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DIREITO COLETIVO GREVE Lei 7.783/1989 Prof. Bianca Bastos Aula 5

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DIREITO COLETIVO

GREVE

Lei 7.783/1989

Prof. Bianca Bastos

Aula 5

MAS, muito antes do aparecimento

dos sindicatos. Eram rebeliões ou

motins contra prestação de serviços

escravagista. Primeiro registro:

greve ocorrida no Novo Império

Egípcio no Reinado de Ramés III,

qdo trabalhadores se recusaram a

executar tarefas para o faraó, em

sinal de protesta contra falta de

fornecimento de alimentação,

vestuário, etc)

Surgimento

Proibição Reconhecimento

Reconhecimento direito

Coalizão e livre

organização sindical.

Segunda metade Sec.

XIX (1871:

Inglaterra/Trade Union Act

Revolução Francesa (1791 – Lei

de Chapelier) – leis proibitivas de

coalizões operárias e a greve foi

considerada delito

história greve se confunde

com a história do sindicalismo

1820: extinção do delito

de coalizão de

trabalhadores na

Inglaterra. Fase de

transição

Orientação

Na metade do Sec. XX ainda não

era reconhecida como direito por

renomados juristas (Carnelluti a

considerava ato antijurídico)

Reconhecimento

OIT

Limites atuais

Verbete 194 da

jurisprudência do Comitê de

Liberdade Sindical <>

devem ser preservados os

direitos ou liberdades

fundamentais do homem,

mesmo que importem em

proibição do exercício do

direito de greve. Limites:

superdireitos: direito à

vida, segurança e saúde.

Não possui norma específica. A Recomendação

52, de 1951, sobre conciliação e arbitragem se

refere à greve e lock out, excluindo-as durante o

procedimento de arbitragem.

Há extensa jurisprudência da OIT, em análise ao

Art. 3º (liberdade sindical) quanto à greve, mas a

maioria das Constituições sobre ela não dispõe

(EUA, Alemanha, França, China, Cuba, Grã-Bretanha, União

Soviética e Japão), regulamentando-a em leis

A OIT é cautelosa ao tratar do tema “greve”; nem todos os

sistemas jurídicos entendem que a greve é um direito do

trabalhador; nem todos emprestam-lhe essa natureza jurídica

A “greve” já foi entendida como “delito” (países da Cortina

de Ferro), representando um comportamento nocivo à

sociedade. Países socialistas bloqueavam votações sobre

esse tema. E, por isso, não há Convenção da OIT ou

qualquer Recomentação sobre “greve”. Aliás, a OIT utiliza a

expressão “recurso à greve” e não “direito à greve”.

Greve: natureza jurídica

Se processa como meio de pressão contra

empregadores para melhoria das condições de

trabalho

Noção

“A greve, como direito, não poderá alcançar a

insubordinação articulada contra instituições ou

sistemas legais e, bem assim, ter como alvo

pressionar órgãos estatais no exercício de sua

competência constitucional.”

Direito Constitucional do Trabalho, Sussekind,

p. 431

A greve consiste na abstenção simultânea do trabalho,

concertada pelos trabalhadores de um ou mais

estabelecimentos, ou de suas seções, com o fim de

defender os interesses da profissão

Alfredo Ruprecht, citado por Sussekind, conceitua o instituto

em comento: “Greve é a suspensão coletiva e concertada de

trabalho, por tempo indeterminado, pacífica e com abandono

dos lugares em que se cumprem tarefas, determinada pela

organização sindical, para exercer pressão sobre o patrão,

com o fim de obter o reconhecimento de uma prestação de

caráter profissional ou econômico”

CONCEITO

Este conceito serve para diferenciar a verdadeira greve,

realizada por trabalhadores, para finalidades profissionais de

outras formas de greve, como a “greve política”, “greves de

solidariedade”, “greves de que participam determinados

setores da população, para finalidades estranhas ao trabalho,

tal como as “greves de consumidores de determinados

produtos” ou dos “usuários de determinados serviços”

*

O direito de greve é garantido pelo artigo 9º da CF/88 e

regulamentado pela Lei 7.783, de 28.06.1989, no que atine

ao setor privado da economia.

CONCEITO/ Previsão legal

E quanto aos servidores públicos?

C

A

M

P

O

D

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A

P

L

I

C

A

Ç

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O

SETOR PRIVADO: Art. 9º CF

(a) Empregados de empresas privadas;

(b) Empregados de sociedades de

economia mista;

(c) Empregados de empresas públicas

SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA e

INDIRETA: Art. 37, VII da CF

(a) Empregados públicos e funcionários

públicos de União, Estado,

Município;

(b) Autarquias;

(c) Fundações públicas.

MILITARES DOS ESTADOS,

DF e MUNICÍPIOS: Art. 42, §5º CF

MILITARES DAS FORÇAS ARMADAS : Art.

142, §3º IV CF.

GREVE

ORIENTAÇÃO OIT

Exercício pacífico do direito de greve deve ser reconhecido

como direito geral de todos sindicatos, federações e

confederações, tanto no setor público como no setor privado

As únicas exceções (ou limitações importantes) a esse direito são relativas aosmembros das forças armadas e da polícia, servidores públicos que exercem aautoridade em nome do Estado, trabalhadores em serviços essenciais nosentido estrito do termo ou situações agudas de crise nacional.

Mas o Comite de Liberdade Sindical afirma que nessas áreas

de restrição:

Devem haver garantias compensatórias, como de procedimentos deconciliação e arbitragem adequados, imparciais e ágeis, dos quais osafetados participem em todas as etapas e cujas decisões sejam tomadasprontamente

MILITARES: proibição constitucional

O Comitê de Liberdade Sindical da OIT, o verbete 394 de

jurisprudência (1985):

O direito de greve “pode ser objeto de restrições, inclusive proibições, nafunção pública, sendo funcionários públicos aqueles que atuam como órgãosdo poder público ou em serviços essenciais no sentido estrito do termo, isto éaqueles serviços cuja interrupção possa por em perigo a vida, a segurança oua saúde da pessoa, em toda ou parte da população.”

Os Arts. 142, §3º, inciso IV e 42, §5º da CF têm aplicação

plena e imediata e não comporta interpretação, salvo

quanto aos destinatários da norma proibitiva.

MILITARES: proibição constitucional

Crítica 1: A OIT recomenda que haja alguma forma de acesso

à negociação para militares, a fim de não ocorrerem cenas de

revolta e insubordinação nas casernas.

Crítica 2: o conceito de servidor militar foi generalizado, não se

excluindo atividades de apoio, os serviços burocráticos ou as

polícias civis

COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO : greve de

servidores públicos stricto sensu

A competência de julgamento é da Justiça Comum

Estadual ou Federal: Reclamação 6.568/SP, Min. Eros

Grau:21/05/2009

*

Ementa

EMENTA: RECLAMAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. POLICIAIS CIVIS. DISSÍDIO COLETIVO DE

GREVE. SERVIÇOS OU ATIVIDADES PÚBLICAS ESSENCIAIS. COMPETÊNCIA PARA

CONHECER E JULGAR O DISSÍDIO. ARTIGO 114, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.

DIREITO DE GREVE. ARTIGO 37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LEI N. 7.783/89.

INAPLICABILIDADE AOS SERVIDORES PÚBLICOS. DIREITO NÃO ABSOLUTO.

RELATIVIZAÇÃO DO DIREITO DE GREVE EM RAZÃO DA ÍNDOLE DE DETERMINADAS

ATIVIDADES PÚBLICAS. AMPLITUDE DA DECISÃO PROFERIDA NO JULGAMENTO DO

MANDADO DE INJUNÇÃO N. 712. ART. 142, § 3º, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.

INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO. AFRONTA AO DECIDIDO NA ADI 3.395.

INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA DIRIMIR CONFLITOS ENTRE

SERVIDORES PÚBLICOS E ENTES DA ADMINISTRAÇÃO ÀS QUAIS ESTÃO VINCULADOS.

RECLAMAÇÃO JULGADA PROCEDENTE.

SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA:

Art. 37, VII da CF

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderesda União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aosprincípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficiência e, também, ao seguinte: (...)

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de

04/06/98)

Antes da CF/88, os funcionários públicos e empregados de

empresas públicas eram excluídos do direito à

sindicalização. Esta era a previsão do Art. 566 da CLT

(revogado):

Art. 566. Não podem sindicalizar-se os servidores do Estado e os das instituições

paraestatais. Parágrafo único. Excluem-se da proibição constante deste artigo os

empregados das sociedades de economia mista, da Caixa Econômica Federal e

das fundações criadas ou mantidas pelo Poder Público da União, dos Estados e

Municípios.

SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA:

Art. 37, VII da CF

Com a CF/88, foi garantido ao servidor público civil o

direito à associação sindical (Art. 37, VI da Cf), mantendo-

se a proibição em relação a servidores militares (Art. 142,IV e 42, §5º da CF). Mas não foi assegurado o direito à

negociação coletiva, diante do regime jurídico a que se

submete o dinheiro público.

No Art. 37, VII está assegurado o direito de greve ao

servidor público civil. Na redação original: dependia de lei

complementar, pq CF falava na forma da Lei, e a L. 7.783/89

menciona “lei complementar” mas isto foi mudado pela EC

19/1998: passou a ser lei específica

SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA:

Art. 16 da Lei 7.783/89 x Art. 37, VII da CF

Art. 16. Para os fins previstos no art. 37, inciso VII, da

Constituição, lei complementar definirá os termos e os

limites em que o direito de greve poderá ser exercido.

Então, a Lei 7.783/89 passou a ser considerada como

recepcionada pelo inciso VII do Art. 37 da CF.

A solução definitiva veio do STF nos julgamentos dos

Mandados de Injunção 708 e 712 (25.10.2007-pu

31.10.2008), quando foi admitida a Lei 7.783/89 também

para o servidor público, a fim de preservar a existência de

garantia fundamental, para superar a omissão

constitucional.

Jurisprudência: servidor público e

aplicação da Lei 7.783/1989

Ementa:

RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE NO SEGMENTO

PÚBLICO - ART. 37, VII, CF - REGRA DE EFICÁCIA CONTIDA, PORTANTO, COM

EFEITO IMEDIATO - APLICAÇÃO DO DIPLOMA JURÍDICO GENÉRICO - LEI

7.783/89 - O dispositivo do art. 37, VII, CF/88, deve ser considerado como regra de

eficácia contida, isto é, preceito constitucional que assegura direito dotado de eficácia

imediata, embora autorizando à normatividade infraconstitucional que fixe condições

e regras para seu exercício. Ora, sendo regra de eficácia contida - como claramente

evidencia ser -, o preceito autorizador do direito de greve tem eficácia imediata, nos

limites que a ordem jurídica hoje confere ao instituto (nos limites, pois, do diploma

que regula genericamente a greve, Lei nº 7.783 de 1989), tudo até que lei específica

para a área pública venha regular diferentemente a matéria. Recurso ordinário

desprovido. Processo: RXOF e RODC - 2000700-87.2005.5.02.0000 Data de

Julgamento: 09/02/2009, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Seção

Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT 06/03/2009.

SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA:

Art. 37, VII da CF

Mas a greve é um MEIO DE PRESSÃO, com um FIM, que

é obter sucesso em NEGOCIAÇÃO COLETIVA!! Greve e

negociação coletiva andam juntas!!

Então, como fica? OJ 05 da SDC do TST

OJ 5 - Dissídio coletivo contra pessoa jurídica de direitopúblico. Impossibilidade jurídica. (Inserida em

27.03.1998)Aos servidores públicos não foi assegurado o direito aoreconhecimento de acordos e convenções coletivos detrabalho, pelo que, por conseguinte, também não lhes éfacultada a via do dissídio coletivo, à falta de previsãolegal.

Jurisprudência: greve de servidor público e limite de julgamento: cláusulas sociais

*

Ementa:

REEXAME NECESSÁRIO. reivindicações ECONÔMICAS. IMPOSSIBILIDADE

JURÍDICA DO PEDIDO. DISSÍDIO COLETIVO AJUIZADO EM FACE DE PESSOA

JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.

Nos dissídios coletivos de greve deflagrada por servidores públicos celetistas,

conquanto seja possível à Justiça do Trabalho decidir sobre a abusividade ou não

do movimento e o direito quanto à remuneração dos dias parados, não se viabiliza

o exame das reivindicações com natureza salarial ou econômica apresentadas por

esses trabalhadores, tendo em vista os limites traçados nos arts. 37 a 41 e 163 a

169 da Constituição da República. Sendo assim, ante a diretriz da Orientação

Jurisprudencial nº 5 da Seção de Dissídios Coletivos, cuja aplicação sofre os

influxos da EC nº 45/2004 e da Convenção 151 da Organização Internacional do

Trabalho, ratificada pelo Brasil, somente se viabiliza o exame das reivindicações

sociais. Em consequência, extingue-se o processo de dissídio coletivo no tocante

às reivindicações econômicas, sem resolução de mérito, por impossibilidade

jurídica do pedido, na forma do art. 267, VI, do CPC.

Reexame Necessário a que se dá parcial provimento para extinguir o processo de

dissídio coletivo, sem resolução de mérito, no tocante às reivindicações

econômicas (...) Processo: RO - 2021200-38.2009.5.02.0000 Data de Julgamento:

13/09/2010, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Seção Especializada em Dissídios

Coletivos, Data de Publicação: DEJT 24/09/2010.

O empregador pode fazer greve

(lock out)?

Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o

atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). Parágrafo único. A prática referida no "caput" assegura aos trabalhadores

o direito à percepção dos salários durante o período de paralisação.

A greve dos trabalhadores corresponde a um instrumento depressão para forçar a negociação coletiva; o empregadornão pode “fechar as portas da empresa”, o que seria mera“retaliação” aos empregados. O instrumento de pressão doempregador é outro. Ex.: não conceder algumas cláusulas;corte de parte da força de trabalho e a suspensão dosplanos de expansão

Lei 7.783/89:

Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e

sobre os interesses que devam por meio dele defender. Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma

estabelecida nesta Lei.

A greve é um tipo de manifestação destinada a causar

prejuízos econômicos ou jurídicos ao empregador e,

mesmo assim, é reconhecida como um direito! É um

direito a causar prejuízos a terceiros, com apoio expresso

na Constituição Federal.

Previsão legal: Lei 7.783/89

SUJEITO ATIVO

ENTIDADE SINDICAL (Art. 8º, III CF)

X negociação coletiva

(1)Sindicato

(2) Federação (quando se tratar

de categoria inorganizada em

sindicado);

(3) Confederação (quando não

houver sindicato ou federação

Art. 2º Para os fins desta Lei, considera-se legítimo exercício do direito de greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica,

total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador

É um direito híbrido: é um direito individual, que se exerce

coletivamente: a suspensão deve ser coletiva

Direito do trabalhador : liberdade deescolher se continua negociando ou seusa a greve como pressão;

Mas ela não se faz individualmente;apenas coletivamente

É suspensão coletiva e temporária!

Deve durar o tempo essencial para o exercício da pressão em prol da negociação! Há greves de 24 hs

O Art. 2º da Lei 7.783/89 deixa de fora alguns tipos de pressão:

pq não suspendem o trabalho ou não são contra empregadores:

Greve: características

operação tartaruga;

operação padrão;

pressão de avulsos contra o OGMO;

pressão de trabalhadores autônomos

MAS, o Art. 9º CF abre

brecha para incluir

esses procedimentos no

conceito de GREVE!

VEJAM as expressões:

OPORTUNIDADE e

INTERESSES!

Como faz então? Estes movimentos não se caracterizam

conceitualmente como greve?

Não! Podem ser considerados greve se interpretados à luz do Art. 9º da CF:

Greve: características

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender .

Deve corresponder a uma pauta de reivindicações! Finalidade: melhores condições de trabalho por negociação

coletiva

O objetivo é reabrir o canal de comunicação com o empregador para discussão de reivindicações não

aceitas!

Greve: finalidade

Assim entendido, a paralisação de serviços com motivaçãopolítica constitui abuso de direito!!! Exs.: greve para obter

veto lei tributária/veto absolvição criminal de simpatizante

A greve com motivação política foi muito utilizada na

década de 80, o que foi possível dada a amplitude do Art. 9º

da CF. Entretanto, seu uso excessivo, banaliza a força e o

papel da greve.

Greve abusiva

O que é, então, a greve abusiva?

Aquela que não preenche exigências

mínimas da lei, quanto:

(1) Exaustão prévia da negociação coletiva;

(2) Comunicação do fato ao empregador/sociedade;

(3) Inexistência de pauta de reivindicações

Art. 14. Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da

paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.

Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve

a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou

condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou

acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho.

Greve abusiva quanto ao momento de

deflagração

A greve abusiva priva o trabalhador da proteção legal: não

se consegue negociar retorno ao trabalho em condições

favoráveis!

Greve abusiva/

jurisprudência

OJ 10 SDC- Greve abusiva não gera efeitos. (Inserida em 27.03.1998)

É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou

garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes à utilização do instrumento de ressão máximo.

Art. 3º Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a

cessação coletiva do trabalho. Parágrafo único. A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da

paralisação.

Previsão legal

Art. 13 Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso,

obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas)

horas da paralisação.

Art. 3º da Lei 7.783/89

Esgotamento via negocial

O Sindicato deve ter comprovação de que participou de mesas redondas e trocas de correspondências com entidade patronal

ou com empregadores.

Pode ser estipulado na CCT que se não , houver negociação coletiva até a data base, entende-se esgotada a fase negocial,

diante do disposto no Art. 616, §3º da CLT (analogia).

OJ 11 da SDC - Greve. Imprescindibilidade de tentativa direta e pacífica da solução do conflito. Etapa negocial

prévia. (Inserida em 27.03.1998)

É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe

constitui o objeto.

Negociação: exaurimento

Arbitragem facultativa

Arbitragem facultativa: o mediador é bastante utilizado

como solução dos conflitos fora do Brasil. O mediador

age como um facilitador das conversações; se a

conversação se esgotar, há indício de esgotamento de

vias negociais. Aqui, não: fraudes ...

Exigência da prévia comunicação dos trabalhadores, o que representa um ultimato para o empregador ceder na

negociação; ou então, para que o empregador/coletividade se prepare para a escassez do produto que a greve retirará

Greve: aviso prévio

Não há dúvida quanto a exigência do aviso de greve, e

sim quanto ao seu prazo. OIT entende razoável a fixação

de prazo entre 1 e 5 dias!

Aqui o aviso deve anteceder 48 hs nas greves normais;

72 hs em atividades essenciais

Embora esteja previsto em horas, esse prazo é normalmente computado em dias, aplicando-se a regra do Art. 132 do

CCB: exclui-se o dia do começo e inclui-se o final

Greve: prazo/assembleia

geral

Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do seu

estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e

deliberará sobre a paralisação coletiva da prestação de serviços.

§ 1º O estatuto da entidade sindical deverá prever as formalidades de

convocação e o quorum para a deliberação, tanto da deflagração quanto da

cessação da greve.

§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores

interessados deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo

comissão de negociação.

A existência de assembleia geral é indispensável. Se o

sindicato não convocar, pode ser formada comissão de

negociação. E na mesma situação do Art. 617 da CLT. Não

há quorum estabelecido para aprovação, mas o critério

utilizado é o do Art. 612 da CLT.

Greve: Art. 6º

Art. 6º São assegurados aos grevistas, dentre outros direitos: I - o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os

trabalhadores a aderirem à greve; II - a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.

§ 1º Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias

fundamentais de outrem. § 2º É vedado às empresas adotar meios para constranger o

empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento.

§ 3º As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar

ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.

Dias parados

Especialmente no serviço público, discute-se sobre o

desconto de dias parados. Normalmente, não são

descontados.

Não é isso que deveria ocorrer, porque, a greve envolve

riscos e responsabilidades. Se a greve resultar em

negociação, deve ser deliberada a reposição de horas

ou abono de faltas, na própria pauta da negociação

coletiva. Mas não se pode considerar que o trabalhador

estivesse em plena atividade .... o contrato está

suspenso e não estão em atividade!

O que ocorre em relação ao servidor público é aincompatibilidade do direito de sindicalização e de greve,com a falta de possibilidade de negociação coletiva.

Piquete e invasão de

fábrica

Veda-se o uso de meios para constranger os direitos e

garantias fundamentais de outrem. Quem são esses

terceiros: clientes, fornecedores, prestadores de serviçoterceirizados, e colegas que não queiram participar dagreve.

A competência para julgar pedidos de desocupação de

fábricas invadidas ou de dispersão de manifestantesagrupados em locais públicos é da Justiça do Trabalho

(Art. 114, I e II da CF/88): interdito proibitório. O STF

pacificou que todos os transtornos resultantes da greve

devem ser decididos pela JT

Suspensão contrato de

trabalho

Art. 7º Observadas as condições previstas nesta Lei, a

participação em greve suspende o contrato de trabalho,

devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser

regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da

Justiça do Trabalho.

Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho

durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores

substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos

arts. 9º e 14.

Obrigações suspensas: trabalhar, usar uniforme,cumprir ordens e horários e também deixa de recebersalários!

Competência Justiça

Trabalho

Art. 8º A Justiça do Trabalho, por iniciativa de qualquer das

partes ou do Ministério Público do Trabalho, decidirá sobre a

procedência, total ou parcial, ou improcedência das

reivindicações, cumprindo ao Tribunal publicar, de imediato, o

competente acórdão.

piquetes e invasão de

fábrica

Legalidade ou

abusividade da greve

Primeira instância

Segunda instância

ou TST :

<>movimentos de

âmbito nacional

Ministério Público Trabalho

Antes da EC 45/2004 entendia-se pela legimitamação do Ministério Público do Trabalho para provocar a JT tanto em qualquer conflito coletivo; hoje, apenas em

atividades essenciais

Há maior coerência com seu papel institucional de zelo pelos interesses da sociedade

Serviços essenciais na

empresa

Art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação,

mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o

empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o

propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em

prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens,

máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles

essenciais à retomada das atividades da empresa quando da

cessação do movimento.

Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao

empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar

diretamente os serviços

É diferente da manutenção de serviços essenciais deinteresse público – atividades essenciais: neste caso oempregador pode contratar diretamente os trabalhadoresnecessários ao serviço: temporários terceirizados!

Greve em serviços

essenciais

Art 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de

energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar;

III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários;

V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;

VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas,

equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;

X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária.

Greve em serviços

essenciais

Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços

indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.

Parágrafo único. São necessidades inadiáveis, da comunidade aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a

sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.

Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior, o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.

Neste caso, é o próprio Poder Público que é responsável pelos serviços indispensáveis ≠ do Art. 9º

Greve em serviços

essenciais

Art. 15. A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso,

segundo a legislação trabalhista, civil ou penal. Parágrafo único. Deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a

abertura do competente inquérito e oferecer denúncia quando houver indício da prática de delito.

E a competência para apurar crime?

STF diz que é da Justiça Comum Estadual : ADin 3.684