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1 DIREITO PROCESSUAL PENAL Objectivos, métodos de trabalho, programa e bibliografia Ano lectivo de 2016-2017 (1.º Ciclo, 1.º Semestre) Regente: Frederico de Lacerda da Costa Pinto OBJECTIVOS 1. Conhecer as estruturas e valores que organizam e orientam o direito processual penal. 2. Adquirir um domínio progressivo sobre o código de processo penal. 3. Conhecer as estruturas teóricas e as tendências jurisprudenciais relativas a matérias essências do processo penal. 4. Desenvolver a capacidade de identificar e resolver problemas jurídicos de forma fundamentada no campo do processo penal. 5. Perceber as linhas de tensão e de evolução entre a realização da justiça penal e as garantias fundamentais do Estado de Direito MÉTODOS DE TRABALHO 1. Acompanhamento regular das aulas (exposição das matérias a cargo do docente). 2. Estudo regular pelos/as alunos/as, acompanhando a sequência das matérias (leitura da lei, de textos doutrinários e de decisões judiciais). 3. Debate de casos e problemas. 4. Resolução de dúvidas na aula. 5. Avaliação: exame final escrito obrigatório, com duração de 3 horas. 6. Investigação autónoma (facultativa e sem avaliação).

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Page 1: DIREITO PROCESSUAL PENAL - fd.unl.pt · O Direito Processual Penal e o Direito Penal substantivo: autonomia e relacionamento. 4. O conceito de crime e o processo penal: pressupostos

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Objectivos, métodos de trabalho, programa e bibliografia Ano lectivo de 2016-2017 (1.º Ciclo, 1.º Semestre)

Regente: Frederico de Lacerda da Costa Pinto

OBJECTIVOS

1. Conhecer as estruturas e valores que organizam e orientam o direito processual penal.

2. Adquirir um domínio progressivo sobre o código de processo penal.

3. Conhecer as estruturas teóricas e as tendências jurisprudenciais relativas a matérias essências do processo penal.

4. Desenvolver a capacidade de identificar e resolver problemas jurídicos de forma fundamentada no campo do processo penal.

5. Perceber as linhas de tensão e de evolução entre a realização da justiça penal e as garantias fundamentais do Estado de Direito

MÉTODOS DE TRABALHO

1. Acompanhamento regular das aulas (exposição das matérias a cargo do docente).

2. Estudo regular pelos/as alunos/as, acompanhando a sequência das matérias (leitura da lei, de textos doutrinários e de decisões judiciais).

3. Debate de casos e problemas.

4. Resolução de dúvidas na aula.

5. Avaliação: exame final escrito obrigatório, com duração de 3 horas.

6. Investigação autónoma (facultativa e sem avaliação).

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PROGRAMA

I

INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. O funcionamento real do sistema penal: os dados da PGR, do Relatório

Anual de Segurança Interna, da Distrital de Lisboa da Procuradoria e o

tratamento mediático da justiça penal.

2. O modelo anglo-americano de negociação prévia da culpa e o modelo

continental de legalidade, igualdade e oportunidade processual limitada:

da aparência à realidade.

3. O Direito Processual Penal e o Direito Penal substantivo: autonomia e

relacionamento.

4. O conceito de crime e o processo penal: pressupostos materiais e

processuais da responsabilidade penal.

5. Estado de Direito e garantias penais: garantias substantivas e garantias

processuais.

6. Natureza processual dos crimes. A classificação dos crimes e o

procedimento criminal: crimes públicos, semi-públicos e particulares.

Regimes e consequências processuais.

7. O modelo de organização legal do processo penal português. A

«Constituição Penal». O Código de Processo Penal de 1987: origem,

estrutura e sistemática. A legislação complementar.

8. Linhas gerais da evolução histórica do processo penal em Portugal.

9. O Código de Processo Penal de 1987 e as revisões posteriores (1998,

2000, 2007, 2010, 2013 e 2015).

10. Problemas e tendências actuais no domínio do processo penal.

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II

ESTRUTURA ACUSATÓRIA, FORMAS DE PROCESSO E FASES PROCESSUAIS

1. Os modelos históricos do processo penal: o modelo acusatório e o

modelo inquisitório. Características e variantes. O modelo misto ou

reformado. O modelo português: estrutura essencialmente acusatória

integrada por um princípio supletivo de investigação oficial.

Consequências e configuração legislativa do modelo adoptado.

2. A estrutura acusatória e as formas de processo no CPP de 1987: o

processo comum e os processos especiais (sumário, abreviado e

sumaríssimo). A subsidiariedade da forma comum de processo.

Informação estatística sobre o uso das formas de processo.

3. A gravidade dos crimes, a sua natureza processual (públicos, semi-

públicos e particulares) e as formas de processo.

4. As leis de execução da política criminal e as formas de processo (Lei n.º

17/2006, de 23 de Maio (Lei Quadro da Política Criminal) e as leis de

execução: a Lei n.º 51/2007, de 31.08, e a Lei n.º 38/2009, de 20 de

Julho (Objectivos, prioridades e opções de política criminal).

5. Estatísticas relativas às formas de processo utilizadas.

6. O processo sumário: pressupostos, requisitos, regime e tramitação. O Ac.

do Tribunal Constitucional n.º 174/2014, de 18 de Fevereiro.

7. O processo abreviado: pressupostos, requisitos, regime e tramitação.

8. O processo sumaríssimo: pressupostos, requisitos, regime e tramitação.

9. Fases do processo comum: notícia do crime; inquérito; instrução;

julgamento; recurso.

10. A mediação penal (Lei n.º 21/2007, de 12 de Junho): âmbito, natureza e

articulação com o processo penal.

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III

TEORIA DAS FONTES

E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL PORTUGUÊS

1. As fontes de Direito Processual Penal, a interpretação e a vigência da lei

processual penal. A vigência espacial e temporal. Problemas específicos

de sucessão de leis em processo penal.

2. A diversidade de princípios e a sua força jurídica. A concordância prática

entre princípios conflituantes. Natureza e função dos princípios

fundamentais do processo penal.

3. Princípios relativos à estrutura e organização do processo: mediação

judicial, estrutura acusatória, juiz natural, presunção de inocência do

arguido e participação da vítima.

4. Princípios relativos à promoção processual: legalidade (vinculação à lei e

obrigatoriedade), oficialidade, princípio da acusação, vinculação temática

e proibição do duplo julgamento. A promoção e decisão das medidas de

coacção (conceitos gerais e remissão para o DPP Especial).

5. Princípios relativos à prossecução processual: investigação, contraditório,

suficiência e concentração.

6. Princípios relativos à prova. A matéria da prova no CPP: perspectiva

geral (conceitos fundamentais e remissão para o DPP Especial).

Princípios da liberdade de prova, legalidade da prova, verdade material,

livre apreciação da prova, «in dubio pro reo» e princípio da investigação.

7. Princípios relativos à forma: publicidade, oralidade, imediação e

representação especializada.

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IV

SUJEITOS PROCESSUAIS E PARTES CIVIS

1. A teoria dos sujeitos processuais. Intervenientes no processo penal e

sujeitos processuais: critérios de distinção e consequências processuais.

2. O Tribunal: organização, estatuto jurídico e competência. A organização

judiciária em matéria penal (Lei n.º 62/2013, de 26 de Agosto, e Dec.-

Lei n.º 49/2014, de 27 de Março). A competência funcional, material e

territorial. O tribunal do júri, o tribunal colectivo e o tribunal singular.

Distribuição e reservas de competência. A competência por conexão. A

declaração de incompetência. A competência limitada dos Julgados de

Paz nos pedidos de indemnização cível decorrentes de crimes.

3. O Ministério Público. Poderes, funções e estatuto no processo penal.

Modelos de investigação criminal. Relação entre o Ministério Público e

os órgãos de polícia criminal. A Lei de organização da investigação

criminal. A Lei de enquadramento da política criminal e a sua execução

pelo Ministério Público.

4. O arguido e o seu defensor. Poderes de intervenção processual e

respectivo estatuto.

5. O assistente: conceito, natureza, estatuto e função. Regime da

constituição de assistente. Os poderes de intervenção processual do

assistente. A natureza processual dos crimes e o estatuto do assistente. A

legislação de protecção às vítimas (Dec.-Lei n.º 423/91, de 30 de

Outubro, alterado pela Lei n.º 136/99, de 28 de Agosto; Lei n.º 61/91,

de 13 de Agosto; Lei n.º 129/99, de 20 de Agosto; Lei n.º 323/2000, de

19 de Dezembro).

6. As partes civis como participantes no processo. O sistema de adesão:

regime geral e excepções. O estatuto do lesado em processo penal.

Poderes processuais do lesado. A pessoa civilmente responsável. O

pedido da indemnização cível em processo penal.

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V

OBJECTO DO PROCESSO,

LIBERDADE DE QUALIFICAÇÃO JURÍDICA E CASO JULGADO

1. Estrutura acusatória, identidade do objecto do processo e princípio da

investigação.

2. Momentos processuais de fixação do objecto do processo.

3. Critérios legais e doutrinários de fixação do objecto do processo.

4. Alteração de factos e factos diversos: as exigências do contraditório

como critério essencial de identificação de alteração de factos.

5. A alteração de factos e a alteração da qualificação jurídica.

6. Regime e efeitos processuais da alteração da qualificação jurídica (v.g.

competência do tribunal, meios de prova, medidas de coacção).

7. A alteração não substancial de factos e a alteração substancial de factos.

Concretização dos conceitos legais. Delimitação positiva e negativa.

Alteração de factos, factos diversos e contraditório. Conceito processual

de alteração substancial de factos.

8. Regime jurídico da variação do objecto do processo e da qualificação

jurídica dos factos. A alteração não substancial de factos. A alteração da

qualificação jurídica na instrução, no julgamento e no recurso. A

alteração substancial de factos na instrução, no julgamento e no recurso.

Os factos completamente novos. As nulidades decorrentes da violação

do regime legal da estabilidade do objecto do processo.

9. Caso julgado, litispendência e «ne bis in idem».

10. Conexão de crimes, conexão de processos e objecto do processo.

Bibliografia: ver lista em documento autónomo.