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www.fatodigital.com.br Direito Penal 1 Prof. Jeferson Júnior Direito Penal PREPARATÓRIO CARREIRAS POLICIAIS Professor Jeferson Júnior Email: [email protected] Periscope: Jeferson Junior DIREITO PENAL O Código Penal possui 361 artigos e estes estão divididos em: Parte Geral (teoria do crime e das penas) art. 1º ao 120 Parte Especial (crimes) art. 121 ao 361 Parte Geral Conceito: Direito penal é um conjunto de normas que define certos comportamentos humanos como crimes, definindo os seus agentes e fixando as sanções (penas) a serem aplicadas. Conjunto de normas que qualificam certos comportamentos humanos como antissociais. Define os seus agentes. Fixa a sanção penal. Qual a missão do Direito Penal? Gunther Jakobs A função do direito penal é resguardar o sistema, a norma e o direito posto (o império da lei). Ou seja, o direito penal serve para proteger a Lei. Ex: O agente que furta um veículo ou uma caneta, está ferindo o sistema da mesma forma e, ao ferir o sistema, o agente torna-se inimigo (esse entendimento recebe o nome de Direito Penal do inimigo). Claus Roxin A função do direito penal é assegurar os bens jurídicos mais importantes e indispensáveis à vida em sociedade. Ex: No furto de uma caneta há irrelevância, devendo o Estado se valer de medidas de política criminal, pois a conduta não prejudica de maneira intolerável o bem jurídico, logo, não é função do direito penal resguardar bens jurídicos irrelevantes (Princípio da insignificância). Missão: Proteção de bens jurídicos mais relevantes; Prevenção da vingança privada (o Estado agora detém o monopólio da Justiça e do uso da força); Contenção da violência do Estado (manter os limites de ação dos órgãos estatais o Estado não pode usar ilimitadamente a força); Proteção do infrator da norma (todos, inclusive o acusado, são protegidos pelo direito penal Ex.: proibição de castigos corporais); Função: Função Legítima é instrumental, ou seja, serve de instrumento para proteção de bens jurídicos; Funções Ilegítimas (mas que ocorrem no Brasil) Promocional Uso exagerado do Direito Penal para proteger certos bens jurídicos. Ex.: para a proteção do meio ambiente, a média mundial é que haja mais ou menos seis crimes ambientais por pais, mas no Brasil há mais de sessenta. Simbólica Uso do Direito Penal para acalmar a ira da população, transmitindo a sensação de que com ele todos os problemas sociais são resolvidos. Ex.: Lei dos Crimes Hediondos caso da Glória Peres, após o homicídio de sua filha, Daniela Peres. Princípios do Direito Penal Legalidade/Reserva Legal art. 5º, XXXIX da CF/88 e art. 1º do CP; Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”; Anterioridade art. 5º, XXXIX da CF/88 e art. 1º do CP; Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”; Irretroatividade da Lei mais severa ou Retroatividade da Lei, mas benéfica art. 5º, XL da CF/88; A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”; Personalidade (ou intranscendência) das penas art. 5º, XLV da CF/88 Nenhuma pena passará da pessoa do condenado...” Individualização da Pena art. 5º, XLVI da CF/88; A lei regulará a individualização da pena...” Humanidade das Penas art. 5º, XLVII da CF/88 Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; 3) cruéis. ” Devido Processo Legal art. 5º, LIV: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”, ou seja, devem ser respeitados e observados todos os preceitos legalmente previstos. Presunção de Inocência art. 5º, LVII: “Ninguém será considerado culpado até o transito em julgado da sentença penal condenatória”. Intervenção mínima: Caráter Fragmentário: O direito penal só deve ser utilizado para proteger bens jurídicos relevantes, ou seja, não se presta a proteger bens insignificantes (Princípio da Insignificância), mas apenas à ataques intoleráveis a bens jurídicos relevantes; Caráter Subsidiário: O direito penal só deve ser utilizado quando o ataque a bens jurídicos relevantes não puder ser solucionado satisfatoriamente por outros ramos do direito; Alteridade: O direito penal só deve ser usado quando o bem jurídico relevante atacado afetar outra pessoa, como por exemplo, a auto-agressão contida no suicídio não é punida pois não passa da pessoa do agressor. Teoria da Norma Penal Lei Penal: é a regra escrita que descreve determinadas condutas como sendo criminosas. Ex.: Art. 121 do CP “matar alguém” Norma Penal: é a regra, o mandamento, por trás da Lei Penal. Ex.: enquanto a Lei Penal diz “matar alguém”, a norma por trás dela quer dizer “não matarás”. A Lei Penal é composta por dois elementos: Preceito primário: descrição ou definição da conduta criminosa; Preceito secundário: cominação de sanção/pena pra quem pratica aquela conduta criminosa; Lei Penal em Branco:

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Page 1: Direito Penal - fatoconcursos.com.br · Fixa a sanção penal. Humanidade das Penas Qual a missão do Direito Penal? Gunther Jakobs A função do direito penal é resguardar o sistema,

www.fatodigital.com.br Direito Penal

1

Prof. Jeferson Júnior – Direito Penal

PREPARATÓRIO

CARREIRAS POLICIAIS

Professor Jeferson Júnior

Email: [email protected]

Periscope: Jeferson Junior

DIREITO PENAL O Código Penal possui 361 artigos e estes estão divididos em:

Parte Geral (teoria do crime e das penas) – art. 1º ao 120

Parte Especial (crimes) – art. 121 ao 361

Parte Geral Conceito: Direito penal é um conjunto de normas que define certos comportamentos humanos como crimes, definindo os seus agentes e fixando as sanções (penas) a serem aplicadas.

Conjunto de normas que qualificam certos comportamentos humanos como antissociais.

Define os seus agentes.

Fixa a sanção penal.

Qual a missão do Direito Penal? Gunther Jakobs

A função do direito penal é resguardar o sistema, a norma e o direito posto (o império da lei). Ou seja, o direito penal serve para proteger a Lei.

Ex: O agente que furta um veículo ou uma caneta, está ferindo o sistema da mesma forma e, ao ferir o sistema, o agente torna-se inimigo (esse entendimento recebe o nome de Direito Penal do inimigo).

Claus Roxin

A função do direito penal é assegurar os bens jurídicos mais importantes e indispensáveis à vida em sociedade.

Ex: No furto de uma caneta há irrelevância, devendo o Estado se valer de medidas de política criminal, pois a conduta não prejudica de maneira intolerável o bem jurídico, logo, não é função do direito penal resguardar bens jurídicos irrelevantes (Princípio da insignificância).

Missão:

Proteção de bens jurídicos mais relevantes;

Prevenção da vingança privada (o Estado agora detém o monopólio da Justiça e do uso da força);

Contenção da violência do Estado (manter os limites de ação dos órgãos estatais – o Estado não pode usar ilimitadamente a força);

Proteção do infrator da norma (todos, inclusive o acusado, são protegidos pelo direito penal – Ex.: proibição de castigos corporais);

Função:

Função Legítima – é instrumental, ou seja, serve de instrumento

para proteção de bens jurídicos;

Funções Ilegítimas (mas que ocorrem no Brasil)

Promocional – Uso exagerado do Direito Penal para proteger

certos bens jurídicos.

Ex.: para a proteção do meio ambiente, a média mundial é que haja mais ou menos seis crimes ambientais por pais, mas no Brasil há mais de sessenta.

Simbólica – Uso do Direito Penal para acalmar a ira da

população, transmitindo a sensação de que com ele todos os problemas sociais são resolvidos.

Ex.: Lei dos Crimes Hediondos – caso da Glória Peres, após o homicídio de sua filha, Daniela Peres.

Princípios do Direito Penal Legalidade/Reserva Legal – art. 5º, XXXIX da CF/88 e art. 1º do CP;

“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”;

Anterioridade – art. 5º, XXXIX da CF/88 e art. 1º do CP;

“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”;

Irretroatividade da Lei mais severa ou Retroatividade da Lei, mas benéfica – art. 5º, XL da CF/88;

“A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”;

Personalidade (ou intranscendência) das penas – art. 5º, XLV da CF/88

“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado...”

Individualização da Pena – art. 5º, XLVI da CF/88;

A lei regulará a individualização da pena...”

Humanidade das Penas – art. 5º, XLVII da CF/88

“Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; 3) cruéis. ”

Devido Processo Legal – art. 5º, LIV:

“Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”, ou seja, devem ser respeitados e observados todos os preceitos legalmente previstos.

Presunção de Inocência – art. 5º, LVII:

“Ninguém será considerado culpado até o transito em julgado da sentença penal condenatória”.

Intervenção mínima:

Caráter Fragmentário: O direito penal só deve ser utilizado para proteger bens jurídicos relevantes, ou seja, não se presta a proteger bens insignificantes (Princípio da Insignificância), mas apenas à ataques intoleráveis a bens jurídicos relevantes;

Caráter Subsidiário: O direito penal só deve ser utilizado quando o ataque a bens jurídicos relevantes não puder ser solucionado satisfatoriamente por outros ramos do direito;

Alteridade:

O direito penal só deve ser usado quando o bem jurídico relevante atacado afetar outra pessoa, como por exemplo, a auto-agressão contida no suicídio não é punida pois não passa da pessoa do agressor.

Teoria da Norma Penal Lei Penal: é a regra escrita que descreve determinadas

condutas como sendo criminosas.

Ex.: Art. 121 do CP – “matar alguém”

Norma Penal: é a regra, o mandamento, por trás da Lei Penal.

Ex.: enquanto a Lei Penal diz “matar alguém”, a norma por trás dela quer dizer “não matarás”.

A Lei Penal é composta por dois elementos:

Preceito primário: descrição ou definição da conduta criminosa;

Preceito secundário: cominação de sanção/pena pra quem pratica aquela conduta criminosa;

Lei Penal em Branco:

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Toda lei penal incriminadora possui o preceito primário e o secundário, contudo, em alguns casos o preceito primário pode estar incompleto, necessitando ser completado por outra norma.

Nesse caso, chamamos essa lei de Norma Penal em Branco e podemos citar como exemplo a Lei de Drogas, que apesar de criar crimes, não define o que é Droga, necessitando ser complementada pela Portaria 344 da ANVISA.

Interpretação Lei Penal Interpretar a lei penal, significa extrair o seu exato alcance e real significado. O objeto da interpretação é a busca da vontade da lei e não da vontade do legislador.

Interpretação em relação ao Sujeito:

Autêntica (ou legislativa) – quando é feita pelo próprio legislador

Doutrinária (ou científica) – quando é feita pelos estudiosos do Direito;

Judicial (ou jurisprudencial) – quando é feita pelos Juízes e Tribunais de forma reiterada (repetidamente);

Interpretar a lei penal, significa extrair o seu exato alcance e real significado. O objeto da interpretação é a busca da vontade da lei e não da vontade do legislador.

Interpretação em relação ao Sujeito:

Autêntica (ou legislativa) – quando é feita pelo próprio legislador

Doutrinária (ou científica) – quando é feita pelos estudiosos do Direito;

Judicial (ou jurisprudencial) – quando é feita pelos Juízes e Tribunais de forma reiterada (repetidamente);

Interpretação em relação aos meios empregados:

Gramatical (ou literal) – quando se leva em conta o sentido liberal das palavras contidas na lei;

Lógica (ou teleológica) – quando se busca a vontade da lei, de acordo com o valor e a finalidade do dispositivo a ser interpretado;

Interpretação em relação aos resultados:

Declarativa – quando há exata correspondência entre a lei e a sua vontade;

Restritiva – quando a interpretação tiver que restringir o alcance da lei, adaptando-a à sua real vontade (a lei disse mais do que deveria;

Extensiva – quando se amplia o texto da lei para adaptá-la à sua real vontade (a lei disse menos do que deveria);

Lei Penal no Tempo

EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO –

Quando (no tempo) um crime é considerado praticado?

EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO - Quando (no tempo) um crime é considerado praticado? Há 3 correntes.

1ª Corrente: considera-se praticado no momento da conduta:

TEORIA DA ATIVIDADE.

2ª Corrente: considera-se o momento do resultado: TEORIA DO

RESULTADO.

3ª Corrente: considera o momento da conduta ou da

consumação: TEORIA MISTA ou da UBIQUIDADE.

O CP adotou a TEORIA DA ATIVIDADE.

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Sucessão da Lei Penal no Tempo

Em regra, a lei pena rege todos os atos ocorridos no seu tempo, ou seja, após a sua vigência, mas como já vimos, excepcionalmente a lei penal poderá retroagir para beneficiar o réu e, nesse caso, a lei nova irá reger atos praticados antes de sua vigência.

Se uma conduta for praticada na vigência de um lei que depois for modificada (lei nova), poderá surgir um conflito de leis penais no tempo (qual lei devo aplicar?).

Ex.: uma conduta é praticada na vigência de uma lei, contudo o resultado ocorre somente na vigência de uma lei posterior. Qual das duas leis regerá o ato?

Dependendo do conteúdo da nova lei, podem surgir as seguintes espécies:

Espécies de Novas Leis Penais Abolitio criminis: quando a lei nova revoga um crime.

Art. 2º do CP: “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”.

Novatio legis incriminadora: uma lei nova passa a

considerar crime, uma conduta que antes não era crime, como por exemplo, fumar narguile não é crime e você faz uso dessa substância, depois passa a ser crime.

Você pode ser punido por ter fumado antes da proibição? Resposta: NÃO. A lei nova não pode voltar atrás para te punir (Princípio da Irretroatividade da Lei mais severa)

Novatio legis in pejus: quando a lei nova, mantendo a

incriminação, agrava a situação do réu, como por exemplo, aumenta a pena do crime.

Nesse caso, a lei nova não poderá retroagir, pois o réu responderá pela pena vigente à época da prática do crime, não podendo ser atingido pela lei posterior que aumentou a pena. (Princípio da Irretroatividade da Lei mais severa)

Novatio legis in mellius: quando a lei nova, apesar de manter

a incriminação do crime, beneficia a situação do réu, como por exemplo, a lei nova reduz a pena de um crime. Nesse caso, a lei nova irá retroagir para beneficiar o réu

Art. 2º, parágrafo único do CP: “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”.

Conclusões da Sucessão de Leis Penais no Tempo:

A lei penal mais severa é irretroativa

A lei penal mais benéfica é retroativa

Exceções à essas conclusões:

Art. 3º do CP: “A lei excepcional ou temporária, embora

decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinada, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência”.

Lei Excepcional – é aquela que possui vigência durante

determinada situação emergencial.

Ex.: guerra, calamidades públicas, etc.

Lei Temporária – é aquela que possui vigência previamente

fixada pelo legislador.

Ex.: piracema.

Lei Penal no Espaço

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LUGAR DO CRIME – Onde se considera praticado o Crime? 1ª - Teoria da Atividade: considera-se praticado no local da ação

ou omissão considerada delituosa;

2ª - Teoria do Resultado: considera-se praticado no local onde

ocorre o resultado da ação ou omissão delituosa;

3ª - Teoria mista ou da ubiquidade: considera-se praticado tanto

no local onde ocorre a ação ou omissão, bem como onde ocorre o resultado;

Teoria adotada no Brasil – (UBIQUIDADE) art. 6º do CP: “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”.

Exceções:

Lei 9.099/95 – art. 63 (JECRIM) – teoria da atividade;

Lei 8.069/90 – art. 147, §1º I (ECA) – teoria da atividade;

Tribunal do Júri: CPP – art. 70, §2º do CPP - teoria do resultado;

Jurisprudência – teoria da atividade (para facilitar a persecução penal/processo);

Aplicação da Lei Penal no Espaço Regra: Princípio da Territorialidade

Art. 5º do CP – “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções internacionais, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional”.

O que se entende por território nacional?

Território: Universalidade de terras dentro dos limites de cada Estado. Espaço físico onde são exigíveis as normas que compõem o ordenamento jurídico de um Estado.

Aplicação da Lei Penal no Espaço

Aplicação da Lei Penal no Espaço Extensão do Território para efeitos Penais:

Art. 5º, do CP:

§1º - “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, nos espaços aéreos correspondente ou em alto mar”.

§2º - “É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a borde de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade priva, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”.

Conceitos:

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Navios Públicos: navios de guerra, em serviço militar, ou em

serviço oficial (serviço de chefes de Estado ou representante diplomáticos);

Aeronaves Públicas: Militares - integrantes das forças armadas,

inclusive aquelas requisitadas para missões militares;

Civis - destinadas ao serviço do Poder Público, inclusive as requisitadas na forma da lei;

Navios Privados: são os mercantes ou de propriedade privada –

em mar territorial estrangeiro se submete às leis do referido país, mas em alto mar, se submete às leis do país da bandeira que ostentam (Princípio do Pavilhão ou da Bandeira).

Aeronaves Privadas: todas aquelas aeronaves que não são

públicas;

Alto Mar: conjunto de zonas marítimas que não se encontram sob

a jurisdição de nenhum Estado;

Mar Territorial: 12 milhas náuticas – contada da faixa de maré-

baixa ou baixa-mar - Lei 8.617/93;

Espaço Aéreo: altitude acima do mar territorial;

Zona Contígua: de 12 a 24 milhas marítimas – Brasil pode adotar

medidas para fiscalizar e reprimir infração às leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários;

Zona Econômica: de 12 a 200 milhas marítimas – o Brasil tem

direito de soberania para fins de exploração, aproveitamento, conservação e gestão de recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas adjacentes ao leito do mar, desde o subsolo, inclusive para a finalidade econômica

Exceção: Extraterritorialidade (art. 7º do CP)

É exceção e só ocorre nos casos em que se aplica a lei brasileira sobre crimes que o Brasil se obrigou (por tratado ou convenção) a reprimir ou ainda quando o crime for praticado por estrangeiros contra brasileiros ou vice-versa.

A extraterritorialidade pode ser:

Incondicionada - art. 7º, I do CP;

Condicionada - art. 7º, II e §3º do CP;

Extraterritorialidade Incondicionada (art. 7º, I do CP): não está

subordinada a qualquer condição para atingir um crime cometido fora do território nacional.

Extraterritorialidade condicionada (art. 7º, II e §3º do CP): a

aplicação da lei brasileira a um crime cometido fora do território nacional está condicionada algumas situações.

Condições (art. 7º, §2º do CP):

Entrar o agente no território nacional;

Ser o fato punível também no país em que foi praticado;

Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena;

Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável;