional de promoção da cultura começa a alugar um prédio. A renda deverá ser tributada ou não? Isso dependerá da aplicação desses valores. Se eles forem usados como forma de rendimento para cumprimento de seu objeto (promover a cultura) não será tributado, mas se for usado para outros investimentos desconexos, incidirá imposto. Obs.: o STF entende que a imunidade da OAB é recíproca, mesmo não sendo uma autarquia. Ela é considerada uma entidade sui generis (exerce funções constitucionais de alto relevo, mesmo sem ser autarquia).

b. Empresas públicas: são compreendidas como entidades criadas quando o Estado deseja interferir na economia. O STF vem construindo, por meio da jurisprudência, que, dependendo da função ou objetivo dessas sociedades, delas não poderão ser cobrados impostos. Assim, se essas empresas atuam como substitutas do estado na execução de interesses públicos, não deverão ser cobrados os tributos. Impende dizer que essas empresas também não devem perseguir lucro. Ex.: correios (RE 407.099), casa da moeda (RE 610.517) e Infraero. Atenção ao fato da CEF não entrar nessa lógica, já que ela compete em igualdade de condições com outros bancos, e a aplicação da imunidade iria ferir o princípio da igualdade.

c. Sociedade de economia mista: a discussão é mais complexa, pois nesse caso, como essas empresas têm ações na bolsa, o propósito de lucro é mais evidente. Porém, o STF já decidiu, no caso de uma empresa de tratamento de esgoto (mesmo objeto social da SABESP),

Direito Tributário I Página de 17 34

que ela não seria tributada, tendo em vista que o serviço de tratamento de esgoto é eminentemente público, e a empresa atuaria substituindo o Estado nessa relação.

* Via de regra, o STF entende que não fazem jus à imunidade empresas públicas e sociedades de economia mista que almejam o lucro, ainda que essas empresas sejam concessionárias de serviço público. d. Particulares: a imunidade não aproveita aos particulares. Houve muita

discussão nos casos em que particular, sendo comprador de um bem de entes públicos (os quais têm imunidade e, portanto, nunca pagaram impostos), terem que pagar o ITBI, sendo que o ente nunca contribuiu. Nesse sentido, há a súmula 583 do STF, a qual trás a impossibilidade de aplicação da imunidade, por ela ser inerente ao ente e não ao bem (ela não acompanha o bem).

• Imunidades e a lei complementar: o artigo 146, II, CF/88 estabeleceu que somente lei complementar poderá regular limitações constitucionais ao poder de tributar. O CTN nasceu de uma lei complementar, no ano de 66. Sendo assim, o CTN foi sendo recepcionado pelas constituições e hoje só poderá ser alterado por meio de lei complementar, assim, ele é lei complementar no sentido material.

• As taxas, contribuições especiais, os empréstimos compulsórios e a contribuição de melhoria não estão sujeitos às imunidades, já que a CF limita essa aplicação apenas aos impostos.

Unidade 10: Outras Imunidades a. Partidos políticos, sindicatos e instituições de educação e de

assistência social (art. 150, IV, "c"; 195, § 7º, CF e art. 9º, IV, "c", CTN): A professora destaca que o parágrafo 7º do art. 195, CF/88 apresenta falta de técnica, ao empregar a palavra "isentos", sendo isso inclusive reconhecido pelo STF. No caso, deveria ser usada a expressão "são imunes". O artigo 14, do CTN, institui requisitos que devem ser observados pelas instituições referidas, para que elas usufruam das imunidades. Em linhas gerais, são eles a não distribuição de lucros, a não remessa de dinheiro ao exterior, bem como a manutenção de escrituração de receitas e despesas em livros. Atenção ao fato de que as imunidades poderão ser suprimidas caso o ente não observe os requisitos da lei, sendo esses entes sujeitos à fiscalização. No entanto, a lei 8212/91, bem como outras leis ordinárias posteriores, criaram diversos outros requisitos além

Direito Tributário I Página de 18 34

daqueles disciplinados pelo art. 14 do CTN. Apesar dessas leis serem ordinárias e, constitucionalmente, não poderem alterar o CTN, esses novos requisitos vinham sendo aceitos pela jurisprudência e pelos contribuintes, apesar de terem sido consideradas inconstitucionais. Está em curso no supremo um recurso extraordinário que aborda essa matéria, porém ainda não foi decidido. Outra questão importante se refere à palavra "assistência social". Nesse caso, o STF entende que não se exige que as entidades imunes prestem gratuitamente todos os seus serviços (ex.: Colégio Dom Silvério tem alunos privados, que pagam mensalidade, bem como desenvolvem projetos de acesso à educação e dão aulas gratuitas à vários alunos no período da noite).

b. Templos (art. 150, VI, "b"): existe discussão no STF e doutrina sobre o que significa templo de qualquer culto. Assim, entende-se que "templo" é a instituição, sendo composto não apenas pelo imóvel, mas também para as pessoas que lá trabalham, por exemplo. Quanto à expressão "de qualquer culto", existem julgados que não reconhecem para as religiões não decorrentes da Bíblia, porém isso já foi superado. Atenção ao fato de que se aplicarão apenas para os tributos indiretos. No caso de haver renda externa, como, por exemplo, aluguel de imóveis, deve ser essa renda direcionada à concussão do seu objeto primordial, caso contrário, não incidirá a imunidade. Os maçons pleitearam a imunidade, dizendo que se enquadravam no conceito de templo, porém, decidiu-se (RE 578.351) pela não aplicação da imunidade às lojas maçônicas, pois elas não proferem nenhuma religião. O mesmo para os cemitérios (RE 578.562). Se for parte da entidade religiosa, incidirá a imunidade, caso contrário, não.

Direito Tributário I Página de 19 34

CF/88: Art. 150. "VI - instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições

de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;" CF/88: Art. 195. "§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades

beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei."

c. Imunidade de imprensa (art. 150, VI, "d"): para a imunidade de imprensa, o STF construiu o entendimento de que seria dada interpretação restritiva. Assim, preserva-se a imunidade para os livros, jornais e periódicos (veículos), bem como para o papel (insumo), nada mais que isso, assim como prevê o legislador. Atenção pois o objeto será imune, e não a empresa. Ex.: para o livro, não será pago ICMS. Discute-se se o legislador queria, ao citar o papel, abarcar outros insumos, como tinta, tiras plásticas e maquinários, por exemplo. Porém o STF decidiu contrariamente, e esse posicionamento já é consolidado. Já foram decididas extensões da interpretação da aplicação da imunidade, como, por exemplo, extendendo à álbuns de figurinhas (RE 221239) e para lista telefônica (RE 199183). No entanto, no caso de calendários comerciais ficou decido pela não imunidade (RE 87633), bem como ocorreu para os serviços de composição gráfica (AG RE 434826). O STF ainda está decidindo acerca da imunidade do livro eletrônico, mas a doutrina se posiciona a favor. Criou-se a sumula 657, STF, tentando apaziguar outras questões nesse campo.

d. Imunidade musical (emenda 75/13 - art. 150, VI, "e"): abarcam os fonogramas e os videofonogramas musicais produzidos no Brasil e os suportes materiais/arquivos digitais que as contenham. Essa imunidade poderá ser suprimida, tendo em vista que ela não deriva do poder constitucional originário, mas sim, derivado. Não estando ela, então, integrada ao sistema derivado, poderá ser declarada inconstitucional. Importante citar que a etapa de replicação industrial de mídias não é abarcada.

Unidade 11: Princípios do Direito Tributário (1) Principio da Legalidade: art. 5º, II (legalidade geral ); art. 150, I 3

(legalidade tributária ) e art. 97, CTN (legalidade estrita ). 4 5

• Desdobra-se das revoluções burguesas e liberais.

CF/88, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 3

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

CF/88, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e 4

aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; (...)

CTN, Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...)5

Direito Tributário I Página de 20 34

• Traduz-se, no sistema tributário, pela máxima:"Nullum tributum sine lege" . 6

• Segundo tal princípio, só é possível exigir (instituir) e aumentar (aumento da base de cálculo ou da alíquota) tributos por meio de lei. Assim, entende-se que, via de regra, serão criados/modificado tributos por meio de lei ordinária e, excepcionalmente, lei complementar. Nesse sentido, o artigo 97 do CTN é claro em estabelecer que instituir, extinguir, majorar e reduzir tributos é algo que só pode ser feito por lei.

• Medidas provisórias (EC 32/2001; art. 62, §1º, III e §2º, CF): é possível a instituição e majoração de tributos por MP, desde que não possam ser feitos exclusivamente por LC, apesar de encontrar fortes críticas na doutrina. Ademais, ressalta-se que os Estados e Municípios também podem atuar através de medidas provisórias, se houver previsão para tal, respeitando o princípio da simetria dos entes. A professora Misabel é contrária à isso.

• A legalidade estrita também postula que deve estar, não apenas disposta, mas cristalina na lei, a fisiologia dos tributos. Essa "fisiologia" é composta por: fato gerador, sujeito passivo, alíquota e base de cálculo. As penalidades também devem estar previstas.

• Obrigações acessórias: as obrigações acessórias, que existem com relação ao principal (pagamento do tributo), não precisam estar previstas em lei, podendo, de tal forma, serem previstas em normas infra-legais. Ex.: emissão de nota fiscal.

• Atualização monetária: a atualização monetária também não precisa ser disposta por lei, muitas vezes sendo matéria de decretos. Isso pois o valor efetivo a ser pago será o mesmo, já que houve mudança no poder aquisitivo da moeda.

• Atenuação do princípio da legalidade: No caso dos tributos extra-fiscais, o poder executivo poderá apenas tratar suas alíquotas por meio

Não há tributo se não existe lei que o estabeleça 6

Direito Tributário I Página de 21 34

de decreto. Os tributos extra-fiscais são: imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), IPI, IOF, CIDE e ICMS (combustíveis). *Atenção: o princípio da legalidade é absoluto, não comportando exceções. Assim, entende-se a questão dos tributos extra-ficais como mera atenuação, e nunca exceção.

(2) Princípio da anterioridade: art. 150, III, "b" e "c" (cumulativos) • Quando a lei tributária começa a surtir efeitos (eficácia)? • Anterioridade X anualidade: no direito tributário, a anualidade está

ligada apenas ao orçamento, pois as antigas CFs de 46 e 67 estabeleciam que deveriam estar previstos no orçamento do ano anterior os tributos a serem cobrados. Porém, a anualidade não está mais em vigor no ordenamento brasileiro. Define-se a anterioridade como a distância mínima entre a entrada em vigor e a produção de efeitos da norma tributária.

• Alínea "b" e "c" - aplicação cumulativa: a alínea "b" do artigo 150 trata da anterioridade anual (exercício fiscal), enquanto a "c" dispõe sobre a anterioridade nonagesimal (90 dias). Antes, os tributos poderiam ser instituídos, por exemplo, em dezembro e sua cobrança se iniciaria em janeiro. Isso não contribuía para evitar a "surpresa" da norma tributária. Assim, houve uma EC que estabeleceu a alínea "c" e que elas seriam cumulativas, de tal forma que, além de dever ser instituído o tributo em outro exercício, deverá respeitar o prazo de 90 dias para sua eficácia.

• Jurisprudência casuística: casos em que o princípio da anterioridade pode ou não ser observado. - Ampliação de benefício tributário: não; - Aumento de alíquota: sim; - Redução de benefício: sim; - Revogação de isenção: não; - Modificação de fatores de indexação (atualização): não; - Alteração de prazo para recolhimento para obrigações acessórias):

não; - Redução de alíquotas: não.

• Exceções: A. Exceções à anterioridade e noventena: imposto de importação,

imposto de exportação, IOF, IEG (imposto extraordinário de guerra) e empréstimos compulsórios

Direito Tributário I Página de 22 34

→ Os três primeiros se justificam por ser impostos extrafiscais e os últimos se justificam pelo seu caráter urgente, o que não se arrima à ideia de espera.

B. Exceções à anterioridade anual (aplica-se a noventena): IPI, CIDE-combustível, ICMS-combustível, contribuições sociais → Nesse caso, justifica-se apenas o afastamento da anualidade por questões de interesse econômico e social, pela sua relevância. Porém não enseja a exclusão da noventena.

C. Exceções à noventena (aplica-se a anual): IR (imposto de renda) e alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA.

(3) Princípio da irretroatividade: CF - art. 150, II, "a" (tributária), art. 5º, XXXVI (geral) e XXXIX e XL (penal)

• As normas tributárias entram em vigor a partir do momento de sua publicação, apesar de não produzirem efeitos na data de sua publicação (princípio da anterioridade e noventena).

• "Tempus regit actum". • O princípio da irretroatividade impede que a lei tributária exerça efeitos

em relação aos três tipos de fato: a. Facta consumata (fato iniciado no presente e já consumado) b. Facta pendetia (fato iniciado no passado mas ainda pendente de

aperfeiçoamento) c. Pacta preterita (praticado no passado e que não exerce mais efeitos)

• Artigo 144, CTN

• Não há exceção à irretroatividade. • Leis que produzem efeitos retroativos (art. 106, CTN):

a. Lei exclusivamente interpretativa: a lei será interpretativa se não restringir direitos e se não criar novas categorias. Existe polêmica quanto a essa questão, visto que há quem diga que não exista lei interpretativa no ordenamento pátrio. Porém, a posição do STF é no sentido de que há.

b. Lei mais benéfica: deve atender ao requisito do ato não ter sido definitivamente julgado. Não obstante, no direito administrativo, o julgamento pode se dar pela via administrativa ou judicial, o que gera polêmica quanto à qual julgamento, ou posicionamento final,

Direito Tributário I Página de 23 34

CTN: Art. 144. "O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. (...)"

o requisito estaria se referindo. Nesse sentido, interpretando o ordenamento como um todo, entende-se que o ato não pode ter sido efetivamente julgado na via judicial, já que o julgamento pela via administrativa não obsta o acesso do contribuinte à judicial. Pode se entender como mais benéfica lei que atenda um dos seguintes requisitos:

→ Penalidade menos severa; → Conduta não mais contrária à legislação; → Conduta não mais infração.

• Particularidades do imposto de renda: nesse caso, o fato gerador é complexivo, ou seja, um fato praticado por atos sucessivos ao longo do tempo. Nesse caso, a lei determina por ficção jurídica que o fato gerador se aperfeiçoou. Há, então, um lapso entre a aferição da renda e o recolhimento da contribuição. O STF entende, dessa forma, que valerá a lei que estava em vigor no momento da declaração do imposto, promovendo uma retroatividade da lei (Súmula 584 STF).

(4) Princípio da vedação aos efeitos do confisco: art. 150, IV (CF) • Há vedação ao efeito de confisco no direito tributário. A expressão efeito

de confisco torna o princípio muito genérico, porém, em linhas gerais, o confisco se dá quando o Estado retira algo do patrimônio do contribuinte.

• Razoabilidade/proporcionalidade • A carga tributária total deve ser analisada. Porém, isso gera um problema

do ponto de vista prático, visto que vários entes tributários diferentes poderão instituir os tributos, tendo em vista o federalismo.

• Aplicabilidade: - Todos os impostos, menos os extrafiscais; - Taxas (custo do serviço); - Contribuição de melhoria (quantum de valorização); - Empréstimos compulsórios: relevante interesse nacional ou

calamidade; - Contribuições (tredestinação).

• Multas tributárias: - Posição STF: aplicabilidade (100% do valor do tributo); - Crítica à posição do STF: inaplicabilidade e proporcionalidade das

penas. (5) Isonomia: art. 145 §1º, 150, II (CF)

Direito Tributário I Página de 24 34

• Conteúdo normativo: via de regra, o direito tributário deve incidir de forma equânime com relação aos sujeitos, porém o ordenamento trás a possibilidade de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação de desnível. Ademais, sempre que possível, todos os impostos terão caráter pessoal, mas obrigatoriamente, serão graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte.

• Conflito de princípios econômicos: são dois princípios opostos, mas discutidos com relação ao direito tributário. O Brasil adota a segunda técnica, ou seja, a capacidade contributiva. - Princípio do benefício: um tributo justo é aquele que cada

contribuinte paga ao Estado um valor relacionado aos benefícios que aufere do Estado (relação sinalagmática/contratual). Os problemas que surgem dessa ideia são vários. Inicialmente comenta-se que ainda há dúvida se a relação do contribuinte com o Estado seria, de fato, contratual. Além disso, ao contrário das relações contratuais privadas, é quase impossível, matematicamente, aferir o valor dos serviços públicos oferecidos para o contribuinte. Para as taxas, a aferição é inteligível, não obstante, quando se tratar de impostos, não há como perceber as prestações estatais de forma tão clara. Outro ponto é que o dinheiro pertencente ao contribuinte nem ao menos existiria se antes não houvesse Estado. Isso pois, o próprio mercado é estabelecido pelo Estado (ex.: banco central, regulamentação da bolsa de valores, casa da moeda e etc). Ademais, em cenário mais drástico, esse princípio geraria claras distorções, como, por exemplo, um multimilionário, por não não usufruir quase nenhum benefício fornecido pelo estado, teria que pagar um valor ínfimo se comparado à uma pessoa de baixa renda, a qual utiliza todos os serviços estatais, desde saúde até previdência privada.

- Princípio da capacidade contributiva: os contribuintes devem efetuar o pagamento de tributos em conformidade com a sua possibilidade de contribuir. Se baseia em grande medida no princípio da solidariedade.

• Mínimo existencial • Técnicas para aplicar a isonomia: - Proporcionalidade: é menos precisa, pois o que varia é apenas a base

de cálculo; - Progressividade: a medida que a base de cálculo aumenta (evolui) as

alíquotas também evoluem, progredindo juntas. É mecanismo mais

Direito Tributário I Página de 25 34

afinado, pois se a base de cálculo aumenta, também aumenta a capacidade econômica do contribuinte. Há discussão doutrinária, sendo que há uma corrente que entende que os únicos impostos atingidos pela progressividade são o ITR, o IR e o IPTU, pois assim trás a CF/88. Por outro lado, há entendimento também no sentido de que, como é manifestação do princípio da isonomia, deveria incidir de forma mais ampla. O STF já se manifestou em consonância com os dois entendimentos (súmula 656 e RE 562.045).

- Seletividade: as alíquotas dos tributos que oneram o consumo irão variar de acordo com a essencialidade do produto tributado. Caso contrário, pessoas com renda reduzida irão restar prejudicadas, pois os produtos de primeira necessidade são comprados por todos, ricos ou pobres.

• Pecunia non olet

Unidade 12: Impostos em espécie I. Impostos sobre a circulação/produção:

• Noções gerais: - Diferenças e semelhanças: → O IPI pressupõe a industrialização do bem, enquanto o ICMS trata da transferência e circulação de mercadorias em geral, sendo elas industrializas ou não. → O ISS tutela obrigação de fazer, enquanto IPI e ICMS tutelam obrigação de dar, transferindo a propriedade/titularidade do produto ou mercadoria.

- Repercussão tributária: contribuinte "de iure" e contribuinte "de facto". Os consumidores finais são aqueles que suportam os ônus da carga tributária, sendo o vendedor apenas um meio para se quitar o débito tributário. Em outras palavras, a tendência é que a coleta se faça por meio do comerciante, porém, como no preço do produto ele irá repassar tal custo, fará com que o próprio comprador arque com o valor econômico do tributo.

- Tributação: no destino (mercado externo) ou na origem (mercado interno), que é o qual vigora no Brasil.

- IVA - a tendência mundial: Na Europa e em vários países do mundo, o imposto adotado é o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), o qual seria uma espécie de aglutinação dos impostos sobre a produção e a

Direito Tributário I Página de 26 34

circulação. Ele é um imposto incidente sobre o faturamento, de forma não cumulativa e plurifásica.

• Espécies: - IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados); - ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de

Transporte e Comunicação); - ISS (Imposto sobre Serviço de qualquer natureza).

• O ICMS (art. 155, II CF e Lei Complementar 87/96): - Características:

A. Imposto plurifásico: incide em todas as etapas da cadeia produtiva;

B. Não cumulativo (art. 155, II, § 2º, I, CF): apesar de plurifásico, não há acúmulo do imposto de uma etapa para outra. Se fosse cumulativo, seria o preço absolutamente determinável pelo modelo industrial, o que a CF deseja afastar. Importante ressaltar o §2º, II, o qual determina que, havendo isenção ou não incidência, na operação anterior ou subsequente, serão anulados (estornados) os créditos, recebendo o fisco apenas na vez que foi tributado o bem. Porém, no caso da exportação, esse crédito não será estornado, acumulando o exportador esse crédito, nos termos do inciso X, a. Outros aspectos da não-cumulatividade serão tratados mais detalhadamente no que diz respeito ao IPI;

C. Seletivo (art. 155, II, § 2º, III, CF): poderá ou não ser aplicado, sendo caractere opcional. Princípio que tenta fazer com que o imposto seja mais sensível à capacidade contributiva, tributando, assim, de forma mais leve os bens essenciais, e de forma mais incisiva os bens supérfluos;

D. Neutro: não pode determinar as escolhas dos agentes no mercado.

- Definição de mercadoria: o conceito de mercadoria é aberto, cabendo qualquer coisa, desde que seja bem móvel, corpóreo e sujeito à mercancia.

- Regimes especiais: o que será estudado é o modelo ideal do ICMS, porém na prática, ele é casuístico, pois são adotados regimes especiais para diferentes contribuintes, sendo tais regimes feitos mediante decreto.

- Regra matriz do ICMS mercadoria:

Direito Tributário I Página de 27 34

A. Critério material: realizar operação de circulação de mercadorias com o condão de transferir a propriedade do bem. Há controvérsia quanto à suficiência da transmissão da posse. A professora Misabel defende que a transmissão da mera posse não é suficiente nesse caso;

B. Critério espacial: território nacional; C. Critério temporal: o tributo será considerado devido quando a

mercadoria sair do estabelecimento, porém não basta só isso, pois deve sair do estabelecimento em operação de circulação. Súmula 166, STJ;

D. Critério pessoal: o sujeito passivo será o Estado, e o ativo será o vendedor;

E. Critério quantitativo: a base de cálculo dependerá do valor da operação, enquanto a alíquota será definida pela legislação;

- Sistema de subtração do ICMS A. Imposto contra imposto: adotada pelo ICMS. É descontado o

valor que foi pago na operação anterior, sendo o crédito aplicado na operação posterior, havendo redução da base de cálculo, porém sem alteração da alíquota.

B. Base contra base (adotado pelo IR) - Transporte: o serviço de transporte estritamente municipal (interno) não

está na competência do ICMS. Porém, o serviço de transporte intermunicipal e interestadual será abarcado, sendo cobrado o tributo na origem.

- Comunicação: o serviço de comunicação tarifado será aquele realizado em qualquer nível, sem restrições.

• O IPI (art. 46 e 153, IV, §1º e §3º, CF/88): - Fato gerador:

A. Critério temporal: o fato gerador do IPI pode ocorrer em vários momentos. Porém, ele se consuma no momento da saída (tradição) do estabelecimento industrial, se dando pela transferência da titularidade do produto, que será sempre corpóreo e o móvel. Assim, é a partir da tradição, que será o contribuinte devedor do tributo. No caso de produtos importados, essa regra não aplica, pela impossibilidade fática. Assim, nos termos do inciso I, será devido o imposto após o "desembaraço aduaneiro", ou seja, no momento que adentraram no país;

Direito Tributário I Página de 28 34

B. Critério material: Operação mercantil que transfere a titularidade da mercadoria, a qual foi previamente industrializada;

- Conceito de produto industrializado: está descrito pelo parágrafo único do artigo 46, CF/88. Se define como o produto que seja submetido a operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, transformando-o. Ressalta-se, porém, a amplitude dessa definição. O STF já chegou a entender, por exemplo, o extremo de que peixes ornamentais seriam industrializados, já que teriam sido aprimorados para a venda.

- Características: A. Seletividade (art. 153, §3º, I, CF/88): o IPI não será cobrado,

ou será reduzido, com relação a alguns produtos. A lógica é que se tribute de forma mais leve os bens essenciais, e de forma mais pesada os bens de luxo ou supérfluos. O fundamento de não tributar, ou tributar minimamente, os bens essenciais, é que não há capacidade de escolha para o consumo com relação a esses produtos, pela sua própria essencialidade.

B. Não cumulatividade (art. 153, §3º, II, CF/88): característica que garante que o industrial não suporte o ônus desse tributo, devendo ele compensar o devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores. O seu débito deverá, posteriormente, ser transferido para seus clientes.

→ Modelo cumulativo:

→ Modelo não-cumulativo:

Direito Tributário I Página de 29 34

C. Não incidência sobre produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, §3º, III, CF/88): é uma espécie de imunidade específica destinada apenas ao IPI. Assim, a União não tem competência para tributar aqueles produtos que serão exportados.

• O ISS (art. 156, III, CF/88): - Prestação de serviços: é a criação de utilidade em favor de outrem de

forma onerosa, ou seja, mediante pagamento. Isso significa que a prestação de serviços gratuitos bem como daqueles serviços realizados para proveito próprio, não se incluem nessa definição. O ISS incide então sobre os prestadores de serviço, desde que não submetidos ao regime de servidor público, e nem tampouco submetidos ao regime trabalhista (empregados). Assim, serão abarcados os serviços executados com caráter de independência (trabalho autônomo). Os requisitos dessa prestação são a pessoalidade e a imaterialidade do serviço. Os serviços sujeitos a esse imposto dão definidos taxativamente pela LC 116/03. Na vertical, a lista deverá ser entendida como taxativa e na horizontal, exemplificativos (pois trata de congêneres e similares);

- Obrigação de fazer: deve subsistir a obrigação de fazer, mas poderá haver também uma obrigação de dar, que será, porém, secundária. O ISS tributará, então, tanto os serviços puros quanto os serviços mistos quando estiver pelo menos um dos serviços conexos previsto na lista da LC 116/03.

- Competência: a competência é dos municípios e do Distrito Federal; - Fato gerador: prestação de serviços por empresa ou autônomo com ou

sem estabelecimento fixo; - Cumulatividade: ele poderá ser cumulativo ou não cumulativo, pois isso

não foi determinado pelo texto constitucional. Ademais, é possível afirmar que pode haver uma cumulatividade entre os três tributos, desde o processo produtivo até a prestação do serviço que tenha subjacente dever de entregar o bem, por exemplo. Ressalta-se que, se fosse adotado o modelo europeu do IVA, isso não ocorreria.

Direito Tributário I Página de 30 34

- Sujeito ativo: Município onde estiver localizado o estabelecimento prestador. Porém, há exceções dispostas na LC 116/03, art. 3º.

- Sujeito passivo: prestador de serviços. - Exonerações: * Exportação (art. 156, §3º, II); * Prestador em relação de emprego; * Trabalhadores avulsos; * Membros do conselho consultivo/fiscais; * Transporte interestadual e intermunicipal; * Prestação de serviços de comunicação.

- Softwares: se for sob encomenda, haverá cobrança do ISS. Não obstante, quando for "de prateleira" haverá cobrança do ICMS.

II. Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza: • Competência: União • Dispositivo legal: art. 153, III (CF) • Nomenclatura genérica (abrange pessoa física e pessoa jurídica): apesar

de serem sistemas diferentes, estão agrupados sob o mesmo nome, isso pois, em comum, tem-se que o imposto de renda e proventos é o excedente, acréscimo de riqueza em um determinado período de tempo.

• Sujeito passivo: pessoa física ou jurídica; • Conceito de renda e proventos:

- Conceitos: 1. Excedente ou acréscimo de riqueza: mais adequeada para

pessoa física. Considera entradas X saídas necessárias, havendo excedente, este será a renda. Deve ser preservada, porém, a fonte originária da renda. Atenção ao fato de que essas saídas devem ser, além de necessárias, dedutíveis. Um exemplo, são os gastos com educação para os filhos, sendo que estes são limitados por um teto. Sendo esse teto excedido, será por conta do contribuinte.

2. Acréscimo de valor ou de poder econômico ao patrimônio líquido: segundo a professora, é a melhor definição para a pessoa jurídica. Para aferir o patrimônio líquido, deve ser deduzido do patrimônio bruto, as dívidas do contribuinte, que, em tese, pertencem a terceiros. Assim, a apuração, nessa modalidade, se dá pela comparação entre os balanços de abertura e de encerramento no período determinado.

Direito Tributário I Página de 31 34

- Periodização: para formar o conceito de renda, deverá ser esta atrelada a um período. O período será de um ano, que, no Brasil, coincidirá com o ano civil.

- Divergência doutrinária: a. Minoritária: não há conceito constitucional de renda, pois a CF

não se presta a definir esse conceito, sendo renda o que o legislador infraconstitucional disse que é;

b. Majoritária (Misabel): decorre da CF vigente, sendo ela será aquilo que não se confunde com rendimento, patrimônio ou faturamento, sendo que sobre as três últimas, será necessário lei complementar para regular, caso decida-se cobrar imposto sobre elas, não podendo a cobrança ser feita dentro do imposto de renda.

• Princípios obrigatórios do imposto de renda: - Generalidade: todos os indivíduos que aferem renda deverão ser

tributadas, independentemente da origem da renda; - Universalidade: deve atingir a todos, sem distinção, como ocorria em

constituições mais antigas em relação à militares e magistrados, por exemplo;

- Progressividade: a medida que subir a base (renda tributável), subirá a alíquota.

• Requisitos para justiça do IR: - Mínimo vital; - Deduções; - Progressividade.

• Opções - o contribuinte pode optar, após análise financeira, qual a melhor forma de se calcular qual o montante mais benéfico:

A. Lucro Real: regime geral, sendo alguns entes obrigados. Será o lucro efetivamente aferido.

B. Lucro presumido: pensado para empresas de menor porte, havendo uma ficção jurídica acerca dos lucros. Será sempre opcional.

C. Arbitrado: é exceção. Se algo acontecer que impossibilite a empresa a aferir o lucro (ex.: perda dos registros contábeis), será arbitrado então um lucro, após estudo pelo fisco.

Direito Tributário I Página de 32 34

D. Simples nacional: sistema para microempresas e empresas de pequeno porte. É mais facilitado, não havendo propriamente aferição do lucro da empresa, mas uma tabela.

• Imposto de renda retido na fonte • Proteção da família: na CF, está previsto como valor constitucional.

Porém, não pode ser considerado um princípio direto do direito tributário. No passado, havia a chamada tributação conjunta, sendo que duas pessoas casadas, com a mesma renda total, eram tributadas de forma muito onerosa, o que acabava por incentivar o não trabalho da mulher. Atualmente, isso já foi revisto pelas legislações que adotaram, sendo iniciado esse movimento pela jurisprudência norte americana. No Brasil, há possibilidade de escolha entre declaração conjunta ou menos individual, sendo que na primeira hipótese, poderão haver alguns descontos.

• Países desenvolvidos X países subdesenvolvidos: Nos países desenvolvidos, é o imposto sobre a renda o mais forte, dentre todos. Não obstante, em países em desenvolvimento, como o Brasil, é o imposto sobre o consumo que ganham destaque. Isso pois a renda dos residentes não é capaz de suprir a necessidade tributária, sendo que pouco dispõe de alta renda e a grande massa é de baixa renda.

• Incidência: esse imposto incide sobre a renda e os proventos de contribuintes residentes no país ou residentes no exterior que recebam rendimentos de fontes no Brasil.

• Declaração de bens: além de uma declaração da renda, deverá haver declaração de bens, para facilitar o acompanhamento, pela fazenda, da evolução da renda do contribuinte, bem como para aferir o ganho de capital. Porém, não serão cobrados impostos sobre esse patrimônio.

• Base de cálculo: Rendimento bruto - encargos (gastos necessários para aferir a própria renda)

• Splitting: mecanismo de transferência de renda dentro do lar, sendo que quem ganha mais dividiria com os outros. Ver com mais detalhes na folha dada pela professora.

• Regra matriz: 1. Antecedente:

a. Critério material: adquirir a disponibilidade econômica e jurídica de renda e proventos de qualquer natureza;

b. Critério espacial: a renda ou provento percebido no território nacional, por residentes e não residentes no país e no exterior

Direito Tributário I Página de 33 34

c. Critério temporal: até 31 de dezembro de cada ano. 2. Consequente:

a. Critério pessoal: União Federal (sujeito ativo da relação jurídica tributária), sujeito passivo é a pessoa física que adquire renda ou proventos.

b. Critério quantitativo: total de rendimentos percebidos, menos as despesas necessárias à produção de rendimentos, bem como as deduções legalmente previstas.

c. Alíquota: tabela progressiva – 7,5% a 27, 5%.

Direito Tributário I Página de 34 34