direiro administrativo - aula 8 - atos administrativos - parte 1

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AULA 8 ATOS ADMINISTRATIVOS - 1 Prof. Carlos Toledo - USJT

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Page 1: Direiro Administrativo - aula 8 - Atos administrativos - parte 1

AULA 8 – ATOS ADMINISTRATIVOS -1

Prof. Carlos Toledo - USJT

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.1. Definição

Os atos administrativos são um dos principais temas

da disciplina. Para entendê-los, vamos trabalhar com

a seguinte definição, sintética:

O ato administrativo é um ato jurídico produzido com

poderes estatais, no exercício da função

administrativa, sob regime jurídico-administrativo.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.1. Definição

Logo, por essa definição não são atos administrativos:

atividades materiais, que não são atos jurídicos, ou

seja, não buscam produzir uma declaração com efeitos

jurídicos: ex.: a varrição de uma rua, o atendimento

médico em um hospital público, etc.

atividades não produzidas com poderes estatais:

somente os agentes públicos e os particulares que

atuem sob delegação estatal praticam atos

administrativos.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.1. Definição

Logo, por essa definição não são atos administrativos:

atividades não exercidas sob a função administrativa: atos produzidos no exercício de outras funções não são atos administrativos. Por exemplo, os atos jurisdicionais (sentenças, acórdãos, despachos) e os atos legislativos (votações, moções, leis).

atividades que não são produzidas sob regime de direito administrativo: atos produzidos sob as regras do direito privado não são atos administrativos. P. ex.: a abertura de conta em um banco estatal.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.1. Definição

Devemos distinguir também fatos administrativos de atos

adminitrativos.

Fato administrativos são eventos previstos como

desencadeadores de efeitos jurídicos no âmbito

administrativo. Por exemplo, ao completar 70 anos(fato) o

servidor é automaticamente aposentado (efeito).

O ato administrativo pressupõe uma manifestação de

vontade pelo Estado, preordenada a produzir efeitos

jurídicos. P. ex.: a nomeação de um servidor público, a

aplicação de uma sanção, etc.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.2. Perfeição, validade e eficácia dos atos administrativos

São qualidades do ato administrativo, que devem ser

analisadas pelo profissional do Direito para compreensão

da situação jurídica existente:

Perfeição: ao contrário do significado comum, não

significa ausência de defeitos. Perfeição na linguagem

jurídica tem um sentido de algo que está completo. Ato

perfeito é o que já completou todas as fases de sua

produção. Essa qualidade também é mencionada como

existência do ato. Ato imperfeito e ato inexistente são

sinônimos.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.2. Perfeição, validade e eficácia dos atos administrativos

Validade: é a produção do ato sem a ocorrência de vícios.

Ato válido é o ato cujo conteúdo e procedimento de

formação estão conformes ao Direito. O exame da

validade se faz através da análise dos elementos do ato –

sujeito, objeto, forma, motivo, finalidade – analisados

adiante.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.2. Perfeição, validade e eficácia dos atos administrativos

Eficácia: é a aptidão para produzir os efeitos que se

esperam dele. Isso não tem a ver com a validade do ato,

mas sim com a existência de determinados fatos ou atos

capazes de impedir ou de propiciar a produção desses

efeitos.

A eficácia se verifica sempre no tempo: um ato pode ser

eficaz agora e perder sua eficácia num momento posterior

em razão do advento de um termo (evento futuro e certo)

ou de uma condição (evento futuro e incerto). E vice-versa.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.2. Perfeição, validade e eficácia dos atos administrativos

Consequências dessas qualidades:

O ato imperfeito é inexistente. Portanto, ele não pode ser analisado quanto à sua validade e não produz efeitos jurídicos.

O ato perfeito pode ser válido ou inválido. O ato válido pode ser ineficaz, em razão da existência de um termo ou condição que impeçam a produção desses efeitos.

Um ato inválido, por sua vez, não deveria ser capaz de produzir efeitos jurídicos. Porém, em nome do princípio da boa-fé ou daconfiança e do princípio da segurança jurídica, às vezes são mantidos os efeitos de um ato administrativo, ainda que

viciado, conforme veremos adiante.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.3. Elementos do ato administrativo

A análise jurídica do ato jurídico implica na separação

dele em elementos logicamente distintos:

1. Sujeito

2. Objeto

3. Forma

4. Motivo

5. Finalidade

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS8.3. Elementos do ato administrativo

Sujeito ou agente: é a pessoa investida dos poderes legais para a prática do ato administrativo. Se ele não tiver a competência – ou seja, a atribuição por lei, ato ou contrato – o ato por ele praticado não é válido.

A competência deve ser analisada nos aspectos:

aspecto material: o ato só pode ser praticado se estiver no rol de matérias atribuídos àquele agente.

aspecto territorial: deve o agente praticar atos dentro do âmbito espacial definido na lei ou ato de atribuição de poderes.

aspecto temporal: o ato deve ter sido produzido durante o tempo em que vigorava a competência do agente.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS8.3. Elementos do ato administrativo

Os possíveis vícios relacionados ao elemento sujeito são os seguintes:

Incapacidade: o Código Civil regula a capacidade dos sujeitos para a prática dos atos jurídicos. Porém a incapacidade civil nem sempre viciará o ato administrativo. Haverá vício apenas quando para a prática de tal ato for imprescindível o uso das capacidades cognitiva e volitiva pelo agente.

Também pode ocorrer a incapacidade do agente para a prática de determinados atos, em razão de sua suspeiçãoou impedimento – vide a propósito: artigos 18 a 20 da Lei 9.784/99 (Lei Federal de Procedimentos Administrativos).

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.3. Elementos do ato administrativo

Incompetência: situações em que faltam os poderes para

a prática do ato. São referidas pela doutrina como:

• Usurpação de poder: é a situação do agente sem

titulação legal, isto é, que não se encontra investido em

funções públicas e que pratica o ato como se tivesse

tal investidura. Trata-se de conduta criminalmente

tipificada.

• Funcionário de fato: situação em que há uma

irregularidade na investidura do agente, mas este

exerce as atribuições com aparente legalidade.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.3. Elementos do ato administrativo

Incompetência: situações em que faltam os poderes para

a prática do ato. São referidas pela doutrina como:

• Excesso de poder: situação em que o agente, embora

tenha a titulação legal para a prática de atos

administrativos, extrapola os poderes que a lei lhe

confere, invadindo a competência de outra autoridade

ou praticando atos não previstos na lei. Dependendo

da gravidade do ato, pode configurar conduta

criminalmente tipificada como crime de abuso de

autoridade (Lei nº 4.898/65).

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.3. Elementos do ato administrativo

Objeto ou conteúdo: é aquilo que o ato declara ou

prescreve, aquilo que nos permite reconhecê-lo como

um ato típico.

Assim, o objeto de um ato de demissão do servidor é

o rompimento do vínculo de trabalho que o unia à

Administração. O objeto da desapropriação é a

transferência forçada da propriedade para o ente

expropriante.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS8.3. Elementos do ato administrativo

Tal como no Direito Privado, o objeto do ato administrativo deve ser lícito, certo, moral e possível.

Licitude: para o Direito Administrativo só são lícitos os objetos que sejam juridicamente autorizados (legalidade estrita). Um objeto ilícito, por exemplo, seria a aplicação da pena de morte pelo não pagamento de um tributo.

Certeza: está relacionada com o princípio da segurança jurídica que nos diz que não deve pairar dúvida sobre o sentido das prescrições contidas no ato administrativo. Um exemplo verídico e espantoso: publicação de um ato autorizando uma licença a um servidor cujo nome a autoridade desconhecia, pois estava ilegível.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

8.3. Elementos do ato administrativo

Moralidade: diz respeito ao princípio da moralidade

administrativa, já estudado. Exemplo verídico sobre a

imoralidade de um objeto: compra e venda de cargo de

confiança, registrada em cartório.

Possibilidade: abrange a possibilidade material e a

possibilidade jurídica. Possibilidade material significa

possibilidade de esse objeto ser realizável de fato. A

possibilidade jurídica significa que este objeto pode ser

realizado, do ponto de vista da lógica que existe nas relações

jurídicas. Um impossível material: a revogação, por decreto, da

lei da gravidade. Um impossível jurídico: a nomeação de um

cão para cargo de confiança.

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TESTE SEUS CONHECIMENTOS: O prefeito de uma grande cidade, após tomar posse do cargo,

fez publicar um ato administrativo, com todos os seus

requisitos, através do qual nomeava vinte pessoas de sua

confiança para cargos efetivos nos quadros da administração

municipal (não eram cargos de confiança), e fixou, neste

mesmo ato, que todos tomariam posse dentro do prazo de dois

meses. Sabendo-se que ele não poderia nomear tais

funcionários sem concurso público, pode-se dizer que tal ato é:

a) Perfeito, inválido e ineficaz.

b) Perfeito, válido e ineficaz.

c) Imperfeito, inválido e ineficaz.

d) Perfeito, válido e eficaz.

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8. ATOS ADMINISTRATIVOS

Leitura recomendada:

Medauar, Odete. Direito Administrativo Moderno, Capítulo 8

Justen Filho, Marçal. Curso de Direito Administrativo Moderno, Capítulo VII

Acesse essa aula em: http://pt.slideshare.net/CarlosToledo3