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Direito Processual Civil 27

Direito Processual Civil

Maurício Ferreira Cunha

a importância dessas garantias, norteando a adminis-tração pública, o Legislativo e o Judiciário para que possam aplicar a cláusula sem maiores indagações.”1 Assim, trata-se de tema de fundamental importância na atuação do Procurador que pode e deve utilizar destes instrumentos para melhor embasar os pareceres e atos judiciais em que intervier. Aliás, com base na principio-logia, o STF considera possível o controle de políticas públicas pelo Poder Judiciário, sempre que a atuação do administrador destoar do razoável e colocar em “xeque” as garantias fundamentais.

Item 1: correto. O princípio da economia processual indica que o processo deve alcançar o máximo resultado com o mínimo de emprego de atividades processuais, sendo a reunião de processos conexos exemplo de sua aplicação, do mesmo modo que a ação declaratória inci-dente e a reconvenção (ou pedido contraposto). Aliás, trata-se de uma decorrência do princípio do devido pro-cesso legal, afinal processo devido é processo efetivo.

Item  2: incorreto. O duplo grau de jurisdição, em evidência na atualidade em razão do julgamento da ação penal 470/MG (“mensalão”), tem natureza de uma garantia implícita na CF. Existe, todavia, controvér-sia sobre qual a real fonte do princípio. Para uma cor-rente doutrinária, o princípio seria uma decorrência da expressa previsão de alguns recursos de competência dos Tribunais, a exemplo dos recursos ordinário, espe-cial e extraordinário; outros, contudo, defendem que o princípio decorre do devido processo legal. No âmbito internacional, a Convenção Americana de Direitos Humanos reconhece o direito ao duplo grau de jurisdi-ção a todo acusado de um delito. Embora prevaleça que se trata de princípio implícito na Constituição Federal, há quem advogue que o princípio não está inserido no texto constitucional, nem mesmo em suas entrelinhas. A propósito, o Min. Luis Fux, apreciando admissibilidade dos embargos infringentes em ação penal originária, no

1 NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do Processo na Constituição Federal: processo civil, penal e administrativo. 9ª ed. São Paulo: Revista dos Tribu-nais, 2009, p. 85.

�QUESTÕES

1 PRINCÍPIOS

01. (Cespe – Defensor Público – DPU/2010) Julgue os itens que se seguem, acerca dos princípios proces-suais.

1) O máximo resultado com o mínimo emprego de atividades processuais é ideia que sintetiza o cha-mado princípio da economia processual, sendo a reunião de processos conexos exemplo de aplica-ção desse princípio, assim como a ação declaratória incidente.

2) O duplo grau de jurisdição importa na possibilidade de decisão judicial ser revista por órgão de jurisdi-ção superior, de modo que, nos juizados especiais, só haverá duplo grau de jurisdição na hipótese de recurso extraordinário, pois o colegiado de juízes que examina o recurso inominado não constitui jurisdição superior.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: a questão aborda diversos prin-cípios referentes ao processo, muitos deles consagrados no texto constitucional. A propósito, vale lembrar que os princípios ganharam um novo colorido com os estu-dos de Robert Alexy, Ronald Dworkin e Humberto Ávila, dentre outros, deixando a posição de meros meios de colmatação de lacunas para integrarem o ordenamento jurídico como espécies de norma jurídica. Por outro lado, embora a Constituição Federal tenha consagrado um rol de princípios processuais, todos, em maior ou menor escala, decorrem do princípio do devido pro-cesso legal, o qual deve ser estudado por meio de suas acepções: formal e substancial. Nesse sentido, Nelson Nery Junior ressalta que “bastaria a Constituição Federal de 1988 ter enunciado o princípio do devido processo legal, e o caput e os incisos do art.  5º, em sua grande maioria, seriam absolutamente despiciendos. De todo modo, a explicitação das garantias fundamentais deri-vadas do devido processo legal, como preceitos desdo-brados nos incisos da CF  5º, é uma forma de enfatizar

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bojo da denominada Ação Penal 470/MG (“mensalão”), “[…] registrou que o STF já teria rejeitado o caráter cons-titucional dessa prerrogativa, ao afastar sua incidência nos processos de competência originária dos tribunais superiores […]” (STF, AP 470 AgR – vigésimo quinto a vigé-simo sétimo/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 11 e 12.9.2013, informativo  719). Sem embargo da divergência, o duplo grau de jurisdição é garantia relacionada com a possibilidade de reexame da decisão por um órgão colegiado hierarquicamente superior, o que se verifica nos Juizados Especiais quando a Turma Recursal aprecia recurso inominado.

2 COMPETÊNCIA

02. (Cespe – Defensor Público – DPU/2001) Em rela-ção à competência, julgue os itens abaixo.

1) Ação de usucapião de imóvel objeto de pedido de partilha em separação judicial é atraída para o juízo de família, devendo ambas as ações serem julgadas em conjunto, em razão da continência.

2) Conflito de competência entre juiz de direito e juiz federal deve ser julgado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da região a que pertença o juiz fede-ral.

3) Em julgamento de agravo de instrumento, reconhe-cendo o tribunal de justiça a competência da justiça federal para julgar o feito, remeterá os autos à jus-tiça federal; se o juiz federal, entretanto, entender que a competência é da justiça estadual, suscitará conflito a ser dirimido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

4) A competência para julgar ação rescisória proposta contra acórdão do tribunal de justiça estadual, con-tra o qual fora interposto recurso especial não-co-nhecido por falta de prequestionamento, é do STJ.

5) Ação de constituição de servidão administrativa em propriedade particular, proposta por empresa pri-vada concessionária de atividade de exploração de energia elétrica, diante do manifesto desinteresse da União federal em integrar o pólo ativo da ação, corre perante o juízo estadual.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: a questão versa sobre competên-cia, tema disciplinado a partir do art. 86, CPC. Destaca--se que a competência territorial é, em regra, relativa. No entanto, o ordenamento consagra hipóteses excep-cionais de competência territorial absoluta, a exemplo do art. 95, CPC, e das ações coletivas. Assim, excepcio-nalmente poderá o magistrado conhecer de ofício de incompetência territorial, desde que absoluta. Aliás, o art.  112, § único, CPC, instituiu um regime misto de competência relativa, em que se admite ao magistrado conhecer de ofício de nulidade de cláusula de eleição de foro e declinar de competência (relativa), impedindo a sua modificação pela inércia do réu.

Item  1: incorreto, pois só há conexão quando ambos os juízos são absolutamente competentes para

processar e julgar ambas as causas, o que não se veri-fica em relação à ação de usucapião de imóvel objeto de pedido de partilha em separação judicial. Logo, as ações reais imobiliárias, a exemplo da usucapião, ficam excluídas do juízo atrativo da separação, que corre perante a vara da família.

Item  2: incorreto, uma vez que, por força da Súmula  03, STJ, compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respec-tiva Região, entre juiz Federal e juiz Estadual investido de jurisdição federal.

Item 3: correto. o enunciado está em consonância com a jurisprudência do STJ. Nesse sentido: “CONFLITO DE COMPETÊNCIA. Conflito de competência suscitado por juiz de direito de foro distrital após tribunal regio-nal federal ter, no âmbito de agravo de instrumento, declarado estar na alçada daquele o processamento e julgamento de ação proposta por segurado contra a Previdência Social. O tribunal regional federal decide acerca de quem tem e de quem não tem competên-cia federal delegada; as decisões deste sujeitam os juízes em posições de conflito, os quais não podem contrastá-las. Agravo regimental desprovido” (STJ, AgRg no CC 129.895/SP, 1ª Seção, rel. Min. Ari Pargendler, j. 13.11.2013, DJe 25.11.2013).

Item 4: incorreto. Com efeito, a competência para processar e julgar a ação rescisória é do Tribunal que proferiu decisão de mérito acerca da questão contro-vertida, in casu, a prescrição, que foi apreciada pelo TRF. Logo, a este órgão jurisdicional compete processar e julgar a ação rescisória. No mesmo sentido, dispõe a Súmula  515, STF, in verbis: “a competência para a ação rescisória não é do Supremo Tribunal Federal, quando a questão federal, apreciada no recurso extraordinário ou no agravo de instrumento, seja diversa da que foi suscitada no pedido rescisório”. Igualmente, na juris-prudência do STJ: “PROCESSUAL CIVIL – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AÇÃO RESCISÓRIA – ÚLTIMA DECISÃO DE MÉRITO PROFERIDA PELO TRF DA PRIMEIRA REGIÃO – COMPETÊNCIA – EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGA-MENTO DO MÉRITO – INAPLICABILIDADE DO ART.  113, §  2º DO CPC – PRECEDENTES.  1. A equivocada formu-lação de rescisória, em que se indicou incorretamente o acórdão passível de rescisão, enseja a extinção do processo sem julgamento do mérito, não sendo possí-vel a correção do pedido inicial pelo órgão judicante. Inaplicabilidade do art. 113, § 2º, do CPC. 2. Embargos de declaração acolhidos em parte, para afastar a remessa dos autos ao TRF da Primeira Região” (STJ, EDcl nos EDcl nos EDcl na AR 3.418/DF, 1ª Seção, rel. Min. Eliana Calmon, j. 08.10.2008, DJe 20.10.2008).

Item 5: correto. De fato, a ação de constituição de servidão administrativa em propriedade particular, ajui-zada por concessionária de atividade de exploração de energia elétrica, somente será de competência da Jus-tiça Federal caso haja interesse da União em integrar o polo ativo da ação; do contrário, a ação tramitará na Justiça Estadual. Nesse sentido: “CONFLITO DE COMPE-TÊNCIA. AÇÃO DE CONSTITUIÇÃO DE SERVIDÃO ADMINIS-TRATIVA AJUIZADA POR EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE

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SERVIÇO PÚBLICO. MANIFESTO DESINTERESSE DA UNIÃO. SÚMULA  150/STJ. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTA-DUAL.  1. Na linha de orientação desta Corte Superior, em regra, a competência da Justiça Federal é fixada em razão da pessoa (CF, art. 109, I), sendo irrelevante a natu-reza da lide. 2. Apesar de a demanda ter sido proposta por uma empresa particular concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, no caso dos autos não há a presença de nenhum dos entes elen-cados no supracitado dispositivo constitucional. Além disso, o Juízo Federal ressaltou a expressa manifestação de desinteresse da União.  3. Incidência do enunciado da Súmula 150/STJ, segundo o qual ‘compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas’. 4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da  1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo/SP, o suscitante” (STJ, CC 47.620/SP, 1ª Seção, rel. Min. Denise Arruda, j. 22.02.2006, DJ 27.03.2006, p. 139).

3 FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO

03. (Cespe – Defensor Público – DPU/ 2004) Em rela-ção a processo e procedimento, julgue os itens a seguir.

1) Vindo a falecer uma das partes, o processo prosse-guirá, se já se tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento. Nessa hipótese, o advogado continu-ará atuando e o processo somente será suspenso após a publicação do julgamento, quando, então, será feita a habilitação dos sucessores processuais.

2) Somente se admite a cumulação de vários pedidos do autor contra o réu se houver conexão entre tais pedidos.

3) No procedimento ordinário, o réu que, citado, oferecer exceção no último dia do prazo para res-posta e não ofertar contestação não será conside-rado revel, já que ficará patente a sua intenção de integrar a relação processual. Nesse caso, ser-lhe-á devolvido integralmente o prazo para contestar.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: o único item correto trata das disposições legais acerca da suspensão e da extinção do processo, previstas nos arts. 265 a 269, CPC. A pro-pósito, a desistência é uma das hipóteses que autori-zam a extinção do processo sem resolução de mérito, a qual, em regra, independe de concordância do réu. Todavia, uma vez citado, a desistência dependerá da anuência do réu. Nesse contexto, tratando-se de ação movida em desfavor da Fazenda Pública, a desistência da ação dependerá da concordância do ente público que, por intermédio de seu representante judicial, poderá condicionar a sua anuência à renúncia ao direito sobre o qual se funda a demanda, nos termos do art. 3º, Lei 9.469/97. Nesse sentido: “PROCESSO CIVIL. PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA AÇÃO. DEFERIMENTO. HOMOLOGAÇÃO. DISCORDÂNCIA DO RÉU. CONDICIONAMENTO DO ART. 3º

DA LEI 9469/97. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE. NULIDADE. NÃO--OCORRÊNCIA. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA. ART.  267, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. O autor não pode desistir da ação sem o consentimento do réu, nos termos do art. 267, § 4º, do CPC. 2. A regra impositiva decorre da bilateralidade formada no processo, assistindo igual-mente ao réu o direito de solucionar o conflito. Todavia, a oposição à desistência da ação deverá ser fundamen-tada, sob pena de configurar abuso de direito. Prece-dentes: (REsp  976861/SP, DJ  19.10.2007; REsp  241780/PR,, DJ 03.04.2000; REsp 115642/SP, DJ 13.10.1997.) 3. In casu, a União condicionou a concordância ao pedido de desistência formulado pelo autor à renúncia expressa deste sobre o direito em que se funda a ação.  4. A Lei 9.469/97, em seu art. 3º dispõe que: ‘As autoridades indicadas no caput do artigo 1º poderão concordar com o pedido de desistência da ação, nas causas de quais-quer valores, desde que o autor renuncie expressa-mente ao direito em que se funda a ação." 5. Deveras, referida norma deve ser interpretada de forma siste-mática com o art. 267, § 4º do Código de Processo Civil, considerando-se como condição suficiente à recusa ao pedido de desistência formulado pelo autor, por parte da Administração, a exigência à renúncia expressa a direito sobre o qual se funda a ação” (STJ, REsp 1.174.137/PR,  1ª T., rel. Min. Luiz Fux, j.  06.04.2010, DJe  26.04.2010). No mesmo sentido, o STJ, julgando Recurso Especial submetido à sistemática do art. 543-C, CPC, reafirmou o posicionamento: “A Seção, ao apreciar o REsp subme-tido ao regime do art.  543-C do CPC e Res. n.  8/2008-STJ, entendeu que é de cinco anos o prazo prescricional da ação promovida contra a União Federal por titulares de contas vinculadas ao PIS/PASEP, visando à cobrança de diferenças de correção monetária incidente sobre o saldo das referidas contas, nos termos do art. 1º do DL n. 20.910/1932” (REsp 1.205.277/PB, 1ª Seção, rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. 27.06.2012, informativo 500). Portanto, é lícito ao representante judicial da Fazenda Pública condicionar a anuência do ente público ao pedido de desistência à renúncia pelo autor ao direito sobre o qual se funda a ação.

Item 1: correto. De fato, o falecimento da parte no curso do processo conduz à suspensão do andamento do processo, a fim de oportunizar às partes prazo para regularizar a sua representação. Devem ser divisadas duas situações:

Falecimento antes do início da audiência de instrução e

julgamento

Falecimento depois de iniciada a audiência de instrução e julgamento

O juiz suspenderá o processo para que haja a habilitação dos sucessores da parte.

O advogado continuará no processo até o encerra-mento da audiência, sus-pendendo-se o processo a partir da publicação da sen-tença ou do acórdão.

Sucessão processual. Substituição processual (até a publicação da sentença ou do acórdão) e, em seguida, sucessão processual.

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Coisa julga inter partes

Coisa julgada ultra partes

Coisa julgada erga omnes

Regra no processo individual.

Aplicável aos direitos coletivos.

Aplicável aos direitos difusos e individuais homo-gêneos.

Questão delicada diz respeito à limitação terri-torial da coisa julgada coletiva. Isso porque o art.  16, Lei 73.47/85, estabelece que “a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência terri-torial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar ou ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”. Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr.11 criticam o disposi-tivo, apresentando uma série de fundamentos: “[…] a) é inconstitucional, ferindo o acesso à justiça, a igualdade e a universalidade da jurisdição; b) é ineficaz, já que a disciplina do art. 103 do CDC mais ampla e estar inserida no microssistema do processo coletivo, aplicando-se também à LACP; c) não se trata de limitação da coisa jul-gada mas da eficácia da sentença, ferindo a disposição processual de que a jurisdição é uma [sic] em todo ter-ritório nacional; e, por último, d) é contrária a essência do processo coletivo que prevê o tratamento molecular dos litígios, evitando-se fragmentação das demandas”.

Item  2: correto. A litispendência entre as ações coletivas caracteriza-se quando verificada a identidade nos elementos da ação (importa para as ações coletivas o titular do direito, causa de pedir e pedido). O candi-dato deve ficar atento a uma pegadinha de concurso: pode haver litispendência entre ações coletivas, mas o art. 104, CDC, prevê que não há litispendência entre ações coletivas e ações individuais. O principal efeito da litispendência, que é a extinção do processo sem jul-gamento de mérito, pode não se verificar na ação cole-tiva, porque no microssistema não se exige identidade de partes para o reconhecimento da litispendência (importa a titularidade do direito discutido).

Item 3: incorreto. Isso porque o entendimento pre-toriano majoritário é no sentido de que as ações pro-postas pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, autarquia de natureza de serviço público federal, devem ser dirimidas no âmbito da Justiça Federal.

8.2 JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

27. (Cespe – Defensor Público – DPU/2010) Acerca dos juizados especiais federais cíveis, julgue os itens subsequentes.1) Ajuizada ação de consignação em pagamento em

juizado especial federal, este será incompetente se, na consignatória, além das prestações vencidas, estiverem sendo cobradas as prestações vincendas que, no curso da lide, possam vir a superar o limite de 60 salários-mínimos.

11 DIDIER JR., Fredie; ZANETI JR., Hermes. Curso de Direito Processual Civil. Vol.  4: Processo Cole-tivo. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 381/382.

2) As leis que disciplinam os juizados especiais vedam o acesso das partes à ação rescisória, mas essa vedação não atinge a possibilidade de ajuizamento de ação declaratória da inexistência de ato processual. Por causa disso, diante de vício grave e de tal natureza, a parte prejudicada terá acesso à querela nullitatis.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: a questão exige conhecimentos do texto legal referente aos Juizados Especiais, sobre-tudo o art. 3º, Lei 10.259/01, que disciplina a competên-cia dos Juizados Especiais em âmbito federal. Aliás, “é vedado ao Juizado Especial Federal o processamento e julgamento de causa tendente a anular ato administrativo federal, salvo os de natureza previdenciária e os de lança-mento fiscal, que não se enquadram à espécie. Inteligência do artigo 3º, § 1º, III da Lei 10.259/2001. Precedentes” (STJ, CC 93086/PR, rel. Min. Jane Silva – Desembargadora con-vocada do TJMG – j. 23.6.2008).

Item 1: incorreto. Por força do disposto no 3º, caput, Lei 10.259/01, compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários míni-mos, bem como executar as suas sentenças. No entanto, quando a pretensão versar sobre obrigações vincen-das, para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor de sessenta salários mínimos. Portanto, no caso de obri-gações vincendas, a soma de doze parcelas não poderá exceder sessenta salários mínimos, de modo que, para efeito de cálculo desse valor, não se consideram todas as prestações que vencerão no curso da lide.

Item  2: correto. De fato, consoante reza o art.  59, Lei 9.099/95, não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei, dispo-sitivo que é aplicável aos Juizados Especiais Federais. Não obstante a vedação, existe entendimento no sen-tido de que cabe ação anulatória prevista no art.  486, CPC, nos Juizados Especiais.

�DICAS (RESUMO)

1. JURISDIÇÃO

• É a função atribuída a um terceiro imparcial, o Esta-do-juiz, para solucionar um conflito de interesses (lide), reconhecendo, efetivando e protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas, con-cretizadas por meio de decisão com aptidão para tornar-se indiscutível.

São características da jurisdição:

heterocomposição: decisão profe-rida por um terceiro imparcial;

técnica de tutela de direitos mediante um processo;

exercício diante de uma situação jurídica concreta;

aptidão para a coisa julgada.

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Direito Processual Civil 49

• Fredie Didier Jr.12 aponta como características, ainda, a impossibilidade de controle externo das decisões profe-ridas e a atividade criativa (criação da norma jurídica do caso concreto).

• A jurisdição é informada pelos princípios da investidura, territorialidade, indelegabilidade, inevitabilidade e ina-fastabilidade:

Investidura A jurisdição só é exercida por quem tenha sido regular e previamente investido na autoridade de juiz

Territorialidade Indica que a autoridade do magistrado restringe-se aos limites territoriais do Estado

Indelegabilidade

Informa que o magistrado não pode delegar a função jurisdicional (embora existam temperamentos a este princípio como a possibilidade de expedição de cartas de ordem pelos tribunais, a permissão para que o STF delegue atribuições para a prática de atos processuais referentes à execução de seus julgados, a possibilidade de delegação da competência do Tribunal Pleno para o órgão especial do mesmo Tribunal, dentre outras)

Inevitabilidade Denota a ideia de que a jurisdição é imposta ao jurisdicionado independentemente de sua aceitação

Inafastabilidade Expressamente consagrada no art. 5º, inciso XXXV, CF, assegura que a lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.

• Sistemas de jurisdição:

Sistema uno ou anglo-saxão

Sistema francês ou dualista

Todos os litígios, de origem administrativa ou privada, são resolvidos pelo Poder Judiciário, a quem cabe o julgamento em caráter definitivo.

Os litígios administrativos são resolvidos, definitivamente, por um Tribunal Administrativo, ao passo que as lides privadas são resolvidas, definitivamente, pelo Poder Judiciário.

Este sistema teve origem na Inglaterra, como uma forma de rea-ção do povo contra os privilégios e desmandos da Corte Inglesa, que tinha poderes de administrar e julgar.

Fruto de uma interpretação diferenciada da teoria de Montes-quieu, a França adotou uma divisão total dos poderes, em que não havia monopólio da função jurisdicional pelo Poder Judiciá-rio. Isso decorre de uma histórica desconfiança da burguesia em relação ao Poder Judiciário, exercido pela nobreza.

Limites: o Poder Judiciário só pode apreciar a legalidade e a legitimidade dos atos administrativos.

2. AÇÃO• Pode ser estudada sob três enfoques distintos:

1) A ação como sinônimo de direito em movimento/exercício: cuida-se de situação em que a ação se confunde com o próprio direito material violado;

2) A ação como direito autônomo em relação ao direito material: trata-se do direito de provocar a jurisdição.

3) A ação como exercício de direito abstrato de agir.

• A identificação da ação se opera pelo exame de seus elementos, que são as partes; a causa de pedir e o pedido, o que é de fundamental importância para o reconhecimento da litispendência e da coisa julgada.

• O CPC brasileiro, adotando a teoria “eclética” do direito de ação, segundo a qual esta última corresponde ao direito a um julgamento de mérito da causa, estabelece alguns condicionamentos para o seu julgamento, deno-minadas “condições da ação”. Portanto, o julgamento de mérito da ação depende da observância das seguintes condições:

1) possibilidade jurídica do pedido: inexistência de objeção expressa no ordenamento jurídico ao pedido. Além isso, a simples ausência de previsão legal não é suficiente para a impossibilidade jurídica do pedido. A propósito, tem a jurisprudência permitido, à luz do julgamento da ADPF 132/RJ e da ADI 4.277/DF, pelo STF, pedido de conversão de união estável homoafetiva em casamento (STJ, REsp 1.183.378/RS, 4ª T., rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 25.9.2011, DJe 1.2.2012);

12 DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1: Introdução ao Direito Processual Civil e Pro-cesso de Conhecimento. 13ª ed. Salvador: Juspodivm, 2011, p. 89.

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2) legitimidade ad causam: trata-se da pertinência subjetiva da ação, na feliz expressão de Alfredo Buzaid;

3) interesse de agir: a movimentação da máquina estatal deve decorrer da necessidade do provimento jurisdicional pleiteado e de sua utilidade.

• Em relação à legitimação ad causam, pode ser classificada em “ordinária” e “extraordinária” (art. 6º, CPC):

Ordinária Extraordinária/anômala/substituição processual

Legitimado ordinário é aquele que defende em juízo interesse próprio.

Extraordinário é o legitimado que defende em nome próprio interesse de outrem.

Há coincidência entre a parte que atua em juízo e o titular do direito material deduzido.

Não há coincidência entre a parte que atua em juízo e o titular do direito deduzido.

Regra. Depende de previsão legal.

• Não esquecer que a substituição processual difere da sucessão processual. Verifica-se a sucessão processual na hipótese de um sujeito, sucedendo outro no processo, assumir sua posição processual, enquanto a substituição processual autoriza que um sujeito atue no processo defendendo interesse de outrem.

Substituição processual x sucessão processual

Substituição Sucessão

Não há troca de sujeitos; um sujeito está legitimado a defender interesse de outrem.

Há troca de sujeitos no processo; mudança subjetiva da relação processual.

Somente em decorrência de autorização legal expressa (art. 6º, CPC).

Pode se dar em razão de morte, incorporação de uma pessoa jurídica por outra ou fusão de pessoas jurídicas.

Pode, também, decorrer de ato voluntário, nos casos de nomeação à autoria (arts. 62/63, CPC) ou de alienação da coisa litigiosa (art. 42, CPC).

Decorre exclusivamente da lei. Pode ser:

a) Voluntária: as próprias partes convencionam a substituição dos sujeitos integrantes da relação processual.

Ex. 1: nomeação à autoria, quando o nomeado assume o lugar do nomeante.

Ex. 2: alienação da coisa litigiosa, quando a parte contrária consente com a substituição do alienante pelo adquirente.

b) Legal: decorre da lei, como quando se verifica o faleci-mento de uma das partes do processo.

• A verificação das condições da ação se dá em conformidade com a “teoria da asserção”, ou in status assertionis, segundo a qual o juiz realiza um juízo acerca das condições da ação com base, apenas e tão-somente, nas alega-ções de autor e réu, sem dilação probatória.

• Desistência da ação:

Desistência Renúncia

É ato de disposição direito processual. É ato de disposição de direito material.

Uma vez exercido o direito, o processo se extingue sem reso-lução de mérito.

Uma vez exercido, o processo se extingue com resolução de mérito.

A sentença é terminativa. A sentença é definitiva.

Faz coisa julgada apenas formal. Fica acobertada pela coisa julgada formal e material.

Atenção: consoante a regra do art. 267, § 4º, CPC, a desistência da ação depois de decorrido o prazo de defesa depende da anuência do réu.

3 PARTES E PROCURADORES

3.1 CAPACIDADE PROCESSUAL• Existem 3 (três) espécies de capacidade:

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Direito Processual Civil 91

� SÚMULAS APLICÁVEIS

1. AÇÃO• Súmula 242 STJ. Cabe ação declaratória para reco-

nhecimento de tempo de serviço para fins previ-denciários.

• Súmula 181 STJ. É admissível Ação Declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpreta-ção de cláusula contratual.

2. PARTES E PROCURADORES

2.1 CAPACIDADE PROCESSUAL• Súmula 644 STF. Ao titular de cargo de procurador

de autarquia não se exige a apresentação de instru-mento de mandato para representá-la em juízo.

• Súmula 196 STJ. Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.

2.2 DESPESAS E DAS MULTAS• Súmula 256 STF. É dispensável pedido expresso

para condenação do réu em honorários, com fun-damento nos arts. 63 ou 64 do Código de Processo Civil.

• Súmula 481 STJ. Faz jus ao benefício da justiça gra-tuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

• Súmula 453 STJ. Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em jul-gado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.

• Súmula 421 STJ.   Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.

3. MINISTÉRIO PÚBLICO• Súmula 470 STJ. O Ministério Público não tem

legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.

4 COMPETÊNCIA• Súmula vinculante 27. Compete à justiça estadual

julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a Anatel não seja litisconsorte passiva necessária, assistente, nem opoente.

• Súmula vinculante 22. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em

primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 45/04.

• Súmula 556 STF. É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista.

• Súmula 517 STF. As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a união inter-vém como assistente ou opoente.

• Súmula 508 STF. Compete a justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S.A.

• Súmula 501 STF. Compete a justiça ordinária esta-dual o processo e o julgamento, em ambas as ins-tâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a união, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.

• Súmula 343 STF.   Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.

• Súmula 489 STJ. Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

• Súmula 480 STJ. O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.

• Súmula 428 STJ. Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.

• Súmula 383 STJ. A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.

• Súmula 381 STJ. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusivi-dade das cláusulas.

• Súmula 368 STJ. Compete à Justiça comum esta-dual processar e julgar os pedidos de retificação de dados cadastrais da Justiça Eleitoral.

• Súmula 367 STJ. A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já senten-ciados.

• Súmula 363 STJ. Compete à Justiça estadual pro-cessar e julgar a ação de cobrança ajuizada por pro-fissional liberal contra cliente.

• Súmula 356 STJ. É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.

• Súmula 270 STJ.   O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a com-petência para a Justiça Federal.

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Direito Processual Civil 97

11.6 AÇÃO MONITÓRIA

• Súmula 338 STJ. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

• Súmula 299 STJ. É admissível a ação monitória fun-dada em cheque prescrito.

• Súmula 292 STJ. A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.

• Súmula 282 STJ. Cabe a citação por edital em ação monitória.

• Súmula 247 STJ. O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstra-tivo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento de ação monitória.

12 PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NA LEGISLA-ÇÃO EXTRAVANTE

12.1 MANDADO DE SEGURANÇA

• Súmula 636 STF. A suspensão da liminar em man-dado de segurança, salvo determinação em contrá-rio da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manu-tenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou par-cialmente, com o da impetração.

• Súmula 632 STF. É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de man-dado de segurança.

• Súmula 630 STF. A entidade de classe tem legitima-ção para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

• Súmula 430 STF. Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o man-dado de segurança.

• Súmula 271 STF. Concessão de mandado de segu-rança não produz efeitos patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclama-dos administrativamente ou pela via judicial pró-pria.

• Súmula 269 STF. O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

• Súmula 267 STF. Não cabe mandado de segu-rança contra ato judicial passível de recurso ou correição.

• Súmula 266 STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.

• Súmula 101 STF. O mandado de segurança não substitui a ação popular.

• Súmula 376 STJ. Compete a turma recursal proces-sar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.

• Súmula 333 STJ. Cabe mandado de segurança con-tra ato praticado em licitação promovida por socie-dade de economia mista ou empresa pública.

• Súmula 169 STJ. São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado de segu-rança.

12.2 AÇÕES COLETIVAS• Súmula 489 STJ. A dispensa de reexame necessá-

rio, quando o valor da condenação ou do direito controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

12.3 AÇÃO POPULAR• Súmula 365 STF. Pessoa jurídica não tem legitimi-

dade para propor ação popular.

12.4 AÇÕES E OUTROS PROCEDIMENTOS CONSTITUCIONAIS• Súmula vinculante 10. Viola a cláusula de reserva

de plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracio-nário de Tribunal que, embora não declare expres-samente a inconstitucionalidade de lei ou ato nor-mativo do poder público, afasta sua incidência, no todo em parte.

• Súmula 368, STF. Não há embargos infringentes no processo de reclamação.

� INFORMATIVOS APLICÁVEIS

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

1.1. PARTES E PROCURADORES

Representação processual e cópia não autenticada – 4

Em conclusão de julgamento, a 1ª Turma, por maioria, conheceu de agravo regimental interposto de decisão do Min. Menezes Direito que, em agravo de instrumento do qual então relator, entendera intempestivo recurso extraordinário não admitido pelo tribunal “a quo” por motivo diverso. No regimental, o Rela-tor asseverara que a petição estaria subscrita por advogada que não possuiria instrumento de mandato válido para representar a agravante, haja vista que o substabelecimento – que conferi-ria poderes à subscritora do presente agravo –, embora original, estaria assinado por advogada que, também, não possuiria pro-curação válida nos autos, uma vez que o substabelecimento, juntado na interposição deste agravo regimental, seria mera cópia reprográfica sem a necessária autenticação. Aduziu-se que a subscritora do agravo estaria devidamente credenciada pela parte agravante. Afastou-se a exigência de autenticação de peças trasladadas em cópia quando apresentadas pelo advogado. AI 741616 AgR/RJ, red. p/ ac. Min. Marco Aurélio, 19.3.2013. 1ª T. (Info 699, STF)

Irregularidade na representação processual de enti-dade submetida a regime de liquidação extrajudicial pela Susep.

Não devem ser conhecidos os embargos de divergência interpostos por entidades submetidas a regime de liquida-ção extrajudicial pela Superintendência de Seguros Privados

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98 Maurício Ferreira Cunha

- Susep na hipótese em que a petição tenha sido subscrita por advogado cujo substabelecimento, apesar de conferido com reserva de poderes, não tenha sido previamente autorizado pelo liquidante. Efetivamente, conforme a Portaria 4.072/2011 da SUSEP, os poderes outorgados pelo liquidante aos advoga-dos da massa somente podem ser substabelecidos com auto-rização daquele. Cumpre ressaltar, ainda, que a irregularidade na representação processual enseja o não conhecimento do recurso, descabendo sanar o referido defeito após a sua inter-posição. Mutatis mutandis, incide no caso a orientação da Súmula 115 do STJ, de acordo com a qual “na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”. Ademais, registre-se, por oportuno, que a jurispru-dência desta Corte é firme no sentido de que as disposições dos arts. 13 e 37 do CPC não se aplicam na instância superior, de modo que é incabível a conversão do julgamento em dili-gência ou a abertura de prazo para a regularização do recurso. AgRg nos EREsp 1.262.401-BA, Rel. Min. Humberto Martins, j. 25.4.2013. Corte Especial. (Info 521, STJ)

Análise dos efeitos de irregularidade processual à luz do princípio do máximo aproveitamento dos atos processuais.

O fato de um recurso ter sido submetido a julgamento sem anterior inclusão em pauta não implica, por si só, qualquer nulidade quando, para aquele recurso, inexistir norma que possibilite a realização de sustentação oral. Isso porque, apesar da ocorrência de irregularidade processual (inobservância do art. 552 do CPC), deve ser considerada a regra segundo a qual o ato não se repetirá, nem se lhe suprirá a falta, quando não prejudicar a parte (art. 249, § 1º, do CPC), em consonância com o princípio do máximo aproveitamento dos atos processuais. REsp 1.183.774-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18.6.2013. 3ª T. (Info 526, STJ)

AgRg no RE 591.123-RS. Rel. Min. Luiz Fux

Agravo regimental no recurso extraordinário. Provimento do recurso. Fixação de honorários de advogado, com inversão do ônus da sucumbência. 1.  A Fazenda Pública, quando vencida, não impede a aplicação do disposto no art. 20, § 4º, combinado o § 3º, alíneas “a”, “b” e “c”, do CPC, fixando-se os ônus da sucum-bência com base no valor da causa. 2. ”In casu”, o Tribunal de origem condenou o contribuinte a pagar verba honorária no percentual de 10% sobre o valor da causa e, provido o recurso extraordinário, a Fazenda Pública restou vencida, sendo inverti-dos o ônus da sucumbência, o que está em consonância com a jurisprudência assente nesta Corte. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (Info 698, STF)

Extensão da gratuidade de justiça aos atos praticados por notários e registradores.

A gratuidade de justiça obsta a cobrança de emolumentos pelos atos de notários e registradores indispensáveis ao cum-primento de decisão proferida no processo judicial em que fora concedido o referido benefício. Essa orientação é a que melhor se ajusta ao conjunto de princípios e normas constitucionais voltados a garantir ao cidadão a possibilidade de requerer aos poderes públicos, além do reconhecimento, a indispensável efetividade dos seus direitos (art. 5º, XXXIV, XXXV, LXXIV, LXXVI e LXXVII, da CF). Com efeito, a abstrata declaração judicial do direito nada valerá sem a viabilização de seu cumprimento. AgRg no RMS 24.557-MT, Rel. Min. Castro Meira, j. 7.2.2013. 2ª T. (Info 517, STJ)

2. LITISCONSÓRCIO

Não configuração de litisconsórcio passivo necessário no caso de ação em que se objetive a restituição de parcelas pagas a plano de previdência privada.

Na ação em que se objetive a restituição de parcelas pagas a plano de previdência privada, não há litisconsórcio passivo necessário entre a entidade administradora e os participantes, beneficiários ou patrocinadores do plano. Com efeito, no caso em que existam diversos titulares de direitos que derivem do mesmo título ou do mesmo fato jurídico e que estejam em jogo direitos patrimoniais, cabendo a cada titular uma parcela do todo divisível, será, em regra, eficaz o provimento concedido a algum deles, mesmo sem a presença dos demais. Isso porque a própria lei confere caráter de excepcionalidade ao litisconsór-cio necessário, impondo-o apenas nas hipóteses previstas em lei ou pela natureza da relação jurídica (art. 47 do CPC). Sendo assim, como não se trata de hipótese em que o litisconsórcio necessário seja imposto por lei, tampouco se cuida de uma única relação jurídica indivisível, não há como falar, nesses casos, na configuração de litisconsórcio passivo necessário. REsp 1.104.377-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 18.4.2013. 4ª T. (Info 522, STJ)

Preservação de litisconsórcio passivo inicialmente esta-belecido entre segurado e seguradora em ação decorrente de acidente de trânsito ajuizada contra ambos.

No caso de ação indenizatória decorrente de acidente de trân-sito que tenha sido ajuizada tanto em desfavor do segurado apontado como causador do dano quanto em face da segura-dora obrigada por contrato de seguro de responsabilidade civil facultativo, é possível a preservação do litisconsórcio passivo, inicialmente estabelecido, na hipótese em que o réu segurado realmente fosse denunciar a lide à seguradora, desde que os réus não tragam aos autos fatos que demonstrem a inexistência ou invalidade do contrato de seguro. A preservação do aludido litisconsórcio passivo é viável, na medida em que nenhum pre-juízo haveria para a seguradora pelo fato de ter sido convocada a juízo a requerimento do terceiro autor da ação – tendo em vista o fato de que o réu segurado iria mesmo denunciar a lide à seguradora. Deve-se considerar que, tanto na hipótese de litisconsórcio formado pela indicação do terceiro prejudicado, quanto no caso de litisconsórcio formado pela denunciação da lide à seguradora pelo segurado, a seguradora haverá de se defender em litisconsórcio passivo com o réu, respondendo solidariamente com este pela reparação do dano decorrente do acidente até os limites dos valores segurados contratados, em consideração ao entendimento firmado no REsp 925.130-SP, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, no sentido de que, “Em ação de reparação de danos movida em face do segurado, a Seguradora denunciada pode ser condenada direta e solida-riamente junto com este a pagar a indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice”. REsp 710.463-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, j. 9.4.2013. 4ª T. (Info 518, STJ)

3. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

3.1. ASSISTÊNCIA

Assistente simples e ingresso após início de julgamento de RE – 1

O Plenário iniciou julgamento de agravo regimental interposto de decisão proferida pelo Min. Joaquim Barbosa, que indefe-rira pedido de ingresso do postulante nos autos do RE 550769, na qualidade de assistente simples (CPC, art. 50). Este alega ser sócio-administrador da empresa recorrente no aludido extra-ordinário e que, nesta condição, poderia eventualmente ser chamado a responder pelos débitos tributários da sociedade,