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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Prof velyn Cintra Arajo
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III
Prof velyn Cintra Arajo
2017
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Prof velyn Cintra Arajo
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1 TEORIA GERAL DO PROCESSO DE EXECUO
1.1 CONCEITO DE EXECUO
Ao de execuo, portanto, aquela em que o autor pretende a satisfao de um direito
reconhecido, em regra, em um ttulo extrajudicial, e, excepcionalmente, em um ttulo judicial.
satisfazer uma prestao devida (DIDIER JR, 2009, p. 28), seja ela espontnea, quando o devedor
voluntariamente a satisfaz, ou forada, quando a satisfao se d pela coero estatal.
1.2 CLASSIFICAO DA EXECUO
A execuo em geral pode ser classificada por diversos critrios, a saber:
a) quanto ao procedimento: a execuo pode ser comum, quando serve a uma generalidade de
crditos; ou especial, quando serve a alguns crditos especficos, como o alimentar (arts. 528 e 911),
contra a Fazenda Pblica (arts. 534 e 910) e o fiscal (Lei n 6.830/80).
A diferena importante na medida em que o art. 780, CPC e a Smula 27 do STJ permitem a
cumulao de execues fundadas em ttulos diferentes, desde que, claro, se observe os requisitos
da cumulao previstos no 1 do art. 327, notadamente o inciso III, que exige a compatibilidade de
ritos. Sendo assim, apenas ser possvel a cumulao entre duas execues contra o mesmo
executado se ambas forem comuns ou especiais da mesma natureza.
b) quanto ao ttulo que se executa: pode ser execuo fundada em ttulo executivo judicial ou
execuo fundada em ttulo executivo extrajudicial. O procedimento varia de acordo com o ttulo que
se pretende executar.
Se o ttulo for judicial (art. 515), aplicam-se as regras do cumprimento da sentena (arts. 513
e ss), ou seja, a execuo ocorre no mesmo processo donde originou o ttulo, numa mera fase de
natureza executiva. Se, por outro lado, o ttulo for extrajudicial (art. 784), a execuo dar-se-
mediante ao prpria e processo autnomo, aplicando das regras previstas a partir do art. 829.
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Importante ressaltar que, quando o ttulo judicial se formar sem prvio processo de
conhecimento, como no caso da sentena penal condenatria, da sentena arbitral e da deciso
homologatria de deciso estrangeira pelo STJ, no h que se falar em fase de cumprimento de
sentena, razo pela qual, nestes casos, tais ttulos judiciais sero excepcionalmente executados por
meio de ao prpria e processo autnomo. Todavia, esclarece-se ainda que, apesar de formalmente
a execuo se dar por processo autnomo, adotam-se no seu curso as regras do cumprimento de
sentena (como o pedido de multa do art. 523, 1 etc).
c) quanto mutabilidade ou estabilidade do ttulo judicial: a execuo, ou melhor, o cumprimento de
sentena pode ser provisrio (art. 520 e ss) ou definitivo (art. 523 e ss).
Ser provisrio o cumprimento de sentena se este for fundado em um ttulo judicial
provisrio, ou seja, em deciso judicial passvel de alterao, em razo de pendncia de recurso
desprovido de efeito suspensivo (que a regra geral art. 995). Isso significa que essa deciso pode,
desde a sua publicao, surtir efeitos, sendo cumprida provisoriamente, ainda que esteja passvel de
modificao pelo julgamento ulterior do recurso.
Ser, ao contrrio, definitivo se fundado em um ttulo judicial definitivo, ou seja, acobertado
pela coisa julgada material, no mais sujeita a recurso, tornando-se imutvel.
Nos termos do art. 520 do CPC, o cumprimento provisrio ser realizado da mesma forma
que o cumprimento definitivo. Todavia, por se tratar de satisfao de um ttulo ainda passvel de
alterao, algumas regras especiais devero ser observadas.
Uma delas consiste na obrigatoriedade, via de regra, da prestao de cauo idnea pelo
exequente quando a causa for de natureza patrimonial (art. 520, IV). Tal exigncia legal tem por
objetivo garantir eventual prejuzo do executado oriundo de futura modificao da deciso recorrida,
sendo dispensadas nas hipteses do art. 521, quais sejam:
- crdito de natureza alimentar, independente de sua origem;
- o credor demonstrar situao de necessidade;
- pender agravo em REsp ou RE, fundado nos incisos II e III do art. 1.042;
- sentena estiver em consonncia com smula do STF ou do STJ, ou com acrdo proferido em
julgamento de casos repetitivos.
Em qualquer caso, se da dispensa resultar manifesto risco de grave dano, de difcil ou incerta
reparao, a exigncia da cauo ser mantida (pargrafo nico do art. 521).
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Por conseguinte, segundo os incisos II e III, sobrevindo deciso que modifique ou anule a
sentena, total ou parcialmente, ficar sem efeito, nesta proporo, tal cumprimento, restituindo as
partes ao estado anterior1 e respondendo o exequente, objetivamente (inciso I), pelos prejuzos que o
executado venha a sofrer.
O cumprimento provisrio da sentena ser requerido pelo exequente mediante petio
escrita perante o juzo competente. E, no sendo eletrnicos os autos, tal petio dever estar
acompanhada de cpia dos documentos previstos no art. 522, pargrafo nico, cuja autenticidade
poder ser certificada pelo prprio advogado, sob sua responsabilidade. Tal exigncia se justifica para
fins de formao de autos apartados, j que os autos principais subiro ao rgo ad quem para o
julgamento do recurso.
d) quanto ao tipo de providncia executiva determinada pelo juiz (se depende ou no da participao
do devedor): a execuo pode ser direta (ou execuo por sub-rogao) ou indireta.
A execuo direta ou por sub-rogao aquela que o Judicirio dispensa a colaborao do
devedor para a efetivao da prestao devida, promovendo-a em seu lugar atravs da adoo de
medidas sub-rogatrias. a execuo tpica das chamadas sentenas de conhecimento com efeito
executivo lato sensu. Ex: sentena de despejo. Ocorre comumente quando se condena o devedor
prestao de uma obrigao de entregar coisa. Portanto, o regime de execuo o das chamadas
tutelas especficas das obrigaes de entregar coisa (art. 498), que ocorre no bojo do prprio
processo de conhecimento (processo sincrtico).
J a execuo indireta aquela que, ao invs do Estado tomar as providncias que deveriam
ser tomadas pelo devedor, ele o fora, por meio de medidas coercitivas, a cumprir a prestao.
Portanto, h atuao do devedor no momento da efetivao da prestao mediante coero indireta.
a execuo das sentenas mandamentais, que ocorre normalmente quando se condena o devedor
prestao de uma obrigao de fazer/no fazer. Aqui tambm obedece ao regime de execuo da
tutela especfica, no entanto, tutela especfica das obrigaes de fazer ou no fazer (art. 497).
1 Nos termos do art. 520, 4, tal restituio no implica o desfazimento da transferncia de posse ou da alienao de
propriedade ou de outro direito real eventualmente realizada, ressalvado, sempre, o direito reparao dos prejuzos causados ao executado.
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1.3 PRINCPIOS
a) princpio da efetividade
Pelo princpio da efetividade, corolrio do princpio maior do devido processo legal, o Estado-
juiz tem o dever de entregar uma tutela executiva que realmente satisfaa, de forma clere e
adequada, o direito reconhecido do autor. Portanto, no basta a entrega da tutela executiva;
necessrio a sua entrega efetiva.
Diante dessa inarredvel realidade, que ora se impe ao Poder Judicirio, que se tema
ampliado os poderes do magistrado no sentido de poder promover, independentemente de
provocao, as medidas executivas adequadas ao caso concreto. Trata-se da consagrao do
chamado poder geral de efetivao. Exemplos: tutela especfica (arts. 497 c/c 536; e 537, NCPC).
b) princpio da atipicidade
Do princpio da efetividade, que atualmente tem concentrado nas mos do juiz poderes
executivos, que decorre o princpio da atipicidade dos meios executivos, no sentido de que, diante
do dever de entregar a tutela executiva mais justa, adequada e efetiva, poder o magistrado valer-se
de outros meios executivos, que no necessariamente os tipificados em lei, que julgar necessrios
para tal mister (1 do art. 536).
A questo se esse princpio encontra assento em todo e qualquer procedimento executivo,
inclusive aquele fundado em obrigao de dar quantia. Segundo uma parcela da doutrina (Cssio
Scarpinella Bueno, Marcelo Lima Guerra, entre outros), sim, possvel o juiz adotar quaisquer
medidas coercitivas, como multa p. ex., na execuo por quantia certa para incrementar a medida
executiva tpica dessa espcie executiva, que a expropriao.
c) princpio da primazia da tutela especfica
A execuo, em nome do princpio da efetividade, dever ser, de preferncia, especfica. Ou
seja, deve-se dar prioridade entrega da obrigao como ela , tal qual houvesse sido cumprido
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espontaneamente pelo devedor. Em ltimo caso, no isso possvel, dever se converter o direito em
perdas e danos.
Essa a orientao do art. 499, 1: a obrigao somente ser convertida em perdas e
danos se o autor o requerer ou se impossvel a tutela especfica ou a obteno de tutela pelo resultado
prtico equivalente.
Nas execues de dar quant