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DIREITO PENAL I Prof. Dr. Urbano Félix Pugliese Lei penal no espaço

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Page 1: Direito penal i   lei penal no espaço

DIREITO PENAL IProf. Dr. Urbano Félix Pugliese

Lei penal no espaço

Page 2: Direito penal i   lei penal no espaço

Qual o lugar do crime?a) Teoria da atividade;b) Teoria do resultado; ouc) Teoria

mista/ubiquidade.

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Art. 6º., do CP:Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

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Não seguem o art. 6º., do CP:1) Crimes conexos em países diferentes: cada um é julgado pelo seu próprio país – Há separação;2) Crimes plurilocais: Segue-se o art. 70, caput do CPP: Teoria do resultado (A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o  Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2o  Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.

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Não seguem o art. 6º., do CP:§ 3o  Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Art. 71.  Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.);3) Crimes dolosos contra a vida: Teoria da atividade;4) Juizados Especiais Criminais: Teoria da atividade (art. 63, Lei n. 9.099/95);5) Crimes falimentares: Art. 185, da Lei n. 11.01/05: Local de decretação da falência, que foi concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação judicial; e6) Atos infracionais: Teoria da atividade (Lei n. 8.069/90art. 147, § 1º.).

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Conceitos doutrinários:Crimes à distância (espaço máximo): Quando a ação se dá em um país e o resultado ocorre em outro;Crimes em trânsito: Quando envolve mais de dois países; eCrimes plurilocais: Quando envolve mais de duas comarcas.

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Conceitos doutrinários:Crimes de trânsito (de circulação): Crimes abrangidos pelo CTB; eCrimes no trânsito: O fato ocorre no trânsito mas, não se aplica o CTB.

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Princípios relacionados com o tema:a) Territorialidade

(temperada/mitigada); b) Extraterritorialidade; e* As relações intl são regidas pelo princípio da reciprocidade.

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Territorialidade:Art. 5º. do CP: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional; e Contravenções penais: Dec. Lei n. 3.688/41, art. 2º. A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional.

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Território (local que o Estado exerce a sua soberania política):

Sentidos:a) Jurídico: Local que o Brasil exerce

soberania, mesmo não sendo território brasileiro; e

b) Real/efetivo/material: Território brasileiro:   b¹) Sentido estrito: Terra, água e ar; e

b²) Por extensão: Aeronaves e embarcações.

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Terras brasileiras:8.514.876,599 Km², segundo o IBGE.

Terra tem 6.371 Km de raio;

Solo e subsolo até onde o ser humano puder atingir;

Todas as riquezas são brasileiras; e

As normas penais são gerais, para todas as pessoas viventes nas terras brasileiras.

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Espaço aéreo brasileiro: Coluna de ar

atmosférico – 480 Km de altura; e

Lei n. 7.565/86, art. 11: O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial.

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Águas marítimas: Norma regente: Convenção de Montego Bay (1982), Decreto n. 1.530/95; e

Águas: Interiores (mares internos, ilhas, lagos e rios) e exteriores (mar costeiro).

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Águas marítimas: Mar territorial: 12 milhas náuticas, a partir da linha de baixa mar (1.852 m) – soberania plena;

Zona contígua: Art. 33 1. Numa zona contígua ao seu mar territorial, denominada zona contígua, o Estado costeiro pode tomar as medidas de fiscalização necessárias a: a) evitar as infrações às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários no seu território ou no seu mar territorial; b) reprimir as infrações às leis e regulamentos no seu território ou no seu mar territorial.

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Águas marítimas: Zona exclusiva econômica: Art. 56 - Direitos, jurisdição e deveres do Estado

costeiro na zona econômica exclusiva: 1. Na zona econômica exclusiva, o Estado costeiro tem: a) direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vista à exploração e aproveitamento da zona para fins econômicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes e dos ventos; c) jurisdição, de conformidade com as disposições pertinentes da presente Convenção, no que se refere a: i) colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas; ii) investigação cientifica marinha; iii) proteção e preservação do meio marinho; 200 mn;

Plataforma continental: Art. 76 - Definição da Plataforma Continental: 1. A plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância.

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Passagem inocente: Art. 17: Direito de passagem inocente - Salvo disposição em

contrário da presente Convenção, os navios de qualquer Estado, costeiro ou sem litoral, gozarão do direito de passagem inocente pelo mar territorial; e

Art. 18: Significado de passagem - 1. ‘Passagem’ significa a navegação pelo mar territorial com o fim de: a) atravessar esse mar sem penetrar nas águas interiores nem fazer escala num ancoradouro ou instalação portuária situada fora das águas interiores; b) dirigir-se para as águas interiores ou delas sair ou fazer escala num desses ancoradouros ou instalações portuárias. 2. A passagem deverá ser contínua e rápida. No entanto, a passagem compreende o parar e o fundear, mas apenas na medida em que os mesmos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força maior ou por dificuldade grave ou tenham por fim prestar, auxílio a pessoas, navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.

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Território brasileiro por extensão:

Art. 5º.: § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

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Território brasileiro por extensão:a) Aeronaves: Públicas (onde quer que estejam) e privadas (no espaço aéreo brasileiro); eb) Embarcações: Públicas (onde quer que estejam) e privadas (no mar territorial brasileiro).* Embaixadas não são territórios do Estado acreditante. Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, Dec. Lei n.  56.435, de 8 de junho de 1965: Art. 22: 1. Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão.

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Questão de concurso:Cespe/2008/Assessor do MPE: Um navio brasileiro de propriedade privada naufragou em alto mar e 15 passageiros conseguiram se salvar num barco salva-vidas. Um francês que ocupava o barco salva- vidas matou um espanhol, um brasileiro e um italiano para reduzir o peso da embarcação. O barco seguiu até o porto de Buenos Aires, na Argentina, onde os fatos foram comunicados às autoridades locais. Quanto aos homicídios praticados pelo francês, aplica-se a leia) brasileira.b) francesa.c) argentina.d) espanhola.e) italiana.

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Extraterritorialidade:Alguns crimes podem ser punidos pela justiça brasileira quando realizados fora do território brasileiro;Princípios regentes:a) Personalidade: A¹) Ativa: Agente ativo brasileiro; ou

A²) Passiva: Agente passivo brasileiro;b) Domicílio: domicílio no Brasil;c) Defesa/real/proteção: Bem jurídico protegido; d) Justiça universal/universalidade/cosmopolita: Todos

podem punir, independentemente da personalidade, domicílio ou bem jurídico tutelado; e

e) Representação/pavilhão/bandeira: Nos territórios de extensão.

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Questões de concursos: Cespe/2012/Analista Judiciário: C ou E: Julgue os itens a seguir, que

versam sobre a aplicação da lei penal. Considere que Paul, cidadão britânico domiciliado no Brasil, em visita à Argentina, tenha praticado o delito de genocídio contra vítimas de nacionalidade daquele país e fugido, logo em seguida, para o Brasil. Nesse caso, será possível a aplicação da lei penal brasileira.

Cespe/2007/AGU: C ou E: Em outubro de 1998, o general Augusto Pinochet, ex-presidente do Chile, foi preso em Londres por autoridades britânicas após a decisão de um magistrado espanhol. Em outubro do mesmo ano, uma corte inglesa decidiu sobre a prisão de Pinochet analisando a questão da imunidade de chefe de Estado, os crimes de tortura e genocídio por ele perpetrados quando presidente do Chile e os tratados internacionais dos quais a Inglaterra é signatária. Ainda de acordo com a doutrina e a legislação pertinente, e com base no texto acima, julgue o item a seguir.  Em tese, teria sido possível a prisão de Pinochet no Brasil, em decorrência de o país aceitar, atendidos determinados requisitos, o princípio da justiça universal, expressão do princípio da extraterritorialidade na persecução penal

C

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Extraterritorialidade:Incondicionalmente: Art. 7º. - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: • I - os crimes: • a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; • b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do

Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 

• c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; e

• d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 

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Genocídio (Lei n. 2.889/56):Art. 1º. Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:a) matar membros do grupo;b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; ee) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.

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Extraterritorialidade:Último caso de extraterritorialidade incondicionada: Art. 2º. da Lei n. 9.455/97 (Tortura): Art. 2º. O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Art., 7º., § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.Art. 8º., A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Detração penal)

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Extraterritorialidade:Condicionalmente:II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; e c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 

Page 26: Direito penal i   lei penal no espaço

Extraterritorialidade:Condicões:§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições (cumulativas): a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado (dupla tipicidade); c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; ee) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 

Page 27: Direito penal i   lei penal no espaço

Extraterritorialidade:Condicões:§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; ou b) houve requisição do Ministro da Justiça. 

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Questões de concurso: Cespe/2012/Agente: C ou E: Julgue os itens seguintes,

com relação ao tempo, à territorialidade e à extraterritorialidade da lei penal. A extraterritorialidade da lei penal condicionada e a da incondicionada têm como elemento comum a necessidade de ingresso do agente no território nacional.

Cespe/2013/Depen: C ou E: A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos no território nacional ainda que praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada em voo no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional.

E

C