direito previdenciário para concursos públicos · 2018-01-16 · representar a minoria das...

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2014 Direito Previdenciário para Concursos Públicos Vinícius Barbosa Mendonça Gratuito Material teórico completo Revisão ao final de cada unidade 100 questões comentadas 3ª Edição

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2014

Direito Previdenciário para Concursos Públicos

Vinícius Barbosa Mendonça

Gratuito Material teórico completo Revisão ao final de cada

unidade 100 questões comentadas

3ª Edição

2

À minha família

e à todos os meus alunos.

3

Esse é um material GRATUITO!

Sua venda é expressamente proibida.

4

PIRATARIA É CRIME.

Esse material é protegido por leis nacionais e internacionais de direitos autorais. Sua

violação é prevista como crime no artigo 184 do Código Penal.

Direito Previdenciário para

Concursos Públicos

Vinícius Barbosa Mendonça

Março/2014

5

Nota

Aos 16 anos de idade tive o privilégio de ter um estágio de

nível médio no INSS como primeira experiência profissional. Sem

sombra de dúvidas, uma das oportunidades mais importantes da

minha vida. Um estágio que me rendeu muito mais que apenas uma

remuneração mensal, rendeu-me um sonho: o de ter uma vida

melhor.

Mesmo sem ter o grau de escolaridade e a idade mínima

exigidos para o cargo, já tinha me decidido. Pedi demissão do

estágio, cortei todos meus compromissos, deletei meu Orkut e

Facebook, desinstalei meu MSN e passei a perseguir meu sonho: ser

um Técnico do Seguro Social. De fato, nós concurseiros temos uma

vida muito árdua. Mas a dor é temporária, os benefícios vêm

depois. Aos 17 anos pude ter a sensação de ver meu nome

publicado no Diário Oficial da União na primeira colocação.

Sensação essa que incluía meu medo de não ter 18 anos quando da

posse, mas graças a Deus fui nomeado 5 dias depois de completar a

maioridade e não tive problemas quanto à idade mínima exigida.

Meu intuito com este curso não é o de promover amplos

debates acerca do Direito Previdenciário. Sempre estudei tentando

ensinar o que aprendia, por isso a melhor forma que encontrei de

cercar toda a matéria era dando um curso completo. O que objetivo

com esse curso é ampliar meu conhecimento e ajudar àqueles que

almejam um cargo público. Este é um curso de concurseiro para

6

concurseiro! Por isso é GRATUITO. Conheço bem as dificuldades

que um concurseiro tem.

Muitos acham que concursos para o INSS dispensam o

conhecimento acerca do custeio previdenciário. Não se engane:

domine todo o edital. Provas para o INSS cobram sim o

conhecimento sobre o custeio, mas com menos incidência que as

provas para a SRFB. Por mais que para o INSS o custeio possa

representar a minoria das questões de direito previdenciário, é essa

minoria que pode definir quem irá ou não passar no concurso.

Portanto, um bom estudo com algumas alíquotas e princípios (de

preferência todos) é fundamental.

Por mais que eu seja muito novo, já venho estudando Direito

Previdenciário de forma MUITO exaustiva desde os 16 anos de

idade. E não é qualquer estudo, é um estudo para concursos. E

estudar para concursos é dar o máximo que você tem pra dar. É

utilizar todos seus recursos e toda sua capacidade. Não é

simplesmente estudar. É ter disciplina.

Lembre-se de que grandes conquistas exigem grandes

desafios. Estudar para concursos é ter uma vida regrada, onde você

irá fazer tudo se voltando para os concursos públicos. Você irá

mentalizá-lo, já tendo certeza que irá passar. Tendo Foco,

Organização, Determinação e Motivação, nada poderá impedi-lo.

De início: você deve ter uma direção fixa a seguir. Não

adianta sair fazendo todos os concursos que aparecem pela frente.

Você deve ter foco. É escolher um e estudar pra ele. Se também

quiser estudar pra outro concurso de menor porte durante um final

de semana, já que ele só tem uma ou outra matéria divergente, tudo

bem. Se quiser, por exemplo, enquanto estuda pro INSS, fazer um

7

concurso pra uma Prefeitura Municipal, tudo bem. Estude pra o

INSS durante toda a semana e, nos finais de semana, dê uma

estudada nas matérias divergentes. O que você não pode é perder o

rumo! Você deve ter foco. Até porque, mesmo que você passe pra

Prefeitura Municipal, você não irá parar de estudar. Esse concurso

deve ser encarado como uma bolsa de estudos. Você não chegou até

aqui para parar, não é?

Lembre-se sempre de estudar o seu estudo. Organização é

fundamental para um estudo eficaz. Tenha em mente que todo seu

tempo disponível deverá ser utilizado nos estudos. Monte um

horário de estudo com base nas horas reais de estudo. Para isso,

utilize um cronômetro para saber quantas horas reais de estudo

você efetivamente cumpre por dia. Não adianta se enganar. Você só

deve soltar o cronômetro quando estiver efetivamente estudando.

Se não estiver lendo, escrevendo ou raciocinando, pare o

cronômetro, nem que seja para descansar uns minutinhos.

Também é muito importante sabermos quais matérias

vamos estudar e qual será a banca organizadora do concurso.

Lembre-se de estudar todas as matérias do edital, do começo ao

fim. Você tem que ter em mente que a prova deve ser fechada.

Estude todo o edital. E outra, faça um estudo direcionado à banca

que organizará o concurso. Se não tiver nenhuma definida, estude

com base nos últimos editais. O modelo de prova varia muito de

uma banca pra outra. Busque também fazer as provas anteriores da

banca que organizará o concurso. Além disso, nunca se esqueça de

ir estudar já sabendo o que irá fazer! Você vai, além de seguir seu

horário, ter uma rotina organizada de leituras, resumos e

exercícios. Assim, você aprenderá a teoria, tentará desenvolvê-la

por si só, e verá como se sai nas provas. Busque fazer como

8

exercícios as questões anteriores de concursos já elaborados pela

banca.

Não é preciso dizer que para dar cumprimento a isso é

necessária muita determinação, não é mesmo? Se você não der seu

sangue nessa batalha, se não estudar o máximo de horas reais o

possível, não haverá aprovação. Mas é o que já foi dito: grandes

conquistas exigem grandes desafios. É sua garra que vai permitir

sua ocupação no cargo público. Por isso, utilize todos os recursos

que você possui. Tenha uma mesa só pra estudar. Quando for

estudar, desligue-se do mundo que o circunda. Não se concentre em

nada além dos estudos. Se estiver fora de casa, utilize um aparelho

celular ou MP3 para ouvir o conteúdo das leis ou das aulas em

áudio, a memória auditiva também é importante. Busque estudar de

todas as formas possíveis. Crie novas formas de estudar.

E agora o mais importante de todos os elementos

necessários ao estudo para concursos públicos: a motivação. É ela

que nos faz querer, é ela que nos faz sonhar com o cargo público.

Quem estuda obrigado pelos pais muito dificilmente obterá a

aprovação. O sonho é seu. Goste de estudar, estude com motivação.

Uma vida estável está ao seu alcance. Tudo bem que dinheiro não

resolve todos os problemas, mas vamos combinar que enfrentar os

problemas com dinheiro é muito mais fácil. Viva esse sonho! Queira

ser um servidor público! Lembre-se de que o trabalho desenvolvido

pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido

como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,

integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser

considerado como seu maior patrimônio. Acredite nos seus

sonhos.

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E é por isso que devo reforçar: não desista de seus sonhos.

São eles que nos movem. Sem eles, ficamos vazios. Lembre-se de

que o concurso público é uma fila. Os que estão há mais tempo,

por terem mais conhecimento, vão passando, e a fila vai andando.

Uma hora, seu conhecimento vai ser tanto que chegará sua vez na

fila. Ou você acha melhor ficar 5 anos numa faculdade pra não saber

nem se vai conseguir um emprego na mesma área? Por mais que

você fique estudando pra concursos durante 5 anos, o cargo público

vai ser até para depois de sua morte (já que você ainda se aposenta

e depois institui uma pensão)! Uma vida financeiramente estável

está ao seu alcance, então não desanime e estude com gosto e

motivação. Sei que o concurseiro é um ser extremamente

incompreendido por todos. O que mais tem é gente nos colocando

pra baixo, dizendo que estamos perdendo nosso tempo, que vamos

ficar loucos, que abdicamos de nossos prazeres a troco de nada.

Meu aluno, seu tempo nunca foi tão bem aproveitado. Louco você

vai ficar é sendo sugado por uma empresa da iniciativa privada.

Abdicamos dos prazeres que nos são possíveis nesse momento para

futuramente usufruirmos dos prazeres que quisermos! Muitos

desistem, mas os que ficam e persistem uma hora conseguem.

Por isso, a todos os concurseiros-guerreiros, um ótimo

estudo!

10

Vai fazer concurso para o INSS?

Não deixe de conferir o material específico! Nele você

encontrará todas as provas anteriores para o INSS com gabarito,

capítulos exclusivos sobre os procedimentos e a organização do

INSS, super vídeo-aulas revisionais, súmulas previdenciárias e

muito mais! Veja o quadro comparativo:

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Material teórico completo 100 questões comentadas

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Previdenciário de todas as provas para o INSS com gabarito

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11

Acesse o blog e veja mais detalhes! Não deixe passar.

Concurso público é dar o máximo que você tem pra dar, é utilizar

todos seus recursos e toda sua capacidade!

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12

Sumário

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 17

UNIDADE I - PARTE GERAL

CAPÍTULO 1 – SEGURIDADE SOCIAL: CONCEITO E HISTÓRICO ...... 23

1.1 Conceito e fontes .............................................................................................. 23

1.2 Histórico da proteção social ........................................................................ 25

1.3 Saúde ...................................................................................................................... 30

1.4 Assistência Social ............................................................................................. 31

1.5 Previdência Social ............................................................................................ 34

CAPÍTULO 2 – ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE

SOCIAL........................................................................................................................... 36

2.1 Disposições Gerais ........................................................................................... 36

2.2 Princípios Gerais............................................................................................... 37

2.3 Princípios Específicos .................................................................................... 39

CAPÍTULO 3 - REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ................... 43

3.1 Regimes Previdenciários .............................................................................. 43

3.2 Finalidade e princípios básicos ................................................................. 46

3.3 Inscrição e Filiação .......................................................................................... 48

3.4 Prestações ............................................................................................................ 49

CAPÍTULO 4 - BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL:

SEGURADOS E DEPENDENTES ......................................................................... 51

13

4.1 Beneficiários ....................................................................................................... 51

4.2 Segurados Obrigatórios................................................................................. 51

4.2.1 Segurado Empregado ................................................................................. 53

4.2.2 Segurado Empregado Doméstico.......................................................... 58

4.2.3 Segurado Contribuinte Individual ........................................................ 59

4.2.4 Segurado Trabalhador Avulso................................................................ 66

4.2.5 Segurado Especial ........................................................................................ 68

4.3 Segurado Facultativo ...................................................................................... 76

4.4 Dependentes ....................................................................................................... 78

REVISÃO ....................................................................................................................... 83

EXERCÍCIOS ................................................................................................................ 95

UNIDADE II - CUSTEIO

CAPÍTULO 5 – FONTES E PRINCÍPIOS DO CUSTEIO ............................ 108

5.1 Financiamento da Seguridade Social ................................................... 108

5.2 Princípios Constitucionais ........................................................................ 110

CAPÍTULO 6 - ARRECADAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES E SALÁRIO-

DE-CONTRIBUIÇÃO ............................................................................................. 114

6.1 Arrecadação das Contribuições .............................................................. 114

6.2 Conceitos de salário-de-contribuição .................................................. 117

6.3 Parcelas integrantes do salário-de-contribuição ........................... 119

6.4 Parcelas não integrantes do salário-de-contribuição .................. 121

CAPÍTULO 7 - CONTRIBUIÇÕES EM ESPÉCIE ......................................... 124

14

7.1 Contribuições dos segurados .................................................................. 124

7.1.1 Contribuição do Empregado, Trabalhador Avulso e

Empregado Doméstico ....................................................................................... 124

7.1.2 Contribuição do Contribuinte Individual ....................................... 126

7.1.3 Contribuição do Facultativo ................................................................. 127

7.1.4 Contribuição do Segurado Especial .................................................. 128

7.2 Contribuições da empresa ........................................................................ 129

7.2.1 Cooperativa .................................................................................................. 130

7.2.2 SAT e adicional ao SAT ............................................................................ 132

7.3 Contribuições substitutivas da cota patronal .................................. 134

7.4 Mais contribuições e outras receitas ................................................... 136

CAPÍTULO 8 - RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO, JUROS E MULTA

........................................................................................................................................ 138

8.1 Recolhimento fora do prazo ..................................................................... 138

8.2 Juros e Multa .................................................................................................... 139

CAPÍTULO 9 - DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO ........................................... 141

9.1 Decadência e Prescrição no Custeio ..................................................... 141

9.2 Decadência e Prescrição nos Benefícios............................................. 142

REVISÃO .................................................................................................................... 144

EXERCÍCIOS ............................................................................................................. 151

UNIDADE III - BENEFÍCIOS

CAPÍTULO 10 - MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE

SEGURADO ............................................................................................................... 168

15

10.1 Manutenção da qualidade de segurado ........................................... 168

10.2 Perda da qualidade de segurado ......................................................... 171

CAPÍTULO 11 - PERÍODOS DE CARÊNCIA................................................. 174

11.1 Períodos de Carência ................................................................................ 174

11.2 Carência e perda da qualidade de segurado .................................. 176

CAPÍTULO 12 - SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DE

BENEFÍCIO ............................................................................................................... 178

12.1 Salário-de-benefício .................................................................................. 178

12.2 Fator Previdenciário ................................................................................. 179

12.3 Renda Mensal de Benefício .................................................................... 181

CAPÍTULO 13 - PRESTAÇÕES EM ESPÉCIE .............................................. 183

13.1 Aposentadoria por invalidez ................................................................. 183

13.2 Aposentadoria por idade ........................................................................ 186

13.3 Aposentadoria por tempo de contribuição .................................... 190

13.4 Aposentadoria especial ........................................................................... 193

13.5 Auxílio-doença ............................................................................................. 195

13.6 Salário-família .............................................................................................. 197

13.7 Salário-maternidade ................................................................................. 198

13.8 Auxílio-acidente .......................................................................................... 202

13.9 Pensão por morte ....................................................................................... 203

13.10 Auxílio-reclusão........................................................................................ 205

13.11 Serviço social ............................................................................................. 206

13.12 Reabilitação profissional ...................................................................... 207

CAPÍTULO 14 - OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE BENEFÍCIOS........... 209

16

14.1 Abono anual .................................................................................................. 209

14.2 Acumulação de benefícios ...................................................................... 209

14.3 Acidente de Trabalho ............................................................................... 210

14.4 Disposições diversas ................................................................................. 213

REVISÃO .................................................................................................................... 217

EXERCÍCIOS ............................................................................................................. 233

UNIDADE IV - OUTRAS DISPOSIÇÕES

CAPÍTULO 15 - OBRIGAÇÕES E RESSARCIMENTO............................... 248

15.1 Obrigações Acessórias e Responsabilidade Solidária ............... 248

15.2 Restituição, Compensação e Reembolso ......................................... 251

CAPÍTULO 16 - CRIMES CONTRA A SEGURIDADE SOCIAL .............. 253

16.1 Apropriação Indébita Previdenciária ............................................... 253

16.2 Sonegação de Contribuição Previdenciária ................................... 255

16.3 Falsificação de Documento Público ................................................... 258

16.4 Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informações .......... 259

16.5 Modificação ou Alteração Não-Autorizada de Sistema de

Informações ............................................................................................................. 260

CAPÍTULO 17 – A PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS .... 262

17.1 Aspectos Gerais ........................................................................................... 262

17.2 Aposentadoria e Pensão .......................................................................... 263

REVISÃO .................................................................................................................... 266

EXERCÍCIOS ............................................................................................................. 271

17

INTRODUÇÃO

Antes de iniciarmos o estudo do direito previdenciário, é

interessante fazermos uma breve introdução ao estudo do direito

como um todo. Muitos nunca estudaram matéria alguma de direito,

e algumas noções são muito importantes na hora de interpretar

uma questão ou melhor compreender o conteúdo da matéria. Além

disso, diversas provas de nível médio para o próprio INSS já

cobraram tópicos que versam exclusivamente sobre o que vamos

tratar nessa introdução. Já farei essa breve introdução dando

enfoque ao Previdenciário.

Comecemos então pelas fontes do direito, ou seja, a origem

do conteúdo do seu conteúdo. De onde ele vem. No caso específico

do direito previdenciário, são elas: a Constituição Federal de

1988 – CF/88, as Leis, os Atos Administrativos, a Jurisprudência

e a Doutrina. A CF/88 e as Leis são fontes primárias, enquanto os

Atos Administrativos, a Jurisprudência e a Doutrina são fontes

secundárias.

A CF/88 é a lei mais importante que existe, e está acima de

qualquer outra lei. Suas normas são superiores a qualquer outra

norma legal. Nenhuma lei pode contrariar a CF/88, senão ela será

inconstitucional e não terá eficácia alguma. Ela aborda o direito

previdenciário em um capítulo exclusivo de toda a seguridade

social a partir do artigo 194.

Logo abaixo da constituição, seguindo a hierarquia, temos as

Leis. As leis podem ser: complementares, que regulamentam um

18

artigo da constituição; ordinárias, que tratam das matérias de

forma mais ampla; ou, em caso de urgência e relevância, uma

medida provisória, que é editada pelo Presidente da República,

mas que deve ser posteriormente aprovada pelo Congresso. As

principais leis do direito previdenciário são: a Lei 8.212/91, que

versa sobre o custeio previdenciário; e a Lei 8.213/91, que trata do

benefício previdenciário.

Abaixo das Leis, temos os Atos Administrativos. Enquanto as

Leis e a CF são feitas pelo Poder Legislativo, os Atos

Administrativos são feitos pelo Poder Executivo. Esses atos não

podem criar direitos ou obrigações, servem apenas para

regulamentar uma lei já existente. Temos como exemplos os

regulamentos, as instruções normativas, os memorandos etc. O

Regulamento da Previdência Social – RPS encontra-se no Decreto

3.048/99.

Logo abaixo, temos a Jurisprudência, que é um conjunto de

decisões do Poder Judiciário que busca a uniformização de atuação

dos tribunais. Se esse posicionamento for bem solidificado e a

matéria gerar muitos litígios, o tribunal poderá editar uma súmula,

que é um texto meramente indicativo e que mostra, em seu

conteúdo, o seu posicionamento ao julgar determinado item. Além

disso, o Supremo Tribunal Federal – STF, que é a mais alta corte

brasileira, pode criar um entendimento tipificado e obrigatório ao

qual todos os juízes, tribunais e a Administração Pública devem

seguir. Esse entendimento é chamado de súmula vinculante. Então

as súmulas são textos indicativos e não obrigatórios e as

súmulas vinculantes são obrigatórias.

Já a Doutrina é o estudo desenvolvido pelos principais

estudiosos da matéria. São os doutrinadores que promovem os

19

debates acerca da matéria previdenciária, propondo novos pontos

de vista, discutindo e aprofundando o estudo da matéria,

sistematizando o conteúdo etc.

Como se percebe, há uma hierarquia entre as normas que

compõem um ordenamento jurídico. Essa hierarquia consiste na

CF/88 no topo seguida pelas Leis, Atos Administrativos,

Jurisprudência e Doutrina. Vejamos:

Caso haja um conflito entre as normas legais, se mais de uma

norma legal for incompatível uma com a outra, haverá a chamada

antinomia entre normas. Para solucionamos as antinomias,

primeiro analisamos a posição hierárquica entre as normas

conflitantes. A norma hierarquicamente superior deverá

prevalecer sobre a inferior. Se as normas forem de mesmo grau

hierárquico e não for possível a solução da antinomia através desse

critério, avalia-se a data de entrada em vigência das normas. Esse

critério está ligado ao tempo, onde a lei mais nova deverá

prevalecer sobre a mais antiga. Ainda, podemos avaliar

diretamente o grau de especificidade da norma, onde a lei

CF/88

Leis

Atos Administrativos

Jurisprudência e Doutrina

20

específica, que possui um conteúdo mais detalhado sobre a

matéria, prevalece sobre a de abordagem mais genérica.

Para se saber se a norma legal está apta ou não a produzir

efeitos, temos de observar sua vigência. Se ela está em vigor,

produz efeitos. Observe que a lei mais nova que entra em vigor

revoga a lei mais antiga, sobrepondo-a. Essa revogação, na lei nova,

pode estar escrita (sendo expressa) ou não (sendo tácita). Assim, a

eficácia de determinada norma cessa quando norma mais nova

entra em vigor. Na maioria das vezes a própria lei que entrou em

vigor traz em algum de seus artigos a data de sua entrada em

vigência, sendo de costume que ela seja a própria data de

publicação (se não estiver disposto na lei, o prazo será de 45 dias).

Por fim, no caso de omissão legislativa, se a lei for omissa, ou

seja, se nela houver alguma lacuna, aplica-se: a analogia, onde a

lacuna é preenchida com uma norma que se assemelhe à do caso; os

costumes, não bastando a prática reiterada pela sociedade, mas

também o caráter de obrigatoriedade imposto por ela; e os

princípios gerais do direito, como os da isonomia, legalidade,

anterioridade etc. Se ainda assim houver dúvida, será aplicado o

princípio do in dubio pro misero, onde a norma deverá ser mais

favorável para o beneficiário.

Existe uma divisão meramente didática que separa os ramos

do Direito em Público, onde há relação de interesse direta com o

Estado, e Privado, onde somente há relação entre particulares. O

direito previdenciário é um ramo do Direito Público, onde o

Estado possui interesse direto na relação jurídica, afinal de contas, a

proteção social exercida pela seguridade social é o principal meio

do qual o Estado e a sociedade se utilizam para assegurarem um

mínimo de dignidade a todas as pessoas. É com ela que as

21

necessidades básicas das pessoas são supridas, garantindo-se um

mínimo de bem-estar e justiça sociais.

Como o curso se destina em sua maioria aos que vão prestar

provas para a Receita Federal e para o INSS, também é importante

sabermos o que cada um destes entes são. Inicialmente temos de

destacar que a República Federativa do Brasil possui entes

federados pertencentes à administração direta e à

administração indireta. As pessoas jurídicas de direito público

interno pertencentes à administração direta são a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Já as pessoas

componentes da administração indireta são as Autarquias, as

Fundações Públicas, as Sociedades de Economia Mista e as

Empresas Públicas.

A União representa a administração federal, e nela estão os

órgãos federais. Enquanto a SRFB é um órgão público federal

pertencente à administração direta, o INSS é uma Autarquia, que é

um ente pertencente à administração indireta e é criado por lei. O

INSS não possui relação de subordinação com União. A União só

pode realizar nele o controle finalístico, feito através de seus

ministérios com o objetivo de ver se ela está cumprindo com o que

deve. Portanto, o INSS está vinculado (e não subordinado!) ao

Ministério da Previdência Social e a SRFB está subordinada ao

Ministério da Fazenda.

Além disso, a União possui três Poderes independentes e

harmônicos entre si. Eles são o Executivo, o Legislativo e o

Judiciário. Em síntese, o Legislativo elabora as leis, o Executivo

exerce a função administrativa, e o Judiciário soluciona os

conflitos que possam surgir na sociedade, sempre tendo, como

22

base, as leis. Perceba assim que o INSS e a SRFB pertencem ao

Poder Executivo Federal.

Por fim, a administração pública deve ter alguns princípios

na pauta de sua atuação. Os principais, ditos expressos, são: o da

Legalidade, onde a administração pública só pode fazer o que é

permitido por lei; o da Impessoalidade, relacionado à finalidade da

atuação, que sempre é o interesse público, e não o particular; o da

Moralidade, já que não basta que a conduta seja legal, devendo

também ser moral; o da Publicidade, onde todo ato deve ser

publicado, com sigilo nos casos de segurança nacional,

investigações policiais ou interesse superior da administração; e o

da Eficiência, já que a atuação deve ser feita com presteza,

perfeição e rendimento.

23

Unidade I: Parte Geral

CAPÍTULO 1 – SEGURIDADE SOCIAL: CONCEITO

E HISTÓRICO

1.1 Conceito e fontes

Seguridade Social é um termo sinônimo de segurança

social. Pelo nome já percebemos que o que com ela se quis foi criar

um sistema protetivo para resguardar os direitos sociais

mínimos. É um sistema formado pelo Poder Público e pela

sociedade, onde todos atuam para garantir uma vida

minimamente digna a todos.

Para promover a segurança social, o constituinte de 1988

determinou, em um capítulo exclusivo, um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade para

assegurar os direitos relativos à saúde, à assistência social e à

previdência social.

O que tal mecanismo denominado de Seguridade Social visa

nada mais é que evitar que infortúnios da vida, como doenças,

acidentes ou velhice, possam impedir o sustento de uma condição

social mínima das pessoas, provocando desigualdade e insegurança

sociais.

A Seguridade Social se insere na Ordem Social, que

estabelece um aparato muito maior de ações sociais. Perceba que a

24

Seguridade Social não esgota todas as ações estatais em prol da

sociedade, mas apenas a saúde, a assistência social e a previdência

social. Assim, a grande quantidade de ações promovidas pela

Ordem Social, além de propiciar proteção nessas áreas, também as

propiciam nas áreas de educação, cultura, esporte, meio ambiente

etc.

O grande detalhe aqui é saber que a Ordem Social tem como

base o primado do trabalho e como objetivos o bem-estar e a

justiça sociais. Afinal de contas, o que se busca com a promoção de

ordem e segurança no aspecto social é justiça social, que nos

protege das desigualdades sociais, e bem-estar social, principal

característica dos Welfare States (Estados do Bem-Estar Social).

Quem efetivamente mantém esse sistema é o trabalho, sendo,

portanto, sua base.

O conjunto de normas (sejam leis ou atos administrativos)

que regulamenta a proteção social é usualmente chamado de

legislação previdenciária. Mesmo sendo chamado de

“previdenciária”, ela também aborda a saúde e a assistência social,

abrangendo toda seguridade social.

Atualmente, as fontes imediatas do direito previdenciário e

a respectiva legislação previdenciária constituem-se, em sua

essência, na CF/88 (art. 194 ao 204) e nas Leis 8.212/91 e

8.213/91 como fontes primárias, e no Regulamento da

Previdência Social previsto no Decreto 3.048/99 como fonte

secundária. Lembrando sempre que é extremamente importante

conhecer bem a literalidade das leis. Leia e releia tais dispositivos

legais, pois muitas questões costumam cobrar a letra fria da lei.

25

1.2 Histórico da proteção social

Antes de estudarmos a seguridade social e o direito

previdenciário com mais profundidade, é necessário fazermos uma

breve abordagem histórica. Dessa forma, a evolução do sistema nos

ajudará a melhor compreender os institutos da seguridade social

que são atualmente existentes. Vários concursos públicos vêm

cobrando esse conteúdo recentemente, por isso, o estudo dessa

parte é extremamente importante. Então vamos lá.

Um dos primeiros patrocinadores da proteção social é, de

certo, a família. Afinal, quando alguém estava doente e não podia

trabalhar, ficava aos amparos dela.

Assim, o que se percebe é que antigamente uma eventual

proteção adicional tinha caráter plenamente privado, sem

nenhuma participação do Estado. Se várias pessoas contribuíssem

facultativamente para um fundo mutualista e esse fundo viesse a

quebrar, o Estado não tinha obrigação alguma de complementá-lo.

Não havia aposentadoria, pensão nem nenhuma outra ação

securitária advinda do Estado.

No mundo todo se observou durante a origem da proteção

social o caráter facultativo e privado das instituições

protetivas, só participava quem quisesse e o Estado não possuía

parcela alguma de responsabilidade. Só posteriormente que veio a

crescente participação e intervenção do Estado.

O primeiro ato relativo à assistência social no mundo

ocorreu na Inglaterra, em 1601. Foi a chamada Poor Relief Act.

Popularmente conhecida como Lei dos Pobres, ela obrigava toda a

26

sociedade a pagar uma contribuição que iria manter um sistema em

favor dos mais necessitados.

Já a previdência social surgiu na Alemanha, em 1883. À

época, o chanceler alemão Bismark criou uma espécie de seguro

para os trabalhadores da indústria. O empregador e o empregado

deviam contribuir para um sistema que iria proteger o trabalhador

no caso de doenças. Devido ao caráter compulsório de filiação e

à natureza contributiva, tem-se a lei de Bismark como marco

inicial da previdência social no mundo.

A Constituição do México de 1917 foi a primeira

constituição no mundo a mencionar a previdência social.

Em 1935, nos EUA, foi editado o Social Security Act, que

atendia aos riscos sociais de forma muito mais abrangente. Esse é

considerado como uma evolução do sistema alemão.

E, por fim, no mundo, a última parte aqui abordada da

evolução da proteção social se deu na Inglaterra, em 1942. O

chamado Plano Beveridge foi utilizado para traçar o que

atualmente chamamos de Seguridade Social, sendo uma ampla

gama de ações securitárias, com proteção durante toda a vida das

pessoas.

No Brasil a lógica foi parecida, com a gradual intervenção do

Estado. Já em 1543 as Santas Casas de Misericórdia exerciam um

papel protetivo em prol dos necessitados.

Em 1835 é criado o MONGERAL, o montepio dos

servidores do estado. Ele possuía caráter facultativo e

contributivo, mas totalmente privado, sem participação do

Estado.

27

Seguindo essa linha, em 1888, foi regulado o direito à

aposentadoria dos empregados dos Correios. Eram necessários

30 anos de efetivo serviço e idade mínima de 60 anos para a

aposentadoria. Depois, em 1891 a Constituição passou a prever

aposentadoria no Brasil aos servidores públicos que se

invalidassem no exercício de sua função.

Em 1919, a partir da instituição do Seguro de Acidentes do

Trabalho – SAT, o Estado passou a determinar que uma

indenização fosse paga pelos empregadores aos empregados nos

casos de acidente em serviço. O Estado não arrecadava nenhum

valor para si, apenas determinava essa prestação ao trabalhador

por parte do empregador. O SAT era de natureza privada, a

participação do Estado limitou-se à sua implantação coercitiva.

Atualmente o SAT integra o Regime Geral de Previdência

Social.

E finalmente, em 1923, através do Decreto 4.682/23,

declarou-se o marco inicial da previdência social no Brasil. A Lei

Elóy Chaves, como é popularmente conhecida, implantou as

chamadas Caixas de Aposentadoria e Pensão – CAP. As CAPs

eram criadas por empresa e tinham custeio próprio, sendo de

natureza privada e de adesão facultativa. Os ferroviários foram

os primeiros a se beneficiar das CAPs, tendo as outras categorias

profissionais suas CAPs instituídas por outros decretos. Não se

engane: as CAPs funcionavam por empresa. Portanto, se um

ferroviário migrasse de uma empresa para a outra, também

migraria de CAP.

Atente-se para o fato de que a Lei Elóy Chaves, apesar de

inaugurar a previdência social no Brasil, não é pioneira em termos

previdenciários. A Lei Elóy Chaves apenas foi considerada o marco

28

inicial da previdência social no Brasil devido a sua grande

abrangência securitária.

Como as CAPs eram organizadas por empresa, havia uma

grande quantidade de CAPs pequenas e dispersas, e essa situação

trazia vários problemas. Como exemplo, caso alguém mudasse de

empresa, também mudaria de CAP. Imagine as dificuldades para

a manutenção de direitos que isso trazia. Também havia o

problema relativo ao número de participantes do sistema. Quanto

menos contribuintes, maior a é carga contributiva de cada um

para sustentar um participante necessitado. Portanto, deve-se

ter um grande número de pessoas participando de um sistema

previdenciário para que este flua com equilíbrio financeiro e

atuarial.

Esses e outros problemas foram amenizados a partir de

1933, através da criação dos Institutos de Aposentadoria e

Pensão – IAP. O primeiro IAP não foi dos ferroviários, mas sim dos

marítimos. Posteriormente, outras categorias profissionais foram

beneficiadas. Os IAPs, diferentemente das CAPs, não funcionavam

por empresa, mas sim por categoria profissional. Além disso, sua

participação era compulsória, aumentando o número de

participantes. Elas tinham a natureza jurídica de autarquia e eram

vinculados ao Ministério do Trabalho.

Mesmo com o grande avanço, ainda havia situações em que o

trabalhador mudava de categoria profissional, novamente levando

consigo os mais diversos problemas. Além do mais, manter vários

IAPs diferentes com legislações diferentes era muito confuso,

havendo uma grande necessidade de unificação da legislação

previdenciária.

29

Em 1960, a Lei 3.807, conhecida como Lei Orgânica da

Previdência Social – LOPS, unificou a legislação dos IAPs. No final

o que sobrou foram vários IAPs com diferentes participantes e

mesmas regras para concessão de benefício. Logo, o mais esperado

ocorreu. Em 1966 houve a unificação dos IAPs em um único

instituto: o Instituto Nacional da Previdência Social – INPS. Vale

ressaltar que a efetiva implantação do INPS se deu em 1967.

Posteriormente, em 1977, foi instituído o Sistema Nacional

de Previdência e Assistência Social – SINPAS. Ele agregava vários

institutos relacionados à proteção social, que eram: o Instituto

Nacional de Previdência Social – INPS, o Instituto de Administração

Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS, o Instituto

Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, a

Legião Brasileira de Assistência – LBA, a Fundação Nacional do

Bem-Estar do Menor – FUNABEM, a Central de Medicamentos –

CEME e a Empresa de Processamento de Dados da Previdência

Social – DATAPREV.

Enquanto o INPS administrava a concessão dos

benefícios, o IAPAS administrava a parte relacionada ao

custeio, como a arrecadação de contribuições. O INAMPS

administrava a assistência médica, e, à época, somente quem era

segurado fazia jus às suas prestações. Atualmente, a única

remanescente do SINPAS é a DATAPREV (atual Empresa de

Tecnologia e Informações da Previdência Social), ligada tanto ao

INSS quanto à SRFB.

Em 1990, com a criação do Instituto Nacional do Seguro

Social – INSS, houve a extinção do SINPAS. O INSS surgiu da fusão

do INPS com o IAPAS. A parte da saúde é atualmente ministrada

em sua totalidade pelo SUS. Em 1991 entraram em vigor as Leis

30

8.212/91 e 8.213/91, que atualmente normatizam parte da

seguridade social, em especial a previdência social.

À época, o INSS administrava tanto a concessão dos

benefícios quanto a parte relacionada ao custeio. Porém, em 2005,

a parte do custeio foi transferida para a chamada Secretaria da

Receita Previdenciária – SRP, órgão vinculado ao Ministério da

Previdência Social. A partir de então, o INSS passou a administrar

somente a concessão dos benefícios, semelhante ao antigo INPS.

Por fim, em 2007, houve a fusão da SRP com a Receita Federal do

Brasil, criando a Secretaria da Receita Federal do Brasil –

SRFB, popularmente conhecida como Super-Receita.

1.3 Saúde

A saúde costuma ser abordada mais superficialmente pelas

provas, limitando-se ao contido na CF/88.

Ela é um dever do Estado e não demanda nenhuma

espécie de contribuição de seus usuários para que eles possam

dela usufruir, sendo um direito de todos. Suas ações devem,

através de políticas sociais e econômicas, visar à redução do risco

de doenças e outros agravos, com acesso universal e igualitário às

ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Apesar de serem de relevância pública, as ações e serviços

de saúde podem ser feitas através de terceiros, inclusive as

pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Sua

regulamentação, fiscalização e controle devem ser promovidos

pelo Poder Público.

31

As ações e serviços públicos de saúde constituem um

sistema único, integrando uma rede regionalizada e

hierarquizada. Além disso, há algumas diretrizes a serem seguidas,

quais sejam:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de

governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades

preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

Por fim, é livre à iniciativa privada a assistência à saúde.

Mediante contrato de direito público ou convênio, as instituições

privadas poderão participar de forma complementar ao sistema

único de saúde, tendo preferência as entidades filantrópicas e as

sem fins lucrativos.

1.4 Assistência Social

Tal como a saúde, a assistência social costuma ser abordada

de forma mais superficial pelas provas. O detalhe reside na Lei

8.742/93, a chamada Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS,

que é abordada junto da CF/88, ambas aqui estudadas.

Diferentemente da saúde, a assistência social não será

prestada a todas as pessoas, mas a quem dela necessitar. Ela

também não demanda nenhuma espécie de contribuição do

beneficiário, mesmo que o benefício seja de prestação continuada.

32

Quando dizemos que não se exigem contribuições, devemos

tomar cuidado. É óbvio que existem fontes de custeio aos

benefícios da assistência social, que estão no mesmo dispositivo

constitucional que as da saúde e as da previdência social (art. 195

da CF/88). O que se quer dizer é que não são exigidas contribuições

daquele que irá efetivamente receber a prestação da assistência

social.

Os objetivos da assistência social são:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à

adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de

deficiência e a promoção de sua integração à vida

comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal

à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que

comprovem não possuir meios de prover à própria

manutenção ou de tê-la provida por sua família,

conforme dispuser a lei.

Para o direito à garantia de um salário mínimo mensal,

considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com

deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja

inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. A família é

composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e,

na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos

33

solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados,

desde que vivam sob o mesmo teto.

É uma pessoa com deficiência aquela que tem

impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,

intelectual ou sensorial, os quais obstruem sua participação plena e

efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais

pessoas.

Para a concessão ao idoso, ele deve contar com pelo menos

65 anos de idade. Caso ele more com mais idosos, se um deles

também receber o benefício de prestação continuada – BPC, ele não

entrará no cálculo da renda familiar per capta.

A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não

suspende o benefício de prestação continuada, limitado a 2 anos o

recebimento concomitante da remuneração e do benefício. Essa

remuneração não será considerada para o cálculo da renda per

capta.

As ações governamentais de assistência social serão

realizadas e organizadas tendo como base: a descentralização

político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas

gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos

programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades

beneficentes e de assistência social; e a participação da

população, por meio de organizações representativas, na

formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.

É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a

programa de apoio à inclusão e promoção social até 0,5% (cinco

décimos por cento) de sua receita tributária líquida, vedada a

34

aplicação desses recursos no pagamento de despesas com

pessoal e encargos sociais, serviço da dívida e qualquer outra

despesa corrente não vinculada diretamente aos

investimentos ou ações apoiados.

1.5 Previdência Social

A previdência social é o foco principal desse material. Por

enquanto ela será abordada de forma mais superficial. Iremos

estudá-la em mais detalhes posteriormente, o importante agora é

apenas entender o que é a previdência social.

A previdência social também é conhecida como seguro

social. Isso porque ela é, de fato, um verdadeiro seguro, que atua

cobrindo a manutenção de nossa condição social nos casos em

que ocorrer alguma contingência-necessidade que possa abalá-la.

Assim, quase que da mesma forma que em um seguro convencional,

através de contribuições, caso ocorra uma contingência a ser

coberta, o seguro deverá cobri-la.

Por ser social, o que ela protege é a capacidade da pessoa

de assegurar sua própria manutenção, para que ela não perca

sua condição social. Quando eventos como doença, idade, prisão ou

outra contingência por ela coberta puder impedir a pessoa de obter

seu sustento, esse seguro entrará em ação. Isso é a previdência

social, um seguro que cobre, mediante contribuições, a

manutenção da condição social dos segurados e seus

dependentes.

35

Organizada sob a forma de regime geral, a previdência

social deverá observar critérios que preservem o equilíbrio

financeiro e atuarial do sistema. Ela é de filiação obrigatória

para aqueles que exercem algum tipo de atividade remunerada

(exceto servidores públicos participantes de regime próprio de

previdência) e tem caráter contributivo. Assim, diferentemente da

saúde ou da assistência social, quem não contribuir diretamente

para o sistema não gerará direito às prestações previdenciárias

para si ou para seus dependentes.

A previdência social assegura a seus beneficiários os meios

indispensáveis para que eles possam manter seu sustento e sua

condição social, protegendo-os quando eles não puderem assegurar

sua manutenção por motivos de incapacidade, desemprego

involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos

familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam

economicamente.

Apesar de assegurar os meios indispensáveis de manutenção

do beneficiário em casos de desemprego involuntário, este não é

coberto pelo Regime Geral de Previdência Social, mas sim pelo

Ministério do Trabalho (é o chamado seguro-desemprego).

36

CAPÍTULO 2 – ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS DA

SEGURIDADE SOCIAL

2.1 Disposições Gerais

Como já foi dito, a seguridade social é um gênero que

comporta três espécies: saúde, assistência social e previdência

social. A partir do exposto, podemos esquematizá-la da seguinte

forma:

A saúde e a assistência social não demandam contribuições

do beneficiário, diferentemente da previdência social, que é de

caráter contributivo. A saúde é um direito de todos, enquanto a

assistência social somente será prestada a quem dela necessitar e a

previdência social aos seus contribuintes ou aos dependentes

destes. Vejamos o quadro sinótico:

Seguridade

Social

Previdência

Social Saúde

Assistência

Social

37

Espécie da Seguridade Social

Sujeitos de direito Exemplos

Saúde Todos Cirurgias,

tratamentos, internações.

Assistência Social Os que dela necessitam

Benefício de prestação

continuada – LOAS, Bolsa Família.

Previdência Social Seus contribuintes e

os dependentes destes

Aposentadorias, pensão por morte,

salário-maternidade.

2.2 Princípios Gerais

Além dos princípios que se aplicam especificamente à

seguridade social, também temos aqueles que se aplicam ao

direito como um todo. Alguns desses princípios gerais do direito

são de extrema importância para uma melhor compreensão do

estudo do direito previdenciário, já que este possui estreita relação

com esses princípios.

Ademais, é dado que o direito possui seus ramos e divisões

de forma entrelaçada, tendo, pois, o direito previdenciário, ligação

com vários outros ramos do direito, tais quais os direitos tributário,

administrativo, trabalhista, civil, penal, constitucional etc.

Um dos mais importantes princípios gerais do direito ligado

ao direito previdenciário é o princípio da solidariedade. A

solidariedade nada mais é que o dever de ajudar ao próximo, da

38

cooperação mútua entre as pessoas. É a busca da igualdade de

oportunidades e do bem-estar de todos.

Sendo mais visível nas áreas da previdência social e da

assistência social, a solidariedade entre as pessoas visa assegurar a

dignidade da pessoa humana a todos. Se alguém não possuir

meios de assegurar sua manutenção, a sociedade será solidária com

essa pessoa e irá mantê-la através da seguridade social.

É a solidariedade que permite a cobrança de contribuições

sociais compulsórias para promover a manutenção daqueles que

não puderem se sustentar por justo motivo. É ela que indica que o

aposentado que retornar ao trabalho deverá contribuir para a

previdência da mesma forma, mesmo sem fazer jus à quase que

nenhuma outra prestação. Afinal, se o segurado já está aposentado,

as condições para prover sua manutenção já foram supridas,

devendo ele, como trabalhador, prover a dos que agora

necessitarem.

Além do princípio da solidariedade, também é dado

destaque ao princípio da legalidade. O princípio da legalidade

pode ser visualizado sob dois aspectos: o do particular e o da

administração pública.

Para o particular o princípio da legalidade significa, via de

regra, “pode fazer assim”, ou seja, o particular poderá fazer tudo

que a lei não proibir e não poderá ser obrigado a fazer algo

senão em virtude de lei. Somente a lei pode, por exemplo, obrigar

o particular a pagar as contribuições sociais.

Já para a administração pública, o princípio da legalidade

significa “deve fazer assim”, ou seja, à administração só é dado

39

fazer o que a lei manda ou autoriza, nada mais. Se um segurado

tem direito e requere um benefício, a administração não tem a

faculdade de concedê-lo, mas o dever, a obrigação. Ela estará

vinculada à prática desse ato. Até se a administração puder fazer

um juízo de valor através do mérito administrativo, esse ato

discricionário deverá estar previsto em lei.

2.3 Princípios Específicos

Os princípios específicos, por sua vez, possuem aplicação

exclusiva no âmbito da seguridade social. Eles estão elencados

nos incisos do artigo 194 da CF/88. Todos eles são aplicados às três

espécies da seguridade social, ou seja, à saúde, à previdência social,

e à assistência social. Ao todo são sete os princípios específicos da

seguridade social, quais sejam:

I. Universalidade da cobertura e do atendimento;

II. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às

populações urbanas e rurais;

III. Seletividade e distributividade na prestação dos

benefícios e serviços;

IV. Irredutibilidade do valor dos benefícios;

V. Equidade na forma de participação do custeio;

VI. Diversidade da base de financiamento; e

VII. Caráter democrático e descentralizado da administração,

mediante gestão quadripartite, com participação dos

trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do

Governo nos órgãos colegiados.

40

A universalidade da cobertura e do atendimento deve ser

analisada em duas partes. No que tange à universalidade da

cobertura, devemos saber que ela se refere às contingências

cobertas; já no que tange à universalidade do atendimento,

devemos ter como referência as pessoas a serem atendidas.

O que se quer dizer é que se deve cobrir todas as

contingências sociais e atender a todas as pessoas. Devido a esse

dispositivo legal, foi criada a figura do segurado facultativo dentro

da previdência social. Assim, pôde-se atender até àquelas pessoas

que não exercem atividade remunerada e que querem se tornar

seguradas da previdência social.

A uniformidade e equivalência dos e benefícios e

serviços às populações urbanas e rurais veio para tentar reduzir

as desigualdades que existiam entre essas populações no passado.

Atualmente, urbanos e rurais devem ser tratados de maneira

uniforme e equivalente (fora os casos estabelecidos pela própria

CF/88). A uniformidade diz respeito a como é prestado o

benefício ou serviço, já a equivalência diz respeito ao valor

recebido pelo beneficiário.

A seletividade e distributividade na prestação dos

benefícios e serviços ordena que se selecionem as contingências

a serem cobertas pela seguridade social e que se distribuam as

prestações às pessoas que necessitam. Portanto, a seletividade diz

respeito às contingências e a distributividade às pessoas.

A irredutibilidade do valor dos benefícios, segundo o STF,

garante apenas a irredutibilidade nominal do benefício, e não o

seu reajuste. Isso não quer dizer que ela não exista, mas que sua

garantia se encontra em outro dispositivo (CF/88, art. 201, §4º).

41

Além do mais, nenhum benefício, à exceção daqueles que não

substituam o rendimento do trabalho, poderá ser pago em valor

mensal inferior ao de um salário mínimo.

A equidade na forma de participação do custeio diz

respeito à capacidade contributiva de cada um. Em outras

palavras, contribuirá com mais quem ganha mais e contribuirá com

menos quem ganha menos. Há casos em que sequer haverá

pagamento, que é quando não se ganha nada (como no BPC-LOAS

ou quando os segurados especiais não obtenham rendimento).

A diversidade da base de financiamento visa proteger o

sistema de custeio da seguridade social. Se a base de financiamento

fosse única e ela apresentasse problemas, todo o sistema também

apresentaria. Como a segurança social está em primeiro plano,

deve-se possuir várias fontes de financiamento para custear a

seguridade social. Assim, se uma falhar, o sistema provavelmente

não ruirá. É “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.

Por fim, o caráter democrático e descentralizado da

administração, mediante gestão quadripartite, com

participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos

aposentados e do Governo nos órgãos colegiados, tem por

objeto a participação democrática de todos os interessados na

gestão da seguridade social. Para tal, no âmbito da previdência, foi

instituído o Conselho Nacional da Previdência Social – CNPS.

O CNPS tem 15 membros, sendo 6 deles representantes

do governo federal e 9 da sociedade civil. Destes, 3 são

representantes dos trabalhadores, 3 dos empregadores e 3 dos

aposentados e pensionistas. Os membros são nomeados pelo

Presidente da República, tendo os representantes da sociedade

42

civil e seus suplentes, indicação das centrais sindicais e

confederações nacionais. Os representantes titulares da sociedade

civil têm mandato de 2 anos, podendo ser imediatamente

reconduzidos uma única vez. É de extrema importância a leitura da

Lei 8.213/91 do art. 3º ao 5º.

43

CAPÍTULO 3 - REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA

SOCIAL

3.1 Regimes Previdenciários

A previdência social divide-se em dois ramos: o dos regimes

básicos e o do regime complementar. Os regimes básicos são

aqueles em que a pessoa é obrigada a se filiar, enquanto o

complementar é dotado de facultatividade de ingresso.

Quando o trabalhador passa a exercer atividade

remunerada ele é automaticamente filiado ao regime básico de

previdência social. No caso do trabalhador de modo geral, aplica-

se o Regime Geral de Previdência Social – RGPS, administrado

pelo INSS e pela SRFB. Já para os servidores públicos, no caso dos

entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) que

o tenham instituído, aplica-se o Regime Próprio de Previdência

Social – RPPS.

O RGPS é único, vinculando os trabalhadores brasileiros de

modo geral (empregados, autônomos etc.). Ele é disciplinado no art.

201 da CF/88. Já os RPPS são vários, um por ente federado (sua

criação é facultativa). Se o ente federado não possuir RPPS, o

servidor será filiado ao RGPS. Além do mais, somente será filiado

a RPPS o servidor ocupante de cargo público efetivo, e não os

comissionados, temporários ou empregados públicos. A esses,

aplica-se o RGPS.

44

Caso uma pessoa vinculada a RPPS também exerça atividade

que a enquadre no RGPS, ela será filiada aos dois regimes. Assim,

um servidor público que dê aulas em uma instituição privada estará

filiado tanto ao RPPS quanto ao RGPS, podendo se aposentar pelos

dois regimes se completar os requisitos em cada um

separadamente.

Também é assegurada a contagem recíproca do tempo de

contribuição tanto no RPPS quanto no RGPS. A contagem recíproca

ocorre quando uma pessoa transfere seu tempo de contribuição

de um regime previdenciário para outro. Nesse caso, os

respectivos regimes terão de se complementar financeiramente e a

pessoa se aposentará no regime a que estiver filiada.

Além desses regimes que filiam compulsoriamente os

trabalhadores, temos o Regime Complementar de Previdência

Social, que é de ingresso facultativo. Observe que a filiação a

algum plano de previdência complementar não tira o caráter de

obrigatoriedade da filiação ao regime básico. Ela pode ser privada

ou pública, podendo a privada ser aberta ou fechada e a pública

somente fechada.

Qualquer pessoa pode se filiar a uma entidade aberta de

previdência complementar privada, diferentemente do

segmento fechado, que é de ingresso restrito às pessoas que

compõem determinado grupo (como empregados de

determinada empresa). As entidades fechadas de previdência

complementar privada também são conhecidas como fundos de

pensão. Assim, uma pessoa que já é filiada ao RGPS pode,

facultativamente, contribuir para o fundo de pensão de sua

empresa e tornar sua aposentadoria superior ao teto do INSS.

45

Já as entidades fechadas de previdência complementar

pública são destinadas aos entes federados que limitam a

aposentadoria de seus servidores ao teto do INSS. Nesse caso, o

servidor poderá, facultativamente, contribuir sobre o que falta para

a entidade fechada de previdência complementar pública e obter a

equiparação de valores entre aposentadoria e remuneração. No

caso da União, essa entidade é o Fundo de Pensão dos Servidores

Públicos Federais – FUNPRESP.

Portanto, esquematizando os regimes previdenciários

temos:

Regimes Previdenciários

Regimes

Básicos

Regimes

Próprios

Regime

Geral

Regime Complementar

Entidades

Privadas

Abertas

Fechadas

Entidades

Públicas

Fechadas

46

3.2 Finalidade e princípios básicos

Como vimos, a previdência social é um seguro contra os

infortúnios da vida que impeçam o trabalhador ou seus

dependentes de assegurarem sua manutenção social. As

contingências cobertas pela previdência social são dadas por

motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada,

tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles

de quem dependiam economicamente. Lembre-se de que não é o

RGPS que administra o seguro-desemprego nos casos de

desemprego involuntário.

A previdência social, tal como a seguridade social, possui

seus princípios específicos. Como a previdência se insere na

seguridade social, é óbvio que ela deve se submeter aos seus

princípios, mas seus próprios princípios só devem ser observados

por si, não abrangendo a saúde ou a assistência social. Perceba que

é grande a semelhança entre os princípios da previdência social e

os da seguridade social, já que aquela se insere nesta. A previdência

social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos:

I - universalidade de participação nos planos

previdenciários;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às

populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos

benefícios;

47

IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-

contribuição corrigidos monetariamente;

V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a

preservar-lhes o poder aquisitivo;

VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do

salário-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do

segurado não inferior ao do salário mínimo;

VII - previdência complementar facultativa, custeada por

contribuição adicional;

VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão

administrativa, com a participação do governo e da

comunidade, em especial de trabalhadores em atividade,

empregadores e aposentados.

Perceba que nenhum benefício que substitua o salário de

contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado poderá

ter valor mensal inferior ao do salário mínimo, sendo

assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes,

em caráter permanente, seu valor real. Além disso, todos os salários

de contribuição considerados para o cálculo do benefício serão

devidamente atualizados.

A previdência social não é organizada sob a forma de um

regime de capitalização, onde as contribuições são guardadas e vão

rendendo juros e correções, mas sim de repartição simples, onde

o trabalhador de hoje custeia diretamente o beneficiário de hoje.

Por isso diz-se que nesse sistema há um pacto entre as gerações,

já que as contribuições dos trabalhadores de hoje são diretamente

vertidas para os aposentados de hoje.

48

Além disso, é vedada a adoção de requisitos e critérios

diferenciados para a concessão de aposentadoria aos

beneficiários do RGPS, ressalvados os casos de atividades exercidas

sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade

física (caso da chamada aposentadoria especial) e quando se tratar

de segurados portadores de deficiência.

3.3 Inscrição e Filiação

Qualquer pessoa física maior de 16 anos (salvo o menor

aprendiz, que pode ser aos 14) pode se filiar ao RGPS, exceto se já

filiado a RPPS. Se o segurado já filiado a RPPS vier a exercer

atividade que o vincule ao RGPS, ele também será filiado ao RGPS,

mas servidor filiado a RPPS não pode se filiar ao RGPS como

segurado facultativo.

A filiação é o vínculo que se estabelece entre as pessoas que

contribuem para a previdência social e esta, do qual decorrem

direitos, como o de requerer benefícios, e obrigações, como a de

pagar as contribuições. Já a inscrição é o ato formal, onde a pessoa

leva à previdência suas informações pessoais.

A filiação será sempre automática e compulsória para as

pessoas que exercem atividade remunerada. Por isso é possível

inscrição retroativa para os segurados obrigatórios, já que eles

estão filiados desde que começam a trabalhar (para isso deve-se

comprovar que se estava trabalhando em data anterior ao pedido e

pagar o débito não prescrito). Já para o segurado facultativo, a

filiação só ocorrerá após a inscrição estar formalizada e com a

primeira contribuição paga.

49

Perceba, então, que para o segurado obrigatório, primeiro

há a filiação e depois a inscrição, diferentemente do segurado

facultativo, que primeiro se inscreve e depois se filia.

A inscrição do empregado é feita pela empresa; a do

empregado doméstico pode ser feita tanto pelo empregador

doméstico quanto pelo próprio empregado doméstico; a do

trabalhador avulso pelo sindicado ou órgão gestor de mão-de-obra;

a do segurado especial por ele próprio; e a do contribuinte

individual, em regra, também por ele próprio, mas, caso ele ainda

não esteja inscrito e uma empresa o contrate, será a empresa que

deverá proceder com a inscrição. Caso uma empresa deixe de

inscrever um segurado que lhe presta serviço, estará sujeita a

multa por segurado não inscrito. Logo estudaremos cada um

desses tipos de segurados em detalhes.

3.4 Prestações

As prestações aqui tratadas nada mais são que os serviços e

os benefícios abarcados pela previdência social. Serviços quando

não há contraprestação pecuniária e benefícios quando há

contraprestação pecuniária. Em outras palavras, o benefício é

pago em dinheiro. Temos como exemplo de serviço uma

reabilitação para o trabalho e como exemplo de benefício uma

aposentadoria.

Os objetos da proteção previdenciária são os segurados e os

dependentes deles, havendo, portanto, prestações devidas aos

segurados, prestações devidas aos dependentes e prestações

devidas a ambos.

50

Os benefícios devidos aos segurados do RGPS os protegem

em casos de doenças (auxílio-doença), redução da capacidade

laborativa (auxílio-acidente), invalidez (aposentadoria por

invalidez), idade avançada (aposentadoria por idade), tempo de

serviço (aposentadoria especial e por tempo de contribuição),

encargos familiares (salário-família) e protege a maternidade

(salário-maternidade). Já os benefícios devidos aos dependentes os

protegem em casos de prisão (auxílio-reclusão) ou morte (pensão

por morte) daqueles de quem dependiam economicamente. Quanto

aos segurados e dependentes, ambos fazem jus à habilitação e

reabilitação profissional.

Não se preocupe em decorar o nome das prestações, pois

todas elas serão abordadas em detalhes mais à frente. O

interessante agora é observar quais são as contingências-

necessidades cobertas pelo RGPS.

51

CAPÍTULO 4 - BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA

SOCIAL: SEGURADOS E DEPENDENTES

4.1 Beneficiários

Os beneficiários da previdência social nada mais são do que

as pessoas físicas que fazem jus às prestações do RGPS. Os

beneficiários poderão ser os próprios segurados, que são aqueles

que contribuem para o sistema, ou os dependentes destes, que

mesmo não contribuindo para manter essa qualidade, estão

protegidos nos casos de prisão ou morte daqueles de quem

dependiam economicamente. Beneficiários, pois, são os segurados e

os dependentes.

Atualmente não há legislação que aborde os beneficiários de

forma completa. A lei possui elementos não elencados no

regulamento e o regulamento possui elementos não elencados na

lei (além de haver elementos elencados apenas nas instruções

normativas). Tentaremos aqui abordar com a maior abrangência e

objetividade quem são os segurados e onde cada um se enquadra,

bem como seus dependentes.

4.2 Segurados Obrigatórios

São segurados obrigatórios todos aqueles que exercem

atividade remunerada, à exceção dos servidores públicos que,

como já vimos, filiam-se ao regime próprio se instituído. Caso o

52

servidor venha a exercer, concomitantemente, uma ou mais

atividades abrangidas pelo RGPS, ele se tornará segurado

obrigatório em relação a essas atividades, podendo, inclusive, como

visto, se aposentar pelos dois regimes caso cumpridos os requisitos.

Esses segurados não têm a escolha de se filiar, eles são

obrigados a isso. Muitos profissionais liberais alegam,

erroneamente, não estarem filiados ao RGPS por já participarem de

um plano de previdência complementar. Quando isso ocorre, na

verdade, saiba que eles estão é em débito com a previdência, pois

sua atividade remunerada gera filiação automática ao sistema. A

filiação ao RGPS é compulsória.

Contudo, caso um empregado, como um professor que já

contribua sob o teto máximo da previdência, venha a exercer

alguma outra atividade, como a advocacia, ele não precisará

contribuir em relação à segunda atividade, pois já contribui sob o

limite máximo na primeira. Se ele não contribui sob o teto em

alguma das atividades, deverá contribuir também na outra e assim

sucessivamente até alcançar o teto, pois aquele que exerce,

concomitantemente, mais de uma atividade remunerada

sujeita ao RGPS é obrigatoriamente filiado em relação a cada

uma dessas atividades.

O aposentado pelo RGPS que voltar a exercer atividade

abrangida por esse regime é segurado obrigatório em relação a

essa atividade, ficando sujeito ao pagamento das contribuições.

Além disso, o aposentado não mais fará jus às prestações

previdenciárias, salvo salário-maternidade e salário-família.

53

Caso um segurado se torne dirigente sindical, ele manterá,

durante o exercício do mandato, o mesmo enquadramento no

RGPS de antes da investidura no cargo.

Os segurados obrigatórios do RGPS se dividem em:

empregado; empregado doméstico; contribuinte individual;

trabalhador avulso; e segurado especial.

4.2.1 Segurado Empregado

O empregado, segundo a Consolidação das Leis do Trabalho

– CLT, é aquele que presta serviço de natureza não eventual a

empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Daí surge

o primeiro segurado elencado na lei e no regulamento, que é

justamente aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a

empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e

mediante remuneração, inclusive como diretor empregado.

É, pois, essa típica figura, o segurado empregado. Caráter não

eventual, devendo exercer suas atribuições de forma rotineira e

constante; subordinação ao empregador ou superior; e o

recebimento de salário, remuneração.

Seguem os segurados elencados na categoria de empregado

pelo Regulamento:

Decreto 3.048/99,

54

Art. 9. São segurados obrigatórios da Previdência Social as

seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a

empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e

mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;

b) aquele que, contratado por empresa de trabalho

temporário, por prazo não superior a três meses,

prorrogável, presta serviço para atender a necessidade

transitória de substituição de pessoal regular e permanente

ou a acréscimo extraordinário de serviço de outras

empresas, na forma da legislação própria;

c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no

Brasil para trabalhar como empregado no exterior, em

sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis

brasileiras e que tenha sede e administração no País;

d) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no

Brasil para trabalhar como empregado em empresa

domiciliada no exterior com maioria do capital votante

pertencente a empresa constituída sob as leis brasileiras,

que tenha sede e administração no País e cujo controle

efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade

direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e

residentes no País ou de entidade de direito público interno;

e) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática

ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a

elas subordinados, ou a membros dessas missões e

55

repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência

permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela

legislação previdenciária do país da respectiva missão

diplomática ou repartição consular;

f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em

organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja

membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo

se amparado por regime próprio de previdência social;

g) o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior,

em repartições governamentais brasileiras, lá domiciliado e

contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts.

56 e 57 da Lei no 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este

desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se ao

sistema previdenciário local; (Redação dada pelo Decreto nº

6.722, de 2008).

h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa,

em desacordo com a Lei no 11.788, de 25 de setembro de

2008; (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município,

incluídas suas autarquias e fundações, ocupante,

exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de

livre nomeação e exoneração;

j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem

como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de

cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja

amparado por regime próprio de previdência social;

56

l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal

ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e

fundações, por tempo determinado, para atender a

necessidade temporária de excepcional interesse público,

nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;

m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou

Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante

de emprego público;

n) (Revogada pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de

serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro

de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de

Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de

18 de novembro de 1994; e

p) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou

municipal, desde que não vinculado a regime próprio de

previdência social; (Redação dada pelo Decreto nº 5.545, de

2005)

q) o empregado de organismo oficial internacional ou

estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando

coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída

pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

r) o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa

física, na forma do art. 14-A da Lei no 5.889, de 8 de junho de

1973, para o exercício de atividades de natureza temporária

por prazo não superior a dois meses dentro do período de

um ano; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

57

Atente-se que para ser segurado empregado em organismos

oficiais internacionais no exterior, o brasileiro deverá trabalhar

para a União, e não para o organismo oficial internacional. Se

trabalhar para o organismo oficial internacional fora do país, o

segurado será considerado contribuinte individual. Se dentro do

país, será empregado, salvo, em todos os casos, se coberto por

RPPS.

O bolsista e o estagiário somente se enquadrarão como

empregados se trabalharem em desacordo com a lei do estágio, já

que isso configura uma verdadeira relação de emprego. Se

trabalharem de acordo com a lei do estágio, serão, no máximo,

segurados facultativos (a menos que exerçam outra atividade que

os filie ao RGPS).

O servidor que exerce unicamente cargo comissionado,

sem nenhum vínculo efetivo com seu ente, não pode se filiar a RPPS,

sendo considerado segurado empregado. Porém, se o referido

servidor exercer algum cargo efetivo, poderá estar vinculado a

RPPS.

Servidor efetivo de ente que não tenha instituído RPPS,

empregado público e servidor contratado por tempo

determinado para atender a necessidade temporária de

excepcional interesse público também serão considerados

segurados empregados.

Ainda, é dado destaque a outros segurados empregados não

elencados no regulamento: o menor aprendiz, maior de 14 anos e

menor de 24 anos sujeito à formação técnico-profissional, que é a

58

única exceção à idade mínima de filiação ao RGPS de 16 anos; o

atleta não profissional em formação contratado em desacordo

com a Lei 10.672/03; e o médico residente ou residente em área

profissional da saúde que prestam serviços em desacordo com a

Lei 6.932/81, já que, se de acordo, será contribuinte individual.

4.2.2 Segurado Empregado Doméstico

Não há muita complicação quanto a esse segurado. É

considerado como empregado doméstico aquele que presta serviço

de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou

família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins

lucrativos.

A atividade deve ser contínua, senão a segurada será

considerada uma diarista, que é uma contribuinte individual, e não

uma empregada doméstica.

A atividade também deve ser exercida em âmbito

residencial. Se um advogado que mora perto do escritório pedir

para sua empregada ir lá para “dar uma geral”, ele deverá contratá-

la por fora, como uma contribuinte individual prestando serviços ao

escritório. Apesar disso, empregados domésticos como motoristas

particulares podem, obviamente, sair da residência do empregador

para exercer sua função.

Além do mais, sua atividade não pode ter fins lucrativos, o

empregado doméstico não pode ser fonte de renda para o

empregador. Se uma dona-de-casa que começa a fazer salgados

59

para venda vier a pedir ajuda a sua empregada doméstica, também

deverá contratá-la por fora.

4.2.3 Segurado Contribuinte Individual

Essa é a categoria mais ampla dos segurados, pois abarca os

mais variados tipos de trabalhadores. O contribuinte individual

pode ser considerado, por não possuir características muito sólidas,

como aquele não enquadrado em nenhuma outra categoria de

segurado.

O contribuinte individual ocupa o lugar do famigerado

trabalhador autônomo, nomenclatura não mais existente no

direito previdenciário. Ou seja, aquele que exerce atividade por

conta própria é, em geral, considerado contribuinte individual.

Essa categoria inclui trabalhadores dos mais variados tipos

como os: padres e ministros de confissão religiosa; vendedores

autônomos de cachorro-quente; médicos autônomos; advogados

autônomos; árbitros de futebol; garimpeiros; cooperados; e os mais

diversos tipos de profissionais liberais que se possa imaginar.

Seguem os segurados elencados na categoria de contribuinte

individual pelo Regulamento:

Decreto 3.048/99,

Art. 9. São segurados obrigatórios da Previdência Social as

seguintes pessoas físicas:

60

III e IV - (Revogados pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

V - como contribuinte individual: (Redação dada pelo

Decreto nº 3.265, de 1999)

a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade

agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou

temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a

quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior

a quatro módulos fiscais ou atividade pesqueira ou

extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio

de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 8o e 23 deste

artigo;(Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade

de extração mineral - garimpo -, em caráter permanente ou

temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos,

com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer

título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pelo

Decreto nº 3.265, de 1999)

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto

de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;

(Redação dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002)

d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo

oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda

que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por

regime próprio de previdência social; (Redação dada pelo

Decreto nº 3.265, de 1999)

e) o titular de firma individual urbana ou rural; (Redação

dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

61

f) o diretor não empregado e o membro de conselho de

administração na sociedade anônima; (Redação dada pelo

Decreto nº 3.265, de 1999)

g) todos os sócios, nas sociedades em nome coletivo e de

capital e indústria; (Incluída pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

h) o sócio gerente e o sócio cotista que recebam

remuneração decorrente de seu trabalho e o administrador

não empregado na sociedade por cotas de responsabilidade

limitada, urbana ou rural; (Redação dada pelo Decreto nº

4.729, de 2003)

i) o associado eleito para cargo de direção em cooperativa,

associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade,

bem como o síndico ou administrador eleito para exercer

atividade de direção condominial, desde que recebam

remuneração; (Incluída pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em

caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de

emprego; (Incluída pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

l) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade

econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não;

(Incluída pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

m) o aposentado de qualquer regime previdenciário

nomeado magistrado classista temporário da Justiça do

Trabalho, na forma dos incisos II do § 1º do art. 111 ou III do

art. 115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição

Federal, ou nomeado magistrado da Justiça Eleitoral, na

forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120 da

62

Constituição Federal; (Incluída pelo Decreto nº 3.265, de

1999)

n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta

condição, presta serviço à sociedade cooperativa mediante

remuneração ajustada ao trabalho executado; e (Incluída

pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

o) (Revogado pelo Decreto nº 7.054, de 2009)

p) o Micro Empreendedor Individual - MEI de que tratam os

arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar no 123, de 14 de

dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos

impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional

em valores fixos mensais; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de

2008).

(...)

§ 15. Enquadram-se nas situações previstas nas alíneas "j" e

"l" do inciso V do caput, entre outros: (Redação dada pelo

Decreto nº 3.265, de 1999)

I - o condutor autônomo de veículo rodoviário, assim

considerado aquele que exerce atividade profissional sem

vínculo empregatício, quando proprietário, co-proprietário

ou promitente comprador de um só veículo;

II - aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor

autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em

regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de

agosto de 1974;

63

III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu

risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou

de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos

da Lei nº 6.586, de 6 de novembro de 1978;

IV - o trabalhador associado a cooperativa que, nessa

qualidade, presta serviços a terceiros;

V - o membro de conselho fiscal de sociedade por ações;

VI - aquele que presta serviço de natureza não contínua, por

conta própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial

desta, sem fins lucrativos;

VII - o notário ou tabelião e o oficial de registros ou

registrador, titular de cartório, que detêm a delegação do

exercício da atividade notarial e de registro, não

remunerados pelos cofres públicos, admitidos a partir de 21

de novembro de 1994;

VIII - aquele que, na condição de pequeno feirante, compra

para revenda produtos hortifrutigranjeiros ou

assemelhados;

IX - a pessoa física que edifica obra de construção civil;

X - o médico residente de que trata a Lei nº 6.932, de 7 de

julho de 1981. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de

2003)

XI - o pescador que trabalha em regime de parceria, meação

ou arrendamento, em embarcação com mais de seis

toneladas de arqueação bruta, ressalvado o disposto no

64

inciso III do § 14; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de

2001)

XII - o incorporador de que trata o art. 29 da Lei nº 4.591, de

16 de dezembro de 1964.

XIII - o bolsista da Fundação Habitacional do Exército

contratado em conformidade com a Lei nº 6.855, de 18 de

novembro de 1980; e (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de

1999)

XIV - o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade

com a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998.(Incluído pelo

Decreto nº 3.265, de 1999)

XV - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando remunerado;

(Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

XVI - o interventor, o liquidante, o administrador especial e o

diretor fiscal de instituição financeira de que trata o § 6º do

art. 201. (Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

A pessoa física que explora atividade agropecuária, se o fizer

em área inferior a quatro módulos fiscais, poderá se enquadrar

como segurado especial caso cumpra um série de requisitos,

situação que veremos mais à frente. Se em área superior a quatro

módulos fiscais, já é certo que será contribuinte individual.

65

Aliás, muitas pessoas, após conhecerem o segurado especial,

passam a achar que o garimpeiro é um deles. Nada mais errado,

pois ele é um verdadeiro contribuinte individual.

Também são contribuintes individuais os padres, pastores

e membros de ordem religiosa em geral. Esses costumam ser

questão de prova, então fique atento.

O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo

oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo só será

contribuinte individual se não participante de RPPS, trabalhar no

exterior e para o organismo, e não para a União. Caso o

organismo esteja funcionando no Brasil, ele será empregado.

O sócio só será contribuinte individual se exercer algum tipo

de trabalho, de atividade remunerada. O simples fato de receber

cotas não enseja filiação nessa categoria.

O síndico também só será contribuinte individual se exercer

atividade remunerada. Portanto, se ele não é remunerado pelo

seu trabalho, ele, na condição de síndico, só se filiará como

facultativo. Caso o síndico seja isento da taxa condominial ele

deverá se inscrever como contribuinte individual, pois essa isenção

é considerada uma remuneração.

O cooperado que presta serviço à sociedade cooperativa é

contribuinte individual. A cooperativa pode até ter empregados

como telefonistas ou recepcionistas, mas seus cooperados serão

contribuintes individuais.

Também o Micro Empreendedor Individual – MEI será

considerado contribuinte individual. O MEI é definido como o

empresário optante pelo Simples Nacional com receita bruta anual

66

de até R$ 60.000,00, podendo contratar apenas um único

empregado desde que esse receba até um salário mínimo ou o piso

salarial da categoria.

4.2.4 Segurado Trabalhador Avulso

Não confunda o trabalhador avulso com contribuinte

individual. Apesar da nomenclatura, o trabalhador avulso não é um

autônomo. Esse segurado é aquele que presta serviço para uma

empresa com intermediação obrigatória do sindicato ou do

Órgão Gestor de Mão-de-Obra – OGMB. É essa intermediação que

caracteriza o trabalhador avulso.

Algumas provas trazem, para confundir o candidato, o

trabalhador avulso como “aquele definido em Regulamento”. Esse

enunciado, apesar de extremamente vago, está correto. Assim está

definido o trabalhador avulso na Lei 8.213/91, como aquele que

presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de

natureza urbana ou rural definidos no Regulamento.

Caso o trabalhador avulso seja terrestre, a intermediação

será dada por seu sindicato. Já se for portuário, a intermediação

será dada por seu OGMO. Apesar de o terrestre necessitar da

intermediação do sindicado, ele poderá ser não sindicalizado.

Estão definidos como trabalhadores avulsos no

Regulamento:

Decreto 3.048/99,

67

Art. 9. São segurados obrigatórios da Previdência Social as

seguintes pessoas físicas:

VI - como trabalhador avulso - aquele que, sindicalizado ou

não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas

empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação

obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, nos termos da

Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, ou do sindicato da

categoria, assim considerados:

a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia,

estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de

embarcação e bloco;

b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer

natureza, inclusive carvão e minério;

c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e

descarga de navios);

d) o amarrador de embarcação;

e) o ensacador de café, cacau, sal e similares;

f) o trabalhador na indústria de extração de sal;

g) o carregador de bagagem em porto;

h) o prático de barra em porto;

i) o guindasteiro; e

j) o classificador, o movimentador e o empacotador de

mercadorias em portos;

68

4.2.5 Segurado Especial

O segurado especial costuma ser o pequeno produtor rural

que exerce suas atividades individualmente ou em regime de

economia familiar, sem o auxílio de empregados permanentes. A

atividade exercida sob regime de economia familiar é aquela que

ocorre quando o trabalho dos membros da família é indispensável à

própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do

núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e

colaboração.

Devido à sua condição, o segurado especial possui um

tratamento bem diferenciado, permitido somente porque foi a

própria CF/88 que determinou que assim o fosse.

São considerados segurados especiais:

Decreto 3.048/99,

Art. 9. São segurados obrigatórios da Previdência Social as

seguintes pessoas físicas:

VII - como segurado especial: a pessoa física residente no

imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo

que, individualmente ou em regime de economia familiar,

ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição

de: (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

a) produtor, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor,

assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou

69

arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pelo

Decreto nº 6.722, de 2008).

1. agropecuária em área contínua ou não de até quatro

módulos fiscais; ou (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de

2008).

2. de seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração,

de modo sustentável, de recursos naturais renováveis, e faça

dessas atividades o principal meio de vida; (Incluído pelo

Decreto nº 6.722, de 2008).

b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da

pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e

(Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de

dezesseis anos de idade ou a este equiparado, do segurado

de que tratam as alíneas “a” e “b” deste inciso, que,

comprovadamente, tenham participação ativa nas atividades

rurais do grupo familiar. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de

2008).

Observe que o seringueiro não possui a limitação de quatro

módulos fiscais, imposta ao produtor rural. O módulo fiscal varia

de município para município, portanto, não se preocupe quanto a

sua extensão.

A contribuição do segurado especial será feita mediante a

aplicação de uma alíquota de 2,3% sobre o resultado da

comercialização da produção. Assim, a contribuição de toda a

70

família será uma só, incidente sobre a receita bruta dessa

comercialização. Com uma única contribuição, todos os membros

da família serão segurados e farão jus aos benefícios. Não importa

quantos membros da família exercem a atividade, a contribuição

será uma só para todos.

O segurado especial poderá ter auxílio eventual de

terceiros, desde que não remunerado, como o auxílio de vizinhos

ou amigos em épocas de colheita. Para isso, não pode haver

subordinação nem remuneração.

Em regra, o segurado especial não pode contratar

empregado. Caso o faça, passará à condição de contribuinte

individual. Porém, o grupo familiar poderá utilizar-se de

empregados contratados por tempo determinado ou trabalhadores

contribuinte individual à razão de no máximo 120 pessoas/dia no

ano civil. Assim, se o grupo familiar possuir 2 empregados, poderá

mantê-los por 60 dias. Se possui 4 empregados, poderá mantê-los

por 30 dias. Se possuir 120 empregados, poderá mantê-los por um

único dia.

Caso o segurado especial possua outra fonte de renda, ele

será excluído dessa categoria, salvo algumas exceções.

Decreto 3.048/99,

Art. 9. (...)

§ 8. Não é segurado especial o membro de grupo familiar que

possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:

(Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

71

I - benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou

auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício

de prestação continuada da previdência social; (Redação

dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

II - benefício previdenciário pela participação em plano de

previdência complementar instituído nos termos do inciso

III do § 18 deste artigo; (Redação dada pelo Decreto nº

6.722, de 2008).

III - exercício de atividade remunerada em período de

entressafra ou do defeso, não superior a cento e vinte dias,

corridos ou intercalados, no ano civil, observado o disposto

no § 22 deste artigo; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de

2008).

IV - exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de

organização da categoria de trabalhadores rurais; (Incluído

pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

V - exercício de mandato de vereador do município onde

desenvolve a atividade rural, ou de dirigente de cooperativa

rural constituída exclusivamente por segurados especiais,

observado o disposto no § 22 deste artigo; (Incluído pelo

Decreto nº 6.722, de 2008).

VI - parceria ou meação outorgada na forma e condições

estabelecidas no inciso I do § 18 deste artigo; (Incluído pelo

Decreto nº 6.722, de 2008).

VII - atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima

produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser

utilizada matéria-prima de outra origem, desde que, nesse

72

caso, a renda mensal obtida na atividade não exceda ao

menor benefício de prestação continuada da previdência

social; e (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

VIII - atividade artística, desde que em valor mensal inferior

ao menor benefício de prestação continuada da previdência

social. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

(...)

§ 18. Não descaracteriza a condição de segurado especial:

(Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

I - a outorga, por meio de contrato escrito de parceria,

meação ou comodato, de até cinqüenta por cento de imóvel

rural cuja área total, contínua ou descontínua, não seja

superior a quatro módulos fiscais, desde que outorgante e

outorgado continuem a exercer a respectiva atividade,

individualmente ou em regime de economia familiar;

(Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

II - a exploração da atividade turística da propriedade rural,

inclusive com hospedagem, por não mais de cento e vinte

dias ao ano; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

III - a participação em plano de previdência complementar

instituído por entidade classista a que seja associado, em

razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural

em regime de economia familiar;(Incluído pelo Decreto nº

6.722, de 2008).

IV - a participação como beneficiário ou integrante de grupo

familiar que tem algum componente que seja beneficiário de

73

programa assistencial oficial de governo; (Incluído pelo

Decreto nº 6.722, de 2008).

V - a utilização pelo próprio grupo familiar de processo de

beneficiamento ou industrialização artesanal, na exploração

da atividade, de acordo com o disposto no § 25; e (Incluído

pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

VI - a associação a cooperativa agropecuária.

(...)

§ 23. O segurado especial fica excluído dessa categoria:

(Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

I - a contar do primeiro dia do mês em que: (Incluído pelo

Decreto nº 6.722, de 2008).

a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso

VII do caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art.

13, ou exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I

do § 18 deste artigo;(Incluído pelo Decreto nº 6.722, de

2008).

b) se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado

obrigatório do Regime Geral de Previdência Social,

ressalvado o disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 8o

deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 13; e (Incluído

pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

c) se tornar segurado obrigatório de outro regime

previdenciário; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

74

II - a contar do primeiro dia do mês subseqüente ao da

ocorrência, quando o grupo familiar a que pertence exceder

o limite de: (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

a) utilização de trabalhadores nos termos do § 21 deste

artigo; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III

do § 8o deste artigo; e (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de

2008).

c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 18

deste artigo. (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

Ao refletirmos, percebemos que a figura do segurado

especial acaba indo em total contrariedade à natureza contributiva

da previdência social. A grande maioria deles sequer contribui com

os 2,3% devidos. Apenas completam os requisitos e vão ao INSS

requerer benefício. Essa gratuidade da previdência para o segurado

especial beira a assistência social. Portanto, para fazer jus às

prestações na qualidade de segurado especial, é necessário que o

segurado comprove que realmente é um pequeno produtor.

A comprovação do exercício de atividade rural do segurado

especial será feita mediante a apresentação de algum dos

documentos elencados no artigo 115 da IN 45/2010, como

contratos de arrendamento, parceria ou comodato rural, declaração

fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural,

bloco de notas do produtor rural, dentre outros. Também é

necessário um início de prova material elencado no artigo 122 da

IN 45/2010, que podem ser documentos que constem a profissão

75

do segurado ou outro dado que evidencie o exercício de atividade

rurícola e seja contemporâneo ao fato nele declarado, como

certidões de nascimento dos filhos, de casamento, título de eleitor,

certificado de alistamento militar, dentre outros.

Se a comprovação for para fins de requerimento de

benefício urbano ou contagem recíproca, deverá haver um ou

mais indícios de prova material como marco inicial e outro

como marco final, bem como, se for o caso, outro para o período

intermediário, a fim de comprovar a continuidade do exercício da

atividade, sendo que a aceitação de um único documento está

restrita à prova do ano a que ele se referir.

Além disso, deve ser realizada a entrevista rural com o

requerente. A entrevista é elemento indispensável à comprovação

do exercício da atividade rural e da forma como ela foi exercida,

inclusive para confirmação dos dados contidos em declarações

sindicais e de autoridades, com vistas ao reconhecimento ou não do

direito ao benefício pleiteado, sendo obrigatória a sua realização,

independente dos documentos apresentados. Assim, devem ser

coletadas informações pormenorizadas sobre a situação e a forma

como foram prestadas as atividades, levando-se em consideração as

peculiaridades inerentes a cada localidade e a atividade exercida.

O servidor que entrevistar o segurado deve, no início da

entrevista, cientificar o entrevistado sobre as penalidades

previstas no Código Penal quanto à falsidade ideológica, formular

tantas perguntas quantas julgar necessário para formar juízo sobre

o exercício da atividade do segurado, definir a categoria do

requerente e emitir conclusão da entrevista, manifestando-se

acerca da coerência dos fatos narrados pelo entrevistado em

relação ao exercício da alegada atividade rural.

76

4.3 Segurado Facultativo

Vimos que a filiação à previdência social é compulsória para

aqueles que exercem algum tipo de atividade remunerada, tanto

nos RPPS quanto no RGPS, porém, sabemos também que um dos

objetivos da seguridade social é o da universalidade da cobertura e

do atendimento. Surge, então, a seguinte pergunta: e aqueles que

não exercem atividade remunerada, como serão atendidos e

cobertos pela previdência social caso queiram?

A partir desse ponto, foi criada a figura do segurado

facultativo. É segurado facultativo o maior de 16 anos que não

exerce atividade que o filie obrigatoriamente à previdência social e

que, por ato meramente volitivo, resolve se filiar ao RGPS. Atente-

se ao fato de que quem já é filiado como segurado obrigatório,

mesmo que em RPPS, não pode se filiar como segurado

facultativo. Por isso é impossível que alguém seja segurado

obrigatório e facultativo ao mesmo tempo.

O Regulamento nos traz alguns exemplos de pessoas que

podem se filiar como segurado facultativo ao RGPS. É importante

estar atento a esse rol, pois ele costuma cair em provas.

Decreto 3.048/99,

Art. 11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de

idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social,

mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não

77

esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre

como segurado obrigatório da previdência social.

§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros:

I - a dona-de-casa;

II - o síndico de condomínio, quando não remunerado;

III - o estudante;

IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço

no exterior;

V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da

previdência social;

VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja

vinculado a qualquer regime de previdência social;

VII - o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa

de acordo com a Lei nº 6.494, de 1977;

VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa,

curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou

doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja

vinculado a qualquer regime de previdência social;

IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem

esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;

(Redação dada pelo Decreto nº 7.054, de 2009)

X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se

filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil

78

mantenha acordo internacional; e (Redação dada pelo

Decreto nº 7.054, de 2009)

XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou

semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou

fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem

intermediação da organização carcerária ou entidade afim,

ou que exerce atividade artesanal por conta própria.

(Incluído pelo Decreto nº 7.054, de 2009)

O preso que exerce atividade remunerada não é mais

segurado obrigatório com a nova redação dada, mas sim segurado

facultativo. Além dele, o bolsista e o estagiário que prestam

serviço de acordo com a lei do estágio, apesar de também

exercerem atividade remunerada, também só serão, quando muito,

segurados facultativos. Se exercerem suas atividades em desacordo

com a lei do estágio, serão considerados empregados.

4.4 Dependentes

A contribuição paga pelo segurado não beneficia somente a

ele, ela também visa custear eventuais benefícios a seus

dependentes. A previdência social, ao funcionar como um seguro

que dá proteção social aos trabalhadores, também estende seu

manto protetivo aos dependentes destes em caso de prisão ou

morte do segurado o qual dependiam economicamente.

79

Os dependentes possuem uma classificação enumerada,

havendo classes preferenciais entre eles. Nesse ponto, são

beneficiários do RGPS, na condição de dependentes do segurado:

Classe 1 - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho

não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou

inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o

torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado

judicialmente;

Classe 2 - os pais;

Classe 3 - o irmão não emancipado, de qualquer condição,

menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência

intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente

incapaz, assim declarado judicialmente.

Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do

segurado e comprovada a dependência econômica, o enteado e

o menor sob sua tutela, desde que eles não possuam bens

suficientes para o próprio sustento e educação. O menor sob tutela

somente poderá ser equiparado aos filhos do segurado mediante

apresentação de termo de tutela. Não confundir menor sob guarda

com menor sob tutela, pois o menor sob guarda não é

necessariamente dependente do segurado.

A existência de dependente de qualquer classe exclui do

direito às prestações os das classes seguintes, ou seja, os

dependentes de classe superior excluem o direito às prestações dos

dependentes de classe inferior.

Imagine, por exemplo, um segurado casado que sustente

seus pais já idosos. Seus pais não possuem fonte de renda alguma e

80

dependem exclusivamente de seu filho, enquanto que a esposa

desse segurado trabalha e possui plenas condições de se sustentar

sozinha. No caso da morte desse segurado, quem leva a pensão? A

esposa, pois ela está elencada na classe 1, enquanto os pais na

classe 2.

Imaginemos agora que ocorra a posterior morte da esposa

do segurado já falecido. A pensão poderá agora passar para os pais?

Não, pois os dependentes de classe superior realmente excluem do

direito os dependentes de classe inferior.

A inscrição do dependente não é feita pelo segurado, mas

pelo próprio dependente, e somente quando do requerimento do

benefício. A propósito, os dependentes da primeira classe são os

únicos que possuem presunção de dependência econômica (à

exceção do menor enteado ou tutelado). Os dependentes de classes

2 e 3 devem comprovar a dependência econômica para fazer jus

a alguma prestação. Essa comprovação se dá com a apresentação de

no mínimo três dos documentos elencados no §3º do art. 22 do

Regulamento.

Os dependentes de uma mesma classe concorrem em

igualdade de condições. É por isso que o valor pecuniário a ser

recebido pelos dependentes é dividido em valores iguais. Se 5

dependentes fazem jus a, por exemplo, R$1000,00 de uma pensão

por morte, cada um receberá R$200,00. Caso um desses

dependentes deixe de sê-lo, então os outros 4 passarão a receber

R$250,00.

Os casos em que o dependente perderá essa qualidade são:

81

Para o cônjuge, pela separação (mesmo que de fato) ou

divórcio, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por

sentença judicial transitada em julgado; e para o companheiro,

pela cessação da união estável. Quando for assegurada a

prestação de pensão alimentícia para o cônjuge ou companheiro,

por mais que haja a separação, divórcio ou cessação da união

estável, ele continuará a ser dependente. A viúva pensionista

pode se casar de novo sem perder o direito a pensão, porém, caso

o novo cônjuge venha a falecer, ela deverá optar por uma das

pensões, não podendo acumula-las (mas pode acumular pensões

de fatos geradores distintos, como de cônjuge e filho).

Para o filho e o irmão, ao completarem vinte e um anos de

idade. Caso sejam inválidos, eles não deixarão de ser dependentes

desde que a invalidez tenha ocorrido antes: de completarem vinte e

um anos de idade; do casamento; do início do exercício de emprego

público efetivo; da constituição de estabelecimento civil ou

comercial ou da existência de relação de emprego, desde que, em

função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha

economia própria; e da concessão de emancipação. Para os

dependentes em geral, cessará a qualidade de dependente pela

cessação da invalidez ou pelo falecimento.

Assim, podemos esquematizar os beneficiários do RGPS da

seguinte forma:

82

Beneficiários

Segurados

Facultativo Obrigatórios

Empregado

Empregado Doméstico

Contribuinte Individual

Trabalhador

Avulso

Segurado

Especial

Dependentes

Classe 1

Classe 2

Classe 3

83

REVISÃO

INTRODUÇÃO

Fontes do Direito

Fontes Primárias ↳ Constituição Federal de 1988

↳ Leis

Fontes Secundárias ↳ Atos Administrativos ↳ Jurisprudência ↳ Doutrina

CF/88 ↳ Norma jurídica mais importante

↳ Lei em desacordo é inconstitucional, sendo nula

Leis ↳ Complementares: Regulamentam artigo da CF/88

↳ Ordinárias: Tratam da matéria de forma mais ampla

↳ Medida Provisória: Urgência e Relevância; Editada pelo

Presidente e posteriormente aprovada pelo Congresso

Atos Administrativos ↳ Não criam direitos ou obrigações

↳ Regulamentar lei já existente

Jurisprudência ↳ Uniformização da atuação dos tribunais

84

↳ Súmula: Indicativo; não obrigatório

↳ Súmula Vinculante: Somente o STF; obrigatória

Doutrina ↳ Estudo desenvolvido pelos estudiosos

Há hierarquia entre as normas

Antinomia

Normas conflitantes, incompatíveis Norma hierarquicamente superior deverá prevalecer sobre a

inferior Lei mais nova deverá prevalecer sobre a mais antiga Lei específica prevalece sobre a de abordagem mais genérica

Vigência

Lei mais nova que entra em vigor revoga a lei mais antiga

Revogação pode ser escrita (expressa) ou não (tácita)

A lei que entrou em vigor deve trazer em algum de seus

artigos sua data de entrada em vigência

Se não estiver disposto na lei, o prazo será de 45 dias

Em casos de omissão legislativa aplica-se

Analogia

↳ Norma que se assemelhe à do caso

Costumes

↳ Prática reiterada pela sociedade

Princípios Gerais do Direito

Princípio do in dubio pro misero

85

↳ A norma deverá ser mais favorável para o beneficiário

Divisão do Direito em Público e Privado

Meramente didática

Direito Público

↳ Relação de interesse direta com o Estado

Direito Privado

↳ Relação de interesse entre particulares

O Direito Previdenciário é um ramo do Direito Público

Pessoas Jurídicas de Direito Público

Administração Direta: União, os Estados, o Distrito Federal e

os Municípios

Administração Indireta: Autarquias, as Fundações Públicas,

as Sociedades de Economia Mista e as Empresas Públicas

A SRFB é um órgão público federal pertencente à

administração direta, subordinada ao Ministério da Fazenda

O INSS é uma Autarquia vinculada (não subordinada) ao

Ministério da Previdência Social

Poderes da União

Legislativo: Elabora as Leis

Executivo: Função administrativa

Judiciário: Soluciona conflitos

Princípios da Administração Pública

86

Legalidade: a Administração Pública só pode fazer o que é

permitido por lei

Impessoalidade: finalidade da atuação, que sempre é o

interesse público, e não o particular

Moralidade: não basta que a conduta seja legal, devendo

também ser moral

Publicidade: todo ato deve ser publicado

Eficiência: a atuação deve ser feita com presteza, perfeição e

rendimento

CAP. 1: SEGURIDADE SOCIAL – CONCEITO E HISTÓRICO

1.1 Conceito e Fontes

Segurança social através de saúde, assistência social e previdência social

Iniciativa dos poderes públicos e da sociedade Infortúnios da vida Ordem Social:

↳base: primado do trabalho ↳objetivos: bem-estar e justiça sociais

Fontes formais: Legislação previdenciária ↳ CF/88 (art. 194-204) ↳ Leis 8.212/91 e 8.213/91 ↳ Decreto 3.048/99

1.2 Histórico da proteção social Antigamente

Família

87

Proteção adicional: Caráter Privado Evolução no mundo

Inglaterra – 1601: Poor relief act Alemanha – 1883: Surge a previdência social Inglaterra – 1942: Plano Beveridge

Evolução no Brasil Santas casas de misericórdia – 1543 Mongeral – 1835 Aposentadoria aos empregados dos Correios com 30 anos de

serviço e 60 de idade – 1888 Aposentadoria a servidores que se invalidassem no exercício

da função – 1891 SAT – 1919 Surge a previdência no Brasil - 1923 Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP) – 1923 ↳ Lei Eloy Chaves ↳ Criadas por Empresa ↳ Natureza Privada ↳ Adesão facultativa Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP) – 1933 ↳ Criadas por categoria profissional ↳ Adesão compulsória ↳ Autarquias Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) – 1966 ↳ Necessidade da unificação legislativa dos IAPs ↳ Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS em 1960 ↳ Unificação dos IAPs Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

(SINPAS) – 1977 ↳ INPS: Cuidava dos Benefícios – Atual INSS ↳ IAPAS: Cuidava do Custeio – Atual SRFB ↳ INAMPS: Serviço Médico – Atual SUS

88

↳ DATAPREV: Processamento de Dados ↳ CEME, LBA, FUNABEM. Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) – 1990 ↳ Fusão do IAPAS com o INPS ↳ Administrava custeio e benefícios ↳ Atualmente só administra os benefícios Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) – 2007 ↳ Parte do custeio transferida em 2005 à Secretaria da Receita

Previdenciária – SRP ↳ Fusão da SRP com a Receita Federal do Brasil – RFB,

originando a SRFB

1.3 Saúde

Dever do estado Não demanda contribuições Direito de todos

1.4 Assistência Social

Devida a quem dela necessitar Não demanda contribuições Um salário mínimo mensal ao idoso com mais de 65 anos ou

ao deficiente cuja família tenha renda mensal per capta de até ¼ do salário mínimo

1.5 Previdência Social

Seguro Social Regime Geral Demanda contribuições Filiação obrigatória

89

Equilíbrio financeiro e atuarial Incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada,

tempo de contribuição, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam

CAP. 2: ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

2.1 Disposições Gerais

Seguridade Social ↳Saúde ↳Assistência Social ↳Previdência Social

2.2 Princípios Gerais

Princípio da Solidariedade ↳ Cooperação mútua entre as pessoas ↳ Aposentado que retornar ao trabalho deverá contribuir Princípio da Legalidade ↳ Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa

senão em virtude de lei. ↳À Administração Pública só é dado fazer aquilo que a lei

determina ou autoriza

2.3 Princípios Específicos

Universalidade da cobertura e do atendimento ↳ Atender às pessoas e cobrir as contingências

90

Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais

↳ Uniformidade dos benefícios e equivalência no valor Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e

serviços ↳ Selecionar as contingências a cobrir e distribuir a cobertura às

pessoas necessitadas Irredutibilidade do valor dos benefícios ↳ Irredutibilidade nominal do benefício, e não o seu reajuste Equidade na forma de participação do custeio ↳ Contribuirá com mais quem ganha mais e contribuirá com

menos quem ganha menos Diversidade da base de financiamento ↳ Várias fontes de financiamento para custear a seguridade

social Caráter democrático e descentralizado da administração,

mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados

↳ CNPS

CAP. 3 – REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

3.1 Regimes Previdenciários

Regime Geral de Previdência Social – RGPS ↳ Único ↳ Filiação automática com o exercício de atividade remunerada Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS ↳ Servidores Públicos ↳ Participantes não podem se filiar como facultativos no RGPS Regime Complementar

91

↳ Não tira o caráter de obrigatoriedade da filiação ao regime básico

↳ Entidades abertas: qualquer pessoa ↳ Entidades fechadas: grupo específico de pessoas (como

empresas)

3.2 Finalidades e Princípios Básicos

Assegurar contra os infortúnios da vida que impeçam o trabalhador ou seus dependentes de se sustentarem

Não é o RGPS que administra o seguro-desemprego Regime de repartição simples Nenhum benefício que substitua o rendimento do trabalho

do segurado poderá ter valor mensal inferior ao do salário mínimo

Reajustamento dos benefícios Atualização dos salários de contribuição para o cálculo do

benefício

3.3 Inscrição e filiação

Filiação: vínculo que se estabelece entre as pessoas que contribuem para a previdência social e esta

Inscrição: ato formal, onde a pessoa leva à previdência suas informações pessoais

Segurado obrigatório primeiro se filia depois se inscreve (pode retroagir a inscrição)

Segurado facultativo primeiro se inscreve depois se filia (não pode retroagir a inscrição)

3.4 Prestações

92

Serviço: não é pago em dinheiro Benefício: é pago em dinheiro Tem por objeto os segurados e seus dependentes Doenças (auxílio-doença) Redução da capacidade laborativa (auxílio-acidente) Invalidez (aposentadoria por invalidez) Idade avançada (aposentadoria por idade) Tempo de serviço (aposentadoria especial e por tempo de

contribuição) Encargos familiares (salário-família) Proteção à maternidade (salário-maternidade) Prisão (auxílio-reclusão) Morte (pensão por morte)

CAP. 4 – BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: SEGURADOS

E DEPENDENTES

4.1 Beneficiários

Pessoas Físicas Segurados Dependentes

4.2 Segurados Obrigatórios

Atividade remunerada Aposentado que volta a trabalhar é segurado obrigatório Empregado ↳ Caráter não eventual ↳ Subordinação ↳ Remuneração

93

Empregado Doméstico ↳ Natureza contínua ↳ Remuneração ↳ Âmbito residencial ↳ Sem fins lucrativos Contribuinte Individual ↳ Não enquadrado em nenhuma outra categoria Trabalhador Avulso ↳ Intermediação obrigatória do sindicato ou Órgão Gestor de

Mão-de-Obra Segurado Especial ↳ Pequeno produtor, pescador, seringueiro e membros da

família que exercem a atividade ↳ Regime de economia familiar ↳ Contribuição única para toda família ↳ Em regra, não pode ter empregados ↳ Em regra, não pode ter outra fonte de rendimento

4.3 Segurado Facultativo

Não é obrigatoriamente filiado à previdência Ato volitivo Preso e bolsista são facultativos

4.4 Dependentes

Classe 1: Cônjuge, companheiro e filho menor de 21 anos ou inválido ou deficiente intelectual/mental

Classe 2: Pais Classe 3: Irmão menor de 21 anos ou inválido ou deficiente

intelectual/mental Dependentes de classe superior excluem os de classe

inferior

94

Somente a primeira classe possui presunção de dependência econômica

Igualdade de condições para dependentes de mesma classe Não há perda da qualidade de dependente caso haja

prestação de pensão alimentícia

95

EXERCÍCIOS

1) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) Em relação às fontes do direito previdenciário:

a) o memorando é fonte primária.

b) a orientação normativa é fonte primária.

c) a instrução normativa é fonte secundária.

d) a lei delegada é fonte secundária.

e) a medida provisória é fonte secundária.

2) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) A interpretação da legislação previdenciária deve observar

a) o costume, quando mais favorável ao segurado.

b) a Jurisprudência do Juizado Especial Federal.

c) a analogia, quando mais favorável ao segurado.

d) os princípios gerais de direito, na omissão legislativa.

e) o princípio do in dúbio pro societate em qualquer situação.

3) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2012) O Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal atualmente vinculada ao Ministério da Previdência Social, surgiu, em 1990, como resultado da fusão do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS).

96

4) (CESPE, TCE/BA 2011) Na evolução da previdência social brasileira, o modelo dos institutos de aposentadoria e pensão, que abrangiam determinadas categorias profissionais, foi posteriormente substituído pelo modelo das caixas de aposentadoria e pensão, que eram criadas na estrutura de cada empresa.

5) (CESPE, DPU 2010) A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n.º 4.682/1923), considerada o marco da Previdência Social no Brasil, criou as caixas de aposentadoria e pensões das empresas de estradas de ferro, sendo esse sistema mantido e administrado pelo Estado.

6) (ESAF, Analista Tributário da Receita Federal 2009) A Constituição Federal de 1988 deu novo tratamento à Previdência Social no Brasil em relação às constituições pretéritas. O conceito de Seguridade Social colocado no Título da Ordem Social constitui em um novo paradigma constitucional à medida que:

a) a Previdência Social é vista como um direito social independente e não relacionado à Assistência Social.

b) a Previdência Social é vista como um serviço a ser prestado de forma integrada com a Assistência Social e a Saúde.

c) Saúde e Assistência Social são direitos sociais organizados da mesma maneira e com a mesma finalidade.

d) Assistência Social e Previdência Social são conceitos jurídicos idênticos.

e) a Previdência Social é vista como um subsistema da Saúde.

97

7) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) A Seguridade Social encontra-se inserida no título da Ordem Social da Constituição Federal e tem entre seus objetivos:

a) promover políticas sociais que visem à redução da doença.

b) uniformizar o atendimento nacional.

c) universalizar o atendimento da população.

d) melhorar o atendimento da população.

e) promover o desenvolvimento regional.

8) (FCC, PGE-MT 2011) A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social.

Considere os itens abaixo relacionados:

I. universalidade da cobertura e do atendimento;

II. uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III. seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV. irredutibilidade do valor dos benefícios;

V. caráter democrático e centralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.

98

Quanto aos princípios e diretrizes da Seguridade Social, estão corretos os itens

a) I, II, III e IV, apenas.

b) I, III, IV e V, apenas.

c) I, II, IV e V, apenas.

d) II, III, IV e V, apenas.

e) I, II, III, IV e V.

9) (FCC, TCE/AP 2010) A previsão constitucional segundo a qual a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos dos entes da Federação e das contribuições sociais que estabelece, é decorrência do princípio da

a) irredutibilidade do valor dos benefícios.

b) diversidade da base de financiamento.

c) universalidade do atendimento.

d) seletividade na prestação de benefícios e serviços.

e) equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

10) (CESPE, PGE-ES 2008) A seletividade e a distributividade dos benefícios e dos serviços da seguridade social referem-se à capacidade individual contributiva dos possíveis beneficiários, que determina a aptidão para usufruírem prestações da seguridade social.

99

11) (CESPE, PGE-ES 2008) A administração da seguridade social possui caráter democrático mediante gestão quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados.

12) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Um dos objetivos da seguridade social é a universalidade da cobertura e do atendimento, meta cumprida em relação à assistência social e à saúde, mas não à previdência.

13) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) No tocante à Previdência Social, é correto afirmar que

a) é organizada sob a forma de regime especial e observa critérios que preservem o equilíbrio financeiro.

b) é descentralizada, de caráter facultativo.

c) tem caráter complementar e autônomo.

d) baseia-se na constituição de reservas que garantam o benefício contratado.

e) é contributiva, de caráter obrigatório.

14) (FCC, Técnico Legislativo 2010)

A respeito do regime próprio de previdência dos servidores públicos da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, é correto afirmar:

100

a) Possui caráter contributivo, devendo observar critérios que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial, e, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social.

b) Aplica-se aos titulares de cargo efetivo, cargo em comissão e temporário, mas não aos ocupantes de empregos públicos, estes integrantes do Regime Geral de Previdência Social.

c) Aplica-se exclusivamente aos titulares de cargo efetivo, sendo vedada a esses a participação em regime de natureza complementar.

d) Permite que os entes federados, no exercício de sua autonomia, fixem critérios próprios para criação e concessão de benefícios.

e) Não possui caráter contributivo, tendo os benefícios correspondentes natureza tipicamente administrativa e não previdenciária.

15) (CESPE, PGE-ES 2008) O servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, com as autarquias, inclusive em regime especial, e com as fundações públicas federais, é segurado obrigatório do RGPS.

16) (CESPE, PGE-ES 2008) O servidor público municipal detentor de cargo efetivo, ainda que não amparado por regime próprio de previdência social, está excluído do RGPS.

17) (CESPE, FUB 2011) A seguridade social, destinada a assegurar o direito relativo à saúde e à assistência social, compreende um

101

conjunto integrado de ações de iniciativa exclusiva dos poderes públicos.

18) (CESPE, DPE/BA 2010) São segurados obrigatórios da previdência social, na qualidade de trabalhadores avulsos, o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa.

19) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Claudionor tem uma pequena lavoura de feijão em seu sítio e exerce sua atividade rural apenas com o auxílio da família. Dos seus filhos, somente Aparecida trabalha fora do sítio. Embora ajude diariamente na manutenção da plantação, Aparecida também exerce atividade remunerada no grupo escolar próximo à propriedade da família. Nessa situação, Claudionor e toda a sua família são segurados especiais da previdência social.

20) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2009) Tendo em vista a classificação dos segurados obrigatórios na legislação previdenciária vigente, assinale a assertiva incorreta.

a) Como empregado - a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração.

b) Como trabalhador avulso - quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento.

102

c) Como contribuinte individual - o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração.

d) Como empregado - o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior.

e) Como contribuinte individual - o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente.

21) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2009) A respeito dos segurados facultativos da Previdência Social, é correto afirmar que:

a) a pessoa pode ser segurado facultativo independente da sua idade.

b) o síndico de condomínio remunerado pela isenção da taxa de condomínio pode ser segurado facultativo.

c) aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social não pode ser segurado facultativo.

d) não pode ser segurado facultativo aquele que estiver exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.

e) o estudante maior de quatorze anos.

22) (ESAF, Auditor Fiscal do Trabalho 2010) Com relação aos segurados facultativos, à luz da legislação previdenciária vigente, assinale a opção correta.

a) Pode ser menor de 14 anos.

103

b) Pode ser segurado empregado.

c) Pode ser aquele que deixou de ser segurado obrigatório da Previdência Social.

d) Pode ser segurado especial.

e) Pode ser segurado contribuinte individual.

23) (ESAF, Auditor Fiscal do Trabalho 2010) Considerando a teoria geral dos benefícios e serviços da Previdência Social na Lei n. 8.213/91, julgue os itens abaixo relativos aos beneficiários da Previdência Social:

I. só são beneficiários da Previdência Social os segurados que contribuem para o caixa previdenciário.

II. dona de casa não pode ser beneficiária da Previdência Social.

III. pessoa jurídica pode ser beneficiária do sistema de Previdência Social.

IV. só os dependentes que contribuem podem ser beneficiários da Previdência Social.

a) I e II estão corretos.

b) Somente I está incorreto.

c) II e IV estão corretos.

d) Todos estão incorretos.

e) III e IV estão corretos.

104

24) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) João fora casado com Maria, com quem teve três filhos, João Junior, de 22 anos e universitário; Marília, com 18 anos e Renato com 16 anos, na data do óbito de João, ocorrido em dezembro de 2011. João se divorciara de Maria que renunciou ao direito a alimentos para si. Posteriormente, João veio a contrair novas núpcias com Norma, com quem manteve união estável até a data de seu óbito. Norma possui uma filha, Miriam, que mora com a mãe e foi por João sustentada. Nessa situação, são dependentes de João, segundo a legislação previdenciária:

a) João Junior, Marília e Renato.

b) João Junior, Maria, Marília, Renato e Norma.

c) Marília, Renato, Miriam e Norma.

d) Maria, João Junior, Marília, Renato e Norma.

e) João Junior, Marília, Renato, Maria, Norma e Miriam.

25) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Paulo é, de forma comprovada, dependente economicamente de seu filho, Juliano, que, em viagem a trabalho, sofreu um acidente e veio a falecer. Juliano à época do acidente era casado com Raquel. Nessa situação, Paulo e Raquel poderão requerer o benefício de pensão por morte, que deverá ser rateado entre ambos.

Gabarito:

1 – C. Enquanto a lei delegada e a medida provisória são fontes primárias, o memorando, a orientação normativa e a instrução normativa são fontes secundárias.

105

2 – D. O costume, a analogia e os princípios gerais do direito e do in dubio pro misero só podem ser utilizados em caso de omissão legislativa (a questão ainda traz o in dubio pro societate, não utilizado no direito previdenciário). A Jurisprudência do JEF também não faz parte da interpretação da legislação por parte do INSS.

3 – Errada. O INSS surgiu da fusão do INPS com o IAPAS, e não do INAMPS com o IAPAS. O INAMPS foi extinto e a saúde é atualmente administrada pelo SUS.

4 – Errada. A questão inverteu a ordem dos fatos, já que as CAPs precederam os IAPs.

5 – Errada. O erro consiste no fato dessas caixas não serem mantidas nem administradas pelo Estado, mas sim pela própria empresa de estrada de ferro.

6 – B. A questão versa sobre a composição da seguridade social, que se dá através de um conjunto integrado de ações nas áreas de previdência social, assistência social e saúde.

7 – C. A universalidade do atendimento é um objetivo expresso na CF/88 a ser perseguido pela seguridade social.

8 – A. O item V está incorreto, pois a administração não é centralizada, mas descentralizada.

9 – B. A variedade de fontes na arrecadação dos recursos decorre da diversidade da base de financiamento, já que essa base não pode ser única.

10 – Errada. A capacidade individual contributiva é tratada na equidade na forma de participação do custeio.

11 – Correta. Esse é um dos objetivos da seguridade social. No âmbito da previdência social, foi instituído o CNPS com essa finalidade.

106

12 – Errada. Esse é um princípio da seguridade social, abarcando, portanto, a previdência social, a assistência social e a saúde.

13 – E. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

14 – A. Os RPPS não se aplicam aos ocupantes de cargo comissionado ou temporário. Os servidores participantes de RPPS podem, facultativamente, aderir a um Regime Complementar. Os benefícios devem seguir os critérios elencados no art. 40 da CF/88. Ademais, o RPPS é de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. O RPPS observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o RGPS.

15 – Correta. O ocupante de cargo em comissão que não tenha vínculo efetivo com a união, ou seja, não tenha cargo efetivo, é considerado como segurado empregado.

16 – Errada. O ocupante de cargo efetivo só se filiará ao RGPS caso não amparado por RPPS. Portanto, se não amparado por RPPS, não estará excluído do RGPS, sendo considerado segurado empregado.

17 – Errada. Não é uma iniciativa exclusiva dos poderes públicos, pois a sociedade também participa dessa iniciativa.

18 – Errada. O membro de ordem religiosa em geral, tal como o ministro de confissão religiosa, é considerado como segurado contribuinte individual.

19 – Errada. Aparecida não é segurada especial por possuir outra fonte de rendimento, portanto, nem toda a família de Claudionor é de segurados especiais.

107

20 – A. A alternativa A traz o conceito de segurado especial, e não o de empregado.

21 – D. O facultativo deve ter idade mínima de 16 anos, inclusive o estudante. O síndico com isenção da taxa de condomínio é contribuinte individual. O que deixou de ser segurado obrigatório em qualquer regime pode ser facultativo no RGPS. Não pode ser facultativo aquele que é segurado obrigatório, tanto no RGPS quanto em RPPS.

22 – C. Nenhum segurado na categoria de segurado obrigatório pode se filiar como facultativo. A idade mínima é de 16 anos.

23 – D. São beneficiários somente as pessoas físicas (III), tanto os segurados como os dependentes (I), além de que só os segurados contribuem para a previdência (IV). A dona de casa pode ser segurada facultativa (II).

24 – C. João Júnior tem mais de 21 anos, portanto não é dependente. Maria renunciou aos alimentos, portanto também não é dependente. Miriam, por ser enteada, é equiparada a filha, sendo dependente.

25 – Errada. Raquel é dependente preferencial, concorrendo em igualdade de condições somente com os dependentes de mesma classe (que inexistem na questão). Como Paulo é dependente de classe inferior, estará excluído do direito de requerer benefício. Portanto, somente Raquel poderá requerer benefício de pensão por morte.

Unidade II: Custeio

CAPÍTULO 5 – FONTES E PRINCÍPIOS DO

CUSTEIO

5.1 Financiamento da Seguridade Social

Começamos agora a tratar do financiamento da

seguridade social, abordado na Lei 8.212/91 e regulamentado no

Decreto 3.048/99. No regulamento, a parte que versa sobre o

custeio vem após a parte que trata dos benefícios, mas preferi

adotar uma ordem inversa. Primeiramente porque o custeio é,

logicamente, algo que vem antes do benefício, já que primeiro se

contribui para depois se usufruir dos benefícios. Além disso,

quando formos estudar os benefícios, deveremos ter uma noção

básica sobre o custeio para melhor compreendermos, por exemplo,

o cálculo da renda mensal do benefício.

O financiamento da seguridade social será promovido por

toda a sociedade de forma: direta, como no pagamento das

contribuições sociais; e indireta, como através de ações do poder

público que são financiadas com recursos provenientes dos

orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios.

A União pode transferir receita destinada à seguridade social

para os Estados, Distrito Federal e Municípios, mas nenhum deles

109

pode transferir receita destinada à seguridade social para a União,

já que suas receitas constarão dos respectivos orçamentos.

Como se vê, a União também é responsável pelo

financiamento da Seguridade Social. Sua contribuição é constituída

de recursos adicionais do Orçamento Fiscal, fixados

obrigatoriamente na lei orçamentária anual. Mas atenção, pois a

União é responsável somente pela cobertura de eventuais

insuficiências financeiras da Seguridade Social. Ela cobre apenas

aquilo que falta.

As contribuições sociais (financiamento de forma direta) são

compostas pelas contribuições do empregador¹, do trabalhador e

demais segurados², da receita de concursos de prognósticos

(loterias)³ e do importador de bens ou serviços do exterior⁴.

O empregador, seja empresa ou qualquer entidade a ela

equiparada, terá sua contribuição incidente sobre a folha de

salários e demais rendimentos do trabalho (como as gorjetas)

de seus segurados. A contribuição incidirá sobre todo o

rendimento, independente de qualquer limite. Além do mais, esse

valor pode ser pago, devido ou creditado. O fato de o valor ser,

por exemplo, devido ao empregado, não exime o empregador de

sua contribuição. Aliás, não somente ao empregado, mas a qualquer

pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo

empregatício. Também deverá o empregador contribuir para a

seguridade social sobre sua receita ou faturamento e sobre seu

lucro.

Os trabalhadores e os demais segurados também devem

contribuir para a seguridade social. Na condição de demais

segurados temos os segurados facultativos, que não exercem

110

atividade remunerada, mas contribuem. Devemos, porém, ter

atenção, pois a contribuição não pode incidir sobre

aposentadoria e pensão. Imagine, por exemplo, um aposentado

que volte a trabalhar. Neste caso, ele deverá contribuir apenas

sobre seus rendimentos do trabalho, e não sobre sua

aposentadoria. Além do mais, a contribuição do trabalhador

observa limites mínimo e máximo, diferentemente da

contribuição do empregador.

Os concursos de prognósticos nada mais são que os jogos

de sorteios de números, loterias, apostas etc. Temos como

exemplos a mega-sena, a lotofácil, as corridas de cavalos, além de

inúmeros outros concursos. A contribuição incide sobre a receita

desses jogos. Quando o jogo for público, a contribuição será de

100% da receita líquida, já quando o jogo for privado, a

contribuição será de 5% da receita bruta, ou seja, do movimento

global de apostas.

Já a contribuição do importador diz respeito apenas à

empresa importadora ou equiparada. Sua incidência se dá sobre a

importação de mercadoria ou serviço.

5.2 Princípios Constitucionais

O financiamento da seguridade social encontra algumas

regras impostas pelo próprio constituinte. A parte ligada ao custeio

encontra-se prevista no art. 195 da CF/88. A leitura da CF/88,

das leis e do regulamento é obrigatória para quem almeja

sucesso em provas de concurso, até porque muitas bancas

111

costumam cobrar em suas provas o próprio texto da lei. É

fundamental conhecer bem a literalidade delas.

A primeira regra nos diz que a pessoa jurídica em débito

com o sistema de seguridade social não poderá contratar com o

Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos

fiscais ou creditícios. Essa regra se aplica tanto à administração

direta quanto à administração indireta. A ideia é evitar a

inadimplência perante a seguridade social, aplicando uma vedação

de contratação e recebimento de benefícios com o Poder Público

para quem está devendo à seguridade social.

Outra regra é a que trata da competência para instituição de

novas contribuições sociais. Nesse caso, a União poderá, através de

lei complementar, instituir outras fontes destinadas a garantir a

manutenção ou expansão da seguridade social. Porém, se a

contribuição já estiver prevista na CF/88, sua instituição poderá

se dar através de lei ordinária.

Princípio muito importante é o que versa sobre a pré-

existência do custeio em relação ao benefício ou serviço, onde

nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser

criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de

custeio total. Portanto, enquanto não houver recursos suficientes,

enquanto não houver fonte de custeio total, não poderão ser

criados, majorados ou estendidos quaisquer benefícios.

O próximo princípio determina que as contribuições sociais

só possam ser exigidas após decorridos noventa dias da data da

publicação da lei que as houver instituído ou modificado. Esse

princípio é conhecido como o da anterioridade nonagesimal ou

da noventena, vindo assegurar a não surpresa ao contribuinte.

112

Após a publicação da lei que institua ou aumente alguma

contribuição, o contribuinte só estará obrigado a pagá-la após o

decurso de noventa dias. Apesar da CF/88 não citar expressamente,

essa anterioridade em caso de modificação da contribuição só será

exigida se a lei aumentá-la. Se a contribuição for reduzida, não há

necessidade de se esperar noventa dias.

A norma que segue trata erroneamente de um caso de

imunidade. O legislador utilizou-se de forma não técnica o termo

isenção, quando se trata de uma imunidade. Portanto, isenção e

imunidade para o direito previdenciário no que tange a esse

princípio podem ser consideradas sinônimas. Graças a esse

princípio, são isentas/imunes de contribuição para a seguridade

social as entidades beneficentes de assistência social que

atendam às exigências estabelecidas em lei. Não é qualquer

entidade beneficente de assistência social, mas as que atentam às

exigências estabelecidas na Lei 12.101/09.

O princípio que segue trata da forma de custeio do segurado

especial. De acordo com ele, os segurados especiais contribuirão

para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota

sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus

aos benefícios nos termos da lei. É por isso que esse segurado

contribui sobre a receita bruta de sua comercialização,

diferentemente dos outros segurados. Havendo receita, há

contribuição, não havendo receita, não há contribuição.

O princípio que versa sobre as alíquotas ou bases de cálculo

diferenciadas é consequência da equidade na forma de participação

do custeio. As contribuições sociais da empresa poderão ter

alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas em razão da

atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra,

113

do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de

trabalho. É, por exemplo, por causa desse princípio, que os bancos

possuem uma contribuição adicional. Lembre-se do que pode

ensejar essas alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas: atividade

econômica; utilização intensiva de mão-de-obra; porte da empresa;

ou condição estrutural do mercado de trabalho.

Por fim, o próximo dispositivo não tem aplicação prática

alguma. Só para provas mesmo. Ele diz que é vedada a concessão

de remissão ou anistia das contribuições sociais do

empregador sobre folha de salários e do trabalhador para

débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.

O grande problema é que ainda não existe lei complementar que

estipula esse valor máximo, portanto, não há aplicabilidade alguma

nesse princípio.

114

CAPÍTULO 6 - ARRECADAÇÃO DAS

CONTRIBUIÇÕES E SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO

6.1 Arrecadação das Contribuições

Como vimos no histórico da proteção social, não é mais o

INSS que gerencia a parte relacionada ao financiamento da

seguridade social. É à SRFB que incumbe a tarefa de lidar com a

arrecadação das contribuições sociais.

A começar pelas obrigações da empresa, é ela que deve

proceder com o recolhimento de sua própria contribuição

(chamada de cota patronal) e com a arrecadação da contribuição

do segurado empregado, do trabalhador avulso e do

contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da

respectiva remuneração.

A cota do segurado a serviço da empresa deve ser recolhida

pela empresa até o dia 20 do mês seguinte ao da competência.

Caso não haja expediente bancário no dia 20, antecipa-se o

vencimento para o dia útil imediatamente anterior. Veremos mais à

frente que a empresa também deve recolher 15% sobre o valor

bruto da nota fiscal relativo a serviços prestados por cooperados

por intermédio de cooperativas de trabalho. Nesse caso, valem os

mesmos prazos.

Mesmo que a empresa não recolha as contribuições, o

segurado poderá requerer benefício, pois se considera presumido

o recolhimento das contribuições descontadas pela empresa

115

do segurado empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte

individual. Se a empresa descontar do segurado sua contribuição e

não repassá-la à previdência, então o agente responsável estará

cometendo o crime de apropriação indébita previdenciária, que

estudaremos na Unidade IV.

Portanto, a regra é essa, a empresa procede com a

arrecadação e o recolhimento das contribuições, tanto dela como de

quem presta serviço a ela. Até mesmo se um contribuinte individual

como um eletricista for prestar serviço a uma empresa por apenas

um dia, a empresa deverá descontar e recolher a contribuição dele

referente ao serviço prestado.

Já o recolhimento referente ao 13º Salário é feito até o dia

20 de dezembro, e não no mês seguinte ao da competência. Caso

não haja expediente bancário no dia 20 de dezembro, antecipa-se o

vencimento para o dia útil imediatamente anterior.

Em se tratando de segurado contribuinte individual que

deve recolher sua contribuição por iniciativa própria, o prazo

para o recolhimento é até o dia 15 do mês seguinte ao da

competência. Caso não haja expediente bancário no dia 15,

prorroga-se o vencimento para o dia útil subsequente. As situações

em que o contribuinte individual deve proceder com a própria

contribuição são quando:

I – Exercer atividade econômica por conta própria;

II – Prestar serviço a pessoa física ou a outro contribuinte

individual, produtor rural pessoa física, missão diplomática

ou repartição consular de carreira estrangeiras;

116

III – Quando tratar-se de brasileiro civil que trabalha no

exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil

seja membro efetivo ou;

IV – Quando não tenha atingido o limite mínimo do salário-

de-contribuição ao longo do mês e a remuneração auferida

ao ser contratado por pessoa jurídica também tenha sido

inferior ao limite mínimo do salário-de-contribuição.

No último caso, o contribuinte individual deverá contribuir

com 20% sobre o valor que falta para atingir o limite mínimo do

salário-de-contribuição. Imagine, por exemplo, um síndico que seja

isento da taxa condominial no valor de R$250,00. Ele será

considerado contribuinte individual e deverá contribuir sobre os

R$250,00. Caso ele não tenha outro rendimento que faça com que

sua contribuição alcance o limite mínimo do salário-de-

contribuição, ele deverá contribuir com 20% do que falta para

atingir o limite mínimo do salário-de-contribuição. Como outro

exemplo, imagine um segurado eletricista que no mês só tenha

conseguido um serviço a uma empresa, no valor de R$300,00. Essa

empresa irá descontar e recolher dos R$300,00 a contribuição

desse segurado. Imagine agora que o segurado não consiga mais

nenhum trabalho ao longo do mês. Como ele não pode recolher

contribuição mensal abaixo do limite mínimo, ele deverá proceder

com o recolhimento de 20% do que falta para alcançar o limite

mínimo do salário-de-contribuição.

O segurado facultativo recolhe suas contribuições nos

mesmos prazos que o contribuinte individual. Ele deve recolher

sua própria contribuição por iniciativa própria. O prazo para o

recolhimento é até o dia 15 do mês seguinte ao da competência.

117

Caso não haja expediente bancário no dia 15, prorroga-se o

vencimento para o dia útil subsequente.

O empregador doméstico deve descontar de seu

empregado doméstico a contribuição dele e recolhê-la junto da

contribuição a seu cargo até o dia 15 do mês seguinte ao da

competência. Caso não haja expediente bancário no dia 15,

prorroga-se o vencimento para o dia útil subsequente. Durante o

período de licença-maternidade o empregador deve recolher

apenas as contribuições a seu cargo.

Se restritas a um salário-mínimo, as contribuições do

contribuinte individual, do facultativo e do empregador doméstico

podem ser pagas trimestralmente. Caso opte por essa faculdade, o

recolhimento terá como vencimento o dia 15 do mês seguinte ao

último mês do trimestre civil. No caso da contribuição referente ao

13º salário do empregado doméstico, o empregador deverá

recolhê-la da forma convencional, não sendo permitido o

recolhimento dessa contribuição junto do recolhimento trimestral.

No caso do trabalhador avulso terrestre, cabe ao tomador

de mão-de-obra o recolhimento das contribuições; já no caso do

trabalhador avulso portuário, as contribuições são pagas pelo

operador portuário, que repassará o valor referente às

contribuições ao OGMO que efetivará o pagamento dos

trabalhadores avulsos e o recolhimento das contribuições à SRFB.

6.2 Conceitos de salário-de-contribuição

118

O salário-de-contribuição nada mais é do que a base de

cálculo sobre a qual a contribuição do segurado irá incidir. Toda

remuneração que o segurado obrigatório auferiu até o limite

máximo será, em regra, considerada para efeito de contribuição.

Perceba que a remuneração não é apenas o salário, mas ele somado

de todos os ganhos variáveis e eventuais como gorjetas e

comissões, as horas extras, os adicionais etc. O segurado

facultativo, como não possui remuneração, terá como salário-de-

contribuição o valor por ele declarado. O segurado especial é o

único que não possui salário-de-contribuição, devido ao

tratamento diferenciado que ele possui na hora de contribuir. Cada

tipo de segurado terá um conceito diferenciado de salário-de-

contribuição.

Como se percebe, existem limites mínimo e máximo para o

salário-de-contribuição. O limite mínimo é o piso salarial da

categoria do segurado, sendo o salário mínimo caso inexista piso

salarial. Já o limite máximo é o teto previdenciário, hoje em

R$4.390,24 (portaria de 10/01/2014, confira no blog as

atualizações). Portanto, se o segurado recebe R$5000,00 de salário,

só contribuirá sobre R$4.390,24 (a empresa é que não possui limite

para contribuir, ela irá contribuir sobre os R$5000,00).

Para os segurados empregados e trabalhadores avulsos, o

salário-de-contribuição consistirá na remuneração auferida em

uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos

rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título,

durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que

seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a

forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste

salarial. Portanto, não se prenda apenas ao salário, já que o salário-

119

de-contribuição será a totalidade dos rendimentos pagos, devidos

ou creditados a qualquer título. Assim, mesmo que o empregador

não pague o segurado, as verbas devidas ou creditadas também

integrarão o salário-de-contribuição.

Para o segurado empregado doméstico, o salário de

contribuição consistirá na remuneração registrada na Carteira

de Trabalho e Previdência Social. No caso do doméstico,

portanto, é um valor fixo até o limite máximo do salário-de-

contribuição.

Para o contribuinte individual o salário-de-contribuição

será a remuneração auferida em uma ou mais empresas e/ou

pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o

mês, observados os limites máximo e mínimo como já vimos.

E, como exceção à regra, para o segurado facultativo o

salário-de-contribuição consistirá não na remuneração, já que ele

não exerce atividade remunerada, mas no valor por ele declarado,

observados os limites máximo e mínimo.

6.3 Parcelas integrantes do salário-de-

contribuição

A ideia de uma verba integrar o salário-de-contribuição

parte do pressuposto que um dia um benefício irá substituir o

rendimento do trabalho do segurado. Imagine um vendedor que

receba um salário mínimo de remuneração fixa e em média uns três

salários mínimos de comissão. Se um dia necessitar de um benefício

que deva ampará-lo, necessitará de ter sua renda do trabalho

120

substituída pelo benefício, não sendo justo que seu padrão de vida

caia só porque seu salário não é fixo. Portanto, todas as verbas

recebidas com habitualidade devem estar sujeitas à contribuição

para que elas possam refletir em um futuro benefício.

Aqui, nas parcelas integrantes do salário-de-contribuição,

encontramos apenas um dos benefícios do RGPS. Somente um

benefício estará sujeito à incidência de contribuição: o salário-

maternidade. O salário-maternidade é o único benefício

considerado como integrante do salário-de-contribuição, fique

muito atento a isso. Nenhum outro benefício integra o salário-de-

contribuição.

As chamadas conquistas sociais também integram o salário

de contribuição. Elas nada mais são que as férias, os adicionais,

13º salário etc. Inclusive o terço constitucional, que é aquela

gratificação de 1/3 das férias, irá integrar o salário-de-contribuição.

O detalhe quanto ao 13º salário é que ele não entrará no cálculo do

salário-de-benefício, que veremos mais à frente. Isso porque ele é

pago em uma competência separada, servindo apenas para custear

o abono anual recebido pelos beneficiários do RGPS em gozo de

benefício.

Aqui temos uma exceção à regra das parcelas não

integrantes do salário de contribuição. Verbas indenizatórias,

dado seu caráter ressarcitório, não integram o salário-de-

contribuição. Não é algo que você recebe sempre e se sustenta com

ela. É um ressarcimento. Mas há uma exceção, que é o aviso prévio

indenizado. O aviso prévio, por ser uma conquista social, pode ser

indenizado ou não, de qualquer forma ele irá integrar o salário-

de-contribuição.

121

Por fim, as diárias recebidas pelo empregado, em regra,

também não integram o salário-de-contribuição, dado seu caráter

indenizatório, ressarcitório. Porém, se essas diárias excederem

50% da remuneração do empregado, elas também serão alvo de

incidência. Por exemplo, se um empregado recebe R$1000,00 de

remuneração e R$400,00 de diárias, sua contribuição será sobre

R$1000,00. Já se recebe R$1000,00 de remuneração e R$800,00 de

diárias, sua contribuição será sobre R$1800,00.

6.4 Parcelas não integrantes do salário-de-

contribuição

Só de saber as parcelas que integram o salário-de-

contribuição já dá para se ter uma noção das que não integram.

Aqui podemos ser mais pontuais.

Já vimos que as indenizações, dado seu caráter

ressarcitório, não integram o salário-de-contribuição. Vimos

também que os benefícios da previdência social não integram o

salário-de-contribuição, salvo o salário-maternidade, que é a

única exceção.

No que tange as férias, vimos que, por serem conquistas

sociais, elas integram o salário-de-contribuição. Porém, não pense

que as férias “vendidas” também integram. O abono férias, quando

a pessoa “vende” até 10 dias das férias devidas por ato meramente

volitivo, tem natureza indenizatória, portanto, não integra o

salário-de-contribuição. Isso ocorre da mesma forma com as

férias pagas após a rescisão contratual. Essas férias indenizadas,

122

incluindo seu adicional constitucional de 1/3, também não

integram o salário-de-contribuição.

As diárias pagas em valor inferior a 50% da

remuneração do segurado já sabemos que não integram o

salário de contribuição. Junto delas, outra verba que não integra o

salário de contribuição se pago em parcela única é a ajuda de

custo. A ajuda de custo compõe os valores correspondentes a

transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao

empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de

sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da

atividade, exija deslocamento e estada.

O vale-transporte atualmente não está sujeito à

incidência de contribuição previdenciária, mesmo que pago em

desacordo com a lei (em dinheiro, por exemplo). O ressarcimento

pelo uso de veículo também não está sujeito à incidência de

contribuição. Também a parcela in natura recebida de acordo

com programa de alimentação aprovado pelo Ministério do

Trabalho e Emprego não integrará o salário-de-contribuição.

Mas se essa parcela for recebida em desacordo com o programa, ela

integrará o salário-de-contribuição.

A participação do empregado nos lucros da empresa é

um direito constitucional e não estará sujeita à incidência de

contribuição caso ela seja paga corretamente. O detalhe é que essa

participação não pode ser habitual. A periodicidade do pagamento

deve ser pelo menos semestral. Se, por exemplo, for paga todo mês,

estará sujeita à incidência de contribuição.

Algumas empresas se comprometem a complementar o

valor do auxílio-doença recebido pelo empregado. Imagine um

123

empregado que receba R$6000,00 por mês. Se ele ficar doente e

entrar em gozo de auxílio-doença, não receberá sequer o teto

previdenciário (veremos no capítulo de benefícios o porquê). A

partir disso, algumas empresas se comprometem a complementar

esse valor até o salário do empregado. Se essa complementação for

um direito extensivo a todos os funcionários da empresa, ela

não integrará o salário-de-contribuição. Porém, se não for um

direito extensivo a todos os funcionários, integrará o salário-de-

contribuição.

A ideia é similar quanto ao valor pago a título de

previdência complementar. Se o plano de previdência

complementar for disponível a todos os funcionários, não

haverá incidência. Porém, se não for um direito disponível a todos

os funcionários, haverá incidência.

Seguem a mesma lógica o reembolso creche desde que a

criança tenha até 6 anos de idade, o valor pago a título de plano

de saúde e o plano educacional da empresa para as atividades

por ela desenvolvidas. Todas três não integram o salário-de-

contribuição se extensível a todos os trabalhadores. Se não for um

direito de todos os funcionários, integrará.

124

CAPÍTULO 7 - CONTRIBUIÇÕES EM ESPÉCIE

7.1 Contribuições dos segurados

Após entendermos o salário-de-contribuição, vamos

começar a estudar as contribuições dos segurados. Antes de tudo, é

importante separar bem o custeio do segurado do custeio da

empresa. O segurado contribui com sua parte e a empresa com a

dela. Não é a empresa que contribui para o segurado, ela apenas

desconta da remuneração dele a contribuição por ele devida.

Se, por exemplo, um contribuinte individual for remunerado

com R$1000,00 por um serviço prestado, a empresa já irá

descontar e recolher os 11% devidos. Portanto, a empresa irá pagar

a ele R$890,00. Quem pagou foi o segurado, mas quem descontou

foi a empresa. Veja que a empresa também deverá recolher sua

parte. No caso, ela recolherá 20% da remuneração. Portanto, a

empresa irá recolher R$200,00 e o segurado R$110,00. São duas

contribuições distintas, apesar de a empresa recolher as duas.

Cada tipo de segurado terá sua particularidade quanto ao

custeio. Vamos estudar cada situação separadamente.

7.1.1 Contribuição do Empregado, Trabalhador

Avulso e Empregado Doméstico

Esses segurados terão alíquotas de contribuição que variam

de acordo com a remuneração recebida. À medida que aumenta

125

o salário-de-contribuição, aumenta a alíquota, podendo ela ser de

8%, 9% ou 11%.

A tabela que relaciona o salário-de-contribuição com a

alíquota é a seguinte (portaria de 10/01/2014, confira no blog as

atualizações):

Salário-de-contribuição Alíquota

Até R$ 1.317,07 8%

Entre R$ 1.317,08 e R$ 2.195,12 9%

Entre R$ 2.195,13 e R$ 4.390,24 11%

Como é a empresa que deve descontar e recolher a

contribuição do empregado e do trabalhador avulso, para eles não

irá importar se ela recolheu ou não. Eles possuem presunção

absoluta de recolhimento da contribuição. Quem ficará em débito

no caso de não recolhimento é a empresa. No máximo, o empregado

e o trabalhador avulso podem ter exigida a prova do exercício da

atividade remunerada. Basta comprovar que trabalhou

(apresentando a CTPS, por exemplo), e não que a empresa recolheu

as contribuições.

No caso do empregado doméstico, não há presunção

absoluta de recolhimento de contribuição. O desconto e o

recolhimento cabem ao empregador doméstico, mas, ao requerer

benefício, o empregado doméstico deve comprovar o

recolhimento das contribuições. Caso não seja possível provar

que o empregador recolheu as contribuições, se o empregado

doméstico comprovar que exerceu a atividade durante o tempo

mínimo necessário, ele fará jus ao recebimento de benefício no

valor mínimo (salário mínimo).

126

7.1.2 Contribuição do Contribuinte Individual

O contribuinte individual pode ter como alíquota a ser

aplicada sobre o salário-de-contribuição: 20%, que é a regra geral;

11%, caso o contribuinte individual opte pelo plano simplificado

ou se prestar serviço a empresa que recolha cota patronal de

20%; ou 5%, caso enquadrado como Micro Empreendedor

Individual – MEI.

A lógica da alíquota ser, em regra, de 20%, parte do

pressuposto que o contribuinte individual custeia sozinho sua

parte. Não há nenhum empregador por trás dele para ajuda-lo a

custear a seguridade social. Porém, há casos em que o contribuinte

individual presta serviço a empresa, e nesse caso, a empresa

também deve recolher sua parte. Por isso, como nesses casos há um

aporte da empresa no custeio do contribuinte individual, quando o

contribuinte individual prestar serviço a empresa que recolha

cota patronal, ele irá contribuir apenas com 11% ao invés dos

20%. Porém, se o contribuinte individual prestar serviço a empresa

que seja isenta/imune de contribuições, como as entidades

beneficentes de assistência social que atendam às exigências

estabelecidas em lei, ele deverá contribuir normalmente com 20%.

Na verdade, o que ocorre quando o contribuinte individual

presta serviço a empresa e recolhe 11%, é uma dedução referente

a 45% do que é pago pela empresa, ficando esse abatimento

limitado a 9% do seu respectivo salário-de-contribuição.

O contribuinte individual também pode optar pelo plano

simplificado, realizando pagamento de somente 11% do salário

mínimo, ao invés dos 20%. O detalhe desse desconto é que, caso ele

127

opte pelo plano simplificado, ele terá de abdicar do direito à

aposentadoria por tempo de contribuição. Assim, terá de se

aposentar por idade. Caso, futuramente, o contribuinte individual

queira voltar atrás em sua escolha, ele poderá recolher os 9%

faltantes com juros e poderá se aposentar por tempo de

contribuição. Atenção, pois esses 11% do plano simplificado nada

tem a ver com o recolhimento de 11% quando o contribuinte

individual presta serviço a empresa.

Já o contribuinte individual enquadrado como MEI, ou seja, o

empresário optante pelo Simples Nacional com receita bruta anual

de até R$ 60.000,00, podendo contratar apenas um único

empregado desde que esse receba até um salário mínimo ou o piso

salarial da categoria, irá recolher apenas 5% do salário mínimo.

Ele também não terá direito a aposentadoria por tempo de

contribuição.

7.1.3 Contribuição do Facultativo

A contribuição do segurado facultativo é muito similar à do

contribuinte individual. A alíquota a ser aplicada sobre o valor por

ele declarado pode ser de: 20%, que é a regra geral; 11%, se o

segurado facultativo optar pelo plano simplificado; ou 5%, no

caso da dona-de-casa.

Vimos que o salário-de-contribuição do segurado facultativo

é o valor por ele escolhido, respeitando sempre os limites

mínimo e máximo. Como regra geral, o segurado facultativo irá

contribuir aplicando uma alíquota de 20% sobre o valor

declarado. Da mesma forma que o contribuinte individual, o

128

facultativo também poderá recolher 11% do salário mínimo caso

opte pelo plano simplificado, renunciando ao direito à

aposentadoria por tempo de contribuição.

Já a dona-de-casa, que é a segurada facultativa sem renda

própria que se dedica exclusivamente ao trabalho doméstico no

âmbito de sua residência, desde que pertencente à família de baixa

renda, contribuirá com 5% do salário mínimo. A família de baixa

renda é aquela inscrita no Cadastro Único para Programas

Sociais do Governo Federal (Cadúnico) cuja renda mensal seja

de até 2 salários mínimos. Ela também não terá direito à

aposentadoria por tempo de contribuição.

7.1.4 Contribuição do Segurado Especial

Já vimos que a contribuição do segurado especial será feita

mediante a aplicação de uma alíquota de 2,3% sobre o resultado

da comercialização da produção. Vale lembrar que a contribuição

de toda a família será uma só, incidente sobre a receita bruta dessa

comercialização. Com uma única contribuição, todos os membros

da família serão segurados e farão jus aos benefícios. Não importa

quantos membros da família exercem a atividade, a contribuição

será uma só para todos.

O detalhe é que a contribuição previdenciária será de

2,1% (2,0% + 0,1% a título de SAT). Os outros 0,2% não são

contribuições para a previdência social, mas para outros programas

para os rurais.

129

Além do mais, o segurado especial não possui limite

mínimo para contribuir. Se não houver receita de

comercialização, não há necessidade de contribuição. A base de

cálculo pode ser inferior ao salário mínimo.

Caso queira, o segurado especial pode contribuir como se

fosse contribuinte individual (20%). Perceba que isso é uma

faculdade, ele somente contribui como contribuinte individual se

quiser. Assim, poderá obter benefícios acima do salário mínimo

e se aposentar por tempo de contribuição.

Caso o segurado especial venda sua produção rural

diretamente no varejo, para outro segurado especial ou para o

exterior, ele mesmo deverá recolher sua contribuição. Já se

uma empresa for a adquirente da produção rural do segurado

especial, o recolhimento caberá a ela, assim como ao

consignatário ou cooperativa rural.

7.2 Contribuições da empresa

Antes de vermos qual é a contribuição feita pela empresa, é

bom sabermos que, para o direito previdenciário, empresa é a

firma individual ou a sociedade que assume o risco de

atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou

não, bem como os órgãos e as entidades da administração

pública direta, indireta e fundacional. Portanto, equiparam-se a

empresa: o contribuinte individual, em relação a segurado que

lhe presta serviço; a cooperativa, a associação ou a entidade de

qualquer natureza ou finalidade, inclusive a missão diplomática e

a repartição consular de carreiras estrangeiras; o operador

130

portuário e o órgão gestor de mão-de-obra; e o proprietário ou

dono de obra de construção civil, quando pessoa física, em

relação a segurado que lhe presta serviço.

A contribuição da empresa é feita, em regra, com a aplicação

de uma alíquota de 20% sobre o somatório das remunerações

pagas, devidas ou creditadas a empregados e avulsos e sobre o

somatório das remunerações pagas ou creditadas a contribuintes

individuais.

Diferentemente do segurado, que contribui sobre seu

salário-de-contribuição, a empresa contribui sobre a

remuneração dele. A implicação disso é que o salário-de-

contribuição possui limite máximo, ou seja, o segurado não

contribui acima do teto. Já a empresa pode contribuir acima do

teto, pois a remuneração não observa limite máximo.

Peguemos como exemplo um empregado que tenha como

remuneração o valor de R$10.000,00. O empregado terá sua

contribuição calculada sobre o teto previdenciário, ele irá

contribuir com 11% de R$4.390,24. Já a empresa irá contribuir com

20% de R$10.000,00. Lembre-se que o recolhimento de ambas as

contribuições é obrigação do empregador.

7.2.1 Cooperativa

O que nos interessa aqui é a cooperativa de trabalho, já que a

cooperativa de produção segue a regra geral. A cooperativa de

trabalho é aquela que oferece a força de trabalho de seus

associados.

131

Algumas empresas, quando querem terceirizar algum

serviço, costumam fazê-lo por meio de cooperativas de trabalho.

Essas cooperativas não recolhem a contribuição patronal

referente ao serviço prestado por seus cooperados, essa obrigação

cabe à empresa.

A empresa paga os serviços prestados pela cooperativa

através de uma nota fiscal ou fatura, e, posteriormente, a

cooperativa paga os cooperados. O recolhimento da contribuição

patronal será feito pela empresa, que irá recolher 15% sobre a

nota fiscal ou fatura.

A justificativa para a alíquota ser de 15% é que o valor da

nota fiscal ou fatura não é o valor a ser repartido entre os

cooperados. A cooperativa tem outros custos além do pagamento

das remunerações. A empresa sequer sabe quanto será pago aos

cooperados.

Já o cooperado terá sua contribuição normalmente calculada

como a de um contribuinte individual. Como já vimos, ele recolherá

20% do valor recebido. Se prestar serviço a empresa, recolherá

11%.

Imagine, por exemplo, uma pessoa que queira contratar uma

cooperativa para fazer a segurança de sua casa, com três

cooperados. Quando a cooperativa pagar os cooperados, eles irão

recolher 20% do valor recebido. Imagine agora que uma empresa

contrate os três cooperados através da cooperativa para fazer a

segurança da empresa. Agora, quando receberem sua remuneração,

irão recolher 11% do valor recebido.

132

7.2.2 SAT e adicional ao SAT

A contribuição referente ao Seguro de Acidentes de Trabalho

– SAT deve ser recolhida pela empresa. Ela tem uma alíquota

variável, podendo ser de 1%, 2% ou 3%. Essa alíquota é recolhida

junto da contribuição de 20%.

Essa contribuição só incide sobre a remuneração dos

empregados e trabalhadores avulsos, não atingindo o que for

pago aos contribuintes individuais. Veremos mais à frente que os

únicos segurados sujeitos a acidente de trabalho são o empregado,

o trabalhador avulso e o segurado especial.

A alíquota varia de acordo com o risco de acidentes que a

atividade preponderante da empresa apresenta. Se o risco for

leve, a alíquota será de 1%. Se o risco for médio, 2%. Se o risco for

grave, 3%. A atividade preponderante é aquela que ocupa o maior

número de empregados ou trabalhadores avulsos dentro da

empresa.

Essa alíquota ainda pode sofrer um aumento ou redução de

acordo com o índice de acidentes que a empresa desempenhar. O

Fator Acidentário Previdenciário – FAP é aplicado ao SAT e pode

variar de 0,5 a 2,0. Se a empresa investe na segurança do

trabalhador e possui baixos índices de acidente, o FAP reduz o valor

a ser pago a título de SAT, podendo reduzi-lo até a metade. Já se a

empresa possui altos índices de acidentes, o FAP aumenta o valor a

ser pago a título de SAT, podendo até dobrá-lo. Portanto, ele pode

aumentar o SAT em até 100% ou reduzi-lo em até 50%, de acordo

com o índice de acidentes que a empresa possui.

133

Por exemplo, uma empresa que possua grave risco de

acidentes deve recolher 3% a título de SAT. Se ela não investir na

segurança do trabalhador e possuir altos índices de acidentes, seu

FAP pode dobrar o SAT, fazendo com que ele chegue a 6%. Assim, a

empresa terá de recolher 26% da remuneração dos empregados e

trabalhadores avulsos.

Também temos a situação da aposentadoria especial, onde o

trabalhador se aposenta mais cedo devido às condições prejudiciais

à saúde ou à integridade física em que exerce suas atividades. Nesse

caso, o trabalhador se aposenta após 15, 20 ou 25 anos de trabalho

permanente, não ocasional nem intermitente exposto ao agente

prejudicial à saúde ou à integridade física. Para custear essa

aposentadoria precoce, existe o adicional ao SAT.

O adicional ao SAT irá variar de acordo com a atividade

exercida pelo segurado, podendo ser de 12%, 9% ou 6%. Se a

atividade enseja aposentadoria aos 15 anos de trabalho, o adicional

ao SAT será de 12%, se aos 20 anos, 9%, se aos 25 anos, 6%.

O adicional ao SAT (12%, 9% ou 6%) só irá incidir sobre a

remuneração do segurado exposto ao agente nocivo que enseja

aposentadoria especial. Já o SAT (3%, 2% ou 1%) irá incidir sobre a

remuneração de todos os empregados e trabalhadores avulsos.

Vimos que os contribuintes individuais não têm direito à

aposentadoria especial, mas há uma exceção. O cooperado filiado a

cooperativa de trabalho que exerça suas atividades em condições

especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física também

tem direito à aposentadoria especial. Por isso a contribuição será

acrescida do adicional ao SAT a cargo da empresa tomadora de

serviços em 9%, 7% ou 5% sobre a nota fiscal ou fatura, de acordo

134

com a atividade especial realizada pelo cooperado. Então, além dos

15%, a empresa deverá recolher mais 9%, 7% ou 5% da nota fiscal

ou fatura caso o serviço enseje aposentadoria especial para o

cooperado.

7.3 Contribuições substitutivas da cota

patronal

A cota patronal de 20% paga pela empresa não é aplicada a

todos os casos. Em algumas situações essa cota é substituída por

outra contribuição. Nesses casos, a empresa ou equiparada não

recolhe os 20% sobre a remuneração dos empregados e

trabalhadores avulsos a seu cargo, pagando uma contribuição que a

substitui.

A primeira contribuição substitutiva é a que diz respeito à

contribuição do produtor rural pessoa física – PRPF. O PRPF, ao

invés de recolher 20% da remuneração de seus empregados e

trabalhadores avulsos, irá recolher 2,1% (2,0% + 0,1% de SAT)

sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua

produção rural. Ele deixa de recolher 20% da remuneração dos

empregados e trabalhadores avulsos para pagar 2,1% da receita

bruta da comercialização de sua produção rural.

Já se o PRPF contrata um contribuinte individual, ele

deverá recolher normalmente os 20%. O detalhe é que a

contribuição dos empregados (8%, 9% ou 11%) é descontada e

recolhida pelo PRPF, diferentemente da contribuição do

contribuinte individual (11%), que a recolhe por conta própria.

135

Lembre-se bem dos casos em que o contribuinte individual deve

recolher sua contribuição por conta própria.

A segunda contribuição substitutiva é a do produtor rural

pessoa jurídica – PRPJ. O PRPJ irá contribuir com 2,6% (2,5% +

0,1% de SAT) sobre a receita bruta proveniente da comercialização

de sua produção rural, em substituição aos 20%. O diferencial é

que, caso o PRPJ contrate um contribuinte individual, o desconto e o

recolhimento dos 11% passa a ser sua obrigação, e não do

contribuinte individual como no caso do PRPF.

A próxima contribuição substitutiva diz respeito à

associação desportiva que mantém equipe de futebol

profissional. A contribuição corresponderá a 5% da receita bruta

decorrente dos espetáculos que a associação participar em todo

território nacional, mesmo que contra time de outro país. A

contribuição da associação, ao invés de ser o recolhimento de 20%

da remuneração de seus empregados e trabalhadores avulsos, será

de 5% da receita bruta decorrente dos espetáculos e de

qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas

e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão dos

espetáculos desportivos.

Isso só é valido se a associação possuir equipe de futebol

profissional. Se não possuir, a contribuição será a de 20%. Porém,

se possuir, a contribuição de 5% será válida para todos os

empregados, inclusive os jogadores de outras modalidades

esportivas, como vôlei, basquete, handball etc.

Cabe à entidade promotora do espetáculo a responsabilidade

de efetuar o desconto e o recolhimento dos 5%, e não à associação

136

desportiva. Mas é à associação que incumbe informar à entidade

promotora do espetáculo as receitas auferidas no evento.

Aqui também encontramos um diferencial no que tange aos

prazos. Cabe à entidade promotora do espetáculo a

responsabilidade de efetuar o desconto no prazo de até 2 dias

úteis após a realização do evento.

7.4 Mais contribuições e outras receitas

Primeiramente, vejamos a contribuição do empregador

doméstico. Ela é de 12% do salário-de-contribuição do empregado

doméstico a seu serviço. Como o salário-de-contribuição possui

limite máximo, o empregador doméstico, diferentemente da

empresa, também fica limitado ao teto na hora de contribuir. Se o

empregado doméstico for remunerado acima do teto, o empregador

doméstico irá contribuir com 12% do teto, e não da remuneração.

Quando a doméstica estiver de licença-maternidade, o empregador

doméstico só deverá recolher a contribuição a seu cargo.

Há também o caso da retenção para cessão de mão-de-

obra. A empresa contratante de serviços executados mediante

cessão ou empreitada de mão-de-obra deverá reter 11% do valor

bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e

recolher a importância retida em nome da empresa contratada.

Essa cessão é muito comum quando algumas empresas querem

terceirizar determinado serviço. Se, por exemplo, determinada

empresa contrata uma empresa conservadora que cede seus

137

empregados para lá trabalhar continuamente mediante cessão de

mão-de-obra fazendo a limpeza, quando emitida a nota fiscal, a

empresa contratante irá reter e recolher 11% do valor da nota

fiscal e irá recolher esse valor em nome da conservadora. Além

disso, se a atividade ensejar aposentadoria especial, o valor a ser

pago a título de adicional ao SAT será de 2%, 3% ou 4% do valor

bruto na nota fiscal, fatura ou recibo.

Já vimos que os concursos de prognósticos são todo e

qualquer concurso de sorteio de números ou quaisquer outros

símbolos, loterias e apostas de qualquer natureza. Caso o concurso

de prognóstico seja público, a renda líquida dele será destinada à

seguridade social de sua esfera de governo, se for privado, a

contribuição será de 5% do movimento global de apostas, ou

seja, da receita bruta.

Além disso, constituem outras receitas da seguridade

social: as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; a

remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação,

fiscalização e cobrança prestados a terceiros; as receitas

provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou

arrendamento de bens; as demais receitas patrimoniais, industriais

e financeiras; as doações, legados, subvenções e outras receitas

eventuais; 50% da receita obtida com os bens de valor

econômico apreendidos em decorrência do tráfico ilícito de

entorpecentes e drogas afins repassados aos órgãos responsáveis

pelas ações de proteção à saúde e a ser aplicada no tratamento e

recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins; e 40%

do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria

da Receita Federal do Brasil.

138

CAPÍTULO 8 - RECOLHIMENTO FORA DO

PRAZO, JUROS E MULTA

8.1 Recolhimento fora do prazo

Com a criação da SRFB, as contribuições previdenciárias

passaram a seguir a regra geral dos tributos federais. Além do mais,

não existe mais a figura da atualização monetária, existindo apenas

os juros e a multa como consequência legal para quem efetuar o

recolhimento em atraso.

Lembre-se bem dos prazos de recolhimento. Resumindo: a

empresa deve recolher sua contribuição e a de seus empregados e

trabalhadores avulsos até o dia 20 do mês subsequente,

antecipando-se o recolhimento caso não haja expediente bancário;

o contribuinte individual, o facultativo e o doméstico devem

recolher até o dia 15 do mês subsequente, postecipando-se o

recolhimento caso não haja expediente bancário; e o 13º salário até

20/12, antecipando-se o recolhimento caso não haja expediente

bancário.

Cuidado com um detalhe. Os juros não são uma

penalidade, eles são a remuneração do capital. Afinal, se você deve

ao poder público, é como se esse dinheiro estivesse emprestado a

você. Esse dinheiro, se aplicado, renderia certa remuneração.

Portanto, os juros não são uma penalidade, são apenas a

remuneração do capital devido. A penalidade pelo

139

descumprimento do dever legal de recolher a contribuição

dentro do prazo é a multa.

8.2 Juros e Multa

Comecemos pelos juros. No mês de vencimento do prazo,

não há juros. Não há remuneração do capital no mês de

vencimento. Os juros começam a ser cobrados é a partir daí. Nos

meses intermediários, ou seja, nos meses entre o mês do

vencimento e o mês do pagamento, é aplicada a taxa SELIC a título

de juros. Por fim, no mês de pagamento, os juros corresponderão a

1%.

Imagine, por exemplo, uma contribuição que devia ter sido

recolhida em janeiro, mas foi recolhida em junho. Em janeiro, não

haverá juros. De fevereiro a maio, será aplicada a taxa SELIC. Em

junho, os juros serão de 1%.

Já a multa será de 0,33% ao dia limitado a 20% no caso

de recolhimento voluntário. No primeiro dia após o vencimento,

será aplicado 0,33% de multa, no segundo dia, 0,66%, no terceiro

dia, 0,99%, e assim até alcançar 20%, caso o recolhimento seja

voluntário.

Porém, se houver lançamento de ofício da dívida através do

auto-de-infração, então a multa será de 75% sobre a totalidade do

valor devido. Se houver sonegação ou fraude, esse valor ainda

pode aumentar em 50%. Mas esses valores poderão sofrer

redução de: 50% se for efetuado o pagamento ou a compensação

no prazo de trinta dias, contados da data em que o sujeito passivo

140

foi notificado do lançamento; 40% se o sujeito passivo requerer o

parcelamento no prazo de trinta dias, contados da data em que foi

notificado do lançamento; 30%, se for efetuado o pagamento ou a

compensação no prazo de trinta dias, contados da data em que o

sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de

primeira instância; ou 20%, se o sujeito passivo requerer o

parcelamento no prazo de trinta dias, contados da data em que foi

notificado da decisão administrativa de primeira instância.

141

CAPÍTULO 9 - DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

9.1 Decadência e Prescrição no Custeio

Os institutos da decadência e da prescrição existem para nos

prover uma maior segurança jurídica, determinando um prazo

para se poder exercer um direito ou se ajuizar uma ação relativa

a ele.

A diferença entre decadência e prescrição consiste em um

detalhe singelo. Resumindo de forma bruta, a decadência consiste

no prazo que se tem para exercer um direito, já a prescrição

consiste no prazo que se tem para se ajuizar uma ação para poder

exercê-lo. Se o titular do direito não tem problemas para exercê-lo,

aplica-se a decadência, já que ele poderá exercê-lo diretamente. Já

se o titular tem algum problema e tem que ajuizar uma ação, aplica-

se a prescrição.

No caso do custeio, a constituição do crédito relativo às

contribuições sociais, a partir da ocorrência do fato gerador, deve

se dar no lapso de 5 anos. Esse prazo é decadencial, pois é apenas

a constituição do crédito por parte da SRFB. Se houver dolo, fraude

ou simulação, o prazo de 5 anos começa a correr do 1° dia do ano

subsequente.

Já para efetuar a cobrança judicial das contribuições

sociais devidas, aplica-se o prazo prescricional, que também é de 5

anos a partir da constituição definitiva do crédito. A constituição

definitiva não se dá com o lançamento de ofício, já que, após esse, o

acusado ainda pode contraditar a fazenda e se defender no

142

processo administrativo fiscal. Somente após a decisão

administrativa é que se dá a constituição definitiva do crédito,

começando o prazo prescricional.

9.2 Decadência e Prescrição nos Benefícios

O pedido de revisão do ato de concessão de benefício

deve se dar no prazo decadencial de 10 anos a partir do primeiro

dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação. Se,

por exemplo, um benefício foi concedido com valor inferior ao

devido, o segurado tem 10 anos para pedir a revisão.

Já a anulação de ato administrativo de que tenham

decorridos efeitos favoráveis aos beneficiários, deve ser feita no

prazo decadencial de 10 anos da data em que foram praticados,

salvo comprovada má-fé. Se, por exemplo, o INSS concede um

benefício acima do que deveria, ele deve anular esse ato em 10

anos. Se for comprovada má-fé do segurado para obter essa

vantagem, não se aplica esse prazo.

A ação para receber prestações vencidas ou quaisquer

restituições ou diferenças devidas pela previdência social

possui prazo prescricional de 5 anos a contar da data em que

deveriam ter sido pagas, salvo o direito dos menores (até 16

anos), incapazes e ausentes.

Por fim, as ações referentes às prestações decorrentes do

acidente de trabalho possuem prazo prescricional de 5 anos a

partir: da data do acidente quando resultar morte ou incapacidade

temporária ou; da data em que for reconhecida pela Previdência

143

Social a incapacidade permanente ao agravamento das sequelas do

acidente.

144

REVISÃO CAP.5 – FONTES E PRINCÍPIOS DO CUSTEIO 5.1 Financiamento da Seguridade Social

Feito por toda sociedade Financiamento direto

↳ Contribuições Sociais Financiamento indireto

↳ Orçamentos da U, E, DF e M Contribuições Sociais diretas

↳ Empregador sobre: I - Folha de salário II - Receita ou Faturamento III - Lucro ↳ Trabalhador e demais segurados ↳ Concursos de prognósticos ↳ Importador de bens e serviços 5.2 Princípios Constitucionais

Proibição de contratação com o Poder Público para a pessoa jurídica em débito com a Seguridade Social

Instituição de nova contribuição social não prevista na CF exige lei complementar e não cumulativa

Necessidade da pré-existência do custeio em relação ao benefício ou serviço

As contribuições sociais só podem ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado

São isentas/imunes de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei

145

Segurados especiais contribuem mediante aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção

As contribuições sociais da empresa poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho

É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais do empregador sobre folha de salários e do trabalhador para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar

CAP. 6 – ARRECADAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES E SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO 6.1 Arrecadação das Contribuições

Empresa recolhe sua contribuição e desconta e recolhe a do segurado

Segurado a serviço da empresa tem presunção absoluta de recolhimento

Contribuinte individual recolhe sua contribuição por conta própria quando

↳ Exercer atividade por conta própria ↳ Prestar serviço a pessoa física ou a outro CI, PRPF, missão diplomática ou repartição consular de carreira estrangeiras ↳ For brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ↳ Não atingir o limite mínimo do salário-de-contribuição

Prazos para recolhimento ↳ Empresa: Dia 20 do mês subsequente, antecipando-se o recolhimento caso não haja expediente bancário.

146

↳ Contribuinte Individual, Facultativo, Doméstico: Dia 15 do mês subsequente, postecipando-se o recolhimento caso não haja expediente bancário ↳ 13º Salário: 20/12 antecipando-se o recolhimento caso não haja expediente bancário ↳ Recolhimento trimestral: dia 15 do mês seguinte ao último mês do trimestre civil 6.2 Conceitos de salário-de-contribuição

Salário-de-contribuição: base de cálculo da contribuição Limite mínimo: piso da categoria ou salário mínimo Limite máximo: teto previdenciário Empregado e Trabalhador Avulso: totalidades dos

rendimentos pagos, devidos ou creditados (inclusive gorjetas)

Empregado doméstico: remuneração registrada na CTPS Contribuinte Individual: remuneração auferida em uma ou

mais empresas ou pelo exercício de atividade por conta própria

Segurado Facultativo: valor por ele declarado Segurado Especial: não possui salário-de-contribuição

6.3 Parcelas integrantes do salário-de-contribuição

Salário-maternidade Férias, 1/3 das Férias, Adicionais, 13º salário (exceto para

cálculo do salário-de-benefício) Aviso prévio indenizado ou não Diárias que excederem a 50% da remuneração

6.4 Parcelas não integrantes do salário-de-contribuição

Benefícios da Previdência social (salvo salário-maternidade)

147

Indenizações Abono férias (venda) Férias indenizadas (rescisão contratual) Diárias que não excederem a 50% da remuneração Ajuda de custo paga em parcela única Vale-transporte Ressarcimento pelo uso de veículo Parcela in natura recebida de acordo com programa de

alimentação Participação não habitual nos lucros da empresa Complementação do valor do auxílio-doença com direito

extensivo a todos os funcionários Valor pago a título de Previdência Complementar desde que

disponível a todos os funcionários Reembolso creche até 6 anos de idade, plano de saúde e

plano educacional para atividades desenvolvidas pela empresa se extensível a todos os funcionários

CAP. 7 – CONTRIBUIÇÕES EM ESPÉCIE 7.1 Contribuições dos segurados

Empregados, Avulsos e Domésticos: 8%, 9% ou 11%. Contribuinte Individual: 20% (regra), 11% (Plano

simplificado ou se prestar serviço a empresa que recolha CP de 20%) ou 5% (MEI).

Facultativo: 20% (regra), 11% (Plano simplificado) ou 5% (Dona de Casa).

Segurado Especial: 2,1% (Previdência) + 0,2% (Terceiros) = 2,3% (Total)

7.2 Contribuições da empresa

20%: regra

148

7.2.1 Cooperativa

15% da nota fiscal

7.2.3 SAT e adicional ao SAT

SAT (1%, 2% ou 3%) x FAP (0,5 a 2,0): Atividade Preponderante.

12%, 9% ou 6%: Adicional ao SAT para Aposentadoria Especial.

9%, 7% ou 5%: NF da Cooperativa para Aposentadoria Especial.

7.3 Contribuições substitutivas da cota patronal

PRPF: 2,1% da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural

PRPJ: 2,6% da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural

Associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional: 5% da receita bruta decorrente dos espetáculos e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão dos espetáculos desportivos.

7.4 Mais contribuições e outras receitas

Empregador Doméstico: 12% do salário-de-contribuição Retenção para Cessão de MDO: 11% da NF; 4%, 3% ou 2%

da NF para Aposentadoria Especial. Receita de Concursos de Prognósticos: 5% da movimentação

global de apostas, ou a renda líquida no caso dos promovidos pelo Poder Público.

149

Outras receitas: 50% da receita obtida com os bens de valor econômico apreendidos em decorrência do tráfico ilícito; 40% dos leilões promovidos pela SRFB.

CAP. 8 – RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO, JUROS E MULTA 8.1 Recolhimento fora do prazo

Juros não são uma forma de penalidade, a multa sim 8.2 Juros e Multa

Juros Mês de vencimento = Não há juros Meses intermediários = Taxa SELIC Mês do pagamento = 1%

Multa ↳Pagamento voluntário = 0,33% ao dia limitado a 20% Lançamento de ofício da dívida ↳75% sobre a totalidade do valor devido ↳Sonegação ou fraude pode aumentar em 50% ↳Redução de: 50% para pagamento em até 30 dias da

notificação; 40% para quem requerer parcelamento em até 30 dias da notificação; 30% para pagamento em até 30 dias da decisão administrativa; 20% para quem requerer parcelamento em até 30 dias da decisão administrativa. CAP. 9 – DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO 9.1 Decadência e Prescrição no Custeio

Decadência: Prazo para exercer um direito Prescrição: Prazo para mover uma ação para poder exercer

um direito

150

A constituição do crédito relativo às contribuições sociais, a partir da ocorrência do fato gerador, deve se dar no prazo decadencial de 5 anos

Para efetuar a cobrança judicial das contribuições sociais devidas, o prazo prescricional é de 5 anos a partir da constituição definitiva do crédito

9.2 Decadência e Prescrição nos Benefícios

O pedido de revisão do ato de concessão de benefício deve se dar no prazo decadencial de 10 anos a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação.

A anulação de ato administrativo de que tenham decorridos efeitos favoráveis aos beneficiários, deve ser feita no prazo decadencial de 10 anos da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

A ação para receber prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela previdência social possui prazo prescricional de 5 anos a contar da data em que deveriam ter sido pagas, salvo o direito dos menores (até 16 anos), incapazes e ausentes.

As ações referentes às prestações decorrentes do acidente de trabalho possuem prazo prescricional de 5 anos a partir: da data do acidente quando resultar morte ou incapacidade temporária ou; da data em que for reconhecida pela Previdência Social a incapacidade permanente ao agravamento das sequelas do acidente.

151

EXERCÍCIOS

26) (ESAF, Assistente Técnico Administrativo 2009) À luz do texto constitucional, julgue os itens abaixo referentes ao financiamento da Seguridade Social:

I. financiada por toda sociedade.

II. de forma direta e indireta.

III. por meio de verbas orçamentárias entre outras.

IV. financiamento definido por lei.

a) Somente I e III estão corretos.

b) Somente I está correto.

c) Somente I e II estão corretos.

d) Todos estão corretos.

e) Somente III e IV estão corretos.

27) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2005) Com relação às contribuições sociais, no âmbito da seguridade social, é correto afirmar:

a) As contribuições sociais, de que trata o art. 195 da CF/88, só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.

b) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após decorridos cento e oitenta dias da data

152

da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.

c) São isentas de contribuição para a seguridade social todas as entidades de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei complementar.

d) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da assinatura da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.

e) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser criadas e exigidas após decorridos noventa dias da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.

28) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2005) Quanto ao financiamento da seguridade social, de acordo com o estabelecido na CF/88 e na legislação do respectivo custeio, assinale a opção correta.

a) A lei não pode instituir outras fontes de custeio além daquelas previstas na Constituição Federal.

b) São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

c) As contribuições sociais criadas podem ser exigidas no ano seguinte à publicação da respectiva lei.

d) Há possibilidade de criar benefício previdenciário sem prévio custeio.

153

e) Mesmo em débito com o sistema da seguridade social, pode a pessoa jurídica contratar com o poder público.

29) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2009) A respeito do financiamento da Seguridade Social, nos termos da Constituição Federal e da legislação de custeio previdenciária, assinale a opção correta.

a) A pessoa jurídica em débito com o sistema de seguridade social pode contratar com o poder público federal.

b) Lei ordinária pode instituir outras fontes de custeio além das previstas na Constituição Federal.

c) Podem-se criar benefícios previdenciários para inativos por meio de decreto legislativo.

d) As contribuições sociais criadas podem ser exigidas noventa dias após a publicação da lei.

e) São isentas de contribuição para a seguridade social todas entidades beneficentes de utilidade pública distrital e municipal.

30) (ESAF, Assistente Técnico Administrativo 2009) A respeito das contribuições sociais, é correto afirmar que:

a) a contribuição do empregador incide só sobre a folha de salários.

b) a contribuição da empresa pode ser feita em função do tipo de produto que ela vende.

c) o trabalhador não contribui para a Seguridade Social.

d) os concursos de prognósticos não estão sujeitos à incidência de contribuições sociais.

154

e) pode haver incidência de contribuição social sobre a importação de bens do exterior.

31) (ESAF, Assistente Técnico Administrativo 2009) A respeito da base de cálculo e contribuintes das contribuições sociais, analise as assertivas abaixo, assinalando a incorreta.

a) Remuneração paga, devida ou creditada aos segurados e demais pessoas físicas a seu serviço, mesmo sem vínculo empregatício - EMPRESA.

b) Receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional - PRODUTOR RURAL PESSOA JURÍDICA.

c) Incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural - SEGURADO ESPECIAL.

d) Salário de contribuição dos empregados domésticos a seu serviço - EMPREGADORES DOMÉSTICOS.

e) Incidentes sobre seu salário de contribuição - TRABALHADORES.

32) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2009) Hermano, advogado autônomo, possui escritório no qual mantém relação de vínculo empregatício com Lia (advogada e assistente de Hermano) e Léa (secretária). A construtora ABC Empreendimentos, pessoa jurídica cadastrada na Junta Comercial, possui na sua folha de pagamentos 10 empregados e 20 autônomos que prestam serviços para distintas construtoras na área de assentamento de mármore e granito.

De acordo com a situação-problema apresentada acima e do conceito previdenciário de empresa, é correto afirmar que:

155

a) Hermano deve contribuir só como contribuinte individual.

b) a construtora ABC pode contribuir como contribuinte individual autônomo.

c) Hermano e a construtora ABC devem contribuir sobre a folha de pagamento de seus empregados.

d) Hermano não pode contribuir como empresa, pois é pessoa natural.

e) a construtora ABC não deve contribuir sobre a folha de pagamento de seus empregados, pois eles prestam serviços a terceiros.

33) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) Em relação às contribuições previdenciárias devidas pelos contribuintes da Previdência Social, é correto afirmar que

a) o segurado especial está dispensado de recolhê-las.

b) presume-se o recolhimento das contribuições do empregado.

c) presume-se o recolhimento das contribuições do trabalhador eventual.

d) o prazo de vencimento da contribuição das empresas é no dia 10 de cada mês.

e) o empregado doméstico deve recolher sua contribuição até o dia 10 de cada mês.

34) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Durval, inscrito na previdência social na qualidade de contribuinte individual, trabalha por conta própria, recolhendo 11% do valor mínimo mensal do

156

salário de contribuição. Nessa situação, para Durval fazer jus ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, deverá recolher mais 9% daquele valor, acrescidos de juros.

35) (ESAF, Analista Tributário da Receita Federal 2012) Não se considera empresa, nem a ela se equipara, para fins de custeio da Previdência Social,

a) a firma individual que reúne elementos produtivos para a produção ou circulação de bens ou de serviços e assume o risco de atividade econômica urbana ou rural.

b) a sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, ainda que tenha duração temporária.

c) a empresa individual de responsabilidade limitada (Eireli) que assuma o risco de atividade econômica.

d) a cooperativa, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade.

e) aquele que admite empregado a seu serviço, mediante remuneração, sem finalidade lucrativa, no âmbito residencial de diretor de empresa.

36) (ESAF, Analista Tributário da Receita Federal 2009) Com relação ao segurado empregado, assinale a opção correta.

a) Não contribui para a Seguridade Social de forma direta, só por meio de imposto de renda.

157

b) Sua contribuição para o orçamento da Seguridade Social e da Previdência Social ocorrem de forma volitiva e desvinculada do seu empregador.

c) Sua contribuição incide sobre o seu salário-de-contribuição.

d) O seu empregador não deve prestar contas sobre as contribuições do seu empregado.

e) Podem ser dadas remissões para as contribuições sociais do empregado doméstico retidas pelo empregador no pagamento dos salários.

37) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) João montou seu próprio negócio em 2010, obteve receita bruta, no ano-calendário anterior, de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) e é optante do Simples Nacional. João não pretende receber aposentadoria por tempo de contribuição. Nessa situação, a contribuição previdenciária a ser recolhida por João é de

a) 20% (vinte por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

b) 11% (onze por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

c) 8% (oito por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

d) 9% (nove por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

e) 5% (cinco por cento) do limite mínimo do salário de contribuição.

158

38) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) A empresa em que Maurício trabalha paga a ele, a cada mês, um valor referente à participação nos lucros, que é apurado mensalmente. Nessa situação, incide contribuição previdenciária sobre o valor recebido mensalmente por Maurício a título de participação nos lucros.

39) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Claudionor recebe da empresa onde trabalha alguns valores a título de décimo-terceiro salário. Nessa situação, os valores recebidos por Claudionor não são considerados para efeito do cálculo do salário-benefício, integrando-se apenas o cálculo do salário-de-contribuição.

40) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Tendo sido demitido sem justa causa da empresa em que trabalhava, Vagner recebeu o aviso prévio indenizado, entre outras rubricas. Nessa situação, não incide contribuição previdenciária sobre o valor da indenização paga, pela empresa, a Vagner.

41) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Mateus trabalha em uma empresa de informática e recebe o vale-transporte junto às demais rubricas que compõem sua remuneração, que é devidamente depositada em sua conta bancária. Nessa situação, incide contribuição previdenciária sobre os valores recebidos por Mateus a título de vale-transporte.

42) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Luís é vendedor em uma grande empresa que comercializa eletrodomésticos. A título de incentivo, essa empresa oferece aos empregados do setor de vendas um plano de previdência privada. Nessa situação, incide

159

contribuição previdenciária sobre os valores pagos, pela empresa, a título de contribuição para a previdência privada, a Luís.

43) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Maria, segurada empregada da previdência social, encontra-se afastada de suas atividades profissionais devido ao nascimento de seu filho, mas recebe salário-maternidade. Nessa situação, apesar de ser um benefício previdenciário, o salário-maternidade que Maria recebe é considerado salário-de-contribuição para efeito de incidência.

44) (CESPE, Técnico do Seguro Social 2008) Rodrigo trabalha na gerência comercial de uma grande rede de supermercados e visita regularmente cada uma das lojas da rede. Para atendimento a necessidades do trabalho que faz durante as viagens, Rodrigo recebe diárias que excedem, todos os meses, 50% de sua remuneração normal. Nessa situação, não incide contribuição previdenciária sobre os valores recebidos por Rodrigo a título dessas diárias.

45) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) José exerce a atividade de garçom, na qualidade de empregado do Restaurante X, e recebeu no mês de dezembro, além do salário mensal, o décimo terceiro salário, gorjetas, vale-refeição, de acordo com o programa do Ministério do Trabalho, horas extras, vale-transporte, na forma da legislação própria, férias indenizadas e respectivo adicional constitucional. Nessa situação, integram o salário de contribuição de José

a) o salário mensal, o décimo terceiro salário, as gorjetas e as horas extras.

160

b) o salário mensal, o vale-transporte, o décimo terceiro salário e o vale-refeição.

c) o salário mensal, as férias indenizadas e respectivo adicional e o vale-refeição.

d) o salário mensal, o décimo terceiro salário, as gorjetas e o vale-refeição.

e) o décimo terceiro salário, as gorjetas, o vale-refeição, as férias indenizadas e o respectivo adicional.

46) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) Em relação às contribuições previdenciárias, assinale a alternativa correta.

a) O pequeno produtor rural está isento de recolhimento da contribuição.

b) O empregado, em qualquer caso, recolhe o percentual de 11% (onze por cento) sobre o salário de contribuição.

c) O trabalhador autônomo não está obrigado a recolher contribuição.

d) O empregador doméstico recolhe o mesmo percentual de contribuição que as empresas em geral.

e) A contribuição da empresa para financiamento da aposentadoria especial tem alíquotas variáveis de doze, nove ou seis pontos percentuais.

47) (ESAF, Analista Tributário da Receita Federal 2009) A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporário,

161

deverá reter determinado valor e recolher a importância retida. Assinale a assertiva correta com relação a qual o valor a ser retido e em nome de quem será recolhido.

a) Onze por cento do valor líquido da nota fiscal ou fatura de prestação de serviço; em nome da empresa cedente da mão-de-obra.

b) Onze por cento do valor bruto dos salários pagos aos autônomos ou fatura de prestação de serviço; em nome da empresa contratante.

c) Onze por cento do valor líquido da nota fiscal ou fatura de prestação de serviço; em nome da empresa contratada.

d) Onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviço; em nome da empresa cedente da mão-de-obra.

e) Onze por cento do valor bruto dos salários pagos aos autônomos ou fatura de prestação de serviço; em nome do INSS.

48) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2009) Além das contribuições sociais, a seguridade social conta com outras receitas. Não constituem outras receitas da seguridade social:

a) as multas.

b) receitas patrimoniais.

c) doações.

d) juros moratórios.

e) sessenta por cento do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

162

49) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal 2005) Segundo a letra da legislação previdenciária,

a) o direito de apurar e constituir os créditos previdenciários extingue-se após 10 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído, ou da data em que se tornar definitiva a decisão que anulou, por vício formal, a constituição de crédito anteriormente efetuado.

b) o prazo decadencial a ser aplicado é aquele vigente à época do fato gerador (565 §1).

c) nos casos de dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial será de vinte anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que for constatado o evento doloso, fraudulento ou simulado, ou, tendo havido anulação em razão desses vícios, da data da publicação desta.

d) a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.

e) a prescrição se suspende pela citação pessoal feita ao devedor.

50) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) José pleiteou aposentadoria por tempo de contribuição perante o INSS, que foi deferida pela autarquia e pretende a revisão do ato de concessão do benefício para alterar o valor da renda mensal inicial. O prazo decadencial para o pedido de José é de

a) dez anos contados a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação.

b) cinco anos contados a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação.

163

c) três anos contados a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação.

d) cinco anos contados da ciência da decisão que deferiu o benefício.

e) dez anos contados da ciência da decisão que deferiu o benefício.

Gabarito:

26 – D. Depreende-se do art. 195 da CF/88 que a seguridade social será financiada por toda a sociedade (I), de forma direta e indireta (II), nos termos da lei (IV), mediante recursos provenientes dos orçamentos da União (III), dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

27 – A. A alternativa correta trata do princípio da anterioridade nonagesimal, onde somente após decorridos noventa dias da publicação poderão ser exigidas as contribuições sociais. Os requisitos para obtenção de isenção de contribuições sociais para as entidades beneficentes de assistência social são exigidos em lei ordinária, e não em lei complementar.

28 – B. Se não prevista na CF/88, nova contribuição social poderá ser instituída através de lei complementar. Não é necessário aguardar o próximo exercício financeiro (ano seguinte) para se cobrar as contribuições sociais, bastam noventa dias. Todo benefício criado, majorado ou estendido necessita de prévio custeio total. Só pode contratar com o poder público quem não está em débito com a seguridade social.

29 – D. As alternativas erradas já foram discutidas nas questões anteriores. O detalhe é que só é isenta de contribuição social as entidades beneficentes de assistência social de utilidade pública

164

federal, além dela também ter de cumprir com todos os demais requisitos da lei 12.101/09.

30 – E. A contribuição do empregador também incide sobre a receita ou faturamento e o lucro, podendo ser feita não em função do tipo de produto, mas da atividade econômica, utilização intensiva de mão-de-obra, porte da empresa ou condição estrutural do mercado de trabalho. O trabalhador contribui para a seguridade social (contribuição dos segurados) e os concursos e prognósticos constituem receita da seguridade social, junto da importação de bens e serviços do exterior.

31 – B. Questão que tenta confundir o candidato com as contribuições substitutivas da cota patronal. Por óbvio, o PRPJ não contribui com receita bruta decorrente de espetáculos desportivos.

32 – C. Hermano é equiparado a empresa para efeitos previdenciários, portanto, além de sua contribuição como segurado, ele deve contribuir como empresa. A construtora é pessoa jurídica, portanto, não é segurada e não contribui como contribuinte individual. Ela, assim como Hermano, contribui como empresa.

33 – B. O segurado especial, se obtiver receita com sua produção rural, estará obrigado a contribuir. Somente os segurados empregado e trabalhador avulso têm presunção absoluta de recolhimento das contribuições. O prazo para a empresa efetuar o recolhimento de suas contribuições é até o dia 20 do mês subsequente ao da competência, já o doméstico (o empregador é que recolhe), é até o dia 15 do mês subsequente ao da competência.

34 – Correta. Por recolher dentro do plano simplificado de inclusão previdenciária, Durval abriu mão do direito à aposentadoria por tempo de contribuição. Mas, caso se arrependa e queira se aposentar por tempo de contribuição, ele poderá recolher os 9% faltantes apenas acrescidos de juros.

165

35 – E. Não devemos confundir empregador doméstico com empresa, pois estes não são equiparados. A pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico, é empregador doméstico.

36 – C. O empregado contribui diretamente, já que sua contribuição é descontada do salário e recolhida pela empresa. Além do mais, a contribuição é obrigatória e vinculada ao empregador, já que ele é quem efetivamente a recolhe. O empregador doméstico deve repassar os valores retidos das contribuições à previdência social.

37 – E. João é enquadrado como MEI, um tipo de contribuinte individual. Seu recolhimento é diferenciado, sendo de 5% do limite mínimo do salário de contribuição (salário mínimo).

38 – Correta. A participação nos lucros integra o salário-de-contribuição se paga com habitualidade. A periodicidade do pagamento deve ser pelo menos semestral para que não integre o salário-de-contribuição.

39 – Correta. O 13º salário integra o salário-de-contribuição, mas não entra no cálculo do salário-de-benefício. A contribuição paga a título de 13º salário não é utilizada para auferir o valor dos benefícios.

40 – Errada, mas à época era Correta. Atualmente, o aviso prévio, indenizado ou não, integra o salário-de-contribuição. Quando essa prova foi realizada, o aviso prévio só integrava o salário-de-contribuição se trabalhado.

41 – Errada, mas à época era Correta. Novamente o gabarito oficial tornou-se desatualizado. Atualmente o vale-transporte não integra o salário-de-contribuição, mesmo que pago em desacordo com a legislação.

42 – Correta. Como o plano de previdência privada é disponível apenas aos empregados do setor de vendas, há incidência de

166

contribuição social sobre esses valores. Se fosse disponível a todos os funcionários da empresa, não haveria incidência.

43 – Correta. O salário-maternidade é o único benefício sujeito à incidência de contribuição social. À exceção dele, os benefícios da previdência social não integram o salário-de-contribuição.

44 – Errada. As diárias que excedem 50% da remuneração integram o salário-de-contribuição. É muito importante saber bem quais parcelas integram e quais não integram o salário-de-contribuição.

45 – A. Vale-refeição de acordo com o programa do Ministério do Trabalho, vale-transporte, férias indenizadas e seu adicional de 1/3 não compõem o salário-de-contribuição.

46 – E. O pequeno produtor rural não está isento de recolhimento, apenas o faz de forma diferenciada. O empregado pode recolher 8%, 9% ou 11%, a depender de sua faixa salarial. O trabalhador autônomo é classificado como contribuinte individual, estando sujeito ao recolhimento de suas contribuições. O empregador doméstico recolhe 12% do salário-de-contribuição de seu empregado doméstico, já as empresas recolhem 20% da remuneração de quem lhe presta serviço.

47 – D. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão-de-obra deverá reter 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviço e recolher a importância retida em nome da empresa cedente da mão-de-obra.

48 – E. O que constitui outra receita da seguridade social é 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e não 60%.

49 – D. Questão um pouco controvertida, já que a letra da lei diz exatamente o que é afirmado na letra A. O problema é que esse dispositivo foi julgado inconstitucional, passando a vigorar o

167

disposto na letra D. Na época, o gabarito oficial constava como letra A, mas atualmente esse posicionamento está completamente equivocado.

50 – A. O pedido de revisão do ato de concessão de benefício deve se dar no prazo decadencial de 10 anos a partir do primeiro dia do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação.

Unidade III: Benefí cios

CAPÍTULO 10 - MANUTENÇÃO E PERDA DA

QUALIDADE DE SEGURADO

10.1 Manutenção da qualidade de segurado

A manutenção da qualidade de segurado é dada no

período de tempo onde o segurado se mantém coberto pela

previdência social, podendo, em determinadas situações, ela se

dar mesmo sem o segurado contribuir. Por isso ela é, nesses

casos, chamada de período de graça. É um período onde o

segurado, independentemente de estar contribuindo, ou seja, “de

graça”, continua sendo segurado, conservando todos seus direitos

perante a previdência social. O período de graça não conta como

tempo de contribuição ou carência, é apenas um período de

tempo onde o segurado continua coberto pela previdência social.

Os prazos elencados no regulamento são os seguintes:

Decreto 3.048/99

Art. 13. Mantém a qualidade de segurado,

independentemente de contribuições:

I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

169

II - até doze meses após a cessação de benefício por

incapacidade ou após a cessação das contribuições, o

segurado que deixar de exercer atividade remunerada

abrangida pela previdência social ou estiver suspenso ou

licenciado sem remuneração;

III - até doze meses após cessar a segregação, o segurado

acometido de doença de segregação compulsória;

IV - até doze meses após o livramento, o segurado detido ou

recluso;

V - até três meses após o licenciamento, o segurado

incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;

e

VI - até seis meses após a cessação das contribuições, o

segurado facultativo.

A primeira previsão é um tanto quanto óbvia. Quem está em

gozo de benefício não contribui (exceto salário-maternidade), mas

não deixa de ser segurado. Se uma pessoa está em gozo de auxílio-

doença há dois anos, estando, portanto, sem contribuir, ela

continuará sendo segurada da previdência social durante esse

período. Segurado em gozo de auxílio-acidente também mantém

sua qualidade dessa forma.

Após a cessação do benefício por incapacidade, se o

segurado não estiver contribuindo, ele continuará a ser segurado

por até 12 meses após a data de cessação do benefício. Imagine

que, 12 meses após o término do auxílio-doença, o segurado já

170

curado e que esteja sem contribuir venha sofrer um acidente. Ele

fará jus a novo benefício, pois ainda matinha a qualidade de

segurado.

Também o segurado que deixar de exercer atividade

remunerada e que esteja sem contribuir terá 12 meses de período

de graça. Se o segurado já tiver mais de 120 contribuições sem

interrupções que acarrete a perda da qualidade de segurado,

esse prazo será ampliado em mais 12 meses. Ainda, se o segurado

comprovar por registro no órgão próprio do Ministério do

Trabalho e Emprego sua condição de desempregado, ele terá

esse prazo ampliado em mais 12 meses, podendo todos esses

acréscimos se acumular chegando a 36 meses de período de graça.

Se, por exemplo, um segurado que trabalhou por 10 anos

consecutivos em uma empresa for demitido, vindo a receber

seguro-desemprego, por deixar de exercer atividade remunerada¹,

ter mais de 120 contribuições ininterruptas² e comprovar por

registro no órgão próprio do MTE sua condição de desempregado³,

ele terá 36 meses de período de graça.

No caso de algumas doenças contagiosas, a pessoa deve ser

segregada pelo Poder Público. Se ela for segurada e já tiver

cumprido a carência, que veremos à frente, ela entrará em gozo de

auxílio-doença e cairá na segunda regra. Porém, se não cumprir a

carência e não fizer jus ao benefício, após cessar a segregação, o

segurado acometido de doença de segregação compulsória terá 12

meses de período de graça.

Após o livramento, o segurado detido ou recluso terá 12

meses de período de graça. É o tempo que a lei considera razoável

para que o preso, pessoa muitas vezes estigmatizada pela

sociedade, possa reingressar ao mercado de trabalho.

171

O segurado incorporado às Forças Armadas para prestar

serviço militar terá, após o licenciamento, 3 meses de período de

graça. Como o licenciado é uma pessoa jovem e com vigor, a lei lhe

dá um prazo inferior para que ele se insira no mercado de trabalho

sem perder a qualidade de segurado.

Já o segurado o facultativo tem um prazo de 6 meses após

a cessação das contribuições para restabelecê-las sem perder a

qualidade de segurado. Claro que o segurado facultativo, após a

cessação de benefício por incapacidade, manterá a qualidade de

segurado pelo prazo de 12 meses.

O segurado que, dentro do prazo de manutenção de sua

qualidade de segurado (12, 24 ou 36 meses), se filiar ao RGPS como

facultativo, ao deixar de contribuir nesta última, terá o direito de

usufruir o período de graça de sua condição anterior.

Fique atento, pois todos esses prazos são na verdade

acrescidos em 1 mês e 15 dias. Isso se dá porque o prazo para

recolhimento das contribuições no caso de manutenção da

qualidade de segurado é o mesmo do contribuinte individual, que é

até o dia 15 do mês seguinte ao da competência. O facultativo, por

exemplo, tem na verdade 7 meses e 15 dias para efetuar a

contribuição e não perder a qualidade de segurado.

10.2 Perda da qualidade de segurado

A perda da qualidade de segurado importa em

caducidade dos direitos inerentes a essa condição. Aquele que

perde a qualidade de segurado deixa de fazer jus às prestações

172

previdenciárias. Se um segurado perde a qualidade de segurado e

fica doente, ele não fará jus à prestação alguma. O detalhe reside é

nos benefícios que não são afetados pela perda da qualidade de

segurado.

A começar pelas aposentadorias por tempo de

contribuição e especial. Nenhuma delas será afetada pela perda

da qualidade de segurado. Se, por exemplo, um segurado trabalhou

e contribuiu por 35 anos e posteriormente parou de trabalhar e

perdeu a qualidade de segurado, se 10 anos depois ele quiser

requerer a aposentadoria por tempo de contribuição, mesmo sem

ter qualidade de segurado, por já ter cumprido os requisitos ele terá

direito.

Também a aposentadoria por idade não será afetada pela

perda da qualidade de segurado, desde que seja cumprida a

carência e o segurado tenha a idade necessária. Os requisitos não

precisam ser cumpridos simultaneamente. Um segurado pode,

por exemplo, trabalhar por 15 anos para cumprir a carência, perder

a qualidade de segurado, nunca mais trabalhar até completar 65

anos e se aposentar por idade. Ele primeiro cumpriu a carência e

depois a idade.

A pensão por morte não é concedida aos dependentes de

quem já havia perdido a qualidade de segurado na data do

falecimento. Porém, caso o falecido já tiver cumprido todos os

requisitos necessários para obtenção de aposentadoria ao

perder a qualidade de segurado, seus dependentes farão jus ao

benefício. Imagine, por exemplo, que um segurado que tenha

contribuído por 35 anos, completando assim os requisitos para

obtenção de aposentadoria por tempo de contribuição, deixe de

contribuir durante muito tempo e venha a falecer sem ter qualidade

173

de segurado. Por já cumprir todos os requisitos para obtenção de

aposentadoria, seus dependentes farão jus à pensão por morte.

174

CAPÍTULO 11 - PERÍODOS DE CARÊNCIA

11.1 Períodos de Carência

O período de carência é considerado como o número

mínimo de contribuições mensais exigidas para que o

beneficiário faça jus ao benefício. Se um segurado completa 65

anos de idade sem possuir 180 contribuições, ele não poderá se

aposentar por idade, pois esse é o número mínimo de contribuições

mensais que se exige para que o beneficiário possa gozar desse

benefício.

Como o segurado especial não contribui mensalmente, para

ele, o período de carência é o tempo mínimo de efetivo exercício

de atividade rural, ainda que de forma descontínua, igual ao

número de meses necessário à concessão do benefício requerido.

Portanto, não são exigidas contribuições mensais, mas tempo de

exercício da atividade.

Para os segurados empregado e trabalhador avulso, o

período de carência é contado da data de filiação ao RGPS. Já

para o segurado empregado doméstico, contribuinte individual

e facultativo, ele é contado da data do efetivo recolhimento da

primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para

esse fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a

competências anteriores. Se um advogado que exerceu 10 anos de

advocacia sem contribuir resolver quitar sua dívida, esses 10 anos

não serão contados para efeitos de carência, já que o contribuinte

175

individual só contará a carência a partir do efetivo recolhimento da

primeira contribuição sem atraso.

Os períodos de carência exigidos para a concessão dos

benefícios são os seguintes:

Benefícios Períodos de Carência

Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez

12 contribuições mensais

Aposentadorias por idade, tempo de contribuição e

especial 180 contribuições mensais

Salário-maternidade para as seguradas contribuinte

individual, especial e facultativa 10 contribuições mensais

Em caso de parto antecipado, o período de carência do

salário-maternidade será reduzido em número de contribuições

equivalente ao número de meses em que o parto foi

antecipado. Se, por exemplo, o parto do bebê antecipa em 2 meses,

a carência é reduzida em 2 meses. O período da carência sempre

será o de 1 mês a mais que o tempo da gestação. Se o bebê nasce

com 7 meses, a carência é de 8 meses.

Também temos benefícios que independem de carência,

quais sejam:

Benefícios que independem de carência

Pensão por morte

Auxílio-reclusão Salário-família

Auxílio-acidente

176

Salário-maternidade, para as seguradas empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa

Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa, ou nos casos em que o

segurado for acometido de moléstia elencada em lista específica

Portanto, para as seguradas empregada, empregada

doméstica e trabalhadora avulsa, não há carência para concessão de

salário-maternidade. Já para as seguradas contribuinte individual,

especial e facultativa, a carência é de 10 meses, redutíveis nos

partos antecipados, como já foi visto.

Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, se oriundos de

acidente de qualquer natureza, dispensam carência. Esses

benefícios também são conhecidos como auxílio-doença acidentário

e aposentadoria por invalidez acidentária. Caso sejam comuns, a

carência é de 12 meses.

11.2 Carência e perda da qualidade de

segurado

Havendo perda da qualidade de segurado as contribuições

anteriores a essa perda somente serão computadas para efeito de

carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação ao

RGPS, com no mínimo um terço do número de contribuições

exigidas para o cumprimento da carência do benefício requerido.

Um segurado que já tenha mais de 12 contribuições e tenha

perdido a qualidade de segurado, para poder requerer auxílio-

177

doença após voltar a contribuir, deverá contribuir por 4 meses para

completar um terço da carência de 12 contribuições mensais. Ele,

com 4 contribuições, poderá “recuperar” as contribuições já pagas.

O mesmo ocorreria se ele tivesse apenas 8 contribuições

antes de perder a qualidade de segurado. O segurado, após voltar a

contribuir, pagando 4 contribuições, poderia resgatar as antigas 8

contribuições, totalizando as 12 contribuições necessárias.

Para o salário-maternidade, a segurada deverá possuir no

mínimo 3 contribuições. Elas somadas as anteriores deverão

totalizar a carência.

Só para lembrar: isso não ocorre com as aposentadorias por

tempo de contribuição, especial e por idade. Vimos que a perda da

qualidade de segurado não afeta esses benefícios. Afinal, se um

segurado que perdeu essa qualidade tivesse que contribuir com um

terço da carência desses benefícios, seriam necessárias 60

contribuições, já que a carência deles é de 180 contribuições. Se o

segurado perdeu sua qualidade e posteriormente voltou a

contribuir, para efeitos de aposentadoria por tempo de

contribuição, especial e por idade, suas contribuições não

necessitarão de alcançar um terço da carência para resgatar as

contribuições antigas.

178

CAPÍTULO 12 - SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO E

RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO

12.1 Salário-de-benefício

O salário-de-benefício é o valor básico utilizado no cálculo

da renda mensal de benefício. Ele não é necessariamente o valor

a ser recebido pelo segurado, é apenas uma base de cálculo. O

valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário

mínimo, nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição

na data de início do benefício.

Para fins de apuração do salário-de-benefício de qualquer

aposentadoria precedida de auxílio-acidente, o valor mensal

deste será somado ao salário-de-contribuição antes da aplicação

da correção dos valores dele, não podendo o total apurado ser

superior ao limite máximo do salário-de-contribuição. Isso ocorre

porque antigamente o auxílio-acidente era vitalício, acumulando-se

com a aposentadoria do segurado. Atualmente é vedada a

acumulação de auxílio-acidente com aposentadoria, por isso seu

valor é somado ao salário-de-contribuição.

O salário-de-benefício consiste, para as aposentadorias por

idade e por tempo de contribuição, na média aritmética simples

dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80%

de todo o período contributivo a partir de 07/1994,

multiplicada pelo fator previdenciário. Já para as aposentadorias

por invalidez e especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, o salário-

de-benefício consiste na média aritmética simples dos maiores

179

salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o

período contributivo a partir de 07/1994, sem aplicação do

fator previdenciário.

As contribuições referentes aos 20% descartados, por na

maioria das vezes terem um valor menor, aumentam o valor do

salário-de-benefício. Por isso não se considera todo o período

contributivo, mas apenas a parte dos 80% maiores salários-de-

contribuição. Pega-se essas contribuições e tira-se a média

aritmética simples delas, obtendo-se assim o salário-de-benefício.

Vale ressaltar que atualmente só entram para o cálculo do

salario-de-benefício as contribuições pagas a partir de julho de

1994. Somente essas são as contribuições integrantes do período

básico de cálculo. Isso se dá em função da entrada do Real, que

estabilizou os índices inflacionários.

Para o segurado especial, o salário-de-benefício consistirá

no valor equivalente ao de um salário-mínimo, exceto para o que

contribua como se fosse contribuinte individual (20%).

12.2 Fator Previdenciário

As aposentadorias por tempo de contribuição e idade

são os únicos benefícios que têm aplicação do fator previdenciário.

A aposentadoria por tempo de contribuição comum sempre terá

aplicação do fator previdenciário, já a aposentadoria por idade e a

aposentadoria por tempo de contribuição do deficiente só terão o

fator previdenciário aplicado se ele elevar seus valores. O INSS

procede com o cálculo da aposentadoria por idade e da

180

aposentadoria por tempo de contribuição do deficiente com e sem o

fator previdenciário, concedendo o que tiver a maior renda mensal.

Alguns chegam a dizer, apesar de não ser tecnicamente muito

correto, que a aposentadoria por tempo de contribuição comum

tem aplicação obrigatória do fator previdenciário, enquanto a

aposentadoria por idade e a aposentadoria por tempo de

contribuição do deficiente tem aplicação facultativa.

O fator previdenciário é uma alíquota que é aplicada ao

salário-de-benefício. Ele será calculado considerando-se a idade, a

expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do

segurado ao se aposentar. Lembre-se bem desses três itens. Quanto

maior a idade e o tempo de contribuição, maior será fator

previdenciário. Quanto maior a expectativa de sobrevida, menor

será o fator previdenciário. Se o segurado for muito idoso e possuir

muitos anos de contribuição, o fator previdenciário terá um valor

maior que 1, aumentando a renda mensal do benefício.

A mulher se aposenta 5 anos antes do homem, por isso, ao

se aposentar, são adicionados 5 anos ao seu tempo de

contribuição para efeito da aplicação do fator previdenciário. Se

não fosse assim, os homens teriam certa vantagem no cálculo do

fator previdenciário, já que seu tempo mínimo de contribuição para

aposentadoria é maior. Também serão adicionados 5 ou 10 anos,

quando se tratar, respectivamente, de professor ou professora,

que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das

funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental

e médio, já que eles se aposentam 5 anos antes por tempo de

contribuição (30 anos de contribuição para homem e 25 para

mulher). Em breve veremos isso em mais detalhes.

181

12.3 Renda Mensal de Benefício

Renda mensal do benefício é o valor que o beneficiário

efetivamente recebe. Ela é calculada com a aplicação de uma

alíquota sobre o salário-de-benefício. Portanto, SB x [Alíquota] =

RMB.

A RMB dos benefícios será de:

[Legenda] SB: Salário-de-benefício | RMB: Renda Mensal de Benefício | FP: Fator Previdenciário

Benefício RMB

Auxílio-Doença 91% do SB

Aposentadoria por Invalidez 100% do SB

Aposentadoria por Idade 70% do SB + 1% pra cada grupo de 12 contribuições mensais

(limitado a 30%) x FP facultativo

Aposentadoria por Tempo de Contribuição

100% do SB x FP obrigatório (exceto a do deficiente)

Aposentadoria Especial 100% do SB Auxílio-Acidente 50% do SB

Pensão por Morte e Auxílio-Reclusão

100% da aposentadoria que o segurado recebia, ou teria

direito caso se aposentasse por invalidez

No caso da aposentadoria por idade, se o segurado tiver, por

exemplo, 180 contribuições, sua renda mensal será de 85% do

salário-de-benefício multiplicado pelo fator previdenciário

(facultativamente). Isso porque 180 12=15, então serão

70+15=85. O fator previdenciário só será aplicado se beneficiar o

segurado.

182

A pensão por morte terá sua renda calculada de acordo

com o fato de o segurado estar ou não aposentado na data do

falecimento. Se o segurado for aposentado na data do falecimento,

a pensão será de 100% do valor da aposentadoria que o

segurado recebia. Se o segurado não era aposentado na data do

falecimento, seus dependentes receberão 100% do salário-de-

benefício (a lei diz 100% do valor da aposentadoria a que o

segurado teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data

de seu falecimento, que na verdade é um mero artifício para dizer

100% do SB).

Em regra, os benefícios não podem ser pagos em valores

inferiores ao salário mínimo, exceto nos casos de: auxílio-

acidente; salário-família; e auxílio-doença para uma das

atividades que o segurado exerça. Esses benefícios podem ser

pagos em valores inferiores ao limite mínimo do salário-de-

benefício. Esse auxílio-doença é apenas se o segurado exercer

mais de uma atividade. Se ele for advogado e jogador de futebol

ao mesmo tempo e vier a torcer o pé, ficará impedido de exercer a

atividade de jogador de futebol, mas poderá continuar a exercer

normalmente a advocacia. Como só ficou impedido para o exercício

uma de suas atividades, o auxílio-doença em relação a essa

atividade, no caso a de jogador de futebol, poderá ser pago em valor

inferior ao salário mínimo.

183

CAPÍTULO 13 - PRESTAÇÕES EM ESPÉCIE

13.1 Aposentadoria por invalidez

A aposentadoria por invalidez é concedida ao segurado

considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o

trabalho. Perceba que há dois requisitos no tocante a esse evento

determinante. Não basta o segurado estar incapaz para o exercício

de sua atividade, ele também deve estar insusceptível de

reabilitação para outra.

A verificação da condição da incapacidade se dará mediante

exame-médico pericial realizado pelo perito médico

previdenciário do INSS. Poderá o segurado, caso queira, fazer-se

acompanhar de médico de sua confiança, desde que o faça às suas

expensas.

Se o segurado se filia ao RGPS já portador da doença ou

lesão invocada como motivo para a concessão da aposentadoria por

invalidez, ele não fará jus ao benefício. A previdência funciona

como um seguro, portanto, a pessoa não pode ingressar no sistema

já portador da contingência a ser coberta. Caso contrário, a

previdência não estaria assegurando coisa alguma. Porém, cabe

aqui uma ressalva: se a aposentadoria tiver de ser concedida em

razão de progressão ou agravamento da doença ou lesão, não

haverá impedimento. A pessoa poderá se aposentar por invalidez.

Imagine um segurado que não era incapaz para suas atividades e

que se filia ao RGPS já portador de câncer. Imagine agora que, dez

anos depois, por motivo dessa doença, ele acaba se tornando

184

inválido. Ele fará jus ao benefício, pois houve o agravamento da

doença.

Como a pessoa deve ser considerada incapaz para o

exercício de qualquer atividade, sendo insusceptível de

reabilitação, não há possibilidade alguma dela poder exercer

qualquer atividade remunerada enquanto aposentada por

invalidez. A aposentadoria por invalidez está condicionada ao

afastamento de todas as atividades do segurado. Caso o segurado

retorne ao serviço, sua aposentadoria será automaticamente

cessada. Se o segurado se achar apto para o exercício de atividade

remunerada, ele deverá solicitar nova perícia médica junto ao

INSS. Se for verificada a recuperação da capacidade de trabalho,

serão observadas algumas normas previstas no regulamento, quais

sejam:

Decreto 3.048/99,

Art.49. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho

do aposentado por invalidez, excetuando-se a situação

prevista no art. 48, serão observadas as normas seguintes:

I - quando a recuperação for total e ocorrer dentro de cinco

anos contados da data do início da aposentadoria por

invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem

interrupção, o beneficio cessará:

a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito

a retornar à função que desempenhava na empresa ao se

aposentar, na forma da legislação trabalhista, valendo como

185

documento, para tal fim, o certificado de capacidade

fornecido pela previdência social; ou

b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do

auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, para os

demais segurados; e

II - quando a recuperação for parcial ou ocorrer após o

período previsto no inciso I, ou ainda quando o segurado for

declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual

habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem

prejuízo da volta à atividade:

a) pelo seu valor integral, durante seis meses contados da

data em que for verificada a recuperação da capacidade;

b) com redução de cinqüenta por cento, no período seguinte

de seis meses; e

c) com redução de setenta e cinco por cento, também por

igual período de seis meses, ao término do qual cessará

definitivamente.

Todos os segurados fazem jus à aposentadoria por

invalidez, estando condicionados ao cumprimento de 12 meses de

carência. Caso o evento determinante seja oriundo de acidente ou

moléstia grave elencada em lista elaborada pelos Ministérios da

Saúde e da Previdência Social, dispensa-se a carência.

A renda mensal de benefício da aposentadoria por invalidez

será de 100% do salário-de-benefício. Caso o segurado necessite

186

da ajuda permanente de outra pessoa para a prática de atos da

vida comum, ele poderá ter uma majoração de 25% do valor do

benefício, mesmo que com esse aumento o benefício ultrapasse o

teto do RGPS. Esse acréscimo não se incorpora ao valor da pensão

por morte quando do óbito do segurado.

O início do benefício não precedido de auxílio-doença terá

duas regras diferenciadas. No caso dos segurados empregados, o

início se dará a partir do 16º dia de afastamento, pois quem paga

os 15 primeiros dias é a empresa. Já no caso dos outros segurados,

o início será a partir da data do início da incapacidade. Para todos

aqueles que requererem o benefício após 30 dias da data do início

da incapacidade, o benefício terá início a partir da data de entrada

do requerimento. Portanto, não é necessário o segurado estar em

gozo de auxílio-doença quando da concessão de aposentadoria por

invalidez. Se prontamente verificada a invalidez do segurado, a

aposentadoria por invalidez será concedida diretamente.

Por fim, o segurado é obrigado, independentemente de sua

idade, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a

tratamento dispensado gratuitamente custeado pela Previdência

Social, exceto aos procedimentos cirúrgicos e à transfusão de

sangue, que são facultativos, pois ninguém está obrigado a se

submeter a tratamento médico de risco. Ademais, o segurado deve

submeter-se a exames médico-periciais a cargo do INSS a cada dois

anos, sob pena de suspensão do pagamento do benefício.

13.2 Aposentadoria por idade

187

A aposentadoria por idade será devida quando, além de

cumprida a carência de 180 contribuições mensais, o segurado

contar com 65 anos, se homem, ou 60, se mulher. Portanto,

perceba que o fato gerador é a idade avançada.

Aqui, porém, devemos fazer uma ressalva, referente ao caso

dos trabalhadores rurais, dos garimpeiros (garimpeiros esses

somente se exercerem a atividade em regime de economia familiar)

e dos portadores de deficiência. Para esses segurados a idade

será reduzida em 5 anos, ou seja, 60 anos para os homens e 55

para as mulheres.

Para ter direito a essa redução, o trabalhador rural deverá

comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de

forma descontínua, no período imediatamente anterior ao

requerimento do benefício, ou, conforme o caso, ao mês em que

cumpriu o requisito etário. A comprovação deve ser por tempo

igual ao número de meses de contribuição correspondente à

carência exigida. Se o segurado já tinha parado de exercer a

atividade rural quando da data do requerimento ou quando

completou a idade mínima, se satisfizer a carência exigida, se

aposentará com 65 anos, se homem, ou 60, se mulher.

O segurado portador de deficiência também terá o

requisito etário reduzido em 5 anos, independentemente do grau

de deficiência. A carência do benefício continua sendo de 180

contribuições mensais e a deficiência deve ser comprovada durante

pelo menos esses 15 anos.

Agora é interessante que façamos uma revisão. Ambos os

requisitos devem ser cumpridos: idade e carência. Porém, não é

necessário que essas condições sejam cumpridas ao mesmo tempo.

188

Imagine um segurado que, com 40 anos, começou a trabalhar para

uma empresa e lá ficou durante 15 anos. Passado esse tempo, ele foi

demitido, não conseguindo outro emprego. 10 anos depois ele

completa 65 anos de idade, já havendo perdido a qualidade de

segurado há muito tempo. Você se lembra de que lá na carência foi

explicado que para contar com o antigo tempo de carência era

necessário que se cumprisse um terço da carência do benefício

almejado após nova filiação? Terá o segurado que trabalhar por

mais 60 meses (um terço de 180) para recuperar as antigas

contribuições? A resposta é não. Pois nos casos de aposentadoria

por idade, tempo de contribuição e especial não é considerada a

perda da qualidade de segurado, por isso não é necessário que

ambos os requisitos sejam cumpridos ao mesmo tempo. Pode-

se primeiro cumprir a carência e depois a idade.

Mas, novamente, cuidado, pois o trabalhador rural deve

comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de

forma descontínua, no período imediatamente anterior ao

requerimento do benefício ou, conforme o caso, ao mês em que

cumpriu o requisito etário. Ele deve estar trabalhando até o mês

em que cumpriu o requisito etário, senão serão exigidos 65 anos de

idade para os homens e 60 para as mulheres.

A aposentadoria por idade é um benefício permanente, de

modo que é irreversível e irrenunciável. Todos os segurados

têm direito à aposentadoria por idade. Ela possui carência de 180

contribuições mensais e a renda mensal de benefício será de

70% do salário-de-benefício mais 1% por grupo de 12

contribuições mensais, até o limite de 30%, tudo isso

multiplicado pelo fator previdenciário de forma a beneficiar o

segurado. Se o fator diminuir a renda, ele não será aplicado.

189

O início do benefício observa duas regras. No caso dos

empregados e empregados domésticos, a data de início do

benefício será a da data do desligamento do emprego caso o

benefício seja requerido em até 90 dias da data do desligamento.

Caso o benefício seja requerido após 90 dias da data do

desligamento, a data de início do benefício será na data de entrada

do requerimento. Para os outros segurados, o início se dará na

data de entrada do requerimento.

O segurado aposentado que retornar ao serviço será

segurado obrigatório e deverá contribuir, mesmo estando ele

sem direito a contraprestações, à exceção do salário-família e do

salário-maternidade. Isso ocorre em função do princípio da

solidariedade, que indica que quem trabalha deve contribuir para

manter os trabalhadores que não mais o puderem, tendo os

benefícios caráter de manutenção social. Portanto, um segurado

aposentado que retornar ao serviço e ficar incapaz

temporariamente por mais de 15 dias não fará jus ao auxílio-

doença (estudaremos esse benefício logo à frente), pois sua

aposentadoria já o mantém, mas mesmo assim ele deverá

contribuir.

Por fim, uma regra que possui efeitos apenas para prova,

pois não possui aplicabilidade prática alguma, é a da

aposentadoria compulsória. Caso o segurado já tenha cumprido a

carência e possua 70 anos de idade se homem ou 65 se mulher,

ele poderá ser compulsoriamente aposentado a requerimento de

seu empregador. O empregador vai ao INSS, requere a

aposentadoria compulsória do segurado e ele não pode negá-la. A

ideia, na elaboração da lei, era a de que o empregador tivesse como

se “livrar” do empregado, pois se fosse demiti-lo, ele haveria de

190

pagar uma indenização muito grande. Daí criou-se o instituto da

aposentadoria compulsória. O problema é que, quando a lei foi

aprovada, mudaram seu texto, passando a garantir essa indenização

trabalhista mesmo no caso da aposentadoria compulsória. Portanto,

o empregador, aposentando seu empregado de forma compulsória,

deverá pagar a indenização da mesma forma, o que fez com que

essa regra perdesse sua aplicabilidade prática.

13.3 Aposentadoria por tempo de contribuição

Como se percebe pelo nome do benefício, o evento

determinante dessa aposentadoria é o tempo de contribuição.

Antigamente, seu nome era aposentadoria por tempo de serviço,

mas o que é levado em conta na prática não é o tempo de serviço,

mas o tempo de contribuição, por isso seu nome foi alterado

(apesar da lei 8.213/91 estar desatualizada). Para os homens, são

necessários 35 anos de contribuição, já para as mulheres, 30

anos.

A maioria das pessoas confunde a aposentadoria por tempo

de contribuição com a aposentadoria por idade, achando que as

pessoas devem possuir idade e tempo de contribuição para se

aposentar, mas na aposentadoria por tempo de contribuição não há

idade mínima exigida. Se o segurado tiver o tempo de contribuição

necessário ele poderá requerer sua aposentadoria

independentemente de sua idade. No projeto inicial da lei

8.213/91, havia um limite mínimo de idade estipulado para a

obtenção dessa aposentadoria, mas ele foi removido antes de

aprovarem a lei. Portanto, posteriormente, criaram o famigerado

191

fator previdenciário (já estudado junto do salário-de-benefício),

pois quanto menor a idade do segurado ao requerer a

aposentadoria, menor o fator previdenciário, reduzindo o valor do

benefício. Qual o objetivo disso? Evitar a aposentadoria precoce,

afinal, imagine uma mulher que começa a trabalhar aos 16, se

aposenta aos 46 e vive até os 90. Não há sistema previdenciário que

aguente. Por isso a renda mensal desse benefício é de 100% do

salário-de-benefício com a aplicação obrigatória do fator

previdenciário.

Quando se tratar de segurado portador de deficiência, o

tempo de contribuição exigido será reduzido a depender do grau

de deficiência do segurado. Nesses casos, a redução será feita da

seguinte forma: se a deficiência for grave, a aposentadoria será

concedida após 25 anos de tempo de contribuição para os homens

e 20 anos para as mulheres; se a deficiência for moderada, a

concessão será após 29 anos de tempo de contribuição para os

homens e 24 anos para as mulheres; já se a deficiência for leve,

será após 33 anos de tempo de contribuição para os homens e 28

para as mulheres. Além disso, o fator previdenciário só será

aplicado se resultar em renda mensal de valor mais elevado. Sua

aplicação não será obrigatória.

Também é interessante observarmos que no caso do

segurado que seja professor que exerça suas atividades

exclusivamente de magistério na educação infantil, ensino

fundamental e ensino médio haverá uma redução de 5 anos de

tempo de contribuição necessários para a obtenção da

aposentadoria. Portanto, 30 anos para os professores e 25 anos

para as professoras. O professor universitário não é contemplado

com essa redução.

192

A aposentadoria por tempo de contribuição também é

irreversível, de modo que é irrenunciável. Todos os segurados

têm direito, à exceção do segurado especial que não contribua

facultativamente como contribuinte individual e do

contribuinte individual e o facultativo que aderiram ao plano

simplificado de inclusão previdenciária. Ela possui carência de 180

contribuições mensais. Mas se o tempo de contribuição é de 30 ou

35 anos, como o segurado não terá cumprido a carência de 15 anos?

Imagine um advogado que trabalhe há 35 anos e que nunca

recolheu nada à previdência. Ele não está filiado? Claro que está,

pois o exercício de atividade remunerada o enquadra como

segurado obrigatório, porém, está em débito com a previdência.

Imagine agora que ele resolva pagar todos os 35 anos de

contribuição em atraso. Ele terá 35 anos de contribuição e zero de

carência, pois no caso do contribuinte individual, a carência só é

contada a partir do primeiro recolhimento feito sem atraso.

O início do benefício seguirá a regra da aposentadoria por

idade. Para os segurados empregados e empregados domésticos

a data de início do benefício será na data do desligamento do

emprego, se requerida em até 90 dias da data do desligamento, ou

da data de entrada do requerimento do benefício, se requerida

após 90 dias da data do desligamento. Para os outros segurados,

será da data de entrada do requerimento.

Por fim, cabe ressaltar que não será computado como

tempo de contribuição o já considerado para concessão de

qualquer aposentadoria, tanto no RGPS quanto em RPPS. Além do

mais, não será admitida prova exclusivamente testemunhal para

efeito de comprovação de tempo de serviço ou de contribuição,

salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito.

193

13.4 Aposentadoria especial

Cuidado para não confundir as terminologias, pois

aposentadoria especial nada tem a ver com o segurado especial. A

aposentadoria especial é concedida com 15, 20 ou 25 anos de

serviço exercido em condições especiais. Sua concessão está

condicionada a um trabalho permanente, não ocasional nem

intermitente, exercido em condições especiais que

prejudiquem a saúde ou a integridade física durante 15, 20 ou

25 anos.

Devemos ter atenção quanto aos tipos de segurado que

fazem jus a esse benefício, pois, em regra, somente empregados e

avulsos fazem jus à aposentadoria especial. O detalhe é que a lei

10.666/03 também estendeu esse direito aos cooperados, que são

um tipo de contribuinte individual. Portanto, somente

empregados, trabalhadores avulsos e cooperados fazem jus a

essa aposentadoria.

Ela possui carência de 180 contribuições mensais e tem a

RMB calculada em 100% do salário-de-benefício, sem aplicação

do fator previdenciário. O início poderá se dar de duas formas: para

o empregado, será do desligamento do emprego se requerida em

até 90 dias da data do desligamento, ou da data do requerimento,

se requerida após 90 dias da data do desligamento do emprego. Já

para os avulsos e cooperados, será da data de entrada do

requerimento.

Para provar a exposição contínua, permanente, não

ocasional nem intermitente perante o INSS, o segurado deverá se

utilizar de um documento chamado de perfil profissiográfico

194

previdenciário – PPP, que será emitido pela empresa com base em

seu laudo técnico de condições ambientais do trabalho – LTCAT.

Esse documento possui informações sobre a utilização de

equipamentos de proteção, a que substâncias, ruído e temperaturas

o segurado está exposto etc. Mas cuidado, pois a utilização de

equipamentos de proteção não descaracteriza a exposição do

segurado.

O segurado que se aposentar pela aposentadoria especial

não poderá voltar a exercer atividade especial, caso contrário,

sua aposentadoria será suspensa. Ele poderá, no entanto, exercer

normalmente atividade comum.

Imagine agora que um segurado trabalhou 10 anos em uma

mina de carvão, atividade que enseja aposentadoria aos 15 anos de

serviço. Um tempo depois ele para de trabalhar na mina e vai

trabalhar exposto à radiação ionizante, que enseja aposentadoria

aos 25 anos de serviço. Como será feito o cálculo do tempo

necessário para sua aposentadoria? Nesse caso, a lei prevê uma

tabela de conversão de tempo. Portanto, os 10 anos trabalhados

serão multiplicados por 1,67, e será computado como 16,7 anos na

atividade de 25. Também se pode converter tempo especial em

comum. Se, por exemplo, o mesmo segurado que trabalhava na

mina de carvão foi trabalhar como vendedor, converte-se o tempo

de acordo com a tabela e ele se aposenta por tempo de

contribuição. Mas atenção! Não existe conversão de tempo

comum para especial! Nesse caso converte-se de especial para

comum e o segurado se aposenta por tempo de contribuição.

Lembrando que a atividade de professor, apesar de possuir redução

de 5 anos na aposentadoria por tempo de contribuição, não é

195

considerada uma atividade especial. Não há conversão de tempo

exercido como professor em tempo comum.

13.5 Auxílio-doença

Esse é, atualmente, o benefício mais concedido pelo INSS.

Seu evento determinante é a incapacidade temporária para o

trabalho por mais de 15 dias consecutivos. Se o segurado ficar

incapacitado por menos de 15 dias e for um empregado, a empresa

pagará seu salário, porém, se for um contribuinte individual, ficará

às minguas. No caso de o segurado se filiar ao RGPS já portador

da doença ou lesão invocada como motivo para a concessão do

benefício, ele não fará jus ao mesmo, salvo se a doença sobrevier

por motivo de agravamento ou progressão, tal como na

aposentadoria por invalidez.

Como há locais em que a demora na realização da perícia

médica é muito grande, criou-se o instituto do Atestado Médico

Eletrônico. Esse atestado será emitido pelo médico particular do

segurado, o qual atestará a incapacidade dele se ela for de até 60

dias. Assim, dispensa-se a perícia médica do INSS, bastando que o

médico particular do segurado ateste sua incapacidade por até 60

dias. Se a incapacidade for por mais de 60 dias, então há

necessidade de se fazer a perícia médica do INSS. Também deve

ser observado o transcurso de 180 dias, contados da cessação do

benefício anterior concedido nessa modalidade, para utilização de

novo Atestado Médico Eletrônico.

Todos os segurados têm direito ao auxílio-doença. Sua

carência é de 12 contribuições mensais, dispensáveis nos casos

196

de acidente ou moléstia grave elencada em lista elaborada pelos

Ministérios da Saúde e da Previdência Social. Ele possui RMB de

91% do salário-de-benefício e o início será semelhante ao da

aposentadoria por invalidez: para o empregado, será a partir do

16º dia de afastamento, já para os outros segurados, será a partir

da data do início da incapacidade. Para aqueles que requererem o

benefício após 30 dias da data do início da incapacidade, o

benefício iniciará na data de entrada do requerimento.

O segurado está obrigado a qualquer tempo, independente

de sua idade, a submeter-se a tratamento dispensado

gratuitamente custeado pela previdência social, sob pena de

suspenção do benefício. Porém, não está obrigado a realizar

nenhum tratamento médico de risco, como cirurgia e transfusão

de sangue.

Se o segurado empregado voltar a se afastar da atividade

em decorrência do mesmo fato gerador dentro de 60 dias após a

cessação do auxílio-doença, não terá de aguardar mais 15 dias

para requerer o benefício, ele fará jus ao auxílio doença a partir da

data do novo afastamento. Da mesma forma, se dentro de 60 dias

ocorrer retorno à atividade antes de se completar os 15 dias de

afastamento, e o segurado voltar a se afastar posteriormente, mas

dentro desses 60 dias, o segurado fará jus ao auxílio-doença a partir

do 16º dia de afastamento, não "reiniciando" a contagem dos 15

dias. Imaginemos, por exemplo, um segurado que ficou

incapacitado inicialmente por 20 dias. Ele receberá 5 dias de

benefício, pois os primeiros 15 dias quem paga é a empresa.

Imaginemos agora que, 10 dias depois, ele ficou incapacitado por

mais 20 dias. Agora a empresa não irá pagar os 15 dias, ele receberá

197

direito do INSS mais 20 dias de benefício (desconta-se o período

trabalhado quando for o caso, pois ele será pago pela empresa).

A regra é que nenhum benefício que substitua o salário-de-

contribuição do segurado possa ser inferior ao salário mínimo,

porém, o auxílio-doença do segurado que exerce mais de uma

atividade diferente e esteja incapacitado somente para uma

delas, poderá ser inferior.

Se o segurado se incapacitar definitivamente para uma de

suas atividades, caso exerça mais de uma diferente, não caberá a

concessão de aposentadoria por invalidez. Afinal, o segurado não

está insusceptível de reabilitação. Aliás, ele nem precisará ser

reabilitado, pois já possui outra atividade. Nesse caso, o auxílio-

doença será mantido indefinidamente, cessando quando o

segurado se aposentar, morrer ou se invalidar de vez, o que

acontecer primeiro.

13.6 Salário-família

O salário-família é um benefício concedido para ajudar nos

encargos familiares dos empregados e trabalhadores avulsos de

baixa renda que possuam filhos ou equiparados menores de 14

anos de idade ou inválidos. Portanto, se o segurado empregado

ou avulso não for de baixa renda, o mesmo não terá direito ao

benefício.

O benefício iniciará a partir da apresentação da certidão

de nascimento do filho ou equiparado e estará condicionado a

apresentação anual de atestado de vacinação até os 6 anos de

198

idade e semestral de frequência escolar a partir dos 7 anos. O

salário-família será pago ao empregado pela empresa e ao avulso

pelo sindicado ou órgão gestor de mão-de-obra, sendo que,

posteriormente, esses farão o reembolso com o INSS, através de

desconto na cota patronal. O valor do salário-família é fixo e

depende do salário-de-contribuição do segurado.

Não há carência para esse benefício. Empregados e avulsos

aposentados por idade ou invalidez também terão direito ao

benefício, tal como os demais aposentados empregados e

avulsos que tenham mais de 65 anos de idade, se homem, e 60,

se mulher.

No caso de pai e mãe terem direito ao benefício, ambos

receberão o salário-família. Caso haja divórcio ou perda do pátrio-

poder, o valor será pago diretamente àquele cujo cargo ficar o

sustento do menor. Se, por exemplo, a criança vai morar com a avó

porque os pais batiam muito nela, se pai e mãe têm direito ao

salário-família, o valor dele será pago diretamente à avó.

Por fim, caso o segurado seja demitido, ele deixará de fazer

jus ao benefício, cessando-o.

13.7 Salário-maternidade

O salário-maternidade é o benefício mais abordado em

provas de concurso, além de ser o mais extenso. Ele possui quatro

eventos determinantes, que são:

a) o Nascimento ou o Parto;

b) a Adoção ou a Guarda judicial para fins de adoção;

199

c) o Aborto não criminoso (ocorre antes da 23ª semana de

gestação); e

d) o Natimorto (ocorre após a 23ª semana de gestação).

Todas as seguradas fazem jus ao salário-maternidade.

Para cada uma delas há uma regra de cálculo da RMB e existem

duas regras sobre a carência.

Podemos analisar a carência em dois grupos:

a) o das empregadas, empregadas domésticas e

trabalhadoras avulsas, onde não há carência; e

b) o das contribuintes individuais, seguradas facultativas e

seguradas especiais, onde a regra geral é de 10

contribuições mensais, ou, no caso da segurada especial,

10 meses de exercício da atividade rural. Em caso de

parto antecipado, a carência poderá ser reduzida em

número de meses em que o parto antecipar. Se o bebê

nascer com, por exemplo, 7 meses de gestação, a carência

será de 8 contribuições mensais, já que o parto foi

antecipado em 2 meses.

Já para o cálculo da RMB, há uma regra para cada tipo de

segurada:

a) Empregada: remuneração integral, não se aplicando o

teto do RGPS, mas o dos Ministros do STF, e é pago pela

empresa, que posteriormente efetua o reembolso;

b) Trabalhadora Avulsa: remuneração integral equivalente

a um mês de trabalho. Faz-se o cálculo como se a avulsa

tivesse trabalhado o mês inteiro e é pago diretamente pela

previdência social;

200

c) Empregada Doméstica: último salário-de-contribuição,

portanto, há teto, já que não existe salário-de-contribuição

acima do teto;

d) Segurada Especial: é no valor de um salário mínimo;

e) Contribuinte individual, facultativa ou quem se encontra

em período de graça: 1/12 da soma das 12 últimas

contribuições apuradas em período não superior a 15

meses. Isso porque essas seguradas não contribuem

necessariamente todos os meses.

O benefício terá início no período compreendido entre os

28 dias antes do parto e a data da ocorrência deste, com

duração de 120 dias. No caso de aborto, o benefício será pago por 2

semanas.

Preste bastante atenção nos casos de adoção ou guarda

judicial para fins de adoção, pois o salário-maternidade será

concedido com duração de 120 dias para as adotantes de crianças

de até 12 anos de idade. Além disso, nesses casos, mesmo para

a empregada, o salário-maternidade será pago diretamente

pela previdência social.

Há ainda duas hipóteses em que a lei autoriza o

recebimento do salário-maternidade pelo homem ao invés da

mulher. A primeira é quando em um casal adotante a mulher não é

segurada da Previdência Social, mas o marido é. Nesse caso, ele

pode requerer o benefício e ter o direito ao salário-maternidade,

sendo afastado do trabalho durante a licença para cuidar da

criança. A outra hipótese é quando a segurada que recebia o

benefício vem a falecer. Nesse caso, se o cônjuge possuir

qualidade de segurado, o salário-maternidade será concedido ao

homem e calculado novamente. Cuidado, pois para garantir o

201

direito de receber o salário-maternidade após o falecimento da

segurada que fazia jus ao benefício, o cônjuge ou companheiro

deverá requerer o benefício até o último dia do prazo previsto

para o término do salário-maternidade originário.

Quando houver adoção de mais de uma criança, será

devido um único salário-maternidade, que será pago em relação à

criança de menor idade. No caso de a segurada ter mais de um

emprego concomitante, ela terá direito a um salário-

maternidade relativo a cada emprego.

Sabemos que no caso da empregada, é a empresa que paga

o salário-maternidade. Mais tarde a empresa tem os valores pagos à

empregada ressarcidos com descontos na cota patronal. Ela deixa

de recolher sua cota parte até alcançar o valor pago à empregada.

Porém, há casos em que essa lógica é falha, como no caso do MEI,

que só pode ter um único empregado, não tendo esse ressarcimento

viabilidade alguma. Por isso, nesse caso, a lei prevê que quem paga

o salário-maternidade é a previdência social, diretamente. Portanto,

a empregada do MEI terá seu salário maternidade pago

diretamente pela previdência social.

O salário-maternidade não pode ser acumulado com

benefício por incapacidade, portanto, se a segurada estiver

recebendo auxílio-doença, esse será suspenso para que o salário-

maternidade seja pago. Ambos os benefícios não se acumulam.

Por fim, a segurada aposentada que retornar ao serviço

fará jus ao salário-maternidade.

202

13.8 Auxílio-acidente

O auxílio-acidente será concedido como indenização

quando após consolidação das lesões oriundas de acidente de

qualquer natureza, resultarem sequelas permanentes que

impliquem na redução da capacidade laborativa. Tudo isso tem

que ocorrer simultaneamente: acidente de qualquer natureza¹,

sequela definitiva² e a redução da capacidade laborativa³.

Somente os segurados empregados, trabalhadores

avulsos e especiais fazem jus a esse benefício. Isso ocorre porque

somente esses segurados sofrem acidente de trabalho. Mas não

confunda, auxílio-acidente pode ser concedido devido a acidente de

qualquer natureza.

Por ser uma prestação acidentária, não há carência para

esse benefício. A RMB do auxílio-acidente será de 50% do salário-

de-benefício, tendo início no dia imediatamente posterior ao da

cessação do auxílio-doença que o antecedeu e terminando

quando o segurado se aposentar ou morrer, o que acontecer

primeiro.

Caso não haja repercussão na capacidade laborativa, não há

que se falar em auxílio-acidente. Imagine um advogado que perde

um dedão do pé. Certamente ele não terá problemas em continuar a

exercer advocacia, diferentemente de um jogador de futebol.

Por fim, no caso de reabertura do auxílio-doença que deu

origem ao auxílio-acidente, suspender-se-á o auxílio acidente

enquanto o auxílio-doença estiver aberto. Ambos não podem ser

prestados em concomitância. Mas isso somente com o auxílio-

203

doença que deu origem ao benefício. Se for auxílio-doença de um

evento distinto, não há problema em acumular. Portanto, não se

acumulam auxílio-doença com auxílio-acidente do mesmo fato

gerador nem dois auxílios-acidentes (que seria uma verdadeira

aposentadoria).

13.9 Pensão por morte

A pensão por morte é um benefício devido aos dependentes

do segurado (o que é óbvio), mais precisamente de todos os tipos

de segurado, aposentado ou não, além de ser um benefício sem

carência.

Imagine um jovem casal, de 18 anos, João e Maria, ambos

casados. João, em seu primeiro dia de trabalho, vem a falecer. Maria

terá direito à pensão? Sim! Pois ela é uma dependente da primeira

classe, não precisando nem mesmo comprovar dependência

econômica. Como o benefício não tem carência, ela poderá receber

a pensão normalmente. E até quando ela receberá a pensão? Até ela

morrer ou se casar com outra pessoa que também venha a falecer e

ela opte pela pensão dele. Perceba, então, que pensão por morte

de cônjuge ou companheiro não acumula com outra pensão

por morte de cônjuge ou companheiro. Mas cuidado, pois ela

poderá acumular com a de outros fatos geradores, como uma

pensão de cônjuge e outra de filho. Além disso, o simples fato de a

Maria se casar novamente não a impede de continuar recebendo a

pensão, o que não pode é ela ter duas pensões de cônjuges ou

companheiros.

204

A RMB observará duas regras. Se o segurado estava

aposentado na data do óbito, ela será de 100% do valor da

aposentadoria que ele recebia. Porém, se não estava aposentado

na data do óbito, ela será o valor que o segurado teria direito a

receber caso se aposentasse por invalidez na data do óbito (100%

do salário-de-benefício).

A data de início do benefício sempre será a data do óbito,

porém, o pagamento somente será feito a partir da data do óbito

se o benefício for requerido em até 30 dias da ocorrência deste.

Somente nesse caso o pagamento irá retroagir à data do óbito. Caso

contrário, se requerido após 30 dias da data do óbito, o

pagamento será feito a partir da data de entrada do

requerimento.

A concessão da pensão não será protelada pela falta de

habilitação de outro possível dependente. Quem chegar primeiro

leva a pensão. Ademais, qualquer habilitação posterior que

implique em alteração no quadro de dependentes a receber o

benefício somente fará efeito a partir da data da habilitação, não

retroagindo.

O cônjuge ausente e a ex-mulher que renunciou aos

alimentos no processo de separação poderão fazer jus à pensão,

desde que comprovada a dependência econômica.

Quanto ao dependente deficiente intelectual ou mental, a

deficiência intelectual ou mental não interrompe o direito à

pensão por morte no caso de emancipação ou de se completar 21

anos de idade. Esse dependente continua a fazer jus à pensão

mesmo que se emancipe ou complete 21 anos. Além disso, a parte

individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou

205

mental que exerça atividade remunerada será reduzida em

30%, devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção

da relação de trabalho ou da atividade empreendedora.

A pensão também poderá ser concedida em casos de morte

presumida, onde há, por exemplo, a queda de um avião com o

segurado dentro. A morte presumida sempre será declarada por

decisão judicial. Assim, catástrofes ou quaisquer outros eventos que

presumam a morte do segurado poderão ser aceitos para a

concessão de pensão por morte.

Por fim, no caso de mais de um dependente receber pensão

por morte, ela será rateada em partes iguais. Se mãe e dois filho

recebem uma pensão de R$1200,00, cada um receberá uma cota

parte de R$400,00.

13.10 Auxílio-reclusão

Esse benefício é devido ao conjunto de dependentes do

segurado de baixa renda que for recolhido à prisão e que não

esteja em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de

permanência em serviço. A ideia é de que a pena não pode passar

da pessoa do condenado, não podendo, assim, afetar sua família.

Atenção, pois os dependentes somente terão direito caso o

segurado seja de baixa renda.

Os dependentes de todos os tipos de segurados farão jus

ao benefício. Não há carência e a data de início, tal como a RMB,

serão calculadas da mesma forma que a pensão por morte

206

(reparem que como o segurado não pode estar aposentado, utiliza-

se a segunda regra de cálculo da RMB, ou seja, 100% do SB).

Os beneficiários estão condicionados a apresentação

trimestral de atestado emitido pela autoridade competente de

que o segurado continua recluso, sob pena de suspenção do

benefício. No caso de fuga, o benefício será suspenso, porém, se o

segurado for recapturado dentro do período de graça, ou seja,

desde que mantida a qualidade de segurado, o benefício será

restabelecido. Interessante é saber que caso o segurado exerça

atividade remunerada no período de fuga, essa atividade contará

para ver se o segurado perdeu ou não a qualidade de segurado.

Por fim, esse benefício não acumula com auxílio-doença

nem com aposentadoria, porém, se esses benefícios forem mais

vantajosos que o auxílio-reclusão e os dependentes também

manifestarem interesse, o auxílio-reclusão poderá deixar de ser

pago e o segurado poderá receber algum desses benefícios.

13.11 Serviço social

O serviço social constitui atividade auxiliar do seguro

social e visa prestar ao beneficiário orientação e apoio no que

concerne à solução dos problemas pessoais e familiares. Ele

também prestará orientação e apoio na inter-relação do

beneficiário com a previdência social.

A atividade do serviço social feito pelo INSS é muito maior e

muito mais importante que isso, realizando inclusive avaliações

sociais nos requerimentos de amparo assistencial ao portador de

207

deficiência (LOAS), mas o importante para provas é saber que será

dada prioridade para os segurados em gozo de benefício por

incapacidade e atenção especial para os aposentados e

pensionistas.

13.12 Reabilitação profissional

A reabilitação profissional será prestada em caráter

obrigatório para aqueles que estão inaptos à prática de atividade

laboral, visando recuperá-los à antiga atividade ou readaptá-los a

uma nova. A empresa com cem ou mais empregados está

obrigada a preencher seus cargos com reabilitados na seguinte

proporção:

Empregados % dos cargos

De 100 até 200 2%

De 201 até 500 3%

De 501 até 1000 4%

1001 ou mais 5%

A dispensa de empregado nessas condições, quando se tratar

de contrato por tempo superior a noventa dias e a imotivada, no

contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a

contratação de substituto em condições semelhantes.

Concluído o processo de reabilitação profissional, o INSS

emitirá certificado individual indicando a função para a qual o

reabilitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo do

exercício de outra para a qual se julgue capacitado. Porém, não

208

constitui obrigação da previdência social a manutenção do

segurado no mesmo emprego ou a sua colocação em outro

para o qual foi reabilitado, cessando o processo de reabilitação

profissional com a emissão do certificado.

209

CAPÍTULO 14 - OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE

BENEFÍCIOS

14.1 Abono anual

O abono anual é como se fosse o 13º salário dos

empregados. Ele será pago até o dia 20 de dezembro e terá como

base o valor da RMB do mês de dezembro. Nada de média

aritmética! Pega-se o valor da RMB do mês de dezembro e se vê

durante quantos meses do ano o segurado recebeu benefício, só

então faz-se o cálculo. Imagine um segurado que recebeu auxílio-

doença no valor de R$1000,00 de junho à dezembro, durante 6

meses. A RMB de dezembro também foi no valor de R$1000,00,

portanto, como o segurado só recebeu benefício durante 6/12 do

ano, multiplica-se esse valor pelo recebido em dezembro, que, no

caso, resultará em R$500,00.

O período igual ou superior a quinze dias dentro do mês

correspondente será considerado como mês integral para

efeitos de cálculo. O único benefício previdenciário que não faz jus

ao abono anual é o salário-família, além do BPC LOAS que além de

não ter abono anual não gera pensão.

14.2 Acumulação de benefícios

210

Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o

recebimento conjunto dos seguintes benefícios da previdência

social, inclusive quando decorrentes de acidente do trabalho:

Aposentadoria + Auxílio-Doença;

Mais de uma aposentadoria;

Salário-Maternidade + Auxílio-Doença;

Mais de um Auxílio-Acidente;

Auxílio-Acidente + Aposentadoria;

Auxílio-Acidente + Auxílio-Doença do mesmo fato

gerador;

Mais de uma pensão deixada por cônjuge ou

companheiro;

Auxílio-Reclusão + Auxílio-Doença, Aposentadoria

ou Abono de permanência em serviço;

Seguro-Desemprego + Qualquer BPC, exceto: Pensão

por Morte, Auxílio-Reclusão e Auxílio-Acidente.

No caso da pensão deixada por cônjuge ou companheiro, é

facultado ao dependente optar pela pensão mais vantajosa. O

segurado recluso não faz jus aos benefícios de auxílio-doença e de

aposentadoria durante a percepção, pelos dependentes, do auxílio-

reclusão, permitida a opção, desde que manifestada, também, pelos

dependentes, pelo benefício mais vantajoso.

14.3 Acidente de Trabalho

Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício da

atividade a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho do

211

segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação

funcional que cause a morte ou a perda ou a redução,

permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Somente sofrem acidente de trabalho os segurados empregados,

trabalhadores avulsos e segurados especiais.

Consideram-se acidente do trabalho a doença profissional,

assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do

trabalho peculiar a determinada atividade, e a doença do

trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função

de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele

se relacione diretamente, ambos conforme relação constante no

Regulamento.

Em caso excepcional, constatando-se que a doença não

incluída na relação prevista no Regulamento resultou das condições

especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona

diretamente, a Previdência Social deverá considerá-la acidente do

trabalho.

Não são consideradas como doença do trabalho:

I - a doença degenerativa;

II - a inerente a grupo etário;

III - a que não produza incapacidade laborativa; e

IV - a doença endêmica adquirida por segurado habitante de

região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que

é resultante de exposição ou contato direto determinado

pela natureza do trabalho.

212

Equiparam-se também ao acidente do trabalho:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido

a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do

segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o

trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a

sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do

trabalho, em consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por

terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo

de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de

terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão; e

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos

fortuitos ou decorrentes de força maior.

III - a doença proveniente de contaminação acidental do

empregado no exercício de sua atividade; e

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local

e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a

autoridade da empresa;

213

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa

para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo

quando financiada por esta dentro de seus planos para

melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do

meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de

propriedade do segurado; e

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou

deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção,

inclusive veículo de propriedade do segurado. Porém, não se

caracteriza como acidente de trabalho o acidente de trajeto

sofrido pelo segurado que, por interesse pessoal, tiver

interrompido ou alterado o percurso habitual.

Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por

ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local

do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no

exercício do trabalho. Não é considerada agravação ou complicação

de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra

origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.

Considera-se como o dia do acidente, no caso de doença

profissional ou doença do trabalho, a data de início da incapacidade

laborativa para o exercício da atividade habitual ou o dia da

segregação compulsória ou o dia em que for realizado o

diagnóstico, valendo para esse efeito o que ocorrer primeiro.

14.4 Disposições diversas

214

A apresentação de documentação incompleta não constitui

motivo para recusa do requerimento de benefício. Por mais que

o beneficiário, devido a essa incompletude, passe a não fazer jus ao

benefício, ele pode requerê-lo. O INSS não pode negar o

requerimento, podendo, no máximo, indeferir o pedido.

A impressão digital do beneficiário incapaz de assinar,

aposta na presença de servidor da previdência social ou

representante desta, vale como assinatura.

O benefício será pago diretamente ao beneficiário, salvo em

caso de ausência, moléstia contagiosa ou impossibilidade de

locomoção, quando será pago a procurador, cujo mandato não

terá prazo superior a 12 meses, podendo ser renovado ou

revalidado pelos setores de benefícios do INSS. Além disso, somente

será aceita a constituição de procurador com mais de uma

procuração, ou procurações coletivas, nos casos de

representantes credenciados de leprosários, sanatórios, asilos

e outros estabelecimentos congêneres, nos casos de parentes de

primeiro grau, ou, em outros casos, a critério do INSS.

Os dados constantes do Cadastro Nacional de

Informações Sociais – CNIS relativos a vínculos, remunerações e

contribuições valem como prova plena de filiação à Previdência

Social, tempo de contribuição e salários-de-contribuição. Portanto,

se um vínculo empregatício constar do CNIS, não haverá a

necessidade sequer de se apresentar a CTPS, os dados do CNIS já

servirão como prova plena do exercício daquela atividade. O

segurado também pode solicitar a inclusão, exclusão ou retificação

das informações constantes do CNIS, bastando apresentar os

documentos comprobatórios dos dados divergentes. Não

constando do CNIS informações sobre contribuições ou

215

remunerações, ou havendo dúvida sobre a regularidade do

vínculo, motivada por divergências ou insuficiências de dados

relativos ao empregador, ao segurado, à natureza do vínculo, ou a

procedência da informação, esse período somente será

confirmado mediante a apresentação pelo segurado da

documentação comprobatória solicitada pelo INSS. Além disso,

informações inseridas extemporaneamente (após o prazo legal)

no CNIS somente serão aceitas se corroboradas por documentos

que comprovem a sua regularidade. Portanto, se um vínculo

empregatício foi incluído extemporaneamente, mesmo contando do

CNIS, só será considerado se comprovada a regularidade.

Se não conformados com as decisões do INSS, os

interessados poderão interpor recurso dentro de 30 dias ao

Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS. Se for o

primeiro recurso contra decisão do INSS, o pedido será

encaminhado às Juntas de Recurso da Previdência Social - JRPS.

Após este, tanto o segurado, o INSS como as empresas poderão

interpor recurso às Câmaras de Julgamento do CRPS, exceto se a

matéria for de alçada exclusiva das Juntas de Recurso. O INSS pode

reformar suas decisões, deixando, no caso de reforma favorável ao

interessado, de encaminhar o recurso à instância competente. A

propositura pelo beneficiário de ação judicial que tenha por

objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo

administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera

administrativa e desistência do recurso interposto.

Para suprir a falta de documento ou fazer prova de fato ou

circunstância de interesse do beneficiário perante o INSS, existe um

procedimento denominado de Justificação Administrativa. Ela

não é admitida se o fato exigir registro público. Se for para fins de

216

comprovação de tempo de contribuição, de dependência

econômica, de união estável, de identidade e de relação de

parentesco, a Justificação Administrativa somente produzirá

efeitos quando baseada em início de prova material. O início de

prova material pode ser dispensado por motivos de força maior

ou caso fortuito, como incêndios e inundações, devendo o mesmo

ser comprovado.

Por fim, o primeiro pagamento do benefício deverá ser

efetuado em até 45 dias após a data da apresentação, pelo

segurado, da documentação necessária à sua concessão. O

pagamento dos benefícios com renda mensal superior a um salário

mínimo será efetuado do primeiro ao quinto dia útil do mês

subsequente ao de sua competência, observada a distribuição

proporcional do número de beneficiários por dia de pagamento,

enquanto o dos com renda mensal no valor de até um salário

mínimo, serão pagos no período compreendido entre o quinto dia

útil que anteceder o final do mês de sua competência e o quinto dia

útil do mês subsequente, também observada a distribuição

proporcional dos beneficiários por dia de pagamento.

217

REVISÃO

CAP. 10 – MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE

SEGURADO

10.1 Manutenção da qualidade de segurado

Período de graça

Não conta como carência nem tempo de contribuição

Sem limite de prazo → Gozo de benefício

12 meses → Cessar BI; Cessar Contribuições (pode ser

acrescido em até mais 24 meses); Livramento; Segregação.

3 meses → Serviço Militar

6 meses → Cessar as contribuições do facultativo

10.2 Perda da qualidade de segurado

Caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade

Não prejudica aposentadoria (idade, TC e especial) com

requisitos completos nem pensão caso o segurado já tiver

cumprido com todos os requisitos necessários para

obtenção de aposentadoria na data do óbito

CAP. 11 – PERÍODOS DE CARÊNCIA

11.1 Períodos de Carência

12 contribuições → Auxílio-Doença e Aposentadoria por

Invalidez

218

180 contribuições → Aposentadoria por idade, tempo de

contribuição e especial

10 contribuições → Salário-maternidade (CI, F, ES), e quando

o parto antecipar, a carência é reduzida em número de

meses em que o parto antecipou.

Independem de Carência

Pensão por morte; auxílio reclusão; salário família; e auxílio-

acidente

Salário-maternidade para empregada, empregada doméstica

e avulsa

Auxílio Doença e Aposentadoria por Invalidez nos casos de

acidente ou moléstia grave

11.2 Carência e perda da qualidade de segurado

Caso haja perda da qualidade de segurado, para computar o

antigo tempo de carência deve-se cumprir 1/3 da carência

do benefício pleiteado.

CAP. 12 – SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DE

BENEFÍCIO

12.1 Salário-de-benefício

Base de cálculo do valor dos benefícios

Média dos 80% maiores salários de contribuição

correspondentes ao período básico de cálculo (a partir de

07/94)

219

Para o segurado especial = 1 salário mínimo

Observa piso e teto

12.2 Fator Previdenciário

Apenas nas aposentadorias por idade (facultativo) e tempo

de contribuição (obrigatório)

Aposentadoria por tempo de contribuição de portador de

deficiência possui aplicação facultativa

Leva em conta:

↳ Idade

↳ Expectativa de sobrevida

↳ Tempo de contribuição

12.3 Renda Mensal de Benefício

SB x Alíquota = RMB

No caso de aposentadoria precedida de auxílio-acidente, este

será somado ao salário de contribuição.

Auxílio-Acidente, Salário-Família e Auxílio-Doença para uma

das atividades, podem ser inferiores ao salário mínimo.

A RMB dos benefícios será de:

Auxílio-doença = 91% do SB

Aposentadoria por Invalidez = 100% do SB

Aposentadoria por Idade = 70% do SB + 1% pra cada grupo

de 12 contribuições mensais (limitado a 30%) x FP

Facultativo

Aposentadoria por Tempo de Contribuição = 100% do SB x

FP

220

Aposentadoria Especial = 100% do SB

Auxílio-Acidente = 50% do SB

Pensão por Morte e Auxílio-Reclusão = 100% da

aposentadoria que o segurado recebia, ou teria direito caso

se aposentasse por invalidez.

CAP. 13 – PRESTAÇÕES EM ESPÉCIE

13.1 Aposentadoria por Invalidez

Segurado considerado incapaz e insusceptível de

reabilitação para o trabalho

Doença que o segurado já era portador ao filiar-se ao RGPS

não confere direito à aposentadoria, exceto se a

incapacidade sobrevier por agravamento.

Afastamento de todas as atividades

Se retornar ao trabalho, a aposentadoria é automaticamente

cessada

Verificada a recuperação do segurado: | I: Se dentro de 5

anos do começo do auxílio-doença/aposentadoria =

Empregado que tem direito a retornar à mesma função terá

o benefício cessado imediatamente, já os demais segurados

receberão o benefício tantos meses quantos forem os anos

de duração | II: Se após 5 anos do começo do auxílio-

doença/aposentadoria, ou no casos de recuperação parcial

ou quando o segurado for declarado apto para o exercício de

atividade diversa, a aposentadoria será mantida por 18

meses, com redução de 50% após 6 meses e de 75% após 12

meses.

Quem tem Direito: Todos os segurados

221

Carência: 12 contribuições, exceto se for por acidente ou

moléstia grave

RMB: 100% do SB / Direito a majoração de 25% caso haja

necessidade de assistência permanente de outra pessoa

Início: Dia da cessação do Auxílio-doença, ou se verificada

incapacidade total pela perícia inicial: Para o Empregado – a

partir do 16º dia de afastamento; Para os outros segurados –

a partir do dia do início da incapacidade; Para todos que

requererem o benefício após 30 dias: data do requerimento

Segurado é obrigado a submeter-se a tratamento dispensado

gratuitamente, exceto o cirúrgico e transfusão de sangue,

que são facultativos

13.2 Aposentadoria por Idade

Devida quando cumprida a carência, ao segurado que

completar 65 anos de idade se homem e 60 se mulher

Redução de 5 anos para os trabalhadores rurais, garimpeiros

(garimpeiro só em regime de economia familiar) e

portadores de deficiência: 60 para homens e 55 para

mulheres

Benefício permanente (irreversível)

Quem tem direito: Todos os Segurados

Carência: 180 contribuições

RMB: 70% do SB + 1% por grupo de 12 contribuições

(limitado a 30%) x FP facultativo

Início: Para o Empregado e o Doméstico – a partir do

desligamento do emprego se requerido em até 90 dias; Da

data do requerimento se requerida após 90 dias da data do

222

desligamento; Para os outros segurados – a partir da data do

requerimento

Segurado aposentado que retornar ao trabalho será

segurado obrigatório, e deverá contribuir sem direito a

contraprestações (exceto Salário-família e Salário-

Maternidade)

Aposentadoria compulsória pode ser requerida pela

empresa, desde que o segurado conte com a carência e tenha

70 anos se homem, e 65 se mulher.

13.3 Aposentadoria por Tempo de Contribuição

35 anos de contribuição se homem e 30 se mulher

Benefício permanente (irreversível)

Redução de 5 anos para professores que exercem atividade

exclusivamente de magistério na educação infantil, ensino

fundamental ou ensino médio

Redução no TC para o segurado portador de deficiência de

acordo com o grau da deficiência e aplicação do fator

previdenciário apenas de forma a beneficiá-lo. Se for

↳ Grave: 25 anos para homens e 20 para mulheres

↳ Moderada: 29 anos para homens e 24 para mulheres

↳ Leve: 33 anos para homens e 28 para mulheres

Quem tem direito: A princípio, todos os segurados, exceto:

Segurado Especial que não contribua facultativamente como

Contribuinte Individual; e o Contribuinte Individual ou

Facultativo que aderirem ao Plano Simplificado de Inclusão

Previdenciária.

Carência: 180 contribuições

223

Início: Para o Empregado e o Doméstico – a partir do

desligamento do emprego se requerido em até 90 dias; Da

data do requerimento se requerida após 90 dias da data do

desligamento; Para os outros segurados – a partir da data do

requerimento

RMB: 100% do SB x FP

13.4 Aposentadoria Especial

Trabalho permanente, não ocasional nem intermitente

exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde

ou a integridade física durante 15, 20 ou 25 anos

Quem tem direito: Empregado; Trabalhador Avulso; e

Contribuinte individual COOPERADO

Carência: 180 contribuições

Início: Para o Empregado – a partir do desligamento do

emprego se requerido em até 90 dias; Da data do

requerimento se requerida após 90 dias da data do

desligamento; Para o Trabalhador Avulso e o Contribuinte

Individual – a partir da data do requerimento

RMB: 100% do SB

Comprovação da exposição aos agentes nocivos mediante

PPP – perfil profissiográfico previdenciário

Segurado aposentado que retornar ao serviço sujeito a

condições especiais terá a aposentadoria suspensa, porém

pode exercer atividade comum

Conversão: Especial → Especial; e Especial → Comum. Não

há conversão de tempo Comum → Especial

13.5 Auxílio-doença

224

Segurado incapacitado temporariamente por mais de 15 dias

consecutivos

Doença que o segurado já era portador ao filiar-se ao RGPS

não confere direito ao auxílio-doença, exceto se a

incapacidade sobrevier por agravamento.

Atestado Médico Eletrônico: dispensa perícia médica do

INSS; incapacidade até 60 dias; transcurso de 180 dias para

utilização de novo Atestado Médico Eletrônico

Segurado empregado tem dispensa dos 15 primeiros dias

para novo afastamento ocorrido dentro de 60 dias

Quem tem direito: Todos os segurados

Carência: 12 contribuições, exceto se for por acidente ou

moléstia grave

RMB: 91% do SB

Início: Para o Empregado – a partir do 16º dia de

afastamento; Para os outros segurados – a partir do dia do

início da incapacidade; Para todos que requererem o

benefício após 30 dias: data do requerimento

Segurado é obrigado a submeter-se a tratamento dispensado

gratuitamente, exceto o cirúrgico e transfusão de sangue,

que são facultativos

Poderá ser inferior ao salário mínimo caso o segurado esteja

incapacitado apenas para o exercício de uma de suas

atividades

Caso se incapacite DEFINITIVAMENTE para uma das

atividades que exerce (caso exerça mais de uma), o auxílio-

doença será mantido indefinidamente

13.6 Salário-família

225

Segurados empregados e avulsos de baixa renda que

possuem filho ou equiparado menor de 14 anos ou inválido

Apresentação da certidão de nascimento; Apresentação

anual do atestado de vacinação até 6 anos de idade;

Apresentação semestral da comprovação de frequência

escolar a partir dos 7 anos

Quem tem direito: Empregado; Trabalhador Avulso;

Empregados e avulsos aposentados por idade ou invalidez;

Demais aposentados com mais de 65 anos de homem e 60 se

mulher

Carência: Não há

RMB: Valor fixo

Início: A partir da apresentação da certidão de nascimento

Pago ao empregado pela empresa e ao avulso pelo sindicato

ou OGMO

Pai e mãe têm direito, e no caso de divórcio ou perda de

pátrio poder, o valor será pago diretamente àquele cujo

cargo ficar o sustento do menor

Desemprego do segurado cessa o salário-família

13.7 Salário-maternidade

Evento determinante:

↳ Nascimento/Parto;

↳ Adoção ou guarda judicial para fins de adoção;

↳ Aborto (antes da 23ª semana de gestação); e

↳ Natimorto (após a 23ª semana de gestação)

Quem tem direito: Todas as seguradas

Carência:

226

↳ Para empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa:

Não há;

↳ Para contribuinte individual, facultativa e especial: 10

contribuições, podendo ser reduzido em número de meses em que

o parto for antecipado.

RMB:

↳ Empregada: Remuneração integral, sem teto (pago pela empresa)

↳ Trabalhadora Avulsa: Remuneração integral equivalente a um

mês de serviço, pago diretamente pela Previdência

↳ Empregada Doméstica: Último salário de contribuição, havendo

teto

↳ Segurada Especial: Um salário mínimo

↳ Contribuinte Individual, Facultativa e quem se encontra em

período de graça: 1/12 da soma das 12 últimas contribuições

apuradas em período não superior a 15 meses

Início:

↳ Período entre 28 dias antes do parto e a data da ocorrência desde,

com duração de 120 dias;

↳ No caso de aborto: 2 semanas;

↳ Adoção ou guarda judicial para fins de adoção (Sempre pago

diretamente pela Previdência): 120 para qualquer adoção de

criança de até 12 anos

Não pode ser acumulado com benefício por incapacidade

Segurada aposentada que retornar ao serviço fará jus ao

salário-maternidade

13.8 Auxílio-acidente

Será concedido como indenização quando após consolidação

das lesões decorrentes de (1) acidente de qualquer natureza,

227

resultarem (2) sequelas que impliquem (3) redução da

capacidade para o trabalho

Quem tem direito: Empregado; Trabalhador Avulso; e

Segurado Especial

Carência: Não há

RMB: 50% do SB

Início: Dia imediato ao da cessação do auxílio-doença

Não dará ensejo caso não haja repercussão na capacidade

laborativa

No caso de reabertura de auxílio-doença pelo motivo que

tenha dado origem ao auxílio-acidente, este será suspenso

até cessar o auxílio-doença

13.9 Pensão por morte

Devida ao conjunto de dependentes do segurado que falecer,

aposentado ou não.

Quem tem direito: Dependentes de todos os tipos de

segurados.

Carência: Não há

RMB: 100% do valor da aposentadoria que o segurado

recebia ou teria direito caso se aposentasse por invalidez

Início: Data do óbito quando requerida até 30 dias ou; da

data do requerimento, se requerida após 30 dias

A concessão não será protelada pela falta de habilitação de

outro possível dependente

Cônjuge ausente fará jus mediante prova de dependência

econômica

Poderá ser concedida em caso de morte presumida (a contar

da decisão judicial)

228

A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será

rateada em partes iguais.

13.10 Auxílio-reclusão

Devida ao conjunto de dependentes do segurado de baixa

renda recolhido à prisão que não recebe remuneração da

empresa nem está em gozo de auxílio-doença, aposentadoria

ou abono de permanência em serviço

Quem tem direito: Dependentes de todos os tipos de

segurados.

Carência: Não há

RMB: 100% do SB

Início: Data do recolhimento à prisão quando requerida até

30 dias ou; da data do requerimento, se requerida após 30

dias

Apresentação trimestral de atestado de que o segurado

continua recluso

Na fuga, o benefício é suspenso, e, havendo recaptura, o

benefício será restabelecido, desde que mantida a qualidade

de segurado

Não acumula com aposentadoria ou auxílio-doença,

permitida a opção pelo mais vantajoso, desde que

manifestada também pelos dependentes

13.11 Serviço Social

Orientação e apoio na inter-relação com a Previdência Social

229

Prioridade para os segurados em benefício por incapacidade

temporária e atenção especial aos aposentados e

pensionistas

13.12 Reabilitação Profissional

Caráter Obrigatório

A empresa com cem ou mais empregados está obrigada a

preencher seus cargos com reabilitados na seguinte

proporção de empregados: De 100 até 200 → 2%; De 201 até

500 → 3%; De 501 até 1000 → 4%; 1001+ → 5%.

CAP. 14 – OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE BENEFÍCIOS

14.1 Abono Anual

Será calculado tendo por base o valor da RMB do mês de

dezembro de cada ano

Período igual ou superior a 15 dias dentro do mês

correspondente, será considerado como mês integral

Benefício que não faz jus ao abono anual: Salário-Família

14.2 Acumulação de Benefícios

Não é permitido o recebimento em conjunto dos seguintes

benefícios:

↳ Aposentadoria + Auxílio-Doença

↳ Mais de uma aposentadoria

↳ Salário-Maternidade + Auxílio-Doença

↳ Mais de um Auxílio-Acidente

230

↳ Auxílio-Acidente + Aposentadoria

↳ Mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro

↳ Auxílio-Acidente + Auxílio-Doença do mesmo fato gerador

↳ Auxílio-Reclusão + Auxílio-Doença, Aposentadoria ou abono de

permanência em serviço

↳ Seguro-Desemprego + Qualquer BPC, exceto pensão por morte,

auxílio-reclusão e auxílio-acidente

14.3 Acidente de Trabalho

Somente segurados empregados, trabalhadores avulsos e

segurados especiais

Doença profissional: a produzida ou desencadeada pelo

exercício do trabalho peculiar a determinada atividade

Doença do trabalho: a adquirida ou desencadeada em função

de condições especiais em que o trabalho é realizado e com

ele se relacione diretamente

Não são consideradas: a doença degenerativa; a inerente a

grupo etário; a que não produza incapacidade laborativa; e a

doença endêmica adquirida por segurado habitante de

região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que

é resultante de exposição ou contato direto determinado

pela natureza do trabalho.

O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e

horário de trabalho na: execução de ordem ou na realização

de serviço sob a autoridade da empresa; na prestação

espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar

prejuízo ou proporcionar proveito; ou no percurso da

residência para o local de trabalho ou deste para aquela são

considerados acidente de trabalho

231

Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por

ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no

local do trabalho ou durante este, o empregado é

considerado no exercício do trabalho.

14.4 Disposições Diversas

Documentação incompleta não constitui motivo para recusa

do requerimento de benefício

Impressão digital do beneficiário incapaz de assinar vale

como assinatura para quitação de pagamento de benefício

Procuração não terá mandato superior a 12 meses, podendo

ser renovada

Dados constantes do CNIS → Prova Plena

Justificação Administrativa → Suprir a falta de documento ou

fazer prova de fato. Não admitida caso o fato exigir registro

público. Deve ser baseada em início de prova material, salvo

quando houver ocorrência de motivo de força maior ou caso

fortuito.

É de trinta dias o prazo para a interposição de recurso. Se for

o primeiro recurso contra decisão do INSS, o pedido será

encaminhado às JRPS. Após este, tanto o segurado, o INSS

como as empresas poderão interpor recurso às Câmaras de

Julgamento do CRPS, exceto se a matéria for de alçada

exclusiva das Juntas de Recurso.

Ação judicial que tenha idêntico pedido sobre de processo

administrativo importa renúncia ao direito de recorrer e

desistência do recurso interposto.

232

Primeiro pagamento do benefício deverá ser efetuado em

até 45 dias após a data da apresentação da documentação

necessária à concessão

233

EXERCÍCIOS

51) (CESPE, CBM/DF, 2011) Para fins de aposentadoria por idade

dos trabalhadores rurais, deve ser comprovada a atividade rural,

ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao

requerimento (administrativo ou judicial), pelo prazo de carência

legalmente exigido.

52) (CESPE, AGU, 2012) A concessão de pensão por morte, auxílio-

reclusão e salário-família independe de carência.

53) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) Maria trabalhou de 02 de

janeiro de 2006 a 02 de julho de 2006 como empregada de uma

empresa, vindo a contrair moléstia não relacionada ao trabalho,

com prejuízo do exercício de suas atividades habituais. Nessa

situação, Maria

a) não terá direito ao recebimento do auxílio-doença, por ausência

do cumprimento da carência.

b) terá direito à aposentadoria por invalidez, que independe do

cumprimento de carência.

c) terá direito ao auxílio-acidente, que não exige carência.

d) terá direito ao auxílio-doença, que independe de carência.

e) poderá receber aposentadoria por invalidez, se recolher mais

duas contribuições.

234

54) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Alzira, estudante,

filiou-se facultativamente ao regime geral de previdência social,

passando a contribuir regularmente. Em razão de dificuldades

financeiras, Alzira deixou de efetuar esse recolhimento por oito

meses. Nessa situação, Alzira não deixou de ser segurada, uma vez

que a condição de segurado permanece por até doze meses após a

cessação das contribuições.

55) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) O salário de benefício

serve de base de cálculo da renda mensal do benefício. Para os

segurados inscritos na Previdência Social, até 28/11/1999, calcula-

se

a) o auxílio-doença, pela média aritmética simples dos maiores

salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês, correspondentes a

oitenta por cento do período contributivo decorrido desde julho de

1994, multiplicada pelo fator previdenciário.

b) a aposentadoria especial, pela média aritmética simples dos

maiores salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês,

correspondentes a oitenta por cento do período contributivo

decorrido desde julho de 1994, multiplicada pelo fator

previdenciário.

c) a aposentadoria por tempo de contribuição, pela média

aritmética simples dos oitenta por cento maiores salários-de-

contribuição, corrigidos mês a mês, de todo o período contributivo,

decorrido desde julho de 1994, multiplicada pelo fator

previdenciário.

235

d) as aposentadorias por idade e tempo de contribuição, inclusive

de professor, pela média aritmética simples dos oitenta por cento

maiores salários-de-contribuição, corrigidos mês a mês, de todo o

período contributivo, decorrido desde julho de 1994.

e) o auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pela média

aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição corrigidos

mês a mês, correspondentes a cem por cento do período

contributivo, decorrido desde julho de 1994, multiplicada pelo fator

previdenciário.

56) (FCC, Técnico do Seguro Social 2012) Em relação ao valor da

renda mensal dos benefícios, é correto afirmar que

a) o auxílio-doença corresponde a 100% (cem por cento) do salário

de benefício.

b) a aposentadoria por invalidez corresponde a 91% (noventa e

um) por cento do salário de benefício.

c) a aposentadoria por idade corresponde a 70% (setenta por

cento) do salário de benefício.

d) a renda mensal da aposentadoria especial não está sujeita ao

fator previdenciário.

e) a renda mensal da aposentadoria por tempo de contribuição não

está sujeita ao fator previdenciário.

57) (CESPE Técnico do Seguro Social, 2008) Alexandre,

caminhoneiro, sempre trabalhou por conta própria e jamais se

236

inscreveu no regime geral da previdência social. Após sofrer um

grave acidente, resolveu filiar-se à previdência. Seis meses depois,

sofreu novo acidente e veio a falecer, deixando esposa e três filhos.

Nessa situação, os filhos e a esposa de Alexandre não receberão a

pensão por morte pelo fato de não ter sido cumprida a carência de

doze meses.

58) (CESPE Técnico do Seguro Social, 2008) Há oito meses, Edna,

profissional liberal, fez sua inscrição na previdência social, na

qualidade de contribuinte individual, passando a recolher

regularmente as suas contribuições mensais. Dois meses depois da

inscrição, descobriu que estava grávida de 1 mês, vindo seu filho a

nascer, prematuramente, com sete meses. Nessa situação, não há

nada que impeça Edna de receber o salário-maternidade, pois a

carência do benefício será reduzida na quantidade de meses em que

o parto foi antecipado.

59) (CESPE, CBM/DF, 2011) O segurado em gozo de auxílio-doença

e que seja insuscetível de recuperação para sua atividade habitual

deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o

exercício de outra atividade. Nesse caso, o pagamento do benefício

não cessará até que o segurado seja dado como habilitado para o

desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou,

quando considerado não recuperável, que ele seja aposentado por

invalidez.

237

60) (CESPE , Técnico do Seguro Social, 2008) Um segurado

empregado do regime geral que tenha sofrido acidente no trajeto de

sua casa para o trabalho tem direito ao recebimento do auxílio-

doença pela previdência social a partir do primeiro dia de

afastamento do trabalho.

61) (FCC, TRT 4ª Região - Juiz do Trabalho, 2012) Após trabalhar

como empregado por 20 anos para uma mesma empresa e por 16

anos para outra (com todas as contribuições previdenciárias

oportunamente recolhidas), segurado do INSS fica desempregado e

sem recolher qualquer contribuição por mais de 5 anos, ao final dos

quais vem a falecer, deixando esposa (que é empregada) e sua mãe

(de 66 anos de idade). Nessa situação, a lei prevê, quanto ao

benefício pensão por morte, que

a) sua mãe, por ser idosa, e sua mulher, se seu salário for de baixa

renda, terão direito ao benefício, que será rateado em partes iguais.

b) nenhuma delas terá direito ao benefício, porque foi perdida a

qualidade de segurado pelo instituidor no momento do óbito.

c) somente sua mulher terá direito, desde que comprove que

dependia parcialmente do segurado.

d) somente sua mulher terá direito, independentemente de

comprovação de dependência econômica.

e) somente sua mãe terá direito, independentemente de

comprovação de dependência econômica, por se tratar de pessoa

idosa.

238

62) (CESGRANRIO, Caixa - Advogado, 2012) Eduardo foi admitido

por uma empresa como estoquista, em 18/09/2007. Suas

atividades eram: controlar a recepção dos materiais, confrontando

tipo e quantidades com os dados contidos nas requisições, certificar

a correspondência entre o material recebido e o solicitado e dispor

os materiais relacionados nos pedidos, separando-os de acordo com

as especificações e quantidades. Após anos de trabalho, Eduardo

passou a sentir fortes dores na coluna e, em pouco tempo, não

conseguia mais fazer movimentos de flexão e extensão da coluna.

Após a realização de exame médico pericial, constatou-se que o

empregado estava inapto para o trabalho e impossibilitado de

reabilitação.

Considerando-se os fatos apresentados acima, qual dos benefícios

previdenciários será concedido a Eduardo?

a) Aposentadoria especial

b) Aposentadoria por invalidez

c) Auxílio-doença

d) Auxílio-acidente

e) Salário-família

63) (TRT 2ª Região - Juiz do Trabalho) Assinale a alternativa

correta:

a) O auxílio-acidente será devido ao segurado quando, após a

consolidação das lesões decorrentes do acidente de trabalho,

resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade

239

laborativa que exija maior esforço ou necessidade de adaptação

para exercer a mesma atividade, independentemente de habilitação

profissional.

b) O auxílio-acidente será devido, como indenização, ao segurado

quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de

qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da

capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

c) O auxílio-acidente será devido ao segurado quando, após a

consolidação das lesões decorrentes do acidente de trabalho,

resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade

laborativa que impeça, por si só, o desempenho da atividade que

exercia à época do acidente, porém, não o de outra, do mesmo nível

de complexidade, após reabilitação profissional.

d) O auxílio-acidente será devido ao segurado quando, após a

consolidação das lesões decorrentes do acidente do trabalho,

resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade

laborativa que impeça, por si só, o desempenho da atividade que

exercia à época do acidente, porém não o de outra, de nível inferior

de complexidade, após reabilitação.

e) O auxílio-acidente será devido ao segurado quando, após a

consolidação das lesões decorrentes de acidente de trabalho típico,

resultar sequelas que impliquem redução da capacidade para o

trabalho que habitualmente exercia.

64) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) Lúcia exerce a atividade

de professora do ensino fundamental desde dezembro de 1986, tem

56 anos de idade e pretende obter benefício previdenciário em

240

dezembro de 2011. Nessa situação, segundo o INSS, Lúcia tem

direito a

a) aposentadoria por idade.

b) auxílio-doença.

c) aposentadoria especial.

d) aposentadoria por invalidez.

e) aposentadoria por tempo de contribuição.

65) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) João trabalhou na

lavoura em sua pequena propriedade, sem o auxílio de terceiros,

salvo de sua família, no período de janeiro de 1975 a 1990, sem

contribuição, ocasião em que mudou-se para a cidade e passou a

exercer a função de pedreiro, como empregado de uma construtora,

até completar 60 anos, em janeiro de 2011. Nessa situação, João

a) terá direito a aposentar-se por idade em 2011.

b) terá direito a aposentar-se por tempo de contribuição em 2011.

c) terá direito à aposentadoria especial em 2011.

d) não terá direito a aposentar-se por idade em 2011.

e) não possui a carência exigida para aposentar-se por idade em

2011.

241

66) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) João trabalha, há dez

anos, exposto, de forma não-ocasional nem intermitente, a agentes

químicos nocivos. Nessa situação, João terá direito a requerer, no

futuro, aposentadoria especial, sendo-lhe possível, a fim de

completar a carência, converter tempo comum trabalhado

anteriormente, isto é, tempo em que não esteve exposto aos agentes

nocivos, em tempo de contribuição para a aposentadoria do tipo

especial.

67) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) José foi segurado da

Previdência Social até janeiro de 2010 e recebia a título de auxílio-

doença R$ 580,00 (quinhentos e oitenta) reais. Nessa ocasião,

envolveu-se com drogas e foi recolhido à prisão em regime fechado,

fugindo em julho de 2011. Ele foi casado com Lídia com quem teve

dois filhos, menores de 21 anos, na data do recolhimento à prisão.

Posteriormente à prisão, Lídia separou-se de José e casou-se com

João, em janeiro de 2011. Nessa situação,

a) Lídia não poderá receber auxílio-reclusão.

b) nenhum dependente poderá receber o auxílio-reclusão.

c) o auxílio-reclusão será devido a todos os dependentes, da data do

recolhimento à prisão até a data da fuga.

d) o auxílio-reclusão será devido à Lídia, desde a data da prisão até

suas novas núpcias.

e) o auxílio-reclusão será devido aos filhos de José, desde o

recolhimento à prisão até que completem 21 anos.

242

68) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Moacir, aposentado

por invalidez pelo regime geral de previdência social, recusa-se a

submeter-se a tratamento cirúrgico por meio do qual poderá

recuperar sua capacidade laborativa. Nessa situação, devido à

recusa, Moacir terá seu benefício cancelado imediatamente.

69) (CESPE , Técnico do Seguro Social, 2008) Rute, professora em

uma escola particular, impossibilitada de ter filhos, adotou gêmeas

recém-nascidas cuja mãe falecera logo após o parto e que não

tinham parentes que pudessem cuidar delas. Nessa situação, Rute

terá direito a dois salários-maternidade.

70) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Tomás, segurado

empregado do regime geral da previdência social, teve sua

capacidade laborativa reduzida por seqüelas decorrentes de grave

acidente. Nessa situação, se não tiver cumprido a carência de doze

meses, Tomás não poderá receber o auxílio-acidente.

71) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Marcela, empregada

doméstica, após ter sofrido grave acidente enquanto limpava a

vidraça da casa de sua patroa, recebeu auxílio-doença por três

meses. Depois desse período, foi comprovadamente constatada a

redução de sua capacidade laborativa. Nessa situação, Marcela terá

direito ao auxílio-acidente correspondente a 50% do valor que

recebia a título de auxílio-doença.

243

72) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Dalila, que é empregada doméstica e segurada do regime geral da previdência social, tem três filhos, mas não recebe salário-família. Nessa situação, apesar de ser considerada trabalhadora de baixa renda, Dalila não tem o direito de receber esse benefício.

73) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Fábio recebe auxílio-

acidente decorrente da consolidação de lesões que o deixaram com

seqüelas definitivas. Nessa situação, Fábio poderá cumular o

benefício que atualmente recebe com o auxílio-doença decorrente

de outro evento.

74) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Sofia, pensionista da

previdência social em decorrência da morte de seu primeiro

marido, João, resolveu casar-se com Eduardo, segurado empregado.

Seis meses após o casamento, Eduardo faleceu em trágico acidente.

Nessa situação, Sofia poderá acumular as duas pensões, caso o total

recebido não ultrapasse o teto determinado pela previdência social.

75) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Tereza encontra-se

afastada de suas atividades laborais e recebe o auxílio-doença.

Nessa situação, caso engravide e tenha um filho, Tereza não poderá

receber, ao mesmo tempo, o auxílio-doença e o salário-

maternidade.

Gabarito:

244

51 – Correta. Se o segurado não for trabalhador rural quando da

entrada do requerimento, se aposentará aos 65 anos de idade, se

homem, ou 60, se mulher.

52 – Correta. São benefícios que independem de carência: a pensão

por morte; o auxílio-reclusão; o salário-família; o auxílio-acidente; o

salário-maternidade para as seguradas empregada, empregada

doméstica e trabalhadora avulsa; e o auxílio-doença e a

aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer

natureza ou causa ou nos casos em que o segurado for acometido

de moléstia elencada em lista específica.

53 – A. A carência do auxílio-doença é de 12 contribuições mensais,

dispensáveis somente nos casos de acidente ou nos casos em que o

segurado for acometido de moléstia elencada em lista específica.

54 – Errada. O período de graça do segurado facultativo é de 6

meses.

55 – C. Os únicos benefícios que tem aplicação do fator

previdenciário são a aposentadoria por tempo de contribuição

(aplicação obrigatória) e a aposentadoria por idade (aplicação

facultativa).

56 – D. A RMI do auxílio-doença é de 91% do SB, a da aposentadoria

por invalidez de 100% do SB e a da aposentadoria por idade de

70% do SB + 1% para cada grupo de 12 contribuições mensais. A

aposentadoria por tempo de contribuição possui aplicação do fator

previdenciário, já a aposentadoria especial não.

57 – Errada. Pensão por morte não possui carência, basta ter

qualidade de segurado ou ter os requisitos completos para

requerimento de aposentadoria.

245

58 – Correta. Questão que se resolve com o trecho "dois meses

depois da inscrição, descobriu que estava grávida de 1 mês". A

carência do salário maternidade é sempre de 1 mês além do

número de meses da gestação, portanto, como Edna começou a

contribuir 1 mês antes de sua gestação, ela terá cumprido a

carência.

59 – Correta. Se insuscetível de recuperação para sua atividade

habitual, o segurado deve ser habilitado para exercício de outra

atividade ou aposentado por invalidez para que o auxílio-doença

cesse.

60 – Errada. Segurado empregado nunca tem a data de início do

benefício no primeiro dia de afastamento, já que a empresa paga os

15 primeiros dias.

61 – D. Por já ter cumprido os requisitos para concessão de

aposentadoria por tempo de contribuição, não mais importava se

ele tinha ou não qualidade de segurado quando do falecimento.

Como a esposa é dependente preferencial e possui presunção de

dependência econômica, somente ela terá direito, independente de

comprovação de dependência econômica.

62 – B. São estes os dois requisitos para concessão de

aposentadoria por invalidez: estar inapto para o trabalho e

impossibilitado de reabilitação. Segurado incapaz e insuscetível de

reabilitação para o trabalho tem direito à aposentadoria por

invalidez.

63 – B. O acidente não precisa ser de trabalho, pode ser de qualquer

natureza.

246

64 – E. Lúcia, por ser professora do ensino fundamental, necessita

de 25 anos de tempo de contribuição, completos em dezembro de

2011.

65 – D. Por não estar exercendo atividade rurícola no período

imediatamente anterior ao do requerimento do benefício, João só

poderá se aposentar aos 65 anos de idade.

66 – Errada. Não se converte tempo comum em especial, somente o

contrário. Assim, ele poderá converter o tempo especial em comum

e se aposentar por tempo de contribuição.

67 – B. O auxílio-reclusão só é devido se o segurado não estiver em

gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência

em serviço.

68 – Errada. Ninguém é obrigado a submeter-se a procedimento

invasivo, tal como cirurgia ou transfusão de sangue.

69 – Errada. Só terá direito a um salário-maternidade. Só recebe

mais de um salário-maternidade quem possui mais de um emprego,

independentemente do número de filhos.

70 – Errada. Benefícios acidentários não têm carência.

71 – Errada. Empregada doméstica não faz jus ao recebimento de

auxílio-acidente. Somente o fazem os segurados empregados,

trabalhadores avulsos e segurados especiais.

72 – Correta. Empregada doméstica não faz jus ao recebimento de

salário-família. Somente o fazem os segurados empregados e

trabalhadores avulsos.

247

73 – Correta. Só não acumula o auxílio-acidente com auxílio-doença

de mesma origem. Se o fato gerador for outro e o novo auxílio-

doença nada tiver a ver com o auxílio-acidente, pode-se acumular.

74 – Errada. Pensões de cônjuge ou companheiro não são

benefícios acumuláveis. O que Sofia pode fazer é optar pela pensão

mais vantajosa.

75 – Correta. Salário-maternidade não acumula com auxílio-

doença.

Unidade IV: Outras Disposiço es

CAPÍTULO 15 - OBRIGAÇÕES E

RESSARCIMENTO

15.1 Obrigações Acessórias e Responsabilidade

Solidária

Antes de tratamos das obrigações acessórias, vamos falar

sobre a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP. A GFIP

surge, inicialmente, com a finalidade de unir em um único

documento a possibilidade de a empresa recolher o FGTS e

cumprir as obrigações acessórias previdenciárias. As

informações do segurado que presta serviço à empresa serão

levadas à previdência por ela.

As informações prestadas na GFIP servirão como base de

cálculo das contribuições arrecadadas pela previdência social.

Elas também comporão a base de dados para fins de cálculo e

concessão dos benefícios previdenciários, bem como se

constituirão em termo de confissão de dívida, na hipótese do não-

recolhimento. Vale ressaltar que o preenchimento, as informações

prestadas e a entrega da GFIP são de inteira responsabilidade da

empresa.

249

As informações constantes do CNIS também serão

abastecidas pela GFIP. No caso de concessão de benefícios, se os

dados existentes no CNIS forem suficientes para a concessão deste,

não haverá necessidade de o segurado comprovar a veracidade das

informações. Os dados constantes no CNIS relativos a vínculos,

remunerações e contribuições são considerados prova plena de

filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço

ou de contribuição e salário-de-contribuição, salvo comprovação de

erro ou fraude em sentido contrário.

A GFIP só é exigida relativamente a fatos geradores

ocorridos a partir de janeiro de 1999. Sua entrega deve ser feita em

rede bancária até o dia 7 do mês seguinte ao de sua referência.

Tratando agora das obrigações acessórias, elas são

prestações geralmente ligadas à área contábil da empresa. Assim,

a empresa, além de suas obrigações principais, como a do

recolhimento das contribuições sociais, deve:

I - preparar folha de pagamento da remuneração paga,

devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço,

devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da

respectiva folha e recibos de pagamentos;

II - lançar mensalmente em títulos próprios de sua

contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de

todas as contribuições, o montante das quantias

descontadas, as contribuições da empresa e os totais

recolhidos;

III - prestar ao INSS e à SRFB todas as informações

cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos,

250

na forma por eles estabelecida, bem como os

esclarecimentos necessários à fiscalização;

IV - informar mensalmente ao INSS, por intermédio da

GFIP, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais,

todos os fatos geradores de contribuição previdenciária

e outras informações de interesse daquele Instituto;

V - encaminhar ao sindicato representativo da categoria

profissional mais numerosa entre seus empregados, até o dia

10 de cada mês, cópia da Guia da Previdência Social

relativamente à competência anterior;

VI - afixar cópia da Guia da Previdência Social, relativamente

à competência anterior, durante o período de um mês, no

quadro de horários; e

VII - informar, anualmente, à SRFB, na forma por ela

estabelecida, o nome, o número de inscrição na previdência

social e o endereço completo dos segurados que exercem

pequena atividade comercial em via pública ou de porta em

porta, como comerciante ambulante, por conta própria e a

seu risco, por ela utilizados no período, a qualquer título,

para distribuição ou comercialização de seus produtos,

sejam eles de fabricação própria ou de terceiros, sempre que

se tratar de empresa que realize vendas diretas.

No caso de, por exemplo, empreitada ou cessão de mão-de-

obra, que já estudamos no custeio, há obrigação acessória. Afinal,

cabe a empresa tomadora de serviços reter e recolher em nome da

prestadora os 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura. A

251

empresa contratante apenas efetua o desconto, sem reduções

patrimoniais para si. A empresa só paga à prestadora a diferença.

Já a responsabilidade solidária ocorre quando a

obrigação de arrecadar é transferida a um terceiro, com o

objetivo de se assegurar o recolhimento da contribuição. A

solidariedade só ocorre quando a contribuição não foi paga,

passando-se assim a responsabilidade do recolhimento ao solidário.

Se o recolhimento foi feito, não há que se cobrar o solidário.

15.2 Restituição, Compensação e Reembolso

Quando é feito um recolhimento além do que deveria ter

sido pago, pode o segurado ou a empresa requerer a restituição ou

compensação do valor que foi pago a mais. Como já vimos, o prazo

para reaver esse valor é de cinco anos contados da data em que foi

efetuado o recolhimento. Atenção, pois somente recolhimentos

indevidos geram direito à restituição e à compensação.

A restituição ocorre quando o valor é pago acima do que

deveria ter sido, sendo diretamente devolvido ao segurado ou

empresa, já a compensação ocorre quando esse valor vai sendo

abatido nos futuros recolhimentos. Em geral, a restituição ocorre

quando é grande o valor a ser percebido por um credor, já que seria

inviável a compensação. Além disso, a compensação não poderá

ultrapassar 30% do valor recolhido a maior na competência a que

se referir.

O grande detalhe é que se um segurado ou uma empresa

possuir créditos a receber, mas também estiver em débito com a

252

previdência, esses valores serão automaticamente abatidos. Não

há, quando o débito for maior que o crédito, direito à restituição.

Já o reembolso ocorre quando é a empresa quem paga o

benefício diretamente ao segurado, a exemplo do salário-

maternidade e do salário-família. Nesses casos, a empresa paga o

benefício diretamente ao segurado e posteriormente reembolsa

esses valores com a previdência através de desconto na cota

patronal.

253

CAPÍTULO 16 - CRIMES CONTRA A

SEGURIDADE SOCIAL

16.1 Apropriação Indébita Previdenciária

Os crimes contra a seguridade social são abordados em

muitas das provas que cobram matéria de direito previdenciário.

Seu conteúdo é extraído do diretamente do Código Penal. Digamos

que eles são “FASIM” de se aprender. São eles: a Falsificação de

Documento Público; a Apropriação Indébita Previdenciária; a

Sonegação de Contribuição Previdenciária; a Inserção de Dados

Falsos em Sistemas de Informações; e a Modificação ou Alteração

Não-Autorizada de Sistema de Informações.

O primeiro a ser estudado é a Apropriação Indébita

Previdenciária, abordado no Art. 168-A do CP. Vejamos o bojo de

seu texto:

DeL. 2.848/40,

Apropriação indébita previdenciária

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as

contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma

legal ou convencional:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

254

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra

importância destinada à previdência social que tenha sido

descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros

ou arrecadada do público;

II – recolher contribuições devidas à previdência social que

tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à

venda de produtos ou à prestação de serviços;

III - pagar benefício devido a segurado, quando as

respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à

empresa pela previdência social.

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,

declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,

importâncias ou valores e presta as informações devidas à

previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,

antes do início da ação fiscal.

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar

somente a de multa se o agente for primário e de bons

antecedentes, desde que:

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de

oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social

previdenciária, inclusive acessórios; ou

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,

seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência

social, administrativamente, como sendo o mínimo para o

ajuizamento de suas execuções fiscais.

255

Percebemos que a Apropriação Indébita Previdenciária

ocorre quando a contribuição é descontada do segurado e não é

recolhida à previdência. Assim, o segurado paga sua contribuição

e ela não chega à previdência, indo para o bolso do operador

bancário ou do patrão.

Como se percebe, há extinção de punibilidade se o agente

espontaneamente declara, confessa e efetua o pagamento das

contribuições antes do início da ação fiscal. A ação fiscal se inicia

com o Termo de Início de Ação Fiscal – TIAF. Após o início da ação

fiscal não há extinção de punibilidade, podendo, conforme o caso,

gerar apenas o perdão judicial.

Se o agente for primário e de bons antecedentes, poderá

ocorrer o perdão judicial nos casos dele ter promovido o

pagamento da contribuição após o início da ação fiscal e antes

de oferecida a denúncia, ou caso o valor das contribuições

devidas seja igual ou inferior àquele estabelecido pela

previdência social como sendo o mínimo para o ajuizamento

de suas execuções fiscais.

16.2 Sonegação de Contribuição Previdenciária

O segundo crime contra a seguridade a ser abordado é o da

Sonegação de Contribuição Previdenciária, tipificado no Art. 337-A

do Código Penal.

256

DeL. 2.848/40,

Sonegação de contribuição previdenciária

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social

previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes

condutas:

I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de

documento de informações previsto pela legislação

previdenciária segurados empregado, empresário,

trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este

equiparado que lhe prestem serviços;

II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da

contabilidade da empresa as quantias descontadas dos

segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador

de serviços;

III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros

auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos

geradores de contribuições sociais previdenciárias:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,

declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores

e presta as informações devidas à previdência social, na

forma definida em lei ou regulamento, antes do início da

ação fiscal.

257

§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar

somente a de multa se o agente for primário e de bons

antecedentes, desde que:

I – (VETADO)

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,

seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência

social, administrativamente, como sendo o mínimo para o

ajuizamento de suas execuções fiscais.

§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de

pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil,

quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um

terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.

§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será

reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do

reajuste dos benefícios da previdência social.

No caso da Sonegação de Contribuição Previdenciária, na

caracterização do crime, o agente deixa de informar à

previdência valores que deveriam ter sido recolhidos. Ocorre

supressão da contribuição social.

A extinção de punibilidade se dá quando o agente

espontaneamente declara e confessa as contribuições devidas

antes do início da ação fiscal. Não há necessidade do

recolhimento para a extinção da punibilidade penal como na

apropriação indébita previdenciária, ainda que o agente continue

devendo à previdência.

258

Já o perdão judicial só ocorre quando o agente for

primário e de bons antecedentes e o valor das contribuições

devidas seja igual ou inferior àquele estabelecido pela

previdência social como sendo o mínimo para o ajuizamento

de suas execuções fiscais.

16.3 Falsificação de Documento Público

A Falsificação de Documento Público já era previsto no

Código Penal, tendo sido acrescido dos §§ 3º e 4º pela Lei 9.983/00.

DeL. 2.848/40,

Falsificação de documento público

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento

público, ou alterar documento público verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime

prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento

público o emanado de entidade paraestatal, o título ao

portador ou transmissível por endosso, as ações de

sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento

particular.

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

259

I – na folha de pagamento ou em documento de informações

que seja destinado a fazer prova perante a previdência

social, pessoa que não possua a qualidade de segurado

obrigatório;

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do

empregado ou em documento que deva produzir efeito

perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da

que deveria ter sido escrita;

III – em documento contábil ou em qualquer outro

documento relacionado com as obrigações da empresa

perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da

que deveria ter constado.

§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos

documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus

dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de

trabalho ou de prestação de serviços.

Com os acréscimos sofridos, a tipificação deste crime visa

evitar com que falsas informações cheguem à previdência

social. Assim, evitam-se fraudes, já que, por exemplo, um vínculo

inexistente informado na GFIP poderia gerar uma aposentadoria

para alguém que não tem direito.

16.4 Inserção de Dados Falsos em Sistemas de

Informações

260

Este crime se encontra no Art. 313-A do Código Penal.

Vejamos:

DeL. 2.848/40,

Inserção de dados falsos em sistema de informações

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a

inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente

dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de

dados da Administração Pública com o fim de obter

vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar

dano:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Perceba que este é um crime que é praticado pelo

funcionário público autorizado. Quando este insere dados falsos

nos sistemas para obter vantagens para si ou para outrem,

incorrerá nele. Por mais que o servidor empreste sua senha para

outra pessoa inserir o dado falso, ele incorrerá no crime, pois houve

facilitação.

16.5 Modificação ou Alteração Não-Autorizada

de Sistema de Informações

261

Este dispositivo segue a mesma lógica do anterior, sendo

mais abrangente. Dispõe o Código Penal em seu Art. 313-B:

DeL. 2.848/40,

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de

informações

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de

informações ou programa de informática sem autorização ou

solicitação de autoridade competente:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a

metade se da modificação ou alteração resulta dano para a

Administração Pública ou para o administrado.

Da mesma forma que a Inserção de Dados Falsos em Sistema

de Informações, esse é um crime praticado pelo funcionário

público. Em relação ao crime anterior, o que difere aqui é que a

simples modificação, para qualquer fim, independentemente

de qualquer resultado, já caracteriza o crime. A finalidade não

necessariamente há de ser a de obter vantagem indevida para si ou

para outrem. Porém, se houver prejuízo para o Estado ou para o

beneficiário, haverá a causa de aumento.

262

CAPÍTULO 17 – A PREVIDÊNCIA DOS

SERVIDORES PÚBLICOS

17.1 Aspectos Gerais

Conforme já vimos nos capítulos anteriores, caso um ente

federado tenha instituído seu RPPS, o servidor público ocupante de

cargo efetivo que esteja vinculado a este ente não será filiado ao

RGPS. Somente se o ente não tiver instituído RPPS ou se o servidor

for ocupante exclusivamente de cargo comissionado que a

vinculação será ao RGPS, como empregado. Contratados

temporários e empregados públicos também se filiam ao RGPS.

Os RPPS são vários, organizados de forma separada. Assim

como o RGPS tem suas leis e regulamentos, os RPPS também os

têm. Cada um tem sua regulamentação própria, observado o art. 40

da CF/88. É esse artigo que dispõe a regulamentação a nível

constitucional sobre a qual todos os RPPS são obrigados a observar.

Além daquilo que já está regulamentado no art. 40 da CF/88, os

RPPS observarão, subsidiariamente, os requisitos e critérios

fixados para o RGPS, no art. 201.

Caso um ente federado institua um regime complementar

de previdência para seus servidores, ele poderá limitar o valor

dos benefícios concedidos pelo RPPS ao teto do RGPS. No caso

da União, por exemplo, foi criado o Fundo de Previdência

Complementar dos Servidores Públicos Federais – FUNPRESP, que

é um regime de previdência complementar. Os benefícios

concedidos pelo RPPS da União são pagos somente até o limite

263

máximo do RGPS, ou seja, o teto. O valor que excede ao teto é

complementado pelo FUNPRESP. Porém, só são obrigados a

aderir à limitação ao teto dos benefícios pagos pelo RPPS os

servidores que tiverem ingressado no serviço público após a

data da publicação do ato de instituição do correspondente

regime de previdência complementar. Lembrando que a

limitação é obrigatória, mas a participação no regime

complementar não, pois estes são sempre facultativos.

17.2 Aposentadoria e Pensão

Existem no art. 40 da CF/88 três modalidades de

aposentadoria: a por invalidez permanente; a compulsória; e a

voluntária.

No caso de aposentadoria por invalidez permanente, os

proventos serão calculados na forma da lei em casos de acidente

em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa

ou incurável. Em outros casos os proventos serão proporcionais

ao tempo de contribuição.

Na aposentadoria compulsória, quando o servidor

completar 70 anos de idade, será obrigado a se aposentar com

proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

Já na aposentadoria voluntária, quando requerida pelo

servidor, ele deverá já ter cumprido o tempo mínimo de 10 anos de

efetivo exercício no serviço público e ter cumprido 5 anos de

efetivo exercício no cargo efetivo em que se dará a

aposentadoria. Além disso, para se aposentar com proventos

264

integrais, se homem, o servidor deverá ter pelo menos 60 anos de

idade e 35 de contribuição, e, se mulher, a servidora deverá ter

pelo menos 55 anos de idade e 30 de contribuição. A

aposentadoria também poderá se dar após 65 anos de idade, se

homem, e 60, se mulher, mas com proventos proporcionais ao

tempo de contribuição.

Assim como no RGPS, há expressa previsão de proibição de

adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão

de aposentadoria aos abrangidos pelo RPPS. A ressalva são os

portadores de deficiência, os que exercem atividade de risco e

aqueles cujas atividades sejam exercidas sob condições

especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

De forma similar ao RGPS, os professores que comprovem

exclusivo tempo de efetivo exercício das funções de magistério na

educação infantil e no ensino fundamental e médio terão

redução de 5 anos nos requisitos de idade e tempo de

contribuição. A diferença é que no RGPS não há redução no

requisito de idade, já que a aposentadoria por tempo de

contribuição dispensa esse requisito. Portanto, professores

necessitam de 55 anos de idade, 30 de contribuição, 10 de efetivo

exercício no serviço público e 5 no cargo efetivo em que se dará a

aposentadoria, e professoras necessitam de 50 anos de idade, 25 de

contribuição, 10 de efetivo exercício no serviço público e 5 no cargo

efetivo em que se dará a aposentadoria.

É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria por

conta do mesmo RPPS, salvo nos casos de aposentadorias

decorrentes dos cargos acumuláveis na forma da CF/88, que são,

quando houver compatibilidade de horários, de dois cargos de

professor, de um cargo de professor com outro técnico ou científico,

265

ou de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,

com profissões regulamentadas. Lembrando que aposentadoria

concedida pelo RGPS pode acumular com aposentadoria de

RPPS.

Já no tocante à pensão por morte, esse benefício será

devido em sua integralidade até o limite máximo do RGPS, sendo

acrescido de 70% do valor excedente a esse limite. Se o servidor

era aposentado quando do óbito, o benefício será pago tendo por

base os proventos de sua aposentadoria, e se o valor superar o

limite máximo do RGPS, ele será pago até o teto do RGPS mais 70%

do que exceder a esse limite. Se o servidor não era aposentado, o

valor da pensão será calculado tendo por base a totalidade de sua

remuneração, seguindo a mesma lógica.

Sabemos que, em geral, não incide contribuição sobre o valor

pago a título de aposentadoria e pensão, porém, irá incidir

contribuição sobre a parcela que exceder ao limite máximo do

RGPS. Portanto, sobre a parcela do provento que exceder o teto do

RGPS, incidirá contribuição com percentual igual ao estabelecido

para os servidores titulares de cargos efetivos. Se o beneficiário for

portador de doença incapacitante, a contribuição só incidirá

sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que

superem o dobro do limite máximo estabelecido para os

benefícios do RGPS.

Por fim, o servidor que completar os requisitos necessários à

concessão da aposentadoria voluntária, mas que optar por

permanecer em serviço, fará jus a um abono de permanência

equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até

completar as exigências para aposentadoria compulsória aos 70

anos. É o famoso “pé-na-cova”.

266

REVISÃO

CAP. 15 – OBRIGAÇÕES E RESSARCIMENTO 15.1 Obrigações Acessórias e Responsabilidade Solidária

GFIP ↳ Recolher o FGTS e cumprir obrigações acessórias previdenciárias. ↳ Base de cálculo das contribuições. ↳Compor a base de dados do CNIS.

Obrigações principais ↳ Recolher as contribuições sociais

Obrigações acessórias ↳ Preparar as folhas de pagamento, lançar os fatos geradores de todas as contribuições, informar através da GFIP dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações. Ex.: Cessão de mão-de-obra (11% da NF)

Responsabilidade Solidária ↳ Ocorre quando a obrigação de arrecadar é transferida a um terceiro, com o objetivo de se assegurar o recolhimento da contribuição. Só ocorre quando a contribuição não foi paga. 15.2 Restituição, Compensação e Reembolso

Restituição e compensação → somente recolhimentos indevidos

Restituição ↳ O valor é devolvido.

Compensação ↳ O valor vai sendo abatido nos recolhimentos. Não pode ultrapassar 30% do valor recolhido a maior na competência a que se referir

267

↳ Se um segurado ou uma empresa possuir créditos a receber, mas também estiver em débito com a previdência, esses valores serão automaticamente abatidos.

Reembolso ↳ A empresa paga o benefício diretamente ao segurado e compensa esse valor com a previdência. CAP. 16 – CRIMES CONTRA A SEGURIDADE SOCIAL [FASIM] → Falsificação; Apropriação; Sonegação; Inserção; Modificação. 16.1 Apropriação Indébita Previdenciária

A contribuição é descontada do segurado e não é recolhida à previdência.

2 a 5 anos de reclusão e multa. Extinção de punibilidade se o agente espontaneamente

declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições antes do início da ação fiscal.

Se o agente for primário e de bons antecedentes, poderá ocorrer o perdão judicial nos casos de ter promovido o pagamento da contribuição após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, ou caso o valor das contribuições devidas seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

16.2 Sonegação de Contribuição Previdenciária

O agente deixa de informar à previdência valores que deveriam ter sido recolhidos. Ocorre supressão da contribuição social.

2 a 5 anos de reclusão e multa.

268

Extinção de punibilidade se o agente espontaneamente declara e confessa as contribuições devidas antes do início da ação fiscal.

Perdão judicial quando o agente for primário e de bons antecedentes e o valor das contribuições devidas seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

16.3 Falsificação de Documento Público

Busca-se evitar com que falsas informações cheguem à previdência social.

2 a 6 anos de reclusão e multa. Se é funcionário público, aumenta a sexta parte da pena.

16.4 Inserção de Dados Falsos em Sistemas de Informações

Crime praticado pelo funcionário publico. A mera facilitação também é tipificada. 2 a 12 anos de reclusão e multa.

16.5 Modificação ou Alteração Não-Autorizada de Sistema de Informações

Crime praticado pelo funcionário publico. A simples modificação, independente do resultado,

caracteriza o crime. 3 meses a 2 anos de reclusão, aumentando de 1/3 até 1/2 se

houver prejuízo para o Estado ou para o beneficiário. CAP. 17 – A PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS

269

17.1 Aspectos Gerais

Somente para os titulares de cargo público efetivo Se o ente não possuir RPPS, o servidor será vinculado ao

RGPS Art. 40 da CF/88, também aplicando de forma subsidiária o

art. 201 da CF/88 Se possuir regime complementar, pode limitar o valor dos

benefícios ao teto do RGPS. 17.2 Aposentadoria e Pensão

Aposentadoria por invalidez permanente ↳ Acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável → Proventos calculados na forma da lei ↳ Outros casos → Proventos proporcionais ao tempo de contribuição

Aposentadoria compulsória ↳ Obrigatória aos 70 anos de idade ↳ Proventos proporcionais ao tempo de contribuição

Aposentadoria voluntária ↳ 10 anos de efetivo exercício no serviço público ↳ 5 anos de efetivo exercício no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria ↳ Proventos integrais → Homem = 60 anos de idade e 35 de tempo de contribuição | Mulher = 55 anos de idade e 30 de contribuição ↳ Proventos proporcionais ao tempo de contribuição → Homem = 65 anos de idade | Mulher = 60 anos de idade

Professores que comprovem exclusivo tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio terão redução de 5 anos nos requisitos de idade e tempo de contribuição

Permitida acumulação de aposentadoria do RGPS com o RPPS e de cargos públicos acumuláveis

Pensão por morte

270

↳ Integralidade até o teto do RGPS + 70% do valor excedente a esse limite ↳ Se aposentado terá como base os proventos ↳ Se na ativa terá como base a totalidade da remuneração

Incide contribuição sobre a parcela que exceder ao limite máximo do RGPS com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos

Se o beneficiário for portador de doença incapacitante, a contribuição só incidirá sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS

Servidor que completar os requisitos necessários à concessão da aposentadoria voluntária, mas que optar por permanecer em serviço, fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária

271

EXERCÍCIOS

* (Também foram aqui incluídas algumas questões referentes à Unidade III)

76) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) Entre as obrigações

previdenciárias da empresa, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho

Curador do FGTS dados relacionados aos fatos geradores das

contribuições previdenciárias.

b) Arrecadar as contribuições dos empregados que lhe prestam

serviços.

c) Efetuar a retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto

da nota fiscal quando contratar serviços a serem executados com

cessão de mão de obra.

d) Preparar as folhas de pagamento das remunerações pagas ou

creditadas a todos os segurados a serviço da empresa de acordo

com as normas estabelecidas pelo órgão competente.

e) Repassar aos empregados os valores devidos a título de

contribuição previdenciária para fins de recolhimento.

77) (ESAF, Auditor Fiscal da Receita Federal, 2012) Constituem

obrigações acessórias das empresas, de acordo com o Regulamento

da Previdência Social, exceto,

a) preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou

creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em

272

cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de

pagamento.

b) lançar, mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade,

de forma discriminada, os fatos geradores de todas as

contribuições, o montante das quantias descontadas dos

empregados, dos contribuintes individuais e das empresas

prestadoras de serviços, as contribuições da empresa e os totais

recolhidos.

c) fornecer ao contribuinte individual que lhe presta serviços

comprovante do pagamento de remuneração, com a identificação

completa da empresa, o valor da remuneração paga, o desconto da

contribuição efetuado, o número de inscrição do segurado no INSS

e o compromisso de que a remuneração paga será informada na

GFIP, bem como de que a contribuição correspondente será

recolhida.

d) prestar à Receita Federal do Brasil todas as informações

cadastrais, financeiras e contábeis de interesse desta, na forma por

esta estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à

fiscalização.

e) exibir à fiscalização da RFB, quando intimada para tal, todos os

documentos e livros com as formalidades legais intrínsecas e

extrínsecas, relacionados com as contribuições sociais, salvo na

hipótese em que, justificadamente, tais documentos e livros estejam

fora da sede da empresa.

78) (ESAF, Analista Tributário, 2009) Além do pagamento das

contribuições sociais, as empresas tem outras obrigações para com

273

o fisco. Antônio José, empresário contribuinte individual, desejando

cumprir com todas as suas obrigações fiscais, pede ao contador que

seja elaborada a folha de pagamento das remunerações pagas ou

creditadas por sua empresa. De acordo com a situação-problema

apresentada acima e das obrigações acessórias da empresa, é

correto afirmar que:

a) a referida folha de pagamento pode ser feita com qualquer

padrão.

b) a referida folha de pagamento deve incluir só os empregados da

empresa.

c) não há necessidade de elaboração de folha de pagamento, sendo

necessário somente os depósitos bancários realizados no Livro de

Caixa da empresa.

d) a referida folha de pagamento deve incluir só os sócios da

empresa.

e) a referida folha de pagamento deve incluir todas as

remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a serviço

da empresa.

79) (ESAF, Assistente Técnico Administrativo, 2009) Assinale a

assertiva que não contém uma obrigação acessória das

contribuições destinadas à Seguridade Social.

a) Elaboração da folha de pagamento.

b) Dever de prestar informações.

274

c) Lançamento dos fatos geradores das contribuições.

d) Pagamento da contribuição social.

e) Dever do Cartório de comunicar óbitos.

80) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) Em relação ao salário-

maternidade e ao salário-família pagos às seguradas empregadas, é

correto afirmar que são

a) pagos pela empresa que poderá compensá-los com as

contribuições incidentes sobre a folha de salários.

b) pagos pelo INSS.

c) pagos pelas empresas sem direito à compensação.

d) pagos pela Assistência Social.

e) indevidos às seguradas autônomas.

81) (CESPE, PF – Delegado, 2004) João mantinha uma pequena

granja em chácara de sua propriedade e contava com o auxílio de

dois empregados, que percebiam remuneração mensal equivalente

a um salário mínimo. Por exercer o negócio por conta própria e

informalmente, João nunca efetuou os registros devidos nas

carteiras de trabalho de seus empregados, tampouco recolheu as

contribuições previdenciárias correspondentes. Nessa situação, se

for flagrado pela fiscalização, João responderá pelo crime de

sonegação de contribuição previdenciária, podendo o juiz restringir

275

a pena de reclusão prevista (de um terço até a metade) ou apenas

aplicar a pena de multa.

82) (CESPE, PF – Delegado, 2004) Como forma de otimizar suas

atividades, um grande supermercado contratou os serviços de uma

cooperativa de mão-de-obra, buscando o fornecimento de

trabalhadores para as funções de empacotamento e limpeza. No

entanto, por deixar de consignar nos documentos contábeis

adequados os valores pagos à cooperativa, o supermercado não

recolheu as contribuições previdenciárias incidentes, da ordem de

15% do valor bruto das notas fiscais respectivas. Nessa situação, os

responsáveis pela conduta típica indicada responderão pelo crime

de sonegação de contribuição previdenciária.

83) (TRT 21R, Juiz, 2010) O representante legal da empresa que,

para reduzir o valor das parcelas devidas à Previdência Social,

omite propositalmente da sua folha de pagamento o nome de vinte

empregados contratados:

a) incide no crime de falsidade ideológica;

b) incide no crime de sonegação de contribuição previdenciária;

c) incide no crime de falsificação de documento público

previdenciário;

d) incide no crime de apropriação indébita previdenciária;

e) nenhuma das alternativas está correta.

276

84) (TRT 3R, Juiz, 2009) A respeito do Direito Penal do Trabalho,

leia as afirmações abaixo e, em seguida, assinale a alternativa

correta:

I. Comete crime de falsidade documental quem insere ou faz inserir

na folha de pagamento ou em documento de informações que seja

destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que

não possua a qualidade de segurado obrigatório.

II. Comete crime de falsidade documental quem insere ou faz inserir

na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em

documento que deva produzir efeito perante a previdência social,

declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita.

III. Comete crime de falsidade documental quem insere ou faz

inserir em documento contábil ou em qualquer outro documento

relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência

social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.

IV. Comete crime de apropriação indébita previdenciária quem

deixa de repassar à previdência social as contribuições recolhidas

dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Nas

mesmas penas incorre quem deixar de recolher, no prazo legal,

contribuição ou outra importância destinada à previdência social

que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados ou

quem deixar de recolher contribuições devidas à previdência social

que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à

venda de produtos ou à prestação de serviço ou quem deixar de

pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou

valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência

social.

277

V. A pena será reduzida de um terço se o agente, espontaneamente,

declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições,

importâncias ou valores e presta as informações devidas à

previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes

do início da ação fiscal.

a) Somente uma afirmativa está correta.

b) Somente duas afirmativas estão corretas.

c) Somente três afirmativas estão corretas.

d) Somente quatro afirmativas estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

85) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) Como regra, o

beneficiário deve receber diretamente o benefício devido pelo INSS.

Porém, admite-se a constituição de procurador. Nessa situação,

a) a procuração tem validade de 6 (seis) meses, podendo ser

revalidada ou renovada pelo INSS.

b) a procuração poderá ser outorgada a parente de servidores

públicos civis ativos até o terceiro grau.

c) pode ser outorgada procuração coletiva nos casos de

representantes de asilos.

d) a procuração tem validade de 12 (doze) meses, não se admitindo

a renovação.

278

e) pode ser outorgada procuração aos militares ativos, sem grau de

parentesco com o beneficiário.

86) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) Para fins de cálculo do

salário de benefício, é correto afirmar que

a) o trabalhador doméstico está dispensado de provar os

recolhimentos à Previdência Social.

b) poderão ser utilizados os salários de contribuição constantes do

CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais para os segurados

em geral.

c) o empregado deve apresentar os recibos de pagamento para fins

de cálculo do valor do benefício.

d) o contribuinte individual não poderá valer-se das informações

constantes do CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais.

e) o segurado especial deverá comprovar o recolhimento das

contribuições para fins de cálculo do salário de benefício.

87) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) Maria requereu

aposentadoria especial e teve seu pedido indeferido pela Agência

da Previdência Social. Nessa situação, Maria poderá interpor

recurso para:

a) Câmara de Julgamento.

b) Ministério da Previdência Social.

279

c) Junta de Recursos da Previdência Social.

d) Gerência Executiva.

e) Juizado Especial Federal.

88) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Leonardo, segurado

empregado, trabalhou em uma empresa cujo prédio foi destruído

por um incêndio na década de 80 do século XX, situação

evidenciada por meio de registro junto à autoridade policial que

acompanhou os fatos. Nessa situação, Leonardo poderá comprovar,

com auxílio de testemunhas, o tempo trabalhado na empresa cujo

prédio foi destruído, averbando esse período em pedido de

aposentadoria por tempo de contribuição.

89) (CESPE, TRF2 – Juiz, 2009) A propósito do processo de

justificação administrativa, assinale a opção correta.

a) Em qualquer hipótese, a comprovação do tempo de serviço para

fins previdenciários deve realizar-se com base em início de prova

material, não sendo admitida a prova exclusivamente testemunhal.

b) A homologação da justificação judicial processada com base em

prova exclusivamente testemunhal dispensa a justificação

administrativa, em vista da autoridade da coisa julgada constituída.

c) A justificação administrativa deve ser admitida ainda que o fato a

comprovar dependa de registro público de casamento, de idade ou

de óbito.

280

d) Contra a decisão da autoridade competente do INSS que opinar

pela eficácia ou pela ineficácia da justificação administrativa não

caberá recurso.

e) O processamento da justificação administrativa traduz opção

legal conferida ao interessado, ainda que exista outro meio capaz de

configurar a verdade do fato alegado e de sua plausibilidade.

90) (CESPE, TRT1 – Juiz, 2010) Sérgio apresentou requerimento

administrativo para revisão de seu benefício previdenciário. O INSS

julgou improcedente a pretensão de Sérgio. Com base nessa

situação, e considerando a disciplina relativa à organização da

previdência social, assinale a opção correta.

a) Da decisão poderá ser interposto recurso no prazo de trinta dias,

não podendo o INSS, após a interposição, retratar-se de seu

entendimento e deixar de encaminhar o recurso à instância

competente.

b) A propositura de ação judicial, por parte de Sérgio, que tenha por

objeto idêntico pedido sobre o qual verse o processo administrativo

importará renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa

e, consequentemente, desistência do recurso interposto.

c) Todo recurso interposto em processo administrativo

concernente a benefício previdenciário deve ser recebido apenas no

efeito devolutivo.

d) A comunicação da decisão do órgão colegiado sobre a pretensão

de Sérgio terá de ser feita por correspondência sob registro, com

281

aviso de recebimento, ou pessoalmente, se a primeira forma restar

frustrada.

e) A decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social que

julgar o recurso de Sérgio, se favorável, terá sua eficácia

condicionada à publicação no boletim de serviço do INSS.

91) (FCC, Técnico do Seguro Social, 2012) Joana trabalhou como

empregada rural de janeiro de 1978 a dezembro de 1979. Ela foi,

também, escrevente do Poder Judiciário do Estado de São Paulo de

janeiro de 1980 a janeiro de 1982, com regime próprio de

previdência social. De janeiro de 1983 até janeiro de 2011

trabalhou no serviço público federal ao mesmo tempo em que

ministrava aulas como professora em faculdade particular, regida

pela CLT. Joana completou 60 anos em janeiro de 2011. Nessa

situação, Joana

a) poderá computar no Regime Geral de Previdência Social tanto o

período exercido como professora como o do serviço público

federal.

b) não poderá computar o tempo de serviço como escrevente do

Poder Judiciário do Estado de São Paulo.

c) não poderá receber aposentadoria por dois regimes

previdenciários.

d) poderá receber aposentadoria por idade no Regime Geral de

Previdência Social e aposentadoria por outro regime

previdenciário.

282

e) não poderá computar o tempo de contribuição como empregada

rural.

92) (CESPE, Técnico do Seguro Social, 2008) Renato era servidor

municipal vinculado a regime próprio de previdência social havia

16 anos, quando resolveu trabalhar na iniciativa privada, em 1999.

Nessa situação, o tempo de serviço prestado por Renato em outro

regime é contado como tempo de contribuição, desde que haja a

devida comprovação, certificada pelo ente público instituidor do

regime próprio.

93) (PGE-RO, Procurador, 2011) Com as modificações efetuadas a

partir das Emendas Constitucionais nº 20/98 e no 41/2003, a

garantia do regime previdenciário próprio restringe-se aos

servidores titulares de cargos

a) efetivos e aos titulares de cargo em comissão da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

b) efetivos e aos ocupantes de cargo temporário da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

c) efetivos e aos empregados públicos da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios.

d) efetivos, aos titulares de cargo em comissão, aos ocupantes de

cargo temporário e aos empregados públicos da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios.

283

e) efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.

94) (CESPE, IPAJM - Advogado,2010) Permite-se que seja inscrito

em RPPS ou nele permaneça

a) brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para

trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa

pública brasileira no exterior.

b) brasileiro civil que trabalhe para a União, no exterior, em

organismos oficiais brasileiros, ainda que lá domiciliado ou

contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do

país de domicílio.

c) ocupante de cargo de ministro de Estado, de secretário estadual,

distrital ou municipal, ainda que sem vínculo efetivo com a União,

estado, DF ou município.

d) diretor de empresa pública ou sociedade de economia mista.

e) militar que, amparado por RPPS, seja requisitado para outro

órgão ou entidade cujo regime previdenciário não permita filiação

nessa condição.

95) (FCC, Agente Técnico Legislativo AL-SP, 2010) Aos servidores

titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é

assegurado regime de previdência de caráter contributivo e

solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos

284

servidores ativos e inativos e dos pensionistas. Os servidores do

sexo masculino com sessenta anos de idade e trinta e cinco anos de

contribuição, abrangidos por este regime de previdência serão

aposentados

a) voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de cinco

anos de efetivo exercício no serviço público e no cargo efetivo em

que se dará a aposentadoria.

b) compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de

contribuição.

c) compulsoriamente, com proventos integrais relacionados na

Constituição Federal brasileira.

d) voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez

anos de efetivo exercício no serviço público e no cargo efetivo em

que se dará a aposentadoria.

e) voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez

anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo

efetivo em que se dará a aposentadoria.

96) (FCC, PGE/RR – Procurador, 2006) A respeito do regime

próprio de previdência dos servidores públicos da União, dos

Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, é correto afirmar:

a) Possui caráter contributivo, devendo observar critérios que

preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial, e, no que couber, os

requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência

Social.

285

b) Aplica-se aos titulares de cargo efetivo, cargo em comissão e

temporário, mas não aos ocupantes de empregos públicos, estes

integrantes do Regime Geral de Previdência Social.

c) Aplica-se exclusivamente aos titulares de cargo efetivo, sendo

vedada a esses a participação em regime de natureza

complementar.

d) Permite que os entes federados, no exercício de sua autonomia,

fixem critérios próprios para criação e concessão de benefícios.

e) Não possui caráter contributivo, tendo os benefícios

correspondentes natureza tipicamente administrativa e não

previdenciária.

97) (FCC, TCE/PR - Analista de Controle, 2011) Segundo a Lei nº

10.887/2004, em regra, aos dependentes dos servidores titulares

de cargo efetivo e dos aposentados de qualquer dos Poderes da

União, falecidos a partir da data de publicação da referida Lei, será

concedido o benefício de pensão por morte, até o limite máximo

estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência

social, que será igual a

a) 70% dos proventos percebidos pelo aposentado na data anterior

à do óbito.

b) totalidade dos proventos percebidos pelo aposentado na data

anterior à do óbito, acrescida de 30% da parcela excedente a este

limite máximo.

c) 50% dos proventos percebidos pelo aposentado na data anterior

à do óbito.

286

d) totalidade dos proventos percebidos pelo aposentado na data

anterior à do óbito, acrescida de 70% da parcela excedente a este

limite máximo.

e) 30% dos proventos percebidos pelo aposentado na data anterior

à do óbito.

98) (FMP-RS, TCE-MT - Auditor Público Externo, 2011) No âmbito

dos Regimes Próprios de Previdência Social, no que refere ao nível

dos Estados federados, é correto afirmar que:

a) pode haver aposentadoria por invalidez, aposentadoria

compulsória e aposentadoria voluntária.

b) pode haver a instituição de quaisquer benefícios a critério do

legislador estadual no livre exercício da autonomia dos entes

federados.

c) cuidando-se de competência exclusiva, a instituição de benefícios

dependerá sempre de norma federal.

d) cuidando-se de competência privativa, a instituição de benefícios

dependerá sempre de norma federal.

e) a instituição de benefícios deve observar a reserva de lei

delegada.

99) (FCC, MPE-SE - Analista do Ministério Público, 2009) O

segurado civil, homem, com 30 anos de contribuição e mulher com

25 anos, que tenha completado as exigências para aposentadoria

287

voluntária, mas que desejar continuar em atividade, terá direito a

um abono de permanência correspondente

a) a 8% do salário de contribuição previdenciária.

b) a um salário nominal por ano.

c) ao valor da sua contribuição previdenciária.

d) a 20% do salário nominal por mês.

e) a 13% do benefício a que teria direito.

100) (CESPE, Exame de Ordem - OAB, 2009) Com relação aos

servidores públicos, assinale a opção correta.

a) O servidor portador de deficiência não pode ter requisitos e

critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria.

b) Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão

declarado em lei de livre nomeação e exoneração, bem como de

outro cargo temporário ou de emprego público não se aplica o

regime geral de previdência social.

c) Pode-se estabelecer forma de contagem de tempo de

contribuição fictício, desde que mediante lei complementar.

d) Servidor público que exerça atividade de risco pode ter

requisitos e critérios diferenciados para a concessão de

aposentadoria.

Gabarito:

288

76 – E. A empresa deve é descontar dos empregados os valores por

eles devidos a título de contribuição previdenciária.

77 – E. Essa previsão não consta do rol de obrigações acessórias da

empresa, dispostas no art. 225 do RPS.

78 – E. A folha é referente a todos os segurados a serviço da

empresa, sendo obrigatória sua elaboração. Ela deve ser feita nos

moldes do § 9º do art. 225 do RPS.

79 – D. O pagamento da contribuição social é obrigação principal, e

não acessória.

80 – A. O salário-maternidade e o salário-família pagos às seguradas

empregadas são benefícios que a empresa paga e efetua o a

compensação com as contribuições incidentes sobre sua folha de

salários.

81 – Correta. Por suprimir contribuição previdenciária devida, João

responderá pelo crime de sonegação de contribuição

previdenciária.

82 – Correta. Novamente, como os fatos geradores de contribuições

sociais previdenciárias foram dados, haveria de ser feito o

recolhimento. Como este não ocorreu, os agentes responsáveis pela

conduta incorreram no crime sonegação de contribuição

previdenciária.

83 – B. Omitir, total ou parcialmente, remunerações pagas ou

creditadas, é conduta tipificada como de sonegação de contribuição

previdenciária.

289

84 – D. A alternativa V se encontra incorreta. É extinta a

punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e

efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e

presta as informações devidas à previdência social, na forma

definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

85 – C. Alguém só poderá ter mais de uma procuração ou

procurações coletivas nos casos de serem os outorgantes parentes

de primeiro grau ou nos casos de representantes credenciados de

leprosários, sanatórios, asilos ou outros estabelecimentos

congêneres.

86 – B. Os dados constantes no CNIS relativos a vínculos,

remunerações e contribuições valem como prova plena de filiação à

Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço ou de

contribuição e salário-de-contribuição.

87 – C. Sempre que não conformados com as decisões proferidas, os

interessados poderão interpor recurso às Juntas de Recurso.

Posteriormente, se a matéria não for de alçada exclusiva das Juntas

de Recurso, caso não conformados com as decisões proferidas pelo

julgamento do recurso ordinário, os segurados, as empresas e o

INSS poderão interpor recurso especial à Câmara de Julgamentos.

88 – Correta. Não será admitida prova exclusivamente testemunhal

para efeito de comprovação de tempo de serviço ou de

contribuição, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso

fortuito, caracterizados pela verificação de ocorrência notória, tais

como incêndio, inundação ou desmoronamento que tenha atingido

a empresa na qual o segurado alegue ter trabalhado.

290

89 – D. É admitida prova exclusivamente testemunhal em

ocorrências de motivo de força maior ou caso fortuito. A

homologação da justificação judicial processada com base em prova

exclusivamente testemunhal só dispensa a justificação

administrativa se complementada com início razoável de prova

material. A justificação administrativa não deve ser admitida

quando o fato a comprovar dependa de registro público de

casamento, de idade ou de óbito. Somente será admitido o

processamento de justificação administrativa na hipótese de ficar

evidenciada a inexistência de outro meio capaz de configurar a

verdade do fato alegado.

90 – B. A propositura pelo beneficiário de ação judicial que tenha

por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo

administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera

administrativa e desistência do recurso interposto.

91 – D. Aposentadoria concedida pelo RGPS pode acumular com

aposentadoria de RPPS.

92 – Correta. É assegurada a contagem recíproca do tempo de

contribuição tanto no RPPS quanto no RGPS, desde que esses não

sejam concomitantes. Nesse caso, os respectivos regimes terão de

se complementar financeiramente e a pessoa se aposentará no

regime a que estiver filiada.

93 – E. Só se destinam os RPPS aos servidores ocupantes de cargo

público efetivo.

94 – E. Quando alguém amparado por RPPS é requisitado para

outro órgão ou entidade cujo regime previdenciário não permita

291

filiação nessa condição, ele poderá permanecer filiado ao regime de

origem.

95 – E. Para os servidores do sexo masculino com sessenta anos de

idade e trinta e cinco anos de contribuição, a aposentadoria

voluntária está condicionada a dez anos de efetivo exercício no

serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a

aposentadoria.

96 – A. Os RPPS são de caráter contributivo e solidário, assegurados

mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores

ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que

preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Também observam, no

que couber, os requisitos e critérios fixados para o RGPS.

97 – D. A pensão será devida em sua integralidade até o limite

máximo do RGPS, sendo acrescida de 70% do valor excedente a

esse limite.

98 – A. São as aposentadorias de RPPS previstas no artigo 40 da

CF/88: a aposentadoria por invalidez; a aposentadoria

compulsória; e a aposentadoria voluntária.

99 – C. O servidor que completar os requisitos necessários à

concessão da aposentadoria voluntária, mas que optar por

permanecer em serviço, fará jus a um abono de permanência

equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária.

100 – D. Assim como no RGPS, há expressa previsão de proibição de

adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de

aposentadoria aos abrangidos pelo RPPS. A ressalva são os

portadores de deficiência, os que exercem atividade de risco e

292

aqueles cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais

que prejudiquem a saúde ou a integridade física.