direito civilaulas.verbojuridico3.com/.../conrado_paulino_alimentos.pdf · 2013. 10. 14. ·...

4
Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa 1 ALIMENTOS E REGIME DE BENS 3. Alimentos: 3.1 conceito:O termo alimentos vem do latim alimentum, que significa gerar subsistência, gerar manten- ça. Pode ter origem a partir da concepção e a qualquer momento da vida poderá ser pleiteado. Está regu- lado a partir do artigo 1694, do Código Civil Brasileiro. 3.2 Classificação quanto à causa jurídica: Ø Legais:Art. 1694, caput, CC.Decorrem de uma previsão legislativa. São originários ou da dissolu- ção de uma união afetiva ou da relação de parentesco. Tem-se a obrigação de alimentar caso a esposa ou a companheira tenha uma relação de dependência econômica durante o relacionamento que ao final vai gerar a possibilidade do pedido de alimentos. Os parentes também poderão pedir alimentos que digam respeito à sua subsistência, conforme prevê o artigo 1697, CC e art. 229, CF. Ø Voluntários: Decorrem de uma manifestação de vontade daquela pessoa que pretende pagar esses alimentos. § Alimentos voluntários causa mortis: Art. 1.920, CC: Legado de alimentos compreende a cura, o vestuário e a casa. O legado é o sucessor a título singular. Se o beneficiário for menor de idade, há possibilidade que o legado de alimentos abranja as despesas educa- cionais. § Alimentos voluntários inter vivos: Art. 545, CC: A doação em forma de subvenção perió- dica. A doação irá cessar no dia do falecimento. Há, contudo, a possibilidade de que se disponha, ainda após o falecimento, irá receber os alimentos voluntários (vão se modifi- car para alimentos voluntários causa mortis). Jamais essa doação irá atravessar o mo- mento da morte daquele que recebe os alimentos: cessa a obrigação. § Alimentos indenizatórios: Resultam de um ato ilícito. Art. 498, II, CC: hipótese de prestar alimentos às pessoas que dependiam do morto (homicídio). Prazo de duração: É levada em consideração a expectativa de vida do falecido. Competência do juízo cível. 3.3 Classificação quanto à natureza: Ø Civis: Regra geral. Art. 1694, CC: alimentos civis são iguais à garantir a subsistência, a ma- nutenção do padrão de vida e, se for o caso, as despesas educacionais. Os alimentos civis são aplicáveis também à ex-cônjuge. Ø Naturais: Exceção: Compreendem tão somente aquilo que for necessário para a subsistência. Hipóteses: § Art. 1694, § 2º: Quando a situação de necessidade resultar da culpa de quem os plei- teia, este credor dos alimentos terá apenas direitos aos alimentos naturais. Princípio da solidariedade familiar. § Art. 1.702 e 1.704, CC: Cônjuge declarado culpado pelo fim do relacionamento. 3.4 Características do direito à prestação alimentícia: Ø Art. 1.707, CC: § Direito personalíssimo; § Irrenunciabilidade (≠ dispensar); § Intransferível: Art. 373 c/c art. 1.707, CC; § Incompensável: Não existe a possibilidade de compensação dos créditos. 3.5 Espécies: Ø Provisórios e provisionais: Tanto os alimentos provisórios quanto os alimentos provisionais se destinam à mesma finalidade, qual seja, a de permitir que o credor, durante a tramitação da

Upload: others

Post on 07-Nov-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Direito Civilaulas.verbojuridico3.com/.../Conrado_Paulino_alimentos.pdf · 2013. 10. 14. · Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa 1 ALIMENTOS E REGIME DE BENS 3. Alimentos:

Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa

1

ALIMENTOS E REGIME DE BENS 3. Alimentos:

3.1 conceito:O termo alimentos vem do latim alimentum, que significa gerar subsistência, gerar manten-ça. Pode ter origem a partir da concepção e a qualquer momento da vida poderá ser pleiteado. Está regu-lado a partir do artigo 1694, do Código Civil Brasileiro.

3.2 Classificação quanto à causa jurídica: Ø Legais:Art. 1694, caput, CC.Decorrem de uma previsão legislativa. São originários ou da dissolu-

ção de uma união afetiva ou da relação de parentesco. Tem-se a obrigação de alimentar caso a esposa ou a companheira tenha uma relação de dependência econômica durante o relacionamento que ao final vai gerar a possibilidade do pedido de alimentos. Os parentes também poderão pedir alimentos que digam respeito à sua subsistência, conforme prevê o artigo 1697, CC e art. 229, CF.

Ø Voluntários: Decorrem de uma manifestação de vontade daquela pessoa que pretende pagar esses alimentos. § Alimentos voluntários causa mortis: Art. 1.920, CC: Legado de alimentos compreende a

cura, o vestuário e a casa. O legado é o sucessor a título singular. Se o beneficiário for menor de idade, há possibilidade que o legado de alimentos abranja as despesas educa-cionais.

§ Alimentos voluntários inter vivos: Art. 545, CC: A doação em forma de subvenção perió-dica. A doação irá cessar no dia do falecimento. Há, contudo, a possibilidade de que se disponha, ainda após o falecimento, irá receber os alimentos voluntários (vão se modifi-car para alimentos voluntários causa mortis). Jamais essa doação irá atravessar o mo-mento da morte daquele que recebe os alimentos: cessa a obrigação.

§ Alimentos indenizatórios: Resultam de um ato ilícito. Art. 498, II, CC: hipótese de prestar alimentos às pessoas que dependiam do morto (homicídio). Prazo de duração: É levada em consideração a expectativa de vida do falecido. Competência do juízo cível.

3.3 Classificação quanto à natureza:

Ø Civis: Regra geral. Art. 1694, CC: alimentos civis são iguais à garantir a subsistência, a ma-nutenção do padrão de vida e, se for o caso, as despesas educacionais. Os alimentos civis são aplicáveis também à ex-cônjuge.

Ø Naturais: Exceção: Compreendem tão somente aquilo que for necessário para a subsistência. Hipóteses: § Art. 1694, § 2º: Quando a situação de necessidade resultar da culpa de quem os plei-

teia, este credor dos alimentos terá apenas direitos aos alimentos naturais. Princípio da solidariedade familiar.

§ Art. 1.702 e 1.704, CC: Cônjuge declarado culpado pelo fim do relacionamento.

3.4 Características do direito à prestação alimentícia: Ø Art. 1.707, CC:

§ Direito personalíssimo; § Irrenunciabilidade (≠ dispensar); § Intransferível: Art. 373 c/c art. 1.707, CC; § Incompensável: Não existe a possibilidade de compensação dos créditos.

3.5 Espécies:

Ø Provisórios e provisionais: Tanto os alimentos provisórios quanto os alimentos provisionais se destinam à mesma finalidade, qual seja, a de permitir que o credor, durante a tramitação da

Page 2: Direito Civilaulas.verbojuridico3.com/.../Conrado_Paulino_alimentos.pdf · 2013. 10. 14. · Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa 1 ALIMENTOS E REGIME DE BENS 3. Alimentos:

Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa

2

demanda, tenha condições de subsistência. Via de regra, quando a sentença for prolatada, ambos serão convertidos em alimentos definitivos.

Ø Art. 2.043, CC: Até que exista uma nova lei, todas as legislações processuais anteriores à 2002 que, porventura tenham sido incorporadas pelo Código Civil, vão continuar em vigor. Lei 5.478/68 continua em vigor por causa desse artigo. § A lei nº 5.478/68:

ü (Art. 1º) Institui o rito especial. ü (Art. 2º) O credor terá que provar apenas o parentesco e a obrigação alimen-

tar. Exceção à capacidade postulatória. Qualquer na pessoa do Brasil que precise de alimentos poderá requerer no cartório, o cartório indicaria um procurador dativo que em 48 horas apresentaria a petição. Caso não entre-gasse nesse período, pediria para reduzir a termo as suas pretensões. Consi-derar somente para fins acadêmicos.

ü (Art. 4º) Alimentos provisórios. Para ter alimentos provisórios é necessária uma prova pré-constituída do vínculo (Ex: certidão de casamento, certidão de nascimento ou contrato de união estável).O cidadão vai ser citado saben-do em quanto está fixado os alimentos provisórios e já designando audiência de conciliação. O prazo para que o réu conteste só vai ser iniciado se não ti-ver acordo na primeira audiência (Ideia é ter acordo na primeira audiência. Alimentos provisórios serão convertidos em definitivos). Poderão ser des-contados em folha de pagamento.

ü Art. 5º, caput e § 1º: O próprio julgador vai fixar um prazo razoável para contestar (prazo judicial).

Ø Havendo investigação de paternidade com pedido de alimentos, o rito será outro, pois não há a tal da prova pré-constituída, já que se discute a paternidade dele. O rito dos alimen-tos provisionais, cautelar de alimentos do CPC: art. 882 e seguintes. Requisitos: Fummus bonis iuris (elementos da relação entre o representante do adolescente e o réu) e o pericu-lum in mora (se o juiz não fixar os alimentos provisionais, o adolescente morrerá de fo-me). Comprovada a paternidade do réu, os alimentos provisionais se converterão em de-finitivos. Se não o réu não for pais, os alimentos provisionais não serão convertidos e tampouco serão ressarcíveis, pois são irrepetíveis (depois que me alimento, não é possí-vel devolver).

Ø Definitivos: Fixados após a sentença, perduram até que alguém solicite a sua revisão ou sua extinção. § Condicionabilidade: Os alimentos estão condicionados às circunstâncias fáticas.

ü Binômio necessidade x possibilidade (art. 1694, §1º, CC). ü Art.1699, CC: Havendo alteração em algum dos polos quer das necessidades,

quer das possiblidades, será possívelrevisar o encargo alimentar. Quer para majorar, quer para minorar.

ü Art.1.708, CC: Com o casamento, a união estável ou o concubinato do cre-dor, cessa o dever de prestar alimentos.

ü Art.1.709, CC: O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obri-gação constante da sentença de divórcio.

Ø Transitórios ou temporários:Estão condicionados a um período de tempo. Ex: jovem uni-versitário que nunca pediu alimentos ao seu genitor, vai ao judiciário pedindo alimentos. Essa necessidade é temporária. O juiz poderá fixar uma obrigação por momento certo. Encerrado esse período, vai cessar a obrigação do pai de alcançar esses alimentos.

Ø Compensatórios: Apenas em relação aos ex-cônjuges e ex-companheiros. Vem compen-sar uma quebra no padrão de vida ou uma diferença na partilha. São por determinado tempo e não estão presos ao binômio necessidade x possibilidade.

Page 3: Direito Civilaulas.verbojuridico3.com/.../Conrado_Paulino_alimentos.pdf · 2013. 10. 14. · Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa 1 ALIMENTOS E REGIME DE BENS 3. Alimentos:

Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa

3

Ø Gravídicos:São aqueles previstos à mulher gestante. A mulher gestante poderá pedir ali-mentos gravídicos da concepção até o parto. Lei nº 11.804/08. Vem completar e assegu-rar o nascimento com vida. Art. 2º: direitos da mulher. O médico irá opinar sobre suas necessidades, não somente, o juiz também. Os alimentos gravídicos vêm para assegurar a subsistência em relacionamentos eventuais. Art. 6º: Pressuposto para fixação dos ali-mentos gravídicos são os indícios de paternidade. Ata notarial: Art. 364, CPC: O docu-mento público faz prova de tudo que o tabelião viu. Art. 7º: Prazo para resposta é de 5 di-as. Ação célere. Depois do nascimento com vida, os alimentos gravídicos se convertem em definitivos: Art. 6º, parágrafo único. 4. Regime de bens:

Ø Art. 1.640, CC:Em face de qualquer disposição nula acerca do regime de bens, adotar-se-á o regime da comunhão parcial de bens.

Ø Art. 1725, CC: União Estável: Comunhão parcial de bens. Ø Regime da comunhão parcial de bens: § Metade dos aquestos: Meação. § Não vai se comunicar o que cada um receber por sucessão.

Ø Regime da comunhão universal:

Ø Regime da separação de bens:

§ Convencional: ü Não existe aquesto. ü Se quiserem comprar um imóvel juntos, terão que constar no registro que

50% pertence a cada um.

Page 4: Direito Civilaulas.verbojuridico3.com/.../Conrado_Paulino_alimentos.pdf · 2013. 10. 14. · Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa 1 ALIMENTOS E REGIME DE BENS 3. Alimentos:

Direito Civil Prof. Conrado Paulino da Rosa

4

§ Obrigatória: Art. 1.641, CC: ü I- Das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensi-

vas da celebração do casamento; ü II – Da pessoa maior de 70 (setenta) anos; ü III- De todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. ü Súmula nº 377, STF: Possibilidade dos aquestos no regime de separação

legal dos bens.

Ø Regime da participação final dos aquestos:

§ Durante a constância do casamento funciona como o regime da separação de bens. No dia em que acabar o relacionamento, se apurará o que houve de aques-tos.