direito civil - estratégia - aula 03_parte2

25

Upload: ellen-beltrao

Post on 18-Jan-2016

10 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

direito civil - estrategia - aula 3 parte 2

TRANSCRIPT

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 31 de 97

    O art. 167 do CC apresenta duas situaes, quais sejam: a simulao e a dissimulao.

    Art. 167. nulo o negcio jurdico simulado, mas subsistir o que se dissimulou, se vlido for na substncia e na forma.

    1o Haver simulao nos negcios jurdicos quando:

    I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas s quais realmente se conferem, ou transmitem;

    II - contiverem declarao, confisso, condio ou clusula no verdadeira;

    III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou ps-datados.

    2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-f em face dos contraentes do negcio jurdico simulado.

    A simulao provoca falsa crena num estado no real, a inteno enganar sobre a existncia de uma situao no verdadeira (se aparentou fazer um negcio). A dissimulao oculta de outrem uma situao existente (o negcio na realidade foi feito, mas tenta-se encobrir tal ato).

    Veja que, conforme o art. 167, o negcio simulado sempre ser nulo, no entanto, o negcio dissimulado ser mantido se for vlido na substncia e na forma.

    Importante: no necessrio causar prejuzo para caracterizar a simulao, o que caracteriza a simulao a vontade de enganar, o conluio das partes.

    A simulao pode ser absoluta quando a declarao enganosa da vontade exprime um negcio jurdico bilateral ou unilateral, no havendo a inteno de realizar negcio algum. Ou seja, o negcio inteiramente simulado, quando as partes, na verdade, no desejam praticar nenhum ato. No existe negcio encoberto porque realmente nada existe19.

    Ou pode ser relativa onde as partes, ao contrrio da simulao absoluta, pretendem realizar um negcio, mas de forma diferente daquela que se apresenta. H intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada, d-se quando uma pessoa sob a aparncia de um ato pretende praticar ato diverso. Como exemplo, podemos dar o do Pai, $ TXH vende sua casa a GHWHUPLQDGD SHVVRD % para que esta a transmita a "C" (descendente do alienante), sendo que desde o incio a LQWHQomRHUDDWUDQVPLVVmRGRLPyYHOD&.

    19 Slvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, Parte Geral, 11 ed. pg. 526.

    userRealce

    userRealce

    userRealce

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 33 de 97

    idnea quando agir devidamente autorizado pelo respectivo assistente ou com a interveno de curador. Em outra situao, o ato poder ser revisto se o menor no agiu com malcia, de acordo com o artigo 180 do CC:

    Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, no pode, para eximir-se de uma obrigao, invocar a sua idade, se dolosamente a ocultou, quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de se obrigar, declarou-se maior.

    Art. 181. Ningum pode reclamar o que, por uma obrigao anulada, pagou a um incapaz, se no provar que reverteu em proveito dele a importncia paga.

    O ato ou negcio anulvel imperfeito, mas seu vcio no to grave para que haja interesse pblico em sua declarao. Desse modo, a lei oferece alternativa ao interessado, que pode conformar-se com o ato, tal como foi praticado, sendo certo que sob essa situao o ato ter vida plena.

    O negcio jurdico produz efeitos at ser anulado. Os efeitos da anulao passam a correr a partir do decreto anulatrio, no retroage (tem efeitos ex nunc). A anulao depender sempre de sentena e no poder ser pronunciada de ofcio, neste sentido dispe o artigo 177 do CC:

    Art. 177. A anulabilidade no tem efeito antes de julgada por sentena, nem se pronuncia de ofcio; s os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.

    Os negcios jurdicos anulveis podem convalescer (ser sanados) por duas razes, tornando-se assim eficazes. Primeiramente, pelo decurso do tempo, pois os atos anulveis tm prazo de prescrio ou decadncia20 mais ou menos longos; decorrido o lapso prescricional ou decadencial, o ato ou negcio torna-se perfeitamente vlido. H ratificao presumida do ato, o interessado que podia impugn-lo no o faz. A segunda possibilidade de convalescimento do negcio anulvel a ratificao (ou confirmao).

    - Confirmao

    Ao contrrio do que ocorre com o negcio nulo, o negcio anulvel pode ser ratificado, confirmado (palavra adotada pelo cdigo de 2002).

    20 Os institutos da Prescrio e da Decadncia sero abordados ainda nesta aula.

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 34 de 97

    Art. 172. O negcio anulvel pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.

    Ratificar ou confirmar dar validade a ato ou negcio que poderia ser desfeito por deciso judicial. Por meio da ratificao, h renncia faculdade de anulao. A confirmao poder ser expressa ou tcita. Ser expressa quando houver declarao do interessado que estampe a substncia do ato, com inteno manifesta de torn-lo isento de causa de anulao. Isso segundo o artigo 173 do CC:

    Art. 173. O ato de confirmao deve conter a substncia do negcio celebrado e a vontade expressa de mant-lo.

    A confirmao tcita permitida quando o negcio j foi cumprido em parte e o devedor estava ciente do vcio, isto conforme art.174 do CC:

    Art. 174. escusada a confirmao expressa, quando o negcio j foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vcio que o inquinava.

    O incio de cumprimento da obrigao proveniente de ato anulvel induz sua ratificao. E quando se tratar de ratificao expressa, ser necessrio que obedea mesma forma do ato inquinado21, se este for realizado por escritura pblica, que era essencial validade do ato, a ratificao deve obedecer a essa forma.

    A ratificao pode ocorrer de forma unilateral, e no necessita, em regra, da presena do outro contraente, isto , daquele que o responsvel pelo vcio. A ratificao ou confirmao, na verdade, no representa novo contrato, mas apenas a validao do negcio passado. Nada impede que os dois contratantes participem do ato. Por fim, qualquer que seja a modalidade de ratificao, haver a extino de todas as aes ou excees que contra ele pudesse opor o interessado.

    Vamos a uma breve diferenciao dos negcios nulos e negcios anulveis: os negcios anulveis tem prazo decadencial, enquanto que os negcios nulos so imprescritveis, ou seja, nunca podem ser validados pelo decurso de tempo; a anulabilidade se funda no interesse privado do prejudicado ou no interesse de determinadas pessoas, enquanto a nulidade de ordem pblica, decretada no interesse da coletividade. Os negcios anulveis permitem a ratificao, o que no ocorre com os negcios nulos,

    21 Ato inquinado ato corrompido.

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 37 de 97

    - Defeitos dos negcios jurdicos

    - Erro:

    Neste vcio a pessoa tem uma noo inexata sobre alguma coisa, objeto ou pessoa, que vai influenciar a formao de sua vontade (a pessoa acha que sabe, mas na realidade tem uma noo falsa sobre algo). O erro se aproxima muito da ignorncia, mas com esta no se confunde (na ignorncia a caracterstica o desconhecimento a pessoa no sabe).

    Porque falamos em erro e tambm em ignorncia? Simples. Erro e ignorncia, como explicamos, apresentam conceitos distintos, no entanto, em ambos os casos os efeitos so os mesmos e temos a possibilidade de anulao.

    Importante: para se caracterizar o erro no pode haver o dolo (defeito que ser visto a seguir), ou seja, no pode haver, da outra parte ou terceiro, a inteno de provocar o erro da parte.

    7RGRQHJyFLRTXHDSUHVHQWHHUURVHUiDQXODGR"

    No, nem todo negcio que apresenta erro ser anulado. Para que seja caracterizado erro e para que, assim, possa se anular o negcio, este erro deve ser escusvel, que poderia ser percebido por pessoa de diligncia normal, no entanto trata-se de um erro difcil (ele pode ser percebido, mas a sua percepo no simples) para uma pessoa com uma inteligncia normal perceber (por isso escusvel perdovel). O que isso quer dizer? Por exemplo, citamos um erro inescusvel (injustificvel) referente matria tcnica e profissional (erro do cotidiano de uma pessoa). Esta pessoa no pode alegar erro, em benefcio prprio, visando anulabilidade do negcio jurdico, porque nesta situao no h dvidas de que o erro precisaria ser escusvel (o que no ). Deste modo, o negcio em questo no passvel de anulao. Segundo Slvio de Salvo Venosa: KiTXHVHver a posio de um tcnico especializado e de um leigo no negcio que se WUDWD22 Em matria tcnica e profissional, se a pessoa toma a devida cautela, no pode alegar erro para anular o negcio jurdico. No pode a pessoa invocar erro, simplesmente para se beneficiar de tal situao, se este erro podia ser por ela perceptvel.

    Sobre este assunto Nelson Nery Junior23 apresenta a seguinte casustica:

    22 Slvio de Salvo Venosa, Direito Civil I, Parte Geral, 11 ed. pg. 394. 23 Nelson Nery Jnior, Cdigo Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8 ed., pg. 357.

    userRealce

    userRealce

    userRealce

    userRealce

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 39 de 97

    que trate do assunto. Lembre se daquela velha histria de marcar a DOWHUQDWLYDPDLVFRUUHWD

    O artigo 139 nos fala quando o erro ser considerado substancial (aps a transcrio de cada um dos seus trs incisos, faremos alguns comentrios):

    Art. 139. O erro substancial quando:

    I - interessa natureza do negcio, ao objeto principal da declarao, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;

    As primeiras informaes que temos quanto ao erro substancial que ele poder interessar: natureza do negcio (exemplo dado acima, no qual ns fazamos um emprstimo que era recebido por doao, acreditvamos estar praticando um ato, mas estvamos praticando outro); ao objeto (compro pregos como se fossem parafusos); qualidade essencial do objeto (compro couro achando ser de crocodilo quando na realidade se trata de couro sinttico).

    Quanto qualidade essencial do objeto cabe fazermos uma observao: No devemos confundir a qualidade essencial do objeto, conforme exposto no exemplo acima, com vcios ocultos do objeto (vcio redibitrio DTXHOH GHIHLWR TXH QmR p DSDUHQWH 1R FDVR GH YtFLRredibitrio o produto correto, no entanto apresenta algum defeito que no percebido num primeiro momento.

    II - concerne identidade ou qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declarao de vontade, desde que tenha infludo nesta de modo relevante

    Conforme final do inciso veja que a influncia precisa ser determinante (relevante) para ser causa de anulabilidade. Veja exemplos encontrado no CC:

    Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vcio da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto pessoa do outro. (QUALIDADE DA PESSOA) ...

    Art. 1.903. O erro na designao da pessoa do herdeiro, do legatrio, ou da coisa legada anula a disposio, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros documentos, ou por fatos inequvocos, se puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se. (IDENTIDADE DA PESSOA)

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 40 de 97

    Nos dois exemplos acima h caractersticas marcantes, quais sejam, a escolha destas pessoas foi feita levando em considerao alguma de suas qualidades essenciais ou tendo em vista a sua prpria identidade, sendo que isto era razo determinante para o negcio.

    III - sendo de direito e no implicando recusa aplicao da lei, for o motivo nico ou principal do negcio jurdico.

    At o inciso II estvamos falando do erro que recaa sobre circunstncias de fato (erro de fato), agora, no art. III chegamos figura do erro de direito error juris - que se trata de ignorncia ou falso conhecimento de norma jurdica ou de suas consequncias.

    O erro de direito para anular o negcio precisa ter sido o nico ou principal motivo ao determinar a vontade.

    0DVFRPRILFDQHVWHFDVRRDUWGD/,1'%TXHGL]TXHQLQJXpPSRGHDILUPDUGHVFRQKHFLPHQWRGDOHL"

    No caso do inciso II o erro no pode recair sobre norma cogente, no pode implicar recusa aplicao da lei. Somente poder versar sobre normas dispositivas, que so aquelas sujeitas ao livre alvedrio (= livre arbtrio) das partes.

    Exemplo: celebrao de um contrato de aluguel baseado em norma jurdica j revogada, julgando que esta ainda est em vigor.

    No art. 140 temos o erro quanto ao fim colimado, que seria um falso motivo, no vicia o negcio jurdico a no ser quando nele figurar expressamente, integrando-o como sua razo essencial ou determinante, caso em que o torna anulvel. Assim est no artigo 140 do CC:

    Art. 140. O falso motivo s vicia a declarao de vontade quando expresso como razo determinante.

    O falso motivo quando se pratica determinado negcio baseado em um motivo que na realidade revela-VHIDOVR([HPSORHXIDoRGRDomRDdeterminada pessoa pensando que esta salvou a minha vida (motivo), TXDQGRQD UHDOLGDGHHVWDSHVVRDQmRR IH]0DV FRQforme art. 140, a manifestao no pode ter sido tcita, para se anular o ato preciso que a razo determinante motivo esteja expresso. Neste exemplo, no instrumento da doao.

    userRealce

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 44 de 97

    contra o representante pela quantia que se tiver desembolsado, para ressarcir o dano causado; se o dolo for de representante convencional, o representado (mandante) responder solidariamente com o representante (mandatrio) por perdas e danos.

    Temos ainda uma situao bastante particular, apresentada pelo art. 150, que diz respeito aos casos em que ambas as partes agem com dolo:

    Art. 150. Se ambas as partes agirem com dolo, nenhuma poder aleg-lo para anular o negcio, ou reclamar indenizao.

    O dolo de ambas as partes acarreta neutralizao do defeito porque h compensao entre os dois ilcitos (dolus inter utramque partem compensatur&RPRDSDUWH$DJLX WDPEpPFRPGRORHVWDQmRSRGHDOHJDURGRORGDSDUWH%

    - Coao:

    a presso fsica (coao absoluta) ou moral (coao relativa) exercida sobre a pessoa, os bens e a honra de um contraente para obrig-lo ou induzi-lo a efetivar um negcio jurdico. Somente a coao moral , na verdade, vcio de consentimento. A coao incide sobre a liberdade da pessoa (liberdade do coacto - como chamado o que sofre a presso), por isso, considerado entre os vcios encontrados o mais grave e profundo.

    O Cdigo Civil nos arts. 151 e 152 expe o assunto da seguinte forma:

    Art. 151. A coao, para viciar a declarao da vontade, h de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considervel sua pessoa, sua famlia, ou aos seus bens.

    Pargrafo nico: Se disser respeito a pessoa no pertencente famlia do paciente, o juiz, com base nas circunstncias, decidir se houve coao.

    Art. 152. No apreciar a coao, ter-se-o em conta o sexo, a idade, a condio, a sade, o temperamento do paciente e todas as demais circunstncias que possam influir na gravidade dela.

    Ento, para caracterizar a coao esta deve ser a causa determinante do negcio; deve incutir a vtima um temor justificado; o temor deve dizer respeito a um dano atual ou iminente; o dano deve ser considervel (grave).

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 45 de 97

    Importante: No artigo 153 temos os casos excludentes da coao:

    Art. 153. No se considera coao a ameaa do exerccio normal de um direito, nem o simples temor reverencial.

    O artigo traz duas situaes no consideradas coao:

    Por ameaa do exerccio normal de um direito, ou seja, fazer uso das prerrogativas conferidas por lei. Podemos citar como exemplo, a ameaa de protestar ttulo em caso de no pagamento; a ameaa de desapropriao26, a cobrana judicial de dvida e a restrio ao crdito.

    Por temor reverencial entende-se, por exemplo, o receio de desgostar ao pai, me ou a outras pessoas, a quem se deve obedincia e respeito. A ideia principal o desejo de no desagradar, de no prejudicar a afeio e o respeito. Reverencial o temor de ocasionar desprazer a pessoas ligadas por vnculo afetivo, ou por relao de hierarquia. claro que nestes casos poder ser configurada a coao se houver ameaa ou violncia irresistvel.

    Temos nos artigos 154 e 155 o proveito de terceiros na coao:

    No primeiro caso (art. 154), existe o vcio do negcio quando h o conhecimento do terceiro beneficiado, ou ento, elementos que indiquem que este deveria saber da coao. Nesta situao o beneficiado responder solidariamente com o autor da coao por perdas e danos.

    Art. 154. Vicia o negcio jurdico a coao exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e este responder solidariamente com aquele por perdas e danos.

    J no segundo caso (art. 155) temos a figura do beneficiado inocente, que aquele que no tinha o conhecimento do ato e tambm no dispunha de nenhum elemento que pudesse lev-lo a percepo de tal ato. Neste caso o negcio jurdico mantido e somente o autor da coao responder por perdas e danos em relao ao coacto (que aquele que sofre a coao).

    Art. 155. Subsistir o negcio jurdico, se a coao decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o

    26 RT 235/247 em Nelson Nery Junior, Cdigo Civil Comentado, 8 ed., pg. 363.

    userRealce

    userRealce

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 46 de 97

    autor da coao responder por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

    Resumindo coao: A coao deve ser causa determinante do ato; deve ser baseada em fundado temor e este deve ser grave (no pode ser simples temor reverencial); o dano deve ser iminente, atual e inevitvel (se o dano for evitvel no se caracteriza a coao). As palavras que devem ser lembradas para a coao so: ameaa, temor (considervel), dano iminente e considervel.

    - Estado de perigo:

    quando algum agindo por necessidade para evitar grave dano assume obrigao excessivamente onerosa. A pessoa age para salvar-se ou para salvar algum de sua famlia, em outra circunstncia no celebraria tal negcio. Alm disso, a situao de conhecimento da outra parte. Esta explicao quanto ao estado de perigo do art. 156:

    Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando algum, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigao excessivamente onerosa. Pargrafo nico: Tratando-se de pessoa no pertencente famlia do declarante, o juiz decidir segundo as circunstncias.

    Deste dispositivo conclui-se que o estado de perigo possui os seguintes requisitos: uma situao de necessidade; a iminncia de dano atual e grave (a pessoa est em perigo); nexo de causalidade entre a manifestao e o perigo de grave dano; ameaa de dano pessoa do prprio declarante ou de sua famlia; conhecimento do perigo pela outra parte; a assuno de obrigao excessivamente onerosa (a obrigao onerosa pode ser, por exemplo, a alienao de bens a preo inferior ao de mercado, tendo em vista o estado de necessidade, o estado de perigo).

    - Leso:

    o negcio defeituoso em que uma das partes, abusando da inexperincia ou da premente necessidade da outra, obtm vantagem manifestadamente desproporcional ao proveito resultante da prestao, ou exageradamente exorbitante dentro da normalidade. A necessidade na leso diferentemente do que ocorre no estado de perigo econmica, financeira. Vejamos como tal situao est no cdigo civil:

    userRealce

    userRealce

    userRealce

    userRealce

    userRealce

    userRealce

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 47 de 97

    Art. 157. Ocorre a leso quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperincia, se obriga a prestao manifestadamente desproporcional ao valor da prestao oposta.

    1. Aprecia-se a desproporo das prestaes segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negcio jurdico.

    2. No se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a reduo do proveito.

    O requisito objetivo configura-se pelo lucro exagerado, pela desproporo das prestaes que fornece um dos contratantes.

    O requisito subjetivo consiste no que a doutrina chama dolo de aproveitamento, caracterizado pela circunstncia de uma das partes se aproveitar da outra pela inexperincia, leviandade (imprudncia) ou estado de premente necessidade. Tais situaes psicolgicas so medidas no momento do contrato. No h necessidade de o agente induzir a vtima prtica do ato, nem necessria a inteno de prejudicar. Bastando que o agente se aproveite desta situao de inferioridade em que colocada a vtima, auferindo assim, lucro desproporcional e anormal.

    Verificando-se esses dois pressupostos (objetivo e subjetivo), o negcio anulvel.

    Tenha o cuidado de diferenciar estado de perigo e leso, no primeiro o risco pessoal (situao de perigo), j na leso o risco patrimonial (necessidade econmica).

    - Fraude contra credores

    a prtica maliciosa, por parte do devedor, de atos que desfalcam o seu patrimnio, com o escopo de coloc-lo a salvo de uma execuo por dvidas em detrimento dos direitos creditrios alheios (justamente por isto vcio social, no pode ser visto como vicio de consentimento porque a manifestao de vontade coincide com o ntimo querer). Isto consequncia do entendimento de que o patrimnio do devedor visto como garantia para os credores. Devemos destacar que a fraude contra credores espcie, trata-se de uma das situaes relacionadas fraude em geral (gnero).

    So requisitos da fraude contra credores:

    Subjetivos - a m-f tambm do adquirente, trata-se do conluio fraudulento. Deve haver inteno de prejudicar para ilidir os efeitos da cobrana. O consilium fraudis (elemento subjetivo), elemento subjetivo dispensa a inteno precpua de prejudicar, bastando, para a

    userRealce

    userRealce

    userRealce

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 48 de 97

    existncia da fraude, o conhecimento da insolvncia pelo outro contratante (este age de m f). De certa forma tambm se protege o adquirente que agiu de boa-f, que no tinha conhecimento da insolvncia ou de sua possibilidade.

    Objetivos - ato prejudicial ao credor, por tornar o devedor insolvente ou por ter sido realizado em insolvncia. a prpria insolvncia. O eventus damni (elemento objetivo), prejuzo decorrente da insolvncia, existe sempre que o ato for a causa do dano, tendo determinado a insolvncia. Necessita estar presente para ocorrer a fraude tratada, sem o prejuzo no existe legtimo interesse para a propositura da ao pauliana.

    Alm dos elementos vistos acima necessria a anterioridade do crdito, o que est expressamente previsto no artigo 158, 2: 6yRVcredores que j o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulao GHOHV

    2TXHpDDomRSDXOLDQDFLWDGDDFLPD"

    Ao pauliana (tambm denominada revocatria) uma ao que tem por finalidade tornar ineficaz o ato ou negcio viciado por fraude contra credores, anula-se o negcio, proporcionando que o bem negociado retorne massa patrimonial do devedor, beneficiando em sntese, todos os credores.

    Pressupostos da ao pauliana: ser o crdito do autor anterior ao ato fraudulento; que o ato que se pretende revogar tenha causado prejuzo; que haja a inteno de fraudar, presumida pela conscincia do estado de insolvncia; pode ser intentada contra o devedor insolvente, contra a pessoa que com ele celebrou a estipulao fraudulenta, ou terceiros adquirentes que estejam de m-f; a prova da insolvncia do devedor. Perdem os credores a legitimao ativa para mov-la se acorrer a hiptese do artigo 160 do CC:

    Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda no tiver pago o preo e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se- depositando-o em juzo, com a citao de todos os interessados.

    Pargrafo nico: Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poder depositar o preo que lhes corresponda ao valor real.

    Segundo Maria Helena Diniz272SULQFLSDOefeito da ao pauliana revogar o ato lesivo aos interesses dos credores, repondo o bem no 27 Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil 1, 28 ed., pg. 534.

    userRealce

    userRealce

    userRealce

    userRealce

  • Direito Civil para SEFAZ PA. Professores: Aline Santiago e Jacson Panichi -

    Aula - 03

    Profs. Aline Santiago e Jacson Panichi www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 49 de 97

    patrimnio do devedor, cancelando a garantia real concedida em proveito do acervo sobre o que se tenha de efetuar o concurso de credores, possibilitando a efetivao do rateio, aproveitando a todos os credores e no apenas ao que intentou.

    Para encerrar o assunto dos defeitos dos negcios jurdicos lembre que os vcios de consentimento prejudicam a exteriorizao do negcio jurdico, atuando sobre o consentimento; j os vcios sociais se mostram quando h uma divergncia entre a vontade exteriorizada e a ordem legal.

    - Prescrio e Decadncia

    Antes de comearmos a falar sobre o assunto, permita-nos fazer uma pergunta a voc: Ser que o exerccio de um direito pode ficar pendente indefinidamente no tempo? Obviamente que no. Isto no pode acontecer. O direito deve ser exercido dentro de um determinado prazo. Caso isto no ocorra, pode o titular deste direito perd-lo, ou seja, pode o titular perder a prerrogativa de fazer valer seu direito. O tempo exerce influncia abrangente no direito, em todos os campos, no direito pblico e no direito privado.

    O direito, por exemplo, exige que o devedor cumpra sua obrigao e, tambm, permite ao credor valer-se dos meios necessrios para receber seu crdito. Se o credor, porm, mantm-se inerte por determinado tempo, deixando estabelecer situao jurdica contrria a seu direito, este ser extinto.

    Num primeiro momento, pode parecer injusto que uma pessoa perca seu direito pelo decorrer do tempo, mas se no fosse o tempo determinado para o exerccio dos direitos, toda pessoa teria que, por exemplo, guardar indefinidamente todos os documentos relativos a negcios realizados e at mesmo os documentos relativos s geraes passadas. Existe, pois, interesse de ordem pblica na extino dos direitos o que justifica os institutos da prescrio e da decadncia. Deste modo em uma anlise mais detalhada a prescrio e a decadncia se mostram indispensveis estabilidade e consolidao de todos direitos.

    Comecemos nosso estudo pela prescrio (arts 189 a 206).

    - Prescrio

    Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretenso, a qual se extingue, pela prescrio, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

    userRealce