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Direito Civil VIII: Direitos Reais II Professor: Sérgio Pupo [email protected]

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Direito Civil VIII:Direitos Reais II

Professor: Sérgio [email protected]

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Avaliações :

• AV1: prova com consulta à legislação e doutrina, a ser realizada nodia 04 a 08 de abril de 2016.

• AV2: prova sem consulta, cuja realização se dará no dia 12 de maiode 2016.

• AV3: prova sem consulta, agendada para o dia 14 de junho de 2016.

• As avaliações substitutivas (AV2 e AV3) ocorrerão nos dias 2 1 e22 de junho de 2016, respectivamente.

• Alunos em regime domiciliar que tenham direito à provasubstitutiva AV1, irão realizá-la na semana dos dias 20 a 25 dejunho de 2016, no mesmo dia designado para a aula dessadisciplina.

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Atividades :

• Serão aplicadas ao longo do semestre, cujapontuação total será de até 2 pontos, a seremcomputador para a totalização da nota da AV1.

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PLANO DE ENSINO 2016.1

CURSO: DIREITO

Disciplina: DIREITO CIVIL VIII - REAIS II Professor Sérgio Pupo

Posição na grade do curso: 7º semestre Carga horária semestral: 80 horas

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

1 Apresentação da matéria, do programa e da bibliografia. Introdução ao Direito Civil. Referências históricas

do direito civil.

2 Propriedade: Conceitos. Natureza Jurídica. Elementos Constitutivos da Propriedade.

3 Noções da Função Social da Propriedade e limitações do Direito de Propriedade

4 Formas de Aquisição da Propriedade Imóvel: Registro do Título

5 Formas de Aquisição da Propriedade Imóvel: Acessão

6 Usucapião Imobiliário

7 Usucapião Imobiliário. Procedimento extrajudicial.

8 Formas de Aquisição da Propriedade Móvel: Ocupação, Achado do Tesouro, Tradição, Especificação.

9 Formas de Aquisição da Propriedade Móvel: Da Confusão, da Comissão e da Adjunção e Modos de Perda

da Propriedade

10 Condomínio Voluntário

11 Condomínio Edilício

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

GOMES, Orlando. Direitos reais. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. [acesso virtual e impresso]

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das coisas. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 5

JHERING, Rudolf von. Teoria simplificada da posse. Belo Horizonte: Líder, 2004. [2002].

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 15a.ed. São Paulo: Atlas, 2015. v. 5. [2006, 2007, 2009, 2011].[acesso

virtual e impresso]

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: direito das coisas, direito autoral, 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 4. Disponível

em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502208865/>. Acesso em: 11 abr. 2014.

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito das coisas. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 4

MONTEIRO,Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das coisas. 42. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v.3. Disponível

em: <http://online.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502155480/> Acesso em: 15 abr. 2014.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direitos reais. 23ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. v.4.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito das coisas. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 5 [2007] [acesso virtual e impresso]

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O que são os "direitos reais"?

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Posso criar um direito real, tal qual os direitos pessoais?

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Revisitando os Princípios do Direito Reala) Princípio daaderência,especialização ouinerência

b) Princípio do Absolutismo

c) Princípio daPublicidade ou daVisibilidade

d) Princípio datipicidade ouTipificação

O vínculo seestabelece entre apessoa e a coisa.

Os direitos reais tem efeito erga

omnes.

Somente após o registrodo título no registro deimóveis é que seu titular(art. 1.227 CC)

A lei cria asmodalidades dedireito real. São tiposlegais. Fora do rollegal, não haverádireito real.

O direito real existe independentemente da colaboração do

sujeito passivo.

Em razão do efeito erga omnes, gera

também o direito de sequela ou jus persequendi

Direito real sobre o bem móvel se constitui após a tradição (arts. 1.226 e

1.267 CC)

Jus praeferrendi –Direito de

Preferência

O registro e a tradição são meios de

publicidade de quem exerce a titularidade.

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Revisitando os Princípios do Direito Reale) Princípio daPerpetuidade

f) Princípio da Exclusividade

g) Princípio doDesmembramentoou da Elasticidade

h) Princípio dataxatividade

A propriedade é umdireito perpétuo

Em igual conteúdo, não pode haver mais do que um

titular do direito de propriedade sobre

a coisa.

O direito real pode gerara propriedade plena (osquatro direitos do direitode propriedadepertencem ao titular)

A lei cria asmodalidades dedireito real. São tiposlegais. Fora do rollegal, não haverádireito real.

O direito depropriedade não seperde pelo não uso,mantendo-se ovínculo da pessoa(sujeito ativo) com acoisa.

O direito real pede serdividido (propriedadelimitada) direito de usarou gozar tem um titular ea nua propriedade podepertencer a outrem(doação com reserva deusufruto)

A perda da propriedade somente

se dá meio legal: desapropriação,

usucapião, abandono.

Direitos Reais e Direitos Reais sobre Coisas

Alheias.

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A posse é um direito real?

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Tenho um contrato de compromisso de compra e venda

registrado. Sou proprietário?

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Classificação dos Direitos Reais

• PropriedadeDireito RealCompleto

• Superfície• Servidão• Usufruto• Uso• Habitação• Direito do Promitente comprador de imóvel.

Direitos Reais de Uso

ou Fruição

• Penhor• Hipoteca • Anticrese

Direitos Reais de Garantia

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Qual o motivo de se classificar a posse?

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Existe "salvação" para uma posse de má-fé?

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Interversão da posse é?

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Quais são os efeitos da posse?

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A posse tem começo, meio e fim?

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Propriedade (antecedentes históricos)

Em Roma, construiu-se aquilo que é, até hoje, a estrutura do direito real de propriedade, consistente em um complexo de direitos ou prerrogativas exercidas por uma pessoa sobre uma determinada coisa.

Conforme destaca Caio Mário da Silva Pereira (p. 68), “somente o cidadão romano podia adquirir a propriedade; somente o solo romano podia ser seu objeto, uma vez que a dominação nacionalizava a terra conquistada”. A propriedade nasce da necessidade de dominação (p. 67).

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Legislação: Segundo a doutrina, a noção de propriedade na sociedade romana, data da Lei das XII Tábuas.

Nesse primeiro período do direito romano, o indivíduo recebia uma porção de terras que devia cultivar, mas, uma vez terminada a colheita, a terra voltava a ser coletiva. Gradativamente, fixou-se o costume de conceder sempre a mesma porção de terra as mesmas pessoas ano após ano, havendo a mitigação dessa ideia individualista a partir do século XIX, sendo substituído pela utilização social da propriedade.

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Evolução do Direito de PropriedadeDireito Romano:Caráter EminentementeIndividualista

Idade Média: Dualidade deSujeitos• Titular do Domínio• Aquele que explorava

economicamente o imóvelmediante pagamento ao dono

Revolução Francesa: Retoma o caráter individualista , tal como no Direito Romano

Século Passado: Acentua-se emseu caráter socialInfluência da IgrejaFunção social da propriedade

PROPRIEDADE

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Natureza Jurídica da Propriedade:

Teoria da ocupação: “é a mais antiga e também a mais errônea. Seus adeptos encontram na ocupação o fundamento do direito de propriedade. A ocupação de coisas não apropriadas por quem quer que seja alarga o domínio do homem sobre a natureza; converte aquilo que não passa de simples objeto da natureza em valor econômico e cultural, enriquecendo desse modo o patrimônio da nação”.

Teoria da lei: Montesquieu foi um grande defensor dessa teoria, a qual a propriedade é uma concessão do direito civil, ou seja, decorre do direito positivo. Assim, ao legislador cabe apenas regular o direito.

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Teoria da especificação: “também chamada do trabalho, eis a teoria formulada pelos economistas.” “Segundo essa concepção, não é a simples apropriação da coisa ou do objeto da natureza que os submete ao domínio do homem, mas sua transformação por meio da forma dada à matéria bruta pelo trabalho humano; portanto, só o trabalho, criador único de bens, constitui título legítimo para a propriedade.”

Teoria da natureza humana: a propriedade emana da própria natureza humana; “representa condição de existência e de liberdade de todo o homem”. “As coisas com valor econômico são apropriadas, produzidas ou transformadas para servir aos fins individuais. Não poderia o ente humano realizá-los se não tivesse aquelas coisas à sua disposição, ou sob o seu domínio”

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Elementos constitutivos da propriedade

Jus Utendi – Direito de Usar:Consiste na faculdade do dono servir-se da coisa, podendo dela se utilizarda maneira que entender maisconveniente.

Jus Fruendi – Direito de Gozar ouUsufruir: Compreende o direito deperceber os frutos naturais e civis,aproveitando-se economicamente dosprodutos que ela (propriedade) sepossa extrair

Rei Vindicato - Direito deReinvindicar a coisa – Está ligado aodireito de sequela – O proprietário temo direito de reaver a coisa das aos dequem injustamente a detenha.

Jus Abutendi – Direito de Dispor – Oproprietário tem o direito de transferir apropriedade (aliena-la) a outrem aqualquer título.Faculdade de consumir o bem, dedividir ou gravar de ônus real a coisa.

Proprietário

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Ação Reivindicatória: Tem caráter essencialmentedominial e por isso só pode ser utilizada peloproprietário.

Requisitos: O Autor deve: i) provar seu domínio,juntando o registro imobiliário; ii) descrever o imóvel esuas confrontações; iii) demonstrar que a coisareivindicada está na posse do réu.

Objetivo : Na ação reivindicatória o proprietário visaretomar a coisa do possuidor que a conserva semcausa jurídica ou que a possui injustamente.

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Pressupostos da Ação Reivindicatória

Legitimação Ativa: Titular do Domínio - Proprietário

Legitimação Passiva: Quem em injustamente a possua

Descrever o imóvel e suas confrontações e que a coisa reivindicada está na posse do Réu.

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Natureza Jurídica da Ação Reivindicatória

Ação deDireito Real

Decorre do direito de sequela

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Características da ação

Ação

Imprescritível

Réu sem causa jurídicapara o exercício daposse

Exceção de Usucapião

Súmula 237 do STF

Extinção por Usucapião ou

Desapropriação

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Legitimação AtivaAutor –

titular do Domínio

OutorgaUxória entrecônjuges

Direito Real sobre bem

Imóvel

Condômino Reivindicar de Terceiro

Não admite a reivindicação

parcial

Sucessores HerdeirosTítulo em

nome do de cujus

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Legitimidade Passiva

Possuidor ou Detentor

Quem detém aposse sem títuloou suporte fático.Não depende daanálise de serposse justa ouinjusta

Detentor ou Possuidor direto –

Art. 338 NCPC.

Tem-se admitidocontra opossuidor que,por dolo, transferea posse paraoutrem, com afinalidade dedificultar avindicação.

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EXTENSÃO E LIMITAÇÃO AO DIREITO DE PROPRIEDADE

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a) Limitações constitucionais: a primeira delas decorre domonopólio da União, como, por exemplo, na exploração dejazidas de recursos minerais e os potenciais de energiahidráulica (artigo 176 da Constituição Federal) e nadesapropriação do imóvel para fins de reforma agrária (artigo184 da Constituição Federal).

b) Limitações administrativas: são as que estabelecem omodo de exercício da propriedade, a proteção do patrimôniohistórico e cultural nacional, como o disposto no Decreto-lein° 25/1937, cuidando da preservação de imóvel objeto detombamento; o Código de Minas, o Código Florestal, lei deparcelamento do solo (artigo 4º) etc.

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c) Limitações de natureza militar: legislações quetratam da requisição de imóveis e móveis para a defesada população (Decreto-lei n° 4.812/1942).

d) Limitações destinadas à proteção da lavoura, docomércio e da indústria: com o objetivo de trazerequilíbrio na produção agrícola.

e) Limitações decorrentes das leis eleitorais: contidano artigo 135, § 3° da lei n° 4.737/1965, a qual restringeo direito de propriedade, no sentido de que, apropriedade particular deve ser cedida para ofuncionamento das mesas receptoras em dias deeleição.

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f) Limitações da lei penal: decorrentes da perda debens para União, que tenham sido utilizados como objetodo crime ou o seu produto (artigo 91, inciso II, letras a eb do Código Penal).

g) Limitações da Lei Civil: o Código Civil ao disporsobre o direito de vizinhança (artigos 1.277 a 1.298);servidões prediais (artigos 1.378 a 1.389) entre outrasdisposições sobre o tema.

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A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

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A Função Social da Propriedade é um princípio jurídico de suma importância e relevância para o entendimento de todo o ordenamento jurídico brasileiro.

Por ser um princípio, subordina toda a aplicação e interpretação das leis no ordenamento jurídico brasileiro .

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Histórico : Não obstante o emprego da expressão“função social da propriedade” ter sido realizadopela Doutrina Social da Igreja, com o sentido decaridade ou distribuição de riqueza dos ricos aospobres, a noção de função social da propriedadeadveio com a Revolução Francesa, uma vez que, anatureza absoluta da propriedade perdeu força, sedesenvolvendo a democratização do domínio,através da abolição de privilégios e cancelamentode direitos perpétuos, contidos no CódigoNapoleônico, apelidado de “código da propriedade”.

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Historicamente, este princípio deve sua divulgaçãooriginal na obra do jurista francês Léon Duguit(1859-1928), professor da Universidade deBordeax, que afirmava que os direitos só sejustificam pela missão social para a qual devem

contribuir.

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Exemplos na legislação:

a) Constituição Federal de 1988: art. 170 e 186;

b) Lei 10.257/2001 (Estatuto da cidade);

c) Art. 1228 do Código Civil

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Art. 1. 228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

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Formas de aquisição da propriedade imóvel

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De acordo com o Código Civil de 2002, a propriedade imobiliária pode se adquirir através do registro do título de

aquisição junto ao Registro de imóveis; acessão; usucapião e através da sucessão hereditária (artigos 1.238 a 1.259 e 1.784).

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A doutrina adota a classificação de aquisição originária ou derivada para demonstrar a forma do surgimento do direito.

Diz-se originária “quando o indivíduo, num dado momento, torna-se dono de uma coisa que jamais esteve sob o senhorio de alguém”, ou seja, não há liame causal entre a propriedade adquirida e o estado jurídico anterior da coisa, como a usucapião e a acessão.

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Na aquisição por modo derivado , há liame causal entre a propriedade adquirida e o estado jurídico anterior da coisa, como a transmissão de herança e o registro dos negócios jurídicos translativos da propriedade (compra e venda, doação, permuta etc).

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Aquisição da propriedade imobiliária pelo registro do título

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constit uídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartó rio de Registro de Imóveis dos

referidos títulos ( arts. 1.245 a 1.247 ), salvo os casos expressos neste Código.

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ASPECTOS GERAIS DO DIREITO REGISTRAL

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BREVE RELATO: Antes da regulamentação da atividade pelo artigo 236 da Constituição Federal e pela lei 8.935 de 18.11.1994, os serviços notariais

e de registro eram exercidos pelo individuo nomeado pelos mais diversos critérios ou como assevera Leonardo Brandelli “ocorria por meio

de critérios disformes, muitas vezes obscuros, e sujeitos às imperfeições humanas dos

detentores de posições políticas”.

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Resumo (aspectos históricos):

� Nomeação política;� Em alguns Estados havia a observancia do Código Judiciário;� Em poucos casos o provimento era por concurso público;� A atividade gerava o entendimento de que o notário e o registrador eram funcionários públicos e, portanto, regidos pelo Estatuto dos Funcionários Públicos do Estado.

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Resumo (posição hodierna):

� Atualmente há a correta designação técnica do titular da função: Registrador, Notário ou Tabelião;� Os Notários e Registradores são considerados agentes públicos delegados do Poder Público, pois exercem uma função pública;� Não estão sujeitos a hierarquia funcional e ao regime jurídico único da entidade estatal a que servem;� São particulares que executam serviço público em nome próprio, por sua conta e risco;� Forma de ingresso: concurso público.

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CARTÓRIO TEM PERSONALIDADE

JURÍDICA?

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REQUISITOS PARA O INGRESSO NA ATIVIDADE: Artigo 15 da lei 8.935/94

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Princípios do Direito Registrala) Princípio daPublicidade

b) Fé Pública c) Legalidade d) Continuidade

Confere publicidade àstransações imobiliárias.

O registro tem fépública. Fazpresumir o direitoreal.

O Oficial do CRI temdever legal de verificar avalidade e a legalidadesdos títulos prenotados àRegistro

O título só seráregistrado se oalienante é o mesmoque figura no registroanterior.

A publicidade confereao titular do direito realo efeito erga omnes.Vale contra terceiros

Presunção juristantum e Presunçãojuris et de jure - Art.1.245 e 1.247 C.C.)

São verificados osaspectos intrínsecos eextrínsecos do título.Deve verificar assim, se otítulo é ou não registrável.

“A” vende para “B”, quevende para “C”. “C”prenota o título pararegistro. Este poderáser registrado?

Qualquer pessoas pode obter certidão imobiliária. (art. 17,

LRP)

Direito comparado:Alemão; Francês eBrasileiro (exceção– Registro Torrens.

ExigênciaSuscitação de Dúvida

(art. 203 da LRP)Suscitação de Dúvida

Inversa (não tem previsão legal)

A continuidaderegistrária é umprincípio previsto noart. 195 da Lei deRegistros Públicos.

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Princípios do Direito Registrale) Princípio daTerritorialidade

f) Prioridade g) Especialidade h) Instância

O título poderá serelaborado emqualquer Cartório deNotas do país,independente do

Tem direito realquem primeiroregistra o título.Exceção: 189 LRP

O título apresentadodeve trazer minuciosaindividualização doimóvel a ser registrado.

O registro somenteserá efetuado arequerimento dointeressado.

O registro deverá serefetivado nacircunscriçãoimobiliária da situaçãodo imóvel. (art. 169 daLRP)

Prenotaçãoassegura aprioridade doregistro. (arts. 191e 192 do C.C.)

Deve constar, porexemplo: metragem,confrontações, os dadosgeográficos do imóvel.

O Oficial não podeproceder o registro deofício, nem mesmo asuscitar dúvida.

Qualquer pessoa pode obter certidão

imobiliária. A pesquisa se faz no CRI da

situação do imóvel.

No caso deexigência, caso nãoatendida cai aprenotação, sendoexaminado asegunda.

Visa dar segurança jurídica ao registro.

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Livros Obrigatórios

Livro 1Protocolo – Chave doRegistro de Imóveis

Livro 2Registro Geral – Registra-se as ocorrências namatrícula - Transcrição

Livro 4Indicador Real – Indicação de todos os imóveis que

figurem nos demais livros.

Abrange o livro 3

Livro 3Registro Auxiliar - Atos quedevem ser registrados porLei – Pacto Antenupcial,Convenção de Condomínio.

Livro 5Indicador Pessoal – Contém

no nome de todas as pessoas que figuram no

registro

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Processo de Registro

Prenotação QualificaçãoRegistro ou devolução

com exigência

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Dúvida registrária

Nota de exigência

Processo de dúvida

Dúvida procedente: deve

ser cumprida a exigência

Dúvida improcedente: o título deve ser

registrado

Cumprimento da exigência Registro.

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Art. 198 - Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimí-la, obedecendo-se ao seguinte:

I - no Protocolo, anotará o oficial, à margem da prenotação, a ocorrência da dúvida;

Il - após certificar, no título, a prenotação e a suscitação da dúvida, rubricará o oficial todas as suas folhas;

III - em seguida, o oficial dará ciência dos termos da dúvida ao apresentante, fornecendo-lhe cópia da suscitação e notificando-o para impugná-la, perante o juízo competente, no prazo de 15 (quinze) dias;

IV - certificado o cumprimento do disposto no item anterior, remeter-se-ão ao juízo competente, mediante carga, as razões da dúvida, acompanhadas do título.

Art. 199 - Se o interessado não impugnar a dúvida no prazo referido no item III do artigo anterior, será ela, ainda assim, julgada por sentença.

Art. 200 - Impugnada a dúvida com os documentos que o interessado apresentar, será ouvido o Ministério Público, no prazo de dez dias.

Art. 201 - Se não forem requeridas diligências, o juiz proferirá decisão no prazo de quinze dias, com base nos elementos constantes dos autos.

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Art. 202 - Da sentença, poderão interpor apelação, com os efeitos devolutivo e suspensivo, o interessado, o Ministério Público e o terceiro prejudicado.

Art. 203 - Transitada em julgado a decisão da dúvida, proceder-se-á do seguinte modo:

I - se for julgada procedente, os documentos serão restituídos à parte, independentemente de translado, dando-se ciência da decisão ao oficial, para que a consigne no Protocolo e cancele a prenotação;

II - se for julgada improcedente, o interessado apresentará, de novo, os seus documentos, com o respectivo mandado, ou certidão da sentença, que ficarão arquivados, para que, desde logo, se proceda ao registro, declarando o oficial o fato na coluna de anotações do Protocolo.

Art. 204 - A decisão da dúvida tem natureza administrativa e não impede o uso do processo contencioso competente.

Art. 205 - Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às exigências legais.

Parágrafo único. Nos procedimentos de regularização fundiária de interesse social, os efeitos da prenotação cessarão decorridos 60 (sessenta) dias de seu lançamento no protocolo

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Aquisição da propriedade imobiliária pela usucapião

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HISTÓRICO: Mais remotamente ao período em queUlpiano escreveu (150 d.C.-223 d.C.), a Lei das DozeTábuas (c. 450 a.C.), na Tábua VI, estabelece osprimeiros prazos possessórios para a aquisição dapretensão, dois anos para imóveis, um ano paramóveis. No mesmo sentido, observa-se que a Usucapiãoconhecida na Lei das XII Tábuas, como Instituição deDireito Civil, só se aplicava nas relações do Jus Civile(Direito Civil), exclusivo dos cidadãos romanos, ou seja,os Peregrinos e os Provincianos não podiam invoca-la.Nesse período, havia distinção entre Res mancipi (coisasalienáveis) e Res nec mancipi (coisas inalienáveis).Lembrando que somente as coisas que podiam serobjeto de transferência eram passíveis de usucapião.

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CONCEITO: “usucapião é a aquisição da propriedade ou outro direito real pelo decurso do tempo estabelecido

e com a observância dos requisitos instituídos em lei. Mais simplificadamente, tendo em vista ser a posse que, no decurso do tempo e associada às outras exigências,

se converte em domínio, podemos repetir, embora com a cautela de atentar para a circunstância de que não é qualquer posse senão a qualificada: Usucapião é a

aquisição do domínio pela posse prolongada.”PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: direitos reais. .21. ed. Rio de Janeiro: Forense,

2012. v.4.

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NATUREZA JURÍDICA: Forma originária deaquisição da propriedade imóvel.

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REQUISITOS GERAIS:

� Capacidade do agente;� Coisa hábil (res habilis) ;� Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com

animus domini ;� Tempo;� Justo título (justa causa possessionis);� Boa-fé (fides).

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OBSERVAÇÕES COMUNS

� Causas de interrupção, suspensão e impedimento da prescrição.

� Natureza jurídica da sentença: declaratória, pois consolida o domínio em favor de quem o adquiriu.

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OBSERVAÇÕES COMUNS

� Acessio possessionis (artigo 1.243 CC e 1.207 CC).

� Imprescindível ainda é, destacar o que o Conselho daJustiça Federal, através do Enunciado n. 317 dispõe: “Aacessio possessionis, de que trata o art. 1.243,primeira parte, do Código Civil, não encontraaplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 domesmo diploma legal, em face da normatividade dousucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e191, respectivamente.”

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Espécies de UsucapiãoExtraordinária Ordinária Constitucional ou

Especial

Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus

domini

Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus

domini

Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus

domini e inexistência de outra propriedade.

Tempo de Posse: 15 anos Tempo de Posse: 10 anos Tempo de Posse: 05 anos

Não depende de Justo Título Exige Justo Título e Boa Fé Não depende de Justo Título

Não depende de boa-fé na posse

O prazo pode ser reduzido para 05 anos

Não depende de boa-fé na posse

Se houver realizado obras ou estabelecer sua residência o

prazo é reduzido para 10 anos

Pode ser: Urbana (pro morare– Área de até 250m2 ou Rural (pro labore) – Área Rural de

até 50 hectares.

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Espécies de UsucapiãoUrbana Coletiva Indígena Familiar

Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus

domini (artigo 10 da lei 10.257/2001)

Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus domini (artigo 33 da Lei

6.001/1973)

Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus

domini e inexistência de outra propriedade.

Tempo de Posse: 05 anos; é possível a acessão da posse.

Tempo de Posse: 10 anos Tempo de Posse: 02 anos.

Não depende de Justo Título Não depende de Justo Tít ulo O requerente é proprietário da meação e requer a usucapião da outra metade.

Não depende de boa-fé na posse

Não depende de boa-fé na posse

Não depende de boa-fé na posse

Cabível em imóveis com área superior à 250m2, com objetivo

de moradia para pessoas de baixa renda.

Cabível para índios integrados ou não.

Imóvel urbano com até 250m2

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Espécies de UsucapiãoServidão

Posse mansa, pacífica, ininterrupta e com animus

domini (1.379 do Código Civil)

Tempo de Posse: 10 anos se tiver título e 20 anos se não tiver

título.

Dependerá de justo título para gozar da redução do prazo, mas cabe, também, sem o

título.

Não depende de boa-fé na posse

Cabível em servidão aparente (se revela por alguma obra ou

sinal externo: aqueduto, tubulação de esgoto etc);

Súmula 415 STF.

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• Procedimento judicial :

• Código de Processo Civil vigente: artigo 941 a 945.

• Novo Código de Processo Civil: não há artigos correspondentes, o procedimento é o comum, com as peculiaridades de cada caso.

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• Artigos do Novo Código de Processo Civil:

• Art. 246. A citação será feita:

• § 3o Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada.

• Art. 259. Serão publicados editais:

• I - na ação de usucapião de imóvel;

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Petição inicial com a planta do imóvel (941 e

942 CPC)

Citação daquele em cujo nome estiver

registrado o imóvel e dos confinantes, e, por

edital, dos réus em lugar incerto e dos

eventuais interessados (942 e 232, IV CPC)

Intimação por via postal, dos representantes da

Fazenda Pública da União, dos Estados, do

Distrito Federal, dos territórios e dos

Municípios art. 943 do CPC

Com ou sem contestação seguirá o procedimento

ordinário

Sentença (artigo 945 CPC)

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USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL

(ARTIGO 216-A LRP)

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Art. 216-A Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com:

I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;

II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendoe na matrícula dos imóveis confinantes;

III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente;

IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel.

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§ 1o O pedido será autuado pelo registrador, prorrogando-se o prazo da prenotação até o acolhimento ou a rejeição do pedido.

§ 2o Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, esse será notificado pelo registrador competente, pessoalmente ou pelo correio com aviso de recebimento, para manifestar seu consentimento expresso em 15 (quinze) dias, interpretado o seu silêncio como discordância.

§ 3o O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o pedido.

§ 4o O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em 15 (quinze) dias.

§ 5o Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo oficial de registro de imóveis.

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§ 6o Transcorrido o prazo de que trata o § 4o deste artigo, sem pendência de diligências na forma do § 5o deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da concordância expressa dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso.

§ 7o Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos desta Lei.

§ 8o Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro de imóveis rejeitará o pedido.

§ 9o A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião.

§ 10. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum.

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Aquisição da propriedade imobiliária pela acessão

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Aquisição da propriedade por acessão

É a incorporação a um objeto principal de tudo quanto se lhe adere em volume ou em valor (ex.:

construir uma casa em terreno vazio). Compõe a espécie do genero acessórios da coisa. São três os acessórios

da coisa: acessão, frutos e benfeitorias.

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Classificação:

Quanto à origem podem ser naturais (vem da força danatureza, sem intervenção humana. São as formações deilhas, os aluviões, avulsão e álveos abandonados) eindustriais (aquelas realizadas pelo homem).

Quanto ao objeto: Imóvel a im óvel (advém de causasnaturais), móvel a imóvel (construções, plantações esemeaduras) e móvel a móvel (comistão, adjunção,especificação e confusão). Há um acréscimo ao solo deoutrem, optando a lei por conceder a propriedade ao titular dacoisa principal com o intuito de evitar o condomínio, conferindoquando possível o ressarcimento.

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Aquisição por acessão: formação de ilhas

O Código de Águas (Dec. 24.643/34) dispõe que as ilhas podem ser do domínio público ou do domínio particular, dependendo da natureza da água (ilha em água pública é bem público e ilha em água particular é bem particular). Os rios navegáveis são considerados águas públicas . A incorporação de ilha particular ocorre na proporç ão da testada do imóvel ribeirinho, através de uma linha perpendicular até o meio do álveo .

Segundo o art. 9º do Código de Águas, álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto . O rio que banha duas ou mais propriedades é dividido por uma linha longitudinal mediana imaginária, que corta o álveo ao meio.

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A) Ilhas formadas no meio do rio cuja margem é de proprietários diferentes:

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B) As ilhas formadas entre o meio do rio e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos

ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado

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C) As ilhas, que se formarem, pelo desdobramento de um novo braço de corrente, pertencem aos proprietários dos

terrenos, a custa dos quais se formaram

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Aquisição por acessão: Aluvião e Avulsão

Por formação de Aluvião: é uma incorporação imperce ptível junto ao imóvel ribeirinho, não gerando nenhuma esp écie de indenização . Aluvião imprópria é aquela que decorre da seca natural da água (diminuição do volume da água).

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a) Aluvião própria

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b) Aluvião imprópria

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b) Aluvião imprópria

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Segundo o caput do art. 1.250 os acréscimosformados pertencem aos donos dos terrenosmarginais, não gerando indenização .

A aluvião é o acréscimo de terra produzido pelanatureza, assim, não o caracterizam o aterro artificial e osacréscimos realizados pelo proprietário ribeirinho.

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Por Avulsão: é uma incorporação abrupta que normalm ente decorre do deslocamento de área de um imóvel a outr o. É a única hipótese que cabe indenização prevista no Cód igo de Águas. Também há esta previsão no art. 1.251 do CC , que diz que o dono do prédio ao qual a porção de terra se juntar adquirirá sua propriedade se indenizar o dono do prédio de onde esta se destacou, a menos que transcorra o prazo decadencial de um ano sem que ninguém reclame esta indenização, quando não será necessário fazê-la para adquirir o domínio.

O parágrafo único deste artigo 1.251 traz disposição que permite ao beneficiário optar por pagar indenização quando reclamada ou aquiescer que seja removida a porção d e terra acrescida .

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Aquisição por acessão: Álveo Abandonado

Explica Maria Helena Diniz (2002, 135) que se tem a acessão natural por abandono de álveo por um rio que seca ou que desvia devido a um fenômeno natural . Está tratado no art. 1.252 CC.

Venosa (2002, 182) ensina que os proprietários das terras por onde as águas por força da natureza abrem novo curso não fazem jus à indenização por se tratar de caso fortuito. Porém, se o desvio se der por utilidade pública, não mais nat uralmente, a perda do terreno para o poder expropriante deve s er indenizada.

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Aquisição por acessão: ÁlveoAbandonado

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Retorno do rio (possibilidades):

1ª - Quando o desvio ocorrer naturalmente, o retorno do rio ao álveo antigo irá recompor a situação dominial anterior. Desta forma, as pessoas que eram proprietárias dos terrenos invadidos pelo novo curso de rio voltam a sê-lo com o retorno (art. 26, parágrafo único do Código das Águas).

2ª - Quando decorrer de ação humana (lembrando que não há acessão, porque foi artificial), o retorno do rio ao álveo, continuará a pertencer ao expropriante (art. 26, parágrafo único do Código das Águas), exceto se os antigos donos resolverem indenizar o Estado obtendo de volta suas propriedades.

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Acessão por construções e plantaçõesou acessões artificiais

Prevê o art. 1.253 que “Toda construção ouplantação existente em um terreno presume-sefeita pelo proprietário e à sua custa, até que seprove o contrário ” .

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Diferença entre benfeitorias e acessões

Benfeitorias: acessórios para conservação, utilidade ou embelezamento;

Acessões: forma de aquisição da propriedade pela criação de coisas novas que aderem à propriedade já existente.

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O Enunciado nº 81, da 1ª Jornada de Direito Civil,promovida pelo Conselho Federal de Justiça, prevêque “o direito de retenção previsto no art. 1.219 doCC, decorrente da realização de benfeitoriasnecessárias e úteis, também se aplica às acessõ es(constru ções e plantações) nas mesmascircunstâncias”.

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Regras aplicáveis às acessões industriais

1) Presunção relativa de propriedade: é do construtor nos termos do artigo 1.253 CC;

2) Plantação com sementes alheias, mas em terreno próprio: o proprietário é o responsável pelo plantio, mas com dever de indenizar se agiu de má-fé (1.254 CC);

3) Aquele que construiu ou plantou em solo alheio poderá adquirir a propriedade do solo, se o valor das acessões exceder consideravelmente o valor do solo (cláusula geral);

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Comentando os artigos 1.258 e 1.259 do CC, Maria Helena Diniz (2002, 140) assim se pronuncia: “Sacrifica-se, assim, o direito do proprietário que não embargou, oportunamente, a con strução, movendo nunciação de obra nova, em prol do princípi o do maior valor social da construção, evitando, na medida do possível, sua demolição ”.

O Enunciado nº 318, da 4ª Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho Federal de Justiça, prevê que “o direito à aquisição da propriedade do solo em favor do construtor de má-fé (art. 1.258, parágrafo único) somente é viável quando, além dos requisitos explícitos previstos em lei, houver necessidade de proteger terceiros de boa-fé”.

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Formas de aquisição da propriedade móvel

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USUCAPIÃO

• Quando a pessoa possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente, durante três anos, com justo título e boa-fé, passa a ter a propriedade da coisa, conforme determina o artigo 1260 do Código Civil.

• Esse prazo de três anos se dá pois se trata de uma espécie de usucapião ordinária. Na extraordinária, o prazo muda para cinco anos, porém mesmo que não tenha justo título e boa-fé, resultará em usucapião.

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OCUPAÇÃO

• É o modo originário de aquisição de bem móvel queconsiste na tomada de posse de uma coisa semdono, com a intenção de se tornar seu proprietário.De acordo com este conceito, entende-se quecoisas sem dono são as coisas de ninguém (resnullius ) ou as abandonadas (res derelicta).

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ACHADO DE TESOURO

• O Código Civil denomina tesouro o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, conforme podemos ver no artigo 1264:

• “O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”

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TRADIÇÃO

• Real: Há efetiva entrega da coisa – Entregamaterial

• Simbólica: Ato de traduz a alienação – Entrega dechaves do veículo; venda sobre documentos

• Ficta: Não há a efetiva entrega da posse –Constituto possessório ou cláusula constituti ou naTradição traditio brevi manu.

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ESPECIFICAÇÃO

• Especificação é uma forma de aquisição dapropriedade móvel, que ocorre mediante atividadede uma pessoa em determinada matéria prima,obtendo, por seu trabalho, espécie nova. Esta serádo especificador, se matéria era sua, ainda que sóem parte, e não se puder restituir à forma anterior.

• Ver o artigo 1.269 do Código Civil.

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CONFUSÃO

• É a mistura de coisas líquidas, p.ex., gasolina eálcool, vinho e guaraná.

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COMISTÃO

• É a mistura de coisas sólidas ou secas, p.ex.,mistura de grãos de café tipo A com os do tipo B oude trigo com glúten.

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ADJUNÇÃO

• Quando, tão-somente, houver uma justaposição deuma coisas a outra (p.ex., vaso contendo decalquealheio; peça de roupa de um com estampa deoutrem) que não mais se torne possível destacar aacessória da principal, sem deterioração, dá-seadjunção.

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Observações comuns à confusão, comistão e adjunção

• A espécie nova pertencerá aos donos da matéria-prima,cada qual com sua parte proporcional ao valor do seumaterial.

• Quando uma das coisas puder ser considerada principal emrelação a outra, a propriedade da espécie nova seráatribuída ao dono da coisa principal, tendo este a obrigaçãode indenizar os outros.

• Estas disposições vigem na presunção da boa-fé daspartes. Se a confusão, a comistão ou a adjunção se deremdevido a má-fé de uma das partes, pode a outra escolherentre guardar o todo, pagando a porção que não for sua, ouentão renunciar a parte que lhe pertence, medianteindenização completa.

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PERDA DA PROPRIEDADE

• Sendo o direito de propriedade perpétuo, ele sópoderá ser perdido pela vontade do dono(alienação, renúncia, abandono) ou por outracausa, desde que seja estritamente legal(usucapião, desapropriação, perecimento etc.)

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Art. 1. 275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:

I - por alienação;

II - pela renúncia;

III - por abandono;

IV - por perecimento da coisa;

V - por desapropriação.

Parágrafo único . Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.

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ALIENAÇÃO

• A alienação aparece por meio do negócio jurídicobilateral, contrato, usado pelo dono da coisa atransferir a propriedade para outra pessoa, seja atítulo gratuito ou oneroso.

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RENÚNCIA

• A renúncia é o ato unilateral por meio do qual otitular do direto de propriedade abre mão de seusdireitos sobre a coisa, de forma expressa .

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ABANDONO

• O abandono é também um ato unilateral. Por ele, otitular abre mão de seus direitos sobre a coisa,mas, neste caso, não há manifestação de vontadeexpressa. É a conduta do proprietário que permitiráuma interpretação de sua vontade.

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Art. 1. 276. O imóvel urbano que o proprietárioabandonar, com a intenção de não mais o conservarem seu patrimônio, e que se não encontrar na possede outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, epassar, três anos depois, à propriedade do Municípioou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivascircunscrições.

§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nasmesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, comobem vago, e passar, três anos depois, à propriedadeda União, onde quer que ele se localize.

§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção aque se refere este artigo, quando, cessados os atosde posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônusfiscais

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PERECIMENTO

• O perecimento da coisa é a perda do objeto em si.Pode se dar por fators da natureza, como uma fortechuva destruindo uma edificação, fazendo com queseus donos percam o poder que tinham sobre obem. Decorre, via de regra, de ato involuntário, defenômenos naturais como incêndios, terremotos,raios e outras catástrofes. Mas pode tambémresultar de ato voluntário, quando o dono destrói acoisa.

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DESAPROPRIAÇÃO

• A perda da propriedade pela desapropriação pornecessidade de utilidade pública ou interesse socialé descrita como modalidade especial de perda dapropriedade.

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A desapropriação pode ser dividida nas seguintes espécies:

• por razões de utilidade pública para satisfazer interessescoletivos, previsto no art. 5º do Decreto-Lei Nº 3.365/1941;

• necessidade pública, por questões urgentes de segurança esalubridade pública;

• interesse social para fins de reforma agrária, preceituada no art.184 da Constituição Federal

• Pro labore: Esta é uma situação peculiar consagrada na redaçãodos §§4º e5º do art. 1.228 do Código Civil de 2002.

• Sanção: É aquela decorrente de uma pena ao proprietárioinadimplente, na função social afixada pelo Município,encontrando previsão legal no art. 182, §4º, da ConstituiçãoFederal e art.8º da Lei Nº. 10.257/2001.

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ARREMATAÇÃO

• Também uma forma de perda da propriedade, aarrematação é descrita como modo detransferência, forçada, de bens penhorados para asatisfação do direito creditício do exequente. Paratanto, procede-se a penhora dos bens que a parteexecutada possui.

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ADJUDICAÇÃO

• Adjudicação é o ato judicial por meio do que sedeclara e se estabelece que a propriedade dedeterminada coisa (englobando tanto bem móvelcomo imóvel) se transfere do proprietário origináriopara o credor, sendo o primeiro denominadotransmitente e o segundo adquirente.

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CONDOMÍNIO

(ASPECTOS GERAIS)

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DEFINIÇÃO

• O condomínio ou compropriedade é o direito depropriedade que mais de um sujeito de direito titulasobre determinado objeto ou bem, devendo atingiras suas funções sociais a fim de beneficiar acoletividade dos que condominam.

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NATUREZA JURÍDICA

• em cada condômino, da propriedade sobre toda acoisa, delimitada naturalmente pelos iguais direitosdos demais consortes; entre todos se distribui autilidade econômica da coisa; o direito de cadacondômino, em face de terceiros abrange atotalidade dos poderes imanentes ao direito depropriedade; mas, entre os próprios condôminos, odireito de cada um é auto limitado pelo de outro, namedida de suas quotas, para que se torne possívelsua coexistência (TEORIA DA SUBSISTÊNCIA).

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CLASSIFICAÇÃO

• Voluntário;

• Necessário ou legal;

• Edilício.

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DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS

Diz o art. 1.314 do Código Civil: "Cada condômino pode usar a coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão,

reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la".

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ADMINISTRAÇÃO

• Pode ser administrado por um condômino eleito outerceiro (empresa especializada, síndicoprofissional etc);

• Pode advir da presunção, ou seja, o condôminoque faz as vezes de síndico, mesmo não tendo sidoeleito, mas que administra sem qualquer oposição.

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EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO

• O art. 1.320 do Código Civil estabelece apossibilidade de extinguir o condomínio: "A todotempo será lícito ao condômino exigir a divisão dacoisa comum, respondendo o quinhão de cada umpela sua parte nas despesas da divisão".

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EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO

• A extinção pode ser consensual (amigável) oujudicial . Na extinção consensual será através deescritura pública, se todos os condôminos foremmaiores e capazes. Se houver divergência ou seum deles for menor e não houver acordo, seránecessária a divisão judicial.

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CONDOMÍNIO EDILÍCIO

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HISTÓRICO

• Os primeiros indícios de surgimento do condomínioedilício ou em edificações foram no direito romano,com as chamas insulae, ou ilhas habitacionais, quenos chegaram relatadas também, pelo fato de, dada a sua natureza, estarem mais sujeitas àincêndios.

• Somente no século XVIII é que foramdesenvolvidas as primeiras propriedades emsituação horizontal.

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LEGISLAÇÃO

• Lei n. 4.591/1964.

• Código Civil.

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NATUREZA JURÍDICA

• Há a teoria acéfala que nega a existência deverdadeira propriedade no condomínio edilício; a teoriade que este se assemelharia à uma servidão , baseadano direito francês onde constituiria uma pessoa jurídicaou coletiva proveniente da reunião de váriosproprietários; e ainda a teoria de que constituiria umasociedade ou associação de fato , ou, como preconizao direito alemão, estaria o condomínio incluído nodireito de superfície .

• A posição mais aceita é aquela que entende comocomunidade de direito de que são titulares váriaspessoas, incidindo sobre o mesmo objeto.

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NATUREZA JURÍDICA

• Há um misto de propriedade exclusiva epropriedade comum.

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CONSTITUIÇÃO

• Testamento

• Ato inter vivos.

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• A instituição do condomínio deve seguir a forma doartigo 1332 do Código Civil, que dispõe: "Institui-seo condomínio edilício por ato entre vivos outestamento, registrado no Cartório de Registro deImóveis, devendo constar daquele ato, além dodisposto em lei especial: I – a discriminação eindividualização das unidades de propriedadeexclusiva, estremada uma das outras e das partescomuns: II – a determinação da fração idealatribuída a cada unidade, relativamente ao terrenoe partes comuns; III – o fim a que as unidades sedestinam".

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CONVENÇÃO

• A convenção que constitui o condomínio edilício éum documento escrito no qual se estipulam osdireitos e deveres de cada condômino, que deveráser subscrita pelos titulares de no mínimo, doisterços das frações ideais.

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• O artigo 1.334 do Código Civil enumera as cláusulas obrigatórias na convenção:

• I – a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atendera às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;

• II – sua forma de administração;

• III – a competência das assembléias, forma de sal convocação e "quorum" exigido para as deliberações;

• IV – as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores;

• V – o regimento interno.

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REGULAMENTO INTERNO

• O regulamento interno é um complemento a convençãoe contém regras minuciosas sobre o uso das coisascomuns.

• O Regulamento deve completar a Convenção e nãoconflitarem-se. É igualmente ato normativo e a sua forçaé obrigatória. Ocorrendo conflito, deve prevalecer aConvenção. O quórum para aprovação do RegimentoInterno, aprovado em Assembleia Geral, especialmenteconvocada para tal fim, deve ser de dois terços doscondôminos, como mencionado acima. Cabe aoRegimento Interno: a) estabelecer função dozelador; b) disciplinar portaria, horários, utilizaçãodas áreas comuns; e c) estabelecer regimedisciplinar aplicável aos ocupantes do edifício .

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DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS

• O art. 1.335 do Código Civil estabele quais osdireitos dos condôminos: usar, fruir e livrementedispor das suas unidades; usar das partes comuns,conforme a sua destinação, e contanto que nãoexcluas utilização dos demais compossuidores;votar nas deliberações da assembléia e delasparticiparem, estando quites.

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• O art. 1.338 do Código Civil permite que os condôminos deedifícios possam alugar a sua vaga da garagem, porémdeverão dar preferência para os outros condôminos,posteriormente aos inquilinos e por último para terceirosestranhos à relação condominial.

• Já o art. 1.339 cita que somente será permitida a vendapara terceiros estranhos à relação condominial se houverprevisão do evento na Convenção. Os condôminos nãopodem realizar obras nas suas unidades que possamcomprometer as estruturas e segurança do prédio e nãopoderão alterar a fachada do local (art. 1.336). Caberátambém o pagamento de multas e juros moratórios previstona lei ou, não havendo, os que foram estipulados pelaConvenção e no Regulamento Interno, no que diz respeito aatrasos no pagamento de despesas, e a infração de normasde convivência. (CC, arts. 1.334, 1.336 e 1.337).

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ADMINISTRAÇÃO

• A administração do condomínio fica sob aresponsabilidade do síndico , cujo mandato podeser exercido por dois anos. A reeleição é permitidapelo conselho fiscal e pelas assembléias gerais,que usarão como diretriz a convenção e oregimento interno. Os artigos 1.347 a 1.356 doCódigo Civil regulamentam a administração docondomínio.

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EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO

• O Condomínio Edilício, enquanto subsistir em caráter coletivo, não pode ser extinto nempelos condôminos, nem por Convenção nem mesmo por via judicial.

• São formas de extinção do condomínio: pela destruição do prédio, artigo de número 1.357 doCódigo Civil em sua primeira parte, extingue-se a construção se ruir parcial ou totalmente ouqualquer outra forma de destruição, também na hipótese de incêndio; pela demoliçãovoluntária versa o artigo de número 1.357 do Código Civil na segunda parte pode ocorrer sehouver ameaça de ruína já pelo artigo 1o da Lei 6.709/79 pelos seguintes motivos:

• a) por razões urbanísticas ou arquitetônicas se for aconselhável a demolição;

• b) por condenação do edifício por autoridade publica; e,

• c) por motivo de insegurança ou insalubridade. Caberá nas causas de extinção decondomínio previstas no artigo de número 1.357 do Código Civil à Assembléia decidir sobrea reconstrução (primeira parte do artigo citado), ou venda do imóvel (segunda parte domesmo artigo). O quórum para a duas hipóteses, reconstrução ou venda será de metademais uma das frações ideais.

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PROPRIEDADE RESOLÚVEL (REVOGÁVEL ):

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CONCEITO

• A propriedade resolúvel não é plena, ou seja, estásubordinada a condição ou termo, tratando-se deuma exceção à regra de que a propriedadeconstitui direito perpétuo e irrevogável.

• Segundo o art. 1359 do CC, resolvida apropriedade pelo implemento de condição ouadvento de termo, também estão resolvidos todosos outros direitos reais concedidos na suapendência e o proprietário que for favorecido pelaresolução pode vindicar a coisa de quem a possuaou detenha.

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OBJETO

• Bens móveis e imóveis.

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ESPÉCIES

• Resolução por advento do termo ou implementoda condição : Art. 1.359. Resolvida a propriedadepelo implemento da condição ou pelo advento dotermo, entendem-se também resolvidos os direitosreais concedidos na sua pendência, e oproprietário, em cujo favor se opera a resolução,pode reivindicar a coisa do poder de quem apossua ou detenha.

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ESPÉCIES

• Resolução por causa superveniente: Art. 1.360.Se a propriedade se resolver por outra causasuperveniente, o possuidor, que a tiver adquiridopor título anterior à sua resolução, seráconsiderado proprietário perfeito, restando àpessoa, em cujo benefício houve a resolução, açãocontra aquele cuja propriedade se resolveu parahaver a própria coisa ou o seu valor.

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Alienação Fiduciária em Garantia (PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA)

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CONCEITO

• AFG é um contrato pelo qual o devedor fiduciantetransfere ao credor fiduciário a propriedaderesolúvel de um bem móvel para garantir opagamento da dívida contraída, com a condição de,ao ser liquidada a dívida, o devedor recuperar apropriedade plena do bem transferido (1361).

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NATUREZA JURÍDICA

• É controvertida. Trata-se de direito real de garantia,só que a garantia é na coisa própria, e não na coisaalheia/do devedor, como os demais direitos reaisde garantia. O banco, conforme o já lido 1361,torna-se proprietário resolúvel da coisa. Apesar deestarmos estudando os “iura in re aliena” (direitosna coisa alheia), a AFG é um direito real na coisaprópria.

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CARACTERÍSTICAS

- é negócio jurídico autônomo/principal, não é acessório, a AFG existepor si só.

- a posse do devedor é na condição de depositário, sujeito assim àprisão por até um ano caso descumpra seus deveres (1363).

- o credor é proprietário, mas independentemente de tradição, pois acoisa é entregue ao devedor. (exceção ao 1267).

- o contrato de AFG é formal/solene via instrumento particular (1362 e §1o do 1361); não exige escritura pública mas também não pode ser verbal.

- o devedor não pode alienar a coisa a terceiros, pois é mero possuidor,já o banco pode vender sua propriedade resolúvel, sem alterar as condiçõespara o consumidor. Se o devedor alienar será preso como depositário infiel. Alei precisa ser dura para não dar margem a fraudes.

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OBJETO

• a AFG do CC se aplica a móveis identificáveis eduráveis (ex: carros, máquinas, lanchas, etc...). AAFG para imóveis é regulada pela lei 9.514/97.

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• Obrigação do credor fiduciário/banco : transferira propriedade da coisa ao consumidor após opagamento integral do preço; se o banco nãotransferir, o consumidor pode exercer a seqüelapara, através do Juiz, adquirir a propriedade dobem que tem apenas posse.

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• Direito do credor fiduciário/banco: 1) vender a coisa casoas prestações não sejam pagas (1364 – observem que a leiautoriza até a venda extrajudicial, o que é muito ágil para obanco que não fica com o carro parado, se deteriorando,em pátios pela cidade), sendo vedado o pacto comissório(1365, 1428), mas admitindo-se posterior dação empagamento mediante acordo (pú do 1365 e pú do 1428). 2)Se mesmo vendida a coisa não satisfizer o crédito (ex: ocarro está muito estragado), outros bens do devedor serãoexecutados, por isso o devedor deve acompanhar a vendapara obter um melhor preço (1366). 3) O banco podetambém alienar o bem a terceiros, mesmo que asprestações do devedor estejam em dia, embora vá alienarapenas a propriedade resolúvel e a posse indireta. 4) Casoo devedor entre em insolvência ( = falência), não há riscopara o credor pois o bem não estará sujeito ao concursodos outros credores do devedor, já que o bem é depropriedade do credor fiduciário.

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• Obrigação do devedor fiduciante/consumidor :pagar as prestações e conservar a coisa, usando-apara o seu devido fim, como depositário que é.

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• Direito do consumidor: adquirir a propriedade dacoisa após pagar todas as prestações, podendoreivindicar a coisa de quem a detenha, exercendosequela.