direito econômico - matéria da 1ª prova.docx
TRANSCRIPT
03/02/14
Direito econômico – Prof. Adriano de Ávila Campos.
Avaliações
1ª prova: 20 pontos – 17/03
2ª prova: 30 pontos – 14/04
3ª prova: 20 pontos – 08/05
4ª prova: global - coord.
Matéria da 1ª prova
03/02/2014
Quando se fala em norma jurídica e em legislação nos lembramos do Direito
andando sempre a um ou dois passos atrás do desenvolvimento social. Se
pensarmos no Direito como um meio de pacificação social ele somente se solidifica
e se transforma com o tempo, ou seja, assim como a norma surge com o tempo ela
também leva um tempo para ser alterada. É possível ver a sociedade ansiosa por
mudanças legislativas, mas que não ocorrem na velocidade esperada, isto se dá
exatamente devido ao procedimento de alteração formal (projeto de lei, verificação
de validade, apresentação do projeto, emendas, etc.).
Na economia, por outro lado, tudo é muito rápido considerando-se que o ambiente
econômico é muito sensível. Uma mudança no aspecto econômico, portanto, não
pode seguir aquele trâmite que nós estamos acostumados a ver no Direito. A
economia não está vinculada a formalidades rígidas, a um controle do Estado que vá
chancelar determinado valor, a economia é fluida, ela vai se alterando de acordo
com os mercados e com os âmbitos de uma economia que é hoje muito globalizada.
Sendo assim, o Direito importa muito pouco para a economia. Na verdade o que o
economista quer é que o Direito esteja cada vez mais longe dele já que quando se
fala em Direito fala-se em forma do Estado, quando se fala em norma se fala em
poder estatal para exigir o cumprimento de uma determinada situação pré-
determinada. Para o investidor quanto mais distante o Estado estiver menos
ingerência ele terá em sua atividade.
A economia trabalha muito com o conceito de escassez, tudo que gera valor é
importante para a economia e isso tudo é regido dentro de um critério de escassez.
Quanto mais escasso for um recurso maior será o seu valor. A escassez é um
critério muito importante para a economia e vai pautar também as nossas condutas
1
(as nossas condutas serão pautadas de acordo com os recursos que nós temos e de
acordo com as necessidades e desejos que alimentamos).
O Estado, apesar de regulamentar vários setores econômicos, não pode interferir de
uma maneira muito agressiva na atividade econômica, ou seja, há um limite até
onde o Estado pode ir e até onde o Estado não deve interferir, isto porque há uma
garantia constitucional a livre iniciativa e a iniciativa privada, ou seja, o ambiente
econômico pertence ao particular (o Estado intervirá apenas para corrigir distorções,
para criar o mínimo de normatização e estabilização para que a atividade econômica
possa ser desenvolvida, e é esse peso do Estado que será o enfoque principal do
Direito Econômico, ou seja, até onde o Estado deve intervir na atividade econômica,
até onde a intervenção do Estado é salutar ou prejudicial).
06/02/2014
I – Introdução ao direito econômico
Direito→ norma
O homem já tem uma noção de norma (jus naturalismo), mas o direito como ciência
que é tem um objeto de estudo e um método de criação e de aplicação.
Economia → recursos escassos
A economia também tem esse conceito de fazer parte da natureza humana à
relação social de trocar mercadorias e de ter um crescimento social (o ser humano
buscando sempre produtos que lhe traga mais conforto, felicidade e segurança
percebendo muito cedo a necessidade de adquirir produtos de outras pessoas, ou
seja, ele cria necessidade a partir do momento em que ele vê um produto novo e
com isso teve-se um crescimento do comércio). O comércio cresce exatamente
quando o Direito fornece para a economia uma estrada mais tranquila.
No início dos séculos têm-se sociedades pequenas, fechadas, divididas em
pequenos feudos, cada feudo tem uma característica diferente com uma
necessidade diferente, havia uma insegurança jurídica neste contexto histórico e
essas questões foram se resolvendo quando as normas foram sendo mais
consolidadas. Tais feudos foram se organizando em sociedades maiores e mais
bem organizadas, até chegar a um ponto de que determinada sociedade percebe a
necessidade de se instrumentalizar uma norma de convívio social, ou seja, criar
normas e delegar a alguém o poder de exigir o cumprimento dessas normas.
2
A economia também tem leis naturais, a mais famosa delas é a “lei da oferta e da
procura”. Com base nesta lei, vários estudiosos chegaram a sustentar que a
economia não necessitava de normas sendo que a própria mão invisível do mercado
selecionaria o ambiente econômico deixando na economia aqueles que fossem
competentes para administrar seu negócio, ela mesma equilibraria os preços (já que
se estivessem muito altos a pessoa deixaria de comprar) e que, portanto a economia
não necessitaria de um controle estatal exatamente porque tinha regras próprias
para se autorregulamentar.
Mas isso tudo surgiu após uma caminhar econômico: Esses feudos
transformaram-se em estados esses estados transformaram-se em países,
estabilizaram as suas relações sociais, criaram moedas (que foi um fator
absolutamente relevante para economia, afinal até então só se tinha o escambo),
estados que já oferecem um mínimo de segurança, um mínimo de normas jurídicas
que garantam os contratos, ou seja, com essa organização dos estados veio
também o direito econômico.
Mas quando efetivamente chega-se ao ponto de falar em direito econômico?
Quando o Estado começa a perceber que ele precisa ter algum controle sobre o
ambiente econômico, ou seja, ele percebe que ter uma economia forte é importante
para ele (Estado).
Com a Primeira Guerra Mundial os países começaram a perceber que eles não
tinham uma logística de reposição de insumo de guerra, porque todo esse norral
estava no setor privado e o Estado não tinha nenhum controle para que, em um
momento de crise, ele pudesse reorganizar, ter informações e regerenciar aquilo
com esforço de guerra, por exemplo.
Outro momento em que o Estado percebe essa necessidade é com a crise da bolsa
de valores. O new del ocorre quando o Estado resolve se organizar e ele será a
locomotiva da economia, ele começa a criar uma infraestrutura básica de forma a
gerar bastante emprego, ou seja, ele cria uma indústria onde ele seja o empregador
porque assim ele consegue criar uma grande massa de empregos para aqueles que
estavam morrendo de fome, e assim ele consegue aos poucos reativar a economia.
O Estado sempre interviu na economia, já que sempre houve tributos, o que não
havia antes, contudo, eram mecanismos para ele intervir efetivamente na economia.
3
A economia, como sempre foi, e hoje ela tem a característica garantida
constitucionalmente aqui no Brasil de ser da iniciativa privada. (art. 170 CF), ou seja,
se é da iniciativa privada ela irá se desenvolver sem a interferência do Estado, mas
o Estado vai resguardar para si alguns mecanismos para ajustar esta máquina.
Enfim, enquanto o Direito vai trabalhar com normas a economia trabalhará com
recursos. Sendo que na economia tem-se uma qualidade para esses recursos que
permeará todo o raciocínio econômico: Os recursos escassos.
É a escassez que dá a relevância a um produto ou a um serviço, quanto mais
escasso um produto maior valor ele terá, e quanto maior valor tiver um produto mais
interesse ele terá para o Estado.
A economia será a administração de recursos escassos. O economista estuda
mercados, ele quer saber como está o mercado de determinado produto e para isso
ele usará de índices que trarão para ele como anda a saude daquela economia ou
daquele determinado mercado.
E o direito econômico surge para criar um ordenamento que inclua essas duas
situações.
Na Segunda Guerra Mundial Hitler percebe a importância da economia.
As nossas necessidades não tem limites, mas os recursos têm, os recursos são
escassos e é isso que a economia vai trabalhar.
Conceito→ Direito Econômico é o complexo de normas que regulam a ação do
Estado sobre as estruturas do sistema econômico e as relações entre os agentes
econômicos na realização da atividade econômica.
Sujeitos do direito econômico → Agentes econômicos.
Diferente do que se está acostumado no Direito comum onde se tem autor, réu, no
Direito Econômico esses players são chamados de agentes econômicos que
influenciam de alguma forma determinado mercado. Então os sujeitos de Direito
Econômico serão chamados de agentes econômicos.
Será agente econômico alguém que de alguma forma desestabiliza ou influencia o
ambiente econômico.
Indivíduos
O indivíduo é uma agente econômico quando, por exemplo, ele é um trabalhador
que gera renda. Então o individual como fonte de trabalho é um agente econômico.
Um consumidor é um agente econômico.
4
Empresas
A empresa é um agente econômico quando atua fabricando bens e serviços.
Empresa também pode ser consumidora e assim também é um agente econômico.
Estado
O Estado figura controvérsias: Há pessoas que entendem o Estado como agente
econômico e há pessoas que não. Mas é inegável o papel do Estado como agente
econômico quando ele influencia nessas relações econômicas entre o particular e a
empresa, por exemplo. Quando ele cria normas no ambiente econômico ele
influencia mercados, portanto ele é um agente econômico.
Coletividade: Tem-se a coletividade como agente econômico quando ela age na
busca de direitos coletivos, direitos difusos. Como destinatário final de interesses
difusos e coletivos que interferem diretamente na atividade econômica. Ex.: Direito
do ambiente, direito do trabalho, tudo isso tem um impacto que gera um custo para o
empreendedor. Quando se cria o CDC, isso acaba impactando o custo do produto já
que a lógica do empreendedor é o lucro (capital empregado menos o custo).
10/02/2014
Princípios gerais
Assim como no Direito há um estudo social na economia também vem de uma
tradição de desenvolvimento social e uma área não tem como sobreviver sem a
outra. O Direito percebeu isso e incorporou a ele alguns princípios já vistos no direito
administrativo, principalmente quando o artigo 70 traz como um dos critérios de
aplicação finança pública a observância do princípio da economicidade.
O princípio da economicidade será utilizado com o escopo de racionalizar recursos e
aplicá-los da melhor maneira possível.
Quando se fala em princípio da economicidade no direito econômico pensa-se em
potencializar os recursos que serão utilizados, mas sempre com um viés social, ou
seja, sempre que houver implementação de um custo financeiro público a pergunta
que se faz será sempre como aplicar esses recursos para que ele tenha uma
aplicação eficiente, mas que tenha também uma aplicação um viés social. Ou seja,
fala-se em princípio da economicidade sempre que o resultado final se torna maior
do que o custo social envolvido, ou seja, apesar da implementação de uma verba
pública em uma determinada área onde não se vê o retorno econômico direto sabe-
se que o custo social, em última analise, é o que deve ser analisado.
5
Exemplo: Quando o governo implementa uma política pública de auxílios
financeiros através do bolsa família ele destina uma certa verba pública visando
atingir além do fim econômico um fim social, ou seja, ele injeta dinheiro em uma
determinada economia deficitária mas o foco não é apenas este ele pretende que
ocorra também um retorno social no investimento feito.
Princípio da economicidade: Aquele que condiciona o Estado na escolha da
atividade econômica de tal sorte que o resultado final seja sempre mais vantajoso do
que os custos sociais envolvidos (e consequentemente melhor qualidade de vida).
(art. 170 CF).
Resultado final → Custos sociais evolvidos.
Além da forma de atuar é necessário saber como utilizar esses recursos econômicos
com a maior eficiência possível. Exemplo: O Estado de MG tem que comprar 150
ambulâncias, com a verba destinada a esta compra o gestor público deve, com base
no princípio da eficiência, otimizar o uso desses recursos, ou seja, com essa verba
ele deve comprar o melhor equipamento dentre as opções disponíveis.
É o que é feito, por exemplo, quando se trata de licitação pública (apresentação da
melhor proposta).
Princípio da eficiência: Dentro de várias possibilidades escolher qual delas é a
mais eficiente, trata-se de otimização de recursos públicos (Ótimo de pareto). Art. 37
CF.
Utilização de recursos econômicos: “OTIMO DE PARETO”.
Macroeconomia
Crescimento economia, renda, comércio exterior, etc.
Políticas públicas.
Microeconomia
Relação individual entre vários agentes econômicos.
Inicialmente regido pela “laissez faire”
Análise de mercado
Explicação de práticas de mercado (monopólio, etc.).
A economia clássica é chamada de microeconomia e estuda mercados pontuais
(que é o que a economia clássica entendia como sendo suficiente para o
desenvolvimento econômico).
6
Para o direito econômico, contudo, importa muito mais os aspectos
macroeconômicos.
13/02/14
Competência para legislar sobre direito econômico
O art. 22 da CF fala que a competência para legislar sobre direito econômico é
exclusiva da União em algumas características, mas concorrente genericamente.
Desta forma o art. 24 da CF traz uma autonomia do direito econômico, como um
ramo do direito específico.
Quando se fala em normas gerais fala-se no conjunto de regras mínimas para o
desenvolvimento de uma atividade econômica.
O art. 30 estabelece que se não houver nenhuma regra geral exigida pela União, se
o Estado é omisso quanto à norma sobre determinada atividade o município pode
agir residualmente e legislar sobre aquela atividade.
A partir do momento em que a União uniformiza as regras sobre aquela atividade
econômica cada Estado deve pegar a sua regra, que até então era plena, e analisar
para ver se não há confronto com a norma. Não há uma nulidade da lei estadual, há
apenas uma suspensão de eficácia na que a lei estadual for contrária a lei federal
(se suspende a eficácia os atos até ali feitos são de pleno direito, as consequências
geram efeitos ex nunc).
A competência é plena do Estado se não houver norma da União, surgindo uma
uniformização pela União a norma do estado no que for contrária cessa a sua
eficácia.
Quanto ao Município, continua havendo a regra da competência residual. No caso
do moto taxi, por exemplo, passa-se a ter uma regra que fugiu da competência
municipal. O art. 30 faz-se necessário diante de atividades econômicas regionais
(Ex.: Bordadeiras de Itabira). A regra do art. 30 irá suprir as lacunas daquela
atividade econômica que tem uma importância essencialmente municipal.
Autonomia → Art. 24 CF –
Competência exclusiva
Art. 22 CF Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
Normas gerais União
7
Norma suplementar Estados
Inexistência de Lei Federal sobre
normas gerais.
Plena Estados
Lei Federal superveniente sobre
normas gerais
Suspende eficácia de lei estadual
diferente
Atividade econômica: Força humana para a geração de bens e serviços para suprir
nossas necessidades e desejos.
Objeto → Produção bens/serviços para satisfação de necessidades;
Finalidade Objeto do direito econômico → Possibilidade/limites da intervenção
do Estado na atividade econômica.
Análise econômica do Direito → Richard Posner “Law economics”.
Richard Posner cria a “law economics” fundamentando-se na possibilidade que o
poder público tem, como detentor da legitimidade legislativa, de usar o raciocínio
econômico para estimular ou desestimular uma conduta. Ex.: Multa alta para quem
era pego sem cinto de segurança.
O legislador hoje usa a análise econômica do direito criando a tese e imaginando os
reflexos da conduta que ele espera. Primeiramente há uma análise de dados para
saber onde estaria à correção para ser feita em um determinado setor ou até em
uma atividade econômica (aumento do seguro obrigatório das motos em virtude do
grande número de acidentes e consequente gasto elevado com a saúde desses
motoqueiros acidentados).
17/02/2014
Na aula passada falamos sobre a análise econômica do direito, sobre a aplicação
dela como forma de tornar a aplicação da norma jurídica mais eficaz, que ela seja
mais eficiente para o fim que ela se presta. A análise econômica veio junto com
aquela revolução kenisiana, junto com conceitos novos de uma economia mais
intervencionista, veio junto também com o movimento neoliberal na economia
americana, principalmente, ou seja, não era o liberalismo de antes do final do século
XIX daquele total afastamento do Estado, mas também não era o Estado totalmente
autoritário e intervencionista.
Sistemas econômicos
8
Cada Estado vai desenvolver um sistema econômico de acordo com a realidade do
seu território e de acordo com os princípios que ele julgue mais eficientes para o
ambiente econômico.
Sistema econômico: Conjunto de instituições por meio do qual uma sociedade
tenta resolver um problema econômico (escassez é o grande problema econômico).
É possível identificar os sistemas econômicos respondendo a três perguntas
básicas: O que, como e pra quem produzir. A doutrina conseguiu identificar três
tipos genéricos de sistemas econômicos que irão englobar a imensa maioria dos
países que tem uma política econômica consolidada.
O quê
Como Produzir?
Para quem
Sistema de Tradição: Esse sistema é formado principalmente por pequenas
comunidades de baixa tecnologia, produz geralmente itens de primeira necessidade
(vestuário, alimentação, armamento, serviços básicos para uma determinada
população). É aquele sistema que identificamos antes do período mercantilista,
antes das corporações de ofício, onde percebemos pequenas comunidades
organizadas em um ambiente mais fechado com pouco intercâmbio com outros
ambientes econômicos, o que acaba deixando essa população um pouco limitada
quanto ao aspecto do que era produzir. Então se produzia de acordo com uma
demanda local e bem reduzida e bem simples. Ex.: População feudal produtos de
baixa tecnologia e geralmente baseados na hereditariedade (o pai ensinou ao filho).
A economia era muito regional e de significância econômica muito pequena.
O sistema de tradição na verdade é pré-estado, trata-se de um germe de um
sistema econômico.
Autoridade: O sistema de autoridade e autonomia veio praticamente de um mesmo
momento histórico: Movimento mercantil mais desenvolvido. Os Estados começam a
ver uma necessidade de formatar essa nova realidade econômica (onde a tecnologia
aumentou, o intercâmbio de informações é muito mais relevante). Em um sistema de
autoridade percebe-se o Estado como uma figura predominante na atividade
econômica, em um sistema de autoridade é o Estado quem vai decidir o que, como
e pra quem produzir. O Estado toma as rédeas da economia e ele é quem vai dizer
qual o melhor para aquela sociedade, quais as demandas que serão satisfeitas, o
9
que será produzido. A tecnologia usada para produzir e os meios de produção serão
também os disponibilizados pela máquina pública. O Estado vai decidir como
produzir aquele tipo de mercadoria, mesmo porque o poder e a tecnologia industrial
estarão na mão do Estado.
Neste sistema é possível perceber uma posição de muita ingerência do Estado na
atividade econômica, uma posição ditatorial da atividade estatal. Ex.: Cuba, Rússia,
Coréia do Norte.
Esse sistema ditatorial, socialista, via de regra, implementou uma cultura
extremamente intervencionista na economia em contraponto ao sistema de
autonomia.
Autonomia: Este sistema entende que deve ser liberal, portanto o Estado não irá
intervir no ambiente econômico, deixando para o particular a atuação. Nesse
sistema se produz o que a demanda disser que deve ser produzido, são os desejos
e necessidades do particular que vão induzir a atividade econômica. Como vai
produzir? A iniciativa produz com os mecanismos e a tecnologia que estiver
disponível naquele estado e o que ela puder implementar de nova tecnologia e irá
produzir para quem puder comprar, ou seja, as demandas serão satisfeitas ou não
de acordo com o critério de disponibilização no mercado.
Como se sabe as necessidades do povo são maiores do que o Estado pode prover.
O estado de autoridade impõe pela força o seu ambiente econômico e isto é o que
gera a insatisfação daquele sistema econômico, porque apesar de se gerar uma
planificação da economia, limita-se as potencialidades individuais que cada um
possui. Assim, para um sistema econômico eficiente em um estado de autoridade o
Estado só viu a forma de agir pela força.
20/02/14
2 – Direito constitucional econômico
Neste tópico trataremos do contexto de metodologia do direito econômico como
ciência econômica, ou seja, como que a economia, que tem toda uma ciência
específica como ciência social que é, foi parar dentro da Constituição e se ela irá
obedecer àqueles critérios científicos de validade da norma.
Ordem econômica → organizações (instrumentos do legislador constitucional).
10
Ordem econômica, obviamente será toda organização da matéria de economia, ou
seja, dentro do ambiente econômico, o que o legislador constitucional precisa saber
para editar normas sobre economia, mas precisamente sobre direito econômico.
Ordem jurídica e econômica → criação metódica de princípios e normas
Organização
Instrumentos
Resultados
Será a criação metodológica de uma criação principiológica e positivista da norma
jurídica econômica. Dessa forma o legislador constitucional precisará organizar as
ideias, organizar esses instrumentos econômicos. Criar uma instrumentalização, ou
seja, saber de que forma ele vai interferir no ambiente econômico de um dado
Estado. Logo, é necessário que se saiba de antemão qual o sistema econômico que
se está inserido, quais as políticas públicas, quais são os valores daquela
sociedade, com base nesse contexto é que o legislador criará instrumentos para o
direito econômico atuar, para que o direito possa atuar juridicamente no ambiente
privado que é o ambiente da economia. Esse norte será dado pela Constituição, pelo
contexto político e econômico de um determinado estado para se saber se essas
normas jurídicas e econômicas terão o viés mais ou menos intervencionista.
Então essa ordem jurídica criará primeiro, uma organização hierárquica da norma
jurídica, buscará quais são os instrumentos da intervenção (diretas, indiretas) e
obviamente os resultados que serão colhidos dessa positivação da economia, dessa
positivação do ambiente que não é essencialmente jurídico.
Essa preocupação surgiu, obviamente, de um contexto de evolução social e
econômica.
Modelo liberal de Estado→ Preocupação com poder político.
A preocupação é controlar o tamanho do Estado dentro da economia.
Modelo social de Estado→ Preocupação com poder econômico.
O poder econômico muito grande aumenta a miséria, falta de garantias do
trabalhador. Nesse modelo a preocupação é com o bem estar do particular, com a
distribuição de renda. Na constituição de 34 percebe-se pela primeira vez regras de
direito econômico dentro da nossa constituição.
Constituição econômica formal→ Normas/principais na CF.
11
Fala-se em constituição econômica formal quando se percebe dentro da constituição
normas e princípios que garantem um contexto econômico.
Constituição econômica material→ Normas sobre economia.
Normas infraconstitucionais. Ex.: O princípio de defesa do consumidor virou lei
ordinária (CDC), dai pode-se falar em constituição econômica material.
Toda organização legislativa que trate de alguma maneira de matéria de economia.
Em suma, a constituição formal é a matéria positivada dentro da constituição a
material é a legislação que vai acatar aquele contexto principiológico que está na
constituição.
Ordem econômica e Constituição econômica
Mais ampla Função de organizar a estrutura
Todas as disposições econômica de um Estado.
de direito econômico.
Ordem econômica: Ambiente mais amplo que irá envolver toda a normatização
(portarias, circulares, leis, lei federal), tudo que se tratar de economia chama-se de
ordem econômica.
A constituição econômica é aquele critério de atuação de valores que está na
constituição formal, ou seja, a constituição econômica é a estruturação do Estado no
ambiente econômico, (como eu vou estabelecer um critério que seja válido para o
ambiente econômico). Toda outra legislação decorre desse raciocínio de
constituição econômica.
Teoria do mercado X Teoria da constituição
Eficiência Direito Fundamentais
A teoria do mercado são aqueles conceitos de economia já vistos, ou seja, a
economia vai sempre se pautar por critérios de eficiência e de lucro, de redução de
custos e de potencializarão de lucro, trata-se de uma lógica muito objetiva que se
analisada sozinha causará várias distorções sociais.
Como contraponto há uma teoria constitucional que tem um viés social muito
grande, esse contexto vai reger a teoria da constituição.
Em suma, dentro do direito econômico teremos este embate: A teoria do mercado
visando eficiência e a teoria da constituição visando garantia de direitos
fundamentais previstos, principalmente, no art. 5º.
12
24/02/2014
Constituição econômica e a promoção de políticas públicas
Trata-se da vinculação tanto do legislativo, quanto do executivo e do judiciário na
implementação de políticas públicas de viés econômico, visando também garantir a
solidariedade, é o entendimento da economia como um viés importante de
crescimento social.
Então o Estado criou dentro da Constituição essa possibilidade de implementar
políticas públicas com o viés econômico.
Isto está dentro do contexto de uma CF diretiva, ou seja, privilegiam-se certos
princípios constitucionais visando induzir o crescimento econômico para uma área
territorial ou um setor econômico que seja de um interesse público maior.
Através do art. 170 o legislador constitucional criou esse ambiente para que além do
crescimento econômico do particular tenha-se também o Estado como fomentador
de crescimento econômico através da implementação de políticas públicas.
A mais clara das políticas públicas são os programas sociais de auxilio através de
bolsas.
Essa promoção de políticas públicas vai se pautar nos princípios do art. 170 da CF.
Constituição diretiva: programas/fins a serem realizados pelo Estado.
Princípios constitucionais da atividade econômica.
Caput 170 CF→ Valor social trabalho/ livre iniciativa.
O caput do art. 170 já traz dois valores importantes que vão permear todos os outros
princípios: valor social do trabalho, o legislador constituinte, o poder público entende
que a valorização do trabalho humano é fator importante para o crescimento
econômico sustentável e eficiente.
É princípio constitucional também aquele que a CF chama de princípio do pleno
emprego. Pleno emprego não é emprego para todo mundo, em um sistema
econômico capitalista o desemprego também faz parte do jogo, o princípio do pleno
emprego visa fomentar a criação de postos de trabalho, de qualificação do
trabalhador, criar condições de profissionalização.
Princípios gerais
Os princípios gerais são decorrentes dos princípios do art. 170.
Da democracia economia e social: Crescimento econômico tem que ser para
todos, ou seja, é necessária a criação de regras para democratizar o acesso ao
13
ambiente econômico. A democracia econômica é ligada a própria consciência da
pessoa como cidadão, o cidadão se enxergando como cidadão, como mecanismo
da engrenagem econômica.
Da inclusão econômica e social: Trazer quem está fora do jogo econômico para
dentro do jogo econômico para que ele tenha condição de implementar uma
atividade econômica, de ter renda. É o que as bolsas fazem em certas regiões.
Da dignidade da pessoa humana:
Da solidariedade:
27/02/2014
Princípios constitucionais da ordem econômica
Art. 170 CF/88
I – Soberania (econômica) → mais autonomia, menos dependência do
ambiente externo.
O princípio da soberania nacional previsto no art. 170 vai, na verdade, complementar
o art. 1º da CF no sentido da autonomia do Brasil quanto à implementação de
políticas econômicas próprias, ou seja, de implementar políticas econômicas
independente de qualquer outro fator exterior. Então essa soberania é a soberania
econômica.
II – Propriedade privada → Fatores de produção
O art. 5º da CF já falava de propriedade privada, contudo, ele aparece novamente no
art. 170 porque o art. 5º refere-se ao indivíduo e a CF quis deixar claro o critério
quando se trata de propriedade privada também na esfera econômica.
A propriedade privada no art. 170 refere-se aos bens de produção, o investidor tem
a garantia constitucional de que o Estado não irá atacar os seus bens de produção,
os seus meios de produção, a sua fábrica, o seu comércio, a sua indústria.
O inciso II visa garantir os fatores de produção.
III – Função social da propriedade → Geração de empregos, trabalho, renda.
A propriedade também tem uma função econômica, também deve ter uma função de
gerar emprego, de gerar tributo, de gerar postos de trabalho, então a propriedade
ociosa que poderia, por exemplo, estar gerando emprego pode ser objeto de
pressão pelo Estado.
IV – livre concorrência→ Grande estímulo para o desenvolvimento da
economia.
14
A livre concorrência é um dos pilares da economia. É através de um ambiente
concorrencial que a economia se desenvolve.
V – Defesa do consumidor → Garantias ao consumidor no ambiente
econômico CDC.
A CF visa resguardar a parte mais frágil da relação econômica, se se fala em
solidariedade e igualdade não se pode deixar o consumidor a mercê das vontades e
interesses dos agentes econômicos que atuam no setor econômico, dessa forma o
legislador precisou criar regras para nivelar a balança, para dar garantias, direitos,
formas jurídicas de defesa ao consumidor.
VI – Defesa do meio ambiente
Quando se diz que as necessidades são sempre infinitas e os recursos são sempre
escassos também se fala em recursos naturais escassos, então o Estado percebeu
a necessidade de se programar uma norma para que se faça a gestão de recursos
naturais, já que os se eles forem explorados sem critério irão acabar.
Quando o Estado traz a defesa do meio ambiente para a CF ele quer fazer a gestão
dos recursos naturais, gestão de tratamento de resíduos, licenças ambientais.
VII – Redução das desigualdades regionais e sociais
Esse inciso confronta diretamente com a própria lógica capitalista. O Estado
estimulando para que atividades econômicas se desenvolvam em regiões menos
favorecidas economicamente.
VIII – Busca do pleno emprego
Preocupação do Estado em fomentar a criação de novos postos de trabalho. Dar
formação para o trabalhador para que ele possa melhorar economicamente.
IX – Tratamento diferenciado as empresa micro e de pequeno porte→ São os
maiores empregadores do Brasil.
Esse inciso dará uma relevância ao maior empregador do Brasil que são as
empresas de pequeno porte (gênero das espécies micro e pequenas empresas).
Esses são os princípios básicos da atuação do Estado na atividade econômica. O
parágrafo único assegura a todos o exercício de qualquer atividade econômica
independentemente de autorização. Esta é a grande chave do Estado pouco
interventor.
O Estado interferirá somente em atividades econômicas setoriais que tenham
alguma relevância social maior.
15
O art. 171 foi revogado porque tinha um cunho protecionista muito grande.
O art. 172 criava algumas barreiras para entrada de capital estrangeiro e também foi
afastado (não foi revogado, mas foi afastada essa barreira).
06/03/14
Foram estudados mais pontualmente os artigos da CF que tratam da forma de
atuação na atividade econômica (quais são os limites impostos pela CF para o
exercício da atividade econômica) já que a atividade econômica é uma prerrogativa
do setor privado e, portanto, o Estado que no artigo 1º da CF se diz uma república
federativa e traz como conceito a livre iniciativa e a propriedade privada como
princípios constitucionais, é a partir do art. 170 que ele vai efetivamente dizer para a
população de que forma e com base em quais critérios ele vai atuar no ambiente
econômico.
O art.173 é o nosso ponto de partida para esse tema.
Formas de atuação do Estado no domínio econômico (art. 173 CF).
Limites
Art. 174 CF – Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,
sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
Segurança nacional
Relevante interesse coletivo
Do caput do artigo 173 extraem-se diversos ensinamentos:
A exploração direta da atividade econômica é só em casos previstos em duas
situações normativamente: ou pela CF ou por outra lei específica. Então o
empresário sabe que se ele pretende atuar em determinado ramo da atividade
econômica a pergunta deve ser “será que o Estado irá disputar esse setor?” ou “será
que essa atividade econômica tem alguma prerrogativa de reserva de mercado ou
de atuação do Estado em algum grau?”. Ele saberá isso consultando a CF ou
legislação federal a respeito do assunto.
Dessa forma, o primeiro critério é de norma de positivação para a atuação do
Estado. Então o Estado engessa um pouco o sistema para controlar o próprio
Estado.
Além dessa positivação o legislador constituinte põe dois critérios para que o Estado
possa atuar no ambiente econômico:
16
1 – segurança nacional. Atividades econômicas que denotem de uma maneira ou de
outra uma relevância para a segurança nacional. Ex. armas.
2 – Relevante interesse coletivo que vá legitimar a atuação do Estado no ambiente
econômico. Ex. Concessão de linhas de crédito para pessoas carentes.
Art. 173 – Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta
de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
→ O parágrafo primeiro vai criar a formatação dessas empresas. Notem que o
próprio parágrafo primeiro já discrimina as duas formas de atuação da empresa no
ambiente da atividade econômica que é a empresa pública e a sociedade de
economia mista.
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto
aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública;
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a
participação de acionistas minoritários;
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos
administradores.
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar
de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
→ O temor de concorrer com a empresa pública era exatamente esse. O parágrafo
2º traz um critério de igualdade na atuação da empresa pública com o setor privado.
§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a
sociedade.
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
→ Esse parágrafo nos remete diretamente a lei do CADE (Lei 12.529/11).
17
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa
jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a as punições
compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e
financeira e contra a economia popular.
→ A CF e a legislação falam em crimes contra a ordem financeira, punidas inclusive
com a pena de reclusão.
Atividade econômica em sentido estrito
Realizadas extraordinariamente pelo Estado (173).
Art. 174 → nova função do Estado
Agente normativo e regulador da atividade econômica
Decreto Lei nº 200/67
Art. 5º - Define o que é empresa pública e sociedade de economia mista (incisos II e
III).
§ 4º→ CADE – Lei 12529/11 → Lei do Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência.
10/03/14
O art. 173 traz requisitos para o Estado atuar diretamente no ambiente econômico, o
Estado preenchendo um desses dois requisitos vai legitimar a sua atuação no
ambiente econômico. O Estado irá atuar como empresa pública ou sociedade de
economia mista, ele vai atuar diretamente no ambiente econômico, ou seja, ele
estará disputando mercado com a iniciativa privada, respeitando os requisitos dos
parágrafos do art. 173 de condição de igualdade, de prerrogativa de empresa
pública ou sociedade de economia mista, etc.
No artigo 174 há outra forma do Estado atuar no ambiente econômico, é o que
chamamos de atuação indireta, ou seja, no art. 174 o Estado não está disputando
mercado com a iniciativa privada, o Estado atua normatizando um determinado setor
econômico que ele acha importante normatizar, por exemplo, o setor de aviação civil
(a aviação civil não é uma atividade do Estado mais é uma atividade importante para
o estado e que ele viu a necessidade de criar normas para esse setor).
Todo setor que o Estado entra normatizando podemos falar que ele está atuando
indiretamente na economia, porque essa intervenção do Estado acaba impactando a
atividade. Ele normatiza e também fiscaliza.
18
Arts. 173 / 174 → Formas de atuação do Estado no domínio econômico.
Segurança nacional Empresa Privada.
Relevante interesse coletivo Sociedade de Economia Mista.
Fiscalização
Art. 172 Incentivo
Planejamento
Serviço público
Art. 175 – Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob-regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o
caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
→ Este artigo trata do serviço público estrito senso, ou seja, são aqueles serviços
públicos que demandam o exercício de uma atividade econômica.
São serviços públicos as telecomunicações, telefonia móvel, etc.
Serviço público lato sensu: Qualquer repartição pública. Ex.: Delegacia, fórum.
Art. 176 – Jazidas / minerais
O artigo 176 fala de outras atividades econômicas, fala que jazidas e recursos
minerais constituem propriedade diferente da do solo. Esses produtos que estão no
subsolo pertencem exclusivamente a União, trata-se de outra forma de monopólio.
Art. 176 – As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais
de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a
que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante
autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou
empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no
19
País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na
forma e no valor que dispuser a lei.
§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as
autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.
§ 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial
de energia renovável de capacidade reduzida.
Art. 177 – Monopólio – modalidade de absorção. Estado absorve parte do
mercado eliminando a concorrência.
Ex.: Correios.
Atividade econômica
Quando se fala em atividade econômica é necessário diferenciar as suas formas.
No artigo 173 há a possibilidade do Estado concorrendo com o ente privado, é o que
se chama de atividade econômica em sentido estrito.
No art. 175 também se tem a atividade econômica, mas esta é de titularidade do
Estado, que é o serviço público em sentido estrito.
No artigo 177 tem-se a absorção do mercado pelo Estado que é o monopólio.
Estado com particular
Titularidade do Estado
O artigo 175 trata do serviço público como atividade econômica, exercido através de
concessão ou permissão.
Obs.: No contrato de permissão tem-se o serviço público delegado a um particular
em que se sabe quando começa a autorização para a prestação do serviço, mas
não se sabe quando termina, tem-se uma instabilidade na prestação do serviço é o
que se chama de contrato a título precário. Não se tem uma segurança jurídica de
prazo para a exploração daquela atividade econômica.
Na concessão há mais segurança jurídica, o concessionário sabe exatamente
quando começa e quando termina o contrato dele com o Estado, ou seja, quando
que o Estado poderá exigir de volta a execução do serviço.
20
Sempre que houver uma necessidade de um investimento maior da iniciativa privada
esses serviços públicos serão delegados na forma de concessão para estimular
mais o ente privado.
Na permissão o risco é maior, mas em contrapartida geralmente o investimento do
particular é muito menor.
Monopólio
O artigo 177 trata do monopólio da atividade econômica. Essa atividade passa a ser
exclusiva do Estado.
Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos;
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das
atividades previstas nos incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados
básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de
conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos
radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas
sob-regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art.
21 desta Constituição Federal.
§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das
atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições
estabelecidas em lei.
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território
nacional;
II - as condições de contratação;
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;
§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no
território nacional.
21
§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às
atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás
natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes
requisitos:
I - a alíquota da contribuição poderá ser:
a) diferenciada por produto ou uso;
b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o
disposto no art. 150, III, b;
II - os recursos arrecadados serão destinados:
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás
natural e seus derivados e derivados de petróleo;
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo
e do gás;
c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.
13/03/14
Revisão para a prova
Umas das principais brigas jurídicas envolve a teoria do mercado e da constituição;
Tratando-se da teoria do mercado, há aquela lógica privatista do lucro, de um
empresário ou agente econômico buscar sempre ser mais eficiente visando ao lucro
(objetivo do particular). Em contraponto tem-se uma teoria constitucional baseada
em um princípio social (princípio da solidariedade) que se traduz na intervenção do
Estado neste ambiente econômico para tornar algumas regras mais democráticas,
mais sociais com o cunho de igualdade maior, e isso, vai contra a lógica do sistema
capitalista (sistema privado foco no lucro). A grande questão é como o Estado irá
tratar desse choque de interesses. A constituição é que vai diferenciar o que é o
espaço público e o que é o espaço privado, ela é que irá delimitar;
Como regra se tem a atividade econômica como espaço privado (eixo particular);
Ao mesmo tempo se tem uma ingerência do Estado, para regra ser clara e objetiva,
o legislador colocou o critério (o que é competência de um e de outro) na CF;
Competência para legislar sobre direito econômico
Art. 24 CF – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
22
Monopólio (Estado absorvendo todo mercado). Art. 177.
O artigo 173 traz outra brecha para o Estado atuar.
O artigo 173 cria dois critérios objetivos em que o Estado possa entrar no jogo
econômico que a priori é do particular, estes dois critérios fundamentam a atuação
do Estado na atividade econômica que a princípio é do particular (atividade
econômica em sentido estrito). Aqui, tem-se um ente privado e outro ente privado
concorrendo com Estado. (O Estado para tanto, tem que preencher os requisitos dos
parágrafos do art. 173).
Enquanto na empresa privada o lucro é o foco principal do empresário, na empresa
pública ou na sociedade de economia mista, o lucro não é o foco principal.
O artigo 173 trata da intervenção direta na economia, ou seja, aqui, o Estado está
“mano a mano” com o particular. Quando se fala em intervenção direta, quer-se
dizer “O Estado como agente econômico empresa”.
Se o Estado não intervir diretamente, poderá intervir de maneira indireta, exercendo
atividade de fiscalização, por exemplo.
No tocante aos serviços públicos, nestes, a forma de intervenção do Estado pode
ser...
Ele como detentor do serviço e exercendo efetivamente essa prerrogativa dele
tratar-se-á de intervenção direta.
Se o Estado fornece o próprio serviço do qual ele é titular, tratar-se-á de atividade
econômica (serviço público em sentido estrito, ou seja, atividade econômica que o
Estado possui sendo ele o titular).
Quando o Estado não possui competência para gerir todas as suas
responsabilidades, ele delega através de prerrogativa prevista no artigo 175, aqui ele
preserva a titularidade da atividade econômica, mas delega o exercício dessa
atividade de forma pública (tem que preencher requisitos mínimos, se da através de
concessão, autorização, aqui, a atuação do Estado é indireta);
Ler art. 170 a 177.
Competência legislativa do art. 24;
Normas gerais de competência da União;
Se a União não legislou sobre aquela atividade, se os estados passam a ter
competência para legislar normas gerais e complementares;
23
Se a União posteriormente legisla sobre normas gerais como atividade, perde a
eficácia a norma estadual que legislava antes;
16/03/14 - Prova
24