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DIREITO NO BRASIL REPUBLICANO I. REPÚBICA VELHA: 1889 - 1930 A REPÚBLICA nasceu de um golpe militar. O Exército derrubou a Monarquia com apoio de parte da classe dominante, sem participação popular e instituiu o Governo Provisório que decretou a nova forma de Estado: Estados Unidos do Brasil. Uma Assembléia Constituinte eleita segundo critérios decretados para qualificação dos eleitores, ligada aos interesses dos grandes latifundiários, pouco discutiu e aprovou um projeto constitucional elaborado sob a coordenação de Rui Barbosa e com grande influência da Constituição dos EUA . CONSTITUIÇÃO de 1891

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DIREITO NO BRASIL REPUBLICANO

I. REPÚBICA VELHA: 1889 - 1930

A REPÚBLICA nasceu de um golpe militar. O Exército derrubou a Monarquia com apoio de parte da classe dominante, sem participação popular e instituiu o Governo Provisório que decretou a nova forma de Estado: Estados Unidos do Brasil.

Uma Assembléia Constituinte eleita segundo critérios decretados para qualificação dos eleitores, ligada aos interesses dos grandes latifundiários, pouco discutiu e aprovou um projeto constitucional elaborado sob a coordenação de Rui Barbosa e com grande influência da Constituição dos EUA .

CONSTITUIÇÃO de 1891 O arcabouço ideológico da Constituição expressava valores assentados na filosofia política republicano-positivista, pautados por procedimentos inerentes a uma democracia burguesa formal, gerada nos princípios do clássico liberalismo individualista que incidiam: - nas formas clientelísticas de representação Política; - na conservação rigorosa da grande propriedade;

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- na defesa rigorosa de um liberalismo econômico; - na introdução “aparente” e “formalista” de direitos civis.

Estabeleceu um republicanismo legal, inspirado no modelo norte-americano e ajustado às condições político-sociais dos empresários do café. O texto constitucional assegurou o controle político-econômico das oligarquias agro-exportadoras, que, enquanto parcelas detentoras do poder, acabavam impondo seus próprios interesses e moldavam a dinâmica do Direito Público, exercendo um liberalismo político antidemocrático e antipopular.

- Instituiu a República Federativa dos Estados Unidos do Brasil;- Regime representativo;- Divisão dos poderes: Executivo, Legislativo,

Judiciário; - Executivo: Presidente e Vice-Presidente (presidente do Senado) - Judiciário: . sistema dualàPoder J. Federal e Poderes J. Estaduais;

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. ápice àSupremo Tribunal Federal;

. foro crimes Militaresà Supremo Tribunal Militar;

- Legislativo: Senado e Câmara dos Deputados - Sistema eleitoral: . alistamento voluntário . desnecessário renda mínima . cidadão alfabetizado . idade mínima 21 anos . vedado o voto a mendigos, religiosos de ordem religiosa e praças de pré . os cidadão não alistáveis são inelegíveis . o voto não era secreto . inexistiam cédulas oficiais entre outras brechas que favoreciam a corrupção da máquina eleitoral. - Previu mudança da capitalàPlanalto Central;

- Separação Estado/Igrejaàliberdade de culto;

- Instituiu o casamento civil;

- Constitucionalização do Hábeas Corpus;

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- Instituiu princípio da Individualidade das Penas e aboliu pena de morte, de galés e de banimento;

- Principia definições sobre marcas e patentes.

CÓDIGO PENAL de 1890

Nova realidade social advinda com abolição da escravatura ànecessidade reformar Código Criminal de 1830. O novo Código recebeu várias críticas ==> série de leis posteriores para suprir as falhas.

- estabeleceu Princípios da Legalidade e da Territorialidade para os crimes;

- foram diferenciados : Crime e Contravenção;

- estabeleceu limite da restrição de liberdade-> 30 anos; não prisão perpétua;

- previu a progressão da pena e livramento Condicional;

- definiu a imputabilidade ==>possibilidade de Abusos.

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CÓDIGO CIVIL de 1916

Projeto elaborado por Clóvis Beviláqua, jurista formado pela Escola de Recife. Foi elaborado com base na doutrina alemã e seu Código Civil, na legislação francesa, no Esboço de Teixeira de Freitas e no Projeto de Coelho Rodrigues e pautado na jurisprudência pátria.

Apresentado à Câmara dos Deputados em 1890, onde recebeu parecer favorável, foi encaminhado ao Senado onde o processo emperrou. Sob pressão da Câmara foi aprovado pelo Senado em final de 1915 e sancionado em 1916, superando, enfim, o anacronismo do direito privado brasileiro pautado ainda em grande parte nas Ordenações Filipinas do Reino português ( que continham alguns institutos do período medieval).

Conservador, o Código Civil de 1916 tornou-se instrumento útil das oligarquias rurais, especialmente pela sua ênfase nos direitos patrimoniais.

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II. “ERA VARGAS”: 1930 - 1945

1. REPÚBLICA NOVA (1930 – 1937)

A política de valorização do café, os efeitos da Primeira Guerra Mundial sobre as importações de manufaturados fomentaram crescimento industrial no país; a Semana de Arte Moderna de 1922 indicava para a valorização do nacional; o Movimento Tenentista exigia mudanças;novos empresários questionavam a hegemonia dos latifundiários; a industrialização favorecia a urbanização, o crescimento do operariado, a vinda de ideologias que embasam a luta destes (anarquismo, comunismo, socialismo) e o sindicalismo. A tais mudanças que os governantes e suas políticas não acompanhavam veio somar-se a Crise de 1929 ==> cisão na oligarquia ==> “Revolução”de 1930.

Determinadas forças emergentes no cenário nacional insatisfeitas procuraram reagir à máquina político-jurídica da oligarquia cafeeira antinacionalista, advogando objetivos vinculados às mudanças das instituições e ao desenvolvimento econômico-industrial, numa clara estratégia por um certo tipo de modernização conservadora.

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Líder do Movimento de 1930 que depôs o Presidente, Vargas assumiu a chefia do Governo Provisório (durou o tempo de um mandato) e decretou a dissolução do Congresso e dos Legislativos estaduais e municipais, bem como a suspensão das garantias constitucionais.

Atos do Governo Provisório no âmbito do Direito:

- Decretou organização da Corte de Apelação do Distrito Federal com seis câmaras ocupadas por Desembargadores;

- Decretou a criação da Ordem dos Advogados Brasileiros.

- CÓDIGO ELEITORAL de 1932

. sancionado por Decreto instituindo a Justiça Eleitoral; . instalados o Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais; . instituiu: voto secreto; voto a partir 18 anos; representação classista nos órgãos legislativos;

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. registro prévio dos candidatos; . possibilitou voto feminino;

. previu o alistamento voluntário e ex-ofício.

Assembléia Constituinte de 1933

. convocada para ser eleita com base no novo Código Eleitoral; . representou o ressurgimento das antigas oligarquias estaduais mas, ao lado dos representantes classistas eleitos pelos sindicatos profissionais (reconhecidos pelo Governo).

CONSTITUIÇÃO de 1934

Caracterizou-se por ser um pacto político híbrido, sem unidade ideológica, que introduziu os postulados do Constitucionalismo social no Brasil. Projetou-se como “compromisso” estratégico, manobra política e imposição de um Estado oligárquico-patrimonialista com pretensões de modernização.

Fundamentou-se nos pressupostos da Carta Mexicana de 1917 e da Lei Fundamental de Weimar (Alemanha),de 1919 (as quais previram em seus textos as convenções aprovadas pela

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recém-criada Organização Internacional do Trabalho). Através desses pressupostos objetivava reformular o Constitucionalismo liberal-individualista de 1891, orientando-se na linha do Estado Social.

- preservou a forma do Estado: República Federativa dos Estados Unidos do Brasil; presidencialista; regime representativo;

- autonomia estadual restringida: o governador deveria ser confirmado pelo Presidente e este poderia intervir nos Estados;

- definiu ser competência da União legislar sobre: . direito penal, comercial, civil, aéreo e processual; registros públicos e juntas comerciais;

. divisão judiciária da União, do Distrito Federal e dos Territórios, e organização dos juízos e tribunais respectivos: * aos Estados competência para legislar complementarmente sem ferir princípios definidos no Art. 7. ;

- resguardou autonomia dos Municípios, os

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prefeitos seriam eleitos porém os de Capitais e Estâncias Hidrominerais podiam ser nomeados;

- Poder Executivo Federal: exercido pelo Presidente (não há vice) escolhido por Sufrágio Direto. * contradição: nas Disposições Transitórias foi definido que a Constituinte elegeria o Presidente para o primeiro quadriênio constitucional.

- Poder Legislativo Federal

. Senado : zelar pela Constituição e coordenar os Poderes; composto por dois representantes cada Estado e do D. Federal, eleitos por sufrágio universal, igual e direto, por oito anos, dentre brasileiros natos, alistados eleitores e maiores de 35 anos . Câmara dos Deputados: composta por representantes do povo, eleitos através de sistema proporcional e sufrágio universal, igual e direto e por representantes eleitos pelas

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organizações profissionais

- Poder Judiciário

. Constituído pelos órgãos: * Corte Suprema (substitui o S. T. F.) * juízes e tribunais federais

* juízes e tribunais militares

* juízes e tribunais eleitorais

. autonomia resguardada pelas garantias: vitaliciedade; inamovibilidade; irredutibilidade de vencimentos

. organizado o Ministério Público cujos Membros seriam nomeados mediante concurso público

. estabeleceu a Justiça Eleitoral à órgãos: Tribunal Superior de Justiça Eleitoral e os Tribunais Regionais

- Conselhos Técnicos à assistência aos ministérios

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- Sistema Eleitoral e o voto:

. confirmou o Código de 1932 quanto ao voto a partir dos 18 anos, de ambos os sexos, excluindo analfabetos, praças, mendigos;

. obrigatoriedade do alistamento para homens maiores de 18 anos e mulheres com funções públicas

- Trabalho: coroou as leis trabalhistas existentes porém não abrangia os trabalhadores rurais

- Justiça do Trabalho: não conduzida pelo Judiciário, era questão a

cargo da legislação social; surgia para dirimir, paternalísticamente, conflitos coletivos e para manipular quase toda a atividade sindical

- Nacionalismo:

restrições aos estrangeiros

- Educação: . responsabilidade e aplicação da União, Estados, Municípios . direito de todos e dever da família e dos

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Poderes públicos

- Assistência do Estado e Casamento: . assistencialismo , baseado na afirmação da valorização da família define responsabilidade da União, Estados e Municípios para com os “desvalidos” e famílias de prole numerosa, até gratuidade do casamento; . previu o desquite

- Mudança da Capital

2. ESTADO NOVO 1937 – 1945

a “ameaça comunista”foi forjada por Vargas para decretar o Estado de Sítio enquanto articulou o golpe realizado em 1937 à decretou o fechamento do Congresso, anunciou uma nova Constituição (que já estava pronta) e decretou a extinção dos partidos políticos.

Construiu-se o mito da nação e do povo à “o povo havia tomado o poder”

CONSTITUIÇÃO de 1937

Inspirada no Fascismo europeu, instituiu o

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autoritarismo corporativista do Estado Novo e implantou uma ditadura do Executivo que se permitia legislar por decretos-leis e reduzir arbitrariamente a função do Congresso Nacional, bem como dirigir a economia do país, intervir nas organizações sociais, partidárias e representativas, além de restringir a prática efetiva e plena dos direitos dos cidadãos.

- não necessariamente cumprida deu meios para centralização do poder: Ditadura

- provisória à seu pleno vigor dependia de ser aprovada em um plebiscito que nunca aconteceu

- não separação de poderes

- Executivo Federal . representado pelo Presidente, autoridade Suprema . interferia diretamente nos Estadosà Nomeação de interventores

- Poder Legislativo . previu a autorização do Congresso para o Presidente governar por decretos-lei, porém, como o Plebiscito não ocorreu, o Legislativo

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( federal, estadual, municipal) não existiu vez que as eleições para ele deveriam ser marcadas após a realização do mesmo;

- Conselho da Economia Nacional . inspiração fascista, composto por representantes da produção e com representação paritária de empregados, sob presidência de um ministro; . objetivo à desejo corporativista de colaboração das classes; interferência direta do Estado na economia

- Poder Judiciário

. Supremo Tribunal Federal à atribuições obstruídas pela conjuntura de Ditadura; integrantes escolhidos pelo Presidente comprometia o julgamento de leis advindas deste

- Direitos e garantias individuais:

. assegura o Estado de Direito à direito à liberdade, à segurança individual e à propriedade, porém, NÃO foi cumprido;

. prevê a pena de morte;

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. indica o poder do Estado sobre a mídia;

- Educação e família: . Educação é responsabilidade da família e o Estado é colaborador; . define a igualdade entre filhos legítimos e Naturais

- Trabalho: . manteve leis relativas ao trabalho ; . prevê a subordinação dos sindicatos aos interesses e controle do Estado; . manteve a Justiça do Trabalho sob controle

CÓDIGO de PROCESSO CIVIL de 1939

Mudando o estabelecido pela Constituição de 1891 que estabelecia que cada Estado deveria legislar sobre direito processual, foi estabelecido pela Constituição de 1934 que o Processo Civil deveria ter abrangência nacional; Getúlio Vargas mandou elaborar o primeiro Código de Processo Civil brasileiro e, por Decreto, sancionou o referido código em 1939

CÓDIGO PENAL de1940 e CÓDIGO de PROCESSO PENAL de 1941

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Fundamentados em princípios liberais, refletindo doutrinariamente concepções vinculadas à Escola Clássica e à Escola Positivista italianas. Apresentaram grande avanço e autonomia apesar de elaborados em época de Ditadura.

- CÓDIGO PENAL de 1940: teve vigência a partir de 1942 e continua em vigor, embora tenha passado por reformas. Em 1969, um novo Código foi promulgado pelo governo da Ditadura Militar, porém teve sua vigência protelada e veio a ser revogado em 1978.

- CÓDIGO de PROCESSO PENAL de 1941: após a fase estabelecida pela Constituição de 1891 (em que cada Estado da Federação passou a ter competência para legislar sobre o processo e, portanto, desfazendo a validade de um código único para todo o território nacional), o novo Código de 1941 que entrou em vigor em 1942 restabeleceu a unidade do processo na área penal.

Outros aspectos da “Era Vargas”: Polícia, Justiça e outras Instituições

- censura;

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- prisões políticas; - aproximação ideológica com o fascismo (culto ao líder, totalitarismo)

- Tribunal de Segurança Nacional

Movimento Operário:

. a luta dos operários no Brasil antecede a chegada de Vargas ao poder. Na República Velha era “caso de polícia” .Vargas implementou o Corporativismo à buscava o equilíbrio entre as forças através de um maior poder para quem as controla, visando tornar secundários os interesses individuais; os conflitos sociais vistos como anomalias a serem combatidas; . o Corporativismo foi associado a um sentimento nacionalista;

. Vargas criou o Ministério do Trabalho e encaminhou a formulação da C. L. T. criada por Decreto em 1943 reconhecendo conquistas dos trabalhadores urbanos realizadas desde a década de 1920 e criando através de instrumentos teóricos, técnicos e racionais uma legislação que objetivava eliminar conflitos e promover a conciliação entre patrão e empregados e angariar méritos políticos. Assim, no ramo justrabalhista, a política da Era Vargas,

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fundada no corporativismo italiano e implementada através de decretos-leis, direcionava as reformas sociais, instituiu a organização do sistema sindical e constituiu direitos sociais trabalhistas.

III- DA REDEMOCRATIZAÇÃO AO GOLPE MILITAR – 1946 a 1964

Com a vitória das forças democráticas aliadas na Segunda Guerra Mundial à fim do “Estado Novo”. Uma Assembléia Constituinte eleita elaborou a CONSTITUIÇÃO de 1946 à instrumento para a redemocratização no Brasil, vigorou até o regime militar. Estabeleceu a base para a restauração da democracia formal representativa fundamentada em elementos do Estado Social (alguns já consolidados no país) e elementos liberais, assim, compondo um texto claramente dividido entre as influências ideológicas da época, favorecendo um arranjo burguês nacionalista entre forças conservadoras e grupos liberais reformistas. De perfil liberal-conservador (obra de uma Assembléia Constituinte majoritariamente conservadora), mas incorporando preceitos do Estado Social, a Constituição de 1946 apresentou em

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diversos de seus dispositivos o ideário de seus elaboradores:- a garantia dos direitos civis fundamentais; a estruturação do Estado com separação dos Três Poderes; as limitações da intervenção do Estado na economia são destaques no texto que figuram ao lado de preceitos do Estado Social como a participação dos empregados no lucro das empresas, o repouso semanal remunerado, a estabilidade no emprego e o direito de greve, dentre outros;

- consolidou, sob o fundamento da justiça social, o federalismo cooperativo no Brasil, favorecendo a integração regional, a cooperação entre os Estados e permitindo a concretização de políticas voltadas ao desenvolvimento e à implantação de meios para a superação das desigualdades sociais.

IV- DITADURA MILITAR – 1964 – 1984

O golpe militar de 1964 implantou regime ditatorial que perdurou por duas décadas.

O governo militar governou legislando além da constitucionalidade através dos Atos Institucionais publicados arbitrariamente ( AI- 1; AI-2; AI-3; AI-4; AI-5; .... AI-17), que estabeleceram inúmeras medidas entre as quais destacam-se:

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* a eleição para Presidente e Vice-Presidente da República seria feita pelo Congresso;

* as garantias Constitucionais foram suspensas;

* o controle do Executivo sobre os órgãos máximos do Judiciário;

* a extinção dos partidos políticos existentes e a criação do bipartidarismo: ARENA e MDB;

* a cassação de mandatos parlamentares;

* a suspensão de direitos políticos dos cidadãos;* o domínio do Executivo sobre os Legislativos federal, estaduais e municipais o que dava àquele o poder de colocar estes em “recesso”;

* o poder de intervenção do Executivo Federal nos Estados e Municípios;

* a suspensão do Habeas Corpus para crimes políticos, esses mal definidos;

* a possibilidade de banimento de cidadãos brasileiros considerados indesejados;

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* a possibilidade da pena de morte.

CONSTITUIÇÃO DE 1967 - 1969 Pautaram-se em diretrizes centralizadoras, arbitrárias, ilegítimas e antidemocráticas com a particularidade de reproduzir a aliança conservadora da burguesia agrária-industrial com parcelas emergentes de uma tecnoburocracia civil e militar.

A Carta de 1967 assegura enorme poder ao Executivo. Merecem destaque:

*a constitucionalização da Lei de Segurança Nacional, lei devastadora para os direitos civis;

*o capítulo sobre Direitos Individuais onde mantém-se a redação de direitos de um Estado de Direito de fato, com algumas exceções, mas que contrastava com a realidade e tornava as palavras do texto constitucional verdadeira farsa.

A Emenda Constitucional n. 1, chamada de CONSTITUIÇÃO DE 1969, era composta por longos blocos não revistos da Constituição de 1967 e de alterações básicas que aumentaram ainda mais o Poder do Executivo, fortalecendo a Lei de

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Segurança Nacional.

V- A REDEMOCRATIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DE 1988

O movimento pela redemocratização na década de 1980 culmina com a CONSTITUIÇÃO DE 1988.

Pode-se afirmar que, desde a independência de Portugal, a tradição do Constitucionalismo brasileiro primou sempre por formalizar toda a realidade viva da nação, adequando-a a textos político-jurídicos estanques, plenos de ideais e princípios meramente programáticos. Em regra, as constituições brasileiras recheadas de abstrações racionais não apenas abafaram as manifestações coletivas, como também não refletiram as aspirações e necessidades mais imediatas da sociedade. Embora a Constituição de 1988 não escape totalmente desse enquadramento, há de se reconhecer certos avanços que aproximam mais suas disposições normativas com o momento histórico e a realidade social existente no país.

Elaborada pela Assembléia Nacional Constituinte de 1987, a qual não refletia a heterogeneidade do Brasil, oportunizou que os interesses industriais e latifundiários suplantassem amplamente os

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interesses dos outros setores da sociedade, mas, por outro lado, estabeleceu uma série de garantias trabalhistas tanto para trabalhadores urbanos quanto rurais.

Seu arcabouço ideológico liberal, formalista e vulnerável tanto serve “à legitimação da vontade das elites e à preservação do status quo” quanto “poderá representar um instrumento de efetiva modernização da sociedade”. - Assegurou os Direito Individuais Clássicos, o que lhe conferiu a denominação de “Constituição Cidadã”. O artigo quinto é um exemplo destes princípios.

- Consagrou mecanismos da democracia direta e de maior participação popular e autonomia municipal.

- Previu novos direitos comunitários, principalmente aqueles instrumentalizados pela figura inovadora dos sujeitos sociais, como entidades sindicais, associações civis, etc.

A Constituição de 1988, embora possa ser acusada de ser um texto analítico, demasiadamente minucioso e detalhista, além de ter contribuído para

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enterrar o regime militar expressou importantes avanços da sociedade civil e materializou a consagração de direitos alcançados pela participação de movimentos sociais organizados.