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DIREITO
PROCESSUAL
PENAL MILITAR
Prof. Pablo Cruz
Juiz, Auxiliares e Partes no Processo Penal Militar
Parte 3
JUIZ, AUXILIARES E PARTES NO PROCESSO PENAL MILITAR
Defensor:
“Em razão da indisponibilidade do direito de defesa eda necessidade de o acusado estar assistido por pessoa comcapacidade técnica suficiente para tornar efetivo o exercíciode tal direito, há obrigatoriedade, no processo penal comume militar, da intervenção do defensor, profissional habilitadoà promover a sustentação jurídica dos interesses doacusado.”
O defensor, procurador ou representante da parte é apessoa legalmente habilitada (advogado ou defensorpúblico) a quem incumbe o exercício da defesa técnica.
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Sobre o tema dispõe o CPPM:
Nomeação obrigatória de defensor
Art. 71. Nenhum acusado, ainda que ausente ouforagido, será processado ou julgado sem defensor.
Constituição de defensor
§ 1º A constituição de defensor independerá deinstrumento de mandado, se o acusado o indicar por ocasiãodo interrogatório ou em qualquer outra fase do processo portermo nos autos.
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Defensor dativo
§ 2º O juiz nomeará defensor ao acusado que o nãotiver, ficando a este ressalvado o direito de, a todo o tempo,constituir outro, de sua confiança.
Defesa própria do acusado
§ 3º A nomeação de defensor não obsta ao acusado odireito de a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação;mas o juiz manterá a nomeação, salvo recusa expressa doacusado, a qual constará dos autos.
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O direito a defesa técnica é indisponível, sendo que ojuiz deve, por injunção legal, nomear defensor ao acusadoque não o possua, ainda que contra a vontade deste (quepoderá, a qualquer momento, constituir outro de sua inteiraconfiança).
Nesse âmbito deve-se lembrar o que dispõe a súmula523 do STF: “No processo penal, a falta de defensorconstitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só anularáse houver prova de prejuízo para o réu”.
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Deve-se registrar também que a falta decomparecimento do defensor, se motivada, adiará o ato doprocesso, desde que nele seja indispensável a sua presença.Mas, em se repetindo a falta, o juiz lhe dará substituto paraefeito do ato, ou, se a ausência perdurar, para prosseguir noprocesso (art. 74 do CPPM).
Não funcionarão como defensores: o cônjuge ou oparente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive,do juiz, do membro do Ministério Público ou do escrivão.Contudo, se em idênticas condições, qualquer destes forsuperveniente no processo, tocar-lhe-á o impedimento, enão ao defensor, salvo se dativo, caso em que serásubstituído por outro (art. 76 do CPPM).
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Por fim é importante salientar a exigência prevista emrelação ao acusado detentor de prerrogativa de posto ougraduação:
Prerrogativa do posto ou graduação
Art. 73. O acusado que for oficial ou graduado nãoperderá, embora sujeito à disciplina judiciária, asprerrogativas do posto ou graduação. Se preso ou compelidoa apresentar-se em juízo, por ordem da autoridadejudiciária, será acompanhado por militar de hierarquiasuperior a sua.
Parágrafo único. Em se tratando de praça que não tivergraduação, será escoltada por graduado ou por praça maisantiga.
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Ofendido e Assistente de acusação
Habilitação do ofendido como assistente
Art. 60. O ofendido, seu representante legal e seusucessor podem habilitar-se a intervir no processo comoassistentes do Ministério Público.
Representante e sucessor do ofendido
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo,considera-se representante legal o ascendente oudescendente, tutor ou curador do ofendido, se menor dedezoito anos ou incapaz; e sucessor, o seu ascendente,descendente ou
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... irmão, podendo qualquer deles, com exclusão dos demais,exercer o encargo, ou constituir advogado para esse fim, ematenção à ordem estabelecida neste parágrafo, cabendo aojuiz a designação se entre eles não houver acordo.
Competência para admissão do assistente
Art. 61. Cabe ao juiz do processo, ouvido o MinistérioPúblico, conceder ou negar a admissão de assistente deacusação.
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Oportunidade da admissão
Art. 62. O assistente será admitido enquanto nãopassar em julgado a sentença e receberá a causa no estadoem que se achar.
Advogado de ofício como assistente
Art. 63. Pode ser assistente o advogado da JustiçaMilitar, desde que não funcione no processo naquelaqualidade ou como procurador de qualquer acusado.
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Intervenção do assistente no processo
Art. 65. Ao assistente será permitido, com aquiescênciado juiz e ouvido o Ministério Público:
a) propor meios de prova;
b) requerer perguntas às testemunhas, fazendo-odepois do procurador;
c) apresentar quesitos em perícia determinada pelo juizou requerida pelo Ministério Público;
d) juntar documentos;
e) arrazoar os recursos interpostos pelo MinistérioPúblico;
f) participar do debate oral.
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CPPM: o assistente não tem legitimidade para recorrer- ver parágrafo seguinte.
STM: o assistente não tem legitimidade para recorrer.
Esdras Carvalho - Defensor Público Federal:Legitimidade recursal do assistente, em virtude do princípiodo acesso à justiça e sua aplicação na esfera criminal(APPSP - Art. 5º, LIX da CF/88).
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Arrolamento de testemunhas e interposição de recursos
“Art. 65”: § 1º Não poderá arrolar testemunhas, excetorequerer o depoimento das que forem referidas, nemrequerer a expedição de precatória ou rogatória, oudiligência que retarde o curso do processo, salvo, a critériodo juiz e com audiência do Ministério Público, em setratando de apuração de fato do qual dependa oesclarecimento do crime. Não poderá, igualmente, impetrarrecursos, salvo de despacho que indeferir o pedido deassistência.
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Ofendido que fôr também acusado
Art 64. O ofendido que fôr também acusado no mesmoprocesso não poderá intervir como assistente, salvo seabsolvido por sentença passada em julgado, e daí em diante.
De forma mais moderna que o CPP comum, o CPPMveda a assistência de corréu no mesmo processoestabelecendo ressalva em relação ao correu absolvido pordecisão definitiva (art. 270 do CPP e art. 64 do CPPM), atéporque, nessa situação, conforme afirmam alguns autoresaté mesmo no Direito Processual Penal comum (DenilsonFeitoza e Guilherme de Souza Nucci) a qualificação jurídicade réu foi superada.
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Funcionários da justiça, Peritos e Intérpretes
O CPPM em seu art. 53 menciona os serventuários dejustiça e estabelece que as mesmas prescrições sobresuspeição dos juízes são aplicáveis a estes.
Impedimentos dos peritos: Art. 52.
Segundo o CPPM, a nomeação dos peritos écompetência do juiz, sem que se admita a intervenção daspartes (Art. 47).
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Impedimentos dos peritos
Art. 52. Não poderão ser peritos ou intérpretes:
a) os que estiverem sujeitos a interdição que osinabilite para o exercício de função pública;
b) os que tiverem prestado depoimento no processo ouopinado anteriormente sobre o objeto da perícia;
c) os que não tiverem habilitação ou idoneidade para oseu desempenho;
d) os menores de vinte e um anos.
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Dentre os peritos e intérpretes disponíveis serãonomeados, preferencialmente, os oficiais da ativa, atendidaa especialidade (art. 48). Contudo, conforme afirma CélioLobão, a Justiça Militar Federal tem recorrido a peritofederal, estadual ou federal, que estão dispensados docompromisso à que alude o parágrafo único do referidoartigo e da nomeação prevista no art. 47 do CPPM.
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O CPPM dispõe, quanto ao perito nomeado, que oencargo de perito ou intérprete não pode ser recusado, salvomotivo relevante que o nomeado justificará, para apreciaçãodo juiz (art. 49).
Em caso de recusa: Art. 50. No caso de recusairrelevante, o juiz poderá aplicar multa correspondente atétrês dias de vencimentos, se o nomeado os tiver fixos porexercício de função; ou, se isto não acontecer, arbitrá-lo emquantia que irá de um décimo à metade do maior saláriomínimo do país.
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Também se submeterá à penalidade acima o perito ouo intérprete que, sem justa causa: a) deixar de acudir aochamado da autoridade; b) não comparecer no dia e localdesignados para o exame; c) não apresentar o laudo, ouconcorrer para que a perícia não seja feita, nos prazosestabelecidos (§ único do art. 50).
Caso o perito não compareça, o juiz poderá determinarsua condução coercitiva: Art. 51. No caso de nãocomparecimento do perito, sem justa causa, o juiz poderádeterminar sua apresentação, oficiando, para esse fim, àautoridade militar ou civil competente, quando se tratar deoficial ou de funcionário público.