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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO MÓDULO III FASE PROBATÓRIA. Prof. Antero Arantes Martins AULAS “13” a “19”

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DIREITO PROCESSUAL DO

TRABALHO

MÓDULO III

FASE PROBATÓRIA.

Prof. Antero Arantes MartinsAULAS “13” a “19”

DIREITO DO TRABALHO

AULA 13

TEORIA GERAL DA PROVA

Prof. Antero Arantes Martins

VOCÊ ESTÁ AQUI

Fase probatória. Teoria Geral.

• Encerrada a fase postulatória, existe a

possibilidade de não haver fase probatória,

passando-se direto para a fase decisória.

• Não se confunde com a tutela antecipada do art.

303 e 304 do CPC/2015.

• O Julgamento antecipado da lide ocorre quando a

produção de provas é desnecessária.

– Contestação de mera interpretação de direito.

– Contestação de mérito cuja prova seja exclusivamente

documental

Fase probatória. Teoria Geral.

O QUE É PROVA?

• Prova é a soma dos fatores de convicção capazes de

convencer o Julgador da existência de um fato.

• No Direito Brasileiro não existe hierarquia entre as

provas, cabendo ao juiz sua livre convicção. Assim, por

exemplo, não se pode dizer que um documento tenha

maior valor do que o depoimento de uma testemunha.

Fase probatória. Teoria Geral.

O QUE PROVAR?

• Regra geral:

– Fato: Acontecimento do mundo físico;

– Controvertido: Alegado por uma parte e não aceito por outro;

– Não confessado;

– Não seja público e notório;

• Exceção:

– Hipótese do art. 376 do Código de Processo Civil de 2015.Direito Municipal, Estadual ou Estrangeiro, à qual somamosdireito decorrente de norma coletiva.

Fase probatória. Teoria Geral.

• Há que se ter em mente que, em regra geral, a prova tempor finalidade demonstrar um fato ao juiz. De regra nãose faz prova do direito. (“Da mihi factum dabo tibi ius”).

• Exceção se faz apenas à hipótese do art. 376 do Códigode Processo Civil.

• a parte que invocar direito municipal, estadual,estrangeiro ou de norma coletiva (convenção coletiva,acordo coletivo ou sentença normativa), deve provar aojuiz a existência deste direito, juntando aos autos cópiaautenticada da norma que invoca.

• O juiz tem obrigação de conhecer apenas o ordenamentojurídico federal

Fase probatória. Teoria Geral.

FATO CONTROVERTIDO

• Fato controvertido é aquele fato alegado por

uma das partes que não é aceito pela parte

contrária.

• Para o estudo do ônus da prova é fundamental

saber identificar o fato controvertido.

• Vejamos dois exemplos:

Fase probatória. Teoria Geral.

EXEMPLO 1

• O empregado afirma que fazia horas extras e não as recebia.O empregador contesta afirmando que as horas extras forampagas.

– Não resta mais dúvidas que as horas extras foramrealizadas. A dúvida reside no pagamento das mesmas.

EXEMPLO 2

• O empregado afirma que nem todas as horas extras forampagas. O empregador contesta afirmando que todas as horasextras foram pagas.

– Não resta dúvida que houve pagamento. A dúvida residena existência de horas extras além das pagas.

PRINCÍPIIOS

• A Temática probatória é norteada porprincípios. São eles:

Contraditório e da

ampla defesa

Necessidade

da Prova

Unidade

da Prova

Proibição da Prova

Obtida Ilicitamente

Livre Convencimento

do Juiz

Persuasão

Racional

Oralidade

Imediação

Aquisição

In Dubio Pro Operario

Próximo

Fase probatória. Princípios.

• Princípio do contraditório e ampla defesa.

• Como em todos os atos processuais, estes princípios são

igualmente aplicáveis às provas. Consistem na garantia

conferida às partes de acompanhar todas as provas dos

autos (contraditório) e sobre estas apresentar

manifestação (ampla defesa).

• Ex: Realizar perícia de insalubridade sem permitir a

entrada do empregado nas dependências da empresa

viola o princípio do contraditório.

• Juntada de documento nos autos sem vista da parte

contrária viola o princípio da ampla defesa.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

Fase probatória. Princípios.

• Princípio do contraditório e ampla defesa.

• Como em todos os atos processuais, estes princípios são

igualmente aplicáveis às provas. Consistem na garantia

conferida às partes de acompanhar todas as provas dos

autos (contraditório) e sobre estas apresentar

manifestação (ampla defesa).

• Ex: Realizar perícia de insalubridade sem permitir a

entrada do empregado nas dependências da empresa

viola o princípio do contraditório.

• Juntada de documento nos autos sem vista da parte

contrária viola o princípio da ampla defesa.

Voltar

• Princípio da necessidade da prova.

• É preciso que: a) o fato seja relevante para o

deslinde da lide e; b) o fato não tenha sido

confessado, não seja incontroverso e nem

notório.

– Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento

da parte, determinar as provas necessárias ao

julgamento do mérito.

– Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão

fundamentada, as diligências inúteis ou meramente

protelatórias.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio da unidade da prova.

• A prova deve ser analisada em seu conjunto, ou

seja, é a soma dos fatores probantes colhidos

nos autos. Não deve ser interpretada

isoladamente.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio da Proibição da prova obtida ilicitamente.

• Art. 5º, LVI, CF: “são inadmissíveis, no processo, as

provas obtidas por meios ilícitos”.

• Tem aplicabilidade mitigada pelos Princípios Gerais

da razoabilidade e proporcionalidade, a ponto de não

se invalidar totalmente a prova. Ex: Gravação

clandestina feita pela empregada que se destina a

provar assédio sexual.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio do livre convencimento do Juiz.

• As provas não tem valor tarifado e sim aquele

que é conferido a elas pelo Juiz quando do

julgamento. (Art. 131, CPC).

VoltarArts. 371 e 372 do CPC/2015

Fase probatória. Princípios.

• Princípio da Persuasão racional.

• Tem sido confundido com o Princípio do Livre

convencimento do Juiz. Não é correto.

• Livre convencimento é a capacidade que o Juiz tem de

atribuir mais valor a uma prova do que a outra,

independentemente de sua natureza (oral, documental,

pericial).

• Art. 489, 3º do CPC/2015:

– § 3o A decisão judicial deve ser interpretada a partir

da conjugação de todos os seus elementos e em

conformidade com o princípio da boa-fé.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio da Persuasão racional.

• Persuasão racional é a demonstração lógica do

convencimento do Juiz no julgamento da causa.

Está mais ligado ao Princípio da Motivação das

decisões judiciais.

• Sempre existiu no ordenamento jurídico

brasileiro, mas, o CPC de 2015, no art. 489,

estabeleceu rigorosos critérios para tal

demonstração, o que será estudado na aula

própria.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

• II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

• § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,

sentença ou acórdão, que:

• I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua

relação com a causa ou a questão decidida;

• II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua

incidência no caso;

• III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

• IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,

infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

• V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus

fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta

àqueles fundamentos;

• VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela

parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação

do entendimento.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio da Oralidade.

• Trata-se de Princípio Geral do Direito

Processual do Trabalho.

• Art. 845 - O reclamante e o reclamado

comparecerão à audiência acompanhados das

suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião,

as demais provas.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio da Imediação

• O Juiz, como diretor do processo, colhe direta e

imediatamente as provas dos autos, sendo-lhe

facultado interrogar os litigantes e determinar a

produção de provas.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio da Aquisição.

• Uma vez produzida, a prova é adquirida pelo

processo, sendo irrelevante a parte que a

produziu.

– Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos

autos, independentemente do sujeito que a tiver

promovido, e indicará na decisão as razões da

formação de seu convencimento.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

• Princípio “in dubio pro operario”

• Grande divergência jurisprudencial e doutrinária:

• 1ª corrente: É Princípio de Direito Processual que mitiga

a teoria do ônus da prova de sorte que havendo prova

inconclusiva há que se reconhecer o fato alegado pelo

trabalhador.

• 2ª corrente: É Princípio de Direito Material que orienta a

interpretação do direito, restando inabalável a teoria do

ônus da prova.

Voltar

Fase probatória. Princípios.

DIREITO DO TRABALHO

AULA 14

ÔNUS DA PROVA

Prof. Antero Arantes Martins

ÔNUS DA PROVA.

• Sabendo então a finalidade da prova e seus

princípios, resta saber

– A quem cabe a incumbência de prová-lo ao juízo?

– Qual a conseqüência de não conseguir realizar tal

prova?

• A segunda pergunta é mais fácil de ser respondida. Se a

parte deveria provar um fato e não o faz, terá uma

decisão desfavorável naquele ponto. A primeira pergunta

está ligada à teoria do ônus da prova, e é respondida com

a análise do art. 818 da CLT combinado com o art. 373

do Código de Processo Civil de 2015.

• Se o fato controvertido for o constitutivo do direito, o

ônus da prova é do reclamante;

• Se o fato controvertido for o modificativo, extintivo ou

impeditivo do direito, o ônus da prova é da reclamada.

Art. 373 do CPC/2015 e Art. 818 da CLT

ÔNUS DA PROVA.

ÔNUS DA PROVA.

FATO CONSTITUTIVO

X

FATO MODIFICATIVO, EXTINTIVO E

IMPEDITIVO

ÔNUS DA PROVA.

• Petição Inicial– Os fatos narrados na inicial são os que constituem o direito

pretendido no pedido. Fatos Constitutivos

• Contestação

• Negar o Fato Constitutivo. O fato constitutivo, neste caso, é o controvertido e, portanto, o ônus da prova é do reclamante. (CONTESTAÇÃO DE MÉRITO DIRETA)

• Aceitar o fato constitutivo e alegar outro, extintivo, impeditivo ou modificativo. Neste caso o fato constitutivo não é mais controvertido e, portanto, não precisa ser provado. Passa a ser do réu o ônus de provar o novo fato que alegou. (CONTESTAÇÃO DE MÉRITO INDIRETA)

ÔNUS DA PROVA.

• Exemplo de contestação de Mérito Direta:

• Inicial

– Trabalhou na Reclamada Sem Registro.

• Contestação

– Não trabalhou na Reclamada

• A contestação nega o fato constitutivo da inicial.

Portanto o ônus da prova é da Reclamante.

• Exemplos de Contestação de Mérito Indireta:

Inicial

Fez horas extras e não recebeu

Contestação

As horas extras foram pagas

A contestação apresenta uma um fato extintivo de

direito do autor. Portanto o ônus da prova é da

Reclamada

ÔNUS DA PROVA.

• Exemplos de Contestação de Mérito

Indireta:

Inicial

Trabalhou na Reclamada sem Registro

Contestação

Trabalhou na Reclamada como

autônomo

A contestação apresenta uma um fato

modificativo de direito do autor. Portanto o ônus

da prova é da Reclamada

ÔNUS DA PROVA.

• Exemplos de Contestação de Mérito

Indireta:

Inicial

Fazia as mesmas funções que o paradigma

e recebia menos Contestação

Quando o autor foi contratado o paradigma

contava com mais de dois anos de função.A contestação apresenta uma um fato impeditivo

de direito do autor. Portanto o ônus da prova é da

Reclamada

ÔNUS DA PROVA.

• A Contestação determina de quem é o ônus da

prova

• Contestação Ônus da Prova

de Mérito Direta do Reclamante

• Contestação Ônus da Prova

de Mérito Indireta da Reclamada

ÔNUS DA PROVA.

ÔNUS DA PROVA.

FATO POSITIVO

X

FATO NEGATIVO

e

INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

ÔNUS DA PROVA.

• Aquele que afirma a existência do fato tem que

provar.

• Isto porque obrigar à parte a provar que algo

nunca aconteceu seria imprimir um ônus

excessivo à ela.

• Por isso, via de regra, não se admite ônus da

prova negativa no processo.

ÔNUS DA PROVA.

• Deve-se tomar cuidado ao distinguir um fato negativo de

uma afirmação. Para se caracterizar fato negativo, deve-

se considerar a universalidade do fato. Ex:

• Ao negar a prestação de serviço pelo Reclamante, a

Reclamada nega a existência de qualquer relação de

trabalho com o Reclamante. Assim, o ônus da prova é do

Reclamante

• Ao contrário, quando a Reclamada nega o vínculo de

emprego, ela não alega fato negativo. Na realidade ela

faz uma afirmação: “O Reclamante prestou serviços

para mim, MAS não era de natureza empregatícia”. Por

isso o ônus da prova é da Reclamada.

ÔNUS DA PROVA.

• Algumas vezes, contudo, ocorre a inversão do ônus da

prova.

• Ou seja, o ônus da prova que normalmente seria de uma

parte, respeitando os artigos 373 do CPC/2015 e 818 da CLT,

passa a ser de outra.

• Essa hipótese é uma exceção, admitida no processo do

trabalho em dois casos, as súmulas 338, III e 212 do TST

• Tal inversão não se faz pela hipossuficiência do empregado,

nem pela aplicação do princípio do In Dubio Pro Operario,

mas sim pela existência de alguma presunção.

Súmula 212 do TST Súmula 338, III do TST

ÔNUS DA PROVA.

• Outro caso específico de inversão do ônus da prova no

Processo do Trabalho ocorre com a Súmula 443 do C.

TST, no caso de dispensa de empregado portador de

doença crônica que cause estigma ou preconceito.

• A inversão do ônus da prova ocorre quando existe uma

presunção em favor daquele que normalmente teria a

incumbência de provar a alegação.

• Assim, já se presume verdadeiro aquilo que a parte

alega, cabendo a outra parte realizar a prova.

ÔNUS DA PROVA.

• O CPC de 2015 concedeu ao Juiz, explicitamente, a

possibilidade de inverter o ônus da prova conforme as

circunstâncias do caso concreto, acolhendo o Princípio

da aptidão da prova.

• Anteriormente a hipótese mais próxima era encontrada

no CDC em favor do consumidor.

• A Lei 13.467/2017 transpoôs tal previsão legal para a

CLT no parágrafo 1º do art. 818.

• Vamos verificar o dispositivo:

ÔNUS DA PROVA.

• Art. 818. O ônus da prova incumbe:

• I – ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

• II – ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou

extintivo do direito do reclamante.

• § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa

relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o

encargo nos termos deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova

do fato contrário, poderá o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso,

desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte

a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

• § 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da

abertura da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da

audiência e possibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito

admitido.

• § 3o A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que

a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente

difícil.” (NR)

ÔNUS DA PROVA. Princípio da aptidão.

• Inversão do ônus da prova. Situação em que, pela regra anterior, seria deuma parte, passa à outra.– § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à

impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos desteartigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízoatribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisãofundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir doônus que lhe foi atribuído.

• De regra será aplicado em favor do trabalhador, por ter o empregadormaior facilidade na produção da prova.– § 2o A decisão referida no § 1o deste artigo deverá ser proferida antes da abertura

da instrução e, a requerimento da parte, implicará o adiamento da audiência epossibilitará provar os fatos por qualquer meio em direito admitido.

• Questão: A decisão do Juiz instrutor em não inverter o ônus da prova oJuiz julgador está vinculado a esta decisão? E o Tribunal? Caso nãoesteja, qual a solução.– § 3o A decisão referida no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a

desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.”(NR)

• Além das duas regras anteriores (constitutivo x

modificativo, impeditivo ou extintivo e não se admitir

ônus da prova negativo), há também uma terceira regra.

• O magistrado se utilizará de seus conhecimentos comuns

e técnicos, na ausência de regras particulares, para

determinar o que deverá ser provado, conforme diz o

artigo 375 do CPC/2015.

• É o dispositivo que traduz a máxima do direito: “o

ordinário se presume, o extraordinário se prova e o

absurdo se rejeita de plano”

Art. 375 do CPC

ÔNUS DA PROVA.

DIREITO DO TRABALHO

AULA 15

PRÁTICA DE ÔNUS DA PROVA

Prof. Antero Arantes Martins

DIREITO DO TRABALHO

AULA 16

MEIOS DE PROVA(Prova oral)

Prof. Antero Arantes Martins

MEIOS DE PROVA ADMTIDOS EM DIREITO

• PROVA ORAL:

– Depoimento pessoal das partes

– Oitiva de testemunhas

• PROVA DOCUMENTAL:

– Juntada de documentos pelas partes.

– Exibição de documentos em posse de terceiros.

• PROVA PERICIAL:

– Perícia

– Prova técnica simplificada.

Meios de Prova.

• É o meio de prova destinado a realizar ointerrogatório das partes, no curso do processo.

• Sua finalidade é dupla: provocar a confissão eesclarecer os fatos.

• Na audiência os depoimentos serão tomados antes daoitiva das testemunhas, primeiro o autor, depois oréu.

• Por fim, considerando que o objetivo do depoimentopessoal é a obtenção da confissão, é vedado aoadvogado pedir em Juízo o depoimento pessoal dopróprio cliente como meio de prova, bem como évedado ao mesmo inquirir seu cliente quando esteestá depondo.

Prova oral. Depoimento pessoal.

• Se a parte não comparecer, ou, comparecendo, se recusar

a depor, o juiz lhe aplicará a pena de confissão que

consiste em admitir como verdadeiros os fatos alegados

pela outra parte e contrários ao interesse da parte

faltosa.

• O ônus não é apenas o de depor, mas o de responder a

todas às perguntas com clareza e lealdade. Assim, o juiz

pode, conforme as circunstancias, considerar como

recusa de depoimento, o depoimento prestado com

omissões ou evasivas. E a conseqüência será a aplicação

da pena de confesso.

Prova oral. Depoimento pessoal.

Prova oral. Oitiva de testemunhas.

PROVA TESTEMUNHAL

• É aquela que se obtém através do relato prestado, em juízo,

por terceiro não envolvido no processo, desinteressado,

que tem conhecimento do fato litigioso e sob compromisso.

• A inquirição da testemunha só não terá cabimento naqueles

casos em que o próprio Código de Processo Civil veda esse

tipo de prova (arts. 443 e 448)

• O depoimento testemunhal não é uma faculdade, mas um

dever (art.380-I do CPC/2015.) vez que é dever de todo o

cidadão colaborar com o Poder Judiciário na apuração da

verdade.

Art. 443 do CPC Art. 448 do CPC Art. 380-I do CPC

Prova oral. Oitiva de testemunhas.

• Até as impedidas ou suspeitas poderão ser ouvidas pelojuiz " sendo estritamente necessário". Mas, seusdepoimentos serão prestados independentemente decompromisso e o juiz lhe atribuirá o valor que possammerecer.

• O compromisso é o ato judicial em que o juiz cientifica atestemunha que deve dizer a verdade, sob pena de incidirno crime de falso testemunho (art.342 do Código Penal)

• Cada parte poderá arrolar no máximo 03 testemunhas noprocedimento ordinário, no máximo 02 no procedimentosumaríssimo e no máximo 06 no inquérito judicial paraapuração de falta grave.

Art. 342 do CP

Prova oral. Oitiva de testemunhas.

• A substituição de testemunhas depois de arroladas só é permitidapor falecimento desta, enfermidade ou tiver mudado de residênciae não foi localizada pelo Oficial de justiça.

• Antes de depor a testemunha será qualificada. Nessa fase é licito àparte contrária contraditar a testemunha. Sobre a contradita o juizouvirá a testemunha e a parte que a arrolou. Se reconhecida aprocedência da argüição, a testemunha será ouvida comoinformante.

• Depois de compromissada a testemunha não mais pode sercontraditada, justamente porque o objetivo da contradita é impediro compromisso. Se no curso do depoimento surgir fato que torne atestemunha impedida ou suspeita, o Juízo atribuirá ao depoimentoo valor que este merecer.

Prova oral. Oitiva de testemunhas.

• No Processo do Trabalho as testemunhas não são

arroladas a priori, como ocorre no Processo Civil. Cabe

à parte a incumbência de convidar a testemunha a

comparecer à audiência.

• Apenas se a testemunha não atender ao convite é que

deve o juiz interromper a audiência, abrir prazo para a

parte apresentar o rol de testemunhas e intimar as

testemunhas arroladas. No procedimento ordinário basta

a parte alegar que convidou a testemunha para obter a

suspensão da audiência. No procedimento sumaríssimo a

parte deve provar que convidou a testemunha.

Prova oral. Oitiva de testemunhas.

• Entretanto, a jurisprudência já tem admitido, e bem a

meu ver, a validade da determinação para que o rol seja

apresentado antes da audiência. Não porque se substitui

a CLT pelo CPC, mas, sim, em prestígio aos Princípios:

• Da celeridade: As audiências não são marcadas com a

brevidade que a CLT desejava;

• Da concentação: Evita-se o adiamento da audiência;

• Da boa-fé: Evita-se atuação de má-fé da parte autora que

deseja ter acesso à contestação antes de produzir a prova

e da parte ré que deseja adiar e procrastinar a solução do

processo.

DIREITO DO TRABALHO

AULA 17

MEIOS DE PROVA(Prova documental)

Prof. Antero Arantes Martins

Prova Documental.

PROVA DOCUMENTAL

• O documento é um instrumento capaz de representar um fatoem sentido amplo. Documento compreende não apenas osescritos, mas toda e qualquer coisa que transmita diretamenteum registro físico a respeito de algum fato: desenhos, fotos,filmes, gravações, etc.

• Há determinadas matérias em que se exige a provadocumental, com a exclusão de qualquer outra. Comoexemplo podemos citar o pagamento de salários, que deveser feito mediante recibo ou depósito em conta. Logo, oempregador não pode pretender provar tal pagamento poroutro modo que não seja o documento (recibo ou depósitoem conta).

Prova Documental. Momento de produção.

• De regra a prova documental é produzida na fase

postulatória, consoante art. 434 do CPC/2015.

– Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição

inicial ou a contestação com os documentos

destinados a provar suas alegações.

• Entretanto, existem três exceções:

– Documentos novos;

• Documento cronologicamente novo;

• Documento cronologicamente velho;

– Contraprova;

– Exibição;

Prova Documental. Exibição pela parte contrária.

• Há poder do juiz em determinar a exibição de

documento ou coisa que se ache na posse das

partes, sempre que o exame desses bens for útil

ou necessário para a instrução do processo.

• A parte contrária terá que se manifestar. E neste

momento poderá:

– A) Exibir o documento ou coisa;

– B) Ficar silente e não exibir o documento ou coisa;

– C) Negar que possua documento ou coisa;

– D) Apresentar recusa na exibição do documento ou

coisa. Art. 400 do CPC

Prova Documental. Exibição pela parte contrária.

• Consequências:

– A) A prova veio aos autos e será analisada com os demais elementosprobatórios;

– B) O Juiz presume verdadeiro o fato que a parte pretendia provar com aexibição do documento ou coisa (art. 400, CPC);

– C) Abre-se dilação probatória a fim de que o requerente prove que a partecontrária detém o documento ou coisa. Se provar, aplica-se letra “B” supra.Se não provar a existência do documento ou coisa, nenhuma consequênciaprocessual;

– D) O Juiz julgará a recusa. Se a recusa for aceita, então nenhumaconsequencia processual. Se a recusa não foi aceita, então aplica letra “B”supra.

• O Juiz não admitirá recusa:

– Se a parte tem a obrigação legal de manter o documento;

– Se a parte aludiu o documento ou coisa para fazer prova noprocesso;

– Se for documento comum às partes.

Prova Documental. Exibição por terceiros.

• O pedido de exibição formulado contra quem

não é parte do processo principal provoca a

instauração de um novo processo, em que são

partes o pretendente à exibição e o possuidor

do documento ou coisa. Pode ser preparatória

ou incidental.

• O art. 378 do CPC/2015 tem a previsão de um

dever cívico de qualquer cidadão em colaborar

com o Poder Judiciário. Já o art. 380, II do

CPC/2015 firma um dever legal.

Art. 380, II do CPC/2015 Art. 378 do CPC/2015

Prova Documental. Exibição por terceiros.

• Esse feito incidental deverá ser processado emautos próprios, em apenso ao processo principal eserá julgado por sentença. Entretanto, e na praxe,tem sido processado com os autos principais,dado o Princípio da Simplicidade do Processo doTrabalho.

• Se o terceiro destruir a coisa ou documento quedeveria exibir, ficará responsável civilmentepelas perdas e danos que acarretar à parte, asquais serão demandados em ação ordinária deindenização.

Prova Documental. Exibição por terceiros.

• Em caso de recusa injustificada do terceiro, o Juiz fixarácominação para entrega da obrigação de fazer (art. 500 e 536, § 1ºCPC/2015) e o terceiro estará sujeito às penalidades do art. 77, 1ºe 2º do CPC/2015:

Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveresdas partes, de seus procuradores e de todos aqueles que dequalquer forma participem do processo: ...

§ 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertiráqualquer das pessoas mencionadas no caput de que suaconduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade dajustiça.

§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui atoatentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízodas sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar aoresponsável multa de até vinte por cento do valor da causa, deacordo com a gravidade da conduta.

Prova Documental. Falsidade.

• Contudo, os documentos podem ser falsificados,ou na sua forma, ou no seu conteúdo.

• A parte contra quem foi produzido o documentopoderá suscitar incidente de falsidade documental.

• Não existe previsão na CLT, devendo ser aplicadoo art. 430 do CPC.

Art. 430 do CPC

Prova Documental. Falsidade.

• Com a declaração de falsidade,cessa a fé que pudesse ter odocumento (Art. 427 CPC/2015). Dadecisão que decide pela falsidadeou pela autenticidade do documentonão cabe recurso, pois consiste emuma decisão interlocutória.

Art. 427 do CPC

Prova Documental. Falsidade.

• O Documento pode ser falsificado de duasmaneiras:

– Material: Quanto à forma do documento

– Ideológico: quanto ao conteúdo do documento

Blá blá

blá blá

blá blá

blá blá

blá

CONTEÚDOFORMA

Prova Documental. Falsidade.

• Falsidade Material: Aquelas previstasnos incisos I e II do Art. 427 do CPC.Quando há vício nos aspectos exterioresdo documento.

• A Falsidade Material poderá serpercebida por meio de perícia.

Prova Documental. Falsidade.

• Falsidade Ideológica: Ocorre quando odocumento é verdadeiro, mas o seuconteúdo não é.

• A Falsidade Ideológica não pode seraveriguada por perícia, pois a falsidadereside na idéia que o documento traz, enão na sua forma

Prova Documental. Falsidade.

• Art. 436. A parte, intimada a falar sobre

documento constante dos autos, poderá:

• I - impugnar a admissibilidade da prova

documental;

• II - impugnar sua autenticidade;

• III - suscitar sua falsidade, com ou sem

deflagração do incidente de arguição de

falsidade;

• IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.

DIREITO DO TRABALHO

AULA 18

MEIOS DE PROVA(Prova pericial)

Prof. Antero Arantes Martins

Prova Pericial.

PROVA PERICIAL

• Não é possível exigir que o juiz disponha de

conhecimentos universais a ponto de examinar

cientificamente tudo sobre a veracidade e as

conseqüências de todos os fenômenos possíveis de

figurar nos pleitos judiciais.

• Consiste numa declaração de ciência ou na afirmação de

um juízo.

• A prova pericial consiste em exame, vistoria ou

avaliação (art.464 do C.P.C./2015)

Prova Pericial.

• Exame é a inspeção sobre coisas, pessoas ou

documentos, para verificação de qualquer fato ou

circunstancia que tenha interesse para a solução

do litígio.

• Vistoria é a mesma inspeção quando realizada

sobre bens imóveis.

• Avaliação é a apuração de valor, em dinheiro, de

coisas direitos ou obrigações em litígio.

Prova Pericial.

• A parte pode participar da prova pericial formulando

quesitos e indicando assistente técnico. Os quesitos tem

por finalidade fazer com que o perito, ao responde-los,

possa esclarecer as questões científicas que envolvem o

laudo para as situações fáticas discutidas no processo.

• O juiz poderá indeferir alguns quesitos que julgar

impertinentes, bem como formular os que entender

necessários. É licito apresentar quesitos suplementares.

• O assistente técnico é um expert no assunto de confiança

da parte e que irá acompanhar o trabalho do perito

judicial nos termas científicos que o leigo não pode

compreender.

Prova Pericial.

• Em nível de força probante a perícia é meramente decaráter opinativo e vale pela força dos argumentos emque repousa. O juiz não está adstrito ao laudo e podeformar sua convicção de modo contrário com base emoutros elementos do processo.

• É relevante mencionar que as matérias relativas aoadicional de insalubridade e adicional de periculosidadeexigem a prova pericial (art. 195, CLT), com a exclusãode qualquer outra.

• Inspeção judicial é o meio de prova que consiste napercepção sensorial direta do juiz sobre qualidades oucircunstancias corpóreas de pessoas ou coisasrelacionadas com o litígio.

Art. 195 da CLT

Prova Pericial.

• Para que um laudo técnico seja elaborado, é necessárioque os fatos estejam bem definidos, para que a períciatenha valor probatório.

• Se o perito fundamentar os a sua perícia em fatosinverídicos, a sua conclusão será inútil para aquelelitígio, portanto perderá a sua força probandi.

• Ex: O perito conclui pela insalubridade por ruído naempresa. Contudo, mais tarde, provou-se que oReclamante passava a maior parte do tempo fora daempresa.

• Imaginando que o laudo técnico do peritofosse um prédio, os fatos no processoseriam a base do edifício

FATOS

LAUDO

TÉCNICO

Prova Pericial.

Prova Pericial.

• A Prova emprestada é aceita na sistemática doprocesso do trabalho.

• Contudo, o seu ingresso no processo nãosignifica certeza de ganho de causa à parte quea trouxe, ainda que no processo de origem omagistrado tenha decidido a seu favor.

• Isto porque a coisa julgada atinge somente odispositivo. Além disso, estar-se-ia violando oprincípio do livre convencimento.

Prova Pericial.

• Prova emprestada no caso de perícia:

• A perícia realizada no processo de terceiro ,ainda que no mesmo local de trabalho e sob asmesmas condições, não substitui a perícia a serrealizada no novo processo

• Isto porque estar-se-ia ferindo o princípio docontraditório. As partes tem direito de formularnovos quesitos, requerer esclarecimentos,apresentar assistente técnico, Etc...

Prova Pericial.

• Neste caso, a perícia realizada em processodistinto, ingressará nos autos como documento,e não como perícia, recebendo sua devidavaloração pelo magistrado no momento dojulgamento.

Prova Pericial.

• Prova técnica simplificada:

• CPC/2015:Art. 464-...

• § 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em

substituição à perícia, determinar a produção de prova técnica

simplificada, quando o ponto controvertido for de menor

complexidade.

• § 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição

de especialista, pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que

demande especial conhecimento científico ou técnico.

• § 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação

acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, poderá

valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e

imagens com o fim de esclarecer os pontos controvertidos da

causa.