direito de autor e acervos digitais - manoel joaquim pereira dos santos

17
MANOEL J. PEREIRA DOS SANTOS COORDENADOR E PROFESSOR DO PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM PROPRIEDADE INTELECTUAL DA GVLAW – ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO

Upload: semana-biblioteconomia

Post on 18-Dec-2014

1.286 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Apresentação de Manoel Joaquim Pereira dos Santos da FGV-SP para a mesa "Direitos autorais e os acervos digitais” durante a VI Semana de Biblioteconomia ECA-USP. O evento ocorreu de 26 a 30 de setembro de 2011.

TRANSCRIPT

Page 1: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

MANOEL J. PEREIRA DOS SANTOS

COORDENADOR E PROFESSOR DO PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM

PROPRIEDADE INTELECTUAL DA GVLAW – ESCOLA DE DIREITO DE SÃO PAULO

Page 2: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

QUAL DEVE SER A FUNÇÃO DO ACERVO DIGITAL?

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

– Evitar que as obras intelectuais

tornem-se indisponíveis por deterioração do suporte

material.

ACESSO ÀS FONTES DE INFORMAÇÃO

– Permitir que a sociedade possa

facilmente consultar, para determinados fins

(didáticos e de pesquisa), obras referenciais e

edições históricas existentes em acervos.

Page 3: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

QUAL DEVE SER A FUNÇÃO DO ACERVO DIGITAL?

DIFUSÃO DA CULTURA NACIONAL

– Viabilizar a circulação das obras

intelectuais para número maior de usuários sem

as barreiras tradicionais (distância, reprodução e custos).

ESTÍMULO AO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO

– Ampliar as possibilidades de utilização do acervo

cultural → acesso livre ao repositório de

teses/publicações.

Page 4: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

QUAL DEVE SER O OBJETIVO?

ACESSO LIVRE OU ABERTO:

Permitir a leitura, cópia, impressão, distribuição ou download de obras intelectuais para qualquer fim não comercial

→ acesso a material científico para fins de pesquisa

ou

ACESSO MÍNIMO:

Permitir apenas a indexação, leitura ou uso para qualquer fim não comercial

→ divulgação do acervo de material científico

Page 5: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

QUAIS SÃO OS PROBLEMAS ASSOCIADOS À CRIAÇÃO DE ACERVOS DIGITAIS?

RESTRIÇÕES LEGAIS

• A digitalização, a disponibilização e a geração de cópias constituem atos privativos do titular dos Direitos Autorais.

• A reprodução para preservação e para fins didáticos ou de pesquisa deve estar expressamente prevista na legislação.

RESTRIÇÕES TÉCNICAS:

O uso de medidas tecnológicas de proteção pode impedir a reprodução para fins de preservação.

Page 6: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO AS LEGISLAÇÕES ESTRANGEIRAS TRATARAM ESTE TEMA?

Diversas legislações contemplam limitações destinadas a permitir a preservação de obras intelectuais.

As diferenças de escopo dessas limitações relacionam-se com:

(a) As instituições autorizadas a gerar cópias

(b) A finalidade e o momento da reprodução

(c) O tipo de cópia que pode ser feita.

Em geral, as limitações não se destinam especificamente aos acervos digitais, mas às bibliotecas tradicionais.

A digitalização do acervo e o acesso ao acervo digital para outros fins são questões em aberto.

Page 7: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO AS LEGISLAÇÕES ESTRANGEIRAS TRATARAM ESTE TEMA?

O Art. 108 da Lei de Direitos Autorais dos EUA prevê uma exceção limitada aos direitos exclusivos para bibliotecas e acervos públicos, em acréscimo às regras de “fair use”:

Cópia única para usuário destinada a fins não comerciais.

3 cópias de obras não publicadas para fins de preservação.

3 cópias de obras publicadas para substituição de suporte deteriorado/perdido ou para novo meio de utilização.

Cópia de obra esgotada, para fins de preservação e pesquisa, durante o prazo final da proteção (20 anos).

Page 8: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO AS LEGISLAÇÕES ESTRANGEIRAS TRATARAM ESTE TEMA?

Os Arts. 51(a) (obras) e 110(b) (filmes e fonogramas) da Lei de Direitos Autorais da Australia autorizam a digitalização para preservação de exemplar do acervo, desde que:

O suporte seja danificado, perdido ou furtado.Trate-se de obra publicada “não disponível em prazo

razoável e a preço comercial regular”.Trate-se de manuscrito, obra artística original ou matriz

de fonograma.

Os Arts. 51(b), 110(ba) e 112(aa) autorizam em situações especiais a realização de 3 cópias para preservação.

Page 9: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO AS LEGISLAÇÕES ESTRANGEIRAS TRATARAM ESTE TEMA?

Diretiva 2001/29/CE, de 22 de maio de 2001, relativa à harmonização de certos aspectos do Direito de Autor e dos Direitos Conexos na Sociedade da Informação :

• Art. 5°, 2: Os Estados-Membros podem prever exceções ou limitações ao direito de reprodução previsto no artigo 2° nos seguintes casos:c) Em relação a atos específicos de reprodução praticados por bibliotecas, estabelecimentos de ensino ou museus acessíveis ao público, ou por arquivos, que não tenham por objetivo a obtenção de uma vantagem econômica ou comercial, direta ou indireta;

Page 10: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO AS LEGISLAÇÕES ESTRANGEIRAS TRATARAM ESTE TEMA?

O Art. 52b da Lei de Direitos Autorais da Alemanha permite a disponibilização em terminais, para fins de estudo e pesquisa, de cópias de obras existentes em bibliotecas e acervos públicos.

O Art. 53a permite o fornecimento limitado de cópias para usuários, para fins de estudo e pesquisa.

• Os usos acima permitidos pressupõem o pagamento de uma remuneração equitativa por meio de gestão coletiva.

O Art. 53(5) autoriza a reprodução do conteúdo de bases de dados eletrônicas para fins didáticos e de pesquisa.

Page 11: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO AS LEGISLAÇÕES ESTRANGEIRAS TRATARAM ESTE TEMA?

O Art. L. 122-5(8) do Código de Propriedade Intelectual da França permite a reprodução de obras existentes em bibliotecas e acervos públicos para fins de conservação e preservação.

Os Arts. 68(2) e 69(2) da Lei de Direitos de Autor da Itália permitem a reprodução de uma cópia do acervo de bibliotecas e outros acervos públicos, desde que para uso interno.

O Art. 37 da Lei de Direitos de Autor da Espanha permite que bibliotecas e acervos reproduzam obras para fins de pesquisa e preservação do acervo.

O Art. 22 da Decisão Andina 351 de 1993 permite a reprodução de obra constante do acervo de bibliotecas para preservação e substituição de exemplar perdido ou deteriorado.

Page 12: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO REGULAR ESSAS QUESTÕES PELO DIREITO DE AUTOR?

Permitir que bibliotecas e outros acervos digitais possam livremente digitalizar as obras intelectuais para a substituição do suporte material – preservação de versões originais.

Permitir que bibliotecas e outros acervos digitais possam livremente viabilizar o acesso à obra mediante a utilização de recursos digitais desde que tais recursos sejam disponibilizados no ambiente fechado da biblioteca ou acervo digital.

Page 13: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

COMO REGULAR ESSAS QUESTÕES PELO DIREITO DE AUTOR?

Permitir que bibliotecas e outros acervos digitais disponibilizem livremente obras intelectuais para consulta de forma remota – via Internet – desde que proibidos os atos de impressão e download.

Permitir que bibliotecas e outros acervos digitais autorizem a reprodução integral de obras esgotadas, mediante download ou impressão da versão digital.

Page 14: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

PROJETO DE LEI DO MINC = ART. 46

Permitir que bibliotecas e outros acervos digitais possam livremente digitalizar as obras intelectuais para a substituição do suporte material – preservação de versões originais.

“XIII – a reprodução necessária à conservação, preservação e arquivamento de qualquer obra, sem finalidade comercial, desde que realizada por bibliotecas, arquivos, centros de documentação, museus, cinematecas e demais instituições museológicas, na medida justificada para atender aos seus fins;”

Page 15: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

PROJETO DE LEI DO MINC = ART. 46

Permitir que bibliotecas e outros acervos digitais possam livremente viabilizar o acesso à obra mediante a utilização de recursos digitais desde que = (a) tais recursos sejam disponibilizados no ambiente fechado da biblioteca ou acervo digital.(b) para consulta de forma remota – via Internet – se proibidos os atos de impressão e download.

“XVI – a comunicação e a colocação à disposição do público de obras intelectuais protegidas que integrem as coleções ou acervos de bibliotecas, arquivos, centros de documentação, museus, cinematecas e demais instituições museológicas, para fins de pesquisa, investigação ou estudo, por qualquer meio ou processo, no interior de suas instalações ou por meio de suas redes fechadas de informática;”

Page 16: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

PROJETO DE LEI DO MINC = ART. 46

Permitir que bibliotecas e outros acervos digitais autorizem a reprodução integral de obras esgotadas, mediante download ou impressão da versão digital.

“XVII – a reprodução, sem finalidade comercial, de obra literária, fonograma ou obra audiovisual, cuja última publicação não estiver mais disponível para venda, pelo responsável por sua exploração econômica, em quantidade suficiente para atender à demanda de mercado, bem como não tenha uma publicação mais recente disponível e, tampouco, não exista estoque disponível da obra ou fonograma para venda;”

Page 17: Direito de Autor e Acervos Digitais - Manoel Joaquim Pereira dos Santos

PROJETO DE LEI DO MINC = ART. 46

Parágrafo único. Além dos casos previstos expressamente neste artigo, também não constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução, distribuição e comunicação ao público de obras protegidas, dispensando-se, inclusive, a prévia e expressa autorização do titular e a necessidade de remuneração por parte de quem as utiliza, quando essa utilização for:I – para fins educacionais, didáticos, informativos, de pesquisa ou para uso como recurso criativo; eII – feita na medida justificada para o fim a se atingir, sem prejudicar a exploração normal da obra utilizada e nem causar prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.

.