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Aula 05 Direito Administrativo p/ XX Exame de Ordem - OAB Professores: Érica Porfírio, Erick Alves

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  • Aula 05

    Direito Administrativo p/ XX Exame de Ordem - OAB

    Professores: rica Porfrio, Erick Alves

  • Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016

    Teoria e exerccios comentados

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    AULA 05

    Ol pessoal!

    Na aula de hoje estudaremos o tema agentes pblicos, seguindo o seguinte sumrio:

    SUMRIO

    Agentes pblicos .............................................................................................................................................................. 2

    Normas constitucionais sobre agentes pblicos ........................................................................................ 11

    Cargo, emprego e funo ......................................................................................................................................... 11

    Acesso a cargos, empregos e funes pblicas .............................................................................................. 15

    Concurso pblico ........................................................................................................................................................ 19

    Cargos em comisso e funes de confiana .................................................................................................. 37

    Contratao temporria .......................................................................................................................................... 39

    Direito de associao sindical dos servidores pblicos ............................................................................. 41

    Direito de greve dos servidores pblicos......................................................................................................... 41

    Sistema remuneratrio dos agentes pblicos ................................................................................................ 44

    Acumulao de cargos, empregos e funes pblicas ................................................................................ 61

    Mandatos eletivos ...................................................................................................................................................... 71

    Regime jurdico ........................................................................................................................................................... 72

    Estabilidade .................................................................................................................................................................. 77

    Regime de previdncia dos servidores pblicos estatutrios ................................................................. 83

    RESUMO DA AULA ................................................................................................................................................... 102

    Jurisprudncia da aula ............................................................................................................................................ 105

    Questes comentadas na aula ............................................................................................................................. 131

    Gabarito ........................................................................................................................................................................... 140

    Tomaremos por base a Constituio Federal e, por vezes, a legislao infraconstitucional, em especial a Lei 8.112/1990, sem falar na jurisprudncia dos tribunais superiores.

    Dentre os assuntos da aula, o mais cobrado nas provas da OAB tem sido concurso pblico.

    Preparados? Aos estudos!

    AGENTES PBLICOS

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    Todas as atividades do Estado so efetivamente exercidas pelas pessoas fsicas lotadas nos diversos rgos e entidades governamentais, nas trs esferas de Governo (Unio, Estados, DF e Municpios), nos trs Poderes (Executivo, Legislativo e Judicirio). So os chamados agentes pblicos.

    Como j vimos no decorrer do curso, o Estado uma pessoa jurdica, e sua atuao depende da atuao material de um indivduo. Segundo a teoria do rgo, a vontade estatal manifestada por meio dos agentes pblicos, cuja atuao imputada ao Estado.

    Assim, quando a Constituio Federal determina, por exemplo, que compete aos entes federados cuidar da sade e assistncia pblica (art. 23, II), ou promover a melhoria das condies habitacionais e de saneamento bsico (art. 23, IX), ela, na verdade, determina que os agentes pblicos lotados nas unidades administrativas que integram a Unio, os Estados, o DF e os Municpios que iro desempenhar essas tarefas1.

    Nessa linha, Hely Lopes Meirelles afirma que agentes pblicos so todas as pessoas fsicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exerccio de alguma funo estatal atribuda a rgo ou a entidade da Administrao Pblica.

    A Lei 8.429/1992 (Lei de improbidade administrativa), por sua vez, apresenta em seu art. 2 o seguinte conceito de agente pblico: todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por eleio, nomeao, designao, contratao ou qualquer outra forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou funo nos rgos e entidades da Administrao Pblica.

    A expresso agente pblico usada em sentido amplo, podendo ser dividida em diversas categorias, as quais variam de autor para autor.

    Maria Sylvia Di Pietro admite a existncia de quatro espcies de agentes pblicos: os agentes polticos; os servidores pblicos (que se subdividem em servidores estatutrios, empregados pblicos e servidores temporrios); os militares; e os particulares em colaborao com o poder pblico.

    Celso Antnio Bandeira de Mello divide os agentes pblicos em: agentes polticos; servidores estatais (abrangendo servidores pblicos

    1 Lucas Furtado (2014, p. 711).

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    e servidores das pessoas governamentais de direito privado); e particulares em atuao colaboradora com o poder pblico.

    Para Jos Santos Carvalho Filho, os servidores podem ser civis e militares; comuns e especiais (na categoria de servidores especiais, o autor inclui os magistrados e os membros do Ministrio Pblico); estatutrios, trabalhistas e temporrios.

    J para Maral Justen Filho, o gnero agente estatal. Estes podem manter vnculo de direito pblico ou de direito privado. Os que mantm vnculo de direito pblico podem ser polticos ou no polticos, podendo estes ltimos ainda se dividir em civis e militares.

    Contudo, a classificao mais consagrada a proposta por Hely Lopes Meirelles, que divide os agentes pblicos nas seguintes categorias:

    Agentes polticos

    Agentes administrativos

    Agentes honorficos

    Agentes delegados

    Agentes credenciados

    Vejamos ento quem so os agentes que se enquadram em cada um desses grupos, seguindo as lies do prprio autor.

    Agentes polticos

    So os ocupantes dos primeiros escales do Poder Pblico, aos quais incumbe a elaborao de normas legais e de diretrizes de atuao governamental, assim como as funes de direo, orientao e superviso geral da Administrao Pblica.

    So agentes polticos:

    Chefes do Executivo (Presidente da Repblica, governadores e prefeitos).

    Auxiliares imediatos dos chefes do Executivo (ministros, secretrios estaduais e municipais).

    Membros do Poder Legislativo (senadores, deputados e vereadores).

    Parte da doutrina, incluindo Hely Lopes Meirelles, considera que tambm so agentes polticos os membros da magistratura (juzes, desembargadores e ministros de tribunais superiores), os membros do

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    Ministrio Pblico (promotores de justia e procuradores da Repblica), os membros dos Tribunais de Contas (ministros e conselheiros) e os representantes diplomticos.

    Quanto aos Conselheiros dos Tribunais de Contas, vale saber que o STF, pelo menos

    uma vez, se manifestou classificando-os como agentes administrativos, haja vista

    que exercem a funo de auxiliar do Legislativo no controle da Administrao

    Pblica2. Por conta desse entendimento, o Supremo considerou que a nomeao dos

    Conselheiros dos Tribunais de Contas deve se submeter aos preceitos da

    Smula Vinculante n 13, que veda a prtica de nepotismo, mas no alcana a

    nomeao de agentes polticos.

    Uma caracterstica peculiar dos agentes polticos que atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas atribuies com prerrogativas e responsabilidades estabelecidas na prpria Constituio ou em leis especiais. Para tanto, no se sujeitam a eventual responsabilizao civil por seus eventuais erros de atuao, a menos que tenham agido com culpa grosseira, m-f ou abuso de poder.

    Outro ponto de destaque que os agentes polticos no so hierarquizados, sujeitando-se apenas s regras constitucionais. A exceo, no caso, so os ministros e secretrios estaduais e municipais, ligados ao chefe do Executivo por uma relao de hierarquia.

    Agentes administrativos

    So todos aqueles que se vinculam aos rgos e entidades da Administrao Pblica por relaes profissionais e remuneradas, sujeitos hierarquia funcional e ao regime jurdico determinado pela entidade estatal a que servem. Essa terminologia tambm se deve ao fato de desempenharem atividades administrativas.

    Podem ser assim classificados:

    Servidores pblicos: so os agentes que mantm relao funcional com o Estado em regime estatutrio (isto , de natureza legal, e no contratual); so os titulares de cargos pblicos, efetivos ou em comisso, sempre sujeitos a regime jurdico de

    2 Rcl 6.702/PR

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    direito pblico. So exemplos os servidores dos rgos da Administrao Direta Federal, a exemplo dos Auditores e Analistas Tributrios da Receita Federal, dos Auditores Federais de Controle Externo do Tribunal de Contas da Unio, dos gestores do Poder Executivo etc.

    Empregados pblicos: so os agentes que mantm relao funcional com o Estado em regime contratual trabalhista (celetista), regido pela Consolidao das Leis do Trabalho CLT; so ocupantes de empregos pblicos, sujeitos, predominantemente, a regime jurdico de direito privado, mas submetendo-se a algumas normas constitucionais aplicveis Administrao Pblica em geral, como os requisitos para investidura e acumulao de cargos. So exemplos os empregados das empresas pblicas e sociedades de economia mista, como Correios, Caixa Econmica, Banco do Brasil, Petrobras etc.

    Temporrios: so os agentes contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico, nos termos do art. 37, IX da CF; no tm cargo pblico nem emprego pblico; exercem uma funo pblica remunerada e temporria; mantm vnculo contratual com a Administrao Pblica, mas no de natureza trabalhista ou celetista; na verdade, trata-se de um contrato especial de direito pblico, disciplinado em lei de cada unidade da federao. So exemplos os recenseadores contratados pelo IBGE para auxiliar na realizao dos censos, o pessoal contratado para auxiliar em situaes de calamidade pblica, os professores substitutos, dentre outros.

    Agentes honorficos

    So cidados convocados, designados ou nomeados para prestar, transitoriamente, determinados servios relevantes ao Estado, em razo de sua condio cvica, de sua honorabilidade ou de sua notria capacidade profissional, mas sem qualquer vnculo empregatcio ou estatutrio e, normalmente, sem remunerao.

    Exemplos de agentes honorficos so os jurados, os mesrios eleitorais, os membros dos Conselhos Tutelares dentre outros.

    Ressalte-se que os agentes honorficos no so servidores ou empregados pblicos, mas, momentaneamente, exercem uma funo pblica. Por isso, enquanto desempenham essa funo, devem se sujeitar

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    hierarquia e disciplina do rgo a que esto servindo. Ademais, para fins penais, so equiparados a funcionrios pblicos quanto aos crimes relacionados com o exerccio da funo.

    Agentes delegados

    So particulares aqui podem ser pessoas fsicas ou jurdicas que recebem a incumbncia da execuo de determinada atividade, obra ou servio pblico e o realizam em nome prprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob sua permanente fiscalizao. A remunerao que recebem no paga pelos cofres pblicos, e sim pelos usurios do servio.

    Nessa categoria encontram-se os concessionrios, permissionrios de obras e servios pblicos, os leiloeiros, os que exercem servios notariais e de registro, os tradutores e intrpretes pblicos e demais pessoas e empresas que colaboram com o Poder Pblico (descentralizao por colaborao).

    Esses agentes, sempre que lesarem interesses alheios no exerccio da atividade delegada, sujeitam-se responsabilidade civil objetiva (CF, art. 37, 6) e ao mandado de segurana (CF, art. 5, LXIX). Ademais, tambm se enquadram como funcionrios pblicos para fins penais.

    Agentes credenciados

    So os que recebem a incumbncia da Administrao para representa-la em determinado ato ou praticar certa atividade especfica, mediante remunerao do Poder Pblico credenciante. Como exemplo, pode-se citar determinada pessoa de renome que tenha sido designada para representar o Brasil em um evento internacional (ex: Pel e Ronaldo na organizao da Copa do Mundo).

    1. (FGV OAB 2011) So considerados agentes pblicos todas as pessoas fsicas incumbidas, sob remunerao ou no, definitiva ou transitoriamente, do

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    exerccio de funo ou atividade pblica. Assim, correto afirmar que os notrios e registradores so

    (A) agentes pblicos ocupantes de cargo efetivo e se aposentam aos 70 (setenta) anos de idade.

    (B) agentes pblicos vitalcios, ocupantes de cargo efetivo, e no se aposentam compulsoriamente.

    (C) delegatrios de servios pblicos aprovados em concurso pblico.

    (D) os notrios e registradores so delegatrios de servios pblicos, investidos em cargos efetivos aps aprovao em concurso.

    Comentrios: Segundo o art. 236 da CF, os servios notariais e de registro so exercidos em carter privado, por delegao do Poder Pblico, sendo que o ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso pblico de provas e ttulos. As pessoas que exercem tal atividade, portanto, no ocupam um cargo efetivo, e sim exercem um servio pblico por delegao do Estado.

    Gabarito: alternativa c

    2. (Cespe MDIC 2014) Os particulares, ao colaborarem com o poder pblico, ainda que em carter episdico, como os jurados do tribunal do jri e os mesrios durante as eleies, so considerados agentes pblicos.

    Comentrio: O quesito est correto. Os cidados convocados para exercer a funo pblica de jurados do tribunal do jri ou de mesrios durante as eleies se enquadram na categoria de agentes honorficos. Ressalte-se que os agentes honorficos, em regra, no so remunerados em espcie, mas podem receber compensaes, a exemplo de folgas no trabalho.

    Gabarito: Certo

    3. (Cespe MDIC 2014) Com a promulgao da CF, foram extintos os denominados cargos vitalcios, tendo sido resguardado, entretanto, o direito adquirido daqueles que ocupavam esse tipo de cargo poca da promulgao da CF.

    Comentrio: O quesito est errado. Conforme a Constituio Federal, so agentes vitalcios: magistrados (CF, art. 95, I); membros do Ministrio Pblico (CF, art. 128, 5, a) e membros dos Tribunais de Contas (CF, art. 73, 3). Ressalte-se que o rol de cargos vitalcios previstos na CF exaustivo, vale dizer, no se admite que a Constituio dos Estados estenda a vitaliciedade a outras carreiras, como delegados e defensores pblicos.

    O agente pblico vitalcio somente pode perder o cargo em uma nica situao: em decorrncia de sentena judicial transitada em julgado. Ou seja,

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    a utilizao do termo vitalcio no indica que o titular ocupe o cargo pelo resto da vida, mesmo porque a todos os cargos vitalcios se aplica a aposentadoria compulsria aos 70 ou 75 anos (CF, art. 40, 1, II). Afirmar que se trata de cargo vitalcio significa apenas que as situaes que podem levar perda do cargo so mais restritas do que aquelas aplicveis aos demais servidores.

    Gabarito: Errado

    4. (Cespe MPU 2013) Os ministros de Estado so considerados agentes polticos, dado que integram os mais altos escales do poder pblico.

    Comentrios: Os ministros de Estado, assim como os Secretrios estaduais e municipais, os chefes do Executivo e os membros do Legislativo so considerados agentes polticos, pois integram os primeiros escales do Poder Pblico, se incumbindo da elaborao de normas legais e de diretrizes de atuao governamental, assim como as funes de direo, orientao e superviso geral da Administrao Pblica.

    Gabarito: Certo

    Agentes de fato

    Afora as categorias anteriormente apresentadas, a doutrina costuma dar destaque aos agentes de fato, isto , aqueles que se investem da funo pblica de forma emergencial ou irregular. A nomenclatura agentes de fato empregada justamente para distingui-los dos agentes de direito3.

    Os agentes de fato podem ser classificados em necessrios e putativos. Os necessrios exercem a funo em razo de situaes excepcionais, como, por exemplo, algum que preste auxlio durante calamidades pblicas, atuando como se fosse um bombeiro militar. J os putativos so os que tm aparncia de agente pblico, sem o ser de direito. o caso de um servidor que pratica inmeros atos de administrao sem ter sido investido mediante prvia aprovao em concurso pblico.

    Em regra, os atos produzidos pelos agentes de fato so vlidos, pois, apesar de a sua investidura ter sido irregular, tudo levaria a crer que seriam agentes pblicos. Trata-se da chamada teoria da aparncia, pela qual os atos dos agentes de fato devem ser convalidados, pois, aparentemente, na viso de terceiros de boa-f, seriam agentes pblicos de direito. 3 Carvalho Filho (2014, p. 597).

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    Cumpre registrar que, embora a investidura seja irregular, os agentes putativos trabalharam em suas funes, e, por isso, no h que se falar de devoluo da remunerao que receberam como retribuio pecuniria; de outra forma, a Administrao se beneficiaria de enriquecimento sem causa.

    7. (Cespe TRE/MS 2013) possvel que um indivduo, mesmo sem ter uma investidura normal e regular, execute uma funo pblica em nome do Estado.

    Comentrio: Em homenagem ao princpio da proteo confiana, possvel que um indivduo, mesmo sem ter uma investidura normal e regular, execute uma funo pblica em nome do Estado. A doutrina classifica essas pessoas como agentes de fato, pois praticam atos administrativos sem serem agentes de direito. Como exemplo, pode-se citar o agente investido de forma irregular que recebe tributos pagos por contribuintes. Ora, os contribuintes so terceiros de boa-f e fizeram os pagamentos a algum que tinha efetivamente a aparncia de servidor legitimamente investido. Sendo assim, as quitaes so consideradas vlidas, devendo a Administrao convalidar os atos praticados pelo agente de fato.

    Gabarito: Certo

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    NORMAS CONSTITUCIONAIS SOBRE AGENTES PBLICOS

    As principais disposies constitucionais relativas aos agentes pblicos esto nos artigos 37 a 41 da Constituio Federal. Em seguida, vamos estudar esses dispositivos. Antes, porm, cumpre apresentar os conceitos de cargo, emprego e funo.

    CARGO, EMPREGO E FUNO

    No mbito da Administrao Pblica, os agentes pblicos ocupam cargos ou empregos ou exercem funo.

    Cargo pblico o lugar ou posio jurdica a ser ocupado pelo agente na estrutura da Administrao4. Quando um indivduo aprovado no concurso da Receita Federal, por exemplo, ele passa a ocupar um dos respectivos cargos do rgo, como o cargo de Auditor-Fiscal ou o de Analista Tributrio.

    A Lei 8.112/1990 assim estabelece o conceito de cargo pblico:

    Art. 3o Cargo pblico o conjunto de atribuies e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

    Pargrafo nico. Os cargos pblicos, acessveis a todos os brasileiros, so criados por lei, com denominao prpria e vencimento pago pelos cofres pblicos, para provimento em carter efetivo ou em comisso.

    A todo cargo so atribudas uma srie de responsabilidades ou funes pblicas. Porm, veremos que nem toda funo corresponde a um cargo (ex: funes exercidas por servidores temporrios).

    A existncia do cargo pblico remete adoo de regime jurdico estatutrio, vale dizer, a relao jurdica entre o agente e o Estado definida diretamente por uma lei, de que seriam exemplos os servidores pblicos regidos pela Lei 8.112/1990, os magistrados regidos pela LC 35/1979 e os membros do Ministrio Pblico regidos pela LC 75/1993.

    4 Lucas Furtado (2014, p. 715).

    Leitura obrigatria: CF, art. 37 a 41

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    Nessas situaes, o lugar a ser ocupado pelo agente na Administrao um cargo pblico.

    Os cargos pblicos so ocupados por servidores pblicos dos

    rgos e entidades de direito pblico, isto , administrao direta,

    autarquias e fundaes pblicas.

    O cargo pblico pode ser de provimento efetivo, mediante concurso pblico, ou em comisso, de livre nomeao e exonerao. Ressalte-se que mesmo os cargos em comisso so estatutrios, muito embora seu regime de previdncia seja o regime geral aplicvel aos empregados celetistas.

    O emprego pblico, por sua vez, tambm designa um lugar a ser ocupado pelo agente pblico na estrutura da Administrao. Diferencia-se do cargo pblico em razo do regime jurdico aplicvel: o ocupante de emprego pblico tem um vnculo contratual, sob a regncia da CLT, enquanto o ocupante do cargo pblico, como visto, tem um vnculo estatutrio, disciplinado diretamente por uma lei especfica.

    Os empregos pblicos so ocupados por empregados

    pblicos da Administrao direta e indireta; so mais comuns nas

    entidades administrativas de direito privado, isto , empresas

    pblicas, sociedades de economia mista e fundaes pblicas de

    direito privado.

    A rigor, o regime jurdico dos empregados pblicos hbrido. De fato, no obstante observem a legislao trabalhista prevista na CLT, os empregados pblicos devem se submeter a algumas normas de direito pblico, a exemplo do concurso pblico e da necessidade de que haja a devida motivao para sua demisso5.

    J a funo pblica constitui o conjunto de atribuies s quais no necessariamente corresponde um cargo ou emprego. Trata-se, portanto, de um conceito residual. Na Constituio Federal, abrange apenas duas situaes:

    i. as funes exercidas por servidores temporrios, contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico (art. 37, IX);

    5 Ressalte-se, porm, que os empregados pblicos no possuem estabilidade, direito reservado aos servidores estatutrios. Eles podem, inclusive, ser demitidos sem justa causa, desde que haja a devida motivao e lhes seja garantido o contraditrio e a ampla defesa.

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    ii. as funes de natureza permanente, correspondentes a chefia, direo, assessoramento ou outro tipo de atividade para a qual o legislador no crie cargo respectivo; em geral, so funes de confiana, de livre provimento e exonerao (art. 37, V).

    Nas hipteses de contratao temporria (item i acima), o agente pblico exerce atribuies pblicas como mero prestador de servio, mas sem ocupar um local (cargo ou emprego) na estrutura da Administrao Pblica. Veja-se, por exemplo, que o professor de uma universidade pblica contratado em regime temporrio (professor substituto) desempenha as mesmas atribuies do professor ocupante de cargo pblico, mas, diferentemente deste, no ocupa um lugar na estrutura administrativa da entidade.

    Por sua vez, as funes de confiana (item ii acima) devem ser exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo. O servidor designado para exercer atividade de chefia, direo ou assessoramento deixa de exercer as atribuies do seu cargo e passa a exercer as atribuies relativas funo de confiana.

    Em regra, a criao dos cargos, empregos e funes depende de lei.

    No caso dos cargos, a lei deve apontar os elementos necessrios sua identificao, lhes conferindo denominao prpria, definindo suas atribuies e fixando o padro de vencimento ou remunerao.

    Quanto s funes, essa exigncia de lei para criao refere-se to-somente s funes de confiana, no se aplicando para as funes temporrias.

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    8. (Cespe PM/CE 2014) O cargo pblico, cujo provimento se d em carter efetivo ou em comisso, s pode ser criado por lei, com denominao prpria e vencimento pago pelos cofres pblicos.

    Comentrio: O quesito est correto, nos termos do art. 3, pargrafo nico da Lei 8.112/1990:

    Art. 3o Cargo pblico o conjunto de atribuies e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

    Pargrafo nico. Os cargos pblicos, acessveis a todos os brasileiros, so criados por lei, com denominao prpria e vencimento pago pelos cofres

    pblicos, para provimento em carter efetivo ou em comisso.

    Gabarito: Certo

    9. (Cespe MIN 2013) Nas empresas pblicas e sociedades de economia mista, no existem cargos pblicos, mas somente empregos pblicos.

    Comentrios: O quesito est correto. Os cargos pblicos, de provimento efetivo ou em comisso, ocupados por servidores pblicos estatutrios, esto presentes nos rgos e entidades de direito pblico (administrao direta, autarquias e fundaes pblicas). J os empregos pblicos, ocupados por empregados pblicos celetistas, esto presentes nas entidades administrativas de direito privado (empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes pblicas de direito privado).

    Por oportuno, saliente-se que os dirigentes das empresas estatais (diretores e membros do conselho de administrao) no so empregados pblicos celetistas. Eles constituem uma categoria parte, regidos por leis especficas, como o Cdigo Civil e a Lei 6.404/1976 (Lei das S/A).

    Gabarito: Certo

    10. (Cespe Ministrio da Justia 2013) A criao de cargos pblicos competncia do Congresso Nacional, que a exara por meio de lei. No entanto, a iniciativa desse tipo de lei privativa do presidente da Repblica.

    Comentrio: certo que, em regra, a criao e a extino de cargos pblicos deve ser feita por lei. Porm, a iniciativa privativa do Presidente da Repblica refere-se apenas aos cargos do Poder Executivo federal (CF, art. 61, 1, II, a). No Poder Judicirio, a criao e a extino de cargos depende de lei de iniciativa privativa do STF, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justia (CF, art. 96, II, b). J no Poder Legislativo federal, a criao ou extino de cargos no feita mediante lei, e sim por resoluo da Cmara dos

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    Deputados e do Senado Federal (CF, art. 51, IV e art. 52, XIII).

    Gabarito: Errado

    11. (Cespe TRE/MS 2013) Os litgios que envolvam os servidores pblicos estatutrios e celetistas devem ser dirimidos na Justia do Trabalho, especializada em dirimir conflitos entre trabalhadores e empregadores.

    Comentrio: A Justia do Trabalho competente para dirimir conflitos apenas entre a Administrao e os empregados celetistas. J os litgios envolvendo servidores estatutrios so resolvidos na Justia Comum (federal e estadual, conforme o caso). Por oportuno, ressalte-se que as lides envolvendo agentes pblicos temporrios tambm so da competncia da Justia Comum.

    Gabarito: Errado

    Vamos agora iniciar o estudo dos dispositivos constitucionais.

    ACESSO A CARGOS, EMPREGOS E FUNES PBLICAS

    O inciso I do art. 37 da CF informa que os cargos, empregos e funes pblicas so acessveis a brasileiros e estrangeiros:

    I - os cargos, empregos e funes pblicas so acessveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;

    No caso dos brasileiros natos ou naturalizados basta o atendimento aos requisitos da lei para que possam acessar os cargos, empregos e funes pblicas.

    Existem cargos que so privativos de brasileiro nato (CF,

    art. 12, 3), vale dizer, so cargos que no podem ser

    ocupados por brasileiro naturalizado, muito menos por

    estrangeiro. So eles: Presidente e Vice-Presidente da Repblica; Presidente da

    Cmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do Supremo

    Tribunal Federal; carreira diplomtica; oficial das foras armadas; Ministro de Estado

    da Defesa.

    J o acesso dos estrangeiros aos quadros pblicos deve ocorrer na forma da lei, ou seja, trata-se de norma constitucional de eficcia limitada (norma no autoaplicvel), dependendo da edio de

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    lei regulamentadora para produzir efeitos6. Portanto, antes do advento da referida lei, os estrangeiros ficam impossibilitados de ocupar cargos, empregos e funes pblicas. Ressalte-se que a norma regulamentadora de que trata o art. 37, I da CF no da competncia privativa da Unio, vale dizer, cada Estado-membro deve editar sua prpria lei sobre o tema7.

    Por meio do inciso I do art. 37, a Constituio da Repblica garante o direito de amplo acesso aos cargos, empregos e funes pblicas.

    No obstante, ao condicionar o acesso satisfao dos requisitos estabelecidos em lei, a Carta Magna permite que se imponham certas restries a esse acesso, como requisitos de idade, altura e sexo, de acordo com a natureza do cargo (art. 39, 3).

    A restrio eventualmente imposta ao acesso a determinado cargo pblico deve sempre guardar correspondncia com a real necessidade para o exerccio da funo. Em outras palavras, a lei, ao estabelecer os requisitos para acesso aos cargos, empregos e funes pblicas deve observar os princpios da isonomia, razoabilidade e impessoalidade. Para tanto, no pode instituir exigncias desarrazoadas ou discriminatrias, que no guardem consonncia com a atividade a ser exercida pelo agente.

    Nesse sentido, a Smula 683 do STF preceitua que:

    O limite de idade para a inscrio em concurso pblico s se legitima em face do art. 7, XXX, da Constituio, quando possa ser justificado pela natureza das atribuies do cargo a ser preenchido.

    Na mesma linha, a jurisprudncia do Supremo se firmou no sentido de que a imposio de discrmen de gnero, para fins de concurso pblico, s compatvel com a Constituio nos excepcionais casos em que reste inafastvel a fundamentao proporcional e a legalidade da imposio. Por esse entendimento, o STF no admite que se obste a participao de mulheres nos concursos pblicos para acesso aos quadros da polcia militar sem que haja qualquer justificava na legislao de regncia, tampouco no edital8.

    De outro lado, o STF entende que razovel a exigncia de altura mnima para cargos da rea de segurana, desde que prevista em lei no sentido formal e material, bem como no edital que regule o concurso, pois tal exigncia compatvel com a natureza das atribuies do cargo. 6 RE 544.655/MG 7 AI 590.663/RR 8 RE 528.684/MS

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    Na jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia (STJ) firme o entendimento de que possvel a definio de limite mximo e mnimo de idade, sexo e altura para o ingresso na carreira militar, levando-se em conta as peculiaridades da atividade exercida, desde que haja previso lei especfica e no edital do concurso pblico9.

    Importante ressaltar que qualquer exigncia de natureza discriminatria a restringir o acesso ao servio pblico, como limites de idade, altura, sexo e exigncias de experincia profissional, deve ser estabelecida mediante lei, e no apenas no edital do concurso. Isso porque o edital do concurso pblico no instrumento idneo para impor condies para a participao no certame; para que uma imposio dessa natureza seja legtima, imprescindvel a previso em lei. Mais que isso, necessrio que a prpria lei observe os princpios da isonomia, razoabilidade e impessoalidade no que tange compatibilidade da exigncia com as atribuies do cargo10.

    Veja-se, como exemplo, a Smula 686 STF, segundo a qual:

    S por lei se pode sujeitar a exame psicotcnico a habilitao de candidato a cargo pblico.

    Alm de ser previsto em lei, o exame psicotcnico a ser aplicado em concurso pblico dever observar critrios objetivos de reconhecido carter cientfico, a fim de viabilizar a interposio de recurso administrativo e o controle jurisdicional da legalidade e da razoabilidade dos parmetros estabelecidos.

    Em regra, quando a lei impe determinada condio para o exerccio de cargo pblico, a exemplo da demonstrao de experincia profissional prvia ou de escolaridade mnima, a verificao da situao do candidato deve ocorrer no ato da posse, e no no ato de inscrio no concurso ou em qualquer de suas etapas.

    Por exemplo, um candidato pode se inscrever e prestar concurso que exija nvel superior de escolaridade ainda que no tenha terminado seu curso na universidade. O que importa para o cumprimento do requisito legal a existncia da habilitao plena no ato da posse, ocasio em que o candidato dever demonstrar que concluiu o curso superior para ter condies de assumir a vaga.

    9 AgRg no RMS 41.515/BA e RMS 44.127/AC 10 Ver Smula STF 14 e Smula STF 686

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    Exceo a essa regra refere-se verificao dos requisitos para ingresso nos cargos de juiz e de membro do Ministrio Pblico, tanto federais quanto estaduais. A Constituio exige para o preenchimento desses cargos que o candidato seja bacharel em direito e que comprove, no mnimo, trs anos de atividade jurdica (CF, art. 93, I e art. 129, 3). Ao contrrio do entendimento aplicvel aos demais cargos pblicos (de verificao no ato da posse), o Supremo Tribunal Federal definiu que os trs anos de atividade jurdica pressupem a concluso do curso de bacharelado em Direito (ou seja, no contam eventuais trabalhos na rea jurdica executados antes do trmino do curso, como estagirio ou como servidor pblico que desenvolva atividades na rea, por exemplo) e que a comprovao desse requisito deve ocorrer na data da inscrio no concurso e no em momento posterior11.

    Outra exceo presente na jurisprudncia do Supremo quanto comprovao do limite mximo de idade para provimento no cargo. Essa exigncia geralmente feita nos concursos para carreiras militares e policiais. O Supremo Tribunal firmou o entendimento de que a comprovao do requisito etrio estabelecido na lei deve ocorrer no momento da inscrio no certame, e no em momento posterior, tendo em vista a impossibilidade de dimensionar o perodo que ser transcorrido entre a abertura das inscries do concurso pblico e sua efetiva homologao12. Assim, segundo o Supremo, num concurso que exija idade inferior a 30 anos, por exemplo, possvel dar posse a candidato com 31 anos, desde que ele tivesse 30 por ocasio da inscrio no certame.

    Momento para comprovar requisitos em concursos pblicos:

    Regra: no ato da posse.

    Excees: no ato da inscrio no concurso, nos seguintes casos:

    Trs anos de atividade jurdica para os cargos de juiz, membro do MP.

    Limite mximo de idade (comum nas carreiras policiais e militares).

    11 MS 26.681/DF 12 ARE 685.870-AgR

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    CONCURSO PBLICO

    Para ocupar cargos e empregos pblicos efetivos obrigatria a aprovao prvia em concurso pblico:

    II - a investidura em cargo ou emprego pblico depende de aprovao prvia em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeaes para cargo em comisso declarado em lei de livre nomeao e exonerao;

    O concurso pblico o mecanismo utilizado para se concretizar o princpio da isonomia no acesso ao servio pblico. Por essa razo, ele deve ser acessvel ao pblico em geral, deve ser amplamente divulgado e os critrios de escolha devem ser claros, objetivos e previamente definidos. Nesse sentido, a Lei 8.112/1990 dispe que o prazo de validade do concurso e as condies de sua realizao sero fixados em edital, que ser publicado no Dirio Oficial da Unio e em jornal dirio de grande circulao.

    A exigncia de concurso pblico aplica-se nomeao para cargos ou empregos pblicos (funes no!) de provimento efetivo, abrangendo tanto os cargos das entidades de direito pblico como os empregos pblicos das entidades administrativas de direito privado, integrantes da administrao indireta13.

    De outro lado, a aprovao em concurso pblico no exigida para:

    13 Os conselhos de fiscalizao profissional, posto que autarquias criadas por lei e ostentando personalidade jurdica de direito pblico, exercendo atividade tipicamente pblica, qual seja, a fiscalizao do exerccio profissional, submetem-se s regras encartadas no art. 37, II, da CB/1988, quando da contratao de servidores (RE 539.224, julgamento em 22-5-2012) No mesmo sentido: MS 26.424, julgamento em 19-2-2013. Ou seja, os conselhos profissionais devem realizar concurso pblico.

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    Principais excees regra do concurso pblico:

    Nomeao para cargos em comisso, os quais, por definio, so de livre

    nomeao e exonerao com base em critrios subjetivos da autoridade

    competente (CF, art. 37, II).

    Contratao de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade

    temporria de excepcional interesse pblico (CF, art. 37, IX).

    Contratao de agentes comunitrios de sade e agentes de combate s

    endemias, os quais devem ser admitidos por meio de processo seletivo simplificado W ? W IaSW I II HI (CF, art. 198, 4).

    Cargos eletivos (prefeitos, governadores, deputados etc);

    Ex-combatentes (art. 53, I do ADCT);

    Nos termos do art. 37, inciso II, o concurso pblico deve ser sempre de provas ou de provas e ttulos. Portanto, no se admite concurso pblico em que no se realize provas, vale dizer, que sejam baseados apenas na anlise de ttulos ou currculos. Ou o concurso s de provas ou de provas e ttulos.

    Para ser considerado de provas e ttulos, os ttulos devem servir como critrio de classificao, e no apenas como requisito de habilitao. Por exemplo, de provas e ttulos um concurso que apresente fase especfica de atribuio de pontos a cada ttulo de mestrado, doutorado ou de proficincia em lngua estrangeira apresentado pelo candidato, e essa fase influencia na classificao do certame; por outro lado, um concurso que apenas exige formao especfica em determinada rea como requisito para a posse, e no contm fase de atribuio de pontos para ttulos adicionais, um concurso de provas, apenas.

    A prpria Constituio Federal lista alguns cargos cujo

    ingresso depende, necessariamente, de aprovao prvia

    em concurso pblico de provas e ttulos.

    So eles: membros da magistratura (art. 93, I); membros do Ministrio Pblico

    (art. 129, 3); integrantes da Advocacia Pblica (art. 131, 2 e art. 132);

    integrantes das Defensorias Pblicas (art. 134, 1); profissionais da educao

    escolar das redes pblicas (art. 206, V).

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    A exigncia de ttulos como critrio de classificao dos candidatos deve guardar relao com as atribuies do cargo ou emprego. Um exemplo exagerado e contrrio a essa regra seria um concurso para perito contbil atribuir pontos para ttulos na rea de engenharia e no para certificaes na rea de contabilidade.

    Conforme o entendimento do STF14, a pontuao atribuda aos ttulos deve observar os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade, a fim de evitar a supervalorizao dessa etapa. Com efeito, a valorao dos ttulos em concurso pblico subsidiria avaliao intelectual em prova, vale dizer, os ttulos no podem se tornar o verdadeiro critrio de seleo dos candidatos, sob pena de ofensa ao princpio da isonomia (caso contrrio, haveria margem para se exigir determinados ttulos a fim de beneficiar determinado grupo de candidatos sabidamente possuidores desses ttulos).

    A Lei 8.112/1990 permite que o concurso seja realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira15. No caso de realizao do concurso em duas etapas, geralmente a segunda ser constituda de curso ou programa de formao, de carter eliminatrio e classificatrio, ressalvada eventual disposio diversa constante de lei especfica16.

    Logicamente, a aprovao em concurso pblico deve observar o prazo de validade e a ordem de classificao do certame.

    Quanto ao prazo de validade, o inciso III do art. 37 da CF estabelece o seguinte:

    III - o prazo de validade do concurso pblico ser de at dois anos, prorrogvel uma vez, por igual perodo;

    O prazo de validade de um concurso corresponde ao perodo que a Administrao tem para nomear ou contratar os aprovados para o cargo ou emprego pblico a que o certame se destinava17. contado a partir da homologao do concurso pela autoridade competente.

    14 ADI 3.522/RS 15 Lei 8.112/1990, art. 11: O concurso ser de provas ou de provas e ttulos, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrio do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, quando indispensvel ao seu custeio, e ressalvadas as hipteses de iseno nele expressamente previstas. 16 Decreto 6.944/2009, art. 13, 8. 17 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 287).

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    O prazo de validade de um concurso pblico definido de forma discricionria pela Administrao, podendo ser de at dois anos (pode ser menos, mas no mximo dois). Geralmente, o prazo de validade consta de forma expressa do respectivo edital; caso o edital seja omisso, considera-se que esse prazo de dois anos.

    Igualmente, a deciso de prorrogar ou no o prazo inicial de validade constitui ato discricionrio da Administrao. No obstante, se houver prorrogao, o prazo desta deve ser obrigatoriamente idntico ao prazo inicial estipulado no edital, nem mais nem menos (por igual perodo). Ademais, a prorrogao s deve ocorrer uma vez.

    Em relao necessidade de observncia da ordem de classificao no certame quando da nomeao dos aprovados, frequentemente aponta-se como fundamento dessa obrigatoriedade o art. 37, IV da CF:

    IV - durante o prazo improrrogvel previsto no edital de convocao, aquele aprovado em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos ser convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

    Porm, conforme ensinam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, tal dispositivo deve ser lido assim: durante o prazo de validade de um determinado concurso, aqueles nele aprovados devem ser convocados para assumir o respectivo cargo ou emprego antes que se convoque qualquer candidato aprovado em um novo concurso realizado para o mesmo cargo ou emprego. Frise-se que essa regra s se aplica enquanto o primeiro concurso estiver dentro do seu prazo de validade.

    Como se v, o art. 37, IV da CF no trata propriamente da ordem de classificao num mesmo certame, e sim da prioridade de convocao na hiptese de novo concurso ser realizado durante a vigncia do prazo de validade de outro certame para o mesmo cargo ou emprego.

    Para esfera federal, o art. 12, 2 da Lei 8.112/1990

    W;HWWIW W no se abrir novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com

    prazo de validade no expirado

    Para as demais esferas, deve-se observar o que prescreve a legislao local, uma vez

    que a Constituio Federal no probe a realizao de um novo concurso durante o

    prazo de validade de um concurso anterior para o mesmo cargo ou emprego.

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    Na verdade, a obrigatoriedade de observncia da ordem de classificao na nomeao dos candidatos aprovados decorrncia lgica do prprio instituto do concurso pblico e dos princpios da impessoalidade e da moralidade. Ademais, a Smula 15 do STF18 contm orientao no sentido de que o candidato possui direito subjetivo nomeao caso a Administrao nomeie antes dele outro candidato em pior colocao que a sua. Como se percebe, com essa jurisprudncia, a Suprema Corte aponta a necessidade de se observar a ordem de classificao no concurso por ocasio da nomeao dos candidatos 19 (a Administrao no pode, por exemplo, nomear o 7 colocado sem antes haver nomeado o 6).

    A Constituio Federal prev que, nos concursos pblicos, um percentual de vagas deve ser reservado para candidatos portadores de deficincia:

    VIII - a lei reservar percentual dos cargos e empregos pblicos para as pessoas portadoras de deficincia e definir os critrios de sua admisso;

    Ressalte-se que a referida norma constitucional no dispensa as pessoas portadoras de deficincia da realizao de concurso pblico, mas apenas determina que a Administrao reserve um percentual de vagas a essas pessoas, conforme definido em lei.

    Ademais, exceto quanto ao nmero de vagas reservadas, a pessoa com deficincia participar do certame em igualdade de condies com os demais candidatos no que concerne ao contedo das provas, avaliao e aos critrios de aprovao, ao horrio e ao local de aplicao, e nota mnima exigida.

    Importante observar que as atribuies do cargo ou emprego devem ser compatveis com a deficincia da qual a pessoa portadora, vale dizer, no se admite a contratao de pessoa cuja deficincia a incapacite, de modo absoluto, para o desempenho das atividades inerentes s atribuies do respectivo cargo ou emprego. Seria inadmissvel, por exemplo, nomear um deficiente visual para o cargo de guarda de trnsito, pois a viso um sentido essencial para o pleno exerccio das atividades 18 Sumula 15 do STF: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito nomeao, quando o cargo for preenchido sem observncia da classificao. 19 Essa regra, contudo, no aplicvel quando o candidato pior colocado nomeado em virtude de deciso judicial, ocasio em que no surge direito subjetivo para os candidatos mais bem classificados que tenhas sido preteridos (AI 698.618/SP)

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    de controle de trfego; por outro lado, seria cabvel a portadores de deficincia auditiva exercitarem atividades de informtica.

    Na esfera federal, a Lei 8.112/1990 prescreve que o percentual de vagas para pessoas portadoras de deficincia ser de at 20% das vagas oferecidas no concurso (art. 5, 2 20 ). Perceba que 20% o limite mximo.

    J limite mnimo de 5% do total de vagas, conforme estabelecido pelo Decreto 3.298/1999 (art. 37, 121). O referido decreto estabelece, ainda, que se a aplicao do percentual mnimo de 5% resultar em nmero fracionado, este dever ser elevado at o primeiro nmero inteiro subsequente. Por exemplo, num concurso com 50 vagas, a Administrao deve reservar, no mnimo, 3 vagas para pessoas portadoras com deficincia (= 50 vagas x 5% = 2,5 3 vagas).

    A jurisprudncia do Supremo indica que, havendo conflito entre o limite mximo e o limite mnimo, prevalece o limite mximo previsto na lei. Por exemplo, num concurso com apenas duas vagas, reservar uma para portadores de deficincia significaria reservar 50% do total, implicando majorao indevida dos percentuais legalmente estabelecidos (de at 20%)22. Nesse caso, em razo da impossibilidade de se respeitar o limite mximo, no deveria ser reservada nenhuma vaga para deficientes.

    Dessa forma, a interpretao a ser feita que as fraes resultantes da aplicao do percentual mnimo de 5% devero ser arredondadas para o primeiro nmero subsequente, desde que respeitado o limite mximo de 20% das vagas oferecidas no certame. A justificativa do STF para esse entendimento que a regra geral do concurso pblico o tratamento igualitrio, consubstanciando exceo a separao de vagas para um determinado segmento.

    Ressalte-se que, nos termos do art. 42 do Decreto 3.298/199923, se um candidato inscrito como portador de deficincia obtiver pontuao

    20 2o s pessoas portadoras de deficincia assegurado o direito de se inscrever em concurso pblico para provimento de cargo cujas atribuies sejam compatveis com a deficincia de que so portadoras; para tais pessoas sero reservadas at 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. 21 1o O candidato portador de deficincia, em razo da necessria igualdade de condies, concorrer a todas as vagas, sendo reservado no mnimo o percentual de cinco por cento em face da classificao obtida. 22 RE 440.988/DF 23 Art. 42. A publicao do resultado final do concurso ser feita em duas listas, contendo, a primeira, a pontuao de todos os candidatos, inclusive a dos portadores de deficincia, e a segunda, somente a pontuao destes ltimos.

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    suficiente para ser classificado na lista geral, ele no mais concorrer com os candidatos para as vagas reservadas; no caso, ele ocupar uma vaga da lista de ampla concorrncia. Essa regra permite, em tese, que haja mais candidatos com deficincia aprovados do que o nmero de vagas que a eles estava reservado no edital.

    A recente Lei 12.990, de 9 de junho de 2014, reserva aos

    negros 20% das vagas oferecidas nos concursos pblicos

    para provimento de cargos efetivos e empregos pblicos no

    mbito da administrao pblica federal, das autarquias, das fundaes pblicas,

    das empresas pblicas e das sociedades de economia mista controladas pela Unio.

    A lei ter vigncia pelo prazo de 10 anos e aplica-se apenas aos concursos para

    ingresso no Poder Executivo federal, no valendo para os certames dos Poderes

    Legislativo e Judicirio.

    Detalhe que a Lei 12.990/2014 reserva aos negros o total de 20% das vagas, ou

    seja, 20% no o limite mximo, como para os portadores de deficincia, e sim o

    percentual a ser efetivamente garantido.

    Ademais, a cota para negros somente ser aplicada nos concursos com 3 ou mais

    vagas. O arredondamento na hiptese de quantitativo fracionado poder ser para

    mais ou para menos, a depender se a frao for maior ou menor que 0,5,

    respectivamente. Diferentemente, no caso dos portadores de deficincia, o

    arredondamento sempre para mais.

    Por fim, a Constituio Federal (art. 37, 2) estabelece que a no observncia da exigncia de concurso pblico ou do seu prazo de validade implicar a nulidade do ato e a punio da autoridade responsvel, nos termos da lei. Sendo assim, os atos administrativos de nomeao ou contratao para cargos ou empregos efetivos que no tenham sido precedidos de concurso pblico, ou que tenham ocorrido aps o transcurso do prazo de validade do certame, so eivados de ilegalidade e, assim, podero ser anulados pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio, implicando o desligamento das pessoas ilegalmente admitidas. Saliente-se, contudo, que a remunerao recebida por essas

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    pessoas em razo do servio efetivamente prestado no precisar ser devolvida, sob pena de enriquecimento sem causa do Estado24.

    O assunto concursos pblicos bastante presente na jurisprudncia dos nossos tribunais superiores. Vamos ento conhecer algumas importantes posies jurisprudenciais sobre o tema. Lembrando que as ementas de todos os julgados comentados a seguir esto reproduzidas no final da aula, para facilitar a consulta.

    De incio, cumpre destacar a Smula 684 do STF, pela qual inconstitucional o veto no motivado participao de candidato a concurso pblico. Com efeito, o concurso pblico deve, por princpio, ser aberto a todos os interessados. Portanto, o ato administrativo que impea a participao do candidato em concurso pblico, como todo ato que implique restrio de direitos, deve ser devidamente motivado, com a indicao dos pressupostos de fato e de direito que fundamentaram a deciso.

    Conforme jurisprudncia pacificada do Supremo Tribunal Federal, o candidato aprovado em concurso pblico dentro do nmero de vagas indicado no edital tem direito subjetivo de ser nomeado, observado o prazo de validade do concurso25.

    Mais que isso, a Corte Suprema reconhece que assiste o mesmo direito ao candidato que tenha sido aprovado fora das vagas previstas no edital, mas que, em razo da desistncia de candidatos classificados em colocao superior, passe a estar colocado dentro do nmero de vagas26.

    Portanto, ao ver do STF, dever da Administrao nomear, dentro do prazo de validade do concurso, todos os candidatos aprovados que estejam dentro do nmero de vagas previsto no Edital (originalmente ou em razo da desistncia de outros candidatos). A Administrao poder at escolher o momento no qual realizar a nomeao (se de uma vez s ou em vrias etapas), mas no poder dispor sobre a prpria nomeao, a qual, de acordo com o edital, passa a constituir um direito

    24 Da mesma forma, o empregado pblico admitido ilegalmente sem concurso, desde que tenha recebido salrio, tem direito ao depsito do FGTS mesmo quando reconhecida a nulidade da contratao (RE 596.478/RR). 25 RE 598.099/MS 26 ARE 675.202/PB.

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    do concursando aprovado e, dessa forma, um dever imposto ao Poder Pblico. Assim, por exemplo, se o edital prev 30 vagas, no mnimo 30 candidatos devem ser nomeados dentro do prazo de validade do concurso. At possvel Administrao convocar mais candidatos aprovados, alm das 30 vagas originalmente previstas no edital; jamais, contudo, poder chamar um menor nmero.

    Sobre o tema, o STJ entende que, ainda que o edital no preveja o nmero de vagas (a exemplo dos concursos para formao de cadastro de reserva), caso a Administrao convoque determinado nmero de candidatos do cadastro, a desistncia de candidatos convocados, ou mesmo a sua desclassificao em razo do no preenchimento de determinados requisitos, gera para os seguintes, na ordem de classificao, direito subjetivo nomeao para as vagas no ocupadas por motivo de desistncia ou desclassificao27.

    Alm disso, nos casos em que o edital no estipula o nmero de vagas, a jurisprudncia do STJ reconhece que o candidato aprovado em primeiro lugar do certame possui direito subjetivo nomeao, afinal, o simples fato de o concurso ter sido aberto faz presumir que haveria pelo menos uma vaga disponvel28.

    Recentemente, em sede de repercusso geral29, o STF fixou a tese de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, no gera automaticamente o direito nomeao dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipteses de preterio arbitrria e imotivada por parte da Administrao, caracterizada por comportamento tcito ou expresso do Poder Pblico capaz de revelar a inequvoca necessidade de nomeao do aprovado durante o perodo de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo nomeao do candidato aprovado em concurso pblico, exsurge nas seguintes hipteses:

    1 Quando a aprovao ocorrer dentro do nmero de vagas previsto no edital;

    2 Quando houver preterio na nomeao por no observncia da ordem de classificao;

    27 RMS 32.105/DF 28 RMS 33.426/RS (Informativo 481 do STJ) 29 RE 837.311

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    3 Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterio de candidatos de forma arbitrria e imotivada por parte da administrao nos termos acima.

    Note que no h direito automtico nomeao para o candidato aprovado fora das vagas do edital com o simples surgimento de novas vagas ou abertura de novo concurso. necessrio, de acordo com a tese de repercusso geral, que ocorra simultaneamente a preterio de candidatos de forma arbitrria e imotivada por parte da Administrao. Tal situao ficaria caracterizada, por exemplo, se a Administrao convocasse, durante o prazo de validade do primeiro, os candidatos aprovados no certame seguinte.

    A jurisprudncia dos tribunais superiores tambm assinala que a contratao de pessoal a ttulo precrio (por exemplo, comissionados, temporrios ou terceirizados) para o exerccio de atribuies prprias de cargo efetivo, quando existem candidatos aprovados e no nomeados em concurso pblico para esse mesmo cargo ainda dentro do prazo de validade, configura preterio na ordem de nomeao e faz surgir para os referidos candidatos o direito subjetivo nomeao30.

    No caso de ajuizamento de mandado de segurana por candidato no nomeado, mas que possua direito subjetivo a tanto (por exemplo, por ter sido aprovado e classificado dentro do nmero de vagas previsto no edital), a jurisprudncia do STF indica que o prazo de decadncia de 120 dias para a impetrao dessa ao comea a fluir a partir do trmino do prazo de validade do concurso31.

    Para o STF, o edital a lei do concurso e, nessa condio, de observncia obrigatria para todas as partes envolvidas. Dessa forma, a Suprema Corte orienta, que aps a publicao do edital, s se admite a alterao das regras do concurso se houver modificao na legislao que disciplina a respectiva carreira, desde que o concurso pblico ainda no esteja concludo e homologado32. Veja que a modificao que permite a alterao do edital deve ocorrer na legislao que disciplina a respectiva carreira (e no nas normas a serem cobradas na prova), uma vez que essa a legislao que estabelece as regras gerais para os concursos da carreira, como nmero de etapas, provas a serem aplicadas, requisitos de classificao, etc.

    30 AI 820.065/GO 31 RMS 24.551/DF 32 MS 27.160/DF

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    Conforme a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, no possvel prorrogar o prazo de validade do concurso depois que ele j expirou33. Ou seja, o ato de prorrogao deve ser editado enquanto o prazo inicial de validade ainda no tiver acabado.

    O art. 37, II da Constituio impe Administrao o dever de realizar um concurso especfico para cada cargo ou emprego efetivo. Em consequncia, no permitido o reenquadramento de servidor que atua com desvio de funo, vale dizer, a Administrao no pode realocar determinado servidor admitido para o cargo X para que exera atribuies do cargo Y. Nesse sentido a Smula 685 do STF: inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor

    investir-se, sem prvia aprovao em concurso pblico destinado ao seu

    provimento, em cargo que no integra a carreira na qual anteriormente

    investido.

    Porm, de acordo com a jurisprudncia do STF, o servidor desviado de suas funes, embora no possa ser reenquadrado, tem direito ao recebimento, como indenizao, da diferena remuneratria entre os vencimentos do cargo efetivo e os daquele exercido de fato34.

    Outra jurisprudncia pacfica do Supremo que o edital de concurso pblico pode estabelecer que a classificao dos candidatos seja feita por regies ou por reas de especializao 35 . Por exemplo, um concurso pblico com critrio de classificao regional pode abrir 10 vagas para a regio Norte, 20 para a regio Sudeste e 30 para a regio Centro-Oeste. Nesse caso, os candidatos que se inscreverem para as vagas da regio Norte no podero assumir as vagas de outra regio, ainda que, aps as provas, fiquem de fora das 10 vagas, mas tenham nota superior s dos candidatos aprovados para as demais regies.

    O STF tambm considera possvel a previso em edital de concurso pblico da chamada clusula de barreira36, que nada mais que a limitao do nmero de candidatos aptos a participar das fases subsequentes do certame, definidos em razo da nota obtida na etapa anterior (nota de corte). A clusula de barreira tem o intuito de selecionar apenas os concorrentes mais bem classificados para prosseguir no certame. o que ocorre, por exemplo, quando, num concurso com provas objetivas e discursivas, o edital prescreve que apenas os primeiros

    33 RE 352.258/BA 34 RE 486.184/SP 35 RMS 23.432/DF 36 AI 735.389/DF

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    X candidatos tero as redaes corrigidas. A aplicao de clusula de barreira para prosseguimento no certame pode incidir, inclusive, sobre candidatos concorrendo a vagas reservadas para portadores de deficincia.

    Na viso da Suprema Corte, a delimitao de nmero especfico de candidatos por meio de clusula de barreira seria fator imprescindvel para que determinados certames sejam realizados luz da exigncia constitucional de eficincia (seria invivel, por exemplo, corrigir todas as redaes num concurso com centenas de milhares de candidatos inscritos).

    O Supremo Tribunal Federal tem impugnado diversos editais de concurso pblico que, sob a justificativa de que a atividade do cargo no compatvel com nenhum tipo de deficincia, no reservam vaga alguma para portadores de deficincia. No entender da Suprema Corte, a eventual incompatibilidade da deficincia com as atribuies do cargo deve ser verificada depois de realizado o concurso, com base em critrios objetivos e assegurando ao candidato o direito a ampla defesa e o contraditrio. Em outras palavras, a Administrao no pode restringir a participao no certame de todos e quaisquer candidatos portadores de deficincia37.

    Ainda sobre o tema, a jurisprudncia do STF explicita que, para o candidato ter direito s vagas reservadas, a deficincia no necessariamente precisa causar embarao ao seu desempenho das funes do cargo. Por exemplo, uma deficincia de locomoo (ex: perna amputada) certamente no dificulta o desempenho de atividades de informtica, mas considerada deficincia para fins do direito de concorrer s vagas reservadas constitucionalmente a esse cargo. Assim, a Administrao no pode privar determinado candidato de concorrer s vagas de deficiente sob o argumento de que sua deficincia no prejudica o pleno exerccio das atividades do cargo ou emprego objeto do certame. Por outro lado, o que se exige que a pessoa efetivamente comprove ser portadora de alguma deficincia, e que essa deficincia no se revele absolutamente incompatvel com as atribuies funcionais inerentes ao cargo ou ao emprego pblico38.

    Por fim, vale destacar que, segundo a jurisprudncia do Supremo, o controle jurisdicional sobre os concursos pblicos no pode se imiscuir na

    37 RE 606.728/DF 38 RMS 32.732/DF

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    aferio dos critrios de correo da banca examinadora, nem na formulao das questes ou na avaliao das respostas. Diz-se que o Poder Judicirio no pode substituir a banca examinadora. Com efeito, a apreciao dos gabaritos finais do concurso, com as respectivas alteraes e anulaes, ou dos critrios de avaliao de questes subjetivas, entre outros assuntos semelhantes, configura controle do mrito administrativo, e no controle de legalidade. Exceo a essa regra ocorre nos casos em que restar configurado erro grosseiro no gabarito apresentado, porquanto caracterizada a ilegalidade do ato praticado pela Administrao Pblica, fato que possibilita a anulao judicial da questo39.

    Por outro lado, o Judicirio pode verificar se as questes formuladas guardam consonncia com o programa do certame, dado que o edital nele includo o programa a lei do concurso40. Nesse caso, trata-se de controle de legalidade, e no de mrito administrativo, sendo possvel, portanto, a anulao judicial de questes de concurso nas quais tenham sido cobrados assuntos no previstos no respectivo edital. Ressalte-se, contudo, que o edital no precisa explicitar nos mnimos detalhes todas as vertentes de um determinado tema que podero ser exigidas nas questes do certame. Conforme a jurisprudncia do Supremo, havendo previso de um determinado tema, cumpre ao candidato estudar e procurar conhecer,

    de forma global, todos os elementos que possam eventualmente ser

    exigidos nas provas, o que decerto envolver o conhecimento dos atos

    normativos e casos julgados paradigmticos que sejam pertinentes,

    mas a isto no se resumir. Portanto, no necessria a previso

    exaustiva, no edital, das normas e dos casos julgados que podero

    ser referidos nas questes do certame41.

    39 MS 30.859/DF 40 RE 434.708/RS 41 MS 30.860/DF

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    12. (FGV OAB 2010) Determinada Administrao Pblica realiza concurso para preenchimento de cargos de detetive, categoria I. Ao final do certame, procede nomeao e posse de 400 (quatrocentos) aprovados.

    Os vinte primeiros classificados so desviados de suas funes e passam a exercer as atividades de delegado. Com o transcurso de 4 (quatro) anos, estes vinte agentes postulam a efetivao no cargo.

    A partir do fragmento acima, assinale a alternativa correta.

    (A) Os referidos agentes tm razo, pois apesar de investidos irregularmente, esto exercendo as suas atividades h mais de 4 (quatro) anos, a consolidar a situao.

    (B) inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prvia aprovao em concurso pblico destinado ao seu provimento, em cargo que no integra a carreira na qual anteriormente foi investido.

    (C) No tm ainda o direito, pois dependem do transcurso do prazo de 15 (quinze) anos para que possam ser ti dos como delegados, por usucapio.

    (D) inconstitucional esta modalidade de provimento do cargo, pois afronta o princpio do concurso pblico, porm no podem ter alterado os ganhos vencimentais, sedimentado pelos anos, pelo princpio da irredutibilidade.

    Comentrio: O gabarito a opo b, que transcreve, literalmente, o teor da Smula 685 do STF, convertida na Smula Vinculante 43. Com efeito, os detetives no podem ser ascendidos carreira de delegado, carreira para a qual no foram aprovados em concurso pblico. Nem mesmo o exerccio da atividade de delegado durante certo perodo de tempo permite a ascenso automtica.

    Gabarito: alternativa b

    13. (FGV OAB 2011) O art. 37, II, da Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, condiciona a investidura em cargo ou emprego pblico prvia aprovao em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, ressalvadas as nomeaes para os cargos em comisso.

    Em relao a concurso pblico, segundo a atual jurisprudncia dos tribunais superiores, correto afirmar que

    (A) os candidatos aprovados em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos e classificados entre o nmero de vagas oferecidas no edital possuem expectativa de direito nomeao.

    (B) os candidatos aprovados em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos

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    devem comprovar a habilitao exigida no edital no momento de sua nomeao.

    (C) o prazo de validade dos concursos pblicos poder ser de at dois anos prorrogveis uma nica vez por qualquer prazo no superior a dois anos, iniciando-se a partir de sua homologao.

    (D) os candidatos aprovados em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos e classificados dentro do limite de vagas oferecidas no edital possuem direito subjetivo a nomeao dentro do prazo de validade do concurso.

    Comentrios: vamos analisar cada alternativa:

    a) ERRADA. Segundo a jurisprudncia dos nossos tribunais superiores, os aprovados dentro do nmero de vagas previsto no edital possuem direito subjetivo nomeao, e no mera expectativa, como afirma o quesito. Dizer que o candidato possui direito subjetivo o mesmo que dizer que ele preencheu todos os requisitos legais exigidos para a nomeao e, portanto, a Administrao no tem outra alternativa: deve nome-lo.

    b) ERRADA. Como regra, o momento para se comprovar a habilitao exigida no edital no ato da posse, e no na nomeao. Em alguns casos, a comprovao deve ocorrer quando da inscrio no concurso (exerccio de atividade jurdica para cargos de juiz e membros do MP; limite de idade para carreiras policiais e militares).

    c) ERRADA. Conforme o art. 37, III da CF, o prazo de validade do concurso pblico ser de at dois anos, prorrogvel uma vez, por igual

    perodo.

    d) CERTA, conforme explanado no comentrio alternativa a.

    Gabarito: alternativa d

    14. (FGV OAB 2014) Em determinado estado da Federao, o Estatuto dos Servidores Pblicos, lei ordinria estadual, prev a realizao de concurso interno para a promoo de servidores de nvel mdio aos cargos de nvel superior, desde que preencham todos os requisitos para investidura no cargo, inclusive a obteno do bacharelado.

    A partir da situao descrita e tomando como base os requisitos constitucionais para acesso aos cargos pblicos, assinale a afirmativa correta.

    A) A previso invlida, pois s poderia ter sido veiculada por lei complementar.

    B) A previso vlida, pois a disciplina dos servidores pblicos compete legislao de cada ente da Federao.

    C) A previso invlida, por ofensa Constituio da Repblica.

    D) A previso vlida, desde que encontre previso na Constituio do estado.

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    Comentrio: Nos termos do art. 37, II da CF, a investidura em cargo ou emprego pblico depende de aprovao prvia em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos. Assim, para assumir o cargo de nvel superior, a pessoa deve ser aprovada em concurso pblico especfico para esse cargo. A ascenso mediante concurso interno de promoo inconstitucional, pois no permite a ampla concorrncia. Em outras palavras, o concurso deve ser pblico, e no interno. Dessa forma, pode-se afirmar que a lei ordinria estadual em questo ofende a Constituio Federal. Ressalte-se que nem mesmo a Constituio do Estado poderia trazer previso diversa do que dispe a CF, uma vez que as disposies do art. 37 so aplicveis Administrao Pblica da Unio, dos Estados, do DF e dos Municpios.

    Gabarito: alternativa c

    15. (FGV OAB 2015) O Estado X publicou edital de concurso pblico de provas e ttulos para o cargo de analista administrativo. O edital prev a realizao de uma primeira fase, com questes objetivas, e de uma segunda fase com questes discursivas, e que os 100 (cem) candidatos mais bem classificados na primeira fase avanariam para a realizao da segunda fase. No entanto, aps a divulgao dos resultados da primeira fase, publicado um edital complementar estabelecendo que os 200 (duzentos) candidatos mais bem classificados avanariam segunda fase e prevendo uma nova forma de composio da pontuao global. Nesse caso,

    A) a alterao no vlida, por ofensa ao princpio da impessoalidade, advindo da adoo de novos critrios de pontuao e da ampliao do nmero de candidatos na segunda fase.

    B) a alterao vlida, pois a aprovao de mais candidatos na primeira fase no gera prejuzo aos candidatos e ainda permite que mais interessados realizem a prova de segunda fase.

    C) a alterao no vlida, porque o edital de um concurso pblico no pode conter clusulas ambguas.

    D) a alterao vlida, pois foi observada a exigncia de provimento dos cargos mediante concurso pblico de provas e ttulos.

    Comentrios: Segundo a jurisprudncia do STF, o edital a lei do concurso e, nessa condio, de observncia obrigatria para todas as partes envolvidas. Dessa forma, a Suprema Corte orienta, que aps a publicao do edital, s se admite a alterao das regras do concurso se houver modificao na legislao que disciplina a respectiva carreira.

    No caso, portanto, a alterao das regras, permitindo o aumento dos candidatos que avanariam segunda fase, pode ser considerada medida contrria ao princpio da impessoalidade, pois pode ter sido adotada para permitir a aprovao de determinados candidatos que no passariam se as

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    regras originais fossem mantidas.

    Nessa linha, no mbito do MS 27.160/DF, o STF assim se pronunciou: a pretenso de alterao das regras do edital medida que afronta o princpio da

    moralidade e da impessoalidade, pois no se pode permitir que haja, no curso

    de determinado processo de seleo, ainda que de forma velada, escolha

    direcionada dos candidatos habilitados s provas orais, especialmente quando

    j concluda a fase das provas escritas subjetivas e divulgadas as notas

    provisrias de todos os candidatos.

    Gabarito: alternativa a

    16. (Cespe PGE/BA 2014) De acordo com a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal (STF), a administrao pblica est obrigada a nomear candidato aprovado em concurso pblico dentro do nmero de vagas previsto no edital do certame, ressalvadas situaes excepcionais dotadas das caractersticas de supervenincia, imprevisibilidade e necessidade.

    Comentrio: A questo est correta. Conforme jurisprudncia pacificada do STF, o candidato aprovado em concurso pblico dentro do nmero de vagas indicado no edital tem direito subjetivo de ser nomeado, observado o prazo de validade do concurso. Dentro desse prazo, a Administrao pode at escolher o momento em que efetuar a nomeao e no precisa nomear todos candidatos ao mesmo tempo; porm, no pode deixar de nomear ningum que tenha sido aprovado dentro do nmero de vagas previsto no edital.

    O STF, contudo, reconhece que situaes excepcionais podem afastar essa obrigatoriedade de nomeao, desde que se revistam dos seguintes requisitos:

    Supervenincia: devem ser posterior ao edital;

    Imprevisibilidade: devem derivar de circunstncias extraordinrias, imprevisveis poca do edital;

    Gravidade: devem implicar onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital;

    Necessidade: no pode haver outros meios menos gravosos para lidar com a situao excepcional e imprevisvel.

    Gabarito: Certo

    17. (Cespe TRT5 2013) prescindvel a previso legal do exame psicotcnico para fins de habilitao de candidato em concurso pblico.

    Comentrio: A questo est incorreta, pois o exame psicotcnico em concurso pblico deve estar previsto em lei, nos termos da Smula 686 do STF, convertida na Smula Vinculante 44-STF: s por lei se pode sujeitar a

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    exame psicotcnico a habilitao de candidato a cargo pblico. Ou seja, a previso em lei imprescindvel.

    Gabarito: Errado

    18. (Cespe PC/BA 2013) vedado candidata gestante inscrita em concurso pblico o requerimento de nova data para a realizao de teste de aptido fsica, pois, conforme o princpio da igualdade e da isonomia, no se pode dispensar tratamento diferenciado a candidato em razo de alteraes fisiolgicas temporrias.

    Comentrio: De fato, a jurisprudncia do STF informa que no se pode dispensar tratamento diferenciado a candidato em razo de alteraes fisiolgicas temporrias, o que impede a remarcao de prova de aptido fsica por essas razes. o caso, por exemplo, do candidato que contrai alguma doena no dia da prova. Contudo, para fins de aplicao desse entendimento, a gestao no considerada uma patologia ou uma alterao fisiolgica temporria, de modo que a candidata gestante pode sim requerer nova data para a realizao de teste de aptido fsica, da o erro.

    Gabarito: Errado

    19. (Cespe Ministrio da Justia 2013) Segundo entendimento firmado pelo STJ, o candidato aprovado fora das vagas previstas originariamente no edital, mas classificado at o limite das vagas surgidas durante o prazo de validade do concurso, possui direito lquido e certo nomeao se o edital dispuser que sero providas, alm das vagas oferecidas, as outras que vierem a existir durante a validade do certame.

    Comentrios: O quesito est correto. Segundo a jurisprudncia do STJ, a expressa previso editalcia de que sero providas, alm das vagas previstas no edital, outras que vierem a existir durante o prazo de validade do certame confere direito lquido e certo nomeao ao candidato aprovado fora das vagas originalmente determinadas, mas dentro das surgidas no decurso do prazo de validade do concurso42.

    Gabarito: Certo

    42 Informativo STJ 511.

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    CARGOS EM COMISSO E FUNES DE CONFIANA

    O art. 37, inciso V da CF trata dos cargos em comisso e das funes de confiana:

    V - as funes de confiana, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei, destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento;

    Os cargos em comisso distinguem-se dos cargos efetivos em razo dos requisitos necessrios investidura do agente. No caso do cargo efetivo, como vimos, a investidura pressupe aprovao em concurso pblico, ao passo que no provimento em comisso a escolha do servidor feita a partir de livre nomeao e de livre exonerao. Qualquer pessoa, mesmo que no seja servidor pblico efetivo, pode ser nomeada para exercer um cargo em comisso.

    A Constituio, contudo, exige que a lei estabelea os percentuais mnimos de cargos em comisso a serem preenchidos por servidores de carreira concursados, alm de casos e condies em que obrigatoriamente isso deva ocorrer43.

    Ademais, nunca demais lembrar que vedada a prtica do nepotismo na nomeao para cargos em comisso ou funes de confiana, nos termos da Smula Vinculante 13 do STF44:

    A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de funo gratificada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.

    43 Na esfera federal, ainda no existe uma lei geral aplicvel a todas as carreiras. Existe apenas a Lei 11.415/2006, aplicvel ao Ministrio Pblico da Unio, a qual prescreve que no mnimo 50% dos cargos em comisso devem ser destinados aos servidores das carreiras do MPU. No mbito do Executivo Federal, h o Decreto 5.497/2005, que estabelece percentuais para provimento dos cargos comissionados DAS 1 a DAS 6. 44 O Decreto 7.203/2010 regulamenta a proibio ao nepotismo no mbito da Administrao Pblica Federal. Vale a pena dar uma olhada nele!

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    A expresso ajuste mediante designaes recprocas na parte final da Smula veda o chamado nepotismo cruzado, que ocorre quando h uma espcie de troca de favores, ou seja, um ajuste que garante nomeaes recprocas de parentes de autoridades. o caso, por exemplo, do Prefeito que contrata um parente do presidente da Cmara e este, por sua vez, nomeia um parente do Prefeito.

    Lembrando que a vedao ao nepotismo, em regra, no alcana a nomeao para cargos polticos (ex: ministros, secretrios municipais e estaduais), exceto se ficar demonstrado que a nomeao se deu exclusivamente por causa do parentesco (o nomeado no possui qualquer qualificao que justifique a sua escolha).

    Lembrando que a vedao ao nepotismo no depende de lei formal para ser implementada, pois decorre diretamente dos princpios constitucionais expressos.

    Assim como a nomeao, a exonerao de servidor ocupante de cargo em comisso tambm ato discricionrio; em consequncia, no possui carter punitivo, razo pela qual no precisa observar o contraditrio ou a ampla defesa.

    O servidor de carreira, ao ser exonerado do cargo em comisso, volta a exercer normalmente as atribuies do seu cargo efetivo; j a pessoa no concursada perde totalmente o vnculo com a Administrao aps a exonerao do cargo em comisso.

    Convm observar que os ocupantes dos cargos em comisso so servidores pblicos. Porm, nem todos os direitos dos servidores pblicos ocupantes de cargos efetivos lhes so conferidos, tais como a estabilidade (CF, art. 41) e o regime previdencirio especial45 (CF, art. 40).

    Quanto s funes de confiana, primeiramente vale destacar que somente servidores ocupantes de cargo efetivo podem ser designados para exerc-las. Esses servidores efetivos podem ser do mesmo rgo ou entidade a que esteja vinculada a funo ou tambm podem ser de outros rgos, entidades, poderes ou mesmo de outras esferas de governo, a depender do que dispe a lei.

    Perceba que o servidor no nomeado para ocupar uma funo de confiana; ele simplesmente designado para exercer essa funo. A

    45 Aplica-se aos servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comisso o Regime Geral de Previdncia Social, ao qual se sujeitam os trabalhadores da iniciativa privada e os empregados pblicos.

    89144404190

  • Direito Administrativo para XX Exame OAB 2016

    Teoria e exerccios comentados

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    situao a seguinte: o servidor nomeado e ocupa o cargo efetivo; desde que ocupe o cargo efetivo, ele pode ser designado para exercer a funo de confiana; nesse caso, o servidor continua a ocupar o mesmo lugar (cargo) no servio pblico, porm no mais exercer as funes deste carg