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1 CURSO REGULAR 2009/1 A Dra. Annelise Monteiro Steigleder _________________________________________________ DIREITO AMBIENTAL LICENCIAMENTO E EIA/RIMA Jurisprudência sobre Licenciamento e EIA/RIMA Licenciamento e Licitação REEXAME NECESSÁRIO. LICITAÇÃO E CONTRATO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR. LICITAÇÃO PROMOVIDA PELO MUNICÍPIO PARA CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS PARA O FORNECIMENTO DE PÓ DE BRITA, AREIA E BRITA PARA PAVIMENTAÇÃO. IMPUGNAÇÃO DO EDITAL POR NÃO EXIGIR A APRESENTAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL. CABIMENTO. O Licenciamento Ambiental é exigência que se impunha e se impõe quer do licitante, se ele extrair o produto mineral, quer de quem lhe vai fornecer. Se assim é, pelo impacto que a extração mineral causa ao meio ambiente e pelo que sua proteção, obrigatória como visto, importa em custos extraordinários que se adicionam ao preço final do produto, é que do edital deve constar a obrigatoriedade, como forma de estabelecer o equilíbrio entre os concorrentes. Sentença confirmada em reexame necessário. (Reexame Necessário Nº 70008107518, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Genaro José Baroni Borges, Julgado em 09/06/2004) Licenciamento e interdição da atividade “Agravo de Instrumento. Ação civil pública. Pretensão que não objetiva o fechamento definitivo da empresa poluidora e sim a obtenção do licenciamento ambiental para que prossiga em suas atividades. Liminar que preserva a possibilidade de graves lesões à saúde sem prejudicar a agravada que cumprindo a formalidade legal voltará a operar regularmente” (AI 599350089, 4 ª CC, Rel. Des. João Carlos Branco Cardoso, j. em 20.10.99) Competência para o Licenciamento “Agravo de Instrumento. Estudo de Impacto Ambiental. Unidade de uso sustentável. IBAMA. O art. 5 º , II, da Res. 237 do CONAMA deve ser analisado conjuntamente com o art. 4 º , I, do mesmo ato administrativo. Esta regra estabelece a competência do IBAMA para expedição de licença quando o impacto ambiental abranger unidade de conservação de

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CURSO REGULAR 2009/1 A Dra. Annelise Monteiro Steigleder _________________________________________________

DIREITO AMBIENTAL

LICENCIAMENTO E EIA/RIMA

Jurisprudência sobre Licenciamento e EIA/RIMA Licenciamento e Licitação REEXAME NECESSÁRIO. LICITAÇÃO E CONTRATO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR. LICITAÇÃO PROMOVIDA PELO MUNICÍPIO PARA CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS PARA O FORNECIMENTO DE PÓ DE BRITA, AREIA E BRITA PARA PAVIMENTAÇÃO. IMPUGNAÇÃO DO EDITAL POR NÃO EXIGIR A APRESENTAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL. CABIMENTO. O Licenciamento Ambiental é exigência que se impunha e se impõe quer do licitante, se ele extrair o produto mineral, quer de quem lhe vai fornecer. Se assim é, pelo impacto que a extração mineral causa ao meio ambiente e pelo que sua proteção, obrigatória como visto, importa em custos extraordinários que se adicionam ao preço final do produto, é que do edital deve constar a obrigatoriedade, como forma de estabelecer o equilíbrio entre os concorrentes. Sentença confirmada em reexame necessário. (Reexame Necessário Nº 70008107518, Vigésima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Genaro José Baroni Borges, Julgado em 09/06/2004) Licenciamento e interdição da atividade “Agravo de Instrumento. Ação civil pública. Pretensão que não objetiva o fechamento definitivo da empresa poluidora e sim a obtenção do licenciamento ambiental para que prossiga em suas atividades. Liminar que preserva a possibilidade de graves lesões à saúde sem prejudicar a agravada que cumprindo a formalidade legal voltará a operar regularmente” (AI 599350089, 4ª CC, Rel. Des. João Carlos Branco Cardoso, j. em 20.10.99) Competência para o Licenciamento “Agravo de Instrumento. Estudo de Impacto Ambiental. Unidade de uso sustentável. IBAMA. O art. 5º, II, da Res. 237 do CONAMA deve ser analisado conjuntamente com o art. 4º, I, do mesmo ato administrativo. Esta regra estabelece a competência do IBAMA para expedição de licença quando o impacto ambiental abranger unidade de conservação de

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domínio da União. Nos termos do art. 7º da Lei 9985/2000, as unidades de uso sustentável são de conservação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). E, segundo o art. 14 da aludida lei, as florestas nacionais integram o grudo de unidades de conservação de uso sustentável, administradas, portando, pela União, logo é unidade de conservação de domínio da União. Sendo assim, a competência para expedição da licença é do IBAMA. Agravo provido” (TRF – 4ª R, AI nº 2003.04.01.013124-4/RS, Rel. Des. Maria de Fátima Freitas Labarrére, j. em 17.06.2003) Administrativo. MS. Autuação por desmatamento. Competência do IBAMA. Art. 23, VI, CF/88. Lei 6938/81. Res. CONAMA 237/97. Inconstitucionalidade. 1. Competência do IBAMA em se tratando de licenciamento ambiental. 2. A Res. 237/97, que introduziu a municipalização do procedimento de licenciamento, é eivada de inconstitucionalidade, posto que exclui a competência da União nessa espécie de procedimento. 3. A Lei 6938/81, adequada com a nossa carta constitucional, rege a competência do IBAMA” (TRF – 4ª R., MAS 68246, Rel. Juíza Luíza Dias Cassales, j. 09.10.2001. DJU 14.11.2001, p. 902). EIA/RIMA – Exigibilidade “Ação Civil Pública. Enduro,. Atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente. EIA. Art. 225, § 1º, IC, CF. Resolução 237/97 do CONAMA. Improcedência do pedido. Apelação provida. A atividade de enduro de motocicletas em áreas de preservação permanente, por ser potencialmente lesiva ao meio ambiente, deve ser precedida de EIA, nos termos do disposto no art. 225, §1º, inc. IV, da CF e da Res. 237/97, do CONAMA. (TJMG, Apelação Cível nº 000291.065-1/00, j. em 26.05.2003.) “Decisão agravada que revogou liminar em ação popular paralisando obras de construção de lagoa de captação de águas fluviais – meio ambiente – estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental – inexistência – obra potencialmente causadora de degradação ambiental não afastada pelo recorrido – art. 225, §1º, inc. IV, CF. Princípio da precaução e prevenção. Conhecimento e provimento do recurso de agravo para cassar a liminar agravada"”(TJRN, AI nº 01002563-4, Rel. Des. Cristóvam Praxedes, j. em 5.09.2002). “Ação civil pública. Aplicação de herbicida em via pública para a chamada ‘capina química’. É indispensável a realização do EIA, com elaboração do RIMA. Inexistentes EIA/RIMA, e sendo utilizado produto com toxidade proibido para aplicação em vias urbanas por portaria do Ministério da Saúde, procede ação civil pública aforada a objetivar a suspensão do procedimento supostamente nocivo. Sentença confirmada em reexame necessário” (TJRS, REN nº 597056969, 2ª CC, Resl. Des. Juracy Vilela de Souza, j. em 20.08.97) “Administrativo. Implantação de pista de eventos ou Sambódromo no Parque Marinha do Brasil. Necessidade de autorização legislativa e de estudos aprofundados sobre a localização do empreendimento e a preservação do meio ambiente. É de se manter a liminar de sustação de licitação das obras de implantação da pista de eventos quando não se fazem presentes, de forma clara, indiscutível, a plausibilidade do direito invocado e o dano

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irreparável, pois o objeto da ação civil pública contra o Município empreendedor versa exatamente acerca da viabilidade do empreendimento projetado, o que demanda, além do EIA/RIMA licitado e do parecer de órgão municipal interessado, perícias e outros estudos bem mais consistentes e aprofundados, além da autorização do legislador. A falta de evidência de tais requisitos afasta de todo a pretensão recursal. Agravo desprovido” (TJRS, AI nº 598016210, 1ª CC, Rel. Des. Celeste Vicente Rovani, j. em 24.06.98). “Constitucional. Ação Direta. Liminar. Obra ou atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente. Estudo Prévio de Impacto Ambiental. Diante dos amplos termos do inc. IV do §1º do art. 225 da Carta Federal, revela-se juridicamente relevante a tese de inconstitucionalidade da norma estadual que dispensa o Estudo prévio de impacto ambiental no caso de áreas de florestamento ou reflorestamento para fins empresariais. Mesmo que se admitisse a possibilidade de tal restrição, a lei que poderia viabilizá-la estaria inserida na competência do legislador federal, já que a este cabe disciplinar, através de normas gerais, a conservação da natureza e a proteção do meio ambiente (art. 24, inc. VI, da CF), não sendo possível, ademais, cogitar-se da competência legislativa a que se refere o §3º do art. 24 da Carta Federal, já que esta busca suprir lacunas normativas para atender a peculiaridades locais, ausentes na espécie. Medida liminar deferida” (STF, Tribunal Pleno, ADIN – Medica Cautelar 1086/SC, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 16.09.94. 1. EXERCÍCIOS: Trata-se de Inquérito Civil instaurado há cerca de seis meses, a partir de um abaixo-assinado contendo cerca de 50 assinaturas, contra a empresa X em virtude de poluição ambiental ocasionada pela emissão atmosférica de particulados sólidos consistentes em areia fenólica, substância capaz de gerar sérias doenças respiratórias, sobretudo em crianças. No âmbito das investigações, apurou-se que: a) a empresa já está instalada no local desde o ano de 1978, sendo que, à época de sua instalação, a área era praticamente desabitada e destinada às atividades industriais; b) atualmente, a zona onde se situa a empresa é do tipo “mista”, havendo todo tipo de atividade ali instalada, inclusive, residências; c) a empresa possui uma LO concedida pela FEPAM, onde consta a proibição de emissão de particulados para fora dos limites do estabelecimento; b) o Município, amparado em sua legislação que proíbe a poluição atmosférica, lavrou dois autos de infração contra a empresa, notificando-a a instalar mecanismos eficazes de controle da emissão atmosférica, aptos a evitar qualquer geração de poluição ambiental, mas não adotou qualquer outra providência no sentido de interditar a empresa ou no sentido de cobrar as multas administrativas previstas na legislação municipal. A empresa argumentou em sua defesa que está enfrentando sérias dificuldades financeiras, com o que não tem condições de adquirir os equipamentos necessários imediatamente, asseverando que opera desde 1978, época em que os limites de emissão de poluentes não eram tão rigorosos como na atualidade. Também sustentou que os principais reclamantes são ocupantes novos do bairro, e que já tinham conhecimento de que a área é saturada.

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Pergunta-se: 2. Quais os princípios do Direito Ambiental que você utilizaria para fundamentar o dever

de a empresa X adequar-se à legislação ambiental e por que? 3. Quem tem competência para promover a responsabilização administrativa da empresa?

A FEPAM ou o Município lesado? 4. Na hipótese de ser cabível a incidência de multa administrativa, quem teria competência

para recolhê-la? 5. Quem deveria ser acionado em uma ação civil pública? 6. Caso você queira propor um TAC à empresa, quais seriam as principais obrigações? QUESTÕES OBJETIVAS: 1. (TRF 4ª - 2005) Dada as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. I – Sob pena de incorrer em inconstitucionalidade, é vedado ao Poder Legislativo Estadual propor e aprovar lei que condicione a concessão de licença ambiental à prévia autorização legislativa estadual. II – A tributação ambiental representa uma das mais modernas técnicas de proteção do meio ambiente, estando embasada, precipuamente, nos princípios da precaução e da supremacia do interesse público sobre o privado. III – A revogação de licença ambiental regularmente concedida somente gera direito à indenização ao empreendedor quando o ato revocatório tem por base riscos ao meio ambiente decorrentes da própria atividade licenciada. IV – A competência para o licenciamento ambiental do IBAMA é de caráter supletivo, competindo a esta entidade federal licenciar apenas as atividades e obras de que decorra significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional. a) está correta apenas a assertiva I b) estão corretas apenas as assertivas I e IV c) está incorreta apenas a assertiva III. d) Estão incorretas apenas as assertivas I, III e IV. 2. (TRF – 1º - 10º concurso) O meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é: a) um bem de uso especial; b) um bem de domínio útil. c) Um bem de uso comum do povo; d) Um bem dominical. 3. Assinale a assertiva incorreta.

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(a) O princípio do poluidor-pagador é um princípio de responsabilização e objetiva exclusivamente impor ao poluidor a reparação de danos ambientais. (b) O princípio da precaução constitui o fundamento para a exigência do Estudo de Impacto Ambiental. (c) O princípio do desenvolvimento sustentável resulta de uma compatibilização entre o direito ao desenvolvimento econômico e a defesa do meio ambiente. (d) O princípio da defesa do meio ambiente como direito fundamental enseja a supremacia do interesse público na conservação ambiental sobre os interesses privados. (e) Todas as assertivas são incorretas. 4. Assinale a assertiva correta: (a) O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado não é um direito fundamental da pessoa humana, pois encontra-se fora das previsões do art. 5º da CF/88. (b) A competência da União, Estados e Municípios para fiscalizar as ações que atentam contra o meio ambiente é comum. No entanto, havendo atuação da União para defesa de seus interesses, fica vedada a atuação conjunta dos Estados ou dos Municípios. (c) A Lei 6938/81 acolheu o princípio da subsidiariedade, segundo o qual o IBAMA atua supletivamente, quando há atuação dos Estados ou dos Municípios para a defesa do meio ambiente. (d) A expressão “patrimônio nacional”, constante do art. 225, §4º, da CF/88, significa que a Amazônia, o Pantanal e a Zona Costeira são bens de domínio da União. (e) O Município somente poderá legislar sobre assuntos de interesse local se já houver uma lei federal ou estadual de caráter geral. 5. Assinale a assertiva verdadeira: (a) O IBAMA não tem competência para licenciar atividades de impacto regional se os Estados tiverem condições técnicas para fazer esse licenciamento. (b) É possível o licenciamento conjunto entre dois ou mais Municípios, tendo em vista sua condição de afetados pelo impacto ambiental do empreendimento. (c) Os Municípios não tem competência para licenciamento ambiental. (d) O licenciamento ambiental é efetuado em um único nível de competência. e) Todas as assertivas são verdadeiras 6. Assinale a assertiva correta: (a) A Licença Prévia gera expectativas de direitos ao seu titular, de modo que poderá ser revogada sem direito à indenização. (b) A Licença de Operação possui a natureza de licença administrativa, de modo que sua revogação sempre acarretará ao titular da licença direito à indenização. (c) Se o EIA/RIMA for favorável ao empreendimento, o órgão ambiental é obrigado a conceder a Licença Prévia. (d) Descabe o ajuizamento de ação popular para anular o licenciamento ambiental, na hipótese de ter sido dispensado o EIA/RIMA. (e) O Ministério Público deve ser ouvido antes da concessão da Licença Prévia.

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7 – Assinale a assertiva correta: (a) Havendo lei federal de caráter geral disciplinando a produção, comercialização e

utilização de agrotóxicos, é vedado aos Estados editar leis proibindo totalmente a utilização de determinado agrotóxico em seu território.

(b) Os Municípios não podem, em nenhuma hipótese, legislar sobre qualquer dos assuntos previstos no art. 24 da Constituição Federal.

(c) Os Estados podem legislar concorrentemente sobre águas. (d) A competência da União em matéria de proteção ambiental é suplementar e pressupõe a

omissão do ente estadual. (e) Nenhuma das assertivas está correta. 8. Assinale a assertiva correta: (a) O licenciamento ambiental poderá ser dispensado a critério da autoridade ambiental, já

que se trata de procedimento discricionário. (b) O licenciamento ambiental somente poderá ser exigido para obras ou atividades

utilizadoras de recursos naturais. (c) A Licença de Instalação autoriza o início da atividade do empreendedor, possuindo

caráter definitivo. (d) O Estudo de Impacto Ambiental é obrigatório para obras ou atividades de significativa

degradação ambiental. (e) Nenhuma assertiva está correta.

DANO AMBIENTAL: Prevenção e Reparação Jurisprudência

Prevenção do Dano DIREITO AMBIENTAL. PRESERVAÇÃO AO MEIO AMBIENTAL. LIMINAR. I – A decisão vergastada fez-se ao pálio dos pressupostos ensejadores da liminar, eis que caracterizado o grave risco ao meio ambiente, consubstanciado na deterioração definitiva das águas do lençol termal. É de ser mantida a liminar uma vez atendidos seus pressupostos legais. II – Questões relativas a interesse econômico cedem passo quando colidem com deterioração do meio ambiente, se irreversível. II – Agravo Regimental desprovido. (STJ – Agravo Regimental na Petição n. 924-GO, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de 29.05.2000) AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMINAR PARA CESSAÇÃO DE ATIVIDADE NOCIVA AO MEIO AMBIENTE.

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Liminar impondo prazo à empresa frigorífica para cessação de atividade poluente, sob pena de multa diária, arrimada em veementes elementos de convicção coletados em inquérito civil público. Decisão que se justifica cabalmente, tanto pelos fatos nela considerados, quanto pelo direito aplicável (art. 12 da Lei 7347/85). Prevalência do princípio da precaução, dada a freqüente irreparabilidade do dano ambiental. Agravo desprovido”. (TJRS AI 70004725651, 1ª CC, Rel. Des. Eduardo Uhlein, j. em 21.11.2002). AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO AMBIENTAL. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO. No plano do direito ambiental vige o princípio da prevenção, que deve atuar como balizador de qualquer política moderna do ambiente. As medidas que evitam o nascimento de atentados ao meio ambiente devem ser priorizadas. Na atual conjuntura jurídica o princípio do interesse e bens coletivos predominam sobre o interesse particular ou privado. O argumento de que a concessão de medida liminar pode dar ensejo à falência não serve como substrato à continuidade de atos lesivos ao meio ambiente. (TJRS, 2ª CC, AI n. 597204262, Rel. Des. Arno Werlang, j. em 05.08.98). Reparação e compensação do Dano ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MEIO AMBIENTE. MARINA. DESFAZIMENTO. ADOÇÃO DE MEDIDAS. Embora seja prioritária a reparação específica do dano ambiental, a teor do art. 4º, VI, da Lei 6938/81, não parece razoável desfazer uma marina, que se harmoniza com a vocação náutica do Guaíba, a despeito de empreendida sem licença prévia do órgão ambiental e dos danos provocados ao meio ambiente. O retorno a um hipotético estado anterior provocaria danos maiores e somente atenderia ao interesse de transformar a marina privada em marina pública. Todavia, subsiste o dever de o empreendedor adotar as medidas ambientais compensatórias, e, para tanto, impõe-se realizar prova técnica, com o fito de estabelecer as devidas medidas compensatórias. 2. Apelação provida em parte. (TJRS, Ap. Cível. 70007757461, 4ª Câmara Cível, Rel. Des. Araken de Assis, j. em 25.02.2004). APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. SÍTIO ARQUEOLÓGICO. RETIRADA DE AREIA. Demonstrados nos autos os danos causados em decorrência do proceder da demandada e da falta de fiscalização do Município, impunha-se a procedência da ação. Perícia atesta danos irreversíveis, de modo que é cabível a restauração do que for possível mais a indenização dos danos. Apelação improvida. Sentença confirmada em reexame (TJRS, Apelação e Reexame Necessário n. 70000687921, 1ª Câmara Especial Cível, Rel. Des. Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, j. em 20.06.2001) Dano Moral Coletivo Poluição ambiental. Ação civil pública formulada pelo Município do Rio de Janeiro. Poluição consistente em supressão da vegetação do imóvel sem a devida autorização municipal. Corres de árvores e início de construção não licenciada, ensejando multas e interdição do local. Dano à coletividade com a destruição do ecossistema, trazendo conseqüências nocivas ao meio ambiente, com infringência às leis ambientais (...)

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Condenação a reparação de danos materiais consistentes no plantio de 2800 árvores e ao desfazimento das obras. Reforma da sentença para inclusão do dano moral perpetrado à coletividade. Quantificação do dano moral razoável e proporcional ao prejuízo coletivo. A impossibilidade de reposição do ambiente ao estado anterior justificam a condenação em dano moral pela degradação ambiental prejudicial à coletividade. Provimento do recurso. (TJRJ, Apelação Cível n. 14586/2001, 2ª Câmara Cível, Rel. Des. Maria Raimunda de Azevedo) AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POLUIÇÃO SONORA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. PERDA DE OBJETO. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA. Trata-se de ação civil pública aforada pelo Ministério Público objetivando que a ré se abstenha de utilizar o jingle de anúncio de seu produto, o qual seria gerador de poluição sonora no meio ambiente, o que ensejaria danos morais difusos à coletividade. Com relação à obrigação de fazer, a ação perdeu seu objeto por fato superveniente, decorrente de criação de lei nova regulando a questão. No entanto, em relação aos danos morais, prospera a pretensão do Ministério Público, pois restou amplamente comprovado que, durante o período em que a legislação anterior estava em vigor, a requerida a descumprira, causando poluição sonora e, por conseguinte, danos morais difusos à coletividade (TJRS, Ap. Cível 70005093406, 10ª CC, Rel. Des. Luiz Ary Vessini de Lima, j. em 19.02.2004). PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. DANO MORAL COLETIVO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO DO DANO MORAL À NOÇÃO DE DOR, DE SOFRIMENTO PSÍQUICO, DE CARÁTER INDIVIDUAL. INCOMPATIBILIDADE COM A NOÇÃO DE TRANSINDIVIDUALIDADE (INDETERMINABILIDADE DO SUJEITO PASSIVO E INDIVISIBILIDADE DA OFENSA E DA REPARAÇÃO). RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. (STJ, 1a Turma, Recurso Especial n.° 598.281 - MG (2003/0178629-9), Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 02/05/2006). Prescrição em matéria ambiental APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃO DE DANOS AO MEIO AMBIENTE. PRESCRIÇÃO. 1. Imprescritibilidade do dever de indenizar danos ambientais decorrentes de atividades poluidoras, diante do caráter público indisponível do direito ao meio ambiente equilibrado e saudável. 2. Comprovado o dano ambiental decorrente da conduta do ora apelante, não há que se falar em afastamento do dever de indenizar. APELAÇÃO DESPROVIDA. (TJRS, Terceira Câmara Cível, apelação cível n.º 70013741947, Relator Desembargador Rogério Gesta Leal, Julgado em 09/02/2006). Responsabilidade pela situação do bem ambiental. Obrigação propter rem.

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ADMINISTRATIVO. RESERVA FLORESTAL. NOVO PROPRIETÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. 1. O novo adquirente do imóvel é parte legítima passiva para responder por ação de dano

ambiental, pois assume a propriedade do bem rural com a imposição das limitações ditadas pela Lei Federal.

2. Cabe analisar, no curso da lide, os limites de sua responsabilidade. 3. Recurso provido. (STJ, Resp. n. 222349/PR, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, j. em 23.03.2000. Pressupostos da responsabilidade. Dano e Nexo causal. ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO AMBIENTAL. AUSÊNCIA DE LICENCIAMENTO. MULTA IMPOSTA. DANO QUE SE PRESUME. 1. O agravo de instrumento, quando desprovido de efeito suspensivo, não impede a

prolação de sentença de mérito. 2. A poluição causada pelo lixo, sobretudo o industrial, além de ameaçar o bem estar da

comunidade, também expõe a risco a saúde humana. Daí a necessidade do prévio licenciamento, onde, através de critérios técnicos e científicos, irá ser apurado se o local escolhido é o adequado para aquele tipo de rejeito sólido, levando em consideração inúmeros aspectos da engenharia sanitária e ambiental. Enquanto isto não ocorrer, a atividade é clandestina, presumindo-se o dano causado à saúde e ao bem estar da comunidade daquele Município, sendo cabível a aplicação de multa em face da infração administrativa havida. (TRF – 4ª R., AC 224706 (19980401023274-9), 3ª Turma, Rel. Juiz Paulo Afonso Brum Vaz, j. em 25.05.2000)

AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VAZAMENTO DE ÓLEO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. APLICABILIDADE DE TRABALHO ELABORADO PELA CETESB PARA APURAÇÃO DO ‘QUANTUM DEBEATUR’ À FALTA DE MELHOR CRITÉRIO PARA FIXAÇÃO DO VALOR DEVIDO. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE QUE DEVE, EM QUALQUER CASO, SER OBSERVADO. I - A indenização decorrente de dano é devida independentemente da existência de culpa (art. 14, §1º, Lei 6938/81) II – O laudo pericial é categórico ao atestar a lesividade do evento ocorrido. Ademais, milta em favor da tese da ocorrência de dano uma presunção ‘hominis’, porquanto pareça mais razoável face às máximas de experiência acreditar-se que um vazamento de meia centena de litros de óleo provoque algum tipo de lesão ao ecossistema atingido do que se imaginar que tamanha quantidade de substância nociva seja despercebidamente assimilada pela fauna e flora local. III – A prévia degradação do local atingido não afasta a responsabilidade, sob pena de se subtrair por completo a eficácia da norma constitucional de tutela do meio ambiente. Tampouco a pequena proporção da lesão tem esse condão, já que a única diferença relevante que há entre as grandes e pequenas agressões ao meio ambiente está na quantificação da punição a ser imposta ao causador. IV – A indenização a ser arbitrada deve obedecer ao princípio da razoabilidade, sempre com vistas a desestimular a transgressão das normas ambientais.

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V – Á míngua de melhor critério, nada impede que o juiz adote critérios estabelecidos em trabalho realizado pela CETESB relativo a derramamento de petróleo e derivadso, desde que atentando para o princípio da razoabilidade. A fixação de indenizações desmesuradas ao pretexto de defesa do meio ambiente configura intolerável deturpação da ‘mens legis’, não podendo no caso em tela o Estado valer-se do silêncio da lei para espoliar o poluidor a ponto de tornar inviável o seu empreendimento. VI – Apelação parcialmente provida. (TRF – 3ª R. AC 432487 (98030675460), 3ª Turma, Rel. Juíza Cecília Marcondes, j. em 29.01.2003). Responsabilidade civil. Dano ambiental. Princípio da concausa. O ponto nodal reside em se detectar qual foi a causa determinante para o alegado desaparecimento do pescado e de mariscos na região da Baía de Sepetiba. É do conhecimento público o problema da poluição da Baía de Sepetiba, que vem de longa data, devido ao vazamento de esgotos e de dejetos industriais de diversas empresas. O problema não decorre de um fato simples, isolado, ao contrário, origina-se de uma sucessão de situações que concorrem para aquele fim, não podendo a ré responder pelos prejuízos se foi apenas o agente da última condição e se esta não contribuiu eficientemente para o dano ambiental. Desprovimento do recurso. (TJRJ, Apelação Cível n. 6392/2002, 2ª CC, Rel. Des. Gustavo Adolpho Kuhl Leite, j. em 21.10.2002) Solidariedade dos Poluidores. PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE PASSIVA. SOLIDARIEDADE. 1. A solidariedade entre empresas que se situam em área poluída, na ação que visa

preservar o meio ambiente, deriva da própria natureza da ação. 2. Para correção do meio ambiente, as empresas são responsáveis solidárias e, no plano

interno, entre si, responsabiliza-se cada qual pela participação na conduta danosa. 3. Recurso especial não conhecido. (STJ, 2a Turma, RESP n. 18567-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 16.06.2000) AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESPONSÁVEL DIRETO E INDIRETO PELO DANO AMBIENTAL. SOLIDARIEDADE. HIPÓTESE EM QUE SE CONFIGURA LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO E NÃO LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. 1. A ação civil pública pode ser proposta contra o responsável direto, contra o responsável

indireto ou contra ambos, pelos danos causados ao meio ambiente. Trata-se de responsabilidade solidária, ensejadora do litisconsóricio facultativo (CPC, art. 46, I) e não do litisconsórcio necessário (CPC, art. 47).

2. Lei 6938/81, arts, 3º, IV, 14, §1º, e 18, § único. Código Civil, arts. 896, 904 e 1518. Aplicação.

3. Recurso especial não conhecido. (STJ, RESP. 37354/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, j. em 18.09.95).

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Responsabilidade do Estado por danos ambientais ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER PÚBLICO. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. SENTENÇA CONFIRMADA. IMPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. Demonstrada a negligência do Poder Público Municipal, caracterizadora da falta do serviço, o dano ao meio ambiente e o nexo de causalidade, encontram-se presentes todos os pressupostos para que seja o município responsabilizado solidariamente pela reparação do dano ambiental causado. 2. Improvimento da apelação e da remessa oficial. (TRF – 4ª R., 3ª Turma, AC 2004.04.01.019438-6, Rel. Des. Federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, j. 2m 28.06.2005) ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. OBRAS DE RECUPERAÇÃO EM PROL DO MEIO AMBIENTE. ATO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO. 1. Na atualidade, a Administração pública está submetida ao império da lei, inclusive

quanto à conveniência e oportunidade do ato administrativo. 2. Comprovado tecnicamente ser imprescindível, para o meio ambiente, a realização de

obras de recuperação do solo, tem o Ministério Público legitimidade para exigi-la. 3. O Poder Judiciário não mais se limita a examinar os aspectos extrínsecos da

administração, pois pode analisar, ainda, as razões de conveniência e oportunidade, uma vez que essas razões devem observar critérios de moralidade e razoabilidade.

4. Outorga de tutela específica para que a Administração destine do orçamento verba própria para cumpri-la.

5. Recurso especial provido. (STJ, Resp. 429.570-GO, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª T., j. em 11.11.2003). DIREITO ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. Arts. 23, inc. VI e 225, ambos da CF/88. Concessão de serviço público. Responsabilidade objetiva do Município. Solidariedade do Poder Concedente. Dano decorrente da execução do objeto do contrato de concessão firmado entre a recorrente e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP. Ação Civil Pública. Dano ambiental. Impossibilidade de exclusão de responsabilidade do Município por ato de concessionário, do qual é fiador da regularidade do serviço concedido. Omissão no dever de fiscalização da boa execução do contrato perante o povo. Recurso especial provido para reconhecer a legitimidade passiva do Município. 1. O Município de Itapetininga é responsável, solidariamente, com o concessionário de

serviço público municipal, com quem firmou convênio para realização do serviço de coleta de esgoto urbano, pela poluição causada no Ribeirão Carrito.

2. Nas ações coletivas de proteção a direitos metaindividuais, como o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a responsabilidade do poder concedente não é subsisdiária, na forma da novel lei das concessões (Lei 8987/95), mas objetiva e,

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portanto, solidária com o concessionário de serviço público, contra quem possui direito de regresso, com espeque no art. 14, §1º, da Lei 6938/81. Não se discute, portanto, a liceidade das atividades exercidas pelo concessionário, ou a legalidade do contrato administrativo que concedeu a exploração de serviço público; o que importa é a potencialidade do dano ambiental e sua pronta reparação.

(STJ, Resp. 28.222-SP, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 15.02.2000). AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO CAUSADO AO MEIO AMBIENTE. LEGITIMIDADE PASSIVA DO ENTE ESTATAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RESPONSÁVEL DIRETO E INDIRETO. SOLIDARIEDADE. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO. ART. 267, IV, DO CPC. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E 365 DO STF. (...) 3. O art. 23, inc. VI, da Constituição da República fixa a competência comum para a

União, Estados, Distrito Federal e Municípios no que se refere à proteção do meio ambiente e combate à poluição em qualquer de suas formas. No mesmo texto, o art. 225, caput, prevê o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

4. O Estado recorrente tem o dever de preservar e fiscalizar a preservação do meio ambiente. Na hipótese, o Estado, no seu dever de fiscalização, deveria ter requerido o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo relatório, bem como a realização de audiências públicas acerca do tema, ou até mesmo a paralisação da obra que causou o dano ambiental.

5. O repasse das verbas pelo Estado do Paraná ao Município de Foz de Iguaçu (ação), a ausência das cautelas fiscalizatórias no que se refere às licenças concedidas e as que deveriam ter sido confeccionadas pelo ente estatal (omissão), concorreram para a produção do dano ambiental. Tais circunstâncias, pois, são aptas a caracterizar o nexo de causalidade do evento, e assim, legitimar a responsabilização objetiva do recorrente.

6. Assim, independentemente da existência de culpa, o poluidor, ainda que indireto (Estado-recorrente) (art. 3º da Lei 6938/81), é obrigado a indenizar e reparar o dano causado ao meio ambiente (responsabilidade objetiva).

7. Fixada a legitimidade passiva do ente recorrente, eis que preenchidos os requisitos para a configuração da responsabilidade civil (ação ou omissão, nexo de causalidade e dano), ressalta-se, também que tal responsabilidade (objetiva) é solidária, o que legitima a inclusão das três esferas de poder no pólo passivo na demanda, conforme realizado pelo Ministério Público (litisconsórcio facultativo).

8. Recurso especial conhecido em parte e improvido (RESP 604.725-PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ 22.08.2005.)

Questões sobre responsabilidade civil ambiental

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Questões concurso XII Juiz Federal TRF4 96. Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta. I. Consoante entendimento majoritário na doutrina e na jurisprudência, a responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva e fundada na teoria do risco (integral ou criado). Algumas conseqüências desta modalidade de responsabilidade são: a irrelevância da intenção danosa e da licitude da conduta, e a inversão do ônus da prova quanto ao nexo causal, em razão da presunção de causalidade. II. O princípio do poluidor-pagador, amplamente reconhecido no direito ambiental, está, única e exclusivamente, direcionado para a reparação do dano ambiental. III. Embora reconhecida pela doutrina e pela jurisprudência, não há na lei infraconstitucional previsão expressa para reparação do dano extrapatrimonial ambiental. IV. A desconsideração da personalidade jurídica (disregard of legal entity) em matéria ambiental, consoante prevê o art. 4º da Lei nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), pressupõe o abuso do poder e a confusão patrimonial. a) Está correta apenas a assertiva I. b) Estão corretas apenas as assertivas II e IV. c) Estão incorretas apenas as assertivas II e III. d) Todas as assertivas estão incorretas. 98. Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta. I. Consoante entendimento jurisprudencial e doutrinário dominantes, a responsabilidade civil do Poder Público, quando omisso em seu dever de coibir ameaças e danos ao meio ambiente, por seus órgãos e entidades adrede criados (faute du service), é subjetiva. II. Aos municípios é defeso, sendo da União a competência para o registro de determinado produto tóxico, que possa se revelar nocivo ao meio ambiente, criar, a latere do registro federal, sistema de registro que reduza ou limite as exigências deste, no âmbito de seu território. III. Na forma da legislação ambiental, o pagamento de multa estadual substitui a multa federal quando aquele que comete infração administrativa ambiental venha a ser autuado e multado pelo mesmo fato pelos órgãos ou entidades de defesa do meio ambiente estadual e federal. IV. No regime jurídico das Áreas de Proteção Ambiental (APAs), consoante a Lei nº 9.985/2000 (que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC), as propriedades particulares permanecem na posse e domínio dos proprietários, os quais deverão adequar suas atividades às funções socioambientais da APA. a) Está correta apenas a assertiva I. b) Está incorreta apenas a assertiva III. c) Estão corretas apenas as assertivas II e IV. d) Todas as assertivas estão corretas. 99. Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta. I. No âmbito da tutela reparatória do meio ambiente, é vedado ao juiz, se o devedor não tiver capacidade técnica para a prestação necessária ao ressarcimento na forma específica, aplicar multa para obrigá-lo a custear a reparação a ser realizada por terceiro.

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II. Distingue-se a tutela jurisdicional inibitória da tutela de remoção do ilícito porque a primeira pressupõe a iminência da prática do ilícito, enquanto a segunda exige a ocorrência do ilícito, embora também pressuponha não ter ainda ocorrido o dano no meio ambiente. III. No âmbito da tutela jurisdicional inibitória, pode o juiz compelir o Poder Público, diante da atividade de risco, a cumprir seu dever constitucional de prevenção do dano ambiental, porém não o pode compelir à aplicação de multa administrativa. IV. O Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (art. 13 da Lei nº 7.347/85) é, precipuamente, um repositório de condenações judiciais em dinheiro vinculadas a direitos e interesses difusos, destinando-se também à indenização das vítimas particulares. a) Está correta apenas a assertiva III. b) Está incorreta apenas a assertiva IV. c) Estão corretas apenas as assertivas I e IV. d) Estão corretas apenas as assertivas II e III. Questões concurso XI Juiz Federal TRF4 97. Assinalar a alternativa correta. Em termos de responsabilidade civil, o causador de um dano ambiental, que além de atingir a coletividade, vem a causar prejuízo a uma pessoa individualmente, responde: a) de forma objetiva, cabendo à vítima demonstrar apenas o nexo causal entre o fato e o dano, bem como o seu montante. b) de forma objetiva pelo dano causado, desde que haja sentença julgando procedente a ação civil pública, com trânsito em julgado. c) de forma subjetiva, cabendo à vítima demonstrar a culpa do causador do dano. d) de forma subjetiva, cabendo à vítima apenas demonstrar o nexo causal entre o fato e o dano, bem como o seu montante. 99. Assinalar a alternativa correta. A Constituição Federal assegura a proteção do meio ambiente cultural, abrangendo a expressão: a) o conjunto de bens imóveis existentes no país cuja conservação seja de interesse público por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil ou por sua importância arquitetônica. b) os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação ou à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, excluídos sítios de valor paisagístico, arqueológico ou paleontológico. c) os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade da sociedade brasileira, incluídos os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. d) conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país cuja conservação seja de interesse público por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil ou por sua importância arquitetônica e que tenham sido tombados por ato do Poder Público.

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21° Concurso Procurador da República 53. Quanto à responsabilidade por dano causado ao meio ambiente: (a) é fundada no risco, sendo pacífico o entendimento de que deve ser adotada a teoria do

risco integral (b) o sistema de proteção jurídica possui como eixo central o binômio

prevenção/restauração (c) não se admite a responsabilização cumulativa por danos materiais e morais, porque o

meio ambiente pertence à coletividade (d) quando for possível a adoção de medidas de restauração natural, exclui-se a reparação

pecuniária. Concurso Ministério Público Estadual – 1998 Um grupo de moradores, portando abaixo-assinado subscrito por mais de 150 pessoas, dirige-se à Promotoria de Justiça de Porto Alegre, queixando-se de problemas de saúde provavelmente decorrentes do consumo de água retirada de poços artesianos de suas residências. Instaurado o inquérito civil e procedida a análise da água dos referidos poços, constatou-se a presença de metais pesados. Os reclamantes foram submetidos a exames médicos, restando comprovado que a contaminação se iniciara há, pelo menos, 10 anos. Na seqüência da investigação, o Ministério Público verificou que 3 indústrias operavam na região há 15 anos lançando no rio e córregos do local efluentes que continham os elementos químicos compatíveis com a contaminação apresentada pela água dos poços artesianos. Oficiado ao órgão ambiental, restou apurado que a indústria “A” detinha licença de operação em vigência e cumpria os padrões ambientais estabelecidos. Quanto à indústria “B”, embora licenciada, relatou o órgão ambiental ter constatado, em recente vistoria, vazamento em duto de sua estação de tratamento. Quanto à indústria “C”, o Promotor de Justiça constatou, no procedimento administrativo do órgão ambiental, que havia reiteradas reclamações da comunidade, respondidas pelo Poder Público através de notificações e advertências à indústria. Verificou, também, que embora lançado auto de infração e imposta multa administrativa, esta jamais foi executada. Notificadas as empresas, ainda em sede de inquérito civil, apresentaram as seguintes alegações: 1. “A”, “B” e “C” alegaram que o rio e córregos já estavam poluídos, inclusive por dejetos

domésticos; 2. “A” alegou a licitude de sua atividade e a observância dos padrões de emissão. 3. “B” alegou que o vazamento ocorreu em virtude da sabotagem de um funcionário

descontente. 4. “C” alegou que jamais obrou com intenção de prejudicar as famílias reclamantes.

Porém, a aquisição dos equipamentos necessários à obediência aos padrões de emissão inviabilizariam economicamente a empresa.

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Diante dessas circunstâncias: A – enfrente cada um dos argumentos apresentados pelas três indústrias, abordando as teorias incidentes sobre a responsabilidade pelo dano ambiental e suas repercussões no nexo de causalidade. B – Quem deverá figurar no pólo passivo da ação e sob que regime de responsabilidade? C – É preciso, na petição inicial, demonstrar a quota de responsabilidade de cada um dos réus para a contaminação da água? D – Considerando a preexistência de ações indenizatórias propostas pelas vítimas da contaminação, é viável o ajuizamento de ação civil pública pelo Ministério Público, visando à recuperação da área degradada? Em caso positivo, quais os regimes de responsabilidade e prazos prescricionais incidentes nas ações?

CRIMES AMBIENTAIS – Jurisprudência Responsabilidade penal do dirigente da Pessoa Jurídica. Crime comissivo por omissão EMENTA: Habeas Corpus. 2. Responsabilidade penal objetiva. 3. Crime ambiental previsto no art. 2º da Lei nº 9.605/98. 4. Evento danoso: vazamento em um oleoduto da Petrobrás 5. Ausência de nexo causal. 6. Responsabilidade pelo dano ao meio ambiente não-atribuível diretamente ao dirigente da Petrobrás. 7. Existência de instâncias gerenciais e de operação para fiscalizar o estado de conservação dos 14 mil quilômetros de oleodutos. 8. Não-configuração de relação de causalidade entre o fato imputado e o suposto agente criminoso. 8. Diferenças entre conduta dos dirigentes da empresa e atividades da própria empresa. 9. Problema da assinalagmaticidade em uma sociedade de risco. 10. Impossibilidade de se atribuir ao indivíduo e à pessoa jurídica os mesmos riscos. 11. Habeas Corpus concedido (HC 83554 / PR – PARANÁ, Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 16/08/2005 Órgão Julgador: Segunda Turma) Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica Acórdãos favoráveis à responsabilização da pessoa jurídica TRF – 4ª. Região “Penal. Crime contra o meio ambiente. Extração de produto mineral sem autorização. Degradação da flora nativa. Arts. 48 e 55 da Lei 9.605/98. Condutas típicas. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. Cabimento. Nulidades. Inocorrência. Prova. Materialidade e Autoria. Sentença mantida”.

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(Apelação Criminal n. 2001.72.04.002225-0-SC, Rel. Des. Fed. Élcio Pinheiro de Castro, j. em 06 de agosto de 2003). Supremo Tribunal Federal EMENTA: HABEAS CORPUS. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE INÉPCIA DA DENÚNCIA. DIREITO CRIMINAL AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE DE DIRIGENTES DE PESSOA JURÍDICA. ART. 2º DA LEI 9.605/1998. Rejeitado pedido de trancamento de ação penal, dada a expressa previsão legal, nos termos da legislação ambiental, da responsabilização penal de dirigentes de pessoa jurídica e a verificação de que consta da denúncia a descrição, embora sucinta, da conduta de cada um dos denunciados. Habeas corpus indeferido. (HC 85190-SC, Min. Joaquim Barbosa, 2ª. Turma, j. em 08.11.2005). Superior Tribunal de Justiça “Recurso ordinário em mandado de segurança; Direito processual penal. Crime ambiental. Responsabilização da pessoa jurídica. Possibilidade. Trancamento da ação penal. Inépcia da denúncia. Ocorrência.

1. Admitida a responsabilização penal da pessoa jurídica, por força de sua previsão constitucional, requisita a actio poenalis, para a sua possibilidade, a imputação simultânea da pessoa moral e da pessoa física que, mediata ou imediatamente, no exercício de sua qualidade ou atribuição conferida pelo estatuto social, pratique o fato-crime, atendendo-se, assim, ao princípio do nullum crimen sine actio humana.

2. Excluída a imputação aos dirigentes responsáveis pelas condutas incriminadas, o trancamento da ação penal, relativamente à pessoa jurídica, é de rigor.

3. Recurso provido. Ordem de hábeas corpus concedida de ofício”. (RMS 16.696-PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 09.02.2006).

CRIMINAL. RESP. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. OPÇÃO POLÍTICA DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA JURÍDICA. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. CULPABILIDADE COMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CO-RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO ENTE COLETIVO. ACUSAÇÃO ISOLADA DO ENTE COLETIVO. IMPOSSIBILIDADE. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. DEMONSTRAÇÃO NECESSÁRIA. DENÚNCIA INEPTA. RECURSO DESPROVIDO.

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I. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial. IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades. V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito. VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral. VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado.". IX. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica. X. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. XI. Há legitimidade da pessoa jurídica para figurar no pólo passivo da relação processual-penal. XII. Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado foi denunciada isoladamente por crime ambiental porque, em decorrência de lançamento de elementos residuais nos mananciais dos Rios do Carmo e Mossoró, foram constatadas, em extensão aproximada de 5 quilômetros, a salinização de suas águas, bem como a degradação das respectivas faunas e floras aquáticas e silvestres. XIII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral. XIV. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa.

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XV. A ausência de identificação das pessoa físicas que, atuando em nome e proveito da pessoa jurídica, participaram do evento delituoso, inviabiliza o recebimento da exordial acusatória. XVI. Recurso desprovido. (REsp. n. 610.114/RN, Rel. Min. Gilson Dipp, in DJ 19.12.2005) HABEAS CORPUS. CRIMES AMBIENTAIS. INÉPCIA DA DENÚNCIA: INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE. EXAME DE PROVAS. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DA PESSOA JURÍDICA. CABIMENTO. MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DO “SOCIETAS DELINQUERE NON POTEST”. RESPONSABILIDADE SOCIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 225, §3º, DA CF/88 E DO ART. 3º DA LEI 9.608/98. POSSIBILIDADE DO AJUSTAMENTO DAS SANÇÕES PENAIS A SEREM APLICADAS À PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE MAIOR PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. Descabe acoimar de inepta denúncia que enseja a adequação típica, descrevendo suficientemente os fatos com todos os elementos indispensáveis, em consonância com os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal, de modo a permitir o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. A alegação de negativa de autoria do delito em questão não pode ser apreciada e decidida na via do habeas corpus, por demandar exame aprofundado de provas, providência incompatível com a via eleita. Ordem denegada. (HC 43751 / ES, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, 5a Turma, j. em 15.09.2005. CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. OPÇÃO POLÍTICA DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA JURÍDICA. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. CULPABILIDADE COMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CO-RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO ENTE COLETIVO. RECURSO PROVIDO. I. Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado, juntamente

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com dois administradores, foi denunciada por crime ambiental, consubstanciado em causar poluição em leito de um rio, através de lançamento de resíduos, tais como, graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da atividade do estabelecimento comercial. II. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial. IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades. V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito. VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral. VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado." IX. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa. A co-participação prevê que todos os envolvidos no evento delituoso serão responsabilizados na medida se sua culpabilidade. X. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica. XI. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. XII. A denúncia oferecida contra a pessoa jurídica de direito privado deve ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar no pólo passivo da relação processual-penal. XIII. Recurso provido, nos termos do voto do Relator.

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(REsp 564960 / SC ; Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, j. em 02.06.2005). Acórdãos contrários à responsabilização da pessoa jurídica PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE. DENÚNCIA. INÉPCIA. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Na dogmática penal a responsabilidade se fundamenta em ações atribuídas às pessoas físicas. Dessarte a prática de uma infração penal pressupõe necessariamente uma conduta humana. Logo, a imputação penal à pessoas jurídicas, frise-se carecedoras de capacidade de ação, bem como de culpabilidade, é inviável em razão da impossibilidade de praticarem um injusto penal. (Precedentes do Pretório Excelso e desta Corte). Recurso desprovido. (REsp 622724 / SC , 5ª Turma, Rel. Min. Félix Fischer, j. em 18.11.2004) Competência para crimes ambientais Superior Tribunal de Justiça CRIMINAL. RESP. COMPETÊNCIA. INTIMAÇÃO DO DENUNCIADO. DESNECESSIDADE. RELAÇÃO JURÍDICA NÃO CONSOLIDADA. CRIME AMBIENTAL. TRANSPORTE DE MADEIRA SEM AUTORIZAÇÃO. COMPETÊNCIA CONCORRENTE PARA LEGISLAR E FISCALIZAR O CUMPRIMENTO DE NORMAS AMBIENTAIS PELA UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS. LESÃO A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO NÃO-DEMONSTRADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. RECURSO DESPROVIDO. I. Não tendo sido recebida a denúncia, desnecessária a intimação do acusado para se manifestar sobre recurso interposto com vistas à fixação da competência. II. Tendo em vista que a competência para legislar acerca de matéria ambiental – bem como de exercer o poder de polícia com o fim de assegurar do cumprimento das normas – é concorrente, sendo repartida entre a União, os Estados e os Municípios, somente a lesão específica aos interesses da União é capaz de atrair a competência da Justiça Federal, para o julgamento de eventuais crimes ambientais. III. Existência de eventual lesão a bens, serviços ou interesses da

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União, a ensejar a competência da Justiça Federal não-demonstrada. IV. Cancelamento da Súmula n.º 91 por esta Corte. V. Recurso desprovido. (REsp 697585 / TO, 5ª Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, j. em 22.03.2005). Supremo Tribunal Federal - Recurso extraordinário. Crime previsto no artigo 38 da Lei 9.605/98. Competência da Justiça estadual comum. - Esta Primeira Turma, em 20.11.2001, ao julgar o RE 300.244, em caso semelhante ao presente, decidiu que, não havendo em causa bem da União (a hipótese então em julgamento dizia respeito a desmatamento e depósito de madeira proveniente da Mata Atlântica que se entendeu não ser bem da União), nem interesse direto e específico da União (o interesse desta na proteção do meio ambiente só é genérico), nem decorrer a competência da Justiça Federal da circunstância de caber ao IBAMA, que é órgão federal, a fiscalização da preservação do meio ambiente, a competência para julgar o crime que estava em causa (artigo 46, Parágrafo Único, da Lei 9.605/98, na modalidade de manter em depósito produtos de origem vegetal integrantes da flora nativa, sem licença para armazenamento) era da Justiça estadual comum. - Nesse mesmo sentido, posteriormente, em 18.12 .2001, voltou a manifestar-se, no RE 299.856, esta Primeira Turma, no que foi seguida, no RE 335.929, por decisão do eminente Ministro Carlos Velloso da 2ª Turma, e no HC 81.916, 2ª Turma . - A mesma orientação é de ser seguida no caso presente. Recurso extraordinário não conhecido. (RE 349184 / TO, 1a Turma, Rel. Min. Moreira Alves, j. em 03.12.2002) EMENTA: Competência. Crime previsto no artigo 46, parágrafo único, da Lei nº 9.605/98. Depósito de madeira nativa proveniente da Mata Atlântica. Artigo 225, § 4º, da Constituição Federal. - Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que alude o artigo 225, § 4º, da Constituição Federal, bem da União. - Por outro lado, o interesse da União para que ocorra a competência da Justiça Federal prevista no artigo 109, IV, da Carta Magna tem de ser direto e específico, e não, como ocorre no caso, interesse genérico da coletividade, embora aí também incluído genericamente o interesse da União. - Conseqüentemente, a competência, no caso, é da Justiça Comum estadual. Recurso extraordinário não conhecido. (RE 300244 / SC , 1ª Turma, Rel. Min. Moreira Alves, j. em 20.11.2001) Tribunal Regional Federal da 4ª. Região PROCESSO PENAL. CRIME AMBIENTAL. ART. 50 DA LEI 9.605/98. INEXISTÊNCIA DE INTERESSE DIRETO E ESPECÍFICO DA UNIÃO.

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COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL. PRESCRIÇÃO. 1. A competência da Justiça Federal, expressa no art. 109, IV, da Constituição, está adstrita aos casos em que os delitos contra o meio ambiente são praticados em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas autarquias ou empresas públicas. 2. A circunstância de incumbir ao IBAMA a fiscalização do meio ambiente não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal. 3. Se a pena concretamente aplicada é igual ou superior a 1 (um: ano e não excede a 2 (dois) anos, configura-se a prescrição retroativa, porque transcorreram mais de 04 (quatro) anos desde a data do fato (art. 109, V, c/c o art. 110, § 1º, ambos do CP), o que autoriza a declaração da extinção da punibilidade (art. 107, IV, do CP). (Apelação Criminal 2004.04.01.012578-9 /SC, 8ª Turma, j. em 25.08.2004, Rel. Des. Paulo Afonso Brum Vaz.) Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Termo circunstanciado. Extração de cascalho. Competência da justiça federal. De acordo com o art. 20, inciso IX, da CF, cascalho é considerado recurso mineral de propriedade da União. Assim, a competência para processo e julgamento de eventual crime ambiental, envolvendo a extração de cascalho, é da Justiça Federal. Competência declinada. (TJRS, 4a Câmara Criminal, Termo Circunstanciado n.° 70014263586, Relator desembargador Gaspar Marques Batista, julgado em 27/04/2006). Crimes em espécie 1. Produtos perigosos Crime ambiental. art. 56 da lei 9.605/98. Armazenamento de combustível em local inadequado, sem observância das normais legais 1. Os acusados mantinham em depósito 1970 litros de gasolina e 1200 litros de querosene, substâncias tóxicas, nocivas à saúde humana e ao meio ambiente, acondicionadas em bombonas de plástico e em tonéis de metal. O depósito não obedeceu às exigências legais e estava localizado em zona residencial. Tutela-se o meio ambiente , de forma preventiva, bem jurídico supra-individual, universal, independentemente da ocorrência de efetivo dano ao sistema vital. 2. A primariedade, os bons antecedentes, a inserção comunitária e social não elidem a responsabilidade criminal. A prática de esportes Náuticos, o treinamento à competição de jet ski não afastam a observâncias de normas técnicas, destinadas à preservação do meio ambiente. No clube de regatas havia tanques especiais para armazenamento de combustíveis. Condenação mantida. APELO DEFENSIVO DESPROVIDO. (TJRS, 7a Câmara Criminal, apelação crime n.° 70014506810, Relator Desembargador Nereu José Giacomolli, julgado em 18/05/2006). Jurisprudência na íntegra Crime ambiental – depósito resíduos de serviço de saúde - Art. 56, Lei de Crimes Ambientais – Ausência de dolo

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Apelação-crime. art. 56 da lei nº 9.605/98. Delito de transporte, armazenamento e depósito de produtos perigosos e nocivos à saúde humana e ao meio ambiente. Resíduos sépticos em desacordo com as exigências legais, regulamentos e licenças operacionais. Ausência de dolo. Sentença absolutória mantida. Apelo improvido. Unânime. (TJRS, 4a Câmara Criminal, Apelação Criminal n.° 70015041650, Relator Desembargador Aristides Pedroso de Alburquerque Neto, julgado em 01/06/2006) Crime ambiental - depósito resíduos de serviço de saúde - Art. 56, Lei de Crimes Ambientais - Responsabilidade penal da pessoa jurídica – Possibilidade Apelação. Crime contra o meio ambiente. Responsabilidade penal da pessoa jurídica determinada pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, § 3º. Preliminar de ilegitimidade passiva afastada. LIXO HOSPITALAR. Armazenamento de substâncias tóxicas, perigosas e nocivas à saúde humana e ao meio ambiente, em desacordo com as exigências legais. Delito previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 configurado. Resíduos de serviços de saúde deixados em contato com o solo, queimando em local freqüentado por pessoas e animais, em desacordo com a legislação, gerando gases poluentes. Incidência do art. 54, § 2º, inciso V do mesmo diploma legal. Condenação mantida. Apelo improvido. Unânime. (TJRS, 4a Câmara Criminal, Apelação Criminal n.° 70015164676, Relator Desembargador Aristides Pedroso de Alburquerque Neto, julgado em 08/06/2006) 2. Flora – Unidades de Conservação Crime ambiental. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. PARQUE ESTADUAL DELTA DO JACUÍ. Comete o delito previsto no art. 40, §1°, da Lei 9.605/98 o agente que causa dano direto ou indireto às Unidades de Conservação definidas em lei. Autoria e materialidade evidenciadas. Condenação mantida, nesse particular. UTILIZAÇÃO DE MOTOSSERRA. PRINCÍPIO DA SUBSUNÇÃO. O uso de motosserra, sem licença ou registro da autoridade competente, com a finalidade de cortar árvores de mata nativa não é punível, visto tratar-se de crime-meio para a consecução do crime-fim. Decretada, ex officio, a absolvição do réu quanto à imputação do art. 51, da Lei nº 9.605/98, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJRS, 4a Câmara Criminal, apelação crime n.° 70012678702, Relator Desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, julgado em 26/01/2006). 3. Pesca predatória Crime ambiental – pesca - art. 34, Lei de Crimes Ambientais – Inaplicabilidade do princípio da insignificância PENAL. CRIME AMBIENTAL CONTRA A FAUNA MARINHA. PESCA EM LOCAL PROIBIDO. BAÍA DO NORTE. ESTADO DE SANTA CATARINA. PORTARIA 051/83

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E ART. 34 DA LEI Nº 9.605/98. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADOS. ERRO DE PROIBIÇÃO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.INAPLICABILIDADE. 1. Quem pesca em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados pelo órgão competente comete o delito previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98. Hipótese em que o agente, contrariando as disposições contidas na Portaria nº 051/83, do Estado de Santa Catarina, efetuou pesca de arrasto em local proibido (Baía do Norte). 2. Não é possível acolher tese de erro de proibição em favor de quem, a despeito de possuir baixa instrução, detinha, pelo fato de exercer a profissão de pescador há mais de trinta anos, plenas condições de se inteirar a respeito da regra proibitiva. 3. Ainda que pequena a quantidade obtida com a pesca proibida (100 gramas de camarão), não se pode, em tema de delito ambiental, aplicar o princípio da insignificância. O bem jurídico tutelado, na hipótese, é a higidez do meio ambiente, insuscetível, ao menos diretamente, de avaliação econômica. (TRF 4A REGIÃO, APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2003.72.00.006155−0/SC, Relator Desembargador Federal Paulo Afonso Brum Vaz, julgado em 01/12/2004) 4. Construção em área não edificável RECURSO CRIMINAL EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES AMBIENTAIS. ARTIGOS 48, 50 E 64 DA LEI Nº 9.605/98. CONCURSO MATERIAL VERSUS PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. - Ao contrário do concurso material, onde as condutas são consideradas de forma individuada, constituem crimes autônomos e as respectivas penas são aplicadas cumulativamente, na consunção elas são apreciadas em conjunto, à luz do nexo de dependência entre si, mesmo sendo possível, do ponto-de-vista físico, distinguir cada uma delas. - Antes de edificar, o interessado busca proceder ao corte de eventual vegetação que esteja ocupando o espaço da futura construção. - A conduta que, em tese, seria enquadrável no art. 50 da Lei nº 9.605/98, constituiu mero procedimento com vistas à edificação, ficando absorvida pelo crime do art. 64 do mesmo diploma legal. E, mantida a edificação naquele local, impedida está a vegetação nativa de se recuperar, de modo que tal fato, mesmo se amoldando à descrição do art. 48, não pode ser punido por si só, eis que se trata de conseqüência natural e necessária do ato de construir. - Recurso a que se nega provimento. (TRF – 4ª. Região, Recurso em sentido estrito 2005.72.01.000844-9/ SC, 7ª Turma, Rel. Des. Fed. Maria de Fátima Freitas Labarrére, DJU 22.03.2006, p. 881). 5. Mineração e usurpação de bem da União APELAÇÃO CRIMINAL. EXTRAÇÃO DE RECURSOS MINERAIS SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO. AREIA. BEM DA UNIÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE

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COMPROVADAS. CONCURSO FORMAL. ARTIGO 2º DA LEI Nº 8.176/91 E ARTIGO 55 DA LEI Nº 9.605/98. Não tendo sido apresentada qualquer documentação indicando licença para a atividade de mineração no local e no período mencionados na exordial, forçoso reconhecer a incidência dos tipos penais albergados nos artigos 2º da Lei nº 8.176/91 e 55 da Lei nº 9.605/98. Autoria e materialidade comprovadas. Consolidado o concurso formal, na modalidade "impróprio", uma vez que, com uma única ação, os réus usurparam o patrimônio da União, atingindo a ordem econômica, e impingiram dano ao meio ambiente. Apelação parcialmente provida. (Tribunal Regional Federal da 4ª. Região. ACR 2004.04.01.044271-0/ PR, j. 22/11/2005, 7ª Turma, Rel. Maria de Fátima Freitas Labarrère).

Questões sobre Responsabilidade penal e administrativa por ilícitos ambientais

1. Assinale a assertiva falsa: A – O principal argumento contrário à responsabilização penal das pessoas jurídicas é a violação do princípio da culpabilidade, entendendo-se que a empresa é uma ficção jurídica que não tem vontade própria e autônoma em relação à vontade de seus sócios. B - A pessoa jurídica somente poderá ser responsabilizada diante da prova de que o crime foi praticado por decisão de seu representante legal no seu interesse ou benefício. C – A pena de multa é aplicada de acordo com os critérios do Código Penal e, se revelar-se ineficaz, poderá ser aumentada em até três vezes tendo em vista a situação econômica do acusado. D – A composição civil do dano é uma condição de procedibilidade para a transação penal. E – A suspensão condicional do processo pode ser aplicada às pessoas jurídicas, responsáveis por crimes ambientais. 2 – Assinale a assertiva falsa. A - Na forma da Lei 9.605/98, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada também às pessoas jurídicas. B – Em se tratando de crimes ambientais, o arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental, é uma atenuante. C – De acordo com o art. 15 da Lei 9.605/98, é circunstância agravante a reincidência nos crimes de natureza ambiental. D - As penas restritivas de direitos da Lei 9.605/98 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. E – Todas as assertivas são falsas. 3- Em se tratando de responsabilidade penal da pessoa jurídica, é incorreto afirmar que: A – As pessoas jurídicas não têm direito à transação penal;

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B – Há co-autoria necessária entre a pessoa jurídica e o seu dirigente, que delibera pela prática do crime. C – As pessoas jurídicas podem praticar crimes dolosos, culposos e com dolo eventual. D – A culpabilidade da pessoa jurídica implica em juízo de reprovação social diante da exigência de conduta adequada. E – Todas as assertivas estão corretas. 4. Assinale a assertiva verdadeira: A – A culpabilidade da pessoa jurídica, nos crimes ambientais, implica um juízo de reprovação social, dispensando-se o requisito da potencial consciência da ilicitude. B – A pessoa jurídica somente poderá ser denunciada pela prática de crime doloso. C – A composição civil do dano ambiental é causa de extinção da punibilidade para os crimes ambientais de menor potencial ofensivo. D – Conforme o art. 28 da Lei 9.605/98, durante o prazo de prorrogação da suspensão condicional do processo, são aplicáveis as condições dos incisos II, III e IV do § 1º do art. 89 da Lei 9.099/95. 5. Assinale a alternativa correta: A – Na Lei 9.605/98, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a 2 anos; B –Em razão da aplicação subsidiária do Código Penal à Lei 9.605/98 e à falta de dispositivos específicos para a pena de multa, esta será aplicada de acordo com os critérios do Código Penal. C – Em razão dos princípios do contraditório e da ampla defesa, as provas obtidas no inquérito civil e na ação civil pública não podem ser aproveitadas na instrução criminal. D – A composição civil do dano ambiental é condição de procedibilidade para a transação penal. E – O art. 4º da Lei 9.605/98 possibilita a desconsideração da personalidade jurídica para o fim de propiciar a condenação dos dirigentes da empresa por gestão fraudulenta. Tribunal Regional Federal da 4ª Região – 2005 100. Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta. I. A sentença penal condenatória por crime ambiental, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. II. A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade civil, administrativa e penal.

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III. O fim especial de obtenção de vantagem pecuniária, nos delitos ambientais, constitui causa de aumento de pena. IV. A pena de multa por crime ambiental será calculada com base nos critérios do Código Penal, exceto se, ainda que aplicada em valor máximo, revelar-se ineficaz, caso em que poderá ser aumentada, levando-se em conta a extensão do dano ambiental. a) Estão corretas apenas as assertivas I e II. b) Estão corretas apenas as assertivas I e III. c) Estão corretas apenas as assertivas III e IV. d) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV. Juiz Federal - TRF – 1ª Região – 9º concurso 93. No crime contra a fauna silvestre, praticado em terra pertencente à União, a competência será regida pelo seguinte enunciado: a) tanto por ser a fauna silvestre do domínio da União, quanto por ter sido o crime praticado em terra do domínio da União, a competência será da Justiça Federal. b) seguindo a regra constitucional de competência legislativa concorrente entre os três entes da Federação para questões ambientais, também no plano jurisdicional a competência poderá ser da justiça estadual ou da federal, segundo as regras da prevenção. c) nas comarcas que não sejam sede de vara federal, o processo tramitará perante o juízo de Direito, com recurso para o Tribunal Regional Federal. d) havendo concurso com crime contra a flora, haverá separação do processo, sendo o crime contra a fauna julgado pela Justiça Federal e o contra a flora pela Justiça Estadual. Juiz Federal - Tribunal Regional Federal 5ª Região – 2005 Julgue os itens subseqüentes, relativos aos princípios regedores da proteção jurídica do

meio ambiente.

33. A legislação brasileira adota, como regra geral, a prescindibilidade do elemento da culpabilidade para a caracterização da infração administrativa ambiental, dispensando a apuração da vontade do infrator. Para a configuração da infração administrativa ambiental, basta portanto, o comportamento típico do administrado, com a violação da normas de proteção ao meio ambiente. 34. Em caso de infração administrativa ambiental, a depender da gravidade do fato e dos antecedentes do infrator, a administração poderá impor a sanção de suspensão de obra lesiva ao meio ambiente, mas não poderá determinar sua demolição, a qual dependerá de ordem judicial, a ser solicitada pelo órgão ambiental competente, após o

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encerramento do processo administrativo em que fique constatado a ofensa às normas protetivas do meio ambiente. 35. A legislação prevê a apreensão dos produtos e subprodutos da fauna e flora, em caso de constatação de infração, por iniciativa da própria administração. A lei não admite, contudo, a apreensão, pela administração, dos equipamentos ou veículos utilizados na infração administrativa ambiental, salvo se consistirem em objetos cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constituem fato ilícito.

Juiz Federal – TRF – 5ª Região - 2004 44 Em matéria de responsabilidade penal da pessoa jurídica, a doutrina nacional é acorde em reconhecer que sua adoção no sistema jurídico brasileiro guarda compatibilidade com os princípios da pessoalidade da pena e da culpabilidade. 45 O tipo penal consistente em caçar espécime da fauna silvestre sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente somente se aplica a animais exóticos. 46 A Lei de Crimes Ambientais (Lei n.º 9.605/1998), ao definir pesca, para efeitos de sua aplicação, restringiu o conceito anteriormente vigente, passando a utilizá-lo somente para os seguintes grupos de animais aquáticos: peixes, crustáceos e moluscos. Logo, caso uma baleia ou um golfinho sejam apanhados sem autorização da autoridade competente, o crime configurado será o referente à caça e não à pesca. 47 Todas as contravenções penais contra a fauna previstas no Código Florestal estão implicitamente revogadas, pois, com o advento da Lei de Crimes Ambientais, aquelas condutas foram, de certa forma, contempladas como crimes. 48 A poluição eletromagnética e a poluição térmica podem ser consideradas crime, porquanto a conduta penal referente a poluição e descrita na Lei de Crimes Ambientais fala em causar poluição de qualquer natureza, não especificando a forma. 49 Considere a seguinte situação hipotética. Uma empresa brasileira de exportação e importação exportava para o exterior, sem a autorização ambiental competente, peles e couros de anfíbios processadas e industrializadas. Nessa situação, por incidir em crime ambiental, a empresa poderá ser sancionada no âmbito penal com a decretação de sua liquidação forçada, sendo seu patrimônio considerado como instrumento do crime e por isso perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. 50 Tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas podem ser, em tese, apenadas à prestação pecuniária, consistente no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada, desde que seja de cunho ambiental ou cultural. Juiz Federal - Tribunal Regional Federal da 4ª Região - 2004

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98. Assinalar a alternativa correta. A legislação do Brasil, em matéria de sanção penal por lesão ao meio ambiente: a) exclui a responsabilidade penal por considerá-la inadequada a tal tipo de infração, mantendo apenas a responsabilidade administrativa e civil. b) admite a existência de responsabilidade administrativa, civil e penal, ficando esta (penal) condicionada a hipóteses graves, apenadas com reclusão. c) admite a existência de responsabilidade administrativa, civil e penal, abrangendo pessoas físicas e jurídicas. d) admite a existência de responsabilidade administrativa, civil e penal, ficando esta (penal) restrita a pessoas físicas. Procuradoria da República - 21º Concurso 102. Em crimes ambientais: (a) havendo a responsabilização penal pessoal do representante legal da pessoa jurídica é

obrigatória a responsabilização da pessoa jurídica; (b) o art. 6º da Lei 9.605/98 afasta a aplicação dos arts. 59 e 60 do Código Penal; (c) limitação de fim de semana é sinônimo de recolhimento domiciliar; (d) a perícia produzida no inquérito civil poderá servir para o cálculo da fiança e da multa. Procuradoria da República – 20º Concurso 93. Em tema de penas restritivas de direito à luz da Lei ambiental (Lei 9.605/98) (a) as penas dessa natureza, previstas no Código Penal, também podem ser fixadas pelo

magistrado; (b) o limite máximo à incidência dessas penas está em quatro anos; (c) a substituição da pena privativa de liberdade pode ser feita por duas penas restritivas em

aplicação subsidiária do Código Penal; (d) a pena de perda de bens e valores não pode ser aplicada nas infrações definidas na Lei

9.605/98.