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1 DIREITO FINANCEIRO PGE Prof. Juliano Colombo 1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ORÇAMENTÁRIOS (CONTINUAÇÃO) 1.1. Princípio da Programação Todo orçamento está ligado ao plano de ação governamental. Princípio está ligado ao Plano Plurianual. Conteúdo e forma de programação. Os programas de governo de duração continuada devem constar do plano plurianual, ao qual se subordinam os planos e programas nacionais, regionais e setorias. Art. 165, §4 o da CRFB/1988: § 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. 1.2. Princípio da Anualidade Característica fundamental da Lei Orçamentária é a sua anualidade, sua periodicidade. Lei orçamentária criada para um exercício financeiro que coincide com o ano civil, 1º de janeiro a 31 de dezembro. Art. 165, III – orçamento anuais; §5 o A lei orçamentária anual compreenderá: (...) Princípio da Anualidade Tributária revogado – Retirado do Sistema Impossibilitava a cobrança dos tributos não previstos na lei orçamentária. O Parlamento deveria renovar a cada ano, a autorização para a cobrança dos tributos existentes. Foi definitivamente revogado pela EC 18/65. Importa esclarecer que, nos dias atuais, a cobrança de tributo não necessita estar prevista e autorizada em prévia lei orçamentária. Ficava impossibilitada a cobrança dos tributos não previstos na lei orçamentária. O Parlamento deveria renovar a cada ano, a autorização para a cobrança dos tributos existentes.

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DIREITO FINANCEIRO PGE

Prof. Juliano Colombo

1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ORÇAMENTÁRIOS (CONTINUAÇÃO) 1.1. Princípio da Programação Todo orçamento está ligado ao plano de ação governamental. Princípio está ligado ao Plano Plurianual. Conteúdo e forma de programação. Os programas de governo de duração continuada devem constar do plano plurianual, ao qual se subordinam os planos e programas nacionais, regionais e setorias. Art. 165, §4o da CRFB/1988: § 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional. 1.2. Princípio da Anualidade Característica fundamental da Lei Orçamentária é a sua anualidade, sua periodicidade. Lei orçamentária criada para um exercício financeiro que coincide com o ano civil, 1º de janeiro a 31 de dezembro. Art. 165, III – orçamento anuais; §5o A lei orçamentária anual compreenderá: (...) Princípio da Anualidade Tributária revogado – Retirado do Sistema Impossibilitava a cobrança dos tributos não previstos na lei orçamentária. O Parlamento deveria renovar a cada ano, a autorização para a cobrança dos tributos existentes. Foi definitivamente revogado pela EC 18/65. Importa esclarecer que, nos dias atuais, a cobrança de tributo não necessita estar prevista e autorizada em prévia lei orçamentária. Ficava impossibilitada a cobrança dos tributos não previstos na lei orçamentária. O Parlamento deveria renovar a cada ano, a autorização para a cobrança dos tributos existentes.

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1.3. Princípio da Unidade Pelo art. 73 da Constituição de 1946, havia a exigência de elaboração de um único documento orçamentário.O Princípio da Unidade orçamentária atualmente, não mais se preocupa com a unidade documental, mas com a unidade de orientação política ou de programação. Não mais é previsto a elaboração de um único orçamento em um único documento. Preocupa-se com a unidade de orientação política e não com a unidade documental.

Previsão no art. 165, §5o da CRFB/1988. 1.4. Princípio da Universalidade As parcelas da receita e da despesa devem figurar em bruto no orçamento, sem quaisquer deduções. Significa, ainda, a inclusão de todas as receitas e despesas, de todas as entidades, no orçamento geral anual. Previsão no art. 165, §5o da CRFB/1988. O respeito ao Princípio da Universalidade possibilita ao Poder Legislativo ter conhecimento do exato volume global das despesas projetadas pelo Governo. 1.5.Princípio da Legalidade O orçamento só poderá ser aprovado por lei formal. Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. É pratica comum, atualmente, a lei orçamentária anual conter delegação ao Executivo para transferir recursos de uma dotação para outra, fato que não acarreta a violação do princípio da legalidade.

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1.6. Princípio da Transparência Orçamentária Possibilidade da fiscalização e o controle interno e externo da execução orçamentária. Art. 165, § 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. Fixação de instrumentos de transparência na gestão fiscal. LRF, art. 48: Art. 48.: São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: (Redação dada pela Lei Complementar nº 131, de 2009). I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).

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1.7. Princípio da Publicidade Orçamentária Observância da publicidade no que tange as leis orçamentárias Art. 165, §§3º e 7º , Art. 48 e 49 da LRF. § 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária. 1.8. Princípio da Não-Vinculação de Receita de Impostos / Não-Afetação Nos exatos termos do art. 167, IV da CRFB/1988, fica vedada a vinculação da receita de imposto a órgão, fundo ou despesa. Permitida a vinculação apenas nas exceções previstas pela própria Constituição EC 42/2003, quais sejam: a) repartição das receitas tributárias (arts. 158 e 159) b) destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde (art. 198, §2o) c) manutenção e desenvolvimento do ensino (art. 212); d) para realização de atividades de administração tributária (art. 37, XXII); e)prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita (art. 165, §8o) ; f) para o Fundo Social de Emergência (art. 71 do ADCT); g) a vinculação de impostos estaduais e municipais para a garantia ou contragarantia à União para pagamento de débitos com ela (art. 167, §4o); h) outras vinculações da Receita Tributária: art. 204, parágrafo único / art. 216, §6 / arts. 79 e 80 ADCT / art. 82 ADCT.

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2. Fundos Públicos

Fundos Públicos são constituídos por um conjunto de recursos vinculados ou alocados a uma área específica, com atribuição e responsabilidade para cumprimento de objetivos específicos, mediante execução de programas com elas relacionadas. Lei 4.320/64 – Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares para aplicação. - Receitas Especificadas – Vinculação a determinadas despesas de cunho social, econômica, prestação de serviços públicos emergenciais, entre outros – Fundo ligado a determinado órgão da administração – Descentralização do Processo Decisório – Descentralização da administração do Fundo – Mecanismos de Controle estabelecidos pela própria lei instituidora do Fundo. - Fundos x Princípios Orçamentários: a) Exceção ao Princípio da Especialidade: cfe. referido princípio os gastos devem ser individualizados no orçamento. Despesas especificadas não são exigidas nos fundos. b) Exceção ao Princípio da Unidade da Tesouraria: cfe. referido princípio todas as receitas são levadas ao tesouro e após são utilizados no orçamento. __________________________ CRFB/88 Art. 167. São vedados: IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. Art. 165, §9º. Cabe à lei complementar: II – estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

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RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20.711 - GO (2005/0158206-3) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator): VOTO O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator): (...) 2. Não prospera o argumento de inconstitucionalidade formal da Lei em apreço, sob a alegação de que a instituição de fundo seria reservada à lei complementar. Dispõe o art. 165, § 9º, II, da CF/88 o seguinte: "§ 9° - Cabe à lei complementar: (...) II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos." Da interpretação literal do dispositivo exsurge clara a subordinação à lei complementar apenas das normas gerais sobre a instituição e o funcionamento de fundos, não constando exigência para que a criação de um fundo em particular seja feita por essa espécie normativa. Acerca da matéria, já se manifestou o STF, no julgamento da ADIN-MC 1.726. Veja-se trecho do voto do Min. Nelson Jobim nesse sentido: "(...) o argumento de fundo do art. 165, § 9º, inciso II, dispõe, efetivamente, que se exige lei complementar para se estabelecer condições para a instituição e funcionamento de fundos. Não se estabelece, evidentemente, que a criação do fundo vá se fazer por lei complementar, ou seja, o próprio sistema autorizaria a criação de fundos por decreto do Executivo desde que antecedido de autorização legislativa". E sobre a existência de lei complementar disciplinando a instituição e o funcionamento de fundos, assentou o STF no julgamento citado, a recepção da Lei 4.320/64 para tal finalidade. Veja-se o voto do Min. Maurício Corrêa: É que até agora não tendo sido editada lei complementar que discipline o preceito constitucional invocado, a Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964, que instituiu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos da União está recepcionada pela Constituição Federal, com status de lei complementar, visto que do contrário restaria de braços cruzados, e em pânico, a Administração Pública, impedida que estaria de realizar as suas atividades institucionais. 4. Este tem sido o entendimento da doutrina, como se vê em José Maurício Conti {in Direito Financeiro na Constituição de 1988, 1ª edição, SP, Ed. Oliveira Mendes, 1988; Toshio Mukai (in A Administração Pública na Constituição de 1988, Saraiva, 1988, p. 120); Ricardo Lobo Torres (in Curso de Direito Financeiro e Tributário , 3ª ed., Renovar, 1996, p. 2) e J. Teixeira Machado Júnior e Haroldo da Costa Reis (in A Lei 4.320 Comentada , 28ª edição, IBAM, 1997, P. 14), dentre outros. 5. Embora a Constituição não se refira a fundos especiais, contudo estão eles disciplinados na lei n° 4.320/64, que se aplica à espécie, e que foi recepcionada pela Carta Política Federal vigente, ao contrário do que alega o Requerente em sua inicial. 6. Com efeito, esse diploma legal, utilizando a expressão fundo especial (artigos 71 a 74), nada mais fez do que defini-lo (artigo 71), impondo as condições para a sua instituição e funcionamento (artigos 72 a 74). Transcrevo abaixo o inteiro teor desses dispositivos:

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“Art .71 - Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que, por lei, se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação. Art. 72 - A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a fundos especiais far-se-á através de dotação consignada na Lei Orçamentária ou em créditos adicionais. Art. 73 - Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, o saldo positivo do fundo especial apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo. Art. 74 - A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas peculiares de controle, prestação e tomada de contas, sem, de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal de Contas do órgão equivalente. " (...) 8. Os artigos 72 a 74 impõem condições para a instituição e funcionamento do fundo especial, válidas, como disse, até a edição da lei complementar a que se refere o artigo 165, § 9°, II da Carta Federal. (...) O aresto recebeu a seguinte ementa: MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.061, DE 11.11.97 (LEI Nº 9.531, DE 10.12.97), QUE CRIA O FUNDO DE GARANTIA PARA PROMOÇÃO DA COMPETIVIDADE - FGPC. ALEGADA VIOLAÇÃO DOS ARTS. 62 E PAR. ÚNICO, 165, II, III, §§ 5º, I E III, E 9º, E 167, II E IX, DA CONSTITUIÇÃO. 1. A exigência de prévia lei complementar estabelecendo condições gerais para a instituição de fundos, como exige o art. 165, § 9º, II, da Constituição, está suprida pela Lei nº 4.320, de 17.03.64, recepcionada pela Constituição com status de lei complementar; embora a Constituição não se refira aos fundos especiais, estão eles disciplinados nos arts. 71 a 74 desta Lei, que se aplica à espécie: a) o FGPC, criado pelo art. 1º da Lei nº 9.531/97, é fundo especial, que se ajusta à definição do art. 71 da Lei nº 4.320/63; b) as condições para a instituição e o funcionamento dos fundos especiais estão previstas nos arts. 72 a 74 da mesma Lei. (...)

Questões selecionadas:

01 – ( ) Caso determinado estado da Federação apresente, como garantia ao pagamento de dívida que possui com a União, 5% da receita própria do IPVA, nessa situação, a afetação da receita não representa violação ao princípio da não-vinculação. 02 - ( ) De acordo com o princípio da não-afetação, é proibida a vinculação da receita dos tributos a qualquer órgão, fundo ou despesa, ressalvadas as situações previstas no próprio texto constitucional.

03 - ( ) A Constituição brasileira, atual já não requer a prévia autorização orçamentária para a cobrança de tributos, mas exige que a lei tributária que institua ou majore tributo tenha sido publicada anteriormente ao exercício financeiro em que o tributo vai ser cobrado.

04 - ( ) Segundo a boa doutrina, orçamento é lei apenas em sentido formal, pois seu conteúdo é de mero ato administrativo, que não pode

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conter matéria estranha a fixação da despesa pública e à previsão de receita pública.

05 - ( ) O texto constitucional vigente concebeu feição mais moderna ao princípio da unidade orçamentária, que antes previa a reunião, em um único documento, de todas as despesas e receitas do Estado. Segundo tal texto, a lei orçamentária compreende os orçamentos fiscal, da seguridade social e de investimentos. Assim, na sua concepção doutrinária atual, o referido princípio, na Constituição atual, implica a harmonia dos orçamentos entre si. 06 - ( ) O princípio orçamentário da não-afetação da receita veda a vinculação da receita de impostos a órgãos, fundo ou despesa, ressalvada apenas a destinação a recursos para ações e serviços públicos de saúde e para a manutenção e desenvolvimento do ensino. 07 – ( ) O princípio da não-afetação da receita, expressamente previsto no texto constitucional, veda, sem ressalvas, a vinculação da receita de quaisquer espécies tributárias a órgão, fundo ou despesa. 08 – ( ) Em respeito ao princípio da exclusividade, os orçamentos só podem ser aprovados por lei formal. 09 – ( ) O princípio da universalidade, positivado na Constituição de 1988, estabelece que o orçamento não conterá dispositivo estranho à previsão de receita e à fixação de despesa. Ainda acerca dos orçamentos, julgue os itens que se seguem. 10 - ( ) O princípio da universalidade estabelece que todas as receitas e despesas devem estar previstas na LOA. 11 - ( ) O princípio da não-afetação refere-se à impossibilidade de vinculação da receita de impostos a órgãos, fundo ou despesa, com exceção de alguns casos previstos na norma constitucional. 12 - Segundo o art. 6º da Lei Federal 4.320/64: “Todas as receitas e despesas constarão na lei de orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções”. Esse artigo consagra o princípio orçamentário da (A) universalidade. (B) unidade.

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(C) não afetação das receitas. (D) sinceridade. (E) especificação. 13 – (Procurador do Estado – RS) O princípio que estabelece que todas as receitas e despesas estarão contidas no orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções, é o da

a) Universalidade b) Unidade c) Anualidade d) Especialização e) Exclusividade

1. Despesa Pública

Conforme a classificação proposta por Aliomar Baleeiro a despesas pública significa “a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro duma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo”.

Despesa pública representa a utilização, pelo agente público competente, de recursos financeiros previstos na dotação orçamentária. Despesa pública pressupõe dispêndio de dinheiro.

A despesa pública há de corresponder a um dispêndio relacionado com uma finalidade de interesse público, que é aquele interesse coletivo, encampado pelo Estado.1

Nenhuma despesa pode ser realizada sem previsão orçamentária.

1.1 Classificação das Despesas Públicas – Lei 4.320/64

Conforme a Lei 4.320/64, as despesas públicas podem ser correntes e de capital.

Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas: DESPESAS CORRENTES Despesas de Custeio Transferências Correntes

1 Kiyoshi Harada

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DESPESAS DE CAPITAL Investimentos Inversões Financeiras Transferências de Capital

Despesas Correntes:

Despesas correntes são aquelas que não enriquecem o patrimônio público, mas são necessárias à execução dos serviços públicos e à vida do Estado.

As Despesas de Custeio (art. 12, §1°) são as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. Estão entre elas as despesas do pessoal civil, salários, pessoal militar, despesas com compra de material de consumo, remuneração de serviços prestados por pessoas físicas, locação de imóveis, etc. É o custeio da máquina pública.

As Transferências Correntes (art. 12, §2°) são as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Estão entre elas as transferências feitas de um nível de governo para outro, as transferências decorrentes da lei do orçamento e destinadas a atender a despesas correntes de autarquias e fundações, pagamento de inativos, juros da dívida pública, pensionistas, etc.

Despesas de Capital:

Despesas de capital são as que determinam uma modificação no patrimônio público por meio de seu crescimento.

Os Investimentos (art.12, §4°) são as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro. Estão entre elas as aquisições de material permanente, aeronaves, automóveis, mobiliário, obras de arte,

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equipamentos hospitalares, aumento de capital em empresas agrícolas e industriais.

As Inversões Financeiras (art. 12, §5°) são as dotações destinadas a: I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros. As Transferências de Capital (art. 12, §6°) são as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. Estão entre elas a Amortização da Dívida Pública, Auxílios para Obras Públicas e Auxílios para Equipamentos e Instalações

1.2 Realização da Despesa Pública

EMPENHO:

A primeira providência para efetuar uma despesa é o empenho.

Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

O empenho visa garantir os diferentes credores do Estado, na medida em que representa reserva de recursos na respectiva dotação inicial ou no saldo existente.

O empenho limita-se a diminuir do determinado item orçamentário a quantia necessária ao pagamento do débito, o que permitirá à unidade orçamentária o acompanhamento constante da execução orçamentária, não só evitando anulações por falta de verba, como também possibilitando o reforço oportuno de determinada dotação, antes do vencimento da dívida.

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No ato do empenho fica deduzido do orçamento o valor da transação. Tem-se um bloqueio formal da parcela envolvida que reduz o saldo até então disponível.

Materializa-se pela emissão de “Nota de Empenho”.

Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.

LIQUIDAÇÃO:

É a segunda etapa da execução da despesa. A liquidação torna líquida e certa a obrigação preexistente. É a verificação do direito adquirido pelo credor.

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

O processo de liquidação procura verificar:

- a origem e o objeto do que se deve pagar; - a importância exata a pagar; - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

Terá por base, o contrato, ajuste ou acordo respectivo, a nota de empenho e os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

ORDEM DE PAGAMENTO:

É a terceira etapa da execução da despesa pública, caracteriza-se pelo despacho da autoridade competente determinando o pagamento da despesa.

Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.

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Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelos serviços de contabilidade

O processamento contábil é providencial para manter o acompanhamento e preservar a estabilidade financeira.

PAGAMENTO:

É a última etapa da despesa pública.

Conforme art. 65 da Lei 4320, o pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídas, por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento2.

A Despesa Pública e a LRF – LC 101/2000

A Lei de Responsabilidade Fiscal vem impor um equilíbrio fiscal ao orçamento e a responsabilidade no que tange à execução de despesa, estabelecendo:

A despesa só deve ser realizada, havendo dotação específica e suficiente na LOA, sendo compatível com a PPA e a LDO. Não verificada a receita, os empenhos devem ser limitados.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

Novas despesas de caráter continuado devem ser compensadas por aumento permanente de receita.

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo

2 Adiantamento para os casos de serviços extraordinários e urgentes, que não permitam delongas na satisfação de despesas, quando se tratar de despesa a ser paga em lugar distante de qualquer estação pagadora ou no exterior, quando se tratar de despesas miúdas e de pronto pagamento, nas diversas repartições públicas.

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normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. § 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

Criação de Limites com despesas de pessoal, em relação à receita corrente líquida, discriminada por Ente e por Poder

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

Proibição do aumento de despesas com pessoal nos últimos 180 dias de mandato

Art. 21. Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Restos a Pagar – Art. 42 da LRF

Consideram-se restos a pagar as despesas empenhadas, mas não-pagas, até 31 de dezembro, estando sua execução condicionada aos limites fixados à conta das fontes de recursos correspondentes.

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.

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2. RECEITA 2.1. Classificação da Receita Pública – Lei 4320/64 Baseada em critérios econômicos. Conforme art. 11 da Lei 4320/64 a receita pública é classificada em: - receita corrente - receita de capital Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. Receitas Correntes: As receitas correntes abarcam as decorrentes do poder impositivo do Estado, bem como aquelas decorrentes da exploração de seu patrimônio e as resultantes de exploração de atividade econômica. São receitas de natureza contínua. Os tributos em geral são classificados como receita corrente. Art. 11, § 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. O art. 11, em seu parágrafo 4° apresenta o detalhamento das receitas correntes:

RECEITAS CORRENTES

Receita Tributária

Impostos Taxas Contribuições de Melhoria

Receita de Contribuições

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Receita Patrimonial

Receita Agropecuária

Receita Industrial

Receita de Serviços

Transferências Correntes

Receitas de Capital: São todas as outras receitas que compreendem as provenientes de realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas, as oriundas das conversões em espécie de bens e direitos, os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado para atender as despesas de capital e o superávit do orçamento corrente. Art.11, § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. O art. 11, em seu parágrafo 4° apresenta o detalhamento das receitas de capital:

RECEITAS DE CAPITAL

Operações de Crédito Alienação de Bens Móveis e Imóveis Amortização de Empréstimos Concedidos Transferências de Capital Outras Receitas de Capital

Classificação Doutrinária A doutrina classifica as receitas em originárias e derivadas.

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Receitas Originárias: Receitas Originárias são aquelas que resultam da atuação do Estado, sob regime de direito privado, na exploração de atividade econômica. O que fundamentalmente caracteriza a receita originária é sua percepção pelo Estado, absolutamente despido do caráter coercitivo próprio, porque atua sob regime de direito privado, como uma empresa privada na busca do lucro. A receita originária é auferida pelo Estado em decorrência da exploração de seu próprio patrimônio e sem o exercício de seu poder soberano. A exigência de tributo é ato de soberania estatal, exercício do poder soberano. Ex: preços públicos, aluguéis de prédios públicos, aplicações financeiras, etc. Receitas Públicas Derivadas: As receitas públicas derivadas são as derivadas são as provenientes de patrimônio de particulares, impostas coercitivamente aos cidadãos, em decorrência do poder soberano do Estado. Receita Tributária é Receita Derivada. Ainda, Tributo é Receita Corrente, é Receita Derivada. O Estado, em virtude de seu poder de autoridade, pode retirar de seus súditos parcelas de suas riquezas para a consecução de seus fins, visando o bem-estar geral. Esse poder de imposição tributária do Estado acha-se normatizado em nível constitucional, mediante a outorga de competência tributária que, ao lado de inúmeros outros princípios tributários, constitui as chamadas limitações constitucionais ao poder de tributar, as quais funcionam como escudos de proteção dos contribuintes.

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Receita Pública e a LRF – LC 101/2000

As principais matérias tratadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal no que tange à Receita Pública são as seguintes: Obrigatoriedade de instituição pelos entes públicos de todos os tributos outorgados constitucionalmente. Todos os tributos de sua competênica.

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Uma vez não cumprida a arrecadação de todos os impostos, fica vedada a realização de transferências voluntárias.3

Previsão de receitas elaboradas com critérios técnicos

3 Transferências voluntárias são os recursos financeiros repassados pela União aos Estados, Distrito Federal e Municípios em decorrência da celebração de convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos similares cuja finalidade é a realização de obras e/ou serviços de interesse comum e coincidente às três esferas do Governo. Conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal, entende-se por transferência voluntária "a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde."

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Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. Renúncias de receitas acompanhadas de mecanismos de compensação Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. Renúncia de Receita – II, IE, IPI e IOF Art. 14, § 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:

I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1o;

3. Controle Interno, Externo e Privado da Execução Orçamentária art. 70 ao 75 da CRFB/1988 Pessoas submetidas ao Controle:

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Art. 70, Parágrafo Único: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. "Advogado de empresa estatal que, chamado a opinar, oferece parecer sugerindo contratação direta, sem licitação, mediante interpretação da lei das licitações. Pretensão do Tribunal de Contas da União em responsabilizar o advogado solidariamente com o administrador que decidiu pela contratação direta: impossibilidade, dado que o parecer não é ato administrativo, sendo, quando muito, ato de administração consultiva, que visa a informar, elucidar, sugerir providências administrativas a serem estabelecidas nos atos de administração ativa. Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, Malheiros Ed., 13ª ed., p. 377. O advogado somente será civilmente responsável pelos danos causados a seus clientes ou a terceiros, se decorrentes de erro grave, inescusável, ou de ato ou omissão praticado com culpa, em sentido largo: Cód. Civil, art. 159; Lei 8.906/94, art. 32." (MS 24.073, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 6-11-02, DJ de 31-10-03) São de suma importância a fiscalização e o controle do orçamento público. Modalidades de Controle – Controle Interno, Externo e Privado; Os mecanismos de controle objetivam a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos entes constitucionais e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação de subvenções e renúncia de receitas. 3.1. Controle Interno: O controle interno está previsto no art. 74 da CRFB/1988, sendo ali definidos sua finalidade e os parâmetros de sua realização. “Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos

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e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.” O controle interno deve apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional, devendo os seus responsáveis, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela dar ciência ao TCU, sob pena de responsabilidade solidária. Possui como pressuposto o princípio hierárquico. O superior hierárquico revisa e controla os atos dos subalternos. O que caracteriza esse sistema é o princípio da hierarquia, que impõe às autoridades superiores o dever de exercer controle sobre seus subalternos, encampando ou revendo os atos por eles praticados, notadamente em matéria de execução orçamentária. Lei 4320/64 ainda prevê: Art. 77: A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia, concomitante ou subseqüente. Art. 78: Além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei, ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos. 3.2. Controle Externo: O controle externo é exercido exclusivamente pelo Congresso Nacional, nos termos do art. 70 e 49, X da CF, com o auxílio do Tribunal de Contas da União. Todo Estado de Direito pressupõe a submissão do próprio Estado às leis que ele edita – necessidade de um órgão controlador da atividade estatal.

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Tribunal de Contas TCU é órgão auxiliar – competência fiscalizadora. Controle da legitimidade (moralidade pública) e da economicidade (eficácia e eficiência) do ato.4 O campo de atuação do controle externo, a ser efetuado pelo Poder Legislativo com auxílio do Tribunal de Contas, está delimitado nos arts. 71 e 72 da CRFB/1988. Principais funções do TCU:

- função auxiliar do Poder Legislativo; (art. 71, I e VII) - atividade fiscalizadora de natureza preventiva ou repressiva; (art.

71,IV, V, VI, IX, X e XI) - função contenciosa; (art. 71, II e VIII)

- função de julgamento. “Julgar as contas” não lhe confere o exercício da atividade jurisdicional, privativo do Poder Judiciário. Decisão técnica – regular/irregular. Sua decisão tem força meramente administrativa, não faz coisa julgada, podendo a matéria ser reapreciada pelo Judiciário, art 5°, XXXV e XXXVII da CFRB/1988.5 O TCU não tem função jurisdicional. As decisões tomadas pelo TCU não fazem coisa julgada, podendo ser reapreciadas pelo Poder Judiciário, conforme art. 5º, incisos XXXV e XXXVII, da CRFB/1988, eis que introduzem o princípio da inafastabilidade da jurisdição e repelem o juízo ou tribunal de exceção. Como órgão auxiliar, o parecer do Tribunal de Contas acerca das contas prestadas pelo Presidente da República, sequer vincula a deliberação do Parlamento. Assim, mesmo tecnicamente com parecer desfavorável,

4 “ O Tribunal de Contas , embora dele cuide a Constituição Federal no capítulo dedicado ao Legislativo, não é um órgão subordinado àquele Poder. Nenhum dispositivo constitucional lhe retira a independência ou lhe cria vínculos de desobediência e subordinação. O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do legislativo, que não pratica atos de natureza legislativa” “ Mas o controle externo exerce-o o Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas, a quem incumbe o exame inicial e o parecer prévio e não-vinculante sobre as contas da Administração. O Tribunal de Contas é o braço, a ‘longa manus’ do Congresso Nacional (...) auxilia não só o Congresso Nacional, mas também a Administração. Encarrega-se do controle e fiscalização dos responsáveis e da legitimidade da execução orçamentária” assim define Ricardo Lobo Torres em sua obra ‘Tratado de Direito Constitucional Financeiro e Tributário’. 5 A Súmula 347 do STF estabelece: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e atos do Poder Público”. Tal súmula, entretanto, não confere natureza jurisdicional das decisões proferidas pelo TCU.

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o Congresso Nacional poderá aprovar as contas do Presidente da República.6 Atribuições do TCU: As atribuições do TCU constam do texto constitucional no art. 71: I – parecer prévio da contas do Presidente da República. 60 dias a contar do recebimento. A não apresentação de contas pelo Presidente importa em crime de responsabilidade. (art, 85, VI da CFRB/1988); II – julgamento de contas, administradores e demais responsáveis. Mesa da Assembléia Legislativa.7 III – toda e qualquer admissão ao serviço público, exceto cargo de confiança (verificação da regularidade do concurso público, vagas deficiente, requisitos, etc.) IV – atividade fiscalizadora propriamente dita. V – aplicação da fiscalização prevista no art. 70. VI - fiscalização da aplicação dos recursos repassados pela União às demais entidades políticas. VII – função do órgão auxiliar de caráter técnico. VIII – aplicação de sanções, multa aos responsáveis ao dano causado ao erário. § 3° As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. "O Tribunal de Contas da União é parte legítima para figurar no pólo passivo do mandado de segurança, quando sua decisão está revestida de caráter impositivo." (MS 21.548, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 4-2-99, DJ 25-6-99) IX – controle concomitante.

6 No âmbito dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município aplica-se o art. 31,§2º da CRFB/1988: “§2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal” 7 Conforme julgamento Adin no. 849-MT, o STF em liminar entendeu pela inconstitucionalidade do inciso I, do art. 47 da Constituição Estadual do Mato Grosso, que dispensava às contas da Mesa da Assembléia Legislativa o mesmo regime jurídico peculiar às contas do chefe do Poder Executivo.

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X – Não atendido o prazo, deve o TCU sustar a execução do ato impugnado. Sendo contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso. Necessidade de Comunicação ao Senado e Câmara. Não efetivada as medidas pelo Congresso em 90 dias, o TCU decidirá a respeito.

XI – Comunicação das irregularidades e abusos apurados em suas inspeções e auditorias. §4o Relatório das atividades trimestral e anual ao Congresso. Art. 30, §4º: “É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais” Alguns Tribunais de Contas Municipais então existentes ficaram mantidos, a exemplo do Rio de Janeiro e São Paulo, com cinco Conselheiros. 3.3 Controle Privado: Exercido por qualquer cidadão. Art. 74, §2o da CRFB/1988.

§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Questões selecionadas:

14 - ( ) Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade, entre outras, de avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução de programas de governo e dos orçamentos da União, assim como de avaliar os resultados da gestão orçamentária, quanto à eficácia e à eficiência. 15 – A fiscalização da execução orçamentária é realizada mediante: a) o controle interno de cada Poder, circunscrito à avaliação do cumprimento das metas previstas no plano plurianual. b) controle externo do Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas, cujo parecer vincula a deliberação daquele. c) estrita e exclusiva observância do princípio da legalidade. d) nenhuma das alternativas anteriores é verdadeira.

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16 – ( ) Os estágios da receita são empenho, fixação e recolhimento. 17 - ( ) A liquidação da despesa consiste no pagamento ou na inscrição em restos a pagar. 18 - ( ) Despesas de capital são voltadas para a manutenção de serviços já criados ou para a realização de obras de conservação de bens imóveis. 19 - ( ) O valor referente ao pagamento de inativos é apropriado como despesa corrente. 20 - ( ) Empenho e liquidação são estágios das despesas públicas. 21 – ( ) A realização de despesa pública passa por três fases distintas: o empenho, a liquidação e o pagamento. Quando se tratar de obras, serviços e compras, a realização de despesas será precedida de licitação; 22 – ( ) O empenho é ato pelo qual se reserva, do total da dotação orçamentária, a quantia necessária ao pagamento. 23 – ( ) O pagamento é a última fase da realização da despesa pública. Precede-o a ordem de pagamento, que é o despacho proferido pelo ordenador de despesa (autoridade legalmente competente para a prática do ato) 24 – ( ) É na fase da liquidação que a Administração verifica o direito adquirido pelo credor, tendo por base os documentos comprobatórios da despesa. Examinam-se a conformidade entre o contrato, a nota de empenho e os comprovantes da entrega do material ou da prestação efetiva do serviço. 25 – ( ) O controle externo do cumprimento orçamentário é feito, ordinariamente, pelo Poder Judiciário. 26 - ( ) Considere a seguinte situação hipotética. Determinado município da Federação criou contribuição de melhoria, em virtude da construção do Parque Central, cobrada dos moradores das proximidades do referido parque, em face da valorização imobiliária decorrente de sua construção. Entretanto, apesar de legalmente constituído, o aludido município não regulamentou a cobrança do tributo em comento, prejudicando a sua efetiva arrecadação. Nessa situação, ficará vedada a realização de transferências voluntárias ao município da Federação em epígrafe. 27 - PGE-RS - A União promove a venda de ações que possui em empresa estatal e, em decorrência, pode-se afirmar que:

a) o produto da venda constitui receita tributária.

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b) a receita obtida é classificada como receita corrente. c) se trata de receita de capital d) o valor da venda das ações tem a mesma classificação das receitas

auferidas pelo poder de polícia administrativa. e) a venda de ações das empresas estatais da União resulta em receitas

equivalentes ao produto da arrecadação de receitas correntes patrimoniais. 28 - PGE-RS - Assinale a alternativa correta

a) O parecer prévio emitido pelo Tribunal de Contas do Estado sobre as contas anuais prestadas pelo Governador do Estado tem caráter terminativo.

b) Compete ao Poder Legislativo Estadual julgar anualmente as contas prestadas pelo Governador do Estado e sobre as quais foi emitido parecer prévio pelo Tribunal de Contas do Estado.

c) O parecer prévio sobre as contas do Governador e dos Prefeitos Municipais, emitido pelo Tribunal de Contas do Estado, é apreciado e julgado pela Assembléia Legislativa, considerando-se que o Tribunal de Contas do Estado é instituição estadual e auxiliar da Assembléia Legislativa.

d) As Câmaras de Vereadores, ao apreciarem e julgarem as contas anuais dos respectivos Prefeitos, manterão ou rejeitarão o parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado mediante deliberação por maioria simples.

e) Do parecer prévio emitido pelo Tribunal de Contas do Estado sobre as contas prestadas pelo Governador do Estado cabe recurso ao Tribunal de Contas da União, em respeito ao princípio do duplo grau de jurisdição.

29 - PGE-RS - Assinale a alternativa correta

a) Empenho é o ato administrativo emanado da autoridade administrativa competente que efetiva a entrega de valores monetários ao credor do Estado. b) A liquidação da despesa pública é o ato administrativo emanado de autoridade administrativa competente que verifica o direito adquirido pelo credor para receber valores devidos, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. c) O empenho de uma despesa pública é o ato final de um processo administrativo, antecedido dos atos de liquidação e de pagamento, no qual o Estado julgará a legalidade do crédito. d) Não impede o pagamento da despesa pública a ocorrência de nulidade nas fases antecedentes do respectivo procedimento administrativo. e) As fases da despesa pública competem somente ao Poder Executivo, porque são atos administrativos.