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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II PROF.ª JULIANA CORDEIRO DE FARIA 18-09-2012 Avaliação 1ª prova → 30 pontos → 25/10/2012 2ª prova → 30 pontos → 22/11/2012 3ª prova → 40 pontos 31/01/2013 PROCESSO DE CONHECIMENTO Finalidade O processo de conhecimento se destina a solução de conflitos, qualificados por uma pretensão resistida, nos quais é necessário acertamento probatório para haver resposta estatal. Solução do litígio → acertamento probatório O processo de conhecimento propicia às partes a plenitude probatória. Sentença de mérito → coisa julgada material A coisa julgada material é atributo técnico apenas da sentença proferida no contexto do processo de conhecimento → essência do processo de conhecimento. O domínio da técnica processual é imprescindível para evitar a sentença sem resolução de mérito, que é a frustação do método (ausência da tutela do direito material). Rito Percursos diversos para alcançar a sentença de mérito 1. Especial livro IV do CPC 2. Comum

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

PROF.ª JULIANA CORDEIRO DE FARIA

18-09-2012

Avaliação

1ª prova → 30 pontos → 25/10/2012

2ª prova → 30 pontos → 22/11/2012

3ª prova → 40 pontos → 31/01/2013

PROCESSO DE CONHECIMENTO

Finalidade

O processo de conhecimento se destina a solução de conflitos, qualificados por uma

pretensão resistida, nos quais é necessário acertamento probatório para haver resposta

estatal.

Solução do litígio → acertamento probatório

O processo de conhecimento propicia às partes a plenitude probatória.

Sentença de mérito → coisa julgada material

A coisa julgada material é atributo técnico apenas da sentença proferida no contexto do

processo de conhecimento → essência do processo de conhecimento.

O domínio da técnica processual é imprescindível para evitar a sentença sem resolução

de mérito, que é a frustação do método (ausência da tutela do direito material).

Rito

Percursos diversos para alcançar a sentença de mérito

1. Especial → livro IV do CPC

2. Comum

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2.1. Sumário → rito abreviado → CPC, art. 275 → não está em consonância com a

realidade brasileira, sendo que esse rito desaparece no projeto do novo CPC.

2.2. Ordinário → rito complexo → residual

A fim de inferir qual o percurso previsto para a solução de determinado conflito, devo

observar o critério da exclusão, sendo que o rito ordinário é residual → é rito especial?

É rito comum sumário? Se ambas as respostas forem negativas, o rito para a solução do

conflito será o comum ordinário.

Dinâmica → livro I do CPC

Regulamentação das fases processuais concatenadas a partir de uma perspectiva lógica.

Petição inicial → citação → resposta → providências preliminares (despacho saneador)

→ instrução → sentença de mérito → cumprimento

O próprio método prevê a supressão de algumas fases, como, por exemplo, no caso do

art. 285-A, no qual da petição inicial há um salto para a sentença de mérito.

Fases

1ª postulatória → petição inicial, citação e resposta do réu → postulação → fixação

dos limites do litígio, da atuação jurisdicional, do agir do juiz e da resposta estatal.

2ª saneamento → providências preliminares (despacho saneador, que é uma decisão

interlocutória) → fase fundamental, já que, se o saneamento é bem feito, ele impede a

postergação inútil da relação processual maculada (impede a prática de atos

desnecessários). Ademais, nessa fase o juiz fixa os pontos controversos do litígio,

decidindo quais meios probatórios são aptos a solucionar o litígio (pontos que

necessitam de dilação probatória).

3ª instrutória → regulamentação da atividade probatória das partes

4ª decisória → regulamentação das sentenças de mérito

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5ª cumprimento → novidade no Direito Processual pátrio

Preclusão → perda da faculdade de praticar determinado ato processual

Como o processo é sequência de atos e para que isso se opere, isto é, para que se tenha

um caminhar sempre adiante, é necessário o instituto da preclusão. Tal instituto gera a

perda da faculdade do sujeito praticar determinado ato processual.

A preclusão pode ser:

a) temporal → prazos para a prática de atos processuais → relaciona-se com os atos das

partes, sendo que os prazos para o juiz são impróprios, pois não acarretam a perda da

prática do ato processual. Decorrido o prazo para a parte sem que esta se manifeste,

haverá a perda da faculdade de praticar o ato processual, isto é, o decurso do prazo sem

a prática do ato conduz a extinção do direito de praticá-lo.

b) consumativa → alcança todos os sujeitos da relação processual (partes e juiz) → há a

perda da faculdade de praticar determinado ato processual, uma vez que este já se

consumou, isto é, já foi praticado → previne o caminhar para trás no processo → CPC,

art. 471

Praticado o ato pela parte ou pelo juiz, não lhes é permitida a repetição.

Rebus sic stantibus → não é exceção, mas previsão lógica → recursos que comportam o

chamado juízo de retratação do magistrado (abreviação do método processual, sendo

que o juiz pode voltar atrás em sua decisão, levando em conta os argumentos recursais

trazidos) e os novos pedidos de assistência judiciária (tendo em vista alteração no

contexto econômico da parte).

c) lógica → também alcança todos os sujeitos da relação processual (partes e juiz) → há

a perda da faculdade de praticar determinado ato processual, pois existe ato

anteriormente praticado incompatível com o subsequentemente desejado → o ato

precluso é incompatível com um anteriormente praticado → praticou-se anteriormente

ato contrário ao subsequentemente desejado (venire contra factum proprium e boa-fé).

20-09-2012

PRAZOS PROCESSUAIS

Tempo dos atos processuais

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Nenhum dos sujeitos processuais pode ficar indefinidamente sem a prática de

determinado ato processual.

Prazos

Próprios e impróprios

Próprios (preclusão) → geram o fenômeno da preclusão temporal, ou seja, se a parte

não pratica o ato processual no prazo determinado, a consequência será a perda da

faculdade de praticá-lo → a inobservância dos prazos pela parte gera a preclusão.

Impróprios → não geram o efeito da preclusão → a inobservância do prazo estipulado

não acarreta a perda da faculdade de praticar o ato, sendo que este poderá ser praticado

mesmo depois do transcurso do prazo → prazos para os juízes → a inobservância pode

gerar sanções administrativas e a responsabilidade civil do magistrado (CPC, art. 133,

II) → para a relação processual não há qualquer consequência propriamente dita, apenas

o retardamento da marcha processual, sendo que as consequências podem ser apenas na

seara cível e administrativa.

O CNJ é o mecanismo para o controle da marcha processual nos casos dos prazos

impróprios.

Para se decidir se o prazo é próprio ou impróprio apenas interessa o seu destinatário

(parte ou juiz) → para fins de preclusão temporal interessa apenas o destinatário do

prazo.

Legais e judiciais

Legais → prazos legais são aqueles fixados pelo legislador em lei → não podem ser

alterados pelo juiz e nem pela convenção das partes.

Judiciais → prazos judiciais são aqueles fixados pelo juiz nos casos em que a lei é

omissa → o legislador não contemplou prazos para a prática de todos os atos

processuais, cabendo, pois, ao magistrado a fixação dos prazos não previstos em lei.

Obs.: caso excepcional → se a lei e o magistrado forem omissos em relação à fixação

do prazo, aplica-se a regra supletiva do art. 185 do CPC → 5 dias

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A fixação de prazo pelo magistrado é despacho de mero expediente, não cabendo

recurso, mas apenas pedido de reconsideração. A parte deve diligenciar a obtenção de

um novo prazo no transcurso do prazo gerador do descontentamento.

O projeto do novo CPC almeja a uniformização (unificação) dos prazos, acabando com

os prazos especiais que dificultam o domínio da técnica processual.

Individuais/simples, comuns e sucessivos

Individuais/simples → o prazo é estipulado para um sujeito processual específico.

Comuns → o prazo é estipulado simultaneamente para que ambas as partes pratiquem o

ato processual → em regra, a consulta será feita no balcão da secretaria, sendo que os

autos não podem ser retirados dali → se as partes acordarem a distribuição do prazo, a

consulta dos autos pode se dar fora da secretaria.

Sucessivo → o ato processual deverá ser praticado pelos dois sujeitos, sendo que o

prazo é estabelecido sucessivamente → em regra, será primeiro o autor e depois o réu,

sendo que se as partes podem acordar de modo diferente.

Se o ato processual é apenas de um sujeito, o prazo será individual/simples. Se o ato

processual é de ambas as partes (sujeitos plúrimos), o prazo poderá ser comum ou

sucessivo.

Regras

Termo inicial → dia útil (dia com expediente forense normal).

Termo final → dia útil → se vencimento ocorre em dia não útil, há prorrogação para dia

útil seguinte.

Obs.: dia útil para a técnica processual é o dia com expediente forense normal.

Suspensão de prazos

Férias forenses → 02/07 a 31/07 e 02/01 a 31/01

Recesso forense → 20/12 a 06/01

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Prazo parte

Citação

Intimação

Situações para análise

Intimação com o prazo de 5 dias → qual o termo inicial e o final?

Segundo o site do TJMG, o Diário do Judiciário Eletrônico, do Tribunal de Justiça de

Minas Gerais, é o formato eletrônico dos atos oficiais, judiciais e administrativos, do

Poder Judiciário de Minas Gerais. Adotado a partir de 31/05/2008, ele substitui,

integralmente, o jornal, em papel, até então utilizado para publicação e circulação dos

mesmos atos. Sua instituição está prevista na Lei Federal 11.419, de 19 de dezembro de

2006 e recebe disciplinamento normativo-interno, do TJMG, da Portaria Conjunta

Número 119 de 2008.

O ato processual-judicial ou administrativo é considerado publicado (intimação) no

Diário do Judiciário Eletrônico no dia útil seguinte à sua disponibilização no

Portal/Internet do Tribunal e a contagem dos prazos processuais têm início no

primeiro dia útil subsequente a esta publicação.

Exemplo: um acórdão que constar na edição de 04/09 (quinta-feira) terá como data de

publicação o dia 05/09 (sexta-feira); e o seu prazo começará a contar na 2ª feira, dia

08/09.

Exemplo: uma publicação enviada na segunda-feira pela Secretaria, estará disponível

para consulta no Portal na 3ª feira (após as 19 horas), será considerada como data da

publicação a 4ª feira e o seu prazo começará a contar na 5ª feira.

O DJE é publicado apenas nos dias úteis do TJMG em Belo Horizonte. Nos sábados,

domingos e feriados não há publicação do DJE. A disponibilização será sempre o dia

útil antecedente à data da publicação O horário de disponibilização será em torno das 19

horas.

Hipóteses:

1ª → disponibilização da intimação no Diário do Judiciário Eletrônico do dia 06 de

setembro;

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Disponibilização 06/09/2012 → publicação/intimação (efetiva circulação) 10/09/2012

→ termo inicial 11/09/2012 → termo final 17/09/2012.

2ª → disponibilização da intimação no Diário do Judiciário Eletrônico do dia 19 de

setembro;

Disponibilização 19/09/2012 → publicação/intimação (efetiva circulação) 20/09/2012

→ termo inicial 21/09/2012 → termo final 25/09/2012.

3ª → disponibilização da intimação no Diário do Judiciário Eletrônico do dia 10 de

outubro;

Disponibilização 10/10/2012 → publicação/intimação (efetiva circulação) 11/10/2012

→ termo inicial 15/10/2012 → termo final 19/10/2012.

4ª → disponibilização da intimação no Diário do Judiciário Eletrônico do dia 17 de

dezembro;

Disponibilização 17/12/2012 → publicação/intimação (efetiva circulação) 18/12/2012

→ termo inicial 19/12/2012 → termo final 10/01/2013.

5ª → disponibilização da intimação no Diário do Judiciário Eletrônico do dia 18 de

dezembro;

Disponibilização 18/12/2012 → publicação/intimação (efetiva circulação) 19/12/2012

→ termo inicial → 07/01/2013 → termo final 11/01/2013.

6ª → disponibilização da intimação no Diário do Judiciário Eletrônico do dia 19 de

dezembro;

Disponibilização 19/12/2012 → publicação/intimação (efetiva circulação) 07/01/2013

→ termo inicial 08/01/2013 → termo final 14/01/2013.

25-09-2012

TEMPO E LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

CPC, art. 172 → limite fixado → dias úteis, das 6 horas às 20 horas → os tribunais têm

ampla liberdade de fixar o horário de funcionamento do expediente forense nas

comarcas, observando esse limite estabelecido (Lei de Organização Judiciária).

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Atos de urgência

Urgência → atos que não podem esperar o início do expediente forense. Deve haver a

justificativa da urgência.

Antes das 6 horas → autorização do juiz → exemplo típico é a citação por hora certa.

Depois das 20 horas → se iniciado antes e houver prejuízo decorrente da interrupção.

Exemplo típico é a audiência → se interromper a audiência as 20 horas, pode haver

prejuízo para as partes e confusão processual.

A intempestividade da petição (ato processual praticado fora do prazo fixado) pode ser

reconhecida de ofício (sem provocação das partes). Reconhecida a intempestividade da

peça processual, o magistrado deve ordenar o seu desentranhamento.

O protocolo define a tempestividade ou não da petição.

Atos escritos → petição redigida pela parte → em regra, a entrada da peça processual

deve ser feita no protocolo da sede da comarca na qual tramita o processo.

Em regra, o lugar do ato processual é a sede da comarca na qual o processo tramita.

Pode haver descentralização dos atos processuais. O convênio com os Correios é um

exemplo.

O protocolo postal traz problemas quando realizado no último dia do prazo → nesse

caso, o protocolo na agência dos Correios deve ser realizado dentro do limite fixado no

art. 172 do CPC → desse modo, impede-se que Lei Estadual, a qual fixa convênio com

os Correios, prorrogue o limite estabelecido em Lei Federal (CPC) → apenas Lei

Federal por dilatar esse prazo.

Ressalta-se que o STJ não autoriza a descentralização dos atos processuais, sendo que

os Recursos Especiais nos processos que correm perante a Justiça Estadual devem ser

protocolados na sede do Superior Tribunal de Justiça (Brasília).

A entrada da petição também pode ser realizada por meio do fax → a data do

recebimento do fax fixa o tempo da petição, isto é, a tempestividade ou não da peça

processual. A original da petição deve ser juntada aos autos em até 5 dias após o

recebimento do fax → praticado o ato por meio do fax, haverá preclusão consumativa,

sendo que a original, pois, deve, necessariamente, ser juntada em até 5 dias após o

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recebimento do fax, mesmo que o prazo para a prática do ato já efetivado seja maior →

em suma, a utilidade do ato é aferida da seguinte forma: a data do recebimento do fax

deve ocorrer dentro do prazo fixado e a juntada da original em até 5 dias após o

recebimento do fax. Ressalte-se que a original não pode ser alterada após o seu

recebimento por meio do fax.

O protocolo eletrônico pode ser efetivado até as 23h59min59s do último dia do prazo

(termo final).

Contagem dos prazos

Regra → iniciada a contagem ela é contínua, incluindo-se dias não úteis (sábados,

domingos e feriados).

Dia útil para a técnica processual é o dia em que há expediente forense normal.

Suspensão

1. Férias → 02/07 a 31/07; 02/01 a 31/01 → restrita aos Tribunais Superiores (recesso

mais férias – no final do ano, as atividades cessam no dia 20/12 e apenas retornam no

dia útil subsequente ao dia 31/01).

O recesso forense nos Tribunais Superiores é estabelecido por resolução. Há quem

entenda que o recesso forense nos Tribunais Superiores não suspende os prazos, pois a

resolução não pode modificar as regras do CPC (que em seu art. 179 cita apenas as

férias forenses). Entretanto, outra corrente entende que o art. 179, ao falar em férias,

também se refere ao recesso forense, pelo que o prazo estaria suspenso nos Tribunais

Superiores.

O mesmo não ocorre nos Tribunais Estaduais, pois o recesso forense é estabelecido por

lei (LOJ), que tem força para alterar regras do CPC, e não por resolução.

2. Recesso forense → 20/12 a 06/01 → em Minas, o recesso forense suspende os prazos

processuais. Esta suspensão deve ser regulada na Lei de Organização Judiciária dos

Estados (Lei Complementar Estadual). Sendo assim, não é em todos os Estados que o

prazo processual é suspenso durante o recesso forense.

3. Obstáculo

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Termo inicial → dia útil → se o dia após a intimação for não útil, o início da fluência do

prazo se dá no dia útil seguinte.

Termo final → dia útil → se o vencimento se der em dia não útil, prorroga-se para dia

útil seguinte (CPC, art. 184, §1º).

CPC, art. 184 → na contagem exclui-se o dia da intimação (para não haver diminuição

do prazo) e inclui-se o dia do vencimento.

Regras de prazos especiais → art. 188 e art. 191.

Projeto do novo CPC → não haverá transcurso dos prazos nos dias não úteis, isto é, nos

dias em que não houver expediente forense → apenas os dias úteis entram na contagem.

Contagem de prazo regressivo

Contagem regressiva → do ato designado para trás → a data do ato é equivalente ao dia

da intimação → termo inicial / fluência do prazo (dia útil antecedente à intimação) →

termo final (dia útil – se o vencimento recair em dia não útil, o termo final será o dia útil

antecedente).

Situações para análise:

1ª → juiz designa hoje AIJ para o dia 10/10/2012 → apresentar rol de testemunhas em

até 10 dias antes da audiência → qual o termo final para apresentação do rol?

Data da audiência 10/10/2012 → termo inicial 09/10/2012 → termo final (dia útil

antecedente) 28/09/2012.

2ª → juiz designa hoje AIJ para o dia 15/10/2012 → apresentar rol de testemunhas em

até 10 dias antes da audiência → qual o termo final para apresentação do rol?

Data da audiência 15/10/2012 → termo inicial 11/10/2012 → termo final 02/10/2012.

3ª → juiz designa hoje AIJ para o dia 09/01/2013 → apresentar rol de testemunhas em

até 10 dias antes da audiência → qual o termo final para apresentação do rol?

Data da audiência 09/01/2013 → termo inicial 08/01/2013 → termo final 12/12/2012.

Aferir também o termo inicial e final das hipóteses da última aula na sistemática do

projeto do novo CPC.

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Prazo regressivo

“A seguradora se insurge da decisão que declarou intempestivo o rol de testemunhas

protocolado no dia 25/04/2011 para a audiência designada no dia 04/05/2011. Pois bem,

a contagem do prazo do art. 407 do CPC é feita regressivamente, excluindo o dia do

começo do prazo. Assim começa-se a contar no dia 03/05, findando no dia 24/04.

Porém, considerando que o referido dia foi domingo, o rol deveria ter sido protocolado

no dia precedente em que tivesse expediente forense e não no dia posterior, como fez a

seguradora.”

“Salienta-se, que tal prazo é preclusivo, de forma que o protocolo intempestivo acarreta

no indeferimento da oitiva das testemunhas arroladas a destempo, como acertadamente

agiu o julgador a quo.”

“O prazo do art. 407 conta-se regressivamente, a partir da data designada para a

audiência, com exclusão dela” (RJTJESP 106/210)

“O prazo, para que a parte deposite em cartório o rol de testemunhas, é contado

regressivamente, de acordo com o disposto no art. 184 do CPC: exclui-se o termo ‘a

quo’, no caso o dia da audiência e, caindo o termo ‘ad quem’ em dia feriado, ou em que

não houver expediente no fórum, antecipa-se o prazo para primeiro dia útil precedente”

(STJ- 3ª T.: RSTJ 121/314).

“Apesar de haver jurisprudência em sentido contrário, deve-se reconhecer que a referida

regra não se aplica à contagem de prazos para apresentação de rol de testemunhas, em

razão de ser esta regressiva, a partir da data marcada para a audiência. Isso porque a

razão de haver uma tal regra é justamente evitar o prejuízo à parte, pelo início do prazo

para se manifestar em dia em que não possa efetivamente se manifestar. Já no caso da

contagem regressiva, o início do prazo é, também, o primeiro dia útil após a intimação

da decisão que marcou a audiência e assinalou prazo para a apresentação do rol de

testemunhas, sendo o seu termo final o vigésimo dia anterior à data da audiência,

excluído este dia. Assim, como o art. 184, § 2º, fala no início da contagem do prazo, não

se aplica da forma como pretendeu o MM. Juiz.”

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“Referida interpretação atende de modo mais adequado aos princípios do contraditório,

da busca da verdade real e do acesso à Justiça, na mesma medida em que não prejudica

a ciência da parte contrária sobre as provas a serem produzidas, já que será respeitado o

prazo estabelecido entre a apresentação do rol de testemunhas e a audiência. Assim,

apenas é necessário que o último dia em que a parte pode praticar o ato seja um dia útil,

para que ela tenha a faculdade de apresentar seu rol no último dia de seu prazo.

Também Humberto Theodoro Júnior não faz qualquer ressalva à contagem imediata do

prazo, sem a distinção de dias úteis ou não.”

“A contagem do prazo é regressiva, iniciando-se a partir da data da audiência, com

exclusão dela (dies a quo). O término desse retrocesso não pode cair em dia não-útil,

pois assim ficaria prejudicada a parte contrária.”

27-09-2012

A data da disponibilização do DJE corresponde à data da impressão do jornal físico.

A data da efetiva circulação do DJE é o dia útil seguinte à data da disponibilização, pois

o diário eletrônico é disponibilizado após as 19 horas → esse dia útil subsequente fixa a

data da publicação/intimação.

DJE → dia da disponibilização → dia da publicação/intimação (dia útil seguinte à

publicação/intimação) → início da contagem do prazo (dia útil seguinte à data da

publicação/intimação).

CONTAGEM DE PRAZOS

Dia da intimação → exclui-se (termo inicial)

Dia útil seguinte → primeiro dia do prazo (início da fluência do prazo)

Dia do vencimento (dia útil) → inclui-se

Férias e recesso → suspensão → atenção: Justiça Estadual → 20/12 a 06/01

Os prazos de algumas ações não são suspensos durante as férias → hipóteses do art. 174

do CPC, rito sumário, ações relacionadas à Lei de Locação (art. 58 da Lei n. 8.245) e

Mandado de Segurança (Lei do Mandado de Segurança) → o STJ irá decidir se para

essas demandas o prazo também não é suspenso no recesso. A tendência é decidir pela

não suspensão, tendo em vista que o recesso forense é equiparado às férias.

Regras especiais

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Regras para encontrarmos o prazo para a prática do ato processual.

CPC, art. 188 → Fazenda e Ministério Público → prazo em quádruplo para contestar e

em dobro para recorrer quando o réu for a Fazenda Pública (União, Estados, Municípios

e respectivas autarquias) ou o Ministério Público.

CPC, art. 191 → litisconsorte (pluralidade de partes num dos polos da relação) → nesse

caso é no polo passivo (litisconsórcio passivo) → réus com procuradores diversos

(quando o litisconsórcio é ativo os autores não podem ter procuradores distintos) → os

prazos são computados em dobro, isto é, são duplicados → os prazos assinalados pelo

juiz não são contados em dobro, pois o juiz já sabe do litisconsorte ao fixá-lo → a

contagem em dobro se dá apenas para os prazos legais. Ademais, o prazo em dobro para

recorrer só se aplica quando o ato decisório prejudica mais de um réu. Se prejudicar

apenas um, a contagem será ordinária. A razão de ser dessa regra especial é o efetivo

exercício do contraditório, facilitando a defesa no caso de pluralidade de partes com

procuradores distintos. Por fim, se o prazo é comum ou sucessivo não se aplica o prazo

em dobro. Deve-se observar caso a caso para a aplicação do prazo em dobro.

No caso de procuradores distintos com o mesmo escritório, há muita divergência a

respeito da contagem em dobro. Alguns consideram que essa hipótese configura o caso

de procuradores distintos, outros não (Juliana Cordeiro – não incidência dessa norma).

Optar pela posição mais conservadora (não incidência da norma) para não prejudicar o

direito da parte, do cliente.

Os artigos anteriormente analisados são cumulativos? Já que a União e Estados têm

procuradores distintos, há incidência cumulativa de ambas as normas? Não. Aplica-se

apenas o mais favorável, o mais benéfico.

O projeto do novo CPC suprime essas regras especiais de contagem de prazo.

PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO

1ª FASE: POSTULATÓRIA

Petição inicial → requisitos (CPC, art. 282)

02-10-2012

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FASE POSTULATÓRIA

A fase postulatória inicia-se com o ato de postulação do autor (petição inicial) e finda

com o ato de postulação do réu (contestação / reconvenção).

Postulação significa a delimitação do litígio em torno da relação de direito material

(base da postulação).

Ao final da fase postulatória, há a estabilização da lide → limites da lide e limites da

sentença (o magistrado apenas soluciona as questões de direito material trazidas pelas

partes, sendo que não se pode decidir menos, mais, ou questões diversas daquelas

formuladas).

As questões de ordem pública podem ser reconhecidas pelo magistrado de ofício, isto é,

independentemente de provocação pelas partes. Entretanto, o agir de ofício do

magistrado também deve limitar-se pelos atos de postulação das partes.

Processo comum ordinário

Petição inicial → citação → 15 dias → resposta (contestação, exceção, reconvenção)

Apenas a contestação e a reconvenção são atos de postulação do réu, uma vez que a

exceção não se relaciona com o direito material.

Exceção → suspeição, impedimento, incompetência relativa → defesa essencialmente

processual, pois não guarda relação com o direito material.

Contestação → em regra, ato de postulação de mera resistência → pedido de

improcedência.

Reconvenção → em regra, verdadeira ação incidental → introdução de nova lide conexa

com a do autor → o réu formula pedido conflitante com o do autor → vai além da

contestação.

Os atos de postulação das partes são atos eminentemente técnicos, a fim de terem

utilidade.

Em regra, o réu é citado para oferecer resposta em 15 dias.

Processo comum sumário

Petição inicial → citação → audiência (conciliação, resposta, saneamento)

Na audiência, primeiro procede-se a tentativa de conciliação. Não sendo possível esta, o

réu deve apresentar sua resposta através de defesa técnica (contestação). A contestação

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fixa os pontos incontroversos e controversos entre as partes, sendo que o magistrado

deve ater-se apenas a solução apenas destes.

Petição inicial

Necessária quando há necessidade da representação por advogado, pois é um ato

técnico, que exige conhecimento técnico. Nos casos em que a representação por

advogado é dispensada (como é permitido apenas na Justiça do Trabalho e no Juizado

Especial), não há falar-se em petição inicial, mas sim em atermação.

Apta → requisitos formais (arts. 282 e 283) e adequação técnica (conteúdo – art. 295)

Inépcia → art. 284 → emenda em até 10 dias

Petição apta? Não → emenda em até 10 dias (art. 284)

O juiz deve indicar o motivo da emenda (qual o defeito da petição inicial) → lealdade,

transparência e cooperação processual.

Se o despacho de emenda não for atendido, haverá a extinção sem resolução de mérito

→ o único prejuízo é arcar com as custas processuais.

No momento inicial, a petição inicial é um pressuposto dilatório (oportunidade de

regularizar, provocando apenas um atraso no procedimento). Entretanto, se a inépcia é

reconhecida após o ato de postulação do réu, seja por alegação preliminar da parte seja

por reconhecimento de ofício (a inépcia pode ser reconhecida a qualquer tempo em

qualquer grau de jurisdição), ela (inépcia) torna-se um pressuposto peremptório (a

emenda é possível apenas antes da citação), advindo sentença sem resolução de mérito

com condenação de sucumbência → além de arcar com as custas processuais, haverá o

prejuízo de arcar com os honorários de sucumbência.

Ademais, aumenta-se o risco de advir o fenômeno prescricional → se a petição é inepta,

o efeito interruptivo da prescrição não se opera → importância de se dominar a técnica

processual (saber fazer uma excelente petição inicial apta – advogado – ou reconhecer a

inaptidão da petição inicial, saneando o processo – magistrado).

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Advindo sentença com resolução de mérito e havendo defeitos graves na petição, que

não foram reconhecidos, será possível a rescisão da sentença por meio de ação

rescisória.

Requisitos formais (art. 282 e 283)

Art. 282 → a petição inicial indicará:

I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida.

Análise da competência.

Além dos requisitos formais, o magistrado deve analisar os pressupostos processuais →

requisitos formais em consonância com a adequação técnica.

Eu magistrado, sou competente? Se não, redistribua-se os autos ao juízo competente.

II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu

(qualificação) → hoje se exige CPF. Eventualmente, poderá haver justificativa para não

apresentação dos dados do réu;

Análise dos pressupostos processuais e da legitimidade das partes.

III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido → narração da causa de pedir;

IV – o pedido, com as suas especificações;

V – o valor da causa;

VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII – o requerimento para a citação do réu;

Analisar a petição inicial do processo do Hugo Bessone sob a ótica da adequação

técnica.

04-10-2012

Monitoria → 11-10-2012 → refazer as peças processuais dos autos do Bessone

ELEMENTOS DA PETIÇÃO INICIAL

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1. PEDIDO

O pedido é a consequência, a conclusão de toda a narrativa fática feita na petição inicial

(conclusão da causa de pedir remota – descrição da relação de direito material – e

próxima – descrição da crise da relação de direito material).

Núcleo da petição inicial

O pedido estabelece os limites da lide → o pedido estabelece os limites da jurisdição (a

jurisdição não pode ir além dos limites do pedido – o juiz deve julgar o pedido) e os

limites da resposta do réu.

Pedido mediato vs. imediato

Imediato → natureza da tutela (constitutiva, declaratória, condenatória)

Mediato → bem da vida

Pedidos alternativos, cumulados e sucessivos

Cumulados → cumulação de ações (art. 292)

Alternativos → pedem-se duas prestações disjuntivas → ou isso ou aquilo

Sucessivo → os pedidos possuem nexo de prejudicialidade → apenas passo para o outro

pedido se o outro não for possível

Requisitos do pedido (art. 286)

Uma vez que o pedido é o núcleo da petição inicial, que delimita a prestação

jurisdicional, ele deve ser certo e determinado.

a) certeza → o pedido deve ser expresso;

b) determinação → definição clara dos limites do pedido;

c) concludente (art. 295, III) → consectário, conclusão lógica de toda a descrição

trazida na inicial.

Pedido genérico (art. 286, I, II e III)

Há exceções nas quais o pedido pode ser genérico (art. 286, I, II e III). Ressalte-se que

essa possibilidade de generalidade pode recair apenas sobre o pedido mediato (bem da

vida), não sendo absoluta.

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A jurisdição não pode ser transformada numa loteria → o pedido genérico pode recair

apenas no montante, no quantum dos danos, mas não sobre os danos propriamente ditos

→ identificação mínima do pleito para possibilitar a defesa do réu.

Esse tipo de pedido é bastante comum nas ações de indenização.

A melhor doutrina entende que, ainda no caso do pedido genérico, deve-se respeitar os

requisitos da certeza e determinação.

Danos morais → são arbitrados pelo juiz, sendo que a parte pode se abster de

estabelecer valor determinado para o dano. Entretanto, a parte deve descrever, precisar

os danos sofridos.

Em suma, o pedido genérico recai apenas sobre o quantum debeatur (valor devido), não

se relacionando com o an debeatur (o que é devido).

Nos casos em que a parte avia pedido totalmente abstrato, recaindo sobre o quantum

debeatur e o an debeatur, a petição inicial torna-se inepta (não respeita os requisitos da

certeza e determinação) → esse vício pode ser arguido como preliminar na contestação.

Pedidos implícitos

A ordem jurídica permite que o juiz estabeleça alguns pedidos de ofício (pedidos

implícitos). Exemplos: juros, correção monetária, condenação do vencido nos

pagamentos dos ônus da sucumbência etc. Tal fato não aflige o princípio da adstrição.

Pedido na petição inicial

Vem requerer o julgamento da procedência do pedido (e não procedência da ação, pois

a procedência recai sobre o pedido, relacionando-se com o mérito.) para (pedido

imediato – condenar, declarar etc.) + (pedido mediato – bem da vida).

Deste modo, o pedido torna-se certo e determinado, mesmo que o quantum debeatur

não seja definido.

2. VALOR DA CAUSA (ART. 258 A 261, ART. 282, V)

Valor econômico da relação jurídica (direito material)

Demonstra para o réu a pecúnia envolvida na demanda.

Ação sem conteúdo econômico imediato (por exemplo, tutela declaratória) →

estimativa (valor fixado apenas para fins de alçada).

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Influências do valor da causa

Demonstra para o réu os limites da pecúnia envolvida na demanda, custas (diretamente

proporcionais ao valor da causa), competência (fixação), rito (fixação), honorários

(recai sobre as custas e, assim, também sobre o valor da causa).

Art. 259 → regras, técnicas, balizas para determinar o valor da causa. Se o caso não se

enquadra nas hipóteses previstas nesse artigo, procede-se a estimativa.

Imposições legais para a fixação do valor da causa. Sendo assim, é dever do juiz

fiscalizar a adequação do valor da causa ou cabe apenas às partes a impugnação ao valor

da causa? A melhor doutrina entende que é dever do juiz fiscalizar o valor da causa (de

ofício), observando sua adequação.

Impugnação ao valor da causa (IVC)

A IVC é o meio que a parte dispõe para se rebelar contra o valor da causa estabelecido.

Mesmo prazo da contestação (15 dias após a citação).

A IVC é um incidente (petição apartada) → apresenta contestação (autuada no processo

principal) e a IVC (autuada em autos apensos).

A IVC não suspende o processo principal.

Procedimento no IVC

Inicial (no prazo da contestação) → prazo para resposta (5 dias) → resposta → provas

(muitas das vezes a produção das provas é dispensada, pois se alega apenas afronta ao

art. 259) → decisão: a) procedência → deve-se intimar o autor da causa para que

complemente o valor da causa, sendo que, caso a intimação não seja cumprida, o

processo será extinto; b) improcedência

CASO PRÁTICO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE RESOLUÇÃO

CONTRATUAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

“Pede a autora sejam as rés declaradas (tutela declaratória) em violação do contrato que

as une (por que violou?), com sua consequente condenação ao pagamento de

indenização de perdas e danos sofridos pela autora, inclusive danos morais ‘a ser’

apurados em liquidação de sentença (ausência de identificação dos danos sofridos – do

pedido mediato, isto é, do bem da vida).”

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Em momento algum a autora identifica os danos sofridos. Apenas reproduz que a

resolução contratual gerou danos. Ademais, ela não especifica no pedido a causa da

violação do contrato.

09-10-2012

TUTELA DE URGÊNCIA

Existem determinadas situações em que a demora do método processual de solução de

conflitos coloca em risco a utilidade da prestação jurisdicional.

Dentro da estrutura do processo, o acesso ao bem da vida somente é dado após o

percurso de todo o procedimento previsto. Entretanto, atendido determinados requisitos,

a técnica processual permite que o sujeito tenha acesso ao bem da vida antecipadamente

(em momento anterior daquele traçado como regra geral).

O ordenamento jurídico pátrio é peculiar em matéria de tutela de urgência. Tal fato é

reflexo do caos do Judiciário brasileiro.

Tutela de urgência → periculum in mora

A natureza do perigo da demora definirá o caráter cautelar ou antecipatório da tutela.

Quando se postula tutela cautelar, haverá processo incidente. Já a tutela antecipada é

postulada por simples petição.

Até 1994, existia o chamado poder geral de cautela, sendo que as medidas

antecipatórias eram previstas em rol taxativo.

Atualmente, fala-se em poder geral de urgência, sendo que cabe ao juiz analisar o

cabimento da tutela de urgência, seja cautelar ou antecipada.

Tutela cautelar (não satisfativa) → art. 796 → medida que não dá acesso imediato ao

exercício do direito subjetivo, isto é, ao bem da vida → não guarda relação direta com

as prerrogativas inerentes ao exercício do direito material.

A medida cautelar tem conteúdo conservativo, visto que preserva o status quo do bem

da vida.

Exemplos de medida cautelar é o arresto e o sequestro.

Processo cautelar → dependente do processo principal: a) cognição (cumprimento de

sentença); b) execução (título executório).

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Tutela antecipada (satisfativa) → medida que antecipa o acesso ao bem da vida →

antecipa-se o momento no qual a parte possuiria o direito em litígio. Sendo assim,

possui requisitos mais rigorosos (art. 273, I).

A entrega antecipada do bem da vida pode ocorrer em qualquer momento do processo,

desde que seja antes daquele previsto como regra geral (sentença).

Requisitos da tutela antecipada (art. 273, I)

I – Verossimilhança

II – Prova inequívoca

III – Perigo da demora

Características

Provisoriedade

Responsabilidade civil (art. 811)

Tutela de evidência → cognição sumária → art. 285-A

Abuso de direito da defesa

Manifesto propósito protelatório

Pedido incontroverso

LIMINAR

Liminar não é sinônimo de tutela cautelar nem de tutela antecipada. Apenas indica que

houve medida de urgência no momento inicial do procedimento (fase postulatória –

initio litis). Em suma, liminarmente significa no momento inicial do procedimento.

Em regra, é o autor quem postula a liminar. Entretanto, no caso da reconvenção, na qual

o réu torna-se autor de ação incidental, é possível que o réu postule liminar.

A liminar pode ser cautelar ou antecipatória, sendo que pode ser concedida:

a) inaudita altera parte → sem a oitiva da parte contrária (art. 804) → medida

excepcionalíssima → concedida apenas quando a observância do contraditório

representar um risco para a utilidade da medida de urgência.

b) após a oitiva → depois de estabelecida, estabilizada a relação jurídica processual →

regra geral.

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A liminar tem sempre natureza de tutela antecipada no caso de mandado de segurança.

Analisar a petição inicial dos autos da Disbrava, observando a tutela de urgência

postulada (PDF, p. 42/57).

11-10-2012

TUTELA DE URGÊNCIA (RISCO → PERICULUM IN MORA)

Tutela cautelar → Livro III, CPC

Tutelar antecipada → art. 293 e art. 461

TUTELA ANTECIPADA TUTELA CAUTELAR

verossimilhança + prova inequívoca fumus boni iuris

risco: direito material direito processual (processo principal)

requerimento: nos autos do processo de

conhecimento (peculiaridade do processo

de cognição)

processo cautelar autônomo e nova

relação jurídica processual

conteúdo: total ou parcial ao da sentença

de mérito; medida deve estar contida no

pedido (não pode ser extra ou ultra petita)

conteúdo diferente da pretensão material

objeto do processo principal; poder do juiz

de deferir medida diversa da pedida

A tutela antecipada exige cognição mais profunda, embora sumária.

Verossimilhança das alegações → probabilidade ou juízo de quase certeza de que a

parte detém o direito sobre o bem da vida litigioso.

O juiz faz o cotejo da verossimilhança das alegações com as provas trazidas aos autos.

Verossimilhança das alegações + prova inequívoca → é como se o juiz fosse julgar

naquele momento em que a tutela antecipada é postulada, por isso o seu controle é mais

rígido. Entretanto, essa cognição é sumária, não antecipando o julgamento da lide. Não

é sentença!

A tutela antecipada é requerida por petição nos autos do processo de cognição.

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Como a tutela cautelar é meramente conservativa, não poderá haver correspondência

entre o conteúdo dessa medida e aquele presente na pretensão material objeto do

processo principal.

O processo cautelar é apenso ao principal, sendo que é competente para julgar aquele o

mesmo juízo que julga este.

Diante da autonomia do processo cautelar e da sua natureza conservativa, ele pode ser

antecedente (anterior à propositura do processo principal) ou incidente (posterior à

propositura da ação principal). No primeiro caso, há a necessidade de se ajuizar o

processo principal em 30 dias, sendo que o cautelar não sobrevive sem o processo

principal. Se não se ajuíza o processo principal, o cautelar perde a razão de ser, não

podendo ser renovado.

Como o pedido de tutela cautelar inicia uma nova relação jurídica, haverá sempre uma

petição inicial. Na prática, a petição inicial do processo cautelar é muito parecida com

aquela do processo principal, gerando uma ideia de repetição de atos (condenação dupla

em honorários, custas dobradas). Por esse fato, o projeto do novo CPC extingue o

instituto do processo cautelar, visando à economia processual. Ele prevê que, numa

mesma relação jurídica, poder-se-á praticar atos de cognição, de execução e de

acautelamento.

A sentença do processo cautelar não faz coisa julgada, pois não se decide nada a

respeito do mérito. Entretanto, geralmente, o processo cautelar tem o seu objetivo

desvirtuado (pretensões cautelares que na verdade são manifestamente satisfativas).

Fumus boni iuris (fumaça do bom direito) → como as medidas acautelatórias apenas

asseguram a utilidade de atos do processo principal, o juiz analisa somente o fumus boni

iuris. Cognição superficial preocupada apenas com o direito de ação. Trabalha-se com a

plausibilidade (juízo hipotético). Exige-se somente a prova do risco.

Confunde-se o fumus boni iuris do processo cautelar com o do mandado de segurança.

Mas são profundamente diversos, embora denominados igualmente. O mandado de

segurança visa a uma medida satisfativa, por isso o seu fumus boni iuris relaciona-se

com a verossimilhança das alegações e a prova inequívoca.

Fungibilidade → art. 273, §7º, CPC

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O magistrado não pode invocar a inviabilidade da via eleita (aspecto formal) para se

furtar da análise da medida de urgência. O juiz deve analisar os requisitos para depois

adequar a forma (a forma é diferida e não suprimida). Se a tutela antecipada postulada

tem natureza cautelar, o juiz manda o pedido à distribuição, para iniciar o processo

cautelar.

O dispositivo é via de mão única?

Interpretação literal (doutrina minoritária)

Tutela antecipada com natureza cautelar no processo de conhecimento → fungibilidade

→ processo cautelar

Tutela cautelar com natureza antecipatória/satisfativa no processo cautelar →

impossibilidade da fungibilidade → extinção

Interpretação extensiva (doutrina majoritária)

Tutela antecipada com natureza cautelar no processo de conhecimento → fungibilidade

→ processo cautelar

Tutela cautelar com natureza antecipatória/satisfativa no processo cautelar →

fungibilidade → no caso de cautelar preparatória da ação principal, depois de apreciar o

pedido, o magistrado despacha para se emendar a inicial → o requerente deve alterar o

procedimento (do processo cautelar para o processo de conhecimento).

Não se afasta a forma, já que ela garante segurança, mas a flexibiliza (a fungibilidade

não dispensa a forma, apenas a difere) → sincretismo processual.

PARA A DOUTRINA MAJORITÁRIA, NÃO INTERESSA A VIA ELEITA PARA A

POSTULAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA. O MAGISTRADO DEVE

ANALISA-LA, DIFERINDO A FORMA, A FIM DE ADEQUÁ-LA

POSTERIORMENTE.

Tutela satisfativa (antecipada)

I – Tutela stricto sensu (art. 273, I)

II – Tutela de evidência

III – Tutela específica

IV – Tutela inibitória

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16-10-2012 (completar essa aula)

Projeto do novo CPC → processo sincrético → extinção do processo cautelar, sendo

que na ação de conhecimento será possível o exercício de atos cognitivos, executórios e

cautelares.

O que não se permite na fungibilidade é a cumulação consciente da tutela antecipada

com a tutelar cautelar → separação obrigatória dos procedimentos para a análise da

tutela de urgência → na fungibilidade não se permite cumulação de tutela antecipada

com tutelar cautelar.

O deferimento ou indeferimento dos pedidos de tutelas, assim como a decisão que

delibera pela fungibilidade devem ser devidamente fundamentados (princípio

constitucional).

TUTELA ANTECIPADA

Execução provisória → a tutela antecipada pode ser requerida a qualquer tempo e em

qualquer grau de jurisdição, enquanto a parte tiver interesse na execução provisória.

No ordenamento jurídico pátrio, o recurso tem efeito suspensivo (os efeitos da decisão

estão suspensos até o julgamento do recurso) → apenas a tutela autoriza a execução

provisória.

No projeto do novo CPC o recurso não terá efeito suspensivo mais, sendo que toda

sentença poderá ser executada provisoriamente.

Ressalte-se que o recurso especial não tem efeito suspensivo.

A competência para a execução provisória é a do órgão competente originário.

Arts. 461 e 461-A → regras específicas

I – Obrigações de fazer e não fazer (art. 461)

a) tutela específica → relações contratuais preexistentes → cumprimento específico da

obrigação

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b) tutela inibitória → origem na descrição de um ato ilícito → obrigação de fazer ou não

fazer para inibição da prática do ilícito

II – Obrigações de entrega de coisa certa ou incerta (art. 461-A)

Astreinte ou multa cominatória processual → multa de natureza processual → técnica

do processo de execução indireta → sanção processual fixada para desestimular o

descumprimento da decisão → natureza processual, não se confundido com a multa

penal → quem fixa é o juiz. Fixada a requerimento da parte ou de ofício.

Tal instituto é aplicado somente quando não há mecanismos de execução direta, como a

busca e apreensão (com uso de força policial) e o BACENJUD.

Não há teto máximo para a astreinte, mas ela não deve ser indeterminada nem

indefinida.

Duas correntes para aplicação da astreinte.

Majoritária → não se aplica às obrigações de dar quantia certa (dinheiro), pois a lei

apenas prevê sua aplicação para as obrigações de dar coisa e para as obrigações de fazer

/ não fazer.

Minoritária → aplica-se as obrigações de dar quantia certa.

A multa não pode refletir o interesse principal do credor. Quando cessa a utilidade da

obrigação, a multa também cessa.

STJ → para que a multa comece a incidir, deve haver interpelação judicial da parte

descumpridora. Esta terá prazo razoável fixado pelo juiz para a cessação do

descumprimento. Não findo este, a multa começa a fluir. Assim, evita-se o

locupletamento ilícito.

A incidência da multa pressupõe inadimplemento e prazo para cessação deste, que

começa a correr a partir da interpelação.

A astreinte prescreve no mesmo prazo da obrigação de direito material que ela almeja

assegurar.

TUTELA DE EVIDÊNCIA

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Art. 273, II → abuso do direito de defesa

Manifesto propósito protelatório

Art. 273, §6º → pedido incontroverso

DISBRAVA

Pedido imediato → condenação

Pedido mediato → quantia certa em dinheiro

Tutela de urgência antecipada → satisfativa → receber o dinheiro → execução

provisória → indicou bem em caução

Perigo da demora → dívidas para pagar

Não tem perigo de dano, pois os credores da DISBRAVA podem fazer penhora no rosto

dos autos.

Paradoxal → tem dívidas e oferece bem em caução, sendo que este bem é de terceiro.

Prova inequívoca? → recibo de próprio punho → aviado por terceiro, opondo-se a

outrem.

TUTELA ANTECIPADA

- Art. 273, I, CPC

- Art. 461: 1) obrigações de fazer e não fazer (específica e inibitória/ato ilícito); 2)

obrigações de entrega de coisa

- Astreite: multa de naureza penal

TUTELA DE EVIDÊNCIA

- Art. 273, II: abuso do direito de defesa; manifesto propósito protelatório

- Art. 273, p. 6: pedido incontroverso

O sincretismo autoriza que o pedido de cautelar, se feito de modo ? . Dispensa-se a

propositura de uma nova ação. Dispensa-se a constituição de uma nova relação jurídica

processual. ? Autores que adotam o sincretismo dizem quem nao justifica manter o

processo cautelar autonomamente (no novo CPC, não há mais processo cautelar),

porque, na verdade, o que há não é outra relação jurídica, mas apenas outro

procedimento. Não se permite hoje uma cumulação voluntária de pedidos de natureza

diferente (um pedido de cognição e outro cautelar) - nesse caso não se fala em

fungibilidade. A fungibilidade é para um erro de qualificação não consciente da parte (o

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legislador partiu da premissa de que a parte não rotulou o procedimento corretamente

porque, verdadeiramente, não sabia).

Toda decisão de tutela antecipada deve ser fundamentada, nos termos do art. 173, p.1,

do CPC. Aliás, nos termos do art. 93, IX, da CF. Decisões sem fundamentação

(indefiro/defiro o pedido pela ausência/presença dos requisitos legais) são nulas,

segundo o STJ. O mesmo vale para a decisão acerca da fungibilidade.

As tutelas de urgência podem ser requeridas em qualquer tempo e em qualquer grau de

jurisdição enquanto a parte ainda tiver interesse na execução provisória. Isso porque o

recurso de apelação tem efeito suspensivo, não se podendo dar cumprimento a decisão

de primeiro grau. Art. 520. No novo CPC, nenhum recurso, em regra, terá efeito

suspensivo. O recurso especial (para o STJ) não tem efeito suspensivo, por isso não

cabe a tutela antecipada.

A competência para a execução provisória é a competência originária da ação. O rito é o

mesmo da execução de sentença: 1) caução; 2) corre por conta e risco do ?

A disciplina das obrigações no CPC: as obrigações da fazer e não fazer se assenta em

obrigação contratual. Tem o nome de tutela específica da obrigação - serve para quando

a parte adimplente do contrato quer que a parte inadimplente cumpra sua prestação.

A tutela inibitória se funda em ato ilícito - medida de cunho satisfativo que se baseia na

descrição de um ato ilícito

No art. 461 não está inserido o pagamento de dinheiro.

Astreinte: é uma técnica do processual (possui natureza eminentemente processual, e

não material, não se confundindo, portanto, com a cláusula penal). Não se pode colocar

"astreinte" em um contrato. A astreinte será fixada a pedido da parte ou de ofício (pode

ser feito de ofício é instituto de índole processual). Multa cominatória processual. A

astreinte é uma forma de execução indireta.

Nas obrigações de entrega de coisa existem medidas efetivas para conseguir o bem da

vida. Só se deve usar a execução indireta se não for possível a execução direta. Mas

hoje é possível a fixação de astreinte para a entrega de coisa.

Para uma corrente minoritária, valendo-se de uma interpretação ampliativa, pode se

fixar astreinte para a obrigação de entregar dinheiro. A segunda corrente, majoritária,

diz que como a astreinte é uma sanção, ela só poderá ser usada nos casos expressamente

previstos em lei. Já existem mecanismos, como juros, correções, multa processual de

10% (art. 475-J do CPC) → deve-se evitar bis in idem.

As astreinte não tem teto. Já na cláusula penal, pode-se ir até o valor da prestação.

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A multa, no entanto, não pode ser indeterminada ou indefinida, porque isso não

atenderia à finalidade da astreinte que é estimular o pagamento. Constatado que a multa

não produziu seu efeito, ela deve cessar ?. Ademais, a multa nunca pode representar o

interesse principal do autor - ela é secundária.

Para que a multa comece a incidir, segundo o STJ, a parte deve ir ao judiciário e se deve

abrir prazo para a regularização - a multa processual pressupõe lealdade. O termo inicial

é sempre a partir da sentença judicial que intima a parte para a regularização.

Muitos juízes fixam multa com limite máximo para evitar que ela se torne mais

interessante do que a própria prestação. Se a astreinte for muito alta, a parte pode se

sentir desestimulada a buscar o atendimento de seu pedido.

Na petição inicial, para se fazer o pedido de tutela antecipada, deve-se abrir um tópico

separado (ex: Do direito à tutela antecipada).

Recibo é prova contundente entre as partes. Recibo não é prova inequívoca para a

concessão de tutela antecipada.

18-10-2012

Tutela antecipada → técnica de sumarização da prestação jurisdicional

TUTELA DE EVIDÊNCIA (LUIZ FUX)

Técnica de sumarização procedimental de cognição (abreviação do percurso abstrato

previsto para a solução dos conflitos).

Hoje, temos três hipóteses nas quais é possível a tutela de evidência, a saber, abuso de

direito de defesa, manifesto propósito protelatório e pedido incontroverso.

É tutela satisfativa.

A tutela de evidência se distingue da tutela de antecipada, pois não há necessidade de

demonstração do perigo de dano. Entretanto, são necessárias a prova inequívoca e a

verossimilhança das alegações.

Em regra, a tutela de evidência pressupõe o fim da fase postulatória (após a contestação

do réu).

Abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu (art. 273, II)

Hipótese autônoma de tutela de evidência.

Os instrumentos de defesa do réu são abusivos e meramente protelatórios.

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Nesse caso, a execução será provisória, pois ainda haverá litígio.

A decisão que fundamenta a tutela de evidência no abuso de direito de defesa ou no

manifesto propósito protelatório deve ser bem fundamentada, justificando o porquê da

defesa do réu ter natureza abusiva ou protelatória.

Essa espécie de tutela de evidência deve ser requerida pela parte.

Teses inverossímeis e não plausíveis refletem o abuso de direito de defesa; já incidentes

sem fundamento refletem o propósito protelatório do réu.

Pedido incontroverso

Art. 273, §6º (o artigo utiliza o termo tutela antecipada, mas a nomenclatura correta para

essa técnica é tutela de evidência) → pedido incontroverso → julgamento definitivo

(execução definitiva) → julgamento antecipado parcial com força de coisa julgada.

A tutela de evidência deve ser requerida, dependendo de ato voluntário da parte.

Exemplo: autor ajuíza ação cobrando $10.000,00. Na contestação, o réu afirma dever

apenas $5.000,00. A partir daí $5.000,00 tornam-se incontroversos, sendo possível a

postulação da tutela de evidência.

Como é execução definitiva, no caso de dinheiro, será possível o levantamento do valor

sem caução.

A decisão que defere a tutela de evidência tem natureza satisfativa e é uma decisão

interlocutória meritória (ressalte-se que a sentença esgota a prestação jurisdicional na

instância, isto é, não há atos para serem produzidos mais naquela instância). Sendo

assim, deve ser atacada através de agravo.

Aqui, a natureza da decisão (interlocutória) que julga a tutela de evidência é atrelada ao

momento em que é exarada, não importando o seu conteúdo meritório.

Se o pedido incontroverso relacionar-se com a totalidade da postulação do autor, advirá

sentença de mérito com julgamento total antecipado do litígio.

Caso haja relação de prejudicialidade entre os pedidos, não há falar-se em tutela

antecipada (incompatibilidade lógica – defere-se a tutela antecipada de um pedido,

submetendo a parte ao cumprimento de uma obrigação, e no momento do julgamento

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definitivo se decide pelo outro pedido, prejudicial e controverso com o deferido

antecipadamente).

O mesmo não se dá na tutela de evidência, sendo que, diante do pedido incontroverso, o

julgamento antecipado da lide poderá reconhecer um pedido que prejudica os outros.

Sendo assim, será um julgamento que trata da totalidade da lide (sentença).

Art. 285-A

“Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido

proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser

dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo‑se o teor da anteriormente

prolatada.”

Petição inicial → distribuída e conclusa para o juiz → sentença de improcedência, sem

necessidade de se citar o réu.

Esse artigo reflete a força dos antecedentes (padronização dos julgados).

Ressalte-se que é a força do precedente do próprio juiz que orienta o julgamento das

lides. Deve ser tema consolidado perante o juízo que recebeu a petição inicial. O

magistrado invoca o próprio precedente e não dos tribunais.

É tutela de evidência, pois abrevia o procedimento.

Antes do 285-A, fazia-se um teatro, retratando a ampla defesa e o contraditório.

Entretanto, o juiz já tinha sua convicção formada, pois já havia julgado casos idênticos.

Com o advento desse artigo se primou pela economia processual.

O projeto do novo CPC amplia essa possibilidade → também seria possível a

procedência, invocando precedentes de tribunais superiores. Entretanto, deve-se citar o

réu, integrando-o na relação jurídica, pois com a procedência o sujeito passivo terá

pedido contrário ao seu interesse.

23-10-2012

PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO

A petição inicial é ajuizada, distribuída, autuada e conclusa para o juiz.

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Petição inicial (282) → conclusão para o juiz

a) emenda inicial (284)

b) indeferimento (267, I)

Defeito insanável. Improcedência prima facie. Sentença terminativa ou sentença de

mérito, conforme seja a causa do indeferimento (295 e 285-A).

c) tutela de urgência

1. Diferir, postergar a apreciação da tutela de urgência → cite-se o réu. Após a

contestação, voltem os autos conclusos para análise da tutela de urgência.

Diferir a apreciação da tutela de urgência não é despacho, mas sim decisão

interlocutória (cabe agravo de instrumento).

2. Decidir

I – deferir a tutela de urgência

II – indeferir a tutela de urgência

d) citação (cite-se o réu)

Citação válida → 15 dias para resposta

Obs.: citação inválida é vício transrescisório → não passa em julgado → cabe querela

nullitatis.

Citação (art. 213)

Citação válida → art. 264

Um dos requisitos da petição inicial é o requerimento da citação do réu. Entretanto, não

é obrigatório indicar a espécie de citação. Isso é apenas recomendável, a fim de evitar

infortúnios no ato de citação.

Espécies de citação (art. 221):

a) postal (correio)

Não sendo a exceção do art. 222, a citação postal será a regra.

Para que a citação se de outra forma, ou a parte deve requerer outro tipo de citação, ou a

ação deve estar contida numa das exceções do art. 222.

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Na citação postal os mesmos requisitos do mandado devem ser observados.

A citação postal considera-se aperfeiçoada na data da juntada aos autos do AR

devidamente cumprido.

O AR é devidamente cumprido quando assinado de próprio punho pelo réu (STJ).

Quando o réu é pessoa jurídica de direito privado, o STJ flexibiliza esta regra (teoria da

aparência) → não é preciso ser recebido por pessoa que possua poderes para representar

a pessoa jurídica → basta que haja estrutura para centralização de recebimento das

correspondências no endereço da pessoa jurídica (teoria da aparência).

b) oficial (mandado)

Feita por mandado que dever contar os requisitos do art. 295.

A citação oficial é considerada consumada quando juntado o mandado citatório aos

autos da comarca na qual o processo corre.

Se a certidão é negativa, abre-se vista à parte para requerer a melhor espécie de citação.

Citação por hora certa → plausibilidade de o réu estar se ocultando para não receber a

citação.

Se o réu não recebe a citação por hora certa sem justificava, haverá a citação ficta /

presumida. Começa a correr o prazo após a juntada dessa citação ficta. A Secretaria

envia correspondência ao réu avisando sobre a consumação da citação ficta (apenas uma

formalidade, não fixa o início do prazo).

Réu domiciliado na comarca → procedimento normal

Réu não domiciliado na comarca → precatória (entre juízes de primeira instância),

rogatória (jurisdições estrangeiras), ordem (entre órgãos judiciários hierárquicos).

Deprecante → onde tramita o feito

Deprecado → juízo colaborador para qual a precatória é distribuída.

Art. 241, IV → citação consumada no momento em que a carta precatória é juntada aos

autos do juízo deprecante.

Pluralidade de réus → termo inicial único para todos os réus (dia do aperfeiçoamento do

último ato citatório).

c) edital

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Nas hipóteses do art. 231, pode-se requerer a citação por edital já na inicial → réu

incerto, réu em lugar incerto e não sabido.

Citação ficta / presumida → presume-se que o réu tomou conhecimento da citação.

Após tentativas de citações não fictas (postal e oficial), advindo informação de que o

réu está em lugar incerto e não sabido, é cabível a citação por edital.

Medida excepcional, extraordinária.

Para que a citação por edital seja válida, além de se observar as hipóteses do art. 231,

deve haver atendimento aos requisitos do art. 232.

Publicação de editais (pelo menos três – uma em jornal oficial e, se houver, duas em

jornais locais) → entre a primeira e a terceira publicação deve haver prazo mínimo de

15 dias. Se a última publicação ocorre com desrespeito a este prazo, a citação por edital

é nula. Se a parte é beneficiária da gratuidade da justiça, a publicação se dá apenas em

jornais oficiais.

Prazo de dilação (20 a 60 dias) → tecnicamente não é prazo processual (pode começar

em dia não útil e vencer em dia não útil) → prazo razoável para presumir que o réu teve

ciência das publicações, para que a citação se aperfeiçoe → fixado pelo juiz. O prazo de

dilação conta a partir do primeiro dia após a primeira publicação. A publicação pode se

dar em qualquer dia.

Quando se considera aperfeiçoada a citação por edital? Último dia da dilação.

Quando começa a correr o prazo processual? Finda a dilação fixada pelo juiz → duas

correntes: a) minoritária: o termo inicial do prazo processual é o dia útil subsequente ao

(último dia da dilação é como se fosse o dia da juntada do mandado). A fluência do

prazo se inicia no dia útil subsequente ao termo inicial (se o dia que finda a dilação for

dia não útil, considero o próximo dia útil como o termo inicial do prazo processual e o

dia útil subsequente como aquele no qual a fluência do prazo se inicia); b) conservadora

(majoritária): o último dia da dilação fixa o termo inicial do prazo processual, sendo que

a fluência deste se dá no dia útil subsequente à data do termo inicial (ressalte-se que,

quando o último dia da dilação recai em dia não útil, o termo inicial do prazo processual

é prorrogado para o dia útil subsequente à data do fim da dilação, sendo que o prazo

somente começa a fluir no dia útil subsequente ao termo inicial).

d) meio eletrônico

Menos utilizada. Feita por e-mail.

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Atualmente, o processo comum ordinário não se vale do meio eletrônico. Apenas no

âmbito dos juizados especiais tal técnica é utilizada.

Até no processo eletrônico, a citação eletrônica é exceção (exige cadastro e convênio).

O ato de citação é o ato inicial do processo que convoca o sujeito réu para praticar um

único tipo de ato, a defesa (resposta).

Quando se defere a tutela de urgência initio litis et inaudita altera parte, deve-se

praticar dois atos de comunicação ao réu, a saber, citação (para apresentar resposta) e

intimação (para cumprir a decisão do juiz).

As espécies de citação são aplicas à intimação. As regras da citação também se aplicam

à intimação. Entretanto, há mais meios para intimar do que para citar.

O comparecimento espontâneo sana a citação inválida → se o comparecimento é após o

transcurso do prazo de defesa, reconhece-se a invalidade do ato e abre-se novo prazo. Se

o comparecimento é dentro do prazo, a invalidade do ato não terá repercussão para fins

de renovação do prazo (instrumentalidade).

30-10-2012

COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

Faz-se tanto para as partes, como para os auxiliares do juiz (peritos).

Duas formas de comunicação, a saber, citação e intimação.

Citação → ato de chamamento ao processo → formação da relação processual válida

→ estabilização da relação jurídica processual (art. 264).

Após a citação, apenas pode haver alteração da causa de pedir se houver anuência do

réu. Depois do despacho saneador não é possível alterar a causa de pedir mais, mesmo

com a anuência do réu.

Intimação

Conceito / definição → art. 234

Intimação é o modo pelo qual se dá ciência aos sujeitos do processo sobre a existência

de determinado ato processual, convidando-os a fazer ou deixar de fazer algo.

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Regra:

a) procurador da parte (advogado) → aquele que tem capacidade postulatória (não vale

intimação feita a estagiário).

b) imprensa → a intimação do procurador da parte se dá por meio da imprensa (DJE). A

data da publicação é a data da intimação. Da intimação deve constar obrigatoriamente,

sob pena de nulidade: número dos autos do processo; identificação das partes; nome do

procurador.

O vício da inobservância destes requisitos, que pode gerar nulidade, é sanado pelo

comparecimento útil ao processo (instrumentalidade).

É necessária a indicação, por meio de petição formal, do nome dos procuradores que

devem constar na intimação. Se mesmo assim a intimação não contiver tais nomes e o

chamamento não for cumprido, a nulidade da intimação pode ser arguida.

Exceções:

a) intimação pessoal da parte, ainda que a parte tenha advogado constituído nos autos.

Art. 343 → depoimento pessoal da parte → intimação que se faz por mandato ou por

correio.

Art. 267, §1º → hipóteses de abandono do processo (presunção de sabotagem do

advogado da parte);

Se não houver a intimação pessoal da parte, a sentença será nula.

A extinção nesses casos só advirá se o réu não tiver interesse na perpetuação da relação

processual (interesse bilateral) → às vezes, o réu complementa as custas, ato que cabia

ao autor, pois aquele tem interesse na sentença de mérito.

Obs.: intimação com prazo em hora → mandato ou correio

Contagem do prazo em hora → não exclui o dia do início; não precisa de juntada do

mandato aos autos.

Mandato → dia e hora em que a parte recebeu o mandato → vence na mesma hora e no

mesmo minuto após o transcurso das horas do prazo → se recebida depois do horário de

expediente forense, sendo que o vencimento se dará em hora sem expediente forense →

duas correntes: a) primeira hora da abertura do protocolo no dia útil subsequente; b)

tem-se expediente completo do dia útil seguinte ao vencimento.

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Correntes bem divididas → adotar a visão mais conservadora (a), que estabelece um

prazo menor.

b) intimação do advogado com dispensa de publicação na imprensa;

b.1) em audiência → por termo nos autos;

b.2) diretamente na secretaria → realizada pelo escrivão pessoalmente ao advogado →

feita por certidão, certificação do escrivão no processo (certifico que intimei

pessoalmente em secretaria advogado fulano de tal, OAB tal) → geralmente, o

advogado assina. Entretanto, se este recusar a assinar, tal fato deve constar na certidão,

sendo que a intimação será válida, pois o escrivão tem fé pública;

b.3) carta

b.4) mandato

Ademais, a ciência inequívoca do ato processual dispensa a intimação.

Exemplos: carga feita pelo advogado → a data da decisão (ato processual) deve ser

anterior à data da carga; manifestação do advogado nos autos antes da publicação do ato

processual.

Analisar a resposta do réu nos autos da Disbrava e a suspeição enviada pelo monitor.

01-11-2012

RESPOSTA DO RÉU

Petição inicial → citação (estabilização da relação jurídica processual – art. 264) → 15

dias:

a) revel → inércia do réu → não sendo as hipóteses do art. 320, a revelia gera a

presunção da veracidade dos fatos alegados (arts. 319 e 322). No caso de revelia, pode-

se ter a abreviação do método processual (julgamento antecipado da lide – sentença).

Entretanto, quando o juiz ainda não se convence, ainda que presente a presunção de

veracidade dos fatos, pode-se iniciar a produção probatória, que sempre é destinada ao

convencimento do magistrado.

A revelia cessa com a intervenção espontânea do réu em qualquer tempo, sendo que este

recebe o processo no momento em que se encontra;

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b) impugnação à assistência judiciária → no momento do deferimento da AJ, nasce o

direito da outra parte impugnar esta (Lei 1.060) → a impugnação à AJ é um incidente,

gerando autuação em separado. Esse incidente enseja produção ampla de provas, as

quais objetivam demonstrar a razão da insurgência contra o deferimento da AJ.

Tal incidente pode ser arguido a qualquer tempo.

Os efeitos da impugnação à AJ julgada procedente não retroage, gerando efeitos apenas

a partir da cassação. Se o réu tem julgada procedente a impugnação à AJ proposta no

momento inicial do método, o autor será intimado para recolher as custas inicias →

nesse caso, não há postergação, pois o réu insurge-se contra o deferimento da AJ no

momento em que o autor a postula na inicial;

De regra, o ato processual que soluciona os incidentes tem natureza de decisão

interlocutória. No caso do incidente da impugnação à AJ, porém, o ato processual que o

soluciona tem natureza de sentença.

c) impugnação ao valor da causa → majorar ou reduzir o valor da causa → incidente,

autuado em separado → questionamento do valor atribuído a causa na petição inicial;

d) respostas técnicas do réu, a saber, exceção, reconvenção e contestação → prazo de

15 dias;

d.1) exceção → de regra, interpõe-se a exceção antes de transcorrido a integralidade do

prazo para resposta, pois o seu ajuizamento suspende o processo principal, suspendendo

também, por conseguinte, o prazo para resposta. A suspensão perdura até o julgamento

definitivo da exceção. Geralmente, tal fato é uma estratégia de defesa, sendo que se

adquire um prazo maior para oferecimento da resposta.

O art. 306 traz os pressupostos da suspensão do processo pela exceção:

I – recebimento da exceção → despacho determinando o processamento da exceção.

Exemplo: se interponho exceção fundada em incompetência absoluta (que deve ser

arguida por preliminar na contestação), o magistrado não a recebe, não advindo efeito

suspensivo do processo (do prazo) → o juiz não deixa de conhecer a alegação

(instrumentalidade), mas a analisa no processo principal, cumprindo o que a técnica

processual prevê.

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Na prática, procura-se despachar a exceção com o juiz, para se ter conhecimento se o

prazo será suspenso ou não.

O despacho de recebimento da exceção faz com que a suspensão retroaja ao momento

de seu ajuizamento (uma vez recebida a exceção, a suspensão retroage a data de seu

ajuizamento).

II – solução definitiva da exceção → a suspensão opera-se até a solução definitiva da

exceção. O que é solução definitiva?

Correntes:

1. Minoritária → suspensão até quando não houver possibilidade de recurso em relação

à exceção → esgotamento das vias recursais (interpretação literal de “solução

definitiva”);

2. Suspensão até que aja uma primeira decisão, até que o magistrado originariamente

competente para julgar a exceção a solucione → ressalte-se que, quando o magistrado

não acolhe a exceção de suspensão / impedimento, a primeira decisão será o acordão do

Tribunal que a julga. No caso de incompetência relativa, tal fato não se opera, pois tanto

o acolhimento como a rejeição tem natureza de decisão. Entretanto, o prazo pode

continuar suspenso por efeito suspensivo do agravo de instrumento. Crítica → nesse

caso, apresentar-se-á resposta ao juiz que ainda pode ser tido como incompetente.

3. Momento em que os autos são remetidos ao substituto legal. Crítica → dificuldade de

se ficar investigando quando os autos serão remetidos ao substituto legal.

4. Majoritária → momento em que há intimação da chegada dos autos ao substituto

legal.

5. Momento no qual o juiz se declara competente ou pratica o primeiro ato no processo.

d.2) reconvenção

d.3) contestação

d.4) declaratória incidental

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Exceção

Suspensão do processo principal.

Partes: excipiente → quem interpõe a exceção; excepto → na incompetência relativa é o

autor da ação (quem escolheu o juiz incompetente); na suspeição ou impedimento é o

próprio magistrado.

Obs.: quando o fundamento da suspeição / impedimento é superveniente, o prazo de 15

dias para interposição da exceção computa-se a partir da data do fato.

Suspeição / impedimento

Petição → autuação (apenso) → conclusão para o juiz:

a) acolhe (remessa para substituto legal) → julgado propriamente dito, pois irrecorrível.

b) ou não acolhe (remessa para o Tribunal) → rejeita → não tem natureza decisória →

não cabe recurso → o não acolhimento reflete o exercício de autodefesa do magistrado

(excepto). Sendo assim, o incidente é desapensado e remetido ao Tribunal → sorteio de

relator → julgamento colegiado (acordão) → este pode acolher ou rejeitar a alegação de

suspeição / impedimento (decisão).

Incompetência relativa

Petição → protocolo / distribuição → conclusos para o juiz → abertura de vista para o

excepto (prazo de 10 dias para manifestação do autor – art. 309) → decisão

interlocutória:

a) acolhimento

b) rejeição

Resolver: quando vence o prazo para resposta?

Protocolo da petição de exceção de incompetência relativa no quinto dia do prazo de

defesa. A exceção também é recebida neste dia. Há decisão de acolhimento / rejeição

publicada no dia 19 de julho. Autos remetidos ao substituto legal no dia 23 de julho.

Recurso interposto julgado procedente, reformando a decisão de acolhimento / rejeição,

com acordão publicado no dia 30 de agosto (considerar agravo com e sem efeito

suspensivo). Parte intimada da chegada dos autos ao juiz substituto legal no dia 1º de

agosto.

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Quando a exceção é protocolada e recebida no quinto dia do prazo para resposta, o

prazo suspender-se-á. Assim, transcorreram quatro ou cinco dias do prazo de resposta?

In casu, transcorreram cinco dias do prazo para contestação, faltando dez dias para se

findar.

Finda a suspensão, o prazo volta a correr quando? No dia do fim da suspensão ou no dia

seguinte?

Contagem igual à suspensão do prazo pelo recesso forense. O prazo volta a fluir no dia

útil subsequente ao dia final da suspensão.

DECISÃO DE ACOLHIMENTO

Correntes Fim da suspensão Termo final para

resposta

1 30/08

2

agravo sem

efeito

suspensivo

19/07

agravo com

efeito

suspensivo

30/08

3 23/07

4 1º/08

5

DECISÃO DE REJEIÇÃO

Correntes Fim da suspensão Termo final para

resposta

1 30/08

2

agravo sem

efeito

suspensivo

19/07

agravo com

efeito

suspensivo

30/08

3 19/07

4 19/07

5 19/07

08-11-2012

RESPOSTA DO RÉU

Tecnicamente, o ato processual de responder é exercício pelo réu de uma das hipóteses

do art. 307 (contestação, reconvenção, exceção).

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Essas hipóteses podem coexistir simultaneamente.

A reconvenção deve ser apresentada simultaneamente com a contestação → não se pode

apresentar contestação e depois reconvenção e vice-versa → a protocolização deve ser

realizada no mesmo dia.

Já a exceção pode ser apresentada antes mesmo da contestação / reconvenção,

lembrando que o prazo para resposta ficará suspenso, atendido os pressupostos do art.

306.

Contestação (art. 300)

A contestação é a resposta que impede o efeito da revelia (art. 319). Consiste na

resistência à pretensão do autor.

Modelo de contestação

Endereçamento da petição (juiz onde tramita o feito);

Não há necessidade de se qualificar as partes, pois tal já consta da inicial;

Relatório sucinto da pretensão trazida pelo autor;

Preliminares (art. 301) → podem ensejar a regularização do vício (dilação), retardando

o procedimento, ou sentença terminativa automática.

Trato primeiro dos pressupostos processuais, depois das condições da ação e, por fim,

adentro ao mérito.

Negativa geral

Impugnação específica

Princípio da eventualidade

Matérias a serem alegadas

Preliminares (natureza processual) → arts. 300 e 301

Questão eminente de direito.

Deve se ter cuidado ao alegar alguma preliminar → deve ser alegação verdadeiramente

de direito apenas.

Obs.: inexistência ou nulidade da citação

Como alegar tal fato, sendo que compareço espontaneamente ao processo (sanação do

vício)? a) alegação da inexistência / nulidade da citação por simples petição

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(apontamento do vício) → meio utilizado quando ainda há transcurso do prazo para

resposta → reconhecido o vício da citação, o prazo para resposta será devolvido ao réu

(retardamento do procedimento) → o termo inicial da contagem do prazo devolvido é a

publicação da decisão que reconhece o vício; b) alegação da inexistência / nulidade da

citação por preliminar na contestação → meio utilizado quando se findou o prazo para

resposta → procura-se convencer o juiz que a resposta é tempestiva / útil, mesmo que

apresentada após o transcurso do prazo. Alegando-se tal fato por preliminar na

contestação quando ainda em curso o prazo para resposta, a parte faz um alerta ao

magistrado, informando que houve vício no ato de citação, mas que, felizmente, não

adveio prejuízo (aviso para o magistrado ser mais cuidadoso nos próximos atos de

comunicação, isto é, nas intimações posteriores).

Reconhecido o vício da citação, a interrupção da prescrição, isto é, a data da citação é

considerada como o dia da publicação da decisão que reconheceu o vício.

Prejudicialidade

Antecedentes lógicos do mérito → prejudicam o exame da relação jurídica de direito

material.

Exemplos clássicos são a prescrição e a decadência.

Mérito (direito material)

Alegações que se prendem a relação jurídica de direito material → podem ser questões

de direito (não há necessidade de produção de provas → controvérsia em torno da

hermenêutica das normas aplicadas ao caso), ou questões de fato (questionamento,

impugnação à versão dos fatos trazida pela inicial → controvérsia em torno dos fatos),

ou ambas simultaneamente.

Os fatos são provados documentalmente.

Quando são trazidas questões de fato e questões de direito, o magistrado deve

solucionar primeiro aquelas, a fim de que, após, possa subsumir (incluir) a norma

adequada no caso concreto.

É fundamental que a divisão entre questões de fato e questões de direito fique bem clara

→ efeitos no momento recursal → no Direito pátrio, Tribunal Superior só tem

competência para dirimir questões de direito, pois tem o escopo de buscar harmonia

para o sistema jurídico.

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LITISCONSÓRCIO

Pluralidade de sujeitos em um mesmo polo da relação jurídica processual. Aqueles que

integram o mesmo polo da relação jurídica processual são chamados de litisconsortes.

Ativo → A vs. B – C → pluralidade no polo ativo

Passivo → A vs. B e C → pluralidade no polo passivo

Misto → A e B vs. C e D → pluralidade em ambos os polos

Classificação

Litisconsórcio unitário

Litisconsórcio simples

Litisconsórcio facultativo (art. 46)

Litisconsórcio necessário (art. 47)

É necessária a participação de plúrimos sujeitos, sob pena de nulidade → a sentença que

advém sem a participação dos sujeitos necessários será inutiliter data → não forma

coisa julgada material → a ausência de participação de um litisconsorte necessário é

vício transrescisório.

Há litisconsórcio ativo necessário? Polêmica do Direito Processual. É possível obrigar

alguém vir a juízo reclamar a tutela de um direito? Tal fato é algo lesivo à liberdade.

Quando o sujeito é arrolado como réu o que se tem é o ônus da defesa. Mas, para agir

em juízo, ninguém poderá ser obrigado a propor demandas. Ademais, não se pode

privar o direito de ação de um sujeito que quer demandar em juízo por causa de outro

que rechaça a tutela jurisdicional. Sendo assim, a posição que defende a existência de

litisconsórcio ativo necessário não é a mais adequada.

Em alguns casos, é necessária a autorização do sujeito que não quer demandar em juízo,

mas que mesmo assim suportará os efeitos da sentença → cônjuges → não é

litisconsórcio necessário.

Quando há sujeito que rechaça a tutela jurisdicional e que integra o mesmo polo da

relação jurídica de direito material que aquele que demanda em juízo, o sugerido é que

este arrole aquele como réu. Sendo assim, o sujeito que rechaçou inicialmente a tutela

jurisdicional vai integrar a relação jurídica de direito processual e terá o ônus da defesa,

decidindo se vai permanecer na relação como réu ou se vai integrar o polo ativo da

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relação como litisconsorte facultativo. Se integrar o polo ativo, o sujeito adere a inicial

do outro, não sendo possível a emenda, pois já houve citação.

13-11-2012

Estudo dirigido em dupla no dia 20-11-2012.

Colocar em prática os conceitos do Prof. Dinamarco.

Parecer sobre caso prático envolvendo direito societário.

LITISCONSÓRCIO

Instituto processual que guarda íntima relação com o direito material.

1. Conceito

Nome que se dá ao fenômeno no qual há pluralidade de sujeitos no polo ativo ou

passivo da relação jurídico-processual.

2. Espécies

Classificações de acordo com critérios comuns → planos de análise distintos,

autônomos.

Em qual dos polos da relação jurídica processual está presente a pluralidade de sujeitos?

a) ativo → pluralidade de sujeitos no polo ativo

b) passivo → pluralidade de sujeitos no polo passivo

c) misto → pluralidade de sujeitos em ambos os polos

Momento processual no qual o litisconsórcio é formado

a) inicial → desde a petição inicial há a pluralidade de sujeitos em um ou em ambos os

polos da relação jurídica processual.

b) superveniente → durante o curso do processo.

Exemplos: intervenção de terceiro (denunciação da lide → réu chama outro sujeito para

integrar a relação jurídica processual); operação de alienação do bem litigioso (mudança

do status quo do objeto litigioso);

Quanto à necessidade

a) facultativo → assistência → opção das partes

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b) necessário (lei ou relação jurídica de direito material) → a sentença prolatada no

processo somente pode gerar efeitos em relação àqueles que participaram da lide. Se o

sujeito não participa do processo, ele não poderá ter sua esfera de direitos afetada.

Considerando que as esferas de direitos de diversos indivíduos serão afetadas, estes

devem, necessariamente, integrar a relação jurídica processual mediante a citação. A

sentença somente produz efeitos se todos os sujeitos necessários participarem

validamente da relação jurídica processual. Caso contrário haverá nulidade da sentença

(vício transrescisório).

Ou a lei fixa a necessidade, ou se extrai a necessariedade da relação jurídica de direito

material.

Exemplo: necessariedade extraída da relação jurídica de direito material → bem X em

condomínio, tendo como proprietários A, B e C.

Art. 1.314 do CC → perspectiva do litisconsórcio ativo → relação jurídicas autônomas

→ litisconsórcio facultativo → em relação ao bem comum, os condôminos podem

praticar atos de forma autônoma, buscando a proteção do bem.

D argui ser proprietário do bem X, ajuizando ação reivindicatória da propriedade →

perspectiva do litisconsórcio passivo → litisconsórcio necessário → para discutir a

propriedade do bem, as esferas jurídica de direitos de A, B e C estariam sujeitas à

interferência.

Exemplo: fixação legal da necessariedade do litisconsórcio (litisconsórcio necessário)

→ necessidade de participação dos cônjuges na relação jurídica processual na qual há

determinada pretensão em relação ao bem comum do casal.

O litisconsórcio necessário, por ser requisito de validade da relação jurídica processual,

é passível de fiscalização de ofício do magistrado. Se não o fizesse, estaria contribuindo

para a nulidade de seu provimento jurisdicional (sentença). Duas correntes: a) o juiz

deverá intimar o autor para que este emende a inicial, indicando os litisconsortes

necessários ausentes; b) o juiz determina de ofício a citação dos litisconsortes

necessários ausentes (entendimento que atinge a liberdade do direito de ação, sendo que

o autor terá que demandar contra quem não arrolou – muito minoritário).

Quanto às unidade dos efeitos da decisão

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a) simples → efeitos distintos

b) unitário (uniforme) → decisão una para todos os litisconsortes → uma solução

jurídica para todos os casos

Necessário vs. unitário (art. 47)

Pela interpretação gramatical fria da lei, o litisconsórcio necessário será sempre unitário.

Mas a redação deste artigo não é técnica, sendo que tal interpretação conduz a

equívocos. Esse artigo atrela dois planos distintos que são autônomos entre si

(litisconsórcio quanto à necessidade e quantos os efeitos). O conceito de litisconsórcio

necessário do art. 47 é falho. Pela leitura deste dispositivo deve-se considerar o

seguinte: via de regra, o litisconsórcio necessário será unitário. Porém, ele poderá ser

simples.

Exemplo: marido que contrai dívida em relação a bem comum imóvel do casal → a

esposa deverá integrar a relação jurídica processual por atendimento de formalidade

(litisconsórcio necessário por exigência legal). Porém, a relação jurídica de direito

material é cindível (a esposa poderá alegar que não contraiu a dívida e por isso não

poderá ter sua esfera jurídica de direitos afetada) → a sentença não será uniforme, tendo

efeitos diversos quanto aos cônjuges → o pedido poderá ser julgado improcedente

quanto á esposa, mas procedente quanto ao marido (litisconsórcio simples).

Outro exemplo de litisconsórcio necessário simples é a ação de usucapião.

No caso do litisconsórcio unitário, a alegação de um dos réus a todos aproveita.

Assistência

O assistente não é parte da relação jurídica processual. Porém, há legítimo interesse seu

que recai sobre essa relação. Intervenção voluntária, pois depende da própria vontade do

indivíduo.

Assistente simples → visa tutelar as hipóteses nas quais terceiro tem interesses sobre a

relação jurídica processual, auxiliando que a demanda seja julgada em favor da parte

que o interessa.

O assistente atua, de certo modo, como parte, mas não é entendido como parte no

sentido de sofrer os efeitos da sentença.

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Aqui, a sorte do assistente segue o principal. Se o principal desiste da ação, não há

possibilidade de prosseguimento no feito.

Assistente litisconsorcial (art. 54) → no caso de litisconsórcio facultativo, não há

necessidade que o sujeito integre a relação jurídica processual, sendo que ele pode não

ser arrolado como parte. Entretanto, o sujeito não arrolado como parte tem mais que

interesse na relação jurídica processual, pois ele é parte na relação jurídica de direito

material.

O assistente litisconsorcial age verdadeiramente como parte, sendo que a sentença

poderá produzir efeitos contra ele.

Se a parte principal desiste da ação, o assistente litisconsorcial poderá prosseguir no

feito.

Procedimento

a) pedido de assistência (comprovação do interesse na relação jurídica processual) →

inércia das partes → deferimento ou indeferimento → em todo caso, caberá agravo de

instrumento.

b) pedido de assistência → impugnação → desentranhamento do pedido de assistência e

da impugnação (autos próprios) → instrução → decisão → caberá agravo de

instrumento.

Não há suspensão do feito, sendo que o assistente tem ciência que, caso tenha o pedido

julgado procedente, interferirá na relação jurídica processual no momento em que se

encontra.

27-11-2012

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Estabilização da relação jurídica processual (CPC, art. 264)

O produto final do método (sentença de mérito – coisa julgada material) vincula as

partes → CPC, art. 472.

Em regra, as partes são aquelas indicadas como tal na petição inicial. Entretanto, por

força da economia processual, são permitidas alterações subjetivas.

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Intervenção de terceiro (quem não é parte)

Após a citação alguém que não seja parte integra a relação jurídica processual,

praticando atos processuais e até suportando os efeitos da sentença.

A intervenção do terceiro pode se dar de duas maneiras:

I – Intervenção voluntária / espontânea

Na intervenção voluntária é o terceiro que toma a iniciativa de participar da relação

jurídica processual.

Em regra, a intervenção voluntária pode se dar em fases bem avançadas da relação

jurídica processual.

Duas hipóteses de intervenção voluntária:

a) assistência (CPC, arts. 50 a 55)

b) oposição (CPC, arts. 56 a 61)

II – Intervenção provocada

Nesta intervenção é a parte inicialmente arrolada como tal que provoca a intervenção de

um terceiro. Normalmente, o réu é o provocador.

O CPC prevê que a intervenção provocada deve se dar em momento oportuno. Tal

momento é o prazo para resposta.

Deve-se tratar da intervenção provocada na preliminar da contestação.

Três hipóteses de intervenção provocada:

a) chamamento ao processo (CPC, arts. 77 a 80)

b) denunciação da lide (CPC, arts. 70 a 76)

c) nomeação à autoria (CPC, arts. 62 a 69)

No chamamento e na denunciação, há introdução de nova lide, ampliando-se

subjetivamente a relação jurídica processual (introdução de novos sujeitos processuais).

Na nomeação à autoria, há correção do sujeito primitivo arrolado na petição inicial

(substituição de parte).

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Obs.: na intervenção provocada o fundamento da exceção à estabilização da relação

jurídica processual é unicamente a economia processual (instrumentalidade pura do

processo). Já na intervenção voluntária outros fundamentos se fazem presentes.

INTERVENÇÃO PROVOCADA

Chamamento ao processo

Hipóteses → art. 77 do CPC;

Sentença → título executivo para todos; ampliação dos efeitos da sentença.

Procedimento → requerimento (contestação) → decisão: a) acolhe → citação do

chamado → litisconsorte; b) rejeita

Denunciação da lide

Hipóteses → art. 70

Sentença →

Procedimento → requerimento (contestação) → citação denunciado → 15 dias (art. 75)

→ a) aceita e contesta o pedido (inciso I); b) revel; c) comparece e nega a qualidade.

Quando nomeio a postulação de forma equivocada (fundamento chamamento ao

processo, mas rotulo de denunciação da lide), haverá o seu indeferimento → preclusão

consumativa.

Obs.: o projeto do novo CPC não prevê a rotulagem como obstáculo à intervenção

provocada.

Se não postulo a intervenção provocada no prazo da resposta, haverá preclusão

temporal.

Em ambos os fenômenos haverá ampliação subjetiva da relação jurídica processual por

meio de litisconsórcio facultativo superveniente.

A diferença essencial entre chamamento e denunciação é a relação de direito material

do terceiro interveniente com a parte contrária a quem provocou a intervenção. Na

denunciação não há relação de direito material. Já no chamamento esta relação existe.

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Se o réu provoca a intervenção, a análise da relação do terceiro com o autor é medida

que se faz necessária para se definir se estamos diante de denunciação ou chamamento.

Como no chamamento há relação jurídica de direito material entre todos os sujeitos

haverá união subjetiva e objetiva.

Já na denunciação há introdução de nova lide (duas ações), sendo que a denunciação

(ação acessória) segue a sorte da ação principal.

O chamamento ao processo relaciona-se com os casos de solidariedade. É ampliação do

polo passivo da lide por meio de litisconsórcio facultativo.

Art. 77. É admissível o chamamento ao processo:

I – do devedor, na ação em que o fiador for réu.

Na garantia pessoal é o patrimônio daquele que se obrigou que responde pela dívida

assumida.

Na real destaca-se determinado bem para que este garanta a dívida assumida.

Perante o credor, fiador e devedor são solidários. A solidariedade entre devedor e fiador

é imprópria, pois entre ambos não há mecanismo de fracionamento de cotas.

Obs.: solidariedade imprópria → aquele que paga poderá exigir a integralidade da

dívida; solidariedade própria → aquele que paga poderá exigir a cota parte.

Na hipótese deste inciso o credor ajuíza ação em face do fiador.

O CPC permite que, por economia processual, o acertamento de todo o direito. Se

houver chamamento e se o fiador tiver que pagar a dívida, este não precisará ajuizar

nova ação de conhecimento em face do devedor. Já terá ao final do método título

executivo judicial em face do devedor. Poderá haver execução nos mesmos autos.

Ademais, o próprio credor se beneficia pelo chamamento, visto que terá título executivo

contra o fiador e devedor.

Ressalte-se que se não houver chamamento ao processo, o fiador não perderá a

legitimidade de ajuizar ação em face do devedor para a cobrança da dívida.

II – dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles;

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III – de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles,

parcial ou totalmente, a dívida comum.

Num título executivo judicial único haverá acertamento de todo direito. Por meio do

título, os devedores poderão cobrar a sua cota parte de cada um dos devedores solidários

chamados ao processo.

Questões

1. Supor que determinado credor propõe ação contra o devedor principal. Este

pode promover o chamamento ao processo do fiador?

Não cabe tecnicamente o chamamento ao processo, pois o devedor não tem ação

regressiva contra o fiador.

A (credor) propõe ação contra B (devedor principal).

Os incisos I e II do art. 77 não geram problema.

O inciso III gera problema → não é ação regressiva.

A garantia da fiança é feita para o credor. O vínculo de solidariedade é em favor do

credor, que poderá optar por um ou outro entre os coobrigados.

No caso, o credor faz a opção de não se valer da garantia, ajuizando ação apenas em

fase do devedor principal.

A ação regressiva serve apenas para exigir o valor integral da dívida (solidariedade

imprópria).

O objetivo do chamamento é acertar o direito de cobrança do chamante, seja da

integralidade da dívida (solidariedade imprópria), seja de parte da dívida (solidariedade

própria) → acertamento da relação interna entre os coobrigados.

Obs.: se houver plúrimos fiadores, haverá solidariedade própria entre eles (cada fiador

responderá na medida de sua cota parte).

Tentativa, na fase de cumprimento, de redirecionar a execução para o garantido.

2. Ação proposta contra apenas o devedor; sentença proferida contra o devedor;

pode o credor, na fase de cumprimento, havendo insuficiência patrimonial do

devedor, executar o fiador?

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Considerando que o fiador não foi chamado ao processo no qual o devedor foi

condenado: não, pois o título executivo judicial, in casu, tem efeitos apenas contra o

devedor, o qual integrou a relação jurídica processual.

O fiador somente poderá ser executado por título judicial se tiver sido parte no processo

de conhecimento de onde emanou o título executivo que o reconheceu devedor.

Art. 568. São sujeitos passivos na execução:

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;

Duas posições:

a) se há acertamento da obrigação principal, em se configurando o inadimplemento ou a

impossibilidade do credor receber o pagamento do devedor principal, poderá haver

redirecionamento da execução → agressão à garantia constitucional do contraditório,

pois ninguém poderá ter agredido o seu patrimônio sem o exercício da defesa. Deveria

haver acertamento da relação da garantia.

Para haver agressão patrimonial por meio de atos de constrição deve haver título

executivo (extrajudicial ou judicial).

b) posição dominante → se contra o fiador não se formou o título, não poderá haver

redirecionamento, cabendo ajuizamento de nova ação de conhecimento contra ele; o

mesmo raciocínio para o título não formado em relação ao devedor principal.

3. Proposta a ação apenas contra o fiador, sem chamamento ao processo, havendo

insuficiência de bens do fiador, pode haver redirecionamento da execução contra o

devedor principal?

Não. Mesmo raciocínio da questão anterior.

Analisar o direito material; evicção; e a hipótese do art. 70 do CPC.

4. Seguro de responsabilidade civil (ex. seguro de veículo automotor); supor a

ocorrência de acidente de trânsito; o autor do evento lesivo, do ilícito, tem seguro;

a vítima pode propor ação direta contra a seguradora, ou a vítima deverá propor

ação contra o segurado? Este poderá postular denunciação da lide ou o

chamamento do processo? Analise a questão, cotejando as normas do CPC com o

art. 101, II, do CDC.

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Denunciação da lide → introdução de nova lide nos mesmos autos → dupla lide →

ausência de relação direta de direito material entre o denunciado e a parte contrária ao

denunciante → ampliação superveniente → espécie de reconvenção contra terceiro (não

parte); entretanto, a reconvenção é autônoma, sendo que a denunciação é acessória.

O CDC restringi o cabimento da denunciação da lide, pois nesta haverá introdução de

nova lide, tornando a ação principal, que necessita de abreviação, complexa → a

denunciação da lide importa complexidade, apesar de haver economia processual,

podendo promover maior retardamento do procedimento. As relações de consumo

reclamam simplificação, havendo vedação da denunciação.

Aqui a denunciação é ação acessória que depende do resultado da ação principal. Para o

terceiro denunciado nasce obrigação resultante da sucumbência do denunciante →

sentença única, instrução única.

Deve-se analisar se há ou não relação entre a seguradora e a parte contrária ao

denunciante.

Se falo que é denunciação, a vítima não tem pretensão contra a seguradora. A vítima

dependerá da postura do autor do evento lesivo.

Caberá chamamento, sob a ótica do CC de 2002 e segundo entendimento do STJ.

29-11-2012

Chamamento ao processo

Hipóteses → art. 77 do CPC

Procedimento

Requerimento (contestação) → decisão: a) acolhe → citação chamado → litisconsorte;

b) rejeita.

No chamamento, a relação jurídica de direito material é una. O chamado e o chamante

integram a mesma relação jurídica de direito material. O chamado sempre manterá um

vínculo com a parte contrária ao chamante. Pensado para situações em que há

solidariedade.

Procedimento simplificado

Tópico preliminar na própria peça de contestação.

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Ao final, formula-se requerimento expresso para que haja citação do terceiro,

chamando-o a integrar a relação jurídica de direito processual.

Para se decidir sobre o chamamento, o juiz pode ouvir a parte contrária (impugnação à

contestação) ou não. Na prática, há manifestação da parte contrária, pois os magistrados

não analisam a contestação.

O magistrado rejeita ou acolhe (decisão interlocutória, atacada por agravo de

instrumento).

Havendo o acolhimento, determinar-se-á a citação do terceiro, suspendendo o processo.

Citado, o terceiro terá o prazo de 15 dias (procedimento comum) para se manifestar.

O chamado torna-se parte da relação jurídica processual, caracterizando litisconsorte

facultativo (unitário ou simples, dependendo da relação jurídica de direito material) →

ampliação do polo passivo da relação jurídica processual.

Denunciação da lide

Hipóteses → art. 70

Obrigatoriedade ou faculdade?

Obs.: quando há equívoco na utilização da técnica de intervenção de terceiro, não se tem

aplicado a fungibilidade.

04-12-2012

DENUNCIAÇÃO DA LIDE

A denunciação da lide é a introdução de nova lide (secundária).

Se a ação principal extingue-se, a acessória (denunciação da lide) é extinta sem

julgamento de mérito (prejudicialidade) por ausência superveniente de interesse de agir

→ denunciação da lide promovida pelo réu.

A denunciação da lide pode ser promovida pelo autor também. Já o chamamento apenas

pode ser promovido pelo réu. Se o autor pode, em tese, denunciar a lide, por que ele não

pode cumular as ações? Pois há outros requisitos para a cumulação de ações (mesmo

réu) → na denunciação há réus distintos e relações jurídicas de direito material distintas.

Hipóteses → obrigatoriedade ou faculdade

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Numa interpretação literal do art. 70, a denunciação resta obrigatória →

obrigatoriamente se deve promover a denunciação, sob pena de perda do direito

(pretensão) respectivo contra o terceiro.

Doutrina majoritária → não é a lei processual que fixa a obrigatoriedade da

denunciação, mas sim a lei de direito material. Esta ditará a perda da pretensão subjetiva

quando o sujeito não se vale da técnica processual pertinente (denunciação da lide). A

lei processual é instrumento de efetivação da lei material. Quem dita a perda de direito

material é a própria lei material.

Art. 70 do CPC

Evicção

I – ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido

à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe resulta;

Alienante é o terceiro denunciado

Hipótese de alguém que promove demanda contra o comprador que pode ensejar a

perda do domínio sobre a coisa → o comprador pode se valer da garantia da evicção

denunciando a lide.

Art. 456 do CC → denunciação no prazo de 15 dias para contestação → se não faço isso

haverá caducidade da garantia resultante da evicção → ou é evicção ou nada → não

cabe locupletamento ilícito (entendimento quem tem sido trazido).

Evicção → garantia de quem aliena a quem compra de ressarcimento da coisa por força

de decisão judicial.

Posse direta / indireta

II – ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito,

em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em

nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;

O proprietário ou o possuidor indireto → terceiros denunciados.

Exerço o uso, o gozo e a fruição da propriedade por meio da posse → presunção de

proprietário → aquele que exterioriza atos de propriedade é o possuidor que às vezes

não se confunde com a imagem do proprietário.

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Legitimação dada pelo direito material para que o possuidor defenda a sua posse → visa

proteger a propriedade.

Hipótese → locador proprietário → cede a alguém (locatário) o uso da coisa mediante a

prestação do aluguel → o locatário é aquele que exterioriza atos típicos do proprietário

(exerce concretamente o uso e o gozo da coisa) → possuidor que exerce a posse física

sobre a coisa → há exclusividade do direito material pátrio quando se estende o rol de

legitimados para reclamar a coisa → ampliação do conceito de posse (desdobramento da

posse → misto da teoria de Savigny e Ihering).

Quando há posse direta e indireta, haverá relação antecedente dos quais estas se

originam.

Demando o réu em nome próprio, mas almejo a titularidade da própria coisa que

pertence a outro.

Se demando a coisa do locatário, este poderá valer o seu direito contra o locador,

denunciando a lide → a denunciação não é obrigatória, pois não identifico nas normas

locatárias a obrigatoriedade (facultativo).

Obs.: Savigny → quem exerce o animus de dono é o legitimado para reclamar a coisa

(locador);

Ihering → apenas quem exerce a posse é o legitimado para reclamar a coisa (locatário).

Direito de regresso (lei ou contrato)

III – àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação

regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

Casuística: seguro facultativo de responsabilidade civil (art. 787 do CC e art. 101, I, do

CDC) → chamamento ou denunciação? → no CC de 1916 falava-se em seguro

reembolso (tiro do meu bolso para ressarcir outrem) → relação antecedente apenas entre

a seguradora e o segurado → era cabível apenas a denunciação → reembolso apenas se

o segurado tiver despesa (se não houve embolso não vai haver reembolso). Com o

advento do CC de 2002, o segurado contrata seguro para que não tenha prejuízo algum

→ estipulação em favor de terceiro (vítima) → a seguradora garante o pagamento da

indenização da vítima (seguro garantia) → acertada a responsabilidade do segurado,

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quem paga é a seguradora → responsabilidade solidária entre segurado e seguradora →

seria o chamamento. Tal responsabilidade é imprópria, pois a seguradora não tem

direito regresso contra o segurado → o responsável principal é a seguradora até o limite

da apólice → responsabilidade imprópria, pois o credor não pode escolher de quem

cobrar → a demanda pode ser proposta contra a seguradora desde que o segurado

integre o polo passivo (litisconsórcio necessário) → sendo assim, não cabe denunciação,

mas chamamento ao processo (este pode originar sentença que reconhece um rol mais

ampliado de responsáveis) → litisconsórcio simples → o segurado pode ter que pagar,

sendo que a seguradora pode invocar excludentes contratuais de responsabilidade em

face do segurado.

STJ → conscientização para que se proponha a demanda contra a seguradora e o

segurado. Antigamente, ninguém nem cogitava dessa possibilidade (vítima ao sabor da

capacidade patrimonial do autor do evento lesivo).

No caso de inciso III é possível que as partes contemplem a obrigatoriedade da

denunciação da lide.

Obs.: art. 787 do CC → regula apenas o seguro obrigatório.

A denunciação provoca algum impacto na relação jurídica processual principal?

Como é cediço, o chamamento causa impacto na relação jurídica processual principal

(ampliação subjetiva por meio de litisconsórcio facultativo superveniente). Na

denunciação depende do comportamento do denunciado → quem indica o impacto (art.

75) é o comportamento do denunciado em relação a lide principal → denunciado pode:

a) ser revel (inércia) → impacto nenhum na relação jurídica de direito processual; b) se

limitar a discutir a lide secundária, negando a qualidade (art. 75) → impacto nenhum na

relação jurídica de direito processual; c) o denunciado aceita a denunciação contestando

somente ou também (além da negativa da qualidade) o pedido principal (a

improcedência do principal acarreta consequências para a denunciação) → posição de

litisconsorte por força da adesão voluntária (assistência).

Procedimento

Denunciação promovida pelo réu:

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Requerimento (contestação) → citação denunciado → 15 dias (art. 75) → a) aceita e

contesta o pedido (inciso I); b) revel; c) comparece e nega a qualidade.

06-12-2012

NOMEAÇÃO À AUTORIA (ARTS. 62 e 69)

O momento processual oportuno é no transcurso do prazo para defesa.

Diferentemente do chamamento e da denunciação (que podem ser requeridas apenas

como preliminar da contestação), a nomeação pode ser requerida na própria contestação

ou em petição apartada.

Hipóteses de cabimento

Fâmulo da posse do detentor

Art. 62 → aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo‑lhe demandada em nome

próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.

Art. 63 → aplica‑se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização,

intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o

responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de

instruções de terceiro.

Exemplo: patrão que ordena ao empregado destruir determinado bem → ação ajuizada

em face do empregado

Obs.: se há excesso de quem recebeu a ordem, haverá responsabilidade solidária entre o

ordenante e o ordenado.

Finalidade

Transferir posição de réu → corrigir legitimação

O réu primitivo, arrolado como tal na inicial, pretende ser excluído da relação jurídica

processual por meio da substituição pelo terceiro nomeado.

Correção da legitimação inicial → a pretensão foi inicialmente dirigida a alguém que é

parte ilegítima → visa à nomeação do verdadeiro autor do fato, verdadeiro legitimado,

aquele que deve suportar os efeitos da sentença (nomeado) → substituição na relação

jurídica processual → a relação processual prossegue com um novo sujeito passivo.

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Não corrigi toda e qualquer hipótese de ilegitimidade → admissão restrita às hipóteses

indicas nos arts. 62 e 63 → pretensão dirigida ao mero detentor (aquele que exterioriza

os atos de propriedade) → o nomeante deve provar a posição de mero detentor.

Nomeação é um dever (art. 69) → responsabilidade civil

Diferentemente do chamamento (que é facultativo) e da denunciação (que é obrigatória

nos casos em que o direito material exige e facultativa em outros), a nomeação é sempre

obrigatória, sob pena de responsabilização civil → cooperação e lealdade processual do

réu, pois este deve indicar o verdadeiro legitimado da relação jurídica processual.

Responsabilidade civil → se não se procede à nomeação, aquele a quem incumbia tal

técnica estará retardando o feito, provocando danos → dever de indenizar pela não

cooperação e não lealdade processual.

Procedimento

Requerimento (prazo de defesa – 15 dias no rito ordinário) → pode nomear à autoria na:

a) contestação; b) simples petição → vista autos → 5 dias (art. 65) → autor: a) recusa;

b) aceita → b.1) expressamente; b.2) tacitamente → citação nomeado → a) aceita; b)

revel; c) recusa

Feita a nomeação, advirá suspensão processual para se indicar quem é o verdadeiro

legitimado.

O chamamento e a denunciação devem ser promovidos em contestação → necessidade

de se contestar a lide. Já na nomeação não há necessidade de contestar a exordial

(simples petição), uma vez que haverá suspensão processual.

Frustrada a nomeação, advirá novo prazo para contestar (divergência): qual o novo

prazo?

a) prazo remanescente → se suspende, o novo prazo é o remanescente → entendimento

mais razoável.

b) entendimento do STJ → devolução do prazo integral para a defesa → orientação

dissonante com o espírito da duração razoável do processo → leitura extremamente

garantista e literal do art. 67 → estimula-se a nomeação de forma tumultuada, estimula a

má-fé → retardamento da relação processual para se ganhar mais prazo para a defesa →

nesse entendimento, ainda que se faça a nomeação na contestação, devolve-se o prazo

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para defesa, pois o réu acreditava-se ilegítimo e apresentou defesa menos cuidadosa →

devolução integral do prazo para elaboração de uma defesa mais cuidadosa → não há

falar-se em preclusão.

Se o autor recusa a nomeação, segue o rito devolvendo-se o prazo para defesa (correntes

supracitadas) → a lide prossegue em face do réu primitivo;

O autor pode aceitar a nomeação de forma expressa ou tácita (não se manifesta no prazo

legal). Nesse caso, cita-se o nomeado para que, no prazo de 15 dias, aceite, recuse ou

fique inerte (revel).

Se o nomeado recusar, o processo prossegue em face do nomeante (réu primitivo).

Se o nomeado contestar, tal ato reflete a sua aceitação.

Ademais, a inércia do nomeado é comparada à sua aceitação → presunção de aceitação.

Quando a recusa do nomeado é injustificada e se o autor aceitou a nomeação de

iniciativa do réu, haverá na verdade aceitamento deste à emenda à inicial → o autor

desiste em relação ao réu primitivo, alterando o sujeito passivo → o feito prossegue em

relação ao réu primitivo e ao nomeado (entendimento mais razoável, menos formalista,

mas não amplamente aceito) → litisconsorte superveniente.

Quanto ao autor, a recusa não precisa de justificativa.

Quanto ao terceiro, deveria haver justificativa e o controle desta. Se se admite o

contrário, o autor estaria lançado ao sabor do réu primitivo e do nomeado.

Para se operar o efeito substitutivo é necessária dupla aceitação expressa ou tácita (autor

e nomeado).

Ao ser oferecida a nomeação, o juiz defere ou indefere. Nesta ultima hipótese leva-se

em conta que não há no caso nenhuma hipótese prevista para nomeação → alguns

entendem que há rótulo equivocado da técnica, sendo que haverá nesta hipótese

aditamento da petição inicial com acordo entrepartes (Bedaque).

OPOSIÇÃO

Intervenção de terceiro → ação de terceiro para defender bem ou direito que é de sua

titularidade.

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Faculdade

Momento → art. 56 → até sentença → a) anterior sentença; b) anterior trânsito em

julgado.

ASSITÊNCIA E AMICUS CURIAE

O Código trata da assistência como litisconsórcio, mas esta poderá ser simples ou

litisconsorcial, dependendo do caso concreto.

Arts. 50 e seguintes

Terceiros com interesse jurídico na demanda.

Interesse jurídico

Interesse concreto jurídico.

Exemplo: A ajuíza ação em face de B (comodante). C (comodatário) tem interesse que

B continue na posse do bem → interesse indireto de C, pois o direito é de B →

assistência simples;

Exemplo: causas propostas contra o espólio (ente personalizado de caráter provisório)

→ herdeiro poderá intervir no processo e tutelar direito próprio → o interesse é direto,

pois o herdeiro é quem tem o direito, sendo que o titular provisório é o espolio →

assistência litisconsorcial (litisconsórcio facultativo)

b) possibilidade da sentença atingir o assistente

Procedimento

Art. 51 → não havendo impugnação dentro de cinco dias, o pedido do assistente será

deferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse

jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:

I – determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da

impugnação, a fim de serem autuadas em apenso;

II – autorizará a produção de provas;

III – decidirá, dentro de cinco dias, o incidente.

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O assistente simples ou o litisconsorcial receberá o processo no estado em que está (art.

50, parágrafo único)

Poderes e ônus do assistente (arts. 52 a 55)

Poderes e ônus na medida dos do assistido

Entretanto, tais poderes são limitados → no caso do simples, se houve desistência,

aceitamento ou transação por parte do assistido, o assistente não pode se opor a isso; o

assistente não poderá interpor recurso se o assistido não o faz, sendo que se este o fizer,

aquele só poderá recorrer na medida do recurso do assistido → o mesmo não se dá com

o assistente litisconsorcial.

Poderá o assistente discutir a sentença transitada em julgado? A princípio não. Exceções

no art. 55, incisos I e II.

A assistência simples é diferente das outras intervenções de terceiro por ser espontânea,

mas continua assim sendo intervenção de terceiro.

Amicus curiae (amigo da corte)

O interesse jurídico para a assistência deve ser concreto. Já no caso do amicus curiae

haverá interesse jurídico abstrato → auxílio ao órgão jurisdicional na decisão.

A natureza do amicus curiae gera muita discussão. Posições mais relevantes não

pacíficas

a) terceiro especial (entendimento que o STF esta mais voltado)

b) auxiliar da justiça

O mais razoável é dividir a natureza do amicus curiae → posição intermediária seria a

mais razoável, pois a intervenção do amicus curiae pode ser provocada pelo órgão

jurisdicional (auxiliar da justiça) ou espontânea (terceiro especial).

A divisão da natureza amicus curiae gera efeitos em relação ao momento de intervenção

e aos poderes deste: quando ele poderá intervir? STF entende que até o início do

julgamento. Quais os poderes? Sustentação oral no julgamento. STF entende que não

tem legitimidade recursal autônoma. Seriam cabíveis apenas embargos declaratórios.

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Previsão na Lei 9.868/99

Art. 7º, §2º → representatividade do postulante. Apesar de a regra ser esta é possível

que pessoas físicas sejam amicus curiae.

Exemplo: discussão de questões de direito para contribuição do bom provimento

jurisdicional → controle concentrado de constitucionalidade: ação declaratória de

inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade, arguição de

descumprimento de preceito fundamental.

Pesquisar no STF e STJ casos de amicus curiae (não é figura apenas do STF).

11-12-2012

OPOSIÇÃO (ARTS. 56 A 61)

Ação → terceiro pretende total ou parcialmente o bem ou direito litigioso

Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que

controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra

ambos.

A oposição é modalidade de intervenção espontânea de terceiro.

Apresenta particularidade em face das demais intervenções de terceiro já estudadas. A

intervenção na oposição não se dá nos mesmos autos, mas por via de ação autônoma.

Esta ação autônoma guarda relação com a lide inicialmente posta.

Visualmente, haverá os autos primitivos e os autos da oposição. Tem-se na oposição

conexão por prejudicialidade.

Por meio da oposição, o CPC permite que o terceiro possa, numa mesma relação

jurídica processual, ter o acertamento do direito. Enquanto as partes controvertem em

relação a determinado direito, um terceiro que se julga o legítimo possuidor deste direito

poderá se opor àquela lide.

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Exemplo: A e B discutem a propriedade de determinado bem; C, julgando-se legítimo

proprietário deste mesmo bem, poderá opor oposição. Nesse caso, a ação entre A e B é

prejudicada em relação à oposição proposta por C. Esta é prejudicial.

Não há conflito de coisa julgada, pois o julgamento da oposição só acertará o direito de

um em relação ao outro → efeito positivo da coisa julgada, esvaziando-se o interesse de

agir. Se a lide originária for julgada em primeiro lugar, o que se definirá é a titularidade

do bem da vida do autor em relação ao réu ou vice-versa. Se a oposição for julgada em

primeiro lugar, o que se definirá é a titularidade do bem da vida do oponente em face

dos opostos ou vice-versa.

A oposição é proposta em litisconsórcio necessário contra todos os sujeitos da lide

inicial.

Obs.: não se suspende a ação principal quando a oposição é oposta após a audiência.

Obs.: a regra é que quem não é parte na relação jurídica processual não se sujeita a coisa

julgada material.

Obs.: terceiro → não parte na relação jurídica processual.

Obs.: se o réu da lide inicial for revel, deve-se diligenciar sua citação novamente.

É pressuposto da oposição que o bem pretendido pelo terceiro seja litigioso.

Momento (art. 56)

O terceiro pode se valer da oposição até (duas correntes):

a) antes da prolação da sentença (Agrícola Júnior) → posição mais adequada →

interpretação restritiva (minoritária) → o objetivo da oposição é a sentença única que

solucione a titularidade do bem da vida litigioso (julgamento simultâneo) → técnica de

economia processual → se já houve julgamento, a oposição perde a razão de ser.

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b) antes do trânsito em julgado → posição majoritária, mas, levando-se em conta a

técnica da oposição, não é a mais adequada → posição que se baseia na primeira parte

do art. 56 do CPC → a sentença sem trânsito em julgado ainda não põe fim ao litígio.

Procedimento

Distribuição por dependência → citação → 15 dias → contestação

FASE POSTULATÓRIA

1. Petição inicial

2. Citação

3.1. Resposta → a) exceção (parcialidade – juiz / assistentes); b) contestação (peça de

resistência fatos modificativos, impeditivos e extintos que engendram a improcedência

do pedido do autor – resposta propriamente dita – só se fala em revelia se não houver

esta); c) reconvenção (contra-ataque à pretensão do autor – não amplia subjetivamente a

relação jurídica processual).

3.2. Incidentes → a) impugnação à assistência judiciária; b) impugnação ao valor da

causa

3.3. Ação declaratória incidental

3.4. Incidente de falsidade

Reconvenção

Ação do réu contra autor

Na reconvenção é necessário que os sujeitos desta sejam os mesmos da ação principal,

no todo ou em parte.

Conexão → ou com a causa principal, ou com o fundamento da defesa (extensão dos

efeitos da coisa julgada – fundamento decidido com a força da coisa julgada).

A reconvenção é acessória, mas autônoma → não segue a sorte, não é prejudicada por

anomalias da ação principal / originária.

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Não se valendo da reconvenção, o réu não terá rechaçado o direito de ajuizar ação em

face do autor → a razão de ser da reconvenção é a economia processual → em alguns

Estados não há pagamento de custas para reconvenção (não é o caso de Minas Gerais)

Art. 299 do CPC

Não cabimento → ações dúplices (ação que dispensa reconvenção para que o réu

formule pedido contra o autor – pedido formulado na própria contestação). Exemplos:

ações de procedimento sumário e algumas ações de procedimento especial.

Momento

Simultaneamente com a contestação (petições separadas). O julgamento da reconvenção

e da ação principal deve ser simultâneo, sob pena de nulidade.

Procedimento

Petição inicial autuada nos mesmos autos.

Não há citação do autor-reconvindo, mas intimação na pessoa do seu procurador.

Partes

Autor da reconvenção → réu-reconvinte

Réu da reconvenção → autor-reconvindo

No projeto do novo CPC excluiu-se a reconvenção (ao invés de simplificar o

procedimento, a reconvenção o complica) → todas as ações seriam dúplices

(possibilidade de contra-ataque na própria contestação) → bilateralidade do direito de

ação.

A reconvenção do Hugo Bessone é cabível? Qual o tipo de conexão?

OPOSIÇÃO

É uma ação autônoma. A e B discutindo quem é proprietário de uma coisa, C também

se acha proprietário. O legislador permite a C, não esperar a solução da primeira, e

propor oposição contra as duas partes da relação original.

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Guarda conexão, com prejudicialidade, com a ação original posta.

Obs.: se faz a citação na pessoa dos procuradores, visto que já existe uma ação, mas

quando o réu é revel, a citação deve ser feita pessoalmente.

1. Intervenção de terceiro: ação de terceiro para defender bem ou direito que é de sua

titularidade. Pretende total ou parcialmente o bem ou direito litigioso.

A em face de B (lide posta, original) ou C em face de A e B (ação de oposição) →

litisconsórcio passivo necessário.

Há uma relação de prejudicialidade entre as ações. Se a ação de oposição é julgada

procedente, C é declarado o proprietário, não há mais interesse em se julgar a primeira

ação (art. 61).

2. Faculdade

3. Momento: art. 56 → duas correntes: a) anterior à sentença; b) anterior ao trânsito em

julgado.

4. Distribuição por dependência → citação → 15 dias → contestação.

FASE POSTULATÓRIA

PI → citação → resposta → a) exceção; b) contestação; c) reconvenção.

- Incidente

- IMP AJ

- IMP VC

- Ação de declaração

- Incidente de falsidade.

Reconvenção

1. Ação do réu contra o autor – conexão – (i) pedidos (ii) fundamentos da defesa.

2. Autonomia.

3. art. 299 do CPC

4. Não cabimento de ações

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13-12-2012

AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL

Principal → art. 4º

Incidental → art. 5º

A ação declaratória pode se dar de dois modos: ação declaratória principal e a ação

declaratória incidental. Esta pressupõe a existência de uma ação principal.

Ampliação da lide → ampliação do alcance da coisa julgada

Com a declaratória incidental há ampliação da lide com o objetivo de ampliar o alcance

da coisa julgada; objetiva-se que determinada questão prejudicial venha a ser decidida

com força de coisa julgada → o juiz deverá voltar sua cognição para a questão

prejudicial objeto desta.

Questão prejudicial → interesse de agir específico (questão autônoma)

Além de haver questão prejudicial, deverá haver interesse de agir próprio, isto é,

possibilidade da questão ser deduzida em outros autos.

Competência

Juiz da causa principal (art. 109) → a competência em razão da matéria deve ser a

mesma; se a competência material da declaratória incidental não for do juízo da causa

principal, não haverá remessa, mas sim rejeição liminar.

Legitimidade

1. Autor → cumulação de pedidos (art. 325) → mesma relação jurídica base

Não é cumulação de ações, pois a relação jurídica base é a mesma.

2. Réu → natureza reconvencional → com pedido declaratório → na verdade a

reconvenção muda de nome.

Momento → fase postulatória

Não cabe (art. 280) → cautelar; execução; sumário / sumaríssimo

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Procedimento

1. Autor

Petição inicial → citação → contestação (questão prejudicial) → intimação do autor 10

dias → a) juiz rejeita liminarmente (falta de interesse de agir específico, não

caracterização de questão prejudicial); b) intimação do réu para resposta em 15 dias.

2. Réu

Petição inicial → citação → a) reconvenção (pedido de declaração na reconvenção); b)

petição autônoma de ação declaratória incidental → mesmo trâmite da reconvenção.

Exemplo: ação de cobrança relativa a um contrato; ação declaratória incidental que

alega a nulidade do contrato.

Obs.: com a declaratória incidental haverá a suspensão da ação principal.

Obs.: no projeto do novo CPC há eliminação da ação declaratória incidental, sendo que

todas as questões prejudiciais passarão em julgado.

Ação declaratória incidental → formalismo exagerado → ajuíza-se nova ação (em

alguns Estados, como em Minas Gerais, paga-se custas) para alegar questão prejudicial.

ARGUIÇÃO DE FALSIDADE

Considerada como espécie de declaratória incidental

Falsidade da:

I – Assinatura → petição autônoma → coisa julgada em relação à assinatura

A assinatura dá autenticidade à declaração de vontade manifestada por meio do

documento.

II – Documento:

a) falsidade ideológica → veracidade do documento; se o documento revela o que

realmente foi declarado; vício do consentimento ou ausência de veracidade; conteúdo

do documento não corresponde à realidade → o meio para se arguir é a ação

desconstitutiva.

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b) falsidade material → erro material relacionado à elaboração do documento (ex.

impressão de uma RG com números a mais) → incidente de falsidade (arts. 390 e 399).

Momento da arguição → em qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição

Prazos

1. Contestação → 15 dias → se o documento for juntado na inicial;

2. Ou 10 dias posterior à juntada do documento.

Próprios autos (art. 391) ou apenso (encerrada a instrução)

De qualquer forma o julgamento será simultâneo → sentença única (incidente como

capítulo da sentença).

Suspensão “obrigatória” (art. 394)

Somente quanto à decisão → não há necessidade de suspensão quando ainda se está na

fase de produção de provas (pode-se produzir provas para o incidente e para a ação

principal sem problemas).

Obs.: coisa julgada → se não houver arguição pelas vias incidentais, poder-se-á

rediscutir a questão, pois as questões não passarão em julgado (aumento do risco de

conflito de coisa julgada).

FASE SANEADORA

Fase fundamental → depuração de eventuais falhas, regularização de pressupostos

processuais dilatórios, afim de que não haja frustação do método de conhecimento

(sentença terminativa).

Uma fase saneadora bem feita reduz o risco de frustração do método. É o momento no

qual se diz se o feito segue e de que forma segue, podendo haver ingresso direto na fase

final.

Petição inicial → citação → resposta → saneamento:

Providências preliminares (art. 323) → vista autor:

a) impugnação à contestação (art. 326 e 327) → prazo de 10 dias

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b) declaração incidente (art. 325)

c) audiência preliminar

Na sistemática do CPC, finda a fase postulatória o juiz abre vista ao autor apenas se na

contestação houver preliminar e/ou fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da

pretensão. Não havendo nenhuma destas hipóteses, o contraditório já estará instalado,

sendo que há não necessidade de vista (se mesmo assim houver vista, haverá, na

verdade, retardamento do método). Tal sistemática não está em consonância com a

realidade, pois os magistrados estão atolados de serviço → na prática, abra-se vista por

10 dias para impugnação de forma automática.

Fim do saneamento

Fase finalizada pelo despacho saneador → decisão interlocutória → o juiz decide as

questões preliminares arguidas e diz qual será o próximo passo dentro do método.

Supressão de fases

Postulatória para decisória → exemplos: indeferimento da inicial, art. 285-A, etc.

Postulatória para cumprimento → exemplo: tutela antecipatória

Postulatória para saneadora e saneadora para decisória → exemplos: mérito (art. 330);

sentença terminativa.

Petição inicial → resposta → contestação → vista autor para em 10 dias apresentar

impugnação à contestação → vista às partes para especificação das provas em 5 dias →

despacho saneador

Analisar

Petição inicial → citação → respostas apresentadas: exceção de impedimento; exceção

de incompetência; contestação; reconvenção.

Como magistrado, o que se deve fazer?

18-12-2012

FASE DE SANEAMENTO

Fase fundamental do método de solução de conflitos.

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Inicia-se com as providências preliminares e encerra-se com o despacho saneador

(decisão interlocutória).

Viabiliza a abertura da terceira fase do procedimento, qual seja fase probatória → os

fatos controversos fixados na fase de saneamento é que serão os objetos de provas.

Ausente fatos controversos, estará autorizado o julgamento antecipado da lide. A fase de

saneamento impede a postergação inútil do processo (o despacho saneador pode-se

rechaçar a fase probatória diante de sua inutilidade).

Providências preliminares

Petição inicial → citação → resposta: a) exceção; b) reconvenção; c) contestação

Procedimento do juiz

Se a contestação traz preliminares, fatos modificativos, impeditivos, ou extintivos da

pretensão do autor, ou se há juntada de documentos, deve-se abrir vista ao autor para

impugnação (10 dias), viabilizando a prolação do despacho saneador → exercício do

contraditório e ampla defesa.

A impugnação não integra a fase postulatória, pois não delineia o objeto do litígio final.

Reflete apenas o exercício do contraditório.

Se a contestação não traz nenhuma das mencionadas hipóteses, a sistemática do CPC

prevê a prolação do despacho saneador.

De outra forma, na praxe forense abre-se vista às partes para especificação de provas

(que na verdade já foram especificadas na inicial e na contestação de forma abstrata),

justificando-as → vista por prazo fixado pelo magistrado, ou, no caso de omissão, pelo

prazo subsidiário de 5 dias. Convocação das partes para que, depois de delineadas todas

as manifestações (inicial, contestação e, se for o caso, impugnação), especifiquem-se de

forma justificada as provas.

O autor especificou as provas na inicial e o réu na contestação, sendo assim, segundo o

programa idealizado pelo CPC, não há intimação para especificação de provas → não

obstante a existência desse programa fixado pelo legislador, a praxe forense desvirtuou

o idealizado → na inicial não se especifica provas, mas traz requerimento pro forma de

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produção de formas (pretende provar o alegado por todos os meios de provas admitidos

em direito)

A manifestação nos autos por ser por petição ou por cota nos autos (próprio punho nos

autos) → a manifestação por cota nos autos deve sempre ser datada para que se

verifique a tempestividade (preclusão temporal). Ademais, deve-se identificar o

manifestante e assinar a cota. Se a cota for ilegível haverá preclusão consumativa.

Cabem embargos de declaração contra decisão ilegível do magistrado (obscuridade).

Quando em resposta ao despacho de especificação justificada o advogado manifesta-se

abstratamente de novo, o problema se instala.

Há previsão de designação de audiência preliminar para promover conciliação entre as

partes. O CPC previu esta audiência para que se busque a conciliação, sendo que se não

for possível esta, deverá definir os pontos controversos e a especificação de provas,

advindo, por conseguinte, despacho saneador.

O juiz deve delimitar os pontos controversos para que não se produza provas inúteis

(postergação inútil do método) → possibilidade de indeferimento de produção inútil de

prova (art. 180 do CPC).

Mais uma vez, a praxe desvirtuou o previsto pelo CPC → a audiência preliminar

transformou-se em pro forma (o magistrado ainda não havia estudado o caso) →

buscava-se apenas a conciliação. Sendo esta rechaçada determinava-se a conclusão dos

autos para saneamento. O não comparecimento da parte à audiência significa apenas a

vontade de não conciliar.

Assim, inseriu-se o §3º, valorizando apenas a finalidade de conciliação do ato →

anterior consulta para se levantar a possibilidade de conciliação. Se não houver tal

possibilidade, a audiência está dispensada (como se este ato se prestasse apenas para

isso).

O juiz que fixa os pontos controversos é leal com as partes, facilitando a atuação das

partes.

Obs.: testemunha → indivíduo que presencia os fatos; prova técnica → perícia; no

direito pátrio não há testemunha técnica.

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Se as partes não especificam justificadamente as provas, o juiz criterioso deve renovar a

vista para a especificação, dizendo que o que fora apresentado anteriormente não

atendeu ao despacho → vista para atendimento do despacho, fixando sanção (sob pena

de indeferimento).

Despacho saneador

Despacho saneador → análise de tudo que foi feito até o momento, depurando possíveis

irregularidades passíveis de sanação.

Conteúdo

Questões preliminares → sentença terminativa

Prejudicial → decadência e prescrição → sentença de mérito

Provas → fase probatória → fatos controversos (art. 331)

Analisar se foram adotadas as providências preliminares nos autos do Bessone.

20-12-2012

FASE SANEADORA

Petição inicial → citação → resposta: a) exceção; a.1) suspeição / impedimento; a.2)

incompetência relativa; b) contestação; c) reconvenção → incidentes: a) impugnação

valor da causa; b) impugnação AIJ

Petição inicial → citação → 15 dias → resposta → vista → 10 dias → impugnação

contestação → vista especificação de provas → 5 dias → provas ou não há provas →

audiência preliminar (art. 331) → despacho saneador

Por vezes, a vista para impugnação é concedida pela própria Secretaria, o que reflete

afronta ao programado pelo CPC.

Réu que interpõe exceção de suspeição / impedimento, exceção de impedimento,

contestação e reconvenção.

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A exceção (autos apensos) provoca a suspensão do processo principal, da relação

jurídica processual. Os atos serão praticados apenas para se dar impulso a exceção.

Primeiro analisa-se a parcialidade do juiz (se ele for imparcial, ele não poderá decidir

nada no processo, nem sobre sua competência). Apenas após decidida a exceção de

suspeição / impedimento, é que se pode realizar outros atos processuais (processamento

da exceção de incompetência relativa).

Decisão da exceção de suspeição / impedimento: a) acolhimento → remessa para

substituto legal (redistribuição ou juiz substituto da vara); b) não acolhe → primeira

decisão do Tribunal.

No que tange ao processamento da exceção de incompetência relativa: a) acolhendo a

incompetência caberá agravo de instrumento que, de regra, não tem efeito suspensivo (a

decisão está autorizada a provocar os seus efeitos imediatamente) → suspensão do

processo até essa decisão; b) não acolhendo a exceção de incompetência relativa, o

momento do fim da suspensão do processo dependerá da adoção de algumas das

correntes anteriormente analisadas.

Decidas as exceções é que se volta a praticar os atos processuais nos autos principais.

Retomando o a curso nos autos principais, frente à contestação e a reconvenção, deve

abrir vista ao autor para:

1. Primeira estrutura → vista ao autor para contestar a reconvenção em 15 dias; após,

vista (sucessiva) para o autor impugnar a contestação e para o réu para impugnar a

contestação da reconvenção. Há crítica a essa estrutura → nesse caso, haverá

prolongamento para a prática dos autos processuais (demora desnecessária);

2. Segunda estrutura → vista autor para prática de duplo ato (intimação única): a) 15

dias para contestar a reconvenção; b) 10 dias para impugnar a contestação; após, vista

réu-reconvinte para impugnar a contestação à reconvenção → unificação de atos

(economia de atos processuais), possibilitando que ambas as ações atinjam a mesma

fase processual.

Bessone → abriu-se vista apenas para contestação à reconvenção; há nulidade (afronta

ao contraditório). Entretanto, tal nulidade deve ser alegada na primeira oportunidade em

que a parte for convocada a falar nos autos → nulidade sanável → o contraditório é

interesse das partes.

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Réu apresenta exceção de incompetência relativa, exceção de suspeição / impedimento,

impugnação ao valor da causa e impugnação à assistência judiciária. Primeiro se decide

a exceção de suspeição / impedimento. Em segundo lugar, deve-se decidir a exceção de

incompetência relativa (pois se ele for incompetente os atos decisórios serão nulos).

Após, como as impugnações (incidentes) não suspendem o feito, o juiz deverá

despachar nos autos principais e nas impugnações → intimação simultânea (economia

processual): a) contestação à reconvenção e impugnação à contestação nos autos

principais; b) resposta à impugnação ao valor da causa; c) resposta à impugnação à

assistência judiciária.

A solução de tudo deve-se dar na fase de saneamento, a fim de que não haja

complicação processual.

Praxe → alguns magistrados processam os incidentes primeiro, pois a decisão destes

poderá gerar regularização no feito principal → entretanto, o legislador não desejou a

suspensão dos autos principais pelos incidentes → é uma zona de conforto do

magistrado que almeja, se for necessário, a simples regularização do feito principal.

STJ → entende que não há prejuízo algum em se decidir a impugnação ao valor da

causa na sentença → de qualquer forma há cálculo de complementação de custas ao

final do processo.

Despacho saneador

Preliminares → se houver preliminar de incompetência absoluta, esta deve ser a

primeira a ser decidida (se acolher a incompetência absoluta, o magistrado não decide

mais nada).

Prescrição / decadência

Provas

22-01-2013

FASE PROBATÓRIA

1. Prova: fato controverso

1.1. Adequação do meio à comprovação do fato controverso

Fatos notórios e incontroversos não precisam ser provados.

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Se o fato controverso depender de conhecimento técnico, deve ser feita a perícia, por

exemplo.

2. Meios de prova: art. 332

Regulados CPC:

A prova documental enseja o contraditório após sua criação, mas nas outras 3, o

contraditório é da essência da própria criação da prova.

2.1. Documental

Pode ser utilizada a qualquer momento no processo.

Sobre provas digitais: não há regulamentação no CPC. As fotos digitais podem ser

trazidas para os autos, mas deve-se guardar o dispositivo na qual ela está gravada para

que possa ser feito uma perícia quando há dúvida sobre sua veracidade.

2.2. Pericial

Laudo técnico, feita fora do juízo, sem ser por oficial do juízo, não é considerada

perícia. Esse laudo teria valor de prova documental.

Feita na Audiência de Instrução.

2.3. Inspeção judicial

Pode ser criada a qualquer tempo no processo.

Testemunho ocular do próprio juízo.

2.4. Oral:

2.4.1. Depoimento pessoal

2.4.2. Testemunhas

3. Momento de Produção

Produção antecipada de provas: arts 846 a 851

É uma medida cautelar para assegurar a utilidade da prova essencial ao processo de

conhecimento.

PI – Citação – Resposta – Saneamento – Instrução – a) perícia AI; b) oral AIJ

4. Prova Pericial: art. 421 a 439

Decisão defere: nomeação de perito e prazo para entrega do laudo.

O perito também esta sujeito aos mesmos quesitos de suspeição e impedimento que o

juiz.

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Se o perito não tiver a formação técnica necessária gera a nulidade da prova. No caso do

AT também é necessário senão não tem credibilidade.

4.1. 5 dias → art. 421, §1º

Prazo que pode ser alterado pelo juiz de acordo com a complexidade. É um prazo

indicativo supletivo da lei.

Não é um prazo peremptório.

4.2. Quesitos e AT (assistentes técnicos)

4.3. Intimação do perito: proposta de honorários feita pelo próprio perito

Deve ser remunerado mesmo em casos de Assistência Judiciária.

4.4. Vista para as partes

Obs.: art. 130 → o juiz pode exigir provas de ofício.

4.4.1. Concorda

4.4.2. Discorda

4.4.2.1. Pede parcelar ou dar um desconto. Abre vista para o perito para que ele decida

se dá o desconto ou o parcelamento.

4.5. Se perícia aceita: depósito (art. 33)

4.6. Início da perícia

Art. 431-A → juiz deve intimar as partes do dia, hora e local do início da perícia.

Entrega do laudo dos ATs: 10 dias: pareceres, AT e impugnação. Perito pode pedir mais

prazo para entregar o laudo. ART 433. Não é um prazo peremptório. A impugnação

pode ser a mais ampla possível e pode solicitar esclarecimentos do perito (sob a forma

de quesitos, diferenciando-os dos já pedidos antes, mas sem ser quesitos novos. São

apenas de esclarecimento) ART 454. Caso o esclarecimento seja dado na AIJ, o perito

deve ser intimado pelo menos 5 dias antes da audiência para ser inquirido tanto pelo juiz

quanto pelas partes.

PROVA ORAL

Colheita de prova oral só se faz em audiência. Nunca é documental.

1. Depoimento pessoal (arts. 342 a 347)

É sempre da parte e deve ser feito pessoalmente na audiência. Não pode ser feito por

outra pessoa sob procuração, exceto no caso de pessoa jurídica. O depoimento pode ser

determinado (dia e hora) de ofício ou a requerimento da parte. A parte deve ser

previamente intimada pessoalmente sob pena de confissão. Se não houver intimação

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prévia, a parte não pode ser ouvida na audiência de ofício. No mandado deve contar

“sob pena de confissão” sob pena de nulidade do ato.

Autor depõe primeiro (réu deixa o recinto), depois do autor é a vez do réu e o autor

pode permanecer na sala pois ele já depôs.

A parte pode ser inquirida pelo juiz e pelo advogado da parte contrária apenas.

2. Confissão (arts. 348 a 354): judicial e extrajudicial

A confissão pode vir, ou não, no depoimento. Mas só é vinculativa ao declarante

(litisconsórcio).

2.1. Prova contra o confidente.

2.2. Não tem eficácia para direitos indisponíveis (art. 351)

3. Testemunhal (arts. 400 a 419)

Para ter valor, é necessário que a colheita desta prova seja feita sob o contraditório,

portanto, colhida em juízo.

O advogado não pode instruir a testemunha, combinar perguntas e respostas.

Testemunha é quem presenciou o fato controverso.

Toda inquirição de testemunha é feita pelo juiz. O advogado faz a pergunta pro juiz que

a repassa para a testemunha.

3.1. AIJ

3.2. Carta (precatória ou rogatória)

A regra é: as testemunhas são ouvidas no local do seu domicílio. Se a parte que arrolou

diz que a testemunha que mora fora será ouvida sem intimação, na audiência. Se

precisar ser intimada, será ouvida no local do seu domicílio.

3.3. Contradita: quem pode testemunhar: impedimentos: art. 405

É a impugnação da oitiva de alguém como testemunha (impedimento e suspeição). Nos

casos de família, pode-se abrir mão do impedimento, mas não ouve como testemunha e

sim como informante, não há o compromisso de dizer a verdade.

A contradita tem que se dá no momento anterior ao compromisso.

3.4. Rol: prazo (art. 407 = prazo supletivo de 10 dias se o juiz não fixar prazo)

No rol deve ser especificado se a testemunha deve ser intimada. Se foi com intimação e

a testemunha não comparece, o ato será adiado ou a testemunha será conduzida sob vara

(força policial), se for sem intimação e ela não comparecer, considera-se desistência.

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Se todas as testemunhas do rol residirem fora do local da audiência, o juiz pode cancelar

a AIJ para expedir as cartas precatórias ou rogatórias.

Ordem: esclarecimento; depoimento das partes (autor – réu); testemunhas (autor – réu)

→ a audiência não pode ser pausada depois que começado o testemunho das

testemunhas.

ÔNUS DA PROVA

1. Distribuição estática: art. 333

2. Inversão do ônus da prova – art. 6º, VIII, CDC

2.1. Requisitos: verossimilhança + hipossuficiência.

3. Distribuição dinâmica do ônus da prova

3.1. Requisitos: verossimilhança + prova possível

29-01-2013

ÔNUS DA PROVA

Teorias

1. Distribuição estática do ônus da prova → art. 333 do CPC → regra geral

Fato constitutivo do direito do autor → todos os fatos trazidos pelo autor, dos quais ele

deveria sua pretensão → fatos narrados na petição inicial.

2. Inversão do ônus da prova → relações de consumo → art. 6º, VIII, do CDC

A inversão do ônus da prova não é automática, havendo a exigência de alguns

requisitos.

Na inversão do ônus da prova, ocorre presunção relativa da ocorrência dos fatos em

favor do autor.

Requisitos → verossimilhança (indícios de ocorrência dos fatos constitutivos; indícios

que despertem início de certeza) + hipossuficiência para a produção de provas.

Toda decisão de inversão de ônus da prova deve ser fundamentada, observando os

requisitos.

A inversão nunca pode gerar a produção de prova impossível.

Aqui há inversão da totalidade probatória.

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3. Distribuição dinâmica do ônus da prova

Requisitos → verossimilhança + prova possível

Qual das partes tem mais facilidade de produzir as provas? O ônus da prova é de quem

tem mais facilidade de produzi-la.

A distribuição dinâmica do ônus da prova não tem previsão legal. É construção

jurisprudencial (TJRS) e doutrinária → foi abraçada pelo projeto do novo CPC →

equilíbrio da relação entre as partes

Na distribuição dinâmica do ônus da prova não há, tecnicamente, relação de consumo.

Por insuficiência técnica de quem alega, o ônus da prova é transferido contra quem se

alega.

O juiz indica fato por fato controverso quem está em melhor condição de produzir a

prova, quem pode colaborar mais para uma boa prestação jurisdicional → distribuição

dinâmica → não há inversão do ônus da prova propriamente dita.

A decisão da distribuição dinâmica deve ser motivada, observando os requisitos.

Obs.: na dúvida, a sentença deve ser prolatada a contra quem tem o ônus da prova → a

sentença passa em julgado.

AIJ → alegações finais orais (reduzidos a termo – ata de audiência) / prolação de

sentença.

Na prática, essa audiência é apenas de instrução, pelo que advém alegações finais

escritas e conclusão para a prolação da sentença, encerrando a prestação jurisdicional

naquela instância.

FASE DECISÓRIA

Sentença: terminativa (art. 267); mérito (art. 269)

Aqui o legislador preocupa-se em reger a sentença de mérito (a aplicação da boa técnica

visa a impedir a frustação do método na fase final).

Sentença → ato de resposta judicial → silogismo

Princípio da congruência (art. 460 c/c 128)

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A sentença deve ser correspondente ao litígio. Não significa que o juiz deve analisar

todos os argumentos. Não há julgamento ad argumentantum, isto é, o princípio da

eventualidade se aplica às partes e não ao juiz. Se um argumento for suficiente para

afastar a pretensão, o juiz não precisa analisar os outros argumentos.

Afronta ao princípio da congruência pode gerar vício:

Citra/infra petita → sentença aquém → omissão

Pedido A + B → sentença A

O vício citra petita pode ser na observância formal do pedido, assim como em relação à

causa de pedir.

A sentença citra petita é nula → a sentença não passa em julgado

Aqui a parte não decidida não gera efeitos (parte inexistente). Assim, não há interesse

em classificar como rescisório ou transrescisório → ajuizamento de nova ação se não

transcorrido o prazo de prescricional.

Extra petita → descompasso total com o litígio

Pedido A + B → sentença C

O vício extra petita pode ser em relação à causa de pedir e/ou ao pedido.

Se o fundamento for de ordem pública (ex. inconstitucionalidade), não haverá vício

extra petita.

Tal vício é transrescisório.

Ultra petita → a resposta corresponde ao pedido, mas ela traz um plus → além do

pedido, mais do que foi pedido.

Pedido A+B → sentença A+B+C

Sentença nula apenas na parte que excedeu o pedido → sanação por meio do decote do

excesso → adequação da resposta aos limites do litígio.

O excesso é nulo e vício transrescisório.

Requisitos da sentença (art. 458)

Tais requisitos se relacionam com a sentença de mérito, havendo maior flexibilidade

quando se trata de sentença terminativa.

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I – Relatório

Nome das partes, pedidos, provas produzidas → demonstra o conhecimento do

magistrado a respeito do processo.

Sua ausência gera nulidade relativa.

II – Motivação (art. 93, IX, da CF)

O ato decisório não deve ser fruto do arbítrio, devendo sempre haver fundamentação

(convencimento livre motivado).

A ausência de motivação gera nulidade absoluta, podendo ser alegada por embargos

declaratórios ou apelação.

Deficiência de motivação gera reforma.

A fundamentação deve ser clara, precisa, inteligível.

III – Dispositivo

Comando do juiz

Direto → indica os bens da vida

Indireto → julgamento procedente do pedido

A ausência de dispositivo gera inexistência.

A contradição entre dispositivo e fundamentação gera nulidade sanável pelos embargos

declaratórios.

As partes de uma sentença devem ser claras e precisas, além de guardar silogismo entre

elas.

Correção (art. 463)

I – erros materiais

II – embargos declaratórios