direito processual penal

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DIREITO PROCESSUAL PENAL Prof. Renato Brasileiro Intensivo I ____________________________________________________________________________________________________________200 9

Aula 29/07/2009 Quarta-feira DIREITO PROCESSUAL PENAL Sistemas processuais: 1) Sistema inquisitrio ou inquisitivo: as funes de acusar, defender e julgar esto concentradas em uma s pessoa, o juiz inquisidor. O grande problema a interferncia na imparcialidade do juiz; o processo sigiloso; no h contraditrio, ficando o acusado como mero objeto de investigao. A tortura era, ento, o meio de prova mais usual. 2) Sistema acusatrio: separao entre os rgos de defesa, acusao e julgamento, criando-se um processo de partes, liberdade de defesa e igualdade de posio entre as partes (o acusado sujeito de direitos); vigncia do contraditrio. 3) Sistema misto: h uma 1 fase inquisitiva presidida por um juiz e uma 2 fase acusatria, respeitando-se o devido processo legal. O Brasil adota o sistema acusatrio (art. 129, inciso I da CF):Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico: I - promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei;

Porm, h resqucios deste juiz inquisidor, por exemplo: art. 3 da Lei n. 9.034/95 ( Art. 3 Nas hipteses do inciso III do art. 2 desta lei, ocorrendo possibilidade de violao de sigilo preservado pela Constituio ou por lei, a diligncia ser realizada pessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justia. (Vide Adin n 1.570-2 de 11.11.2004, que declara a inconstitucionalidade do Art. 3 no que se refere aos dados "Fiscais" e "Eleitorais")), assim, atenta contra o sistema acusatrio. Contra este artigo foi proposta ADI n. 1570-2 em relao a quebra do sigilo de dados bancrios e financeiros o STF entendeu que o artigo 3 teria sido revogado pela LC 105/01 (autorizao judicial) no que toca o sigilo de dados eleitorais e fiscais o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3.EMENTA: AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEI COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE. HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAO IMPLCITA. AO PREJUDICADA, EM PARTE. "JUIZ DE INSTRUO". REALIZAO DE DILIGNCIAS PESSOALMENTE. COMPETNCIA PARA INVESTIGAR. INOBSERVNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA. FUNES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAO DAS ATRIBUIES DO MINISTRIO PBLICO E DAS POLCIAS FEDERAL E CIVIL. 1. Lei 9034/95. Supervenincia da Lei Complementar 105/01. Revogao da disciplina contida na legislao antecedente em relao aos sigilos bancrio e financeiro na apurao das aes praticadas por organizaes criminosas. Ao prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem sobre o acesso a dados, documentos e informaes bancrias e financeiras. 2. Busca e apreenso de documentos relacionados ao pedido de quebra de sigilo realizadas pessoalmente pelo magistrado. Comprometimento do princpio da imparcialidade e conseqente violao ao devido processo legal. 3. Funes de investigador e inquisidor. Atribuies conferidas ao Ministrio Pblico e s Polcias Federal e Civil (CF, artigo 129, I e VIII e 2o; e 144, 1o, I e IV, e 4o). A realizao de inqurito funo que a Constituio reserva polcia. Precedentes. Ao julgada procedente, em parte.

Outro exemplo o art. 156, inciso I do CPP, com redao determinada pela Lei n. 11.690/08 (atuao de ofcio pelo juiz), mesmo antes da ao penal (questo de concurso). Remete ao juiz inquisidor, o que provavelmente ser tema de ADI (posio do LFG e do Rogrio Sanches).Art. 156. A prova da alegao incumbir a quem a fizer, sendo, porm, facultado ao juiz de ofcio: (Redao dada pela Lei n 11.690, de 2008) 1

DIREITO PROCESSUAL PENAL Prof. Renato Brasileiro Intensivo I ____________________________________________________________________________________________________________200 9 I ordenar, mesmo antes de iniciada a ao penal, a produo antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequao e proporcionalidade da medida; (Includo pela Lei n 11.690, de 2008)

INQURITO POLICIAL Conceito: Procedimento administrativo inquisitrio e preparatrio consistente em um conjunto de diligncias realizadas pela polcia investigativa para a apurao da infrao penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, a fim de fornecer elementos de informao para que o titular da ao penal possa ingressar em juzo. Termo Circunstanciado de Ocorrncia: utilizado para infraes de menor potencial ofensivo, infrao penal com pena mxima igual ou superior a dois anos, cumulada ou no com pena de multa, submetida ou no a procedimento especial e multa qualquer que seja a pena. Natureza jurdica: Trata-se de procedimento administrativo e no ato de jurisdio. As irregularidades no inqurito no afetam a Ao Penal e sim o ato praticado. Por isso, eventuais vcios no afetam a Ao Penal a que deu origem. Finalidade do inqurito policial: Colher elementos de informao relativos autoria e materialidade da infrao penal. Apurao do crime e da autoria. Para se instaurar um processo criminal necessrio um mnimo de elementos quanto a autoria e a materialidade justa causa (condio da ao penal). Presidncia do inqurito policial: Fica a cargo da autoridade policial, em regra do local em que se deu a consumao do delito (delegado de polcia). realizada pela polcia judiciria ( a polcia quando atua no cumprimento de determinao do Poder Judicirio ex: cumprimento de mandado de priso). Polcia investigativa ocorre quando a polcia atua na investigao de determinada ao penal. Distino feita em acrdo do STJ: Polcia Judiciria: a polcia que auxilia o Poder Judicirio, no cumprimento de ordem (ex.: busca e apreenso, cumprimento de mandado de priso etc). art. 4 do CPP. Polcia investigativa: a polcia quando atua na apurao de infraes penais e de sua autoria. Est no art. 144, 1, incisos I e IV da CF:

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DIREITO PROCESSUAL PENAL Prof. Renato Brasileiro Intensivo I ____________________________________________________________________________________________________________200 9 Art. 144. A segurana pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dos seguintes rgos: I - polcia federal; II - polcia rodoviria federal; III - polcia ferroviria federal; IV - polcias civis; V - polcias militares e corpos de bombeiros militares.

No Brasil, para saber quem pode presidir um inqurito policial passa pelos critrios de competncia: 1) Se for da Justia Militar estadual: preside o encarregado/oficial pela prpria PM; 2) Se for da Justia Militar da Unio: pelas foras armadas; 3) Se for da Justia Federal/Eleitoral: pela Policia Federal; 4) Se for da Justia Estadual: em regra, pela polcia civil, mas a polcia federal tambm pode realizar algumas investigaes (art. 144, CF e lei n. 10.446/02).

Caractersticas: uma pea: 1) Escrita; (evoluo da informtica - art. 405, 1 do CPP doutrina vem entendendo aplicvel tambm para o inqurito) ;

2) Instrumental (instrumento utilizado, em regra, pelo Estado para colher elementos de informao quanto autoria e materialidade da infrao penal);

3) Dispensvel (o titular da Ao Penal pode dispensar o inqurito se contar com elementos autnomos art. 27 - Art. 27. Qualquer pessoa do povo poder provocar a iniciativa doMinistrio Pblico, nos casos em que caiba a ao pblica, fornecendo-lhe, por escrito, informaes sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convico. e 39, 5 - O rgo do Ministrio Pblico dispensar o inqurito, se com a representao forem oferecidos elementos que o habilitem a promover

Os dois do CPP) Ex.: CPI, COAF (lavagem de dinheiro), investigao feita pelo Ministrio Pblico.a ao penal, e, neste caso, oferecer a denncia no prazo de quinze dias.

4) Sigilosa (art. 20 do CPP - A autoridade policial assegurar no inqurito o sigilo necessrio elucidao do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. todavia, tem acesso, o juiz, o promotor, quanto ao advogado, o STF diz que o art. 5, LXIII, da CF (LXIII - o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado ), assim o advogado tem acesso s informaes j introduzidas nos autos do inqurito e, no, em relao s diligncias em andamento art. 7, XIV (examinar em qualquer repartio policial,mesmo sem procurao, autos de flagrante e de inqurito, findos ou em andamento, ainda que conclusos autoridade, podendo copiar peas e tomar apontamentos;)

da Lei n. 8906/94 EOAB, mesmo sem

procurao.

O advogado tem acesso as informaes j introduzidas no inqurito, mas no em relao as diligncias em andamento. Ver Smula Vinculante de n 14. Se a autoridade policial nega esta informao ao advogado cabe tecnicamente reclamao ante a existncia e3

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sumula vinculante, segurana quando resultar, ainda que HC, porm ter que

porm ante a demora, sendo pragmaticamente caber mandado de impetrado pelo prprio advogado. Para o STF sempre que puder de modo potencial, prejuzo liberdade de locomoo, ser cabvel o ser impetrado em nome do investigado.

QUESTO DE CONCURSO: Supremo entende que mesmo no caso de sigilo bancrio determinado com irregularidade/ilegalidade pode ser combatido via HC, visto que poder (potencialmente) ser preso devido a esta determinao.

OBS: se nos autos de inqurito houve quebra do sigilo de dados, quanto tais informaes, s ter acesso o advogado com procurao nos autos neste sentido HC 82.354 e HC 90.232 do STF)

EMENTA: I. Habeas corpus: cabimento: cerceamento de defesa no inqurito policial. 1. O cerceamento da atuao permitida defesa do indiciado no inqurito policial poder refletir-se em prejuzo de sua defesa no processo e, em tese, redundar em condenao a pena privativa de liberdade ou na mensurao desta: a circunstncia bastante para admitir-se o habeas corpus a fim de fazer respeitar as prerrogativas da defesa e, indiretamente, obviar prejuzo que, do cerceamento delas, possa advir indevidamente liberdade de locomoo do paciente. 2. No importa que, neste caso, a impetrao se dirija contra decises que denegaram mandado de segurana requerido, com a mesma pretenso, no em favor do paciente, mas dos seus advogados constitudos: o mesmo constrangimento ao exerccio da defesa pode substantivar violao prerrogativa profissional do advogado - como tal, questionvel mediante mandado de segurana - e ameaa, posto que mediata, liberdade do indiciado - por isso legitimado a figurar como paciente no habeas corpus voltado a fazer cessar a restrio atividade dos seus defensores. II. Inqurito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inqurito policial. 1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditrio e da ampla defesa ao inqurito policial, que no processo, porque no destinado a decidir litgio algum, ainda que na esfera administrativa; existncia, no obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inqurito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de no se incriminar e o de manter-se em silncio. 2. Do plexo de direitos dos quais titular o indiciado - interessado primrio no procedimento administrativo do inqurito policial -, corolrio e instrumento a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7, XIV), da qual - ao contrrio do que previu em hipteses assemelhadas - no se excluram os inquritos que correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigaes, de modo a fazer impertinente o apelo ao princpio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao defensor constitudo esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistncia tcnica do advogado, que este no lhe poder prestar se lhe sonegado o acesso aos autos do inqurito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declaraes. 4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informaes j introduzidas nos autos do inqurito, no as relativas decretao e s vicissitudes da execuo de diligncias em curso (cf. L. 9296, atinente s interceptaes telefnicas, de possvel extenso a outras diligncias); dispe, em conseqncia a autoridade policial de meios legtimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inqurito policial possa acarretar eficcia do procedimento investigatrio. 5. Habeas corpus deferido para que aos advogados constitudos pelo paciente se faculte a consulta aos autos do inqurito policial, antes da data designada para a sua inquirio.

EMENTA: I. Habeas corpus: inviabilidade: incidncia da Smula 691 ("No compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra deciso do Relator que, em "habeas corpus" requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar"). II. Inqurito policial: inoponibilidade ao advogado do indiciado do direito de vista dos autos do inqurito policial. 1. Inaplicabilidade da garantia constitucional do contraditrio e da ampla defesa ao inqurito policial, que no processo, porque no destinado a decidir litgio algum, ainda que na esfera administrativa; existncia, no obstante, de direitos fundamentais do indiciado no curso do inqurito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado, o de no se incriminar e o de manter-se em 4

DIREITO PROCESSUAL PENAL Prof. Renato Brasileiro Intensivo I ____________________________________________________________________________________________________________200 9 silncio. 2. Do plexo de direitos dos quais titular o indiciado - interessado primrio no procedimento administrativo do inqurito policial -, corolrio e instrumento a prerrogativa do advogado de acesso aos autos respectivos, explicitamente outorgada pelo Estatuto da Advocacia (L. 8906/94, art. 7, XIV), da qual - ao contrrio do que previu em hipteses assemelhadas - no se excluram os inquritos que correm em sigilo: a irrestrita amplitude do preceito legal resolve em favor da prerrogativa do defensor o eventual conflito dela com os interesses do sigilo das investigaes, de modo a fazer impertinente o apelo ao princpio da proporcionalidade. 3. A oponibilidade ao defensor constitudo esvaziaria uma garantia constitucional do indiciado (CF, art. 5, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, a assistncia tcnica do advogado, que este no lhe poder prestar se lhe sonegado o acesso aos autos do inqurito sobre o objeto do qual haja o investigado de prestar declaraes. 4. O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informaes j introduzidas nos autos do inqurito, no as relativas decretao e s vicissitudes da execuo de diligncias em curso (cf. L. 9296, atinente s interceptaes telefnicas, de possvel extenso a outras diligncias); dispe, em conseqncia a autoridade policial de meios legtimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inqurito policial possa acarretar eficcia do procedimento investigatrio. 5. Habeas corpus de ofcio deferido, para que aos advogados constitudos pelo paciente se faculte a consulta aos autos do inqurito policial e a obteno de cpias pertinentes, com as ressalvas mencionadas.

O advogado com procurao pode impetrar HC se a autoridade negar o acesso? O art. 5, LXVIII (conceder-se- "habeas-corpus" sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder) ou ser LXIX (conceder-se-mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por "habeas-corpus" ou "habeasdata", quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico )?

Pode HC, mas o mais correto seria MS. Para o STF sempre que houver constrangimento liberdade de locomoo, mesmo que potencial, ser cabvel o uso de HC. Ex: quebra ilegal de sigilo bancrio; negativa de acesso do advogado ao inqurito policial;

5) Inquisitiva: (no h o contraditrio nem a ampla defesa) art. 107, CPP (No se poderopor suspeio s autoridades policiais nos atos do inqurito, mas devero elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.).

OBS: auto de priso em flagrante art. 302, 1 do CPP acesso ao advogado. Esta a posio majoritria, porm documentado os atos o advogado ter contraditrio e possibilidade de ampla defesa.

6) Informativo: pois visa colheita de elementos de informao quanto a autoria e materialidade para que o titular da Ao Penal possa ingressar em juzo.

Diferena entre elementos de informao e prova: o primeiro aqueles colhidos na fase investigatria sem a participao das partes, ou seja, no h contraditrio e ampla defesa. Prestam-se para a fundamentao das medidas cautelares e tambm para a estruturao de uma acusao. O segundo tem seu regime jurdico ligado ao contraditrio judicial, so aquelas produzidas com a participao do acusador e do acusado e mediante a direta e constante superviso do julgador. Ver art. 155 do CPP.

Os elementos de informao prestam-se para a formao da opinio delicti e tambm para a fundamentao dos pedidos de medidas cautelares.

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OBS: com a Lei n. 11.719/08 adota-se o princpio da identidade fsica do juiz art. 399, 2 do CPP - 2o O juiz que presidiu a instruo dever proferir a sentena. (Includo pela Lei n 11.719, de 2008).). As provas antecipadas, cautelares e no repetveis podem ser utilizadas como prova. Provas antecipadas ocorrem quando evidenciado o perigo real e concreto de perecimento do objeto probatrio (ex: exame necroscpico). Cautelares (interceptao telefnica). No repetveis (rompimento de obstculo). Em relao a essas provas o contraditrio diferido (adiado para a fase judicial).

Elementos informativos isoladamente considerados no podem fundamentar uma condenao, porm no devem ser desprezados pelo juiz, podendo se somar a prova produzida em juzo para formar sua convico (STF RE 287.658 e RE AGR 425.734) Vide art. 155, CPP - O juiz formar sua convico pela livre apreciao da prova produzida em contraditrio

judicial, no podendo fundamentar sua deciso exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigao, ressalvadas as provas cautelares, no repetveis e antecipadas. (Redao dada pela Lei n 11.690, de 2008) (com redao dada pela Lei n. 11.690/08): no se forma prova no inqurito,

porque esta necessariamente passa pelo contraditrio. A expresso exclusivamente: no Senado Federal houve emenda tentando retirar esta palavra. Essa emenda, no entanto, no foi acolhida pela Cmara. Duas posies: a primeira (Rogrio Sanches) os elementos colhidos na investigao isoladamente considerados no so aptos para fundamentar uma condenao. No entanto, no devem ser totalmente ignorados podendo-se agregar a prova produzida em juzo, isto, pode servir como mais um elemento na formao da convico do julgador. A segunda posio (Auri Lopes Jr.) ressalvadas as provas cautelares, no repetveis e antecipadas, os demais elementos informativos colhidos na investigao no podero servir como elemento para uma condenao sob pena de ofensa ao contraditrio e a ampla defesa. 7) Indisponvel (delegado no pode arquivar inqurito policial art. 17 do CPP - Art. 17. A autoridade policial no poder mandar arquivar autos de inqurito.);

8) Temporrio (o CPP fixa um prazo que importante para o ru preso). O prazo para concluso do inqurito policial pode ser prorrogado. Em se tratando de investigado preso, caso haja um excesso abusivo, estar caracterizado constrangimento liberdade de locomoo, autorizando o relaxamento da priso. Em se tratando de investigado solto o prazo pode ser prorrogado (art. 10, 1 do CPP), sendo que a lei no diz por quanto tempo, porm o STJ analisando um caso em concreto, cujo inqurito tramitava em sete anos, invocou a garantia da razovel durao do processo, sendo que neste caso especfico foi determinado o trancamento do inqurito.

Formas de instaurao do inqurito: 1) Pode ser instaurado de ofcio: quando a autoridade policial toma conhecimento direto e pessoal da infrao penal. Inicia-se com a portaria (imediata);

2) Mediante requisio do juiz ou do MP: (mediata) observar que se o juiz verificar da analise dos autos a existncia de indcios de crime no dever requisitar diretamente ao6

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delegado a instaurao do inqurito policial, mas dever dar vista dos autos ao Ministrio Pblico para anlise para garantir o sistema acusatrio. A requisio obrigatria para o delegado? (MP h obrigatoriedade; DP no existe hierarquia entre promotor e delegado de policia e quando o delegado atende a requisio, age em virtude do principio da obrigatoriedade da ao penal pblica).

3) Requerimento do ofendido ou de seu representante legal: se no houver um mnimo de elementos informativos o delegado pode indeferir o pedido art. 5, 2 (Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inqurito caber recurso para o chefe de Polcia.) do CPP cabe recurso para o chefe de polcia (mediata). Neste caso o delegado no obrigado a instaurar o inqurito. Se o delegado indeferir o requerimento, cabe recurso para o chefe de polcia art. 5, 2 CPP).

4) Mediante auto de priso em flagrante (coercitiva) no h necessidade de instaurao de portaria;

5) Noticia oferecida por qualquer do povo: delatio criminis. possvel a delatio criminis inqualificada annima? Sim possvel, porm o STF, HC 84.827 entendeu que no possvel a instaurao de procedimento criminal baseado nica e exclusivamente em denncia annima. Antes de instaurar o inqurito policial deve a autoridade policial verificar a procedncia das informaes. Ver tambm o julgando do STJ HC64096

ANONIMATO - NOTCIA DE PRTICA CRIMINOSA - PERSECUO CRIMINAL - IMPROPRIEDADE. No serve persecuo criminal notcia de prtica criminosa sem identificao da autoria, consideradas a vedao constitucional do anonimato e a necessidade de haver parmetros prprios responsabilidade, nos campos cvel e penal, de quem a implemente.

As cinco s so possveis na ao penal pblica incondicionada. Na ao penal privada e na pblica condicionada: (art. 5, 4 do CPP). 1) Representao do ofendido; 2) Requisio do Ministro da Justia. Na ao penal privada: 1) Requerimento do ofendido ou representante legal (art. 5, 4 do CPP).

Autoridade coatora para fins de habeas corpus: no caso de requisio do MP a autoridade coatora o promotor, em todas as demais formas a autoridade coatora ser o delegado. HC impetrado contra promotor do DFT ser julgado pelo TRF da 1 regio, visto que o MP do DFT faz parte do MP da Unio.

Notitia criminis e delatio criminis: Notitia criminis o conhecimento espontneo ou provocado de um fato delituoso pela autoridade policial. Classifica-se:7

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1) De cognio imediata/espontnea: quando a autoridade toma conhecimento do fato por meio de suas atividades rotineiras; 2) De cognio mediata: quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato por meio de um expediente escrito (requerimento da vtima, requisio do MP); 3) De cognio coercitiva: quando a autoridade toma conhecimento do fato pela apresentao do acusado preso em flagrante.

Notitia criminis no se confunde coma delatio criminis delatio criminis uma espcie de notitia criminis caracterizada pela comunicao a autoridade policial feita por terceiro.

Identificao criminal:identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nas hipteses previstas em lei)

a identificao fotogrfica e identificao datiloscpica. Art. 5, LVIII (o civilmente da CF. Smula 568 do STF no foi recepcionada pela CF/88.

A IDENTIFICAO CRIMINAL NO CONSTITUI CONSTRANGIMENTO ILEGAL, AINDA QUE O INDICIADO J TENHA SIDO IDENTIFICADO CIVILMENTE.

Antes da Constituio de 1988 esta identificao era obrigatria. Aps a Constituio de 1988 foi restringida, tornou-se exceo art. 5, LVIII da CF. Quais so as leis que dispe sobre a identificao criminal? O ECA (art. 109), a Lei n. 9.034/95 (art. 5) e Lei n. 10.054/00 (art. 3) (lei especfica). Para o STJ o art. 5 da Lei n. 9.034/95 teria sido revogado pela Lei n. 10.054/00, que no disps sobre a identificao de pessoas envolvidas nas organizaes criminosas (STJ, RHC 12.965).PENAL. RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. IDENTIFICAO CRIMINAL DOS CIVILMENTE IDENTIFICADOS. ART. 3, CAPUT E INCISOS, DA LEI N 10.054/2000. REVOGAO DO ART. 5 DA LEI N 9.034/95. O art. 3, caput e incisos, da Lei n 10.054/2000, enumerou, de forma incisiva, os casos nos quais o civilmente identificado deve, necessariamente, sujeitar-se identificao criminal, no constando, entre eles, a hiptese em que o acusado se envolve com a ao praticada por organizaes criminosas. Com efeito, restou revogado o preceito contido no art. 5 da Lei n 9.034/95, o qual exige que a identificao criminal de pessoas envolvidas com o crime organizado seja realizada independentemente da existncia de identificao civil. Recurso provido.

Diligencias investigatrias: (art. 6 do CPP). 1) Preservao do local do crime visa resguardar os vestgios deixados pelo crime para que possam ser objeto de investigao do crime. Nmero de peritos: se for oficial apenas um, se no oficial dever ser dois.8

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2) Auto de apreenso: apreender os instrumentos que tiverem relao com o crime, aps serem liberados pelos peritos; 3) Colher as todas as provas (desde que no sejam ilcitas/ilegtimas); 4) Ouvir o ofendido/vtima Pode ser conduzida coercitivamente? possvel a conduo coercitiva, mas no se pode obrigar a vtima a se submeter o exame pericial. 5) Interrogatrio do investigado. - Interrogatrio judicial: ltimo ato da instruo; fases: questionamentos sobre a vida do autor, fatos e reperguntas; direito de entrevista prvia com o defensor art. 185 do CPP; obrigatria a presena de advogado. - interrogatrio policial: no obrigatria a presena do advogada; no h contraditria e ampla defesa (no h reperguntas). 6) Reconhecimento de pessoas e acareaes: esta protegido pelo direito ao silncio? O investigado no obrigado a praticar nenhum comportamento ativo que possa incriminlo. O reconhecimento no envolve comportamento ativo, assim ele obrigado a submeterse. J na reconstituio por demandar comportamento ativo no obrigado a se submeter. 7) Corpo de deito e outras periciais; OBS: smula vinculante n 11 restrio ao uso de algemas. Importncia do auto de resistncia (justificada a excepcionalidade por escrito), nulidade da priso (ilegalidade da priso porque nulidade s no processo). Sem dvida destinada para o Tribunal do Jri, mas causar srias repercues na atividade policial.S lcito o uso de algemas em caso de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado

Indiciamento: para atribuir a algum autoria de uma infrao penal. A) Pressupostos/requsitos: prova da existncia do crime e indcios de autoria. B) Indiciamento direto: quando o indiciado est presente. C) Indiciamento indireto: quando o indiciado est ausente. D) Atribuio: ato privativo da autoridade policial. Quem no pode ser indiciado? Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada, exceo: A) Art. 41 da Lei n. 8.625/93 (LOMP): membros do Ministrio Pblico e da Magistratura. Observando-se sempre o pargrafo nico deste dispositivo. OBS.: se surgirem notcias de que h envolvimento de promotor ou magistrado, os autos tm que ser remetidos imediatamente ao tribunal competente. B) Indiciamento de pessoas com foro de prerrogativa de funo: Na questo de ordem o STF, no Inqurito 2.411 e Pet 3825, disse que nos casos de competncia por prerrogativa de funo a atividade de superviso judicial deve ser desempenhada durante toda a tramitao, a autoridade policial depende, portanto, de autorizao9

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prvia do Ministro relator para instaurar o inqurito e tambm para fazer o indiciamento. Prevaleceu o seguinte entendimento: Pessoas com foro por prerrogativa de funo no podem ser indiciadas sem prvia autorizao do relator do caso (desembargador/ministro). At mesmo a instaurao depende de autorizao.EMENTA: Questo de Ordem em Inqurito. 1. Trata-se de questo de ordem suscitada pela defesa de Senador da Repblica, em sede de inqurito originrio promovido pelo Ministrio Pblico Federal (MPF), para que o Plenrio do Supremo Tribunal Federal (STF) defina a legitimidade, ou no, da instaurao do inqurito e do indiciamento realizado diretamente pela Polcia Federal (PF). 2. Apurao do envolvimento do parlamentar quanto ocorrncia das supostas prticas delituosas sob investigao na denominada "Operao Sanguessuga". 3. Antes da intimao para prestar depoimento sobre os fatos objeto deste inqurito, o Senador foi previamente indiciado por ato da autoridade policial encarregada do cumprimento da diligncia. 4. Consideraes doutrinrias e jurisprudenciais acerca do tema da instaurao de inquritos em geral e dos inquritos originrios de competncia do STF: i) a jurisprudncia do STF pacfica no sentido de que, nos inquritos policiais em geral, no cabe a juiz ou a Tribunal investigar, de ofcio, o titular de prerrogativa de foro; ii) qualquer pessoa que, na condio exclusiva de cidado, apresente "notitia criminis", diretamente a este Tribunal parte manifestamente ilegtima para a formulao de pedido de recebimento de denncia para a apurao de crimes de ao penal pblica incondicionada. Precedentes: INQ no 149/DF, Rel. Min. Rafael Mayer, Pleno, DJ 27.10.1983; INQ (AgR) no 1.793/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, maioria, DJ 14.6.2002; PET - AgR ED no 1.104/DF, Rel. Min. Sydney Sanches, Pleno, DJ 23.5.2003; PET no 1.954/DF, Rel. Min. Maurcio Corra, Pleno, maioria, DJ 1.8.2003; PET (AgR) no 2.805/DF, Rel. Min. Nelson Jobim, Pleno, maioria, DJ 27.2.2004; PET no 3.248/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, deciso monocrtica, DJ 23.11.2004; INQ no 2.285/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, deciso monocrtica, DJ 13.3.2006 e PET (AgR) no 2.998/MG, 2 Turma, unnime, DJ 6.11.2006; iii) diferenas entre a regra geral, o inqurito policial disciplinado no Cdigo de Processo Penal e o inqurito originrio de competncia do STF regido pelo art. 102, I, b, da CF e pelo RI/STF. A prerrogativa de foro uma garantia voltada no exatamente para os interesses do titulares de cargos relevantes, mas, sobretudo, para a prpria regularidade das instituies. Se a Constituio estabelece que os agentes polticos respondem, por crime comum, perante o STF (CF, art. 102, I, b), no h razo constitucional plausvel para que as atividades diretamente relacionadas superviso judicial (abertura de procedimento investigatrio) sejam retiradas do controle judicial do STF. A iniciativa do procedimento investigatrio deve ser confiada ao MPF contando com a superviso do Ministro-Relator do STF. 5. A Polcia Federal no est autorizada a abrir de ofcio inqurito policial para apurar a conduta de parlamentares federais ou do prprio Presidente da Repblica (no caso do STF). No exerccio de competncia penal originria do STF (CF, art. 102, I, "b" c/c Lei n 8.038/1990, art. 2 e RI/STF, arts. 230 a 234), a atividade de superviso judicial deve ser constitucionalmente desempenhada durante toda a tramitao das investigaes desde a abertura dos procedimentos investigatrios at o eventual oferecimento, ou no, de denncia pelo dominus litis. 6. Questo de ordem resolvida no sentido de anular o ato formal de indiciamento promovido pela autoridade policial em face do parlamentar investigado.

Aula 12/08/2009 Quarta-feira

Incomunicabilidade do indiciado preso: art. 21, CPP.Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado depender sempre de despacho nos autos e somente ser permitida quando o interesse da sociedade ou a convenincia da investigao o exigir. Pargrafo nico. A incomunicabilidade, que no exceder de trs dias, ser decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do rgo do Ministrio Pblico, respeitado, em qualquer hiptese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redao dada pela Lei n 5.010, de 30.5.1966)

Esse artigo foi recepcionado pela CF/88? Para a maioria da doutrina no, pois o art. 21 no foi recepcionado pela CF/88, com fundamento no art. 136, 3, IV da CF, no estado de defesa que um estado de exceo vedada a incomunicabilidade, o que dizer no estado normal de direito. Esta a posio majoritria.10

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Prazo para a concluso do Inqurito Policial: Deve-se distinguir ru preso de ru solto. Para o preso o prazo de 10 dias e para o solto o prazo de 30 dias. O prazo para concluso do inqurito estado o ru solto pode ser prorrogado por vrias vezes. prazo processual (dia do incio no computado). No confundir com priso, porque este prazo penal. O descumprimento do prazo do ru solto prazo imprprio, pois sua inobservncia no causa prejuzo. No caso do ru preso, se restar caracterizado um excesso abusivo, no justificado pelas circunstncias do delito ou pela pluralidade de rus, caso de relaxamento da priso por excesso de prazo, a priso se torna ilegal, sem prejuzo da continuidade das investigaes. Nas leis especiais: A) CPPM: 20 dias ru preso; 40 dias ru solto; B) Justia Federal: 15 dias ru preso; 30 dias ru solto (podendo ser duplicado, conforme a Lei 5.010); C) Lei 11.343/06 (art. 51): 30 dias ru preso; 90 dias ru solto (tambm pode ser duplicados); D) Lei da economia popular: 10 dias para ru preso e ru solto. Concluso do Inqurito Policial: Encerra-se por um relatrio da Autoridade Policial (art. 10, CPP). Relatrio deve ser uma pea essencialmente descritiva, ou seja, no pode se fazer um juzo de valor, visto que este ser feita pelo titular da ao penal.Art. 10. O inqurito dever terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hiptese, a partir do dia em que se executar a ordem de priso, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiana ou sem ela. 1o A autoridade far minucioso relatrio do que tiver sido apurado e enviar autos ao juiz competente. 2o No relatrio poder a autoridade indicar testemunhas que no tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 3o Quando o fato for de difcil elucidao, e o indiciado estiver solto, a autoridade poder requerer ao juiz a devoluo dos autos, para ulteriores diligncias, que sero realizadas no prazo marcado pelo juiz.

O relatrio pea obrigatria ou dispensvel? dispensvel, tendo em vista que o prprio inqurito dispensvel. Concludo o Inqurito Policial, ele deve ser remetido ao Poder Judicirio (art. 10, 1, CPP). No entanto, em alguns Estados, como no Paran, Bahia, Cear, por fora de portarias dos Tribunais de Justia os inquritos so remetidos diretamente ao Ministrio Pblico, so as chamadas Centrais de Inquritos. Existe no Congresso Nacional projeto de lei para alterar o CPP neste sentido. Recebimento do Inqurito Policial:

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O juiz verifica se for ao penal pblica os autos so remetidos ao Ministrio Pblico, se privada os autos ficam em cartrio aguardando a iniciativa do ofendido (art. 19, CPP - Noscrimes em que no couber ao pblica, os autos do inqurito sero remetidos ao juzo competente, onde aguardaro a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou sero entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.).

O Ministrio Pblico com os autos do inqurito, ao receb-los, poder: A) Oferecer denncia; B) Requisitar diligncias, desde que imprescindveis (art. 16 do CPP) - (se o juiz indefere o encaminhamento dos autos autoridade policial, cabe correio parcial. E as diligncias sero requisitadas diretamente autoridade policial); C) Requerer o arquivamento; D) Argir a incompetncia do juzo (declaratria fori) autos do inqurito primeira vez; E) Suscitar conflito de competncia ou de atribuio autos de inqurito chega de outro juzo. Este ltimo o que se d entre dois rgos administrativos (ex: entre Ministrios Pblicos). Ministrios Pblicos do mesmo Estado de quem a competncia para resolver? Procurador Geral de Justia. Ministrio Pblico Estadual x Ministrio Pblico Federal, quem decide o conflito de atribuio o STF (art. 102, I, f, CF). Ministrio Pblico de um Estado com Ministrio Pblico de outro Estado, a competncia tambm do STF (STF, Pet. 3528 e Pet 3631).COMPETNCIA - CONFLITO DE ATRIBUIES - MINISTRIO PBLICO FEDERAL VERSUS MINISTRIO PBLICO ESTADUAL. Compete ao Supremo a soluo de conflito de atribuies a envolver o Ministrio Pblico Federal e o Ministrio Pblico Estadual. CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIES - MINISTRIO PBLICO FEDERAL VERSUS MINISTRIO PBLICO ESTADUAL - ROUBO E DESCAMINHO. Define-se o conflito considerado o crime de que cuida o processo. A circunstncia de, no roubo, tratar-se de mercadoria alvo de contrabando no desloca a atribuio, para denunciar, do Ministrio Pblico Estadual para o Federal. EMENTAS: 1. COMPETNCIA. Atribuies do Ministrio Pblico. Conflito negativo entre MP de dois Estados. Caracterizao. Magistrados que se limitaram a remeter os autos a outro juzo a requerimento dos representantes do Ministrio Pblico. Inexistncia de decises jurisdicionais. Oposio que se resolve em conflito entre rgos de Estados diversos. Feito da competncia do Supremo Tribunal Federal. Conflito conhecido. Precedentes. Inteligncia e aplicao do art. 102, I, "f", da CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal dirimir conflito negativo de atribuio entre representantes do Ministrio Pblico de Estados diversos. 2. COMPETNCIA CRIMINAL. Atribuies do Ministrio Pblico. Ao penal. Formao de opinio delicti e apresentao de eventual denncia. Delito terico de receptao que, instantneo, se consumou em rgo de trnsito do Estado de So Paulo. Matria de atribuio do respectivo Ministrio Pblico estadual. Conflito negativo de atribuio decidido nesse sentido. da atribuio do Ministrio Pblico do Estado em que, como crime instantneo, se consumou terica receptao, emitir a respeito opinio delicti, promovendo, ou no, ao penal.

Requisio de diligncia: Caso o juiz indefira o pedido de remessa dos autos autoridade policial, poder o promotor: 1) Ingressar com correio parcial; 2) Requisitar diretamente autoridade policial a realizao das diligncias. Conflito de competncia: Pode ser positivo ou negativo (art. 114 do CPP). Observar que no se trata de conflito de jurisdio, visto que a mesma una, tecnicamente deve-se dizer conflito de competncia.12

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a) Positivo: dois ou mais juzes entendem que so competentes para as causas. b) Negativo: dois ou mais juzes consideram-se incompetentes para o julgamento da causa. Ao decidir um conflito de competncia, nada impede que o Tribunal remeta os autos a um terceiro juzo no envolvido no conflito. Quem decide o conflito de competncia? a) TJ/SP x Juiz Estadual de SP = no existe conflito de competncia, visto que o TJ rgo hierarquicamente superior ao outro em conflito. b) Juiz Estadual/SP x Juiz Federal/SP = STJ ( TJ/SP e TRF/SP) Cuidado!!! Pelo art. 109, 3 da CF existe a possibilidade de o juiz estadual exercer competncia federal delegada, se assim fosse neste caso ele estaria vinculado ao TRF da mesma regio (3), assim, seria do TRF da 3 regio o julgamento.

c) Juiz Federal S/P x STM = STF (sempre que houver Tribunal superior envolvido a competncia e do STF). Conflito de atribuio: Se d entre rgos administrativos, principalmente entre rgos do Ministrio Pblico. Quem decide o conflito de atribuies? a) MP/SP x MP/SP: PGJ; b) MPF/SP x MPF/RJ: Cmara de Coordenao do MPF, com recurso para o PGR; c) MPM x MPF: PRG (conflito entre o MPU) Obs.: O MPU se divide em: MPF, MPM, MPDFT e MPT. d) MP/CE x MP/BA: STF vrios julgados art. 102, 1, f da CF (no o PGR, pois ele rgo mximo do MPU no havendo hierrquica em relao aos MP estaduais). e) MPF x MP/RS: STF vrios julgados art. 102, 1, f da CF (no o PGR, pois ele rgo mximo do MPU no havendo hierrquica em relao aos MP estaduais). Arquivamento do Inqurito Policial: O arquivamento determinado autoridade judiciria, mediante requerimento do Ministrio Pblico.13

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Cabe arquivamento do inqurito policial de crime de ao penal privada? R.: Em tese sim, a requerimento do Ministrio Pblico ou do ofendido. O juiz no pode jamais arquivar inqurito policial de ofcio, visto que ele no titular da ao penal. Tambm no pode o Ministrio Pblico arquivar, visto que depende de deciso judicial. Quais so os fundamentos para o arquivamento do Inqurito Policial? A) Atipicidade da Conduta(ex: militar colando em prova). Cola eletrnica no crime (no estelionato, nem falsidade). Princpio da Insignificncia. ( cabvel nos casos de crime contra a Administrao Pblica? Para alguns no cabe, porque est em jogo a moralidade. O STF em 2006 disse que cabvel a aplicao do princpio da insignificncia). B) Excludente de ilicitude (na dvida o promotor deve denunciar neste primeiro momento prevalece o princpio in dubio pro societate); C) Excludente de culpabilidade (no caso do art. 26, caput, CPP - A ao penal, nas pedido de absolvio imprpria); D) Causa extintiva da punibilidade (morte do agente). Se a certido de bito for falsa o STF diz que uma deciso juridicamente inexistente, podendo reabri-lo. E) Ausncia de elementos de informao quanto a autoria e a materialidade da infrao para a propositura de uma ao penal. Coisa julgada forma e material: Coisa julgada formal a imutabilidade da deciso dentro do processo em que foi proferida. A coisa julgada material torna a deciso imutvel fora do processo no qual a deciso foi proferida. O arquivamento do inqurito policial pode fazer coisa julgada formal ou material, a depender do fundamento. Arquivamento com base na atipicidade, excludente de ilicitude ou culpabilidade e em causa extintiva da punibilidade faz coisa julgada forma e material. OBS.: Cuidado!!! Julgado de marco de 2009, o STF entendeu que o arquivamento com base em excludente de ilicitude s faz coisa julgada formal, vez que surgindo novas provas a denncia pode ser oferecida. Causa extintiva da punibilidade no mais pode ser reaberto o inqurito policial. Para o STF como a deciso de baseou em fato juridicamente inexistente, nada impede que o acusado seja novamente processado. Por outro lado, o arquivamento com base na ausncia de provas s faz coisa julgada formal. Provas novas: Qual a diferena entre novas provas e provas novas? Nenhuma. Prova nova aquela substancialmente inovadora, ou seja, aquela capaz de produzir uma alterao no contexto14 contravenes, ser iniciada com o auto de priso em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciria ou policial inimputabilidade deve ser oferecida denncia com

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probatrio dentro do qual foi deferido o arquivamento (Ex.: nova testemunha que nada sabe se limitando a repetir o que foi dito pelas outras testemunhas no prova nova).

Surgindo provas novas pode-se dar incio ao penal. A smula 524, do STF (arquivado o inqurito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justia, no pode a ao penal ser iniciada, sem novas provas.) diz que quando houver prova nova pode propor a ao. O que significa dizer que possvel o desarquivamento (basta a notcia de prova nova, porque a prova mesmo deve ser produzida j dentro do inqurito reaberto). Ateno, embora a smula se refira a despacho, trata-se de uma deciso. Para que seja feito o desarquivamento do inqurito policial necessrio a existncia de notcia de prova nova informada pelo Delegado e a pedido do Promotor. (HC 80560 e HC 84.156, STF).EMENTA: Inqurito policial: deciso que defere o arquivamento: quando faz coisa julgada. A eficcia preclusiva da deciso que defere o arquivamento do inqurito policial, a pedido do Ministrio Pblico, similar daquela que rejeita a denncia e, como a ltima, se determina em funo dos seus motivos determinantes, impedindo " se fundada na atipicidade do fato " a propositura ulterior da ao penal, ainda quando a denncia se pretenda alicerada em novos elementos de prova. Recebido o inqurito " ou, na espcie, o Termo Circunstanciado de Ocorrncia " tem sempre o Promotor a alternativa de requisitar o prosseguimento das investigaes, se entende que delas possa resultar a apurao de elementos que dem configurao tpica ao fato (C.Pr.Penal, art. 16; L. 9.099/95, art. 77, 2). Mas, ainda que os entenda insuficientes para a denncia e opte pelo pedido de arquivamento, acolhido pelo Juiz, o desarquivamento ser possvel nos termos do art. 18 da lei processual. O contrrio sucede se o Promotor e o Juiz acordam em que o fato est suficientemente apurado, mas no constitui crime. A " a exemplo do que sucede com a rejeio da denncia, na hiptese do art. 43, I, C.Pr.Penal " a deciso de arquivamento do inqurito definitiva e inibe que sobre o mesmo episdio se venha a instaurar ao penal, no importa que outros elementos de prova venham a surgir posteriormente ou que erros de fato ou de direito hajam induzido ao juzo de atipicidade. E M E N T A: INQURITO POLICIAL - ARQUIVAMENTO ORDENADO POR MAGISTRADO COMPETENTE, A PEDIDO DO MINISTRIO PBLICO, POR AUSNCIA DE TIPICIDADE PENAL DO FATO SOB APURAO - REABERTURA DA INVESTIGAO POLICIAL - IMPOSSIBILIDADE EM TAL HIPTESE - EFICCIA PRECLUSIVA DA DECISO JUDICIAL QUE DETERMINA O ARQUIVAMENTO DO INQURITO POLICIAL, POR ATIPICIDADE DO FATO - PEDIDO DE "HABEAS CORPUS" DEFERIDO. - No se revela cabvel a reabertura das investigaes penais, quando o arquivamento do respectivo inqurito policial tenha sido determinado por magistrado competente, a pedido do Ministrio Pblico, em virtude da atipicidade penal do fato sob apurao, hiptese em que a deciso judicial - porque definitiva revestir-se- de eficcia preclusiva e obstativa de ulterior instaurao da "persecutio criminis", mesmo que a pea acusatria busque apoiar-se em novos elementos probatrios. Inaplicabilidade, em tal situao, do art. 18 do CPP e da Smula 524/STF. Doutrina. Precedentes.

Arquivamento por falta de provas uma deciso tomada com base na clusula rebus sic stantibus, (mantido o contexto ftico a deciso permanecer da forma que est), ou seja, modificado o panorama probatrio possvel o desarquivamento do inqurito policial. Procedimento de arquivamento: 1) Arquivamento na Justia Estadual: deve ser pedido pelo Ministrio Pblico e o juiz determina. Se o juiz pedir alguma diligncia estar atentando contra o sistema acusatrio, cabendo correio parcial. OBS: Lei n. 11.690, art. 156, I do CPP PROVA OBJETIVA).Art. 156. A prova da alegao incumbir a quem a fizer, sendo, porm, facultado ao juiz de ofcio: (Redao dada pela Lei n 11.690, de 2008) I ordenar, mesmo antes de iniciada a ao penal, a produo antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequao e proporcionalidade da medida; (Includo pela Lei n 11.690, de 2008) 15

DIREITO PROCESSUAL PENAL Prof. Renato Brasileiro Intensivo I ____________________________________________________________________________________________________________200 9 II determinar, no curso da instruo, ou antes de proferir sentena, a realizao de diligncias para dirimir dvida sobre ponto relevante. (Includo pela Lei n 11.690, de 2008)

O juiz concordando com o pedido de arquivamento, o far por sentena e o mesmo ser arquivado. Se o juiz no concorde com pedido de arquivamento, aplica o art. 28, do CPP ( Art. 28. Se o rgo do Ministrio Pblico, ao invs de apresentar a denncia, requerer o arquivamento do inqurito policial ou de quaisquer peas de informao, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razes invocadas, far remessa do inqurito ou peas de informao ao procurador-geral, e este oferecer a denncia, designar outro rgo do Ministrio Pblico para oferec-la, ou insistir no pedido de arquivamento, ao qual s ento estar o juiz obrigado a atender), remetendo os autos PGJ (Aplica-se o princpio da devoluo). Neste momento o juiz tambm exerce uma funo anmola de fiscalizao do princpio da obrigatoriedade da ao penal. Chegando os autos ao PGJ ele pode: A) Oferecer denncia; B) Requisitar diligncias; C) Designar outro rgo do obrigar o promotor que independncia funcional. agir por delegao, ou promotor do 28. Ministrio Pblico para oferecer a denncia. Se pudesse requereu o arquivamento a denunciar estaria ferindo a Porm o outro promotor obrigado ao oferecimento por seja a longa manus do PGJ; Lembrar da expresso

D) Insistir no arquivamento (neste caso, o juiz obrigado a acatar). Princpio da devoluo: ocorre no caso do art. 28 quando o juiz devolve a apreciao do caso ao Chefe do Ministrio Pblico, ao qual compete a deciso final sobre o oferecimento ou no da denncia.Art. 28. Se o rgo do Ministrio Pblico, ao invs de apresentar a denncia, requerer o arquivamento do inqurito policial ou de quaisquer peas de informao, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razes invocadas, far remessa do inqurito ou peas de informao ao procurador-geral, e este oferecer a denncia, designar outro rgo do Ministrio Pblico para oferec-la, ou insistir no pedido de arquivamento, ao qual s ento estar o juiz obrigado a atender

2) Arquivamento na Justia Federal/Justia Militar da Unio e Justia do Distrito Federal: ambos fazem parte do MPU (MPF, MPM, MPDFT) no havendo concordncia do juiz, a remessa ser determinada Cmara de Coordenao e Reviso do MPF, sendo sua deciso opinativa, visto que aps os autos sero remetidos ao PGR a quem compete a deciso final. (art. 62, da LC 75/93). Arquivamento na Justia Militar da Unio: discordando o juiz, remete a Cmara de Coordenao e Reviso do MPM, que opina e encaminha para a Procuradoria Geral. Assim, como na JF. Caso o juiz auditor concorde com o pedido do MPM, assim mesmo, faz remessa dos autos ao Juiz Auditor Corregedor, caso ele concorde com o arquivamento estar arquivado. Se este discordar pode fazer uma representao ao STM. Se o STM concordar com o arquivamento ser arquivado. Porm se der provimento ao recurso no concordando com o arquivamento, remete-se os autos Cmara de Coordenao e Reviso do MPM, que opina e encaminha ao Procurador Geral a quem compete a deciso final sobre o assunto.16

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3) Arquivamento na Justia Eleitoral: caso o juiz eleitoral no concorde com o pedido de arquivamento, far a remessa dos autos ao Procurador Regional Eleitoral, que um Procurador Regional da Repblica atuando perante o TRE (Lei n. 4.737/65 art. 357). Arquivamento nas hipteses de atribuio originria do PGJ e PGR Se a deciso de arquivamento se der por parte do PGJ ou do PGR (nas hipteses de atribuio originria ou quando se tratar de insistncia de arquivamento) no ser necessrio submeter esta deciso ao respectivo Tribunal. Ser uma deciso administrativa, no preciso submeter ao crivo do STF ou STJ - (art. 28, CPP). Ver Inqurito 2054 e HC 64.564 do STF). OBS: se a deciso de arquivamento do Procurador Geral de Justia cabe pedido de reviso ao Colgio de Procuradores mediante requerimento do interessado (art. 12, XI da Lei n. 8.625/93 Lei Orgnica do Ministrio Pblico) rgo estruturado no mbito do Ministrio Pblico Estadual. Arquivamento implcito: Ocorre quando o titular da ao penal deixa de incluir na denncia algum fato investigado (arquivamento implcito objetivo) ou algum dos indiciados (arquivamento implcito subjetivo), sem expressa manifestao ou justificativa deste procedimento. No se admite arquivamento implcito pela doutrina e pela jurisprudncia, cabendo ao juiz devolver os autos ao Ministrio Pblico para que este se manifeste de maneira expressa e fundamentada, sob pena de aplicao do art. 28, CPP. Arquivamento indireto: Ocorre quando o juiz diante do no oferecimento de denncia por parte do Ministrio Pblico, fundado em razoes de incompetncia, recebe esta manifestao como sendo um pedido de arquivamento, aplicando, por analogia, o art. 28 do CPP, cabendo a deciso final do Procurador Geral. Recursos cabveis nas hipteses de arquivamento: - Art. 12, XI da Lei 8.625/93 para o Colgio de Procuradores; - Art. 7 da Lei 1.521/51- (crimes contra a economia popular ou a sade pblica) recurso de ofcio. - Contravenes de jogo de bicho e corrida de cavalo fora do hipdromo recurso em sentido estrito art. 6, pargrafo nico da Lei 1.508/51; Em regra, a deciso de arquivamento irrecorrvel, no sendo cabvel Ao Penal Privada Subsidiria da Pblica. Trancamento do inqurito policial: Trancamento do inqurito policial uma medida de natureza excepcional, somente sendo possvel nas seguintes hipteses: a) Quando estiver extinta a punibilidade;17

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b) Quando ficar evidenciada a atipicidade formal ou material da conduta; c) Quando no houver quaisquer indcios iniciais acerca da materialidade e autoria do delito justa causa (STF HC 89.398). INVESTIGAO PELO MINISTRIO PBLICO: Fundamentos contrrios: A) Atenta contra o sistema acusatrio cria um desequilbrio entre acusao e defesa; B) MP dotado do poder de requisio assim cabe a ele requisitar diligencias ou requisitar a instaurao de inqurito policial, porm, o MP no pode presidir um inqurito policial. A presidncia do inqurito atribuio exclusiva da polcia judiciria. C) Falta de previso legal e instrumentos aptos para a investigao. Fundamentos favorveis: (entendimento majoritrio) A) Doutrina/teoria dos poderes implcitos (McCullouch x Maryland 1819 surgimento na Suprema Corte Norte Americana): ao conceder uma atividade fim a determinado rgo ou instituio a CF teria implcita e simultaneamente concedido todos os meios necessrios para que tal objetivo fosse atingido. CF, art. 129, I MP como titular da ao penal. Informativo do STF 538, HC 91661 de marco de 2009 acolheu esta teoria. B) Polcia judiciria no se confunde com polcia investigativa: somente a polcia judiciria exclusiva da policia civil e polcia federal. Constituem a polcia investigativa polcia, COAF, CPI e MP. C) Procedimento investigatrio criminal: (regulado pelo CNMP resoluo n 13) um instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido por um membro do Ministrio Pblico, com atribuio criminal, e ter como finalidade apurar a ocorrncia de infraes penais de natureza pblica, fornecendo elemento para o oferecimento ou no de denncia. H trs possibilidades: na concluso pode haver uma denncia e tambm um arquivamento, Tambm pode se cogitar de uma declinao de competncia. Este arquivamento tambm estaria sujeito a controle? R.: Coso o rgo do MP conclua pelo arquivamento, sua promoo ser submetida ao juzo competente na forma do art. 28 do CPP, ou ao rgo superior interno sistema de freios e contrapesos.

No STJ a questo pacfica a favor da investigao do Ministrio Pblico (smula 234). O STF (inqurito 1968) famoso caso do deputado Remi 30. O Min. Marco Aurlio contra. Mas foram a favor Joaquim Barbosa, Eros Grau e Carlos Britto. Hoje a questo objeto de discusso no HC 84.548. No RE 464.893, o STF entendeu como vlido o recebimento de denncia amparada por elementos colhidos em inqurito civil presidido pelo MP (RE HC 91.661).18

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Aula dia 26/08/09 Quarta-feira AO PENAL Conceito: o direito de pedir a tutela jurisdicional relacionada a um caso concreto. Com a ocorrncia de um crime nascer para o Estado o persecutio criminis, ou seja, o direito/dever de submeter o autor dos fatos ao processo pena para que seja aplicada a pena. A persecutio criminis se divide em duas fases distintas, quais seja, em fase investigatria (pr-processual) e a fase judicial. Caractersticas: So cinco: A) Direito pblico: a atividade jurisdicional que se pretende provocar de natureza pblica. Da porque melhor dizer ao penal de iniciativa privada e oferecer denncia em relao a e no contra. B) Direito subjetivo: primeiro porque um direito que tem titular e segundo porque o titular tem o direito de exigir do Estado prestao jurisdicional; C) Direito autnomo: no se confunde com o direito material que se pretende tutelar; D) Direito abstrato: independe da procedncia ou improcedncia do pedido. E) Direito especfico: o direito de ao deve estar relacionado a um caso concreto, no podendo ser utilizado para discutir, por exemplo, teses doutrinrios. Condies da ao: So necessrias para o exerccio regular da ao. Elas subdividem-se em genricas e especficas. As genricas so as que esto presentes em toda e qualquer ao penal e as especficas so apenas para algumas, tambm recebem o nome de condio de procedibilidade (tem doutrinador, porm que utiliza esta expresso como sendo sinnimo das condies especficas). Ex. de condies especficas a representao, a requisio etc. 1- Condies genricas da ao penal podem ser utilizada por uma doutrina conservadora e por uma doutrina moderna. Pela doutrina moderna existiria uma teoria geral do processo comum ao processo civil e processo penal. So elementos integrantes das condies genricas da ao penal para a doutrina conservadora.19

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A) Possibilidade jurdica do pedido: o pedido formulado deve se referir a uma providncia admitida pelo direito objetivo. Ex: denuncia oferecida contra menor de 18 anos. Se o juiz perceber que esta diante da impossibilidade do pedido quando do oferecimento da denncia ele rejeita a denncia com fulcro no art. 395 do CPP. Pacelli diz que se utiliza do CPC, se durante o curso do processo o juiz percebe a ausncia de uma das condies da ao deve extinguir o processo sem resoluo de mrito, aplicando-se por analogia o art. 267, VI, do CPC. B) Legitimidade para agir (legitimatio ad causam): a pertinncia subjetiva da ao. No plo ativo figura o MP na ao Penal Pblica e o ofendido ou seu representante legal na Ao Penal de iniciativa privada. No plo passivo, figura o provvel autor do fato delituoso maior de dezoito anos. Ex: crime contra a honra praticada em sede propaganda eleitoral Ao Penal Pblica candidato oferece queixa-crime. Todo crime eleitoral crime de Ao Penal Publica Incondicionada, se for oferecida queixa-crime pelo ofendido, deve ser reconhecida a ausncia de legitimatio ad causam, visto que a ao obrigatoriamente ser encabeada pelo Ministrio Pblico. Testemunha denunciada como autor dos fatos, homnimos etc ilegitimidade passiva. OBS.: Parte da doutrina entende ser possvel a aplicao subsidiria do art. 267, VI do CPC, com a conseqente extino do processo sem julgamento do mrito. Deve ser utilizado no caso de ausncia de qualquer das condies da ao somente percebido quando a denuncia j houver sido recebida. Cuidado com a legitimidade ordinria com legitimidade extraordinria. Legitimao ordinria quando algum postula em nome prprio a defesa de interesse prprio (esta a regra). Extraordinria quando algum postula em nome prprio a defesa de interesse alheio. excepcional e quando autorizada em lei (art. 6, CPC - Art. 6 - Ningum poder pleitear em nome prprio direito alheio, salvo quando autorizado por lei). Quando isso ocorre no processo penal? Em duas hipteses: 1) Ao Penal Privada: o direito de punir pertence ao Estado que transfere ao indivduo o direito de ao (ofendido);

OBS.: Ao penal pblica art. 129, I, - legitimao ordinria. 2) Ao civil ex delito: proposta pelo Ministrio Pblico em favor de vtima pobre art. 68 do CPP. Para o STF este dispositivo dotado de inconstitucionalidade progressiva, ou seja, enquanto no houver Defensoria Pblica na Comarca, permanece em vigor o art. 68. Com a Lei n. 11.719/08, a sentena condenatria tem como efeito a fixao de valor mnimo para reparao do dano causado (art. 387, IV, CPP). A doutrina tem falado em danos materiais, sendo um VALOR MNIMO (art. 63, , CPP). Ver STF RE 135.328.Art. 68. Quando o titular do direito reparao do dano for pobre (art. 32, 1o e 2o), a execuo da sentena condenatria (art. 63) ou a ao civil (art. 64) ser promovida, a seu requerimento, pelo Ministrio Pblico Art. 63. Transitada em julgado a sentena condenatria, podero promover-lhe a execuo, no juzo cvel, para o efeito da reparao do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Pargrafo nico. Transitada em julgado a sentena condenatria, a execuo poder ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Cdigo sem prejuzo da liquidao para a apurao do dano efetivamente sofrido. (Includo pela Lei n 11.719, de 2008).

Legitimidade ativa concorrente no processo penal. possvel? quando mais de uma parte est autorizada a agir; quem ajuizar primeiro afasta a legitimidade do outro. Exemplo: crime contra a honra de servidor pblico em razo de suas funes, de acordo com a smula 714 do STF Ao Penal Privada ou Pblica condicionada representao.20

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Outro exemplo a Ao Penal Privada Subsidiria da pblica, depois do decurso do prazo do Ministrio Pblico para oferecer denncia. Porque tanto o Ministrio Pblico pode como o ofendido. Outro exemplo, nos casos de sucesso processual o direito de ao transmitido ao cnjuge, ascendente, descendente e irmo (e para muitos, tambm, o companheiro) art. 31 do CPP.Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por deciso judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ao passar ao cnjuge, ascendente, descendente ou irmo

Smula 714: Inq.1939 a partir deste julgado passa-se a entender que a prevista na smula alternativa, visto que para o STF, uma fez oferecida a representao estaria preclusa a instaurao de ao privada. Portanto, temos o seguinte quadro: 1) Se a atuao do MP depende de representao, enquanto esta no for oferecida, o MP no est autorizado a agir. Cabe ao ofendido, portanto, escolher entre a ao privada ou pelo oferecimento da representao. Assim, se o servidor representou o MP pediu arquivamento no poder oferecer queixa-crime. C) Interesse de agir: de acordo com a doutrina existe um trinmio, qual seja a necessidade + adequao + utilidade. Quando a necessidade no processo penal presumida, pois no h pena sem processo (exceo: Juizados). Adequao irrelevante para o processo penal, pois no h diferentes espcies de aes penais condenatrias. Utilidade consiste na eficcia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor. Exemplos: 1) Prescrio hipottica/virtual: ocorre quando antecipadamente vislumbrasse futura prescrio. Constitui carncia de ao por falta de interesse de agir utilidade. Essa prescrio no admitida pelos tribunais em virtude da ausncia de previso legal (STF, RHC 86.950). No entanto, como Ministrio Pblico deve-se pleitear o arquivamento dos autos ou extino do processo em virtude da ausncia de interesse de agir. Qual a utilidade de se levar a diante processo penal fadado prescrio? Porm no pode o MP pedir a extino da punibilidade, visto que no h previso legal para tanto. 2) Perdo judicial: no homicdio culposo (art. 121, 5, CP). D) Justa causa: (Afrnio Silva Jardim trata sobre o tema) um lastro probatrio mnimo indispensvel para instaurao de um processo penal. Deciso final do procedimento administrativo de lanamento nos crimes materiais contra a ordem tributria. Qual a natureza jurdica? (Lei n. 9.430/96 art. 83, na ADI 1571 entendeu o STF que a deciso final do procedimento administrativo no condio de procedibilidade. Para o STF, o art. 83, tem como destinatrio os agentes fiscais, prevendo o momento em que devero encaminhar ao MP notcia-crime pela prtica de crime contra a ordem tributria. Prevalece que essa deciso final tem natureza de condio objetiva de punibilidade (STJ, HC 54.248 e RHC 90.532, STF). Condio de procedibilidade diferente de condio objetiva de punibilidade. A primeira est relacionada ao direito processual penal (so condies exigidas para o regular exerccio do direito de ao, podendo ser genrica ou especfica). Sua ausncia provoca a anulao do processo e no a absolvio do agente. Uma vez sanado o vcio processual, nada impede a renovao do feito. A segunda est localizada no fato punvel, relacionada ao direito material, situa-se entre o preceito primrio e secundrio da norma penal incriminadora, condicionando a existncia da pretenso punitiva do Estado. Sua ausncia produz a absolvio do agente dotada a sentena de mrito dos atributos da coisa julgada formal e material.21

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Enquanto no houver deciso definitiva do processo administrativo de lanamento nos crimes materiais contra a ordem tributria, no haver justa causa para a ao penal (extremamente importante o julgado do HC 81.611, STF). A doutrina mais moderna diz que so condies da ao (se desvincula do processo civil), extradas do revogado art. 43 do CPP: A) Pratica de fato aparentemente criminoso; B) Punibilidade concreta; C) Legitimidade para agir; D) Justa causa. So condies especficas necessrias em relao a alguns delitos (exemplos): 1) Representao do ofendido leso corporal leve, leso corporal culposa, ameaa etc.; 2) Requisio do Ministro da Justia, p. ex. nos crimes contra a honra do Presidente da Repblica ou chefe de Governo estrangeiro; 3) Trnsito em julgado da sentena que anula o casamento no crime do art. 236 do CP; 4) Laudo pericial nos crimes contra a propriedade imaterial.Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que no seja casamento anterior: Pena - deteno, de seis meses a dois anos. Pargrafo nico - A ao penal depende de queixa do contraente enganado e no pode ser intentada seno depois de transitar em julgado a sentena que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento

4) sentena declaratria da falncia nos crimes falimentares (art. 180 era condio de procedibilidade com a Lei 11.101/05 agora, com a nova Lei de falncia considerada uma condio objetiva de punibilidade); 5) condio de militar no crime de desero. Qual a diferena da condio de procedibilidade para uma condio de prosseguibilidade? Na primeira o processo ainda no teve incio e para que a Ao Penal possa ser oferecida necessrio o implemento de uma condio. A segunda significa que o processo j est em andamento e para que possa prosseguir indispensvel o implemento de uma condio. Antes da Lei 9.099/95 o crime de leso corporal leve era ao penal publica incondicionada, sendo que a partir desta lei, por conta do art. 88, os crimes de leso corporal leve e culposa passaram a ser crimes de ao penal pblica condicionada representao. Qual a natureza jurdica da representao? R.: Para os processos que j estavam em andamento, a representao seria uma condio de prosseguibilidade (art. 91 da Lei 9.099/95); para os processos que ainda no tinha tido incio, a representao seria uma condio de procedibilidade. Novidade: Lei que alterou os crimes sexuais antes o estupro praticado com violncia real pela smula do STF era ao penal publica incondicionada e pela nova lei ao penal publica condicionada representao.22

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Classificao das Aes Penais: Realizada de acordo com a titularidade. Assim, trabalha-se com Ao Penal Pblica e Ao Penal Privada. I- Na Ao Penal Pblica o titular o Ministrio Pblico (art. 129, I, CF).Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico: I - promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei

A) Ao penal publica incondicionada: A incondicionada, o Ministrio Pblico no est sujeito a qualquer condio. B) Ao penal pblica condicionada: A condicionada o Ministrio Pblico fica sujeito ao implemento de condies. A Ao Penal Pblica, de acordo com LFG estaria no art. 2, 2 do Decreto Lei 201/67. Para muitos este dispositivo no teria sido recepcionado pela CF, porque atenta contra a autonomia do Ministrio Pblico Estadual e porque transfere Justia Federal matria que no lesa interesse da Unio. Outro exemplo, art. 357, 3 (se o rgo do Ministrio Pblico no oferecer a denncia no prazo legal representar contra ele a autoridade judiciria, sem prejuzo da apurao da responsabilidade penal ) e 4 (ocorrendo a hiptese prevista no pargrafo anterior o juiz solicitar ao Procurador Regional a designao de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecer denncia ) do Cdigo Eleitoral. Se um promotor estadual agindo por delegao em crimes eleitorais no oferece denncia permanecendo inerte, pode o MPF oferecer denncia subsidiria. C) Ao penal pblica subsidiria da pblica: 1) Decreto-lei 201/67, art. 2, 2. Este dispositivo no foi recepcionado pela CF, pois atenta contra a autonomia do MP dos estados. 2) Caso o promotor estadual agindo por delegao em crimes eleitorais, permanea inerte, deve o procurador regional eleitoral oferecer denncia subsidiria (sai do MPE e vai para o MPF). II- Ao penal de iniciativa privada A) Ao penal exclusivamente privada: possvel a sucesso processual. B) Ao penal privada personalssima: nela no h sucesso processual. Nesta ao a morte da vtima exclui a punibilidade, pois o direito de ao penal no transmissvel aos sucessores. Atualmente somente o caso do art. 236 do CP, qual seja, induzimento a erro essencial para casamento. C) Ao penal privada subsidiria da pblica: somente cabvel em face na inrcia do Ministrio Pblico. Na personalssima ocorrendo a morte do ofendido no haver sucesso processual (art. 31 do CPP - Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por deciso judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ao passar ao cnjuge, ascendente, descendente ou irmo ). Ex: art. 236, do CP(Induzimento a erro essencial e ocultao de impedimento).23

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Na exclusivamente privada h sucesso processual. Na personalssima a morte do titular da ao penal causa de extino da punibilidade. Subsidiria da pblica s cabvel em virtude da inrcia do Ministrio Publico. Tem prazo de 06 meses (decadencial), contando a partir do momento que se passo a ter o direito de propor a ao, ou seja, quinze depois do recebimento do MP. Art. 100 do CP traz a regra geral.Art. 100 - A ao penal pblica, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984) 1 - A ao pblica promovida pelo Ministrio Pblico, dependendo, quando a lei o exige, de representao do ofendido ou de requisio do Ministro da Justia. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984) 2 - A ao de iniciativa privada promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para represent-lo. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984) 3 - A ao de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ao pblica, se o Ministrio Pblico no oferece denncia no prazo legal. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984) 4 - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por deciso judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ao passa ao cnjuge, ascendente, descendente ou irmo. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)

Ao Penal nos crimes contra a honra: Regra geral, a ao penal de iniciativa privada (art. 145, CP).Art. 145 - Nos crimes previstos neste Captulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, 2, da violncia resulta leso corporal. Pargrafo nico - Procede-se mediante requisio do Ministro da Justia, no caso do n. I do art. 141, e mediante representao do ofendido, no caso do n. II do mesmo artigo

Excees: A) Quem comete crime contra a honra durante a propaganda eleitoral, so crimes eleitorais e, conseqentemente, a ao penal pblica incondicionada. B) Crime contra a honra do Presidente ou Chefe de Estado ou Governo estrangeiro, a ao penal pblica condicionada requisio do Ministro da Justia. C) Crime contra a honra de servidor pblico em razo de suas funes propiter officium smula 714, STF ( concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministrio Pblico,condicionada apresentao do ofendido, para a ao penal por crime contra a honra do servidor pblico em razo do exerccio de suas funes) pode ser ao penal de iniciativa privada ou pblica

condicionada representao. D) Injria real a ofensa a dignidade e ao decoro mediante vias de fato. Se praticado mediante vias de fato (art. 140, 2 , CP), a ao penal de iniciativa privada; se praticada mediante leso corporal ao penal pblica: se for de natureza leve condicionada representao (art. 88, Lei 9.099/95); se grave ou gravssima pblica incondicionada (RHC 19.166, STF). OBS.: Racismo no pode ser confundido com injria racial: o primeiro significa uma oposio indistinta a toda uma raa, cor, etnia, religio ou procedncia nacional. No racismo a ao penal pblica incondicionada (STJ RHC 191666). Embriaguez ao volante:24

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Prevista no art. 306 do CTB.Art. 306. Conduzir veculo automotor, na via pblica, estando com concentrao de lcool por litro de sangue dependncia: (Redao dada pela Lei n 11.705, de 2008) Penas - deteno, de seis meses a trs anos, multa e suspenso ou proibio de se obter a permisso ou a habilitao para dirigir veculo automotor. Pargrafo nico. O Poder Executivo federal estipular a equivalncia entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterizao do crime tipificado neste artigo. (Includo pela Lei n 11.705, de 2008)

Art. 291 do CTB revogado o pargrafo nico, os delitos de embiagues ao volante e de participao em competio no autorizada seriam crimes de ao penal publica condicionada representao. Mas quem ofereceria representao, j que so crimes de perigo, no havendo vtima determinada? A doutrina sempre criticou o referido pargrafo nico do art. 291. Hoje com a revogao do mesmo, (com redao dada pela Lei n. 11.305/08), corrigiu-se aquele problema, tratando-se, portanto de crime de ao penal pblica incondicionada.Art. 291. Aos crimes cometidos na direo de veculos automotores, previstos neste Cdigo, aplicam-se as normas gerais do Cdigo Penal e do Cdigo de Processo Penal, se este Captulo no dispuser de modo diverso, bem como a Lei n 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. 1o Aplica-se aos crimes de trnsito de leso corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei n o 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do pargrafo nico pela Lei n 11.705, de 2008) I - sob a influncia de lcool ou qualquer outra substncia psicoativa que determine dependncia; (Includo pela Lei n 11.705, de 2008) II - participando, em via pblica, de corrida, disputa ou competio automobilstica, de exibio ou demonstrao de percia em manobra de veculo automotor, no autorizada pela autoridade competente; (Includo pela Lei n 11.705, de 2008) III - transitando em velocidade superior mxima permitida para a via em 50 km/h (cinqenta quilmetros por hora). (Includo pela Lei n 11.705, de 2008) 2o Nas hipteses previstas no 1o deste artigo, dever ser instaurado inqurito policial para a investigao da infrao penal. (Includo pela Lei n 11.705, de 2008)

O art. 306 tornou-se crime de perigo abstrato (antes era de perigo concreto).

Crimes ambientais: So crimes de ao penal pblica incondicionada. Pode denunciar pessoa jurdica? R.: Sim, desde que tambm denuncie a pessoa fsica que atua em seu nome ou seu benefcio (teoria da dupla imputao). Ver informativo do STF. Pela teoria da dupla imputao, admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurdica em crimes ambientais desde que haja a imputao simultnea a pessoa fsica que atua em seu nome ou benefcio (RMS 20.601, STJ). Pessoa jurdica pode impetrar habeas corpus? R.: Sim, qualquer pessoa jurdica pode faze-lo . Pessoa jurdica pode ser paciente em HC? R.: Para o STF, como a pessoa jurdica no dotada de liberdade de locomoo, no pode figurar como paciente em HC, mesmo que este tenha sido impetrado por uma pessoa fsica com ela denunciada (HC 92.921, STF).

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OBS.: Smula 348 STJ compete ao STJ julgar conflito de competncia entre Juizado Especial Federal e Justia Federal, por no haver hierarquia entre eles. Ateno para a deciso do RE 590.409. Para o STF compete ao respectivo TRF dirimir eventuais conflitos de competncia entre um juiz federal e um juiz do Juizado Especial Federal, quando ambos estiverem sujeitos ao mesmo Tribunal. Ao penal nos crimes contra a liberdade sexual Muita ateno neste ponto devido s alteraes introduzidas pela Lei 12.025/09, entro u em vigor em 07/08/09. Ante da Lei 12.015/09 Regra: Ao penal privada Excees: 1- Vtima pobre: A.P. Pblica condicionada. Depois da Lei 12.015/09 Regra: Ao penal pblica condicionada representao Vtima pobre: A.P. Pblica condicionada. Emprego de violncia real: A.P. Pblica condicionada pela letra fria da lei. 1- Cometido contra menor de 18 anos. 2Violncia Incondicionada. presumida: A.P.Pblica

2- Cometido com abuso de poder familiar: A.P. Pblica incondicionada. Excees: 3- Emprego de violncia real (fora fsica): A.P. Pblica incondicionada Suma 608 STF. 4- Violncia presumida: A.P. Privada.

3- Estupro de vulnervel: A. P. Pblica Incondicionada.

OBS.: Para o STF aplicava-se, neste caso, o art. 101 do CP, razo pela qual a ao penal de iniciativa pblica seria extensiva ao crime complexo. A crtica sobre este entendimento que o crime de estupro no crime complexo. Para o STF, mesmo que desta violncia real resultasse leso corporal leve, a ao penal continuaria sendo de natureza pblica incondicionada. OBS.: Os processos em andamento necessitaram de representao quando foram proposta quando a ao era pblica incondicionada? R.: 1 corrente: Ao contrario da Lei dos Juizados, a lei dos crimes sexuais no trouxe dispositivo expresso quanto a necessidade de oferecimento da representao nos processos em andamento tempus regit actum. 2 corrente: trata-se de norma de direito processual material, pois a partir do momento em que necessria a representao, esta exigncia produz efeitos no direito de liberdade do agente. A final de contas, no oferecida a representao no prazo decadencial de 06 meses, dar-se-a a extino da punibilidade. Portanto, em relao aos processos que j estavam em andamento, a representao funcionaria como uma condio de prosseguibilidade. Leso corporal leve envolvendo violncia domstica e familiar contra a mulher: Lei Maria da Penha art. 16 (Art. 16. Nas aes penais pblicas condicionadas representao da ofendida de que trata esta Lei, s ser admitida a renncia representao perante o juiz, em audincia26

DIREITO PROCESSUAL PENAL Prof. Renato Brasileiro Intensivo I ____________________________________________________________________________________________________________200 9 especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denncia e ouvido o Ministrio Pblico. ). De acordo com o art. 41 da Lei n. 11.340/06 (Art. 41. aos crimes praticados com violncia domstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, no se aplica a Lei n. 9.099/95. ) a ao

penal pblica incondicionada, pois no se aplica o art. 88 da Lei n. 9.099/95 (HC 96.992, STJ). Decises mais antigas do STJ diziam que a ao seria pblica incondiconada.Art. 88. Alm das hipteses do Cdigo Penal e da legislao especial, depender de representao a ao penal relativa aos crimes de leses corporais leves e leses culposas.

O art. 16 diz que a ao penal pblica condicionada a representao da ofendida. De acordo com esta corrente o art. 16 seria aplicvel aos crimes de ao penal publica condicionada a representao, diversos da leso corporal leve. No caso de estupro aplicaria o art. 16. Inicialmente para o STJ o crime de leso corporal leve com violncia domestica ou familiar conta a mulher, seria ao penal pblica incondicionada - HC 96.992, posteriormente, todavia, a sexta turma do STJ passou a entender que ta delito seria de ao penal pblica condicionada a representao, por fora do art. 16, o que, em tese, possibilitaria a reconciliao do casal STF HC 106.805. STJ diz que violncia domestica pode se configurar contra namorada, dependendo do caso concreto, anteriormente no aceitava. Ao Penal Popular: Alguns doutrinadores dizem que existe a ao penal popular no Brasil, sendo que existiriam duas hipteses (Ada P. Grinouver): A) HC que pode ser impetrado por qualquer pessoa (no ao penal, mas ao libertria); B) Faculdade de qualquer cidado oferecer denncia por crime de responsabilidade contra determinados agentes polticos (notitia criminis e no denncia) Lei 1.079/50 e Decreto-lei 201/67. Porm, esta tese doutrinria no aceita pela doutrina majoritria. Ao Penal Secundria: Ocorre quando as circunstncias aplicadas ao caso concreto fazem variar a modalidade de ao penal a ser ajuizada, tal como se d nos crimes sexuais ou contra a honra. Em crimes contra o patrimnio ir se verificar a ao penal secundria no art. 182 do CP. Somente se procede mediante representao patrimnio, cnjuge, irmo tio sobrinho com quem o agente habita. No se aplica nos casos do art. 183 do CP. Ao Penal Adesiva:

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1 corrente: ocorre nas hipteses de litisconsrcio ativo entre o MP (no crime de ao penal pblica) e o querelante (no crime de ao penal privada) Nestor Tvora. 2 corrente: para o prof. Tourinho Filho a ao penal adesiva o que se d no direito Alemo: em crimes de ao penal privada, diz a lei que o MP pode promover a ao penal, desde que visualize um interesse pblico, hiptese em que o ofendido poder intervir no processo como assistente.

Princpios: Ser feito um quadro comparativo entre a ao penal pblica e a ao penal de iniciativa privada. Ao Penal Pblica Ao Penal Privada 1) Inrcia da jurisdio: Ne procedat iudex ex oficio: com a doo do sistema acusatrio ao juiz no dado iniciar o processo de ofcio. No foi recepcionado pela CF o processo judicialiforme (incio da autoridade por portaria do juiz usado nas hipteses de contravenes penais, crimes culposos de leso corporal/homicdios). A. rt. 26 do CPP no foi recepcionado pela CF/88 quando fala do processo judicialiforme. A ao penal pblica privativa do Ministrio Pblico (art. 129, I do CF). 2) Ne bis in idem: ningum pode ser processado duas vezes pela mesma imputao. Ex: agente absolvida como autor de homicdio pode ser processado novamente pela participao no homicdio. Art. 8, 4, do Decreto 678/92 (Pacto de So Jos da Costa Rica). Ex: agente processado e julgado na Justia Estadual por crime militar, resultando sua absolvio ou extino da punibilidade pelo cumprimento da condenao em transao penal no pode ser processado novamente pela Justia Militar, sob pena de violao ao princpio do ne bis in idem. Deciso absolutria ou que declara extinta a punibilidade mesmo que proferida com vcio de incompetncia (juzo incompetente em razo da matria) capaz de transitar em julgado e produzir os seus efeitos, deciso dotada nulidade, porm se no for declarada, ela produz todos seus efeitos, dentre eles o de impedir que a pessoa seja novamente processada perante a justia competente em relao mesma imputao. (HC 86. 606, STF) 3) Princpio da intranscendncia: a ao penal no pode passar da pessoa do autor do delito. 4) Princpio da obrigatoriedade ou legalidade processual: presentes as condies da ao e havendo justa causa o MP obrigado a oferecer denncia. Excees: 4) Princpio da oportunidade ou convenincia: mediante critrio de oportunidade ou convenincia, o ofendido ou seu representante legal podem optar pelo oferecimento ou no da queixa-crime. Aplica-se este princpio antes do incio do Transao penal (art. 76, Lei n. processo. Deixa-se de exercer esse direito 9.099/95 princpio da de trs formas: obrigatoriedade mitigada ou discricionariedade regrada) cabvel Decurso de prazo (decadncia); em todas as contravenes penais e Renncia ao direito de queixa-crime crimes cujas penas mximas no (expressa ou tcita); sejam superiores a 2 anos cumulada ou no com multa, sujeitos ou no a Arquivamento do inqurito policial. procedimento especial (desacato); Acordo de lenincia nos crimes contra a ordem econmica financeira (Le n.28

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8.884/94), acordo de doura ou brandura: trata-se de espcie de delao/colaborao premiada em crimes contra a ordem econmicofinanceira (art. 35-B/C da Lei 8.884/94); Termo de ajustamento de conduta nos crimes ambientais: a celebrao do TAC no funciona como impeditivo ao oferecimento de denncia na hiptese de reiterao de atividade ilcita (informativo 516 HC 92.921, STF); Parcelamento de dbito tributrio: art. 9 da Lei n. 10.684/03). Para o STF o benefcio de extino da punibilidade pelo pagamento s se aplica ao crimes contra a ordem tributria, no se aplicando aos crimes contra o patrimnio. 5) Princpio da Indisponibilidade: existem duas regras: se o MP obrigado a oferecer denncia, no pode dispor da ao penal pblica nem desistir do recurso que haja interposto (art. 42 e 576, CPP). Exceo: suspenso condicional do processo (art. 89, da Lei n. 9.099/95) cabvel para crimes cuja pena mnima seja igual ou inferior a 1 ano (em qualquer processo). Para o STF, mesmo que a pena mnima seja superior a 1 ano ser cabvel a suspenso quando a pena de multa estiver cominada alternativamente (art. 5, Lei n. 8.137/90 venda casada). 5) Princpio da disponibilidade: desdobramento do princpio oportunidade ou convenincia, ela diz que da a ao penal de iniciativa privada dispensvel. Pode-se dispor da ao penal privada at o trnsito em julgado da sentena. Formas de disponibilidade da ao penal privada: Perdo do ofendido depende aceitao - (diferente do judicial); de

Perempo (perda do direito de prosseguir no exerccio da ao privada diante da desdia do querelante, com a conseqente extino da punibilidade); Desistncia do processo em crimes de ao penal privada contra a honra (depende da aceitao da parte contrria).

6) Princpio da divisibilidade/indivisibilidade: existem duas correntes: o STF diz que vige na Ao Penal Pblica o princpio da divisibilidade o MP pode denunciar alguns co-rus, sem prejuzo do prosseguimento das investigaes em relao aos demais. A segunda corrente (LFG e Capez) diz que princpio da indivisibilidade, pois havendo elemento de informao o MP deve oferecer denncia contra todos os investigados.

6) Princpio da Indivisibilidade: o processo de um obriga ao processo de todos (art. 48, CPP - Art. 48. A queixa contra qualquerdos autores do crime obrigar ao processo de todos, e o Ministrio Pblico velar pela sua indivisibilidade).

- Se conceder a renuncia em favor de um dos co-autores, estende-se aos demais. - Perdo concedido a um dos querelados tambm se estende aos demais, porm desde que haja aceitao. - O fiscal deste princpio ser o Ministrio29

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