direito para nao advogados - maria pia bastos

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  • DADOS DE COPYRIGHT

    Sobre a obra:

    A presente obra disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversosparceiros, com o objetivo de oferecer contedo para uso parcial em pesquisas eestudos acadmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fimexclusivo de compra futura.

    expressamente proibida e totalmente repudavel a venda, aluguel, ouquaisquer uso comercial do presente contedo

    Sobre ns:

    O Le Livros e seus parceiros disponibilizam contedo de dominio publico epropriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que oconhecimento e a educao devem ser acessveis e livres a toda e qualquerpessoa. Voc pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.link ou emqualquer um dos sites parceiros apresentados neste link.

    "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e no maislutando por dinheiro e poder, ento nossa sociedade poder enfim evoluir a

    um novo nvel."

  • Direito para no advogados: princpios bsicos do Direito para leigos, estudantes e profissionais Maria Pia Bastos-Tigre Buchheim e Joo Luiz Coelho da Rocha, 2013.

    Direitos desta edio reservados ao Servio Nacional de Aprendizagem Comercial Administrao Regional do Rio deJaneiro.

    Vedada, nos termos da lei, a reproduo total ou parcial deste livro.

    SISTEMA FECOMRCIO-RJSENAC RIO DE JANEIRO

    Presidente do Conselho Regional Orlando DinizDiretor-Geral do Senac Rio de Janeiro Julio PedroConselho Editorial Julio Pedro, Eduardo Diniz, Vania Carvalho, Marcelo Loureiro, Wilma Freitas, Manuel Vieira eElvira Cardoso

    Editora Senac Rio de JaneiroRua Marqus de Abrantes, 99/2 andarFlamengo Rio de Janeiro RJ CEP: [email protected]@rj.senac.brwww.rj.senac.br/editora

    Publisher Manuel VieiraEditora Elvira CardosoProduo editorial Karine Fajardo (coordenadora), Camila Simas, Cludia Amorim e Roberta Santiago (assistentes)Projeto grfico e diagramao Cacau MendesIlustraes Reinaldo LeeConverso para e-book Freitas Bastos

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.____________________________________________________________B934dBuchheim, Maria Pia Bastos-TigreDireito para no advogados [recurso eletrnico] : princpios bsicos do Direito para profissionais liberais, estudantes eempresrios / Maria Pia Bastos-Tigre Buchheim, Joo Luiz Coelho da Rocha. Rio de Janeiro : Ed. Senac Rio de Janeiro,2013.recurso digital (Para no especialistas ; 5)

    Formato: ePubRequisitos no sistema: Adobe Digital EditionsModo de acesso: World Wide WebInclui bibliografiaISBN 978-85-7756-213-8 (recurso eletrnico)

    1. Direito Brasil Snteses, compndios, etc. 2. Livros eletrnicos. I. Rocha, Joo Luiz Coelho da. II. Ttulo. III. Srie.

    12-8779. CDU: 34(81)

  • Prefcio

    Nosso dia a dia permeado de dvidas (at de angstias) sobre o que e o que no legal,e at onde vo nossos direitos e obrigaes. Essas questes no se apresentam somentequando estamos diante de situaes que possam ter consequncias importantes em nossasvidas; na maioria das vezes, esto relacionadas a todas as atividades em que estamosenvolvidos ou com as quais temos compromissos mais corriqueiros.

    A famlia, o condomnio em que moramos, a locao residencial ou comercial, as relaestrabalhistas, a relao societria, os planos de sade, um espetculo cancelado e at aaquisio de um imvel requerem do cidado um conhecimento bsico da legislao em vigorno Brasil, mas claro que situaes mais complexas sempre exigiro a participao deprofissional habilitado, com experincia e, preferencialmente, especializado no assunto objetoda preocupao do cidado.

    Em Direito para no advogados, Maria Pia Bastos-Tigre Buchheim e Joo Luiz Coelho daRocha no tm a pretenso de aprofundar os tpicos jurdicos tratados, pois, se assim ofizessem, o foco da empreitada que se dispuseram a enfrentar estaria perdido. O queimpressiona na obra a amplitude dos temas abrangidos; no h um s assunto que no nosafete diretamente, seja como profissionais liberais, estudantes, empresrios, seja como pais defamlia, que no merea um lcido esclarecimento por parte dos autores. At o relativamenterecente, to comentado e pouco estudado Direito Ambiental tema de precisa avaliao.

    Ao longo de todo o livro, encontra-se presente a preocupao de no se desconsideraremalgumas percepes populares de nosso arcabouo legal, como o famoso conceito esta leino pegou. Esse aspecto importante porque, dessa forma, os autores, neste detalhado guia,no se distanciam de seu objetivo bsico: decifrar a complexa teia legislativa e responder aquestes imediatas sem entrar em discusses que enveredem para aspectos conceituais doDireito e de seus institutos.

    Direito uma disciplina ampla e complexa que se ajusta de acordo com o desenvolvimentoda sociedade e das relaes humanas. Esse conceito, expresso nas Consideraes finais,destaca a ideia da oportunidade oferecida por esta publicao. A jurisprudncia (o conjuntode decises dos diversos tribunais brasileiros) faz com que o cidado seja obrigado aconhecer um pouco a evoluo desse ajuste. Nesse aspecto, Direito para no advogados umexcelente registro de nosso conjunto legislativo.

    Na elaborao desta obra, Maria Pia e Joo Luiz esquadrinharam todos os ramos do Direito

  • que constituem o objeto dos 15 captulos, deparando com a enorme quantidade de leis emvigor no pas (mais de cinco milhes). Como informam ainda nas Consideraes finais, oato de legislar, antes restrito ao Poder Legislativo, hoje dividido com o Poder Executivo,que legisla por meio de medidas provisrias, instrues normativas, portarias e resolues.

    A seo Exerccios e respostas, localizada no final, merece destaque por ser uma formainteligente de fazer o leigo se interessar por um ou vrios assuntos tratados e a incentiv-lo ase aprofundar naquele de seu interesse ou que esteja sendo objeto de preocupao especfica.Ao contratar os servios de um advogado, o leitor estar apto a discutir a matria com maispropriedade e a demonstrar algum conhecimento de causa.

    Este livro foi produzido com a inteno de lanar luz sobre todos os aspectos do Direito quepermeiam qualquer um de ns. Os autores lograram xito em seu intento ao percorrerem, comobjetividade e clareza, todos os temas aqui abordados. Minha firme impresso a de que estaobra integrar a biblioteca de muitas casas e escritrios do Brasil.

    Luiz Octavio da Motta VeigaAdvogado, ex-presidente da Comisso de Valores Mobilirios (CVM) e da Petrobras

  • Agradecemos a nossos familiarese equipe de advogados, consultores,

    estagirios e funcionrios do escritrioBastos-Tigre, Coelho da Rocha e Lopes Advogados

    o apoio e as valiosas contribuies.

  • Apresentao

    Em 2011, sugerimos Editora Senac Rio de Janeiro ampliar a coleo Para noespecialistas com a incluso de um livro que abordasse, de modo simples e objetivo, temasrelacionados ao Direito e ao exerccio da advocacia, com destaque para as principais leisexistentes no Brasil e seus efeitos na vida das pessoas.

    Do nascimento morte, enfrentamos diversas situaes que provocam reflexos no campojurdico: a obteno de autorizao para viajar desacompanhado dos pais; a conquista damaioridade civil e penal (aos 18 anos); o aluguel de um imvel; o financiamento para comprade automvel; a contratao de seguro-sade; a celebrao do casamento; o registro de umapatente; a constituio de sociedade; a contratao de empregado domstico, alm de centenasde contratos para a compra de bens e servios (transporte, supermercado, farmcia etc.); todosexemplos de atos jurdicos praticados regularmente.

    Embora a maioria desses atos dispense a assistncia de um advogado, em muitos casos recomendvel que se receba ao menos uma orientao a fim de evitar que um momento dealegria e conquista se transforme em tristeza e aborrecimento. Em outros casos, a presena doadvogado indispensvel, como veremos a seguir.

    Seja como for, acompanhado ou no de um profissional, importante que se conheam asprincipais leis, os institutos e as expresses jurdicas presentes no cotidiano dos brasileiros.Conhecer e fazer cumprir seus direitos e deveres um exerccio dirio de cidadania edemocracia.

    Assim, com este livro, buscamos desmitificar o Direito, aproximando-o da sociedade, seupblico-alvo. Embora no tenha sido possvel abordar todas as leis e todos os princpios emvigor no pas, procuramos destacar aqueles de interesse geral e que devem ser deconhecimento comum. Algumas questes foram deliberadamente omitidas por serem muitoespecficas, complexas ou desinteressantes para o grande pblico.

    Aos profissionais do Direito e estudantes de cursos jurdicos pedimos compreenso paramuitos dos conceitos e referncias aqui contidos. Como a obra se destina a um pblico leigo,foram empregados exemplos, analogias, ilustraes, por vezes de denotao pouco tcnica, embenefcio de uma assimilao mais fcil do contedo.

    Esperamos que a leitura seja to agradvel quanto o foi o trabalho de pesquisa e redao. Oscaptulos podem ser lidos na ordem em que se apresentam ou de forma independente. Caso oleitor no compreenda algum dos jarges jurdicos, v at o final do livro e busque o

  • significado. Grande parte dos termos apresentados j foi incorporada lngua portuguesa esua definio pode ser encontrada nos principais dicionrios.

    Maria Pia Bastos-Tigre BuchheimJoo Luiz Coelho da Rocha

  • Introduo

    Nas prximas pginas, o leitor ter uma viso da advocacia e do Direito em linguagem levee objetiva.

    Ao buscar aproximar o tema central do cotidiano das pessoas, evitou-se citar autoresfamosos, transcrever dispositivos legais e indicar o nmero de leis e artigos.

    Alguns assuntos so polmicos, como o reconhecimento da unio estvel entre pessoas domesmo sexo e a possibilidade de priso por dvidas. Outros so complexos e suaspeculiaridades s interessam queles que esto lidando com o problema, como ofuncionamento de uma ao de despejo ou de uma ao penal que dependa de representaodo ofendido. Evitou-se, contudo, a citao de decises judiciais e opinies doutrinrias.Determinados temas foram includos por sugesto de pessoas leigas ao longo do perodo deelaborao do livro, como o exame de DNA e o funcionamento do Tribunal do Jri.

    O Direito, assim como a medicina, divide-se em vrias reas de especializao. Hoje, difcil encontrar um advogado generalista que consiga se manter atualizado sobre todos ostemas jurdicos. preciso, ao menos, decidir-se por duas ou trs reas de interesse queestejam interligadas.

    A primeira escolha do estudante de Direito ou do prprio advogado entre a advocaciacvel e a criminal. Em segundo lugar, decide-se pelo exerccio da advocacia pblica, cujoingresso se d por meio da aprovao em concurso pblico, ou da advocacia privada, cujoexerccio se d em escritrios, empresas e associaes sem fins lucrativos.

    Tendo optado pela advocacia civil (ou cvel) na esfera privada, preciso definir uma reade atuao. As mais tradicionais so: trabalhista, tributria, empresarial, societria,imobiliria, de famlia e de sucesses, do consumidor e da propriedade intelectual. Outrasreas vm se destacando nos ltimos anos, como de energia, infraestrutura, meio ambiente edireito desportivo.

    Este livro foi escrito para pessoas que no tm domnio nem intimidade com o Direito.Como o leitor poder perceber, procurou-se misturar teoria e prtica; conceitos e exercciosde fixao. Os captulos esto organizados por temas e podem ser lidos de forma sequencialou alternada. Para finalizar, h as Consideraes finais e tambm o Apndice; neste estoinseridas as abreviaturas mais comuns na rea e as principais leis. Para recapitular osassuntos e testar os conhecimentos, h a seo Exerccios e respostas, na qual o leitorpoder ter uma noo da teoria aplicada prtica.

  • Todos os termos considerados especficos e, portanto, desconhecidos pelo leitor leigo estodestacados DESTA FORMA ao longo do livro. Os significados podem ser encontrados na seoDicionrio do aprendiz de advogado. Caso, aps a leitura dos captulos e do Apndice, oleitor tenha dvidas, poder esclarec-las com os autores ou com um advogado de suaconfiana.

  • Captulo 1

    As leis que afetam o nosso cotidiano

    1.1 Onde no h lei no h justiaExistem no Brasil diversos dispositivos legais, entre leis, medidas provisrias, decretos,

    portarias, atos regulatrios, instrues normativas, resolues e outras normas editadas pelaUnio, pelos estados, municpios e AUTARQUIAS. A cada ano, novas leis so aprovadas,substituindo ou complementando as atuais, como forma de refletir as mudanas e odesenvolvimento da sociedade.

    O Poder Legislativo, alm de propor novas leis, verifica as legislaes obsoletas, superadaspor outras mais atuais, reunindo aquelas que tratam de temas especficos e relevantes para asociedade, estabelecendo-se, assim, um MARCO REGULATRIO. o caso do Cdigo Florestal edo Estatuto do Desarmamento.

    Apesar da quantidade de leis e do linguajar rebuscado, as normas foram feitas para a

  • populao. Por isso, o legislador deve sempre adotar uma linguagem simples e objetiva, quepossa ser lida e compreendida pela maioria das pessoas. Dependendo do tema, contudo, nemsempre isso possvel.

    As leis recebem um nmero, seguido do ano em que foram aprovadas. Para facilitar suaaplicao, muitas vezes so conhecidas pelo nome popular, como a Lei Maria da Penha(oficialmente, Lei n 11.340/2006), que pune com rigor as agresses contra as mulheres.

    As normas seguem uma hierarquia, em que a Constituio Federal ocupa o topo da pirmide,prevalecendo sobre as demais:

    1.2 Legislao bsicaInfelizmente, nem mesmo o melhor dos advogados conhece todas as leisem vigor no Brasil.

    Estima-se que existam mais de cinco milhes de leis ativas. Algumas, no entanto, requeremateno especial pela relevncia em nossa vida, independentemente de idade, escolaridade,renda ou ocupao profissional.

    Constituio Federal (CF) de 1988 a lei maior do pas. Grande parte das questes jurdicas se resolve aqui. leitura obrigatria para qualquer brasileiro. Enumera princpios e garantiasindividuais e coletivas.

    Cdigo Civil de 2002Estabelece regras relativas personalidade, responsabilidade civil, a

  • obrigaes, direitos reais, contratos, famlia e sucesses.

    Lei de Introduo ao Cdigo CivilAprovada em 1916, introduz as principais questes tratadas no Cdigo Civil aoestabelecer a lei aplicvel, considerando o tempo, o espao (domiclio) e anacionalidade das partes envolvidas.

    Estatuto da Criana e do Adolescente de 1990Todo mundo tem filho, sobrinho ou j foi criana um dia. Proteg-los dever dafamlia, da sociedade e do Estado.

    Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC)Estabelece os direitos e as obrigaes entre fornecedores e consumidores. Otexto material obrigatrio nos estabelecimentos comerciais de todo o pas.

    Cdigo de Trnsito BrasileiroLeitura obrigatria para motoristas, pedestres e passageiros. Trnsito vida.

    Lei dos Juizados Especiais Cveis e CriminaisTambm conhecido como Juizado de Pequenas Causas, os juizados especiaiscveis tm competncia para resolver conflitos simples, que envolvam pessoasfsicas e jurdicas, cujo valor seja de at quarenta salrios mnimos. Os juizadoscriminais julgam crimes de menor potencial ofensivo.

    Consolidao das Leis do Trabalho (CLT)Empregados e empregadores devem conhecer e respeitar seus direitos eobrigaes.

    Lei do Inquilinato (ou Lei de Locaes)O direito propriedade um dos direitos fundamentais previstos na ConstituioFederal. Em um pas em que a casa prpria ainda um sonho, morar dealuguel a realidade da maioria da populao.

    Cdigo Penal de 1940

  • Estabelece os crimes, as contravenes e suas respectivas penas. Ningumpode ser condenado por ato no definido por lei como crime nem alegar odesconhecimento da lei como forma de justificar um ato ilcito. Saiba o que a leidetermina como crime e evite pratic-lo.

    Estatuto do Idoso de 2005Depois dos 60 anos, os direitos so maiores que os deveres. Lembre-se: sno chega terceira idade quem morre antes.

    Cdigo EleitoralPara votar (a partir de 16 anos) e ser votado (a partir de 18 anos). O voto secreto, obrigatrio e direto.

    Lei do Direito AutoralOs direitos autorais esto por toda parte e servem para proteger textos deobras literrias, artsticas e cientficas; obras dramticas; coreografias;composies musicais e audiovisuais; desenhos, pinturas, gravuras, esculturas,fotografias, ilustraes; artes plsticas; adaptaes e tradues; aplicativos eprogramas de computador. dever da sociedade proteger e valorizar o autor.

    Lei dos Planos de SadeInfelizmente, ainda no d para depender apenas do Sistema nico de Sade(SUS). Quem pode contrata um plano de sade privado. Aprovada em 1998, aLei dos Planos de Sade ampliou a cobertura e os direitos das pessoasatendidas por planos individuais ou coletivos, sujeitos fiscalizao da AgnciaNacional de Sade Suplementar (ANS).

    Fique atento! Ningum pode alegar desconhecimento da lei como justificativapara seu descumprimento. Da mesma forma, ningum obrigado a fazer oudeixar de fazer algo que no esteja previsto em lei. Cabe a cada um atentar sleis que afetam diariamente suas vidas pessoal e profissional, e manter-seatualizado.

    Para mais informaes, v seo Fontes para consulta, pgina 189. L, entre outros sitesteis, est o do governo brasileiro, com a ntegra de todas as legislaes federais (Portal daLegislao).

  • Captulo 2

    Noes de Direito

    2.1 O que Direito?Direito nada mais do que um conjunto de leis, normas e princpios estabelecidos pelo

    poder pblico para regular a vida de determinado povo em determinada poca e emdeterminado territrio, o que ocasiona uma srie de direitos e deveres. O Direito pode serclassificado em direito objetivo e direito subjetivo.

    O direito objetivo se materializa nas leis, nas decises dos tribunais, nos princpios e noscostumes que norteiam determinada sociedade. Tem carter geral e imperativo, ou seja, seaplica a todos e por todos dever ser cumprido. Em muitos casos, prev uma sano (pena) nahiptese de descumprimento. As penas podem ser objetivas (como a restrio de direitos ou opagamento de multas) ou de ordem moral, aplicadas pela prpria sociedade, por um vizinho,colega de trabalho ou parente, que o repudia pela inobservncia de uma norma de conduta.

    O direito subjetivo, por sua vez, consiste na liberdade de agir, na faculdade de exercer umdireito a ser respeitado por todos. Materializa-se na prerrogativa do indivduo de atuar emdeterminada sociedade, como direito de ir e vir, direito de imagem, direito sade, entreoutros garantidos pela legislao brasileira.

    O Direito se classifica tambm em pblico e privado. O direito pblico manifesta-se narelao dos indivduos com o Estado ou entre estados (pases), com o objetivo de preservaros interesses da coletividade. Em razo da coletividade qual se destina, o direito pblico composto de normas impositivas, de aplicao e obedincia obrigatria, como a legislaopenal e administrativa.

    O direito privado, por sua vez, est presente nas relaes entre pessoas fsicas ou jurdicas.Embora em sua maioria tambm seja composto de normas impositivas, no direito privado, avontade e o interesse do particular so fatores predominantes e devem sempre ser levados emconsiderao, como o caso da legislao civil e comercial.

    No Brasil, adota-se o sistema jurdico da civil law, ou seja, da lei escrita, em contraposioao sistema anglo-saxo da common law (adotado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido,por exemplo), em que h a prevalncia dos costumes e dos precedentes judiciais sobre as leisescritas.

  • Em uma estrutura com base nas leis, como a brasileira, os juzes fundamentam suas decisesna legislao constitucional (Constituio e emendas constitucionais) e infraconstitucional(leis complementares, leis ordinrias, medidas provisrias, decretos, resolues, portarias einstrues).

    Os tribunais brasileiros baseiam suas decises nas leis vigentes aplicveis aos fatosapresentados pelas partes. Contudo, se determinada hiptese no se incluir em uma norma oulei especfica, utilizam-se outras fontes do Direito, como a JURISPRUDNCIA (interpretao dostribunais), os princpios (orientaes gerais), a analogia (equiparao), os costumes, alm daequidade (adaptao da regra ao caso concreto) e da doutrina (pareceres, livros e textosacadmicos).

    De acordo com a Constituio Federal, ningum pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazeralguma coisa se no em virtude de lei. Esse o princpio constitucional da legalidade, queresume o esprito da civil law e do ordenamento jurdico brasileiro.

    A lei apresenta algumas caractersticas-padro: genrica, pois se dirige a um nmeroindeterminado de pessoas, e no somente a uma ou duas; imperativa, pois decorre do poderpblico ao exigir, permitir ou proibir determinada conduta; autoritria, pois permite que oEstado ou particular exija seu cumprimento ou reparao; permanente, no se exaurindo emuma s aplicao. Vigora at que seja revogada por outra norma. escrita, o que confere maislegitimidade e estabilidade s relaes pblicas e privadas.

    De modo geral, uma lei passa a ser obrigatria na data de sua publicao, aps ter sidoelaborada, discutida, votada e promulgada pelo Poder Legislativo e sancionada pelo PoderExecutivo. s vezes, no entanto, em razo da complexidade ou da importncia para asociedade, necessrio um prazo entre a publicao e a entrada em vigor de, em mdia, 45dias, podendo ser at maior se assim o legislador entender.

    2.2 A Constituio FederalAprovada em 1988, a Constituio Federal a me de todas as leis. nela que esto

    estabelecidas as regras e os princpios gerais que norteiam o Estado e o ordenamento jurdicobrasileiro, alm da previso dos direitos e garantias fundamentais, como a liberdade deexpresso, de religio, de associao, o direito vida e sade, a livre iniciativa, opluralismo poltico, entre outros. Nela tambm est definido o limite da atuao do Estado navida de indivduos e empresas.

    Ao contrrio das demais leis, a aprovao do texto constitucional depende da convocaode uma Assembleia Constituinte que, em nome do povo brasileiro, aprova regras que limitama atuao, a competncia e o poder do Estado.

    Segundo a Constituio, so entidades da Repblica Federativa do Brasil: a Unio, os

  • estados, os municpios e o Distrito Federal. A Federao se sustenta nos princpios daautonomia dos entes pblicos em matria de arrecadao, administrao e representao, e noprincpio da repartio das competncias entre as vrias esferas polticas.

    A Constituio Federal instituiu trs poderes distintos, autnomos e independentes:

    O Poder Legislativo, que exercido pelo sistema bicameral, por meio do CongressoNacional, composto da Cmara dos Deputados e do Senado Federal. Nos estados emunicpios, vigora o sistema unicameral. Nos estados, h as assembleias legislativas,reunindo os deputados estaduais; nos municpios, as cmaras de vereadores. Osrepresentantes do Poder Legislativo (senadores, deputados e vereadores) so eleitos pelopovo por meio do voto direto e obrigatrio.

    O Poder Executivo o responsvel pela chefia do Estado, do governo e da administraopblica. Assim como no Legislativo, o chefe do Poder Executivo (federal, estadual,municipal ou distrital) eleito pelo povo.

    O Poder Judicirio o garantidor do chamado estado democrtico de direito. Tem comoobjetivo a defesa das leis, a proteo dos direitos e garantias fundamentais e a manutenoda ordem pblica. Seus integrantes so indicados pelo governo, pela sociedade civil (nocaso, por exemplo, dos ministros do Supremo Tribunal Federal STF e do Superior Tribunalde Justia STJ), escolhidos por meio de concurso pblico ou por promoo interna.

    Veja, no quadro a seguir, uma comparao entre os trs poderes:

    mbito PoderExecut ivo Poder Legis lat ivo Poder Judic irio

    Federal Presidente Congresso Nacional (Senado Federal e Cmara dosDeputados)

    Supremo Tribunal Federal (STF) eSuperior Tribunal de Justia (STJ)Tribunal Superior do Trabalho (TST)Justia FederalTribunais Regionais Federais (TRF)Juizados Especiais FederaisJustia MilitarTribunal Superior Eleitoral (TSE)

    Estadual Governadores Assembleias Legislativas

    Tribunais de Justia (TJ)Juizados Especiais Cveis e Criminais(JEC)Tribunal Regional Eleitoral (TRE)Tribunal Regional do Trabalho (TRT)

    Municipal Prefeitos Cmara de Vereadores No h

    Desde sua aprovao, a Constituio Federal sofreu uma srie de alteraes (emendas). Aotodo, so mais de 65 emendas que dispem sobre as mais variadas matrias. Existem, noentanto, as chamadas CLUSULAS PTREAS, que representam a essncia da Constituiobrasileira e, por esse motivo, no so passveis de alterao por meio de EMENDACONSTITUCIONAL. o caso da diviso dos poderes entre Executivo, Legislativo e Judicirio;

  • dos direitos e garantias fundamentais institudos no artigo 5o; do livre exerccio da atividadeeconmica (artigo 170); e da proteo ao meio ambiente (artigo 225). Para alter-las, necessrio convocao de nova Assembleia Constituinte, o que no simples.

    Alm da Constituio Federal, cada um dos 27 estados da Federao tem sua prpriaConstituio Estadual (incluindo o Distrito Federal). Os mais de 5 mil municpios brasileiros,por sua vez, so regidos pelas LEIS ORGNICAS.

    A Constituio estabelece a competncia para legislar sobre temas de interesse do Estado eda sociedade brasileira. Alguns assuntos so de competncia exclusiva de um ente pblico, eoutros so de competncia concorrente ou suplementar, conforme demonstra a tabela a seguir:

    Competncia LegislativaTema Unio Estados e Distrito Federal Municpio

    Educao

    Segurana pblica

    Moeda

    Tributos

    Vigilncia sanitria

    Sade e seguridade social

    Cultura

    Trnsito

    Ordem pblica

    Meio ambiente

    O Plebiscito de 1993 confirmou o sistema presidencialista como regime e a repblica comoforma de governo. Desde o fim da ditadura, somos uma democracia multipartidria, comeleies diretas a cada quatro anos para presidente, governador, prefeito, senador, deputadosfederais, deputados estaduais e vereadores.

    O STF o rgo mximo do Poder Judicirio, responsvel, entre outras atribuies, pelocontrole da constitucionalidade de leis e atos normativos federais e estaduais. Ao STJ cabejulgar, em ltima instncia, os recursos contra decises que contrariem a lei federal.

    O sistema judicirio brasileiro composto ainda de tribunais federais e estaduais emprimeira instncia (Justia Federal e Tribunal de Justia) e segunda instncia (Tribunais deJustia Estaduais e Tribunais Regionais Federais). H tambm os Tribunais Especializados,que o caso da Justia do Trabalho, do Tribunal Militar e do Tribunal Regional Eleitoral. Hainda tribunais especficos, que julgam questes de menor complexidade, como o JuizadoEspecial Cvel e o Juizado Especial Federal. No h Poder Judicirio municipal.

  • 2.3 Direitos e garantias fundamentaisComo vimos, a Constituio Federal estabelece uma srie de direitos e garantias

    fundamentais. Merecem destaque os seguintes:a) liberdade de expresso;b) liberdade religiosa;c) direito a privacidade;d) inviolabilidade do lar;e) sigilo de correspondncia;f) direito de ir e vir;g) direito de propriedade;h) direito adquirido, ato jurdico perfeito e coisa julgada;i) direito a informaes por parte do Estado; ej) livre iniciativa.

    Esses princpios norteiam a atuao dos poderes Executivo, Legislativo e Judicirio,evitando que atos, leis e decises praticados ou aprovados por eles contrariem os princpios eas garantias inseridos na Constituio Federal.

    2.4 Medida ProvisriaTambm conhecidas pela sigla MP, as medidas provisrias so normas emitidas pelo chefe

    do Poder Executivo (presidente da Repblica), com fora de lei, sem a participao do PoderLegislativo, em razo de urgncia e relevncia do tema. Se no for convertida em lei no prazode 120 dias, revogada, tornando-se sem efeito.

    Embora muito utilizada nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Incio Lula daSilva, em virtude de sua praticidade, alguns temas no podem ser objeto de medidasprovisrias, como nacionalidade, direito penal e processual, diretrizes oramentrias, entreoutros.

    Na seo Fontes para consulta, pgina 189, o leitor encontra, entre outros sites, o doMinistrio da Justia, com informaes adicionais sobre o assunto.

  • Captulo 3

    Processo e procedimento

    3.1 Tipos de processoTodos ns, cedo ou tarde, nos envolvemos em um processo, seja judicial, administrativo,

    seja arbitral, na qualidade de autor, RU ou testemunha. No basta seguir a lei. preciso queas pessoas a nosso redor tambm o faam.

    O processo judicial aquele que corre em um dos FOROS e nos tribunais do pas. Podetramitar na Justia Estadual (causas cveis, de famlia, de sucesses, tributrias ouempresariais); na Justia do Trabalho (relativa a empregados e empregadores); ou na JustiaFederal (causas que envolvam a Unio e seus rgos e AUTARQUIAS).

    O processo administrativo se desenvolve nos rgos pblicos federais, estaduais oumunicipais. o caso do Banco Central do Brasil (Bacen), do Departamento Estadual deTrnsito (Detran), do Conselho de Contribuintes, da Secretaria Municipal de Urbanismo(SMU) e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O processo arbitral, por suavez, julgado por um Tribunal ou Cmara de Arbitragem e Mediao independente ouvinculada a alguma instituio, associao, cmara de comrcio ou rgo de classe. Consiste,como veremos mais adiante, em uma alternativa para a soluo de conflitos, sem anecessidade de se recorrer ao Poder Judicirio.

    A escolha entre uma dessas vias deve considerar, necessariamente, os seguintes aspectos:

    a) partes envolvidas;b) matria discutida;c) valor da causa;d) pedido a ser feito;e) urgncia na soluo do conflito; ef) previso contratual.

    3.2 Processo judicialNesta seo, daremos destaque ao processo judicial, que o mais comum dos

    procedimentos citados. A ao judicial o processo pelo qual se pleiteia, em juzo, algo que o

  • autor entende lhe ser devido, com o objetivo de obter uma sentena de mrito favorvel suacausa.

    Quando estamos envolvidos em um processo, comum considerarmos o andamentodemorado, quando o direito est do nosso lado, e rpido demais, quando praticamos um atoilcito e estamos sendo processados. Isso porque o Cdigo de Processo Civil (CPC) prevuma srie de procedimentos e recursos que devem ser observados pelas partes e pelo juiz,dentro de prazos preestabelecidos, respeitando-se certas formalidades. Pode ser rpido oudemorado, dependendo das circunstncias.

    No Brasil, as principais aes judiciais discutem questes que envolvem:

    a) pagamento de benefcios previdencirios;b) recebimento de direitos trabalhistas;c) obteno da guarda de filho;d) prestao de alimentos;e) indenizaes por danos materiais e morais que envolvem bancos e concessionrias de

    servios pblicos; ef) execuo de tributos federais, estaduais e municipais, denominada execuo fiscal.

    Fique atento! Se voc for autor ou ru em um processo judicial, estejapreparado para contratar um advogado, apresentar documentos, pagar custasprocessuais, comparecer, ao menos uma vez, ao tribunal para prestardepoimento, participar de audincias ou acompanhar o julgamento de um recursoe, sobretudo, esperar. Muitas pessoas deixam de procurar o Poder Judiciriopor causa dos custos. Em alguns casos, possvel requerer o benefcio daJUSTIA GRATUITA.

    Os processos judiciais so julgados, em primeira instncia (grau), pelos seguintes cartrios:

    Varas de Registros Pblicos: ratificao e revogao de atos e registros pblicos. Varas Empresariais: processos de falncia e recuperaes judiciais. Varas Cveis: aes de despejo, cobrana e indenizatrias. Varas Criminais: aes penais pblicas e privadas. Varas de Execuo Penal: execuo das penas e concesso de liberdade condicional. Varas de Fazenda Pblica: aes de interesse dos estados e municpios. Varas de rfos e Sucesses: inventrios e testamentos. Varas de Famlia: separao, divrcio e prestao de alimentos. Varas da Infncia e da Juventude: adoo e pedidos de autorizao envolvendo menores. Juizados Especiais Cveis e Criminais: causas de menor complexidade e de menor valor.

  • Varas do Trabalho: reclamaes trabalhistas e acidentes de trabalho. Varas Federais: aes de interesse da Unio Federal, incluindo a cobrana de tributos.

    O processo judicial marcado por diligncias internas e externas, feitas pelo juiz, peloescrivo, por escreventes, peritos, contadores ou oficiais de justia; por prazos, em geral, de5, 10 ou 15 dias; por recursos a outras instncias julgadoras, alm de diversas formalidades,como a comunicao por meio de peties e publicaes no DIRIO OFICIAL DA UNIO. Aorganizao e a eficincia dos funcionrios do cartrio so determinantes.

    O CPC estabelece de que forma devero ser conduzidos esses processos, dependendo dovalor, da natureza da ao, do bem envolvido, entre outros requisitos.

    O quadro esquemtico ao lado resume os principais ritos que um processo pode seguir,dependendo do tipo de ao (execuo, ordinria, especial ou sumria).

    Alm do CPC, o processo segue alguns princpios gerais e outros especficos. Os maisimportantes so:

    a) do contraditrio e da ampla defesa; eb) duplo grau de jurisdio.

    O primeiro garante oportunidade para se defender de forma ampla de uma acusao ouproteger direito que esteja sendo ameaado. O segundo estabelece que nada ser decidido emum s nvel, grau ou instncia, havendo sempre um recurso cabvel para um RGOCOLEGIADO. Tal princpio vale tambm para os processos administrativos, mas no para oprocesso arbitral, em que os rbitros decidem de modo definitivo.

    Voc sabia? Decises administrativas, judiciais e mesmo as arbitrais precisamser fundamentadas com argumentos e, principalmente, com a indicao do textolegal que a sustente. A deciso da Justia no se discute, cumpre-se. possvel, contudo, recorrer a instncias superiores ou, excepcionalmente,rescindi-la, por meio de ao prpria chamada de AO RESCISRIA.

    Tipo deao Execuo Rito ordinrio

    Procedimentosespec iais Rito sumrio

    Execuo porttulo judicial(sentena),extrajudicial(cheques, notaspromissrias,contratos) ouexecuo fiscal(tributos vencidose no pagos).

    Ao indenizatria,ao de obrigaode fazer ou nofazer, aodeclaratria,ao anulatria,entre outras.

    Desapropriao,ao popular,MANDADO DE SEGURANA,revisional dealuguel, despejo,renovatria,prestao decontas, entreoutros.

    Causas inferioresa 60 salriosmnimos, cobranade condomnio,ressarcimento pordanos em acidentesde trnsito.

    1 grau ou Petio inicial Petio inicial Petio inicial Petio inicial

  • 1 instncia

    Citao do ru(por correio,edital ou oficialde justia)a) Com embargos*b) Sem embargos**c) Exceo de pr--executividade

    Citao do ru(por correio, editalou oficial de justia)CONTESTAORplicaAudincia deConciliao

    Citao do ru(por correio,edital ou oficialde justia)ContestaoVaria de acordocom cadaprocedimentoespecial

    Citao do ru(por correio, editalou oficial de justia)e designao deAudincia deConciliao

    Sentena(Embargos deDeclarao)

    Fase Probatria(documentos,testemunhas,percia edepoimentodas partes)

    Sentena(Embargos deDeclarao)

    Audincia deConciliao eContestao oralou escrita

    Audincia deInstruo eJulgamento

    Audincia deInstruo eJulgamento

    Sentena (Embargosde Declarao)

    Sentena (Embargosde Declarao)

    2 grau ou2 instncia

    APELAO Cvel(Embargos deDeclarao,EmbargosInfringentes)

    Apelao Cvel(Embargos deDeclarao,EmbargosInfringentes)

    Apelao Cvel(Embargos deDeclarao,EmbargosInfringentes)

    Apelao Cvel(Embargos deDeclarao,EmbargosInfringentes)

    STF e/ouSTJ

    RecursoExtraordinrioe/ou RecursoEspecial

    RecursoExtraordinrioe/ou RecursoEspecial

    RecursoExtraordinrioe/ou RecursoEspecial

    RecursoExtraordinrioe/ou RecursoEspecial

    * Com garantia ou penhora de bens.** Com pagamento voluntrio ou penhora de bens.

    3.3 Prazos prescricionaisDe acordo com a Constituio, nenhuma leso ou ameaa a direito pode ser excluda da

    apreciao do Poder Judicirio. No entanto, diz o ditado que o Direito no socorre os quedormem. Assim, importante ficar atento aos prazos prescricionais, previstos em lei, paraevitar a prescrio do direito que se deseja resguardar. Seguem alguns deles:

    Prazoprescric ional Ao ou direito

    120 dias Interposio de mandado de segurana contra ato ilegal praticado por autoridade pblica.

    180 dias Propositura de ao renovatria antes do vencimento da locao comercial.

    1 ano Ao do segurado contra o segurador.

    2 anos Cobrana de prestao de alimentos vencidos e no pagos.

    3 anos Requerimento de indenizao do Seguro Obrigatrio de Danos Pessoais Causados por VeculosAutomotores (DPVAT).

    Cobrana de aluguis.

    Requerimento do pagamento de juros e dividendos.

  • Reparao civil (indenizaes, por exemplo).

    Pagamento de ttulos de crditos.

    USUCAPIO de bens mveis.

    5 anos Requisio, pelo autor, de indenizao pela violao de direitos autorais.

    Cobrana de dvidas lquidas constantes de instrumento pblico ou particular.

    Cobrana de honorrios advocatcios e mdicos.

    Propositura de reclamao trabalhista.

    10 anos Prazo prescricional geral, quando a lei no tenha fixado prazo menor.

    15 anos Usucapio de bens imveis.

    No expira Reviso do valor pago de penso alimentcia.

    3.4 Medidas cautelares e outras medidas de urgncia comum ouvir que algum obteve uma LIMINAR para autorizar uma cirurgia de emergncia,

    liberar mercadoria apreendida pela Receita Federal ou bloquear os bens de uma pessoainadimplente.

    Trata-se de uma ordem que o juiz concede ao autor de determinada ao, em carterprovisrio, antes de ser julgado o mrito da causa, por entender que a demora na tomada dedeciso (sentena) pode acarretar a perda do bem ou do direito.

    As liminares (ou medidas cautelares) podem ser obtidas por meio do ajuizamento de umaMEDIDA CAUTELAR ou mandado de segurana, com pedido liminar. A parte interessada devedemonstrar a urgncia do pedido na defesa de direito lquido e certo, ou seja, incontestvel.

    Voc sabia? Alguns cartrios permitem o envio de peties por meio eletrnico. cada vez mais comum tambm o chamado PROCESSO ELETRNICO, quepossibilita o acesso virtual, por advogados e partes interessadas, das PEASPROCESSUAIS, dos despachos e de documentos relacionados por meio do site doTribunal.

    3.5 Meios alternativos de soluo de conflitosA arbitragem, a mediao, a conciliao e a negociao so meios alternativos de soluo

    de conflitos em contraposio aos processos administrativos e judiciais. Em geral, somtodos mais simples, mais rpidos e eficientes, alm de menos onerosos para as partes. Osconflitos so solucionados por rbitros, mediadores ou conciliadores, escolhidos pelas partese, em tese, qualificados para tomar uma deciso imparcial justa e equilibrada.

    Essas alternativas, contudo, s podem ser utilizadas quando se tratar de direitos disponveis(passveis de renncia) e que no envolvam interesse do Estado e da sociedade, como

  • disputas societrias, comerciais ou imobilirias. Excluem-se, ainda, as questes criminais, asde famlia, trabalhistas, tributrias e falimentares. A utilizao da arbitragem deve estarprevista em contrato ou decidida de pleno acordo entre as partes.

    Verifique a seo Fontes para consulta, pgina 189. L voc encontra informao sobre ossites do Tribunal de Justia do Rio de Janeiro, da Defensoria Pblica do Estado de So Pauloe do Conselho Nacional de Justia.

  • Captulo 4

    Voc responsvel por seus atos

    4.1 Conceito de responsabilidade

  • Responsabilidade a obrigao de reparar o dano que uma pessoa causa a outra por forade ao ou omisso. Na maioria das vezes, a reparao do dano feita por meio dopagamento de multa ou indenizao pecuniria. O dano pode ser sade, integridade fsica, imagem, honra ou ao patrimnio de PESSOA FSICA ou PESSOA JURDICA.

    Para que se atribua a responsabilidade a algum, necessrio que haja os seguinteselementos:

    a) ao ou omisso de uma pessoa;b) evento danoso; ec) nexo de causalidade.

    A responsabilidade pode ser objetiva, quando independe da existncia ou da comprovaode CULPA do agente, ou subjetiva, quando depende da comprovao de culpa do agente, sejapor ao, seja por omisso, negligncia, impercia ou imprudncia.

    A seguir so apresentados alguns exemplos de pessoas, cargos e profisses a quem a leiatribui responsabilidade especial:

    Objet iva Subjet iva

    Responsabilidade Independe da comprovao de culpa.Est relacionada condio, ao cargo ou atividade do agente. Depende da comprovao de culpa.

    Cargos, pessoas eprofisses

    Transportador. Fornecedor, comerciante e importador. Agentepblico (Estado).Pais sobre os atos praticados por filhos menores.Patro pelos atos praticados por funcionrios.Proprietrios de animais domsticos pelos atos praticadospelos bichos de estimao.

    Corretor de imveis.Profissionais liberais(mdicos, advogados e contadores).Scios, diretores, conselheiros eadministradores.

    Voc sabia? O dono ou detentor de cachorros e gatos responsvel pelosatos praticados por seus animais se no provar culpa da vtima ou motivo defora maior. O uso de focinheira obrigatrio em vrios estados do Brasil.

    A responsabilidade pode ser tambm contratual, quando decorrente de um acordo oucontrato escrito ou verbal, ou extracontratual, quando independe da existncia de qualquervnculo formal entre as partes.

    Essa responsabilidade pode ainda ser solidria, quando a prtica de um ato ilcito puder sercompartilhada por mais de uma pessoa, ou subsidiria, recaindo sobre terceiro, quando nofor possvel responsabilizar o agente principal. Nesse caso, a lei admite que se responsabilizeoutra pessoa (scio, representante legal, administrador etc.).

    A prtica de ato ilcito gera reflexos nas esferas cvel, administrativa, penal, trabalhista,tributria, ambiental e previdenciria, e deve ser avaliada caso a caso. Com a condenao naesfera criminal, no possvel questionar a existncia do fato na esfera cvel.

  • Voc sabia? Acidentes de trnsito que envolvem vtimas que atravessam forada passarela para pedestres no esto cobertos pelo seguro DPVAT. Considera-se, nesse caso, que a vtima pratica o chamado suicdio de trnsito aoatravessar debaixo da passarela (no leito da rodovia) ou fora da faixa depedestres. O suicdio ou a tentativa de suicdio, por sua vez, no soconsiderados crime pela lei penal. Seja como for, pedestres e motoristas devemter muita ateno no trnsito.

    Conforme vimos, algumas pessoas, mais que outras, em razo do cargo que ocupam ou daatividade que desempenham, devem ficar atentas s suas responsabilidades:

    Fornecedor: o Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece uma srie deresponsabilidades aos fornecedores, comerciantes, fabricantes, produtores e importadores debens e servios, especialmente no que diz respeito a defeitos e vcios dos produtosoferecidos.

    Administrador, scio, diretor e conselheiro: ser sempre avaliado se agiu com ou seminteno de causar prejuzo a terceiro, de boa ou m-f.

    Sndico de condomnio: envolve responsabilidade civil, trabalhista, tributria eprevidenciria. O sndico responde criminalmente na eventualidade de algum dano nas reascomuns (como a queda de uma marquise) caso no tenha contratado seguro obrigatrio.Pense duas vezes antes de aceitar esse encargo.

    Incorporador e construtor: so solidariamente responsveis por eventuais danos e por vciose defeitos do empreendimento imobilirio.

    Transportador: esto includas desde as companhias areas at as vans escolares e asempresas de mudana. A responsabilidade do transportador objetiva, fundada na teoria dorisco, e cessa na ocasio do recebimento da carga ou na chegada do passageiro ao destino.

    Voc sabia? possvel a contratao, por pessoas fsicas e jurdicas, deseguro de Responsabilidade Civil (RC). possvel tambm contratar seguroespecfico para administradores e conselheiros de empresas (conhecido comoseguro Directors and Officers, ou D&O). O objetivo dessa modalidade pagarao segurado, at o limite estabelecido na APLICE, o valor por que ele vier a serresponsabilizado como reparao por danos causados a terceiros.

    4.2 Desconsiderao da personalidade jurdicaConforme veremos no Captulo 11, em caso de abuso, caracterizado pelo desvio de

    finalidade, confuso patrimonial, prtica de fraude ou ato ilcito, o juiz pode estender os

  • efeitos das obrigaes contradas por uma pessoa jurdica aos bens particulares de seusscios e administradores como forma de proteger a parte lesada (credor, empregados,governo).

    Embora prevista no Cdigo Civil, a teoria da Desconsiderao da Personalidade Jurdica aplicada tambm nas esferas tributria, trabalhista, do consumidor, ambiental e societria, apedido de uma das partes, do juiz ou do MINISTRIO PBLICO. Em alguns casos, como naJustia do Trabalho, a recusa ou a impossibilidade de se receber do devedor, por si ss, jviabilizam a desconsiderao da pessoa jurdica, com a consequente cobrana dos scios,administradores e at dos procuradores e representantes legais daquela empresa.

    Fique atento! PENHORA ON-LINE a ordem judicial para bloqueio de recursosdepositados no Brasil, em nome do devedor ou de seu representante legal, at olimite do dbito exigvel. realizado de forma eletrnica, por fora de umconvnio assinado pelo Judicirio com o Banco Central, denominado Bacen Jud.O convnio permite tambm o desbloqueio e a transferncia de valores paracontas judiciais. Caso no haja saldo suficiente para satisfazer o crdito, ascontas bancrias do devedor podem permanecer bloqueadas at que se consigaatingir o montante da dvida. Em alguns casos, contudo, a ordem de bloqueiodeve ser confirmada periodicamente pelo juiz responsvel para alcanar novosdepsitos.

    Verifique a seo Fontes para consulta, pgina 189. L voc encontrar mais informaosobre esse assunto em sites como o do Banco Central do Brasil e o Consultor Jurdico.

  • Captulo 5

    Consumidor consciente

    5.1 Cdigo de Defesa do Consumidor e ProconDesde 1990, as relaes de consumo so regidas pelo Cdigo de Defesa do Consumidor

    (CDC). Apesar do nome, o CDC tem como objetivo estabelecer direitos e deveres no s paraos consumidores mas tambm para os fornecedores. Daremos nfase aqui relao doconsumidor, isto , qualquer um de ns, com os fornecedores e comerciantes de bens eservios.

    O CDC prev sanes de natureza administrativa, civil e penal que podem ser aplicadasseparada ou simultaneamente. Em geral, as penalidades de natureza civil buscam compensar oconsumidor pelos danos causados por defeito ou caracterstica do produto ou, ainda, pela mprestao de servio.

    O Programa de Orientao e Proteo ao Consumidor (Procon) o rgo pblicoresponsvel pela defesa dos direitos dos consumidores e da correta aplicao do CDC.Estabelece multas e resolve administrativamente questes e litgios que envolvemfornecedores e consumidores. Ao aprovar o CDC, o legislador entendeu que o consumidor aparte mais fraca da relao e, por isso, criou mecanismos para proteg-lo, independentementede ser PESSOA FSICA ou PESSOA JURDICA.

    Voc sabia? O CDC permite que o fornecedor inclua, em bancos de dados,informaes cadastrais do consumidor ao mencionar o histrico e a pontualidadedos pagamentos. o chamado cadastro negativo, feito por entidades queprestam o Servio de Proteo ao Crdito (SPC), como Serasa Experian e aAssociao Comercial de So Paulo. Recentemente, foi aprovado o cadastropositivo com o objetivo de incentivar o pagamento em dia, o qual premia, comtaxas e condies de crdito mais favorveis, o consumidor adimplente.

    Para resguardar seus direitos, o consumidor deve estar atento aos seguintes fatos:

    Desde 2010, todo estabelecimento comercial deve apresentar cpia atualizada do CDC. Nadvida, consulte-o.

  • A emisso e a entrega de nota fiscal impressa ou eletrnica so obrigatrias. Se oestabelecimento no apresentar o documento, cobre e denuncie.

    O Procon um rgo pblico e est disposio de todos os consumidores, por telefone,nos postos de atendimento ou pelo site.

    proibida a prtica de venda casada, ou seja, condicionar o fornecimento de um produto ouservio aquisio de outro, independentemente do valor.

    Se houver estoque ou capacidade de reposio, vedado limitar a quantidade de compra dedeterminado produto ou servio.

    O fornecedor tem a obrigao de prestar informaes adequadas, sempre em lnguaportuguesa, sobre os produtos e servios: dados da empresa, qualidade, quantidade, preo,garantia, prazo de validade, entre outras.

    A publicidade ou a propaganda de determinado produto ou servio deve ser o mais fielpossvel, evitando-se informaes abusivas ou restritivas, em letras midas, capazes decausar confuso, dvida ou erro por parte do consumidor.

    direito do consumidor se arrepender da compra de determinado produto ou da contrataode determinado servio no prazo de sete dias e mediante a apresentao de nota fiscal ou, emse tratando de um presente, da etiqueta original (artigo 49 do CDC). Esse prazo pode sermaior, dependendo da poltica de troca da empresa, mas nunca menor.

    O prazo para reclamar eventuais problemas no fornecimento de produto ou na prestao deservios de trinta dias (no durveis) ou de noventa dias (durveis), contados a partir dacontratao ou do recebimento do produto ou servio, mediante apresentao de nota fiscal.

    Havendo divergncia entre preo e condies de pagamento, deve prevalecer o que for maisbenfico para o consumidor. No raro grandes varejistas circulam encartes com preoserrados, prejudicando o consumidor interessado na compra do produto.

    facultado ao fornecedor restringir as condies de troca de produtos vendidos comdesconto no perodo de liquidao. Antes de comprar, certifique-se das condies de troca.

    O fornecedor tem o direito de interromper a prestao de um servio, em razo doinadimplemento do consumidor, sem aviso prvio, exceto nos casos de servios essenciais,como luz, gs e gua. Ainda h controvrsias sobre se a telefonia (fixa e celular) umservio essencial.

    obrigatria a manuteno de um Servio de Atendimento ao Consumidor (SAC) portelefone, eficiente e sem custo adicional para o consumidor. Sempre que solicitaratendimento, anote o nmero do protocolo, o horrio da ligao e o nome da atendente.

    O consumidor que comprar pela internet, em site e em portais de comrcio eletrnico, temsete dias para desistir da compra, contados a partir da data de entrega do produto. obrigao do fornecedor informar o prazo de entrega e o custo do frete.

  • Se voc se sentir prejudicado, procure um advogado, a associao de defesa do consumidor,o Procon ou o Poder Judicirio.

    Fique atento! Solicite sempre a emisso e a entrega de nota fiscal impressa oueletrnica. Alm de recolher os tributos devidos, a melhor forma de comprovara relao contratual mantida entre as partes, confirmar os dados doestabelecimento e da compra (quantidade, preo, descrio). Serve tambmpara exigir a prestao do servio, a entrega do produto e o cumprimento dagarantia (em caso de defeito).

    5.2 Contratos de adesoNo raro os consumidores deparam com contratos de adeso quando se relacionam com

    bancos, administradoras de carto de crdito, planos de sade, concessionrias de serviospblicos e construtoras. Os contratos tambm so muito utilizados por sites de comrcioeletrnico, empresas de software e prestadores de servios on-line; as clusulas sopadronizadas, preestabelecidas e, muitas vezes, abusivas. O contrato elaboradounilateralmente pelo fornecedor, sendo possvel discuti-lo apenas judicialmente. Cabe aoconsumidor aderir ou no s condies nele impostas.

    Esses contratos se justificam quando tratam de servios e produtos disponibilizados a umgrande nmero de pessoas, j que negociar as clusulas e as condies com cada um dosconsumidores inviabilizaria o desenvolvimento das atividades comerciais do fornecedor.Contudo, no admissvel condicionar a prestao de um servio ou o fornecimento de umproduto adeso de clusulas prejudiciais ao consumidor, que estabelecem multas excessivas,perdas de valores pagos em caso de desistncia dentro do prazo legal, FORO DE ELEIOdiverso de seu domiclio, entre outras condies consideradas abusivas.

    5.3 Recibos e comprovantes de pagamentoDe modo geral, os credores podem exigir a comprovao do pagamento no prazo de cinco

    anos. Por causa disso, na dvida, esse o perodo recomendado para guardar recibos, termosde garantia, guias, contratos e notas fiscais.

    Para evitar o acmulo desnecessrio de papel, procure obedecer aos seguintes prazos:

    Guarde porat Documentos

    1 anoa) nota fiscal de equipamentos eletrnicos (geladeira, micro-ondas, televiso, aspirador de p, celular), salvo setiver sido contratada garantia superior a um ano, como o caso de veculos automotores e de produtos comgarantia estendida;

    b) recibo de empresas de assistncia tcnica, prestadores de servios etc.;

  • c) aplice de seguro de vida, de sade, de automvel ou residncia em geral renovado anualmente; e

    d) comprovante de pagamento de multas de trnsito.

    3 anos a) comprovante de pagamento de aluguis e demais encargos locatcios;

    b) comprovante de pagamento de servios mensais ou eventuais: provedor de internet, TV por assinatura, planode sade, curso de idiomas; e

    c) comprovante de pagamento de honorrios advocatcios.

    5 anos a) guias e comprovantes de recolhimento de tributos federais, estaduais e municipais;

    b) recibos de despesas utilizadas para deduo de imposto de renda, (mdicos, mensalidade escolar etc.);

    c) informes de rendimentos para declarao de imposto de renda;

    d) comprovante de recolhimento de multas de trnsito; e

    e) recibo de pagamento de empregados domsticos e diaristas, a contar do trmino da relao do contrato detrabalho.

    Prazoindeterminado

    Comprovantes para a aposentadoria (carteira de trabalho e extratos de recolhimento do Instituto Nacional doSeguro Social INSS) devem ser preservados at a concesso do benefcio.

    Voc sabia? Desde 2009, as empresas pblicas e privadas esto obrigadas aemitir e a enviar ao consumidor recibos de quitao anual dos servioscontratados. A regra aplica-se s concessionrias de servios pblicos, TV porassinatura, telefonia celular, ao provedor de internet, aos planos de sade,entre outros servios cobrados mensalmente.

    recomendvel, ainda, guardar documentos e comprovantes de pagamento do financiamentode imvel at o registro da escritura pblica de compra e venda; no caso de CONSRCIO, at atransferncia do bem para o nome do comprador. As notas fiscais de bens durveis(automveis e eletrodomsticos) devem ser guardadas por pelo menos um ano ou durante avida til do produto.

    O credor e as empresas de cobrana no podem constranger ou ameaar o devedor(consumidor endividado). Aps cinco anos, o SPC obrigado a retirar a informao restritivado cliente de seu banco de dados.

    5.4 Juizados especiais cveis estaduais e federaisOs juizados especiais cveis estaduais so responsveis pelo julgamento de aes de menor

    complexidade e cujo valor da causa no ultrapasse quarenta salrios mnimos. o melhorcaminho para resolver problemas de condomnio, conflitos que envolvem acidentes de trnsitoe questes decorrentes da relao de consumo, como devoluo de produtos defeituosos,extravio de bagagem, interrupo do fornecimento de energia, incluso indevida no SPC,indenizao por danos morais, entre outras. Se o valor envolvido for inferior a vinte salriosmnimos, a presena de um advogado dispensvel. No h necessidade de pagar custas

  • processuais para ingressar com uma ao nos juizados especiais, apenas para recorrer dasentena.

    Problemas que envolvem consumidores e fornecedores mais complexos ou com valorenvolvido superior a quarenta salrios mnimos devem ser resolvidos na Justia Estadual.

    Nas aes judiciais que envolvem direitos do consumidor, a obrigao de comprovar osfatos alegados do fornecedor, contrariando a regra geral de que o nus da prova de quemalega. Isso porque o consumidor tende a ser a parte mais fraca da relao de consumo.

    J os juizados especiais federais julgam causas relativas Unio e s suas AUTARQUIAS, cujovalor envolvido no supere o equivalente a sessenta salrios mnimos. Caso haja condenaopor parte da Unio, no h necessidade de emisso de PRECATRIO para viabilizar opagamento.

    Voc sabia? Seu nome est sujo na praa? Tem cheques sem fundos, ttulosprotestados, faturas vencidas e no pagas ou um oficial de justia est atrs devoc? Saiba que voc no est sozinho. possvel renegociar suas dvidas,reduzir ou eliminar os juros, multas e demais encargos. Procure o Procon oualguma associao de defesa do consumidor.

    Verifique a seo Fontes para consulta, pgina 189, para mais informaes em sites comoo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o Portal do Consumidor e o daAssociao de Consumidores Proteste.

  • Captulo 6

    Famlia e sucesses

    6.1 Nascimento, relao de parentesco, filiao eadoo

    Pouca gente sabe, mas, desde a concepo, a lei brasileira protege os direitos e deveres doNASCITURO. Esses direitos e deveres cessam somente em virtude de morte real ou presumida,configurada pela ausncia, quando determinada pessoa considerada AUSENTE.

    O grau e a relao de parentesco so dados importantes para fins de sucesso. O direitobrasileiro, porm, estabelece os seguintes tipos de parentesco:

    Consanguneo: decorre do vnculo entre pessoas que descendem do mesmo tronco, ligadaspelo mesmo sangue: pais, filhos e primos. Incluem-se tambm os chamados meios-irmos.

    Afim: decorre do vnculo que se estabelece entre uma pessoa e os parentes de seu cnjuge oucompanheiro por determinao legal: sogro, cunhado, genro, nora. Incluem-se as madrastas eos padrastos.

    Civil: decorre do vnculo que se estabelece pela adoo pai, me, filho, filha, av, avadotivos.

    Filiao o vnculo existente entre pais e filhos, que gera relao de parentesco em linhareta. Os filhos de pais cujo casamento foi averbado no Cartrio de Registro Civil devem terobrigatoriamente o sobrenome paterno, sendo facultativa a utilizao do sobrenome materno.Os filhos de pais solteiros podem utilizar os dois sobrenomes, desde que os pais compareamjuntos ao cartrio para efetuar o registro.

    No Brasil, a adoo o ato que confere a outra pessoa a condio de filho. No h limite deidade para ser adotado. Para adotar, contudo, preciso ser maior de 18 anos. A adoo podeser individual ou feita por duas pessoas casadas ou que convivam em unio estvel. Devehaver diferena de idade de 16 anos entre quem adota e quem adotado para aprovao peloJuizado da Infncia e Juventude. Uma pessoa de 20 anos no pode adotar uma criana de 6anos, mas pode adotar uma de 2, por exemplo.

    Voc sabia? Nenhuma criana (at 18 anos) pode viajar para o exterior,

  • desacompanhada dos pais, sem autorizao pessoal ou judicial expedida peloJuizado da Infncia e Juventude. A autorizao dispensada se a criana estiverviajando, dentro do Brasil, na companhia de um dos pais ou avs. Aapresentao da Certido de Nascimento obrigatria para comprovar a filiao(nome dos pais e avs). Os passaportes novos, surpreendentemente, noinformam a filiao. Ao viajar com menores para o exterior, recomendvelapresentar o original ou a cpia autenticada da Certido de Nascimento dacriana. Mais informaes podem ser obtidas no site da Polcia Federal (verFontes para consulta, pgina 189).

    6.2 Capacidade e maioridade civilA capacidade civil a aptido para o exerccio de direitos e obrigaes. So considerados

    absolutamente incapazes os menores de 16 anos, os que, por doena ou deficincia mental, notiverem discernimento para a prtica de atos e ainda aqueles que, mesmo por causa transitria(doenas, comas ou traumas), no puderem manifestar sua vontade. So relativamenteincapazes, isto , impedidos de praticar alguns atos da vida civil, os maiores de 16 e osmenores de 18 anos, os viciados em entorpecentes, os prdigos, os excepcionais ou aquelesque, por deficincia mental, tenham o discernimento reduzido.

    No Brasil, a maioridade civil adquirida aos 18 anos ou antes, por meio da EMANCIPAO;representa um marco na vida de qualquer pessoa, pois, a partir dessa data, um mundo novo deoportunidades se abre:

    Descrio 16 anos 18 anos 21 anos

    Votar nas eleies Facultativo Obrigatrio Obrigatrio

    Ser eleito para cargopoltico No

    Sim, masapenas para ocargo devereador

    Sim, com exceo doscargosde presidente, vereadorsenador e governador

    Dirigir veculosautomotores No Sim Sim

    Ir para a priso Instituio para menores infratores Priso comum Priso comum

    Trabalhar Sim, na qualidade de APRENDIZ Sim Sim

    Ser scio de empresaSim, desde que representado por um de seus paisou na condio de emancipado, sendo vedada aadministrao da empresa

    Sim Sim

    Casar-se Sim, mediante autorizao dos pais Sim Sim

    Ser testemunha ematos civis e processos No Sim Sim

    Praticar demais atosda vida civil S se for emancipado Sim Sim

    Receber pensoalimentcia dos Sim Sim

    Sim, se ainda no tiverconcludo o ensino superior

  • genitores

    Elaborar testamento Sim, sem autorizao dos pais Sim Sim

    Viajardesacompanhado esem autorizao dospais ou avs

    Sim, mediante autorizao expressa dos pais oudo representante legal Sim Sim

    Participar doTRIBUNAL DO JRI No Sim Sim

    6.3 Casamento e regime de bensCasamento a unio entre homem e mulher, mediante ato solene, com o objetivo de

    assistncia mtua e formao de famlia. O casamento religioso (celebrado na igreja) tem omesmo efeito do casamento civil (celebrado no cartrio).

    So quatro os regimes de bens em vigor no Brasil:

    Separao total de bens: os bens, direitos e obrigaes dos cnjuges no se comunicam,independentemente de quando tenham sido adquiridos ou contrados. A escolha do regime formalizada por meio da assinatura de PACTO PR-NUPCIAL, tambm chamado de pactoantenupcial.

    Comunho total de bens: o patrimnio ativo e passivo do casal se comunica por completo,com exceo dos bens doados com CLUSULA DE INCOMUNICABILIDADE, das obrigaesdecorrentes de ato ilcito, das dvidas anteriores ao casamento e da FIANA prestada sem oconsentimento do outro.

    Comunho ou separao parcial de bens: excluem-se da comunho os bens que os noivostenham adquirido antes do casamento e incluem-se os bens adquiridos aps o matrimnio,exceto os bens herdados ou adquiridos com o produto da venda de bens adquiridosanteriormente.

    Regime da participao final nos aquestos: funciona como se fosse uma separao total debens, no curso do casamento, sendo aplicadas regras similares comunho parcial de bensquando dissolvido o matrimnio. o regime menos adotado.

    Fique atento! Quando o casal no estabelece o regime de bens, a lei presumeque tenha sido adotado o regime da comunho parcial de bens. Medianteautorizao judicial, facultado aos cnjuges alterar o regime de bens durante avigncia do casamento. Existem situaes em que a adoo do regime daseparao total obrigatria, independentemente da assinatura de pacto pr-nupcial, como no caso de casamento de pessoa com mais de 70 anos.

    A adoo do sobrenome do marido deve ser avaliada com cuidado. Se a mulher

  • reconhecida profissionalmente com o sobrenome de solteira, talvez seja prudente mant-lo ouusar o sobrenome do marido apenas em documentos oficiais. Alm da burocracia paraatualizar documentos, por ocasio da dissoluo do casamento, a mulher pode ser obrigada aabdicar do sobrenome do marido.

    6.4 Unio estvel versus casamentoA Constituio Federal reconheceu a unio estvel entre homem e mulher e estabeleceu

    como entidade familiar a comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes.Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a possibilidade de unio estvelentre pessoas do mesmo sexo. Entende-se por unio estvel a relao afetiva pblica,contnua, duradoura e com o objetivo de constituir famlia.

    A unio estvel pode ser comprovada por meio de documento pblico ou particular,assinado pelas partes ou por meio de provas testemunhais e documentais (fotos, recibos,correspondncias, boletos, extratos bancrios, declarao de imposto de renda etc.). Salvodisposio contratual em contrrio (contrato, escritura ou pacto de unio estvel), aplica-se unio estvel o regime da comunho parcial de bens.

    Fique atento! O patrimnio pessoal dos cnjuges est mais bem resguardadopelo casamento que por uma unio estvel no oficializada. No Brasil, tem sidocada vez mais comum a assinatura de contratos de namoro, pblicos ouprivados, para deixar registrado que o relacionamento do casal no tem porobjetivo a formao de uma famlia ou o acmulo de bens.

    Os direitos decorrentes da unio estvel e do casamento so distintos, em especial no quediz respeito aos direitos hereditrios. A escolha entre uma ou outra forma de unio decisodas partes e deve ser realizada de maneira cuidadosa. O quadro a seguir relaciona asprincipais diferenas. No entanto, convm a busca de assessoria especializada para confirmarseus direitos e deveres.

    Descrio Casamento Unio es tvel

    Previso legal Constituio Federal e Cdigo Civil. Constituio Federal e Cdigo Civil.

    Formalidades Proclamas e habilitao no cartrio, com apresena de ao menos duas testemunhas.Contrato particular, acordo, escritura pblica de unio estvelou, ainda, ajuste verbal.

    Registro Registro Civil de Pessoas Naturais.Cartrio de Notas, se constituda de escritura pblica. Odocumento particular pode ser registrado no Cartrio deTtulos e Documentos.

    Comprovao Certido de Casamento. Declarao, cpia do contrato ou escritura pblica e, ainda,provas documentais ou testemunhais.

    Nomenclatura Marido e mulher (cnjuges). Companheiro(a).

  • Direitoshereditrios(ver item6.10)

    O cnjuge considerado herdeiro,independentemente do regime de bens. Suaparticipao depender do regime de bens ede outras variveis.

    Suceder apenas sobre os bens adquiridos onerosamentepelo falecido no perodo da unio estvel, salvo disposio emcontrrio.

    Regime debens

    Quatro regimes, conforme mencionado no item6.3.

    Salvo disposio em contrrio, prevalece a comunho parcialde bens.

    Dissoluo Falecimento ou divrcio. Falecimento ou extino do contrato de unio estvel.

    Mudana nosobrenome

    A adoo do sobrenome do marido (ou damulher) facultativa.

    A adoo do sobrenome do(a) companheiro(a) somente admitida por meio de assinatura de escritura pblica oucontrato de unio estvel com pedido judicial de alterao dosobrenome.

    6.5 Separao e divrcio: dissoluo do casamento eda unio estvel

    O casamento se desfaz pela morte de um dos cnjuges, pelo divrcio ou, ainda, pelanulidade ou anulao do ato. A unio estvel, por sua vez, se desfaz pela morte ou pelaextino do contrato (acordo verbal, contrato ou escritura pblica).

    O abandono (voluntrio) do lar configura-se quando um dos cnjuges se afasta do domicliodo casal por mais de um ano contnuo, sem justificativa.

    A separao pode ser consensual (amigvel, mediante consenso das partes) ou litigiosa(processo judicial iniciado por uma das partes).

    No processo de separao, feita a partilha de bens (se houver algum bem a ser partilhado),estabelecida a responsabilidade pela guarda dos filhos (se forem menores de 18 anos) edefinido o pagamento de penso alimentcia aos filhos e, eventualmente, a um dos cnjuges,em caso de dependncia econmica.

    Voc sabia? Desde 2007, possvel a realizao de divrcio consensual pormeio de escritura pblica se o casal no tiver filhos menores ou incapazes econcordar sobre os aspectos: penso alimentcia, partilha de bens comuns e usodo sobrenome do casal. mais rpido, mais barato e menos desgastante paraas partes. Da mesma forma, tambm possvel fazer o inventrio extrajudicialdos bens em um cartrio de notas desde que atendidos os requisitos legais.

    6.6 Penso alimentciaDe modo geral, a ao de alimentos corre paralelamente ao processo de separao. O

    pagamento de alimentos estabelecido com base na necessidade da pessoa a ser alimentada(homem, mulher, filhos ou netos) e na possibilidade de quem alimenta (pais ou avs). Aobrigao de prestao de alimentos pode ser estendida aos irmos, caso um deles no tenhacondies de se sustentar e o outro disponha de meios para sustent-lo.

  • Deve haver, sempre, uma proporo entre a necessidade de um e a capacidade econmica dooutro, sem abusos. A prestao de alimentos pode ser fixada por escritura pblica ou sentenajudicial.

    Havendo mudana na condio econmica e na necessidade das partes, possvel reverjudicialmente o valor pago de penso alimentcia. O no pagamento regular da penso podeocasionar a PRISO CIVIL do devedor, embora haja certa resistncia dos juzes a aplicar tal tipode penalidade. Incluem-se nesse valor no s os gastos com alimentao mas tambm asdespesas com moradia, educao, vesturio, sade e lazer.

    6.7 Guarda de filhosA guarda dos filhos pode ser concedida de forma definitiva, provisria ou compartilhada

    pelos pais. Pode ser concedida me, ao pai, a ambos ou mesmo aos avs, em alguns casosespecficos.

    Pensando no interesse dos filhos, o ideal que os pais consigam chegar a um acordo emrelao a horrio de visitas, educao, atividades extracurriculares, fins de semana, frias eferiados, possibilitando a convivncia harmoniosa. No havendo consenso, o MINISTRIOPBLICO intervm em favor dos filhos menores. A partir dos 12 anos, a vontade dos filhospassa a ter mais peso em uma ao de guarda, podendo ou no ser considerada pelo juiz.

    6.8 Exame de DNA e ao de investigao depaternidade

    A maternidade no se discute, mas, infelizmente, nem sempre possvel afirmar quem opai da criana. Nesse caso, necessrio confirmar a paternidade. Se o suposto pai no sedispuser a realizar um exame de DNA, ser necessrio propor ao de investigao em facedo suposto pai ao requerer a realizao do exame, salvo se j for casado com a me dacriana.

    Ao contrrio do que se imagina, o polmico exame simples, podendo ser feito com sangue,saliva ou fios de cabelo do suposto pai. O objetivo da ao o reconhecimento judicial dapaternidade, o que gerar direitos e deveres para pai e filho. As partes so obrigadas a sesubmeter ao exame. A recusa pode ser interpretada como confisso ou presuno depaternidade.

    Caso o suposto pai j tenha falecido e haja indcios de que ele seja o verdadeiro pai dacriana, possvel requerer a exumao do corpo judicialmente a fim de coletar materialgentico para a realizao do exame de DNA.

    6.9 Tutela e curatela

  • Esse o mecanismo previsto no Cdigo Civil que tem como objetivo proteger o incapazmenor (tutor) e o incapaz maior de idade (curador). O curador pode ser legal (cnjuge oudescendentes) ou DATIVO, quando nomeado por um juiz.

    Com o aumento da expectativa de vida e do nmero crescente de doenas graves edegenerativas, cada vez mais comum a utilizao desses institutos como forma de resguardaros direitos das pessoas que no possuem discernimento para praticar com segurana a maioriados atos pblicos e privados. recomendvel, contudo, cautela na indicao de um curadorou tutor, de modo que no comprometa o patrimnio do incapaz nem o deixe ainda maisvulnervel.

    Em caso de abuso, desvio ou falta de prestao de contas, possvel destituir o tutor e ocurador de suas funes e nomear outra pessoa para assumir o encargo.

    6.10 Direito das sucessesA morte quase sempre gera dor e apreenso em relao ao futuro para aqueles que

    sobrevivem. Alm da perda de um parente ou amigo, a morte de uma pessoa importa natransmisso de bens, direitos e obrigaes do falecido para seus herdeiros.

    A herana composta dos patrimnios ativo (bens e direitos) e passivo (obrigaes edvidas). As dvidas contradas em vida so transferidas aos herdeiros at o limite dopatrimnio do falecido. A sucesso de bens e direitos deve ser feita no lugar do ltimodomiclio do falecido (comarca ou municpio), por iniciativa de uma das pessoas interessadas(herdeiro ou credor), no prazo de sessenta dias, a partir da data do bito.

    A certido de bito emitida pelo Registro Civil de Pessoas Naturais documentoindispensvel para a abertura e o incio do processo de inventrio. Nela esto informaesimportantes como a data da morte, a filiao, o estado civil, se a pessoa tinha filhos ou no,sua idade, a causa da morte e, eventualmente, se h ou no testamento.

    O herdeiro pode ser considerado legtimo, se for uma das pessoas que a lei assim classifica cnjuge, descendentes, ascendentes e COLATERAIS at o quarto grau ou testamentrio, se apessoa for includa nessa condio por fora de um testamento. Os colaterais soconsiderados herdeiros legtimos, mas facultativos, no sendo includos na relao deherdeiros necessrios.

    A sucesso legtima aquela que decorre da lei e se processa por meio de um inventrio.So herdeiros necessrios os descendentes (filhos ou netos), os ascendentes (pais e avs) e ocnjuge. a chamada ordem de VOCAO HEREDITRIA. A eles pertence metade dos bens daherana, que constitui a legtima. A outra metade poder ser transmitida para terceiros (noconsiderados herdeiros legtimos do falecido), por meio de um testamento, a critrio doTESTADOR. chamada de PARTE DISPONVEL. Se o falecido no tiver feito um testamento, os

  • bens sero integralmente partilhados seguindo a ordem legal.

    Fique atento! A lei reconhece o direito sucessrio ao cnjuge somente se, aotempo da morte do outro, no estiverem separados ou divorciados. Casocontrrio, no tero direito parcela da herana.

    A sucesso testamentria aquela que decorre da ltima manifestao de vontade, expressapelo testamento pblico ou privado. A herana pode ser transmitida a ttulo universal, quandoo herdeiro sucede, parcial ou totalmente, os bens e direitos, sendo titular do ativo eresponsvel tambm pelo pagamento do passivo; ou a ttulo singular, sendo chamado delegatrio, por receber apenas um ou mais bens destacados pelo testador.

    Voc sabia? possvel dispor de at metade de seu patrimnio, indicandocomo herdeiro, por meio de testamento pblico ou privado, a pessoas que noso herdeiros legtimos ou necessrios, como organizaes no governamentais(ONGs), amigos, parentes distantes e empregados domsticos. No Brasil, aocontrrio dos Estados Unidos, no possvel fazer doaes em nome deanimais de estimao, somente para PESSOAS FSICAS ou PESSOAS JURDICAS.

    Para entender a forma de transmisso de bens, importante estabelecer a composio dopatrimnio, para fins de sucesso, distinguindo a MEAO da LEGTIMA e da parte disponvel.

    Trata-se de um clculo matemtico (em geral, representado por fraes: 1/2, 2/5 etc.) quevaria de acordo com o estado civil do falecido, com o regime de bens adotado pelo casal1 ecom a relao de herdeiros necessrios, pela existncia ou no de testamento. Tambm entramnesse clculo variveis como bens particulares, bens recebidos por herana ou gravados,entre outras situaes especficas.

    O quadro a seguir procura ilustrar as hipteses mais comuns. recomendvel procurar umadvogado especializado para entender de que forma dever ser feita a partilha de bens em umcaso concreto.

    Regime de bens Meao (cnjugesobrevivente)Legt ima(herdeiros necessrios)

    Disponvel(l ivre dest inao para herdeiroslegt imos ou tes tamentrios)

    Comunho total 50% 25% (descendentes ou ascendentes) 25%

    Comunho parcial 50%*** 25% (descendentes ou ascendentes eo cnjuge, em alguns casos) 25%

    Separao total No se aplica 50% (descendentes ou ascendentes +cnjuge sobrevivente) 50%

    Solteiro, separado,divorciado ou vivo No se aplica 50% (descendentes ou ascendentes) 50%

  • *** Do patrimnio adquirido aps o casamento, excluindo-se eventuais doaes ou heranas recebidas pelo falecido.

    Fique atento! Os direitos sucessrios do(a) companheiro(a) ainda so objetode discusso nos tribunais brasileiros. Um somente participar da sucesso dooutro em relao aos bens adquiridos onerosamente durante a unio estvel.Isso depender, ainda, da existncia de descendentes (comuns ou no) e deoutros parentes sucessveis (ascendentes ou colaterais at o quarto grau). Sefor esse seu caso, aconselhvel consultar um advogado para confirmar seusdireitos.

    Direitos de natureza personalssima, como o nome e a honra, no podem ser transferidos,renunciados ou transmitidos por herana. A herana indivisvel at a publicao da sentenaque determinar a expedio de FORMAL DE PARTILHA. Enquanto isso, os bens pertencem a todosos herdeiros, em condomnio.

    O herdeiro pode ceder uma parte de seu quinho, mas nunca um bem especfico do acervo,sem o consentimento dos demais herdeiros, por meio de escritura pblica de CESSO DEDIREITOS HEREDITRIOS. Os demais herdeiros tm DIREITO DE PREFERNCIA na aquisio debens e direitos herdados. Em alguns casos, pode ser exigida a autorizao judicial prvia pormeio da expedio de ALVAR.

    6.11 Renncia, indignidade e deserdaoOs herdeiros podem aceitar a herana a que tm direito ou renunciar a ela. No possvel

    renunciar em favor de terceiro, sendo ele herdeiro ou no. A renncia deve ser feita em favordos demais herdeiros; quando feita em favor de uma pessoa especfica, configura cesso dedireitos hereditrios.

    So excludos da sucesso os herdeiros ou legatrios que tiverem praticado determinadoscrimes contra o autor da herana, como CALNIA e tentativa de homicdio.

    So considerados indignos os herdeiros que tiverem praticado ato contra a vida, a honra e aliberdade de TESTAR do falecido. o caso do filho que mata o pai. Embora herdeiro, a leientende que no digno de receber sua parcela na herana.

    A deserdao, por sua vez, ocorre quando, por meio de testamento, um herdeiro necessrio excludo da sucesso, enquadrando-se em uma das causas previstas em lei. A deserdao deveestar contida expressamente no testamento para ter validade. Alguns pais ameaam deserdaros filhos para convenc-los a seguir determinadas regras e a cumprir determinadas condutassociais.

    Voc sabia? A herana envolve no s a transmisso de bens e direitos mas

  • tambm as dvidas e obrigaes contradas em vida pelo falecido. Para acobrana dessas obrigaes, necessrio que o credor habilite seu crdito noprocesso de inventrio. Dvidas no so herdadas, mas os bens do falecido soalienados para satisfazer eventuais credores. facultado ao credor requerer aabertura do processo de inventrio para dar incio execuo do crdito.

    6.12 Inventrio e partilhaInventrio o processo judicial que se destina a apurar os bens deixados pelo falecido

    (ESPLIO) para partilha entre os herdeiros e pagamento de eventuais credores. O processo deinventrio deve ser iniciado dentro de sessenta dias, a contar do falecimento. nomeado uminventariante, quase sempre um parente, para conduzir o processo e representar os interessesdo esplio durante o processo. A ele cabe prestar contas aos herdeiros, representar osinteresses do esplio e dar andamento ao processo.

    possvel promover a partilha dos bens por meio de escritura pblica, no Cartrio deNotas, desde que todos os herdeiros sejam capazes, estejam presentes e de acordo com adiviso dos bens e, ainda, que o falecido no tenha dbitos fiscais pendentes de pagamento. obrigatrio que um advogado preste assistncia aos herdeiros. O procedimento simples eeficiente.

    Fique atento! A doao de bens e de dinheiro pode ser consideradaadiantamento do pagamento da legtima caso feita aos herdeiros necessrios(ascendentes, descendentes e cnjuges). Deve ser includa no processo doinventrio por ocasio do falecimento do doador. A validade do ato pode serquestionada pelos herdeiros no beneficiados em vida. prudente receber oconsentimento dos demais herdeiros para que o ato no seja invalidadoposteriormente.

    6.13 Testamento e planejamento sucessrioO testamento, seja pblico (feito em cartrio), seja particular (feito mo ou no computador,

    guardado em casa ou em um cofre), considerado a ltima manifestao de vontade dofalecido.

    Nesse documento, esto contidas disposies de natureza patrimonial (descrio e divisodos bens) ou pessoal: revelao de um filho concebido fora do casamento, indicao do localonde a pessoa gostaria de ser enterrada, autorizao para cremao do corpo ou para doaode rgos, entre outras disposies no patrimoniais.

    Como mencionado anteriormente, havendo herdeiros necessrios (ascendentes, descendentes

  • e cnjuge sobrevivente), o testador s poder dispor da metade da herana, que poder sertransmitida a terceiros (parentes, amigos, instituies sem fins lucrativos, entidades pblicasetc.) ou aos prprios herdeiros necessrios.

    A elaborao de testamento uma das formas mais comuns de planejamento sucessrio. Demodo geral, esse tipo de planejamento envolve questes de natureza patrimonial, familiar,societria e tributria. Embora o testamento possa ser feito pelo escrivo de um cartrio denotas (acompanhado de testemunhas), recomendvel a assistncia de um advogado, alm,naturalmente, de muita reflexo por parte de quem testa.

    Havendo ou no testamento, necessria uma ao prpria, de inventrio, para atransmisso dos bens. A nica exceo o inventrio extrajudicial, caso no haja testamento eos herdeiros sejam maiores e concordem com a partilha dos bens.

    Veja a seo Fontes para consulta, pgina 189. L, alm dos diversos endereoseletrnicos listados, h indicao do site de Registro Civil da Associao dos Registradoresde Pessoas Naturais de So Paulo (Arpen-SP) e da 5a Circunscrio do Rio de Janeiro(Cartrio Copacabana 5a CRC), nos quais so divulgados mais detalhes acerca do assuntodeste captulo.

    1 Considerando os trs principais regimes de bens adotados no Brasil.

  • Captulo 7

    Crime e castigo

    7.1 Crimes e suas penasQuerendo ou no, o direito penal faz parte da vida dos brasileiros. Seja nas manchetes dos

    jornais, no rdio, na televiso, seja na internet, diariamente deparamos com o relato da prticade um crime e sua repercusso social. Ditas na fico ou na vida real, algumas expresses einstitutos jurdicos j so familiares a nossos ouvidos. RU PRIMRIO, LIBERDADE PROVISRIA eDETENO so alguns exemplos.

    importante lembrar que no h crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prviacominao legal, ou seja, sem uma definio da pena a ser cumprida pela prtica dedeterminado ato ilcito.

    O Cdigo Penal classifica como crime uma srie de condutas indevidas e reprovveis. Oscrimes mais comuns so:

    a) contra a vida: homicdio, aborto, maus tratos e omisso de socorro;b) contra a honra: CALNIA, INJRIA e DIFAMAO;c) contra o patrimnio: roubo, furto, dano, extorso e ESTELIONATO; receptao, contrafao

    (pirataria) e apropriao indbita;d) contra a sade pblica e a integridade fsica: leso corporal, uso e trfico de entorpecentes;e) contra os costumes: estupro, atentado violento ao pudor, assdio sexual e corrupo de

    menores;f) contra a administrao pblica: corrupo ativa e passiva, trfico de influncia e

    contrabando;g) financeiros: lavagem de dinheiro e o chamado crime do COLARINHO BRANCO;h) contra o meio ambiente: desmatamento e desvio do curso de rios;i) contra a f pblica: falsificao de documentos e moedas;j) contra a liberdade: sequestro, crcere privado e violao de domiclio e de

    correspondncia; ek) contra o consumidor: venda casada ou formao de cartel.

    Outros crimes que merecem destaque pela frequncia com que so cometidos so DESACATO,

  • PLGIO, falso testemunho, desobedincia civil, formao de quadrilha, sonegao fiscal eexerccio arbitrrio das prprias razes, tambm conhecido como fazer justia pelas prpriasmos.

    Voc sabia? Os crimes contra o patrimnio (furtos, roubos), contra a vida(homicdio) e aqueles contra a sade pblica (uso e trfico de entorpecentes)so os mais praticados no Brasil e so punidos com penas que variam de um atrinta anos de recluso. Usados muitas vezes como sinnimos, roubo e furto socrimes distintos. No primeiro, h o uso de violncia ou de ameaa para subtraircoisa alheia para si ou para terceiro; no segundo, no necessrio nenhum tipode artifcio.

    Estudos revelam que alguns crimes so cometidos com mais frequncia por determinadasclasses sociais. As infraes de trnsito, a sonegao fiscal e a fraude contra seguros so maiscomuns nas classes altas. Os crimes de receptao de bens falsificados ou roubados so maiscomuns na classe mdia. No caso dos mais pobres, o roubo seguido por morte, chamado deLATROCNIO, o crime mais comum. H ainda os que so comuns a todas as classes, como ofurto, o homicdio e o trfico de drogas.

    De acordo com a legislao brasileira, admite-se a aplicao das seguintes penas:

    a) privao ou restrio de liberdade (PRISO), cumprida em regime aberto, semiaberto oufechado;

    b) pagamento de multa;c) prestao de servio social; ed) suspenso ou interdio de direitos.

    Voc sabia? No existe priso perptua ou pena de morte (pena capital) noBrasil. O tempo mximo que uma pessoa pode passar na cadeia trinta anos,mesmo tendo sido condenada a um prazo superior em razo da prtica de vrioscrimes.

    Os crimes podem ser praticados com inteno (DOLO) ou sem inteno (CULPA). Os crimespraticados sem inteno (chamados de crimes culposos) recebem penas mais brandas queaqueles praticados intencionalmente (chamados de crimes dolosos).

    H crimes como o estelionato (conhecido por seu dispositivo legal, o artigo 171), em que odolo est presente na prpria definio do crime. No existe, pois, a hiptese de estelionatoculposo, causado por imprudncia, impercia ou negligncia do agente.

    Os crimes de homicdio, dano e leso corporal praticados por motoristas no trnsito muitas

  • vezes so culposos, resultado de imprudncia, impercia ou negligncia. Podem serconsiderados dolosos se o juiz entender ser hiptese de DOLO EVENTUAL, ou seja, no caso de omotorista saber que, ao dirigir em determinada velocidade e em determinadas condies,correria o risco de atropelar um pedestre ou colidir com outro automvel.

    Fique atento! Criada pelo artigo 306 do Cdigo de Trnsito Brasileiro, a LeiSeca sofreu alteraes em 2012. Motoristas flagrados alcoolizados podem sermultados em at R$ 1.915,00, ter habilitao e veculo apreendidos, alm deresponder por processo administrativo que pode resultar na suspenso dacarteira por at um ano. Ningum obrigado a produzir prova contra si mesmoe, cientes disso, muitos motoristas recusavam-se a fazer o teste do bafmetrocom receio de serem presos em flagrante. Dada essa constatao, o bafmetroe o exame de sangue deixaram de ser os nicos meios de se atestar aembriaguez ao volante. Pela nova Lei Seca, so admitidos outros tipos de prova,como fotos, vdeos, relatos e testemunhas.

    A lei penal estabelece que no deve haver condenao quando o agente pratica um atocriminoso em estado de necessidade; em legtima defesa; e em estrito cumprimento de deverlegal ou em exerccio regular de direito, como o policial que mata um bandido armado ou obombeiro que arromba uma porta para salvar algum de um incndio. necessria, porm, acomprovao de que no existiam outros meios de cessar o ato de violncia ou o perigo senopelo cometimento de um crime.

    Fique atento! Os prazos prescricionais variam de acordo com o crime praticadoe com a penalidade aplicada. Quanto mais grave o crime, maior a pena aplicvele, consequentemente, maior o prazo de prescrio. Os nicos crimes que noprescrevem so o racismo e o terrorismo.

    7.2 Crimes de menor potencial ofensivo e os juizadosespeciais criminais

    Muitos dos crimes praticados no Brasil so considerados de menor potencial ofensivo e,portanto, punidos com penas leves, de at quatro anos de recluso. So julgados pelosjuizados especiais criminais, a menos que estejam associados prtica de crimes mais graves,que os remetam ao julgamento pelas varas criminais.

    Incluem-se no rol de crimes de menor potencial ofensivo as contravenes penais e asinfraes menos graves, no classificadas como crime, como a prtica de jogos de azar(bingo, jogo do bicho), vias de fato e a perturbao da ordem pblica.

  • Na audincia de conciliao, comum o MINISTRIO PBLICO sugerir ao agente a assinaturade um acordo (transao penal) para extinguir a ao. Em geral, esses acordos envolvempagamento de quantia equivalente a uma cesta bsica ou a um salrio mnimo. A prestao deservios comunidade, por meio de projetos sociais e de atividades socioeducativas, tambm frequentemente includa nas condies dos acordos. Note que s admitida uma transaopenal a cada perodo de cinco anos.

    Voc sabia? O porte ilegal de armas considerado crime. O Estatuto doDesarmamento restringe a POSSE, o porte e o comrcio legal de armas de fogo.Somente pessoas relacionadas na lei, como membros das Foras Armadas,guardas e policiais, funcionrios de empresa de segurana e guarda de valorese profissionais que praticam caa ou tiro esportivo, esto autorizadas a portararmas de fogo. Todas as armas devem ser registradas no Ministrio da Justia.

    7.3 Ao e procedimento penalAs aes penais podem ser pblicas, quando dependerem de uma iniciativa do Ministrio

    Pblico para serem distribudas, ou privadas, quando dependerem unicamente da provocaoda vtima. Dependendo do crime, a evoluo da ao penal independe da vontade da vtima.

    O HABEAS CORPUS (tambm conhecido como HC) o recurso previsto na ConstituioFederal que tem como objetivo garantir a liberdade de locomoo quele que se encontrarameaado de violncia ou coao, por ilegalidade ou abuso d