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Trabalho sobre Obrigações.

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Introduo1. Conceito de ObrigaoO termo obrigao usado, tanto na linguagem corrente como na prpria literatura jurdica, em sentidos diversos:Dever jurdico, a necessidade imposta pelo direito (objectivo) a uma pessoa de observar determinado comportamento. uma ordem, um comando, uma injuno dirigida inteligncia e vontade dos indivduos, que s no domnio dos factos podem cumprir ou deixar de o fazer.Quando a ordem jurdica confere s pessoas em cujo o interesse, o dever institudo, o poder de disporem de meios coercivos que o protegem diz-se que ao dever corresponde um direito subjectivo[1].O dever jurdico corresponde aos direitos subjectivos, no se confunde com o lado passivo das obrigaes. Ao dever jurdico podem contrapor-se, no lado activo da relao no s os direitos pblicos, mas ainda, no mbito restrito do direito privado, tanto os direitos de crdito como os direitos reais, os direitos de personalidade, os direitos conjugais e dos direitos de pais e filhos.Estado de sujeio, diferentemente do dever jurdico o chamado estado de sujeio, que constitui o contra plo dos direitos potestativo.O estado de sujeio consiste na sujeio inelutvel de uma pessoa ter se suportar na sua prpria esfera jurdica a modificao a que tende o exerccio do poder conferido a uma outra pessoa. O titular passivo da relao nada tem de fazer para cooperar na realizao do interesse da outra parte, mas nada pode fazer tambm para a impedir.nus jurdico, consiste na necessidade de observncia de certo comportamento ou de manuteno de uma vantagem para o prprio onerado.So duas, por conseguinte, as notas tpicas do nus jurdico. Por um lado, o acto a que o nus se refere no imposto como um dever. sua inobservncia no corresponde propriamente uma sano.Por outro lado, o acto no visa satisfazer o interesse de outrem, sendo estabelecido, pelo contrrio, no interesse exclusivo ou tambm no interesse do prprio onerado, o nus um meio de se alcanar uma vantagem ou, pelo menos, de se evitar uma desvantagem.2. Obrigao em sentido tcnicoDiz-se obrigao a relao jurdica por virtude da qual uma (ou mais) pessoa pode exigir de outra (ou outras) a realizao de uma prestao.No mesmo sentido, mas diferindo a relao do lado oposto, diz o art. 397 CC. O vnculo obrigacional, compreende a simples realizao de uma prestao (positivo ou negativo), sem ter por objecto a prpria pessoa do devedor.Trata-se de relaes em que o direito subjectivo de um dos sujeitos corresponde ao dever jurdico de prestar, imposto ao outro.Dentro da vasta categoria de deveres jurdicos, o dever corresponde s obrigaes em sentido tcnico, tem de caracterstico ainda o facto de ser imposto no interesse de determinada pessoa e de seu objecto consistir numa prestao.3. Caractersticas da obrigaoa) AutonomiaObrigaes autnomas, so aquelas que se constituam directamente, originariamente, entre dois sujeitos jurdicos sem que entre estes preexiste qualquer outra relao jurdica conexa com a obrigao.Por contraposio a estas h as chamadas obrigaes no autnomas, que so aquelas que surgem a partir de uma relao jurdica anterior existente entre os sujeitos e em funo dela (ex. arts. 1141/1; 2009; 2265/1 CC).Hoje toda a gente est de acordo em que as obrigaes autnomas ou no autnomas so verdadeiras obrigaes, todas elas estando submetidas ao regime geral das obrigaes sem, evidentemente, deixar de ter em conta as especialidades que as obrigaes no autnomas porventura comportam no seu regime jurdico.b) Disponibilidade uma caracterstica tendencial. No entanto, h organizaes que so irrenunciveis em certas circunstncias (ex. art. 809 CC). tambm o caso da obrigao no autnoma da prestao de alimentos (art. 2009 CC).Assim a disponibilidade uma caracterstica tendencial das obrigaes, mas h casos de indisponibilidade ou de irrenunciabilidade.c) Patrimoniabilidade (art. 398 CC)A lei tomas posio sobre o problema da patrimoniabilidade das obrigaes e toma posio negativa.Quer isto dizer que no podem constituir obrigaes, vinculaes a comportamentos que no correspondam a um interesse creditrio que tenha um mnimo de relevncia jurdica.Consagra-se no art. 398/1 CC, o princpio da liberdade ou da autonomia privada, que a da regra no campo das obrigaes onde as disposies impeditivas tm carcter excepcional. A tipicidade, que normal nos outros campos do direito privado, desconhecida no campo das obrigaes (art. 405 CC).Os limites do art. 398/1 esto fixados nos arts. 280 e segs.[1] Lembra-se que direito subjectivo : o poder juridicamente reconhecido a um sujeito de exigir ou pretender de outrem um determinado comportamento positivo ou negativo; ou por um acto de livre vontade s de per si ou integrado por um acto de uma autoridade pblica produzir determinadas consequncias de direito que se impe inelutavelmente na esfera jurdica da contraparte.Os Elementos Essenciais Das Relaes Obrigacionais4. Relaes obrigacionais simples e complexasA relao jurdica em geral diz-se una ou simples, quando compreende o direito subjectivo atribudo a uma pessoa e o dever jurdico ou estado de sujeio correspondente, que recai sobre a outra; e complexo ou mltipla, quando abrange o conjunto de direitos e deveres ou estados de sujeio nascidos do mesmo facto jurdico.5. Elementos constitutivos da relaoSo trs os elementos constitutivos da relao obrigacional:a) Os sujeitos, que so titulares (activo ou passivo) da relao;b) O objecto, que a prestao debitria;c) O vnculo, que o nexo ideal que liga os poderes do credor aos deveres do obrigado.6. Os sujeitosO primeiro elemento da relao, pelo papel primordial que desempenha dentro dela, constituda pelos sujeitos: o credor, de um lado; e o devedor, do outro.O credor, a pessoa a quem se proporciona a vantagem resultante da prestao, o titular do interesse que o dever de prestar visa satisfazer.Ser titular do interesse protegido, significa, no fundo o seguinte:a) Ser o credor, o portador de uma situao de carncia ou de uma necessidade;b) Haver bens (coisas, servios) capazes de preencherem tal necessidade;c) Haver uma apetncia ou desejo de obter estes bens para o suprimento da necessidade ou satisfao da carncia.O devedor , por seu turno, a pessoa sobre a qual recai o dever especfico) de efectuar a prestao.Excepcionalmente (caso do art. 770 CC), a prestao feita a terceiros (naquelas condies) liberatria e considera-se como se tivesse sido feita pelo credor. Mas so casos excepcionais.Quando uma obrigao plural podemos ter um de dois regimes: o da conjuno ou da solidariedade.7. Caractersticas essenciais do regimeConsiderando-se a hiptese de pluralidade passiva (vrios devedores): Se os vrios devedores forem conjuntos, isso significa que o credor, para exigir o cumprimento integral da obrigao, tem de se dirigir a cada um e a todos os condevedores, exigindo de cada um a quota que lhe cabe na obrigao comum. Se a obrigao for solidria, o credor pode exigir de qualquer dos devedores o cumprimento integral da obrigao. Qualquer dos devedores est obrigado ao cumprimento da totalidade da prestao e tem contra os seus devedores o direito de regresso na quota que a dada um corresponde.Importante saber que quando a obrigao civil (por contraposio, designadamente obrigao mercantil ou comercial) o regime da obrigao plural o da conjuno, salvo se a lei ou da conveno das partes resultar o regime da solidariedade (art. 53 CC).Considerando a hiptese da pluralidade activa (vrios credores): Quando est perante solidariedade activa, isto significa que qualquer dos credores pode, sozinho, extinguir do devedor a titularidade da dvida e depois tem a obrigao de pagar aos outros credores a parte que lhe cabe no crdito comum. Se a obrigao plural do lado activo for conjunta, cada um dos credores tem a exigir do devedor comum a parte que lhe cabe no crdito comum.A relao obrigacional no se altera pelo facto de se alterar a pessoa de um dos sujeitos da relao obrigacional.8. O objecto a prestao devida ao credor o meio que satisfaz o interesse do credor, que lhe proporciona a vantagem a que ele tem direito.A prestao, consiste em regra, numa actividade ou numa aco do devedor. Mas tambm pode consistir numa absteno, permisso ou omisso.A prestao o fulcro da obrigao, o seu alvo prtico. Distingue-se do dever geral de absteno prprio dos direitos reais, porque o dever jurdico de prestar um direito especfico, enquanto o dever geral de absteno um dever genrico, que abrange todos os no titulares (do direito real ou de personalidade). Tendo principalmente em vista as obrigaes de coisas, os autores costumam distinguir entre objecto imediato, consiste na actividade devida; e o objecto mediato da obrigao, na prpria coisa em si mesma considerada, ou seja, no objecto da prestao.O objecto da obrigao a prestao. Como objecto que de um negcio jurdico, a prestao tem de obedecer a certos requisitos para ser vlido o negcio que emerge a obrigao. So eles (art. 280 CC):a) Determinabilidade;b) Possibilidade fsica e legal;c) Licitude.9. Determinabilidade quando no estando concretamente determinada na sua individualidade, est enunciado um ou vrios critrios que permitem a sua determinao. Se no houver qualquer critrio de determinabilidade da prestao, em princpio nulo o negcio de que emerge a obrigao (art. 400 CC). Admite-se que a determinao possa ser confiada, pelos prprios interessados, a uma ou outra das partes, ou a terceiro. Os critrios da equidade s so aplicveis, se outros no estiverem sido estipulados.10. Possibilidade fsicaQuando no momento da constituio da obrigao a prestao susceptvel de ser realizada humanamente, passvel de realizao pelas pessoas em geral, mesmo que no seja realizvel pelo devedor. a possibilidade objectiva. A obrigao s invlida quando for objectivamente impossvel originariamente. Quando a obrigao no for realizvel nem pelo devedor, nem pela generalidade das pessoas, nem por ningum (h uma impossibilidade fsica) nulo o negcio de que provinha a obrigao. Fala-se de impossibilidade legal, para significar os casos em que por fora da ordem jurdica, no possvel realizar o objecto da obrigao.H casos em que se constitui a obrigao e no momento da sua constituio possvel a prestao. E depois, acontece algo que vem a impossibilitar o cumprimento da obrigao. A obrigao e vlida e tem um outro regime que o da impossibilidade superveniente (art. 790 segs. CC), regime esse que pode ser um de dois: O da impossibilidade superveniente no culposa, o devedor no tem culpa nenhuma que a obrigao se tivesse tornado impossvel; O da impossibilidade superveniente culposa, o devedor culpado pelo facto de a obrigao se ter tornado impossvel.11. Principais modalidades de prestaoPrestao de facto e prestao de coisa, conforme o seu objecto se esgota, num facto ou se refere a uma coisa, que constitui o objecto mediato da obrigao.Prestao de facto ou de terceiro, a prestao de facto refere-se em regra, a um facto do devedor. o depsito que se obriga a guardar e restituir a coisa ou o mandatrio que se compromete a realizar determinados actos jurdicos, no interesse do mandante. Mas pode o facto devido reportar-se a factos de terceiro.Prestao de coisa, prestao de coisa futura, a doutrina do direito comum distinguia, quanto ao tipo da prestao segundo um critrio mais escolstico do que propriamente jurdico, entre as obrigaes de dare, facere e non facere. As duas ltimas correspondem s prestaes de facto; as primeiras actual prestao de coisa.Prestao de coisa futura, a prestao de coisa refere-se, por via de regra, a coisas j existentes. Mas pode tambm ter por objecto coisa futura (arts. 397; 211 CC). A expresso coisa futura porm usada por lei numa acepo ampla abrangendo no s as coisas que ainda carecem de existncia como as prprias coisas j existentes, a que o disponente ainda no tem direito ao tempo da declarao negocial.A lei, ao admitir prestao de coisa futura, quer significar que tal prestao de coisa futura, quer significar que tal prestao pode constituir objecto da obrigao. Se a coisa futura no chega a existir, ou que vem a existir, mas em quantidade inferior prevista, por causa no imputvel ao devedor, a obrigao extingue-se total ou parcialmente, conforme os casos, ficando o credor desonerado de toda a contra prestao ou de parte dela (arts. 795/1, 793/1 CC). Mas nada impede que as partes convencionem que o risco da prestao no chega a existir ser suportado pelo credor (art. 800/2 CC).Prestao instantnea e prestaes duradouras, dizem-se instantneas as prestaes em que o comportamento exigvel do devedor se esgota num s momento ou num perodo de tempo de durao praticamente irrelevante.A prestao protela-se no tempo, tendo a durao temporal da relao creditria, influncia decisiva na conformao global da prestao (prestao duradoura).Prestao fungvel[2], quando pode ser realizada por pessoas diferentes do devedor, sem prejuzo do interesse do credor; ser no fungvel, no caso de o devedor no puder ser substitudo no cumprimento por terceiro. So as obrigaes em que ao credor no interessa apenas o objecto da obrigao mas tambm a habilidade, o saber, a destreza, a fora, o bom-nome ou outras qualidades pessoais do devedor.12. Facto jurdico ou vnculo jurdicoAtravs do vnculo que a ordem jurdica estabelece entre o credor e o devedor. Este vnculo, constitudo pelo enlace dos poderes conferidos ao credor com os correlativos deveres impostos ao titular passivo da relao, forma o ncleo central da obrigao, o elemento substancial da economia da relao. Atenta a facilidade com que mudam os sujeitos da obrigao e ponderadas as transformaes que sofre a cada passo a prpria prestao debitria, o vnculo estabelecido entre o devedor e o credor constitui o elemento verdadeiramente irredutvel na relao. Nele reside o cerne do direito de crdito.Na relao obrigacional h essencialmente um direito subjectivo relativo, um direito de crdito, e uma posio jurdica passiva uma obrigao.O direito do credor o direito a obter a prestao voluntria ou coercivamente.O princpio geral nesta matria decorre do art. 817 CC. O credor tem direito prestao e, no caso de no haver cumprimento espontneo, tem a chamada aco de cumprimento, que a entidade complexa que se decompe numa aco declarativa e numa aco executiva, das quais a segunda pode depender a primeira, isto , da condenao do devedor realizao da prestao.A execuo o meio comum de obter coactivamente a satisfao do direito do credor. Mas no o nico. No pode pr-se de parte a possibilidade do exerccio da aco directa (art. 336 CC), como meio do credor obter o cumprimento da obrigao.Dizer que a relao obrigacional se resolve num direito e numa obrigao uma verbalizao tradicional mas muito empobrecera das realidades que a relao obrigacional constitui: isto porque, para alm do dever de prestao principal sobre o devedor impedem numerosos, de conduta, de proteco.Uma vez determinado concretamente o objecto da prestao, aquele bem, que vai entrar no patrimnio do comprador, quer ele queira, quer no queira.Os trs elementos que integram o vnculo existente entre os sujeitos da relao, so:a) O direito prestao;b) O dever correlativo de prestar;c) A garantia.13. O direito prestao o poder (juridicamente tutelado) que o credor tem de exigir a prestao do devedor.O credor e s ele pode exigir o cumprimento, e de acordo com a sua vontade que funciona o mecanismo da execuo, quando o devedor no cumpra, mesmo depois de condenado. O credor no apenas o portador subjectivo do interesse tutelado; o titular da tutela do interesse; o sujeito das providncias em que a proteco legal se exprime.14. O dever de restar a necessidade imposta (pelo direito) ao devedor de realizar a prestao sob a cominao das sanes aplicveis inadimplncia.15. A garantiaA lei no se limita a impor um dever de prestar ao obrigado e a atribuir ao credor o correlativo prestao. Procura assegurar tambm a realizao coactiva da prestao sem prejuzo do direito que, em certos casos, cabe ao credor de resolver o contrato ou de recusar legitimamente o cumprimento da obrigao que recaa sobre ele prprio, at que a devedor se decida a cumprir.A aco creditria, o poder de exigir judicialmente o cumprimento da obrigao, quando o devedor no cumpra voluntariamente, e de executar o patrimnio deste (art. 817 CC).Vista do lado do devedor, a garantia traduz-se fundamentalmente na responsabilidade do seu patrimnio pelo cumprimento da obrigao e na consequente sujeio dos bens que o integram aos fins especficos da execuo forada.Se o devedor no cumprir espontaneamente a obrigao: Ou a prestao de tal natureza que o credor pode exigir a sua execuo especfica; ou a prestao, por ser infungvel, insusceptvel de execuo especfica. Ou o credor j perdeu o interesse que tinha na prestao e o incumprimento tornou-se definitivo.Quando se chega a esta situao de o credor ter ao seu dispor a indemnizao pelos danos decorrentes do incumprimento, o que garante o cumprimento do crdito e do crdito indemnizatrio o patrimnio do devedor.A garantia geral das obrigaes o patrimnio do devedor. Mas nem todos os bens so susceptveis de apreenso judicial, isto , nem todos os bens so penhorveis (arts. 82, 823 CPC), dentro dos bens penhorveis h trs categorias: H bens que so totalmente penhorveis; H bens que so relativamente penhorveis, quer dizer que so impenhorveis em relao a certos processos; H bens que so parcialmente impenhorveis, assim acontece com uma parte (2/3) de todas as remuneraes peridicas de trabalho.A garantia geral das obrigaes, constituda no por todos o patrimnio do devedor, mas apenas pelos bens componentes desse patrimnio que so susceptveis de penhora.Meios de conservao da garantia patrimonial: Declarao de nulidade/legitimidade dos credores (art. 605 CC); Sub-rogao do credor ao devedor (art. 606 CC); A impugnao pauliana (art. 610, 612 CC); Arresto (art. 619 CC).16. Garantias especiais das obrigaesPara alm da garantia geral que comum a qualquer obrigao, uma obrigao pode dispor de uma garantia especial, a qual pode ter como fonte: conveno, a lei ou deciso judicial, dependentemente do tipo de garantia. Dois subtipos:- Garantias pessoais;- Garantias reais.Garantias pessoais: est-se perante esta, quando um sujeito, terceiro relativamente relao obrigacional, responde com o seu patrimnio pelo cumprimento da obrigao. A nossa lei prev trs garantias especiais pessoais:- A fiana (art. 627 CC);- A sub-fiana (art. 630 CC);- Mandato de crdito (art. 629 CC).17. Garantias reaisEst-se perante esta, quando por conveno das partes, por estipulao da lei ou por deciso judicial, certos bens, ou o valor de certos bens, ou o valor dos rendimentos de certos bens, responde privilegiadamente pelo cumprimento da obrigao.Quer isto dizer que quando h uma garantia real, o credor tem o direito de se fazer pagar com preferncia sobre todos os credores, pelo valor de um certo bem ou dos rendimentos de um certo bem. Ele pode fazer vender judicialmente um certo bem e com o produto da venda judicial desse bem, fazer-se pagar pelo seu crdito. Isto independentemente de ser ou no suficiente. Se for insuficiente, ele depois concorre, para a parte restante com os demais credores quanto garantia geral. As garantias reais previstas na nossa lei so:a) A consignao de rendimentos (art. 656 CC);b) Penhor (art. 666/1 CC);c) Hipoteca (art. 686/1 CC);d) Privilgios creditrios (art. 733; 736 CC);e) Direito de reteno (art. 754 CC).[2] A fungibilidade, a parece consagrada como regra no art. 767/2 CC, que apenas ressalta os casos em que expressamente se tenha acordado que a prestao deva ser feita pelo devedor (no fungibilidade convencional) ou em que a substituio prejudique o credor (no fungibilidade fundada na natureza da prestao).Fontes das Obrigaes18. IntroduoDiz-se fonte de obrigao o facto jurdico de onde nasce o vnculo obrigacional. Trata-se da realidade sub specie iuris que d vida relao creditria: o contrato, o negcio unilateral, o facto ilcito, etc.A fonte tem uma importncia especial na vida da obrigao, por virtude da atipicidade da relao creditria.Chama-se fonte de uma obrigao ao facto jurdico de que emerge essa obrigao, ao facto jurdico constitutivo da obrigao.A sistematizao das fontes das obrigaes foi feita, ao longo dos sculos, de maneiras diversas. Uma primeira classificao:a) Contratos;b) Quase contratos;c) Delitos;d) Quase delitos.Actualmente, face nossa lei, so fontes das obrigaes:- Os Contratos (art. 405 segs. CC);- Os Negcios Jurdicos Unilaterais (arts. 457 segs. CC);- A Gesto de Negcios (arts. 464 segs. CC);- Enriquecimento Sem Causa (arts. 473 segs. CC;- Responsabilidade Civil (arts. 483 segs. CC).19. ContratosDiz-se contratos o acordo vinculativo assente sobre duas ou mas declaraes de vontade (oferta ou proposta, de um lado; aceitao, do outro), contrapostas mas perfeitamente harmonizveis entre si, que visam estabelecer uma composio unitria de interesses.O Cdigo Civil portugus vigente na define expressamente a figura do contrato, alm de admitir a constituio de obrigaes com prestao de carcter no patrimonial (art. 398/2 CC), considera expressamente como contratos o casamento (art. 1577 CC), do qual brotam relaes essencialmente pessoais, bem como o pacto sucessrio (arts. 1701, 2026, 2028 CC), que fonte de relaes mortis causa.O contrato pode ser hoje, por conseguinte, no s fonte de obrigaes (da sua constituio, transferncia, modificao ou extino), mas de direitos reais, familiares e sucessrios.O contrato essencialmente um acordo vinculativo de vontades opostas, mas harmonizveis entre si.O seu elemento fundamental o mtuo consenso. Se as declaraes de vontade das partes, apesar de opostas, no se ajustam uma outra, no h contrato, por que falta o mtuo consentimento.Se a resposta do destinatrio da proposta contratual no for de pura aceitao, haver que consider-la, em homenagem vontade do proponente, como rejeio da proposta recebida ou como formulao de nova proposta, at se alcanar o pleno acordo dos contraentes (art. 223 CC).As vontades integram o acordo contratual, embora concordantes ou ajustveis entre si, tm que ser opostas, animadas de sinal contrrio.Se as declaraes de vontade so concordantes, mas caminham no mesmo sentido, reflectindo interesses paralelos, no h contrato, mas acto colectivo ou acordo.O contrato um negcio jurdico bilateral ou plurilateral isto , integrado pela manifestao de duas ou mais vantagens diversas que se conjugam para a realizao de um objectivo comum.A nica razo porque se fala em vontades contrapostas mas convergentes para a produo de um certo efeito, para distinguir os contratos dos negcios jurdicos unilaterais em que h mais de que um sujeito. E a as declaraes de vontade j no so contrapostas, mas so paralelas.A liberdade de contratual encontra-se consagrada no art. 405 CC, e corresponde a esta ideia muito simples: as partes so livres de celebrar ou no celebrar o contrato que quiserem.A liberdade contratual tem portanto duas vertentes, ou componentes: a liberdade de celebrao e liberdade de estipulao.20. O princpio da liberdade contratual uma aplicao da regra da liberdade negocial, sendo ambos eles um corolrio do princpio da autonomia privada, s limitando, em termos gerais, nas disposies dos arts. 280 e segs. CC (art. 398 CC) e em termos especiais, na regulamentao de alguns contratos.Em virtude deste princpio, ningum pode ser compelido realizao de um contrato. Esta regra tem tambm excepes (ex. art. 410 segs. CC).O princpio da liberdade contratual desdobra-se em vrios aspectos:a) A possibilidade de as partes contratarem ou no contratarem, como melhor lhes aprouver;b) A faculdade de, contratando, escolher cada uma delas, livremente, o outro contraente;c) A possibilidade de, na regulamentao convencional dos seus interesses, se afastarem dos contratos tpicos ou paradigmticos disciplinados na lei ou de inclurem em qualquer destes contratos paradigmticos clusulas divergentes da regulamentao supletiva contida no Cdigo Civil.21. Formao do contrato sem declarao de aceitaoA lei civil (art. 234 CC)[3] ajuda a compreender e enquadrar uma parte importante desse fenmeno negocial.Trata-se, por conseguinte, de casos em que, merc de circunstncias especiais, a lei tem o contrato por concludo sem declarao de aceitao, embora se no prescinda da vontade da aceitao.So situaes em que, dispensando-se a declarao de aceitao, mas no se prescindindo da vontade de aceitao, esta se demonstra as mais das vezes por actos de execuo da vontade.22. A disciplina legislativa dos contratos: princpios fundamentais por que se regeMais que uma das fontes das obrigaes, o contrato, como negcio unilateral que , pode considerar-se em certo sentido a fonte natural das relaes de crdito.Os princpios fundamentais em que assenta toda a disciplina legislativa dos contratos a seguinte:a) Princpio da autonomia privada, que atribui aos contraentes o poder de fixarem, em termos vinculativos, a disciplina que mais convm sua relao jurdica.b) Princpio da confiana, assente da stare pactis, segundo o qual cada contraente deve responder pelas expectativas, que justificadamente cria, com a sua declarao, no esprito da contraparte.c) Princpio da justia cumutativa ou da equivalncia objectiva, de acordo com o qual, nos contratos a ttulo oneroso, prestao de cada um dos contraentes deve corresponder uma prestao de valor objectivo sensivelmente equivalente da parte do outro contraente.23. O princpio da autonomia privadaReveste na rea especfica dos negcios bilaterais ou plurilaterais, a forma da liberdade contratual.A autonomia privada um princpio da rea bastante mais dilatada (do que a liberdade contratual), pois compreende ainda a liberdade de associao, a liberdade de tomar deliberaes nos rgos colegiais, a liberdade de testar, a liberdade de celebrar acordos que no so contratos e a liberdade de praticar os numerosos actos unilaterais que concitam a tutela do Direito.24. O princpio da confiana (pacta sunt servanda)Explica por sua vez, a fora vinculativa do contrato, a doutrina vlida em matria de interpretao e integrao dos contratos (arts. 236, 238, 239 - 217 CC), e a regra da imodificabilidade do contrato por vontade unilateral, de um dos contraentes (art. 406 CC).25. O princpio da justia cumutativa (ou da equivalncia das prestaes)Encontra-se por seu turno, latente em vrias disposies importantes no nosso direito constitudo, entre as quais podem salientar-se as seguintes: a anulao ou modificao dos negcios usurrios (art. 282 segs. CC); a possibilidade de reduo oficiosa da clusula penas excessiva (art. 812 CC), etc.26. A liberdade de contratar e as suas limitaesEnvolve dois termos da expresso, a juno de duas ideias sucessivas de sinal oposto.Por um lado, atravs do termo liberdade, exprime a faculdade de os indivduos formularem sem limitaes s suas propostas e decidirem sem nenhuma espcie de coaco externa sobre a adeso s propostas que outros lhes apresentem.Por outro lado, a liberdade reconhecida s partes aponta para a criao do contrato. E o contrato um instrumento jurdico vinculativo, um acto com fora obrigatria. A liberdade de contratar , por conseguinte, a faculdade de criar sem constrangimento um instrumento objectivo, um pacto que, uma vez concludo, nega a cada uma das partes a possibilidade de se afastar (unilateralmente) dele pacta sunt servanda.A liberdade de contratar sofre porm, limitaes ou restries em vrios tipos de casos:a) Dever de contratar: h mltiplos casos em que as pessoas singulares ou colectivas, tm o dever jurdico de contratar, logo que se verifiquem determinados pressupostos. Quando assim seja, a pessoa que se recusa a contratar pratica um acto ilcito, que pode constitui-la em responsabilidade perante a que deseja realizar o contrato. Casos h inclusivamente em que a esta pessoa se permite obter a execuo coerciva do contrato.a) Promessa negocial de contratar, quando uma das partes ou ambas elas hajam assumido (previamente) em contrato-promessa (art. 410 segs. CC), a obrigao de celebrar determinado contrato. Quando exista uma conveno desta natureza, o promitente j no livre de contratar; tem o dever de faz-lo, sob pena de a contraparte poder exigir judicialmente o cumprimento da promessa ou a indemnizao pelo dano proveniente da violao desta.b) Dever de contratar relativo a servios pblicos, so tambm obrigadas a contratar, em certos termos, as empresas concessionrias de servios pblicos, sempre que o acto constitutivo da concesso ou os regulamentos aplicveis lhes permitam recusar a celebrao do contrato, sem especial causa justificativa.c) Profisso de exerccio condicionada, restrio semelhante ainda, por fora da lei expressa, sobre pessoas que desempenham profisses liberais cujo exerccio esteja condicionado posse de certo ttulo de habitao ou inscrio em determinados organismos.b) Proibio de contratar com determinadas pessoas: restries liberdade contratual, mas de sinal contrrio s discriminadas no grupo anterior, so as provenientes de normas que probem a realizao de alguns contratos com determinadas pessoas (arts. 579 e 876 CC, quanto venda e cessao de direitos ou coisas litigiosas; art. 877 CC[4]; art. 953 CC[5]).c) Renovao ou transmisso do contrato imposta a um dos contraentes: sem prejuzo da liberdade inicial dos contraentes, a lei impe a um deles a renovao do contrato ou a transmisso para terceiros da posio contratual da outra parte.d) Necessidade do consentimento, assentimento ou aprovao de outrem: figuram ainda entre as limitaes liberdade contratual os casos em que, para contratar, certas pessoas necessitam do consentimento ou do assentimento de outrem, e aqueles em que a validade do contrato livremente celebrado entre as partes depende da aprovao de certa entidade.27. Limites liberdade de contratarDepois de se decidir livremente contratar, a pessoa goza ainda da faculdade de escolher livremente a pessoa com quem vai realizar o contrato.Essa faculdade reveste uma importncia especial nos negcios realizados intuitu personae, nos contratos a crdito ou nos contratos destinados a criar relaes entre os contraentes.Mas tambm neste domnio existem limitaes liberdade contratual, umas resultantes da vontade das partes, outras provenientes directamente da lei.Entre as primeiras, avultam as criadas pelos chamados pactos de preferncia, mediante os quais um dos contraentes se compromete a escolher o outro como sua contraparte, na hiptese de se ter decidido a realizar determinado contrato.Entre as segundas, destacam-se as resultantes dos chamados direitos legais de preferncia e as impostas pelas normas que reservam para certas categorias profissionais a realizao de determinados tipos de prestao de servios.Os direitos legais de preferncia, tm eficcia limitativa da liberdade contratual ainda mais forte do que a resultante dos pactos de preferncia.28. A livre fixao do contedo dos contratos; limitaesAlm da liberdade de contratar e da liberdade de escolha do outro contraente, reconhece-se aos contraentes a faculdade de fixarem livremente o contedo do contrato.Tomando como ponto de referncia os contratos em especial regulados na lei, a liberdade de modelao do contedo do contrato desdobra-se sucessivamente:a) Na possibilidade de celebrar qualquer dos contratos tpicos ou nominados previstos na lei;b) Na faculdade de aditar a qualquer desses contratos as clusulas que melhor convirem aos interesses prosseguidos pelas partes;c) Na possibilidade de se realizar contratos distintos dos que a lei prev e regula.Porm, como a liberdade de contratar e a liberdade de escolha do outro contraente, tambm a regra da livre fixao do contedo do contrato est sujeita a limitaes. Pode mesmo dizer-se que, uma vez destrudos os pressupostos fundamentais em que assentava o liberalismo econmico e afastada pelo intervencionalismo poltico-econmico a relutncia do Estado em se intrometer nas relaes do comrcio privado, essas limitaes se tm multiplicado de forma acentuada nas modernas legislaes, principalmente nos contratos que afloram, com mais frequncia ou maior intensidade, poderosos interesses colectivos ao lado dos meros interesses de terceiros. As limitaes so, todavia, menos frequentes no campo das obrigaes do que nos outros sectores do direito privado.[6]Estes limites abrangem concretamente, em primeiro lugar, os requisitos formulados nos arts. 280 segs. CC, quanto ao objecto do negcio jurdico, e no art. 398/2 CC, e compreendem ainda as numerosas disposies dispersas por toda a legislao, que probem, no geral sob pena de nulidade a celebrao de contratar com certo contedo.Em segundo lugar, cumpre mencionar os contratos-normativos e os contratos-colectivos, cujo o contedo, fixado em termos genricos, se impe, em determinadas circunstncias, como um padro que os contraentes so obrigados a observar nos seus contratos individuais de natureza correspondente.As normas imperativas, que se reflectem no contedo dos contratos: umas aplicveis generalidade dos contratos ou a certas categorias de contratos; outras, privativas de certos contratos em especial, e que so vulgares nos sistemas de economia fortemente dirigida.Entre as primeiras abstraindo das regras relativas aos negcios formais (arts. 220, 875, 947 1029CC), que respeitam formao e no aos efeitos do contrato, e das que esto compreendidas no regime geral do negcio jurdico , avulta o princpio da boa f, pelo qual se deve pautar a conduta das partes, tanto no cumprimento da obrigao, como no exerccio do direito correspondente (art. 762/2 CC).29. Clusulas contratuais gerais (DL 446/85)Quando se fala dos limites liberdade contratual, fala-se dos limites jurdicos.Muitas vezes esses limites introduzidos pela lei liberdade das partes resultam de a lei (ordem jurdica) verificar que as partes no eram livres e iguais na celebrao dos contratos. Isto , resultaram muitas vezes de haver limites materiais liberdade contratual, de haver situaes contratuais em que uma das partes no tinha o mesmo poder negocial que a outra.Um dos problemas que os contratos celebrados com base em clusulas contratuais gerais colocam desde logo o aderente ao contrato no reconhecer a totalidade do clausulado contratual.A lei, impe ao predisponente das clusulas contratuais gerais um dever de comunicao, na integra das clusulas dos seus destinatrios. Esse dever de comunicao, que est expressamente consagrado no art. 5, consubstancia uma reafirmao do dever de comunicao que existe, para qualquer contraente, em qualquer contrato que queira celebrar, de comunicar ao outro contraente o contedo do contrato que pretende concluir.Por clusulas contratuais gerais entende o diploma (art. 1), as elaboras antes do contrato em que so insertas e que os proponentes ou destinatrios indeterminados se limitam, respectivamente, a subscrever ou aceitar.30. Responsabilidade pr-contratual, a culpa in contraendo e o princpio da boa fO art. 227 CC, segundo o qual quem negoceia com outrem para concluso de um contrato deve, tanto nos preliminares como na formao dele, proceder segundo regras de boa f, sob pena de responder pelos danos que culposamente causar outra parte.A lei, consagra a tese da responsabilidade civil pr-contratual pelos danos culposamente causados contraparte tanto no perodo de negociaes como no momento decisivo da concluso do contrato, abrangendo por conseguinte a tese crucial da relao final das clusulas do contrato.Em segundo lugar, a responsabilidade das partes no se circunscreve, cobertura dos danos culposamente causados contraparte pela invalidade do negcio. A responsabilidade pr-contratual, com a amplitude que lhe d a redaco do art. 277 CC, abrange os danos provenientes de esclarecimento e de lealdade em que se desdobra o amplo aspecto negocial da boa f.Em terceiro lugar, alm de indicar o critrio pelo qual se deve pautar a conduta de ambas as partes, a lei portuguesa aponta concretamente a sano aplicvel parte que, sob qualquer forma, se afasta da conduta exigvel: a reparao dos danos causados contra parte.Em quarto lugar, a lei no se limita a proteger a parte contra o malogro da expectativa de concluso do negcio, cobrindo-a de igual modo contra outros danos que ela sofra no inter negotii.[3] Quando a proposta, prpria natureza ou circunstncias do negcio, ou os usos tornem dispensvel a declarao de aceitao, tem-se o contrato por concludo logo que a conduta da outra parte mostre a inteno de aceitar a proposta.[4] Relativamente venda de pais a filhos ou por avs a netos, sem o consentimento dos outros filhos ou netos[5] Quanto doao a favor das pessoas abrangidas pelas indisponibilidades relativas constantes dos arts. 2192 e 2198 CC.[6] Todas estas restries se podem considerar englobadas genericamente no art. 405 CC (dentro dos limites da lei).Classificao de contratos31. Contratos tpicos (ou nominados) e contratos atpicos (ou inominados)Dizem-se contratos tpicos ou nominados, os que, alm de possurem um nome prprio, que os distingue dos demais, constituem objecto de uma regulamentao legal especfica.Os contratos tpicos ou nominados, que a lei chama a si para os disciplinar juridicamente, correspondem s espcies negociais mais importantes no comrcio jurdico. E a disciplina especfica traada na lei para cada um deles obedece, pelo menos, a um duplo objectivo do legislador.Por um lado, exactamente porque se trata dos acordos negociais mais vulgarizados na prtica, a lei pretende auxiliar as partes e os Tribunais, fixando a disciplina jurdica aplicvel aos pontos em que, no obstante a importncia que revestem, as convenes redigidas pelas partes so frequentemente omissas.Por outro lado, a lei aproveita o esquema negocial tpico do contrato nominado para, a propsito do conflito de interesses particulares subjacente a cada um deles, fixar as normas imperativas ditadas pelos princpios bsicos do sistema.Distintos dos contratos tpicos ou nominados so aqueles (chamados contratos atpicos ou inominados) que as partes, ao abrigo do princpio da liberdade contratual (art. 405/1 CC), criam fora dos modelos traados e regulados na lei.32. Contratos mistosDiz-se misto, o contrato no qual se renam elementos de dois ou mais negcios, total ou parcialmente regulados na lei. Em lugar de realizarem um ou mais dos tipos ou modelos de conveno contratual includos no catlogo da lei, as partes, porque os seus interesses o impem a cada passo, celebram por vezes contratos com prestaes de natureza diversa ou com uma articulao de prestaes diferentes da prevista na lei, mas encontrando-se ambas as prestaes ou todas elas compreendidas em espcies tpicas directamente reguladas na lei.33. Contratos gratuitos e contratos onerososDiz-se contrato oneroso, o que a atribuio patrimonial efectuada por cada um dos contraentes tem por correspectivo, compensao ou equivalente a atribuio da mesma natureza proveniente do outro, para alcanar ou manter a atribuio patrimonial da contraparte, cada contraente tem (o nus hoc sensu) de realizar uma contraprestao.Para que o contrato seja oneroso preciso que cada uma das partes tenha simultaneamente uma vantagem de natureza patrimonial e um sacrifcio do mesmo tipo. gratuito o contrato em que, segundo a comum interaco dos contraentes, um deles proporcionou uma vantagem patrimonial ou outro, sem qualquer correspectivo ou contraprestao.Para que o contrato seja gratuito, preciso que uma das partes tenha um benefcio patrimonial e a outra sofra apenas um sacrifcio patrimonial.34. Contratos bilaterais e unilateraisDizem-se contratos unilaterais, os contratos dos quais resultam obrigaes s para uma das partes. O contrato sempre um negcio jurdico bilateral, visto nascer do enlace de duas declaraes de vontade contrapostas e ter assim sempre duas partes. Mas h negcios bilaterais que s criam obrigaes para uma das partes (ex. doaes art. 940 CC comodato art. 1129 CC no mtuo e no mandato gratuito art. 1157 CC, etc.; estes so contratos unilaterais.Dos contratos bilaterais (ou sinalagmticos), como a compra e venda, a empreitada, no s nascem obrigaes se encontram unidas uma outra por um vnculo de reciprocidade ou interdependncia. O vnculo que, segundo a inteno dos contraentes, acompanha as obrigaes tpicas do contrato desde o nascimento deste[7], continua a reflectir-se no regime da relao contratual, durante todo o perodo de execuo do negcio e em todas as vicissitudes registadas ao longo da existncia das obrigaes[8].Os contratos bilaterais ou sinalagmticos, so contratos de que emergem duas obrigaes, cada uma a cargo de uma das partes, ligadas pelo tal sinalagma gentico ou funcional.O sinalagma, liga entre si as prestaes essenciais de cada contrato bilateral, mas no todos os deveres de prestao dele nascidos.35. Excepo do no cumprimento (art. 428 CC)Um dos traos fundamentais do regime dos contratos bilaterais, que constitui um simples corolrio do pensamento bsico do sinalagma funcional, consiste na excepo do no cumprimento do contrato (exceptio non adimpleti contratus). Desde que no haja prazos diferentes para o cumprimento das prestaes, qualquer dos contraentes pode recusar a sua prestao (invocando a excepo do no cumprimento do contrato), enquanto o outro no efectuar a que lhe compete ou no o oferecer o seu cumprimento simultneo (art. 428 CC). As obrigaes compreendidas no sinalagma devem, em princpio, ser cumpridas simultaneamente.A excepo do no cumprimento, consiste na faculdade de recusar o cumprimento da obrigao prpria, enquanto a outra no cumpra ou no oferea o cumprimento, quando as obrigaes so sinalagmticas ou no tm prazos diferentes de cumprimento.Havendo prazos diferentes de um cumprimento, ainda assim a exceptio pode ser invocada. E designadamente pode ser invocada, obviamente, por maioria de razo, pelo contraente que est obrigado a cumprir em segundo lugar quando aquele que estava obrigado a cumprir em primeiro lugar o no tenha feito.Quando um dos contraentes oferea um cumprimento parcial ou imperfeito (defeituoso), o outro pode invocar a excepo do no cumprimento. O credor pode juridicamente, com fundamento, recusar um cumprimento que no perfeito ou que no integral.- Se o recusar, pode invocara excepo do no cumprimento, para no cumprir a sua prpria obrigao;- Se, tendo aceitado o cumprimento parcial ou defeituoso, o tiver feito sob reserva de reparao dos defeitos, ou reserva de prestao da parte faltosa do cumprimento; se no houver cumprimento da parte que falta a prestao, pode ento, tendo essa reserva no momento da aceitao do cumprimento, invocar a excepo do no cumprimento.A exceptio se oponvel, por fora do art. 431 CC[9], tanto ao outro contraente, como a terceiro que venham ocupar o lugar dele no contrato.Para que a exceptio se aplique, no basta que o contrato seja obrigatrio, ou crie obrigaes para ambas as partes: necessrio que as obrigaes sejam correspectivas ou correlativas, que uma seja o sinalagma da outra.Dentro dos prprios contratos bilaterais, interessa ver quais so as prestaes interdependentes, visto que outras podem existir ao lado delas na relao contratual e a exceptio s aproveita s primeiras.A exceptio no funciona como uma sano, mas apenas como um processo lgico de assegurar, mediante o cumprimento simultneo, o equilbrio em que assenta o esquema do contrato bilateral. Por isso ela vigora, no s quando a outra parte no efectua a sua prestao porque no quer, mas tambm quando ela a no realiza, ou a no oferece porque no pode. E vale tanto para o caso de falta integral do cumprimento, como para o cumprimento parcial ou defeituoso, desde que a sua invocao no contrarie o princpio geral de boa f (arts. 227, 762/2 CC).36. Condio resolutiva tcitaSe a impossibilidade da prestao proceder de facto imputvel ao devedor, tem o credor a faculdade de resolver o contrato e de exigir a restituio da sua prestao por inteiro, se porventura a tiver j realizado (art. 810/2 CC). a principal sano apontada contra o inadimplemento da obrigao nos contratos bilaterais, medida que assenta sobre a chamada condio resolutiva tcita. A designao de condio resolutiva tcita, repousa sobre a ideia de que, atento o nexo de interdependncia psicolgica existente entre as prestaes integradoras do contrato bilateral, cada uma das partes se reserva a faculdade de resolver o contrato (fazendo cessar a sua eficcia) se a outra no quiser ou no puder cumprir.37. Contrato a favor de terceiro o contrato em que um dos contraentes (promitente) atribui, por conta e ordem do outro (promissrio), uma vantagem a um terceiro (beneficirio) estranho relao contratual.A vantagem traduz-se em regra numa prestao assente sobre o respectivo direito de crdito; mas pode consistir outro sim na liberao de um dbito, na constituio, modificao ou extino de um direito real.Essencial ao contrato a favor de terceiro, como figura tpica autnoma, que os contraentes procedam com a inteno de atribuir, atravs dele, um direito (de crdito ou real) a terceiro ou que dele resulte, pelo menos, uma atribuio patrimonial imediata para o beneficirio.38. Contrato para pessoa a nomear (art. 452 CC) o contrato em que uma das partes se reserva a faculdade de designar uma outra pessoa que assuma a sua posio na relao contratual, como se o contrato tivesse sido celebrado com esta ltima.No h no contrato para pessoa a nomear nenhum desvio ao princpio da eficcia relativa (inter partes) dos contratos. O contrato para pessoa a nomear produz todos os seus efeitos apenas entre os contraentes. S que, enquanto no h designao do animus electu, os contraentes so os outorgantes do contrato. Depois da designao, o contraente passa a ser, de acordo com o contedo do contrato, j no o outorgante, mas a pessoa designada (art. 455/1 CC).Este contrato tem o seu campo principal de incidncia na compra e venda. E tanto pode ser posteriormente nomeado o comprador, como o vendedor.Ou a pessoa a nomear aceita o negcio e considera-se contraente o que o foi originariamente, salvo, neste ltimo caso, se houver estipulao em contrrio. Admite-se assim, dentro dos princpios da autonomia privada, que se deixe o negcio sob condio, ou seja, ineficaz se a pessoa a nomear no o ratificar.[7]Sinalagma gentico, para significar que, na gnese ou raiz do contrato, a obrigao assumida por cada um dos contraentes constitui a razo de ser da obrigao contrada pelo outro[8]Sinalagma funcional, aponta essencialmente para a ideia que as obrigaes tm de ser exercidas em paralelo e ainda para o pensamento de que todo o acidente ocorrido na vida de uma delas repercute necessariamente no ciclo vital da outra.[9] A excepo de no cumprimento oponvel aos que no contrato vierem a substituir qualquer dos contraentes nos seus direitos e obrigaes.Efeitos/Eficcia do contrato39. Efeitos do contratoOs contratos podem produzir efeitos de natureza jurdica muito variada. Tipicamente e privilegiadamente os contratos so fontes de obrigaes, podem produzir e muitas vezes produzem efeitos de natureza obrigacional. Mas podem produzir efeitos de natureza real. Um contrato de compra e venda produz um efeito real, transmite-se um direito real por eles; Um contrato de constituio de usufruto um contrato que produz um efeito real, constitui um direito real; Um contrato de constituio de uma servido um contrato com um efeito de natureza real.O princpio da eficcia inter partes do contrato (art. 406 CC), um princpio geral de imodificabilidade e indestrutibilidade do contrato: a no ser por mtuo consentimento dos contraentes.Em princpio o contrato no pode modificar-se nem extinguir-se, seno, com o acordo de ambas as partes.40. Quanto resoluo dos contratos; e eficcia inter partesO direito resoluo pode ser exercido extrajudicialmente, em muitos casos, basta o contraente que tem fundamento dizer outra parte acabou, extingue-se com este fundamento.E h casos em que a lei impe o recurso ao Tribunal, o direito resoluo um direito potestativo, que s vezes de exerccio judicial.Tambm h excepes, que a lei enuncia que em relao a terceiros (inter partes) o contrato produz efeitos em termos previstos na lei (art. 406/2 CC).Afirmando que o contrato deve ser pontualmente cumprido, a lei quer dizer que todas as clusulas contratuais devem ser observadas, que o contrato deve ser cumprido ponto por ponto, e no apenas que ele deve ser executado no prazo fixado.A regra da ineficcia dos contratos em relao a terceiros no contraria o princpio geral de que todos tm de reconhecer a eficcia deles entre as partes. pois, de distinguir entre efeitos directos e efeitos reflexos. Estes atingem terceiros.Uma importante categoria de contratos no que respeita aos efeitos que produzem so os chamados contratos com eficcia real, tambm designados por contratos reais quod effectum, quer dizer contratos reais quanto aos efeitos.Estes contratos produzem efeitos de direito real, isto , constituem, transmitem, modificam ou extinguem direitos reais.Quanto a estes contratos vigora o princpio da consensualidade: significa que o efeito real emergente do contrato se produz pela mera celebrao do contrato, pelo mero acordo das partes, independentemente de qualquer acto ulterior, designadamente, independentemente de qualquer entrega do bem.Temos pois o princpio da consensualidade com duas acepes: Princpio da consensualidade, para significar que um contrato se celebra pelo mero acordo das partes, independentemente da observncia de qualquer forma especial ou da entrega de qualquer bem. E princpio da consensualidade, com o sentido que lhe atribudo pelo art. 408 CC, nos contratos com eficcia real, significando que o efeito real decorrendo do contrato independentemente de qualquer acto posterior ao acordo conclusivo do contrato (art. 1129, 1142, 1185 CC).O princpio geral decorrente do art. 408 CC, o de que o efeito real do contrato em princpio se produz pela mera celebrao do contrato.Os contratos quod constitutionem (ou contratos reais quanto constituio), so aqueles que se aperfeioam, que se celebra apenas com a entrega da coisa que seu objecto (ex.: comodato, mtuo, depsito).So trs as principais diferenas existentes entre os regimes da eficcia real e da eficcia meramente obrigacional dos contratos de alienao ou operao de coisa determinada:a) O contrato de alienao, no dispensando um acto posterior de transmisso da posse e de transferncia do domnio, merc da sua eficcia meramente obrigacional, torna o adquirente um simples credor da transferncia de coisa, com todas as contingncias prprias do carcter relativo dos direitos de crdito.b) No sistema de translao imediata, o risco do perecimento da coisa passa a correr por conta do adquirente, antes mesmo do alienante efectuar a entrega (arts. 408/1, 796/1 CC), ao invs do que sucede com outra orientao, se a coisa, por qualquer circunstncia, s depois da concluso do contrato se transferir para o adquirente, somente a partir deste momento posterior o risco passa a correr por conta dele.c) A nulidade ou anulao do contrato de alienao tem como consequncia, no regime tradicionalmente aceite entre ns a restaurao do domnio da titularidade do alienante (art. 291 limitao).41. Coisa futuraIsto no assim, porm, quando o contrato com eficcia real respeitar a coisa futura ou indeterminada.Coisa futura, a coisa que ainda no existe materialmente, a coisa que j existindo materialmente no tem autonomia jurdica; e ainda so as coisas futuras aquelas que no esto em poder do disponente ou a que ele no tem direito ao tempo da declarao negocial (art. 211 CC).Quando a coisa indeterminada, tem de ser indeterminvel, tambm no se constitui ou transmite imediatamente o efeito real, s quando a coisa for determinada com o conhecimento de ambas as partes.Quando se tratar de partes componentes ou integrantes, a lei diz que o efeito real opera no momento da separao ou colheita do bem.42. Reserva de propriedadeO princpio da transferncia imediata do direito real constitui a regra dos contratos de alienao de coisa determinada (art. 408/1 CC); mas no se trata de um princpio de ordem pblica. uma pura regra supletiva, que as partes podem afastar, por exemplo, mediante o estabelecimento de uma clusula de reserva de propriedade. A reserva de propriedade, prevista no art. 409 CC (art. 934, quanto reserva de venda a prestaes), consiste na possibilidade, conferida ao alienante de coisa determinada, de manter, na sua titularidade o domnio da coisa at ao cumprimento (total ou parcial) das obrigaes que recaam sobre a outra parte ou at verificao de qualquer outro evento. Trata-se de uma clusula que naturalmente h-de convir, por excelncia, s vendas a prestaes e s vendas com espera de preo.No caso previsto no art. 409 CC, o negcio realizado sob condio suspensiva, quanto transferncia da propriedade.A reserva, quando incida sobre coisas imveis, ou sobre coisas mveis sujeitas a registo, carece de ser registada, sem o que no produz efeitos em relao a terceiros.Tratando-se de coisa mvel, no sujeita a registo, o pacto vale em relao a terceiros, sem necessidade de qualquer formalidade especial, uma vez que no vigora, quanto s prprias coisas mveis, o princpio segundo o qual a posse vale ttulo.

Extino dos contratos43. Extino dos contratosOs contratos extinguem-se, desde logo nos termos do art. 406 CC, que o regime geral, por mtuo consenso, isto , por acordo das partes. Se ambas as partes quiserem terminar o contrato que celebraram, naturalmente que podem livremente faz-lo. Esta forma extintiva do contrato designa-se por revogao ou distrate do contrato.A revogao ou distrate tem normalmente uma eficcia ex nunc, isto , para o futuro, todos os efeitos produzidos pelo contrato se mantm e ele deixa de produzir efeitos a partir do momento da sua revogao. Mas as partes podem atribuir-lhe eficcia retroactiva, desde que no afectem direitos de terceiros.As estipulaes posteriores ao negcio formal s esto sujeitas s exigncias formais do prprio negcio se a razo de ser dessa exigncia lhe for extensiva (art. 221/2 CC).Para alm da revogao ou distrate, o contrato pode extinguir-se por caducidade. um efeito jurdico decorrente da verificao de um facto jurdico stricto sensu.Num negcio o contrato caduca quando, por exemplo, tinha um prazo ou quando tinha um termo incerto, pela verificao de um facto jurdico stricto sensu, que o decurso do tempo, em que o contrato deixa de produzir efeitos, isto a caducidade.A caducidade tem tipicamente, apenas efeitos para o futuro, todos os efeitos j produzidos pelo contrato at ao momento da verificao do prazo so preservados.Outra forma de extino dos contratos e a denncia. Esta uma forma de extino dos contratos de execuo duradoura, sem tempo de durao convencional ou legalmente fixada.S pode haver denncia[10], nos contratos de execuo duradoura que no tenha prazo, nem convencional nem legalmente fixado, que no tenham termo de durao, que tenham, sido acordados para vigorar indefinidamente.Uma ltima forma de extino dos contratos a chamada resoluo, tambm designada sobretudo pela doutrina mais antiga resciso do contrato. A resoluo do contrato encontra-se prevista e regulada nos arts. 432 segs. CC, e consiste na extino do contrato com eficcia retroactiva por declarao unilateral e vinculada de uma das partes. Tal significa que a resoluo do contrato feita por um dos contraentes por apenas um dos contraentes. Porm ela no feita livremente por esse ou por qualquer dos contraentes; s pode ser feita, um direito potestativo, que s pode ser exercido, quando tiver fundamento na lei ou no prprio contrato.O exerccio do direito resoluo do contrato tem como efeito a extino de todos os efeitos do contrato, retroactivamente abinicio, o que significa que na esfera jurdica do outro contraente todos os efeitos jurdicos que o contrato l tinha produzido desaparecem. Isso quer ele queira, quer no queira, sem que se possa opor a isso. por isso que a resoluo de um contrato um direito potestativo, vinculado a um fundamento legal ou convencional.44. Fundamentos legais de resoluo de um contratoa) Falta de pagamento de uma prestao que no exceda o oitavo do preo (art. 934 CC)No geral, privativo da compra e venda a prestao com reserva de propriedade.A excepo aberta no art. 934 CC, ao regime geral de venda na prestaes reveste carcter imperativo. No obstante conveno em contrrio, ainda que haja, ou mesmo que haja conveno em contrrio. esse o sentido que inquestionavelmente decorre do esprito da lei, toda empenhada em defender o comprador contra a perigosa seduo do pagamento a prestaes e da mquina publicitria dos vendedores e em atenuar as consequncias da desigual condio econmica dos contraentes. Para conseguir esse objectivo, a norma legal necessita de impor-se ao prprio contraente protegido, a fim de que ele no seja vtima da sua mesma fraqueza.b) Um fundamento que extensivo a toda uma categoria de contratos, e o art. 810/2 CC, o incumprimento definitivo e culposo de uma das obrigaes das partesEste fundamento permite a resoluo do contrato, quando o contrato for sinalagmtico, for bilateral: nos contratos bilaterais, o credor tem direito resoluo do contrato se o devedor incumprir definitiva e culposamente a obrigao que sobre ele impendia.O principal objectivo da clusula penal (art. 810 CC) evitar dvidas futuras e litgios entre as partes quanto determinao do montante da indemnizao. Muitas vezes porm, ela fixada com o intuito de pr um limite responsabilidade nos casos em que os danos possam atingir propores exageradas em relao s previses normais dos contraentes. Tambm pode servir para atribuir carcter patrimonial a prestao que o no tm (art. 398/2 CC[11]).No s porque se trata de uma clusula acessria, mas porque a obrigao do devedor se modifica, quando haja lugar aplicao de pena, exige o n. 2 do art. 810 CC, para a clusula penal, a forma exigida para a obrigao principal, e considera a clusula nula, se for nula esta obrigao.Pela mesma razo se deve considerar inexigvel a pena convencionada, embora a lei no o diga expressamente, se for inexigvel a obrigao principal, como acontece nas obrigaes naturais, pelo menos quando a razo da inexigibilidade for a mesma.Apesar do carcter acessrio que normalmente reveste, nada obsta a que a clusula penal seja assumida como penalidade para a no realizao de determinado acto, sem que a parte se obrigue propriamente realizao desse acto.45. Fundamento geral da resoluo dos contratos aquele que est previsto e regulado nos arts 437 a 439 CC, a chamada alterao das circunstncias.A resoluo ou modificao do contrato admitida em termos propositadamente genricos, para que, em cada caso o Tribunal, atendendo boa f e base do negcio, possa conceder ou no a resoluo ou modificao. Alude a lei, aos seguintes requisitos:a) Que haja alterao anormal das circunstncias em que as partes tenham fundado receio de contratar. preciso que essas circunstncias se tenham modificado;b) Que a exigncia de obrigao parte lesada afecte gravemente os princpios da boa f contratual e no seja coberta pelos riscos do negcio como no caso de se tratar de um negcio por sua natureza aleatrio.No exige a lei que os contratos tenham prestaes correspectivas. Pode tratar-se, assim, dum contrato unilateral, como uma doao, um depsito gratuito, um mandato gratuito, etc. Tem especial relevo a aplicao dos princpios dos arts 433 a 435 CC. A restituio, quando houver lugar a ela, no est subordinada s regras do enriquecimento sem causa. H que restituir tudo o que tiver sido recebido.Tem ainda grande importncia prtica o disposto no art. 434/2 CC, visto ser nos contratos de execuo continuada ou peridica que a resoluo ou modificao fundada na alterao das circunstncias tem o seu campo de mais frequente aplicao.[10] A denncia pois uma extino do contrato por vontade unilateral e discricionria.[11] A prestao no necessita de ter valor pecunirio; mas deve corresponder a um interesse do credor, digno de proteco legal.Contrato-promessa46. Noo a conveno pelo qual ambas as partes, ou apenas uma delas, se obrigam dentro de certo prazo ou verificados certos pressupostos, a celebrar determinado contrato. Ao contrato, a cuja futura realizao as partes, ou uma delas apenas, ficam adstritas, d-se o nome genrico de contrato prometido.O contrato-promessa[12] cria a obrigao de contratar, ou, mais concretamente, a obrigao de emitir a declarao de vontade correspondente ao contrato prometido. A obrigao assumida por ambos os contraentes, ou por um deles se a promessa apenas unilateral, tem assim por objecto uma prestao de facto positivo, facere oportere. E o direito correspondente atribudo outra parte traduz-se numa verdadeira pretenso.Quando se diz que o contrato-promessa um contrato ou uma conveno, quer dizer que as mais das vezes o contrato-promessa um contrato-autnomo; mas tambm contrato-promessa a conveno inserida noutro contrato pelo qual ambas as partes, ou apenas uma delas, se obriga celebrao de um futuro contrato. Portanto, para que estejamos perante um contrato promessa e lhe sejam aplicveis as regras prprias desse negcio no indispensvel que se trate de um contrato autnomo. Por outro lado:- contrato-promessa aquele pelo qual as partes, ou apenas uma delas, se obriga(m) celebrao de um outro contrato- Mas tambm contrato-promessa o contrato pelo qual uma das partes se obriga perante outra, que nisso tenha um interesse digno de proteco legal, realizao de um negcio jurdico unilateral.Um contrato-promessa pode ser sinalagmtico (ou bilateral), ou no sinalagmtico (ou unilateral). Quer isto dizer que pelo contrato-promessa celebrao podem ambas as partes ficar reciprocamente obrigadas celebrao do futuro contrato, ou pode apenas uma das partes ficar obrigada a essa concluso, ficando a outra com o direito de exigir a celebrao do contrato prometido e no estando por sua vez vinculada a tal celebrao.47. Figuras prximasa) Pacto de preferncia (arts. 414 segs. CC): a pessoa no se obriga a contratar, como sucede no contrato-promessa, mas apenas a escolher em certos termos uma ou outra como contraente, no caso de decidir contratar.b) Venda a retro (arts. 927 segs. CC): o comprador no promete celebrar uma outra venda com o vendedor; fica antes sujeito a que este, mediante uma simples notificao resolva o contrato.c) Pactos de opo: uma das partes emite logo a declarao correspondente ao contrato que pretende celebrar, enquanto a outra se reserva a faculdade de aceitar ou declinar o contrato, dentro de certo prazo: aceitando, o contrato aperfeioa-se sem necessidade de qualquer nova declarao da contra parte, ao contrrio do que sucede na promessa unilateral, onde se torna necessrio um acordo posterior para dar vida ao contrato definitivo.d) Promessa unilateral: deriva para o no-promitente uma verdadeira pretenso celebrao do contrato prometido do pacto de opo deriva um direito potestativo aceitao da proposta contratual emitida e mantida pela outra parte. A promessa unilateral tambm no se confunde com a proposta contratual (art. 228/2, 230 CC). Nesta prescinde-se de nova manifestao de vontade do proponente, para que o contrato se aperfeioe; na promessa unilateral no, pois o promitente obriga-se apenas celebrao de um contrato futuro. Alm disso, enquanto a promessa unilateral assenta sobre um contrato consumado, a proposta uma simples declarao de vontade emitida por uma das partes que s se converte num contrato com a aceitao do outro contraente, que ela visa provocar.e) Sinal: a celebrao do contrato com sinal, tendo ntima ligao com o contrato-promessa, no se confunde com ele. O sinal consiste na coisa, que um dos contraentes entrega ao outro, no momento da celebrao do contrato ou em momento posterior, como prova da seriedade do seu propsito negocial e garantia do seu cumprimento, ou como antecipao da indemnizao devida ao outro contraente, na hiptese de o autor do sinal se arrependa do negcio e voltar atrs, podendo a coisa entregue coincidir ou no com o negcio da prestao devida ex contrato.48. Consagrao legal do contrato-promessaOs traos mais salientes da nova regulamentao so os seguintes:a) Reconhece-se expressamente a validade do contrato-promessa, no apenas em relao compra e venda, mas seja qual for o contrato prometido;b) O art. 411 CC, consagra de modo explcito a validade da promessa unilateral;c) Admite-se a possibilidade de a promessa de alienao ou de onerao de bens imveis, ou de mveis sujeitos a registo, produza efeitos em relao a terceiros (art. 413 CC);d) Admite-se a possibilidade da execuo especfica do contrato-promessa (art. 830 CC), mediante deciso negocial do contraente faltoso;e) Afirma-se a regra da transmissibilidade dos direitos e obrigaes dos promitentes (art. 412 CC).Nos termos do art. 410 CC, o regime do contrato-promessa integrado pelas regras prprias do contrato-promessa, que se encontram nos arts 410 a 413 CC, e se encontram tambm em grande parte nos arts 441 e 442 CC, e finalmente no art. 830 e art. 755/1-f CC.Para alm destas regras, so aplicveis ao contrato-promessa, como determina o art. 410/1 CC, todas as regras que compem o regime do contrato prometido contrato que o objecto do contrato-promessa. A isso se chama princpio da equiparao.49. O princpio da equiparaoA directiva de ordem geral que a lei estabelece quanto ao regime do contrato-promessa a do princpio da equiparao (art. 410 CC), que consiste em aplicar, como regra, aos requisitos e aos efeitos do contrato-promessa as disposies relativas ao contrato prometido.Duas excepes no entanto se abrem, ao princpio da equiparao: a primeira, relativa forma do contrato; a segunda referente s disposies que, pela sua razo de ser, se no podem considerar extensivas ao contrato-promessa.Quanto forma, a soluo aplicvel ao contrato-promessa traduz-se nos seguintes preceitos:a) Se, para o contrato prometido, a lei exigir documento, como sucede para a venda ou doao de coisas imveis (arts 875, 947/1 CC), o respectivo contrato-promessa s vlido se constar de documento escrito, assinado pelos promitentes;b) Tratando-se de contrato-promessa relativo celebrao de contrato oneroso de transmisso ou constituio de direito real sobre edifcio j construdo, em vias de construo ou que deva vir a ser construdo, o documento escrito necessita de ter o reconhecimento presencial das assinaturas dos outorgantes, bem como a certificao notarial da existncia da licena de utilizao ou de construo.c) Se o contrato prometido estiver subordinado a qualquer outra finalidade, que no seja a reduo a documento, vale a respectiva promessa a regra geral da liberdade de forma (art. 29 CC).O princpio da equiparao, significa portanto que ao contrato-promessa, alm das suas regras prprias, so aplicveis as regras prprias do contrato que seu objecto, do contrato prometido.50. Forma do contrato-promessaA forma do contrato-promessa no a do contrato prometido, visto que as regras formais esto exceptuadas do princpio da equiparaoDo art. 410/2 CC, resulta quanto forma do contrato-promessa o seguinte: a regra a da consensualidade, a regra a de que o contrato-promessa seja vlido independentemente da observncia de forma especial.Quando o contrato-promessa tenha por objecto um contrato, que seja ele prprio, um contrato formal, ento o contrato-promessa tambm formal.Nesta hiptese tem-se duas sub-hipteses: O contrato prometido um contrato formal, sendo a forma para ele imposta por lei o documento particular. O contrato-promessa um contrato formal e a sua forma o documento particular subscrito pelas partes. O contrato prometido um contrato formal e a forma para ele imposta a escritura pblica, o documento autntico. O contrato-promessa um contrato formal e a sua forma o documento particular assinado pelas partes.O contrato-promessa formal (quando ) e a sua forma nunca pode ser nem mais, nem menos, do que o documento particular: sempre documento particular, tanto nos casos em que para o contrato prometido imposto o documento particular, como para aqueles em que para o contrato prometido imposto documento autntico.H certos contratos-promessa que a lei exige requisitos formais suplementares. Quais so?So contratos-promessa de contratos onerosos com eficcia real, so contratos-promessa cujo contrato prometido seja um contrato com efeitos reais transmissivos ou constitutivos e seja um contrato oneroso.Os requisitos formais suplementares exigidos para o contrato-promessa de compra e venda de um edifcio, quer o edifcio esteja construdo, esteja a meio, ou esteja por construir so: O reconhecimento presencial da assinatura ou assinaturas das partes; E a certificao pelo notrio da existncia da licena de construo ou utilizao.Porm a lei admite que o contrato-promessa adquira eficcia real em certas circunstncias (art. 413 CC).51. Eficcia real do contrato-promessaO contrato-promessa, criando para o promitente uma obrigao de contratar, cujo objecto uma prestao de facto, goza apenas, em princpio, de eficcia meramente obrigacional, restrita por conseguinte s partes contraentes, ao invs do contrato prometido, quando se trate de contrato de alienao ou onerao de coisa determinada, que goza de eficcia real.Na fixao das consequncias do no cumprimento, h tambm que corrigir o princpio da equiparao luz das prescries especiais constantes nos arts 442 e 830/1/2 CC, para a falta de cumprimento do contrato-promessa.Admite-se, que a promessa de transmisso ou constituio de direitos reais sobre bens imveis, ou sobre mveis sujeitos a registo, produza efeitos em relao a terceiros, desde que se verifique:a) Constar a promessa de escritura pblica, salvo se para o contrato prometido a lei no exigir escritura, porque nesse caso a lei se contenta com documento particular;b) Pretenderem as partes atribuir-lhe eficcia real;c) Serem inscritos no registo os direitos emergentes da promessa (art. 413 CC).Quando assim for, a promessa, enquanto no for revogada, declarada nula ou anulada, ou no caducar, prevalece sobre todos os direitos (pessoais ou reais) que posteriormente se constituam em relao coisa, tudo se passando, sob esse aspecto, em relao a terceiros, como se a alienao ou onerao prometida, uma vez realizada, se houvesse efectuado na data em que a promessa foi registada.A falta de registos exigidos, o contrato-promessa, ainda que vlido, ter eficcia meramente obrigacional. E especialmente nestes casos, em que o contrato, podendo ter eficcia real, carece dos requisitos para tal efeito exigidos, que mais se acentua a sua eficcia relativa. Os direitos nascidos do contrato no valem contra terceiro, no podem ser opostos a terceiros, nem destes pode ser exigido qualquer indemnizao pelo facto da sua violao.52. Requisitos da eficcia real: requisitos de validadeO objecto do contrato-promessa tem se ser um contrato com eficcia real transmissiva ou constitutiva. Isto , no pode atribuir-se eficcia real, por ex., a um contrato-promessa de comodato, ou de prestao de servios, de trabalho ou de arrendamento.S ser possvel atribuir eficcia real a um contrato-promessa quando o seu objecto seja um contrato com eficcia real. E no qualquer eficcia real: tem de ser transmissiva ou constitutiva.O objecto do contrato prometido sejam imveis ou mveis sujeitos registveis.A forma:O contrato-promessa para ter eficcia real tem de ser celebrado por escritura pblica quando o contrato prometido tenha, ele prprio, como regime formal, o documento autntico.Bastar-se- com o documento particular com as assinaturas reconhecidas por semelhana, quando o contrato prometido no carea de documento autntico.Haver no contrato-promessa conveno expressa de atribuio de eficcia real.53. Requisito de publicidadeO contrato-promessa que obedecer aos requisitos de validade, um contrato com eficcia real, porm ele no pode ser oposto a terceiros enquanto no estiver registado.E enquanto no estiver registado com eficcia real dele traduz-se, na prtica, em muito pouco porque a eficcia real do contrato-promessa consubstancia-se na constituio a favor do comissrio, de um direito real de aquisio.Direito real esse susceptvel de ser oposto a terceiros, isto , de fazer prevalecer o direito do promissrio celebrao do contrato prometido contra qualquer direito por terceiro depois da celebrao do contrato-promessa. atribuda eficcia real, o promitente da constituio da transmisso do direito real fica constitudo num direito real de aquisio do direito prometido transmitir.E esse direito pode ser oposto a terceiros, isto , tomando o exemplo de compra e venda, se o contrato-promessa tiver eficcia real e for violado, no obstante a coisa j ter sido alienada a terceiro, interpor aco de execuo especfica (neste caso ter de ser interposta contra o promitente vendedor e contra terceiro) e obter a sentena que faz as vezes do contrato de compra e venda que com ele no foi celebrado. Os efeitos jurdicos dessa sentena prevalecem sobre os efeitos jurdicos da compra e venda celebrada com terceiro.O art. 413 CC, estabelece que a eficcia real depende de declarao expressa e de inscrio da promessa no registo.54. Transmisso dos direitos e obrigaes dos promitentesOs direitos e obrigaes resultantes da promessa contratual so, em princpio transmissveis por morte e por negcio entre vivos (art. 412/1 CC). Se para um dos contraentes, a promessa cria apenas um direito de crdito, ele poder ced-lo, nos termos dos arts. 577 e segs. CC, quando ao contrato-promessa lhe advenham ao mesmo tempo direito e obrigaes, como no caso da promessa de compra e venda, ele poder ceder a sua posio contratual, em conformidade com o disposto no art. 424 segs. CC. Falecendo qualquer das partes, a posio dela transmite-se aos seus sucessores, de acordo com as regras da sucesso.As regras gerais a que se refere o art. 412/2 CC, so as relativas transmisso das posies de credor e de devedor, constantes dos arts 577 segs. CC. Se, para um dos contraentes, a promessa cria simultaneamente direitos e obrigaes, ele poder ceder a sua posio contratual, em conformidade com o disposto no art. 424 segs. CC.55. No cumprimento do contrato-promessaQuando h incumprimento de uma obrigao, esse pode ter natureza muito diversa. Pode ser devido, ou no a culpa do devedor.Neste caso, de no cumprimento culposo (resultante de culpa do devedor). Dentro desta hiptese, duas sub-hipteses muito importante, podem ocorrer:A do devedor no cumprir no momento em que devia t-lo feito, mas ainda poder cumprir e o cumprimento ainda manter interesse para o credor, nesta hiptese est-se perante um atraso no cumprimento. Est-se perante um incumprimento temporrio ou, perante uma situao de mora[13] do devedor.A do devedor no cumprir quando devia t-lo feito porque no podia cumprir, h uma impossibilidade de cumprimento. Ou ento o devedor no cumpre, entra em mora e entretanto o credor perde o interesse no cumprimento: o cumprimento retardado j no serve para satisfazer o interesse que ele tinha na prestao. Quando estamos perante uma situao de impossibilidade de cumprimento, ou de perda objectiva do interesse do credor no cumprimento, est-se perante incumprimento definitivo.A interpelao admonitria do devedor em mora, sob a cominao apontada no art. 808/1 CC, no constitui apenas um poder conferido ao credor, porque representa ao mesmo tempo um nus que a lei lhe impe.Se quiser que a mora do devedor, enquanto o seu interesse na prestao devida se mantiver, se converta em verdadeira falta de cumprimento, com as consequncias jurdicas que o inadimplemento liberta, o credor necessita de conceder ao devedor esta nova chance de cumprir.Os termos declarados no Cdigo Civil, quanto ao no cumprimento voluntrio das obrigaes fundamentais emergentes do contrato-promessa, so exactamente os de execuo especfica prevista e regulada no art. 830 CC.Pode excepcionalmente, acontecer num ou noutro caso, como se prev de resto, em termos genricos, no art. 808/1 CC, que a simples mora do promitente faltoso faa desaparecer o interesse da contraparte na prestao.56. Sinal uma clusula que pode ser oposta a qualquer contrato que tem natureza real quanto constituio, isto s se considera convencionado quando houver entrega da coisa que constitui o seu objecto. A conveno do sinal traduz-se na entrega de uma coisa por um dos contraentes ao outro, desde que essa entrega seja atribudo o carcter de sinal.O sinal tipicamente constitudo em dinheiro ou coisas fungveis, -o em dinheiro, mas nada obsta a que ele seja constitudo em coisa diversa de coisa fungvel.57. Funo do sinalTem duas funes completamente diferentes:Pode constituir uma clusula de arrependimento lcito e remunerado do contrato para qualquer das partes, fala-se neste caso em sinal penitencial. Quanto o sinal penitencial, a coisa entregue ser perdida pelos contraentes que entregou, se quiser desistir do contrato; ter se ser restituda em dobro pelo outro contraente que a recebeu, se for ele a pretender a desvinculao do contrato.Para alm deste, tem-se o sinal penal, funciona a um de dois ttulos jurdicos, em alternativa:a) Princpio de pagamento, se o contrato a que ele foi oposto for cumprido, se o sinal for coisa que coincida, no todo ou em parte, com a prestao devida pelo contraente que o entregou; nesse caso ele computado no pagamento e funciona como princpio do pagamento.b) Quando o contrato incumprido culposamente por qualquer das partes, o sinal funciona como clusula penal.A clusula penal pode ser: Moratria: quando prevista para o atraso culposo no cumprimento da obrigao do devedor; Compensatria: a que fixa imutavelmente o montante indemnizatrio pelo incumprimento definitivo culposo.58. Sinal nos contratos-promessaPelo que especificamente respeita ao contrato-promessa em que exista sinal, o regime decorrente da redaco do art. 442 CC, o seguinte:a) A coisa entregue a ttulo de sinal deve ser imputada na prestao devida, ou restituda quando a imputao no for possvel (art. 442/1 CC, aplicvel a todos os contratos);b) Se quem constitui sinal deixar de cumprir a prestao por causa que lhe seja imputvel, tem o outro contraente a faculdade de fazer sua a coisa entregue; se o no cumprimento do contrato for devido a este ltimo, tem daquele a faculdade de exigir o dobro do que prestou (art. 442/2 CC, 1 parte, aplicvel a todos os contratos);c) Em vez de exercer o direito que a lei lhe confere em relao ao sinal, o contraente no faltoso pode requerer a execuo especfica do contrato nos termos do art. 830 CC (art. 442/3, 1 parte CC);d) Se houver tradio da coisa a que se refere o contrato prometido, o promitente adquirente, quando o incumprimento do contrato-promessa seja imputvel contraparte, pode, em vez de exigir o dobro do sinal ou de requerer contraparte, pode, em vez de exigir o dobro do sinal ou de requerer a execuo especfica, reclamar o valor da coisa (ou o direito a transmitir ou a constituir sobre ela), determinado objectivamente, data do no cumprimento da promessa, com deduo do preo convencionado, devendo ainda ser-lhe restitudo o sinal e a parte do preo que tenha pago (art. 442/2, 2 parte CC);e) Sempre que o contraente no faltoso opte pelo valor da coisa, nos termos referidos, a outra parte pode opor-se ao exerccio dessa faculdade, oferecendo-se para cumprir a promessa, salvo o disposto no art. 808 (art. 442/3, 2 parte CC).59. Execuo especficaO art. 830/1 CC, estabelece que aquele que tiver direito celebrao de um contrato e vir insatisfeito esse direito pela contraparte, pode requerer ao Tribunal, requerendo deste a emisso de uma sentena que produza os mesmos efeitos da declarao negocial do faltoso.A execuo especfica do contrato-promessa sem eficcia real, nos termos do art. 830 CC, no admitida no caso de impossibilidade de cumprimento por um promitente vendedor haver transmitido o seu direito real sobre a coisa objecto do contrato prometido antes de registada a aco de execuo especfica, ainda que o terceiro adquirente no haja obtido registo da aquisio antes do registo da aco; o registo da aco no confere eficcia real promessa.Para se obter sentena nos termos do art. 830 CC, que produza efeitos de declarao negocial faltosa, necessria a verificao dos seguintes requisitos:a) No ser incompatvel com a substituio da declarao negocial a natureza da obrigao assumida pela promessa;b) No existir conveno em contrrioc) Haver incumprimento por parte do demandado.O art. 830, tornou o direito execuo especfica, um efeito necessrio e automtico (sem necessidade de estipulao) do contrato-promessa mas, restrito promessa de compra e venda de edifcios ou fraces autnomas de edifcios para habitao prpria. A possibilidade de execuo especfica s de excluir se a ela se quiser a natureza da obrigao assumida. Em princpio o direito de execuo especfica vale s entre as partes, no podendo ser exercido contra terceiro a quem o promitente tenha, entretanto, alienado a coisa, j assim no ocorre se ao contrato tiver sido atribudo eficcia real.O art. 830/2, tem carcter dispositivo ou supletivo, no torna imperativa a execuo especfica, s partes admissvel excluir a execuo especfica, salvo se em consequncia das regras gerais, a conveno de excluso no for juridicamente vlida. A existncia de sinal no faz presumir conveno contrria execuo especfica salvo se se depender a vontade de excluir o direito de tal execuo.O pressuposto da execuo especfica a mora e no o incumprimento definitivo. A regra geral da execuo especfica supletiva, podendo as partes afast-la por conveno expressa ou tcita. A existncia de sinal no contrato-promessa faz presumir presuno iuris tantum conveno contrria execuo especfica. O direito execuo especfica no pode ser afastado pelas partes, art. 830/3 CC, a que se refere o art. 410/3 CC, no valendo, portanto, qualquer conveno em contrrio, expressa ou tcita. A regra contida na 2 parte do art. 830/3 CC, geral e existe tambm ns. casos abrangido pelo art. 830/1 CC, sempre que a execuo especfica seja validamente pedida e a alterao das circunstncias seja anterior mora ou atraso no cumprimento art. 438 CC.A excepo do no cumprimento do contrato (art. 830/5 CC) no de conhecimento ofcios. Porm, uma vez deduzida, antes de mais, averiguar se essa excepo se mostra ou no procedente, o que pode exigir a produo de prova na altura prpria. Caso a excepo proceda, o juiz dever tornar a execuo especfica dependente da consignao em depsito da contra prestao cuja falta se demonstre. Mas a fixao do prazo que, para tanto, a lei comete ao juiz ocorrer to-s na deciso final que decrete a execuo especfica.60. Violao do contrato-promessaSe, em lugar de se recusar apenas a cumprir, o promitente violar definitivamente a promessa, impossibilitando o seu comportamento, quid juris?A sano varia consoante a eficcia relativa ou absoluta da promessa.A contraparte apenas poder exigir indemnizao dos danos provenientes do no cumprimento (no primeiro caso). Se houver clusula penal ou sinal passado, o montante da indemnizao dado pela pena fixada ou pela substncia ou o valor do sinal, consoante os casos (arts. 811 e 442/2 e 3 CC).Se tiver havido tradio da coisa, apesar de o contrato-promessa no gozar de eficcia real, e houver sinal passado, ter o promitente faltoso direito ainda segunda das sanes previstas, em alternativa, no art. 442/2 CC.Mesmo que a perda ou a restituio em dobro do sinal se afigurem sanes excessivas, no pode o julgador reduzir a sano, com base em razes de equidade. Ao invs do que ocorre com a clusula penal (art. 812 CC), a lei no reconhece ao julgador Contrato-promessa46. Noo a conveno pelo qual ambas as partes, ou apenas uma delas, se obrigam dentro de certo prazo ou verificados certos pressupostos, a celebrar determinado contrato. Ao contrato, a cuja futura realizao as partes, ou uma delas apenas, ficam adstritas, d-se o nome genrico de contrato prometido.O contrato-promessa[12] cria a obrigao de contratar, ou, mais concretamente, a obrigao de emitir a declarao de vontade correspondente ao contrato prometido. A obrigao assumida por ambos os contraentes, ou por um deles se a promessa apenas unilateral, tem assim por objecto uma prestao de facto positivo, facere oportere. E o direito correspondente atribudo outra parte traduz-se numa verdadeira pretenso.Quando se diz que o contrato-promessa um contrato ou uma conveno, quer dizer que as mais das vezes o contrato-promessa um contrato-autnomo; mas tambm contrato-promessa a conveno inserida noutro contrato pelo qual ambas as partes, ou apenas uma delas, se obriga celebrao de um futuro contrato. Portanto, para que estejamos perante um contrato promessa e lhe sejam aplicveis as regras prprias desse negcio no indispensvel que se trate de um contrato autnomo. Por outro lado:- contrato-promessa aquele pelo qual as partes, ou apenas uma delas, se obriga(m) celebrao de um outro contrato- Mas tambm contrato-promessa o contrato pelo qual uma das partes se obriga perante outra, que nisso tenha um interesse digno de proteco legal, realizao de um negcio jurdico unilateral.Um contrato-promessa pode ser sinalagmtico (ou bilateral), ou no sinalagmtico (ou unilateral). Quer isto dizer que pelo contrato-promessa celebrao podem ambas as partes ficar reciprocamente obrigadas celebrao do futuro contrato, ou pode apenas uma das partes ficar obrigada a essa concluso, ficando a outra com o direito de exigir a celebrao do contrato prometido e no estando por sua vez vinculada a tal celebrao.47. Figuras prximasa) Pacto de preferncia (arts. 414 segs. CC): a pessoa no se obriga a contratar, como sucede no contrato-promessa, mas apenas a escolher em certos termos uma ou outra como contraente, no caso de decidir contratar.b) Venda a retro (arts. 927 segs. CC): o comprador no promete celebrar uma outra venda com o vendedor; fica antes sujeito a que este, mediante uma simples notificao resolva o contrato.c) Pactos de opo: uma das partes emite logo a declarao correspondente ao contrato que pretende celebrar, enquanto a outra se reserva a faculdade de aceitar ou declinar o contrato, dentro de certo prazo: aceitando, o contrato aperfeioa-se sem necessidade de qualquer nova declarao da contra parte, ao contrrio do que sucede na promessa unilateral, onde se torna necessrio um acordo posterior para dar vida ao contrato definitivo.d) Promessa unilateral: deriva para o no-promitente uma verdadeira pretenso celebrao do contrato prometido do pacto de opo deriva um direito potestativo aceitao da proposta contratual emitida e mantida pela outra parte. A promessa unilateral tambm no se confunde com a proposta contratual (art. 228/2, 230 CC). Nesta prescinde-se de nova manifestao de vontade do proponente, para que o contrato se aperfeioe; na promessa unilateral no, pois o promitente obriga-se apenas celebrao de um contrato futuro. Alm disso, enquanto a promessa unilateral assenta sobre um contrato consumado, a proposta uma simples declarao de vontade emitida por uma das partes que s se converte num contrato com a aceitao do outro contraente, que ela visa provocar.e) Sinal: a celebrao do contrato com sinal, tendo ntima ligao com o contrato-promessa, no se confunde com ele. O sinal consiste na coisa, que um dos contraentes entrega ao outro, no momento da celebrao do contrato ou em momento posterior, como prova da seriedade do seu propsito negocial e garantia do seu cumprimento, ou como antecipao da indemnizao devida ao outro contraente, na hiptese de o autor do sinal se arrependa do negcio e voltar atrs, podendo a coisa entregue coincidir ou no com o negcio da prestao devida ex contrato.48. Consagrao legal do contrato-promessaOs traos mais salientes da nova regulamentao so os seguintes:a) Reconhece-se expressamente a validade do contrato-promessa, no apenas em relao compra e venda, mas seja qual for o contrato prometido;b) O art. 411 CC, consagra de modo explcito a validade da promessa unilateral;c) Admite-se a possibilidade de a promessa de alienao ou de onerao de bens imveis, ou de mveis sujeitos a registo, produza efeitos em relao a terceiros (art. 413 CC);d) Admite-se a possibilidade da execuo especfica do contrato-promessa (art. 830 CC), mediante deciso negocial do contraente faltoso;e) Afirma-se a regra da transmissibilidade dos direitos e obrigaes dos promitentes (art. 412 CC).Nos termos do art. 410 CC, o regime do contrato-promessa integrado pelas regras prprias do contrato-promessa, que se encontram nos arts 410 a 413 CC, e se encontram tambm em grande parte nos arts 441 e 442 CC, e finalmente no art. 830 e art. 755/1-f CC.Para alm destas regras, so aplicveis ao contrato-promessa, como determina o art. 410/1 CC, todas as regras que compem o regime do contrato prometido contrato que o objecto do contrato-promessa. A isso se chama princpio da equiparao.49. O princpio da equiparaoA directiva de ordem geral que a lei estabelece quanto ao regime do contrato-promessa a do princpio da equiparao (art. 410 CC), que consiste em aplicar, como regra, aos requisitos e aos efeitos do contrato-promessa as disposies relativas ao contrato prometido.Duas excepes no entanto se abrem, ao princpio da equiparao: a primeira, relativa forma do contrato; a segunda referente s disposies que, pela sua razo de ser, se no podem considerar extensivas ao contrato-promessa.Quanto forma, a soluo aplicvel ao contrato-promessa traduz-se nos seguintes preceitos:a) Se, para o contrato prometido, a lei exigir documento, como sucede para a venda ou doao de coisas imveis (arts 875, 947/1 CC), o respectivo contrato-promessa s vlido se constar de documento escrito, assinado pelos promitentes;b) Tratando-se de contrato-promessa relativo celebrao de contrato oneroso de transmisso ou constituio de direito real sobre edifcio j construdo, em vias de construo ou que deva vir a ser construdo, o documento escrito necessita de ter o reconhecimento presencial das assinaturas dos outorgantes, bem como a certificao notarial da existncia da licena de utilizao ou de construo.c) Se o contrato prometido estiver subordinado a qualquer outra finalidade, que no seja a reduo a documento, vale a respectiva promessa a regra geral da liberdade de forma (art. 29 CC).O princpio da equiparao, significa portanto que ao contrato-promessa, alm das suas regras prprias, so aplicveis as regras prprias do contrato que seu objecto, do contrato prometido.50. Forma do contrato-promessaA forma do contrato-promessa no a do contrato prometido, visto que as regras formais esto exceptuadas do princpio da equiparaoDo art. 410/2 CC, resulta quanto forma do contrato-promessa o seguinte: a regra a da consensualidade, a regra a de que o contrato-promessa seja vlido independentemente da observncia de forma especial.Quando o contrato-promessa tenha por objecto um contrato, que seja ele prprio, um contrato formal, ento o contrato-promessa tambm formal.Nesta hiptese tem-se