director: josé luís araújo | n.º 367 | periodicidade ... · redacção: luís pacheco opinião:...

21
www.gazetarural.com 1 www.gazetarural.com Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade Quinzenal | 31 de Julho de 2020 | Preço 4,00 Euros Produção vinícola em Portugal deverá cair 3% em relação a 2019 Vinhos do Algarve registaram “nos últimos anos uma evolução bastante positiva” Tondela organiza mais de 70 ações culturais em todo o concelho “O comportamento cívico em Viseu tem sido exemplar”, diz Almeida Henriques Estância termal da Fonte Santa de Almeida abre a 3 de Agosto O Mundo Rural… em 16 anos!

Upload: others

Post on 03-Aug-2020

8 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

www.gazetarural.com 1

w w w. g a z e t a r u r a l . c o m

Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade Quinzenal | 31 de Julho de 2020 | Preço 4,00 Euros

• Produção vinícola em Portugal deverá cair 3% em relação a 2019

• Vinhos do Algarve registaram “nos últimos anos uma evolução bastante positiva”

• Tondela organiza mais de 70 ações culturais em todo o concelho

• “O comportamento cívico em Viseu tem sido exemplar”, diz Almeida Henriques

• Estância termal da Fonte Santa de Almeida abre a 3 de Agosto

O Mundo Rural…

em 16 anos!

Page 2: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

Ficha técnica

Ano XV | N.º 367Periodicidade: Quinzenal

Director: José Luís Araújo (CP n.º 7515)E-mail: [email protected] | 968 044 320

Editor: Classe Média C. S. Unipessoal, LdaSede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu

Redacção: Luís PachecoOpinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego

Departamento Comercial: André PereiraSede de Redacção: Lourosa de Cima

3500-891 Viseu | Telefone: 232 436 400E-mail Geral: [email protected]

Web: www.gazetarural.comICS: Inscrição nº 124546

Propriedade: Classe Média - Comunicação e Serviços, Unip. Lda

Administrador: José Luís AraújoSede: Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu

Capital Social: 5000 EurosCRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507 021 339

Detentor de 100% do Capital Social: José Luís Araújo

Dep. Legal N.º 215914/04Execução Gráfica: Classe Média

C. S. Unipessoal, LdaR. Cap. Salomão, 121 - Viseu | Tel. 232 411 299

Estatuto Editorial: http://gazetarural.com/estatutoeditorial/Tiragem Média Mensal: 2000 exemplares

Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

06 Produção vinícola em Portugal deverá cair 3% em relação a 2019

08 Festim do tomate para atacar a crise nos restaurantes da região do

Douro

10 Semana Gastronómica Medieval arranca em Santa Maria da Feira

11 Primeira Licenciatura em Enologia do sistema Politécnico abre em

Bragança

12 Vinhos do Algarve registaram “nos últimos anos uma evolução bas-

tante positiva”

14 Tondela organiza mais de 70 ações culturais em todo o concelho

16 Viseu inaugurou a primeira incubadora de base rural em São Pedro

de France

17 “O comportamento cívico em Viseu tem sido exemplar”, diz Almeida

Henriques

20 Estudo revela que a camarinha poderá ter propriedades anticance-

rígenas

21 GAL da região Dão Lafões tem 2,5 milhões euros para apoio à criação

de emprego

22 “Conhecimento que o InnovPlantProtect cria é mais importante que

o impacto económico”, diz o presidente da Câmara de Elvas

26 “Motivou-nos para a criação de um mestrado inovador”, diz diretor

da ESTM do Politécnico de Leiria

30 Via ciclável do Mondego aposta na valorização turística do interior

34 CARM Grande Escolha é o melhor Azeite Virgem de Trás-os-Montes

e Alto Douro

36 Estância termal da Fonte Santa de Almeida abre a 3 de Agosto

38 Diário de Bordos, Luís Serpa e os encantos de Mértola

Page 3: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

4 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 5

MensagemEx.mo Sr. Diretor, É com enorme satisfação que endereço os parabéns à revista Gazeta Rural, pela

passagem de mais um aniversário, e desejo que por muitos e bons anos possa continuar a divulgar e a promover o mundo rural da forma exemplar como o tem vindo a fazer desde o seu nascimento.

Num mundo em que a comunicação social desempenha um papel relevante, a Gazeta Rural tem-se assumido como um fator de desenvolvimento muito im-portante para os territórios e atividades predominantemente rurais.

A Gazeta Rural está de parabéns não só pela passagem de mais um aniver-sário, mas também porque apresenta uma qualidade comunicacional e jorna-lística muito acima da média. Informa sobre o meio rural, promove os seus produtos e divulga todo o género de atividades que nele se vão realizando, constituindo-se como um parceiro determinante dos agentes políticos, eco-nómicos, sociais e culturais. E faz tudo isso de uma forma ao mesmo tempo sóbria, mas graficamente apelativa; acessível, mas com profundidade e rigor.

Quando as pessoas não podem ir aos lugares e aos acontecimentos, a Gazeta Rural leva esses lugares e esses acontecimentos às pessoas! E essa é uma colaboração preciosa com todos aqueles que procuram afincada-mente lutar contra os problemas da interioridade, como a desertificação e o isolamento, promovendo e divulgando as suas terras, os seus produtos e as suas gentes, como é o caso dos órgãos do poder local. Acresce que a Gazeta Rural tem sabido desempenhar essa função de forma isenta e abrangente, sem se reger por interesses político-partidários, cumprindo estritamente os critérios deontológicos que devem nortear qualquer ór-gão de comunicação.

Por todas estas razões, reitero os parabéns em nome da autarquia de Aguiar da Beira e faço votos para que esta colaboração se possa manter e reforçar ao longo dos anos.

O Presidente da Câmara Municipal de Aguiar da BeiraJoaquim Bonifácio

Mensagem

APOIEA RESTAURAÇÃO LOCAL

E BRINDE AO NOSSO VINHO.

SE

JA

RE

SP

ON

VE

L. B

EB

A C

OM

MO

DE

RA

ÇÃ

O.

Cofinanciado por:

E o tempo anda tão depressa!

Às vezes dizemos, e ouvimos dizer, que o tempo passa de-pressa, tão depressa que nem demos por isso. Há também

momentos, como agora, em que o tempo demora a passar. Neste caso passou depressa e já lá vai mais de década e meia.

Exatamente 16 anos. A Gazeta Rural nasceu a 1 de Agosto de 2004 e está, por isso, quase a atingir a maioridade, ou não, se atendermos ao pandemónio em que a pandemia tornou a nossa vida e o mundo em que vivemos.

De repente tudo é diferente. Contudo, o meio rural continua o mesmo. Por lá o tempo anda devagar, ao ritmo da natureza, às vezes tão maltratada.

A agricultura resistiu aos tempos e às pandemias, continuando a dar-nos o seu melhor, desde que haja quem nela insista e não desista.

Neste périplo, que foram os meus 16 anos a olhar o mundo rural, o tempo andou tão depressa que deu até para encontrar um tal Covid, que nos inferniza a vida.

É este o tempo com que contamos, mas que, tal como o virus, não vemos.

Sim, foi em 2004 que começou esta aventura de mostrar o me-lhor que o mundo rural tem para nos dar.

Haja saúde para continuar.

José Luís Araújo

Editorial

16anos

Page 4: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

www.gazetarural.com 7 www.gazetarural.com 5

Parque Industrial Coimbrões, Lote 76Apartado 5002, 3501-997 VISEU

Tel.: 232 470 760 | Fax: 232 470 769 | E-mail: [email protected]

www.soveco.pt

Última Hora

Segundo o Instituto da Vinha e do Vinho

Produção vinícola em Portugal deverá cair 3% em relação a 2019

a produção de vinho em 2020 deverá cair 3% face à campanha anterior e 2% em relação à média das últimas cinco campanhas. As previsões são Instituto da Vinha e do Vinho (iVV), adiantando que a produção de vinho este ano rondará os 6,3 milhões de hectolitros, que corresponde a uma quebra de 2% face à média das cinco últimas campanhas.

As regiões do Douro, Terras do Dão, Trás-os-Montes e Terras de Cister po-derão ser as mais afetadas, com previsões de quebra de produção entre

os 20 e os 35%. Por sua vez as regiões do Minho (+9%), do Alentejo (+5%) e de Lisboa (+5%) serão as que apresentam maiores subidas em volume relati-vamente à última campanha, com aumentos previsíveis superiores a 45 mil hectolitros.

Apesar da instabilidade meteorológica observada ao longo do ciclo vege-tativo da cultura, e de se terem registado focos de míldio, no geral as uvas apresentam um bom estado fitossanitário. As condições climatéricas que se verificarem até à vindima, nomeadamente a ocorrência de ondas de calor, serão determinantes na quantidade e qualidade da colheita.

Politécnico de Viseu: O Futuro é Agora!No Politécnico de Viseu (PV), a articulação entre ensino, investigação e ligação à região permite uma formação sólida,

baseada no conhecimento, na prática, no diálogo e na descoberta, permitindo um papel transformador na sociedade.A partir de uma comunidade académica integradora, o PV procura ser relevante para as regiões onde atua, através

de uma forte ligação à sociedade, que se traduz em projetos de investigação e desenvolvimento, e contribui inequivoca-mente para a inovação regional e coesão territorial, em torno de temáticas como a valorização de subprodutos, transição alimentar, valorização do território, da sua cultura e da sua história, deste modo fixando pessoas e promovendo o em-preendedorismo e a criação de atividades e emprego.

Contribuir para a co-construção de uma sociedade mais justa, mais solidária, mais inclusiva e menos desigual, reunindo todos os esforços para que ninguém fique para trás, é a visão do futuro no PV.

Page 5: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

www.gazetarural.com 9

Tomate Coração de Boi do Douro volta a ser estrela

Festim do tomate para atacar a crise nos restaurantes da região do Douro

Não há concurso, mas o festim está de regresso com os melhores toma-tes coração de Boi das tradicionais hortas do Douro, que voltam à prova nos restaurantes da região. Durante todo o mês de Agosto, os visitantes podem degustar esta iguaria carnuda, suculenta e de sabor único, na própria região onde é produzido.

“O mais diabólico vírus das nossas vidas obrigou-nos a cancelar a quin-ta edição do Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro, mas

tal não significa que tenhamos de prescindir daquele que - a nosso ver – é o melhor tomate criado em Portugal. Até porque, nesta como noutras áreas da alimentação, os agricultores não deixaram de trabalhar para nos alimentar”, refere a organização.

Acontece que o Tomate Coração de Boi do Douro é uma festa e a prova de que o Douro é um terroir abençoado para a produção de inúmeros frutos, além da uva. E é esta a razão pela qual, em tempos de pandemia, 14 res-taurantes da região vão colocar nas suas ementas o tomate criado por inú-meros agricultores da região, durante todo o mês de Agosto, que devido à paixão por tomate recuperaram as velhas hortas do Douro. Assim, em saladas ou em pratos especiais concebidos durante todo o mês, qualquer duriense ou visitante pode degustar esta iguaria carnuda, suculenta e de sabor único.

“Hoje podemos comer Tomate Coração de Boi no Porto ou em Lisboa, mas, temos de admitir, não é a mesma coisa. No Douro o tomate sabe muito melhor”. Além disso “Agosto já é o mês do Tomate no Douro. Esta época, que antecede o período forte da região, que são as vindimas, está a transformar-se numa verdadeira festa do tomate. A adesão a esta iniciativa, por parte dos restaurantes e do consumidor, tem sido tão extraordinária que estamos a conseguir concretizar o nosso objeti-vo de aumentar a atratividade do Douro, valorizando outros produtos de excelência para além do vinho, mais rapidamente do que alguma vez imaginaríamos”, sublinha Celeste Pereira, diretora da Greengra-pe, entidade organizadora do Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro. A iniciativa conta com a curadoria do jornalista Edgardo Pacheco.

Assim, quem visitar aos restaurantes aderentes está a contribuir para a revitalização da economia regional em duas áreas funda-mentais: agricultura e turismo. É este também um modo de pro-mover o território, a sua diversidade de produto e originalidade.

Mais informações em https://www.facebook.com/TomateDouro.

Page 6: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

10 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 11

Idealizada pela AHRESHISTÓRICA (Associação que reúne os empresários de restauração e bebidas do Centro Histórico de Santa Maria da Feira),

a Semana Gastronómica Medieval acontece nos dias em que iria decorrer a XXIV Viagem Medieval em Terra de Santa Maria e irá proporcionar sa-bores e experiências medievais aos munícipes e visitantes.

A Câmara de Santa Maria da Feira associa-se a esta iniciativa, permi-tindo que a Semana Gastronómica Medieval se possa estender a todos os restaurantes do concelho e preparando um programa de animação de rua com a temática medieval.

A zona histórica de Santa Maria da Feira ganhará nova vida com bre-ves momentos de animação, decoração e sons medievais, relembran-do aos munícipes e visitantes a maior recriação histórica da península Ibérica, em condições de segurança e cumprindo com as recomenda-

Até 9 de Agosto nos restaurantes de todo o concelho

Semana Gastronómica Medieval arranca em Santa Maria da Feira

Santa Maria da Feira vai, este ano, sentir e viver a Viagem Medieval de forma simbólica. Os sons e sabores medievais vão, no entan-to, ser ouvidos e degustados nos restaurantes de todo o concelho, com maior incidência nos que se encontram no centro histórico da cidade, através da Semana Gastronómica Medieval que irá decorrer entre 30 de Julho e 9 de Agosto.

ções da Direção-Geral da Saúde. Pedro e Inês, no Castelo da Feira, Oxalá, Marionetas Circulantes e o Nabo Gigante, na Praça Gaspar Moreira, Saltimbancos e Inês de Castro, na Praça da República, Marionetas e Circo Galaico, nas Margens do Rio Cáster, e o espetáculo itinerante Burgo da Vila da Feira, preenchem o programa de animação nesta Semana Gastronómica Medieval.

Além da decoração que nos fará viajar no tempo, os restaurantes recriarão as suas ementas, apresentando di-versas iguarias medievais e, simultaneamente, proporcio-nando diferentes experiências aos visitantes das principais praças e ruas do centro histórico de Santa Maria da Feira.

Com uma forte componente prática e de inovação

Primeira Licenciatura em Enologia do sistema Politécnico abre em Bragança

O Instituto Politécnico de Bragança vai abrir a primeira licenciatura em Enologia do siste-ma Politécnico já no próximo ano letivo com vinte alunos. A nova licenciatura em Enologia é uma formação diferenciadora com uma forte componente prática e de inovação aliada à investigação aplicada.

A licenciatura em Enologia abre a possibilidade aos detentores do Diploma de Técnico Superior Profissional, e em particular os de Viticultura e Enologia, de prosseguirem os es-tudos ao nível de licenciatura e aos profissionais já no mercado de trabalho a possibilidade de fazerem uma formação avançada e de atualizarem conhecimentos. A licenciatura vem assim dar resposta ao aumento da procura de quadros na área da viticultura e enologia, promovendo a fixação de jovens qualificados nas regiões vitivinícolas, potenciando a cria-ção de projetos inovadores.

A formação prevista para esta nova licenciatura vai ao encontro daquilo que são as necessidades de um sector em constante mudança, sujeito a uma competitividade cada vez maior à escala global. Os alunos vão ter ao dispor condições laboratoriais e vinhas experimentais para desenvolver a sua formação prática, além da possibilidade de reali-zar atividades nas explorações vitivinícolas através das parcerias existentes.

Page 7: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

12 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 13

Gazeta Rural (GR): Como estão hoje os vinhos do Algarve?Sara Silva (SS): Os Vinhos do Algarve evoluíram bastante e estão cada vez

melhores. Efetivamente, a Região Vitivinícola do Algarve registou nos últi-mos anos uma evolução bastante positiva ao nível do aumento do número de produtores, área de vinha, produção e qualidade dos vinhos. As novas vinhas, plantadas segundo técnicas de viticultura mais recentes, com clo-nes de castas adaptados aos nutrientes existentes nos diversos tipos de solos, associado a práticas enológicas inovadoras e ao investimento em modernas adegas, leva a que o perfil dos novos vinhos algarvios atinja patamares de qualidade bastante elevados.

Fruto do esforço conjunto de todos os agentes do setor, constata-se que o volume vínico introduzido no mercado, tem aumentado consis-tentemente ao longo dos últimos anos (cerca de 80% do volume decla-rado anualmente é comercializado como “Vinho Regional Algarve). Por sua vez, a comercialização tem apresentado uma evolução bastante positiva e consistente, situando-se na última campanha 2018/2019 em mais de 1.300.000 garrafas. As exportações de “Vinhos do Algar-ve” representaram cerca de 10% do volume total comercializado. As expedições para o mercado Europeu continuam a dominar (48%), ainda que se destaque os volumes exportados para os EUA.

No que se refere aos hectares, verifica-se a existência de vários projetos de novas plantações, seja de produtores já inscritos na CVA ou de potenciais novos produtores.

GR: Em que patamar coloca o Algarve em ‘confronto’ com as

outras regiões nacionais?SS: Os Vinhos do Algarve têm a sua própria história e perfil,

que os diferenciam de outras regiões. Somos a região vitivinícola mais pequena do país e sabemos que o nosso caminho será sem-

pre na focalização na qualidade, uma vez que não será possível competir em escala, não sendo algo que temos como objetivo, mas sim o crescimento sustentável da região. A aposta no mercado nacional, e mais especifi-camente, regional é deveras importante.

No que concerne a estratégia de promoção, passa, não só, pela nova identidade e comunicação dos Vinhos do Algarve, com vista à projeção e reconhecimento da qualidade dos vinhos, mas também por ações dirigidas ao canal Horeca. Ainda que a Região do Algarve seja a que apresenta maior crescimento neste canal de distribuição, existe um mercado regional bastante alargado com um enorme potencial a ser explorado pelos Vinhos do Algarve.

Os Vinhos do Algarve são já reconhecidos como tendo grande qualidade. A sua procura já é significativa quer ao nível da crescente procura por parte dos consumidores, na restauração e nas superfícies comerciais. Sendo, por isso, re-levante continuar a reforçar esta aposta.

A restauração e hotelaria do Algarve são parceiros incon-tornáveis dos vinhos da região, que podem oferecer mais au-tenticidade com uma experiência gastronómica enriquecedora e única, aliando os excelentes vinhos da região não só à exce-lente gastronomia algarvia e nacional, bem como a pratos mais internacionais.

GR: Tem havido investimentos de novos viticultores na re-gião. É sinal de que o Algarve é uma região com potencial vití-cola ainda por descobrir?

SS: Efetivamente a região tem crescido nos últimos anos, a

uma média de 4 a 5 novos produtores por ano. No último ano (2019), registou-se uma evolução importante no número de produtores, com um aumento de 15%, situando-se atualmente nos 45 produtores. Este ano, e tendo em consideração o atual panorama de pandemia, registamos quase 60 hectares de novos pedidos de plantação, parte dos quais são de produtores já implantados na região e que procuram crescer e aumentar a sua produção.

Trata-se de uma região bastante atrativa e com um excelente potencial para a produção de vinhos. O nome “Algarve”, ainda que não seja associado de ime-diato aos vinhos, ajuda na promoção e comercializa-ção dos produtos. Considerando a região do Algarve e sua relação intrínseca ao turismo, não podemos deixar de referir as mais valias do enoturismo. Existe um claro investimento da parte dos produtores nesta matéria, e que, claramente surge como um potenciador de vendas, e revela-se uma ferramenta sólida na criação de expe-riências memoráveis junto do consumidor, que se procu-ra fidelizar no atual mercado tão competitivo como é do vinho.

GR: O que mais destaca, ou as principais característi-cas, nos vinhos que se produzem na região, nos brancos e nos tintos?

SS: Os Vinhos do Algarve destacam-se pela sua diversi-dade. A Região apresenta um terroir único, que se destaca pela diversidade de solos. A elevada incidência de exposição solar, perto das 3000 horas de sol anuais, e a influência do ar marítimo do atlântico algarvio, conferem à vinha uma amplitu-de térmica relativamente baixa e moderada. Refira-se ainda o factor humano, em que cada produtor procura colocar no seu vinho a sua marca distintiva.

Grande parte dos vinhos hoje produzidos na região ostentam a certificação de Vinho Regional Algarve, brancos, rosados e tin-

tos e os licorosos brancos, rosados e tintos. A diversidade de vinhos tem vindo a aumentar na região e atualmente temos produtores a colocar no mercado vi-nhos espumantes e colheitas tardias.

Na produção destes tipos de vinhos surgem-nos castas de reconhecimento nacional e internacional, em vinhedos com clones muito bem-adaptados ao terroir algarvio. Falamos de castas brancas como Chardonnay, Moscatel, Sau-vignon Blanc, Arinto ou Viognier, bem como as tintas Castelão, Negra Mole, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot, Syrah, entre tantas ou-tras, fundamentais para o devido destaque e reconhecimento da excelência dos vinhos algarvios, perante a opinião pública e a crítica especializada.

Refira-se ainda as quatro Denominações de Origem (D.O.), de qualidade indiscutível, nomeadamente das D.O. Lagos, Portimão, Lagoa e Tavira, que refletem a maior a tipicidade dos vinhos algarvios

GR: O consumidor hoje está aberto a novas experiências. O que marca a diferença nos vinhos do Algarve?

SS: Constata-se, hoje, uma tendência de regresso às origens, buscando o mais tradicional do Algarve tendo-se assistido a uma aposta forte nas castas Negra-Mole e Crato-Branco (Síria), de Vinhas Velhas, em linha com as novas tendências do consumidor que procura algo diferenciador e ge-nuíno. Por outro lado, dado às origens diversas dos nossos produtores, temos uma forte presença de vinhos de perfil mais internacional, com castas como Syrah, Viognier, Sauvignon Blanc, entre outras.

Ao nível das experiências existe todo o potencial de crescimento da região ao nível do enoturismo. Refira-se que em boa parte das quintas abertas ao público, é o próprio produtor que realiza a visita, contri-buindo assim para uma partilha de conhecimento e experiência única para o visitante. Existe um mar de diversidade nos Vinhos do Algarve, que convidamos a conhecer!

Presidente da CVA, Sara Silva, à Gazeta Rural

Vinhos do Algarve registaram “nos últimos anos uma evolução bastante positiva”

A região vitivinícola do Algarve é a mais pequena do país, o que não significa menor potencial e qualidade. Com 45 produtores e uma produção média anual de 1.400.000 litros, a região algarvia tem vindo a ganhar adeptos, não só no interesse da instalação de vinhas na região, mas, e principalmente, o despertar da curiosidade dos consumidores, registando “nos últimos anos uma evolução bastante positiva”, como revelou à Gazeta Rural a presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA). Sara Silva diz que os Vinhos do Algarve “evoluíram bastante e estão cada vez melhores”.

Page 8: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

14 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 15

O programa cultural envolve três instituições do concelho, “que são o pilar deste programa”. Teve início no último fim de semana de

Julho e vai decorrer até 27 de Setembro, num investimento de cerca de 90 mil euros. O objetivo é acima de tudo quebrar algum isolamento, até mais afetivo, é dar oportunidade àquelas que continuam a investir na sua formação, nas escolas de música e canto, nas artes e no teatro, a terem um momento de partilha para com os outros. Este é o gran-de propósito”, esclareceu o presidente da Câmara de Tondela. José António Jesus insistiu que “o objetivo não é substituir festas, não é fazer animações de rua ou evocar festividades populares, porque in-felizmente o tempo que se vive não permitirá isso”. Na apresentação da programação, o autarca frisou que ao longo de dois meses foram “ensaiadas várias variáveis e esta foi a possível.

Há uma grande fatia da atividade cultural popular que não con-seguimos aqui integrar, como os ranchos, as tocatas, por razões que todos compreenderão. Um rancho para atuar teria de ter um momento de proximidade e isso não quisemos, nem poderíamos”, justificou.

José António Jesus avisou que perante o cumprimento das nor-mas estabelecidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), como o distanciamento social, “há obrigatoriedade de as pessoas faze-rem uma pré-marcação dos espetáculos, apesar de serem gratui-tos”. “Claro que vai haver pessoas que vão questionar o porquê de não poderem estar, mas não vamos quebrar o princípio que

Com cerca de 150 pessoas envolvidas e 71 ações multidisciplinares

“Que bicho é que nos mordeu” é o programa de Verão do Município de Tondela

“Que bicho é que nos mordeu” é o programa de Verão que o município de Tondela leva a cabo para animar as diversas freguesias do concelho. Serão 71 ações multidisciplinares, que envolvem cerca de 150 pessoas e “cada uma delas aceitou o desafio para circularem no concelho”, como referiu o vereador da cultura da autarquia.

é nuclear, porque queremos que corra bem dentro das limitações a que estamos obrigados. Se for preciso, repe-timos o espetáculo”, admitiu.

A Casa do Povo de Tondela apresentou duas propostas com o grupo coral e um espetáculo de música e poesia que funciona em espaços menos convencionais, tal como a Sociedade Filarmónica Tondelense, que também tem duas ações distintas”, anunciou Miguel Torres.

Uma delas é a “Banda Filarmónica por inteiro em quatro espetáculos e depois têm outras sete apresentações num desafio lançado pela autarquia, de distribuir a sua banda em pequenos naipes para pequenas animações em diferentes espaços informais”.

A ACERT tem quatro ações diferentes com o espetáculo Ter-ra, que o Trigo Limpo Teatro Acert estreou a 12 de Junho, o 20 Dizer, que é de música e poesia, o Filmos, que é um filme do Charlie Chaplin musicado ao vivo e outra pequena ação à volta de uma cadeira gigante e serão 36 espetáculos de cerca de 10 minutos”, contou.

José António Jesus acrescentou ainda que este programa “é um modelo que procura levar algum espaço que fuja de um con-finamento, até emocional, com que muitas pessoas estão a viver” e deixou o aviso que “se não houver condições de segurança de saúde para se realizar o espetáculo ele não acontecerá”.

Page 9: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

16 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 17

“As incubadores de base rural pretendem criar, capacitar e fixar em-preendedores e ideias de negócio em espaço rural, aproveitando

não só a vertente agrícola e florestal da região, mas também outras áreas que se queiram aqui instalar, nomeadamente áreas tecnológicas e de dife-rentes áreas da economia”, explicou o vereador para as Freguesias e Desen-volvimento Rural, Equipamento Rural e Urbano.

João Paulo Gouveia adiantou ainda que, dentro das incubadoras, “há um programa intensivo, de formação, mas também de mentores, que é muita vez aquilo que falta aos empreendedores de base rural e a outros: mentores e acompanhamento e aconselhamento que aqui vai ser feito”. A incubadora de base rural faz parte do programa autárquico “Viseu Rural”, que tem outros projetos em andamento, como os ecopontos de resíduos florestais.

O presidente da Câmara de Viseu assumiu que São Pedro de France é uma das “freguesias mais distantes da sede do município e das maiores, com mais de 20 quilómetros quadrados e 28 povoações e localidades, o que dificulta o trabalho de melhoramento, uma vez que é das mais dispersas e com mais necessidades”. “Desde que cheguei à autarquia já foram investidos nesta freguesia, só em água e saneamento, 800 mil euros e, nesta antiga escola primária, construída em 1968, foram 70 mil euros, para a adaptar a esta nova incubadora”, adiantou Almeida Henriques.

Os discursos destacaram a “importância do mundo rural” e a “ne-cessidade de se investir nestes meios para capacitar e atrair famí-lias a fixarem-se nos meios rurais”, não faltaram pedidos à ministra. “Não compreendemos como é que em todos os programas comu-nitários não existe enquadramento para podermos colocar infraes-trutura fora da exploração agrícola e como é que não existe um programa para eletrificação e caminhos em espaço rural”, pediu João Paulo Gouveia. Num espaço onde os dados móveis de inter-net chegam num ou noutro ponto, “porque na realidade não se apanha rede” na zona, o vereador acrescentou que “há pouco

Gazeta Rural (GR): Passamos por um período difí-cil. O que pesaram estes meses para Viseu?

António Almeida Henriques (AAH): Este momento está a ser difícil para todos e Viseu, até agora, tem cerca de 120 pessoas infetadas e nenhum óbito.

Do ponto de vista da saúde publica, estamos a passar por uma fase complicada, que trouxe atrás de si problemas sociais que o ‘Viseu Ajuda’ tem procurado minorar, mas também problemas económicos. Sabemos como está o co-mercio de proximidade, a restauração e, de um modo geral, todos os setores de atividade, que estão a ser afetados.

Isto implica, por um lado, não deixarmos de continuar a desenvolver o projeto que temos para Viseu, no sentido de estarmos mais preparados quando chegarmos ao final, por-que acredito que sairemos desta pandemia, mas, ao mesmo tempo, não deixando de atuar ao nível das crises sanitária, social e económica. É nesta base que temos vindo a atuar, com algumas medidas diretas de apoio, estimulando outras com parceiros, desenvolvendo projetos como o Cubo Mágico, que visa ajudar a economia local, os comerciantes, a restaura-ção e a hotelaria, mas procurando não ter um Verão desregula-do, porque não podemos impedir as pessoas de virem à cidade. Regular o acesso dos residentes e visitantes à nossa cidade di-namiza a economia. É isso que pretendemos com esta iniciativa que vai decorrer até 21 de Setembro em locais dispersos, evi-tando a concentração de pessoas e respeitando as normas de higiene e segurança.

GR: Na abertura do evento apelou à consciência individual. Como tem visto os primeiros dias?

aah: De uma maneira geral, o comportamento cívico em Viseu tem sido exemplar e espero que continue a ser. Tirando uma ou outra exceção, os nú-meros refletem isso mesmo. O trabalho da Comissão Municipal de Proteção Civil, em interligação com a Autoridade de Saúde, tenho elogiado, tal como o Hospital de Viseu.

É necessário termos sempre presente que quando nos protegemos a nós também estamos a proteger os outros. Não podemos ficar fechados em casa e temos que continuar a nossa vida. Uma cidade como Viseu, que tem potencial de crescimento, não pode parar.

Temos que continuar a desenvolver o nosso projeto para logo que ul-trapassemos esta pandemia, quem tiver continuado é quem mais rapida-mente irá acelerar. Estamos num momento que não está a ser fácil para ninguém, nem para a autarquia. Só de despesas direta com a Covid já ultrapassamos os dois milhões de euros, que não estavam previstos. Fe-lizmente a boa saúde financeira da Câmara permite-nos manter o plano de investimentos previstos e mantivemos todo o tipo de apoios, desde a cultura, à educação e ao desporto. Ao mesmo tempo que olhamos para o presente preparamos o futuro.

“A valorização da terra e o que ela produz,

mais do que nunca, faz todo o sentido”

falava-se no 5G, mas, de facto, o 3G ou 4G já seria importante nestes espaços”.

Por sua vez António Almeida Henriques aproveitou a deixa e pediu à ministra para “dizer ao colega das Infraestruturas que as autarquias de Viseu e Sátão es-tão à espera de audiência para fechar o trabalho que tem vindo a ser feito em torno da EN229 e que vai, pre-cisamente, beneficiar esta freguesia” de São Pedro de France.

Maria do Céu Antunes Albuquerque deixou elogios ao espaço, já que “esta incubação em meio rural alia não só a ruralidade a outras competências mais tecnológicas para desenvolver o país como um todo”. “O Governo tem quatro objetivos para esta legislatura: esbater as desigual-dades; inverter o nosso crescimento demográfico e promo-ver uma renovação geracional nos nossos territórios, em concreto nos mais rurais; combater as alterações climáti-cas; e apostar na inovação e desenvolvimento tecnológico e digitalização, e este projeto pode e tem de contribuir para estes quatro desígnios”, considerou.

Quanto aos pedidos dos autarcas, a ministra da Agricultura prometeu levá-los aos gabinetes ministeriais das suas com-petências até porque defendeu que “hoje, a distância não se mede pelos quilómetros de que distam as localidades, mas pelas ligações fáceis, mas que têm de ser melhoradas” e, para isso, citou António Costa e Silva que “disse que seria bom ter 5G em todo o interior do país para garantir as acessibilidades”. “Para o crescimento da agricultura são precisos, cada vez mais, processos tecnológicos para produção primária e transformação e, para isso, é preciso tornar acessível essa tecnologia e inova-ção a todos e estas incubadoras de base rural têm de fazer isso”, desafiou.

Com a presença da ministra da Agricultura

Viseu inaugurou a primeira incubadora de base rural em São Pedro de France

A Câmara de Viseu inaugurou a primeira incubadora de base rural, instalada na antiga escola primário de São Pedro de France, um projeto elogiado pela ministra da Agricultura, presente na cerimónia, que acolheu pedidos dos autarcas, como internet no meio rural.

Diz o presidente da Câmara, António Almeida Henriques

“O comportamento cívico em Viseu tem sido exemplar”

O período que atravessamos tem, de uma forma geral, sido bastante difícil, não só para o cidadão comum, mas também para as instituições, nomeadamente as autarquias. A Câmara de Viseu já gastou, com a pandemia, mais de dois milhões de euros em despe-

sa direta. O presidente da Câmara de Viseu, em conversa com a Gazeta Rural, diz que “o comportamento cívico em Viseu tem sido exemplar”, destacou a importância da iniciativa de Verão “Cubo Mágico” para “dinamizar a economia local”, mas também a inaugura-

ção da primeira incubadora de Base Rural, “numa lógica de promoção dos territórios rurais”.

Page 10: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

18 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 19

GR: Olhando para o futuro. Foi inaugurada a primeira incubadora de base rural em S. Pedro de France. O que isso representa para o meio rural do concelho?

aah: Representa muito, especialmente no momento que vivemos. Acho que a valo-rização da terra e o que ela produz, mais do que nunca, faz todo o sentido. Este perío-do da pandemia veio, por um lado, valorizar territórios como o nosso, ecologicamente mais sustentáveis, onde se vive com mais qualidade de vida, mas veio também trazer uma reflexão profunda que nos aproxima cada vez mais da terra. A produção agrícola, em toda a sua dimensão, deve ser cada vez mais levada a sério. A industrialização da Europa, enquanto Bloco Económico, é uma reflexão que está a ser feita e vais implicar, seguramente, oportunidades para Portugal de captar investimentos que estavam a ir para outras latitudes. No setor agrícola vai acontecer a mesma coisa.

O facto de termos inaugurado a primeira incubadora de base rural em S. Pedro de France, a freguesia mais longínqua e de características marcadamente rurais, tem um significado de presença física, na reabilitação de uma escola construída nos anos 60 do século XX e tem também a importância de um apoio de proximi-dade a todos os empreendedores que se pretendam instalar nestes territórios de baixa densidade. Não é só o espaço físico, ali ou na incubadora de base científica e tecnológica que temos na Vissaium XXI, no edifício da Universidade Católica, mas é também um trabalho em rede que permite ao empreendedor desenvol-ver o seu projeto a partir de casa, mas com a consultoria e aconselhamento de técnicos devidamente qualificados. Esta é uma das faces visíveis do projeto Vi-seu Rural, que se estende a todas as freguesias rurais, dentro da Vissaium, mas alicerçado numa incubação física, para além de outras vertentes.

Recordo que lançamos os primeiros ecopontos florestais, em Bodiosa e Ce-pões - o terceiro será em Côta, - com uma consciência ambiental, mas também o aproveitamento dos resíduos florestais, que vão alimentar a Central de Bio-massa. Refiro também os bosques para as gerações futuras, uma visão pe-dagógica no sentido de plantar espécies robustas, como o carvalho e outras, menos propícias a incêndios e que garantem sustentabilidade futura, mas também as hortas pedagógicas na Quinta da Cruz.

Temos procurado, com esta dinâmica, valorizar o que de melhor têm as nossas freguesias, nomeadamente a ligação à natureza, a vertente agríco-la, de uma forma geral, mas também a vertente cultural e monumental. Refiro, por exemplo, o linho em Calde, as flores em Fragosela, a broa de Vildemoinhos, ou os estanhos de Bodiosa.

Claro que não nos podemos esquecer do vinho, que é hoje uma ‘indús-tria’ ligada ao setor primário, é um cluster que vai da produção à comer-cialização. Apesar da conjuntura, o Dão atingiu patamares de excelência em termos de qualidade, que o mercado vai, cada vez mais, valorizando. A Câmara de Viseu tem-se assumido como um parceiro de proximidade nesta área rural. Diria que temos procurado pegar nesta lógica do Viseu Rural, ligá-lo ao marketing da cidade e, ao mesmo tempo, a todo este cluster, no domínio da vinha, que se tem vindo a consolidar na região.

GR: Mantem a aposta em quatro setores, nomeadamente a valo-rização dos territórios rurais?

aah: Naturalmente. Nos quatro setores que elegemos, como as tecnologias de informação, há muito trabalho a fazer. Associam a agricultura; a saúde, que foi o segundo; a energia e ambiente, que está muito ligado ao meio rural. Basta dizer que Viseu, hoje, produz 130% de energia limpa, que em parte advém da nossa Central de Biomassa, seguida da produção eólica na freguesia de Côta, para além da mini-hídrica na freguesia de Calde. A inauguração da In-cubadora de Base Rural entronca nesta lógica e, assim, atingimos mais um objectivo.

Por fim, um aspeto que gostava de relevar é a política que temos seguido de valorização dos territórios mais rurais. Não é

indiferente a existência desta lógica de criar va-lor nos territórios, por exemplo a valorização e reabilitação das habitações. Lançámos a 1 de Ja-neiro deste ano o ‘Rural Habita’, um programa que isenta de taxas e licenças a reabilitação de casas antigas, com mais de 30 anos, o que, ao mesmo, as isenta do pagamento de IMT, se for para habita-ção própria, secundária ou para arrendamento, para além de IMI durante cinco anos e IVA à taxa redu-zida. Estamos, com isto, a incentivar a reabilitação para fixação de pessoas. Valorizamos a mobilidade, com transporte a pedido, em seis freguesias da zona norte do concelho, pelo preço de um bilhete normal de transporte público.

Por fim, os Serviços, com a sua desmaterialização. Há 10 freguesias em que estamos a instalar Espaços do Cidadão, com serviços da Administração Central, ser-viços da Autarquia, com o Viseu Net e o Viseu Urb, os serviços do SMAS e da Freguesia. Nas freguesias onde a dimensão não permite um atendimento permanente, estamos a criar um atendimento On Road, com uma equi-pada autarquia que, em dias fixos, vai lá estar para aten-der os cidadãos que o pretendam, evitando a sua desloca-ção a Viseu. Tudo isto, para além do enorme investimento que estamos a fazer nos serviços de água e saneamento, em que 99% do concelho tem água ao domicílio e 98,5 tem saneamento.

Page 11: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

20 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 21

O estudo foi realizado no âmbito das atividades previstas no proje-to IDEAS4life, com financiamento da Fundação para a Ciência e

a Tecnologia (FCT), cuja equipa conta com a participação de investiga-dores da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, através da REQUIMTE (Rede de Química e Tecnologia), e do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa (UL).

Nas várias experiências realizadas em linhas celulares de cancro do cólon (HT29), observou-se que “extratos de Corema album [nome científico da camarinha] conseguem inibir a proliferação deste tipo de células cancerígenas”, indicam Aida Moreira da Silva e Maria João Barroca, coordenadoras do estudo.

As investigadoras da Unidade de Química-Física Molecular da FC-TUC e docentes da Escola Superior Agrária de Coimbra sublinham o facto do extrato obtido a partir das folhas da planta (camarinheira) se ter mostrado “mais eficaz do que propriamente o extrato das bagas de camarinha, o que é que muito interessante, atendendo a que as folhas existem durante todo o ano, enquanto as bagas são sazonais”. De modo a obter o máximo de informação sobre o comportamento dos extratos, foram aplicadas várias técnicas físico-químicas, entre as quais espectroscopia vibracional: es-pectroscopia de Raman e de Infravermelho.

Perante estes resultados promissores, a equipa tenciona agora alargar os testes in vitro, aplicando os extratos em célu-las de outros tipos de cancro. Além disso, “estamos a explorar as várias partes da camarinha e da camarinheira. Mesmo den-tro do fruto estamos a explorar evidências e comportamentos que nos possam fornecer informação para eventuais futuros fármacos”, avançam Aida Moreira Silva e Maria João Barroca.

“Pretendemos recuperar estas bagas ancestrais, que eram usadas como antipirético e vermicida”, afirmam as investigado-ras, adiantando que também vão explorar a vertente gastronó-mica, tendo já recuperado várias receitas antigas, para que, “por um lado, não se perca este património e, por outro, possa con-tribuir para a subsistência de alguns agricultores da orla marítima portuguesa”.

Apesar de ser abundante na orla marítima portuguesa, a camari-nha está ainda por explorar e a literatura científica sobre a espécie é relativamente reduzida. Este estudo está a ser desenvolvido no âmbito de um projeto mais vasto (IDEAS4life) que pretende valori-zar recursos marinhos endógenos, obtidos a partir de plantas marí-timas, incluindo as plantas halófitas. Recentemente, um dos artigos científicos produzidos pela equipa foi tema de capa da revista cientí-fica Journal of Raman Spectroscopy.

Este programa é dirigido às micro, pequenas e médias empresas e às Entidades da Economia

Social dos seus territórios. Inserida no Programa de Estabilização Económica

e Social, esta medida de apoio visa contribuir para a rápida retoma da economia na fase pós-COVID, ao mesmo tempo que qualifica e alavanca o desenvolvi-mento do tecido económico e social, promovendo e valorizando o potencial destes setores na região.

O programa “+CO3SO Emprego” é um instrumento de apoio financeiro que está disponível em duas mo-dalidades destinadas às empresas (“Interior” e “Urba-no”) e outra dirigida ao apoio às Entidades da Economia Social, como Misericórdias, IPSS, Associações culturais, desportivas e recreativas, entre outras, designada por “Empreendedorismo Social”. Os avisos às diferentes mo-dalidades de apoio decorrem até 16 de Novembro, termi-nando a primeira fase no dia 15 de Setembro.

Este regime de incentivos prevê o apoio à criação de em-prego, através do reembolso integral das despesas com re-

Realizado no âmbito das atividades previstas no projeto IDEAS4life

Estudo revela que a camarinha poderá ter propriedades anticancerígenas

O extrato de camarinha, uma espécie endémica da Península Ibérica, poderá ter propriedades anticancerígenas, revelam os primei-ros resultados de um estudo liderado por uma equipa da Unidade de Investigação e Desenvolvimento (I&D) Química-Física Molecular, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Dirigido às micro, pequenas e médias empresas e às Entidades da Economia Social

GAL da região Dão Lafões disponibilizam 2,5 milhões euros para apoio à criação de emprego

Apoiar novos empregos, através da criação ou modernização das empresas locais ou de novos serviços na área social e do asso-ciativismo, é o objectivo do novo programa “+CO3SO Emprego”, que tem uma dotação de 2,5 milhões de euros, e cuja gestão é da

responsabilidade dos Grupos de Ação Local (GAL) (ADD, ADICES e ADDLAP) que integram a região Dão Lafões.

munerações e encargos sociais, durante o período máximo de 36 meses, nas condições definidas nos respetivos avisos, bem como na atribuição de uma taxa fixa de 40% sobre estas despesas para apoio a outros custos inerentes aos postos de trabalho criados.

Serão elegíveis os empregos que contribuam para a criação líquida de postos de trabalho por parte dos respetivos beneficiários, e, para além da criação do próprio emprego é dirigido, entre outros, a novos trabalhadores que se queiram instalar nestes territórios, nomeadamente com compe-tências de nível médio e superior.

Será ainda dado um importante estímulo para a prestação de novos serviços na área da solidariedade social e do associativismo de base local, em resposta às crescentes necessidades das populações, contribuindo para o fomento da inclusão, bem como para qualificação da ação dina-mizada por estas Entidades.

O programa “+CO3SO – Emprego” constitui-se como um instrumento determinante na implementação das estratégias de desenvolvimento local de cada um dos territórios, pelo que as equipas técnicas dos re-feridos GAL encontram-se disponíveis para prestar toda a colaboração e apoio, no sentido de contribuírem para um melhor e pleno acesso a estas importantes medidas de apoio.

Page 12: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

22 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 23

Gazeta Rural (GR): Porque é que o município de Elvas se tornou parceiro do Laboratório Colaborativo InnovPlantProtect (InPP)?

nuno Mocinha (nM): Porque consideramos que o InPP é um pro-jeto estruturante para o concelho. Sendo um dos atores principais no território, a Câmara Municipal de Elvas não poderia ficar de fora. A iniciativa partiu da Universidade Nova de Lisboa, que juntou um conjunto de parceiros, entre os quais a autarquia, para concretizar e abraçar este desafio. Também o facto de a antiga Estação Nacional de Melhoramento de Plantas do INIAV-Instituto Nacional de Inves-tigação Agrária e Veterinária estar localizada em Elvas foi um fator determinante para aceitarmos este desafio, uma vez que é uma entidade com quase 80 anos de experiência no melhoramento de plantas. A própria localização estratégica da cidade abonou a favor: há quem diga que é uma cidade do interior, mas eu prefiro dizer que Elvas é a porta de entrada da Europa, o que permite

estabelecer pontes com outros países, sobretudo com Es-panha.

GR: concretamente, em que consiste a parceria entre a autarquia e o InPP?

nM: Consiste essencialmente na execução de candidaturas, para adaptação das instalações, e na aquisição de equipamen-to para dotar o InnovPlantProtect das condições necessárias ao seu bom funcionamento. Como é óbvio, não nos compete de-finir o plano de trabalho do InPP, pois não temos competências científicas para isso, mas cabe-nos reunir as condições materiais para que os cientistas possam desenvolver as suas investigações. A Câmara Municipal também apoia na angariação de verbas, por-que há determinado tipo de financiamento que só se consegue por via dos agentes instalados no território.

GR: O Programa dos CoLab não finan-cia a construção de instalações?

nM: Não, por isso é que tivemos que ar-ranjar uma estrutura já existente. O INIAV disponibilizou o espaço, mas este ainda não está preparado para aquilo que se pretende fazer. É indispensável fazer obras.

GR: Em que fase está o processo?nM: Diria que está em bom ritmo. Tudo isto

dá muito trabalho e leva tempo a materializar. Primeiro, tivemos que encontrar um local para o InPP. Depois foi necessário aferir o tipo de in-tervenção que deve ser realizada. Seguiu-se a apresentação de projetos e a identificação dos equipamentos necessários. Também submete-mos as candidaturas, que já estão aprovadas, e, recentemente, lançámos os concursos para a aquisição do equipamento, que já está adjudica-do, e para a realização das obras, que esperamos possam iniciar em meados de novembro.

GR: E prevê data para a conclusão das obras?nM: Se tudo correr bem, penso que estará tudo

a funcionar em pleno daqui a um ano. No entanto, a atividade do InPP não está totalmente dependen-te da finalização deste processo. Os investigadores já estão a trabalhar há alguns meses.

GR: Por que é que Elvas foi a cidade eleita, entre tantas no interior de Portugal com potencial para acolher o InPP? O que é que Elvas tem que as outras não têm?

nM: Pelas mesmas razões que levaram a autarquia a ser parceira do InPP. Antes de mais, porque o INIAV está instalado em Elvas e tem espaço para acolher o InPP, além de ser um centro de investigação consolida-do há muitos anos. A própria localização de Elvas foi um fator favorável: está num contexto ibérico, é uma cidade transfronteiriça, bilingue, que, juntamente com Badajoz e Campo Maior, é a maior Eurocidade ibérica, com 200 mil habitantes, o que faz com que tenha uma dinâmica local muito própria e lhe permite ser o maior núcleo urbano no eixo entre Lisboa e Madrid. Estas características, somadas à relação que o município de Elvas mantém não só com

Badajoz como também com a junta da Estremadura, são seguramente deter-minantes para atrair investidores e “transportar” para Espanha o conhecimen-to que aqui vai ser criado. Além das razões apresentadas, não é de desprezar outros fatores, entre os quais a Escola Superior Agrária de Elvas (ESAE), o que permitirá estabelecer sinergias e troca de conhecimento entre o InPP e o Poli-técnico de Portalegre, a Universidade de Évora e a Universidade Nova. Sendo um projeto que, na minha opinião, vai muito para além da academia – porque vai desenvolver um conjunto de soluções de aplicação prática para resolver problemas concretos -, o InPP é um contribuinte crucial para a criação de valor em Elvas.

GR: Além da criação de valor, de conhecimento científico, que impac-tos o InnovPlantProtect vai ter? Por exemplo, na economia local, é men-surável?

nM: Mais importante do que a vertente económica é o acréscimo de massa crítica que o Laboratório Colaborativo vai trazer a este território, porque é a massa crítica que desenvolve um território. Estamos a falar de um projeto que agrega uma mais valia que é a investigação e a criação de know-how no desenvolvimento e comercialização de produtos espe-cíficos que vão resolver problemas concretos. Para mim, isso é tão ou mais aliciante do que a criação direta de postos de trabalho e o impacto direto na economia. Claro que é fundamental aumentar a população

Nuno Mocinha, presidente da Câmara Municipal de Elvas

“Conhecimento que o InnovPlantProtect cria em Elvas é mais importante que o impacto económico”

Convicto de que o fator mais determinante para o desenvolvimento de um território é o conhecimento, Nuno Mocinha foi um dos grandes impulsionadores da instalação do InnovPlantProtect (InPP) em Elvas. Como presidente da Câmara, ter na “sua” cidade o único Laboratório Colaborativo em Portugal a desenvolver soluções biológicas para controlar pragas e doenças é uma oportunidade para realizar o sonho de tornar Elvas numa referência científica e académica, capaz de atrair investigadores e empresários interessados nos produtos e serviços do inPP.

Page 13: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

24 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 25

residente, atrair novas famílias, porque consomem bens e serviços locais, fazem mexer a economia.

GR: Existem 26 Laboratórios Colaborativos aprovados em Portugal, mas o Inno-vPlantProtect é o único a fazer investigação na sua área. Quais são as suas ex-petativas? Espera que Elvas seja reconhecida como um polo científico no desen-volvimento de biopesticidas e de variedades de plantas resistentes ao ataque de pragas e doenças, que é o mal maior da produção agrícola?

nM: Eu não espero, eu tenho a certeza. A criação de valor científico é difícil de mensurar, mas estou certo de que este projeto vai ser sustentável. Não só consegui-rá criar valor científico suficiente para suportar financeiramente toda uma estrutu-ra de investigação como irá ter um papel importante na sua área de investigação, quer no contexto nacional, quer internacional. Penso mesmo que o InPP irá dar cartas no desenvolvimento de novas soluções para a agricultura. Por estas razões, estou convencido que o InPP atrairá a Elvas mais cientistas portugueses e de ou-tros países que trabalham nestas matérias.

GR: Também stakeholders?nM: Acalento essa esperança. Estou convicto que os produtos que o InPP

vai desenvolver serão do interesse de algumas empresas e que estas poderão mesmo vir a criar um cluster a partir deste projeto. Até lhe digo mais: o ideal seria que o InPP fosse o embrião de um projeto maior. Gostaria que o InPP trabalhasse outras áreas dentro da mesma linha de investigação de modo a reunir todas as condições necessárias para se transformar numa instituição académica, que, além de investigação, possa dar formação especializada a alunos de mestrado e de doutoramento. Seria um projeto a longo prazo.

GR: O Ministério da Agricultura está a preparar a Estratégia Agrícola para Portugal. Tendo em conta que os agroquímicos tradicionais estão a ser descontinuados devido aos seus níveis de toxicidade ou ao seu espec-tro de atuação muito amplo, acha que o documento deverá promover a biotecnologia e as novas tecnologias genómicas para o desenvolvimen-to de produtos alternativos, como aqueles em que o InnovPlantProtect está a trabalhar?

nM: Bem, sou presidente de câmara e a minha formação é Economia, não percebo nada de biotecnologia, não sou investigador nem agricultor, por isso não sei se Portugal deve investir mais na biotecnologia e nas técnicas de edição do genoma na agricultura. O que sei e advogo é que a política deve tomar decisões com base no conhecimento e, nesse sen-tido, a futura Estratégia Agrícola para Portugal deve ser definida à luz do saber científico atual. Acredito nos cientistas, defendo aquilo que o InPP defende. Na reunião entre a senhora ministra da Agricultura e os agricultores, que decorreu em Elvas, em 13 de fevereiro deste ano, para auscultar o setor agrícola antes da elaboração desse documento, a Câmara Municipal de Elvas, enquanto parceira do InPP, deu o seu contributo para que a Estratégia contemple as medidas mais adequa-das e necessárias para a agricultura nacional. E também enviámos à senhora ministra um parecer, por escrito, que traduz os anseios e as expetativas de cientistas, de agricultores e de outros agentes do setor agrícola.

GR: Nessa reunião com Maria do Céu Albuquerque, a atividade

do InnovPlantProtect foi tema de discussão? nM: Foi, desde logo, porque o encontro se realizou no INIAV.

Além disso, o professor Pedro Fevereiro, que dirige o InPP, apre-sentou o Laboratório Colaborativo durante a sua intervenção nes-sa reunião.

Gasolina Diesel Elétrico

Consumo de energia Opel Corsa-e 16,8 - 16,5 kWh / 100 km (ciclo WLTP*); Emissão de CO2 0 g / km; autonomia de 329 km a 337 km (ciclo WLTP*).* Os dados apresentados sobre autonomia e consumo de combustível são preliminares e foram determinados de acordo com a metodologia do procedimento de teste WLTP (R (EC) N.º 715/2007, R (EU) N.º 2017/1151). A aprovação do tipo EG e o Certificado de Conformidade ainda não estão disponíveis. Os valores preliminares podem diferir dos valores finais oficiais de aprovação do modelo. O uso quotidiano pode diferir e depende de vários fatores, em particular: do estilo de condução pessoal, características do percurso, temperatura exterior, aquecimento/ar condicionado e pré-condicionamento.

NOVO OPEL CORSA

Lemos & IrmãoO seu Concessionário Opel

AF_OPEL_CORSA E_6000x8350.indd 1 04/03/2020 16:34

GR: O InnovPlantProtect está a funcionar há quatro meses. Já há reações da parte dos agricul-tores e representantes de associações do setor? Estão recetivos à utilização de biopesticidas ou de plantas resistentes a pragas e doenças?

nM: Os agricultores locais estão a par deste pro-jeto e sabem que já está em curso. Penso que o InPP está a ter impacto local e não apenas na comunidade mais restrita da antiga Estação Nacional de Melho-ramento de Plantas. Aliás, a própria Escola Superior Agrária de Elvas já foi contactada para a possibilidade de os seus alunos fazerem pós-graduações no InPP. Se os agricultores estão recetivos à substituição dos agro-químicos por produtos alternativos, de base biológica e não tóxicos para as pessoas e para o ambiente, como aqueles que o InPP está a tentar desenvolver, o que lhe posso dizer é que os agricultores estão dispostos a aco-lher tudo o que os possa ajudar a melhorar o seu traba-lho e a sua produtividade.

São muito atentos às novidades que surgem no setor e certamente que, se houver novas soluções que substi-tuam eficazmente os pesticidas que estão a ser proibidos, irão aceitá-las de bom grado. Agora, têm é de ser soluções rentáveis, não podem ser mais um custo que os agricultores não possam suportar. Só para concluir, tenho a certeza que não vão faltar agricultores dispostos a apoiar o InPP. Digo-o com conhecimento de causa: na reunião que tivemos com a senhora ministra, os agricultores presentes (e foram muitos, mais de cem) manifestaram várias preocupações, entre as quais a necessidade de aplicar pesticidas para o controlo das pragas e doenças que atacam as culturas, portanto, querem soluções para estes problemas e estão desejosos que o InPP lhas proporcione. Muitos deles já disseram que disponibilizam parte dos seus campos para testes experimentais, se o InPP precisar.

Entrevista: Margarida Paredes - CiBFotografia: Joaquim Miranda

Page 14: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

26 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 27

Em entrevista à Gazeta Rural, Paulo Jorge Almeida, diretor da Escola Su-perior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) do IPL, diz que esta

formação vem dar resposta “à crescente necessidade de profissionais com formação avançada” nesta área.

Gazeta Rural (GR): O Politécnico de Leiria lançou, para o próximo ano lectivo, um Mestrado em Gastronomia. Como surgiu a ideia, qual o ob-jectivo e a recetividade dos potenciais candidatos?

Paulo Jorge Almeida (PJA): Tendo em conta a evolução do turismo, o aumento significativo das taxas de ocupação e a crescente necessidade de profissionais com formação avançada na área da gastronomia para dar resposta a esta procura, procurámos criar uma formação pós-licen-ciatura que permitisse aprendizagem de novas técnicas e novas sensibi-lidades nesta área. Também a necessidade de se investigar ainda mais a cultura e o vastíssimo património gastronómico, motivou-nos para a criação de um mestrado inovador que abordasse especificamente esta área do conhecimento.

GR: Alguns alunos do IPL têm vindo a ser inovadores, como acon-teceu com o lançamento do pão de Medronho ou, mais recente-mente, o pão de frutos vermelhos. Foi esta a base para o lança-mento deste Mestrado?

PJA: Se analisarmos especificamente a procura turística que Por-tugal tem tidos nos últimos anos percebemos que uma das razões tem passado também pela excelência da nossa gastronomia e, nes-te caso e com base nos espaços de restauração de sucesso nacio-nais, percebemos que muitos destes espaços aliaram a tradição à inovação e isto é algo que pretendemos manter no Politécnico de Leiria.

Também a criação destes novos produtos tem estado asso-ciados a projetos de investigação e a solicitações de empresas e

jovens empresários, pelo que muita da inovação que temos desenvolvido deve-se também a novos desafios que nos têm sido colocados e que procuramos dar res-posta.

GR: Neste quadro, a gastronomia está na moda ou tem vindo a ganhar um peso importante na economia?

PJA: A gastronomia tem estado sempre na moda, mas o que mudou significativamente foi a formação das pes-soas que trabalham a gastronomia. Hoje, os novos Chefs, de uma forma geral, têm cursos profissionais e/ou supe-riores e desenvolveram competências, especificas e trans-versais para trabalhar produtos e utilizar determinadas fer-ramentas que antes eram impensáveis e não se percebia a conexão.

Também muito importante neste processo foi a evolução dos consumidores/turistas, que, de uma forma geral, tem formação e informação, exigindo assim produtos diferencia-dos e personalizados. Logo, isto exigiu por parte dos produ-tores um olhar diferente para os meios de produção e adapta-ção aos novos consumidores e novos mercados, dinamizando assim uma nova economia e cadeia de valor que é percebida e valorizada pelos novos consumidores/turistas.

GR: Estamos no fim de um ano lectivo, ainda que atípico, mas o próximo está aí. Quais serão as novidades, para além da que acima falamos?

PJA: Este ano foi muito atípico e exigiu de todos nós um es-forço considerável de adaptação a uma realidade que foge muito à forma como as coisas estavam pensadas e foram projetadas. Louvo adaptação que estudantes, técnicos e administrativos, do-

centes e outros colaboradores tiveram de um dia para o outro. Estamos a projetar o próximo ano le-tivo essencialmente assente no regime presencial e vamos ter na ESTM um novo laboratório de inovação e criatividade, laboratório de biotecnologia, labora-tório de línguas, laboratório de neurociências e nova sala prática cozinha pedagógica. Tudo isto para fazer face às exigências de higiene e segurança, formação e investigação que esta nova realidade obriga.

Como oferta formativa, para além do novo mestra-do em gastronomia, vamos oferecer também uma nova edição da Pós-Graduação em Wine Business no núcleo de formação do Politécnico de Leiria em Torres Vedras. Estamos assim a procurar inovar com novos espaços e novas formações, procurando desenvolver novo conheci-mento para partilhar com a sociedade.

GR: Quais as principais razões, ou mais valias, que le-vam um aluno a escolher o IPL?

PJA: O Politécnico de Leiria é uma instituição de Ensino Superior de Excelência, pelas formações inovadoras que oferece, pela qualidade do seu corpo técnico e administrati-vo, pela elevada qualificação do seu corpo docente, pela mo-tivação e disponibilidade dos seus estudantes, pelo conhe-cimento que produz e relação com a sociedade, quer a nível nacional quer internacional. Somos uma Instituição plural de Leiria e Oeste para o mundo e recebemos e enviamos estudan-tes de e para todos os continentes.

Temos Unidades de Investigação de Excelência reconhecidas e financiadas pela FCT e a desenvolver investigação de topo com parceiros estratégicos de todo o mundo. Elevados índices

de empregabilidade em todas as áreas, e especificamente na ESTM, do total dos seus 1600 estudantes, mais de 800 estudantes realizam estágios curri-culares e extracurriculares por todo o mundo e, especificamente na área do turismo, antes da pandemia, não conseguimos dar resposta às muitas soli-citações por parte das empresas para reforçar os seus quadros de pessoal. Assim, quem escolhe o Politécnico de Leiria tem a oportunidade de ter toda uma equipa de profissionais preocupada com o seu futuro e a trabalhar diariamente para transferir todo um conjunto de competências, para que os seus estudantes vinguem e tenham sucesso no mercado de trabalho.

GR: a mudança de Politécnico para Universidade, de que tanto se tem falado, é para levar por diante?

PJA: Sem dúvida, é uma questão de igualdade e de abandono de pre-conceito. Estamos em 2020 e o sonho de qualquer família é o de con-seguir que os seus filhos um dia vão para a Universidade, repito para a Universidade. Assim, só faz sentido o Politécnico de Leiria ser uma Uni-versidade Politécnica, pela excelência do trabalho desenvolvido, pela intervenção social regional e nacional, pela internacionalização, pela investigação e transferência de conhecimento, pela qualidade das suas infraestruturas e pela competência dos seus investigadores.

A nível internacional, como parceiro estratégico, temos que obriga-toriamente ser universidade e são muitas as vantagens nacionais e in-ternacionais de uma simples alteração de designação. As autarquias, as empresas, as pessoas desta região precisam da Universidade Poli-técnica de Leiria para poderem inovar e competir de igual forma com outras regiões no mundo!

Paulo Jorge Almeida, diretor da ESTM do Politécnico de Leiria, e o Mestrado em Gastronomia

“A necessidade de investigar motivou-nos para a criação de um mestrado inovador”

O Instituto Politécnico de Leiria (IPL) ‘lançou’ para o próximo letivo um Mestrado em Gastronomia, facto que está a gerar enorme expectativa. Como oferta formativa, para além do novo mestrado, o IPL vai oferecer também uma nova edição da Pós-Graduação em Wine Business, no núcleo de formação em torres Vedras.

Page 15: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

28 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 29

opinião

Um prazer que dá saúde...

+351 271 571 123 | 938 607 662

Fonte Santa

www.cm-almeida

TERMAS DE ALMEIDA

Mestrado em Gastronomia Por: Anabela Elias Almeida *

A investigação e o conhecimento científico na área da gastronomia estão em pleno crescimento. A necessidade de adaptar uma formação perfeitamen-

te relacionada com as novas realidades do mercado exige, consequentemente, a urgência em adequar as formações tradicionais, muitas vezes dominadas pela transmissão de conhecimentos, a processos de ensino e aprendizagem basea-dos no desenvolvimento das competências consideradas fulcrais, com vista à preparação de profissionais capazes de se adaptarem às constantes transfor-mações verificadas na generalidade dos sectores de atividade e, muito particu-larmente, numa área tão sujeita à mudança como é o turismo.

O Mestrado em Gastronomia, da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, Politécnico de Leiria, tem a duração de quatro semestres (2 anos), apresenta diversidade e abrangência no seu plano de estudos que conta com uma componente prática laboratorial muito significativa e componente teó-rico-prática multidisciplinar. Conta com uma equipa de docentes doutorados e especialistas nas áreas de Hotelaria e Restauração e de Ciências e Tecno-logia dos Alimentos.

A componente letiva, das aulas teórico-práticas e práticas laboratoriais decorrerão através dos laboratórios específicos, providos com equipamen-tos, material e tecnologia avançada, de Cozinha, de Microbiologia, de Aná-lise Sensorial, de Tecnologia Alimentar, entre outros. Os estudantes para concluírem o mestrado têm dois semestres com aulas letivas e têm dois semestres para criar um projeto, realizar um estágio ou desenvolver uma dissertação. Pretende-se assim que os estudantes adquiram competên-cias e valorização profissional para dar resposta às exigências contínuas de inovação e qualidade na restauração e produção de alimentos.

Está implícito no plano de estudos do Mestrado em Gastronomia, o desenvolvimento de competências ao nível da pesquisa, compreensão e resolução de problemas, para que o estudante conheça e aplique métodos de aprendizagem, seleção, análise e interpretação da infor-mação, de modo a podê-la transmitir, através de diversos meios, com elevado grau de autonomia e rigor científico.

O Mestrado em Gastronomia tem como objetivos de aprendizagem, conhecimentos técnicos e práticos determinantes para dar resposta às tendências gastronómicas atuais e futuras. Os estudantes terão a ca-pacidade de dominar métodos de trabalho através de técnicas culiná-rias, aprofundando conhecimentos de cozinha, pastelaria e padaria. Aplicar conceitos de food design e criatividade na culinária. Com-preender reações químicas nos alimentos. Compreender como a evolução cultural da gastronomia influencia a culinária do mundo.

Entender a interação entre microrganismos e alimentos na perspetiva da segurança alimentar. Definir e interpretar as carac-terísticas dos alimentos e relacionar com métodos sensoriais.

Desenvolver e elaborar preparações culiná-rias com base em produtos sustentáveis. Criar novos produtos culinários tendo em conta as atuais ne-cessidades, tendências e restrições alimentares. Adquirir competências para a harmonização entre um alimento confecionado e um vinho. Através dos Seminários, com oradores convidados, pretende-se estimular o contacto entre mestrandos, profissio-nais e académicos da área da restauração, hotelaria e das ciências alimentares, para fornecer um pano-rama dos desafios suscetíveis de serem estudados e aplicar soluções e melhorias.

A exigência e o conhecimento do consumidor nesta área, fomenta a necessidade de ter profissionais com formação e qualificações específicas que procuram responder às necessidades resultantes de uma mu-dança profunda na relação dos consumidores com a alimentação e no processo de produção alimentar que ocorreu na última década. Há necessidade de obter uma perspetiva atualizada sobre alimentos sustentáveis, re-conhecer as preocupações da alimentação do futuro e os desafios da gastronomia sustentável para os restaurantes e hotéis.

Os objetivos pretendidos visam apresentar a evolução da gastronomia nas suas mais variadas formas, assim como a da restauração, e a sua evolução nos processos de trabalho e a nível de conhecimentos.

Para concluir, o Mestrado em Gastronomia foi elabora-do de forma a permitir uma abordagem abrangente, com práticas de excelência nos diversos temas relacionados com as ciências alimentares, técnicas avançadas de culinária, se-gurança alimentar, enologia, food design, entre outros aspe-tos e temas muito relevantes para as áreas da restauração, hotelaria e produção alimentar. Proporciona o conhecimento necessário, através de competências e ferramentas específi-cas, para responder às mudanças e tendências da alimentação, restauração e produção alimentar.

* Professora Doutora - Coordenadora do Mestrado em Gastronomia da Escola Superior de Turismo e Tecnologia

do Mar – Politécnico de Leiria

Page 16: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

30 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 31

Terá 40 quilómetros de extensão

Via ciclável do Mondego aposta na valorização turística do interior

A valorização turística com ganhos para a economia e a qualidade de vida no interior foram enaltecidos, em Mortágua, na cerimónia de con-signação da Ecovia do Mondego, uma via ciclável que terá 40 quilóme-tros de extensão.

Com início na estação ferroviária de Santa Comba Dão, na linha da Beira Alta, no distrito de Viseu, a Ecovia do Mondego vai pro-longar-se até aos limites do concelho de Penacova, já no distrito

de Coimbra, após atravessar os municípios de Mortágua e Vila Nova de Poiares.

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude salientou que se trata de um investimento de 1,5 milhões de euros que “ajudará a alavancar o turismo” no interior da região Centro, “com ganhos para a economia” nacional. João Paulo Rebelo, que interveio na cerimónia da assinatura do auto de consignação da empreitada da nova ciclovia, um prolongamento da Ecopista do Dão, realçou que a obra se inse-re “numa lógica de rede” que valoriza este destino turístico na área “cycling & walking”, ligada à fruição da natureza e da paisagem.

Nos próximos 10 anos, a estratégia do Governo aponta para a exis-tência em Portugal de mais de sete mil quilómetros de vias cicláveis,

enquanto atualmente o país dispõe de pou-co mais de dois mil quilómetros dessas in-fraestruturas públicas, que reforçam a atra-tividade turística dos territórios, a qualidade ambiental e a qualidade de vida dos cidadãos em geral.

“A valorização turística deste eixo estrutu-rante, que se desenvolve ao longo dos territó-rios do interior das regiões de Coimbra e Viseu Dão Lafões, potenciará o surgimento de novas atividades económicas ligadas ao turismo e ao desenvolvimento de novos serviços turísticos com base no património natural e cultural exis-tente e na valorização dos produtos endógenos”, segundo a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, dona da obra, em parceria com a CIM Viseu Dão Lafões e os municípios de Mortágua, Penacova, Vila Nova de Poiares e Santa Comba Dão.

Para o presidente da CIM da Região de Coim-bra, José Carlos Alexandrino, a Ecovia do Mondego “vem dar resposta à mobilidade crescente de todos e esbater assimetrias”, propiciando aos cidadãos “uma maior fruição das zonas ribeirinhas”. “Este é, sem dúvida, um equipamento que permitirá alavan-car a atratividade do nosso território e dar um grande impulso ao turismo e à economia local”, sublinhou na ocasião o também presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital.

Por sua vez, o presidente da Entidade Regional de Tu-rismo de Centro, Pedro Machado, disse que este inves-timento vem reforçar “a aposta nos mercados interna-cionais”, designadamente da América do Norte, América Latina e Europa, que mais se têm desenvolvido na área “cycling & walking”.

Tal aposta permite “uma transversalidade com outros produtos turísticos”, desde logo no interior, podendo ain-da contribuir para a retoma da economia após a pandemia da covid-19.

“Esta obra reforça o posicionamento da região Centro nos mercados turísticos, ao nível nacional e internacional”, acentuou Pedro Machado.

Depois da cerimónia do lançamento da primeira pedra da Ecovia do Mondego, intervieram também o presidente da Câmara de Mortágua, Júlio Norte, e o secretário executivo da CIM da Região de Coimbra, Jorge Brito, a quem coube apre-sentar o projeto.

Candidaturas Abertas:

Operação 10.2.1.4 – Cadeias Curtas e Mercados Locais

002/ADD/10214/2020 - Mercados Locais

003/ADD/10214/2020 – Cadeias Curtas

Período de Candidaturas: das 09h:00m:00s de 15 de

julho às 16h:59m:59s de 11 de setembro de 2020

Para mais informações consulte:

www.add.pt ou www.pdr-2020.pt

No concelho de Proença-a-Nova

Centro Interpretativo da Resina nasce na aldeia de Corgas

O Centro Interpretativo da Resina vai nascer na aldeia de Cor-gas, no concelho de Proença-a-Nova. O anúncio foi feito pelo presidente da câmara de Proença-a-nova, no dia de nossa Se-nhora do carmo, padroeira da aldeia.

O espaço museológico é dedicado ao trabalho da resinagem e à vida do resineiro. Esta foi uma atividade económica

com grande expressão nas décadas de 60, 70 e 80 um pouco por todo o concelho, em especial na aldeia de Corgas, onde centenas de famílias dependiam do rendimento proporcionado pelo traba-lho dos resineiros e, em muitos casos, apresentava-se como uma forma de juntar um dinheiro extra.

Esta atividade, dura para homens e mulheres que trabalhavam de sol a sol, será agora homenageada no Centro Interpretativo que nascerá na aldeia de Corgas, resultado da reabilitação de um antigo edifício habitacional, que dará lugar a um equipamento que aglutinará a interpretação do valor da resina e da fileira do pinheiro bravo, bem como associada às vivências escolares de então.

O projeto de reabilitação, cujas obras deverão arrancar em Agosto, transformará uma habitação num espaço expositivo, que se espera dinamizador e valorizador das tradições do concelho e servirá para recordar aquela que foi a atividade dominante na zona serrana em que se insere.

A intervenção respeita o edifício em pedra xisto existente e pro-põe uma nova edificação adjacente. O interior será reorganizado em duas salas de exposição (uma em cada piso) e na nova edifi-cação propõe-se a área de receção, acessos e instalação sanitária.

Page 17: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

32 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 33

Programa de formação com a duração de 200 horas

AgroB Business School EV forma Jovens Agricultores

A AgroB Business School EV, escola de formação profissional agrícola ligada à consultora Espaço Visual, lançou um programa de formação com a duração de 200 horas. Os destinatários, jovens agricultores com candidaturas a apoios, mas com projetos PDR 2020 já aprovados ou para submeter, têm assim a hipótese de auferir uma maior pontuação na futura candidatura.

Também agricultores e empresários que pretendam efetuar candidaturas de apoio à produção: Pedido Único (PU), Regime de Pagamento Base (RPB), Re-

serva Nacional de Direitos, estão incluídos nos participantes preferenciais deste programa de formação.

Outros interessados que pretendam adquirir conhecimentos e competências na área da produção agrícola ou animal têm neste curso de formação a via ideal para receber informações, esclarecimentos e conhecimentos. Esta formação se-gue a metodologia de ensino à distância, pelo que através de plataforma digital a formação pode ser realizada em qualquer lugar e no horário mais convenien-te, através de qualquer dispositivo equipado com placa de som, auscultadores, microfone e ligação à Internet.

Este curso de formação é certificado pela DGERT, permite a partilha de ex-periências numa rede de networking com especialistas e empresários da área agrícola e um acompanhamento permanente do formador.

Técnicas a explorações agrícolas de referência A Espaço Visual vai levar a efeito, nos meses de Agosto, Setembro e Ou-

tubro, sete visitas técnicas a explorações agrícolas de referência em Por-tugal e Espanha, que serão acompanhadas por formadores ibéricos de prestígio internacional. O arranque dá-se no dia 29 de Agosto, e a visita técnica de campo incidirá sobre as Culturas de Hortícolas em Hidroponia, em Torres Vedras, tendo como formador Jorge Camilo.

A 5 Setembro a visita técnica, dedicada ao Figo da Índia, será a uma ex-ploração em Évora e o formador será Tomé Panazeite, que também será o responsável da visita técnica ao Limão, a decorrer na mesma cidade alentejana em 17 de Setembro.

O dia 19 Setembro será dedicado ao Maracujá, numa exploração de Grijó (Gaia), cujo formador será José Martino. Uma semana mais tar-de, a 26 Setembro, visita técnica ao Abacate, em Oliveira do Bairro, com a formação a ser da responsabilidade de Miguel Abade.

Em Outubro há duas visitas técnicas a explorações agrícolas de re-ferência. A 3 ao Pistácio, em Zamora (Espanha), cujo formador será Félix Talegón, e a 10 ao Medronho, em Proença a Nova, com João Paulo Dias como formador.

As visitas técnicas têm como objetivo analisar os aspetos técnicos da cultura, desde o ciclo vegetativo às variedades, compassos de plantação, principais operações culturais, aspetos a ter em conta na manutenção da cultura e as operações pós colheita.

Inscrições abertas até 4 de Setembro

Programa “V21 Rural - Empreendedorismo e Negócios em Meio Rural” arranca em Setembro

Estão abertas até 4 de Setembro as inscrições para a “Oficina do Empreendedor”, a primeira etapa

do Programa “V21 Rural – Empreendedorismo e Negó-cios em Meio Rural”. Com o arranque previsto para Se-tembro, nesta primeira fase, os empreendedores terão a oportunidade de integrar, gratuitamente, um plano de capacitação intensivo, que permitirá aos participan-tes adquirir importantes conhecimentos teórico-práticos sobre o empreendedorismo de base rural. A oficina do empreendedor será assim, composta por seis sessões de capacitação online e presencial, a partir da Incubadora de Base Rural de Viseu, na antiga escola do 1º C.E.B. de São Cristóvão, em São Pedro de France.

Para além disso, esta etapa conta ainda, com uma visita a empresários de sucesso, com o propósito de promover o contacto dos participantes com boas práticas e casos de su-cesso do setor agrícola, agroindustrial, serviços conexos ou tecnologia.

Promovido pela Vissaium XXI, em parceria com o Município de Viseu, no âmbito do Viseu Rural, o V21 Rural é um progra-ma inovador dedicado aos promotores de ideias de negócio que pretendam lançar a sua empresa ou empresários instala-dos, que ambicionem desenvolver novos negócios de matriz rural. Totalmente gratuito, o programa conta com momentos de capacitação, networking, acompanhamento individualizado, visitas de estudo e estágios formativos em empresas modelo.

Mais informações e inscrições na página do Facebook da Vis-saiumxxi.

GAL ADDLAP OLIVEIRA DE FRADES I SÃO PEDRO DO SUL I VILA NOVA DE PAIVA I VISEU I VOUZELA

APOIOS AO INVESTIMENTO

Avisos de Abertura e Legislação disponíveis em: www.pdr-2020.pt ou www.addlap.pt

Para mais informações:

Tel.: 232 421 215 Email: [email protected]

OPERAÇÃO 10.2.1.2 – PEQUENOS INVESTIMENTOS NA TRANSFORMAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS

PERÍODO DE APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS 28 DE JULHO DE 2020 A 21 DE AGOSTO DE 2020

(Anúncio nº. 005/ADDLAP/10212/2020)

OPERAÇÃO 10.2.1.1 – PEQUENOS INVESTIMENTOS NA EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA

PERÍODO DE APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS 28 DE JULHO DE 2020 A 11 DE SETEMBRO DE 2020

(Anúncio nº. 004/ADDLAP/10211/2020)

Page 18: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

34 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 35

O concurso decorreu no início deste mês de Julho, nas instalações da Es-cola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança e o Painel foi

constituído por nove peritos nacionais, presidido por Francisco Ataíde Pavão e com a Coordenação Técnica de José Alberto Pereira.

No Concurso participaram 51 produtores, entre produtores-engarrafado-res, lagares de azeite e cooperativas, num total de 66 amostras provenien-tes de 18 concelhos da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. No primeiro dia foi feita uma pré-seleção dos azeites, segundo as quatro categorias a Concurso - Frutado Maduro, Frutado Verde Ligeiro, Frutado Verde Médio e Frutado Verde Intenso, tendo passado ao segundo dia 48 das amostras a Concurso, tendo sido atribuídas 13 Medalhas de Ouro, 12 de Prata, 15 de Bronze e 2 Menções de Mérito, aos azeites com pontuação superior a 70 pontos, mas que estão fora do limite de 35% de medalhas em cada uma das categorias a Concurso.

A organização foi da responsabilidade da Capital Douro, em parceria com a Câmara

Municipal da Pesqueira, o Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Douro (CEPAD), a Associação de Produção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD) e o Instituto Politécnico de Bragança.

A organização agradeceu “a todos os envolvidos neste Concurso de Azeites de Trás-os-Montes e Alto Douro, desde os produtores, aos ele-mentos do júri e a todos aqueles que têm contribuído para a divulga-ção e valorização dos Azeites, e em especial dos de Trás-os-Montes e Alto Douro.

RESULTADOS:

Frutado Maduro - OuroRosmaninho Praemium, da Cooperativa de Olivicultores de Valpaços,

C.R.L.Aurum Nostrum, de Ivo Alexandre Seixas Matos EstevesQuinta do Portal, da Sociedade Quinta do Portal, SA

Frutado Maduro - PrataZabodez, da Vitavitis Unipessoal, Lda

Concurso decorreu na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança

CARM Grande Escolha é o melhor Azeite Virgem de Trás-os-Montes e Alto Douro

O azeite CARM Grande Escolha, da CARM, SA, venceu o Concurso de Azeite Virgem de Trás-os-Montes e Alto Douro, nas categorias de Melhor Azeite DOP “Azeite de Trás-os-Montes” e Melhor Azeite “Região Demarcada do Douro”. O Museu do Vinho, em S. João da Pesqueira, foi o palco da entrega de prémios aos vencedores das várias categorias a concurso.

Casa de Santo Amaro Nature, da Trás-os-Montes Prime, Lda

Terras D´Azibo Ânfora, da Masaedo, Prod. Com. Prod. Alim, Lda

Quinta da Pacheca, da Quinta da Pacheca, Soc. Agr. Tu-rística Lda

Frutado Maduro - BronzeCasa de Valpereiro, da Sociedade Agrícola Alberto Manso,

LdaCasa Afonso Borges Primis, da Agrifiba, Lda

Quinta da Corte, da Pacheco & Irmãos, LdaAzeite Decides, de A Roda das Delícias - Prod. Com. Azeite, Lda

Frutado Verde Ligeiro – OuroQuinta do Crasto Praemium, da Quinta do Crasto, SAAcushla, da Acushla, SA

Quinta do Arnozelo, da Sogevinus Fine Wines, S.A.Quinta Vale do Conde, da Soc. Agr. do Conde Unip., Lda

Casa dos Varais, de João Baptista de Castro Girão de Azeredo

Frutado Verde Ligeiro - PrataAzeite Senhor de Murça, da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores

de MurçaSegredos do Côa Premium Bio, da Segredos do Côa, Lda

Quinta do Javali Lobatos Selection, da Sociedade Agrícola Quinta do Javali, Lda

Ouro da Fábrica Premium, da FábricaDouro, Unipessoal, Lda

Frutado Verde Ligeiro - BronzeVale D´Anelha, de Fábio Filipe Almeida Guterres

Casa de Santo Amaro Praemium, da Trás-os-Montes Prime, LdaQuinta de Ventozelo, da Quinta de Ventozelo, Soc. Agr. Com., S.A.

Vale da Cerdeira, de Carlos Alberto Batoco MontêsArribas do Côa, de Sotero Ferreira, Unipessoal, Lda

Casa Grande Gold Reserve, da Coop. Vit. Oliv. Freixo de Numão, CRL

Quinta dos Malvedos, da Symington Family Estates, Vinhos S.A.

Frutado Verde Ligeiro - Menção HonrosaArvólea Single Edition, de Arvólea – Sociedade Unipessoal, LdaQuinta do Vale Meão, de F. Olazabal & Filhos, Lda

Frutado Verde Médio - OuroCARM Grande Escolha, da CARM, S.A.Casa de Santo Amaro Prestige, da Trás-os-Montes Prime, LdaQuinta de Porrais, da Sociedade Agrícola Quinta de Porrais, LdaQuinta do Ataíde, da Symington Family Estates, Vinhos S.A.

Frutado Verde Médio - PrataRosmaninho Gran Selection, da Cooperativa de Olivicultores de Valpa-

ços, C.R.L.Quinta do Pessegueiro, da Quinta do Pessegueiro Sociedade Agrícola

e Comercial, LdaOlimontes Premium, da Olimontes, LdaCaixeiro Signature, de Vilela, Cardoso & Morais, Lda

Frutado Verde Médio - BronzeCasa de Valpereiro Premium, da Sociedade Agrícola Alberto Manso,

LdaSegredos do Côa Grande Escolha Bio, da Segredos do Côa, LdaOuro da Fábrica Biológico, da FábricaDouro, Unipessoal, Lda

Chousas Nostras, de Gerações de Xisto, Lda

Frutado Verde Intenso - OuroRosmaninho Cobrançosa, da Cooperativa dos Olivicul-

tores de Valpaços, CRL

Para além dos premiados nas 4 categorias de fruta-do, foram ainda atribuídos mais 3

prémios, ao melhor azeite DOP “Azeite de Trás-os--Montes”, ao melhor azeite da Região

Demarcada do Douro e o “Azeite Kids”, sendo este último prémio escolhido por sete jovens

da Associação Bagos D´Ouro.

Melhor Azeite DOP “Azeite de Trás-os-Montes”CARM Grande Escolha da CARM, S.A.

Melhor Azeite “Região Demarcada do Douro”CARM Grande Escolha da CARM, S.A.

Melhor Azeite “Kids”Quinta do Arnozelo da Sogevinus Fine Wines, S.A.Quinta de Porrais da Sociedade Agrícola Quinta de Por-

rais, Lda

Page 19: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

36 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 37

Decorrem nos próximos três meses

“Escolas de Verão” do Politécnico de Viseu juntam 120 alunos

Arrancaram as oito “Escolas de Verão” do Instituto Politécni-co de Viseu (IPV). Os 120 alunos vão, durante os próximos três meses, receber uma bolsa e integrar equipas e atividades de investigação em várias áreas.

Na abertura, a vice-presidente e coordenadora das Escolas de Verão, referiu aos participantes a importância “das com-

petências adquiridas nestes cursos” e que as mesmas “sejam apli-cadas posteriormente”, sublinhou Manuela Ferreira.

Por sua vez o presidente do Politécnico de Viseu lembrou que “o conhecimento é fundamental” e “mais conhecimento implica maiores competências e aptidões para exercermos as nossas ati-vidades no futuro”. João Monney Paiva salientou que o grande objetivo passa pela exercitação do “processo de aquisição de co-nhecimento, investigando a realidade”.

O presidente do IPV sublinhou também a importância da com-ponente social associada a esta atividade, com a atribuição das bolsas que vão permitir amenizar as dificuldades económicas dos estudantes, complementada com a possibilidade de adquirirem mais conhecimento.

O vice-presidente da Câmara de Almeida diz mesmo que o complexo termal “é exemplar para o período que atravessamos”. José Alberto

Morgado, à Gazeta Rural, espera que este seja mais um motivo para visitar Almeida, “um museu a céu aberto”, numa altura em que há um aumento de pessoas na região.

Gazeta Rural (GR): As Termas da Fonte Santa vão abrir a 3 de Agosto?José Alberto Morgado (JAM): Exatamente. A abertura é a aposta na con-

tinuidade do trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo dos anos, uma vez que as indicações terapêuticas das águas termais da Fonte Santa são recomendadas para o tratamento do aparelho respiratório, problemas reumáticos e doenças musculoesqueléticas, para além do bem-estar e combate ao stress.

As termas estão instaladas num complexo moderno, considerado ‘exemplar’ para o período que atravessamos, uma vez que é simplificado nos seus circuitos, é linear e retilíneo, com entradas e saídas sem que haja o encontro dos aquistas. Estamos muito satisfeitos por termos estas instalações e ir ao encontro daquilo que as pessoas pretendem quando nos procuram. A abertura a 3 de Agosto será, com certeza, uma mais valia para o nosso território.

GR: Uma aposta no turismo termal?JAM: Naturalmente, especialmente tendo em conta as condições

terapêuticas que a água tem, nomeadamente para os nossos “Maio-res”, mantendo a aposta termal, para além dos serviços de bem-estar e SPA. Há alguns serviços que não são efectuados, porque levamos a rigor as recomendações da DGS, nomeadamente sauna e banhos turcos.

GR: Tem sentido, nos últimos tempos, mais movimento de pes-soas na região?

JAM: Há um fluxo maior de visitantes a Almeida e à região, e te-mos verificado isso, no estrito comprimento das recomendações da DGS, o que nos apraz registar. Os serviços da autarquia estão abertos para responder às solicitações, de preferência com mar-

Almeida espera, ainda, mais visitantes

Estância termal da Fonte Santa abre a 3 de AgostoO concelho de Almeida tem, neste Verão, mais um motivo para atrair visitantes. A 3 de Agosto abre a estância termal da Fonte

Santa, em instalações modernas que cumprem todas as recomendações para que os aquistas ali possam fazer os seus tratamentos em segurança.

cação prévia. Temos todas as condições para rece-ber bem quem nos visita.

Almeida, fruto do seu vasto e valioso património, que é um museu ao ar livre, um museu aberto, convi-da a que as pessoas nos visitem e possam andar com toda a tranquilidade, vivendo o passado, a memória e a nossa história.

A procura não é a que desejaríamos, porque que-remos muito mais, fruto dos investimentos feitos, no-meadamente por particulares que nesta altura vivem com algumas dificuldades.

Termas da Fonte SantaAs águas minerais do complexo termal de Almeida

brotam nas escarpas dos montes que formam o vale por onde corre o Rio Côa a uma altitude de 560m, a cer-ca de 3,5 km a noroeste da Vila de Almeida, distrito da Guarda. Envolvida por uma paisagem verde, é um ótimo destino para fugir ao stress do dia-a-dia, recarregando energias através do bem-estar que um programa termal pode oferecer.

O complexo termal é constituído por uma área de tra-tamentos (balneoterapia), ginásios, sauna, banhos turcos, gabinetes de massagem e uma área médica constituída por sala de espera secretaria médica, gabinete médico e ga-binete do diretor clínico, tendo como principais vocações, para além do bem-estar e combate ao stress, o tratamento de doenças do aparelho respiratório, doenças reumáticas e músculo-esqueléticas.

Page 20: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

38 www.gazetarural.com www.gazetarural.com 39

Tinha planeado continuar com artigos sobre Palma. Queria falar sobre as ruas e praças daquela cidade, sobre as praias e campos da ilha de Maior-ca. Sobre, no fundo, aquilo de que naquela ilha me apropriei e transformei em território meu, território vivido. Porém, estou em Mértola, outro dos «meus» territórios, outra das minhas vidas, dos meus amores geográficos e resolvi fazer jus ao título desta coluna: Diário de Bordos, dos ziguezagues, das deambulações – e é de Mértola que falarei hoje.

Acontece-me por vezes – quando tenho um carro à mão, o que não é frequente – sentar-me ao volante e deixar-me levar. Isto é quase literal:

o carro vai para onde quer e eu limito-me a conduzi-lo. Claro que os trajectos variam um bocadinho em função do veículo, mas é óbvio que eles sabem es-colher as estradas que mais lhes convêm. Estando à vontade em todo o tipo de estradas, desde as de terra batida às mais rápidas, nunca lhes imponho uma preferência.

O automóvel decide (ou mais frequentemente vai decidindo), eu vou conduzindo e entendemo-nos às mil maravilhas. Um dia, uma dessas não--decisões trouxe-me a Mértola. Eu vinha de Cascais, cheguei cansado e decidi ficar a dormir aqui e regressar à base no dia seguinte. Era dia de Festival Islâmico, a vila estava cheia de vida, de encantos, de cheiros e ruídos, à beira rio havia (ainda há) uma pensão chamada Beira-Rio.

Entrei, pedi um quarto, se faz favor, a senhora da recepção abriu mui-to os olhos e perguntou-me se eu tinha reserva, disse que não, ela expli-cou-me com santa paciência que não havia um quarto livre num raio de cinquenta quilómetros, insisti dizendo-lhe que não me importava, no fundo só queria um quarto, ela disse-me que não tinha... Abrevio, não quero maçar os simpáticos leitores: consegui um quarto e apaixonei--me por Mértola, mais ou menos ao mesmo tempo.

Acabei por ficar duas noites e voltei muitas mais vezes, desta vez menos ingenuamente: sabia para onde ia e o que me esperava. Vim frequentemente de camioneta, vim de carro alugado, de boleia, vim sozinho e acompanhado. Ficava sempre na Pensão Beira-Rio ate aparecer o Hotel-Museu, que é ao lado; mais tarde acabei por alu-gar uma casa pequena, tradicional, no centro da vila. Não é com palavras que se demonstra o amor, é com feitos.

Falei há pouco dos ruídos e dos cheiros do Festival Islâmico, um marco a não perder no calendário da vila (é em Maio dos anos ímpares) mas o que mais me atrai em Mértola é o silêncio. O si-lêncio aqui é azul e branco, como as barras de sabão de Marselha e tal como elas deve ser cortado à faca, um bocadinho como um explorador corta lianas na floresta para progredir.

Andar numa destas ruas à noite é empurrar continuamente uma parede de silêncio. É de tal forma que uma vez em casa raramente ponho música. Seria tão adequado como fazer um strip-tease numa igreja ou pedir um leite com chocolate num bar. (Às vezes fujo a esta regra e escuto Hil-degarde Von Bingen, porque não há melhor forma de exprimir o espanto e a gratidão. É um espanto telúrico, vem da terra e atravessa-me como as notas dos cânticos da abadessa atravessaram os séculos.)

Os árabes diziam de Mértola que era o último por-to de Mediterrâneo e nessas coisas eles raramente se enganam. É aqui que o Mediterrâneo começa, ou acaba, e isto pode ser confirmado de várias maneiras, incluindo aquela teoria segundo a qual o Mediterrâneo acaba onde acabam as oliveiras.

Os arredores de Mértola são lindos e incluem as Mi-nas de S. Domingos, o porto do Pomarão – por onde, desde os romanos, se escoava o minério das Minas de S. Domingos –, o célebre Pulo do Lobo e uma série de lugares nos quais sabe bem perdermo-nos, deixarmo-nos conduzir pelo automóvel.

O centro da vida social, intelectual e cultural da vila é o Café Guadiana (onde agora escrevo); ao lado, no merca-do, fica a cafetaria Bom D+, que faz as melhores caipirinhas que bebi desde que deixei terras brasileiras (e tem de cami-nho uma vista maravilhosa sobre o rio e as muralhas).

É praticamente impossível comer mal em Mértola. Todos os restaurantes são bons: o Esquina, o Muralha, o Salvador, o Migas... Todos. Mas um, tal como no livro, é mais igual do que os outros. Chama-se Tamuje e eu desafio qualquer ateu a lá ir comer. Ainda a refeição irá a meio e o incréu será acometido pela dúvida. No fim, estará convencido: Deus existe, chama-se Ana Isabel e cozinha ali. Já me aconteceu chorar de comoção com um coelho em vinho tinto e cada vez que lá vou fico à beira das lágrimas. Aquela senhora tem lugar garantido no céu. Só espero é que seja daqui a muito tempo. Outra das provas da existência de Deus é-nos dada pelo vinho Balanches. Vinhos, no plural, o branco e o tinto, feitos nas redondezas. A combinação Tamuje/Balanches é irrefutável e eu penso que todos a deviam experimentar pelo menos uma vez na vida. (E o medronho, Luís?

Não falas do medronho? Claro que falo. Chama-se Cerca da Estrada e é feito em Almodôvar, ali logo ao lado. Mas há tantos mais...)

Para além de inúmeros restaurantes excelentes, de ruas e casas lindas, de uma igreja que já foi mesquita e hoje é, aparentemente, o único exemplar de arquitec-tura islâmica remanescente no nosso país, de um castelo cuja visita vale cada passo até ao topo da colina, Mértola tem uma inacreditável quantidade de museus. São tantos que é conhecida por vila-museu.

Mértola é um produto de luxo e como tal deve ser visitada e degustada. Com respeito, veneração, espanto e gratidão, muita gratidão: visitá-la é um privilégio e poder lá ir e chamar-lhe «minha» uma incomensurável sorte.

diários dE Bordo

É de Mértola que falo hoje! Por: Luís Serpa

Page 21: Director: José Luís Araújo | N.º 367 | Periodicidade ... · Redacção: Luís Pacheco Opinião: Luís Serpa | Jorge Farromba | Júlio Sá Rego Departamento Comercial: André Pereira

40 www.gazetarural.com