direito das obrigaÇÕes resumão(1)

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  • 8/8/2019 DIREITO DAS OBRIGAES Resumo(1)

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    DIREITO DAS OBRIGAES

    I - NOES GERAIS

    1) Conceito de Direito Obrigacional: consiste num complexo de normas queregem relaes jurdicas de ordem patrimonial, que tm por objeto prestaesde um sujeito em proveito de outro; trata dos vnculos entre credor e devedor,excluindo de sua rbita relaes de uma pessoa para com uma coisa

    contemplas as relaes jurdicas de natureza pessoal.

    2) Direitos reais: so os que atribuem a uma pessoa prerrogativas sobre umbem, como o direito de propriedade (direito sobre uma coisa).

    3) Obrigaespropter rem:so as que recaem sobre uma pessoa por forade um determinado direito real, permitindo sua liberao pelo abandono dobem; passa a existir quando o titular do direito real obrigado, devido suacondio, a satisfazer certa prestao; seus caracteres so: a) vinculao a umdireito real, ou seja, a determinada coisa de que o devedor proprietrio oupossuidor; b) possibilidade de exonerao do devedor pelo abandono do direito

    real, renunciando o direito sobre a coisa; c) transmissibilidade por meio denegcios jurdicos, caso em que a obrigao recair sobre o adquirente.

    4) nus reais: so obrigaes que limitam a fruio e a disposio dapropriedade; representam direitos reais sobre coisa alheia e prevalecem ergaomnes.

    5) Obrigaes com eficcia real: a obrigao ter eficcia real quando, semperder seu carter de direito a uma prestao, se transmite e oponvel aterceiro que adquira direito sobre determinado bem.

    6) Conceito de obrigao: o vnculo pessoal de direito existente entredevedores e credores, tendo por objeto uma prestao ou contraprestao decontedo econmico; a prestrao ou contraprestao deve ser possvel, lcitadeterminada ou determinvel, e traduzvel em dinheiro.

    8) Classificao das obrigaes: classificam-se em:1) Consideradas em si mesmo:a) em relao ao seu vnculo (obrigao moral, civil e natural);b) quanto natureza de seu objeto (obrigao de dar, de fazer e de no fazer;positiva ou negativa);c) relativamente liquidez do objeto (obrigao lquida e ilquida);d) quanto ao modo de execuo (obrigaes simples e cumulativas, alternativase facultativas);e) em relao ao tempo de adimplemento (obrigao momentnea ouinstantnea; de execuo continuada ou peridica);f) quanto aos elementos acidentais (obrigao pura, condicional, modal ou atermo); g) em relao pluralidade dos sujeitos (obrigao divisvel eindivisvel; obrigao solidria);h) quanto ao fim (obrigao de meio, de resultado e de garantia).

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    2) Reciprocamente consideradas: obrigao principal e acessria.

    II - MODALIDADES DAS OBRIGAES

    Obrigaes em Relao ao seu Vnculo

    9) Obrigao civil: nela h um vnculo que sujeita o devedor realizao deuma prestao positiva ou negativa no interesse do credor, estabelecendo um

    liame entre os 2 sujeitos, abrangendo o dever da pessoa obrigada (debitum) esua responsabilidade em caso inadimplemento (obligatio), o que possibilita aocredor recorrer interveno estatal para obter a prestao, tendo comogarantia o patrimnio do devedor.

    10) Obrigao moral: constitui mero dever de conscincia, cumprido apenaspor questo de princpios; logo, sua execuo , sob o prisma jurdico, meraliberalidade.

    11) Obrigao natural: aquela em que o credor no pode exigir do devedoruma certa prestao, embora, em caso de seu adimplemento espontneo ouvoluntrio, possa ret-la a ttulo de pagamento e no de liberalidade.

    Obrigaes quanto ao seu objeto

    12) Espcies de prestao de coisa: a obrigao de prestao de coisa vema ser aquela que tem pos objeto mediato uma coisa que, por sua vez,pode sercerta ou determinada (CC, arts. 863 a 873) ou incerta (874 a 877); serespecfica se tiver por objeto coisa certa e determinada; ser genrica se seuobjeto for indeterminado; incluem-se a obrigao de dar, de restituir, decontribuir e de solver dvida em dinheiro.

    13) Obrigao de dar: a prestao do obrigado essencial constituio outransferncia do direito real sobre a coisa; a entrega da coisa tem por escopo atransferncia de domnio e de outros direitos reais; tal obrigao surge, porexemplo, por ocasio de um contrato de compra e venda, em que o devedor secompromete a transferir o domnio para o credor do objeto da prestao, tendoeste, ento, direito coisa, embora a aquisio do direito fique na dependnciada tradio do devedor.

    14) Obrigao de restituir: no tem por escopo transferncia depropriedade, destinando-se apenas a proporcionar o uso, fruio ou possedireta da coisa, temporariamente; se caracteriza por envolver uma devoluocomo,por exemplo, a que incide sobre o locatrio, o depositrio, etc., uma vezfindo o contrato, dado que o devedor dever devolver a coisa a que o credor jtem direito de propriedade por ttulo anterior relao obrigacional.

    15) Obrigao de contribuir: rege-se pelas normas da obrigao de dar, deque constitui uma modalidade, e pelas disposies legais alusivas s obrigaespecunirias.

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    16) Obrigao de dar coisa certa: tem-se quando seu objeto constitudopor um corpo certo e determinado, estabelecendo entre as partes da relaoobrigacional um vnculo em que o devedor dever entregar ao credor uma coisaindividuada; se a coisa, sem culpa do devedor, se deteriorar, caber ao credoescolher se considera extinta a relao obrigacional ou se aceita o bem noestado em que se encontra, abatido no seu preo o valor do estrago (art. 866)perecendo a coisa, por culpa do devedor; ele dever responder peloequivalente, isto, pelo valor que coisa tinha no momento em que pereceu, mais

    as perdas e danos (art. 865), que compreendem a perda efetivamente sofridapelo credor (dano emergente) e o lucro que deixou de auferir (lucro cessante);deteriorando-se o objeto poder o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisano estado em que se achar, com direito de reclamar, em um ou em outro casoindenizao de perdas e danos (art. 867).

    17) Obrigao de dar coisa incerta: consiste na relao obrigacional em queo objeto, indicado de forma genrica no incio da relao, vem a serdeterminado mediante um ato de escolha, por ocasio do seu adimplemento;sua prestao indeterminada, porm suscetvel de determinao, pois seupagamento precedido de um ato preparatrio de escolha que a individualizar

    , momento em que se transmuda numa obrigao de dar coisa certa; a escolhano pode ser absoluta; dever ser levado em conta as condies estabelecidasno contrato, bem como as limitaes legais, uma vez que a lei, na falta dedisposio contratual, estabelece um critrio, segundo o qual o devedor nopoder dar a coisa pior, nem ser obrigado a prestar melhor (art. 875).

    18) Obrigao de solver dvida em dinheiro: abrange prestaoconsistente em dinheiro, reparao de danos e pagamento de juros, isto dvida pecuniria, dvida de valor e dvida remuneratria; as obrigaes quetm por objeto uma prestao de dinheiro, so denominadas obrigaespecunirias, por visarem proporcionar ao credor o valor que as respectivasespcies possuam como tais.

    19) Obrigao de fazer: a que vncula o devedor prestao de um servioou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, em benefcio docredor ou de terceira pessoa; tem por objeto qualquer comportamento humano,lcito e possvel, do devedor ou de outra pessoa s custas daquele, seja aprestao de trabalho fsico ou material, seja a realizao de servio intelectualartstico ou cientfico, seja ele, ainda, a prtica de certo ato que no configuraexecuo de qualquer trabalho; se a prestao do fato se impossibilitar semculpa do devedor, resolver-se- a obrigao, e as partes sero reconduzidas aoestado em que se encontravam antes do negcio; se foi impossibilitada porculpa do devedor, responder este pelas perdas e danos.

    20) Obrigao de no fazer: aquela em que o devedor assume ocompromisso de se abster de algum ato, que poderia praticar livremente se nose tivesse obrigado para atender interesse jurdico do credor ou de terceirocaracteriza-se, portanto, por uma absteno de um ato; o descumprimento daobrigao dar-se- pela impossibilidade da absteno do fato, sem culpa do

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    devedor, que se obrigou a no pratic-lo, ou pela inexecuo culposa dodevedor, ao realizar, por negligncia ou por interesse, ato que no podia.

    Obrigaes quanto liquidez do objeto

    21) Obrigao lquida: aquela obrigao certa, quanto sua existncia, edeterminada quanto ao seu objeto (art. 1.533); seu objeto certo e individuado;logo, sua prestao relativa a coisa determinada quanto espcie

    quantidade e qualidade.

    22) Obrigao ilquida: aquela incerta quanto sua quantidade e que setorna certa pela liquidao, que o ato de fixar o valor da prestaomomentaneamente indeterminada, para que esta se possa cumprir; logo, semliquidao dessa obrigao, o credor no ter possibilidade de cobrar seucrdito; se o devedor no puder cumprir a prestao na espcie ajustada, peloprocesso de liquidao fixa-se o valor, em moeda corrente, a ser pago ao credor(art. 1534).

    Obrigaes relativas ao modo de execuo

    23) Obrigao simples e cumulativa: simples aquela cuja prestao recasomente sobre uma coisa (certa ou incerta) ou sobre um ato (fazer ou nofazer); destina-se a produzir um nico efeito, liberando-se p devedor quandocumprir a prestao a que se obrigara; cumulativa uma relao obrigacionamltipla, por conter 2 ou mais prestaes de dar, de fazer ou de no fazer,decorrentes da mesma causa ou do mesmo ttulo, que devero realizar-setotalmente, pois o inadimplemento de uma envolve seu descumprimento total.

    24) Obrigao alternativa: a que contm duas ou mais prestaes comobjetos distintos, da qual o devedor se libera com o cumprimento de uma sdelas, mediante escolha sua ou do credor; caracteriza-se por haver dualidadeou multiplicidade de prestaes heterogneas, e operar a exonerao dodevedor pela satisfao de uma nica prestao, escolhida para pagamento aocredor.

    Obrigao concernentes ao tempo de adimplemento

    25) Obrigao momentnea ou instantnea: a que se consuma num sato em certo momento, como, por exemplo, a entrega de uma mercadoria; nelah uma completa exausto da prestao logo no primeiro momento de seuadimplemento.

    26) Obrigao de execuo continuada: a que se protrai no tempo,caracterizando-se pela prtica ou absteno de atos reiterados, solvendo-senum espao mais ou menos longo de tempo; por exemplo, a obrigao dolocador de ceder ao inquilino, por certo tempo, o uso e o gozo de um beminfungvel, e a obrigao do locatrio de pagar o aluguel convencionado.

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    Obrigaes quanto aos elementos acidentais

    27) Generalidades: os elementos estruturais ou constitutivos de negciojurdico abrangem:a) elementos essenciais: imprescindveis existncia do negcio jurdicopodem ser gerais, se comuns generalidade dos atos negociais, e particularesquando peculiares a certas espcies por atinarem sua formas;

    b) elementos naturais: so efeitos decorrentes do negcio jurdico, sem queseja necessrio qualquer meno expressa a seu respeito, visto que a prprianorma jurdica j determina quais so essas conseqncia jurdicas;c) elementos acidentais: so estipulaes ou clusulas acessrias que as partespodem adicionar em seu negcio para modificar uma ou algumas de suasconseqncias naturais (condio, modo, encargo ou termo).

    28) Obrigao condicional: a que contm clusula que subordina seu efeitoa evento futuro e incerto; assim, uma obrigao ser condicional quando seuefeito, total ou parcial, depender de um acontecimento futuro e incerto. Podeser Suspensiva ou Resolutiva.

    Obrigaes quanto ao contedo

    40) Obrigao de meio: aquela em que o devedor se obriga to-somente ausar de prudncia e diligncia normais na prestao de certo servio paraatingir um resultado, se, contudo, se vincular a obt-lo; sua prestao noconsiste num resultado certo e determinado a ser conseguido obrigado, masto-somente numa atividade prudente e diligente deste em benefcio do credor.

    41) Obrigao de resultado: aquela em que o credor tem o direito deexigir do devedor a produo de um resultado, sem o que se ter oinadimplemento da relao obrigacional; tem-se em vista o resultado em smesmo, de tal sorte que a obrigao s se considerar adimplida com a efetivaproduo do resultado colimado.

    42) Obrigao de garantia: a que tem por contedo a eliminao de umrisco, que pesa sobre o credor; visa reparar as conseqncias de realizao dorisco; embora este no se verifique, o simples fato do devedor assumi-lorepresentar o adimplemento da prestao.

    Obrigaes Reciprocamente Consideradas

    43) Obrigao principal: a obrigao existente por si, abstrata ouconcretamente, sem qualquer sujeio a outras relaes jurdicas.

    44) Obrigao acessria: aquela cuja existncia supe a da principal.

    45) Efeitos jurdicos: as obrigaes principal e acessria regem-se pelosmesmos princpios norteadores das relaes entre a coisa principal e a coisa

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    acessria, da estarem subordinadas ao preceito geral accesorium sequiturnaturam sui principalis, ou seja, o acessrio segue a condio jurdica doprincipal.; produz, alm de outros, os seguintes efeitos jurdicos: a extino daobrigao principal implica o desaparecimento da acessria; a ineficcia ounulidade da principal reflete-se na acessria; a prescrio da principal afeta aacessria, etc.; preciso ressaltar que a sorte da obrigao acessria noatinge a principal.

    Extino da relao obrigacional sem pagamento

    23) Prescrio: um dos modos extintivos da obrigao sem que o devedorcumpra a prestao; tem por objeto a ao, por ser uma exceo oposta ao seuexerccio com a finalidade de extingui-la e tendo por fundamento um interessejurdico-social; uma pena para o negligente. que deixa de exercer seu direitode ao dentro de certo prazo, diante de uma pretenso resistida.

    24) Caso fortuito e fora maior: a impossibilidade, sem culpa do devedor,

    de cumprir a prestao devida equivaleria fora maior ou ao caso fortuito, quese caracterizam pela presena de 2 requisitos: a) o objetivo, que se configurana inevitabilidade do acontecimento, sendo impossvel evit-lo ou impedi-lo(CC, art. 1058, nico; RT 444:122); b) subjetivo, que a ausncia de culpa naproduo do evento; na fora maior conhece-se o motivo ou a causa que dorigem ao acontecimento, pois se trata de um fato da natureza; no caso fortuitoo acidente que acarreta o dano advm de causa desconhecida; soacontecimentos inevitveis, estranhos vontade do devedor, que impedem aexecuo da obrigao, acarretando em sua extino, sem que caiba ao credorqualquer ressarcimento, salvo se as partes convencionaram o contrrio ou se seconfigurarem as hipteses dos arts. 955 a 957, 1300, 1, e 877 do CC.

    25) Condio resolutiva ou de termo extintivo: um pacto inserido nonegcio jurdico para modificar o efeito da relao obrigacional, de forma queenquanto a condio no se realizar, vigorar a obrigao, mas a suaverificao extinguir, para todos os efeitos, o liame obrigacional; o termo finaou resolutivo determina a data de cessao dos efeitos do negcio jurdico.

    26) Execuo forada por intermdio do Judicirio: so as medidasaplicadas pelo Estado quando o devedor no cumprir voluntariamente aobrigao assumida, o credor poder obter seu adimplemento, havendo aexeqibilidade da prestao por meio de execuo forada; o crdito poderser satisfeito por meio de execuo especfica, se o credor tiver por escopoobter exatamente a prestao prometida, ou por execuo genrica se o credorexecutar bens do devedor, para obter o valor da prestao no cumprida, porser fsica ou juridicamente impossvel.

    Consequncias da inexecuo das obrigaes por fato imputvel aodevedor

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    27) Inadimplento voluntrio: ter-se- o inadimplemento da obrigaoquando faltar a prestao devida, isto , quando o devedor no a cumprir,voluntria ou involuntariamente; se o descumprimento resultar de fatoimputvel ao devedor, haver inexecuo voluntria, que poder ser dolosa, ouresultar de negligncia, imprudncia ou impercia do devedor.

    28) Responsabilidade contratual do inadimplente: todo aquele quevoluntriamente infringir dever jurdico, estabelecido em lei ou em relao

    negocial, causando prejuzo a algum, ficar obrigado a ressarci-lo (CC, art159); havendo liame obrigacional, a responsabilidade do infrator, designar-se-responsabilidade contratual; no havendo vnculo obrigacional serextracontratual ou aquiliana

    Dano no Art. 927 do Novo Cdigo CivilA responsabilidade civil, no novo Cdigo Civil brasileiro, regulada pelos artigos927 e seguintes, apesar de mais afetos responsabilidade aquiliana, isto ,extracontratual.Eis o artigo 927:

    Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, ficaobrigado a repar-lo.Note que o art. 186 definiu o ato ilcito que, por definio, inclui o dano. Decerto, aquele que viola direito alheio, mas sem causar dano a ningum, nostermos do art. 186 no comete ato ilcito. O ato ilcito pressupe o dano, mas,do todo modo, o artigo 927 quis deixar claro que a responsabilidade civil, isto ,a obrigao de reparar o dano, emerge do dano provocado por ato ilcito.O pargrafo nico do artigo 927 abre as portas da teoria do risco nas relaescivis, determinando que seja abandonada a teoria da culpa, sempre que a leimandar ou quando o dano decorrer do risco provocado pela atividadedesempenhada pelo agente causador do dano. a adoo da responsabilidadeobjetiva, por determinao legal. este o texto do pargrafo:Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente deculpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmentedesenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para osdireitos de outrem.

    Note que a lei foi taxativa e no deixou dvidas quanto adoo daresponsabilidade objetiva, com base na teoria do risco. As expressesindependentemente de culpa e quando a atividade implicar risco, a meu ver,no do margem para o abrandamento interpretativo.Adicionalmente, observa-se que o texto no fala em risco decorrente de umproduto ou servio, mas em risco decorrente de uma atividade. Assim, essaregra tem aplicao tanto na responsabilidade contratual quanto naresponsabilidade aquiliana, extracontratual. Se uma atividade representa risco,no o representa apenas para as pessoas que fazem uso dessa atividade, ouque mantm alguma relao jurdica com o agente da atividade de risco. Mas aexpresso atividade de risco tambm inclui a fabricao, distribuio e venda

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    de produtos, alm da prestao de servios de qualquer espcie, impondo-se,pois, a responsabilidade objetiva tambm em sede de responsabilidadecontratual.Dito isso, fica, ento, estabelecido que o dispositivo em comento estipula aresponsabilidade objetiva, de carter contratual e extracontratual, para todosaqueles que exercem qualquer atividade que represente risco para as pessoasem geral, usurias ou no dessa atividade.Como o dispositivo novo, porm, ainda devemos esperar alguns anos, at que

    a jurisprudncia ptria desenvolva a exata noo do que seja atividade de risco.A ns s resta torcer para que essa construo jurisprudencial venha a adotaruma tendncia ampliativa e no restritiva, isto , que no seja demasiadamentemoderada na incluso de atividades no rol das atividades de risco.De certo, atividades h que, a meu ver, no deixam dvidas sobre suapericulosidade, como a produo, transmisso e distribuio de energia eltricae nuclear, petrleo e gs, atividades que lidam com explosivos, indstriasqumicas que lidam com cidos e inflamveis etc. Essas e muitas outrasatividades, alis, at j receberam o enquadramento de periculosidade, paraefeito de adicionais salariais, pela tica do direito do trabalho, o que, de incio,poderia pautar as primeiras decises judiciais a respeito.

    .

    Mora

    29) Conceito: considera-se em mora o devedor que no efetuar o pagamentoe o credor que o no quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados; amora vem a ser no s a inexecuo culposa da obrigao, mas tambm ainjusta recusa de receb-la no tempo, no lugar e na forma devidos.

    30) Mora solvendi ou mora do devedor: configura-se quando este nocumprir, por culpa sua, a prestao devida na forma, tempo e lugar estipulados(RT, 478:149); seu elemento objetivo a no realizao do pagamento notempo, local e modo convencionados; o subjetivo a inexecuo culposa desua parte; manifesta-se sob 2 aspectos: a) mora ex re, se decorrer de leiresultando do prprio fato do descumprimento da obrigao, independendoportanto, de provocao do credor; se houver vencimento determinado para padimplemento, o prprio termo interpela em lugar do credor, assumindo opapel da intimao; b) mora ex persona, se no houver estipulao de termocerto para a execuo da relao obrigacional; nesse caso, ser imprescindveque o credor tome certas providncias necessrias para constituir o devedor emmora (notificao, interpelao, etc.);- pressupes os seguintes requisitos: a) exigibilidade imediata da obrigao; b)inexecuo total ou parcial da obrigao; c) interpelao judicial ou extrajudiciado devedor;- produz os seguintes efeitos jurdicos: a) responsabilidade do devedor dosprejuzos causados pela mora ao credor (art. 956), mediante pagamento de juros moratrios legais ou convencionais, indenizao do lucro cessantereembolso das despesas e satisfao da clusula penal, resultante do no-pagamento; b) possibilidade do credor exigir a satisfao das perdas e danos,rejeitando a prestao, se por causa da mora ela se tornou intil ( nico) ou

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    perdeu seu valor; c) responsabilidade do devedor moroso pela impossibilidadeda prestao, mesmo decorrendo de caso fortuito ou fora maior (957 e 1058).

    31) Mora accipiendi ou mora do credor: a injusta recusa de aceitar oadimplemento da obrigao no tempo, lugar e forma devidos (RT, 150:243,484:214);- so pressupostos: a) a existncia de dvida positiva, lquida e vencida; b)estado de solvncia do devedor; c) oferta real e regular da prestao devida

    pelo devedor; d) recusa injustificada, em receber o pagamento; e) constituiodo credor em mora; tem como conseqncias jurdicas a liberao do devedorisento de dolo, da responsabilidade pela conservao da coisa, a obrigao deressarcir ao devedor as despesas efetuadas, a obrigao de receber a coisapela sua mais alta estimao, se o valor oscilar entre o tempo do contrato e odo pagamento, e a possibilidade da consignao judicial da res debita pelodevedor.

    32) Mora de ambos: verificando-se mora simultnea, isto , de ambos oscontratantes, d-se a sua compensao aniquilando-se reciprocamente ambasas moras, com a conseqente liberao recproca da pena pecuniria

    convencionada; imprescindvel ser a simultaneidade da mora, pois se fosucessiva, apenas a ltima acarretar efeitos jurdicos.

    33) Juros: so o rendimento do capital, os frutos civis produzidos pelo dinheirosendo, portanto, considerados como bem acessrio (CC, art. 60), visto queconstituem o preo do uso do capital alheio em razo da privao deste pelodono, voluntria ou involuntariamente.

    34) Juros compensatrios: decorrem de uma utilizao consentida do capitaalheio, pois esto, em regra, preestabelecidos no ttulo constitutivo daobrigao, onde os contraentes fixam os limites de seu proveito, enquantodurar o negcio jurdico, ficando, portanto, fora do mbito da inexecuo

    35) Juros moratrios: constituem pena imposta ao devedor pelo atraso nocumprimento da obrigao, atuando como se fosse uma indenizao peloretardamento no adimplemento da obrigao (RT, 435:100 e 217, 440:71610:137; RF, 269:188; Smula 54 do STJ);- podero ser: a) convencionais, caso em que as partes estipularo a taxa dejuros moratrios at 12% anuais e 1% ao ms; b) legais, se as partes no osconvencionarem, pois, mesmo que no se estipulem, os juros moratrios serosempre devidos, na taxa estabelecida por lei, ou seja, de 6% ao ano ou 0.5% aoms (CC, art. 1062).

    * Os juros moratrios so devidos a partir da constituio da mora (RT435:119), independente da alegao de prejuzo (art. 1064); nas obrigaes atermo, so devidos a partir do vencimento; nas obrigaes sem fixao deprazo certo, com a interpelao, notificao e protesto; se a obrigao emdinheiro for lquida, contar-se-o a partir do vencimento; nas ilquidas, desde acitao inicial para a causa (1536, 2).

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    36) Purgao da mora: um ato espontneo do contraente moroso, que visaremediar a situao a que se deu causa, evitando os efeitos dela decorrentes,reconduzindo a obrigao normalidade; purga-se, assim, o inadimplente desuas faltas; sempre admitida, exceto se lei especial regulamentar diferente,indicando as condies de emedar a mora (959).

    37) Cessao da mora: ocorrer por um fato extintivo de efeitos pretritos efuturos, como sucede quando a obrigao se extingue com a novao, remisso

    de dvidas ou renncia do credor.

    Perdas e Danos

    38) Noes: O dano vem ser a efetiva diminuio do patrimnio do credor aotempo em que ocorreu o inadimplemento da obrigao, consistindo nadiferena entre o valor atual desse patrimnio e aquele que teria se a relaofosse exatamente cumprida; o dano corresponderia perda de um valopatrimonial, pecuniariamente determinado; serias as perdas e danos oequivalente do prejuzo suportado pelo credor, em virtude do devedor no tercumprido a obrigao, expressando-se numa soma de dinheiro correspondente

    ao desiquilbrio sofrido pelo lesado.

    39) Fixao da indenizao de pernas e danos: segundo o CC, art. 1059as perdas e danos devidos ao credor abrangero, alm do que ele efetivamenteperdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar; para conceder indenizao omagistrado dever considerar de houve:1) dano positivo ou emergente, que consiste num deficit real e efetivo nopatrimnio do credor, isto , uma concreta diminuio em sua fortuna, sejaporque se depreciou o ativo, seja porque aumentou o passivo, sendo, pois,imprescindvel que o credor tenha, efetivamente, experiementado um reaprejuzo, visto que no passveis de indenizao danos eventuais ou potenciais;2) Dano negativo ou lucro cessante, alusivo privao de ganho pelo credorou seja, ao lucro que ele deixoi de auferir, em razo do descumprimento daobrigao pelo devedor;3) nexo de causalidade entre o prejuzo e a inexecuo culposa ou dolosa daobrigao por parte do devedor, pois a dano, alm de efetivo, dever ser umefeito direto e imediato do ato ilcito do devedor.

    40) Liquidao do dano: tem por fim tornar possvel a efetiva reparao dodano sofrido pelo lesado, fixando o montante da indenizao de perdas edanos; a liquidao se far por determinao legal, por conveno das partes epor sentena judicial.

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