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03/02/14 Direito econômico – Prof. Adriano de Ávila Campos. Avaliações 1ª prova: 20 pontos – 17/03 2ª prova: 30 pontos – 14/04 3ª prova: 20 pontos – 08/05 4ª prova: global - coord. Matéria da 1ª prova 03/02/2014 Quando se fala em norma jurídica e em legislação nos lembramos do Direito andando sempre a um ou dois passos atrás do desenvolvimento social. Se pensarmos no Direito como um meio de pacificação social ele somente se solidifica e se transforma com o tempo, ou seja, assim como a norma surge com o tempo ela também leva um tempo para ser alterada. É possível ver a sociedade ansiosa por mudanças legislativas, mas que não ocorrem na velocidade esperada, isto se dá exatamente devido ao procedimento de alteração formal (projeto de lei, verificação de validade, apresentação do projeto, emendas, etc.). Na economia, por outro lado, tudo é muito rápido considerando- se que o ambiente econômico é muito sensível. Uma mudança no aspecto econômico, portanto, não pode seguir aquele trâmite que nós estamos acostumados a ver no Direito. A economia não está vinculada a formalidades rígidas, a um controle do Estado que vá chancelar determinado valor, a economia é fluida, ela vai se alterando de acordo com os mercados e com os âmbitos de uma economia que é hoje muito globalizada. 1

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03/02/14

Direito econômico – Prof. Adriano de Ávila Campos.

Avaliações

1ª prova: 20 pontos – 17/03

2ª prova: 30 pontos – 14/04

3ª prova: 20 pontos – 08/05

4ª prova: global - coord.

Matéria da 1ª prova

03/02/2014

Quando se fala em norma jurídica e em legislação nos lembramos do Direito

andando sempre a um ou dois passos atrás do desenvolvimento social. Se

pensarmos no Direito como um meio de pacificação social ele somente se solidifica

e se transforma com o tempo, ou seja, assim como a norma surge com o tempo ela

também leva um tempo para ser alterada. É possível ver a sociedade ansiosa por

mudanças legislativas, mas que não ocorrem na velocidade esperada, isto se dá

exatamente devido ao procedimento de alteração formal (projeto de lei, verificação

de validade, apresentação do projeto, emendas, etc.).

Na economia, por outro lado, tudo é muito rápido considerando-se que o ambiente

econômico é muito sensível. Uma mudança no aspecto econômico, portanto, não

pode seguir aquele trâmite que nós estamos acostumados a ver no Direito. A

economia não está vinculada a formalidades rígidas, a um controle do Estado que vá

chancelar determinado valor, a economia é fluida, ela vai se alterando de acordo

com os mercados e com os âmbitos de uma economia que é hoje muito globalizada.

Sendo assim, o Direito importa muito pouco para a economia. Na verdade o que o

economista quer é que o Direito esteja cada vez mais longe dele já que quando se

fala em Direito fala-se em forma do Estado, quando se fala em norma se fala em

poder estatal para exigir o cumprimento de uma determinada situação pré-

determinada. Para o investidor quanto mais distante o Estado estiver menos

ingerência ele terá em sua atividade.

A economia trabalha muito com o conceito de escassez, tudo que gera valor é

importante para a economia e isso tudo é regido dentro de um critério de escassez.

Quanto mais escasso for um recurso maior será o seu valor. A escassez é um

critério muito importante para a economia e vai pautar também as nossas condutas

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(as nossas condutas serão pautadas de acordo com os recursos que nós temos e de

acordo com as necessidades e desejos que alimentamos).

O Estado, apesar de regulamentar vários setores econômicos, não pode interferir de

uma maneira muito agressiva na atividade econômica, ou seja, há um limite até

onde o Estado pode ir e até onde o Estado não deve interferir, isto porque há uma

garantia constitucional a livre iniciativa e a iniciativa privada, ou seja, o ambiente

econômico pertence ao particular (o Estado intervirá apenas para corrigir distorções,

para criar o mínimo de normatização e estabilização para que a atividade econômica

possa ser desenvolvida, e é esse peso do Estado que será o enfoque principal do

Direito Econômico, ou seja, até onde o Estado deve intervir na atividade econômica,

até onde a intervenção do Estado é salutar ou prejudicial).

06/02/2014

I – Introdução ao direito econômico

Direito→ norma

O homem já tem uma noção de norma (jus naturalismo), mas o direito como ciência

que é tem um objeto de estudo e um método de criação e de aplicação.

Economia → recursos escassos

A economia também tem esse conceito de fazer parte da natureza humana à

relação social de trocar mercadorias e de ter um crescimento social (o ser humano

buscando sempre produtos que lhe traga mais conforto, felicidade e segurança

percebendo muito cedo a necessidade de adquirir produtos de outras pessoas, ou

seja, ele cria necessidade a partir do momento em que ele vê um produto novo e

com isso teve-se um crescimento do comércio). O comércio cresce exatamente

quando o Direito fornece para a economia uma estrada mais tranquila.

No início dos séculos têm-se sociedades pequenas, fechadas, divididas em

pequenos feudos, cada feudo tem uma característica diferente com uma

necessidade diferente, havia uma insegurança jurídica neste contexto histórico e

essas questões foram se resolvendo quando as normas foram sendo mais

consolidadas. Tais feudos foram se organizando em sociedades maiores e mais

bem organizadas, até chegar a um ponto de que determinada sociedade percebe a

necessidade de se instrumentalizar uma norma de convívio social, ou seja, criar

normas e delegar a alguém o poder de exigir o cumprimento dessas normas.

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A economia também tem leis naturais, a mais famosa delas é a “lei da oferta e da

procura”. Com base nesta lei, vários estudiosos chegaram a sustentar que a

economia não necessitava de normas sendo que a própria mão invisível do mercado

selecionaria o ambiente econômico deixando na economia aqueles que fossem

competentes para administrar seu negócio, ela mesma equilibraria os preços (já que

se estivessem muito altos a pessoa deixaria de comprar) e que, portanto a economia

não necessitaria de um controle estatal exatamente porque tinha regras próprias

para se autorregulamentar.

Mas isso tudo surgiu após uma caminhar econômico: Esses feudos

transformaram-se em estados esses estados transformaram-se em países,

estabilizaram as suas relações sociais, criaram moedas (que foi um fator

absolutamente relevante para economia, afinal até então só se tinha o escambo),

estados que já oferecem um mínimo de segurança, um mínimo de normas jurídicas

que garantam os contratos, ou seja, com essa organização dos estados veio

também o direito econômico.

Mas quando efetivamente chega-se ao ponto de falar em direito econômico?

Quando o Estado começa a perceber que ele precisa ter algum controle sobre o

ambiente econômico, ou seja, ele percebe que ter uma economia forte é importante

para ele (Estado).

Com a Primeira Guerra Mundial os países começaram a perceber que eles não

tinham uma logística de reposição de insumo de guerra, porque todo esse norral

estava no setor privado e o Estado não tinha nenhum controle para que, em um

momento de crise, ele pudesse reorganizar, ter informações e regerenciar aquilo

com esforço de guerra, por exemplo.

Outro momento em que o Estado percebe essa necessidade é com a crise da bolsa

de valores. O new del ocorre quando o Estado resolve se organizar e ele será a

locomotiva da economia, ele começa a criar uma infraestrutura básica de forma a

gerar bastante emprego, ou seja, ele cria uma indústria onde ele seja o empregador

porque assim ele consegue criar uma grande massa de empregos para aqueles que

estavam morrendo de fome, e assim ele consegue aos poucos reativar a economia.

O Estado sempre interviu na economia, já que sempre houve tributos, o que não

havia antes, contudo, eram mecanismos para ele intervir efetivamente na economia.

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A economia, como sempre foi, e hoje ela tem a característica garantida

constitucionalmente aqui no Brasil de ser da iniciativa privada. (art. 170 CF), ou seja,

se é da iniciativa privada ela irá se desenvolver sem a interferência do Estado, mas

o Estado vai resguardar para si alguns mecanismos para ajustar esta máquina.

Enfim, enquanto o Direito vai trabalhar com normas a economia trabalhará com

recursos. Sendo que na economia tem-se uma qualidade para esses recursos que

permeará todo o raciocínio econômico: Os recursos escassos.

É a escassez que dá a relevância a um produto ou a um serviço, quanto mais

escasso um produto maior valor ele terá, e quanto maior valor tiver um produto mais

interesse ele terá para o Estado.

A economia será a administração de recursos escassos. O economista estuda

mercados, ele quer saber como está o mercado de determinado produto e para isso

ele usará de índices que trarão para ele como anda a saude daquela economia ou

daquele determinado mercado.

E o direito econômico surge para criar um ordenamento que inclua essas duas

situações.

Na Segunda Guerra Mundial Hitler percebe a importância da economia.

As nossas necessidades não tem limites, mas os recursos têm, os recursos são

escassos e é isso que a economia vai trabalhar.

Conceito→ Direito Econômico é o complexo de normas que regulam a ação do

Estado sobre as estruturas do sistema econômico e as relações entre os agentes

econômicos na realização da atividade econômica.

Sujeitos do direito econômico → Agentes econômicos.

Diferente do que se está acostumado no Direito comum onde se tem autor, réu, no

Direito Econômico esses players são chamados de agentes econômicos que

influenciam de alguma forma determinado mercado. Então os sujeitos de Direito

Econômico serão chamados de agentes econômicos.

Será agente econômico alguém que de alguma forma desestabiliza ou influencia o

ambiente econômico.

Indivíduos

O indivíduo é uma agente econômico quando, por exemplo, ele é um trabalhador

que gera renda. Então o individual como fonte de trabalho é um agente econômico.

Um consumidor é um agente econômico.

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Empresas

A empresa é um agente econômico quando atua fabricando bens e serviços.

Empresa também pode ser consumidora e assim também é um agente econômico.

Estado

O Estado figura controvérsias: Há pessoas que entendem o Estado como agente

econômico e há pessoas que não. Mas é inegável o papel do Estado como agente

econômico quando ele influencia nessas relações econômicas entre o particular e a

empresa, por exemplo. Quando ele cria normas no ambiente econômico ele

influencia mercados, portanto ele é um agente econômico.

Coletividade: Tem-se a coletividade como agente econômico quando ela age na

busca de direitos coletivos, direitos difusos. Como destinatário final de interesses

difusos e coletivos que interferem diretamente na atividade econômica. Ex.: Direito

do ambiente, direito do trabalho, tudo isso tem um impacto que gera um custo para o

empreendedor. Quando se cria o CDC, isso acaba impactando o custo do produto já

que a lógica do empreendedor é o lucro (capital empregado menos o custo).

10/02/2014

Princípios gerais

Assim como no Direito há um estudo social na economia também vem de uma

tradição de desenvolvimento social e uma área não tem como sobreviver sem a

outra. O Direito percebeu isso e incorporou a ele alguns princípios já vistos no direito

administrativo, principalmente quando o artigo 70 traz como um dos critérios de

aplicação finança pública a observância do princípio da economicidade.

O princípio da economicidade será utilizado com o escopo de racionalizar recursos e

aplicá-los da melhor maneira possível.

Quando se fala em princípio da economicidade no direito econômico pensa-se em

potencializar os recursos que serão utilizados, mas sempre com um viés social, ou

seja, sempre que houver implementação de um custo financeiro público a pergunta

que se faz será sempre como aplicar esses recursos para que ele tenha uma

aplicação eficiente, mas que tenha também uma aplicação um viés social. Ou seja,

fala-se em princípio da economicidade sempre que o resultado final se torna maior

do que o custo social envolvido, ou seja, apesar da implementação de uma verba

pública em uma determinada área onde não se vê o retorno econômico direto sabe-

se que o custo social, em última analise, é o que deve ser analisado.

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Exemplo: Quando o governo implementa uma política pública de auxílios

financeiros através do bolsa família ele destina uma certa verba pública visando

atingir além do fim econômico um fim social, ou seja, ele injeta dinheiro em uma

determinada economia deficitária mas o foco não é apenas este ele pretende que

ocorra também um retorno social no investimento feito.

Princípio da economicidade: Aquele que condiciona o Estado na escolha da

atividade econômica de tal sorte que o resultado final seja sempre mais vantajoso do

que os custos sociais envolvidos (e consequentemente melhor qualidade de vida).

(art. 170 CF).

Resultado final → Custos sociais evolvidos.

Além da forma de atuar é necessário saber como utilizar esses recursos econômicos

com a maior eficiência possível. Exemplo: O Estado de MG tem que comprar 150

ambulâncias, com a verba destinada a esta compra o gestor público deve, com base

no princípio da eficiência, otimizar o uso desses recursos, ou seja, com essa verba

ele deve comprar o melhor equipamento dentre as opções disponíveis.

É o que é feito, por exemplo, quando se trata de licitação pública (apresentação da

melhor proposta).

Princípio da eficiência: Dentro de várias possibilidades escolher qual delas é a

mais eficiente, trata-se de otimização de recursos públicos (Ótimo de pareto). Art. 37

CF.

Utilização de recursos econômicos: “OTIMO DE PARETO”.

Macroeconomia

Crescimento economia, renda, comércio exterior, etc.

Políticas públicas.

Microeconomia

Relação individual entre vários agentes econômicos.

Inicialmente regido pela “laissez faire”

Análise de mercado

Explicação de práticas de mercado (monopólio, etc.).

A economia clássica é chamada de microeconomia e estuda mercados pontuais

(que é o que a economia clássica entendia como sendo suficiente para o

desenvolvimento econômico).

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Page 7: Direito econômico - Matéria da 1ª prova.docx

Para o direito econômico, contudo, importa muito mais os aspectos

macroeconômicos.

13/02/14

Competência para legislar sobre direito econômico

O art. 22 da CF fala que a competência para legislar sobre direito econômico é

exclusiva da União em algumas características, mas concorrente genericamente.

Desta forma o art. 24 da CF traz uma autonomia do direito econômico, como um

ramo do direito específico.

Quando se fala em normas gerais fala-se no conjunto de regras mínimas para o

desenvolvimento de uma atividade econômica.

O art. 30 estabelece que se não houver nenhuma regra geral exigida pela União, se

o Estado é omisso quanto à norma sobre determinada atividade o município pode

agir residualmente e legislar sobre aquela atividade.

A partir do momento em que a União uniformiza as regras sobre aquela atividade

econômica cada Estado deve pegar a sua regra, que até então era plena, e analisar

para ver se não há confronto com a norma. Não há uma nulidade da lei estadual, há

apenas uma suspensão de eficácia na que a lei estadual for contrária a lei federal

(se suspende a eficácia os atos até ali feitos são de pleno direito, as consequências

geram efeitos ex nunc).

A competência é plena do Estado se não houver norma da União, surgindo uma

uniformização pela União a norma do estado no que for contrária cessa a sua

eficácia.

Quanto ao Município, continua havendo a regra da competência residual. No caso

do moto taxi, por exemplo, passa-se a ter uma regra que fugiu da competência

municipal. O art. 30 faz-se necessário diante de atividades econômicas regionais

(Ex.: Bordadeiras de Itabira). A regra do art. 30 irá suprir as lacunas daquela

atividade econômica que tem uma importância essencialmente municipal.

Autonomia → Art. 24 CF –

Competência exclusiva

Art. 22 CF Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar

concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

Normas gerais União

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Page 8: Direito econômico - Matéria da 1ª prova.docx

Norma suplementar Estados

Inexistência de Lei Federal sobre

normas gerais.

Plena Estados

Lei Federal superveniente sobre

normas gerais

Suspende eficácia de lei estadual

diferente

Atividade econômica: Força humana para a geração de bens e serviços para suprir

nossas necessidades e desejos.

Objeto → Produção bens/serviços para satisfação de necessidades;

Finalidade Objeto do direito econômico → Possibilidade/limites da intervenção

do Estado na atividade econômica.

Análise econômica do Direito → Richard Posner “Law economics”.

Richard Posner cria a “law economics” fundamentando-se na possibilidade que o

poder público tem, como detentor da legitimidade legislativa, de usar o raciocínio

econômico para estimular ou desestimular uma conduta. Ex.: Multa alta para quem

era pego sem cinto de segurança.

O legislador hoje usa a análise econômica do direito criando a tese e imaginando os

reflexos da conduta que ele espera. Primeiramente há uma análise de dados para

saber onde estaria à correção para ser feita em um determinado setor ou até em

uma atividade econômica (aumento do seguro obrigatório das motos em virtude do

grande número de acidentes e consequente gasto elevado com a saúde desses

motoqueiros acidentados).

17/02/2014

Na aula passada falamos sobre a análise econômica do direito, sobre a aplicação

dela como forma de tornar a aplicação da norma jurídica mais eficaz, que ela seja

mais eficiente para o fim que ela se presta. A análise econômica veio junto com

aquela revolução kenisiana, junto com conceitos novos de uma economia mais

intervencionista, veio junto também com o movimento neoliberal na economia

americana, principalmente, ou seja, não era o liberalismo de antes do final do século

XIX daquele total afastamento do Estado, mas também não era o Estado totalmente

autoritário e intervencionista.

Sistemas econômicos

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Page 9: Direito econômico - Matéria da 1ª prova.docx

Cada Estado vai desenvolver um sistema econômico de acordo com a realidade do

seu território e de acordo com os princípios que ele julgue mais eficientes para o

ambiente econômico.

Sistema econômico: Conjunto de instituições por meio do qual uma sociedade

tenta resolver um problema econômico (escassez é o grande problema econômico).

É possível identificar os sistemas econômicos respondendo a três perguntas

básicas: O que, como e pra quem produzir. A doutrina conseguiu identificar três

tipos genéricos de sistemas econômicos que irão englobar a imensa maioria dos

países que tem uma política econômica consolidada.

O quê

Como Produzir?

Para quem

Sistema de Tradição: Esse sistema é formado principalmente por pequenas

comunidades de baixa tecnologia, produz geralmente itens de primeira necessidade

(vestuário, alimentação, armamento, serviços básicos para uma determinada

população). É aquele sistema que identificamos antes do período mercantilista,

antes das corporações de ofício, onde percebemos pequenas comunidades

organizadas em um ambiente mais fechado com pouco intercâmbio com outros

ambientes econômicos, o que acaba deixando essa população um pouco limitada

quanto ao aspecto do que era produzir. Então se produzia de acordo com uma

demanda local e bem reduzida e bem simples. Ex.: População feudal produtos de

baixa tecnologia e geralmente baseados na hereditariedade (o pai ensinou ao filho).

A economia era muito regional e de significância econômica muito pequena.

O sistema de tradição na verdade é pré-estado, trata-se de um germe de um

sistema econômico.

Autoridade: O sistema de autoridade e autonomia veio praticamente de um mesmo

momento histórico: Movimento mercantil mais desenvolvido. Os Estados começam a

ver uma necessidade de formatar essa nova realidade econômica (onde a tecnologia

aumentou, o intercâmbio de informações é muito mais relevante). Em um sistema de

autoridade percebe-se o Estado como uma figura predominante na atividade

econômica, em um sistema de autoridade é o Estado quem vai decidir o que, como

e pra quem produzir. O Estado toma as rédeas da economia e ele é quem vai dizer

qual o melhor para aquela sociedade, quais as demandas que serão satisfeitas, o

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Page 10: Direito econômico - Matéria da 1ª prova.docx

que será produzido. A tecnologia usada para produzir e os meios de produção serão

também os disponibilizados pela máquina pública. O Estado vai decidir como

produzir aquele tipo de mercadoria, mesmo porque o poder e a tecnologia industrial

estarão na mão do Estado.

Neste sistema é possível perceber uma posição de muita ingerência do Estado na

atividade econômica, uma posição ditatorial da atividade estatal. Ex.: Cuba, Rússia,

Coréia do Norte.

Esse sistema ditatorial, socialista, via de regra, implementou uma cultura

extremamente intervencionista na economia em contraponto ao sistema de

autonomia.

Autonomia: Este sistema entende que deve ser liberal, portanto o Estado não irá

intervir no ambiente econômico, deixando para o particular a atuação. Nesse

sistema se produz o que a demanda disser que deve ser produzido, são os desejos

e necessidades do particular que vão induzir a atividade econômica. Como vai

produzir? A iniciativa produz com os mecanismos e a tecnologia que estiver

disponível naquele estado e o que ela puder implementar de nova tecnologia e irá

produzir para quem puder comprar, ou seja, as demandas serão satisfeitas ou não

de acordo com o critério de disponibilização no mercado.

Como se sabe as necessidades do povo são maiores do que o Estado pode prover.

O estado de autoridade impõe pela força o seu ambiente econômico e isto é o que

gera a insatisfação daquele sistema econômico, porque apesar de se gerar uma

planificação da economia, limita-se as potencialidades individuais que cada um

possui. Assim, para um sistema econômico eficiente em um estado de autoridade o

Estado só viu a forma de agir pela força.

20/02/14

2 – Direito constitucional econômico

Neste tópico trataremos do contexto de metodologia do direito econômico como

ciência econômica, ou seja, como que a economia, que tem toda uma ciência

específica como ciência social que é, foi parar dentro da Constituição e se ela irá

obedecer àqueles critérios científicos de validade da norma.

Ordem econômica → organizações (instrumentos do legislador constitucional).

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Ordem econômica, obviamente será toda organização da matéria de economia, ou

seja, dentro do ambiente econômico, o que o legislador constitucional precisa saber

para editar normas sobre economia, mas precisamente sobre direito econômico.

Ordem jurídica e econômica → criação metódica de princípios e normas

Organização

Instrumentos

Resultados

Será a criação metodológica de uma criação principiológica e positivista da norma

jurídica econômica. Dessa forma o legislador constitucional precisará organizar as

ideias, organizar esses instrumentos econômicos. Criar uma instrumentalização, ou

seja, saber de que forma ele vai interferir no ambiente econômico de um dado

Estado. Logo, é necessário que se saiba de antemão qual o sistema econômico que

se está inserido, quais as políticas públicas, quais são os valores daquela

sociedade, com base nesse contexto é que o legislador criará instrumentos para o

direito econômico atuar, para que o direito possa atuar juridicamente no ambiente

privado que é o ambiente da economia. Esse norte será dado pela Constituição, pelo

contexto político e econômico de um determinado estado para se saber se essas

normas jurídicas e econômicas terão o viés mais ou menos intervencionista.

Então essa ordem jurídica criará primeiro, uma organização hierárquica da norma

jurídica, buscará quais são os instrumentos da intervenção (diretas, indiretas) e

obviamente os resultados que serão colhidos dessa positivação da economia, dessa

positivação do ambiente que não é essencialmente jurídico.

Essa preocupação surgiu, obviamente, de um contexto de evolução social e

econômica.

Modelo liberal de Estado→ Preocupação com poder político.

A preocupação é controlar o tamanho do Estado dentro da economia.

Modelo social de Estado→ Preocupação com poder econômico.

O poder econômico muito grande aumenta a miséria, falta de garantias do

trabalhador. Nesse modelo a preocupação é com o bem estar do particular, com a

distribuição de renda. Na constituição de 34 percebe-se pela primeira vez regras de

direito econômico dentro da nossa constituição.

Constituição econômica formal→ Normas/principais na CF.

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Page 12: Direito econômico - Matéria da 1ª prova.docx

Fala-se em constituição econômica formal quando se percebe dentro da constituição

normas e princípios que garantem um contexto econômico.

Constituição econômica material→ Normas sobre economia.

Normas infraconstitucionais. Ex.: O princípio de defesa do consumidor virou lei

ordinária (CDC), dai pode-se falar em constituição econômica material.

Toda organização legislativa que trate de alguma maneira de matéria de economia.

Em suma, a constituição formal é a matéria positivada dentro da constituição a

material é a legislação que vai acatar aquele contexto principiológico que está na

constituição.

Ordem econômica e Constituição econômica

Mais ampla Função de organizar a estrutura

Todas as disposições econômica de um Estado.

de direito econômico.

Ordem econômica: Ambiente mais amplo que irá envolver toda a normatização

(portarias, circulares, leis, lei federal), tudo que se tratar de economia chama-se de

ordem econômica.

A constituição econômica é aquele critério de atuação de valores que está na

constituição formal, ou seja, a constituição econômica é a estruturação do Estado no

ambiente econômico, (como eu vou estabelecer um critério que seja válido para o

ambiente econômico). Toda outra legislação decorre desse raciocínio de

constituição econômica.

Teoria do mercado X Teoria da constituição

Eficiência Direito Fundamentais

A teoria do mercado são aqueles conceitos de economia já vistos, ou seja, a

economia vai sempre se pautar por critérios de eficiência e de lucro, de redução de

custos e de potencializarão de lucro, trata-se de uma lógica muito objetiva que se

analisada sozinha causará várias distorções sociais.

Como contraponto há uma teoria constitucional que tem um viés social muito

grande, esse contexto vai reger a teoria da constituição.

Em suma, dentro do direito econômico teremos este embate: A teoria do mercado

visando eficiência e a teoria da constituição visando garantia de direitos

fundamentais previstos, principalmente, no art. 5º.

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24/02/2014

Constituição econômica e a promoção de políticas públicas

Trata-se da vinculação tanto do legislativo, quanto do executivo e do judiciário na

implementação de políticas públicas de viés econômico, visando também garantir a

solidariedade, é o entendimento da economia como um viés importante de

crescimento social.

Então o Estado criou dentro da Constituição essa possibilidade de implementar

políticas públicas com o viés econômico.

Isto está dentro do contexto de uma CF diretiva, ou seja, privilegiam-se certos

princípios constitucionais visando induzir o crescimento econômico para uma área

territorial ou um setor econômico que seja de um interesse público maior.

Através do art. 170 o legislador constitucional criou esse ambiente para que além do

crescimento econômico do particular tenha-se também o Estado como fomentador

de crescimento econômico através da implementação de políticas públicas.

A mais clara das políticas públicas são os programas sociais de auxilio através de

bolsas.

Essa promoção de políticas públicas vai se pautar nos princípios do art. 170 da CF.

Constituição diretiva: programas/fins a serem realizados pelo Estado.

Princípios constitucionais da atividade econômica.

Caput 170 CF→ Valor social trabalho/ livre iniciativa.

O caput do art. 170 já traz dois valores importantes que vão permear todos os outros

princípios: valor social do trabalho, o legislador constituinte, o poder público entende

que a valorização do trabalho humano é fator importante para o crescimento

econômico sustentável e eficiente.

É princípio constitucional também aquele que a CF chama de princípio do pleno

emprego. Pleno emprego não é emprego para todo mundo, em um sistema

econômico capitalista o desemprego também faz parte do jogo, o princípio do pleno

emprego visa fomentar a criação de postos de trabalho, de qualificação do

trabalhador, criar condições de profissionalização.

Princípios gerais

Os princípios gerais são decorrentes dos princípios do art. 170.

Da democracia economia e social: Crescimento econômico tem que ser para

todos, ou seja, é necessária a criação de regras para democratizar o acesso ao

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ambiente econômico. A democracia econômica é ligada a própria consciência da

pessoa como cidadão, o cidadão se enxergando como cidadão, como mecanismo

da engrenagem econômica.

Da inclusão econômica e social: Trazer quem está fora do jogo econômico para

dentro do jogo econômico para que ele tenha condição de implementar uma

atividade econômica, de ter renda. É o que as bolsas fazem em certas regiões.

Da dignidade da pessoa humana:

Da solidariedade:

27/02/2014

Princípios constitucionais da ordem econômica

Art. 170 CF/88

I – Soberania (econômica) → mais autonomia, menos dependência do

ambiente externo.

O princípio da soberania nacional previsto no art. 170 vai, na verdade, complementar

o art. 1º da CF no sentido da autonomia do Brasil quanto à implementação de

políticas econômicas próprias, ou seja, de implementar políticas econômicas

independente de qualquer outro fator exterior. Então essa soberania é a soberania

econômica.

II – Propriedade privada → Fatores de produção

O art. 5º da CF já falava de propriedade privada, contudo, ele aparece novamente no

art. 170 porque o art. 5º refere-se ao indivíduo e a CF quis deixar claro o critério

quando se trata de propriedade privada também na esfera econômica.

A propriedade privada no art. 170 refere-se aos bens de produção, o investidor tem

a garantia constitucional de que o Estado não irá atacar os seus bens de produção,

os seus meios de produção, a sua fábrica, o seu comércio, a sua indústria.

O inciso II visa garantir os fatores de produção.

III – Função social da propriedade → Geração de empregos, trabalho, renda.

A propriedade também tem uma função econômica, também deve ter uma função de

gerar emprego, de gerar tributo, de gerar postos de trabalho, então a propriedade

ociosa que poderia, por exemplo, estar gerando emprego pode ser objeto de

pressão pelo Estado.

IV – livre concorrência→ Grande estímulo para o desenvolvimento da

economia.

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Page 15: Direito econômico - Matéria da 1ª prova.docx

A livre concorrência é um dos pilares da economia. É através de um ambiente

concorrencial que a economia se desenvolve.

V – Defesa do consumidor → Garantias ao consumidor no ambiente

econômico CDC.

A CF visa resguardar a parte mais frágil da relação econômica, se se fala em

solidariedade e igualdade não se pode deixar o consumidor a mercê das vontades e

interesses dos agentes econômicos que atuam no setor econômico, dessa forma o

legislador precisou criar regras para nivelar a balança, para dar garantias, direitos,

formas jurídicas de defesa ao consumidor.

VI – Defesa do meio ambiente

Quando se diz que as necessidades são sempre infinitas e os recursos são sempre

escassos também se fala em recursos naturais escassos, então o Estado percebeu

a necessidade de se programar uma norma para que se faça a gestão de recursos

naturais, já que os se eles forem explorados sem critério irão acabar.

Quando o Estado traz a defesa do meio ambiente para a CF ele quer fazer a gestão

dos recursos naturais, gestão de tratamento de resíduos, licenças ambientais.

VII – Redução das desigualdades regionais e sociais

Esse inciso confronta diretamente com a própria lógica capitalista. O Estado

estimulando para que atividades econômicas se desenvolvam em regiões menos

favorecidas economicamente.

VIII – Busca do pleno emprego

Preocupação do Estado em fomentar a criação de novos postos de trabalho. Dar

formação para o trabalhador para que ele possa melhorar economicamente.

IX – Tratamento diferenciado as empresa micro e de pequeno porte→ São os

maiores empregadores do Brasil.

Esse inciso dará uma relevância ao maior empregador do Brasil que são as

empresas de pequeno porte (gênero das espécies micro e pequenas empresas).

Esses são os princípios básicos da atuação do Estado na atividade econômica. O

parágrafo único assegura a todos o exercício de qualquer atividade econômica

independentemente de autorização. Esta é a grande chave do Estado pouco

interventor.

O Estado interferirá somente em atividades econômicas setoriais que tenham

alguma relevância social maior.

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O art. 171 foi revogado porque tinha um cunho protecionista muito grande.

O art. 172 criava algumas barreiras para entrada de capital estrangeiro e também foi

afastado (não foi revogado, mas foi afastada essa barreira).

06/03/14

Foram estudados mais pontualmente os artigos da CF que tratam da forma de

atuação na atividade econômica (quais são os limites impostos pela CF para o

exercício da atividade econômica) já que a atividade econômica é uma prerrogativa

do setor privado e, portanto, o Estado que no artigo 1º da CF se diz uma república

federativa e traz como conceito a livre iniciativa e a propriedade privada como

princípios constitucionais, é a partir do art. 170 que ele vai efetivamente dizer para a

população de que forma e com base em quais critérios ele vai atuar no ambiente

econômico.

O art.173 é o nosso ponto de partida para esse tema.

Formas de atuação do Estado no domínio econômico (art. 173 CF).

Limites

Art. 174 CF – Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado

exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,

sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

Segurança nacional

Relevante interesse coletivo

Do caput do artigo 173 extraem-se diversos ensinamentos:

A exploração direta da atividade econômica é só em casos previstos em duas

situações normativamente: ou pela CF ou por outra lei específica. Então o

empresário sabe que se ele pretende atuar em determinado ramo da atividade

econômica a pergunta deve ser “será que o Estado irá disputar esse setor?” ou “será

que essa atividade econômica tem alguma prerrogativa de reserva de mercado ou

de atuação do Estado em algum grau?”. Ele saberá isso consultando a CF ou

legislação federal a respeito do assunto.

Dessa forma, o primeiro critério é de norma de positivação para a atuação do

Estado. Então o Estado engessa um pouco o sistema para controlar o próprio

Estado.

Além dessa positivação o legislador constituinte põe dois critérios para que o Estado

possa atuar no ambiente econômico:

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1 – segurança nacional. Atividades econômicas que denotem de uma maneira ou de

outra uma relevância para a segurança nacional. Ex. armas.

2 – Relevante interesse coletivo que vá legitimar a atuação do Estado no ambiente

econômico. Ex. Concessão de linhas de crédito para pessoas carentes.

Art. 173 – Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta

de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos

imperativos da segurança nacional ou relevante interesse coletivo, conforme

definidos em lei.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de

economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de

produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:

→ O parágrafo primeiro vai criar a formatação dessas empresas. Notem que o

próprio parágrafo primeiro já discrimina as duas formas de atuação da empresa no

ambiente da atividade econômica que é a empresa pública e a sociedade de

economia mista.

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto

aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os

princípios da administração pública;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a

participação de acionistas minoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos

administradores.

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar

de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

→ O temor de concorrer com a empresa pública era exatamente esse. O parágrafo

2º traz um critério de igualdade na atuação da empresa pública com o setor privado.

§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a

sociedade.

§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos

mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

→ Esse parágrafo nos remete diretamente a lei do CADE (Lei 12.529/11).

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§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa

jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a as punições

compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e

financeira e contra a economia popular.

→ A CF e a legislação falam em crimes contra a ordem financeira, punidas inclusive

com a pena de reclusão.

Atividade econômica em sentido estrito

Realizadas extraordinariamente pelo Estado (173).

Art. 174 → nova função do Estado

Agente normativo e regulador da atividade econômica

Decreto Lei nº 200/67

Art. 5º - Define o que é empresa pública e sociedade de economia mista (incisos II e

III).

§ 4º→ CADE – Lei 12529/11 → Lei do Sistema Brasileiro de Defesa da

Concorrência.

10/03/14

O art. 173 traz requisitos para o Estado atuar diretamente no ambiente econômico, o

Estado preenchendo um desses dois requisitos vai legitimar a sua atuação no

ambiente econômico. O Estado irá atuar como empresa pública ou sociedade de

economia mista, ele vai atuar diretamente no ambiente econômico, ou seja, ele

estará disputando mercado com a iniciativa privada, respeitando os requisitos dos

parágrafos do art. 173 de condição de igualdade, de prerrogativa de empresa

pública ou sociedade de economia mista, etc.

No artigo 174 há outra forma do Estado atuar no ambiente econômico, é o que

chamamos de atuação indireta, ou seja, no art. 174 o Estado não está disputando

mercado com a iniciativa privada, o Estado atua normatizando um determinado setor

econômico que ele acha importante normatizar, por exemplo, o setor de aviação civil

(a aviação civil não é uma atividade do Estado mais é uma atividade importante para

o estado e que ele viu a necessidade de criar normas para esse setor).

Todo setor que o Estado entra normatizando podemos falar que ele está atuando

indiretamente na economia, porque essa intervenção do Estado acaba impactando a

atividade. Ele normatiza e também fiscaliza.

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Arts. 173 / 174 → Formas de atuação do Estado no domínio econômico.

Segurança nacional Empresa Privada.

Relevante interesse coletivo Sociedade de Economia Mista.

Fiscalização

Art. 172 Incentivo

Planejamento

Serviço público

Art. 175 – Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob-regime de

concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços

públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o

caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de

caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

→ Este artigo trata do serviço público estrito senso, ou seja, são aqueles serviços

públicos que demandam o exercício de uma atividade econômica.

São serviços públicos as telecomunicações, telefonia móvel, etc.

Serviço público lato sensu: Qualquer repartição pública. Ex.: Delegacia, fórum.

Art. 176 – Jazidas / minerais

O artigo 176 fala de outras atividades econômicas, fala que jazidas e recursos

minerais constituem propriedade diferente da do solo. Esses produtos que estão no

subsolo pertencem exclusivamente a União, trata-se de outra forma de monopólio.

Art. 176 – As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais

de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de

exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a

propriedade do produto da lavra.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a

que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante

autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou

empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no

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País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas

atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na

forma e no valor que dispuser a lei.

§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as

autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou

transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial

de energia renovável de capacidade reduzida.

Art. 177 – Monopólio – modalidade de absorção. Estado absorve parte do

mercado eliminando a concorrência.

Ex.: Correios.

Atividade econômica

Quando se fala em atividade econômica é necessário diferenciar as suas formas.

No artigo 173 há a possibilidade do Estado concorrendo com o ente privado, é o que

se chama de atividade econômica em sentido estrito.

No art. 175 também se tem a atividade econômica, mas esta é de titularidade do

Estado, que é o serviço público em sentido estrito.

No artigo 177 tem-se a absorção do mercado pelo Estado que é o monopólio.

Estado com particular

Titularidade do Estado

O artigo 175 trata do serviço público como atividade econômica, exercido através de

concessão ou permissão.

Obs.: No contrato de permissão tem-se o serviço público delegado a um particular

em que se sabe quando começa a autorização para a prestação do serviço, mas

não se sabe quando termina, tem-se uma instabilidade na prestação do serviço é o

que se chama de contrato a título precário. Não se tem uma segurança jurídica de

prazo para a exploração daquela atividade econômica.

Na concessão há mais segurança jurídica, o concessionário sabe exatamente

quando começa e quando termina o contrato dele com o Estado, ou seja, quando

que o Estado poderá exigir de volta a execução do serviço.

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Sempre que houver uma necessidade de um investimento maior da iniciativa privada

esses serviços públicos serão delegados na forma de concessão para estimular

mais o ente privado.

Na permissão o risco é maior, mas em contrapartida geralmente o investimento do

particular é muito menor.

Monopólio

O artigo 177 trata do monopólio da atividade econômica. Essa atividade passa a ser

exclusiva do Estado.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros

hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das

atividades previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados

básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de

conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o

comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos

radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas

sob-regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art.

21 desta Constituição Federal.

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das

atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições

estabelecidas em lei.

§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:

I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território

nacional;

II - as condições de contratação;

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no

território nacional.

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§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às

atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás

natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes

requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

a) diferenciada por produto ou uso;

b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o

disposto no art. 150, III, b;

II - os recursos arrecadados serão destinados:

a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás

natural e seus derivados e derivados de petróleo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo

e do gás;

c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

13/03/14

Revisão para a prova

Umas das principais brigas jurídicas envolve a teoria do mercado e da constituição;

Tratando-se da teoria do mercado, há aquela lógica privatista do lucro, de um

empresário ou agente econômico buscar sempre ser mais eficiente visando ao lucro

(objetivo do particular). Em contraponto tem-se uma teoria constitucional baseada

em um princípio social (princípio da solidariedade) que se traduz na intervenção do

Estado neste ambiente econômico para tornar algumas regras mais democráticas,

mais sociais com o cunho de igualdade maior, e isso, vai contra a lógica do sistema

capitalista (sistema privado foco no lucro). A grande questão é como o Estado irá

tratar desse choque de interesses. A constituição é que vai diferenciar o que é o

espaço público e o que é o espaço privado, ela é que irá delimitar;

Como regra se tem a atividade econômica como espaço privado (eixo particular);

Ao mesmo tempo se tem uma ingerência do Estado, para regra ser clara e objetiva,

o legislador colocou o critério (o que é competência de um e de outro) na CF;

Competência para legislar sobre direito econômico

Art. 24 CF – Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar

concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

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Monopólio (Estado absorvendo todo mercado). Art. 177.

O artigo 173 traz outra brecha para o Estado atuar.

O artigo 173 cria dois critérios objetivos em que o Estado possa entrar no jogo

econômico que a priori é do particular, estes dois critérios fundamentam a atuação

do Estado na atividade econômica que a princípio é do particular (atividade

econômica em sentido estrito). Aqui, tem-se um ente privado e outro ente privado

concorrendo com Estado. (O Estado para tanto, tem que preencher os requisitos dos

parágrafos do art. 173).

Enquanto na empresa privada o lucro é o foco principal do empresário, na empresa

pública ou na sociedade de economia mista, o lucro não é o foco principal.

O artigo 173 trata da intervenção direta na economia, ou seja, aqui, o Estado está

“mano a mano” com o particular. Quando se fala em intervenção direta, quer-se

dizer “O Estado como agente econômico empresa”.

Se o Estado não intervir diretamente, poderá intervir de maneira indireta, exercendo

atividade de fiscalização, por exemplo.

No tocante aos serviços públicos, nestes, a forma de intervenção do Estado pode

ser...

Ele como detentor do serviço e exercendo efetivamente essa prerrogativa dele

tratar-se-á de intervenção direta.

Se o Estado fornece o próprio serviço do qual ele é titular, tratar-se-á de atividade

econômica (serviço público em sentido estrito, ou seja, atividade econômica que o

Estado possui sendo ele o titular).

Quando o Estado não possui competência para gerir todas as suas

responsabilidades, ele delega através de prerrogativa prevista no artigo 175, aqui ele

preserva a titularidade da atividade econômica, mas delega o exercício dessa

atividade de forma pública (tem que preencher requisitos mínimos, se da através de

concessão, autorização, aqui, a atuação do Estado é indireta);

Ler art. 170 a 177.

Competência legislativa do art. 24;

Normas gerais de competência da União;

Se a União não legislou sobre aquela atividade, se os estados passam a ter

competência para legislar normas gerais e complementares;

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Se a União posteriormente legisla sobre normas gerais como atividade, perde a

eficácia a norma estadual que legislava antes;

16/03/14 - Prova

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