direito de comunicação x presunção de inocência: a
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINAGESIEL CEZAR DE MELO
DIREITO DE COMUNICAÇÃO X PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA:A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA OPINIÃO PÚBLICA.
Florianópolis
2015
GESIEL CEZAR DE MELO
DIREITO DE COMUNICAÇÃO X PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA:A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA OPINIÃO PÚBLICA.
Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Curso de Graduação emDireito, da Universidade do Sul de SantaCatarina, como requisito parcial paraobtenção do título de Bacharel.
Orientador: Prof.ª Patrícia Ribeiro Mombach, Ms.
Florianópolis
2015
Dedico o presente trabalho acadêmico à
minha mãe, Maria Terezinha Teixeira,
pelo esforço incansável em custear meus
estudos, além do incentivo que esta
representa em minha vida. Agradeço por
dedicar-se intensamente à mim, amando-
me incondicionalmente.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado saúde e forças para superar as
dificuldades, mesmo nos momentos em que pensei em desistir.
A minha mãe, Maria Terezinha Teixeira, pelo amor, incentivo e apoio
incondicional, ao meu pai, Mario Cezar de Melo, bem como minha madrasta, Cleri
Klein, que também estiveram ao meu lado, me apoiando em todos os momentos.
A minha irmã, Elaine Cristine de Melo e cunhado Charles Fabiano
Machado, pelo apoio de sempre e pelo maior presente de minha vida, minha
sobrinha Sara de Melo Machado. Ao meu irmão, João Vidal Junior, pela parceria e
pelos momentos de apoio.
A família Inácio/Cândido, em especial a Tamara de Sousa Cândido e
Maycon de Sousa Cândido, pelo apoio e incentivo ao longo desta etapa. Vocês
foram essenciais para que chegasse até aqui.
A minha orientadora, Patrícia Ribeiro Mombach, pela dedicação, entrega
e atenção dispensados neste semestre.
Aos meus amigos, Fabiano Folster e Carlos Alberto Duarte, pela amizade
de anos e pelo apoio de sempre.
A minha amiga, Francine Vieira Costa, à qual tive o prazer de conhecer
durante a faculdade, e que levarei esta amizade ao longo da vida. Obrigado pelo
apoio e amizade.
As amizades conquistadas durante o curso, em especial, à Fernanda
Barreto, Tamires Formentin, Raissa Gevaerd, Marluce Lima, Emerson Salvagnini,
Paulo Roberto Jr., e demais amigos que, de certa forma, contribuíram para que esta
caminhada se tornasse mais agradável e proveitosa. Meu eterno obrigado!
Aos amigos, André Ramos e a Josi Silva, pela amizade e pelos longos
sete anos de convívio profissional.
Aos meus amigos, Renan Isidoro Ávila, Higor Bittencourt, Welerson
Liberato, Gustavo Santos, e demais irmãos de fé conquistados no 459º Cursilho
Jovem, pela amizade e companheirismo de sempre.
Aos mestres da Universidade do Sul de Santa Catarina, por
compartilharem conosco seus ensinamentos, e a todos, que direta ou indiretamente
fizeram parte da minha formação.
Muito obrigado!
“Os cidadãos também têm uma obrigação: a de serem ativos e não
passivos na busca de informações”. (Ignacio Ramonet).
RESUMO
A presente monografia tem por objetivo analisar a influência exercida pelos meios de
comunicação à vida social do acusado/investigado de determinado crime, uma vez
que esta contribui significativamente para a formação da opinião púbica, podendo
ocorrer a violação de um princípio constitucionalmente garantido a todos os
cidadãos, qual seja, a Presunção de Inocência. Dela se extrai que todos são
presumidamente inocentes até que haja sentença penal condenatória do Estado.
Desta forma, buscou-se fazer uma breve análise sobre as garantias constitucionais
imprescindíveis e inerentes à pessoa, garantindo ao cidadão a ordem e a segurança
perante o processo e à sociedade. Neste sentido, fez-se uma introdução sobre a
trajetória da mídia na sociedade brasileira, percebendo a sua facilitação ao acesso e
sua importância na formação da opinião pública, graças ao seu alcance e sua
utilidade, abordando, ainda, o sensacionalismo na divulgação da informação. Ao
final, buscou-se compreender o motivo que leva o crime à mídia de forma
exploratória, demonstrando, através de casos concretos, o direito de comunicação
em detrimento à presunção de inocência, onde constatou-se que o exercício abusivo
daquele coloca os sujeitos passivos a mercê de sanções não vindas pelo judiciário.
Palavras-chave: Direito de Comunicação. Presunção de Inocência. Opinião Pública.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................102 DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA EPRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA X LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO .......................122.1 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.........................................................................12
2.2 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ......................................................14
2.3 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: DIMENSÃO INTERNA E
EXTERNA ...............................................................................................................................16
2.4 LIBERDADE DE PENSAMENTO, EXPRESSÃO, INFORMAÇÃO E DECOMUNICAÇÃO....................................................................................................................19
3 A ATIVIDADE MIDIÁTICA NA SOCIEDADE .............................................................273.1 A HISTÓRIA DA MÍDIA NO BRASIL..........................................................................27
3.1.1 Das Revoluções à Independência .......................................................................303.1.2 A imprensa na passagem de Monarquia à Proclamação da República, omovimento Abolicionista e a virada do século XIX....................................................313.1.3 O século XX e a Imprensa ......................................................................................333.2 AS ESPÉCIES DE MÍDIA NO BRASIL......................................................................38
3.2.1 Mídias de Massa .......................................................................................................393.3 A MÍDIA E O SEU PAPEL NA DIVULGAÇÃO DA NOTÍCIA .................................42
3.3.1 O sensacionalismo na mídia .................................................................................453.3.1.1 Manchetes sensacionalistas ..................................................................................47
4 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA VIDA SOCIAL DO INVESTIGADO/ACUSADO ..504.1 POR QUE ALGUNS CASOS POSSUEM GRANDE REPERCUSSÃO NAMÍDIA?.....................................................................................................................................50
4.2 A MÍDIA E AS PROPAGAÇÕES DOS CASOS CRIMINAIS..................................53
4.3 OS CASOS MIDIÁTICOS QUE FERIRAM O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA ............................................................................................................................56
4.3.1 O caso Escola Base.................................................................................................564.3.2 O caso Fabiane Maria de Jesus ...........................................................................604.4 DIREITO DE COMUNICAÇÃO X PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.......................61
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................65REFERÊNCIAS .....................................................................................................................67ANEXOS .................................................................................................................................75
ANEXO A – LUAN SANTANA MORTO A TIROS ..........................................................76ANEXO B – REPORTAGEM SOBRE A INDENIZAÇÃO DO CAVALEIRO DODA. .77ANEXO C – CASO ESCOLA BASE ..................................................................................78ANEXO D – CASO FABIANE MARIA DE JESUS ..........................................................79
10
1 INTRODUÇÃO
Ao se falar sobre estado democrático de direito, limpidamente vem à tona
os direitos, deveres e garantias constitucionais, preconizadas pela Carta
Constitucional que vigora desde 1988. Não obstante a isso, em meio a um mundo
informatizado e globalizado, em que qualquer cidadão pode buscar informação e se
expressar da forma que achar conveniente, há empresas e pessoas que se findam
no propósito de garantir à notícia a qualquer custo, não visualizando se tal garantia
de comunicação virá influenciar a vida de algum cidadão comum.
Neste contexto nasceu o problema de pesquisa investigado na presente
monografia, qual seja: Se a influência da mídia na formação da opinião pública pode
acarretar a violação ao Princípio da Presunção da Inocência. Para tanto, se usará o
método dedutivo de abordagem, através de técnica de pesquisa bibliográfica e
documental.
Assim, faz-se necessário dividir a presente pesquisa em capítulos, com os
assuntos assim delimitados:
No primeiro capítulo, compreender-se-á as garantias e liberdades
constitucionais, para que se crie uma linha tênue entre o direito e o limite em que
este se esbarra. A Carta Magna de 1988 tem como fundamento principal a
Dignidade da Pessoa Humana, garantida no artigo 1º, inciso III, onde a pessoa deve
ser respeitada acima de qualquer hipótese. Após, mas não menos importante, há, no
artigo 5º, inciso LVII da Carta de 88, a Presunção de Inocência, tida como um dever
do Estado e da sociedade em tratar o cidadão como inocente até que este venha a
ser considerado culpado, por meio da sentença penal condenatória transitada em
julgado.
De encontro com estas garantias há as liberdades de expressão e
comunicação como privilégios ao cidadão, no que diz respeito ao seu direito de
comunicar-se com o outro. Há, porém, ressalvas nestas liberdades, onde se
resguarda a segurança ao acusado, que só será considerado culpado após todos os
trâmites comuns da justiça.
No segundo capítulo, trar-se-á da história da mídia, desde seu surgimento
no Brasil até os dias atuais, onde se verifica que indiscutivelmente esta evoluiu com
o passar dos tempos e o avanço das tecnologias. Para demonstrar a propagação da
notícia, serão analisadas as ferramentas que auxiliam na difusão da informação, e
11
serão abordados os tipos de mídia de massa disponíveis e que levam a informação
aos quatro cantos do mundo.
Há, porém, a informação sensacionalista, que muitas vezes é utilizada
para chamar a atenção da população sobre determinado assunto. São empregados
verdadeiros artifícios apelativos, com o intuito de vender jornal/revista, ou garantir
um número elevado de acessos e ”curtidas”, ou até mesmo o acréscimo aos
números de ibope.
No terceiro capítulo, verificar-se-á o motivo em que somente alguns casos
sofrem grande difusão e repercussão na mídia, visto ocorrer diversos crimes
homônimos na sociedade e que não ganham o mesmo destaque. Buscar-se-á ainda
demonstrar a consequências destas notícias difundidas indiscriminadamente, sendo
analisado o caso Escola Base, onde o casal responsável pelo colégio, juntamente
com outros dois casais, foram acusados de abuso sexual contra crianças que na
escola estudavam, e o caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, que teve seu
nome envolvido em sequestro de criança para rituais de magia negra em uma rede
social.
Por meio da análise dos citados casos concretos e com base no
referencial teórico exposto no presente trabalho, será respondido o problema de
pesquisa em tela, verificando-se se a veiculação indiscriminada de informações nas
mídias disponíveis nos dias atuais pode violar o princípio da presunção de inocência.
12
2 DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA EPRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA X LIBERDADE DE COMUNICAÇÃO
No que se refere às questões relacionadas ao Estado Democrático de
Direito, é imprescindível ter-se em mente as garantias constitucionais que são
inerentes à pessoa humana e ao processo penal como um todo. Tais garantias
devem ser aplicadas em todas as etapas do processo no decorrer do seu
andamento, respeitando-se assim o princípio do Devido Processo Legal.
Assim, necessário se faz a análise de algumas garantias processuais que
visam à ordem e a segurança do indivíduo, seja na forma processual ou em seu
meio social. Tendo isto em mente, será possível constatar um melhor andamento
processual, sem que haja o ferimento pela inobservância das garantias
constitucionais.
2.1 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 preconiza
alguns princípios fundamentais e garantias constitucionais básicas ao convívio entre
quaisquer cidadãos existentes em nosso país. Ela visa proteger o indivíduo através
de garantias fundamentais, para que este possa viver em harmonia com o restante
da sociedade.
Nas palavras de Uadi Lammêgo Bulos (2008, p. 387), “Princípios
fundamentais são diretrizes imprescindíveis à configuração do Estado, determinam-
lhe o modo e a forma de ser”. Bulos ainda traz o entendimento de que “tais princípios
possuem força expansiva, agregando, em torno de si, direitos inalienáveis, básicos e
imprescritíveis, como a dignidade da pessoa humana, cidadania, o pluralismo
político, etc.”. (2008, p. 387).
Nesta mesma linha, preconiza Luís Roberto Barroso (2011, p. 272) o
seguinte entendimento de que “a dignidade da pessoa humana é o valor e o
princípio subjacente ao grande mandamento, de ordem religiosa, do respeito ao
próximo. Todas as pessoas são iguais e têm direito a tratamento igualmente digno”.
Assim, identifica-se que o princípio da dignidade da pessoa humana
assegura a todas as pessoas uma integridade por sua simples existência no mundo.
(BARROSO, 2011).
13
Para Julio César Finger (apud LENZA, 2012, p.55) informa que “os
princípios constitucionais, [...], têm por meta orientar a ordem jurídica para a
realização de valores da pessoa humana como titular de interesses existenciais,
para além dos meramente patrimoniais”.
A dignidade da pessoa humana que tanto é preconizada em nossa Carta
Magna de 1988 como um fundamento do Estado, não significa somente o
reconhecimento do valor cidadão no que tange sua liberdade, mas também por que
o próprio Estado Democrático se constitui primordialmente com base neste princípio.
(CARVALHO, 1999).
No que se refere ao princípio da Dignidade da Pessoa Humana, tema do
presente capítulo, tem-se consolidado em nossa Carta Magna de 1988, em seu
artigo 1º, inciso III, a referida garantia constitucional, que diz:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúveldos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em EstadoDemocrático de Direito e tem como fundamentos:[...]III - a dignidade da pessoa humana; (BRASIL, 1988).
Nossa Carta Magna quando proclama a garantia da dignidade da pessoa
humana ela está proclamando um imperativo de justiça social, de uma importância
suprema, corporificando a individualidade da integridade moral do ser humano, não
sendo esta distinguida pela raça, credo, cor, origem ou status social. (BULOS, 2008).
Rodrigo César Rebello Pinho (2011, p. 90-91) fortalece ainda que:
O valor dignidade da pessoa humana deve ser entendido como o absolutorespeito aos direitos fundamentais de todo ser humano, assegurando-secondições dignas de existência para todos.O ser humano é considerado pelo Estado brasileiro como um fim em simesmo, jamais como meio para atingir outros objetivos.
Remete-se assim tal autor ao entendimento de que tal princípio deve ser
reconhecido formalmente pelo Estado, sempre buscando concretizá-lo e incorporá-lo
aos cidadãos no dia a dia. (PINHO, 2011).
Ao tratar dos direitos humanos, Ricardo Castilho (2011, p. 137) levanta a
concepção do princípio da dignidade da pessoa humana. Ele esclarece que “a
dignidade da pessoa humana está fundada no conjunto de direitos inerentes à
14
personalidade da pessoa (liberdade e igualdade) e também no conjunto de direitos
estabelecidos para a coletividade (sociais, econômicos, e culturais).”.
Luís Roberto Barroso (2011, p. 275) nos apresenta em sua doutrina a
seguinte perspectiva:
O princípio da dignidade da pessoa humana expressa um conjunto devalores civilizatórios que se pode considerar incorporado ao patrimônio dahumanidade, sem prejuízo da persistência de violações cotidianas ao seuconteúdo. Dele se extrai o sentido mais nuclear dos direitos fundamentais,para tutela da liberdade, da igualdade e para a promoção da justiça.
Conceituando e pondo em evidência tal princípio, Paulo Bonavides (2001,
p. 233), nos proporciona o entendimento de que “nenhum princípio é mais valioso
para compendiar a unidade material da Constituição que o princípio da dignidade da
pessoa”.
Em resumo, tem-se assim o entendimento que a dignidade da pessoa
humana está no núcleo essencial dos direitos fundamentais, podendo dela se colher
a tutela do mínimo existencial e da personalidade humana, sendo na dimensão física
ou moral. (BARROSO, 2011).
2.2 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
No que diz respeito a este princípio constitucional, a Presunção de
Inocência, ela está alicerçada no artigo 5º, inciso LVII da CRFB/88, que dispõe:
Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país ainviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes:[...]LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado desentença penal condenatória; (BRASIL, 1988).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948 da ONU, em seu
artigo XI, nos traz o prisma deste inciso, qual seja:
Artigo XI1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de serpresumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada deacordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sidoasseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948).
15
Tem-se o entendimento que o princípio da presunção de inocência é um
princípio penal, na qual ninguém poderá atribuir culpa a outro indivíduo pela prática
de qualquer crime, sem que ao menos seja julgado por um juiz, garantindo-lhe o
contraditório e ampla defesa. (TAVARES, 2009).
Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves (2012, p.
77) expõem que “apenas quando não forem cabíveis mais recursos contra a
sentença condenatória é que o réu poderá ser considerado culpado”.
Diante disso, é de suma importância salientarmos a opinião de Uadi
Lammêgo Bulos (2010, p. 336) sobre a seguinte premissa:
Se esse enunciado fosse respeitado, na grandiosidade de sua formulaçãoconstitucional, estaria liquidada, no Brasil, a contumeliosa prática da“condenação antecipada”, da “execração pública predatória” e do“denuncisismo institucionalizado”, este último inadmitido pelo SupremoTribunal Federal (STF, HC 84.409/SP, rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes,Clipping do DJ de 19-8-2005).
O enunciado exposto pelo autor nas palavras acima, refere-se ao texto do
inciso LVII do artigo 5º da CRFB/88. Inclusive, ressalta-se ainda que a presunção de
inocência reporta-se tanto aos processos penais, quanto aos processos cíveis e
administrativos. (BULOS, 2010).
Ademais, entende-se que cabe ao Ministério Público, ora Fiscal da Lei,
fazer prova da culpa, visto que, por parte do acusado, tem-se a inocência presumida.
(LENZA, 2012). Assim, tal entendimento vai ao encontro do que diz o Código de
Processo Penal, quando diz em seu artigo 156 que a prova da acusação caberá a
quem fizer, no caso, cabendo então, ao Ministério Público. (BRASIL, 1941)
Assim, é de entendimento que o Fiscal da Lei assume inteiramente seu
papel dentro do Estado Democrático de Direito, qual seja, o de órgão fiscalizador, na
qual recai sobre si o ônus da acusação. (RANGEL. 2007).
Alexandre de Moraes (2014, p. 123) expõe que o princípio da presunção
de inocência é “um dos princípios basilares do Estado de Direito como garantia
processual penal, visando à tutela da liberdade pessoal”. O autor ainda salienta, que
“há necessidade de o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo, que é
constitucionalmente presumido inocente, sob pena de voltarmos ao total arbítrio
estatal”.
16
Com isso, oferece-se ao acusado a prerrogativa de não ser considerado
culpado por um ato delituoso até que haja sentença penal condenatória transitada
em julgado, evitando aplicação errônea de sanções punitivas previstas na lei
(FERRARI, 2012).
Outro sim, Rodrigo César Rebello Pinho (2011, p. 147) recepciona em sua
obra o parecer de que “esse princípio veda, de forma absoluta, no processo penal, a
adoção de institutos como a presunção de culpa em determinadas situações [...]“.
Então, entende-se que, somente quando a situação originária do
processo for absolutamente resolvida, é que deveria então incluir o acusado no rol
de culpados, visto que há a presunção de inocência na forma relativa da não
culpabilidade dos que compõem as figuras dos réus nos processos criminais
condenatórios. (BULOS, 2010).
Tais prerrogativas expostas são embasadas em doutrinadores
constitucionalistas, sendo claramente percebido e compreendido o dever do Estado
em proporcionar ao acusado a garantia da Presunção de Inocência, sem que isto
torne seu estado processual e social mais agravado pela não observância deste
princípio constitucional.
2.3 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: DIMENSÃO INTERNA E
EXTERNA
Após sucinta exposição constitucional de alguns doutrinadores em
relação ao princípio da presunção de inocência, suas peculiaridades e objetivos
chega-se ao ponto de influência e alcance que tal princípio possa sofrer.
Fernando da Costa Tourinho Filho (2008, p. 29), relata claramente que o
conceito de presunção de inocência pode vir de encontro com a situação processual
do acusado. Veja-se:
Claro que a expressão “presunção de inocência” não pode ser interpretadaao pé da letra, literalmente, do contrário os inquéritos e os processos nãoseriam toleráveis, posto não ser possível inquérito ou processo em relação auma pessoa inocente. Sendo o homem presumidamente inocente, suaprisão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória implicariaantecipação da pena, e ninguém pode ser punido antecipadamente, antesde ser definitivamente condenado, a menos que a prisão seja indispensávela título de cautela.
17
O princípio da presunção de inocência, ou não culpabilidade, como já dito,
faz-se entender que seja ele intrínseco ao ser humano, sendo esse seu estado
natural, razão esta que deve ser indispensável que o Estado-acusação evidencie ao
Estado-juiz, através de provas, a culpa do acusado. (NUCCI, 2014).
Segundo entendimento de Aury Lopes Junior (2012, p.239):
A presunção de inocência, enquanto princípio reitor do processo penal deveser maximizada em todas suas nuances, mas especialmente no que serefere à carga da prova [...] e às regras de tratamento do imputado (limites àpublicidade abusiva [estigmatização do imputado] e à limitação do (ab) usodas prisões cautelares).
A presunção de inocência atua em duas dimensões: dimensão interna ao
processo e dimensão externa ao processo, e que de certa forma impõem um dever
de tratamento, mesmo por que se exige que o réu seja tratado como inocente
(LOPES JUNIOR, 2012).
No tocante a dimensão interna do princípio da presunção de inocência,
Allyson George Alves de Castro (2013) traz o entendimento de que a presunção
interna “representa uma regra de tratamento processual ao acusado, pois todos
devem tratá-lo como inocente, até o advento da sentença penal condenatória
transitada em julgado”.
O mesmo autor traz o papel do juiz como de essencial importância para a
aplicabilidade do princípio internamente:
No que se refere ao juiz, este deverá transferir o ônus probatóriointeiramente ao acusador, tendo em vista que no Estado Democrático deDireito não cabe ao cidadão provar a sua inocência. Da mesma forma,quando da gestão das provas, o magistrado deve absolver o acusado nocaso de dúvida sobre a autoria e a materialidade do crime, tendo em vistaque o sistema acusatório veda ao juiz assumir uma postura ativa na buscade elementos probatórios, sob pena de violar a sua imparcialidade.(CASTRO, 2013).
Nesse diapasão, Aury Lopes Junior (2012, p.239), apoia o tocante acima,
demonstrando a seguinte afirmação sobre a dimensão interna da presunção interna:
É um dever de tratamento imposto – primeiramente – ao juiz, determinandoque a carga da prova seja inteiramente do acusador (pois, se o réu éinocente, não precisa provar nada) e que a dúvida conduza inexoravelmenteà absolvição; ainda na dimensão interna, implica severas restrições ao (ab)uso das prisões cautelares (como prender alguém que não foidefinitivamente condenado?).
18
Por conseguinte e finalizando o entendimento desta dimensão, Allyson
George Alves de Castro (2013) exibe que o “referido princípio impede que haja a
utilização arbitrária das prisões processuais, tendo em vista que a regra é a
liberdade, devendo a prisão ocorrer somente depois do transito em julgado da
sentença condenatória”.
Uma vez entendida a dimensão interna deste princípio, passa-se,
portanto, ao entendimento da dimensão externa.
Sobre a dimensão externa do princípio da presunção de inocência, Aury
Lopes Junior (2012, p. 239) assinala que “a presunção de inocência exige uma
proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização (precoce) do réu”.
Ou seja, a presunção de inocência deve ser imposta como verdadeiro
limite democrático contra a banalização midiática que é gerada em torno do fato tido
como crime, englobando assim também o próprio processo judicial. (LOPES
JUNIOR, 2012).
Dimensão externa, nas palavras de Allyson George Alves de Castro
(2013) soa com o seguinte entendimento:
Exige que se ponha um limite na exploração abusiva da imagem doacusado e do fato criminoso, tendo em vista que, o julgamento socialantecipado, e o preconceito em relação ao acusado antes da formação daculpa, acarreta um ônus a ser suportado por ele quando da sua reinserçãona sociedade após o término da instrução processual.
Aury Lopes Junior (2012, p. 239) acrescenta que “O bizarro espetáculo
montado pelo julgamento midiático deve ser coibido pela eficácia da presunção de
inocência”.
Torna-se claro, diante de todo o exposto, que tal princípio constitucional é
essencial à condição do acusado no processo penal, e uma vez estremecido, torna-
se incalculável os prejuízos no processo e na vida do acusado.
Estabelecendo uma relação entre o Princípio da Presunção de Inocência
com o Direito de Comunicação, torna-se necessário vislumbrarmos algumas
liberdades garantidas constitucionalmente, a fim de que seja possível compreender
que tais liberdades não se sobrepõem à Presunção de Inocência, caso contrário,
está-se diante de uma violação ao Devido Processo Legal.
19
2.4 LIBERDADE DE PENSAMENTO, EXPRESSÃO, INFORMAÇÃO E DE
COMUNICAÇÃO.
No que tange tais liberdades previstas em nossa Constituição Federal,
elas se tornam essenciais à prática da democracia, levando a informação aos
cidadãos de todas as formas, seja via televisiva, rádio, mídias sociais, jornais
impressos, etc., e tais liberdades se não bem utilizadas podem se tornar uma arma
às pessoas.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, além de
possuir cláusulas de extrema importância para um correto e democrático convívio
social, traz também entendimentos que concedem tais liberdades, e que se chocam
ao modo que serão expostas a seguir.
No que diz respeito à liberdade de manifestação do pensamento, ela
encontra-se abarcada na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso IV, na
qual expõe o seguinte texto:
Art.5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país ainviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes:[...]IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.(BRASIL, 1988).
O pensamento é intrínseco ao ser humano. Nas palavras de Priscila
Coelho de Barros Almeida (2010), “O pensamento abarca todos os sentimentos do
homem; é aí que ele vai buscar refúgio, e encontrar guarida para sua consciência,
com seus valores, concepções e crenças”.
O direito à informação, segundo definição de Aluízio Ferreira da Silva
(apud BITELLI, 2004, p. 26):
Consiste no direito que “todos os seres humanos têm de obter informaçõesou conhecimentos para satisfazer às suas necessidades de saber,compreender as faculdades de buscar ou procurar e receber informações, oque equivale a afirmar que a pessoa pode estar informada tanto por terpesquisado, como por lhe haver sido dada a informação”.
Tal entendimento do texto constitucional em relação à Liberdade de
Informação não pode ser visto como absoluto, pois em hipótese alguma poderá tal
20
liberdade ferir a quem quer que seja, seja materialmente ou moralmente (BULOS,
2010).
Segundo Rodrigo César Rebello Pinho (2011, p. 114):
O pensamento, em si, é absolutamente livre. Ninguém possui condições decontrolá-lo, de conhecer o que, de certo ou errado, passa pela mente de umser humano. Está absolutamente fora do poder social. O pensamentopertence ao próprio indivíduo, é uma questão de foro íntimo. A tutelaconstitucional surge no momento em que ele é exteriorizado com a suamanifestação. Se o pensamento, em si, é absolutamente livre, suamanifestação já não pode ser feita de forma descontrolada, pois o abusodesse direito é passível de punição.
No tocante ao anonimato presente no texto do inciso IV do artigo 5º, a
Constituição Federal de 1988 o veda, justamente, pois, em uma sociedade
democrática, a liberdade dada pelo legislador constituinte gera um dever de
responsabilidade pela manifestação dada, até o limite em que tal liberdade fira os
direitos de outrem. A vedação tem por fundamento evitar que eventuais
responsáveis sejam identificados perante uma violação de algumas das garantias
fundamentais. (MARCO CIVIL DA INTERNET, 2015).
Uma vez entendido tal direito, passa-se ao tema da liberdade de
expressão. A Carta Magna, no título correspondente aos direitos e garantias
fundamentais, também traz o entendimento sobre a liberdade de expressão e, que
diz:
Art.5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país ainviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes:[...]IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e decomunicação, independentemente de censura ou licença; (BRASIL, 1988).
Entende-se que liberdade de expressão deriva-se da liberdade de
pensamento. É a forma de manifestação da palavra, da imagem, da escrita, a par de
outras manifestações. (MIRANDA, 1998).
A doutrina de Edilsom Farias, de nome Liberdade de Expressão e
Comunicação (2004, p. 55) nos brinda com o entendimento que “a liberdade de
expressão, por ter conteúdo subjetivo e abstrato, não se encontra submetida ao
limite interno da verdade”.
21
Segundo André Ramos Tavares (2009, p. 593, grifo do autor) “há na
doutrina brasileira uma patente imprecisão do real significado e abrangência da
locução liberdade de expressão”. O autor coloca parte desta responsabilidade sob
os constituintes, por talvez terem pulverizado, conscientemente ou não,
manifestações distintas de uma mesma e possível liberdade de expressão, visto ao
texto de diversos incisos do art. 5º da CF de 1988. (TAVARES, 2009).
Para melhor compreender o anunciado acima, há de se entender que a
liberdade de expressão encontra limites na própria Constituição Federal, não sendo
assim um direito absoluto. (BULOS, 2008).
Colhe-se o seguinte entendimento sobre liberdade de expressão
(EMBAIXADA DOS ESTADOS UNIDOS, 2015):
A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não é absoluto, enão pode ser usado para justificar a violência, a difamação, a calúnia, asubversão ou a obscenidade. As democracias consolidadas geralmenterequerem um alto grau de ameaça para justificar a proibição da liberdade deexpressão que possa incitar à violência, a caluniar a reputação de outros, aderrubar um governo constitucional ou a promover um comportamentolicencioso. A maioria das democracias também proíbe a expressão queincita ao ódio racial ou étnico.
Nas palavras de André Ramos Tavares (2009, p. 593, grifo do autor) o
dito acima:
Serve para agravar o problema o uso da locução liberdade de expressão noinciso IX desse mesmo artigo: “é livre a expressão da atividade intelectual,artística, científica e de comunicação, independentemente de censura oulicença”, o que deixa transparecer que a liberdade de expressão seria direitode natureza diversa, v. g., do direito à manifestação do pensamento, o qualtem como lastro o inciso IV do art. 5º da C.F.
Vidal Serrano Nunes (apud TAVARES, 2009, p. 593), entende que a
liberdade de expressão volta-se “para a exteriorização de sensações, tais como a
música, a pintura, a manifestação teatral, a fotografia etc.”. Assim, é através da
expressão que é exteriorizado a criatividade, sensações, pensamentos, conceitos.
(TAVARES, 2009).
Corrobora com este entendimento José Afonso da Silva, (apud
TAVARES, 2009, p. 594) onde menciona que tal liberdade de expressão “trata-se de
liberdade de conteúdo intelectual e supõe o contacto [sic] do indivíduo com seus
semelhantes”.
22
A Percepção sobre o conceito de liberdade de expressão vem de
encontro a outros direitos constitucionais, como por exemplo, o inciso X do artigo 5º,
que demonstra ser inviolável a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação. (BRASIL, 1988).
Diante disso encontra-se aqui um limite à liberdade de expressão, tendo
em vista que a liberdade de se expressar acaba quando este viola a garantia
constitucional de outrem.
No que diz respeito a liberdade de informação, como nos outros direitos,
também está amparada na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º inciso
XIV, que expressa que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. (BRASIL, 1988).
Neste sentido, Alexandre de Moraes (2014, p. 868) nos brinda com o
entendimento de que:
O direito de receber informações verdadeiras é um direito de liberdade ecaracteriza-se essencialmente por estar dirigido a todos os cidadãos,independentemente da raça, credo ou convicção político-filosófica, com afinalidade de fornecimento de subsídios para a formação de convicçõesrelativas a assuntos públicos.
Destaca-se ainda que, Jean François Revel (apud MORAES, 2014, p.
868) faz uma distinção deveras importante entre a livre manifestação de
pensamento, já abordada no capítulo, com o direito de informar: “a primeira deve ser
reconhecida inclusive aos mentirosos e loucos, enquanto o segundo,
diferentemente, deve ser objetivo, proporcionando informação exata e séria”.
Para complementar tal entendimento ao acesso à informação, reza ainda
o texto do artigo 5º, inciso XXXIII que:
Todos tem direito a receber dos órgãos púbicos informações de seuinteresse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadasno prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujosigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. (BRASIL,1988)
O acesso à informação é regulado pela lei 12.527 de 2011, onde traz em
seu texto os órgãos que são subordinados a ela. Veja-se:
23
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelaUnião, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir oacesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do §3º do art. 37e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos PoderesExecutivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e doMinistério Público;II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, associedades de economia mista e demais entidades controladas direta ouindiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. (BRASIL,2011).
A liberdade de informação trata-se de um direito individual presente na
Constituição Federal de 1988, na qual pode ser entendido como a procura, o
recebimento e o acesso à informação, seja por qualquer meio, porém sem
dependência de censura, na qual cada indivíduo arcará pelos abusos que surgirem
através de tal liberdade. (SILVA, 2005).
Após breves exposições, adentra-se a outro tópico de suma importância
ao presente trabalho, qual seja a liberdade de informação jornalística, tido como a
Liberdade de Imprensa, presente na Lei Maior de 1988 do mesmo modo que as
liberdades tratadas anteriormente. A liberdade de imprensa encontra-se amparada
no capítulo que trata sobre a comunicação social, nos artigos 220 a 224. (BRASIL,
1988).
O artigo 220 do presente capítulo da Constituição Federal de 1988, traz o
entendimento de que “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.” (BRASIL, 1988).
No que diz respeito ao artigo supracitado, Marcos Alberto Sant’Anna Bitelli
(2004, p. 190) apresenta o entendimento de que:
O art. 220 inserido no capítulo da comunicação social é uma explicitação deum direito de difundir, sob algumas reservas, o exercício das prerrogativasfundamentais previstas no art. 5.º, IX, da mesma Constituição, que asseguraindividual e coletivamente a liberdade de expressão da atividade intelectual,artística, científica e de comunicação, sem qualquer censura ou licença.Esse direito de liberdade de expressão, por seu turno, advém da liberdadede manifestação do pensamento constante do inc. IV do mesmo art. 5.º -que se materializa num direito de comunicação.
O capítulo referente à liberdade de comunicação social, mais
precisamente o texto presente no artigo 220, da CRFB/88 é uma consequência no
texto previsto no artigo 5º, inciso IX, na qual se destina à liberdade de expressão da
24
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente da
censura ou licença. (MORAES, 2014).
Para Uadi Lammêgo Bulos, (2010, p. 683) este capítulo da comunicação
social “é fruto do momento e que a constituição foi elaborada. O país estava saindo
da ditadura, donde proveio o esforço de garantir, ao máximo, as liberdades de
imprensa, informação, criação artística etc.”.
Segundo Jorge Miranda (apud MORAES, 2014, p. 895), ao escrever
sobre comunicação social em seu livro, traz o entendimento que:
O que se pretende proteger nesse novo capítulo é o meio pelo qual o direitoindividual constitucionalmente garantido será difundido, por intermédio dosmeios de comunicação em massa. Essas normas, apesar de não seconfundirem, complementam-se, pois a liberdade de comunicação socialrefere-se aos meios específicos de comunicação.
A liberdade de informação jornalística é compreendida pelo direito de
informar e o direito do cidadão em ser informado. (PINHO, 2011 p. 118). Faz-se
necessário entender que, apesar da liberdade ser declarada pelo texto
constitucional, o próprio texto, nos parágrafos seguintes, engloba limites à prática de
comunicação social. (BRASIL, 1988).
Esta garantia constitucional, para o Rodrigo César Rebello Pinho, (2011,
p. 117), pode-se dar por diversas formas, porém, deixa expresso em sua obra o
seguinte cuidado:
Contudo, nas expressões artísticas feitas pelos veículos de comunicaçãosocial (imprensa, rádio e televisão) ou de forma pública (cinemas, teatros,casas de espetáculos), que atingem pessoas indeterminadas, a Constituiçãoadmite certas formas de controle. Tratando-se de diversões e espetáculospúblicos, o Poder Público poderá estabelecer faixas etárias recomendadas,locais e horários para a apresentação. Ao mesmo tempo, lei federal deveráestabelecer meios para que qualquer pessoa ou família possa defender-sede programações de rádio e televisão que atentem contra os valores éticosvigentes [...].
Tal entendimento embasa-se nos textos dos parágrafos do artigo 220, da
CRFB/88, que trazem os limites da liberdade. Nas palavras de Rodrigo César
Rebello Pinho, (2011, p. 118), “a liberdade de informação jornalística deve ser
exercida de forma compatível com a tutela constitucional da intimidade e da honra
das pessoas, evitando situações de abuso ao direito de informação previsto na
Constituição.”.
25
Assim, necessita-se observar o poder informativo viabilizado pela
comunicação e o dever de atentar às regras fundamentais em relação ao poder-
dever de informar o cidadão. (BITELLI, 2004).
Em relação à violação dos limites impostos pela nossa Constituição
Federal de 1988, há que se falar da responsabilidade civil ocasionada quando se
viola os direitos inerentes à pessoa. Como forma de concretizar o exposto, cabe aqui
colacionar o entendimento da 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça
de São Paulo sobre o assunto:
RESPONSABILIDADE CIVIL. LIBERDADE. IMPRENSA. Pretensão daautora à indenização por danos morais decorrentes de ofensa pelaimputação de crime ambiental. Fatos negados pela autora. 1. MECANISMOCONSTITUCIONAL DE CALIBRAÇÃO DE PRINCÍPIOS. A ConstituiçãoFederal garante a liberdade de imprensa (art. 220, da ConstituiçãoFederal) e consequentemente o direito à informação. Entretanto, aConstituição Federal também garantiu a indenização por dano material,moral ou à imagem (art. 5º, inc. V) e considerou invioláveis a vidaprivada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, inc. X). Houve,portanto, a imposição de limite à plena liberdade de imprensa. O exercíciodeste direito, previsto na Constituição, não pode violar direitosfundamentais igualmente estabelecidos na Constituição. 2. A ré,valendo-se do direito à manifestação livre do pensamento e da informação,não poderia violar a honra da autora ao imputar a ela a prática de crimeambiental. 3. Se houve como alegou a ré, investigação conduzida porjornalistas durante quatro meses, os dados dessa investigação deveriam tersido trazidos aos autos a fim de que fosse comprovado o indicativo decometimento de crime pela autora. No entanto, esta prova essencial não foitrazida aos autos. Nenhum dado da investigação foi trazido aos autos a fimde que fosse comprovada a veracidade da informação divulgada, o queconfirma, portanto, o ato ilícito cometido pela ré. Valor de indenizaçãocorretamente fixado. Sentença de procedência do pedido mantida. Recursonão provido. (SÃO PAULO, 2014, grifo nosso).
É límpido o entendimento do julgado acima quando percebido a ofensa à
violação do artigo 5º, inciso X da Constituição Federal de 1988. Guinther Spode
(apud BITELLI, 2004, p. 192) evidencia “não serem raras as situações em que a
liberdade de comunicação conflita com outros valores igualmente erigidos ao
patamar de direito fundamental”.
Assim como no julgado, limitações são impostas em face dos princípios
fundamentais. Como exemplo pode-se expor o texto do art. 1º da CF/88, o princípio
da dignidade da pessoa humana, pois possui imensa importância em nosso
ordenamento jurídico, aonde vem preceder intrinsecamente todo o texto
constitucional, a fim de que tal princípio seja considerado uma das maiores e mais
importantes garantias do ordenamento jurídico brasileiro. (BRASIL, 1988).
26
Realizada a análise das garantias fundamentais sob a égide da
Constituição Federal de 1988, juntamente com a apresentação de explicações a
alguns princípios e garantias concedidas aos cidadãos brasileiros, é relevante que
se faça um breve estudo quanto à atividade midiática na sociedade, tamanha sua
influência na difusão da informação, trazendo seu contexto histórico no Brasil, os
tipos de mídias existentes, bem como o seu papel na divulgação da informação e o
sensacionalismo existente na difusão de algumas notícias, sendo após isso
apresentado alguns exemplos de manchetes sensacionalistas, a fim de que possa
compreender o objetivo do presente trabalho.
27
3 A ATIVIDADE MIDIÁTICA NA SOCIEDADE
Para uma melhor compreensão do presente trabalho faz-se necessário
apresentar a evolução histórica da mídia na sociedade brasileira. De fato é nítida
sua importância na sociedade na difusão das informações e na formação da opinião
pública, visto seu vasto alcance e os diversos tipos de propagação da informação.
Ela tornou a sociedade atualizada perante os fatos e acontecimentos, contribuindo
para o desenvolvimento intelectual e social dos indivíduos.
Neste sentido, far-se-á um exame de sua evolução histórica junto à
sociedade, sendo levantadas informações a fim de se compreender sua evolução à
sua utilidade, bem como será demonstrado às espécies de mídia existentes no
Brasil. Torna-se evidente que, devido à globalização e evolução tecnológica, a
difusão da informação ao leitor tornou-se ainda mais eficiente, sendo possível buscá-
la através de um jornal ou de um simples toque em um celular.
Além disto, será analisado também qual o papel da mídia nas divulgações
de uma notícia, sendo apresentado o real intuito de sua importância perante a
sociedade.
3.1 A HISTÓRIA DA MÍDIA NO BRASIL
Adentrando ao tema do capítulo, é de entendimento para alguns autores
que a imprensa no Brasil teve seu nascimento de forma tardia. Segundo Marialva
Barbosa (2010, p. 19), “[...] procura-se justificar as razões desse atraso em função
de fatores culturais, econômicos e políticos que teriam retardado o início da
imprensa no Brasil.”.
Segundo extrai-se do site da Associação Nacional de Jornais (2015), tal
entendimento ocasiona:
[...] um legado de analfabetismo e concentração da renda que, sentidos atéhoje, significaram condicionantes da evolução da imprensa brasileira aoimpedir que o público leitor nacional atingisse o percentual registrado empaíses com economia de porte semelhante ou maior.
Até que ocorresse a chegada de D. João VI ao Brasil, a administração
colonial portuguesa impedia toda e qualquer atividade tipográfica e jornalística, o
que ocasionou o atraso de três séculos na inauguração da imprensa no Brasil.
28
(BAHIA, 1990). Antes de 1808, todas as máquinas de impressão gráfica que
adentravam no Brasil eram destruídas e os seus donos processados, ocasionando-
se assim o imenso atraso na educação da população e nas difusões de ideias.
(MAMELUCO, 2015a).
O surgimento da imprensa no Brasil se deu através da criação da
Imprensa Régia, na data de 13 de maio de 1808, no estado do Rio de Janeiro. A
criação ocorreu após a chegada de D. João VI ao Brasil, que veio a constituir uma
atividade administrativa para a corte portuguesa, que chegara junto com ele.
(BARBOSA, 2010).
Esta atividade administrativa competia a uma junta, e a ela era atribuída a
gerência da atividade, como também o exame e fiscalização dos papeis e livros que
viessem a ser publicados, para que nada viesse a ser impresso contra alguns temas,
como a religião, o governo e os bons costumes. (SODRÉ, 2011).
Através desta oficina, começou-se a circular no dia 10 de setembro de
1808, portanto quatro meses após a implantação da imprensa Régia no Brasil, a
Gazeta do Rio de Janeiro. (BARBOSA, 2010).
Nelson Werneck Sodré (2011, p. 41) traz o conteúdo deste primeiro
número da Gazeta do Rio de Janeiro:
Era um pobre papel impresso, preocupado quase que tão somente com oque se passava na Europa, de quatro páginas in 4º, poucas vezes mais,semanal de inicio, tri-semanal [sic], depois, custando a assinatura semestral3$800, e 80 réis o número avulso, encontrado na loja de Paul Martin Filho,mercador de livros.
John Armitage (apud SODRÉ, 2011, p. 42) também expressa o conteúdo
da Gazeta do Rio de Janeiro à época:
Por meio dela só se informava ao público, com toda a fidelidade, do estadode saúde de todos os príncipes da Europa e, de quando em quando, assuas páginas eram ilustradas com alguns documentos de ofício, noticias dosdias natalícios, odes e panegíricos da família reinante. Não se manchavamestas páginas com as efervescências da democracia, nem com a exposiçãode agravos. A julgar-se do Brasil pelo seu único periódico, devia serconsiderado um paraíso terrestre, onde nunca se tinha expressado um sóqueixume.
Há, porém, neste período, uma controvérsia em relação ao precursor da
imprensa no Brasil. Em 13 de maio de 1808 surgiu a Imprensa Régia, que em 10 de
29
setembro colocou em circulação o primeiro jornal no Brasil, a Gazeta do Rio de
Janeiro. (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS, 2015). Já em 1º de junho de
1808, é lançado em Londres, por Hipólito da Costa, o Correio Brasiliense, tendo seu
primeiro exemplar circulado no Rio de Janeiro em outubro do mesmo ano. (BAHIA,
1990).
Nelson Werneck Sodré (2011, p. 43) traz a justificativa de Hipólito da
Costa em fazer seu jornal em terras estrangeiras:
Resolvi lançar esta publicação na capital inglesa dada a dificuldade depublicar obras periódicas, no Brasil, já pela censura prévia, já pelos perigosa que os redatores se exporiam, falando livremente das ações dos homenspoderosos.
John Armitage (apud BAHIA, 1990, p. 24) notara que as diferenças nos
jornais iam além das datas de surgimento. Armitage expunha que “o Brasil visto pela
Gazeta “deveria ser considerado como paraíso terrestre, onde nunca se tinha
expressado nenhum queixume”. O Correio, ao contrário, questiona essa falsa
realidade”.
Mensalmente, o jornal de Hipólito reunia em suas páginas questões
importantes, que afetavam a Inglaterra, Portugal e o Brasil. (SODRÉ, 2011).
Contudo, à época, era considerado o Correio Brasiliense como o principal periódico
tido como maldito pelos olhos da Corte Portuguesa, devido às criticas que eram
realizadas ao regime da época. (BARBOSA, 2010).
Diante disto, Juarez Bahia (1990, p. 25) diz sobre o Correio Brasiliense:
O jornal é proibido, apreendido, censurado, processado. Não só no Brasil.Em Portugal a leitura do Correio Brasiliense é violação da lei. Aadministração do Reino edita avisos e mobiliza a polícia para impedir a suacirculação, [...] alcança as províncias e ostenta uma influência e umprestígio significativos.
Juarez Bahia (1990, p. 21) expõe que a chegada da corte portuguesa “é
provavelmente o principal ato da fase final da desintegração do velho sistema
colonial, suscetível, por isso mesmo, de desencadear ações renovadoras que vão
permitir a autonomia nacional”.
Após o surgimento da Imprensa Régia, outros jornais começaram a surgir.
Alguns anos depois da Gazeta do Rio de Janeiro, por exemplo, surge um novo
30
periódico no Brasil de nome “A Idade d’ouro do Brasil” em 1811, na capital baiana.
Único periódico na cidade até 1820. (BARBOSA, 2010).
3.1.1 Das Revoluções à Independência
Já na época em que antecedia a independência, é de entendimento de
Juarez Bahia (1990, p. 29) que “às vésperas da Independência o papel
desempenhado por Hipólito da Costa já é reconhecido como fundamental para a
renovação política do país. O jornal editado em Londres abre caminho para a
história [...]”.
Em 18 de junho de 1822, D. Pedro, ora Regente da época, elaborou um
decreto contra os abusos da imprensa. O decreto permaneceu em vigor até 1823,
onde passou a vigorar um projeto de lei que tratava da liberdade de imprensa, que
viera a ser alcançada, de certa forma, na promulgação da Constituição de 1824.
(BARBOSA, 2010). Em 7 de Setembro daquele ano, proclama então a
Independência do Brasil de Portugal. (MAMELUCO, 2015b).
Juarez Bahia (1990, p. 35) expõe que “A imprensa é o elemento que
faltava na composição de forças, de anseios e de aspirações voltados para a
independência, para um ato de afirmação da autonomia”.
Após a Independência Brasileira de Portugal, surge no ano de 1824 a
primeira Constituição Brasileira, que viera a ser outorgada por D. Pedro I. Ela trouxe
em seu texto o entendimento sobre a liberdade de imprensa como norma, porém
juntamente com algumas limitações, para inibir o governo de aplicar restrições e
represálias à liberdade. (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS, 2015).
Resgata-se então, ipsis litteris, o texto da primeira constituição Brasileira,
datada de 25 de março de 1824 que fora promulgada à época, em que traz, entre
ressalvas, a liberdade de imprensa:
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos CidadãosBrazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e apropriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneiraseguinte.[...]IV. Todos podem communicar os seus pensamentos, por palavras,escriptos, e publical-os pela Imprensa, sem dependencia de censura; comtanto que hajam de responder pelos abusos, que commetterem no exerciciodeste Direito, nos casos, e pela fórma, que a Lei determinar. (BRASIL,1824).
31
Após este grande passo, Marco Morel (apud BARBOSA, 2010, p. 56)
mostra o seguinte:
Num interessante estudo, [...] mostra como a imprensa entre 1820-1840 éusada como fonte e produção de um tipo de imagem no qual tempreponderância um vocabulário em que emerge, [...], uma espécie de“zoologia política”.
Sempre seguindo seus ideais, passou-se à imprensa por sua segunda
fase de história, que começa em 1880. Foi perceptível a modernização desta
indústria tipográfica, e Juarez Bahia (1990, p. 105) expõe que “a tipografia perde o
seu caráter artesanal para situar-se numa linha de produção que exige
aparelhamento técnico e manipulação competente”. A imprensa ainda lutara contra o
atraso tecnológico que dela mesma se decorre, posto visto o atraso de três séculos
no seu surgimento. (BAHIA, 1990).
3.1.2 A imprensa na passagem de Monarquia à Proclamação da República, omovimento Abolicionista e a virada do século XIX
A imprensa, ao final dos anos de 1880 começa a dar seus primeiros
passos, assumindo uma nova forma. Gradativamente o Brasil passou a criar um
púbico letrado, onde os periódicos passaram a circular durante décadas por todo o
país. Em Rio de Janeiro e São Paulo, passasse a encontrar um número maior de
tipografias, aonde é possível perceber que outros impressos passam a ser
produzidos, o que, com o aperfeiçoamento dos sistemas de transporte e correios,
permite-se uma melhor distribuição dos periódicos à época. (BARBOSA, 2010).
Neste diapasão, é de entendimento de Juarez Bahia (1990, p. 108), em
relação às mudanças desta época:
O desenvolvimento do jornalismo no período que abrange o fim da primeirae o começo da segunda fase absorve as profundas mudanças econômicasque vive o país na passagem do Império para a República. A economiaassinala, então, duas transições: uma, para o trabalho assalariado e, outra,para um sistema industrial.
Do mesmo modo que se modernizam, há uma fundamental diferença
entre a imprensa da época da Independência e a imprensa à época da Abolição e da
32
República. As ideias e a consciência nacional crescem e se refletem na imprensa,
onde tudo se transforma. (BAHIA, 1990).
Marialva Barbosa (2010, p. 121) expõe as novas características à época
destes novos periódicos:
Cria-se, no Rio de Janeiro, desde os anos de 1880, e com mais intensidadea partir da década seguinte, um novo jornalismo que muda o padrãoeditorial das publicações. Agora, os textos pretendem, sobretudo, informar,com isenção, neutralidade, imparcialidade e veracidade, sobre a realidade.E esses objetivos se repetem nos periódicos.
Esta grande transformação que o jornalismo alcançou observa-se também
em relação à impressão dos periódicos, pois surgiram nesta época técnicas
inovadoras, que fizeram com que os jornais passassem a apresentar ilustrações e
fotos, sem contar que o tempo de produção de um periódico diminuiu em relação ao
início do século XIX em que surgira a imprensa. (BARBOSA, 2010).
Segundo Juarez Bahia (1990, p. 120), “esses anos iniciais da República,
contudo, não se esgotam nas barreiras à liberdade de imprensa [...]”. A nova
constituição promulgada em 24 de fevereiro de1891 não trouxe avanços em relação
à liberdade, o que era esperado, visto todo aprimoramento e atualização que esta
indústria alcançou. (BRASIL, 1891).
Nelson Werneck Sodré (2011, p. 405), ao finalizar os estudos sobre a
imprensa ao final do século XIX, expõe o seguinte:
A imprensa, no início do século, havia conquistado o seu lugar definido asua função, provocado a divisão do trabalho em seu setor específico,atraído capitais. Significava muito por si mesma, e refletia, mal ou bem, asalterações que, iniciadas nos dois últimos decênios do século XIX, estavammais ou menos definidas nos primeiros anos do século XX.
Os jornais, ao iniciar o século XX, começam a dar mais ênfase aos
noticiários e as reportagens, ao invés de enfatizarem artigos. Jovens intelectuais
puderam começar sua vida jornalística ao passo que escreviam na imprensa, pois
isso possibilitava seu reconhecimento, distinguindo-se dos demais na sociedade.
(BARBOSA, 2010).
33
3.1.3 O século XX e a Imprensa
Nelson Werneck Sodré (2011, p. 405) aduz a seguinte afirmação sobre a
importância da virada do século para a imprensa. Veja-se:
A passagem do século, assim, assinala, no Brasil, a transição de pequena àgrande imprensa. Os pequenos jornais, de estrutura simples, as folhastipográficas, cedem lugar às empresas jornalísticas, com estruturaespecífica, dotadas de equipamento gráfico necessário ao exercício de suafunção. Se é, assim, afetado o plano da produção, o da circulação tambémo é, alterando-se as relações do jornal com o anunciante, com a política,com os leitores. Essa transição começara antes do fim do século,naturalmente, quando se esboçara, mas fica bem marcada quando se abrea nova centúria.
O século se abre para a imprensa com a ciência que a sua prioridade é a
notícia. O espaço utilizado para publicações são revistos para melhor utilizar seus
folhetins. (BAHIA, 1990).
Juarez Bahia (1990, p. 131) ainda relata sobre a questão das publicações
à época:
A informação diária se populariza com a divulgação do sorteio dos bichos, apublicação de folhetins, o destaque aos eventos policiais e esportivos;porém há algo mais que os leitores esperam, como o relato político menosengajado, a visão ampla do que acontece no exterior, e, sobretudo, aincorporação à pauta das ocorrências locais.
Marialva Barbosa (2007, p. 22) exterioriza algumas das transformações à
época com o surgimento da tecnologia na Imprensa:
Também os periódicos mais importantes da cidade implantam outrosartefatos tecnológicos que mudam significativamente a maneira como seproduzem jornais: máquinas linotipos capazes de substituir o trabalho de até12 das antigas composições manuais; máquinas de imprimir capazes de“vomitar” de 10 a 20 mil exemplares por hora; máquinas de fotografarcapazes de reproduzir em imagens o que antes apenas podia ser descrito;métodos fotoquímicos que permitem a publicação de clichês em cores. Osperiódicos transformam gradativamente seus modos de produção e odiscurso com que se auto-referenciam [sic]. Passam a ser cada vez maisícones da modernidade, numa cidade que quer ser símbolo de um novotempo.
Nelson Werneck Sodré (2011, p. 413) também traz uma síntese da
imprensa à época:
34
O equipamento dos jornais acompanhava a etapa empresarial; os velhosequipamentos eram encontrados ou vendidos a folhas do interior. É difícilacompanhar a evolução do equipamento da fase empresarial, todo deimportação. A Impressão Régia fora organizada à base de rudimentaresimpressoras de madeira, compradas na Inglaterra por 100 libras esterlinas;só em 1845 tivera prelo mecânico para atender as impressoras francesas einglesas que possuía; o reequipamento de 1877 ficara em menos de 111contos de réis; só em 1889, com a República, recebera a Active, deMarinoni, e duas Alauzet, uma das quais podia imprimir 64 páginas de umasó vez; em 1894, tinha quatro motores, que acionavam 10 Alauzet e 7Marinoni; só em 1902 recebeu a primeira rotativa e, logo em seguida, maisduas, que rodavam 15 000 exemplares em uma hora. Os jornais contavamcom equipamento mais moderno, embora menos numeroso; em 1911,entrava, no Brasil, o prelo Koenig; dois anos depois, o Werk-Augsburg.
Notas sensacionalistas passam a tomar conta das principais páginas dos
periódicos desde 1910. Deixam-se de lado as discussões políticas e passa-se a
expor os horrores cotidianos em suas manchetes. (BARBOSA, 2007).
Juarez Bahia (1990, p. 131-132) diz que “é no curso da I Guerra Mundial
que a imprensa assimila os efeitos e profundas mudanças na sociedade e nas
relações dos povos com o sistema de comunicação de massa”.
A I Grande Guerra tem início em 28 de julho de 1914, porém, no Brasil,
passa a ocupar uma maior atenção dos jornais somente na fase final. (BAHIA,
1990). Segundo Juarez Bahia (1990, p. 135), “Os jornais dividem a cobertura do
conflito mundial e de suas consequências nas relações internacionais com temas
que antecedem ou se desdobram a ele [...]”.
É de 1910 a 1920 que os avanços em relação às transformações são
mais visíveis nos conteúdos e produções de periódicos à época. Isto continuaria se
aperfeiçoando com o passar dos anos. (BAHIA, 1990).
A imprensa passava por um processo de transformação urbana, devido
ao crescimento demográfico significativo de domicílios e prédios na cidade. Em meio
a mutações políticas, tecnológicas e econômicas, a imprensa dependia de favores
oficiais a fim de garantir a sobrevivência dos seus periódicos. (BARBOSA, 2007).
Esta época foi de grandes transformações. Surge então, em 20 de abril
de 1923, entra no ar a primeira emissora brasileira de rádio, a Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro, marcando a expansão editorial em todo o Brasil. O povo lotava as
ruas a fim de ouvir nos alto-falantes espalhados pela cidade o som que
revolucionara a nova era da comunicação. O precursor do rádio no Brasil, Roquete
Pinto, mencionava ser o rádio um livro falado, que levava para todos os ouvintes a
educação, ensino e alegria. (BAHIA, 1990).
35
Em meados de 1930, inicia-se o período conhecido como a Era Vargas,
período em que os jornais têm sua liberdade cerceada pela ação da censura. Tem-
se aqui o que fora conhecido como Estado-Novo, que engloba todas as mudanças
ocasionadas entre os anos de 1930 a 1945. (BARBOSA, 2007).
Corroborando com o mesmo entendimento, Juarez Bahia (1990, p. 208)
expõe que “a censura se abate sobre o país no contexto de um Estado policial,
totalitário. Não só a imprensa é vítima, mas também toda a nação é ofendida pela
ditadura”.
A Constituição Federal de 1937, promulgada por Getúlio Vargas, trazia
assim o entendimento de liberdade de imprensa:
Art. 122 - A Constituição assegura aos brasileiros e estrangeiros residentesno País o direito à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nostermos seguintes:[...]15) todo cidadão tem o direito de manifestar o seu pensamento, oralmente,ou por escrito, impresso ou por imagens, mediante as condições e noslimites prescritos em lei.A lei pode prescrever:a) com o fim de garantir a paz, a ordem e a segurança pública, a censuraprévia da imprensa, do teatro, do cinematógrafo, da radiodifusão,facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou arepresentação;[...] (BRASIL, 1937).
Nelson Werneck Sodré (2011, p. 558) traz em sua doutrina o
entendimento dos órgãos que regularão a censura no Brasil. Assim dispõe:
A ditadura criou órgão específico, o Departamento de Imprensa ePropaganda, [...], segundo o modelo nazista; o famigerado DIP controlava aimprensa e o rádio e baixava lista de assuntos proibidos. Nos estados,foram instalados os Departamentos Estaduais de Imprensa, DEI, que faziamo mesmo serviço.
Através do texto constitucional supracitado, pelo Departamento de
Imprensa e Propaganda (criado em 1939) e também suas ramificações, tem-se um
controle autoritário da informação. Tal organização dava ao governo o monopólio da
informação, e a estes cabiam o controle da cultura nacional. (SANTANA, 2015).
Mediante todo exposto, Marialva Barbosa (2007, p. 112) expressa que,
“Apesar dessas ingerências, a imprensa, de maneira geral, se alinha ao ideário do
Estado Novo”. Independentemente do ocorrido em relação à censura, restava para a
36
imprensa à época o recurso da clandestinidade, que fora muito usado. (SODRÉ,
2011).
Com a proximidade do fim da II Guerra Mundial, e vendo que os objetivos
antes impostos ao DIP tornara-se inexigíveis, visível foi a crescente pressão popular
pelo fim dos órgãos cerceadores da liberdade, que fora criado durante o Estado
Novo. Isto levou à extinção dos Departamentos de Imprensa e Propaganda no ano
de 1945. (ARAÚJO. 2015).
O período entre 1945 a 1964 foi de transição do Brasil e de sua imprensa,
segundo a Associação Nacional de Jornal. Tinha-se nesta fase certa liberdade, e o
número de jornais e revistas crescera, e em contrapartida, a televisão surgia entre
esta fase de transição, entretanto, o jornal continuara sendo o meio de comunicação
mais utilizado, seguido do rádio. (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAL, 2015).
O Golpe Militar de 1964 e a censura à imprensa se instalariam na década
de 60. Nelson Werneck Sodré (2011, p. 636) assim dita o que acontecia:
Logo nos primeiros dias, começou a destruição de qualquer resistência naimprensa: Última hora foi invadida e depredada; os jornais e revistasnacionalistas ou esquerdistas foram fechados; instaurou-se rigorosíssimacensura no rádio e na televisão; numerosos jornalistas foram presos,torturados, exilados, e alguns tiveram seus direitos políticos cassados; [...].
O Golpe militar atentou à liberdade de imprensa nacional. Este movimento
militar gerou transformações abruptas no país, tendo como apoio grande maioria da
imprensa, juntamente com uma grande parcela da população, e pelos detentores de
cargos eletivos. (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAL. 2015).
Durante este processo, houve uma preocupação em relação à divulgação
que a imprensa poderia expor à sociedade, tendo sido criado então, em 1964, o
Serviço Nacional de Informações – SNI, na qual geria e coordenaria as atividades de
informações e contrainformações, sendo esse órgão ligado à Presidência da
República, da mesma forma, seria usufruído em proveito do Presidente e do
Conselho de Segurança Nacional. (BRASIL, 2015).
É com Ernesto Geisel, em 1974, que se anunciava uma lenta, gradativa e
segura distensão ao regime militar. Ainda continuaram de certa forma, os atentados
aos direitos humanos, e a liberdade de imprensa na época. (ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE JORNAIS, 2015).
37
Por conseguinte, Juarez Bahia (1990, p. 434) diz que, ”o desenvolvimento
industrial do jornalismo atinge nos anos 80 o seu vértice e abrange os principais
meios impressos; dos jornais e revistas à edição de livros e artigos comerciais”.
No ano de 1988 ocorreu a promulgação da atual Carta Magna vigente, e
eis que nesta tem-se consolidado o princípio da liberdade de imprensa como em
nenhuma outra constituição anterior. (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS,
2015).
A Liberdade de Imprensa, tanto buscada pela mídia desde o primeiro
instante, encontra-se exibida no atual texto constitucional de 1988, em um capítulo
específico relacionado à comunicação social (art. 220 a 224), No que diz respeito à
liberdade de imprensa, o parágrafo 1º e o 2º do artigo 220 expressam o seguinte:
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e ainformação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquerrestrição, observado o disposto nesta Constituição.§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço àplena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo decomunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica eartística. (BRASIL, 1988).
Já na década de 90, tem-se o momento em que a cultura da comunicação
passa adquirir forma. As mudanças históricas à época, como nas relações sociais e
nas representações do indivíduo e da coletividade, entre outros, conduziram todos
os efeitos que foram fundamentais à comunicação. (BARBOSA, 2007).
Juarez Bahia (1990, p. 436), finalizando seu entendimento da imprensa
nesta época, é enfático em dizer:
A renovação das técnicas da imprensa, a industrialização do país, aconquista de mercados externos, a renovação dos meios de produçãotécnico-científica, estimulam o crescimento dos jornais e o seu caráter deinvestimento empresarial. A imprensa desde então amplia a sua presençana sociedade.
Tem-se agora, uma nova virada de século. A busca pela preferência do
cidadão brasileiro intensificou-se. Em meio às novas mídias disponibilizadas, como
TV por assinatura e a internet, o cidadão há de ir atrás das fontes que mais o agrada
em pleno século XXI. (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS, 2015).
38
Cabe então, analisar a seguir, os tipos de mídias que podem ser
encontradas no Brasil, levantando pontualmente as existentes, e após,
especificamente na área da atividade das mídias, torna-se necessário analisar o
papel dela na sociedade, pois, ao tornarem a sociedade tendenciosamente mais
conhecida e reconhecível por ela própria, elas contribuíram desde que surgiram,
levando a ocorrência de modificações sociais profundas. (SOUSA, 2002).
3.2 AS ESPÉCIES DE MÍDIA NO BRASIL
Adentrando ao assunto das espécies de mídia no Brasil, faz-se
necessário um breve relato sobre a evolução desta junto à sociedade, para após
levantarmos as espécies existências na sociedade. João Batista Libânio (2010)
explica:
As últimas décadas assistiram a um fenômeno novo. A globalização [...].Não se necessita sair de um lugar para estar em outro. Aquilo que ametafísica proibia absolutamente no mundo físico, o desenvolvimentotecnológico da informática possibilita-o de maneira virtual. É-nos dado estarsimultaneamente em vários lugares. [...].
Com o avançado desenvolvimento das tecnologias e em meio à
globalização atual, faz-se necessário então analisar as espécies de mídias, ou meios
de comunicação, que existem, e que proporcionam à sociedade um melhor alcance
da informação.
Ao começar a viver em sociedade, o homem sentiu-se na necessidade de
se comunicar com o outro, seja para expressar um sentimento, sua cultura, algum
perigo, etc. (FOTON DROPS, 2008).
Guilherme Fernandes Neto (2004, p. 36), explica o seguinte sobre
comunicação:
A concepção de comunicação implica a existência de quem emite amensagem (emissor) e de seu destinatário (receptor), sedo comum amenção pela doutrina de que o objetivo é transmitir o significado entre aspartes. As pesquisas pertinentes à comunicação demonstram a evolução daconcepção pertinente aos efeitos das mensagens, até mesmo quanto àimportância do significante no processo comunicativo.
39
Feitos esses levantamentos, importante se faz distinguir os dois contextos
de comunicação humana. Nas palavras de Helena Abdo (2011, p. 65, grifo do autor),
divide-se em:
(a) comunicação intersubjetiva, ou seja, aquela que se realiza entre dois oumais indivíduos ou entre grupos de indivíduos e (b) o da comunicaçãosocial, ou comunicação de massa, isto é, aquela realizada por intermédio deorganizações institucionais denominadas meios de comunicação social,meios de comunicação de massa, mass media ou, ainda, simplesmentemídia.
Corroborando com o mesmo entendimento, Edilsom Farias (2004, p. 100)
distingue a comunicação massiva da seguinte maneira:
A relevância da sobredita distinção entre os dois contextos comunicativosestá no fato singular de a comunicação massiva ser realizada por intermédiode organizações institucionais bastante típicas das sociedadescontemporâneas, comumente designadas por meios de comunicação demassa, veículos ou órgãos de comunicação social, [...].
Devido ao fato da comunicação em massa ser a que mais alcança a
sociedade em relação à difusão da informação será abordado no tópico a seguir os
meios de comunicação em massa que a sociedade faz relevante uso, quais sejam, a
mídia impressa, audiovisual (TV), sonora e a virtual (internet).
3.2.1 Mídias de Massa
Uma vez entendido que a comunicação em massa alcança maior
quantidade de pessoas na difusão da informação, imprescindível se faz a análise
delas. Assim, será apresentado breve resumo sobre estas mídias, devido ao seu
importante papel na formação da opinião pública.
Helena Abdo (2011, p. 67) expõe o seguinte em relação aos meios de
comunicação de massa:
São aqueles encarregados da transmissão pública e massiva demensagens, por uma ou mais técnicas [...] indiretas, geralmente num únicosentido (ou seja, sem grande interação entre os que transmitem amensagem e aqueles que a recebem) e a uma dada audiência.
Alice Martins Morais (2011) declara:
40
Os meios de comunicação – em especial, os de massa – têm, atualmente,um poder grandioso sobre a população brasileira. Eles exercem um papelfundamental na formação da opinião pública e na formação de ideologias,seja influenciando positivamente, seja influenciando negativamente.
Em relação aos meios de comunicação em massa, vários veículos de
comunicação se encaixam nesta categoria, como a mídia escrita, como os jornais,
revistas e livros, as emissoras de TV e rádio e também a internet. (ABDO, 2011).
No que tange a mídia escrita, ela é o sistema simbólico que representa a
fala. A sua origem vem da necessidade que o homem encontrou em conservar a
mensagem articulada, para que este possa transmiti-la ou veiculá-la. (VANOYE,
2003).
Gabriela E. Possolli Vesce (2015a), ao escrever sobre a mídia impressa,
diz que “a popularização do computador na última década impulsionada pelas novas
tecnologias da informação e comunicação não eliminaram o uso do papel e da mídia
impressa”.
Jornais, revistas e livros - mídias escritas -, desde que ingressaram à
imprensa, começaram a alterar o rumo da história. O surgimento destas mídias dá
dimensão à comunicação humana. Estas mídias atingiram certo patamar, qual seja o
de informar e de formar opiniões. (PEREIRA, 1945).
Com o passar dos anos, e com o advento às tecnologias, surge a
televisão como o meio de comunicação que veio a assumir um importante papel na
sociedade, Tal mídia televisiva é um veículo de conhecimento e de informação, que
assumiu importante papel na educação e no entretenimento à população.
(MARCELO, 2015).
Segundo o último Censo de 2010 realizado pelo IBGE, os domicílios
brasileiros que possuem aparelho televisor chegam à marca de 95,1%, superando
outros aparelhos, como geladeiras, rádios, etc. (ÚLTIMO SEGUNDO, 2012). Assim,
pode-se considerar a televisão como a principal mídia de massa no Brasil. (LUÍS,
2013).
Rodiney Marcelo (2015) expõe:
É necessária a utilização da televisão como veículo de comunicação einformação, porém precisamos resignificar seu papel na sociedade, deforma que possamos usá-la como uma ferramenta de educação,entretenimento, dando a partir da nossa leitura de mundo um significadopara esse objeto, que não passa de uma criação do homem.
41
Esta mídia, conhecida também por mídia audiovisual, proporciona ao seu
público uma reflexão racional sobre o que se assiste. Pode-se dela colher a
realidade pelos olhos de outrem, porém, há de ter-se cuidado ao realizar a análise
distanciada e crítica do que se recebe, uma vez que a ela pode ser acrescentada
ideias e visões tecnicamente construídas pra manipular os indivíduos que dela
fazem uso. (VESCE, 2015b).
O rádio, conhecido por ser uma mídia sonora, desde que surgiu mostra
ser de grande contribuição o seu uso para a sociedade. Segundo Amaurícia
Brandão e Rosane Nunes (2015), tem-se este entendimento, “por ser um dos meios
que apresenta menor exclusão social, além de, após as descobertas tecnológicas,
ter a capacidade de acompanhar o ouvinte, onde quer que ele esteja”.
Encontra-se relevante conteúdo sobre esta mídia no site da rádio Só Boas
Novas (2015), que diz:
Como todo meio de massa, a comunicação pode ser caracterizada comopública, transitória e rápida. Ela é pública, porque, na medida em que asmensagens não são endereçadas a ninguém em particular, seu conteúdoesta aberto ao critério público. Rápida porque as mensagens sãoendereçadas para atingir grande audiência em tempo relativamente curto,ou mesmo simultaneamente. Transitória, pois a intenção é de que sejamconsumidas imediatamente, não se destinando a registros permanentes,naturalmente há exceções, como filmotecas, gravações etc.
Logo, segundo Moacir Pereira (1945, p. 26), “o rádio, o jornal e a TV,
afinal, colocam-nos o universo, diariamente, em nossos lares ou em qualquer lugar
onde se esteja. Passou-se a ter conhecimentos gerais sobre tudo [...]”. Estes três
meios de comunicação são detentores dos maiores números de usuários, podendo
àqueles serem puramente informativos, de opinião, culturais ou de entretenimento.
(VIEIRA, 2003).
Com o avanço da tecnologia, passou-se a vislumbrar o aumento
significativo da mídia virtual, guiado pela quantidade expressiva de computadores e
celulares que possuem acesso à internet.
Segundo Censo 2010, realizado pelo IBGE (BRASIL, 2011), a existência
de computadores nos domicílios brasileiros triplicou:
Em relação à existência de bens duráveis nos domicílios, entre 2000 e22010, houve redução apenas da presença do rádio (de 87,9% para81,4%). Todos os demais bens registraram aumento de presença, comdestaque para o computador, que teve o maior aumento no período, de10,6% para 38,3% dos domicílios.
42
Acrescentando ao pensamento acima, devido ao crescimento dos
computadores nas residências no Brasil, passou a crescer também o uso da internet,
totalizando 30,7% de residências que possuem acesso à rede. (OLHAR DIGITAL,
2012).
Com o aumento do uso da internet, faz-se importante abrir pequeno
adendo referente ao uso de redes sociais. Elas inter-relacionam as pessoas,
conectando-as e as fazendo se relacionar de acordo com suas preferências.
(ADAMI, 2015).
Há hoje diversos tipos de redes sociais, como o twitter, instagram,
facebook, entre outros, como há também aplicativos de troca de mensagens, no
caso, WhatsApp, um dos mais utilizados nos dias atuais. (TOP10+, 2015).
Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia de 2015, realizada pela
Secretaria de Comunicação Social – Secom, o Facebook é a rede social mais
utilizada entre os brasileiros (83%), seguido pelo aplicativo WhatsApp (58%),
YouTube (17%), Instagram (12%) e Twitter (5%). A mesma pesquisa mostra que
71% dos entrevistados utilizam o computador como suporte de acesso, 66% via
celular, e 7% tablets. (BRASIL, 2014).
Todos os citados acima dependem do uso da internet, o que vem a
aumentar os índices de uso, visto que nos dias atuais os smartphones e tablets
possuem suporte às mídias sociais, tendo o uso se tornado contínuo. O facebook,
sendo a rede social mais utilizada, é palco para as exteriorizações da liberdade de
expressão. Adiante, ver-se-á o que esta liberdade, quando utilizada
indiscriminadamente, causa as outras pessoas.
Isto posto, o advento das mídias de massa relatadas só passaram a ser
consideradas de tal forma, devido ao processo de desenvolvimento tecnológico e
industrial ocorrido ao longo do século XX, podendo assim ser explicado o fenômeno
de alcance destas mídias. (ABDO, 2011).
3.3 A MÍDIA E O SEU PAPEL NA DIVULGAÇÃO DA NOTÍCIA
Entendendo os meios de comunicação que fazem parte do cotidiano
social, faz-se necessário analisar o papel em que estas mídias possuem ao divulgar
43
a notícia. Edilsom Farias (2004, p. 112) apresenta o seu entendimento em relação
ao assunto:
As funções dos meios de comunicação social podem ser inferidas daimportância que o acesso, a recepção e a difusão dos pensamentos, idéias[sic], opiniões, informações e notícias têm tanto para o desenvolvimento dapersonalidade humana quanto para a promoção de uma saudávelconvivência social, porquanto essas necessidades humanas encontram-sehoje em grande parte dependentes da ação dos órgãos de comunicação.
Corroborando com o entendimento citado, Ana Lúcia Menezes Vieira
(2003, p. 45) expõe:
O direito de informar se traduz na possibilidade de noticiar fatos, narrando-os da forma mais imparcial e neutra possível. Uma vez optando o órgão daimprensa pela publicação da matéria jornalística, surge para o leitor oureceptor da notícia o direito à informação verdadeira e completa.
Além de informar, sendo esta a função principal dos meios de
comunicação, as mídias possuem outras funções derivadas, como o de entreter,
educar, difundir conteúdos culturais, estimular debates relevantes, fiscalizar
determinados órgãos, vender produtos e serviços, entre outros. (ABDO, 2011).
Em relação ao conteúdo, Denis McQUAIL (apud ABDO, 2011, p. 68)
acrescenta que:
Todos estes papeis assumidos pelos meios de comunicação são deextrema e indiscutivelmente importantes, dadas as consequênciaspotenciais que podem gerar sobre a opinião pública, a coesão social, o graude conhecimento público acerca de determinados temas, o funcionamentodas instituições e, ainda, sobre os próprios processos democráticos.
É preciso que o profissional que exporá os acontecimentos seja
responsável sobre a versão dos fatos, pois ele será o precursor da opinião pública,
que será tomada com base nos acontecimentos na qual noticiará. Deve-se expor a
informação completa, não sendo utilizado de meias-verdades, sendo dever da
imprensa o de apresentar as informações verídicas e de forma abrangente. (VIEIRA,
2003).
Isto posto, cabe ressaltar que os meios de comunicação possuem
também função política, quais sejam os de fiscalizar órgãos do Estado e seus
44
funcionários, fornecendo aos cidadãos informações para que possam cumprir o seu
papel democrático, objetivando debates públicos. (FARIAS, 2004).
Tonificando este entendimento, Guilherme Döring Cunha Pereira (2002, p.
42) menciona:
É convicção comum, frequentemente repetida, que esse papel tem duasvertentes principais: de um lado, subministrar aquele conjunto deinformações acerca da coisa pública, em todos os seus aspectos,necessárias para o responsável exercício dos direitos de cidadania, muitoespecialmente o de voto; e, de outro, exercer constante monitoramento dopoder, isto é, atuar como fiscal permanente do governo.
Consequentemente, através disto, forma-se a opinião pública. Jürgen
Habermas (apud ABDO, 2011, p. 74) descreve opinião pública conceituando antes a
esfera pública, que, segundo ele “diz respeito a uma “teia” na qual se desenvolvem
atividades de comunicação de conteúdos, tomadas de posição e de opiniões, as
quais, após passarem por um sistema de filtros, cristalizam-se em torno de
determinados temas”.
Com isto, segundo Habermas (apud ABDO, 2001, p. 74) opinião pública
não é “a simples soma de opiniões individuais, mas sim a opinião geral constituída
por meio do consenso alcançado a partir das possibilidades reais de discussão de
temas de interesse comum na esfera pública”.
Ignácio Ramonet (2010, p. 24) ainda expõe:
Ninguém nega a indispensável função da comunicação de massa numademocracia, pelo contrário. A informação continua sendo essencial ao bomandamento da sociedade, e sabe-se que não há democracia possível semuma boa rede de comunicação e sem o máximo de informações livres. Todomundo está de fato convencido de que é graças à informação que o serhumano vive como um ser livre.
Portanto, é sabida a importância vital que os meios de comunicação em
massa possuem na construção dos valores sociais, e na formação da opinião
pública. Revela-se desta forma o quão forte é o poder que lhes são inerentes,
observando sempre os critérios e os limites no seu exercício, visto serem suas
funções fundamentais na construção de uma sociedade democrática. (ABDO, 2011).
45
3.3.1 O sensacionalismo na mídia
Uma vez discutido o importante papel da mídia perante a sociedade,
importante será a análise das desvirtuações desses papeis primordiais na
construção da opinião pública.
Nas palavras de Ana Lúcia Menezes Vieira (2003, p. 52):
O sensacionalismo é uma forma diferente de passar uma informação; umaopção por assuntos que podem surpreender, capazes de chocar o público;uma estratégia dos meios de comunicação que trabalham com a linguagem-clichê, vulgar, compacta, conhecida como lugar-comum, de fácilcompreensão por aquele que a recebe.
A imprensa, juntamente com os meios de comunicação, constrói um
modelo informativo na qual se espalha e ultrapassa os limites do real e do
imaginário. Nas palavras de Ana Lúcia Menezes Vieira (2003, p. 53), “nada do que
se vê (imagem televisiva), do que se ouve (rádio) e do que se lê (imprensa
jornalística) é indiferente ao consumidor da notícia sensacionalista. As emoções
fortes criadas pela imagem são sentidas pelo telespectador”.
Edilsom Farias (2004, p. 131) apresenta o entendimento que:
Todavia, a ação dos meios de comunicação social passa a ser negativa àmedida que produz a uniformidade das consequências, da linguagem e doscostumes, especialmente quando efetivada por intensa publicidade, queresulta em um individualismo conformista e conservador bastante prejudicialà solidariedade social e aos valores comunitários; que propaga uma culturade massa que leva consigo um gigantesco sincretismo, que solapa adiversidade cultural e degrada o cidadão, notadamente nos casos em que,condicionada pelos interesses comerciais, o seu único propósito é atingir ummaior número de pessoas, não importando a mediocridade das obviedadese clichês culturais; que divulga informações falsas com o escopo de“provocar de maneira artificial uma reação da opinião pública”; ou quedeforma a opinião pública quando intencionalmente desvia o interesse doscidadãos dos problemas importantes para assuntos secundários e semrelevância comunitária.
Guilherme Fernandes Neto (2004, p. 129) corrobora com todo o exposto e
ressalta o seguinte:
O processo comunicativo, especialmente no que tange ao jornalismo, devebuscar a informação e não a persuasão; todavia, mesmo sem intenção, avisão do jornalista pode implicar a alteração da interpretação dos fatos porele relatados e, eventualmente, interpretados, [...].
46
A televisão hoje é o meio de comunicação onde se usa maior linguagem
sensacionalista, visto ser a televisão o meio que transmite a informação fornecendo
a aparência e a ilusão do real. Grande parte das vezes se transmitem verdadeiros
espetáculos, nas qual o telespectador encontra sua informação aliada ao processo
psicológico do divertimento, porém, estas linguagens espetaculares usadas pelos
meios de comunicação influenciam a opinião pública, muitas vezes formada pela
maneira em que a notícia é comunicada. (VIEIRA, 2003).
É sabido que há a influência das mídias na formação da opinião pública,
visto seu poder de pressão psicológica, porém, se houvesse parâmetros judiciais
mais brandos de certeza, haveria um afrouxamento nas formas de satisfazer a
informação do receptor da notícia, ao invés da “verdade subjetiva” do profissional
que repassa a informação. (PEREIRA, 2002).
Ana Lúcia Menezes Vieira (2003, p. 54) complementa:
Cabe ao jornalista fazer despertar o interesse e a atenção do receptorconsumidor da mensagem e o faz por meio do impacto. Ele cria mediantetécnicas sofisticadas – utilizadas sobre tudo pela televisão – o impacto danotícia sensacionalista na primeira etapa do processo de comunicação,visando, assim, a atingir o público e levá-lo a se interessar pelo que serátransmitido.
E ainda acrescenta:
[...] o jornalismo sensacionalista enaltece o fato e fabrica uma nova notíciacom cargas emotiva e apelativa. Extrapola o fato real, utiliza um tomescandaloso na narrativa, sensacionalizando o que não é sensacional. É aexploração do que fascina, do extraordinário, do desvio e da aberração.(VIERA, 2003, p.55).
Entretanto, ressalta-se que, devido ao avanço tecnológico que fora
fundamental na formação das novas mídias, como a internet, a exposição da notícia
se expandiu vertiginosamente, visto aos diversos fatores, entre eles, a
multimidialidade e instantaneidade. É perceptível o uso da potencialidade da internet
na prática do sensacionalismo, onde, dentre tantos causos, expõem fotografias de
impacto, majoração, valorização e intensificação das notícias. (ROCHA, 2011).
Destarte, a credibilidade dos meios de comunicação, como já exposto em
tópico precedente, é somada à notícia vinculada. Os usuários de internet, os leitores
dos periódicos e a audiência dos meios audiovisuais acabam por depositar a
47
confiança nas informações repassadas, e devido a isso, acaba por replicá-las sem o
devido questionamento ou investigação mais severa. (ABDO, 2011).
3.3.1.1 Manchetes sensacionalistas
Visto sobre o papel da mídia e sua influência perante a sociedade, e os
distorces que os meios de comunicação exercem perante a divulgação, a qual se dá
o nome de sensacionalismo, passar-se-á a apresentação de algumas matérias na
qual a mídia fez uso do sensacionalismo.
O tabloide carioca Meia Hora, conhecido por ser sensacionalista em suas
postagens, estampa em suas capas matérias de humor e textos com duplo sentido,
que leva o leitor muitas vezes a entender de forma equivocada a notícia. Um
exemplo disto extrai-se em uma capa do jornal, vinculada no ano de 2011, na qual
traz o texto “Luan Santana morto a tiros”, precedido pelo texto “Um meteoro de
balas”. (Vide anexo A). Na verdade, foi realizada uma alusão à música do cantor,
procedida da manchete em que fora morto, todavia, em letras menores abaixo, lia-se
que um homônimo do cantor é quem havia falecido. (UOL ENTRETENIMENTO,
2011).
Em recente julgado pela 3ª turma do Superior Tribunal de Justiça, a
Editora Caras foi condenada a pagar indenização ao atleta Álvaro Affonso Miranda
Neto, conhecido como cavaleiro Doda, por divulgar fotos do casamento sem
autorização, e por uma publicação na capa da revista, a qual dizia “Cavaleiro que
ainda recebe mesada do pai, de 45 mil reais, casa-se com a jovem mais rica do
mundo”. (Vide anexo B). (CONSULTOR JURÍDICO, 2015).
O casamento ocorreu em 2005, e em março de 2015 a 3ª turma do STJ
entendeu que a manchete “ultrapassou em muito os limites da liberdade de
informação”. Pela reprodução não autorizada das fotos, fixou-se indenização por
danos materiais em R$ 30 mil reais, e a reparação por danos morais pela manchete
depreciativa à honra do atleta foi fixada em R$ 50 mil reais. (BRASIL, 2015).
Em 1994, ocorreu o que se considera um caso clássico de
sensacionalismo, lembrado até os dias atuais, em que as emissoras e os jornais
cobriram chamando de O Caso Escola Base, na qual gerou uma cobertura
jornalística imensa e sensacionalista e que prejudicou permanentemente a vida das
pessoas envolvidas, sendo lembrado ate os dias de hoje como exemplo a não ser
48
seguido. Os donos da Escola de Educação Infantil foram acusados de abuso contra
as crianças que estudavam no colégio, porém, antes que surgissem evidências que
pudesses acusar os suspeitos, a mídia fez-se valer das conclusões do delegado, em
que mencionava que o inquérito era a prova do caso. (BITTENCOURT, 2011).
O que o chefe da investigação dizia, a mídia difundia em seus meios de
comunicação, mesmo antes das informações constarem nos inquéritos. Após
resultado de exame de corpo e delito divulgado pelo IML, na qual concluiu terem
sido as crianças vítimas de atos libidinosos, os jornais e revistas à época exploraram
o fato e o noticiavam de maneira sensacionalista. (RIBEIRO, 2001).
O Jornal Notícias populares foi o periódico que explorou demasiadamente
a cobertura do caso, e difundia as informações com as seguintes manchetes: “Kombi
era motel na escolinha do sexo” (Vide anexo C), “Perua escolar levava crianças pra
orgia no maternal do sexo”. A Revista Veja à época também se pronunciou da
seguinte maneira em relação ao caso: “Uma escola de horrores”. Mais tarde, porém,
o exame fora considerado inconclusivo, sendo que tais lesões poderiam ser
causadas problemas intestinais, o que mais tarde ficou comprovado.
(BITTENCOURT, 2011).
Nas palavras de Ana Lúcia Menezes Vieira (2003, p. 56), este tipo de
imprensa:
Utiliza-se de formas sádicas, calunia e ridiculariza as pessoas. Explora ostemas agressivos, dos submundos da sociedade hierarquizada onde o crimese integra em condições de normalidade. É o jornalismo de escândalo quetem por fim agredir com o que é proibido, obsceno, temido, criando umaficção que seduz. Não se presta a informar, e sim a vender aparência,entretenimento barato que consiste no lado atraente dos escândalosenvolvendo crimes.
Desta forma, torna-se evidente que o sensacionalismo prejudica a difusão
da informação, tendo consequências muitas vezes danosas aos envolvidos na
acusação. Muitas vezes, ao divulgar a notícia, não se leva em consideração o
impacto que será causado na sociedade, sendo apresentados fatos muitas vezes
diferentes do original, distorcendo completamente a informação, levando à
sociedade uma informação errônea. (PORTO, 2015).
Realizada uma breve exposição sobre a história da mídia no Brasil, os
tipos de mídias de massa existentes, seus papeis na divulgação da notícia, bem
como o sensacionalismo na divulgação, importante se faz analisar a influência da
49
mídia na vida do cidadão, buscando compreender o motivo de somente alguns
crimes tornarem-se midiáticos e a forma de propagação dos casos criminais pela
mídia. Após isso, apresentar-se-á casos concretos em que houve detrimento à
Presunção de Inocência e, por fim, o entendimento sobre o Direito de Comunicação
em detrimento à Presunção de Inocência, a fim de que se possa compreender o
objetivo do presente trabalho.
50
4 A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA VIDA SOCIAL DO INVESTIGADO/ACUSADO
Ao adentrar no último capítulo do presente trabalho, far-se-á uma
abordagem sobre o motivo em que leva a mídia a repercutir alguns casos, sendo
que casos iguais ocorrem a qualquer momento em nossa sociedade e em várias
classes sociais, bem como se tratará também do exercício da mídia na divulgação
dos casos criminais, levantando o estudado no capítulo precedente, no que tange o
sensacionalismo da difusão da informação.
Ainda, abordar-se-á a violação do princípio da presunção de inocência
perante a sociedade, levantando alguns casos emblemáticos que se tem notícia
sobre esta violação, onde será relembrado o caso e exposto os prejuízos que os
suspeitos à época tiveram em suas vidas.
Por fim, tendo toda a pesquisa tida como pauta, será realizada uma
abordagem sobre o Direito a Comunicação e a Presunção de Inocência, onde
àquela torna-se muitas vezes prejudicial a esta.
4.1 POR QUE ALGUNS CASOS POSSUEM GRANDE REPERCUSSÃO NAMÍDIA?
Ao levar em consideração alguns casos ocorridos pela não observância
do limite das liberdades garantidas pela Carta Maior de 1988, importante se faz
analisar um dos motivos que levam com que a imprensa repercuta determinados
crimes.
Adentrando ao assunto, importante se faz introdução dada por Bismael B.
Moraes (2005, p. 23-24):
A Filosofia nos leva à reflexão, e em busca da verdade do pensamento edas idéias [sic]; a História, que é ciência e não mente, registra os fatos e ostransmite à posteridade; A Sociologia, filha da Filosofia, analisa os sereshumanos, suas tradições, seus costumes. Das tribos mais antigas,passando pelos clãs, feudos e principados da Idade Média, chegamos àfigura do Estado moderno, imaginado e criado pelas pessoas, organizandopoliticamente a sociedade e visando o bem coletivo. Mas esse mesmoEstado, com toda sua estrutura jurídica e seu requinte, depende dosindivíduos, bons e maus, com virtudes e vícios morais... .
Inicialmente, há que se fazer uma análise no que diz respeito a uma
sociedade ordenada e desordenada, para relacionarmos então com a difusão de
determinados crimes pela mídia.
51
Para o homem, segundo relato da antropóloga britânica Mary Douglas
(2014, p. 20) “coisas sagradas e lugares sagrados devem ser protegidos contra
profanação”. Faz-se assim uma relação com a sociedade, onde a ordem e a pureza
são aceitas pelos indivíduos que nela habitam, não ocasionando mal estar entre
estes uma vez que há a ordem. (DOUGLAS, 2014).
Acrescentando ao dito, Zygmunt Bauman (1998, p. 15) fala que:
“Ordem” significa um meio regular e estável para os nossos atos; um mundoem que as probabilidades dos acontecimentos não estejam distribuídas aoacaso, mas arrumadas numa hierarquia estrita – de modo que certosacontecimentos sejam altamente prováveis, outros menos prováveis, algunsvirtualmente impossíveis.
E ainda aduz o seguinte:
A pureza é uma visão das coisas colocadas em lugares diferentes do queelas ocupariam, se não fossem levadas a se mudar para outro,impulsionadas, arrastadas ou incitadas; e é uma visão de ordem – isto é, deuma situação em que cada coisa se acha em seu justo lugar e em nenhumoutro. (BAUMAN, 1998, p. 14).
O oposto da pureza, o imundo, o sujo, acaba por estragar o padrão
preestabelecido, ocasionando uma perturbação e gerando a desordem. (DOUGLAS,
2014). Logo, Mary Douglas (2014, p. 117) expressa que “assim, a desordem por
implicação é ilimitada, nenhum padrão é realizado nela, mas é indefinido seu
potencial para padronização. Daí por que, embora procuremos criar ordem, nós
simplesmente não condenamos a desordem”.
Zygmunt Bauman (1998, p. 14) expressa que “não são as características
intrínsecas das coisas que as transformam em “sujas”, mas tão somente sua
localização na ordem de coisas idealizada [sic] pelos que procuram a pureza”.
Simbolicamente, o sociólogo Zygmunt Bauman (1998) e a antropóloga
Mary Douglas (2014) trabalham com o entendimento de que a desordem causa a
sujeira e torna o ambiente impuro à vista da sociedade. Em uma correlação ao tema
do presente estudo, tem-se o crime como a “impureza” causadora da desordem,
ocasionando o mal estar na sociedade.
Mary Douglas (2014, p. 50) faz uma relação da ideia de sujeira:
Sapatos não são em si sujos, mas é sujeira coloca-los na mesa da sala dejantar; comida não é sujeira em si, mas é sujeira deixar utensílios de
52
cozinha no quarto, ou deixar comida salpicada na roupa; do mesmo modo,equipamento do banheiro na sala de visitas; roupa pendurada nas cadeiras;coisas que são para serem deixadas fora da casa dentro de casa; [...].
Já Zygmunt Bauman (1998, p. 14) expressa mais objetivamente esta
relação, onde a imagem de pureza torna-se impura, suja, pelo fato das coisas
estarem “fora de seus lugares”:
Sapatos magnificamente lustrados e brilhantes tornam-se sujos quandocolocados na mesa de refeições. Restituídos ao monte dos sapatos, elesrecuperam a prístina pureza. Uma omelete, uma obra de arte culinária quedá água na boca quando no prato do jantar, torna-se uma mancha nojentaquando derramada sobre o travesseiro.
Para demonstrar tal visão, Aury Lopes Jr (2006, p. 12) nos brinda com o
seguinte entendimento:
O exemplo é interessante e bastante ilustrativo, principalmente num paíscomo o nosso, em que vira notícia no Jornal Nacional o fato de um grupo defavelados terem “descido o morro” e “invadido” um shopping center no Riode Janeiro. Ou seja, enquanto estiverem no seu devido lugar, as coisasestão em ordem. Mas, ao descerem o morro e invadirem o espaço daburguesia, está posta a (nojenta) omelete no travesseiro.
Analisando analogamente os ditos acima, límpida é a visão de que ao
ocorrer o crime, a impureza, este causa a desordem inesperada. Relacionando todo
dito ao crime, uma vez que este ocorre onde há a ordem, torna-se evidente a
exploração midiática. O crime em meio à ordem causa mal estar aos que na ordem
habitam, e para quem pertence a classes mais abastadas, estruturadas, acaba por
entender que as práticas dos crimes devem ocorrer em âmbito diferente ao seu.
(DOUGLAS, 2014).
A repercussão exacerbada pela mídia ocorre ao passo de que o crime
acontece em local errado. Ocorrendo crime em classes altas, surge a desordem, e
consequentemente o interesse pelos meios de comunicação, como nos
emblemáticos casos de Suzanne Von Richtoffen, Isabela Nardoni, Elize Matsunaga,
entre outros, ao passo que, em classes pobres, também ocorrerem crimes dessa
natureza, ou até mais graves, mas sem notório conhecimento midiático, pois eles
ocorrem aonde tem que ocorrer. Sem o mal estar causado pela desordem, inexiste
interesse popular no caso, afastando a atuação da mídia.
53
4.2 A MÍDIA E AS PROPAGAÇÕES DOS CASOS CRIMINAIS
Nos dias atuais, tem-se o crime como um dos fatores que levam à
sociedade a praticar a opinião pública. Violência e mortes tornam-se espetáculo
perante a mídia, e nisto se acresce a concorrência entre as empresas na divulgação
da matéria, as quais buscam serem precursores de uma foto do crime, de uma
informação importante, etc.. Em muitos casos não há a devida análise do fato para
que se haja a divulgação. (RAMONET, 2010).
No que diz respeito às propagações dos casos criminais pela mídia, Ana
Lúcia Menezes Vieira (2003, p. 191) traz o seguinte texto:
As atividades de investigação do fato criminoso, encetadas ela polícia, sãoas que mais interessam e alimentam a crônica policial. Pela maiorproximidade do crime, o impacto da notícia de um acontecimentoinesperado, grave, violento e intenso desperta a curiosidade pública erepercute socialmente.
Corroborando no mesmo entendimento, Oacir Silva Mascarenhas (2010)
nos diz que:
A mídia, portanto, dá acesso à informação e ao mesmo tempo tenta formara opinião pública. Indiretamente, nota-se também a presença uma série decarga valorativa nos processos de seleção e publicação da notícia. Nestalinha, os meios de comunicação acabam por controlar a sociedade namedida em que estereotipa certas situações, cria mitos, generalizaenfoques, perspectivas e comportamentos diante de um determinado fatoou conflito.
A informação de determinado crime na forma da notícia é recebida com
sensibilidade pelo receptor da mensagem, sendo assim capaz de abranger uma
vasta área dentre várias classes sociais, tornando maior sua abrangência de
influências. (VIEIRA, 2003).
Assim sendo, Eleonora Rangel Nacif (2010) expõe o seguinte em relação
ao desvirtuamento do verdadeiro papel da mídia, quando o assunto é a divulgação
dos casos criminais:
A função social da imprensa num Estado Democrático de Direito e suaspremissas éticas vêm sendo corriqueiramente deixadas de lado, em virtudeda frenética busca por maiores índices de audiência e, consequentemente,maior lucro com publicidade. A mídia elege determinados cidadãos, osquais, muitas vezes, nem chegaram a ser réus em processo criminal, e,
54
numa tentativa de substituir os próprios Tribunais, transfere para si a sededo julgamento, prejulgando e crucificando homens e mulheres, não importase culpados ou inocentes.
A condição de flagrante do suspeito encaminhado à delegacia e sua
apresentação à autoridade oficial por si só são alvos da imprensa pela maneira com
que tudo acontece. O policial estará armado na condução do preso que está
algemado até a viatura policial, na qual esta se encontrará com as sirenes ligadas, o
suspeito cabisbaixo, sob as luzes das câmeras e tentando fugir acuado mediante ao
bombardeio de perguntas incisivas sobre o delito. (VIEIRA, 2003).
Pode-se ser observado nas publicações das matérias que, ao invés de
possuírem caráter informativo, passam a explorar de forma abusiva e
sensacionalista, sendo violados direitos e princípios inerentes ao investigado,
causando assim danos irreparáveis ao seu direito de defesa. (NACIF, 2010).
A Lei 5.250 de 1967, tida como a Lei de Imprensa, possuía em seu artigo
16, inciso I, punição a quem divulgava notícias de forma incompleta ou errada:
Art. 16. Publicar ou divulgar notícias falsas ou fatos verdadeiros truncadosou deturpados, que provoquem:I - perturbação da ordem pública ou alarma social;[...]Pena: De 1 (um) a 6 (seis) meses de detenção, quando se tratar do autor doescrito ou transmissão incriminada, e multa de 5 (cinco) a 10 (dez) salários-mínimos da região.Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, se o crime é culposo:Pena: Detenção, de 1 (um) a (três) meses, ou multa de 1 (um) a 10 (dez)salários-mínimos da região. (BRASIL, 1967)
Todavia, tal lei de imprensa foi considerada inconstitucional pela maioria
dos ministros do Supremo Tribunal Federal, sob o entendimento de que tal lei não foi
recepcionada pela atual ordem democrática no Brasil, visto ter sido constituída a
partir de uma visão punitiva e cerceadora de liberdade de expressão à época.
(HAIDAR, 2009).
Ana Lúcia Menezes Vieira (2003, p. 192) acrescenta o seguinte sobre a
atividade midiática nos casos criminais:
A cena criada e desenvolvida pelos meios de comunicação, no palco doespetáculo do crime, é transformada em notícia divulgada não comoinformação, mas como condenação definitiva. O suspeito ou indiciado étransformado em réu, as circunstâncias ainda não apuradas do crime sãoprovas cabais da materialidade, e a matéria jornalística é veiculada comodecreto de morte moral do indivíduo submetido, ainda, às investigações. Eestas só se iniciaram.
55
Nesta mesma linha, Fábio Martins de Andrade (2015, p. 8) diz:
Ademais, registre-se que o descompasso entre a pressa com a qualtrabalha o jornalismo hoje e o rito processual que leva à (ponderada)decisão final no âmbito do Judiciário conduz a uma evidente antecipação dapena para os suspeitos que, por obra predominantemente da Mídia, jáforam condenados em verdadeiro “linchamento midiático”, como referidoanteriormente.
Importante se faz introduzir o entendimento de Ana Lúcia Menezes Vieira
(2003, p. 192), que acrescenta ao assunto:
Essa maneira sensacionalista, e muitas vezes irresponsável, de atuação damídia em relação aos fatos criminais, mais propriamente em relaçãoàqueles que estão sendo investigados, é a realidade que vivenciamos nodia-a-dia – reputações, imagens, dignidade pessoais são destruídas,irreversivelmente, pelo estrépito público da crônica policial.
É claro o entendimento de que a mídia, por vezes, contribui com a
atividade policial. Em determinados casos, a publicação de informações pela
imprensa torna-se importante para as investigações e solução de determinado delito,
como a divulgação de uma fotografia para descobrir-se a autoria de um crime, a
localização de vítimas, possíveis testemunhas, etc., Com isso, às vezes a publicação
é essencial para colheita de dados preciosos para desvendar com êxito um inquérito
policial. (VIEIRA, 2003).
Importante salientar que nossa Carta Magna de 1988 garante a
publicidade dos atos processuais em seu artigo 5º, inciso LX, conforme abaixo:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País ainviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes:[...]LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando adefesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. (BRASIL 1988).
As funções que são inerentes a este princípio são a de proteger as partes
contra juízos arbitrários, garantindo o devido processo legal, e a possibilidade da
participação e controle sobre exercício da atividade jurisdicional. (ABDO, 2011).
O entendimento sobre a primeira função é o de resguardar ao acusado
sobre possíveis abusos perpetrados no decorrer do exercício jurisdicional, como
56
parcialidade do magistrado, corrupções, torturas como meio de prova, custas
processuais elevadas, demora do cumprimento dos atos processuais, etc. Já a
segunda função da publicidade, garante o instrumento de fiscalização popular sobre
os atos e exercício da função jurisdicional. (ABDO, 2011).
Eleonora Rangel Nacif (2010) elucida o seguinte com relação à
importância da publicidade:
Portanto, a publicidade surge com estas finalidades, e ela não pode serusada para outros fins. É sob este ponto de vista, portanto, que a relação damídia com o processo penal e a publicidade dos atos processuais deve seranalisada: a publicidade surgiu para favorecer, como algo positivo, para porum fim à possibilidade de processos secretos. Infelizmente com o passar dotempo esta garantia (que tem muitos aspectos positivos), foi setransformando, pois é esta mesma garantia que possibilita a superexposiçãoatualmente tão corriqueira, é esta mesma publicidade, com toda a força damídia, que escancara processos e vidas privadas [Ibidem].
Destarte, além do efeito negativo causado a imagem do investigado, a
publicidade do fato atinge outros valores que são relevantes, como a função estatal
de repreensão criminal, quando turbada a realização de uma investigação criminal,
onde também se veem prejudicados o princípio da ampla defesa e o princípio da
presunção de inocência. (VIEIRA, 2003).
4.3 OS CASOS MIDIÁTICOS QUE FERIRAM O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA
Tendo sido visto os assuntos relacionados ao tema, torna-se importante
demonstrar os casos em que a mídia feriu gravemente a presunção de inocência dos
supostos envolvidos, expondo-os à sociedade de forma irresponsável e cruel,
ocasionando a estes cidadãos danos irreversíveis.
4.3.1 O caso Escola Base
Era ano de 1992, quando Maria Aparecida Shimada (conhecida como
Cida), comprara o estabelecimento à Rua da Aclimação em decadência, junto com
sua prima Paula Milhin de Monteiro Alvarenga, com apenas 17 alunos e estes
prestes a cancelar suas matrículas. (RIBEIRO, 2001).
57
Até o início de 1994, Maria Aparecida Shimada (Cida) e seu marido
Icushiro Shimada (Batizado como Ayres na igreja católica), juntamente com sua
prima Paula Milhin de Monteiro Alvarenga e seu marido Maurício de Monteiro
Alvarenga, realizaram, nas suas horas vagas, serviços na escola por conta própria,
durante os finais de semana e feriados. Em 1994, dois anos após aquisição do
estabelecimento, a escola passara de 17 para 72 alunos, porém, a sorte da Escola
Base esvaiu-se na noite do dia 26 de março de 1994. (RIBEIRO, 2001).
Diego Bayer e Bel Aquino (2015) aduzem o seguinte em relação ao fato:
Duas mães, Lúcia Eiko Tanoue e Cléa Parente de Carvalho, se dirigiram à6ª Delegacia de Polícia, na zona sul de São Paulo e “prestaram queixa”contra três casais que trabalhavam na Escola de Educação Infantil Base,localizada no bairro da Aclimação, em São Paulo.
A acusação de abuso sexual realizada pelas mães surgiu após algumas
conversas com seus filhos e a percepção de comportamentos estranhos. Com base
no que as crianças de quatro anos diziam, as mães constatavam que elas haviam
sido vítimas de abusos enquanto estavam na escola. (RIBEIRO, 2001).
Assim, surgira o caso repercutido em diversas manchetes de jornais do
Brasil, tendo ganhado notícia também na Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão.
(VEJA, 2014). Segundo a Folha de São Paulo (2014), “o episódio, divulgado em
1994, ficou conhecido como um dos mais marcantes erros cometidos pela
imprensa”.
À época, as crianças foram conduzidas ao Instituto Médico Legal (IML)
para realizar o exame de corpo de delito, pois as crianças apresentavam assaduras,
e, com um mandado de busca e apreensão, o delegado do caso revistou a casa de
um casal de pais de aluno que também foram acusados de participação no crime,
com base em relatos das crianças às mães. Nada fora encontrado na residência do
casal Saulo e Mara. Descontentes com os resultados obtidos, as mães das vítimas
acionaram a Rede Globo, onde o caso passou a tomar grande repercussão.
(BAYER; AQUINO, 2015).
À época, o delegado divulgava informações para a imprensa dizendo que
era verídica a acusação da autoria dos crimes, sem ao menos verificar a veracidade
das denúncias, fundado apenas no laudo do IML, o qual era compatível para prática
de atos libidinosos. Os acusados foram à delegacia para interrogatório, e a mídia, a
58
partir disto, passou a divulgar de forma ampla as notícias, sendo difundidas as
informações de forma infundada e sensacionalista. (SANTOS, 2013).
Alex Ribeiro (2001, p. 43) exprime em seu livro:
Até então, havia provas muito precárias: um telex do IML e as acusações deduas mães. Sozinho, nenhum jornalista poderia assumir uma denúnciadessa gravidade. Narrar declarações e atos administrativos de umaautoridade oficial seria a maneira correta de levar ao ar uma denúncia frágilcomo aquela.
Diego Bayer e Bel Aquino (2015) aduzem que:
A partir daí, o delegado deu início a uma série de declarações à mídia, oque levou a opinião pública a classificar essas seis pessoas – MariaAparecida, Ayres, Paula, Maurício, Saulo e Mara – como CULPADOS porpedofilia. Ademais, como nada de grande impacto estava acontecendo naépoca, raros os jornais que não trouxeram a Escola Base como manchete.Eles foram acusados de drogar os alunos, fotografá-los nus e de terem feitotodo o tipo de perversidades com as crianças. Foram presos, fotografados,expostos na mídia ANTES de conclusas as investigações sobre o possívelfato criminoso.
A mídia à época chegou a sugerir o consumo de drogas e contaminação
pelo vírus HIV. Algumas mídias impressas davam as seguintes manchetes: “Perua
carregava crianças para orgia”; “Kombi era motel na escolinha do sexo”. (Vide anexo
C). A Escola Base também foi depredada, e os suspeitos esconderam-se para não
serem linchados pela população local. A mídia explorou o sofrimento das mães das
vítimas, entrevistou crianças, não se preocupando com a ética e a presunção de
inocência dos acusados. (BAYER; AQUINO, 2015).
Como relata Alex Ribeiro (2001, p. 47):
O caso Escola Base não encontrou obstáculos para tomar o espaço dasmatérias frias. Era uma notícia de impacto: crianças de classe médiaestariam sofrendo abusos sexuais justamente dos responsáveis por umaescolinha, que deveriam zelar por sua integridade.
Dentre tantos contrapontos do delegado do caso, como a demora no
colhimento do depoimento dos casais acusados, bem como incertezas tidas como
certeza à mídia, devido a uma denúncia anônima, chegou-se a pessoa de Richard
Harrod Pedicini, um gringo que fora localizado por denúncia anônima, simplesmente,
pois em frente a sua casa fora visto uma Kombi escolar. Ao levar as crianças para
reconhecimento do local, uma das crianças gostou e pediu para brincar com uma
59
tartaruga de pelúcia. Isto, para a polícia, foi o suficiente para que o local dos abusos
fosse identificado. (RIBEIRO, 2001).
Esta situação foi o suficiente para que a mídia no dia seguinte
apresentasse manchetes com teores acusatórios, como: “Alunos da Escola Base
reconhecem casa de americano”, como também “Criança liga americano a abuso de
escola”. Mais tarde, após acareações e investigações, constatara-se que Richard
não possuía ligação com o caso. (RIBEIRO, 2001).
Aos poucos constataram que muitas acusações não passavam de
achismos, e Alex Ribeiro (2001, p. 134) fala “o inquérito chegava às suas oitocentas
páginas e, em vez de confirmar as denúncias das mães, ficava clara a inocência dos
acusados”.
Com o passar dos dias, o inquérito passou a tomar outros rumos. O novo
delegado, Gerson de Carvalho, que assumira o caso devido às reviravoltas e falta de
profissionalismo da antiga autoridade, que dava como verdadeiras todas as
informações colhidas sem ao menos investigar, apanhou algumas mentiras na
versão das mães. O novo delegado colheu novos depoimentos, de pessoas
envolvidas de alguma forma com o caso, e isto colocou em xeque as versões
apresentadas. (RIBEIRO, 2001).
Os médicos legistas, em resposta à consulta realizada pelo delegado
Gerson de Carvalho, apresentaram parecer informando que o motivo das lesões
anais das crianças poderiam ser atos libidinosos, como também micose, vermes ou
fezes duras. A mãe que denunciara os casais, antes disso, informou em depoimento
que seu filho sofria de constipação, com dores e coceira no ânus, o que poria em
xeque a acusação. Assim, o juiz à época encaminhou o inquérito para o arquivo, que
foram conclusos em relação à inocência dos seis acusados. Saulo, Mara, Ayres,
Cida, Maurício e Paula foram considerados inocentes da acusação. (RIBEIRO,
2001).
Moisés da Silva Santos (2013) apresenta o seguinte em relação aos
danos sofridos em decorrência da falsa acusação de abuso:
Mesmo sendo absolvidos do crime, os envolvidos no caso da Escola Basejamais tiveram sossego em suas vidas, que foram praticamente destruídas.Foram linchados moralmente, ameaçados de morte, acumularam problemaspsicológicos e financeiros, abandonaram suas residências para não seremagredidos fisicamente. Maurício foi denominado “estuprador de criancinhas”;
60
todos eles ficaram marcados como molestadores de crianças, sofreramdanos irreversíveis.
Guilherme Döring Cunha Pereira (2002, p. 195) acrescenta que:
A imaginação de umas crianças pequenas o compreensível zelo de umadas mães, mais a imperdoável imprudência e vaidade de um delegadocausaram dano irreparável àqueles diretores e professores envolvidos nafantasia.
A imprensa á época começou a se retratar focando nas verdadeiras
vítimas do caso, os três casais. Anos mais tarde, algumas empresas de
comunicação social foram condenadas a pagar indenização às verdadeiras vítimas
acusadas pela prática do crime. Mas nada reconstituiria a situação. Os danos já
estavam causados, e seriam irreversíveis. (SANTOS, 2013).
4.3.2 O caso Fabiane Maria de Jesus
Desta vez, o que viria a ajudar a combater determinado crime veio de
encontro e tomou rumos trágicos. Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, foi confundida
por um retrato falado que fora espalhado nas redes sociais, onde se atribuiu a este
um crime de sequestro de crianças para rituais de magia negra. (Vide anexo D).
(FRAZÃO, 2014).
Os administradores de uma página na rede social Facebook, de nome
Guarujá Alerta, com mais de 50 mil curtidas, postaram um retrato falado de uma
possível sequestradora de crianças na comunidade em que a vítima residia, no
bairro Morrinhos, em Guarujá, São Paulo. (Vide anexo D). A página era utilizada
como difusora de denúncias na região. No dia 28 de abril de 2014 a página alertou
sobre uma suposta sequestradora de crianças para rituais de magia negra através
de um retrato falado, porém não havia registro policial sobre o ocorrido na cidade.
(R7 NOTÍCIAS, 2014).
Diógenes Campanha (2014) aduz que “tudo não passava de um boato.
Um retrato falado feito em 2012 pela polícia do Rio foi divulgado em uma página na
internet voltada à população de Guarujá e a falsa informação levou pânico aos
moradores”. (Vide anexo D).
Após a publicação do retrato falado, Fabiane, que andava pela rua, foi
surpreendida pelos moradores da comunidade em que residia. A vítima foi agarrada,
61
amarrada, linchada em demasia, e após isto foi arrastada pelas ruas da comunidade
até outro local, onde as agressões continuaram até a chegada da polícia militar.
Fabiane encontrava-se em estado grave, quando foi encaminhada ao hospital da
cidade, vindo a falecer dois dias após todo o ocorrido. (MENDES, 2015).
Neste caso, a liberdade de expressão realizada através da rede social
Facebook, veio de encontro à garantia de Fabiane, que deveria ser tratada como
inocente perante a sociedade e ao processo.
4.4 DIREITO DE COMUNICAÇÃO X PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Ao adentrar ao tópico, se torna importante trazer o entendimento sobre o
Direito da Comunicação e a Presunção e Inocência, abordando após isso, o direito
daquele em detrimento deste.
No tocante ao assunto, Helena Martins (2014) menciona que “Na prática,
o direito humano à comunicação significa que todas as pessoas devem poder e ter
condições para se expressar livremente, ser produtoras de informação, fazer circular
essas manifestações, sejam elas opiniões ou produções culturais”.
Helena Abdo (2011, p. 30) complementa o exposto com as seguintes
palavras:
De todo modo, [...] revelaram que prevalece nas obras mais recentes eespecializadas a ideia de liberdade de comunicação, expressão que temsido considerada mais rica e abrangente, pois é capaz não só de englobartodos os direitos e liberdades contidos nas demais formulações (Liberdadesde pensamento, opinião, expressão, imprensa, além do direito àinformação), [...].
É possível verificar que as liberdades de expressão e comunicação
passaram por fases ao longo de suas evoluções históricas. A primeira fase voltou-se
ao reconhecimento das liberdades e sua sustentabilidade como direito fundamental.
Na segunda fase tratou-se dos limites, orientados à atuação dos meios de
comunicação. Na terceira fase destacou-se a importância do direito à informação,
levando o enfoque dos meios de comunicação para o grande público. Na quarta e
última fase, abandona-se a concepção unidirecional da informação e passa-se a
análise da questão sob um ponto de vista multilateral do direito à comunicação.
(ABDO, 2011).
Já Edilsom Farias (2004, p. 53) apresenta outra divisão:
62
A opção pelos termos liberdade de expressão e comunicação justifica-se,em primeiro lugar, pelo fato de o termo liberdade de expressão (gênero)substituir os conceitos liberdade de manifestação do pensamento, liberdadede manifestação de opinião, liberdade de manifestação de consciência(espécies), podendo-se, pois, empregar a frase liberdade de expressão paraabranger as expressões de pensamento, de opinião, de consciência, deideia, de crença ou de juízo de valor.
Ainda:
A utilização da forma liberdade de expressão e comunicação justifica-se, emsegundo lugar, em razão de os termos liberdade de comunicaçãorepresentarem melhor do que as expressões liberdade de imprensa eliberdade de informação o atual e complexo processo de comunicação defatos ou notícias existente na vida social. (FARIAS, 2004, p. 53).
As liberdades abarcadas no artigo 5º do Texto Constitucional de 1988,
como os incisos IV, IX, XIV, e também o capítulo referente à comunicação social
(arts. 220 a 224), no entanto, não podem vir a violar direitos personalíssimos, direitos
individuais de cada cidadão. (BRASIL, 1988).
Assim como qualquer cidadão, que possui liberdades garantidas pela
CF/88, a mídia também possui. Ademais, a mídia tradicional tem demonstrado que
ainda possui grande poder, independente dos fatos e de qual seja a opinião da
maioria da população brasileira. A mídia se coloca acima das leis, apropriando-se do
argumento de defesa da democracia. (LIMA, 2012). Venício A. de Lima (2012, p.
113) ainda complementa:
Ao mesmo tempo, distorce e omite informações, sataniza movimentossociais, partidos, grupos e pessoas que não compartilham de seusinteresses, projetos e posições e, assim, estimula a intolerância, aradicalização política e o perigoso estreitamento do debate público.
Com isso, o direito a comunicação, ora garantido pela Carta Maior, uma
vez exercido exageradamente e levianamente, influenciam a opinião pública, vindo
de encontro à outra garantia constitucional, a presunção de inocência.
Referente a esta colisão de direitos fundamentais, Edilsom Farias (2004,
p. 46) nos apresenta o seguinte texto:
Tem-se a colisão de direitos fundamentais em sentido estrito, ou colisãoentre os próprios direitos fundamentais, quando o exercício de um direitofundamental por parte de um titular tem repercussões negativas sobre
63
direitos fundamentais de outro titular. Em outros termos: quando opressuposto de fato ou âmbito de proteção de um direito interceptar opressuposto de fato de outro direito fundamental.
Assim, sob este entendimento, o exercício da liberdade de expressão e
comunicação, poderá colidir-se com os direitos personalíssimos, como também o
exercício da liberdade de comunicação social poderá colidir-se com o direito
fundamental à presunção de inocência. (FARIAS, 2004).
Aqui se faz a distinção. As liberdades tratadas no presente trabalho
possuem como limite a presunção de inocência. Ao acusado, deve-se garantir este
dever de tratamento, “Ninguém será considerado culpado até o transito em julgado
de sentença penal condenatória”. (BRASIL, 1988).
Como apresentado em capítulo precedente, há de o acusado não ser
considerado culpado, tanto dentro do processo como fora dele. Um suspeito pela
prática de um crime, quando exposto pela mídia, é julgado pela opinião pública,
onde todas as incertezas acabam tornando-se certezas devido a esta divulgação.
(VIEIRA, 2003).
A maneira com que se expõem os fatos criminosos e se divulga seus
possíveis autores leva a abolição do princípio jurídico da presunção de inocência.
(VIEIRA, 2003). Francesco Carnelutti (apud VIEIRA, 2003, p. 168) fala o seguinte:
Se de um princípio lógico se fez uma norma jurídica, é para determinar queas pessoas se contenham em relação ao investigado ou acusado para nãoocasionar-lhe humilhações, sentimentos de vergonha que virão da certezado crime, isto é, da condenação.
Este princípio da presunção de inocência, tipo como um princípio
processual penal, consagra ao acusado o tratamento o qual faz jus, o de não ser
considerado culpado até que haja sentença pena condenatória transitada em
julgado. Desta forma, atenta-se para que tal princípio seja posto em prática nas duas
dimensões em que se possa fazer presente: dimensão interna e externa. (LOPES
JUNIOR, 2012).
Uma vez usufruído do direito de comunicação indiscriminadamente, seja
pela imprensa (jornalista) ou por outro cidadão, fere-se este tão importante princípio
processual penal – a Presunção de Inocência -, gerando consequências trágicas aos
acusados, mesmo estes sendo considerados inocentes após determinado tempo,
64
pois a opinião pública julga estes indivíduos, ocasionando humilhações,
xingamentos, repressões por parte da sociedade, ou até a morte.
Havendo estas consequências aos cidadãos suspeitos de determinado
crime, ferir-se-á, além do Princípio da Presunção de Inocência, a violação do
fundamento da Carta Constitucional de 1988, a Dignidade da Pessoa Humana, visto
que são assegurados valores intrínsecos ao cidadão, como a integridade, por sua
simples existência, e tal fundamento deve ser alcançado diariamente às pessoas
pelo Estado, para que haja harmonia em sociedade.
65
5 CONCLUSÃO
A presente monografia teve como foco principal demonstrar a atuação de
um dos princípios mais importantes do ordenamento jurídico brasileiro, que impõe a
conduta de não se tratar determinada pessoa como autora de um delito sem que
esta tenha sido julgada culpada por uma sentença transitada em julgado.
Vislumbrou-se que, graças às liberdades garantidas pela Constituição Federal de
1988, estas se tornaram peças fundamentais para a democracia, e que garantem ao
indivíduo e às empresas jornalísticas a liberdade de expressão e comunicação,
respectivamente, em relação à difusão das informações.
Como visto, é de se considerar a importância das liberdades garantidas
pela Constituição Federal de 1988 para a realização de um Estado Democrático,
onde, devido às diversas mudanças ocorridas desde as constituições passadas,
caminhou-se para uma situação em que a informação, com o avanço tecnológico
dos últimos anos, passasse a ser veiculada pelos cidadãos de forma livre, tornando-
se grande chave para a democracia.
Desde a chegada de D. João VI ao Brasil, em 1808, ocorreu
significativamente a evolução na forma de transmissão da comunicação, onde
evoluiu-se até chegar nos meios de comunicação dos dias atuais, como a TV, o
rádio, Internet, tidos como meios de massa, devido ao seu grande alcance na
difusão da informação e influência nas opiniões. Passou-se a utilizar as mídias na
propagação das informações e, de porte das liberdades constitucionais tratadas no
presente trabalho, tornaram-se tais mídias influenciadoras da opinião pública.
Porém, sendo esta forma de se comunicar importante para a evolução de
um Estado Democrático, há pessoas que utilizam estas liberdades garantidas pela
Carta Maior de 1988 de forma indiscriminada, onde, através de casos concretos
apresentados, vislumbrou-se o detrimento ao princípio da Presunção de Inocência,
em que os protagonistas tiveram sua dignidade cerceada, prejudicada, e até
perdida.
Conforme demonstrado no caso Escola Base, este se tornou um exemplo
de como não se comportar em relação à notícia e a difusão da informação. A
liberdade de imprensa neste caso tornou-se uma arma letal aos supostos
envolvidos. A mídia à época divulgou a notícia de abuso sexual a três suspeitos
casais contra crianças de quatro anos de idade. Uma das mães procurou a
66
delegacia informando o caso, e, não tendo resultados esperados, procurou a
imprensa e relatou o ocorrido. Ao ter a notícia em mãos, e após relatos nada
imparciais do delegado à época, divulgaram a notícia de abuso contra os três casais.
Após idas e vindas da investigação, constatou-se que exame de corpo de delito
realizado na criança supostamente abusada era inconclusivo, podendo a criança
estar sofrendo de problemas intestinais, o que viera a ser confirmado pela mãe da
criança mais tarde. Após longa investigação constatou-se que os suspeitos daquele
crime eram inocentes, todavia, uma vez difundida a notícia na mídia, gerou-se a
opinião pública, que julgou os suspeitos, sendo estes humilhados moralmente, tendo
seus direitos de ir e vir cerceados, tendo que se esconder para não serem linchados
pela população, e até hoje, aos que ainda permanecem vivos, há o revés de ter tido
o seu nome ligado naquele fatídico caso.
Outro caso abordado, com um destino ainda mais trágico, foi o caso da
dona de casa Fabiane Maria de Jesus. Uma rádio local, de nome Guarujá Alerta,
divulgou um retrato falado na rede social Facebook de uma suposta sequestradora
de crianças para magia negra. A comunidade local tomou conhecimento e, de forma
irresponsável, atrelou tal retrato falado à Fabiane, tendo ela sofrido graves sanções
da comunidade local, onde viera a ser arrastada em meio a rua e linchada
brutalmente pelos moradores, que se usaram de artefatos como pedaços de
madeira, deferindo ponta pés, até ser socorrida já em estado grave, vindo a falecer
dias depois. Aqui se tem a presença da liberdade de expressão, que custou a vida
de Fabiane, que após investigações fora considerada inocente.
Assim, conforme demonstrado em ambos os casos levantados, a
população toma a informação dada pela mídia como verdade absoluta, gerando
opinião pública a respeito da notícia. Quando não se toma as devidas análises à
informação, sendo esta difundida sem ao menos ter-se certeza do ocorrido, a
opinião pública julga o acusado, ferindo o princípio da presunção de inocência na
sua dimensão externa, tendo em vista que este impõe o dever de tratamento ao
investigado/acusado, como presumidamente inocente pela sociedade, acarretando
danos irreversíveis para a pessoa.
67
REFERÊNCIAS
ABDO, Helena. Mídia e Processo – São Paulo: Editora Saraiva, 2011.
ADAMI, Anna. Redes Sociais. Disponível em:<http://www.infoescola.com/sociedade/redes-sociais-2/>. Acesso em: 24 maio 2015.
ALMEIDA, Priscila Coelho de Barros. Liberdade de expressão e liberdade deinformação: uma análise sobre suas distinções. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII,n. 80, set 2010. Disponível em:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8283>. Acesso em: 19 mar. 2015.
ANDRADE, Fábio Martins de. A influência dos órgãos da mídia no processopenal: o caso Nardoni. Disponível em:<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&ved=0CDUQFjAE&url=http%3A%2F%2Fmodulacaotributaria.com.br%2Fwp-content%2Fuploads%2F2012%2F03%2FA-influ%25C3%25AAncia-dos-%25C3%25B3rg%25C3%25A3os-da-m%25C3%25ADdia-no-processo-penal-o-caso-Nardoni1.pdf&ei=aQ1KVd6wOsLbU5aRgPAK&usg=AFQjCNGLd-bvKeeT5XkPYNVIYOAjdc_udA&bvm=bv.92291466,d.d24&cad=rja>. Acesso em: 15maio 2015.
ARAÚJO, Rejane. DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda. FGV CPDOC.Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/DIP>. Acessoem: 20 abr. 2015.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS. Imprensa Brasileira: Dois Séculos deHistória. Disponível em: <http://www.anj.org.br/imprensa-brasileira-dois-seculos-de-historia-2/>. Acesso em: 16 abr. 2015.
BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica: História da Imprensa Brasileira. 4ª ed.rev. e atual. São Paulo: Ática, 1990.
BARBOSA, Marialva. História Cultural da Imprensa: Brasil 1800 – 1900. Rio deJaneiro: Mauad X, 2010.
BARBOSA, Marialva. História Cultural da Imprensa: Brasil 1900 – 2000. Rio deJaneiro: Mauad X, 2007.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: Osconceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3. ed. São Paulo: Saraiva,2011.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar,1998.
BAYER, Diego; AQUINO, Bel. Da série “julgamentos históricos”: Escola Base, acondenação que não veio pelo judiciário. Disponível em:
68
<http://justificando.com/2014/12/10/da-serie-julgamentos-historicos-escola-base-a-condenacao-que-nao-veio-pelo-judiciario/>. Acesso em: 17 maio 2015.
BITELLI, Marcos Alberto Sant’Anna. O direito da comunicação e da comunicaçãosocial. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2004.
BITTENCOURT, Mariana. Escola Base: aniversário do sensacionalismo. 2011. Viés.Disponível em: < http://www.ufrgs.br/vies/vies/escola-base-aniversario-do-sensacionalismo/>. Acesso em: 26 abr. 2015.
BONAVIDES, Paulo. Teoria Constitucional da Democracia Participativa. SãoPaulo: Ed. Malheiros, 2001.
BRANDÃO, Amaurícia Lopes Rocha; NUNES, Rosane. Rádio, uma mídia demassa com grande poder de segmentação e de inclusão e informação.Disponível em: <http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/4/43/GT2-_IC-_02-_Radio_uma_midia_de_massa-Amauricia.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2015.
BRASIL. Agência Brasileira de Inteligência. 80 anos da atividade de inteligênciano Brasil. Disponível em:<http://www.abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=142>. Acesso em: 24 maio2015.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>.Acesso em: 18 mar. 2015.
BRASIL. Constituição da República. Constituição da república dos EstadosUnidos do Brazil. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm>. Acesso em:16 abr. 2015.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010: País temdeclínio de fecundidade e migração e aumentos na escolarização, ocupação e possede bens duráveis. 2011. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?view=noticia&id=1&idnoticia=2018&t=censo-2010-pais-tem-declinio-fecundidade-migracao-aumentos-escolarizacao-ocupacao-posse-bens>. Acesso em:24 abr. 2015.
BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso ainformações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no §2o do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159,de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm>. Acessoem: 22 mar. 2015.
69
BRASIL. Presidência da República. Código de Processo Penal. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>. Acesso em: 09 abr.2015.
BRASIL. Presidência da República. Constituição dos Estados Unidos do Brasil.Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm>. Acesso em:15 abr.2015.
BRASIL. Presidência da República. Constituição política do império do Brazil.Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm>. Acesso em:13 abr. 2015.
BRASIL. Presidência da República. Lei de Imprensa. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5250.htm>. Acesso em: 15 maio 2015.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Comunicação Social. PesquisaBrasileira de Mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela população brasileira.Brasília: Secom, 2014.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Editora Caras é condenada por divulgarfotos do casamento de Doda e Athina Onassis. Disponível em:<http://stj.jusbrasil.com.br/noticias/176281842/editora-caras-e-condenada-por-divulgar-fotos-do-casamento-de-doda-e-athina-onassis?ref=topic_feed>. Acesso em:26 abr. 2015.
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e atual. SãoPaulo: Saraiva, 2008.
BULOS, Uadi Lammêgo. Direito constitucional ao alcance de todos. 2 ed. rev.atual. São Paulo – Saraiva, 2010.
CAMPANHA, Diógenes. Família de mulher linchada em Guarujá temia boatossobre ‘bruxa’. 2014. Folha de São Paulo. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1452689-familia-de-mulher-linchada-em-guaruja-temia-boatos-sobre-bruxa.shtml>. Acesso em: 14 maio 2015.
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional Didático. 6. ed. BeloHorizonte: Del Rey, 1999.
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2011.
CASTRO, Allysson George Alves de. Defensoria pública, garantismo penal e direitosfundamentais do acusado. Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3742, 29 set.2013.Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/25408>. Acesso em: 20 mar. 2015.
CONSULTOR JURÍDICO. Caras é condenada por notícia sobre casamento de Dodae Athina Onassis. Consultor jurídico. Disponível em:
70
<http://www.conjur.com.br/2015-mar-25/caras-condenada-noticia-casorio-doda-athina-onassis>. Acesso em: 24 maio 2015.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Declaração Universaldos direitos humanos. 2009. Disponível em: <http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2015.
DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 2014.
EMBAIXADA DOS ESTADOS UNIDOS. Princípios da democracia. Disponível em:<http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/speech.htm>. Acesso em: 24mar. 2015.
FARIAS, Edilsom. Liberdade de expressão e comunicação: teoria e proteçãoconstitucional. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais, 2004.
FERNANDES NETO, Guilherme. Direito da comunicação social. São Paulo:Editora Revista dos tribunais, 2004.
FERRARI, Rafael. O princípio da presunção de inocência como garantia processualpenal. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun 2012. Disponível em:<http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11829&revista_caderno=22>. Acesso em: 19 mar. 2015.
FOLHA DE SÃO PAULO. Ex-dono da Escola Base morre após sofrer infarto emSão Paulo. 2014. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/05/1448429-ex-dono-da-escola-base-morre-apos-sofrer-infarto-em-sao-paulo.shtml>. Acesso em: 17 maio 2015.
FÓTON DROPS. Evolução da Comunicação humana e dos meios decomunicação. 2008. Disponível em: <http://www.foton.com.br/divirta-se.php?id=drops/evolucao>. Acesso em 22 abr. 2015.
FRAZÃO, Felipe. Polícia diz que vizinhos são suspeitos de linchar mulher até amorte. 2014. Revista Veja. Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/policia-diz-que-vizinhos-sao-suspeitos-de-linchar-mulher-ate-a-morte/>. Acesso em: 14 maio 2015.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios; REIS, Alexandre Cebrian Araújo. DireitoProcessual Penal Esquematizado. Coordenado por Pedro Lenza. São Paulo:Saraiva, 2012.
HAIDAR, Rodrigo. STF decide que Lei de Imprensa é inconstitucional. 2009.Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-abr-30/lei-imprensa-inconstitucional-decide-supremo>. Acesso em: 15 maio 2015.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. rev., atual. e ampl. –São Paulo: Saraiva, 2012.
71
LIBÂNIO, João Batista. Mídia e globalização. 2010. domtotal. Disponível em:<http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1267>. Acesso em: 22 abr.2015.
LIMA, Venício A. de. Liberdade de expressão x liberdade de imprensa: Direito àcomunicação e democracia. 2. ed. revista e ampliada – São Paulo: Publisher Brasil,2012.
LOPES JUNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. rev. e atual. – São Paulo:Saraiva, 2012.
LOPES JUNIOR, Aury. Introdução Crítica ao Processo Penal. 4ª ed. rev. atual. eampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.
LUÍS, Diego. Falando sobre mídia: Televisão. 2013. Plugcitários. Disponível em:<http://plugcitarios.com/2013/10/falando-midia-televisao/>. Acesso em: 23 abr. 2015.
MAMELUCO. José Bonifácio: Imprensa no período da Independência. Disponívelem: <http://www.obrabonifacio.com.br/az/letra/I/pagina/3/>. Acesso em: 12 abr.2015a.
MAMELUCO. José Bonifácio: D. Pedro I. Disponível em:<http://www.obrabonifacio.com.br/az/verbete/51/>. Acesso em: 13 abr. 2015b.
MARCELO, Rodiney. Mídia Impressa, Mídia Sonora e Mídia Audio-Visual:Reconstruindo Nossa Prática Pedagógica. R7. Disponível em:<http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/midia-impressa-midia-sonora-midia-audiovisual-reconstruindo-.htm>. Acesso em: 23 abr. 2015.
MARCO CIVIL DA INTERNET. 1.2.2 Conflitos com outros direitos fundamentais.Anonimato. Disponível em: <http://culturadigital.br/marcocivil/category/consulta/1-direitos-individuais-e-coletivos-eixo-1/1-2-liberdade-de-expressao/1-2-2-conflitos-com-outros-direitos-fundamentais-anonimato/>. Acesso em: 24 mar. 2015.
MARTINS, Helena. Comunicação também é direito humano fundamental. CartaCapital. 2014. Disponível em:<http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/comunicacao-tambem-e-direito-humano-fundamental-7938.html>. Acesso em: 22 maio 2015.
MASCARENHAS, Oacir Silva. A influência da mídia na produção legislativa penalbrasileira. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 83, dez 2010. Disponível em:<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8727&revista_caderno=3>. Acesso em: 16 maio 2015.
MENDES, Rafaella. Após um ano, marido de linchada em SP busca forças:‘penso todos os dias’. G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2015/05/apos-um-ano-marido-de-linchada-em-sp-busca-forcas-penso-todos-os-dias.html>. Acesso em: 14 maio 2015.
72
MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 2. ed. Coimbra: Coimbra,1998.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
MORAES, Bismael B.. Prevenção criminal ou conivência com o crime: umaanálise brasileira. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2005.
MORAIS, Alice Martins. O poder dos meios de comunicação de massa. 2011.Observatório da Imprensa. Disponível em:<http://observatoriodaimprensa.com.br/feitos-desfeitas/o_poder_dos_meios_de_comunicacao_de_massa/>. Acesso em: 22 abr.2015.
NACIF, Eleonora Rangel. A mídia e o processo penal. 2010. Observatório deImprensa. Disponível em <http://observatoriodaimprensa.com.br/caderno-da-cidadania/a-midia-e-o-processo-penal-23316/>. Acesso em: 16 maio 2015.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 13. ed. rev.e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.
OLHAR DIGITAL. Acesso a computadores mais que triplica em dez anos noBrasil. 2012. UOL. Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/acesso-a-computadores-mais-que-triplica-em-dez-anos-no-brasil/25832>. Acesso em: 24 abr.2015.
PEREIRA, Guilherme Döring Cunha. Liberdade e responsabilidade dos meios decomunicação. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.
PEREIRA, Moacir. Comunicação e Liberdade. Florianópolis; Editora Lunardelli,1945.
PINHO, Rodrigo César Rebello. Teoria geral da constituição e direitosfundamentais. 11 ed. – São Paulo: Saraiva, 2011.
PORTO, Gabriella. Sensacionalismo. InfoEscola. Disponível em:<http://www.infoescola.com/jornalismo/sensacionalismo/>. Acesso em: 26 abr. 2015.
R7 NOTÍCIAS. Mulher foi espancada até a morte no Guarujá por causa de boatona internet. 2014. Disponível em: <http://noticias.r7.com/sao-paulo/mulher-foi-espancada-ate-a-morte-no-guaruja-por-causa-de-boato-na-internet-07052014>.Acesso em: 14 maio 2015.
RAMONET, Ignacio. A tirania da comunicação. 5ª ed. Petrópolis/RJ. EditoraVozes, 2010.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 12ª Ed. rev. e atua. – Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2007.
73
RIBEIRO, Alex. Caso Escola Base: os abusos da imprensa. 2 ed. São Paulo: Ática,2001.
ROCHA, Paula Roberta Santana. O sensacionalismo no jornalismo digital.Observatório de imprensa. 2011. Disponível em:<http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/o-sensacionalismo-no-jornalismo-digital/>. Acesso em: 26 abr. 2015.
SANTANA, Ana Lucia. Departamento de Imprensa e Propaganda. InfoEscola.Disponível e: <http://www.infoescola.com/era-vargas/departamento-de-imprensa-e-propaganda-dip/>. Acesso em: 20 abr. 2015.
SANTOS, Moisés da Silva. A influência dos órgãos da mídia nos crimes de granderepercussão social em face da presunção de inocência do acusado. 2013. JusNavigandi. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/23994/a-influencia-dos-orgaos-da-midia-nos-crimes-de-grande-repercussao-social-em-face-da-presuncao-de-inocencia-do-acusado/3>. Acesso em: 16 maio 2015.
SÃO PAULO. Tribunal de Justiça. Apelação civil nº 00135958220138260011 SP0013595-82.2013.8.26.0011, Relator: Carlos Alberto Garbi, Data de Julgamento:30/09/2014. Disponível em:<http://tjsp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/143183006/apelacao-apl-135958220138260011-sp-0013595-8220138260011>. Acesso em: 25 mar. 2015.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 25ª ed. rev. eatual. São Paulo: Malheiros, 2005.
SÓ BOAS NOVAS. A história do rádio. Disponível em:<http://radio.soboasnovas.com.br/conteudo_interno.asp?cod=30>. Acesso em: 23abr.2015.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. São Paulo: Intercon:Porto Alegre, 2011.
SOUSA, Jorge Pedro. Teorias da notícia e do jornalismo. Chapecó. Editora Argos,2002.
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 7 ed.– São Paulo:Saraiva, 2009.
TOP 10+. Top 10 redes sociais mais acessadas do Brasil. Disponível em:<http://top10mais.org/top-10-redes-sociais-mais-acessadas-do-brasil/>. Acesso em:24 maio 2015.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 10ª Ed. rev. eatual. – São Paulo: Saraiva, 2008.
ÚLTIMO SEGUNDO. IBGE: pela 1ª vez, domicílios brasileiros têm mais TV egeladeira do que rádio. 2012. IG. Disponível em:
74
<http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2012-04-27/ibge-pela-1-vez-domicilios-brasileiros-tem-mais-tv-e-geladeira-d.html>. Acesso em: 23 abr. 2015.
UOL ENTRETENIMENTO. Tabloide sensacionalista divulga morte de LuanSantana, xará do cantor sertanejo. 2011. Disponível em:<http://uolentretenimento.blogosfera.uol.com.br/2011/12/01/tabloide-sensacionalista-divulga-morte-de-luan-santana-o-xara/>. Acesso em: 24 maio. 2015.
VANOYE, Francis. Usos da Linguagem: problemas e técnicas na produção oral eescrita. 12ª ed. – São Paulo, Martins Fontes, 2003.
VEJA. Morre Icushiro Shimada, erroneamente acusado no caso Escola Base.2014. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/morre-icushiro-shimada-um-dos-acusados-na-escola-base/>. Acesso em: 17 maio 2015.
VESCE, Gabriela E. Possolli. Mídia Impressa. InfoEscola. Disponível em:<http://www.infoescola.com/comunicacao/midia-impressa/>. Acesso em: 23 abr.2015a.
VESCE, Gabriela E. Possolli. Mídia Audiovisual. InfoEscola. Disponível em:<http://www.infoescola.com/comunicacao/midia-audiovisual/>. Acesso em: 23 abr.2015b.
VIEIRA, Ana Lúcia Menezes. Processo Penal e Mídia. São Paulo: Editora Revistados Tribunais, 2003.
75
ANEXOS
76
ANEXO A – Luan Santana morto a tiros
Reportagem traz a informação da morte de um homônimo do cantor.
77
ANEXO B – Reportagem sobre a indenização do Cavaleiro Doda.
78
ANEXO C – Caso Escola Base
Reportagens do jornal Notícias Populares à época do fato,
sensacionalizando o ocorrido.
79
ANEXO D – Caso Fabiane Maria de Jesus
Mensagem publicada na página Guarujá Alerta sobre o suposto
sequestro:
.
Retrato falado divulgado a época:
Publicação relativa ao boato: