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Analista Judicirio rea Judiciria

Direito Processual Civil

Prof. Giuliano Tamagno

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Direito Processual Civil

Professor Giuliano Tamagno

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Edital

DIREITO PROCESSUAL CIVIL: 4.1 O Cdigo de Processo Civil. Jurisdio e ao: conceito, natureza e caractersticas; das condies da ao. Partes e procuradores: capacidade processual e postulatria; deveres e substituio das partes e procuradores. Litisconsrcio e assistncia. Interveno de terceiros: oposio, nomeao autoria, denunciao lide e chamamento ao processo. Ministrio Pblico. Competncia: em razo do valor e da matria; competncia funcional e territorial; modificaes de competncia e declarao de incompetncia. Execuo em geral. Espcies de execuo. Embargos do devedor. Execuo por quantia certa contra devedor insolvente. Remio. Suspenso e extino do processo de execuo.

BANCA: FAURGS

CARGO: Analista Judicirio rea Judiciria

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Sumrio

JURISDIO E AO ............................................................................................................9

CONCEITO ...........................................................................................................................9

JURISDIO .......................................................................................................................10

A AO ..............................................................................................................................14

COMPETNCIA ..................................................................................................................21

QUESTES ..................................................................................................................25

PARTES E PROCURADORES ................................................................................................32

QUESTES ..................................................................................................................35

LITISCONSRCIO ...............................................................................................................39

QUESTES ..................................................................................................................43

EXECUO EM GERAL .......................................................................................................47

QUESTES ..................................................................................................................77

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Introduo

Colegas,

Sabidamente o concurso do TJ-RS um dos mais concorridos do estado, seno do Brasil, seja pelas condies de trabalho, seja pela remunerao oferecida, enfim, o sonho de todo concurseiro.

Pensando nisso, no podemos ser somente mais um no meio da massa, precisamos nos destacar, precisamos estar muito bem preparados.

Pensando nisso, eu e a Prof Letcia Loureiro, com quem dividirei a matria, abordaremos em forma de aula expositiva ou em forma de questo toda a matria do nosso edital de referncia, a fim de que no restem dvidas sobre os pontos em debate.

Desejo que voc tenha uma boa aula! Me mandem por e-mail qualquer dvida, crtica ou sugesto, que tentarei resolver no menor prazo possvel, alm, claro, do nosso frum online.

Apertem os cintos e bons estudos

E-mail: [email protected]

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Banca anterior: FAURGS

Tipo de Questes: Mltipla escolha com 5 alternativas.

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Direito Processual Civil

JURISDIO E AO

Art. 16. A jurisdio civil exercida pelos juzes e pelos tribunais em todo o territrio nacional, con-forme as disposies deste Cdigo.

Art. 17. Para postular em juzo necessrio ter interesse e legitimidade.

Art. 18. Ningum poder pleitear direito alheio em nome prprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurdico.

Pargrafo nico. Havendo substituio processual, o substitudo poder intervir como assisten-te litisconsorcial.

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se declarao:

I da existncia, da inexistncia ou do modo de ser de uma relao jurdica;

II da autenticidade ou da falsidade de documento.

Art. 20. admissvel a ao meramente declaratria, ainda que tenha ocorrido a violao do direito

Conceito

A palavra jurisdio tem sua origem na composio das expresses jus, juris (direito) e dicere, dictio, dictionis (dizer, ao de dizer) e, da, pode ser entendida como "dizer o direito".

A jurisdio uma funo estatal (monpilio estatal, frise-se) que, grosso modo, faz atuar o direito.

Para Tourinho Filho jurisdio "aquela funo do Estado consistente em fazer atuar, pelos rgos jurisdicionais, que so os juzes e Tribunais, o direito objetivo a um caso concreto, obtendo-se a justa composio da lide".

Para Ada Pellegrini Grinover jurisdio "uma das funes do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificao do conflito que os envolve, com justia".

Giuseppe Chiovenda define jurisdio como sendo a "funo do Estado que tem por escopo a atuao da vontade concreta da lei por meio da substituio, pela atividade de rgos pblicos, da atividade de particulares ou de outros rgos pblicos".

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Jurisdio

O Estado moderno, para melhor atingir seu objetivo, que o bem comum, dividiu seu poder soberano em trs: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judicirio. A cada poder corresponde uma funo estatal. Assim, ao Legislativo compete a estruturao da ordem jurdica; ao Executivo, a administrao; e ao Judicirio, a composio dos litgios nos casos concretos.

funo de compor os litgios, de declarar e realizar o Direito, d-se o nome de jurisdio (do latim juris dictio, que significa dizer o Direito). Partindo-se de uma viso clssica, a jurisdio pode ser visualizada sob trs enfoques distintos: como poder, porquanto emana da soberania do Estado, que assumiu o monoplio de dirimir os conflitos; como funo, porque constituiu dever do Estado em prestar a tutela jurisdicional quando chamado; finalmente, como atividade, uma vez que a jurisdio atua por meio de uma sequencia de atos processuais.

Jurisdio, portanto, o poder, a funo e a atividade exercidos e desenvolvidos, respectiva-mente, por rgos estatais previstos em lei, com a finalidade de tutelar direitos individuais ou coletivos. Uma vez provocada, atua no sentido de, em carter definitivo, compor litgios ou sim-plesmente realizar direitos materiais previamente acertados, o que inclui a funo de acautelar os direitos a serem definidos ou realizados, substituindo, para tanto, a vontade das pessoas ou entes envolvidos no conflito. Mesmo quando Supremo Tribunal Federal exerce o controle con-centrado de constitucionalidade por meio de procedimentos ADI/ADC e ADPF nos quais no h partes, num plano mediato se pode vislumbrar a tutela preventiva de direitos individuais, embora o objeto da tutela jurisdicional, num plano imediato, seja a prpria lei.

Caractersticas da jurisdio:

Unidade:

A jurisdio, dizem os clssicos, funo exclusiva do Poder Judicirio, por intermdios dos seus juzes, os quais decidem monocraticamente ou em rgos colegiados, da por que se diz que ela una. A distribuio funcional da jurisdio em rgos (Justia Federal, Justia do Trabalho, vara cveis, varas criminais, entre outros) tem efeito meramente organizacional. A jurisdio, ensina Lopes da Costa, ser sempre o poder-dever de o Estado declarar e realizar o Direito. Nesse sentido, se diz que a jurisdio una, ou seja, funo monopolizada dos juzes, os quais integra, uma magistratura nacional, no obstante um segmente seja pago pela Unio (magistratura federal e trabalhista, por exemplo) e outro pelos Estados-membros (magistrados estaduais).

Algumas concepes clssicas, no entanto, precisam ser superadas.

Conquanto o CPC estabelea que a jurisdio exercida pelos juzes e pelos tribunais, o termo correto juzo, rgo composto, no mnimo, pelo juiz, escrivo e demais auxiliares da justia (agentes permanentes). Embora no o integrem de forma permanente, a esse rgo, dependendo da natureza da demanda, acorem o representante do Ministrio Pblico, o Defensor Pblico, o perito, os advogados (agentes variveis).

A referncia figura to somente do juiz decorre at de uma tradio histrica. Nosso direito romano, posteriormente, com influncia germnica. Na antiguidade, no se separava o

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Estado da Religio (Estado Teocrtico). O exerccio da jurisdio estatal nasceu, portanto, muito impregnado pela religiosidade. Da advm esse personalismo: a figura do Deus acabou por recair sobre o juiz. Hoje, contudo, o parmetro o Estado Democrtico de Direito. No se concebe, nos dias atuais, a edio de uma lei ou sentena por ato de uma nica pessoa. claro que a sentena prolatada pelo juiz em nome do Estado, mas esse provimento jurisdicional fruto de um processo, concebido e gestado sob o crivo do contraditrio (debate democrtico).

A jurisdio, desse forma, no um ato solitrio dos juzes. A jurisdio prestado por um rgo que, do ponto de vista subjetivo, composto por agentes pblicos, que recebem vencimentos (juiz, escrivo, promotor pblico, defensor pblico e outros), os agentes privados, que recebem honorrios (v.g., advogado e perito). Todos esses agentes exercem mnus pblico e esto sujeitos a impedimentos e suspeio. A exceo fica por conta dos advogados, sujeitos parciais por excelncia.

Observe que o juiz, o escrivo e o promotor de justia, tal como o advogado, pode variar ao longo do processo. O que importa no a pessoa, mas a autoridade. O juiz pode ser substitudo (porque se aposentou ou foi promovido), a parte pode trocar de advogado a qualquer tempo. O que no se concebe processo sem juiz, escrivo, promotor ou advogado.

Quanto ao advogado, pelo menos o do autor, dever estar presente sempre (salvo em casos especficos, como nas aes propostas perante os Juizados Especiais Cveis, at o limite de salrios mnimos). A exigncia decorre do art. 133 da CF/1988, que estabelece ser o advogado indispensvel administrao da justia. No processo cvel o advogado do ru no figura obrigatria. Comparecendo sem advogado, o ru ser reputado revel e o processo ter normal prosseguimento. J no processo penal, obrigatrio que o ru esteja assistido por advogado. Em no havendo advogado constitudo pelo ru, ser-lhe- nomeado defensor. O tratamento diferenciado justifica-se ante a natureza do objeto de tutela na esfera penal (a liberdade, garantia fundamental do cidado).

As afirmaes de que a jurisdio monoplio do Estado e que a funo de dizer Direito nica e exclusiva dos juzes ilaes que podem ser extradas da literalidade do art. 16 tambm esto ultrapassadas. O prprio Estado prev e reconhece como legtimo o exerccio de jurisdio por outros rgos/agentes no integrantes do Poder Judicirio. Consoante Cssio Scarpinella Bueno:

[...], no h como perder de vista que, mesmo no Estado brasileiro, a atividade jurisdicional no exclusiva do Estado-juiz. Tambm os Poderes Executivo e Legislativo desempenham atividades jurisdicionais em determinados casos, devidamente autorizados desde a Constituio Federal. o que a doutrina costuma chamara de funes tpicas e atpicas do Estado.

Exemplo do que se est a dizer o Senado Federal, rgo que, presidido pelo Presidente do STF, ser competente para julgar o Presidente da Repblica nos crimes de responsabilidade (art. 86 da CF/1988). Trata-se do processo de impeachment, no qual os senadores, em nica e definitiva instncia, absolvero ou condenaro o Presidente da Repblica. A sentena condenatria se materializar mediante resoluo do Senado, a ser proferida pelo voto de 2/3 dos senadores, sendo vedado ao Judicirio alterar o julgamento realizado, sob pena de infringncia ao princpio da separao dos poderes. Trata-se, aqui, de exerccio de jurisdio pelo Poder Legislativo.

Outro exemplo de exerccio de jurisdio por no juzes a Arbitragem (Lei n 9.307/1996). Na qual, um terceiro, escolhido pelos litigantes, decidir o conflito de interesses, criando a norma individual que regular o caso concreto.

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O Superior Tribunal de Justia j chegou a considerar a arbitragem como um equivalente jurisdicional. Entretanto, a deciso mais recente desta Corte reconhece que a atividade desenvolvida no mbito da arbitragem tem verdadeira natureza jurisdicional, tanto que se admite a existncia de conflito de competncia entre juzo estatal e cmara arbitral.

Adverte-se que h posio doutrinria no sentido de que a arbitragem tem natureza meramente contratual. Luiz Guilherme Marinoni, por exemplo, entende que no h como comparar a jurisdio com a atividade de rbitro e que aquela s poder ser exercida por uma pessoa investida na autoridade do juiz, aps concurso pblico de provas e ttulos.

possvel o controle jurisdicional da sentena arbitral, mas apenas em relao aos quesitos de validade (arts. 32 e 33 da Lei n 9.307/1996) e mesmo assim aps o prazo de 90 dias aps a notificao da respectiva sentena, parcial ou final, ou da deciso do pedido de esclarecimentos, findo o qual a deciso se tornar definitiva e, portanto, acobertada pela coisa julgada material. Dentre os requisitos de validade est, inclusive, a observncia ao princpio da imparcialidade do rbitro (art. 21, pargrafo 2, c/c o art. 32, VIII, da Lei n 9.307/1996), o que refora o carter jurisdicional da arbitragem, porquanto tambm umas das caractersticas inerentes jurisdio. Vale destacar que, no mbito trabalhista, a arbitragem consagrada em nvel constitucional (art. 114, pargrafo 1, da CF/1988).

Como exemplo de rgo que tambm exerce a jurisdio, igualmente podemos citar a Justia Desportiva, rgo administrativo com atribuies para julgar questes relacionadas disciplina e competies desportivas (art. 217 da CF/1988). Nessas hipteses, o acesso ao Judicirio s ser possvel aps o exaurimento da via administrativa (art, 27, pargrafo 1).

O Tribunal de Contas, rgo ligado ao Legislativo e com competncia para o julgamento das contas dos administradores pblicos tambm serve de exemplo de rgo que exerce funo jurisdicional.

Embora o Senado Federal, o tribunal arbitral e o tribunal desportivo no seja rgos jurisdicionais no aspecto tcnico do termo, porquanto as decises emanadas desses rgos sujeitam-se ao controle jurisdicional, no h como negar que a Justia Desportiva e o Tribunal de Contas exercem funo jurisdicional, na medida que acertam qual o Direito aplicvel queles conflitos que lhes compete decidir.

Como meios alternativos de pacificao social que atuam ao lado da jurisdio na pacificao social pode-se citar a autotutela (soluo pela imposio da vontade de um dos interessados), a auto composio (que engloba a remisso, a submisso, a transao e a renncia ao direito sobre o qual se funda a ao), a mediao e a conciliao.

Como se v, embora falemos em unidade e monoplio da jurisdio, a funo de aplicar o direito ao caso concreto, de solucionar os conflitos de interesse cada vez mais est sendo diluda, no mais construindo atributo exclusivo do Poder Judicirio. Basta evidenciar que o prprio cdigo prestigia os denominados meios alternativos de soluo de litgios e cada vez mais compete aos notrios e registradores funes antes exclusivamente reservadas ao Judicirio, como, por exemplo, a separao judicial, o divrcio e a declarao de usucapio, procedimentos esses que, obedecidos certos requisitos, podem ser realizados em cartrios extrajudiciais. Assim, com bastante ressalva que se deve afirmar ser a Jurisdio monoplio do Estado. Monoplio sempre foi visto como algo malfico. Em se tratando do Judicirio, concebido como retardador da prestao jurisdicional, da o esforo na busca por outros meios igualmente seguros para prevenir e compor litgios.

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Secundariedade:

A jurisdio o derradeiro recurso (ultima ratio), a ltima trincheira na busca da soluo dos conflitos O normal e esperado que o Direito seja realizado independentemente da atuao da jurisdio, sobretudo em se tratando de direitos patrimoniais. Em geral, o patro paga os salrios sem que seja acionado para tanto; o locatrio paga o aluguel sem que o locador tenha que recorrer Justia para fazer valer o seu direito; o pai, uma vez separado de sua mulher, paga alimentos ao filho, independentemente de qualquer ao de alimentos. Prevalece, portanto, a observncia ao dever decorrente da lei, o convencionado pelas partes, o ato jurdico perfeito. Quando se descumpre, o dever jurdico oriundo de tais atos, o que se espera que as partes envolvidas busquem os meios para solucionar o litigio de forma consensual. Nessa perspectiva, a secundariedade constitui o everso da unidade. Segundo a caracterstica da unidade, a jurisdio constitui um monoplio do Judicirio. Por outro lado, de acordo com a caracterstica da secundareidade, a funo jurisdicional secundria no sentido de que s atuar em ltimo caso, quando esgotadas todas as possiblidades de resoluo do conflito instaurado.

Fato que a jurisdio no to una, to monopolizada pelo Judicirio quanto se prega na doutrina, uma vez que, a cada dia o legislador compete funes tpicas do Judicirio a rgos estranhos a esse poder e cria meios de soluo de conflitos sem ter que recorrer ao Estado-juzo. Igualmente, a provocao da jurisdio no se d de forma to secundria e alternativa como a ltima trincheira na defesa dos direitos subjetivos como se almeja. O ideal que se cumprisse a lei, se respeitasse os limites dos direitos de cada um bem como os atos jurdicos em geral.

A propositura de uma demanda almejando o resultado que poderia ser obtido sem a interveno judicial contraria o carter secundrio da jurisdicial, revelando ntida falta interesse de agir.

No mbito do STF, pelo menos no que se refere a concesso de benefcio previdencirio, a ideia de secundariedade da jurisdio vem sendo alargada, de modo a permitir o acionando do Poder Judicirio, somente depois da formalizao de prvio requerimento administrativo autarquia federal (INSS) (Ren 631.340/MG, rel. min. Luiz Roberto Barroso, 03.09.2014).

Substitutividade

De modo geral, as relao jurdicas so formadas, geram seus efeitos e extinguem-se sem dar origem a litgios. Quando surgi o litgio, as partes podem comp-lo de diversas formas, sem recorrer ou agradar o pronunciamento do Estado. A transao, a conciliao, a mediao e o juzo arbitral so instrumentos extrajudiciais adequados a compor litgios.

Como o Estado um terceiro estranho ao conflito, ao exercer a jurisdio, estar ele substituindo, com atividade sua, a vontade daqueles diretamente envolvidos na relao de direito material, os quais obrigatoriamente se sujeitaro ao que restar decidido pelo juzo, nesse sentido que se fala em substitutividade da jurisdio. Goste ou no as partes do que ficou decidido tero que obedecer ao comando da sentena. Esse o sentido de substitutividade da jurisdio.

Em razo da substitutividade, a jurisdio espcie de heterocomposio dos conflitos.

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Imparcialidade

Para ser legtimo o exerccio da jurisdio imprescindvel que o Estado-juzo ou melhor, aqueles agentes que, em decorrncia da lei, integraro o rgo jurisdicional (juiz, escrivo, contador, oficial de justia) atuam com imparcialidade. Do advogado, conquanto indispensvel (art. 133, CF/19888), no se exige imparcialidade ao contrrio dos demais agentes. Quanto ao representante do Ministrio Pblico, embora posso atuar como parte, sua liberdade de atuao no se assemelha do advogado, isso por que no h interesse de constituinte a ser defendido, e sim a ordem jurdica, o regime democrtico e os interesses sociais.

nesse sentido que se diz que a jurisdio a atividade imparcial do Estado.

INDECLINVEL / INDELEGVEL / INEVITVEL: Constitucionalmente, ficam proibidos os Tribunais ou Juzos de exceo, sendo a jurisdio exercida somente pelo Estado-juiz, pelo Juiz Natural, por aquele investido no poder de julgar. No poder o juiz se eximir de julgar, salvo no caso de impedimento, suspeio, incompetncia, tampouco delegar suas atribuies de julgamento. Somente o juiz exerce a jurisdio, juiz leigo no juiz e no exerce jurisdio. Arbitragem no jurisdio um equivalente de jurisdio.

Nelson Neri Jr. afirma que Embora seja atividade tpica do Poder Judicirio a jurisdio pode, excepcionalmente, ser exercida pelo Poder Legislativo, nos termos do art. 52, I e II da CF, quando da competncia do Senado Federal para o julgamento do Presidente e do Vice-Presidente nos crimes de responsabilidade. a excepcional funo jurisdicional afeta ao Poder Legislativo.

A Ao

Ao , em apertada sntese, o direito de exigir do Estado a prestao jurisdicional, a soluo de uma lide ou conflito.

A ao traduz um direito (poder) pblico subjetivo de o indivduo provocar o exerccio da atividade jurisdicional do Estado.

Para a professora Ada Pellegrini Grinover, ao "direito ao exerccio da atividade jurisdicional (ou o poder de exigir esse exerccio). Mediante o exerccio da ao, provoca-se a jurisdio, que por sua vez se exerce atravs daquele complexo de atos que processo".

Condies da ao

Segundo a concepo ecltica, conquanto abstrato o direito ao, porque consiste no direito pblico subjetivo de invocar a tutela jurisdicional do Estado, sem qualquer preocupao quanto ao resultado, seu manejo pressupe o preenchimento de certas condies, denominadas, condies da ao, sem as quais o Estado se exime de prestar a tutela jurdica reclamada.

O CPC de 73 consagrou expressamente essa categoria no art. 267, VI, o qual autoriza a extino do processo quando no concorrer qualquer uma das condies da ao: possibilidade jurdica do pedido, legitimidade das partes e interesse processual.

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No Novo CPC, entretanto, no h mais a referncia possibilidade jurdica do pedido como hiptese geradora de extino do processo sem resoluo do mrito, seja quando enquadrada como condio da ao ou causa para o indeferimento da petio inicial, e consequentemente, o seu indeferimento. .

Essa causa de inpcia j era muita discutida na doutrina, j que muitos estudiosos entendiam como causa que, se inexistente, levava a improcedncia da pretenso deduzida em juzo. De acordo com a nova redao, consagra-se o entendimento de que a possibilidade jurdica do pedido causa para resoluo do mrito da demanda e no simplesmente da sua inadmissibilidade.

Com relao s outras condies, o texto do novo art. 17 estabelece que para postular em juzo necessrio ter interesse e legitimidade. O art. 485, VI, por sua vez, prescreve que a ausncia de qualquer um dos dois requisitos, passveis de serem reconhecidos de ofcio pelo magistrado, permitem a extino do processo, sem resoluo do mrito. Como se pode perceber, o cdigo no utiliza mais o termo condies da ao.

Em sntese, apenas a possibilidade jurdica do pedido ganhou um upgrade. Deixou de ser uma mera condio da ao e passou a integrar o mrito. Ser ou no possvel um direito na perspectiva da pretenso formulada, matria que diz respeito ao mrito e como tal deve ser apreciada pelo juiz. Com referncia a interesse de agir a legitimidade para a causa continuam firmes e fortes como questo que deve anteceder o exame do mrito. Apenas perderam o codinome de condies da ao.

Teorias da Ao

Construes Tericas acerca da Ao. As mais diversas teorias disputaram a proeminncia no qualificar o fenmeno da ao e na busca de dar-lhe uma construo dogmtica e estrutural, alm de um embasamento filosfico- jurdico. Evidentemente cada teoria enquadra-se em um momento prprio da vivncia humana e do desenvolvimento cientfico, cultural, econmico e social da humanidade e das coletividades tomadas em dado local e tempo. Nenhum conhecimento produz-se de forma isolada ou ideologicamente neutra e a tentativa de construir-se uma cincia neutra, como se pretendeu no sculo XIX, naufragou ante a constatao de que todo o conhecimento produzido pelo homem carrega sempre uma carga ideolgica, em maior ou menor quantidade e intensidade, que inerente ao ser humano.

Nosso pensar, e nosso agir via de consequncia, ser sempre fruto de uma carga cultural que nos passada pelo ambiente e pela condicionantes culturais que a vida em sociedade nos impe, alm da natureza que trazemos conosco. Por isso que o estudo de qualquer conhecimento deve sempre levar em conta o campo da demanda social da pesquisa, o que nos permite localizar no tempo e no espao o conhecimento e aferir se as condies e circunstncia existenciais que vigiam ao tempo de sua produo permanecem, ou se mudaram; caso tenham mudado em que intensidade e sentido se operou esta mudana e quais as consequncias disto para a construo terica que objeto de considerao. No h verdades cientficas absolutas, e crer-se que elas possam existir cria uma perigosa iluso e uma credulidade que conduz invariavelmente ruptura do sistema coma realidade. Esta viso acaba por isolar o sistema de conhecimento, entendido como um conjunto de ideias acerca de uma determinada matria e que apresenta uma unidade estrutural, da sua origem, condicionando-o a uma viso introspectiva e consequente perda de perspectiva que, cedo ou tarde, o tornar ilegtimo.

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Somente consideraes desta ordem nos possibilitaro aferir se solues encontradas no passado correspondem realidade e em que medida isto acontece.

No campo jurdico estas preocupaes assomam com maior intensidade mente do pesquisador e estudioso, porque trata-se de uma cincia social e terica. Se nem mesmo nas cincias exatas se conseguiu expungir-se a incerteza dos conceitos, com muito maior razo nas cincias sociais isto no ocorre. Alm do mais, o Direito uma cincia dialtica em que at mesmo as categorias de base, como verbi gratia os princpios gerais retores do sistema, no esto indenes de questionamento na prpria dinmica funcional da estrutura a que do embasamento. Na verdade eles no passam de opes legislativas e tambm esto sujeitos mobilidade, apenas em menor intensidade. Neste passo preciso distinguir os princpios intrnsecos dos extrnsecos. Aqueles so mais estveis porque dizem com o funcionamento dos institutos. Estes ltimos so mais permeveis s ingerncias polticas e portanto so mais maleveis.

Assim sendo, toda a anlise deve pautar-se por uma abordagem histrico evolutiva cuja judiciosa observao nos d a noo de para onde caminha o sistema. Da mesma forma, no podemos perder de perspectiva o componente social, axiomtico, e cairmos na iluso de uma cincia neutra e produtora de verdades absolutas, de dogmas inquebrantveis. com esta viso permanentemente crtica que nos colocamos a observar a ao, cientes de que nossa viso tambm fruto de nosso tempo e sem negar o valor do que se construiu, porque postura crtica no postura nilista, destrutiva, mas sim analtica. Analisar a evoluo da ao e no s dela mas tambm de qualquer instituto jurdico, analisar os valores da poca em que se produziu esta forma de controle social e os homens que a produziram. Esta perspectiva que no devemos esquecer.

Teoria Civilista ou o Imanentismo Sincretista: O direito material sempre foi ao longo da histria preponderante, e no de estranhar porque a preocupao pelo processo s pode surgir a partir do ponto em que se reconhea a jurisdio enquanto funo estatal de fundamental importncia. Isto s ocorre quando temos um estado impessoalizado, porquanto sem esta circunstncia o que se tem um exerccio de fora do soberano. Sem garantias a resguardar, o procedimento um mero iter, e como meio, cede ao fim que o direito material. O que importa o comando legal, no como ele vai atuar. Assim sendo, vivenciou-se durante a maior parte da histria humana a ligao entre os planos material e processual, e o processo sempre foi relegado ao uma posio de obscurantismo. Basta lembrarmos o processo Cannico do Santo Ofcio, despido de garantias mnimas. porque o processo ento era realmente somente um suceder de atos, despidos de uma substncia transcendente, concatenados a atuar a vontade do soberano. Somente com a ruptura do Estado pessoalista se teria clima poltico para que se tratasse de dar uma viso nova para o fenmeno processual. Da mesma forma, de fundamental importncia foi o cientificismo que marcou o sculo XIX. As tentativas de estabelecer uma cincia neutra e absoluta, capaz de explicar absolutamente tudo, oriunda do pensamento racionalsta, incrementaram a especulao cientfica sobre quase tudo. Mas at que isto ocorresse e se tivesse conscincia da separao dos planos, o que se teve foi a teoria civilista ou o imanentismo sincretista.

A Teoria Civilista tem este nome devido proeminncia do direito civil, e pelo fato de e o direito penal e o processo penal, com uma carga poltica extremamente forte que os transformava em instrumentos do poder, nunca haverem grassado a ateno que mereciam. A rigor a nomeclatura que define a juno dos planos atravs da expresso sincretismo imanentista melhor, porque no distingue entre o direito material civil e penal. O fundamento da teoria

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imanentista reside em identificar o fenmeno da ao como uma fase do direito material, a fase dinmica a que se contrape a fase esttica de latncia. Para os sincretistas o direito material despertado pela violao e "veste-se para a guerra" atravs da forma da ao. No h neste ponto uma construo terica independente do processo porque no se concebe o processo como algo distinto do direito material. Podemos hoje facilmente notar a insuficincia que haveria na explicao, atravs da teoria imanentista, da existncia de aes declaratrias e constitutivas posto que elas no pressupe necessariamente uma violao de direito.

Nesta corrente firmaram posio os pandectistas alemes e os praxistas que construram suas noes partir da releitura do direito romano: "Nihil aliud est actio quan ius, quod sibi debeatur, in juditio persequendi". Dentre eles nomes do quilate de um Savigny, de um Demolombe, de um Hunger. Ainda recentemente se encontravam juristas que defendiam o imanentismo como o caso de Joo Monteiro, Jorge Americano e Manuel Aurelino de Gusmo. O imanentismo caracteriza a primeira fase do processo como cincia.

A separao do direito material do processo comeou a urdir-se por obra e graa de dois memorveis juristas alemes. Ernest Windescheid e Theodor Muther. Windescheid considerado o maior dos pandectistas alemes. Em 1856 publica "Die actio des romischen Civilrecht, von Standpunk des heutigen Rechts" (A actio do direito civil romano a partir do ponto de vista do direito moderno). Grosso modo defendida na obra a tese de que o conceito de actio romano no se amolda moderna noo de ao. Para Windescheid o direito de ao corresponde a um direito que nasce de doutro direito. No direito Romano no se tem ao mas sim actio. No moderno direito se tem a pretenso (anspruch) como correspondente diferenciado da actio. A actio romana por seu turno o poder de agir em face de outrem. Comeava a ruir o edifcio civilista.

Theodor Muther, jovem jurista pouco reconhecido se comparado a Windescheid, j consagrado, dirigiu mordaz crtica obra deste. Em seu "Zur Leher von romischen Actio, der heutigen Klagrecht, des Litiscontestation und der singularssuccesion in Obligationen Eine Kritich des windeschieid'schen Buches". (Sobre a doutrina da actio romana, do moderno direito de ao, da litiscontestao e da sucesso singular nas obrigaes Crtica obra de Windescheid), Muther se contrape as afirmaes de Windescheid dizendo que o direito de actio voltava-se no em face de outrem mas sim ao magistrado e que, portanto, as concluses a que este chegara eram equivocadas. Para ele a actio tinha a conformao de um direito exercido frente ao Estado, direito a uma prestao jurisdicional.

Windescheid rebate as colocaes de Muther em seu (Die actio gegen Dr Muther. A Actio, reposta ao Dr Muther) obra na qual afirma que Muther no compreendera do que ele falava e estaria se referindo ao um direito diverso que ele no negou. A concordncia de que havia um direito voltado contra o Estado e no em face de outrem, abriu o caminho para a separao dos planos material e processual.

Teoria do Direito Concreto: Uma vez que se estabeleceu a separao dos planos material e processual, restou um vcuo no espao ocupado pelo direito material. Afinal, qual seria a posio do direito material frente ao processo? Qual a ligao entre ambos e at que ponto ela existe? Se outrora a ao era o direito material em movimento no se tinha esta espcie de questionamento, mas a partir da separao surgia o grande problema de justificar os atos processuais. Dois caminhos se mostravam ao jurista. Conceber a abstrao completa do direito material ou manter uma forma de atrelamento entre ao-processo e direito material. A Teoria do Direito Concreto de Ao opta pelo segundo. Adolph Wach, considerado o maior

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processualista alemo da poca, que dar vida a esta construo terica, nos seus "Handbuch des Deustchen Civilprozessrecht" de 1885, e que seguiu outra obra que j publicara em 1789, "Vortage uber die Reich Civilprozessrecht", para o qual s h ao quando h direito material, mesmo sendo ao e direito material independentes. Significa dizer que, para que se considere ter havido ao, necessrio que tenha sido reconhecido o direito ao termo do processo, ou seja, que a demanda tenha sido julgada procedente. Mas como justificar os atos processuais, principalmente a sentena, nos casos em que se chega negao do direito material? Ou se atribui o carter de ao oposio do demandado, e portanto teramos que a negao da ao do autor seria o reconhecimento do direito do ru, ou se cairia num vazio. Sim, porque no sendo reconhecido o direito material, no se tinha ao e ento no se poderia justificar a sentena de negao mesma. Haveria uma contradictio in adiectio. A sentena nega ao e a negao da ao nega a possibilidade de sentena a no ser que se concebesse uma sentena vlida e eficaz sem ao. Mas neste caso, em no podendo o magistrado atuar de ofcio na provocao da jurisdio (nemo judice sine actore), e no tendo havido ao, que a provocao da jurisdio, como se justificar a atividade do magistrado?

Por outro lado, no menos espinhoso o resultado de se atribuir a negao da ao do autor ao reconhecimento da ao do ru. Primeiramente de se notar que tal reconhecimento de inexistncia poderia se arrimar em uma questo processual e no material, logo o ru estaria afirmando no um direito mas apontando uma falha que diz respeito ao Estado velar para que no acontea no procedimento. Quer dizer, no haveria reconhecimento de um direito do ru, que tem claro o direito de ter uma prestao jurisdicional justa e obtida dentro de um procedimento sem eivas, mas direito indireto, pois o Estado e a sociedade tambm tem interesse na idoneidade do procedimento, e o direito afirmado pela parte para obter a nulificao formal no seria um direito diretamente seu. Ademais, ainda que se considerasse a ao do ru como causa da inexistncia da ao do autor como ficariam os casos de revelia em que ainda assim o juiz nega o direito do autor. Faltaria a ao do ru. Logo, a doutrina de Wach levava longe demais a influncia do direito material na ao. Ficariam sem justificativa todas as atividades no caso de negao de existncia do direito pleiteado e estaria atingida, tambm, a prpria sentena ou a integridade do sistema com uma sentena sem ao. O fato que existia atividade processual decorrente de ao mesmo sem existncia do direito material.

Teoria do Direito Abstrato de Ao: O extremo oposto da teoria concreta est no desligamento total do direito material que ocorre na denominada Teoria Abstrata do Direito de Ao. Os dois grandes teorizadores do direito abstrato de ao so Plz e Dagenkolb. Plz a quem na verdade coube a pioneirismo, publicou "Beitrage zur Theorie des Klagesrecht". Dagenkolb, assim como seu colega hngaro, foi dos grandes teorizadores do direito abstrato na Alemanha atravs do seu "Einlassungaspruch und Urteilsnorm" (Ingresso forado e norma judicial). A abstrao total do direito material implica a completa separao dos planos material e processual, de modo que a ao existe per se. Trata-se de um direito autnomo, independente, abstrato, no carecendo referir-se a um direito material existente, voltado contra o Estado-Juiz e tendente a obteno de uma prestao jurisdicional. Mas a abstrao no passa inclume a crticas. Destarte, o direito de ao completamente abstrato confunde-se com o direito de petio assegurado constitucionalmente e denominado direito constitucional de ao. Teoricamente no haveria bice a que se compreendesse o direito de ao com esta amplitude, mas na prtica surgem dificuldades de fato. O grande mal desta teoria permitir demandas temerrias e infundadas que acabariam por atravancar o judicirio e desprestigiar a funo jurisdicional. Cada demanda desta espcie que chega apreciao do judicirio uma demanda real a menos que apreciada. Esta simples e bvia constatao suficiente para repelir uma abstrao total.

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No campo penal as consequncias da abstrao seriam ainda mais graves. O processo penal pela sua natureza sempre degradante. O s fato de ser processado criminalmente fator que causa vergonha e consternao. Imagine-se se pudssemos propor aes penais sem o menor suporte, que males seriam causados!

Teoria Ecltica da Ao: Sempre que se chocam posies antagnicas h tentativas de se encontrar um meio termo razovel. No se podia admitir um direito de demandar pura e simplesmente sem uma base, sem uma plausibilidade de utilidade social do provimento. Por outro lado, no se pode levar a ligao do direito material com o processo a ponto de tornar injustificada a atuao jurisdicional quando ao termo da demanda se reconhea inexistente o direito pleiteado. H, com efeito, uma necessria ligao entre o direito material e o processual, resumindo-se a questo determinao da intensidade e extenso desta ligao. Na tentativa de preencher esta lacuna, aproximando os extremos, surge a Teoria Ecltica da ao que teve em Enrico Tullio Liebman seu maior proslito. A teoria ecltica, nomenclatura que se deve a Galeno Lacerda, cria uma categoria jurdica que faz a ligao entre os dois planos, consubstanciada nas condies da ao. A nossa doutrina processual se baseia em trs condies da ao. A doutrina italiana reconhece apenas duas, pois o prprio Liebman mudou de opinio acerca da matria. pela presena ou no das condies da ao que se rompe com o abstrativismo total sem, no entanto, se chegar ao extremo (concretismo), pois o juzo acerca delas procedido in status assertionis e sem aprofundamento na hiptese concreta, ou seja, sem apreciao do material probatrio de forma ampla. As condies da ao so exatamente a "ponte" entre uma hiptese completamente abstrata e uma hiptese concreta, realmente existente. Neste passo, impende notar que a certeza acerca da existncia, ou melhor dizendo, acerca da afirmao de existncia dos fatos e aplicao do direito a eles, s poder, via de regra, existir aps uma instruo contraditria e de uma cognio exauriente. Esta a regra em nosso processo, que, certamente, sofre excees nas demandas ditas sumrias, como sejam v.g as cautelas e possessrias e os pedidos de restituio de coisas no processo penal. As condies da ao so objeto de uma cognio superficial embora rigorosamente, a matria que nelas ser apreciada componha o mrito. De fato obram em erro aqueles que separam completamente as condies da ao e o mrito. verdade, as condies da ao no so o mrito da demanda. Este quase sempre reside no plano do direito material, mas na medida em que o mrito tem uma abrangncia maior do que se lhe costuma deferir, as condies da ao esto contidas no mrito sendo julgados os mesmos fatos com outra configurao.

Destarte, o mrito mais amplo do que as questes de direito material diretamente postas em juizo como objeto do pedido. Sem dvida que julgar o mrito julgar o pedido mas o julgamento do pedido envolve uma srie de antecedentes causais onde se inserem os fatos que, em um juzo anterior, so tomadas na anlise das condies da ao. O que separa condies da ao e mrito que no mrito h apreciao dos fatos sob a tica do direito objeto do pedido material ou processual, mas visto como objeto da ao. Nas condies da ao os mesmos aspectos so analisados sob o prisma processual, e sem anlise aprofundada da prova. Em um momento, a anlise se destina a conceder ou no a via processual para o demandante ou demandado (ambos exercem, senso largo direito de ao); em outro a anlise se destina a conceder ou negar o direito pretendido e envolve uma anlise que geralmente engloba uma apreciao probatria mais profunda e submetida possibilidade ampla de contraditrio em cognio exauriente (regra), ou sumria (mas neste caso mais aprofundada do que a realizada acerca das condies da ao), destinada a conceder o direito pleiteado como ato final do processo, ou a neg-lo, tambm nos mesmo termos definitivos (definitivo aqui no no sentido de formao de coisa julgada mas de provimento final). Significa dizer que os fatos so apreciados sob o

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ponto de vista estritamente processual, ou seja, relacionado exclusivamente ao, ou sob o ponto de vista do direito objeto do provimento (mrito), seja este objeto direito material ou processual (rescisria).

Assim sendo, ao ter diante de si um pedido de provimento jurisdicional tendente a um bem da vida concreto ou abstrato, material ou imaterial, o magistrado, ao analisar as condies da ao, levando em conta a hiptese concreta, far a seguinte pergunta: Este sujeito postulante, pedindo o que pede frente ao ordenamento jurdico, tendo uma configurao de necessidade-utilidade do provimento conforme a situao que se apresenta, se lograr provar os fatos que afirma, poder ter guarida do seu pedido frente ao direito posto? Se a resposta for afirmativa se passa ao julgamento do mrito. Caso contrrio se d pela carncia de ao porque a postulao se mostra fora da conformao requerida para que seja apreciada no provimento final (no do processo mas do iter at a concesso deste provimento que pode ser uma liminar). O Estado afirma no juzo de carncia que aquela pessoa (legitimidade ad causam), pedindo o que pede (possibilidade jurdica do pedido), visando um determinada utilidade, e que tem ou no no processo a ltima ratio para alcanar o bem da vida (binmio necessidade-utilidade), exercendo seu direito pelo veculo processual correto ou no (adequao), no poder obter uma apreciao do seu direito. No mrito, a pergunta abrange, levando em conta a oposio do ru, os mesmos elementos os quais sero analisados agora no como mera hiptese provvel futura, mas sim como uma realidade provada e juridicamente existente, ou como no provados e portanto legalmente no existentes, ao menos para o julgamento da demanda. Logo a pergunta se transmuda para: uma vez que provou, ou que no provou, este autor, pleiteando este pedido e tendo a necessidade e utilidade de valer-se da jurisdio conforme as circunstncias dos autos, deve lhe ser deferida a prestao jurisdicional analisando se tem ou no o arguido direito subjetivo. Se a resposta for afirmativa, o julgamento pela procedncia. Caso contrrio pela improcedncia. Mas quais sero as condies da ao em nossa doutrina e ordenamento? Qual o contedo desta ponte entre a hiptese abstrata e o julgamento efetivo da lide ou do direito invocado? O direito processual brasileiro enumera trs condies da ao no processo civil e quatro no processo penal. So elas a legitimatio ad causam, o interesse processual, a possibilidade jurdica do pedido e, no processo penal, o justo motivo. Analisemos cada qual delas, lembrando que a doutrina peninsular e mesmo o prprio Liebman, que foi o maior proslito desta teoria, colocam a possibilidade jurdica do pedido entre os elementos do mrito.

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COMPETNCIA

DA COMPETNCIA

Seo IDISPOSIES GERAIS

Art. 42. As causas cveis sero processadas e de-cididas pelo juiz nos limites de sua competncia, ressalvado s partes o direito de instituir juzo arbitral, na forma da lei.

Art. 43. Determina-se a competncia no mo-mento do registro ou da distribuio da petio inicial, sendo irrelevantes as modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posterior-mente, salvo quando suprimirem rgo judici-rio ou alterarem a competncia absoluta.

Art. 44. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituio Federal, a competncia de-terminada pelas normas previstas neste Cdi-go ou em legislao especial, pelas normas de organizao judiciria e, ainda, no que couber, pelas constituies dos Estados.

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juzo, os autos sero remetidos ao juzo federal competente se nele intervier a Unio, suas em-presas pblicas, entidades autrquicas e funda-es, ou conselho de fiscalizao de atividade profissional, na qualidade de parte ou de tercei-ro interveniente, exceto as aes:

I de recuperao judicial, falncia, insol-vncia civil e acidente de trabalho;

II sujeitas justia eleitoral e justia do trabalho.

1 Os autos no sero remetidos se hou-ver pedido cuja apreciao seja de compe-tncia do juzo perante o qual foi proposta a ao.

2 Na hiptese do 1, o juiz, ao no ad-mitir a cumulao de pedidos em razo da incompetncia para apreciar qualquer de-

les, no examinar o mrito daquele em que exista interesse da Unio, de suas en-tidades autrquicas ou de suas empresas pblicas.

3 O juzo federal restituir os autos ao ju-zo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presena ensejou a remessa for excludo do processo.

Art. 46. A ao fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens mveis ser propos-ta, em regra, no foro de domiclio do ru.

1 Tendo mais de um domiclio, o ru ser demandado no foro de qualquer deles.

2 Sendo incerto ou desconhecido o do-miclio do ru, ele poder ser demandado onde for encontrado ou no foro de domic-lio do autor.

3 Quando o ru no tiver domiclio ou re-sidncia no Brasil, a ao ser proposta no foro de domiclio do autor, e, se este tam-bm residir fora do Brasil, a ao ser pro-posta em qualquer foro.

4 Havendo 2 (dois) ou mais rus com di-ferentes domiclios, sero demandados no foro de qualquer deles, escolha do autor.

5 A execuo fiscal ser proposta no foro de domiclio do ru, no de sua residncia ou no do lugar onde for encontrado.

Art. 47. Para as aes fundadas em direito real sobre imveis competente o foro de situao da coisa.

1 O autor pode optar pelo foro de domi-clio do ru ou pelo foro de eleio se o lit-gio no recair sobre direito de propriedade, vizinhana, servido, diviso e demarcao de terras e de nunciao de obra nova.

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2 A ao possessria imobiliria ser pro-posta no foro de situao da coisa, cujo ju-zo tem competncia absoluta.

Art. 48. O foro de domiclio do autor da heran-a, no Brasil, o competente para o inventrio, a partilha, a arrecadao, o cumprimento de disposies de ltima vontade, a impugnao ou anulao de partilha extrajudicial e para to-das as aes em que o esplio for ru, ainda que o bito tenha ocorrido no estrangeiro.

Pargrafo nico. Se o autor da herana no possua domiclio certo, competente:

I o foro de situao dos bens imveis;

II havendo bens imveis em foros diferen-tes, qualquer destes;

III no havendo bens imveis, o foro do lo-cal de qualquer dos bens do esplio.

Art. 49. A ao em que o ausente for ru ser proposta no foro de seu ltimo domiclio, tam-bm competente para a arrecadao, o invent-rio, a partilha e o cumprimento de disposies testamentrias.

Art. 50. A ao em que o incapaz for ru ser proposta no foro de domiclio de seu represen-tante ou assistente.

Art. 51. competente o foro de domiclio do ru para as causas em que seja autora a Unio.

Pargrafo nico. Se a Unio for a demanda-da, a ao poder ser proposta no foro de domiclio do autor, no de ocorrncia do ato ou fato que originou a demanda, no de situ-ao da coisa ou no Distrito Federal.

Art. 52. competente o foro de domiclio do ru para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal.

Pargrafo nico. Se Estado ou o Distrito Fe-deral for o demandado, a ao poder ser proposta no foro de domiclio do autor, no de ocorrncia do ato ou fato que originou a demanda, no de situao da coisa ou na capital do respectivo ente federado.

Art. 53. competente o foro:

I para a ao de divrcio, separao, anu-lao de casamento e reconhecimento ou dissoluo de unio estvel:

a) de domiclio do guardio de filho incapaz;

b) do ltimo domiclio do casal, caso no haja filho incapaz;

c) de domiclio do ru, se nenhuma das par-tes residir no antigo domiclio do casal;

II de domiclio ou residncia do alimen-tando, para a ao em que se pedem ali-mentos;

III do lugar:

a) onde est a sede, para a ao em que for r pessoa jurdica;

b) onde se acha agncia ou sucursal, quan-to s obrigaes que a pessoa jurdica con-traiu;

c) onde exerce suas atividades, para a ao em que for r sociedade ou associao sem personalidade jurdica;

d) onde a obrigao deve ser satisfeita, para a ao em que se lhe exigir o cumprimento;

e) de residncia do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto;

f) da sede da serventia notarial ou de regis-tro, para a ao de reparao de dano por ato praticado em razo do ofcio;

IV do lugar do ato ou fato para a ao:

a) de reparao de dano;

b) em que for ru administrador ou gestor de negcios alheios;

V de domiclio do autor ou do local do fato, para a ao de reparao de dano so-frido em razo de delito ou acidente de ve-culos, inclusive aeronaves.

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DA MODIFICAO DA COMPETNCIA

Art. 54. A competncia relativa poder modifi-car-se pela conexo ou pela continncia, obser-vado o disposto nesta Seo.

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais aes quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.

1 Os processos de aes conexas sero reunidos para deciso conjunta, salvo se um deles j houver sido sentenciado.

2 Aplica-se o disposto no caput:

I execuo de ttulo extrajudicial e ao de conhecimento relativa ao mesmo ato jurdico;

II s execues fundadas no mesmo ttulo executivo.

3 Sero reunidos para julgamento con-junto os processos que possam gerar risco de prolao de decises conflitantes ou con-traditrias caso decididos separadamente, mesmo sem conexo entre eles.

Art. 56. D-se a continncia entre 2 (duas) ou mais aes quando houver identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

Art. 57. Quando houver continncia e a ao continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo ao contida ser pro-ferida sentena sem resoluo de mrito, caso contrrio, as aes sero necessariamente reu-nidas.

Art. 58. A reunio das aes propostas em se-parado far-se- no juzo prevento, onde sero decididas simultaneamente.

Art. 59. O registro ou a distribuio da petio inicial torna prevento o juzo.

Art. 60. Se o imvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seo ou subseo judici-ria, a competncia territorial do juzo prevento estender-se- sobre a totalidade do imvel.

Art. 61. A ao acessria ser proposta no juzo competente para a ao principal.

Art. 62. A competncia determinada em razo da matria, da pessoa ou da funo inderrog-vel por conveno das partes.

Art. 63. As partes podem modificar a competn-cia em razo do valor e do territrio, elegendo foro onde ser proposta ao oriunda de direi-tos e obrigaes.

1 A eleio de foro s produz efeito quan-do constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negcio jur-dico.

2 O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.

3 Antes da citao, a clusula de eleio de foro, se abusiva, pode ser reputada ine-ficaz de ofcio pelo juiz, que determinar a remessa dos autos ao juzo do foro de domi-clio do ru.

4 Citado, incumbe ao ru alegar a abu-sividade da clusula de eleio de foro na contestao, sob pena de precluso.

DECLARAO DE INCOMPETNCIA

DA INCOMPETNCIA

Art. 64. A incompetncia, absoluta ou relativa, ser alegada como questo preliminar de con-testao.

1 A incompetncia absoluta pode ser ale-gada em qualquer tempo e grau de jurisdi-o e deve ser declarada de ofcio.

2 Aps manifestao da parte contrria, o juiz decidir imediatamente a alegao de incompetncia.

3 Caso a alegao de incompetncia seja acolhida, os autos sero remetidos ao juzo competente.

4 Salvo deciso judicial em sentido con-trrio, conservar-se-o os efeitos de deciso proferida pelo juzo incompetente at que

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outra seja proferida, se for o caso, pelo juzo competente.

Art. 65. Prorrogar-se- a competncia relativa se o ru no alegar a incompetncia em prelimi-nar de contestao.

Pargrafo nico. A incompetncia relativa pode ser alegada pelo Ministrio Pblico nas causas em que atuar.

Art. 66. H conflito de competncia quando:

I 2 (dois) ou mais juzes se declaram com-petentes;

II 2 (dois) ou mais juzes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a competncia;

III entre 2 (dois) ou mais juzes surge con-trovrsia acerca da reunio ou separao de processos.

Pargrafo nico. O juiz que no acolher a competncia declinada dever suscitar o conflito, salvo se a atribuir a outro juzo.

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Questes

1. (7985) FCC 2013 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Da Compe-tncia, Processo de Conhecimento

A modificao da competncia em virtude de conexo sujeita-se seguinte regra:

a) irrelevante que um dos processos j tenha sido julgado para que ocorra a reunio de processos conexos.

b) o foro contratual de eleio, por ser personalssimo, s obriga as partes con-tratantes, mas no seus herdeiros ou sucessores.

c) a conexo s pode ser reconhecida a partir de pedido expresso da parte, de-feso ao juiz agir de ofcio para tanto.

d) a conexo caracterizada quando, em duas ou mais aes, forem idnticos o pedido, a causa de pedir e as partes.

e) a competncia relativa pode ser modi-ficada em razo da conexo; imposs-vel, porm, modificar-se por normas de conexo a competncia absoluta.

2. (85211) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia, Processo de Co-nhecimento

No tocante competncia, correto afir-mar:

a) A conexo deve ser necessariamente alegada pelo ru em contestao, sob pena de precluso.

b) A competncia em razo da hierarquia e do territrio absoluta.

c) A competncia relativa no se pode modificar pela conexo ou continncia.

d) Correndo em separado aes conexas perante juzes que tm a mesma com-petncia territorial, considera-se pre-vento aquele que despachou em pri-meiro lugar.

e) A conexo de causas matria disposi-tiva, estando vinculada ao princpio do impulso oficial.

3. (100982) FCC 2015 DIREITO PROCESSU-AL CIVIL Da Modificao de Competncia

O locador move ao de despejo por falta de pagamento cumulada com cobrana e o locatrio ao de consignao dos valo-res correspondentes a aluguis e encargos de locao, sob o fundamento de recusa do credor a receb-los. As aes so distribu-das e correm na mesma comarca, mas em juzos diferentes. Nesse caso h

a) conexo, que s poder ser arguida mediante exceo de incompetncia, devendo o juiz ordenar a reunio das aes e considerar-se- prevento aque-le que primeiro houver determinado a citao.

b) conexo, que dever ser arguida em preliminar de contestao, podendo o juiz ordenar a reunio das aes, e con-siderar-se- prevento o juiz que despa-chou em primeiro lugar.

C) litispendncia, que dever ser arguida em preliminar da contestao e deter-minar a extino do processo mais re-cente, com resoluo do mrito.

d) litispendncia, que dever ser arguida em preliminar da contestao e deter-minar a extino do processo mais re-cente, sem resoluo do mrito.

e) continncia, que dever ser arguida em preliminar da contestao, podendo o juiz ordenar a reunio das aes e con-siderar-se- prevento o juiz que primei-ro houver determinado a citao.

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4. (96144) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna

Analise os enunciados seguintes, relativos competncia interna:

I A ao fundada em direito pessoal e a ao fundada em direito real sobre bens mveis sero propostas, em regra, no foro do domiclio do autor.

II Quando o ru no tiver domiclio nem residncia no Brasil, a ao ser proposta no foro do domiclio do autor; se este tambm residir fora do Brasil, a ao ser proposta em qualquer foro.

III Nas aes fundadas em direito real sobre imveis competente o foro da situao da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domiclio ou de eleio, no recain-do o litgio sobre direito de propriedade, vizi-nhana, servido, posse, diviso e demarca-o de terras e nunciao de obra nova.

IV O foro do domiclio do autor da heran-a, no Brasil, o competente para o invent-rio, a partilha, a arrecadao, o cumprimen-to de disposies de ltima vontade e todas as aes em que o esplio for ru, salvo se o bito houver ocorrido no estrangeiro.

correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e IV. b) I, III e IV. c) II e III. d) II, III e IV. e) I e III.

5. (94854) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Modificao de Competncia

No tocante declarao de incompetncia, tem-se que

a) no pode suscitar conflito de compe-tncia a parte que, no processo, ofere-ceu exceo de incompetncia; o confli-to no obsta, porm, a que a parte, que no o suscitou, oferea exceo decli-natria de foro.

b) a incompetncia absoluta deve ser de-clarada de ofcio, mas s pode ser ale-gada pela parte, por meio de exceo, em primeiro grau de jurisdio.

c) em nenhuma hiptese o juiz poder de-clinar de ofcio da incompetncia rela-tiva, que deve ser arguida por meio de exceo.

d) a declarao de incompetncia absolu-ta implica a nulidade do processo a par-tir de seu incio, mantendo-se apenas o despacho inicial de citao do ru.

e) a prorrogao da competncia poss-vel nos casos de competncia em razo da matria e territorial.

6. (94840) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna

Marcel ajuizou ao contra a Unio Federal, pelo procedimento ordinrio, na Justia Co-mum Estadual do Estado do Cear. De acor-do com o Cdigo de Processo Civil, a Unio dever alegar incompetncia

a) absoluta, em preliminar de contesta-o.

b) relativa, no mbito de exceo de in-competncia, que ser processada em apenso aos autos principais.

c) relativa, em preliminar de contestao. d) absoluta, no mbito de exceo de in-

competncia, que ser processada em apenso aos autos principais.

e) absoluta, no mbito de exceo de in-competncia, que ser processada nos prprios autos.

7. (94837) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna

As aes fundadas em direito real sobre bens

a) mveis sero propostas, em regra, no foro do domiclio do ru, tratando-se de competncia relativa.

b) mveis sero propostas, em regra, no foro da situao da coisa, tratando-se de competncia absoluta.

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TJ-RS (Analista) Direito Processual Civil Prof. Giuliano Tamagno

c) imveis sero propostas sempre no foro da situao da coisa, tratando-se de competncia relativa.

d) mveis sero propostas sempre no foro do domiclio do ru, tratando-se de competncia absoluta.

e) imveis sero propostas sempre no foro do domiclio do ru, tratando-se de competncia absoluta.

8. (93840) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia, Processo de Co-nhecimento

No tocante competncia,

a) ocorrendo em separado aes conexas perante juzes que tm a mesma com-petncia territorial, considera-se pre-vento aquele que saneou o feito em pri-meiro lugar.

b) a conexo de causas matria de ordem privada, dependendo de requerimento da parte para ser conhecida pelo juiz.

c) para a ao em que se pedem alimen-tos, competente o foro do domiclio ou da residncia do alimentante.

d) quando decorrer da matria e do terri-trio poder modificar-se pela conexo ou continncia.

e) como regra normativa, nas aes de reparao do dano sofrido em razo de delito ou acidente de veculos, ser competente o foro do domiclio do au-tor ou do local do fato.

9. (85754) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia, Processo de Co-nhecimento

De acordo com o art. 87, do Cdigo de Pro-cesso Civil, determina-se a competncia no momento em que a ao proposta. So irrelevantes as modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente .... Tal regra, conhecida como perpetuatio jurisdictionis, contm algumas excees. A respeito dessas excees, assinale a alter-nativa correta.

a) Havendo a supresso de rgo judici-rio, somente os novos processos que devem ser processados e julgados no juzo que assumiu a competncia. De-terminada a supresso do rgo, j no se pode mais propor ali demandas judi-ciais. O rgo judicirio ainda se man-tm existente, entretanto, at o encer-ramento dos processos em curso, com a prolao de sentena em todos eles. A partir da, h, de fato, sua supresso.

b) No se aplica a perpetuatio jurisdictio-nis quando for alterada a competncia em razo da matria ou da hierarquia.

c) Proposta demanda no juzo estadual, quando este exera competncia fede-ral, opera-se a perpetuatio jurisdictio-nis. A superveniente instalao de vara federal no afasta a aplicao da perpe-tuatio jurisdictionis, devendo os proces-sos que ali tramitavam manter-se l at final julgamento.

d) Alterado o domiclio do ru em uma ao pessoal, a competncia modifi-cada, com a remessa dos autos ao novo foro competente.

e) A criao de uma vara de fazenda p-blica no altera a competncia do juzo cvel que, na comarca, processava e jul-gava as causas envolvendo o Estado e os Municpios.

10. (85230) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia, Processo de Co-nhecimento

No tocante competncia territorial, consi-dere:

I Quando o ru no tiver domiclio nem re-sidncia no Brasil, a ao ser proposta no foro do domiclio do autor. Se este tambm residir fora do Brasil, a ao ser proposta obrigatoriamente no foro do ru.

II O foro do domiclio do autor da herana, no Brasil, o competente para o inventrio, a partilha, a arrecadao, o cumprimento de disposies de ltima vontade e todas as

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aes em que o esplio for ru, exceto se o bito tenha ocorrido no estrangeiro.

III Nas aes de reparao do dano sofrido em razo de delito ou acidente de veculos, ser competente o foro do domiclio do au-tor ou do local do fato.

IV Nas aes fundadas em direito real so-bre imveis competente o foro da situa-o da coisa. Pode o autor, entretanto, op-tar pelo foro do domiclio ou de eleio, no recaindo o litgio sobre direito de proprie-dade, vizinhana, servido, posse, diviso e demarcao de terras e nunciao de obra nova.

Est correto o que se afirma APENAS em

a) I, III e IV. b) I e II. c) I, II e III. d) III e IV.e) II, III e IV.

11. (7998) FCC 2013 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Ao Rescisria, Da Competncia Interna, Da Competncia, Processo de Co-nhecimento

Uma ao ordinria foi julgada procedente pela Justia Estadual, tendo o Tribunal de Justia do respectivo Estado negado provi-mento ao recurso de apelao. Ocorreu o trnsito em julgado. Foi ajuizada ao res-cisria, fundada em prova cuja falsidade foi apurada em processo criminal. Nesse caso, a competncia para determinar a suspen-so da execuo do julgado, atravs de me-dida de natureza cautelar ou antecipatria da tutela, do

a) Supremo Tribunal Federal.b) Juiz de Direito que julgou a ao ordin-

ria em primeira instncia.c) Superior Tribunal de Justia.d) Tribunal de Justia que julgou a apela-

o.e) Conselho Nacional da Magistratura.

12. (26569) FCC 2013 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Processo de Conhecimento, Da Competncia

Paulo reside em Natal e tem um terreno na praia de Boa Viagem, em Recife. Certo dia, descobriu que Pedro, residente em Joo Pessoa, tinha invadido seu terreno em Reci-fe e nele construiu um barraco. A ao de reintegrao de posse contra Pedro

a) s poder ser proposta no foro de Joo Pessoa, por ser o do domiclio do ru.

b) s poder ser proposta no foro de Reci-fe.

c) poder ser proposta tanto no foro de Recife, como no foro de Joo Pessoa.

d) s poder ser proposta no foro de Na-tal, por tratar se de direito de vizinhan-a.

e) poder ser proposta tanto no foro de Natal, como no de Joo Pessoa ou no de Recife.

13. (26555) FCC 2010 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Processo de Conhecimento, Da Competncia

Considere as seguintes proposies:

I A litispendncia pode ser parcial nos processos cumulativos, e determina a extin-o de todo o processo, com todos pedidos cumulados.

II A conexo nas causas individuais no determina a reunio dos processos se tra-mitam em juzos de competncia material distinta.

III A conexo no determina a reunio dos processos, se um deles j foi julgado.

IV A exceo de incompetncia relativa meio idneo para discutir a ocorrncia de conexo de aes.

V Na continncia, os pedidos das causas pendentes so diversos e um no engloba o outro.

Esto corretas as proposies

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a) I e II. b) I e V. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV.

14. (36643) FCC 2005 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Da Compe-tncia, Processo de Conhecimento

A competncia determinada pela localiza-o do imvel, nas aes fundadas em direi-to real, ser:

a) absoluta, se o litgio recair sobre direito de propriedade, vizinhana, servido, posse, diviso e demarcao de terras e nunciao de obra nova.

b) relativa, sempre concorrente entre o foro do local do imvel e o do domiclio do ru.

c) absoluta, porm sempre podero ser ajuizadas no foro de eleio contratado.

d) sempre relativa, mas no admite elei-o de foro no contrato.

e) concorrente entre o foro do local do imvel e o do domiclio do autor.

15. (36640) FCC 2005 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Da Compe-tncia, Processo de Conhecimento

Rafael Moreno, espanhol, faleceu na Fran-a, deixando bens imveis nas cidades de Madri (Espanha), Paris (Frana) e, no Brasil, nas cidades de Aracaju e So Paulo. Seu in-ventrio, relativamente aos bens deixados no Brasil, de competncia:

a) relativa da justia brasileira, sendo esta concorrente entre os foros a que per-tencem os Municpios de Aracaju e So Paulo.

b) absoluta da justia brasileira, sendo esta concorrente entre os foros a que pertencem os Municpios de Aracaju e So Paulo.

c) relativa da justia brasileira, devendo o inventrio processar-se no Distrito Fe-deral.

d) absoluta da justia francesa, pois, face a concorrncia de competncia interna-cional, prevalece aquela do pas do fale-cimento do autor da herana.

e) absoluta da justia espanhola, tendo em vista ter sido em Madri o ltimo do-miclio declarado do autor da herana.

16. (8236) FCC 2012 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Da Compe-tncia, Processo de Conhecimento

Misael pretende ajuizar, atravs de seu ad-vogado, uma ao de cobrana por inadim-plemento de contrato de prestao de ser-vios entre pessoas fsicas, sem estipulao de foro de eleio, contra Joo e Olavo. Mi-sael reside na cidade de Joo Pessoa, Joo em Santa Rita e Olavo em Santana dos Gar-rotes. Neste caso Misael:

a) dever ajuizar a demanda no foro do seu domiclio (Joo Pessoa), uma vez que os rus possuem endereos diver-sos.

b) dever ajuizar a demanda em Santa Rita, que comarca de terceira entrn-cia, ao invs de Santana dos Garrotes que comarca de primeira instncia.

c) poder optar entre ajuizar a demanda em Santa Rita ou em Santana dos Gar-rotes.

d) dever necessariamente ajuizar a de-manda no foro do seu domiclio ou em uma das duas comarcas onde residem os demandados.

e) no poder demandar contra os dois rus e dever ajuizar duas demandas distintas, uma em cada comarca onde residem os demandados.

17. (8076) FCC 2012 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Da Compe-tncia, Processo de Conhecimento

Misael pretende ajuizar, atravs de seu ad-vogado, uma ao de cobrana por inadim-plemento de contrato de prestao de ser-vios entre pessoas fsicas, sem estipulao

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de foro de eleio, contra Joo e Olavo. Mi-sael reside na cidade de Joo Pessoa, Joo em Santa Rita e Olavo em Santana dos Gar-rotes. Neste caso Misael

a) dever ajuizar a demanda no foro do seu domiclio (Joo Pessoa), uma vez que os rus possuem endereos diversos.

b) dever ajuizar a demanda em Santa Rita, que comarca de terceira entrn-cia, ao invs de Santana dos Garrotes que comarca de primeira instncia.

c) poder optar entre ajuizar a demanda em Santa Rita ou em Santana dos Gar-rotes.

d) dever necessariamente ajuizar a de-manda no foro do seu domiclio ou em uma das duas comarcas onde residem os demandados.

e) no poder demandar contra os dois rus e dever ajuizar duas demandas distintas, uma em cada comarca onde residem os demandados.

18. (8073) FCC 2012 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Competncia Interna, Da Compe-tncia, Processo de Conhecimento

Thaisa, brasileira nascida em Joo Pessoa, foi casada com Paul, americano, durante 9 anos e desta unio nasceu Billy, com qua-tro anos de idade. Thaisa e Paul resolvem romper o relacionamento e o divrcio decretado pela Justia dos Estados Unidos da Amrica. Aps o rompimento da relao conjugal, Thaisa volta ao Brasil e inicia um novo relacionamento amoroso com Jos e pretende se casar com ele nesse ano de 2012. Neste caso, Thaisa dever requerer a homologao da sentena estrangeira, cuja atribuio do

a) Presidente do Superior Tribunal de Jus-tia e, havendo contestao da outra parte interessada, o processo ser dis-tribudo para julgamento da Terceira ou Quarta Turma do STJ, que compe a 2a Seo, especializada em Direito Priva-do.

b) Presidente do Supremo Tribunal Fe-deral e, havendo contestao da outra parte interessada, o processo ser sub-metido a julgamento da Corte Especial do STF e distribudo a um dos Ministros que a compem.

c) Pleno do Superior Tribunal de Justia em qualquer hiptese, havendo ou no contestao.

d) Pleno do Supremo Tribunal Federal em qualquer hiptese, havendo ou no contestao.

e) Presidente do Superior Tribunal de Jus-tia e, havendo contestao da outra parte interessada, o processo ser dis-tribudo para julgamento pela Corte Especial do STJ e distribudo a um dos Ministros que a compem.

19. (100995) FCC 2015 DIREITO PROCESSU-AL CIVIL Da Competncia

Maurcio sofreu danos em razo de aciden-te de trnsito provocado por Leonardo, que mantm com Total Safe Seguradora segu-ro de responsabilidade civil facultativo. De acordo com smula do Superior Tribunal de Justia e com o Cdigo de Processo Civil, Maurcio

a) poder ajuizar ao direta e exclusiva-mente contra a Total Safe Seguradora, a qual facultado chamar Leonardo lide.

b) no poder ajuizar ao direta e exclu-sivamente contra a Total Safe Segurado-ra, devendo o juiz, em tal caso, conhe-cer de ofcio da ilegitimidade de parte, julgando extinto o processo sem resolu-o de mrito.

c) no poder ajuizar ao direta e exclu-sivamente contra a Total Safe Segurado-ra, mas o juiz, em tal caso, s conhecer da ilegitimidade de parte se a matria for alegada em contestao, julgando extinto o processo sem resoluo de mrito.

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d) poder ajuizar ao direta e exclusiva-mente contra a Total Safe Seguradora, a qual poder denunciar Leonardo lide.

e) no poder ajuizar ao direta e exclu-sivamente contra a Total Safe Segurado-ra, devendo o juiz, em tal caso, conhe-cer de ofcio da ilegitimidade de parte, julgando extinto o processo com resolu-o de mrito.

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Gabarito:1. (7985) E2. (85211) D3. (100982) B4. (96144) C5. (94854) A6. (94840) A7. (94837) A8. (93840) E 9. (85754) B10. (85230) D11. (7998) D12. (26569) B13. (26555) C14. (36643) A15. (36640) B16. (8236) C 17. (8076) C18. (8073) E19. (100995) B

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PARTES E PROCURADORES

CAPACIDADE PROCESSUAL E POSTULATRIA

Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exerc-cio de seus direitos tem capacidade para estar em juzo.

Art. 71. O incapaz ser representado ou assis-tido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.

Art. 72. O juiz nomear curador especial ao:

I incapaz, se no tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade;

II ru preso revel, bem como ao ru revel citado por edital ou com hora certa, en-quanto no for constitudo advogado.

Pargrafo nico. A curatela especial ser exercida pela Defensoria Pblica, nos ter-mos da lei.

Art. 73. O cnjuge necessitar do consentimen-to do outro para propor ao que verse sobre direito real imobilirio, salvo quando casados sob o regime de separao absoluta de bens.

1 Ambos os cnjuges sero necessaria-mente citados para a ao:

I que verse sobre direito real imobilirio, salvo quando casados sob o regime de se-parao absoluta de bens;

II resultante de fato que diga respeito a ambos os cnjuges ou de ato praticado por eles;

III fundada em dvida contrada por um dos cnjuges a bem da famlia;

IV que tenha por objeto o reconhecimen-to, a constituio ou a extino de nus so-bre imvel de um ou de ambos os cnjuges.

2 Nas aes possessrias, a participao do cnjuge do autor ou do ru somente indispensvel nas hipteses de composse ou de ato por ambos praticado.

3 Aplica-se o disposto neste artigo unio estvel comprovada nos autos.

Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for ne-gado por um dos cnjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossvel conced-lo.

Pargrafo nico. A falta de consentimento, quando necessrio e no suprido pelo juiz, invalida o processo.

Art. 75. Sero representados em juzo, ativa e passivamente:

I a Unio, pela Advocacia-Geral da Unio, diretamente ou mediante rgo vinculado;

II o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;

III o Municpio, por seu prefeito ou procu-rador;

IV a autarquia e a fundao de direito p-blico, por quem a lei do ente federado de-signar;

V a massa falida, pelo administrador judicial;

VI a herana jacente ou vacante, por seu curador;

VII o esplio, pelo inventariante;

VIII a pessoa jurdica, por quem os respec-tivos atos constitutivos designarem ou, no havendo essa designao, por seus direto-res;

IX a sociedade e a associao irregulares e outros entes organizados sem personali-dade jurdica, pela pessoa a quem couber a administrao de seus bens;

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X a pessoa jurdica estrangeira, pelo ge-rente, representante ou administrador de sua filial, agncia ou sucursal aberta ou ins-talada no Brasil;

XI o condomnio, pelo administrador ou sndico.

1 Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido sero intimados no processo no qual o esplio seja parte.

2 A sociedade ou associao sem per-sonalidade jurdica no poder opor a irre-gularidade de sua constituio quando de-mandada.

3 O gerente de filial ou agncia presume--se autorizado pela pessoa jurdica estran-geira a receber citao para qualquer pro-cesso.

4 Os Estados e o Distrito Federal podero ajustar compromisso recproco para prti-ca de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convnio firmado pelas respectivas procu-radorias.

Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representao da parte, o juiz suspender o processo e designar prazo razovel para que seja sanado o vcio.

1 Descumprida a determinao, caso o processo esteja na instncia originria:

I o processo ser extinto, se a providncia couber ao autor;

II o ru ser considerado revel, se a provi-dncia lhe couber;

III o terceiro ser considerado revel ou excludo do processo, dependendo do polo em que se encontre.

2 Descumprida a determinao em fase recursal perante tribunal de justia, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:

I no conhecer do recurso, se a providn-cia couber ao recorrente;

II determinar o desentranhamento das contrarrazes, se a providncia couber ao recorrido.

DOS DEVERES, DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES

Art. 77. Alm de outros previstos neste Cdigo, so deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma partici-pem do processo:

I expor os fatos em juzo conforme a ver-dade;

II no formular pretenso ou de apresen-tar defesa quando cientes de que so desti-tudas de fundamento;

III no produzir provas e no praticar atos inteis ou desnecessrios declarao ou defesa do direito;

IV cumprir com exatido as decises juris-dicionais, de natureza provisria ou final, e no criar embaraos sua efetivao;

V declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereo residen-cial ou profissional onde recebero intima-es, atualizando essa informao sempre que ocorrer qualquer modificao tempor-ria ou definitiva;

VI no praticar inovao ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

1 Nas hipteses dos incisos IV e VI, o juiz advertir qualquer das pessoas menciona-das no caput de que sua conduta poder ser punida como ato atentatrio dignidade da justia.

2 A violao ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatrio dignidade da justia, devendo o juiz, sem prejuzo das sanes criminais, civis e processuais ca-bveis, aplicar ao responsvel multa de at vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.

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3 No sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no 2 ser ins-crita como dvida ativa da Unio ou do Es-tado aps o trnsito em julgado da deciso que a fixou, e sua execuo observar o pro-cedimento da execuo fiscal, revertendo--se aos fundos previstos no art. 97.

4 A multa estabelecida no 2 poder ser fixada independentemente da incidn-cia das previstas nos arts. 523, 1, e 536, 1.

5 Quando o valor da causa for irrisrio ou inestimvel, a multa prevista no 2 poder ser fixada em at 10 (dez) vezes o valor do salrio-mnimo.

6 Aos advogados pblicos ou privados e aos membros da Defensoria Pblica e do Ministrio Pblico no se aplica o disposto nos 2 a 5, devendo eventual respon-sabilidade disciplinar ser apurada pelo res-pectivo rgo de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiar.

7 Reconhecida violao ao disposto no inciso VI, o juiz determinar o restabeleci-mento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos at a pur-gao do atentado, sem prejuzo da aplica-o do 2.

8 O representante judicial da parte no pode ser compelido a cumprir deciso em seu lugar.

Art. 78. vedado s partes, a seus procura-dores, aos juzes, aos membros do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica e a qualquer pessoa que participe do processo empregar ex-presses ofensivas nos escritos apresentados.

1 Quando expresses ou condutas ofen-sivas forem manifestadas oral ou presen-cialmente, o juiz advertir o ofensor de que no as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra.

2 De ofcio ou a requerimento do ofen-dido, o juiz determinar que as expresses

ofensivas sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinar a expedio de certido com inteiro teor das expresses ofensivas e a colocar disposio da parte interessada.

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Questes

1. (7983) FCC 2013 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Jurisdio e da Ao, Processo de Conhecimento

Em relao jurisdio e competncia, correto afirmar que

a) a jurisdio tem por objetivo solucionar casos litigiosos, pois os no litigiosos so resolvidos administrativamente.

b) a arbitragem modo qualificado e es-pecfico de exerccio da jurisdio por particulares escolhidos pelas partes.

c) em nenhuma hiptese poder o juiz exercer a jurisdio de ofcio, sendo preciso a manifestao do interesse da parte nesse sentido.

d) a jurisdio deferida aos juzes e mem-bros do Ministrio Pblico em todo ter-ritrio nacional.

e) a jurisdio una e no fracionvel; o que se reparte a competncia, que com a jurisdio no se confunde, por tratar, a competncia, da capacidade de exercer poder outorgada pela Constitui-o e pela legislao infraconstitucio-nal.

2. (13547) FCC 2006 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Jurisdio e da Ao, Processo de Conhecimento

No que concerne Jurisdio e Ao, de acordo com o Cdigo de Processo Civil, correto afirmar que:

a) a jurisdio civil contenciosa e volunt-ria exercida pelos juzes e membros do Ministrio Pblico em todo o territ-rio nacional.

b) o juiz prestar a tutela jurisdicional ain-da que no haja requerimento da parte ou do interessado, nos casos e formas legais.

c) para propor ou contestar ao basta ter legitimidade.

d) ningum poder pleitear, em regra, em nome prprio, direito alheio.

e) o interesse do autor no pode limitar-se declarao de inexistncia de relao jurdica.

3. (93820) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Processo de Conhecimento, Da Juris-dio e da Ao

Em relao jurisdio, examine os enun-ciados seguintes: I. Pelo princpio da ade-rncia, os juzes e tribunais exercem a ati-vidade jurisdicional apenas no territrio nacional, repartida essa atividade entre os juzes, de acordo com as regras de determi-nao de competncia. II. Como nenhum juiz prestar a tutela jurisdicional seno quando a parte ou o interessado a requerer, em consequncia nenhum procedimento judicial pode ser iniciado de ofcio pelo juiz, sem exceo. III. O princpio da congrun-cia, decorrncia prpria do princpio dispo-sitivo, no incide no tocante s questes de ordem pblica, que o juiz deve examinar de ofcio, por incidncia do princpio inquisit-rio. Est correto o que se afirma APENAS em

a) I e III.b) I e II.c) II e III.d) I.e) II.

4. (93821) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Jurisdio e da Ao, Processo de Conhecimento

Quanto s condies da ao,

a) so elas a legitimidade, o interesse pro-cessual, a possibilidade jurdica do pedi-

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do e os pressupostos de constituio e de desenvolvimento vlido e regular do processo.

b) o reconhecimento de que se encontram ausentes conduz prolao de senten-a extintiva, com resoluo do mrito.

c) devem ser aferidas liminarmente, pre-cluindo para o juiz se isto no se der.

d) se estiverem elas presentes no momen-to do ajuizamento da demanda, mas ausentes posteriormente, dar-se- a ca-rncia, devendo o juiz extinguir o pro-cesso sem resoluo do mrito.

e) somente as partes podem aleg-las, pois o interesse processual de agir de-las, no podendo o juiz reconhecer sua ausncia de ofcio.

5. (93838) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Jurisdio e da Ao, Processo de Conhecimento

No tocante s condies da ao e aos pres-supostos processuais,

a) embora preliminares pretenso me-ritria, o reconhecimento da ausncia das condies da ao ou dos pressu-postos processuais conduz extino do processo com resoluo do mrito, obstando a que, em regra, seja a de-manda ajuizada novamente.

b) para que o juiz possa examinar o pedido inicial deve examinar preliminarmen-te tanto as condies da ao como os pressupostos processuais, ambos ante-cedendo a anlise da pretenso merit-ria do autor.

c) a anlise do mrito depende da prvia perquirio dos pressupostos processu-ais, mas no das condies da ao, que j dizem respeito ao prprio mrito da pretenso deduzida em juzo.

d) o exame do mrito depende da prvia anlise das condies da ao, mas no dos pressupostos processuais, que se consideram como prejudiciais do mri-to deduzido em juzo.

e) tanto os pressupostos processuais como as condies da ao so prejudi-ciais anlise do mrito e, reconhecida sua ausncia, implica deva o juiz deter-minar a emenda da petio inicial, para sanar o vcio.

6. (96148) FCC 2015 DIREITO PROCESSUAL CIVIL Da Jurisdio e da Ao

No tocante s normas processuais civis, examine os enunciados seguintes:

I Quanto ao seu grau de obrigatoriedade, pode-se afirmar que o direito processual civil composto preponderantemente por regras cogentes, imperativas ou de ordem pblica, que no podem ter sua incidncia afastada pela vontade das partes.

II No que tange ao direito intertemporal, normalmente so aplicveis as normas pro-cessuais que esto em vigor no momento da prtica dos atos no processo, no as que vigoravam na poca em que se passaram os fatos da causa.

III Relativamente aos ttulos executivos ex-trajudiciais, vale a regra que vigorava quan-do o ato extrajudicial foi praticado e no a regra do momento do ajuizamento da ao executiva.

correto o que se afirma APENAS em

a) III. b) II e III. c) I e III. d) I e II. e) II.

7. (101978) FCC 2015 DIREITO PROCESSU-AL CIVIL Da Jurisdio e da Ao, Processo de Conhecimento

Se estiverem ausentes as condies da ao, mas o ru nada alegar em contesta-o, o juiz deve

a) conhecer da matria de ofcio, em qual-quer grau de jurisdio, e extinguir o processo com resoluo de mrito.

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TJ-RS (Analista) Direito Processual Civil Prof. Giuliano Tamagno

b) conhecer da matria de ofcio, em qual-quer grau de jurisdio, e extinguir o processo sem resoluo de mrito.

c) dar ao processo curso normal, em razo da precluso.

d) conhecer da matria de ofcio, desde que ainda no tenha ocorrido audin-cia de instruo, e extinguir o processo com resoluo de mrito.

e) conhecer da matria, em qualquer grau de jurisdio, mas apenas se a matria foi alegada pelo ru no curso do processo, extinguindo-o sem resoluo de mrito.

8. (114063) FCC 2016 DIREITO PROCESSU-AL CIVIL Da Jurisdio e da Ao, Processo de Conhecimento

Telma emprestou R$ 10.000,00 para Ana Paula, pessoa maior e capaz. Esta, porm, no devolveu o dinheiro na data aprazada. Em razo do inadimplemento, Telma ajui-zou ao contra a me de Ana Paula, Odete, que possui melhores condies financeiras que a filha. De acordo com o Cdigo de Pro-cesso Civil, o juiz dever

a) extinguir o processo com resoluo de mrito, conhecendo, de ofcio, da ilegi-timidade de parte.

b) aguardar a resposta de Odete e extin-guir o processo sem resoluo de mri-to, mas apenas se, na contestao, for suscitada ilegitimidade de parte, veda-do conhecer da matria de ofcio.

c) extinguir o processo sem resoluo de mrito, conhecendo, de ofcio, da ilegi-timidade de parte.

d) aguardar a resposta de Odete e extin-guir o processo com resoluo de m-rito, mas apenas se, na contestao, for suscitada ilegitimidade de parte, veda-do conhecer da matria de ofcio.

e) corrigir, de ofcio, o polo passivo, in-cluindo Ana Paula, que responder jun-to com Odete pela dvida contrada com Telma.

9. (114037) FCC 2016 DIREITO PROCESSU-AL CIVIL Novo CPC Do Chamamento ao Processo, Da Interveno de Terceiros

Paulo firmou contrato de locao residen-cial com Arthur pelo prazo de trinta meses. Manoel e Patrcia, genitores de Arthur, so os fiadores. Findo o prazo estabelecido em contrato Arthur desocupou o imvel, mas deixou de pagar os ltimos trs alugueres e demais encargos locatcios. Paulo resolve ajuizar ao de cobrana contra Manoel e Patrcia. Neste caso, nos termos estabeleci-dos pelo Cdigo de Processo Civil, Manoel e Patrcia

a) devero apresentar oposio contra o devedor principal Arthur.

b) devero obrigatoriamente denunciar a lide ao devedor principal Arthur.

c) podero denunciar a lide ao devedor principal Arthur.

d) podero nomear autoria o devedor principal Arthur.

e) podero proceder ao chamamento ao processo do devedor principal Arthur.

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