direito da insolvência_ resumo_1ºfreq

11
DIREITO DA INSOLVÊNCIA_RESUMO 2014/2015 O processo de insolvência: -concursal: todos os credores são chamados a intervir no processo, independentemente da natureza do seu crédito. Pr. Da proporcionalidade: perante a insuficiência do património credor, as perdas são repartidas de modo proporcional – 176º. -universal: todos os bens do devedor podem ser apreendidos para futura liquidação, desde que penhoráveis, ou se não forem absolutamente impenhoráveis, desde que tenham sido apresentados pelo devedor – 46º. -natureza mista: surge como processo declarativo (apreciação e declaração da insolvência) para depois da declaração de insolvência, surgir com feição executiva (apreensão e liquidação do ativo para pagamento dos credores). -urgente: 9º. -princípio do inquisitório: a decisão do juiz pode ser fundada em factos que não tenham sido alegados pelas partes – 11º. Pressupostos: Pressuposto subjetivo: 2º. Pressuposto objetivo: 3º. o Insolvência do devedor para efeitos de insolvência, basta a impossibilidade de cumprimento da generalidade das suas obrigações. Não vale para esta situação o devedor que se recuse a cumprir determinada obrigação ao abrigo de alguma causa justificativa, pois neste caso não existe qualquer impossibilidade de cumprimento. 3º nº1. o Insolvência de entes especiais 3º nº2 e 3. Entes especiais são pessoas coletivas e patrimónios por cujas as dividas nenhuma pessoa responde pessoal e ilimitadamente. A contrario sensu: se houver alguma pessoa a responder pessoal e ilimitadamente, aplicar-se-á o regime geral, ou seja, 3º nº1.

Upload: sonia-ribeiro

Post on 05-Nov-2015

1 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

insolvencia

TRANSCRIPT

DIREITO DA INSOLVNCIA_RESUMO2014/2015

O processo de insolvncia:-concursal: todos os credores so chamados a intervir no processo, independentemente da natureza do seu crdito. Pr. Da proporcionalidade: perante a insuficincia do patrimnio credor, as perdas so repartidas de modo proporcional 176.-universal: todos os bens do devedor podem ser apreendidos para futura liquidao, desde que penhorveis, ou se no forem absolutamente impenhorveis, desde que tenham sido apresentados pelo devedor 46.-natureza mista: surge como processo declarativo (apreciao e declarao da insolvncia) para depois da declarao de insolvncia, surgir com feio executiva (apreenso e liquidao do ativo para pagamento dos credores). -urgente: 9.-princpio do inquisitrio: a deciso do juiz pode ser fundada em factos que no tenham sido alegados pelas partes 11.

Pressupostos: Pressuposto subjetivo: 2. Pressuposto objetivo: 3. Insolvncia do devedor para efeitos de insolvncia, basta a impossibilidade de cumprimento da generalidade das suas obrigaes. No vale para esta situao o devedor que se recuse a cumprir determinada obrigao ao abrigo de alguma causa justificativa, pois neste caso no existe qualquer impossibilidade de cumprimento. 3 n1. Insolvncia de entes especiais 3 n2 e 3. Entes especiais so pessoas coletivas e patrimnios por cujas as dividas nenhuma pessoa responde pessoal e ilimitadamente. A contrario sensu: se houver alguma pessoa a responder pessoal e ilimitadamente, aplicar-se- o regime geral, ou seja, 3 n1. Doutrina alem - saber se o ente se encontra efetivamente em situao de insolvncia:1. Apurar o valor aritmtico do endividamento atravs da contraposio do passivo co o ativo do devedor.2. Caso o resultado seja o endividamento, ento, deve-se proceder a um juzo de prognose sobre a continuidade da empresa, chegando a uma das seguintes concluses:a. Se a empresa tiver capacidade para sobreviver e responder economicamente ao passivo dentro do perodo de tempo considerado, ento o estado de sobre-endividamento ser superado atravs do valor de continuidade da empresa.b. Se a empresa no tiver capacidade para sobreviver, ento encontra-se preenchido o fundamento de insolvncia para efeitos de abertura do processo. A estes entes poder-se- aplicar tanto o disposto do n1 como do n2 do art.3. desde logo com base num argumento literal so tambm considerados insolventes e depois com base na ratio legis da soluo legal: a necessidade de acautelar os credores (desprotegidos pelo respetivo regime de responsabilidade) face a certos entes escudados na responsabilidade limitada dos scio.Insolvncia iminente 3 n4 Doutrina alem: probabilidade de o devedor no cumprir as suas obrigaes atuais no momento em que se vencerem, ou seja, tendo em conta a capacidade de pagamento num determinado espao temporal (mnimo de 1 ano) a probabilidade de incumprimento mais forte do que a sua no verificao. O CIRE restringe este fundamento de insolvncia apenas hiptese de apresentao pelo prprio devedor, com vista a evitar qualquer tipo de poder de presso antes da efetiva insolvncia.ndices da situao de insolvncia 20 Natureza subjetiva Legitima o requerimento da declarao de insolvncia por quem for legalmente responsvel pelas suas dividas (qualquer credor ou Ministrio Publico) Funes dos fatos elencados no art.20 n1 Requisito indispensvel para o preenchimento do pressuposto de insolvncia, quando o requerente no o prprio devedor Presunes ilidveis de insolvncia (349 CC), sendo condio suficiente para concluirmos insolvncia se no processo o devedor no deduzir qualquer oposio. 30 e ponto 19 do preambulo

Fase Declarativa Competncia do tribunal 7 Legitimidade ativa, legitimidade para desencadear o processo: Devedor 18-Se o devedor no for pessoa singular, aos administradores a quem incumbe a administrao ou liquidao da entidade ou patrimnio em causa-Se o devedor for titular de uma empresa, a lei presume inidivelmente o conhecimento da situao de insolvncia decorridos 3 meses a contar do incumprimento generalizado de alguma das obrigaes constantes no art.20 n1 g)

Responsveis legais, credores e MP 20

-incentivo ao impulso processual: privilgio creditrio geral 98-responsabilidade por pedido infundado 22 Petio Inicial 23 (devedor: 23 n2 a), 236 n1, 224 n2 a) e 251; outros: 25) Apreciao liminar 27 Declarao imediata de insolvncia 28 Citao caso o pedido no tenha sido apresentado pelo devedor. Ateno! 12 -> 30 n5. Possveis efeitos do despacho de citao: 31 32 33 34 Oposio do devedor 30 Audincia de discusso e julgamento 35 Sentena: Declarao da insolvncia : regra 36 n1; caso especial insuficincia da massa solvente 39Meios de reao:Oposio de embargos 40Recurso 42

Indeferimento do pedido de declarao 44Meio de reao: impugnao 45Responsabilidade por pedido infundado 22 rgos de insolvncia

Obrigatrios: Administrador de insolvncia Nomeao 52 53 Destituio 56 Funes 54 55 81 n4 84 Fiscalizao (pelo juiz) 58 Remunerao 60 Dever de informao e prestao de contas 61 62 63 64 65 Responsabilidade 59 59 n3 !! estabelece-se uma presuno de culpa do administrador de insolvncia: culpa in eligendo (relativa a escolhas auxiliares), culpa in instruendo (relativa s instrues ou ordens que deu a auxiliares) e culpa in vigilando (relativa fiscalizao dos auxiliares) Eventuais: Assembleia de credores Composio 72 Convocao e funcionamento 74 75 76 Direito de voto 73 Deliberaes 77 e 78 Poderes e funes 79, 80, 67 n1, 53, 84 n1,156,209 e210, 56 n2 e 3,161 n1, 24 n3,228 n1 b) Assembleia de apreciao do relatrio 156 e 157 ver 36- circunstancias em que o juiz no pode dispensar a sua realizao

Comisso de credores Nomeao 66 Interveno 67 Funes poderes e funcionamento 68, 69, 71 Responsabilidade 70

Efeitos da declarao de insolvncia Efeitos sobre o devedor e outras pessoas Efeitos automticos - conjunto de efeitos que se produzem em todo e qualquer processo de insolvncia pela mera prolao da sentena de declarao de insolvncia, independentemente das circunstncias do caso concreto:

Pessoais - incidem sobre a esfera pessoal do sujeito podendo ter uma funo: Instrumental: Dever de apresentao 83 n1 b) ver: 186 n 2 i), 238 n1 g) Dever de informao e colaborao 83 n1 a) c) ver: 186 n2 i), 238 n1 g) Fixao de residncia 36 n1 c) ver 196 CP

Limitao da atuao pessoal do insolvente: Efeitos jurdico-familiares: Sobre o exerccio do cargo de tutor, curador, vogal do conselho de famlia e protutor apenas permite a restrio de um exerccio de tutela em relao ao patrimnio do incapaz Sobre o exerccio do cargo de administrador de bens 1970 CC Sobre o exerccio das responsabilidades parentais 1913 e 1915 CC Efeitos jurdico-polticos: os insolventes no tem capacidade eleitoral passiva para a ocupao de membro de rgo da autarquia local. Patrimoniais: privao dos poderes de administrao e de disposio 81 mbito subjetivo: a proibio de administrao e de disposio dos bens presentes/futuros aplicvel ao insolvente por si ou pelos seus administradores. !art.6 mbito objetivo: o insolvente fica proibido de praticar atos de disposio e de administrao sobre os bens que integram a massa solvente, os quais so separados do patrimnio geral, por forma a constituir um patrimnio autnomo massa solvente 150 n5 mbito funcional: o devedor fica privado dos poderes de disposio e administrao dos seus bens, estando por previso expressa de lei, vedada ao insolvente a cessao de rendimentos ou a alienao de bens futuros de penhora. Quanto as atividades proibidas recaem sobre o campo obrigacional e sobre os direitos reais de que o insolvente seja titular. Violao: 81 n6 Desvios: Administrao da massa insolvente pelo prprio devedor. 223 e ss. Sendo o insolvente pessoa singular no titular de uma empresa ou titular de uma pequena empresa, se for aprovado um plano de pagamentos por fora do art.259 n1, aplicvel a alnea a) do n7 do art.39, ou seja, o devedor no fica privado dos poderes de disposio e de administrao do seu prprio patrimnio. Se o processo encerrar por insuficincia da massa insolvente para a satisfaa de custas do processo e das dividas previsveis da massa insolvente, o devedor no fica privado dos poderes de disposio e de administrao 39 n7c) (?) Sobre os rgos sociais do devedor 82 n 1 e 2227

Efeitos eventuais destinam-se a proteger o comercio jurdico em geral da atuao de pessoas que j deram provas da sua incapacidade para agir livremente nesse domnio, ou que visam ate puni-la ou que penalizam patrimonialmente o insolvente e outras pessoas, ou ainda que, excecionalmente, protegem patrimonialmente o insolvente e/ou os seus trabalhadores (hiptese de direito a alimentos) Direito a alimentos 84 Efeitos jurdico-penais O crime de insolvncia dolosa -227 CP O crime de frustrao de crditos 229 A CP O crime de insolvncia negligente 228 CP O crime de favorecimento de credores 229 CP Efeitos dependentes da qualificao da insolvncia O incidente da qualificao da insolvncia corre por apenso ao processo principal (132 ex vi 188 n7) tem caracter urgente (9 n1) e s ser aberto na sentena que declara a insolvncia se o juiz dispuser de elementos que justifiquem a abertura do incidente e desde que no tenha sido aprovado um plano de pagamentos (259 n 1) nem se trate da hiptese do art.187 (36 n1 i))Existem dois tipos de incidentes: o pleno e o limitado, o qual aplicvel apenas nos casos de insuficincia da massa para a satisfao de custas processuais e divida da massa (39 n2, 232 n5 e 191 n1) nos restantes e por excluso de partes ser aplicvel o regime do incidente pleno.O incidente de qualificao da insolvncia destina-se a qualificar a insolvncia como culposa ou como fortuita 185. No art.186 a lei define apenas a insolvncia culposa, nada prevendo quanto definio de insolvncia fortuita, por isso, considerar-se- a insolvncia como fortuita quando no for culposa.- Insolvncia culposa 186 n1- Pessoas afetadas pela qualificao da insolvncia 189 n2- Presunes legais do 186: As do n2: presunes iures et iure de insolvncia culposa de administradores de direito/facto ou do prprio insolvente (pessoa singular).Subdividem-se:- atos que afetam, no todo ou em parte considervel, o patrimnio do devedor : alineas a) e c)-atos que, prejudicando a situao patrimonial, em simultneo trazem benefcios para o administrador ou terceiros: alneas b), d), e), f) e g)-incumprimento de certas obrigaes legais: alnea h) e i)

Quando preenchida algumas destas alineas considera-se sempre culposa a insolvncia.Tratando-se de uma presuno inilidvel, a nica forma de escapar qualificao da insolvncia como culposa ser a prova, pela pessoa afetada, de que no praticou o ato.

As do n3: presunes iure tantum de culpa grave dos administradores de direito/facto ou do prprio insolvente.Estas presunes no renem o consenso da doutrina nem da jurisprudncia, no entanto, para a maioria (ex.: Ac. STJ 16-10-2011, Carvalho Fernandes, Menezes Leito) o que resulta do n3 do 86 so meras presunes de culpa grave, resultantes da atuao dos seus administradores e no uma presuno de causalidade da sua conduta em relao insolvncia como acontece no n 2 do mesmo artigo, exigindo-se portanto, a demonstrao, nos termos do n1 do 186, que a insolvncia foi causada ou agravada em consequncia dessa mesma conduta. No entanto, alguma jurisprudncia e Catarina da Serra defende que estas se tratam de presunes de insolvncia culposa, sob pena de esvaziar de utilidade estas presunes.Tratam-se de presunes iuris tantum (a expresso presume-se no n3 e sempre no n2 sustentam esta qualificao pela doutrina maioritria), podem ser afastadas.Esta diviso justifica-se pela necessidade de garantir uma maior eficincia da ordem jurdica na responsabilizao dos administradores por condutas censurveis que originaram ou agravaram a insolvncia, favorecendo, para alem disso, a previsibilidade e rapidez da apreciao judicial dos comportamentos Efeitos da qualificao de insolvncia como culposaA qualificao de insolvncia como culposa no e vinculativa para efeitos da deciso de causas penais nem para efeitos das aes de responsabilidade civil previstas no art 82--1851) Inibio para administrar patrimnio de terceiro-189b)2) Inibio para o exerccio do comrcio- 189n2c) \189n33) Obrigao de indemnizar deve constar obrigatoriamente da sentena que qualifica como culposa Obrigao de indemnizar ao abrigo da responsabilidade insolvencial extracontratual subjetiva. Preenche os requisitos do 483CC? SIM:-facto voluntario: o que serviu de fundamento qualificao da insolvncia como culposa -Culpa: presume-se atravs do n 2003-dano: no satisfao dos crditos no processo de insolvncia-nexo de causalidade: criao ou agravamento da situao de insolvncia em consequncia da actuao-186n1-ilcito: os factos que agravam ou criam situaes de insolvncia so ilcitas.

Estamos ento, perante uma responsabilidade:-Subsidiaria, pois s quando a massa insuficiente para a satisfao de todos os crditos que acionada-solidaria, pode-se exigir o montante a 1 sujeito sendo que para posterior repartio interna da responsabilidade impem-se ao juiz a fixao do grau de culpa das pessoas afectadas-189n2 c)-limitada, abrange s o passivo descoberto e no os danos causados aos credores.-vai ate as foras dos patrimnios dos responsveis-o beneficirio direto da responsabilidade a massa insolvente, onde os valores entrada sero distribudos pelos credores que ficam por satisfazer na medida\proporo dessa insatisfao.

4) Inabilitaotrata-se de um efeito introduzido no CIRE, na sua redao original, mas eliminada com a reforma operada pela lei n16\2012, de 20 de Abril

A questo da inabilitao foi objeto de aceso debate na doutrina e na jurisprudncia e deu origem a vrias decises do tribunal no sentido da inconstitucionalidade.O TC optou pela inconstitucionalidade da inabilitao por violao dos art 26 18n2 da CRP.

Fundamentos:-Esta inabilitao que era prevista no CIRE no preenche nenhum dos requisitos subjacentes as incapacidades. Desde logo no lhe subjaz qualquer incapacidade natural, mas apenas uma actuao culposa do devedor ou dos seus administradores -Esta inabilitao no visa proteger o prprio incapaz um sujeito deficitrio-Esta inabilitao no se destina a proteger os interesses dos credores concursais, os quais esto salvaguardados por um mecanismo do processo de insolvncia adequado conservao dos bens que integram a massa insolvente: a privao do poder de disposio e de administrao prevista no 81n1

-Esta no contribui eficazmente para a defesa dos interesses gerais do trafego, resguardando a posio de eventuais credores futuros do inabilitado j que a invalidade dos atos praticados pelo inabilitado sem consentimento do credor no pode ser por eles arguida.

-Esta inabilitao prevista no antigo CIRE tem um alcance punitivo para o comportamento ilcito e culposo do sujeito atingido. E ainda que se entende que visa proteger os interesses do comrcio jurdico, o CIRE j contempla a inibio para o exerccio do comrcio, ficando por isso violado o critrio da necessidade ou exigibilidade imposto pelo princpio da proporcionalidade.