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APIC | Página 1 de 11 Direcção-Geral dos Impostos Serviços de Administração do Imposto sobre o Valor Acrescentado Exmo. Senhor Director Geral Av. João XXI, n.º 76 3.º 1049-065 - LISBOA Assunto: Produtos transformados à base de carne Enquadramento em sede de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) APIC - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS INDUSTRIAIS DE CARNE, com sede na sede na Av. Guerra Junqueiro, nº 11 1º Dto, 1000 166 Lisboa, pessoa colectiva número 500970653, doravante designada por Requerente, vem, nos termos da alínea e) do número 3, do artigo 59.º e do artigo 68.º, n.º 1, ambos da Lei Geral Tributária (LGT), requerer INFORMAÇÃO VINCULATIVA, relativamente à temática que passa a expor: I. DESCRIÇÃO DOS FACTOS CUJA QUALIFICAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA SE PRETENDE 1.º A Requerente foi criada em Fevereiro de 2008, resultando a união das duas maiores associações do sector das carnes: Associação Nacional dos Industriais de Carnes - ANIC -, criada em Setembro de 1975 e a Associação dos Fabricantes de Produtos Cárneos - AFABRICAR, criada em Junho de 1982. A Associação iniciou a sua actividade com um total de 127 associados, tendo distribuição geográfica das empresas caracterizada por 47 associados na região norte ; 52 na região centro; 24 na região Sul ; 1 na Madeira e 3 nos Açores. São associadas da APIC, entre outras, as seguintes empresas: A.Pires Lourenço & Filhos S.A. Carmonti-Indústria de Carnes do Montijo S.A. CNC - Companhia Nacional de Carnes Lda Incarpo- Industria e Comercio de Carnes S.A. Joaquim Moreira Pinto & Filhos S.A. Nobre Alimentação, S.A. Probar- Indústria Alimentar S.A.

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APIC | Página 1 de 11

Direcção-Geral dos Impostos

Serviços de Administração do Imposto sobre o Valor Acrescentado

Exmo. Senhor Director Geral

Av. João XXI, n.º 76 – 3.º

1049-065 - LISBOA

Assunto: Produtos transformados à base de carne – Enquadramento em sede de Imposto sobre o Valor

Acrescentado (IVA)

APIC - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS INDUSTRIAIS DE CARNE, com sede na sede na Av. Guerra

Junqueiro, nº 11 1º Dto, 1000 – 166 Lisboa, pessoa colectiva número 500970653, doravante designada por

Requerente, vem, nos termos da alínea e) do número 3, do artigo 59.º e do artigo 68.º, n.º 1, ambos da Lei

Geral Tributária (LGT), requerer INFORMAÇÃO VINCULATIVA, relativamente à temática que passa a

expor:

I. DESCRIÇÃO DOS FACTOS CUJA QUALIFICAÇÃO JURÍDICO-TRIBUTÁRIA SE PRETENDE

1.º

A Requerente foi criada em Fevereiro de 2008, resultando a união das duas maiores associações do sector

das carnes: Associação Nacional dos Industriais de Carnes - ANIC -, criada em Setembro de 1975 e a

Associação dos Fabricantes de Produtos Cárneos - AFABRICAR, criada em Junho de 1982.

A Associação iniciou a sua actividade com um total de 127 associados, tendo distribuição geográfica das

empresas caracterizada por 47 associados na região norte ; 52 na região centro; 24 na região Sul ; 1 na

Madeira e 3 nos Açores.

São associadas da APIC, entre outras, as seguintes empresas:

A.Pires Lourenço & Filhos S.A.

Carmonti-Indústria de Carnes do Montijo S.A.

CNC - Companhia Nacional de Carnes Lda

Incarpo- Industria e Comercio de Carnes S.A.

Joaquim Moreira Pinto & Filhos S.A.

Nobre Alimentação, S.A.

Probar- Indústria Alimentar S.A.

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Raporal

Rações de Portugal S.A.

Sapropor - Produtos Alimentares S.A,

Sicasal lndústria e Comércio de Carnes S.A.

2.º

O objectivo da APIC é o de garantir a união e representatividade do sector das carnes e produtos carneos,

perante os seus parceiros sociais e políticos e defender os interesses da indústria de carnes em geral e dos

associados da Associação em especial.

3.º

A actividade dos seus Associados consiste, primordialmente, na fabricação e comercialização de alguns dos

seguintes produtos transformados à base de carne:

i) Salsichas em lata e em frasco

ii) Demais produtos transformados à base de carne, designadamente os constantes do ponto 3.3. da Norma

Portuguesa nº 588 do Instituto Português da Qualidade, a saber:

Produtos cozidos

- Neste grupo incluem-se os seguintes produtos: Fiambre da perna e da pá, Mortadela,

Fiambre corrente, Salame, Galantines, Pastas de carne, Patês, Merenda de carne, Chouriço mouro,

Morcela fumada, Alheiras, Maranhos, Cabeça de xara, Morcela, Chouriço de sangue, Chouriço

mouro, Moira, Cacholeira e, eventualmente, outros produtos com características idênticas.

Produtos curados

- Neste grupo incluem-se os seguintes produtos: Presuntos, Paios do lombo, Toucinhos

fumado ou "Bacon", Entremeadas salgada, Chouriços de Carne, Chouriços de Vinho,

Linguiças, Chourição, Salpicão, Paínho, Paiola, Farinheira, Salame, Salsichão, Chouriço

curado, Enchidos de caça e, eventualmente, outros.

4.º

Face à actividade acima descrita, a Requerente pretende ser esclarecida quanto ao correcto

enquadramento, para efeitos de determinação da taxa do IVA, aplicável aos produtos acima identificados,

os quais, salvo melhor e douto entendimento sobre esta matéria, que ora se requer, correspondem a

produtos transformados à base de carne (e não a produtos preparados à base de carne) e, como tal,

abrangidos pela verba 1.1 da Lista II do Código do IVA, beneficiando, assim, da taxa de IVA intermédia em

vigor (13% actualmente).

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5.º

Com efeito, pretende a ora Requerente obter esclarecimentos quanto ao alcance das verbas 1.1 e 1.8 da

Lista II anexa ao Código do IVA, com o objectivo de identificar o correcto enquadramento da taxa de IVA

aplicável à venda de produtos transformados à base de carne acima descritos.

II. ENQUADRAMENTO TÉCNICO-FISCAL

2.1 Da determinação da natureza da operação, para efeitos de IVA

6.º

Em primeiro lugar, importa, nesta sede, referir que, nos termos do preceituado na verba 1.1. da Lista II

anexa ao Código do IVA, na redacção actualmente em vigor (até 31 de Dezembro de 2011), estão sujeitos à

taxa de IVA intermédia, prevista no artigo 18.º, n.º 1, alínea b) do mesmo diploma, as “conservas de carne e

miudezas comestíveis”.

7.º

A propósito do alcance desta verba, a ora Requerente entende ser pertinente referir as alterações

legislativas que a antedita verba sofreu, designadamente quando a Lei do Orçamento do Estado para 2008

(Lei n.º 67-A/2007, de 31 de Dezembro) eliminou a verba 1.1.1 (agregada à referida verba 1.1. da Lista II do

Código do IVA), nos termos da qual estariam sujeitos à taxa de IVA intermédia os “produtos transformados à

base de carne e de miudezas comestíveis referidas na verba 1.2 da Lista I anexa ao CIVA, com exclusão

dos que constituam refeições confeccionadas”.

8.º

Por outro lado, a mesma Lei do Orçamento do Estado (para 2008) veio introduzir alterações à verba 1.8 da

Lista II anexa ao Código do IVA, a qual passa a incluir os “Produtos preparados à base de carne, peixe,

legumes ou produtos hortícolas, massas recheadas, pizas, sandes e sopas, ainda que apresentadas no

estado de congelamento ou pré-congelamento e refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a

comer e levar ou com entrega ao domicílio”.

9.º

É de notar que a anterior redacção apenas mencionava as “Refeições prontas a consumir, nos regimes de

pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio”.

10.º

Ora, antes de mais, os produtos cárneos destinados ao consumo humano, encontram-se regulados, a nível

da União Europeia, por uma série de Directivas de ordem sanitária aplicáveis às condições sanitárias à sua

produção e colocação no mercado.

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11.º

Os produtos cárneos foram agrupados em três tipos a que correspondem três Directivas que,

respectivamente, incidem sobre (i) as carnes frescas, (ii) as carnes picadas e preparados de carne e (iii) os

produtos à base de carne.

12.º

Para o caso em apreço, é de referir que o conceito de “preparados de carne”, contemplado no artigo 1.º, n.º

2, alínea b) da Directiva 94/65/CE, de 14 de Dezembro, corresponde a “carnes, na acepção do artigo 2.º das

Directivas 64/433/CEE, 71/118/CEE, e 92/ 45/CEE, bem como as carnes que satisfaçam as exigências dos

artigos 3.º, 6.º e 8.º da Directiva 91/495/CEE, a que tenham sido adicionados géneros alimentícios,

condimentos ou aditivos, ou que tenham sido submetidas a um tratamento insuficiente para alterar a

estrutura celular interna da carne e desse modo fazer desaparecer as características da carne fresca”.

13.º

Por força da transposição da Directiva acima mencionada, os preparados de carne encontram-se regulados

pelo Decreto-Lei n.º 62/96, de 25 de Maio (Anexo I), com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º

556/99 (Anexo II), de 16 de Dezembro.

14.º

Assim, em termos idênticos ao normativo comunitário acima transcrito, a disposição contida no artigo 2.º, n.º

2, alínea b) do Decreto-Lei n.º 556/99 identifica os preparados de carne como “carnes a que tenham sido

adicionados géneros alimentícios, condimentos ou aditivos, ou que tenham sido submetidas a um

tratamento insuficiente para alterar a estrutura celular interna da carne e desse modo a não fazer

desaparecer as características da carne fresca”.

15.º

Com efeito, os produtos (transformados) à base de carne são, de entre os produtos cárneos, o grupo mais

numeroso, compreendendo os produtos da salsicharia tradicional portuguesa e outros de âmbito

internacional, como sejam os fiambres, as salsichas tipo Frankfurt, etc. Estes produtos são regulados pelo

Decreto-Lei n.º 342/98 (Anexo III), de 5 de Novembro, que estabelece as condições sanitárias aplicáveis à

sua produção e colocação no mercado para consumo humano; nele se definem produtos à base de carne

como "os produtos fabricados a partir de carne ou com carne que tenham sofrido um tratamento tal que a

superfície de corte à vista permita verificar o desaparecimento das características de carne fresca" (tal

entendimento resulta é corroborado pela Administração Fiscal, através do Despacho n.º 1279, de 9 de

Março de 2001 [Anexo IV]).

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16.º

Notamos que os conceitos acima identificados não ficam prejudicados pela transposição, através do

Decreto-Lei n.º 111/2006 (Anexo V), de 9 de Junho, para a ordem jurídica nacional da Directiva n.°

2004/41/CE, de 21 de Abril, que revoga a legislação relativa à higiene dos géneros alimentícios e às regras

aplicáveis à produção e à comercialização de determinados produtos de origem animal destinados ao

consumo humano – prevista no nosso ordenamento jurídico pelo Decreto-Lei n.º 62/96, de 25 de Maio, com

as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 556/99, de 16 de Dezembro, bem como pelo Decreto-Lei n.º

342/98, de 5 de Novembro.

17.º

Ora, face aos conceitos acima explanados, em conjugação com a redacção das verbas 1.1. e 1.8 da Lista II

anexa ao Código do IVA, a Requerente julga ser relevante mencionar o entendimento propugnado pela

Administração Fiscal sobre esta matéria em 2007, ainda que, à data, estivesse em causa a aplicação da

revogada verba 1.1.1 da Lista II anexa ao Código do IVA.

18.º

A este propósito, considera a Requerente que a revogação da verba 1.1.1 não desvirtua o entendimento de

que os produtos transformados à base de carne estão, pela sua génese e natureza intrínsecas, abrangidos

pelo conceito de “conservas de carne”, genericamente mencionado na redacção, em vigor, da verba 1.1 da

Lista II anexa ao Código do IVA.

19.º

Com efeito, caso não fosse essa a intenção do legislador, este teria simplesmente optado pela alteração da

verba 1.8 da mesma Lista, fazendo referência à expressão anteriormente contida na verba 1.1.1, o que,

optou por não fazer, incluindo antes a expressão “produtos preparados à base de carne” (por oposição aos

“produtos transformados à base de carne” anteriormente referidos).

20.º

Na premissa deste entendimento, a Requerente salienta a seguinte posição da Administração Fiscal, nos

termos da qual é manifestado o entendimento de que “os produtos à base de carne ou a partir desta,

independentemente de necessitarem ou não de preparação culinária para serem consumidos, são

abrangidos pela verba 1.1.1 da Lista II anexa ao CIVA, e tributados à taxa de 12%” (cfr. Despacho n.º P

T120 2006036, de 23 de Fevereiro de 2006 [Anexo VI], reiterando entendimento sancionado pela Direcção

de Serviços do IVA no Ofício-circulado n.º 30086, de 13 de Janeiro 2006 [Anexo VII]).

21.º

Com efeito, entende a Requerente que os “produtos transformados à base de carne” não são “produtos

preparados à base de carne”.

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22.º

Na verdade, produtos preparados à base de carne são, no entender da Requerente, e a título de exemplo,

croquetes de carne, chamuças de carne, rissóis, empadões ou pizzas de carne.

23.º

Por esse facto, estes produtos, uma vez que são preparados à base de carne, estão actualmente

contemplados pela verba 1.8 da Lista II anexa ao Código do IVA, os quais não eram abrangidas pela

revogada verba 1.1.1 da mesma Lista.

24.º

A este respeito, refira-se o entendimento sancionado pela Administração Fiscal, ainda que à luz da

revogada verba 1.1.1 da Lista II anexa ao Código do IVA, nos termos do qual “as pizzas de carne ou de

outros ingredientes, nomeadamente legumes, vegetais, marisco ou peixe, sendo a sua base principal a

massa (massa de pizza), não estão contempladas na citada verba 1.1.1 da Lista II anexa ao CIVA, sendo

por isso tributadas à taxa de 21%” (cfr. Despacho n.º P T120 2006036, de 23 de Fevereiro de 2006).

25.º

Aliás, é a partir deste entendimento que surge a necessidade legislativa de introduzir alterações (através da

Lei do Orçamento do Estado para 2008) à redacção da referida verba 1.8, a qual passa a incluir os

“produtos preparados à base de carne, peixe, legumes ou produtos hortícolas, massas recheadas, pizzas,

sandes e sopas, ainda que apresentadas no estado de congelamento ou pré-congelamento” para além das

“refeições prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega ao domicílio”.

26.º

Com efeito, verifica-se que, se fosse intenção incluir os produtos transformados à base de carne na verba

1.8 da Lista II anexa ao Código do IVA, este não teria optado por outra redacção, ou seja, de produtos

preparados à base de carne.

27.º

Dada a especificidade técnica de cada um dos grupos de produtos comercializados pelas associadas da

Requerente, optou-se por dividir a exposição do pedido em 2 grupos: salsichas embaladas em lata e em

frasco de vidro e restantes produtos cárneos.

2.1.1 Salsichas embaladas em lata e frasco de vidro

28.º

Em primeiro lugar, cumpre referir que as salsichas embaladas em lata ou frasco de vidro são conservas de

carne, subsumíveis na verba 1.1. da Lista II anexa ao Código do IVA.

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29.º

Com efeito, e nos termos da Norma Portuguesa nº 4404, do Instituto Português da Qualidade, conservas

são os géneros alimentícios que sofreram um tratamento térmico capaz de reduzir a flora microbiana a um

pequeno numero de esporos quiescentes de microorganimos não patogénicos e não toxinogénicos, de

inactivar enzima e acondicionado em recipiente estanque à agua, ao ar e aos microrganimos de modo a

assegurar a estabilidade em condições normais de armazenamento durante o período de validade

estabelecido.

30.º

De acordo com a Norma Portuguesa nº 724, do Instituto Português da Qualidade, a definição de Salsicha

Tipo Frankfurt, que é um exemplo típico destes produtos, é um “produto cozido, fumado, de pasta fina e

homogénea, de formato cilíndrico com diâmetro entre 12mm e 25mm, constituído por carne de suíno e

gordura de suíno e, facultativamente, carne de bovino e carne de aves, adicionadas de condimentos e

aditivos”, cuja forma de acondicionamento poderá ser em embalagem metálica ou embalagem de vidro,

hermeticamente fechada, estanque aos gases, líquidos e microorganismos, e posteriormente submetidos a

tratamento térmico de esterilização.

31.º

Dentro dos controlos efectuado a este produto, encontra-se a estabilidade, que é regulada pela NP 4404

(Norma Portuguesa de Microbiologia Alimentar de Conservas), cujo objectivo é “fixar o processo de

apreciação da estabilidade das conservas alimentares e produtos similares e aplica-se a géneros

alimentícios e alimentos para animais, esterilizados pelo calor.

32.º

Esta família de produto é ainda regulada pela legislação aplicada aos produtos em conserva, como é o caso

do Decreto-Lei nº 33/2008, de 25 de Fevereiro (“condição a que deve obedecer a utilização dos aditivos

alimentares”).

33.º

Face ao exposto, considera-se que as salsichas acondicionadas em lata e em frasco de vidro, são

conservas de carne, estando abrangidas pela Verba 1.1 da Lista II anexa ao Código do IVA.

34.º

Adicionalmente, nos termos da já citada Norma Portuguesa n.º 588 do Instituto Português da Qualidade

(Anexo VIII), os produtos à base de carne, ou seja, a categoria dos produtos elaborados a partir de carne,

ou com carne, submetida a um processo tecnológico tal que a superfície de corte nào permita identificar as

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características da carne fresca, incluem uma subcategoria na qual se encontram incluídas as salsichas

identificadas como um produto com estrutura muscular da carne não identificável.

35.º

Com efeito, no caso destes produtos, a Requerente considera que os mesmos resultam de um produto

transformado à base de carne, o qual é sujeito a um tratamento térmico após acondicionamento, que

permite a sua conservação.

36.º

Por contraposição, e no contexto em que são considerados os produtos preparados à base de carne, e

designadamente pela ratio subjacente à redacção da verba 1.8 da Lista II anexa ao Código do IVA, a

Requerente entende que produtos como as salsichas embaladas em lata e frasco de vidro não poderão

estar abrangidos por este conceito, na medida em que se tratam de produtos de conserva de carne (na sua

verdadeira essência) ou, no limite, de produtos transformados à base de carne, os quais, por sua vez,

maioritariamente resultam de processos de conserva.

37.º

Efectivamente, e conforme acima referido (cfr. Norma Portuguesa n.º 588, emitida pelo Instituto Português

de Qualidade), as salsichas embaladas em lata e frasco de vidro resultam de um processo de fabrico a

partir de carne ou com carne, sofrendo um tratamento tal que a superfície de corte permite verificar o

desaparecimento das características de carne fresca.

38.º

Tal tratamento resulta da preparação obtida, total ou parcial, a partir de carne ou com carne fresca, através,

por exemplo, de tratamentos químicos ou físicos, salga, fumagem, marinagem, aquecimento (com o intuito

de prolongar a conservação) ou da introdução de aditivos ou condimentos, ou, eventualmente, de ambos os

processos.

39.º

Tendo em conta tudo quanto foi exposto, é de concluir que não existem dúvidas técnicas sobre a

qualificação das salsichas embaladas em lata e vidro como conservas de carne, pelo que deverão

ser enquadradas na verba 1.1. da Lista II anexa ao Código do IVA.

2.1.2 Restantes produtos cárneos

40.º

Embora com características distintas das acima referidas, que se aplicam às salsichas enlatadas, os

restantes produtos cárneos, já identificados no ponto 3º desta petição, são produtos transformados à base

de carne, integrando a subcategoria dos produtos curados.

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41.º

Com efeito correspondem a carnes submetidas à acçào mais ou menos prolongada do sal em seco ou em

salmoura, fumados ou não.

42.º

Pelas razões acima enunciadas, a Requerente considera que estes produtos correspondem a produtos

transformados à base de carne e, como tal, deverão estar abrangidos pela verba 1.1 da Lista II anexa ao

Código do IVA e, por conseguinte, sujeitos à taxa intermédia de IVA.

43.º

Com efeito, entende a Requerente que os produtos acima identificados, pelas suas características,

constituem produtos que não estão contemplados pela verba 1.8, mas antes pela verba 1.1 da Lista II

anexa ao Código do IVA, devendo assim ficar sujeitos à taxa intermédia de IVA.

44.º

Tendo em conta a relevância do esclarecimento da questão suscitada e à eminente entrada em vigor da Lei

do Orçamento do Estado para o ano de 2012 (Decreto n.º 22/XII), nos termos da qual é revogada, entre

outras verbas, a verba 1.8 da Lista II anexa ao Código do IVA, e por forma a garantir uma prática conforme

com a legislação em vigor sobre matéria de IVA, vem a ora Requerente solicitar a confirmação do

entendimento que até à data tem sido propugnado pela Administração Fiscal.

45.º

Note-se que tal entendimento não será prejudicado pela revogação da verba 1.8 da Lista II anexa ao Código

do IVA, porquanto determina a interpretação de que bens como o fiambre, o paio, o bacon, o chouriço, o

presunto e outros produtos de charcutaria (a listagem exaustiva consta do ponto 3.º desta petição), sejam

comercializados à taxa intermédia de IVA em vigor, por força das características destes bens se

subsumirem ao conceito de “Conservas de carne” previsto na verba 1.1 da Lista II anexa ao Código do IVA

(verba esta que não foi objecto de alteração ou revogação pela referida Proposta de Lei do Orçamento do

Estado para o ano de 2012).

III. ENQUADRAMENTO EM OUTROS ESTADOS MEMBROS

46.º

Tendo em conta o supra exposto no que respeita às salsichas embaladas em lata e frasco de vidro e

restantes produtos cárneos, acresce ainda que, e a título comparativo, países como a Alemanha e Espanha

aplicam a estes produtos, i.e. o fiambre, o paio, o bacon, as salsichas enlatadas, o chouriço, o presunto e

outros produtos de charcutaria, uma taxa de IVA reduzida de 7% e 8%, respectivamente.

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47.º

Com efeito, tendo em conta o cariz comunitário do imposto em apreço, julga a Requerente ser prática

adversa à uniformidade de procedimentos em matéria de IVA, designadamente no que respeita à

determinação da taxa de IVA, que idênticos produtos sejam objecto de taxas de tributação absolutamente

díspares, cuja coerência do sistema comunitário do IVA certamente não conseguirá explicar.

IV. PEDIDO

48.º

Nestes termos, e atendendo à margem de livre apreciação, cuja discricionariedade poderá por em causa a

segurança jurídica da ora Requerente quanto à correcta aplicação da taxa do IVA aplicável às salsichas em

lata e em frasco e restantes produtos cárneos (tal como referidos no ponto 3.º supra), vem, pela presente

exposição, requerer informação vinculativa quanto à aplicabilidade da verba 1.1. da Lista II anexa ao Código

do IVA a estes produtos.

Com base nos factos acima descritos, vem a ora Requerente requerer, nos termos do artigo 68.º, n.º 1 da

LGT, junto dos Vossos Serviços, a emissão de informação vinculativa referente aos factos cuja qualificação

jurídica se pretende e, bem assim, com base nos argumentos acima aduzidos, solicitar a confirmação do

seguinte entendimento:

i) Aceitação do entendimento técnico de que as salsichas embaladas em lata e frasco de vidro

consubstanciam conservas, enquadráveis na verba 1.1. da Lista II anexa ao Código do IVA;

ii) Confirmação de que os restantes produtos cárneos cujo enquadramento jurídico-tributário se

pretende (listagem exaustiva constante do ponto 3.º desta petição), são produtos que se subsumem

na categoria de produtos transformados à base de carne, e não de produtos preparados à base de

carne e, como tal, deverão beneficiar da aplicação da taxa de IVA intermédia em vigor – por

inclusão na verba 1.1 da Lista II anexa ao Código do IVA.

A Requerente,

___________________________

Dr. Carlos Ruivo

Presidente da APIC - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DOS INDUSTRIAIS DE CARNE

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Junta 8 (oito) Anexos:

Anexo I – Decreto-Lei n.º 62/96, de 25 de Maio;

Anexo II - Decreto-Lei n.º 556/99, de 16 de Dezembro;

Anexo III - Decreto-Lei n.º 342/98, de 5 de Novembro;

Anexo IV - Despacho n.º 1279, de 9 de Março de 2001;

Anexo V - Decreto-Lei n.º 111/2006, de 9 de Junho;

Anexo VI - Despacho n.º P T120 2006036, de 23 de Fevereiro de 2006;

Anexo VII - Ofício-circulado n.º 30086, de 13 de Janeiro 2006;

Anexo VIII - Norma Portuguesa n.º 588.