direito administrativo

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SUMRIO

BIBLIOGRAFIA BSICA.......................................................................................................02 PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA........................................................................ 03 PODERES DA ADMINISTRAO PBLICA.............................................................................25 SERVIO PBLICO.............................................................................................................38 ATO ADMINISTRATIVO......................................................................................................51 RGOS PBLICOS............................................................................................................62 ADMINISTRAO PBLICA DIRETA E INDIRETA.................................................................64 AGNCIAS, SERVIOS SOCIAIS AUTNOMOS, OS E OSCIPS...............................................109 BENS PBLICOS...............................................................................................................137 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO............................................................................156 LICITAES.....................................................................................................................218 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS......................................................................................227 INTERVENO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA................................................... 264 SERVIDORES PBLICOS...................................................................................................343 IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA......................................................................................412 CONTROLE DA ADMINISTRAO......................................................................................429

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BIBLIOGRAFIA BSICA RECOMENDADA

ALEXANDRINO, Marcelo, e PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. So Paulo: Mtodo, 18 Ed., 2010. BANDEIRA DE MELLO, Celso Antnio. Curso de Direito Administrativo. So Paulo: Malheiros, 27 Ed., 2010. CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 23 Ed., 2010. CARVALHO, Raquel Melo Urbano de. Curso de Direito Administrativo. Salvador: JusPodium Editora, 2 Ed., 2009. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. So Paulo: Atlas, 23 Ed., 2010. FIGUEIREDO, Lcia Valle. Curso de Direito Administrativo. So Paulo: Malheiros, 9 Ed., 2008. FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Editora Forum, 2 Ed., 2010. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. So Paulo: RT, 14 Ed., 2010. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. So Paulo: Malheiros, 36 Ed., 2010. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 15 Ed., 2009.

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PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA

A) Princpios basilares do regime jurdico-administrativo:1. Supremacia do interesse pblico 2. Indisponibilidade do interesse pblico

B) Princpios expressos no art. 37, caput, da CF:1. 1.1. 1.2.

Legalidade:Conceito; Legalidade e juridicidade (Lei Fundamental Alem/1949, art. 20, item 3; Constituio Espanhola/1978, art. 103, item 1; Lei do Processo Administrativo Brasileiro, n. 9.784/99, art. 2, pargrafo nico, I); Teoria das circunstncias excepcionais como pretensa exceo

1.3.

2.

Moralidade: Impessoalidade:

3.

PROIBIO DE ATRIBUIO DE NOME DE PESSOA VIVA A BEM PBLICO O Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ao direta ajuizada pelo Procurador-Geral da Repblica contra diversos artigos inseridos na Constituio do Estado do Cear. Inicialmente, no se conheceu da ao quanto ao art. 25 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, em razo de sua declarao de inconstitucionalidade no julgamento da ADI 289/CE (DJU de 16.3.2007). Em seguida, julgou-se prejudicado o pedido em relao aos artigos 33, 1 e 2, e 42, caput e 1, submetidos a alterao substancial pelas Emendas Constitucionais 6/91 e 47/2001. Relativamente aos 6 a 8 do art. 37, considerouse, por maioria, no prejudicado o pedido, tendo em conta a inexistncia de alterao substancial da norma de parmetro (CF, art. 29, V), ficando vencidos, no ponto, os Ministros Menezes Direito, Crmen Lcia, Cezar Peluso e Gilmar Mendes. ADI 307/CE, rel. Min. Eros Grau, 13.2.2008. (ADI-307) Por vislumbrar afronta ao princpio da autonomia municipal, declarou-se a inconstitucionalidade do art. 30, que impe aos Municpios o encargo de transportar da zona rural para a sede do Municpio, ou Distrito mais prximo, alunos carentes matriculados a partir da 5 srie do ensino fundamental, bem como do 3 do art. 35, que dispe que as Cmaras Municipais funcionaro em prdio prprio ou pblico, independentemente da sede do Poder Executivo. Reputaram-se inconstitucionais, da mesma forma, os 6 a 8 do art. 37 - que tratam da remunerao, composta por subsdio e representao, do Prefeito -, tambm por ofensa ao princpio da autonomia municipal, e o 9 desse mesmo dispositivo, que probe que o Prefeito se ausente por mais de 10 dias, sem prvia licena da Cmara Municipal, em face do desrespeito ao art. 49, III, da CF, de observncia

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obrigatria pelos Estados-membros, que impe a autorizao legislativa somente nos casos em que o Chefe do Executivo se ausente por prazo superior a 15 dias. Reconheceu-se, ainda, a inconstitucionalidade do 2 do art. 38, que prev que o Vice-Prefeito, ocupante de cargo ou emprego no Estado ou Municpio, ficar, automaticamente, disposio da respectiva municipalidade, enquanto perdurar a condio de Vice-Prefeito, sem prejuzo dos salrios e demais vantagens, ao fundamento de coliso com o art. 38, III, da CF, que estabelece uma nica hiptese de acumulao, no que se refere aos Vereadores. Por fim, declarou-se a inconstitucionalidade do 3 desse mesmo art. 38, por violao ao princpio da autonomia municipal. Quanto ao art. 20, V, que veda ao Estado e aos Municpios atribuir nome de pessoa viva a avenida, praa, rua, logradouro, ponte, reservatrio de gua, viaduto, praa de esporte, biblioteca, hospital, maternidade, edifcio pblico, auditrios, cidades e salas de aula, o Tribunal, julgou o pedido improcedente, por reput-lo compatvel com o princpio da impessoalidade (CF, art. 37, caput e 1). ADI 307/CE, rel. Min. Eros Grau, 13.2.2008. (ADI-307)

4.

Publicidade: Eficincia:

5.

5.1 Contedo: profissionalizao dos servios pblicos, otimizao dos gastos com pessoal, controle da Administrao pelos usurios dos servios estatais, ampliao da autonomia dos rgos e entidades da Administrao direta e indireta, gesto associada de servios pblicos (art. 241), criao das escolas de governo, avaliao especial de desempenho (art. 41, 4) 5.2. Doutrina de Alexandre de Morais: direcionamento da atividade e dos servios pblicos efetividade do bem comum; imparcialidade entendida como independncia de interesses privados ou partidrios; neutralidade como vedao defesa apriorstica de interesses a considerar; transparncia das atividades dos rgos e agentes pblicos, com o objetivo de combater prticas contrrias ao desenvolvimento normal das condutas administrativas, como subornos, corrupo e trfico de influncia; democratizao dos servios pblicos, isto , exigncia de aproximao dos servios pblicos coletividade e participao desta na gesto dos servios administrativos; eficcia material na execuo das competncias atribudas legalmente aos rgos e servidores; desburocratizao do aparelho estatal, com combate a prticas arcaicas e aos vcios inerentes s estruturas burocrticas; e, por fim, busca da qualidade, relacionada otimizao de resultados.

C) Princpios implcitos ou reconhecidos (decorrentes de norma distinta do 37, caput, CF, ou apontados pela doutrina):

1. Motivao

(art. 50, Lei n. 9.784/99):

Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

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II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatrio; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofcio; VII - deixem de aplicar jurisprudncia firmada sobre a questo ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatrios oficiais; VIII - importem anulao, revogao, suspenso ou convalidao de ato administrativo.

2. Autotutela:SMULA N 473 DO STF A ADMINISTRAO PODE ANULAR SEUS PRPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOG-LOS, POR MOTIVO DE CONVENINCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAO JUDICIAL. (Aprovada na Sesso Plenria de 03.10.1969 e publicada no DJ de 10.12.1969) SMULA N 346 DO STF A ADMINISTRAO PBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRPRIOS ATOS. (Aprovada na Sesso Plenria de 13.12.1963) Art. 53, Lei n. 9.784/99: A Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. SMULA N 6 DO STF: A REVOGAO OU ANULAO, PELO PODER EXECUTIVO, DE APOSENTADORIA, OU QUALQUER OUTRO ATO APROVADO PELO TRIBUNAL DE CONTAS, NO PRODUZ EFEITOS ANTES DE APROVADA POR AQUELE TRIBUNAL, RESSALVADA A COMPETNCIA REVISORA DO JUDICIRIO. (Aprovada na Sesso Plenria de 13.12.1963)

3. Prescritibilidade dos ilcitos administrativos e imprescritibilidade do ressarcimento ao errio (art. 37, 5, CF):STF: O Tribunal, por votao majoritria, indeferiu mandado de segurana impetrado contra deciso do Tribunal de Contas da Unio - TCU que condenara a impetrante a pagar determinado montante, a ttulo de devoluo de valores, em decorrncia do descumprimento da obrigao de retornar ao Pas aps o

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trmino da concesso da sua bolsa de estudos no exterior. Na linha da orientao fixada no MS 24519/DF (DJU de 2.12.2005) no sentido de que o beneficirio de bolsa de estudos no exterior, s expensas do Poder Pblico, no pode alegar o desconhecimento de obrigao prevista em ato normativo do rgo provedor, e de que o custeio dessas bolsas de estudo justificvel na medida em que ao Pas sejam acrescidos os frutos resultantes do aprimoramento tcnico-cientfico dos nacionais beneficiados , entendeu-se no haver direito lquido e certo da impetrante. Considerou-se que, no momento em que solicitara a bolsa de estudos para o exterior, e preenchera o formulrio com essa finalidade, que tem natureza contratual, assumira o compromisso de cumprir com os deveres a ela atribudos em razo dessa concesso, dentre os quais o de retornar ao Brasil quando conclusse o curso de doutorado, sob pena de ressarcir os recursos pblicos que recebera (Resoluo 114/91, item 3 e Resoluo Normativa 5/87, item 5.7). Afastou-se, tambm, a apontada prescrio, ao fundamento de incidir, na espcie, o disposto na parte final do art. 37, 5, da CF (A lei estabelecer os prazos de prescrio para ilcitos praticados por qualquer agente, servidor ou no, que causem prejuzos ao errio, ressalvadas as respectivas aes de ressarcimento.). O Min. Cezar Peluso fez ressalva quanto interpretao do art. 37, 5, da CF, p or julgar estar-se diante de uma exceo, a ser interpretada restritivamente, previso de prescrio para ilcitos, que no se aplicaria ao caso, por no haver ilcito. Reputou, entretanto, no configurado o caso tpico de prescrio, podendo a matria ser rediscutida na ao prpria de cobrana. Vencido o Min. Marco Aurlio que concedia a ordem por vislumbrar a ocorrncia da prescrio. MS 26210/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 4.9.2008. (MS-26210) STJ: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. RESSARCIMENTO DE DANOS AO PATRIMNIO PBLICO. IMPRESCRITIBILIDADE. I - A ao de ressarcimento de danos ao errio no se submete a qualquer prazo prescricional, sendo, portanto, imprescritvel. (REsp 810785/SP, Rel. MIn. FRANCISCO FALCO, DJ 25.05.2006 p. 184). II - Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 705715/SP, RECURSO ESPECIAL 2004/0154227-4, Relator: Ministro FRANCISCO FALCO, PRIMEIRA TURMA, Data de Julgamento: 02.10.2007, Publicao: DJe 14/05/2008)

4. Controle jurisdicional 5. Segurana jurdica:5.1.

(art. 5, XXXV, CF);

Delimitao do conceito: necessidade de estabilizar as relaes jurdicas (prognie de institutos jurdicos tais como decadncia, prescrio, precluso, irretroatividade de nova interpretao art. 2, pargrafo nico, XIII, da Lei n. 9.784/99) Segurana jurdica e Proteo Substancial da Confiana (Princpio da Confiana ou da Confiana legtima) DO STF: CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PBLICO: PROVIMENTO DERIVADO: INCONSTITUCIONALIDADE: EFEITO EX NUNC. PRINCPIOS DA BOA-F E DA SEGURANA JURDICA. I. - A Constituio de 1988 instituiu o concurso pblico como forma de acesso aos cargos pblicos. CF, art. 37, II. Pedido de desconstituio de ato administrativo que deferiu, mediante concurso interno, a progresso de servidores pblicos. Acontece que, poca dos fatos 1987 a 1992 , o entendimento a respeito do tema no era pacfico, certo que, apenas em 17.02.1993, que o Supremo Tribunal Federal suspendeu, com efeito ex nunc, a eficcia do art. 8, III; art. 10, pargrafo

5.2.

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nico; art. 13, 4; art. 17 e art. 33, IV, da Lei 8.112, de 1990, dispositivos esses que foram declarados inconstitucionais em 27.8.1998: ADI 837/DF, Relator o Ministro Moreira Alves, "DJ" de 25.6.1999. II. - Os princpios da boa-f e da segurana jurdica autorizam a adoo do efeito ex nunc para a deciso que decreta a inconstitucionalidade. Ademais, os prejuzos que adviriam para a Administrao seriam maiores que eventuais vantagens do desfazimento dos atos administrativos. III. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. IV. - RE conhecido, mas no provido. (RE 442683/RS, Rel. Min. Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em 13/12/2005, DJ 24-03-2006 PP-00055, EMENT VOL-02226-04 PP-00814, LEXSTF v. 28, n. 330, 2006, p. 282-299) Mandado de Segurana. 2. Acrdo do Tribunal de Contas da Unio. Prestao de Contas da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroporturia - INFRAERO. Emprego Pblico. Regularizao de admisses. 3. Contrataes realizadas em conformidade com a legislao vigente poca. Admisses realizadas por processo seletivo sem concurso pblico, validadas por deciso administrativa e acrdo anterior do TCU. 4. Transcurso de mais de dez anos desde a concesso da liminar no mandado de segurana. 5. Obrigatoriedade da observncia do princpio da segurana jurdica enquanto subprincpio do Estado de Direito. Necessidade de estabilidade das situaes criadas administrativamente. 6. Princpio da confiana como elemento do princpio da segurana jurdica. Presena de um componente de tica jurdica e sua aplicao nas relaes jurdicas de direito pblico. 7. Concurso de circunstncias especficas e excepcionais que revelam: a boa f dos impetrantes; a realizao de processo seletivo rigoroso; a observncia do regulamento da Infraero, vigente poca da realizao do processo seletivo; a existncia de controvrsia, poca das contrataes, quanto exigncia, nos termos do art. 37 da Constituio, de concurso pblico no mbito das empresas pblicas e sociedades de economia mista. 8. Circunstncias que, aliadas ao longo perodo de tempo transcorrido, afastam a alegada nulidade das contrataes dos impetrantes. 9. Mandado de Segurana deferido. (MS 22357/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, Teribunal Pleno, julgado em 27.05.2004, DJ 05-11-2004 PP-00006, EMENT VOL-02171-01 PP-00043, LEXSTF v. 26, n. 312, 2005, p. 135-148, RTJ VOL 00192-02 PP-00620MANDADO DE SEGURANA. SECRETRIO DE RECURSOS HUMANOS DO MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO. COMPETNCIA DO STF. PENSES CIVIL E MILITAR. MILITAR REFORMADO SOB A CF DE 1967. CUMULATIVIDADE. PRINCPIO DA SEGURANA JURDICA. GARANTIAS DO CONTRRIO E DA AMPLA DEFESA. 1. O Secretrio de Recursos Humanos do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto parte ilegtima para figurar no plo passivo da ao mandamental, dado que mero executor da deciso emanada do Tribunal de Contas da Unio. 2. No julgamento do MS n 25.113/DF, Rel. Min. Eros Grau, o Tribunal decidiu que, "reformado o militar instituidor da penso sob a Constituio de 1967 e aposentado como servidor civil na vigncia da Constituio de 1988, antes da edio da EC 20/98, no h falarse em acumulao de proventos do art. 40 da CB/88, vedada pelo art. 11 da EC n. 20/98, mas a percepo de provento civil (art. 40 CB/88) cumulado com provento militar (art. 42 CB/88), situao no abarcada pela proibio da emenda". Precedentes citados: MS n 25.090/DF, MS n 24.997/DF e MS n 24.742/DF. Tal acumulao, no entanto, deve obversar o teto previsto no inciso XI do art. 37 da Constituio Federal. 3. A inrcia da Corte de Contas, por sete anos, consolidou de forma positiva a expectativa da viva, no tocante ao recebimento de verba de carter alimentar. Este aspecto temporal diz intimamente com o princpio da segurana jurdica, projeo objetiva do princpio da dignidade da pessoa humana e elemento conceitual do Estado de Direito. 4. O prazo de cinco anos de ser aplicado aos processos de contas que tenham por objeto o exame de legalidade dos atos concessivos de

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aposentadorias, reformas e penses. Transcorrido in albis o interregno qinqenal, de se convocar os particulares para participar do processo de seu interesse, a fim de desfrutar das garantias do contraditrio e da ampla defesa (inciso LV do art. 5). 5. Segurana concedida. (MS2448/DF, Tribunal Pleno, Relator: Ministro Carlos Britto, julgamento: 27/09/2007,DJe-142 DIVULG 13-11-2007 PUBLIC 14-11-2007, DJ 14-11-2007 PP-00042 EMENT VOL-02299-01 PP-00146)

DO STJ:Na espcie, o Tribunal de Contas estadual determinou a exonerao de doze servidores do quadro efetivo da assemblia legislativa estadual, alegando vcio no provimento ocorrido em 1989, pois o ato de nomeao que os efetivou no servio pblico no atendeu ao requisito de aprovao em concurso pblico. Para o Min. Relator, esse ato que os efetivou , induvidosamente, ilegal, no entanto o transcurso de quase vinte anos tornou a situao irreversvel, convalidando seus efeitos ex ope temporis, considerando que alguns nomeados at j se aposentaram e tiveram os respectivos atos aprovados pelo prprio Tribunal de Contas. Observou, entre outros aspectos, que a Administrao atua sob a direo do princpio da legalidade (art. 37 da CF/1988), que impe a anulao de ato que, embora praticado por um de seus agentes, contenha vcio insupervel, a fim de restaurar a legalidade ferida. O vcio, no caso, o da inconstitucionalidade e, primeira vista, esse vcio seria inconvalidvel, entretanto o vcio de ser inconstitucional apenas uma forma qualificada de ser hostil ordem jurdica e a convalidao no vai decorrer da repetio do ato (o que seria juridicamente impossvel), mas sim do reconhecimento dos efeitos consolidadores que o tempo acumulou em favor dos recorrentes. Hoje, o esprito da Justia apia-se nos direitos fundamentais da pessoa humana, apontando que a razoabilidade a medida prefervel para mensurar o acerto ou desacerto de hierarquia constitucional, pela evidente razo de que os administrados no podem ficar, indefinidamente sujeitos instabilidade originada do poder de autotutela do Estado. Da o art. 55 da Lei n. 9.784/1999 fundar-se na importncia da segurana jurdica no domnio do Direito Pblico e ter estabelecido o prazo decadencial de cinco anos para reviso dos atos administrativos, permitindo a manuteno de sua eficcia mediante o instituto da convalidao. Essa lei ressalva, entretanto, hipteses nas quais esteja comprovada a m-f do destinatrio do ato administrativo no qual no incidir o prazo decadencial. No caso dos autos, no h notcia de que os recorrentes tenham se valido de ardis ou logros para obter seus cargos; embora essa circunstncia no justifique o comportamento administrativo ilegal, no uma soluo jurdica. Ressaltou que o poder-dever de a Administrao convalidar seus prprios atos encontra limite temporal no princpio da segurana jurdica, tambm de pode ser ignorada na soluo da causa. Por tais fundamentos, a Turma deu provimento ao recurso, assegurando o direito dos impetrantes de permanecer nos seus respectivos cargos e preservar suas aposentadorias. RMS 25.652-PB, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 16/9/2008.

6. Realidade: as normas administrativas no podem ser aplicadas sem ateno aosfatos a que se referem; deve haver sintonia entre a norma e a realidade prtica a que se destina

ESTABILIDADE - SERVIDORES NO CONCURSADOS - TEMPO DE SERVIO - CARTER CONTINUADO ALCANCE DO ARTIGO 19 DO ATO DAS DISPOSIES CONSTITUCIONAIS TRANSITRIAS. Descabe ter como conflitante com o artigo 19 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias da Carta de 1988 provimento judicial em que se reconhece a estabilidade em hiptese na qual professor, ao trmino do ano letivo, era "dispensado" e recontratado to logo iniciadas as aulas. Os princpios da continuidade, da realidade, da razoabilidade e da boa-f obstaculizam defesa do Estado em torno das interrupes e, portanto, da ausncia de prestao de servios por cinco anos continuados de modo a impedir a aquisio da estabilidade. (RE 158448/MG - MINAS GERAIS, Relator(a): Min. Marco Aurlio,

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Julgamento: 29/06/1998, rgo Julgador: Segunda Turma, DJ 25-09-1998 PP-00020, EMENT VOL-01924-02 PP-00232)

7. Razoabilidade: fundamento na dimenso substantiva do devido processo legal(art. 5, LIV, CF)

AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL QUE CONCEDE GRATIFICACAO DE FERIAS (1/3 DA REMUNERACAO) A SERVIDORES INATIVOS - VANTAGEM PECUNIARIA IRRAZOAVEL E DESTITUIDA DE CAUSA - LIMINAR DEFERIDA. - A norma legal, que concede a servidor inativo gratificao de ferias correspondente a um tero (1/3) do valor da remunerao mensal, ofende o critrio da razoabilidade que atua, enquanto projeo concretizadora da clusula do substantive due process of law, como insupervel limitao ao poder normativo do Estado. Incide o legislador comum em desvio tico-jurdico, quando concede a agentes estatais determinada vantagem pecuniria cuja razo de ser se revela absolutamente destituda de causa. (ADIN-MC 1158/AM, Relator: Min. Celso de Mello, Tribunal Pleno, sesso de julgamento ocorrida em 19.12.1994, acrdo publicado no DJ de 26.05.1995, PP-15154, ement VOL-01788-01 PP-00051)

8. Proporcionalidade: fundamentoda Lei n. 9.784/99)

no art. 1, caput, CF; art. 2, pargrafo nico, VI,

Gs liquefeito de petrleo: lei estadual que determina a pesagem de botijes entregues ou recebidos para substituio a vista do consumidor, com pagamento imediato de eventual diferena a menor: argio de inconstitucionalidade fundada nos arts. 22, IV e VI (energia e metrologia), 24 e PARS., 25, PAR. 2., 238, alm de violao ao princpio de proporcionalidade e razoabilidade das leis restritivas de direitos: plausibilidade jurdica da argio que aconselha a suspenso cautelar da lei impugnada, a fim de evitar danos irreparveis a economia do setor, no caso de vir a declarar-se a inconstitucionalidade: liminar deferida. (ADIN-MC 855/Paran, Relator: Min. Seplveda Pertence, Tribunal Pleno, sesso de julgamento ocorrida em 01.07.1993, acrdo publicado no DJ de 01.10.1993, ement VOL01719-01 PP-00071) STJ CONFUNDINDO RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINRIO EM MANDADO DE SEGURANA. CONCURSO PBLICO. ANULAO. NO-PREVISO DE VAGAS PARA AFRODESCENDENTES. CANDIDATOS APROVADOS EM NMERO INFERIOR AO DE VAGAS OFERECIDAS. OFENSA AOS PRINCPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. A anulao de concurso pblico no qual foram aprovados candidatos em nmero inferior ao de vagas oferecidas, sob o fundamento de que no fora observada lei estadual que determina a

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reserva de 10% das vagas para candidatos afrodescendentes, fere os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade. 2. Recurso ordinrio provido. (RMS 24469/PR RECURSO ORDINRIO EM MANDADO DE SEGURANA 2007/0149664-6 Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA QUINTA TURMA20/08/2009DJe 14/09/2009) BIBLIOGRAFIA ESPECFICA RECOMENDADA: VILA, Humberto. Teoria dos Princpios. So Paulo: Malheiros, 8 Ed., 2008. BARROSO, Lus Roberto. Interpretao e Aplicao da Constituio. So Paulo: Saraiva, 2007. GABARDO, Emerson. Princpio Constitucional da Eficincia Administrativa. So Paulo: Dialtica, 2002. GIACOMUZZI, Jos Guilherme. A Moralidade Administrativa e a Boa-f da Administrao Pblica. So Paulo: Malheiros, 2002. MAFFINI, Rafael. Princpio da Proteo Substancial da Confiana no Direito Administrativo Brasileiro. Porto Alegre: Editora Verbo Jurdico, 2006. OLIVEIRA, Jos Roberto Pimenta. Os Princpios da Proporcionalidade e da Razoabilidade no Direito Administrativo Brasileiro. So Paulo: Malheiros, 2006. ROCHA, Crmen Lcia Antunes. Princpios Constitucionais da Administrao Pblica. Belo Horizonte: Del Rey, 1994. SARLET, Ingo Wolfgang, e TIMM, Luciano Benetti (Org.). Direitos Fundamentais, Oramento e reserva do possvel. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008.

JURISPRUDNCIA:

A) Possibilidade, conferida ao Chefe do Poder Executivo ou do Legislativo, de determinar aos rgos a ele subordinados que deixem de aplicar administrativamente certa lei ou ato normativo que reputa inconstitucional, independentemente de prvio pronunciamento do Poder Judicirio no mbito do controle de constitucionalidade.AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA PROVISRIA. REVOGAO. PEDIDO DE LIMINAR. - Por ser a medida provisria ato normativo com fora de lei, no admissvel seja retirada do Congresso Nacional a que foi remetida para o efeito de ser, ou no, convertida em Lei. - Em nosso sistema jurdico, no se admite declarao de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo com fora de lei por lei ou por ato normativo com fora de lei posteriores. O controle de constitucionalidade da lei ou dos atos normativos da competncia exclusiva do Poder Judicirio. Os Poderes Executivo e Legislativo, por sua Chefia - e isso mesmo tem sido

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questionado com o alargamento da legitimao ativa na ao direta de inconstitucionalidade -, podem to-s determinar aos seus rgos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com fora de lei que considerem inconstitucionais. - A Medida Provisria n. 175, porm, pode ser interpretada (interpretao conforme a Constituio) como ab-rogatria das Medidas Provisrias n.os 153 e 156. Sistema de ab-rogao das Medidas Provisrias no direito brasileiro. - Rejeio, em face desse sistema de ab-rogao, da preliminar de que a presente ao direta de inconstitucionalidade est prejudicada, pois as medidas provisrias n.os 153 e 156, neste momento, s esto suspensas pela ab-rogao sob condio resolutiva, ab-rogao que s se tornar definitiva se a Medida Provisria n. 175 vier a ser convertida em lei. E essa suspenso, portanto, no impede que as medidas provisrias suspensas se revigorem, no caso de no converso da ab-rogante. - O que est prejudicado, neste momento em que a ab-rogao est em vigor, o pedido de concesso de liminar, certo como que essa concesso s tem eficcia de suspender ex nunc a lei ou ato normativo impugnado. E, evidentemente, no h que se examinar, neste instante, a suspenso do que j esta suspenso pela ab-rogao decorrente de outra medida provisria em vigor. Pedido de liminar julgado prejudicado si et in quantum. (STF Plenrio ADI-MC 221 / DF - DISTRITO FEDERAL Relator: Min. MOREIRA ALVES Sesso de julgamento ocorrida em 29.03.1990 - Acrdo publicado no DJ de 22.10.1993) A.1) ATOS ADMINISTRATIVOS (AINDA MAIS SE FOREM ESTADUAIS) NO PODEM DISCIPLINAR O HORRIO DE FUNCIONAMENTO DO COMRCIO Por vislumbrar aparente ofensa ao art. 30, I, da CF (Compete aos municpios: I - legislar sobre assuntos de interesse local;), o Tribunal, em votao majoritria, deferiu medida liminar em ao direta proposta pela Confederao Nacional do Comrcio - CNC para suspender, com efeito ex nunc, at o julgamento final da ao, a eficcia da Resoluo 12.000-001 GS/2005, do Secretrio de Segurana Pblica do Estado do Piau, que regulamenta o horrio de fechamento do comrcio no mbito daquela unidade da federao. Inicialmente, asseverou-se que a resoluo questionada reveste-se de caractersticas que autorizam a sua impugnao por meio de ao direta de inconstitucionalidade, uma vez que no retira seu fundamento de validade de nenhuma lei; consubstancia ato administrativo com pretenses de autonomia e guarda carter normativo de eficcia geral e abstrata. Reputou-se que o pedido, primeira vista, revelaria razoabilidade jurdica, porquanto o diploma contestado aparenta haver desrespeitado, a um s tempo, o princpio da legalidade e invadido mais de uma esfera de competncia no reconhecida aos Estados-membros. Considerou-se presente, tambm, o periculum in mora consistente no risco de prejuzos irreparveis aos estabelecimentos comerciais. Vencido o Min. Carlos Britto que indeferia a liminar. ADI 3731 MC/PI, rel. Min. Cezar Peluso, 29.8.2007. (ADI-3731) (v. Informativo 477) Com base no entendimento supracitado, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ao direta ajuizada pela Confederao Nacional do Comrcio CNC para declarar a inconstitucionalidade formal da Portaria 17/2005, da Secretaria de Segurana Pblica do Estado do Maranho, que altera e fixa os horrios de funcionamento dos estabelecimentos que comercializam bebidas alcolicas no referido Estado-membro. Preliminarmente, salientou-se que a portaria impugnada reveste-se de generalidade e abstrao, sendo apta a figurar como objeto do controle concentrado de constitucionalidade. Entendeu-se que a competncia para disciplinar o horrio de funcionamento de estabelecimentos comerciais municipal. Ademais,

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asseverou-se que a Corte j possui orientao nesse sentido, consolidada no Enunciado da sua Smula 645 ( competente o municpio para fixar o horrio de funcionamento de estabelecimento comercial.). Vencido o Min. Carlos Britto que o julgava improcedente. ADI 3691/MA, rel. Min. Gilmar Mendes, 29.8.2007. (ADI-3691) (v. Informativo 477)

B) Contedo do princpio da moralidade administrativa.AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL QUE AUTORIZA A INCLUSO, NO EDITAL DE VENDA DO BANCO DO ESTADO DO MARANHO S/A, DA OFERTA DO DEPSITO DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA DO TESOURO ESTADUAL - IMPOSSIBILIDADE CONTRARIEDADE AO ART. 164, 3 DA CONSTITUIO DA REPBLICA - AUSNCIA DE COMPETNCIA NORMATIVA DO ESTADO-MEMBRO - ALEGAO DE OFENSA AO PRINCPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA - PLAUSIBILIDADE JURDICA - EXISTNCIA DE PRECEDENTE ESPECFICO FIRMADO PELO PLENRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - DEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR, COM EFICCIA EX TUNC. AS DISPONIBILIDADES DE CAIXA DOS ESTADOS-MEMBROS SERO DEPOSITADAS EM INSTITUIES FINANCEIRAS OFICIAIS, RESSALVADAS AS HIPTESES PREVISTAS EM LEI NACIONAL. - As disponibilidades de caixa dos Estados-membros, dos rgos ou entidades que os integram e das empresas por eles controladas devero ser depositadas em instituies financeiras oficiais, cabendo, unicamente, Unio Federal, mediante lei de carter nacional, definir as excees autorizadas pelo art. 164, 3 da Constituio da Repblica. - O Estado-membro no possui competncia normativa, para, mediante ato legislativo prprio, estabelecer ressalvas incidncia da clusula geral que lhe impe a compulsria utilizao de instituies financeiras oficiais, para os fins referidos no art. 164, 3 da Carta Poltica. O desrespeito, pelo Estado-membro, dessa reserva de competncia legislativa, instituda em favor da Unio Federal, faz instaurar situao de inconstitucionalidade formal, que compromete a validade e a eficcia jurdicas da lei local, que, desviando-se do modelo normativo inscrito no art. 164, 3 da Lei Fundamental, vem a permitir que as disponibilidades de caixa do Poder Pblico estadual sejam depositadas em entidades privadas integrantes do Sistema Financeiro Nacional. Precedente: ADI 2.600-ES, Rel. Min. ELLEN GRACIE. O PRINCPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA CONSTITUCIONAL REVESTIDO DE CARTER TICO-JURDICO LEGITIMIDADE E A VALIDADE DOS ATOS ESTATAIS. ENQUANTO VALOR - CONDICIONA A

- A atividade estatal, qualquer que seja o domnio institucional de sua incidncia, est necessariamente subordinada observncia de parmetros tico-jurdicos que se refletem na consagrao constitucional do princpio da moralidade administrativa. Esse postulado fundamental, que rege a atuao do Poder Pblico, confere substncia e d expresso a uma pauta de valores ticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado. O princpio constitucional da moralidade administrativa, ao impor limitaes ao exerccio do poder estatal, legitima o controle jurisdicional de todos os atos do Poder Pblico que transgridam os valores ticos que devem pautar o comportamento dos agentes e rgos governamentais. A ratio subjacente clusula de depsito compulsrio, em instituies financeiras oficiais, das disponibilidades de caixa do Poder Pblico em geral (CF, art. 164, 3) reflete, na

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concreo do seu alcance, uma exigncia fundada no valor essencial da moralidade administrativa, que representa verdadeiro pressuposto de legitimao constitucional dos atos emanados do Estado. Precedente: ADI 2.600-ES, Rel. Min. ELLEN GRACIE. As excees regra geral constante do art. 164, 3 da Carta Poltica - apenas definveis pela Unio Federal - ho de respeitar, igualmente, esse postulado bsico, em ordem a impedir que eventuais desvios tico-jurdicos possam instituir situao de inaceitvel privilgio, das quais resulte indevido favorecimento, destitudo de causa legtima, outorgado a determinadas instituies financeiras de carter privado. Precedente: ADI 2.600-ES, Rel. Min. ELLEN GRACIE. A EFICCIA EX TUNC DA MEDIDA CAUTELAR NO SE PRESUME, POIS DEPENDE DE EXPRESSA DETERMINAO CONSTANTE DA DECISO QUE A DEFERE, EM SEDE DE AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. - A medida cautelar, em ao direta de inconstitucionalidade, reveste-se, ordinariamente, de eficcia ex nunc, "operando, portanto, a partir do momento em que o Supremo Tribunal Federal a defere" (RTJ 124/80). Excepcionalmente, no entanto, e para que no se frustrem os seus objetivos, a medida cautelar poder projetar-se com eficcia ex tunc, em carter retroativo, com repercusso sobre situaes pretritas (RTJ 138/86). Para que se outorgue eficcia ex tunc ao provimento cautelar, em sede de ao direta de inconstitucionalidade, impe-se que o Supremo Tribunal Federal assim o determine, expressamente, na deciso que conceder essa medida extraordinria (RTJ 164/506-509, 508, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Situao excepcional que se verifica no caso ora em exame, apta a justificar a outorga de provimento cautelar com eficcia ex tunc. (STF Plenrio - ADI-MC 2.661/MA Relator: Ministro Celso de Mello Sesso de julgamento ocorrida em 05.06.2002 Acrdo publicado no DJ 23.08.2002)

C) O princpio da impessoalidade e a vedao de promoo pessoal de Chefe do Poder Executivo.1. STF PRIMEIRA TURMA RE-AgR 366.983/SP RELATOR: MINISTRO MARCO AURLIO. A Turma iniciou julgamento de agravo regimental em recurso extraordinrio interposto contra deciso monocrtica do Min. Marco Aurlio, relator, que negara seguimento ao recurso, ao fundamento de pretender-se o reexame de elementos probatrios. No caso concreto, o Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, em embargos infringentes, julgara procedente pedido formulado em ao popular ajuizada contra prefeito, por afronta aos princpios da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF, art. 37, 1), em razo de publicaes com carter de promoo pessoal. Repisa-se a alegao de ofensa ao art. 37, 1, da CF, porquanto a interpretao dada pelo Tribunal de origem ao dispositivo constitucional seria irrazovel, violando o princpio do devido processo legal. Aduz-se que, no estando configurada a promoo pessoal, no seria vedada a veiculao de nome, smbolo ou imagem do Chefe do Poder Executivo, requerendo-se, outrossim, a qualificao jurdica dos fatos. O Min. Marco Aurlio, relator, ressaltando o que assentado no acrdo impugnado, no sentido de tratar-se de publicidade com promoo pessoal, negou provimento ao agravo. Reafirmou seu entendimento sobre a inviabilidade do reexame dos elementos probatrios. Por outro lado, o Min. Eros Grau deu provimento ao regimental para dar seguimento ao recurso extraordinrio. Salientando que o aludido art. 37, 1, da CF no impede a propaganda institucional, considerou que se debate, na espcie, o enquadramento normativo dos fatos e no a reapreciao de provas.

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Aps, o julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do Min. Cezar Peluso. (Sesso de julgamento ocorrida em 25.10.2005 v. Informativo 407) A Turma, concluindo julgamento de agravo regimental em recurso extraordinrio, manteve deciso monocrtica do Min. Marco Aurlio, relator, que negara seguimento ao recurso, ao fundamento de pretender-se o reexame de elementos probatrios. No caso concreto, o Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, em embargos infringentes, julgara procedente pedido formulado em ao popular ajuizada contra prefeito, por afronta aos princpios da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF, art. 37, 1), em razo de publicaes com carter de promoo pessoal v. Informativo 407. Ressaltou-se o que assentado no acrdo impugnado, no sentido de tratar-se de publicidade com promoo pessoal. Vencido o Min. Eros Grau que dava provimento ao regimental para dar seguimento ao recurso extraordinrio, por entender que se debatia, na espcie, o enquadramento normativo dos fatos e no a reapreciao de provas. (Sesso de julgamento ocorrida em 14.02.2006 v. Informativo 416) 2. STF SEGUNDA TURMA RE-AgR 217.025/RJ RELATOR: MINISTRO MAURCIO CORRA. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINRIO. ART. 37, 1 DA CONSTITUIO FEDERAL. PUBLICIDADE DE ATOS E OBRAS PBLICAS. NO OBSERVNCIA DO DISPOSTO NA SEGUNDA PARTE DO PRECEITO CONSTITUCIONAL. DECISO PROFERIDA LUZ DAS PROVAS CARREADAS PARA OS AUTOS. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE: SMULA 279/STF. 1. O art. 37, 1 da Constituio Federal preceitua que a publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos. 2. Publicidade de carter autopromocional do Governador e de seus correligionrios, contendo nomes, smbolos e imagens, realizada s custas do errio. No observncia do disposto na segunda parte do preceito constitucional contido no art. 37, 1. Deciso proferida luz das provas carreadas para os autos. Reapreciao da matria ftica em sede extraordinria. Impossibilidade. Smula 279/STF. Agravo regimental no provido. (Sesso de julgamento ocorrida em 27.04.1998 Acrdo publicado no DJ de 05.06.1998, p. 10)

D) Resoluo do Conselho Nacional de Justia que probe o nepotismo no mbito do Poder Judicirio: Aplicao direta dos princpios expressos no art. 37, caput, da CF.1. STF PLENRIO ADC-MC 12/DF RELATOR: MINISTRO CARLOS BRITTO. EMENTA: AO DECLARATRIA DE CONSTITUCIONALIDADE, AJUIZADA EM PROL DA RESOLUO N 07, de 18/10/2005, DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA. MEDIDA CAUTELAR. Patente a legitimidade da Associao dos Magistrados do Brasil - AMB para propor ao declaratria de constitucionalidade. Primeiro, por se tratar de entidade de classe de mbito nacional. Segundo, porque evidenciado o estreito vnculo objetivo entre as finalidades institucionais da proponente e o contedo do ato normativo por ela defendido (inciso IX do art. 103 da CF, com redao dada pela EC 45/04).

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Ao declaratria que no merece conhecimento quanto ao art. 3 da resoluo, porquanto, em 06/12/05, o Conselho Nacional de Justia editou a Resoluo n 09/05, alterando substancialmente a de n 07/2005. A Resoluo n 07/05 do CNJ reveste-se dos atributos da generalidade (os dispositivos dela constantes veiculam normas proibitivas de aes administrativas de logo padronizadas), impessoalidade (ausncia de indicao nominal ou patronmica de quem quer que seja) e abstratividade (trata-se de um modelo normativo com mbito temporal de vigncia em aberto, pois claramente vocacionado para renovar de forma contnua o liame que prende suas hipteses de incidncia aos respectivos mandamentos). A Resoluo n 07/05 se dota, ainda, de carter normativo primrio, dado que arranca diretamente do 4 do art. 103-B da Carta-cidad e tem como finalidade debulhar os prprios contedos lgicos dos princpios constitucionais de centrada regncia de toda a atividade administrativa do Estado, especialmente o da impessoalidade, o da eficincia, o da igualdade e o da moralidade. O ato normativo que se faz de objeto desta ao declaratria densifica apropriadamente os quatro citados princpios do art. 37 da Constituio Federal, razo por que no h antinomia de contedos na comparao dos comandos que se veiculam pelos dois modelos normativos: o constitucional e o infraconstitucional. Logo, o Conselho Nacional de Justia fez adequado uso da competncia que lhe conferiu a Carta de Outubro, aps a Emenda 45/04. Noutro giro, os condicionamentos impostos pela Resoluo em foco no atentam contra a liberdade de nomeao e exonerao dos cargos em comisso e funes de confiana (incisos II e V do art. 37). Isto porque a interpretao dos mencionados incisos no pode se desapegar dos princpios que se veiculam pelo caput do mesmo art. 37. Donde o juzo de que as restries constantes do ato normativo do CNJ so, no rigor dos termos, as mesmas restries j impostas pela Constituio de 1988, dedutveis dos republicanos princpios da impessoalidade, da eficincia, da igualdade e da moralidade. dizer: o que j era constitucionalmente proibido permanece com essa tipificao, porm, agora, mais expletivamente positivado. No se trata, ento, de discriminar o Poder Judicirio perante os outros dois Poderes Orgnicos do Estado, sob a equivocada proposio de que o Poder Executivo e o Poder Legislativo estariam inteiramente libertos de peias jurdicas para prover seus cargos em comisso e funes de confiana, naquelas situaes em que os respectivos ocupantes no hajam ingressado na atividade estatal por meio de concurso pblico. O modelo normativo em exame no suscetvel de ofender a pureza do princpio da separao dos Poderes e at mesmo do princpio federativo. Primeiro, pela considerao de que o CNJ no rgo estranho ao Poder Judicirio (art. 92, CF) e no est a submeter esse Poder autoridade de nenhum dos outros dois; segundo, porque ele, Poder Judicirio, tem uma singular compostura de mbito nacional, perfeitamente compatibilizada com o carter estadualizado de uma parte dele. Ademais, o art. 125 da Lei Magna defere aos Estados a competncia de organizar a sua prpria Justia, mas no menos certo que esse mesmo art. 125, caput, junge essa organizao aos princpios estabelecidos por ela, Carta Maior, neles includos os constantes do art. 37, cabea. Medida liminar deferida para, com efeito vinculante: a) emprestar interpretao conforme para incluir o termo chefia nos inciso II, III, IV, V do artigo 2 do ato normativo em foco b) suspender, at o exame de mrito desta ADC, o julgamento dos processos que tenham por objeto questionar a constitucionalidade da Resoluo n 07/2005, do Conselho Nacional de Justia; c) obstar que juzes e Tribunais venham a proferir decises que impeam ou afastem a aplicabilidade da mesma Resoluo n 07/2005, do CNJ e d) suspender, com eficcia ex tunc,

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os efeitos daquelas decises que, j proferidas, determinaram o afastamento da sobredita aplicao. (Sesso de julgamento ocorrida em 16.02.2006 Acrdo publicado no DJ de 01.09.2006, p. 15) TRECHO DO INFORMATIVO N 416 DO STF, REFERENTE AO JULGAMENTO DESTA MEDIDA CAUTELAR EM SEDE DE ADC: O Tribunal, por maioria, concedeu pedido de liminar formulado em ao declaratria de constitucionalidade proposta pela Associao dos Magistrados do Brasil - AMB, para, com efeito vinculante e erga omnes, suspender, at o exame de mrito da ao, o julgamento dos processos que tenham por objeto questionar a constitucionalidade da Resoluo 7/2005, do Conselho Nacional de Justia; impedir que juzes e tribunais venham a proferir decises que impeam ou afastem a aplicabilidade da mesma resoluo; e suspender, com eficcia ex tunc, os efeitos das decises j proferidas, no sentido de afastar ou impedir a sobredita aplicao. Inicialmente, no se conheceu da ao quanto ao art. 3 da aludida resoluo, tendo em vista a alterao de redao introduzida pela Resoluo 9/2005. Em seguida, asseverou-se que o Conselho Nacional de Justia - CNJ, como rgo central de controle da atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio, detm competncia para dispor, primariamente, sobre as matrias de que trata o inciso II do 4 do art. 103-B da CF, j que a competncia para zelar pela observncia do art. 37 da CF e de baixar os atos de

sanao de condutas eventualmente contrrias legalidade poder que traz consigo a dimenso da normatividade em abstrato.. Ressaltou-se que a Resoluo 7/2005 est em

sintonia com os princpios constantes do art. 37, em especial os da impessoalidade, da eficincia e da igualdade, no havendo que se falar em ofensa liberdade de nomeao e exonerao dos cargos em comisso e funes de confiana, visto que as restries por ela impostas so as mesmas previstas na CF, as quais, extradas dos citados princpios, vedam a prtica do nepotismo. Afirmou-se, tambm, no estar a resoluo examinada a violar nem o princpio da separao dos Poderes, nem o princpio federativo, porquanto o CNJ, no usurpou o campo de atuao do Poder Legislativo, limitando-se a exercer as competncias que lhe foram constitucionalmente reservadas. Vencido o Min. Marco Aurlio, que indeferia a liminar, ao fundamento de que o CNJ, por no possuir poder normativo, extrapolou as competncias constitucionais que lhe foram outorgadas ao editar a resoluo impugnada.

E) Concesso de penso vitalcia viva de determinado ex-Prefeito, por meio de lei municipal de efeitos concretos: Ofensa aos princpios da impessoalidade e moralidade administrativa.A Turma iniciou julgamento de recurso extraordinrio interposto contra acrdo do Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro que, em ao civil pblica proposta pelo Ministrio Pblico estadual, considerara imoral e lesiva ao patrimnio pblico a Lei municipal 825/86, a qual instituiu penso vitalcia a viva de ex-prefeito, e condenara solidariamente o prefeito que sancionara a lei, os vereadores que a aprovaram e a viva a restituir ao errio os valores recebidos. Sustenta-se, na espcie, ofensa aos seguintes artigos da Constituio: a) 5, XXXVI, haja vista a existncia de ao popular com o objetivo de anular a referida lei, julgada extinta com exame de mrito; b) 29, VIII, tendo em conta a inviolabilidade dos vereadores pelas opinies que proferem no exerccio de suas funes; c) 102, I, a, por ter o acrdo recorrido declarado a nulidade da lei municipal; e d) 129, III, em razo da ilegitimidade do Ministrio

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Pblico para figurar no plo ativo de ao civil pblica em que se pretende o ressarcimento de dano ao errio em face da prtica de improbidade do administrador. A Min. Ellen Gracie, relatora, por ausncia de prequestionamento dos artigos 5, XXXVI; 102, I, a; e 129, III, todos da CF, conheceu em parte do recurso (Smulas 282 e 356 do STF) e, na parte conhecida, a ele negou provimento. Asseverou que o diploma municipal, embora possua a forma de lei, no apresenta os requisitos de abstrao, generalidade e impessoalidade, revelando-se como mero ato autorizativo emanado do Poder Legislativo municipal, com o propsito nico de favorecer pessoa especfica. Assim, entendeu que a concesso da penso vitalcia representa privilgio que viola os princpios contidos no art. 37, caput, da CF, em especial, os da impessoalidade e da moralidade administrativa, esta qualificada, no caso, pela lesividade ao errio municipal, impondo-se a condenao prevista no art. 3 da Lei 7.347/85. Rejeitou, ainda, a alegao de ofensa imunidade em sentido material dos vereadores (CF, art. 29, VIII), porquanto evidenciada a expedio de ato administrativo autorizativo e no de norma jurdica resultante do exerccio das atividades inerentes ao mandato parlamentar, estas compreendidas como as atividades de representao, fiscalizao e legislao. Ademais, salientou que essa imunidade parlamentar, assegurada constitucionalmente aos vereadores no plano do direito penal e do civil, destina-se a proteg-los de eventuais crimes contra a honra a eles imputados. Aps, o Min. Eros Grau pediu vista dos autos. (STF Primeira Turma RE 405.386/RJ Relatora: Ministra Ellen Gracie Sesso de julgamento ocorrida em 20.06.2006 v. Informativo n 432) E.1) CONCESSO DE PENSO VITALCIA A EX-GOVERNADOR VIOLA OS PRINCPIOS REPUBLICANO, DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ao direta ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil para declarar a inconstitucionalidade do art. 29-A, caput e 1, 2 e 3, do Ato das Disposies Constitucionais Gerais e Transitrias da Constituio do Estado do Mato Grosso do Sul, includo pela Emenda Constitucional 35/2006, que confere aos ex-Governadores do Estado que tiverem exercido o cargo em carter permanente, subsdio mensal e vitalcio idntico ao percebido pelo Chefe do Poder Executivo, e o transfere, ao cnjuge suprstite, reduzindo-o metade do que seria devido ao titular v. Informativos 463 e 474. Asseverou-se que ter-se-ia institudo uma graa remuneratria mensal e vitalcia, a qual no se confundiria nem com subsdio nem com aposentadoria ou penso, e que violaria o princpio republicano (CF, art. 1) e outros princpios que dele se desdobram. Salientando ser prprio da Repblica a transitoriedade dos mandatos e dos mandatrios e que o regime constitucional dos agentes polticos no comporta ampliao, considerou-se que a benesse em questo afrontaria o princpio da igualdade, uma vez que desigualaria os cidados que se submetem ao regime geral da previdncia e os que provem cargos pblicos de provimento transitrio por eleio ou por comissionamento; o princpio da impessoalidade, porque dotaria um cidado, que foi e tenha deixado de ser agente pblico, de condio excepcional, privilegiada; e o princpio da moralidade pblica, j que no se verificaria, no caso, interesse pblico para a adoo da medida impugnada. O Min. Gilmar Mendes, nesta assentada, acompanhou a concluso do voto da relatora, mas por fundamento diverso, qual seja, o de que a inconstitucionalidade dos dispositivos impugnados apenas poderia advir da violao, pelo poder constituinte decorrente, do princpio da diviso de poderes, tendo em vista que, em se tratando de Emenda Constituio estadual, o processo legislativo ocorrera sem a participao do Poder Executivo. Vencido o Min. Eros Grau, que julgava o pedido improcedente. ADI 3853/MS, rel. Min. Crmen Lcia, 12.9.2007. (ADI-3853) (v. Informativo n. 479)

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F) Mora de cinco anos da administrao pblica em apreciar requerimento de emissora de rdio: Ofensa aos princpios da eficincia e da razoabilidade.ADMINISTRATIVO. RDIO COMUNITRIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE AUTORIZAO. MORA DA ADMINISTRAO. ESPERA DE CINCO ANOS DA RDIO REQUERENTE. VIOLAO AOS PRINCPIOS DA EFICINCIA E DA RAZOABILIDADE. INEXISTNCIA. VULNERAO AO ARTIGO 535, II DO CDIGO DE PROCESSO CIVIL. AUSNCIA DE INGERNCIA DO PODER JUDICIRIO NA SEARA DO PODER EXECUTIVO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO PELA ALEGATIVA DE VIOLAO AOS ARTIGOS 6 DA LEI 9612/98 E 9, INCISO II, DO DECRETO 2615/98 EM FACE DA AUSNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DOS DEMAIS ARTIGOS ELENCADOS PELA RECORRENTE. DESPROVIMENTO. 1. No existe afronta ao artigo 535, II do Cdigo de Processo Civil quando o decisrio combatido resolve a lide enfrentando as questes relevantes ao deslinde da controvrsia. O fato de no emitir pronunciamento acerca de todos os dispositivos legais suscitados pelas partes no motivo para decretar nula a deciso. 2. Merece confirmao o acrdo que julga procedente pedido para que a Unio se abstenha de impedir o funcionamento provisrio dos servios de radiodifuso, at que seja decidido o pleito administrativo da recorrida que, tendo cumprido as formalidades legais exigidas, espera j h cinco anos, sem que tenha obtido uma simples resposta da Administrao. 3. A Lei 9.784/99 foi promulgada justamente para introduzir no nosso ordenamento jurdico o instituto da Mora Administrativa como forma de reprimir o arbtrio administrativo, pois no obstante a discricionariedade que reveste o ato da autorizao, no se pode conceber que o cidado fique sujeito uma espera abusiva que no deve ser tolerada e que est sujeita, sim, ao controle do Judicirio a quem incumbe a preservao dos direitos, posto que visa a efetiva observncia da lei em cada caso concreto. 4. O Poder Concedente deve observar prazos razoveis para instruo e concluso dos processos de outorga de autorizao para funcionamento, no podendo estes prolongar-se por tempo indeterminado, sob pena de violao aos princpios da eficincia e da razoabilidade. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e desprovido. (STJ Primeira Turma REsp 531.349/RS Relator: Ministro Jos Delgado Sesso de julgamento ocorrida em 03.06.2004 Acrdo publicado no DJ de 09.08.2004, p. 174)

G) Suspenso cautelar da eficcia de lei, em sede de ao direta de inconstitucionalidade, com fundamento na ofensa aos princpios da razoabilidade e/ou da proporcionalidade.1. STF PLENRIO ADI-MC 2.667/DF RELATOR: MINISTRO CELSO DE MELLO. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI DISTRITAL QUE DISPE SOBRE A EMISSO DE CERTIFICADO DE CONCLUSO DO CURSO E QUE AUTORIZA O FORNECIMENTO DE HISTRICO ESCOLAR PARA ALUNOS DA TERCEIRA SRIE DO ENSINO MDIO QUE COMPROVAREM APROVAO EM VESTIBULAR PARA INGRESSO EM CURSO DE NVEL SUPERIOR - LEI DISTRITAL QUE USURPA COMPETNCIA LEGISLATIVA OUTORGADA UNIO FEDERAL PELA CONSTITUIO DA REPBLICA - CONSIDERAES EM TORNO DAS LACUNAS

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PREENCHVEIS - NORMA DESTITUDA DO NECESSRIO COEFICIENTE DE RAZOABILIDADE OFENSA AO PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE - ATIVIDADE LEGISLATIVA EXERCIDA COM DESVIO DE PODER - PLAUSIBILIDADE JURDICA DO PEDIDO - DEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR COM EFICCIA EX TUNC. A USURPAO DA COMPETNCIA LEGISLATIVA, QUANDO PRATICADA POR QUALQUER DAS PESSOAS ESTATAIS, QUALIFICA-SE COMO ATO DE TRANSGRESSO CONSTITUCIONAL. - A Constituio da Repblica, nas hipteses de competncia concorrente (CF, art. 24), estabeleceu verdadeira situao de condomnio legislativo entre a Unio Federal, os Estadosmembros e o Distrito Federal (RAUL MACHADO HORTA, Estudos de Direito Constitucional, p. 366, item n. 2, 1995, Del Rey), da resultando clara repartio vertical de competncias normativas entre essas pessoas estatais, cabendo, Unio, estabelecer normas gerais (CF, art. 24, 1), e, aos Estados-membros e ao Distrito Federal, exercer competncia suplementar (CF, art. 24, 2). - A Carta Poltica, por sua vez, ao instituir um sistema de condomnio legislativo nas matrias taxativamente indicadas no seu art. 24 - dentre as quais avulta, por sua importncia, aquela concernente ao ensino (art. 24, IX) -, deferiu ao Estado-membro e ao Distrito Federal, em inexistindo lei federal sobre normas gerais, a possibilidade de exercer a competncia legislativa plena, desde que para atender a suas peculiaridades (art. 24, 3). - Os Estados-membros e o Distrito Federal no podem, mediante legislao autnoma, agindo ultra vires, transgredir a legislao fundamental ou de princpios que a Unio Federal fez editar no desempenho legtimo de sua competncia constitucional e de cujo exerccio deriva o poder de fixar, validamente, diretrizes e bases gerais pertinentes a determinada matria (educao e ensino, na espcie). - Consideraes doutrinrias em torno da questo pertinente s lacunas preenchveis. TODOS OS ATOS EMANADOS DO PODER PBLICO ESTO NECESSARIAMENTE SUJEITOS, PARA EFEITO DE SUA VALIDADE MATERIAL, INDECLINVEL OBSERVNCIA DE PADRES MNIMOS DE RAZOABILIDADE. - As normas legais devem observar, no processo de sua formulao, critrios de razoabilidade que guardem estrita consonncia com os padres fundados no princpio da proporcionalidade, pois todos os atos emanados do Poder Pblico devem ajustar-se clusula que consagra, em sua dimenso material, o princpio do substantive due process of law. Lei Distrital que, no caso, no observa padres mnimos de razoabilidade. A EXIGNCIA DE RAZOABILIDADE QUALIFICA-SE COMO PARMETRO DE AFERIO DA CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DOS ATOS ESTATAIS. - A exigncia de razoabilidade - que visa a inibir e a neutralizar eventuais abusos do Poder Pblico, notadamente no desempenho de suas funes normativas - atua, enquanto categoria fundamental de limitao dos excessos emanados do Estado, como verdadeiro parmetro de aferio da constitucionalidade material dos atos estatais. APLICABILIDADE DA TEORIA DO DESVIO DE PODER AO PLANO DAS ATIVIDADES NORMATIVAS DO ESTADO. - A teoria do desvio de poder, quando aplicada ao plano das atividades legislativas, permite que se contenham eventuais excessos decorrentes do exerccio imoderado e arbitrrio da competncia institucional outorgada ao Poder Pblico, pois o Estado no pode, no desempenho de suas atribuies, dar causa instaurao de situaes normativas que comprometam e afetem os fins que regem a prtica da funo de legislar.

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A EFICCIA EX TUNC DA MEDIDA CAUTELAR NO SE PRESUME, POIS DEPENDE DE EXPRESSA DETERMINAO CONSTANTE DA DECISO QUE A DEFERE, EM SEDE DE CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO. - A medida cautelar, em sede de fiscalizao normativa abstrata, reveste-se, ordinariamente, de eficcia ex nunc, operando, portanto, a partir do momento em que o Supremo Tribunal Federal a defere (RTJ 124/80). Excepcionalmente, no entanto, e para que no se frustrem os seus objetivos, a medida cautelar poder projetar-se com eficcia ex tunc, com conseqente repercusso sobre situaes pretritas (RTJ 138/86), retroagindo os seus efeitos ao prprio momento em que editado o ato normativo por ela alcanado. Para que se outorgue eficcia ex tunc ao provimento cautelar, em sede de fiscalizao concentrada de constitucionalidade, impe-se que o Supremo Tribunal Federal expressamente assim o determine, na deciso que conceder essa medida extraordinria (RTJ 164/506-509, 508, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Situao excepcional que se verifica no caso ora em exame, apta a justificar a outorga de provimento cautelar com eficcia ex tunc. (Sesso de julgamento ocorrida em 19.06.2002 Acrdo publicado no DJ de 12.03.2004, p. 36) 2. STF PLENRIO ADI-MC 1.910/DF RELATOR: MINISTRO SEPLVEDA PERTENCE. Ao rescisria: argio de inconstitucionalidade de medidas provisrias (MPr 1.703/98 a MPr 1798-3/99) editadas e reeditadas para a) alterar o art. 188, I, CPC, a fim de duplicar o prazo para ajuizar ao rescisria, quando proposta pela Unio, os Estados, o DF, os Municpios ou o Ministrio Pblico; b) acrescentar o inciso X no art. 485 CPC, de modo a tornar rescindvel a sentena, quando a indenizao fixada em ao de desapropriao direta ou indireta for

flagrantemente superior ou manifestamente inferior ao preo de mercado objeto da ao judicial: preceitos que adoam a plula do edito anterior sem lhe extrair, contudo, o veneno daessncia: medida cautelar deferida.

1. Medida provisria: excepcionalidade da censura jurisdicional da ausncia dos pressupostos de relevncia e urgncia sua edio: raia, no entanto, pela irriso a afirmao de urgncia para as alteraes questionadas disciplina legal da ao rescisria, quando, segundo a doutrina e a jurisprudncia, sua aplicao resciso de sentenas j transitadas em julgado, quanto a uma delas - a criao de novo caso de rescindibilidade - pacificamente inadmissvel e quanto outra - a ampliao do prazo de decadncia - pelo menos duvidosa: razes da medida cautelar na ADIn 1753, que persistem na presente. 2. Plausibilidade, ademais, da impugnao da utilizao de medidas provisrias para alterar a disciplina legal do processo, vista da definitividade dos atos nele praticados, em particular, de sentena coberta pela coisa julgada. 3. A igualdade das partes imanente ao procedural due process of law; quando uma das partes o Estado, a jurisprudncia tem transigido com alguns favores legais que, alm da vetustez, tem sido reputados no arbitrrios por visarem a compensar dificuldades da defesa em juzo das entidades pblicas; se, ao contrrio, desafiam a medida da razoabilidade ou da proporcionalidade, caracterizam privilgios inconstitucionais: parece ser esse o caso na parte em que a nova medida provisria insiste, quanto ao prazo de decadncia da ao rescisria, no favorecimento unilateral das entidades estatais, aparentemente no explicvel por diferenas reais entre as partes e que, somadas a outras vantagens processuais da Fazenda Pblica, agravam a conseqncia perversa de retardar sem limites a satisfao do direito do particular j reconhecido em juzo.

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4. No caminho da efetivao do due process of law - que tem particular relevo na construo sempre inacabada do Estado de direito democrtico - a tendncia h de ser a da gradativa superao dos privilgios processuais do Estado, custa da melhoria de suas instituies de defesa em juzo, e nunca a da ampliao deles ou a da criao de outros, como preciso diz-lo - se tem observado neste decnio no Brasil. (Sesso de julgamento ocorrida em 22.04.1999 Acrdo publicado no DJ de 27.02.2004)3. STF PLENRIO ADI-MC 1.158/AM RELATOR: MINISTRO CELSO DE MELLO. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL QUE CONCEDE GRATIFICACAO DE FERIAS (1/3 DA REMUNERACAO) A SERVIDORES INATIVOS - VANTAGEM PECUNIARIA IRRAZOAVEL E DESTITUIDA DE CAUSA - LIMINAR DEFERIDA. - A norma legal, que concede a servidor inativo gratificao de ferias correspondente a um tero (1/3) do valor da remunerao mensal, ofende o critrio da razoabilidade que atua, enquanto projeo concretizadora da clusula do substantive due process of law, como insupervel limitao ao poder normativo do Estado. Incide o legislador comum em desvio tico-jurdico, quando concede a agentes estatais determinada vantagem pecuniria cuja razo de ser se revela absolutamente destituda de causa. (Sesso de julgamento ocorrida em 19.12.1994 Acrdo publicado no DJ de 26.05.1995) 4. STF PLENRIO ADI-MC 855/PR RELATOR: MINISTRO SEPLVEDA PERTENCE. Gs liquefeito de petrleo: lei estadual que determina a pe sagem de botijes entregues ou recebidos para substituio a vista do consumidor, com pagamento imediato de eventual diferena a menor: argio de inconstitucionalidade fundada nos arts. 22, IV e VI (energia e metrologia), 24 e PARS., 25, PAR. 2., 238, alm de violao ao princpio de proporcionalidade e razoabilidade das leis restritivas de direitos: plausibilidade jurdica da argio que aconselha a suspenso cautelar da lei impugnada, a fim de evitar danos irreparveis a economia do setor, no caso de vir a declarar-se a inconstitucionalidade: liminar deferida. (Sesso de julgamento ocorrida em 01.07.1993 Acrdo publicado no DJ de 01.10.1993)

5. STF PLENRIO ADI-MC 2.472/RS RELATOR: MINISTRO MAURCIO CORRA. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MEDIDA CAUTELAR. LEI 11.601, DE 11 DE ABRIL DE 2001, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. PUBLICIDADE DOS ATOS E OBRAS REALIZADOS PELO PODER EXECUTIVO. INICIATIVA PARLAMENTAR. CAUTELAR DEFERIDA EM PARTE. 1. Lei disciplinadora de atos de publicidade do Estado, que independem de reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo estadual, visto que no versam sobre criao, estruturao e atribuies dos rgos da Administrao Pblica. No-incidncia de vedao constitucional (CF, artigo 61, 1, II, e). 2. Norma de reproduo de dispositivo constitucional, que se aplica genericamente Administrao Pblica, podendo obrigar apenas um dos Poderes do Estado sem implicao de dispensa dos demais. 3. Preceito que veda "toda e qualquer publicao, por qualquer meio de divulgao, de matria que possa constituir propaganda direta ou subliminar de atividades ou propsito de governo, bem como de matria que esteja tramitando no Poder Legislativo" ( 2 do artigo 1), capaz de gerar perplexidade na sua aplicao prtica. Relevncia da suspenso de sua vigncia.

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4. Clusula que determina que conste nos comunicados oficiais o custo da publicidade veiculada. Exigncia desproporcional e desarrazoada, tendo-se em vista o exagero dos objetivos visados. Ofensa ao princpio da economicidade (CF, artigo 37, caput). 5. Prestao trimestral de contas Assemblia Legislativa. Desconformidade com o parmetro federal (CF, artigo 84 inciso XXIV), que prev prestao anual de contas do Presidente da Repblica ao Congresso Nacional. Cautelar deferida em parte. Suspenso da vigncia do 2 do artigo 1; do artigo 2 e seus pargrafos; e do artigo 3 e incisos, da Lei 11.601, de 11 de abril de 2001, do Estado do Rio Grande do Sul. (Sesso de julgamento ocorrida em 13.03.2002 Acrdo publicado no DJ de 03.05.2002, p. 13)

H) Outras hipteses de aplicao do princpio da razoabilidade.1. STF SEGUNDA TURMA RE 192553/SP RELATOR: MINISTRO MARCO AURLIO. PRINCPIO DA RAZOABILIDADE - INTERPRETAO DE NORMAS LEGAIS - REPRESENTAO PELO ESTADO - DISPENSA DA COMPROVAO DA QUALIDADE DE PROCURADOR. O princpio da razoabilidade, a direcionar no sentido da presuno do que normalmente ocorre, afasta a exigncia, como nus processual, da prova da qualidade de procurador do Estado por quem assim se apresenta e subscreve ato processual. O mandato legal e decorre do disposto nos artigos 12 e 132, respectivamente do Cdigo de Processo Civil e da Constituio Federal. (Sesso de julgamento ocorrida em 15.12.1998 Acrdo publicado no DJ de 16-04-1999, p. 24) 2. STF SEGUNDA TURMA RE-ED 199066/PR RELATOR: MINISTRO MARCO AURLIO. EMBARGOS DECLARATRIOS - OMISSO - POSTURA DO RGO INVESTIDO DO OFCIO JUDICANTE. Ao apreciar os embargos declaratrios, o rgo investido do ofcio judicante deve faz-lo atento necessidade de aperfeioar-se, ao mximo, o provimento formalizado. Constatada omisso relativamente a certa matria, impe-se o acolhimento dos embargos declaratrios, jamais podendo esse recurso sui generis ser tomado como crtica arte de proceder e julgar. RECURSO EXTRAORDINRIO - CONHECIMENTO E PROVIMENTO - BALIZAS. O acrdo decorrente do julgamento do recurso extraordinrio h de ficar restrito s balizas subjetivas e objetivas por ele reveladas. Versando to-somente sobre a Unidade de Referncia de Preos, de fevereiro de 1989 e consectrios, no cabe assentar a improcedncia do pedido formulado na ao, quando envolvidas questes outras. RECURSO - REPRESENTAO PROCESSUAL - PESSOA JURDICA DE DIREITO PBLICO - PRINCPIO DA RAZOABILIDADE. O princpio da razoabilidade conducente a presumir-se o que ocorre no dia-a-dia e no o extravagante. Estando o instrumento de mandato, a procurao, subscrito por quem se diz representante da pessoa jurdica, mencionando o cargo ocupado no mbito da respectiva administrao, no h como presumir-se a irregularidade. A parte contrria, visando a demonstrar a falsidade, h de asseverar a improcedncia do que consignado, provocando um incidente de falsidade. Isso no ocorrendo, prevalece a presuno alusiva boa procedncia do que conste da citada pea.

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(Sesso de julgamento ocorrida em 14.04.1997 Acrdo publicado no DJ de 01.08.1997) 3. STF SEGUNDA TURMA HC 71408/RJ RELATOR: MIN. MARCO AURLIO. JUSTIA - PARTCIPES - RESPEITO MTUO. Advogados, membros do Ministrio Pblico e magistrados devem-se respeito mtuo. A atuao de cada qual h de estar voltada ateno ao desempenho profissional do homem mdio e, portanto, de boa-f. No h como partir para a presuno do excepcional, porque contrria ao princpio da razoabilidade. JRI - ADIAMENTO - POSTURA DO MAGISTRADO. Ao Estado- juiz cumpre a prtica de atos viabilizadores do exerccio pleno do direito de defesa. O pleito de adiamento de uma Sesso, especialmente do Tribunal de Jri, no que das mais desgastantes, deve ser tomado com esprito de compreenso. JRI - AUSNCIA DO ADVOGADO CONSTITUDO - CONSEQNCIAS. Ausente o advogado por motivo socialmente aceitvel, incumbe ao presidente do Tribunal do Jri adiar o julgamento. Injustificada a falta, compete-lhe, em primeiro lugar, ensejar ao acusado a constituio de um novo causdico, o que lhe garantido por princpio constitucional implcito. Somente na hiptese de silncio do interessado que, para tanto, h de ser pessoalmente intimado, cabe a designao de defensor dativo. Inteligncia dos artigos n.os 261, 448, 449, 450, 451 e 452 do Cdigo de Processo Penal, luz da Carta da Repblica, no que homenageante do direito de defesa, da paridade de armas, alfim, do devido processo legal. Jri realizado com o atropelo de garantias asseguradas defesa e, por isso mesmo, merecedor da pecha de nulo. (Sesso de julgamento ocorrida em 16.08.1999 Acrdo publicado no DJ de 29.10.1999)I) NO QUE DIZ RESPEITO A CARGOS PBLICOS, A REGRA QUE PREVALEAM OS CARGOS EFETIVOS E QUE SE TENHA COMO EXCEES OS CARGOS COMISSIONADOS. OFENDE O PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE A EXISTNCIA DE 42 CARGOS COMISSIONADOS DE UM TOTAL DE 67

A Turma manteve deciso monocrtica do Min. Carlos Velloso que negara provimento a recurso extraordinrio, do qual relator, por vislumbrar ofensa aos princpios da moralidade administrativa e da necessidade de concurso pblico (CF, art. 37, II). Tratava-se, na espcie, de recurso em que o Municpio de Blumenau e sua Cmara Municipal alegavam a inexistncia de violao aos princpios da proporcionalidade e da moralidade no ato administrativo que institura cargos de assessoramento parlamentar. Ademais, sustentavam que o Poder Judicirio no poderia examinar o mrito desse ato que criara cargos em comisso, sob pena de afronta ao princpio da separao dos poderes. Entendeu-se que a deciso agravada no merecia reforma. Asseverou-se que, embora no caiba ao Poder Judicirio apreciar o mrito dos atos administrativos, a anlise de sua discricionariedade seria possvel para a verificao de sua regularidade em relao s causas, aos motivos e finalidade que ensejam. Salientando a jurisprudncia da Corte no sentido da exigibilidade de realizao de concurso pblico, constituindo-se exceo a criao de cargos em comisso e confiana, reputou-se desatendido o princpio da proporcionalidade, haja vista que, dos 67 funcionrios da Cmara dos Vereadores, 42 exerceriam cargos de livre nomeao e apenas 25, cargos de provimento efetivo. Ressaltou-se, ainda, que a proporcionalidade e a razoabilidade podem ser identificadas como critrios que, essencialmente, devem ser considerados pela Administrao Pblica no exerccio de suas funes tpicas. Por fim, aduziu-se que, concebida a proporcionalidade como correlao entre meios e fins, dever-se-ia observar relao de compatibilidade entre os cargos criados para atender s demandas do citado Municpio e os cargos efetivos j existentes, o que no ocorrera no caso. RE 365368 AgR/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 22.5.2007. (RE365368) (v. Informativo n. 468)

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PODERES DA ADMINISTRAO PBLICA 1. Carter instrumental, indeclinabilidade e de irrenunciabilidade do exerccio dos poderes administrativos; 2. Crtica afirmao da existncia de poderes vinculado e discricionrio; 3. Poderes reconhecidos:

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3.1. Poder hierrquico: 3.1.1. Conceito; 3.1.2. Prerrogativas decorrentes da hierarquia: dar ordens, fiscalizar e rever os atos dos subordinados, delegar e avocar, editar atos normativos (de efeitos internos). Lei n. 9.784/99: Art. 11. A competncia irrenuncivel e se exerce pelos rgos administrativos a que foi atribuda como prpria, salvo os casos de delegao e avocao legalmente admitidos. Art. 12. Um rgo administrativo e seu titular podero, se no houver impedimento legal, delegar parte da sua competncia a outros rgos ou titulares, ainda que estes no lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razo de circunstncias de ndole tcnica, social, econmica, jurdica ou territorial. Pargrafo nico. O disposto no caput deste artigo aplica-se delegao de competncia dos rgos colegiados aos respectivos presidentes. Art. 13. No podem ser objeto de delegao: I - a edio de atos de carter normativo; II - a deciso de recursos administrativos; III - as matrias de competncia exclusiva do rgo ou autoridade. Art. 14. O ato de delegao e sua revogao devero ser publicados no meio oficial. 1o O ato de delegao especificar as matrias e poderes transferidos, os limites da atuao do delegado, a durao e os objetivos da delegao e o recurso cabvel, podendo conter ressalva de exerccio da atribuio delegada. 2o O ato de delegao revogvel a qualquer tempo pela autoridade delegante. 3o As decises adotadas por delegao devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-o editadas pelo delegado. Art. 15. Ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocao temporria de competncia atribuda a rgo hierarquicamente inferior. Art. 16. Os rgos e entidades administrativas divulgaro publicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matria de interesse especial.

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Art. 17. Inexistindo competncia legal especfica, o processo administrativo dever ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierrquico para decidir. DECORRE DO PODER HIERRQUICO DECRETO QUE PROBE A VENDA DE ALIMENTOS EXCESSIVAMENTE CALRICOS EM ESCOLAS PBLICAS A Turma negou provimento ao recurso, por entender que no interfere nas normas gerais de vigilncia alimentar (CF/1988, arts. 24 e 200) o decreto municipal, proibindo, em determinadas escolas integrantes do complexo administrativo municipal, a venda de alimentos excessivamente calricos, como balas, caramelos, pirulitos, doces de mascar base de gomas, sdio, corantes artificiais, saturados em colesterol, bem como bebidas alcolicas, prejudiciais sade das crianas. RMS 16.694-RJ, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgado em 28/10/2003. 3.2. Poder disciplinar: 3.2.1. Conceito; 3.2.2. A discricionariedade do poder disciplinar e a ausncia de uma rgida tipicidade; 3.2.3. Aplicao dos postulados bsicos do direito penal como crtica prxis brasileira; 3.2.4. Limites

DIREITO ADMINISTRATIVO. ATIVIDADE SANCIONATRIA OU DISCIPLINAR DA ADMINISTRAO PBLICA. APLICAO DOS PRINCPIOS DO PROCESSO PENAL COMUM. ARTS. 615, 1o. E 664, PARG. NICO DO CPP. NULIDADE DE DECISO PUNITIVA EM RAZO DE VOTO DPLICE DE COMPONENTE DE COLEGIADO. RECURSO PROVIDO. 1. Consoante precisas lies de eminentes doutrinadores e processualistas modernos, atividade sancionatria ou disciplinar da Administrao Pblica se aplicam os princpios, garantias e normas que regem o Processo Penal comum, em respeito aos valores de proteo e defesa das liberdades individuais e da dignidade da pessoa humana, que se plasmaram no campo daquela disciplina. 2. A teor dos arts. 615, 1o. e 664, parg. nico do CPP, somente se admite o voto de qualidade - voto de Minerva ou voto de desempate nos julgamentos recursais e mandamentais colegiados em que o Presidente do rgo plural no tenha proferido voto quantitativo; em caso contrrio, na ocorrncia de empate nos votos do julgamento, tem-se como adotada a deciso mais favorvel ao acusado. 3. Os regimentos internos dos rgos administrativos colegiados sancionadores, qual o Conselho da Polcia Civil do Paran, devem obedincia aos postulados do Processo Penal comum; prevalece, por ser mais benfico ao indiciado, o resultado de julgamento que, ainda que por empate, cominou-lhe a sano de suspenso por 90 dias, excluindose o voto presidencial de desempate que lhe atribuiu a pena de demisso, porquanto o voto desempatador de ser desconsiderado. 4. Recurso a que se d provimento, para considerar aplicada ao Servidor Policial Civil, no mbito administrativo, a sano suspensiva de 90 dias, por aplicao analgica dos 26

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arts. 615, 1o. e 664, parg. nico do CPP, inobstante o douto parecer ministerial em sentido contrrio.(RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA N 24.559 - PR (2007/0165377-1) RELATOR: MINISTRO NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, 03 de dezembro de 2009, no publicado) 3.3. Poder normativo: 3.3.1. Conceito; 3.3.2. Contraste entre as expresses normativo (existncia de outros atos normativos, tais como regimentos, resolues, deliberaes, instrues e portarias) e regulamentar; 3.3.3. Atos administrativos normativos como atos derivados; 3.3.4. Fundamento do poder-dever de regulamentar leis; 3.3.5. Admissibilidade de decreto autnomo a partir da emenda 32/2001; 3.3.6. Controle

PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANA COMPETNCIA DA UNIO PARA LEGISLAR SOBRE GUAS ATO ADMINISTRATIVO BASEADO EM DECRETO ESTADUAL AUTNOMO CONFLITANTE COM LEIS ESTADUAL E FEDERAL INVALIDADE. 1. O ordenamento jurdico nacional no permite a edio de Decretos autnomos, salvo nos casos do inciso VI do artigo 84 da Constituio Federal/88. 2. O Decreto Estadual em comento veicula restries inexistentes nas leis regulamentadas, o que invalida as restries apresentadas. 3. Ainda que houvesse lei estadual restringindo a perfurao e captao de guas em poos artesianos, sua validade restaria afastada com base na competncia da UNIO para legislar sobre guas - artigo 22, inciso IV, da Constituio Federal/88. Agravo regimental improvido. (AgRg no RMS 27679/RS(AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA 2008/0191344-7, Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgamento: 13/10/2009, publicao: DJe 21/10/2009) 3.4. Poder de Polcia: 3.4.1. Conceito: Cdigo Tributrio Nacional Art. 78. Considera-se poder de polcia atividade da administrao pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, tranqilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

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Pargrafo nico. Considera-se regular o exerccio do poder de polcia quando desempenhado pelo rgo competente nos limites da lei aplicvel, com observncia do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionria, sem abuso ou desvio de poder. 3.4.2. Supremacia geral como fundamento; 3.4.3. 3.4.4. Polcia judiciria e polcia administrativa; Poder de polcia originrio e delegado;

NO ADMITINDO QUE OS CONSELHOS PROFISSIONAIS SEJAM PESSOAS DE DIREITO PRIVADO DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 58 E SEUS PARGRAFOS DA LEI FEDERAL N 9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIOS DE FISCALIZAO DE PROFISSES REGULAMENTADAS. 1. Estando prejudicada a Ao, quanto ao 3 do art. 58 da Lei n 9.649, de 27.05.1998, como j decidiu o Plenrio, quando apreciou o pedido de medida cautelar, a Ao Direta julgada procedente, quanto ao mais, declarando-se a inconstitucionalidade do "caput" e dos 1, 2, 4, 5, 6, 7 e 8 do mesmo art. 58. 2. Isso porque a interpretao conjugada dos artigos 5, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, pargrafo nico, 149 e 175 da Constituio Federal, leva concluso, no sentido da indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade tpica de Estado, que abrange at poder de polcia, de tributar e de punir, no que concerne ao exerccio de atividades profissionais regulamentadas, como ocorre com os dispositivos impugnados. 3. Deciso unnime. (ADI 1717/DF DISTRITO FEDERAL, AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE,Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Julgamento: 07/11/2002, rgo Julgador: Tribunal Pleno, publicao: DJ 28-03-2003 PP-00061 EMENT VOL-02104-01 PP-00149) OPINIO DE RELATOR NO SENTIDO DE QUE EMPRESAS PBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA PODEM EXERCER PODER DE POLCIA INFRAERO - EMPRESA PBLICA FEDERAL VOCACIONADA A EXECUTAR, COMO ATIVIDADEFIM, EM FUNO DE SUA ESPECFICA DESTINAO INSTITUCIONAL, SERVIOS DE INFRAESTRUTURA AEROPORTURIA - MATRIA SOB RESERVA CONSTITUCIONAL DE MONOPLIO ESTATAL (CF, ART. 21, XII, "C") - POSSIBILIDADE DE A UNIO FEDERAL OUTORGAR, POR LEI, A UMA EMPRESA GOVERNAMENTAL, O EXERCCIO DESSE ENCARGO, SEM QUE ESTE PERCA O ATRIBUTO DE ESTATALIDADE QUE LHE PRPRIO - OPO CONSTITUCIONALMENTE LEGTIMA - CRIAO DA INFRAERO COMO INSTRUMENTALIDADE ADMINISTRATIVA DA UNIO FEDERAL, INCUMBIDA, NESSA CONDIO INSTITUCIONAL, DE EXECUTAR TPICO SERVIO PBLICO (LEI N 5.862/1972) - CONSEQENTE EXTENSO, A ESSA EMPRESA PBLICA, EM MATRIA DE IMPOSTOS, DA PROTEO CONSTITUCIONAL FUNDADA NA GARANTIA DA IMUNIDADE TRIBUTRIA RECPROCA (CF, ART. 150, VI, "A") - O ALTO SIGNIFICADO POLTICO-JURDICO DESSA GARANTIA CONSTITUCIONAL, QUE TRADUZ UMA DAS PROJEES CONCRETIZADORAS DO POSTULADO DA FEDERAO - IMUNIDADE TRIBUTRIA DA INFRAERO, EM FACE DO ISS, QUANTO S ATIVIDADES EXECUTADAS NO DESEMPENHO DO ENCARGO, QUE, A ELA OUTORGADO, FOI DEFERIDO, CONSTITUCIONALMENTE, UNIO FEDERAL - DOUTRINA - JURISPRUDNCIA - PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - AGRAVO IMPROVIDO. - A INFRAERO, que empresa pblica, executa, como atividade-fim, em regime de monoplio, servios de infra-estrutura

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aeroporturia constitucionalmente outorgados Unio Federal, qualificando-se, em razo de sua especfica destinao institucional, como entidade delegatria dos servios pblicos a que se refere o art. 21, inciso XII, alnea "c", da Lei Fundamental, o que exclui essa empresa governamental, em matria de impostos, por efeito da imunidade tributria recproca (CF, art. 150, VI, "a"), do poder de tributar dos entes polticos em geral. Conseqente inexigibilidade, por parte do Municpio tributante, do ISS referente s atividades executadas pela INFRAERO na prestao dos servios pblicos de infra-estrutura aeroporturia e daquelas necessrias realizao dessa atividade-fim. O ALTO SIGNIFICADO POLTICO-JURDICO DA IMUNIDADE TRIBUTRIA RECPROCA, QUE REPRESENTA VERDADEIRA GARANTIA INSTITUCIONAL DE PRESERVAO DO SISTEMA FEDERATIVO. DOUTRINA. PRECEDENTES DO STF. INAPLICABILIDADE, INFRAERO, DA REGRA INSCRITA NO ART. 150, 3, DA CONSTITUIO. - A submisso ao regime jurdico das empresas do setor privado, inclusive quanto aos direitos e obrigaes tributrias, somente se justifica, como consectrio natural do postulado da livre concorrncia (CF, art. 170, IV), se e quando as empresas governamentais explorarem atividade econmica em sentido estrito, no se aplicando, por isso mesmo, a disciplina prevista no art. 173, 1, da Constituio, s empresas pblicas (caso da INFRAERO), s sociedades de economia mista e s suas subsidirias que se qualifiquem como delegatrias de servios pblicos. (RE 363412 AgR/BA BAHIA, AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINRIO, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 07/08/2007, rgo Julgador: Segunda Turma, DJe-177 DIVULG 18-09-2008 PUBLIC 19-09-2008, EMENT VOL-02333-03 PP-00611) Trecho do voto do relator:Quando, porm, a empresa pblica ou a sociedade de economia mista so delegatrias de servios pblicos ou de poder de polcia, elas, por no concorrerem com as empresas privadas, no se sujeitam aos ditames do precitado art. 173.

NO ADMITINDO QUE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA POSSA EXERCER O PODER DE POLCIA DO TRNSITOADMINISTRATIVO. PODER DE POLCIA. TRNSITO. SANO PECUNIRIA APLICADA POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Antes de adentrar o mrito da controvrsia, convm afastar a preliminar de conhecimento levantada pela parte recorrida. Embora o fundamento da origem tenha sido a lei local, no h dvidas que a tese sustentada pelo recorrente em sede de especial (delegao de poder de polcia) retirada, quando o assunto trnsito, dos dispositivos do Cdigo de Trnsito Brasileiro arrolados pelo recorrente (arts. 21 e 24), na medida em que estes artigos tratam da competncia dos rgos de trnsito. O enfrentamento da tese pela instncia ordinria tambm tem por conseqncia o cumprimento do requisito do prequestionamento. 2. No que tange ao mrito, convm assinalar que, em sentido amplo, poder de polcia pode ser conceituado como o dever estatal de limitar-se o exerccio da propriedade e da liberdade em favor do interesse pblico. A controvrsia em debate a possibilidade de exerccio do poder de polcia por particulares (no caso, aplicao de multas de trnsito por sociedade de economia mista). 3. As atividades que envolvem a consecuo do poder de polcia podem ser sumariamente divididas em quatro grupo, a saber: (i) legislao, (ii) consentimento, (iii) fiscalizao e (iv) sano. 4. No mbito da limitao do exerccio da propriedade e da liberdade no trnsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas genricas e abstratas para a obteno da Carteira Nacional de Habilitao (legislao); a emisso da carteira corporifica a vontade o Poder Pblico (consentimento); a Administrao instala equipamentos eletrnicos para verificar se h respeito velocidade estabelecida em lei (fiscalizao); e tambm a Administrao sanciona aquele que no guarda observncia ao CTB (sano).

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5. Somente o atos relativos ao consentimento e fiscalizao so delegveis, pois aqueles referentes legislao e sano derivam do poder de coero do Poder Pblico. 6. No que tange aos atos de sano, o bom desenvolvimento por particulares estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro - aplicao de multas para aumentar a arrecadao. 7. Recurso especial provido. (REsp 817534/MG RECURSO ESPECIAL 2006/0025288-1, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, data de julgamento: 10/11/2009, publicao: DJe 10/12/2009)

PODER DE POLCIA EXERCIDO POR CAPITES DE NAVIOS LEI 9.537/97 Art. 8 - Compete ao Comandante: I - cumprir e fazer cumprir a bordo, a legislao, as normas e os regulamentos, bem como os atos e as resolues internacionais ratificados pelo Brasil; II - cumprir e fazer cumprir a bordo, os procedimentos estabelecidos para a salvaguarda da vida humana, para a preservao do meio ambiente e para a segurana da navegao, da prpria embarcao e da carga; III - manter a disciplina a bordo, IV - proceder: a) lavratura, em viagem, de termos de nascimento e bito ocorridos a bordo, nos termos da legislao especfica; b) ao inventrio e arrecadao dos bens das pessoas que falecerem a bordo, entregando-os autoridade co